aplicação do modelo de hierarquia fuzzy coppe-cosenza para a avaliação de grupos operativos em...

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COPPE/UFRJ COPPE/UFRJ APLICAÇÃO DO MODELO DE HIERARQUIA FUZZY COPPE-COSENZA PARA A AVALIAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS EM FÓRUNS EDUCACIONAIS NA INTERNET Ilan Chamovitz Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. Orientador: Carlos Alberto Nunes Cosenza Rio de Janeiro Março de 2010

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  • COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ

    APLICAO DO MODELO DE HIERARQUIA FUZZY COPPE-COSENZA PARAA AVALIAO DE GRUPOS OPERATIVOS EM FRUNS EDUCACIONAIS NA

    INTERNET

    Ilan Chamovitz

    Tese de Doutorado apresentada ao Programa dePs-graduao em Engenharia de Produo,COPPE, da Universidade Federal do Rio deJaneiro, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Doutor em Engenharia deProduo.

    Orientador: Carlos Alberto Nunes Cosenza

    Rio de JaneiroMaro de 2010

  • APLICAO DO MODELO DE HIERARQUIA FUZZY COPPE-COSENZA PARA AAVALIAO DE GRUPOS OPERATIVOS EM FRUNS EDUCACIONAIS NA

    INTERNET

    Ilan Chamovitz

    TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ

    COIMBRA DE PS-GRADUAO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DAUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

    REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE DOUTOR EMCINCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUO.Examinada por:

    ________________________________________________

    Prof. Carlos Alberto Nunes Cosenza, D.Sc.

    ________________________________________________

    Prof. Elton Fernandes, Ph.D.

    ________________________________________________

    Prof. Marcos da Fonseca Elia, Ph.D.

    ________________________________________________

    Prof. Mario Jorge Ferreira de Oliveira, Ph.D.

    ________________________________________________

    Prof. Marcos Roberto Borges, Ph.D.

    ________________________________________________

    Prof. Hugo Fuks, Ph.D.

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILMARO DE 2010

  • iii

    Chamovitz, IlanAplicao do Modelo de Hierarquia Fuzzy COPPE-

    Cosenza para a Avaliao de Grupos Operativos em FrunsEducacionais na Internet / Ilan Chamovitz. Rio de Janeiro:UFRJ/COPPE, 2010.

    XIV, 176 p.: il.; 29,7 cm.Orientador: Carlos Alberto Nunes CosenzaTese (doutorado) UFRJ/ COPPE/ Programa de

    Engenharia de Produo, 2010. Referncias Bibliogrficas: p. 134-145.1. Fruns. 2. Tecnologia 3. Universidade 4.UFRJ 5.

    Educao I. Cosenza, Carlos Alberto Nunes. II. UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenhariade Produo. III. Titulo

  • iv

    A criatividade surpreendente.Responde ao desejo de ir alm do

    inslito, de surpreender-se e desurpreender, dando expanso ao eros,aos instintos que impelem a fugir aos

    limites impostos pelo pensamento

    consciente, secundrio, lgico ededutivo. Proceder somente segundo arazo, como a sociedade industrial nos

    induziu a fazer, no uma conquista,mas uma reduo, porque nos castra da

    emotividade

    Domenico De Masi Criatividade eGrupos Criativos

  • vAGRADECIMENTOS

    So muitos os agradecimentos a serem feitos, e com certeza no ser possvel agradecer atodos que contriburam com esse trabalho nessas pginas.

    Primeiro a Deus, criador do universo e responsvel por fenmenos ainda sem explicaesprecisas.

    minha esposa Adriana, pelo incentivo desde o incio de minha vida acadmica, pelo pelaimensa dose de pacincia e compreenso nesta longa fase, bastante complexa e que meexigiu grande esforo fsico, mental e emocional. E, tambm, pelo estmulo para continuarseguindo em frente.

    Aos meus pela e irmo, pela base acadmica que me permitiu chegar at aqui.

    Ao professor e valioso amigo Marcos Elia, que dedicou grande parte de seu precioso tempona orientao correta para que eu chegasse a este momento. E j se passaram 8 anos...

    Ao professor Carlos Alberto Nunes Cosenza pela oportunidade de observao em suasaes e aulas, conduta e pela confiana depositada em meu potencial.

    Aos funcionrios e aos professores do Programa de Engenharia de Produo com os quaistive contato e oportunidade de aprender, cada um em sua rea, e que proporcionaram aoportunidade de publicao de artigos, a partir do conhecimento desenvolvido.

    Aos professores e colaboradores do GINAPE Grupo de Informtica Aplicada na Educaoe outros professores do NCE UFRJ, com os quais mantenho valioso contato at hoje.

    Aos colegas estudantes do curso de Engenharia de Produo pela possibilidade de troca deexperincia e conhecimentos, juntos nas disciplinas cursadas.

    Aos funcionrios, coordenadores, suporte e professores tutores do FGV Online, com osquais pude aprimorar conceitos sobre as questes educacionais, avaliao e tutoria. O FGVOnline permitiu-me explorar, como estudante e como professor tutor, outros frunseducacionais, ficando ainda mais experto na utilizao de fruns educacionais.

  • vi

    Aos gestores e colegas do Ministrio da Sade / Datasus, que colaboraram nestaempreitada, pela compreenso e pela motivao.

    Aos funcionrios da UFRJ que colaboraram comigo ajudando sempre que precisei.

    Aos estudantes de ps-graduao do NCE-UFRJ do PGTIAE 2007 e 2008 e do mestradoPPGI que participaram das avaliaes das mensagens nos fruns.

    Aos companheiros de comunidades virtuais pelas quais passei e moderei, que me ajudarama obter percepes diferenciadas sobre o uso dos fruns virtuais, desde a dcada de 90 atos dias de hoje.

    Finalmente, aos especialistas que colaboraram na melhoria do modelo proposto, para a suaaplicao, logo nos primeiros estudos de caso: Bruno Santos Nascimento, Sandro deAzambuja, Marcus Vinicius Ferreira Gonalves e Maria Sandra Lopes.

  • vii

    Resumo da Dissertao apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessriospara a obteno do grau de Doutor em Engenharia de Produo (D.Sc.)

    APLICAO DO MODELO DE HIERARQUIA FUZZY COPPE-COSENZA PARA AAVALIAO DE GRUPOS OPERATIVOS EM FRUNS EDUCACIONAIS NA

    INTERNET

    Ilan Chamovitz

    Maro/2010

    Orientador: Carlos Alberto Nunes Cosenza

    Programa: Engenharia de Produo

    Esta pesquisa consistiu em adequar e aplicar o Modelo de Hieraquia Fuzzy COPPE-Cosenza na avaliao de desempenho de grupos que utilizam o Frum de Discusso Virtualpara atingir determinada tarefa educacional. Para a avaliao so utilizados conceitosdefinidos para os Grupos Operativos propostos por Pichn-Rivire, o CQMsg -Classificador e Qualificador de Mensagens e o Modelo de Hieraquia Fuzzy COPPE-Cosenza, que j obteve sucesso em outras reas mas que ainda foi pouco explorado na reade Educao. O resultado dos quatro estudos de caso permite validar o modelo COPPE-Cosenza como instrumento auxiliar no processo de avaliao formativa em GruposOperativos, utilizando mensagens em um frum de discusso na rea de educao.

  • viii

    Abstract of Tesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements forthe degree of Doctor of Science (D.Sc.)

    THE APPLICATION OF COPPE-COSENZA FUZZY HIERARCHY MODEL FOREVALUATION OF OPERATING GROUPS IN EDUCATIONAL FORUMS ON THE

    INTERNET

    Ilan Chamovitz

    March /2010

    Advisor: Carlos Alberto Nunes Cosenza

    Department: Production Engineering

    This research consisted of applying Fuzzy COPPE-Cosenza Fuzzy Hierarchy Modelto evaluate the performance of groups which use the virtual discussion forum to achieve aneducational task. Some concepts are essential, such as the Operative Group proposed byPichon-Rivire, the software CQMsg - Messages Classifyer and Qualifier, and the COPPE-Cosenza Fuzzy Hierarchy Model, which succeeded in other areas but has not been exploredin Education, yet. The results of four case studies suggest that COPPE-Cosenza FuzzyHierarchy Model can support formative assessment in educational Operative Groups invirtual discussion forums.

  • ix

    SUMRIO1. INTRODUO ............................................................................................................................................ 1

    1.1 OBJETIVO ................................................................................................................................................ 1

    1.2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................................................... 2

    1.3 METODOLOGIA ......................................................................................................................................... 3

    2. REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................................................... 7

    2.1 AVALIAO NO CONTEXTO EDUCACIONAL............................................................................................... 72.2 O PROCESSO DE AVALIAO EM FRUNS ONLINE ................................................................................... 152.3 FUNDAMENTAO PARA A ANLISE DAS MENSAGENS............................................................................ 26

    2.3.1 Anlise de Contedo ...................................................................................................................... 26Grupo restrito ......................................................................................................................................... 28

    Lingustico escrito................................................................................................................................... 28

    2.3.2 Anlise Argumentativa................................................................................................................... 312.3.3 Anlise do Discurso ....................................................................................................................... 32

    2.4 OS GRUPOS OPERATIVOS DE PICHON RIVIRE ....................................................................................... 342.5 LGICA FUZZY ....................................................................................................................................... 37

    2.5.1 Introduo..................................................................................................................................... 382.5.2 Conjuntos Fuzzy............................................................................................................................. 392.5.3 Variveis lingusticas..................................................................................................................... 412.5.4 Funes de pertinncia ................................................................................................................. 432.5.5 Definies e operaes .................................................................................................................. 442.5.6 Os sistemas de computao utilizados........................................................................................... 452.5.7 CQMsg - Classificador e Qualificador de Mensagens ................................................................. 462.5.8 Modelos e Aplicaes .................................................................................................................... 49

    3. O MODELO COPPE-COSENZA............................................................................................................. 51

    3.1 DEFINIO DO MODELO DE HIERAQUIA FUZZY COPPE-COSENZA APLICADO NA EDUCAO............... 543.1.1 Matriz de Demanda (expectativa do professor ou especialista) .................................................... 543.1.2 Matriz de Oferta (participao no frum) ..................................................................................... 563.1.3 Cotejo............................................................................................................................................ 57

    4. PROPOSTA DE TRABALHO ................................................................................................................. 60

    4.1 PICHN-RIVIERE ................................................................................................................................... 604.2 ANLISE DE CONTEDO ........................................................................................................................ 604.3 FUZZY E O MODELO COPPE-COSENZA ................................................................................................ 614.4 QUESTES DE PESQUISA ........................................................................................................................ 62

  • x5. ESTUDOS DE CASO................................................................................................................................. 64

    5.1 ESTUDO DE CASO I .............................................................................................................................. 68

    5.1.1 CONTEXTO .......................................................................................................................................... 685.1.2 A MATRIZ DE OFERTA ......................................................................................................................... 705.1.3 A MATRIZ DE DEMANDA ..................................................................................................................... 715.1.4 PR-ANLISE.................................................................................................................................. 74

    5.1.4.1 Avaliadores Estudantes............................................................................................................. 745.1.4.2 Avaliadores Especialistas ......................................................................................................... 76

    5.1.5 ANLISE DO ESTUDO DE CASO I ........................................................................................................... 785.1.6 CONSIDERAES FINAIS DO ESTUDO DE CASO I................................................................................. 80

    5.2 ESTUDO DE CASO II ............................................................................................................................. 80

    5.2.1 CONTEXTO .......................................................................................................................................... 805.2.2 A MATRIZ DE OFERTA ......................................................................................................................... 815.2.3 A MATRIZ DE DEMANDA ..................................................................................................................... 825.2.4 A MATRIZ DE COTEJO .......................................................................................................................... 845.2.5 PR-ANLISE ....................................................................................................................................... 875.2.6 ANLISE DO ESTUDO DE CASO II.......................................................................................................... 895.2.7 ALTERAES EM RELAO AO ESTUDO DE CASO ANTERIOR................................................................ 965.2.8 CONSIDERAES SOBRE O ESTUDO DE CASO II .................................................................................... 97

    5.3 ESTUDO DE CASO III .......................................................................................................................... 98

    5.3.1 CONTEXTO .......................................................................................................................................... 985.3.2 O ESTUDO COMPARATIVO UTILIZANDO A MQUINA DE INFERNCIA FUZZY .................................... 99

    5.3.2.1 Fuzzificao .............................................................................................................................. 1005.3.2.2 Base de Regras Fuzzy ............................................................................................................... 1025.3.2.3 Defuzzificao........................................................................................................................... 1045.3.2.4 A Mquina de Inferncia Fuzzy ................................................................................................ 1075.3.2.5 Descrio Dos Indicadores....................................................................................................... 1085.3.2.6 Anlise do Estudo de Caso III................................................................................................... 111

    5.4 ESTUDO DE CASO IV.......................................................................................................................... 112

    5.4.1 CONTEXTO ........................................................................................................................................ 1125.4.2 AVALIAO DO PROCESSO ................................................................................................................ 1135.4.3 A ESCOLHA DOS CRITRIOS ............................................................................................................... 1145.4.4 O USO DO APLICATIVO NA INTERNET PARA AVALIAR AS MENSAGENS ............................................... 1155.4.5 A MATRIZ DE DEMANDA ................................................................................................................... 117

  • xi

    5.4.6 PR-ANLISE ..................................................................................................................................... 1175.4.7 ANLISE E RESULTADOS DOS ESTUDANTES ...................................................................................... 118

    6. RESULTADOS, DISCUSSO E TRABALHOS FUTUROS............................................................... 123

    6.1 RESULTADOS ....................................................................................................................................... 1236.2 A VISO DO PESQUISADOR .................................................................................................................. 1276.3 TRABALHOS FUTUROS .......................................................................................................................... 131

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS........................................................................................................ 134

    ANEXO I - DESCRIO DO MODELO DE HIERARQUIA FUZZY APLICADO A PROJETOS.. 146

    APNDICE I - SITUAES POSSVEIS NAS MENSAGENS.............................................................. 150

    APNDICE II - REFERNCIAS ESTUDO SOBRE TRABALHOS EM GRUPO........................... 158

    APNDICE III REFERNCIA - ESTUDO SOBRE OS FRUNS...................................................... 160

    APNDICE IV FONTES DOS PROGRAMAS DE COMPUTADOR................................................. 163

    APNDICE V REFLEXO SOBRE A CORRELAO DO MODELO FUZZY COM O MODELOESTATSTICO............................................................................................................................................. 174

    APNDICE VI SISTEMATIZAO EMPRICA DO PROCESSO PARA AVALIAO DEMENSAGENS EM FRUNS EDUCACIONAIS ORIENTADOS TAREFA ..................................... 175

  • xii

    LISTA DE FIGURASFigura 1 Rede Sistmica com os principais aspectos da avaliao em fruns. .................... 20Figura 2 Rede Sistmica com o estudo de fruns educacionais .......................................... 22Figura 3 Situaes possveis em mensagens de fruns ........................................................ 24Figura 4 Estrutura do argumento (TOULMIN, 1958 p.92).................................................. 31Figura 5 Anlise de Contedo x Anlise de Discurso. (ROCHA E DEUSDAR, 2005) ... 34Figura 6 Complexidade de um sistema em funo da preciso do modelo.......................... 38Figura 7 Funes de pertinncia para a varivel desempenho ............................................. 42Figura 8 Grfico com a representao da varivel Estatura ................................................. 43Figura 9 Tela inicial do CQMsg........................................................................................... 48Figura 10 Tela do CQMsg com o planejamento para protocolo 043 ................................... 65Figura 11 Esquema para o estudo de caso 1......................................................................... 69Figura 12 Estudo de Caso 1 Esquema para a Proposta Inicial .......................................... 72Figura 13 Estudo de Caso 1 Esquema para a Proposta Final ............................................ 72Figura 14 Tela utilizada pelo primeiro grupo para a avaliao das mensagens ................... 73Figura 15 Tela do CQMsg com Alpha e os valores mdios por quesito .............................. 75Figura 16 Tela de Avaliao de mensagens do CQMsg....................................................... 82Figura 17 Planilha que calcula os valores fuzzificados para cada mensagem..................... 85Figura 18 Planilha com dados agrupados por autor e valor mdio .................................... 86Figura 19 Planilha-resumo do estudo de caso 2 ................................................................... 91Figura 20 Correlao dos indicadores do estudo de caso 2................................................. 93Figura 21 Resposta da correlao ao aumento da quantidade de fatores ............................. 95Figura 22 Planilha com a Classificao no estudo de caso 2 .............................................. 96Figura 23 Esquema do estudo de caso 3............................................................................ 100Figura 24 Valores lingsticos para a varivel de sada Aprendizagem............................. 101Figura 25 Valores lingsticos para a varivel de entrada Cooperao.............................. 102Figura 26 Simulador para Ajustes de Regras para Inferncia Fuzzy ................................. 103Figura 27 Base de Regras Fuzzy ........................................................................................ 104Figura 28 Indicadores obtidos pela mquina de inferncia fuzzy ...................................... 108Figura 29 Imagem da nova tela utilizada para a avaliao................................................ 116Figura 30 Planilha com dados do relatrio obtido no CQMsg para o protocolo 60.......... 118

  • xiii

    Figura 31 Indicadores do estudo de caso 4........................................................................ 120Figura 32 Valores resultantes da correlao entre os indicadores..................................... 121

  • xiv

    LISTA DE TABELASTabela 1 Fases e caractersticas da Avaliao (Natriello 1987 apud Rosado e Silva 2009) 10Tabela 2 Agentes e tarefas realizadas em um frum de discusso educacional................... 18Tabela 3 Dois tipos de situaes encontradas nas mensagens.............................................. 25Tabela 4 Utilizaes da Anlise de Contedo (Extrado de CAPPELE e outros, 2003)...... 28Tabela 5 Matriz de demanda de caractersticas .................................................................... 55Tabela 6 Matriz de oferta de mensagens ........................................................................... 57Tabela 7 Matriz de Expectativa de Fatores por Mensagem................................................. 57Tabela 8 Matriz de Cotejo para Avaliao Criterial............................................................ 58Tabela 9 Matriz de Cotejo para Avaliao Formativa......................................................... 58Tabela 10 Valores de alfa para os protocolos, por quesito.................................................. 76Tabela 11 Consistncia Internet para avaliadores segundo cada quesito ............................ 78Tabela 12 Comparao da consistncia entre estudantes e especialistas ............................ 79Tabela 13 Grau de relevncia de professores-tutores para os indicadores em G.O. .......... 83Tabela 14 Graus de relevncia para os fatores condicionantes de demanda escolhidos ..... 84Tabela 15 Matriz de Cotejo para avaliao formativa......................................................... 84Tabela 16 Valores Alpha para os protocolos: Todos os avaliadores, todos os quesitos...... 87Tabela 17 Valores Alpha por protocolo Avaliao do Pesquisador, todos os quesitos.... 88Tabela 18 Valores Alpha por protocolo Avaliao do Professor, todos os quesitos......... 88Tabela 19 Indicadores da Planilha-resumo do Estudo de Caso 2........................................ 89Tabela 20 Principais semelhanas e diferenas entre os 2 modelos fuzzy, por fase ......... 106Tabela 21 Fatores condicionantes de demanda Estudo de Caso 4 .................................... 117Tabela 22 Resultados extrados da avaliao de um dos grupos com pesos 3:2:1............ 118

  • 1 1. INTRODUO

    Segundo a Associao Brasileira de Engenharia de Produo - ABEPRO, aEngenharia de Produo (EP) se dedica ao projeto e gerncia de sistemas que envolvempessoas, materiais, equipamentos e o ambiente. Muitos pesquisadores de EP atuam emestudos interdisciplinares e abrangentes, em permanente dilogo com as cincias exatas eda natureza, as cincias sociais e da sade.

    Alm da indstria e de outras reas similares, a Engenharia de Produo atua,tambm, na rea educacional. Nos cursos de ps-graduao por exemplo, a Avaliao deDesempenho um instrumento fundamental que permite a anlise e melhoria dos processoseducacionais. Dada a sua complexidade, seu carter incerto, vago e nebuloso, a avaliaocontinua desafiando os pesquisadores, que propem novos mtodos e, tambm, a utilizaode tecnologia, visando a eficincia e a eficcia dos processos. Com o aumento de usuriosconectados Internet e do uso de ferramentas de comunicao assncronas, tais comocorreio eletrnico, listas de discusso e os fruns virtuais - locais onde vrias pessoas,geralmente com objetivos comuns, trocam informaes por meio de mensagens - estastecnologias passam a ser utilizadas em cursos de ps-graduao com mais frequncia, poispermitem que os usurios estudantes e professores - utilizem-nas segundo a suadisponibilidade de tempo, alm dispensar a locomoo desnecessria troca de informao.

    As mensagens enviadas em um frum ficam armazenadas, e no ambienteeducacional podem ser acessadas e avaliadas durante ou posteriormente, segundo critriospreviamente estabelecidos. Porm, importante lembrar que este processo de avaliaodeve estar contextualizado, alinhado ao planejamento educacional, e que o educador deveestar consciente de que ser realizado envolto em complexidade (MORIN, 2006), comgrande carga de interpretao e de subjetividade, muitas vezes com vagueza e incerteza.

    1.1 ObjetivoEsta pesquisa aborda a utilizao de fruns educacionais na Internet. Levando em

    considerao o Pensamento Complexo apresentado por Edgar Morin (2006), identifica osdiversos aspectos que compem os fruns de discusso utilizados em cursos de ps-graduao e prope procedimentos para a avaliao dos fruns por meio do Modelo de

  • 2Hieraquia Fuzzy COPPE-Cosenza, j utilizado com sucesso em outras reas: Sade,Engenharia, Arquitetura e Administrao.

    1.2 Justificativa

    Modelos nebulosos vm sendo utilizados na tomada de deciso para auxiliar nasoluo de problemas complexos e que fazem uso de juzo de valor. Criado na dcada de70, a partir de pesquisas em Localizao, o Modelo COPPE-Cosenza j foi utilizado emestudos de Arquitetura (RHEINGANTZ et al. , 2000), Medicina (ANDRAUS et al., 2002;ANDRAUS et al. 2006), Engenharia Civil (REZENDE 2006), Administrao (SOUZA ,COSENZA & COSENZA, 2002; COSENZA et. al., 2003; TOLEDO & COSENZA, 2003),Desenvolvimento Regional (LIMA et al., 2006), Engenharia de Produo (ARRUDA,MARTINS & COSENZA, 2006).

    Porm, na rea de Avaliao Educacional, o Modelo de Hierarquia Fuzzy COPPE-Cosenza ainda no foi aplicado. E, de certa forma, isto surpreendente porque no nvelacadmico h uma clara distino entre a medida educacional (oferta de indicadores dedesempenho) e a avaliao propriamente dita (juzo de valor de demanda dos especialistas),muito embora, no dia-a-dia da sala de aula estas duas fases sejam confundidas e tratadasigualmente como avaliao, por vrios professores. Ao contrrio da lngua portuguesa, alngua inglesa tem vocbulos especficos para exprimir essa distino: assessment eevaluation. Segundo o professor Bob Kizlik (http://www.adprima.com/measurement.htm), o primeiro termo diz respeito obteno de informao para atingir um determinadoobjetivo ou seja, testes esto includos nesta definio mas no so o nico meio de coleta.O segundo termo mais complexo, pois evaluation est relacionado ao desenvolvimentode valor (value) que auxiliar na tomada de deciso, em uma situao especfica.

    Pesquisas que analisam caractersticas de um frum virtual educacional consideram,entre outros aspectos existentes: os objetivos do frum, a quantidade e a qualidade dasmensagens, o nmero de participantes, a interao, o comportamento do moderador.Fruns de discusso educacionais vm sendo utilizados por educadores dentro e fora dasala de aula. Com a expanso dos pontos de acesso Internet (existentes em residncias,organizaes comerciais, escolas, lanhouses em comunidades), com a possibilidade deutilizao de banda larga, com as facilidades de aquisio de um computador (ou at

  • 3mesmo de um Notebook, um Netbook ou um telefone celular) e com a disseminao dacultura digital, professores, cidados, gestores e pesquisadores optam pela utilizao destaferramenta, o frum. A maioria das plataformas educacionais utilizadas em cursos adistncia prov um dispositivo capaz de ser utilizado como um local concentrador demensagens para a troca de ideias e debates.

    Estudantes de ps-graduao em um debate virtual apropriam-se do processo decomunicao atuando ora como fontes emissoras, ora como fontes receptoras dasmensagens. Durante ou aps a realizao do debate, as mensagens resultantes de um frumeducacional podem ser analisadas e a participao dos estudantes, componentes em grupos,pode ser medida, quantitativamente e qualitativamente. Este trabalho apresenta umaproposta para auxiliar a avaliao em grupos voltados execuo de tarefas, no contextoeducacional.

    A tcnica de Grupos Operativos apresentados por Pichon-Rivire (2005) voltada tarefa e aplicada nas reas de Sade e de Educao. Visa a mudana de conceitos, deestado, de comportamentos. Ou seja, a aprendizagem.

    Esta tese serve como ponto de partida para vrias reas Engenharia de Produo,Tecnologia da Informao, Psicologia, Educao e Sade, pois investiga a utilizao dosfruns virtuais, organiza os diversos aspectos estruturais do frum e se apoia em ummodelo fundamentado na utilizao da lgica fuzzy e nos Grupos Operativos propostos porPichn Riviere (2005). A proposta poder, no futuro, auxiliar os educadores na utilizaodos fruns na rea de Educao.

    1.3 Metodologia

    O paradigma a ser adotado na pesquisa essencialmente subjetivo, interpretativo, oque no impede a adoo de outros, descritivo ou crtico, por necessidade situacional e decontexto. A investigao proposta essencialmente quantitativa mas considera, tambm,alguns aspectos qualitativos.

    O estudo inicialmente foi pautado em pesquisa bibliogrfica. Houve, tambm, aparticipao em aulas do curso do Programa de Engenharia de Produo, como aluno e,posteriormente, como monitor. Para os estudos de caso a coleta de dados realizada pormeio da Plataforma Interativa para Internet (ELIA & SAMPAIO, 2001), plataforma

  • 4educacional utilizada no Programa de Ps-Graduao em Informtica, no Ncleo deComputao Eletrnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para a avaliao foidesenvolvido um sistema, o Classificador e Qualificador de Mensagens CQMsg. Apesquisa conta com a participao de estudantes de ps-graduao, professores eespecialistas em Tecnologia Aplicada na Educao, mestres e doutores.

    Algumas caractersticas desta pesquisa, tais como a opo pelo envolvimento deestudantes durante o curso de ps-graduao, as caractersticas de colaborao entre osparticipantes dos fruns e a aplicao de novas tecnologias na educao podem gerarconfuso na caracterizao do trabalho, sugerindo tratar-se de Pesquisa-Ao e no deEstudos de Caso. Porm, o objetivo principal da pesquisa centrado na aplicao de ummodelo na avaliao das mensagens em fruns, e no na prtica da avaliao. ParaThiollent (1997, p.140), a Pesquisa-Ao envolve interveno em determinados setores deatuao social. Quem conduziu as atividades realizadas no estudo foi o professor (e no opesquisador). Os resultados sim, foram analisados pelo pesquisador, mas no chegam aprovocar a efetiva mudana na prtica das aulas. As propostas para a utilizao do modeloso resultados das anlises de cada um dos quatro estudos. Cohen e outros (2001, p.226)especificam princpios e caractersticas da Pesquisa-Ao - que combina a pesquisa com aao resultando em mudanas na prtica docente. Geralmente opta-se pela Pesquisa-Aoquando existe um problema envolvendo pessoas e processos que clamam por umasoluo. A investigao em questo centra-se na utilizao da lgica fuzzy e do ModeloCOPPE-Cosenza para auxiliar a avaliao em atividades voltadas tarefa. As matrizes eregras nebulosas que compem o modelo so definidas a partir dos estudos iniciais e omodelo aplicado para um caso especfico, em quatro estudos. O Caso composto porturmas de ps-graduao que debatem em fruns virtuais visando completar uma tarefaestabelecida pelo professor: Definir um conjunto de perguntas ou conceituar Cincia. Apso debate estabelecido um plano de avaliao atravs do qual estudantes de um grupoavaliam as mensagens emitidas pelos colegas de outro grupo, em um outro frum, do qualno participaram. realizada a anlise de consistncia e os resultados so comparados como modelo estatstico e outros modelos nebulosos. O processo pode ser dividido nasseguintes fases:

  • 51 Pesquisa Bibliogrfica sobre a comunicao na Internet, fruns de discusso, avaliaode desempenho educacional, lgica fuzzy e matemtica nebulosa, Grupos Operativos;participao em aulas do Programa de Engenharia de Produo.2 - Estudo do Modelo de Hieraquia Fuzzy COPPE-Cosenza.3 Utilizao do Modelo de Hieraquia Fuzzy COPPE-Cosenza no contexto de avaliao dedesempenho ou de aprendizagem.4 Estudo de Caso I - Planejamento e aplicao da pesquisa em um grupo de ps-graduao lato sensu:5 Estudo de Caso II - Planejamento e aplicao da pesquisa em um grupo de ps-graduao stricto sensu:6 Estudo de Caso III - Construo e aplicao de um modelo de inferncia fuzzy com osdados do estudo anterior.7 Estudo de Caso IV - Planejamento e aplicao da pesquisa em um novo grupo de ps-graduao lato sensu.8 - Anlise dos estudos de caso realizados.9 - Redao e apresentao da tese, com os resultados encontrados

    Os principais instrumentos, tcnicas e atividades que foram utilizados para arealizao da pesquisa so:

    A pesquisa bibliogrfica e na Internet;

    a tcnica de redes sistmicas (BLISS, MONK & OGBORN, 1983); a utilizao da Plataforma Educacional na Internet para armazenar as

    mensagens do frum;

    a utilizao de um aplicativo Qualificador de Mensagens, um sistemacomputacional desenvolvido durante a pesquisa para auxiliar noplanejamento, execuo, acompanhamento e controle das avaliaes dasmensagens;

    os programas Excel e SPSS verso 9, utilizados para a anlise dasavaliaes. O programa MatLab verso 12, utilizado para desenvolver umamquina de inferncia fuzzy;

  • 6 a participao do autor como ouvinte, como professor e como palestrante

    em aulas de ps-graduao, em eventos acadmicos, cientficos e emseminrios sobre lgica fuzzy e sobre a utilizao de fruns;

    a utilizao entrevistas no estruturadas com participantes de fruns virtuaise por meio de contatos pessoais;

    a participao em fruns virtuais educacionais em disciplinas de ps-graduao em instituies diversas, como professor, moderador e aluno;

    a publicao de material em um website na Internet(http://api.adm.br/evalforum ); e

    a publicao de resultados em eventos acadmicos e na Internet.

    importante destacar que, nesta tese, alguns termos podem ser utilizados comdenominaes diferentes, porm com o mesmo sentido. O motivo de no adotar um termonico deve-se opo do autor em manter os termos em um contexto especfico. Destaforma, a tese apresenta os seguintes termos, com o mesmo significado:

    Critrio - utilizado no contexto de Avaliao Educacional

    Fator condicionante - apresentado no Modelo de Hieraquia Fuzzy COPPE-

    Cosenza, ou ento como

    Quesito, Aspecto - apresentados no contexto do software desenvolvido paraauxiliar na avaliao.

    Da mesma forma, o modelo proposto, chamado de Modelo de Hieraquia FuzzyCOPPE-Cosenza pode, em alguns pontos, ser chamado de Modelo COPPE-Cosenza.

  • 72. REVISO BIBLIOGRFICA

    A reviso bibliogrfica, objeto deste captulo, ser apresentada em cinco partes:inicialmente a Avaliao contextualizada em sua fase evolutiva at o momento atual, noqual professor e estudantes negociam critrios e desenvolvem conjuntamente o processo deavaliao; em seguida, o tema avaliao expandido ao ambiente de fruns de discusso;em uma terceira etapa, a anlise de textos apresentada, com nfase na Anlise deContedos. Em seguida, os Grupos Operativos propostos por Pichn-Rivire soapresentados e sugeridos para a realizao de tarefas nos fruns de discusso; por ltimo,so apresentados conceitos fundamentais sobre lgica fuzzy e exemplos do ModeloCOPPE-Cosenza, aplicado com sucesso em reas distintas nos ltimos anos.

    2.1 Avaliao no contexto educacional

    A preocupao com a qualidade do processo produtivo vem ocupando um espaocada vez maior nas organizaes. Neste contexto, a avaliao torna-se pea de fundamentalimportncia para o sucesso de um projeto. Metodologias e tcnicas valem-se de atividadesque permitem a melhoria constante de processos e so as aes de controle - baseadas emcoleta de dados, anlise, sntese e apresentao de resultados que auxiliam analistas edecisores na tomada de deciso.

    Na Sociedade do Conhecimento a informao de qualidade fundamental. Porm,de que adianta coletar informao sem saber o que fazer com ela? preciso saber o quefazer com a informao e como transform-la em conhecimento. A valorizao do CapitalIntelectual tem como consequncia, entre outras, a busca pela formao e capacitao defuncionrios, que colaboram no processo produtivo, muito mais com o seu conhecimentodo que com o seu esforo fsico. Profissionais bem preparados podem construir mquinasque executam tarefas cada vez mais rapidamente. O diferencial competitivo se d no maispela quantidade de mo-de-obra disponvel, mas pela sua capacidade em oferecer osprodutos e servios com a qualidade esperada pelos clientes.

    Em educao a avaliao tema complexo, envolve muitas variveis epossibilidades envolvidas em um processo dinmico e contnuo, que exige planejamento,organizao, anlise e mudanas em busca da melhoria contnua. Educadores, professores,

  • 8especialistas em avaliao tentam obter informaes que permitam concluir se houve ouno a consecuo de objetivos pr-estabelecidos.

    Em 1949, Ralph Tyler apresentava um passo-a-passo para a avaliao educacional:1. Estabelecer metas ou objetivos gerais.2. Classificar as metas ou objetivos.3. Definir objetivos em termos de comportamento.4. Encontrar situaes em que os objetivos podem ser mostrados.5. Desenvolver ou selecionar as tcnicas de medio.6. Coletar dados de desempenho.7. Comparar dados de desempenho com objetivos de comportamento definidos.Discrepncias no desempenho implicam em mudanas e, ento, o ciclo comearia

    de novo.Bloom, Hastings e Madaus (1971) relacionam os objetivos s fases existentes na

    avaliao de aprendizes: inicialmente, avaliao pode ser diagnstica; durante o processo,a avaliao pode ser formativa; na etapa final, pode haver uma avaliao certificadora ousomativa.

    Jean-Marie De Ketele (1993) prope paradigmas:-Paradigma da intuio pragmtica - fortemente determinadas pelas exigncias do

    contexto, as notas so a principal arma para motivar os aprendizes. Este paradigmaconsidera os resultados anteriores e tem sucesso geralmente com os estudantes ativos edisciplinados.

    -Paradigma docimolgico: orientado para a confiabilidade e fidelidade daavaliao. Neste contexto, passou por fases de aceitao e de recusa. O autor recomenda:

    - recurso a provas normalizadas-padronizadas de conhecimento;- uniformizao de condies de realizao das provas;- melhoria da fidelidade das provas; e- reduo do erro de medida.-Paradigma sociolgico- nesta categoria, a escola considerada o meio de

    legitimao de desigualdades culturais, o meio de reproduo social. A avaliao tende aacentuar as desigualdades j existentes.

  • 9-Paradigma da avaliao centrada nos objetivos- Parte para a abordagem tyleriana,j mencionada anteriormente.

    - Paradigma da avaliao formativa num ensino diferenciado - A avaliaoformativa, segundo o autor, inicia-se com Scriven (p.65) pois durante a formao, o erro fazparte do processo normal de aprendizagem.

    - Paradigma da avaliao servio da deciso o autor cita o modelo deStufflebeam (1985) tambm conhecido por Modelo CIPP - Context, Input, Process, Product- e associa a avaliao para cada um destes elementos; outro modelo de avaliao citadoest voltado ao servio visa uma pedagogia da integrao, segundo De Ketele.

    - Paradigma da avaliao centrada nos interesses do consumidor por Scriven neste modelo, o que interessa recolher o mximo de informao com diversosinstrumentos para fazer um juzo de valor.

    - Paradigma da avaliao centrada no cliente ou paradigma da avaliaorespondente, por Stake (1967, 1975, 1976) - leva em considerao as diferentesinterpretaes daqueles que esto envolvidos no programa, enfatizando a necessidade deimplic-los na anlise e valorao do programa.

    - Paradigma econmico considera os conceitos de eficcia (fazer progredir asaquisies dos estudantes) e de equidade (manter a distncia entre os fracos e fortes).

    - Paradigma da avaliao como processo de regulao Segundo Perrenoud (1999,p.89), Nenhuma pedagogia, por mais frontal e tradicional que seja, totalmenteindiferente s questes, s respostas, s tentativas e aos erros dos alunos . Desta forma, apartir de respostas dos alunos, ajustes so feitos. Logo, conclui o autor que ...sempre hum mnimo de regulao da aula, s vezes das atividades mentais dos estudantes e, nomelhor dos casos, de seus processos de aprendizagem. Segundo o autor, o conceito deregulao aplica-se otimizao de uma trajetria ou, mais globalmente, de um processodinmico finalizado (PERRENOUD 1999, P.90) .

    Bonniol afirma que

    entre outros tipos de regulaes, a regulao processual prioritria, porqueno mais uma dimenso da avaliao baseada na aprendizagem a seu

  • 10

    servio, e sim o motor do sistema aberto avaliado. (BONNIOL & VIAL,2001, p.299)

    Em tese de doutorado, Lima (2008) analisa conforme Requena (1995, p. 57), os trsenfoques propostos por Popham (1976): modelos baseados na aquisio de objetivos,modelos baseados em juzo profissional e modelos orientados para as tomadas de deciso.

    Em Rosado & Silva (2009), alm das caractersticas principais de autores epesquisadores associados ao estudo da avaliao, foi apresentado o modelo de Natriello(1987) constitudo por oito fases, conforme a tabela 1:

    Tabela 1 Fases e caractersticas da Avaliao (Natriello 1987 apud Rosado e Silva 2009)

    Fase Atividades

    1 So definidos os objetivos da avaliao, respondendo s funes genricas daavaliao, a saber: certificao, seleo, orientao e motivao.

    2 As tarefas de aprendizagem so atribudas aos estudantes e estes percebem o que seespera do seu desempenho.

    3 Definem-se os critrios para o desempenho dos estudantes, sendo o rendimento,geralmente, aceite como critrio comum a todos os sistemas de avaliao.

    4 So definidos os padres para o desempenho dos estudantes, com a indicao dorespectivo nvel a atingir. Os critrios podem referenciar-se norma, ao critrio ouao nvel de consecuo do indivduo em relao a si prprio.

    5 Recolhem-se informaes parciais, referentes ao desempenho dos estudantes nastarefas e os resultados desses desempenhos

    6 apreciada a informao relativa ao desempenho dos estudantes, de acordo comcritrios pr-estabelecidos.

    7 O resultado da avaliao comunicado a todos os intervenientes, o feed-back,que este autor considera como uma fase distinta na avaliao

    8 D-se a monitorizao dos resultados da avaliao, estabelecendo-se novamenteobjetivos e iniciando-se um novo ciclo com o retorno fase inicial

    Frana (2008) descreve a trajetria e tendncias de significados da avaliao noBrasil, a partir do artigo da professora Clarilza Prado de Souza (1998), que questiona a

  • 11

    importncia da avaliao em relao importncia da forma de ensinar. Segundo estaautora:

    ...avaliar exige um profundo estudo sobre aprendizagens e uma posturapoltica comprometida com o processo de transformao social. A grandequesto ento que se coloca para ns professores, hoje, no como avaliarmas sim por que o aluno no est aprendendo. Por que determinado alunovai bem e outro no? Qual mtodo foi mais adequado nesta classe? Quaisprocedimentos tm promovido melhores aprendizagens? Estivemosdiscutindo muito tempo sobre como avaliar, mas formulando questesequivocadas. .

    A professora conclui o trabalho sugerindo uma boa formulao de problemas e abusca por informaes que permitam analisar o processo de aprendizagem, oferecerqualidade no ensino.

    Enquanto estvamos interessados em analisar se deveramos utilizar notasou conceitos, usar provas semestrais ou mensais, usar o mtodo quantitativoou qualitativo, nos desviamos do problema bsico que deve orientar toda aavaliao. Um bom problema, ou um problema bem-formulado, j semdvida uma forma correta de encaminhar uma resposta adequada. Nossoproblema justamente como identificar, analisar o processo deaprendizagem do aluno e oferecer um ensino de qualidade.

    Para outra autora, La Depresbiteris (1998), a avaliao inclui: definio de que medidas e critrios devem ser usados para julgar o

    desempenho por exemplo, a altura do salto mais alto conseguidocom xito, sem qualquer falha, no melhor estilo;

    determinao de que critrios abranger;

    coleta de informaes relevantes atravs de medida ou de outrosmeios;

    aplicao do critrio para determinar o mrito do programa.

    A professora reafirma a importncia de se considerar a avaliao mais do que fornecerum simples valor de desempenho, a nota :

  • 12

    ... importante, ao se falar em avaliao da aprendizagem, indicar suasfunes, que, segundo GRONLUND (1979), so as de informar e orientarpara a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Evidentemente, h umafuno administrativa formal representada pela nota; porm, a nfase deveriaser dada ao aspecto educacional.

    A autora tambm lembra que o processo de avaliao pode variar de acordo com osobjetivos, que segundo McNEIL (1981) variam de acordo com o currculo: acadmico,tecnolgico, humanista e de reconstruo social. Diversos aspectos que podem serconsiderados para uma avaliao em fruns. Alguns foram relacionados a partir do artigode Alaz (1994).

    O momento que realizada: no caso de um frum, a avaliao s poder serrealizada durante a atividade (processo) ou depois da data de fechamento do frum, poisser realizada a partir das mensagens j registradas (o ambiente pode ser considerado comoum produto).

    Na sala de aula, a avaliao pode considerar a contagem da frequncia do alunopor meio da folha de presena. Esta medio pode ser eventual, quando realizada a partirde incidentes crticos; ou em todos os eventos, com frequncia registrada em mapas,dirios, apontando as faltas acumuladas ou no. No caso do frum, a frequncia ficaregistrada, geralmente, pelas mensagens. H que se pensar que alguns estudantesfrequentam mas apenas observam, e nestes casos a avaliao pode ser comprometida:como diferenciar quem leu e refletiu sobre as mensagens daquele que no leu? O primeirodeveria estar melhor classificado/avaliado?

    A linguagem utilizada para os resultados pode ser descritiva ou codificada. Naprimeira o aluno pode receber, por exemplo, uma descrio com suas qualidades. Nasegunda, um rtulo numrico, alfanumrico ou apenas um termo (4 ou Muito Bom, porexemplo).

    O escopo, pode ser disciplinar ou transdisciplinar. Avaliar um escopotransdisciplinar pode resultar em complexidade e subjetividade.

    A dimenso dos objetivos. Os objetivos avaliados podem ser classificados emintelectual quando voltados ao currculo; ou de formao pessoal/social, quando voltadoa conceitos e atitudes, comportamentos.

  • 13

    A estrutura do registro que representa o resultado pode ser global, quando apenasuma nota concentra o resultado ou ento analtica, quando existe uma lista de objetivos,competncias a serem cumpridas pelo estudante. Ao optar pelo primeiro o resultado maispreciso, geralmente a prova objetiva, mais rpida para correo. No segundo menospreciso e mais abrangente, envolve subjetividade.

    O destinatrio da avaliao pode ser o professor, o encarregado administrativo ouo educador (ou representante).

    O objeto da avaliao pode ser o aluno (como nas escolas), o professor (evoluo),a escola (MEC avalia).

    O redator pode ser professor, o encarregado administrativo, o educador ou algumexterno (consultor).

    O sistema de referncia pode ser Normativo, quando levado em considerao atotalidade dos avaliados e a posio em que ficou. Exemplo, algum com 3/25 foi o terceiroem uma turma de 25 estudantes; Criterial, quando so determinados os critrios a serematingidos. Podem receber valores clssicos ou valores nebulosos, para cada um doscritrios; ou Ipsativo, quando a avaliao ocorre em duas pocas diferentes, para o mesmoobjeto.

    Dada a proposta de se avaliar as mensagens de Grupos Operativos em frunsvirtuais educacionais, faz-se importante considerar o aspecto evolutivo da avaliao. AQuarta Gerao da Avaliao (Fourth Generation Evaluation) apresentada por Guba &Lincoln (1989) considera trs grandes geraes de abordagens de avaliaodesenvolvidas fundamentalmente no campo da Educao:

    Na Gerao da Medida, desde o incio do sculo XX, o maior objetivo da escolaera ensinar crianas o que era concebido como verdadeiro, as crianasdemonstravam que aprenderam repetindo, essencialmente como em um teste dememria (GUBA & LINCON, 1989 p.22). Prevaleciam os testes tcnicos (queainda hoje esto presentes em diversos concursos). Neles o avaliador assumia umperfil tcnico, aplicando os testes segundo instrumentos existentes. Se o instrumentono existisse, o avaliador no detinha a competncia necessria para criar uminstrumento especfico.

  • 14

    Na Gerao da Descrio usavam-se ainda as medidas, porm passou-se a levarem considerao os objetivos e as caractersticas da pessoa avaliada. Ou seja, oresultado era importante e o avaliador identificava pontos fortes e fracos do avaliadoem relao aos objetivos determinados, sendo o processo revisado e reavaliado assim como conhecida, hoje, a avaliao formativa.

    Na Gerao do Julgamento o avaliador utilizava, tambm a descrio. Porm,tambm julgava, comparando com padres e levando em considerao possveiscaractersticas locais e pontuais.

    Segundo os dois autores, essas trs geraes de abordagens apresentavam algunsproblemas. Por exemplo, a tendncia da avaliao em favorecer o ponto de vista doscontratantes: administradores, diretores, coordenadores poderiam alterar as perguntas ouexclu-las de um questionrio. Outro problema que estas avaliaes no levavam emconsiderao o pluralismo de interesses e opinies entre os participantes em relao avaliao; quer dizer, trabalhavam com a ideia de que era possvel estabelecer para aavaliao uma determinada funo objetiva unificada, com a qual todos estariam de acordo.

    Para superar essas limitaes, eles propem como alternativa uma avaliaoconstrutivista e responsiva. Responsiva em relao s diversas formas de se focar aavaliao. Na abordagem proposta, os parmetros e limites no so estabelecidos a priori.Assim, como parte dos objetivos, emergem durante o processo que baseado nanegociao e na construo. Os autores lembram que a abordagem proposta ainda no estcompleta, merece mais estudos para possveis melhorias.

    A avaliao responsiva construda pelo dilogo, com a participao dosenvolvidos no processo. Pinto (2007) oferece algumas sugestes para a avaliao:

    Julgo que poderemos inferir que grande parte da avaliao de quartagerao, de referncia construtivista, est baseada num conjunto deprincpios, ideias e concepes de que destacarei aqui os seguintes:

    Os professores devem partilhar o poder de avaliar com os estudantes

    e outros intervenientes e devem utilizar uma variedade de estratgias,tcnicas e instrumentos de avaliao.

  • 15

    A avaliao deve estar integrada no processo de ensino e

    aprendizagem.

    A avaliao formativa deve ser a modalidade privilegiada de

    avaliao, com a funo principal de melhorar e de regular asaprendizagens.

    O feedback, nas suas mais variadas formas, frequncias edistribuies, um processo indispensvel para que a avaliao seintegre plenamente no processo do ensino-aprendizagem.

    A avaliao deve servir mais para ajudar as pessoas a desenvolveremas suas aprendizagens do que para as julgar ou classificar numaescala.

    A avaliao uma construo social em que so tidos em conta os

    contextos, a negociao, o envolvimento dos participantes, aconstruo social do conhecimento e os processos cognitivos, sociaise culturais na sala de aula.

    A avaliao deve utilizar mtodos predominantemente qualitativos,

    no se pondo de parte a utilizao de mtodos quantitativos.( PINTO, 2007)

    neste contexto de construo e negociao que o estudo do processo deaprendizagem e a investigao emprica propostos nesta pesquisa podem oferecer umambiente que facilite a anlise proposta e a utilizao dos fruns por Grupos Operativos. Oestudo oferece um sistema auxiliar, procedimentos sistemticos e um modelo nebuloso paraser aplicado em avaliao.

    2.2 O processo de avaliao em fruns online

    Apesar dos fruns serem amplamente utilizados em diversas comunidades e emplataformas educacionais na Internet, muitos usurios ainda conservam algumas dvidassobre a sua denominao, confundem com listas de discusso ou utilizam o nome sem aacentuao devida: Forum... Ou seria Foro? Ou ainda Frum?

  • 16

    A palavra forum tem origem no latim e foi aportuguesada como foro ou frum.Neste caso, assim como outras - bnus, ltus, lpus, tnus, Vnus, vrus frum deveser acentuada. E o plural de frum? Encontramos na literatura que ..em latim forum dognero neutro, o seu plural s pode ser Fora (FONSECA, 2000) e em portugus (apesar decontrariar os latinistas), o plural para foro foros; para frum, fruns.

    A palavra Frum pode ser relacionada em diversos contextos: em seu sentido moral, o tribunal interior da conscincia dos indivduos (foro ntimo), o lugar onde ele tomasoberanamente as suas decises, independentemente das coeres exteriores (JAPIASSU &MARCONDES, 2001) .

    Legalmente, o frum um lugar determinado para debates pblicos. No Brasil, onome que se d ao prdio que abriga as instalaes do Poder Judicirio em umadeterminada comarca. Originalmente, o Forum era a regio central das localidades doImprio Romano, onde costumavam ficar situados o edifcio administrativo e judicial, almdos principais estabelecimentos de comrcio.

    Um frum pode ser definido como um local determinado onde um grupo se rene edebate, com objetivos mais ou menos definidos. Pode existir para organizar ideias,construir o conhecimento, compartilhar a informao e/ou tomar decises. Pode-se trazercomo exemplo, o Frum Social Mundial, o Frum Mundial Econmico e o Frum Mundialde Educao.

    Com o crescimento da utilizao da Internet, este espao definido para a troca deideias, esta rede estabelecida por meio de um interesse comum, passa a ocupar um localfixo, o disco rgido de um computador que fica acessvel pela Internet. As ideiasdiscutidas, em sua maioria, so gravadas no disco por meio de mensagens em texto. Emalgumas redes, os textos j podem vir acompanhados de fotos ou de desenhos. Nas maisavanadas, encontramos disposio dos interessados, vdeos contendo um ou maisdebates realizados, juntamente com as transcries. Um exemplo encontrado foi a Aberturada Semana Mundial da Amamentao - SMAM 2006, realizada pela Escola de SadePblica do Paran ESPP, em julho de 2006. Outro, de um debate ocorrido comacadmicos est disponvel no stio da Academia Galega de Letras e pode ser acessado,tambm, no stio desta pesquisa, em http://api.adm.br/evalforum/?page_id=312.

  • 17

    Alguns stios na Internet consideram que as comunidades virtuais so uma evoluodos fruns de discusso. Entretanto, uma comunidade virtual pode conter vriasfuncionalidades e uma delas o frum. Por meio da participao do pesquisador em vriascomunidades, constatou-se que, em algumas, o frum pode ser utilizado como meio dedivulgao de informao e conhecimento (quase um tutorial). Em outras, criadores denovos tpicos buscam orientao sobre condutas ou a soluo de um problema, a coleta deopinies, a troca de experincia, o dilogo.

    A existncia de um local para debates um frum de discusso - na quasetotalidade das plataformas educacionais utilizadas para o ensino a distncia sugere que estaferramenta de fundamental importncia e pode contribuir significativamente para oaprendizado. Contudo, muitos profissionais da educao ainda se confundem aoreferenciarem a ferramenta utilizada, propagando uma verdadeira polissemia na rede.

    Para inserir os fruns no contexto educacional, foi desenvolvida, a partir do GRS Gerador de Redes Sistmicas na Web (CHAMOVITZ & ELIA 2003), uma rede sistmica(BLISS, MONK & OGBORN, 1983) contendo as principais ferramentas utilizadas parainterao em processos educacionais. Na rede construda, que est disponvel emhttp://api.adm.br/evalforum/wp-content/uploads/2009/02/rs_contexto_foruns.jpg, os fruns objeto de estudo desta pesquisa, so apresentados como instrumentos de comunicaoassncrona. Assim como o correio eletrnico (tambm conhecido como e-mail oueletronic-mail,) e blog (ou web-log) os fruns possuem algumas caractersticas especficas:

    Podem ser utilizados com mensagens de 1 para N participantes.

    Permitem que o participante tenha mais tempo para pensar nas respostas.

    Oferecem o tempo necessrio para que o contexto de um determinado trecho

    seja encontrado. Resultam em mensagens com menos erros.

    O ritmo para a escrita mais suave, dado que o receptor no est aguardandoa mensagem no exato momento em que est sendo preparada.

    Permite a flexibilidade de horrio.

    Os participantes podem preparar o que vo escrever e, assim, tornam-semenos tmidos.

  • 18

    O processo de avaliao em fruns educativos complexo, envolvendo pessoas,mensagens, ideologias. Gonalves e Elia (2008) apresentaram a arquitetura de um ambientepara avaliao de mensagens em fruns educacionais. Na arquitetura apresentada percebe-se a existncia de muitos elementos presentes em avaliao educacional, dado que anecessidade de avaliar mensagens em fruns temticos resulta na reflexo de cada umdestes elementos. Ou seja, uma vez estabelecidos as principais necessidades para a criaode um frum temtico, pode-se partir para o desenvolvimento de uma plataforma naInternet que oferea as informaes necessrias para auxiliar no juzo e na tomada dedeciso do educador.

    Para que o processo de anlise de desempenho seja bem compreendido, necessrio estabelecer os papis dos atores no modelo contextualizado dos Fruns VirtuaisEducacionais, centrados na tarefa (Grupos Operativos).

    A pesquisa realizada no fim do ano de 2007 (CETIC 2008) apresenta que os frunsso mais utilizados por pessoas com escolaridade e renda mais altas. Os participantes de umfrum educacional atuam, geralmente, como um grupo. Professores podem estabelecertarefas e, durante o processo para realiz-las, o grupo troca mensagens no frum, adistncia. As mensagens podem ser avaliadas segundo alguns critrios. Os avaliadorespodem ser professores, estudantes (avaliao por pares) ou especialistas convidados.Alguns critrios j constam na literatura, em observao de Grupos Operativos.

    No processo de avaliao de mensagens em fruns virtuais educacionaisdesenvolvido nesta pesquisa, a tabela 2 apresenta os principais agentes e suas tarefas:

    Tabela 2 Agentes e tarefas realizadas em um frum de discusso educacional

    Agente Tarefa

    Professor Cria os fruns, estabelece seus objetivos (tarefa), orienta os estudantes-autores paracriarem grupos, determina o perodo de vigncia com data inicial e final, prope atarefa ao grupo, sugere e negocia os critrios para a avaliao.Avalia as mensagens e recebe tratamento singular durante a anlise de correlao.

    Estudante-Autor

    Participa do frum por meio de mensagens digitadas e envio de arquivos.Ao trmino do perodo de debate, avaliam as mensagens de colegas de outro grupo,utilizando o software desenvolvido.

    Especialistas Avaliam mensagens .Pesquisador Avalia as mensagens e recebe tratamento singular durante a anlise de correlao.

  • 19

    A avaliao em fruns temticos foi estudada e construiu-se uma rede sistmica(figura 1 ) representando os principais elementos da avaliao. A rede foi construda como Gerador de Redes Sistmicas, est disponvel na Internet e pode ser alterada oucomplementada, de forma colaborativa. Na rede em questo, a avaliao dos fruns foiestruturada em 4 aspectos principais:

    Propsito indica a funo da avaliao: diagnstica, formativa ou somativa

    Justificativa sugere, em funo do pblico-alvo e da demanda, por qu o

    frum foi criado. Divide-se em Poltica, Educativa, Social e Profissional.

    Escopo o frum pode ser utilizado para avaliao de indivduos, de uma

    instituio ou da sociedade.

    Planejamento elemento fundamental para a construo e sucesso daimplantao de fruns para a avaliao, o planejamento consiste em definirestratgias, mtodos, procedimentos, instrumentos. Alm disso, deve-se definirqual ser o foco utilizado na coleta de dados e na recuperao da informao: seo resultado ser relativo a participantes, ao frum, ao tema, ou se avalia asmensagens.

    Atores Os atores que participam de uma avaliao podem exercer papeisdistintos: solicitante (destinatrio), avaliadores, avaliados, aplicadores, analista,projetista.

    importante ressaltar que esta rede sistmica no deve ser considerada como amelhor ou a nica que representa os elementos da avaliao, apenas apresenta a estruturaresultante dos estudos realizados pelo autor, que deixou algumas reticncias, representandoa possibilidade de expanso futura com a incluso novos termos. Alm disso, pode-se notara repetio de termos semelhantes em locais distintos da rede, em contextos diferentes. Estaao visou a melhor compreenso global da rede.

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    Figura 1 Rede Sistmica com os principais aspectos da avaliao em fruns.

    Disponvel em http://api.adm.br/evalforum/wp-content/uploads/2009/02/rsavaliacao.jpg

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    Percepo da comunidade acadmica sobre o uso de fruns em EducaoA ideia de que um frum pode contribuir para o processo educacional aceita por boa

    parte da comunidade que navega na Internet. Porm, existem determinados elementos quefazem parte do processo de estruturao de um projeto pedaggico e que no so totangveis ao senso comum. Assim, os autores desenvolveram uma pesquisa em 2007, naqual foi realizado um estudo de levantamento de dados publicados na Internet pelacomunidade acadmica e cientfica para identificar como os fruns vm sendo usados comofruns virtuais educacionais.

    Foram pesquisados artigos nos quais uma das palavras frum, fruns, forum, foruns,faz parte do ttulo. Os mecanismos de busca utilizados foram o Google (www.google.com),o Google Acadmico (scholar.google.com) e rede Science Direct (www.sciencedirect.com).Alguns artigos tambm foram recuperados de Anais de Simpsios promovidos pelaSociedade Brasileira de Computao disponveis na Web.

    A escolha da amostra foi ento por bola de neve em que um artigo ia puxando outro eassim por diante, sem qualquer garantia de representatividade. A amostra ficou constitudacom 20 artigos, sendo 10 internacionais publicados entre 2006 e 2007 e 10 nacionaispublicados entre 2003 e 2007.

    O estudo teve um carter descritivo e a anlise dos dados foi feita segundo o paradigmainterpretativo construtivista social, em que no se admite um significado a priori para oobjeto de estudo, posto que este uma construo que se faz a partir da interao com osujeito investigador.

    Para facilitar o entendimento do trabalho e organizar os resultados, a representaodeste estudo est na rede sistmica da figura 2. As reticncias indicam que o processo contnuo, ou seja, a rede pode ser complementada a partir de novos estudos.

    Na rede sistmica, colchetes representam relaes possveis e alternativas e a setaindica a possibilidade de repetio, ou seja, quando podem ocorrer alternativas simultneas.

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    Figura 2 Rede Sistmica com o estudo de fruns educacionais

    No presente estudo, o autor um participante ativo de fruns educacionais e noeducacionais. Assim, o presente levantamento da percepo da academia sobre frunsvirtuais educacionais baseou-se na identificao de aspectos (categorias, caractersticas,etc.) que, no conjunto, pudessem tipificar os mesmos, diferenciando-os de usos no-educacionais. Os aspectos tpicos encontrados nos artigos analisados foram:

    Objetivos explcitos Como foi mencionado anteriormente, todo frum estabelecido comalgum objetivo geral. Contudo, os fruns educacionais diferenciam-se claramente por teremobjetivos especficos de ensino-aprendizagem, relacionados a um ou mais tpicos da matria,com prazos para serem atingidos.

    Referencial terico Os fruns com fins educacionais surgem e crescem no bojo do paradigmaconstrutivista scio-interacionista que fundamenta boa parte dos modelos pedaggicos daatualidade.

    Tarefa So atividades tericas ou prticas que deixam claramente explcito o objetivo que seespera alcanar, mas que pouco antecipado sobre como fazer para chegar l, realizadascoletivamente e que, em geral, mobilizam diversos tpicos de contedo da matria. (ROVAI,2007)

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    Participao H a preocupao em registrar a participao dos estudantes e do professor sobo ponto de vista quantitativo em um arquivo de Log. (MAZZOLINI & MADISON, 2007)

    Interao Representao da participao dos estudantes e do professor sob o ponto de vistada sua qualificao (passiva, pr-ativa, operativas, colaborativas, cooperativas). Alguns estudosvisam criar instrumentos de medio para avaliar a interao dos participantes, por meio deferramentas visuais, como por exemplo, estruturas em grafos. (FUKS et.al, 2005)

    Mediao A forma de atuao entre os N+1 (N estudantes e um moderador) participantes investigada. Em estudos de lingustica, por exemplo, foram identificadas as mudanas deposicionamento durante a mediao, por meio dos termos utilizados nas mensagens. Porexemplo, falsas perguntas, do tipo Voc j pensou nesta outra possibilidade? podem preservara face de um participante, deixando-o motivado a repensar uma resposta errada. (PAIVA &RODRIGUES-JUNIOR, 2007).

    Assuno de papis Tanto o moderador quanto os participantes podem assumir diversospapis, conscientes ou no. Assim, as intenes dos participantes podem ser analisadas (YANGet al. 2007). O perfil do moderador pode ser mais prximo de uma orientao em um dadomomento; em outro, pode estar lado-a-lado com os estudantes, utilizando linguagemsemelhante, de forma cooperativa. (CHENG & CHIU, 2006)

    Avaliao Por ser inerente ao projeto de ensino-aprendizado, esto sendo introduzidosprocessos e instrumentos de avaliao cada vez mais sofisticado, notadamente relacionados avaliao formativa e avaliao pelos pares.

    Canal A interface dos fruns educacionais tem sido estudada com o objetivo de tornar odebate mais agradvel e de facilitar a inteligibilidade das leituras das mensagens. A estrutura defruns podem ser lineares, em rvore (grafos unidirecionais) ou em grafos. (PONTES et al.2004)Este estudo serviu de base para a publicao no XV Simpsio de Engenharia de

    Produo, do artigo Frum De Discusso: Ativo Intangvel Utilizado no Apoio aAtividades em Processos de Produo e Implantao de Software (CHAMOVITZ, 2008).Aps a publicao, a metodologia desenvolvida no DATASUS/Ministrio da Sade passoua sugerir a utilizao de fruns aps a implantao de sistemas de informao.

    Padres de mensagens

    Durante a pesquisa percebeu-se a necessidade de identificar padres de mensagensque facilitem a avaliao. Assim, aps o estudo de caso 2, a partir das mensagens das

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    arenas, foram foi criada uma rede sistmica (figura 3) que tambm est disponvel no sitiodo projeto, em http://api.adm.br/evalforum/wp-content/uploads/2008/12/rsistemica.gif .

    Figura 3 Situaes possveis em mensagens de fruns

    Na rede sistmica, colchetes representam relaes possveis e alternativas e a setaindica a possibilidade de repetio, ou seja, quando podem ocorrer alternativas simultneas.A rede construda organiza as mensagens em 3 grupos bsicos: mensagens com opinio,sem opinio e outras. A rede construda no pode ser considerada a que melhor representaas principais situaes existentes em um frum de um grupo operativo, mas serve de basepara a construo de outras novas redes ou para a incluso e alterao dos elementos que acompem. Ou seja, a rede pode e deve ser alterada e melhorada. A partir da rede sistmicae do acesso ao corpus de alguns fruns educacionais, as principais formas de expresso

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    utilizadas nos grupos operativos foram agrupadas, classificadas e exemplificadas natabela 3:

    Tabela 3 Dois tipos de situaes encontradas nas mensagens

    Elemento Descrio EXEMPLO

    Convite leitura/reflexoSem opinio ou

    parecer

    Autor envia um

    vdeo, artigo oucita um texto

    (convida leitura).No emite opinio

    ou parecer.

    Nosso tema de debate sobre a cincia. Antes de

    entrarmos de cabea nessa discusso, Acho que seriaimportante darmos uma olhada em um dos mais

    proeminentes cientista brasileiro, Cesr Lattes. Este

    pequeno Artigo conta um pouco da sua histria.

    Enfim s um pequeno aperitivo do que est por vir.Abraos

    Convite leitura/reflexoCom opinio ouparecer

    Autor envia um

    vdeo, artigo oucita um texto

    (convida leitura).Emite sua opinio

    ou parecer.

    Ol, pessoal.

    Uma outra idia interessante sobre cincia est nafilosofia do Racionalismo crtico de Karl Popper.

    Seguem abaixo alguns links sobre Popper.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper

    http://www.if.ufrgs.br/~lang/POPPER.pdfhttp://educacao.uol.com.br/filosofia/ult3323u34.jhtmSegundo Popper, toda teoria transitria e s poderia

    ser considerada cientfica se for passvel de ser

    refutada (princpio da refutabilidade oufalseabilidade). Sob este aspecto, no se podeconcluir que uma teoria universal apenas porquealgumas observaes validaram a mesma..... (continua)

    A tabela 3 apresenta duas das principais situaes encontradas nos gruposoperativos, com exemplo de mensagens trocadas por estudantes: Convite leitura/reflexo sem opinio ou parecer uma situao onde autores de mensagensindicam um vdeo, enviam parte de artigo ou citam um texto estudado, mas nocomplementam com a sua viso, com sua opinio, com crtica ou parecer. A segundasituao ocorre quando, aps a indicao ou apresentao de um texto, vdeo ou artigo, oautor emite opinio ou parecer. A tabela completa, com as situaes encontradas durante apesquisa encontra-se no Apndice IV.

  • 26

    2.3 Fundamentao para a anlise das mensagens

    Poucos percebem a importncia da comunicao no dia-a-dia, especialmente quandose apresenta em forma diferente da escrita ou da falada. Ao se adaptar o exemplohipottico encontrado na literatura (RUESCH & BATESON, 1951, apud BERLO, 1999)pode-se verificar a presena intensa (mas nem sempre notada) da comunicao em simplesatividades dirias:

    Logo pela manh, alguns j agradecem por mais um dia. Ao encontrar algumda famlia, antes do caf, o executivo inicia um dilogo ou simplesmente deseja bom dia(comunicao falada). Enquanto l o jornal na sala (comunicao escrita), sabe que ocaf est sendo preparado, pois percebe o agradvel aroma de caf que vem da suacozinha (comunicao qumica). Ao entrar na cozinha, ouve as notcias no rdio. Aps ocaf, durante a viagem ao escritrio, obedece s placas de sinalizao (comunicao porsmbolos). Ao chegar no escritrio, liga seu computador e, em seguida, continua aexecutar, via Internet, as atividades que havia parado no dia anterior: ler, imprimir ouresponder s correspondncias eletrnicas, pesquisar preos, procurar informaes sobreprodutos, acessar os fruns virtuais para trocar experincias com pessoas sobredeterminados assuntos de seu interesse: msica, filme, trabalho, estudo, relacionamentos,etc. (Adaptao do autor, a partir de RUESCH & BATESON, apud BERLO, 1999)

    A comunicao escrita pode ser analisada segundo algumas tcnicas. Dado que aproposta deste trabalho fundamentada na anlise de mensagens escritas, fez-se necessrioum estudo exploratrio em trs reas: anlise de contedo, anlise argumentativa e anlisedo discurso, que sero apresentadas a seguir.

    2.3.1 Anlise de Contedo

    Os fruns de discusso podem ser desmembrados em unidades de estudo: O frum,assuntos, tpicos, sentenas, mensagens. A anlise de mensagens em fruns pode serrealizada utilizando-se a Anlise de Contedo, que foi definida segundo vrios autores, em(BAUER & GASKEL 2002, p.192) :

    A semntica estatstica do discurso poltico (KAPLAN, 1943:230) A tcnica de pesquisa para a descrio objetiva, sistemtica e quantitativa do

    contedo manifesto da comunicao (BERELSON, 1952, 18)

  • 27

    Toda tcnica para fazer inferncias atravs da identificao objetiva e sistemtica decaractersticas especficas de mensagens (HOSTI, 1969:14)

    Processamento da informao em que o contedo da comunicao transformado,

    atravs da aplicao objetiva e sistemtica de regras de categorizao (PAISLEY,1969)

    Um conjunto de tcnicas de anlise de comunicao visando a obter, porprocedimentos sistemticos e objetivos de descrio do contedo das mensagens,indicadores (quantitativos ou no) que permitam a inferncia de conhecimentosrelativos s condies de produo/recepo destas mensagens (BARDIN,1977:42).

    Uma tcnica de pesquisa para produzir inferncias replicveis e prticas partindo

    dos dados em direo a seu contexto (KRIPPENDORFF, 1980:21) Uma metodologia de pesquisa que utiliza um conjunto de procedimentos para

    produzir inferncias vlidas de um texto. Essas inferncias so sobre emissores, aprpria mensagem, ou a audincia da mensagem (WEBER, 1985:9)

    Os procedimentos da Anlise de Contedo utilizam representaes em duasdimenses principais: a sinttica e a semntica. A sintaxe descreve os meios de expressoe influncia como algo dito ou escrito. A frequncia das palavras e sua ordenao, ovocabulrio, os tipos de palavras e as caractersticas gramaticais e estilsticas soindicadores de uma fonte... (BAUER & GASKELL, 2002, p.192). A semntica estrelacionada com o que dito em um texto? , os temas e avaliaes.

    Nesta pesquisa o modelo fuzzy relacionado dimenso semntica da anlise e,com foco na interpretao, visa auxiliar na avaliao de mensagens do frum em umcontexto educacional. Os participantes esto envolvidos no processo e algunsprocedimentos foram adotados: um contexto em uma disciplina de ps-graduao, o fato decontar com avaliadores que participaram do debate, a sugesto de no adotar a avaliaoem fruns de discusso como mtrica nica para o resultado final, mas como mais uminstrumento para auxiliar na avaliao de desempenho de estudantes.

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    Cappelle e outros (2003) apresentam as principais possibilidades para a utilizao daanlise de contedo (tabela 4), segundo o nmero de pessoas implicadas na comunicao:

    Tabela 4 Utilizaes da Anlise de Contedo (Extrado de CAPPELE e outros, 2003)Nmero de pessoas implicadas na comunicaoCdigo e suporte

    Uma pessoa(monlogo)

    Comunicao dual(dilogo)

    Grupo restrito Comunicao demassa

    Lingustico escrito Agendas, mauspensamentos,

    congeminaes,

    dirios ntimos.

    Cartas, respostas a

    questionrios e a

    testes projetivos,trabalhos escolares

    Ordens de servio

    numa empresa,

    todas ascomunicaes

    trocadas dentro de

    um grupo.

    Jornais, livros,

    anncios

    publicitrios,cartazes, literatura,

    textos jurdicos,panfletos.

    Lingustico oral Delrio do doentemental, sonhos.

    Entrevistas e

    conversaes de

    qualquer espcie

    Discusses,entrevistas,

    conversaes degrupo de qualquernatureza.

    Exposies,

    discursos, rdio,

    televiso, cinema,

    publicidade, discos.

    Icnico (sinais,grafismos,

    imagens,

    fotografias, filmes,

    etc.)

    Gratujas mais oumenos automticas,

    grafitos, sonhos.

    Resposta aos testes

    projetivos,comunicao entre

    duas pessoas

    mediante imagem.

    Toda a comunicaoicnica num

    pequeno grupo

    (p.ex.: smbolosicnicos numa

    sociedade secreta,

    numa casta...).

    Sinais de trnsito,cinema,

    publicidade, pintura,

    cartazes, televiso.

    Conforme est destacado na tabela 4, o presente trabalho foi desenvolvido comgrupos restritos (terceira coluna) com discusses e conversaes, porm no com cdigolingustico oral, mas utilizando cdigo lingustico escrito (primeira linha). Ou seja, asturmas em um curso de ps-graduao que participaram da pesquisa so consideradas peloautor como grupos pequenos e limitados. Neste estudo as mensagens digitadas em frunsde discusso so utilizadas como fonte de dados, matria-prima para a avaliao.

    A anlise de contedo pode ser realizada em estratgias de pesquisa(KRIPPENDORFF, 1980):

  • 29

    Construo de um corpus de texto como um sistema aberto, ou seja, textosadicionais so adicionados continuamente. Neste caso so verificados padres demudana e tendncias. Em casos de fruns de discusso, podemos citar aqueles emcomunidades do Orkut (www.orkut.com ), ou o frum com troca de informaoentre pacientes crnicos, que permite a mudana de comportamentos e aorganizao do conhecimento coletivo (CHAMOVITZ, 2008).

    A comparao entre o contedo sobre o mesmo assunto, em diversos meios. Nesta

    pesquisa os fruns so utilizados por grupos distintos de estudantes, e a tarefaproposta a mesma para todos os grupos.

    A reconstruo de mapas de conhecimento a partir da construo de redes deunidades de anlise para representar o conhecimento.Na Anlise de Contedo, as unidades de anlise podem ser determinadas segundo

    os 4 tipos definidos por Krippendorff (1980:61 apud BAUER & GASKELL, 2002 p.198), ecomplementados por exemplos relacionados aos fruns de discusso:

    Unidades fsicas: livros, cartas, programas de televiso, filmes, fruns, etc.

    Unidades sintticas: so aparentemente blocos slidos naturais: captulos em um

    livro; artigos em um jornal; tpicos ou mensagens em um frum. Unidades proposicionais: so ncleos lgicos de frases, geralmente formadas

    por sujeito/verbo/objeto. Unidades temticas ou semnticas: so caractersticas dos textos que implicam

    um juzo humano e geralmente resultam em classificao.

    Assim, mensagens podem ser classificadas como Sociais ou Informacionais, porexemplo. Em outros exemplo, Gerosa, Fuks e Lucena (2004) apresentam uma abordagemda estruturao e da categorizao de mensagens em fruns com relao s dimenses dacooperao, comunicao e coordenao que compem o Modelo 3C de Colaborao(Fuks et. al., 2002).

    De Wever, Schellens , Valcke, e Van keer (2006) apresentam uma reviso contendocaratersticas de pesquisas sobre anlise de contedo em grupos de discusso assncronos,de 1992 a 2004, e listam as unidades de anlise mais utilizadas. Maria Sandra Lopes(2007) desenvolveu em sua dissertao, o prottipo de um frum categorizado

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    semanticamente, com a classificao das mensagens em 9 categorias, e que podem serponderadas e ajudar na avaliao de desempenho (individual) dos participantes de fruns.

    Etapas da Anlise de Contedo segundo Bardin (1977)

    Para realizar a Anlise de Contedo, Bardin (1977) sugere trs fases cronolgicas, eque so adotadas nesta pesquisa:

    A primeira etapa consiste na pr-anlise e se inicia com a leitura flutuante, que

    estabelece contato com documentos que sero analisados e busca-se conhecer o texto; emseguida, os documentos so selecionados, delimitando o escopo e definindo um corpus oconjunto de documentos que ser submetido ao processo de anlise; passa-se, ento prxima atividade que de preparao do material, adequando o corpus s atividadesfuturas; a ltima etapa da pr-anlise consiste no estudo dos textos e pesquisa literatura,buscando identificar possveis indicadores que permitam representar a importncia dasmensagens. Por exemplo, nesta pesquisa, como resultado desta etapa, inicialmente foramsugeridos alguns eixos apresentados por Pichn-Riviere, com a colaborao dos estudantes.Com o desenvolvimento de novos estudos de caso, as categorias para a avaliao foramsendo modificadas.

    A segunda etapa sugerida por Bardin, trata da explorao do material. Nesta etapafoi oferecida a oportunidade para que os estudantes realizassem o treinamento, acessandomensagens por meio do software desenvolvido durante a pesquisa - o Classificador eQualificador de Mensagens CQMsg ( ELIA & CHAMOVITZ, 2009).

    Em seguida, foram convidados para efetivamente avaliar as mensagens. A terceira eltima etapa consiste no tratamento dos resultados, na inferncia e a interpretao. Pararealiz-la foram utilizados, alm do CQMSg (que gera relatrios com resumos estatsticos) ,programas SPSS, Microsoft Excel e, durante os dois ltimos estudos de caso, foidesenvolvido um programa em MatLab que processa os dados coletados e apresentaresultados a partir de regras de inferncia fuzzy estabelecidas a partir dos principaisfundamentos do Modelo de Hierarquia Fuzzy COPPE-Cosenza.

  • 31

    2.3.2 Anlise Argumentativa

    Vrias mensagens podem apresentar-se como argumentos e, assim, acabam sendoavaliadas levando-se em considerao algumas possibilidades da anlise argumentativa.Esta tcnica visa documentar a forma como afirmaes so estruturadas dentro de um textodiscursivo e avaliar a sua solidez. O termo argumentao pode ser definido como umaatividade verbal ou escrita que consiste em uma srie de afirmaes com o objetivo dejustificar ou refutar determinada opinio, e persuadir uma audincia (VAN EEMEREN etal., 1987 apud BAUER & GASKELL, 2002). Um argumento tem trs caractersticas(BURLESON, 1992 apud BAUER & GASKELL, 2002):

    A existncia de uma assero construda como proposio.

    Uma estrutura organizada ao redor da defesa da proposio.

    Um salto inferencial no movimento que vai da justificativa para a assero.

    Toulmin (1958) apresentou um padro simplificado (figura 4), desenvolvido a partirde dados (fatos) e garantias. No argumento mais simples, a proposio ou concluso precedida dos fatos (dados) que a apoiam (Dados, ento Concluso). Porm, esta estruturapode expandir-se, como no exemplo do autor:

    Figura 4 Estrutura do argumento (TOULMIN, 1958 p.92)

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    O exemplo contm fato, garantia, um elemento de relao, um qualificador , apossvel refutao e, por fim, a proposio ou concluso:

    Fato: Dado que Harry nasceu em Bermuda.Garantia: Quem nasce em Bermuda geralmente ser considerado um cidado britnico... Desse modo,Qualificador: provavelmente... (o qualificador representa a fora que vai dos dados (fatos) proposio atravs de uma garantia)Refutao: a menos que seus pais sejam estrangeiros ou que ele tenha se naturalizadoamericano...

    Proposio: Harry um cidado britnico.

    Os passos para a anlise argumentativa (BAUER & GASKELL, 2002, p.241) so:

    1. Coletar amostra que incorpore os pontos de vista de todas as partes interessadas nodebate.

    2. Sintetizar os pontos principais em um pargrafo.3. Identificar as partes do argumento.4. Comparar as partes do argumento utilizando uma representao esquemtica.5. Apresentar uma interpretao em termos do contexto geral e do mrito da

    completude do argumento.

    Como j foi apresentado, os fruns podem apresentar objetivos polticos,educativos, sociais e profissionais. Dado que a anlise argumentativa tem por objetivojustificar ou refutar determinada opinio e persuadir uma audincia, pode ser utilizadaespecialmente em momentos de conflito ou de tomada de deciso.

    2.3.3 Anlise do Discurso

    A anlise de discurso apresenta vrios enfoques nos estudos de textos. Bauer &Gaskell (2002) compreendem que no existe uma nica anlise de discurso, mas muitosestilos diferentes de anlise. Informam que um dos objetivos da anlise de discurso identificar as atividades da fala e dos textos, e explorar como so realizados. Destacam-se,

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    tambm, o Discurso do Sujeito Coletivo (LEFVRE et al., 2000) e a Anlise do DiscursoCrtico (VAN DIJK, 1993).

    Na viso de Moraes (1995) utilizando a Anlise de Discurso,...buscamos a dinmica interna do pensamento e seus efeitos sociais de

    conhecimento e convencimento, importante na arquitetura da produo de verdade, naestratgia discursiva de enunciao reconhecida como verdadeira. Desta forma, cabeestabelecer ou reconhecer o contexto de enunciao em que o discurso se realiza. Portanto,deve-se recorrer AD no esforo de compreender, alm do cenrio lingstico e cultural, osinteresses, estratgias e tecnologias em luta..

    Rocha & Deusdar (2005) relacionam a anlise de contedo com a anlise dediscurso, e informam que:

    A linguagem, de um ponto de vista discursivo, no pode apenas representaralgo j dado, sendo parte de uma construo social que rompe com a ilusode naturalidade entre os limites do lingstico e os do extralingstico. Alinguagem no se dissocia da interao social.(ROCHA & DEUSDAR,2005)

    Os autores apresentam o quadro com a sntese de aproximaes e afastamentosentre as duas tcnicas (figura 5):

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    Figura 5 Anlise de Contedo x Anlise de Discurso. (ROCHA E DEUSDAR, 2005)

    Ao avaliar-se mensagens em fruns, busca-se descobrir algo a mais, um saber queest por trs da superfcie textual. Porm, a relao social de poder no plano discursivoexiste e no deixada de lado no momento em que as mensagens so emitidas por seusautores. Apesar da perspectiva discursiva no ser o objetivo principal do estudo proposto,acaba sendo levada em considerao pelos avaliadores de mensagens, mesmo queindiretamente.

    2.4 Os Grupos Operativos de Pichon Rivire

    No livro Tcnicas do Trabalho em Grupos (MINICUCCI, 2001), o termo grupofoi definido como um conjunto de pessoas que so interdependentes na tentativa derealizao de objetivos comuns, e que visam um relacionamento interpessoal satisfatrio.Na obra, o autor apresenta diversas tcnicas para trabalhos com grupos pequenos e grupos

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    grandes. Alm de descrever cada tcnica com objetivos, adequao e papis, o autoroferece alguns instrumentos para a avaliao de grupos.

    A partir dos estudos sobre grupos realizados a partir de 1944 por Kurt Lewin,criador do termo dinmica de grupo, diversos autores estudaram e abordaram este temarelacionando caractersticas especficas em psicanlise, epistemologia, comunicao eoutras. Alguns autores que abordaram o estudo dos grupos foram Homans (1950), Bales(1950), Cartwright e Zander (1967), Bion (1970), Piaget (1973), Mucchielli (1979), Senge(1990) e Moreno (1992).

    Outro estudioso do tema foi Pichon Rivire (2005), pesquisador em psicologiasocial. Em seu livro O Processo Grupal (PICHN-RIVIRE, 2005) , ele estabeleceu osprincipais conceitos e descreveu o processo no qual se estabelece a tcnica dos GruposOperativos.

    A tcnica surgiu a partir da Experincia Rosrio, uma experincia de carter interdisciplinare cumulativo, realizada por membros do Instituto Argentino de Estudos Sociales (IADES),em 1958, com parte da comunidade heterognea da cidade de Rosrio. O trabalho foirealizado em um ambiente particular, preparado e condicionado por meio de tcnicas deplanejamento, que transformam a situao em um campo propcio investigao ativa(Kurt Lewin chamou de Laboratrio Social) e foi registrado por Fernando Fabris em 1963(apud VELLOSO E MEIRELES, 2007, p.134).

    O propsito dos Grupos Operativos envolve o esclarecimento, a aprendizagem, acomunicao, as decises. O trabalho centrado na tarefa e, por meio de mudanas queacontecem durante o processo, um novo esquema referencial criado e a cura atingida1.

    No grupo teraputico a tarefa resolver um problema comum da ansiedade dogrupo, que adquire em cada membro caractersticas particulares. Se o grupo for deaprendizagem de um determinado assunto, a tarefa consiste em resolver as ansiedadesligadas aprendizagem do tema e em facilitar a assimilao da informao operativa. EmProduo, a tcnica de Grupos Operativos utilizada em processos operacionais e pa