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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL UNIDADE DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL José Luiz Pinheiro de Bem Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS PORTO ALEGRE 2011

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Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao SENAC EAD/RS como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação Ambiental.

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Page 1: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL

UNIDADE DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

José Luiz Pinheiro de Bem

Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

PORTO ALEGRE

2011

Page 2: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

José Luiz Pinheiro de Bem

Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao SENAC EAD/RS como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação Ambiental

Orientadora: Profª Adriana Gonçalves

PORTO ALEGRE

2011

Page 3: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL UNIDADE DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

TERMO DE APROVAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO

Aluno: José Luiz Pinheiro de Bem

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao SENAC EAD/RS, com título Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação Ambiental.

Adriana Gonçalves Profª Esp. Orientadora Luiza Ester Camargo Profª. Ms. Banca Examinadora Daniel Araújo Prof. Ms. Banca Examinadora

Porto Alegre, julho de 2011.

Page 4: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

Aos funcionários do Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, pelo empenho e esforço na manutenção do Condomínio, dedico este trabalho.

Page 5: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

Agradeço à minha esposa pelo incentivo dado ao longo do curso.

Page 6: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

"Nunca duvide que um grupo de cidadãos comprometidos e preocupados possa

mudar o mundo. Na verdade, esta é a única forma de mudança que pode dar certo." - Margaret Mead

Page 7: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

RESUMO

Durante o curso de Educação Ambiental do SENAC/RS a temática sobre o

desenvolvimento sustentável foi uma constante. É fato que o desenvolvimento

sustentável só é possível com base em uma sociedade sustentável. O trabalho

de educação ambiental focado nas células sociais solidifica as fundações das

relações e possibilita mudanças comportamentais nos atores sociais no sentido

de construção de uma sociedade crítica, consciente, participativa, política e com

grande potencial de criar com seus atos um desenvolvimento sustentável. A

aplicação dos princípios da Agenda 21, especialmente da Agenda 21 Local, em

um condomínio residencial como aqui proposto, tem grande potencial de

modificar a situação ambiental drástica em que nos encontramos, visto que o

condomínio é composto por atores comunitários, famílias e indivíduos,

componentes básicos das células sociais, capazes de alterar positivamente o

quadro problemático global nos níveis socioeconômico e ambiental a partir de

suas ações de interferência nos problemas comunitários locais, promovendo o

exercício de cidadania crítica e participativa.

Palavras-chave: desenvolvimento sustentável, educação ambiental, Agenda 21,

Agenda 21 Local.

Page 8: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

ABSTRACT

During the course of Environmental Education of SENAC / RS the theme of

sustainable development was a constant. It is a fact that sustainable

development is only possible based on a sustainable society. The environmental

education program focused on society cells solidifies the foundations of social

relationships and make possible behavioral changes in the social actors in order

to build a critic-conscious-participative-politics society and with great potential to

create with their actions sustainable development.The principles of Agenda 21,

particularly Local Agenda 21 in a residencial condominium as proposed here

has great potential to change the drastic environmental situation we are in, since

the condominium community consists of actors, families and individuals, basic

components of social cells, able to positively change the frame problem in global

environmental and socioeconomic levels with their actions from interfering in

local community issues, promoting the exercise of critic and participative

citizenship.

Keywords: sustainable development, environmental education, Agenda 21,

Local Agenda 21

Page 9: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 10

1- DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL ........................................................... 11

1.1 Metodologia e Resultados .................................................................... 11

1.2 Tema-Gerador ........................................................................................ 13

1.3 Público-Alvo........................................................................................... 14

2- JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 15

3- OBJETIVOS.................................................................................................. 16

3.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 16

3.2 Objetivos Específicos............................................................................ 16

4- REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 17

4.1 Educação Ambiental Conceitual e Prática .......................................... 17

4.1.1 As Relações do Homem com a Natureza ...................................... 17

4.1.2 Os Movimentos de Conscientização Ambiental ........................... 18

4.1.3 A Crise Ambiental ........................................................................... 20

4.1.4 Educação Ambiental, Sustentabilidade e Cidadania ................... 21

4.1.5 Agenda 21 ........................................................................................ 24

4.1.6 Agenda 21 Local.............................................................................. 27

5- METODOLOGIA........................................................................................... 30

5.1 Agindo Localmente com a Agenda 21 ................................................. 30

5.1.1 Criação de Grupo de Trabalho Temporário .................................. 30

5.1.2 Mobilizar para Sensibilizar Governo e Sociedade........................ 32

5.1.3 Criação do Fórum Local ................................................................. 34

5.1.4 Implantação do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável .. 35

6- CRONOGRAMA ........................................................................................... 37

7- RECURSOS.................................................................................................. 38

7.1 Recursos Humanos ............................................................................... 38

7.2 Recursos Materiais................................................................................ 38

7.3 Recursos Financeiros ........................................................................... 38

8- AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO........................................................ 39

REFERÊNCIAS................................................................................................. 41

APÊNDICES ..................................................................................................... 43

Page 10: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

10

APRESENTAÇÃO

O projeto de aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto

Residencial Cidade Jardim aqui apresentado, analisa e situa as relações do

homem com a natureza, sintetiza a crise ambiental atual, apresenta um

histórico dos movimentos ligados com a preservação ambiental com sua

evolução analítica e conceitual, até chegar aos fundamentos das tendências

atuais de ações holísticas e interdisciplinares de pensar e agir a questão

ambiental. Situa historicamente e programaticamente a educação ambiental e

apresenta um projeto de ação em comunidade condominial seguindo as

diretrizes e metas da Agenda 21 Local.

Partindo de ações locais, objetivando um desenvolvimento sustentável, é

possível que se modifique ideias para que mudanças de hábitos sejam

efetivadas no sentido de que a interação com o meio ambiente seja feita com

um enfoque socioambiental e multidisciplinar, partindo dos princípios de

reduzir, reaproveitar e reciclar.

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1- DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL

1.1 Metodologia e Resultados

É objeto deste estudo um condomínio de apartamentos em Porto Alegre,

no bairro Nonoai, constituído de 17 blocos com 24 apartamentos por bloco, em

um total de 408 apartamentos, ocupando uma área total do condomínio de

27.776,64 m2 ou 2,77 ha., com um acesso pela via coletora de tráfego na

Avenida Nonoai, número 1458, e dois outros acessos feitos por via local pela

Rua Fábio Araújo Santos, concluído no final da década de 70. Os condôminos

podem ser classificados como pertencentes às classes sociais de níveis B, C e

D, com predominância expressiva da classe C. O condomínio, de nome

Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim (CCRCJ), foi implantado em

área que era uma fazenda. A implantação do condomínio foi bem resolvida

adequando os prédios à topografia natural, sendo que cada bloco tem o

formato de estrela de três pontas. As pontas das estrelas se interligam a outros

blocos. Foram preservadas muitas árvores nativas da antiga fazenda como

canafístulas, ipês roxos, umbus, tipuanas e paus-ferro, como também muitas

árvores exóticas foram plantadas posteriormente. Há cancha de futebol-de-

salão, praças com play-grounds, quiosque, espaço para churrasqueiras e

várias áreas com gramados com trabalhos de conservação satisfatórios. O

condomínio possui no seu quadro de funcionários, jardineiros, eletricista,

encanador e faxineiras. O sistema de segurança é feito por firma contratada. O

conjunto de prédios integra-se aos espaços de áreas verdes de maneira que,

apesar dos inúmeros blocos, não há sensação de agressão à natureza,

resultado do projeto urbanístico adequado adotado.

Como o condomínio tem 408 apartamentos, a demanda de água e luz é

grande, bem como são volumosos o esgoto sanitário e o lixo gerados.

Page 12: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

12

A metodologia usada que gerou dados para a análise e elaboração do

diagnóstico socioambiental foi baseada em entrevistas com a síndica,

funcionários da administração condominial, funcionários encarregados da

manutenção e moradores do CCRCJ; fotos (APÊNDICES A, B, C) e

observações sistemáticas da realidade do condomínio.

Há no condomínio quatro pontos de coleta de lixo. Cada ponto de coleta

é composto por lixeiras de alvenaria independentes para recepção de lixo seco

e lixo orgânico. Ainda junto de cada ponto de coleta há bambona plástica para

estocagem de óleo doméstico residencial. Também em cada ponto existe gradil

aonde o lixo orgânico é depositado ensacado em sacos plásticos de 100 litros,

pelos funcionários do condomínio. O lixo seco é retirado dos pontos de coleta,

ensacado e transportado para “container” de coleta do condomínio. O lixo

orgânico é retirado ensacado pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana

nas segundas, quartas e sextas-feiras. O lixo seco é retirado pela coleta

seletiva do mesmo departamento nas terças e quintas-feiras. O óleo doméstico

é recolhido regularmente por companhia de reciclagem. A grama resultante dos

cortes, galhos de árvores, folhas secas e material resultante de podas

eventuais são estocados e removidos por transporte pago para depósito de lixo

em bairro próximo. A poda de árvores só é executada com autorização dada

pelo órgão da Prefeitura, sempre precedida de vistoria das árvores. Há também

pequenas lixeiras feitas de tela de arame espalhadas pelo condomínio para

recepção de papéis e latas de cerveja e refrigerantes.

Em entrevista com a síndica, esta informou que, apesar do condomínio

ter locais adequados para a recepção de lixo classificado, o problema de

mistura de lixo seco com orgânico é dado na origem, nos apartamentos. A

síndica relata que é muito comum os funcionários encontrarem nos pontos de

coleta sacos misturados com lixo orgânico e seco, sacos de lixo seco no

receptáculo destinado a lixo orgânico e sacos de lixo orgânico no receptáculo

de lixo seco. A síndica informa também que são encontradas eventualmente

latas de refrigerante e cerveja nas bambonas destinadas à recepção do óleo

doméstico.

Nota-se que há falta de conscientização por parte dos moradores da

necessidade de classificação do lixo. Também pode ser constatado que parte

do problema devido à mistura de lixo seco com orgânico nos pontos de coleta

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deve-se à falta de sinalização indicativa nos pontos porque não há nos

receptáculos destinados à recepção de lixo seco e orgânico placas

identificativas. Igualmente, as bambonas para óleo não estão identificadas

dificultando o seu uso adequado. Foram notados também tocos de cigarro,

papéis de bala ou de propaganda atirados pelos moradores nas vias internas

do condomínio, antes de serem removidos pelos funcionários. Há também o

problema de fezes ocasionado por pombos que utilizam os telhados dos blocos

para fazerem seus ninhos. Pode-se considerar preliminarmente que há

problemas de destinação de lixo que poderiam ser resolvidos apenas por

campanha de conscientização dos moradores. Ainda há possibilidade de

utilização de parte do lixo para venda, como papéis, latas e plásticos, a partir

de iniciativa da administração do condomínio e utilização dos resíduos de

podas e corte de gramas para utilização como adubo orgânico. Outras

soluções para captação do lixo nos pontos de coleta também poderiam ser

estudadas.

Principais problemas constatados:

• separação inadequada ou nula de resíduos domiciliares;

• falta de informação dos condôminos sobre a necessidade da

separação de resíduos no CCRCJ;

• os condôminos, na maioria, comportam-se como indivíduos

estanques, sem consciência de pertencerem ao grupo de moradores

ou cidadãos de uma cidade;

• de maneira geral, não há consciência de que os atos de cada

morador influenciam na qualidade de vida dos moradores locais, na

cidade e no meio ambiente;

• deveria haver maior integração entre a administração condominial e a

administração pública.

1.2 Tema-Gerador

A separação de resíduos no CCRCJ não é realizada de maneira correta

devido à carência de informações dos moradores.

Page 14: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

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1.3 Público-Alvo

Serão diretamente beneficiados com a implantação do projeto cerca de

1.100 pessoas moradoras do condomínio pertencentes a todas as faixas

etárias e classificadas como pertencendo, predominantemente, à chamada

classe “C” e, em menor número, moradores que podem ser classificados como

pertencendo às classes “B” e “D”. Indiretamente serão beneficiados os

funcionários do condomínio e moradores de condomínios que interagirão com o

desenvolvimento deste projeto.

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2- JUSTIFICATIVA

Com enfoque multidisciplinar e socioambiental, possíveis de serem

utilizados com a adoção de um programa que possibilite soluções para

problemas em nível local, como a Agenda 21 em um condomínio residencial

aqui proposto, podemos por em prática a recomendação contida na expressão

"pensar globalmente, agir localmente".

Com a implantação da Agenda 21 no condomínio CCRCJ os

condôminos terão consciência da necessidade da separação correta dos

resíduos possibilitando com esta atitude que estes mesmos condôminos

formem opiniões sobre o trabalho realizado e ampliem seus questionamentos

relacionados ao meio ambiente para campos de ação em níveis fora do âmbito

local. Em decorrência da análise sobre os destinos dos resíduos, cria-se a

oportunidade para o questionamento crítico sobre as necessidades de

consumo de produtos que posteriormente terão seus resíduos descartados, e,

inclusive, questionamento sobre o modo de produção da sociedade atual.

Consequência da melhoria da separação dos resíduos em nível local é a

diminuição do consumo dos produtos geradores destes resíduos feita pela

conscientização individual e comunitária da necessidade de se fazer economia

de matérias primas provenientes da natureza, com reflexos também

econômicos. A convivência dos participantes do programa em torno de

problemas comuns que serão resolvidos a partir de ações envolvendo a

comunidade do condomínio possibilita o exercício da cidadania elevando o foco

de convivência para outros grupos com problemas similares e o relacionamento

destes com a administração pública.

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3- OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Com a aplicação dos princípios da Agenda 21, capacitar os moradores

do CCRCJ a implantar um sistema doméstico de separação de resíduos

domiciliares com vistas a otimizar o sistema de captação e coleta de lixo

seletivo disponível no condomínio.

3.2 Objetivos Específicos

• Exercer a educação ambiental junto aos moradores, utilizando a Agenda

21 Local, otimizando o serviço de coleta de lixo comum e seletivo,

questionando os moradores sobre seus hábitos de consumo e

proporcionando um ambiente com melhor qualidade de vida aos

condôminos;

• separação correta dos resíduos;

• promover o exercício da cidadania com aplicação de seus direitos e

deveres.

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4- REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Educação Ambiental Conceitual e Prática

O planeta Terra é a nossa casa. Todos nós gostamos de viver em uma

casa limpa e arrumada. Precisamos deixar a nossa casa limpa e arrumada

como era antes.

É inegável que vivemos uma crise ambiental desenvolvida a partir das

atividades humanas. Nossas atividades produzem resíduos que não têm sido

tratados de maneira adequada, poluindo a água, ar e a terra, alterando

ecossistemas de maneira a comprometerem nossa biosfera, se providências

urgentes não forem tomadas. A vida do planeta está ameaçada pelo

desequilíbrio no meio ambiente gerado por nós. Estamos comprometendo não

só a nossa vida, mas também a vida de gerações futuras. É necessário que

façamos uma mudança na nossa maneira de interagir com o meio ambiente. A

inter-relação entre os componentes determinará a qualidade do meio ambiente

para o desenvolvimento dos seres vivos. Um relacionamento em equilíbrio e

harmônico entre as partes componentes resulta em coexistência benéfica para

estas partes.

4.1.1 As Relações do Homem com a Natureza

As alterações na relação com o meio ambiente não são recentes. A

natureza, antes temida pelo ser humano, a partir do chamado desenvolvimento

da humanidade começou a ser tida como objeto. Com a mudança de hábitos

de grupos humanos, passando da condição de nômades para sedentários,

marcou-se a transição do período Paleolítico (sociedades nômades) para o

período Neolítico (sociedades sedentárias). Iniciou-se a agricultura, porque

para o desenvolvimento desta é necessária a fixação de sociedades por

determinado tempo em um mesmo local.

As sociedades estabelecem ideia da natureza em função da inter-

relação que têm com ela. À medida que houve desenvolvimento de técnicas e

da agricultura, a relação de uma natureza sagrada passou a modificar-se, a

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18

ponto de já no século V a natureza começar a ser vista como objeto a serviço

do homem.

Passando pelo antropocentrismo no século XVII, aonde o pensamento

de que o homem era ente distinto da natureza, pelo período mecanicista, com a

ética cartesiana de domínio da natureza pelo homem, chega-se ao século XVIII

com a Revolução Industrial já com o caminho sedimentado pelos movimentos

anteriores no sentido de liberar o homem à vontade para fazer uso da natureza

somente com fins de lucro. Estavam lançadas as bases para o sistema

capitalista desenvolver-se sem restrições no mundo ocidental.

Partindo de período anterior, em que a cultura dominante era a do

antropocentrismo, Darwin, mais um "filho do Iluminismo", com seu livro de

1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of

Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races

in the Struggle for Life), "inscreve o homem no quadro das espécies animais"

(GUSDORF, 1977). Com enfoque ambiental; o homem, de ser gregário a ser

nômade temente da natureza, fixa raízes e de centro do universo, secularizado,

sente-se senhor da natureza, interferindo no meio ambiente com as novas

tecnologias a seu alcance. Se com a Revolução Industrial a cultura na maioria

dos países ocidentais era a de subjugação dos meios naturais com a finalidade

do lucro, hoje, paulatinamente, a consciência é de que nossa futura existência

no planeta depende do modelo de desenvolvimento econômico, social e

cultural que as sociedades adotarem, ou a modificação dos já adotados com

vistas à coexistência benéfica entre homem e natureza. A natureza prescinde

do homem para existir, mas o inverso não é verdadeiro. Somos produto e parte

integrante do meio ambiente e os princípios de relação com o mesmo

determinarão nossa qualidade de vida, nossa história.

4.1.2 Os Movimentos de Conscientização Ambiental

O homem, evoluindo socioeconomicamente e culturalmente, chega às

sociedades pós-modernas onde a consciência da interdependência do homem

com o meio é incontestável e é base no ideário dos movimentos ecológicos:

Do ponto de vista do movimento ecológico, começa a despontar a noção de

que, apesar do avanço técnico, há uma situação de dependência do ser

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19

humano em relação à natureza, mas que não tem nada de subordinação. Ao

contrário, ela remete à idéia de compromisso e integração, o que pressupõe

que a natureza deixe de ser vista como o grande e inesgotável reservatório de

recursos e passe a ser entendida como uma questão que toca as próprias

raízes do ser humano e sua sobrevivência. (SENAC, 2008, p. 43)

O movimento de conscientização para os problemas ambientais ganhou

força na década de 70 com a formação de grupos de discussão, que iam além

da preocupação inicial de grupos com a poluição, das condições de

saneamento e poluição das águas em países subdesenvolvidos, para o debate

de representantes governamentais, sob a organização da ONU - Organização

das Nações Unidas, sobre o futuro da nossa civilização. Encontros de

discussão que resultaram em relatórios de recomendações sobre

procedimentos a tomar visando o bem-estar da humanidade em seu meio

como, por exemplo, o Relatório do Clube de Roma ou Relatório Meadows. O

movimento teve seguimento em 1972, também sob organização da ONU, em

Estocolmo, na Suécia, com a realização da primeira das Conferências das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) com a

incorporação no tema de preservação ambiental da noção de

ecodesenvolvimento baseada no uso racional dos recursos naturais locais e

compartilhamento do conhecimento técnico com populações do chamado

Terceiro Mundo. A Conferência de Estocolmo, como foi chamada, teve grande

repercussão na população e foi o marco para realização nas décadas de 80 a

90 da "Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento

(Bucareste, 1974; México, 1984 e Cairo, 1994); sobre Habitação (Vancouver,

1976; Istambul, 1996); sobre Desertificação (Nairóbi, 1977) e sobre Energia

(Nairóbi, 1981)." (SENAC, 2008, p. 47) Em sequência tivemos a realização da

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,

que ficou sendo conhecida como Eco 92 ou Rio-92, ou ainda; Cúpula da Terra,

realizada no Rio de Janeiro entre 3 a 14 de junho de 1992. A conferência Rio-

92 foi pautada basicamente em três temas: meio ambiente e desenvolvimento,

convenção internacional sobre as mudanças climáticas e convenção sobre

biodiversidade. "Da Eco 92 resultou a Agenda 21, documento assinado pelos

170 chefes de Estado presentes, assinalando um conjunto de medidas a serem

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20

adotadas pelos respectivos países para alcançar o desenvolvimento

sustentável." (SENAC, 2008, p. 48)

4.1.3 A Crise Ambiental

A crise ambiental é um fato que tem nos acompanhado e causado

preocupações porque além de ter reflexos econômicos, sociais e, obviamente,

ambientais, compromete nossa qualidade de vida e, inclusive, a sobrevivência

atual da humanidade, comprometendo também a vida de gerações futuras. No

sentido de evitarmos prejuízos futuros e recuperarmos danos causados ao

meio que compartilhamos com os outros seres vivos é necessário que ações

concretas individuais e comunitárias sejam efetivadas; ações que sejam reflexo

de uma educação crítica e participativa, sempre lembrando que o meio

ambiente deve ser visto e estudado sob uma perspectiva sistêmica e

interdisciplinar.

A partir da afirmação de que a crise ambiental causa reflexos

econômicos e sociais, a pergunta que não pode deixar de ser feita é se a crise

não decorre justamente dos modelos econômicos e valores sociais, bem como

dos valores culturais e políticos atuais. A resposta é; sim. A civilização,

principalmente a civilização ocidental, é norteada em valores culturais

imediatistas e materiais que privilegiam o ter e o agora efêmeros, em

detrimento a valores éticos e morais humanitários duradouros. A mudança de

paradigma deve ser feita no sentido de revisão de modelos econômicos com

objetivos lineares imediatos e valores socioculturais, se quisermos obter êxito

em nossas pretensões de habitabilidade satisfatória, só possível com o

tratamento adequado do nosso meio ambiente. Layrargues (2001, p. 1),

corrobora este ponto de vista sobre a crise ambiental atual que tem origem na

ótica míope da civilização industrial;

cujo paradigma norteador da estratégia desenvolvimentista, pautada pelo

mercado competitivo como a instância reguladora da sociedade, fornece uma

visão de mundo unidimensional, utilitarista, economicista e a curto prazo da

realidade, onde o ser humano ocidental percebe-se numa relação de

exterioridade e domínio da natureza.

Page 21: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

21

4.1.4 Educação Ambiental, Sustentabilidade e Cidadania

A mudança só pode ser efetiva e continuada se for ancorada em uma

base sólida e a base sólida para qualquer mudança ética e moral é a

educação. A educação voltada aos problemas ambientais, efetivada pela

educação ambiental, é o caminho para a mudança de padrões

comportamentais e éticos de conscientização para nova postura de atitudes

frente aos problemas ambientais atuais e futuros, como já preconizado pela

Carta de Belgrado de 1975 em suas diretrizes básicas com as recomendações,

entre outras, de que a educação ambiental deve focalizar condições ambientais

atuais e futuras, deve promover o valor e a necessidade da cooperação em

nível local, nacional e internacional, na solução dos problemas ambientais,

sempre com uma abordagem interdisciplinar. Ainda deve ser

contemporaneamente entendida como:

acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. O seu

enfoque deve buscar uma perspectiva de ação holística que relaciona o

homem, a natureza e o universo, tendo como referência que os recursos

naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o ser

humano. (JACOBI, 2003, p. 189)

Nova postura frente aos problemas ambientais causados pelo

menosprezo do homem à natureza e o rompimento com o modo meramente

conservacionista e ecológico de percepção destes problemas já foi tomada a

partir da Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na Geórgia, ex-URSS,

promovida entre 14 e 26 de outubro de 1977, em que “inicia-se um amplo

processo em nível global orientado para criar as condições que formem uma

nova consciência sobre o valor da natureza” (JACOBI, 2003, p. 190), onde

ficou estabelecido que a educação ambiental deveria voltar-se à resolução de

problemas efetivos do meio ambiente por análises interdisciplinares e

participação ativa das comunidades e do indivíduo agindo localmente tendo

como perspectiva o todo global. A educação ambiental deve ser um processo

contínuo, global e transversal, autorrenovado pelos conhecimentos disponíveis

e com enfoque na sustentabilidade, ou desenvolvimento sustentável. A

sustentabilidade deve ser entendida como o modo de administrarmos nossas

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ações socioeconômicas e políticas “que deve levar em conta tanto a viabilidade

econômica como a ecológica” (JACOBI, 2003, p. 194) de maneira que não

comprometamos com nossos atos as gerações presentes e futuras. O

desenvolvimento sustentável foi definido no Relatório Brundtland, elaborado

pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

das Nações Unidas, publicado em 1987, como sendo o que "satisfaz as

necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras

de suprir suas próprias necessidades". A sustentabilidade, como característica

a ser estimulada no processo de educação ambiental, viria a ser reforçada na

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

(CNUMAD), realizada entre 03 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro, cujo

objetivo principal era buscar meios de conciliar o desenvolvimento

socioeconômico com a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra.

É esclarecedor Layrargues (2001, p. 2) sobre a nova perspectiva de

recomendação de ações feitas em educação ambiental a partir de Tbilisi:

Surge então a estratégia da resolução de problemas ambientais locais, na

busca de uma aproximação do vínculo entre os processos educativos e a

realidade cotidiana dos educandos, onde a ação local representa a melhor

oportunidade tanto do enfrentamento dos problemas ambientais, como da

compreensão da complexa interação dos aspectos ecológicos com os político-

econômicos e socioculturais da questão ambiental. A partir desta ótica, para

além de se trabalhar pontualmente questões globais e distantes da realidade,

como a redução da camada de ozônio, as queimadas nas florestas tropicais, o

comércio do lixo tóxico, a desertificação ou a extinção de espécies, o educador

deve priorizar em sua prática a pauta dos problemas locais que afetam as suas

comunidades.

Com o trabalho do educando em educação ambiental centrado na

realidade local os indivíduos e participantes de grupos comunitários têm a

oportunidade de trabalhar no ambiente em que vivem e participam,

solucionando problemas que diretamente afetam seu círculo próximo, sentindo

os resultados das ações efetivadas e tendo ainda a oportunidade de ampliar

seus pontos de vista para focos e questionamentos globais. Conforme observa

Layrargues (2001, p. 2), a solução de problemas locais por comunidades teve

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23

seu mérito reconhecido e sua prática tornou-se recomendação em educação

ambiental:

a própria Unesco (1985) lançou um programa que consistiu na promoção da

educação ambiental através da resolução de problemas locais, assumindo-a

como uma estratégia metodológica privilegiada para a prática educativa. Com

isso, essa metodologia adquiriu crescente destaque como um relevante

instrumento para a prática da educação ambiental.

A resolução de problemas ambientais locais carrega um valor altamente

positivo, pois foge da tendência desmobilizadora da percepção dos problemas

globais, distantes da realidade local, e parte do princípio de que é

indispensável que o cidadão participe da organização e gestão do seu

ambiente de vida cotidiano.

O engajamento dos indivíduos em suas comunidades propicia a

convivência e o sentimento de responsabilidade destes atores nos grupos

sociais e “permite o desenvolvimento da qualidade dinâmica nos educandos,

despertando o sentimento da visão crítica e da responsabilidade social, vitais

para a formação da cidadania” Layrargues (2001, p. 2). A resolução de

problemas locais comunitários propicia também identificação e aproximação de

grupos comunitários com problemas semelhantes no processo de busca de

soluções, deixando à mostra de seus atores a possibilidade de interação e

troca de experiências entre estes grupos sociais, ampliando as possibilidades

de formação de laços para uma cadeia ampla de participantes. Os grupos

formados em torno e na busca de soluções para problemas comuns interagem

também com mais representatividade e poder de pressão com a administração

municipal em reivindicações de prestações de serviços públicos para a

comunidade e nesta troca interativa com a administração pública há a

oportunidade de maior esclarecimento, em atividades práticas efetivadas, sobre

os deveres e direitos dos envolvidos, fortalecendo o exercício da cidadania.

Há cada vez mais consenso de que os indivíduos devem ser chamados

a exercer sua cidadania para participarem ativamente na resolução de

problemas locais, não só reivindicando ações vindas da administração pública,

mas também agindo no sentido de resolução destes problemas. No sentido de

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24

fomentar a participação popular, é necessária a educação destes atores da

comunidade, pois:

A postura de dependência e de desresponsabilização da população decorre

principalmente da desinformação, da falta de consciência ambiental e de um

déficit de práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento

dos cidadãos, que proponham uma nova cultura de direitos baseada na

motivação e na co-participação da gestão ambiental. (JACOBI, 2003, p. 192)

À medida que há evolução social com o exercício da cidadania, os

participantes comunitários, têm a sua frente uma clara noção de

interdependência entre os atores constituintes da comunidade e dependência

destas partes para com o meio ambiente em que estes intervêm; a que

Carvalho (2004, p. 1) chama de nova ordem societária em que é possível se

falar no sujeito ecológico:

Investido da crítica ecológica contracultural à sociedade instituída, o sujeito

ecológico, enquanto um tipo ideal, remete a um modo instituinte de ser,

posicionado à margem (alternativo) e animado pela pretensão libertária de

deslocar as fronteiras entre militância e estilo de vida, intimidade e esfera

pública, opções individuais e transformação coletiva, constituindo parte de um

novo horizonte para a ação política ambiental.

É urgente que se canalize esta nova tendência dos sujeitos participantes

comunitários em planos de ações objetivos, voltados à solução dos problemas

diretamente vinculados a estes atores sociais.

4.1.5 Agenda 21

A Agenda 21 é um plano de ação global para o século XXI, iniciado em

1990, com o objetivo do desenvolvimento sustentável envolvendo negociações

entre vários países através de fóruns organizados por órgãos da ONU e ONGs,

culminou em documento assinado pelos representantes dos países na

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

(CNUMAD) que "prevê ações concretas a serem implementadas pelos

governos e pela sociedade civil, em todos os níveis - federal, estadual e local"

(SENAC, 2008, p. 188)

Page 25: Aplicação da Agenda 21 Local no Condomínio Conjunto Residencial Cidade Jardim, em Porto Alegre, RS

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A Agenda 21 é um detalhado programa de ação em matéria de meio

ambiente e desenvolvimento (GADOTTI, 2003, p. 2) instituído em documento

de 40 tópicos, com mais de 800 páginas, com o acordo dos 179 países

signatários do plano, presentes na CNUMAD. Também chamada de “Cúpula da

Terra”, ou ECO-92 e RIO-92, o programa tem como objetivo principal por em

prática um modelo de desenvolvimento sustentável no século XXI que resulte

em melhores condições de vida para a humanidade, levando em consideração

as gerações atuais, futuras e o meio em que vivem, sendo resposta à

“preocupação com o crescimento econômico em detrimento do meio ambiente”

(GADOTTI, 2003, p. 1) antevista na conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo, julho de 1972), corroborando as

recomendações feitas em Tbilisi sobre educação ambiental. O programa de

ação prevê interferência em nível global a partir de ações realizadas com

Agendas 21 de iniciativas governamentais em todos os níveis administrativos,

do federal, passando pelo estadual, até o nível municipal; sendo aplicável

também em programas de entidades comunitárias locais, tais como

associações representativas de bairros, escolas e, como proposto aqui,

condomínios de moradores.

No documento final houve a declaração de que os principais agentes da

degradação ambiental eram os desníveis de padrões de consumo, acesso

diferenciado a tecnologias e condições de vida das populações. A partir destas

constatações, foram expressas na declaração providências a serem tomadas

em relação aos seguintes temas:

- dimensões sociais e econômicas do desenvolvimento - relações entre meio

ambiente, pobreza, saúde, comércio, dívida externa, padrões de consumo e

população;

- conservação e gerenciamento dos recursos para o desenvolvimento -

diversas maneiras de gerenciar os recursos, visando assegurar a

biodiversidade e o desenvolvimento sustentável;

- fortalecimento dos grupos sociais - apoio a mecanismos de participação de

setores organizados da sociedade e de grupos minoritários que contribuem

para o desenvolvimento sustentável;

- meio de implementação das propostas - modo de financiamento e alocação

de recursos financeiros para a implementação da Agenda 21. (SENAC, 2008,

p. 51)

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26

A Agenda 21, além de propostas em nível global, induziu os países

participantes na elaboração de suas próprias agendas locais com o objetivo de

alocar a participação popular nos processos de planejamento para o

desenvolvimento sustentável, com a consequente conscientização em todos os

níveis dos objetivos propostos pela Agenda. Modifica-se com esta metodologia

a iniciativa de ação que passa a ser da base social para os níveis superiores.

A Agenda 21 apresenta um modelo que serve de base para o tratamento

adequado da biosfera do nosso planeta e construção de um modelo de

desenvolvimento sustentável, não sendo um documento normativo, pois não

obriga os países signatários a executarem suas propostas, mas é um

documento ético e político por representar o compromisso por parte destes

países na prática das recomendações propostas, conforme especificado no

capítulo 1, preâmbulo, item 1.3:

Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no

que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua

execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para

concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos

nacionais.

Ainda no mesmo capítulo e item é feito o chamamento para a

cooperação solidária governamental internacional e participação de atores

comunitários de todos os níveis:

Outras organizações internacionais, regionais e subregionais também são

convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação pública e o

envolvimento ativo das organizações não-governamentais e de outros grupos

também devem ser estimulados.

O governo brasileiro criou por decreto a Comissão de Políticas de

Desenvolvimento Sustentável da Agenda 21, CPDS, com a função de criar e

aplicar a Agenda 21 no nosso país em seis pontos temáticos: 1. gestão dos

recursos naturais; 2. agricultura sustentável; 3. cidades sustentáveis; 4.

infraestrutura e integração regional; 5. redução das desigualdades sociais; 6.

ciência e tecnologia para o desenvolvimento. O processo de criação da

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Agenda 21 brasileira teve início em 1996 e foi concluído em 2002 com a

participação de mais de 40 mil pessoas de todo o país.

A aplicação com sucesso deste plano de ação depende da participação

crítica e ativa de todos os cidadãos dentro de suas comunidades, para

garantir a qualidade de vida no planeta em uma biosfera saudável e

equilibrada tendo como paradigma o desenvolvimento sustentável baseado

em um sistema econômico equitativo para todos.

4.1.6 Agenda 21 Local

A comunidade global é o resultado das escolhas e ações dos países

assim como a comunidade de cada país é o reflexo das tomadas de decisões

dos atores comunitários locais. Os atores comunitários com suas tomadas de

decisões e atos interferem no todo. A teia global depende de cada parte.

Transformações positivas da comunidade e resoluções dos problemas locais

alavancam a comunidade global.

A família é o núcleo da célula social aonde as transformações começam

e um condomínio de moradores é a base social de importantes mudanças por

ser justamente composto por famílias, ou por moradores que não têm família

constituída no local, mas que também são representantes de famílias. Os

condôminos, por terem em comum o ambiente de moradia, têm também em

comum os problemas que devem ser equacionados solidariamente para uma

convivência em um ambiente com qualidade de vida de acordo com suas

expectativas. O condomínio é um local propício para o diálogo, consenso e

desenvolvimento de novas ideias e ações, além de potencializar

conhecimentos adquiridos e influenciar os atores comunitários do entorno. A

educação ambiental posta em prática em um ambiente comunitário receptivo

e propenso a mudanças latentes causa ecos sociais de amplitude. A tarefa

que se impõe é a aplicação de um plano de trabalho no ambiente condominial

que seja bem aceito e com resultados possíveis de serem atingidos, que

forme cidadãos críticos aptos a enfrentar os problemas locais e com

consciência de suas capacidades e potencialidades para interferirem na

solução dos problemas globais.

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28

Para aplicação deste plano de trabalho dispomos de um excelente

instrumento ancorado na Agenda 21 brasileira, a Agenda 21 Local:

A Agenda 21 Local é um instrumento de planejamento de políticas públicas que

envolve tanto a sociedade civil e o governo em um processo amplo e

participativo de consulta sobre os problemas ambientais, sociais e econômicos

locais e o debate sobre soluções para esses problemas através da

identificação e implementação de ações concretas que visem o

desenvolvimento sustentável local.

O capítulo 28 da Agenda 21 global estabelece que "cada autoridade em cada

país implemente uma Agenda 21 local tendo como base de ação a construção,

operacionalização e manutenção da infra-estrutura econômica, social e

ambiental local, estabelecendo políticas ambientais locais e prestando

assistência na implementação de políticas ambientais nacionais". Ainda

segundo a Agenda 21, como muitos dos problemas e soluções apresentados

neste documento têm suas raízes nas atividades locais, a participação e

cooperação das autoridades locais são fatores determinantes para o alcance

de seus objetivos. (MMA, 2011)

Explicitando a Agenda 21 Local e seus atores, Kranz (2011) define-a

como sendo "o nome do processo de criação e realização de políticas públicas

para o desenvolvimento sustentável através de parcerias entre autoridades

locais e os demais setores da sociedade", esclarecendo também quanto à

iniciativa de implantação do processo que tanto pode ser por iniciativa do poder

público como da comunidade.

Tornando mais acessível toda a conceituação teórica de definição do

processo de ação:

De uma forma mais simples, pode dizer-se que a Agenda 21 Local é um

processo no qual as autoridades trabalham com a restante comunidade na

elaboração de uma estratégia conjunta e na aplicação de projetos com vista à

melhoria da qualidade de vida ao nível local. (PORTUGAL, 2011)

O trabalho conjunto entre o poder público e a comunidade, no sentido de

que problemas locais sejam resolvidos, é salientado por definição, mas é

chegada a hora da comunidade ser mais ativa e tomar a frente na resolução de

seus problemas. É passado o tempo de espera pura e simples de atores

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29

externos para a resolução de problemas típicos locais. É necessário o incentivo

da cidadania e da iniciativa local para gerar mudanças com reflexos na

comunidade maior. A Agenda 21 Local é a ferramenta ideal para o início de

transformações sólidas geradas a partir da base social.

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30

5- METODOLOGIA

5.1 Agindo Localmente com a Agenda 21

5.1.1 Criação de Grupo de Trabalho Temporário

O Grupo de Trabalho Temporário terá como funções a difusão dos

conceitos e pressupostos da Agenda 21 Local; identificar potencialidades,

recursos e fragilidades da comunidade envolvida; planejar e executar os

primeiros passos do projeto; criar o Plano Local de Desenvolvimento

Sustentável (PLDS) básico, documento claro e conciso aonde serão

estabelecidas diretrizes e metas a serem atingidas mediante mapeamento da

realidade e necessidades locais, levando em consideração os desejos de

melhorias da comunidade obtidos com métodos e ferramentas apropriadas de

consulta aos integrantes da comunidade, como, por exemplo, através de

consulta à administração condominial e assembleia convocada especialmente

para divulgação dos propósitos da Agenda 21 Local, como também para a

coleta de informações sobre as necessidades imediatas da comunidade que

possam ser incorporadas ao PLDS básico.

O Grupo de Trabalho será composto por condôminos interessados na

implantação da Agenda 21 Local e pelos integrantes da administração

condominial, inclusive o síndico e funcionários da manutenção, com reuniões a

serem realizadas no salão de festas do condomínio, reunidos através de

divulgação feita por folhetos explicativos com os propósitos da implantação do

projeto no condomínio, distribuídos pela administração condominial.

Segundo Kranz (2011), um plano de ação, ou o PLDS em foco, deverá

conter:

- A visão da comunidade

- Consenso sobre os problemas e oportunidades

- Metas relativas a cada problema e oportunidade

- Objetivos para cada meta

- Indicadores

- Estratégias de ação para alcançar estes objetivos

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31

- Uma descrição dos compromissos de cada parceiro na implementação das

ações

- Uma estrutura para a avaliação de progresso, inclusive com indicações das

condições para que seja iniciado um novo processo de planejamento e ações

futuras

No projeto presente o PLDS deverá conter as metas de otimizar o

serviço de coleta de lixo comum e seletivo; questionar os moradores sobre

seus hábitos de consumo; proporcionar um ambiente com melhor qualidade de

vida aos condôminos.

O Grupo de Trabalho Temporário formado por condôminos e com

reuniões desenvolvidas no salão de festas deverá ficar ativo até a criação do

Fórum Local.

Exemplos de diretrizes e metas que poderão fazer parte de Planos

Locais de Desenvolvimento Sustentável:

• Lixo domiciliar

formação teórica, separação de resíduos, recuperação de lixeiras,

instalação de novas lixeiras, aproveitamento do lixo orgânico,

reciclagem, composteiras;

• Arborização

identificação de espécies nativas e exóticas existentes no condomínio;

• Galhos e folhas de árvores do condomínio

discussão sobre poda, destino, aproveitamento;

• Arruamentos internos do condomínio e gramados

pavimentação, conservação, melhorias;

• Abastecimento de água

Importância de economizar, maneiras de economizar;

• Energia elétrica

Importância de economizar, maneiras de economizar;

• Áreas de lazer

implantação de novas áreas, melhorias no complexo existente;

• Participação comunitária

formação teórica, exercício prático em assembleias.

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32

5.1.2 Mobilizar para Sensibilizar Governo e Sociedade

A primeira tarefa do grupo de trabalho é a de sensibilização da

comunidade "para produzir unidade, constância, perseverança, fortalecendo a

vontade de transformar a realidade local." (MMA, 2011). Histórico do bairro e

do condomínio e dados da realidade local deverão ser coletados por grupo a

ser formado entre os integrantes do Grupo de Trabalho Temporário para

servirem de base para o projeto a ser implantado. Nesta etapa é importante

que a Administração Municipal seja comunicada do trabalho a ser desenvolvido

com o objetivo de se conseguir apoio e sugestões para o desenvolvimento do

trabalho comunitário, além de ser imperativo que o trabalho local esteja em

consonância com a política administrativa municipal. Deverá ser feita pesquisa

junto à administração municipal para que seja verificado se programas

similares já foram desenvolvidos ou estão em andamento, com a finalidade de

captar experiências e, também, divulgar o trabalho proposto. A possibilidade de

apoio financeiro por parte de instituições públicas e privadas é importante que

seja feita nesta fase para viabilizar a Agenda 21 local com recursos de

parceiros externos.

Deverá ser feita divulgação ampla por meio de folhetos a serem

distribuídos aos condôminos, aos condomínios do entorno, à Administração

Municipal, aos possíveis patrocinadores e aos meios de comunicação, com a

explicação do programa que será desenvolvido, suas diretrizes e metas. A

tarefa da elaboração dos folhetos deverá ser dada a grupo formado para este

fim, composto pelos membros do Grupo de Trabalho Temporário, com verba a

ser conseguida entre parceiros da iniciativa privada que manifestarem interesse

no patrocínio e verba do condomínio.

O intercâmbio com administrações condominiais da cidade é um

importante item na busca por soluções para os problemas propostos para

serem resolvidos no PLDS visto que a troca de conhecimento em soluções

para problemas iguais ou similares, pela experiência adquirida, facilita na

resolução dos problemas locais, além do fato de que este intercâmbio é um

fortalecedor de laços comunitários, instrumento de prática de cidadania e fator

de divulgação das atividades da Agenda 21 Local. Os administradores dos

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33

condomínios contatados devem ser encorajados a participar do trabalho local,

se não ativamente, pelo menos como participantes convidados.

A realização de palestras e oficinas ecológicas a serem ministradas por

técnicos e professores para os condôminos no espaço público do condomínio,

como o salão de festas, deverá ser iniciada nesta fase com o objetivo de

esclarecimento sobre as metas imediatas a serem atingidas e ampliação do

foco para problemas ambientais das fronteiras próximas e globais. A

interdisciplinaridade, o espírito crítico e a participação devem ser incentivados

para promover a integração da comunidade local. Este é o momento de por em

cheque também os costumes de consumo da comunidade local, ampliando

esta análise para o nível do desenvolvimento sustentável. O programa geral

das palestras deverá ficar sob responsabilidade do(s) palestrante(s), mas

deverão ser abordados os seguintes temas:

• separação de resíduos domiciliares e destino do lixo;

• sociedade sustentável;

• justiça ambiental;

• cidadania ativa;

• democracia participativa.

As oficinas terão a meta de aplicação prática dos conceitos ministrados

nas palestras, como por exemplo, a reutilização de garrafas plásticas com outra

destinação diferente da original, vasos e enfeites; reutilização de embalagens

“tetra pack” e recipientes de vidro. As oficinas poderão ser administradas e

orientadas pelos próprios palestrantes para porem em prática a conceituação

teórica das palestras.

Para que seja efetivado o ciclo inicial de palestras e oficinas é

recomendável que a administração municipal seja consultada sobre a

viabilidade de ceder estes profissionais para a fase de implantação do projeto.

Também a iniciativa privada deverá ser consultada para custear os gastos com

palestras e oficinas, caso haja dificuldade da administração municipal em

fornecer os profissionais. Equipe do Grupo de Trabalho Temporário deverá ser

incumbida de angariar fundos a serem conseguidos na administração

condominial, com os parceiros da iniciativa pública e privada, ou por

empréstimo, para os recursos físicos para a realização das palestras e oficinas,

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como canetas, papéis de anotações, blocos, pincéis-atômicos, data-show,

computador.

Sugestão inicial de palestrantes e oficineiros para participação no

processo:

• Profª Esp. Cleonice de Carvalho Silva (tel.: 51 3333-6075, e-mail:

[email protected]);

• Esp. Ana Lúcia dos Santos Marques, DMLU (tel.: 51 3289-6999,

e-mail: [email protected]);

• Eng. Ambiental Denise Medina Coelho (tel.: 51 9659-6008, e-mail:

[email protected]);

• Prof. Ms. José Luis Souto (tel.: 0800-5101112, e-mail:

[email protected]).

5.1.3 Criação do Fórum Local

A criação do Fórum Local é importante porque será o ambiente de

debate e negociação para o nivelamento das diferenças de interesses, criação

de consenso e transparência sobre as propostas a serem executadas pelos

atores do projeto. O Fórum será composto por todos os condôminos

interessados na organização e execução dos trabalhos da Agenda 21 Local do

condomínio. Deverá ter caráter permanente, enquanto durar a execução da

Agenda 21. Os trabalhos de reunião dos membros deverão ser semanais no

salão de festas do condomínio com a finalidade de reavaliar as diretrizes e

metas estabelecidas pelo Grupo de Trabalho Temporário e estabelecer

possíveis mudanças no Plano Local de Desenvolvimento Sustentável (PLDS),

acompanhar, monitorar e avaliar o processo de implantação da Agenda 21

Local. É importante que o desenvolvimento e decisões de cada reunião sejam

registrados em ata para divulgação aos colaboradores e retomada do conteúdo

na próxima reunião com a leitura da ata da reunião anterior. É importante a

divulgação das decisões e metas de cada reunião aos demais condôminos

para fins de transparência do trabalho e também como maneira de chamar à

participação para o desenvolvimento do projeto aqueles condôminos ainda não

engajados no processo.

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Ainda deverão ser convidados para acompanhar e opinar no Fórum, os

representantes legítimos da administração municipal, associações de bairro,

instituições públicas e privadas.

Um coordenador deverá ser eleito para dirigir os trabalhos. É

recomendável que o seu mandato dure no máximo 4 reuniões para promover a

rotatividade administrativa e incentivar novas lideranças surgidas com a

interação do grupo.

Deverá ser criado estatuto ou regimento interno que regule o

funcionamento do Fórum. As datas de realização de reuniões e o processo de

votação para assuntos de tomada de decisão do grupo serão registrados em

ata.

Serão também atribuições do Fórum:

• criar grupos de trabalho encarregados de tarefas específicas para a

implementação do PLDS;

• definir papéis para os diferentes participantes do processo;

• incentivar parcerias externas;

• alocar recursos junto à iniciativa pública e privada para implantação do

PLDS;

• contratar especialistas, técnicos e professores para o ensino, informação

e administração de oficinas ao grupo acerca dos temas pertinentes ao

desenvolvimento dos trabalhos com verba proveniente de parceiros da

iniciativa pública e privada e doações de pessoas físicas;

• convidar membros da Administração Municipal e Estadual para proferir

palestras;

• selecionar temas a serem abordados e desenvolvidos em projetos de

Agendas 21 vindouras como parte do futuro desejável para a

comunidade local.

5.1.4 Implantação do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável

Significa seguir as diretrizes, dar início e finalizar com a participação de

todos os envolvidos no processo, as metas do PLDS previamente definidas

pelo Grupo de Trabalho Temporário, revistas e aprovadas pelo Fórum Local,

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com uma abordagem holística e interdisciplinar, de acordo com cronograma

pré-estabelecido.

Metas de cunho prático, como a separação de resíduos, deverão ser

postas em prática assim que houver sido iniciada orientação teórica sobre o

assunto. Grupo de trabalho específico deverá ser criado com a finalidade de

incentivar o desenvolvimento de meta planejada para ser executada e verificar

os resultados alcançados.

Deverá ser dada divulgação dos trabalhos em execução aos eventuais

parceiros públicos e privados.

O Fórum Local com suas reuniões semanais deve ser mantido até o final

da implantação do PLDS da Agenda 21 Local.

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6- CRONOGRAMA

2011 Ações

Setembro Outubro Novembro Dezembro

Criação do Grupo de Trabalho

Temporário X X X

Assembleia de divulgação do

projeto X

Formatação do PLDS básico X X

Sensibilização da comunidade

X X X X

Distribuição de folhetos sobre o

projeto X X X

Gestionar apoio financeiro

X X X X X

Promover intercâmbio

administrativo X X X X X

Realização de palestras

X X X X X X

Realização de oficinas

X X X X X X

Criação do Fórum Local

X X X X X X

Criação de grupos de trabalho

específicos X X

Aprovação do PLDS

X

Divulgação dos trabalhos do Fórum

Local X X X X

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7- RECURSOS

7.1 Recursos Humanos

Recurso Quantidade de

horas R$/hora Subtotal

01 Palestrante (Gestor Ambiental) 20 80,00 R$ 1.600,00 01 Oficineiro (Educador Ambiental) 20 70,00 R$ 1.400,00

Total 40 R$ 3.000,00

7.2 Recursos Materiais

Recurso Quantidade Valor unitário

Subtotal

Notebook 01 unidade R$ 1.400,00

R$ 1.400,00

Data-show 01 unidade R$ 1.100,00

R$ 1.100,00

Pincel atômico preto 05 unidades R$ 2,30 R$ 11,50 Pincel atômico vermelho 05 unidades R$ 2,30 R$ 11,50 Pincel atômico azul 05 unidades R$ 2,30 R$ 11,50 Cartolina simples 50 x 66 30 unidades R$ 0,80 R$ 24,00 Caneta esferográfica 30 unidades R$ 0,90 R$ 27,00 Blocos de notas 10 unidade R$ 1,50 R$ 15,00 Folhetos (formato A4, papel 115g/m2, impresso)

1.500 unidades R$ 0,30 R$ 450,00

Total R$ 3.050,50

7.3 Recursos Financeiros

Recurso Subtotal Recursos Humanos R$ 3.000,00 Recursos Materiais R$ 3.050,50

Total R$ 6.050,50

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8- AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO

O acompanhamento do desenvolvimento da implantação da Agenda 21

Local através dos indicadores é importante porque permite a avaliação durante

a implantação do projeto sobre se as diretrizes e metas a serem alcançadas

estão tendo êxito e há a possibilidade de que eventuais problemas e

dificuldades na consecução dos objetivos propostos sejam verificados e

corrigidos.

Indicador 1 - destinação adequada de resíduos domiciliares

Para que se possa fazer avaliação da separação e destinação adequada

dos resíduos domiciliares nas lixeiras do condomínio deverá ser feita

documentação fotográfica da situação atual do lixo nas lixeiras e resíduos

jogados ao chão, no ambiente condominial, tão logo o projeto seja iniciado. A

documentação fotográfica deverá ser feita também durante o período de

execução e no final do projeto para que seja feita comparação dos avanços

conseguidos. Complementarmente, para cada período de documentação

fotográfica, deverão ser feitas anotações relativas ao lixo depositado nas

lixeiras. Espera-se que ao final do projeto haja melhora significativa na

separação e destinação dos resíduos domiciliares e que o volume de lixo

gerado seja diminuído em pelo menos 5%.

Indicador 2 - realização de palestras

O acompanhamento da assiduidade dos presentes às palestras deverá

ser feito através de lista de presenças.

Indicador 3 - realização de oficinas

O acompanhamento da assiduidade dos presentes às oficinas deverá

ser feito através de lista de presenças.

Indicador 4 - participação comunitária

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Deverão ser criadas listas de presença na realização das reuniões do

grupo de Trabalho Temporário e do Fórum Local. As listas de presenças

permitirão verificar o nível de adesão da comunidade ao projeto durante a

implantação do mesmo. É esperado que a participação da comunidade seja

incrementada no andamento do projeto e que nas etapas finais esta

participação fique em torno de 30 pessoas por reunião.

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APÊNDICES APÊNDICE A - implantação do condomínio

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APÊNDICE B - vistas do condomínio

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APÊNDICE C - recipientes de coleta de lixo e sinalização