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APLICAÇÃO DA ENGENHARIA
ECONÔMICA EM EMPRESA O
SEGUIMENTO DE PANIFICAÇÃO
Fernando de Araújo
Luis Fernando Magnanini de Almeida
Mônica Morais Lima
Bruna Bernardes de Aguiar
Carla Tatiane da Costa Amaral
As empresas de panificação e confeitaria estão cada vez mais presentes
no cotidiano do brasileiro, havendo uma proeminência das de pequeno
e médio portes. No presente artigo, foram utilizados os métodos de
Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e Payback
descontado, provenientes da engenharia econômica, para apoiar a
decisão acerca da aquisição de uma nova máquina para a expansão de
uma empresa o seguimento de panificação. Para isso, considerou-se os
dados coletados na empresa do atual volume de produção da empresa.
Também foram realizadas análises considerando a capacidade máxima
de produção atual, sem a contratação de novos funcionários, que é o
gargalo da empresa estudada, assim como realizada uma reflexão
acerca de um cenário de contratação de novos funcionários, no qual
foi analisada apenas a capacidade produtiva. Em todas as análises,
tanto econômica quanto dos cenários, a máquina da marca 2, assim
denominada nesse estudo, apresentou melhores indicadores, apesar de
apresentar um preço de aquisição maior.
Palavras-chave: taxa interna de retorno, Valor presente líquido,
Payback, Projeto de Investimentos, Panificadoras
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Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.
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1. Introdução
As empresas de panificação e confeitaria estão cada vez mais presentes no cotidiano do
brasileiro, que recorre a esses comércios não só mais pela manhã para comprar o tradicional
pão, mas ao longo de todo o dia para almoçar, no lanche ao final da tarde e durante a
madrugada. As empresas de pequeno e médio porte dominam o segmento, por conseguirem
aproximar mais facilmente do cliente, o que não ocorre com as de grande porte, mesmo que
tenham faturamento de maior volume. (D’ANUNCIAÇÃO et al, 2009)
Segundo a publicação da Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Confeitaria
ABIP (2018), acerca do balanço do mercado de panificação e confeitaria em 2017, houve
melhoria das condições mercadológicas do setor, em especial na indústria de transformação.
A retomada da frequência do consumidor aos pontos de venda, o aumento do tíquete médio e
permanência do crescimento de faturamento dos produtos de fabricação própria foram fatores
que contribuíram para a perspectiva positiva alcançada.
De acordo com acompanhamento feito pelo Instituto Tecnológico de Panificação e
Confeitaria (ITPC) dos indicadores de centenas de empresas permite projetar um crescimento
do segmento da ordem de 3,2% em 2017, o que equivaleria a um faturamento de R$ 90,3
bilhões. A Figura 1 apresenta os principais indicadores de 2017 comparados com o ano de
2016.
Figura 1 – Indicadores do setor de Panificação e Confeitaria
Fonte: Adaptado de ITPC (2018)
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Segundo o estudo do ITPC as vendas de produção própria representaram 64% do volume de
faturamento, ou R$ 57,79 bilhões, enquanto os itens de revenda foram responsáveis por 36%
do faturamento (equivalentes a R$ 32,5 bilhões). Os indicadores apontam que há tendência
para aumento de produção própria (5,40%) em contrapartida à revenda de produtos
terceirizados (-0,70%), o que colabora para desenvolvimento de projetos de aumento da
capacidade produtiva própria.
A publicação da ABIP evidencia a competitividade crescente das empresas do setor, sendo as
tradicionais as que mais sentiram os efeitos. É necessário se modernizar e adaptar para obter a
preferências dos consumidores. Nesse contexto, uma linha de produção balanceada e
produtiva torna-se essencial para minimização de custos e aumento da capacidade de ofertar
um leque maior de produtos aos clientes. Com o aumento da competição entre empresas é
preciso investimento em maquinários mais eficientes e capazes de retornar o investimento da
melhor maneira possível e maximizar o lucro ao longo do tempo.
Segundo D’Anunciação et. al (2009) a escolha correta dos equipamentos para uma empresa
de panificação e confeitaria tem alta importância, devendo ser estruturados de acordo com o
perfil e capacidade produtiva da loja, pois impactam diretamente na qualidade e quantidade
dos produtos. Tendo em vista essa necessidade, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE) realizou um estudo a respeito da tecnologia e inovação no
setor em 2017, no qual afirma que o desenvolvimento tecnológico vem aumentando
consideravelmente no setor acarretando em equipamentos mais produtivos e que contribuam
com a qualidade dos alimentos e panificados (SEBRAE, 2017). Em outra publicação da ABIP
(2012) é reforçada a necessidade de um estudo para definir quais equipamentos são
apropriados para o processo.
O levantamento realizado pela ABIP (2012) relata que no Brasil há aproximadamente 63 mil
panificadoras que compõem o mercado, das quais 60 mil são de micro e pequenas empresas,
tendo 272,6 mil empregados na etapa de produção. O estado de Minas Gerais é o quarto com
maior número totalizando 5 454 das empresas que compõem o setor.
Neste contexto está inserida uma panificadora, localizada no município de Ituiutaba – MG,
que atualmente está trabalhando somente com produção própria e identificou a necessidade de
ampliar o número de equipamentos para arcar com sua demanda crescente. Para realizar a
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escolha entre os equipamentos cogitados utilizaram-se métodos e indicadores de Engenharia
Econômica.
Portanto o objetivo geral deste artigo é fazer a análise econômico-financeira de dois
equipamentos cogitados para compra por uma empresa de pequeno porte. Foram utilizados os
seguintes métodos de análise: Valor Presente Líquido (VPL); Taxa Interna de Retorno (TIR) e
Payback descontado. O objetivo geral foi atingido por meio de cinco objetivos específicos:
Obtenção de dados necessários da área de produção;
Seleção dos indicadores econômicos;
Aplicação dos dados obtidos às fórmulas;
Análise quantitativa dos resultados;
Análise qualitativa dos resultados.
2. Metodologia
O presente artigo consiste em uma pesquisa científica de natureza aplicada que segundo
Prodanov e Freitas (2013) tem por objetivo solucionar problemas específicos aplicando na
prática conhecimentos gerados. Valeu-se de métodos de pesquisa bibliográfica e pesquisa-
ação em uma abordagem quantitativa.
A empresa-alvo desta pesquisa passa por um momento de ampliação da capacidade produtiva,
valendo-se da compra de maquinário. Para escolha da opção mais adequada ao momento da
empresa, aplicar-se-á análise econômico-financeira, baseando-se na definição de Moreira
(2008) para o processo de análise quantitativa, em cinco etapas:
Definição do problema;
Seleção dos indicadores econômicos;
Aplicação dos dados informacionais às fórmulas;
Análise quantitativa dos resultados;
Análise qualitativa dos resultados;
Definição do melhor equipamento.
2. Referencial Teórico
2.1 Engenharia Econômica e Análise de Investimento
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Analisando questões estratégicas de uma empresa, quando a mesma está com alguma
dificuldade na tomada de decisão para realizar um investimento, seja sobre a implementação
de um projeto ou na aquisição de um novo equipamento, a Engenharia Econômica vem para
auxiliar nesse processo decisório com base nos métodos e técnicas de maneira a avaliar as
alternativas existentes, de modo a aumentar os resultados positivos da organização, vendo
qual tipo de investimento vai ser melhor para a empresa. (PUCCINI, 2011)
Os métodos que são utilizados para fazer uma análise de investimento dentro da engenharia
econômica estão à frente da aplicação somente das demonstrações financeiras costumeiras.
Samanez (2009) mostra os métodos mais comuns para auxiliar nas tomadas de decisões, que
são o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR), o payback descontado
(PB), o índice custo-benefício (C/B), a anuidade equivalente (AE) e o custo anual equivalente
(CAE), que serão relatados posteriormente.
De acordo com Samanez (2009), todas essas análises, técnicas e métodos citados acima vão
conceder um valor ao dinheiro que será aplicado em um determinado tempo, já usando as
taxas que vão ser aplicadas em cada caso, de modo a levar a conclusão se vale a pena realizar
tal investimento ou não, examinando a viabilidade econômica das alternativas.
Para ficar mais fácil o entendimento do problema a ser analisado, utilizam-se fluxos de caixa,
que são entradas e saídas de dinheiro no caixa da empresa durante um período de tempo, nos
quais os períodos ficam indicados numa linha/escala horizontal, as entradas partem da linha
com setas na direção vertical para cima e as saídas também partem da linha mas as setas estão
na direção oposta às entradas, portanto setas verticais para baixo como mostra a Figura 2 a
baixo. (CASAROTTO FILHO E KOPITTKE, 1998)
Figura 2 – Indicadores do setor de Panificação e Confeitaria
Fonte: Casarotto Filho e Kopittke (1998)
De acordo com Puccini (2011), a empresa pode definir uma taxa ao analisar um investimento,
de modo que seja uma taxa que caiba nos planejamentos para realizar o investimento em
questão, denominado Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Casarotto Filho e Kopittke (1998)
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completa dizendo que o projeto que se sobressai em comparação aos outros é sempre aquele
que mostrar um saldo positivo maior.
É utilizada na economia brasileira uma taxa básica de juros ajustada dos financiamentos
diários que serve de base para que outras taxas sejam estabelecidas e, o site do Banco Central
do Brasil, define essa Taxa Selic como sendo “a taxa média ajustada dos financiamentos
diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), para títulos
federais”. É usada para gerenciar compra e venda de títulos.
A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) pode ser definida pela taxa Selic, em que se a Selic
estiver muito alta, a expectativa de rentabilidade para determinado projeto também aumenta,
deixando o projeto mais difícil de ser aceito/viável.
2.2 Métodos de Análise
2.2.1 Valor Presente Líquido (VPL)
Samanez (2009) define que o método visa calcular as consequências dos eventos futuros que
estão ligados a alternativa de investimento, tendo por objetivo também escolher alternativas
que vão gerar um resultado do VPL positivo, implicando que é mais atrativo em termos de
rentabilidade para quem investiu nessa questão. A Equação 1 evidencia o cálculo a ser feito
para o VPL.
(1)
A fórmula do VPL é mostrada na fugira a cima, onde:
FC – Fluxo de Caixa do Período;
I – Investimento Inicial;
I – Custo do Capital;
t – Número de Períodos.
2.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)
Segundo Gabiatti (2016), a TIR representa o que a empresa ganhará se realmente investir
aquilo que foi proposto e para que o projeto seja aceito, esta taxa ter que ser maior que a taxa
mínima de atratividade.
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Samanez (2009) define a TIR como sendo uma taxa hipotética que anula o VPL, igualando a
equação do VPL a 0 (zero) e encontrando o i da equação.
2.2.3 Payback descontado
Quando se realiza um investimento ou planeja realizar um, é interessante saber em quanto
tempo terá a recuperação do que foi investido inicialmente, o período em que o valor presente
dos fluxos de caixa vai ser o mesmo do investimento inicial. (SAMANEZ, 2009).
2.3 Projeto de Investimento
Fleischer (1977) afirma que há várias oportunidades de investimentos disponíveis. Define que
investimento é uma aplicação de recursos de capital que visa à obtenção de lucro ao longo de
determinado período futuro. Erhlich (1997) completa, afirmando que investimento é uma
aplicação de dinheiro em implantação de projetos de novas atividades, expansão,
modernização, entre outros, esperando a obtenção de uma boa rentabilidade.
Em situação ideal, na qual os recursos sejam ilimitados, todas as oportunidades de aplicações
financeiras são interessantes, desde que a renda proporcionada suplante os dispêndios, no
entanto, em situações reais a oferta de recursos é limitada, mesmo com uso de alternativas,
como empréstimos, devendo direcionar esforços de maneira otimizada. (FLEISCHER, 1977)
Esse mesmo autor ainda reitera que uma maneira de avaliar investimentos é com a elaboração
de projetos que simulem os retornos da decisão, por meio de coleta e processamento de
informações. Se o objetivo do investimento estiver consoante com o buscado pelo investidor,
deverá ser feita análise de investimento para certificar que os custos, despesas e receitas sejam
conforme esperado.
Dentro desse contexto, Gitman (2010) há quatro motivos para dispêndio de capital:
Expansão: através da aquisição de ativos imobilizados;
Substituição: devido à necessidade de renovar ativos obsoletos ou gastos;
Modernização: podendo incluir reconstrução, recondicionamento ou adaptação das
máquinas e instalações existentes;
Outras finalidades: alguns dispêndios de capital que podem não produzir retornos
tangíveis, e com expectativa de retorno em longo prazo.
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3. Caso estudado
A empresa alvo deste estudo está situada no município de Ituiutaba, Minas Gerais, e atua no
segmento de panificação, passando por processo de expansão da sua loja física. Por tal motivo
buscou-se realizar uma análise de investimento para escolha de um dos equipamentos mais
importantes da linha de produção: masseira. Todos os produtos vendidos pela empresa
precisam passar por essa máquina, estando de acordo com o objetivo do gestor em aumentar a
capacidade produtiva. A Figura 3 apresenta uma masseira.
Figura 3 – Indicadores do setor de Panificação e Confeitaria
Fonte: GPaniz (2018)
3.1 Informações da linha de produção
A masseira, ou amassadeira, é responsável pelo preparo da massa de centenas de unidades de
pães e roscas, mediante homogeneização. Como é a máquina-base para as demais atividades e
já reconhecida como um dos gargalos, buscou-se, mediante informações passadas pelo
gerente de produção, identificar todos os aspectos da produção atual. Tais informações estão
compiladas na Tabela 1.
Tabela 1 – Características do processo produtivo
Para uma receita
Tempo de preparo (min) 35
Peso (kg) 15
Unidades de massa 300
Fonte: dados obtidos com a empresa.
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O tempo de preparo de uma receita de massa-base (assim denominada por ser a base usada
para diversificação dos produtos) é de 35 minutos, contando com 15 quilos de massa
homogênea, o que rende 300 unidades de produto panificado de 50 g cada. Nas análises deste
artigo são consideradas as seguintes informações obtidas no estudo realizado na empresa:
Preço de cada unidade panificada produzida: R$ 1,50;
Margem de contribuição média dos produtos: R$ 0,75;
Utilização diária média da masseira: 2,5 horas;
Custo mensal por funcionário: R$ 1 863, 90 (incluso salário base e encargos).
Após preparadas, as unidades de massa precisam ser trabalhadas pelos funcionários que
agregarão valor, realizando as etapas de acabamento dos produtos. As características de mão
de obra da produção estão na Tabela 2.
Tabela 2 – Características da mão de obra da produção
Capacidade dos funcionários
Quantidade de funcionários 3
Tempo(s)/unidade 4
Unidades/hora 150
Unidades/dia 1200
Fonte: dados obtidos com a empresa.
Ao todo, a etapa de acabamento dos produtos conta com 3 funcionários, que dispendem, em
média, 4 segundos por unidade de massa, alcançando uma capacidade de 450 unidades
trabalhadas por hora e 3600 unidades por dia.
3.2 Opções de Equipamentos
Para expansão da capacidade produtiva foram cogitadas duas opções de masseira, de marcas
diferentes, cujas informações técnicas estão descritas na Tabela 3.
Tabela 3 – Masseiras
Equipamento Marca 1 Marca 2
Capacidade 25 kg 40 kg
Vida Útil (anos) 10 10
Custo Aquisição R$ 3.895,00 R$ 5.553,60
Depreciação Contábil Linear (% a.a) 10% 10%
Potência (kW) 0,736 1,130
Consumo (kW/h) 0,74 0,75
Custo/hora R$ 0,5328 R$ 0,5400
Dimensões (mm) 840 x 580 x 460 740 x 990 x 850
Fonte: dados obtidos com a empresa.
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Foram cogitados dois equipamentos, denominados aqui Marca 1 e Marca 2. A capacidade do
primeiro é de 25 kg de massa, a custo de R$ 3 895,00, com gasto de R$ 0,5328 por hora em
funcionamento. A segunda marca tem capacidade de 40 kg, com custo de aquisição de
R$5553,60, gastando R$ 0,5400 por hora em funcionamento. Logo, têm-se que a diferença
de valores entre os equipamentos é de R$ 2241,35 e a diferença de capacidade é de 15 kg por
utilização.
Só foi considerado o custo energético de funcionamento da masseira para as análises, visto
que não é necessário mão de obra para sua operação. Sabendo essas informações, calculou-se
a produtividade e custo de funcionamento de ambas as marcas, como mostrado na Tabela 4.
Tabela 4 – Produtividade das marcas
Marca 1 – 25 kg
Produção (und) Custo Faturamento
Ciclo 500 R$ 0,4317 R$ 750,00
Diária 2143 R$ 1,85 R$ 3.214,29
Mensal 53571 R$ 46,25 R$ 80.357,14
Marca 2 – 40 kg
Produção (und) Custo Faturamento
Ciclo 800 R$ 0,4375 R$ 1.200,00
Diária 3429 R$ 1,88 R$ 5.142,86
Mensal 85714 R$ 46,88 R$ 128.571,43
Fonte: autores.
3.4 Indicadores econômicos
Para cálculo dos indicadores definiram-se:
Taxa Mínima de Atratividade (TMA): Selic de 15 de maio de 2018, 6,40% a.a;
TMA mensal: 0,52% a.m;
TMA diária: 0,02% a.d.
3.4.1 Valor Presente Líquido (VPL)
Mediante cálculo de faturamento diário e mensal da Tabela 4, foi elaborado o fluxo de caixa
previsto para os primeiros 10 dias após compra do equipamento. Com os fluxos foi calculado
o VPL de ambas, como mostrado na Tabela 5.
Tabela 5 – Produtividade das marcas
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Fluxo de Caixa
Dia Marca 1 Marca 2
0 -R$ 3.895,00 -R$ 5.553,60
1 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
2 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
3 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
4 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
5 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
6 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
7 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
8 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
9 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
10 R$ 3.214,29 R$ 5.142,86
VPL R$ 28.205,45 R$ 45.806,99
Fonte: autores.
O VPL da Marca 2, é R$ 45 806,99 e o da Marca 1, é R$ 28 205,45, a diferença entre os dois
é de R$17 601,53, sendo que ambos são positivos.
3.4.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)
Ainda considerando a TMA diária com base na Selic, de 0,02%, calculou-se a TIR das duas
máquinas, conforme Tabela 6, para posterior comparação entre ambos.
Tabela 6 – Taxas Internas de Retorno
Marca 1 Marca 2
TIR 82,32% 92,47%
Fonte: autores.
O TIR da Marca 1, é de 82,32 % e o da Marca 2 é 92,47 %, a diferença entre os dois é de
10,15%, sendo ambos maiores que a Taxa Mínima de Atratividade considerada.
3.4.3 Payback descontado
Conforme pode ser observado no fluxo de caixa da tabela 5, o retorno do investimento para
ambos os casos se dá entre o primeiro e segundo período, dias, sendo de 1,21 e 1,08 dias para
as máquinas 1 e dois respectivamente.
4. Resultados e discussões
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Ao longo do desenvolvimento deste estudo foram encontrados o VPL, TIR e Payback
descontado das duas marcas, cujos resultados estão resumindo da Tabela
Tabela 7 – Taxas Internas de Retorno
Índice Marca 1 Marca 2 Diferença
VPL R$ 28.205,45 R$ 45.806,99 R$ 17.601,53
TIR 82,32% 92,47% 10,15%
Payback 1,21 1,08 0,13
Produção diária (und) 2143 3429 1286
Produção por ciclo (und) 500 800 300
Custo por ciclo R$ 0,4317 R$ 0,4375 R$ 0,0058
Fonte: autores.
Analisando a Tabela é possível concluir que ambos os investimentos:
São viáveis, pois possuem VPL > 0, sendo o VPL da marca dois maior ;
Possuem retorno favoráveis, TIR > TMA, sendo o TIR da marca dois maior;
Têm payback descontado menores que dois dias;
Em apena um ciclo de produção a Marca 2 faz 300 unidades a mais que a Marca 1,
totalizando, ao longo do dia 1286 unidades a mais, com o mesmo tempo de utilização;
O custo de operação por ciclo da Marca 2 é maior que o da 1 em R$ 0,0058. Contudo,
a marca dois tem capacidade 60% maior que a 1.
Lembrando que a capacidade de produção dos três funcionários por hora é de 450 unidades,
podendo trabalhar até 3600 unidades ao longo de um dia de trabalho de 8h.
Sendo assim, a cada ciclo a máquina da marca 2 permite a confecção de 800 unidades de
massa para a panificação de produtos, ou seja, precisaria de 4,5 ciclos de 35 minutos para
atingir a capacidade máxima. Como os ciclos devem ser completos, considerando 5, têm-se
que em aproximadamente três horas de operação ela consegue atingir a capacidade diária –
sem a contratação de novos funcionários. Quando se verifica o valor do custo/ hora, a
máquina dois opera com R$ 0,54, totalizando um consumo diário de R$ 2,70 para atingir a
produção máxima.
Já a máquina da Marca 1 permite, a cada ciclo de igual tempo, a produção de 500 unidades de
massa para a panificação de produtos, ou seja, precisaria de 7,2 ciclos de 35 minutos para
atingir a capacidade máxima. Como os ciclos devem ser completos, considerando 8, têm-se
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que em aproximadamente cinco horas de operação ela consegue atingir a capacidade diária –
sem a contratação de novos funcionários. Quando se verifica o valor do custo/ hora, a
máquina dois opera com R$ 0,53, totalizando um consumo diário de R$ 4,26 para atingir a
produção máxima.
Desse modo, em uma situação de produção com capacidade máxima, o custo diário da
máquina 1 seria R$ 1,56 reais maior do que a máquina 2. Da mesma forma, em uma situação
hipotética de contratação de novos funcionários, o potencial de expansão da máquina dois
seria maior e essa diferença de custos de operação seria ainda maior.
. A Tabela 4 apresenta o custo financeiro total comparado entre ambas marcas ao longo do
primeiro ano após a compra, considerando a produção atual.
Tabela 8 – Análise econômica entre marcas
Custo Marca 1 Marca 2
Aquisição R$ 3.895,00 R$ 5.553,60
Ciclos Acum. / dia R$ 3,45 R$ 2,19
Ciclos Acum. / mês R$ 86,25 R$ 54,75
Funcionários / mês R$ 7.455,60 R$ 5.591,70
Total no 1º mês R$ 11.436,85 R$ 11.200,05
Total no 1º ano R$ 94.397,20 R$ 73.311,00
Fonte: autores.
Como os equipamentos de ambas as marcas se mostraram economicamente viáveis, sendo
todos os indicadores da Marca 2 melhores que da Marca 1, e realizando a análise de possíveis
cenários de expansão, apesar do equipamento da Marca 1 ser mais barato, optou-se pela
aquisição da Marca 2.
5. Conclusões
No presente artigo, utilizou-se os métodos VPL, TIR e Payback descontado, provenientes da
engenharia econômica, para se analisar e decidir acerca da aquisição de uma nova máquina
para a expansão de uma empresa o seguimento de panificação.
Apesar de ambas terem se mostrado economicamente viáveis, a da Marca 2 apresentou
melhores indicadores em todos os métodos, apesar de possuir um custo maior. Fazendo-se a
análise consideram um cenário de produção com capacidade máxima com a mesma
quantidade de funcionários, ela também se mostra mais vantajosa, por realizar menos ciclos.
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Da mesma forma, em um cenário de contratação de novos funcionários, por possuir uma
capacidade maior e ter realizado menos ciclos, o que implica diretamente nas horas de
utilização por dia, a máquina da marca 2 também apresenta um retorno melhor, sendo
escolhida como o investimento mais adequado.
Não foram considerados no estudo a sazonalidade das vendas, variação da inflação e da
atividade econômica, mudança da SELIC, nem quaisquer outras variáveis que pudessem
impactar nas premissas dos métodos utilizados.
Como estudos futuros, propõe-se fazer essas análises em cenários que prevejam o aumento do
número de funcionários, visto que esse é o gargalo atual, de modo a procurar um cenário
ótimo para a expansão e balanceamento entra a máquina e a mão de obra.
REFERÊNCIAS
ABIP, ITPC, SEBRAE, Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Confeitaria, Instituto Tecnológico
de Panificação e Confeitaria, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Estudo do impacto
da inovação no setor de panificação e confeitaria. Julho de 2012. Disponível em:
Acesso
em: 30 mai. 2018.
ABIP, ITPC. Balanço e tendências do mercado de panificação e confeitaria. Fevereiro de 2018. Disponível
em : Acesso em: 30 mai. 2018.
BRASIL, Banco Central do. Dados diários – Taxa Selic. 2018. Disponível em:
Acesso em 15 mai. 2018.
D’ANUNCIAÇÃO, F. OLIVEIRA, J. M., ROCHA, M. Cartilha: como criar um empreendimento de
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