apostila 3 - trilha sonora

Upload: fabio-marques

Post on 05-Apr-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/1/2019 Apostila 3 - Trilha Sonora

    1/4

    1

    Trilha Sonora

    Apostila 3

    Sonoplastia

    AC

    Introduo

    1. Sonoplastia

    1.1 Retrospectiva histrica

    ! O termo Sonoplastia exclusivo da lngua portuguesa surgiu nadcada de 60 com as novelas de rdio, como uma necessidade de se

    enriquecer a trama com a reconstituio artificial de rudos que

    acompanhavam a ao. Como essas novelas eram transmitidas ao vivo, ou

    seja, no tempo real onde elas eram interpretadas, ao sonoplasta cabia a

    criao dos efeitos que ilustrariam as cenas. Essa atividade chamou-se

    composio radiofnica e tinha por funo desde a criao de sons da

    natureza como latidos, ventanias, chuvas at sons da sociedade mais

    modernizada como automveis, avies, mquinas diversas, etc.

    ! Os recursos usados pelos sonoplastas iam desde ccos para simulargalopes de cavalos ou mquinas de escrever para ilustrar uma linha de

    montagem em uma fbrica, at efeitos de suspense como ranger de portas,

    passos lentos ou apressados, etc. Um bom sonoplasta era aquele que

    conseguia ser rpido e criativo com sons que acrescentavam a trama.

    !

  • 8/1/2019 Apostila 3 - Trilha Sonora

    2/4

    2

    ! Posteriormente o sonoplasta pde ter ao seu dispor alguns sons pr-gravados em LPs inicialmente eles eram em 78 RPM, depois passaram a

    ser em 331/3

    RPM ou 45 RPM. Quando esse recurso era utilizado, osonoplasta precisava da ajuda de um contra- regra. Nesse momento a

    msica ainda no era uma atributo do sonoplasta, que se encarregava

    somente dos efeitos sonros para as cenas.

    ! Com o aparecimento da televiso e do tele-teatro ao vivo, as tcnicasdesenvolvidas na Era do Rdio foram levadas para a televiso, com o detalhe

    que o sonoplasta no poderia estar na imagem mas, pelo seu ofcio, tinha de

    ter um bom campo de viso, de modo a poder sincronizar os efeitos com as

    cenas.

    ! Finalmente com o advento do video-tape a sonoplastia passa a umoutro estgio, tanto na TV como no rdio (onde as novelas passaram a ser

    gravadas e no mais ao vivo) o sonoplasta passa a ser um sonorizador,

    responsvel, muitas vezes, por toda a banda sonra do video caso da

    televiso e dos efeitos extra-texto das novelas de rdio. Em algumas vezes,

    uma s pessoa era encarregada desde os rudos incidentais at a trilha

    musical.

    ! A partir desse momento, com o sonorizador se encarregando tambmda parte musical, j que no existia a necessidade de se produzir os rudos

    em tempo real, comea-se a utilizar cada vez mais efeitos pr-gravados com

    o profissional comeando a se preocupar em ter um arquivo grande de

    efeitos, utilizando-se de tcnicas de gravao como a possibilidade de

    gravaes em muiti-canais (multi-tracks) e colocando todos os efeitos

    sonros em sincronia com a cena e a trilha musical.

  • 8/1/2019 Apostila 3 - Trilha Sonora

    3/4

    3

    1.2 Percepo, emoo e subjetividade do som

    ! O som um evento acstico que tem uma poderosa capacidade dealterar a nossa percepo pela via do sentido auditivo daquilo que nos rodeia.

    Uma das funes da audio nos orientar. Por essa razo, todos ns

    iremos nos movimentar de forma acelerada no sentido oposto a um rudo que

    nos parea assustador como por exemplo, uma freiada brusca de um

    automvel ou um latido alto de um cachorro. Quando isso acontece, nossa

    audio funciona como um alerta de que podemos estar correndo perigo. A

    maneira como percebemos um som est associada nossa capaciade de

    reconhec-lo e de identifica-lo. Sons que desconhecemos iro despertar

    curiosidade ou medo, dependendo de uma associao de proximidade com

    algum som que consideremos parecido. Por exemplo, se percebemos um

    som e o consideramos parecido com o som de um carro em velocidade

    rpida se aproximando de ns, nossa reao ser de procurar alguma forma

    de nos proteger do que consideramos ser uma ameaa. Por outro lado, se

    ouvimos um som e ele parece ser o de um filhote de animal caseiro gato,

    cachorro, etc conhecido chorando, possvel que nos aproximemos na

    tentativa de ajudar. Claro, que a reao de cada um depender da

    experiencia prvia individual que tenha tido com o som que estamos, nesse

    caso, relacionando por semelhana.

    ! Alex Davies, em seu trabalho Physiological Effects of Sound explicaque muito claro que o organismo humano repousa em um estado

    extremamente delicado de equilbrio com o seu ambiente sonroe counclui

    que qualquer distrbio profundo causar uma perturbao profundo no

    indivduo. Por exemplo, pesquisas demonstram que uma frequncia baixa,

    de digamos entre 50 - 100Hz em nveis de decibis SPL de 150db ou acima,

    iro causar desconforto na regio torxica e mesmo sendo uma frequncia

  • 8/1/2019 Apostila 3 - Trilha Sonora

    4/4

    4

    baixa, recomenda-se que os ouvidos sejam protegidos. Por outro lado,

    pesquisas na Universidade de Harvard conduzidas na sala de isolamento

    acstico chegou a dados de que em um ambiente dessa natureza, aps

    alguns dias, indivduos so capazes de ouvir movimentos de pequenosinsetos, os batimentos de seus coraes, e algumas pessoas chegaram at a

    dizer que era possvel ouvir a prpria corrente sangunea.

    ! Na dcada de 70, militares russos conduziram experimentos acsticoscom baixas frequncias e utilizao de rudos como tcnicas de acabar com

    rebelies, controlar dissidentes ou desmoralizar e enfraquecer foras

    inimigas. Os resultados provaram que o uso de protetores de ouvidos eram

    insuficientes para evitar os efeitos, uma vez que o corpo todo era afetado.

    ! Todavia, os aspectos psicolgicos do som so mais difceis de seremmedidos pois elementos como experincia individual, local de trabalha e at o

    gosto pessoal iro compor o mosaico de sensaes que podem interagir na

    nossa reao e na nossa percepo de cada som.

    ! Portanto, o sonoplasta ou sonorizador deve trabalhar ciente de qualser a experincia, pelo menos da maioria do pblico alvo, com seu material

    de trabalho, de forma a fazer com que os sons, principalmente os rudos que

    est manuseando, contribuam para o resultado final do trabalho, seja ele

    puramente sonro (radio), ou parte de um audio-visual (TV, cinema,

    videogame, etc).

    Todos ns estamos acostumados a ter experincias em filmes de

    suspense onde o volume do efeito sonro aumentado bruscamente em

    uma cena de susto. J fiz experincias com cenas dessa natureza onde com

    a ausncia do som, o impacto da cena, constando apenas a imagem

    diminudo drasticamente, ou seja, o que nos causa susto certamente, o

    som em alto volume, e no a imagem.