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FACULDADE PITÁGORAS DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO Prof. Ms. Carlos José Giudice dos Santos [email protected] www.oficinadapesquisa.com.br

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FACULDADE PITÁGORAS

DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

Prof. Ms. Carlos José Giudice dos Santos

[email protected]

www.oficinadapesquisa.com.br

Objetivos desta unidade:

Ao final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

1. Definir e contextualizar ética e a sua abrangência nasorganizações.

2. Saber classificar comportamento ético de acordo comuma escala.

3. Conhecer as duas filosofias diferentes sobre aresponsabilidade social das empresas.

Conceito de ÉticaNa visão de Maximiniano (2012, p. 397), aresponsabilidade social das organizações e ocomportamento ético dos administradores estão entre astendências mais importantes que vão influenciar a teoria ea prática da administração a partir do Terceiro Milênio.

A discussão sobre ética e responsabilidade social é antiga,mas faz pouco tempo que passou a nortear ocomportamento dos gestores. Isto aconteceu a partir domomento em que casos de poluição, corrupção,desemprego e direitos do consumidor começaram a ganharmais destaque na mídia.

Sob o ponto de vista estritamente filosófico, a ética podeser definida como a interpretação da moral.

Conceito de ÉticaA palavra ética tem a sua origem na palavra latina ethos, quesignifica comportamento, hábitos, costumes.

A palavra moral tem a sua origem na palavra latina mores,que também significa hábitos e costumes.

Muitas pessoas confundem ou acham que ética e moral sãopalavras sinônimas, uma vez que possuem raízes etimológicassemelhantes. Entretanto, alguns autores fazem distinção,considerando a ética como uma reflexão crítica acerca damoral – o que nos leva de volta ao sentido filosófico da ética.

Assim, existem hábitos e costumes que são consideradosmodelos perante a sociedade ou a um grupo específico. Aética tenta refletir o quanto determinado comportamentoestá alinhado ou não em relação a um comportamento ideal.

Conceito de ÉticaA partir destas reflexões éticas, surgem normas de conduta,que são expressas como um código: por exemplo, o código deética dos médicos, dos militares, dos jornalistas, dapropaganda, dos políticos, de um grupo social ou religioso, deuma organização, entre outros.

Assim, o código de ética contém um sistema de valores quedevem nortear o comportamento de pessoas, grupos,profissões (administradores) e organizações.

Por exemplo, uma pessoa está em uma cama de hospital comoum vegetal, mantida viva apenas pelos aparelhos. Sob o pontode vista moral, que está ligado à opinião, desligar os aparelhospoderia ser uma opção moralmente aceitável. Entretanto, sob oponto de vista ético, não seria uma atitude correta, pois a leinão permite isso. A ética não admite desvios: não existe uma“meia ética”.

Exemplos de ÉticaO código de ética da propaganda condena empresas quecomparam seus produtos. Também condena a participação demulheres menores de 25 anos em propagandas de bebidasalcoólicas. A utilização de imagens de “bichinhos” criados porcomputação gráfica em propagandas deste tipo também passoua ser controlada por este código de ética.

A utilização de recursos de forte apelo popular por programasde TV (por exemplo, pessoas com deformidades físicas ou emsituações constrangedoras) é considerado como atitudecondenável por muitas emissoras, mas em nome da audiência,algumas ainda continuam a utilizar.

Um político que acumula dois cargos, recebe pelos dois cargostrabalhando em apenas um deles, pode muitas vezes fazer issoporque a lei permite. Muitos falam que isso “é legal mas não émoral”. O correto seria dizer “é legal mas não é ético”.

A Ética na AdministraçãoDe acordo com os pesquisadores Stoner et al (1995, apudMAXIMINIANO, 2012, p. 399), a ética na administração pode serabordada em quatro níveis, a saber:1) Nível Social: Expressa a maneira como as pessoas questionam apresença, o papel e os efeitos das organizações perante a sociedade.Por exemplo:

• É justo que um executivo ganhe cinquenta vezes mais do que umtrabalhador do nível operacional?;

• É aceitável o fato de empresas bancarem campanhas políticas decandidatos com o intuito de obterem vantagens?;

• É correto que algumas empresas formem cartéis como forma decontrolar o preço de produtos?;

• Podemos aceitar que algumas empresas subornem funcionáriospara pagar menos impostos ou para vencerem uma determinadaconcorrência ou licitação?

A Ética na Administração2) Nível do Stakeholder: Os stakeholders (parte interessada –ou seja, clientes, fornecedores, distribuidores, funcionários,comunidade) são pessoas que sofrem, direta ou indiretamente,influência das decisões administrativas de uma organização,representada aqui pelos shareholders (acionistas, gestores e oconselho de administração). Por exemplo:

• Qual é a obrigação da empresa em informar para os seusconsumidores os riscos que seus produtos podem trazer para asaúde (por exemplo, cigarros e bebidas alcoólicas)?;

• Qual é o impacto da instalação ou operação de uma organizaçãopara uma comunidade ou para o meio ambiente?;

• Que impacto os clientes, fornecedores, distribuidores efuncionários podem sofrer em caso de desativação de umaunidade ou filial de uma organização?

A Ética na Administração3) Nível da política interna: Os questionamentos éticos neste nívelabrangem principalmente a relação das organizações com os seusfuncionários. Por exemplo:• Quais são as obrigações das organizações (além das legais) para

com seus funcionários?;• Que tipos de compromissos uma empresa pode exigir de seus

funcionários?;• Até que ponto os funcionários devem ser ouvidos em relação às

decisões que as organizações tomam?4) Nível individual: Este nível diz respeito à maneira como aspessoas devem tratar-se umas às outras. Por exemplo:• Que normas de conduta devem orientar o comportamento das

pessoas em seus relacionamentos pessoais nas organizações?;• Como uma empresa (chefia) pode ajudar seu funcionário em uma

questão pessoal?.

Sistemas de valores e evolução ética

Valores são julgamentos sobre o que é aceitável ou inaceitávelou desejável ou indesejável sobre certa situação, e forneceuma justificativa para alguma decisão.São os valores que formam a base dos códigos de ética. Porexemplo, o filósofo chinês Confúcio (século V a.C.) pregavacomo maior valor a norma da reciprocidade, também conhecidacomo Regra de Ouro em algumas culturas: “A conduta virtuosaem relação aos outros consiste em tratar os outros como cadaum gostaria de ser tratado”.Já Aristóteles pregava a virtude (excelência intelectual emoral) e a moderação: “O excesso é uma forma de erro, assimcomo a falta. Portanto, deve-se buscar o meio termo”.O filósofo Immanuel Kant pregava que, “uma pessoa, ao agir,não deve utilizar outras pessoas como meios para atingir osseus próprios interesses”.

Sistemas de valores e evolução ética

Os sistemas de valores evoluem com o tempo. Isto significa queconceitos como noção de cidadania, virtude coletiva, respeito àpessoa e aos direitos humanos estão ligados à mudançaevolutiva dos costumes.Por exemplo, o regime de apartheid era moralmente aceito atéo início da década de 90. Entretanto, a partir dos inúmerosconflitos internos entre maioria negra e minoria branca, e pormeio da pressão e boicote de outros países a este tipo desegregação, houve uma mudança de costumes.Outro exemplo vem das montadoras de automóvel. Apreocupação com a segurança não fazia parte da preocupaçãodos projetistas de carros, que consideravam acidentes e danoscorporais como um risco inerente ao uso do automóvel.Entretanto no dia em que um automóvel da GM foi colocado nobanco dos réus pelo advogado Ralph Nader, tudo mudou...

Ética absoluta

A noção de ética absoluta diz respeito à tipificação dedeterminados comportamentos como certos ou errados, sejaqual for o contexto.Este é o grande problema da ética absoluta: a noção do que écerto ou errado vem da opinião, mas dependendo do contexto,esta ética pode ferir princípios morais.O exemplo que melhor ilustra este fato é a reputação que osbancos suíços construíram em cima do principio ético do sigiloabsoluto acerca das contas bancárias secretas.Os bancos suíços conquistaram respeito e admiração por causadeste princípio ético, até o dia em que outros países fizerampressão ao demonstrar que nem todos os clientes destesbancos eram pessoas respeitáveis, que ganharam dinheiro deforma lícita. Assim, esta ética absoluta do sigilo, antesadmirada, teve que ser revista.

Ética relativa

A noção de ética relativa reconhece que existem determinadassituações que podem influenciar a definição dos valores que asociedade considera socialmente aceitável.Por exemplo, um funcionário que pede uma nota fiscal em umrestaurante com valor superior ao que foi gasto para embolsara diferença está agindo de modo certo ou errado? Seriaaceitável um funcionário fazer isso se uma empresa incentivaresta prática como uma maneira de pagar um adicional semtributação?E se uma empresa faz um desconto especial caso o clienteconcorde em não pedir nota fiscal? Outra situação: a empresadá um desconto se o pagamento for em dinheiro, à vista, masnão dá nenhum desconto para pagamentos efetuados comcartão de crédito. Isto é certo ou errado?

Estágios de Desenvolvimento Moral

Como vimos anteriormente, os princípios éticos podem variarde acordo com o contexto temporal, cultural e religioso. Istosignifica que em qualquer estágio de desenvolvimento dasociedade, vão existir diferentes princípios éticos. Assim, aspessoas podem optar em adotar valores mais atrasados oumodernos de acordo com as suas convicções, e isto vaiinfluenciar em sua interpretação, resultando em diferentesprincípios éticos.Por exemplo, uma pessoa muito conservadora pode terproblemas em trabalhar em equipe com pessoas que possuemuma orientação sexual ou religiosa diferente daquela que eleconsidera como certa ou moralmente aceitável.A partir destas diferenças de princípios éticos, convencionou-se que existem três estágios de desenvolvimento moral: o pré-convencional, o convencional e o pós convencional.

Estágios de Desenvolvimento Moral

Estágio pré-convencional de desenvolvimento moral: Nesteestágio, a ética é individualista ou egoísta. Alguns autoresconsideram que nesse estágio, praticamente não existe ética, poisas pessoas ou grupos agem de acordo com o prazer pessoal ou comos interesses do grupo. Este estágio é também conhecido comoestágio de Darwinismo Social, porque estimula a uma competiçãoentre pessoas ou grupos em que somente os mais fortes vãosobreviver (seleção natural). Alguns autores consideram quemuitas empresas que praticam concorrência desleal, conseguiramcrescer a partir dos seguintes princípios de conduta, típicosdeste estágio: 1) Cada um por si; 2) O negócio é levar vantagemem tudo; 3) Os outros que se danem; e 4) O mundo é dosespertos.As empresas aéreas que vivem à custa da detestável prática dooverbook também se enquadram nesta categoria. A prática deextorsão por parte de fiscais também está inclusa aqui.

Estágios de Desenvolvimento Moral

Estágio convencional de desenvolvimento moral: Neste estágio, aética continua sendo individualista ou egoísta. Entretanto,existem regras de conduta estabelecidas que punem aqueles quese desviam delas. Assim, existe um respeito às regras porconveniência (medo da punição por um comportamento errado).No campo da administração, este estágio corresponde àsestratégias que as empresas adotam em virtude daregulamentação ou para atingir determinados segmentos demercado.Este é o caso, por exemplo, das empresas “verdes”, que queremassociar o respeito ao meio ambiente à sua marca com o objetivode conseguir entrar em determinados mercados.Também é o caso de montadoras de automóveis, que exportamautomóveis qe se adequam às normas europeias ou americanas,muito mais rígidas que as normas brasileiras.

Estágios de Desenvolvimento Moral

Estágio pós convencional de desenvolvimento moral: Nesteestágio, a ética atinge o nível mais alto, por que a condutaindividual ou de grupos passa a não depender mais de regrasescritas. É o estágio de idealismo moral, em que as regras sãorespeitadas por convicção e não por obrigação ou medo depunições. São princípios norteadores deste estágio, a saber:• Minha liberdade termina onde começa a liberdade do vizinho;• Não concordo com nada do que dizes, mas defenderei até a

morte o seu direito de dizê-las;• Não há o que me obrigue a fazer algo que eu considere

moralmente errado;• Não importa a opinião da maioria, mas sim valores como justiça,

direito, igualdade, liberdade, fraternidade, retidão de caráter;• Mulheres e crianças em primeiro lugar;• O comandante é o último a abandonar o navio.

A Responsabilidade Social

As discussões que levaram ao estudo da ética na administraçãotiveram a sua origem a partir da ideia de que as organizações usamrecursos da sociedade, e sendo assim, é justo que elas tenhamalgum tipo de responsabilidade em relação à sociedade. Esteprincípio é conhecido como doutrina da responsabilidade socialdas organizações.Por outro lado, existe um outro princípio, que embasa a doutrinado interesse dos acionistas. Segundo este princípio, asorganizações tem obrigações unicamente para com seus acionistas,e não cabe a elas o ônus de resolver problemas sociais.Como podemos ver, os interesses das doutrinas são conflitantes, edecorrem dos benefícios e prejuízos que as organizações trazempara a sociedade. Entre os benefícios, podemos citar a criação deempregos, o pagamento de impostos e salários, a promoção dedistribuição de renda, o desenvolvimento de fornecedores e otreinamento de mão de obra. Mas há também prejuízos:

A Responsabilidade Social

Entre os prejuízos que as organizações podem trazer para asociedade podemos citar os danos ao meio ambiente, apossibilidade de manipulação dos funcionários, demissões,desemprego, relações suspeitas com o poder, e corrupção defuncionários públicos.A partir destes eventuais prejuízos que as organizações podemtrazer para a coletividade, a sociedade reagiu e criou mecanismoséticos de controle das atividades das organizações. Foi assim quesurgiram, por exemplo, o código de defesa do consumidor e osdispositivos legais que visam garantir a defesa do meio ambiente.Além disso, surgiram códigos de conduta para administrarcomportamentos considerados “duvidosos”, como por exemplo: 1)Oferecer presentes para compradores; 2) Aceitar presentes defornecedores ou vendedores; 3) Usar informações da empresa emproveito próprio; 4) Utilizar recursos da empresa para finalidadespessoais; 5) Falar mal ou denegrir a imagem dos concorrentes.

Bibliografia Consultada• CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da

administração. 7. ed. São Paulo: Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

• MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria geral daadministração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. SãoPaulo: Atlas, 2012.