aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de
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LETICIA NEVES GOMES VIEIRA
APLICAÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA NAREDUÇÃO DOS PRECURSORES DE OZÔNIO
Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Severino Soares Agra Filho
Salvador2007
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V658 Vieira, Letícia Neves Gomes
Aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de ozônio/ Letícia Neves Gomes Vieira. ---Salvador-BA, 2006.
62p. il.Orientador: Prof. Dr. Severino Soares Agra FilhoDissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias
Ambientais no Processo Produtivo) - Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2006.
1. Ar - Poluição 2. Poluição industrial 3. Produção mais Limpa I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. Agra Filho, Severino Soares. III. Pólo Industrial de Camaçari IV. Título.
CDD: 628.53
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Dedico esta conquista :
Aos meus pais Zenóbia e Newton, que me guiaram e incentivaram, com seus exemplos de simplicidade, dedicação e de vida...
Ao meu marido Sérgio e filhos Caio e Luisa, pelo carinho, apoio e compreensão pelos muitos momentos de ausência....
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Severino, cujas dedicação e competência, somadas à sua habilidade e seus questionamentos, sempre pertinentes, possibilitaram que déssemos forma a este trabalho.
Ao Dr. Fausto Azevedo, idealizador do Programa de capacitação do CRA e à Dra. Lúcia Cardoso, que o mantém em franca expansão, por acreditarem que o maior investimento é aquele que se faz no Homem.
A Ney Maron, pela confiança e compreensão.
A Cláudia, Cristiane Tosta, Verônica, Leila e Dirceu, pelos momentos de aprendizado, trabalho e descontração, ao longo do curso.
A Ana Paula Monção, por ter compartilhado comigo as tarefas da COLIAM e pelo apoio, nos momentos difíceis.
Aos colegas do CRA e grandes colaboradores Marcus Vinícius, Michele, Priscila Graziela, Jeison, Adriano e, em especial, a Jô, por ter estado presente em todos os dias desta jornada.
A Péricles, pelos artigos e incentivo, e a Jorge Soto pelas críticas e sugestões de melhoria.
Aos meus familiares, pelo interesse, apoio, amizade, carinho..., em especial meus sogros e segundos pais, Ray e Jola, e meus irmãos Lícia , Vinícius, Liége, Luciana e Vítor, por serem parte da minha vida e de cada conquista.
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RESUMO
Esta dissertação tem como objetivo discutir a aplicação da Produção mais Limpa ( P+L) nas ações e medidas de controle de emissões atmosféricas, no Pólo Industrial de Camaçari, tendo em vista a redução dos precursores de ozônio: NOx e VOC. Um grupo de seis empresas integrantes do Pólo foi escolhido como fonte de informações para a pesquisa, procedendo-se ao levantamento de ações e medidas implementadas, relacionadas ao controle e/ou minimização de NOx e VOC, seguido de discussão e análise baseada nos pressupostos da P+L. Concomitantemente, foram obtidas e analisadas informações acerca do licenciamento ambiental daquelas empresas, de modo a permitir a discussão sobre o papel das medidas normativas, como indutoras da implementação da P+L na indústria. As ações e medidas foram identificadas a partir de documentos do licenciamento das empresas, a exemplo de Relatórios Técnicos de Garantia Ambiental -RTGA´s, Estudos de Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental–ALA, atas de reunião das Comissões Técnicas de Garantia Ambiental-CTGA´s, resoluções e portarias de licenças, dentre outros. Um capítulo foi dedicado ao estudo da qualidade do ar do Pólo, o que permitiu o conhecimento sobre o papel dos aspectos meteorológicos, na dispersão e concentração de poluentes na região, além de informações sobre a Rede de Monitoramento do Ar–RMA e de resultados do monitoramento de poluentes, em especial NOX, VOC e ozônio, realizado ao longo do tempo de operação da mesma. Um critério baseado no diagrama P+L possibilitou a classificação das ações e medidas identificadas anteriormente, sendo, em seguida, elaborada uma tabela consolidada, cuja análise resultou em constatações, que foram analisadas e discutidas, a exemplo do grande número de eventos voltados para a redução de resíduos na fonte, com especial destaque para as boas práticas de operação. As medidas relacionadas a mudanças tecnológicas também se destacaram, apresentando percentuais semelhantes às de boas práticas de operação. Prosseguindo, discutiu-se, qualitativamente, a relação entre as medidas de controle adotadas e os resultados obtidos, em termos da melhoria da qualidade do ar da região do Pólo, tendo o ozônio como foco das discussões, inclusive apontando evidências desta relação. Foi também evidenciado nas mesmas, o papel indutor das medidas normativas à implementação de ações que favorecem a disseminação de conceitos e se orientam pelos pressupostos da Produção mais Limpa, contribuindo para a sua consolidação no âmbito de todo o Pólo de Camaçari.
Palavras chave: Produção mais Limpa; Pólo Industrial de camaçari; precursores de ozônio; compostos orgânicos voláteis, óxidos de nitrogênio; poluição fotoquímica; qualidade do ar.
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ABSTRACT
This dissertation has as goal to discuss the application of the Cleaner Production (P+L), in actions and procedures of control of atmospheric emissions, in the Camaçari Industrial Complex in the view of reduction of the ozone precursors: NOx and VOC. A group of 06 (six) companies of the Complex had been choose as source of information to the research, making the survey of actions and procedures implemented, referred to control and/or minimization of NOx and VOC, followed by discussion and analysis based on P+L concepts. As the same time, were obtained and analyzed, information about environmental license of the studied grouping of companies, so that to permit the discussion about the role of the normative procedures, as inductive of the cleaner production implementation in industry. Actions and procedures have been identified in several documents of the company’s license. A chapter was dedicated to the Complex’s quality off air study, that permitted the acknowledgement about the role of the meteorological aspects in the dispersion and concentration of pollutants in the region, beyond information about the air monitoring net of the Complex and results of the pollutants monitored in the region, specially NOx, VOC and ozone, mode along the operation time of the net. A criterion based on the Cleaner Production diagram, made it possible the classification of the actions and procedures before identified, being afterward elaborated a consolidate table, whose analysis resulted in observations that have been discussed, like the big quantity of events directed to residues reduction in source, with special attention to good practices of operation. The procedures related to technological change were pointed out, presented similar percentiles to good practices of operation. Afterward, it was made a qualitative discuss about the relationship between the control procedure adopted and the results obtained, that demonstrated improvements of air quality in the Complex’s region, having the ozone as focus of discussions, showing evidences of this relationship. It was also demonstrated the inductor role of the normative procedures in the actions implementation that are oriented by the concepts of the Cleaner Production, contributing to its consolidation in the whole Camaçari Complex.
Keywords: Cleaner Production; Camaçari Industrial Complex; ozone precursors; organics volatile compounds; nitrogen oxides; photochemical pollution; air quality.
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................12
LISTA DE TABELAS.......................................................................................14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..........................................................16
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................17
1.1 JUSTIFICATIVA...............................................................................................19
1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................................19
1.3 OBJETIVO........................................................................................................22
1.3.1 Objetivos específicos........................................................................................22
2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO.............................................................23
3 MARCO TEÓRICO...........................................................................................27
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA........27
3.1.1 Dispersão de poluentes no ar..........................................................................29
3.1.2 Poluição atmosférica fotoquímica....................................................................30
3.2 OZÔNIO E MEIO AMBIENTE..........................................................................32
3.3 PRECURSORES DE OZÔNIO.........................................................................35
3.3.1 Compostos Orgânicos Voláteis – VOC............................................................38
3.3.2 Óxidos de Nitrogênio – NOx.............................................................................41
3.4 MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS E PRODUÇÃO MAIS LIMPA.........................45
3.4.1 Prevenção da poluição.....................................................................................45
3.4.2 Minimização de resíduos................................................................................ 45
3.4.3 O Diagrama de Produção mais Limpa............................................................48
4 A QUALIDADE DO AR NO PÓLO DE CAMAÇARI........................................57
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO PÓLO..................................................57
4.2 AS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E SEU PAPEL NA DISPERSÃO
E CONCENTRAÇÃO DOS POLUENTES NA REGIÃO...................................58
4.2.1 Pressão............................................................................................................59
4.2.2 Temperatura.....................................................................................................59
9
4.2.3 Umidade relativa...............................................................................................60
4.2.4 Radiação Solar..............................................................................................60
4.2.5 Precipitação...................................................................................................60
4.2.6 Vento.............................................................................................................60
4.2.7 Direção do vento...........................................................................................61
4.2.8 Estabilidade atmosférica...............................................................................62
4.2.9 Camada limite atmosférica............................................................................63
4.2.10 Movimento vertical do vento..........................................................................64
4.3 A REDE DE MONITORAMENTO DO AR – RMA.........................................65
4.3.1 Localização das estações.............................................................................65
4.4 MEDIÇÕES / AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR NO PÓLO.................69
4.4.1 Análise do inventário de emissões atmosféricas...........................................70
4.4.2 Evolução anual das emissões atmosféricas..................................................73
4.4.3 Análise dos poluentes gasosos convencionais ............................................74
4.4.3.1 Dióxido de Nitrogênio....................................................................................75
4.4.3.2 Ozônio............................................................................................................81
4.4.3 3 Orgânicos.......................................................................................................88
4.4.4 Índice de Qualidade do Ar – IQAr.................................................................94
4.4.5 Eventos de emissões atmosféricas na área de influência do Pólo...............98
5 ANÁLISE DAS EMPRESAS.......................................................................101
5.1 CLASSIFICAÇÃO P+L ...............................................................................101
5.1.1 Considerações sobre boas práticas............................................................102
5.1.2 Considerações sobre mudanças na tecnologia...........................................104
5.2 RESULTADOS DAS EMPRESAS...............................................................107
5.2.1. EMPRESA “A”...........................................................................................110
5.2.1.1 Caracterização...........................................................................................110
5.2.1.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário...........................................110
5.2.1.3 Consolidação de resultados – Empresa “A”...............................................112
5.2.1.4 Análise e Conclusões - Empresa “A”..........................................................115
5.2.2 EMPRESA “B”...........................................................................................118
5.2.2.1 Caracterização...........................................................................................118
5.2.2.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário...........................................118
5.2.2.3 Consolidação de resultados – Empresa “B”..............................................120
10
5.2.2.4 Análise e conclusões– Empresa “B”...........................................................125
5.2.3 EMPRESA “C”..........................................................................................130
5.2.3.1 Caracterização..........................................................................................130
5.2.3.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário..........................................130
5.2.3.3 Consolidação de resultados – Empresa “C”..............................................131
5.2.3.4 Análise e conclusões– Empresa “C”.........................................................134
5.2.4 EMPRESA : “D”.........................................................................................138
5.2.4.1 Caracterização..........................................................................................138
5.2.4.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário..........................................138
5.2.4.3 Consolidação de resultados – Empresa “D”..............................................140
5.2.4.4 Análise e conclusões– Empresa “D”.........................................................143
5.2.5 EMPRESA : “E”.........................................................................................146
5.2.5.1 Caracterização..........................................................................................146
5.2.5.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário..........................................146
5.2.5.3 Consolidação de resultados– Empresa “E”...............................................151
5.2.5.4 Análise e conclusões – Empresa “E”.........................................................156
5.2.6 EMPRESA : “F”.........................................................................................163
5.2.6.1 Caracterização..........................................................................................163
5.2.6.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário..........................................163
5.2.6.3 Consolidação de resultados - Empresa “F”...............................................166
5.2.6.4 Análise e conclusões - Empresa “F...........................................................169
5.2.7 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS – GERAL ......................................172
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................173
6.1 ANÁLISE GERAL DA CLASSIFICAÇÃO P+L..............................................173
6.2 ANÁLISE DOS ASPECTOS RELACIONADOS À QUALIDADE DO AR
NA REGIÃO DO PÓLO SOB O FOCO DO OZÔNIO..................................181
6.2.1 Pólo como fonte de precursores de ozônio e a melhoria da qualidade
do ar .............................................................................................................182
6.2.2 O Pólo e os padrões de qualidade do ar.......................................................184
6.3 MEDIDAS NORMATIVAS.............................................................................188
6.3.1 Licenças e condicionantes como indutores da P+L......................................188
6.3.2 Pólo Petroquímico: medidas normativas e produção mais limpa..................192
6.3.3 Aspectos relacionados à base de dados da pesquisa..................................197
11
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.........................................................199
7.1 CONCLUSÕES...............................................................................................199
7.2 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES............................................................202
REFERÊNCIAS..............................................................................................206
ANEXO A: ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO E PADRÕES DE QUALIDADE
DO AR............................................................................................................210
ANEXO B: CONDICIONANTES DAS RESOLUÇÕES E PORTARIAS
REFERENTES AO LICENCIAMENTO DO PÓLO, QUE TRATAM
ESPECIFICAMENTE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS...............................214
ANEXO C: ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL........................218
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Concentração de Ozônio como função da altura na atmosfera e uma visão
geral de seus efeitos.......................................................................................................33
Figura 2- Variação diurna de NO, NO2 e oxidantes totais em Pasadena, Califórnia,
1973 ................................................................................................................................36
Figura 3- Concentração de ozônio (ppbv) simulada em um modelo fotoquímico
regional, como função de NOx e de emissões de hidrocarbonetos... ...........................37
Figura 4- Contribuição de várias fontes para o total de emissões antropogênicas
de VOC, nos Estados Unidos, em 1996..........................................................................40
Figura 5- Ciclo do nitrogênio no ambiente......................................................................42
Figura 6- Contribuição de várias fontes para o total de emissões antrópicas de
NOx nos Estados Unidos, em 1996 ...............................................................................43
Figura 7- Evolução das práticas ambientais ..................................................................47
Figura 8- Diagrama P+L : técnicas para redução da poluição......................................49
Figura 9- Representação esquemática de uma brisa : [a] marítima e [b] terrestre........61
Figura 10- Localização atual e futura das estações da RMA do Pólo ...........................66
Figura 11- Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Câmara....75
Figura 12- Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Escola .....75
Figura 13- Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Lamarão..76
Figura 14- Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Hospital ...76
Figura 15- Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Câmara .......................78
Figura 16- Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Hospital .......................78
Figura 17- Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Lamarão .....................79
Figura 18- Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Escola .........................79
Figura 19- Concentrações médias anuais de NO2 na RMA ..........................................80
Figura 20- Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Hospital.......84
Figura 21- Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Cobre .........84
Figura 22- Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Lamarão.....85
Figura 23- Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Escola ........85
13
Figura 24- Número de ocorrências de O3 acima do padrão CONAMA 003/90 de
1995 a 2003.....................................................................................................................86
Figura 25- Número de violações do padrão de Ozônio na RMA – 1995 a 2003 ...........87
Figura 26- Número de ultrapassagens do padrão para Benzeno – 1995-2003 ............93
Figura 27- EMPRESA “A” - Classificação das Medidas e Ações. ...............................114
Figura 28- EMPRESA “B” - Classificação de Ações e Medidas ..................................124
Figura 29- EMPRESA “C” - Classificação de Ações e Medidas ..................................133
Figura 30- EMPRESA “D” - Classificação das Ações e Medidas.................................142
Figura 31- EMPRESA “E” - Classificação das Ações e Medidas.................................155
Figura 32- EMPRESA “F” - Classificação das Ações e Medidas.................................168
Figura 33- Classificação Geral das Ações P+L nas principais fontes de emissões
de NOx e VOC no Pólo ................................................................................................172
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estimativas de emissões globais de CO, NOx, CH4 e VOC .........................44
Tabela 2 - Categorias de estabilidade .........................................................................62
Tabela 3 – Localização e configuração das estações da rede de monitoramento
do ar, do Pólo .................................................................................................................67
Tabela 4 - Nova configuração para as estações da rede de monitoramento do
ar do Pólo........................................................................................................................68
Tabela 5 - Padrões nacionais de qualidade do ar: Resolução CONAMA 003/90...........69
Tabela 6 - Cargas de poluentes atmosféricos emitidos do Pólo Industrial de
Camaçari (2001) .............................................................................................................71
Tabela 7 - Emissões de fontes estacionárias no Pólo, ( t/ano) - 2004...........................72
Tabela 8 - Fontes evaporativas e fugitivas de VOC voláteis e semi-voláteis.................72
Tabela 9 - Evolução das emissões atmosféricas do Pólo Industrial de
Camaçari.........................................................................................................................73
Tabela 10 – Picos de concentração de NO2 detectados na RMA em 2003...................77
Tabela 11 – Eventos de ultrapassagem do padrão horário de ozônio em 2002............82
Tabela 12– Eventos de ultrapassagem do padrão horário de ozônio em 2003 ............83
Tabela 13 – Resultado do monitoramento de VOC na área de influência do
Pólo Industrial de Camaçari – 2003 ...............................................................................90
Tabela 14 – VOCs detectados com maior freqüência em 2003 ....................................91
Tabela 15 – Ocorrências de VOCs acima do padrão -1999 a 2003...............................92
Tabela 16 - Índices, Padrões e Classificações da Qualidade do Ar ..............................95
Tabela 17 - Qualidade do Ar nas estações da RMA não classificada como BOA,
em 2003..........................................................................................................................97
Tabela 18 – Principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo ...........................108
Tabela 19- Emissões de compostos orgânicos a partir de tanques de teto fixo ..........110
Tabela 20- Emissões pontuais de processo + tancagem.............................................111
Tabela 21- Emissões fugitivas das unidades (Fatores médios de emissão) ...............111
Tabela 22 - EMPRESA “A” - Ações e Medidas X Condicionantes ...........................112
Tabela 23 - Emissões das caldeiras – Empresa B.......................................................118
15
Tabela 24 - Emissões das colunas – Empresa B ........................................................119
Tabela 25 - Emissões do lavador de gases– Empresa B ............................................119
Tabela 26 - EMPRESA “B” - Ações e Medidas X Condicionantes ............................120
Tabela 27 : Emissões atmosféricas pontuais e fugitivas da EMPRESA “C” ................130
Tabela 28 EMPRESA “C” - Ações e Medidas X Condicionantes ............................131
Tabela 29 : Emissões do incinerador e absorvedora da EMPRESA “D” .....................139
Tabela 30 : Emissões de NOx e orgânicos da EMPRESA “D” ....................................139
Tabela 31 - EMPRESA “D” - Ações e Medidas X Condicionantes ..........................140
Tabela 32 - Empresa “E” - Emissões de NOx de 1996 a 2003 ....................................147
Tabela 33 – Empresa “E” - Inventário de VOC total por fonte .....................................147
Tabela 34 – Empresa “E” - Emissões de VOC total ....................................................148
Tabela 35 – Emissões de VOC dos tanques de estocagem .......................................148
Tabela 36 – Emissões de VOC da Ilha de carregamento ...........................................148
Tabela 37 – Monitoramento de emissões fugitivas – Unidades
de extração de butadieno .............................................................................................149
Tabela 38 – Emissões fugitivas - Unidades de extração de butadieno ......................150
Tabela 39 - EMPRESA “E”- Ações e Medidas X Condicionantes ............................151
Tabela 40 – Concentração de MVC nos reatores ........................................................164
Tabela 41 – Monitoramento de VOC totais (2002) ......................................................164
Tabela 42 – Monitoramento de VOC totais (2003) ......................................................165
Tabela 43 - EMPRESA “F”- Ações e Medidas X Condicionantes ............................166
Tabela 44 – Consolidação geral da classificação P+L nas principais
fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo ................................................................172
Tabela 45 - Classificação geral das Ações/Medidas ...................................................174
Tabela 46 - Boas Práticas de Operação nas principais fontes de NOx e VOC ..........176
Tabela 47 - Mudança de Tecnologia nas principais fontes de NOx e VOC ................177
Tabela 48 - Distribuição do nº de ações e medidas implementadas ...........................180
Tabela 49 - Condicionantes X Ações/Medidas nas principais fontes
de NOx e VOC ..............................................................................................................188
Tabela 50 – Consolidação de Condicionantes X Ações/Medidas ...............................190
16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALA – Estudo de Auto Avaliação para o Licenciamento AmbientalBTEX - Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e XilenosCCE - Comunidade Econômica EuropéiaCPETEC/INPE – Centro de Pesquisas Tecnológicas/Instituto de PesquisasCEPRAM - Conselho Estadual de Meio AmbienteCETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento AmbientalCETREL – Empresa de Proteção AmbientalCFC - Cloro Flúor CarbonoCOFIC – Comitê de Fomento Industrial de Camaçari.CONAMA – Conselho Nacional de Meio AmbienteCRA Centro de Recursos AmbientaisDO - Diário OficialECE – Economic Comission for EuropeEPA – Environmental Protection AgencyGIS - Sistema de Informações GeográficasIQAr - Índice de Qualidade do Ar LD - Limites de Detecção MMA - Máxima Média AnualNMHC - Hidrocarbonetos Não Metânicos NNE - Norte-Nordeste OECD - Organização para Cooperação Econômica e DesenvolvimentoOMS – Organização Mundial da SaúdeP+L – Produção Mais LimpaPAN - Peroxiacetil-nitrato PARs - Poluentes de Alto Risco PTAs - Poluentes Tóxicos do Ar RCE - Roteiros de Caracterização de Empreendimentos RMA - Rede de Monitoramento do Ar RTGA - Relatório Técnico de Garantia Ambiental SDCD - Sistema Digital de Controle DistribuídoTHC – Hidocarbonetos TotaisTR – Termo de ReferênciaURV - Unidade de Remoção de VoláteisVOC - Compostos Orgânicos Voláteis
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1 INTRODUÇÃO
No século XX, o mundo foi submetido a uma evolução tecnológica maior do que
aquela experimentada no resto da sua história. Em meio a esse processo e a
despeito de todo o desenvolvimento do seu intelecto, o homem não percebeu a
dependência entre a preservação do meio ambiente e a sua própria sobrevivência e,
por conta disso, novos e graves problemas sócio-ambientais começaram a aparecer,
nas últimas décadas. Quando os sinais de degradação ambiental tornaram-se
evidentes, especialmente a partir da ocorrência de acidentes de grandes
proporções, a comunidade internacional começou a discutir medidas que levassem o
mundo a um modelo de desenvolvimento que fosse sustentável.(FERREIRA, 2002)
O relatório The limits of growth, publicado pelo Clube de Roma em 1972, considerou
preocupante o gerenciamento dos recursos naturais. Em junho do mesmo ano, foi
realizada em Estocolmo/Suécia, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o
meio ambiente, onde a pauta principal era o impacto da atividade industrial.
Esse fato histórico marcou o início da moderna conscientização ambiental da
sociedade e, a partir da década de 70, as questões ambientais passaram a ser
motivo de discussões mais amplas e aprofundadas.
A despeito disso ter ocorrido somente a partir dos anos 1970, o impacto da atividade
industrial sobre o meio ambiente vinha-se agravando a partir da revolução industrial,
que ocorreu de forma intensa a partir do início do século XIX, alterou profundamente
o modo de produção dos bens e se caracterizou pela produção em larga escala,
mediante a utilização crescente de máquinas e conseqüente aumento do consumo
de energia. Esta energia é, em grande parte, proveniente dos combustíveis fósseis:
petróleo, carvão mineral e gás natural.
A queima desses combustíveis e as atividades industriais liberam para a atmosfera
gases como Dióxido de Carbono (CO2), Monóxido de Carbono (CO), Dióxido de
Enxofre (SO2), Óxidos de Nitrogênio (NOx) e Compostos Orgânicos Voláteis (VOC),
que, além dos malefícios à saúde humana, são responsáveis pelos impactos
18
ambientais associados ao efeito estufa, destruição da camada de ozônio , chuva
ácida e smog fotoquímico. Esses impactos se configuram como grandes problemas
ambientais globais da atualidade.
Os NOx e os VOC reagem na atmosfera, principalmente quando ativados pela luz
solar, formando um conjunto de gases agressivos chamados oxidantes fotoquímicos,
sendo dentre eles o ozônio, o mais importante, utilizado como indicador da presença
de oxidantes fotoquímicos. Esses gases não são emitidos por qualquer fonte, mas
formados na atmosfera, sendo chamados, por isso, de poluentes secundários.
Os oxidantes fotoquímicos causam irritação nos olhos e garganta, além de redução
da capacidade pulmonar, agravamento das doenças respiratórias e diminuição da
resistência às infecções pulmonares. O ozônio causa o envelhecimento precoce e,
por não ser emitido diretamente, mas resultado de reações químicas entre
substancias emitidas nos centros urbanos e industriais, também pode se formar
longe dos centros de emissão, onde geralmente estão concentrados os principais
locais de produção agrícola, de forma que o controle dos oxidantes fotoquímicos
adquire fortes conotações econômicas.(CETESB, 1991).
O necessário controle da poluição causada por oxidantes fotoquímicos, em especial
o ozônio, passa pelo estabelecimento de mecanismos que resultem na minimização
das emissões dos precursores desse poluente.
No Estado da Bahia, uma importante fonte de emissões de NOx e VOC é o Pólo
Industrial de Camaçari, o qual acompanha os níveis de poluição atmosférica, na sua
área de influência direta, por meio de uma Rede de Monitoramento do Ar – RMA.
Relatórios anuais de acompanhamento da RMA demonstram, no período de 1995 a
2002, um crescente aumento do número de eventos de ultrapassagem do padrão de
qualidade do ar para o ozônio, estabelecido pela Resolução CONAMA nº 003/90.
CETREL(2004) relata o registro de melhorias da qualidade do ar, na região
monitorada, em decorrência de algumas iniciativas implementadas pela indústria,
com vistas à redução de suas emissões atmosféricas.
19
1.1 JUSTIFICATIVA
A justificativa para a realização deste trabalho se dá pela contribuição que dele
resultará, a partir do levantamento das ações preventivas e corretivas que têm sido
implementadas pelas empresas que mais emitem os poluentes precursores do
ozônio e dos desdobramentos do objetivo geral. Com a finalização dos trabalhos,
pretende-se ter uma idéia do rumo que o maior parque industrial do Estado, o Pólo
Industrial de Camaçari, está seguindo, no que se refere à redução de suas
emissões atmosféricas, especificamente óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos
voláteis, tendo como base os conceitos da Produção mais Limpa, que se configura
como ferramenta indispensável para a necessária mudança do paradigma Fim de
Tubo X Prevenção da Poluição.
1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO
O Pólo de Camaçari configura-se como significativa fonte de emissões de poluentes
atmosféricos. Este importante complexo industrial passou por um processo de
mudança da conscientização ambiental, claramente estabelecida a partir da sua
ampliação, e da Resolução CEPRAM No 620/92, com implementação de ações em
diversas áreas, inclusive na de emissões atmosféricas, com a implantação de uma
Rede de Monitoramento do Ar (RMA), na sua área de influência, cujo
acompanhamento é de responsabilidade da CETREL S.A. – Empresa de Proteção
Ambiental.
A RMA conta com 09 (nove) estações de monitoramento, que geram dados de
concentração de poluentes convencionais (dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio,
material particulado, monóxido de carbono e ozônio), hidrocarbonetos e metais.
Relatórios anuais são emitidos, desde 1995, com consolidação de dados
meteorológicos e de qualidade do ar.
Como resultado da reavaliação da rede de monitoramento do ar, realizada no ano de
2001, por determinação da resolução CEPRAM nº 2878/01, que alterou os
condicionantes da Licença de Operação do Pólo Petroquímico de Camaçari, foi
20
apresentado relatório no qual foram apontadas algumas tendências e
recomendações, conforme CETREL(2001), dentre as quais destacam-se:
a) - A busca por combustíveis ambientalmente mais aceitáveis resulta numa
tendência de aumento do consumo de gás natural no Pólo. O gás natural é uma
importante fonte de NOx, como resultado da reação de combustão. Esses óxidos
terão suas emissões acrescidas com a instalação de usinas termoelétricas, que
também consumirão gás, de modo que poderá ser necessário um maior
acompanhamento deste poluente (NOx), que contribui também para a formação de
chuva ácida e ozônio;
b) - O NOx ultrapassou o padrão de 1 h estabelecido pela Resolução CONAMA
003/90, tendo quase se aproximado do nível de atenção, confirmando que é um dos
principais poluentes;
c) - Os VOC tiveram medidas elevadas de concentração e recomendou-se aumentar
a malha de monitoramento.
O referido relatório de reavaliação da RMA ressalta ainda que NOx e VOC são
precursores de ozônio e altas concentrações desses poluentes, originados no Pólo,
podem levar à formação de ozônio em áreas distantes do mesmo, a cerca de 30 a
50km, devido à particularidade do ozônio ser um poluente secundário, fotoquímico,
originado na atmosfera. Portanto, o ozônio é um importante poluente “gerado” no
Pólo e seus picos de concentração poderão ser detectados mais distantes da área
operacional do que os demais.
Os relatórios anuais da RMA de 2002, referente ao ano de 2001 e o de 2002,
concluído em 2003, emitidos pela CETREL trazem algumas considerações em
complementação às apontadas pela reavaliação da rede anteriormente citada, tais
como:
a) - Assim como observado em 2001, as concentrações máximas horárias mensais
de NO2 também apresentaram uma tendência de aumento em relação aos anos
21
anteriores, especialmente após 2000. Porém, os valores permaneceram quase que
uniformes durante o ano, não apresentando grandes variações. (CETREL, 2002)
b) - Em 2001, o ozônio ultrapassou o seu padrão horário de 81,6 ppb estabelecido
pela Resolução CONAMA 003/90 em 25 ocasiões (CETREL, 2002). No ano de 2002
o número de ocorrências em que as concentrações de ozônio ultrapassaram o valor
de referência foi 26 e este vem aumentando, no período de 1995 a 2002,
especialmente nos três últimos anos (CETREL, 2003).
c) - Apesar da existência de alguns picos de concentrações máximas horárias de
ozônio, em 2002, os valores observados nas quatro estações monitoradas (Hospital,
Cobre, Lamarão e Escola) em todos os meses do ano foram inferiores aos picos
registrados nos anos anteriores; (CETREL,2003).
d) - Dos 39 (trinta e nove) compostos orgânicos monitorados, em 2001, dois
ultrapassaram seus padrões ambientais: o benzeno e o 1,1,2,2 tetracloroetano,
enquanto que, em 2002, apenas o benzeno ultrapassou o padrão, em duas
ocasiões, ambas no ponto de amostragem do Pólo (White Martins ).
Em decorrência da reavaliação da RMA em 2001, e das considerações e tendências
apontadas nos relatórios anuais de monitoramento emitidos pela CETREL em 2002
e 2003, algumas iniciativas foram implementadas pelas indústrias, em termos do
controle de suas emissões atmosféricas, com o objetivo de reverter o quadro de
crescimento da poluição atmosférica, na área de influência do Pólo, diagnosticado
pelos citados relatórios.
Resultados positivos destas iniciativas já começaram a aparecer, conforme relatado
pela CETREL, no relatório anual de monitoramento do ar emitido em 2004, referente
ao ano de 2003, que registrou uma melhoria na qualidade do ar, medida através das
nove estações de monitoramento instaladas, na região de influência do Pólo para
todos os poluentes monitorados.
Algumas das medidas adotadas no Pólo incluem, de acordo com CETREL(2004),
melhorias na eficiência de queima de alguns fornos importantes; substituição de
22
queimadores existentes por outros mais eficientes e modernos; substituição, em
alguns tanques, de tetos fixos por tetos internos flutuantes; monitoramento e controle
de emissões fugitivas em várias empresas do complexo industrial, dentre outras.
1.3 OBJETIVO
O objetivo geral desta pesquisa é discutir a aplicação da Produção mais Limpa, nas
ações e medidas de controle de emissões atmosféricas adotadas no pólo industrial
de Camaçari, tendo em vista a redução dos precursores do ozônio : NOx e VOC.
1.3.1 Objetivos específicos
a) Classificar as ações e medidas adotadas, com base nos pressupostos da
Produção mais Limpa.
b) Identificar e discutir a contribuição das medidas normativas, na implementação
da Produção mais Limpa na indústria, através do instrumento do Licenciamento
Ambiental.
23
2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Discute-se, neste trabalho, a aplicação da Produção mais Limpa, na redução dos
precursores do ozônio, o NOx e os VOC.
A execução dos trabalhos seguiu uma orientação fundamentada nos objetivos
propostos, realizando, para tanto, levantamentos de informações a partir de fontes
específicas, referentes ao tema abordado.
Adotou-se o Estudo de Caso, devido à necessidade de se explorar dados e
informações disponíveis sobre as emissões e geração de poluentes específicos
(ozônio e seus precursores), na área de influência do Pólo Industrial de Camaçari.
Cumpriu-se a seguinte seqüência de atividades:
1- Revisão bibliográfica, abordando o ozônio e seus precursores, incluindo aspectos
sobre química e poluição da atmosfera, bem como conceitos relacionados à
prevenção da poluição, produção mais limpa e minimização de resíduos.
Identificaram-se ainda alguns instrumentos da gestão ambiental, especificamente os
de Auto Controle e o Licenciamento,
2- Análise do inventário de emissões atmosféricas do Pólo Industrial de Camaçari
referente ao ano de 2001;
3- Identificação das principais fontes emissoras dos precursores de ozônio: NOx e
VOC;
4- Levantamento e análise de dados históricos de NOx, VOC e medições de ozônio;
5- Levantamento, nas empresas apontadas no item 3, das ações já realizadas e
também as que se encontram em projeto, visando a redução dos precursores,
contemplando também informações acerca do licenciamento ambiental;
6- Realização de consultas a especialistas e profissionais que atuam na área de
poluição atmosférica e que possuem competência e experiência para contribuir
tecnicamente e enriquecer a pesquisa, quanto ao tema abordado.
Por configurar-se como significativa fonte de emissões de poluentes atmosféricos, o
Pólo de Camaçari foi utilizado como fonte de dados para o desenvolvimento da
24
pesquisa, adotando-se o Inventário de Emissões como ponto de partida, no sentido
de identificar as empresas responsáveis pelas principais contribuições para os
poluentes de interesse no trabalho.
Os dados e informações necessários ao desenvolvimento da pesquisa foram obtidos
a partir de relatórios emitidos pela CETREL S.A., resultantes do acompanhamento
da RMA, bem como de processos de licenciamento ambiental das empresas
identificadas a partir do Inventário de Emissões do Pólo, e instrumentos do
licenciamento a eles associados, como por exemplo, Relatórios Técnicos de
Garantia Ambiental - RTGA, Auto Avaliação para o Licenciamento -ALA, Balanço
Ambiental, além das Resoluções CEPRAM e Portarias CRA de licenças das
empresas estudadas, dentre outros documentos, e consultas/ entrevistas a
especialistas e pessoas atuantes na indústria, no CRA e na área de consultoria
ambiental, que pudessem contribuir com o tema estudado.
O Inventário de Emissões do Pólo possibilitou a identificação das empresas que
mais contribuem para as emissões dos precursores do ozônio, seguindo-se do
levantamento dos projetos, ações e medidas realizadas pelas empresas, associadas
à redução de emissões, visando a análise sob o foco da Produção mais Limpa.
Estas ações e medidas foram identificadas e classificadas com base no denominado
Organograma Mestre de ações para prevenção e controle da poluição baseado em
LaGrega (1994), ou Diagrama P+L, apresentado na Figura 8, à pág 49 .
Procedeu-se a uma subclassificação das medidas e ações levantadas, adotando a
hierarquia indicada no Diagrama P+L, no que se refere às modificações de
processo, ou seja, primeiro, as mudanças de insumos e auxiliares seguidas das
mudanças de tecnologia, e após estas, as boas práticas operacionais. As medidas
denominadas de fim de tubo também foram identificadas nesta pesquisa.
Desta forma, foi definido o seguinte critério para classificação das ações e medidas
de produção limpa, executadas pelas empresas que mais emitem os precursores de
ozônio, no Pólo Industrial de Camaçari:
25
NÍVEL 1
1A – MODIFICAÇÃO NO PRODUTO
1B – MODIFICAÇÃO NO PROCESSO
1B(1) – Mudança/ substituição de insumos
1B(2) – Mudança na tecnologia
1B(3) – Boas práticas operacionais
NÍVEL 2
2 – RECICLAGEM INTERNA
2A – Reuso
2B – Reciclagem
2C – Recuperação
NÍVEL 3
3 – RECICLAGEM EXTERNA
3A – Reuso
3B – Reciclagem
3C – Recuperação
NÍVEL 4
4 – TÉCNICAS FIM DE TUBO
4A – Tratamento de resíduos
4B – Separação e concentração de resíduos
4C – Recuperação de energia ou material
4D - Incineração
4E – Disposição final
Elaborou-se, então, uma tabela constando da classificação de todas as ações/
medidas levantadas, na qual foram incorporadas informações acerca do
licenciamento ambiental das empresas, de modo a permitir a análise do papel das
Medidas Normativas/ Regulação, como agentes de impulsão para a implementação
de ações de Produção mais Limpa pelas mesmas.
A revisão bibliográfica que fundamentou o marco conceitual e teórico, envolveu o
levantamento e leitura de artigos técnicos científicos, resoluções CONAMA, leis
federais e estaduais, publicação de estudos de caso e internet. Foram ainda
26
consideradas as referências bibliográficas das publicações estudadas e aquelas
indicadas por profissionais consultados, nas áreas afins ao tema do estudo.
Foram obtidas informações básicas sobre os conceitos relacionados à poluição
atmosférica causada por ozônio, destacando-se a formação dos oxidantes
fotoquímicos e o papel dos precursores, cuja redução integra o tema central desta
dissertação.
As considerações dos elementos obtidos na revisão bibliográfica, na consulta a
especialistas, na avaliação dos dados levantados e na observação de
condicionantes constantes das licenças, associadas aos conceitos de prevenção da
poluição e minimização de resíduos, possibilitaram a análise das informações e
dados coletados durante o desenvolvimento da pesquisa e uma discussão pautada
nos pressupostos da Produção mais Limpa, conduzindo a uma reflexão segura
sobre a questão da redução da poluição atmosférica causada pelo ozônio, tendo o
Pólo Industrial de Camaçari como área alvo de estudo.
Como produto desta reflexão, elaboraram-se a discussão e conclusões do presente
trabalho, que apresenta uma contribuição no sentido do diagnóstico da situação das
emissões dos precursores do ozônio e da formação do próprio ozônio como
poluente, na região de influência do Pólo de Camaçari, e da aplicação da P+L, nas
medidas que têm sido tomadas pelas empresas com o objetivo de reduzir suas
emissões atmosféricas, especialmente NOx e VOC. Adicionalmente, é apresentada
uma análise da qualidade do ar na área de influência do Pólo, contemplando
questões sobre ozônio e padrões de qualidade.
Foram também abordados, na conclusão, aspectos relacionados aos condicionantes
constantes das licenças concedidas às empresas estudadas, e ao papel destas
medidas normativas como agentes de impulsão, através do instrumento de
licenciamento, à implementação de ações com foco na Produção mais Limpa.
27
3 – MARCO TEÓRICO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
A atmosfera é a denominação dada à camada de gases que envolve a Terra. É
constituída, principalmente, de nitrogênio e oxigênio. Setenta e cinco por cento
(75%) da massa da atmosfera está contida dentro da altitude de até 10 quilômetros,
ou seja, basicamente na troposfera1 e 99% dela está contida dentro da altitude de
33 quilômetros. A densidade e a pressão da atmosfera diminuem com a altitude,
sendo que sua temperatura varia, dependendo da altitude considerada.
A atmosfera seca é constituída por 78,1% em volume de nitrogênio, 20,9% de
oxigênio, 0,93% de argônio, 0,035% de dióxido de carbono (gás carbônico) e por
vários outros gases em pequenas concentrações. A atmosfera contém quantidades
bastante variáveis de vapor d’água, dependendo do local, hora estação do ano etc,
chegando a 0.02% em volume, nas regiões áridas e 4% em regiões equatoriais
úmidas. A atmosfera contém também partículas sólidas e líquidas em suspensão
(aerossóis), de composição química e concentrações variáveis e inclusive matéria
viva. (MASTERS, 1997 apud ASSUNÇÃO, 2001)
Parte do conhecimento sobre a química da atmosfera é resultado de estudos
recentes sobre a poluição do ar. Neste sentido, o foco maior estava, inicialmente,
relacionado com a troposfera. Mais recentemente, passou-se a se estudar a ação de
emissões antropogênicas sobre a estratosfera, que é a camada compreendida entre
a troposfera e cerca de 50 km de altitude. O interesse é, principalmente, em relação
à camada de ozônio, nela contida, que serve de filtro de raios ultravioletas,
protegendo a Terra de níveis indesejáveis dessas radiações. (MASTERS, 1997 apud
ASSUNÇÃO, 2001)
-----------------------------------------------1 Camada da atmosfera terrestre, desde o nível do mar, até cerca de 15 km (5 a 8 km sobre os
pólos, podendo chegar a 18 km sobre o equador).
28
A temperatura, na troposfera, na sua condição normal, decresce com a altitude, fato
este importante para a diluição das substâncias lançadas no ar, uma vez que esta
condição favorece a ascensão da poluição, ou seja, propicia uma melhor condição
de dispersão na atmosfera. Processos naturais podem alterar esta condição,
reduzindo ou aumentando a taxa de decréscimo, chegando mesmo a invertê-lo, em
geral por pouco tempo, por algumas horas, ocasionando o fenômeno denominado
inversão térmica, muito prejudicial à dispersão dos poluentes.
Estudos sobre a poluição do ar são freqüentemente tratados, no contexto de um
sistema global. Esta abordagem inicia-se com a identificação das várias fontes
naturais e antrópicas de emissões, e seguem o caminho dos poluentes resultantes,
através do seu transporte na atmosfera, suas transformações e concentrações no
ambiente, em escalas local, regional e global, até o seu último destino físico e
químico, incluindo seus impactos na saúde e no ambiente. (FINLAYSON PITTS,
2000)
Poluentes primários são definidos como aqueles emitidos diretamente para a
atmosfera, por exemplo: SO2, NO, CO, Pb, Orgânicos e Material Particulado (MP),
gerado a partir da combustão. As fontes podem ser antrópicas, biogênicas,
geogênicas ou alguma combinação dessas. Uma vez na atmosfera, os poluentes
são sujeitos à dispersão e transporte, isto é, à meteorologia e, simultaneamente, às
transformações químicas e físicas em poluentes secundários, gasosos e
particulados. Esses últimos são definidos como aqueles formados a partir de
reações de poluentes primários no ar. Ambos, poluentes primários e secundários,
são removidos para a superfície da terra, via deposição seca ou úmida e, durante o
processo de transporte, transformação e deposição, podem impactar uma variedade
de receptores, por exemplo, homens, animais, ecossistemas aquáticos, florestas e
colheitas agrícolas, além de materiais. (FINLAYSON PITTS, 2000)
A partir de conhecimentos detalhados sobre as emissões, topografia, meteorologia,
química e processos de deposição, podem ser desenvolvidos modelos matemáticos,
que predizem as concentrações de poluentes primários e secundários, como uma
função do tempo, em várias localizações.
29
3.1.1 Dispersão de Poluentes no Ar
Os poluentes lançados na atmosfera sofrem o efeito de processos complexos,
sujeitos a vários fatores, que determinam a sua concentração, no tempo e no
espaço. Assim, a mesma emissão, sob as mesmas condições de lançamento no ar,
pode produzir concentrações diferentes num mesmo local, dependendo das
condições meteorológicas presentes. Os fatores meteorológicos que influenciam o
fenômeno de dispersão atmosférica são, principalmente, a velocidade e a direção
dos ventos, o perfil vertical de temperatura, a umidade do ar, a intensidade da
radiação solar e o regime de chuvas.
A topografia da região exerce papel importante no comportamento dos poluentes na
atmosfera. Fundos de vale são locais propícios para o aprisionamento dos
poluentes, principalmente quando da ocorrência de inversões térmicas. Esses
fenômenos favorecem, sobretudo, a ocorrência do “smog” fotoquímico, pois
impedem a subida dos poluentes, transformando esses locais (fundos de vale) em
verdadeiras câmaras de concentração e de reação. A reatividade dos poluentes é
importante para suas condições de transformações no ar. (MASTERS, 1997 apud
ASSUNÇÃO, 2001)
As chuvas influenciam a qualidade do ar, de maneira acentuada, sendo um
importante agente de autodepuração da atmosfera, principalmente em relação às
partículas presentes na atmosfera, bem como aos gases solúveis ou reativos com a
água. Não se deve esquecer, no entanto, que a lavagem da atmosfera significa a
transposição dos poluentes para o solo e águas superficiais, podendo ocasionar
efeitos deletérios, em especial as águas de chuva consideradas ácidas (“chuvas
ácidas”).
A turbulência da atmosfera exerce um papel importante, no transporte, na difusão e
conseqüente diluição da poluição no ar. A movimentação dos poluentes na direção
horizontal é determinada pela turbulência mecânica, provocada pelo vento,
associada às características topográficas da região. A movimentação, na direção
vertical pode ser atribuída à turbulência térmica, resultante de parcelas de ar
30
aquecido que ascendem da superfície terrestre, sendo substituídas pelo ar mais frio,
em sentido descendente. (MASTERS, 1997 apud ASSUNÇÃO, 2001)
As condições para a ocorrência de instabilidade atmosférica são alta radiação solar
e ventos de baixa velocidade. A estabilidade atmosférica – condição ruim para a
dispersão dos poluentes – ocorre na ausência de radiação solar, ausência de
nuvens e ventos leves. Céu nublado ou ventos fortes caracterizam a condição neutra
da atmosfera. Quanto mais estável a atmosfera, menor será a diluição e o transporte
dos poluentes na atmosfera, contribuindo para o aumento da poluição do ar.
É comum observarem-se diferentes formatos das plumas (“fumaça”) que saem de
uma chaminé, mesmo para a mesma condição de emissão. Isso se deve às várias
condições de estabilidade da atmosfera.
Os movimentos verticais de massas de ar dependem, fundamentalmente, do perfil
vertical de temperatura, ou seja, da variação da temperatura do ar com a altitude. Ar
seco resfria-se à taxa de 1ºC para cada 100 metros de subida na atmosfera (taxa
adiabática seca). Ar úmido resfria-se à taxa de aproximadamente 0,65°C para cada
100 metros de subida na atmosfera (taxa adiabática úmida). Quando a temperatura
do ar aumenta com a altitude, diz-se que há inversão térmica, fenômeno este de
origem natural e não em decorrência da poluição do ar. (MASTERS, 1997 apud
ASSUNÇÃO, 2001)
3.1.2 Poluição Atmosférica Fotoquímica
Nos anos 40 do século passado, um notável fenômeno de poluição atmosférica
começou a impactar a cidade de Los Angeles. O ar ambiente continha poluentes
fortemente oxidantes, lacrimejantes e danosos às plantas, tendo ocorrido em dias
quentes com a presença de luz solar intensa. Patologistas de plantas, da
Universidade da Califórnia, Riverside, observaram um tipo raro de dano à safra
agrícola, nos arredores de Los Angeles, impactada por esta “praga”, e reportaram
como sendo uma forma completamente nova de poluição do ar – o “smog” de Los
Angeles.(MIDDLETON et al, 1950 apud FINLAYSON PITTS, 2000)
31
Efeitos similares foram observados, em laboratório, ao irradiar com luz solar, gases
exauridos de automóveis e diluídos, os quais continham NOx (NO + NO2) e uma
variedade de hidrocarbonetos (HC), em um nítido contraste ao “smog” londrino2.
Outros testes em laboratório, reportados por diversos autores, também reproduziram
os mesmos sintomas e danos às plantas, através da irradiação solar de plantas,
expostas ao ar sinteticamente poluído, contendo alcenos e dióxido de nitrogênio,
conforme demonstra a reação a seguir (FINLAYSON PITTS, 2000)
Orgânicos + NOx + luz solar → O3 + “outros produtos” (1)
Os “outros produtos” citados na reação (1) são: Peroxiacetilnitrato-PAN, Ácido
nítrico-HNO3, aldeídos, sulfatos e nitratos, dentre outros.
Desde então, altos níveis de ozônio foram medidos, em diversas partes do mundo,
como por exemplo, em Atenas, Grécia e em regiões além de Sidney, Austrália, em
relação ao sentido do vento. Na cidade do México foram medidos níveis de ozônio
acima de 400 ppb (FINLAYSON PITTS, 2000).
---------------------------------------------------
2 Episódio ocorrido em Londres, em 1952, com duração de cinco dias, tendo como conseqüência a
ocorrência de cerca de 4000 mortes em excesso, em relação à taxa de mortalidade normal da cidade.
Ocorreu devido à presença de altas concentrações de material particulado como fumaça (smoke) e
dióxido de enxofre ( SO2) na atmosfera, e também devido à presença de condições meteorológicas
desfavoráveis tais como inversão térmica, calmaria e neblina (fog), dando origem ao termo smog
( smog = smoke + fog)
32
3.2 OZÔNIO E MEIO AMBIENTE
O ozônio (O3), é uma forma alotrópica do oxigênio, facilmente preparado em
laboratório, fazendo-se passar ar ou oxigênio entre placas de estanho ligadas por
uma bobina de indução elétrica. Sob influência de descargas elétricas, cerca de 5%
de oxigênio se convertem em ozônio. Também se formam quantidades apreciáveis
de ozônio pela influência de relâmpagos, luz ultravioleta ou faíscas de motores
elétricos.
Os traços de ozônio, encontrados nas camadas inferiores da atmosfera, podem
aumentar mais de dez vezes pela combinação adequada de luz solar com poluentes
industriais e de automóveis, como ocorre sob condições de formação de “smog”. As
quantidades mínimas (0,02 a 0,03 partes por milhão) que ocorrem em áreas não
poluídas, não são nocivas, mas é perigoso respirar ar contendo 0,1 ppm de ozônio,
por períodos muitos longos.(SIENKO; PLANE, 1976).
A camada de ozônio existente na estratosfera é bastante rica; sua presença dificulta
as observações astrofísicas da luz emitida pelas estrelas, porque o ozônio absorve
parte dessa luz, especialmente a de comprimento de onda necessária para a
identificação de elementos não metálicos. Todavia, é a camada de ozônio que
protege a vida contra a destruição causada por estas radiações de curto
comprimento de onda. A preservação desta camada protetora de ozônio contra a
destruição por agentes redutores lançados na atmosfera é, portanto, de alta
prioridade para o Planeta.
Na molécula de ozônio, os três átomos de oxigênio estão ordenados na forma de um
triângulo isósceles, onde dois dos átomos não estão ligados diretamente. Ozônio é
um gás de odor forte e penetrante. Sua solubilidade em água, em moles/litro, é cerca
de 50% mais alta do que a do oxigênio, provavelmente porque O3 é uma molécula
polar, ao contrário do O2. Resfriando-se ozônio a -111,5ºC, forma-se um líquido
azul-escuro, que é explosivo, devido à tendência do O3 de se decompor em O2. A
decomposição é normalmente lenta, mas sua velocidade aumenta rapidamente com
a temperatura ou com a adição de catalisadores. Dentre os agentes oxidantes
comuns, o ozônio é, depois do flúor, o mais poderoso.
33
Ozônio está no centro de muitos problemas ambientais sérios, mas seus efeitos são
muito diferentes, dependendo do local onde são encontrados na troposfera e na
estratosfera, conforme Figura 1 abaixo :
Figura 1 - Concentração de Ozônio como função da altura na atmosfera e uma visão geral de seus efeitos.Fonte: ( SLANINA, J. 2002 ), traduzido pela autora.
Em se tratando de troposfera, a poluição por oxidantes fotoquímicos tem sido
reconhecida, nos últimos anos, como um problema ambiental relevante.
O ozônio é um agente extremamente tóxico, que afeta o crescimento das plantas, a
saúde humana e os materiais, mesmo em concentrações abaixo de valores em ppm.
Outros subprodutos e intermediários de reações fotoquímicas, como, por exemplo, o
peroxiacetilnitrato (PAN), podem ter efeitos similares. (ECE,1991)
EFEITOS do Ozônio dependendo da altitude:
“Ozônio estratosférico (90% do total) filtra os raios UV; perda de ozônio leva ao aumento da incidência de câncer e danos aos ecossistemas”
“Ozônio a baixas temperaturas (tropopausa) é um gás estufa”
“Ozônio na superfície afeta a saúde humana e os ecossistemas”
Alti
tude
(qui
lôm
etro
s)
Ozônio Troposférico
Ozônio Estratosférico(A camada de ozônio)
Quantidade de ozônio(pressão, mili-Pascal)
Onde menos é necessário, é onde mais mais tem
“Smog” de ozônio
Ozônio Atmosférico
34
O ozônio está presente na baixa atmosfera ou troposfera, em faixa de concentrações
usualmente de 20 a 50 ppb, sendo a principal fonte o transporte vertical, a partir da
estratosfera, e produção a partir de óxidos de nitrogênio, compostos orgânicos e
monóxido de carbono, emitidos por processos naturais e antrópicos. Contudo, níveis
bem mais elevados de ozônio e outros oxidantes fotoquímicos são freqüentemente
observados, em áreas urbanas e rurais, resultantes de emissões de compostos
precursores. Além disso, concentrações de ozônio na média atmosfera, acima da
Europa e América do Norte, vêm crescendo a uma taxa de 1% ao ano, devido ao
NOX produzido por atividades humanas e a emissões de outros precursores.
(ECE,1991)
Episódios de poluição fotoquímica (também chamados “smogs” fotoquímicos) são
freqüentemente observados durante o verão, e podem causar irritação nos olhos,
distúrbios respiratórios, prejuízo à colheita e acelerar a deteriorização de materiais.
As concentrações de oxidantes são geralmente maiores em áreas não urbanas do
que em localidades urbanas e são conhecidas como causadoras de prejuízos ou
danos a algumas colheitas e árvores, e a redução de visibilidade é também
associada aos aerossóis fotoquímicos. Devido às suas propriedades oxidantes, os
poluentes fotoquímicos aceleram a conversão do dióxido de enxofre a sulfato. O
ozônio atua também como gás estufa e tem sido calculado que, dobrando a
quantidade de ozônio na troposfera, a temperatura da superfície pode aumentar em
torno de 1ºC. (ECE,1991)
Dados existentes sobre os efeitos do ozônio na saúde levaram a Organização
Mundial da Saúde - OMS a estabelecer diretrizes recomendadas para curtos e
longos períodos de exposição. As diretrizes da OMS estabelecem a faixa de 75 a
100 ppb para 1h de exposição e 50 a 60 ppb para 8h de exposição. Os níveis
críticos e diretrizes, para efeitos de longos períodos de ozônio sobre a vegetação,
variam de 30 ppb durante a fase de crescimento, até 100 ppb para 1h de exposição.
Níveis de ozônio mais altos do que os acima recomendados para a saúde humana
ou proteção à vegetação são observados em áreas urbanas e em áreas rurais
(ECE,1991).
35
Em nível global, as concentrações de ozônio têm aumentado significativamente, ao
longo do último século, coincidindo com o aumento do uso de combustíveis fósseis e
associadas ao aumento das emissões de NOx. Há um século atrás, os níveis de
ozônio estiveram em torno de 10 – 15 ppb, bem abaixo da faixa de 30 a 40 ppb,
medidos atualmente ao redor do mundo (FINLAYSON PITTS, 2000).
3.3. PRECURSORES DE OZÔNIO
O conhecimento acerca dos mecanismos físico-químicos e do papel desempenhado
pelos compostos precursores, que levam ao aumento da poluição fotoquímica, é
uma consideração essencial, quando são planejadas ações para o controle da
poluição do ar.
Numerosos estudos foram realizados com o objetivo de identificar os mecanismos
de reação e as várias famílias de compostos envolvidos neste fenômeno. Esses
estudos têm mostrado que a produção de oxidantes fotoquímicos envolve mais de
uma centena de reações químicas, sendo que várias constantes de velocidade
dessas reações são conhecidas apenas aproximadamente (ECE, 1991).
Apesar da poluição fotoquímica ter sido identificada, pela primeira vez, nos arredores
de Los Angeles, ela é hoje reconhecida como um grande problema mundial, em
áreas onde emissões de compostos orgânicos voláteis (VOC) e de óxidos de
nitrogênio (NOx), a partir de fontes móveis e estacionárias, são aprisionadas por
inversões térmicas e irradiadas pela luz solar, durante o seu transporte pelo vento
para outras regiões (FINLAYSON PITTS, 2000).
Hoje em dia, em muitas das grandes áreas urbanas ao redor do mundo, a poluição
do ar é caracterizada pela formação do ozônio e outros oxidantes. Nessas regiões,
os principais poluentes são NOx (principalmente NO) e compostos orgânicos voláteis
(VOC), que sofrem reações fotoquímicas na presença de luz solar, para formar um
conjunto de poluentes secundários (O3, PAN, HNO3, aldeídos, sulfatos e nitratos
particulados etc), dos quais o mais proeminente é o O3 (FINLAYSON PITTS, 2000).
36
Certos aspectos, reprodutíveis em perfis de concentração vs. tempo para poluentes,
são observados em ambientes de ar poluído, conforme mostrado na Figura 2, um
exemplo clássico que mostra os perfis para NO, NO2 e oxidantes totais
(principalmente O3) em Pasadena, Califórnia, durante um episódio severo de
poluição fotoquímica, em julho de 1973:
Figura 2: Variação, em um período de 24h, de NO, NO2 e oxidantes totais em
Pasadena, Califórnia,1973 ( adaptado por Finlayson-Pitts, 1977)
Desta forma, observa-se que, próximo de um centro urbano, o O3 alcança um
máximo por volta do meio-dia, ou seja, quando há maior incidência de radiação
solar, pouco tempo após o pico do NO2. Em áreas afastadas de centros urbanos, os
perfis são deslocados e o pico de O3 pode acontecer à tarde, ou mesmo após o
anoitecer, dependendo das emissões e de fenômenos de transporte do ar.
Então, apesar do O3 não mais se formar após o por do sol, uma massa urbana de ar
poluída, contendo O3 e outros poluentes secundários formados durante o dia, podem
ser transportados, por muitos quilômetros, para uma diferente e relativamente limpa
área rural (FINLAYSON PITTS, 2000).
Uma complicação associada ao conhecimento e controle da poluição fotoquímica é o
comportamento não linear da formação do ozônio, como demonstra a Figura 3, que
apresenta as concentrações de ozônio como uma função das emissões de NOx e
VOC reativos.
37
Como pode ser visto na Figura 3, a situação correspondente a uma emissão de 8 x
10-11 moléculas por cm2 de NOx é avaliada como exemplo. Se a emissão de VOC é
alterada de 0 a 1x10-11 moléculas por cm2, a concentração de ozônio (linhas curvas
na parte central do gráfico) aumenta rapidamente para próximo a 80 •g.m-3.
Aumentando-se as emissões de orgânicos de 1x10-11 moléculas por cm2 para o nível
de 3x10-11 moléculas por cm2, então a concentração de ozônio aumenta numa
velocidade mais lenta, de 80 to 150 •g.m-3.
Aumentos adicionais das emissões de orgânicos vão apenas levar a aumentos
irrisórios da concentração de ozônio. O sistema será então limitado pelo NOx ,e a
concentração de ozônio não mais será uma função da concentração ambiente de
compostos orgânicos reativos. A linha mais espessa separa os regimes limitados por
NOx (superior esquerdo) e limitados por hidrocarbonetos ( inferior direito).
Figura 3: Concentração de ozônio (ppbv) simulada em um modelo fotoquímico
regional como função de NOx e de emissões de hidrocarbonetos. (Adaptado de
Sillman S., et al, J.Geophys. Res., 95,1837-1852, 1990. apud SLANINA, J., 2002),
traduzido pela autora.
38
3.3.1 VOC - Compostos Orgânicos Voláteis
Conforme dito anteriormente, os compostos orgânicos voláteis contribuem para a
formação de oxidantes fotoquímicos, atuando como precursores de ozônio e outros
poluentes gerados “fotoquimicamente”. A sua degradação é um processo de foto-
oxidação complexo e multiestágio, no qual outros componentes atmosféricos,
especialmente NOx, estão envolvidos (ECE, 1991).
Fontes de VOC e suas concentrações na atmosfera
Compostos orgânicos são importantes poluentes atmosféricos primários, emitidos
tanto de fontes naturais como antrópicas. Fontes naturais de compostos orgânicos,
em geral, respondem por emissões que incluem alcanos, em particular metano
produzido pela fermentação anaeróbica da matéria orgânica, alcenos tais como
eteno, isopreno e monoterpenos emitidos pela vegetação. Os Compostos Orgânicos
Voláteis -VOC emitidos por atividades humanas incluem hidrocarbonetos saturados
e insaturados, lineares e cíclicos ramificados ou não, HC aromáticos, aldeídos,
cetonas, ésteres, éteres, ácidos e seus derivados halogenados.
A mais importante fonte de VOC produzidos pelo homem resulta, em áreas urbanas,
da combustão incompleta de combustível, exauridos de motores de veículos.
Emissões naturais de VOC são estimadas, por alguns autores, em níveis mundiais,
em torno de 2 X 106 toneladas por ano (incluindo metano). Poucos dados estão
disponíveis quanto a emissões de VOC a partir de atividades humanas, numa escala
global. Na Europa, de acordo com o inventário de emissões da Organização para
Cooperação Econômica e Desenvolvimento–OECD, para 12 países3, fontes naturais
(não incluindo metano) são estimadas emitirem 3 X 106 t/ano, enquanto as emissões
por fontes antrópicas estão em torno de 8 X 106 t/ano, sendo 50% de fontes móveis,
seguido do uso de solventes com aproximadamente 30% e processos industriais e
estocagem, transferência e distribuição de gasolina, ambos com 5% (ECE, 1991).
-----------------------------------------------3 Áustria, Dinamarca, Finlândia, França, Inglaterra, Itália, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Suécia,
Suíça, Alemanha.
39
A composição química e a concentração de VOC na atmosfera variam
consideravelmente no tempo e no espaço. Emissões por atividades humanas são
predominantes, em grandes centros urbanos e zonas industrializadas, onde as
concentrações de VOC são bem acima dos níveis naturais. Existe incerteza sobre a
contribuição relativa das atividades humanas, em áreas rurais (ECE, 1991).
Historicamente, compostos orgânicos na atmosfera têm sido medidos como
hidrocarbonetos não metânicos (NMHC). Isto de deve ao fato do metano ser oxidado
de forma relativamente lenta na atmosfera e, em curto prazo (por ex. horas), não
contribui significativamente para a produção do ozônio, quando comparado com
outros orgânicos (com algumas exceções, por ex. CFC).
Como resultado, em termos da formação de smog em áreas urbanas e rurais, o
metano tem sido excluído e o foco de controle tem sido no conjunto de orgânicos de
maior peso molecular.
Contudo, com o reconhecimento de que uma variedade de compostos orgânicos
(por ex. aldeídos), e não apenas os hidrocarbonetos, são importantes na troposfera,
terminologias alternativas passaram a ser usadas e, destas, o termo VOC é o mais
comum, reconhecendo que certas espécies voláteis tais como os CFC - Cloro Flúor
Carbonos, não estão incluídas.
40
A Figura 4 mostra a distribuição das fontes antrópicas de emissões de VOC nos
Estados Unidos, em 1996, num total de 17 Tg (1 Tg = 1012 g = 1 milhão de
toneladas). (EPA, 1997).
Figura 4: Contribuição de várias fontes para o total de emissões antropogênicas de
VOC, nos Estados Unidos, em 1996 ( EPA, 1997).
Fonte : (FINLAYSON PITTS, 2000).
No Brasil, estudos mais apurados sobre emissões de VOC, bem como seu controle
a nível industrial são bastante escassos, sem falar na inexistência de legislação que
trate sobre o tema.
Nos Estados Unidos, o próprio órgão ambiental federal ( EPA – Environmental
Protection Agency) elabora métodos, reconhecidos mundialmente, para o cálculo e
controle das emissões atmosféricas, durante as operações da carga e descarga de
caminhões-tanque, vagões-tanque e embarcações, assim como exige a utilização
desses métodos por parte das empresas. Países da comunidade européia também
aplicam métodos americanos, além de desenvolverem tecnologias próprias de
controle e recuperação de VOC ( CONCAWE, 2002, apud MARTINS, 2004)
Miscelâneos3%
Estocagem e transporte
7%
Máquinas e veículos de
não-rodagem
13% Veículos de rodagem
29%
Utilização de
Solventes33%
Todos os outros 15%
41
3.3.2 NOx – Óxidos de Nitrogênio
Os Óxidos de Nitrogênio (NOx) são compostos formados pelo Monóxido de
Nitrogênio (NO), Dióxido de Nitrogênio (NO2) e outros compostos nitrogenados em
parcelas percentuais menores. Mais de 95% do NOx é composto por Monóxido de
Nitrogênio ou Óxido Nítrico (NO) e menos de 5% de Dióxido de Nitrogênio (NO2). De
acordo com diversos autores, quando o NO é emitido na atmosfera, ocorrem
transformações fotoquímicas de NO para NO2, de forma lenta e parcial.
Fontes de NOx e suas concentrações na atmosfera
Os óxidos de nitrogênio são emitidos para a atmosfera tanto de fontes naturais como
antrópicas. Os motores de combustão interna, plantas de geração de energia e de
produção de fertilizantes nitrogenados são exemplos de fontes antrópicas de óxidos
de nitrogênio.
Veículos são a principal fonte de Óxido Nítrico (NO), e do seu produto de oxidação, o
Dióxido de Nitrogênio (NO2) (ALLOWAY,1993).
Conforme mencionado anteriormente, NOx consiste basicamente de NO e NO2 e são
produzidos em todos os processos de combustão pela oxidação de N2 do ar e do
nitrogênio presente no combustível.
O NO2 é associado a causar bronquites, pneumonia, susceptibilidade a infecções
virais e alterações do sistema imunológico. E também contribui para a chuva ácida,
smog urbano e ozônio.
A Figura 5 ilustra as várias transformações químicas do NO, na atmosfera, que
levam a problemas de poluição do ar.
Pode-se observar que o NO é o ponto de partida para todos os outros óxidos de
nitrogênio. NO não é produzido apenas pela queima de combustíveis fósseis, mas
também por descargas atmosféricas, decomposição microbiana de proteínas no
solo, e atividades vulcânicas.
42
Uma vez produzido, NO é rapidamente oxidado pelo ozônio, OH, ou radicais HO2 ,
para formar outros óxidos de nitrogênio mais pesados, tais como NO2, HNO2, e
HO2NO2.
Então, se for evitada a entrada de NO para a atmosfera, a maioria dos efeitos
resultantes da poluição por NOx pode ser eliminada. Existem várias tecnologias
comerciais de remoção de NOx que incluem a remoção absortiva, térmica e
catalítica. (ARMOR, 1994)
Figura 5 : Ciclo do nitrogênio no ambiente
Fonte: (ARMOR,1994)
De acordo com Finlayson Pitts (2000), NOx é a soma de (NO+NO2) e NOy a soma
de todas as espécies reativas contendo nitrogênio, ou seja, NOy = (NO + NO2 +
HNO3 + NO3 + N2O5 + nitratos orgânicos etc.).
De longe, a mais significativa espécie emitida a partir de processos antropogênicos,
é o óxido nítrico (NO), produzido quando N2 e O2 do ar reagem, durante processos
de combustão a altas temperaturas. Adicionalmente, algum NOx é formado a partir
do nitrogênio presente no combustível. Pequenas quantidades de NO2 são
produzidas pela oxidação adicional do NO. Quantidades traço de outras espécies
nitrogenadas, tais como o ácido nítrico-HNO3 , também são formadas.
43
A fração do total de NOx , que é emitido como NO, claramente depende das
condições associadas ao processo de combustão específico. Enquanto a maioria
(tipicamente >90%) do NOx emitido considera-se ser na forma de NO, a fração de
NO2 pode variar desde menos do que 1% até mais do que 30%.
A Figura 6 mostra a contribuição de várias fontes para as emissões totais
antropogênicas de NOx, no valor de 21 Tg (expressas como NO2), nos Estados
Unidos, em 1996 (1 Tg = 1012 g ). Estes valores podem ser comparados com o total
global de emissões antropogênicas de NOx, de 72 Tg (expressa como NO2)
(FINLAYSON PITTS, 2000).
Veículos de rodagem
30%
Combustão para geraçao
de energia28%
Máquinas e veículos de
não-rodagem19%
Combustão Industrial
13%
Combustão Outras Fontes
5%
Todos os outros
5%
Figura 6 : Contribuição de várias fontes para o total de emissões antrópicas de NOx
nos Estados Unidos, em 1996 (EPA, 1999).
Fonte: (FINLAYSON PITTS, 2000).
44
A Tabela 1 mostra uma estimativa para as emissões naturais e antropogênicas de
NOx, em uma escala global, assim como para CO, CH4 e VOC. Verifica-se que a
queima de biomassa e emissões biogênicas de NO são comparáveis uma com a
outra e, juntas, equivalem a aproximadamente metade das emissões
antropogênicas.
Tabela 1 - Estimativas de emissões globais de CO, NOx, CH4 e VOC
Fontes antrópicas
(Tg/ano)
Queima de biomassa
(Tg/ano)
Fontes biogênicas continentais a
(Tg/ano)
Oceanos
(Tg/ano)
Total
(Tg/ano)
CO 383 730 165 165 1440NOx
b 72 18 22 0,01 122CH4 132 54 310 10 506VOC 98 51 500 30 - 300 750
a Inclui emissões animais, microbiológicas e da vegetação.b Expresso como NO2
Fonte : (FINLAYSON PITTS, 2000).
45
3.4 MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS E PRODUÇÃO MAIS LIMPA
3.4.1 Prevenção da Poluição
Os caminhos para a não geração de resíduos são vários: devemos repensar as
matérias primas que utilizamos e rever os processos de fabricação, discutindo
porque estes geram perdas de material e energia, e considerando se algumas
dessas perdas, devidamente processadas, não seriam insumo para outros
processos. Devemos ainda, estudar o transporte de insumos e produtos, as
embalagens e a vida útil dos produtos e o destino destes, pós-consumo. Todas
essas ações resultam na prevenção da poluição (KIPERSTOK,2002b).
A prevenção da poluição representa um novo paradigma para equacionar o
problema da poluição, pois transfere o eixo da discussão dos limites da fábrica, onde
se implantam as chamadas “soluções fim-de-tubo”, para o interior do processo
produtivo. Para tal, torna-se necessário identificar as causas da geração de
resíduos, que estão normalmente associadas às falhas no processo produtivo. Gerar
resíduos implica em custos adicionais com: perdas de matéria-prima, custos para
tratamento e disposição final (KIPERSTOK,2002b).
3.4.2 Minimização de Resíduos
Tradicionalmente, confunde-se o conceito de tecnologias ambientais com o de
tecnologias utilizadas para se adequarem emissões atmosféricas, efluentes líquidos
e resíduos sólidos à capacidade de recepção dos respectivos corpos receptores no
entorno dos pontos de lançamento. Mais recentemente, essas tecnologias, por sua
localização física com relação ao processo produtivo, têm sido denominadas de “fim
de tubo” (KIPERSTOK,2003).
A ação “fim de tubo” aplica-se depois dos resíduos terem sido gerados e parte do
princípio de que estes são inevitáveis. Os desperdícios associados a essa forma de
pensar são evidentes. Admite-se, com naturalidade, que uma parte da matéria-prima
que abastece o processo produtivo será, inevitavelmente perdida, na forma de
46
emissões indesejáveis, para o meio ambiente, gerando, dessa maneira, impactos
tanto ambientais quanto econômicos (KIPERSTOK,2003).
É bem fácil verificar que resíduos e emissões são matérias primas e de processo,
que não foram transformadas em produtos comercializáveis ou em matérias primas
a serem usadas como insumo em outro processo de produção. Eles incluem todos
os materiais sólidos, líquidos e gasosos que são emitidos no ar, na água ou no solo,
bem como o ruído e a emissão de calor. Deve-se considerar que o processo de
produção também compreende atividades que, freqüentemente, são esquecidas ou
se tende a esquecer, como manutenção, serviços, limpeza e atividades
administrativas. (TECLIM, 2001)
Minimizar resíduos e emissões, portanto, também significa aumentar o grau de
utilização das matérias primas e da energia, usada para a produção (aumentando a
eficiência ecológica), até que se garanta um procedimento “livre” de resíduos e
emissões, entendendo que o termo “livre” é uma situação ideal.
Assim, a minimização de resíduos precisa ser vista não apenas como uma meta
ambiental, mas, principalmente, um programa orientado para aumentar o grau de
utilização dos materiais e conseqüentemente a produtividade, o que inclui:
- aumentar a eficiência ecológica da empresa, transformando toda a matéria prima
em produto;
- beneficiar-se das vantagens comerciais, aumentando a competitividade;
- minimizar custos de re-trabalho;
- reduzir o impacto ambiental no processo produtivo (KIPERSTOK,2002a)
Uma diferença essencial entre a gestão convencional de resíduos e a gestão com
foco na produção mais limpa está no fato da produção mais limpa não tratar
simplesmente do sintoma, mas tentar atingir a raiz do problema. Assim, ao invés de
perguntar o que fazer com os resíduos e emissões existentes, se procura conhecer
de onde vêm os resíduos e emissões e por que se transformaram em resíduos
(TECLIM, 2001).
47
A minimização de resíduos e emissões passa, portanto, por uma mudança
estratégica que se configura, na verdade, em uma necessária correção de rota, em
sentido contrário ao do abatimento dos resíduos, rumo à prevenção da poluição e,
num contexto mais amplo, à ecologia Industrial e ao tão debatido consumo
sustentável. A produção mais limpa apresenta-se, pois, como o caminho no sentido
desta mudança e do aumento da produtividade dos processos.
Todas essas abordagens recentes sobre minimização de resíduos têm conceitos
fundamentados em publicações da década de 80 do século passado, a exemplo de
EPA (1988), que já definia a minimização de resíduos como um termo que inclui
duas estratégias para o gerenciamento de resíduos, que são: 1) Redução na fonte,
que inclui a redução da quantidade de resíduos na fonte, por meio de mudanças nos
processos industriais, e 2) Reciclagem, que inclui reuso e reciclo de resíduos para o
propósito original ou para outras finalidades tais como recuperação de materiais ou
produção de energia.
A consecução de níveis superiores de produtividade no uso dos recursos naturais
pressupõem uma evolução no sentido indicado na Figura 7 :
Disposição de resíduos
Tratamento
Melhoria na Operação
Modificação do processo
Modificação do produto
Consumo Sustentável
Reciclagem
Ecologia Industrial
Prevenção
Fim de Tubo
Figura 7 – Evolução das práticas ambientais
Fonte : (KIPERSTOK & MARINHO, 2001 apud KIPERSTOK, 2003).
48
De acordo com KIPERSTOK (2003), nos degraus mais baixos da escada encontram-
se as denominadas medidas “fim de tubo”. Neles, assume-se que os resíduos são
inevitáveis e procura-se apenas reduzir o impacto do seu lançamento no meio
ambiente. Para isto se gasta energia e outros insumos.
Nos degraus intermediários estão apresentadas medidas que procuram modificar o
próprio processo produtivo, dentro de uma fábrica ou cadeia produtiva. Procura-se
identificar perdas e ineficiências, que acabam se transformando em impactos
ambientais, de forma a corrigi-las na fonte. Este tipo de enfoque visa prevenir a
geração de resíduos, aproveitando melhor as matérias primas e energia. Além de
reduzir o impacto nos pontos de lançamento, reduz-se o impacto causado na
extração das matérias primas.
Nos degraus mais altos incluem-se medidas para as quais há necessidade de uma
maior articulação, tanto com o mercado consumidor como com outros setores
produtivos. Procura-se otimizar todo o mecanismo econômico-social para que este
funcione articulado e respeitando a capacidade de suporte do nosso planeta.
(KIPERSTOK, 2002; KIPERSTOK;MARINHO, 2001, apud KIPERSTOK, 2003)
3.4.3 O Diagrama de Produção mais Limpa
Esse diagrama, demonstrado na Figura 8, detalha diversas técnicas aplicáveis na
prevenção da poluição, incluindo algumas medidas “fim de tubo”, e abrangendo
ainda ações voltadas para a modificação do produto de forma a minimizar o impacto
ambiental causado, não apenas na sua fabricação, mas também no seu uso e
descarte. A lógica implícita nesse organograma aponta para a consecução de
maiores ganhos ambientais e econômicos, à medida que se evolui das práticas “fim
de tubo” (à direita do gráfico) para as medidas de redução na fonte (à esquerda do
gráfico). Esta regra heurística confirma-se em diversos casos e é utilizada por
programas de prevenção da poluição e produção mais limpa nacional e
internacionalmente (USEPA, 1992; CETESB, 1998; GTZ, 1988; FUNDAÇÃO
VANZOLINI, 1998; LA GREGRA et al, 1994, apud KIPERSTOK, 2003).
49
As bases do Diagrama P+L, apresentado abaixo, também podem ser observadas
em EPA (1988), que apresenta técnicas para minimização de resíduos, abrangendo
Redução na Fonte e Reciclagem.
TÉCNICAS PARA REDUÇÃO DA POLUIÇÃO
ORDEM DE APLICAÇÃOPRIMEIRO NO FIM
DESEJÁVEL DO PONTO DE VISTA AMBIENTALALTAMENTE POUCO
REDUÇÃO NAFONTE
TRATAMENTO DERESÍDUOS
RECICLAGEM INTERNA EEXTERNA
CONTROLE NAFONTE
MUDANÇAS NOPRODUTO
Substituição do produtoConservação do produtoAlterações na composiçãodo produto
REGENERAÇÃO E REUSO
Retorno ao processo originalSubstituto da matéria primapara outro processo
RECUPERAÇÃO
Processamento pararecuperação de materialProcessamento como sub-produto
MUDANÇA NOSINSUMOS
Purificação de materiaisSubstituição de materiais
MUDANÇAS NATECNOLOGIA
Mudanças no processoMudanças no equipamento,na tubulação ou layoutMaior automaçãoMudanças nas condiçõesoperacionais
BOAS PRÁTICASOPERACIONAIS
Procedimentos apropriadosPrevenção de perdasPráticas gerenciaisSegregação de correntes deresíduosMelhorias no manuseio dosmateriaisProgramação da produção
SEPARAÇÃO ECONCENTRAÇÃO DE
RESÍDUOS
BOLSA DE RESÍDUOS
RECUPERAÇÃO DEENERGIA OU MATERIAL
INCINERAÇÃO
DISPOSIÇÃO FINAL
Prevenção Fim de Tubo
Fonte: adaptado de LaGrega, 1994
Figura 8 – Diagrama P+L : Técnicas para Redução da Poluição
Fonte : (KIPERSTOK, 2003)
Do organograma, quanto mais à esquerda, ou mais no alto, mais desejável é a
atitude ou a tecnologia. Esta ordem representa um indicativo para o levantamento de
alternativas de intervenção.
As ações relacionadas a mudanças no produto e no processo (nos insumos, na
tecnologia e boa manutenção) estão associadas à redução de resíduos na fonte e
devem, portanto, ser priorizadas. Em seguida, devem ser consideradas as medidas
relativas à reciclagem interna (nos limites da empresa), partindo-se então para as
medidas efetuadas fora da empresa, na forma de reciclagem externa e, por último,
as medidas denominadas de “fim de tubo” (tratamento, recuperação, incineração,
disposição)
50
Apresenta-se a seguir, um breve resumo sobre alguns itens do organograma, de
modo a permitir a identificação e classificação das ações, que farão parte dos dados
analisados no presente trabalho.
a) Modificação no produto
A modificação de um produto, para evitar a geração de resíduo, depende de uma
avaliação de mercado e requer uma visão de longo prazo por parte do produtor.
Trata-se de uma tendência futura, considerada pelos ecologistas industriais, que
exige uma mudança na forma como se produz atualmente. Contudo, oportunidades
de menor complexidade podem surgir se esta opção for considerada ( KIPERSTOK,
2002b).
A título de ilustração, alguns exemplos de mudança no produto são: substituição de
produto (uso de lâmpadas que economizam energia); aumento de longevidade
(acumuladores em vez de baterias; proteção melhorada contra corrosão); troca de
materiais (substitutos do CFC em agentes refrigerantes); uso de aparas como
material de enchimento; modificação do design do produto (novo design para
minimizar cortes) etc. (TECLIM,2001)
b) Modificações no Processo
Mudança de insumos
O controle da poluição na fonte, obtida mediante mudança no uso de insumos,
corresponde à substituição de matérias primas e auxiliares de processo.
As matérias primas e auxiliares de processo, que são tóxicas ou têm diferentes
dificuldades para reciclagem, podem, muitas vezes, ser substituídas por outras
menos prejudiciais, ajudando assim a reduzir o volume de resíduos e emissões.
Um exemplo clássico é a utilização de petróleo e gás natural com baixo teor de
enxofre, em substituição ao carvão na alimentação de sistemas termelétricos, como
51
resultado do Plano Nacional do Reino Unido para a Redução de Emissões de SOx e
NOx. (KIPERSTOK, 2002b)
Outros exemplos podem ser citados, como: substituição de tintas à base de óleo por
tintas à base de água ou substituição de solventes orgânicos por produtos em base
aquosa; uso de produtos químicos na forma de “pellets” em vez de pó; substituição
de produtos petroquímicos por bioquímicos (tingimentos naturais); uso de materiais
biodegradáveis; uso de materiais menos tóxicos (galvanização livre de cianeto);
substituição de solventes halogenados; uso de substâncias livres de metal pesado
(tintas e vernizes sem chumbo e cádmio) etc. (TECLIM,2001)
Mudanças na tecnologia
Medidas de cunho tecnológico podem ser aplicadas visando a evitar perdas, reduzir
consumo de energia e quantidade de resíduos gerados num processo de produção.
Freqüentemente estas medidas precisam ser combinadas com boas práticas
operacionais e o uso de matérias primas / insumos modificados. (KIPERSTOK,
2002b)
Modificações tecnológicas podem ir de simples atividades de reconstrução até
mudanças que incluam todo o processo de produção. Também estão incluídas
medidas para economia de energia.
As melhorias,em termos de minimização de resíduos que podem ser obtidas através
de modificações tecnológicas, estão disponíveis em grande número, podendo ser
agrupadas, dentre outras, em ações que visam: redução do consumo de energia;
uso eficiente de energia; aumento da vida útil dos produtos químicos / materiais; co-
geração de calor e eletricidade; recuperação de calor; recuperação e reutilização de
materiais (água); condições de processo melhoradas / otimizadas resultando num
maior rendimento da produção etc. (TECLIM 2001; KIPERSTOK, 2002b)
Uma tendência recente, em termos de mudanças tecnológicas, é a inserção da
variável ambiental na etapa de síntese dos processos, através da análise e
52
identificação das fontes geradoras de resíduos e emissões e seus possíveis
impactos ao meio ambiente.
Os métodos hierárquicos são propostos com esse objetivo, estabelecendo
prioridades para fazer uma síntese de processos e identificar as fontes geradoras de
resíduos.
Neste sentido, autores como Linnhohf, Smilh e Petela (1992), citados por
KIPERSTOK (2002a), propõem o método da “cebola”, que consiste numa análise de
resíduos gerados através de uma auditoria, nas etapas de síntese de processo, de
acordo com a seguinte ordem de prioridades: reator, sistemas de separação, redes
de transferência de calor e sistemas de utilidades.
O método das decisões hierárquicas de Douglas (1992) traz uma abordagem
diferente, a partir da organização do próprio trabalho de síntese, estabelecendo
níveis para avaliação e tomada de decisões, no sentido de identificar problemas
potenciais de poluição e buscar alternativas tecnológicas para o desenvolvimento de
processos limpos. Assim, as decisões, avaliadas e tomadas em cada nível, podem
alterar uma corrente de entrada ou saída do sistema.
Essas correntes podem ser causa de poluição. Ao limitá-las ainda no projeto
conceitual, obtém-se a minimização do resíduo, que é o objetivo do método.
(PONTES, 2000)
A necessidade de otimização energética, imposta pela crise de petróleo dos anos
70, obrigou a indústria e centros de pesquisa a desenvolver metodologias para essa
finalidade.
Esses métodos, aplicados na otimização de redes de transferência de calor e
síntese de redes de transporte de massa, levam a reduções substanciais nos custos
de capital, operacionais e ambientais, relacionados aos sistemas de aquecimento e
águas de refrigeração, tratamento e disposição de efluentes. (KIPERSTOK, 2002a)
Outros aspectos a serem considerados na modificação de processo ou da sua
tecnologia, para prevenir a geração de poluição são citados por Kiperstok (2002b):
53
- melhor especificação final dos produtos;
- redução na produção de produtos secundários de menor valor e resíduos;
- desenvolvimento dos sistemas de controle;
- maior recuperação, maior tempo de vida;
- reciclabilidade;
- menor impacto no descarte;
- utilização de novas técnicas de extração e separação, visando à eliminação do uso
de solventes orgânicos e maior eficiência no retorno de subprodutos a processo:
extração supercrítica, membranas, osmose reversa, ultrafiltração e eletro-diálise.
Boas práticas operacionais
Essas ações envolvem o uso cuidadoso de matérias primas e de processo,
associado à adequada manutenção, incluindo mudanças organizacionais, como por
exemplo: treinamento e motivação do pessoal, mudanças na operação dos
equipamentos, instruções de manuseio para materiais e recipientes, etc. Esses tipos
de medidas são, na maioria dos casos, economicamente mais interessantes e pode
ser muito fácil colocá-las em prática (TECLIM, 2001).
Piotto (2003) observa que boas práticas de operação incluem adequada
manutenção e uma gestão administrativa voltada para a redução das emissões e da
geração de resíduos, compreendendo as seguintes práticas:
Ø Treinamento e conscientização de funcionários, programas de estímulo à redução
de resíduos e emissões;
Ø Estocagem e programação adequada do uso de materiais, evitando perdas de
produtos por danos ou por excederem prazos de validade;
Ø Controles adequados das perdas, evitando e minimizando vazamentos e
transbordos;
Ø Segregação de resíduos para evitar contaminação com os demais, ou mesmo
inviabilizar sua reutilização ou recuperação;
Ø Contabilização dos custos de tratamento das emissões e da disposição dos
resíduos e sua apropriação nas áreas geradoras;
Ø Programação de produção adequada visando minimizar as perdas, principalmente
em processos produtivos intermitentes (ou batelada).
54
Desta forma, verifica-se que a implementação de boas práticas operacionais
depende, de um lado, de uma gestão que priorize a minimização de resíduos e, por
outro, do desenvolvimento de um olhar crítico perante o próprio processo produtivo,
no âmbito da organização.
Nesse contexto destacam-se ainda algumas idéias, aplicáveis a qualquer indústria,
tais como: isolamento de tubulações condutoras de fluidos quentes, limpeza e
manutenção de trocadores de calor, uso de pontos de aquecimento em tubulações
longas e áreas de estocagem (KIPERSTOK,2002b).
Além dos exemplos citados, vale mencionar mais algumas medidas incluídas neste
item, por se considerar que aqui é permitida uma das abordagens mais eficientes
que se caracteriza, na maioria dos casos, pelo baixo custo de investimento e de
grande potencial de economia. São elas: mudança na dosagem/ concentração
(redução de fatores de segurança); reorganização dos intervalos de limpeza e
manutenção; evitar perdas devido a evaporação e vazamento; compra, estocagem e
distribuição melhoradas; reavaliação do fluxo de material; aumento do uso das
capacidades do processo (operação contínua de maquinário e desligamento
momentâneo de equipamentos); informações melhoradas (conscientização,
treinamento, instruções de operação, definição de responsabilidades, etc)
(TECLIM,2001).
c) Reuso - Reciclagem Interna / Externa
Esgotadas as idéias para redução na fonte, passa-se a pensar o reuso e reciclagem
de resíduos gerados. Normalmente se define reuso como sendo o aproveitamento
de um resíduo ou efluente, diretamente em outro processo, sem que para isto haja
necessidade de promover qualquer adequação das suas características. Já
reciclagem seria o aproveitamento do resíduo a partir de uma modificação das suas
características para atender os requisitos de outro processo (KIPERSTOK, 2002b).
A ênfase aqui é para o reuso e reciclagem de forma a se aproveitar o maior valor
agregado de uma corrente residual. Normalmente é mais proveitoso se esgotar as
55
alternativas de reuso – reciclagem internas ao processo antes de se pensar em
alternativas externas.
A Reciclagem está, portanto, associada à regeneração e reuso, que pode resultar no
retorno ao processo original de produção ou como insumo em outro processo, bem
como está associada à recuperação e uso parcial do resíduo, tanto internamente
(Reciclagem Interna ), como fora da empresa ( Reciclagem Externa).
Assim, TECLIM (2001) cita as seguintes medidas, no contexto do reuso –
reciclagem:
Ø Reutilização: utilização renovada de um material ou produto para o mesmo
propósito. Ex: recuperação de solventes usados para o mesmo propósito,
embalagens retornáveis;panos de limpeza laváveis; reciclagem eletrolítica ou
química de soluções químicas cáusticas.
Ø Utilização posterior: utilização de um material ou produto para um propósito
diferente. Ex: uso de uma acetona solvente somente para propósitos de limpeza;
uso de resíduos de verniz para pintura de partes não visíveis (por exemplo para
revestimento inferior).
Ø Downcycling: exploração adicional de um material para outro propósito,
geralmente de qualidade inferior. Ex: resíduos plásticos ou de papel para
enchimentos de embalagens.
Ø Recuperação: uso parcial de uma substância residual. Ex: recuperação da prata
dos produtos fotoquímicos.
d) Fim de Tubo
As ações denominadas de “fim de tubo” estão associadas àquelas soluções
adotadas após os resíduos terem sido gerados, partindo do princípio de que estes
são inevitáveis. Esse tipo de medida apenas reduz o impacto do lançamento do
resíduo no meio ambiente. Para isto se gasta energia e outros insumos.
56
Ao analisarmos a proposta de La Grega, através do estudo das medidas previstas
no organograma constante da Figura 8, observa-se que a prevenção da poluição
privilegia a ação dentro de um determinado processo ou empresa. A demanda por
níveis de eco-eficiência mais altos não pode, porém, descartar abordagens mais
amplas.
O conceito de ecologia industrial permite sistematizar esta nova abrangência. Ele
aborda cadeias produtivas como um todo, assim como regiões ou países,
concebendo-os como estruturas complexas, que recebem insumos materiais e
energéticos, transformando-as em produtos e serviços úteis para a sociedade e
resíduos indesejáveis. A partir desta abordagem, procura-se identificar inter-relações
entre os atores envolvidos de forma a maximizar-se a produtividade dos recursos
naturais, minimizando o consumo destes e, conseqüentemente, a produção de
resíduos (KIPERSTOK, 2003).
57
4 A QUALIDADE DO AR NO PÓLO DE CAMAÇARI
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO PÓLO
O Pólo Industrial de Camaçari está localizado em torno da latitude 12º 40’ S e da
longitude 38º 20’ W, próximo ao litoral baiano e a uma distância de cerca de 50 Km a
Norte-Nordeste (NNE) da cidade de Salvador. (CETREL,2004).
O relevo da região onde se situa o Pólo é caracterizado por ser quase plano, com
poucas e suaves elevações, com destaque para colinas mais elevadas à oeste e a
nordeste, em oposição ao litoral a sul e a sudeste. Estas características certamente
são condicionantes da circulação do vento na região do Pólo e arredores. Em
especial, as colinas ao norte e a nordeste impõem um ciclo de ventos anabáticos
(ventos que sobem as colinas nas horas mais quentes do dia) e de ventos
catabáticos (ventos que descem as colinas frias durante a noite e a madrugada).
Estes ventos interagem com as circulações de grande escala e de mesoescala da
região, aí incluídos os ventos alísios e as brisas de mar e de terra. Por exemplo, a
convergência dos ventos catabáticos, nas primeiras horas da manhã, com os alísios
ajudam a explicar a maior freqüência de nuvens e de precipitação leve pela manhã,
que caracterizam a região. (CETREL, 2003)
Os principais fatores que controlam o clima da região do Pólo Industrial de Camaçari
são a sua latitude (na faixa tropical da América do Sul), a sua proximidade do
Oceano Atlântico (com águas relativamente quentes ao longo de todo o ano) e a
ação permanente da alta subtropical do Atlântico Sul e dos ventos alísios.
A alta subtropical do Atlântico Sul é uma grande extensão do oceano, onde a
pressão barométrica é relativamente alta. Este sistema de alta pressão é que gera
os ventos alísios, que são ventos persistentes e fluem de leste, de nordeste e de
sudeste. (CETREL, 2003).
58
As pressões mais elevadas do ano, em Camaçari, ocorrem entre junho e setembro,
época em que são também mais elevadas no centro da alta subtropical do Atlântico
Sul.
É importante observar que a pressão mais alta significa que o ar está subsidindo em
grande escala, isto é, a atmosfera sobre toda a região se caracteriza por
movimentos descendentes. A subsidência comprime a camada limite4, reduzindo
assim o volume de ar disponível para a diluição dos poluentes, ao mesmo tempo que
dificulta a formação das nuvens, o que contribui também para piorar a qualidade do
ar. (CETREL, 2003).
4.2 AS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E SEU PAPEL NA DISPERSÃO E CONCENTRAÇÃO DOS POLUENTES NA REGIÃO DO PÓLO DE CAMAÇARI
Evidentemente, as concentrações de poluentes no ar ambiente, e
conseqüentemente seus impactos, são determinados não apenas por suas taxas de
emissões, mas também pela natureza e eficiência de seus sumidouros físicos e
químicos, ou seja, transformações químicas, assim como deposição seca e úmida
na superfície da terra.
Numa ampla extensão, esses processos concorrentes são afetados não apenas pela
dispersão e transporte diretos, mas também por fatores meteorológicos tais como
temperatura, intensidade de radiação solar, e a presença de inversões térmicas,
assim como nuvens e neblina, dentre outros. (FINLAYSON PITTS, 2000)
Desde 1995, a CETREL vem monitorando parâmetros meteorológicos e poluentes
atmosféricos na área de influencia do Pólo Industrial de Camaçari , procurando
reunir informação e conhecimentos capazes de estabelecer as relações de
dependência entre a atividade industrial e as condicionantes impostas pelo
comportamento atmosférico.
-----------------------------------------4 Camada de ar com espessura entre 100 e 1000 metros, adjacente da superfície da terra e que
sofre forte interferência da mesma. Dentro desta camada, a distribuição do vento é determinada, em
grande parte, pelo gradiente vertical de temperatura e pela natureza e contornos da superfície
terrestre.
59
4.2.1 Pressão
A variável pressão atmosférica, monitorada na Estação Hospital desde 1995,
apresenta, normalmente nos meses de junho, julho e agosto, valores mais elevados
do que no restante do ano. Os períodos em que a pressão fica mais alta
representam um aumento do forçamento subsidente do ar. Este aumento da pressão
produz a redução da altura da camada de mistura5 e a inibição da convecção, sendo
portanto fatores desfavoráveis à diluição dos poluentes lançados no ar. (CETREL,
2003).
4.2.2 Temperatura
Conforme observado em CETREL (2003), o controle de temperatura do ar é feito
tanto pela grande escala, quanto pelas características fisiográficas locais (os tipos de
solo e de vegetação, a topografia e as temperaturas das superfícies livres dos
corpos d'água). A grande escala afeta a temperatura, sempre que se observa o
deslocamento das massas de ar, o que na linguagem meteorológica é denominado
advecção. Desse modo os ventos são capazes de substituir o ar em determinado
local por ar mais frio ou mais quente, proveniente de outra região. Já o controle da
fisiografia é devido ao fato de que cada tipo de superfície re-emite a radiação
infravermelha de forma diferenciada, em resposta ao aquecimento solar, sendo que
esta radiação infravermelha aquece a atmosfera de baixo para cima.
O papel da temperatura sobre a poluição do ar é indireto, uma vez que as
temperaturas mais baixas reduzem a altura da camada limite e dificultam a mistura
por turbulência, pois o ar mais frio e mais denso produz estagnação. Esses dois
fatores dificultam a diluição dos poluentes, aumentando assim os índices de
contaminação do ar na região.
---------------------------------------------5 É uma lâmina de ar que vai do solo até o nível da primeira inversão térmica, encontrada no perfil de
temperatura medido pelo radar acústico. Dentro desta camada estável, os poluentes podem ser
facilmente misturados a outras substâncias em suspensão.
60
4.2.3 Umidade Relativa
A umidade relativa é controlada não apenas pelo teor efetivo de vapor d'água
contido no ar, mas também pela temperatura, sendo que temperaturas mais baixas
levam ao aumento da umidade relativa. (CETREL, 2003)
4.2.4 Radiação Solar
Na faixa tropical, as variações na radiação solar são controladas basicamente pelo
sombreamento exercido pelas nuvens, que reduzem a iluminação solar localmente.
Como a luz solar é essencial na formação de alguns poluentes secundários, como o
ozônio, por exemplo, uma redução de radiação solar representa fator favorável para
a melhoria na qualidade do ar. (CETREL, 2003)
4.2.5 Precipitação
A precipitação é um parâmetro meteorológico de grande variabilidade de um ano
para outro. Tendo-se em conta que a chuva provoca a depuração da atmosfera,
além de estar associada a uma maior turbulência na camada atmosférica abaixo das
nuvens, menores precipitações atuam como fator desfavorável para a diluição dos
poluentes produzidos pela atividade industrial e pelos meios de transporte (CETREL,
2003)
4.2.6. Vento
O vento é o fator meteorológico mais importante no controle da poluição do ar.
Através da análise da intensidade do vento é possível estimar a energia cinética
disponível para a diluição dos poluentes e, através do estudo da direção do vento,
pode-se monitorar a orientação que os poluentes deverão seguir a partir das fontes
de emissão. (CETREL, 2003)
61
4.2.7. Direção do Vento
A proximidade do Pólo com o litoral faz com que este sofra influência direta da
circulação de brisa marítima / terrestre conforme Figura 9. A circulação de brisa
decorre do aquecimento diferencial entre a superfície terrestre e a oceânica.
Durante o dia, estabelece-se um gradiente de pressão entre continente e oceano,
fazendo com que o vento sopre na direção do continente (brisa marítima). Esta
circulação inicia-se logo pela manhã com o inicio de incidência da radiação solar e
intensifica-se à tarde quando há um grande contraste térmico. A brisa marítima é
mais intensa em dias quentes e mais suave em dias nublados. A brisa terrestre
decorre da perda radiativa que se inicia com o fim da incidência de radiação solar.
Logo, ao anoitecer, é estabelecido um gradiente inverso, e, portanto, uma circulação
oposta com o vento incidindo do continente para o oceano. A brisa terrestre é mais
fraca do que a marítima, devido ao contraste térmico no período noturno ser mais
ameno.(CETREL, 2003)
As brisas são um fenômeno de grande importância para a caracterização das
condições de dispersão dos poluentes, dados os efeitos de recirculação que lhe
estão associados.
Figura 9 - Representação esquemática de uma brisa : [a] marítima e [b] terrestre.
Fonte: (CETREL, 2003)
62
Como dito anteriormente, os ventos provenientes da brisa marítima tendem a ter
velocidades maiores que os da brisa terrestre, favorecendo a dispersão de
poluentes. Portanto, quando os ventos estão soprando, na região do Pólo de
Camaçari, das direções NE, E e SE , as concentrações de poluentes tendem a ser
menores. Ventos nos quadrantes NW, W e SW, associados à brisa terrestre, são
normalmente de fraca intensidade, o que dificulta a dispersão.
Quando as concentrações de poluentes são altas, durante a noite e madrugada, os
poluentes levados para a região oceânica pela brisa terrestre podem ser relançados
sobre o continente pela brisa marítima do dia seguinte. Neste caso a brisa atua
favorecendo o aumento nas concentrações sobre o continente.(CETREL, 2003)
4.2.8 Estabilidade Atmosférica
A importância dos aspectos locais sobre o comportamento dos ventos em escala
regional fica evidenciada ao se analisar as direções predominantes do vento na
região de Camaçari, conforme exposto no item anterior.
Adicionalmente às informações de direção do vento, a determinação da estabilidade
atmosférica, utilizando dados do radar acústico, leva em conta não apenas a
capacidade de diluição devida às variações na direção do vento, mas também o
cisalhamento vertical do vento dentro da camada limite, isto é, as variações na
intensidade e na direção que o vento apresenta ao longo dos primeiros mil metros
da atmosfera. (CETREL, 2003)
A Tabela 2 apresenta as categorias de estabilidade obtidas pelo radar acústico.
Tabela 2 : Categorias de Estabilidade
Fonte : (CETREL, 2003)
CATEGORIA CONDIÇÃO
1 Estável
2 Moderadamente estável
3 Neutra
4 Moderadamente instável
5 Instável
63
As classes mais instáveis (classes 4 e 5) são mais favoráveis à diluição e portanto à
redução dos teores dos poluentes no ar. Da mesma forma, os períodos em que a
camada limite atmosférica apresenta maior estabilidade correspondem àqueles
desfavoráveis à diluição dos poluentes nas camadas mais baixas da atmosfera.
(CETREL, 2003)
De acordo com o relatório da CETREL relativo ao ano de 2002, a camada limite
atmosférica, na região de Camaçari, apresenta maior estabilidade à noite (as classes
1 e 2 ocorrem antes das sete horas da manhã e depois das 18 horas). Este é,
portanto, um período desfavorável à diluição dos poluentes.
4.2.9 Camada limite atmosférica
A camada limite atmosférica é a parte da atmosfera que interage mais diretamente
com a superfície e, por conseguinte, o campo do vento nesta camada é fortemente
influenciado pela interação com a rugosidade superficial. Nesta camada, observa-se
um forte cisalhamento vertical do vento, o que produz intensa turbulência. Por outro
lado, o aquecimento relativo do ar, sendo feito de baixo para cima pela radiação
infravermelha da superfície, também é capaz de gerar vórtices turbulentos e
térmicas (correntes quentes ascendentes) dentro dessa camada mais baixa do ar.
Do ponto de vista da diluição dos poluentes atmosféricos, alguns aspectos da
camada limite devem ser considerados com atenção. Primeiramente, a altura dessa
camada, normalmente representada pela altura da primeira inversão térmica,
determina o volume de ar no qual os poluentes poderão ser diluídos. O segundo
aspecto é a eficiência de diluição dentro da camada. O cisalhamento do vento
(variações na intensidade e na direção) e a presença dos vórtices turbulentos, que
caracterizam a camada limite atmosférica, garantem a plena mistura do ar,
resultando em uma quase homogeneidade vertical da temperatura e, por
conseguinte, dos poluentes lançados na atmosfera. (CETREL, 2003)
A espessura da camada limite está diretamente relacionada à temperatura da
superfície, uma vez que os gases se expandem com o aquecimento e se retraem
quando se resfriam. Por isso a camada limite noturna é mais rasa do que a diurna, o
64
mesmo acontecendo nos meses mais frios do ano, em contraposição aos mais
quentes.
Conforme se observa no Relatório da CETREL de 2002, o papel da convecção
resultante do aquecimento diurno é tanto o de misturar mais o ar da baixa atmosfera,
quanto o de elevar o topo da camada limite, aumentando assim o volume de
diluição. A presença de nuvens cúmulos no céu é, portanto, um indicativo da
presença da convecção, que age em favor da redução dos índices de contaminação
do ar. Assim, através das informações obtidas pelo radar acústico, para a altura da
camada limite, é possível se constatar que as horas mais quentes do dia
correspondem às maiores espessuras da camada limite.
4.2.10 Movimento vertical do vento
Valores positivos do movimento vertical dos ventos indicam que o ar está
ascendente, favorecendo, portanto, a diluição dos poluentes, enquanto que valores
negativos se referem a movimentos subsidentes, associados a condições estáveis
do ar que dificultam a dispersão dos poluentes dentro da camada limite. (CETREL,
2003)
De acordo com CETREL (2003), o movimento vertical tomado a 500 metros do solo
representa bem os processos de diluição importantes dos poluentes atmosféricos.
Verifica-se que os eventos de movimentos descendentes ocorrem mais
freqüentemente à noite e durante a madrugada, quando a atmosfera está mais
estável, o que dificulta a diluição.
Durante o dia, observam-se numerosos eventos de ascensão do ar, e esta
representa tanto uma efetiva mistura turbulenta, ocorrendo na camada limite, quanto
à presença da convecção em resposta ao aquecimento superficial, sendo que
ambos são fatores favoráveis à dispersão dos poluentes na baixa troposfera.
65
4.3 A REDE DE MONITORAMENTO DO AR
A Rede de Monitoramento do Ar (RMA) do Pólo Industrial de Camaçari completou
nove anos de operação em 2003, desenvolvendo neste período o programa
estabelecido desde 1994, referente ao monitoramento da qualidade do ar e da
meteorologia, na região de influência do Pólo
4.3.1 Localização das Estações
Fazem parte da Rede de Monitoramento do Ar nove estações de monitoramento,
localizadas ao redor do Pólo, com medições contínuas de concentração de
poluentes gasosos, material particulado e parâmetros meteorológicos. A análise
minuciosa dos dados coletados, juntamente com a análise dos dados do radar
acústico, permite o diagnóstico do comportamento da atmosfera, dos fenômenos que
nela ocorrem e ainda um cotejamento com as análises da qualidade do ar, na região
de influência do Pólo Petroquímico de Camaçari.
O mapa apresentado na Figura 10, e complementado pelas Tabelas 3 e 4 nas
páginas seguintes, indica a localização dessas estações na região em estudo. As
estações onde são medidos os parâmetros meteorológicos, além dos dados de
concentração de poluentes, são denominadas, no mapa, de “estações completas”.
As estações denominadas “simples” medem apenas os poluentes atmosféricos.
Em 2003 foi feito um investimento significativo na RMA pelas empresas instaladas
no Pólo Industrial de Camaçari, e, a partir de abril de 2004, a Rede passou a operar
com uma nova configuração, mais adequada à realidade atual do Complexo
Industrial e também às novas tecnologias disponíveis. As principais modificações
são a transferência de duas estações para novos locais, e a instalação de dez novos
monitores, com o objetivo de analisar continuamente um maior número de poluentes,
como Amônia, Compostos Reduzidos de Enxofre, Hidrocarbonetos Totais e Material
Particulado. (CETREL, 2004).
66
Não foi acrescentada nenhuma nova estação, além daquelas existentes
anteriormente. As estações “Hospital” e “Balneário” foram relocadas,
respectivamente, para “Machadinho” (Camaçari) e “Concórdia” (Nova Dias D’Àvila),
conforme pode ser visto na Figura 10 a seguir. Para efeito desta pesquisa, foi
considerada a configuração anterior e os dados existentes até 2003, já que os
dados da nova configuração serão emitidos em 2005.
Figura 10 – Localização atual e futura das estações da RMA do Pólo
Fonte:( Relatório Anual da Rede de Monitoramento do Ar – CETREL, 2004).
67
Tabela 3 – Localização e configuração das Estações da Rede de Monitoramento do
Ar, no Pólo (configuração correspondente aos dados coletados até 2003 e
analisados no Relatório Anual emitido em 2004).
PARÂMETROS MONITORADOSESTAÇÃO LOCALIZAÇÃO METEOROLÓGICOS POLUENTES
CÂMARA Entre a Câmara e a Prefeitura de
Camaçari
Direção e velocidade do vento
SO2, NOx, CO, MP, metais e
orgânicos
GRAVATÁ Escola Helena C. Magalhães (Camaçari)
- Poluentes: SO2, TRS orgânicos
COBRE Estação Elevatória de Cobre
- SO2, O3, MP, me-tais e orgânicos
SÍTIO Lamarão do Passé - Poluentes: SO2
LAMARÃOEscola Josiane
Santos (Lamarão do Passé)
Temperatura, umidade relativa e radiação solar, precipitação, direção e
velocidade do vento
SO2, O3, NOx, MP, metais e
orgânicos
BALNEÁRIO “Sociedade Amigos de Dias D’Ávila”
- SO2
ESCOLA Escola Prof. Anfrísia Santiago (Nova Dias
D’Ávila)
Temperatura, umidade relativa, direção e velocidade
do vento
SO2, O3, NOx, MP, metais e
orgânicos
HOSPITAL Hospital Geral de Camaçari
Pressão atmosférica, temperatura, radiação solar, umidade relativa, direção e
velocidade do vento
SO2, NOx, CO e O3
LEANDRINHO Na área da escola municipal Nestor Silva Carvalho
- SO2
Fonte: (Relatório anual da Rede de Monitoramento do Ar – CETREL, 2003)
68
Tabela 4 - Nova Configuração para as Estações da Rede de Monitoramento do Ar
do Pólo, implementada a partir de 2004.
Observações:
(1) Todos os novos monitores/conversores estão apresentados na tabela acima na
cor vermelha, e os novos locais das estações também.
(2) Na cor azul estão os equipamentos antigos que foram relocados.
(3) E na cor preta estão os equipamentos antigos que foram mantidos nas estações.
Fonte: (Relatório anual da Rede de Monitoramento do Ar – CETREL, 2003).
69
4.4 MEDIÇÕES / AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR NO PÓLO
A avaliação da qualidade do ar na região do Pólo é conduzida pela CETREL, a partir
dos dados monitorados pela Rede de Monitoramento do Ar – RMA, com base nos
padrões de qualidade estabelecidos na legislação.
Para tanto, são considerados os padrões de qualidade constantes da Resolução
CONAMA n0 03, de junho de 1990. Esta Resolução define Padrão de Qualidade do
Ar e Poluente Atmosférico, além de estabelecer valores numéricos para os padrões
primários e secundários de qualidade do ar (ver ANEXO A).
Os padrões de qualidade do ar estabelecidos na Resolução 003/90 constam da
tabela a seguir:
Tabela 5 - Padrões Nacionais de Qualidade do Ar Resolução CONAMA 003/90
Fonte: (CETREL, 2003)
A Resolução CONAMA 003/90, estabelece ainda métodos de amostragem e análise
dos poluentes atmosféricos, bem como os níveis de Qualidade do Ar para
elaboração do plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar.
70
Apresentamos a seguir informações sobre o Inventário de Emissões Atmosféricas do
Pólo, datado de 2001 e evolução das medições das emissões de poluentes,
referente ao período de 1995 a 2003.
4.4.1 Análise do Inventário de Emissões Atmosféricas
O Relatório Anual da Rede de Monitoramento do Ar referente ao ano de 2002,
emitido pela CETREL S. A. – Empresa de Proteção Ambiental, apresenta o
Inventário de Emissões atmosféricas do Pólo Petroquímico de Camaçari, elaborado
no ano de 2001, que foi atualizado em novembro de 2002, conforme Tabela 6, a
seguir.
71
Tabela 6 - Cargas de Poluentes Atmosféricos Emitidos do Pólo Industrial de
Camaçari (2001)
Fonte : (CETREL, 2003)
72
Através da Tabela 6, observa-se que o poluente emitido em maior quantidade foi o
Monóxido de Carbono – CO, com 21.646 ton/ano, seguido por Orgânicos, cuja carga
lançada no mesmo período foi de 20.026 ton/ano. Material Particulado foi o poluente
em menor carga: 3.860 ton/ano.
A atualização do inventário de emissões é realizada a cada dois anos pelas
empresas, sendo a CETREL responsável pela consolidação das informações,
conforme determina a Resolução CEPRAM nº 2878/01.
As informações constantes da Tabela 6, atualizadas em 2002, conforme dito
anteriormente, serviram de referencial para que fossem identificadas as empresas
que mais emitem NOx e VOC, no Pólo Industrial de Camaçari.
Informações adicionais constam das tabelas a seguir, obtidas a partir do ALA-Estudo
de Auto Avaliação para o Licenciamento Ambiental, elaborado em 2004, referente à
Renovação da Licença do Pólo.
Tabela 7 - Emissões de fontes estacionárias no Pólo, ( t/ano) - 2004Nº de fontes(Chaminés e
vents)MP SO2 CO NOx Orgânicos
Totais51 2540 15474 21531 11826 12181
Tabela 8 – Emissões de fontes evaporativas e fugitivas de VOC voláteis e semi-voláteis no Pólo, ( t/ano) – 2004
Nº de fontes Emissões
Evaporativas (tanques e bacias)
186 3278
Fugitivas 206.000 4581TOTAL - 7859
Observam-se valores de emissões menores que os anteriores (apresentados na
Tabela 6) para MP e maiores para SO2, enquanto CO permaneceu quase inalterado.
No caso específico dos poluentes de interesse do trabalho, têm-se valores
ligeiramente inferiores para NOx . Para orgânicos o total é o mesmo, mudando
apenas a forma de apresentação.
73
Vale ressaltar que existe um guia para elaboração do inventário de emissões do
Pólo, que traz fatores de emissão para diversas situações, e orienta
preferencialmente para o uso de equações de correlação.
As estimativas iniciais para o inventário foram feitas utilizando-se fatores médios de
emissão. Contudo, algumas empresas já estão realizando medições de suas
emissões e aplicando equações de correlação para a elaboração de seus
inventários.
Observa-se, no inventário utilizado como referência neste trabalho e apresentado à
pág.71, a ausência de informações de emissões de algumas empresas. Entendemos
que isso não comprometeu o trabalho, uma vez que as informações serviram apenas
para identificar empresas que, em conjunto, representassem um percentual elevado
de emissões, considerando a necessidade de estabelecer um critério para escolha, e
que aquele era o inventário de que se dispunha para tal propósito.
4.4.2 Evolução anual das Emissões Atmosféricas
A Tabela 9 apresenta a evolução das cargas de poluentes lançados pelo Pólo desde
1991 até 2001.
Tabela 9 - Evolução das emissões Atmosféricas do Pólo Industrial de Camaçari
Fonte : (CETREL, 2003).
Observa-se que, nos últimos anos, houve uma mudança na carga de poluentes
lançados na atmosfera, principalmente no que se refere ao SO2, cujas emissões
foram reduzidas em 30.000 ton/ano, graças à mudança da matriz energética, que
74
substituiu grande parte do óleo combustível, queimado no Pólo, por gás natural.
(CETREL, 2003)
Quanto aos orgânicos, o aumento observado foi devido ao maior detalhamento do
inventário, que a partir de 2001 passou a incluir também as emissões desses
poluentes provenientes de tanques de armazenamento de produtos e matérias-
primas e de fontes fugitivas (válvulas, flanges bombas, etc...).
Quanto ao NOx, apesar de, em 2001, terem sido observados valores de emissões
ligeiramente inferiores aos anos anteriores, (Tabela 9), registrou-se nos últimos três
anos , de 2001 a 2003, um aumento das concentrações ambientais (ver Figuras 15 a
18). (CETREL, 2003)
4.4.3 Análise dos Poluentes Gasosos Convencionais
Os Relatórios da RMA relativos aos anos de 2002 e 2003 trazem uma análise dos
resultados do comportamento de cada um dos poluentes gasosos convencionais, de
interesse neste trabalho : NO2, O3, além dos orgânicos. São ainda apresentadas as
evoluções das concentrações médias mensais e anuais desses poluentes, ao longo
do período compreendido entre 1995 a 2003, detectadas pela RMA. (CETREL,
2003, 2004).
Em 2002, verificou-se que houve ultrapassagem dos padrões estabelecidos pela
Resolução CONAMA 003/90 para a concentração de O3 , em 26 ocasiões (ver
Tabela 11).
Em 2003, também verificou-se que houve ultrapassagem dos padrões estabelecidos
pela Resolução CONAMA 003/90 para O3., embora em menor numero : 06 ocasiões
(ver Tabela 12).
75
4.4.3.1 Dióxido de Nitrogênio
As concentrações máximas horárias de dióxido de nitrogênio, observadas nas
Estações Câmara, Escola, Lamarão e Hospital apresentaram valores elevados em
praticamente todos os meses de 2002, em relação aos anos anteriores (ver Figuras
11 a 14), mas em 2003 registrou-se uma redução das concentrações em todas as
Estações, sendo que Escola apresentou uma redução mais significativa, como
mostra a Figura 12. Todos os valores encontrados ficaram bem abaixo dos limites
estabelecidos pelo CONAMA 003/90. (CETREL,2004).
Figura 11 – Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Câmara.
Fonte: (CETREL,2004).
Figura 12 – Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Escola.Fonte: (CETREL,2004).
76
Figura 13– Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Lamarão.
Fonte: (CETREL, 2004).
Figura 14 – Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Hospital.
Fonte: (CETREL, 2004)
Eventos de NO2
Assim como ocorreu em 2002, as concentrações horárias de NO2 em 2003 não
superaram o seu padrão horário de 170 ppb. Entretanto, detectaram-se picos de
concentração desse poluente, nos meses de novembro e dezembro, principalmente
à noite e madrugada, conforme mostra a Tabela 10.
77
Tabela 10 – Picos de concentração de NO2 detectados na RMA em 2003.
Fonte: (CETREL, 2004).
Evolução da Concentração média anual de NO2
Pode-se observar, nas Figuras 15 a 18, que as concentrações médias anuais de
NO2 referentes ao período de 1995 a 2003, que vinham apresentando um aumento
desde o ano 2000, em 2003 apresentaram uma redução em todas as quatro
Estações onde este poluente é medido.
Foi constatada uma melhoria na eficiência de queima, em fornos importantes em
operação no Pólo, como o forno de pirólise da Unidade de Olefinas da BRASKEM,
bem como a troca de 1800 queimadores por outros mais eficientes e modernos, fato
que pode ter contribuído para a melhoria da qualidade do ar, na região de influência
do Pólo. Essas melhorias também foram constatadas em outras indústrias do Pólo.
(CETREL, 2004).
78
Figura 15 – Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Câmara.
Fonte: (CETREL, 2004)
Figura 16 – Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Hospital.
Fonte: (CETREL,2004)
79
Figura 17 – Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Lamarão.
Fonte: (CETREL, 2004)
Figura 18 – Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Escola.
Fonte: (CETREL, 2004)
Análise Espacial Georeferenciada das Concentrações Médias Anuais de NO2
A partir de informações georeferenciadas e utilizando o software GIS (Sistema de
Informações Geográficas), foi elaborada a Figura 19, a seguir, que apresenta todas
as concentrações médias anuais de NO2 obtidas na RMA ao longo de sete anos, em
suas respectivas Estações, situadas ao redor do Pólo Industrial de Camaçari.
80
Figura 19 – Concentrações médias anuais de NO2 na RMA.
(Nota: MMA = Máxima Média Anual).
Fonte: (CETREL, 2004)
81
Conforme demonstrado na Figura 19, é possível visualizar a distribuição espacial
das concentrações de NO2, que são resultantes das emissões oriundas do
Complexo Industrial e da frota de veículos que emitem também este poluente, e que
sofrem a influência dos ventos e da topografia locais, em seu processo de dispersão
na atmosfera.
Observa-se, inicialmente, que em três, dentre as quatro Estações onde NO2 é
monitorado, houve um aumento das concentrações médias anuais, ao longo do
período de 2000 a 2002. Na estação Hospital esta tendência não é bem clara: houve
uma flutuação. Em 2002 foram registradas as maiores concentrações médias
anuais, em todas as Estações, e em 2003 houve uma redução em todas elas. As
maiores concentrações não foram registradas à jusante do Pólo, mas sim no centro
da cidade de Camaçari. Para melhor entender as fontes e a dispersão do NO2 nesta
região, estão sendo desenvolvidos pela CETREL estudos específicos, em conjunto
com a Universidade de Iowa (USA), cujos resultados serão apresentados no próximo
relatório anual. (CETREL, 2004).
4.4.3.2 Ozônio
Eventos de O3
Em 2002, o padrão de concentração de ozônio, referente ao período de uma hora
estabelecido pelo CONAMA 003/90, que é de 81,6 ppb, foi ultrapassado em 26
ocasiões, uma a mais que no ano de 2001. A Tabela 11 mostra que os valores foram
ultrapassados principalmente na estação Escola, onde se observaram 20 casos
ocorridos nos dias 8, 9 e 10 de novembro. (CETREL,2003).
Pode-se observar também na Tabela 11, que as concentrações horárias
ultrapassaram o valor de referência, nos meses de março (4 casos), maio (2 casos)
e novembro (20 casos). Portanto, tudo indica que as condições críticas favoráveis à
formação do ozônio ocorreram principalmente no final do outono e da primavera em
2002.
82
Em CETREL (2003), consta que, no pior episódio do ano de 2002, ocorrido entre os
dias 8 e 10 de novembro, verificou-se uma seqüência de horas com valores críticos.
Neste período, observou-se, através de imagens de satélite, que havia uma frente
fria de fraca intensidade, atuando no litoral da Bahia, o que permitiu uma mudança
na circulação do ar na região do Pólo.
As direções predominantes dos ventos mostraram que o ar se deslocava da região
de Salvador no sentido do Pólo. Ao se analisar a radiação solar, observou-se que os
três dias de maior concentração de O3 na Estação Escola, coincidiram com alta
incidência de radiação solar, que é o principal fator meteorológico para a formação
do O3. Assim, de acordo com CETREL, 2003, concluiu-se que os altos níveis
observados de O3 podiam também estar associados ao transporte de seus
precursores para a região.
Tabela 11 – Eventos de ultrapassagem do padrão horário de Ozônio no ano 2002
Fonte : (CETREL, 2003).
83
Em 2003, o ozônio ultrapassou o limite de concentração, estabelecido pelo
CONAMA 003/90, de 81,6 ppb para o período de uma hora, em 6 (seis) ocasiões,
vinte a menos que no ano de 2002. A Tabela 12 mostra que isso ocorreu
principalmente na Estação Hospital (Figura 20), onde se observaram 3
ultrapassagens, registradas nos dias 11 e 15 de abril; seguida pela Estação
Lamarão (Figura 22), com duas ultrapassagens no dia 10 de março, e finalmente
uma ultrapassagem na Estação Escola (Figura 23), no dia 23 de abril.
(CETREL,2004).
Tabela 12– Eventos de ultrapassagem do padrão horário de Ozônio no ano 2003.
Fonte : (CETREL, 2004).
Consta em CETREL (2004) que, como o ozônio é um poluente secundário
fotoquímico, cujo catalisador é a energia solar, observando-se a radiação solar
medida em 2003 na RMA e a nebulosidade obtida através de imagens de satélite ,
pode-se verificar que no mês de abril a radiação solar estava acima da média, em
relação ao mês de abril de anos anteriores. Por outro lado, houve ocorrência de
vórtices ciclônicos de altos níveis, durante vários dias no mês de abril (Boletim
Cimanálise do CEPETEC/INPE), os quais provocam a redução ou até mesmo a
eliminação das nuvens sobre a região em que atuam, contribuindo para aumento da
radiação. Portanto, tudo indica que as condições críticas favoráveis à formação do
ozônio ocorreram principalmente no final do verão e começo de outono em 2003.
Mais informações sobre a geração e dispersão do ozônio serão obtidas através do
estudo desenvolvido com a Universidade de Iowa, já mencionado anteriormente.
84
Concentrações máximas horárias de O3
As Figuras a seguir, obtidas de CETREL (2004), apresentam as concentrações
máximas horárias em cada uma das quatro Estações da RMA que monitora ozônio.
Figura 20 - Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Hospital.
Figura 21 - Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Cobre.
85
Figura 22 - Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Lamarão.
Figura 23 - Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Escola.
Através desses resultados, observa-se que, de uma maneira geral, a Estação Cobre
registrou as menores concentrações de ozônio, não tendo sido detectada nenhuma
violação do padrão em 2003. A Estação Hospital registrou os maiores picos de
concentração desse poluente, embora em média as concentrações tenham se
mantido semelhantes àquelas medidas na Estação Cobre. (CETREL, 2004)
A Figura 24 mostra a evolução anual do número de ultrapassagens do padrão
horário de ozônio (81,6ppb), desde 1995.
86
Figura 24 - Número de Ocorrências de O3 acima do padrão CONAMA 003/90 – 1995
a 2003.
É possível verificar uma redução significativa do número de ultrapassagens do
padrão em 2003.
Análise Espacial Georeferenciada das Concentrações Máximas Horárias de
Ozônio
A partir de informações georeferenciadas e utilizando o software GIS (Sistema de
Informações Geográficas), foi elaborada a Figura 25, que apresenta o número total
de violações do padrão ambiental de ozônio, em cada uma das quatro estações da
RMA onde é monitorado este poluente, ao longo do período de nove anos de
operação, compreendido entre 1995 e 2003.
87
Figura 25 - Número de violações do padrão de Ozônio na RMA – 1995 a 2003.
(Nota: MNV = Maior número de violações).
Conforme demonstrado na Figura25, é possível visualizar a distribuição espacial do
número de ultrapassagens do padrão de ozônio, onde se verifica que:
- O maior número de violações, considerando-se todo o período estudado, (1995-
2003) ocorreu na Estação Escola, com um total de 28 ultrapassagens, sendo que 20
delas ocorreram em três dias seguidos, no ano de 2002.
88
- A Estação Lamarão, vem em seguida, com 22 ultrapassagens, e finalmente as
Estações Cobre e Hospital, com 21 e 19 violações, respectivamente.
- Dentre os anos estudados observa-se que o maior número de violações ocorreu
em 2002, com 26 ultrapassagens do padrão, seguido de 2001, com 25.
A Figura 25 indica também o maior número de ultrapassagens do padrão de ozônio,
onde MNV= maior número de violações por estação e por ano: Por exemplo, na
Estação Escola o maior número de violações do padrão ocorreu em 2002, quando
foram registradas 20 violações; na Estação Cobre, o maior número de violações foi
registrado em 2001, com 16 ultrapassagens; em Lamarão registrou-se 6 violações
em 2001, e na Estação Hospital o maior número de violações do padrão foi em
2000, com 4 registros.
4.4.3.3 Orgânicos
Análise dos resultados de VOC em 2003
A Cetrel monitora 38 compostos orgânicos voláteis (VOC) através do método TO-14
da U.S-EPA, via Cromatografia Gasosa e Detetor de Massa. As amostras são
coletadas usando-se recipientes de aço inox passivados, denominados Summa
Canisters, os quais possuem um orifício crítico para o controle da vazão do ar
aspirado. As análises são feitas utilizando um “trap” criogênico como interface entre
as Canisters e o Cromatógrafo, conferindo uma maior sensibilidade às análises. A
coleta das amostras para análise de VOC é feita durante 24 horas, resultando em
uma concentração média para o referido período. O método permite determinar a
concentração desses 38 compostos no ar, listados na Tabela 13 ( CETREL,2004).
Durante 2003 foram coletadas 118 amostras destinadas à análise de VOC, entre os
meses de janeiro e dezembro. No mês de setembro, devido a problemas no
laboratório de cromatografia, não foi possível analisar esses compostos. É
importante frisar que, para cada amostra, são realizadas 38 análises simultâneas,
através do método TO-14, o que totalizou 4.484 análises em 2003. Com o objetivo
de se obter mais informações sobre a presença de compostos orgânicos, nas zonas
89
urbanas próximas ao Pólo, a partir de 2004 a RMA passou a monitorar
continuamente hidrocarbonetos totais (metânicos e não-metânicos), nas Estações
Gravatá e Leandrinho, como parte do projeto de ampliação da RMA.
O monitoramento de VOC é feito duas vezes por mês, em seis pontos distribuídos
na área de influência do Pólo Industrial de Camaçari:
- 5 pontos localizados nas Estações da RMA: Câmara, Escola, Lamarão, Gravatá e
Cobre;
- 1 ponto dentro do Pólo Industrial: em frente à White Martins – Estação Pólo.
A Tabela 13 apresenta os resultados de VOC, obtidos em 2003, com as seguintes
informações:
- os compostos analisados;
- os padrões estabelecidos para a região do Pólo, conforme estabelecido no anexo 1
da Resolução CEPRAM 2878 de Set/01;
- o número de ocorrências dos compostos, ou seja, o número de vezes que os
compostos foram detectados acima dos seus limites de detecção;
- os limites de detecção (LD) dos compostos;
- o número de ultrapassagens de padrão;
- as concentrações máximas detectadas para cada uma dos compostos;
Vale registrar que, a partir do mês de outubro/03, com o início da operação do
equipamento para análise de VOC, os limites de detecção de todas as substâncias,
com exceção do 1,2,4 Trimetilbenzeno, ficaram ainda menores, tornando o método
ainda mais sensível. Essa redução nos valores de LD, para cada substância, é
apresentada na Tabela 13.
90
Tabela 13 – Resultado do monitoramento de VOC na área de influência do Pólo Industrial de Camaçari - 2003.
Fonte: (CETREL,2004)
De acordo com a Tabela 13 verifica-se que, dentre os 38 compostos investigados,
21 apresentaram concentrações acima dos limites de detecção, a saber:
91
1,1,2 Triclorotrifluoretano
1,1,2,2 Tetracloroetano
1,2 Diclorobenzeno
1,2 Dicloroetano
1,2,4 Trimetilbenzeno
1,3 Diclopropeno (trans)
1,3,5 Trimetilbenzeno
1,4 Diclorobenzeno
Benzeno
Ciclohexano
Cloreto de Metileno
Cloreto de Vinila
Clorobenzeno
Clorofórmio
Clorometano
Diclodifluormetano
Etilbenzeno
m-p-Xilenos
o-Xileno
Tolueno
Triclorofluormetano
Dentre esses 21 compostos, cinco foram detectados com maior freqüência nas 118
amostragens efetuadas em 2003, como pode ser visto na Tabela 14.
Tabela 14 – VOC detectados com maior freqüência em 2003.
Observa-se portanto que, dentre os 38 compostos analisados pelo método TO-14, o
1,1,2 Triclorotrifluoretano foi o composto orgânico que mais vezes apresentou
concentrações acima do limite de detecção em 2003.
92
Outra informação importante apresentada na Tabela 13 é que em 2003 não houve
ultrapassagem do padrão ambiental de nenhum dos compostos analisados, o que
representa uma melhoria, comparando-se com os anos anteriores (ver Tabela 15),
resultado das ações e investimentos feitos por parte de algumas empresas do Pólo,
com o objetivo de se reduzir estas emissões.
Tabela 15 – Ocorrências de VOC acima do Padrão para o período de 1999 a 2003.
Fonte: (CETREL,2004)
Pode-se observar na Tabela 15 que, em 1999, houve 18 ultrapassagens do padrão
ambiental; em 2000 foram 07 ultrapassagens, em 2001 e 2002 ocorreram 02, e
finalmente em 2003 não houve nenhuma ultrapassagem.
Os padrões para qualidade do ar para poluentes orgânicos, na região do Pólo,
constam do ANEXO I da Resolução CEPRAM nº 2878/01, substituída pela Portaria
CRA nº 5210/05, que renovou a Licença de Operação do Pólo, a qual reitera os
padrões anteriormente estabelecidos.
93
A partir de 2004, conforme já mencionado, como parte do projeto de ampliação da
RMA, a CETREL passou a monitorar continuamente hidrocarbonetos totais
(metânicos e não metânicos), nas estações Gravatá e Leandrinho, com o objetivo de
se obter mais informações sobre a presença de compostos orgânicos nas zonas
urbanas próximas ao Pólo. (CETREL, 2004)
Análise dos Resultados Obtidos para Benzeno
Devido à sua alta toxicidade e por ser uma substância muito manuseada no Pólo de
Camaçari, selecionou-se o benzeno para realizar uma análise mais detalhada de
todos os seus resultados entre 1995 e 2003.
Em nove anos de monitoramento, o benzeno foi o composto que mais vezes
ultrapassou o seu padrão ambiental de 5 ppb, totalizando 15 ultrapassagens. No
ponto de amostragem “Pólo” registrou-se o maior número de ultrapassagens de
padrão (09), como era de se esperar, devido à sua proximidade das fontes
emissoras.
A Figura 26 resume estas ultrapassagens de padrão, entre 1995 e 2003 nos
seguintes locais de amostragem: Escola, Pólo, Lamarão, Espelho (desativada em
2001 por estar muito próxima à estação Pólo) e Cobre.
Figura 26 - Número de Ultrapassagens do Padrão para Benzeno – 1995-2003.
Fonte: (CETREL, 2004)
94
Apesar de não ter havido nenhuma ultrapassagem do padrão para benzeno em
2003, em 20 ocasiões ele apresentou concentrações acima do seu limite de
detecção, sendo 15 só no Pólo. As outras 05 ocasiões ocorreram em Gravatá (03),
Câmara (01) e Escola (01).
4.4.4 Índice de Qualidade do Ar - IQAr
O Índice de Qualidade do Ar é uma ferramenta matemática utilizada para
transformar as concentrações, medidas dos diversos poluentes, em um único valor
adimensional que possibilita a comparação com os limites legais de concentração
para os diversos poluentes (Padrões de Qualidade do Ar). Ele é obtido através de
uma função linear segmentada, cujos pontos de inflexão representam os Padrões
Nacionais de Qualidade do Ar e os critérios para episódios agudos da poluição do
ar, que são estabelecidos na Resolução CONAMA 003/90, para quatro poluentes
atmosféricos: SO2, NO2, O3 e CO.(CETREL,2004)
O IQAr também pode ser associado aos efeitos da poluição do ar sobre a saúde
humana. Nos Estados Unidos, através da Agência de Proteção Ambiental (EPA), o
Air Quality Index é aplicado na divulgação diária da qualidade do ar, indicando os
níveis de poluição e associando-os aos efeitos sobre a saúde e aos cuidados que
devem ser adotados.
No Pólo de Camaçari, a CETREL obtém diariamente este índice, desde janeiro
/2003, por meio da geração do Boletim Diário da Qualidade do Ar, para cada
estação da RMA, considerando-se o índice mais elevado dentre os poluentes
monitorados, isto é, a qualidade do ar de uma estação é determinada pelo pior caso.
A Tabela 16 apresenta os índices, padrões e classificações da qualidade do ar.
95
Tabela 16 - Índices, Padrões e Classificações da Qualidade do Ar
Fonte: (CETREL,2004)
Da Tabela 16 , observa-se que a qualidade do ar só é considerada BOA, se a
concentração dos poluentes for inferior à metade dos limites máximos, permitidos na
Resolução CONAMA 003/90 para CO e O3, e inferior aos padrões anuais para
Material Particulado, SO2 e NO2, estabelecidos nesta mesma resolução. Caso as
concentrações de CO ou O3 sejam superiores à metade dos seus padrões ou os
valores de MP, SO2 e NO2 excedam os seus padrões anuais, a classificação da
qualidade do ar pode variar de REGULAR a CRÍTICA, a depender do valor do IQAr,
conforme apresentado a seguir:
96
- quando o IQAr é maior que 100 e menor que 200, a qualidade do ar é classificada
como INADEQUADA, e isto só ocorre quando o padrão estabelecido na legislação é
ultrapassado;
- quando o IQAr é maior que 200 e menor 300, indica ultrapassagem do Nível de
Atenção, e neste caso a qualidade do ar é classificada como MÁ;
- quando o IQAr está entre 300 e 400, a qualidade do ar é considerada PÉSSIMA,
indicando a ultrapassagem do Nível de Emergência;
e finalmente, a qualidade é CRÍTICA quando o IQAr está acima de 400,
ultrapassando o Nível de Alerta.
A Tabela 17 apresenta todos os dias de 2003 em que a qualidade do ar não foi
classificada como BOA, as estações de monitoramento onde isto ocorreu, suas
respectivas datas e os poluentes responsáveis por esta classificação.
97
Tabela 17 - Qualidade do Ar nas estações da RMA, não classificada como BOA, em
2003
Fonte: (CETREL, 2004)
Observa-se que em 2003 a qualidade do ar foi classificada como BOA, em cerca de
91% do ano. No restante do ano, aproximadamente 9% do período, que
correspondem a 32 dias, a qualidade do ar variou de REGULAR (26 dias) a CRÍTICA
(apenas em uma ocasião, no dia 11/04), passando por INADEQUADA (em quatro
dias) e MÁ em uma ocasião (no dia 15/04).
98
Na coluna denominada “poluente”, observa-se que o ozônio foi a substância que
mais contribuiu para reduzir a qualidade do ar em 2003. Considerando-se os 32 dias
em que a qualidade do ar não foi BOA, em 21 deles o resultado foi devido ao ozônio
pois, em 5 dias houve violação do padrão e nos outros 16 dias a concentração de
O3 variou entre 52 e 87% do limite permitido. (CETREL, 2004)
Para melhor entender os constantes eventos de altas concentrações de ozônio, nas
Estações da RMA, a CETREL iniciou um estudo de modelagem matemática de
dispersão de O3, abrangendo uma área maior do que a da RMA, visando melhor
conhecer os processos de formação e dispersão do ozônio e avaliar a influência do
Pólo em áreas mais distantes (CETREL, 2004)
4.4.5 Eventos de Emissões Atmosféricas na Área de Influência do Pólo
A Resolução CONAMA 003/90, apresentada à pág 69, estabelece valores numéricos
para os Padrões Primários e Secundários de Qualidade do ar para os poluentes
convencionais, e define, em seu Art.2º, Padrões Primários de Qualidade do ar como:
“as concentrações de poluentes que, ultrapassadas poderão afetar a saúde da
população”. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração
de poluentes atmosféricos.
O mesmo Art.2º define Padrões Secundários de Qualidade do ar como:
“ as concentrações de poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso
sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, flora, aos
materiais e ao meio ambiente em geral”.
Para o ozônio, o Padrão de Qualidade do ar estabelecido é de 160 µg/m3 ou 81,6
ppb, tanto para o Padrão Primário como para o Secundário.
A partir dos resultados de monitoramento da RMA, registraram-se dois eventos de
poluição atmosférica na região de influência do Pólo, conforme transcrito a partir do
Relatório CETREL (2004):
99
“No dia 24/02/03, entre 11:00 e 15:00 horas, a qualidade do ar na cidade de
Camaçari piorou, o que gerou algumas queixas relativas a odor muito forte, por parte
dos moradores daquela cidade, tendo sido inclusive suspensas as aulas na Escola
Helena Celestino de Magalhães, no último horário da manhã, pois algumas pessoas
apresentaram sensação de sufocamento, além de irritação nos olhos e garganta.
A partir de uma avaliação dos dados meteorológicos e de qualidade do ar, medidos
pela RMA - Rede de Monitoramento do Ar do Pólo Petroquímico de Camaçari,
constatou-se a ocorrência de uma mudança na direção dos ventos predominantes
na região no período mencionado. Dessa forma, o vento, que normalmente sopra no
sentido Leste-Sudeste (de Camaçari para o Pólo), passou a soprar na direção Norte-
Noroeste, ou seja, no sentido contrário (do Pólo para Camaçari), fazendo com que
as emissões atmosféricas lançadas pelo complexo industrial se concentrassem nas
proximidades da área urbana de Camaçari. Observa-se que este é o segundo
evento de poluição atmosférica que ocorre no período de verão (fevereiro e março)
em dois anos consecutivos (18/03/2002 e 24/02/2003). Sugere-se a adoção de
procedimentos preventivos, por parte das indústrias para evitar que a situação se
agrave”.
“Com relação aos poluentes monitorados nas três estações situadas em Camaçari,
verifica-se que embora tenham ocorrido picos de concentração para alguns deles, a
exemplo de NO2, SO2 e CO na Câmara e O3 na Hospital, demonstrando uma clara
tendência de aumento de concentração no referido período de 11:00 a 15:00, não
houve ultrapassagem dos padrões dos mesmos. Porém a concentração de ozônio
na estação Hospital chegou a 71,2 ppb, muito próximo do padrão permitido para
uma hora de 81,6 ppb, o que tornou a qualidade do ar “Regular”.
“Como as emissões atmosféricas oriundas das várias fontes existentes no Pólo
foram transportadas também para Camaçari, conforme comprovado através da rosa
dos ventos, outros compostos químicos que não são detectados pela RMA podem
ter se dispersado naquela direção, ocasionando o mal estar nos moradores”.
100
De acordo com CETREL (2004), este evento do dia 24/02/03 demonstra a
necessidade de um maior controle das emissões atmosféricas na região de
influência do Pólo, pois conforme os estudos de reavaliação da RMA, observa-se
que:
“A região de influência do Pólo, no que se refere às emissões atmosféricas, foi
ampliada, ou seja, comunidades mais distantes do Pólo estão sofrendo mais a sua
influência”.
O mesmo Relatório CETREL (2004) sinaliza que: “É preciso verificar a tendência de
aumento da concentração de NO2 no Pólo, o que poderá requerer um melhor
acompanhamento deste poluente, inclusive até seu monitoramento nas principais
fontes para melhor entender o aumento de suas concentrações ambientais
detectadas na RMA”.
101
5. ANÁLISE DAS EMPRESAS
A partir de uma análise detalhada de cada empresa estudada, nos aspectos
relacionados às emissões de NOX e VOC, identificando e classificando todas as
ações e medidas que pudessem resultar em redução destas emissões, buscou-se
perceber como a Produção mais Limpa se insere nas mesmas, como se dá a
disseminação dos conceitos, seu grau de aplicação e sua associação com
resultados alcançados. A análise do conjunto das seis empresas possibilitou uma
visão ampliada, extrapolando para o contexto da problemática do ozônio, tema do
trabalho.
Para tanto, foi estabelecido um critério e formuladas considerações que nortearam a
classificação das Ações e Medidas levantadas junto à documentação analisada,
conforme exposto nos tópicos a seguir, que antecedem a Análise das Empresas.
5.1 CLASSIFICAÇÃO P+L
Inicialmente foram separadas (inclusive adotando cores diferentes), as “Ações” das
“Medidas”, conforme seguinte critério:
Ações (na cor rosa) – correspondem a intervenções propriamente ditas na Unidade,
como por exemplo a substituição de um equipamento por outro de tecnologia mais
avançada; uma adequação, como a instalação de tetos flutuantes; a substituição de
óleo por gás natural, como combustível nas fornalhas, ou ainda a medição de
determinada emissão gasosa.
Medidas (na cor azul) – são decisões e providências de cunho mais abrangente
/gerencial, como a elaboração de programa de emissões fugitivas; participação em
processos de certificação, programa de atuação responsável etc; levantamento de
fontes ou estabelecimento de metas e definição de medidas de controle de
emissões, dentre outros.
102
O critério adotado para a classificação considerou a ordem estabelecida no próprio
diagrama P+L, conforme tabela a seguir:
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO
1B MUDA PROCESSO1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper
2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação
3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação
4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4B-Sep/ConcResíduos4C-RecEnergia/Material 4D-Incineração4E-Disposição Final
As definições e exemplos encontrados na literatura consultada, acerca dos itens do
diagrama P+L, foram suficientes para que pudéssemos reconhecer e proceder a
classificação das ações e medidas levantadas que correspondiam a Mudanças no
Produto(1A), Reciclagem Interna e Externa (2 e 3 A,B,C) e Técnicas Fim de Tubo
(4A, B,C,D,E).
Porém, as definições e exemplos referentes às Mudanças no Processo /Controle na
Fonte, que incluem Mudanças nos Insumos(1B(1)), Mudanças na Tecnologia(1B(2)),
e Boas Práticas de Operação(1B(3)), suscitaram dúvidas quando da classificação e
em alguns casos as diferenças eram muito sutíis, principalmente entre as Ações e
Medidas relacionadas a Mudanças Tecnológicas e Boas Práticas, que correspondem
a maioria dos casos. Por este motivo, faremos a seguir algumas considerações
sobre estes dois tópicos do diagrama P+L.
5.1.1 Considerações sobre Boas Práticas
Diante do grande número e, principalmente, pela diversidade de ações e medidas,
associadas ao tema das Boas Práticas Operacionais, constantes da literatura
consultada, foi necessário adotar uma subdivisão para este tópico do diagrama P+L,
de modo a simplificar a tarefa de classificar as diversas ações e medidas levantadas
a partir da documentação das indústrias estudadas.
103
Desta forma, agrupamos inicialmente as ações e medidas constantes da literatura
em três tipologias, as quais denominamos de Medidas Organizacionais, Ações de manutenção e Ações /Ajustes de Processo. Esse exercício de classificação em
sub-grupos permitiu o entendimento / visualização do conceito que a literatura traz
para o termo Boas Práticas Operacionais, o qual, por si só, já traduz a amplitude de
medidas que podem estar aí incluídas. De acordo com Piotto(2003), essas ações
contemplam uma adequada manutenção e uma gestão administrativa voltada para a
redução de emissões e da geração de resíduos, ou ainda, conforme TECLIM (2001),
que assinala que as mesmas envolvem o uso cuidadoso de matérias primas e de
processo, associados à boa manutenção, incluindo mudanças organizacionais.
Assim, a classificação das ações e medidas realizadas pelas empresas, como sendo
incluídas no contexto das Boas Práticas Operacionais, contemplou, de forma
implícita a subclassificação das mesmas, conforme descrito a seguir:
- Medidas Organizacionais, entendidas como aquelas que abrangem o
treinamento, conscientização e motivação de pessoal; programas de estímulo à
redução de resíduos e emissões; contabilização do custo de tratamento das
emissões; informações melhoradas; definição de responsabilidades; ações para
implantação de programa de Atuação Responsável; instalação de Sistema Integrado
de Gerenciamento Ambiental, dentre outros.
- Ações de Manutenção são aquelas que abrangem instruções de manuseio de
materiais e recipientes, incluindo estocagem e programação adequada do uso de
materiais, evitando perdas por danos ou por excederem prazos de validade;
reorganização de intervalos de limpeza e manutenção; compra, estocagem e
distribuição melhoradas; limpeza e manutenção de trocadores de calor etc.
- Ações /Ajustes de Processo são entendidas como aquelas relacionadas ao
processo de produção propriamente dito, envolvendo ajustes nas variáveis de
processo com vistas à otimização da produção; mudanças na operação dos
equipamentos; controles adequados das perdas evitando vazamentos e transbordos;
segregação de resíduos para evitar contaminação com os demais, ou mesmo
104
inviabilizar sua reutilização ou recuperação; aumento do uso das capacidades de
processo etc.
5.1.2 Considerações sobre Mudanças na Tecnologia
Kiperstok (2002b) e TECLIM (2001) consideram como mudanças tecnológicas ações
que visam o uso eficiente de energia; aumento de vida útil dos produtos químicos/
materiais; co-geração de calor e eletricidade; recuperação de calor; recuperação e
reutilização de materiais (água); condições de processo melhoradas/ otimizadas
resultando em maior rendimento da produção etc.
De acordo com Kiperstok (2002b), este tópico do diagrama contempla as medidas
de cunho tecnológico aplicadas, visando a evitar perdas, reduzir o consumo de
energia e quantidade de resíduos gerados num processo de produção.
Assim, considerando os conceitos acima expostos, observa-se que um grande
número de medidas pode estar incluído no âmbito das mudanças tecnológicas, uma
vez que seu conceito é bastante abrangente.
Apesar de compreendermos o que é citado em Kiperstok (2002b), que
freqüentemente as medidas de mudanças na tecnologia precisam ser combinadas
com boas práticas operacionais e o uso de matérias primas/ insumos modificados, a
classificação de ações como sendo incluídas em Boas Práticas ou Mudanças
Tecnológicas apresenta-se como uma difícil tarefa, posto que a “linha divisória” entre
um e outro item do diagrama pode ser, em alguns casos, bastante subjetiva.
Assim, encontramos dificuldade em estabelecer, por exemplo, se ações como a
revisão da especificação de gaxetas para correntes de BTEX ( Benzeno, Tolueno,
Etilbenzeno e Xilenos), utilizando melhor tecnologia disponível ou a instalação de
queimadores especiais, que produzem queima mais eficiente, são Mudanças de
Tecnologia ou Boas Práticas de Operação.
A princípio, entendíamos Mudança Tecnológica como associada à alteração de
aspectos conceituais de processo e a grandes intervenções na Unidade. No entanto,
105
procuramos perceber e entender melhor o significado do termo “medidas de cunho
tecnológico” citado em Kiperstok (2002b) e estabelecemos algumas premissas de
modo a facilitar o andamento dos trabalhos.
Dessa forma, procedemos a uma subdivisão do que se definiu na literatura como
Mudanças Tecnológicas em três tipologias, as quais denominamos de Mudanças na
Tecnologia de Processo; Mudanças na Tecnologia de Equipamentos e Mudanças na
Tecnologia de Controle/ Automação da Planta.
Esta subdivisão possibilitou o exercício da classificação das ações citadas na
literatura e serviu como ferramenta para classificar as ações e medidas identificadas
junto à documentação analisada, com base no seguinte critério:
- Mudanças na Tecnologia de Processo são as medidas relacionadas com a
tecnologia do processo propriamente dito, a exemplo de novo catalisador, rearranjo
de lay-out ou adição de equipamento para aumentar a eficiência de determinado
sistema; alteração significativa das condições operacionais; utilização de programas
e métodos para otimização de redes de transferência de calor e de transporte de
massa, promovendo o uso eficiente de energia e recuperação/ reutilização de
materiais, dentre outros.
- Mudanças na Tecnologia de Equipamentos correspondem às melhorias
tecnológicas que dizem respeito a equipamentos com vistas a aumento de eficiência,
como por exemplo a substituição de queimadores de fornos por outros mais
eficientes quanto à emissão de NOx; instalação de tetos flutuantes em alumínio com
a finalidade de reduzir emissões em tanques de estocagem de compostos voláteis;
utilização de revestimentos especialmente desenvolvidos; recheios com maior área
de troca etc.
- Mudanças na Tecnologia de Controle/ Automação da Planta dizem respeito às
atualizações tecnológicas relacionadas ao controle da unidade de produção e
aumento da confiabilidade operacional. A esta tipologia estão associadas medidas
como a implantação de analisadores de linha; instalação de válvulas remotamente
operadas; SDCD- Sistema Digital de Controle Distribuído etc.
106
Ainda assim, observamos que a subjetividade permeia a escolha de Boas Práticas
ou Mudanças na Tecnologia, quando se classifica, por exemplo, uma medida que
promove “condições de processo melhoradas/ otimizadas resultando em melhor
rendimento da produção” que, de acordo com Kiperstok (2002b) e TECLIM (2001), é
considerada no âmbito das mudanças tecnológicas.
A nosso ver, dependendo da ação /intervenção que se realize, pode ser entendida
no âmbito das boas práticas ou como mudança de tecnologia, ainda que o resultado
seja a promoção de um melhor rendimento da produção ou a otimização energética
de um equipamento ou sistema.
Por exemplo, a otimização do consumo de energia de uma torre de destilação pode
ser decorrente da alteração do prato de alimentação da torre, uma pequena
mudança no processo. Da mesma forma, a otimização do consumo de energia de
uma célula eletrolítica pode ser decorrente da alteração da geometria ou do material
do ânodo ou do cátodo, ou seja, de uma mudança no equipamento.
Estes dois exemplos de ações são, do ponto de vista da literatura, enquadrados
como mudança de tecnologia por resultarem em otimização energética. Contudo,
apesar do exemplo da célula eletrolítica conduzir ao entendimento de que se trata de
mudança de tecnologia de equipamento, a pequena mudança de processo,
correspondente à alteração do prato de alimentação da torre de destilação, não
sugere uma afirmação categórica de que se trata de uma mudança tecnológica,
possibilitando o entendimento de que pode ser admitida como uma boa prática de
operação.
Ainda no âmbito da interface tecnologia vs boa prática, podemos citar o
aproveitamento de uma corrente de processo para promover um ganho energético
na planta por meio de recuperação de calor pode ser admitido como uma boa prática
de operação no âmbito do processo e não necessariamente ser considerado como
uma mudança tecnológica.
Diante da abrangência de cada um desses dois temas e dos questionamentos,
surgidos quanto à classificação de todas as medidas associadas à redução no
107
consumo e uso eficiente de energia como sendo enquadradas no âmbito das
mudanças tecnológicas, consta como desdobramento / sugestão deste trabalho a
ampliação da discussão, com vistas a melhorias / ajustes no Diagrama P+L.
Assim, para efeito das classificações que fizemos no decorrer deste trabalho, foram
considerados os conceitos constantes das principais referências consultadas,
enquadrando todas as medidas/ ações que resultassem em otimização energética,
como mudança de tecnologia.
5.2 RESULTADOS DAS EMPRESAS
Este tópico contempla o levantamento das ações e medidas adotadas para a
redução de emissões de NOx e VOC, em um total de seis empresas identificadas
como fontes importantes destes poluentes. Foram também obtidas informações
acerca do licenciamento e condicionantes de licenças ambientais, fontes e
inventários de emissões atmosféricas e fugitivas, bem como informações relevantes
relacionadas ao tema. As licenças concedidas ao COFIC, relativas ao licenciamento
do Pólo Petroquímico de Camaçari, também foram alvo de estudo.
Para tanto, analisaram-se Roteiros de Caracterização de Empreendimentos - RCE,
Estudos de Auto-Avaliação para Licenciamento Ambiental-ALA, Relatórios Técnicos
de Garantia Ambiental - RTGA, Planos e Programas de Emissões Atmosféricas e
Fugitiva, Inventários, dentre outros documentos.
As empresas analisadas respondem por 66,8% das emissões de NOx e por 87,3%
das emissões de VOC do Pólo Industrial de Camaçari, de acordo com o Inventário
constante do Relatório CETREL,2003. A partir do mesmo, elaborou-se a Tabela 18,
que indica as empresas e suas respectivas emissões, em termos quantitativos e
percentuais.
108
Tabela 18 – Principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo
PRINCIPAISFONTES
NOx
ton/ano%
VOC /ORGÂNICOS
ton/ano%
A - POLITENO 30 0,25 593 2,96B - OXITENO 155 1,26 644 3,2C - POLIBRASIL 0 -- 2168 10,80D - ACRINOR 247 2,0 5507 27,5E - BRASKEM /Insumos básicos
7788 63,3 6377 31,84
F- BRASKEM UPVC 0 -- 2195 10,96TOTAL 8220 66,81 17484 87,31TOTAL GERAL 12295 20026
FONTE: (CETREL,2003)
Após a consolidação das informações e classificação das ações e medidas, os
resultados de cada empresa foram organizados na forma de gráficos e planilhas,
elaborando-se análises e conclusões parciais que foram consolidadas ao final do
capítulo.
Assim, para cada empresa, foram estabelecidos sub-itens denominados e descritos
a seguir:
1-Caracterização, que informa quando iniciou a operação, as principais matérias
primas, produtos e aplicações;
2-Fontes de emissões / Inventário de Emissões Atmosféricas e Fugitivas, que
inclui informações sobre as principais fontes de emissão de NOx e VOC das
empresas, bem como acerca de seus inventários.
3-Consolidação de Resultados, onde as ações e medidas levantadas são
organizadas e classificadas de acordo com o Organograma de La Grega,
associando-as aos condicionantes estabelecidos nas licenças e elaborando gráficos
109
e planilhas. A organização das informações permitiu uma maior clareza e facilidade
na execução da etapa de classificação das ações e medidas.
4-Análise é o sub-item que contempla a análise dos resultados, incluindo opinativos
e conclusões parciais de cada empresa, que servirão como referencial para a
elaboração da Conclusão final dos trabalhos.
Os itens que seguem apresentam os resultados obtidos para cada uma das seis
empresas estudadas, identificadas como “A”, “B”, “C”, “D”, “E” e “F”.
110
5.2.1 EMPRESA “A”
5.2.1.1 CARACTERIZAÇÃO
A EMPRESA “A” é uma petroquímica de segunda geração, produtora de resinas
termoplásticas: polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de média
densidade (PEMD), copolímero de acetato de vinila (EVA) e polietileno linear (PEL).
Seus produtos são utilizados como matérias primas nas indústrias de terceira
geração, na produção de brinquedos, baldes, containers, embalagens, solados etc.
Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo
III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.
5.2.1.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO
Fornalhas: Ø Duas fornalhas fazem o aquecimento e vaporização do óleo térmico
(Dowtherm A), que é utilizado, em circuito fechado, em equipamentos de troca de
calor, no processo de produção de Polietileno Linear.
Silos de produtos acabados: Ø Os “pellets” de PEBD, PEL e EVA contêm residual
de etileno, ciclohexano e acetato de vinila, incorporados a cada um deles
respectivamente.
Outras Fontes: Ø Como outras fontes, foram identificadas as emissões do tanque
de ciclohexano, condensador de DTA (fluido térmico), “stripper”, purgas da seção de
compressão (paradas) e despressurização dos reatores (paradas).
Inventário de Emissões Atmosféricas
Tabela 19: Emissões de compostos orgânicos a partir de tanques de teto fixo
Tancagem Emissão VOC (t/ano)Perda por evaporação 2,17 (820,17 lb/mês)
Perda por trabalho 4,46 (398,98 lb/mês)
TOTAL 6,63Fonte: (EMPRESA “A”. Inventário de Emissões, 2001)
111
Tabela 20: Emissões Pontuais de Processo + Tancagem
Fonte Emissão NOx (t/ano)
Emissão VOC (t/ano)
% VOC
Condensador de DTA - 0,351 0,101Stripper ciclohexano - 99,776 28,81
Fornalha 30,40 1,10 (COT) 0,32silos PEL(ciclohexano) - 21,29 6,15
silos PEBD(eteno) - 111,50 32,19silos EVA(acetato vinila) - 95,30 27,52purgas da compressão - 5,20 1,50Despressuriz. reatores - 5,20 1,50
Tancagem - 6,63 1,91TOTAL 30,40 346,347 100,00
Fonte: (EMPRESA “A”. Inventário de Emissões, 2001)
Tabela 21: Emissões Fugitivas das Unidades (Fatores Médios de Emissão)
Unidade Nº de Fontes
Emissão VOC (t/ano)
PEL 7063 152,830PEBD/EVA
(produzindo PEBD)1850 80,783
PEBD/EVA (produzindo EVA)
1865 13,124
TOTAL - 246,737 (Fonte: EMPRESA “A”. Inventário de Emissões, 2001)
Os valores de emissões fugitivas, somados às emissões pontuais e de tanques,
resultam em 246,737 + 346,347 = 593,084 t/ano de VOC, que confere com os
valores constantes do Relatório da CETREL(2003), que apresenta as cargas de
poluentes atmosféricos emitidos pelo Pólo no ano de 2001, atualizado em 2002.
ØEm 2003, como resultado da revisão do Programa de Emissões Fugitivas, com
base nos novos critérios para definição de vazamento estabelecidos em 2001, foram monitoradas 4.548 fontes e detectado vazamento em 414 fontes (9,1%),
resultando em uma emissão anual total de VOC de cerca de 59,19 toneladas,
estimadas pelo Método de Equações de Correlação (EPA).
112
5.2.1.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “A”.
Aqui foram consolidadas todas as Medidas de Planejamento/Auto-avaliação procedidas e as Ações Efetivamente Praticadas pela
empresa, bem como destacadas as Medidas Normativas e de Licenciamento, diretamente relacionadas às medidas e ações
contabilizadas e classificadas conforme critério a seguir:
Critério P+L para classificação de Ações e Medidas NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO
1B MUDA PROCESSO1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper
2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação
3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação
4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final
Tabela 22 - EMPRESA “A” - Ações e Medidas X CondicionantesRes.CEPRAM
nº 2708/01Port. CRAnº 2170/02• Ações
e• Medidas
Cla
ssifi
caçã
o
La G
rega
Res
oluç
ões
620/
92 ;
2113
/99
e 28
78/0
1
IV IX X II
1-Substituição do óleo combustível por gás natural nas fornalhas, em 1997;
1B(1) X X
2-Substituições de gaxetas em amianto por grafoil, mais resistente ao processo e ambiente;
1B(3) X X
3- Eliminação de emissão eteno altura do piso devido projeto p/ separar água e eteno da drenagem do TQ;
2C X X
4-Aquisição de equip para medição de emissões nos pontos onde foram identificados vazamentos;
1B(3) X X X
113
Res.CEPRAMnº 2708/01
Port. CRAnº 2170/02• Ações
e• Medidas
Cla
ssifi
caçã
o
La G
rega
Res
oluç
ões
620/
92 ;
2113
/99
e 28
78/0
1
IV IX X II
5-Correção de vazamento em 414 fontes (9,1%), após monitoramento de 4.548 fontes fugitivas;
1B(3) X X X
6-Implantação / Operação Unidade Recuperação de Eteno de retorno; 1B(2) X X
7-Implantação/operação de atividade queima de resíduos na fornalha. 4D X X
8-Definição de medidas de controle e concentração de vazamento p/ emissões fugitivas
1B(3) X X X
9-Identificação de fontes e Inventário de Emissões Atmosféricas; 1B(3) X X10-Elaboração de Programa e Inventário de Emissões Fugitivas; 1B(3) X X X
11-Instalação de Sist. Integrado de Gerenciamento Ambiental – SIGA; 1B(3)
12-Ações p/ implantação Programa de Atuação Responsável; 1B(3)
13-Meta manter cons específ (MWh/ton) de energia elétrica de 2001 p/ 2002.
1B(3)
Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela EMPRESA “A”.-Resolução CEPRAM nº 2708/01: IV- cumprir os condicionantes pertinentes a esta empresa, estabelecidos na Resolução CEPRAM no 2878/2001IX - continuar com o plano de emissões fugitivas;X – apresentação de estudo de viabilidade para queima de resíduo na fornalha de óleo térmico;
- Portaria CRA nº 2170/setembro/2002 :II- Monitorar continuamente durante a queima: CO, CO2, O2, temperatura, alimentação da fornalha.
114
Figura 27 - EMPRESA “A”. - Classificação de e Ações Medidas
NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 41B
Açõ
es e
Med
idas
1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)
2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)
TOTAL= 13
0 1 1 9 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0
1B(1)8%
1B(3)68%
1B(2)8%
Demais0%
4(D)8%
2(C)8%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1B(1)
1B(2)
1B(3)
2(C)
4(D)
Demais
115
5.2.1.4 ANÁLISE / CONCLUSÕES - EMPRESA “A”
Classificação por La Grega
Os resultados relativos às Ações e Medidas procedidas pela empresa foram
consolidados em gráficos e tabelas, sendo essas ações e medidas classificadas com
base no Diagrama P+L, demonstrando também a correlação entre essas Ações /
Medidas e os condicionantes constantes das licenças concedidas pelo CRA/
CEPRAM .
Assim, a partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa,
enquadradas na classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério
adotado neste trabalho, destacamos as seguintes conclusões:
1) As ações identificadas como sendo de Boas Práticas Operacionais (69,2%) são,
de longe, as mais representativas, correspondendo a 9 (nove) Ações/Medidas, de
um total de 13 (treze), contra apenas 01(uma) Ação de Mudança de Insumo de
Processo e 01(uma) Ação referente à Mudança de Tecnologia. As duas restantes
referem-se a Reciclagem( recuperação) e Fim de Tubo (incineração);
2) Um significativo percentual de 66,6% (6/9) das medidas enquadradas como Boas
Práticas correspondem à tipologia que denominamos de Medidas Organizacionais,
que não implicam em intervenções na unidade de produção;
Licenças e Condicionantes
Da análise das Licenças e Condicionantes estabelecidos pelo CEPRAM / CRA
constata-se uma correlação entre estes condicionantes e algumas ações e medidas
realizadas pela Empresa. Observa-se ainda a existência de condicionantes de
licenças concedidas à Empresa, que reportam ao cumprimento das Licenças
concedidas ao Pólo Petroquímico, os quais, apesar de redundantes reforçam o seu
caráter educativo. Neste sentido destaca-se que:
116
1) 69,2% ( 9/13) das Ações e Medidas identificadas referem-se, concomitantemente,
a atendimento de condicionantes de Licenças do Pólo e de licenças específicas da
Empresa;
2) 76,9% (10/13) das Ações e Medidas identificadas referem-se, isoladamente, a
atendimento de condicionantes de Licenças específicas da Empresa
Emissões Atmosféricas Pontuais
VOC
No que se refere às Emissões Atmosféricas Pontuais, as maiores emissões são
provenientes do “Stripper” de ciclohexano (99,77 t/ano), dos Silos de PEBD (111,5
t/ano de eteno) e Silos de EVA (95,3 t/ano de acetato de vinila), representando
28,80%, 32,20% e 27,52% respectivamente, de um total de 346,35 t/ano de VOC
emitidos por fontes pontuais, não fugitivas.
Apesar dessas emissões serem representativas, em relação ao total de emissões
geradas, não foram identificadas, nos documentos analisados, ações específicas
que resultassem na sua minimização, nem a existência de Programas com esta
finalidade.
NOx
O NOx emitido pela empresa é proveniente das fornalhas. No que se refere à
redução de emissões deste gás, constatamos apenas aquela obtida por meio da
substituição do óleo combustível por gás, nas fornalhas de aquecimento de fluido
térmico, juntamente com um provável aumento de emissões, resultantes de queima
de mistura de subprodutos à base de isoparafina e polibuteno, e de resíduos à base
de ciclohexano e acetato de vinila, caso as condições de queima não permaneçam
rigorosamente sob controle. Salientamos não terem sido obtidas informações
quantitativas a respeito desta redução/provável aumento de emissões de NOx.
Emissões Fugitivas
Verifica-se, em 2003, uma redução das emissões fugitivas do Acetato de Vinila e um
aumento das emissões do Ciclohexano, em relação ao ano de 2000. A expectativa,
117
no entanto, é que os percentuais de vazamento estivessem menores de uma
campanha para outra, dados os esforços que estão sendo empreendidos, no sentido
de redução destas fontes, como, por exemplo, pela substituição de gaxetas por
outras de material mais resistente.
Quanto ao Inventário de Emissões Fugitivas, os resultados apresentados permitiram
a comparação das duas metodologias constantes do Plano de Emissões, ou seja, a
primeira, utilizando Fatores de Emissão(1) e a segunda, utilizando Equações de
Correlação(2), demonstrando que a utilização de Fatores de Emissão resulta em
tendência a superestimar as emissões:
(1) Emissões calculadas em 2001 por Fatores de Emissão = 246,7 t/ano;
(2) Emissões calculadas em 2003 por Equações de Correlação = 59,19 t/ano.
Assim, constatamos que a metodologia que utiliza Equações de Correlação resulta
em valores muito abaixo dos calculados por Fatores Médios de Emissão. Essa
metodologia(2) é a recomendada em CETREL (1998), como preferencial para
elaboração do Inventário de Emissões Atmosféricas no Pólo Petroquímico de
Camaçari.
118
5.2.2 - EMPRESA “B”
5.2.2.1 CARACTERIZAÇÃO
A EMPRESA “B” é uma indústria petroquímica destinada à produção de óxido de
eteno, glicol etilênico, éteres glicólicos, etanolaminas e etoxilados, a partir das
seguintes matérias-primas: eteno; oxigênio; óxido de eteno; água; álcool butílico,
isobutílico, metílico e etílico; amônia e outros. Está em operação desde 1978, no
Pólo de Camaçari.
Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo
III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.
5.2.2.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO
Caldeiras
Tabela 23: Emissões das Caldeiras – Empresa B
Fonte: (EMPRESA “B”. RTGA, 2002)
Colunas de regeneração
ØO efluente gasoso das colunas de regeneração é constituído basicamente de CO2
e vapor d’água, mas inclui também inertes e hidrocarbonetos. Esta emissão tem
a seguinte composição:
Parâmetro anterior 2001/2002CO2 (%) 9,8 7,2CO (%) 0,1 0,004
SOx (mg/Nm3) 1,3 NA
SO2 (mg/Nm3) NA 0,9
NOx (mg/Nm3) 608 291
MP (mg/Nm3) 4,2 5,7THC (ppm) NA 15,2
Acetaldeído (mg/Nm3)
NA 9,1
Formaldeído (mg/Nm3)
NA 1,1
119
Tabela 24: Emissões das Colunas– Empresa B
Parâmetro D-220 D-7220
CO2 (kg/h) 7340 5941
H2O (vapor) (kg/h) 7500 0,138
Inertes + HC(kg/h) 55,8 1,6
Temperatura (ºC) 80,0 80,0Fonte: (EMPRESA “B”. ALA, 2002)
Lavador de Gases
ØO Relatório Comparativo de Emissões Atmosféricas, que consta do RTGA 2002,
informa as seguintes emissões do lavador de gases:
Tabela 25: Emissões do Lavador de Gases– Empresa B
Parâmetro Unidade Conc 1998/1999
Conc 2001/2002
Dioxana mg/Nm3 14,9 20,8
Óxido de Eteno mg/Nm3 47,6 1504,4 Fenol ND ND
Nonil Fenol mg/Nm3 21,5 0,6 THC (como isobutileno)
ppm 43,3 891,7
H2O % 11,60 NA Fonte: (EMPRESA “B”. ALA, 2002)
Emissões Fugitivas
ØEm 2002, foram cadastradas 7914 fontes, monitoradas 4970 e identificados
vazamentos em apenas 42 fontes (0,85%), representando uma emissão anual de
0,72 toneladas.
Com a continuação do programa de emissões fugitivas, em 2003, foi realizada
intervenção pela manutenção, nas 42 fontes com vazamento detectadas em 2002,
resultando em apenas 13 fontes que permaneceram com vazamento após
intervenção, representando 0,02% do total de fontes avaliadas (4970).
120
5.2.2.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “B”
Critério baseado em LaGrega para classificação de Ações e MedidasNÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO
1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper
2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação
3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação
4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final
Tabela 26 - EMPRESA “B” - Ações e Medidas X Condicionantes Resol.
CEPRAM1626/98
Resol. CEPRAM2407/00
Resol. CEPRAM2359/00
Resol. CEPRAM2607/01
Port.CRA
1300/02
Port.CRA
2765/03
• Ações (P + L) e
• Medidas(P + L)
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92; 2
113/
99 e
28
78/0
1
XII XIII XIV VI VIII II X III IV III IV V III
1-Utilização de gás natural como combustível nas caldeiras
1B(1) X X X X X
2-Substituição dos queimadores das duas caldeiras
1B(2) X X X X X X
3-Incorporação de turbo gerador no sistema de rebaixamento de pressão do vapor das caldeiras;
1B(2) X X X
4-Reciclagem externa do efluente gasoso da coluna de regeneração
3(A) X
5-Maximização condições de processo p/controle específico geração de CO2
1B(3) X X X X X
121
Resol. CEPRAM1626/98
Resol. CEPRAM2407/00
Resol.CEPRAM2359/00
Resol. CEPRAM2607/01
Port.CRA
1300/02
Port.CRA
2765/03
• Ações e
• Medidas
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92 ;
2113
/99
e 28
78/0
1
XII XIII XIV VI VIII II X III IV III IV V III
6-Implantado novo Lavador de Gases -Unidade de Etoxilação.
4(A) X X X X X X X X X X
7- Iimplementadas ações p/ melhoria eficiência uso recursos naturais: Energia elétrica e gás natural;
1B(2) X X X
8-Implantação do “Reclaim Compressor” – C310;
1B(2)
9-Implantação caldeira p/eliminação emissões atmosféricas contendo etile-no e metano;
4(D) X X X X X X
10-Implantação sistema de Stripper de Aldeídos com envio de gases para queima na caldeira;
4(B) X X X X X X
11-Substituição sistema refrigeração com CFC;
1B(1) X X X X
12-Substituição do Dicloroetano (DCE) por Cloreto de Etila (EC) na planta II;
1B(1) X X X X
13-Identificação das fontes e suas emissões;
1B(3) X X X X
14-Realização de campanha anual de monitoração qualiquantitativa da emissão da caldeira;
1B(3) X X X X
15-Acompanhamento sistemático performance caldeiras (geração de vapor x consumo de gás);
1B(3) X X X X X X X
16-Elaboração do programa de emissões fugitivas;
1B(3) X X X X X X X
122
Resol. CEPRAM1626/98
Resol. CEPRAM2407/00
Resol.CEPRAM2359/00
Resol. CEPRAM2607/01
Port.CRA
1300/02
Port.CRA
2765/03
• Ações (P + L) e
• Medidas(P + L)
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92 ;
2113
/99
e28
78/0
1
XII XIII XIV VI VIII II X III IV III IV V III
17-Avaliação de Desempenho Ambiental / acomp. eficiência uso de Energia elétrica e gás natural;
1B(3) X X X X
18- Análise de risco HAZOP para todo novo projeto;
1B(3) X X
19-Análise de risco para toda modificação de projeto;
1B(3) X X
20-Implementação Progr Inspeção / Manutenção Preventiva nos equipamentos e sistemas;
1B(3) X
21-Concluído dez/01 projeto p/ substituição Dicloroetano (DCE) por Cloreto de Etila (EC);
1B(3) X X X X X
22-Participação do Programa de Atuação Responsável da Abiquim;
1B(3) X X
23-Contratado projeto para redução de aldeído (VOC) no efluente;
1B(3) X X X X X X
24-Certificação ISO 14000, em 2002; 1B(3) X X25-Monitoradas 5970 fontes fugitivas; cadastradas 7914; identificados vazamentos: 42 (0,85%);
1B(3) X X X X X X X
26-Execução avaliação Emissões Fugitivas unidade éteres monitor 355 fontes e vazam em 10;
1B(3) X X X X X X X
27-Revisão de padrão de engenharia e de formulários de MP’s (Modificações de Projeto).
1B(3)
123
Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela Empresa “B”
-Resolução CEPRAM nº 1626/98:
XII - que determina a avaliação de todas as fontes de emissões gasosas da
empresa, qualificando cada fonte, conforme resolução CEPRAM nº 620/92;
XIII - referente à implantação de programa de identificação e quantificação de fontes
de emissão fugitiva;
XIV – remete à Resolução 620/92 quanto à participação no programa de
gerenciamento da qualidade do ar.
-Resolução CEPRAM nº 2407/00:
VI - fazer cumprir a Resolução nº 1459/97, que se refere aos processos de melhoria
contínua visando o aprimoramento do desempenho ambiental das empresas.
VIII - remete ao cumprimento da Resolução 2113/99 do Pólo, alterada em 2001 pela
Resolução 2878/01, que contempla também exigências quanto às emissões
atmosféricas, aplicáveis não apenas à empresa, mas a todo o Pólo.
-Resolução CEPRAM nº 2359/00:
II - apresentar, quando do pedido da Licença de Operação da Ampliação, projeto e
cronograma de implantação para o novo lavador cáustico para a Unidade Etoxilação.
-Resolução CEPRAM nº 2607/01:
III - determina a apresentação de projeto de novo lavador de gases.
IV - pede o prosseguimento da avaliação da eficiência de lavador existente,
juntamente com envio dos resultados ao órgão ambiental.
-Portaria CRA nº 1300/02:
III - estabelece prazo para a instalação do lavador de gases;
IV - exige a apresentação de projeto para implantação de novos queimadores nas
caldeias, com o objetivo de reduzir as emissões de NOx (Óxidos de Nitrogênio) e
aumentar a eficiência de queima do combustível;
-Portaria CRA nº 2765/03:
III - exige a apresentação de relatório de progresso do programa de emissões
fugitivas;
124
Figura 28 - EMPRESA “B” - Classificação de Ações e Medidas
NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4
1B
AÇ
ÕES
EM
EDID
AS
1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)
2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)
TOTAL=27
0 3 4 16 0 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0
3(A)4%
4(A)4%
4(B)4%
1B(2)15%
1B(3)58%
4(D)4%
1B(1)11%
Dem
ais
0%
0 2 4 6 8 10 12 14 16
1B(1)
1B(2)
1B(3)
3(A)
4(A)
4(B)
4(D)
Demais
125
5.2.2.4 ANÁLISE / CONCLUSÕES - EMPRESA “B”
Classificação P+L
A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na
classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,
destacamos as seguintes conclusões:
1) As ações identificadas como sendo de Boas Práticas Operacionais (59,3%), são
as mais representativas, correspondendo a 16 (dezesseis) Ações/Medidas, de um
total de 27 (vinte e sete), contra 03 (três) Ações de Mudança de Insumo de Processo
e 04(quatro) Ações referentes a Mudança de Tecnologia. As quatro restantes
referem-se à Reciclagem Externa (reuso) e Fim de Tubo (tratamento e separação de
resíduos e incineração);
2) Um significativo percentual de 93,8% (15/16) das medidas enquadradas como
Boas Práticas correspondem à tipologia que denominamos de Medidas
Organizacionais, que não implicam em intervenções na unidade de produção;
Licenças e Condicionantes:
Observou-se uma estreita relação entre os condicionantes estabelecidos pelo
CEPRAM / CRA e grande parte das ações e medidas realizadas pela Empresa, seja
de forma direta, como na exigência de substituição de queimadores das fornalhas,
implantação de novo lavador de gases e avaliação/monitoramento de fontes de
emissões pontuais e fugitivas, ou de forma indireta, em condicionantes que tratam
de melhoria contínua, aprimoramento de desempenho ambiental e atendimento aos
padrões de controle ambiental vigentes, ou que reportam ao cumprimento das
Licenças referentes ao Pólo Petroquímico, concedidas ao COFIC – Comitê de
Fomento Industrial de Camaçari.
Aliás, verificamos que a quase totalidade das Ações/Medidas praticadas pela
Empresa está associada a cumprimento de condicionantes das licenças do Pólo e a
condicionantes das licenças específicas da Empresa, a exemplo dos levantamentos
126
de fontes, monitoramentos e elaboração de inventários, bem como a implementação
de programas para eliminação, minimização e controle de emissões atuando na
fonte. Neste sentido destaca-se que:
1) 81,5%( 22/27) das Ações e Medidas identificadas referem-se a atendimento de
condicionantes de Licenças do Pólo , incluindo, concomitantemente, 77,8% de
Ações para o atendimento de condicionantes de licenças específicas da Empresa;
2) 88,9% (24/27) das Ações e Medidas identificadas referem-se, isoladamente, a
atendimento de condicionantes de Licenças específicas da Empresa.
Vale ainda ressaltar que a exigência quanto ao lavador de gases, constante da
Resolução CEPRAM nº 2359 de junho de 2000, foi reiterada pelo CRA em mais
duas oportunidades, por meio da Resolução CEPRAM nº 2607 de janeiro/2001 e da
Portaria CRA no 1300 de janeiro de 2002, tendo sido implantado em 2002.
Emissões atmosféricas: Pontuais e Fugitivas
Caldeiras:
No que se refere às emissões das caldeiras, observou-se, a partir dos
monitoramentos realizados, uma redução significativa das emissões de NOx em
2001/2002 em relação à medição anterior, que deverão ser ainda reduzidas com a
troca dos queimadores das caldeiras por tipo mais eficiente quanto à formação de
NOx.
Não identificamos, nos documentos analisados, uma ação específica que pudesse
levar a esta redução de emissões, ocorrida em 2001/2002, já que a implantação dos
novos queimadores foi postergada para jan/2004. Contudo, um controle indireto é
feito com o acompanhamento da eficiência de operação através da instrumentação,
que pode ter sido responsável pelo ganho ambiental obtido, desde que a
metodologia e condições de amostragem tenham sido mantidas.
Vale ressaltar que a análise, quanto aos motivos que levaram à redução de
emissões entre os períodos monitorados, deveria ter sido realizada pela empresa e
127
apresentada juntamente com as informações numéricas, ou no mínimo, esta era a
expectativa.
O RTGA 2003, apresentado em fevereiro de 2004, não traz informações adicionais
sobre as emissões das caldeiras para NOx e THC, referindo-se apenas ao CO2.
Colunas de Regeneração:
Quanto às emissões das colunas de regeneração, a composição apresentada não
identifica isoladamente a quantidade de HC emitida, indicando uma corrente
composta de (HC + Inertes). Entendemos ser importante conhecer/acompanhar as
quantidades de HC efetivamente liberados para a atmosfera por essa fonte, pois
observa-se que a corrente de (Inertes + HC), presente no efluente das colunas,
equivale a uma emissão de 502,8 t/a (57,4kg/h X 8760h/a). Quanto a esta corrente,
não há informações do percentual correspondente ao HC lançado na atmosfera.
Apenas consta da documentação analisada que “parte desta purga é comprimida e
enviada a Petrobrás, e o restante é lançado na atmosfera”, sem informação
quantitativa.
Contudo, apesar de não terem sido apresentados dados numéricos, referentes às
emissões de HC ao longo dos anos, foram disponibilizados os resultados do
acompanhamento das quantidades de CO2, emitidas para a atmosfera desde 1998
até 2002, uma vez que a produção do CO2 ao invés de óxido, significa, dentre outras
conseqüências, prejuízo financeiro para a empresa.
Assim, de forma indireta, constatamos que as emissões de HC das colunas têm sido
controladas, pois a geração específica de gás carbônico (Kg de CO2 emitido para
atm/ ton de produção total) apresenta valores decrescentes (conseqüentemente HC
tabém), em decorrência das ações implementadas no sentido de maximizar as
condições de processo e gerar uma quantidade mínima possível de CO2, já que este
é gerado no processo de reação para obtenção de óxido de eteno, onde ocorre de
forma concorrente.
128
Lavador de gases:
Considerando ser o vent do lavador de gases uma importante fonte de emissão de
poluentes orgânicos para a atmosfera, a sua substituição e os conseqüentes
benefícios ambientais dela decorrentes são o resultado de um esforço conjunto
cujos atores são a empresa, quando estabeleceu prioridades no seu Programa de
Gestão Ambiental, e o CRA, no seu papel de impulsionador e de orientador das
ações ambientais implantadas, quando estabelece condicionantes nas licenças
concedidas. O cumprimento dos condicionantes culmina nos ganhos ambientais
desejados, como foi o caso do novo lavador de gases, que se encontra em
operação, contemplando o direcionamento dos gases exauridos para queima na
caldeira.
Emissões pontuais:
Das fontes de emissões pontuais informadas (não fugitivas), tem-se que o NOx é
emitido a partir das caldeiras e os HC são oriundos tanto das caldeiras como do
efluente das colunas de regeneração, sendo que o lavador de gases deixou de
existir como fonte de emissões uma vez que os gases exauridos são direcionados
para queima na caldeira.
Não foi possível comparar os valores informados nos documentos analisados,
apresentados ao CRA, com as informações, relativas aos inventários de NOx e
VOC, constantes no Relatório CETREL (2003) que apresenta as cargas de
poluentes atmosféricos emitidos pelo Pólo no ano de 2001, atualizado em 2002.. As
fontes de emissão foram identificadas, mas a utilização de unidades diferentes
(mg/Nm3; ppm; kg/h) na apresentação das informações quantitativas destas
emissões, dificulta o entendimento e a comparação de valores. Esperava-se
portanto, encontrar informações mais claras quanto ao inventário de emissões
atmosféricas da empresa, o que não ocorreu.
Assim, apesar da demonstração dos resultados do acompanhamento realizado ao
longo dos anos, de indicadores de consumo de energia e geração de CO2 por
tonelada de produção total, não são informadas as quantidades efetivamente
129
emitidas, em unidades como ton/ano. Desta forma, são conhecidas as quantidades
anuais de NOx e VOC emitidas pela empresa, por constarem do Relatório CETREL,
mas não foi possível resgatar estas informações a partir dos documentos, da
empresa, que foram analisados. De acordo com a CETREL, a partir de informações
referentes ao ano de 2002, são emitidos 155 t/a de NOx e 644 t/a de orgânicos.
Emissões fugitivas:
Observa-se que uma quantidade significativa de fontes fugitivas foram cadastradas
em 2002 (7914), tendo sido monitoradas 4970 fontes e identificados vazamentos em
apenas 42 (0,85%).
Diante da identificação, em 2003, de 13 fontes que permaneceram com vazamento
após intervenção pela manutenção, representando 0,02% do total de fontes
avaliadas, podemos concluir que o Programa de Emissões Fugitivas foi implantado
com sucesso pela Empresa.
130
5.2.3 EMPRESA “C”
5.2.3.1 CARACTERIZAÇÃO
A EMPRESA “C” é uma indústria em operação, desde 1979, para produção de
Polipropileno. As matérias primas são propeno, eteno e hidrogênio e as principais
aplicações do polipropileno são: embalagens de alimentos e de produtos agrícolas e
industriais; eletrodomésticos; roupas hospitalares; industria automobilística etc.
Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo
III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.
5.2.3.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO
Vent Stack – Responde por emissões de propeno e eteno não reagidos, diluente e
isopropanol. Os vents das seções de fase diluente, polimerização, extração de
catalisador, recuperação de diluente e preparação de catalisador, estão alinhados a
uma chaminé de alívio, utilizada em caso de falha no sistema da caldeira,
denominada de Vent Stack.
Tanques - Estocagem e transferência de produto;
Lagoon - Bacia de remoção de lama e diluente;
Caldeira - Geração de vapor (não implantada quando da elaboração do inventário);
Planta p/ geração de energia elétrica - (não quantificada).
Emissões fugitivas - Provenientes de selos de bombas e compressores, válvulas
de processo, válvulas de alívio e segurança, linhas abertas, flanges etc;
Inventário de Emissões Atmosféricas Pontuais e Fugitivas
Tabela 27 : Emissões atmosféricas pontuais e fugitivas da EMPRESA “C”.
Fontes IPA Ciclo-hexano
Diluente Propeno + Eteno
Total (kg/ano)
Tanques 622,06 90,14 813,54 _ 1.525,74Lagoon 9963,13 _ _ _ 9.963,13
Vent Stack 417600,0 _ 499400,0 1068100,0 1.985.100,0Fugitivas 19131,63 1588,50 131924,79 19139,41 171.784,3TOTAL 447316,8 1678,64 632138,33 1087239,4 2.168.373,2
Fonte: (EMPRESA “C”. Inventário de Emissões Atmosféricas, 2000)
131
5.2.3.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “C”
Critério baseado em LaGrega para classificação de Ações e Medidas NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO
1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper
2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação
3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação
4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final
Tabela 28: EMPRESA “C” - Ações e Medidas X Condicionantes
Resol. CEPRAM612 /92
Resol. CEPRAM1496/97
Port. CRA
2688/03• Ações
e• Medidas
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92; 2
113/
99
e 28
78/0
1XIII XIV VIII V
1-Implantação de caldeira p/ queima de 210 kg/h de gases residuais;
4(D) X X X
2-Instalação de tubos espiralados na caldeira p/ aumentar eficiência da combustão e reduzir emissões;
1B(2) X X X
3-Instalação de filtros manga p/ gases dos exaustores antes de lançar na atmosfera;
4(A) X X X
4-Instalação ciclones e filtros de manga na área de manuseio de pó;
4(A) X X X
5-Instalação torres lavadoras p/ controle emissões de HCl, IPA;
4(A) X X X
6-Redução consumo de água e energia elétrica de 1997 a 2001;
1B(3) X
7-Correção de vazamentos de emissões fugitivas (levantamentos em 1994, 1998, 2000 e 2001);
1B(3) X X X
8-Identificação das fontes e suas emissões; 1B(3) X X X9;Elaboração do Inventário de Emissões Atmosféricas;
1B(3) X X X
10-Elaboração de Programa de Emissões Fugitivas em 1994.
1B(3) X X X X
132
Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela Empresa “C”
Resolução CEPRAM nº 612/1992
XIII – Apresentar ao CRA, no prazo de 12 (doze) meses:
a) Estudo de alternativas para disposição dos gases de processo;
b) Estimativa das emissões fugitivas;
XIV – Apresentar, no prazo de 6 (seis) meses:
a)Projeto de implantação de filtros de manga na área 15;
b)Relatório de amostragem de chaminé, conduzido com carga de 15,5 t/h.
XII- reforça a participação da empresa na rede de monitoramento da qualidade do ar
na área de influência do Pólo.
- Resolução CEPRAM nº 1496/1997
VIII- permanecer participando do Programa de Monitoramento de Qualidade do Ar
na área de influência do Pólo Petroquímico de Camaçari.
- Portaria CRA nº 2688/2003.
V - Encaminhar ao CRA estimativa das emissões atmosféricas geradas;
133
Figura 29 - EMPRESA “C”- Classificação de Ações e Medidas
NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4
1B
Açõ
es e
Med
idas
1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)
2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)
TOTAL
=100 0 1 5 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0
0 1 2 3 4 5 6
1B(2)
1B(3)
3(A)
4(A)
4(D)
Demais
4(D)10%
Demais0%
1B(3)50%
4(A)30%
1B(2)10%
134
5.2.3.4 ANÁLISE E CONCLUSÕES - EMPRESA “C”
Classificação P+L
A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na
classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,
destacamos as seguintes conclusões:
1) As ações identificadas como sendo de Boas Práticas Operacionais (50%), são as
mais representativas, correspondendo a 05 (cinco ) Ações/Medidas de um total de
10 (dez ), contra 03 ( três ) Ações referentes a Tratamento de Resíduos (30%), 01
(uma) de Incineração(10%) e apenas 01(uma) Ação referente à Mudança de
Tecnologia. Salienta-se que 40% das ações são tipicamente “fim-de-tubo”.
2) Um percentual de 60% (3/5) das medidas enquadradas como Boas Práticas
correspondem à tipologia, que denominamos de Medidas Organizacionais, que não
implicam em intervenções na unidade de produção.
Emissões Atmosféricas
A maior fonte pontual de emissões da EMPRESA “C” é o Vent Stack ( 1.985,1 t/ano
de um total de 2.168,4 t/ano de emissões atmosféricas totais) , sendo este
equipamento responsável pelas emissões de propeno e eteno não reagidos, diluente
e isopropanol, pois, para o mesmo estão alinhados os vents das seções de fase
diluente, polimerização, extração de catalisador, recuperação de diluente e
preparação de catalisador. O Vent Stack corresponde a uma chaminé de alívio,
utilizada em caso de falha no sistema da caldeira. A altura da chaminé de alívio é de
24m e da caldeira é de 9,8m, ambas em relação ao solo.
Uma das correntes que compõem as emissões do Vent Stack é oriunda das colunas
de lavagem. Com referência a estes equipamentos, utilizados para lavagem das
emissões de HCl e IPA (álcool isopropílico), observa-se que deste processo resulta a
geração de efluente líquido, resultante da lavagem dos gases, e a emissão para a
atmosfera de gases que permanecem após lavagem.
135
As águas de lavagens dessas colunas são enviadas para a estação de tratamento
de efluentes orgânicos, enquanto os gases são ventados para a atmosfera. Este tipo
de controle “fim de tubo” deve ser evitado, ou utilizado somente após serem
esgotadas todas as alternativas de minimização da corrente a ser lavada, pois, além
de gerar uma corrente de efluente líquido, permanece a emissão para a atmosfera.
Não foi identificada, na documentação analisada, nenhuma ação associada à
redução desta corrente gasosa na fonte, nem de nenhuma outra corrente gasosa
residual. Foram destacadas as ações de instalação das próprias torres lavadoras p/
“controle” das emissões de HCl e IPA, e da caldeira para queima de gases residuais,
que se configuram como ações “fim de tubo”.
No que se refere à instalação da caldeira para geração de vapor, utilizando gases
residuais de processo como combustível, houve o aproveitamento de uma corrente
de condensado de processo para geração de vapor, como parte dos resultados de
um estudo para reciclagem de efluentes, conforme citado em EMPRESA “C”.
Balanço Ambiental, 2002.
Este equipamento permitiu a eliminação de gases residuais de processo, por meio
da utilização destes como combustível, a uma vazão de 210 kg/h, gerando 4000
kg/h de vapor de 3,5kgf/cm2. Gás natural (210 kg/h) é utilizado substituindo os gases
residuais de processo, no caso de ocorrência de problemas operacionais na planta.
Estes 210 kg/h de gases residuais queimados na caldeira equivalem a 1.719.690
kg/ano (210kg/hX8.189h/ano) e correspondem a 86,63% dos 1.985.100,0 kg/ano de
emissões do “vent stack” que deixaram de ser lançados na atmosfera. Esse
resultado é ainda bastante representativo, se considerarmos as emissões totais de
VOC informadas: 2.168.373,2 kg/ano, o que significa que a implantação da caldeira
trouxe uma redução de 79,31% das emissões da Empresa.
Apesar de reconhecer que a queima de gases residuais trouxe um ganho ambiental,
devido ao fato destes gases não mais estarem sendo lançados para a atmosfera, é
necessário observar que se trata de ação em produção mais limpa, porém “fim-de-
tubo”, sendo necessário priorizar as ações voltadas para a redução na fonte.
136
Emissões Fugitivas
As emissões fugitivas são objeto de acompanhamento da Empresa, desde 1994,
quando foi implantado um programa de monitoramento, onde todos os pontos
identificados com vazamento acima de 500 ppm são corrigidos.
Em 1994, foram medidos 551 pontos, dos quais menos de 2% apresentaram
resultados acima de 500 ppm. Em 1998, o percentual de resultados acima de 500
ppm foi de 2,4% dos pontos amostrados. No ano de 2000, nenhum dos 79 pontos,
medidos nas linhas de propeno e eteno, apresentaram vazamento acima de 500
ppm. Durante a parada para manutenção, em 2001, alguns pontos de vazamento
foram identificados nas linhas de propeno e eteno e providenciadas as correções.
Apesar do monitoramento, realizado desde 1994, e correção dos vazamentos acima
de 500 ppm, a estimativa do cálculo das emissões fugitivas da Empresa foi feita com
base na utilização de fatores médios de emissão. O inventário revisado em 2001 não
menciona a utilização de equações de correlação para o levantamento de emissões
fugitivas, as quais utilizam dados de medição das emissões de cada componente.
É, portanto, recomendável que a Empresa aplique a metodologia de cálculo, por
meio das referidas equações, em continuação à estimativa pelos fatores médios de
emissão e conheça efetivamente suas emissões fugitivas, possibilitando inclusive a
comparação das duas metodologias.
Licenças e Condicionantes:
Constatamos uma estreita relação entre as ações e medidas realizadas e os
condicionantes das licenças do Pólo e específicas da Empresa, a exemplo da
implantação da caldeira, que é o resultado de uma demanda definida pelo
CRA/CEPRAM em 1992.
Assim, a partir da exigência do cumprimento dos demais condicionantes da
Resolução 612, datados de 1992, podemos associar outras ações e medidas
adotadas pela Empresa, como por exemplo, o levantamento e programa de
137
monitoramento de emissões fugitivas e da instalação de equipamento de “controle”
de emissões como filtros de manga.
Note-se que o condicionante, referente ao monitoramento da qualidade do ar da
Res. 612/92, está presente também na Resolução nº 1496/97. Neste contexto
destaca-se que:
1) 100% (10/10) das Ações e Medidas identificadas referem-se, concomitantemente,
a atendimento de condicionantes de Licenças do Pólo e de licenças específicas da
Empresa;
2) 90 % (9/10) das Ações e Medidas identificadas referem-se, isoladamente, a
atendimento de condicionantes de licenças específicas da Empresa.
Assim, em termos gerais, no tocante às emissões atmosféricas, constatou-se que as
soluções adotadas, como a implantação da caldeira, controle através de exaustores,
filtros de manga, torres de lavagem e ciclones, são as “recomendadas” e estão de
acordo com a Resolução 612/92 referente à renovação da LO da Empresa,
substituída pela Resolução 1496/97. Contudo, são tipicamente “fim de tubo”.
Observamos, por meio da análise dos condicionantes relativos às emissões
atmosféricas, constantes das Resoluções e Portarias resultantes do licenciamento
ambiental da Empresa, no período de 1992 a 2003, a efetiva contribuição do Órgão
Ambiental do Estado, no controle dos resíduos atmosféricos gerados, que se
materializam nas ações e medidas implementadas pela Empresa ao longo dos anos,
conforme levantamentos realizados.
138
5.2.4. EMPRESA “D”
5.2.4.1 CARACTERIZAÇÃO
A EMPRESA “D” é uma indústria química, operando desde 1979, destinada à
produção e comercialização da acrilonitrila, acetonitrila, sulfato de amônio bruto e
ácido cianídrico. As matérias primas são propeno e amônia. A acrilonitrila tem
aplicação na produção de fibras acrílicas, borrachas nitrílicas, resinas, intermediários
para tintas e produtos para tratamento de água e de efluentes.
Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo
III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.
5.2.4.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO
- O incinerador, que realiza a oxidação térmica das correntes de processo contendo
orgânicos nitrilas e sulfato de amônio, além de realizar a “disposição final” de
efluentes de terceiros.
Como fonte de energia para a oxidação tem-se a queima de gás natural e,
adicionalmente, a própria combustão do ácido cianídrico. Os gases efluentes do
incinerador são lançados na atmosfera.
- O Flare, denominado na documentação da empresa estudada de TOCHA, além de
funcionar como equipamento de segurança industrial, “trata os gases e vapores dos
respiros dos equipamentos de processo da fábrica”.
- As demais fontes como a coluna absorvedora, respiros do processo,
degaseificador e venteio dos evaporadores são lançados diretamente na atmosfera.
Inventário de Emissões Atmosféricas Pontuais e Fugitivas
As emissões da absorvedora e do incinerador apresentam a seguinte composição
típica:
139
Tabela 29 : Emissões do Incinerador e Absorvedora da EMPRESA “D”.
Poluentes( unidade)
Incinerador Absorvedora
Acrilonitrila (mg/Nm3) 2 120Acetonitrila (mg/Nm3) 1 1
HCN (mg/Nm3) 20 50NOx ( mg/Nm3) 300 320
CO2 (%vol.) 7 2,1O2 (%vol.) 4 2,4CO (%vol.) 0,01 1,2SO2 (%vol.) 0,8 -
Acroleína (mg/Nm3) - 20Etano + Eteno
(mg/Nm3)- 20
Propano (%vol.) - 0,48Propeno (%vol.) - 0,24Vazão (Nm3/h) 50.000 65.000
Fonte: (EMPRESA “D”. ALA, 2003)
Tabela 30 : Emissões de NOx e Orgânicos da EMPRESA “D”
Poluente Total (ton/ano)
NOx 247Orgânicos 5507
Fonte:(CETREL,2003)
140
5.2.4.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “D”
Critério baseado em LaGrega para classificação de Ações e Medidas
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO
1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper
2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação
3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação
4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final
Tabela 31 - EMPRESA “D” - Ações e Medidas X Condicionantes Resol.
CEPRAMnº
1270/96
Portaria CRA
nº 988 /01
• Ações e
• MedidasC
lass
ifica
ção
La G
rega
Res
oluç
ões
620/
92;2
113/
99 e
28
78/0
1
IV V I II VI VII
1-Instalação de evaporadores que concentram o fluxo oriundo da coluna de lavagem;
4B
2-Incineração das correntes de processo contendo orgânicos, nitrilas e sulfato de amônio;
4D X
3-Substituição de óleo combustível do incinerador; GLP do flare e pré-aquecedor de ar p/ gás natural;
1B(1) X X
4-Condicionamento do sulfato de amônia por meio reações/homogen. p/ processamento na Proquigel.
3B
5-Monitoramento das emissões do incinerador e da coluna absorvedora;
1B(3) X X X X
6-Programa para realização de levantamento de emissões fugitivas nos reservatórios;
1B(3) X X
7-Identificação e classificação das fontes de poluição p/ minimizar impactos ambientais.
1B(3) X X
Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela EMPRESA “D”:
Res. CEPRAM nº 1270/96 :
IV – Estabelece um plano de automonitoragem para as emissões atmosféricas, com
apresentação de resultados em Relatório mensal de Automonitoragem. Este plano
contempla o incinerador (HN-301) e a absorvedora (AS-103);
141
V – Concede prazo até dezembro/96 para apresentação de projeto com cronograma
de execução, contemplando a substituição do óleo combustível, que é queimado no
incinerador HN-301, por gás natural;
Portaria CRA nº 988 /01
I – Determina o envio mensal de Relatório de automonitoragem dos efluentes
atmosféricos;
II – Determina envio de Relatório mensal de automonitoragem dos efluentes
atmosféricos do incinerador (HN-301) e da coluna de absorção (AS-103);
VI – Concede prazo para encaminhamento ao CRA da análise de eficiência da
absorvedora e do incinerador de líquidos, este conforme Resolução CEPRAM nº 14;
VII – Concede prazo para elaboração de Programa de monitoramento de Emissões
Fugitivas contemplando VOC’s e exige programa semelhante para HCN
(ácidocianídrico).
142
Figura 30 - Classificação das Ações e Medidas da EMPRESA “D”:
NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4
1B
Açõ
es e
Med
idas
1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)
2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)
TOT=7 0 1 0 3 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0
1B (1)
14%
3(B)
14%
1B(3)
44%
Demai s
0%
4(D)
14%
4(B)
14%
0 1 2 3 4
1B(1)
1B(3)
3(B)
4(B)
4(D)
Demais
143
5.2.4.4 ANÁLISE E CONCLUSÕES - EMPRESA “D”
Classificação P+L
A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na
classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,
destacamos as seguintes conclusões:
1) Observamos um número muito reduzido de ações e medidas associadas à
redução de emissões atmosféricas, sete no total. Destas, 03( 44%) são medidas
relacionadas a boas práticas operacionais e as quatro restantes estão distribuídas
como 01 Mudança de Insumo (14%), 01 de Reciclagem Externa (14%) e 02
Técnicas Fim de Tubo (28%). Prevalecem, portanto, as boas práticas operacionais,
seguidas de ações”fim de tubo”.
2) 100% (3/3) das medidas enquadradas como Boas Práticas correspondem à
tipologia que denominamos de Medidas Organizacionais, que não implicam
diretamente em intervenções na unidade de produção;
Emissões Atmosféricas
Para compensar a ausência de ações recentes de redução de emissões, na
documentação analisada, duas ações merecem destaque:
1) a instalação dos evaporadores, ocorrida em 1983, que, segundo a empresa,
“representou uma significativa redução no consumo de combustível e de seus
conseqüentes impactos ao meio ambiente” já que grande parte deste efluente era
anteriormente incinerada;
2) o condicionamento obtido a partir de reações químicas e operações de
homogeneização da corrente de sulfato de amônia bruto, oriunda da coluna de
lavagem, para processamento em outra empresa, deixando de queimá-la no
incinerador.
144
Contudo, a documentação analisada não traz informações numéricas acerca da
redução obtida no consumo de combustível, devido à instalação dos evaporadores,
nem da redução de emissões do incinerador devido ao condicionamento da corrente
de sulfato de amônia.
Emissões fugitivas
Apesar da existência de um Programa para Levantamento de Emissões Fugitivas
nos Reservatórios, esperava-se encontrar um Programa para controle de emissões
fugitivas em toda a fábrica, e não apenas nos reservatórios, mesmo considerando a
relevância do programa realizado, posto que, seguramente, os reservatórios podem
representar um percentual significativo das emissões fugitivas.
Assim esperava-se, além do Programa de Controle de Emissões Fugitivas, a
apresentação de resultados de medições destas emissões, na forma de um
Inventário de Emissões Fugitivas da Empresa, ou, pelo menos, os resultados
correspondentes aos reservatórios . Entendemos que estas informações
quantitativas deveriam constar do ALA apresentado, o que não ocorreu.
Licenças e Condicionantes
Observamos que boa parte das ações e medidas realizadas pela empresa estão
relacionadas ao cumprimento de condicionantes das licenças do Pólo e de licenças
específicas da empresa. Neste contexto destaca-se que:
1) 71,4%( 5/7) das Ações e Medidas identificadas referem-se a atendimento de
condicionantes de Licenças do Pólo , incluindo, concomitantemente, 57,1% (4/7) de
Ações para o atendimento de condicionantes de licenças específicas da Empresa.
2) 28,6% (2/7) das Ações e Medidas não foram relacionadas a condicionantes,
sendo identificadas como ações/medidas voluntárias.
O condicionante IV da resolução nº 1270 do ano de 1996 é precursor das ações de
monitoramento das emissões atmosféricas do incinerador e absorvedora, e,
145
“justificam” a ausência notada, quando da análise do ALA, do monitoramento de
fontes outras que não o incinerador e a absorvedora, ou seja, foi cumprido
exatamente e apenas o que foi exigido.
Vale ressaltar que este monitoramento é tratado também na portaria CRA nº
988/2001, já citada, que solicita, nos condicionantes II e VI, o envio de relatórios de
automonitoragem e análise da eficiência desses equipamentos. A preocupação
demonstrada com os mesmos, reiterada nas duas licenças de operação referidas,
leva à suposição de que estes devem ser equipamentos importantes, do ponto de
vista das emissões da Empresa, justificando serem eles o foco das atenções no que
se refere às exigências por parte do CRA.
O condicionante V da Resolução CEPRAM nº 1270/96, por sua vez, é o agente que
levou à ação de substituição do óleo combustível queimado no incinerador pelo gás
natural, que contemplou, como acréscimo ao exigido, a substituição do GLP do flare
e do pré-aquecedor de ar, também pelo gás natural, conforme descrito no ALA.
Da mesma forma, as medidas de identificação de fontes de emissão e o
levantamento de emissões fugitivas também foram objeto de condicionantes das
licenças analisadas, Resolução nº 1270/96 e Portaria nº 988/01.
Diante do exposto, podemos afirmar que os condicionantes IV e V da Resolução
CEPRAM nº 1270/96, bem como os condicionantes I, II, VI e VII da Portaria nº
988/01, são a constatação da ação exercida pelo CRA, no sentido de impulsionar as
empresas, através do licenciamento ambiental, à realização de ações e medidas que
representam um ganho ambiental e, portanto, são enquadradas no contexto da
Produção mais Limpa.
146
5.2.5 EMPRESA “E”
5.2.5.1 CARACTERIZAÇÃO
A EMPRESA “E”, opera no Pólo desde 1978 e possui unidades de produção de
insumos básicos destinados às indústrias de segunda geração, a exemplo de vapor,
energia elétrica, água potável, água clarificada e água desmineralizada, além de
petroquímicos básicos, a partir, basicamente, de nafta, que é transformada em
olefinas e hidrocarbonetos aromáticos, envolvendo diversos processos como
reforma catalítica, extração e destilação.
5.2.5.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO
As principais fontes de poluentes convencionais da EMPRESA “E” são os fornos,
superaquecedores, turbinas a gás e tochas, sendo o dióxido de enxofre (SO2),
material particulado (MP) e óxidos de nitrogênio (NOx) os principais poluentes
convencionais presentes nas emissões da Empresa.
Quanto a Compostos Orgânicos Voláteis - VOC, são emitidos a partir das seguintes
fontes: parque de tancagem, ilha de carregamento, tochas e processo. Salienta-se
que as principais fontes de VOC estão relacionadas com as emissões fugitivas e
emissões dos tanques de estocagem.
Inventário de Emissões Atmosféricas Pontuais e Fugitivas
NOx
Dentre os poluentes convencionais, presentes nas emissões atmosféricas da
Empresa, o NOx tem os valores acompanhados, tomando-se como referência o
padrão de emissão da Comunidade Econômica Européia-CCE, conforme Tabela 32:
147
Tabela 32 - Empresa “E” - Emissões específicas de NOx por Gcal de energia elétrica
produzida, de 1996 a 2003:
ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 padrãoCCE
NOx(kg/Gcal)
0,49 0,49 0,46 0,50 0,48 0,46 0,46 0,47 0,50
Fonte: (RTGA, 2003)
O pequeno acréscimo na taxa de emissão de NOx em 2003, em relação a 2002,
deveu-se ao aumento no consumo de combustíveis, que foi de 1,7%. Emissões de
NOx estão relacionadas ao processo de combustão (excesso de ar, tipo de bicos de
queimadores), sendo que quanto maior for o controle das variáveis de processo e
tecnologia empregada, maior será a eficiência de queima e menor a geração de
NOx. (RTGA,2003).
VOC
A Tabela 33 apresenta os inventários de VOC, atualizados em 2003, para as
seguintes fontes: parque de tancagem, ilha de carregamento, tochas e processo:
Tabela 33 – Empresa “E” - Inventário de VOC total por fonte, em 2003:
Fonte Emissões (ton)
Fugitivas 3.050Processo 207Ilha de Carregamento
163
Tancagem 1.821Tochas 123TOTAL 5.364
Fonte: (RTGA, 2003)
A Tabela 34 apresenta o acompanhamento das emissões de Compostos Orgânicos
Voláteis totais no período de 2000 a 2003.
148
Tabela 34 – Empresa “E” - Emissões de VOC total:
ano 2000 2001 2002 2003
VOC total (ton) 7.013 6.377 6.484 5.364Fonte: (RTGA, 2003)
Os dados da Tabela 34 indicam uma redução das emissões de VOC de 17,3% em
2003, em relação a 2002, obtidas por meio do desenvolvimento dos Programas de
Redução das Emissões de Hidrocarbonetos na tancagem e do Programa de
Emissões Fugitivas.
A Tabela 35 demonstra o acompanhamento das emissões de Compostos Orgânicos
Voláteis dos tanques de estocagem.
Tabela 35 – Emissões de VOC dos tanques de estocagem - Empresa “E”:
ano 2000 2001 2002 2003
VOC da tancagem (ton) 3.144 2.391 2.676 1.821 Fonte: (RTGA, 2003)
As emissões provenientes da tancagem diminuíram 32%, em relação ao ano de
2002. De acordo com o RTGA de 2003, esta diminuição deveu-se ao fato de que,
em 2003, foi iniciada a operação da Unidade de Remoção de Voláteis. Além disso,
em 2003, foram instalados dois tetos internos flutuantes de alumínio, nos tanques
que representavam uma emissão de cerca de 13% em relação ao inventário de
2002, e mais dois tetos em outros dois tanques. Para 2004 estava prevista a
instalação de mais quatro tetos internos flutuantes. A eficiência do teto interno de
alumínio, na redução de emissões, é de cerca de 70%.
A tabela 36 demonstra o acompanhamento das emissões de Compostos Orgânicos
Voláteis da Ilha de Carregamento.
Tabela 36 – Emissões de VOC da Ilha de Carregamento - Empresa “E”:
ano 2000 2001 2002 2003
VOC do Carregamento (ton) 281 414 195 163Fonte: (RTGA, 2003)
149
As emissões provenientes da Ilha de Carregamento diminuíram 16,4%, em relação
ao ano de 2002. De acordo com o RTGA de 2003, esta diminuição deveu-se ao fato
de que, em 2003, foi mantida a premissa de escoamento da produção
preferencialmente por dutos e tubovias.
Emissões fugitivas
Emissões fugitivas são provenientes dos dispositivos de selagem / vedação de
bombas, válvulas de processo, válvulas de alívio de pressão, compressores, drenos
e conexões.
A estimativa das emissões fugitivas da EMPRESA “E” foi realizada em 2000,
utilizando-se fatores de emissão da EPA, indicados no AP-42, totalizando cerca de
5.000 t/ano.
A Tabela 37 a seguir mostra o resultado da implementação, em 2003, do Programa
de Emissões Fugitivas nas Unidades de Extração de Butadieno 1,3. Foram
cadastradas 8.733 fontes por onde circulam substâncias com concentração maior ou
igual a 5% de compostos orgânicos voláteis, operam mais de 300 horas no ano e
tubulações com diâmetro maior ou igual a ¾ de polegadas.
Tabela 37 – Monitoramento de Emissões Fugitivas - Unidades de Extração de
Butadieno - Empresa “E”:
1ª campanha – unidade I bomba conexão válvulasMonitoradas 37 2413 1009Vazamentos 0 23 49
(%) Vazamentos 0 0,9 4,92ª campanha – unidade I bomba conexão válvulas
Monitoradas 37 2413 1009Vazamentos 1 17 45
(%) Vazamentos 2,7 0,7 4,51ª campanha – unidade II bomba conexão válvulas
Monitoradas 38 2809 1099Vazamentos 2 41 94
(%) Vazamentos 5,3 1,5 8,6Fonte: (RTGA, 2003)
150
Em 2003, foram monitoradas um total de 7.415 fontes, nas duas unidades,
utilizando-se analisador com detetor de fotoionização seguindo as recomendações
da EPA.
Os padrões estipulados para vazamentos a 1 cm da fonte são:
- Gaxetas, juntas e conexões: 500 ppm;
- Selos de bombas e compressores: 1000 ppm.
A Tabela 38 mostra os valores obtidos para as emissões das fontes monitoradas.
Tabela 38 – Emissões Fugitivas- Unidades de Extração de Butadieno - Empresa “E”:
1ª campanha – unidade I Butadieno Butenos DMF TotalEmissão (kg/ano) 1.116,34 1.081,83 332.62 2.580,8
2ª campanha – unidade I Butadieno Butenos DMF TotalEmissão (kg/ano) 1.984,96 333,4 313,9 2.632,2
1ª campanha – unidade II Butadieno Butenos DMF TotalEmissão (kg/ano) 2.695,5 1.619,6 947,7 5.262,8
Fonte: (RTGA, 2003)
151
5.2.5.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “E”
Critério baseado no Diagrama P+L para classificação de Ações e MedidasNÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO
1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper
2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação
3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação
4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final
Tabela 39 - EMPRESA “E”- Ações e Medidas X Condicionantes
Resol.CE-PRAMnº 1114/95
Resol. CEPRAMnº 2519/00
• Ações e
• MedidasC
lass
ifica
ção
La G
rega
Res
oluç
ões
620/
92;2
113/
99 e
28
78/0
1
XXV XXVI XXVII XXVIII XV XVI XVII XIX XX XXI XXIII
1-Manutenção preventiva dos tanques; 1B(3)
2-Calibração das válvulas de alívio; 1B(3)
3-Substituição gradativa da pintura dos tanques por cor branca;
1B(3) X
4-Substituição de bombas com maior incidência de vazamento por outras herméticas;
1B(3)
5-revisão da especificação de gaxetas p/ BTEX, adotando-se a melhor tecnologia;
1B(3)
152
(Continuação EMPRESA “E”)
ResoluçãoCEPRAMnº 1114/95
ResoluçãoCEPRAMnº 2519/00
• Ações e
• Medidas
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92;2
113/
99 e
28
78/0
1
XXV XXVI XXVII XXVIII XV XVI XVII XIX XX XXI XXIII
6- Instalação de 1800 queimadores nos fornos de pirólise, p/ reduzir emissões de NOx;
1B(2) X
7-Implantação de melhoria operacional p/ aumento da eficiência das caldeiras;
1B(3) X X
8-Consolidação Progr Redução Emissões de HC na tancagem e Fugitivas c/ redução de 17,3% das emissões de VOC em 2003;
1B(3) X X X
9-Implantação e operação da URV diminui emissões tanques estocagem em 32% em relação a 2002;
2(C) X X
10-Instalação, em (2003), de 2 tetos internos flutuantes em alumínio, em tques c/ emissão de 13% em relação inventário 2002 e 2 tetos em outros tanques;
1B(2) X X
11- Instalação (2004), de 4 tetos internos flutuantes alumínio em tanques de estocagem;
1B(2) X X
12-Escoamento p/ dutos e tubovias c/ redução movimentação prod pela ilha carregamento e redução 16,4% emissões;
1B(2) X X
13- Estabelecimento de diretrizes, critérios e estratégias, p/ gestão dos riscos ambientais;
1B(3)
153
(Continuação EMPRESA “E”)
ResoluçãoCEPRAMnº 1114/95
ResoluçãoCEPRAMnº 2519/00
• Ações e
• Medidas
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92;2
113/
99 e
28
78/0
1
XXV XXVI XXVII XXVIII XV XVI XVII XIX XX XXI XXIII
14-Plano de ação p/ adequação do VRT (Valor de Referência Tecnológico) para benzeno;
1B(3)
15-Plano de ação para adequação ao LT (Limite de Tolerância) do butadieno-1,3;
1B(3)
16-Estimadas (1999) emissões VOC de tanques estocagem de produtos finais e intermediários, totalizando 1.800 t/a;
1B(3) X X
17-Elaboração de Plano para Controle de Emissões Fugitivas;
1B(3) X X
18-Estimativa de emissões fugitivas ( 2000) utilizando-se fatores EPA, totalizando 5.000 t/ano;
1B(3) X X
19-Operação desde 1994, de rede interna de monitoramento qualidade do ar;
1B(3) X X
20-Implantação de melhorias nos procedimentos de manutenção;
1B(3)
21-Elaboração de listagem com recomendações referentes ao controle emissões atmosféricas;
1B(3) X X X X X X
22-Projeto: Revisar inventário emissões p/atmosfera utilizando métodos medição consagrados;
1B(3) X X X X X
23-Projeto: Implantar programa de melhoria da qualidade (PMQ), priorizando circuitos BTEX e Butadieno;
1B(3)
154
(Continuação EMPRESA “E”)
ResoluçãoCEPRAMnº 1114/95
ResoluçãoCEPRAMnº 2519/00
• Ações e
• Medidas
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92;2
113/
99 e
28
78/0
1
XXV XXVI XXVII XXVIII XV XVI XVII XIX XX XXI XXIII
24-Projeto: Plano p/ redução emissões HC em tanques estocagem, após revisão do inventário;
1B(3) X X X
25-Projeto: Estudos de alternativas p/ controle emissões no carregamento de carretas c/ liquido;
1B(3) X X X
26-Projeto: Aprofundar estudos sobre a influência das emissões atmosféricas da empresa, na qualidade do ar da área de influência do Pólo de Camaçari;
1B(3) X X X
27- Cadastramento de 8.733 fontes e monitoramento de 7.415, no Programa de Emissões Fugitivas das Unidades de Extração Butadieno 1,3 I e II;
1B(3) X X X
28- Incorporação de 11.000 fontes do circuito de Benzeno ao Programa de Emissões Fugitivas, em 2004.
1B(3) X X X
29-Medição de valores reais emitidos e contabilização de resultado devido novos queimadores e melhoria das caldeiras;
1B(3) X X X
30-Repotencialização dos monitores contínuos das chaminés das caldeiras (p/ 2004);
1B(3) X X
31-Atualizados (2003) inventários de VOC p/ Tancagem, Ilha de carregamento, Tochas e Processo.
1B(3) X X X X X
155
Figura 31 - Classificação das Ações e Medidas da EMPRESA “E”:
NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4
1B
Açõ
es e
Med
idas
1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)
2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)
TOT=31
0 0 04 26 0 0 01 0 0 0 0 0 0 0 0
EMPRESA “E” - classificação de Ações e Medidas (P+L)
1B(2)13%
2(C)3%
1B(3)84%
Demais0%
0 4 8 12 16 20 24 28
1B(1)
1B(2)
1B(3)
2(C)
Demais
156
5.2.5.4 ANÁLISE E CONCLUSÕES - EMPRESA “E”
Classificação P+L
A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na
classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,
destacamos as seguintes conclusões:
1) Observa-se que as ações e medidas realizadas são, em sua maioria, associadas
às Boas Práticas Operacionais, com 83,9% (26/31), seguidas de 12,9% (4/31) de
medidas identificadas como de Modificação de Tecnologia e 3,2% (1/31) de
Reciclagem Interna.
2) 73,1% (19/26) das medidas enquadradas como Boas Práticas correspondem à
tipologia que denominamos de Medidas Organizacionais, que não implicam
diretamente em intervenções na unidade de produção;
3) Nenhuma medida foi classificada como Técnica “Fim de Tubo”.
Se lembrarmos os percentuais de redução de emissões, alcançados e registrados no
decorrer deste trabalho, como 16,25% de redução de emissões de VOC na ilha de
carregamento, e 32% de redução de emissões dos tanques de estocagem, em
relação a 2002, constataremos que muito se pode e tem sido feito, apenas com
implementação de esforços ligados à manutenção e adequado gerenciamento da
Operação e do Processo. Resta, contudo, observar que, considerando que as ações
no contexto das Boas Práticas Operacionais ainda não foram esgotadas na
Empresa, e certamente serão implementadas com a continuação dos programas,
espera-se que reduções ainda mais expressivas sejam obtidas.
Emissões Atmosféricas
A análise das ações implementadas, decorrentes dos planos e programas
associados às emissões atmosféricas, foi realizada a partir de informações sobre a
gestão das emissões atmosféricas da Empresa. Da documentação analisada, dois
157
documentos se destacam, devido à quantidade de informações técnicas neles
contidas. Estes documentos são o Estudo de Auto Avaliação para o Licenciamento
Ambiental – ALA, datado de agosto/2000, e o Relatório Técnico de Garantia
Ambiental (RTGA) do ano de 2003.
No ALA, são identificados os principais poluentes, citados os marcos regulatórios,
descritas e discutidas medidas para controle ou correção dos efeitos dos poluentes,
anteriormente identificados, e feitas recomendações básicas para o estabelecimento
de metas. O RTGA contempla o demonstrativo da performance do empreendimento,
a situação dos condicionantes das licenças vigentes, as justificativas técnicas
pertinentes para os padrões violados, se for o caso, e ações para a melhoria
contínua do desempenho ambiental e do ambiente de trabalho.
O NOx configura-se entre os principais poluentes convencionais emitidos pela
Empresa “E”, os quais são originados sobretudo da queima de combustíveis, de
operações de decoque e da queima de hidrocarbonetos em flare. As principais
fontes de poluentes convencionais da empresa “E” são os fornos,
superaquecedores, turbinas a gás e tochas.
A maior parte dos VOC emitidos classificam-se como Poluentes Tóxicos do Ar
(PTAs) e, dentre eles, o Benzeno e o 1,3-Butadieno são também classificados como
Poluentes de Alto Risco (PARs).
NOx
Para explicar e/ou justificar a informação de que a taxa de emissão de NOx manteve-
se praticamente inalterada em 2003, em relação a 2002, salienta-se no RTGA, 2003,
que as emissões de NOx são obtidas a partir de cálculos indiretos, que envolvem
qualidade e quantidades dos combustíveis queimados e fatores médios de emissão
fornecidos pela EPA – “Environmental Protection Agency”. Observa-se ainda no
RTGA que os valores calculados por esta metodologia estão sujeitos apenas às
variações de quantidade e qualidade dos combustíveis, “não sendo possível verificar
a eficiência das melhorias de processo como otimização das condições operacionais
e mudanças de tecnologias”.
158
Em decorrência da proposição de melhoria constante do ALA,2000 de “ Revisar o
inventário das emissões para a atmosfera, utilizando métodos de medição
consagrados, especificando os poluentes convencionais...”., registramos como
desdobramento a implantação de programa de monitoramento, para medir os
valores reais emitidos e contabilizar o resultado de ações como: novos queimadores
dos fornos de pirólise e melhoria operacional das caldeiras, bem como de outras
modificações operacionais introduzidas nos demais fornos.
Contudo, mesmo tendo sido informadas e implementadas ações que resultam em
redução de emissões de NOx, constatamos que até à elaboração do RTGA referente
a 2003, os resultados dessas ações não haviam sido quantitativamente
contabilizados, ou não foram disponibilizadas na documentação analisada.
Por outro lado, entendemos que, em uma unidade industrial de grande porte ,
qualquer intervenção, por menor que seja, demanda uma série de ações que
precisam estar rigorosamente planejadas e programadas para serem executadas em
momentos pré-estabelecidos, como por exemplo, nas paradas para manutenção das
plantas.
VOC
Os dados referentes ao acompanhamento dos VOC, apresentados no item 5.2.5.2,
que trata do inventário de emissões atmosféricas e fugitivas, mostram que os
quantitativos de VOC totais emitidos reduziram em 23,50% ao longo do período de
2000 a 2003, sendo 17,3% de redução em relação a 2002, em decorrência dos
Programas de Redução das Emissões de Hidrocarbonetos na tancagem e do
Programa de Emissões Fugitivas.
A mesma tendência pode ser observada, nas séries de dados de VOC da tancagem
e da ilha de carregamento. Na tancagem os resultados decorrem, principalmente, da
instalação de tetos internos flutuantes em alumínio e do início da operação da
Unidade de Remoção de Voláteis, esta última, em 2003. Na tancagem foi
contabilizada uma redução de emissões de VOC da ordem de 32% em relação ao
ano de 2002 e na ilha de carregamento, a priorização do escoamento da produção
por dutos e tubovias resultou, em 2003, numa redução de emissões de VOC de
16,3% em relação a 2002.
159
A atualização, em 2003, dos inventários de VOC, para cada fonte individualmente
(Parque de Tancagem, Ilha de Carregamento, Tochas e Processo), permitiu a
identificação das Emissões Fugitivas e Emissões da Tancagem como responsáveis
pela maior parte das emissões de VOC da Empresa. Essas emissões representam
56,86% e 33,95% respectivamente, de um total de 5.364 toneladas de VOC emitidas
em 2003.
Os elevados percentuais, correspondentes às emissões da tancagem e fugitivas,
justificam os investimentos realizados para a implantação da Unidade de Remoção
de Voláteis, que envolvem, desde os estudos para escolha da tecnologia mais
adequada, até o monitoramento de variáveis da planta já em operação, bem como
pelo desenvolvimento de Programa de Emissões Fugitivas, que contempla o
cadastramento de 120.000 pontos em um banco de dados de gerenciamento, que
possui também fluxogramas, gráficos, resultados dos monitoramentos e relatórios.
Desta forma, verificamos que a Unidade de Remoção de Voláteis – URV é a
efetivação de melhoria, proposta no ALA apresentado em 2000, quando da
Renovação da Licença de Operação da Empresa.
Naquela oportunidade, entre as proposições feitas, estavam a revisão do inventário
de emissões atmosféricas e a apresentação, com base nesse inventário, de um
plano para redução de emissão de hidrocarbonetos provenientes dos tanques de
estocagem.
Assim, como desdobramento desse Plano de Redução de Emissões, implantou-se e
foi dada a partida da operação da URV, que se destina ao atendimento da tancagem
da área oeste e tem como objetivo recuperar e retornar ao processo um montante
em torno de 99% das emissões, que seriam lançadas na atmosfera.
Diante do exposto, e como conclusão da analise que ora fazemos, quanto aos
aspectos relacionados à redução de VOC na EMPRESA “E”, constatamos a
existência de Programa consolidado de gestão destas emissões, o qual já apresenta
, como vimos, resultados positivos decorrentes da implantação de ações e medidas
que traduzem os princípios da Produção Mais Limpa.
160
Emissões fugitivas
No que se refere a Emissões Fugitivas, em 1996 a Empresa elaborou, em
atendimento ao condicionante XXVII da Resolução CEPRAM nº1114/95, um
cronograma de atividades que correspondeu ao Plano para Controle de Emissões
Fugitivas objeto do referido condicionante. (EMPRESA “E”. ALA-RLO, 2000).
Não é demais lembrar que emissões fugitivas são provenientes dos dispositivos de
selagem / vedação de bombas, válvulas de processo, válvulas de alívio de pressão,
compressores, drenos e conexões.
A estimativa das emissões fugitivas da EMPRESA “E” foi realizada em 2000,
utilizando-se fatores de emissão da EPA indicados no AP-42, totalizando cerca de
5.000 t/ano;
Àquela época, a estimativa realizada não especificava os compostos estudados,
tornando impossível estimar o total associado à produção / manuseio dos compostos
tóxicos do ar (PTAs), bem como identificar, de forma mais precisa, as principais
áreas responsáveis pela emissão desses poluentes.
Apesar das limitações relacionadas à metodologia, utilizada em 2000 para a
estimativa das emissões fugitivas, destacamos do ALA elaborado no mesmo ano,a
informação de que várias medidas voluntárias de prevenção da poluição atmosférica
vinham sendo tomadas, ao longo dos anos, trazendo como exemplo as ações
destacadas do RTGA de 1999 como manutenção preventiva de tanques,
substituição da pintura por cor branca, calibração de válvulas de alívio, substituição
de bombas por outras herméticas e revisão da especificação de gaxetas para
correntes de BTEX, sendo estas três últimas diretamente relacionadas à redução de
emissões fugitivas.
Ao analisarmos o RTGA de 2003, encontramos uma situação bastante melhorada,
em termos de emissões fugitivas, ao constatarmos a implementação de ações
relacionadas a melhorias propostas pela Empresa no Estudo de Autoavaliação para
o Licenciamento Ambiental – ALA, elaborado em 2000.
161
Assim, pudemos observar que em 2003 foram realizados o cadastramento e
medição de 8.733 fontes de emissões fugitivas do circuito de Butadieno e a previsão
de inclusão, no Programa, de mais 11.000 fontes do circuito de benzeno para o ano
de 2004. Esse Programa inclui, conforme já mencionado, o cadastramento de
120.000 pontos de emissão em um banco de dados de gerenciamento, que possui
também fluxogramas, gráficos, resultados dos monitoramentos e relatórios, bem
como o monitoramento por meio da utilização de analisador com detetor de
fotoionização, seguindo as recomendações do Método 21 da EPA.
Apesar de constatarmos uma evolução, no tratamento dispensado às emissões
fugitivas no decorrer dos anos, desde 1996 quando se elaborou um cronograma de
atividades em atendimento ao condicionante XXVII da Resolução CEPRAM nº
1114/95 da Licença de Operação da Empresa, até 2003 quando se constatou a
utilização do banco de dados acima citado, percebe-se, na documentação analisada,
uma ausência de dados quantitativos, ainda que estimados das emissões fugitivas
totais da empresa após 2000, quando estas foram inventariadas em 5.000 ton /ano.
Havia uma expectativa de que o RTGA de 2003 apresentasse uma comparação
entre os valores estimados em 2000 e os valores reais medidos em 2003 para as
unidades de extração de butadieno que, como pudemos ver, foram alvo do
Programa em 2003. Essa comparação daria uma idéia do quanto é conservativa a
metodologia que utiliza fatores de emissão em relação aos valores efetivamente
medidos. Para essas unidades foram obtidos em 2003 os valores de 7.895 kg/ano
de emissões que incluem butadieno, butenos e DMF.
Licenças e Condicionantes
Ao se analisar e comparar os condicionantes da Licença Ambiental da Empresa,
datada de 1995 e posteriormente a de 2000, observa-se que as exigências contidas
nos condicionantes de 1995 foram reiteradas e desdobradas nos condicionantes da
Resolução CEPRAM nº2519/2000. Constatamos, portanto, que há 10 anos atrás, a
licença emitida pelo CEPRAM já contemplava uma série de exigências, que
certamente foram norteadoras da melhoria e crescimento da gestão ambiental da
Empresa.
162
A leitura desses condicionantes revela que esses foram, e continuam sendo, fatores
de motivação para a realização de ações importantes que resultaram na melhoria do
desempenho ambiental da Empresa, por meio da identificação, minimização e
controle de suas emissões atmosféricas. Nesse contexto, destaca-se que:
1) 67,7%( 21/31) das Ações e Medidas identificadas referem-se a atendimento de
condicionantes de Licenças do Pólo , incluindo, concomitantemente, 64,5% (20/31)
de Ações para o atendimento de condicionantes de licenças específicas da
Empresa.
2) 29% (9/31) das Ações e Medidas referem-se a ações que não foram relacionadas
a condicionantes;
163
5.2.6 EMPRESA “F”
5.2.6.1 CARACTERIZAÇÃO
A EMPRESA “F” é uma indústria instalada no Pólo de Camaçari, destinada à
produção de Monocloreto de Vinila (MVC), Policloreto de Vinila (PVC) e Dicloroetano
(EDC).
O PVC é uma resina termoplástica, que é matéria prima amplamente utilizada na
fabricação de tubos condutores de fluidos (água, efluentes etc.), peças plásticas em
geral (construção civil e automobilística), fabricação de embalagens e materiais
médico-hospitalares, tais como artigos cirúrgicos e equipamentos e bolsas para
transfusão de sangue, dentre outros.
Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo
III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.
5.2.6.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO
As principais fontes de poluentes da EMPRESA “F” são o “Oxyvent”, responsável por
emissões de 1,2 EDC (1,2 Dicloroetano) e as áreas de polimerização ou reação e de
liquefação e destilação do MVC, que respondem pelas emissões de Monocloreto de
Vinila (MVC), contemplando fontes pontuais (reatores e tanques) e fugitivas
(compressores, válvulas etc).
Não foram identificadas fontes de emissão de NOx na Empresa.
Inventário de Emissões Atmosféricas Pontuais e Fugitivas
VOC
A documentação analisada não apresenta o inventário de emissões. No relatório
CETREL,2003 consta um quantitativo de 2.195 t/ano de VOC emitidos pela
Empresa.
164
Os principais poluentes emitidos são o 1,2 Dicloroetano, utilizado como
antipolimerizante, e o Monocloreto de Vinila – MVC que é o monômero a partir do
qual é obtido o Policloreto de Vinila – PVC.
Os percentuais de 1,2 EDC no Oxyvent são objeto de acompanhamento, de modo a
atender à concentração de 0,12% estabelecida na Licença de Operação da
Empresa.
A Tabela 40 apresenta o acompanhamento da concentração de MVC nos reatores
da área de polimerização.
Tabela 40 – Concentração de MVC nos reatores: - EMPRESA “F”
ano 2000(*) 2000 2002
% vol de MVC 25,75 11,35 0,74(*) - sem lavagem e injeção de vapor
Fonte: (RTGA,2002)
A redução de emissões de MVC obtida no período de 2000 a 2002 foi decorrente da
implantação de injeção de vapor, nas linhas C/D de polimerização, e do fechamento
do reator em semi-automático.
Emissões fugitivas
A Tabela 41 apresenta o resultado do monitoramento de 316 pontos de emissões
fugitivas situados na área de polimerização – Planta de PVC.
Tabela 41 – Monitoramento de VOC totais (2002):
Faixa (ppm) < 1 100- 500 > 500 TotalPontos monitorados 304 2 10 316
(%) Vazamentos 0 0 3,2 -Fonte: (RTGA, 2002).
A maioria (96,8%) dos pontos monitorados estavam abaixo do valor de referência
adotado de 500 ppm, para emissão de VOC totais.
165
Tabela 42 – Monitoramento de VOC totais (2003) - EMPRESA “F”:
Componente bomba conexão válvulas flanges TotalMonitoradas 2 8 84 1 95Vazamentos 1 0 36 0 37
(%) Vazamentos 50 0 43 0 39 Fonte: (RTGA, 2003).
O percentual de pontos com vazamento foi maior em 2003 em relação a 2002.
Não constam, na documentação analisada, informações acerca do inventário de
emissões fugitivas da Empresa.
166
5.2.6.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “F”
Critério baseado no Diagrama P+L para classificação de Ações e Medidas (P+L)NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO
1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper
2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação
3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação
4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final
Tabela 43 - EMPRESA “F”- Ações e Medidas X Condicionantes
Resolução CEPRAM nº 2145/99
• Ações e
• Medidas
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92;2
113/
99 e
28
78/0
1
XIII XXIV XXXI XXXII XXXIII XXXIV
1- Fechamento em semi-automático do reator; 1B(2) X X X
2- Automatização injeção vapor nas linhas de produção reduz emanações de gases em relação a 2001;
1B(2) X X X
3- Implementação de melhorias p/ adequação parâmetros monitorados aos padrões previstos nos condicionantes;
1B(3) X X
4-Aquisição de nova torre de stripping em titânio p/ sistema de tratamento de efluentes;
1B(2) X X X
167
Resolução CEPRAM nº 2145/99• Ações
e• Medidas
Cla
ssifi
caçã
oLa
Gre
ga
Res
oluç
ões
620/
92;2
113/
99 e
28
78/0
1
XIII XXIV XXXI XXXII XXXIII XXXIV
5-Eliminação de 74% dos pontos emissões fu-gitivas identificadas no programa piloto da planta de PVC;
1B(3) X X
6-Consolidação Projeto abatimento HCl e inci-nerador gases. Implantação prevista p/ 2004;
1B(2) X X X X
7-Identificação das fontes e suas emissões; 1B(3) X X8-Manutenção das certificações ISO 14001; 1B(3)
9-Continuação Programa Emissões Fugi-tivas da UPVC. Iniciado o monitoramento;
1B(3) X X
10-Monitoramento emissões atmosféricas p/ MVC, nas áreas de reação, liquefação e desti-lação do MVC;
1B(3) X X
11-Estabelecimento de Índice de Desempenho Ambiental (IDA);
1B(3)
12-Padronização Índice de Desempenho Ambiental entre as Unidades; em 2002;
1B(3)
13-Implementação ações redução consumo de EE (2002/2001)= (0,43/0,45) MWH/T;
1B(3)
14-Otimização do controle emissões do Oxyvent p/ enquadramento padrão (LO);
1B(3) X X X
15-Acompanhamento, em 2003, do consumo energia total (EE, vapor e gás natural);
1B(3)
16-Padronização do Índice Acerto Ambiental –IAA;
1B(3)
17-Consolidação do Projeto p/ extensão do sistema de reatores fechados.
1B(2) X X
168
Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela EMPRESA “F”
-Resolução CEPRAM nº 2145/99
XIII - trata da minimização da geração e prazo para enquadramento do 1,2 EDC em 0,12%;
XIX - determina prazo para implantação do sistema de “blanqueting” em tanque de HCS;
XX - trata de manutenção preventiva em tanques;
XXIV - orienta para a minimização na geração de efluentes sólidos, líquidos e gasosos;
XXXI, XXXII, XXXIII e XXXIV - tratam de emissões fugitivas e de fontes pontuais, estabelecendo
prazos para implementação de melhorias e execução de projetos, com vistas à redução de
emissões, incluindo avaliação para implantação de incinerador de gases.
Figura 32 - Classificação das Ações e Medidas da EMPRESA “F”:
NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4
1B
Açõ
es e
Med
idas
1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)
2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)
TOT=17
0 0 05 12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
EMPRESA “F”- Classificação de Ações e Medidas
1B(2)29%
Demais0%
1B(3)71%
0 2 4 6 8 10 12
1B(2)
1B(3)
Demais
169
5.2.6.4 ANÁLISE E CONCLUSÕES - EMPRESA “F”
Classificação por La Grega
A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na
classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,
destacamos as seguintes conclusões:
1) Um elevado percentual de 70,6% (12/17) das ações e medidas realizadas
correspondem às Boas Práticas Operacionais. Observou-se também, em termos
percentuais, um número significativo de ações classificadas como de mudança de
tecnologia 1B(2), em torno de 29,4% (5/17). Esta situação não se repetiu nas demais
empresas, onde as mudanças de cunho tecnológico foram mais modestas.
2) 83,3% (10/12) das medidas enquadradas como Boas Práticas correspondem à
tipologia que denominamos de Medidas Organizacionais, que não implicam
diretamente em intervenções na unidade de produção;
3) Nenhuma medida foi classificada como Técnica Fim de Tubo
Emissões Atmosféricas - VOC
Apesar de não dispor do inventário de emissões, para análise, pudemos identificar a
área de reação e de destilação do MVC como importantes, em termos das emissões
da Empresa, sendo o “oxyvent” alvo de acompanhamento sistemático com
parâmetro de emissão de 1,2 EDC, inclusive estabelecido na Licença de Operação
da fábrica.
Além do 1,2 Dicloroetano , o Monocloreto de Vinila – MVC é um importante poluente
presente nas emissões da Empresa. A redução dos inventários destas duas
substâncias tem determinado a implementação de ações e medidas, que já
trouxeram resultados significativos, como foi o fechamento do reator e a implantação
de injeção de vapor em duas linhas da polimerização, que culminaram com uma
redução do % vol de MVC nos reatores de 25,75%, em 2000, para 0,74%, em 2002.
170
Apesar de reconhecermos que esforços têm sido implementados e que resultados
positivos têm sido obtidos em se tratando das emissões da Empresa, não constam
da documentação analisada, as quantidades que estes resultados representam. Não
sabemos, por exemplo, quantos quilos ou toneladas de poluentes, no caso MVC,
deixaram de ser lançados para a atmosfera com o fechamento do reator. Seria
interessante que tivesse sido analisado o quanto essa redução representou em
relação ao inventário realizado em 2001, no valor de 2.195 toneladas anuais de
VOC.
Emissões fugitivas
Em termos de emissões fugitivas, constatamos que a empresa vem dando
continuidade ao Programa existente, com um quantitativo de 316 pontos
monitorados em 2002, na planta de PVC, apresentando um número realmente
pequeno, de 3,2% de pontos com vazamento > 500 ppm.
Com o objetivo de otimizar o Programa, foi contratada uma empresa especializada e
apresentado, em 2003, o resultado de Programa Piloto que contemplou o
monitoramento de 95 pontos, dos quais 37 apresentaram vazamento, representando
39% do total monitorado.
Não consta da documentação analisada uma justificativa para o aumento do
percentual de vazamento, encontrado de um ano para o outro. Supomos terem
ocorrido diferenças relacionadas a instrumentos de medição, metodologia e/ou
procedimento ou ainda à habilidade na realização das medidas.
Licenças e Condicionantes
Os condicionantes da Resolução nº 2145/99 estão associados à boa parte dos
resultados levantados na forma de ações realizadas e em projeto, destacadas dos
Relatórios Técnicos de Garantia Ambiental de 2002 e 2003, refletindo a importância
do Licenciamento Ambiental como agente propulsor da melhoria do desempenho
ambiental da Empresa.
171
Um conjunto de ações demonstra o amadurecimento ambiental da Empresa, saindo
da atitude de cumprimento aos preceitos legais para o avanço, no sentido da
prevenção e minimização de seus resíduos. Assim, destaca-se que:
1) 64,7% ( 11/17) das Ações e Medidas identificadas referem-se,
concomitantemente, a atendimento de condicionantes de Licenças do Pólo e de
licença específica da Empresa;
2) 35,3% (6/17) das Ações e Medidas não foram relacionadas a condicionantes.
172
5.2.7 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS – GERAL
Tabela 44 – Consolidação Geral da Classificação P+L nas principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo NIVEL 1 NIVEL 2
Reciclagem internaNIVEL 3
Reciclagem externaNIVEL 4
Fim de Tubo1B
Modifica Processo
PRIN
CIP
AIS
FON
TES
1AMudPro-duto Insumo
1B(1)Tecnol1B(2)
Opera1B(3)
Reu-so
2(A)
Reci-cla
2(B)
Recu-pera
2(C)
Reu-so
3(A)
Reci-cla
3(B)
Recu-pera
3(C)
Trat.Res
4(A)
ConcRes
4(B)
Rec-Ener
4(C)
Inci-nera
4(D)
DispFinal
4(E)
EMPRESA “A” 0 1 1 9 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0EMPRESA “B” 0 3 4 16 0 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0EMPRESA“C” 0 0 1 5 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0EMPRESA“D” 0 1 0 3 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0EMPRESA “E” 0 0 4 26 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0EMPRESA “F” 0 0 5 12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0TOT GERAL 0 5 15 71 0 0 2 1 1 0 4 2 0 4 0
Figura 33–Classificação Geral das Ações P+L nas principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo
4(B) 2%
1B(1)5%4(A)
4%
1B(3)67%
1B(2)14%
3(B)1%
3(A)1%
2(C)2%
Dem
ais
0%4(D
)4%
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57 60 63 66 69 72
1B(1)
1B(2)
1B(3)
2(C)
3(A)
3(B)
4(A)
4(B)
4(D)
Demais
173
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo apresenta os resultados e discussões do presente trabalho, abordados
bob três diferentes aspectos, de modo a relacionar os conteúdos e objetivos
estabelecidos.
Neste sentido, a análise geral da classificação P+L aborda a produção mais limpa,
no âmbito das empresas estudadas, mediante análise da classificação de ações e
medidas de controle de emissões atmosféricas, baseada em critério previamente
definido.
A análise dos aspectos da qualidade do ar na região do Pólo, sob o foco do ozônio,
discute a relação pólo vs ozônio monitorado pela RMA, tendo como referência as
empresas estudadas, por representarem fontes de emissão de precursores, e
considerações acerca da qualidade do ar, envolvendo padrões e meteorologia.
As discussões acerca das medidas normativas evidenciam aspectos relacionados às
licenças e condicionantes, como indutores da produção mais limpa nas empresas
6.1 ANÁLISE GERAL DA CLASSIFICAÇÃO P+L
A Tabela 44, na página anterior, apresenta a consolidação geral da classificação de
todas as ações e medidas identificadas na análise das empresas estudadas, com
base no critério P+L adotado.
Observa-se uma concentração de eventos classificados como de Nível 1, que
contempla mudanças no produto e no processo. Neste caso, 91 de um total de 105
eventos, ou seja 86,6%, encontram-se classificados como Mudança no Processo,
identificados como 1B, demonstrando uma tendência para a implementação de
medidas voltadas para a redução de resíduos na fonte. Daquela Tabela 44, ressalta-
se o elevado número de 71 eventos classificados como Boas Práticas de Operação,
1B(3).
174
Salienta-se que as observações e tendências aqui apontadas referem-se,
especificamente, a emissões atmosféricas, que foi o tipo de emissão objeto dos
levantamentos realizados e estudados, não cabendo extrapolação para outros tipos
de problemas.
A tabela 45, apresenta um resumo da Tabela 44, de consolidação geral,
contemplando os percentuais correspondentes a cada item do Diagrama P+L.
Observa-se que as ações identificadas como sendo de Boas Práticas Operacionais,
com 67,6% do total geral de ações e medidas levantadas em todo o conjunto de
empresas estudadas, são as mais representativas, seguidas de Mudança de
Tecnologia com 14,3%.
Tabela 45- Classificação Geral das Ações/Medidas baseada no Diagrama P+L
Ação / Medida Classificação Nº de eventos %
Boas Práticas Operacionais 1B(3) 71 67,6
Mudança na Tecnologia 1B(2) 15 14,3
Mudança de Insumo 1B(1) 5 4,7Tratamento de Resíduos e Recuperação de Energia
4A ; 4D 4 ; 4 3,8 ; 3,8
Reciclagem Interna e Concentração de Resíduo
2C; 4B 2 ; 2 1,9 ; 1,9
Reciclagem Externa 3A ;3B 1 ; 1 1 ; 1TOTAL - 105 100
Das constatações acima, destaca-se então, a princípio, a representatividade das
Boas Práticas, que tem se configurado como predominante em 60% das empresas
estudadas, no sentido da redução de suas emissões atmosféricas e
conseqüentemente de NOx e VOC.
A priorização desse tipo de medida é bastante lógica, por se tratar de um parque
industrial implantado na década de setenta, quando o ambiente ainda era
considerado como depositário capaz de absorver os diversos rejeitos da atividade
industrial. A crescente preocupação com os aspectos ambientais da atividade,
decorrente do conhecimento das limitações da capacidade de suporte do meio
175
ambiente, forçou o início da mudança, no sentido da redução dos impactos
ambientais da atividade industrial. Essas mudanças precisavam começar por
medidas que não impactassem as finanças das empresas, uma vez que produzir
sem poluição não era reconhecido como valor, e sim contabilizado como custo
agregado ao produto. Hoje, a atratividade das boas práticas está associada à
conveniência de baixo investimento e evidente ganho de custos.
De fato, a partir dos levantamentos realizados, constatou-se o sucesso da
implementação de boas práticas e sua contribuição para a redução de emissões.
Contudo não podemos perder de vista o fato de que, apesar de situadas no âmbito
da redução na fonte, as ações de boas práticas têm alcance limitado, devendo as
empresas empenhar-se na busca de medidas classificadas cada vez mais à
esquerda do organograma de P+L, com vistas à obtenção de resultados mais
expressivos em termos de redução de suas emissões atmosféricas.
Do detalhamento das boas práticas, obtém-se a Tabela 46, que apresenta a sub-
divisão das Ações e Medidas classificadas como Boas Práticas Operacionais,
identificadas no decorrer da pesquisa.
Para tanto, identificamos e segregamos, inicialmente, para cada empresa, o que se
convencionou chamar de Ações e Medidas, conforme descrito no início do Capítulo
5, item 5.1 : Ações (na cor rosa) – correspondem a intervenções propriamente ditas
na Unidade, e Medidas (na cor azul) – são decisões e providências de cunho mais
abrangente /gerencial, resultando na observação de que, considerando o total geral
dos 105 eventos cadastrados, 48 ou 45,7% dos eventos são Ações e 57 ou 54,3%
dos eventos são Medidas.
Em seguida, de acordo com a sub-classificação para Boas Práticas Operacionais,
mencionada e descrita no item 5.1.1, segregamos as boas práticas em duas
colunas: 1B(3)- A(AÇÕES) e 1B(3) - M(MEDIDAS), de onde ressalta-se o fato de
que, dentre os 71 eventos de Boas Práticas, um percentual bastante elevado de
78,9% corresponde ao que denominamos de Medidas Organizacionais, as quais não
estão diretamente associadas a intervenções na unidade/ planta. Apenas 15, ou
176
21,1% do total de 71 eventos de boas práticas são identificados como ações
propriamente ditas.
Tabela 46- Boas Práticas de Operação nas principais fontes de NOx e VOCEm
pres
a
Tota
l de
Açõ
es e
M
edid
asA
ções
Med
idas
Total de Boas
Práticas1B(3)
% de Boas
Práticas(em relação ao total da empresa)
Boas Práticas1B(3)- A (AÇÕES)
Boas Práticas1B(3) - M
(MEDIDAS)
“A” 13 07 06 9 69,2% 3 (33,3%) 6 (66,6%)“B” 27 12 15 16 59,3% 1 (6,3%) 15 (93,7%)“C” 10 07 03 5 50% 2 (40%) 3 (60%)“D” 7 04 03 3 42,8% 0 (0%) 3 (100%)“E” 31 12 19 26 83,9% 7 (26,9%) 19 (73,1%)
“F” 17 06 11 12 70,1% 2 (16,7%) 10 (83,3%)TOTAIS 105 48 57 71 67,6% 15 (21,1%) 56 (78,9%)
Entendemos que o elevado percentual de Medidas Organizacionais reflete a própria
gestão e planejamento das Empresas, na medida em que a implementação de uma
Ação ou intervenção na Unidade demanda uma série de Medidas de cunho
gerencial, até que seja, efetivamente, concretizada. Vale lembrar que as Medidas
Organizacionais incluem medidas que podem ter origens diversas, como a partir de
medidas normativas (condicionantes demandam planejamento para serem
implementados) ou em metas estabelecidas a partir de demandas do mercado, a
exemplo de certificações, dentre outras.
Neste sentido, há que se ressaltar a importância dos Relatórios Técnicos de
Garantia Ambiental – RTGA, anualmente encaminhados pelas empresas ao Órgão
Ambiental, e dos Estudos de Autoavaliação para o Licenciamento Ambiental - ALA,
apresentados quando da renovação de suas Licenças de Operação.
Esses documentos, que as empresas estão obrigadas a elaborar por determinação
da Resolução CEPRAM nº 2933/02, que aprova a Norma Técnica NT-002/02 e
dispõe sobre Gestão Integrada e Responsabilidade Ambiental, reforçam a
importância das medidas normativas como indutoras de ações e medidas,
contribuindo para a consolidação do planejamento das empresas, uma vez que
177
representam um compromisso assumido, na medida em que são informadas as
atividades realizadas e programadas implementações de proposições de melhorias
decorrentes da auto-avaliação do Empreendimento. O RTGA e o ALA são
instrumentos que podem demonstrar o grau de maturidade das empresas, no que se
refere à responsabilidade ambiental.
A partir da análise dos referidos documentos, podem ser propostos, pelo órgão
licenciador, condicionantes que vão compor a Licença Ambiental da empresa,
induzindo à conversão de Medidas em Ações, que, para serem efetivadas, podem
implicar em novas Medidas Organizacionais, estabelecendo-se então uma espécie
de ciclo, justificando-se assim o elevado percentual de Medidas, em relação ao total
de eventos cadastrados. Uma abordagem mais detalhada sobre o papel das
Medidas Normativas é apresentada no item 6.3 deste trabalho.
A Tabela 47 resulta da sub-divisão dos 15 eventos de Mudança de Tecnologia,
separando-os em “ações” e “medidas”. Daí resulta que apenas um evento
corresponde à definição adotada de Medida, sendo 93,3% correspondentes a Ações
que implicam em intervenções nas unidades.
Tabela 47- Mudança de Tecnologia nas principais fontes de NOx e VOC
Empr
esa Total de
Mudança Tecnológica
1B(2)
% de Mudança
Tecnológica (base: total de
eventos)
Mudança Tecnológica
1B(2)- A (AÇÕES)
Mudança Tecnológica
1B(2) - M (MEDIDAS)
“A” 1 1/13 = 7,7% 1/15 = 6,6% 0“B” 4 4/27 = 14,8% 4/15 = 26,7% 0“C” 1 1/10 = 10% 1/15 = 6,6% 0“D” 0 0% 0 0“E” 4 4/31 = 12,9% 4/15 = 26,7% 0
“F” 5 5/17 = 29,4% 4/15 = 26,7% 1TOTAIS 15 15/105=14,3% 14/15 = 93,3% 1/15= 6,6 %
Como resultado da comparação das tabelas 46 e 47, é notória a significativa maioria
de Medidas associadas a Boas Práticas, em número de 56, contra apenas 1 (uma)
Medida associada à Mudança de Tecnologia. Por outro lado, observam-se números
178
semelhantes de Ações relativas a estas duas alternativas do Diagrama P+L (15 e 14
respectivamente), o que sugere que, apesar de não constarem como Medidas,
Ações de Mudanças de Tecnologia vêm sendo implementadas. Motivos envolvendo
sigilo industrial podem estar associados à ausência de informações antecipadas.
A Tabela 48, à página 180, objetiva detalhar as Ações e Medidas classificadas
como Nível 1, de Redução na Fonte, de modo a permitir a visualização, geral e por
empresa, da distribuição de Ações que implicam em intervenções nas unidades e
das Medidas, que não o fazem. Conforme demonstrado, do total das 48 Ações 5
correspondem a Mudanças de Insumos,15 são relativas a Boas Práticas e 14 são
relativas à Mudança de Tecnologia, somando 34 Ações. Estas representam 70,83%
do total de Ações ou 32,81% do total de eventos e são classificadas no âmbito das
Mudanças de Processo e, portanto, de Redução na Fonte.
Ainda em relação à Tabela 48, observa-se que 29 ou 60,41% do total das 48 Ações,
envolvem Boas Práticas e Mudanças de Tecnologia. Ressalta-se que 15 são
relativas a Boas Práticas e 14 são relativas a Mudança de Tecnologia. Resultam,
portanto, em percentuais muito semelhantes para essas duas alternativas do
Diagrama P+L, correspondentes a 31,25% e 29,16% respectivamente em relação ao
total de Ações, ou 51,72% e 48,28% respectivamente, em relação às 29 Ações 1B(3)
e 1B(2).
A observação do parágrafo anterior revela que, ao contabilizarem-se apenas as 48
Ações que resultaram em intervenções propriamente ditas nas unidades de
processo, deve ser dado às Mudanças de Tecnologia o devido reconhecimento
como grandes contribuintes, no que se refere à aplicação da Produção mais Limpa
para a redução de emissões no Pólo.
Percentuais tão semelhantes para Mudança de Tecnologia e Boas Práticas remetem
ao comentário feito à pág 175, sobre as limitações das Boas Práticas. Essas
limitações estão relacionadas à pequena margem de manobra para ajustes
operacionais, e sugere que sejam empreendidos esforços, no sentido de ações cada
vez mais à esquerda do Diagrama P+L, de modo que sejam obtidos resultados mais
expressivos, em termos de redução de emissões, do que aqueles observados na
179
análise das empresas estudadas. Essa observação tem caráter intuitivo, haja visto
que não há informações quantitativas suficientes para que sejam apresentadas
como resultados.
Assim, da análise qualitativa que nos propusemos a realizar, percebemos que Ações
relativas a Mudanças Tecnológicas representam uma importante parcela dentre os
levantamentos realizados, o que nos leva a concluir que importante também é sua
contribuição para as reduções de emissões, que foram constatadas durante a
pesquisa. Acreditamos que Mudanças Tecnológicas começam a ser destaque em
termos das medidas implementadas daqui para frente, como resultado da própria
dinâmica do setor na busca por competitividade.
180
Tabela 48- Distribuição do nº de ações e medidas implementadas NIVEL 1 NIVEL 2
Recicl. interna
NIVEL 3Recicl. externa
NIVEL 4Fim de Tubo
1BModifica Processo
Mudança de Tecnologia
Boas Práticas de OperaçãoPR
INC
IPA
ISFO
NTE
S
MudaInsumo
1B(1)
AÇÃO1B(2)AÇÃO
1B(2)*MEDIDA
1B(3)AÇÃO
1B(3)*MEDIDA
Recuperação
2(C)
AÇÃO
Reuso
3(A)
AÇÃO
Reci-clagem
3(B)
AÇÃO
Tratam de Res
4(A)
AÇÃO
Conc.de Res
4(B)
AÇÃO
Incine-ração
4(D)
AÇÃO“A” 1 1 0 3 6 1 0 0 0 0 1“B” 3 4 0 1 15 0 1 0 1 1 1“C” 0 1 0 2 3 0 0 0 3 0 1“D” 1 0 0 0 3 0 0 1 0 1 1“E” 0 4 0 7 19 1 0 0 0 0 0“F” 0 4 1 2 10 0 0 0 0 0 0
TOT GERAL 5 14 1 15 56 2 1 1 4 2 4
EmpresaTotal de eventos
Total de Ações
% de Ações
Total de Medidas
% de Medidas
1B(3)Ação
1B(2)Ação
% doTotal de Ações
%doTotal de Eventos
“A” 13 7 53,8% 6 46,2% 0 0 0% 0%“B” 27 12 44,4% 15 55,6% 3 1 8,3% 3,8%“C” 10 7 70.0% 3 30,0% 7 4 22,9% 10,5%“D” 7 4 57,1% 3 42,9% 2 1 6,3% 2,9%“E” 31 12 38,7% 19 61,3% 2 4 12,5% 5,7%
“F” 17 6 35,3% 11 64,7% 1 4 10,4% 4,8%TOTAIS 105 48 45,7% 57 54,3% 15 14 60,4% 27,6%
181
6.2 ANÁLISE DOS ASPECTOS RELACIONADOS À QUALIDADE DO AR NA
REGIÃO DO PÓLO SOB O FOCO DO OZÔNIO.
Ao estudarmos os temas relacionados à problemática da poluição fotoquímica,
buscamos o embasamento teórico necessário à análise, que apresentamos a seguir,
no sentido de discutir alguns aspectos associados ao tema da pesquisa,
especificamente no que se refere ao Pólo de Camaçari.
Assim, a partir do Marco Teórico deste trabalho, foi possível constatar que a poluição
causada por oxidantes fotoquímicos é bastante estudada, e é atualmente
reconhecida como um grande problema mundial. Registramos a importância do
conhecimento acerca dos precursores do ozônio e suas fontes; das reações
químicas na atmosfera catalisadas pela radiação solar e da Meteorologia, com
especial destaque para os fenômenos de transporte do ar.
Uma outra constatação é a complicação associada ao conhecimento e controle da
poluição fotoquímica, devido ao comportamento não linear da formação do Ozônio,
conforme demonstrado na Figura 2 da pág. 36.
No que diz respeito aos precursores do ozônio, destaca-se, conforme citado por
ECE(1991), que a mais importante fonte de VOC produzidos pelo homem resulta,
em áreas urbanas, da combustão incompleta de combustível, exauridos de motores
de veículos. Cita-se ainda que emissões de VOC, por atividades humanas, são
predominantes em grandes centros urbanos e zonas industrializadas e que, dos 8
milhões de toneladas emitidos anualmente por 12 países, conforme inventário da
OECD, 50% correspondem a emissões por fontes móveis, seguidos de usos de
solventes com 30% e de processos industriais, estocagem, transferência e
distribuição de gasolina com 10%. Percentuais semelhantes são citados por
Finlayson Pitts (2000) para os 17 milhões de toneladas de VOC emitidos nos
Estados Unidos em 1996.
Quanto às emissões de NOx, de acordo com Alloway(1993), veículos motorizados
são a principal fonte de Óxido Nítrico (NO) e do seu produto de oxidação, o NO2.
Como exemplo de fontes antrópicas, citam-se, além dos motores de combustão
182
interna, as plantas de geração de energia e de produção de fertilizantes
nitrogenados. Finlayson Pitts (2000) apresenta a distribuição das fontes antrópicas
de NOx nos Estados Unidos, responsáveis pelas emissões de 21 milhões de
toneladas, em 1996, citando percentuais da ordem de 30% para veículos de
rodagem e 28% referente à combustão para geração de energia, ficando a
combustão industrial com 13%.
A reunião das informações acima, destacadas a partir do Marco Teórico,
complementadas com todo o conteúdo do capítulo 4, que trata da Qualidade do Ar
do Pólo de Camaçari, permitiu a elaboração das considerações, que passaremos a
expor, com o objetivo de analisarmos a relação Pólo X Ozônio monitorado pela
RMA, e dar sustentação às conclusões que poderemos obter a partir das
informações estudadas.
6.2.1 Pólo como Fonte de Precursores de Ozônio e a Melhoria da Qualidade do Ar
O Pólo Industrial de Camaçari é, de fato, uma importante fonte de emissões de NOx
e VOC, por abrigar grandes indústrias petroquímicas, por dispor de diversos
processos sujeitos a emissões pontuais e fugitivas destes compostos, por armazenar
e movimentar grandes volumes de produtos orgânicos voláteis, dentre outros
motivos... É fato também que o Ozônio, poluente convencional monitorado pela
Rede de Monitoramento do Ar – RMA, tem sido motivo de preocupação, em
decorrência do aumento do número de ultrapassagens do padrão de concentração
estabelecido na legislação pertinente.
No Pólo, um conjunto de 6 (seis) empresas respondem por cerca de 66,85% e
87,31% das emissões de NOx e VOC respectivamente, registradas no Inventário
referente ao ano de 2001. Estas seis empresas foram objeto de estudo deste
trabalho.
Diante do exposto, considerando os parágrafos iniciais desta discussão, percebe-se
que não pode ser atribuída apenas ao Pólo, ou às empresas estudadas, a origem do
183
ozônio e dos próprios NOx e VOC, que são medidos nas estações da Rede de
Monitoramento do Ar, haja visto que:
1 – A formação do ozônio é resultado de reações complexas na atmosfera,
fortemente influenciadas pelos fenômenos de transporte do ar;
2 – Outras fontes de precursores podem contribuir para o ozônio medido pela RMA,
a exemplo da frota de veículos, responsável pelo intenso fluxo rodoviário da região,
bem como dos veículos que circulam em Salvador e cidades como Camaçari. Outras
fontes, como o aeroporto de Salvador e plantas de geração de energia localizadas
fora do Pólo, a exemplo da Termobahia, podem ter suas emissões de NOx e VOC
transportadas pelo vento e captadas na RMA;
3 – Não existe, ainda, um estudo específico sobre a formação e dispersão do Ozônio
na região de influência do Pólo. De acordo com CETREL (2004), esses estudos
estão sendo desenvolvidos em conjunto com a Universidade de IOWA (USA), e
inclui a elaboração do inventário de emissões provenientes de veículos que circulam
na Região Metropolitana de Salvador, além de emissões industriais e de emissões
biogênicas (orgânicos emitidos naturalmente pela vegetação) da referida área. Um
modelo matemático específico e já utilizado em diversos países permitirá interpretar
a formação e dispersão do ozônio na região.
Por outro lado, ainda que o Pólo não seja a única fonte de precursores de Ozônio, a
implementação, pelas empresas do Pólo, incluindo as empresas estudadas neste
trabalho, de diversas Ações e Medidas voltadas para a redução de emissões
atmosféricas, certamente contribuiu para a melhoria da Qualidade do Ar da região.
Entendemos que a referida melhoria de qualidade do ar foi evidenciada pelos fatos
que citamos a seguir, uma vez que não havia, quando do levantamento de dados
para esta pesquisa, informações que permitissem essa constatação, a partir de
comparação dos Índices de Qualidade do Ar de períodos anteriores a 2003. Estes
fatos são:
184
1 - A redução do número de eventos de ultrapassagem do Padrão do Ozônio,
passando de um máximo de 26 eventos em 2002, caindo para 6 ultrapassagens em
2003;
2 – A redução das concentrações médias anuais de NO2 referentes ao período de
1995 a 2003, que vinham apresentando um aumento desde o ano 2000, em 2003
apresentaram valores menores em todas as quatro estações onde é medido, de
acordo com o Relatório CETREL (2004);
3 – A observação do comportamento dos orgânicos monitorados, conforme citado
em CETREL (2004), que registraram, em 1999, 18 ultrapassagens do padrão
ambiental, em 2000, 07 ultrapassagens, em 2001 e 2002 ocorreram 02, e finalmente
em 2003 não houve nenhuma ultrapassagem.
A essas constatações soma-se o fato de que, a princípio, as demais fontes de
emissões de precursores de ozônio não sofreram redução. Pelo contrário, o próprio
desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador, nos últimos anos sugere, por
exemplo, um aumento do fluxo de veículos.
Desta forma, não é demais afirmar de que o Pólo é, de fato, uma importante e,
talvez, a mais significativa fonte de precursores do ozônio medido pela Rede de
Monitoramento do Ar - RMA.
6.2.2 O Pólo e os Padrões de Qualidade do Ar
A partir da análise das concentrações dos poluentes gasosos convencionais,
apresentadas no item 4.4.3, constatamos que:
1 – Não foram registrados eventos de ultrapassagem dos padrões estabelecidos
pela CONAMA 003/90 para o NO2, em todo o período monitorado pela RMA. Apesar
de encontrarem-se abaixo dos padrões, foi constatado aumento das concentrações
médias anuais de NO2 , no período de 1999 a 2002, e redução destas em 2003.
185
2 – O número de eventos de ultrapassagem dos Padrões de Qualidade do Ar para
orgânicos, estabelecidos na Licença de Operação do Pólo, diminuiu no período
monitorado pela RMA, passando de 18 para 2 eventos em 2002 e nenhum evento
em 2003.
3 – O ozônio foi o poluente que mais vezes ultrapassou o Padrão de Qualidade do
Ar estabelecido pela CONAMA 003/90, no período monitorado pela RMA, passando
de um máximo de 26 eventos em 2002, caindo para 6 ultrapassagens em 2003.
Como vimos, apesar dos precursores de ozônio não terem ocasionado números
elevados de ultrapassagens do padrão, no período de 2001 a 2003, a presença de
suas emissões na região do Pólo, associadas a condições meteorológicas
específicas, favoreceu a formação do ozônio, que teve, no período, valores elevados
de concentração, ocasionando diversas ultrapassagens do padrão de qualidade de
81,6 ppb estabelecido pelo CONAMA.
Há que se ressaltar a importância dos dois eventos de poluição atmosférica,
ocorridos na cidade de Camaçari em Março /2002 e Fevereiro /2003. O evento do
dia 24/02/03 foi detalhadamente analisado pela CETREL, após o que se concluiu
que “embora tenham ocorrido picos de concentração de alguns poluentes, a
exemplo de NO2, SO2, CO e O3, não houve ultrapassagem dos padrões dos
mesmos” e ainda que “a concentração de ozônio na Estação Hospital chegou a 71,2
ppb, muito próximo do padrão permitido para 1 hora, de 81,6 ppb, o que tornou a
qualidade do ar Regular”.
A Rosa dos Ventos confirmou a mudança da direção dos ventos, que “levaram
outros compostos químicos não detectados pela RMA para as proximidades da
cidade e podem ter ocasionado mal estar nos moradores...”. Mas os padrões não
foram violados, e tudo estava rigorosamente “legal”. Surgem então as perguntas:
à Como responder às queixas da população, se esses eventos forem considerados
fatos isolados?
à Cabe questionar a adequabilidade dos padrões? Como? Se, na prática, os
poluentes não podem ser avaliados isoladamente, ainda que se apresentem valores
186
de concentração muito próximos dos limites considerados toleráveis, por estarem
misturados a outros compostos não identificados?
à Não parece contraditório que padrões sejam atendidos e o bem estar da
população não esteja garantido? O que deve ser entendido como “mínimo efeito
adverso sobre o bem estar da população” constante do Art.2º da Resolução
CONAMA 003/90, que define Padrão Secundário de Qualidade do Ar?
à Padrões de qualidade para outros poluentes precisam ser estabelecidos para a
região do Pólo?
Respostas a estes questionamentos podem e devem ser obtidas a partir de
desdobramentos deste trabalho, pois, independentemente da origem dos seus
precursores, o ozônio é um dos poluentes que compromete a qualidade do ar na
região de Camaçari e, adicionalmente aos aspectos relacionados no item anterior,
6.2.1, referentes à sua formação e dispersão, outros pontos merecem destaque,
posto que:
4 – Conforme Estudo de Reavaliação da RMA, citado em CETREL (2004), a região
de influência do Pólo foi ampliada, ou seja, comunidades mais distantes do Pólo
estão sofrendo sua influência, o que sugere estudos/ ajustes no que se considera
como “influência do Pólo”.
5 – A Poligonal do Pólo foi ampliada por meio do Decreto Estadual nº 9261 de
13/12/2004, denominando-o de Pólo Industrial de Camaçari. É público o
conhecimento da instalação de novos e grandes empreendimentos industriais na
região, o que “sugere” aumento de carga para o meio ambiente, e,
conseqüentemente, a necessidade de estudos que avaliem a capacidade de suporte
do ambiente sob influência dessa poligonal.
6 – A região dispõe de uma Rede de Monitoramento do Ar, reavaliada com
periodicidade definida, e de Informações Meteorológicas confiáveis que precisam ser
mais bem exploradas.
Diante do exposto, faz-se necessária a elaboração de estudo /programa voltado
para a redução de emissões de precursores de ozônio, e, adicionalmente, que
187
resulte em respostas para as dúvidas e questionamentos envolvendo o tema
Padrões Ambientais. Esse estudo /programa deverá, portanto, reunir informações
necessárias para que se responda às perguntas aqui formuladas, e permitir a
evolução rumo à prevenção de eventos de poluição atmosférica semelhantes aos
que foram registrados, possibilitando a internalização de conceitos voltados para a
Redução na Fonte.
No âmbito da prevenção, ressalta-se a importância da correta utilização de
informações sobre previsões meteorológicas, a exemplo do lançamento de alertas
que a CETREL realiza desde 2003, com o objetivo de informar, antecipadamente, às
empresas, quanto aos riscos de queda da qualidade do ar. Essas previsões
possibilitam um adequado agendamento e programação de atividades que envolvam
emissões nas industrias, como pequenas paradas para manutenção, “venteios” de
processo, dentre outros.
Nesse contexto, entendemos ser de grande utilidade a inclusão de temas como “A
meteorologia e sua influência na dispersão de poluentes na região de Camaçari”,
nos programas de capacitação de todas as empresas do Pólo, destinados aos
colaboradores que exerçam atividades relacionadas tanto ao planejamento como à
execução de operações que envolvam emissões atmosféricas, possibilitando uma
analise crítica das mesmas pois, de que adianta a CETREL emitir os tão valiosos
alertas de previsões meteorológicas se não existirem nas empresas um número
suficiente de pessoas capacitadas a “traduzir” a informação?
188
6.3 MEDIDAS NORMATIVAS
6.3.1 Licenças e Condicionantes como indutores da P+L
A tabela 49 consolida as informações de Condicionantes X Ações/Medidas
praticadas nas principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo. O objetivo é
demonstrar a estreita ligação entre os condicionantes das licenças e as ações e
medidas implementadas pelas empresas.
Tabela 49 - Condicionantes X Ações/Medidas nas principais fontes de NOx e VOC
Condicionantes das
licenças que se
relacionam a
Classificação das Ações/Medidas relacionadas a Condicionantes das
licenças de cada empresaEmpresa
N0
de li
cenç
as a
nalis
adas
Emis
sões
at
mos
féric
as
Açõ
es e
Med
idas
1B(1
)
1B(2
)
1B(3
)
2(C
)
4(A
)
4(B
)
4(D
)
Sub-
Tota
l /T
OT
Ger
al
Número de Ações/Medi-das relacio-nadas a condicio-nantes das licenças do Pólo /TOT Geralde medidas
EMPRESA “A” 6 6 4 1 1 6 1 0 0 1 10/1376,9%
9/1369,2%
EMPRESA “B” 6 15 13 3 3 15 0 1 1 1 24/2788,9%
22/2781,5%
EMPRESA “C” 4 7 4 0 1 4 0 3 0 1 9/1090%
10/10100%
EMPRESA “D” 2 10 6 1 0 3 0 0 0 0 4/757,1%
5/771,4%
EMPRESA “E” 6 19 11 0 3 17 1 0 0 0 21/3167,7%
21/3167,7%
EMPRESA “F” 1 8 8 0 5 6 0 0 0 0 11/1764,7%
11/1764,7%
TOTAIS 25 65 46 5 13 51 2 4 1 3 79/10575,2%
78/10574,2%
Obs.: 1B(1)- Mudança/Substituição de Insumos; 1B(2)-Mudança na Tecnologia; 1B(3)-Boas
Práticas Operacionais; 2(C)-Recuperação; 4(A)-Tratamento de resíduos; 4(B)-Separação e
concentração de resíduos; 4(D)-Incineração.
189
As primeiras colunas destacam, das licenças analisadas, as quantidades de
condicionantes relacionados com Emissões Atmosféricas e, destes, quantos estão
associados às ações e medidas cadastradas. As colunas seguintes apresentam a
Classificação P+L das Ações /Medidas relacionadas a Condicionantes das licenças
de cada empresa e a relação destas com o total de ações e medidas de cada
empresa. A última coluna apresenta as Ações /Medidas relacionadas a
Condicionantes das licenças do Pólo em relação ao total de Ações e medidas de
cada empresa.
Observa-se que as medidas e ações associadas a emissões atmosféricas, são
fortemente impulsionadas pelos condicionantes, estabelecidos nas licenças
ambientais de cada empresa individualmente, bem como pelas Resoluções 620/92,
2113/99 e 2878/01, que tratam do licenciamento do Pólo Petroquímico como um
todo, as quais todas as empresas estão obrigadas a cumprir.
Em termos gerais, a Tabela 49 da página anterior destaca que, nas 25 licenças
analisadas, foram identificados 65 condicionantes relacionados com emissões
atmosféricas, dos quais 46 (70,8%) são relacionados a Ações e Medidas
praticadas pelas empresas. Observa-se que esses 46 condicionantes estão
diretamente associados a 79 Ações e Medidas implementadas, o que demonstra
que cada condicionante pode resultar em diversos desdobramentos que culminam
em Medidas e em Ações.
A Tabela 50 apresenta um resumo da tabela anterior, com destaque para a indução
exercida pelos condicionantes, à implementação de Medidas e Ações nas
empresas e para a classificação P+L das Ações /Medidas relacionadas a
Condicionantes das licenças.
190
Tabela 50 – Consolidação de Condicionantes X Ações/Medidas
Condicionantes Ações/Medidas
Relacionados a Emissões atmosféricas
65 Relacionadas a Condicionantes das licenças das empresas
79 (75,2%)
Relacionados a Ações eMedidas praticadas
46 (70,8%)
Relacionadas a Condicionantes das licenças do Pólo
78 (74,2%)
Nº TOTAL das Ações/Medidas 105
Ações/Medidas relacionadas a Condicionantes das
licenças das empresas
1B(1) 1B(2) 1B(3) 2(C) 4(A) 4(B) 4(D) TOTAL
Quantidade de ações/ Medidas
5 1316,5%
5164,6%
2 4 1 3 79
Da Tabela 50 destaca-se que, do total de 105 Ações/Medidas levantadas, 75,2%
(79/105) são relacionadas a Condicionantes das licenças das empresas e
74,2%(78/105) são relacionadas a Condicionantes das licenças do Pólo, de onde
se observa que isto ocorre de forma concomitante, ou seja, as Ações/Medidas
atendem ao mesmo tempo, a exigências das licenças das empresas e do Pólo.
No que se refere à classificação das 79 Ações/Medidas relacionadas a
condicionantes das empresas, observa-se a mesma tendência identificada para o
conjunto total de Ações/Medidas levantadas, sendo a maioria de Boas Práticas
Operacionais (64,6%) seguida de Mudança na Tecnologia (16,5%).
As constatações aqui demonstradas já eram esperadas, posto que refletem a forma
com a qual o Licenciamento Ambiental se processa no Estado, e mais
especificamente no Pólo de Camaçari.
A existência de expectativa em constatar que os condicionantes constantes das
Licenças das empresas estão intimamente relacionados com as Ações e Medidas,
que as empresas implementam, poderia até ser baseada apenas na lógica, por se
tratar de uma obrigação prevista em Lei. Contudo, inclui aspectos do Licenciamento
que, se forem desconhecidos, podem levar a erros de entendimento e sugerir, por
191
exemplo, que essas obrigações são impostas, numa típica relação de Comando e
Controle, o que não é verdade.
Os condicionantes são o resultado da análise de um conjunto de fatores, que inclui,
por exemplo, a análise do cumprimento de condicionantes anteriormente
estabelecidos, o estudo do ALA – Autoavaliação para o Licenciamento Ambiental,
discussões/ reuniões técnicas para estabelecimento de Medidas, Ações e prazos,
dentre outros. A empresa é parte integrante deste processo e fundamental para o
funcionamento do sistema, contribuindo, através do ALA, para que a Licença possa
refletir suas reais possibilidades de avanço nos quesitos do Meio Ambiente.
Ao analisarmos as Licenças e associarmos os condicionantes às Ações e Medidas
implementadas nas empresas, estamos reportando àqueles, pelo menos, parte do
mérito relativo aos benefícios ambientais decorrentes da implementação da
Produção mais Limpa nas referidas empresas. Esta afirmação é materializada por
meio da classificação, realizada com base no diagrama P+L, que evidenciou que
81% ou 64 ações e medidas, identificadas a partir de um total de 79 relacionadas a
condicionantes, estão incluídas no âmbito da Redução na Fonte.
Acreditamos que essas medidas resultam do conhecimento e consciência aliados à
exposição do Pólo e à responsabilidade crescente com as questões ambientais de
modo mais amplo.
192
6.3.2 Pólo Petroquímico: Medidas Normativas e Produção Mais Limpa
Faremos a seguir uma breve explanação sobre o Pólo de Camaçari, suas licenças 6,7
e condicionantes, de modo a permitir a análise acerca da influência/ importância
destes, na condução e implementação de ações e medidas, por parte das empresas
estudadas.
O Pólo Industrial de Camaçari iniciou suas atividades em 1978 e, desde então, o
CRA acompanha o seu funcionamento. Àquela época, o CRA avaliava as empresas
isoladamente e os mecanismos de que dispunha para mensurar os impactos
ambientais na área de influência do Pólo resumiam-se a uma rede de monitoramento
da qualidade do corpo receptor de efluentes (Rios Capivara e Jacuípe) e de uma
rede primária da qualidade do ar (material sedimentável e taxa de sulfatação).
(SILVA, 1997).
A partir da ampliação do Pólo, no início da década de 90, essa atuação se tornou
muito mais incisiva. Foi realizado um Estudo de Impacto Ambiental, que identificou
uma série de ecossistemas sensíveis na região e, principalmente, indicou a
necessidade de um redirecionamento do controle ambiental, baseado na avaliação
dos impactos da operação, de uma forma geral, e na identificação de seus efeitos
nas áreas circunvizinhas. (SILVA, 1997).
Em conseqüência do estudo, o CEPRAM - Conselho Estadual de Meio Ambiente,
emitiu a Resolução nº 620/92, publicada no Diário Oficial (DO) em 07/08/1992,
propondo a realização sistemática de programas de monitoramento e de ações de
controle ambiental em diversas áreas como resíduos sólidos, efluentes líquidos,
emissões atmosféricas, emissões fugitivas, águas subterrâneas, análise de risco e
saúde do trabalhador.
---------------------------------------6 Constam do ANEXO C deste trabalho informações sobre o Llicenciamento Ambiental do Estado da
Bahia e de Instrumentos como CTGA, ALA e RTGA.7 Constam do ANEXO B todos os condicionantes das resoluções e portarias referentes ao
Licenciamento do Pólo, que tratam especificamente de emissões atmosféricas, levantados com o
objetivo de permitir uma análise de seus conteúdos, relacionando-os aos objetivos deste trabalho.
193
A partir de uma análise cuidadosa das licenças concedidas ao Pólo de Camaçari, e
com o olhar voltado para aspectos especificamente associados a emissões
atmosféricas e à Produção Mais Limpa, destaca-se que:
1 - A Resolução CEPRAM nº 620/92 determinava que as empresas integrassem o
Gerenciamento Ambiental do Pólo e implantassem a Rede de Monitoramento do Ar,
na região de influência do Pólo, contemplando, além dos poluentes convencionais,
hidrocarbonetos e outros poluentes.
Outros condicionantes, que merecem destaque, referem-se à exigência de
atualização semestral do inventário de todas as fontes de poluentes atmosféricos, à
criação de padrões de qualidade do ar para hidrocarbonetos inerentes ao Pólo, à
realização de estudos ambientais como aproveitamento de energia e racionalização
de recursos utilizados no Pólo, bem como à participação em Programa de Controle
na Fonte.
Aquela resolução previa ainda o uso da melhor tecnologia para a remoção de
compostos voláteis e poluentes tóxicos de seus efluentes; a redução de emissões
por fonte; a identificação e eliminação de emissões fugitivas; a elaboração de Plano
de Automonitoragem de suas emissões atmosféricas e apresentação anual do
respectivo Relatório.
A Resolução em foco é, portanto, um marco que incrementou a atuação do órgão
ambiental do Estado no complexo industrial e na sua área de influência, seguindo-se
das Resoluções nos 2113/99, 2878/2001 e muito recentemente pela Portaria CRA nº
5210/2005 que concedeu a Renovação da Licença de Operação do Pólo.
Como vemos, a mesma abordou, diversos assuntos de grande importância para o
desenvolvimento e internalização dos pressupostos da Produção Mais Limpa, no
Pólo de Camaçari, como Controle na Fonte e Racionalização de Recursos, além de
determinar o levantamento de informações básicas, que serviriam de referencial
para a avaliação de resultados dos programas que seriam implementados, a
exemplo do cadastramento de fontes, realização de inventários e monitoramentos de
poluentes.
194
2 - Em seguida, a Resolução CEPRAM 2113/99 concedeu Renovação à Licença de
Operação do Pólo, dando continuidade e reiterando as bases da Licença anterior,
determinando a priorização, por parte das empresas, à solução de problemas
ambientais, através da minimização ou eliminação das emissões de poluentes,
atuando diretamente na fonte geradora.
Abraçou o conceito de Melhoria Contínua, ao estabelecer reavaliações periódicas da
Rede de Monitoramento do Ar; exigiu o atendimento de Padrões de Qualidade para
poluentes orgânicos, definidos em função do Pólo, e determinou a implantação de
Programas de Controle específicos, no caso de violações sistemáticas.
3 - A Resolução CEPRAM nº 2878/01 concedeu Revisão de Condicionantes da
Resolução 2113/99, trazendo, como acréscimo, a definição de prazos para seu
cumprimento e o estabelecimento de referência única para elaboração do Inventário
de Emissões Atmosféricas.
4 - A Portaria CRA nº 5210 / 2005 renovou a Licença de Operação do Pólo,
concedida ao Comitê de Fomento Industrial de Camaçari – COFIC, mantendo o
mesmo alinhamento dos condicionantes das licenças de operação anteriores e,
portanto, garantindo a continuidade da implementação de ações e medidas
lastreadas pela Produção Mais Limpa.
Esta Licença insere a Prevenção, no contexto das atividades que as empresas
devem conduzir, trazendo como obrigação a priorização da melhoria de
desempenho ambiental por meio da prevenção, minimização, controle ou eliminação
das emissões, atuando diretamente na fonte geradora. Apresenta como novidade a
Comissão Técnica de Garantia Ambiental – CTGA do COFIC, cuja coordenação foi
assumida pelo Conselho de Administração daquele Comitê, em recente deliberação,
e deverá definir e acompanhar o Plano de Gestão Ambiental do Pólo.
Porém, o maior mérito desta Licença é, sem dúvida, a forma inovadora e
participativa com que foi conduzida, graças ao alto nível de conscientização das
empresas do Pólo.
195
Refletindo a consolidação do Sistema de Autocontrole Ambiental do Estado da
Bahia, foram criadas cinco comissões temáticas e uma comissão gerencial, para
discussão e análise de assuntos específicos (água subterrânea, ar, efluentes,
resíduos sólidos e gerenciamento de riscos), envolvendo técnicos do CRA,
representantes das empresas e do COFIC, bem como seus diretores e
coordenadores.
Há que se ressaltar que este modelo de análise conjunta do processo de
licenciamento, além de representar uma iniciativa inovadora e bem sucedida,
possibilita a obtenção de expressivo ganho ambiental, na medida em que as
empresas são quem melhor conhecem as suas plantas e seus pontos passíveis de
melhorias e contempla uma avaliação detalhada e criteriosa de todas as
possibilidades de avanço.
Entendemos que essa última e mais recente renovação da Licença do Pólo
representa a consolidação da Gestão Ambiental no Complexo de Camaçari, onde as
empresas se comprometem, de forma ampla, a alcançar metas coletivas de melhoria
de desempenho ambiental, além de seus compromissos individuais. Isto somente é
possível devido à estratégia de relacionamento que o órgão ambiental e as
empresas vêm construindo durante todos estes anos, de forma ética e responsável.
Se aplicarmos o critério de classificação baseado em La Grega, proposta e utilizada
no decorrer desta pesquisa, à forma adotada pelo órgão ambiental para proceder ao
licenciamento, que culminou com a renovação da Licença de Operação do Pólo em
2005, podemos arriscar duas possibilidades de classificação, conforme descrito a
seguir:
a) Classificar esta “medida” como inserida no âmbito das Boas Práticas do CRA, por
considerar que se enquadra como uma Medida Organizacional, ou
b) Classificar esta “medida” como inserida no âmbito da Mudança de Tecnologia,
considerando tratar-se de uma “Mudança de Tecnologia de Gestão do
Licenciamento”, ao se adotar, no Estado da Bahia, um modelo inédito de análise
participativa do Licenciamento Ambiental.
196
5 - Ao reunirmos as constatações e comentários constantes do item 6.3.1, que
associam as Licenças às ações e medidas em P+L implementadas pelas empresas,
reconhecemos o mérito dos condicionantes das referidas Licenças, identificando a
Empresa como parte integrante do processo, uma vez que os RTGA’s e ALA’s são
importantes documentos que compõem a análise do Licenciamento e, portanto,
contribuem para o estabelecimento de condicionantes a serem cumpridos.
Ao procedermos à análise, a qual podemos chamar de retrospectiva das licenças
concedidas ao Pólo, foi possível perceber a evolução e amadurecimento do
instrumento Licenciamento Ambiental, contribuindo, ao longo dos anos, para a
consolidação da Gestão Ambiental daquele importante condomínio de empresas.
Pelo exposto, podemos afirmar que as Medidas Normativas, às quais o Pólo de
Camaçari esteve e está submetido, favorecem a disseminação dos conceitos e
implementação, nas empresas, de ações e medidas que se alinham com os
pressupostos da Produção Mais Limpa, possibilitando sua consolidação no âmbito
de todo o Pólo de Camaçari.
197
6.3.3 Aspectos relacionados à base de dados da pesquisa
Uma das tarefas mais morosas com a qual nos defrontamos no decorrer dos
trabalhos, correspondeu à etapa de análise dos documentos dos processos de
licenciamento, com vistas ao levantamento das informações que compuseram a
base de dados da pesquisa. Dentre os documentos analisados, os mais importantes
foram os RTGA´s, ALA´s e Licenças das empresas. A demanda de tempo à qual nos
referimos, foi para procedermos à identificação, nestes documentos, dos dados que
denominamos de ações e medidas voltadas para a redução de emissões
atmosféricas.
Um aspecto que diz respeito à documentação, e que reflete o grau de dificuldade da
etapa de levantamento de dados, decorreu do fato dos documentos apresentarem
níveis de detalhamento e abordagem dos temas, em graus bastante diferenciados.
Estas diferenças, somadas às ausências de algumas informações, ou ainda a
utilização de unidades distintas para expressar, por exemplo, quantidades geradas
ou emitidas de poluentes atmosféricos, também foram fatores que dificultaram o
levantamento das informações.
Em muitas situações dispúnhamos de resultados em termos de redução de
determinado poluente, demonstrados em tabelas de monitoramento, mas não
constavam dos documentos as ações /medidas que levaram àquelas melhorias.
Em outros momentos, ações eram implementadas com a finalidade de redução de
emissões, mas não se dispunha de informações acerca dos resultados obtidos, ou
ainda constatava-se o estabelecimento de metas de redução de consumo de água
ou geração de emissões, em programas apresentados em Relatório referente a
determinado ano, os quais não eram discutidos e analisados no Relatório
apresentado no ano seguinte.
A despeito do fato de algumas empresas expressarem, nos documentos
apresentados, um maior grau de detalhamento que outras, o que pode, em algum
caso, ter contribuído para a obtenção de menor quantidade de informações, o
levantamento realizado possibilitou a avaliação qualitativa pretendida, sem
comprometer o resultado do trabalho.
198
Excetuando as ausências observadas, em alguns casos, de determinadas
informações, que se esperava encontrar nos documentos, constatamos que a
dificuldade no levantamento dos dados se justifica por não terem sido inseridos nos
documentos, com a finalidade de permitir sua identificação e sistematização
compatíveis com o formato de que precisávamos.
Por outro lado, considerando a importância dos documentos elaborados pelas
empresas, no sentido de que os mesmos devem refletir a gestão ambiental
empreendida nas atividades licenciadas, acreditamos que ajustes possam ser
implementados, nos modelos de documentos seguidos pelas empresas e
estabelecidos pelo CRA, a exemplo do Termo de Referência para a elaboração do
Estudo de Auto Avaliação para o Licenciamento Ambiental – ALA. Uma análise do
modelo do ALA poderá resultar em adequações do mesmo, de modo que os estudos
elaborados pelas empresas explicitem, melhor e mais claramente, informações que
são imprescindíveis para a própria avaliação ambiental da atividade, dando maior
expressividade a este importante instrumento de Auto-controle ambiental,
199
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
7.1 CONCLUSÕES
A partir da análise e conclusões parciais referentes a cada empresa, e das
discussões empreendidas, são apontadas, a seguir, as conclusões do presente
trabalho:
Quanto ao Ozônio:
Como resultado da análise realizada neste trabalho, e dos conhecimentos
adquiridos, relacionados ao ozônio, aos seus precursores e ao seu comportamento
na atmosfera, concluímos que, mesmo não tendo sido objeto do presente trabalho
estabelecer uma correlação direta entre as reduções de emissões de precursores de
ozônio no Pólo, e as concentrações de ozônio medidas na RMA, a avaliação
qualitativa à qual nos propusemos a realizar permitiu evidenciar indiretamente esta
correlação.
Assim, a referida avaliação conduziu à afirmativa de que as ações implementadas no
Pólo têm contribuído para os resultados alcançados, em termos da redução de suas
emissões, refletindo na redução do número de eventos de ultrapassagem do padrão
do ozônio medido pela RMA
A presença do ozônio, nos eventos de poluição atmosférica registrados durante o
verão, em dois anos consecutivos, reforça a necessidade de que esforços sejam
empreendidos no sentido do conhecimento dos aspectos relativos à sua formação e
dispersão na região, para que possam ser tomadas medidas específicas, focadas
nas fontes do problema, ainda que os padrões ambientais não tenham sido
ultrapassados, uma vez que este poluente tem sido apontado como um dos
responsáveis pela redução de qualidade do ar na região.
200
Quanto à Produção Mais Limpa:
Em decorrência da análise da aplicação da P+L, por meio da classificação de ações
e medidas implementadas, concluímos que a Produção mais Limpa é uma grande
aliada, no empreendimento de ações que têm contribuído para a redução da
poluição atmosférica causada pelo ozônio, no caso do Pólo de Camaçari.
Acreditamos que medidas e ações, que se alinham com os pressupostos da P+L,
produzirão resultados semelhantes, onde quer que existam emissões de precursores
de ozônio e condições meteorológicas favoráveis à formação desse poluente.
Ao contabilizarem-se apenas as Ações, que resultaram em intervenções
propriamente ditas nas unidades de processo, conclui-se que cabe às Mudanças de
Tecnologia o devido reconhecimento, como importantes contribuintes, no que se
refere à aplicação da Produção mais Limpa para a redução de emissões no Pólo,
Esse fato reflete a necessária orientação no sentido da redução na fonte.
Quanto aos Precursores:
A partir da abordagem sobre padrões de qualidade do ar no Pólo, observa-se que,
apesar da ausência de eventos de ultrapassagem dos padrões de NOx e VOC, a
significativa presença destes compostos na região se faz sentir pela formação do
ozônio que é captado pela RMA.
Como resultado da discussão sobre os precursores NOx e VOC, conclui-se que, as
evidências apontadas neste trabalho permitem associar as reduções de
concentrações e de eventos de ultrapassagens de padrões às ações implementadas
no Pólo, voltadas para a redução de emissões.
201
Quanto às Medidas Normativas:
Após a análise que se fez sobre as medidas normativas, mais especificamente sobre
as licenças ambientais às quais o Complexo de Camaçari, como um todo, esteve
sujeito, no decorrer dos últimos treze anos, conclui-se que estas retratam o processo
de amadurecimento, experimentado por suas empresas, que, juntamente com o
Órgão Ambiental do Estado, desempenham de forma plena seus papéis de agentes
responsáveis pela garantia e continuidade da implementação de ações e medidas,
respaldadas pelos pressupostos da Produção mais Limpa, acumulando, neste
processo de crescimento, incontáveis benefícios 8.
A análise realizada permite concluir que a Produção mais Limpa é uma realidade no
Pólo, não apenas do ponto de vista mais abrangente, quando analisamos as
Licenças “coletivas” desse grande Complexo Industrial, mas também ao focarmos a
atenção nas peculiaridades de cada empresa, quando do estudo das informações
integrantes dos processos de licenciamento junto ao CRA, que permitiu verificarmos
a implantação das medidas e ações, voltadas para redução de emissões
atmosféricas, bem como constatarmos que resultados importantes vêm sendo
alcançados.
------------------------------------------------
8 Como exemplo do bem sucedido ”empreendimento” que é realizado no Pólo de Camaçari, no que
diz respeito a internalização da Produção mais Limpa, destaca-se a forma inovadora e participativa
com que se procedeu à renovação da sua Licença de Operação, concedida pela Portaria CRA
5210/05, resultando em um “produto” 100% garantido, no atendimento dos seus propósitos. Esta
garantia decorre do comprometimento das empresas em alcançarem metas coletivas de desempenho
ambiental, independentemente de seus compromissos individuais.
202
7.2 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES
1 - Propostas de Ajustes para o Diagrama de Produção mais Limpa
Por se tratar de definições muito abrangentes, a classificação em Boas Práticas ou
Mudanças Tecnológicas apresentou-se como uma difícil tarefa, posto que a “linha
divisória” entre uma e outra caixa do diagrama pode ser, em alguns casos, bastante
subjetiva.
Do exercício de análise das Ações e Medidas praticadas pelas Empresas, no sentido
de enquadrá-las na classificação proposta no Diagrama P+L, apresenta-se como
uma das recomendações deste trabalho a implementação de alguns ajustes no
referido Diagrama, no que se refere aos entendimentos e definições, envolvendo
especificamente Boas Práticas Operacionais e Mudanças de Tecnologia, conforme
descrito a seguir:
a) A adoção de subdivisão para a classificação de Boas Práticas Operacionais, de
modo a permitir a visualização do que são Medidas Organizacionais (treinamento e
motivação de pessoal, instruções de operação e definição de responsabilidades);
Ações de Manutenção (estocagem e uso adequado de materiais, controle de perdas
e programação de produção) e Ações /Ajustes de Processo (melhoria/otimização
das condições de processo para maior rendimento da produção, aumento de uso
das capacidades do processo, redução de fatores de segurança, isolamento de
tubulações); facilitando o entendimento e magnitude desta importante divisão do
diagrama, posto que Boas Práticas de Operação se configuram como grande
aliadas, rumo à minimização de resíduos e emissões, tendo em vista a abrangência
de Ações e Medidas aí inseridas;
b) A adoção de subdivisão para o item do diagrama relativo à Mudanças de
Tecnologia nas tipologias: Mudanças na Tecnologia de Processo (novo catalisador,
rearranjo / adição de equipamento, alteração significativa de condição operacional,
substituição de regime em batelada para contínuo); Mudanças na Tecnologia de
Equipamentos (queimadores especiais, revestimento interno especialmente
desenvolvido); e Mudança na Tecnologia de Controle /Automação da Planta
203
(analisadores de linha, SDCD- Sistema Digital de Controle Distribuído, válvulas
remotamente operadas); possibilitando o esclarecimento dos conceitos relativos a
este segmento do diagrama, objetivando perceber o alcance que a implementação
deste tipo de Ação /Medida pode ter, no sentido da minimização de resíduos e
emissões, de acordo com os pressupostos da Produção Mais Limpa.
c) Admitir que as Ações e Medidas para economia de energia, entendidas como
aquelas que visam a redução no consumo e uso eficiente de energia, possam
também estar incluídas no rol das Boas Práticas Operacionais, consideradas no
âmbito do Processo ou nas Medidas Organizacionais, e não apenas como Mudança
de Tecnologia, conforme proposto por La Grega. Sugere-se que o critério para a
classificação esteja focado na ação ou medida, e não no resultado de sua
implementação.
2 - Capacitação em aspectos da Meteorologia
O desenvolvimento deste trabalho revelou a importância do conhecimento acerca de
aspectos da Meteorologia, na área de influência do Pólo. Entendemos ser esta uma
indispensável ferramenta de trabalho, no sentido da implementação, por parte das
empresas, de medidas preventivas que possam contribuir para a minimização dos
efeitos decorrentes de eventos de Poluição Atmosférica na região.
Desta forma, apresentamos, como sugestão, a inclusão de temas como “A
meteorologia e sua influência na dispersão de poluentes, na região de Camaçari”,
nos programas de capacitação de todas as empresas do Pólo, destinados aos
colaboradores que exerçam atividades relacionadas tanto ao planejamento como à
execução de operações que envolvam emissões atmosféricas.
3 - Estudo da formação e dispersão do Ozônio
O fato de o Ozônio ser apontado como um dos responsáveis pela redução da
Qualidade do Ar, na região monitorada pela Rede de Monitoramento do Ar (RMA),
reflete a importância do conhecimento dos aspectos relativos à sua formação e
dispersão na região.
204
Neste sentido, recomenda-se a realização de estudos específicos voltados para
esse tema, os quais deverão abranger tanto a região sob influência do Pólo, como
também as demais fontes de precursores, a exemplo da frota de veículos
automotores, aeroporto, dentre outras.
Esse estudo /programa deverá reunir informações necessárias, para que se
responda às perguntas e aos questionamentos formulados no âmbito deste trabalho,
conforme discutido no item 6.2.2, e permitir a evolução rumo à Prevenção de
eventos de poluição atmosférica, semelhantes aos que foram registrados em
2002/2003 no Pólo, possibilitando a internalização de conceitos voltados para a
Redução na Fonte.
4 - Estudo sobre Padrões de Qualidade Ambiental
Da discussão empreendida no item 6.2.2, resulta como sugestão deste trabalho, a
realização também de um estudo acerca da adequabilidade dos padrões de
qualidade ambiental vigentes à realidade do Pólo. Sugere-se que se proceda a uma
avaliação da necessidade de que se estabeleçam padrões para outros poluentes e
se enfrente as impressões, a princípio contraditórias, ao se constatarem padrões
ambientais atendidos e bem estar da população comprometido. Sugere-se ainda
uma discussão sobre o que deve ser entendido como “mínimo efeito adverso sobre o
bem estar da população” constante do Art.2º da Resolução CONAMA 003/90, que
define Padrão Secundário de Qualidade do Ar.
5 - Avaliação da capacidade de suporte do ambiente regional
O aumento da poligonal do Pólo, por força de Decreto Estadual, e a instalação de
novos e grandes empreendimentos industriais na região sugerem aumento de carga
de poluentes para o meio ambiente. Como desdobramento dessa constatação, e
também do fato de informações ambientais de caráter regionais datarem de 1992,
quando da ampliação do Pólo, apresentamos como recomendação desta pesquisa a
realização de estudo que avalie a capacidade de suporte do ambiente sob influência
dessa nova poligonal.
205
6 - Criação de Grupo de Trabalho
Como resultado do desenvolvimento do trabalho, da experiência e informações
obtidas em decorrência da análise de grande volume de documentos integrantes dos
diversos processos de Licenciamento das empresas estudadas e do conhecimento
da realidade vivida no dia-a-dia do Licenciamento no Centro de Recursos Ambientais
– CRA, sugerimos, a criação de um Grupo de Trabalho, voltado para a
implementação de ações em P+L, tendo o segmento industrial como ponto de
partida.
Acreditamos que este trabalho poderá ser útil por disponibilizar um conjunto de
ações e medidas voltadas para a redução de emissões atmosféricas, as quais
poderão ser sistematizadas de modo a compor uma espécie de Banco de Idéias a
ser utilizado pelas empresas, o qual poderá contemplar também ações e medidas
relacionadas à redução de efluentes líquidos e resíduos sólidos
7- Sugestão de análise do Termo de Referência para apresentação do ALA
Considerando que: a) o Estudo de Auto Avaliação para o Licenciamento – ALA é o
mais importante documento, elaborado e apresentado pela empresa, ao requerer a
Renovação da Licença de Operação ou Alteração de sua atividade; b) Encontrou-se
grande dificuldade em extrair informações, a partir da documentação analisada como
base de dados para a pesquisa que realizamos; e c) Foram significativas as
diferenças observadas em termos de padronização e detalhamento dos referidos
documentos, é também sugestão deste trabalho a realização, por parte do CRA, de
uma análise, seguida de ajuste, do Termo de Referência (TR) para a elaboração do
ALA, com vistas a um melhor nivelamento da qualidade e quantidade ou conteúdo
das informações prestadas ao Órgão Ambiental.
206
REFERÊNCIAS
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208
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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8. LEITE, Joaquina L.(organizadora). Problemas Chave do Meio Ambiente. Instituto de Geociências/UFBA-Espaço Cultural EXPOGEO. Superintendência de geologia e Recursos Minerais. Salvador, 1994, 223p.
9. LEMOS, Haroldo M. Inovações Tecnológicas. Revista Baiana de Tecnologia – TECBAHIA, Camaçari, v. 17, n. 1, p. 5-11, jan./abr. 2002, editada pelo CEPED – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Governo do Estado da Bahia.
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11.NORDESTE GENERATON LTDA; BIODINÂMICA. Estudo de Impacto Ambiental – EIA da Central Termelétrica - UTE II. 2002.
12.SANTOS, LEILANE M. B., SOUSA, ELIANE T., DE ANDRADE, JAILSON B. e PEREIRA, PEDRO A. DE P.; Etanol e Gasool: Reatividade e Efeito na Formação de Ozônio e Compostos Carbonílicos na Atmosfera; 25ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Poços de Caldas – MG, maio de 2002.
13.SOBRAL, M.C. Inovações Tecnológicas e Políticas de Meio Ambiente: a regulamentação ambiental como incentivo às tecnologias mais limpas. Revista Baiana de Tecnologia – TECBAHIA, Camaçari, v. 17, n. 1, p. 139-147, jan./abr. 2002, editada pelo CEPED – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Governo do Estado da Bahia.
14.SOUZA, M.L.C. Evolução Histórica da Gestão Ambiental no Estado da Bahia: Aspectos Legais. Bahia, 2001.
15.TOSTA, C.S. Inserção da Análise de Ciclo de Vida no Estado da Bahia através da Atuação do Órgão Ambiental. 2004. 185p. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa) - Escola Politécnica. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004.
210
ANEXO A
ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO E PADRÕES DE QUALIDADE DO AR
O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, constituído pela Lei 6.938/81, em seu Art. 1º (com redação dada pela Lei nº 8028 de 12/04/90), tem, em sua estrutura, o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA. O CONAMA é órgão consultivo e deliberativo, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao conselho de governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no meio ambiente de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;
O CONAMA estabeleceu as bases do controle e prevenção da poluição do ar no Brasil, a partir da Resolução nº 05/89, de 15/06/1989, que criou o PRONAR – Programa Nacional do Controle da Qualidade do Ar. Este programa tem como estratégia básica a limitação das emissões, por tipologia de fontes e poluentes prioritários, através do estabelecimento de limites máximos de emissão.
Em seguida, a Resolução CONAMA nº003/90, de 28 de junho de 1990 complementa a Resolução CONAMA 005/89, define Padrão de Qualidade do Ar e Poluente Atmosférico, além de estabelecer valores numéricos para os padrões primários e secundários de qualidade do ar para os poluentes convencionais: Partículas Totais em Suspensão, Fumaça, Partículas Inaláveis, Dióxido de Enxofre, Monóxido de Carbono, Ozônio e Dióxido de Nitrogênio.
Assim, em seu Art.1º tem-se a definição de Padrões de Qualidade do Ar como “as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral”.
Os padrões de qualidade do ar estabelecidos na Resolução 003/90 constam da tabela a seguir:
211
Poluente Tempo de Amostragem
Padrão Primário(µg/m3)
Padrão Secundário(µg/m3)
Método de Medição
Partículas Totais em Suspensão
24 horas (1)MGA (2)
24080
15060
Amostrador de grandes volumes
Dióxido de Enxofre
24 horas (1)MAA (3)
36580
10040
Pararosanilina
Monóxido de Carbono
1 hora (1)8 horas (3)
40.00035ppm10.0009ppm
40.00035ppm10.0009ppm
Infra-vermelho não dispersivo
Ozônio 1 hora(1) 160 160 QuimioluminescênciaFumaça 24 horas (1)
MAA (3)15060
10040
Refletância
Partículas Inaláveis
24 horas (1)MAA (3)
15050
15050
Separação Inercial/Filtração
Dióxido de Nitrogênio
1 hora (1)MAA (3)
320100
190100
Quimioluminescência
(1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano (2) Média geométrica anual(3) Média aritmética anualFonte: CETESB
A Resolução CONAMA 003/90, estabelece ainda métodos de amostragem e análise dos poluentes atmosféricos, bem como os níveis de Qualidade do Ar, para elaboração do plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar.
Considera-se Episódio Critico de Poluição do Ar, a “presença de altas concentrações de poluentes na atmosfera em curto período de tempo, resultante da ocorrência de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos mesmos”.
Os níveis de qualidade do ar estabelecidos são os Níveis de Atenção, Alerta e Emergência, sendo que as providências a serem tomadas, a partir da ocorrência dos Níveis de Atenção e Alerta, têm por objetivo evitar o atingimento do Nível de Emergência.
O Nível de Atenção será declarado quando “prevendo-se a manutenção das emissões, bem como condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir numeradas:”
Para o Ozônio e NO2 as condições são:
“e) concentração de ozônio, média de 1(uma) hora, de 400 (quatrocentos) microgramas por metro cúbico”;“h) concentração de Dióxido de Nitrogênio (NO2), média de 1(uma) hora, de 1130(um mil cento e trinta) microgramas por metro cúbico”.
O Nível de Alerta será declarado quando, “prevendo-se a manutenção das emissões, bem como as condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão de poluentes nas 24(vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir”:
212
Para o Ozônio e NO2 as condições são, em termos de concentração, média de 1(uma) hora, de 800(oitocentos) microgramas por metro cúbico e 2260(dois mil duzentos e sessenta) microgramas por metro cúbico, respectivamente.
Do mesmo modo, para o Ozônio e NO2, o Nível de Emergência, em termos de concentração, média de 1(um) hora, é de 1000(um mil) microgramas por metro cúbico e 3000(três mil) microgramas por metro cúbico, respectivamente.
Estas definições foram reiteradas pelo Estado da Bahia, em seu Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo decreto nº 7967, de 05 de junho de 2001, do qual se extraem alguns trechos:
Art. 85 (Parágrafo único) determina que : os padrões de emissão poderão ser estabelecidos através da formulação de exigências específicas, inclusive do estabelecimento de padrões de desempenho, voltadas para a minimização das emissões, podendo ser expressos como uma quantidade específica (massa), taxa ou concentração, como um parâmetro de processo ou de um equipamento de controle.
Art. 86 estabelece que: inexistindo padrões de emissão, o responsável pela fonte de poluição deve adotar medidas de controle, baseado na melhor tecnologia disponível, técnica e economicamente viável, especificando a eficiência do sistema de controle adotado.
Art. 88: enquadra os poluentes atmosféricos em três grupos: Poluentes Convencionais, Poluentes Tóxicos do Ar e Poluentes não Convencionais, conforme descrito a seguir:
I – Poluentes Convencionais, são aqueles que não causam efeitos nocivos, quando presentes no ar abaixo de determinadas concentrações e para os quais existem padrões de qualidade do ar legalmente estabelecidos, a saber:
a) dióxido de enxofre;b) dióxido de nitrogênio;c) material particulado;d) monóxido de carbono;e) ozônio.
II – Poluentes Tóxicos do Ar – PTAs: constituídos pelas 188 substâncias orgânicas ou inorgânicas tóxicas, cancerígenas ou capazes de causar outros efeitos danosos à saúde humana, listadas no anexo I do regulamento.
III – Poluentes não Convencionais: pertence a esse grupo qualquer poluente que não se enquadre como poluente convencional ou como poluente tóxico do ar.
Art. 90 estabelece que: Os limites de emissão dos poluentes atmosféricos, observada a legislação federal pertinente, deverão ser estabelecidos pelo CEPRAM em normas técnicas, através de padrões de desempenho, baseados na tecnologia de controle que conseguir o máximo de redução das emissões e que for considerada técnica e economicamente viável, ou na competente licença, com base nas informações ou estudos apresentados pela atividade durante o processo de licenciamento.
O Art. 95 estabelece que : O controle das emissões pontuais e fugitivas de poluentes tóxicos do ar (PTAs) deverá ser feito através de padrões de desempenho, com base na tecnologia de controle que conseguir o máximo de redução de emissões e que for técnica e economicamente viável, na forma que vier a ser definida pelo CEPRAM em normas técnicas ou na competente licença.
213
§ 1º Consideram-se emissões pontuais aquelas resultantes de vents de processo, tanques, sistemas de recebimento e transferência de produtos químicos e sistemas de tratamento de efluentes líquidos, e emissões fugitivas aquelas resultantes de válvulas de processo, bombas, conexões, compressores, agitadores e vasos intermediários de processo.
§ 2º Estão subordinadas ao estabelecido neste artigo as unidades de processamento químico que fabricam, como produto, co-produto, sub-produto ou produto intermediário ou utilizam como matéria-prima uma ou mais das substâncias listadas no Anexo I deste Regulamento, de acordo com os critérios de exigibilidade que vierem a ser estabelecidos em norma pelo CEPRAM.
Consideram-se ainda como de grande importância, o disposto no Artigo 96, conforme descrito a seguir:
O controle das emissões de poluentes convencionais e não convencionais deverá sr feito com base na melhor tecnologia de controle disponível que for técnica e economicamente viável, ou na forma que vier a ser estabelecida pelo CRA na competente licença, com base nas informações e estudos técnicos apresentados pela atividade, durante o processo de licenciamento.
214
ANEXO B
CONDICIONANTES DAS RESOLUÇÕES E PORTARIAS REFERENTES AO LICENCIAMENTO DO PÓLO, QUE TRATAM ESPECIFICAMENTE DE EMISSÕES
ATMOSFÉRICAS
Resolução CEPRAM nº 620 de 21 de Julho de 1992 – Autoriza a emissão da Licença de Operação da Ampliação do Pólo Petroquímico de Camaçari.
Art.5 - Obrigam-se as Empresas já instaladas no Pólo Petroquímico de Camaçari, bem como aquelas que serão implantadas e /ou ampliadas, a adotar os seguintes condicionamentos:
I - Integrar o Gerenciamento Ambiental do Pólo Petroquímico de Camaçari, sob coordenação do COFIC, para cumprir de forma conjunta as seguintes determinações:
a) implantar, no prazo de 08 (oito) meses, a Rede de Monitoragem do Ar, na área sob influência do Pólo Petroquímico, que contemple, além dos poluentes convencionais, os hidrocarbonetos e outros poluentes pertinentes às áreas;
b) apresentar, de imediato, o Cronograma de Operação da Rede de Monitoragem do Ar, para cada poluente a ser monitorado;
c) implantar, no prazo de 08(oito) meses, o programa de biomonitoramento da qualidade do ar, que contemple bioindicadores do ecossistema na área sob influência do Pólo Petroquímico;
d) após o inicio de operação da Rede de Monitoragem do Ar, apresentar, mensalmente, ao CRA o RELATÓRIO DA QUALIDADE DO AR, contendo as concentrações dos poluentes atmosféricos monitorados;
e) apresentar ao CRA, semestralmente, a atualização do inventário de todas as fontes de poluentes atmosféricos do Pólo, como parte do Programa da Operação da Rede de Monitoragem do Ar;
f) cumprir a Resolução nº 03/90 do CONAMA, que estabelece padrões de qualidade do ar para os poluentes convencionais;g) indicar representantes das Indústrias para, em conjunto com a CETREL e o CRA, elaborar proposta de padrões de qualidade do Ar, para os hidrocarbonetos inerentes ao Pólo Petroquímico de Camaçari;
m) inserir, no PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL do Pólo Petroquímico de Camaçari, um PLANO AVANÇADO que contemple novos estudos ambientais, tais como, aproveitamento de energia, reciclagem de materiais, racionalização dos recursos utilizados no Pólo, etc;
n) participar do Programa de CONTROLE NA FONTE que será desenvolvido conjuntamente pela CETREL /CRA /SUDIC;
o) manter uma permanente cooperação mútua entre o Governo e Empresas, a fim de viabilizar a Gestão Ambiental no Pólo Petroquímico de Camaçari.
215
II - Consideram-se condições específicas que deverão ser cumpridas pelas Empresas:
a) utilizar-se da melhor tecnologia economicamente viável, para a remoção de compostos voláteis e da melhor tecnologia disponível para a remoção dos poluentes tóxicos existentes nos seus efluentes líquidos orgânicos e inorgânicos;c) efetuar o tratamento das emissões atmosféricas, reduzindo os níveis de emissão de poluentes por fonte, visando a melhorar a qualidade do ar da região;
d) implantar controle, a nível da melhor tecnologia disponível, quando se tratar de Indústrias que emitem poluentes tóxicos e/ou perigosos, segundo critérios a serem estabelecidos pelo CRA, ficando certo ainda que, quando se tratar de industrias que emitem poluentes odoríferos, deverão, estas, adotar medidas de controle, de forma a minimizá-las. Deverão ser controladas as emissões das substâncias voláteis, provenientes do sistema de tratamento dos efluentes líquidos;
l) apresentar ao CRA, no prazo de 90(noventa) dias, um Plano e cronograma para subsidiar a identificação e eliminação das emissões fugitivas, identificando todas as fontes geradoras, caracterizando quali /quantitativamente cada fonte e as medidas necessárias para a sua eliminação;
n) apresentar ao CRA, no prazo de 90 (noventa) dias, um plano de auto -monitoragem das emissões atmosféricas;
o) após aprovação, enviar ao CRA, até o dia 10 de cada mês, o relatório de auto –monitoragem dos seus efluentes líquidos orgânicos e inorgânicos e das suas emissões atmosféricas;
Resolução nº 2113 de 08 de Novembro de 1999 - Autoriza a Renovação da Licença de Operação do Pólo Petroquímico de Camaçari.
Art. 2º - Obrigam-se as empresas, juntamente com a CETREL, a dar prioridade à solução dos seus problemas ambientais crônicos, através da minimização ou eliminação das emissões de poluentes nos meios líquido, gasoso, solo, e dos resíduos sólidos, atuando diretamente na fonte geradora, bem como participando do Programa de Controle na Fonte, conduzido pela CETREL.
Art. 4º - Obrigam-se as empresas a apresentar ao CRA e à CETREL, até o décimo dia de cada mês, relatório de auto-monitoragem dos efluentes líquidos, orgânicos e inorgânicos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos.
Art. 9º - Das Emissões Atmosféricas.
I. obrigam-se as empresas, através da CETREL, a:
a) operar e manter a Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar, encaminhando mensalmente, até o décimo quinto dia de cada mês, relatório consolidado dos dados gerados no mês anterior, ao CRA e às Prefeituras de Camaçari, Dias D’Ávila e São Sebastião do Passé;
b) proceder até outubro de 2000, e posteriormente a cada 5 (cinco) anos, uma reavaliação da Rede, de acordo com Termo de Referência a ser firmado com o CRA;
c) atender aos Padrões de Qualidade do Ar para Poluentes Orgânicos em sua área de influência, conforme especificações do Anexo I. No caso de violações sistemáticas dos padrões de qualidade do Ar, implantar programa de controle específico visando reduzir
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essas emissões e o atendimento aos padrões requeridos;
d) elaborar, no prazo de 2 (dois) anos, proposta de padrões de qualidade do ar para metais em sua região de influência;
e) elaborar, no prazo de 2 (dois) anos, estudo identificando os fatores que contribuem para a formação do hexaclorobutadieno na atmosfera, visando definir estratégia para o seu controle;
II. obrigam-se as empresas a:
a) enviar, ao CRA e à CETREL, o inventário das fontes de poluentes atmosféricos até junho de 2000, devendo atualizá-lo a cada 2 (dois) anos, ou sempre que houver modificações de processo que impliquem em alterações no mesmo;
b) apresentar ao CRA, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, plano e cronograma de implantação de um programa para avaliação de Emissões Fugitivas.
Resolução CEPRAM nº 2878 de 21 de Setembro de 2001 - Autoriza a Revisão de Condicionantes da Resolução CEPRAM nº 2113 de 08/11/99.
Art. 2º - Obrigam-se as empresas, juntamente com a CETREL, a dar prioridade à solução de problemas ambientais, através da minimização ou eliminação das emissões de poluentes ,nos meios líquido, gasoso, solo, e dos resíduos sólidos, atuando diretamente na fonte geradora, apresentando: a) programas individuais para o Controle na Fonte, até junho/2002, juntamente com um plano para eliminação/redução das Fontes de Contaminação, acompanhados dos respectivos cronogramas de implantação; b)avaliação dos programas individuais para o Controle na Fonte, conforme cronograma estabelecido conjuntamente com a CETREL e as empresas;
Art. 4º - Obrigam-se as empresas a apresentar, ao CRA e à CETREL, até o décimo dia de cada mês, relatório de auto-monitoragem dos efluentes líquidos, orgânicos e inorgânicos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos.
Art. 9º - DAS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS. I. Obrigam-se as empresas, através da CETREL a : a) operar e manter a Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar, encaminhando, mensalmente, ao CRA e às Prefeituras de Camaçari, Dias D’Ávila e São Sebastião do Passe, até o décimo quinto dia de cada mês, relatório consolidado dos dados gerados no mês anterior; b) proceder, no prazo de 60 (sessenta) dias, e posteriormente a cada 3 (três) anos, uma reavaliação da Rede, de acordo com o Termo de Referência a ser firmado com o CRA; c) apresentar, no prazo de 06 (seis) meses, proposta de padrões de qualidade do ar para metais, considerando a área de influência; d) realizar estudo identificando os fatores que contribuem para a formação do hexaclorobutadieno na atmosfera, visando definir estratégia para o seu controle; e) estabelecer referência única para a elaboração do inventário de emissões atmosféricas e adotar parâmetros padrão para todas as empresas do Pólo Petroquímico; II. Obrigam-se as empresas a : a) enviar, ao CRA e à CETREL, o inventário das fontes de poluentes atmosféricos, no prazo de trinta dias, devendo atualizá-lo a cada 2 (dois) anos, ou sempre que houver modificações de processo que impliquem em alterações no mesmo; b) apresentar ao CRA, no prazo de 60 (sessenta) dias, plano e cronograma de implantação de um programa para avaliação de Emissões Fugitivas; c) atender aos Padrões de Qualidade do Ar para Poluentes Orgânicos em sua área de influência, conforme especificações do Anexo I. No caso de violações sistemáticas dos padrões de qualidade do Ar, implantar programa de controle específico, visando reduzir essas emissões e o atendimento aos padrões requeridos.
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Portaria CRA no 5210 / 2005 - Concede Renovação da Licença de Operação do Pólo Petroquímico de Camaçari.
Art 2º. GESTÃO AMBIENTAL NO PÓLO. I. obrigam-se as empresas por meio do Cofic a: a)priorizar a melhoria de desempenho ambiental, por meio da prevenção, minimização, controle ou eliminação das emissões de poluentes para o ar, a água, o solo e dos resíduos sólidos, atuando diretamente na fonte geradora, conforme plano de gestão definido e acompanhado pela CTGA (Comissão Técnica de Garantia Ambiental) do COFIC. b)estabelecer plano de divulgação das condições ambientais do Pólo para as comunidades vizinhas, a ser apresentado ao CRA até junho de 2005. II. obrigam-se as empresas a: a)atender as recomendações da CTGA do COFIC.
Art 3 º. obrigam-se as empresas a apresentar, ao CRA e à CETREL, até o décimo dia de cada mês, relatório de auto-monitoragem dos efluentes líquidos, orgânico e inorgânico e emissões atmosféricas.
Art. 7º. DAS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS: I. Obrigam-se as empresas, por meio da CETREL a: a) operar e manter a Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar, encaminhando mensalmente ao CRA e às Prefeituras de Camaçari, Dias D’Ávila e São Sebastião do Passé, até o décimo quinto dia de cada mês, relatório consolidado dos dados gerados no mês anterior; b) apresentar ao CRA, no prazo de 1 (hum) ano, projeto de comunicação visual em tempo real, para divulgação de informações da qualidade do ar para as comunidades sob influência do Pólo Industrial; c) enviar os boletins diários de qualidade do ar para o CRA; d) proceder a cada (03) anos uma reavaliação da rede através de Termo de Referência elaborado pela CETREL e aprovado pelo CRA. Próxima reavaliação deverá ser realizada em junho de 2007; e) disponibilizar para o CRA acesso ao sistema de gerenciamento dos dados da Rede de Monitoramento do Ar; II. Obrigam-se as empresas por meio de grupo de trabalho coordenado pelo COFIC a: a) acompanhar a gestão das emissões atmosféricas do Pólo Industrial de Camaçari; b) elaborar guia para o programa de controle de emissões fugitivas até dezembro de 2005; c) coordenar a revisão do guia de elaboração do inventário de emissões de fontes pontuais, apresentando-a ao CRA até dezembro de 2005. III. Obrigam-se as empresas a: a) enviar, até o mês de junho de cada ano, ao CRA e à CETREL o inventário das fontes de poluentes atmosféricos com base no guia para elaboração de inventário; b) apresentar ao CRA e CETREL, até dezembro de 2006, seus programas de emissões fugitivas revisados com base nas diretrizes estabelecidas por grupo de trabalho coordenado pelo COFIC; c) atender aos Padrões de Qualidade do Ar para Poluentes Orgânicos e Metais na área de influência do Pólo, conforme especificações do Anexo I. No caso de violações persistentes dos padrões de qualidade do Ar, implantar programa de controle específico, visando reduzir essas emissões e o atendimento aos padrões requeridos.
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ANEXO C
ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O Licenciamento Ambiental
O Licenciamento Ambiental é um dos instrumentos da Política Estadual de Recursos Ambientais, cuja execução compete ao CRA. Este instrumento é fundamentado na análise prévia de projetos específicos, levando em consideração os objetivos, critérios e normas para conservação, preservação, defesa e melhoria do meio ambiente.
Este ato administrativo é realizado no CRA, desde a sua fundação, há 19 anos portanto, é um instrumento bem consolidado, que sofreu mudanças significativas no decorrer dos anos. Era voltado, principalmente, para o Pólo Petroquímico de Camaçari, focado no controle da poluição, numa estratégia de “comando & controle”, com imposição de padrões, condicionantes, penalidades, etc.
Consciente da necessidade de inovar, procurando sair da estratégia de “comando & controle”, e antecipando as demandas da temática ambiental, o CRA, de forma pioneira no Brasil, partiu para alternativas que atribuíam aos empreendedores responsabilidades concretas sobre a operação de suas atividades.
Considerando que cada empresa conhece seus problemas operacionais e, conseqüentemente, formas de minimizar seus efeitos, o CEPRAM aprovou Resoluções normatizando o Autocontrole Ambiental, através de novos requisitos para a formação de processos de licenciamento.
Assim, a exigência de uma Comissão Técnica de Garantia Ambiental - CTGA, a publicação da Política Ambiental e a apresentação da Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental –ALA e do Balanço Ambiental, em diferentes etapas da avaliação do empreendimento, passaram a fazer parte dos mecanismos de autocontrole implementados pelo CRA, de responsabilidade dos interessados.
A CTGA tem como atribuições catalisar a aplicação das diretrizes ambientais pela empresa; estar permanentemente atualizada com a legislação ambiental e suas tendências e divulgá-las na organização; estar continuamente a par da situação ambiental da empresa, alertando e acenando em cada caso os responsáveis operacionais; educar e conscientizar os integrantes da organização sobre a questão ambiental.
A formação da CTGA, no pedido de Licença de Operação ou renovação da operação, induz o empreendedor a estar atento ao desenvolvimento de sua atividade, e envolve os funcionários da empresa na avaliação do desempenho ambiental da mesma, permitindo acompanhar e promover o auto-controle ambiental.
A publicação da Política Ambiental, em jornal de grande circulação do Estado, deve expressar os princípios e definir objetivos e metas ambientais para a melhoria contínua da atividade e cria um vínculo entre a empresa e a sociedade. Desta forma a sociedade toma conhecimento dos princípios e compromissos da empresa, o que lhe assegura mecanismos de vigilância para o cumprimento dos mesmos.
A Auto Avaliação para o Licenciamento Ambiental - ALA é solicitada quando da requisição da Renovação da Licença de Operação ou da Licença de Alteração. Trata-se de um estudo
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que contém a caracterização ambiental da atividade, os seus principais aspectos ambientais e suas propostas para o melhor desempenho da atividade.
O Balanço Ambiental demonstra os resultados alcançados, quanto ao desempenho ambiental da atividade no período de vigência da licença. Este documento deve ser apresentado na Renovação da Licença de Operação e funciona como um mecanismo democrático de comunicação da empresa com a sociedade acerca de seu desempenho.
Através da publicação do Balanço, reforça-se o processo de comunicação entre empresa e sociedade, possibilitando maior interação entre estes atores.