apelação

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Aluna: Aline Santin Botelho R.A: 81491 Turma: 01 Recurso de Apelação Prática Processual Civil II EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE JANDAIA DO SUL, ESTADO DO PARANÁ. AUTOS nº. 529/2006 LAERTE AMANCIO DE MELO e SANTA DOS SANTOS MELO, já qualificados nos autos de AÇÃO DE RESSARCIMENTO sob nº. 529/2006, que move ARATUBA TRANSPORTES RODOVIÁRIOS LTDA, por seu procurador que esta subscreve, vem à ilustre presença de Vossa Excelência, inconformado, data vênia, com a respectiva sentença de fls. 91 a 102, interpor recurso de APELAÇÃO nos termos das razões anexas. Requer seja recebido no efeito suspensivo e devolutivo e após oportunizado a manifestação da parte contrária, seja remetido ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para apreciação. Nestes termos, Pede deferimento. Maringá p/ Jandaia do Sul.

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Page 1: Apelação

Aluna: Aline Santin Botelho R.A: 81491 Turma: 01

Recurso de Apelação – Prática Processual Civil II

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL

DA COMARCA DE JANDAIA DO SUL, ESTADO DO PARANÁ.

AUTOS nº. 529/2006

LAERTE AMANCIO DE MELO e SANTA DOS

SANTOS MELO, já qualificados nos autos de AÇÃO DE RESSARCIMENTO sob nº.

529/2006, que move ARATUBA TRANSPORTES RODOVIÁRIOS LTDA, por seu

procurador que esta subscreve, vem à ilustre presença de Vossa Excelência,

inconformado, data vênia, com a respectiva sentença de fls. 91 a 102, interpor recurso

de APELAÇÃO nos termos das razões anexas.

Requer seja recebido no efeito suspensivo e

devolutivo e após oportunizado a manifestação da parte contrária, seja remetido ao

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para apreciação.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Maringá p/ Jandaia do Sul.

Page 2: Apelação

RAZÕES DE APELAÇÃO

APELANTE: LAERTE AMANCIO DE MELO e SANTA DOS SANTOS MELO;

APELADA: ARATUBA TRANSPORTES RODOVIÁRIOS LTDA;

ORIGEM: Autos nº. 529/2006, Vara Cível da Comarca de Jandaia do Sul, Estado do

Paraná;

EGRÉGIO TRIBUNAL

ILUSTRES DESEMBARGADORES

1. BREVE RELATO DOS FATOS

No dia 12.05.2005 por volta das 19:20 na Rodovia PR 457

K2-100, no município de São Pedro do Ivaí, entre São Pedro do Ivaí e Itambé, o veículo

dos autores, um caminhão Volvo modelo NL 12410, ano 1998, placas AHS 9541, na

ocasião conduzido pelo representante da requerente –JOSE APARECIDO DA SILVA,

sofreu um abalroamento frontal causado pela conduta do primeiro réu LAERTE

AMANCIO DE MELO que dirigia o Gol VW, placas 9785 de propriedade da segunda

ré SANTA DOS SANTOS MELO;

Segundo conta, o réu tentou ultrapassar o caminhão Volvo,

placas KAK -0908 de propriedade da empresa Macaúbas Transportes Rodoviários

Ltda., invadindo a contramão se chocando frontalmente com o veículo Volvo NL 12410

de propriedade do autor.

Os autores pugnaram pelo ressarcimento dos danos, pela

culpa exclusiva do réu, e lucros cessantes pelo tempo que ficou parado em decorrência

do acidente.

Os réus negaram culpa exclusiva, alegando culpa do autor,

e se caso assim não entendesse, culpa concorrente. Ainda, contestaram a veracidade das

provas presentes nos autos que deram embasamento a condenação dos danos materiais,

e dos lucros cessantes que não foram provadas as semelhanças entre as empresas citadas

para se aferir a média dos rendimentos razoavelmente obtidos pelas mesmas durante

esse período.

Por sua vez, o Magistrado recorrido prolatou sentença

julgando improcedente o pedido formulado pelo Autor Apelante. No entanto, como será

demonstrado a seguir, a sentença merece ser reformada.

2. RAZÕES PARA REFORMA

a) DA CULPA:

Conforme relata a ilustre sentença:

Page 3: Apelação

“Houve culpa do requerido LAERTE AMANCIO DE MELO. O conjunto

probatório juntado aos autos é farto em evidenciar a responsabilidade do requerido

pelo evento danoso.

No Boletim de Ocorrência, mais especificamente, no croqui, encontra-se

perfeitamente estampada a culpa do requerido, onde está descrita a ultrapassagem

realizada pelo mesmo, em local proibido em face da marcação viária longitudinal de

divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou simples contínua amarela.

Os depoimentos colhidos nos autos sob n. 12/2006 corroboram para o

convencimento da culpa do requerido, conforme (depoimentos de testemunhas).

Em face do robusto conjunto de provas colhidas, tanto testemunhais como

documentais (boletim de ocorrência), é conclusivo que a atitude negligente e

imprudente do requerido LARTE AMANCIO DE MELO, consubstanciada em

ultrapassagem em local proibido em face da marcação longitudinal de divisão de fluxos

opostos do tipo linha dupla contínua ou simples contínua amarela e com lombada, foi a

causa do acidente. ”

Neste sentido, cabe rebater os fundamentos utilizados pelo

excelentíssimo juiz de primeiro grau, onde este baseou-se apenas em um

Boletim de Ocorrência e em depoimentos testemunhais emprestados de processo

diverso, para fundamentar sua douta decisão, onde tais provas podem muito bem

ser influenciadas por atitudes ou fatos externos ao evento, devendo assim, ser

inviável como único meio de prova para sua fundamentação e consequente

condenação.

Consta nos autos, com fotografias, a prova que caracteriza explicitamente

as condições da via naquele trecho, das quais as linhas que fazem a demarcação

de pistas estavam quase que completamente apagadas, impossibilitando dessa

forma, ao requerente aduzir naquele momento, de reflexo, a proibição ou não de

ultrapassagem naquele lugar.

Além disso, buracos e pedras soltas na via foram fatos essenciais para

que ocorresse a ultrapassagem, visto que era impossível o tráfego na pista

correta, uma vez que poderia causar danos gravíssimos ao requerente, tanto pela

velocidade relativa da via, quanto pelos estragos no automóvel em si. Dessa

forma, havendo um fortuito que impossibilitasse os meios normais para trafegar

do condutor, considera-se o único meio cabível, sem qualquer outra alternativa,

excluindo assim, a culpa exclusiva do réu, como relata a douta sentença.

A bem da verdade, em um dos depoimentos testemunhais, consta que a

velocidade do veículo do autor era de aproximadamente 60/70 Km por hora, o

que indica uma velocidade relativamente alta para um treminhão carregando

cargas pesadas e volumosas, concretizando que este também não tomava o

devido cuidado necessário ao trafegar por aquele trecho, uma vez que, como já

comprovado, as situações estruturais da pista eram claramente deploráveis.

Cabe, portanto, rebater os argumentos utilizados pelo juiz em sentença

quanto a culpa, e trazer aqui a culpa concorrente do autor, contabilizando

proporcionalmente as medidas de culpabilidade de cada um, resultando assim,

na redução da indenização devida pela parte ré.

Page 4: Apelação

Depreende-se, portanto, que a sentença merece ser reformada para que o

pedido do Requerente seja julgado procedente.

b) DOS DANOS:

Relata a sentença:

“A parte autora pugnou pelo pagamento da quantia de R$ 4.374,40 (quatro mil

trezentos e setenta e quatro reais e quarenta centavos), primeiramente sob o argumento

de que se tratava da franquia do seguro. Contudo, não apresentou nenhuma prova nos

autos que demonstrasse o valor da franquia do seguro do seu veículo que foi abalroado

e que efetivamente tenha feito o pagamento da referida franquia para agora buscar o

ressarcimento.

Por outro lado, apresentou nota fiscal de fls. 33 onde foram arroladas as peças

que foram utilizadas para o reparo do veículo acidentado no mesmo valor da alegada

franquia, bem como o documento de fls. 34, cuja nota fiscal demonstra os serviços

prestados na reforma do veículo em questão e que segundo argumentos do autor, são

serviços não cobertos pelo seguro do veículo.

(...). Em que pesem os argumentos da parte ré, estes não obtiveram êxito em

comprovar que as despesas que constam dos documentos de fls. 33-34 não

aconteceram. O fato das notas fiscais terem emissão posterior não é causa suficiente

para afastar a existência de seu conteúdo.

Por força do artigo 333, inciso II do CPC era ônus dos réus comprovar

eventual causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito da parte autora. ”

Conforme consta da própria decisão prolatada, a parte autora não trouxe nos

autos provas suficientes de que o valor a ser cobrado pelo conserto do veículo era o

valor apresentado. A franquia de cada seguro é estipulada no contrato, ou seja, na

apólice de seguro, e dessa forma, não justifica os motivos pelos quais o autor não juntou

o comprovante e os valores de serviços prestados pela seguradora, alegando apenas o

valor das peças em nota fiscal, que supostamente equivaleria ao valor da referida

franquia. Isto é desarrazoado, e impede que a parte possa pugnar algo no valor do qual

não tem provas cabíveis condenar o réu a pagar tal quantia, afinal, qual seria o propósito

de não apresentar o orçamento da seguradora? Claramente, observa-se a má-fé do autor,

uma vez que tais consertos podem não ser frutos do evento danoso ou estarem em

desacordo com a proporção dos danos causados.

Ainda, traz a sentença, o argumento de que é cabível indenização pelas peças

trocadas, das quais, segundo o autor, não foram cobertas pelo seguro, apresentando

como prova apenas a nota fiscal das referidas peças de fls.34. A bem da verdade, é

questionável os motivos pelos quais a seguradora não cobre tais serviços,

consequentemente é logicamente previsível que se tratam de peças aleatórias e talvez já

desgastadas de um período anterior ao evento danoso, e assim, objetivando vantagens a

parte autora por serviços que nada foram frutos do dano causado pelo acidente. Além do

mais, a respectiva nota fiscal, foi emitida tempos depois do conserto, o que já evidencia

haver fortes indícios de fraude.

Por fim, é legível o erro na decisão, ao trazer o ônus da prova para a parte ré,

uma vez que quem alegou os valores presentes pelo conserto foi a parte autora, e bem

como é entendido em todo ordenamento nacional, cabe o ônus da prova à quem alega,

com fulcro no que dispõe o artigo 333, inciso I, e § único, inciso II, do CPC.

Page 5: Apelação

c) DOS LUCROS CESSANTES:

Relata a douta sentença:

“O autor pretende receber a quantia de R$ 9.735,74 (nove mil setecentos

e trinta e cinco reais e setenta e quatro centavos) a título de lucros cessantes,

considerando que seu veículo ficou parado durante 14 (quatorze) dias sem

realizar os fretes de cana-de-açúcar contratados com a Usina Vale do Ivaí S/A.

O contrato de prestação de serviços com a referida usina está

comprovado às fls. 28-32 dos autos.

A declaração de fls.27 demonstra o período de 13/05/2005 a 26/05/2005

em que o veículo do autor ficou retido para reparos na oficina mecânica

POSTO DE MOLAS VALE DO IVAI – MOREIRA E MEDEIROS LTDA.

Os documentos juntados as fls. 35-43 são suficientes para ensejar o

acolhimento do período de indenização pelos lucros que a parte autora deixou

de aferir durante o período em que seu veículo não pode efetuar os fretes de

cana-de-açúcar, em virtude dos estragos que o acidente causado pelo primeiro

réu acarretou.

Nada impede que a indenização dos lucros cessantes leve em

consideração a média mensal de empresas que possuem as mesmas

características e prestam o mesmo tipo de serviço, com semelhante rotina de

trabalho e com veículo parecido.

Os réus não trouxeram aos autos qualquer prova que pudesse

desmerecer os documentos de fls. 35-43, mormente porque a expressão do

artigo 1059 CC “o que razoavelmente deixou de lucrar”, deve ser interpretada

no sentido de que até prova em contrário, se admite que o credor haveria de

lucrar aquilo que o bom senso diz que lucraria, mormente quando não refutados

por prova em contrário. ”

Como consta da veneranda sentença, o autor requer a quantia de 9.735,74 (nove

mil setecentos e trinta e cinco reais e setenta e quatro centavos) a título de lucros

cessantes. Pois bem, ele trouxe aos autos as médias de empresas que possuem as

mesmas características que a empresa do autor, porem não provou a verossimilhança

dessas características, restando duvidosas as médias de tais empresas. É possível sim, se

utilizar de média dos rendimentos de outras empresas desde que comprovem a

semelhança, fato este, que não aconteceu.

Argumenta ainda a sentença prolatada, que o requerente não provou o contrário

quanto as médias trazidas pelo autor, e que por isso, cabe aplicar os lucros cessantes.

Porém, como é sabido de Vossas Excelências, é impossível ao réu provar fatos que

correspondem a dados particulares do autor, sendo assim, o ônus da prova cabe ao autor

da ação, e não ao ora requerente deste recurso, como muito explicitado no artigo 333, §

único, inciso II do CPC.

A bem da verdade, provar os rendimentos com médias externas são casos

excepcionais na justiça brasileira, ocorrendo apenas quando não se pode apresentar a

própria média por motivos muito bem fundamentados, fato que não pertence a este caso.

Dessa forma, é inviável a condenação de lucros cessantes por este meio, sem

provas cabais para a elucidação do caso.

Page 6: Apelação

d) DOS JUROS MORATÓRIOS:

Consta que:

“O valor deve ser devidamente corrigido com juros de 1% ao ano (art. 406 CC),

e com correção monetária tendo como índice o INPC do IBGE, ambos a contar

da data do evento danoso. ”

Decorre da leitura deste trecho da decisão, que houve claramente um erro

material com relação aos juros moratórios, os quais foram estipulados em 1% ao ano.

Os réus entraram com embargos de declaração com fulcro no artigo 535, inciso I e II, do

CPC, para a correção da mesma e obter devidos esclarecimentos, porém, em resposta, o

juiz manteve os juros estipulados em 1% anuais, quando na verdade, com uma breve

leitura do artigo 406 CC c/c com 161, § 1 do CTN, verifica-se que o correto seria os

juros de mora serem cobrados em 1% mensais.

Diante deste claro erro material, que foi reafirmado mesmo estando contra

legem, pede-se que Vossas Excelências estipulem os juros moratórios corretamente, no

caso em pauta, de 1% ao mês, conforme disposto:

Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de

mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades

cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei

tributária.

§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de

um por cento ao mês.

Por fim, vale salientar, que seja esclarecida a data a partir da qual serão

corrigidos com juros e com correção monetária, assim pede-se que Vossas Excelências

estipulem se da data do evento danoso, ou a partir do momento que foram adquiridas as

despesas com o conserto do veículo.

3. REQUERIMENTO DE REFORMA

Desta feita, requer:

1. A culpa concorrente do autor, contabilizando

proporcionalmente as medidas de culpabilidade de cada um, resultando assim, na

redução da indenização devida pela parte ré.

2. Como é entendido em todo ordenamento nacional,

cabe o ônus da prova à quem alega, com fulcro no que dispõe o artigo 333, inciso I, e §

único, inciso II, do CPC, então requer seja negado provimento ao pedido de

ressarcimento dos danos.

3. Inviável a condenação de lucros cessantes, sem

provas cabais para a elucidação do caso, conforme média dos rendimentos dos últimos

meses da empresa. Assim, requer seja negado provimento ao dever de pagar lucros

cessantes.

Page 7: Apelação

4. Pede-se que Vossas Excelências estipulem os juros

moratórios corretamente, no caso em pauta, de 1% ao mês, conforme disposto, e ainda

que seja esclarecida a data a partir da qual será corrigida a dívida com juros e com

correção monetária.

Por todo o exposto, o Apelante requer que o presente

recurso de apelação seja conhecido e, quando de seu julgamento, lhe seja dado integral

provimento para reforma da sentença recorrida para acolher o pedido inicial do

Apelante.

Termos em que,

Pede deferimento.

Maringá p/ Jandaia do Sul, 20 de julho de 2015.

Advogado, OAB/PR...-...