apostila de química xi teoria - parte 1 e 2

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QUÍMICA XI (Notas de Aula - Teoria) Profª Flávia Omena [email protected] – sala 418-A UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS INSTITUTO DE QUÍMICA DEPARTAMENTO DE PROCESSOS QUÍMICOS

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Curso de química XI da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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  • QUMICA XI

    (Notas de Aula - Teoria)

    Prof Flvia Omena

    [email protected] sala 418-A

    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    CENTRO DE TECNOLOGIA E CINCIAS

    INSTITUTO DE QUMICA

    DEPARTAMENTO DE PROCESSOS QUMICOS

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

    1

    1. Conceito Deteriorao de um material, geralmente metlico,

    por ao qumica ou eletroqumica do meio ambiente,

    aliada ou no a esforos mecnicos (GENTIL, 1996).

    em geral um processo espontneo

    fenmeno de interface

    afeta principalmente os materiais inorgnicos

    1.1 Usos propositais da corroso

    oxidao de aos inoxidveis => formao da pelcula protetora de Cr2O3;

    anodizao do alumnio => oxidao das peas de alumnio, com formao de Al2O3 (proteo e decorao da pea);

    proteo catdica com anodos de sacrifcio => proteo de ao-carbono em instalaes submersas;

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

    2

    decorao de monumentos e esculturas de bronze => formao de ptinas que conferem coloraes caractersticas como o escurecimento (xidos e sulfetos) e tons esverdeados (sais bsicos)

    entre outros...

    1.2 Meios corrosivos Responsveis pelo aparecimento do eletrlito

    (soluo eletricamente condutora, constituda de gua

    contendo sais, cidos ou bases)

    Principais meios corrosivos e seus eletrlitos

    atmosfera => o eletrlito a gua que condensa na superfcie metlica, na presena de sais ou gases do ambiente.

    solos => o eletrlito principalmente a gua com sais dissolvidos

    guas naturais (rios, lagos e subsolo) => o eletrlito principalmente a gua com sais dissolvidos

    gua do mar => um eletrlito por excelncia, devido grande quantidade de sais dissolvidos; outros constituintes

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

    3

    (como os gases dissolvidos) podem acelerar os processos corrosivos

    Tabela 1 Constituintes tpicos da gua do mar

    Cloreto (Cl-) 18,9799

    Sulfato (SO-) 2,6486

    Bicarbonato (HCO) 0,1397

    Brometo (Br-) 0,0646

    Sdio (Na+) 10,5561

    Magnsio (Mg 2+) 1,2720

    Potssio (K+) 0,3800

    Fluoreto (F-) 0,0013

    Clcio (Ca2+) 0,4001

    Estrncio (Sr+2) 0,0133

    cido Brico (H3BO3 ) 0,0260

    produtos qumicos => em contato com gua ou umidade, podem formar eletrlito, provocando corroso eletroqumica

    A atmosfera no entorno de indstrias e o interior de

    determinadas tubulaes e equipamentos tambm podem funcionar como meio corrosivo.

    1.3 Custos

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

    4

    INDSTRIA; CONSTRUO CIVIL;

    MEDICINA; OBRAS DE ARTES.

    Perdas diretas

    substituio de peas que sofreram corroso (inclui energia e mo-de-obra);

    custos e manuteno de processos de proteo (proteo catdica, recobrimentos, pinturas).

    Perdas Indiretas

    paralisaes acidentais p/ substituio de tubos corrodos;

    perdas de produtos;

    perdas de eficincia de trocadores de calor devido s incrustaes;

    superdimensionamento nos projetos;

    interrupes de telefones.

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

    5

    Estudo encomendado pelo Congresso americano (1999-2001) estimou custos anuais com a corroso: total = U$276 bilhes (3,1% do PIB); combate = U$121 bilhes (1,38% do PIB);

    economia de 25-30% (1% do PIB), se adotadas prticas conhecidas de combate e preveno

    2. Classificao da Corroso quanto natureza

    Corroso Qumica

    ataque de um agente qumico diretamente sobre o material (metlico ou no)

    no necessita da presena de gua

    Corroso por um gs na ausncia de camada protetora;

    Corroso em solues no-aquosas (alguns solventes orgnicos ou inorgnicos);

    Ex.: Zn + H2SO4 ZnSO4 + H2

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

    6

    Corroso de materiais no metlicos (degradao).

    Exs.:

    Polmeros (plsticos) => reaes qumicas (como hidrlise do PET) causam quebra das macromolculas com perda das caractersticas do material;

    Concretos => destruio pela ao dos

    poluentes

    Corroso Eletroqumica

    processo espontneo que ocorre quando o metal ou liga est em contato com um eletrlito

    corroso qumica em poste de concreto

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    acontecem, simultaneamente, reaes andicas e catdicas.

    realiza-se necessariamente na presena de gua

    Ex.: Formao de ferrugem

    reao andica (oxidao): Fe Fe 2+ + 2e- reao catdica (reduo): 2 H2O + 2e- H2 + 2 OH- Regio intermediria: Fe2+ + 2 OH Fe(OH)2 hidrxido ferroso

    Deslocamento de eltrons e ons => transferncia dos eltrons das regies andicas para as catdicas pelo circuito metlico e uma difuso de nions e ctions na

    soluo

    Processo andico => passagem de ons para a soluo

    Processo catdico => recepo de eltrons, na rea catdica

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Em alta % de O2: 2 Fe(OH)2 + H2O + O2 2 Fe(OH)3 2 Fe(OH)3 Fe2O3.H2O + 2 H2O Em baixa % de O2: 3 Fe(OH)2 Fe3O4 + 2 H2O + H2 Ocorrncias: Corroso atmosfrica

    Corroso por solues aquosas Corroso no solo em presena de umidade Corroso por um gs em presena de uma camada de corroso (filme).

    Corroso Eletroltica

    tipo de processo eletroqumico no-espontneo provocado por correntes de fuga

    aplicao de corrente eltrica externa

    alaranjado/ castanho-avermelhado

    preto

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Costuma ocorrer em tubulaes submersas ou enterradas (oleodutos, gasodutos, adutoras, cabos telefnicos)

    metal forado a agir como anodo ativo

    isolamento deficincias

    aterramento

    3. Oxidao, Reduo e Sistemas REDOX Genericamente:

    M Mn+ + ne-

    reao que representa o desgaste de um metal (corroso)

    corroso eletroltica em tubulao industrial

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    3.1 Nmero de Oxidao

    a carga real ou aparente que um tomo adquire quando estabelece uma ligao (inica ou covalente) com outros tomos. perda ou ganho de e- (lig. inica) carga diferena de eletronegatividade

    (lig. covalente)

    Regras bsicas para a previso do Nox

    1) O nmero de oxidao de um elemento em uma substncia simples (Exs.: H2, N2, O2) igual a zero;

    2) A soma dos nmeros de oxidao de todos os tomos em um composto igual a zero;

    3) Quando se encontra combinado, o nmero de oxidao do hidrognio sempre +1 (exceto nos hidretos metlicos em que toma o valor -1);

    4) O oxignio tem nmero de oxidao -2, exceto no caso de perxidos (Ex.: H2O2), em que igual a -1 e de superxidos (Ex.: NaO2), onde igual a -1/2.

    5) O nmero de oxidao dos halognios geralmente -1, exceto se combinado com oxignio ou outros halognios mais eletronegativos. No caso do flor seu nmero de oxidao sempre -1.

    6) Os ons monoatmicos tm o nmero de oxidao igual sua prpria carga (Exs.: Na+, Cl-; Al3+);

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    7) A soma dos nmeros de oxidao de todos os tomos de um on poliatmico sempre igual carga do on.

    3.2 Oxidao e Reduo

    Oxidao => aumento no nmero de oxidao Reduo => diminuio do nmero de oxidao Semi-equaes: A An+ + n e- oxidao

    Bn+ + n e- Bn- reduo

    3.3 Sistemas REDOX

    Reao REDOX

    transferncia de eltrons

    Reao de oxidao => perda de eltrons Reao de reduo => ganho de eltrons Agente Oxidante => oxida o outro elemento e se reduz Agente Redutor => reduz o outro elemento e se oxida

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    3.3 Tabela de potenciais de reduo

    Baseia-se no eletrodo padro de hidrognio (E = 0,0V medido a 25C e 1mol/L)

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    4. Pilhas eletroqumicas 4.1 Conceitos

    So dispositivos capazes de transformar energia qumica em energia eltrica ou energia eltrica em energia qumica.

    Eletrodo => material condutor de eletricidade, que promove transferncia de eltrons entre o circuito e o meio em que est inserido Anodo => eletrodo em que h oxidao (corroso) Catodo => eletrodo em que h reduo Eletrlito => condutor contendo ons que transportam a corrente eltrica do anodo para o catodo Circuito metlico => ligao metlica entre o anodo e o catodo por onde escoam os eltrons. Retirando-se do sistema: catodo, eletrlito ou circuito metlico, destri-se a pilha => impede-se a corroso A fora eletromotriz de uma pilha a diferena de

    potencial (ddp) entre os eletrodos

    A ddp est presente em um sistema quando:

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    Os eletrodos so constitudos de diferentes substncias e possuem, portanto, diferentes potenciais

    ou

    Os eletrodos so da mesma substncia, mas as solues contm concentraes diferentes

    ou

    Os eletrodos so da mesma substncia e as solues contm concentraes iguais, mas os eletrodos esto submetidos a diferentes presses parciais de substncias gasosas

    Ecel = Ered (catodo) - Ered (anodo)

    Se o potencial de reduo da clula for positivo

    Reao espontnea

    Exemplo

    Segundo a tabela de potenciais padro

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Semi-equaes:

    oxidao Zn (s) Zn2+(aq) + 2e (+0,76V)

    reduo Cu2+(aq) + 2e Cu(s) (+0,34V)

    Eq. Global Zn(s) + Cu2+(aq) Zn2+(aq) + Cu(s) Dessa forma:

    cede eltrons Zn a espcie redutora

    sofre oxidao

    ganha eltrons

    Cu2+ a espcie oxidante sofre reduo

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    4.2 Reaes andicas e catdicas A Reao andica na corroso de um metal

    representada por: M Mn+ + ne-

    Dependendo do meio, podero ocorrer reaes catdicas preferenciais como:

    Reduo do on H+

    (meio cido) n H+ + n e- n/2 H2

    (meio neutro)

    H2O H+ + OH- (1) H+ + e- 1/2 H2 (2)

    H2O + e- 1/2 H2 + OH- (1+2)

    Reduo do O2

    (meio cido) n/4 O2 + n H+ + n e- n/2 H2O

    (meio neutro ou bsico) n/4 O2 + n/2 H2O + n e- n OH-

    Em presena de ons em estado mais oxidado em soluo

    M3+ + e- M2+

    Pela reduo de ons de metal mais nobre

    Mn+ + n e- M

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Conseqncias gerais:

    Decrscimo na acidez (em meio cido) e acrscimo na alcalinidade (em meio bsico) no entorno da regio catdica

    Em meios no-aerados h liberao de H2, que pode ficar adsorvido no metal acarretando sobretenso => polarizao catdica (processo de corroso retardado)

    Em meios aerados h consumo de H2, no ocorrendo a sobretenso => ausncia de polarizao catdica (processo de corroso acelerado)

    Obs:

    1) Em geral, os produtos de corroso so compostos insolveis formados entre o on do metal e a hidroxila. Assim, na maioria dos casos, verifica-se como produto de corroso um hidrxido do metal corrodo ou um xido hidratado do metal. (ex.: ferrugem).

    2) Em presena de outros ons no eletrlito, poder haver a formao de outros componentes insolveis => sulfetos, sulfatos, cloretos, e outros (ex.: Ag2S).

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    4.3 Tipos de pilhas

    Pilha de eletrodos metlicos diferentes (Galvnica) => ocorre quando dois metais ou ligas diferentes esto em contato entre si e imersos num mesmo eletrlito. Casos particulares:

    pilha ativa-passiva => formao de uma pelcula fina e aderente de xido ou outro composto insolvel na superfcie de metais como alumnio, chumbo, ao inoxidvel, titnio, ferro e cromo, funcionando como reas catdicas

    pilha de ao local => em geral ocorre devido a impurezas; essas regies tornam-se mais susceptveis ao ataque do meio e terminam funcionando como microcatodos, enquanto o resto do metal age como anodo e sofre corroso.

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Fonte: Gentil, 2003

    Pilhas de concentrao => ocorre com materiais metlicos de mesma natureza, em contato com diferentes concentraes de um mesmo eletrlito, sendo capazes de gerar diferena de potencial. Casos particulares:

    pilha de concentrao inica => presena de um mesmo eletrlito em diferentes concentraes

    Corroso galvnica em tubo de ao carbono em com vlvula de lato (mais acentuada no

    encontro entre os dois metais ao funciona

    como anodo)

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    pilha de aerao diferencial => as concentraes de eletrlito so uniformes, porm apresentam regies com diferentes teores de gases dissolvidos

    Gota salina (Evans, 1926) R. andica Fe Fe2+ + 2e-

    R. catdica O2 + 2 H2O + 4 e- 4 OH-

    Pilha ou Clula Eletroltica

    processo no-espontneo

    a polaridade dos eletrodos pode ser

    mudada

    mudana na direo da corrente

    a diferena de potencial fornecida atravs de fonte de energia externa

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    A pilha ou clula eletroltica que tem importncia no estudo da corroso aquela em que um dos eletrodos funciona como anodo ativo (perdendo eltrons e oxidando-se).

    5. Mtodos de Controle da Corroso

    5.1 Isolamento Eltrico Isolamento da superfcie de outras estruturas

    metlicas estranhas (tubulaes, condutes eltricos e ao de reforo concretado) 5.2 Revestimentos Constituem-se de pelculas interpostas entre o

    metal e o meio corrosivo. Dessa forma, alm de agir como barreiras isolando o metal do meio, podem conferir ao material um comportamento mais nobre, ou proteg-lo por ao galvnica. Usos: resistncias corroso atmosfrica, na imerso e na corroso pelo solo. 5.3 Proteo catdica Consiste em transformar a estrutura a proteger

    no catodo de um clula eletroqumica ou eletroltica.

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Quando um sistema de proteo catdica eficaz instalado, todas as partes da corrente coletada da estrutura protegida do eletrlito circunvizinho e toda a superfcie exposta se tornam uma nica rea catdica.

    5.3.1 Proteo catdica galvnica (ou por anodo de sacrifcio) Utiliza uma fora eletromotriz de natureza

    galvnica para imprimir a corrente necessria proteo da estrutura considerada. A fora eletromotriz resulta da diferena entre o potencial natural do anodo e o potencial da estrutura que se deseja proteger. Anodos de sacrifcio mais comuns: Ligas de magnsio, ligas de alumnio e ligas de zinco. Ex.: Instalaes martimas.

    5.3.2 Proteo catdica por corrente impressa Utiliza uma fora eletromotriz, proveniente de

    uma fonte de corrente contnua, para imprimir a corrente necessria proteo da estrutura considerada. A fora eletromotriz pode provir de baterias convencionais, solares, termogeradores, conjuntos motor-gerador ou retificadores de corrente. Os retificadores constituem a fonte mais freqentemente utilizada, e atravs deles retifica-se uma corrente alternada, obtendo-se uma corrente contnua que injetada no circuito de proteo.

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Os anodos mais empregados so os de grafite, ferro-silcio, ferro-silcio-cromo, chumbo-antimnio-prata, titnio platinizado, nibio platinizado e magnetita. 6. Inibidores de corroso Compostos qumicos adicionados ao meio corrosivo

    que visam diminuir a agressividade do meio corrosivo.

    Inibio andica => formao de produtos insolveis nas reas andicas, produzindo uma polarizao andica. Os compostos formados so tambm chamados de passivadores. Este mtodo funciona somente com metais ou ligas formadores de pelcula protetora (titnio, cromo, ligas de ferro-cromo, ligas de ferro-cromo-nquel). Exemplos: hidrxidos, carbonatos, fosfatos, silicatos, boratos de metais alcalinos, nitrito de sdio e cromatos de potssio e sdio.

    Inibio catdica => formao de produtos insolveis nas reas catdicas, produzindo uma polarizao catdica. Nesse caso, o metal forado a agir como catodo. Exemplos: sulfatos de zinco, magnsio ou nquel. Usos: estruturas enterradas ou submersas.

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Inibio por barreira (inibidores por adsoro) => compostos que tm a propriedade de formar pelculas, por adsoro superfcie metlica, criando uma pelcula protetora sobre as reas andicas e catdicas. Exemplos: sabes de metais pesados, aminas urias.

    Seqestradores de oxignio => compostos que reagem com o oxignio promovendo a desaerao do meio. Exemplos: Sulfito de sdio (Na2SO3 + O2 Na2SO4) Hidrazina (N2H4 + O2 N2 + 2 H2O) Algumas aplicaes dos inibidores => destilao do petrleo; tratamento de guas (caldeiras, refrigerao e injeo); sistemas de oleodutos e gasodutos, etc.

    7. Classificao da corroso quanto morfologia (Formas de corroso)

    Definidas principalmente pela aparncia da superfcie corroda.

    Corroso uniforme Ataque de toda a superfcie metlica em contato com o meio corrosivo, com conseqente diminuio uniforme da espessura. provavelmente

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    o tipo mais comum de corroso, principalmente nos processos corrosivos de estruturas expostas atmosfera e outros meios onde a ao do meio corrosivo uniforme sobre a superfcie metlica.

    Fonte: Gentil, 2003

    Corroso por placas Localiza-se em algumas regies da superfcie metlica, formando placas que se desprendem progressivamente. Ocorre geralmente em metais que formam pelcula inicialmente protetora, mas que, ao se tornarem espessas, fraturam e perdem aderncia, expondo o material a novo ataque.

    Corroso alveolar Processa-se na superfcie metlica produzindo sulcos ou escavaes semelhantes a alvolos, apresentando fundo arredondado e profundidade geralmente menor que o seu dimetro. freqente em metais formadores de pelculas semi-protetoras ou quando se tem corroso sob depsito, como no caso da corroso por aerao diferencial.

    corroso uniforme em chapa de ao

    carbono

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    Fonte: www.coating.com.br

    Corroso por pite (puntiforme)

    Processa-se em pontos ou pequenas reas localizadas na superfcie metlica produzindo pites (cavidades com profundidades maiores que seus dimetros). freqente em metais formadores de pelculas protetoras, que sob a ao de certos agentes agressivos (ons halogenetos), so destrudas em pontos localizados, os quais se tornam ativos, possibilitando corroso muito intensa. Exemplo: aos inoxidveis em meios que contm cloretos.

    Fonte: Gentil, 2003

    Corroso intergranular ou intercristalina Processa-se entre os gros da rede cristalina do material metlico. Em geral, ocorre perda das propriedades mecnicas e pode fraturar quando solicitado por esforos mecnicos. Aos inoxidveis

    corroso por pite em tubo de ao-carbono

    corroso alveolar em superfcie de ao

    carbono

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

    27

    podem sofrer corroso intergranular devido formao de uma zona empobrecida em cromo ao longo dos contornos do gro.

    Fonte: Gentil, 2003

    Corroso intragranular ou transcristalina Manifesta-se sob a forma de trincas que se propagam pelo interior dos gros da rede cristalina do material metlico.

    Fonte: Gentil, 2003

    Corroso filiforme Processa-se sob filmes e revestimentos, especialmente de pintura. Acredita-se que ela ocorra devido aerao diferencial provocada por defeito no filme de pintura, embora o mecanismo real no seja bem conhecido. De um modo geral, o

    corroso intragranular

    corroso intergranular

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena Corroso

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    processo se inicia pelas bordas e progride unifilarmente.

    Corroso por esfoliao Processa-se em diferentes camadas e os produtos de corroso, formado entre a estrutura de gros alongados, separa as camadas, ocasionando o inchamento do material metlico.

    Fonte: www.abraco.org.br

    Empolamento por hidrognio

    O hidrognio atmico penetra no material metlico e, como tem pequeno volume atmico, difunde-se rapidamente e em regies com descontinuidades (como incluses e vazios), ele se transforma em hidrognio molecular (H2), exercendo presso e originado a formao de bolhas. Principais causas do aparecimento de hidrognio: decomposio da umidade e gua de cristalizao contida em alguns tipos de revestimento de eletrodo que gera hidrognio atmico no processo de soldagem; reaes de corroso que liberam hidrognio; reaes catdicas em estruturas protegidas catodicamente; ao de gases ricos em hidrognio.

    corroso por esfoliao em escada de ao

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena gua

    29

    1. Introduo 1.1 Caractersticas

    substncia incolor, inspida e inodora, lquida temperatura ambiente, que cobre mais de 70% da superfcie terrestre, sendo componente vital para o planeta

    conhecida como solvente universal por solubilizar com facilidade muitos compostos, inorgnicos e orgnicos

    95,5% da gua do planeta salgada e imprpria para consumo humano; 4,7% esto em geleiras ou regies de difcil acesso; 0,147% (lagos, nascentes e lenis freticos) esto aptos para o consumo

    Brasil => imenso potencial hdrico (36000 m3/hab), porm mal distribudo:

    regio amaznica => 80% (5% da populao)

    regio nordeste => 3,3% (1/3 da populao)

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena gua

    30

    1.2 Principais usos da gua

    Abastecimento domstico e industrial; irrigao; preservao da flora e fauna; recreao e lazer; aqicultura; paisagismo; navegao; gerao de energia; diluio de despejos; dessedentao de animais

    1.3 Alguns tipos de gua

    gua bruta => proveniente de uma fonte de abastecimento, antes de qualquer tratamento

    gua pura => composta, exclusivamente, por hidrognio e oxignio; no h ocorrncia na natureza, pois por onde a gua passa ela incorpora substncias que iro alterar suas caractersticas originais

    gua de fonte ou gua mineral => contm substncias minerais e gasosas dissolvidas, podendo ser alcalina, sulfurosa, ferruginosa, etc, conforme o principal mineral dissolvido, decorrendo da suas propriedades medicinais

    gua gaseificada => recebe acrscimo de dixido de carbono artificialmente, podendo ser ou no enriquecida de sais minerais; existem fontes naturais de gua gaseificada, mas parte do gs se perde no processo de engarrafamento

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena gua

    31

    gua poluda => gua suja ou contaminada gua potvel => gua para consumo humano cujos parmetros microbiolgicos, fsicos, qumicos e radioativos atendam ao padro de potabilidade e que no oferea riscos sade

    gua tratada => gua submetida a um processo de tratamento, com o objetivo de torn-la adequada a um determinado uso

    gua salobra - gua com teor de sais que, dependendo da concentrao, impede seu consumo pelo homem e animais

    1.4 Parmetros de qualidade da gua

    Fsicos

    Turbidez interferncia passagem da luz atravs da gua, devido

    matria em suspenso (argila, substncias orgnicas finamente divididas, organismos microscpicos e outros)

    Cor conferida pelos slidos dissolvidos; pode ser causada pela

    presena de ferro ou mangans, pela decomposio da matria orgnica da gua (principalmente vegetais), pelas algas ou por

    esgotos industriais e domsticos

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena gua

    32

    Qumicos

    pH concentrao de ons H+, indicando condies de acidez, alcalinidade ou neutralidade; importante em etapas do

    tratamento de gua e em processos de corroso e incrustao

    Alcalinidade causada pela presena de sais alcalinos, podendo proporcionar

    sabor desagradvel gua; reflete a capacidade de neutralizao de cidos.

    Sabor e Odor so definidos pelos slidos em suspenso e slidos ou gases dissolvidos, presentes por causas naturais (bactrias, fungos, matria em decomposio, algas) ou artificiais (despejos

    domsticos ou industriais)

    Condutividade a capacidade da gua transmitir a corrente eltrica pela

    presena de ons determinada pela dissociao de substncias dissolvidas na gua

    Dureza relacionada presena de sais (principalmente de clcio e magnsio), tem importncia nos processos de depsito e

    incrustaes

    Slidos presentes em suspenso ou dissolvidos, sob a forma de matria

    fixa ou voltil, sedimentvel ou no-sedimentvel

  • Qumica XI - Prof Flvia Omena gua

    33

    Ferro e Mangans conferem sabor metlico gua e causam colorao marrom

    (mangans) ou avermelhada (ferro), manchando roupas e outros produtos industrializados; presentes pela dissoluo de

    compostos do solo ou de despejos industriais

    Cloretos em altas concentraes, conferem sabor salgado gua ou propriedades laxativas; provm da dissoluo de minerais, da

    intruso de guas do mar ou dos esgotos.

    Nitrognio presente na gua sob a forma molecular, amnia, nitritos e

    nitratos, um elemento indispensvel ao crescimento de algas (mas em excesso pode causar eutrofizao). Tem origem nos esgotos domsticos e industriais, nos fertilizantes e em

    excrementos de animais.

    Fsforo encontra-se sob a forma de ortofosfatos, polifosfatos e fsforo orgnico; essencial para o crescimento de algas, podendo tambm causar eutrofizao quando em excesso.

    Provm da dissoluo de compostos do solo, da decomposio da matria orgnica, dos esgotos domsticos e industriais, dos fertilizantes e detergentes e dos excrementos de animais.

    Substncias txicas As, Pb, Cr, B, Se, Ba, CN-, NO3-, F-, relacionados a doenas

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    Biolgicos

    Oxignio dissolvido (OD) indispensvel aos organismos aerbios; a decomposio da matria orgnica por bactrias aerbias , geralmente, acompanhada pela reduo do oxignio dissolvido da gua,

    podendo este alcanar valores reduzidos ou nulos, dependendo da capacidade de recuperao do manancial.

    Demanda Bioqumica de Oxignio (DBO) quantidade de O2 necessria oxidao da matria orgnica

    por ao de bactrias aerbias.

    Coliformes indicam a presena de microrganismos patognicos, devido ao

    despejo de esgotos domsticos

    Algas responsveis pela produo de grande parte do oxignio

    dissolvido na gua; em grandes quantidades levam ao processo de eutrofizao, causando na gua sabor, odor, toxidez, turbidez e cor, corroso e aspecto esttico desagradvel.

    Demanda Qumica de Oxignio (DQO) quantidade de O2 necessria oxidao da matria orgnica, atravs de um agente qumico; a DQO sempre maior que a

    DBO.

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    2. Estao de Tratamento de guas (ETA)

    Etapas do Processo

    Esquema de uma ETA

    3. Tratamento de guas para uso domstico

    3.1 Pr-decantao (Sedimentao Simples) aplicada em guas que possuem partculas

    suspensas de tamanho superior a 10 mcrons.

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    3.2 Clarificao Visa remover a cor e a turbidez da gua; consiste

    em trs etapas: coagulao/floculao, decantao e filtrao.

    Coagulao/floculao

    Coagulao => desestabilizao dos colides (partculas entre 1-100 nm), por ao de produto qumico, que resulta na neutralizao das foras eltricas superficiais, anulando as foras repulsivas entre as partculas.

    Floculao => aglomerao das partculas desestabilizadas, com formao e crescimento de flocos sedimentveis

    Reagentes usados na coagulao

    Coagulantes: compostos capazes de produzir hidrxidos gelatinosos insolveis e englobar as impurezas exs: Al2(SO4)3.18H2O e FeCl3.6H2O

    Alcalinizantes: conferem a alcalinidade necessria coagulao ex: Ca(OH)2 (cal hidratada)

    Coadjuvantes: formam partculas mais densas, tornando os flocos mais pesados exs: slica ativa e polieletrlitos

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    Decantao ou sedimentao ou precipitao => aps a coagulao, a gua bombeada para um decantador que sedimenta a matria coagulada.

    Filtrao => passagem da gua atravs de um meio poroso com o propsito de remover a matria suspensa; os filtros geralmente utilizados so os de gravidade e os de presso.

    3.3 Correo de pH

    utilizada como mtodo preventivo da corroso de encanamentos, diminuindo o ataque da acidez nas tubulaes; acalinizantes, como a cal hidratada ou a cal virgem (CaO), corrigem o pH da gua para remover o CO2 livre.

    3.4 Desinfeco

    Realizada atravs de clorao com hipoclorito de sdio ou cloro gasoso, (posteriormente removidos das guas utilizadas como alimentao de caldeiras), visam obteno de um meio isento de microorganismos patognicos. 3.5 Fluoretao Etapa implementada como coadjuvante na preveno

    da crie dental; objetiva a preveno da decomposio do esmalte dos dentes e o auxlio na produo natural de dentes mais resistentes.

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    4. gua dura gua com teores elevados de sais, principalmente de

    clcio (Ca2+) e magnsio (Mg2+). A gua pode ser classificada quanto a dureza de acordo com a concentrao em mg/L de CaCO3

    gua branda 0 75 mg/L CaCO3

    guas pouco duras 75 150 mg/L CaCO3

    guas duras 150 300 mg/L CaCO3

    guas muito duras > 300 mg/L CaCO3

    mais comum a incidncia natural na Europa no representa riscos sade, porm pode provocar incrustaes e entupimentos em tubulaes

    no produz ou produz pouca espuma em contato com o sabo

    formao de precipitado com Ca2+ e Mg2+

    Processo geral de formao da gua dura: gua naturalmente cida (contendo a partir de 2,0mg CO2/L) em contato com rochas ricas em calcita (CaCO3) e dolomita (CaMg(CO3)2)

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    Reaes: CaCO3 Ca2+ + CO32-

    insolvel

    CO2 + H2O H+ + HCO3-

    Ca2+ + 2 HCO3- Ca(HCO3)2 solvel

    4.1 Dureza total

    expressa como a soma das durezas temporria e permanente.

    4.2 Dureza temporria

    Inerente aos bicarbonatos, que na presena de calor, transformam-se em carbonatos (insolveis ou pouco solveis), podendo ser removidos sob a forma de precipitados.

    Reaes:

    Ca(HCO3)2 CaCO3 + H2O + CO2 insolvel

    Mg(HCO3)2 MgCO3 + H2O + CO2

    pouco solvel

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    MgCO3 + H2O Mg(OH)2 + CO2 insolvel

    4.3 Dureza permanente

    dada pela presena de sulfatos, cloretos e

    nitratos. No pode ser removida apenas pelo calor, necessitando de tratamentos com agentes qumicos ou colunas de troca inica.

    5. Tratamento de guas industriais

    A gua usada para fins industriais necessita de tratamentos especializados aps o tratamento primrio, principalmente quando usadas para gerao de vapor. Os processos normalmente utilizados so a desaerao, o abrandamento e a desmineralizao. 5.1 Desaerao

    Tem por objetivo a retirada de O2 e CO2 dissolvidos na gua, pelo uso de desaeradores. 5.2 Abrandamento de guas

    Consiste no tratamento das guas para a remoo

    de ons Ca2+ e Mg2+, presentes principalmente sob a forma de carbonatos, sulfatos e cloretos

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    Tcnicas utilizadas

    adio de agentes qumicos => Ca(OH)2 e

    Na2CO3

    O hidrxido de clcio (cal) reage com o CO2 livre Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O

    e com os bicarbonatos de clcio e de magnsio Ca(OH)2 + Ca(HCO3)2 2CaCO3 + 2H2O

    Ca(OH)2 + Mg(HCO3)2 CaCO3 + MgCO3 + 2H2O

    O magnsio precipita sob a forma de hidrxido de

    magnsio, conforme as reaes: MgCO3 + Ca(OH)2 CaCO3 + Mg(OH)2 MgSO4 + Ca(OH)2 Mg(OH)2 + CaSO4

    Para o sulfato de clcio necessrio do uso do carbonato de sdio:

    Na2CO3 + CaSO4 CaCO3 + Na2SO4

    Aps o processo, a gua tratada deve passar por um tanque de sedimentao.

    Para melhor precipitao de Ca2+ e Mg2+, deve-se ajustar o pH entre 10 e 11.

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    complexao (c/ EDTA) => o EDTA forma complexos estveis e solveis com os ons Ca2+ e Mg2+, proporcionando a diminuio de precipitados.

    resinas de troca inica catinicas => O processo de abrandamento catinico consiste em passar gua por um leito de resinas, efetuando a troca de clcio e magnsio por sdio. Quando as resinas estiverem saturadas, dever ser efetuada a sua regenerao.

    5.3 Desmineralizao

    Consiste na remoo de todos os ons presentes na gua, atravs de resinas de troca inica catinicas e aninicas; tambm chamado de deionizao. A gua passa por resinas catinicas e aninicas, em conjunto ou separadamente.

    OBS: um dos primeiros trocadores de ctions foram os zelitos (troca de clcio e magnsio por sdio); como os

    zelitos no eram resistentes ao cido foram desenvolvidas resinas sintticas para realizar o abrandamento catinico.

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    resina catinica

    OBS: recomendvel a instalao de um desaerador (eliminao de CO2) aps a troca catinica para poupar as resinas aninicas. A gua deve estar isenta de cloro e matria orgnica, para no

    deteriorar as resinas aninicas.

    Resinas de troca inica produtos slidos e insolveis, geralmente na forma de

    esferas, apresentando a propriedade de trocar determinados ons que contm, pelos ons dos sais

    dissolvidos em gua

    Polmeros portadores de uma carga eltrica que neutralizada pela carga do contra-on

    resina aninica

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    Classificao das resinas de troca inica

    feita de acordo com o grupo ionizvel preso estrutura da resina

    Resinas catinicas fortemente cidas => sendo o grupo ionizvel o sulfnico, seu comportamento qumico similar ao de um cido forte; so facilmente ionizveis, ao longo de toda a faixa de pH. Podem ser usadas para abrandamento na forma sdica (R-SO3Na) e para descarbonatao ou desmineralizao na forma cida (R-SO3H)

    Abrandamento:

    Ca2+ Ca2+ + 2 RNa 2 Na+ + R2 Mg2+ Mg2+

    Descarbonatao/desmineralizao

    Ca2+ Ca Mg2+ + 2 RH 2 Na+ + Mg R2

    2 Na+ 2 Na

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    Resinas catinicas fracamente cidas => o grupo ionizvel um cido carboxlico (COOH), portanto esto pouco ionizadas e se comportam como cidos orgnicos fracos. So usadas para a remoo de clcio, magnsio e sdio ligados a nions fracos (como bicarbonato) em guas com dureza temporria predominantemente elevada. Possuem capacidade de troca menor que as fortemente cidas

    Resinas catinicas so regeneradas com cido clordrico (HCl) ou sulfrico (H2SO4).

    Resinas aninicas fortemente bsicas => resinas altamente ionizveis, podendo ser usadas ao longo de toda a faixa de pH. Esto divididas em dois subgrupos: Tipo I (o grupo funcional o amnio quaternrio, que possui carter bsico mais forte, resultando em uma menor fuga de ons,

    Ca2+ Ca

    Mg2+ (HCO3)2 + 2 R-COOH 2 R-COO + Mg H2CO3 2 Na+ 2 Na

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    principalmente slica) e Tipo II (o grupo funcional um amnio quaternrio levemente modificado, cujo carter bsico no possibilita a remoo de slica, apesar de forte. Todas as resinas aninicas fortemente bsicas removem nions fortes e fracos, tais como cloretos, sulfatos, nitratos, bicarbonatos e silicatos

    Resinas aninicas fracamente bsicas =>; possuem como grupo funcional poliamidas contendo aminas primrias (-NH2), secundrias (-NHR) ou tercirias (-NR2). O grau de ionizao fortemente influenciado pelo pH (operam bem em pHs baixos); s removem nions de cidos fortes (cloretos, sulfatos e nitratos), no se aplicando para remoo de nions fracamente ionizveis (silicato e bicarbonato)

    H2SO4 SO42-

    2 HCl + 2 R-OH 2 R 2 Cl- + 2 H2O 2 HNO3 2 NO3-

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    Resinas aninicas so regeneradas com hidrxido de sdio (NaOH).

    Resinas quelantes seletivas para metais pesados => resinas fracamente cidas que exibem alta seletividade para os ctions de metais pesados; o grupo funcional a forma sdica do EDTA.

    A capacidade de troca inica depende

    carga e raio dos ons que entram no trocador concentrao dos ons no efluente

    natureza fsico-qumica da substncia trocadora temperatura

    H2SO4 SO42-

    2 HCl + 2 R-OH 2 R 2 Cl- + 2 H2O 2 HNO3 2 NO3-

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    6. Incrustao em caldeiras

    6.1 Conceitos Caldeiras (boilers) so equipamentos cuja finalidade

    a gerao de vapor.

    Vapor => a gua no estado gasoso; ao se condensar, a mesma energia que as molculas absorveram para passar para fase vapor liberada para o meio (transferncia de energia na forma de calor)

    Vapor saturado => vapor mido obtido da vaporizao direta da gua; ao se condensar este tipo de vapor cede calor latente. usado para aquecimento direto ou indireto.

    Vapor superaquecido => obtido atravs do aquecimento do vapor saturado, resultando em um vapor seco. usado para transferncia de energia cintica (gerao de trabalho mecnico)

    Incrustaes => acmulos de materiais fortemente aderidos sobre a superfcie da caldeira, necessitando de esforos considerveis para sua remoo (limpezas mecnicas ou qumicas). Origem: precipitao de sais e/ou xidos na forma cristalina, gerando incrustaes altamente coesas e aderidas.

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    Depsitos => acmulos de materiais sobre determinada superfcie que podem ser removidos manualmente com facilidade; podem prejudicar a troca trmica e o escoamento da gua, mesmo estando menos aderidos que as incrustaes. Origem: materiais suspensos na gua, sais condicionados no expurgados pelas descargas ou carbonizaes de material orgnico contaminante.

    Fonte: www.tratamentodeagua.com.br

    Fonte: www.tratamentodeagua.com.br

    Tubulao de caldeira aquatubular

    com elevada quantidade de lama (proveniente de gua

    bruta)

    Tubo de caldeira aquatubular

    incrustado com xido frrico

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    Fonte: www.tratamentodeagua.com.br

    Tipos de caldeiras Fogotubulares (ou Flamotubulares) => os gases da combusto circulam no interior dos tubos e a gua a ser vaporizada circula pelo lado de fora. A produo de vapor limitada a cerca de 40 t/h e presso de operao mxima de 16 Kgf/cm2

    Caldeira fogotubular com tubos

    incrustados (dureza) e acmulo de lama no

    fundo

    Fonte: www.chdvalvulas.com.br

    Fonte: www.montercal.com.br

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    Aquatubulares => a gua circula no interior dos tubos e os gases de combusto circulam na parte externa dos tubos. Surgiram devido necessidade de maior produo de vapor, podendo chegar a valores superiores a 200 t/h e presso de operao da ordem de 300 Kgf/cm2

    (caldeiras supercrticas)

    Fonte: www.chdvalvulas.com.br

    Fonte: www.tratamentodeagua.com.br

    OBS: Para um bom desempenho e eficincia de caldeiras (principalmente aquatubulares), so utilizados equipamentos perifricos, tais como aquecedores de ar, economizadores, sopradores de fuligem e superaquecedores.

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    6.2 Principais responsveis e mecanismo de formao de incrustaes em caldeiras

    Sais de clcio e magnsio (dureza), principalmente carbonato de clcio (CaCO3) e sulfato de clcio (CaSO4)

    Slica solvel (SiO2) e silicatos (SiO32-) de vrios ctions. A slica solvel oriunda da dissoluo de parte da prpria areia e rochas com as quais a gua mantm contato

    xidos de ferro, tais como o Fe2O3 e de outros metais (cobre, zinco) originados principalmente de processos corrosivos nas linhas de condensado e seo pr-caldeira

    Materiais orgnicos contaminantes, tais como fluidos envolvidos no processo (sucos, licor, caldo, xaropes, etc.). Muitas vezes a contaminao se d pelos condensados

    Mecanismo de formao de incrustaes em caldeiras

    precipitao

    vaporizao da gua no interior da caldeira

    concentrao dos sais presentes

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    6.3 Principais conseqncias das incrustaes em caldeiras Diminuio das taxas de troca trmica

    efeito isolante (baixa condutividade

    trmica)

    Aumento do consumo de combustvel e diminuio da produo de vapor

    Superaquecimento e ruptura de tubos

    Obstruo de tubos, vlvulas, descargas e coletores da caldeira

    acentuao da formao das

    incrustaes

    Danificao na estrutura da caldeira, comprometendo sua integridade ou inutilizando o equipamento

    Aumento do risco de acidentes devido s incrustaes em instrumentos e dispositivos de controle que comprometem o funcionamento dos equipamentos

    Aumento nos processos corrosivos que ocorrem sob os depsitos/incrustaes

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    6.4 Preveno de incrustaes Tratamentos externos das guas de alimentao

    Objetivam a melhoria da qualidade da gua antes de sua introduo no gerador de vapor. Os tratamentos mais comuns so: remoo de cor e turbidez (clarificao da gua de alimentao); remoo de ferro e mangans (a oxidao dos ons Fe2+ e Mn2+ gera compostos insolveis que podem ser retirados por decantao e filtrao); remoo da dureza (por aquecimento, agentes qumicos que formam compostos insolveis ou resinas trocadoras de ctions); desmineralizao (remoo de todos os ons por resinas de troca inica); remoo de gases (pelo aumento da temperatura).

    Tratamentos internos das guas das caldeiras

    Realizados pela adio de produtos qumicos que reagem no interior da caldeira, tm como finalidades corrigir o valor de pH, remover o oxignio e neutralizar o cido carbnico nas linhas de vapor condensado, de forma a evitar incrustaes ou depsitos e corroso nas superfcies de gerao de vapor.

    Desaerao Qumica => consiste na remoo de oxignio da gua da caldeira para preveno de corroso, por uso de agentes qumicos.

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    Desaerao com sulfito de sdio (Na2SO3)

    Na2SO3 + 1/2 O2 Na2SO4

    Provoca aumento dos slidos dissolvidos na gua da caldeira.

    Desaerao com hidrazina

    N2H4 + O2 N2 + 2H2O

    desprende-se com o vapor e expelido no desaerador

    Evita o aumento de slidos dissolvidos na gua da caldeira.

    Neutralizao do CO2 => o condensado pode se combinar ao CO2, formando cido carbnico (H2CO3) que ataca o ferro em meio aerado e no-aerado e o cobre em meio aerado, ocasionando corroso. A neutralizao em geral feita por adio aminas volteis e amnia.