apostila de judo licenciatura

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  • 8/3/2019 Apostila de Judo Licenciatura

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CENTRO DE DESPORTOS

    DEPARTAMENTO DE EDUCAO FSICA

    DISICIPLINA: TEORIA E METODOLOGIA DO JUD (Licenciatura)

    PROFESSORA: DRA. SARAY GIOVANA DOS SANTOS

    Florianpolis, 2007

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    SUMRIO

    Glossrio ................................................................ 03

    Aborgadem Geral ................................................................ 04

    Origem do Jud ................................................................ 09

    Jigoro Kano e a criao do Jud ................................................................ 12

    O Jud no Brasil ................................................................ 16

    Princpios judosticos ................................................................ 17

    Aprendizagem do Jud ................................................................ 20Local de prtica ................................................................ 21

    Vestimenta ................................................................ 21

    Saudaes ................................................................ 23

    Deslocamento sobre o tatame ................................................................ 26

    Posies bsicas ................................................................ 27

    Pegadas ................................................................ 28

    Fases de aplicao de uma tcnica ................................................................ 29

    Fases de treinamento ................................................................ 30

    Amortecimento de quedas ................................................................ 31

    Diviso das tcnicas ................................................................ 36

    Ensino aprendizagem ................................................................ 40

    Influncia do crescimento e

    desenvolvimento no ensino ................................................................ 43

    Graduaes ................................................................ 46

    Arbitragem ................................................................ 48

    Referncias ................................................................ 52

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    GLOSSRIO

    ashi p, perna mate pararashi-waza tcnica de perna migi direitoatemi pancada, golpe nage arremesarbarai ou harai varredura ne-waza tc. no solobuguei artes marciais obi faixadan grau do professor osae-komi imobilizaodo caminho quimono ( judogui ) vestimentadojo local de treino rei revernciaeri gola do judogui samurai aquele que servegyaku inversa sensei professorhajime comear seoi ombrohandori simulao luta shiai competio

    hansouku-make desqualificao shime estrangulamentohantei deciso sono-mama pare como esthara barriga soremade fim da competiohidari esquerda soto lado de forahiji cotovelo sutemi arremesso com sacrifciohizajoelho tachi-waza tc. de arremesso em pippon pontuao para golpe perfeito tatame material que compe o dojo

    jigotai posio defensiva te mojitsu tcnica toketa imobilizao desfeitajoseki altar tori atacanteju flexvel ou suave tsukuri entrada da tcnicajuji cruzado uchi internojudogui uniforme de judkata movimentos tcnico pr-estabelecidos uchikomi exerccios repetitivoskatsu ressuscitamento uke defensorkiai berro, grito ukemi amortecimento de quedasko menor waza-ari pont. p/golpe doiskodokan escola japonesa de jud criada por Jigoro Kanoyoko lado yoshi reinicio da lutakubi pescookyu graduao de faixa abaixo da pretayuko pont. p/golpe menor que o waza-arikoka pont. p/ golpe, menor que o yuko

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    ABORDAGEAM GERAL

    O Jud um esporte que pode ser considerado como uma arte e uma filosofia

    de vida, podendo assim, ser visto como um dos esportes mais completos, pois como

    cultura fsica todas as partes do corpo entram em ao de todas as formas e se

    desenvolvem harmoniosamente, adquirindo fora e flexibilidade. Filosoficamente

    seus princpios e sua disciplina complementam o trabalho que permite um

    desenvolvimento global do indivduo.

    Devido a estes adjetivos, segundo Alvim (1975) que o Jud atrai em todo o

    mundo milhes de pessoas de ambos os sexos e idade variadas, e, no Brasil, de

    acordo com Franquini (1999) so mais de dois milhes de praticantes, tendo comoprincipal meio de atrao a sua importncia na formao da personalidade. Ao se

    estudar a abrangncia educacional do Jud, se observa que desde a sua origem a

    preocupao do seu criador foi de abordar uma arte onde o objetivo principal era que

    o indivduo tivesse um desenvolvimento integral.

    A prtica do Jud, abrange muitas formas de trabalho, como os "Kata" que

    so formas clssicas de execuo do movimento das tcnicas; as diversas variaes

    das tcnicas introduzidas para efeito de combate denominado de "Waza". As

    divises e sub-divises de tcnicas como as de projeo "Nage-Waza", as de

    imobilizaes "Katame-Waza" e ainda as tcnicas vitais -"Atemi-Waza".

    Para Alvim (1975) o Jud Kodokan apresenta uma estrutura extensa e rgida,

    e tambm pouco conhecida pela maioria dos nossos judostas e instrutores. O

    praticante graduado deve ter curiosidade para as tcnicas desconhecidas e nossos

    instrutores devem mostrar a seus alunos a beleza do Jud em seu todo, e no como

    ocorre em muitas escolas, onde se d nfase as tcnicas de competio, de jogar,

    estrangular e imobilizar. A tcnica de defesa pessoal GOSHINJUTSU-NO-KATA,

    por exemplo, pouco praticada entre ns, sendo, no entanto a continuao lgica

    para judoistas graduados ou avanados em idade, e que ainda queiram permanecer

    ativos nas salas de treinamento.

    Outra forma de prtica que atualmente realizada apenas precedendo a

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    exames de graduao (preta para cima), so os Kata que pode ser traduzido como

    forma ou modelo, um ritual de formas determinadas, imutveis, medidas

    sincronizadas e previamente ensaiadas, at um mximo possvel de perfeio de

    movimentos e concentrao, tendo como objetivo final no caso do Jud, a

    perpetuao da modalidade. Sendo eles oficialmente oito com a incluso do Shin-

    Kime-No-Kata (nova forma de defesa pessoal do Jud):

    - Nage-No-Kata o primeiro composto por 15 projees, dividido em cinco

    grupos de trs projees, aplicadas pela direita e esquerda;:

    - Katame-No-Kata so tcnicas de solo, compem-se de trs grupos de

    cinco tcnicas, aplicadas apenas pelo lado direito;

    -Kime-No-Kata um kata de defesa pessoal, executado com as mos nuas

    e tambm com espadas longas e curta, sendo executado em duas posies:ajoelhado e em p;

    - Ju-No-Kata que se baseia no princpio de JU suavidade talvez um dos

    mais belos. composto de trs grupos de cinco tcnicas;

    - Koshiki-No-Kata um kata que tem suas origens nas lutas com armaduras,

    composto por 21 tcnicas que se apresentam de forma repetitiva, mesmo iniciando

    o ataque de maneira diversificada;

    - Itsutsu-No-Kata o mais profundo, de difcil compreenso e desenvolvido

    por Jigoro Kano quando tinha apenas 21 anos, ainda no foi completada parando

    nas cinco primeiras tcnicas as quais no foram sequer dado nomes. Refere-se a

    foras csmicas dentro de um contexto, fazendo meno a movimentos centrfugos,

    ondulares e rtmicos;

    - Sei-Ryoku-Zenyo este seria o ltimo Kata oficial do Kodokan, se no fosse

    a incluso do Goshin-Jitsu. A finalidade deste kata desenvolver o corpo e mente.

    Divide-se em dois grupos, sendo o primeiro de 28 tcnicas realizadas

    individualmente e o segundo grupo de 20 tcnicas realizadas em duplas;

    - Goshin-Jitsu ou Shin-Kime-No-Kata (nova forma de defesa pessoal) com o

    intuito de reintegrar com a atualidade a defesa pessoal, o Kodokan em 1953 nomeou

    vinte e um mestres para compor esse Kata, que ficou pronto em 1956 e ficou

    composto de vinte e uma formas (Virglio, 1986).

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    Outras prticas que caem no esquecimento ou pouco utilizadas nos dojs

    brasileiros, por falta de conhecimento e embasamento suficiente para a aplicao

    correta o kiai, que pode ser traduzido como Ki- esprito e Ai- unio, ou seja unio

    dos espritos. O Kiai, segundo Virgilio (1986, p. 140) pode ser definido como uma

    concentrao de foras fsicas, morais, intelectuais e espirituais de cada um, usadas

    para atingir uma meta ideal . J para Robert (s/d) o kiai uma espcie de grito

    especial , no modulado, emitido para reanimar ou subjugar e submeter o adversrio

    ou ainda faz-lo cair em sncope.

    O kiai aplicado em artes marciais tem a respirao como base, ou seja, no

    momento da execuo de um golpe, primeiro inspiramos e prendemos o ar, j com

    70 a 80% do golpe em andamento, vem a exploso e a sada do ar, que preso,

    escapa com violncia emitindo um som que caracteriza o kiai. A percepo e asincronia coma respirao do adversrio muito importante, pois a defesa se

    fundamenta no ar comprimido no tandem (baixo ventre). Portanto nosso ataque

    deve ser efetuado antes da inspirao do oponente, pois assim este perde grande

    parte de sua estabilidade e poder de defesa.

    O grito fundamental no kiai, pois ele paralisa e desnorteia o adversrio,

    quando o grito chega ao sistema nervoso central ele age como inibidor ou

    estimuladores, dependendo da forma que foi emitido. Os sons graves, de grau de

    intensidade menor, travam e demoram os movimentos respiratrios e cardacos,

    baixam a presso arterial e detm a tenso nervosa. Os sons agudos, de escala

    elevada, aceleram a respirao, o corao e excitam a tenso nervosa. Quando

    ocorre um ataque no momento certo, com tcnica excelente acrescido de um

    poderoso kiai, o organismo do atacado registra o som e o processo, segundo Robert

    (s/d, p. 383) o seguinte:

    registro de som e inibio nervosa cardio-respiratria;

    - despertar no subconsciente dos reflexos instintivos;- desconexo nervosa com o crtex cerebral e aumento da emotividade(thalamus);- perturbao do equilbrio neuro-vegetativo e aumento dos fenmenosinibidores.

    O kiai deve ter convico, fora, concentrao e muito treino, e, s deve ser

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    executado aps domnio de vrias tcnicas de projeo e desenvolvimento de auto

    domnio, auto conhecimento mediante as prticas de yoga (respirao), meditao,

    exerccios de contrao e descontrao mentais, dentre outros.

    Outra prtica abandonada o chamado mukus, ato de fechar os olhos e

    fazer silncio, meditar. Esse procedimento deve ser utilizado ao final de uma sesso

    de treinamento, antecipando a saudao final, todos em sei-za (ajoelhado), o sensei

    ou o aluno mais graduado profere o comando de mukus, para o qual os alunos

    fecham os olhos com o intuito de: relembrar o aprendizado, o desenvolvimento

    conseguido naquela sesso; relembrar os erros para san-los e os acertos para

    refor-los e aprimor-los; relembrar as atitudes morais durante as sesses. Com

    isto reforando aspectos inerentes da filosofia do jud, dentre a qual deve ser

    sempre reforado: NINTAI (perseverana, pacincia), DORYOKU (esforo,empenho) e HISSHY (ei de vencer).

    Infelizmente, em nossas Associaes, muito vem se perdendo na medida que

    o conhecimento judostico vem sendo passado de geraes que cada vez menos se

    aprimoram teoricamente, afunilam apenas para a formao fsica, a destreza e as

    competies em geral, e, relega-se a um segundo plano a formao moral e

    espiritual atravs do Jud, que sem dvida o ponto alto desse esporte.Segundo

    Sugizaki apud Shinohara (1980, p. 1), citando as palavras de Jigoro Kano, as quais

    definem os propsitos da disciplina do Jud:

    Jud o caminho para a mais eficiente utilizao das foras fsicas eespirituais. Pelo seu treinamento em ataques e defesas, educa-se ocorpo e o esprito e torna a essncia espiritual do Jud uma parte doseu prprio ser. Desta forma ser capaz de aperfeioar a si prprio econtribuir com algo para valorizar o mundo. Esta a meta final dadisciplina do Jud.

    Ainda, em reforo, segundo Sugizaki apud Shinohara (1980), a formao

    espiritual que deveria ser inerente ao treinamento do judoca, no tomou parte doprogresso evolutivo do Jud, mas pelo contrrio, ficou retrada e na sua grande

    maioria esquecida. Essa realidade foi comprovada por Santos e outros (1990), que

    ao estudarem a aplicao dos princpios judosticos na aprendizagem do Jud,

    concluram que muito embora tcnicos e atletas admitam que o Jud possui uma

    filosofia, no demonstraram conhecimento da mesma. Infelizmente essa foi uma

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    realidade detectada nos anos noventa, e atualmente, como ser que o quadro se

    apresenta?

    Autores remanescentes, tais como Yerkow (1974), comentava da existncia

    de controvrsias em pontos de vista e na diviso das escolas nas formas e opinies

    em como ocorre a aprendizagem e at mesmo o treinamento de Jud. Uma opinio

    que toda a finalidade simplesmente derrotar o adversrio, e a outra consiste em

    ensinar os significados da palavra JU e DO (caminho da suavidade). Isto implica no

    estudo e na prtica dos verdadeiros princpios da arte.

    Virgilio (1986) comenta que, independente do objetivo com que se pratica

    Jud, tanto sendo para fins recreativos, competitivos, defesa pessoal ou lazer, os

    conhecimentos sobre os princpios e a filosofia do Jud devem ser constantemente

    embutidos em seus praticantes de maneira sria e responsvel para que haja umprogresso tcnico, fsico, moral e intelectual.

    Desta forma, este acervo fica como um alerta para que futuros educadores de

    Jud busquem mais referenciais, desenvolvendo um excelente trabalho de base,

    realmente objetivando aproveitar o Jud como um todo, utilizando todo o seu

    contedo paulatinamente, para realmente auxiliar no desenvolvimento do seu

    educando.

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    A ORIGEM DO JUD

    Para verificar a abrangncia educacional que constitui o Jud, se faz

    necessrio uma retrospectiva histrica para observar que desde a sua origem a

    preocupao do seu criador era realmente de abordar uma arte onde o objetivo

    principal era auxiliar no desenvolvimento do educando. Assim, vale salientar como

    surgiu o Jud.

    O Jud moderno teve a sua origem em formas de arte guerreira de lutas corpo

    a corpo, que estiveram no auge no sculo XVI, no feudalismo nipnico, que

    normalmente eram chamadas de ju-jitsu (tcnica da ligeireza).De acordo com Robert (s/d), alguns historiadores japoneses, colocam que o

    ju-jitsu j existia no ano 660 a.C. No entanto, um antigo relato sobre dois lutadores,

    por volta de 230 a.C., conta que Nomi-No-Sukume e Taima-No-Kuemaya,

    enfrentaram-se utilizando tcnicas do sumo, do ju-jitsu e do karate, na qual Nomi-No-

    Sukume foi considerado vencedor ao matar seu adversrio com golpes de ps.

    Naquela poa a luta corpo a corpo no obedecia nenhum tipo aade regra. Aps

    este perodo tcnicas foram elaboradas, umas utilizadas como lutas puras e simples

    e outras utilizando austcia, habilidade e tcnica, um espcie de ju-jitsu.

    A criao dessas tcnicas utilizadas no ju-jitsu propriamente dita, tem

    explicao em contos, cujas descries possuem algumas verdades histricas. Trs

    lendas falam dessas provveis origens, citas entre os sculos XIV e XVI.

    A primeira conta que um mdico e filsofo japons, Shirobei-Akyama, estava

    convencido que a origem dos males humanos seria resultado da m utilizao do

    corpo e do esprito. Deste modo partiu para estudos de tcnicas teraputicas

    chinesas, estudou o princpio do taosmo, acupuntura e algumas tcnicas de wu-chu,

    luta chinesa que usava as projees, as luxaes e os golpes. Quando Shirobei

    retornou ao Japo passou a ensinar seus discpulos o que havia assimilado do

    princpio positivo da filosofia taosta, tanto na medicina como na luta, ou seja, ao mal

    ele opunha o mal, a fora , a fora. No entanto este princpio s se aplicava a

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    doenas menos complexas como em situaes fceis de lutas, ao enfrentar um

    oponente mais forte no dava resultados. Assim, seus discpulos o abandonaram e

    ele perplexo retirou-se para um apequeno templo e por cem dias meditou. Durante

    este espao, tudo foi colocado em questo, a filosofia chinesa ying e yang, a

    acupuntura e por fim todos os mtodos de combate, na medida que opor uma ao

    a outra ao no vantajoso a no ser que a minha fora seja superior fora

    adversa. Certo dia quando passeava no jardim doa templo enquanto nevava,

    escutava os estalidos dos galhos das cerejeiras que se quebravam sob ao peso da

    neve. Por outro lado, observou um salgueiro que com o peso da neve curvava os

    seus ramos at que a neve era depositada no solo e depois retornava a sua posio

    inicial. Desta observao Shirobei concluiu que ao positivo devia opor-se o seu

    complemento o negativo, a fora devia reagir com flexibilidade. Com esta observaoe reflexo o mdico aperfeioou o ataque e defesa na luta corpo a corpo e criou

    centenas de golpe e o seu mtodo foi chamado de YOSHIN-RYU ou Escola do

    Corao de Salgueiro.

    A segunda lenda, conta de que em 1650 um bonzo chins chamado Chen

    Yung Ping, instalou-se no templo Kokushoji, na regio do Edo (Tquio), e propunha-

    se a ensinar os japoneses, cultos, caligrafia e filosofia chinesa. Naquela poca Edo

    era visitada pelos samurais, os quais eram excelentes guerreiros e entre eles, uma

    classe mais inferior de samurais chamada de kachis que mantinha a ordem na

    cidade, normalmente entregando-se a numerosos combates corpo a corpo. Uma

    noite quando Chen Yunag voltava aps ter ministrado lies para um alto funcionrio

    do Shogun, via-se obrigado a aceitar a escolta de trs kachis. No entanto quando o

    pequeno grupo atravessa as muralhas da cidade foram atacados por bandidos

    armados, os kachis rodearam o monge e aps uma grande batalha foram

    desarmados e era necessrio lanar-se em um combate corpo a corpo. Foi ento

    que Chen, rpido como um relmpago atirou-se aos agressores e com habilidade

    incrvel derrubou um bandido, depois o outro e mais outro e estes, surpreendidos

    correram aterrorizados. Os trs samurais cheios de admirao apelo monge

    reconduziram-lhe ao templo e pediram para que ele confiasse o segredo da sua

    fora.. Mas Chen permaneceu em silncio, chegando ao destino saldou os seus

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    guardies e retirou-se. Os trs permaneceram na porta do templo e ali adormeceram

    e no dia seguinte voltaram a pedir ao monge. O sbio sorriu e disse que a sua arte

    no era para espritos simples, mas para aqueles com alma forte. No entanto os

    kachis insistiam e vendo o entusiasmo destes, Chen decidiu aceit-los como

    discpulos. Por um grande perodo, no maior segredo, individualmente ele ensinou os

    kachis, sendo que cada um estudou um mtodo diferente, um especializou-se nas

    projees, o outro nas luxaes e estrangulamento e o terceiro em golpes aplicados

    em pontos vitais. Posteriormente os trs saram divulgando suas tcnicas pelo

    Japo afora.

    Outra histria versa sobre Takenuchi Hisamori que era excelente na arte do j-

    jitsu (varapau). Na nsia de se aperfeioar retirou-se para um templo perdido nas

    montanhas, onde se dedicou a estudar a arte. De p frente a uma arvoreconcentrava-se e deslocava-se com ligeireza at perto da rvore e a atacava-a com

    fora e rapidez. Ficava horas fazendo uchi-komi, era um exerccio fsico e mental.

    Uma tarde, completamente exausto, deixou-se cair e adormeceu, e apareceu um

    misterioso monge que explicou para Takenuchi que ele deveria reduzir o tamanho do

    varapau para ganhar rapidez e preciso; mostrou-lhe como se deslocar mais

    facilmente, aproveitando os erros do adversrio e empregando ou um varapau curto

    ou uma espada pequena e por fim, ensinou-lhe cinco formas de imobilizar o

    adversrio. Na verdade o crebro de Takenuchi acabara de sintetizar todos os

    reflexos acumulados pela experincia e acabou de aplicar o seu saber criando o

    gokusoku arte de combater sem armaduras. Este achado permitiu desenvolver

    outras artes marciais, tais como o aiki-jitsu, o tam-b e outras, e foi de grande

    influncia para o ju-jitsu.

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    JIGORO KANO E A CRIAO DO JUD

    Alguns homens pelo seu esprito empreendedor, pela sua abnegao, pela

    fidelidade aos seus ideais e, ainda, pela perseverana, liderana e inteligncia,

    marcaram de forma indelvel o seu caminhar e pela estrada percorrida, ficaram os

    frutos de suas obras a beneficiar a humanidade: arte, invenes, conquistas,

    trabalhos e tantos outros motivos pelos quais ficaram conhecidos e so lembrados.

    Jigoro Kano, criador do Jud, est certamente entre esses benemritos,

    portanto, nada mais justo, que se conhea uma breve biografia do pai inconteste do

    nosso esporte.Nasceu em 28 de outubro de 1860 (muitas controvrsias em funo desta

    data) em Mikage, no distrito de Hyogo Japo, era o terceiro filho de Jirosaku

    Maresiba Kano, intendente naval do Shugunat Tokugawa.

    De sade delicada, o jovem Jigoro Kano media apenas 1,50 metro, pesando

    apenas uns escassos 48 quilos, porm, compensava seu pequeno porte fsico com

    tenacidade impar, coragem invulgar e, sobretudo, vontade frrea e inteligncia

    brilhante. Aos 16 anos, decidiu fortificar seu corpo, praticando a ginstica, o remo e o

    basebol. Mas estes desportos eram demasiado violentos para a sua dbil

    constituio. Alm disso, nas brigas entre estudantes, Kano era sistematicamente

    vencido. Ferido na sua qualidade de filho de um samurai decidiu estudar o ju-jitsu. O

    seu primeiro professor foi Hachinosuke Fukuda, da Escola Tenjin-Shinyo-Ryu (1877).

    Sob a direo deste mestre, Kano iniciou-se nos mistrios do ju-jitsu da Escola

    Corao de Salgueiro. Em 1879, com a idade de 82 anos, Fukuda morre e Kano

    herdou os seus arquivos. Tornou-se seguidamente aluno do Mestre Iso, um

    sexagenrio que possua segredos de uma escola derivando igualmente de Tenjin-

    Shingo. Jigoro Kano treina-se, enquanto prossegue seus estudos e torna-se em

    breve vice-presidente da escola. Infelizmente, Iso morreu muito cedo e o nosso

    jovem encontra-se novamente sem mestre. Devorou todos os livros e documentos,

    mais um bom professor era-lhe indispensvel. Foi ento que encontrou mestre

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    Iikugo, que lhe ensinou a tcnica da escola Kito na qual aprendeu o combate com

    armadura.

    Pouco a pouco Jigoro Kano foi analisando e sintetizando os contedos

    absorvidos nas diversas escolas, criando um sistema prprio de disciplina,

    continuando, no entanto, a treinar-se com mestre Iikugo at 1885. Em fevereiro de

    1882, com a idade de 22 anos, instalou-se no pequeno templo budista de Eishosi, da

    seita Jdo. neste templo, bero do Jud, que Jigoro Kano instala o seu primeiro

    doj.

    Vivendo nas dependncias do templo com alguns alunos e uma velha criada,

    dedicou-se pacientemente a elaborar um novo mtodo, um sistema de educao

    fsica e formao de carter, baseado no ju-jitsu. Mas, por outro lado, o ju-jitsu

    possua, a par de muitas qualidades, enormes defeitos. Era preciso pod-los eorganizar, simultaneamente, um mtodo de treino similar ao de certos desportos

    ocidentais.

    Kano fez a sntese das melhores tcnicas, escolheu os golpes mais eficazes e

    os mais racionais; eliminou as prticas perigosas e incompatveis com o fim elevado

    que visava. Aperfeioou a maneira de cair e inventou o principio das quedas de

    amortecimento. Criou uma vestimenta especial de treino (judogui), pois o antigo traje

    do ju-jitsukas provocava freqentemente ferimentos. Dedicou-se particularmente aos

    mtodos de projeo, aperfeioando vrios de sua autoria.

    O ju-jitsu era uma prtica guerreira baseada na ligeireza do corpo e do

    esprito. Kano pensou que a sua nova arte devia ter outro nome, pois o fim visado

    era completamente diferente. O seu anseio era descobrir uma autntica forma de

    viver, baseada na racional utilizao da energia humana e, chamou esta nova cincia

    de JUD.

    Sendo assim, em 1882 ele criou a sua escola chamada Kodokan onde

    comeou a difundir a sua arte chamada Jud. Jigoro Kano disciplinou e definiu os

    objetivos da nova arte que segundo Alvim (1975) so:

    - Cultura e desenvolvimento do fsico:

    - Cultura e desenvolvimento da vontade e da moral;

    - Capacidade de competir vitoriosamente.

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    Com tais objetivos, nenhum praticante poder se considerar autntico e

    legtimo judosta sendo excepcional na prtica de apenas um destes objetivos, por

    exemplo, o de competir vitoriosamente.

    Sntese das grandes etapas da vida de Jigoro Kano

    Entra na Universidade Imperial de Tquio em 1877; torna-se aluno do mestre

    Fukuda (jiu-jitsu); em 1878, funda, o primeiro clube de basebol do Japo (Kasei

    Baseball Club); em 1879 estudo ju-jitsu na escola do mestre Iso; em 1881

    licenciado em letras e estuda o ju-jtsu da escola Kito; em 1882 termina os seus

    estudos de cincias estticas e morais e funda em fevereiro deste mesmo ano a suaescola, o Kodokan, e em agosto nomeado professor no Colgio dos Nobres; em

    1884 adido ao Palcio Imperial; em 1885 obtm a 7 categoria imperial;

    nomeado vice-presidente do Colgio dos Nobres, passando a reitor do mesmo dois

    anos depois; de 1889 a 1891 percorre a Europa como adido ao ministrio do Ministro

    da Educao Nacional e diretor da Escola Normal Superior, em setembro de 1893,

    foi nomeado secretrio do Ministro da Educao Nacional; em 1895, obtm a 5

    categoria imperial; cria em 1897, a Sociedade Zoshi-Kai e funda os institutos Zenyo

    Seiki, Zenichi, etc., para a cultura dos jovens; edita a Revista Kokusiai; em 1898

    diretor da Educao primria, no ministrio da Educao Nacional; em 1899, torna-

    se presidente da comisso do Butokukai (Centro de Estudos das Artes Militares); em

    outubro de 1905, obtm a 4 categoria imperial; funda em 1907 no Butokukai os trs

    primeiros katas do Jud; em 1909, modifica os estatutos da Kodokan, tornando-o

    uma sociedade pblica; torna-se o primeiro japons membro do Comit Olmpico

    Internacional; em 1911 eleito presidente da Federao Desportiva do Japo; em

    1912 e 1913 enviado em misso cultural Europa e Amrica; funda em 1915 a

    revista do Kodokan e recebe neste mesmo ano, do rei da Sucia, a medalha dos 7

    Jogos Olmpicos; em 1920 consagra-se inteiramente ao Jud; em 1921 demite-se da

    presidncia da Federao Desportiva do Japo; em 1922, passa a ter lugar na

    Cmara Alta; em 1924 nomeado professor honorrio da Escola Normal Superior de

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    Tquio; em 1928 participa na assemblia geral dos Jogos Olmpicos e nos prprios

    jogos; em 1932 desloca-se aos Estados Unidos para assistir aos Jogos Olmpicos;

    torna-se conselheiro do Gabinete de Educao Fsica do Japo; participou por duas

    vezes no Conselho dos Jogos Olmpicos, no qual lanou os convites para os jogos

    japoneses (1932 1934); em 1936 assiste aos X! Jogos Olmpicos de Berlim; a 4 de

    maio de 1938, morre a bordo do navio que o transportava ao Cairo onde se realizava

    a assemblia geral do Comit Internacional dos Jogos Olmpicos; recebe o ttulo

    pstumo de 2 Grau Imperial.

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    O JUD NO BRASIL

    No final da dcada de 20, segundo Virgilio (1986) os imigrantes japoneses

    introduziram o Jud no Brasil, embora de forma desorientada e sem planejamento,

    apesar de terem surgido aqui exmios lutadores como Eisei Maeda, Takashi Saigo e

    Go Omori. A prtica do Jud naquela poca era individualista e no havia

    preocupao em desenvolver um trabalho de base.

    Entre 1924 e 1935, o Brasil recebeu cerca de 190.000 imigrantes japoneses,

    sendo que a maioria deles fixou-se em So Paulo, vindo a ser o bero do Jud

    brasileiro, pois l lutar era particularidade de alguns colonos, pela prpriacontingncia da situao.

    Era tudo improvisado e os professores no seguiam qualquer tipo de mtodo

    educativo, pois no possuam formao pedaggica, de sorte que os brasileiros no

    conseguiam seguir disciplina to ferrenha, alm do misticismo que envolvia as aulas.

    O Jud era to pouco conhecido, falava-se em Jiu-Jitsu ou sistema Kano de Jiu-

    Jitsu.

    Na dcada de 40, o Jud comeou a ser difundido entre os brasileiros e, em

    1950, era grande o nmero de praticantes deste esporte. Em 1958 fundava-se a

    primeira Federao de Jud no Brasil, Federao Paulista de Jud e o Sr. Jose

    Lcio Moreira da Franca foi o primeiro presidente por dez anos de seus principais

    fundadores (VIRGILIO, 1986).

    A seguir, outros Estados como Minas Gerais e Paran fundaram tambm suas

    Federaes. Com a fundao da Confederao Brasileira de Jud, em 16 de maro

    de 1969, o Jud brasileiro teve grande impulso, depois se filiou Federao

    Internacional e Unio Panamericana de Jud.

    Atualmente o Jud Brasileiro muito respeitado dentre todas as modalidades

    esportivas do pas, sendo um dos esportes que mais destaca-se a nvel de

    competies internacionais.

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    PRINCPIOS JUDOSTICOS

    Para Alvim (1975) o prprio nome dado arte j explica as finalidades desta, e

    a denominao "JUDO" segundo explicado pelo seu criador, tem o seguinte

    significado: JU - gentIl ou natural DO - princpio, filosofia

    JUDO - "princpio gentil ou natural'

    A palavra "JU tem seu significado histrico, um sentido de difcil apreenso

    por ns latinos, pois se traduz por "gentil". Preferimos a traduo "natural" que nos

    d a idia de lgico ou inteligente, os quais so inerentes ao Jud.

    Por outro lado Arpin (1970) traduz Jud como:JU flexibilidade DO - caminho

    Lassere (1975) traduz JUDO como "via da suavidade".

    Independente de vrias colocaes, tambm pode ser definido, segundo Alvim

    (1979) como a arte de combater sem armas e tambm como o meio do fraco vencer

    o forte.

    Conforme Virglio (1986), Jigoro Kano deixou 2(dois) princpios como mximas

    de seus ensinamentos: - SEIRYOKU ZENYO (o meIhor uso da energia) e JITA

    KYOEI (prosperidade e benefcios mtuos).

    O principio SEIRYOKU ZENYO (o melhor uso da energia) foi criado com base

    na observao feita pelo filsofo japons, na neve conforme origem, conhecido

    tambm como o principio da doura ou da no resistncia, tido ainda como "ceder

    para vencer", este aplicado mais ao fsico, mas conforme a ideologia de Jigoro

    Kano deveria ser elevado tambm ao plano intelectual, moral e espiritual.

    Desta forma, a melhor maneira de vencer no opor resistncia fora, mas,

    pelo contrrio, ceder aparentemente, adaptar-se, desviar seu objetivo e utiliz-lo em

    seu proveito (LASSERRE, 1975).

    A prtica do Jud ensina a utilizar ao mximo e no sentido mais eficaz a nossa

    energia mental e fsica. Este princpio vlido no somente para o Jud, mas

    tambm em todas as situaes e circunstncias de nossas vidas, e so estas

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    conotaes que devem ser passadas para nossos iniciantes e praticantes, mostrar

    sempre este outro lado do Jud, ou seja, o quanto que ele pode ser til no dia a dia

    do seu praticante.

    De acordo com Virglio (1986, p. 25-28) existem nove princpios que

    compem o esprito do jud, esses princpios marcam as maneiras de percorrer o

    suave caminho, cujo estudo de seus fundamentos, do base para a compreenso e

    o progresso do Jud, sendo eles:

    1. Conhecer-se dominar-se e dominar-se triunfar;

    2. Quem teme perder j est vencido;

    3. Somente se aproxima da perfeio quem a procura com constncia,

    sabedoria e, sobretudo humildade;

    4. Quando verificares que nada sabes, ters feito teu primeiro progresso naaprendizagem;

    5. Nunca te orgulhes de haver vencido um adversrio. Ao que venceste hoje,

    poder derrotar-te amanh. A nica vitria que perdura a que se

    conquista sobre a prpria ignorncia;

    6. O judoca no se aperfeioa para lutar, luta para se aperfeioar;

    7. O judoca o que possui inteligncia para compreender aquilo que lhe

    ensinam e pacincia para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes;

    8. Saber cada dia um pouco mais, utilizando o saber para o bem, este o

    caminho do verdadeiro judoca;

    9. Praticar o Jud educar a mente a pensar com velocidade e exatido,

    bem como o corpo a obedecer com justeza. O corpo uma arma cuja

    eficincia depende da preciso com que se usa a inteligncia.

    Esses princpios marcam o caminho do progresso e aprofundamento no

    conhecimento e prtica do Jud. A eles devem os judocas a sua ateno, obedincia

    e cuidados, aplicando-os na prtica e no cotidiano em suas prprias vidas.

    Para Alvim (1975), muitos documentos histricos mostram o esprito e a

    finalidade do Jud concebido por seu pai e fundador, onde eles revelam a

    preocupao de Jigoro Kano, de usar inteligncia e ponderadamente a energia,

    nunca a gastando violenta e desordenadamente, mesmo quando seu adversrio ou

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    eventuais obstculos, de incio se apresentarem fceis e a vitria j lhes parecer

    assegurada. E entre muitos dizeres de Jigoro Kano, algumas de suas "mximas",

    segundo Arpim (1971), deveriam ser seguidas pelos judostas:

    1. Vencer o hbito de usar a fora conta fora uma das coisas mais difceis

    do treinamento do Jud. Caso no se consiga isto, no se pode esperar progresso;

    2. A idia de considerar os outros como inimigos s pode ser loucura e fonte

    de regressos;

    3. O Jud uma arte e uma cincia. Ele deve ser mantido acima de toda

    escravido artificial e deve ser livre de qualquer influncia financeira comercial e

    pessoal.

    4. A medida que se progride no estudo do Jud, o sentido de confiana em si

    mesmo, base do equilbrio mental, se desenvolve.5. O Jud pode ser considerado como uma arte, ou uma filosofia do equilbrio,

    bem como um meio para cultivaro sentido e o estado de equilbrio.

    6. A simplicidade a chave de toda a arte superior, da vida e do Jud.

    7. O Jud deve existir para o benefcio do homem e no o homem para o Jud

    Baseados em toda uma gama de estudos de Jigoro Kano, v-se o quanto de

    benefcios pode-se angariar de uma prtica sadia do Jud, procurando ensinar esses

    princpios e mximas no apenas na prtica em si, mas tambm para a formao do

    carter, utilizando essas em situaes no cotidiano.

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    APRENDIZAGEM DO JUD

    Para Yerkow (1975), os mestres da Kodokan (nome da escola fundada por

    Jigoro Kano), buscaram desde a origem do Jud, formas de assegurar um bom

    progresso para a aprendizagem, e, desde 1920, os mais qualificados mestres

    traaram o que eles chamaram de os cinco princpios para o perodo de

    aprendizagem.

    Cada perodo compreende oito tcnicas, num total de 40. Ensina-se ao

    principiante a primeira tcnica do primeiro perodo e quando este demonstrar

    domnio desta, passa-se para a aprendizagem das seguintes. A rapidez dessa

    progresso depende especialmente da sua capacidade de assimilao e de suahabilidade para levar a prtica o que se aprendeu.

    Os cinco perodos de aprendizagem foram denominados de

    GOKYONOWAZA. Cada aprendiz mostra certas preferncias por determinadas

    tcnicas e com a prtica aprimora-as para melhor desempenho.

    A prtica do Jud segundo Carrillo (1974), por ser um esporte de

    caractersticas fsicas e psquicas, deve ser conduzida de forma a aumentar e

    reforar caractersticas positivas, tais como: audcia, vontade, humildade,

    sociabilidade, tendncia a superao, ao trabalho, ao estudo. Por outro lado

    reduzindo tendncias negativas, como: complexos, orgulho, individualismo

    excessivo, agressividade.

    Portanto, a prtica do Jud, assim como em outras modalidades, deve ser

    formativa e para tal deve ser desenvolvida de forma progressiva, metdica,

    respeitando e adequando individualidade biolgica dos seus praticantes.

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    LOCAL PARA A PRTICA

    DOJ - o local onde se estudo e se pratica o Jud, cuja palavra

    desmembrada quer dizer: DO = meio ou via; J= lugar preciso.

    TATAME - a colocao de vrios tatames forma o doj. O tatame tradicional

    era confeccionado de palha de arroz prensada e costurada, coberta com lona de

    algodo, medindo 176,0 x 89,0 x 6,0 cm. Atualmente so utilizados materiais

    sintticos, sendo que de acordo com Santos (2003), uns (nacionais) so compostos

    de copolmero etileno acetato de vinila (EVA), texturizado e siliconizado, medindo

    199,0 x 99,0 x 4,0 cm, outros (importado) so de espuma reconstituda de grnulosde poliuretano reciclados de 0,8 cm de dimetros, aglutinados com adesivo de

    poliuretano especial bicomponente, coberto por lona de vinil impermevel com base

    de ltex antiderrapante, com dimenses de 200,0 x 100,0 x 3,8 cm.

    SHIAI-J - local de competio, onde montada, tantas reas quanto

    necessrio para o nmero de judocas participantes. Normalmente se montam quatro

    reas.

    VESTIMENTA

    JUDOGUI tambm conhecido como kimono deve ser composto de trs

    peas: wagui (parte superior, casaco ou palet), shita-baki (calas) e obi (faixa), os

    quais devem respeitar as regras oficiais em funo as dimenses e cores. Cada

    atleta deve ter no mnimo um de cada cor (branca e azul).

    Um dos aspectos que se pode exemplificar como forma de educao, se

    utilizando a prtica do Jud, a forma como o praticante trata a sua vestimenta, ou

    seja, o seu judogui. Levar o praticante a manter bem dobrado, carreg-lo

    adequadamente e manter a higiene, o primeiro passo disciplinador utilizado por

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    educadores que preservam a ideologia do Jud.

    Tambm faz parte da vestimenta, o chinelo, que inclusive deve ser carregado

    com o judogui. Tendo em vista o tatame, no qual se pratica de ps descalos, manter

    os ps limpos faz parte da higiene, portanto imprescindvel o uso de chinelos para

    se locomover do local que se veste o judogui at o local da prtica propriamente dita.

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    SAUDAES

    Toda sesso, invariavelmente, segundo muitos autores, a exemplo Alvim

    (1975), dever ser precedida da saudao. Este procedimento tambm ser

    realizado ao terminar a aula. um gesto que atende aos princpios filosficos

    educacionais qual sejam, respeito ao companheiro, sinceridade e camaradagem.

    Desta forma, atravs do Jud, iguala vencedor e vencido, reduzindo o orgulho a uma

    situao racional e no de prepotncia.

    Como este esporte tem origem oriental, paira um conservadorismo importante

    nas formas de executar as saudaes, sendo comum em todos os dojs do mundo,

    preservando assim costume da origem do esporte.

    SAUDAO EM P (RITSU-REI)

    De acordo com Inokuma e Sato (1980):

    a) em p, calcanhares unidos, pequena abertura da parte anterior dos ps;

    b) as mos espalmadas ao longo dos braos, apoiando de leve na lateral das

    coxas;

    c) pequena inclinao do corpo a partir da cintura, formando um ngulo de

    aproximadamente 30 graus em relao posio vertical do corpo;

    d) quanto s duas mos, o movimento descrito partindo das laterais das coxas

    vindo ligeiramente frente, deslizando com naturalidade em direo aos

    joelhos.

    SAUDAO AJOELHADO (ZAREI)

    preconizada uma forma correta tambm de se ajoelhar, obedecendo a uma

    ordem lgica de movimentos:

    a) partindo da posio em p, afasta-se a perna esquerda (hidari) e ajoelha-se.

    Posteriormente a direita (migui), com o mesmo procedimento;

    b) os ps apoiados nos artelhos, estende-os sentando-se buscando o conforto

    desta posio;

    c) os joelhos devero paralelamente oferecer uma abertura, em torno de dois

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    punhos e as mos espalmadas sobre as coxas;

    d) para o movimento de saudar, flexiona o tronco frente mantendo contato dos

    ps com o glteo, tocando as mos no solo em formato de tringulo, olhar voltado

    para frente observando o companheiro que est sendo saudado.

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    Antecedendo a saudao, os judocas devem se posicionar frente ao sensei,

    sendo que os mais graduados se posicionaro da esquerda para a direita do joseki,

    ou seja, o senseiestando de frente para os judocas, da sua esquerda para a direita,

    deve comandar a saudao. Caso tenha um aluno graduado com conhecimento para

    tal, o mesmo poder faz-lo.

    Estando em zarei, o sensei comanda ketuskei (ateno) e neste momento

    prevalece o silncio e a concentrao, pois alm do corpo e o esprito estarem se

    preparando para o incio de uma atividade, o respeito para com o local, impera.

    Assim, o senseivira-se pela sua direita para o altar onde se encontra uma gravura ou

    fotografia de Jigoro Kano e comanda shome ni rei e todos executam a saudao

    verbalizando oneiga-shimasu. Em seguida o sensei vira-se novamente para os

    judocas, da sua esquerda para a direita e comanda senseinirei, todos se inclinamsaudando-se, verbalizando conforme o horrio que a aula est ocorrendo, se for pela

    manh ohaio-gosaimasu, se for a tarde konitiu e se for a noite konbau.

    Ao final de uma sesso de aula executa-se o mesmo ritual, s que agora se

    inverte a saudao, a primeira entre senseie judocas, e aps o ketuskeysensei ni

    rei,pronuncia-se durante a inclinao arigat-gosaimasu; aps o senseivira-se para

    Jigoro Kano, e comanda shome ni rei e todos executam a saudao para Jigoro

    Kano, pronunciando tambm arigat-gosaimasu; novamente o sensei vira-se para

    os judocas e comanda rei e todos finalmente verbalizam saionara quando de dia, e

    oiasaminasaiquando for a noite, no caso de todos retornarem aos seus lares para

    repousar.

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    DESLOCAMENTO SOBRE O TATAME (SHINTAI)

    a forma de se deslocar sobre o tatame, seja apenas se locomovendo de um

    lugar para outro, seja durante os treinamentos e "shiais", seja tambm na

    apresentao de algumas formas de "kata.

    Segundo Virgilio(1986) as formas de deslocamento so:

    AYUMI-ASHI - um passo normal igual ao nosso andar natural, apenas mais baixo e

    quase no se desprende do tatame.

    SURI-ASHI - um passo mais arrastado em que o peso do corpo situa-se mais nas

    pontas dos ps que deslizam sem perder o contato com o tatame e que quando semovimentam o fazem com uma certa cadncia.

    TSUGI-ASHI - ao contrrio das movimentaes anteriores, um p nunca ultrapassa o

    outro no deslocamento, seja para frente ou para trs. Assim um p avana ou

    retrocede deslizando e firma-se para s ento o outro deslocar e situar-se lago atrs

    ou na frente do primeiro. O tsugi-ashi usado principalmente na execuo de

    algumas formas de katas.

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    POSIES BSICAS DO CORPO

    Shizen-tai a posio natural do judoca para enfrentar seu adversrio, que

    conforme Virgilio (1986) pode ser frontal (Shizen-hon-tai), ou modificada para a

    direita (Migui-Shizentai), ou ainda para a esquerda (Hidari-Shizentai).

    Jigo-tai a posio de defesa, sendo frontal (Jigo-hon-tai) posio de defesa

    fundamental, que tambm poder ser pela esquerda (Hidari-jigotai) ou pela direita

    (Miji-Jigotai).

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    PEGADAS (KUMI-KATAS)

    Conforme Yerkow (1974), so chamadas de kumi-katas, as fases de segurar o

    kimono, sendo duas as principais formas de pegadas:

    a) Pegada na posio natural direita: basta segurar a gola do oponente com a

    mo direita e a manga com a mo esquerda, estando ambos frente a frente. O

    contrrio dever ocorrer quando se desejar uma pegada esquerda.

    b) Pegada na posio de auto-defesa: o procedimento idntico para a ao

    das mos, diferindo quanto posio da postura defensiva, pois dever ser

    observada suas exigncias.

    Estas formas de pegar propiciaro o futuro desequilbrio do adversrio. Paraisto, existe uma lgica comportamental, isto , se o atacante executar uma pegada

    direita, imediatamente o defensor dever procurar a mesma pegada e vice-versa.

    A pegada poder variar, dependendo da tcnica a ser utilizada, com as

    caractersticas de abordagem desta, porm precedendo a diferentes tcnicas a

    pegada sempre ser, na posio natural direita ou esquerda.

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    FASES DE APLICAO DE UMA TCNICA

    Quando precede a aplicao de uma tcnica, h duas possibilidades: uma

    preparar o adversrio para receber a tcnica escolhida puxando-o ou empurrando-o,

    conforme a direo em que se pretende projetar. A outra aproveitar um

    desequilibro eventual ou aproveitando a prpria fora do oponente para aplicar a

    tcnica mais oportuna.

    Seja qual for o caso, a essa quebra de equilbrio do adversrio, a essa

    preparao d-se o nome de kuzushi e esta casa-se perfeitamente e

    harmoniosamente com a mxima que nos deixou Jigoro Kano um mnimo de fora

    para a mxima de eficincia o kuzushi pode ser direcionado para qualquer um

    dos pontos cardeais ou colaterais portanto, pode se realizado em oito direespossveis:

    - Mae kuzushi ( frente);

    - Ushiro kuzushi (atrs);

    - Migui-yoko-kuzushi ( direita, ao lado);

    - Hidari- yoko-kuzushi ( esquerda, ao lado);

    - Migui-uchiro (direita para trs);

    - Hidari-uchiro (esquerda para trs);

    - Migui-mae (frente a direita);

    - Hidari-mae (frente a esquerda).

    Uma vez dominado o kuzushi, passa-se ao tsukuri, que o incio do kake.

    Este incio muito importante, pois h uma tcnica bem definida a seguir, esta a

    diferena entre uma bela projeo e uma projeo infeliz; e a finalizao do golpe

    damos a terminologia de kake.

    Portanto as fases de aplicao de uma tcnica so: kuzushi (desequilbrio),

    tsukuri (preparao) e kake (execuo).

    Aps o atleta dominar uma tcnica, automatizando-a, estas trs fases no so

    notadas distintamente, tornando-se um todo devido rapidez na execuo do

    movimento.

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    FASES DE TREINAMENTO

    Existem vrias formas de treinamento para as tcnicas que compem o Nage-

    waza, as quais conforme Virgilio (1986) so:

    TENDOKU-RENSHIU - o treinamento solitrio utilizando aparelhos ou espelho

    onde procura-se lapidar as tcnicas e melhorar a velocidade.

    UCHI-KOMI - geralmente trabalhado aos pares onde o objetivo aprimoramento da

    tcnica, da rapidez e da fora localizada, denominada de entrada pois realiza-se o

    trabalho de kuzushi e tsukuri rapidamente, sem entanto finalizar o movimento (kake).

    YAKU-SOKU-GEIKO - e um treino aos pares, livre e bem leve, sem defesa,

    aproveitando toda e qualquer oportunidade de golpe. O objetivo principal

    condicionar os sentidos para o aproveitamento das oportunidades que vierem asurgir durante o combate.

    KAKARI-GEIKO - um treino onde ocorre o ataque consecutivo de esquerda e

    direito (hidari e migui) com leve defesa do companheiro.

    RENRAKU-HENKA-WAZA- este tipo de treino permite o estudo e aperfeioamento

    das tcnicas que se seqncia, que se completam.

    KAESHI-WAZA - so as tcnicas usadas nos contra-golpes, quando o adversrio

    depois de um ataque insuficiente, abre a guarda e oferece oportunidade para ser

    contragolpeado.

    RANDORI - um treinamento livre e completo, aqui que o atleta emprega todo o

    seu conhecimento e capacidade. Estuda as suas potencialidades e falhas, pode-se

    dizer que a prova final antecedendo o "shiai".

    SHIAI - a luta em si, demonstra efetivamente como esto seus estudos.

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    AMORTECIMENTO DE QUEDAS (UKEMI)

    A importncia do amortecimento de quedas para a prtica do Jud, segundo

    Lasserre (1975), constitui a base das projees de todas as tcnicas, pois se no se

    domina a tcnica de cair no se domina a tcnica de projetar. A experincia mostra

    que fatores psicolgicos podem justificar a citao anterior, pois se existe receio de

    cair, conseqentemente se ter receio de projetar, tendo em vista as conseqncias

    dolorosas e traumticas que uma queda mal realizada pode causar.

    Conforme Roquette (1994), alm da prtica dos ukemi ser um aspecto

    fundamental na segurana da prtica desportiva, h uma grande vantagem do ponto

    de vista do desenvolvimento motor no jovem praticante, na medida que se trata dehabilidades motoras relativamente complexas que exigem um bom nvel de

    coordenao neuromuscular.

    Para Roquette (1994, p. 48):

    os tradicionais ukemi, no so mais do que formas de absoroe dissipao de uma determinada energia cintica, da qual ocorpo vem animado no momento do choque com o solo, atravsde mecanismos energticos simples, com o objetivo de prevenirsituaes traumticas e os efeitos indesejveis das vibraes.

    Em funo da alta complexidade dos movimentos, bem como da falta e ou pouca

    utilizao de processos educativos para a correta iniciao no ensino-aprendizagem

    dos ukemi, que muitos iniciantes, em funo do medo que esta prtica mal

    executada propicia, desistem da prtica do Jud.

    Alm disso, de acordo com Gama (1986), crescente o nmero de praticantes j

    graduados com medo, no querendo cair e no sabendo cair adequadamente, pois

    no tendo domnio da tcnica, caem de forma contrada, gerando dores e muitas

    vezes se machucando.

    O estudo, o domnio e a constante prtica dos ukemi vo alm do simples ato

    automatizado, esta prtica assim como todas as demais tcnicas utilizadas no Jud,

    conforme os ensinamentos deixados por Jigoro Kano, devem ser utilizadas para a

    educao do corpo e do esprito.

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    Vrias so as formas de se amortecer uma queda, em funo dos diferentes tipos

    de tcnicas de projeo, deste modo, os ukemi so classificados em funo da

    direo da queda e realizados em funo do tipo de tcnica que se projetado.

    Neste estudo se utilizou as subdivises citadas por Robert (198?), Branco e outros

    (1983), sendo eles: mae-ukemi, uchiro-ukemi; yoko-ukemie zemp-kaiten-ukemi. A

    seguir far-se- uma breve descrio destes, realizados a partir da posio natural

    fundamental, segundo Santos (2003).

    1) mae-ukemi queda frontal ou queda facial (Figura 1)

    Esta queda pouco utilizada em treinamento, porm muito em competio, pois

    quando o atleta cai no plano sagital no sentido antero-posterior, no significa

    pontuao para quem projeta. A execuo deste ukemi trata de deixar o corpo

    projetar-se no sentido antero-posterior com flexo de ombros no plano sagitalanterior, com as mos em pronao, fletidas em relao ao punho. Conforme o corpo

    for se aproximando do solo, flexiona-se o membro superior e o impacto ser

    amortecido em funo da batida das mos e antebraos no solo, concomitante

    ocorre a elevao do quadril e para isso, os ps em hiperextenso dorsal em contato

    com o solo.

    Figura 1 - mae-ukemi queda frontal ou queda facial

    Fonte: Alvim (1975, p.18)

    12

    3

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    2) uchiro-ukemi- queda para trs (Figura 2).

    Partindo da posio natural fundamental, os membros superiores so

    flexionados no plano frontal, a cabea levemente fletida para frente e flexiona os

    membros inferiores e inicia um rolamento para trs, e, no momento em que a

    regio dorsal tocar no solo, os braos e mos executam a batida no solo estando

    os braos afastados do corpo em torno de 30 e os membros inferiores so

    elevados no sentido do eixo longitudinal.

    Figura 2 - uchiro-ukemi- queda para trsFonte: Alvim (1975, p. 18)

    3) yoko-ukemi- queda lateral, podendo ser direita ou esquerda (Figura 3).

    Para a queda lateral direita, na posio fundamental, flexiona-se o membro

    superior direito a frente do corpo, desliza o membro inferior direito na mesma direo

    e sentido, flexiona o membro inferior esquerdo at o calcneo ficar prximo ao glteo

    e a perna esquerda estar deslizando e estendida frente, o corpo cai para o lado e

    no momento de tocar o solo realizada a batida da mo e antebrao, que devemformar com o corpo um ngulo aproximado de 30;

    2 3

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    Figura 3 - yoko-ukemi- queda lateralFonte: Alvim (1975, p. 17)

    4) yoko-ukemi queda com rolamento para frente, podendo ser pela direita ou

    pela esquerda (Figura 4).

    Esta tcnica a mais utilizada, tanto em treinamento como em competies, pois

    grande parte das tcnicas de projeo do grupo Tati-Waza (tcnica em p), so

    finalizadas com este tipo de amortecimento de queda. O zemp-kaiten-ukemi-hidari,

    partindo da posio fundamental, avanar a perna direita no plano sagital,

    flexionando os membros inferiores apoiar a mo direita, no tatame ao lado do p

    direito com os dedos um pouco voltados para trs. A mo esquerda da mesma forma

    apoiada no tatame, porm com os dedos voltados para o lado direito do executante.

    O corpo inclinado no sentido antero-posterior rolando sobre o ombro esquerdo,

    sendo que o membro superior permanece semi-fletido em arco, as costas

    encurvadas e a cabea colocada entre os ombros. Aps o rolamento, quando as

    costas tocarem o tatame, o brao e a mo esquerda executam a batida, finalizando o

    movimento com toda a lateral esquerda do corpo tocando o tatame, sendo que o

    membro inferior esquerdo semi-flexionado tocando no solo com a lateral e o membro

    inferior direito semi-flexionado no sentido longitudinal, apenas com a planta do p

    tocando o tatame.

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    2

    3

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    Figura 4 - yoko-ukemi queda com rolamento para frente

    Fonte: Alvim (1975, p. 18)

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    DIVISO DAS TCNICAS

    Jigoro Kano, conforme Lasserre (1975), aps a criao do Jud, dividiu a sua

    atividade em trs grupos de tcnicas: Nage-waza (tcnica de projeo), Katame-

    waza (tcnica de imobilizao) e Atemi-waza (tcnica de atacar os pontos vitais do

    corpo).

    Para dar um carter pedaggico e facilitar ainda mais o aprendizado,

    subdividiu ainda as tcnicas de Nage-waza em Tati-waza (tcnica de projeo com

    permanncia em p) e seria executada sob trs aspectos:

    1) Te-waza: - tcnica de projeo com os braos;

    2) Koshi-waza: - tcnica de projeo com os quadris:3) Ashi-waza: - tcnica de projeo com pernas e ps.

    E ainda na diviso de Nage-waza entra o sutemi-waza (tcnica de projeo

    com sacrifcio do corpo), que se divide em Mae-sutemi-waza (sacrifcio com queda

    parafrente) e Yoko-sutemi-waza (sacrifcio com queda para o lado).

    O grupo de tcnica Katame-waza, subdivide-se em trs outros grupos:

    1) Osae-waza: - imobilizao no solo:

    2) Shime-waza: - tcnica de estrangulamento:

    3) Kansetsu-waza: - tcnicas de chaves nas articulaes.

    Diviso das Tcnicas (JUDOINFO, 2006)

    NAGE-WAZA (67 tcnicas de projeo)

    Te-Waza (15): Seoi Nage, Tai Otoshi, Kata Guruma, Sukui Nage, Uki Otoshi, Sumi

    Otoshi, Obi Otoshi, Seoi Otoshi, Yama Arashi, Morote Gari, Kuchiki Taoshi, Kibisu

    Gaeshi, Uchi Mata Sukashi, Kouchi gaeshi, Ipon Seoinage.

    Koshi-Waza (11):Uki Goshi, O Goshi, Koshi Guruma, Tsurikomi Goshi, Harai Goshi,

    Tsuri Goshi, Hane Goshi, Utsuri Goshi, Ushiro Goshi, Daki Age*,Sode Tsurikomi

    Goshi.

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    Ashi-Waza (21): Deashi Harai, Hiza Guruma, Sasae Tsurikomi Ashi, Osoto Gari,

    Ouchi Gari, Kosoto Gari, Kouchi Gari, Okuriashi Harai, Uchi Mata, Kosoto Gake,

    Ashi Guruma, Harai Tsurikomi Ashi, O Guruma, Osoto Guruma, Osoto Otoshi,

    Tsubame Gaeshi.

    Sutemi-Waza (20)

    Mae-Sutemi-Waza: Tomoe Nage, Sumi Gaeshi, Ura Nage, Hikikomi Gaeshi, Tawara

    Gaeshi.

    Yoko-Sutemi-Waza: Yoko Otoshi, Tani Otoshi, Hane Makikomi, Soto Makikomi, Uki

    Waza, Yoko Wakare, Yoko Guruma, Yoko Gake, Daki Wakare, Uchi Makikomi, Kani

    Basami, Osoto Makikomi, Uchi Mata Makikomi, Harai Makikomi, Kawazu Gake

    Como podem ser observadas, muitas so as tcnicas de projeo trabalhadas

    na prtica do Jud, porm, em 1895 foi estipulado o Go Kyo No Waza com fins

    didticos, nos quais, quarenta e duas tcnicas foram divididas em cinco grupos. A

    proposta era estabelecer um parmetro de preparao dos dangai (portadores de

    kyus (faixa azul)) que aspirassem uma promoo categoria de yudansha (faixas-

    pretas).

    Em 1920, o Go Kyo No Waza foi revisado e dividido em cinco grupos com

    oito tcnicas cada, em um total de 40 e as tcnicas so ensinadas at os dias atuais,

    sendo:

    Grupo 1:De-ashi-barai; Hiza-guruma; Sasae-tsuri-komi-ashi; Uki-goshi; O-soto-gari;

    O-goshi; O-uchi-gari; Seoi-nage.

    Grupo 2:Ko-soto-gari; Ko-ouchi-gari; Koshi-guruma; Tsukuri-komi-goshi; Okuri-ashi-

    barai; Tai-otoshi; Harai-goshi; Uchi-mata.

    Tcnicas proibidas para utilizao em shiais.

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    Grupo 3: Ko-soto-gake; Tsuri-goshi. Yoko-otoshi; Ashi-guruma; Hane-goshi; Harai-

    tsuri-komi-ashi; Tomoe-nage; Kata-guruma.

    Grupo 4: Sumi-gaeshi; Tani-otoshi; Hane-maki-komi; Sukui-nage; Utsuri-goshi; O-

    guruma; Soto-maki-komi; Uki-otoshi.

    Grupo 5:O-soto-guruma; Uki-waza; Yoko-wakare; Yoko-guruma; Ushiro-goshi; Ura-

    nage; Sumi-otoshi; Yoko-gake.

    Com relao ao grupo de tcnica Katame-waza (tcnica de domnio no solo)

    tambm subdivido em trs outros grupos:1) Osae-waza (07): Kuzure Kesa Gatame, Kata Gatame (1), Kami Shiho Gatame,

    Kuzure Kami Shiho Gatame, Yoko Shiho Gatame (1), Tate Shiho Gatame (1), Kesa

    Gatame (1).

    2) Shime-waza (12): Nami Juji Jime (1), Gyaku Juji Jime (1), Kata Juji Jime (1, 2),

    Hadaka Jime (1,2), Okuri Eri Jime (1, 2, 3), Kataha Jime (1, 2, 3), Do Jime*, Sode

    Guruma Jime, Katate Jime, Ryote Jime (1), Tsukomi Jime, Sankaku Jime.

    3) Kansetsu-waza (10): Ude Garami, Ude Hishigi Juji Gatame, Ude Hishigi Ude

    Gatame (1, 2, 3), Hiza Gatame (1, 2), Ude Hishigi Waki Gatame (1, 2, 3), Ude Hishigi

    Hara Gatame (1, 2 ), Ashi Garami , Ude Hishigi Ashi Gatame, Ude Hishigi Te

    Gatame, Ude Hishigi Sankaku Gatame.

    Por fim, citam-se as tcnicas pertinentes ao Atemi-Waza, cujos movimentos

    visam ataques a pontos vitais, a serem utilizados na autodefesa. No so ensinados

    na maioria das Instituies que trabalham com o ensino-aprendizagem do Jud, em

    funo de serem tcnicas perigosas que exigem alm do conhecimento tcnico, uma

    situao de desenvolvimento interior em nvel de mestre.

    Tcnicas proibidas para utilizao em shiais (JUDOINFO, 2006)

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    Sendo elas:

    ATEMI-WAZA(JUDOINFO, 2006)

    Ashi-ate-waza (6): Ushiro-geri*, Yoko-geri*, Naname-geri*, Mae-geri*, Taka-geri*,

    Mae-ate *.

    Ude-ate-waza (16):Ushiro-ate *, Kirioroshi*, Naname-uchi*, Naname-ate *, Yoko-ate*, Kami-ate *, Tsukiage *, Shimo-tsuki*, Ushiro-tsuki*, Ushiro-sumi-tsuki*, Tsukkake *,

    Yoko-uchi*, Ushiro-uchi*, Uchioroshi*, Tsukidashi*, Ryogan-tsuki*.

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    ENSINO APRENDIZAGEM

    A prtica do Jud para crianas quando iniciada de forma coerente auxilia no

    desenvolvimento global da criana, ou seja, contribuiu para um desenvolvimento

    cognitivo, afetivo, moral e psicomotor.

    Pra tal, o sensei deve ter conscincia e conhecimento do quanto pode

    desenvolver nos seus educandos, utilizando um planejamento direcionado e

    realizando avaliaes sistemticas para acompanhar o desenvolvimento, desta

    forma, as aes desenvolvidas surtiro melhores efeitos.

    Muito embora exista o Gokyonowaza e muitas outras variaes de tcnicas, o

    senseideve utilizar seus conhecimentos para o trabalho individualizado, ou seja, os

    contedos ministrados em termos de grau de dificuldade e exigncias motorasdependero de fatores tais como, idade, bitipo, caractersticas psicolgicas, nvel de

    aprendizado, desempenho demonstrado, enfim, tratar a individualidade do iniciante.

    No processo de iniciao que deve haver os maiores cuidados, pois um

    movimento automatizado erroneamente, muito mais difcil de ser corrigido. Os

    receios para a realizao do movimento devem ser respeitados e processos

    educativos devem ser criados como meio de amenizar as dificuldades. Como

    exemplo, pode-se citar a iniciao do zemp-kaiten-ukemi. Este movimento o mais

    complexo e mais utilizado nos amortecimentos de quedas, porm, nem todos os

    iniciantes tm domnio do corpo para execut-lo partindo da posio de quatro ou

    mesmo de cinco apoios (posio inicial, e a maioria dos iniciados aprendem este

    ukemi). Assim, a utilizao de um procedimento educativo bsico se faz necessrio,

    porm, antes de realizar o movimento de primordial importncia, que este seja

    descrito; que o objetivo seja apresentado (significado do que se est fazendo); e,

    principalmente, solicite-se que seja sentido (sinestesia). Demonstrar o movimento

    facilita o aprendizado, porm, o mais significativo que se perceba mental e

    fisicamente o que est sendo realizado.

    Ao se iniciar os ensinamentos das diferentes tcnicas existentes, comum

    que o futuro judoca apaixone-se por uma determinada tcnica e esta venha a tornar-

    se a sua tcnica de preferncia (tokui-waza). Assim, estudos apontam que tcnicas

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    (tokui-waza) so escolhidas, normalmente, por interferncia do sensei, ou seja,

    muitos escolhem porque o prprio mestre a utilizava, ou porque teve maiores

    facilidades para aquele movimento, ou ainda, porque achava a tcnica bonita

    (SANTOS et al., 1993).Porm, em muitos casos, nem sempre a tcnica escolhida

    a melhor para o bitipo do judoca, a qual com o tempo de prtica ou por prtica

    indevida acaba trazendo danos ao organismo. A exemplo pode-se citar Silva (1989),

    que encontrou encurtamento de antebrao dominante, em funo da exigncia

    unilateral de uma tcnica de preferncia.

    Assim, o sensei alm do conhecimento tcnico da modalidade, entre outros

    cuidados, deve observar o movimento realizado e apresentar os significados do que

    est solicitando, pois deveria utilizar a prtica bilateral, haja vista que pesquisas j

    demonstraram desvios posturais e assimetrias de circunferncia de membrosinferiores e superiores, advindos do longo tempo de prtica unilateral (SANTOS,

    1993).

    Deste modo, quando se enfatiza o respeitar a individualidade do praticante,

    no sentido de conhecer e respeitar os seus limites, saber o momento de incentivar,

    ouvir, elogiar, corrigir e, principalmente, no dar prioridade queles que demonstram

    maiores aptides. A sabedoria da arte de ensinar est em tentar manter o equilbrio;

    estar sempre atento; prestar ateno aos mnimos detalhes e aprender com as

    dificuldades e facilidades apresentadas. Alis, a sabedoria de vida, est em saber

    manter o equilbrio em tudo, pois, a natureza rejeita os extremos.

    A arte de ensinar, educar e contribuir na formao dos sujeitos engloba vrios

    fatores, um deles no apresentar sempre tudo pronto, ou seja, apresentar uma

    situao e deixar que os educandos a resolvam; propiciando que o aprendiz tome

    decises, vivencie e avalie a opo que tomou e deixar que a criatividade aflore e

    que iniciativas sejam tomadas.

    Deve-se utilizar do movimento e das tcnicas para que haja o

    desenvolvimento tambm das capacidades do corpo; capacidade de percepo de

    domnio, pois conhecer-se dominar-se e dominar-se triunfar. Ao introduzir

    qualquer aprendizado, deve-se incentivar a percepo do movimento, para que,

    mediante essa percepo, ocorra o autoconhecimento; que seja trabalhada as

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    possibilidades e que o educando seja motivado para que consiga, alis, deve-se

    sempre reforar que eu no consigo no existe, tudo que se quer e esfora-se para

    faz-lo, consegue-se. Tem um ditado popular que diz quem espera sempre

    alcana, pois , j viram uma pessoa que prosperou em negcios; ou uma que teve

    excelentes resultados atlticos; ou outra que passou no vestibular para um curso

    concorridssimo, ficarem sentadas, esperando por milagres? Ento o ditado deve ser

    quem vai a luta, quem persevera, sempre alcana; a perseverana um dos

    principais requisitos apresentados e desenvolvidos por um judoca de essncia.

    Um fato bastante abordado at agora foi a questo de introjetar os princpios

    que Jigoro Kano tanto idealizou para que realmente ocorra o desenvolvimento da

    moral do sujeito. Aproveitando a taxionomia que trata do domnio afetivo, pode-se

    apresentar de que forma os princpios podem ser introjetados nos praticantes, deforma a fazer parte do seu eu, da sua forma de ser e ver o mundo, isso somente

    depender da maneira como o contedo for apresentado. Por isso, refora-se a

    importncia de um timo embasamento terico do professor, associado ao

    conhecimento vivenciado.

    Em termos de aprendizagem do movimento propriamente dito, todo o

    processo inicia desde a colocao do judogui, a entrada no doj, as saudaes, a

    adaptao ao tatame, a forma de deslocamento, posies do corpo, pegadas,

    amortecimento de quedas, tcnicas de projeo e de solo e treinamento

    propriamente dito, at se chegar a Randori e Chiai. Poder-se-ia citar vrios

    processos educativos e pedaggicos que serviriam como exemplo daquilo que foi

    explanado, porm, com tal feito estar-se-ia menosprezando a capacidade de o leitor

    compreender o que se est dizendo e utilizar deste conhecimento para elaborar uma

    aula com criatividade, com objetivos pr-elaborados; uma aula receptiva; uma aula

    que traga novidades e no a mesmice. Ministrar uma aula no s desenvolver

    atividades ou que divirtam ou que sejam maantes, mas sim que, por trs de cada

    brincadeira, atividade divertida ou exerccios repetitivos, esteja um intuito. Assim, no

    elaborar uma atividade e justificar que a repetio da mesma ocorre porque as

    crianas e/ou os alunos gostam, porque divertida ou porque ouviu dizer que d

    resultados, mas porque se tem domnio da real contribuio com a ministrao das

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    mesmas.

    Neste sentido, conhecer o educando primordial. Utilizar a avaliao

    diagnstica (no incio do aprendizado), formativa (durante) e somativa (final)

    imprescindvel para o processo educativo, pois se evidencia o quanto est se

    contribuindo e onde h necessidade de se investir mais ou menos. Aes pr-

    elaboradas fazem parte de um aprendizado mtuo, de um benefcio mtuo.

    INFLUNCIA DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO ENSINO-

    APRENDIZAGEM

    Muitos so os fatores que influenciam no processo ensino-aprendizagem querseja para crianas, jovens, adultos e idosos, sendo eles aqueles relacionados a

    hereditariedade, ou seja, a transmisso de caractersticas por meio gentico dos pais

    para filhos; os relacionados ao sistema neuro-endcrino, os quais agem ou inibem as

    funes glandulares do organismo; aqueles relacionados as substncias nutritivas

    necessrios para o metabolismo do corpo; e, por fim, aqueles relacionados ao nicho

    ecolgico, ou seja local onde se vive e a forma de interagir com o meio ambiente.

    Assim, mesmo cientes dos diferentes tipos de interferncias no processo de

    ensino aprendizagem, existem alguns conceitos que devem ser relembrados e

    levados em considerao quando da utilizao de mtodos para o ensino de

    diferentes contedos inerentes a prtica do Jud,, sendo:

    1) Crescimento refere-se ao crescimento no tamanho do corpo e corre como

    resultado da hiperplasia (aumento no nmero das clulas) hipertrofia

    (aumento do tamanho da clula) ou aumento nas substncias intercelulares.

    Para o ensino de diferentes tipos de tcnicas, deve ser levado em

    considerao a idade ssea da criana, para que sejam ensinados

    movimentos que venham a inibir esse crescimento, quer seja em termos do

    tipo de tcnica, quer seja a execuo unilateral.

    2) Maturidade - Descreve-se como o processo que conduz ao estado maduro.

    descrito como o processo de obteno do estado de maturidade. Diferentes

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    sistemas biolgicos alcanam o estado de maturidade em diferentes

    momentos; por exemplo, a maturidade sexual habitualmente ocorre antes da

    maturidade ssea. O nvel de maturidade no necessariamente acontece

    paralelamente idade cronolgica e amplamente determinada pela herana

    biolgica. Em geral existe uma correlao positiva entre nvel de maturidade e

    rendimento fsico, especialmente no menino durante a adolescncia. A

    maturidade precoce, no sexo masculino, obtm maior sucesso em esportes

    competitivos, especialmente os que exigem fora e potncia, a maturidade

    tardia visto ser mais vantajoso para o sexo feminino, especialmente quelas

    engajadas em atividades que exijam agilidade e altos nveis de fora e

    potncia, em ambos os casos a prtica do Jud indicada. Porm, a relao

    entre maturidade e rendimento fsico composta por uma unio entre a idadecronolgica e as alteraes no tamanho, propores e composio corporal.

    3) Desenvolvimento est intensamente relacionado ao crescimento e

    maturidade, ocorrendo em um contexto biolgico e comportamental. Para a

    nossa rea maior nfase dada ao desenvolvimento motor, que pode ser

    definido como as mudanas progressivas no rendimento motor, resultante do

    crescimento, maturidade e, desenvolvimento biolgico e comportamental.

    No processo de crescimento e desenvolvimento humano, medidas fsicas podem

    fornecer importantes informaes sobre o estado o nutricional e de sade da criana

    e, as alteraes na proporcionalidade que ocorrem durante a infncia e pr-

    adolescncia est diretamente associada desde ao processo de ensino-

    aprendizagem at a performance motora e eficincia mecnica.

    Considerando as a lei de alternncia de Godin, a qual aponta para o crescimento

    assimtrico dos segmentos corporais, alm dos membros (braos e pernas) que

    tambm, normalmente, crescem mais rpidos do que o tronco, afetando a

    localizao do centro de gravidade. Assim, o crescimento assimtrico pode interferir

    na postura quanto no centro de gravidade, as quais podem afetar o equilbrio e a

    coordenao em algumas atividades e, ainda, o comprimento dos membros pode

    afetar a capacidade de aplicar fora, especialmente quando existe um potencial

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    atraso no desenvolvimento muscular em relao ao comprimento sseo,

    caracterstica dos estires de crescimento.

    Face a estes conhecimentos e respeitando a individualidade biolgica de cada

    jovem, o ideal no ser definido o tokui-waza, antes do fechamento epifisrio,

    principalmente se for tcnica que necessite de maior utilizao de fora, como o

    caso de tcnicas de koshi-waza e algumas de te-waza. Assim, o ideal utilizar a

    riqueza dos movimentos das tcnicas de ashi-waza, os quais, alm de propiciarem o

    desenvolvimento das capacidades perceptivas estaro agilizando o processo das

    qualidades fsicas intervenientes para uma futura prtica mais efetiva do Jud.

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    AS GRADUAES

    Antigamente as artes de lutar desarmadas no tinham categorias, graus,

    uniformes ou faixas. Este processo de oferecer faixas segundo a percia do

    praticante relativamente novo, as primeiras faixas foram dadas aproximadamente

    h 85 anos (TEGNER, 1969).

    Para as graduaes existe uma regra, uma pessoa no pode atribuir-se a si

    prpria uma classificao, tal julgamento deve ser dado por pessoas que estejam na

    posio de avaliar, normalmente, professores faixas-pretas.

    No Jud existem diferentes esquemas na classificao por faixa. No Japo

    prevalece o seguinte esquema: - Faixa branca para principiante, faixa marrom para

    os graus intermedirios e faixa preta para os graus avanados. Nos Estados Unidoso sistema o mesmo com acrscimo da faixa verde, qualificando um grau que fixa

    entre o principiante e o intermedirio. A Europa, mais independente da orientao do

    Japo, tem um diferente sistema, dando na faixa de cor a cada grau nas

    classificaes.

    No esquema branco-marrom-preta, no h diferena entre a pessoa no seu

    primeiro dia de treino e aquele que ir no dia seguinte lutar pela obteno da faixa

    marrom, entretanto, h grande diferena na habilidade dos dois e deveria ser

    assinalada, como fazem os europeus. Na Europa, em partes dos Estados Unidos da

    Amrica do Sul e no Canad, o esquema de cores o seguinte: - branca, amarela,

    laranja, verde, roxa, marrom, preta, vermelha e branca.

    Conforme Lasserre (1975), essas faixas so denominadas de graus que por

    sua vez so classificadas em "KYU" at a faixa preta e "DAN" para os graus

    superiores.

    KYU:

    6 Kyu - faixa branca

    5 Kyu faixa amarela

    4 Kyu - faixa laranjada

    3 Kyu - faixa verde

    2 Kyu - faixa roxa

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    1 Kyu - faixa marrom

    DAN:

    SHO-DAN l DAN: faixa preta

    NI-DAN 2 DAN: faixa preta

    SAN-DAN 3 DAN: faixa preta

    IO-DAN 4 DAN: faixa preta

    GO-DAN 5 DAN: faixa preta

    ROKU-DAN 6 DAN: faixa vermelha e branca

    SHIGUI-DAN 7 DAN: faixa vermelha e branca

    HAGHI -DAN 8 DAN: faixa vermelha e branca

    KU-DAN 9 DAN: faixa vermelhaJU-DAN 10 DAN: faixa vermelha

    Os critrios para a promoo de faixas dependem dos dirigentes das Federaes

    dos Estados, assim como dos mestres, podendo haver promoes, dependendo do

    nvel e idade do atleta.

    Alm do conhecimento prtico descrito, supe-se que o praticante recebe durante

    todo o processo embasamento terico, pois no jud imprescindvel que a teoria e

    prtica caminhem juntos, pois segundo o prprio Jigoro Kano, nenhum praticante

    poder ser um autntico judosta, sendo excepcional apenas na prtica do jud. Ele

    deve ter um conhecimento geral do jud, usando-o de maneira a lhe proporcionar o

    bem fsico e moral.

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    ARBITRAGEM - Regras de Arbitragem (Adaptado da FPJ, 2007)

    As regras de arbitragem foram aprovadas em reunio do Comit Executivo em Paris, Franaem Outubro de 1997 e em vigor desde 1 de Janeiro de 1998, com algumas modificaes.

    ARTIGO 1 REA DE COMPETIO

    A rea de competio ter no mnimo 14m x 14m e no mximo 16m x 16m e ser cobertapor tatame ou material similar, geralmente de cor verde.

    A rea de competio ser dividida em duas zonas. A demarcao entre estas duas zonasser denominada zona perigosa e estar indicada por uma rea vermelha, aproximadamentecom a largura de 1m, formando parte ou estando anexada rea de competio, paralelaaos 4 lados da mesma.

    A rea interna e incluindo a zona perigosa chamada a rea de combate e ter sempre nomnimo 8m x 8m e no mximo 10m x 10m. A rea exterior zona perigosa ser chamadarea de segurana e ter 3 metros de largura.

    Uma fita adesiva azul e uma branca, aproximadamente com 10cm de largura e 50cm decomprimento sero fixadas no centro da rea de competio distncia de 4m uma daoutra, para indicar as posies nas quais os competidores devero comear e terminar ocombate. A fita azul estar direita do rbitro e a branca sua esquerda.

    A rea de competio dever ser fixada a uma superfcie resistente ou plataforma (verapndice).

    Quando duas ou mais reas de competio contguas estiverem a ser utilizadas, a rea desegurana comum mnima permitida ser de 4m.

    Uma zona livre, no mnimo de 50cm dever ser mantida volta da rea de competio.

    Nota: Quando as regras se referem a um judogui azul, fita azul, bandeiras azuis, marcadorazul, etc., lcito aos organizadores da competio que especifiquem que ambos oscompetidores usaro um judgui branco; o primeiro competidor a ser chamado usar um cintovermelho conjuntamente com o cinto da graduao, o segundo usar um cinto brancoconjuntamente com o cinto da graduao e o equipamento (bandeiras, fita, marcador, etc.)ser vermelho em vez de azul.

    APNDICE ARTIGO 1

    rea de Competio

    No caso de Jogos Olmpicos, Campeonatos do Mundo, eventos continentais ou da FIJ, area de competio geralmente dever a dimenso mxima.

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    Tatames

    Geralmente medem 1m x 2m, feitos de palha prensada ou mais freqentemente, de espumaprensada.

    Devem ser firmes debaixo dos ps e ter a capacidade de absorver o choque durante o ukemi

    e no devero ser escorregadios nem muito speros

    Os elementos que constituem a superfcie para a competio devero estar alinhados semespaos entre eles, formando uma superfcie lisa e fixados de forma a no se moverem.

    Plataforma

    A plataforma opcional e deve ser feita de madeira macia, de forma que fique com umacerta flexibilidade e deve medir aproximadamente 18m de lado sem nunca exceder os 50cmde altura.

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    ARTIGO 2 EQUIPAMENTO

    a) Cadeiras e Bandeiras (Juizes)

    Duas cadeiras leves devem ser colocadas na rea de segurana em cantos diagonalmenteopostos da rea de competio e numa posio que no obstrua a viso dos juizes,

    membros da comisso e dos marcadores. Uma bandeira azul e uma bandeira brancadevero ser colocadas num suporte afixado em cada cadeira.

    b) Marcadores

    Para cada rea de competio haver 2 marcadores que indicam os resultadoshorizontalmente, no excedendo os 90cm de altura e os 2m de comprimento, colocados forada rea de competio de onde possam ser facilmente vistos pelos rbitros, membros dacomisso, oficiais e espectadores.

    As penalizaes devem ser imediatamente convertidas em vantagens e registrados nosquadros. Contudo os quadros devem estar apetrechados com um mecanismo que vregistrando as penalizaes recebidas pelos competidores (ver exemplo no apndice).

    Haver duas cruzes em azul e branco, respectivamente, no topo do marcador para indicar o1 e 2 exames efetuados pelos mdicos (ver artigos 8 e 29 - apndice)

    Sempre que sejam usados marcadores eletrnicos devem estar sempre disponveismarcadores manuais para apoio. (ver apndice)

    c) Cronmetros

    Devero haver os seguintes cronmetros:

    Tempo Geral um Osaekomi dois De reserva um

    Sempre que forem usados cronmetros eletrnicos, tambm devero ser utilizadoscronmetros manuais para controlo. (ver apndice)

    d) Bandeiras (Cronometristas)

    Os cronometristas utilizaro as seguintes bandeiras:

    Amarela tempo geral Verde durao do osaekomi

    No ser necessrio usar as bandeiras amarela e verde quando estiver a ser utilizado umrelgio eletrnico que mostre a durao do combate e do osaekomi. Contudo, estas deveroexistir sempre de reserva.

    e) Sinal de Tempo

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    Dever haver uma campainha, ou sinal sonoro similar, que indique ao rbitro o fim do tempoestabelecido para cada combate.

    f) Judogui Azul e Branco

    Os competidores devero usar um judogui azul ou branco. (o 1 competidor a ser chamado

    usar o judogui azul, o 2 usar o branco)

    APNDICE ARTIGO 2 - EQUIPAMENTO

    Posio dos marcadores/membros da mesa de prova/cronometristas

    Os marcadores e os cronometristas devem ficar de frente para o rbitro e vista da mesa deprovas.

    Distncia dos espectadores

    Como norma geral, no devero ser permitidos espectadores a menos de 3 metros dasuperfcie da rea de competio (ou plataforma).

    Cronmetros e marcadores

    Os cronmetros devem ser acessveis s pessoas responsveis pela sua preciso e o seufuncionamento deve ser verificado regularmente antes e durante a competio.

    Os marcadores devem corresponder s exigncias da FIJ e estar disposio dos rbitrosem caso de necessidade.

    Cronmetros e marcadores manuais devem ser usados simultaneamente com oequipamento eletrnico em caso de falha do mesmo.

    b) Marcador Manual

    BRANCO AZUL

    0 0 0 0 0 0

    WAZA-ARI YUKO KOKA WAZA-ARI YUKO KOKA

    shido shido shido shido shido shido

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    ARTIGO 3 UNIFORME DE JUD (Judogui)

    Os competidores usaro um judogui obedecendo s seguintes condies:

    a. Robusto e feito de algodo ou outro material semelhante, em boas condies (semremendos nem rasges). O material no deve ser grosso ou espesso de forma aevitar que o oponente faa a pegada.

    b. De cor azul para o primeiro competidor e branco ou quase branco para o segundocompetidor.

    c. Marcas permitidas

    i. Abreviaturas Olmpicas Nacionais (nas costas do casaco)ii. Emblema Nacional (no lado esquerdo do casaco). Tamanho mximo 100 cm

    quadrados.iii. Marca do fabricante (na extremidade inferior da frente do casaco e na

    extremidade inferior da perna esquerda das calas). Tamanho mximo 25 cmquadrados.

    iv. Marcas nos ombros (desde a gola ao longo dos ombros pelo brao abaixo em ambos os lados do casaco). Comprimento mximo 25 cm e larguramxima 5 cm.

    v. Indicao da classificao (1, 2 ou 3) nos Jogos Olmpicos ou nosCampeonatos do Mundo, numa rea de 6cm x 10cm na extremidade inferioresquerda do casaco.

    vi. O nome do competidor pode ser usado no cinto, na parte frontal inferior docasaco e na parte frontal superior das calas e medir no mximo 3cm x10cm. Tambm o nome do competidor ou abreviatura podem ser colocados(impressos ou bordados), por cima da abreviatura olmpica nacional, mas deforma alguma numa posio que evite que o oponente agarre a parte de trs

    do casaco. O tamanho das letras ter no mximo 7cm de altura e ocomprimento do nome no mximo ter 30cm. Esta rea retangular de 7cm x30cm dever estar localizada a 3cm abaixo da gola do casaco e aidentificao das costas dever estar fixada 4cm abaixo desta rea.

    a. O casaco deve ser suficientemente comprido de forma a cobrir as coxas e dever nomnimo atingir os pulsos, quando os braos esto cados ao lado do corpo. O corpodo casaco deve ser usado com a parte esquerda por cima da direita e deve sersuficientemente amplo de forma que se sobreponha a 20cm do nvel da base dotrax. As mangas do casaco podero no mximo atingir a articulao do pulso e estarno mnimo a 5cm acima da mesma articulao. Dever existir um espao de 10cm a15cm entre as mangas e o brao (incluindo ligaduras), em todo o comprimento da

    manga.b. As calas, sem quaisquer marcas, devem ter comprimento suficiente para cobrir as

    pernas e devero no mximo atingir a articulao do tornozelo e estar a um mnimode 5cm acima da mesma articulao. Dever existir um espao de 10cm 15cmentre a perna e a cala (incluindo ligaduras) em todo o comprimento da perna dacala.

    c. Um cinto forte, de 4cm ou 5cm de largura, de cor correspondente graduao deverser utilizado por cima do casaco e ser suficientemente comprido para dar duas voltas

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    cintura e ficar com 20cm a 30cm de cada lado depois de atado com um n direito,apertado de modo a impedir que o casaco fique demasiado solto.

    d. As competidoras devero usar sob o casaco:

    i) Uma camiseta branca simples ou quase branca, com mangas curtas,resistente, suficientemente comprida para ser usada por dentro das

    calas, ou:

    ii) um colan branco ou quase branco com mangas curtas.

    APNDICE Artigo 3 Uniforme de Jud (Judogui)

    Se o Judogui de um competidor no estiver de acordo com o estipulado neste artigo, orbitro dever ordenar ao atleta que troque, o mais rapidamente possvel, por um judoguique satisfaa o estipulado.

    O Judogui suplementar do competidor deve ser levado pelos treinadores para a sua cadeiraque se encontra junto da rea de competio.

    Para verificar se as mangas do casaco dos competidores respeitam o comprimentorequerido, o rbitro far com que o atleta levante ambos os braos, completamenteestendidos para a frente, altura dos ombros, enquanto efetua o controlo.

    ARTIGO 4 HIGIENEa. O Judogui dever estar limpo, seco e sem odor desagradvel.b. As unhas dos ps e das mos devero ser cortadas curtas.c. A higiene pessoal do atleta dever ser de um elevado nvel.d. O cabelo comprido dever ser preso de modo a evitar incomodar o outro competidor.

    APNDICE Artigo 4 - Higiene

    Todo o competidor que no obedea aos requisitos constantes dos artigos 3 e 4 ser

    impedido no seu direito de competir e o opositor ganhar o combate por Kiken-gashi, deacordo com a regra de "maioria de trs" (ver artigo 28).

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    ARTIGO 5 RBITROS E OFICIAIS

    Geralmente, o combate ser dirigido por um rbitro e dois juizes, sob a superviso daComisso de Arbitragem.

    O rbitro e os juizes sero auxiliados pelos cronometristas e membros da mesa de prova.

    APNDICE Artigo 5 rbitros e Juizes

    Os cronometristas e outros membros da mesa de provas, bem como outros assistentestcnicos devero ter no mnimo 21 anos de idade, trs anos de experincia como rbitrosnacionais e um bom conhecimento de regras de competio.

    O comit organizador deve assegurar-se que todos foram criteriosamente treinados comooficiais tcnicos. Haver no mnimo dois cronometristas, um para registrar o tempo real docombate e outro especificamente para o tempo de osaekomi.

    Se possvel haver uma terceira pessoa, para supervisionar os dois cronometristas a fim deevitar erros ou esquecimentos.

    O cronometrista do tempo geral (tempo real do combate) pe o cronmetro a funcionar aoouvir "Hajime" ou "Yoshi" e para-o quando ouvir "Mate" ou "Sonomama".

    O cronometrista do Osaekomi pe o cronmetro a funcionar ao ouvir "Osaekomi", para-o aoouvir "Sonomama" e reinicia-o ao ouvir "Yoshi".

    Ao ouvir "Toketa" ou "Mate", pra o cronmetro e indica o nmero de segundos decorridosao rbitro, ou ao expira