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APOSTILA DE  

SAÚDE MENTAL 

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1. UMA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer "arte de curar a

alma", sendo o ramo da medicina que se dedica ao diagnóstico, tratamento,

reabilitação e prevenção das doenças mentais. A esquizofrenia, doença de

Alzheimer e transtornos de humor são exemplos de afecções mentais graves,

enquanto os transtornos de personalidade são tidos como de menor

magnitude de severidade, entretanto, não dispendem de tratamentos e de

devida atenção.

É necessário entender a diferença e a importância da psiquiatria e

psicologia. Enquanto a psiquiatria trata da anormalidade mental, a psicologia

possui como foco a o funcionamento psicológico normal. Além disso, a

psicologia é de responsabilidade de profissionais psicólogos, enquanto a

psiquiatria é de cunho médico.

A humanidade convive com a loucura há séculos e, antes de se tornar

um tema essencialmente médico, o louco habitou o imaginário popular de

diversas formas. De motivo de chacota e escárnio a possuído pelo demônio,

até marginalizado por não se enquadrar nos preceitos morais vigentes, o louco

é um enigma que ameaça os saberes constituídos sobre o homem.

Na época da Renascença, a separação dos loucos se dava pelo seu

banimento dos muros das cidades européias e o seu confinamento era um

confinamento errante: eram condenados a andar de cidade em cidade ou

colocados em navios que, na inquietude do mar, vagavam sem destino,

chegando, ocasionalmente, a algum porto.

No entanto, desde a Idade Média, os loucos são confinados em grandes

asilos e hospitais destinados a toda sorte de indesejáveis – inválidos,

portadores de doenças venéreas, mendigos e libertinos. Nessas instituições, os

mais violentos eram acorrentados; a alguns era permitido sair para mendigar.

No século XVIII, Phillippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, propõe

uma nova forma de tratamento aos loucos, libertando-os das correntes e

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transferindo-os aos manicômios, destinados somente aos doentes mentais.

Várias experiências e tratamentos são desenvolvidos e difundidos pela Europa.

O tratamento nos manicômios, defendido por Pinel,

baseia-se principalmente na reeducação dos alienados, no respeito às normas

e no desencorajamento das condutas inconvenientes. Para Pinel, a função

disciplinadora do médico e do manicômio deve ser exercida com firmeza,

porém com gentileza. Isso denota o caráter essencialmente moral com o qual a

loucura passa a ser revestida.

No entanto, com o passar do tempo, o tratamento moral de Pinel vai se

modificando e esvazia-se das idéias originais do método. Permanecem as

idéias corretivas do comportamento e dos hábitos dos doentes, porém como

recursos de imposição da ordem e da disciplina institucional. No século XIX, o

tratamento ao doente mental incluía medidas físicas como duchas, banhos

frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias.

Aos poucos, com o avanço das teorias organicistas, o que era

considerado como doença moral passa a ser compreendido também como uma

doença orgânica. No entanto, as técnicas de tratamento empregadas pelos

organicistas eram as mesmas empregadas pelos adeptos do tratamento moral,

o que significa que, mesmo com uma outra compreensão sobre a loucura,

decorrente de descobertas experimentais da neurofisiologia e da

neuroanatomia, a submissão do louco permanece e adentra o século XX.

A partir da segunda metade do século XX, impulsionada principalmente

por Franco Basaglia, psiquiatra italiano, inicia-se uma radical crítica e

transformação do saber, do tratamento e das instituições psiquiátricas. Esse

movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito

particularmente no Brasil.

Nesse sentido é que se inicia o movimento da Luta Antimanicomial que

nasce profundamente marcado pela idéia de defesa dos direitos humanos e de

resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais.

Aliado a essa luta, nasce o movimento da Reforma Psiquiátrica que,

mais do que denunciar os manicômios como instituições de violências, propõe

a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias,

profundamente solidárias, inclusivas e libertárias.

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2. PSIQUIATRIA NO BRASIL

A psiquiatria surge com a chegada da Família Real ao Brasil. Com o

objetivo de colocar ordem na urbanização e disciplinar a sociedade a partir de

embasamento nos conceitos da psiquiatria européia que destratava o “louco” e

intervia no tratamento do doente mental com seu isolamento, tratando-o no

hospital psiquiátrico.

No final da década de 70 com a mobilização dos profissionais da saúde

mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais, surge o

movimento de reforma psiquiátrica. Esse movimento se inscreve no contexto

de redemocratização do país e na mobilização político-social que ocorre na

época.

Importantes acontecimentos como a intervenção e o fechamento da

Clínica Anchieta, em Santos/SP, e a revisão legislativa proposta pelo então

Deputado Paulo Delgado por meio do projeto de lei nº 3.657, ambos ocorridos

em 1989, impulsionam a Reforma Psiquiátrica Brasileira.

Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual

propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2001, é aprovada

a Lei Federal 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas

portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em

saúde mental.

Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental a qual, basicamente,

visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços

substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das

internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do

convívio com a família e com a sociedade como um todo.

A Política de Saúde Mental no Brasil promove a redução programada de

leitos psiquiátricos de longa permanência, incentivando que as internações

psiquiátricas, quando necessárias, se dêem no âmbito dos hospitais gerais e

que sejam de curta duração. Além disso, essa política visa à constituição de

uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de

sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de

longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a

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reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do

lazer.

Em parceria, a Coordenação Nacional de Saúde Mental e o Programa

de Humanização no SUS, ambos do Ministério da Saúde, registraram o

cotidiano de 24 casas localizadas em Barbacena/MG, nas quais residem

pessoas egressas de longas internações psiquiátricas e que, por suas histórias

e trajetórias de abandono nos manicômios, mais parecem personagens do

impossível.

Antes, destituídos da própria identidade, privados de seus direitos mais

básicos de liberdade e sem a chance de possuir qualquer objeto pessoal (os

poucos que possuíam tinham que ser carregados junto ao próprio corpo),

esses sobreviventes agora vivem. São personagens da cidade: transeuntes no

cenário urbano, vizinhos, trabalhadores e também turistas, estudantes e

artistas. Compuseram e compõem novas histórias no mundo.

Essa mostra fotográfica de beneficiários do Programa de Volta para

Casa e moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos é, acima de tudo,

uma homenagem aos que transpuseram os muros dos hospitais, da sociedade

e os seus próprios.

3.NOVOS MODELOS DE ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL

O modelo de atenção aos pacientes com transtornos mentais previsto pelo Ministério da Saúde para o SUS busca garantir os direitos conferidos pela Lei no 10.216/01, direito de ser tratado preferencialmente em serviço comunitário de saúde mental, direito à inserção na família, no trabalho e na comunidade.

O art. 5o desta lei prevê que “o paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida”.

Para tanto, o Ministério da Saúde tem perseguido a mudança do modelo hospitalocêntrico para um modelo baseado na excepcionalidade da internação e prevalência de assistência extra hospitalar. O modelo preconizado pelo Ministério da Saúde é o atendimento em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e a desinstitucionalização dos pacientes de longa permanência,

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entendidos como aqueles internados por período superior a um ano, por meio de projeto terapêutico voltado para a reinserção social.

Embora a lei garanta a inserção na família (art. 2o, parágrafo único, inciso II), nem sempre ela e possível, pois depende das condições econômicas e sociais dos familiares.

Para possibilitar a alta de pacientes para os quais a volta a família tornou-se impossível ou inadequada a reinserção social, foram criados os serviços residenciais terapêuticos (SRT). A fim de incentivar o retorno familiar, a Lei no 10.708/2003 criou a possibilidade de pagamento de beneficio assistencial mensal temporário de R$ 260,00 (Programa De Volta para Casa).

Houve redução de 57 hospitais psiquiátricos, com a consequente diminuição de cerca de 30.000 leitos, que foram substituídos por mais de 100 serviços de cuidados extra hospitalares e cerca de criação de 2000 leitos para assistência a saúde mental em hospitais gerais.

O Ministério da Saúde ainda criou os serviços residenciais terapêuticos em saúde mental, entendidos como “moradias ou casa inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que não possuem suporte social e laços familiares e que viabilizem sua inserção social”, a fim de substituir a internação psiquiátrica prolongada.

A partir de então a política publica para a saúde mental, seguindo as diretrizes da Declaração de Caracas, passou a considerar que as internações em hospitais especializados em psiquiatria devem ocorrer somente naqueles casos em que foram esgotadas todas as alternativas terapêuticas ambulatoriais existentes, partindo da premissa de que o modelo de atenção extra-hospitalar tem demonstrado grande eficiência e eficácia no tratamento dos pacientes portadores de transtornos mentais.

Sendo assim, a Lei nº 10.126/2001, reconheceu o direito a reinserção social dos pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e impulsionou o modelo atual de assistência ao paciente psiquiátrico:

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo as suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

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III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito a presença medica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior numero de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

3.1 CAPS

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) possibilita a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário.

Seu objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos pacientes pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

Os Centros de Atenção Psicossocial existe em diferentes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III, CAPSad e CAPSi.

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3.2 Hospital Dia

O Hospital Dia em psiquiatria é uma modalidade de atendimento que possibilita a atenção integral ao paciente e à família evitando, em muitos casos, a internação É um tratamento intensivo, porém não afasta o paciente do convívio familiar. Através de recursos terapêuticos (oficinas, grupos verbais, grupos de terapia ocupacional, atividades físicas, etc.) oferecemos atenção multidisciplinar, focando o bem estar psicossocial e a qualidade de vida. Desde o início da atenção em nosso hospital dia, o paciente terá um projeto terapêutico individual estabelecendo-se o diagnóstico psiquiátrico nos diferentes eixos, a medicação adequada e atendimento terapêutico que possibilite a autonomia, ressociabilização e bem estar psíquico.

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3.3Residências Terapêuticas

O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – ou residência terapêutica ou

simplesmente "moradia" – são casas localizadas no espaço urbano,

constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas

portadoras de transtornos mentais graves, institucionalizadas ou não.

O número de usuários pode variar desde 1 indivíduo até um pequeno

grupo de no máximo 8 pessoas, que deverão contar sempre com suporte

profissional sensível às demandas e necessidades de cada um.

O suporte de caráter interdisciplinar (seja o CAPS de referência, seja

uma equipe da atenção básica, sejam outros profissionais) deverá considerar a

singularidade de cada um dos moradores, e não apenas projetos e ações

baseadas no coletivo de moradores. O acompanhamento a um morador deve

prosseguir, mesmo que ele mude de endereço ou eventualmente seja

hospitalizado.

O processo de reabilitação psicossocial deve buscar de modo especial a

inserção do usuário na rede de serviços, organizações e relações sociais da

comunidade. Ou seja, a inserção em um SRT é o início de longo processo de

reabilitação que deverá buscar a progressiva inclusão social do morador.

Cada casa deve ser organizada segundo as necessidades e gostos de

seus habitantes: afinal é uma moradia! Por isso, a rigor, deverão existir tantos

tipos de moradias quanto de moradores. No entanto, pensando em termos bem

gerais, temos dois grandes tipos de SRTs:

SRT I – O suporte focaliza-se na inserção dos moradores na rede social

existente (trabalho, lazer, educação, etc.). O acompanhamento na residência é

realizado conforme recomendado nos programas terapêuticos individualizados

dos moradores e também pelos Agentes Comunitários de Saúde do PSF,

quando houver. Devem ser desenvolvidas, junto aos moradores, estratégias

para obtenção de moradias definitivas na comunidade. Este é o tipo mais

comum de residências, onde é necessário apenas a ajuda de um cuidador

(pessoa que recebe capacitação para este tipo de apoio aos moradores:

trabalhador do CAPS, do PSF, de alguma instituição que faça esse trabalho do

cuidado específico ou até de SRTs que já pagam um trabalhador doméstico de

carteira assinada com recursos do De Volta Para Casa).

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SRT II – Em geral, cuidamos de nossos velhos, doentes e/ou

dependentes físicos, inclusive com ajuda de profissionais: o SRT II é a casa

dos cuidados substitutivos familiares desta população institucionalizada, muitas

vezes, por uma vida inteira. O suporte focaliza-se na reapropriação do espaço

residencial como moradia e na inserção dos moradores na rede social

existente. Constituída para clientela carente de cuidados intensivos, com

monitoramento técnico diário e pessoal auxiliar permanente na residência, este

tipo de SRT pode diferenciar-se em relação ao número de moradores e ao

financiamento, que deve ser compatível com recursos humanos presentes

24h/dia.

3.4 Ambulatório com Equipe de Saúde Mental

Os ambulatórios com equipe de saúde mental são considerados serviços de média complexidade, ou seja, unidades de saúde que oferecem atenção integral à comunidade incluindo o programa de saúde mental. A equipe especializada tem como um dos objetivos racionalizar os encaminhamentos para os serviços de maior complexidade, reduzindo a procura direta aos atendimentos de urgência e hospitalares,.Composta por médico psiquiatra, psicólogo e assistente social, e estes serviços devem contar com pelo menos dois profissionais de nível superior, que estejam capacitados para o trabalho em saúde mental. Alem dos profissionais de nível médio. Atendendo junto a Secretaria Municipal de Saúde, o Ambulatório de Saúde Mental é uma unidade especializada, onde são atendidos casos de urgência e emergência. As consultas são agendadas pelos usuários quando estes são encaminhados pelas UBSs - Unidades Básicas de Saúde. A demanda é passada por uma triagem onde as diversas sistuações são analisadas levando-se em consideração o grau de sofrimento do usuário (criança, adolescente, adulto e idoso) permitindo critérios de priorização no atendimento. Essa unidade deve ser composta por uma equipe multidisciplinar. 3.5 Ambulatório Especializado em Saúde Mental

São unidades de saúde com equipe multiprofissional especializada em saúde mental: médico psiquiatra, médico clínico, psicólogo, equipe de enfermagem especializada, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, neurologista e pessoal auxiliar. A composição e atribuições serão definidas pelo Gestor Local, considerando a consolidação de um modelo de atenção à saúde voltada para um conceito de territorialização com o

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conhecimento da configuração epidemiológica, reconhecimento da historia, das demandas e dos problemas da população.

Atenção aos usuários nestas unidades de saúde deverá incluir as seguintes atividades, desenvolvidas pela equipe multiprofissional:

● atendimento individual (consulta, psicoterapia, dentre outros);

● atendimento grupal (grupo operativo, terapêutico, atividades socioterápicas, de orientação, atividades de sala de espera, atividades educativas em saúde). Por profissional de nível médio poderão ser realizados grupos de orientação e de sala de espera;

● visitas domiciliares por profissional de nível superior ou médio;

● atividades comunitárias por profissional de nível superior ou médio, especialmente na área de referência do serviço de saúde.

4. O SER HUMANO

O ser humano é um ser social. Desde que nascemos somos inseridos em grupos sociais, seja por nossas escolhas, como os amigos, seja por imposição de uma série de variantes, como a família.

Esses grupos ao qual pertencemos nos influenciam e são influenciados por cada um de seus membros mutuamente e individualmente e também nos norteiam como pensar e nos comportar.

5. RELACIONAMENTO TERAPÊUTICO E TRATAMENTOS EM SAÚDE MENTAL

O Relacionamento terapêutico foi criado, desenvolvido e implementado na Enfermagem em Saúde Mental por Hildegard Peplau. Peplau desenvolveu a “Teoria das Relações Interpessoais em Enfermagem” fundamentada em sua experiência prática na aplicação de seus princípios nos Hospitais Psiquiátricos, assistência Domiciliar e Ambulatorial. Apoiou seus estudos na “Teoria Interpessoal da Psiquiatria” de Harry Stack Sullivan.

5.1 Conceito de Relacionamento Terapêutico RT:

Constitui-se em um processo com várias etapas ou fases com características próprias, atividades, fenômenos que surgem durante o desenvolvimento de suas diferentes etapas e desafios, ou problemas, que exigem supervisão para o seu desenvolvimento.

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1-Auto conhecimento: É o desenvolvimento da capacidade de conhecer as próprias atitudes que estão presentes e que dão vida ao comportamento de ser humano.

2-Capacidade de Amar e Ser Amado: Todo ser humano tem necessidade de amar e ser amado. Amor é a capacidade de demonstrar afeto por outra pessoa de modo reflexivo sem esperar reciprocidade. Amar o cliente significa experimentar e demonstrar a ele compreensão, aceitação, respeito, paciência, proteção, segurança, entre outros.

3-Aceitação e Não Julgamento: O enfermeiro deve aceitar o cliente como ele é, demonstrando compreensão e aceitação empática do porquê ele age daquela maneira no momento em que o comportamento se manifesta. É a expressão de seu transtorno. Agindo assim, é propiciada ao cliente a oportunidade de experimentar segurança e confiança.

4-Dependência Aceita, Interdependência e Independência: No RT, essa dependência tem que ser aceita pelo Enfermeiro e ele precisa estar atento para percebê-la e demonstrar aceitação desta, sem estimulá-la. Assim que as condições do cliente permitiram, o Enfermeiro deverá ajudá-lo a aceitar a interdependência necessária e saudável e estimular a independência possível para cada cliente em particular.

5-Empatia e Envolvimento Emocional: O conceito de empatia é multidimensional e contêm aspectos cognitivos, emocionais, comunicacionais e relacionais. O Enfermeiro deve adquirir maturidade suficiente a ponto de poder experimentar a empatia sem que haja envolvimento emocional.

6-Confiança:É o sentimento de fidedignidade em relação a o outro. A confiança permite à pessoa aprender como lidar como mundo e a resolver os desafios que se apresentam. As características de confiança incluem respeito, honestidade, consistência e a crença no potencial do outro.

7-Respeito Mútuo:Ter respeito pela pessoa é a creditar em sua dignidade e seu valor, independente de seu comportamento; aceitar a pessoa que cada ser humano é sem julgá-la.

6. PAPEL DA ENFERMAGEM NA PSIQUIATRIA

O estudo da Enfermagem em Saúde Mental é de certo modo fascinante, uma vez que, por vezes, nos leva a reflexões sobre nossos comportamentos. Em muitas situações pode-se perceber a tentativa de estudante de enfermagem em identificar sinais e sintomas das “doenças mentais” em seu próprio organismo.

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Cada vez mais, o conhecimento em saúde mental torna-se necessários a todos os profissionais da área da saúde, principalmente para a enfermagem, pois hoje, com todas as mudanças ocorridas no cenário atual das Políticas de Saúde Mental Nacional e Internacional vivencia-se uma realidade diferente de algumas décadas atrás, em que o doente mental, não está único e exclusivamente dentro dos hospitais especializados em psiquiatria, mas sim, ocupam todos os serviços de saúde instituídos na comunidade.

O campo de trabalho da enfermagem se expande e seu significado torna-se notável. Sabe-se que cabe a ela o cuidado e a promoção da ressocialização de cada pessoa, respeitando sua subjetividade. Para efetivação do seu trabalho, o profissional pode desenvolver atividades junto ao portador de transtorno mental, famílias e comunidade, contribuindo para um convívio mais saudável na sociedade.

Os técnicos de enfermagem, enquanto profissionais de saúde, devem munir-se de instrumentos que possibilitem melhor entendimento sobre a saúde mental, o que permitirá adequar os cuidados básicos, para planejar e implementar ações direcionadas aos portadores de transtorno mental, visando à melhoria da qualidade da assistência em nível comunitário, contribuindo para discussões desta temática, em nível nacional.

7. TRATAMENTO DAS DOENÇAS MENTAIS

De modo geral, os tratamentos psiquiátricos dividem-se em duas categorias; somáticos ou psicoterapêuticos. Os tratamentos somáticos incluem as terapias farmacológicas e eletroconvulsivantes. Os tratamentos psicoterapêuticos incluem a psicoterapia (individual, de grupo ou familiar), as técnicas de terapia do comportamento (como os métodos de relaxação e a hipnose) e a hipnoterapia. Muitas perturbações psiquiátricas requerem, para o seu tratamento, uma combinação de fármacos e de psicoterapia. No caso das grandes perturbações psiquiátricas, a maior parte dos estudos sugere tratamentos que compreendam tanto fármacos como psicoterapia, o que resulta mais eficaz que qualquer deles utilizados separadamente.

7.1 Tratamento farmacológico

Durante os últimos 40 anos desenvolveu-se um grande número de fármacos psiquiátricos altamente eficazes e amplamente usados pelos psiquiatras e por outros médicos. Estes fármacos são, muitas vezes, classificados de acordo com a perturbação principal para a qual se prescrevem.

Por exemplo, os antidepressivos, como a imipramina, a fluoxetina e o buproprion, usam-se para tratar a depressão. Os fármacos antipsicóticos, como a clorpromazina, o haloperidol e o tioxiteno, são úteis para perturbações

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psiquiátricas como a esquizofrenia. Os novos antipsicóticos, como a clozapina e a risperidona, podem ser úteis para alguns doentes que não tenham respondido a outros fármacos mais tradicionais. Os fármacos ansiolíticos, como o clonazepam e o diazepam, podem utilizar-se para tratar as perturbações por ansiedade, como a perturbação por pânico e as fobias. estabilizantes do humor, como o lítio e a carbamazepina, foram usados, com certo êxito, em pacientes com doenças maníaco-depressivas.

7.2 Psicoterapia

Durante os últimos anos efetuaram-se grandes avanços no campo da psicoterapia. A psicoterapia é o tratamento que o terapeuta aplica ao doente mediante técnicas psicológicas e fazendo uso sistemático da relação doente-terapeuta. Os psiquiatras não são os únicos profissionais da saúde preparados para praticar a psicoterapia. Também podem incluir-se psicólogos clínicos, trabalhadores sociais, enfermeiros, alguns conselheiros espirituais e muitos outros que não são profissionais da saúde. No entanto, os psiquiatras são os únicos profissionais da saúde mental autorizados a receitar fármacos.

Embora a psicoterapia individual se pratique de muitas formas diferentes, de modo geral os profissionais da saúde mental são especializados numa das quatro escolas de psicoterapia seguintes: a dinâmica, a cognitivo-comportamental, a humanista ou a comportamental.

A psicoterapia dinâmica deriva da psicanálise e baseia-se em ajudar o doente a compreender as suas estruturas e conflitos internos que podem estar a criar sintomas e dificuldades nas suas relações. A terapia cognitivo-comportamental centra-se primariamente nas distorções do pensamento do doente. A terapia interpessoal centra-se no modo como uma perda ou uma alteração numa relação afeta o doente. A terapia comportamental está orientada para ajudar os doentes a modificar a sua forma de reagir diante de acontecimentos que ocorrem à sua volta. Na prática, muitos psicoterapeutas combinam várias técnicas segundo as necessidades do doente.

A psicoterapia é apropriada para uma variedade ampla de situações. Inclusive as pessoas que sofrem de perturbações psiquiátricas podem encontrar nela ajuda para enfrentar problemas como dificuldades no trabalho, perda de um ente querido ou uma doença crônica na família. Também se utilizam amplamente a psicoterapia de grupo e a terapia familiar.

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Tipos de Psicoterapias.

Arteterapia É uma forma de terapia que utiliza recursos expressivos, artisticos e vivênciais com o objetivo de facilitar o auto-conhecimento e a comunicação do cliente.

Programação Neurolingüística A PNL é um modelo de comunicação e comportamento que enfatiza o papel da linguagem na determinação de nosso estado físico e psicológico.

Psicoterapias Corporais Para esta psicoterapia, nossas emoções possuem um correlato físico, tornando-se necessário o contato com o corpo, juntamente com a verbalização.

Psicoterapia Familiar: Corresponde a uma serie de psicoterapias que são centradas nos problemas interativos das crises de relacionamento de casal ou no interior da família.

Cognitiva : Sistema de terapia cujo princípio básico é de que as cognições(pensamentos, crenças, interpretações) de um indivíduo frente a situações influenciam suas emoções e comportamentos. O terapeuta atua sobre as cognições, a fim de alterar as emoções e comportamentos que as acompanham.

Psicanálise A Psicanálise é ao mesmo tempo um modo particular de tratamento do desequilíbrio mental e uma teoria psicológica que se ocupa dos processos mentais inconscientes.

Hipnose e hipnoterapia

A hipnose e a hipnoterapia estão a ser utilizadas de modo crescente para tratar a dor e as perturbações físicas que têm um componente psicológica. Estas técnicas podem promover a relaxamento, fazendo, consequentemente, com que a ansiedade e a tensão se reduzam. Por exemplo, a hipnose e a hipnoterapia pode ajudar as pessoas com cancro que, além da dor, têm ansiedade ou depressão.

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7.3 Eletroconvulsoterapia

A ECT - eletroconvulsoterapia é um tratamento extremamente eficaz e seguro para doenças psiquiátricas, principalmente a depressão. O objetivo é promover uma estimulação elétrica no cérebro com a finalidade de induzir uma crise convulsiva que dura ao redor de 30 segundos, mas já suficiente para aliviar os sintomas das doenças. O tratamento é feito em sessões, o número de aplicações é definido pelo psiquiatra. Tudo é feito em um ambiente hospitalar, com o paciente anestesiado para que não sinta desconforto ou dor e a liberação é feita no mesmo dia.

Apesar do alto índice de eficácia e da segurança do tratamento, a técnica ainda é incompreendida e confundida com tratamento doloroso, antiquado ou mesmo tortura. Antigamente a ECT era conhecida como “eletrochoque”. Nos anos 50, com a descoberta de remédios com efeitos antipsicóticos, antidepressivos e estabilizadores do humor, a ECT começou a ser vista negativamente. No entanto, nenhuma droga, até o momento, se iguala, em eficácia, à ECT. Quando os profissionais começaram a observar as limitações do efeito das medicações o interesse pela ECT voltou a crescer. Em 1959, foi relatado o uso de anestesia durante o procedimento. A partir dos anos 70 a técnica foi extremamente aprimorada, com o desenvolvimento de aparelhos mais sofisticados, que permitem um controle preciso da carga fornecida, uso de anestesia, oxigenação, relaxamento muscular e monitoração detalhada das funções vitais.

Atualmente, estima-se que 50 mil pessoas recebam ECT por ano nos Estados Unidos, no Brasil ainda não há dados precisos, mas a técnica é amplamente utilizada nos melhores e mais conceituados hospitais de todo o país. Infelizmente o preconceito e a falta de informação ainda existem, mas a cada dia mais profissionais e pacientes reconhecem que a ECT é uma intervenção eficaz, segura e, muitas vezes, capaz de salvar a vida em certos transtornos nos quais outras intervenções tiveram pouco ou nenhum efeito.

O tratamento surgiu na década de 30, quando os neuropsiquiatras italianos, Ugo Cerletti e Lucio Bini, iniciaram pesquisas induzindo convulsões com eletricidade. Em 1938, Cerletti realizou a primeira terapia convulsiva induzida eletricamente com finalidade terapêutica. Descobriu-se, então, que o tratamento reduz o risco de suicídio, quase a ponto de desaparecimento, rapidamente. Em poucos anos, a ECT tornou-se um dos principais métodos de tratamento da esquizofrenia e transtornos do humor.

Os quadros depressivos são os que melhor respondem a este tratamento. Todos os subtipos podem se beneficiar do tratamento: refratária, unipolar, bipolar, catatônica, associada a transtorno de personalidade ou a uma outra doença orgânica.

A ECT tem indicação como primeiro tratamento nos quadros nos quais: ● Há um risco de suicídio iminente; ● Uma desnutrição que põe em risco a vida do paciente; ● A presença de sintomas catatônicos; ● Presença de sintomas psicóticos graves;

Em situações nas quais outros tratamentos são mais arriscados devido aos seus efeitos colaterais (por exemplo: pacientes idosos, durante a gestação e amamentação).

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Outros quadros também podem ter indicação: mania e seus subtipos, esquizofrenia e outras psicoses funcionais resistentes ao uso de antipsicóticos, epilepsia refratária e transtornos mentais em epilépticos, síndrome neuroléptica maligna e doença de Parkinson (há melhora dos sintomas extrapiramidais e depressivos).

8. SAÚDE X DOENÇA MENTAL

Em geral, entende-se ter saúde mental como o oposto de doença mental ou a ausência de psicopatologia, ou seja, um estado de saúde normal.

A nossa mente não é uma entidade separada do resto de nós. Quando estamos desestruturados, a nossa saúde física também é afetada. Muitas condições físicas são, na realidade, enraizadas em uma aflição psíquica, ou em uma história de estresse que nunca foi cuidada. Nossas relações pessoais e de trabalho, e nossas habilidades são afetadas por ambas as questões de saúde física e mental.

No entanto, a boa notícia é que a maioria das pessoas que experimenta problemas de saúde mental e emocional pode administrar ou superar esses problemas e com tratamento, viver uma vida plena.

8.1 Problemas de saúde mental e emocional

Um problema de saúde mental ou emocional pode ser de curto prazo, como uma reação a um estressor (como uma perda, doloroso acontecimento, doença, medicação, etc.). Se a situação não se reduzir ou se os sintomas de angústia estão interferindo com outros aspectos da vida, a assistência de um profissional de saúde mental pode ser necessária. Geralmente, não se pensa duas vezes em procurar ajuda para evitar um problema físico (como no caso de ter quebrado um osso procuramos por um ortopedista, ou diante de uma cárie, procuramos um dentista). Mas algumas pessoas acreditam que é vergonhoso procurar ajuda para um problema de saúde emocional, ou pensam que um problema emocional significa que você está "louco". (Leia mais sobre os stigma das doenças mentais)

Em muitas situações, quanto mais cedo se pedir ajuda, menores serão as dificuldades com o problema.

Tal como acontece com condições médicas, como a doença cardíaca ou diabetes, existem alguns problemas de saúde mental (tais como depressão maior, esquizofrenia ou transtorno bipolar), que tendem a correr em famílias – seja em função da genética ou do estilo de interação familiar.

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A maioria das pessoas que tem problemas de saúde mental pode superá-los ou aprender a viver com eles, especialmente se procurar ajuda na hora certa, e não esperar o problema se agravar.

8.2 O que é a doença mental?

No passado, o tema da doença mental foi cercado de mistério e medo. Hoje, nós temos feito enormes progressos na nossa compreensão e, sobretudo, em nossa capacidade de oferta de tratamentos eficazes. No entanto, dúvidas sobre as doenças mentais não respondidas, muitas vezes impedem que as pessoas procurem ajuda.

Não existe uma definição precisa de "doença mental", e de muitas formas, o termo é enganador. Há muita sobreposição entre transtornos mentais e físicos, e é comum que se tenha uma interação entre elementos de ambos. Em geral, pode afirmar-se que uma doença mental é uma condição que impacta de forma adversa os processos individuais de pensamento, as emoções, comportamentos e / ou interações com outras pessoas, e interfere negativamente com a sua capacidade de gerir eficazmente a vida.

8.3 De acordo com a NAMI (Aliança Nacional de Doenças Mentais americana):

- Doenças mentais são distúrbios graves que causam alterações biológicas no cérebro e são debilitantes em diferentes graus.

- Os sintomas de doenças mentais tipicamente começam a aparecer na adolescência ou idade adulta jovem. Doença mental atinge cerca de 5% dos adultos e 9% das crianças e dos adolescentes nos Estados Unidos.

- Há muitos equívocos a respeito das doenças mentais. Isto infelizmente contribui para o fato de que muitas pessoas não procuram tratamento.

- Não tratada, a doença mental pode resultar em desemprego, abuso de substâncias psicoativas, deterioramento das relações interpessoais, e nos casos mais graves encarceramento e suicídio.

- A fim de conquistar o estigma da doença mental, é importante compreender que essas condições não estão relacionadas com o caráter, inteligência, ou vontade.

- Doenças mentais são doenças como quaisquer outras, e com intervenções modernas, são altamente tratáveis.

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9. DOENÇAS FÍSICAS E ASÉCTOS PSICOLÓGICOS

Doenças de fundo emocional são estudadas há muito tempo pela

psicologia. A psicossomática é um tema fascinante e trata da intercomunicação

mente x corpo.

Muito se fala sobre o poder de nosso cérebro sobre a saúde e nos faz

pensar: "Já que somos “poderosos” em criar doenças será que podemos

aplicar este poder na cura das doenças? Seu cérebro pode ser o seu próprio

médico?"

Doença psicossomática e Somatização se referem a aspectos diferentes

do mesmo ponto: a influência da mente sobre a saúde de nosso corpo.

Toda doença tem fundo emocional?

Não, mas existem correntes que defendem esta ideia. Creio ser um

pouco exagerado considerar que toda vez que ficamos doentes teremos nossa

cabeça como responsável. Nosso corpo funciona independente de nosso

pensamento e intenção, seu coração bate, seu sangue circula quer você queira

ou não. A única ponta de verdade que consigo ver na afirmação de que toda

doença tem fundo emocional é que toda pessoa angustiada, nervosa,

preocupada, triste, irada, enfim com emoções negativas, terão seus sistemas

imunológicos abalados. Com o sofrimento emocional e psicológico seu corpo

produz cortizol, o hormônio do stress e com a repetição desta descarga

hormonal seu organismo vai ficando cada vez mais e mais debilitado a ponto

de adoecer. Mas o inverso também é verdadeiro, ou seja, toda vez que sua

saúde física estiver abalada você sofrerá conseqüências emocionais e

psicológicas. Quando uma pessoa descobre que tem câncer ficará abalada

emocional e psicologicamente. Se ela não tiver ajuda para se controlar

emocionalmente poderá ter sua resistência prejudicada e interferir em sua

recuperação. Por isso é muito importante o acompanhamento psicológico nos

casos mais graves.

Quando alguém diz que a pessoa está somatizando está dizendo que

esta pessoa apresenta sintomas físicos mesmo não havendo uma doença

física - a causa destes sintomas é emocional. Por exemplo, o caso da pessoa

que sente taquicardia, o coração dispara e ela vai ao médico achando que está

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com problema no coração, chegando lá ela faz exames, e não acusando nada,

o médico dispensa o paciente dizendo que ele está bem fisicamente. Esta

taquicardia pode ser sintoma de pânico - síndrome do pânico. Isso é

somatização. Os exames não acusam nada porque a pessoa não tem nada

fisicamente, o sofrimento físico é um reflexo do sofrimento emocional, que está

escondido. O correto nessa situação é que o médico encaminhe a pessoa para

um tratamento com psicólogo. Só o psicólogo pode tratar e amenizar esse

sofrimento, que apesar de estar se manifestando no corpo é essencialmente

mental, é psicológico. A ajuda deve ser feita a nível emocional.Somatização é

quando a pessoa apresenta sintomas cuja avaliação do médico não identifica

qualquer problema orgânico, mas identifica uma causa psicológica, e o

tratamento é feito com o psicólogo.

Quando usamos o termo “doença psicossomática” dizemos que a causa

é psicológica, mas a pessoa apresenta alterações clínicas detectáveis por

exames de laboratório, ou seja, o corpo da pessoa está tendo danos físicos -

chamamos de doença psicossomática. É uma doença física, verdadeira mas

com causa psicológica, ou seja, a doença apareceu no corpo, como uma

alergia por exemplo. Neste caso a pessoa deve tratar tanto com o psicólogo

como com o médico. Com o médico ela trata o corpo, e com o psicólogo trata a

mente - a cabeça, as emoções.

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