apostila língua portuguesa 2013

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Belo Horizonte 2013 1

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Page 1: Apostila Língua Portuguesa 2013

Belo Horizonte2013

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Page 2: Apostila Língua Portuguesa 2013

Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos

Curso de Atualização em Segurança Pública 2013

Língua Portuguesa Aplicada

Disciplina:

Língua Portuguesa Aplicada

Coordenadora da Disciplina:

Juliana Cristina Dornas Martins

Corpo docente:

Prof.ª Juliana Cristina Dornas Martins

Gestão:

Alexandre Costa Pinto, Ten Cel PM

Esta apostila1 é destinada aos estudos da disciplina Língua Portuguesa Aplicada no CASP I/ 2013

Para citação desta apostila:

Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos. PMMG- Apostila de Língua Portuguesa Aplicada (CASPI/2013). Belo Horizonte, 2013.

Esta apostila é a versão totalmente revisada das apostilas de Língua Portuguesa Aplicada, cujas versões iniciais foram produzidas pela professora: Rita Eloísa Pereira Arantes.

Responsável pela produção e revisão da apostila para o CASP I/2013: Juliana Cristina Dornas Martins. Este material não pode ser vendido.

1 Material didático elaborado pela Prof.ª Juliana Cristina Dornas Martins

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Page 3: Apostila Língua Portuguesa 2013

UNIDADE I ------------------------------------------------------------------------------------------------------- PAG 04

UNIDADE II ------------------------------------------------------------------------------------------------------ PAG 28

UNIDADE III ------------------------------------------------------------------------------------------------------ PAG 53

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Page 4: Apostila Língua Portuguesa 2013

1- TIPOLOGIA TEXTUAL

Trata-se da natureza linguística do texto.

Objetivos

Saber diferenciar e produzir textos narrativos, descritivos, dissertativos e injuntivos, de acordo com o estudo que será realizado.

Vejamos agora os quatro tipos textuais básicos:

Narração.

Descrição.

Dissertação.

Injunção.

A narração está vinculada à nossa vida, pois sempre temos algo a contar. E você, policial militar, produz vários tipos de documentos em que há predominância narrativa. Narrar é relatar fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, vividos por indivíduos, envolvendo ação e movimento.A narrativa impõe certas normas:

a) o fato: que deve ter sequência ordenada; a sucessão de tais sequências b) recebe o nome de enredo, trama ou ação;c) a personagem: quem;d) o ambiente: o lugar onde ocorreu o fato;e) o momento: o tempo da ação

O relato de um episódio implica interferência dos seguintes elementos: Que para você é de fundamental importância.

Fato - o quê?Personagem - quem?Ambiente - onde?Momento - quando?

Em qualquer narrativa estarão sempre presentes o fato e a personagem, sem os quais não há narração. Na composição narrativa, o enredo gira em torno de um fato acontecido. Toda história tem um cenário onde se desenvolve. Desta forma, ao enfocarmos a trama, o enredo, teremos, obrigatoriamente, de fazer descrições para caracterizar tal cenário. Assim, acrescentamos: narração também envolve descrição. É o caso de todo BO (Boletim de Ocorrência) sempre será narrativo- descritivo.

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Narração na 1ª Pessoa

A narração na 1ª pessoa ocorre quando o fato é contado por um participante, isto é; alguém que se envolva nos acontecimentos ao mesmo tempo em que conta o caso.

A narração na 1ª pessoa torna o texto muito comunicativo porque o próprio narrador conta o fato e assim o texto ganha o tom de conversa amiga.

Além disso, esse tipo de narração é muito comum na conversa diária, quando o sujeito conta um fato do qual ele também é participante.

Exemplo:

O Bicho

“Vi ontem um bichoNa imundície do pátioCatando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava:Engolia com voracidade. O bicho não era um cão,Não era um gato,Não era um rato.O bicho, meu Deus, era um homem”.

Manoel Bandeira. Estrela da vida inteira.Rio de Janeiro, José Olympio,1973.

No texto acima, a história é contada na 1ª pessoa (eu): “Vi ontem um bicho”. O narrador relata um acontecimento que o impressionou.

Narração na 3ª Pessoa

O narrador conta a ação do ponto de vista de quem vê o fato acontecer na sua frente. Entretanto o contador do caso não participa da ação.

Observar: "Era uma vez um boiadeiro lá no sertão, que tinha cara de bobo e fumaças de esperto. Um

dia veio a Curitiba gastar os cobres de uma boiada".

Você percebeu que os verbos estão na 3ª pessoa (era, veio) e que o narrador conta o caso sem dele participar. O narrador sabe de tudo o que acontece na estória e por isso recebe o nome de narrador onisciente.

Na PMMG temos vários documentos que são produzidos em 3ª pessoa. Alguns exemplos são o Boletim de Ocorrência, Comunicação Disciplinar, Queixa Disciplinar e Relatórios.

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Exemplo 2: Relatório.

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

Belo Horizonte, 10 de maio de 2013.

Do: nº. 111.111-1, Al. PM Guimarães Rosa, do CHO-B,

Ao: Sr. Cap PM Coordenador do Curso.

Assunto: Relatório sobre envolvimento em Ocorrência Policial.

Anexos:Cópia do Boletim de Ocorrência (BO) nº. 12345 e da escala de serviço.

Na data de 10 de maio de 2013, por volta das 21h30min, quando no comando da VP 3072, desta APM, cumprindo escala do Batalhão Fernão Capelo, em patrulhamento na área central de Belo Horizonte, fomos acionados por populares para que interviéssemos na dissolução de uma briga entre dois cidadãos, em um bar, à Rua Tamóios, nº. 500.

Quando da abordagem dos dois contendores, o Sr. Geraldo Inácio, autor nº. 2 do BO anexo, partiu na direção deste relator com uma garrafa de cerveja, vazia, na mão esquerda. Outros frequentadores do bar tentaram intervir para impedir o avanço do agressor contra mim, mas não lograram êxito e, devido ao ânimo do cidadão, usando dos meios moderados e necessários para me defender de uma injusta agressão, usei o bastão tonfa para, com o apoio da guarnição, dominar e prender o agressor e o outro contendor, autor nº. 1 do BO anexo.

Com o apoio da VP 1663 da 1º. BPM, todos, envolvidos e testemunhas, foram conduzidas à Delegacia Central, onde foi registrado o BO e ratificado o flagrante dos dois autores por via de fato e agressão.

Na delegacia, o Sr. Geraldo Inácio, autor nº. 2 do BO anexo, verificando que tinha um hematoma no braço esquerdo, manifestou ao delegado que eu o havia agredido e que iria formalizar uma denúncia contra mim na Corregedoria de Polícia.

Respeitosamente,

Guimarães Rosa

Guimarães Rosa, 111.111-1

Cmt. da VP 3072.

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Exemplo 3: Queixa Disciplinar.

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

Belo Horizonte, 20 de abril de 2013.

Do :nº 55 555 – 5,1º Sgt PM Monitor do CHO, Turma AAo: Sr. Ten Cel PM Chefe da EFO.Assunto: Queixa Disciplinar.

Comunico a Vossa Senhoria que o Sr. Cap PM Bravo Pradaná, 20 de abril de 2013, às 18 horas, aproximadamente, empurrou-me dentro da piscina do Clube dos Oficiais, ao ficar sabendo que não sabia nadar.

Presenciaram o fato o Sd PM Davi Tudo e o Cb PM Toddy Olho. Respeitosamente,

QUEIXOSO DA SILVA

QUEIXOSO DA SILVA, 1° SGT PM

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No histórico do BO, por exemplo, encontramos todas as características básicas que conferem a esse documento predominância narrativas. Observe que sempre existe um fato (ocorrência) que acontece dentro de um determinado tempo e local, encontramos personagens( vítima, autor, testemunha, solicitante), fazendo parte dos acontecimentos, e um narrador ( você policial militar relator do histórico do BO).

O BO é muito diferente das narrativas literárias ou jornalísticas, o que difere é que o BO apresenta elevada preocupação com a fidelidade dos fatos e um cuidado quanto à imparcialidade e objetividade dos fatos narrados.

Exemplo1: Fragmento do Histórico de um Boletim de Ocorrência

Segundo a testemunha, senhor João Sabe Tudo, relatou que a vítima senhora Maria estava acompanhada de um rapaz (alto, loiro, magro, olhos verde-mar) e os dois conversavam amigavelmente. Em dado momento, chegou outro homem (moreno, baixo, cabelos lisos castanho-escuros) e este se encontrou com o casal que estava conversando. Uma súbita discussão começou e um tiro foi disparado. A testemunha ainda relatou que vira uma arma na mão do homem moreno e este saíra correndo assim que efetuou o disparo.

(adaptação)

Exemplo 2: Comunicação DisciplinarComunico a Vossa Senhoria que o nº 766.253-1, 1º Sgt PM Guimarães Rosa, em 221410Mar13-Sex, no pátio interno da EFAS em frente ao auditório da EFSd, durante instrução para desfile de treinamento da formatura do CASP I/2013, apresentou-se para este comunicante com a farda em desalinho (calça amarrotada).

IMPORTANTE!!!

Na NARRAÇÃO é muito comum encontrarmos diálogos entre os personagens: a esses diálogos chamamos discurso: os quais podem ser:

iscurso Direto: aquele por meio do qual o enunciador fala por si mesmo; as palavras sinalizam o seu produtor. Esse discurso, no texto escrito, deve ser marcado (por aspas, negrito, itálico, travessão ou outra marca). Em um Boletim de Ocorrência, por exemplo, a

fala de um dos envolvidos (sabendo que no meu histórico não posso utilizar a palavra “ envolvido”), deve ser registrada na sua forma literal, discurso direto, quando em situação de ameaça ou desacato ao próprio policial. Veja o excerto seguinte:

D

“... Juquinha disse que está sendo ameaçado pelo detetive Bentinho Alves, que se encontra nesta cidade, mas é lotado em Montes Claros-MG, e também pelo Sr. Delegado Flores, com os seguintes dizeres:”Esse aí depois eu dou um jeito, deixe ele comigo”...”

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iscurso Indireto: aquele por meio do qual o enunciador traduz as ideias dos outros a partir de uma construção própria de linguagem. Existem, na Língua Portuguesa, várias marcas desse tipo de discurso, tais como “verbos” (disse Maria, respondia Beatriz,

afirmara Joaquina);” conjunções”(segundo Maria, de acordo com Beatriz, conforme Joaquina); entre outras.Além de inúmeras estruturas em que a afirmação de que a “fala” (o discurso) é de outra pessoa.

DVeja o exemplo a seguir, extraído de um BO:

Observe que o relator do texto acima registra informações a respeito de outras pessoas e não fala de si mesmo ou a partir de si mesmo; o que pode ser comprovado pelas expressões: “...Policiais Militares(...) foram informados por um motorista(...) que(...)”.

Poderia se dizer que a forma como foi construído o texto acima nos passa a impressão que, inclusive, os policiais informaram ao relator aquilo que um envolvido havia relatado. Ou seja: quem escreve, o faz por meio do discurso dos policiais que usaram o discurso de outro (o motorista).

iscurso Indireto Livre: aquele por meio do qual se percebe que quem escreve mistura uma fala própria com falas de outros. Em se tratando de textos oficiais, que correspondem à maioria dos textos produzidos pelos militares, deve-se evitar o uso deste tipo de

discurso, pois ocorrerão situações nas quais o princípio da Redação Oficial chamado “Impessoalidade” pode ser ferido, já que a mistura do discurso direto pode acarretar o envolvimento daquele que fala com aquilo que fala. Leia com atenção o texto abaixo:

D

Você deve perceber que, apesar de que a estrutura em destaque está gramaticalmente correta, ela sugere duas coisas: primeiro, que a passagem: “... ela narrou o seguinte: ...”, seguida do sinal de dois pontos, pode indicar para o leitor o registro de um discurso direto – fato que não aconteceu.

Segundo a passagem:

“ “... que a vítima procurou a testemunha”...”, introduzida pela palavra “que”, sugere que esta palavra possa ter duas funções: completar o sentido o verbo “narrou” ou explicar o sentido da expressão “ o seguinte”. Neste caso, tem-se a marca do discurso indireto- fato que também não aconteceu completamente.

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“Policiais Militares, no dia 27 de maio, por volta das 20h35min, compareceram à Rua Diorita, bairro Prado, e foram informados por um motorista de 32 anos que o acusado estaria escondido em uma casa naquela rua.”

“[...] atendendo solicitação da vítima, comparecemos ao endereço citado, onde ela narrou o seguinte: que a vítima procurou a testemunha...”

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EXERCÍCIOS

1. Indique a alternativa cujo elemento estruturador da narrativa não foi interposto no episódio:

"Porque não quis pagar uma garrafa de cerveja, Pedro da Silva, pedreiro, de trinta anos, residente na rua Xavier, 25, Penha, matou ontem em Vigário Geral, o seu colega Joaquim de Oliveira."

a) o lugarb) a épocac) as personagensd) o fatoe) o modo Resposta: E

2. Leia as passagens abaixo.

Observe que o locutor-narrador de cada fragmento ora dá palavra às personagens, ora relata o que elas teriam dito, ora usa o discurso indireto livre (ou seja, mistura a fala dos interlocutores do discurso com a própria fala).

Complete os parênteses assinalando: (1) discurso direto, (2) discurso indireto, (3) discurso indireto-livre. (Obs.: considere os trechos negritados):

a) (__) João da Silva disse: “Joaquim é acusado de ter fraudado mais de 40 pessoas, negociando imóveis sobre os quais não tinha direito”.

b) (__) Com isso, já conseguimos a identificação de quatro quadrilhas que atuam na região. Esta tem como base a Cruzada. Uma outra usa como base a Rocinha, uma terceira é do Morro do Cantagalo (Ipanema) e a última é de jovens de classe média. Vamos trabalhar, agora, para prendê-los - disse o inspetor José Carlos.

c) (__) Em depoimento à polícia, o cidadão preso disse que Alan teria decidido por conta própria executar o engenheiro com um tiro na nuca.

d) (__) Policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) estouraram ontem um depósito de bebidas em São João de Meriti, que transformava cervejas de marcas mais baratas em Skol - a mais consumida no mercado brasileiro. Pelo menos entre 800 e mil caixas da bebida falsificada foram apreendidas. Segundo Rômulo Prado, delegado-adjunto da DRFC, o produto seria revendido para bares e depósitos da região.

e) (__) O porteiro Gilson de Melo 45, não seria enganado, pelo menos até a sexta garrafa. Sei que o sabor é diferente, mas, se já estiver meio quente, acho que até posso tomar uma falsificada.

Respostas: a)1; b)1; c)2; d)-2; e)3

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Ocorrência envolvendo Policiais Militares

A Polícia Militar informa que às 20horas,do dia 26 de maio de 2013, o Soldado PM Desonesto, do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (16ºBPM/M), de folga e em trajes civis, portando arma particular, na Estrada de Itapecerica, altura do Nº 3526, tentou abordar 03 indivíduos como possíveis autores de uma tentativa de roubo há poucos instantes. No mesmo local o Soldado PM Resolve Tudo do 37º BPM/M, também de folga, em trajes civis, portando arma da Corporação, ao ver a cena, imaginando tratar-se de uma tentativa de roubo, tentou abordar, houve troca de tiros e o Soldado Desonesto foi atingido e socorrido ao PS Campo Limpo. O Soldado PM Desonesto entrou em óbito.

O Soldado PM Resolve Tudo foi preso em flagrante e será conduzido ao Presídio Militar Romão Gomes.

Fonte: ASSOCIAÇÃO FUNDO DE AUXÍLIO MÚTUO DOS MILITARES DO ESTADO DE SÃO PAULO (texto adaptado)

Você, como condutor da ocorrência, não poderá de relatar os fatos, por escrito, ao seu chefe. Chegou a hora, produza um bom Relatório. Você deverá criar os dados que não foram evidenciados aqui e que trarão clareza ao seu texto. Não se esqueça de todas as informações importantes que devem fazer parte de uma boa narrativa: quando, onde, com quem, o quê, de que forma ocorreu o fato.

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS

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escrição assemelha-se ao retrato. Num retrato observam-se detalhes. Numa descrição, é preciso que o autor chame a atenção para determinadas características do ser. Procura transmitir ao leitor a imagem que se tem de um ser mediante a percepção dos cinco

sentidos: tato, gustação, olfato, visão e audição. Elaborar um texto descritivo á apresentar um ser, um objeto; um recorte da realidade a partir de um determinado ponto de vista através do uso de adjetivos. na descrição de uma pessoa, há dois aspectos fundamentais a serem observados: as características físicas ( aparência externa) e psicológicas ( modo de agir ou de ser de alguém).

D

Normalmente, o policial militar ao produzir O Boletim de Ocorrência, Queixa Disciplinar, Comunicação Disciplinar e Relatórios são exemplos de documentos nos quais encontramos, com frequência, a presença da descrição.

Exercício

Leia a notícia a seguir e grife nela fragmentos descritivos.

Polícia Civil divulga retrato falado do suspeito de matar engenheiro em ônibus Delegado responsável pelas investigações acredita que suspeito seja identificado até sexta-feira.

João Henrique do Vale - Publicação: 12/03/2013 17:05 Atualização: 12/03/2013 17:13 (www.em.com.br/ notícias)

Retrato falado foi feito com base em depoimentos de passageiros

A polícia tenta identificar o homem que atirou e matou engenheiro químico João Gabriel Camargos, de 25 anos, durante um assalto a ônibus que fazia a linha Poços de Caldas/Belo Horizonte. Nesta terça-feira, foi divulgado um retrato falado do assaltante feito com base de relatos de passageiros que presenciaram o crime. O atirador foi

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descrito como um indivíduo alto, aproximadamente 1,90cm, magro e negro.

O delegado Aílton Pereira, responsável pelo caso, acredita que o suspeito será identificado nos próximos dias. “Em questão de dias vamos chegar nele. No mais tardar no final desta semana nós vamos encontrá-lo”, disse. As investigações apontam que o homem praticou diversos assaltos na região desde o ano passado. Uma das ações aconteceu em 8 de março, na altura de São Gonçalo do Sapucaí. Foram levados celulares de vítimas por um homem armado, com a mesma aparência do assaltante que matou João Gabriel.

VAMOS DISCUTIR EM NOSSO AMBIENTE VIRTUAL

Dissertação é a forma de composição que consiste na posição pessoal sobre determinado assunto. O tema pode ser desenvolvido na 1ª ou 3ª pessoa e, normalmente, apresenta três partes principais: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Quanto a formulação dos textos, o discurso dissertativo pode ser:

Expositivo: consiste numa apresentação, explicação, sem o propósito de convencer o leitor. Não há intenção expressa de criar debate, pela contestação de posições contrárias às nossas.

Argumentativo: consiste numa opinião que tenta convencer o leitor de que a razão está do lado de quem escreveu o texto. Para isso, lança-se mão de um raciocínio lógico, coerente, baseado na evidência de provas.

No texto dissertativo, emitimos nosso ponto de vista sobre determinado assunto. Para que possamos emitir opinião com clareza, precisamos organizar muito bem nossas ideias, fatos e argumentos.

A introdução é o início do texto e pode ser constituída de um parágrafo ou mais, depende da extensão do assunto a ser discutido.

O desenvolvimento é a exposição de argumentos que vão fundamentar a ideia principal.Geralmente, cada parágrafo corresponde a um dos argumentos que sustentam a ideia principal, embora possa haver desdobramentos e, no caso, ser necessário mais de um parágrafo para um único argumento.

A conclusão é a retomada da ideia principal, que deve aparecer de forma mais convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento. É a avaliação final do assunto, um fechamento integrado de tudo que se argumentou.

O texto dissertativo deve formular hipóteses a serem desenvolvidas, escolher argumentos aceitáveis e capazes de convencer o leitor.

Quando disserta, você está, acima de tudo, em contato com um leitor, que é pura e simplesmente o receptor das mensagens veiculadas no texto. Escrever, portanto, é transportar ideias. Essas

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ideias têm de ter força de agir sobre o leitor, fazendo com que ele as aceite; em suma, o seu trabalho é convencer esse leitor, valendo-se de determinados raciocínios. É a argumentação, ponto chave do texto dissertativo.

São vários os recursos empregados com a finalidade de convencer. Veja alguns:

Argumentos baseados em provas concretas

Causa X consequência

Exemplificação

Comparação

Definição

Citação ou argumento de autoridade

A argumentação, sem dúvida alguma, é o principal elemento de um texto dissertativo, uma verdadeira via de conquista do leitor. Por isso, para que ela cumpra esse importante papel, é fundamental que você faça um bom planejamento do texto, organizando, sempre, as suas ideias.

MODELO DE DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA

Meio-ambiente e tecnologia: não há contraste, há solução

Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambiental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobrevivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quando analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.

O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço a se pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsáveis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, problemas ambientais que afetam a população.

Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar os ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de continuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente nós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemática.

O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os transtornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnológica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se transformar na salvação do mundo.

Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral precisam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a combater os resultados caóticos da falta de

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conscientização humana. Nada melhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a “ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.

Fonte: Revista Cult, ano 12, out. 2012

Nesse modelo, didaticamente, podemos perceber a estrutura textual dissertativa assim organizada:

1º parágrafo: Introdução com apresentação da tese a ser defendida;

“Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambiental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobrevivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quando analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.”

2º parágrafo: Há o desenvolvimento da tese com fundamentos argumentativos;

“O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço a se pagar”. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsáveis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, problemas ambientais que afetam a população.

Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar os ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de continuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente nós, humanos. “As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemática.”

3º parágrafo: A conclusão é desenvolvida com uma proposta de intervenção relacionada à tese.

“O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os transtornos causados a Terra é plenamente possível e real”. A era tecnológica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se transformar na salvação do mundo.

Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral precisam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a combater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. “Nada melhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a “ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul”.

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Exercício

Identifique com a numeração indicada cada tipo de texto:1 – dissertativo 2 - narrativo 3- descritivo

a) ( ) “Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela não Porque na casa Não tinha chão”.

(Vinicius de Moraes)

b) ( ) Manuel recebeu um telefonema do gerente do banco.

__ Seu Manuel, estou lhe telefonando para avisar que a sua duplicata venceu.

__ E quem pegou em segundo lugar?

c) ( ) Como já é sabido, o cigarro tem inúmeras substâncias tóxicas que comprometem a saúde do homem. Muitas vezes os jovens começam a fumar só para impressionar os amigos e com isso adquirem esse mau hábito que se transforma em vício. Como vencer esse mal que assola a sociedade? Métodos são lançados para conter esse mal, mas o fumante, que diz ser um ser racional, não está muito preocupado com a própria saúde deixando-se levar por esse terrível vício!

Respostas a)3; b)2; c)1.

Proposta de Redação

“O jovem, que até então não apresentava nenhum problema na escola, começa a ter uma avaliação catastrófica dos professores. Perde a capacidade de entender o que lê fora do ambiente da rede. Sem entender, não tem condições de julgar, e sem posição crítica fica incapacitado de reflexões profundas sobre a realidade que o cerca. Os pais imaginam que o filho está mentalmente perturbado ou tomando drogas, mas ele apenas renunciou a seu potencial expressivo para adotar a linguagem estereotipada da internet.” (Revista Época)

“Os jovens estão escrevendo de forma totalmente diferente nos e-mails e nas mensagens rápidas. Está surgindo um novo idioma, completamente diferente. Um canal de tevê a cabo tem legendas nesse idioma e é difícil prestar atenção, seguir aquele negócio do jeito que o pessoal fala. O que potencialmente seria uma revitalização da palavra escrita virou um negócio muito precário. Não é bom.” (Revista ISTOÉ)

“Linguista respeitado, o inglês David Crystal, autor do livro A Linguagem e a Internet, chama esses defensores da sintaxe de alarmistas e não prevê um futuro desastroso para a gramática por causa da rede.” (Revista Época)

Acima estão os fragmentos dos textos que servem de base para a argumentação que deve ser feita a respeito do seguinte tema:

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A linguagem da internet pode ser uma ameaça para o desenvolvimento linguístico dos seus usuários?

Responda à questão proposta pelo tema acima, por meio de texto dissertativo de 20 (vinte) linhas. Na sua redação, não devem ocorrer partes dos fragmentos oferecidos.

Observações: ESSE MATERIAL SERÁ POSTADO NO AMBIENTE VIRTUAL

• Escreva o texto em 3ª pessoa do singular.

• Intitule seu texto.

• A fuga ao tema e o desrespeito à solicitação do gênero solicitado invalidam sua redação.

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Injunção Uma frase injuntiva é uma frase que exprime uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não executar) tal ou tal ação.

Os textos do tipo injuntivo, como uma ordem, uma orientação ou instrução, um pedido, uma informação, podem ser suscitados pelo emprego do modo imperativo, ou de verbos modais como dever ou ter de/que, ou do infinitivo, ou do futuro do presente, que se aliam com diferentes possibilidades de indeterminação do sujeito.

1.2 ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO

Descrição, narração, dissertação, injunção. Para efeito didático, esses são alguns tipos de texto. Qualquer que seja, no entanto, o tipo de classificação, é importante lembrar que o texto deve constituir-se de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

A introdução situa o leitor dentro do assunto que será desenvolvido. O desenvolvimento constitui o corpo do texto e a conclusão deriva naturalmente das duas partes anteriores; é o fecho do texto.

EXERCÍCIO

Agora produza um texto Injuntivo.

Você, discente do CASPI/13, estava escalado como plantonista de vestiário da EFSd e, antes de assumir o serviço, recebeu, do Adjunto, as orientações a respeito de todos os procedimentos e condutas para o bom desempenho de sua missão.

Encerrado seu turno, você transmitirá, por escrito, ao seu sucessor, as mesmas orientações.

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2. ALGUNS FATORES QUE PODEM DIFICULTAR A LEITURA E A PRODUÇÃO DE UM TEXTO

Falta da ordenação lógica das ideias.

É quando o escritor deixa o texto sem encadeamento, fragmentado, partindo de uma ideia à outra sem critério, isto é, as ideias são lançadas sem a preocupação de se estabelecer a necessária relação entre elas.

Objetivos

Devemos saber solucionar os problemas textuais.Produzir textos de qualidade sem problemas textuais.

Saber identificar marcas linguísticas que comprometem a estrutura textual.Agora veremos alguns dos principais problemas que normalmente impedem a clareza dos textos que produzimos, são falhas que existem no sistema de comunicação.

Como exemplo, observe a produção textual de um aluno, a partir do tema: “Homem: ser social”.

Homem algum pode viver como ser humano sem ter passado por um convívio social. O homem tornou-se um ser basicamente social durante a sua evolução. Quando os nossos ancestrais passaram a conquistar os campos abertos, a necessidade da vida em sociedade tornou-se forte. A seleção natural a partir desse momento favoreceu os que tinham mais facilidade de se integrar ao grupo: surgiu a fala.

Há casos em que bebês foram criados por animais selvagens. Essas crianças têm um modo de vida semelhante aos dos animais que a criaram; vivem mais instintivamente. As capacidades psíquicas próprias aos ser humano como o grande poder de abstração não serão usadas.

A educação de uma criança depende da sua família e do resto da sociedade em que vive. No convívio social, a criança aprende regras sobre a possibilidade de manifestação dos seus instintos. São essas regras que permitem o convívio social. Sem essas regras que permitem o convívio social. “Sem elas os homens estariam, por exemplo, constantemente brigando entre si.”

Percebe-se, na redação anterior, que a ideia inicial de que “o homem só se define como tal à medida que convive com a sociedade” não foi devidamente reformada nem discutida ao longo do texto. A conclusão também é um problema, pois ela se aplica apenas às afirmações imediatamente anteriores e não ao texto como um todo. Pode-se perceber ainda que a falta de elementos articuladores de ideias dificultaram também a leitura do texto.

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Falta de coerência .

É quando as ideias do texto se contradizem.

Descubra a falta de coerência no fragmento a seguir.

“Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um problema no país. O governo prometeu e cumpri: trouxe várias melhorias na educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a frequentá-la Isso trouxe melhoras para o país”

www.infoescola.com

Falta clareza.

Observe o fragmento a seguir e descubra por que ele apresenta falta de clareza.

“As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fitas de sexo explícito. A decisão atende à uma portaria de Dezembro de 1991, do Juizado da Infância e Juventude, que proíbe que as casas de vídeo aluguem, exponham e vendam fitas pornográficas a menores de dezoito anos. A portaria proíbe ainda os menores de dezoito anos de irem a motéis e sem a companhia ou autorização dos pais.”

www.cursinho.ufsc.br

Falta de concisão .

Consiste na utilização de mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia.

Por concisão normalmente se entende como a capacidade de sintetizar ideias no texto: dizer o máximo com o mínimo de palavras. É claro que fazer isso nem sempre é fácil, mas, com um pouco de atenção e treino, é possível compor um texto condensado sem sacrificar o seu teor informativo. À ideia de concisão soma-se à de clareza. O texto que tem essas qualidades facilita o trabalho do leitor, que pode ler com fluência.

Exemplos de falta de concisão.

A vida na terra poderia ser uma vida mais tranquila, uma vida mais pacífica e sossegada.

Observe a reprodução dispensável da palavra “vida”, veja também que as palavras tranquila, pacífica e sossegada têm o mesmo sentido.

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Seria melhor escrever: A vida na Terra poderia ser mais tranquila.

“No momento em que nos dirigíamos para fazer a abordagem, vimos quando o autor, Agnaldo Silva, com uma pedra na mão, atingiu o rosto da vítima e causou-lhe lesões faciais.”

No fragmento anterior não há graves problemas de redundância, mas o escritor poderia ter eliminado a palavra “faciais”, já que anteriormente estava descrito que a pedra “atingiu o rosto da vítima”. Portanto, se atingiu o rosto, a lesão só poderia ser facial, pois “face” significa: “a parte anterior da cabeça desde a testa até o queixo; cara, rosto” (Dicionário Michaelis).

“Foi confirmado pelas testemunhas rivalidade entre torcedores do Atlético e do Cruzeiro, no Mineirão: vários torcedores se agrediram mutuamente”.

A testemunha disse que o autor adentrou no interior do Chevrolet Hall e, de posse de um pedaço de madeira, agrediu a vítima.

Este é o rapaz que sugeriu que seria melhor que fizéssemos um mutirão que abrangesse todo o setor, para que todos tivessem a oportunidade de contribuir.

Atenção! O QUE não é o único termo que existe e estabelece coesão a um texto. Prefira fazer substituições ou excluir o pronome quando possível.

Sugestão de reescrita: Este é o rapaz o qual sugeriu que o mutirão fosse realizado em todo o setor, pois, dessa maneira, todos poderão ter a oportunidade de contribuir.

Inadequação gramatical.

Exemplos:

Hoje é 22 de dezembro de 2009. (concordância verbal)

É proibido a entrada de animais na sala. (concordância nominal)

Este é o cidadão cuja a documentação está atrasada. (pronome relativo)

Os policiais, chegaram para evitar o assalto. (pontuação)

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Imprecisão vocabular

É quando se usa palavras ou expressões inadequadas ao contexto.

Exemplos:

A NÍVEL DE ou EM NÍVEL DE?

A frase é “Este fato a nível de política foi um desastre.”

É mais adequado Este fato em termos políticos foi um desastre.”

A expressão A Nível DE tornou-se muito usada em determinados segmentos profissionais. A NÍVEL DE é modismo. O que existe é EM NÍVEL, mas só podemos usar quando houver a ideia de “níveis”. Por exemplo: “Este caso só será resolvido em nível federal”(poderia ser no nível estadual ou municipal).

Você afirmar que “um determinado problema de trabalho só será resolvido em nível de comando” está correto, pois em suas empresas há outros níveis hierárquicos.

PREVER ou DETERMINAR?

A frase é “Ele conseguiu uma liminar que prevê a sua reintegração.” É

mais adequado “Ele consegui uma liminar que determina a sua reintegração”.

Nesse caso específico, a palavra “prevê” (ver antes) não é adequada, pois “liminar” é uma ordem a ser seguida, portanto ela determina. Com muita frequência ouvimos ou lemos frases como esta: “Ele entrou com uma liminar...” Teoricamente, ninguém “entra com uma liminar”. O que nós podemos fazer é entrar com um pedido de liminar. Liminar é algo que o juiz concede ou não.

Veja a seguir mais um trecho com falta de precisão.

“A medida tem relação com os casos de consumidores de Belo Horizonte que tiveram problemas de aceleração repentina e involuntária do Corolla automático. Nos acidentes registrados, em um deles houve perda total do veículo e a condutora sofreu ferimentos leves”.

Segundo o texto, os Consumidores tiveram problemas de aceleração repentina e involuntária (do carro). Sabemos, entretanto, que a aceleração repentina e involuntária foi um defeito dos veículos, não de seus proprietários. É mais preciso, portanto, usar uma construção do tipo “consumidores cujos veículos apresentaram problemas” – estaremos assim aumentando a clareza do texto e, consequentemente, a precisão.

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Page 25: Apostila Língua Portuguesa 2013

Em seguida, aparece um defeito de coesão: “Nos acidentes registrados, em um deles...” é, no mínimo, uma construção estranha. Seria muito simples dizer “em um dos acidentes registrados”.

Abaixo, uma sugestão para aumentar a clareza do fragmento apresentado:

A medida tem relação com os casos de consumidores de Belo Horizonte cujos veículos do modelo Corolla automático apresentaram problemas de aceleração repentina e involuntária. Em um dos acidentes registrados, houve perda total do veículo e a condutora sofreu ferimentos leves.

CURIOSIDADES...O emprego inadequado de “o mesmo” e derivados. É muito comum o emprego deste vocábulo no lugar do nome. No entanto, constitui um erro que prejudica a boa linguagem. Veja a frase a seguir.

“Segundo o relato do vizinho do autor, o mesmo estava andando pelas imediações da casa da vítima momentos antes do fato.” Quem é o mesmo?

Usos apropriados:

Quando o mesmo funciona como pronome neutro é igual “a mesma coisa”.

E quando funciona como Advérbio é igual a “realmente”

Os Pronomes Possessivos também são vilões quando empregados incorretamente. Veja a frase a seguir:

“Segundo o Sr. Peralta, o autor chegou em sua casa e apanhou uma faca que estava em cima da mesa.” Casa de quem?

O Pronome oblíquo “lhe” também pode causar ambiguidade. Veja a frase a seguir:

A Corporação Militar espera a aprovação do Governador acerca da medida provisória ABC, pois só assim será cumprido o papel que lhe compete. A medida provisória ou o governador que compete a corporação?

Reflitam estas questões e comentaremos no espaço virtual sala de aula.

Redundância

É quando o texto apresenta repetição desnecessária de palavras ou ideias.

“Fomos solicitados a comparecer à Rua das Flores, nº 10. Neste local, a vítima nos relatou que estava cansada de ser agredida pelo autor e disse-nos que não consegue conviver junto com o marido,[...]”.

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Generalização

Frases do tipo “todo político é um ladrão”, “lugar de mulher é na cozinha”, “toda loira é burra”, “todo brasileiro gosta de futebol”, “o baiano é preguiçoso”, e tantas outras que escutamos ou lemos por aí são clássicos exemplos de generalizações. Como podemos afirmar com certeza tais coisas?

Leia o fragmento a seguir:

“E as leis? Servem para quê? Ocupar espaços e mais espaços de bibliotecas e livrarias? Mesas de cabeceira? Talvez nas latas de lixo tivessem mais utilidade”.

Veja como esse fragmento é genérico. Será que todo nosso código penal não serve para nada? Se o escritor não tivesse generalizado a afirmativa feita, se tivesse dado exemplos de algumas leis que não funcionem bem, em vez de chamar todas elas de inúteis, teria obtido mais sucesso na escrita.

CURIOSIDADES...

Grafia de horário no Brasil

De acordo com o nosso padrão culto da linguagem, esta errada a grafia de horas na seguinte frase:

“A reunião com o chefe de curso será às 15:30hs.”

O correto é:

“A reunião com o chefe de curso será às 15h30min.”

Ou ainda às 15h30min16s. A abreviatura de horas é h, de minutos é min e de segundos é s (sem ponto, sem plural e com letra minúscula).Quando temos hora inteira 16horas escreve-se por extenso horas com h minúsculo.

Na redação interna da PMMG, admite-se, também, o padrão militar de abreviação (grupo data-hora).

Ex. 220830Mar13-Sex. Lembrem-se os dias da semana e os meses do ano escrevemos com letra minúscula, mas no grupo data-hora devem obrigatoriamente ser representadas pelas três primeiras letras sendo a primeira maiúscula.

FIQUE ATENTO!

“Das 8h às 12h30min” sempre com crase.

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Com relação aos dias da semana use sempre sem crase, assim:

“De segunda a sexta- feira”.

EXERCÍCIOS

1. Observe o emprego das palavras destacadas nas frases a seguir. Marque C, se o emprego delas estiver correto; marque E, se estiver errado.

a) ( ) Minha formatura do CASP será em julho mesmo?b) ( ) O Sd Fábio está fazendo o CFS e o mesmo irá formar em setembro.c) ( ) A testemunha disse que Marcelo e João brigaram por causa de sua namorada.d) ( ) O Sgt Flávio foi solicitado a comparecer na secretaria da EFAS, dia 15/03/2013, às

14hrs para entregar sua credencial vencida.e) ( ) O policial interrogava a testemunha e a vítima e lhe perguntou o caminho para se

chegar à verdade.Respostas: a) c; b)e; c)e; d)e;e)e.

2. Utilize o grupo-data-hora para representar as seguintes datas:

A reunião está marcada para o dia 22 de março de 2013 às 17horas, na sala dos professores da EFAS.

Resposta: A reunião está marcada para 221700Mar13-Sex.na sala dos professores da EFAS.

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1. ACENTUAÇÃO GRÁFICA Um pouco das regras do Novo Acordo2.

2 Novo Acordo Ortográfico Material completo disponível na biblioteca virtual.

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OBJETIVOS

1. Saber acentuar as palavras, de acordo com as regras estabelecidas pela gramática normativa.

2. Identificar na escrita problema(s) quanto a utilização da acentuação gráfica de palavras apontando soluções.

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Mudanças nas regras da acentuação

Não se usa mais o acento dos das palavras paroxítonas (palavras que têm a acento tônico na penúltima sílaba).

ATENÇÃO!Essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas e monossílabos tônicos terminados em éis e ói(s).

Ex.: papéis, herói, heróis, dói (verbo doer), sóis.

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Atenção:

se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.

Exs.: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

se o i ou o u forem precedidos de ditongo crescente, o acento permanece.

Exs.: guaíba, Guaíra.

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PONTUAÇÃO

Para reproduzir, na linguagem escrita, os inumeráveis recursos da fala, contamos com uma série de sinais gráficos denominados sinais de pontuação.

São eles:

O ponto ---------- .Interrogação ---------- !

Exclamação ---------- ?Vírgula ---------- ,

Ponto e vírgula ----------

; Dois pontos ---------- :Aspas ---------- “”

Travessão ----------

Reticências ---------- . . .Parênteses ---------- ( )

Alguns sinais de pontuação servem, fundamentalmente, para marcar pausas (o ponto, a vírgula, o ponto e vírgula). Outros têm a função de marcar a melodia, a entonação da fala (o ponto de exclamação, o ponto de interrogação, etc.).

Não é possível fixar todas as regras para o emprego correto dos sinais de pontuação, pois, além dos casos em que o uso de determinados sinais é obrigatório, existem também razões de ordem subjetiva para sua utilização. A seguir, passaremos a expor algumas orientações sobre o assunto.

Noções básicas de emprego dos sinais de pontuação

OS SINAIS DE PONTUAÇÃO

PONTO O ponto é o sinal usado para marcar a pausa máxima, com que se encerra o período. Usa-se também nas abreviaturas.

Exs.: Quando encontramos a vítima, ela estava com escoriações nos braços e pernas.

Sr. ( senhor)

a.C. ( antes de Cristo)

pág.(página), etc.

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PONTO-E - VÍRGULA

É utilizado para marcar uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula. Alguns de seus usos são:

Separar elementos de uma enumeração (lista). Ex.: Foram apreendidos os seguintes materiais: um facão; uma corda; uma lanterna; uma rede.

Separar orações de mesma natureza em um período. Ex.: A testemunha não se demonstrava insegura; estava convicta. (predicados nominais).

Separar partes de um período, das quais uma pelo menos esteja subdividida por vírgula (omissão de termos).

Ex.: O envolvido 01 disse que chegara às 07 horas; o envolvido 02, às 07h10min.

Em lugar da vírgula, costuma-se empregar o ponto-e-vírgula antes das conjunções adversativas (mas, porém, todavia, etc) e das conjunções conclusivas (logo, portanto, por isso, etc) colocadas no início de uma oração coordenada. Trata-se de enfatizar a idéia da oração introduzida pela conjunção.

Compare:No Boletim de Intervenção da Guarda Municipal, nº. XXXX, está registrado que o envolvido 04 dissera que vira o acidente, mas não conseguiu frear a tempo.

No Boletim de Intervenção da Guarda Municipal, nº. XXXX, está registrado que o envolvido 04 dissera que vira o acidente; mas não conseguiu frear a tempo.

DOIS - PONTOS Os dois-pontos introduzem citações e falas, enumerações ou um esclarecimento.

Ex.: O Cap PM, chefe desta guarnição, respondeu-lhe o seguinte: “Os direitos que lhe asseguram serão informados”.

PONTO DE INTERROGAÇÃO Serve para marcar as orações interrogativas diretas.

Ex.: O senhor está sozinho?

Observação:Não se usa o ponto interrogativo nas perguntas indiretas: Diz-me o que tens. Desejo saber quem vai. Perguntei quem era.

PONTO DE EXCLAMAÇÃO Serve para marcar as frases exclamativas.Usa-se depois das interjeições,locuções, que se proferem com entonação descendente, exprimindo surpresa, espanto, susto indignação, piedade, ordem, súplica,etc.

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Exs.: ... mas, senhor, eu estou com medo!“-Céus! Que injustiça!” ( Camilo Castelo Branco)“Ah! Mísero demente! O teu tesouro é falso!” ( Olavo Bilac)

RETICÊNCIAS Têm a função de indicar que a frase foi suspensa ou seccionada.

No meio do período, para indicar certa hesitação ou breve interrupção do pensamento;No fim de um período gramaticalmente completo, para sugeriri certo prolongamento da ideia;Para sugerir movimento ou a continuação de um fato;Para indicar chamamento ou interpelação, em lugar do ponto interrogativo;Para indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita, caso em que se podem usar quatro pontos, em vez de três.

Observação As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor. (CEGALLA 433- 2008)

Exs.:

Ouvimos o suspeito abrir a porta ... entrar em casa ... vasculhar tudo ...

“ Na terra os homens sonham,os homens vivem sonhando...” ( Malu de Ouro Preto)

ASPAS a) Usada no início e no fim de uma citação.

Ex.: Este policial baseia-se no seguinte código: “Art. 1o. A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim...”.

b) Nos termos ou expressões que se quer evidenciar como estrangeiros, ou como arcaísmo∗,

neologismos∗, gírias, etc.

Ex.: O autor 03 confessou que, uma semana antes, enviara um “e-mail” para a vítima.c) Nos termos ou expressões sobre os quais se quer recair uma ênfase.

Ex.: Senhor policial, não poderia lhe afirmar que o meu vizinho é uma pessoa “normal”.

d) Nos termos que se quer ironizar. Ex.: Quando advertido, o PM, nº. YYYY, respondeu-me que sabia que era eu quem “ensinava”

à tropa, mas com tom irônico.

PARÊNTESES Intercalam, num texto, qualquer indicação acessória.

Ex.: O senhor João José (autor) agrediu a senhora Maria José (vítima), quando ...

Arcaísmo: expressão arcaica; modo de falar ou escrever antiquado. Neologismo: palavra ou frase nova, ou ainda palavra antiga com sentido novo.

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Page 34: Apostila Língua Portuguesa 2013

TRAVESSÃO a) Para indicar a mudança do interlocutor no diálogo.b) Para isolar a fala da personagem da fala do narrador.c) Para isolar palavras ou expressões no interior de frases.

Ex.: O material apreendido – duas facas, um celular e uma bucha com substância esverdeada semelhante à maconha – serão encaminhados posteriormente ao senhor, após a perícia.

COLCHETES Têm a mesma finalidade que os parênteses; todavia, seu uso se restringe aos escritos de cunho didático, filológico, científico:

Ex.: “ Cada um colhe[ conforme semeia].” ( Adriano da Gama Kury)

ASTERISCO O asterisco ( * ), palavra que significa estrelinha, é usado:

Para remeter uma nota ou explicação ao pé da página ou no fim de um capítulo;

Nos dicionários e nas enciclopédias, para remeter a um verbete;

No lugar de um nome próprio que não se quer mencionar: o Dr.*, o jornal***.

PARÁGRAFO Representa-se com o sinal § e serve para indicar um parágrafo de um texto ou artigo de lei.

VÍRGULA A vírgula é o sinal de pontuação que indica pequena pausa na leitura, o que equivale a uma pequena ou grande mudança na entoação.

De todos os sinais, esse é o que causa maiores dúvidas, maiores transtornos quanto à utilização, pois requer internalização de regras. Para “início de conversa”, devemos ter em mente as seguintes orientações básicas:

Não devemos empregar a vírgula entre o sujeito e o predicado e entre o verbo e seus complementos. Isso quer dizer que não devemos escrever frases em que a vírgula fica nas seguintes posições:

A vítima, disse que estava dentro do próprio carro quando foi assaltada pelo menor Fulano de Tal.

A vítima disse, que estava dentro do próprio carro quando foi assaltada pelo menor Fulano de Tal.

A vítima disse que, estava dentro do próprio carro quando foi assaltada pelo menor Fulano de Tal.

Lembrem-se de que “A vítima” é o sujeito e “disse” é verbo.

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Page 35: Apostila Língua Portuguesa 2013

Precisamos acabar com a idéia de que não se usa vírgula antes de e, pois existem casos em que a colocação se faz necessária.

Quando o e equivale a mas. Ex: Ele fuma, e não traga. (e = mas)

Quando o e dá início à outra oração no período, sendo diferentes os sujeitos. Ex: "Os soldados ganham as batalhas, e os generais recebem o crédito”.

Regras básicas de emprego da vírgula:a) Para enumeração gradativa (para separar termos que exercem a mesma função sintática).

A testemunha disse que o indivíduo era loiro, alto e de olhos azuis.

Obs: não é obrigatório o uso da conjunção e entre a última e a penúltima palavra, vocêpode colocar aí uma vírgula.

b) Para isolar vocativo.3

Você ouviu, Maria, que notícia estranha?

c) Para isolar o aposto.4

Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, é uma cidade movimentada.

d) Para isolar o adjunto adverbial 5, quando ele é extenso ou quando se quer destacá-lo.

Faço, durante o dia, o meu trabalho. À noite, procuro relaxar e colocar minhas coisas em ordem.

e) Para isolar o nome de um lugar anteposto à data.

Belo Horizonte, 10 de outubro de 2008.

f) Para separar orações com sentido completo e que não são introduzidas por conjunção (coordenadas assindéticas).

Os policiais chegaram na semana passada, participaram de algumas atividades, já estão completamente entrosados com o novo trabalho.

g) Para separar as orações com sentido completo e introduzidas por conjunção (coordenadas sindéticas), com exceção das introduzidas pela conjunção “e”.

Os policiais estão aqui, mas não estão fardados.

h) Para separar orações subordinadas adjetivas explicativas6.

Belo Horizonte, que é a capital de Minas Gerais, é uma cidade movimentada.

i) Quando a oração subordinada adverbial vier antes da oração principal.

3 Vocativo é o termo da oração por meio do qual chamamos nosso interlocutor, real ou imaginário.4 Aposto é o termo da oração que se refere a um substantivo, a um pronome ou a uma oração, para explicá-los, ampliá-los, resumi-los ou identificá-los.

5 Adjunto adverbial é o termo que modifica o verbo indicando as circunstâncias em que se dá a ação verbal. (consulte gramáticas da Língua Portuguesa para maiores esclarecimentos)6 Consultar gramática para rever o conceito de oração coordenada assindética, sindética e oração subordinada adjetiva explicativa.

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Page 36: Apostila Língua Portuguesa 2013

Quando a polícia chegou no local , o rapaz já estava morto.

Observação: a vírgula é optativa quando a oração subordinada adverbial vier após a oração principal. (O rapaz já estava morto quando a polícia chegou.)

j) Quando as orações forem reduzidas de ‘gerúndio, particípio e infinitivo’, a vírgula é obrigatória.

Chegando ao local , constatamos que a vítima já estava morta.

Acionados pelo CICOP , comparecemos ao local...

Para fugir , eles usaram o veículo de placa GTI 0101...

Observação: se as orações reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo aparecerem no meio do período composto, elas deverão ficar entre vírgulas.

PONTUAÇÃO E CLAREZA TEXTUAL

Exercícios

OBSERVAÇÃO: ESTES EXERCÍCIOS DEVERÃO SER CORRIGIDOS E COMENTADOS NA NOSSA SALA DE AULA VIRTUAL. ACESSE TODOS OS DIAS A SALA DE AULA VIRTUAL.

1. Leia o texto abaixo e coloque vírgulas nos lugares adequados .

No local onde ocorreram os fatos fomos informados de que a vítima se encontrava no interior do Bar da Pontuação quando foi agredida por um homem alto loiro de olhos azuis cujo nome é Virgulino Interrogação. A testemunha Maria das Reticências disse que o agressor investiu contra a vítima com uma faca de cozinha ferindo-a no ombro direito. Algumas pessoas tentaram detê-lo mas Virgulino fugiu do local levando consigo a arma do crime. Disse-nos ainda que a agressão tinha ocorrido por motivos passionais uma vez que a vítima é companheira do autor. Realizamos rastreamento pelas imediações mas não conseguimos localizar o agressor.

2. Leia os pares de frases abaixo e descubra qual a diferença de sentido entre elas, observando, acima de tudo, a colocação da vírgula.

Deslocamo-nos para o endereço citado e abordamos o autor que estava de arma em punho.

Deslocamo-nos para o endereço citado e abordamos o autor, que estava de arma em punho.

PRONOME

Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que substitui ou acompanha o nome, indicando-o como pessoa do discurso. Quando o pronome substituir um substantivo, será denominado pronome substantivo; quando acompanhar um substantivo, será denominado pronome adjetivo. Por exemplo, na frase Aqueles garotos estudam bastante, eles serão

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Page 37: Apostila Língua Portuguesa 2013

aprovados com louvor. Aqueles é um pronome adjetivo, pois acompanha o substantivo garotos, e eles é um pronome substantivo, pois substitui o mesmo substantivo.

Pronomes Pessoais Os pronomes pessoais são aqueles que indicam uma das três pessoas do discurso: a pessoa que fala, a pessoa com quem se fala e a pessoa de quem se fala.

Pronomes pessoais do caso retoPronomes pessoais do caso reto são os que desempenham a função sintática de sujeito da oração. São os pronomes eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.

Pronomes pessoais do caso oblíquo

São os que desempenham a função sintática de complemento verbal (objeto direto ou indireto), complemento nominal, agente da passiva, adjunto adverbial, adjunto adnominal ou sujeito acusativo (sujeito de oração reduzida)

Os pronomes pessoais do caso oblíquo se subdividem em dois tipos: os átonos, que não são antecedidos por preposição, e os tônicos, precedidos por preposição.

Pronomes oblíquos átonos:

Os pronomes oblíquos átonos são os seguintes: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes.

Pronomes oblíquos tônicos:

Pronomes oblíquos tônicos são os seguintes: mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas.

Pronomes de Tratamento.

São pronomes empregados no trato com as pessoas, familiarmente ou respeitosamente. Embora o pronome de tratamento se dirija à segunda pessoa, toda a concordância deve ser feita com a terceira pessoa. Usa-se Vossa, quando conversamos com a pessoa, e Sua, quando falamos da pessoa, ao se tratar, evidentemente, de pronome de tratamento.

Ex.

Vossa Senhoria deveria preocupar-se com sua responsabilidade.

Sua Excelência, o Prefeito, que se encontra ausente, chegará amanhã.

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Page 38: Apostila Língua Portuguesa 2013

Eis uma pequena lista de pronomes de tratamento:

AUTORIDADES DE ESTADO

Civis

Judiciárias

Pronome de tratamento

Abreviatura Usado para

Vossa Excelência V. EX.ª Desembargador de Justiça, curador, promotor.

Meritíssimo Juiz M. Juiz, Juízes de Direito

Vossa Senhoria V.S.ª Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais.

Militares

Pronome de tratamento

Abreviatura Usado para

Vossa Excelência V. EX.ª Oficiais generais (até coronéis)

Vossa Senhoria V.S.ª Outras patentes militares

Vossa Senhoria V.S.ª Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais.

AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS

Pronome de tratamento Abreviatura Usado para

Vossa Santidade V.S Papa

Vossa Eminência Reverendíssima

V. Em.ª Revm. ª Cardeais, arcebispos e bispos

Vossa Senhoria V.S.ª Abades, superiores de conventos, outras autoridades eclesiásticas e sacerdotes em geral

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Pronome de tratamento Abreviatura Usado para

Vossa Excelência V. EX.ª Presidente da República,Ministro de Estado,Governadores, Deputados Federais e Estaduais, Prefeitos, Embaixadores, Vereadores, Cônsules, Chefes das Casas civis e Casas Militares.

Vossa Magnificência V. M. Reitores de Universidade

Vossa Senhoria V.S.ª Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais.

Page 39: Apostila Língua Portuguesa 2013

AUTORIDADES MONÁRQUICAS

Pronome de tratamento

Abreviatura Usado para

Vossa Majestade V.M. Reis e imperadores

Vossa Alteza V.A Príncipe, Arquiduques e Duques

Vossa Reverendíssima

V. Revmª

Abades, superiores de conventos, outras autoridades eclesiásticas e sacerdotes em geral

OUTRAS AUTORIDADES

Pronome de tratamento

Abreviatura Usado para

Vossa Senhoria V.S.ª Dom

Doutor Dr. Doutor

Comendador Com. Comendador

Professor Prof. Professor

OBSERVAÇÃO:

Pronomes de Tratamento Empregados na PMMGa) Entre os pronomes pessoais incluem-se os chamados pronomes de tratamento, usados no

trato cortês e cerimonioso com as pessoas.

Exemplos:

O senhor (Sr.), a senhora (Sr.a);

Vossa Senhoria (V.Sa.): para pessoas de cerimônia, principalmente na correspondência comercial;

Vossa Excelência (V. Ex.a): para altas autoridades.

b) Antes de pronomes pessoais e de tratamento não ocorre crase, exceção feita a SENHORA, DONA e SENHORITA que, por admitirem artigo, também admitem crase.

Exemplo:

Solicito a V. Sa. ( sem crase );

Pediu à senhora que viesse ( com crase ).

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Page 40: Apostila Língua Portuguesa 2013

− Quadro demonstrativo dos pronomes pessoais de tratamento:

DESTINATÁRIO VOCATIVO ENVELOPES POR ESCRITO/ PESSOALMENTE

ABREV.

Oficiais até Coronel, Funcionários graduados (diretores e chefes de

seção)

Ilustríssimo Senhor

Ilmo. Sr. Vossa Senhoria V. Sª.

Monsenhores, Cônegos, Padres e religiosos

Reverendíssimo (a)

Senhor (a)

Reverendíssimo (a)

Senhor Padre ... ou

Senhora Madre

Vossa Senhoria

Reverendíssima

ou

Vossa Reverendíssima

V. Sª.

Revma.

Ou

V.Revma.

Bispos e Arcebispos Reverendíssimo Reverendíssimo

Senhor D. ......

Bispo de .......

Vossa Excelência

Reverendíssima

V. Exª.

Revma

Cardeais Eminentíssimo Senhor

Eminentíssimo

Senhor D. .......

Cardeal de ......

Vossa Eminência

ou

Vossa Eminência

Reverendíssima

V.Ema.

Ou

V.Ema.

Revma.

Papa Santíssimo Santíssimo Padre

Papa ......

Palácio do Vaticano

Vossa Santidade V.S.

Reitor da Universidade Magnífico Reitor

Exmo. Sr. Prof.

Magnífico Reitor da Universidade ..........

Vossa Magnificência V. Maga.

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Page 41: Apostila Língua Portuguesa 2013

Procurador-Geral da República

Procurador-Geral do Estado

Procuradores-Gerais dos Tribunais

Embaixadores

Governador de Estado e do Distrito Federal

Presidente e Membros das Assembléias Legislativas

Secretários de Estado

Membros do Congresso Nacional

Presidente e Membros do:

Supremo Tribunal Federal

Tribunal de Contas da União

Tribunais Regionais Eleitorais e

Tribunais Regionais do Trabalho

Tribunal Superior do Trabalho

Vice-Presidente da República

Chefe dos Gabinetes Civil e

Militar da Presidência

Ministros de Estado

Oficiais-Generais

Consultor Geral da República

Chefes dos Estados-Membros do

Excelentíssimo Senhor

Exmo. Sr. Vossa Excelência V. Exª.

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Page 42: Apostila Língua Portuguesa 2013

Exército, da Marinha, da Aeronáutica e das Forças

Armadas

Juizes em geral e Auditores da Justiça

Militar

Meritíssimo Senhor Juiz

Exmo. Sr. Dr. Vossa Excelência V. Exª.

Presidente da República

Excelentíssimo Senhor

Presidente da República

Federativa do Brasil

Excelentíssimo

Senhor Presidente da ...

Vossa Excelência Não se usa

Promotor-Geral de Justiça

Procuradores de Justiça

Promotores de Justiça

Excelentíssimo Senhor

Exmo. Sr. Vossa Excelência V. Exª.

− Plural das expressões de tratamento:

O plural vai depender das próprias expressões.

Se a expressão tem o “a” como em V. Sª., V. Exª. etc., acrescenta-se o “s” ao “a”.

Exemplos:Vossas Excelências = V. Exas;Vossas Senhorias = V. Sas.

Se ela não tem “a”, dobram-se as letras maiúsculas, colocando-se um ponto após a segunda letra dobrada.

Exemplo:V. A. = VV. AA.V.S. = VV.SS.

ATENÇÃO: É preciso ter muito cuidado para não confundir esse plural com as abreviaturas de Digníssimo (DD), Santíssimo (SS) ou Meritíssimo (MM).

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Page 43: Apostila Língua Portuguesa 2013

a) Quando se dirige à pessoa, usa-se o pronome vossa. Exemplo: Informo a Vossa Senhoria que o café está pronto;

b) Quando se fala da pessoa, usa-se o pronome sua. Exemplo: Sua Excelência disse que chegará mais tarde;

c) A expressão de tratamento usada para o Presidente da República não pode ser abreviada;d) O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é

Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República;

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional;

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.

e) As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo;

f) Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Não deve ser usado indiscriminadamente. Seu emprego deve restringir-se apenas às comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações;

g) A velha e desgastada forma “-vos”, usada durante anos na Polícia Militar, para referir-se a destinatário singular, está INCORRETA. O substituto adequado é Vossa Senhoria (V. Sa.).

Ex.: Solicito-vos acesso a documentos de meu interesse que estão na Seção de Recursos Humanos. (ERRADO)Solicito a V. Sa. acesso a documentos de meu interesse que estã na Seção de Recursos Humanos. (CERTO);

h) Na Polícia Militar serão usados, ordinariamente, dois tipos de pronomes de tratamento para referir-se a Autoridades Policiais-Militares:

V. Exª. – para o Cel. PM Cmt. Geral da PMMG e para o Cel. PM Chefe do Gabinete Militar do Governador, pois têm status de Secretário de Estado;

V. Sª. – para os demais Superiores Hierárquicos da PMMG.

Pronomes Relativos

O Pronome Relativo QueEste pronome deve ser utilizado com o intuito de substituir um substantivo (pessoa ou "coisa"), evitando sua repetição. Na montagem do período, deve-se colocá-lo imediatamente após o substantivo repetido, que passará a ser chamado de elemento antecedente.

Por exemplo, nas orações Roubaram a peça. A peça era rara no Brasil há o substantivo peça repetido. Pode-se usar o pronome relativo que e, assim, evitar a repetição de peça. O pronome será colocado após o substantivo. Então teremos Roubaram a peça que... . Este que está no lugar da palavra peça da outra oração. Deve-se, agora, terminar a outra oração: ...era rara no Brasil, ficando:

Roubaram a peça que era rara no Brasil.

Pode-se, também, iniciar o período pela outra oração, colocando o pronome após o substantivo. Então, tem-se A peça que... Este que está no lugar da palavra peça da outra oração. Deve-se,

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Page 44: Apostila Língua Portuguesa 2013

agora, terminar a outra oração: ...roubaram, ficando A peça que roubaram... . Finalmente, conclui-se a oração que se havia iniciado: ...era rara no Brasil, ficando:

A peça que roubaram era rara no Brasil.

Outros exemplos:

01) Encontrei o garoto. Você estava procurando o garoto.

• Substantivo repetido = garoto

• Colocação do pronome após o substantivo = Encontrei o garoto que...

• Restante da outra oração = ... você estava procurando

• Junção de tudo = encontrei o garoto que você estava procurando.

O Pronome Relativo Cujo

Este pronome indica posse (algo de alguém).

Na montagem do período, deve-se colocá-lo entre o possuidor e o possuído ( alguém cujo algo), de forma que o pronome concorde em gênero e número com o termo seguinte.

Por exemplo: nas orações Antipatizei com o rapaz. Você conhece a namorada do rapaz. O substantivo repetido rapaz possui namorada. Deveremos, então, usar o pronome relativo cujo, que será colocado entre o possuidor e o possuído: Algo de alguém = Alguém cujo algo. Então, Tem-se a namorada do rapaz = o rapaz cuja namorada. Não se pode usar artigo ( o, a, os, as) depois de cujo. Eles deverá contrair-se com o pronome, ficando: cujo + o= cujo; cujo + a = cuja; cujo + os = cujos; cujo + as cujas. Então a frase ficará o rapaz cuja namorada. Somando as duas orações, tem-se:

Antipatizei com o rapaz cuja namorada você conhece.

Outros exemplos:

01) A árvore foi derrubada. Os frutos da árvore são venenosos.

• Substantivo repetido = árvore – substantivo repetido possui algo

• Algo de alguém = Alguém cujo algo: os frutos da árvore= a árvore cujos frutos. Soman-

do as duas orações, tem-se

• A árvore cujos frutos são venenosos foi derrubada.

O Pronome Relativo Quem

Esse pronome substitui um substantivo que representa uma pessoa, que evita sua repetição. Somente deve ser utilizado antecedido de preposição, inclusive quando funcionar como objeto direto. Nesse caso, haverá a anteposição obrigatória da preposição. O pronome passará a exercer a função sintática de objeto direto preposicionado.

Por exemplo na oração:

A garota que conheci está em minha sala: o pronome que funciona como objeto direto.

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Page 45: Apostila Língua Portuguesa 2013

Substituindo pelo pronome quem, tem-se

A garota a quem conheci ontem está em minha sala.

Há apenas uma possibilidade de o pronome quem não ser precedido de preposição: quando funcionar como sujeito. Isso só ocorrerá, quando possuir o mesmo valor de o que, a que, os que, as que, aquele que, aquela que, aqueles que, aquelas que, ou seja, quando puder ser substituído por pronome demonstrativo (o, a, os , as, aquele, aquela, aqueles, aquelas) mais o pronome relativo que, Por exemplo: Foi ele quem me disse a verdade= Foi ele o que me disse a verdade. Nesses casos o pronome quem será denominado de Pronome Relativo Indefinido.

Na montagem do período, deve-se colocar o pronome relativo quem imediatamente após o substantivo repetido, que passará a ser chamado de elemento antecedente.

Por exemplo: nas orações Este é o artista. Eu me referi ao artista ontem. Há o substantivo artista repetido. Pode-se usar o pronome relativo quem e, assim, evitar a repetição de artista. O pronome será colocado após o substantivo. Então, tem-se Este é o artista quem... Este quem está no lugar da palavra artista da outra oração. Deve-se, agora, terminar a outra oração: ...eu me referi ontem, ficando Este é o artista quem me referi ontem. Como o verbo referir-se exige a preposição a, ela será colocada antes do pronome relativo. Então se tem

Este é o artista a quem me referi ontem.

O Pronome Relativo Qual

Esse pronome tem o mesmo valor de que e de quem.

É sempre antecedido de artigo, que concorda com o elemento antecedente, ficando o qual, a qual, os quais, as quais.

Se a preposição que anteceder o pronome relativo possuir duas ou mais sílabas, só poderemos usar o pronome qual, e não que ou quem. Então só se pode dizer O juiz perante o qual testemunhei. Os assuntos sobre os quais conversamos, e não O juiz perante quem testemunhei nem Os assuntos sobre que conversamos.

Outro exemplo:

Meu irmão comprou o restaurante. Eu falei a você sobre o restaurante.

• Substantivo repetido = restaurante

• Colocação do pronome após o substantivo = Meu irmão comprou o restaurante que...

• Restante da outra oração = ... eu falei a você

• Junção de tudo = Meu irmão comprou o restaurante que eu falei a você. Observe que o verbo falar, na oração apresentada, foi usado com a preposição sobre, que deverá ser anteposta ao pronome relativo: Meu irmão comprou o restaurante sobre que falei a você. Como a preposição sobre possui duas sílabas, não se pode usar o pronome que, e sim o qual, ficando então.

Meu irmão comprou o restaurante sobre o qual eu falei a você.

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Page 46: Apostila Língua Portuguesa 2013

OBS: Com as preposições monossilábicas se usa que, em vez de o qual, com exceção das preposições sem e sob.

O Pronome Relativo Onde

Este pronome tem o mesmo valor de em que.

Sempre indica lugar, por isso funciona sintaticamente como Adjunto Adverbial de lugar.

Se a preposição em for substituída pela preposição a ou pela preposição de, substituiremos aonde e donde, respectivamente. Por exemplo: O sítio aonde fui é aprazível. A cidade donde vim fica longe.

Será pronome relativo indefinido, quando puder ser substituído por o lugar em que.

Por exemplo: na frase Eu nasci onde você nasceu. = Eu nasci no lugar em que você nasceu.

Outro exemplo:

Eu conheço a cidade. Sua sobrinha mora na cidade.

• Substantivo repetido -= cidade

• Colocação do pronome após o substantivo = Eu conheço a cidade que...

• Restante da outra oração = ... sua sobrinha mora.

• Junção de tudo = Eu conheço a cidade que sua sobrinha mora. O verbo morar exige a preposição em, pois quem mora mora em algum lugar. Então

Eu conheço a cidade em que sua sobrinha mora.

Eu conheço a cidade na qual sua sobrinha mora.

Eu conheço a cidade onde sua sobrinha mora.

O Pronome Relativo Quanto

Esse pronome é sempre antecedido de tudo, todos ou todas, e concorda com esses elementos (quanto, quantos, quantas).

Exemplo:

Fale tudo quanto quiser falar.

Traga todos quantos quiser trazer.

Beba todas quantas quiser beber.

Pronomes Possessivos

São aqueles que indicam posse, em relação às três pessoas do discurso. São eles: meu(s), minha(s), teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s), nossa(s) vosso(s), vossa(s).

Empregos dos pronomes possessivos:

1) O emprego dos possessivos de terceira pessoa seu, sua, seus, suas pode dar duplo sentido à frase ( ambiguidade) . Para evitar isso, coloca-se à frente do substantivo dele, dela, deles, delas, ou troca-se o possessivo por esses elementos.

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Page 47: Apostila Língua Portuguesa 2013

Ex.

• Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos. De quem eram os documentos? Não há como saber. Então a frase está ambígua. Para tirar a ambigui-dade, coloca-se, após o substantivo, o elemento referente ao dono dos documentos: se for Joaquim: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos dele; se for Sandra: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documen-tos dela. Pode-se, ainda, eliminar o pronome possessivo: Joaquim contou-me que San-dra desaparecera com os documentos dele (ou dela).

2) É facultativo o uso de artigo diante dos possessivos.

Ex.

• Trate bem seus amigos. Ou Trate bem os seus amigos.

3) Não se devem usar pronomes possessivos diante de partes do próprio corpo.

Ex

• Amanhã, irei cortar os cabelos.

• Vou lavar as mãos.

• Menino! Cuidado para não machucar os pés!

•4) Não se devem usar pronomes possessivos diante da palavra casa, quando for a residência da

pessoa que estiver falando.

Ex.

• Acabei de chegar de casa.

• Estou em casa, tranqüilo.

Pronomes Demonstrativos

Pronomes demonstrativos são aqueles que situam os seres no tempo e no espaço, em relação às pessoas do discurso. São os seguintes:

1. Este, esta, isto:

São usados para o que está próximo da pessoa que fala e para o tempo presente.

Ex.

• Este chapéu que estou usando é de couro.

• Este ano está sendo cheio de surpresas.

2. Esse, essa, isso:

São usados para o que está próximo da pessoa com quem se fala, para o tempo passado recente e para o futuro.

Ex.

Esse chapéu que você está usando é de couro?

2003. Esse ano será envolto em mistérios.

Em novembro de 2001, inauguramos a loja. Até esse mês, nada sabíamos sobre o

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Page 48: Apostila Língua Portuguesa 2013

comércio.

3. Aquele, aquela, aquilo:

São usados para o que está distante da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala e para o tempo passado remoto.

Ex.

• Aquele chapéu que ele está usando é de couro?

• Em 1974, eu tinha 15 anos. Naquela época, Londrina era uma cidade pequena.

Outros usos dos demonstrativos:

1) Em uma citação oral ou escrita, usa-se este, esta, isto para o que ainda vai ser dito ou escrito, e esse, essa, isso para o que já foi dito ou escrito.

Ex.

• Esta é a verdade: existe a violência, porque a sociedade permitiu.

• Existe a violência, porque a sociedade a permitiu. A verdade é essa.

2) Usa-se este, esta, isto em referência a um termo anterior, para substituí-lo.

Ex.

• O fumo é prejudicial à saúde, e esta deve ser preservada.

• Quando interpelei Roberval, este se assustou inexplicavelmente.

3) Para estabelecer-se a distinção entre dois elementos anteriormente citados, usa-se este, esta, isto em relação ao que foi mencionado por último e aquele, aquela, aquilo, em relação ao que foi nomeado em primeiro lugar.

Ex.

• Sabemos que a relação entre o Brasil e os Estados Unidos é de domínio destes sobre

aquele.

• Os filmes brasileiros não são tão respeitados quanto as novelas, mas eu prefiro aqueles a estas. (normalmente, os gramáticos recomendam o uso de este em primeiro lugar)

4) O, a, os, as, são pronomes demonstrativos, quando equivalem a isto, isso, aquilo ou aquele(s), aquela(s).

Ex.

• Não concordo com o que ele falou. (aquilo que ele falou)

• Tudo o que aconteceu foi um equívoco. (aquilo que aconteceu)

Pronomes indefinidos

Os pronomes indefinidos referem-se à terceira pessoa do discurso de uma maneira vaga, imprecisa, genérica.

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Page 49: Apostila Língua Portuguesa 2013

São eles: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, cada, outrem, mais, menos, demais, algum, alguns, alguma, algumas, nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas, todo, todos, toda, todas, muito, muitos, muita, muitas, bastante, bastantes, pouco, poucos, poucas, certo, certos, certa, certas, tanto, tantos, tanta, tantas, quanto, quantos, quanta, quantas, um, uns, uma, umas, qualquer, quaisquer, além das locuções pronominais indefinidas cada um, cada qual, quem quer que, todo aquele que, tudo o mais...

Usos de alguns pronomes indefinidos

I. Todo

O pronome indefinido todo deve ser usado com artigo, se significar inteiro e o substantivo à sua frente o exigir; caso signifique cada ou todos não terá artigo, mesmo que o substantivo exija.

Ex.• Todo dia telefono a ela. (Todos os dias )

• Fiquei todo o dia em casa. (O dia inteiro)

• Todo ele ficou machucado. ( Ele inteiro, mas a palavra ele não admite artigo)

II. Todos, todas

Os pronomes indefinidos todos e todas devem ser usados com artigo, se o substantivo à sua frente o exigir.

Ex.

• Todos os colegas o desprezam.

• Todas as meninas foram à festa.

• Todos vocês merecem respeito.

III. Algum

O pronome indefinido algum tem sentido afirmativo, quando usado antes do substantivo; passa a ter sentido negativo, quando estiver depois do substantivo.

Ex.

• Amigo algum o ajudou. (nenhum amigo)

• Algum amigo o ajudará. (alguém)

IV. Certo

A palavra certo será pronome indefinido, quando anteceder substantivo, e será adjetivo, quando estiver posposto a substantivo.

Ex.

• Certas pessoas não se preocupam com os demais.

• As pessoas certas sempre nos ajudam.

V. Qualquer

O pronome indefinido qualquer não deve ser usado em sentido negativo. Em seu lugar, deve-se usar algum, posteriormente ao substantivo, ou nenhum

Ex.

• Ele entrou na festa sem qualquer problema. Essa frase está inadequada gramaticalmen-

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Page 50: Apostila Língua Portuguesa 2013

te. O adequado seria

• Ele entrou na festa sem problema algum.

• Ele entrou na festa sem nenhum problema.

Pronomes Interrogativos

São os pronomes que, quem, qual e quanto usados em frases interrogativas diretas ou indiretas.

Ex.

• Que farei agora? – Interrogativa direta.

• Quanto te devo meu amigo? – Interrogativa direta

• Qual é o seu nome? – Interrogativa direta.

• Não sei quanto devo cobrar por esse trabalho. – Interrogativa indireta.

• Quem é você?

Nota:

− Na expressão interrogativa Que é de? Subentende-se a palavra feito:

Que é do sorriso? (= Que é feito do sorriso?),

Que é dele? (= Que é feito dele?).

Nunca se deve usar, na escrita, quéde, quedê ou cadê, pois essas palavras oficialmente não existem, apesar de, no Brasil, o uso de cadê ser cada dia mais constante.

Uniformidade de tratamento

No Brasil, é muito comum ouvirmos frases como No fim do ano te darei um presente se você for aprovado ou Eu te amo muito, Teté. Não vivo sem você!. Qual a inadequação? Vamos à explicação:

O problema reside na desuniformidade de tratamento, que consiste em concordar os pronomes e o verbo de tratamento destinado aos interlocutores.

Esclarecendo: se, ao conversarmos com uma pessoa, a tratarmos por você, todos os pronomes e o verbo deverão ficar na terceira pessoa do singular, já que você é um pronome de tratamento, que é de terceira pessoa. Caso haja mais de um interlocutor, a concordância se efetiva na terceira pessoa do plural ( vocês).

Já, se tratarmos a pessoa por tu, todos os pronomes e o verbo deverão ficar na segunda pessoa do singular. Caso haja mais de um interlocutor, a concordância se efetiva na segunda pessoa do plural. (vós).

Os pronomes referentes às segundas pessoas são os seguintes:

tu, te, ti, contigo, teu, tua, teus,tuas, vós, convosco, vosso, vossos, vossa, vossas.

Os pronomes referentes à terceira pessoa são os seguintes:

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Page 51: Apostila Língua Portuguesa 2013

você, vocês, o, a, os, as, lhe, lhes, se, si, consigo, seu, sua, seus,suas.

Vejamos alguns exemplos:

No fim do ano te darei um presente se tu fores aprovado.

No fim do ano lhe darei um presente se você for aprovado.

Eu te amo muito, Teté. Não vivo sem ti!

Eu a amo muito, Teté. Não vivo sem você!

Outro problema de desuniformidade de tratamento ocorre no uso do verbo, principalmente no imperativo, que é o uso do verbo para pedido, ordem, conselho, apelo.

Se o interlocutor for tratado pro pronome de tratamento, o verbo no imperativo deve ser conjugado da seguinte maneira (peguemos como exemplo) Solicito a Vossa Senhoria que me ajudes a resolver...

EXERCÍCIOS

Vamos praticar um pouco, completando as frases abaixo com a forma correta do demonstrativo:

a) Acho que não quero mais viver ______país, o Brasil.

b) _________ quarto não dava para dormir por causa do barulho, por isso viemos dormir _____.

c) Convidei a Patrícia e o Adriano para irem à festa, _______ aceitou, mas ______ não porque vai à casa da namorada.

d) Você pode me entregar __________ papéis que estão com você?

e) Não quero nem pensar no que pode acontecer quando ele descobrir a verdade. _________ dia quero estar bem longe daqui.

f) Não me lembro mais como foi ____________ viagem, já faz tanto tempo...

g) ____________ que ela lhe disse não era verdade, mas ________ que eu estou lhe dizendo é.

h) Um dia ____________ temos que nos encontrar para colocar a conversa em dia.

i) O rapaz insiste em convidar a moça para sair, mas __________ nem lhe dá atenção.

j) Quero ver __________ livro que você tem nas mãos.

k) Meu filho, não se envolva com os funcionários da empresa em que trabalha o nosso vizinho; aliás, nem com _____________ você deve envolver-se.

l) Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade são dois dos maiores nomes da literatura brasileira. _________ é conhecido por suas poesias; _________, por seus brilhantes romances.

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Page 52: Apostila Língua Portuguesa 2013

m) A testemunha disse que, no dia 3/7/05, tentara promover uma conversa entre os envolvidos 01 e 02, apesar de saber que ___________ (envolvido 01) “odiava” ________. (envolvido 02).

n) A vítima disse que, no dia 3/7/05, a casa dela fora assaltada e, __________ mesma data chamara a polícia para registrar a ocorrência, mas não fora atendida.

o) A vítima disse que o carro dela, provavelmente, fora roubado no dia 3/7/05, mas ela só verificara o roubo ___________ data (data da escrita da ocorrência).

p) A testemunha disse que o carro da vítima fora roubado no dia 3/7/05, às 10 horas, mas a vítima só verificara o roubo ___________ data (mesma data do fato) às 13 horas.

q) Ao chegarmos à agência bancária, pegamos João das Couves e Antônio Cenoura em flagrante, _______ (Antônio) mantinha vários clientes da agência como reféns, enquanto _______ (João) pegava o dinheiro dos caixas.

Gabarito:a) neste; b) naquele/nesse – neste; c) aquela –este; d) esses; e) nesse (tempo futuro distante); f) aquela; g) aquilo - isto; h)desses; i) esta; j) esse; k) este; l) este – aquele; m) aquele (envolvido 01) - este. (envolvido 02); m) nessa; n) nesta; o)nessa; p) este – aquele; q) este – isso;

2) Assinale o tratamento dado ao reitor de uma Universidade:

a) Vossa Senhoria b) Vossa Santidade c) Vossa Excelênciad) Vossa Magnificência

Gabarito: D

3) Assinale a alternativa em que a palavra onde funciona como pronome relativo:

a) Não sei onde eles estão.b) "Onde estás que não respondes?"c) A instituição onde estudo é a UEPG.d) Ele me deixou onde está a catedral.e) Pergunto onde ele conheceu esta teoria.

Gabarito: C

4) Os pronomes pessoais são muito importantes para a retomada de dados e conceitos ao longo dos textos da língua. No parágrafo seguinte, subtraímos os pronomes pessoais (o, ele, si, se e lo): sua tarefa é completar as frases que o compõem com as formas pronominais apropriadas. “Levado ao espelho, o brasileiro dá de cara com uma imagem pertubadora – a sua própria identidade em desordem. Certamente por força da crise que há longo tempo ___ invade por todos os lados, _____ vê desmancharem-se diante de _____ conhecidas e reconfortantes fantasias. A realidade atropela as ilusões nacionais, a começar pela matriz de todas elas, a de que Deus é brasileiro. Como um saltimbanco entre um trapézio e outro, o brasileiro parece Ter perdido a confiança na mitologia de suas gostosas qualidades, mas ainda não conseguiu _____ agarrar a uma cadeia de novas crenças, capazes de protegê-____ do abismo.” (Superinteressante)

Respostas: Vamos conferir no espaço sala de aula.

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Page 53: Apostila Língua Portuguesa 2013

1) SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

• Homônimos e Parônimos

Homônimos são vocábulos que se pronunciam ou se grafam da mesma forma, mas diferem no sentido.

Parônimos são vocábulos que têm grafia e pronúncia semelhantes, mas significados diferentes.

Alguns homônimos e parônimos.

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Acerca de:a respeito de

A cerca de:a uma distância

Há cerca de:faz um certo tempo

À-toa: imprestável, ordinário

Cerca de: aproximadamente

Afim:semelhante, análogo

A fim de:para

À toa: sem rumo

Ao encontro de: para junto de, favorável De encontro a : contra,

em prejuízo de

Ao invés de: ao contrário de

Censo: dados estatísticos

Em vez de:em lugar de

A par:Ciente

Ao par: sem ágio, de acordo com a convençaõ legal

Senso: juízo, discernimento

Delatar: denunciar,acusar Dilatar: adiar, ampliar Descrição: ato de descrever

Discrição: modéstia, recato

Descriminar: inocentar, isentar de crime

Discriminar: diferenciar, separar

Despercebido: não visto, não notado

Desapercebido: desprevenido, desprovido

Eminente: elevado, célebre Iminente: imediato, próximo

Emigrar: sair da pátria Imigrar: entrar em outro país para viver

Estada: permanência em algum lugar( usada

normalmente para pessoas)

Estadia permanência do navio no porto

Flagrante: evidente Fragante: aromático

Florescente: florido Fluorescente: luminoso

Incipiente: iniciante, principiante

Insipiente: ignorante

Infligir: aplicar pena, castigo Infringir: transgredir Mandado: ordem judicial

Mandato: delegação de poder

Ratificar: confirmar Retificar: corrigir Sustar: suspender Suster: manter, sustentar

Tachar: censurar,atribuir defeito

Taxar: regular preço, lançar imposto

A princípio: no início, no começo

Em princípio: antes de tudo, antes de mais nada

Page 54: Apostila Língua Portuguesa 2013

• POR QUE/PORQUE/PORQUÊ/POR QUÊ

Lembre-se, inicialmente, de que, em final de frase, a palavra que deve ser sempre acentuada.

Você vive de quê? Ela pensa em quê?

Escreve-se por que (separado):

Quando equivale a pelo qual e flexões. Trata-se, aqui, da preposição por seguida do pronome relativo que. Este é o caminho por que passo todos os dias. Aquele é o livro por que Paulo se interessou.

Quando depois dessa expressão vem escrita ou subentendida a palavra razão. Trata-se, aqui, da preposição por seguida do pronome interrogativo que. Se ocorre no final da frase, o que deve ser acentuado. Por que razão você não compareceu? Por que ele faltou à reunião?Você não compareceu por quê? Ele faltou por quê?Não sabemos por que você não compareceu. Não sabemos por que ele faltou.

Escreve-se porque (junto e sem acento) quando se trata de uma conjunção explicativa ou causal. Geralmente equivale a pois. Tirou boa nota porque estudou bastante. Não compareceu porque estava doente.

Escreve-se porquê (junto e com acento) quando se trata de um substantivo. Nesse caso, vem precedido de artigo ou de outra palavra determinante.Nem o governo sabe o porquê da inflação. Não compreendemos o porquê da briga.

• ONDE/AONDE

Emprega-se aonde com os verbos que dão idéia de movimento*. Equivale sempre a para onde.

Aonde você vai? Aonde nos leva com tal rapidez?Naturalmente, os verbos que não dão idéia de movimento emprega-se onde.Onde estão os livros? Não sei onde te encontrar.

* Há necessidade de o verbo exigir a preposição a.

• MAS/MAIS e MÁS

Mas é uma conjunção coordenativa adversativa. Equivale, portanto, a contudo, todavia, entretanto.

Ela estudou muito, mas não conseguiu boa nota. O time terminou o campeonato sem derrota, mas não foi o campeão.Mais é o pronome ou advérbio de intensidade. Tem por antônimo menos.Ele leu mais livros este ano que no ano anterior. Ela era a aluna mais simpática da classe.

Existe também a forma “más”. Trata-se do plural do adjetivo má.Eram pessoas extremamente más. (ruins)

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Page 55: Apostila Língua Portuguesa 2013

• MAU/MAL

Mau é sempre um adjetivo ( sem antônimo é bom); refere-se, pois a um substantivo.

Escolheu um mau momento para sair. Era um mau aluno.

Mal pode ser:

● Advérbio de modo (antônimo de bem)

Ele se comportou mal.Seu argumento esta mal-estruturado.

● Conjunção temporal (equivale a assim que).

Mal chegou, saiu.

● Substantivo (quando precedido de artigo ou de outro determinante).

O mal tem remédio.Ela foi atacada por um mal incurável.

• CESSÃO/SESSÃO/SEÇÃO

Cessão é o ato de ceder, o ato de dar.

Ele fez a cessão dos seus direitos autoraisA cessão do terreno para a construção do estádio agradou a todos os torcedores.

Sessão é o intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembléia, um evento, etc.

Assistimos a uma sessão de cinema.Reuniram-se em sessão extraordinária.

Seção significa a mesma coisa, isto é, a parte de um todo, um segmento, uma subdivisão.

Lemos a notícia na seção de esportes.Compramos os presentes na seção de brinquedos.

Há/ A:Na indicação de tempo, emprega-se:

• há para o passado ( equivale a faz)

Há dois meses que ele não aparece.Ele chegou da Europa há um ano.

• a para o futuro .

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Page 56: Apostila Língua Portuguesa 2013

Daqui a dois meses ele aparecerá.Ela voltará daqui a um ano.

• SENÃO/SE NÃO

Senão equivale a caso contrário.

Devemos entregar o trabalho no prazo, senão o contrato será cancelado.Espero que faça bom tempo amanhã, senão não poderemos ir à praia.

Se não equivale a se por acaso não.

Estará iniciando orações adverbiais condicionais.

Se não chover amanhã, poderemos ir à praia.

A festa será amanhã à noite, se não ocorrer nenhum imprevisto.

Existe também senão substantivo, que significa mácula, defeito. Nesse caso, vem precedido de artigo ou de outro determinante.

Essa pessoa só tem um senão.

• AO INVÉS DE/ EM VEZ DE

Ao invés de significa ao contrário de.

Ao invés do que previu a meteorologia,choveu muito ontem.Em vez de significa em lugar de.Em vez de jogar futebol, preferimos ir ao cinema.

• AO ENCONTRO / DE ENCONTRO

Ao encontro ( rege a preposição de) significa a favor de.

Aquelas atitudes vão ao encontro do que eles pregavam.

De encontro (rege a preposição a ) significa contra.

Sua atitude veio de encontro ao que eu esperava.

• ACERCA DE / HÁ CERCA DE

Acerca de é uma locução prepositiva. Equivale a respeito de.

Discutimos acerca de uma melhor saída para o caso.

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Page 57: Apostila Língua Portuguesa 2013

Há cerca de é uma expressão em que o verbo haver está indicando tempo transcorrido, equivalendo a faz.

Há cerca de uma semana, discutíamos uma melhor saída para o caso.

• A FIM DE / AFIM

A fim de é uma locução prepositiva que indica finalidade.

Ele saiu cedo a fim de poder chegar a tempo.

Afim é adjetivo e significa semelhante, por afinidade.

O genro é um parente afim. Tratava-se de idéias afins.

• DEMAIS/ DE MAIS

Demais é advérbio de intensidade, equivale a muito.

Elas falam demais.

Demais também pode ser usado como substantivo (virá precedido de artigo ou de outro determinante), significando os restantes.

Chamaram onze jogadores para jogar, os demais ficaram no banco.

De mais é locução prepositiva e possui sentido oposto a de menos.

Não haviam feito nada de mais.

• À-TOA/À TOA

À-toa é um adjetivo (refere-se, pois, a um substantivo) e significa impensado, inútil, despresível.

Ninguém lhe dava valor: era uma pessoa à-toa.

À toa é advérbio de modo e significa a esmo, sem razão, inutilmente.

Andavam à toa pelas ruas.

• DIA-A-DIA/ DIA A DIA

Dia-a-dia é um substantivo e significa cotidiano.

O dia-a-dia do trabalhador é extremamente monótono.Dia a dia é expressão adverbial e significa todos os dias, cotidianamente.

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Page 58: Apostila Língua Portuguesa 2013

Os preços das mercadorias aumentam dia a dia.

• TAMPOUCO/TÃO POUCO

Tampouco é advérbio e significa também não.

Não realizou a tarefa, tampouco apresentou justificativa.

Em tão pouco, temos o advérbio de intensidade tão modificando pouco, que pode ser advérbio ou pronome idefinido.

Tenho tão pouco entusiasmo pelo trabalho! (tão modifica o pronome indefinido pouco). Estudamos tão pouco nesta semana. ( tão modifica o advérbio pouco.)

• POLISSEMIA

Uma palavra pode ter mais de uma significação.

Exemplos:Mangueira: tubo de borracha ou de plástico para regar as plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado.

Pena: pluma; peça de metal para escrever; punição; dó.

Velar: cobrir com véu; ocultar; vigiar; cuidar; relativo ao véu do palato.

• SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO

As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado.

Exemplo:Construí um muro de pedra. (sentido próprio)Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado)A água pingava da torneira. (sentido próprio)As horas iam pingando lentamente. (sentido figurado)

• DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Observe a palavra em destaque destes exemplos:

Comprei uma correntinha de ouro.Fulano nadava em ouro.

No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa simplesmente o conhecido metal precioso, dúctil,brilhante,de cor amarela: tem sentido próprio, real, denotativo. No segundo, ouro

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Page 59: Apostila Língua Portuguesa 2013

sugere ou evoca riquezas, opulência, poder,glória, luxo, ostentação, conforto, prazeres:tem sentido conotativo, possui várias conotações ( ideias associadas, sentimentos, evocações que irradiam da palavra).

EXERCÍCIOS

1) Marque P para sentido próprio e F para sentido figurado nas palavras em destaque:

a) ( ) Quebrei um galho de árvore.b) ( ) O Presidente quebrou o protocolo.c) ( ) Não sejas escravo da moda.d) ( ) O escravo fugiu para o quilombo.

Gabarito: a) P;b) F;c)F;d)P

2) Preencha as lacunas com um dos termos entre parênteses:

Em tempos de crise, é necessário.......................a despensa de alimentos. (sortir - surtir)

Os direitos de cidadania do rapaz foram....... ..................pelo governo. (caçados - assados)

O..........................dos senadores é de oito anos. (mandado- mandato)

A Marechal Rondon estava coberta pela...............................(cerração – serração)

César não teve..........................de justiça. (censo - senso)

Todos os....................................haviam sido ocupados. (acentos - assentos)

Devemos uma......................quantia ao banco. (vultosa - vultuosa)

A próxima..............................começará atrasada. (seção - sessão)

..................................-.se, mas havia hostilidade entre eles. (cumprimentaram - comprimentaram)

Na........................das avenidas, houve uma colisão. (intersecção - intercessão)

O.....................................no final do dia estava insuportável. (tráfego - tráfico)

O marido entrou vagarosamente e passou......... .............................(despercebido - desapercebido)

Não costume .......................................as leis. (infligir - infringir)

Após o bombardeio, o navio atingido............ .................. (emergiu- imergiu)

Vários....................................japoneses chegaram a São Paulo nas primeiras décadas do século. (emigrantes - imigrantes)

Não há.......................................de raças naquele país. (discriminação - descriminação)

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Page 60: Apostila Língua Portuguesa 2013

Após anos de luta, consegui a ........................... (dispensa - despensa)

A chegada do....................................... diplomata era........................ (eminente - iminente).

O corpo..................................... era formado por doutores. (docente- discente) é discutível

Houve alguns.......................................no Congresso. (acidentes - incidentes)

Fomos...................................pelos anfitriões. (destratados - distratados)

A..................................... dos direitos da emis-sora foi uma das tarefas do governo. (seção - cessão).

Ali, na...................................... de eletrodomésticos, há uma grande liquidação. (seção - cessão).

É um senhor......................................(distinto - destinto).

Dei o .......................................mate ao geren-te, por causa do................ sem fundos. (cheque - xeque)

A nuvem de gafanhotos ..................................a plantação. (infestou - enfestou)

Quando Joana toca piano é mais um.............que um.................. (conserto - concerto)

Todos eles.............................o prazer da bela melodia. (fruem - fluem)

Estava muito..................para.................quanto custava aquele aparelho. (apreçar - apressar)

Nas festas de São João é comum ............balões e vê-los.............. (ascender - acender)

As pessoas foram recolhidas a suas..........(celas - selas)

Segui a...............................médica, mas não obtive resultados. (proscrição - prescrição)

Alguns modelos.................................serão vendidos. (recreados - recriados)

A bandeira de São Paulo tem...................pretas. (listas - listras)

Para passar, precisava ..............................mais das lições. ( apreender -aprender)

O réu..............................suas culpas. (expiará - espiará)

Encontrei uma carteira com .........................de cem dólares. (cédulas - sédulas)

Iremos à..............para lermos deliciosa....... ................medieval. (xácara - chácara)

Na hora da................................., os mexicanos dormem. (cesta-sesta)

Percebe-se que ele ainda é meio...................., pois não tem prática de comércio. (incipiente - insipiente)

GABARITO VAMOS DISCUTIR NA SLA DE AULA VIRTUAL

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Page 61: Apostila Língua Portuguesa 2013

• CONCORDÂNCIA NOMINAL

É a concordância do nome com o substantivo.

Estudaremos particularmente a concordância do adjetivo, que se diz nome, a exemplo do pronome, do advérbio e do próprio substantivo.

CASOS PRINCIPAIS

Quando modifica dois ou mais substantivos, o adjetivo pode concordar com a totalidade dos substantivos (é a concordância lógica ou gramatical) ou pode concordar com o substantivo mais próximo (é a concordância atrativa).

1) Se o adjetivo vem antes dos substantivos, a concordância se faz com o mais próximo. Ex.: velhas revistas e jornal, velho jornal e revistas; querido professor e colegas, queridos colegas e professor; caro professor e equipe.

É ainda obrigatória a concordância com o substantivo mais próximo quando o sentido exige ou quando os substantivos são ou podem ser considerados sinônimos. Ex.: relógio e mamão saboroso, idéia e pensamento fixo, vida e tempo perdido.

2) Se os substantivos forem antônimos, a concordância gramatical é obrigatória. Ex.: Era capaz de um mesmo instante jurar amor e ódio eternos.

3) O adjetivo anteposto ao substantivo aceita a concordância gramatical se os substantivos exprimirem nomes próprios ou de parentesco. Ex.: Os esforçados Luís e Manuel: queridos pai e mãe, caros mãe e pai.

4) Substantivos em gradação sinonímica exigem a concordância atrativa. Ex.: Todos notaram a sua aversão, o seu pavor, a sua ojeriza corajosa pelo governador.

5) Uma série de substantivos no singular e o último no plural exigem a mesma concordância atrativa. Ex.: Encontramos no México vinho, café, camisa, jornal e revistas brasileiras.

Os adjetivos compostos só têm o último elemento variável.

Ex.: olhos verde-claros, acordos afro-luso-brasileiros.

O composto indicativo de cor não varia se um de seus elementos é substantivo. Ex.: olhos azul-turquesa, camisas vermelho-vinho.

Se a cor é indicada apenas pelo substantivo, este, da mesma forma, não sofre variação.

Ex.: olhos turquesa, camisas vinho.

Azul-marinho, azul-celeste e furta-cor não variam; camisas azul-marinho, meias azul-celeste, saias furta-cor.

Surdo-mudo faz no plural surdos-mudos, como já vimos em Plural dos substantivos compostos.

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Page 62: Apostila Língua Portuguesa 2013

Os adjetivos predicativos exigem, de preferência, a concordância lógica, em qualquer circunstância.

Ex.:O rapaz e as garotas estavam tristonhos.As garotas e o rapaz estavam tristonhos.Estavam tristonhos o rapaz e as garotas.Estavam tristonhos as garotas e o rapaz.Estavam tristonhos a garota e o rapaz.

Conserve sempre limpos as mãos e os pés.Conserve sempre limpos os pés e as mãos.Conserve sempre limpos a mão e o pé.Conserve sempre limpos o pé e a mão.Conserve sempre limpos as mãos e o pé.Conserve sempre limpos a mão e os pés.

Observação:

O adjetivo predicativo pode não variar quando for nome abstrato ou substantivo de uma só forma genérica.

Ex.:As espinhas ou acnes são um enigma para a medicina. (Enigma é substantivo abstrato).

Esses rios são o esgoto da cidade. (Esgoto é substantivo de uma só forma genérica, já que não existe a esgota.)

Outros exemplos:

Os traficantes são o alvo principal da polícia.As crianças são a esperança de uma nação.Essas questões eram o ponto chave do debate.Amizades sinceras são um tesouro na vida.Fotografias sem nitidez, fora de foco ou tremidas são o drama de qualquer fotógrafo,

amador ou profissional. Para uns, os elogios são incentivo; para outros, adulação.

Variam normalmente: mesmo, próprio, só, extra, junto, quite, leso, obrigado, anexo, incluso, nenhum.

Ex.:A mulher mesma acusou o marido.Elas vivem acusando-se a si mesmas.A mulher própria acusou o marido.Elas vivem acusando-se a si próprias.As crianças ficaram sós (= sozinhas).

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Page 63: Apostila Língua Portuguesa 2013

Os operários fizeram horas extras. As moças chegaram juntas.Estou quite com o Banco. Vocês estão quites?Crime de leso-patriotismo e de lesa-pátria.A moça se despediu com um obrigada.Segue anexa a foto. Seguem anexas as fotos.Já está inclusa nas despesas a taxa do lixo.Não somos nenhuns bobocas.

Observações:1) Mesmo não varia quando equivale a realmente, de fato. Ex.: A mulher acusou

mesmo o marido?

2) Só não varia quando equivale a somente. Ex.: As crianças comeram só feijão.

3) Junto não varia quando faz parte de locução prepositiva (junto a, junto com, junto de).

Ex.: Elas estão junto do pai, ficam junto ao muro, junto com a mãe.

Às vezes, só se usa junto, sem a preposição expressa, mas se nota facilmente que foi omissa.Ex.: A mãe e o pai desembarcaram; junto chegaram os filhos. (= junto com eles chegaram os filhos).

4) Embora muito vulgarizada, convém não fazer uso da locução em anexo, criada pelos que sentem insegurança no emprego do adjetivo anexo.

5) O pronome nenhum, quando proposto, não varia. Nesse caso, portanto, só é usado acompanhando nome singular. Ex.: Não tenho dinheiro nenhum. Não votarei em candidato nenhum.

Não variam quando advérbios: caro, barato, bastante, meio.

Ex.:

A gasolina custa caro. A gasolina não custa barato.Trabalhamos bastante. Ela está meio nervosa.

Quando adjetivos, variam normalmente.Ex.:

A gasolina está cara. A gasolina não está barata.Saem daqui bastantes pessoas ao meio-dia e meia.Comprar bastantes laranjas e meias melancias.

Observação: Todo, em função adverbial, pode sofrer concordância atrativa, mas a concordância gramatical é própria da norma culta.

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Ex.: As crianças chegaram todo molhadas. (normal culta)As crianças chegaram todas molhadas. (língua cotidiana)

Ela ficou todo nua. (normal culta)Ela ficou toda nua. (língua cotidiana)

Não variam em hipótese nenhuma, na normal culta: cassete, bomba, padrão, fantasma, relâmpago, pirata, monstro, surpresa, menos, alerta, salvo, tirante, exceto, a olhos vistos, pseudo, de modo que, de maneira que, de forma que, de sorte que.

Ex.: fitas cassete, gravadores cassete; revelações bomba, testemunhas bomba; escolas padrão, firmas fantasma, vitória relâmpago, ataques relâmpago; fitas pirata, edições pirata; passeatas monstro, pesquisas monstro; festas surpresa, comícios surpresa; menos ruas; estão alerta; salvo (ou tirante ou exceto) as crianças, todos ali fumam; a dívida cresce a olhos vistos; pseudo-irregularidades; estar bem de saúde, de modo que (ou de maneira que ou de sorte que) pode viajar.

Não variam os adjetivos adverbializados, isto é, os adjetivos que se usam no lugar de advérbios.

Ex.:Elas falam alto, mas dançam gostoso.Eles gostavam de falar difícil; nós, fácil.Transcrevi errado as notícias.

Geralmente equivalem, como se vê, a um advérbio em -mente.

Eis alguns dos principais adjetivos adverbializados:Alto – (exemplo visto acima) Doce – Essas moças cantam doce.Áspero – Elas responderam áspero. Duro – As mães agem duro com os filhos.Baixo – Rezem baixo. Errado – Transcrevi errado a frase.Barato – Chuchus custam barato. Escondido – Ela fazia tudo escondido.Bonito – Vocês falaram bonito. Fácil – Vocês gastam fácil.

Caro – A gasolina custa caro. Falso – As meninas juraram falso.Certo – Ela somou certo a conta. Feio – Vocês dormem feio.Claro – Falaremos claro. Fino – Vocês falam fino.Confuso – Elas escrevem confuso. Forte – As mães batiam forte nos filhos.Demasiado – Ela fala demasiado. Fraco – Jogamos fraco as bolas.Diferente – Todos aqui amam diferente. Frio – Nossas filhas suavam frio.Difícil – Vocês falam difícil! Fundo – Tais fatos me calaram fundo.Direito – Faça as coisas direito. Gostoso – Elas riem gostoso.Direto – Elas vieram direto para cá. Grosso – Os garotos falaram grosso.Disparado – Elas venceram disparado. Igual – Amamos igual a todo o mundo.Leve – Eles tocam-lhe leve o rosto. Rápido – Vistam-se rápido!Ligeiro – Andem ligeiro, meninos! Raro – Eles raro vêm aqui.Liso – Ela gosta de dançar liso. Seco – Elas responderam seco.Macio – As garotas aqui andam macio. Sério – As moças falavam sério.

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Page 65: Apostila Língua Portuguesa 2013

Mole – Os pais falavam mole com os filhos Suave – Eles assobiam suave. Pesado – Eles emprestam pesado.

Convém lembrar que todos esses nomes, quando usados em função predicativa, variam:

Quero deixar bem claras duas coisas:...As crianças acharam difíceis as provas.Os cavalos brasileiros saíram disparados, assim que deu o sinal de partida.As pessoas entravam iguais e saíam diferentes.Os diretores saíram sérios da reunião.

As expressões é preciso, é necessário, é bom etc. ficam invariáveis se acompanhadas de substantivos que exprimem idéia genérica, indeterminada.

Ex.: É preciso muita paciência para lidar com crianças.É necessário folga semanal remunerada.Água é bom para matar a sede.Maçã é ótimo para os dentes.É proibido entrada de pessoas estranhas.Não é permitido presença de estranhos aqui.

Havendo determinação do substantivo, o adjetivo com ele concorda:

Esta água é boa para matar a sede.A maçã argentina é ótima para a vista.É proibido a entrada de pessoas estranhas.Não é permitida a presença de estranhos aqui.É precisa sua presença aqui.É necessária nossa participação ativa nessa reivindicação.São precisos milhões de anos-luz para uma visita a outras galáxias.Não serão necessários estes exercícios para aprender a lição.

Observação:

A ideia de indeterminação do substantivo permanece quando se usa pronome indefinido. Observe o primeiro exemplo: É preciso MUITA paciência para lidar com crianças.

Os particípios de orações reduzidas concordam normalmente com o sujeito; só não variam quando fazem parte de tempo composto da voz ativa; na voz passiva o particípio varia normalmente. Ex.:

Feita a denúncia, regressamos a casa.Dada a ordem, tratou-se de cumpri-la. Dados os últimos retoques, partimos.

Elas tinham feito a denúncia; eles haviam dado a ordem.Foi inaugurada, na manhã de ontem, nova creche no bairro.

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Possível não varia se fizer parte de uma expressão superlativa com o elemento o no singular (o mais, o menos, o pior, o melhor etc.) ou se estiver acompanhando quanto. Ex.:

Vi mulheres o mais elegantes possível.Comprei máquinas o melhor possível.Traga cervejas tão geladas quanto possível.

Observação:

Nesse caso não é aconselhável fazer variar o artigo, já que a expressão adverbial é constituída com o: o mais possível.

Dois ou mais adjetivos podem modificar um mesmo substantivo. Nesse caso, é possível apenas uma concordância, estando o substantivo no plural:

as polícias civil e militar os setores público e privadoas bandeiras brasileira e inglesa os níveis federal, estadual e municipal

Se, porém, repetirmos o artigo antes do outro adjetivo, ou dos outros adjetivos, será possível ainda esta concordância, com o substantivo no singular:

a polícia civil e a militara bandeira brasileira e a inglesao setor público e o privadoo nível federal, o estadual e o municipal.

A terceira concordância, com o substantivo no singular e a não-repetição do artigo, que muitos advogam como correta, não é aconselhável, em virtude do duplo sentido que enseja:

a polícia civil e militara bandeira brasileira e inglesao setor público e privadoo nível federal, estadual e municipal

Não há polícia no mundo que seja civil e militar, nem muito menos bandeira brasileira e inglesa.

Observe, agora, as concordâncias possíveis quando se trata de numerais ordinais + substantivo:

a primeira e a segunda série (ou séries)a primeira e segunda séries

Isto é: havendo repetição do elemento determinante (no caso, a), qualquer concordância é possível; não havendo tal repetição, o plural é obrigatório.

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Page 67: Apostila Língua Portuguesa 2013

Note: o artigo, no segundo exemplo, não varia: a (e não as) primeira e segunda séries.

Outros exemplos:o primeiro e o segundo grau (ou graus)o primeiro e segundo graus (e não: os primeiro e segundo graus)

O plural é obrigatório se o substantivo vem antes dos numerais. Ex.:

as séries primeira e segunda, os graus primeiro e segundo.

Observação:Tem se reprovado alhures o uso do substantivo no plural, acompanhado de dois ou mais adjetivos no singular, alegando-se que não é o substantivo que modifica o adjetivo, mas o contrário.

O que ocorre, porém, não é exatamente isso, mas sim o fato de dois ou mais adjetivos modificarem um mesmo substantivo. Assim, não há razão para reprovar concordâncias tais.

Outros exemplos:

Paga-se a dívida em médio e longo prazos.O assunto foi ventilado nos níveis estadual e federal.Mísseis nucleares de longo e curto alcances.

OUTROS CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL

I. As expressões um e outro e nem um nem outro exigem o substantivo posposto no singular, mas o adjetivo no plural.

Ex.: Conheço um e outro rapaz argentino; trata-se de bons rapazes.Não conheço nem uma nem outra marca novas de uísque.

II. Se os substantivos estão ligados por ou, o adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou, então, vai ao plural.

Ex.: Só é permitido o uso de caneta ou lápis vermelho (ou vermelhos).Só é permitido o uso de lápis ou caneta vermelha (ou vermelhos).

III) As expressões formadas de adjetivo + de variam normalmente. Exemplos:

Coitados dos professores brasileiros! Ganham miséria!Felizes dos banqueiros! Ganham fábulas!

III. O pronome demonstrativo o é invariável quando funciona como vicário, ou seja, quando substitui outro nome, expressão ou frase; equivale a isso.

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Page 68: Apostila Língua Portuguesa 2013

Ex.:A moça é educada, e eu também o sou. (= sou isso.)Ifigênia era bonita ao natural; a irmã procurava sê-lo ao espelho (= Ser isso.)Se sabes de tudo e não o confessas, estás errado. (= Confessas isso.)

A presença da preposição de entre uma palavra de valor substantivo e um adjetivo permite que este fique absolutamente invariável.

Ex.:Vocês não me trouxeram nenhuma coisa de bom?Marisa não tem nada de bobo e muito menos de ingênuo.Essas crianças não têm nada de puro.

Não havendo a preposição de, a concordância será normal.

Ex.:Vocês não me trouxeram nenhuma coisa boa?

IV. A expressão um e outro, quando se refere a substantivos já enunciados, varia em número apenas, ou em gênero e número, referindo-se um sempre ao último substantivo. Ex.:

Tratamos de exportações e mercado, fala-se muito hoje de um e outros (ou um e outras).

Compramos cadeiras e mesa novas: não lhes vou dizer o preço de um e outros (ou uma e outras).

Se a referência for a pessoas de sexos diferentes, exprimindo reciprocidade ou não, ficará absolutamente invariável tal expressão ou semelhante.

Ex.:Adão e Eva pecaram e, depois, um e outro caíram nos pés do Senhor.Luís e irmã reconciliaram-se, depois, um com o outro.A garota e o rapaz caminhavam juntos e, de vez em quando, dirigiam-se um ao

outro.Luís e Teresa, chegaram; um com frio, outro com calor.

V. Qualquer pronome que se refira a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes, vai ao masculino plural.

Ex.: Homens e mulheres, cumprimentaste-os sem distinção.Conheci garotas e rapazes, com os quais simpatizei bastante.

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Page 69: Apostila Língua Portuguesa 2013

VI. O substantivo candidatos rege, de preferência, nome no singular.

Ex.: Há muitos candidatos a vereador.Havia inúmeros candidatos a deputado.

Nesse caso, é a idéia de cargo ou função que predomina. Ao se verificar promoção nos quadros do Exército, os oficiais são promovidos a capitão, a major, a coronel, a general, e não a capitães, a majores etc., com predomínio da idéia de patente.

Assim, é legítimo construir-se:

A Drª Branca Gonçalves assumiu o cargo de desembargador no Tribunal de Justiça.Ana Paula de Sousa é o meu diretor adjunto.

VII. As locuções não variam em hipótese nenhuma. Usamos: pagamento em dia (e não em dias), camisas sob medida, vendas a prazo, qualidade por inteiro, avisos por escrito etc.

VIII. Quando se usam dois ou mais nomes sinônimos, de gêneros diferentes, a concordância se faz com o primeiro nome.

Ex.:

A casa ou lar do animal foi devastada.O lar ou casa do animal foi devastado.O lastro ou âncora cambial é necessário, porque, em economia com inflação crônica, o

processo de formação de expectativas geralmente é contaminado por componente psicológico.

O adjetivo ou particípio concorda, no entanto, com o último elemento, quando está diretamente ligado ao substantivo.

Ex.:

O sangramento ou hemorragia nasal causada...; o corte ou construção feita em ângulo reto...

A olhos vistosLocução adverbial invariável. Significa visivelmente.“Lúcia emagrecia a olhos vistos.” ( Coelho Neto)“Zito envelhecia a olhos vistos.” ( Autran Dourado)

EXERCÍCIOS

1. Escreva as frases substituindo o * pelas palavras propostas, fazendo-as concordar corretamente. Em certos casos, a palavra fica invariável; em outros, tanto é lícita a forma masculina como a feminina.

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Page 70: Apostila Língua Portuguesa 2013

a) Pai e filha mantiveram-se *. (calado)

b) Você escolheu * lugar e hora. (mau)

c) Ela revelou um interesse e uma solicitude mais que *. (fraterno)

d) O arbusto e as árvores haviam sido * pela queda do pinheiro. (esmagado)

e) Vai * a lista dos preços. (incluso)

f) É tempo, é paciência, é dinheiro *. (perdido)

g) Não custa muito a gente elogiar-se a si *. (mesmo)

h) Visitei os museus e as escolas *. (recém-fundado)

i) Não se pode negar que Petrópolis é *. (bonito)

j) Encontrareis a guarnição e seu comandante * a combater até a morte. (disposto)

k) Aquela mulher tinha tanto de * quanto de *. (sedutor, pérfido)

l) As mãos eram * pequenas. (demasiado)

m) As janelas * abertas deixavam ouvir o rumor das vozes. (meio)

n) Não admiro nem um nem outro *. (artista)

o) Em um outro * encontrei vocábulos e expressões *. (livro, desconhecido)

p) * já tantos anos de seu desaparecimento, os exemplos dele ainda vivem na memória de todos. (passado)

q) O frio e chuva * prejudicaram o jogo. (torrencial)

r) O tráfego e as comunicações continuavam *. (interrompido)

s) Um e outro * são bons. (carro)

t) Chegam a ser * as conversas deles. (irritante)

u) Muitos eleitores, * à chuva, não voltaram. (devido)

v) Descobertas novas, * a pacientes pesquisas e experiências dos cientistas, derrubaram certas teorias de Darwin. (devido)

O GABARITO SERÁ COMENTADO NA NOSSA SALA DE AULA VIRTUAL.

2) Substitua corretamente os asteriscos pelas palavras entre parênteses:

a) A cidade crescia a olhos ****. (visto)

b) Minutos depois, o avião descia em Paris, **** de escuro véu de nuvens. (coberto)

c) Achei muito **** a ida e a volta do barco. (rápido)

d) As que estavam **** ao repuxo ficaram **** molhadas. (próximo, todo)

e) Todas as guarnições militares ****. (alerta)

f) Mãe viúva e filho moravam **** numa casa modesta. (junto)

g) Esses privilégios custam ****. (caro)

h) A casa tinha as paredes e o telhado ****. (enegrecido)

i) Disse-me que morava na Rua Codajás, número ****. (tanto)

j) A distância entre os dois portos é de cento e **** milhas. (tanto)

k) As crianças não andam ****, mas acompanhadas. (só)

l) Nem sempre vemos as coisas **** são. (tal qual)

m) As cópias estão **** com os originais. (conforme)O GABARITO SERÁ COMENTADO NA NOSSA SALA DE AULA VIRTUAL.

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Page 71: Apostila Língua Portuguesa 2013

CONCORDÂNCIA VERBAL

COM SUJEITO SIMPLES

Concordância verbal é a concordância do verbo com o sujeito.

Ex.:

A casa ruiu. Existe pessoa feliz.As casas ruíram. Existem pessoas felizes.

CASOS GERAIS

I) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Ex.:

S

O cigarro é um mal.

S

A poluição acarreta danos à saúde.

S

O cigarro deve ser evitado; a poluição pode ser eliminada.

Os verbos que não podem ter sujeito, chamados impessoais, são usados sempre na 3ª pessoa do singular.

Ex.: Chove bastante. Venta muito.Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.Como havia muitas pessoas na fila, houve brigas e discussões.

Se vierem acompanhados de auxiliar, este fica, ainda, na 3ª pessoa do singular.

Ex.:Deve chover bastante. Pode ventar muito.Está fazendo invernos rigorosos no Sul do Brasil.Como deve haver muitas pessoas na fila, pode haver brigas e discussões.

Observação:Alguns verbos rigorosamente impessoais são, no mais das vezes, usados em sentido figurado; nesse caso, sofrem variação normal.

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Page 72: Apostila Língua Portuguesa 2013

Ex.:Chovem asneiras nas provas de Português.Trovejavam de raiva os chefes de seção.

Verbo transitivo direto + SE + sujeito paciente = o verbo concorda normalmente com o sujeito.

Ex.:

SP SP

Aluga-se automóvel e vendem-se bicicletas.

SP SP

Aqui não se cometem equívocos nem se praticam malabarismos.

Observações:

1) Se o verbo transitivo direto é acompanhado de verbo auxiliar, só este varia. Ex.:

SP SP

DEVEM se procurar outras soluções: não se PODEM dar aulas particulares por preço tão vil.

2) Verbos transitivos direitos e indiretos também podem ter sujeito paciente. Ex.:

SP

Aqui não se dão aulas a estrangeiros.

3) Verbo apenas transitivo indireto, como não pode ter sujeito paciente, fica sempre invariável.

Ex.:

objeto indireto

Precisa-se de empregados.

objeto indireto

Os rapazes chegaram; trata-se de estudantes.

Nome coletivo no singular deixa o verbo no singular, mesmo que venha seguido de nome no plural.

Ex.:O pessoal ainda não chegou; a turma não gostou disso.Um bando de cafajestes depredou a casa.Uma série de irregularidades aconteceu ali.

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Observações:

1) Um milhão, um bilhão, um trilhão etc. exigem o verbo no singular, como nomes coletivos que são.

Ex.:Um milhão de reais foi gasto à toa nessa obra.Um bilhão de pessoas vive na China.

Usada a conjunção, seguida de número determinado e inteiro, contudo, o verbo vai ao plural.

Ex.:Um milhão e quinhentos mil reais foram gastos à toa nessa obra.Mais de um bilhão e cem mil pessoas vivem na China.

Se a conjunção não é seguida de número determinado e inteiro, temos:

Um milhão e meio de reais foi gasto à toa nessa obra.Mais de um bilhão e pouco de pessoas vive na China.

Muitos usam o verbo no plural com milhão, bilhão, trilhão etc. levando em consideração a ideia de que tais nomes representam, sem atentarem para o número em que se encontram (singular). Um nome coletivo apenas dá ideia de pluralidade, sem necessariamente estar no plural.

Ex.:O exército alemão é brioso. A fauna brasileira é riquíssima.

Tonelada, também nome coletivo, exige verbo no singular:

Uma tonelada de grãos foi perdida.Uma tonelada de caixas de manga foi exportada.

Se no sujeito aparece a conjunção e, não seguida de número determinado e inteiro, o verbo continua no singular:

Uma tonelada e meia de grãos foi perdida.Uma tonelada e pouco de grãos foi perdida.

Se os números são determinados e inteiros, porém, o verbo no plural é obrigatório:

Uma tonelada e duzentos quilos de grãos foram perdidos.Uma tonelada e cem quilos de papel estão estragados.

2) Quando um coletivo seguido de nome no plural antecede o pronome relativo que, faculta-se a concordância (com o coletivo ou com o nome).

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Ex.:O diretor fez referência à série de irregularidades que aconteceu (ou aconteceram) ali.Foi um bando de cafajestes que depredou (ou depredaram) a casa.Ninguém sabia dar resposta a uma série de perguntas que foi feita (ou foram feitas).

3) O verbo viver, nas orações optativas, deve concordar normalmente com o sujeito, que nesse caso aparece posposto.

Ex.:Viva a noiva! Vivam os noivos! Viva eu! Vivamos nós! Vivam todos!

4) Nomes que terminam em s exigem o verbo no plural somente se estiverem acompanhados de determinante no plural; caso contrário, o verbo fica no singular.

Ex.:Santos fica em São Paulo; Campos é cidade fluminense.O Amazonas deságua no oceano Atlântico.Itens nunca recebeu acento gráfico.Meus óculos desapareceram.Os Estados Unidos terão novo presidente este ano.

Observação:Nomes de obras artísticas, quando acompanhados de determinante no plural, devem deixar o verbo no singular:

“Os imigrantes” foi uma boa telenovela.“Os cafajestes” está esgotado há muito tempo.

“Os mansos” continua em cartaz nos cinemas da cidade.

Existe, porém, a prática de usar o plural, mormente quando se trata de obra literária e clássica:

“Os lusíadas” são de Camões.“Os três mosqueteiros” foram escritos por Alexandre Dumas.“Os sertões” engrandeceram a literatura brasileira.

Ainda assim, melhor será o uso do singular, considerando todos esses casos como de plural aparente, a fim de evitar pequenas polêmicas. Dionélio Machado, por exemplo, tem uma obra que se intitula “Os ratos”.

Adotada a prática de uso do verbo no plural, seremos obrigados a construir:

“Os ratos” contribuíram bastante na literatura brasileira moderna.“Os ratos” estão em que parte da biblioteca?“Os ratos” são muito agradáveis, levei-os à praia e me deliciei com eles.

Todos conviremos em que não fica bem.

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Page 75: Apostila Língua Portuguesa 2013

5. Coletivos partitivos (a maioria de, grande parte de, bom número de, metade de etc.), seguidos de nome no plural, deixam o verbo no singular (concordando com eles), ou vão ao plural (concordando com o nome posposto a eles).

Ex.:

A maioria dos homens pagou/pagaram ingresso.Metade dos turistas já retornou/retornaram a seus países.A maior parte dos homens ficou molhada/ficaram molhados.Grande número de mulheres ficou molhado/ficaram molhadas.

6. Números percentuais e fracionários exigem a concordância normal. Ex.:

suj.

Trinta por cento da cidade estão inundados.

suj.

Um terço da cidade está inundada, dois terços estão sob as águas...

Os percentuais também admitem a concordância irregular ou figurada, isto é, a concordância com o nome que se lhes segue.

Ex.: Trinta por cento da cidade está inundado.

Sessenta por cento das mulheres ficaram feridas.

Se o número percentual vem determinado por artigo ou por pronome adjetivo, faz-se com eles a concordância.

Ex.:

Os 30% da produção serão exportados.

Esses 2% do lucro já me bastam.

Atente-se para estas concordâncias, com números inteiros e fracionários:

O 1,36kg de presunto que comprei estava estragado.Meu 1,99kg de queijo desapareceu da geladeira.Os 36kg de presunto que comprei estavam estragados.Meus 99kg de queijo desapareceram da geladeira.Seu 1,90m não lhe permitia tanta agilidade.Seus 90cm não impunham respeito a ninguém.

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7. O pronome que não interfere na concordância; o pronome quem, porém, exige o verbo na 3ª pessoa do singular. Ex.:

Sou eu que faço tudo aqui, mas são eles que ganham dinheiro.

Sou eu quem faz tudo aqui, mas são eles quem ganha dinheiro.

Observação:Na língua cotidiana, o pronome quem não interfere na concordância. Ex.:

Sou eu quem faço tudo aqui, mas são eles quem ganham dinheiro.

Tal concordância deve ser evitada. Se invertermos a ordem dos termos da oração, teremos apenas uma concordância:

Quem faz tudo aqui sou eu, mas quem ganha dinheiro são eles.Não se vê, mesmo na língua cotidiana, esta concordância absurda:Quem faço tudo aqui sou eu, mas quem ganham dinheiro são eles.

8. Quando concorrem dois pronomes, o verbo concorda com o segundo pronome, se ambos estão no plural, mas concordará com o primeiro pronome, se possuírem distintos. Ex.:

Ambos os pronomes no plural

Quais de nós estaremos vivos amanhã?

Alguns de vós sabereis de toda a verdade.

Pronomes de números distintos

Qual de nós estará vivo amanhã?

Cada um de vós saberá de toda a verdade.

9. Todos os pronomes de tratamento são da 3ª pessoa; portanto exigem o verbo nessa pessoa.

Ex.:

V. Exª acordou cedo hoje!V. M. fique despreocupado, que nada lhe acontecerá.

10. Um + substantivo + que exigem o verbo na 3ª pessoa do singular, a exemplo de o primeiro que, o último que, o único que.

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Page 77: Apostila Língua Portuguesa 2013

Ex.:

Sou um homem que acredita em Deus.

Sempre fui uma pessoa que cumpriu o seu dever.

Sou o último que chega e o primeiro que fala.

Fui o único que manteve a calma.

11. O verbo concorda com o numeral que acompanha expressões tais como mais de, menos de, cerca de, perto de etc.

Ex.:

Mais de um aluno passou.

Menos de duas pessoas entraram no cinema.

Cerca de cem passageiros morreram no acidente.

Observações:• Mais de um exige o plural quando o verbo exprime reciprocidade de ação ou, então,

quando se lhe segue um coletivo com nome no plural.

Ex.:Mais de um jogador se cumprimentaram após o jogo.Mais de uma pessoa se abraçaram emocionadas.Mais de um bilhão de pessoas no mundo não sabem ler.Mais de um cardume de piranhas nos atacaram.

• Quando a tais expressões se segue um número percentual, a concordância com este é

obrigatória.

Ex.:Mais de 1% da população foi perdido.Menos de 80% da produção foram perdidos.

12. A expressão um dos que exige, no português contemporâneo, o verbo OBRIGATORIAMENTE NO PLURAL.

Ex.:

Manuel é um dos que mais reclamam, mas um dos que menos ajudam.

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Serei eu um dos que votarão na oposição, porque sou um dos que não aceitam este estado de coisas.

Observe que a expressão de sentido contrário, nenhum dos que ou nem um dos que, não aceita o verbo no singular.

Ex.: Nenhum dos que se elegeram é político experiente.

Nem uma das que me escreveram recebeu resposta.

Em hipótese nenhuma, em nenhum estádio da língua se construiu:

Nenhum dos que se elegeu é político experiente.Nem uma das que me escreveu recebeu resposta.Isso é solecismo puro, como o é “eles foi” ou “sou um dos que vive no Rio de Janeiro”.

Observação:O uso do verbo no singular com a expressão pura e simples um dos que – reiteramos – é, na língua moderna, absolutamente inaceitável. Os exemplos clássicos existentes pertencem, no mais das vezes, ao quinhentismo, época em que o português, tenro de existência, não havia ainda firmado regras de uso de modo definitivo; segui-los, hoje, é enveredar por caminhos estreitos, que só levam ao solecismo.

Quando a expressão um dos que vem entremeada de substantivo, o verbo pode:

a) ficar no singular obrigatoriamente.

Ex.:

O Tietê é um dos rios paulistas que atravessa o Estado de São Paulo.

Nesse caso, o uso do singular é de rigor, porque o verbo se refere a um só ser, e não a mais do que um: dos rios paulistas, o Tietê é um que atravessa o Estado de São Paulo; aliás, o único, já que não existe outro que o faça.

Outro exemplo:

O Sol é um dos astros que dá luz e calor à Terra.

Também aqui só cabe o uso do verbo no singular, porque a referência verbal se faz a um só ser: dos astros, o Sol é um (o único) que dá luz e calor à Terra; nenhum outro astro o faz.

b) ir ao plural

O Tietê é um dos rios paulistas que estão poluídos.

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Aí cabe o uso do plural, porque a referência verbal se faz a dois ou mais seres, e não apenas a um; dos rios paulistas que estão poluídos, o Tietê é um deles, não o único.

Outro exemplo:

O Sol é um dos astros que possuem luz própria.

Há outros astros que possuem luz própria, e não apenas o Sol; daí o uso do verbo no plural.

c) ficar no singular, ou ir ao plural, dependendo do sentido que se queira dar à frase.

Ex.:

Luísa foi uma das mulheres que mais me amou/amaram.

O verbo ficará no singular se, das mulheres, Luísa foi uma que mais me amou; se, porém, das mulheres que mais me amaram, Luísa foi apenas uma, o verbo irá ao plural. Este é um caso, como se vê, opinativo.

Outro exemplo:

Zico foi um dos maiores craques que existiu no mundo.

Essa é uma frase típica de torcedor apaixonado. Aquele que não se deixa levar pela paixão constrói:

Zico foi um dos maiores craques que existiram no mundo.

COM SUJEITO COMPOSTO

I) Verbo depois do sujeito = plural; verbo antes do sujeito = concordância com o elemento mais próximo.

Ex.:A gasolina e o álcool sobem hoje.Sobe hoje a gasolina e o álcool.O motorista e todos os passageiros morreram.Morreu o motorista e todos os passageiros.Morreram todos os passageiros e o motorista.

O verbo anteposto ao sujeito só vai obrigatoriamente ao plural quando exprime reciprocidade de ação.

Ex.:

Brigaram Ifigênia e Hortênsia.Cumprimentaram-se o professor e o aluno.

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Longe está, porém, de constituir incorreção o uso do plural, quando não for esse o caso. Assim, podemos ainda construir:

Sobem hoje a gasolina e o álcool.Morreram o motorista e todos os passageiros.

A concordância com o elemento mais próximo, contudo, ocorre até mesmo em texto bíblico:

“Passará o céu e a terra, mas minhas palavras ficarão”.

Observações:

1) Quando o sujeito é representado por números que identificam as horas, a concordância se faz normalmente:

Uma hora e um quatro foram gastos no trabalho.

Uma hora e vinte minutos serão gastos no trabalho.

Uma hora e meia estão sendo perdidas inutilmente.

Exatamente duas horas e dois minutos foram cronometrados desde a sua saída até a chegada.

Se o verbo usado é de ligação, a concordância é outra, visto que o verbo aparece, por via de regra, antes do numeral.

Ex.:

É uma hora e um quarto.Era uma hora e vinte minutos.Será só um minuto e meio.

Veja o que afirmamos em Concordância do verbo ser.

2) Fica no singular o verbo, ainda, quando o sujeito composto é constituído de orações.

Ex.:É preciso que eu vá e que você fique.Era necessário que ela me amasse e que eu antes a encontrasse...

a) Sujeito formado de pessoas gramaticais diferentes = o verbo concorda com a pessoa que tem primazia (a primeira tem primazia sobre as demais, e a segunda prevalece sobre a terceira).

Ex.:Eu e ela chorávamos muito; tu e ele ríeis à beça.Chorávamos eu e ela; ríeis à beça tu e ele.Chorava eu e ela; rias à beça tu e ele.

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Observação:Como a segunda pessoa do plural é de uso muito restrito na língua contemporânea, prefere-se o emprego da terceira quando concorre a segunda com a terceira. Ex.: Tu e ele riam à beça.

b) Aparecem entre os sujeitos as palavras como, menos, inclusive, exceto ou as expressões bem como, assim como, tanto quanto ou equivalentes = o verbo concorda com o primeiro elemento.

Ex.:

Vocês, como eu, gostam de praia.Todos, menos tu, aplaudiram.Este contrato, inclusive as despesas a ele atinentes, corre por conta do proprietário do imóvel.A vida, bem como a matéria e a energia, sempre existiu.Jussara e o marido, assim como nós, vivem uma fase difícil.A música, tanto quanto a matemática e a química, conseguiu superar as barreiras culturais e linguísticas entre os povos.

c) Um e outro, nem um nem outro, nem... nem = verbo no singular ou no plural, indiferentemente.

Ex.:Veja a indiferença com que um e outro ouve/ouvem o discurso.Os dois alunos foram avisados, mas nem um nem outro compareceu/compareceram à escola.Nem eu nem Izabel sabe/sabemos o motivo da demissão.Nem Izabel nem eu sei/sabemos da demissão.

Observação:Em orações como Um e um são dois, Dois e dois são quatro, Corinthians e Palmeiras terminou em 0 a 0, o sujeito é composto só aparentemente, porque não se pode atribuir o predicado a um só núcleo do sujeito, mas a ambos ao mesmo tempo, os quais formam um todo uno e indivisível; portanto o sujeito é único. Estão no mesmo caso as orações que têm como núcleos do sujeito infinitivos que forma um todo. Ex.: “Crer em Jesus Cristo e viver como pagão é grande absurdo” (Padre Vieira).

O absurdo resulta da contradição entre os dois atos, não sendo possível atribuir a um só núcleo aquilo que se declara no predicado; há, também aí, somente um sujeito.

Está no mesmo caso esta frase tipicamente esportiva: Dois contra um é falta.

d) Os sujeitos apresentam gradação de idéias = verbo no singular.

Ex.:

Um prefeito, um governador, um presidente, precisa de no mínimo cinco anos de mandato para poder realizar uma boa administração.

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e) Os sujeitos são sinônimos ou tomados por sinônimos = verbo no singular.

Ex.:

O rancor e o ódio não conduz a boa coisa.A coragem e o destemor fez dele um herói.

f) Infinitivos antônimos ou determinados = verbo no plural.

Ex.:Discordar e apoiar são próprios da democracia.O andar e o nadar fazem bem à saúde.

Observação:Se os infinitivos não são antônimos, ou se não vêm determinados, o verbo fica no singular.

Ex.:Ensinar e aconselhar é de sábios.Andar a nadar faz bem à saúde.Sujar a roupa de giz e passar noites corrigindo provas nunca desanimou os professores.Ser esposa, cuidar do marido, dos filhos, da casa e ainda trabalhar fora deixa as mães sobrecarregadas e exaustas.

g) Um pronome indefinido resume todos os sujeitos anteriores = verbo no singular.

Ex.:

Vaias, protestos, risadas, ironias, palavrões, nada abalava o ânimo do ministro.O burro, o asno e o preguiçoso, sem pancadas, nenhum se mexe.Honrarias, glória, elogios, notoriedade, fama, cada um deles é apenas um eco, uma sombra, um sonho, uma flor que qualquer vento leva e qualquer chuva danifica.

Observação:No singular ainda fica o verbo quando, depois do pronome indefinido, aparece a expressão e muito mais ou equivalente. Ex.: Solidão, angústia, tristeza, tudo isso e muito mais o afligia.

h) Vários sujeitos têm como adjunto o pronome cada ou nenhum = verbo no singular.

Ex.:Cada diretor, cada professor, cada aluno, naquela escola, fazia o que bem entendia.Nenhum político, nenhum cidadão, nenhum ser humano, faria isso.

i) Sujeitos ligados por não só...mas também, tanto...como ou equivalentes = verbo no plural.

Ex.:Não só a mãe, mas também a filha precisam de ajuda.Tanto a mãe como a filha choravam.

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j) Sujeitos ligados pela preposição com = verbo no plural.

Ex.:A mãe com a filha estiveram no baile.Ela com as amigas saíram a passeio.

Observação:Desejando se dar ênfase ao primeiro sujeito, quer por sua importância natural, quer por deliberação própria do autor da frase, o verbo com ele concorda.

Ex.:O rei com os guarda-costas esteve no baile.O ministro com seus assessores chegou de automóvel.

Nesse caso teríamos, de fato:O rei esteve no baile com os guarda-costas.O ministro chegou de automóvel com seus assessores.

Eis outro caso, em que se usa o verbo no singular:

O frango com polenta fez a fama desse restaurante.O café com leite da sua casa é melhor que o da minha.

k) Entre os sujeitos aparece a conjunção ou = o verbo fica no singular se há idéia de exclusão ou de sinonímia.

Ex.:Luís ou Manuel casará com Teresa.A Fonêmica ou Fonologia estuda os fonemas de uma língua.

Se o sujeito for constituído de pessoas gramaticais diferentes, o verbo concordará com a pessoa mais próxima.

Ex.:Eu ou ele casará com Teresa.Ele ou eu casarei com Teresa. Diz-se o mesmo de nem...nem.

Ex.:Nem Luís nem Manuel casará com Teresa.Nem ele nem eu casarei com Teresa.Nem eu nem ele casará com Teresa.

Observações:I. A conjunção ou exige o verbo no singular:

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a) se aparecer ligando adjetivos, com valor de aditivo, após um sujeito simples.

Ex.: O policial, civil ou militar, deverá prestar exames médicos anuais. (= O policial civil e militar ...)

b) quando aparece junto de vice-versa.

Ex.: A troca, na escrita, do i pelo e, ou vice-versa, é comum.

Às vezes se usa e vice-versa no lugar de ou vice-versa, o que não altera a concordância. Ex.:A troca, na escrita, do i pelo e, e vice-versa, é comum.

II. A conjunção ou exige o verbo no plural:

a) se não há idéia de exclusão. Ex.: Luís ou Manuel chegarão a qualquer momento. b) e há antonímia. Ex.: O amor ou o ódio exagerados não levam a boa coisa.c) se a conjunção tem valor corretivo. Ex.: O ladrão ou os ladrões saíram pela porta dos

fundos.

III. Um ou outro faz parte do sujeito = verbo no singular.

Ex.:Um ou outro acidente acontecia neste local.Uma ou outra pessoa comparecia às festas ali realizadas.

IV. Quando dois ou mais adjuntos modificam um único núcleo, o verbo, naturalmente, fica no singular, concordando com o núcleo único.

Ex.:

A imagem de Nosso Senhor do Bonfim e de Nossa Senhora da Conceição saiu para a procissão na hora marcada.O preço dos combustíveis e dos alimentos aumentou.A vida dos pais e dos filhos continua inalterada.

Se, porém, houver dois ou mais núcleos, representados por substantivo e pronome(s), o verbo vai ao plural.

Ex.:

A imagem de Nosso Senhor do Bonfim e a de Nossa Senhora da Conceição saíram para a procissão na hora marcada.O preço dos combustíveis e o dos alimentos aumentaram.A vida dos pais e a dos filhos continuam inalteradas.

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EXERCÍCIOS1)Substitua os asteriscos pela alternativa que completa corretamente o período.*** explosões de natureza elétrica no planeta Vênus, o que faz crer que *** de relâmpagos muito fortes, embora não *** provas que *** tal hipótese.

Registrou-se – se tratam – existam – confirmamRegistraram-se – se trata – exista – confirmeRegistraram-se – se trata – existam – confirmem

2-Substitua o * por uma das formas do verbo ser propostas entre parênteses, atendendo à concordância preferida pela norma culta:a) Nem tudo na vida * flores. (é – são)b) A sua meta * os grandes centros da Europa. (era – eram) c) Hildebrando * só problemas. (era – eram)d) Isto * teorias que a prática desmente. (é – são)e) Tudo isso * prazeres que a vida nos proporciona. (é – são)f) Cem mil dólares * muito. (é – são)g) Hoje * vinte e cinco do mês. (é – são)h) Quando voltei da cidade, * uma hora e meia da tarde. (era – eram)i) * cinco horas da manhã quando me chamaram. (seria – seriam)j) Aquilo * caprichos que não durariam muito. (era – eram)k) Os Estados Unidos * um país rico. (é – são)l) * uma vez dois mágicos famosos. (era – eram)m) O responsável * tu. (é – és)n) * tesouros que eles procuram no fundo escuro do mar? (é – são)o) O que mais me agradou no filme * as cenas finais. (foi – foram)p) Bons divertimentos * o que não lhe falta. (é – são)q) Preservemos a natureza: os beneficiados * nós. (são – somos)r) Edifícios só havia dois, o resto * casas modestas. (era – eram)s) “Vândalos * mais forte que “destruidores”. (é – são)

O GABARITO SERÁ COMENTADO NA NOSSA SALA DE AULA VIRTUAL.

CRASE

Crase é o nome que se dá à fusão, à contração de dois aa. Crase e acento são conceitos distintos; entender essa distinção é fundamental para bem compreender este assunto.

Acento grave (`) é o sinal que indica a fusão de dois aa, ou seja, é o acento indicador da crase, da contração de dois aa. Sendo assim, não há propriedade em perguntar

Esse a tem crase? Craseio este a?

Nenhum a tem crase, mas acento grave. Ninguém craseia o a: a crase é um fenômeno que ocorre independentemente da nossa vontade. Assim, também não há propriedade em ordenar:

Craseie o a!Quem sabe verdadeiramente o que é crase, ordena:Coloque o acento grave no a!

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Ou, simplesmente:Acentue o a craseado!

Observação:

Antigamente se escrevia “Fui à escola” deste jeito: “Fui a escola” ou, ainda, como fazia Camões: “Fui aa escola”. Foi justamente para evitar esse encontro desagradável das duas vogais que se deliberou juntar esses dois aa num só a e marcar a fusão (ou a crase, como se julgue melhor) mediante o emprego de um sinal: o acento grave, hoje só existente para esse fim.

Assim, quando escrevemos um à, estamos indicando que aí existem a preposição a e o artigo a fundidos.

Acentua-se a quando, ao substituirmos um substantivo feminino por um masculino, o a dá lugar a ao.

Ex.: Fui a escola.

Esse a tem ou não tem acento? É ou não é craseado? Façamos a substituição desse substantivo feminino (escola) por outro, masculino (colégio, por exemplo):

Fui ao colégio.

Como o a inicial deu lugar agora a ao, aquele a é acentuado, é craseado. Portanto, grafaremos:

Fui à escola.

Outros exemplos:

Não me refiro à secretária, mas ao secretário.Entreguei o livro à professora, e não ao professor.Deram o presente à vizinha, e não ao vizinho.

Observações:1) Os substantivos femininos terra (chão firme, oposto de bordo) e casa (lar) rejeitam o artigo a

e, por conseqüência, não pode haver crase. Não havendo crase, cabe-nos grafarmos:

Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.Fui a casa, mas regressei em poucos minutos. Você ainda não retornou a casa desde aquele dia?

Vindo tais substantivos com modificador, o a passa a receber o acento:

Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada.Fui à casa dela, mas regressei em poucos minutos. Você ainda não retornou à casa paterna?

2) O pronome aquele (e variações) e também aquilo podem receber acento no a inicial, desde que haja um verbo ou um nome relativo que peça a preposição a.

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Ex:Não fui a aquela farmácia = Não fui àquela farmácia.Não fiz referência a aquilo = Não fiz referência àquilo.

Às vezes o pronome aquela ou aquelas vem representado por a ou as, também pronomes demonstrativos, principalmente quando vêm antes do pronome relativo que:

Esta revista é igual a a (= aquela) que li = Esta revista é igual à que li.Suas visões foram semelhantes a as (= aquelas) que tive ontem à noite = Suas visões foram semelhantes às que tive ontem à noite.

3) Antes de pronome possessivo é facultativo o uso do artigo; sendo assim, facultativo também será o uso do acento grave no a que se antepõe a esse tipo de pronome.

Ex.:Refiro-me a/à sua colega, e não a/à minha.Faço referência a/à tua firma, e não a/à nossa.

Pronomes possessivos antecedidos de nomes de parentesco rejeitam o uso do artigo; sendo assim, não se usa o acento grave no a que a eles se antepõe.

Ex.:Refiro-me a sua mãe, e não a minha.Faço referência a tua prima, e não a nossa avó.

4) Só acentuamos o a antes de nomes de pessoas quando se tratar de indivíduo que faça parte do nosso círculo de amizades, indivíduos aos quais damos tratamento íntimo: a Marisa, a Bete, a Rosa etc.

Ex.:Refiro-me à Júlia, e não à Márcia.Faço referência à Rita, e não à Hiolanda.

Quando se tratar de pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade, o acento não tem razão de ser, já que não usamos artigo antes de nomes de pessoas desconhecidas ou não amigas.

Suponhamos, então, que haja alguém de nome Marília ou de nome Mariana, com as quais não mantemos nenhum relacionamento íntimo ou amigo. Grafaremos, então:

Refiro-me a Marília, e não a Mariana.Faço referência a Mariana, e não a Marília.

5) É facultativo o uso do artigo antes de todos estes nomes de lugar, quando vêm regidos de preposição: Europa, Ásia, África, França, Inglaterra, Espanha, Holanda, Escócia e Flandres. Conclui-se daí que também facultativo será o uso do acento grave no a que antecede tais nomes:

Fui a/à Europa, e não a/à Ásia.Iremos a/à Inglaterra, e não a/à Escócia.

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6) Usa-se o acento no a antes de palavra masculina e ainda no plural, quando se abrevia ou reduz uma expressão que, na verdade, tem início por palavra feminina.

Ex.:

Vou à Homicídios. (= Vou à Delegacia de Homicídios)Cheguei à Costumes e não encontrei o delegado. (= Cheguei à Delegacia de Costumes e...)

Acentua-se o a que principia locuções com palavra feminina. Ex.: carro à gasolina, estudar à noite, estar à cata de informações, à proporção que chove, mais preocupados ficamos.

A única locução que não deve trazer acento no a é a distância, quando não está determinada.

Ex.:

Os guardas ficaram a distância.No zoológico, os animais ficam a distância. Quando a distância é determinada, o a passa a ser acentuado:Os guardas ficaram à distância e cem metros.No zoológico, os animais ficam à distância de dez metros.

Nas construções:vestir-se à Momo, escrever uma redação à Rui Barbosa,vestir-se à 1970,jogar à Telê Santana,

Há uma destas locuções subentendidas: à semelhança de, à moda de ou à maneira de; daí a necessidade do acento no a, obrigatoriamente.

Observações:

1) Algumas locuções adverbiais de tempo iniciadas pela preposição em podem ser iniciadas pela preposição a. Nesse caso se usa o acento.

Ex.:Àquela época tudo era diferente = Naquela época...À chegada do presidente ouviram-se aplausos. Na chegada...Àquela hora tudo era silêncio = Naquela hora...

2) Usa-se o acento grave, ainda, em expressões semelhantes a locuções, nas quais o elemento principal é uma palavra feminina.

Ex.:À entrada da casa havia um aviso: CÃO BRAVO.Estão todos esses homens à disposição da justiça.

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3) Não se dá o fenômeno da crase (prep. a + art. a) nas locuções adverbiais de instrumento ou nas de modo, mas no a que as principia se usa o acento, por força da tradição.

Ex.: o bater à máquina, matar à bala,

o comprar à vista,

o atirar à queima-roupa,

o matar alguém à fome.

Outras locuções do mesmo tipo: à mão, à vela, à tinta, à chave, à navalha, à pedrada, à gasolina, à eletricidade, à pilha. Esse acento, por não indicar a ocorrência de crase, recebe o nome de acento analógico.

CASOS, PORTANTO, QUE DISPENSAM O USO DO ACENTO GRAVE, INDICADOR DA CRASE

Em vista do exposto nas duas regras fundamentais de crase, não devemos usar o acento grave no a, em hipótese alguma, nos seguintes casos:

a) antes de substantivo masculino.

Ex.:Creusa gosta de andar a cavalo.Esta loja não vende a prazo.Sua camisa está cheirando a suor.

b) antes de qualquer nome feminino tomado em sentido genérico ou indeterminado, isto é, não precedido de artigo.

Ex.:Nunca fui a festa alguma, a reunião alguma, a recepção alguma.Não me refiro a mulheres, refiro-me a crianças.Não sou candidato a coisa nenhuma.O prefeito não dá ouvidos a reclamações.

Note que construímos sempre sem o artigo:

Não sou de festa, de reunião, de recepção nenhuma.

Não falei com mulheres, falei com crianças.

Não fui nomeado para coisa nenhuma.

O prefeito não se preocupa com reclamações.

Por que não usamos o artigo antes dos substantivos aí vistos? Porque tais substantivos são usados em sentido indeterminado, vago, impreciso.

c) antes de nome próprio de cidade.

Ex.:Vou a Piraçununga antes de ir a Moji-Mirim.

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Nunca fui a Brasília nem a Goiânia.

d) antes de nome próprio de pessoas célebres.

Ex.:Somente hoje o professor se referiu a Maria Antonieta.Ninguém ainda fez alusão a Joana d’Arc.

e) antes de pronomes que não admitem artigo.

Ex.:

Não entregue isso a ninguém.Darei a essa moça tudo o que ela quiser.Obedeço a toda sinalização de trânsito.Dirigíamo-nos a cada pessoa que passava na rua.Não me refiro a qualquer pessoa, refiro-me a ela.Estamos dispostos a tudo, a qualquer coisa.Oferecemos a vocês todo o crédito possível.Você entregou o documento a qual das funcionárias?A qual das moças você pediu favor?Entreguei o documento a V. Exª.Estou contando a V. Sª o que de fato aconteceu.A cena a que me refiro é bastante violenta.Filipe e Virgílio, a cuja irmã devo mil obrigações, são anarquistas.

f) antes de verbo.

Ex.:

Estamos dispostos a colaborar.A partir de amanhã, novo congelamento de preços.Prefiro morrer a ver isso acontecer.

g) antes da palavra Dona (que se abrevia D.).

Ex.:Entreguei a chave a Dona Teresa.Não conte isso a D. Teresinha!

Se, porém, a palavra dona vem modificada por adjetivos, cabe o acento. Ex.:

Entreguei a chave à simpática Dona Teresa.Não conte isso à querida D. Teresinha!

h) antes da palavra casa, quando significa lar (nesse caso vem sempre sozinha, desacompanhada de modificador).

Ex.: Voltei a casa cedo Não vou a casa agora.

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Observe que a palavra casa, usada assim, não exige artigo:

Estive em casa cedo Não fico em casa agoraAparecendo modificador, todavia, tudo se modifica:Voltei à casa da minha namorada cedo.Não vou à casa dela agora. Por que tudo se modifica? Porque, agora, a palavra casa exige o artigo:Estive na casa da minha namorada cedo.Não fico na casa dela agora.

i) antes da palavra terra, antônima de bordo, também usada sozinha, sem modificador.

Ex.Chegamos a terra bem cedo.Os marujos ainda não desceram a terra. Observe que construímos:Depois de meses no mar, vimos terra. (E não: vimos a terra)O timoneiro da embarcação avistou terra.Os restos do foguete caíram em terra, e não no mar.

j) antes do artigo indefinido uma.

Ex.:Dirigi-me a uma pessoa que estava ao balcão.Entreguei o documento a uma senhora que estava ali.

l) antes de substantivos repetidos, nas locuções adverbiais.

Ex.: gota a gota, cara a cara, frente a frente, de ponta a ponta etc.

m) antes de numerais.

Ex.:O número de carros acidentados chega a duzentos.O secretário de estado norte-americano fará uma visita a nove países da América Latina. Nasci a 20 de dezembro, e não a 2 de fevereiro.

n) nas locuções adverbiais de modo que trazem o substantivo no plural.

Ex.:

As mulheres se atracaram a dentadas.A reunião foi a portas fechadas.A duras penas conseguimos chegar lá.

Usando-se toda a expressão no plural, aparece o acento:

Mandei-o às favas, às vezes.

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Fiz tudo às avessas, às escondidas.

o) na locução a distância, quando a noção da distância não for bem definida, delimitada.

Ex.:Tudo acontecia a distância, não poderíamos ser afetados.As crianças observavam os animais, no zoológico, a distância. Se a distância vem determinada, então, usa-se o acento:Tudo acontecia à distância de mil metros, não poderíamos ser afetados.As crianças observavam os animais, no zoológico, à distância de cem metros. Ainda que a expressão venha com algum modificador, não se usará o acento. Ex.:Lúcia Veríssimo ficou a boa distância de mim.Ela ficou a uma distância de trinta metros.Avistei-a a longa distância.

Observações:1) Antes do numeral uma usa-se acento no a, visto que neste caso ocorre crase.

Ex.: Os guardas chegaram à uma hora.Os guardas gritaram à uma: “Fora, todos!”.

No último exemplo estão ocultas as palavras só voz (à uma = a uma só voz).

2) A expressão candidata a exige posposição imediata de substantivo sem artigo; daí a ausência de acento grave no a em frases tais como:

Teresa é candidata a rainha.Teresa é candidata a rainha do carnaval.

CASOS FACULTATIVOS DO USO DO ACENTO GRAVE, INDICADOR DA CRASE

Nos casos de faculdade do uso do artigo também há, por conseqüência, faculdade no emprego do acento grave. São estes os principais casos:

a) antes de pronome possessivo.

Ex.:Dei isto a/à sua professora, e não a/à minha amiga.Ofereceram ótimo salário a/à nossa funcionária, mas ela preferiu ficar conosco.

Como não se usa artigo antes de possessivo acompanhado de nome de parentesco, também não se usa o acento grave no a que antecede tal possessivo.

Ex.: Dei isto a sua mãe, e não a minha prima.Ofereça um brinde a sua mulher!

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Observações:Quando o possessivo funciona como pronome substantivo, o acento é obrigatório.

Ex.:Não me refiro às respostas de Luís, mas às tuas.

b) antes de nome próprio de pessoa, desde que íntima, familiar.

Ex.: Dei tudo à Ciça, que nem sequer me agradeceu.Disse à Bete o que ela precisava ouvir.Esse uso se justifica pela prática de, principalmente no Sul do Brasil, usar-se:A Ciça acabou de chegar. A Bete era a minha namorada.Tal prática não é muito aconselhável, ainda que admitida.

c) antes destes nomes próprios de lugar: Europa, Ásia, África, França, Inglaterra, Espanha, Holanda e Escócia.

Ex.:Fui a/à Europa, mas não cheguei a ir a/à África.Levei a/à França todas as minhas ambições.

Essa faculdade se dá em virtudes de podermos construir, sempre que regidos de preposição:

Estive em/na Europa, e não em/na África.Cheguei de/da França neste instante.

d) com a locução até a, antes de palavra feminina.

Ex.:Fui até a/até à farmácia, mas não encontrei o remédio.Iremos até a/até à Bahia, brevemente.Tudo isso porque, com nomes masculinos, podemos usar facultativamente:Vou até o/ao supermercado.Iremos até o/ao Chile amanhã.

Como facilmente se percebe, o uso adequado do acento indicador da crase está diretamente relacionado com o conhecimento que se tem do uso do artigo.

OBSERVAÇÃO – Existe diferença de sentido entre “matar a fome” (saciar a fome) e “matar à fome” (matar à míngua, negando alimentação).

EXERCÍCIOS

1) Marque somente a frase em que o acento indicador de crase é indispensável:a)A rodovia BR-101 liga Natal a Porto Alegre.b)As vezes, ela vai a um cinema, outras vezes assiste a uma novela.c)O marinheiro desceu a terra e fez rápida visita a sua mãe.

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d)A exportação deve ser igual ou superior a importação.GABARITO: D

2). Escreva a frase abaixo, substituindo os asteriscos pela série que a complete de forma correta:Na velha fazenda, ***** que cheguei ***** nove horas e que percorri ***** cavalo, vi ferramentas expostas ***** chuva e plantações abandonadas ***** formigas.

à – às – a – a – às a – às – a – à – àsa – as – à – a – às à – às – à – a – as

GABARITO: A – ÀS – A – À – ÀS

3. Assinale as frases em que o acento grave é opcional:a) Levamos encomendas a domicílio. f) Fiz isso a duras penas.b) Não sabia a quem recorrer. g) Eles não têm fogão a gás.c) Fechou o cofre a chave. h) Começou a ventar forte.d) Chovia desde a meia-noite. i) Não dê isto a ninguém.e) Seguiram-no a distância. j) Fui até a estrada.

GABARITO: C,E.

Caros alunos ao longo do Curso farão Atividades Complementares na sala de aula virtual

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BILIOGRAFIA

- CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa.São Paulo: Companhia Editora Nacional,2008.48ª.ed.rev.

- KOCH, Ingedore Villaça. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo:Contexto,2009.

- CEREJA, William Roberto. Gramática Reflexiva. São Paulo. Saraiva.

- INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação. São Paulo: Scipione.

- Dicionário escolar da língua portuguesa/ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.2.ed.São Paulo: Companhia Editara nacional,2008.

- GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione.

ACONSELHADA

- SACONNI, Luiz Antônio. Novíssima Gramática Ilustrada. São Paulo: Nova Geração.

-FIORINI, José Luiz, SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática.

-FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez.

- Cartilha da Nova Ortografia ( Material didático elaborado pela Profª Juliana Cristina Dornas Martins). Encontra-se postado na APM virtual Biblioteca.

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