apostila portugues

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A Apostila Digital Língua Portuguesa

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Page 1: Apostila portugues

A

Apostila Digital

Língua Portuguesa

Page 2: Apostila portugues

OO TTEEXXTTOO EEMM NNOOSSSSOO CCOOTTIIDDIIAANNOO

Caro aluno, seja bem-vindo!

Vamos dar início às nossas atividades discutindo alguns aspectos

interessantes a respeito da presença dos textos em nossa vida.

Você deve estar acostumado a ver e ouvir a palavra “texto”, seja no trabalho,

na faculdade, em livros, revistas etc. Então, aí vem a pergunta: você saberia dizer

quais são os conceitos, os significados e a importância do “texto” para o seu dia a

dia?

Talvez você tenha parado para pensar sobre o assunto e, no momento,

surgiram algumas dúvidas:

- Texto é um aglomerado de palavras e frases?

Roupas, caderno, lindo. Fui ontem ao cinema. O cinema do

shopping é muito bonito. No shopping tem muitas coisas para se

comprar. A compra da nossa casa não deu certo porque o banco não

aprovou o financiamento.

- Texto pode ser somente aquilo que escrevemos?

Page 3: Apostila portugues

- Texto é o que a professora ou o professor pede para a gente elaborar na

aula de redação?

- Texto é aquilo que a gente lê no jornal, no livro, na internet etc.?

Nós levantamos muitas hipóteses a respeito do que é texto. Será que alguma

das perguntas acima seria a sua real definição?

Fiorin (1996, p.16) diz que texto “é um todo organizado de sentido”, ou seja,

nós não podemos entender que o texto seja apenas um conjunto de palavras ou

frases que se juntam de forma aleatória para constituí-lo, mas, sim, que essas

palavras e frases devam estar ligadas entre si para que haja uma continuidade

entre elas, a fim de que a sua totalidade forme uma unidade de sentido. Talvez,

você esteja dizendo: “mas isso é óbvio!”, entretanto, não é essa a noção de texto

que boa parte dos estudantes emprega na prática.

Page 4: Apostila portugues

Na escola, quando o professor ou a professora pede para que seja elaborada

uma redação é comum os alunos lhe perguntarem: “com quantas linhas?” ou “em

quantas palavras?”. Perguntas desse tipo demonstram mais preocupação em

atender às exigências de números de linhas ou palavras, do que construir um texto

que faça sentido para quem o lê.

A produção textual, nesse caso, não é concebida como um todo com unidade

de sentido, isto é, uma organização de ideias com começo, meio e fim, mas como

uma somatória de linhas, um amontoado de palavras sucessivas. Pior é que essa

concepção de texto também está presente nas atividades de leitura. Muitas vezes,

lemos apenas parte de um texto e achamos que o entendemos em sua completude.

É isso o que ocorre quando o professor nos dá um romance para ler e lemos

apenas o resumo ou partes de capítulos, imaginando que a leitura parcial seja

suficiente para ter sucesso na avaliação. Veja o texto de Ricardo Ramos:

Circuito Fechado

Ricardo Ramos1

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água,

espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água

fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras,

calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta,

chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa,

cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro.

Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo

com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída,

vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena.

Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques,

memorandos, bilhetes, telefone, papéis.(...)

1 Ricardo Ramos nasceu em Palmeira dos Índios, em 1929, ano em que o pai Graciliano Ramos exercia a função de prefeito. Formado em Direito, destacou-se como homem da propaganda, professor de comunicação, jornalista e escritor em São Paulo. Sua obra literária é extensa: contos, romances e novelas, e representa, com destaque, a prosa contemporânea da literatura brasileira.

Page 5: Apostila portugues

Apesar do texto, em uma primeira leitura não aparentar relação entre as

palavras, se você observar atentamente, poderá perceber que se trata do cotidiano

de um indivíduo, e é possível perceber sua rotina e até mesmo seu gênero: se é

masculino ou feminino. Leia o restante do texto que complementa nossa análise e

tente buscar outras informações importantes que o texto passa para o leitor:

(...) Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos,

cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz,

lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi.

Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara.

Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e

poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone

interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel,

pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone,

papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de

cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros.

Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e

fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo.

Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água.

Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Práticas como essas demonstram que precisamos rever o conceito de texto.

Observe o texto a seguir:

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Esse texto é uma “tirinha” publicada no jornal Folha de São Paulo, em

1/12/2008. As tirinhas são textos curtos formados por quadrinhos de texto verbal e

visual dispostos linearmente na página do jornal. Essa tira, em particular, tem dois

quadrinhos. No primeiro, temos um coelho que ao passear num parque é elogiado

por duas garotas. Diante desse elogio, ele se sente insatisfeito e não aprecia os

adjetivos que lhe são atribuídos. Já no segundo quadro, temos, no mesmo parque,

coelhas que também o elogiam, todavia, esses elogios são apreciados pelo coelho.

Se fôssemos analisar esse texto, isolando cada quadro, não entenderíamos

o humor que ali se estabelece, isto é, ficaríamos apenas na observação que

fizemos acima, sem uma ligação entre um quadro e outro. Para depreendermos a

unidade de sentido, devemos observar a relação que se estabelece entre os

elementos que constituem a tira.

Além das observações já realizadas, precisamos levar em conta que são

meninas – seres humanos – que, no primeiro quadro, estão fazendo o elogio. Elas

se utilizam do sufixo diminutivo (–inho) para qualificar o animal. Portanto, a relação

que caberia aqui, não passaria de HUMANO x ANIMAL, sendo o animal apenas um

“objeto” de manuseio e admiração do humano. Essa é uma relação que não agrada

ao coelho. Já no segundo quadro, os elogios são dados por coelhas e elas se

utilizam do sufixo aumentativo (-ão) para caracterizar o ser da mesma espécie,

enaltecendo sua macheza e virilidade. Portanto, a relação que cabe aqui é

COELHO x COELHAS, de cunho sexual, o que traz satisfação ao coelho, pois é

esse tipo de relacionamento que o interessa. Diante disso, vemos que o riso só se

dá quando comparamos um quadro ao outro.

Dessa forma, podemos chegar à seguinte conclusão:

Um texto é um todo organizado de sentido, porque o significado de uma parte depende das outras com que se relaciona de tal forma que

combinam entre si, a fim de gerar uma unidade.

Page 7: Apostila portugues

Essa definição será fundamental para analisarmos e elaborarmos textos. Por

isso, tenham-na sempre em mente, pois já estamos de certa forma, condicionados

a analisarmos os textos de forma fragmentada, não observando todos os elementos

que estão ali presentes.

Vejamos se você compreendeu bem o que foi dito até aqui e se já conseguiu

direcionar a sua mente para entender que todos os elementos presentes no texto

são importantes para a depreensão de sentido e, para isso, vamos analisar mais

um exemplo:

Observe a propaganda a seguir retirada do site http://naweb.wordpress.com/.

Ela se constitui em três quadros. Faça a leitura mediante as questões abaixo.

a) Se você observar apenas o primeiro quadro, abaixo, qual o sentido que você

depreende?

b) Agora, observe o segundo quadro. Ele corresponde ao sentido que você

obteve do primeiro?

Page 8: Apostila portugues

c) Vamos ao terceiro quadro. Ele é uma confirmação da leitura que você fez do

primeiro e segundo quadros ou somente quando você observou o terceiro

quadro é que houve um entendimento da propaganda?

Nesse momento, observe abaixo a propaganda toda.

Edson Baeta http://naweb.wordpress.com/.

Acesso em 11/11/2009

Podemos perceber que a propaganda é um alerta acerca do consumo de

bebida alcoólica e do ato de dirigir, ou seja, os dois “não devem andar juntos”, pois

o álcool prejudica a atenção dos motoristas e aumenta a ocorrência de acidentes.

Essa leitura só é possível pela visualização e depreensão de sentido dos três

quadros juntos. Por isso, falamos que o texto é uma unidade de sentido e para

obter essa unidade é necessário observar e pensar em todos os aspectos que nele

estão envolvidos.

Page 9: Apostila portugues

Mas, talvez você deva estar se perguntando: “A propaganda acima ou

mesmo a tirinha é um texto? Mas elas são compostas por poucas palavras.!!!!!”

Eis, então, a resposta: ELAS SÃO TEXTO, pois texto, também, é toda

manifestação linguística, paralinguística e imagética que transmite uma mensagem

ou um ato de comunicação a fim de obter uma interação com o outro. Por isso,

dizemos que existem três tipos de texto: verbal, não verbal e sincrético ou misto

(verbal e não verbal). Quando dizemos manifestação linguística falamos de

recursos expressos pela palavra (que pode ser oral ou escrita); o paralinguístico é

quando usamos gestos, olhares etc.; e o imagético é formado por imagens ou

figuras.

Cotidianamente as pessoas se deparam com uma grande variedade de

palavras e imagens que apresentam características diferentes e que são

elaboradas com objetivos bem distintos. Veremos a seguir produções que

relacionam elementos expressivos verbais, não verbais e mistos.

Texto verbal

Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da

palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está utilizando uma

linguagem verbal, pois o código usado é a língua. Tal código está presente, quando

falamos com alguém, quando lemos ou quando escrevemos. A linguagem verbal é

a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano. Mediante a língua

falada ou escrita, expomos aos outros as nossas idéias e pensamentos,

comunicando-nos por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas.

Portanto, a linguagem verbal é aquela que tem as palavras como recurso

expressivo, como exemplo: textos orais ou escritos, em prosa ou em verso. Leia o

texto:

Page 10: Apostila portugues

Resenha de filme: Crepúsculo

Luma Jatobá 18/01/2009

Baseado nos livros de Stephenie Meyer, Crepúsculo vem às telonas contar a história da jovem Isabella Swan (Kristen Stewart) que ao se mudar para a casa do pai em Forks, Washington, conhece no colégio uma família diferente: os Cullen. Por serem anti-sociais e muito reservados, são os estranhos da escola. Bella logo se apaixona por Edward Cullen (Robert Pattinson) e ele por ela. Seria algo lindo e normal se o rapaz não fosse um vampiro. E é deste meado que se desenvolve a história: o romance proibido, o segredo que não pode ser descoberto e a perseguição dos Cullen, após James (Cam Gigandet), o vampiro sanguinário, descobrir o "namoro" deles.

Agora os Cullen e a jovem Bella estão correndo perigo. A corrida é contra o relógio para acabar com o vampiro antes que o pior aconteça. A história do filme é legal e prende do início ao fim, mas falta uma trilha sonora de peso e abusa quando dão a desculpa de que vampiros não saem ao sol porque brilham como diamantes. O livro está no terceiro volume, Crepúsculo é apenas o primeiro da série que ainda trás Lua nova e Eclipse. Dizem por aí que a nova adaptação de Romeu e Julieta veio pra substituir o bruxinho Harry Potter, será?

(http://centralrocknet.com.br/index.php?news=677)

Observamos que o texto acima é uma resenha, cuja finalidade é descrever o

filme Crepúsculo, para que o leitor tenha uma visão da história, a fim de verificar se

é interessante assisti-lo. Para isso, o autor utilizou-se da linguagem verbal, pois

como vemos, utilizou-se a língua escrita para se comunicar.

Além da resenha, encontramos a linguagem verbal em textos de

propagandas; reportagens (jornais, revistas etc.); obras literárias e científicas; na

comunicação entre as pessoas; em discursos (do Presidente da República, dos

representantes de classe, de candidatos a cargos públicos etc.) e em várias outras

situações.

Page 11: Apostila portugues

Texto não verbal

As pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais

e corporais, as cores, o desenho, a dança, os sons, os gestos, os olhares, a

entoação são também importantes: são os elementos não verbais da comunicação.

Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma

cultura para outra e de época para época.

Portanto, o texto não verbal consiste no uso de imagens, figuras, símbolos,

tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica, escultura como meio de

comunicação. A linguagem não verbal pode ser até percebida nos animais. Quando

um cachorro balança a cauda quer dizer que está feliz e quando coloca a cauda

entre as pernas significa medo e tristeza. Outros exemplos: sinalização de trânsito,

semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a atenção ou exprimir

uma mensagem.

Dessa forma, é muito interessante observar que para manter uma

comunicação não é preciso usar a fala e sim utilizar uma linguagem, seja ela verbal

ou não verbal.

Observe a figura ao lado. Se ela fosse

encontrada em um consultório médico, faríamos a

leitura de que, naquele local, as pessoas devem falar

baixo e, se possível, manter silêncio. A linguagem

utilizada é a não verbal, pois não utiliza a língua para

transmitir “silêncio”.

O semáforo, também, é um exemplo de texto

não verbal - um objeto cujo sentido das cores

comanda o trânsito e que é capaz de interferir na vida

do ser humano de forma extraordinária.

Page 12: Apostila portugues

Texto Sincrético ou misto (verbal e não verbal)

Falamos em texto misto – verbal e não verbal – quando os dois recursos

expressivos são utilizados em conjunto. Isso ocorre, por exemplo, em história em

quadrinhos, propagandas, filmes e outras produções que utilizam ao mesmo tempo

palavras e imagens.

Observemos a charge:

Ao observarmos o que está expresso na superfície textual, ou seja, aquilo

que é visível notamos que esse texto é formado por um tema “trabalho escravo”;

logo a seguir, há uma imagem de homens que se subdividem em dois grupos:

possíveis cortadores de cana de açúcar e o “patrão”, com um chicote na mão, junto

aos seus capatazes armados; e abaixo da imagem, temos os dizeres: “Aquele que

ficar por aí inventando esse tipo de mentira já sabe: duzentas chibatadas!”

Percebemos, portanto, que por meio da linguagem verbal e não verbal, o

texto aborda a questão do trabalho escravo, tema muito discutido no Congresso

Nacional Brasileiro, na época de publicação da charge. O governo pretendia

combater esse tipo de crime, mas encontrava resistência por parte de alguns

deputados e senadores, porque esses parlamentares eram proprietários de

algumas das fazendas investigadas.

A charge ironiza justamente essa questão: a existência do trabalho escravo

de forma não assumida. O “patrão” diz que denunciar o trabalho escravo é inventar

mentira, mas, ao mesmo tempo, encontra-se com um chicote na mão como faziam

Page 13: Apostila portugues

os senhores e feitores, na época da escravatura. É claro que essa leitura só será

possível se fizermos a junção dos dois tipos de imagens.

Portanto, o sentido desse texto, e de todos os outros que analisamos, ocorre

pela relação que um elemento mantém com os demais constituintes do todo. Esse

sentido do todo não é mera soma de partes, mas pelas várias relações que se

estabelecem entre si. Por isso, não podemos fazer a leitura somente da imagem ou

somente do que está escrito, é necessário fazermos a leitura do todo.

Além dessas questões tratadas até aqui, cabe dizer que todo texto é

produzido por um sujeito num determinado tempo e num determinado espaço.

Conforme diz Fiorin (1996, 17-18),

(...) esse sujeito, por pertencer a um grupo social num tempo e

num espaço, expõe em seus textos as idéias, os anseios, os

temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social.

Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de que

narra fatos históricos, mas no de que revela os ideais e as

concepções de um grupo social numa determinada época.

Cada período histórico coloca para os homens certos

problemas e os textos pronunciam-se sobre eles.

Por isso, em um texto temos sempre a amostragem de um fato, ocorrido num

determinado momento, vista sob um ponto de vista social representado por um

sujeito. Dessa forma, ao analisarmos um texto, além de verificarmos a unidade

existente entre as partes, temos de observar o contexto.

Texto e Contexto

Quando analisamos a charge “Trabalho Escravo”, dissemos que esse

assunto estava sendo discutido no Congresso Nacional e que alguns parlamentares

apresentavam certa resistência para discutir o assunto. Ora, essas questões são

importantes para o entendimento da charge, mas elas não estão marcadas na

superfície textual. O seu sentido ocorrerá mediante o conhecimento de mundo do

Page 14: Apostila portugues

leitor, em saber em que situação ela foi produzida, ou seja, levando em conta o

CONTEXTO.

Fiorin (1994, 12) define contexto como “uma unidade linguística maior onde

se encaixa uma unidade linguística menor”. Assim, a palavra encaixa-se no

contexto da frase, esta no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no

contexto do capítulo, o capítulo no contexto da obra toda e a obra encaixa-se no

contexto social.

Fica mais clara a questão do contexto, quando adotamos a metáfora do

iceberg. Aquilo que visualizamos é chamado ponta do iceberg, pois, como o próprio

nome diz, é uma pequena parte que fica exposta na superfície da água. Contudo,

essa ponta se apóia numa imensa parte que fica submersa, a fim de dar

sustentação. Essa parte submersa é o que chamamos de contexto, pois é ele quem

dá sustentação ao texto, que é a ponta do iceberg. Observe o texto:

Para entender essa tirinha, precisamos considerar algumas questões que

não estão explícitas, mas que fazem sentido no contexto. Vivemos, hoje, um padrão

de beleza feminino em que a mulher tem de ser considerada magra. A dieta e a

“boa forma” são um dos assuntos mais comentados. Isso não significa que sempre

tenha sido dessa forma. Na época da Renascença, o padrão “gordinha” era

sinônimo de beleza, pois demonstrava que a família da referida mulher era

abastada. Na Idade Média, a ideia de fertilidade imposta como contraponto de uma

época de matanças ocorridas nas cruzadas, trazia uma mulher de quadril largo e

ventre avolumado. Em nossos dias a beleza, assim como a moda, está relacionada

a padrões de magreza impostos pela indústria da moda, para valorizar a roupa.

Page 15: Apostila portugues

Portanto, em nossa época, quando um homem chama uma mulher de gorda, está

“comprando briga”. É o que ocorre na tirinha. E além de tudo, e o que é pior, ele

repetiu que ela havia engordado!!!!

Fiorin (1996), também traz um exemplo muito esclarecedor para

compreendermos a importância do contexto. Quando Lula disse a Collor no primeiro

debate do segundo turno das eleições presidenciais de 1989 “Eu sabia que você

era collorido por fora, mas caiado por dentro”, todos os brasileiros entenderam que

essa frase não queria dizer você tem cores por fora, mas é revestido de cal por

dentro, mas você apresentou um discurso moderno, de centro-esquerda, mas é

reacionário. Como foi possível entender a frase dessa maneira? Porque ela foi

colocada dentro do contexto dos discursos da campanha presidencial. Nele, o

adjetivo collorido significa relativo à Collor, “adepto de Collor”, ou seja, Collor

apresenta-se como um renovador, como alguém que pretendia modernizar o país,

melhorar a distribuição de renda, combater os privilégios dos mais favorecidos.

Havia também, na disputa, o candidato Ronaldo Caiado, de extrema direita que

defendia a manutenção do status quo. As frases ganham sentidos porque estão

correlacionadas umas às outras, dentro de uma situação comunicacional, que é o

contexto.

Portanto, diante do exposto, podemos entender que o contexto traz

informações importantes que acompanham o texto. Assim sendo, não basta a

leitura do texto, é preciso retomar os elementos do contexto, aqueles que estiveram

presentes na situação de sua construção. A produção e recepção de um texto estão

condicionadas à situação; daí a importância de o leitor conhecer as circunstâncias e

ambiente que motivaram a seleção e a organização dos aspectos linguísticos.

Podemos dizer que existem o contexto imediato e o situacional. O

contexto imediato relaciona-se com os elementos que seguem ou precedem o texto

imediatamente. São os chamados referentes textuais. O título de um poema pode

despertar determinadas decodificações. Esse contexto é aquele que

compreendemos em uma frase, quando a lemos no parágrafo; ou quando

entendemos o parágrafo, no momento em que lemos todo o texto. Leia o poema a

seguir:

Page 16: Apostila portugues

O que se diz Carlos Drummond de Andrade

Que frio! Que vento! Que calor! Que caro! Que absurdo! Que bacana! Que tristeza! Que tarde! Que amor! Que besteira! Que esperança! Que modos! Que noite! Que graça! Que horror! Que doçura! Que novidade! Que susto! Que pão! Que vexame! Que mentira! Que confusão! Que vida! Que talento! Que alívio! Que nada...

Assim, em plena floresta de exclamações, vai se tocando a vida

(http://www.portalimpacto.com.br/docs/JoanaVestF3Aula16_09.pdf)

Nesse poema, o seu sentido está tanto no título “o que se diz”, quanto no

último verso “Assim, em plena floresta de exclamações, vai se tocando a vida”, pois

são eles que nos faz compreender sobre o que poema está tratando: o fato de nós

exclamarmos todos os dias e muitas vezes não percebemos. Observe que os

elementos que nos dão sentido ao texto estão no próprio texto, por isso, falamos de

um CONTEXTO IMEDIATO.

O contexto situacional é formado por elementos exteriores ao texto. Esse

contexto acrescenta informações históricas, geográficas, sociológicas e literárias,

para maior eficácia da leitura que se imprime ao texto. Para isso, exige-se uma

postura ativa do leitor, ou seja, é necessário que ele tenha um conhecimento de

mundo, a fim de depreender o sentido exigido.

Esse conhecimento de mundo está ligado à nossa vivência, pois durante a

nossa vida, vamos armazenando informações que serão importantes para

entendermos e interpretarmos o mundo. Por isso, é fundamental a leitura,

assistirmos ao noticiário, irmos a museus, termos contato com pessoas que nos

acrescentarão conhecimento. Quando temos suporte para lermos um texto e

retirarmos dele o que está além dos seus aspectos linguísticos, a nossa leitura será

muito mais prazerosa e consequentemente, o texto será enriquecido, às vezes,

reinventado, e até recriado. Faça a leitura desta charge:

Page 17: Apostila portugues

Qual a leitura que você fez? Você a compreendeu? Do que está tratando a

charge?

Para compreendê-la é necessário que você observe todos os aspectos que

estão envolvidos na construção dessa charge: o que está escrito na lousa, o

logotipo que está abaixo da lousa, as pessoas que estão nas carteiras, o que essas

pessoas carregam em sua cintura, o que está escrito no balão, a forma como a

pessoa que está ensinando diz etc. Quando a observamos, vemos que é uma

charge que trata das olimpíadas que ocorrerá no Rio de Janeiro em 2016. Hoje, o

Rio é conhecido como uma cidade violenta e há uma grande preocupação quanto à

segurança, quando houver as olimpíadas. Nessa charge, os bandidos estão já se

preparando para esse evento, pois quando forem “atuar”, farão na língua dos

estrangeiros. É claro que para entender isso, tivemos de ativar o nosso

conhecimento das línguas portuguesa e inglesa e do nosso conhecimento de

mundo, ou seja, recorremos ao CONTEXTO SITUACIONAL.

A compreensão de um texto vai além da simples compreensão de termos

nele impressos; não basta o simples reconhecimento de palavras, parágrafos, é

preciso levar em conta em que situação ele é produzido. A compreensão exige do

Page 18: Apostila portugues

leitor uma sintonia com os fatos situados no seu dia a dia e que aparecem

subliminarmente impressos na mensagem textual.

Isso ocorre também em relação à produção textual, pois todas as vezes em

que se produz um texto, seja ele oral ou escrito, ele é determinado por uma série de

fatores que interferem, por exemplo, em sua estrutura e na organização de suas

informações. Um desses fatores é o interlocutor a quem se dirige o texto. Mesmo na

situação em que o indivíduo parece falar consigo mesmo (com os próprios botões),

a fala tem como interlocutor a representação de si mesmo que o indivíduo

construiu. Assim, sempre que se escreve e sempre que se fala isso é feito tendo em

vista um interlocutor, alguém que, obviamente, interfere na produção textual. Nas

situações reais de interação, as pessoas levam em conta, dentre outros, os

seguintes fatores:

Daí se vê que toda produção textual é construída a partir e em função

desses fatores que configuram o contexto enunciativo, ou seja, todas essas

produções textuais são marcadas e definidas pelos lugares/papéis sociais que

caracterizam, na situação de interação comunicativa.

Por que escrevo? Para quem escrevo?

De onde eu escrevo?

Que efeitos de sentido quero provocar?

Que efeitos de sentido NÃO quero provocar?

O que sei sobre o assunto de que vou tratar?

Page 19: Apostila portugues

COMO INTERPRETAMOS UM TEXTO

Caro aluno,

Como tem sido as suas leituras? Você lê com frequência? Quando lê, você

consegue entender claramente o que o texto quer dizer?

Uma das maiores dificuldades encontradas pelos alunos, em relação ao

aprendizado de um conteúdo, é a deficiência na leitura e compreensão do sentido

dessa leitura. Isto quer dizer que muitos não conseguem entender o que leem ou

apenas reproduzem, com as mesmas palavras, o que está escrito na superfície

textual, ou seja, naquilo que está escrito ”literalmente” ou mostrado. Abaixo segue

uma crônica de Ignácio de L. Brandão, publicada no jornal O Estado de São Paulo.

Leia-a atentamente, para entender o que acabamos de falar:

Para quem não dorme de touca

Na infância, ele era diferente. Acreditava nos outros, acreditava nas coisas. Quando alguém dizia: - Por que não vai ver se estou na esquina? Ele corria até a esquina, olhava, esperava um pouco, reconfirmava e voltava:

- Não tem ninguém na esquina. - Quer dizer que voltei. - Por que não me avisou que voltou? - Voltei por outro caminho. - Que outro caminho? - O caminho das pedras. Não conhece o caminho das pedras? - Não. - Então não vai ser nada na vida. Outra vez, numa discussão, alguém foi imperioso: - Quer saber? Vá plantar batatas.

Ele correu no armazém, comprou um quilo de batatas e foi até o quintal, plantou tudo. Não é que as batatas germinaram! Houve também aquele dia em que um amigo convidou:

- Vamos matar o bicho? - Onde o bicho está? - Ali no bar. - Que bicho? É perigoso? Me dê um minuto, passo em casa, pego a espingarda do meu pai ... - Espingarda? Venha com a sede. - Não estou com sede. - Matar o bicho, meu caro, é beber uma pinga.

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Em outra ocasião, um primo perguntou: - Você fez alguma coisa para a Mercedes? - Não. Por quê? - Ela passou por mim, está com a cara amarrada.

- Amarrada com barbante, com corda, com arame? Por que uma pessoa amarra a cara da outra? - Nada, esquece! Você ficou com a cara de mamão macho, me deixou com cara de tacho. É um cara-de-pau e ainda fica aí me olhando com a mesma cara. Outra vez, uma menina, que ele queria namorar, se encheu: - Pára! Não me amole! Por que não vai pentear macaco? Naquela tarde ele foi surpreendido no minizoológico do bairro, com um pente na mão e tentando agarrar um macaco, a quem procurava seduzir com bananas. Uma noite combinaram de jogar baralho e um dos parceiros propôs:

- Vai ser a dinheiro ou a leite de pato? - Leite de pato, propuseram os jogadores. Ele se levantou: - Então, esperem um pouco. Trouxe dinheiro, mas não leito e de pato. Vou providenciar. - E onde vai buscar leite de pato?

- A Mirela, ali da esquina, tem um galinheiro enorme, está cheio de patos. Vou ver o que arranjo. Voltou meia hora depois: - Não vou poder jogar. Os patos, me disse a Mirela, não estão dando leite faz uma semana. Riram e mandaram ele sentar e jogar. Em certo momento, um jogador se irritou, porque o adversário, apesar de ingênuo e inocente, tinha muita sorte. - Vou parar. Você está jogando com cartas marcadas. - Claro que tem marca! É Copag, a melhor fábrica de baralhos. Boa marca, não conheço outra. - Está me fazendo de bobo, mas aí tem dente de coelho. - Juro que não! Por que haveria de ter dente de coelho? Quem tirou o dente do coelho? - Além do mais, você mente com quantos dentes tem na boca. A gente precisa ficar de orelha em pé. - Não estou fazendo nada. Estou na minha, com meu joguinho, vocês é que implicam. - Desculpa de mau jogador. - Não devo nada a ninguém aqui. - Deve os olhos da cara. - Devo? Não comprei os meus olhos. Nasceram comigo. Só se meus pais compraram e não pagaram. Todos provocaram, pagavam para ver. - Não venha com conversa mole, pensa que dormimos de botina? - Não penso nada. Aliás, nunca vi nenhum de vocês de botina. - Melhor enrolar a língua, se não se enrosca todo. - Não venha nos fazer a boca doce, que bem te conhecemos! As conversas eram sempre assim. Pelo menos foram até meus 20 anos, quando deixei a cidade. A essa altura, vocês podem estar pensando que ele era sonso, imbecilizado. Garanto que não. Tanto que, hoje, é um empresário bem-sucedido,

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fabrica lençóis, fronhas e edredons, é dono de uma marca bem conhecida, a Bem Querer & Bem-Estar. Não sei se um de vocês já comprou. Se não, recomendo. Claro, recomendo a quem não dorme de touca, quem não tem conversa mole para boi dormir, quem não dorme no ponto, quem não dorme na portaria, para aqueles que não dormem sobre louros. Enfim, para quem não dorme com um olho aberto e o outro fechado. (BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O Estado de São Paulo, 8 jul. 2005. Caderno 2, p. D14.)

Observamos que nessa crônica, o sujeito destacado pelo narrador somente

entendia as orações de forma literal, ou seja, ele não conseguia entender a

intenção proposta pelas pessoas, quando diziam algo. Você já vivenciou esse fato?

Essa história parece ser até ridícula; aparentemente nenhuma pessoa faria

isso, pois dentro da ação comunicativa, o indivíduo consegue entender que essas

expressões são formas de dizer, ou seja, elas são expressões populares, usadas

como figuras de linguagem para dizer algo com outro sentido.

Infelizmente, essa situação é muito comum durante o ato da leitura, porque,

muitas vezes, o leitor não consegue entender a intenção do autor. Ele começa a

pensar e a dizer algo que não está no texto.

Você já leu um texto, fez uma interpretação e quando foi ver a sua

interpretação não era a ideia central do texto? Por que será que isso ocorre?

Porque muitas vezes nós queremos entender o texto de forma literal, ou

então isolamos palavras ou frases e fazemos nossa análise sem olhar o todo.

Devemos entender que a totalidade de sentido de um texto não está somente

naquilo que está escrito, conhecido como superfície textual (o que é mostrado), mas

também está nos aspectos considerados não ditos.

No texto, podemos dizer que existem dois planos: aquilo que está mostrado

mediante as letras, palavras, figuras e gestos; e aquilo que está implícito, oculto,

ou seja, aquilo que está além dessas letras, palavras, figuras e gestos. É o que

acontece na crônica. Quando foi dito “Vai ver se eu estou na esquina” a pessoa não

Talvez, você esteja se perguntando: “Como assim?”

Page 22: Apostila portugues

queria que o sujeito que recebeu essa informação fosse até à esquina a fim de

verificar essa informação, porque não haveria necessidade, uma vez que ela já

estava bem à sua frente. Na realidade, por meio desses dizeres, o desejo dessa

pessoa é que o outro parasse de perturbá-la.

No entanto, deverá surgir uma nova pergunta: “Será que eu tenho essas

mesmas atitudes em relação à interpretação dos textos?”

Infelizmente, muitos ainda têm. Quer fazer um teste? Leia a seguir a fábula

de Millôr Fernandes:

A RAPOSA E AS UVAS De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto, cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo o que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: “Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes.” E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e havia risco de despencar, esticou a pata e... Conseguiu! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes! MORAL: A frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra.

Fonte: (FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro: Nórdica, 1991)

Se alguém lhe perguntasse “o que você

entendeu do texto?”, o que diria? Tente

formular, em sua mente, a interpretação do

texto. Talvez, tenha conseguido formular a

seguinte interpretação:

Essa fábula narra a história de uma raposa,

que não comia já há quatro dias e que,

portanto, estava com muita fome. Ela saiu do

areal do deserto e foi a um parreiral que descia

por um precipício. Ela olhou e viu que os

cachos de uvas eram grandes e maravilhosos.

Page 23: Apostila portugues

A raposa tentou pegá-los por diversas vezes, mas como não conseguiu, desistiu,

dizendo que as uvas estavam muito verdes. Quando estava indo embora, se

deparou com uma pedra enorme. Com muito esforço empurrou a pedra até o local

em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra e conseguiu pegá-lo. Colocou o

cacho inteiro na boca e o cuspiu imediatamente, por que as uvas estavam muito

verdes.

Se essa foi a sua interpretação, ela foi apenas uma reprodução do que está

na superfície do texto, ou seja, ela é muito parecida com o sujeito da crônica que

entendia tudo literalmente. Ao contar essa fábula, a intenção é muito maior do que

apenas narrar a história de uma raposa que estava com fome.

Então, qual seria a possibilidade de interpretação? Tente enxergar outros

significados que estão além das palavras. Por exemplo:

Observe que essas questões estão nos fazendo olhar não apenas para

aquilo que está dito, mas buscarmos significados que estão além do texto. Isso

deve ocorrer na interpretação de todo texto.

O que é uma fábula?

Qual a relação da fábula com a moral?

Page 24: Apostila portugues

Ao analisar a fábula “A Raposa e as Uvas”, devemos primeiramente ter o

conhecimento de que uma fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens

são geralmente animais que possuem características humanas.

Pode ser escrita em prosa ou em verso e é sustentada sempre por uma lição

de moral, constatada na conclusão da história. Ela é muito utilizada com fins

educacionais. Muitos provérbios ou ditos populares vieram da moral contida nesta

narrativa alegórica, como por exemplo: “A pressa é inimiga da perfeição” na fábula

A lebre e a tartaruga e “Um amigo na hora da necessidade é um amigo de verdade”

em A cigarra e as Formigas. Portanto, sempre que alguém redige uma fábula ele

deve ter em mente um ensinamento. Além disso, observamos que na fábula a

raposa não tem procedimentos próprios de um animal, mas de ser humano, pois ela

falou, empurrou a pedra, armou toda uma estratégia para pegar as uvas etc.

Diante disso, uma vez que a fábula sempre procura trazer um ensinamento,

devemos analisar a relação que existe entre a narrativa e a moral. Num primeiro

momento, o texto parece ter um caráter

ingênuo, de uma narrativa aparentemente

infantil, conforme apontamos naquela

interpretação literal. Contudo, quando

observamos alguns elementos textuais que

estão presentes na fábula, ampliamos a

nossa leitura. Logo no início da narrativa é

colocada não uma necessidade fisiológica (a

fome da raposa), mas uma questão comportamental (a gula da personagem), dado

importante para reforçar a conclusão. Além

disso, aparecem várias tentativas do animal

em obter o objeto de desejo que alimentaria

sua gula, mesmo depois de vários fracassos.

Só então a raposa emite um juízo “Ah,

também não tem importância. Estão muito

verdes.” (É bom ressaltar que esse

enunciado é precedido das expressões

“entre dentes, com raiva”, que evidenciam as condições da raposa no momento em

que diz).

Page 25: Apostila portugues

A partir daí, novos dizeres se apresentam no texto em virtude da intenção de

sentido. Ao se deparar com uma enorme pedra, a raposa é reanimada e tenta

novamente atingir seu objetivo, ignorando o que havia afirmado anteriormente,

premida pelas circunstâncias. Isso, aparentemente, comprova que as palavras da

personagem eram apenas tidas como desculpas por não ter conseguido a fruta

para saciar sua gula. Contudo, a raposa consegue, com muito esforço, o que

pretendia - apanhar as uvas - mas, ao contrário do que desejava, as uvas estavam

realmente verdes, expelindo-as de sua boca de tal forma que não as consumisse.

Nesse ponto, o texto amplia os horizontes do significado, determinando a

moral, cujo sentido está em confirmar a questão comportamental e não a

necessidade fisiológica. As uvas já se mostravam verdes e a raposa já havia

percebido, tanto que já o havia declarado anteriormente, mas o estado de gula era

tal, que se sobrepôs à razão. Somente no momento em que provou as uvas e

houve a confirmação do que já sabia é que veio a

consciência de não poder desfrutar daquela fruta,

daí, então, ocorre a frustração.

É claro que para fazer essa leitura e

interpretação, é necessário que o leitor comece a

perceber que aquilo que é visível num texto não é a

única leitura, mas a partir desses aspectos visíveis

associados a outros aspectos que já fazem parte da

vivência do leitor, essa leitura será ampliada.

Portanto, para compreender o que está além daquilo

que é visível, precisamos ativar o que chamamos de

conhecimento de mundo.

Mas, o que é esse conhecimento de mundo?

Page 26: Apostila portugues

Durante a nossa vida, nós adquirimos vários tipos de conhecimentos que

ficam arquivados em nossa memória. Por isso, é fundamental que um indivíduo

tenha acesso à cultura, faça diversas leituras, ouça música, veja filmes, pois quanto

maior for a sua experiência, maior será o seu conhecimento.

Ao fazermos uma leitura ou uma interpretação de texto, nós ativamos esse

conhecimento de mundo, para estabelecer sentido ao texto. Por isso, a leitura é

uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do

leitor.

Koch e Elias (2007, 11) dizem que “a leitura de um texto exige do leitor bem

mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é simples

produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.”

Isso quer dizer que quando lemos algo, não basta apenas conhecermos as

letras ou identificarmos as imagens, pois isso

caracterizaria uma leitura ingênua. Durante o

ato da leitura, não somos simples leitores num

estado de passividade, apenas recebendo

informação, mas, devemos ser pessoas ativas

nessa leitura, buscando preencher as

lacunas que o texto tem e procurando

descobrir a intenção que está por trás dessa “superfície

textual”. Essa ação é o que chamamos de

posicionamento crítico. Segundo os Parâmetros

Curriculares Nacionais

A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades

Page 27: Apostila portugues

de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas. (BRASIL. PCNS: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998, pp. 69-70.)

Portanto, o nosso desafio é fazê-lo perceber que há níveis de leitura e

entendimento de um texto. Muitas vezes, uma pessoa fica somente no primeiro

nível, o da superfície do texto, sendo que o sentido do texto vai muito além. Para

ajudar ainda mais no entendimento desse sentido, é necessário saber, também,

que tudo é construído dentro de um aspecto ideológico.

Quando Millôr Fernandes escreveu a fábula “A Raposa e as Uvas” procurou,

conforme analisamos, trazer como ensinamento a repreensão à gula. Para isso, ele

parte do princípio que a gula é algo condenado socialmente, uma vez que ela

pertence aos sete pecados capitais. Dessa forma, essa fábula confirma os valores

sociais, mostrando a gula de forma depreciativa, passível de um julgamento.

Agora, suponhamos que uma empresa de alimentos fosse fazer uma propaganda.

Você acha que ela seria a favor ou contra a gula? Pegue como exemplo alguns

comerciais de alimentos, principalmente quando se trata de algum chocolate: neles,

normalmente, aparece uma criança toda lambuzada, pois ela come o doce com

tanto prazer, que acaba se sujando toda.

Agora me responda: a empresa que faz a propaganda tem a mesma visão

de gula presente na fábula ou uma visão contrária? Por que isso ocorre?

Percebemos que é uma visão contrária, pois o objetivo dessa empresa é

fazer que o leitor consuma o maior número possível de produtos, para que ela

obtenha lucros. Portanto, a gula não seria vista como algo maléfico, mas benéfico.

Agora, leia o poema a seguir:

Aspecto Ideológico? O que é isto?

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A gula

Sorvo delícias em prazeres

que mal mastigo...

Compenso-me em torrões

mascavados de deleite

Repasto-me em trouxas

douradas de ovos moles

Degusto ostras

ovadas de luar

e empanturro-me

em iguarias às quais

não ofereço resistência

E confesso-me pecadora

e escrava desta gula,

que leva à mesa,

o banquete que me sacia,

meu regozijo e conforto,

prova das minhas fraquezas.

Maria Fernanda Reis Esteves (http://www.luso-poemas.net)

Nesse poema, como é vista a gula? É vista como algo aceito ou condenado

pelo eu-lírico, ou seja, por aquele que está dizendo o poema? O que o faz ter esse

posicionamento?

Ao analisarmos o poema, vemos uma pessoa que se declara pecadora e

escrava da gula. Embora consciente de que a gula é algo condenado socialmente,

ela sente prazer no que faz. E parece não ligar por estar transgredindo os valores

sociais. Ela sabe que a gula é uma fraqueza dela, todavia, ela se sente confortável.

Essa consciência e esse conforto vêm marcados no poema pelos verbos

“sorvo”, “repasto”, “degusto” e “empanturro”, pois estão todos ligados a ação de

Page 29: Apostila portugues

saborear algo. Esse posicionamento se mostra diferente da fábula e da empresa de

alimentos.

Então, o que nos leva a ter essas três visões diferenciadas da gula? São os

chamados pressupostos ideológicos de cada sujeito constituído no texto. Dessa

forma, cabe-nos ver um pouco sobre a questão da ideologia e a linguagem.

Segundo Marilena Chauí (O que é ideologia, p. 113),

“a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (ideias e valores) e de normas e de regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar o que devem valorizar e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer.”

Leia novamente essa definição e pense no que Marilena Chauí quer dizer.

Esse é um bom teste para ver o seu nível de leitura.

Se você for a um dicionário ou a um livro de filosofia, verá outras definições

de ideologia, todavia, essa definição dada por Chauí está bem apropriada ao que

estamos falando.

Um indivíduo, durante a sua formação vai adquirindo valores sociais, regras

de conduta que vão direcionar a sua vida. Ele buscará interpretar os fatos e se

expressar de acordo com essas ideias.

Por exemplo, se um indivíduo é de uma família em que certas palavras não

podem ser ditas porque são proibidas, esse indivíduo sempre as verá dessa forma,

por isso, procurará evitá-las.

Isso é o que ocorre nos textos, cuja temática é sobre a gula. O modo de ver

a gula e falar dela dependerá dessa questão de valores.

Esses valores, essas regras e normas são o que formam a ideologia,

portanto, o seu significado está ligado a um conjunto de ideias, de pensamentos,

das experiências de vida de um indivíduo e é por meio desta ideologia que o

indivídio interpreta seu mundo, os textos que lê e as informações que recebe por

meio de suas ações e linguagem.

Todavia, muitas vezes, a ideologia é utilizada dentro de um aspecto negativo,

porque ela pode ser usada como uma forma de mascarar a verdade. Por exemplo,

quando o patrão diz aos empregados que quanto mais eles produzirem, mais

Page 30: Apostila portugues

pessoas dignas e de sucesso serão; na realidade, esse patrão está se utilizando

dos aspectos ideológicos nessa fala, pois, o que de fato deseja é a grande

produção para um maior faturamento. Na sua fala há uma intenção implícita que

não é condizente com o que ele está transmitindo. Isso é muito comum na

propaganda. Com o propósito de

vender um produto, a empresa

mostra todas as qualificações desse

produto, nos passando a ideia de que

ele é importantíssimo para o

consumidor e nós somos persuadidos

de tal forma que queremos adquiri-lo.

Veja esta propaganda antiga.

Em meados do século XX, a

enceradeira surgiu como uma

inovação tecnológica importante para

a dona de casa, pois muitas mulheres

enceravam a sua casa com um

escovão ou de joelho com um pano

na mão. Procure observar essa

propaganda e veja como ela procura

vender o produto “enceradeira”.

Se você nunca passou uma enceradeira, pergunte para sua mãe se era

dessa forma que ela encerava a casa: salto, cabelo escovado, saia e blusa, como

se fosse uma princesa. Tenho certeza de que não era assim.

Observe que a propaganda quer vender a ideia de que quem comprasse a

Enceradeira Arno Super iria ter prazer em fazer a faxina de casa e nem sentiria

cansaço. Todavia, essa ideia não é verdadeira. Portanto, a empresa se apropriou

dos aspectos ideológicos para camuflar a verdade.

Dessa forma, a realidade é distorcida a partir de um conjunto de

representações pelo qual os homens se utilizam para explicar e compreender sua

própria vida individual e social. Isso ocorre com todos os indivíduos, porque nós

somos governados por uma ordem social.

Page 31: Apostila portugues

A ideologia, portanto, é um sinal de significação que está presente em

qualquer tipo de mensagem, pois, em toda mensagem sempre há por trás uma

intenção que normalmente não é claramente dita.

Desta forma podemos afirmar que todos nós deixamos nossa marca de visão

de mundo, dos nossos valores e crenças, e de INTENÇÃO, ou seja, de nossa

ideologia, no uso que fazemos da linguagem, pois nós recorremos a ela para

expressar nossos sentimentos, opiniões e desejos. E é por meio da linguagem que

interpretamos a realidade que nos cerca.

Porém, essa interpretação não é totalmente livre, pois ela é construída

historicamente a partir de uma série de aspectos ideológicos que todos nós temos,

mesmo sem nos darmos conta de sua existência.

Tomem como exemplo textos que valorizam a imagem da mulher como a

dona de casa perfeita, por exemplo, recorrem a um vocabulário que traduz as

características vistas como positivas, tais como, a mulher é a rainha do lar, o anjo

do lar, a mãe exemplar, a esposa perfeita, a santa senhora. Tais expressões eram

muito utilizadas nas propagandas das décadas de 40, 50 e 60. Elas funcionavam

para encobrir, na realidade, a verdadeira trabalhadora do lar, a qual deveria

manusear todos os eletrodomésticos para manter sua casa permanentemente limpa

para seu esposo.

Para entendermos ainda melhor os conceitos que estamos trabalhando, no

quadro a seguir, encontramos três músicas. Faça uma comparação entre elas e

veja qual é o perfil de juventude que encontramos nessas músicas. São os mesmos

perfis? A data da composição das músicas é importante para a concepção desses

perfis?

Toda essa questão parece ser muito complexa, pois é

muito conceitual. Então veremos a seguir como de fato a

ideologia se dá nos textos.

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Alegria, Alegria Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento No sol de quase dezembro Eu vou... O sol se reparte em crimes Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou... Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e Brigitte Bardot... O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia Eu vou... Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores vãos Eu vou Por que não? Por que não? Ela pensa em casamento E eu nunca mais fui à escola Sem lenço e sem documento, Eu vou... Eu tomo uma coca-cola Ela pensa em casamento E uma canção me consola

Como Nossos Pais Não quero lhe falar, Meu grande amor, Das coisas que aprendi Nos discos... Quero lhe contar como eu vivi E tudo o que aconteceu comigo Viver é melhor que sonhar Eu sei que o amor É uma coisa boa Mas também sei Que qualquer canto É menor do que a vida De qualquer pessoa... Por isso cuidado meu bem Há perigo na esquina Eles venceram e o sinal Está fechado prá nós Que somos jovens... Para abraçar seu irmão E beijar sua menina na rua É que se fez o seu braço, O seu lábio e a sua voz... Você me pergunta Pela minha paixão Digo que estou encantada Como uma nova invenção Eu vou ficar nesta cidade Não vou voltar pro sertão Pois vejo vir vindo no vento Cheiro de nova estação Eu sei de tudo na ferida viva Do meu coração... Já faz tempo Eu vi você na rua Cabelo ao vento Gente jovem reunida Na parede da memória Essa lembrança É o quadro que dói mais...

Geração Coca-Cola Quando nascemos fomos programados A receber o que vocês Nos empurraram com os enlatados Dos U.S.A., de nove as seis. Desde pequenos nós comemos lixo Comercial e industrial Mas agora chegou nossa vez Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola Depois de 20 anos na escola Não é difícil aprender Todas as manhas do seu jogo sujo Não é assim que tem que ser Vamos fazer nosso dever de casa E aí então vocês vão ver Suas crianças derrubando reis Fazer comédia no cinema com as suas leis Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola

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Eu vou... Por entre fotos e nomes Sem livros e sem fuzil Sem fome, sem telefone No coração do Brasil... Ela nem sabe até pensei Em cantar na televisão O sol é tão bonito Eu vou... Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou... Por que não? Por que não? Caetano Veloso Composição: Caetano Veloso/ 1967

Minha dor é perceber Que apesar de termos Feito tudo o que fizemos Ainda somos os mesmos E vivemos Ainda somos os mesmos E vivemos Como os nossos pais... Nossos ídolos Ainda são os mesmos E as aparências Não enganam não Você diz que depois deles Não apareceu mais ninguém Você pode até dizer Que eu tô por fora Ou então Que eu tô inventando... Mas é você Que ama o passado E que não vê É você Que ama o passado E que não vê Que o novo sempre vem... Hoje eu sei Que quem me deu a idéia De uma nova consciência E juventude Tá em casa Guardado por Deus Contando vil metal... Minha dor é perceber Que apesar de termos Feito tudo, tudo, Tudo o que fizemos Nós ainda somos Os mesmos e vivemos Ainda somos Os mesmos e vivemos Ainda somos Os mesmos e vivemos Como os nossos pais... Elis Regina Composição:Belchior1976

Geração Coca-Cola Legião Urbana Composição: Renato Russo / Fê Lemos / 1985

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Você percebeu que essas músicas foram compostas em três décadas

diferentes? A primeira em 1967, a segunda em 1976 e a terceira em 1985. Nelas,

encontramos diferenças nos perfis dos jovens que está intimamente ligada com a

ideologia dominante da época. Veja a análise!!!

Na primeira música, temos um jovem que vive a opressão sofrida nas ruas,

nos meios de comunicação, em sua cultura nativa, no seu próprio país na década

de 60. A letra denuncia o abuso de poder de forma metafórica: “caminhando contra

o vento/sem lenço e sem documento”; expressa a violência praticada pelo regime:

“sem livros e sem fuzil,/ sem fome, sem telefone, no coração do Brasil”; denuncia a

precariedade na educação brasileira proporcionada pela ditadura que queria

pessoas alienadas: “O sol nas bancas de revista /me enche de alegria e

preguiça/quem lê tanta notícia?”.

Na segunda música, a canção fala sobre o tempo e a juventude, a

maturidade e a impotência, a ilusão e a decepção, sobre ganhar e perder. Embora

as pessoas sejam tão previsíveis e as histórias, inclusive políticas, costumem

acabar praticamente sempre “em pizza”, como se costuma dizer no Brasil, o autor

nos alerta do quão é importante que façamos a nossa parte. É importante não

desistir.

Na terceira, temos uma geração marcada pelo consumismo, que procuram

para si a praticidade e os produtos importados. É uma juventude que se deixa

envolver pelo caminho mais fácil, deixando de lado ideais revolucionários.

Como se vê, as idéias produzidas num determinado tempo, numa dada

época estão sempre presentes no texto. Por isso, é preciso verificar as concepções

e fatos correntes na época e na sociedade em que o texto foi produzido, para

ajudar-nos a entender os aspectos ideológicos, ou seja, as crenças, valores e

pensamentos relacionados à época e, consequentemente, fazermos uma leitura

além da superfície de um texto.

Page 35: Apostila portugues

Coesão e Coerência Textual Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o relacionamento existente entre si. De que trata, então, a coesão textual? Da ligação, da relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes.

Uma das modalidades de coesão é a remissão. E a coesão pode desempenhar a função

de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da

referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos

longas.

A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa

(retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.

Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são

diferentes.Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.

Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este

recupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com quem

torce para o outro time - são anafóricos.

A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes

demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das

demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos:

Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de

profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos

dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.

Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a

expressão o professor - são catafóricos.

De que trata a coerência textual ? Da relação que se estabelece entre as diversas partes

do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à

possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.

Modelo de questão: coesão e coerência (AFRF-2003)

As questões de números 01 e 02 têm o texto abaixo como base.

Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto

sócio-político e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das

sociedades.Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a

resultar como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes

políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana.

Page 36: Apostila portugues

Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos

na América Latina.

Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros

dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações

econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.

As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural

destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos,

tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação

dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e

ideológica.

(Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica ao

Direito,com adaptações)

01. Assinale a opção que não estabelece uma continuidade coerente e

gramaticalmente correta para o texto

a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente garantida

sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a estrutura da

sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão plena?

b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização

histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização

social da liberdade.

c) Assim, pois, a opressão substitui a liberdade. A percepção da complexidade da

realidade latino-americana remete diretamente a uma compreensão da questão do homem

ao substituí-lo pela questão da tecnologia.

d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um

mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais.

e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente

nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção

e reprodução dessa dependência.

DICAS: esse tipo de questão exige a capacidade de seleção das informações básicas do

texto e de percepção dos elementos de coesão constitutivos do último período e sua

interligação com o parágrafo subsequente; nesse caso, a opção que será marcada.

O texto trata dos direitos humanos - a realidade no contexto sócio- político e histórico

estrutural - processo de criação das sociedades; "as relações econômicas internacionais

entre países periféricos( a sua dependência) e países centrais".

O gabarito assinala a altern. C.

Page 37: Apostila portugues

Justificativa: o comando da questão pede "a opção que não estabelece uma

continuidade..." , a alternativa C inicia, estabelecendo relação de conclusão ( "Assim,

pois,a opressão...") utilizando-se de elementos que não são citados no texto: opressão -

liberdade - tecnologia, caracterizando incoerência textual.Nas demais alternativas há

expressões que fazem menção às ideias do texto. Serão grifadas as palavras ou

expressões relacionadas ao texto:

*na altern.a)"... nessa parte do mundo..." (países periféricos),

* na altern.b)"... a questão dos Direitos tem significado político..." (parte inicial do texto),

*na altern. d) "Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humano..."

* na altern.e)"... o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa

dependência." (tanto a letra d) quanto a e) fazem referência às informações básicas do

texto.

02. Assinale a opção em que, no texto, a expressão que antecede a barra não retoma

a ideia da segunda expressão que sucede a barra.

a) "realidade" (l.2) / " contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo" (l.2 e 3)

b) "deste processo" (l.6) / " Processo contraditório de criação das sociedades" (l.3 e 4)

c) "Este ponto de vista referencial" (l.11) / "ideias expressas no primeiro parágrafo.

d) "Neste contexto" (l.14) / discussão sobre os direitos humanos na América Latina.

e) "desta situação" (l.20) / relações econômicas internacionais entre países periféricos e

países centrais.

GABARITO:A

DICAS: essa questão é típica de coesão textual que trata dos elementos anafóricos-

aqueles que retomam um elemento referencial(anterior). O objetivo do comando é "a

expressão que antecede a barra não retoma a ideia da segunda expressão. Se se

observar com atenção, a palavra "realidade" da altern. a) vem citada antes, no texto, que a

expressão "contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo", portanto

corresponde ao que se pede. Daí, o gabarito apontar a altern a) como a indicada.

Page 38: Apostila portugues

LINGUAGEM DENOTATIVA E LINGUAGEM CONOTATIVA:

QUANDO E POR QUE AS UTILIZAMOS

Você já pensou na importância que as palavras ou as frases têm quando

queremos expressar uma idéia ou escrever um texto? Pois é, ao escrever ou falar,

valemo-nos do significado das palavras, para propositalmente mostrarmos a nossa

intenção. Se quisermos ser objetivos no que redigimos ou falamos, precisamos

utilizar uma linguagem denotativa, a palavra ou sentença empregada está na sua

significação usual, literal, referindo-se a uma realidade concreta ou imaginária. Por

exemplo, a publicação da seguinte manchete no jornal: “NÃO CHOVE NO

NORDESTE HÁ DOIS MESES”. O verbo chover está sendo empregado numa

linguagem denotativa, pois a sua significação é literal, refere-se à precipitação

pluviométrica ou, trocando em miúdos, à água que cai do céu. Agora, se quisermos

evocar idéias por intermédio da emoção ou subjetividade, temos a linguagem

conotativa, que corresponde a uma transferência do significado usual para um

sentido figurado. Quando isso acontece, as figuras enriquecem o texto ou discurso.

Por exemplo, se lermos em um site de relacionamento a seguinte frase: “NÃO

CHOVE EM MINHA HORTA HÁ ALGUM TEMPO.”, o verbo chover, aqui, não está

num sentido literal, mas figurativo, porque o seu significado não dá a idéia de chuva

propriamente dita, mas de que faz algum tempo que uma pessoa que não tem

nenhum relacionamento com alguém.

Portanto, as palavras, expressões e enunciados da língua atuam

em dois planos distintos: a linguagem denotativa e a linguagem

conotativa. Vejamos cada uma delas com mais detalhes, para saber

quando e por que as usamos.

Page 39: Apostila portugues

Linguagem denotativa

Leia o texto abaixo.

Há alguns anos, o Dr. Johnson O’ Connor, do Laboratório de Engenharia Humana, de Boston, e do Instituto de Tecnologia, de Hoboken, Nova Jersey, submeteu a um teste de vocabulário cem alunos de um curso de formação de dirigentes de empresas industriais, os executivos. Cinco anos mais tarde, verificou que os dez por cento que havia revelado maior conhecimento ocupavam cargos de direção, ao passo que dos vinte e cinco por cento mais “fracos” nenhum alcançara igual posição.

Isso não prova, entretanto, que, para “vencer na vida”, basta ter um bom vocabulário; outras qualidades se fazem, evidentemente, necessárias. Mas parece não restar dúvida de que, dispondo de palavras suficientes e adequadas à expressão do pensamento de maneira clara, fiel e precisa, estamos em melhores condições de assimilar conceitos, de refletir, de escolher, de julgar, do que outros cujo acervo léxico seja insuficiente ou medíocre para tarefa vital da comunicação.

Pensamento e expressão são interdependentes, tanto é certo que as palavras são o revestimento das idéias e que, sem elas, é praticamente impossível pensar. Como pensar que “amanhã tenho uma aula às 8 horas”, se não prefiguro mentalmente essa atividade por meio dessas ou outras palavras equivalentes? Não há como se pensar no nada. A própria clareza das idéias (se é que a temos sem palavras) está intimamente relacionada com a clareza e a precisão das expressões que as traduzem. As próprias impressões colhidas em contato com o mundo físico, através da experiência sensível, são tanto mais vivas quanto mais capazes de serem traduzidas em palavras – e sem impressões vivas não haverá expressão eficaz. É um círculo vicioso, sem dúvida: “... nossos hábitos linguísticos afetam e são igualmente afetados pelo nosso comportamento, pelos nossos hábitos físicos e mentais normais, tais como a observação, a percepção, os sentimentos, a emoção, a imaginação”. De forma que um vocabulário escasso e inadequado, incapaz de veicular impressões e concepções, mina o próprio desenvolvimento mental, tolhe a imaginação e o poder criador, limitando a capacidade de observar, compreender e até mesmo de sentir. (...)

Portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais claro, tanto mais profundo e acurado é o processo mental da reflexão. Reciprocamente, quanto mais escasso e impreciso, tanto mais dependentes estamos do grunhido, do grito ou do gesto, formas rudimentares de comunicação capazes de traduzir apenas expansões instintivas dos primitivos, dos infantes e... dos irracionais.

(GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 8 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1980, p. 155-56).

Page 40: Apostila portugues

Otton M. Garcia, nesse texto, trata sobre a importância de termos um

vocabulário amplo, pois quanto mais palavras conhecermos, mais condições

teremos de nos expressar quando comunicamos. Todavia, se tivermos um

vocabulário escasso e inadequado, teremos grandes dificuldades em expor nossas

idéias e compreender o que outras pessoas dizem. Para expor essa temática da

importância do vocabulário, Garcia

utilizou-se de uma estatística feita

nos Estados Unidos, comprovando

que aquelas pessoas que tinham

revelado um maior vocabulário se

tornaram chefes de seus setores, no

entanto, entre aqueles que tinham

um vocabulário muito limitado,

nenhum chegou a ocupar tal posto.

As palavras usadas no texto por Garcia, para desenvolver este assunto, são,

na sua grande maioria, abstratas, tais como “conhecimento, posição, qualidade,

pensamento, expressão etc.”, pois fazem referência a conceitos, preservando seu

sentido literal.

Portanto, há linguagem denotativa quando tomamos a palavra no seu sentido

usual ou literal, isto é, naquele que lhe atribuem os dicionários; seu sentido é

objetivo, explícito. Ela designa ou denota determinado objeto, referindo-se a um

único sentido. Você se lembra do texto “Para quem não dorme de touca”, cuja

personagem entendia tudo literalmente? Segundo o entendimento dessa

personagem, a linguagem tem somente uma forma de expressão. Todavia, isso não

é verdade, pois ela pode ser conotativa também.

Page 41: Apostila portugues

Linguagem Conotativa

Além do sentido literal, cada palavra remete a inúmeros outros sentidos

virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos, evocando outras idéias

associadas de ordem abstrata, subjetiva. Leia o poema abaixo.

No Corpo De que vale tentar reconstruir com palavras o que o verão levou entre nuvens e risos junto com o jornal velho pelos ares? O sonho na boca, o incêndio na cama, o apelo na noite agora são apenas esta contração (este clarão) de maxilar dentro do rosto A poesia é o presente Ferreira Gullar

Ao lermos esse poema, percebemos que as palavras não têm um sentido

literal, mas figurativo. O eu-lírico compara seu passado a um jornal velho levado

pelo vento. O seu passado é apenas uma memória. Ele começa a reviver esse

passado na segunda estrofe, principalmente a sua vivência amorosa (“incêndio na

cama”, “o apelo na noite”). Disso, o que ficou no momento (“agora”) são apenas as

boas lembranças, que lhes trazem um sorriso estampado no rosto (“(este clarão) de

maxilar dentro do rosto”).

É muito comum encontrarmos a linguagem conotativa em textos literários,

pois eles têm uma preocupação essencialmente estética. No entanto, a

encontramos também em propagandas, textos jornalísticos, histórias em

quadrinhos, charges e em outros gêneros textuais. Pois, por meio dessa linguagem

se exploram diversos significados de uma palavra, causando o interesse do leitor

para a manchete ou provocando o riso e o duplo sentido. Veja esta propaganda a

seguir:

Page 42: Apostila portugues

O outdoor da Assistência Funeral SINAF “Como arrumar uma coroa” utiliza-se

tanto o verbo como o substantivo no seu sentido conotativo (arrumar = conseguir,

coroa = senhora idosa) e para contribuir com esse sentido é colocada a imagem de

um senhor idoso e jovial (um coroa esperto) ao lado da mensagem escrita. Porém,

com o auxílio da imagem (este senhor idoso) atrelada ao nome do produto

(Assistência Funeral) se faz uma outra leitura: o verbo arrumar e o substantivo

coroa passam a ter seu sentido original, denotativo (conseguir enfeite de flores

utilizados em funerais).

É preciso que o destinatário tenha um conhecimento linguístico e cultural para

perceber a brincadeira irônica feita

na mensagem publicitária como um

recurso suavizador do assunto

(morte) delicado para nós ocidentais.

A ambiguidade suaviza e dissimula a

mensagem, mas os dados precisam

estar armazenados na memória do

público alvo para que ele reconheça

o jogo da mensagem.

Os provérbios ou ditos

populares são também um outro

exemplo de exploração da linguagem

no seu uso conotativo. Assim,

"Quem está na chuva é para se

Page 43: Apostila portugues

molhar" equivale a "Quando alguém opta por uma determinada experiência, deve

assumir todas as regras e consequências decorrentes dessa experiência". Do

mesmo modo, "Casa de ferreiro, espeto de pau" significa “O que a pessoa faz

fora de casa, para os outros, não faz em casa, para si mesma.”

Leia, agora, este texto jornalístico.

A seca está de volta

Um dia, em janeiro passado, anunciada pelo pau d’arco que não floriu, pelo jabuti que não pôs, pelo pássaro João-de-barro que fez sua casa com a porta virada para o nascente, a seca reapareceu no Nordeste e plantou-se em Irecê, na Bahia. Dali, espalhou-se pelo centro do Estado: consumiu terras de Ibitiba, Ibipeba, Jussara, Brumado, Barra do Mendes e de mais 140 municípios. Com duas semanas, tomou Xique-Xique da influência do rio São Francisco.

Depois saltou para o norte de Minas Gerais e apoderou-se de Janaúba, Espinosa, Mato Verde, Porteirinha, Várzea de Palma e de mais de 35 cidades. Então retrocedeu, cortou o sul da Bahia e insinuou-se pelo sudeste do Piauí. Dormiu por muitas noites em São Raimundo Nonato. Acordou de outras tantas em São João do Piauí, Simplício Mendes, Paulistana, Jaicós e Picos, onde era aguardada pelo antropólogo popular João Feliciano da Silva Rego que, em dezembro do ano passado, no dia de Santa Luzia, fizera a experiência das três pedrinhas de sal e sentenciara para os incrédulos:

- A seca está chegando.

Ela ocupou Afrânio, Parnamirim, Bodocó, Trindade e Salgueiro, no oeste de Pernambuco, e reduziu à metade o movimento comercial na rotineira feira de gado de Ouricuri. Foi vista chegando em dias de março no oeste do Rio Grande do Norte, onde permanece no Vale do Siridó, e no

Page 44: Apostila portugues

sudoeste do Ceará, na região dos Inhamus, onde encontrou bom abrigo. Trilhou depois os caminhos sertanejos da Paraíba e estimulou agricultores a invadir três cidades. Alastrou-se em seguida pelo oeste de Alagoas e está agora crescendo lentamente no nordeste de Sergipe. Já engoliu até hoje 811 mil quilômetros quadrados de 736 municípios, 222 dos quais considerados irrecuperáveis em termos de produção agrícola. E atinge direta e indiretamente 12 milhões de pessoas.

NOBLAT. Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. São Paulo: Contexto, 2003. p.102-03

Nesse texto vemos que o objetivo do jornalista Ricardo Noblat é escrever

sobre a seca que devastou o Nordeste brasileiro. Para isso, ele não se utilizou da

linguagem denotativa, mas conotativa. Ele procura personificar a seca, ou seja, ele

atribui ações humanas para um elemento que não é humano. Essa personificação

ocorre mediante uma escolha cuidadosa dos verbos (reapareceu, plantou-se,

espalhou-se, consumiu, saltou, apoderou-se, retrocedeu, cortou, dormiu, acordou,

ocupou, trilhou, engoliu etc.). Além disso, observamos que o termo seca só aparece

uma vez no título e duas no corpo do texto (uma no primeiro parágrafo e a outra na

fala do antropólogo popular), ele procura nomeá-la por figuras verbais que remetem

à seca. Noblat recorre, também, aos pronomes (o pronome pessoal ela e o reflexivo

se), que ajudam a reforçar no leitor a idéia de um ser dotado de vontade própria,

que escolhe os caminhos por onde passará na sua viagem de destruição.

Embora se espere um caráter mais objetivo, mais literal, em um texto

jornalístico, a intenção de Noblat foi a de permitir que os leitores pudessem

construir uma imagem dos efeitos da passagem da seca pela região. Para isso,

precisava atribuir a esse fenômeno um comportamento quase humano, algo que só

pode ser obtido pela exploração do uso figurado de vários termos. O resultado é um

texto quase poético que nos permite visualizar as cidades flageladas e imaginar o

sofrimento de tantas pessoas afetadas.

Page 45: Apostila portugues

Portanto, a conotação é a significação subjetiva e figurada da palavra; ocorre

quando um termo evoca outras realidades por associações que ele provoca.

O quadro abaixo sintetiza as diferenças fundamentais entre denotação e

conotação:

DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO

palavra com significação restrita palavra com significação ampla

palavra com sentido comum do dicionário

palavra cujos sentidos extrapolam o sentido comum

palavra usada de modo automatizado

palavra usada de modo criativo

linguagem comum linguagem rica e expressiva

Exemplos de conotação e denotação.

Nas receitas a seguir, as palavras têm, na primeira, um sentido objetivo,

explícito, constante; foram usadas denotativamente. Na segunda, apresentam

múltiplos sentidos, foram usadas conotativamente. Observa-se que os verbos que

ocorrem tanto em uma quanto em outra - dissolver, cortar, juntar, servir, retirar,

reservar - são aqueles que costumam ocorrer nas receitas; entretanto, o que faz a

diferença são as palavras com as quais os verbos combinam, combinações

esperadas no texto 1, combinações inusitadas no texto 2. Vejam a seguir e

compreendam melhor o que acabamos de expor.

TEXTO I Bolo de arroz 3 xícaras de arroz 1 colher (sopa) de manteiga 1 gema 1 frango 1 cebola picada

TEXTO II Receita Ingredientes 2 conflitos de gerações 4 esperanças perdidas 3 litros de sangue fervido 5 sonhos eróticos

Page 46: Apostila portugues

1colher (sopa) de molho inglês 1colher (sopa) de farinha de trigo 1 xícara de creme de leite Salsa picadinha Prepare o arroz branco, bem solto. Ao mesmo tempo, faça o frango ao molho, bem temperado e saboroso. Quando pronto, retire os pedaços, desosse e desfie. Reserve. Quando o arroz estiver pronto, junte a gema, a manteiga, coloque numa forma de buraco e leve ao forno. No caldo que sobrou do frango, junte a cebola, o molho inglês, a farinha de trigo e leve ao fogo para engrossar. Retire do fogo e junte o creme de leite. Vire o arroz, já assado, num prato. Coloque o frango no meio e despeje por cima o molho. Sirva quente. (Terezinha Terra)

2 canções dos Beatles Modo de preparar Dissolva os sonhos eróticos nos dois litros de sangue fervido e deixe gelar seu coração. Leve a mistura ao fogo, adicionando dois conflitos de gerações às esperanças perdidas. Corte tudo em pedacinhos e repita com as canções dos Beatles o mesmo processo usado com os sonhos eróticos, mas desta vez deixe ferver um pouco mais e mexa até dissolver. Parte do sangue pode ser substituída por suco de groselha, mas os resultados não serão os mesmos. Sirva o poema simples ou com ilusões. (Nicolas Behr)

Fonte: (http://acd.ufrj.br/~pead/tema04/denotacaoeconotacao.html)

Leia o poema “Profundamente” de Manuel Bandeira. Observe que ele trabalha com um termo de forma denotativa e conotativa. Procure verificar que termo é esse?

Profundamente

Page 47: Apostila portugues

Quando ontem adormeci Na noite de São João Havia alegria e rumor Vozes cantigas e risos

Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei Não ouvi mais vozes nem risos

Apenas balões Passavam errantes

Silenciosamente Apenas de vez em quando

O ruído de um bonde Cortava o silêncio Como um túnel.

Onde estavam os que há pouco Dançavam Cantavam E riam

Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo Estavam todos deitados

Dormindo Profundamente.

Quando eu tinha seis anos Não pude ver o fim da festa de São João

Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó Meu avô

Totônio Rodrigues Tomásia Rosa

Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo Estão todos deitados

Dormindo Profundamente.

Page 48: Apostila portugues

Interpretando o poema, pode-se dizer que o eu-lírico se apresenta em dois

tempos distintos: o passado (quando tinha seis anos) e o presente (hoje); bem

destacados pelos advérbios que aparecem no início da 1ª (“ontem”) e da 6ª (“hoje”)

estrofes, respectivamente.

O início do texto mostra algumas lembranças do eu-lírico vividas na noite de

São João, quando ele tinha seis anos e não pôde ver o final da festa, porque tinha

adormecido. Então, ao acordar (possivelmente, no meio da madrugada), toda a

alegria produzida pelas músicas, risadas e brincadeiras do cotidiano das pessoas

daquela época tinha desaparecido, porque todos da casa estavam dormindo

profundamente (no sentido literal - denotativo). No entanto, a partir da 5ª estrofe,

percebe-se a mudança de tempo e a mesma angústia vivida pelo eu-lírico de não

ouvir mais as vozes daquele tempo e se questiona até perceber que eles não

estavam mais lá, pois haviam morrido (“dormido profundamente” no sentindo

conotativo).

É interessante a brincadeira que o poeta faz com as palavras em seu sentido

denotativo e conotativo (“dormir profundamente”- 4ª e 7ª estrofes); percebe-se,

portanto, que se trata de um bom entendedor das palavras que o cercam e que,

mediante um vocabulário simples, consegue atingir temas tão profundos como a

morte e a saudade.

Portanto, ao analisarmos um texto, temos que observar bem o significado das

palavras, a fim de depreendermos os sentidos que estão nele presentes. O que nos

ajudará muito entendermos se a palavra tem um sentido conotativo ou literal será o

contexto, conforme vimos nos capítulos anteriores.

Você conseguiu achar qual é o termo?

Sobre o que fala o poema?

Page 49: Apostila portugues

ORTOGRAFIA OFICIAL

A palavra Ortografia é formada por "orto", elemento de origem grega, usado como prefixo, com o significado de direito, reto, exato e "grafia", elemento de composição de origem grega com o significado de ação de escrever; ortografia, então, significa ação de escrever direito. É fácil escrever direito? Não!! É, de fato, muito difícil conhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever com o mínimo de erros ortográficos. Hoje tentaremos facilitar um pouco mais essa matéria. Abaixo seguem algumas frases com as respectivas regras sobre o uso de ç, s, ss, z, x... Vamos a elas:

01) Uma das intenções da casa de detenção é levar o que cometeu graves infrações a alcançar a introspecção, por intermédio da reeducação.

a) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TO:intento = intençãocanto = cançãoexceto = exceçãojunto = junção

b) Usa-se ç em palavras terminadas em TENÇÃO referentes a verbos derivados de TER:deter = detençãoreter = retençãoconter = contençãomanter = manutenção

c) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TOR:infrator = infraçãotrator = traçãoredator = redaçãosetor = seção

d) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TIVO:introspectivo = introspecçãorelativo = relaçãoativo = açãointuitivo – intuição

e) Usa-se ç em palavras derivadas de verbos dos quais se retira a desinência R:reeducar = reeducaçãoimportar = importaçãorepartir = repartiçãofundir = fundição

f) Usa-se ç após ditongo quando houver som de s:eleiçãotraição

02) A pretensa diversão de Creusa, a poetisa vencedora do concurso, implicou a sua expulsão, porque pôs uma frase horrorosa sobre a diretora Luísa.

a) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em NDER ou NDIR:pretender = pretensão, pretensa, pretensiosodefender = defesa, defensivocompreender = compreensão, compreensivorepreender = repreensão

Page 50: Apostila portugues

expandir = expansãofundir = fusãoconfundir = confusão

b) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERTER ou ERTIR:inverter = inversãoconverter = conversãoperverter = perversãodivertir = diversão

c) Usa-se s após ditongo quando houver som de z:Creusacoisamaisena

d) Usa-se s em palavras terminadas em ISA, substantivos femininos:LuísaHeloísaPoetisaProfetisa

Obs: Juíza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz, que também se escreve com z.

e) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em CORRER ou PELIR:concorrer = concursodiscorrer = discursoexpelir = expulso, expulsãocompelir = compulsório

f) Usa-se s na conjugação dos verbos PÔR, QUERER, USAR:ele pôsele quisele usou

g) Usa-se s em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, OSE:frasetesecriseosmose

• Exceções: deslize e gaze.

h) Usa-se s em palavras terminadas em OSO, OSA:horrorosagostoso

• Exceção: gozo

03) I -Teresinha, a esposa do camponês inglês, avisou que cantaria de improviso.

II -Aterrorizada pela embriaguez do marido, a mulherzinha não fez a limpeza.

a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s quando esta letra fizer parte do radical da palavra de origem; com z quando a palavra de origem não tiver o radical terminado em s:Teresa = TeresinhaCasa = casinhaMulher = mulherzinhaPão = pãozinho

b) Os verbos terminados em ISAR serão escritos com s quando esta letra fizer parte do radical da palavra de origem; os terminados em IZAR serão escritos com z quando a palavra de origem não tiver o radical terminado em s:

Page 51: Apostila portugues

improviso = improvisaranálise = analisarpesquisa = pesquisarterror = aterrorizarútil = utilizareconomia = economizar

c) As palavras terminadas em ÊS e ESA serão escritas com s quando indicarem nacionalidade, títulos ou nomes próprios; as terminadas em EZ e EZA serão escritas com z quando forem substantivos abstratos provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:TeresaCamponêsInglêsEmbriaguezLimpeza

04) O excesso de concessões dava a impressão de compromisso com o progresso.

a) Os verbos terminados em CEDER terão palavras derivadas escritas com CESS:exceder = excesso, excessivoconceder = concessãoproceder = processo

b) Os verbos terminados em PRIMIR terão palavras derivadas escritas com PRESS:imprimir = impressãodeprimir = depressãocomprimir = compressa

c) Os verbos terminados em GREDIR terão palavras derivadas escritas com GRESS:progredir = progressoagredir = agressor, agressão, agressivotransgredir = transgressão, transgressor

d) Os verbos terminados em METER terão palavras derivadas escritas com MISS ou MESS:comprometer = compromissoprometer = promessaintrometer = intromissãoremeter = remessa

05) Para que os filhos se encorajem, o lojista come jiló com canjica.

a) Escreve-se com j a conjugação dos verbos terminados em JAR:Viajar = espero que eles viajemEncorajar = para que eles se encorajemEnferrujar = que não se enferrujem as portas

b) Escrevem-se com j as palavras derivadas de vocábulos terminados em JA:loja = lojistacanja = canjicasarja = sarjetagorja = gorjeta

c) Escrevem com j as palavras de origem tupi-guarani.JilóJibóiaJirau

Page 52: Apostila portugues

06) O relógio que ele trouxe da viagem ao México em uma caixa de madeira caiu na enxurrada.

a) Escrevem-se com g as palavras terminadas em ÁGIO, ÉGIO, ÍGIO, ÓGIO, ÚGIO:pedágiosacrilégioprestígiorelógiorefúgio

b) Escrevem-se com g os substantivos terminados em GEM:a viagema coragema ferrugem

• Exceções: pajem, lambujem

c) Palavras iniciadas por ME serão escritas com x:MexericaMéxicoMexilhãoMexer

• Exceção: mecha de cabelos

d) As palavras iniciadas por EN serão escritas com x, a não ser que provenham de vocábulos iniciados por ch:EnxadaEnxertoEnxurradaEncher – provém de cheioEnchumaçar – provém de chumaço

e) Usa-se x após ditongo:ameixacaixapeixe

• Exceções: recauchutar, guache

Emprego das Letras

Emprego de Vogais

As vogais na língua portuguesa admitem certa variedade de pronúncia, dependendo de sua intensidade (i. é, se são tônicas ou átonas). Com essa variação na pronúncia, nem sempre a memória, baseada na audição, retém a forma correta da grafia. A lista a seguir não é exaustiva, mas procura incluir as dificuldades mais correntes na redação oficial.

E ou I?

Palavras com E, e não I

acarearacreano (ou acriano)aéreoante- (pref.=antes)anteciparantevésperaaquedutoáreaaverigúe (f.v.)beneficênciabeneficentebetume

de antemãodeferir (conceder)delação (denúncia)demitirderivardescortinardescriçãodespenderdespensa (onde se guardam comestíveis)despesafalseargranjear

meteoro(logia)nomearoceanopalavreadoparêntese (ou parêntesis)passeatapreferirprevenirquaserarearreceosoreentrância

Page 53: Apostila portugues

borealcardealcarestiacedilhacercearcerealcontinue (f.v.)

hastearhomogêneoideologiaindeferir (negar)legítimolenimento (que suaviza)menoridademeteorito

sanearsesenãosequerseringueirotestemunhavídeo

Palavras com I, e não E

aborígineacrimôniaadianteansiaranti- (pref.=contra)argúi (f.v.)arqui- (pref.)artifícioatribui(s) (f.v.)cai (f. v.)calcáriocárie (Cariar)chefiarcordialdesigualdiantediferir (divergir)dilação (adiamento)dilapidardilatar (alargar)discrição (reserva)

discricionáriodiscriminar (discernir, separar)dispêndiodispensa (licença)distinguirdistorçãodói (fl. v.)femininofrontispícioimbuirimergir (mergulhar)imigrar (entrar em país estrangeiro)iminente (próximo)imiscuir-seinclinarincorporar (encorpar)incrustar (encrostar)indigitarinfestarinflui(s) (f. v.)inigualável

iniludívelinquirir (interrogar)intitularirrupçãojúrilinimento (medicamento untuoso)meritíssimomiscigenaçãoparcimôniapossui(s) (f. v.)premiarpresenciarprivilégioremediarrequisitosentenciarsilvícolasubstitui(s) (f. v.)verossímil

O ou U?

Palavras com O, e não U

aboliragrícolabobinaboletimbússolacobiçar(r)compridocomprimento (extensão)concorrênciacostume

encobrirexplodirmarajoaramochila(de) moto próprio (latim: motu próprio)ocorrênciapitorescoproezaRomêniaromeno

silvícolasortido (variado)sotaquetriboveio (s. e f. v.)vinícola

Palavras com U, e não O

acudirbônuscinqüentacumprimento (saudação)cumprido (v. cumprir)cúpulaCuritibaelucubração

embutirentabularlégualucubraçãoônusréguasúmulasurtir (resultar)

tábuatonitruantetréguausufrutovírgulavírus

Page 54: Apostila portugues

Encontros Vocálicos

EI ou E?

Palavras com EI, e não E

aleijadoalqueireameixacabeleireiroceifarcolheita

desleixomadeireirapeixequeijoqueixa(r-se)

reiterarreivindicarseixotreinartreino

Palavras com E, e não EI

adredealamedaaldeamento (mas aldeia)alhear (mas alheio)almejarazulejobandejacalejarcaranguejocarquejacerejacortejo

despejar, despejodrenarembrearembreagemenfearensejar, ensejoentrechoestrear, estreantefrear, freadaigrejalampejolugarejo

malfazejomanejar,manejomorcegopercevejorecear,receosorefrearremanejosertanejotemperovarejo

OU ou O?

Palavras com OU, e não O

agourararroubocenouradourar

estourarfrouxolavourapouco

pousarroubartesouratesouro

Palavras com O, e não OU

alcovaampolaanchova (ou enchova)arrobaarrochar, arrochoarrojar, arrojo

barrococeboladesaforodoseempolaengodo

estojomalograr,malogromofar,mofoocoposarrebocar

Emprego de Consoantes

Assim como emprego de vogais provoca dúvidas, há algumas consoantes – especialmente as que formam dígrafos (duas letras para representar um som), ou a muda (h), ou, ainda, as diferentes consoantes que representam um mesmo som – constituem dificuldade adicional à correta grafia.

Se houver hesitação quanto ao emprego de determinada consoante, consulte a lista que segue. Lembre-se de que a grafia das palavras tem estreita relação com sua história. Vocábulos derivados de outras línguas, por exemplo, mantêm certa uniformidade nas adaptações que sofrem ao serem incorporados ao português (do francêsgarage ao port. garagem; do latim actione, fractione ao port. ação, fração; etc.). Palavras que provêm de outras palavras quase sempre mantêm a grafia do radical de origem (granjear:

Page 55: Apostila portugues

granja; gasoso: gás, analisar: análise). Há, ainda, certas terminações que mantêm uniformidade de grafia (-aça, -aço, -ecer, -ês, -esia, -izar, etc.).

Emprego do H: com H ou sem o H?

HaitihalohangarharmoniahaurirHavanaHavaíhaxixehebdomadáriohebreuhectarehediondohedonismoHégiraHelespontohélicehemi-(pref.=meio)hemisfériohemorragiaherançaherbáceo (mas erva)herdarheregehermenêuticahermético

heróihesitarhiatohíbridohidráulicahidravião (hidroavião)hidrogêniohidro-(pref.=água)hierarquiahieróglifo (ou hieroglifo)hífenhigieneHimalaiahinduhinohiper-(pref.=sobre)hipo-(pref.=sob)hipocrisiahipotecahipotenusahipótesehispanismohisteriahodiernohoje

holandêsholofotehomenagearhomeopatiahomicidahomilia (ou homília)homologarhomogeneidadehomogêneohomônimohonestohonorárioshonrahoráriohordahorizontehorrorhortahóspedehospitalhostilhumanohumildehumorHungria

O fonema /ž/: G ou J?

Palavras com G, e não J

adágioagendaagiotaalgemaalgibeiraapogeuargilaaugeBagé (mas bajeense)CartagenadigerirdigestãoefígieégideEgito

egrégioestrangeiroevangelhoexegesefalangeferrugemfuligemgaragemgeadagelosiagêmeogengivagessogestoGibraltar

gíriagizheregeimpingirligeiromiragemmongeogivarigidezsugerirtangenteviageiroviagemvigência

Palavras com J, e não G

ajeitarencoraje (fl.v.)enjeitarenrijecergorjetagranjearinjeçãointerjeiçãojeca

jeitojenipapojerimumjesuítalisonjearlojistamajestademajestosoobjeção

ojerizaprojeçãoprojetil (ou projétil)rejeiçãorejeitarrijezasujeitoultrajeeles viajem (f. v.)

Page 56: Apostila portugues

O fonema /s/: C, Ç ou S ou SS ou X ou XC?

Palavras com C, Ç e não S ou SS nem SC

à beçaabsorçãoabstençãoaçaíaçambarcaracender (iluminar)acento (tom de voz, símbolo gráfico)acepçãoacessórioacerboacerto (ajuste)acervoaço (ferro temperado)açodar (apressar)açúcaraçudeadoçãoafiançaragradeceralçaralicerçaralicercealmaçoalmoçoalvoreceramadureceramanhecerameaçaraparecerapreçar (marcar preço)apreçoaquecerarrefecerarruaçaasserçãoassunçãobabaçubaçobalançaBarbacenaBarcelonaberçocaçacaciquecaçoarcaiçaracalçacalhamaçocansaçocarecercarroçaria (ou carroceria)castiçocebolacê-cedilhacédulaceiaceifarcélereceleuma

cernecerração (nevoeiro)cerrar (fechar, acabar)cerro (morro)certamecerteirocerteza, certidãocertocessação (ato de cessar)cessão (ato de ceder)cessar (parar)cestachacinachancechancelercicatrizciclociclonecifracifrãocigarrociladacimentocimocingalês (do Ceilão)Cingapura (tradicional: Singapura)cínicocinqüentacinzaciosocirandacircuitocircunflexocírio (vela)cirurgiacisãocisternacitaçãocizâniacoaçãocobiçarcociente (ou quociente)coerçãocoercitivocoleçãocompunçãoconcelho (município)concertar (ajustar, harmonizar)concerto (- musical, acordo)concessãoconcílio (assembléia)conjunçãoconsecuçãoCriciúmadecepçãodecertodescrição (ato de descrever)desfaçatezdiscrição (reserva)disfarçar

exibiçãoexpeçoextinçãofalecerfortalecerIguaçuimpeçoincerto (não certo)incipiente (iniciante)inserçãointercessãoisençãolaçoliça (luta)licençalucidezlúcidomaçada (importunação)maçantemaçar (importunar)macerarmaciçomaciomaço (de cartas)maçom (ou mação)manutençãomençãomencionarmuçulmanonoviçoobcecação (mas obsessão)obcecaropçãoorçamentoorçarpaço (palácio)panacéiaparecerpeçapenicilinapinçarpoça, poçoprevençãopresunçãoquiçárecenderrecensãorechaçarrechaçoremição (resgate)resplandecerroçaruço (grisalho)sanção (ato de sancionar)soçobrarsúciasucintoSuíça, suíçotaçatapeçaria

Page 57: Apostila portugues

célulacem (cento)cemitériocenáriocenso (recenseamento)censuracentavocêntimocentroceticismocéticoceracerâmicacercacercearcerealcérebro

distinçãodistorçãodocente (que ensina; corpo –: os professores)empobrecerencenaçãoendereçoenrijecererupçãoescaramuçaescocêsEscóciaesquecerestilhaçoexceçãoexcepcional

tecelagemtecelãotecertecidotenção (intenção)terçaterçoterraçovacilarviçovizinhança

Palavras com S, e não C ou SC, nem X

adensaradversárioamanuenseânsia, ansiarapreensãoascensão (subida)autópsiaaversãoavulsobalsabolsobom-sensocanhestrocansaçocenso (recenseamento)compreensãocompulsãocondensarconsecuçãoconselheiro (que aconselha)conselho (aviso, parecer)consensoconsentâneoconsertar (remendar)contra-sensocontraversãocontrovérsiaconversãoconvulsãoCórsegadefensivodefensordescansardescensão, descenso (descida)desconsertar (desarranjar)despensa (copa, armário)despretensãodimensãodispensa(r)dispersãodissensãodistensãodiversão

excursãoexpansãoexpensasextensão (mas estender)extorsãoextrínsecofalsáriofalso, falsidadefarsaimersãoimpulsionarincompreensívelincursãoinsinuarinsípidoinsipiente (ignorante)insolaçãointensão (tensão)intensivointrínsecoinversãojustapormansãomisto, misturaobsessão (mas obcecação)obsidiarobsoletopensãopercursopersaPérsiapersianaperversãoprecursorpretensãopropensãopropulsãopulsarrecensãorecensear, recenseamentoremorsorepreensãorepulsa

seção (ou secção)sedasegar (ceifar, cortar)sela (assento)semearsementesenadosenhasêniorsensatosensosérieseringasérioserrasetaseveroseviciarSevilhaSibériaSicíliasiderurgiasigilosiglaSilésiasilíciosilosinagogaSinaiSingapura (tradicional; ocorre tb. Cingapura)singelosingrarsintomaSíriasismosito, situadosubmersãosubsidiarsubsistênciasuspensãotensão (estado de tenso)tergiversar

Page 58: Apostila portugues

diversoemersãoespoliarestender (mas extensão)estornoestorricar

reversosalsichaSansãosearasebesebo

Upsala (ou Upsália)utensílioversãoversátil, versáteis

Palavras com SS, e não C, Ç

Abissíniaacessíveladmissãoaerossolagressãoamassar (< massa)apressar (<pressa)argamassaarremessarassacarassassinarassearasseclaassediarassentarassento (assentar)asserçãoasserto, assertiva (afirmação)assessorasseverarassíduoassimetriaassinarAssíriaassolaraterrissagematravessaravassalaravessobússolacassar (anular)cassinocessão (ato de ceder)comissão compassocompressacompromissoconcessãocondessa (fem. de conde)confissãocossacocrassocromossomodemissãodepressadepressãodessecar (secar bem)devassardezesseisdezessete

digressãodiscussãodissensãodissertaçãodissídiodissimulaçãodissipardissuadirdossiêecossistemaeletrocussãoemissãoempossar (dar posse a)endossarescassearescassezescassoexcessivoexcessoexpressãofissurafossofracassogessograssaridiossincrasiaimissãoimpressãoimissãoimpressãoingressarinsossoinsubmissãointeresseintromissãomacrossistemamassamessemessiânicomicrossistemamissamissionáriomocassimnecessidadeobsessãoopressãopássaropassearpasseata

passeiopasso (cf. paço)permissãopêssegopessimismopossessãopotássiopressagiar, presságiopressão, pressionarprocessão (procedência)procissão (préstito)professoprofissãoprogressãoprogressopromessapromissorpromissóriaregressar, regressivoremessaremissão (ato de remitir)remissivorepercussãorepressão, repressivoressalva(r)ressarcirressentirressequirressonarressurreiçãoretrocessorusso (da Rússia)sanguessugasecessão (separação)sessão (reunião)sessar (peneirar)sobressalente (ou sobresselente)sossegosubmissãosucessãosucessivotessituratossetravessatravessãouníssonovassouraverossímilvicissitude

Palavras com SC, e não C, Ç, S, SS

Page 59: Apostila portugues

abscessoabscissaacrescentaracrescer, acréscimoadolescenteapascentaraquiescênciaaquiescerascenderascensãoascetacondescendênciaconsciênciacônscioconvalescercrescentecrescerdescendênciadescenderdescentralizaçãodescer

descerrardescidadiscente (que aprende)discernimentodisciplina(r)discípuloefervescênciafascículofascismoflorescerimisção (mistura)imiscívelimprescindívelintumescerirascívelisóscele(s)miscelâneamiscigenaçãonascençanascernéscio

obscenoonisciênciaoscilar, oscilaçãopisciculturapiscinaplebiscitoprescindirrecrudescerremanescentereminiscênciarenascençarescindirrescisãoressuscitarseiscentésimoseiscentossuscetívelsuscitartranscendênciavíscera

Palavras com X, e não S, SS

apoplexiaaproximarauxíliocontextoexclusivoexpectador (que tem esperança)expectativaexpenderexpensasexperiênciaexperimentarexperto (sabedor)expiaçãoexpiar (pagar, remir)expirar (morrer)

explanarexpletivoexplicarexplícitoexplorarexpoenteexporêxtase, extáticoextensão (mas estender)extenuarexterno (exterior)extirparextraordinárioextrapolarextrato

extremadoextroversãoinexperiênciainextricávelmáximapróximo, proximidadesextasextantesexto (ordinal)sintaxetêxtil, têxteistextotextualtextura

Palavras com S, e não X

adestrarcontestardestrezadestroescavaresclarecerescorreitoescusa(r)esdrúxuloesfolaresgotaresgotoesôfagoespectador (que vê)espertezaesperto

espiar (espreitar)espirar (soprar, exalar)esplanadaesplêndidoesplendorespoliaçãoespontâneoespraiarespremeresquisitoestagnarestático (firme, contrário de dinâmico)estender, estendidoesterno (osso)estirpeestrangeiro

estranharestrato (camada)estratosferaestrema (marco, limite)estremar (dividir, separar)estremecerestruturaesvaeceresvair-seinesgotáveljustapor, justaposiçãomistomisturateste

Palavras com XC (entre vogais), com valor de /s/

Page 60: Apostila portugues

exceçãoexcedenteexcederexcedívelexcelênciaexcelente

excelsoexcentricidadeexcêntricoexcepcionalexcertoexcesso

excetoexcetuarexcipienteexcitaçãoexcitarinexcedível

O fonema /z/: Z ou S ou X?

Palavras com Z, e não S

abalizadoabalizaracidezaduziragilizaragonizaragudez(a)ajuizaralcoolizaralgazarraalgozaltezaaltivezAmazonasamenizaramericanizaramizadeamortizaranarquizarandaluzAndaluziaantipatizarapaziguaraprazaraprazívelaprendizadoarborizararcaizararidezArizonaarmazémaromatizararrazoararrazoadoarroz (al, -eiro)asperezaassazatemorizaraterrorizaratrizatrozatualizaraudazautomatizarautorizaravalizaravarezaavestruzavidezavizinharazarazedar

dogmatizardozedramatizardurezaduzentosdúziaeconomizareficazeletrizarembaixatrizembelezarembriaguezencolerizarencruzilhadaenfatizarenraizarentronizarescandalizarescassezescravizarespecializarespezinharesquizofreniaesterilizarestigmatizarestilizarestranhezaestupidezesvaziareternizarevangelizarexteriorizarfamiliarizarfazendafazerfeliz(ardo)ferozfertilizarfinalizarfineza (delicadeza)firmezafiscalizarflacidezfluidezformalizarfortalezafozfraquezafriezafugazfuzil(eiro), fuzilargalvanizar

nobrezanoz (fruto da nogueira)nudezobstaculizarojerizaoficializarorganizaroriziculturaozôniopalidezparabenizarparticularizarpasteurizarpazpenalizarpequenezpermeabilizarperspicazpertinazplacidezpluralizarpobrezapolidezpopularizarpormenorizarprazer, prazerosoprazopreconizarprejuízopressurizarprestezaprezado (estimado)primaz(ia)privatizarproduzirproezaprofetizarprofundezapulverizarpurezaquartzo (ou quarço)racionalizarraiz, raízesrapazrapidezrarezarazãorazoávelrealezarealizarreconduzirredondeza

Page 61: Apostila portugues

azeiteazeitonaazimuteazul, azuisbaixezabalizabanalizarbarbarizarbazarbazucabelezabel-prazerbendizerbezerrobissetrizBizânciobizantinobizarrobraveza, brabezaburocratizarcafezalcafezeirocafezinhocafuzocanalizarcanonizarcapatazcapazcapitalizarcaracterizarcarbonizarcartazcategorizarcatequizar (mas catequese)cauterizarcelebrizarcentralizarcertezachafarizchamarizcicatriz(ar)circunvizinhocivilizarcizâniaclarezaclimatizarcoalizãocolonizarcomezinhoconcretizarcondizerconduzirconfraternizarconscientizarcontemporizarcontradizercontumazcorporizarcorrentezacotizarcozer (cozinhar)cozidocozinhar

gazegazeargazetagazuageneralizargentilezagizgozar, gozograndezagranizogravidezharmonizarhigienizarhipnotizarhonradezhorizontehorrorizarhospitalizarhostilizarhumanizaridealizarimortalizarimperatrizimpurezaimunizarindenizarindividualizarindizívelindustrializarinduzirinfelizinferiorizarinimizarinsipidezinteirezaintelectualizarinternacionalizarintrepidezintroduzirinutilizarinvalidezironizarjaezjazidajazigojuiz, juízesjuízojustezalarguezalatinizarlazerlegalizarligeirezalocalizarloquazucidezluzmaciez(a)madurezamagazinemagnetizarmagrezamaldizer

reduzirrefazerregozijoregularizarreluzirreorganizarresponsabilizarrevezarrezaridicularizarrigidezrijezarispidezrivalizarrobotizarrobustezrodíziorudez(a)sagazsatisfazersazãosazonalsecularizarreduzirsensatezsensibilizarsimbolizarsimpatizarsincronizarsingularizarsintetizarsistematizarsisudezsocializarsolenizarsolidezsordidezsozinhosuavizarSuazilândiaSuezsurdezsutilezatalveztenazteztimideztiranizartopáziotorpezatotalizartraduzirtranqüilizartrapéziotrazertrezentostristezatrizturgideztzar (ou czar)uniformizaruniversalizarurbanizar

Page 62: Apostila portugues

cristalizarcristianizarcruezacruzar, cruzeirocruzadacupidezczar (tzar)deduzirdelicadezademocratizardesautorizardesfaçatezdeslizar (escorregar)deslizedesmazelodesmoralizardesprezardestrezadezdezembrodezenadezenovedezesseisdezessetedezoitodiretrizdivinizardizerdizimardízimo

malfazermartirizarmaterializarmatiz(ar)matrizmazelamenosprezarmercantilizarmeretrizmesquinhezmezinha(remédio)militarizarmiudezamobilizarmodernizarmonopolizarmoralizarmorbidezmordazmotorizarmotrizmudeznacionalizarnariznaturalizarnaturezaNazarénazismoneutralizarnitidez

utilizarvagarezavalorizarvaporizarvastezavazantevazarvaziovelozVeneza, venezianaVenezuelaverbalizarvernizvezvezovilezaviuvezvivazvivezavizinhovizirvolatizarvorazvoz(es)vulcanizarvulgarizarxadrezziguezague(ar)

Palavras com S, e não Z

aburguesarabusar, abusoacesoacusar, acusativoadesão, adesivoafrancesaragasalharaguarrásaliásalisar (mas deslizar)amasiar-seamnésiaanalisar, análiseananásanestesiaapesar de aportuguesarapósaposentarapoteoseapresaraprisionarardósiaarquidiocesearrasararrevesadoartesanato, artesãoás (carta, aviador notável)asaÁsia

escocêsescusa(r)esôfagoesotéricoesquisitoeutanásiaevasãoexclusiveêxtaseextravasarextremosofalésiafantasia(r)faseferro-gusafinêsfinlandêsformosoframboesafrancêsfrasefreguêsfrisa(r)frisofusãofuselagemfusívelfusogásgasogênio

paralisarParisparmesãopás (pl. de pá)pau-brasilpesadelopêsamespesar, pesopesquisarpisarPolinésiaportuguêspôs (verbo pôr)precisãoprecisarprecisopresapresente(ar)preservarpresidentepresídiopresidirpresilhaprincesaprofetisaprofusãoprosaprosaicoprosélitoquadris

Page 63: Apostila portugues

asilar, asiloastecaatrásatrasar, atrasoatravésavisar, avisoazul-turquesabaronesabasaltobase(ar)Basiléiabasílicabesourobis(ar)bisavôBiscaiabisonhobrasabrasãoBrasilbrasileirobrisaburguês, burguesiabusílisCádiscampesinocamponêscarmesimcasa(r)casamentocasebrecasernacasocasualcasuístacasulocatálise, catalisarcatequese (mas catequizar)centésimoCésarcesarianachinêscisãocoesãocoesocoisacolisãocomiserarconciso, concisãoconclusãoconsulesacontusãoconvéscortêscortesiacoser (costurar)crasecrisecútisdecisãodecisivodefesademasia

gasolinagasômetrogasosogaulêsgêisergelosiagênese (ou gênesis)genovêsGoiásgris, grisalhogroselhaguisaguisar, guisadogulosoheresiahesitarholandêsilesoimprovisarincisão, incisivoinclusiveincluso, inclusãoindefesoinfusãoinglêsintrusão, intrusoinvasão, invasorinvésirlandêsirresolutoirrisãoirrisórioisençãoisolarIsraeljaponêsjavanêsJerusalémjesuítaJesusjusjusantelápislesão, lesionarlesar, lesivoliláslisolisonjalisuralosangolousalusomagnésiomaisenamaltêsmarquêsmasoquismomausoléumêsmesamesáriomesócliseMesopotâmia

querosenequesitoquis, quiseste, quiseram (verbo querer)raposarasorasurorecusa(r)reclusãorepisarrepousar, repousorepresa(r)represáliarequisiçãorequisitarrequisitorésrês (gado)rés-do-chãoresenhareservareservistaresidênciaresidirresíduoresignarresinaresistirresoluçãoresolverresultarresumirretesarretrovisorrevés, revesesrevisão, revisarsaudosismoSilésiasíntesesinusitesisosisudosobremesasopesarsósiasurpresasuseranoteimosiatelevisãotelevis(ion)artesetesotesouratesourariatesourotorquêstosartransaçãotransatlânticotransetransidotransistortrânsito

Page 64: Apostila portugues

descamisardescortêsdesídiadesígniodesinênciadesistirdespesadetrásdeusadiagnosediocesedivisardivisíveldivisordolosodose, dosarduquesaeclesiásticoempresaempresárioêncliseenésimoentrosarenvasarenviesarerisipela

mesquitamesurametamorfoseMicronésiamilanêsmisantropomisériamisericórdiamontanhêsmontêsmosaicoMoselamúsicaNagasáquinarcisismonasalnáuseanorueguêsobesidade, obesoobséquioobtusoourives(aria)ousar, ousadiapaíspaisagemparafuso

trás (prep., adv.)traseiratravéstrêstresandartrigésimotristrisavôturquesausinausousufrutousurausurparvasilhavasovesículaviésvigésimovisarviseiravisionáriovisita(r)visívelvisorxis (letra x)

Palavras com X, e não Z ou S

exageroexalarexaltarexame, examinarexangueexararexasperarexatoexaurir, exaustoexecução, executarexegeseexemplo

exéquiasexeqüívelexercerexercícioexércitoexibir, exibiçãoexigirexíguo, exigüidadeexílio, exilarexímioexistirêxito, exitoso

êxodoexonerarexorbitarexortarexóticoexuberanteexultarexumarinexatoinexaurívelinexistenteinexorável

O fonema /š/: X ou CH?

Palavras com X, e não CH

abacaxiafrouxaralmoxarife, almoxarifadoameixaatarraxar (< tarraxa)baixabaixadabaixelabaixezabaixobauxitabexigacaixãocaixeirocaixotecapixabacoxa

enxertarenxofreenxotarenxovalharenxoviaenxugarenxurradaenxutoesdrúxulofaixafaxinafaxineirofeixefrouxograxaguanxumahaxixe

orixápaxá (governador turco)praxepuxarrelaxado, relaxarremexerrepuxar, repuxorixa(r)rouxinolroxoseixotaxa (tipo de tributo, tarifa)taxar (impor taxa)taxativotrouxavexadovexame

Page 65: Apostila portugues

coxearcoxodeixardesleixadodesleixoelixirencaixeencaixotarenfaixarenfeixarengraxar, engraxateenxadaenxaguarenxameenxaquecaenxergarenxerir

Hiroximalagartixalaxantelaxalixeirolixívialixoluxaçãoluxar (deslocar)Luxemburgoluxoluxúriamalgaxe (de Madagascar)mexermexericomexilhão (molusco)mixórdia

vexarxá (da Pérsia)xadrezxampuXangaixaropexavantexaximxenofobiaxeque (árabe)xerifexícaraxifópagoxiitaxingarxis (letra x)

Palavras com CH, e não X

achacar, achaqueachincalharanchoanchova, ou enchovaapetrechoarchotearrochar, arrochoazevichebacharelbelchiorbelichebolachabolcheviquebrechabrochebrochurabuchacachaçacachocachoeiracambalachocapachocaramanchãocartucheirachá (planta, infusão de folhas)chácarachacinachacoalharchacotachafarizchafurdarchalaçachaléchaleirachamarizchambrechaminécharadacharcocharlatãocharolêscharque(ar)charrua

chávenachequechicóriachicotechimarrãochimpanzé ou chipanzéchiquechiqueirochoçachocalhochofrecholdrachopechuchuchumaçochurrascochusmachute, chutarcochichar, cochichocochilar, cochilococho (vasilha)cochonilhacolchacolchãocolcheteconchaconchavocoqueluchecupinchadebochar, debochedesabrochardesfechardespachar, despachoduchaencharcarencherenchova (ou anchova)escabecheescarafuncharescorcharesguichoespicharestrebuchar

fachofantochefechar, fechofetichefichaflecha(r)frinchaganchogarranchogarruchaguacheguinchoiídicheincharlanchalanchelincharluchar (sujar)machadomachucarmochilanichopechapecharpechinchapenachopiche, picharponcheprancharacharranchorechaçar, rechaçoricochete(ar)rochasalsichasanduíchetachar (censurar, acusar)tochatrapichetrechotrincheira

Page 66: Apostila portugues

charuto fachada

O complexo /ks/: X ou CC, CÇ?

Palavras com X, e não CC ou CÇ

afluxoamplexoanexar, anexoasfixia(r)axila(r)axiomabóraxclímaxcomplexidade, complexoconexão, conexoconvexidade, convexocórtexcrucifixoduplexdurexempuxofixar, fixaçãofixoflexão, flexibilidadeflexionarflexívelfluxoempuxo

heterodoxiaheterodoxohexágonoíndexinflexívelintoxicarlátexléxicomarxismomarxistamaxila, maxilarnexoobnóxioônixortodoxia, ortodoxooxidar, óxidooxítonoparadoxal, paradoxoparalaxeparoxítonoperplexidade, perplexopirexprofilaxia

prolixoproparoxítonoproxenetareflexãoreflexibilidadereflexivoreflexorefluxosaxãosaxôniosexagenáriosexagésimosexo, sexualsílextelextelexogramatóraxtóxicotoxicologiatoxinatriplexxerox (ou xérox)

Palavras com CC, CÇ, e não X

cocçãocóccix (ou coccige)confecçãoconfeccionarconvicçãodefecção

dissecçãofa(c)çãofa(c)ciosoficçãofricçãofriccionar

infe(c)çãoinfe(c)cionarinspe(c)çãoretrospe(c)çãose(c)çãose(c)cionar

EXERCÍCIOS - 011. Estão corretamente empregadas as palavras na frase:

a) Receba meus cumprimentos pelo seu aniversário. b) Ele agiu com muita descrição. c) O pião conseguiu o primeiro lugar na competição. d) Ele cantou uma área belíssima.e) Utilizamos as salas com exatidão.

2. Todas as alternativas são verdadeiras quanto ao emprego da inicial maiúscula, exceto:

a) Nos nomes dos meses quando estiverem nas datas. b) No começo de período, verso ou alguma citação direta. c) Nos substantivos próprios de qualquer espécie d) Nos nomes de fatos históricos dos povos em geral. e) Nos nomes de escolas de qualquer natureza.

3. Indique a única seqüência em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) fanatizar - analizar - frizar. b) fanatisar - paralizar - frisar. c) banalizar - analisar - paralisar. d) realisar - analisar - paralizar.e) utilizar - canalisar - vasamento.

Page 67: Apostila portugues

4. A forma dual que apresenta o verbo grafado incorretamente é:

a) hidrólise - hidrolisar. b) comércio - comercializar. c) ironia - ironizar. d) catequese - catequisar.e) análise - analisar.

5. Quanto ao emprego de iniciais maiúsculas, assinale a alternativa em que não há erro de grafia:

a) A Baía de Guanabara é uma grande obra de arte da Natureza. b) Na idade média, os povos da América do Sul não tinham laços de amizade com a Europa. c) Diz um provérbio árabe: "a agulha veste os outros e vive nua." d) "Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incensos e mirra " (Manuel Bandeira).e) A Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na época de natal.

6. Marque a opção cm que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) enxotar - trouxa - chícara. b) berinjela - jiló - gipe. c) passos - discussão - arremesso. d) certeza - empresa - defeza.e) nervoso - desafio - atravez.

7. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia é:

a) O experto disse que fora óleo em excesso. b) O assessor chegou à exaustão. c) A fartura e a escassez são problemáticas. d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala.e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao céu.

8. Assinale a opção cm que a palavra está incorretamente grafada:

a) duquesa. b) magestade. c) gorjeta. d) francês.e) estupidez.

9. Dos pares de palavras abaixo, aquele em que a segunda não se escreve com a mesma letra sublinhada na primeira é:

a) vez / reve___ar. b) propôs / pu__ eram. c) atrás / retra __ ado. d) cafezinho/ blu __ inha.e) esvaziar / e___ tender.

10. Indique o item em que todas as palavras devem ser preenchidas com x:

a) pran__a / en__er / __adrez. b) fei__e / pi__ar / bre__a. c) __utar / frou__o / mo__ila. d) fle__a / en__arcar / li__ar.e) me__erico / en__ame / bru__a.

11. Todas as palavras estão com a grafia correta, exceto:

a) dejeto. b) ogeriza. c) vadear. d) iminente.e) vadiar.

12. A alternativa que apresenta palavra grafada incorretamente é:

a) fixação - rendição - paralisação. b) exceção - discussão - concessão.

Page 68: Apostila portugues

c) seção - admissão - distensão. d) presunção - compreensão - submissão.e) cessão - cassação - excurção.

13. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) analizar - economizar - civilizar. b) receoso - prazeirosamente - silvícola. c) tábua - previlégio - marquês. d) pretencioso - hérnia - majestade.e) flecha - jeito - ojeriza.

14. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) atrasado - princesa - paralisia. b) poleiro - pagem - descrição. c) criação - disenteria - impecilho. d) enxergar - passeiar - pesquisar.e) batizar - sintetizar - sintonisar.

15. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) tijela - oscilação - ascenção. b) richa - bruxa - bucha. c) berinjela - lage - majestade. d) enxada - mixto - bexiga.e) gasolina - vaso - esplêndido.

16. Marque a única palavra que se escreve sem o h:

a) omeopatia. b) umidade. c) umor. d) erdeiro.e) iena.

17. (CFS/95) Assinalar o par de palavras parônimas:

a) céu - seu b) paço - passo c) eminente - evidente d) descrição - discrição

18. (CFS/95) Assinalar a alternativa em que todas as palavras devem ser escritas com "j".

a) __irau, __ibóia, __egue b) gor__eio, privilé__io, pa__em c) ma__estoso, __esto, __enipapo d) here__e, tre__eito, berin__ela

19. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas do seguinte período: "Em _____ plenária, estudou-se a _____ de terras a _____ japoneses."

a) seção - cessão - emigrantes b) cessão - sessão - imigrantes c) sessão - secção - emigrantes d) sessão - cessão - imigrantes

20. (CFC/95) Assinalar a alternativa que apresenta um erro de ortografia:

a) enxofre, exceção, ascensão b) abóbada, asterisco, assunção c) despender, previlégio, economizar d) adivinhar, prazerosamente, beneficente

21. (CFC/95) Assinalar a alternativa que contém um erro de ortografia:

a) beleza, duquesa, francesa b) estrupar, pretensioso, deslizar

Page 69: Apostila portugues

c) esplêndido, meteorologia, hesitar d) cabeleireiro, consciencioso, manteigueira

22. (CFC/96) Assinalar a alternativa correta quanto à grafia das palavras:

a) atraz - ele trás b) atrás - ele traz c) atrás - ele trás d) atraz - ele traz

23. (CFS/96) Assinalar a palavra graficamente correta:

a) bandeija b) mendingo c) irrequieto d) carangueijo

24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que completa as lacunas da frase abaixo, na ordem em que aparecem. "O Brasil de hoje é diferente, _____ os ideais de uma sociedade _____ justa ainda permanecem".

a) mas - mas b) mais - mas c) mas - mais d) mais - mais

25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar derretido para doce. São, portanto, palavras homônimas. Associe as duas colunas e assinale a alternativa com a seqüência correta.

1 - conserto ( ) valor pago2 - concerto ( ) juízo claro3 - censo ( ) reparo4 - senso ( ) estatística5 - taxa ( ) pequeno prego6 - tacha ( ) apresentação musical

a) 5-4-1-3-6-2 b) 5-3-2-1-6-4 c) 4-2-6-1-3-5 d) 1-4-6-5-2-3

26. (CFC/98) Assinalar o par de palavras antônimas:

a) pavor - pânico b) pânico - susto c) dignidade - indecoro d) dignidade - integridade

27. (CFS/97) O antônimo para a expressão "época de estiagem" é:

a) tempo quente b) tempo de ventania c) estação chuvosa d) estação florida

28. (CFS/96) Quanto à sinonímia, associar a coluna da esquerda com a da direita e indicar a seqüência correta.

1 - insigne ( ) ignorante2 - extático ( ) saliente3 - insipiente ( ) absorto4 - proeminente ( ) notável

a) 2-4-3-1 b) 3-4-2-1 c) 4-3-1-2 d) 3-2-4-1

29. (ITA/SP) Em que caso todos os vocábulos são grafados com "x" ?

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a) __ícara, __ávena, pi__e, be__iga b) __enófobo, en__erido, en__erto, __epa c) li__ar, ta__ativo, sinta__e, bro__e d) ê__tase, e__torquir, __u__u, __ilrear

GABARITO

1 A / 2 A / 3 C / 4 D / 5 D / 6 C / 7 D / 8 B / 9 D / 10 E / 11 B / 12 E / 13 E / 14 A / 15 E / 16 B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C / 21 B / 22 B / 23 C / 24 C / 25 A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B

EXERCÍCIOS - 02

1. (IBGE) Entre as opções abaixo, somente uma completa corretamente as lacunas apresentadas a seguir. Assinale-a: Na cidade carente, os .......... resolveram .......... seus direitos, fazendo um .......... assustador.

a) mendingos; reivindicar; rebuliçob) mindigos; reinvidicar, rebuliçoc) mindigos; reivindicar, reboliçod) mendigos; reivindicar, rebuliçoe) mendigos; reivindicar, reboliço

2. (IBGE) Assinale a opção em que todas as palavras se completam adequadamente com a letra entre parênteses:a) en.....aguar / pi.....e / mi.....to (x)b) exce.....ão / Suí.....a / ma.....arico (ç)c) mon.....e / su.....estão / re.....eitar (g)d) búss.....la / eng.....lir / ch.....visco (u)e) .....mpecilho / pr.....vilégio / s.....lvícola (i)

3. (TRE-SP) Foram insuficientes as ....... apresentadas, ....... de se esclarecerem os ...... .a) escusas - a fim - mal-entendidosb) excusas - afim - mal-entendidosc) excusas - a fim - malentendidosd) excusas - afim - malentendidose) escusas - afim - mal-entendidos

4. (TRE-SP) Este meu amigo .......... vai ..........-se para ter direito ao título de eleitor.a) extrangeiro - naturalizarb) estrangeiro - naturalisarc) extranjeiro - naturalizard) estrangeiro - naturalizare) estranjeiro - naturalisar

5. (TTN) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente grafadas:a) quiseram, essência, impecíliob) pretencioso, aspectos, sossegoc) assessores, exceção, incansáveld) excessivo, expontâneo, obseçãoe) obsecado, reinvidicação, repercussão

6. (FT) A alternativa cujas palavras se escrevem respectivamente com -são e-ção, como "expansão" e "sensação", é:a) inven..... / coer.....b) absten..... / asser.....c) dimen..... / conver.....d) disten..... / inser.....e) preten..... / conver..

7. (U-UBERLÂNDIA) Das palavras abaixo relacionadas, uma não se escreve com h inicial. Assinale-a:

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a) héliceb) haloc) haltered) hervae) herdade

8. (EPCAR) Só não se completa com z:a) repre( )arb) pra( )oc) bali( )ad) abali( )adoe) despre( )ar

9. (EPCAR) Completam-se com g os vocábulos abaixo, menos:a) here( )eb) an( )élicoc) fuli( )emd) berin( )elae) ti( )ela

10. (BB) Alternativa correta:a) estemporanêob) escomungadoc) esterminadod) espontâneoe) espansivo

Gabarito:

1. D 6. D2. B 7. D3. A 8.A4. D 9.D5. C 10.D

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PONTUAÇÃO

Há certos recursos da linguagem - pausa, melodia, entonação e até mesmo, silêncio - que só estão presentes na oralidade. Na linguagem escrita, para substituir tais recursos, usamos os sinais de pontuação.

Estes são também usados para destacar palavras, expressões ou orações e esclarecer o sentido de frases, a fim de dissipar qualquer tipo de ambigüidade.

• ponto:

Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de um frase declarativa de um período simples ou composto.

Desejo-lhe uma feliz viagem.

A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era conservado com primor.

O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev. = fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia.

O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome de ponto final.

• o ponto-e-vírgula:

Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula.

Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:

a) separar orações coordenadas que tenham um certo sentido ou aquelas que já apresentam separação por vírgula:

Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma doidivanas.

b) separar vários itens de uma enumeração:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;

(Constituição da República Federativa do Brasil)

• dois-pontos:

Os dois-pontos são empregados para:

a) uma enumeração:

... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque falou: e daí tornou atrás, ao próprio ato.

Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível...

(Machado de Assis)

b) uma citação:

Page 73: Apostila portugues

Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:

- Afinal, o que houve?

c) um esclarecimento:

Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas para magoar Lucila.

Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de exemplos, notas ou observações.

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso, descriminar/discriminar etc.

Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de per si (= cada um por sua vez, isoladamente).

Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, longinho, melhorzinho, pouquinho etc.

NOTA

A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser seguida de dois-pontos ou de vírgula:

Querida amiga:

Prezados senhores,

• ponto de interrogação:

O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta, ainda que esta não exija resposta:

O criado pediu licença para entrar:

- O senhor não precisa de mim?

- Não obrigado. A que horas janta-se?

- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.

- Bem.

- O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo?

- Não.

(José de Alencar)

• ponto de exclamação:

O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com entonação exclamativa, que normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.

- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito repousante, Jacinto!

- Então janta, homem!

(Eça de Queiroz)

NOTA

O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas:

Oh!

Valha-me Deus!

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• O uso da vírgula:

Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):

a) para separar os elementos mencionados numa relação:

A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de sistemas e secretárias.

O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de serviço e dois banheiros.

Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula deve ser empregada:

Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria, e roía as unhas.

b) para isolar o vocativo:

Cristina, desligue já esse telefone!

Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.

c) para isolar o aposto:

Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador.

Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.

d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso etc.):

Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado durante anos.

Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.

e) para isolar o adjunto adverbial antecipado:

Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas.

Ontem à noite, fomos todos jantar fora.

f) para isolar elementos repetidos:

O palácio, o palácio está destruído.

Estão todos cansados, cansados de dar dó!

g) para isolar, nas datas, o nome do lugar:

São Paulo, 22 de maio de 1995.

Roma, 13 de dezembro de 1995.

h) para isolar os adjuntos adverbiais:

A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.

Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio gerente.

i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela conjunção e:

Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.

Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir.

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Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.

j) para indicar a elipse de um elemento da oração:

Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um animal.

Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um acidente.

k) para separar o paralelismo de provérbios:

Ladrão de tostão, ladrão de milhão.

Ouvir cantar o galo, sem saber onde.

l) após a saudação em correspondência (social e comercial):

Com muito amor,

Respeitosamente,

m) para isolar as orações adjetivas explicativas:

Marina, que é uma criatura maldosa, "puxou o tapete" de Juliana lá no trabalho.

Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano Ramos.

n) para isolar orações intercaladas:

Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.

O filme, disse ele, é fantástico.

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ACENTUAÇÃO GRÁFICAA acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras estabelecidas pela Gramática Normativa. A mesma compõe-se de algumas particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando estabelecer uma relação de familiaridade e, consequentemente, colocando-as em prática ao nos referirmos à linguagem escrita.

À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e tão logo nos adequamos à forma padrão.

Em se tratando do referido assunto, devemos nos ater à questão das Novas Regras Ortográficas da Língua Portuguesa, as quais entraram em vigor desde o dia 1º de janeiro de 2009. E como toda mudança implica em adequação, o ideal é que façamos uso das mesmas o quanto antes.

O estudo exposto a seguir visa aprofundar nossos conhecimentos no que se refere à maneira correta de grafamos as palavras, levando em consideração as regras de acentuação por elas utilizadas. Lembrando que as mesmas já estão voltadas para o novo acordo ortográfico.

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica implica na intensidade como são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica.

As demais, como são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas.

De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas como:

Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última sílaba.

Ex: café – coração – cajá – atum – caju - papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se evidencia na penúltima sílaba.

Ex: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível

Proparoxítonas - São aquelas em que a silaba tônica se evidencia na antepenúltima sílaba.

Ex: lâmpada - câmara - tímpano - médico - ônibus

Como podemos observar, mediante todos os exemplos mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente, são os chamados monossílabos, que, quando pronunciados, há certa diferenciação quanto à intensidade.

Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em uma dada sequência de palavras. Como podemos observar o exemplo a seguir:

“Sei que não vai dar em nada, Seus segredos sei de cor”.

Os monossílabos ora em destaque, classificam-se como tônicos, os demais, como átonos (que, em, de).

Os acentos

# acento agudo (´) – Colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e do grupo “em” indica que estas letras representam as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto.

Ex: herói – médico – céu

# acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e “o”, indica além da tonicidade, timbre fechado:

tâmara – Atlântico – pêssego – supôs

# acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com artigos e pronomes.

Ex: à, às, àquelas, àqueles

# O trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abolido das palavras. Apenas há uma exceção: Somente é utilizado em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros.

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Ex: mülleriano (de Müller)

# O til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais nasais.

Ex: coração – melão – órgão - ímã

Regras fundamentais:

Palavras oxítonas: Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: a, e, o, em, seguidas ou não do plural(s)Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s)

Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:

Monossílabos tônicos terminados em a, e, o, seguidos ou não de “s”.

Ex: pá – pé – dó – crê – há

Formas verbais terminadas em a, e, o tônicos seguidas de lo, la, los, lãs.

respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo

Paroxítonas: Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:

- i, is

táxi – lápis – júri

- us, um, uns

vírus – álbuns – fórum

- l, n, r, x, ps

automóvel – elétron- cadáver – tórax – fórceps

- ã, ãs, ão, ãos

ímã – ímãs – órfão – órgãos

-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”.

água – pônei – mágoa – jóquei

Regras especiais:

#Os ditongos de pronúncia aberta ei, oi, que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a nova regra. Ex:

Antes Agoraassembléia assembleiaidéia ideiageléia geleiajibóia jiboiaapóia (verbo apoiar) apoiaparanóico paranoico

Observação importante – O acento das palavras herói, anéis, fiéis ainda permanece.

# Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados ou não de s, haverá acento

Ex: saída – faísca – baú – país – Luís

Observação importante:

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Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato quando vierem depois de ditongo: Ex: Antes Agorabocaiúva bocaiuvafeiúra feiuraSauípe

# O acento pertencente aos hiatos “oo” e “ee” que antes existia, agora foi abolido. Ex: Antes Agoracrêem creemlêem leemvôo vooenjôo enjoo

#Não se acentuam o i e o u que formam hiato quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:

Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir-des, ju-iz

#Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se estiverem seguidas do dígrafo nh:

ra-i-nha, vem-to-i-nha.

#Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se vierem precedidas de vogal idêntica:

xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba

No entanto, se tratar de palavra proparoxítona haverá o acento, já que a regra de acentuação das proparoxítonas prevalece sobre a dos hiatos:

fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo

# As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com (u) tônico precedido de (g) ou (q) e seguido de (e) ou (i) não serão mais acentuadas. Ex: Antes Depoisapazigúe (apaziguar) apazigueaverigúe (averiguar) averigueargúi (arguir) argui

# Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do plural de: ele tem – eles têm ele vem – eles vêm

# A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, deter, abster. ele contém – eles contêm ele obtém – eles obtêm ele retém – eles retêm ele convém – eles convêm

# Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram acentuadas para diferenciar de outras semelhantes. Apenas em algumas exceções como:

A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do indicativo).

O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da preposição por.

Palavras homógrafas

pola (ô) substantivo – pola (ó) substantivo polo (s) (substantivo) - polo(s) (contração de por + o) pera (substantivo) - pera (preposição antiga) para (verbo) - para (preposição)

Page 79: Apostila portugues

pelo(s) (substantivo) - pelo (contração) pelo (do verbo pelar) - pelo (contração) pela, pelas (substantivo e verbo) - pela (contração)

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Pronomes

É palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha um substantivo, indicando-o como pessoa do discurso.

A diferença entre pronome substantivo e pronome adjetivo pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome, podendo variar em função do contexto frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que substitui um substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro).

Já o pronome adjetivo é aquele que acompanha um substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo).

Os pronomes pessoais são sempre substantivos.

Quanto às pessoas do discurso, a língua portuguesa apresenta três pessoas:

1ª pessoa - aquele que fala, emissor;

2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor;

3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente.

Pronome pessoal:

Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar, quando na 3ª pessoa, uma forma nominal anteriormente expressa (A moça era a melhor secretária, ela mesma agendava os compromissos do chefe).

A seguir um quadro com todas as formas do pronome pessoal:

Pronomes pessoais

Número Pessoa Pronomes retosPronomes oblíquos

Átonos Tônicos

singular

primeira

segunda

terceira

eu

tu

ele, ela

me

te

o, a, lhe, se

mim, comigo

ti, contigo

ele, ela, si, consigo

plural

primeira

segunda

terceira

nós

vós

eles, elas

nos

vos

os, as, lhes, se

nós, conosco

vós, convosco

eles, elas, si, consigo

Os pronomes pessoais apresentam variações de forma dependendo da função sintática que exercem na frase. Os pronomes pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto os oblíquos, geralmente, de complemento.

Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição com já é parte integrante do pronome.

Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes pessoais. São empregados como referência à pessoa com quem se fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa. Também são considerados pronomes de tratamento as formas você, vocês (provenientes da redução de Vossa Mercê), Senhor, Senhora e Senhorita.

Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a, os, as completam verbos que não vêm regidos de

Page 81: Apostila portugues

preposição; enquanto lhe e lhes para verbos regidos das preposições a ou para (não expressas).

Apesar de serem usadas pouco, as formas mo, to, no-lo, vo-lo, lho e flexões resultam da fusão de dois objetos, representados por pronomes oblíquos (Ninguém mo disse = ninguém o disse a mim).

Os pronomes átonos o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou z e viram no(a/s), se a terminação verbal for em ditongo nasal.

Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo ou verbo no gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar, mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair / Deixei-as chorando).

A forma você, atualmente, é usada no lugar da 2ª pessoa (tu/vós), tanto no singular quanto no plural, levando o verbo para a 3ª pessoa.

Já as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à pessoa e de Sua, quando fizermos referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S.

Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como oblíquos. Eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo no infinitivo (Isto é para eu fazer ≠ para mim fazer).

Os pronomes acompanhados de só ou todos, ou seguido de numeral, assumem forma reta e podem funcionar como objeto direto (Estava só ele no banco / Encontramos todos eles).

Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos - podem ter valor reflexivo e recíproco.

As formas si e consigo têm valor exclusivamente reflexivo e usados para a 3ª pessoa. Já conosco e convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com modificadores (todos, outros, mesmos, próprios, numeral ou oração adjetiva).

Os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo, este último com tu e vós (Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor Jesus).

Quanto ao uso das preposições junto aos pronomes, deve-se saber que não se pode contrair as preposições de e em com pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi as bolsas dele bem aqui).

Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro / Pesavam-lhe os olhos), enquanto alguns átonos são partes integrantes de verbos como suicidar-se, apiedar-se, condoer-se, ufanar-se, queixar-se, vangloriar-se.

Já os pronomes oblíquos podem ser usados como expressão expletiva (Não me venha com essa).

Pronome possessivo:

Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em gênero e número com a coisa possuída.

São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas:

1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);

2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s);

3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s).

Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.

O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambiguidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele (a/s) (Ele disse que Maria estava trancada em sua casa - casa de quem?); pode também indicar aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos).

Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de Senhor.

Pronome demonstrativo:

Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço.

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São: este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Isto, isso e aquilo são invariáveis e se empregam exclusivamente como substitutos de substantivos.

As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o (a/s) podem desempenhar papel de pronome demonstrativo.

Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos apresentam-se da seguinte maneira:

• uso dêitico, indicando localização no espaço - este (aqui), esse (aí) e aquele (lá); • uso dêitico, indicando localização temporal - este (presente), esse (passado próximo) e aquele

(passado remoto ou bastante vago); • uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito - este (novo enunciado) e esse (retoma

informação); • o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s), isto (Leve o que lhe pertence); • tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a) e semelhante,

quando anteposto ao substantivo a que se refere e equivalente a "aquele", "idêntico" (O problema ainda não foi resolvido, tal demora atrapalhou as negociações / Não brigue por semelhante causa);

• mesmo e próprio são demonstrativos, se precedidos de artigo, quando significarem "idêntico", "igual" ou "exato". Concordam com o nome a que se referem (Separaram crianças de mesmas séries);

• como referência a termos já citados, os pronomes aquele (a/s) e este (a/s) são usados para primeira e segunda ocorrências, respectivamente, em apostos distributivos (O médico e a enfermeira estavam calados: aquele amedrontado e esta calma / ou: esta calma e aquele amedrontado);

• pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com os pronomes demonstrativos (Não acreditei no que estava vendo / Fui àquela região de montanhas / Fez alusão à pessoa de azul e à de branco);

• podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava com aquela paciência / Aquilo é um marido de enfeite);

• nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com valor de "então" ou "nesse momento" (Nisso, ela entrou triunfante - nisso = advérbio).

Pronome relativo:

Retoma um termo expresso anteriormente (antecedente) e introduz uma oração dependente, adjetiva.

Os pronomes demonstrativos são: que, quem e onde - invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s).

Os relativos são chamados relativos indefinidos quando são empregados sem antecedente expresso (Quem espera sempre alcança / Fez quanto pôde).

Quanto ao emprego, observa-se que os relativos são usados quando:

• o antecedente do relativo pode ser demonstrativo o (a/s) (O Brasil divide-se entre os que leem ou não);

• como relativo, quanto refere-se ao antecedente tudo ou todo (Ouvia tudo quanto me interessava) • quem será precedido de preposição se estiver relacionado a pessoas ou seres personificados

expressos; • quem = relativo indefinido quando é empregado sem antecedente claro, não vindo precedido de

preposição; • cujo (a/s) é empregado para dar a ideia de posse e não concorda com o antecedente e sim com seu

consequente. Ele tem sempre valor adjetivo e não pode ser acompanhado de artigo.

Pronome indefinido:

Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico, representando pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar ideia de conjunto ou quantidade indeterminada. Em função da quantidade de pronomes indefinidos, merece atenção sua identificação.

São pronomes indefinidos de:

• pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem; • lugares: onde, algures, alhures, nenhures; • pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a),

nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s),

Page 83: Apostila portugues

cada.

Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para:

• algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum resolverá o problema);

• cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma); • alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que estiverem se referindo, passam a ser

adjetivos. (Certas pessoas deveriam ter seus lugares certos / Comprei várias balas de sabores vários)

• bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo, unindo-se a ele por verbo de ligação (Isso é bastante para mim);

• o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa"; • o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está

nada contente hoje); • o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está

nada contente hoje); • existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem quer que, o que quer, seja quem for,

cada um etc. • todo com valor indefinido antecede o substantivo, sem artigo (Toda cidade parou para ver a banda ≠

Toda a cidade parou para ver a banda).

Pronome interrogativo:

São os pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto usados na formulação de uma pergunta direta ou indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe contou).

Alguns interrogativos podem ser adverbiais (Quando voltarão? / Onde encontrá-los? / Como foi tudo?).

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COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Em relação ao verbo os pronomes oblíquos átonos (me, nos, te, vos, o, a, os, as, lhe, lhes, se) podem aparecer em três posições distintas:

Antes do verbo – PRÓCLISE;

No meio do verbo – MESÓCLISE;

Depois do verbo – ÊNCLISE.

PRÓCLISE

Esse tipo de colocação pronominal é utilizada quando há palavras que atraiam o pronome para antes do verbo. Tais palavras são:

1 - Advérbio

Exemplo:

Não me arrependo de nada. Advérbio

Hoje lhe contaram vários segredos. Advérbio

2- Pronomes

(a) Relativos Exemplo: Saio com pessoas que me agradam.

(b)Indefinidos Exemplo: Ninguém me deu apoio. (c) Demonstrativo Exemplo: Isso me deixou irritado. Aquilo me dá arrepios. 3- Conjunções subordinativas Exemplo: Embora me interesse pelo carro, não posso comprá-lo. 4- Frases interrogativas Exemplo: Como se faz isso? Quem lhe deu o caderno? 5- Frases exclamativas Exemplo:

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Isso me deixou feliz! 6- Frases optativas Exemplo: Deus o ilumine. Existem casos que se pode utilizar tanto a próclise como a ênclise: - Pronomes pessoais do caso reto. Se houver palavra atrativa, usa-se a próclise. Exemplos: Ele lhe entregou a carta. Ele entregou-lhe a carta. - Com infinitivo não flexionado precedido de palavra negativa ou preposição. Exemplo: Vim para te ajudar. Vim para ajudar-te.

MESÓCLISE Essa colocação pronominal é usada apenas com verbos no futuro do presente ou futuro do pretérito, desde que não haja uma palavra que exija a próclise. Contar-te-ei um grande segredo. (futuro do presente) Jamais te contarei um grande segredo. Palavra atrativa Observação: nunca ocorrerá a ênclise quando a oração estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito.

ÊNCLISE Sempre ocorre ênclise nos casos abaixo: 1- A oração é iniciada por verbo, desde que não esteja no futuro. Exemplo: Informei-o sobre o resultado do vestibular. Esperava-se mais desse computador. 2- Com o verbo no imperativo afirmativo. Exemplo: Levanta-te . 3- Orações reduzidas de infinitivo. Exemplo: Espero contar-lhe tudo.

ALTERAÇÕES SOFRIDAS PELOS PRONOMES O, A, OS, AS QUANDO COLOCADOS EM ÊNCLISE Dependendo da terminação verbal os pronomes O, A, OS, AS, podem sofrer alterações em sua forma. Veja:

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1- Quando o verbo terminar em vogal, os pronomes não sofrem alterações. Exemplo: Ouvindo-o Partindo-o 2- Se o verbo terminar em R, S, ou Z, perde essas consoantes e os pronomes assumem a forma LO, LA, LOS, LAS. Exemplo: Compôs » compô-lo. Perder » perde-lo. 3- Se o verbo terminar em som nasal (am, em, -ão), os pronomes assumem a forma NO, NA, NOS, NAS. Exemplo: Praticam » praticam-nas. Dispõe » dispõe-nos.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS Podem ocorrer as seguintes colocações pronominais: 1 – VERBO AUXILIAR + INFINITIVO OU GERÚNDIO A- depois do verbo auxiliar, se não houver justificativa para o uso da próclise. Exemplo: Devo-lhe entregar a carta. Vou-me arrastando pelos becos escuros. B- depois do infinitivo ou gerúndio. Exemplo: Devo entregar-lhe a carta. Vou arrastando-me pelos becos escuros. Se houver alguma palavra que justifique a próclise, o pronome poderá ser colocado: Antes do verbo auxiliar; Depois do infinitivo ou gerúndio. - antes do verbo auxiliar Exemplo: Não se deve jogar comida fora. Não me vou arrastando pelos becos escuros. - depois do infinitivo ou gerúndio. Exemplo: Não devo calar-me. Não vou arrastando-me pelos becos escuros.

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VERBO AUXILIAR + PARTICÍPIO Se não houver palavras que justifique o uso da próclise, o pronome ficará depois do verbo auxiliar. Caso a locução verbal não inicie a oração, pode-se colocar o pronome oblíquo em duas posições: antes do verbo auxiliar ou entre os dois verbos. Não se coloca o pronome oblíquo após o particípio. Exemplo: Haviam-me ofertado um alto cargo executivo. Não me haviam ofertado nada de bom. CONCLUSÃO Vimos nesse tutorial o assunto colocação pronominal, ou seja, a colocação dos pronomes átonos (o, a, os, as) em relação ao verbo. Tal colocação pode aparecer em três posições distintas; a próclise que é a colocação dos pronomes antes do verbo; a mesóclise que ocorre quando o pronome é colocado no meio do verbo. Essa colocação só é utilizada no futuro do presente e no futuro do pretérito, desde que não haja uma palavra que exija a próclise. Já a ênclise é usada depois do verbo, quando esse inicia uma oração, se o verbo estiver no imperativo afirmativo e nas orações reduzidas de infinitivo. Os pronomes átonos sofrem determinadas alterações quando colocados em ênclise tais como: O verbo quando termina em R, S ou Z, o verbo perde essas consoantes e os pronomes assumem a forma LO, LA, LOS, LAS; Quando o verbo termina em som nasal os pronomes assumem as formas NO, NA, NOS, NAS. Nas locuções verbais podem ocorrer as seguintes colocações: Verbo auxiliar + infinitivo ou gerúndio; Verbo auxiliar + particípio.

EXERCÍCIOS – 01

Para as perguntas de 1 a 28 você deverá assinalar com C o que estiver correto e com I os incorretos:

1) ( ) O presente é a bigorna onde se forja o futuro (próclise) 2) ( ) Nossa vocação molda-se às necessidades (ênclise) 3) ( ) Se não fosse a chuva, acompanhar-te-ia (mesóclise) 4) ( ) Macacos me mordam! 5) ( ) Caro amigo, muito lhe agradeço o favor... 6) ( ) Ninguém socorreu-nos naqueles momentos difíceis 7) ( ) As informações que se obtiveram, chocavam-se entre si 8) ( ) Quem te falou a respeito do caso? 9) ( ) Não foi trabalhar porque machucara- se na véspera 10) ( ) Não só me trouxe o livro, mas também me deu presente 11) ( ) Ele chegou e perguntou-me pelo filho 12) ( ) Em se tratando de esporte, prefere futebol 13) ( ) Vamos, amigos, cheguem-se aos bons 14) ( ) O torneio iniciar-se-á no próximo Domingo 15) ( ) Amanhã dizer-te-ei todas as novidades 16) ( ) Os alunos nos surpreendem com suas tiradas espirituosas 17) ( ) Os amigos chegaram e me esperam lá fora 18) ( ) O torneio iniciará-se no próximo domingo 19) ( ) oferecida-lhes as explicações, saíram felizes 20) ( ) Convido-te a fazeres-lhes, essa gentileza 21) ( ) Para não falar- lhe, resolveu sair cedo 22) ( ) É possível que o leitor nos não creia 23) ( ) A turma quer-lhe, fazer uma surpresa 24) ( ) A turma havia convidado-o para sair 25) ( ) Ninguém podia ajudar-nos naquela hora 26) ( ) Algumas haviam-nos contado a verdade 27) ( ) Todos se estão entendendo bem

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28) ( ) As meninas não tinham nos convidado para sair

29) Assinale a frase com erro de colocação pronominal: a) Tudo se acaba com a morte, menos a saudade b) Com muito prazer, se soubesse, explicaria-lhe tudo c) João tem-se interessado por suas novas atividades d) Ele estava preparando-se para o vestibular de Direito

30) Assinale a frase com erro de colocação pronominal: a) Tudo me era completamente indiferente b) Ela não me deixou concluir a frase c) Este casamento não deve realizar-se d) Ninguém havia lembrado-me de fazer as reservas

31) Assinale a frase incorreta: a) Nunca mais encontrei o colega que me emprestou o livro b) Retiramo-nos do salão, deixando-os sós c) Faça boa viagem! Deus proteja-o d) Não quero magoar-te, porém não posso deixar de te dizer a verdade

32) O funcionário que se inscreve, fará prova amanhã:

1. Ocorre próclise em função do pronome relativo

2. Deveria ocorrer ênclise 3. A mesóclise é impraticável 4. Tanto a ênclise quanto a próclise são aceitáveis

a) Correta apenas a 1ª afirmativa b) Apenas a 2ª é correta c) São corretas a 1ª e a 3ª d) A 4ª é a única correta

33) Assinale a colocação inaceitável: a) Maria Oliva convidou-o b) Se abre a porta da caleça por dentro c) Situar-se-ia Orfeu numa gafieira? d) D. Pedro II o convidou

34) O pronome pessoal oblíquo átono está bem colocado em um só dos períodos. Qual? a) Isto me não diz respeito! Respondeu-me ele, afetadamente b) Segundo deliberou-se na sessão, espero que todos apresentem-se na hora conveniente c) Os conselhos que dão-nos os pais, levamo-los em conta mais tarde d) Amanhã contar-lhe-ei por que peripécias consegui não envolver-me

35) Estas conservas são para nós __________ durante o inverno. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna: a) alimentarmos- nos b) alimentar- mo- nos c) nos alimentarmos d) nos alimentarmo- nos

36) Caso _______ lá, _______, para que não _______ Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas: a) se demoram � avisem-nos � nos preocupemos

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b) se demorem � avisem-nos � preocupemo-nos c) demorem-se � nos avisem � preocupemo-nos d) demorem-se � nos avisem � nos preocupemos

37) Do lugar onde _______, ______um belo panorama, em que o céu ________com a terra a) se encontrava � se divisava � ligava-se b) se encontravam � se divisava � ligava-se c) se encontravam � divisava-se � se ligava d) encontravam-se � divisava-se � se ligava

38) O pronome está mal colocado em apenas um dos períodos. Identifique-o: a) Finalmente entendemos que aquela não era a estante onde deveriam-se colocar cristais b) Ninguém nos falou, outrora, com tanta sinceridade c) Não se vá, custa-lhe ficar um pouco mais? d) A mão que te estendemos é amiga

Para as questões que seguem de 39 a 58, marcará com a letra C aquelas com o pronome oblíquo bem colocado, obedecendo as normas da Língua Culta e com I assinalará as incorretas:

39) ( ) Quando se estudaram minuciosamente as propostas, descobriram- se todas as falhas 40) ( ) Segundo informaram- me na seção, já se encontram prontos os contracheques desta mês

41) ( ) Os papéis que remeteram-me estão em ordem, ainda hoje devolvê-los-ei como havia prometido-lhes 42) ( ) Os professores haviam-nos instruído para as provas 43) ( ) Nada chegava a impressioná-la em sua passividade 44) ( ) Que Deus te acompanhe por toda a vida 45) ( ) Quando lhes entregariam as provas, era um mistério que não lhes era possível desvendar 46) ( ) A respeito daquelas fraudes, os auditores já haviam prevenido-os há muito tempo 47) ( ) Os amigos entreolharam- se emocionados, mas não lhes deram mais nenhuma informação 48) ( ) Aquele foi o livro que lhe eu dei como prova de admiração 49) ( ) Admirou-me a despesa porque não havias-me dito que o presente iria custar-te tão caro 50) ( ) Ainda não me havias falado essas injúrias 51) ( ) Já de pé, banhando-me, ouço-lhe os passos no corredor 52) ( ) Dir-se-ia que todos preferem-lhe ocultar os fatos 53) ( ) Os alunos não têm preocupado-se com as provas 54) ( ) Peça a dar- se- lhe- à o perdão 55) ( ) Causava-me admiração ver aqueles jovens dedicando-se aos estudos, enquanto outros não se esforçavam nem um pouco 56) ( ) Nada se faria, se ficassem de braços cruzados 57) ( ) No caso de não cumprirem o horário das aulas, romperão-se as cláusulas contratuais 58) ( ) Assim que sentiu-se prejudicado, reclamou seus direitos

GABARITO

1) C 11) C 21) C 31) C 41) I 51) C 2) C 12) C 22) C 32) C 42) C 52) I 3) C 13) C 23) C 33) B 43) C 53) C 4) C 14) C 24) I 34) A 44) C 54) I 5) C 15) I 25) C 35) C 45) C 55) C 6) I 16) C 26) I 36) A 46) I 56) C 7) C 17) C 27) I 37) C 47) C 57) I 8) C 18) I 28) I 38) A 48) C 58) I9) I 19) I 29) B 39) C 49) I 10) C 20) I 30) D 40) I 50) C

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Tempos e modos verbais

Verbo

É a palavra variável que exprime um acontecimento representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno da natureza.

Os verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas verbais. De acordo com a relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte classificação:

• regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação; • irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades

podem aparecer no radical ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão);

Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir.

• defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo (falir - no presente do indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural). Os defectivos distribuem-se em três grupos: impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de animais, só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia ou possibilidade de confusão com outros verbos;

• abundantes - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Mais freqüente no particípio, devendo-se usar o particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado, acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está aceito);

• auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos compostos e locuções verbais;

• certos verbos possuem pronomes pessoais átonos que se tornam partes integrantes deles. Nesses casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.);

• formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas arrizotônicas (tonicidade fora do radical - nós cantaríamos).

Quanto à flexão verbal, temos:

• número: singular ou plural; • pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª; • tempo: referência ao momento em que se fala (pretérito, presente ou futuro). O modo imperativo só

tem um tempo, o presente; • voz: ativa, passiva e reflexiva; • modo: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização

de um fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido).

As três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e particípio) não possuem função exclusivamente verbal. Infinitivo é antes substantivo, o particípio tem valor e forma de adjetivo, enquanto o gerúndio equipara-se ao adjetivo ou advérbio pelas circunstâncias que exprime.

Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os seguintes valores:

• presente do indicativo: indica um fato real situado no momento ou época em que se fala; • presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no momento ou

época em que se fala; • pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no passado; • pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado, mas não

foi concluída ou era uma ação costumeira no passado; • pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético cuja ação foi

iniciada mas não concluída no passado; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação é anterior a outra ação já

passada; • futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado em momento ou época vindoura; • futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível, hipotético, situado num momento futuro,

mas ligado a um momento passado; • futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num momento ou

época futura;

Quanto à formação dos tempos, os chamados tempos simples podem ser primitivos (presente e pretérito

Page 91: Apostila portugues

perfeito do indicativo e o infinitivo impessoal) e derivados:

São derivados do presente do indicativo:

• pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) + Desinência número pessoal (DNP);

• presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) + DNP;

Os verbos em -ear têm duplo "e" em vez de "ei" na 1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos).

• imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas vêm do presente do indicativo sem S, as demais também vêm do presente do subjuntivo).

São derivados do pretérito perfeito do indicativo:

• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: TEMA do perfeito + RA + DNP; • pretérito imperfeito do subjuntivo: TEMA do perfeito + SSE + DNP; • futuro do subjuntivo: TEMA do perfeito + R + DNP. • São derivados do infinitivo impessoal: • futuro do presente do indicativo: TEMA do infinitivo + RA + DNP; • futuro do pretérito: TEMA do infinitivo + RIA + DNP; • infinitivo pessoal: infinitivo impessoal + DNP (-ES - 2ª pessoa, -MOS, -DES, -EM) • gerúndio: TEMA do infinitivo + -NDO; • particípio regular: infinitivo impessoal sem vogal temática (VT) e R + ADO (1ª conjugação) ou IDO

(2ª e 3ª conjugação).

Quanto à formação, os tempos compostos da voz ativa constituem-se dos verbos auxiliares TER ou HAVER + particípio do verbo que se quer conjugar, dito principal.

No modo Indicativo, os tempos compostos são formados da seguinte maneira:

• pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar + particípio do verbo principal (VP) [Tenho falado];

• pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Tinha falado);

• futuro do presente: futuro do presente do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Terei falado); • futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do auxiliar + particípio do VP (Teria falado).

No modo Subjuntivo a formação se dá da seguinte maneira:

• pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tenha falado); • pretérito mais-que-perfeito: imperfeito do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tivesse falado); • futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tiver falado).

Quanto às formas nominais, elas são formadas da seguinte maneira:

• infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal do auxiliar + particípio do VP (Ter falado / Teres falado);

• gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio do VP (Tendo falado).

O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito na forma simples e o perfeito e o mais-que-perfeito nas formas compostas. Não há presente composto nem pretérito imperfeito composto

Quanto às vozes, os verbos apresentam a voz:

• ativa: sujeito é agente da ação verbal; • passiva: sujeito é paciente da ação verbal;

A voz passiva pode ser analítica ou sintética:

• analítica: - verbo auxiliar + particípio do verbo principal; • sintética: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora); • reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal. Também pode ser recíproca ao mesmo tempo

(acréscimo de SE = pronome reflexivo, variável em função da pessoa do verbo);

Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser na maioria das vezes), como notamos nos exemplos a seguir: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele (mantido o pretérito perfeito do indicativo) / O vento ia levando as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas (mantido o gerúndio do verbo principal).

Page 92: Apostila portugues

Alguns verbos da língua portuguesa apresentam problemas de conjugação. A seguir temos uma lista, seguida de comentários sobre essas dificuldades de conjugação.

• Abolir (defectivo) - não possui a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, por isso não possui presente do subjuntivo e o imperativo negativo. (= banir, carpir, colorir, delinqüir, demolir, descomedir-se, emergir, exaurir, fremir, fulgir, haurir, retorquir, urgir)

• Acudir (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - acudo, acodes... e pretérito perfeito do indicativo - com u (= bulir, consumir, cuspir, engolir, fugir) / Adequar (defectivo) - só possui a 1ª e a 2ª pessoa do plural no presente do indicativo

• Aderir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - adiro, adere... (= advertir, cerzir, despir, diferir, digerir, divergir, ferir, sugerir)

• Agir (acomodação gráfica g/j) - presente do indicativo - ajo, ages... (= afligir, coagir, erigir, espargir, refulgir, restringir, transigir, urgir)

• Agredir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem (= prevenir, progredir, regredir, transgredir) / Aguar (regular) - presente do indicativo - águo, águas..., - pretérito perfeito do indicativo - agüei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram (= desaguar, enxaguar, minguar)

• Aprazer (irregular) - presente do indicativo - aprazo, aprazes, apraz... / pretérito perfeito do indicativo - aprouve, aprouveste, aprouve, aprouvemos, aprouvestes, aprouveram

• Argüir (irregular com alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - arguo (ú), argúis, argúi, argüimos, argüis, argúem - pretérito perfeito - argüi, argüiste... (com trema)

• Atrair (irregular) - presente do indicativo - atraio, atrais... / pretérito perfeito - atraí, atraíste... (= abstrair, cair, distrair, sair, subtrair)

• Atribuir (irregular) - presente do indicativo - atribuo, atribuis, atribui, atribuímos, atribuís, atribuem - pretérito perfeito - atribuí, atribuíste, atribuiu... (= afluir, concluir, destituir, excluir, instruir, possuir, usufruir)

• Averiguar (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - averiguo (ú), averiguas (ú), averigua (ú), averiguamos, averiguais, averiguam (ú) - pretérito perfeito - averigüei, averiguaste... - presente do subjuntivo - averigúe, averigúes, averigúe... (= apaziguar)

• Cear (irregular) - presente do indicativo - ceio, ceias, ceia, ceamos, ceais, ceiam - pretérito perfeito indicativo - ceei, ceaste, ceou, ceamos, ceastes, cearam (= verbos terminados em -ear: falsear, passear... - alguns apresentam pronúncia aberta: estréio, estréia...)

• Coar (irregular) - presente do indicativo - côo, côas, côa, coamos, coais, coam - pretérito perfeito - coei, coaste, coou... (= abençoar, magoar, perdoar) / Comerciar (regular) - presente do indicativo - comercio, comercias... - pretérito perfeito - comerciei... (= verbos em -iar , exceto os seguintes verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar)

• Compelir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - compilo, compeles... - pretérito perfeito indicativo - compeli, compeliste...

• Compilar (regular) - presente do indicativo - compilo, compilas, compila... - pretérito perfeito indicativo - compilei, compilaste...

• Construir (irregular e abundante) - presente do indicativo - construo, constróis (ou construis), constrói (ou construi), construímos, construís, constroem (ou construem) - pretérito perfeito indicativo - construí, construíste...

• Crer (irregular) - presente do indicativo - creio, crês, crê, cremos, credes, crêem - pretérito perfeito indicativo - cri, creste, creu, cremos, crestes, creram - imperfeito indicativo - cria, crias, cria, críamos, críeis, criam

• Falir (defectivo) - presente do indicativo - falimos, falis - pretérito perfeito indicativo - fali, faliste... (= aguerrir, combalir, foragir-se, remir, renhir)

• Frigir (acomodação gráfica g/j e alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - frijo, freges, frege, frigimos, frigis, fregem - pretérito perfeito indicativo - frigi, frigiste...

• Ir (irregular) - presente do indicativo - vou, vais, vai, vamos, ides, vão - pretérito perfeito indicativo - fui, foste... - presente subjuntivo - vá, vás, vá, vamos, vades, vão

• Jazer (irregular) - presente do indicativo - jazo, jazes... - pretérito perfeito indicativo - jazi, jazeste, jazeu...

• Mobiliar (irregular) - presente do indicativo - mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam - pretérito perfeito indicativo - mobiliei, mobiliaste... / Obstar (regular) - presente do indicativo - obsto, obstas... - pretérito perfeito indicativo - obstei, obstaste...

• Pedir (irregular) - presente do indicativo - peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem - pretérito perfeito indicativo - pedi, pediste... (= despedir, expedir, medir) / Polir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem - pretérito perfeito indicativo - poli, poliste...

• Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do indicativo - precavemo-nos, precaveis-vos -

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pretérito perfeito indicativo - precavi-me, precaveste-te... / Prover (irregular) - presente do indicativo - provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste, proveu... / Reaver (defectivo) - presente do indicativo - reavemos, reaveis - pretérito perfeito indicativo - reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do haver, mas só é conjugado nas formas verbais com a letra v)

• Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos, remis - pretérito perfeito indicativo - remi, remiste...

• Requerer (irregular) - presente do indicativo - requeiro, requeres... - pretérito perfeito indicativo - requeri, requereste, requereu... (derivado do querer, diferindo dele na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e derivados, sendo regular)

• Rir (irregular) - presente do indicativo - rio, rir, ri, rimos, rides, riem - pretérito perfeito indicativo - ri, riste... (= sorrir)

• Saudar (alternância vocálica) - presente do indicativo - saúdo, saúdas... - pretérito perfeito indicativo - saudei, saudaste...

• Suar (regular) - presente do indicativo - suo, suas, sua... - pretérito perfeito indicativo - suei, suaste, sou... (= atuar, continuar, habituar, individuar, recuar, situar)

• Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... - pretérito perfeito indicativo - vali, valeste, valeu...

Também merecem atenção os seguintes verbos irregulares:

• Pronominais: Apiedar-se, dignar-se, persignar-se, precaver-se

Caber

• presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem; • presente do subjuntivo: caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam; • pretérito perfeito do indicativo: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis,

couberam; • pretérito imperfeito do subjuntivo: coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis,

coubessem; • futuro do subjuntivo: couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.

Dar

• presente do indicativo: dou, dás, dá, damos, dais, dão; • presente do subjuntivo: dê, dês, dê, demos, deis, dêem; • pretérito perfeito do indicativo: dei, deste, deu, demos, destes, deram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem; • futuro do subjuntivo: der, deres, der, dermos, derdes, derem.

Dizer

• presente do indicativo: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem; • presente do subjuntivo: diga, digas, diga, digamos, digais, digam; • pretérito perfeito do indicativo: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis,

disseram; • futuro do presente: direi, dirás, dirá, etc.; • futuro do pretérito: diria, dirias, diria, etc.; • pretérito imperfeito do subjuntivo: dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis,

dissessem; • futuro do subjuntivo: disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem;

Seguem esse modelo os derivados bendizer, condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer.

Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: dito, bendito, contradito, etc.

Estar

• presente do indicativo: estou, estás, está, estamos, estais, estão; • presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam; • pretérito perfeito do indicativo: estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estivera, estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis,

Page 94: Apostila portugues

estiveram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis,

estivessem; • futuro do subjuntivo: estiver, estiveres, estiver, estivermos, estiverdes, estiverem;

Fazer

• presente do indicativo: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem; • presente do subjuntivo: faça, faças, faça, façamos, façais, façam; • pretérito perfeito do indicativo: fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem; • futuro do subjuntivo: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem.

Seguem esse modelo desfazer, liquefazer e satisfazer.

Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: feito, desfeito, liquefeito, satisfeito, etc.

Haver

• presente do indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão; • presente do subjuntivo: haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam; • pretérito perfeito do indicativo: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: houvera, houveras, houvera, houvéramos, houvéreis,

houveram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis,

houvessem; • futuro do subjuntivo: houver, houveres, houver, houvermos, houverdes, houverem.

Ir

• presente do indicativo: vou, vais, vai, vamos, ides, vão; • presente do subjuntivo: vá, vás, vá, vamos, vades, vão; • pretérito imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam; • pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem; • futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.

Poder

• presente do indicativo: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem; • presente do subjuntivo: possa, possas, possa, possamos, possais, possam; • pretérito perfeito do indicativo: pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis,

puderam; • pretérito imperfeito do subjuntivo: pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,

pudessem; • futuro do subjuntivo: puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem.

Pôr

• presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem; • presente do subjuntivo: ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham; • pretérito imperfeito do indicativo: punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham; • pretérito perfeito do indicativo: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis,

puseram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis,

pusessem; • futuro do subjuntivo: puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem.

Todos os derivados do verbo pôr seguem exatamente esse modelo: antepor, compor, contrapor, decompor, depor, descompor, dispor, expor, impor, indispor, interpor, opor, pospor, predispor, pressupor, propor, recompor, repor, sobrepor, supor, transpor são alguns deles.

Querer

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• presente do indicativo: quero, queres, quer, queremos, quereis, querem; • presente do subjuntivo: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram; • pretérito perfeito do indicativo: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis,

quiseram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis,

quisessem; • futuro do subjuntivo: quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem;

Saber

• presente do indicativo: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem; • presente do subjuntivo: saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam; • pretérito perfeito do indicativo: soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soubera, souberas, soubera, soubéramos, soubéreis,

souberam; • pretérito imperfeito do subjuntivo: soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis,

soubessem; • futuro do subjuntivo: souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem.

Ser

• presente do indicativo: sou, és, é, somos, sois, são; • presente do subjuntivo: seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam; • pretérito imperfeito do indicativo: era, eras, era, éramos, éreis, eram; • pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem; • futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.

As segundas pessoas do imperativo afirmativo são: sê (tu) e sede (vós).

Ter

• presente do indicativo: tenho, tens, tem, temos, tendes, têm; • presente do subjuntivo: tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham; • pretérito imperfeito do indicativo: tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham; • pretérito perfeito do indicativo: tive, tiveste, teve, tivemos, tivestes, tiveram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tivera, tiveras, tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse, tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem; • futuro do subjuntivo: tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem.

Seguem esse modelo os verbos ater, conter, deter, entreter, manter, reter.

Trazer

• presente do indicativo: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem; • presente do subjuntivo: traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam; • pretérito perfeito do indicativo: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis,

trouxeram; • futuro do presente: trarei, trarás, trará, etc.; • futuro do pretérito: traria, trarias, traria, etc.; • pretérito imperfeito do subjuntivo: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis,

trouxessem; • futuro do subjuntivo: trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem.

Ver

• presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem; • presente do subjuntivo: veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam; • pretérito perfeito do indicativo: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem; • futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.

Page 96: Apostila portugues

Seguem esse modelo os derivados antever, entrever, prever, rever. Prover segue o modelo acima apenas no presente do indicativo e seus tempos derivados; nos demais tempos, comporta-se como um verbo regular da segunda conjugação.

Vir

• presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm; • presente do subjuntivo: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham; • pretérito imperfeito do indicativo: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham; • pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram; • pretérito mais-que-perfeito do indicativo: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram; • pretérito imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem; • futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem; • particípio e gerúndio: vindo.

Seguem esse modelo os verbos advir, convir, desavir-se, intervir, provir, sobrevir.

O emprego do infinitivo não obedece a regras bem definidas.

O impessoal é usado em sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, o pessoal refere-se às pessoas do discurso, dependendo do contexto. Recomenda-se sempre o uso da forma pessoal se for necessário dar à frase maior clareza e ênfase.

Usa-se o impessoal:

• sem referência a nenhum sujeito: É proibido fumar na sala; • nas locuções verbais: Devemos avaliar a sua situação; • quando o infinitivo exerce função de complemento de adjetivos: É um problema fácil de solucionar; • quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele respondeu: "Marchar!"

Usa-se o pessoal:

• quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito da oração principal: Eu não te culpo por saíres daqui;

• quando, por meio de flexão, se quer realçar ou identificar a pessoa do sujeito: Foi um erro responderes dessa maneira;

• quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª pessoa do plural): - Escutei baterem à porta.

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Concordância Nominal

Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que concordem em gênero e número com o substantivo.

Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome.

Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de concordância verbal.

REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o substantivo.

- A pequena criança é uma gracinha.- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.

CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima.

a) Um adjetivo após vários substantivos

1 – Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou concorda com o substantivo mais próximo.

- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.

2 – Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.

- Ela tem pai e mãe louros.- Ela tem pai e mãe loura.

3 – Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente para o plural.

- O homem e o menino estavam perdidos.- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.

b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos

1 – Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o mais próximo.

Comi delicioso almoço e sobremesa.Provei deliciosa fruta e suco.

2 – Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda com o mais próximo ou vai para o plural.

Estavam feridos o pai e os filhos.Estava ferido o pai e os filhos.

c) Um substantivo e mais de um adjetivo

1- antecede todos os adjetivos com um artigo.

Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.

2- coloca o substantivo no plural.

Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.

d) Pronomes de tratamento

1 – sempre concordam com a 3ª pessoa.

Vossa santidade esteve no Brasil.

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e) Anexo, incluso, próprio, obrigado

1 – Concordam com o substantivo a que se referem.

As cartas estão anexas.A bebida está inclusa.Precisamos de nomes próprios.Obrigado, disse o rapaz.

f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)

1 – Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular e o adjetivo no plural.

Renato advogou um e outro caso fáceis.Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.

g) É bom, é necessário, é proibido

1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante.

Canja é bom. / A canja é boa.É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida.

h) Muito, pouco, caro

1- Como adjetivos: seguem a regra geral.

Comi muitas frutas durante a viagem.Pouco arroz é suficiente para mim.Os sapatos estavam caros.

2- Como advérbios: são invariáveis.

Comi muito durante a viagem.Pouco lutei, por isso perdi a batalha.Comprei caro os sapatos.

i) Mesmo, bastante

1- Como advérbios: invariáveis

Preciso mesmo da sua ajuda.Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.

2- Como pronomes: seguem a regra geral.

Seus argumentos foram bastantes para me convencer.Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.

j) Menos, alerta

1- Em todas as ocasiões são invariáveis.

Preciso de menos comida para perder peso.Estamos alerta para com suas chamadas.

k) Tal Qual

1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente.

As garotas são vaidosas tais qual a tia.Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.

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l) Possível

1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.

A mais possível das alternativas é a que você expôs.Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade.

m) Meio

1- Como advérbio: invariável.

Estou meio insegura.

2- Como numeral: segue a regra geral.

Comi meia laranja pela manhã.

n) Só

1- apenas, somente (advérbio): invariável.

Só consegui comprar uma passagem.

2- sozinho (adjetivo): variável.

Estiveram sós durante horas.

Exercícios

Faça a Concordância Correta rasurando o termo incorreto.

01. Tenho [bastante / bastantes] razões para julgá-lo.02. Viveram situações [bastante / bastantes] tensas. 03. Estavam [bastante / bastantes] preocupados.04. Acolheu-me com palavras [meio / meias] tortas.05. Os processos estão [incluso / inclusos] na pasta.06. Estas casas custam [caras / caro].07. Seguem [anexa /anexas] as faturas. 08. É [proibido / proibida] conversas no recinto.09. Vocês estão [quite / quites] com a mensalidade? 10. Hoje temos [menas / menos] lições. 11. Água é [boa / bom] para rejuvenescer.12. Ela caiu e ficou [meio / meia] tonta.13. Elas estão [alerta / alertas].14. As duplicatas [anexa / anexas] já foram resgatadas.15. Quando cheguei era meio-dia e [meia / meio].16. A lealdade é [necessária / necessário].17. A decisão me custou muito [caro /cara].18. As meninas me disseram [obrigada / obrigadas].19. A porta ficou [meia / meio] aberta.20. Em [anexo / anexos] vão os documentos.21. É [permitido / permitida] entrada de crianças. 22. [Salvo / Salvos] os doentes, os demais partiram.23. As camisas estão [caro / caras].24. Seu pai já está [quite / quites] com o meu? 25. Escolhemos as cores mais vivas [possível / possíveis].26. É [necessário / necessária] muita fé.27. É [necessário / necessária] a ação da polícia.28. A maçã é [boa / bom] para os dentes.29. [Excetos / Exceto] os dois menores, todos entram.30. A sala tinha [bastante / bastantes] carteiras.31. Eram moças [bastante / bastantes] competentes.

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32. Suas opiniões são [bastante / bastantes] discutidas.33. João ficara a [sós / só]. 34. É [proibido / proibida] a entrada neste recinto.35. Bebida alcoólica não é [boa / bom] para o fígado.36. Maçã é [bom / boa] para os dentes.37. É [proibida / proibido] a permanência de veículos.38. V. Exa. está [enganada / enganado], senhor vereador.39. Está [incluso / inclusa] a comissão.40. Tenho uma colega que é [meia / meio] ingênua.41. Ela apareceu [meio / meia] nua.42. Manuel está [meio / meia] gripado.43. As crianças ficaram [meia / meio] gripadas.44. Nunca fui pessoa de [meio / meia] palavra.45. A casa estava [meia / meio] velha.46. Quero [meio / meia] porção de fritas.47. Vocês [só / sós] fizeram isso?48. Fiquem [alerta / alertas] rapazes.49. Esperava [menas / menos] pergunta na prova.50. As certidões [anexa / anexas] devem ser seladas.51. Mãe e filho moravam [junto / juntos].52. As viagens ao nordeste estão [caro / caras].53. Segue [anexo / anexa] a biografia que pediu. 54. Está [inclusas / inclusa] na nota a taxa de serviços.55. Estou [quite / quites] com as crianças.56. Procure comer [bastantes / bastante] frutos.57. Os militares estão [alerta / alertas].58. Muito [obrigada / obrigadas] disseram elas.59. Pedro e Maria viajaram [sós / só].60. Os rapazes disseram somente muito [obrigados / obrigado].61. A lista vai [anexo / anexa] ao pacote. 62. É [necessário / necessária] a virtude dos bons.63. Todos estão [salvos / salvo], exceto o barqueiro.64. As janelas estavam [meio / meia] fechadas.65. [Só / Sós] os dois enfrentaram a fera.66. Examinamos [bastante / bastantes] planos.67. Água de melissa é muito [bom / boa].68. Para trabalho caseiro é [bom / boa] uma empregada.69. Não é [permitido / permitida] a entrada de crianças.70. Eles ficaram [sós / só] depois do baile.71. Os cheques estão [anexo / anexos] aos documentos? 72. Examinamos [bastantes / bastante] projetos.73. Os quadros eram os mais clássicos [possível / possíveis].74. Os documentos vão [incluso / inclusos] na carta.75. Seguem [anexas / anexos] três certidões.76. Para quem esta entrada é [proibido / proibida]? 77. Coalhada é [boa / bom] para a saúde.78. A coalhada dessa padaria é [bom / boa].79. Maria passeou [sós / só] pelo bosque.80. [Só / Sós] ela faria as lições.81. Mais amor [menas / menos] confiança.82. Hoje temos [menos / menas] lições.83. O governo destinou [bastante / bastantes] recursos.84. Eles faltaram [bastantes / bastante] vezes.85. Tenho [bastantes / bastante] razões para ajudá-lo.86. Seguem [inclusa / inclusas] a carta e a procuração.87. As mordomias custam [cara / caro].88. Esta viagem sairá [caro / cara].89. As peras custam [cara / caro].90. Aquelas mercadorias custaram [caro / cara]. 91. Os mamões custaram muito [caros / caro].92. As mercadorias eram [barata / barato].93. Os mamões ficaram [caros / caro].94. Não tinham [bastante / bastantes] motivos para faltar.

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95. As crianças estavam [bastante / bastantes] crescidas.96. O governo destinou [bastantes/ bastante] recursos.97. Suas opiniões são [bastante / bastantes] discutidas. 98. Esta aveia é [boa / bom] para a saúde.99. Pimenta é [boa / bom] para tempero.100. É [proibido / proibida] a caça nesta reserva.101. É [proibida / proibido] entrada.102. A pimenta é [bom / boa] para tempero.103. Água tônica é [bom / boa] para o estômago.104. As crianças viajarão [junto / juntas] a mim.105. Elas sempre chegam [junto / juntas].106. Elas nunca saíram [juntas / junto].107. A filha e o pai chegaram [junto / juntos].108. Os fortes sentimentos vêm [junto / juntos].109. Os alunos [mesmo / mesmos] darão à redação final.110. Ela não sabia disso [mesmo / mesma].111. Elas [mesmo / mesmas] fizeram a festa.112. [Anexo / Anexos] estavam os documentos.113. Estou [quite / quites] com a tesouraria.114. Eles estão [quite / quites] com a mensalidade.115 Ela está [quite / quites] com você?116. A menina me disse [obrigado / obrigada].117. Os computadores custam [caros / caro].118. Permitam-me que eu as deixe [só / sós].119. Eles ficaram [só / sós] depois do baile. 120. Agora é meio-dia e [meio / meia].121. Bebida alcoólica não é [permitida / permitido].122. Os guardas estavam [alertas / alerta].123. Meu filho emagrecia a [olhos vistos / olho visto].124. Vai [anexo / anexa] a declaração solicitada. 125. As certidões [anexos / anexas] devem ser seladas.126. [Anexo / Anexos] seguem os formulários.127. Os juros estão o mais elevado [possível / possíveis].128. Enfrento problemas o mais difíceis [possível / possíveis].129. Enfrento problemas os mais difíceis [possível / possíveis].130. Visitamos os mais belos museus [possível / possíveis].131. Nós [mesmo / mesmos] edificaremos a casa.132. Eles são [mesmos / mesmo] responsáveis.133. Ela [mesma / mesmo] agradeceu.134. Tudo depende delas [mesmas / mesmo].

GABARITO

01. Tenho bastantes (muitas) razões para julgá-lo.

02. Viveram situações bastante (muito) tensas.

03. Estavam bastante preocupados.

04. Acolheu-me com palavras meio (um tanto) tortas.

05. Os processos estão inclusos na pasta.

06. Estas casas custam caro (invariável).

07. Seguem anexas as faturas.

08. É proibido (ñ artigo) conversas no recinto.

09. Vocês estão quites com a mensalidade?

10. Hoje temos menos (sempre) lições.

11. Água é bom (ñ artigo) para rejuvenescer.

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12. Ela caiu e ficou meio (um tanto) tonta.

13. Elas estão alerta (sempre).

14. As duplicatas anexas já foram resgatadas.

15. Quando cheguei era meio-dia e meia (hora).

16. A lealdade é necessária (com artigo).

17. A decisão me custou muito caro.

18. As meninas me disseram obrigadas.

19. A porta ficou meio (um pouco) aberta.

20. Em anexo vão os documentos.

21. É permitido entrada de crianças.

22. Salvo (invariável) os doentes, os demais partiram.

23. As camisas estão caras (sem custar).

24. Seu pai já está quite com o meu?

25. Escolhemos as cores mais vivas possíveis.26. É necessária muita fé.27. É necessária a ação da polícia.28. A maçã é boa para os dentes.29. Exceto (sempre) os dois menores, todos entram.30. A sala tinha bastantes carteiras 31. Eram moças bastante competentes.32. Suas opiniões são bastante discutidas.33. João ficara a sós.34. É proibida a entrada neste recinto.35. Bebida alcoólica não é bom para o fígado.36. A maçã é boa para os dentes.37. É proibida a permanência de veículos.38. V. Exa. está enganado, senhor vereador.39. Está inclusa a comissão.40. Tenho uma colega que é meio ingênua.41. Ela apareceu meio nua.42. Manuel está meio gripado.43. As crianças ficaram meio gripadas.44. Nunca fui pessoa de meia (metade) palavras.45. A casa estava meio velha.46. Quero meia (= 44) porção de fritas.47. Vocês só (somente) fizeram isso?48. Fiquem alerta (sempre) rapazes.49. Esperava menos (sempre) pergunta na prova.50. As certidões anexas devem ser seladas.51. Mãe e filho moravam juntos.52. As viagens ao nordeste estão caras (sem custar).53. Segue anexa a biografia que pediu. 54. Está inclusa na nota a taxa de serviços.55. Estou quite com as crianças.56. Procure comer bastantes frutos.57. Os militares estão alerta.58. Muito obrigadas disseram elas.59. Pedro e Maria viajaram sós (sozinhos).60. Os rapazes disseram somente muito obrigados61. A lista vai anexa ao pacote.62. É necessária a virtude dos bons 63. Todos estão salvos (salvados), exceto o barqueiro.64. As janelas estavam meio fechadas.65. Só (somente) os dois enfrentaram a fera.66. Examinamos bastantes planos.67. Água de melissa é muito bom.

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68. Para trabalho caseiro é bom uma empregada.69. Não é permitida a entrada de crianças.70. Eles ficaram sós (sozinhos) depois do baile.71. Os cheques estão anexos aos documentos?72. Examinamos bastantes projetos.73. Os quadros eram os mais clássicos possíveis.74. Os documentos vão inclusos na carta.75. Seguem anexas três (as) certidões.76. Para quem esta entrada é proibida?77. Coalhada é bom para a saúde.78. A coalhada dessa padaria é boa.79. Maria passeou só (somente) pelo bosque.80. Só (= 79) ela faria as lições.81. Mais amor menos confiança.82. Hoje temos menos lições. 83. O governo destinou bastantes recursos.84. Eles faltaram bastantes vezes.85. Tenho bastantes razões para ajudá-lo.86. Seguem inclusas a carta e a procuração.87. As mordomias custam caro.88. Esta viagem sairá cara.89. As peras custam caro.90. Aquelas mercadorias custaram caro.91. Os mamões custaram muito caro.92. As mercadorias eram baratas (= 88).93. Os mamões ficaram caros.94. Não tinham bastantes motivos para faltar.95. As crianças estavam bastante crescidas.96. O governo destinou bastantes recursos.97. Suas opiniões são bastante discutidas.98. Esta aveia é boa para a saúde.99. Pimenta é bom para tempero.100. É proibida a caça nesta reserva.101. É proibido entrada.102. A pimenta é boa para tempero.103. Água tônica é bom para o estômago.104. As crianças viajarão junto a mim.105. Elas sempre chegam juntas.106. Elas nunca saíram juntas.107. A filha e o pai chegaram juntos.108. Os fortes sentimentos vêm juntos.109. Os alunos mesmos darão à redação final.110. Ela não sabia disso mesmo (de fato). 111. Elas mesmas fizeram a festa.112. Anexos estavam os documentos.113. Estou quite com a tesouraria.114. Eles estão quites com a mensalidade.115. Ela está quite com você?116. A menina me disse obrigada.117. Os computadores custam caro.118. Permitam-me que eu as deixe sós (sozinhas).119. Eles ficaram sós (= 118) depois do baile.120. Agora é meio-dia e meia.121. Bebida alcoólica não é permitido.122. Os guardas estavam alerta.123. Meu filho emagrecia a olhos vistos.124. Vai anexa a declaração solicitada.125. As certidões anexas devem ser seladas.126. Anexos seguem os formulários.127. Os juros estão o mais elevado possível.128. Enfrento problemas o mais difíceis possível.129. Enfrento problemas os mais difíceis possíveis.130. Visitamos os mais belos museus possíveis.

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131. Nós mesmos edificaremos a casa.132. Eles são mesmo (de fato) responsáveis.133. Ela mesma agradeceu.

134. Tudo depende delas mesmo (de fato).

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Concordância Verbal

SUJEITO CONSTITUÍDO PELOS PRONOMES QUE & QUEM

QUE: se o sujeito for o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente do pronome relativo.

- Fui eu que falei. (eu falei)- Fomos nós que falamos. (nós falamos)

QUEM: se o sujeito for o pronome relativo quem, o verbo ficará na terceira pessoa do singular ou concordará com o antecedente do pronome (pouco usado).

- Fui eu quem falou. (ele (3ª pessoa) falou)

Obs: nas expressões “um dos que”, “uma das que”, o verbo deve ir para o plural. Porém, alguns estudiosos e escritores aceitam ou usam a concordância no singular.

- João foi um dos que saíram.

PRONOME DE TRATAMENTOO verbo fica sempre na 3ª pessoa (ele – eles).

- Vossa Alteza deve viajar.- Vossas Altezas devem viajar.

DAR – BATER – SOAR (indicando horas)Quando houver sujeito (relógio, sino) os verbos concordam normalmente com ele.

- O relógio deu onze horas.- O Relógio: sujeitoDeu: concorda com o sujeito.

Quando não houver sujeito, o verbo concorda com as horas que passam a ser o sujeito da oração.

- Deram onze horas.- Deram três horas no meu relógio.

SUJEITO COLETIVO (SUJEITO SIMPLES)

- O cardum- e escapou da rede.- Os cardumes escaparam da rede.

Nesses dois exemplos o verbo concordou com o coletivo (sujeito simples).

Quando o sujeito é formado de um coletivo singular seguido de complemento no plural, admitem-se duas concordâncias:

1ª) verbo no singular.

- O bando de passarinhos cantava no jardim.- Um grupo de professores acompanhou os estudantes.

2ª) o verbo pode ficar no plural, nesse caso o verbo no plural dará ênfase ao complemento.

- O bando de passarinhos cantavam no jardim.- Um grupo de professores acompanharam os estudantes

SE Verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos e indiretos + – se:

Se o termo que recebe a ação estiver no plural, o verbo deve ir para o plural, se estiver no singular, o verbo deve ir para o singular.

- Alugam-se cavalos.

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“Alugar” é verbo transitivo direto.“Cavalos” recebe a ação e está no plural, logo o verbo vai para o plural.

Aqui o “se” é chamado de partícula apassivadora (Cavalos são alugados).

Outros exemplos:

- Vendem-se casas.- Alugam-se apartamentos.- Exigem-se referências.- Consertam-se pianos.- Plastificam-se documentos.- Entregou-se uma flor à mulher. (verbo transitivo direto e indireto)

OBS: Somente os verbos transitivos diretos têm voz passiva.

Qualquer outro tipo de verbo (transitivo indireto ou intransitivo) fica no singular.

- Precisa-se de professores. (Precisar é verbo transitivo indireto)- Trabalha-se muito aqui. (trabalhar é verbo intransitivo)

Nesse caso, o “se” é chamado de índice de indeterminação do sujeito ou partícula indeterminadora do sujeito.

HAVER – FAZER

“Haver” no sentido de “existir”, indicando “tempo” ou no sentido de “ocorrer” ficará na terceira pessoa do singular. É impessoal, ou seja, não admite sujeito.

“Fazer” quando indica “tempo” ou “fenômenos da natureza”, também é impessoal e deverá ficar na terceira pessoa do singular.

- Nesta sala há bons e maus alunos. (= existe)- Já houve muitos acidentes aqui. (= ocorrer)- Faz 10 anos que me formei. (= tempo decorrido)

SUJEITO COMPOSTO RESUMIDO POR UM INDEFINIDO O verbo concordará com o indefinido.

- Tudo, jornais, revistas, TV, só trazia boas noticias.- Ninguém, amigos, primos, irmãos veio visitá-lo.- Amigos, irmãos, primos, todos foram viajar.

PESSOAS DIFERENTES

O verbo flexiona-se no plural na pessoa que prevalece (a 1ª sobre a 2ª e a 2ª sobre a 3ª).

Eu e tu: nósEu e você: nósEla e eu: nósTu e ele: vós

- Eu, tu e ele resolvemos o mistério. (1ª pessoa prevalece)- O diretor, tu e eu saímos apressados. (1ª pessoa prevalece)- O professor e eu fomos à reunião. (1ª pessoa prevalece)- Tu e ele deveis fazer a tarefa. (2ª pessoa prevalece)

Obs: como a 2ª pessoa do plural (vós) é muito pouco usado na língua contemporânea , é preferível usar a 3ª pessoa quando ocorre a 2ª com a 3ª.

- Tu e ele riam à beça.- Em que língua tu e ele falavam?

Podemos também substituir o “tu” por “você”.

- Você e ele: vocês

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NOMES PRÓPRIOS NO PLURAL Se o nome vier antecedido de artigo no plural, o verbo deverá concordar no plural.

- Os Andes ficam na América do Sul.

Se não houver artigo no plural, o verbo deverá concordar no singular.

- Santos fica em São Paulo.- “Memórias Póstumas de Brás Cubas” consagrou Machado de Assis.

Obs 1: Com nome de obras artísticas, admite-se a concordância ideológica com a palavra “obra”, que está implícita na frase.

- “Os Lusíadas” imortalizou Camões.

Obs 2: Com o verbo “ser” e o predicativo no singular, o verbo fica no singular.

“Os Lusíadas” é a maior obra da Literatura Portuguesa.

- Os EUA já foi o primeiro mercado consumidor.

SER

O verbo “ser” concordará com o predicativo quando o sujeito for o pronome interrogativo “que” ou “quem”.

- Quem são os eleitos?- Que seriam aqueles ruídos estranhos?- Que são dois meses?- Que são células?- Quem foram os responsáveis?

Quando o verbo “ser” indicar tempo, data, dias ou distância, deve concordar com a apalavra seguinte.

- É uma hora.- São duas horas.- São nove e quinze da noite.- É um minuto para as três.- Já são dez para uma.- Da praia até a nossa casa, são cinco minutos.- Hoje é ou são 14 de julho?

Em relação às datas, quando a palavra “dia” não está expressa, a concordância é facultativa.

Se um dos elementos (sujeito ou predicativo) for pronome pessoal, o verbo concordará com ele.

- Eu sou o chefe.- Nós somos os responsáveis.- Eu sou a diretora.

Quando o sujeito é um dos pronomes isto, isso, aquilo, o, tudo, o verbo “ser” concordará com o predicativo.

- Tudo são flores.- Isso são lembranças de viagens.

Pode ocorrer também o verbo no singular concordando com o pronome (raro).

- Tudo é flores.

Quando o verbo “ser” aparece nas expressões “é muito”, “é bastante”, “é pouco”, “é suficiente” denotando quantidade, distância, peso, etc ele ficará no singular.

- Oitocentos reais é muito.- Cinco quilos é suficiente.

EXERCÍCIOS – 01

1. Assinale a opção em que há erro de conjugação verbal em relação à norma culta da língua:

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a) Se ele vir o nosso trabalho, ficará muito doente.b) Não desanimes; continua batalhando.c) Meu pai interveio na discussão.d) Se ele reouvesse o que havia perdido.e) Quando eu requiser a segunda via do documento...

2. A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à concordância verbal recomendada pela norma culta é:

a) A lista brasileira de sítios arqueológicos, uma vez aceita pela Unesco, aumenta as chances de preservação e sustentação por meio do ecoturismo.b) Nenhum dos parlamentares que vinham defendendo o colega nos últimos dias inscreveram-se para falar durante os trabalhos de ontem.c) Segundo a assessoria, o problema do atraso foi resolvido em pouco mais de uma hora, e quem faria conexão para outros Estados foram alojados em hotéis de Campinas.d) Eles aprendem a andar com bengala longa, o equipamento que os auxilia a ir e vir de onde estiver para onde entender.e) Mas foram nas montagens do Kirov que ele conquistou fama, especialmente na cena “Reino das Sombras”, o ponto mais alto desse trabalho.

3. A única frase em que as formas verbais estão corretamente empregadas é:

a) Especialistas temem que órgãos de outras espécies podem transmitir vírus perigosos.b) Além disso, mesmo que for adotado algum tipo de ajuste fiscal imediato, o Brasil ainda estará muito longe de tornar-se um participante ativo do jogo mundial.c) O primeiro-ministro e o presidente devem ser do mesmo partido, embora nenhum fará a sociedade em que eu acredito.d) A inteligência é como um tigre solto pela casa e só não causará problema se o suprir de carne e o manter na jaula.e) O nome secreto de Deus era o princípio ativo da criação, mas dizê-lo por completo equivalia a um sacrilégio, ao pecado de saber mais do que nos convinha.

4. (FUVEST) Complete as frases abaixo com as formas corretas dos verbos indicados entre parênteses.

a) Quando eu _________________ os livros, nunca mais os emprestarei. (reaver)

b) Os alienados sempre ______________ neutros. (manter-se)

c) As provas que _____________ mais erros seriam comentadas. (conter)

d) Quando ele _________________ uma canção de paz, poderá descansar. (compor)

5. (FGV) Nas questões abaixo, ocorrem espaços vazios. Para preenchê-los, escolha um dos seguintes verbos: fazer, transpor, deter, ir. Utilize a forma verbal mais adequada.

1) Se _______________ dias frios no inverno, talvez as coisas fossem diferentes.2) Quando o cavalo ________________ todos os obstáculos, a corrida terminará.3) Se o cavalo _______________ mais facilmente os obstáculos, alcançaria com mais folga a linha de chegada.4) Se a equipe econômica não se __________________ nos aspectos regionais e considerar os aspectos globais, a possibilidade de solução será maior.5) Caso ela ______________ ao jogo amanhã, deverá pagar antecipadamente o ingresso.

6. (ENG. MACK) As formas que completariam o período “Pagando parte de suas dívidas anteriores, o comerciante ________________ novamente seu armazém, sem que se __________ com seus credores, para os quais voltou a merecer confiança”, seriam:

a) proveu – indispusesseb) proviu – indispuzesse

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c) proveio – indispuzessed) proveio – indispusessee) n.d.a.

7. (UFSCar) “O acordo não ______ as reivindicações, a não ser que ______ os nossos direitos e _____ da luta.”

a) substitui – abdicamos – desistimosb) substitue – abdicamos – desistimosc) substitui – abdiquemos – desistamosd) substitui – abidiquemos – desistimose) substitue – abdiquemos – desistamos

8. Complete os espaços com um dos verbos colocados nos parênteses:

a) ________________os filhos e o pai... (chegou/chegaram)b) Fomos nós que _______________ na questão. (tocou/tocamos)c) Não serei eu quem _________________ o dinheiro. (recolherei/ recolherá)d) Mais de um torcedor _______________________ estupidamente. (agrediu-se/agrediram-se)e) O fazendeiro com os peões __________________ a cerca. (levantou/ levantaram)

9. Como no exercício anterior.

a) _____________ de haver algumas mudanças no seu governo. (há/ hão)

b) Sempre que ______________ alguns pedidos, procure atendê-los rapidamente. (houver/ houverem)

c) Pouco me _______________ as desculpas que ele chegar a dar. (importa/ importam)

d) Jamais ______________ tais pretensões por parte daquele funcionário. (existiu/ existiram)

e) Tudo estava calmo, como se não ________________ havido tantas reivindicações. (tivesse/ tivessem)

10. Complete os espaços com um dos verbos colocados nos parênteses.

a) Espero que se _________________ as taxas de juro. (mantenha/ mantenham)

b) É importante que se _______________ outras soluções para o problema. (busque/ busquem)

c) Não se ______________ em pessoas que não nos olham nos olhos. (confia/confiam)

d) Hoje já não se __________________ deste modelo de carro. (gosta/ gostam)

e) A verdade é que ________________ certos pormenores pouco convincentes. (observou/observaram)

Resolução:

01 - E

02 - A

03 - E

04 - a) reouver b) mantêm / mantiveram c) contivessem d) compuser

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05 - 1) fizessem 2) transpuser 3) transpusesse 4) detiver 5) vá

06 - A

07 - E

08 - a) Chegaram b) tocamos c) recolherá d) agrediram-se e) levantaram

09 - a) Há b) houver c) importam d) existiram e) tivesse

10 - a) mantenham b) busque c) confia d) gosta e) observaram

EXERCÍCIOS – 02

1 – (UFPR) – Observe a concordância verbal:

1 – Algum de vós conseguirei a bolsa de estudo?

2 – Sei que pelo menos um terço dos jogadores estavam dentro do campo naquela hora.

3 – Os Estados Unidos são um país muito rico.

4 – No relógio do Largo da Matriz bateu cinco horas: era o sinal esperado.

a) Somente a frase 1 está errada.

b) Somente a frase 2 está errada.

c) As frases 2 e 3 estão erradas.

d) As frases 1 e 4 estão erradas.

e) As frases 2 e 4 estão erradas.

Resposta: D

Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós, etc. admitem as seguintes concordâncias: o verbo concorda com o pronome indefinido ou interrogativo, ficando na 3ª pessoa do plural ou concorda com o pronome pessoal. Porém, se o pronome estiver no singular o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.

Na indicação de horas o verbo bater concorda com o número de horas, que normalmente é o sujeito. O verbo bater pode ter outra palavra como sujeito, com a qual deve concordar.

2 – (UEPG – PR) - Assinale a alternativa incorreta, segundo a norma gramatical:

a) Os Estados Unidos, em 1941, declararam guerra à Alemanha.

b) Aqueles casais parecia viverem felizes.

c) Cancelamos o passeio, haja visto o mau tempo.

d) Mais de um dos candidatos se cumprimentaram.

e) Não tínhamos visto as crianças que faziam oito anos.

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Resposta: C

Ocorrem as seguintes concordâncias: a expressão haja vista fica invariável quando equivalente a atente-se; por exemplo.

O verbo haver varia quando equivale a vejam-se.

3 – (UFCE) – Como a frase “fui eu quem fez o casamento”, também estão corretos os períodos abaixo:

1. Fui eu que fiz o casamento.

2. Foi eu quem fez o casamento.

4. Fui eu que fez o casamento.

8. Foste tu que fizeste o casamento.

16. Foste tu quem fez o casamento.

32. Fostes vós que fez o casamento.

64. Fostes vós quem fez o casamento.

Resposta: 89

Quando o sujeito for o pronome relativo QUEM o verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda com o antecedente. Se o sujeito for o pronome relativo QUE o verbo concorda com o antecedente.

4 – (CESGRANRIO) – Há concordância inadequada em:

a) clima e terras desconhecidas.

b) clima e terra desconhecidos.

c) terras e clima desconhecidas.

d) terras e clima desconhecido.

e) terras e clima desconhecidos.

Resposta: C

O adjetivo posposto a dois ou mais substantivos há duas concordâncias:O adjetivo concorda com o mais próximo ou vai para o plural. Se os gêneros são diferentes, prevalece o masculino.

5 – (UEPG – PR) – Marque a frase absolutamente inaceitável, do ponto de vista da concordância nominal:

a) É necessária paciência.

b) Não é bonito ofendermos aos outros.

c) É bom bebermos cerveja.

d) Não é permitido presença de estranhos.

e) Água de Melissa é ótimo para os nervos.

Resposta: A

Há duas concordâncias para as expressões é bom, é necessário, etc.:- fica invariável, portanto no masculino, se o sujeito não vem precedido de artigo ou outro elemento determinante. Se vier precedido de artigo ou elemento determinante concorda com o sujeito.

6 – (CESCEM – SP) – Já ... anos, ... neste local árvores e flores. Hoje, só ... ervas daninhas.

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a) fazem/havia/existe

b) fazem/havia/existe

c) fazem/haviam/existem

d) faz/havia/existem

e) faz/havia/existe

Resposta: D

Haver/fazer são verbos impessoais. São empregados apenas na 3ª pessoa do singular. Haver (sentido de existir, ocorrer) e o verbo Fazer (na indicação de tempo). Existir é pessoal e concorda normalmente com o sujeito.

7 – (UFPR) – Qual a alternativa em que as formas dos verbos bater, consertar e haver nas frases abaixo, são usadas na concordância correta?

- As aulas começam quando ... oito horas.

- Nessa loja ... relógios de parede.

- Ontem ... ótimos programas na televisão.

a) batem – consertam-se – houve

b) bate – consertam-se – havia

c) bateram – conserta-se – houveram

d) batiam – conserta-se-ão – haverá

e) batem – consertarei – haviam

Resposta: A

Bater empregado com referência às horas concorda com o número de horas. Quando há sujeito, o verbo concorda com ele.

A partícula SE na segunda oração é apassivadora; concorda com o sujeito da oração.

O verbo haver, no sentido de existir, ocorrer, conjuga-se na 3ª pessoa do singular.

8 – (PUCCAMP – SP) – Se a altíssimo corresponde alto, a celebérrimo, libérrimo, crudelíssimo, humílimo, paupérrimo, respectivamente, há de corresponder:

a) célebre, líbero, cruel, úmido, pobre.

b) célebre, livre, cru, úmido, pobre.

c) célebre, livre, cruel, humilde, pau.

d) célebre, livre, cruel, humilde, pobre.

e) célebre, livre, cru, humilde, pobre.

Resposta: D

O superlativo absoluto expressa a qualidade de um ser, no seu grau mais elevado, sem comparação com outro ser. Nesta questão temos exemplos de superlativo absoluto sintético. É formado pelo radical do adjetivo + sufixo.

9 – (UFV-MG) – Em todos os itens o pronome SE é apassivador, EXCETO:

a) Sabe-se que ele é honesto.

b) Organizou-se, ontem, esta prova.

Page 113: Apostila portugues

c) Não se deverá realizar mais a festa.

d) Nada mais se via.

e) Assistiu-se à cerimônia inteira.

Resposta: E

A oração E não pode ser passada para a voz passiva analítica, então, não pode ser pronome apassivador. O “SE” é índice de indeterminação do sujeito. Quem assistiu à cerimônia? Não sabemos quem é o sujeito.

10 – (PUCCAMP-SP) – “Nunca chegará ao fim, por mais depressa que ande”.

A oração destacada é:

a) Subordinada adverbial causal.

b) Subordinada adverbial concessiva.

c) Subordinada adverbial condicional.

d) Subordinada adverbial consecutiva.

e) Subordinada adverbial comparativa.

Resposta: B

A Oração subordinada adverbial concessiva indica uma concessão às ações do verbo da oração principal, isto é, há uma contradição ou um fato inesperado.

11 – (UFPR) – Julieta ficou à janela na esperança de que Romeu voltasse.

A oração em destaque é:

a) subordinada substantiva subjetiva.

b) subordinada substantiva completiva nominal.

c) subordinada substantiva predicativa.

d) subordinada adverbial causal.

e) subordinada adjetiva explicativa.

Resposta: B

A oração subordinada substantiva completiva nominal funciona como complemento nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio da oração principal.

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Regência Verbal

O estudo da regência verbal nos ajuda a escrever melhor.

Quanto à regência verbal, os verbos podem ser:

- Transitivo direto- Transitivo indireto- Transitivo direto e indireto- Intransitivo

ASPIRAR

O verbo aspirar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.

Transitivo direto: quando significa “sorver”, “tragar”, “inspirar” e exige complemento sem preposição.

- Ela aspirou o aroma das flores.- Todos nós gostamos de aspirar o ar do campo.

Transitivo indireto: quando significa “pretender”, “desejar”, “almejar” e exige complemento com a preposição “a”.

- O candidato aspirava a uma posição de destaque.- Ela sempre aspirou a esse emprego.

Obs: Quando é transitivo indireto não admite a substituição pelos pronomes lhe(s). Devemos substituir por “a ele(s)”, “a ela(s)”.

- Aspiras a este cargo?- Sim, aspiro a ele. (e não “aspiro-lhe”).

ASSISTIR

O verbo assistir pode ser transitivo indireto, transitivo direto e intransitivo.

Transitivo indireto: quando significa “ver”, “presenciar”, “caber”, “pertencer” e exige complemento com a preposição “a”.

- Assisti a um filme. (ver)- Ele assistiu ao jogo.- Este direito assiste aos alunos. (caber)

Transitivo direto: quando significa “socorrer”, “ajudar” e exige complemento sem preposição.

- O médico assiste o ferido. (cuida)

Obs: Nesse caso o verbo “assistir” pode ser usado com a preposição “a”.

- Assistir ao paciente.

Intransitivo: quando significa “morar” exige a preposição “em”.

- O papa assiste no Vaticano. (no: em + o)- Eu assisto no Rio de Janeiro.

“No Vaticano” e “no Rio de Janeiro” são adjuntos adverbiais de lugar.

CHAMAR

O verbo chamar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.

É transitivo direto quando significa “convocar”, “fazer vir” e exige complemento sem preposição.

- O professor chamou o aluno.

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É transitivo indireto quando significa “invocar” e é usado com a preposição “por”.

- Ela chamava por Jesus.

Com o sentido de “apelidar” pode exigir ou não a preposição, ou seja, pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.

Admite as seguintes construções:

- Chamei Pedro de bobo. (chamei-o de bobo)- Chamei a Pedro de bobo. (chamei-lhe de bobo)- Chamei Pedro bobo. (chamei-o bobo)- Chamei a Pedro bobo. (chamei-lhe bobo)

VISAR

Pode ser transitivo direto (sem preposição) ou transitivo indireto (com preposição).Quando significa “dar visto” e “mirar” é transitivo direto.

- O funcionário já visou todos os cheques. (dar visto)- O arqueiro visou o alvo e atirou. (mirar)

Quando significa “desejar”, “almejar”, “pretender”, “ter em vista” é transitivo indireto e exige a preposição “a”.

- Muitos visavam ao cargo.- Ele visa ao poder.

Nesse caso não admite o pronome lhe(s) e deverá ser substituído por a ele(s), a ela(s). Ou seja, não se diz: viso-lhe.

Obs: Quando o verbo “visar” é seguido por um infinitivo, a preposição é geralmente omitida.

- Ele visava atingir o posto de comando.

ESQUECER – LEMBRAR

- Lembrar algo – esquecer algo- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja exigem complemento sem preposição.

- Ele esqueceu o livro.

No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos indiretos.

- Ele se esqueceu do caderno.- Eu me esqueci da chave.- Eles se esqueceram da prova.- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea , porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.

- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).

PREFERIR

É transitivo direto e indireto, ou seja, possui um objeto direto (complemento sem preposição) e um objeto indireto (complemento com preposição)

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- Prefiro cinema a teatro.- Prefiro passear a ver TV.

Não é correto dizer: “Prefiro cinema do que teatro”.

SIMPATIZAR

Ambos são transitivos indiretos e exigem a preposição “com”.

- Não simpatizei com os jurados.

QUERER

Pode ser transitivo direto (no sentido de “desejar”) ou transitivo indireto ( no sentido de “ter afeto”, “estimar”).

- A criança quer sorvete.- Quero a meus pais.

NAMORAR É transitivo direto, ou seja, não admite preposição.

- Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECERÉ transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a).

- Devemos obedecer aos pais.

Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva.

- A fila não foi obedecida.

VER

É transitivo direto, ou seja, não exige preposição.

- Ele viu o filme.

Exercícios – 01

1. (IBGE) Assinale a opção que apresenta a regência verbal incorreta, de acordo com a norma culta da língua:a) Os sertanejos aspiram a uma vida mais confortável.b) Obedeceu rigorosamente ao horário de trabalho do corte de cana.c) O rapaz presenciou o trabalho dos canavieiros.d) O fazendeiro agrediu-lhe sem necessidade.e) Ao assinar o contrato, o usineiro visou, apenas, ao lucro pretendido.

2. (IBGE) Assinale a opção que contém os pronomes relativos, regidos ou não de preposição, que completam corretamente as frase abaixo: Os navios negreiros, ....... donos eram traficantes, foram revistados. Ninguém conhecia o traficante ....... o fazendeiro negociava.

a) nos quais / queb) cujos / com quemc) que / cujod) de cujos / com queme) cujos / de quem

3. (IBGE) Assinale a opção em que as duas frases se completam corretamente com o pronome lhe:

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a) Não ..... amo mais. / O filho não ..... obedecia.b) Espero-..... há anos. / Eu já ..... conheço bem.c) Nós ..... queremos muito bem. / Nunca ..... perdoarei, João.d) Ainda não ..... encontrei trabalhando, rapaz. / Desejou-..... felicidades.e) Sempre ..... vejo no mesmo lugar. / Chamou-..... de tolo.

4. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem ser seguidos pela mesma preposição:a) ávido / bom / inconseqüenteb) indigno / odioso / peritoc) leal / limpo / onerosod) orgulhoso / rico / sedentoe) oposto / pálido / sábio

5. (UF-FLUMINENSE) Assinale a frase em que está usado indevidamente um dos pronomes seguintes: o, lhe.a) Não lhe agrada semelhante providência?b) A resposta do professor não o satisfez.c) Ajudá-lo-ei a preparar as aulas.d) O poeta assistiu-a nas horas amargas, com extrema dedicação.e) Vou visitar-lhe na próxima semana.

6. (BB) Regência imprópria:a) Não o via desde o ano passado.b) Fomos à cidade pela manhã.c) Informou ao cliente que o aviso chegara.d) Respondeu à carta no mesmo dia.e) Avisamos-lhe de que o cheque foi pago.

7. (BB) Alternativa correta:a) Precisei de que fosses comigo.b) Avisei-lhe da mudança de horário.c) Imcumbiu-me para realizar o negócio.d) Recusei-me em fazer os exames.e) Convenceu-se nos erros cometidos.

8. (EPCAR) O que devidamente empregado só não seria regido de preposição na opção:a) O cargo ....... aspiro depende de concurso.b) Eis a razão ....... não compareci.c) Rui é o orador ....... mais admiro.d) O jovem ....... te referiste foi reprovado.e) Ali está o abrigo ....... necessitamos.

9. (UNIFIC) Os encargos ....... nos obrigaram são aqueles ....... o diretor se referia.a) de que - queb) a cujos - cujosc) por que - qued) cujos - cujoe) a que - a que

10. (FTM-ARACAJU) As mulheres da noite ....... o poeta faz alusão ajudam a colorir Aracaju, ....... coração bate de noite, no silêncio.A alternativa que completa corretamente as lacunas da frase acima é:a) as quais / de cujo ob) a que / no qualc) de que / o quald) às quais / cujoe) que / em cujo

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GABARITO:1. D2. D3. C4. D5. E6. E7. A8. E9. E10. D

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Regência Nominal

A regência verbal ou nominal determina se os seus complementos são acompanhados por preposição.

Os nomes pedem complemento nominal; e os verbos, objetos diretos ou indiretos.Exemplo:

- Ela tem necessidade de roupa.

Quem tem necessidade, tem necessidade “de” alguma coisa.De roupa: complemento nominal.

- Fiz uma referência a um escritor famoso.

Quem faz referência faz referência “a” alguma coisa.A um escritor famoso: complemento nominal

Na verdade, não existem regras. Cada palavra exige um complemento e rege uma preposição.

Muitas regências nós aprendemos de tanto escutá-las, porém não significa que todas estejam corretas.

“Prefiro mais cinema do que teatro.”

Escutamos esta frase quase todos os dias.

Preferir mais, não existe, pois ninguém prefere menos. É, portanto, uma redundância.

Quem prefere prefere alguma coisa “a” outra. A frase ficaria correta desta forma: “Prefiro cinema a teatro”.

O verbo preferir é transitivo direto e indireto e o objeto indireto deve vir com a preposição. “a”.

“Prefiro isso do que aquilo.”

Do que é uma regência popular e deve ser evitada em provas, redações e concursos.

“Prefiro ir à praia a estudar.” (Preferir a + a praia: a + a: à – veja Crase).

Acessível a

Acostumado a ou com

Alheio a

Alusão a

Ansioso por

Atenção a ou para

Atento a ou em

Benéfico a

Compatível com

Cuidadoso com

Desacostumado a ou com

Desatento a

Desfavorável a

Desrespeito a

Estranho a

Favorável a

Fiel a

Grato a

Hábil em

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Habituado a

Inacessível a

Indeciso em

Invasão de

Junto a ou de

Leal a

Maior de

Morador em

Natural de

Necessário a

Necessidade de

Nocivo a

Ódio a ou contra

Odioso a ou para

Posterior a

Preferência a ou por

Preferível a

Prejudicial a

Próprio de ou para

Próximo a ou de

Querido de ou por

Residente em

Respeito a ou por

Sensível a

Simpatia por

Simpático a

Útil a ou para

Versado em