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CURSO BÍBLICO PARA LÍDERES O CRISTÃO E A BÍBLIA Coordenação: Pr. Everson Assis

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Teologia

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Page 1: Apostila

CURSO BÍBLICO PARA LÍDERES

O CRISTÃO E A BÍBLIA

Coordenação: Pr. Everson Assis

Page 2: Apostila

AULA I: O CRISTÃO E O CONHECIMENTO DA BÍBLIA

Todos os cristãos são encorajados não apenas a transportarem suas Bíblias quando vão à

Igreja, eles são da mesma forma encorajados a lerem e a viverem de acordo com a

Bíblia, Palavra de Deus. Uma das coisas mais importantes para aqueles que confessam a

cristo como Senhor e Salvador de suas vidas é saber o que é a Bíblia e como ela pode

nos ajudar a vivermos de acordo com os princípios das Leis

A palavra “Bíblia” vem do latim e grego e significa “livro”, um nome apropriado, já que

a Bíblia é o Livro para todas as pessoas, de todos os tempos. É um livro sem igual,

sozinho em sua classe. Sessenta e seis livros fazem parte da Bíblia. Eles incluem livros

da lei, tais como Levítico e Deuteronômio; livros históricos, tais como Esdras e Atos;

livros de poesia, tais como Salmos e Eclesiastes; livros de profecia, tais como Isaías e

Apocalipse; biografias, tais como Mateus e João; e epístolas (cartas formais), tais como

Tito e Hebreus.

Cerca de 40 autores humanos diferentes escreveram a Bíblia. Ela foi escrita durante um

período de 1500 anos. Os autores foram reis, pescadores, sacerdotes, oficiais do

governo, fazendeiros, pastores e médicos. De toda essa diversidade surge uma unidade

incrível, com temas em comum por todo o seu percurso. A unidade da Bíblia deve-se ao

fato de que, essencialmente, ela tem um Autor: Deus. A Bíblia é “Inspirada por Deus”

(2 Timóteo 3.16). Os autores humanos escreveram exatamente o que Deus queriam que

escrevessem, e o resultado foi a perfeita e santa Palavra de Deus (Salmos 12.6; 2 Pedro

1.21).

A Bíblia é dividida em duas partes principais: O Antigo Testamento e o Novo

Testamento. Em resumo, o Antigo Testamento é a história de uma nação, e o Novo

Testamento é a história de um Homem – Jesus Cristo; mas ele é também a história de

um novo povo – A Igreja de Deus. A nação foi a forma que Deus usou para trazer o

Homem ao mundo. O Antigo Testamento descreve a fundação e preservação da nação

de Israel. Deus prometeu usar Israel para abençoar o mundo inteiro (Gênesis 12.2-3).

Uma vez que Israel tinha sido estabelecida como nação, Deus fez surgir uma família

daquela nação através da qual a benção iria vir: a família de Davi (Salmos 89.3-4).

Então, da família de Davi foi prometido um Homem que traria a benção prometida

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(Isaías 11.1-10). O Novo Testamento detalha a vinda desse Homem prometido. Seu

nome era Jesus, e Ele cumpriu as promessas do Antigo Testamento por viver uma vida

perfeita, morrer para tornar-se o Salvador e ressuscitar dos mortos dando inicio ao seu

novo povo, a Igreja.

Como Palavra de Deus, a Bíblia deve ser lida como nenhum outro livro, já que ela é

única. Não há outra Palavra de Deus. No entanto, como ela foi escrita por seres

humanos, deve ser interpretada como qualquer outro livro. Nesse sentido, a Bíblia se

sujeita a regras gerais da hermenêutica e da interpretação, que fazem parte daquilo que é

lógico e tem sentido dentro da nossa realidade. Ou seja, quando nós refletimos no fato

de que a Bíblia é um texto ― sujeita a regras gerais de interpretação ―, temos um texto

que está distante de nós por causa da sua idade, das línguas originais, do diferente

contexto cultural.

Para resumir a história bíblica, podemos dizer que Deus criou o homem e o colocou em

um ambiente perfeito; no entanto, o homem se rebelou contra Deus e deixou de ser o

que Deus tinha planejado para ele ser. Deus colocou o mundo sob uma maldição por

causa do pecado, mas imediatamente colocou em ação um plano para restaurar o

homem e toda a criação à sua glória original.

Como parte do Seu plano de redenção, Deus chamou a Abraão para sair da Babilônia e

ir para Canaã (mais ou menos 2000 A.C.). Deus prometeu a Abraão, a seu filho Isaque e

seu neto Jacó (também chamado de Israel) que Ele iria abençoar o mundo através de um

de seus Descendentes. A família de Israel emigrou de Canaã a Egito, onde eles

passaram a ser uma nação.

Mais ou menos 1400 A.C., Deus guiou os descendentes de Israel a deixar o Egito sob a

direção de Moisés e deu a eles a Terra Prometida, Canaã. Através de Moisés, Deus deu

ao povo de Israel a Lei e fez uma aliança (testamento) com eles: se eles permanecessem

fiéis a Deus e não seguissem a idolatria das nações ao seu redor, eles iriam prosperar. Se

eles abandonassem a Deus e seguissem aos ídolos, então Deus iria destruir sua nação.

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Mais ou menos 400 anos depois, durante os reinos de Davi e seu filho Salomão, Israel

se solidificou em um reino grande e poderoso. Deus prometeu a Davi e Salomão que um

Descendente deles reinaria como um Rei eterno.

Depois do reino de Salomão, a nação de Israel foi dividida. As dez tribos do norte se

chamaram de “Israel”, e eles duraram mais ou menos 200 anos até que Deus os julgou

por sua idolatria: Assíria levou Israel cativo mais ou menos 721 A.C. As duas tribos do

sul foram chamadas de “Judá”, e elas duraram mais tempo, mas eventualmente também

abandonaram a Deus. Babilônia levou eles cativo mais ou menos 600 A.C.

Mais ou menos 70 anos depois, Deus graciosamente trouxe o restante dos cativos de

volta a sua própria terra. Jerusalém, a capital, foi reconstruída mais ou menos 444 A.C.,

e Israel mais uma vez estabeleceu sua identidade nacional. Dessa forma o Velho

Testamento termina.

O Novo Testamento começa mais ou menos 400 anos depois com o nascimento de Jesus

Cristo em Judá. Jesus era o Descendente prometido a Abraão e Davi; Aquele que iria

cumprir o plano de Deus de redimir a humanidade e restaurar a criação. Jesus fielmente

completou Sua tarefa: Ele morreu pelo pecado e ressuscitou dos mortos. A morte de

Cristo é a base para a nova aliança (testamento) com o mundo: todo aquele que tem fé

em Cristo vai ser salvo do pecado e viver eternamente.

Depois da Sua ressurreição, Jesus enviou Seus discípulos para anunciar as novas da Sua

vida e Seu poder para salvar em todos os lugares. Os discípulos de Jesus saíram em

todas as direções anunciando as boas novas de Jesus e da salvação. Eles viajaram pela

Ásia Menor, Grécia e por todo o Império Romano. O Novo Testamento termina com

uma profecia do retorno de Jesus para julgar o mundo incrédulo e libertar a criação da

maldição.

Temos aqui, então, o resumo da história do Livro mais lido, impresso e vendido de todo

o mundo. Vejamos agora com maiores detalhes quais são aquelas partes que chamamos

comumente de Antigo e Novo Testamento; para depois meditarmos rapidamente em seu

conteúdo literário, isto é, para sabermos do que eles falam.

Page 5: Apostila

AULA II: O ANTIGO TESTAMENTO

Antigo Testamento é o nome dado, desde os primórdios do Cristianismo, às escrituras

sagradas do povo de Israel, formadas por um conjunto de livros muito diferentes uns

dos outros em caráter e gênero literário e pertencentes a diversas épocas e autores. 

O Antigo Testamento ocupa, sem dúvida, um lugar preeminente no quadro geral da

importante literatura surgida no Antigo Oriente Médio. No decorrer da sua longa

história, egípcios, sumérios, assírios, babilônicos, fenícios, hititas, persas e outros povos

da região produziram um importante tesouro de obras literárias porém nenhuma delas se

compara ao Antigo Testamento quanto à riqueza dos temas e beleza de expressão e,

muito menos, quanto ao valor religioso. 

Os gêneros literários do Antigo Testamento

 

Em termos gerais, todos os escritos do Antigo Testamento podem ser incluídos em um

ou outro dos dois grandes gêneros literários que são a prosa e a poesia em tudo, uma

segunda aproximação permite apreciar a grande diversidade de classes e estilos que,

muitas vezes misturados entre si, configuram ambos os gêneros. 

Quanto à prosa, é o gênero no qual estão escritos textos como os seguintes:

a) relatos históricos, presentes sobretudo nos livros de caráter narrativo e que, a partir de

Abraão (Gn 11.27-25.11), referem-se ou diretamente ao povo de Israel e aos seus

personagens mais significativos ou indiretamente aos povos e nações cuja história está

relacionada muito de perto com Israel; 

b) o relato de Gn 1-3 sobre as origens do mundo e da humanidade, o qual, do ponto de

vista literário, merece referência à parte; 

c) passagens especiais (p. ex., a história dos patriarcas), narrações épicas (p. ex., o

êxodo do Egito e a conquista de Canaã), quadros familiares (p. ex., o livro de Rute),

profecias (em parte), visões, crônicas oficiais, diálogos, discursos, instruções,

exortações e genealogias;

Page 6: Apostila

d) textos legais e normas de conduta e regulamentação da prática religiosa coletiva e

pessoal. 

Quanto à poesia, o Antigo Testamento oferece vários modelos literários, que podem ser

resumidos em:

a) cúlticos (p. ex., Salmos e Lamentações); 

b) proféticos (uma parte muito importante dos textos dos profetas de Israel);

c) sapienciais, os quais recolhem reflexões e ensinamentos relativos à vida diária

(Provérbios e Eclesiastes) ou que giram em torno de algum problema de caráter

teológico (Jó). 

Page 7: Apostila

AULA III: O NOVO TESTAMENTO

Novo Testamento é o nome que se dá ao conjunto de vinte e sete livros cristãos que

fazem parte da Bíblia Sagrada. O adjetivo “novo” contrasta esta coleção de escritos

cristãos com os trinta e nove livros da Bíblia Hebraica, que os cristãos chamam de

“Antigo Testamento”.

A palavra “testamento” quer dizer “aliança”. Deus havia feito uma aliança com o seu

povo escolhido, o povo de Israel: eles seriam o seu povo, e ele seria o Deus deles (Gn

15.17-20; 17.1-14,21; 28.10-15). Por meio do profeta Jeremias, Deus prometeu  fazer

uma nova aliança com o seu povo (Jr 31.31-34), e a sua promessa se cumpriu por meio

de Jesus Cristo (Lc 22.20; Hb 9.15). Fazem parte do povo da Nova Aliança todos

aqueles que aceitam e proclamam Jesus Cristo como o seu Salvador e Senhor.

Os primeiros seguidores de Jesus eram os judeus, a exemplo do próprio Jesus. E todos

eles tinham as Escrituras do Antigo Testamento como a sua Bíblia. Os escritores dos

livros do Novo Testamento (“Nova Aliança”) usavam o Antigo Testamento para

mostrar que, por meio de Jesus Cristo, Deus havia cumprido as promessas que ele havia

feito ao seu povo. O próprio Jesus fez isso, como se vê claramente em Lucas 24.25-37,

44-47.

Todos os Livros do Novo Testamento foram escritos em grego, o grego coinê

(“comum”), que era falado em todo o Império Romano. E, quando os autores citavam  o

Antigo Testamento, eles se valiam da Septuaginta, a tradução das Escrituras Hebraicas

pra o grego que tinha sido feita no terceiro século antes de Cristo. Em vários lugares a

Septuaginta diverge do texto hebraico, como mostra, por exemplo, a citação do Sl 40.6

em Hb 10.5.

Os títulos “Antigo Testamento” e “Novo Testamento” só começaram a ser usados pelos

cristãos no fim do segundo século depois de Cristo.

 

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Conteúdo do Novo Testamento

 

Os livros do NT se dividem em quatro grupos:

1- Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João.

2- Histórico: Atos dos Apóstolos.

3- Cartas (21):

a) Treze cartas de Paulo: Rm; 1 e 2Co; Gl; Ef; Fp; Cl; 1 e 2Ts; 1 e 2Tm; Tt e Fm.

b) A carta aos Hebreus

c) Sete cartas gerais: Tg; 1 e 2Pe; 1,2 e 3Jo; Jd.

4- O Apocalipse

 

O texto do Novo Testamento

 

Todos os vinte e sete livros do NT foram escritos em grego, durante a segunda metade

do primeiro século da era cristã. O primeiro a ser escrito foi, ao que parece, a Primeira

Carta de Paulo aos Tessalonicenses, lá pelo ano 50 d.C. Acredita-se que o último a ser

escrito foi o Evangelho de João, perto do fim do primeiro século d.C.

Todos os documentos originais (chamados de “autógrafos”, que quer dizer “escrito pelo

autor”) se perderam. O que temos são cópias de cópias, feitas à mão. As cópias mais

antigas são do segundo século da era cristã. Ao todo, existem mais de cinco mil

manuscritos gregos preservados, embora somente uns duzentos sejam cópias completas

do NT. Mesmo assim, temos mais e melhores manuscritos do NT do que qualquer outro

livro da antiguidade. Isso quer dizer que, no que diz respeito ao texto original, estamos

certos em pelo menos 99% do NT.

Para se editar um NT grego, trabalha-se com todos os manuscritos gregos disponíveis.

Também se leva em conta as traduções mais antigas feitas para o latim, o siríaco, o

copta, o etíope, o armênio e outras línguas. Essas traduções são importantes na medida

que refletem o original grego a partir do qual foram feitas. Além disso, há milhares de

citações do NT feitas por autores cristãos durante os primeiros três ou quatro séculos da

era cristã.

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AULA IV: A MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E SUA SACRALIDADE

A palavra “meditar” é, em princípio, utilizada, pelas Escrituras, para indicar a leitura

devocional da Bíblia, como se vê, por exemplo, em Js.1:8, onde o próprio Senhor, ao

orientar Josué, após a morte de Moisés, manda que o novo líder de Israel meditasse no

livro da lei de dia e de noite. Ora, o livro da lei, àquela altura, era tudo quanto havia das

Escrituras Sagradas e, ao determinar que Josué, para que tivesse êxito em sua missão,

não apartasse da sua boca a lei e nela meditasse de dia e de noite, o Senhor estava

determinando que Josué não cessasse de refletir, pensar longamente, ocupar-se daquilo

que estava escrito no livro.

Esta meditação, conforme determinada por Deus a Josué, era uma meditação contínua.

A expressão bíblica é “de dia e de noite”, ou seja, a qualquer hora do dia, a qualquer

momento, em outras palavras, sempre. Assim como há um mandamento bíblico para

orarmos ininterruptamente, também existe uma determinação do Senhor para que jamais

deixemos de pensar e de refletir sobre as Escrituras Sagradas.

A sacralidade das Escrituras

Quando dizemos que a Bíblia é a Palavra de Deus, também queremos dizer com isso

que ela é inspirada por Deus, isto é, que ela foi soprada por Deus e por isso tem

autoridade para falar em nome d’Ele a todos aqueles que confessam e creem em Seu

nome.

Esta palavra deriva-se de in spiro, "soprar para dentro, insuflar", aplicando-se na

Escritura não só a Deus, como Autor da inteligência do homem (Jó 32.8), mas também à

própria Escritura, como "inspirada por Deus" (2Tm 3.16). Nesta última passagem

claramente se acha designada uma certa ação de Deus, com o fim de transmitir ao

homem os Seus pensamentos. Ainda que se fale primeiramente de inspiração no Antigo

Testamento, pode o termo retamente aplicar-se ao Novo Testamento, como sendo este

livro considerado também como Escritura.

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A palavra, significando "sopro de Deus", indica aquela primária e fundamental

qualidade que dá à Escritura o seu caráter de autoridade sobre a vida espiritual, e torna

as suas lições proveitosas nos vários aspectos da necessidade humana.

O que é a inspiração, pode melhor inferir-se da própria reivindicação da Escritura. Os

profetas do Antigo Testamento afirmam falar segundo a mensagem que Deus lhes deu.

O Novo Testamento requer para o Antigo Testamento esta qualidade de autoridade

divina. De harmonia com isto, fala-se em toda parte da Escritura, como sendo a "Palavra

de Deus". Tais designações como "as Escrituras" e "os oráculos de Deus" (Rm 3.2).

havendo também frases como estas - "esta escrito" - claramente mostram a sua

proveniência divina. 

Além disso, são  atribuídas as palavras da Escritura a Deus como seu Autor (Mt 1.22; At

13.34), ou ao Espírito Santo (At 1.16; Hb 3.7); e a respeito dos escritores se diz que eles

falavam pelo Espírito Santo (Mt 2.15). E deste modo as própria palavras da Escritura

são considerada de autoridade divina (Jo 10.34,35; Gl 34.16), e as suas doutrinas são

designadas para a direção espiritual e temporal da humanidade em todos os tempos (Rm

15.4; 2Tm 3.16). O apóstolo Paulo reclama para as suas palavras uma autoridade igual à

do Antigo Testamento como vindas de Deus; e semelhante coloca a sua mensagem ao

nível das mais antigas Escrituras.