apostila 3ª fase - sagrado

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1 INSTITUTO SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA História Apostila 3ª Fase Professor: Jorge Apostila com conteúdo de História da 3ª Fase do Ensino Médio. Da Industrialização à Nova Ordem Mundial.

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Page 1: Apostila 3ª fase - Sagrado

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INSTITUTO SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA

História

Apostila 3ª Fase Professor: Jorge

Apostila com conteúdo de História da 3ª Fase do Ensino Médio. Da Industrialização à Nova Ordem Mundial.

Page 2: Apostila 3ª fase - Sagrado

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Conteúdo Programático.

1 – A Industrialização e o Imperialismo.

2 – A Primeira Guerra Mundial.

3 – A Revolução Russa.

4 – A República Velha.

5 – A Grande Depressão e os Regimes Totalitários.

6 – A Era Vargas.

7 – O New Deal e A Segunda Guerra Mundial.

8 – A Guerra Fria.

9 – República Liberal Democrática.

10 – A Ditadura no Brasil.

11 – A Nova República.

12 – O Colapso do Socialismo e a Nova Ordem Mundial.

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1 - A Industrialização e o Imperialismo.

Industrialização. Ao longo do século XIX, tanto na Europa (Inglaterra, França, Alemanha e

Rússia) quanto nos EUA e no Japão assistiu-se a um grande desenvolvimento do capitalismo e da indústria. Era a Segunda Revolução Industrial e ela tinha como principais características: a descoberta do processo de fabricação do aço (Processo Bessemer), material mais leve, maleável e resistente que o ferro; a invenção do dínamo (geração de energia elétrica), que possibilitou o funcionamento de novos eletrodomésticos como geladeira e ferro de passar roupa elétrico; aproveitamento de novas fontes de energia (petróleo e seus derivados) e um grande desenvolvimento dos transportes (automóvel, trem, bonde elétrico, bicicleta, avião

e transatlântico) e das comunicações (Telégrafo e telefone). Na indústria automobilística de Henry Ford, novos métodos de produção e administração foram

implantados, como a produção em série – que barateava o custo por unidade de qualquer mercadoria – e a especialização do trabalho, caracterizada principalmente pela linha de montagem. Daí a denominação “fordismo” para o modo de produção em que cada trabalhador executa determinada função e não tem conhecimento sobre as demais etapas do processo produtivo.

Principais diferenças entre a 1ª Revolução Industrial e a 2ª Revolução Industrial.

Primeira Revolução Industrial (c. 1780 – 1850)

Segunda Revolução Industrial (c. 1850 – 1914)

Principais fontes de energia Carvão vegetal e mineral Petróleo

Material industrial mais utilizado Ferro Aço

Tipo de maquinário Máquinas a vapor Motores de combustão interna e motores elétricos.

Com essa aceleração industrial, a concorrência aumentou muito, levando ao surgimento de empresas

gigantes ou associações de empresas (trustes, cartéis e holdings).

• TRUSTE: associação de empresas de um mesmo ramo que se fundem com o objetivo de controlar os preços, a produção e o mercado.

• CARTEL: agrupamento de empresas independentes que estabelecem acordos com o propósito de dividir o mercado, diminuindo os desgastes da concorrência e atuando em áreas geográficas distintas.

• HOLDING: empresa que controla uma série de outras, do mesmo ramo ou de setores distintos, mediante a posse majoritária das ações dessas empresas.

Essas empresas pediam empréstimos aos bancos ou associavam-se a eles. Com isso os bancos tornaram-se cada vez mais importantes, passando ater papel central na economia dos países industrializados, transformando assim o capitalismo industrial no capitalismo financeiro.

Imperialismo. Durante o século XIX, amplos territórios na África e na Ásia (principalmente China e Índia) foram tomados à força pelos países europeus; na América Latina, a dominação foi, sobretudo, econômica, tanto dos britânicos, quanto posteriormente dos estadunidenses. Os dominadores alegavam que essa era a missão civilizadora do homem branco, que levaria o progresso e a civilização onde só haveria a barbárie. (Darwinismo Social).

Contudo, eles buscavam a ampliação dos mercados consumidores para seus produtos industrializados, áreas para investimentos dos capitais excedentes e fornecedores de matérias-primas essenciais à continuação do processo de industrialização, como cobre, látex e petróleo.

A principal estratégia de colonização do continente africano foi o uso da violência e do aproveitamento da mão-de-obra local e do poder já

existente. Os principais países que participaram da divisão (partilha) da África foram: Inglaterra, França, Alemanha,

Itália, Bélgica, Holanda e Portugal. O Japão anexou territórios na Ásia.

Processo Bessemer

Gravura do século XIX mostra o

chinês desesperado com a divisão da torta-

China entre os imperialistas. A

partir da esquerda: A Inglaterra, a Alemanha, a

Rússia, a França e o Japão.

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A Conferência de Berlim (1884-1885) foi uma reunião dos países europeus que definiu as regras para a partilha da África. Definindo fronteiras artificiais, misturando culturas e línguas, o que contribuiu para o surgimento de guerras civis entre os africanos, algumas que duram até nossos dias.

Para justificar a colonização do continente africano, os europeus utilizaram erradamente a Teoria da Evolução das Espécies, (os que melhor se adaptassem ao ambiente sobreviveriam) de Charles Darwin, no que ficou conhecida como darwinismo social, uma forma racista e preconceituosa de que a “raça branca” era superior a “raça negra” e a “raça amarela” e que só ela poderia criar uma civilização.

Essa partilha da África levou os países participantes a um clima de rivalidade e tensão que acabou levando a um conflito mundial.

Para Reflexão: O que devemos fazer para que as cenas abaixo não voltem a acontecer?

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2 - A Primeira Guerra Mundial. A presença da Igreja exerceu um papel importante na legitimação do imperialismo nos países dominados,

pois ela acreditava que os africanos tinham um modo de vida “bárbaro e primitivo” e por meio da catequização eles teriam contato com o cristianismo e com os costumes e valores da cultura europeia, dita superior, e deixariam de ser “primitivos” e se tornariam “civilizados”.

As rivalidades imperialistas: A unificação alemã (1871) e sua modernização industrial e naval fez crescer um sentimento de rivalidade com a Inglaterra por causa do seu rápido desenvolvimento. O sentimento de revanchismo com a França ocorreu por causa da Guerra Franco-Prussiana, quando a França perdeu o riquíssimo território da Alsácia-Lorena. Com isso, a Alemanha no início do século XX, já era uma das principais potências do mundo, pressionando a França e a Inglaterra a lhe ceder mais territórios na África e na Ásia.

Além disso, a Sérvia lutava pela libertação dos Bálcãs, que estava em parte dominado pelo Império Austro-Húngaro e também sob domínio turco. A Sérvia buscou ajuda da Rússia, que tem como aliados a Inglaterra e a França. O mundo é um verdadeiro barril de pólvora prestes a explodir, e duas razões contribuíram para isso: a política de alianças e a corrida armamentista.

• POLÍTICA DE ALIANÇAS: acordos e alianças que uniram França, Inglaterra e Rússia (Tríplice Entente ou Aliados da Entente) e Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro (Tríplice Aliança ou Potências Centrais) com ideias e interesses distintos. O período que antecedeu a 1ª Guerra ficou conhecido como “Belle Époque” por causa do progresso e de uma aparente paz. Paz que pode ser definida como “paz armada”, pois foi exatamente o período da corrida armamentista.

• CORRIDA ARMAMENTISTA: fabricação de armamentos e munições cada vez mais potentes (fuzis automáticos, metralhadoras, tanques de guerra, gases venenosos, submarinos, encouraçados e aviões) e da montagem de exércitos cada vez maiores e mais bem preparados.

A gota-d ’água para o início da guerra foi o assassinato do arquiduque do Império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando por um sérvio. O Império acusou a Sérvia pelo assassinato e declarou guerra a ela em julho 1914. Como havia a política de alianças, logo toda a Europa estava em guerra.

Essa guerra pode ser classificada em três fases distintas: guerra de movimento, aonde os exércitos aos poucos vão se posicionando; guerra de trincheiras, onde os soldados ficam

abrigados trocando tiros com os inimigos (metralhadora, granadas, fuzis, etc.) e uma nova

guerra de movimento, dessa vez com a utilização de artilharia pesada (tanques) e aviação, iniciada pela Alemanha e contra-atacada pelos países da Entente.

Apesar de participar da Tríplice Aliança, a Itália não acompanha a declaração de guerra e em 1916 alia-se aos participantes da Entente, assim como os Estados e o Brasil. A entrada dos EUA na guerra, por causa dos ataques de submarinos alemães, fortaleceu os Aliados da Entente.

Em 1917, a Rússia enfrentou uma revolução em seu território e saiu da guerra. Em 1918, uma forte rebelião popular sacudiu a Alemanha, forçando o Imperador Guilherme II a renunciar. O novo governo proclama a República e assina a rendição.

O Império Austro-Húngaro foi desmembrado, dando origem a novos países: Áustria, Hungria, Tchecoslováquia e Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (em 1929, Iugoslávia). O mesmo ocorreu com o Império Turco-Otomano, reduzido à Turquia. A Arábia saudita, o Iraque e a Palestina passaram ao domínio inglês e a Síria e o Líbano, ao domínio francês.

Em 1919, no Tratado de Versalhes, a Alemanha foi considerada a única culpada pela guerra e foi severamente punida por isso. Eis algumas das sanções impostas a ela: Devolver a região da Alsácia-Lorena à França e ceder a ela exploração das minas de carvão do Rio Sarre; Ceder aos vencedores suas colônias ultramarinas na África; Pagar 33 bilhões de dólares de indenização; Fazer a desmilitarização do exército. Essas sanções despertaram o espírito revanchista alemão e abriram caminho para a Segunda Guerra Mundial, apesar da criação da Liga das Nações, que tinha como objetivo encarregar-se de assegurar a paz internacional.

Essas medidas levaram ódio e desejo de vingança aos alemães, o que pode explicar o porquê da Segunda Guerra Mundial, ocorrida vinte anos depois.

O Japão participando ao lado dos vencedores conquistou várias colônias alemãs na Ásia.

A Política de Alianças

Assassinato de Francisco Ferdinando e

de sua esposa.

Guerra de Trincheiras.

Aviões e tanques utilizados na Primeira Guerra.

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3 -A Revolução Russa. Durante a Primeira Guerra, a Rússia passou de um regime autocrático baseado num sistema servil à uma

união de repúblicas socialistas. No meado do século XIX, o Império Russo começou a se modernizar, com o auxílio de capitais estrangeiros e

mão-de-obra farta e barata. Mas nem todos se beneficiavam dessa modernização. Os operários promoviam greves e passeatas reprimidas com violência pela polícia do czar. Esse contexto facilitou a entrada de ideias socialistas e anarquistas no meio operário russo.

O Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR) foi fundado em 1898 sendo reprimido pela polícia do czar. Seus líderes Lênin e Trotsky deixam então a Rússia e se organizam no exterior.

Esse partido tinha divergências políticas internas que o dividia em dois grupos.

• BOLCHEVIQUES (maioria): defendiam a conquista do poder por meio de uma revolução socialista.

• MENCHEVIQUES (minoria): defendiam a conquista do poder por meio de uma aliança com a burguesia. Várias manifestações ocorreram no início do século XX que abalaram o czarismo, entre

elas o Domingo Sangrento (1905) quando vários manifestantes (aproximadamente mil) foram mortos pela polícia do czar, quando levavam um abaixo-assinado reivindicando melhores condições de vida e a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Como reação ao massacre os populares organizaram uma série de greves e revoltas, a mais famosa delas foi à do Encouraçado Potemkim, quando marinheiros se rebelaram contra os

castigos corporais e a fome a que eram submetidos na Marinha czarista. Para se organizar e lutar por melhorias, os trabalhadores criaram então os sovietes (Conselhos de deputados

eleitos por operários, camponeses e soldados, que conferiam maior representação política à população russa). O czar promoveu algumas mudanças para restabelecer seu prestígio, como a criação da Duma (parlamento

formado por deputados eleitos que auxiliavam nas decisões políticas, entre elas a legalização dos sindicatos). Em 1914 a Rússia entrou na guerra em busca de uma saída para o Mar Mediterrâneo e, despreparada, tem

milhões de soldados mortos. Após sofrer severas derrotas para a Alemanha, em 1917 o povo culpa o czar Nicolau II, e, como protesto, passa a saquear lojas e armazéns em busca de comida. O povo então marcha em direção ao palácio, encontrando mais uma vez com as tropas do czar, que dessa vez se juntam aos rebeldes e põem fim ao czarismo.

Após um governo provisório, de características liberais, Lênin volta à Rússia e passa a defender a saída dela da guerra e uma reforma agrária. Os lemas defendidos por Lênin “Todo poder aos Sovietes” e “Paz, terra e pão” ganham cada vez mais força.

No final de 1917, tinha início a Revolução: os bolcheviques liderados por Lênin e Trotsky assumem o poder na Rússia. O governo Lênin adota várias medidas de grandes repercussões sociais como: propor paz aos alemães em 1918; confisco das terras da família real, dos nobres e da Igreja Ortodoxa doando-as aos camponeses; estatização da economia – indústrias, bancos, estradas de ferro, etc..

O regime de partido único é adotado e o Partido Bolchevique é rebatizado de Partido Comunista. Essas medidas provocaram uma guerra civil na Rússia entre o Exército Branco (ajudado pelas potências

capitalistas e que queriam o fim do regime comunista) e o Exército Vermelho, comandado por Trotsky. Durante essa guerra (1918/1920) adotou-se o comunismo de guerra: rígido controle sobre a indústria, a agricultura e o comércio,

a criação de um tribunal para julgar os inimigos da Revolução e a obrigatoriedade da população camponesa entregar parte ou tudo que era produzido ao esforço de guerra do Estado.

Ao fim da guerra, a vitória coube ao Exército Vermelho e a Rússia estava com a economia arrasada e com o povo empobrecido. Lênin adotou então uma Nova Política Econômica (NEP) que consistia em: permitir a venda dos excedentes pelos camponeses; incentivar a pequena e média indústria; permitir o capital estrangeiro sob forma de empréstimos para investimentos.

Stalin, Lênin e Trotsky.

Domingo Sangrento

Cartaz da Revolução de 1917 Trotsky, Lênin, Stalin e os bolcheviques.

Lênin.

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Em 1922, formou-se a União das Repúblicas Socialistas

Soviéticas (URSS), cuja bandeira tinha como símbolo a foice e o martelo, representando a união entre camponeses e operários, sob regime ditatorial. A morte de Lênin em 1924 coloca Trotsky (comandante do Exército Vermelho) e Stalin (Secretário Geral do PC) em disputa pelo poder. As ideias dos dois são divergentes: Trotsky defende a revolução permanente, enquanto Stalin defende o socialismo em um só país.

Stalin expulsa Trotsky, assume o poder na URSS e torna-se um ditador (Stalinismo). Esse governo teve as seguintes características: sistema de partido único; burocratização do Estado; opressão as nacionalidades e proibição da liberdade de imprensa.

Autocracia: sistema político em que o governante possui um poder absoluto, no caso russo, o czarismo.

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4 – A República Velha. Durante o Império, o governo central impunha seu poder às províncias nomeando quem iria governá-las.

Com o estabelecimento da República, porém, a situação mudou: as famílias mais poderosas de cada estado, isto é, as OLIGARQUIAS estaduais, passaram a ter enorme poder político.

Com a eleição do paulista Prudente de Morais (1894) as oligarquias que já detinham o poder econômico, passam a ter também o poder político. Os presidentes do Brasil da época procuravam fazer alianças com as elites regionais, implantando a Política dos Governadores, (troca de favores em âmbito federal) já que os governadores ajudavam a eleger senadores e deputados favoráveis ao presidente da República. O presidente oferecia então cargos, verbas e apoio a esses governadores. Esse “compromisso político” ficou conhecido como “Política dos Governadores”.

Com o fim do voto censitário, cresceu bastante o número de eleitores, significando uma ameaça ao poder das grandes famílias. Para se conservar no poder os políticos passaram a forçar os eleitores a votar nos seus candidatos. Grande parte desses políticos era fazendeiro ou coronel da Guarda Nacional e passaram a ser chamados apenas de “coronéis”. O voto era conseguido de duas formas: pelo uso da violência ou pela troca de favores. Esse tipo de voto ficou conhecido como voto de cabresto.

O coronelismo era uma troca de favores entre os coronéis e os governantes eleitos por eles, que retribuíam o favor enviando verbas para as cidades dos coronéis.

O conjunto de acordos na República Velha ou República Oligárquica podem ser resumidos em três níveis: Federal (presidente da República); Estadual (Governadores) e Municipal (Coronéis).

As principais oligarquias brasileiras no período eram as de São Paulo (cafeicultores ou barões do café) e de Minas Gerais (produtores de leite) e por muitas vezes os Partidos Republicanos mineiro e paulista escolhiam um candidato único para a presidência, ora paulista ora mineiro. Essa alternância no poder entre paulistas e mineiros ficou conhecida como Política do Café-com-Leite.

Durante a República Velha, o Brasil manteve a tradição de ser um país agroexportador (principalmente o café). Contudo iniciou-se um processo de industrialização, sobretudo na região Sudeste, onde havia capitais excedentes, gerados, como já visto, pela cafeicultura. Durante a Primeira Guerra mundial, com as importações interrompidas, ocorreu o maior desenvolvimento industrial da República Velha. Essa industrialização caracterizou-se, então, pela substituição de importações, principalmente

de tecidos e alimentos. Manteve-se, contudo, a dependência do Brasil em relação ao exterior, devido às importações de bens de capital, como máquinas e ferramentas. Esse crescimento industrial urbano trouxe também vários imigrantes europeus e asiáticos para o Brasil.

Esses imigrantes vieram para o Brasil para o trabalho no campo e também nas cidades, que começavam a se modernizar, com a implantação de várias indústrias.

O período da República Velha também foi marcado por vários movimentos que abalaram essas oligarquias. Eis alguns deles:

• Cangaço: surgiu no tempo do Império e atravessou toda a República Velha. Os cangaceiros procuravam justiça contra as atrocidades cometidas pelos coronéis. Principais líderes: Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), Antônio Silvino e Corisco.

• Guerra de Canudos (1897): movimento messiânico liderado por Antônio Conselheiro, que desejava uma comunidade justa e igualitária, o que incomodava os governantes. Depois de três expedições fracassadas, tropas do governo arrasaram o Arraial de Canudos, no interior da Bahia.

• Guerra do Contestado (1916): guerra entre Paraná e Santa Catarina em uma região contestada pelos dois estados, fez surgir outro movimento messiânico, dessa vez, liderado pelo monge José Maria que lutava pela posse de terras. Esse movimento também foi massacrado pelas tropas do governo.

• Revolta da Vacina (1904): movimento urbano ocorrido no Rio de Janeiro contra a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola indicada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, as demolições no centro da cidade e o alto custo de vida. Incêndios, depredações e barricadas passaram a fazer parte do cenário carioca no inicio do século XX.

Esquema político da República Velha.

Política do Café-com-Leite.

O voto de cabresto.

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• Revolta da Chibata (1910): movimento militar ocorrido na Marinha contra os maus-tratos recebidos pelos marinheiros. Navios foram tomados e oficiais presos ou mortos. O governo concorda com as reivindicações e anistia os marinheiros, porém quebra o acordo e prende os revoltosos. Principal líder: João Cândido (Almirante Negro) – graças a sua luta, os castigos corporais foram abolidos na Marinha.

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5 - A Grande Depressão e os Regimes Totalitários (Fascismo e Nazismo). Com a Primeira Guerra acontecendo na Europa, o grande beneficiado são os Estados Unidos, que passam de

devedor a maior credor do mundo, pois empresta dinheiro para a reconstrução europeia e exportavam grandes quantidades de produtos para lá. O período entre o fim da guerra (1918) e o início da crise (1929) ficou conhecido como “anos felizes”, pois o consumo aumentava cada vez mais, tanto externo como interno, e surgia o estilo de vida americano (the american way of live), que proporcionava uma melhor qualidade de vida aos norte americanos.

Nessa época também surgiu nos EUA uma grande intolerância contra tudo que não fosse “genuinamente americano” iniciando um forte preconceito contra negros, judeus, católicos e imigrantes, que passaram a ser vistos como “anti-americanos”. Nesse contexto, a classe média e a burguesia americana criam seu grande monstro: a ameaça comunista.

O clima de prosperidade parecia não ter fim, e os investimentos nas Bolsas de Valores cresciam assustadoramente com compra e venda de ações. A oferta excessiva de mercadorias ocasionou a queda dos preços, o desemprego e a falência de empresas. Essa situação provocou a diminuição do valor real das empresas, mas na Bolsa de Valores de Nova Iorque os títulos das empresas ainda eram negociados muito acima do seu valor real. A partir de outubro de 1929, passaram a ocorrer sucessivas quedas nos preços das ações e os investidores quiseram vender rapidamente seus papéis, o que fez o valor das ações cair ainda mais. Em 29 de outubro de 1929 a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou e a crise se espalhou por todo mundo, em uma onda de desemprego e falências.

As principais razões para a crise econômica foram: Concentração de riquezas nas mãos de poucas pessoas. - O descompasso entre o crescimento dos salários (baixo) e o aumento dos lucros (alto). - A recuperação dos parques industriais europeus a partir de 1925. - A crise agrícola (muita produção a preços baixos levaram os fazendeiros a se endividarem com os bancos, onde já tinham conseguido empréstimos).

Resumindo, a crise nos EUA foi uma crise de superprodução. Produzia-se de tudo, muito mais do que se poderia consumir ou vender. A Grande Depressão pode ser definida como um período de recessão econômica que durou desde a crise de 1929 até o final da década de 1930.

A crise europeia após a Primeira Guerra, a expansão dos ideais comunistas da Revolução Russa e a insatisfação de alguns países com os acordos de paz favoreceram a formação de movimentos políticos de caráter autoritário e nacionalista: o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha.

Os italianos estavam insatisfeitos por não terem conseguido mais territórios coloniais mesmo participando da guerra ao lado dos vencedores. Além disso, ainda haviam tido grandes perdas materiais e humanas e assistiam a um desemprego crescente. Aproveitando-se dessa situação, Benito Mussolini funda em 1919 o “fasci italiani de combattimento, que futuramente daria origem ao Partido Nacional Fascista (antidemocrático, antissocialista, totalitário, nacionalista e violento)

As principais características do fascismo foram: O nacionalismo extremado (o Estado acima da sociedade) – Apoio de várias classes sociais, desde a elite italiana, pois Mussolini vinha promovendo o desenvolvimento da

economia, até a classe de desempregados e pequenos camponeses - Organizações e líderes socialistas eram seus principais adversários.

Em 1921, a Marcha sobre Roma reuniu 300 mil pessoas que invadem a capital para exigir o poder. O rei, pressionado, convida Mussolini para ser primeiro ministro. Após tomar posse ele adota uma ditadura brutal: suprimiu todos os outros partidos de oposição; fechou jornais e prendeu jornalistas; criou uma polícia secreta que

vigiava, prendia e assassinava seus adversários. Para combater a Depressão intervém na economia, favorecendo empresas bancos e as elites. Para ter apoio da Igreja Católica, criou e reconheceu o Vaticano como Estado independente.

Assim como na Itália, a crise pós-guerra foi fundamental para o surgimento do nazismo. Fundado em 1919, o Partido Nazista teve em Adolf Hitler seu líder máximo. Hitler culpava os políticos liberais pela derrota da Alemanha e pelas condições humilhantes por que ela teve que passar. Uma tentativa frustrada de tomada do poder levou Hitler à prisão em 1923, onde escreveu Mein Kempf (Minha Luta) que continha os princípios básicos do nazismo que eram: A superioridade da raça ariana – o anti-semitismo (ódio aos judeus) – necessidade do espaço vital.

Benito Mussolini.

Adolf Hitler.

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Em 1933, Hitler recebe o título de chanceler (chefe do governo) e implanta uma das mais cruéis ditaduras da história da humanidade. Os nazistas queimavam livros, demitiam os democratas e os comunistas e perseguiam os judeus. Em 1934, assume a presidência com o título de Führer (guia, condutor). Não cumpre com suas promessas e congela salários, a reforma agrária fica só no papel e os trustes ganham maior liberdade.

Os regimes totalitários (Nazismo, Fascismo e Stalinismo) tinham várias semelhanças, entre elas, o culto ao Estado e ao chefe, o regime de partido único, o anti-liberalismo e a oposição a democracia. Sua principal diferença era que o stalinismo era um regime socialista, o que era combatido por nazistas e fascistas e o nazismo distingue-se pelo racismo e um ódio mortal aos judeus.

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6 – A Era Vargas. Na década de 1920, ocorreram no Brasil movimentos culturais e

políticos que ajudaram a mudar o cenário do país. No campo cultural ocorreu a Semana de Arte Moderna em 1922 (São Paulo) que mesclava a tendências artísticas mundiais com as raízes culturais brasileiras (Modernismo) e que lançava artistas maravilhosos como Anita Malfatti, Lasar Segall, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lobos, entre outros. No campo político o movimento mais importante foi o tenentismo, movimento dos tenentes do Exército, que se rebelaram defendendo o fim das oligarquias e dos coronéis e também o voto secreto e o ensino público e gratuito. Esse movimento levou ao surgimento da Coluna Prestes, com o objetivo de espalhar os ideais tenentistas e desgastar o governo.

O líder da Coluna era Luís Carlos Prestes. Essa Coluna marchou pelo Brasil sem nunca ter sido localizada pelas forças oficiais, percorrendo cerca de 25.000 km em quase dois anos.

Esses movimentos mostraram que a classe média, o operariado e parte das elites estavam descontentes com os políticos e as oligarquias. Em 1929, o presidente Washington Luís, indica um paulista à presidência, rompendo com a política do café com leite. Os mineiros sentindo-se traídos aliam-se à oposição, formando a Aliança Liberal, indicando Getúlio Vargas para presidência, sendo João Pessoa seu vice.

Mesmo perdendo a eleição para Júlio Prestes, Vargas aproveitou o assassinato de João Pessoa, um fato isolado, e junto com os políticos da Aliança Liberal deu um golpe e assumiu o poder no lugar do deposto Washington Luís. Iniciava-se a Era Vargas.

Governo Provisório (1930-1934) : Vargas havia dito no discurso de posse que seu governo seria provisório, mas quando tomou o poder, nomeou interventores para os estados e interferiu em todos os setores da vida do país procurando afastar o país da crise mundial, o que não conseguiu. Teve uma forte oposição de São Paulo que havia perdido o poder central e que exigia a convocação de uma Assembleia Constituinte e um interventor civil e paulista. Como não foram atendidos, pegaram em armas (Revolução Constitucionalista) contra o governo federal, mas foram derrotados

militarmente, porém, moralmente a vitória foi dos paulistas, pois uma Assembleia foi convocada e uma nova Constituição foi aprovada em 1934 (a terceira do país).

Governo Constitucional (1934-1937): a nova Constituição tinha como principais características: o voto secreto, o voto feminino, o eleitor aos 18 anos, a Educação pública e as leis trabalhistas (jornada de 8 horas, descanso semanal, férias anuais, previdência social entre outros). Nesse governo, duas forças políticas surgiram: a Ação Integralista Brasileira (AIB) de cunho fascista e que apoiava o governo e a Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma frente de oposição antifascista e liderada pelo Partido Comunista (PC). Após discurso de Luís Carlos Prestes (comunista),em 1935, Vargas coloca o PC na ilegalidade, o que provoca o levante armado dos militares (Intentona Comunista) que é sufocado pelo governo. Sob o argumento de conter a ameaça comunista, iniciou-se violenta repressão aos membros e simpatizantes da ANL, que se tornaram prisioneiros políticos, entre eles

Luís Carlos Prestes e sua esposa, Olga Benário, e o escritor Graciliano Ramos. Novas eleições estavam marcadas para 1938, mas Vargas aproveitando-se do Plano Cohen, (plano arquitetado pelos integralistas (fascistas) para culpar os comunistas por greves, protestos e o assassinato de Vargas) dá um golpe em seu próprio governo decretando o Estado Novo.

Estado Novo (1937-1945): governo ditatorial de Vargas, onde ele fecha o Congresso e impõe ao país uma nova Constituição (1937) que permitia ao presidente governar por decretos-leis. As eleições foram suspensas, as greves proibidas e os sindicatos passaram a ser controlados pelo governo. A principal arma de Vargas para permanecer na presidência era a utilização da propaganda, organizada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que exercia censura sobre jornais, revistas, rádios, cinemas e outras manifestações culturais, mostrando e criando fatos que exaltavam o trabalho e o patriotismo de Vargas. Na Era Vargas a indústria assumiu uma posição de liderança, já que o Brasil

Pôster da Coluna Prestes

Vargas e Washington Luís.

"Trabalhadores do Brasillll! Vocês me devem

tudo que possuem.

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precisava produzir o que antes importava. O governo Vargas também criou o Conselho Nacional do Petróleo, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco.

Vargas praticou o populismo, ou seja, buscou estabelecer uma relação direta e emocional com os trabalhadores, e em 1943, as leis trabalhistas foram reunidas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) onde Vargas apresentou-as como uma doação e não como uma conquista dos trabalhadores.

Vargas, perto do fim da 2ª Guerra, após movimento pela democratização do país, tenta novamente se fortalecer no poder assumindo ele mesmo a democratização, anistiando os condenados políticos, liberando a atividade

partidária e marcando eleições. Ele fazia um jogo duplo, apoiava Dutra, mas incentivava o “queremismo” movimento popular que pedia para que ele ficasse no poder.

Assustados com sua popularidade, as oposições militares e civis uniram-se para derrubá-lo e em 29 de outubro de 1945, o forçam a renunciar. Chegava ao fim o Estado Novo.

Vargas através do tempo.

Luís Carlos Prestes e Olga Benário.

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7 – O New Deal e a Segunda Guerra Mundial. Enquanto a crise capitalista se alastrava pelo mundo, nos EUA em

1932, Franklin Delano Roosevelt era eleito presidente e adotava medidas do economista John Maynard Keynes para solucioná-la. Esse conjunto de medidas emergenciais para gerenciar a economia ficou conhecido como New Deal (Novo Acordo). As principais medidas foram: Investimento maciço em obras públicas – destruição dos estoques de gêneros alimentícios - controle sobre preços e produção – diminuição da jornada de trabalho.

Com essas medidas o desemprego diminuiu, a indústria e a agricultura se recuperaram parcialmente, os salários pararam de cair e a partir de 1934, a renda nacional voltou a crescer.

O Brasil, apesar das medidas de Vargas, foi duramente atingido pela crise, pois na época era grande exportador de café (seu principal produto desde o Império) para os EUA, que reduziram suas importações em mais de 70 %.

Segunda Guerra Mundial Assim que assumiu o poder na Alemanha, Hitler começou aos poucos a romper com as cláusulas do Tratado

de Versalhes (1919) e iniciou uma remilitarização do exército, a reocupação ou anexação dos territórios (Renânia), rompendo assim os acordos de paz, o que pode ser definido como um “revanchismo” alemão.

Os nazistas estimulavam os alemães a aderirem a ideia do pangermanismo (todos os povos de origem germânica deveriam se unir em uma única Nação, o Terceiro Reich), participando assim dos projetos expansionistas.

O expansionismo territorial também foi feito por Japão (Manchúria) e Itália (Etiópia). A expansão territorial alemã foi aceita como natural por França e Inglaterra, já que achavam que ela tinha direito às suas terras.

Em 1936, Itália e Alemanha se unem e, mais tarde, recebem o apoio do Japão, formando assim o eixo Roma-Berlim-Tóquio (Pacto Anticomunista, o que agradava aos capitalistas). Em 1938, a Alemanha anexou a Áustria (anchluss) pacificamente, já que os austríacos aprovaram com mais de 90 % essa anexação e passaram a exigir a região dos Sudetos (região da Tchecoslováquia com cerca de 3 milhões de alemães)

Na Conferência de Munique (1938), com representantes da Inglaterra, França e Alemanha ficou autorizada a ocupação dos Sudetos pelas tropas alemãs. Essa conferência não contou com a participação da Tchecoeslováquia, principal interessada no assunto. Após a ocupação, Hitler não se contentou e invadiu também a Tchecoslováquia.

Em 1939, Alemanha e Rússia (inimigos políticos) assinam o pacto nazi-soviético de não agressão e decidem invadir e dividir a Polônia. Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia e no dia 03 de setembro de 1939, a Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha. Era o início da Segunda Guerra Mundial. Na invasão a Polônia, a Alemanha adotou uma nova tática de combate, a guerra-relâmpago, que consistia em ataques por terra e ar. Os países inimigos resistiam pouco tempo aos ataques, e, em menos de um ano a Alemanha já havia invadido e dominado pelo menos seis países, incluindo a França.

Na Europa Ocidental apenas a Inglaterra resistia ao poderio nazista, mesmo sendo severamente bombardeada (1940-1941). Quando a tentativa de conquistar a Inglaterra fracassou, Hitler se voltou para o leste (Bálcãs) e posteriormente para a sua ex-aliada Rússia, interessada em suas riquezas (petróleo e minérios) e procurando dar um fim ao comunismo.

A invasão a Rússia dura de 1941 a 1943, quando na Batalha de Stalingrado, a Alemanha sofreu sua primeira derrota na guerra e ela marcou o início do fim da supremacia alemã. Ao mesmo tempo no Pacífico, EUA e Japão estão em conflito por causa do ataque japonês a Pearl Harbor (1941), devido a um bloqueio econômico promovido pelos Estados Unidos e também por causa do expansionismo japonês (contrário aos interesses comerciais americanos). A partir de 1943, a ofensiva dos Aliados contra os alemães aumentou: os alemães foram “empurrados”

de volta a Berlim pelos russos e, EUA e Inglaterra dominam o Norte da África e partem para conquistar a Itália.

Em 06 de junho de 1944, os Aliados abrem uma terceira frente de

luta, desembarcando na Normandia (Dia D) no Noroeste da França. Os alemães não conseguem resistir e logo Paris é libertada. Os Aliados investem então contra Berlim, que é tomada pelos russos em abril de 1945. Hitler e sua esposa Eva Braun se suicidam no dia 30 de abril e em 08 de maio os alemães assinam sua rendição incondicional. Era o fim da guerra na Europa.

Assinatura do New Deal - Roosevelt - Grandes obras.

O "Dia D". Desembarque dos Aliados na Normandia

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A guerra no Pacífico duraria até agosto de 1945, quando os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima (06/08) e Nagasaki (09/08). Assim, em 02 de setembro de 1945, o Japão assinaria sua rendição incondicional. Era o fim da Segunda Guerra Mundial.

A entrada do Brasil na guerra foi uma jogada política e econômica. Num primeiro momento o Brasil se manteve neutro e obtinha benefícios comerciais e financiamento dos dois lados. Ao entrar na guerra os EUA requisitaram a presença de outros países no conflito e desejavam instalar uma base militar no Nordeste brasileiro. Vargas, em troca solicitou verbas para a construção da Usina Siderúrgica Nacional, o que foi negado pelos americanos. Ao perceber que os alemães fariam o financiamento, Roosevelt aceita as exigências de Vargas rapidamente.

Para Reflexão: Devemos evitar que isso aconteça novamente combatendo quaisquer tipos de preconceitos e

intolerâncias, sejam eles sociais, raciais, religiosos, sexuais e outros.

Bomba atômica.

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8 - A Guerra Fria. Após a 2ª Guerra Mundial a Europa estava arrasada e as grandes

potências haviam perdido a hegemonia para os EUA (economia) e URSS (maior exército do mundo e rápida industrialização). Nesse contexto, o mundo ficou dividido em dois blocos antagônicos, um capitalista liderado pelos Estados Unidos e outro socialista liderado pela URSS. Essa bipolaridade ficou conhecida como Guerra Fria, ou seja, o confronto ideológico, político, econômico e militar entre os dois blocos que usaram da propaganda e a espionagem como mecanismos de autopromoção e ataques ao inimigo. Essa situação estendeu-se desde o fim da segunda Guerra (1945) até a queda do Muro de Berlim (1989) e a desagregação do bloco soviético (1991).

Sistema capitalista – garantia da propriedade privada; investimentos na produção e geração de novos lucros; o Estado não deve intervir na economia (lei da oferta e da procura); garantia aos cidadãos de escolher quais produtos comprar; estímulo ao consumo através da propaganda.

Sistema socialista – os meios de produção, as terras e as indústrias passam por processo de socialização, não há propriedade privada dos meios de produção (Propriedades estatais); economia planificada (altos funcionários determinam diversos aspectos da economia, como o que cada pessoa recebe, o que pode ser produzido e qual quantidade cada pessoa pode dispor; sistema de partido único.

No contexto da Guerra Fria houve uma preocupação muito grande em relação à paz, e em 1945 foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como seus principais objetivos: preservar a paz e a segurança no mundo – promover a cooperação internacional - incentivar o respeito aos diretos dos seres humanos e suas liberdades individuais.

O Conselho de Segurança é responsável pela manutenção da paz e da segurança e tem cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra e França) que tem direito a veto sobre os assuntos relativos à paz. Esse poder de veto dos “cinco grandes”, muitas vezes

impediu o Conselho de manter a paz. O Plano Marshall (1947) foi um plano de ajuda econômica, idealizado pelos EUA, para os países capitalistas

europeus atingidos pela guerra, que ajudou na recuperação de Inglaterra, França e Alemanha Ocidental e também fortaleceu a liderança mundial dos EUA e diminuiu a força do comunismo no continente europeu.

A URSS respondeu em 1947 criando o COMINFORM (Agência Comunista de Informação) com o objetivo de coordenar os movimentos comunistas no mundo e, em 1949, criando o Comecom plano de ajuda militar e econômica aos países do bloco socialista.

Nesse clima de rivalidade, os EUA e a URSS decidiram, em 1949, dividir o território alemão em dois países: a Alemanha Ocidental (área de influência dos EUA - capitalista) e Alemanha Oriental (área de influência da URSS - socialista) separando famílias, povos, religiões, etc.

Essa Guerra Fria levou ao surgimento de alianças militares para ajuda mútua aos aliados no caso de agressão pelos inimigos. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) era liderada pelos EUA e pelo Canadá e foi criada em 1949. Em resposta a criação da OTAN, a URSS firmou com os países da sua área de influência em 1955 o Pacto de Varsóvia, com os mesmos objetivos de defesa.

Os principais pontos da Guerra Fria foram: CORRIDA ARMAMENTISTA (busca por armas cada vez melhores e mais potentes, como o caso da bomba H, 4 mil vezes mais potente que a bomba atômica). GUERRA DA CORÉIA (reafirmação da divisão da Coréia em dois países: Coréia do Sul, capitalista e Coréia do Norte, comunista). MACARTHISMO (caça aos comunistas nos Estados Unidos liderada pelo senador McCarthy e que teve seu similar na URSS com perseguição ao “imperialismo ianque” liderado por Stálin). CORRIDA ESPACIAL (conquista do espaço para provar ao mundo o

Chegada do homem a Lua.

Guerra da Coréia.

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poderio dos sistemas socioeconômicos dos países. A URSS conquistou primeiro o espaço, mas os EUA chegaram primeiro a Lua). COEXISTÊNCIA PACÍFICA (fase da Guerra Fria em que a disputa passou do campo militar para o da ciência e tecnologia). ESPIONAGEM (criação da CIA – Central de Inteligência americana- 1947 (EUA) e da KGB – Comitê de Segurança do Estado- 1954 (URSS)).

A Revolução Cubana (1959) levou ao poder da ilha o líder guerrilheiro Fidel Castro, que juntamente com Che Guevara implantou um regime socialista, realizando a reforma agrária e a estatização das empresas. Prejudicados pelas mudanças, proprietários rurais e donos de usinas de Cuba buscaram apoio dos EUA e passaram a financiar hostilidades contra o novo governo. Em 1962, o governo norte americano e o de outros países da América decretaram um bloqueio econômico a Cuba, sob alegação de que o regime revolucionário cubano interferia na ordem dos outros países americanos.

Guerra do Vietnã – após a Conferência de Genebra a Indochina foi dividida em quatro países, entre eles o Vietnã do Sul (capitalista) e do Norte (socialista). Lutando pela unificação, os vietcongs (comunistas de ambos os lados) derrotaram as poderosas forças americanas (mais de 500 mil homens) que se envolveram no conflito com receio de que a unificação do país ocorresse sob um regime comunista, ampliando assim a área de influência da URSS.

A maioria dos super heróis surgiram entre o contexto da Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria para representar o conflito entre o Bem e o Mal. Na foto, a capa da revista do

Capitão América lutando contra Hitler.

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9 – República Liberal-Democrática. Governo Dutra (1946-1950): Após a renúncia de Vargas, assumiu o poder o general Eurico

Gaspar Dutra, apoiado pelo ex-presidente. Uma nova Constituição definia o Brasil como República Federativa presidencialista, com liberdade de expressão e pensamento, autonomia aos três poderes e direito de voto a todos os brasileiros, com exceção aos analfabetos (no caso, quase 50 % da população). O Brasil alinhou-se aos EUA, rompeu relações com a URSS e cassou o registro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Com uma política de livre importação, o governo esgotou quase todas as reservas monetárias que tinha acumulado durante a guerra.

Governo Vargas (1950-1954): A política estava dividida entre nacionalistas ou progressistas (defendiam a intervenção do Estado na economia, a entrada limitada de capital estrangeiro e um distanciamento ou oposição aos EUA, liderados por Vargas) e liberais ou entreguistas ou conservadores (defendiam a não intervenção do Estado na economia, o capital estrangeiro era a condição para o progresso e o alinhamento aos EUA liderados por Carlos Lacerda). Os

nacionalistas defendem o slogan “o petróleo é nosso” e em 1953, Vargas criou a Petrobras. Apesar da popularidade, havia um descontentamento popular em relação aos salários. Uma série de greves e revoltas e a tentativa de assassinato de Carlos Lacerda fazem com que Vargas fique isolado no poder e os oposicionistas peçam a sua renúncia. Em 24 de agosto de 1954, ele se suicida com um tiro no coração. Após a morte de Vargas, o vice-presidente Café Filho assumiu a presidência do Brasil. Durante seu governo, as divergências entre conservadores e progressistas se acentuaram, refletindo em acirradas disputas partidárias.

Governo Juscelino (1956-1960): Eleitos, Juscelino para presidente e João Goulart para vice, quase não assumiram o poder ao serem acusados de comunistas por Carlos Lacerda, que juntamente com grupo de militares e civis pretendiam dar um golpe e impedir a posse. Diante disso, militares que ocupavam altos cargos públicos, preocupados em manter a ordem democrática, desferiram um contragolpe, liderado pelo Marechal Henrique Lott. Foi então estabelecido o estado de sítio no país, que garantiu a posse dos eleitos em janeiro de 1956. Juscelino procurou atrair capitais estrangeiros para implementar o seu Plano de Metas (50 anos em 5),

que consistia em investimentos públicos nas áreas de energia, transporte, indústria, educação e alimentação. O governo investiu nas indústrias de base (siderúrgicas, hidrelétricas, portos e estradas de rodagem) e de bens de consumo (principalmente automóveis). O seu maior sonho foi realizado, a construção de Brasília. As regiões mais beneficiadas em seu governo foram as do Centro-Sul, causando enorme migração de nordestinos e mineiros do interior.

Governo Jânio Quadros (1961) Tendo apoio da classe média e de lideranças militares, Jânio foi eleito defendendo a moralização das instituições políticas e o combate à corrupção. Também conseguiu o apoio dos empresários (defesa da livre iniciativa) e dos trabalhadores (diminuição das injustiças sociais). Seu governo foi marcado por uma política interna conservadora e cheia de medidas polêmicas (proibição das corridas de cavalo em dias úteis e das brigas de galo) e por causa da sua política externa independente, houve uma reaproximação com Cuba, China e URSS, acabou acusado de comunista. Tomou

medidas que agradaram ao Fundo Monetário Internacional, mas que desagradou a população. Não conseguindo controlar a crise econômica e as críticas ao seu governo, apresentou uma carta renúncia que alegava que “forças terríveis” o levavam a renunciar, isso sete meses depois de ter assumido.

Che Guevara e Jânio Quadros.

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Governo Jango (1961-1964) Os partidos de oposição eram contrários a posse do vice João Goulart (Jango), visto como um defensor das ideias varguistas. Tal fato era visto pelos militares como uma brecha para a infiltração de ideias socialistas, já que Goulart era considerado um político de esquerda. Em visita oficial à República da China quando da renúncia de Jânio, João Goulart foi impedido de retornar ao país, porém, Leonel Brizola faz uma mobilização chamada Campanha da Legalidade, em defesa da posse do vice-presidente. Após muita confusão e de aceitar governar no sistema parlamentar ele assumiu o poder. Num plebiscito, a

população disse não ao parlamentarismo e o sistema voltou a ser o presidencialismo. Jango governou prometendo reformas de base (agrária, administrativa, bancária, tributária e educacional) no que era apoiado por estudantes, operários e pela ala jovem da Igreja. Com isso desagrada aos empresários, militares e o alto clero. Ele nacionaliza as refinarias e inicia a reforma agrária. Essas Reformas de Base provocaram a reação das elites, principalmente do setor agrário e industrial, que juntamente com a classe média organizaram várias manifestações contra o governo, entre elas a Marcha da Família com Deus pela Liberdade (1964). Ele é também acusado de comunismo e está cada vez mais pressionado por militares, que junto com alguns civis dão um golpe de Estado em 31 de março de 1964, para “salvar” o país da anarquia e do comunismo.

Golpe Militar de 1964.

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10 – A Ditadura no Brasil. A ditadura Militar foi o período da História do Brasil que se iniciou em 1964 e se encerrou em 1985. Nesse

regime político autoritário, todos os presidentes pertenciam à alta oficialidade do Exército Brasileiro. Nos primeiros anos, eles governaram através de Atos Institucionais. Esse período também foi marcado por violências, torturas e atentados e ficou conhecido como “anos de chumbo”.

● Governo Castelo Branco (1964-1967): Assim como todos os seus sucessores, seu governo foi marcado pelo combate aos comunistas previsto na Doutrina de Segurança Nacional (DSN) cujos objetivos eram: segurança é a condição básica para o desenvolvimento e caça aos subversivos. Alinhamento aos EUA e publicação dos Atos Institucionais 1,2,3 e 4. O AI-1 permitia ao presidente cassar mandatos e decretar Estado de sítio; o AI-2 criava o bipartidarismo no país – ARENA e MDB; o AI-3 determinava eleições indiretas para governador e o AI-4convocava deputados e senadores para

eleger o novo presidente e elaborar uma nova Constituição. ● Governo Costa e Silva (1967-1969): General “linha dura” e em

seu governo cresceram os movimentos contra o Regime. A morte do estudante Luís Lima Souto, 17 anos no Calabouço gerou uma violenta onda de protestos. A Passeata dos Cem Mil foi o maior protesto popular contra o Regime. Edita o AI-5 o mais repressivo de todos os Atos (fechamento do Congresso Nacional, o presidente passava a ter o poder de fazer leis, intervir nos estados e municípios, cassar políticos, demitir

funcionários públicos, decretar Estado de sítio, suspender habeas corpus, etc.) ● Governo Médici (1969-1974): O mais repressivo de todos os

governos militares e da história brasileira. Início da luta armada e dos sequestros de embaixadores que eram trocados por presos políticos. Surge o “milagre econômico”, crescimento da economia do país e inflação baixa, liderado pelo ministro Delfim Neto, que consegue empréstimos no exterior, atrai capitais estrangeiros e baixa os salários dos trabalhadores mais pobres. Em pouco tempo o “milagre” chega ao

fim e a situação volta aos mesmos patamares anteriores. ● Governo Geisel (1974-1979): General mais moderado

estimulou o crescimento do país. Investiu no Proálcool e na construção de hidrelétricas (Itaipu, Sobradinho e Tucurui). Favorável à devolução do poder aos civis iniciou um processo de abertura lenta, gradual e segura. Permitiu a propaganda eleitoral no rádio e TV pensando em vitória, mas ela coube a oposição. Em seu governo aconteceu a morte do jornalista Wladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho. Em 1977 dá um passo atrás no processo de abertura: fechou o Congresso e baixou medidas repressivas – senadores biônicos (escolhidos pelo

governo), as eleições para governador continuariam indiretas e o mandato do presidente passava de 5 para 6 anos. O povo pedia uma abertura ampla, geral e irrestrita. Deu prosseguimento a sua política de abertura extinguindo os Atos Institucionais, inclusive o AI-5.

● Governo Figueiredo (1979-1985): Assumiu o governo em plena greve geral, e uma das mais importantes era a do ABCD paulista, liderado por Luís Inácio da Silva, o Lula. Continuou o processo de abertura, aprovando a Lei da Anistia (1979), que permitia a volta dos exilados políticos. Aprovou o fim do bipartidarismo. Em sei governo aconteceu o “Caso Riocentro”, onde militares explodiram bomba no Riocentro para culpar os trabalhadores que assistiam a um show em

comemoração ao Dia do Trabalho. Um comício em São Paulo deu início à campanha pelas eleições diretas para

presidente. O ponto alto dessa campanha foi a manifestação “Diretas Já” reunindo 1 milhão de pessoas na Candelária. Dante de Oliveira propôs a volta imediata das eleições diretas, mas a Emenda Dante de Oliveira não foi aprovada pelo Congresso. A eleição para presidente dessa vez seria com dois civis, mas continuaria indireta. Tancredo Neves saiu vencedor, mas não assumiria, pois adoeceria dias antes da posse e morreria em 21 de abril de 1985.

Passeata dos Cem Mil.

Presos políticos trocados pelo embaixador alemão von Holleben.

Entre eles Fernando Gabeira (agachado

à direita de camisa branca).

Vladmir Herzog.

Bomba no Riocentro.

Artistas pedem eleições diretas.

Protestos contra a ditadura.

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11 – Nova República. O principal evento do início da Nova República foi à elaboração de uma nova Constituição. A Assembleia

Nacional Constituinte foi presidida pelo deputado federal Ulisses Guimarães, que a apelidou de “Constituição Cidadã”. Promulgada em 05 de outubro de 1988, incorporou importantes avanços no que se refere à organização política e aos direitos individuais e coletivos.

● Governo Sarney (1985-1990): Com a doença de Tancredo, toma posse seu vice José Sarney tomando medidas democráticas (eleições diretas para presidente, voto dos analfabetos e promessa de uma nova constituição) e populares (instituição de uma nova moeda – o cruzado-, congelamento de preços e salários) e consegue conter a inflação e obter bons índices de popularidade. O aumento do consumo gerou falta de alimentos e crise, mas o governo mantém o tabelamento até as eleições. Vencidas as eleições, o governo reajusta tarifas

públicas e de vários produtos e com isso acelera a volta da inflação. A Constituição citada acima tem as seguintes características: República Federativa presidencialista com

eleições diretas e em dois turnos; o racismo e a tortura passaram a ser crimes inafiançáveis; voto facultativo para jovens de 16 e 17 anos e aos analfabetos; as comunidades indígenas e quilombolas obtiveram o reconhecimento do direito às terras que ocupavam; fim da censura a jornais, TVs e revistas; jornada semanal de 44 horas, além de outros benefícios para os trabalhadores como: licença maternidade de 120 dias e licença paternidade de 5 dias, abono de 1/3 de férias, seguro-desemprego, entre outros.

● Fernando Collor de Mello (1990-1992): Primeiro presidente eleito pelo voto popular após a ditadura. O primeiro ato do novo presidente foi o lançamento do Plano Collor que determinava o bloqueio da poupança em contas de pessoas e empresas; congelamento de preços e salários; elevação dos juros para inibir o consumo. Depois de vários escândalos, entre eles o “esquema PC” (recebimento de altas somas em dinheiro

para liberação verbas públicas) sofreu o processo de impeachment (impedimento), mas renunciou. Mesmo assim seus direitos políticos foram cassados por oito anos. Seu governo ficou marcado pelo surgimento dos “caras pintadas” (estudantes de todo país que saíram as ruas para protestar contra seu governo).

● Itamar Franco (1992-1994): Vice-presidente de Collor

assumiu o poder e escolheu pessoas de diferentes partidos para compor seu governo. A inflação, quando assumiu, batia em 30% ao mês e Itamar convidou o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (FHC) para o Ministério da Economia, e este lançou o Plano Real que conseguiu reduzir a inflação para menos de 5% ao mês. Com

popularidade em alta, FHC deixou o Ministério e se lançou candidato a presidência. Ajudado pelo Real, por empresários e pela mídia, venceu as eleições no primeiro turno.

● Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): Manteve o Real e a inflação controlada, procurou diminuir o tamanho do Estado acelerando o programa de privatização das estatais e em seu governo foram vendidas as seguintes empresas: Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional e Embratel. Conseguiu aprovar no Congresso a emenda constitucional que permitia a reeleição, e assim foi reeleito. No fim do seu segundo mandato, com a desvalorização do Real e um desemprego crescente, sofreu oposição de

vários setores de sociedade. Os governadores queriam a renegociação das dívidas dos Estados; os partidos de esquerda eram contrários a privatização das estatais e os movimentos sociais defendiam uma realização imediata da reforma agrária.

● Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010): Primeira vez na História brasileira que um líder saído do movimento operário chegava à presidência do país. Implantou o Programa Fome Zero (garantia de uma alimentação regular a todos os brasileiros) e o Bolsa Família (transferência de renda às famílias de extrema pobreza). Conseguiu

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aprovar a Reforma da Previdência e do Judiciário. A estabilidade econômica foi um dos pontos fortes em seu governo e contribuiu para isso as baixas taxas de desemprego, o lançamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento); o pagamento da dívida externa e o aumento das exportações. Apesar do bom governo, deixou algumas questões graves para sua sucessora: péssima posição do Brasil no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano); a alta carga tributária, grande nível de analfabetismo, devastação da Floresta Amazônica, entre outros.

● Dilma Rousseff (2011-2014): governo em andamento, mas já marcado por alguns escândalos, como o caso Palloci, o caso dos Transportes e a não autorização para revelação dos documentos secretos. Dilma é economista e, durante a ditadura, militou em grupos de esquerda que defendiam a luta armada; esteve presa e foi torturada. Com a anistia política, passou a ocupar cargos públicos no Rio Grande do Sul. Participou da transição do governo Fernando

Henrique para o governo Lula, no qual ocupou a pasta das Minas e Energia e, depois, o cargo de ministra-chefe da Casa Civil.

Dilma imprime a Presidência um estilo mais administrativo e gerencial do que propriamente político. Tem conseguido manter a economia em níveis estáveis. Apesar de denuncias de corrupção em relação a membros de seu governo e até do afastamento de alguns ministros, Dilma tem mantido sua popularidade em alta. É considerada uma das principais líderes do mundo.

Outras fotos e charges da Nova República:

Sarney e Tancredo Neves.

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12 - O Colapso do Socialismo e a Nova Ordem Mundial. Governo Stálin (1924-1953): conduziu a URSS a um progresso notável nos campos industrial, educacional,

esportivo e científico tornando-a uma superpotência após a Segunda Guerra Mundial. Governo Kruschev (1953-1964): Liberou os presos políticos e procurou fazer a desestalinização, ou seja, fazer

a abertura política e anular as medidas da ditadura Stálin. Governo Brejnev (1964-1982): Voltou a adotar as práticas de Stálin, como assassinatos de opositores, tortura,

atentados. Invadiu a Tchecoslováquia (1968 para salvar o socialismo) e o Afeganistão (1979 para acabar com as forças islâmicas). Gastos militares enormes começaram a corroer a economia soviética e a levaram a crise. A crise não afetava a todos, quem tinha dinheiro conseguia de tudo no mercado negro.

Durante a década de 1970, o modelo econômico estava em crise: a industrialização, apoiada nas indústrias de base, aeroespacial e bélica, relegou a segundo plano as indústrias de bens de consumo, que se tornaram retrógradas. Além dos problemas econômicos, havia a crescente insatisfação com o excesso de centralismo e a ausência de democracia nos órgãos do poder.

Nesse contexto, assume o poder Mikhail Gorbachev (1985-1991), propondo um amplo programa de reformas econômicas (perestroika – reestruturação) que consistia em cortes nos gastos, fim do monopólio estatal, abertura de empresas privadas e entrada de empresas estrangeiras; e reformas políticas (glasnost – transparência) que consistia em abertura política baseada na libertação de presos políticos, fim a censura de jornais, livros e revistas, e mudança para o pluripartidarismo. Por suas medidas sofre um golpe militar e é afastado do governo, porém com a intervenção de Boris Yeltsin volta ao poder.

A partir de 1991 começa o processo de democratização do Leste europeu: Estônia, Letônia e Lituânia conseguem a independência, Rússia, Ucrânia e Belarus passam a fazer parte da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) criada por Boris Yeltsin e que causou desintegração da URSS e consequentemente o fim da bipolaridade mundial e da Guerra Fria.

Na Alemanha Oriental, incentivado pelas reformas de

Gorbachev o povo passa a organizar um movimento popular exigindo melhor qualidade de vida e democracia. O Muro de Berlim é derrubado (1989) e em 1990 acontece a unificação política, econômica e monetária das duas Alemanhas. O custo dessa unificação é alto, mas a Alemanha conseguiu superar esse desafio e hoje é uma potência econômica com elevado índice

de qualidade de vida. Na Tchecoslováquia, o processo de democratização conduziu a um plebiscito em 1993, no qual o povo

decidiu que o país seria dividido em dois: a República Tcheca e a Eslováquia. A Iugoslávia, formada anteriormente por seis repúblicas, após a crise do Leste europeu e a morte de seu líder

Josip Tito , não conseguiu impedir as rivalidades entre as repúblicas, que causaram várias guerras (Bósnia e Kosovo, entre outras) e posteriormente foi desmembrada em seis novos países: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Sérvia e Montenegro.

A Nova Ordem Mundial. A desintegração da URSS e o fim dos regimes socialistas do Leste europeu representaram a vitória dos

Estados Unidos na Guerra Fria. A partir de então, os Estados Unidos emergiram como superpotência econômica e militar do planeta. Apesar dessa supremacia, os Estados Unidos vem perdendo seu poder de influência, mesmo entre seus tradicionais aliados. O confronto entre os sistemas capitalista e socialista que havia na Guerra Fria foi substituído pela disputa dentro do próprio capitalismo, que atualmente se desenvolve por meio da formação de blocos de poder político e econômico. Assim, no final do século XX se configuraram três blocos de poder: o americano, liderado pelos Estados Unidos; o europeu, constituído pelos países da Comunidade Econômica Europeia; e o oriental, cujo centro é o Japão. Essa nova configuração do poder é conhecida como mundo multipolar.

Globalização: processo histórico de crescente interligação econômica, social e cultural

entre diferentes povos e países. As principais características da globalização são: Internacionalização da produção (criação e desenvolvimento nas matrizes e produção e distribuição nas filiais) - Aumento crescente da circulação de capitais - Aumento extraordinário do comércio mundial - Revolução tecnológica (internet, telefonia, redes, fibra ótica)

Gorbachev.

NAFTA

Fim da URSS

Queda do Muro de Berlim.

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Vantagens da globalização: Vários produtos a preços baixos - Informações instantâneas - Livre circulação de pessoas, capitais e serviços entre países do mesmo bloco econômico.

Desvantagem da globalização: Desemprego estrutural (fechamento de vários postos de trabalho ou de profissões).

Os principais blocos econômicos existentes hoje no mundo são: APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico – tem membros em diversos continentes); UA (União Africana – 53 membros); NAFTA (acordo de livre comércio entre EUA, Canadá e

México para frear o crescimento dos Tigres Asiáticos e da União Europeia); MERCOSUL (Mercado Comum do Sul – formado inicialmente por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai para livre transito de mercadorias entre os países membros, hoje conta também com a participação de Chile, Bolívia e Venezuela); UE (União Europeia – bloco econômico que visa a livre circulação de produtos, serviços e cidadãos nos países membros [27 em 2009], tem uma moeda única utilizada na maioria dos países.

UNIÃO EUROPEIA

APEC