apostila agricultura geral 2012
TRANSCRIPT
-
APOSTILA DE AGRICULTURA GERAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Scio-Economia
Curso de Agronomia Disciplina de Agricultura Geral
DOCENTES: ORIVALDO ARF ANTONIO CSAR BOLONHEZI
ILHA SOLTEIRA 2 Semestre - 2012
-
SUMRIO
1. INTRODUO.................................................................................................................... 4 2. PREPARO DO SOLO ......................................................................................................... 5 2.1. PREPARO INICIAL DO SOLO......................................................................................... 5 2.2. PREPARO PERIDICO DO SOLO.................................................................................... 14
3. CONSERVAO DO SOLO ................................................................................................. 36 3.1. EROSO.............................................................................................................................. 36 3.2. COMPACTAO............................................................................................................... 38 3.3. PRTICAS CONSERVACIONISTAS............................................................................... 40
4. PLANTIO E SEMEADURA ................................................................................................... 51 4.1. POCA DE CONVENCIONAL DE PLANTIO OU SEMEADURA ................................. 52 4.2. ZONEAMENTO AGRICOLA ............................................................................................ 52 4.3. CARACTERSTICAS IMPORTANTES DE POCA DE SEMEADURA ........................ 53 4.4. ESPAAMENTO E DENSIDADE ..................................................................................... 54 4.5. TIPOS DE PLANTIO E SEMEADURA ............................................................................. 55 4.6. OPERAES ...................................................................................................................... 56 4.7. AQUISIO........................................................................................................................ 57 4.8. ARMAZENAMENTO DE SEMENTES ............................................................................. 57 4.9. TRATAMENTO DE SEMENTES ...................................................................................... 57 4.10. TRATAMENTO DE MUDAS/TOLETES ........................................................................ 58
5. FIXAO DO NITROGNIO............................................................................................... 59 5.1. INTRODUO ................................................................................................................... 59 5.2. FISIOLOGIA DA FIXAO SIMBITICA DO NITROGNIO...................................... 59 5.3. FATORES QUE INTERFEREM NA ASSOCIAO SIMBITICA................................ 60 5.4. INOCULANTES E INOCULAO ................................................................................... 60
6. PRTICAS CULTURAIS....................................................................................................... 62 6.1. ESCARIFICAO.............................................................................................................. 62 6.2. AMONTOA ......................................................................................................................... 62 6.3. DESBASTE ......................................................................................................................... 62 6.4. ADUBAO EM COBERTURA OU MANUTENO ................................................... 63 6.5. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS.......................................................................... 63 6.6. PODA................................................................................................................................... 68 6.7. ADUBAO FOLIAR........................................................................................................ 69 6.8. REGULADORES DE CRESCIMENTO ............................................................................. 70 6.9. CONTROLE DE PRAGAS E DOENAS........................................................................... 71
7. COLHEITA .............................................................................................................................. 73 7.1. INTRODUO ................................................................................................................... 73 7.2. COMPONENTES QUALI-QUANTITATIVOS DO PRODUTO AGRCOLA AFETADOS PELA COLHEITA...................................................................................................................... 73 7.3. DETERMINAO DO PONTO DE COLHEITA.............................................................. 75 7.4. TIPOS DE COLHEITA........................................................................................................ 75 7.5. ESTIMATIVA DE PERDAS............................................................................................... 76
8. SECAGEM DE SEMENTES E GROS ............................................................................... 76 8.1. INTRODUO ................................................................................................................... 76
-
8.2. FASES DO PROCESSO DE GERMINAO.................................................................... 76 8.3. ELEMENTOS DE SECAGEM DE UMA SEMENTE ........................................................ 77 8.4. FASES DA SECAGEM ....................................................................................................... 78 8.5. TEMPERATURAS DE SECAGEM.................................................................................... 78 8.6. MTODOS DE SECAGEM ................................................................................................ 79 8.7. MODELOS DE SECADORES............................................................................................ 82
9. BENEFICIAMENTO .............................................................................................................. 83 9.1. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 83 9.2. BENEFICIAMENTO DE SEMENTES............................................................................... 83 9.3. BENEFICIAMENTO DE FRUTOS .................................................................................... 87
10. ARMAZENAMENTO........................................................................................................... 89 10.1. INTRODUO ................................................................................................................. 89 10.2. FATORES CLIMTICOS QUE INFLUEM SOBRE O ARMAZENAMENTO.............. 90 10.3. TIPOS DE ARMAZENAMENTO PARA GROS........................................................... 90 10.4. TIPOS DE ARMAZENAMENTO DE FRUTAS E HORTALIAS................................. 91
11. ADUBAO VERDE............................................................................................................ 92 11. 1. INTRODUO ................................................................................................................ 92 11. 2. FUNES DA ADUBAO VERDE ............................................................................ 93 11. 3. CARACTERSTICAS DE UM ADUBO VERDE............................................................ 93 11. 4. UTILIZAO DA ADUBAO VERDE ...................................................................... 94 11. 5. CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS......................................................................... 94 11. 6. VANTAGENS DA ADUBAO VERDE ...................................................................... 94 11. 7. DESVANTAGEM DA ADUBAO VERDE ................................................................ 94 11. 8. PLANTAS UTILIZADAS COMO ADUBOS VERDES.................................................. 94
12. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................................. 95
-
4
1. INTRODUO1
A agricultura uma atividade econmica que comeou h aproximadamente dez mil anos,
quando o homem passou a plantar, cultivar e aperfeioar ervas, razes e rvores comestveis e
domesticou, colocando sob sua dependncia, algumas espcies de animais, em troca de alimento e
da proteo que podia oferecer. Com a agricultura o homem passava de coletor a produtor de
alimentos.
Quando o homem aprendeu a usar a fora do boi e dos ventos, inventou o arado e dominou
os processos de fundio, acelerou o desenvolvimento da agricultura e concomitantemente o
caminho da urbanizao.
No sculo XVIII, o crescimento populacional aliado urbanizao, acelerada pelo novo
modo de produo capitalista, possibilitava, pela primeira vez na histria, que a agricultura passasse
de atividade fornecedora de alimentos para atividade lucrativa. Ao lado da revoluo industrial
comeou tambm uma revoluo agrcola. O sistema de produo agrcola, baseado numa forma de
produo milenar, cujos avanos incorporados tinham sido muito pequenos em relao ao tempo
transcorrido, estava entrando numa nova fase de incorporao crescente de novos conhecimentos.
O Brasil, no perodo Imperial, comeou a diversificar o seu modelo tradicional de
produo agrcola. Alm da monocultura de latifndio direcionada para a exportao, iniciou a
agricultura familiar. Contriburam para essa transformao: o aumento contnuo da populao total
a partir da vinda da corte portuguesa; o crescimento da urbanizao decorrente do incio de algumas
atividades de industrializao e da organizao poltico-administrativa do pas; estruturao
crescente de um comrcio interno de alimentos; a promoo de colnias de povoamento; e a
chegada de imigrantes com tradio e iniciativa na agricultura de subsistncia.
Depois da II Guerra mundial, desencadearam-se avanos na agricultura de tal ordem e em
tal intensidade, que o processo em escala global passou a ser conhecido como Revoluo Verde.
Ocorreu, nesta poca uma grande evoluo tcnica nas exploraes agrcolas, pecurias e florestais,
representadas pelos avanos da mecanizao, da gentica, dos conhecimentos sobre solos e de
outros setores das cincias agrrias, que proporcionaram s instituies de pesquisas, de ensino e s
equipes de profissionais de assistncia um bom acervo de conhecimentos das tarefas a ser
executadas, para assegurar a produtividade e a recuperao das reas, de modo a garantir a
execuo de um programa de subsistncia adequada da populao brasileira. Todo o avano
industrial e da cincia, que estavam mais voltados para as questes militares, foram redirecionados
para outras diferentes atividades da sociedade. A agricultura apresentava-se como uma das
1 Cavallet (1999)
-
5
principais atividades econmicas, com grande potencial para incorporar este avano tecnolgico.
Pases do terceiro mundo, como o Brasil, com recursos naturais abundantes, com um sistema
produtivo baseado em tecnologia rudimentar e com a economia direcionada para a produo de
produtos agrcolas exportveis, tornaram-se mercados ideais para a indstria multinacional
capitalista, detentora de tecnologia comercializvel.
Com a tecnificao intensiva da agricultura, esta atividade, que at ento era relativamente
autnoma, passou a ficar gradativamente dependente do conjunto de empresas e indstrias que
atuavam no setor. A dependncia no se restringiu apenas a rea tcnica, mas passou a ser tambm
econmica e at poltica. A integrao da produo agrcola com o setor industrial respectivo
passou a ser identificado como complexo agroindustrial.
O desempenho do complexo agroindustrial passou a ser, para o governo e a grande
imprensa, o indicador privilegiado das condies da agricultura brasileira. Indicadores como o
volume comercializado de mquinas, equipamentos, insumos e a produo de gros, dissimulam as
implicaes e resultados do setor em outros campos, como por exemplo, a questo da concentrao
da terra, da renda e da degradao ambiental.
Na propriedade agrcola, para se chegar fase de comercializao de um determinado
produto, so realizadas uma srie de atividades denominadas de operaes agrcolas, que se inicia
com o preparo do solo e termina com a comercializao ou uso do produto.
2. PREPARO DO SOLO2
2.1. PREPARO INICIAL DO SOLO3
2.1.1. Introduo
So operaes iniciais sobre uma condio de vegetao natural ou regenerada, ou, ainda,
necessidade de alguma movimentao de terra para tornar a sua superfcie regular e fcil
trabalhvel, com a finalidade de dar-lhe condies de receber sementes ou mudas de plantas
cultivadas, incorporando novas reas produo de novas pastagens ou culturas.
2 Saad (1983) Mialhe (1996) 3 Saad (1977) Testa (1983)
-
6
2.1.2. Requisitos4
O primeiro passo a obteno junto aos rgos oficiais, da autorizao para a derrubada
(solicitar junto ao DEPRN/IBAMA).
A legislao ambiental tem por objetivo bsico disciplinar o uso dos recursos naturais, por
meio de medidas legais que estabelecem limitaes e critrios para a sua utilizao.
Os dispositivos legais encontram se na Lei n. 4.771 de 15/09/65 e alterada pela Lei n.
7.803 de 18/07/89, com as seguintes caractersticas:
- Art. 1: Estabelece que as florestas existentes no territrio nacional e as demais formas de
vegetao so bens de interesse comuns a todos os habitantes do pas.
- Art. 2 e 3: rea de Preservao Permanente - APP:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso de gua desde seu nvel mais alto em faixa
marginal cuja largura mnima seja:
- de 30 m para cursos dgua com menos de 10 m;
- de 50 m para cursos dgua de 10 a 50 m;
- de 100 m para cursos dgua de 50 a 200 m;
- de 200 m para cursos dgua de 200 a 600 m;
- de 500 m para cursos dgua maiores que 600 m;
- de 100 m em Usinas Hidreltricas.
b) ao redor de lagoas, lagos ou reservatrios naturais ou artificiais;
c) nas nascentes, mesmo intermitentes em raio de 50 m;
d) no topo de morros, montanhas, serras chapadas e encostas com declividade superior a
45;
e) em restingas, nas bordas de tabuleiros e em terrenos com altitude superior a 1800
metros;
f) tanques de piscicultura a faixa de 15 m;
g) nas reas metropolitanas definidas por Lei e, ainda, em reas declaradas por ato do
poder publico.
- Art. 16: cria a figura da reserva florestal legal (Reserva Legal), deve ser de no mnimo 20
% da rea total da propriedade.
- Art. 44: estabelece que a Reserva Legal, na regio Norte e na parte norte da Regio
Centro-Oeste, ser de no mnimo 50 % da rea de cada propriedade.
4 IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis. Solicitao para os demais estados brasileiros. Disponvel em: . DEPRN - Departamento Estadual de Proteo de Recursos Naturais. Disponvel em: .
-
7
O DEPRN deve ser consultado quando: antes da aquisio de reas; suspenso de
vegetao nativa; interveno em reas de Preservao Permanente; e desinterdio de reas
embargadas pela Plicia Ambiental.
2.1.3. Tipos de derrubada
O tipo de derrubada vai depender:
- Tipo de vegetao:
a) Vegetao espontnea (mata natural, artificial, cerrado, capoeira, pastagens, etc.);
b) Culturas perenes (caf, eucalipto, pinheiro, seringueira, rvores frutferas, etc.);
c) Tocos esparsos (vegetao espontnea desmatada manualmente).
- Tamanho da rea;
- Disponibilidade de recursos e/ou equipamentos pelo produtor (trator de esteiras, trator de
pneus, moto serra, machado, enxado, etc.);
- Disponibilidade de mquinas na regio;
- Finalidade do terreno;
- Condies do solo;
- Topografia;
2.1.4. Mtodos de derrubada
a) Manual
aquele executado pelo homem, com auxilio de ferramentas, como: machado, foice,
enxado, picareta, etc.
- limpeza ou roada da vegetal menor;
- corte das rvores deve ser um pouco abaixo do nvel do solo, fazendo um buraco no solo,
a fim de no prejudicar as operaes subseqentes de preparo inicial do solo;
- rvore de grande porte com dificuldade de corte da raiz principal, derruba-se com
machado ou tranador e posteriormente elimina-se o toco atravs do fogo ou apodrecimento com
KNO3 (nitrato de potssio), colocado atravs de furos no toco. O mtodo resolve problema do ponto
de vista econmico, mas no do ponto de vista de tempo.
Recomenda-se o desmatamento manual somente para reas pequenas e/ou de difcil
mecanizao, pois o mtodo apresenta as seguintes desvantagens:
- exige grande quantidade de mo de obra;
- baixa produtividade;
- requer elevado esforo fsico do trabalhador;
-
8
- exige maior tempo para execuo do desmatamento;
- proporciona menor uniformidade das tarefas; e
- gera alto ndice de acidentes no trabalho, etc.
b) Uso de dinamite
Esta operao usada na remoo de tocos de pequenos, mdios ou grande porte em reas
de topografia irregular onde no possvel a utilizao de trator ou ainda em regies que no se tem
disponibilidade de mquinas. O uso de dinamite embora rpido e eficiente bastante perigoso.
c) Uso de dessecantes
O princpio acelerar a velocidade de apodrecimento atravs da utilizao de fertilizantes
a base de nitratos principalmente. Mais recomendado para tocos isolados.
Utiliza o nitrognio como base para decomposio (nitratos).
Eucalipto com 50 cm de dimetro fazer inciso triangular com machado e colocar 150
gramas de nitrato de amnio e aps 6 meses o toco j no oferece muita resistncia. Alm disso,
pode-se utilizar:
NaNO3 (salitre do Chile);
KNO3 (nitrato de potssio);
Nitroclcio;
Uria.
d) Uso de Fogo:
Agronomicamente e ecologicamente o fogo no deve ser utilizado, pois provoca:
- destruio de microrganismos do solo. Capoeira roada e com massa de 4 5 kg/m2 ao
final de 2 horas depois de apagado o fogo, a temperatura do solo ainda se encontra a 890 C e
temperaturas de 71; 62 e 58 0C atingem as camadas a 40, 60 e 80 cm, respectivamente. As bactrias
do solo paralisam a multiplicao quando a temperatura atinge 50 55 0C e morrem aos 60 65 0C;
- destri ou reduz a matria orgnica. (fogo em solo seco causa reduo de 60 % da
matria orgnica);
- aumenta o processo erosivo (ocorre uma reduo de 10 a 30 % no volume de poros).
Quando necessrio, o fogo deve ser ateado quando a atmosfera est calma, com ar parado
(noite e madrugada) fogo chama vento devido ao deslocamento de ar quente. Deve-se fazer
aceiros de pelo menos 6 metros e manter pessoal na vigilncia, pois se perder o controle pode
causar grandes destruies ambientais.
-
9
e) Semi-mecanizado
aquele executado pelo homem com auxilio da moto serra e/ou equipamentos de trao
animal. No caso de rvores com pequeno dimetro, ou seja, entre 15 a 30 cm existe a possibilidade
de destoca da rea atravs de trao animal (mtodo do chicote). A moto serra apresenta a
desvantagem de deixar tocos remanescentes na rea, necessitando que seja feito, posteriormente, o
destocamento do local.
f) Sistema mecanizado
Caracterizam-se pela utilizao de mquinas autopropelidas e equipamentos diversos. O
desmatamento mecanizado apresenta como vantagens:
- exige pequena quantidade de mo de obra;
- alto rendimento;
- maior comodidade na execuo dos trabalhos;
- possibilidade de explorao de reas mais extensas;
- requer menor tempo na execuo dos trabalhos;
- proporciona maior uniformidade das tarefas;
- reduz o ndice de acidentes no trabalho;
- possibilita aos trabalhadores maiores ganhos salariais, etc.
Entretanto, a mecanizao apresenta algumas desvantagens, como necessidade de alto
capital para aquisio e/ou aluguel das maquinas; desemprego; tipo de terreno, etc.
f1) Derrubada ou destoca com cabo de ao, corda ou corrento leve
Utilizada por agricultores que no possuem mquinas apropriadas ou pesadas para
desmatamento.
Oferecem melhor resultados em reas com rvores isoladas ou complemento de outros
mtodos.
Deve-se realizar o descalamento prvio das rvores com enxado, machado, moto serra.
Quando utilizar o cabo de ao, este deve ser preso no pice de uma rvore e acoplado no
ponto mais baixo do trator para evitar empinamentos. O cabo de ao deve ser comprido, para a
rvore no atingir o trator.
f2) Uso de Correntes
O corrento o mtodo mais indicado para promover a derrubada de vegetao tpica de
cerrado. Nestas formaes florestais, as rvores apresentam pequenos dimetros e altura e
-
10
encontram-se bastante dispersas na rea. um dos mtodos mais baratos para derrubada em larga
escala. Consiste na retirada da vegetao atravs da utilizao de um corrento acoplado a 2 tratores
de grande porte (pneu ou esteira). Os melhores resultados so obtidos nas seguintes condies:
- rvores de at 30 cm de dimetro e densidade menor que 2.500 rvores/ha;
- as rvores maiores devem ser deixadas para trs e derrubadas com outros mtodos;
- solos bem drenados, superfcie regular, sem buracos, formigueiros ou cupins, que
permitam o livre trnsito e boa maneabilidade dos tratores;
- reas de tamanho suficiente que justifique o transporte do corrento e dos tratores.
Os correntes so divididos: quanto ao peso; ao comprimento; e o nmero de lastros5.
TABELA 1. Tipos de correntes mais utilizados no desmatamento.
Tipos de Corrento Comprimento Total Peso (kg/m) Potencia Exigida (cv) Leve 90 - 120 50 -80 120 - 150
Mdio 90 - 120 80 - 100 150 - 180 Normal Pesado 90 - 120 100 - 120 200 - 270 Leve 120 - 150 80 - 100 150 - 180 Longo
Pesado 120 - 150 > 120 > 300
Mas estas caractersticas iro depender da vegetao (porte, dimetro, densidade e
espcies), o tipo de solo (argiloso ou arenoso), a umidade, topografia e a potncia dos tratores.
De maneira geral distncia entre os dois tratores nunca dever ser maior que 1/3 do
comprimento do corrento. Em cada uma das extremidades e a intervalos de 30 m o corrento deve
ter olho giratrio em todas as direes, evitando assim que o corrento se tora.
Para o desmatamento com corrento, torna-se necessrio pass-lo duas vezes, uma em
cada direo. A primeira derruba a vegetao e a segunda arranca (arrepio) e/ou volta derrubando
a vegetao que sobrou em p. rvores de maior porte devem ser deixadas para serem retiradas
por outro mtodo.
Os correntes so provenientes normalmente de correntes de ncoras de navios. J os
lastros so de ferro, ferro fundido, ao, concreto, etc., e podem ter enchimento ou no. Os lastros
geralmente so utilizados de uma a trs bolas por corrento.
5 So objetos utilizados para reforar a ao arrastante do corrento.
-
11
TABELA 2. Rendimento de desmatamento com corrento.
Tipo de trator de esteira Unidade Cerradinho6 Cerrado7 Cerrado8
Porte mdio (150 -200 HP) ha / h 3,3 -5,0 2,5 - 3,3 1,2 - 2,0
Porte pesado (300 HP) ha / h - - 1,6 - 2,5
f3) Uso de Lminas
As lminas tambm podem ser utilizadas, entretanto o rendimento menor do que a
derrubada realizada pelo corrento. mais utilizada:
- em reas onde no compensa o transporte do corrento e das mquinas;
- como complemento derrubando as rvores maiores deixadas pelo corrento.
Sendo que os tipos de lminas so: empurradora (lisa), cortadora, lmina com empurrador,
lmina com brao fleco e tesouro.
2.1.5. Destocamento
Consiste na eliminao dos tocos remanescentes de uma rea, aps a derrubada. Envolve,
portanto a retirada da parte area do toco e de suas razes at uma profundidade desejada, com o
intuito de no prejudicar as operaes subseqentes de preparo do terreno. o maior problema do
preparo inicial do solo para o cultivo, uma vez que o tocos apresentam reduzida superfcie de apoio.
O Destocamento pode ser por lminas, destocador rotativo, destocador removvel ou
stumper e retrodestocador ou destocador traseiro.
2.1.6. Enleiramento e/ou encoivaramento
O enleiramento consiste basicamente em amontoar ou empilhar o material lenhoso
deixado na superfcie do solo aps a derrubada em leiras contnuas, espaadas umas das outras de
30 a 100 metros, dependendo: declividade do terreno; densidade do material derrubado; do tipo de
equipamento utilizado. Geralmente possui 5 a 10 m de base e 2 a 3 m de altura.
O encoivamento consiste no ajuntamento do material lenhoso em montes esparsos pela
superfcie do terreno, a fim de ser destrudo posteriormente.
6 Vegetao arbustiva 7 Vegetao arbrea aberta 8 Vegetao arbrea densa
-
12
Os tipos de enleiramento e/ou encoivamento so: com lmina frontal; com ancinho
enleirador; lminas enleiradoras-empilhadoras. O enleiramento e/ou encoivamento pode ser
realizado em conjunto com a derrubada, no caso de uso de lmina.
Deve-se sempre que possvel tentar enleirar em nvel, melhorando assim a conservao do
solo; deve-se ter o cuidado de no arrastar muita terra para a leira, bem como no deixar muitos
detritos que dificultam a limpeza final. Assim o ancinho enleirador mais vantajoso que a lmina.
TABELA 3. Rendimento do enleiramento.
Trator de esteira com ancinho Tipo de vegetao Unidade Porte mdio Porte pesado
Cerrado fino ha / h 0,65 - 0,84 - Cerrado ha / h 0,58 - 0,77 - Cerrado ha / h 0,40 - 0,50 0,53 - 0,70
Mata ha / h - 0,40 - 0,50
TABELA 4. Rendimento mdio de desmatamento e enleiramento.
Tempo horas/ha Operao Mquina/implementos Campo Cerrado Cerrado
Desmatamento 2 tratores de esteira (150 cv) 140 m - 14t - 0,50 0,90 Desmatamento + enleiramento Trator de esteira (88 cv) com lmina 4,50 6,40 - Desmatamento + enleiramento Trator de esteira (150 cv) com lmina - 4,50 6,70 Enleiramento Trator de esteira (150 cv) com lmina - 1,70 2,10 Enleiramento Trator de esteira (88 cv) com lmina 1,50 2,40 3,40
O uso da lmina deve-se restringir aos trabalhos em reas relativamente pequenas, onde o
investimento em equipamentos especializados no se justifica economicamente, pois apresenta
como desvantagem:
- carregamento para a leira da camada superficial mais rica em matria orgnica;
- o solo colocado na leira serve como substrato para o desenvolvimento de plantas e
dificulta a queima posterior da leira.
Os ancinhos enleiradores apresentam uma capacidade de trabalho de 30 a 40% superior
aos equipamentos convencionais (lminas), alm de diminuir a movimentao de solo. Porm em
terreno argiloso muito mido, o solo adere facilmente aos dentes, sendo levado junto com a
vegetao para as leiras.
-
13
FIGURA 1. Enleiramento com ancinho enleirador.
FIGURA 2. Enleiramento com lmina convencional.
2.1.7. Limpeza da rea
Tem como finalidade, remover ou triturar pedaos de madeira e razes que permanecem na
rea aps o enleiramento ou na eliminao de plantas herbceas e subarbustivas, ou mesmo para
incio das operaes de preparo do solo. A limpeza destes terrenos, por sua vez, pode ser manual
(catao do material) e/ou mecanizada (roadoras, rolos-facas e grade pesada).
2.1.8. Preparo do solo propriamente dito
Pode ser realizado, utilizando:
- Grade pesada;
- Arado de disco;
- Arado de disco chamado "pula toco".
-
14
O arado de aivecas no muito recomendado devido presena de razes e a possibilidade
de quebra.
Posteriormente, aps a passagem do arado de disco ou da grade pesada, se faz a passagem
de uma grade de dentes, visando eliminao das razes cortadas durante o preparo inicial.
Observao: conveniente que antes do incio do preparo inicial do solo, se faa anlise
qumica, de maneira que o calcrio caso necessrio, seja aplicado antes do incio das operaes,
facilitando assim o deslocamento das mquinas aplicadoras.
2.2. PREPARO PERIDICO DO SOLO
Desde os mais remotos tempos, essas operaes tm sido realizadas com a finalidade de
oferecer s sementes que sero colocadas no solo as condies que teoricamente seriam as melhores
para o seu desenvolvimento. No se deve esquecer, todavia, que as modernas tcnicas de semeadura
direta tm demonstrado que, para determinadas condies de solo, clima e culturas, possvel se
obter uma produtividade to boa ou, em alguns casos, at melhor que com os mtodos tradicionais
de preparo do solo e semeadura.
O preparo peridico do solo diz respeito a diversas operaes agrcolas de mobilizao do
solo, realizadas antes da implantao peridica de culturas. Esse tipo de preparo pode ser feito em
trs sistemas principais: convencional (arao e gradeaes em toda a rea a ser cultivada), cultivo
mnimo (onde as operaes mecanizadas so reduzidas ao mnimo necessrio) e plantio direto (onde
a mobilizao do terreno s ocorre localizadamente, ou seja, apenas na fileira de semeadura).
De qualquer forma, o preparo peridico do solo continuar a ser feito para as culturas ou
condies onde no existe a possibilidade de utilizao de tcnicas de semeadura direta.
2.2.1. Preparo convencional
Conjunto de operaes realizadas no solo com a finalidade de facilitar a
semeadura/plantio, germinao das sementes/ brotao e desenvolvimento das plantas.
Histrico
Desde o aparecimento dos primeiros implementos de preparo do solo, sempre houve
preocupao em melhor-los. Os avanos sempre ocorreram no sentido de aumentar a capacidade
de trabalho dos equipamentos. Assim, dos arados fixos de madeira se evoluiu para os de aivecas
fabricados com materiais mais resistentes, posteriormente para os de disco que permitiam o trabalho
em solos com presena de pedras e tocos e finalmente para as grades aradoras com grande
capacidade de trabalho.
-
15
A evoluo no se preocupou com os seguintes aspectos:
- caractersticas qumicas e fsicas do solo;
- conservao do solo;
- incidncia de plantas daninhas;
- rendimento das culturas.
Cada implemento tem sua finalidade, desde que utilizado de forma adequada e ordenada.
No preparo convencional do solo deve objetivar-se:
- destruio de restos culturais;
- destruio de camadas compactadas;
- incorporao de corretivos e defensivos agrcolas.
O preparo convencional peridico do solo dividido em:
a) Preparo peridico primrio, que tem como objetivo uma movimentao profunda do
solo, utilizando implementos conhecidos como arados, grades pesadas, subsoladores e
escarificadores;
b) Preparo peridico secundrio, cuja finalidade complementar o servio realizado pelos
arados sendo utilizados implementos denominados grades de molas, dentes e discos (intermdias ou
leves), enxada rotativa, encanteradores, rolo-faca, cultivadores;
c) Preparo peridico corretivo e defensivo, so operaes realizadas quando h
necessidade, tais como correo de acidez, aplicao de adubos, de defensivos agrcolas antes da
implantao da cultura.
2.2.1.1 Preparo peridico primrio
a) Subsolagem
Com o constante uso da terra, mecanizao intensiva e arrastamento de argilas para
camadas mais profundas, ocorre a formao de uma camada, adensada, endurecida, menos
permevel que a poro superior. Esta camada formada por um adensamento ou concentrao de
argilas e compactada, pela constante passagem de implementos, principalmente o arado ou grade
numa mesma profundidade.
A camada adensada ou compactada diminui a infiltrao de gua, aumentando
conseqentemente o processo de eroso e, alm disso, dificulta a penetrao do sistema radicular
que explora menor volume de solo.
A subsolagem pratica pela qual se rompe ou se "quebra" camadas compactadas formadas
no interior do solo.
A subsolagem deve ser realizada antes das operaes de preparo do solo.
-
16
A utilizao de subsoladores deve ser bastante criteriosa e sob adequada regulagem a fim
de se executar corretamente a operao, podendo obter uma reduo do custo operacional.
FIGURA 3. Esquema de um subsolador de 3 hastes.
FIGURA 4. Subsolador de 3, 5 e 7 hastes, respectivamente.
b) Arao
Consiste numa operao de inverso de camadas. O arado corta uma faixa de solo,
denominada "leiva", que elevada e invertida.
As finalidades da arao so:
- eliminao ou incorporao profunda de restos vegetais;
- aumentar a infiltrao de gua;
- aumentar aerao do solo;
- melhorar estruturao (melhoramento de suas condies fsicas, qumicas e biolgicas,
pela mistura da matria orgnica com o corpo do solo);
- incorporar corretivos em profundidades;
- enterrio de larvas e ovos de insetos em profundidade ou destruio de insetos nocivos
pela exposio de larvas ao efeito do sol, ataque de pssaros etc.;
- controle de plantas daninhas pelo enterrio profundo e dificultando a sua disseminao;
-
17
- incorporao profunda de adubo orgnico (esterco);
- o preparo da terra para receber a semente ou planta.
A execuo da arao sempre mesma profundidade pode resultar, conforme o tipo de
solo, na formao de uma camada endurecida (compactada), conhecida como fundo-de-arado ou
p-de-arado (hard-pan).
A capacidade mdia de trabalho de um arado monosulco de 7 a 12 h/ha, necessitando de
7 a 10 kW por cada corpo de arado.
b1) Tipos de arados
Quanto aos rgos ativos:
Arado de discos (lisos ou recortados)
o equipamento mais usado na operao de arao. No o arado eficiente na
inverso da leiva.
Os arados de discos se empregam, sobretudo, em terrenos difceis (solos duros e secos),
onde o disco pode penetrar devido a seu peso e formato, e em terrenos pedregosos ou rochosos,
onde o disco ao girar ultrapassa os obstculos, enquanto que o arado de aivecas se romperia. O
desgaste se distribui por toda periferia do disco, o que conveniente nos terrenos abrasivos.
Realiza ainda um bom trabalho mesmo aps sofrer certo desgaste nos discos.
Arado de disco - 1, 2, 3, 4, 5, 6 ou 7 discos (1 a 4 nos montados e 4 a 7 nos de
arrasto). O dimetro varia entre 24 a 329, sendo que de 65 a 80 cm para arado de arrasto e de
60 a 71 cm para arados montados. A profundidade de arao varia de 5 a 40 cm e uma
largura de corte por disco de 17 a 30 cm. A espessura do disco varia de 5 at ou 12 mm. A
curvatura do disco varia de 90 a 115 ou 120 mm.
Regulagens do arado de disco:
- o centro do arado deve coincidir com o centro do trator;
- o arado deve estar nivelado no sentido do comprimento e da largura;
- ngulo de corte dos discos:
ngulo vertical: permite que o disco fique mais deitado ou mais em p (varia
de 15 a 25 o). Regula maior ou menor facilidade de penetrao no solo.
ngulo horizontal: permite que o disco vire mais ou menos para a direita ou
para a esquerda (varia de 42 a 50 o) Regula a largura de corte.
9 1 (polegada) = 2,54 cm
-
18
TABELA 5. Relao dos diferentes tipos de solo e os ngulos de corte dos discos.
Solo ngulo horizontal ngulo vertical Solo arenoso; mido 50-55o 22 a 25o
Solos mdios 45 18 Solo duro; argiloso 42-45o 15 a 18o
- roda guia: a regulagem da roda guia feita variando os ngulos horizontal e vertical, bem
como ajustando a tenso na mola que atua sobre o suporte de roda guia. Para seu perfeito
funcionamento a rosa guia deve trabalhar no fundo do sulco. A presso na roda guia permite maior
ou menor profundidade de penetrao dos discos e responsvel pelo alinhamento do conjunto
arado-trator (trator no "puxar para direita ou para a esquerda);
- eixo transversal barra porta cavilhas (engate): permite alterar a largura de corte pela
alterao da posio.
FIGURA 5. Esquema e foto de um arado de discos.
FIGURA 6. Disco liso e recortado, respectivamente.
-
19
Arado de Aivecas
Realiza uma melhor inverso da leiva de solo, porm no deve ser usado em locais de
pedras e tocos. Alm disso, as relhas (bicos) do arado de aivecas, quando sofrem desgaste, existe a
necessidade de substituio para que possam continuar operando.
O arado de discos muito mais pesado que o arado de aivecas de igual capacidade.
Enquanto que o primeiro requer peso para penetrar no solo, o arado de aivecas penetra devido
conformao dos seus rgos ativos. Podem ser fixos ou reversveis. Os arados de aivecas podem
ser de arrasto ou acoplados ao trator (levante hidrulico). Os acoplados tem sido mais utilizados.
Tipos de Aivecas:
Estes implementos proporcionam a melhor incorporao dos resduos e uma menor
pulverizao superior sobre condies ideais.
Seu uso foi mais intensificado devido utilizao da trao animal, uma vez que este tipo
de arado adapta melhor as condies de baixas velocidades.
A aiveca10 constituda de:
a) Relha: corta o solo e inicia o levantamento da leira. Sofre ao abrasiva dos solos,
sendo comumente constituda de ferro fundido ou ao.
b) Aiveca: forma a superfcie encarregada de elevar e inverter a leira. Pode ter forma
cilndrica, cilindride, helicoidal e semi helicoidal. As aivecas helicoidal e semi helicoidal so
utilizadas para arao superficial e rpida. As cilindrides e cilndricas so recomendadas para
trao animal.
c) Rasto: tem por finalidade absorver os esforos laterais, fica rente a parede do sulco.
Os arados de aivecas devido a sua conformao so mais susceptveis a impactos e so
mais prejudicados pela presena de tocos, razes e pedras.
As aivecas podem ser clasificadas em:
- pulverizadora curta, + larga e com grande curvatura, recomendada para solos leves;
- rompedora comprida, estreita e com menor curvatura, recomendada para solos
pesados;
- "de uso geral" intermediria entre a rompedora e a pulverizadora (mais comumente
encontrada no mercado);
- recortada solos pesados e pegajosos.
10 rgo ativo do arado de aivecas.
-
20
FIGURA 7. Arado de aivecas.
FIGURA 8. Aiveca de uso geral e recortada, respectivamente.
b2) Funcionamento dos arados
Quanto trao:
Trao animal:
Os arados de trao animal normalmente so do tipo aiveca, devido dificuldade de
trabalho no caso do disco, falta estrutura de sustentao. montado sobre estrutura de madeira e
ferro.
Rendimento: 17,5 - 29-5 h /ha.
Utilizado em pequenas reas e em reas de declives acentuados.
Trao mecnica:
Os de trao mecnica se subdividem em acoplados ou de engate em trs pontos e de
arrasto. Atualmente so mais utilizados os acoplados, devido a maior facilidade de trabalho,
principalmente manobras.
Quanto movimentao dos rgos ativos:
Fixos: dificultam o trabalho em terrenos declivosos, onde o trator no trabalha em
nvel, forando a mquina e desgastando o operador. Menor controle da eroso;
-
21
Reversvel: so mais recomendados pela facilidade de trabalho em qualquer tipo de
solo, alm disso, desloca o solo para o sentido contrrio ao da movimentao pela eroso;
Discos reversveis: mais compatvel em reas com sistema de terraceamento.
b3) poca de arao
Deve-se evitar a arao com solo muito molhado. Aps o perodo de chuvas, deve-se
esperar 2 ou 3 dias para o incio da arao. Solos muito secos e duros tambm no so bons para
arao.
**Deve ser trabalhado em uma condio frivel.
b4) Profundidade de arao
Quanto profundidade de corte, a arao pode ser:
- rasa - at 15 cm de profundidade;
- mdia - 15 a 25 cm de profundidade;
- profunda - 25 a 40 cm de profundidade.
Para evitar a formao do p-de-arado deve-se trabalhar o solo em profundidades
diferentes no decorrer do tempo. Essa camada compactada e endurecida pode criar problemas de
infiltrao ou penetrao de gua e razes.
c) Escarificao
Os escarificadores so constitudo normalmente por 7 a 9 hastes estreitas e pontiagudas
distribudas num chassi de 2 a 3 barras, de modo a deixar um espaamento entre sulco de 20-50 cm.
Atua numa profundidade mxima de 30 cm no podendo ser considerado uma subsolagem.
Normalmente so necessrios 8 a 10 hp de potncia por haste em solo argiloso.
No preparo deixa o solo mais frouxo, ou seja, quebra a sua estrutura sem, contudo,
revolv-lo muito e sem destruir os agregados. Para a escarificao a umidade do solo a mesma da
arao convencional.
Este implemento no provoca a inverso das camadas, portanto grande parte dos resduos
vegetais permanece sobre a superfcie do solo diminuindo o impacto direto da chuva.
O escarificador assim como o arado de aiveca, no recomendado para reas recm-
desbravadas e tambm para reas com massa vegetal muito densa que ir causar embuchamento,
neste caso existe a necessidade de uma gradagem para picar o material, facilitando a operao com
o escarificador.
-
22
FIGURA 9. Escarificador e escarificador com rolo destorroador.
d) Grade pesada
Neste caso, ao invs de se utilizar arao, o preparo realizado atravs de grades pesadas
com discos de 32 e 36 de dimetro, sendo em seguida utilizado a grade niveladora, tambm de
grande capacidade, porm com discos menores. O preparo atravs de grade pesada, mais utilizado
em reas grandes, por ter maior rendimento que os arados.
Tipos de grades mais utilizadas:
Quanto ao tipo de ao e quanto acoplagem sero vistos mais a frente no tpico
gradagem.
2.2.1.2. Preparo peridico secundrio
O preparo peridico secundrio tem como finalidade complementar as operaes
realizadas pelos arados, grades pesadas, subsoladores, etc., ou seja, complementar a operao de
preparo peridico primrio, embora possa ser utilizado antes ou at mesmo em substituio ao
preparo peridico primrio em algumas situaes, deixando o terreno propcio a ser
semeado/plantado. Essa operao realizada pelos implementos denominados grades de molas,
dentes e discos (intermdias ou leves), roadeiras, enxadas rotativas, etc.
a) Gradagem
A gradagem a operao que complementa ou que completa a arao no preparo primrio
do solo, apresentando como objetivo, destorroar e nivelar o solo, facilitando as operaes de
semeadura, tratos culturais e at a colheita de algumas culturas.
Alm disso, as grades realizam uma srie de outras atividades:
- destruio de restos vegetais da cultura anterior;
- incorporao de corretivos ou defensivos;
- Incorporao de adubo e sementes (semeadura a lano);
-
23
- destorroamento;
- eliminao de plantas daninhas em incio de desenvolvimento (gradagem as vsperas da
semeadura).
As grades podem ser de molas, dentes e discos.
FIGURA 10. Grade de dentes. FIGURA 11. Grade de molas.
Tipos de grades mais utilizadas:
Quanto ao tipo de ao:
- Ao simples: constituda por apenas uma ou duas seces de discos que movimentam o
solo somente para um lado.
- Ao dupla: so constitudas por 4 sees de discos (2 na frente e 2 atrs) ou 2 sees,
sendo 1 na frente e a outra atrs.
FIGURA 12. Grade de ao simples. FIGURA 13. Grade de ao dupla.
Quanto acoplagem:
- Montadas ou de suspenso hidrulica - acopladas ao sistema de 3 pontos do trator,
normalmente grades leves ou mdias, com discos de 18 - 24 e utilizadas em operaes de
nivelamento;
-
24
- De arrasto ou atreladas - podem de trao animal ou tratores. Normalmente as grades de
arrasto para tratores so do tipo mdio ou pesadas, acopladas barra de trao, com discos de 26
at 32;
- Montadas e de arrasto - permitem o acoplamento no sistema de 3 pontos ou na barra de
trao.
As grades montadas normalmente mais leves apresentam menor rendimento e so
recomendadas para reas menores e para trabalhos de destorroamento e nivelamento. Nelas os
discos mais comuns so os de 18, 20, 22 e 24, penetrando 5 a 10 cm no solo. Apresentam
vantagens sobre as grades de arrasto no transporte e nas manobras.
As grades de arrasto de trao tratorizada, so mais pesadas que as montadas, com discos
recortados ou recortados e lisos, discos grandes, de 26, 30, 32 e 36, recomendadas para reas
maiores, em terras mais duras e mais sujas.
Aes exercidas sobre o solo:
1. Seccionamento: devido ao afiamento dos discos, ao rolar produzem uma ao cortante
sobre os torres do solo;
2. Pulverizao: se origina pela presso que exercem os discos contra o solo, seja no
sentido longitudinal ou vertical. A quantidade de terra fina tanto maior quanto mais frgil se
encontra o solo;
3. Tombamento: conseqncia da forma esfrica dos discos, o pequeno prisma de terra
cortado do avanar sobre a superfcie de trabalho descreve uma trajetria que conclui um
tombamento;
4. Nivelamento: a passada da grade tende a deixar um micro relevo mais uniforme que se
favorece com o aumento de velocidade de trabalho.
b) Uso de Enxada Rotativa
As enxadas rotativas normalmente so pouco utilizadas no preparo de solo. Entretanto
apresenta como vantagem um melhor trabalho de incorporao de restos vegetais. Por outro lado
quando o implemento no bem regulado, pode pulverizar demasiadamente o solo, aumentando
consequentemente as perdas por eroso.
As profundidades de trabalho, tambm variam em funo da finalidade da operao.
Na movimentao do solo, visando substituio do emprego de grades, as profundidades
mximas utilizadas esto em torno de 10 a 20 cm.
-
25
A enxada rotativa mais utilizada em reas de produo de hortalias, onde se faz ao
mesmo tempo incorporao de adubos estercos e o preparo do solo para semeadura.
vantajoso tambm no preparo em vrzeas midas, onde a enxada rotativa auxilia o
desempenho das mquinas.
Alm de:
misturar o adubo;
misturar o calcrio;
misturar o esterco.
Geralmente usadas em tratores pequenos ou micro-tratores.
Tambm pode ser usado para controle mecnico de plantas daninhas.
TABELA 6. Parmetros de caracterizao de enxadas rotativas.
Largura de Potncia Profundidade Rotao Rotao de Trabalho (m) (c.v.) Trabalho (m) TDP (rpm) Trabalho (rpm)
2,0 3,3 86 162 0,20 1000 180 270 1,25 2,0 35 66 0,20 540 120 220 0,8 1,5 18 28 0,18 540 250
1,0 18 0,18 540 150 240
FIGURA 14. Tipos de Enxadas Rotativas.
-
26
c) Uso de Roadoras/Triton
As roadoras foram fabricadas em srie pela primeira vez em 1945 e, no entanto, hoje,
alcanaram notvel popularidade pelo tipo de servio que executam.
Estes equipamentos atuam por impacto onde o corte se realiza pelo impacto do elemento
de corte sobre o material. Essa mquina substitui a foice manual, que cansativa, onerosa e de
baixo rendimento, sendo vrias as aplicaes, destacando-se:
- limpeza de pastagens, de capoeira ou de campo quando da presena de arbustos
invasores;
- cortar, romper, quebrar, picar e pulverizar a massa vegetativa ou restos de cultura
existentes na superfcie do solo, acelerando a sua decomposio e facilitando sua incorporao;
- limpeza ou corte das capineiras.
Os rgos ativos ou facas agem por cisalhamento, atravs da ao de um gume afiado,
contra os colmos dos vegetais. Quando as facas perdem o afiamento, o corte ocorre por impacto,
consumindo maior potncia e reduzindo a qualidade do trabalho.
Existem dois tipos bsicos de roadoras:
- as montadas, so acopladas no sistema de engate de trs pontos do trator e so acionadas
pela tomada de potncia, atravs de um eixo tipo carda.
- de arrasto, so acopladas na barra de trao do trator e so normalmente acionadas pelas
suas rodas, que atravs de eixos e correia transferem a potncia.
Utilizao de Triton tem vantagem de fragmentar e distribuir melhor os restos vegetais na
rea de corte. uma mquina destinada reduo do tamanho e distribuio homognea em
superfcie, tanto de restos culturais como de adubos verdes, visando principalmente, a semeadura
direta.
J em relao roadora, descrevem como principais desvantagens, a distribuio
desuniforme do material roado na superfcie do solo e o esfacelamento da parte area das plantas
de cobertura, contribuindo para aumentar a velocidade de decomposio do material vegetal,
dependendo do estdio de desenvolvimento da planta.
As roadoras/tritons tm a vantagem de serem de fcil manejo, regulagem e manuteno,
alm de terem baixo consumo de potncia.
-
27
FIGURA 15. Exemplo de uma roadora e de um triton, respectivamente.
d) Rolo-Faca
Acama a palhada esmagando os vasos da planta, picando-a ou no dependendo da
consistncia da mesma. Esta operao de rolagem permite aumentar a cobertura do solo inibindo o
desenvolvimento das plantas daninhas, decompondo mais rapidamente os restos culturais
melhorando assim, as operaes subseqentes, permitindo inclusive, um plantio direto sem
embuchamento das semeadoras.
Vantagens:
- amassa as plantas derrubando-as uniformemente na superfcie do solo;
- acama a palha proporcionando a deteriorizao imediata da mesma;
- mata a "soca" impedindo o rebrote;
- deixa a "resteva" pronta para receber novo plantio pelo sistema direto;
- permite um plantio/semeadura sem outras operaes;
- aumenta a cobertura do solo inibindo o desenvolvimento das plantas daninhas;
- melhora as operaes subseqentes dos equipamentos no solo;
- melhor relao custo x benefcio para o produtor.
Desvantagem:
- o elevado custo de aquisio;
- risco de compactao do solo;
- exigir que as operaes subseqentes sejam realizadas no mesmo sentido da rolagem,
para evitar o arraste de cobertura vegetal.
-
28
FIGURA 16. Exemplo de rolo-faca.
2.2.1.3. Preparo peridico corretivo e de fertilizantes11
O preparo peridico corretivo e fertilizantes denominado como sendo todas as operaes
realizadas quando h necessidade, tais como correo de acidez, aplicao de fertilizantes slidos
ou lquidos antes da implantao da cultura.
Para aumentar a produo no basta empregar somente sementes selecionadas, fazer bom
preparo do solo, irrigar, combater pragas e molstias. necessrio adubar o solo, corrigir suas
deficincias de nutriente e dar condies adequadas ao seu desenvolvimento de plantas.
Os corretivos e fertilizantes so classificam-se quanto origem:
- Biolgicos ou orgnicos que compreendem produtos de origem animal ou vegetal.
Exemplos: restos de culturas (palhas, ramos, folhas), estercos usados como adubos, sementes e
mudas, extratos de plantas (caldas base de vegetais), fertilizantes orgnicos, tortas, adubos verdes,
microorganismos encontrados no ambiente natural, algas e outros produtos de origem marinha,
resduos industriais do abate de animais (sangue, p de chifres, plos, penas, etc.);
- Qumicos ou minerais que compreendem tanto substncias provenientes de rochas,
quanto aquelas produzidas artificialmente pela indstria. So eles: fertilizantes, corretivos (para
calagem), agrotxicos, ps de rochas, etc.
a) Correo da acidez12
A acidez do solo est associada presena do hidrognio e do alumnio trocveis, isto ,
que tem componentes livres, ctions e nios, que possibilitam sal combinao com outras
11 Silveira (1989) 12 Raij et al. (1997)
-
29
substncias. O pH (potencial de hidrognio), expressa a atividade desse elemento na soluo do
solo. Por outro lado o alumnio o principal componente da acidez do solo.
O pH mede a concentrao de hidrognio na soluo do solo, dada em uma escala que vai
de 1 a 14, podendo ser cidos, neutros ou alcalinos. Em sua maioria, os solos brasileiros esto em
uma faixa de pH que varia de 1 a 7. J para a maioria das culturas, a faixa desejvel de acidez est 6
e 6,5. Para a retificao de um solo com pH abaixo desses valores, empregam-se os corretivos.
interessante que antes do preparo do solo se tenha em mos a anlise qumica do solo,
para que se possam aproveitar as operaes de preparo para a incorporao do corretivo se
necessrio. Pode ser considerado como corretivos da acidez os materiais que contm como
princpios ativos carbamatos, xidos, hidrxidos ou silicatos de clcio e/ou de magnsio, podendo
ser:
- calcrio agrcola;
- cal virgem agrcola;
- cal hidratado agrcola;
- escria de siderurgia;
- gesso agrcola.
- Calagem
Os corretivos de acidez mais utilizados no Brasil so de rochas calcrias modas,
chamados simplesmente de calcrios sendo classificados de acordo com a concentrao de MgO
em:
- calcticos quando a concentrao de MgO menor que 5%;
- magnesianos quando a concentrao de MgO est entre 5 a 12%;
- dolomticos quando a concentrao de MgO superior a 12%.
O clculo da necessidade de calagem a quantidade de calcrio a aplicar, para elevar a
saturao por base do solo de um valor atual, V1, a um maior, V2, calculado pela expresso
seguinte.
xPRNTVVTNC
10)( 12 -=
Onde:
NC a necessidade de calagem dada em t/ha;
T ou CTC a capacidade de troca catinica do solo, expressa em mmolc/dm3;
V1 a saturao por base atual, obtida na anlise do solo, expresso em %;
-
30
V2 a saturao por base esperada, sendo especfica para cada cultura, obtida em
boletins e tabelas, expresso em %;
PRNT o poder relativo de neutralizao total, fornecido pelo fornecedor do calcrio,
expresso em %.
O calcrio deve ser espalhado da forma mais uniforme possvel sobre o terreno e
incorporado na profundidade de coleta e clculo das amostras, normalmente 0,20 m, pois este
pouco mvel no perfil do solo.
Aplicao de calcrio
- Toda dose antes da arao
Vantagem: aplicao em uma nica vez e com o solo firme facilitando o deslocamento da
mquina.
Desvantagem: desuniformidade de incorporao no perfil do solo.
- Toda dose aplicada aps a arao e antes da gradagem (pior maneira de incorporao)
Vantagem: aplicao em uma nica vez.
Desvantagem: deslocamento em solo revolvido e desuniformidade de distribuio do
calcrio no perfil do solo.
- Aplicao de 1/2 dose antes da arao e 1/2 dose aps a arao e antes da gradagem
Vantagem: melhor uniformidade de distribuio do corretivo no perfil do solo.
Desvantagem: aumenta o custo de aplicao.
- Gessagem
O gesso agrcola, um sal solvel em gua, outro insumo que tem apresentado efeitos
favorveis no desenvolvimento do sistema radicular em subsolo cido, devido ao aumento dos
teores de clcio, reduzir a saturao de alumnio e, podendo reduzir efetivamente a acidez. Vale
lembrar que este no exerce ao direta sobre a acidez.
b) Fertilizantes
O solo torna-se pobre ou deficiente em certos elementos qumicos indispensveis
produo e a vida das plantas medida que as colheitas se sucedem ou mesmo por deficincias
iniciais. As substancias parar suprir essas carncias so denominadas fertilizantes ou adubos. O solo
tambm perde nutrientes pela ao da gua das chuvas por eroso, lixiviao ou lavagem superficial
ou at mesmo por volatilizao.
-
31
Os fertilizantes podem ser aplicados ao solo na forma de slidos (grnulos, mistura de
grnulos, p), lquidos ou gasosos. Podem ainda ser aplicado em covas ou sulcos de plantio e
tambm esparramados sobre o solo para depois ser incorporado por meio de outra operao.
c) Uso de mquinas para aplicao de corretivos e fertilizantes
O uso das mquinas para aplicao de corretivos e fertilizantes varia de acordo com o tipo
do produto a ser aplicado, granulometria, cultura, operacionalidade, disponibilidade de maquinrio,
perodo do ano, dentre outros.
- distribuidor de corretivo por gravidade: onde o corretivo lanado em queda livre ao
solo, formando filetes contnuos na superfcie ao ser liberado pelo dosador gravitacional. A
largura de aplicao a largura da mquina. So mquinas que so tracionadas pelo trator e so
acionadas pelas suas rodas. Sendo esta mais indicada para calcrios em geral;
- distribuidor de corretivos a lano: so equipamentos que deixam uma faixa trabalhada
muito mais larga do que a mquina em si. Consistem em um depsito com mecanismo de
distribuio inercial, formado por um tubo cnico horizontal montado sobre um mecanismo que lhe
confere movimento pendular ou com mecanismo de distribuio centrifuga de discos. Estas
mquinas podem ter duas rodas que acionam os mecanismos, ou serem montadas com o sistema de
engate de trs pontos, com acionamento pela tomada de potncia. Alm de corretivos do tipo
calcrios pode tambm aplicar a lano adubos minerais e orgnicos e sementes;
- distribuidor de corretivos de grande porte: so carretas tratorizadas ou caminhes na qual
tem reservatrio de grande capacidade, nestas maquinas um determinado volume de material
continuamente retirado do fundo do reservatrio por uma esteira transportadora e lanado no
mecanismo distribuidor, quase sempre formado por dois discos rotativos com palhetas regulveis.
Estas mquinas so geralmente tracionadas por tratores e acionadas pela tomada de potencia. Alm
de corretivos do tipo calcrios pode tambm aplicar a lano adubos minerais e orgnicos;
- distribuidor de fertilizantes orgnicos slidos: so carretas tratorizadas com grande
capacidade, que funcionam com esteiras rolantes, correntes e barras transversais que movem a carga
para distribuio traseira ou distribuidor lateral, que podem ir despejando o fertilizante ao longo do
sulco, formando um cordo contnuo (torta de usina) ou distribudo a lano por toda a superfcie do
terreno de forma uniforme (esterco de curral);
- distribuidor de fertilizantes orgnicos lquidos: so tanques com capacidade grande,
dotados de um vcuo-compressor que possui dois estgios suco e asperso, podendo assim
realizar seu carregamento e descarregamento com rapidez. Pode-se realizar a aplicao em rea
total ou localizada;
-
32
- distribuidor de fertilizantes lquidos ou fluidos so tanques com capacidade varivel, com
bombas dosadoras centrfugas ou peristlticas, comando, mangueiras e bicos dosadores. possvel
realizar a aplicao sobre a superfcie do solo ou em profundidade, quando o produto for bastante
voltil, como a amnia anidra e a uria, que precisam ser incorporadas ao solo. Estes equipamentos
so mais utilizados em reas de cana de acar, caf e citrus, de modo geral so pouco utilizados no
Brasil.
2.2.2. Cultivo Mnimo
O cultivo mnimo um dos tipos de preparo de solo que visa reduo do nmero de
operaes com mquinas e implementos para o preparo do solo, ou seja, reduzir o nmero de
araes e gradagens. O cultivo mnimo apresenta como vantagem, reduo no custo de produo e
menor desagregao do solo, proporcionando melhor conservao do mesmo.
TABELA 7. Efeito da intensidade da operao de preparo do solo sobre as perdas por eroso.
Arao com aiveca Perda de solo (t/ha) Duas araes 14,6 Uma arao 12,0
Uma arao superficial 8,6
Um tipo de cultivo mnimo muito utilizado o das reas de reforma de cana-de-acar,
onde aps o cultivo do amendoim, soja e outras culturas, se faz uma subsolagem ou se faz
diretamente a abertura dos sulcos para o plantio da cana. O cultivo mnimo tambm tem aumentado
sensivelmente em culturas perenes como frutferas, florestais, estimulantes e ate mesmo em culturas
anuais.
Vantagens do cultivo mnimo:
- reduo dos custos de produo;
-diminui do tempo para o plantio/semeadura;
-reduo do trfego de maquinas e implementos agrcolas;
-menor mobilizao do solo;
-sistema de fcil adoo pelo agricultor;
-conservao do solo.
-
33
2.2.3. Plantio Direto13
Conceito: Plantio direto a tcnica de colocao da semente em sulco ou cova em solo
no revolvido, com largura e profundidade suficiente para obter uma adequada cobertura e um
adequado contato da semente com o solo. Este sistema elimina, portanto, as operaes de arao,
gradagens, escarificaes e outros mtodos conservacionistas de preparo do solo. As plantas
daninhas so controladas pelo uso de herbicidas.
a semeadura de culturas sem preparo do solo e com a presena de cobertura morta ou
palha, constituda dos restos vegetais originados de cultura anterior conduzida especificamente para
produzir palha e s vezes tambm para produo econmica. Geralmente o plantio direto aplicado
no cultivo de sucesses simples, tais como: soja/milheto, soja/milho-safrinha (milho semeado de
dezembro at o final de fevereiro), soja/trigo, soja/aveia-preta etc., por vrios anos seguidos, no se
utilizando, portanto, um sistema organizado de rotao de culturas. Normalmente, so usados
implementos de discos para incorporar superficialmente as sementes da espcie cultivada para
formar a palha e incorporar os corretivos, e implementos de hastes para romper camadas
compactadas. O plantio direto , neste caso, uma denominao inadequada, pois no h plantio, mas
semeadura, por tratar-se de gros e no de plantas ou plntulas.
J Sistema Plantio Direto (SPD) a forma de manejo conservacionista que envolve todas
as tcnicas recomendadas para aumentar a produtividade, conservando ou melhorando
continuamente o ambiente. Fundamenta-se na ausncia de revolvimento do solo, em sua cobertura
permanente e na rotao de culturas. Pressupe, tambm, uma mudana na forma de pensar a
atividade agropecuria a partir de um contexto scio-econmico com preocupaes ambientais.
Os pontos bsicos para a implantao do sistema so:
- o primeiro fator de sucesso consiste em o agricultor estar realmente qualificado, de forma
a entender e dominar o sistema em todas as suas fases;
- o incio do SPD deve ser planejado de tal forma que, em caso de necessidade, sejam
realizadas previamente a descompactao e/ou calagem. Se essas operaes forem realizadas
conforme as recomendaes, no provocaro nenhum efeito negativo posterior;
- no se pode implantar o sistema plantio direto em solo compactado, pois pode dificultar
o desenvolvimento do sistema radicular das plantas, diminuir a aerao do solo, alterando as
condies fsicas e qumicas para o desenvolvimento de microrganismos favorveis s plantas, alm
de diminuir a taxa de infiltrao, a permeabilidade do solo e o armazenamento de gua no seu
perfil. Essa situao deve ser evitada, principalmente nos solos argilosos, com baixos teores de
matria orgnica, e com histrico de compactao provocada pelo uso contnuo de grade pesada e
13 Salton, et al. (s.d.)
-
34
niveladora. Para iniciar o SPD, o solo deve estar devidamente descompactado, pois normalmente,
esse sistema induz, nos primeiros anos, pequena compactao nos primeiros 10 cm superficiais.
Entretanto, esse fato no influencia, necessariamente, o rendimento das culturas tendendo a reduzir-
se, com o tempo, at tornar-se desprezvel;
- os solos aptos para o plantio direto so aqueles que no apresentam limitaes qumicas e
problemas de fertilidade (Ex: necessidade de calagem). Quando o SPD estiver instalado e sendo
conduzido conforme as recomendaes, se houver necessidade de correo, o calcrio pode ser
perfeitamente aplicado a lano e sem incorporao;
- que a rea seja a mais livre possvel de plantas daninhas. Iniciar o plantio direto em reas
infestadas de plantas daninhas garante 50% do fracasso;
- uso de picador e distribuidor de palhas nas colhedoras, antes do plantio;
- em termos de equipamento para uma rea de 100 ha suficiente um trator de mdia
potncia (75 a 90 HP), uma mquina especfica para semeadura em plantio direto e um bom
pulverizador de barras, alm disso, fundamental a disponibilidade de uma automotriz equipada
com picador e distribuidor de palha.
Funes da palha:
- reduzir as perdas de solo e gua pela eroso;
- diminuir o impacto da chuva, protegendo o solo contra a compactao e desagregao;
- aumentar a capacidade de infiltrao da gua no solo, minimizando os escorrimentos
superficiais e amenizando as enchentes;
- estabilizar a temperatura do solo, favorecendo os processos biolgicos e a vida no solo;
- manter a umidade do solo ao reduzir a evaporao;
- agir como reciclador de nutrientes, assegurando alta atividade biolgica;
- aumentar a matria orgnica no perfil do solo, melhorando a CTC e a estrutura fsica do
solo;
- ajudar no controle de plantas invasoras, seja por supresso ou por alelopatia.
Influncia dos sistemas de preparo em algumas caractersticas do solo.
Eroso do solo: nesse aspecto o sistema de semeadura sem preparo, ou plantio direto, o
que confere ao solo maior proteo contra eroso, pois h mobilizao apenas na linha de
semeadura e os restos da cultura anterior so mantidos na superfcie, protegendo-o contra os
impactos diretos das gotas de gua das chuvas e permitindo maior infiltrao de gua no solo.
Teor de matria orgnica do solo: os restos de culturas, quando incorporados ao solo,
tm uma decomposio mais rpida, liberando os nutrientes neles contidos. Como a semeadura da
-
35
cultura seguinte nem sempre feita logo aps o preparo grande parte dos nutrientes so perdidos
pela enxurrada e lixiviao. Desse modo, o plantio direto e o preparo reduzido do solo, por
manterem os restos vegetais na superfcie ou parcialmente incorporados, podem levar a acrscimos
de matria orgnica nas camadas do solo, reduzindo as perdas por lixiviao de compostos
orgnicos.
Distribuio de fsforo: sistemas de preparo com menor movimentao do solo tendem a
provocar aumentos na disponibilidade de fsforo, especialmente na camada arvel. O maior
contato entre o adubo e as partculas do solo, provocado pelo preparo convencional, faz com que o
fsforo disponvel seja imobilizado pela argila e sesquixidos de Fe e Al.
Distribuio de clcio, magnsio e efeitos na acidificao do solo: Em reas com
plantio direto ou preparo reduzido, o aumento de Ca e Mg nas camadas superficiais s aparece aps
um perodo prolongado de uso desses sistemas, pela reciclagem de nutrientes das camadas mais
inferiores, depositando-os na superfcie, via restos vegetais.
Em alguns casos, observa-se uma acidificao das camadas superficiais do solo quando se
utilizam esses sistemas de cultivo. A principal causa o emprego de adubos nitrogenados em
cobertura quando se cultivam gramneas, como milho e trigo. Esse efeito mais acentuado em
solos arenosos onde o teor de matria orgnica normalmente menor, sendo necessrias doses mais
pesadas do adubo em cobertura, acentuando o efeito da acidificao.
A calagem em plantio direto ainda uma questo polmica. Embora se recomende a
calagem com incorporao profunda do corretivo antes de iniciar o sistema, com o passar dos anos
h uma queda no pH e, em alguns casos, surgem problemas com Al+3. Muitos agricultores, que j
esto com o plantio direto estabelecido, aplicam doses leves de calcrio, entre 1,5 a 2,0 t/ha, sem
incorporao, para no quebrar o sistema. Aplicao de doses pesadas, podem elevar o pH
superficial a determinados valores, com prejuzos para a absoro de nutrientes.
Pesquisas vm sendo realizadas com uso de gesso, que por ser mais mvel que o calcrio,
pode neutralizar mais facilmente o Al+3 em profundidade.
Influncia sobre as invasoras: No plantio direto a cobertura morta com aveia preta por
exemplo, mais eficiente que a mucuna preta no controle de invasoras, por resistir mais
decomposio, garantindo boa cobertura at o fechamento da cultura seguinte.
Vantagens do sistema plantio direto:
- reduo do uso de mquinas e equipamentos na ordem de 45%;
- economia no consumo de leo diesel;
- reduo dos custos de produo
-
36
- diminui do tempo para o plantio/semeadura;
- reduo do trfego de maquinas e implementos agrcolas;
- mnima mobilizao do solo;
- conservao do solo.
3. CONSERVAO DO SOLO14
A conservao do solo consiste em dar o uso e o manejo adequado s suas caractersticas
qumicas, fsicas e biolgicas, visando manuteno do equilbrio ou recuperao. Atravs das
prticas de conservao, possvel manter a fertilidade do solo e evitar problemas comuns, como a
eroso e a compactao.
Sistemas conservacionistas de manejo do solo so conjuntos de tcnicas embasadas em
prticas vegetativas (cobertura verde, cobertura morta, adubao verde, rotao de culturas, faixas
de reteno, entre outras) e em prticas mecnicas tais como revolvimento mnimo ou ausncia de
revolvimento de solo e terraceamento.
O preparo convencional do solo aumenta consideravelmente a compactao dos solos e a
eroso. Para minimizar os efeitos causados pelas chuvas e tambm pelo mau aproveitamento do
solo pelo homem, so utilizadas algumas tcnicas de manejo e conservao dos solos.
3.1. EROSO
Rochas, solos e coberturas vegetais sofrem a ao de agentes erosivos (gua da chuva ou
pluvial, gua de rios ou fluvial, de vento, de gelo, de correntes e mars, de embate de ondas),
ocorrendo retirada e o transporte do material na forma de fragmentos, solues e colides para
outros locais at atingir o nvel base de eroso onde se acumulam. A eroso um processo que se
traduz na desagregao, transporte e deposio do solo. A eroso depende fundamentalmente da
chuva, da infiltrao da gua, da topografia (aclive mais acentuado ou no), do tipo de solo e da
quantidade de vegetao existente.
3.1.1. Agentes causadores da eroso
gua - mais importante nas nossas condies;
Vento - importante nas regies ridas e de baixas precipitaes;
14 www.ambientebrasil.com.br Amaral (1978)
-
37
Geleiras - deslocamento de blocos de gelo e de gua de degelo.
Qualquer que seja o agente, a eroso se processa em trs fases:
Desagregao (1-fase) - consiste na desagregao de partculas minerais ou orgnicas
pelo impacto das gotas de gua da chuva sobre o solo. Quanto maior o choque, maior o volume de
partculas soltas. A desagregao depende ainda da:
- natureza do solo (textura, estrutura, cultivos);
- cobertura do solo (tipo e quantidade).
Transporte (2- fase) - as partculas desagregadas, so transportadas pela gua, sendo que
as menores so transportadas em soluo (argila e partculas orgnicas), as de tamanho
intermedirio, so transportadas em suspenso (limo ou silte e areia fina), e as maiores so
empurradas (areia grossa e cascalho).
Deposio (3- fase) - o fim do transporte, ocorre quando o agente transportador perde
velocidade, ocorrendo deposio dos materiais.
Quanto forma de desgaste tem-se:
Eroso Laminar - ocorre na superfcie do solo sem causar sulcos, onde ocorre um
desgaste por igual de uma lmina na superfcie do solo. uma das principais formas de eroso, pois
o agricultor quase no percebe e seu solo vai se tornando cada vez mais raso e pobre;
Eroso em Sulcos - ocorre quando as guas concentram-se em determinados pontos,
formando tipo de calhas que vai se aprofundando e alargando. Na sua fase inicial, os sulcos podem
ser desfeitos com as operaes de preparo do solo, em um estdio mais adiantado, eles atingem
profundidade que interrompem o trabalho de mquinas agrcolas;
Eroso em Voorocas - a eroso provocada por grandes concentraes de enxurradas
que passam, ano aps ano, no mesmo sulco, que vai se ampliando, pelo deslocamento de grandes
massas de solo e formando grandes cavidades em extenso e em profundidade.
O processo erosivo depende:
- cobertura do solo (quanto mais coberto menos erosivo);
- tipo de manejo do solo e tipo de solo;
- declividade do terreno;
- intensidade de chuva (mm/h).
3.1.2. Importncia da eroso
Com a eroso, so carregados os insumos colocados no solo, ou seja, adubos, inseticidas,
fungicidas, calcrio, sementes, etc., acarretando um gasto suprfluo de dinheiro. Alm disso, para
-
38
que haja a formao de aproximadamente 20 cm de solo, a natureza leva, em mdia, 1500 anos.
Portanto existe a necessidade de se reduzir ao mximo s perdas de solo por eroso, de tal forma
que as perdas anuais no excedam a tolerncia de perda daquele solo.
TOLERNCIA DE PERDA DE SOLO: uma quantidade de terra que pode ser perdida
anualmente por eroso, expressa em toneladas/ha/ano, de forma que o solo mantenha elevado nvel
de produtividade, por longo perodo de tempo. A tolerncia varia com a natureza do solo, sendo
maior para os Latossolos e, acentuadamente menor para os Podzlicos.
Para o estado de So Paulo, ela varia entre 4,5 a 15,0 t/ha/ano, de acordo com as
caractersticas do solo. Solos profundos, de textura mdia e bem drenados tm um valor de
tolerncia mais elevado. Solos pouco profundos, ou que possuem horizontes superficiais,
apresentam um valor de tolerncia mais baixo.
No Brasil para se produzir 1 kg de gros, se perde 10 kg de solo.
3.2. COMPACTAO
A compactao do solo , ao mesmo tempo, a reduo da macroporosidade ou porosidade
de aerao e o aumento da microporosidade, da densidade do solo e da resistncia penetrao das
razes de plantas no solo, e resulta de atividades do homem. um processo de disperso ou
rearranjamento dos agregados e aproximao das partculas primrias (areia, silte e argila) do solo,
causada por pisoteio animal, trnsito de mquinas ou impacto das gotas de chuva, afetando todas as
suas propriedades e funes fsicas, qumicas e biolgicas.
A compactao do solo ocorre ainda durante as operaes de mobilizao da superfcie,
em condies de umidade inadequada, com implementos de discos. Pode ser tambm originada, no
sistema convencional de manejo do solo, onde pulverizam em excesso a camada arvel, causando o
encrostamento superficial e formando camadas coesas ou compactadas, abaixo da profundidade de
trabalho dos rgos ativos das mquinas. Essa compactao chamada comumente de p-de-
arado, p-de-grade etc. Como alternativa, tem sido adotado o sistemas conservacionistas de
manejo do solo, tal como o Sistema Plantio Direto, possibilitando assim dar sustentabilidade
explorao agrcola. A rotao de culturas, pela incluso de espcies com sistema radicular
agressivo e pelos aportes diferenciados de matria seca, pode alterar os atributos fsicos do solo. No
SPD, o aparecimento de alguma compactao tambm pode ser observado, em virtude do processo
de compresso causado por trfego excessivo de mquinas e veculos, com solo em condies de
umidade acima da ideal.
-
39
3.2.1. Mtodos para diagnosticar problemas de compactao do solo
A compactao do solo pode ser diagnosticada pela:
- observao visual no campo, procurando identificar ocorrncias de eroso,
encrostamento superficial, plantas com germinao desuniforme e com falhas, desenvolvimento
vegetativo abaixo do esperado, baixa produtividade, grande incidncia de plantas daninhas;
- observao em pequenas trincheiras introduzindo, numa das faces do perfil, um
instrumento pontiagudo (canivete ou faca) para identificar camadas mais endurecidas, associadas
presena de razes pivotantes retorcidas;
- pelo uso de equipamentos como penetrmetro de impacto, penetrgrafo, ps, enxadas ou
estiletes de ferro que, ao serem introduzidos no solo, podem identificar camadas compactadas e a
profundidade de ocorrncia em virtude da variao de resistncia penetrao.
3.2.2. Mtodos para descompactao do solo
O mtodo de descompactao do solo vai depender da profundidade, da espessura da
camada compactada, tipo de solo, disponibilidade de equipamentos e sistema de cultivo, no entanto
os mais utilizados so:
- subsolagem/escarificao; cujo formato das hastes e profundidade, permita que a camada
compactada seja rompida;
- arao/gradagem; removendo e/ou rompendo a camada compactada;
- utilizar veculos e equipamentos menos pesados, com rodados mais largos, trafegando
apenas com solo tendendo a seco ou com a umidade abaixo da correspondente do solo frivel, em
locais previamente definidos e controlados;
- rotao de culturas (envolvendo culturas com sistema radicular agressivo, pivotante e
abundante) - semeadoras dotadas de faces dispostos imediatamente aps os discos de corte que
fazem a descompactao do solo somente na linha de semeadura.
3.2.3. Mtodos para evitar a compactao
Para evitar a compactao do solo deve-se:
- planejar a utilizao das mquinas agrcolas para conjugar operaes;
- evitar o uso de mquinas pesadas;
- dotar as mquinas e implementos de pneus apropriados;
- no trabalhar com o solo muito molhado;
- controlar o trfego por meio da sistematizao das vias de deslocamento pela rea;
- manter palha farta sobre a superfcie do solo.
-
40
3.3. PRTICAS CONSERVACIONISTAS15
um conjunto de medidas que visam minimizar ao mximo as perdas do solo. Podem ser
divididas em:
3.3.1. Prticas de carter vegetativo
So aquelas onde se utiliza a vegetao para proteger o solo.
3.3.1.1. Classificao do solo quanto a sua capacidade de uso
Deve ser a primeira prtica conservacionista a ser adotada numa propriedade. Possui
como objetivo, estabelecer para cada gleba da propriedade rural, a cultura que melhor protege o
solo, visando assim, o aumento da produtividade.
Esta classificao divide o solo em oito classes de capacidade de uso, assim estabelecidas,
colocando cores para classific-la:
A) Terras cultivveis: I. Terras cultivveis aparentemente sem problemas de conservao (verde claro);
II. Terras cultivveis com problemas simples de conservao (amarelo);
III.Terras cultivveis com problemas complexos de conservao (vermelho);
IV.Terras cultivveis apenas ocasionalmente, com problemas srios.
B) Terras cultivveis apenas em casos especiais de algumas culturas perenes
(pastagens ou reflorestamento)
V. Terras cultivveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes e
adaptadas em geral para pastagens ou reflorestamento, sem necessidades de prticas especiais de
conservao (verde escuro);
VI. Terras cultivveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes e
adaptadas em geral para pastagens ou reflorestamento, com problemas simples de conservao
(alaranjado);
VII. Terras cultivveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes e
adaptadas em geral para pastagens ou reflorestamento, com problemas complexos de conservao
(marrom).
C) Terras imprprias para vegetao produtiva e prpria para proteo da fauna e
da flora silvestre, para recreao ou para armazenamento de gua
15 Pires et al. (2003)
-
41
VIII. Terras imprprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, podendo servir apenas
como abrigo da fauna silvestre, como ambiente para recreao ou para fins de armazenamento de
gua (roxo).
Os critrios levados em considerao para a classificao do solo quanto capacidade de
uso so:
- declividade (relevo);
- grau de eroso laminar ou em sulcos;
- profundidade do solo;
- drenagem do solo;
- fertilidade do solo;
- risco de geadas; etc.
3.3.1.2. Escolha da cultura
A capacidade de proteger o solo contra os processos erosivos varia de uma cultura para
outra.
A Tabela 8 mostra o comportamento das diferentes densidades de vegetao no processo
de eroso. Dando valor 100 para a cultura que apresentou a maior quantidade de terra arrastada, as
culturas podem ser distribudas em quatro grupos, segundo o grau crescente de proteo oferecida
contra eroso:
- 1 grupo mamona, feijo e mandioca;
- 2 grupo amendoim, arroz e algodo;
- 3 grupo soja e batatinha;
- 4 grupo cana-de-acar, milho, milho+feijo e batata doce.
TABELA 8. Efeito do tipo de uso do solo sobre as perdas por eroso. Mdias ponderadas para trs tipos de solo do Estado de So Paulo.
Tipo de cobertura Perda de solo (t/ha) Perda de gua (% da chuva) Mata 0,004 0,7
Pastagem 0,4 0,7 Caf 0,9 1,1
Algodo 26,6 7,2
TABELA 9. Efeito do tipo de cultura anual sobre as perdas por eroso. Mdia na base de 1300 mm de chuva e declive entre 8,5 e 12,8%.
-
42
Perdas de Cultura anual Solo (t/ha) gua (% da chuva)
Mamona 41,5 12,0 Feijo 38,1 11,2
Mandioca 33,9 11,4 Amendoim 26,7 9,2
Arroz 25,1 11,2 Algodo 24,8 9,7
Soja 20,1 6,9 Batatinha 18,4 6,6
Cana-de-acar 12,4 4,2 Milho 12,0 5,2
Milho+Feijo 10,1 4,6 Batata doce 6,6 4,2
De acordo com as Tabelas 8 e 9, pode-se concluir que juntamente com a classificao do
uso do solo de acordo com a sua classe de capacidade de uso, devem-se colocar as culturas que
mais evitam as perdas por eroso, nos locais da propriedade onde a classificao do solo foi menor.
Alm disso, torna-se possvel indicar, com bastante segurana, a prtica de culturas em faixas,
baseada na resistncia apresentada em cada grupo de culturas.
3.3.1.3. Cordes de vegetao permanente
Consiste no uso de fileiras de plantas perenes e de denso crescimento, disposta em nvel,
em culturas anuais ou perenes. Normalmente so utilizados os vegetais: erva cidreira, cana-de-
acar, capim napier, etc.
Para solos com at 10% de declividade, esta prtica proporciona um controle de eroso
semelhante ao terraceamento.
TABELA 10. Efeito de prticas conservacionistas em culturas anuais sobre as perdas por eroso.
PERDAS PRTICAS solo (t/ha) gua (% da chuva)
Plantio morro abaixo 26,1 6,9 Plantio em nvel 13,2 4,7 Plantio em nvel mais alternncia de capinas 9,8 4,8 Cordes de vegetao permanente 2,5 1,8
Cultura perene napier, cana, podem ou no ser plantadas sobre terraos.
-
43
A associao de cordes de vegetao permanente + terraos proporcionam um bom
controle da eroso.
3.3.1.4. Rotao de culturas
Consiste na alternncia de varias culturas na mesma rea, durante os anos agrcolas, de
acordo com um planejamento previamente definido. interessante, do ponto de vista de
conservao do solo, que seja feita a rotao de cultura associada ao terraceamento, cordes de
vegetao permanente e culturas em faixas.
TABELA 11. Efeitos da rotao de cultura sobre as perdas por eroso.
Sistema de cultivo Perdas de solo (t/ha) Milho contnuo 47,0 Rotao milho trigo 2 anos pasto 13,5
No sistema de rotao de culturas, interessante alternar leguminosas e gramneas, que
alm dos benefcios da variao do tipo de cultura (Tabela 11), possuem exigncia nutricional
diferente e, alm disso as leguminosas enriquecem o solo em N (fixao simbitica).
3.3.1.5. Cultura em faixa
a prtica que consiste na utilizao de culturas em faixas de tamanho varivel podendo
ou no estar associadas utilizao de cordes de vegetao permanente e/ou terraos, as quais
apresentam diferenas na capacidade de proteger o solo (Tabela 10). uma pratica que deve vir
acompanhada de rotao de culturas, onde culturas temporrias so dispostas em faixas niveladas e
alternadas.
3.3.1.6. Alternncia de capinas
Mais recomendada para culturas perenes, consiste em alternar as capinas entre as linhas ou
entrelinhas de plantio, depois de algum tempo realizar a operao nas linhas que ficaram sem
capina. O solo carregado das ruas capinadas desce ficando retido nas linhas ou entrelinhas com
mato. A Tabela 10 mostra uma boa reduo nas perdas de solo pela utilizao de alternncia de
capinas.
3.3.1.7. Ceifa do mato
A ceifa do mato uma prtica realizada exclusivamente em culturas perenes. Na cultura
do caf SILVEIRA & KURACHI (1985) verificaram que a roadora foi o implemento que
-
44
proporcionou maiores benefcios em termos de aumento do dimetro mdio dos agregados,
oferecendo maior controle da eroso. Alm disso, segundo CARVALHO (1984) as razes das
plantas daninhas roadas entram em decomposio, aumentando o teor de matria orgnica do solo
e formando canalculos que facilitam a infiltrao de gua.
CULTURAS PERENES
Ex: Citrus - roadora na poca chuvosa (3 a 4 vezes);
- grade no final das chuvas (1 vez);
- capina qumica ou mecnica nas linhas ou coroamento.
3.3.1.8. Outros
Plantas de cobertura, Culturas intercalares, Consorciao de culturas, etc.
Tais prticas possuem como funo, evitarem ao mximo o impacto das gotas de chuva
diretamente com o solo.
As plantas de cobertura so prticas vegetativas muito adequadas para os pomares ctricos.
Sua adoo reduz as perdas de solo a valores muito baixos. Na prtica os nicos locais que ficam
descobertos so as projees das saias das plantas, ficando o restante da rea incluindo
carreadores, cobertos por grama batatais, por exemplo, ou mesmo outras plantas daninhas.
3.3.2. Prticas conservacionistas de carter edfico
So aquelas relacionadas s prticas de manejo do solo adotadas para conter o processo
erosivo, alm disso, melhoram a fertilidade do solo. So elas:
3.3.2.1. Cobertura morta
O fogo a maneira mais fcil e econmica do agricultor limpar uma rea, combater certas
pragas e doenas. Entretanto o fogo alm de diminuir a fertilidade do solo atravs da reduo da
matria orgnica e perda de nutrientes como N e S por volati