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Agnelo de Souza Fedel Julio Cesar Ferreira Santos Sociologia do Trabalho Revisada por Expedito Leandro Silva

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Agnelo de Souza FedelJulio Cesar Ferreira Santos

Sociologia do Trabalho

Revisada por Expedito Leandro Silva

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É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Sociologia do Trabalho, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.

A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.

Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação.

Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.

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APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5

1 A DISCIPLINA ChAMADA SOCIOLOgIA ............................................................................. 71.1 A Ciência da Sociedade .................................................................................................................................................71.2 As Divisões das Ciências Sociais .................................................................................................................................71.3 O Nascimento da Sociologia .......................................................................................................................................81.4 O Antigo Regime e a Revolução Francesa..............................................................................................................81.5 Resumo do Capítulo .......................................................................................................................................................91.6 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................10

2 AS PRINCIPAIS TEORIAS SOCIOLÓgICAS ........................................................................... 112.1 Émile Durkheim, a Sociologia e o Fato Social ....................................................................................................112.2 Karl Marx e a Luta de Classes ...................................................................................................................................122.3 Max Weber e a Ética Protestante ............................................................................................................................132.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................142.5 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................14

3 PADRÕES CULTURAIS E SOCIAIS .............................................................................................. 173.1 Cultura ..............................................................................................................................................................................173.2 Ideologia e Formas de Governo ..............................................................................................................................183.3 Instituições e Valores Sociais ....................................................................................................................................193.4 Status Social ....................................................................................................................................................................203.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................213.6 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................21

4 TRABALhO E PRODUÇÃO: A ORgANIZAÇÃO ECONÔMICA DA SOCIEDADE .............................................................................................................................................. 23

4.1 A Produção ......................................................................................................................................................................234.2 O Trabalho .......................................................................................................................................................................244.3 Matéria-Prima .................................................................................................................................................................244.4 Instrumentos de Produção .......................................................................................................................................254.5 Forças Produtivas e Relações de Produção .........................................................................................................254.6 Modos de Produção ....................................................................................................................................................264.7 O Modo Capitalista de Produção ............................................................................................................................264.8 O Modo Socialista .........................................................................................................................................................274.9 As Novas Relações de Trabalho do Século XXI ..................................................................................................284.10 A Terceira Onda: Fonte de Mudanças .................................................................................................................294.11 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................334.12 Atividade Proposta ....................................................................................................................................................33

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 35

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 37

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 39

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INTRODUÇÃO

Uma discussão profunda sobre o homem e a sociedade da qual este participa nunca foi tão impor-tante quanto agora. Se hoje nos parece comum vivermos em sociedade, que, mesmo com sua complexi-dade, nos oferece a certeza de que o homem sempre foi um ser social, a reflexão sobre essa “sociabilida-de” nem sempre gerou respostas comuns. Das mais diversas possibilidades de discussão às mais simples, a disciplina de Sociologia sempre procurou entender como se processam os mecanismos sociais, seja através da compreensão do caráter da própria sociedade, seja por meio das diversas manifestações so-ciais ou grupais.

Por isso, estudarmos a sociedade com base no aparato sociológico é uma das maneiras de visuali-zarmos o papel do trabalho frente às mudanças e às manifestações do próprio ser social. Não poderia ser diferente, pois foi esse mesmo homem quem criou, desenvolveu e continua promovendo a manutenção de sua própria cultura e sociedade, principalmente por meio dos mecanismos de produção e relações de trabalho.

Por isso, caro(a) aluno(a), é importante enfatizar a centralidade do trabalho na sociedade atual a partir de teorias muito importantes que ajudam a explicar o mundo contemporâneo.

Espero que esta apostila seja um material que o(a) auxilie a concretizar esse objetivo. Vejamos, en-tão, no próximo tópico, as bases da Sociologia.

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A DISCIPLINA ChAMADA SOCIOLOgIA1

OBJETIVOS�� Entender o que é Sociologia;

�� Compreender o nascimento das Ciên-cias Sociais;

�� Conhecer as áreas das Ciências Sociais.

TÓPICOS1. A ciência da Sociedade;

2. As divisões das Ciências Sociais;

3. O nascimento da Sociologia;

4. O Antigo Regime e a Revolução Fran-cesa.

Caro(a) aluno(a), você saberia dizer quais são os principais interesses das Ciências Sociais?

A reflexão sobre a vida em sociedade e so-bre os grupos que a compõem é o principal obje-tivo do sociólogo. Através de pesquisas sociais, o sociólogo tem a capacidade de encontrar respos-tas para diversos problemas. O apoio das pesqui-sas de âmbito social é o que garante à Sociologia o caráter de ciência, pois ela própria depende do emprego de procedimentos científicos, proces-sos que vão ao encontro do conhecimento atra-vés de investigações diversas, sempre dentro dos aspectos sociais.

1.1 A Ciência da Sociedade

Como ciência, as Ciências Sociais trabalham com os diversos fenômenos sociais e as formas pelas quais ocorrem.

Saiba maisSaiba mais

Um grupo social pode ser conduzido a se tornar produtor e consumidor de um determinado bem somente e apenas pelo emprego de mecanismos diferenciados de produção, distribuição e consumo. Os mecanismos usados para “conduzir” esse grupo, assim como o nível de resposta social, são objetos de estudo do sociólogo.

1.2 As Divisões das Ciências Sociais

Como muitas das outras ciências, as Ciên-cias Sociais acabaram se desenvolvendo e cres-cendo de maneira que o conhecimento sobre a sociedade avançou de forma a promover uma divisão nelas, principalmente para facilitar a sis-tematização dos estudos e das pesquisas. Assim, essa divisão abrange, atualmente, as seguintes disciplinas:

�� Sociologia: estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade;

�� Economia: tem por objeto de estudo as atividades sociais ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de

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bens materiais e serviços, assim como a distribuição de renda de um determi-nado país, região, estado, município ou, até mesmo, de uma parcela da socieda-de;

�� Antropologia: estuda e pesquisa as se-melhanças e as diferenças culturais dos vários agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das cultu-ras. Além disso, a Antropologia também estuda a diversidade cultural existente nas sociedades pré-industriais e indus-triais;

�� Ciência Política: se preocupa com a distribuição de poder na sociedade, assim como a formação e o desenvolvi-mento das diversas formas de governo.

Assim, com essas disciplinas, as Ciências So-ciais procuram encontrar respostas para os aspec-tos da realidade social, mesmo que, grosso modo, não se perceba nitidamente essa divisão.

1.3 O Nascimento da Sociologia

Na realidade, a Sociologia é uma ciência nova, principalmente porque ela se desenvolveu após alguns fatos históricos, os quais contribuí-ram para que filósofos e pensadores iniciassem suas discussões sobre a sociedade.

Vejamos quais fatos históricos mais contri-buíram para o nascimento da Sociologia:

a) a desagregação da sociedade feudal, o fim da Idade Média, a consolidação da sociedade capitalista, o fim do poder total da Igreja Cristã e, particularmente, do pensamento teocêntrico (em que Deus é a medida de tudo!) fizeram com que os pensadores e filósofos olhassem com maior interesse as relações e inter--relações sociais promovidas pela nova burguesia que surgia. Isso ocorreu en-tre os séculos XV e XVI;

b) no século XVIII, outros fatos históricos contribuíram firmemente com as dis-cussões sobre as relações sociais: a Re-volução Francesa, iniciada em 1789, e a consolidação da burguesia como grupo do poder capitalista emergente;

c) além disso, as transformações sociais, econômicas, políticas e culturais pro-movidas pelo desenvolvimento da in-dustrialização, a partir do século XVIII e consolidadas no século XIX, também contribuíram com os estudos sociológi-cos.

Não foi à toa que importantes pensadores dos séculos XVI, XVII e XVIII, como Maquiavel, Tho-mas Morus e Francis Bacon, começaram a discutir em suas obras essa nova sociedade emergente.

1.4 O Antigo Regime e a Revolução Francesa

Antigo Regime foi o nome dado à forma de governo baseado no poder da aristocracia. Na realidade, essa forma de governo tem sua base no regime feudal e imediatamente pós-feudal, em

que o poder era vinculado ao sistema de produ-ção agrícola. Nesse sistema de produção, quem detinha o poder era quem possuía maior exten-são de terras para plantar. A aristocracia – como

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se denominava esse grupo – tinha o poder, que era mantido de forma hereditária. Por isso, os reis das nações da Europa se mantinham como tal, porque eles possuíam enormes extensões de ter-ras.

Contudo, eles não conseguiram manter tal poder, principalmente porque uma nova forma de relação de produção se desenvolvia, parti-cularmente a partir do século XV: o mercanti-lismo. Para manterem-se no poder, muitos reis acabaram trocando suas terras por mercadorias, as quais, por sua vez, eram conseguidas por co-merciantes. Com essa troca, o poder econômico gradativamente vai mudando de mãos, além de contribuir com o avanço do capitalismo.

Mesmo sem grandes poderes econômicos, a aristocracia procurava se manter em sua posi-ção, afastando-se cada vez mais da realidade con-creta, ou seja, do desenvolvimento de uma nova sociedade e das novas relações produtivas.

Por conta disso, explode, em 1778, na Fran-ça, a chamada Revolução Francesa, que, na rea-lidade, foi uma grande revolução burguesa, em que uma inevitável mudança de relações de po-der ocorreu, de forma abrupta e necessária. Mui-tos têm a própria Revolução Francesa como um marco histórico, em que nasce efetivamente o pensamento social, pois a burguesia, junto a ou-tros grupos sociais organizados ou não, promo-veu uma verdadeira insurreição.

Com base nos fatos ocorridos nesse perío-do, um filósofo e pensador francês cunhou pela primeira vez o termo Sociologia: Auguste Com-te. Com a obra Curso de filosofia positiva, de 1839, Comte iniciou a linha de pensamento que daria forma às Ciências Sociais. Suas discussões ainda eram primárias, mas já delinearam o que mais tarde seria considerada uma das grandes ciências desse período, transformando Comte no pai da Sociologia.

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O QUE É MERCANTILISMO?Mercantilismo é o nome dado a um conjunto de práticas econômicas desenvolvido na Europa na Idade Moderna, entre o século XV e o final do século XVIII. Originou um conjunto de medidas econômicas diversas de acordo com os Estados e caracterizou-se por uma forte intervenção do Esta-do na economia. Consistiu numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados nacionais.

1.5 Resumo do Capítulo

Estudamos neste capítulo que um grupo social pode ser conduzido a se tornar produtor e consu-midor de um determinado bem somente e apenas pelo emprego de mecanismos diferenciados de pro-dução, distribuição e consumo. Os mecanismos usados para “conduzir” esse grupo, assim como o nível de resposta social, são objetos de estudo do sociólogo.

Lemos que o mercantilismo é o nome dado a um conjunto de práticas econômicas desenvolvido na Europa na Idade Moderna, entre o século XV e o final do século XVIII. Originou um conjunto de medi-das econômicas diversas de acordo com os Estados e caracterizou-se por uma forte intervenção do Esta-do na economia. Consistiu numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados nacionais.

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1. O que é Sociologia e quais foram as condições para o seu aparecimento?

1.6 Atividade Proposta

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AS PRINCIPAIS TEORIAS SOCIOLÓgICAS2

OBJETIVOS�� Conhecer as três principais teorias so-

ciológicas;

�� Compreender sua importância para as Ciências Sociais;

�� Entender sua aplicabilidade.

TÓPICOS1. Émile Durkheim, a Sociologia e o fato

social;

2. Carl Marx e a luta de classes;

3. Max Weber e a ética protestante;

Foi com Émile Durkheim que a Sociologia ganhou caráter de ciência. Com seus profundos estudos e conceitos, demonstrou que os fatos so-ciais têm características próprias, devendo ser es-tudados por meio de métodos diferentes dos das outras ciências.

Segundo Durkheim, fato social é o modo de agir, pensar e sentir de um grupo social. Por exemplo, o modo de se vestir numa sociedade é um fato social, assim como a língua de um povo, seu sistema monetário, a religião, as leis e outros fenômenos do mesmo tipo. Esses fatos sociais, mesmo que externos ao indivíduo, exercem um poder de pressão social, ou seja, fazem com que membros de uma sociedade ajam exatamente como outros indivíduos dessa mesma sociedade, contribuindo com as relações sociais necessárias ao desenvolvimento do grupo.

Para Durkheim, os fatos sociais possuem as seguintes características:

2.1 Émile Durkheim, a Sociologia e o Fato Social

�� generalidade: o fato social é comum a todos os membros de um grupo ou à sua maioria;

�� exterioridade: o fato social é externo ao indivíduo e existe independente-mente de sua vontade;

�� coercitividade: os indivíduos se sen-tem pressionados a seguir comporta-mentos estabelecidos.

Por conta disso, Durkheim acreditava que os fatos sociais podiam e ainda podem ser estu-dados de forma objetiva, como se fossem “coisas”, assim como a Biologia estuda os fatos da nature-za, por exemplo.

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Outro pensador cujas ideias promoveram grandes transformações na visão sobre a socie-dade foi o alemão Karl Marx. A partir do apareci-mento de uma nova classe revolucionária na so-ciedade – o proletariado, ou seja, o trabalhador que possui conhecimento crítico sobre sua parti-cipação nas relações de produção e desenvolvi-mento econômico –, Marx, com Friedrich Engels, elaborou sua crítica ao capitalismo. Nessa teoria, a maior discussão se baseava nas relações entre duas classes sociais: a classe operária, ou seja, o proletariado ou classe explorada, e as classes burguesas, capitalistas, exploradoras e domina-doras, pois detinham o poder do capital.

Nas obras de Marx e Engels, não havia divisão de disciplinas, ou seja, Economia, Antro-pologia, Sociologia, Geografia, História ou Ciência Política. Eles se aproveitaram de todas elas, ou melhor, eles utilizaram todas para compor suas teorias referentes às relações de exploração en-tre as classes sociais, que, como hoje, causavam uma situação de miséria e de opressão. Essa críti-ca marxista teve como base os próprios levantes revolucionários que começaram a ocorrer já no século XIX na Europa. Esses levantes reivindica-vam igualdade entre todos, não só política, mas, e principalmente, quanto às condições sociais de vida.

2.2 Karl Marx e a Luta de Classes

Marx e Engels perceberam, em sua análise, que tudo isso estava ligado à importância das condições materiais (econômicas) da existência na formação das sociedades, ou seja, “o modo de produção da vida material condiciona o processo, em geral, da vida social, política e espiritual”. Por isso, os estudos sobre a sociedade promovidos por eles se detiveram, especialmente, nas análises das relações materiais, ou seja, econômicas.

Marx, em sua obra Para a crítica da econo-mia política, comentou o seguinte: “[...] não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário, é seu ser que termina sua consciência.”

Dessa forma, Marx procurou demonstrar que era nas relações de produção que o homem determinava sua própria existência, sendo que os principais “personagens” dessas relações são os participantes das principais classes sociais: proletariado e burguesia. Nesse processo, Marx dizia que os meios de produção, somados ao trabalho humano, seriam o que chamamos for-ças produtivas, as quais garantem o desenvol-vimento sistemático da sociedade. Caso algum elemento dessa força produtiva entre em choque ou se sobreponha ao outro, há um descompasso negativo para a própria sociedade, ou seja, caso a classe burguesa (que garante os meios produti-vos) se sobreponha (ou explore) à classe operária (que garante o trabalho humano), ou vice-versa, seria o descompasso que cria toda uma série de condições de miséria e exploração exacerbada.

Caro(a) aluno(a), vamos ler um trecho de uma obra de referência de Marx, O manifesto do Partido Comunista (1948):

Saiba maisSaiba mais

Thomas Humprey Marshall (1893-1981) foi um sociólogo britânico, conhecido principalmente por seus ensaios, entre os quais se destaca Citizenship and social class (Cidadania e classe social), publica-do, em 1950, a partir de uma conferência proferida no ano anterior. Analisou o desenvolvimento da ci-dadania como desenvolvimento dos direitos civis, seguidos dos direitos políticos e dos direitos so-ciais, nos séculos XVIII, XIX e XX, respectivamente. Introduziu o conceito de direitos sociais, sustentan-do que a cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito e esta condição está ligada à classe social.

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A partir de um pensamento bem diferente do de Marx e Engels, outro alemão também pro-moveu grandes mudanças e inovações no pen-samento sociológico: Max Weber. Sua produção intelectual surge justamente num momento de grande surto de industrialização e crescimento econômico na Alemanha, ou seja, durante todo o início do século XX.

Em seu trabalho A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber examinou as im-plicações das orientações religiosas, particular-mente as católicas e as protestantes, na conduta econômica dos homens. Ele percebeu que a ética protestante, particularmente a calvinista, contri-buiu muito na promoção do moderno sistema econômico, especialmente na Alemanha, além de reconhecer que o desenvolvimento capitalista ocorreu, principalmente, no final da Idade Média, quando houve um grande acúmulo de capital por parte de pioneiros do capitalismo, especialmente por empresários que participavam de seitas puri-tanas, orientadas por princípios religiosos.

As convicções religiosas levaram esses empresários a considerarem o êxito econômico como uma bênção de Deus, ou seja, havia a apro-vação divina para o acúmulo de capital. Além dis-so, havia a forma regrada com que essas comuni-

A história de todas as sociedades que existiram até aos nossos dias é a história da luta de classes.Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, senhores e servos, mestres e oficiais, numa palavra: opressores e opri-midos, em oposição constante, travaram uma guerra ininterrupta, ora aberta, ora dissimulada, uma guerra que acaba sempre pela transformação revolucionária de toda a sociedade, ou pela destruição das duas classes beligerantes.Nas primeiras épocas históricas, constatamos, quase por toda a parte, uma organização completa da sociedade em classes distintas, uma escala gradual de condições sociais: na Roma antiga, encontramos patrícios, cavaleiros plebeus e escravos; na Idade Média, senhores feudais, vassalos, mestres, oficiais e servos, e, além disso, em quase todas estas classes encontramos graduações especiais.A sociedade burguesa moderna, que saiu das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Apenas substituiu as velhas classes, as velhas condições de opressão, as velhas formas de luta por outras novas.Entretanto, o caráter distintivo da nossa época, da época da burguesia, é o de ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos inimigos, em duas grandes classes diametralmen-te opostas: a burguesia e o proletariado.

CuriosidadeCuriosidade

2.3 Max Weber e a Ética Protestante

dades levavam suas vidas e suas economias. Sua conduta era de tal forma rígida e religiosa que se contrapunha às formas católicas, em que todo acúmulo de capital sempre foi considerado uma afronta ao modo religioso de vida que a Igreja Ca-tólica pregava.

Com esse pensamento, Weber não só gerou uma das concepções e origens do capitalismo, como apresentou uma nova forma de pesquisa sociológica, em que, além de temas ordinários, como Economia, Ciências Políticas e Antropolo-gia, juntou também a Arte e, principalmente, a Religião como temas essenciais para os estudos sociológicos. Assim, Weber acreditava que o ver-dadeiro revolucionário não era o operário, como pensavam Marx e Engels, mas o empresário, par-ticularmente o protestante, que, por meio de sua rígida conduta e organização, promoveu a verda-deira revolução na sociedade, abrindo caminho para a moderna sociedade, baseada no sistema capitalista.

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2.4 Resumo do Capítulo

Thomas Humprey Marshall (1893-1981) foi um sociólogo britânico, conhecido principalmente por seus ensaios, entre os quais se destaca Citizenship and social class (Cidadania e classe social), publica-do, em 1950, a partir de uma conferência proferida no ano anterior. Analisou o desenvolvimento da cida-dania como desenvolvimento dos direitos civis, seguidos dos direitos políticos e dos direitos sociais, nos séculos XVIII, XIX e XX, respectivamente. Introduziu o conceito de direitos sociais, sustentando que a cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito e esta condição está ligada à classe social.

A história de todas as sociedades que existiram até aos nossos dias é a história da luta de classes.

Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, senhores e servos, mestres e oficiais, numa palavra: opressores e oprimidos, em oposição constante, travaram uma guerra ininterrupta, ora aberta, ora dissi-mulada, uma guerra que acaba sempre pela transformação revolucionária de toda a sociedade, ou pela destruição das duas classes beligerantes.

Nas primeiras épocas históricas, constatamos, quase por toda a parte, uma organização completa da sociedade em classes distintas, uma escala gradual de condições sociais: na Roma antiga, encontra-mos patrícios, cavaleiros plebeus e escravos; na Idade Média, senhores feudais, vassalos, mestres, oficiais e servos, e, além disso, em quase todas estas classes encontramos graduações especiais.

A sociedade burguesa moderna, que saiu das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonis-mos de classes. Apenas substituiu as velhas classes, as velhas condições de opressão, as velhas formas de luta por outras novas.

Entretanto, o caráter distintivo da nossa época, da época da burguesia, é o de ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos inimigos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.

2.5 Atividade Proposta

Para Émile Durkheim, o objeto de estudo da Sociologia é os fatos sociais, que “apresentam caracte-rísticas muito especiais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se lhe impõem”, sejam elas práticas e crenças constituídas (regras jurídicas ou morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros etc.) ou correntes sociais, ou seja, ma-nifestações (de entusiasmo, de piedade etc.) que “chegam a cada um de nós do exterior e que são suscep-tíveis de nos arrastar, mesmo contra a nossa vontade”, o que poderia nos levar a uma ilusão que nos faria acreditar termos elaborado aquilo que nos foi imposto do exterior. Essas manifestações, que podem ser passageiras e que são suscetíveis de nos conduzir a ações que poderiam contrariar nossa própria natu-reza, apresentam um princípio que “aplica-se também aos movimentos de opinião mais duradouros que se produzem incessantemente à nossa volta, mesmo em círculos mais restritos, sobre questões religiosas, políticas, literárias, artísticas, etc.” (DURKHEIM, 1973, p. 391-392).

Desse modo, para Durkheim, o fenômeno social constitui-se do fato social, que pode ser religioso, político, literário, artístico etc. e que é externo ao indivíduo e determinador de suas ações. Assim, a socie-dade, que é externa aos indivíduos, determina as interações sociais.

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1. A partir desse texto, responda:

No processo de constituição dos indivíduos pela sociedade, o que são os fatos sociais para Dur-kheim?

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PADRÕES CULTURAIS E SOCIAIS3

OBJETIVOS�� Conhecer alguns conceitos sobre cultu-

ra e sociedade;

�� Compreender sua importância para o entendimento de fatos sociais;

�� Entender sua aplicabilidade em discus-sões pertinentes.

TÓPICOS1. Cultura;

2. Ideologia e formas de governo;

3. Instituições e valores sociais;

4. Status social.

Há várias definições para a palavra ‘cultu-ra’. Muitos falam de cultura como conhecimento adquirido ou, até mesmo, conhecimento acumu-lado. Na realidade, ao tentarmos definir o termo ‘cultura’, estamos procurando definir a própria condição humana e a capacidade do homem de criar, desenvolver e de se manifestar frente ao próprio mundo.

Para a Sociologia, esse aspecto é muito im-portante para conseguir definir como o homem consegue transmitir seus hábitos para seus des-cendentes e para o resto de seu grupo social. Segundo o sociólogo Edgar Morin, cultura é um conjunto de normas, símbolos, mitos e ritos que norteia os valores e estrutura os instintos e as emoções, por meio de projeções, ou seja, um conjunto de crenças, regras, manifestações artísti-cas, técnicas, tradições, ensinamentos e costumes produzidos e transmitidos no interior de uma so-ciedade. No entanto, para Morin, ainda há a proje-ção, ou seja, não apenas o “material” produzido e transmitido dentro da sociedade, mas um “mate-rial” com que ela se projeta ou possui uma relação de aceitação e identificação.

3.1 Cultura

A aquisição e perpetuação da cultura é um processo social, resultante de aprendizagem. Essa transmissão de valores, essa herança social, essa aprendizagem, se dá, especialmente, por meio de vários instrumentos, entre eles estão a convivên-cia familiar ou grupal e os meios de comunicação, mas o mais importante, nesse caso, é a Educação. Educar, então, significa transmitir aos indivíduos os valores, os conhecimentos, as técnicas, o modo de viver e a cultura do grupo.

Cada sociedade elabora sua própria cultura durante toda sua história, sendo que essa cultura sofre influência de outras. No entanto, há sempre um grupo de indivíduos que desenvolve e com-partilha a mesma cultura, os mesmos valores; a isso chamamos identidade cultural. É ela que faz com que uma pessoa sinta-se pertencente a um grupo, a uma comunidade, a uma sociedade, a uma nação, enfim, a uma cultura.

A transmissão cultural, ou seja, de valores que norteiam os indivíduos de uma sociedade, como já dissemos, pode ser feita a partir da con-vivência, dos meios de comunicação e da Edu-cação. No caso da Educação, ou dos processos

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educativos, além de possuir o papel de transmitir cultura, ela ainda adapta o indivíduo à sociedade e desenvolve suas potencialidades e personalida-

de para que, assim, esse mesmo indivíduo tenha a capacidade de manter, interferir, influenciar, me-lhorar e transformar a sua própria sociedade.

3.2 Ideologia e Formas de Governo

O sentido mais conhecido do termo ‘ideo-logia’ é o de “ideias políticas” ou um conjunto de ideias falsas e enganadoras que são destinadas a mascarar a realidade, encobrindo as relações do-minadoras e de exploração de uma determinada classe social para outra. No entanto, atualmente, o termo ‘ideologia’ possui um sentido mais amplo, porém mais claro: conjunto de ideias dominan-tes de uma sociedade ou, até mesmo, a “visão de mundo” de uma classe social, de uma sociedade ou de uma época.

Por isso, não é à toa que muitos concordam que o termo deva ser relacionado com o aparato político e econômico das sociedades. Sendo as-sim, quando lembramos alguns termos de ideo-logias políticas, baseados em modos de produção econômica, como liberalismo, capitalismo, demo-cracia, socialismo, comunismo e fascismo, é inevi-tável que nos lembremos, também, dos sistemas de governo que os instituíram, como o sistema, ou regime, monárquico, o sistema parlamentar, o sistema republicano democrático e, até mesmo, sistemas fascistas, do qual historicamente surgiu, por exemplo, o Nacional Socialismo (Nazismo) Alemão.

Dessa forma, segue uma lista de sistemas políticos e ideológicos e suas definições:

�� absolutismo: sistema de governo em que o poder dos governantes é absolu-to. A mais conhecida forma de absolu-tismo é a das monarquias absolutistas dos séculos XVII e XVIII;

�� anarquismo: doutrina que preconiza a criação de uma sociedade sem classes e sem nenhum tipo de Estado. Dife-rentemente do que muita gente pode

acreditar, anarquismo ou anarquia não significa desorganização, mas uma for-ma de governo em que os indivíduos, através de um elevado nível de consci-ência social, dirigiriam a sociedade de forma livre;

�� capitalismo: modo de produção baseado na propriedade privada dos meios de produção e distribuição, na existência de um mercado de concor-rência livre entre as empresas e na pro-cura de lucro pelo empresário e pelo trabalho assalariado;

�� comunismo: sistema econômico e so-cial que visa a estabelecer a comunhão de bens, com a abolição do direito à propriedade e a extinção das classes so-ciais e do Estado;

�� democracia: sistema político no qual a soberania emana do povo, ou seja, do conjunto de cidadãos, que exerce o go-verno diretamente por meio de repre-sentantes que são escolhidos livremen-te através do voto;

�� fascismo: sistema político de ultradi-reita, radicalmente anticomunista e antidemocrático. Os sistemas fascistas mais conhecidos foram o da Itália, entre 1922 e 1944, com Mussolini na lideran-ça; a ditadura de Francisco Franco, na Espanha, entre 1939 e 1975; e a mais contundente e extrema, na forma do nazismo, que, entre 1933 e 1945, levou a Alemanha, sob a liderança de Adolf Hitler, a instituir um governo de terror e perseguição contra cidadãos;

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�� liberalismo: doutrina que defende a mais ampla liberdade individual, a de-mocracia representativa, a livre iniciati-va, o direito à propriedade e a concor-rência de mercado entre indivíduos e empresas;

�� nacionalismo: corrente de ideias ou movimento que pretende exaltar como valor supremo uma determinada na-ção, suas tradições, seu passado, seus heróis, sua cultura etc.;

�� oligarquia: forma de governo em que o poder está nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos;

�� socialismo: é uma doutrina e também um sistema social. Como doutrina, o socialismo defende a superação da so-ciedade capitalista por meio da socia-lização, ou coletivização, dos meios de produção, que passariam a pertencer à coletividade e não mais a empresários privados. Enquanto sistema social, teve um caráter extremamente autoritário,

tanto em países como a antiga União Soviética quanto atualmente na China, os quais transformaram a propriedade privada em propriedade do Estado, que monopolizou todo o processo de pro-dução, assim como de distribuição de bens materiais, por meio de elementos e processos burocráticos.

AtençãoAtenção

Alguns exemplos de sistemas políticos e ideoló-gicos:

•Absolutismo•Anarquismo•Capitalismo•Comunismo•Democracia•Fascismo•Liberalismo•Nacionalismo•Oligarquia•Socialismo

3.3 Instituições e Valores Sociais

Desde que nascemos, começamos a apren-der regras e procedimentos que devemos seguir em nossa vida, em coletividade. Essas regras, mui-tas vezes instituídas pelos nossos antepassados, sofrem e já sofreram modificações ao longo do tempo; além disso, a própria sociedade exerce pressão sobre os indivíduos para que elas sejam cumpridas. As estruturas sociais baseadas nessas regras e procedimentos padronizados são cha-madas instituições sociais. Três das maiores Ins-tituições sociais são a família, a Igreja e o Estado.

É sabido que cada família tem, ainda, suas próprias normas de conduta e de comportamen-to. No entanto, existem normas sociais institu-cionalizadas, que determinam as regras de seu funcionamento e que existem para atender às necessidades sociais de uma sociedade. Por isso,

existem várias formas de casamento, que depen-dem justamente das necessidades reais de uma sociedade. Mesmo assim, não há como ignorar o papel da família em qualquer sociedade. A família é um tipo de agrupamento social cuja estrutura varia em alguns aspectos no tempo e no espaço, mas, mesmo assim, ainda é considerada a célula mater de toda sociedade.

A Igreja, enquanto instituição social, cum-pre um importantíssimo papel na sociedade: or-ganizar o caráter religioso dos membros da socie-dade e, assim, preencher ou ocupar o lugar não físico do homem. Enquanto as outras instituições se ocupam das necessidades físicas e materiais do homem, a Igreja cumpre a função de preencher as necessidades espirituais, através da religião. Isso é tão importante como a própria manutenção eco-

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nômica da sociedade, pois garante ao indivíduo a possibilidade de atenuar crises existenciais e de desenvolver crenças que ajudem a amenizar an-gústias e desamparos.

Já o Estado é a instituição social que possui o poder do controle social para fins de organiza-ção e manutenção da sociedade. O bem, a família e a Igreja também possuem esse mesmo poder, no entanto é o Estado que possui o direito legal, ou seja, das leis, de exercer a função de contro-le social, impondo normas e as fazendo cumprir. Esse “monopólio” da força legítima, do poder su-premo da sociedade, é característica básica do Estado. Só assim é possível manter processos de-mocráticos legítimos dentro de uma sociedade.

Nesse sentido, os três componentes mais importantes de um país são:

a) território: base física do Estado, sobre a qual ele exerce sua jurisdição;

b) nação: habitantes do território que for-ma a base física e geográfica do Estado;

c) Instituições políticas/Estado: são os Poderes Executivo, Legislativo e Judi-ciário, que constituem o núcleo de po-der do Estado, além do grupo de pes-soas que exercem o poder público em nome da sociedade.

Essas três grandes instituições sociais (fa-mília, Igreja e Estado) são as bases dos valores de uma sociedade, ou seja, os valores sociais são baseados no poder de controle exercido por es-sas instituições. Não dá para negar que os valo-res atuais da sociedade são determinados por nossas instituições sociais, sejam elas a família, a Igreja ou o Estado. No entanto, a mobilidade ou as mudanças sociais ocorrem de tempos em tem-pos, principalmente quando há processos de evo-lução social, alterando formas, regras, normas e, particularmente, valores sociais, que, em si, tam-bém alteram as próprias instituições sociais e sua forma de exercer controle sobre a sociedade.

3.4 Status Social

Se as instituições sociais são formadas para atender às necessidades de uma sociedade, os grupos sociais são reuniões de indivíduos que fa-zem parte dessa sociedade, mas que se integram e interagem por possuir interesses e objetivos co-muns, como, por exemplo, os membros de uma empresa, que acabam por constituir um grupo social formado por acionistas, administradores, prestadores de serviços e empregados, cada um com seus direitos, deveres e privilégios constituí-dos.

No entanto, cada um desses direitos, deve-res e privilégios são diferentes, como sabemos. Isso se deve à posição que cada indivíduo ocupa em seu grupo social ou, até mesmo, na própria so-ciedade. A essa posição chamamos status social.

Esse status social implica direitos, deveres, manifestações de prestígio e até privilégios, como

já colocamos, conforme o valor social conferido a cada posição. No entanto, em todos eles, há a referência de um papel social, que, como dever, deve ser cumprido pelo indivíduo, ou seja, papel social é os comportamentos que o grupo espera de qualquer pessoa que ocupe um determinado status social. De um professor, espera-se o cum-primento de seu papel enquanto tal, frente a um grupo de posição “menor” ou com menor respon-sabilidade (estudantes), por exemplo.

Numa organização social, seja um grupo ou a própria sociedade, tanto o status social quanto o papel social são indissolúveis. Possuir um de-terminado status social implica assumir a respon-sabilidade do cumprimento de seu papel social, sem o qual a própria sociedade não se manteria.

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Estudamos neste capítulo que o trabalho, segundo Marx, é a energia necessária para transformar a natureza em algo que satisfaça as necessidades do homem, “sejam elas do estômago ou da fantasia”. O homem, ao trabalhar, obtém o produto do seu trabalho, que deve satisfazê-lo. Com a complexificação da Economia, por não ser possível produzir tudo que é necessário a si, o homem passou a concentrar sua produção em poucos produtos e a trocá-los, o que, de maneira genérica, inicia a Economia. Assim, os produtos passam a dotar dois valores: o valor de uso e o valor de troca.

Com a Revolução Industrial, a mecanização e a racionalização da produção, o valor de uso deixa de ser um valor fundamental, já que o objetivo do capital, para sua reprodução, é a venda de mercadorias, independentemente de quais, contanto que haja demanda.

AtençãoAtenção

O trabalho, segundo Marx, é a energia necessária para transformar a natureza em algo que satisfaça as necessidades do homem, “sejam elas do estômago ou da fantasia”. O homem, ao trabalhar, obtém o produto do seu trabalho, que deve satisfazê-lo. Com a complexificação da Economia, por não ser possível produzir tudo que é necessário a si, o homem passou a concentrar sua produção em poucos produtos e a trocá-los, o que, de maneira genérica, inicia a Economia. Assim, os produtos passam a dotar dois valores: o valor de uso e o valor de troca.Com a Revolução Industrial, a mecanização e a racionalização da produção, o valor de uso deixa de ser um valor fundamental, já que o objetivo do capital, para sua reprodução, é a venda de mercadorias, independentemente de quais, contanto que haja demanda.

3.5 Resumo do Capítulo

3.6 Atividade Proposta

1. Qual é a função do trabalho?

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TRABALhO E PRODUÇÃO: A ORgANIZAÇÃO ECONÔMICA DA SOCIEDADE

4

OBJETIVOS�� Conhecer conceitos sobre trabalho e

produção;

�� Compreender a importância dos pro-cessos produtivos e modos de produ-ção;

�� Entender a aplicabilidade desse conhe-cimento.

TÓPICOS1. A produção;

2. O trabalho;

3. Matéria-prima;

4. Instrumentos de produção;

5. Forças produtivas e relações de produ-ção;

6. Modos de produção;

7. O modo capitalista;

8. O modo socialista;

9. As novas relações de trabalho do sécu-lo XXI;

10. A terceira onda: fonte de mudanças.

4.1 A Produção

Quando se trata da organização econômica da sociedade, não se pode deixar de falar da base dessa organização: a produção. Há teses que de-fendem que o desenvolvimento social humano se deu, principalmente, por causa da criação de bens materiais e de todo o seu processo de pro-dução, sem deixar de esquecer, é claro, as relações de trabalho existentes nesse processo.

Não conseguimos visualizar a sociedade atual sem a existência de bens de consumo, des-de o mais simples ao mais complexo, do menos importante ao essencial. Quando vamos ao su-permercado e compramos alimentos, materiais de limpeza etc., estamos comprando bens. São bens materiais produzidos em determinada esca-la ou série, por meio de sistemas produtivos espe-cíficos e mão de obra menos ou mais qualificada.

O desenvolvimento da produção de bens de consumo, particularmente a partir do século XVIII, fez surgir, também, outra atividade econô-mica cuja premissa é a satisfação de necessidades que não estão relacionadas diretamente à produ-ção de bens, desenvolvendo outro setor: o setor de serviços. Um vendedor de roupas, por exem-plo, presta o serviço de fazer chegar ao consumi-dor o produto do fabricante, assim como o taxista ou o motorista de ônibus, que prestam um ser-viço que não significa distribuir, diretamente, um determinado produto. Dessa forma agem tam-bém o médico e o professor, como tantos outros profissionais cuja função é prestar serviços tidos como essenciais à sociedade. Percebe-se, então, que há duas formas de produção: a de bens de consumo e a de prestação de serviços, nascidas

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e desenvolvidas em conjunto através do trabalho humano ou de máquinas.

Todo bem de consumo ou serviço é pro-duzido e também distribuído, conforme sua ne-cessidade e operacionalidade. A distribuição de determinados bens ou serviços segue regras mais ou menos estabelecidas conforme sua especifici-dade; por exemplo, a produção e a distribuição de confecções (roupas) se dão conforme certa es-

pecificidade baseada na necessidade, na moda e até nas opções de comércio (serviço de vendas), assim como todo e qualquer produto. Porém, para transformar uma peça de tecido de algodão numa roupa, necessita-se, também, de outro pro-cesso de transformação, em que há a participação de mais três elementos: o trabalho, a matéria-pri-ma e os instrumentos de produção.

4.2 O Trabalho

Trabalho é toda atividade humana que re-sulta em bens ou serviços. As atividades de um operário numa fábrica, assim como as de um ven-dedor numa loja, as de um professor numa esco-la ou as de um médico num consultório, são con-sideradas trabalho. Como denominou Karl Marx, o trabalho, ou as atividades dos trabalhadores, é uma das “forças produtivas” essenciais para a ma-nutenção da própria sociedade. Segundo o setor da Sociologia que tem o trabalho como objeto de estudo, o trabalho é o resultado de dois tipos de atividades: o manual e o intelectual, sendo que, dependendo do processo de produção, há uma variação da proporção desses tipos de ativi-dades. O trabalho operário, por exemplo, pode--se dizer que é mais manual que intelectual, po-rém ainda exige o mínimo esforço intelectual. Já podemos dizer que o trabalho de um engenheiro é mais intelectual do que manual, mas não elimi-nando esse último por completo, pois ao enge-nheiro também se dá uma parcela manual, prin-cipalmente no transporte de um projeto para o papel ou no manuseio de seus instrumentos de trabalho.

Por isso, conforme o grau de capacitação que se é exigido do profissional, teremos duas classes de trabalho: o trabalho qualificado, que só poderá ser realizado com o mínimo grau de aprendizagem e conhecimento específicos, como, por exemplo, o de um torneiro mecânico; e o trabalho não qualificado, que pode ser rea-

lizado sem nenhuma aprendizagem, como, por exemplo, o serviço de um servente de pedreiro.

É justamente a partir dessa classificação do trabalho que são atribuídos os salários, ou seja, o salário irá variar conforme o grau de capacita-ção ou qualificação do trabalhador, assim como a necessidade específica de sua categoria profis-sional. Numa sociedade tão dinâmica como a que vivemos, há também um dinamismo nas neces-sidades de determinadas forças de trabalho. Por isso, historicamente, vimos aparecer e desapare-cer categorias e/ou funções profissionais, que, de tempos em tempos, criam-se, recriam-se, apare-cem e desaparecem numa inconstância que só é justificada por essa dinâmica social e econômica.

SUGESTÃO DE FILMEUm filme interessante que contextualiza de modo bem-humorado a divisão do trabalho é Bee Movie (2007).

MultimídiaMultimídia

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4.3 Matéria-Prima

Matéria-prima é todo componente inicial do produto que, no processo de produção, é transfor-mado para adquirir a forma de bem de consumo final. Como já citamos, um tecido de algodão que se transforma numa peça de vestimenta nasceu como matéria-prima extraída da natureza, assim como os componentes minerais existentes, por exemplo, em brinquedos, computadores, cader-nos escolares etc., que são extraídos dos recursos oferecidos pela natureza. Esses recursos naturais advêm do solo (para a agricultura e a pecuária, por exemplo), das rochas (como os minerais), dos rios e quedas d’água (utilizados para a navegação e a obtenção de energia elétrica).

Conforme for o tipo de sociedade (agríco-la ou industrial), utiliza-se recursos diferenciados; por exemplo, numa sociedade industrial como a nossa, os recursos minerais são essenciais para a obtenção do ferro, do alumínio, do manganês etc., assim como, numa sociedade estritamente agrí-cola, o uso do solo como fornecedor de matéria--prima específica para seu consumo é inevitável. Porém esses recursos, como estamos perceben-do atualmente, são escassos, principalmente por causa do consumo desenfreado e desorganizado desses últimos três ou quatro séculos; por isso a preocupação atual com reciclagem e defesa do meio ambiente.

4.4 Instrumentos de Produção

Para se obter esses recursos, assim como transformá-los em bens de consumo, são utili-zados ferramentas, equipamentos e máquinas. Tudo isso chamamos instrumentos de produção.

Porém, há outros instrumentos que também contribuem com o processo, tais como: o próprio local de trabalho, salas, iluminação, ventilação e todas as instalações necessárias à atividade pro-dutiva. Por isso, quando se dá ênfase à manuten-ção do meio ambiente de trabalho, sugerindo aspectos e modelos de segurança e manuten-ção de equipamentos e outros instrumentos de produção, não estamos nos referindo apenas à manutenção de bens materiais da empresa, mas aos próprios instrumentos que garantem o pro-cesso produtivo e o trabalho propriamente dito.

Ao ignorarmos isso, estamos ignorando a própria relação de trabalho, a relação de produção, que também garante o desenvolvimento da socieda-de moderna como a conhecemos. São os meios de produção que contribuíram com o desenvol-vimento da sociedade e de tudo que ela nos ofe-rece.

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4.6 Modos de Produção

Na atual sociedade capitalista, a combina-ção do trabalho com os meios de produção é cha-mada força produtiva, ou seja, o dono do capital (o industrial ou o empresário) garante os meios de produção, que são a matéria-prima e os instru-mentos de produção, enquanto os trabalhadores garantem a mão de obra (trabalho humano) ne-cessária para a manutenção do processo produti-vo. Como vimos em Karl Marx, é na relação entre as forças produtivas que se determinam as rela-ções de produção. Essas relações, como já se dei-xou claro, ocorrem entre quem garante os meios de produção e os que fornecem o trabalho hu-mano. Dependendo do modelo ou do modo de produção de uma determinada sociedade num momento histórico específico, haverá relações de produção distintas, sendo estas reconhecidas so-

cialmente, ou seja, as relações produtivas são, an-tes de tudo, relações sociais entre trabalhadores e proprietários dos meios de produção.

Em momentos históricos distintos, a socie-dade já conheceu algumas relações de produção diferentes, como no Brasil colonial, por exemplo, em que havia os senhores e seus escravos; na Eu-ropa feudal, os nobres e seus servos; e, na socieda-de capitalista industrial moderna, os empresários e seus assalariados, cada qual com suas relações produtivas diferentes, o que determina, também, as relações sociais de cada época. Podemos dizer, então, que as relações produtivas, ou de produ-ção, determinam não apenas as relações das for-ças produtivas, mas também as próprias relações internas de cada sociedade.

Desde que o homem determinou o proces-so econômico como fonte de sua sobrevivência, surgiram diversos modos de produção, que, cada um em sua época, garantiram a manutenção do homem social e de sua sociedade.

O homem primitivo, por exemplo, desen-volveu o modo de produção comunal ou co-munitário, ou seja, com a participação de toda a comunidade primitiva, no qual as pessoas traba-lhavam em conjunto e a propriedade era coletiva e se garantia a única forma de produção conhe-cida na época: a agricultura e, um pouco depois, a pecuária. Isso deve ter ocorrido, segundo os historiadores, por volta de 10.000 a.C., quando provavelmente a sociedade humana começou a cultivar a terra.

Mais para frente, por força do domínio da propriedade através do poder legal, religioso ou das armas, surgiu o modo de produção escra-

vista, determinando relações de domínio e de sujeição entre as forças produtivas, ou seja, de senhores e escravos. Nesse modo de produção, o escravo era considerado um objeto, um animal ou uma ferramenta explorada pelo seu senhor. A economia escravista se baseava principalmente na agricultura, mas, muitas vezes, se fazia sentir no comércio e em outros serviços. Desde o Egito Antigo, passando pelo mundo greco-romano, até a Ásia Antiga, o trabalho escravo foi o principal, para não dizer o único, modo produtivo conhe-cido.

No Ocidente, particularmente a partir da queda do Império Romano, vimos surgir outro tipo de sociedade, agora baseado num outro modo de produção: o feudalismo. Durante toda a Idade Média, entre os séculos V e XVI, esse modo de produção foi considerado não só o mais perfei-to pelos senhores feudais, como também o mais

4.5 Forças Produtivas e Relações de Produção

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4.7 O Modo Capitalista de Produção

divino pela Igreja Católica da época. Para melhor administrar seus domínios, os reis medievais di-vidiram seus reinos em “feudos”, que possuíam vastas terras agrícolas de centenas de hectares de terra arável. Administrando esse “feudo”, havia os senhores feudais, normalmente ex-generais ou parentes que recebiam títulos de nobreza confor-me a quantidade de terra que detinham (para os condados havia o “conde”; para os ducados, o “du-que”; e, para um grupo de condados, o “barão”). Cada senhor feudal tinha poder econômico, atra-

vés da produção local, e também detinha o poder político, determinando suas próprias leis.

Entre os séculos XI e XVI, começou a surgir uma nova classe econômica, que determinaria o surgimento de um novo processo econômico e, mais tarde, um novo modo de produção: a bur-guesia. Essa burguesia era composta, principal-mente, de pequenos comerciantes, que, livres das amarras feudais, desenvolveram o mercantilis-mo, base do sistema capitalista que viria a surgir a partir do século XVII.

Capitalismo é a expressão oriunda do modo de produção capitalista e de um sistema social também chamado capitalismo. A base desse modo produtivo é o capital, ou seja, o dinheiro ou bem econômico que garante um sistema mo-netário; não mais a posse de terras, mas o poder econômico que garante até mesmo essa posse. Esse modo de produção surge quando do desen-volvimento da burguesia, que, como já foi dito, desenvolveu-se à margem do feudalismo, através do comércio e do mercantilismo.

Não bastava apenas, no sistema feudal, a produção agrícola. Havia também a necessidade do escoamento do excesso dessa produção. Daí o papel desse comerciante: o de fazer escoar essa produção. Além disso, essa burguesia (a palavra ‘burguês’ ou burgensis significa “aquele que vive na cidade ou no burgo”, mas que não era servo feudal), mais para frente, contribuiu com o desen-volvimento sistemático da industrialização, que foi “bancada” por burgueses que enriqueceram através do sistema mercantil. Entre os séculos XVII, XVII e, principalmente, XIX, a chamada Re-volução Industrial se deu efetivamente em toda a Europa. Novos meios de produção, baseados na indústria, desenvolveram-se largamente nes-se período, formatando o que conhecemos hoje como sociedade capitalista.

O modo de produção capitalista é baseado em duas forças produtivas básicas: o capital pri-vado, garantido por empresários particulares ou privados para a compra e manutenção dos meios de produção, e o trabalho assalariado, garanti-do pelo trabalhador qualificado ou não. A diferen-ça, então, está não só no capital garantido pelo empresário e na mão de obra do trabalhador, mas nas novas relações produtivas e sociais que sur-gem por todo o período. Essa nova relação se dá pela “venda” do trabalho humano por um salário, como já vimos anteriormente. No entanto, essa relação produtiva não garantiu definitivamente a segurança do sistema, principalmente dada a exploração dessa mão de obra por boa parte dos empresários. Muitas revoltas ocorreram no final do século XVIII e, principalmente, durante o sécu-lo XIX, dando vazão para o desenvolvimento, ao menos teoricamente, de um novo pensamento para um sistema que garantisse uma harmonia entre as forças produtivas: o comunismo, obtido pelo modo de produção socialista.

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Segundo Karl Marx, em sua obra O capital, o sistema capitalista, com seu modo de produção específico, estaria entrando em colapso dada a desarmonia entre suas forças produtivas, ou seja, o não entendimento entre empresários e traba-lhadores, entre capital e mão de obra. Essa afir-mação se deu, principalmente, quando Marx es-tudou as revoltas trabalhistas ocorridas no século XIX e percebeu que essas revoltas tinham como justificativa a exploração exacerbada dos empre-sários sobre os trabalhadores. Para Marx, a garan-tia da manutenção do capitalismo, assim como da própria sociedade, estaria comprometida. Have-ria a necessidade de se repensar tanto o sistema capitalista quanto seu modo de produção e as re-lações produtivas nele. Daí um novo pensamento surge das ideias de Marx e Engels: o socialismo.

Não tão novo como se pensa, pois, desde o século XVI, muitos filósofos e cientistas sociais o tinham como fonte de suas pregações, o socialis-mo primitivo era mais de cunho utópico, ou seja, impossível de ser praticado. Com os pensadores alemães Karl Marx e Friedrich Engels, o socialismo ganha caráter científico, baseado em estudos e discussões interdisciplinares de Economia, Polí-tica e Antropologia. Segundo eles, o capitalismo, dado o seu dinamismo econômico e social, seria somente o início de um caminho que levaria a so-ciedade a um sistema econômico comunista, ou seja, baseado na distribuição comunitária da pro-dução. No entanto, para se chegar a isso, a socie-dade e as relações produtivas tinham de mudar, o que só seria possível através de um novo modo de produção que garantisse a harmonia desejada entre as forças produtivas.

Assim, o desenvolvimento de novas forças produtivas deveria acontecer. Essas forças produ-tivas seriam, segundo Marx e Engels, o proletaria-do e o Estado. O assim chamado proletariado se-ria a vertente socialista do trabalhador assalariado capitalista, enquanto o Estado cumpriria o papel

que antes seria do empresário. Dessa maneira, ou seja, através do modo de produção socialista, a sociedade estaria garantindo seu caminho para um sistema mais harmonioso: o sistema comunis-ta, no qual não haveria mais a necessidade de o Estado garantir os meios de produção, pois a pró-pria comunidade cumpriria esse papel, e no qual acabariam as classes e as diferenças sociais.

A história conheceu ao menos dois momen-tos em que o socialismo e o modo de produção socialista existiu: a Comuna de Paris, durante o início da Revolução Francesa, ainda sob os aspec-tos utópicos do socialismo primitivo, e na antiga União Soviética, que, através de uma grande revo-lução, tão importante quanto a Revolução Fran-cesa, colocou não só a Rússia como uma série de países sob a tutela socialista. Nesse último caso, o socialismo científico pregado por Marx e Engels foi colocado em prática, mas com algumas refor-mulações, centralizando o poder da distribuição dos meios de produção, da mão de obra e dos próprios bens oriundos dessa relação produtiva.

Essa experiência mostrou-se, anos depois, falida, dados os enormes problemas tecnológi-cos e de qualificação de mão de obra, além de um enorme território geográfico, impossível de ser controlado sem burocracias, que engessaram todo o sistema.

AtençãoAtenção

Segundo Marx e Engels, as novas forças produ-tivas seriam o proletariado, uma vertente so-cialista do trabalhador assalariado capitalista, e o Estado, o qual cumpriria o papel que antes seria do empresário.

4.8 O Modo Socialista

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4.9 As Novas Relações de Trabalho do Século XXI

Com o desenvolvimento dos sistemas de trocas baseados no livre comércio entre as na-ções, na integração das economias e das socieda-des e, principalmente, na difusão de informações a partir da segunda metade do século XX, surge o processo ao qual foi dado o nome globalização.

Com a profusão desses sistemas de trocas comerciais, industriais e informacionais, o mundo (e suas nações) passou a desenvolver a interação de normas e regras gerais de conduta, na qual sis-temas políticos, econômicos e culturais acabaram por se cruzar e gerar novos comportamentos, até mesmo sociais. O processo de globalização aca-bou por transformar os próprios conceitos de nação, país e Estado, sendo que, hoje, com o fim de algumas fronteiras internacionais, esse mes-mo processo aproximou os indivíduos de todo o mundo.

As fronteiras que mais caíram foram da eco-nomia e da cultura. No entanto, ainda há, mesmo nessas áreas, muitos choques, seja entre culturas, seja entre religiões, seja nas relações produtivas, nas quais movimentos extremistas internacio-nais ainda resistem ao processo, mesmo assim não conseguem evitá-lo, mesmo porque esse processo está relacionado aos processos de dis-seminação global de informação através das no-vas tecnologias de comunicação, que, a cada dia, aproximam mais e mais indivíduos, povos, cultu-ras, nações etc.

Nessa nova característica mundial, ainda ca-pitalista, ocorreu uma mudança de foco, segundo a qual a ação produtiva não se encontra somen-te em quem detém os meios de produção e em quem fornece a mão de obra. Agora, o foco, cada vez mais claro, está no poder da informação e do poder do capital econômico (sendo que este tam-bém se encontra sob o comando da informação).

Dessa maneira, mudam-se também as rela-ções produtivas, em que a mão de obra industrial, qualificada ou não, já está sendo substituída por máquinas (pelos computadores e pela robótica), dando vazão à necessidade de um novo trabalha-

dor, mais especializado, totalmente qualificado para assumir o papel cada vez mais intelectual e menos manual. Nesse novo sistema, o analfabe-tismo, por exemplo, não é mais uma opção; não há mais espaço para trabalhadores com níveis mínimos de aprendizado. Tecnologicamente, os meios de produção estão cada vez mais comple-xos, demandando trabalhadores extremamente especializados, com níveis de exigência que ex-trapolam em muito quaisquer exigências máxi-mas do final do século XX.

A informatização, que barateia os custos de produção da indústria, também gera um con-tingente cada vez maior de desempregados. Na busca pela manutenção de suas funções, os tra-balhadores desses novos tempos têm assumido formas de ampliar sua qualificação. No entanto, as relações produtivas, ou seja, entre empresários e trabalhadores, também têm sofrido desgastes, tanto de uma parte quanto da outra. Por parte dos trabalhadores, como já foi dito, a busca por uma melhor qualificação tornou-se essencial, mas a custos cada vez maiores. Por parte dos em-presários, os custos também aumentaram, visto que muitos deles estão tentando qualificar uma mão de obra cada vez mais escassa.

Mesmo assim, isso não está garantindo a recolocação da maior parte de trabalhadores, ge-rando um desemprego cada vez mais crescente. Com o número de desempregados aumentando, cresce também a miséria e, com ela, a exclusão social e a violência. No entanto, a história nos en-sina novamente que a cada novo processo social, de grandes mudanças produtivas e econômicas, a sociedade sofre até sua adaptação. Foi assim com a transição do modo de produção escravista para o modo de produção feudal e deste para o modo de produção capitalista ou industrial. Mas é claro que o contingente atual é muito maior que em qualquer época anterior. Por isso, ainda não há respostas claras para o que virá, apenas projetos.

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Aprendemos, em nossos estudos durante o ensino médio, que a História da Humanidade foi dividida em períodos históricos. Essa divisão em Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Ida-

4.10 A Terceira Onda: Fonte de Mudanças

de Moderna e Idade Contemporânea serviu para muitos como um meio de explicar o desenvolvi-mento da própria sociedade humana. Essa divi-são era vista da seguinte maneira:

Quadro 1 – Divisão da História da Humanidade.

Pré-História Idade Antiga Idade Média�� A formação do homem

enquanto ser social;

�� Início do modo de pro-dução agrícola.

�� Aprimoramento do modo de produção agrícola para o modo escravista;

�� Surgimento da democracia grega e do conceito de cida-dão, mas com restrições;

�� Cultura baseada na mitolo-gia.

�� Início e fim do Império Ro-mano.

�� Com a queda do Império Romano, por volta do século IV, inicia-se a Idade Média;

�� Suas principais característi-cas foram:

a) riqueza em forma de terras e territórios e modo de produ-ção feudal;

b) domínio religioso, econômi-co e político da Igreja Cató-lica;

c) sociedade de castas: clero, realeza, guerreiros e vassalos.

Idade Moderna Idade Contemporânea Idade Pós-Moderna�� Inicia entre os séculos XVI e

XVII, a partir:a) da queda do poder po-

lítico da Igreja Católica;b) do crescimento comer-

cial com as navega-ções;

c) do início da Revolução Industrial na Europa;

�� Em 1789, ocorre a Revo-lução Francesa, quando se discutem os direitos do homem e da sociedade, crescimento das cidades e do homem urbano.

�� Entre os séculos XVIII e XX, com o desenvolvimento da indústria como um modo de produção;

�� Fortalecimento das nações e amplo crescimento dos cen-tros urbanos; surgimento de guerras intercontinentais no século XX: a 1ª e a 2ª Guerra Mundial;

�� Crescimento da produção de bens materiais e de con-sumo.

�� Início após o lançamento da bomba atômica em Hiroshi-ma e Nagasaki;

��Desenvolvem-se os setores de serviços e de informação em detrimento do setor in-dustrial.

�� Com isso, a indústria começa a sua dependência em rela-ção aos serviços de informa-ção.

No entanto, a partir do final do século XX, muitos pensadores começaram a rever esses con-ceitos de divisão histórica da sociedade humana, particularmente quando começaram a ocorrer mudanças sociais sistemáticas e constantes, ad-vindas dos novos sistemas de informação e co-municação baseadas na informática. No entender de muitos pensadores, já na primeira Revolução Industrial, ocorrida entre os séculos XVIII e XIX, o

incremento das máquinas facilitou o rendimen-to do trabalho humano. Segundo Adam Schaff (1995), a segunda Revolução Industrial, que im-plantou novas configurações técnico-industriais a partir da microeletrônica, microbiologia e da energética, promoveu outro salto qualitativo, com a eliminação do trabalho humano em boa parte dos casos, mas tanto com consequências positivas quanto negativas. Para Schaff (1995),

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essa segunda revolução pode ser vista de duas maneiras: a primeira, mais otimista, aponta para uma sociedade mais democrática e materialmen-te mais rica, pois as novas tecnologias realmente fornecem até mesmo redução das horas de tra-balho e um rendimento produtivo maior. Além disso, como já podemos sentir, essa segunda Re-volução Industrial aproxima culturas e promove uma universalização mais acirrada. No entanto, Schaff (1995) também mostra alguns caminhos um tanto negativos, tais como: a classe em declí-nio, rumando ao totalitarismo; o poder nas mãos das multinacionais, interferindo na política inter-nacional; o fim das culturas locais e seus folclores únicos etc.

Contudo, há os que enxergam de maneira diferente as mudanças promovidas pela socieda-de da informação. “A Informação será a maior mer-cadoria a ser produzida pelo ser humano a partir do Século XXI”. Essa afirmação é do filósofo e so-ciólogo norte-americano Alvin Toffler (TOFFLER; TOFLER, 1995), que, desde a década de 1970, vem promovendo estudos relativos aos efeitos que a formação de uma rede mundial de informação poderá trazer para a humanidade.

Para entendermos o que Toffler quer nos dizer, precisamos compreender qual a lógica desse seu pensamento. Segundo ele (TOFFLER; TOFFLER, 1995), a História Econômica mostra que o desenvolvimento da humanidade se dá a partir de grandes mudanças que os modelos de produção fornecem, ou seja, a sociedade humana deu grandes saltos de desenvolvimento a partir das mudanças nos processos de produção. Esses “saltos” foram chamados “ondas” pelo autor. Para ele, a metáfora das “ondas” explica, de forma sim-ples, o que tem ocorrido com o homem desde sua Pré-História. Do mesmo modo que uma onda do mar, que, quando passa, modifica tudo que está debaixo dela, as “ondas” tofflerianas também mo-dificam tudo por onde passam.

Toffler (TOFFLER; TOFFLER, 1995) esquema-tiza dessa maneira:

�� 1ª Onda: a primeira grande “onda” por qual o homem passou ocorreu quando,

ao deixar de ser nômade, desenvolve um sistema social baseado no sistema de produção agrícola, ou seja, quando ele desenvolveu a arte do plantio, da agricultura, produzindo seu próprio sustento e aprendendo a trabalhar a terra (e, posteriormente, também os animais). Basicamente, esse processo produtivo (a agricultura) diferenciou o homem dos outros animais, pois for-neceu a ele os quesitos necessários para sua organização social e cultural. Durante esse longo período, a humani-dade desenvolveu, também, alguns sis-temas produtivos, como o comunitário, o escravista e o feudal, além de outros sistemas relativos a eles. Nesse período, a base da formação da sociedade era, tranquilamente, a agricultura. Assim, podemos dizer que a 1ª onda durou até o fim da Idade Média, quando do ad-vento da Revolução Industrial;

�� 2ª Onda: nesta nova onda de mudan-ças, que surge com a Revolução Indus-trial, a própria sociedade se modifica, pois, além de conhecer novas formas de trabalho (do produtor e mão de obra agrícolas ao industrial e mão de obra qualificadas para a produção in-dustrial seriada), conheceu novas re-lações sociais e culturais que surgem daí: das pequenas “vilas” ou feudos para as grandes cidades (depois metrópo-les), cujas bases estruturais já não mais eram os centros de produção agrícola, mas os grandes centros industriais, com suas fábricas e todo um contingente de trabalhadores semiqualificados para a produção em série de produtos que iriam modificar as relações entre capital e trabalho. Durante esse período (que basicamente perdurou até o século XX), o homem conheceu uma diversidade de produtos que transformou o modo humano de estar e ver o mundo. A base era estritamente industrial, pois agora a agricultura estava em segundo plano e

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dependia totalmente dos processos in-dustriais.

Nessa 2ª onda, o homem pôde vislum-brar vários “sonhos”, antes utópicos, de uma sociedade mais justa, mais iguali-tária, mais confortável. Mas, o que vimos não foi exatamente isso. As relações tra-balhistas que daí surgiram mostraram ser tão desagradáveis quanto as escra-vistas da 1ª onda. Uma série de novos problemas, como o abuso do poder do capital (ou seja, dos donos das fábricas) com relação aos trabalhadores assala-riados, por exemplo, forneceu razões para uma grande crítica ao novo siste-ma, principalmente no século XIX, com diversos levantes trabalhistas sugerin-do mudanças na forma de distribuição das rendas obtidas pela indústria.

No entanto, não dá para negar que a Revolução Industrial também provo-cou uma revolução no modo de agir e pensar do homem. Antes dela, o mun-do era muito maior, ou seja, antes das máquinas da Revolução Industrial, as distâncias eram muito maiores; o co-mércio padecia da falta de estruturas viárias; o conforto da vida social, a edu-cação e a saúde públicas eram inviá-veis, oferecendo uma vida média de, no máximo, trinta anos para o geral da população. Com a 2ª onda, as distâncias diminuíram, a idade média de vida da população aumentou e, principalmen-te, surgiram meios de informação e co-municação que permitiram com que o homem tivesse acesso às mais diversas informações.

Do telégrafo à internet, passando pelo rádio, pela televisão, pelo satélite e pelo computador, os mais diversos veícu-los de informação e comunicação só puderam surgir com o advento da in-dústria. Dessa forma, além das grandes mudanças provocadas nas relações de trabalho, também vimos surgir mudan-

ças quantitativas e qualitativas nas rela-ções culturais, cujas bases agora são os meios de comunicação de massa;

�� 3ª Onda: com o advento da indústria e, posteriormente, com as novas tecnolo-gias, particularmente as da informação e da comunicação, a sociedade se viu diante de um novo sistema social e cul-tural. A base agora não é mais os pro-dutos oriundos da produção agrícola nem da produção industrial, mas sim da produção da informação: daí o termo ‘sociedade da informação’. Se, anterior-mente, a sociedade dependia do siste-ma de produção agrícola e, mais tarde, do sistema de produção industrial, sem o detrimento do primeiro, agora a so-ciedade, assim como a agricultura e a indústria, depende de um novo siste-ma, o de produção da informação.

Percebe-se que nem um nem outro sistema descartam anterior, mas cria--se uma interdependência, em que, de modo crescente, o anterior depende do posterior e assim por diante. Dessa ma-neira, a primeira riqueza produzida pela sociedade, historicamente falando, foi retirada da agricultura; o segundo pe-ríodo de riqueza surge dos processos industriais, que abraçaram a agricultu-ra; e o terceiro período de produção de riqueza agora está nas mãos do siste-ma de informação, que tanto abraçou a agricultura (sem informação não se planta nem se colhe nada) quanto a in-dústria (que depende totalmente dos processos gerados pelo sistema de in-formação, ou seja, basicamente de soft-wares e tecnologias da informática).

Com essas tecnologias, também se sen-tem mudanças de âmbito político, eco-nômico e cultural, através das quais a sociedade já percebe novos paradigmas de comportamento, até mesmo familia-res. Por isso, entrar na 3ª onda não signi-fica somente mudar comportamentos

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trabalhistas, empresarias e produtivos. Significa, também, a geração de novas relações sociais e culturais, assim como o fim de antigos empregos e serviços e o surgimento de novas áreas de traba-lho, mais com base na informatização e na informação do que em condições de trabalhos braçais e manuais.

Veja o quadro a seguir e perceba como se deu o surgimento da 3ª onda, prevista por Alvin Toffler (TOFFLER; TOFFLER, 1995):

Quadro 2 – 3ª Onda.

1ª Onda 2ª Onda 3ª Onda

�� Sistema de produção agrícola;

�� Sistema de comunicação via transmissão verbal oral e depois escrita;

�� Sistema social e cultural com base na formação de tribos, clãs e, posteriormente, feu-dos;

�� Modo de produção comu-nitário, para o escravista e, depois, para o feudal.

�� Sistema de produção indus-trial;

�� Sistema de comunicação via transmissão verbal escrita, com tecnologia industrial própria;

�� Sistema social e cultural com base na formação de cidades e, posteriormente, metrópo-les;

�� Modo de produção capitalista (força produtiva).

�� Sistema de produção “infor-macional”;

�� Sistema de comunicação baseado nas tecnologias da comunicação e da informática (internet);

�� Sistema social e cultural com base na formação de tribos urbanas e comunidades da “infosfera”;

�� Avanço do modo de produção capitalista (know-how).

Bem, se o sistema de informação pode mo-dificar tanto as condições de produção da própria indústria, o que se pode falar do sistema cultural? Ao entendermos que o “produto” final do sistema agrícola é toda a produção agrícola e pecuária, assim como o do sistema industrial é os produ-tos industriais, como vestimentas, ferramentas, objetos utilitários e uma série infindável de ma-quinários que facilitam nossa vida, o sistema de informação (ou informacional) oferece um bem genérico que não pode ser contabilizado como “matéria”, mas como um bem “simbólico”, calcu-lável somente pelo seu caráter “imaterial”, porém utilitário em toda nossa vida pessoal, social, tra-balhista e cultural.

Grandes exemplos podem ser dados: os softwares, ou programas, de computador, que são usados pela maioria (para não dizer todas) das in-

dústrias para controlar, organizar e contabilizar a produção; os endereços pessoais de correio ele-trônico (e-mail) da internet, contribuindo na apro-ximação das pessoas; até mesmo os programas de TV e de rádio, que fornecem tanto informação básica quanto entretenimento à população etc.; vimos, assim, uma série sem fim de utilização dentro da atual sociedade, ao ponto de nos tor-narmos “dependentes” dessa estrutura, tal como a sociedade já foi da agricultura e dos produtos industriais. Vê-se, portanto, que um não descarta o outro, como foi visto anteriormente. Sente-se, porém, uma interdependência dos processos, ao ponto de uma grande “convergência” de âmbito digital, na qual informações agrícolas, industriais, pessoais, comerciais etc. deverão estar totalmen-te inseridas nos próximos dez anos.

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Neste capítulo, estudamos a Economia, segundo o ponto de vista apresentado por Karl Marx, como uma forma de compreender a organização da sociedade em classes e a importância do trabalho e da renda na vida dos indivíduos em sociedade. Alguns dos conceitos utilizados pelo autor têm grande importância na economia. São eles: mais-valia (mais valor), salário, lucro e preço.

Sabemos que mais-valia e lucro são diferentes, apesar de serem parecidos, já que um tem relação à produção da mercadoria, enquanto o outro está ligado à circulação das mercadorias, não envolvendo a produção de valor. Também sabemos que o salário tem uma função social específica, que possibilita o surgimento da figura do “proletário”, ou seja, do trabalhador assalariado, que vende sua mão de obra.

4.11 Resumo do Capítulo

4.12 Atividade Proposta

1. A partir do fragmento do texto a seguir e da teoria econômica marxista, explique o que é a mais-valia.

“Para o aumento do mínimo de 2012 será utilizado o crescimento do PIB no ano de 2010. Por esse mecanismo, considerando a inflação projetada para 2011 de 6% e um crescimento do PIB em 2010 de 7,5%, o aumento do salário mínimo será de 14% em 1º de janeiro de 2012.

[...] Com isso, ameaça disparar o gatilho dos preços em diversos setores da economia. Basta lem-brar que, País afora, folhas de pagamento e preços oscilam com base justamente no salário mínimo. Ao criar a lei, o governo não levou em conta que o aumento real dos salários deve ser obtido com ganhos de produtividade. E corre o risco de transformar em perda para toda a sociedade aquilo que, à primeira vista, pode parecer um ganho.”

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Como pudemos perceber, os estudos sociológicos nos oferecem algumas possibilidades de am-pliarmos nosso conhecimento sobre nós mesmos e a sociedades em que vivemos. São várias as áreas de estudo referentes à Sociologia, entre elas a Antropologia, através da qual entendemos nossa produção cultural, ou a Economia, pela qual compreendemos os processos de produção e distribuição de renda etc.

Para a área do trabalho, os estudos sociológicos são referências para compreendermos os proces-sos, as interações, os contatos e as aspirações sociais, sem as quais, como já vimos, não seria possível nenhum processo de produção.

Compreender os meios de produção e as relações produtivas neste início de século sem entender como e por que a própria sociedade os criou seria tentar entender a complexidade do Universo sem conhecer o telescópio, ou seja, seria pura conjectura. Por isso, os estudos sociológicos, assim como suas metodologias, contribuem para um conhecimento mais profundo do homem, seja de forma crítica, seja de forma mais branda, reconhecendo a importância dos processos sociais, produtivos e econômicos, assim como de seus agentes mais próximos.

Compreender as relações entre as classes sociais, assim como tudo aquilo que as gerou, significa, então, reconhecer nossa participação, de alguma forma, nessas relações. Com isso, teremos a possibili-dade de estendermos nossas relações em outros campos profissionais, na compreensão de nossa parti-cipação direta ou indireta neles.

CONSIDERAÇÕES FINAIS5

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RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS

CAPíTULO 1

1. A Sociologia estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. Para seu surgimento, os seguintes fatos foram fundamen-tais: a desagregação da sociedade feudal, o fim da Idade Média, a consolidação da sociedade capitalista, o fim do poder total da Igreja Cristã e, particularmente, do pensamento teocêntri-co, a Revolução Francesa e o desenvolvimento da industrialização.

CAPíTULO 2

1. Para Durkheim, os fatos sociais são fenômenos que existem no viver do indivíduo em socieda-de. Possuem características coercitivas (normativas/restritivas), levando-o a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem, são aspectos preexistentes socialmente e alheios às vontades e escolhas dos indivíduos, e ainda são generalistas – aplicam-se a todos os indivídu-os que vivem em dada sociedade. Os fatos sociais, portanto, refletem crenças, valores e modos de vida da sociedade observada. De acordo com essa inferência baseada em Durkheim, há de se concluir que dos meios e condições externas de convivência, reflexos dos fatos sociais e condicionantes necessárias para que haja o sujeito em sociedade, surge a constituição do indivíduo.

CAPíTULO 3

1. O trabalho é a essência do homem, pois é o meio pelo qual nos relacionamos com a natureza e a transformamos em bens, nos quais está o valor. O trabalho produz mercadoria, que possui um valor de uso e um de valor de troca.

CAPíTULO 4

1. Mais-valia é o tempo de trabalho não pago ao trabalhador, base do lucro na produção de mercadorias, ou seja, é a diferença entre o valor da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho, que seria a base do lucro no sistema capitalista.

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REFERÊNCIAS

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SCHAFF, A. A sociedade informática: as consequências sociais na segunda revolução industrial. 4. ed. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista; Brasiliense, 1995.

TOFFLER, A.; TOFFLER, H. Criando uma nova civilização: a política da terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1995.