apostila - modelagem de sistemas fisicos - parte 02 (1)

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Prof. Leandro Michels 31 Modelagem de Sistemas Físicos 3. Sistemas em Engenharia de Controle e Automação 3.1. Automação É o uso de sistemas de controle e tecnologias da informação para reduzir a necessidade de trabalho humano para a produção de coisas e serviços. Diferente da mecanização, que substitui a força humana por máquinas, a automação reduz a necessidade do uso contínuo dos sentidos humanos para inspeção e da capacidade mental humana para controle. Automatizar um processo é integrar e coordenar as funções de comando, monitoração, controle, inteligência computacional, alarme, intertravamento, registro e comunicação. Controle automático não é automação, e sim uma das várias camadas da automação. 3.1.1. Funções de um sistema automatizado Os sistemas de automação são normalmente compostos pelos seguintes elementos: Controle Controle é o sistema empregado para regular o comportamento de outros dispositivos ou sistemas. Controle é denominado automático é quando não há intervenção do operador (ou há a mínima intervenção do operador), ou manual, quando o operador atua manualmente no processo. Normalmente os sistemas de automação possuem a opção de mudança entre os modos. Ex.: Controle de temperatura de uma sala Inteligência computacional Busca o desenvolvimento de sistemas inteligentes que imitem aspectos do comportamento humano, tais como: aprendizado, percepção, raciocínio, evolução e adaptação. Normalmente emprega técnicas inspiradas na natureza. Emprega técnicas denominadas de inteligência artificial (redes neurais, algoritmos genéticos, lógica fuzzy, entre outras) Ex.: Reconhecimento de escrita em palmtops. Comando Gerar os sinais de referência para o sistema de controle atuar automaticamente no sistema. Pode ser préprogramado na fabricação do sistema ou programado para cada situação de uso. Ex.: Gerenciador de semáforos que determina que o semáforo que atua em modo “amarelo piscante” das 24h às 05h30min.

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Apostila - Modelagem de Sistemas Fisicos - Parte 02 (1)

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Page 1: Apostila - Modelagem de Sistemas Fisicos - Parte 02 (1)

 

Prof. Leandro Michels  

31Modelagem de Sistemas Físicos

3. Sistemas em Engenharia de Controle e Automação  

 

3.1. Automação 

É o uso de sistemas de controle e tecnologias da informação para reduzir a necessidade de trabalho humano  para  a  produção  de  coisas  e  serviços.  Diferente  da mecanização,  que  substitui  a  força humana por máquinas, a automação  reduz a necessidade do uso  contínuo dos  sentidos humanos para inspeção e da capacidade mental humana para controle. 

Automatizar um processo  é  integrar  e  coordenar  as  funções de  comando, monitoração,  controle, inteligência computacional, alarme,  intertravamento,  registro e comunicação. Controle automático não é automação, e sim uma das várias camadas da automação. 

 3.1.1. Funções de um sistema automatizado 

Os sistemas de automação são normalmente compostos pelos seguintes elementos:  

Controle 

• Controle é o  sistema empregado para  regular o  comportamento de outros dispositivos ou sistemas. 

• Controle  é  denominado  automático  é  quando  não  há  intervenção  do  operador  (ou  há  a mínima  intervenção  do  operador),  ou manual,  quando  o  operador  atua manualmente  no processo. Normalmente os sistemas de automação possuem a opção de mudança entre os modos. 

• Ex.: Controle de temperatura de uma sala 

Inteligência computacional 

• Busca o desenvolvimento de sistemas  inteligentes que  imitem aspectos do comportamento humano, tais como: aprendizado, percepção, raciocínio, evolução e adaptação. 

• Normalmente emprega técnicas inspiradas na natureza. 

• Emprega técnicas denominadas de inteligência artificial (redes neurais, algoritmos genéticos, lógica fuzzy, entre outras) 

• Ex.: Reconhecimento de escrita em palmtops.  

Comando 

• Gerar os sinais de referência para o sistema de controle atuar automaticamente no sistema. 

• Pode  ser pré‐programado na  fabricação do  sistema ou programado para  cada  situação de uso. 

• Ex.: Gerenciador de semáforos que determina que o semáforo que atua em modo “amarelo piscante” das 24h às 05h30min.  

 

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Prof. Leandro Michels  

32Modelagem de Sistemas Físicos

Monitoração 

• Monitorar  um  processo  é medir  e  acompanhar  os  valores  de  variáveis  do  processo,  sem necessariamente se realizar o controle das mesmas. 

• Empregam sensores que podem ou não ser também empregados para controle. 

• Ex.: Sistema de telemetria dos carros de Formula 1 

Alarme 

• Consiste em utilizar dispositivos para chamar a atenção do operador quando uma condição especificada do processo for atingida.  

• Normalmente é empregada quando uma ou mais variáveis do sistema igualar ou ultrapassar determinados valores pré‐determinados. 

• Ex.: Indicação visual empregada para avisar que um sensor está sem sinal. 

Intertravamento 

• Intertravamento  consiste  em  uma  atuação  automática  do  sistema  quando  uma  condição especificada do processo for atingida.  

• É muito empregado como proteção, ligando ou desligando algum equipamento para manter o processo sempre seguro. 

• Normalmente atua em  conjunto com o  sistema de alarme,  informando ao operador  sobre sua atuação.  

• Ex.: Indicação visual empregada para avisar que um sensor está sem sinal. 

Registro 

• Consiste  em  armazenar  as  informações  das  variáveis  e  de  eventos  ocorridos  durante  a operação  do  sistema.  Estas  informações  podem  ser  base  para  relatórios  de  análise  do sistema. 

• Ex.: Sistema de armazenamento das entradas e saídas em um sistema de acesso eletrônico de ambientes. 

Comunicação 

• Receber informações de outros dispositivos para a geração de sinais de comando. 

• Enviar informações do processo para outros dispositivos que as necessitam. 

• Ex.:  Sistema  que  envia  informações  sobre  problemas  no  sistema  de  automação  para  o telefone celular do técnico de manutenção em sobreaviso.   

3.2. Sistemas de controle automático 

É um dispositivo ou conjunto de dispositivos usados para gerenciar, comandar, dirigir ou regular o comportamento de outros dispositivos ou sistemas. 

3.2.1. Elementos de um sistema de controle automático 

Os sistemas de controle são normalmente compostos pelos seguintes elementos:  

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33Modelagem de Sistemas Físicos

Planta 

• É o objeto/sistema a ser controlado; 

• São compostos por uma estrutura interna associada ao mundo exterior por suas entradas e saídas; 

• São normalmente sistemas dinâmicos cujo comportamento depende do tempo; 

• Normalmente envolve níveis relativamente altos de potência; 

• Ex.: Forno a gás. 

Sensores 

• Dispositivos sensíveis a um fenômeno físico; 

• São empregados para observar a evolução temporal das saídas do sistema (podem ser usados em outras variáveis); 

• Os sinais de saída envolvem níveis relativamente baixos de potência; 

• Ex.: Sensor de temperatura. 

Atuadores 

• Dispositivos a serem acionados para modificar uma grandeza física de entrada que influencia no comportamento da planta; 

• São empregados para modificar as variáveis de entrada do sistema; 

• Os sinais de atuação envolvem níveis relativamente baixos de potência; 

• Ex.: Válvula de regulagem de entrada de gás. 

Controlador 

• Elemento que determina os sinais para os atuadores com base nos objetivos de controle para as variáveis de saída do sistema e na evolução temporal das variáveis medidas; 

• Os sinais de atuação envolvem níveis relativamente baixos de potência; 

• Ex.: Controlador eletrônico do gás. 

Comando 

• É a interface que geram os sinais de comando do usuário para o sistema de controle; 

• Geram os sinais de referência para o controle; 

• Ex.: Botão de ajuste de temperatura do forno a gás. 

Os principais elementos dos sistemas de controle e suas interconecções são mostrados na Figura 43. 

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34Modelagem de Sistemas Físicos

Atuadores Planta...

sinaismedidos

... Sensores

variáveisde

controle

Controlador

distúrbios

... ...

Comando

...

...sinais de

referências

sinais decontrole

 Figura 43 – Diagrama de bloco de um sistema de controle genérico 

 3.2.2. Principais classes de controladores automáticos 

 Controle de Sistemas Dinâmicos a Eventos Discretos (ou controle lógico) 

Sistemas  Dinâmicos  a  Eventos  Discretos  (SDEDs)  cuja  evolução  dinâmica  no  tempo  depende  da ocorrência de eventos. Um evento pode ser  identificado como uma ação proposital  (ex.:  ligar uma chave ou  interruptor) ou o  resultado da  verificação de uma  condição  (ex.:  a  temperatura  em um forno excedeu o limite máximo permitido). Nos SDEDs, o modo como o sistema se comporta pode ser alterado com a ocorrência de algum evento. 

A palavra "discreta" não quer dizer que "o tempo é discreto", nem  implica necessariamente que "o estado é discreto"  (na verdade, como se pode ver, as variáveis do sistema podem assumir valores contínuos), mas  esta  palavra  refere‐se  ao  fato  de  que  o  dinâmicas  são  feitas  de  eventos;  estes eventos podem, eventualmente, ter uma evolução contínua. Contudo, o foco principal está no fato de que um evento pode desencadear novos eventos. 

Sobre a abordagem empregada para estes sistemas, pode‐se afirmar: 

• considera  a  ocorrência  de  eventos  ou  a  impossibilidade  de  sua  ocorrência  (denomindada deadlock); 

• considera a  série de eventos, ou  seja, a  sequência de eventos que ocorreram no passado (estado); 

• não considera o tempo preciso em que os eventos ocorrem. 

O  controle  de  sistemas  a  eventos  discretos  é  também  denominado  de  comando  seqüencial  ou controle discreto, e tem como características: 

• São os sistemas que envolvem manipulação de variáveis quantizadas, sendo principalmente variáveis lógicas (verdadeiro/falso) ou binárias (1/0). 

• Tanto  as medidas  dos  sensores  quanto  a  ação  para  os  atuadores  são  vistos  como  uma condição lógica para o sistema de controle. 

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35Modelagem de Sistemas Físicos

• São  modelados  matematicamente  por  autômatos  finitos,  redes  de  Petri  e  cadeias  de Markov, cujos fundamentos matemáticos envolvem lógica booleana e matemática discreta. 

• A  aplicação  prática  destes  controladores  é  estudada  em  disciplinas  de  algoritmos  e programação,  eletrônica  digital,  informática  industrial,  sistemas  supervisórios,  redes industriais, eletrotécnica, acionamentos pneumáticos e hidráulicos. 

Os  sistemas de controle a eventos discretos  são necessários para comandar a  sucessão de  tarefas pelos seguintes motivos:  

• Necessidade de sincronização de tarefas, tendo como base a ocorrência de eventos. 

• Existência de  exclusão mútua ou  competição pelo uso de mesmos  recursos, o que  requer uma política para arbitrar conflitos e definir prioridades, sendo todos os tipos de problemas geralmente referidos pelo nome genérico de programação. 

Ex.: Geladeira com controle de temperatura por termostato. 

Regras de funcionamento da geladeira: 

• Quando a temperatura for maior que 5o C, liga o compressor. 

• Quanto a temperatura for menor que 0o C, desliga o compressor  

Atuador(relé) Planta

temp.energia

Controlador

Sensor

ComandoTermostato

on/off

 Figura 44 – Diagrama de bloco do sistema de controle 

ON OFF

Temp < 0oC

Temp > 5oC  Figura 45 – Representação comportamental do sistema a eventos discretos 

t

Temp

Temp> 5oC

Temp< 0oC

t

tRelé

VariávelContínua

EventosDiscretos

EventosDiscretos

VariávelLógica

5oC

0oC

ON

OFFt

 Figura 46 – Representação temporal das variáveis do sistema de controle a eventos discretos 

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Prof. Leandro Michels  

36Modelagem de Sistemas Físicos

 

Controle de Sistemas Dinâmicos de Variáveis Contínuas (ou controle contínuo) 

Sistemas  Dinâmicos  de  Variáveis  Contínuas  (SDVCs)  são  os  sistemas  cuja  evolução  dinâmica  no tempo envolve variáveis com um comportamento contínuo no  tempo. Os SDVCs são normalmente descritos por variáveis analógicas, que são aquelas cujo conteúdo é expresso ao longo de uma escala contínua de valores.  

Apenasvalores

específicos

t

Faixacontínua

de valores

tVariável quantizada Variável analógica

 Figura 47 – Comparação entre variável quantizada e analógica 

Os  SDVCs  podem  apresentar  alguns  eventos  discretos  tal  como  a  variação  abrupta  de  um  sinal. Contudo, diferentemente dos sistemas a eventos discretos, nos SDVCs o modo como o sistema se comporta nunca é alterado com a ocorrência de algum evento.  

O  controle de  sistemas de variáveis  contínuas, que  também denominado de  controle  contínuo ou controle automático, tem como características: 

• São os sistemas que envolvem manipulação de variáveis analógicas. 

• São modelados matematicamente por equações diferenciais. 

• Os  fundamentos  matemáticos  para  análise  destes  sistemas  envolvem  os  conceitos  de funções, cálculo diferencial e integral, álgebra linear e teoria de sinais e sistemas. 

• São normalmente estudados em disciplinas de eletrônica analógica, eletrônica de potência, controle de sistemas e processamento de sinais. 

Ex.:  Sistema de controle de temperatura de um forno elétrico empregando uma fonte ajustável. 

Atuador(fonte) Planta

temp.energia

Controlador

Sensor

Comando

variávelcontínua

variávelcontínua

 Figura 48 – Diagrama de bloco do sistema de controle 

C Gy

+r

-

e

do

++u

Hsensor

planta+atuadorcontrolador

 Figura 49 – Representação comportamental do sistema de controle de variáveis contínuas 

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Prof. Leandro Michels  

37Modelagem de Sistemas Físicos

t

Temp.(y)65oC

25oC

Energia(u)

t

VariávelContínua

VariávelContínua

Distúrbio(do)

t

VariávelContínua

Referência (r)

Erro(e) Variável

Contínuat

Evento discreto (inserção dealgo quente na geladeira)

 Figura 50 – Representação temporal das variáveis do sistema 

 

Controle de sistemas híbridos  

• São aqueles que possuem característica dos dois sistemas (manipulação de variáveis lógicas e contínuas). 

• A análise matemática destes sistemas é mais complexa, e envolve os fundamentos matemáticos dos sistemas contínuos e discretos. 

• Ex.: controle de nível empregando válvulas liga‐desliga e moto‐bomba de velocidade ajustável   

3.3. Processos em Engenharia 

Processo  é  definido,  do  ponto  de  vista  da  engenharia,  como  a  “concatenação  ou  sucessão  de fenômenos”. O processo envolve a manipulação de energia e/ou materiais para obter um produto ou resultado desejado.  Portanto, qualquer operação ou  série  de operações que produza o  resultado final desejado é considerada um processo. 

É  importante destacar que no  jargão  industrial, define‐se por processo a modificação das matérias‐primas, colocadas na sua entrada, nos produtos finais, obtidos em sua saída, através do suprimento de energia, durante um determinado período de tempo. Contudo, o processo não se restringe a uma área de conhecimento, podendo envolver uma operação mecânica, um circuito elétrico, uma reação química, entre outros, ou até a combinação desses eventos. A sua denominação também não define 

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Prof. Leandro Michels  

38Modelagem de Sistemas Físicos

a sua complexidade: um processo pode ser algo extremamente simples como o aquecimento de água num fogão quanto um complexo sistema de uma coluna de destilação em uma refinaria de petróleo.  

Do  ponto  de  vista  de  controle,  o  processo  é  identificado  como  tendo  uma  ou  mais  variáveis associadas  a  ele  e  que  são  importantes  o  suficiente  para  que  seus  valores  sejam  conhecidos  e controlados  pelo  processo.  Por  exemplo,  em  um  processo  de  geração  de  vapor  d’água  em  uma caldeira  industrial onde se deseja controlar  independentemente a temperatura e a pressão  interna, dizemos que existe um sistema de controle de pressão e um sistema de controle de temperatura.  

 

3.3.1. Tipos de sistemas produtivos  

A  classificação  dos  processos  produtivos  em  diferentes  tipos  permite,  naturalmente,  estruturar  e inferir muitos aspectos relativos às suas características funcionais e comportamentais. Basicamente, a  organização  dos  sistemas  de  produção  depende  da  natureza  e  do  volume  de  produtos  que  o sistema deve produzir (tipo de produto, características, sazonalidade do produto, etc.), assim como da  tecnologia  associada  ao  processo  de  fabricação  (manuseio  do  produto,  grau  de  normalização possível, especificidades de materiais e processos, etc.). 

A  seleção de uma determinada  configuração para o processo produtivo  tem  variadas  implicações para a empresa, em termos das características e capacidades da produção, do grau de investimento a realizar,  dos  custos  de  produção  e  exploração  envolvidos,  e  do  tipo  de  planejamento,  controle  e gestão a adotar. 

Se  o  sistema  é  concebido  para  produzir  um  reduzido  número  de  produtos  em  volumes  muito elevados, então é de esperar uma forte sistematização das operações envolvidas, devendo ser dada especial atenção à  sincronização das diferentes atividades, assim como ao nivelamento das cargas resultantes. Este contexto (cada vez menos frequente) será normalmente caracterizado por elevada especialização do equipamento produtivo, baixa qualificação dos operadores, elevada produtividade, reduzida complexidade ao nível da gestão fabril e, possivelmente, reduzida flexibilidade. 

Caso contrário, se o sistema é concebido para responder a uma grande diversidade de produtos em volumes  reduzidos,  então  verificar‐se‐á,  relativamente  à  situação  anterior,  a  inversão  das características apresentadas, devendo o processo produtivo ser  flexível e orientado para satisfazer encomendas com um elevado grau de especificação por parte do cliente. 

Em outra perspectiva, pode‐se considerar dois modelos extremos de produção: produção contínua ou em fluxo, e produção discreta ou intermitente. Associados às especificidades dos produtos e dos mercados,  e  até  do  tipo  de  investimentos  e  de  custos,  considera‐se  habitualmente  uma  maior variedade de modelos intermédios, que graficamente estão esquematizados na Figura 51. 

 

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Prof. Leandro Michels  

40Modelagem de Sistemas Físicos

• A  “produção  descontínua”  caracteriza‐se  por  processar  volumes  relativamente  baixos  de variados produtos, em implantações organizadas funcionalmente. O número de operações a serem  realizados por  tarefa,  seus  impactos nos  recursos produtivos  e  a  sua  sequência de processamento são variáveis, mas conhecidas antecipadamente; 

• No  ambiente  de  “produção mista”  coexistem  os  dois modos  de  produção  anteriormente descritos. 

Implantação física do processo produtivo 

Do  ponto  de  vista  de  implantação  física  (layout),  considera‐se  em  geral  uma  classificação  que descreve  no  essencial  a  disposição  e  o  agrupamento  dos  recursos  produtivos.  Podemos,  nesta perspectiva, considerar basicamente três modelos organizacionais:  

• Modelo  “funcional”  ou  “orientado  por  processo”: Numa  disposição  funcional,  os  recursos que realizam o mesmo tipo de operações são agrupados fisicamente;  

• Modelo  “em  linha”  ou  “orientado  por  produto”:  A  implantação  em  linha  consiste  em organizar  consecutivamente  todas  as  operações  de  produção  relacionadas  com  um determinado produto; 

• Modelo  de  “implantação  celular”:  A  implantação  celular  associada  à  tecnologia  de  grupo reúne  os  recursos  em  pequenos  grupos,  por  forma  a  obter  um  compromisso  entre  uma implantação funcional e uma implantação em linha ou por produto.

Tipologia da estrutura dos produtos 

Diferentes  estruturas  dos  produtos  podem  ser  encontradas,  que  naturalmente  condicionam  a especificidade dos sistemas de produção. Identifica‐se geralmente duas estruturas principais: 

• Estruturas  convergentes,  caracterizadas  por  incorporação  de  uma  grande  variedade de componentes numa reduzida gama de produtos finais; 

• Estruturas divergentes, onde um  reduzido número de matérias‐primas origina uma grande variedade de produtos finais. 

Relação com os clientes 

Os processos produtivos também levam em conta a relação com o cliente. De um modo geral, pode‐se classificar as seguintes tipologias: 

• Engenharia por encomenda; • Produção por encomenda; • Montagem por encomenda; • Produção para estoque. 

 

3.3.2. Classificação dos processos produtivos 

Considerando as diversas naturezas dos processos com relação ao comportamento temporal e o tipo de operações envolvidas, estes podem ser classificados em três tipos principais: 

1. Processos contínuos 2. Processos discreto 3. Processos em batelada 

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Prof. 

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Figura 53 – Exemplo de processo discreto: enchimento de leite. 

 

3.3.2.3. Processos em batelada (ou lote) 

Processo  em  batelada  é  aquele  que  baseado  na  fabricação  de  lotes  de  produto  empregando  um método seqüencial no tempo (receita). Produção de bateladas é uma ferramenta flexível, permitindo a produção de múltiplos produtos em uma mesma linha de produção. 

Os  processos  em  bateladas  são  usados  para  a  fabricação  de  processos  que  demandam  um determinado tempo de processamento, cuja fabricação não pode ser feita de forma contínua. Neste caso, o processo atua de forma repetitiva.  

Além  disso,  estes  processos  também  são  empregados  quando  se  deseja  criar  uma  variedade  de produtos com a mesma linha de produção. Neste caso, em cada lote de produto é selecionada uma quantidade de  ingredientes a fim de criar a qualidade dos produtos, e manipulam este produto em etapas bem definidas. Após a  fabricação de uma dada quantidade de produto, o sistema pode ser modificado para recomeçar o processo e  fabricar um produto completamente diferente, utilizando diferentes ingredientes e passos do processamento.  

Processos em batelada são muito comuns em  indústrias de produtos farmacêuticos, agroindústrias, alimentos e bebidas e especialidades químicas.  

Um exemplo de processo em batelada é a  fabricação de vinhos, cuja descrição de etapas é dada a seguir: 

Etapa 1: Prensagem e clarificação 

Prensagem  das  uvas  e  clarificação  (eliminação  dos  sólidos)  do  líquido  nos  reservatórios.  Duração: poucas horas. 

Etapa 2:  Fermentação  

Etapa 2A – Fermentação tumultuosa:  O mosto limpo chega aos tanques de fermentação, nos quais se  agregam  leveduras  selecionadas.  Estas  leveduras  começarão  imediatamente  a  fermentação  de forma  lenta  e  gradual,  controlada  através  da  temperatura  (15  a  18  °C).  Observa‐se  durante  a fermentação tumultuosa o aumento de temperatura. Duração: alguns dias. 

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Etapa 2B – Fermentação  lenta: A  fermentação  lenta  inicia‐se quando o  líquido  já esta separado do bagaço, nesta etapa os últimos traços de glicose são transformados em álcool e demais componentes da fermentação. Duração: alguns dias. 

Etapa 2C – Fermentação malotática: As bactérias  lácticas (cocos e  lactobacilos), que transformam o ácido málico em ácido  lático, com  liberação de gás carbônico. Esta fermentação pode ocorrer tanto em aerobiose como anaerobiose, embora a anaerobiose absoluta seja desfavorável. Duração: alguns dias. 

Etapa 3: Afinamento 

Envolve processos como filtração, centrifugação, refrigeração, troca iônica e aquecimento.  Duração: poucas horas. 

Etapa 4: Envelhecimento 

Muitos  vinhos  tem  o  sabor melhorado  se  armazenados  por  alguns  anos.  Durante  este  tempo,  a acidez  diminui,  varias  substâncias  pouco  solúveis  acabam  precipitando  e  varios  componentes formam complexos afetando o sabor e odor. Duração: dois anos. 

Etapa 5: Engarrafamento 

Antes de ser engarrafado, o vinho ainda passa por algumas etapas, que visam corrigir o pH, a cor ou concentração de O2 dissolvido. Depois é acondicionado nas garrafas. Duração: poucas horas. 

 

 

Figura 54 – Exemplo de processo em batelada: fabricação de vinho.