apostila de fertilidade do solo (módulo iii)

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Apostila de Fertilidade do Solo (Módulo III) Autores: Dr. Marcos André Piedade Gama (Prof. Fertilidade do Solo, UFRA – ICA Belém) Dr. Gilson Sergio Bastos de Matos (Prof. Fertilidade do Solo, UFRA – ICA Belém) Gabriel Pinheiro Silva (UFRA - Belém) Antônio Anízio Leal Macedo Neto (Eng. Agrônomo, Mestre em Agronomia) Belém- Pará 2020 Especialização em Rochagem e Remineralização dos Solos

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Apostila de Fertilidade do Solo

(Módulo III)

Autores:

Dr. Marcos André Piedade Gama (Prof. Fertilidade do Solo, UFRA – ICA Belém)

Dr. Gilson Sergio Bastos de Matos (Prof. Fertilidade do Solo, UFRA – ICA Belém)

Gabriel Pinheiro Silva (UFRA - Belém)

Antônio Anízio Leal Macedo Neto (Eng. Agrônomo, Mestre em Agronomia)

Belém- Pará

2020 Esp

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Solo

s

Sumário 1. NITROGÊNIO .................................................................................................. 3

2. FÓSFORO ....................................................................................................... 10

3. POTÁSSIO ...................................................................................................... 15

4. MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS ................................................... 17

5. MICRONUTRIENTES .................................................................................. 20

6. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 22

7. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO ............... 22

7.1. DIAGNOSE VISUAL ...................................................................................... 22

7.2. ANÁLISE DE TECIDOS VEGETAIS ............................................................. 23

7.3. ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO ..................................................................... 23

7.4. EXPERIMENTAÇÃO/ENSAIOS/TESTES (ADUBAÇÃO, MICROBIOLÓGICOS,

BIOQUÍMICOS). ............................................................................................................ 24

8. ETAPAS BÁSICAS RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM E ADUBAÇÃO24

8.1. AMOSTRAGEM DO SOLO ............................................................................ 25

9. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DO SOLO ........................................... 31

10. RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO ........................................................ 35

3

Unidade VI – Macro e Micronutrientes no Solo

1. NITROGÊNIO

O nitrogênio (N) é o nutriente mais exigido entre as culturas e responsável por

participar de várias moléculas estruturais nas plantas. Por esse motivo o N é também o elemento

mais consumido na forma de fertilizante.

a) Ciclo do nitrogênio

O nitrogênio está presente em todas as partes do globo terrestre, nos solos, oceanos e

no ar, porém, será enfatizado apenas o ciclo do N no solo, pois do ponto de vista agrícola é o mais

importante.

A observação do ciclo de N (Figura 1) é necessária para demonstrar a importância de

dois fatores. O primeiro, é que a matéria orgânica é fundamental na disponibilização de N ao solo.

O segundo é que o processo de mineralização realizada por microrganismos do solo é uma ação

fundamental para transformação do N presente na matéria orgânica para formas inorgânicas

absorvíveis pelas plantas. O terceiro se refere a parte de N presente no solo, que é decorrente da

fixação simbiótica do N2 e por deposição atmosférica de formas combinadas de N. Um outro fator é

que o ciclo do N demonstra que esse elemento, dependendo das condições do meio, passa por

diferentes processos de transformação no solo. Essa dinâmica de transformação no solo é que

justifica o fato do N não ser comumente requisitado em análises químicas do solo.

Figura 1 - Ciclo resumido do nitrogênio no solo.

Fonte: Cantarella. (2007).

4

b) Formas e conteúdo de nitrogênio no solo

O N presente no solo pode ocorrer em duas formas principais, sendo a fração orgânica a

que corresponde à aproximadamente 95% do N total, e o restante é a fração inorgânica, compostas

principalmente por 𝑁𝐻4+, 𝑁𝑂3

− e uma pequena parcela de 𝑁𝑂2−.

Então resumidamente as principais formas de N no solo são:

N-orgânico (95 – 98%): Alfa-amínica (24 - 37%); Ácidos nucleicos (3-10%); Amino açúcares (5 –10%);

Complexo c/ lignina (40 – 50%);

N-mineral (~2%): N0-3, NH+

4, NO-2

As formas de N no solo evidenciam que a principal fonte de N é a matéria orgânica. Então

a utilização de práticas que conservem ou aumentem o conteúdo de MO provavelmente

proporcionarão menor consumo de fertilizantes minerais.

c) Processos de aquisição de N do solo

Existem três formas de aquisição de N do solo, são essas:

Biológica (figura 2), através de microrganismos fixadores de N atmosférico

Atmosférica (figura 3)

Industrial (figura 4)

Figura 2 - Nódulos radiculares de microrganismos fixadores de N.

5

Figura 3 - Aquisição do N atmosférico

Figura 4 - N na forma industrial (fertilizantes)

d) Processos de transformações de N no solo

Como já citado antes, o N do solo passa por diferentes processos de transformação em

função das condições edafoclimáticas, o que limita a solicitação de análise de solo rotineira para

determinação desse elemento.

Os principais processos de transformação do N no solo são:

Amonificação

N orgânico é transformado para forma amoniacal (figura 5). É um processo importante

porque libera uma das formas de N que podem ser absorvidas pelas plantas que é o 𝑁𝐻4+ (amônio).

Entre os fatores que podem facilitar a amonificação podem ser citados:

Umidade – 50 a 75% do seu poder de embebição;

pH - 5,5-6,5, pela melhor eficiência de bactérias.

Temperatura – 25 a 30ºC; acima de 40oC as bactérias termófilas causam o

apodrecimento da MO – sem Humificação.

6

Então é possível notar que em solos mais ácidos a amonificação é dificultada.

Figura 5 - Esquematização da amonificação.

Fonte: Autores

Nitrificação

Processo pelo qual o N-amoniacal é transformado em N-nítrico (Figura 6), que é outra

principal forma de absorção desse elemento pelas plantas. Fatores importantes para sua ocorrência

em solos e suas consequências que podem ser destacados:

A presença de oxigênio é essencial. Por isso é um processo típico de solos bem

drenados. Ou seja, em ambientes com déficit de O2, como solos alagados,

dificilmente ocorre nitrificação.

pH – solos mais ácidos prejudicam a proliferação de bactérias que atuam no

processo; as principais bactérias são as Nitrosomonas e Nitrobacter;

A nitrificação proporciona acidificação do solo (formação de íons H+);

O nitrato (𝑁𝑂3−) formado é um ânion de fácil lixiviação nos solos arenosos em

períodos de alta precipitação.

Figura 6 - Esquematização da nitrificação.

Fonte: Autores

7

Desnitrificação

É um processo de transformação no N − NO3− para formas de N2 para atmosfera

(Figura 7). Fatores importantes para sua ocorrência em solos e suas consequências que podem ser

destacados:

Ocorre na ausência de O2. Logo, é típico de solos sujeitos a alagamento;

Possibilita a perda de N − NO3− – por isso, recomendação básica é evitar a

utilização de adubações com fertilizantes nitrogenados nítricos em solos sujeitos a

alagamento, como, por exemplo, nos Gleissolos;

Em função da desnitrificação é sempre aconselhável utilizar fontes amoniacais em

ambientes alagados.

Figura 7 - Equação da Desnitrificação.

Fonte: Autores

e) Perdas no solo

As principais perdas de nitrogênio no solo ocorrem por: lixiviação de nitrato,

volatilização de amônia, e a exportação pelas culturas.

Como os solos em geral possuem predominância de cargas eletronegativas nas

camadas superficiais, geradas pelos coloides do solo, o ânion nitrato (𝑁𝑂3−) não é atraído facilmente

aos coloides, ficando livre na solução do solo. Dessa forma, o nitrato é facilmente lixiviado para as

camadas mais profundas do solo, podendo contaminar lençóis freáticos. Portanto a pluviosidade da

região ou o manejo da irrigação de um cultivo, está intimamente ligado ao manejo da adubação

nitrogenada.

Em relação a volatilização de amônia, essa pode ser gerada a partir dos dejetos

animais que são facilmente volatilizadas, como também podem ser decorrentes do uso de

fertilizantes.

Segundo Cantarella et al. (2007) as perdas por volatilização de amônia em solos

dependem do pH. Isso indica que em solos ácidos tem-se a predominância de NH4+ acarretando em

perdas de N amoniacal pois se tem o equilíbrio entre o íon amônio (𝑁𝐻4+) e a forma gasosa, amônia

(NH3), segundo a expressão:

𝑁𝐻4+ ↔ 𝑁𝐻3 + 𝐻+

8

Outro fato importante em relação à volatilização da amônia é que na utilização da

ureia (CO(NH2)2) em solos ácidos, predominantes em regiões tropicais, esse fertilizante por meio da

hidrolise enzimática também libera N amoniacal, como mostra a expressão:

𝐶𝑂(𝑁𝐻2)2 + 2𝐻+ + 2𝐻2𝑂 𝑢𝑟𝑒𝑎𝑠𝑒⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ 2𝑁𝐻4+ + 𝐻2𝐶𝑂3

Pelo fato da reação de hidrólise consumir íons H+, ela provoca elevação do pH ao

redor das partículas, com isso a ureia está sujeita a perdas de N pela volatilização de NH3 (tabela 1)

sendo que esse processo pode ser intensificado com a calagem recente e com altas temperaturas

(Scheid, 1998).

Tabela 1 - Perdas anuais de nitrogênio por volatilização de amônia em pomar de laranja adubado com ureia ou nitrato de amônio, aplicados na superfície do solo.

Fonte de N Dose de N NH3 volatilizada

1995/96 1996/97 1998/99

Ureia

kg ha-1 % do N aplicado

20 26 17 19

100 31 16 25

260 44 17 33

Nitrato de amônio 260 2 2 4

Fonte: Cantarella et al. (2003)

A exportação pelas culturas para muitos não é considerada como uma perda, porém, se

retirar e não repor aquilo que a cultura utilizou, irá gerar um déficit no solo. Dependendo da

necessidade da cultura, esse valor de exportação pode variar (Tabela 2).

Tabela 2 - Quantidade média de macronutrientes exportadas pelos cultivos. CULTURA Produtividade média N P K Ca Mg S

t/ha/ano _____ kg/ha/ano _____

Soja (grãos) 2,5 150 15 50 5 6 8

Milho (grãos) 6 130 30 40 1 11 13

Cana (colmos) 100 130 10 110 15 20 12

Tomate (frutos) 40 70 20 130 7 7 9

Eucalipto (tronco) 20 30 5 20 25 7 3

f) Fatores que afetam a disponibilidade no solo

Como 95% do N presente no solo é decorrente de fontes orgânicas, podemos afirmar

que o principal fator que afeta a disponibilidade desse nutriente nos solos é o teor de MOS. Leite et

al. (2010) mostram diretamente isso observarem um incremento de carbono orgânico e de N, em

9

sistema de plantio direto (SPD) com diferentes anos de implantação em comparação ao plantio

convencional (SPC) (tabela 3). No SPD há um grande incremento de MO decorrente da deposição

da palhada sobre o solo, acarretando diretamente nas quantidades de N presente no solo e na planta.

Tabela 3 - produtividade de grãos e estimativa dos aportes de C e N pela cultura da soja sob plantio convencional e plantio direto com diferentes tempos de implantação no cerrado piauiense.

Sistema Produtividade de

grãos kg ha-1

Aporte (kg ha-1)

Raiz Parte aérea Total

C N C N C N

PC 2.733 b 1.041 52 2.603 130 3.644 b 182 b

PD2 3.203 a 1.220 61 3.051 153 4.271 a 214 ab

PD4 3.200 a 1.219 61 3.048 152 4.267 a 213 ab

PD6 3596 a 1.370 69 3.425 171 4.795 a 240 a

Fonte: Leite et al. (2010)

IMPORTANTE

Sistema de plantio convencional

Caracterizado pelo revolvimento do solo durante o preparo para plantio com uma aração, para

inversão de camadas, e duas gradagens, para destorroamento e nivelamento da área anualmente.

Sistema de plantio direto

Usa aração e gradagem somente na entrada do sistema, posteriormente ao longo dos anos o

revolvimento não é mais permitido, e o plantio das culturas é feito sobre os resíduos (camada de

palhada) do cultivo anterior. Pode utilizar implementos específicos para trituração e espalhamento

dos materiais orgânicos. Esse sistema é considerado conservacionista.

Além da matéria orgânica do solo e do sistema de cultivo adotado (plantio direto ou plantio

convencional) outros fatores podem afetar a disponibilidade de N no solo, como:

Relações C/N do solo e dos resíduos orgânicos;

pH do solo;

Classe de solo

Textura do Solo;

Método de preparo de área

- Corte e queima da vegetação – menor conteúdo de MO.

- Corte e trituração da vegetação - maior conteúdo de MO.

Tipo de fertilizante;

Época de aplicação de fertilizantes;

Temperatura.

Umidade do solo;

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g) Fertilizantes nitrogenados

Os fertilizantes nitrogenados minerais são adquiridos por meio de fixação sintética

do nitrogênio atmosférico em amônia, processados posteriormente em outros compostos (Scheid,

1998). Os principais fertilizantes nitrogenados e seus teores, que estão disponíveis no mercado

atualmente estão listados na tabela 4.

Tabela 4 - Fertilizantes nitrogenados solúveis mais comuns.

Fertilizante Forma de N Teor de nutriente

N P2O5 K2O S

%

Ureia amídica 45-46

Nitrato de amônio amoniacal e nítrica 33

Sulfato de amônio amoniacal 21

23

Nitrocálcio amoniacal e nítrica 21-28

DAP amoniacal 16-18 42-48

MAP amoniacal 11 52

Amônia anidra amoniacal 82

Uran amídica 28-32

Nitrato de sódio nítrica 16

Nitrato de cálcio nítrica 15-16

Nitrato de potássio nítrico 13

46

Nitrosulfato amoniacal e nítrica 26

15

Nitrofosfatos amoniacal e nítrica 13-26 6-34

Fonte: IFDC (1979); Raij et al. (1997). In: Cantarella et al. (2007)

2. FÓSFORO

As diversas reações que ocorrem nas plantas exigem um elevado gasto de energia

que são suportadas pelo fósforo como componente essencial do trifosfato de adenosina (ATP).

Além disso, o P é componente do DNA, RNA e fosfolipídios (Brady e Weil, 2009).

No Brasil a maioria dos solos possui alto grau de intemperismo, o que proporciona

problema na disponibilidade de P. Com o aumento no grau de intemperismo o solo passa por uma

mudança gradual nas suas características químicas, como a perda nas cargas negativas. Com o

intemperismo o solo se torna menos eletronegativo e mais eletropositivo, diminuindo assim a sua

capacidade de troca catiônica e aumentando a sua capacidade de adsorção aniônica (Novais et al.

2007). Tal processo aumenta a retenção de ânions como o fosfato, indisponibilizando o nutriente

para as plantas.

a) Ciclo do Fósforo

O ciclo do fósforo (Figura 8) evidencia uma forte interação solo – planta e também

demonstra que a matéria orgânica é um fator chave na disponibilidade deste elemento nos solos.

Evidencia ainda que o P possui forte interação com partículas minerais do solo, principalmente,

com os óxido e hidróxidos de Fe e Al, típicos dos solos de regiões tropicais.

11

Figura 8 – Ciclo do fósforo

Fonte: Scheid (1998)

b) Formas e disponibilidade de fósforo no solo

O P pode ser encontrado nos solos na forma inorgânica e orgânica, ambas com forte

interação com as partículas do solo (Tabela 5).

Tabela 5 - Formas gerais de fósforo encontradas nos solos. Fração Composto

Fósforo Inorgânico P-Fe

P-Al

P-Mn

P-Ca

P-disponível

Fósforo Orgânico P-inositol

P-fitina

P-biomassa

P-ácidos nucléicos

P-fosfolipídeos

O fósforo inorgânico é encontrado na solução do solo como íons ortofosfatos (Raij, 2011)

e esses em solução dissociam-se, como mostra a reação a seguir:

𝐻3𝑃𝑂4 ↔ 𝐻+ + 𝐻2𝑃𝑂4−

𝐻2𝑃𝑂4− ↔ 𝐻+ + 𝐻𝑃𝑂4

2−

𝐻𝑃𝑂42− ↔ 𝐻+ + 𝑃𝑂4

3−

Essas três formas podem ser absorvidas pelas plantas e ocorrem nos solos. No

entanto, o pH influencia na forma predominante nos solos e, portanto, na forma que é mais

absorvida. Em solos ácidos as plantas absorvem em maior proporção a forma 𝐻2𝑃𝑂4−, que

12

predomina nessa faixa. Em solos alcalinos a principal forma de absorção é de 𝐻𝑃𝑂42−, que

predomina nessa faixa (figura 9).

Figura 9 - Formas de íons ortofosfato em relação ao pH.

Fonte: Novais et al. (2007)

O fósforo tem forte interação com alguns elementos do solo, formando compostos

pouco solúveis. A interação com Ca, geralmente em solos alcalinos, forma compostos como a

hidroxiapatita. E a interação com ferro e alumínio, (em solos ácidos, forma compostos como a

estreginta e a variscita, respectivamente) (tabela 6).

Tabela 6 - Minerais e compostos de fósforo que ocorrem em solos.

Mineral ou

composto Fórmula Ocorrência

Estrengita FePO4.2H2O Solos ácidos

Vivianita Fe3(PO4)2.8H2O Solos ácidos

Vavelita Al3(OH)3(PO4)2.5H2O Solos ácidos

Variscita AlPO4.2H2O Solos ácidos

Fosfato dicálcico CaHPO4 Produto de reação de adubos

Fosfato octocálcico Ca4H(PO4)3 Produto de reação de adubos

Hidroxiapatita Ca10(OH)2(PO4)6 Solos neutros e alcalinos

Fluorapatita Ca10F2(PO4)6 Solos neutros e alcalinos

Fonte: Brady (1983). In: Raij (2011)

O fósforo orgânico do solo ocorre proporcionalmente aos teores de MO, tendo uma relação

C:P de aproximadamente 50:1 (Raij, 2011). Essa forma de P pode representar entre 20 a 80% do P

total nos horizontes superficiais do solo (Brady e Weil, 2009).

c) Fatores que afetam a disponibilidade no solo

Conceitualmente a definição da disponibilidade de P é baseada em quatro fatores a

saber:

Fator intensidade: relação com a concentração do P em solução;

Fator quantidade: relação com a proporção de P que pode passar para a solução do

solo, o chamado P lábil;

13

Fator capacidade: condição do solo em manter e estabelecer o P em solução, o

chamado poder tampão de fósforo;

Fator difusão: relação com as condições que possibilitam aos íons fosfatos

migrarem da superfície sólida do solo, onde se dissolvem, até a superfície das

raízes.

Em termos mais práticos, diversos fatores afetam diretamente ou indiretamente a

disponibilidade de P no solo, entre os quais destacam-se:

c.1) teor e tipo de argila predominante – O P tem forte interação com óxido-hidróxidos de

Fe e Al, e quanto maior o teor de argila, maior será a retenção de fósforo pelo processo de

“adsorção de P”, que indisponibiliza esse elemento às plantas;

c.2) matéria orgânica do solo – o conteúdo de MO é importante na disponibilidade de P.

Alguns compostos orgânicos possuem a capacidade recobrir os óxido-hidróxidos de Fe e Al,

diminuindo a capacidade de adsorção de P nos solos;

c.3) a interação com alguns outros nutrientes – exemplo dos casos com Ca, Fe e Al, vistos

anteriormente. Além disso, a relação com o Zn também é importante, já que o zinco em altas

concentrações pode restringir a absorção de P;

c.4) pH do solo - o fato do fósforo ser muito reativo com outros elementos (Fe, Al e Ca),

possibilita a formação de compostos que possuem solubilidade dependente do pH. A utilização de

fertilizantes fosfatos solúveis é mais eficiente quando no solo a faixa de pH está entre 5,5 e 7,0

(figura 10).

14

Figura 10 - Fixação de fósforo em função do pH.

Fonte: Scheid (1998).

d) Perdas no solo

Diferente do que ocorre com o nitrogênio, o fósforo não se perde no solo na forma

gasosa. Isso acontece devido à forte interação que o fosforo possui com as superfícies dos minerais

(Brady e Weil, 2009). A interação do P com minerais de argila é feita com ligações químicas fortes,

fazendo a adsorção ser um fator ou tipo de “perda” de disponibilidade do elemento às plantas, mas

não no solo.

e) Fertilizantes fosfatados

As fontes industrializadas de maior solubilidade são: superfosfato simples,

superfosfato triplo, fosfato monoamônico (MAP), fosfato diamônico (DAP) e os termofosfatos, que

são obtidos a partir da fusão de fosfato natural com uma rocha magnesiana e posteriormente é

resfriado rapidamente. As concentrações (tabela 7), características e forma de obtenção desses e

outros fertilizantes fosfatados encontra-se em Raij (2001) nas páginas 311-315.

Tabela 7 – Fertilizantes fosfatados e suas concentrações. Fertilizante Garantia mínima

Fosfato diamônico (DAP)

17% de nitrogênio e 45 % de P2O5

Fosfato monoamônico (MAP)

9% de nitrogênio e 48 % de P2O5

Fosfato monopotássico

51% de P2O5 e 33% K2O

Fosfato natural

24% de P2O5 e 16% de cálcio

Fosfato natural reativo

27% de P2O5 e 28% de cálcio

Superfosfato simples

18% de P2O5, 16% de cálcio e 8% de

enxofre

Superfosfato triplo

41% de P2O5, e 10% de cálcio

Termofosfato magnesiano 17% de P2O5, 7% de magnésio e 16% de

cálcio

Fonte: Adaptado de Raij (2011)

15

3. POTÁSSIO

O potássio possui diversas funções metabólicas nas plantas como ativador e

regulador de enzimas, regulação osmótica, bem como síntese de proteínas, carboidratos e de ATP,

entre outras funções. O K como fertilizante é o segundo nutriente mais utilizado no Brasil, ficando

atrás somente do fósforo. O principal adubo utilizado de fonte potássica é o cloreto de potássio

(KCl) (Raij, 2011).

a) Ciclo do potássio

As principais formas de entrada de potássio no ciclo (Figura 11) são através dos

fertilizantes e dos minerais primários que contém o K na sua estrutura, como as micas (biotita e

muscovita) e os feldspatos potássicos. As principais formas de perda do K no solo são através da

lixiviação, erosão e a exportação pelas culturas, não ocorrendo perdas por formas gasosas como

ocorre com o nitrogênio (Brady e Weil, 2009).

Figura 11 - Ciclo do potássio no solo.

Fonte: Autores

b) Formas e disponibilidade no solo

O potássio é um nutriente abundante em rochas e solos, principalmente os que

possuem minerais primários com K em sua estrutura, o que pode permitir teores totais até maiores

que 1%. (Raij, 2011).

A maior parte do K do solo é encontrada na estrutura dos minerais primários e

secundários, e a menor parte (cerca de 2% do total) encontra-se prontamente disponível para as

plantas, que são aqueles ligados aos coloides do solo (K trocável) ou presentes na solução do solo

16

(Ernani et al. 2007). Portanto, a disponibilidade de K no solo, está intimamente ligada ao material

de origem e ao grau de intemperismo do solo.

Outra forma de potássio é aquele presente na matéria orgânica, porém a quantidade é

extremamente baixa, pois se restringe ao K na fração orgânica viva (Ernani et al. 2007).

Existe também o potássio fixado, presente nas entrecamadas dos minerais do tipo

2:1, como a illita e a vermiculita. Porém ocorre também em baixíssimas quantidades.

A forma de potássio disponível para as plantas é a catiônica (K+), caracterizada por baixa

capacidade de adsorção aos coloides e, portando, facilmente perdida via lixiviação. De forma geral

na solução do solo, a concentração de bases trocáveis segue a ordem Ca2+ > Mg2+ > K+.

Portanto, várias formas de potássio podem ocorrer no solo, porém de grande

importância destaca-se apenas o K presente nos minerais, K trocável e o K em solução (figura 12).

Figura 12 - Formas de potássio no solo.

Fonte: Adaptado de Raij (1991). In: Raij (2011).

c) Fatores que afetam a disponibilidade

Fatores relacionados ao solo e ao clima afetam diretamente a disponibilidade de K

para as plantas.

Os principais fatores de solo são: a dinâmica do K no solo, sendo isso dependente

das cargas do solo, da formação do solo e do fator manejo, pois isso influencia na retenção de K nos

coloides do solo. O pH do solo é fator que sempre deve ser observado, pois em solos mais ácidos a

disponibilidade de bases trocáveis é sempre menor. A textura do solo é outro fator importante, já

que em solos arenosos a possibilidade de lixiviação é sempre maior, principalmente no período de

maior precipitação. A matéria orgânica influencia, principalmente, porque proporciona melhoria na

CTC do solo, contribuindo com a retenção de K.

Já em relação ao clima, os principais fatores são, umidade e temperatura. A elevação

de temperatura, aumenta a absorção de K pelas plantas, porque auxilia no processo de difusão no

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solo e o processo de absorção. O aumento de umidade no solo, também favorece a absorção de K,

pois aumenta o transporte de potássio até as raízes (Ernani et al. 2007).

d) Perdas no solo

A principal forma de perda de potássio no solo é a lixiviação e a erosão. Isso é

intensificado em solos tropicais muito intemperizados, que possuem uma grande quantidade de

óxidos e hidróxidos de Fe e Al, além de acidez elevada, dificultando assim a retenção do K presente

em solução, sendo facilmente lixiviado. A erosão arrasta grandes quantidades de solo, geralmente

para leitos de rios, levando com isso elementos como o potássio. Esse processo é intensificado pela

falta de cobertura vegetal, ou pela falta de práticas conservacionistas.

e) Fertilizantes potássicos

Existem diversos métodos para a produção de fertilizantes potássicos, dentre eles

cita-se: método convencional, método contínuo, método de solução e o método de recuperação de

salmouras. Nesses métodos de produção os minerais mais utilizados são a silvinita, silvita,

langbeinita e a kainita (Scheid, 1998).

O cloreto de potássio (KCl) é o principal fertilizante potássico utilizado, contendo

cerca de 60 % de K2O.

Existem outros fertilizantes potássicos utilizados, porém, em menor quantidade,

como o Sulfato de potássio (K2SO4), sulfato de potássio e magnésio (K2SO4.2MgSO4) e o nitrato de

potássio (KNO3) (tabela 8).

Tabela 8 - Fertilizantes potássicos.

Fertilizante Garantia mínima

Observação K2O Cálcio Magnésio Enxofre

Cloreto de potássio 58 - - -

Sulfato de potássio 48 - - 15 45% de cloro

Sulfato de potássio e magnésio

20 - 10 20

Nitrato de potássio 44 - - -

13% de nitrogênio

Fonte: Raij, (2011).

4. MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS

São conhecidos como macronutrientes secundários os elementos essenciais cálcio

(Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S). Seus ciclos estão expostos nas figuras (13 e 14).

De forma geral o cálcio e o magnésio são elementos que no solo ocorrem nas formas

catiônicas Ca2+ e Mg2+. Já o enxofre por não ser um metal, apresenta comportamento inverso ao

cálcio e ao magnésio, sendo presente no solo na forma mineral mais comum do ânion SO42- (Raij,

2011).

18

A disponibilidade do cálcio no solo ocorre geralmente de três compartimentos: 1)

minerais contendo cálcio; 2) cálcio complexado com húmus do solo e 3) cálcio retido nos coloides

do solo (Brady e Weil, 2009).

O magnésio está disponível no solo a partir de três formas também, sendo essas a

forma de Mg trocável, que está ligada aos coloides do solo, a de minerais que contem Mg em sua

estrutura e a de minerais de argila do tipo 2:1 em algumas situações, podendo ser liberado com o

intemperismo (Brady e Weil, 2009). Magnésio e cálcio possuem características bem similares,

porém uma diferença para o Mg é que algumas formas não trocáveis podem ser transformadas em

formas trocáveis, pela liberação dos minerais (Raij, 2011).

O enxofre está presente no solo principalmente na sua fase orgânica (95 %) e apenas

5% na fração mineral. Ou seja, a maior parte de enxofre do solo, é decorrente da MO, ou da

atmosfera, através da poluição industrial e pela queima de materiais quem contenha enxofre (Raij,

2011).

19

Figura 13 – Ciclo do Cálcio e Magnésio.

Fonte: Brady e Weil. (2009)

Figura 14 – Ciclo do enxofre

Fonte: V. Alvarez et al. (2007)

As perdas dos elementos Ca, Mg e S, no solo, estão sempre relacionadas com

lixiviação dos elementos e erosão. Essas perdas ocorrem em decorrência da CTC baixa, e da falta

das práticas conservacionistas que evitam a erosão do solo.

Alguns fertilizantes que contem Ca, Mg e S, e suas respectivas concentrações são

apresentados na tabela 9. Em termos práticos, geralmente, Ca e Mg são fornecidos ao solo pela

aplicação de calcários durante as práticas de correção da acidez do solo. É a forma mais acessível

20

para fornecimento desses nutrientes. O Ca também pode ser fornecido ao solo a partir da utilização

de alguns fertilizantes fosfatados.

O S pode ser fornecido ao solo via utilização do gesso agrícola, que é um subproduto

da produção de fertilizante fosfatado. Outra alternativa é fornecer via utilização de alguns

fertilizantes que os contém em sua composição, como é o caso do Sulfato de amônio e superfosfato

simples, que são respectivamente, fontes nitrogenadas e fosfatadas.

Tabela 9 – Fertilizantes fontes de Ca, Mg e S.

Fertilizante Garantia mínima

K2O Cálcio Magnésio Enxofre

Sulfato de cálcio - 16 - 13

Cloreto de cálcio - 24 - -

Sulfato de magnésio - - 9 11

Óxido de magnésio - - 45 -

Carbonato de magnésio - - 25 -

Enxofre - - - 95

Fonte: Raij (2011).

Para mais informações sobre os elementos Ca, Mg e S, recomenda-se (V. Alvarez,

2007); (Brady e Weil, 2009); (Raij, 2011).

5. MICRONUTRIENTES

Os micronutrientes, são assim denominados pelo fato de os vegetais precisarem deles

em pequenas quantidades, porém sem a presença de um deles a planta não completa seu ciclo. Os

micronutrientes são: Boro (B), Cobre (Cu), Cloro (Cl), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Zinco (Zn),

Molibdênio (Mo) e Níquel (Ni). As funções dos micronutrientes nas plantas quase sempre está

ligado a reações enzimáticas.

O fato de cultivos sucessivos, produtividades crescentes, maior utilização de

fertilizantes químicos, maior aplicação de calcários tornará cada vez mais, os solos deficientes em

micronutrientes (Raij, 2011), isso porque, pelo fato de ser exigido em menores quantidades, os

produtores muitas vezes esquecem desses nutrientes, sendo que as plantas continuam utilizando.

Além disso, a principal fonte de micronutrientes para o solo é a matéria orgânica, sendo que a

adubação orgânica cada vez menos é utilizada, tornando assim um sistema desbalanceado no que

diz respeito ao fornecimento de micronutrientes para o solo.

As formas e disponibilidade dos micronutrientes serão citadas a seguir, com pouco

detalhamento. Para maiores informações recomenda-se a busca em Abreu et al. (2007) e Raij

(2011).

21

a) Boro

O boro possui comportamento aniônico. Na solução do solo, a forma dominante é o ácido

bórico (H3BO3). Segundo Raij (2011), boa parte do Boro encontrado no solo, está relacionado ao

mineral turmalina, que possui alta resistência ao intemperismo, sendo, portanto, quase que na

totalidade todo boro advindo da MO.

Os principais fatores que afetam a disponibilidade do Boro são a falta de matéria orgânica

e a falta de umidade.

b) Cobre

Presente principalmente em rochas como sulfetos complexos. Liberando íons cobre por

meio do intemperismo dessas rochas, principalmente em meio ácido. A forma mais comum de

cobre no solo é Cu2+.

Entre os fatores que afetam a disponibilidade de Cu, a presença de MO é importante, pois

pode complexar o cobre, tornando-o indisponível para as plantas.

c) Cloro

Ocorre na sua forma iônica Cl-. É um elemento muito móvel no solo, por isso é muito

facilmente lixiviado. É originado de sais inclusos nas rochas, adições atmosféricas e pela água de

irrigações, além de adubações potássicas com cloreto de potássio (KCl) (Raij, 2011).

d) Ferro

É o micronutriente que ocorre em maior concentração, principalmente em solos de regiões

tropicais. Ocorre principalmente na forma de óxidos e hidróxidos de Fe e em solos ricos em MO, o

ferro aparece na forma de quelatos. Tem maior disponibilidade de Fe em faixas de pH entre 4,0 a

6,0. A forma de absorção pelas plantas é através das suas formas iônicas (Fe2+ e Fe3+).

e) Manganês

Ocorre nas estruturas de diversos minerais, que pelas ações do intemperismo, os compostos

de manganês são oxidados e reprecipitados, formando minerais secundários. O Mn possui maior

disponibilidade em pH entre 5,0 a 6,5, e possui forma de absorção pelas plantas através da sua

forma catiônica Mn2+. Assim como outros cátions, o pH e a baixa CTC afeta sua disponibilidade.

f) Zinco

Encontra-se distribuídos em rochas (como sulfetos – ZnS) e sedimentos argilosos (Raij,

2011). Possui maior disponibilidade em pH entre 5,0 a 6,5. Sua forma de absorção pelas plantas se

dá por Zn2+.

g) Molibdênio

É o micronutriente menos abundante no solo. Em geral solos derivados de granitos e

argilitos possuem maior disponibilidade desse elemento (Raij, 2011). Ocorre na sua maior porção

através do mineral primário molibdenita (MoS2), sendo lentamente oxidado e transformado em

22

molibdato (MoO42- em meio alcalino e HMoO4

- em meio ácido). Sua maior disponibilidade ocorre

em pH 7,0. A matéria orgânica também é fonte de molibdênio. Portanto, baixos teores de MO

afetam a disponibilidade.

h) Níquel

É o elemento mais recentemente identificado como essencial às plantas. Encontra-se

presente principalmente em rochas ígneas. Sua forma de absorção pelas plantas é na forma de cátion

(Ni2+). Em relação ao que afeta sua disponibilidade, pouco se sabe, porém, acredita-se que o que

afeta os outros metais, provavelmente também afeta a disponibilidade de níquel (Nachtigall e

Dechen, 2007).

Unidade VII – Avaliação da fertilidade do solo e recomendações de calagem e

adubação

6. INTRODUÇÃO

A avaliação da fertilidade do solo tem como objetivo diagnosticar o estado atual dos

atributos químicos do solo e auxiliar no processo de recomendações técnicas de calagem e adubação

em ambientes agrícolas e florestais.

Embora pareça uma atividade simples, a avaliação da fertilidade do solo, no entanto,

envolve a capacidade do responsável técnico em inter-relacionar as informações químicas dos solos,

com outros aspectos importantes, como exigências e características das plantas, além das condições

ambientais envolvidas.

7. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO

Os principais métodos para avaliação da fertilidade do solo são:

- Diagnose visual (observação dos sintomas visuais de deficiência ou toxidez);

- Análise de tecidos vegetais (Diagnose de folhas);

- Análise química de terra – método mais eficiente e mais utilizado;

- Experimentação/ensaios/testes (adubação, microbiológicos, bioquímicos).

7.1. Diagnose visual

É um método de análise visual das deficiências e excessos nutricionais nos plantios

estabelecidos. É um método complementar na avaliação da fertilidade do solo, sendo possível

apenas em áreas com plantios estabelecidos. Nunca deve ser utilizado como única metodologia de

avaliação.

Maiores detalhes sobre esta metodologia estão descritos no “Módulo II” da disciplina

nutrição mineral de plantas, no item 1.1.

23

7.2. Análise de tecidos vegetais

A análise dos tecidos vegetais da planta, também utilizada para avaliação do estado

nutricional pode ser um método auxiliar na avaliação da fertilidade do solo, sendo aplicada apenas

para áreas com plantios estabelecidos. Além disso, é geralmente complementar a análise de solo.

Maiores detalhes estão descritos no “Módulo II” da disciplina nutrição mineral de plantas,

no item 1.2.

7.3. Análise química do solo

A análise química do solo é o principal método utilizado para avaliação da fertilidade dos

solos que podem ser utilizados para plantios de culturas agrícolas, florestais e formação de

pastagens.

É importante porque pode influenciar diretamente o manejo químico do solo já que as

técnicas de calagem, gessagem e adubação dependem da adequada avaliação da fertilidade do solo.

A análise química do solo não deve ser considerada como a solução para todos os

problemas dos engenheiros, técnicos, agricultores e pecuaristas, isso porque o sucesso da avaliação

da fertilidade do solo depende de outras etapas e técnicas que devem ser aplicadas de forma

específica para cada cultura, propriedade e tipo de solo. No entanto, deve-se ter consciência de que

sem a análise química do solo, menores são as possibilidades de melhoria da fertilidade do solo em

áreas produtivas.

Para análise química do solo é sempre importante considerar alguns aspectos, como

disponibilidade de laboratórios na região, qualidade das análises laboratoriais, uso de métodos

laboratoriais adequados às tabelas de interpretação dos resultados e de recomendações, qualidade do

sistema de amostragem e coleta de solos, além da existência de profissionais habilitados com a

interpretação dos resultados.

No Brasil os dois programas com ampla atuação na certificação de qualidade de análises

laboratoriais de amostras de solo para fins de avaliação da fertilidade são: Ensaio de proficiência

IAC para laboratórios de análises de Solos - Programa interlabotorial do IAC (Instituto Agronômico

de Campinas), e o Programa de análise de qualidade de laboratórios de fertilidade (Paqlf) da

EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Detalhes quanto a métodos de análises

laboratoriais utilizados no Brasil podem encontrados em trabalhos como os de Raij et al. (2001);

Silva et al. (2009); Raij (2011).

A análise química do solo é parte integrante de um programa de recomendação de calagem

e adubação (Figura 15), cuja qualidade dos resultados é dependente, por exemplo, do planejamento

inicial e do sistema de amostragem e coleta de solos.

24

Figura 15 - Diagrama ilustrativo das etapas do programa de análise química do solo

Fonte: Autores.

7.4. EXPERIMENTAÇÃO/ENSAIOS/TESTES (ADUBAÇÃO, MICROBIOLÓGICOS,

BIOQUÍMICOS).

A utilização de experimentos, ensaios ou testes envolvendo níveis de adubações, respostas

no comportamento das plantas e em produtividade são metodologias que também podem ser

utilizadas para avaliação da fertilidade do solo nas propriedades. No entanto, na prática, produtores

e mesmo técnicos extensionistas pouco utilizam essas ferramentas. Isso geralmente ocorre porque

as respostas demandam tempo e geralmente só serão utilizadas em outro ciclo de cultivo.

8. ETAPAS BÁSICAS RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM E ADUBAÇÃO

Para que a avaliação da fertilidade do solo proporcione adequada recomendação de

calagem e adubação, com otimização dos recursos financeiros com corretivos e fertilizantes, é

necessário que haja atenção para algumas etapas básicas (figura 16).

Figura 16 - Grau de importância das etapas de diagnóstico da fertilidade do solo.

Fonte: Autores

1. Planejamento amostral

2. Coleta da amostra

3. Embalagem da amostra 4. Envio ao laboratório

5. Análises laboratoriais

6. Interpretação dos resultados

Tomada de

decisão

Interpretação

dos resultados

Análises

laboratoriais

Amostragem do

solo

Risco de

erros no

projeto em

função da

operação

25

8.1. Amostragem do Solo

A etapa de amostragem do solo é considerada com umas das mais críticas, sendo fonte de

erros para o programa de avaliação da fertilidade do solo. Importante salientar que os laboratórios

de análise não conseguem corrigir os erros gerados na coleta. Envolve quatro fases (figura 17), que

são explicadas a seguir:

Figura 17 - Procedimentos importantes na elaboração do plano amostral.

Fonte: Autores

Definição da Localização

Para iniciar o processo de amostragem, a identificação geral do terreno a ser avaliado deve

ser efetuada, preferencialmente mediante a visita e aplicação de questionário de reconhecimento do

local, junto ao responsável ou proprietário. Na visita prévia verificar coordenadas, clima

predominante, tipo de solo, vegetação, topografia e geologia. Alguns desses itens estão disponíveis

em literaturas da região. No formulário ou questionário levantar uso anterior do solo (floresta

primária ou secundária, pastagem, agricultura, manejo, etc.). Posteriormente, na posse da maior

quantidade de informações possíveis, é delineado o plano amostral

Estratégia de Amostragem do Solo

Após a definição do local de cultivo, este deverá ser dividido em áreas homogêneas de no

máximo 10 hectares cada uma. Estas áreas, dependendo da região, podem ser denominadas de

glebas, quadras ou talhão (Figura 18). O tamanho máximo (10 ha) poderá ser alterado (para mais ou

para menos) em função de condições específicas de cada propriedade.

Os critérios que podem ser utilizados para a divisão homogênea são:

- Tipo de Solo (textura, cor, topografia);

- Histórico da área (plantios ou usos anteriores)

- Histórico do plantio atual, quando for o caso (idade, espaçamento, variedade, produção) –

importante quando o objetivo são recomendações de manutenção de plantios perenes existentes.

1. Definição e Reconhecimento geral

da área

2. Definição da metodologia

amostral

3. Operação de campo

3. Transporte e preparo da

amostra

26

Figura 18 - Separação de unidades amostrais homogêneas

Fonte: ATER, 2019

É essencial a utilização de um mapa (mesmo que feito manualmente) da propriedade, no

qual serão anotadas as divisões realizadas. Isso evita dúvida quanto aos locais de coleta de amostras

de solo anteriores e futuras.

Após a definição das glebas recomenda-se que as mesmas sejam indicadas, no próprio

mapa, por um número ou letra de identificação e em cada uma delas deverá ser coletada uma

amostra composta.

Coleta das Amostras de Solo

Definições básicas:

Amostra composta = resultante da homogeneização de amostras simples.

Amostras simples (também denominada de sub-amostras) – são coletadas individualmente

em diferentes profundidades do perfil do solo.

Importante Solos são materiais dinâmicos e heterogêneos. Dessa forma a amostra de solo coletada (em geral, de

500 gramas) deve representar um todo que pode ser de 10 hectares, por exemplo. Isso indica que a

amostra deve ser retirada com cuidado para que possa representar adequadamente a área a ser

analisada.

Procedimentos básicos para coleta:

a) Número de sub-amostras por gleba: 15 a 30.

b) Localização das coletas das sub-amostras: Aleatoriamente e preferencialmente em

caminhamento tipo zigzag na gleba (Figura 19), buscando amostragem de toda a superfície. Em

alguns casos a amostragem do solo pode ser sistemática, pela qual o objetivo será criar mapas de

variabilidade espacial em cima de um grid ou grade amostral, com pontos georreferenciados. Esse

tipo de amostragem é muito usado para condições em que se deseja maior precisão (Figura 20) e em

avaliações ambientais.

27

Figura 19 - Amostragem de solo no esquema ziguezague em área a ser implantada (A e B) e local de amostragem (coroa ou projeção da copa) em área com cultura perene já instalada (C).

Fonte: Autores

28

Figura 20 - Amostragem em grid (A) e variabilidade espacial de nutrientes (B) em cultivo de teca (Tectona grandis L.f.) no estado do Pará.

Fonte: Autores

A

B

29

OBSERVAÇÃO

Em avaliações ambientais de contaminantes a análise de solo é uma ferramenta fundamental

na investigação confirmatória.

c) Acondicionamento

Sub-amostras: Baldes limpos ou sacos plásticos grandes e resistentes. Para cada

profundidade amostrada deve-se utilizar um dos recipientes citados. As sub-amostras são

homogeneizadas dentro desses recipientes.

Amostra Composta: acondicionadas recipientes ou sacos plásticos com capacidade para no

máximo 500 g (quantidade que deve ser enviada ao laboratório).

d) Coletores (Instrumentos):

Podem ser utilizados diversos instrumentos (Figura 21), como trados de diversos tipos

(holandês, caneca, sonda, etc.), sendo importante que se retire o mesmo volume de solo por sub-

amostra. Enxadão também pode ser utilizado, mas o cuidado deve ser redobrado, principalmente

com limpeza e uso diverso desse tipo de material.

Atualmente diversas técnicas têm sido desenvolvidas para aumentar o rendimento

operacional e reduzir o árduo trabalho de coleta de solo como mostra o vídeo no link:

https://www.youtube.com/watch?v=Qfzx9QaB2HA.

Figura 21 - Principais instrumentos utilizados em coleta de amostras de solo

Fonte: Silva et al. (2009)

30

e) Profundidade

A coleta de amostras de 0 a 20 cm de profundidade é a básica a ser realizada. Contudo, é

importante que na medida do possível e principalmente para culturas de sistema radicular profundo

(fruteiras, reflorestamento, etc.), sejam feitas coletas de amostras de 20 a 40, e até 40 a 60 cm de

profundidade (Figura 22). Neste caso deverá se carregar 2 ou 3 baldes ao mesmo tempo e depositar

em cada um deles as sub-amostras da respectiva profundidade.

Figura 22 - Recomendações para coleta de solo em função das culturas implantadas

Fonte: Autores

f) Procedimento

Limpar a superfície de cada ponto escolhido retirando apenas o material orgânico

ali depositado;

Retirar a sub-amostra;

Caminhar e escolher um novo ponto para coleta;

Ao final das 15-20 sub-amostras, misturar bem toda a terra coletada, retirando

então uma porção de 300 a 500g. Acondicionar em saquinho limpo. Identificar e

enviar ao laboratório.

IMPORTANTE: As amostras devem ser enviadas para laboratórios confiáveis e que

utilizem métodos analíticos compatíveis aos solos e com as tabelas de interpretação (quando

houver) de sua região.

31

OBSERVAÇÃO

Pontos georreferenciados podem ser tomados com uso de GPS portátil ou aplicativos gratuitos de

smartphones como o C7 GPS DADOS:

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.crcampeiro.c7gps&hl=pt_BR

9. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DO SOLO

Coletar e analisar as amostras de um determinado tipo de solo pode não significar nada se

os resultados não forem interpretados de forma adequada.

A interpretação dos resultados da análise química do solo tem a função de diagnosticar o

nível de fertilidade do solo, ou seja, do observar potencial do solo em disponibilizar nutrientes

mediantes comparação com condições padrões locais, regionais ou nacionais.

A partir da interpretação dos resultados analíticos é possível a tomada de decisão sobre a

aplicação de fertilizantes. Outros usos desse diagnóstico é a avaliação ambiental de áreas

degradadas ou contaminadas. A interpretação da análise é composta por quatro passos descritos a

seguir.

Passo 1: Obtenção do resultado analítico

Os resultados de s análises de solo são obtidos a partir de laudos (figura 23) emitidos por

laboratórios para os quais as amostras são enviadas. Importante sempre ter atenção a metodologia

que é utilizada pelo laboratório escolhido, garantido que seja a mesma considerada nos manuais de

calagem e adubação.

32

Figura 23 - Exemplo de resultado de análise da fertilidade do solo.

Fonte: Autores.

OBSERVAÇÃO

As análises de solo podem ser feitas em laboratórios sem certificação dos programas de qualidade, desde

que o estabelecimento seja de credibilidade.

Passo 2: Seleção dos valores de referência

A obtenção dos valores de referência é um passo importante para interpretação dos

resultados da análise química de amostras de solos. E é importante considerar que esses valores

referenciais tenham sido obtidos no mesmo método analítico utilizado para análise laboratorial das

amostras.

No Brasil, grande parte dos estados possuem tabelas padronizadas com os valores de

referência dos parâmetros da fertilidade do solo. Exemplos são o Estado de São Paulo, com o

Boletim Técnico 100, o Estado de Minas Gerais, com a 5ª Aproximação – recomendações para uso

de corretivos e fertilizante. No Pará há o manual de recomendações de calagem e adubação. Como

exemplo são apresentadas a seguir tabelas com valores de referência que podem ser utilizadas para

interpretação de resultados de análise de solo.

33

Tabela 10 - Classificação dos teores de pH em água

Classificação agronômica para pH em água

Muito Baixo Baixo Bom Alto Muito Alto

< 4,5 4,5 -5,4 5,5 -6,0 6,1 -7,0 > 7,0

Tabela 11 – Textura do solo em relação ao teor de argila

Argila (%) Textura

0 1- 15 Arenosa

15 -35 Média

> 35 Argilosa

Tabela 12 - Classes de interpretação da fertilidade do solo, com base na análise química de solo.

Parâmetro Unidade

Muito

Baixo Baixo Médio Bom Muito Bom

Matéria orgânica % ou dag/kg ≤ 0,4 0,41 - 1,16 1,17 - 2,32 2,33 - 4,06 > 4,06

Cálcio trocável (Ca) cmolc/dm3 ≤ 0,4 0,41 - 1,20 1,21 - 2,4 2,41 - 4,0 > 4,0

Magnésio trocável (Mg) cmolc/dm3 ≤ 0,15 0,16 - 0,45 0,46 - 0,9 0,91 - 1,5 > 1,5

Potássio trocável (K) mg/dm3 ou ppm ≤ 15 16 - 40 41 - 70 71 - 120 > 120

CTC efetiva (t) cmolc/dm3 ≤ 0,8 0,81 - 2,3 2,31 - 4,6 4,61 - 8,0 > 8,0

CTC pH 7,0 (T) cmolc/dm3 ≤ 1,6 1,61 - 4,3 4,31 - 8,6 8,61 - 15 > 15

Saturação por bases (V) % ≤ 20 20,1 - 40 40,1 - 60 60,1 - 80 > 80

Tabela 13 - Classes de interpretação da acidez do solo, com base na análise química do solo.

Parâmetro Unidade Muito Baixo Baixo Médio Alta Muito Alta

Acidez trocável (Al) cmolc/dm3 ≤ 0,2 0,21 - 0,5 0,51 - 1 1,01 - 2 > 2,0

Acidez potencial (H+Al) cmolc/dm3 ≤ 1,0 1,01 - 2,5 2,51 - 5 5,01 - 9 > 9,0

Saturação por Al (m) % ≤ 15 15,1 - 30 30,1 - 50 50,1 -75 > 75

Tabela 14 – classes de interpretação da disponibilidade de fósforo em relação ao teor de argila do solo.

Teor de Argila Disponibilidade de fósforo P (mg/dm3 ou ppm)

% Baixa Média Alta Muito Alta

Argilosa (> 35) < 5 6 – 10 11 – 15 >15

Média (15 – 35) < 8 9 – 15 16 – 20 >20

Arenosa (< 15) < 10 11 – 18 19 – 25 >25

34

Tabela 15 - Classes de interpretação da disponibilidade de enxofre, com base na análise química do solo.

Interpretação Enxofre - S (mg/dm3)

Baixo ≤ 4

Médio 5,0 a 9,0

Alto ≥ 10,0

Tabela 16 - Classes de interpretação da disponibilidade de micronutrientes, com base na análise química do solo

Micronutriente (mg/dm3) Muito Baixo Baixo Médio Bom Alto

Zinco disponível (Zn) ≤ 0,4 0,5 - 0,9 1,0 -1,5 1,6 -2,2 > 2,2

Manganês disponível (Mn) ≤ 2 3,0 - 5,0 6,0 - 8,0 9,0 - 12 > 12

Ferro disponível (Fe) ≤ 8 9,0 - 18 19 - 30 31 - 45 > 45

Cobre disponível (Cu) ≤ 0,3 0,4 – 0,7 0,8 – 1,2 1,3 – 1,8 > 1,8

Boro disponível (B) ≤ 0,15 0,16 - 0,35 0,36 - 0,6 0,61 - 0,9 > 0,9

Passo 3: Interpretação

Consiste em confrontar os resultados analíticos com as tabelas de referência, como mostra

a figura abaixo.

Figura 24 - Exemplo de interpretação de análise

35

Passo 4

Ao final da interpretação é possível gerar um relatório em tabelas ou gráficos com o

diagnóstico de todos os parâmetros avaliados, como demonstrado na figura 25

Figura 25 - Interpretação dos parâmetros da fertilidade do solo com classificação e valores de referência adaptados para localidade específica.

10. RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO

Antes da recomendação de doses e tipos de fertilizantes, o primeiro passo é verificar, a

partir da análise de solo, a necessidade de correção de acidez do solo. Para alguns fertilizantes e

remineralizadores a melhor eficiência da utilização passa por essa correção prévia da acidez do

solo. Para outros materiais a correção da acidez não se faz necessário. Isso acontece, por exemplo,

com a maioria dos fosfatos naturais utilizados para fornecimento do fósforo.

36

Para recomendação de adubação, consideram-se os resultados da análise química do solo e

as tabelas de referência de cada região, para determinação das necessidades de nutrientes a serem

aplicados durante a adubação. A seguir será demonstrado como realizar a recomendação de tipos e

doses de fertilizantes1.

A seguir são demonstrados alguns exemplos de recomendação de adubação,

considerando utilização de fertilizantes simples e de formulações NPK:

Questão 1: Considerando a produtividade de uma cultura de milho e os resultados da

análise de solo é necessário aplicar das seguintes quantidades de N, P2O5 e K2O (kg ha-1): N= 30,

P2O5= 90 e K2O= 50.

Além disso, há a recomendação de aproximadamente 40 kg ha-1 de S, 4 kg ha-1 de Zn

e 1,0 kg ha-1 de B.

Adubando com Fertilizantes Simples

Fertilizantes simples disponíveis: Ureia (45% de N)

Superfosfato triplo (45% de P2O5)

Cloreto de potássio (60% de K2O)

Cálculo para o N - necessidade de 30 kg ha-1

100 kg ureia ---------- 45 kg N

x ----------- 30 kg N

66,7 kg ha-1 de ureia

Cálculo para P e K (igual ao feito para N), têm-se:

Para o P – necessidade de 90 kg ha-1 = 200 kg ha-1 de SFT

Para o K – preciso de 50 kg ha-1 = 83,3 kg ha-1 de KCl

Fornecimento de S (40 kg ha-1): alternativa é fornecer junto com a fonte de N. Nesse caso é

só substituir a ureia pelo sulfato de amônio (20% de N e 24% de S).

Então ...necessidade de 30 kg ha-1 de N = 150 kg ha-1 de sulfato de amônio (SA)

1 Para detalhes sobre conceito e classificação geral dos tipos de fertilizantes, consultar material adicional no

portal.

37

Os 150 kg ha-1 SA fornecem 36 kg ha-1 de S.

Fornecimento de zinco (4 kg ha-1) – utilizar oxido-sulfato de zinco (20% de Zn).

Então aplicar 20 kg ha-1 de oxido-sulfato de zinco.

Fornecimento de 1 kg ha-1 de B – Utilizar elexita (10%B).

Então aplicar 10 kg ha-1 de ulexita.

Adubando com fórmulas NPK

A fertilização pode ser realizada com uso de fórmulas comerciais, tipo NPK.

Para demonstração se estima que as fórmulas disponíveis no mercado sejam:

4-14-8, 4-20-20, 20-5-20, 19-10-19, 4-30-10.

Passo 1 - estabelecer a relação entre nutrientes na necessidade e encontrar uma fórmula

com a mesma relação (ou próxima desta).

Necessidade: N = 30 kg ha-1; P2O5 = 90 kg ha-1 e K2O = 50 kg ha-1

Relação: 1 : 3,0: 1,6

fórmula comercial que melhor se aproxima é a 4-14-8 (relação 1 : 3,5 : 2)

Passo 2 - Calcular a quantidade necessária da fórmula para aplicação.

Quantidade = soma dos nutrientes recomendados x 100 = kg ha-1 da fórmula escolhida

soma dos nutrientes na fórmula

Quantidade= (30 + 90 + 50) x 100 = 170 x 100 = 650 kg ha-1 da fórmula 4-14-8

(4 + 14 + 8) 26

38

Passo 3 –

O S pode constar da fórmula (se o N for fornecido com sulfato de amônio ou o P como

superfosfato simples).

O Zn e B devem constar da fórmula.

Para determinar o teor: Quantidade formula -------- 100%

Quantidade requerida -------- X

Logo....

Necessidade de Zn (4 kg ha-1): 4 x 100 / 650 = 0,60% de Zn

Necessidade de B (1 kg ha-1 ): 1 x 100 / 650 = 0,15%B

Recomendação final: aplicar 650 kg ha-1 da fórmula 4-14-8 + 0,60% Zn + 0,15%B

OBSERVAÇÃO

Para detalhes em procedimentos operacionais de aplicação de corretivos e fertilizantes convencionais, onde os

princípios coincidem com a rochagem, vejam alguns vídeos:

Orientações calagem: correção de acidez do solo:

https://www.youtube.com/watch?v=ECGAzFgf4VU&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=4&t=

81s

Correção e adubação na mandioca:

https://www.youtube.com/watch?v=i7kOgq2rcD8&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=2

Adubação de cova em culturas perenes:

https://www.youtube.com/watch?v=87TI6G4ROrg&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=5

Adubação de cobertura em culturas perenes:

https://www.youtube.com/watch?v=2GMt_FgE6As&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=1

Correção e adubação em canteiros de hortaliças: https://www.youtube.com/watch?v=arVjUF-

zHUM&list=PLofI9GrqIheFWYhCuRCGM3M73z3taE0_S&index=3

Referências

ATER – ASSISTÊNCIA TÉCNICA RURAL: produtores – uma dica incrível para vocês, 2019.

Disponível em: http://ateragroambiental.com.br/sem-categoria/produtores-uma-dica-incrivel-para-

voces/

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