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Apocalipse, capítulo 81
Versículo 1: Quando abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu, quase por
meia hora.
O sétimo selo traz no silêncio a solenidade do que vem acontecendo na
abertura dos selos e a consciência da majestade divina. Há um clima de
reverência à soberania de Deus, como outras vezes aconteceu no Antigo
Testamento (Is 41.1; Hc 2.20). O silêncio fala também da expectativa da ação
iminente de Deus (ÊX 14.14; 1 Sm 12.16) e do peso que o juízo traz (Sf 1.7; Zc
2.13).
Uma etapa se encerra e novos acontecimentos terão lugar. Os selos que
lacravam o rolo foram removidos e o conteúdo será conhecido. O livro contém
os últimos acontecimentos da história do homem sobre a terra e o plano para a
volta de Jesus, o que será desvendado nas trombetas e nas taças.
As quatro primeiras trombetas lembram as pragas no Egito (Êx 7-10),
pois, como naquele tempo, a intenção de Deus é levar os homens ao
arrependimento, ao abandono de seus deuses falsos e ao reconhecimento de
Jesus como o único caminho para Deus. As pragas são uma luta cósmica entre
Deus e os poderes que dirigem a vida dos homens não cristãos.
As trombetas ampliarão os juízos preliminares representados pelos
selos, pois atingirão 1/3 de diversos elementos da natureza. A elas, nos
próximos capítulos, se seguirão as taças, que atingirão toda a terra, ampliando
ainda mais a grandeza do juízo divino.
A tabela a seguir, traz o resumo dos eventos expressos pelos sete selos,
de modo que se tenha uma visão sinóptica desses acontecimentos.
1 Este estudo não é autoral. Consiste, em sua quase totalidade, na compilação de ideias dos
autores citados nas referências, ao final do capítulo.
Selo
Quem anuncia
Evento
Outras
características
Ação
Primeiro
primeiro ser vivente
cavalo branco
arco, coroa
saiu vencendo e para vencer
Segundo
segundo ser vivente
cavalo vermelho
grande espada
tirou a paz da terra. os homens mataram-se uns aos outros
Terceiro
terceiro ser vivente
cavalo preto
balança
trouxe fome
Quarto
quarto ser vivente
cavalo amarelo
o hades o seguia
trouxe morte pela espada, fome, peste e feras da terra
Quinto
—
mártires sob o altar
vestes brancas
clamam por justiça
Sexto
—
terremoto; sol negro; lua de sangue; estrelas cadentes; céu recolhido; montes removidos; pessoas fugindo da ira divina
—
o cosmos e as pessoas são atingidas
Sétimo
—
silêncio por quase meia hora
—
—
Versículo 2: E vi os sete anjos que estavam em pé diante de Deus, e lhes
foram dadas sete trombetas.
Nesse momento, João tem a visão de sete anjos que se colocam de pé
diante de Deus e cada um recebe uma trombeta. A série de juízos de Deus terá
continuidade, agora, com as trombetas.
Versículo 3: Veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de
ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o oferecesse com as orações de
todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono.
Versículo 4: E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com
as orações dos santos.
Outro anjo aparece e lhe é dado muito incenso para oferecer com as
orações dos santos. João tem diante de si um anjo-sacerdote colocando sobre
o altar oferta de louvor a Deus.
Estamos no capítulo 8 apenas e é a terceira vez que as orações dos
santos são referidas no livro. A primeira vez, quando os anciãos aparecem com
taças, que são as orações dos santos (Ap 5.8); a segunda, quando os próprios
mártires, que estão sob o altar, oram, clamando pela vindicação e lhes é
pedido que esperem um pouco (Ap 6.10); e agora, quando o anjo oferece a
Deus o incenso e as orações dos santos. Essa ênfase, certamente, nos fala da
importância das orações, de como elas chegam a Deus e da certeza de que
não ficarão sem resposta.
Os juízos de fogo que aparecerão nos próximos capítulos são a resposta
de Deus às orações dos crentes, ao clamor do seu povo por justiça. Adoração
e juízo estão lado a lado no livro de Apocalipse, pois os atos de Deus são por
causa e a favor do seu povo, que o adora por isso.
Versículo 5: Depois do anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o
lançou sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.
Depois de oferecer o incenso e as orações dos santos, o anjo arremessa
o incensário na direção da terra e há manifestações cósmicas como sinal da
presença soberana de Deus: trovões, vozes, relâmpagos e terremoto, marcas,
desde o Antigo Testamento, do impacto da presença divina (Êx 19.16,18; Ez
1.13). Estamos diante da segunda teofania tempestuosa do livro de Apocalipse
(Ap 4.5 e, agora, 8.5).
Versículo 6: Então os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se
para tocar.
Versículo 7: O primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo
misturado com sangue, que foram lançados na terra; e foi queimada a terça
parte da terra, a terça parte das árvores, e toda a erva verde.
Chuva de pedras (saraiva/saraivada), fogo e sangue marcam este
primeiro juízo. No Antigo Testamento, chuvas de granizo são comuns como
manifestação da desaprovação de Deus aos atos humanos (Js 10.11; Jó
38.22,23; Sl 148.8). A sétima praga do Egito foi chuva de pedras, porém a
primeira trombeta vai além, pois é acrescido o elemento sangue. O livro de
Joel, em seu capítulo 2, verso 30, profetiza: “E mostrarei prodígios no céu e na
terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça”. Sangue e fogo aparecem como
juízo no Antigo Testamento em Is 9.5; Ez 21.32 e 38.22.
Esse juízo não é novo, mas nunca foi tão severo como o que anuncia a
primeira trombeta, pois atingirá 1/3 da terra, 1/3 das árvores e toda a erva
verde. O fogo será a causa da destruição, pois todo esse percentual da
natureza será queimado, como indica o versículo. A imagem evoca destruição,
desequilíbrio e suas consequências: fome, sofrimento e pobreza.
Versículo 8: O segundo anjo tocou a sua trombeta, e foi lançado no mar como
que um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte
do mar.
Versículo 9: E morreu a terça parte das criaturas viventes que havia no mar, e
foi destruída a terça parte dos navios.
A segunda trombeta atinge o mar e compromete 1/3 dele. João vê algo
semelhante a um monte ardente sendo lançado nas águas, que se convertem
em sangue. Há quem defenda que essa imagem se refere a erupção de
vulcões ou a queda de meteoritos. O texto não nos permite asseverar isso, mas
quanto ao prejuízo para a vida sobre a terra, é certo que será grande, pois 1/3
de toda criatura marítima e 1/3 dos navios serão atingidos. O cenário é de
destruição e comprometimento da vida sobre a terra.
A primeira praga do Egito (Êx 7.14-21) transformou em sangue as águas
do rio Nilo, guardando nova semelhança com as trombetas, mas, aqui, a
extensão do dano é significativamente maior.
Importante observar que o juízo vem sendo parcial, pois atinge 1/3 de
cada elemento envolvido, o que significa que ainda há oportunidade para o
arrependimento, pois Deus não ordenou o fim de todas as coisas ainda.
Versículo 10: O terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande
estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre
as fontes das águas.
Versículo 11: O nome da estrela era Absinto; e a terça parte das águas tornou-
se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram
amargas.
João vê uma estrela cadente, cujo nome é Absinto. Ao cair sobre a terça
parte dos rios, ela torna suas águas amargas e impróprias para o consumo,
provocando a morte de muitas pessoas.
O nome da estrela lembra a planta amargosa homônima da qual bastam
28g para amargar 2 mil litros de água. Estamos diante de juízos vindos da
natureza que atingem diretamente a vida dos homens no planeta.
Versículo 12: O quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do
sol, a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte
deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhante, e semelhantemente
a da noite.
A quarta trombeta atinge astros celestes. O sol, a lua e as estrelas terão
seu brilho comprometido em 1/3, e 1/3 do dia e da noite não contará com sua
luz.
O profeta Joel, no mesmo capítulo 2, já citado, agora verso 31, profetiza:
“O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande
e terrível dia do Senhor”.
A nona praga do Egito foi trevas (Êx 10.21-29) e, em outras situações da
vida dos homens sobre a terra, ela esteve presente, como no mundo primevo,
antes de Deus criar a luz (Gn 1.2) e no mundo do mal (Jó 12.22; Jo 3.18-21),
mas, no evento da quarta trombeta, temos a escuridão como expressão do
juízo divino, que busca a capitulação humana.
O profeta Joel fala do dia de Javé como dia de escuridão e trevas (Jl 2.2,
2.10; Is 13.10; Ez 32.7; Am 8.9, 5.20; Mc 13.24,25). Esta praga também
evidencia a soberania divina, pois Deus controla a escuridão e a luz, pois criou
ambas (Is 45.7; Sl 104.20).
Versículo 13: E olhei, e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia
com grande voz: Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra!, por causa dos outros
toques de trombeta dos três anjos que ainda vão tocar.
O propósito das quatro primeiras trombetas é desbancar os deuses
terrenos e mostrar que só Deus é Deus e se assenta no trono, mantendo o
controle de tudo.
Há ainda três outras trombetas, e uma águia, figura já vista no rosto de
um dos seres viventes, lança seu lamento sobre o destino dos que habitam a
terra, pois o juízo ainda não alcançou seu fim.
Trombeta Evento O que é afetado Observação
Primeira saraiva, fogo e sangue lançados sobre a terra
1/3 da terra;1/3 das árvores;toda erva verde
—
Segunda monte ardente lançado sobre o mar
1/3 da vida marinha;1/3 das embarcações
—
Terceira estrela cadente 1/3 dos rios;fontes de água;muitos homens morreram
Absinto é o nome da estrela
Quarta sol, lua e estrelas são feridos
1/3 do sol;1/3 da lua;1/3 das estrelas
—
REFERÊNCIAS
DUCK, Daymond R. Guia fácil para entender Apocalipse. Rio de Janeiro:
Thomas Nelson, 2014.
MIRANDA, Neemias Carvalho. Apocalipse – comentário versículo por
versículo. Curitiba/PR: A. D. Santos Editora, 2013.
OSBORNE, Grant R. Apocalipse. São Paulo: Vida Nova, 2014.