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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO “Uma Avaliação sobre a Teoria da Freqüência e Alcance Eficaz como ferramenta de decisão para investimentos em Comunicação de Marketing” EDUARDO ESTEVES PFALTZGRAFF ORIENTADOR: PROF. DR. ERIC COHEN Rio de Janeiro, 10 de julho de 2007

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

“Uma Avaliação sobre a Teoria da Freqüência e Alcance Eficaz como

ferramenta de decisão para investimentos em Comunicação de Marketing”

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Rio de Janeiro, 10 de julho de 2007

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“UMA AVALIAÇÃO SOBRE A TEORIA DA FREQÜÊNCIA EFICAZ COMO FERRAMENTA DE DECISÃO PARA INVESTIMENTOS EM COMUNICAÇÃO DE

MARKETING”

EDUARDO ESTEVES PFALTZGRAFF

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Marketing

ORIENTADOR: PROF DR ERIC COHEN

Rio de Janeiro, 10 de julho de 2007.

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“UMA AVALIAÇÃO SOBRE A TEORIA DA FREQÜÊNCIA EFICAZ COMO FERRAMENTA DE DECISÃO PARA INVESTIMENTOS EM COMUNICAÇÃO DE

MARKETING”

EDUARDO ESTEVES PFALTZGRAFF

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Marketing

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor ERIC DAVID COHEN (Orientador) Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________

Professor FATIMA CRISTINA TRINDADE BACELLAR (Co-orientador) Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________

Professor EDUARDO ANDRÉ TEIXEIRA AYROSA Instituição: FGV/EBAPE RJ

Rio de Janeiro, 10 de julho de 2007.

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FICHA CATALOGRÁFICA

658.8 P523

Pfaltzgraff, Eduardo Esteves. Uma avaliação sobre a Teoria da Freqüência e Alcance Eficaz como ferramenta de decisão para investimentos em comunicação de marketing / Eduardo Esteves Pfaltzgraff. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec. 2007. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Administração Geral.

1. Marketing. 2 Comunicação de Marketing. 3. Planejamento de Mídia.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mulher Cris, minha maior fonte de inspiração, com amor e carinho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família pelo apoio incondicional, e aos irremediavelmente ausentes

por seus valiosos ensinamentos e exemplos, que sempre ficarão em minha memória, fazendo

com que a saudade seja uma experiência leve e duradoura.

Agradeço ao Grupo de Mídia Rio de Janeiro, especialmente a Sra Marilena Geada, por

suas idéias e valioso apoio dado durante o teste do questionário aplicado neste estudo. À Sra

Lidice Salgot do Grupo de Mídia São Paulo por seus breves comentários sobre o questionário

durante a fase de elaboração.

Ao IBOPE, em especial a Sra Vera Ligia Pompeu de Toledo por sua orientação, e a

Sra Joanita Lopes, do CIDI – Centro de Informação e Documentação do IBOPE, pelo apoio e

liberação dos dados sobre os investimentos publicitários no Brasil.

A valiosa ajuda de Erika Porcaro enviando da Europa artigos acadêmicos importantes

para o levantamento histórico deste trabalho e a todos os colegas e professores do mestrado

que proporcionaram esta valiosa experiência de troca e aprofundamento de nossos

conhecimentos.

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Agradeço as agências de propaganda, particularmente aos profissionais de mídia, que

participaram deste estudo, por sua visão e atitude de valorizar a troca de conhecimentos entre

profissionais de mercado e pesquisadores acadêmicos, promovendo aprimoramento do

conhecimento teórico e prático, sobre o tema Planejamento de Mídia.

Finalmente, agradeço ao meu orientador Eric Cohen pelo apoio e direcionamento dado

ao longo deste trabalho, e aos membros da banca examinadora, Fátima Cristina Bacelar e

Eduardo Ayrosa, por seus valiosos comentários, críticas e sugestões que contribuíram para o

aprimoramento deste trabalho.

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RESUMO

Este estudo faz uma avaliação sobre a teoria da freqüência eficaz, desenvolvida por

Michael J. Naples em seu clássico livro Effective Frequency: The relationship between

frequency and advertising effectiveness. O autor defende a existência de um determinado

número de exposições à propaganda, capaz de influenciar o comportamento de compra de

consumidores potenciais.

Por meio de uma ampla revisão bibliográfica, procura-se verificar se a teoria de

Naples é capaz de orientar os investimentos em comunicação de marketing, definindo uma

quantidade ótima de inserções de propaganda a serem compradas. Complementando a revisão

bibliográfica o estudo inclui uma pesquisa sobre o conhecimento e a prática da teoria entre os

profissionais de mídia, das cinqüenta maiores agências de propaganda do Brasil.

Palavras Chave: Marketing, Comunicação de Marketing, Planejamento de Mídia.

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ABSTRACT

This study discusses the effective frequency theory developed by Michael J. Naples on

his classical book Effective Frequency: the relationship between frequency and advertising

effectiveness. The author argues that a number of advertising exposures is capable to produce

any effect on buying behavior, in potential consumers.

Through bibliographic review, the study verifies if Naples theory can drive marketing

communications´ investments, estimating an optimal amount of advertisement insertions to be

acquired. Supporting this review, a research is conducted to evaluate the knowledge and

practice, among media planning practitioners, in the fifty biggest advertisements agencies in

Brazil.

Key Words: Marketing, Marketing Communications, Media Planning

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Curva de resposta à freqüência eficaz de McDonald ..............................................18

Figura 2 – Exemplo de Siegel calculado no Excel ...................................................................29

Figura 3 – Tela para definição dos parâmetros da distribuição................................................30

Figura 4 – Curva de resposta à propaganda para três efeitos ...................................................35

Figura 5 – Curva de resposta à freqüência eficaz de Stankey ..................................................38

Figura 6 – Curva convexa de resposta à propaganda ...............................................................39

Figura 7 – Curva de resposta à propaganda para marcas conhecidas e desconhecidas............43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Comparativo dos indicadores mais utilizados EUA, Japão, Taiwan ...................11

Tabela 2 – Freqüência relativa da importância dos indicadores de mídia ............................12

Tabela 3 – Distribuição hipotética de freqüência ...................................................................20

Tabela 4 – Resumo estatístico da distribuição de freqüência.................................................21

Tabela 5 – Métodos usados para estimar alcance e freqüência nos EUA ..............................25

Tabela 6 – Modelos de estimativa estatística: comparação de distribuição do alcance a cada

nível de freqüência no meio Internet ................................................................................26

Tabela 7 – Valor da freqüência em GRP e CPM...................................................................32

Tabela 8 – Relação das agências pesquisadas ........................................................................52

Tabela 9 – Posição que ocupa na agência...............................................................................53

Tabela 10 – Departamento que trabalha na agência .................................................................54

Tabela 11 – Freqüências relativas das variáveis conhecimento, crença e planejamento .........55

Tabela 12 – Freqüências dicotômicas das variáveis conhecimento, crença e planejamento....56

Tabela 13 – Freqüências relativas à crença e utilização de uma faixa de inserções.................58

Tabela 14 – Freqüências dicotômicas à crença e utilização de uma faixa de inserções...........59

Tabela 15 – Freqüência relativa por importância dos indicadores de mídia ............................60

Tabela 16 – Pontuação ponderada de indicadores de mídia por importância – Brasil.............61

Tabela 17 – Pontuação ponderada de indicadores de mídia por importância – EUA ..............61

Tabela 18 – Indicadores de mídia aplicáveis ao meio Internet.................................................62

Tabela 19 – Indicadores de mídia aplicáveis ao meio Internet assinalados pelos treze

respondentes da opção ‘apenas alguns’ ............................................................................63

Tabela 20 – Meios de comunicação que disponibilizam dados de alcance..............................64

Tabela 21 – Freqüência absoluta e relativa da forma de cálculo da distribuição da freqüência

..........................................................................................................................................65

Tabela 22 – Freqüência absoluta e relativa dos softwares utilizados .......................................66

Tabela 23 – Freqüência absoluta e relativa dos respondentes que definiram um número de

inserções mínimo e máximo.............................................................................................66

Tabela 24 – Freqüência absoluta e relativa do limites mínimos e máximos de freqüência .....67

Tabela 25 – Freqüências absolutas e relativas das observações, por categoria analítica ........70

Tabela 26 – Freqüência Absoluta e Relativa do grau de satisfação .........................................71

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LISTA DE ABREVIATURAS C Concorda de alguma forma

CP Concorda parcialmente

CPM Custo por mil

CT Concorda totalmente

D Discorda de alguma forma

DAS Distribuição por agregação seqüencial

DB Distribuição binomial

DBB Distribuição beta binomial

DBC Distribuição beta condicional

DBBH Distribuição beta binomial de Hofman

DISTTRBINOM Distribuição binomial

DMD Distribuição multinomial de Dirichlet

DP Discorda Parcialmente

DT Discorda Totalmente

GRP Gross Rating Points

PIB Produto Interno Bruto

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA.............................................................................................................. 1

1.2 OBJETIVO DO ESTUDO...................................................................................................................... 4

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .................................................................................................. 5

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO............................................................................................................. 6

2 REVISÃO TEÓRICA............................................................................................7

2.1 HISTÓRICO............................................................................................................................................ 7

2.2 DEFINIÇÃO DE FREQÜÊNCIA E ALCANCE EFICAZES............................................................. 8

2.3 A TEORIA DA FREQÜÊNCIA EFICAZ........................................................................................... 16

2.4 MÉTODOS DE ESTIMATIVA DO ALCANCE EFICAZ ............................................................... 19

2.5 PRINCIPAIS LIMITAÇÕES E CRÍTICAS ...................................................................................... 37

2.6 ALTERNATIVAS À TEORIA DE FREQÜÊNCIA EFICAZ .......................................................... 43

3 METODOLOGIA ................................................................................................48

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS........................................................51

4.1 CARACTERISTICAS DOS PROFISSIONAIS PESQUISADOS .................................................... 53

4.2 VARIÁVEIS CONHECIMENTO, CRENÇA E PRÁTICA.............................................................. 54

4.3 INDICADORES DE MÍDIA MAIS IMPORTANTES ..................................................................... 59

4.4 UTLIZAÇÃO DE MÉTODOS DE ESTIMATIVA DO ALCANCE EFICAZ ............................... 65

4.5 A FREQÜÊNCIA CONSIDERADA EFICAZ .................................................................................. 66

4.6 NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE MÍDIA ..................................................... 70

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................78

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO .............................................................................82

ANEXO A – APÊNDICE DE LECKENBY E HONG SOBRE MÉTODOS DE ESTIMATIVA DO ALCANCE....................................................................................85

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1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA

A administração de marketing é dividida por atividades ligadas a cada um dos

componentes do marketing mix: produto, preço, promoção e praça. A gerência da atividade de

promoção, ou gerência de comunicação de marketing, possui duas características que a

diferencia das outras atividades: dispensa a interface com outros departamentos da empresa e

possui orçamento exclusivo. As decisões relacionadas a investimentos em comunicação não

envolvem outros departamentos, como no caso da atividade de gerência de produtos, que

envolve o departamento de pesquisa e desenvolvimento. Sua operação envolve investimentos

significativos na compra de espaços e tempos de propaganda, especialmente nas empresas que

comercializam produtos de massa.

A partir do direcionamento do público-alvo, a gerência de comunicação de marketing

passa a tomar decisões que levarão a escolha de meios e veículos de comunicação,

considerados capazes de levar as mensagens de marca, produto ou promoção de vendas, ao

maior número possível de clientes potenciais. Lembrando que quanto maior o número de

pessoas atingidas, maior será probabilidade de sucesso do investimento em propaganda.

Comprar combinações de espaço e tempo em veículos de comunicação significa

comprar inserções, sendo este o termo normalmente usado pelos profissionais envolvidos na

atividade de comunicação de marketing ou propaganda. Adquirir a quantidade adequada de

inserções requer um planejamento cuidadoso, cujo resultado é apresentado em um plano de

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mídia que mapeia a distribuição das inserções nos meios e veículos de comunicação

escolhidos, com suas respectivas quantidades e valores.

Entretanto, a atividade de planejamento não é uma responsabilidade exclusiva da

gerência de comunicação de marketing. Na realidade, as principais decisões ainda são

tomadas pelos profissionais das agências de propaganda, com a quais as empresas anunciantes

mantêm contrato.

Durante a fase de planejamento, indicadores de mídia passam a ser avaliados, tais

como: alcance, freqüência, GRP e CPM, citando apenas os mais utilizados. A análise dos

indicadores permite que o planejador tome decisões sobre que meios e veículos de

comunicação são mais adequados aos seus objetivos. A análise destes indicadores também

permite a escolha do plano de mídia com maior potencial de retorno.

Dois indicadores de mídia afetam diretamente o valor e a distribuição do investimento

em propaganda: a freqüência e o alcance. Entende-se como freqüência, o número de vezes

que um membro do público-alvo será exposto a um meio ou veículo de comunicação, durante

um dado período de tempo.

Em 1979, o americano Michael J. Naples publicou em seu livro, Effective Frequency:

The Relationship Between Frequency and Advertising Effectiveness, uma série de estudos e

casos que o levaram a conclusão da existência de um número ideal de freqüência. Um número

capaz de produzir um resultado positivo em termos de vendas, por aumentar a probabilidade

da compra de uma marca ou produto por membros do público-alvo. Naples chamou este

número ideal de ‘freqüência eficaz’.

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A teoria da freqüência eficaz produziu um enorme impacto entre anunciantes e

profissionais de mídia das agências de propaganda, tornando-se uma espécie de doutrina na

atividade de planejamento de mídia. Conseqüentemente, ao longo dos anos, a teoria foi a mais

avaliada e discutida entre profissionais e acadêmicos. Citações, críticas e desdobramentos

sobre o conceito da freqüência eficaz são produzidos até hoje na literatura científica e em

livros que abordam o tema.

Considerando-se a existência de uma freqüência eficaz, ou um número ideal de

inserções, esta poderia minimizar o desperdício no investimento em propaganda, pois evitaria

a compra de inserções em níveis superiores ou inferiores ao necessário para produzir um

resultado positivo em vendas.

No prefácio do livro, Herbert Krugman, responsável pela área de pesquisa do

consumidor da General Eletric Company e presidente da ANA– Association of National

Advertisers, destaca a necessidade de se ter o maior conhecimento possível sobre estudos e

casos relacionados à freqüência e seus efeitos, devido ao crescimento dos custos de mídia e da

preocupação, entre os anunciantes, de dispender apenas o necessário e/ou suficiente.

A afirmativa feita por Krugman em 1979, ainda permanece apropriada não só pela

importância dos custos atuais da propaganda, como também pelo surgimento de novas mídias.

Tomamo-la emprestada como motivo principal deste estudo que pretende revisar conceitos e

críticas que envolvem a teoria freqüência eficaz, além de coletar dados e opiniões entre os

profissionais que praticam o planejamento de mídia, buscando entender se a sua utilização é

capaz de definir limites nos investimentos em propaganda.

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1.2. OBJETIVO DO ESTUDO

Este estudo se propõe a avaliar por meio de uma ampla revisão bibliográfica, a teoria

da freqüência eficaz e suas limitações, e identificar junto aos profissionais de mídia das

agências de propaganda, sua validade ou influência nas decisões de planejamento.

Para orientar o objetivo deste estudo quatro questões fundamentais foram formuladas e

serviram de guia para escolha da bibliografia e para a formulação do questionário enviado aos

profissionais de planejamento de mídia:

• O conceito de freqüência eficaz ainda pode ser utilizado como orientador na

definição do montante ideal de investimento em propaganda?

• Quais seriam os pontos fortes e fracos da teoria da freqüência eficaz ?

• A teoria da freqüência eficaz ainda exerce alguma forma de influência na atividade

de planejamento de mídia no Brasil ?

• Quais seriam as alternativas teóricas atuais que poderiam orientar as decisões de

investimento em propaganda?

Tendo como objetivo buscar as respostas para estas questões, procuramos analisar a

teoria da freqüência eficaz e seu papel no planejamento de mídia, além de identificar novas

teorias ou conceitos que pudessem complementá-la ou mesmo substituí-la, como orientadora

na definição de um limite de valor a ser investido em propaganda.

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1.3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

Uma recente matéria publicada no jornal Gazeta Mercantil mostrou o resultado da

pesquisa realizada anualmente pelo Projeto Inter-Meios, da editora Meio e Mensagem: os

investimentos em propaganda no Brasil foram da ordem de vinte e três bilhões novecentos e

noventa e quatro milhões em 2006, registrando um crescimento 9,3% em relação a 2005

(AZEDO E TEICH, 2007).

Tanto pelo tamanho do montante envolvido, como pelo crescimento acima do PIB

registrado no período, a propaganda se apresenta como uma atividade econômica importante

no cenário empresarial. Sua utilização tem como objetivo principal aumentar ou sustentar

vendas e a participação de mercado de uma marca, produto ou serviço. Tal objetivo é

gerenciado pelo departamento de marketing de grandes empresas, em especial fabricantes de

bens de consumo de massa e suas respectivas agências de propaganda. O sucesso na

realização desse objetivo possibilita a continuidade dos empreendimentos, criação de mais

empregos e, conseqüentemente, de futuros investimentos.

Avaliar uma das principais teorias sobre um indicador de mídia, que influencia de

forma direta o investimento em propaganda, representa a possibilidade de prover meios para

construção de um pensamento crítico sobre o tema, e de inspirar novas proposições e

metodologias, que aprimorem a prática do planejamento de mídia assim como, os resultados

esperados de investimentos em propaganda.

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1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Não buscamos com este estudo a validação ou defesa de uma teoria alternativa capaz

de orientar os investimentos em propaganda ou testar algum método concorrente ou

decorrente da teoria da freqüência eficaz. Apenas apontamos conceitos ou teorias que se

mostraram promissores para futuras pesquisas, e que podem prover melhorias no processo de

planejamento de mídia e nos resultados de investimentos em propaganda.

Naples (1979) explorou apenas a influência da freqüência no público-alvo por ser este

o fator que influencia diretamente o valor a ser investido na compra de inserções.

Consideramos este aspecto uma limitação importante, pois a influência de outros fatores como

criação, contexto de mercado, momento do ciclo de vida do produto, entre outros, também

podem produzir um resultado positivo de vendas de uma marca ou produto.

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2. REVISÃO TEÓRICA

2.1. HISTÓRICO

Barban, Kim, Pasadeos e Yi (1997) publicaram o interessante artigo que revisou a

literatura científica sobre o tema planejamento de mídia, no período de 1962 a 1991. Na

introdução do trabalho os autores mencionaram que as decisões relativas à mídia possuíam

um caráter meramente tático até o final dos anos cinqüenta.

Em 1957, três profissionais de propaganda, Lyndon Brown, Richard Lessler e William

Weilbacher, publicaram o livro Advertising Media: Creative Planning in Media Selection,

abordando pela primeira vez a atividade de seleção e compra de inserções de propaganda,

como planejamento de mídia, considerando-a estratégica no contexto geral de marketing.

Outro marco importante foi o artigo acadêmico: How to Estimate Unduplicated

Audiences, do autor francês Jean-Michel Agostini. Este artigo influenciou, à partir do ano

1961, a produção de uma série de novos artigos acadêmicos voltados para o tema

planejamento de mídia.

A revisão de Barban, Kim, Pasadeos e Yi (1997) cobriu 366 artigos publicados em

journals acadêmicos e acadêmico-profissionais (ligados a associações de anunciantes ou

agências de propaganda). O objetivo da revisão foi identificar as principais linhas de pesquisa

e os autores que causaram maior impacto na literatura.

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Avaliando o foco primário dos artigos, o tema ‘estratégia’, que engloba ‘programação

de mídia e orçamento’, foi o tema que mais produziu artigos à partir do período 1972-1981. O

segundo tema mais abordado foi ‘modelos de seleção de mídia’, que engloba ‘modelos de

estimativa de distribuição de freqüência’.

Na análise de citações, os livros de Naples (1979) e de Rust (1986) ficaram entre os

mais citados no último período da pesquisa, 1982-1991. John D. Leckenby aparece como o

autor mais citado, com seus quatro artigos que abordam modelos de estimativa de distribuição

de freqüência e alcance.

Observando o foco primário dos artigos mais publicados e o número de citações ao

livro de Naples (1979), podemos concluir que, ao longo desses anos, houve uma importante

influência da teoria da freqüência eficaz no meio acadêmico e profissional.

Jones (1997, p. 1, tradução nossa) menciona que “poucas doutrinas influenciaram a

prática profissional da propaganda com tamanha intensidade e extensão [...]”. Ainda hoje,

livros recentes como os de Sissors (2001), Shimp (2002), Katz (2004) e Jones (2007), ainda

comentam ou fazem referências à teoria de Naples.

2.2. A DEFINIÇÃO DE FREQÜENCIA E ALCANCE EFICAZES

A definição dos termos freqüência e alcance, comumente usados na atividade de

planejamento de mídia, são importantes para leitura deste trabalho, e para o posterior

entendimento do significado da ‘freqüência eficaz’ de Naples (1979).

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Freqüência e alcance são indicadores importantes para a atividade de planejamento de

mídia. A relação direta entre os dois acabou por levar a criação do termo ‘alcance eficaz’.

Essa relação direta ocorre porque a cada nova inserção de propaganda, em um veículo

de comunicação, um novo número de pessoas é adicionado à audiência da primeira inserção.

Despreza-se a duplicação, ou seja, a mesma pessoa não é computada mais de uma vez.

Segundo Naples (1979) e Sissors (2001) freqüência é o número médio de vezes que os

membros do público-alvo foram expostos a um veículo de comunicação, em um determinado

período de tempo. Sissors (2001) ainda assinala que freqüência é uma média e não um

número absoluto, estando sujeita às características de todas as médias estatísticas, podendo ser

afetada por pontos extremos em uma distribuição.

Katz (2004) enfatiza, de forma muito oportuna, a importância de se compreender o

significado de freqüência como exposição ao veículo de mídia, e não ao comercial. McDonald

(1971 apud NAPLES, 1979, p. 84) criou a expressão “OTS - Opportunity to See” ou

“oportunidade de ver” para reforçar esta compreensão de freqüência, muito utilizada até hoje.

Naples (1979) e Sissors (2001) definem alcance como um número, ou percentual, de

diferentes clientes potenciais, expostos pelo menos uma vez, a um veículo de comunicação

durante um determinado período de tempo. O termo “diferente” indica que ninguém é contado

mais de uma vez.

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Alcance é um indicador da propagação da mensagem que quantifica a amplitude da

recepção em um público-alvo. Refere-se ao percentual de membros do público-alvo exposto

ao meio ou veículo de comunicação.

O alcance também pode ser entendido como medida do acumulo de audiência, em um

dado período de tempo (normalmente de quatro semanas), em um veículo de comunicação,

desprezando-se a duplicação, ou seja, não são computados os espectadores que foram

expostos mais de uma vez. Se considerássemos a mesma pessoa duas, três ou mais vezes, a

audiência seria superestimada. (KATZ, 2004; LANCASTER; KATZ, 1989; NAPLES, 1979;

SHIMP, 2002; SISSORS, 2001).

Leckenby e Kim (1994) realizaram uma pesquisa sobre a visão dos diretores de mídia

em relação a métodos de estimativa do alcance a cada nível de freqüência. Os autores

identificaram os indicadores de mídia mais utilizados nos EUA, Japão e Taiwan. A Tabela 1

apresenta os resultados da pesquisa:

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Tabela 1 - Comparativo dos indicadores mais utilizados EUA, Japão, Taiwan.

Indicador de Mídia EUA 82 EUA 93 Japão 89

Taiwan 91

Alcance (audiência não duplicada) do plano junto ao público-alvo 93,4% 81,0% 73,9% 89,2%

CPM no target 89,0% 77,8% 80,4% 97,3%

Fatores qualitativos referentes aos veículos utilizados 87,9% 77,8% 78,3% 35,1%

Custo total do Plano de Mídia 85,7% 77,8% 84,8% 70,3%

Distribuição de freqüência observando o percentual de público alcançado em cada nível de freqüência.

84,6% 74,6% 54,3% 73,0%

GRP 91,2% 73,0% 78,3% 91,9%

Freqüência média do plano 90,1% 73,0% 65,2% 86,5%

Continuidade 59,3% 68,3% - -

Distribuição da verba por meio de comunicação 53,8% 50,8% 0,0% 43,2%

Fonte: LECKENBY, John D; KIM, Heejin. How Media Directors View Reach/Frequency Estimation: now and a decade ago. Journal of Advertising Research, 1994. p. 9

Podemos observar que o indicador alcance apareceu como o mais utilizado nos EUA,

em duas pesquisas realizadas com uma década de diferença. Os profissionais do Japão e de

Tawain assinalaram indicadores relacionados a custo, CPM – Custo por Mil (custo para

atingir mil pessoas do público-alvo) e Custo Total do Plano, respectivamente, como os mais

utilizados. Talvez os profissionais asiáticos não tenham observado que alcance e freqüência

exercem influência direta no valor de um plano de mídia. É preciso comprar mais espaços e

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tempos de propaganda, para expor um número maior de pessoas diferentes a um determinado

número de mensagens.

Os autores pesquisaram ainda o grau de importância de cada indicador de mídia,

segundo a visão dos profissionais americanos, envolvidos com planejamento de mídia.

Tabela 2 - Freqüência relativa da importância dos indicadores de mídia.

Grau de importância de 5 (+) a 1 (-)

Indicador de Mídia 5 4 3 2 1

Alcance (audiência não duplicada) do plano junto ao público-alvo 53,1% 12,5% 12,5% 9,4% 3,1%

CPM no target 0,0% 9,4% 6,3% 31,3% 18,8%

Fatores qualitativos referentes aos veículos utilizados 9,4% 15,6% 18,8% 9,4% 0,0%

Custo total do Plano de Mídia 31,3% 6,3% 6,3% 9,4% 12,5%

Distribuição de freqüência observando o percentual de público alcançado em cada nível de freqüência.

0,0% 6,3% 12,5% 3,1% 15,6%

GRP 0,0% 9,4% 12,5% 15,6% 25,0%

Freqüência média do plano 0,0% 28,1% 15,6% 9,4% 15,6%

Continuidade 0,0% 0,0% 12,5% 6,3% 3,1%

Distribuição da verba por meio de comunicação 6,3% 12,5% 3,1% 6,3% 6,3%

Fonte: LECKENBY, John D; KIM, Heejin. How media directors view reach/frequency estimation: now and a decade ago. Journal of Advertising Research, 1994. p.10

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Resumindo, a pesquisa demonstra que o alcance além de ser o indicador mais utilizado

é também o mais importante entre os profissionais americanos. Para nós faz muito sentido,

pois quanto maior o número de pessoas diferentes expostas à mensagens de propaganda,

maior será a probabilidade de se obter um aumento nas vendas.

Uma vez que já definimos o conceito de freqüência e alcance, além da sua importância

no planejamento de mídia, podemos partir para definição dos termos freqüência eficaz e

alcance eficaz. Cannon, Leckenby e Abernethy (2002) apresentam a mais recente definição

integrando os dois conceitos:

Freqüência eficaz refere-se, de uma forma geral, ao número médio de inserções em um veículo

de comunicação, frequentemente chamado de OTS - Opportunities to See, necessárias para que

ocorra uma exposição eficaz dos membros de uma audiência. Alcance eficaz é o número (ou

percentual) de um público-alvo que é exposto a esse número de freqüência. (CANNON;

LECKENBY; ABERNETHY, 2002, p. 33, tradução nossa).

A menção ao ‘número médio de exposições’ necessita ser interpretada com cuidado

para não haver um entendimento errado sobre o conceito de freqüência eficaz, pois freqüência

média de um plano de mídia não corresponde à freqüência eficaz.

Sissors (2001) lembra que a freqüência média dos planos de mídia não são, na maioria

das vezes, iguais à freqüência eficaz. O autor destaca que os indicadores comuns de alcance e

freqüência não se relacionam diretamente com os efeitos que um plano de mídia pode

produzir. Eles apenas representam oportunidades que o público-alvo tem para ver um

comercial ou, como já mencionado acima, OTS – Opportunities to See.

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Cannon e Riordan (1994) descrevem que freqüência e alcance eficazes representam

duas perspectivas sobre a mesma questão. A freqüência eficaz se refere à quantidade de

exposições necessárias para que um comercial se torne eficaz; enquanto que alcance eficaz

aponta o número ou percentual de pessoas expostas a esse número de exposições.

Sissors (2001, p. 33, tradução nossa), explica que o conceito de “freqüência eficaz

sugere que variados níveis de repetições de propaganda podem ser mais (ou menos) eficazes

para comunicar mensagens de uma marca ou vender a marca propriamente dita”.

Sissors (2001, p. 142, tradução nossa) ainda cita que os planejadores de mídia que

utilizam freqüência eficaz procuram estimar “o número de repetições necessárias para atingir

os objetivos de comunicação da empresa, tais como conseguir o conhecimento de marca, a

mudança de atitude, a mudança de marca e a lembrança das mensagens”.

A definição do autor pode gerar questionamentos sobre o que realmente deve ser

considerado como efeito ‘eficaz’ das exposições. Entre os objetivos de comunicação citados

por Sissors, ‘conhecimento de marca’ pode não estar necessariamente ligado ao aumento de

vendas, assim como ‘mudança de atitude’, que foi citado de forma vaga e não especificamente

ligado à compra de uma marca ou produto. Em um dos estudos revisados por Naples (1979) é

citado o ‘aumento na probabilidade de compra’, em outro, a ‘preferência por marca’.

Ostrow (1984) considerou como efeito ‘eficaz’ a capacidade de produzir ações

desejáveis nos consumidores-alvos como: compreensão da mensagem, atitude positiva em

relação à marca ou produto e influência nas decisões de compra.

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Goodrich (2001) e Sissors (2001) inspirados pelas ponderações de Ostrow (1984)

apresentaram um método de ponderação de fatores de marketing, mídia e criação que auxilia

na definição de níveis de freqüência eficaz, em planos de mídia.

Não identificamos na revisão de literatura uma descrição que pudesse ser considerada

a mais usual entre praticantes e acadêmicos sobre o efeito ‘eficaz’ da freqüência. A idéia

proposta por Sissors (2001) que a ‘eficácia’ representa a realização dos objetivos de

comunicação, independente de estarem relacionados ou não com vendas, é aceitável.

Podemos considerar como objetivo de marketing a sustentação de vendas e não apenas o

aumento vendas, ou ainda aumento de consciência de marca, sem aumento vendas.

Para esse estudo, onde pretendemos verificar a aplicabilidade da teoria como

orientadora de decisões de investimentos que possam gerar retorno aos anunciantes,

consideraremos como efeito ‘eficaz’ o aumento de vendas de uma marca, produto ou serviço.

Apesar de ser bastante óbvio para praticantes e acadêmicos envolvidos com o tema,

vale lembrar que a freqüência não é o único fator capaz de produzir um efeito desejável de

comunicação junto ao consumidor. Outros fatores como a criação do anúncio, posicionamento

da marca no mercado, nível de competitividade na categoria do produto, momento do ciclo de

compra, também podem afetar a eficácia da propaganda.

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2.3. A TEORIA DA FREQÜENCIA EFICAZ

Naples (1979) procurou identificar, revendo diversos estudos, um nível de freqüência

que pudesse ser considerado eficaz em termos de produzir um aumento de vendas. O autor

relembra, em artigo publicado em 1997, o objetivo de seu livro:

A abordagem do livro foi produzir uma informação objetiva e inteligível para planejadores de

mídia. Esta orientação pragmática permitiu que surgisse um conceito que evitasse ao mesmo

tempo uma subutilização de propaganda, considerada como ineficaz, e o excesso de utilização

que a tornaria ineficiente. (NAPLES, 1997, p. 7, tradução nossa).

De todos os estudos revisados por Naples (1979), três deles influenciaram

notadamente a formulação da Teoria da Freqüência Eficaz. O primeiro deles é o de McDonald

(1971 apud NAPLES, 1979) que identificou como número mínimo de uma freqüência eficaz

o de duas exposições a um veículo de comunicação, dentro do período do ciclo de compra do

produto. A pesquisa observou os hábitos de mídia e compras de um grupo de 255 donas-de-

casa na Inglaterra. Naples (1979) dedica um capítulo inteiro de seu livro à análise do estudo

de McDonald e reproduziu na íntegra o premiado artigo, em um apêndice de seu livro.

O segundo estudo é o de Krugman (1972) realizado para General Eletric Company que

defende a teoria ‘three-hit’, onde o número máximo de uma freqüência eficaz seria o de três

exposições. Cannon, Leckenby e Abernethy (2002), citando o estudo de Krugman (1972),

afirmam que ele conseguiu capturar de forma eficiente a imaginação de anunciantes e

agências, sugerindo ser consistente a existência de um limite na freqüência eficaz.

Krugman (1972) afirma que a primeira exposição provocaria no consumidor potencial

a indagação: “O que é isso ?”. A segunda exposição, uma nova indagação: “O que se ganha

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ou se espera disso ?”, ajudando a formular uma resposta a uma necessidade específica em

comparação com outras marcas. A terceira exposição seria um lembrete das duas primeiras e

marcaria o início do período onde o nível de atenção à mensagem cai.

O terceiro estudo que influencia notadamente a teoria de Naples é o de Grass e

Wallace (1968), realizado para Dupont. No estudo é proposto que a freqüência eficaz deve ser

entendida como uma faixa entre três e oito exposições, dentro de um período de um mês.

Os estudos de Grass e Wallace (1968), realizado em laboratório para observação de

níveis de atenção e interesse em mensagens publicitárias, e o de Jakobovits e Appel (1965

apud NAPLES, 1979), foram inspirados no trabalho de Ebbinghauss (1885 apud NAPLES,

1979) focado no estudo psicológico do aprendizado humano. Ambos estudos buscaram

identificar um limite máximo de exposições.

A partir deste limite, o espectador não apresentaria mais estímulo ou interesse pela

mensagem; o número limite sugerido estaria entre três e quatro exposições e as curvas

encontradas apresentaram um formato de ‘U’ invertido, revelando um ápice de absorção da

mensagem, com um posterior decréscimo. A coincidência do formato das curvas nos três

estudos levou Naples (1979) a considerar o estudo psicológico do aprendizado humano como

mais um argumento a favor de sua teoria.

É importante mencionar que a curva de distribuição de freqüência em relação à

resposta à propaganda é decrescente. Na medida em que aumenta o número de exposições, o

número de pessoas que assistiu a todas as mensagens vai se tornando muito pequeno,

sugerindo haver um limite de resposta. (KATZ, 2003; NAPLES, 1979; SISSORS, 1996).

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McDonald (1971 apud NAPLES, 1979) comprovou que a curva de uma freqüência

eficaz possui inevitavelmente um formato em ‘S’, demonstrando haver um número de

inserções a partir do qual a resposta à propaganda subiria significativamente. A figura abaixo

demonstra o formato da curva ‘S’ de resposta de propaganda.

Resposta

Freqüência

Figura 1 - Curva de resposta à freqüência eficaz de McDonald

Entre as 12 conclusões apresentadas por Naples (1979), algumas produziram maior

impacto e repercussão entre profissionais e acadêmicos ligados à atividade de planejamento

de mídia. Transcrevemos a seguir as conclusões que julgamos mais importantes, com suas

respectivas numerações originais (NAPLES, 1979, p. 63, tradução nossa).

Conclusão 1: Uma exposição à propaganda produz pouco ou nenhum efeito junto ao público-

alvo.

Conclusão 2: Sendo uma exposição usualmente ineficaz, o planejamento de mídia deve ter

como objetivo principal enfatizar e aprimorar a freqüência, em vez de alcance.

Conclusão 3: Fortes evidências sugerem que duas exposições, dentro do ciclo de compras de um

produto, é um nível eficaz de freqüência.

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Conclusão 4: Acreditamos que um nível de pelo menos três exposições, dentro do ciclo de

compra de um produto ou em um período de quatro semanas, representa um nível ótimo de freqüência.

Conclusão 5: Além de três exposições, dentro do ciclo de compras do produto ou em períodos

superiores a quatro semanas, a propaganda começa a produzir efeitos decrescentes junto ao público-

alvo, mas ainda sem evidências de declínio.

Conclusão 7: Marcas mais conhecidas e com maior participação de mercado apresentam efeitos,

relacionados à freqüência de exposições, diferentes dos observados em marcas menos conhecidas e

com menor participação de mercado. Essas últimas se beneficiam mais com o aumento da freqüência.

As conclusões de Naples (1979) sugerem que duas a três exposições a freqüência pode

ser considerada eficaz. A partir do nível de três exposições o efeito da propaganda junto aos

consumidores potenciais começaria a decair, mas sem apresentar ainda, uma ineficiência em

termos de resultado. Desse modo, o autor deixa em aberto qualquer conclusão sobre um nível

máximo de exposições. Talvez, por este motivo tenha surgido o conceito ‘three plus’ ou 3+,

citado em alguns livros como no de Sissors (2001, p. 145).

2.4. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DO ALCANCE EFICAZ

Entre os autores pesquisados para este estudo, Shimp (2002), apresentou a melhor

forma de definir e exemplificar os cálculos de alcance, freqüência e GRP - Gross Rating

Point. O GRP se relaciona diretamente com os dois primeiros indicadores (alcance e

freqüência) e seu significado será explicado mais adiante. Dois conceitos são especialmente

importantes para a compreensão de métodos de estimativa do alcance eficaz: distribuição de

freqüência e freqüência acumulada.

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Exemplos de distribuição estatística de freqüência, considerando alcance e freqüência

de exposições, são apresentados, respectivamente, nas Tabelas 3 e 4, reproduzidas do livro de

Shimp (2002).

Tabela 3 – Distribuição hipotética de freqüência

Membros do público-alvo Semana

A B C D E F G H I J

Total de exposições

1 X X X X X 5

2 X X X X X 5

3 X X X X X 5

4 X X X X X 5

Total de exposições 2 4 0 3 2 1 3 1 2 2

Fonte: adaptação da tabela 14.1 de SHIMP, Terence A. Propaganda e Promoção: aspectos complementares da comunicação integrada de marketing. p. 346.

A Tabela 3 fornece informações sobre a exposição à propaganda de dez membros do

público-alvo, no período de quatro semanas consecutivas. O membro A, por exemplo, foi

exposto aos anúncios duas vezes, uma na semana dois e outra na semana três; C nunca foi

exposto aos anúncios; F foi exposto apenas uma vez na semana quatro; e assim por diante.

Na Tabela 4 a distribuição de freqüência representa o percentual de membros do

público (percentual f ) exposto ‘f’ vezes à propaganda, onde f = 0, 1, 2, 3 ou 4. A coluna

freqüência cumulativa (percentual f+) indica o percentual de membros do público expostos a

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um determinado nível de exposições ou acima dele. Por exemplo: 70% foram expostos duas

ou mais vezes aos anúncios (SHIMP, 2002).

Tabela 4 – Resumo estatístico da distribuição de freqüência

Distribuição de freqüência ( f ) Percentual f Percentual f+ Membros do público

0 10% 100% C

1 20% 90% F, H

2 40% 70% A, E, I, J

3 20% 30% D, G

4 10% 10% B

Alcance (exposições 1+) = 90

Freqüência = 2,2

GRP = 200

Fonte: adaptação da tabela 14.1 de SHIMP, Terence A. Propaganda e Promoção: aspectos complementares da comunicação integrada de marketing. p.346

Na Tabela 4 também é possível observar a freqüência e o alcance eficazes. Nota-se

que 90% do público foi exposto a um ou mais anúncios, ou seja, para f =1, o percentual de f

1+ é igual a 90. Esse número representa o alcance desse esforço de propaganda: 90% do

público-alvo foi exposto ao anúncio, uma ou mais vezes, durante o período de quatro semanas

(SHIMP, 2002).

O indicador “freqüência” é a média da distribuição de freqüência. No caso

apresentado, a freqüência é igual a 2,2. Ou seja, 20% foi alcançado uma vez, 40% foi

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alcançado duas vezes, 20% foi alcançado três vezes e 10% quatro vezes. Ou, de forma

aritmética (SHIMP, 2002).

=

~ _

200

(1 x 20) + (2 x 40) + (3 x 20) + (4 x 10) Freqüência = 2,2

90 90

Outro indicador que é muito utilizado em planejamento de mídia é o peso da

propaganda, necessário para atingir os objetivos de comunicação ou GRP. Observando a linha

inferior da Tabela 4, nota-se que a programação hipotética gerou 200 GRPs. O GRP é um

indicador da quantidade de peso bruto, ou simplesmente peso, que uma determinada

programação é capaz de gerar. O número de GRPs indica a cobertura bruta ou público

duplicado que é exposto à propaganda, diferente do alcance que é a cobertura líquida ou

público não-duplicado (SHIMP, 2002).

Voltando ao exemplo hipotético, o alcance (cobertura líquida, público não-duplicado)

é de 90 %. Os pontos de GRP (cobertura bruta, público duplicado) chegam a 200, pois os

membros do público são expostos múltiplas vezes (2,2 vezes em média) ao veículo durante a

programação de quatro semanas (SHIMP, 2002).

GRPs = Alcance X Freqüência = 90 X 2,22 = 200

Na prática muitos planejadores de mídia fazem compras de inserções decidindo

quantos GRPs são necessários para atingir objetivos estabelecidos. Porém como a distribuição

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de freqüência estatística de alcance e freqüência é desconhecida, os planejadores de mídia

precisam de alguma outra forma para determinar quantos GRPs vão resultar de uma

determinada programação (SHIMP, 2002).

Na verdade, há uma forma simples de se calcular o GRP: supondo que um público-

alvo é de 25 milhões de consumidores e que 1,8 milhões de membros desse público lêem uma

determinada revista. O índice para esta revista seria igual a 1,8 / 2,5 = 0,072. Como os

profissionais utilizam números inteiros, o índice seria de 7,2 pontos. Para calcular o GRP

basta multiplicar o índice pela quantidade de inserções previstas na programação (SHIMP,

2002).

Muitos planejadores e anunciantes criticam o indicador GRP, argumentando que ele se

baseia em uma suposição duvidosa de que cada exposição teria o mesmo efeito no público-

alvo. Por este motivo, profissionais e acadêmicos começaram a desenvolver o conceito de

eficácia de mídia. Os termos alcance eficaz e freqüência eficaz são geralmente usados de

forma intercambiável para demonstrar que um programa de mídia possui um número

suficiente, mas não excessivo, de anúncios para o público-alvo (SHIMP, 2002).

Na Tabela 4 observa-se claramente que a freqüência de duas exposições é a mais

eficaz: 40% dos membros da audiência foram expostos duas vezes ao comercial. Este foi o

nível de exposições que acumulou o maior percentual de público. Conseqüentemente, o

alcance eficaz corresponde a este número de exposições, ou seja, 70% da audiência não

duplicada.

Como já mencionado, dados sobre a distribuição da audiência em cada nível de

freqüência nem sempre são obtidos de forma direta. Baseada na teoria da probabilidade, Ha

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(1995) avalia a concepção e implicação teórica de quatro modelos de distribuição estatística,

capazes de estimar o alcance a cada nível de freqüência: a distribuição beta-binomial, a

distribuição multinomial de Dirichlet, modelo de expansão canônica e a distribuição

multinomial de Dirichlet modificada. Tais modelos são variantes da tradicional distribuição

binomial que pode ser calculada de forma bastante simplificada através de planilhas

eletrônicas, em computadores pessoais, como a Excel da Microsoft (2007).

Leckenby e Kim (1994) pesquisaram, nas 200 maiores agências de propaganda dos

Estados Unidos, como os diretores de mídia lidavam com a freqüência e alcance. No

questionário aplicado, uma das perguntas teve como foco o uso dos quatro modelos citados

por Ha (1995), ao lado de outros quatro modelos: a distribuição beta-binomial negativa,

distribuição de Metheringham e a distribuição beta-matrix.

Algumas das distribuições citadas e testadas são distribuições compostas, muito

utilizadas em estatística Bayesiana. Por exemplo, beta é uma distribuição e binomial é outra

distribuição.

Uma distribuição pode condicionar a população a um determinado parâmetro. Outra

descreve este parâmetro condicionando-o a outra variável. No caso específico de exposições à

propaganda uma distribuição pode condicionar, no âmbito de uma determinada probabilidade,

a exposição ou não do público a uma mensagem de propaganda e outra distribuição pode

condicionar esta probabilidade a um parâmetro ligado, somente, ao veículo de comunicação.

Leckenby e Kim (1994) identificaram modelos que empregavam as distribuições beta-

binomial, de Metheringham ou beta-matrix, e concorriam diretamente, em termos de

utilização, com dois softwares especificamente desenvolvidos para realizar estas estimativas,

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IMS Interactive Market System – IMS e o Telmar. Apresentamos na tabela abaixo os

resultados obtidos pelos pesquisadores:

Tabela 5 – Métodos usados para estimar alcance e freqüência nos EUA

Alcance Freqüência Método

Número Percentual Número Percentual

IMS 26 26,00% 23 25%

TELMAR 18 18,00% 17 18,50%

Metheringham 15 15,00% 12 13,00%

Beta Binomial 12 12,00% 14 15,20%

Modal II 9 9,00% 8 8,70%

Mediac 2 2,00% 2 2,20%

Simulação 4 4,00% 3 3,30%

Beta Matrix 3 3,00% 3 3,30%

Binomial Negativa 1 1,00% 1 1,10%

Outros 9 9,00% 0 0,00%

Total 100 100,00% 92 100,00%

Fonte: LECKENBY, John D; KIM, Heejin. How media Directors view reach/frequency estimation: now and a decade ago. Journal of Advertising Research,1994.p.13

Distribuições estatísticas que estimam freqüência e alcance permanecem como foco de

pesquisa de vários autores. Leckenby e Hong (1998) realizaram um estudo para verificar a

viabilidade de algumas distribuições em estimar alcance e freqüência em oito diferentes sites

da Internet, comparando com dados reais de audiência do Instituto Media Metrix, The PC

Meter Company. O estudo demonstrou que os modelos de distribuição estatística obtiveram

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uma boa performance para este tipo de mídia, assim como obtiveram no passado quando

confrontados com os meios revista e televisão.

Foram utilizados os seguintes modelos para estimativa da distribuição de freqüência:

distribuição binomial (DB), distribuição beta binomial (DBB), distribuição por agregação

seqüencial (DAS), distribuição multinomial de Dirichlet (DMD), distribuição beta binomial

de Hofman (DBBH) e a distribuição beta condicional (DBC). O resultado encontra-se na

tabela abaixo:

Tabela 6 – Modelos de estimativa estatística: comparação de distribuição do alcance a

cada nível de freqüência no meio Internet.

Observado DB DBB DAS DMD DBBH DBC Nº de exposições

% % % % % % %

0 72,63 68,46 72,31 72,12 72,72 72,04 71,90

1 20,01 26,78 20,56 20,51 19,24 20,14 21,18

2 5,84 4,36 5,54 6,35 6,80 7,20 5,48

3 1,10 0,38 1,30 0,86 1,07 0,32 1,20

4 0,38 0,2 0,25 0,15 0,15 0,29 0,21

5 0,04 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,02

6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Fonte: LECKENBY, John D.;HONG.J. Using reach/frequency for web media planning. Journal of Advertising Research,1998.p.12

Consideramos esse estudo apropriado para ilustrar a utilização de métodos de

distribuição estatística para estimar o alcance a cada nível de freqüência, tanto pela atualidade

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deste meio Internet, como por sua relevância em termos de crescimento de audiência a cada

ano. Reproduzimos no Anexo 1 as descrições, sobre cada modelo de distribuição estatística,

realizadas pelos autores no estudo em questão.

Ainda exemplificando a aplicação de distribuições binomiais para estimativas de

alcance a cada nível de freqüência, Siegel (1994) apresenta o seguinte exemplo de cálculo de

probabilidade de sucesso (a serem vistas pelo público-alvo) de três inserções de propaganda,

em um total de cinco inserções veiculadas. No exemplo do autor, a probabilidade de sucesso é

p = 0,8.

P (X = x) : percentual de sucesso de ‘x’ tentativas

n : número de tentativas

p : probabilidade de sucesso de cada tentativa

P ( X= x ) = x p x ( 1 – p ) ( )n x

x ( n – x )

P ( X = 3 ) = x 0,8 x (1 – 0,8)

( )5 3

3 (5-3)

= x 0,8 x 0,2 = 0,2048 = 20,5 % 3 2 5 ! 3 ! x (5 – 3) !

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A resposta indica que o alcance, em nível de freqüência três, será de 20,5% do

público-alvo, ou seja, este será o percentual de público que será exposto a três inserções de

propaganda.

O autor ainda demonstra, em seu exemplo, o cálculo para estimar o percentual total do

público-alvo exposto a partir do nível de freqüência de três inserções.

P = ( X ≥ 3 ) = P ( X = 3 ) + P ( X = 4 ) + P ( X = 5 ) = 0,94 = 94%

O resultado indica uma estimativa de noventa e quatro por cento do público-alvo

exposto de três a cinco vezes à mensagem publicitária.

Aproveitando o exemplo de Siegel (1994) demonstramos a seguir que o mesmo

cálculo, para estimativa do alcance, pode ser feito de forma simplificada por meio de uma

planilha Excel. A Figura 2 mostra a planilha exibindo a estimativa de alcance para cada nível

de freqüência. Podemos observar o valor de 20,5%, no nível de freqüência 3, e a soma dos

três últimos níveis de freqüência como sendo 94 %.

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Figura 2 – Exemplo de Siegel calculado no Excel

Para obter os resultados, basta clicar com o mouse em cada célula onde será calculado

o percentual de alcance, para depois selecionar a opção ‘função’, no menu ‘inserir’. Uma

caixa de dialogo irá aparecer com uma listagem de funções, seleciona-se a função

DISTRBINOM. Após a escolha da função, surge uma pequena tela para selecionar as células

que contém cada variável da função que será calculada. O programa ainda oferece opções

para função binomial negativa e beta binomial. A Figura 3 mostra para seleção das células

que contém as variáveis.

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Figura 3 – Tela para definição dos parâmetros da distribuição

A função binomial simples calcula o percentual de pessoas que não serão expostas a

mensagem como igual a zero, representando uma estimativa pouco provável que acaba

superestimando o percentual de alcance nos outros níveis freqüência. Se utilizássemos como

função a distribuição binomial negativa, que prevê o número de insucessos, este erro de

estimativa seria facilmente corrigido. O nível de freqüência zero passaria a corresponder a 5

insucessos e apresentaria um percentual de público não exposto à mensagem de propaganda

diferente de zero. Apesar de o programa possuir fórmulas para distribuições compostas,

algumas necessitam que sejam inseridas suas fórmulas.

O livro de Rust (1986), um dos mais citados no estudo de Barban, Kim, Pasadeos e Yi

(1997) juntamente com o de Naples (1979), apresenta as fórmulas das principais distribuições

estatísticas de freqüência usadas para estimar alcance e freqüência.

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Uma abordagem prática sobre a utilização de estimativas de distribuição de freqüência

foi apresentada por Cannon Leckenby e Abernethy (2002). Os autores apresentam um método

de planejamento chamado Frequency Value Planning e inseriram uma coluna que calcula o

GRP, a partir do alcance estimado em cada nível de freqüência, além de outra que calcula o

custo por ponto GRP. Aproveitando a tabela dos autores inserimos uma nova coluna com o

custo por mil pessoas atingidas – CPM , afim de exibir mais um indicador de valor, a cada

nível de freqüência. A fórmula para cálculo do CPM é:

CPM = nº de pessoas expostas x 1.000

valor total de inserções

Na tabela é calculado o custo por mil para cada nova inserção. Na Tabela 7, o custo

inserido na fórmula é sempre o de 1 (uma) inserção; assim pode-se visualizar o custo para

atingir mil pessoas a cada nova compra de inserção. Como o alcance tende a cair, a partir de

um determinado nível de freqüência, o CPM tenderá a ser proibitivo ou ineficiente.

Da mesma forma, o custo por ponto GRP aumentará tornando ineficiente a compra de

mais um inserção. Lembrando a fórmula do GRP:

GRP = Alcance X Freqüência

Para obter valores monetários expressos em moeda nacional, consideramos o custo de

1 (uma) inserção igual a R$ 10.000,00 e o público-alvo total de 230.000 pessoas.

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Tabela 7 – Valor da freqüência em GRP e CPM

Nº de exposições Alcance GRP Custo por ponto GRP CPM

0 40,00% 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

1 10,50% 10,50 R$ 952,38 R$ 414,08

2 11,11% 22,22 R$ 900,09 R$ 391,34

3 16,59% 49,77 R$ 602,77 R$ 262,08

4 12,00% 48,00 R$ 833,33 R$ 362,32

5 5,81% 29,05 R$ 1.721,17 R$ 748,33

6 2,76% 16,56 R$ 3.623,19 R$ 1.575,30

7 1,02% 7,14 R$ 9.803,92 R$ 4.262,57

8 0,15% 1,20 R$ 66.666,67

9 0,04% 0,36

10 0,02% 0,20

Fonte: Adaptação da Tabela 5 de CANNON,Hugh M.; LECKENBY,John D.; ABERNETHY, Avery Beyond effective frequency: evaluating media schedules using frequency value planning. Journal of Advertisement Research, 2002

A tabela apresenta duas constatações importantes, a primeira é o decréscimo de GRPs

a partir da terceira inserção e o conseqüente aumento do custo por ponto GRP. A segunda é o

aumento do custo por mil, também a partir terceira inserção. O caso pesquisado pelos autores

possui uma freqüência eficaz de três exposições. A freqüência de três exposições atinge o

maior percentual de alcance, o menor custo por ponto GRP e o menor custo por mil.

Os autores defendem a idéia que estimando o alcance, a cada nível de freqüência, para

um veículo de comunicação, pode-se evitar a programação ou compra excessiva de inserções.

A estimativa de alcance permite observar uma relação ineficiente de custo-benefício, tanto por

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ponto GRP como por CPM, nos níveis de freqüência onde o alcance é muito baixo; portanto

pode-se evitar a aquisição de mais inserções.

É importante mencionar não foram calculados: os dois últimos níveis de custo GRP

por serem menores que 1 ponto e os três últimos níveis de CPM, por apresentarem um

percentual que representa um número inferior a mil pessoas.

Katz (2004, p. 131) lembra da importância dos planejadores saberem “quantas pessoas

são atingidas quantas vezes (uma, duas, três vezes ou mais)”; menciona, também o uso atual

de ‘modelos de mídia’ que realizam, por meio de softwares, cálculos de distribuição de

freqüência, tanto de um único veículo, como de um plano com múltiplos veículos de

comunicação.

Ha (1995) avaliou as principais distribuições estatísticas e ‘modelos de mídia’. Na

avaliação sobre potencial dos modelos, a autora afirma que a maioria deles se restringe a

estimar o alcance em veículos dos meios: televisão, revistas e jornais. Tais meios de

comunicação eram, praticamente, os únicos que disponibilizavam dados de audiência

atualizados e confiáveis.

Em sua pesquisa junto às 50 maiores agências dos EUA, Turk (1988) já havia

identificado esta limitação na aplicação do conceito da freqüência eficaz. Seu estudo revelou

que 100% dos entrevistados utilizavam o conceito no meio TV e 82,6% em revistas. Para o

meios jornal e rádio a utilização caiu para 43,5% e 39,1%, respectivamente.

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Apesar das restrições em termos de utilização, ‘modelos de mídia’ podem

desempenhar um papel fundamental na definição de um nível de freqüência eficaz e de um

limite de inserções. Observando essas duas variáveis o planejador pode controlar o

investimento em inserções de propaganda, evitando minimizações ou maximizações

desnecessárias. Turk e Katz (1992) mencionam que, apesar de haver diferentes opiniões sobre

os valores de mínimo e máximo de freqüência, a noção de haver uma faixa eficaz de

exposições é bem estabelecida entre os planejadores.

Alguns autores dedicaram esforços para encontrar o nível de freqüência que

representasse o limite superior de exposições. Pechmann e Stewart (1988 apud TELLIS,

1997) por meio de estudos empíricos (de campo) concluíram que o recall1 de um comercial

aumenta até o nível máximo de doze exposições, veiculadas em um período de dois meses. Os

mesmo autores indicam, em suas conclusões, que ocorrem desgastes nos efeitos da

propaganda a partir da quarta exposição; uma vez que, níveis altos de exposição levam o

consumidor a rejeitar a mensagem e interpretá-la como tediosa.

Em seu estudo sobre o comportamento da curva de resposta à propaganda, Tellis

(1997) demonstra os três tipos de efeitos em um consumidor potencial: familiarização a

mensagem, nível de atenção e tédio. A Figura 4 apresenta as três curvas de resposta:

1 Índice de lembrança do comercial verificado em pesquisas realizadas junto ao público-alvo.

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Resposta à propaganda

familiarização

perda de atenção

Freqüência

tédio

Figura 4 – Curva de resposta à propaganda para três efeitos

O artigo Are you Overadvertising ? de Aaker e Carmam (1982) aborda o tema sobre

limite máximo de inserções de forma muito abrangente, revisando estudos empíricos e

econométricos, sobre os efeitos da propaganda nas vendas de uma marca ou produto.

Os autores utilizam, em parte de suas conclusões, os estudos econométricos do francês

Lambin (1970, 1972, 1976, 1975 apud AAKER E CARMAM, 1982), pioneiro na construção

e análise da curva convexa de resposta à propaganda.

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Os estudos pesquisados foram classificados de acordo com cinco tipos de efeitos:

1) demanda de uma marca a curto prazo;

2) efeito contínuos de curto-prazo;

3) efeito de demanda primária;

4) respostas em mercados competitivos ao aumento e diminuição de propaganda;

5) efeito de longo-prazo sobre a criação, manutenção e decadência da fidelidade à

marca.

Os cinco efeitos permitem ao leitor, uma informação sobre o vários efeitos da

freqüência. Ao contrário de um único efeito como sugerido por Naples (1979).

Aaker e Carmam (1982) relatam diversas ocorrências de excesso de propaganda e

casos onde a redução da propaganda não ocasionou diminuição no volume de vendas. Um

ponto interessante abordado pelos autores seria o motivo que estaria levando as empresas

anunciar mais do que o necessário. A motivação estaria na desconfiança de que sistemas de

recompensas poderiam estar influenciando gerentes de marketing, levando-os a evitar

reduções no orçamento de propaganda, por estarem vinculadas à metas de vendas. Um

conflito semelhante ocorreria nas agências de propaganda, pois parte significativa de seus

faturamentos são comissões pagas pelos veículos de comunicação, em função do valor

investido em inserções.

Os efeitos negativos, decorrentes de excessos de exposições à propaganda em

consumidores potenciais, é uma questão importante que deveria ser evitada por meio de

estimativas de alcance e freqüência.

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2.5. PRINCIPAIS LIMITAÇÕES E CRÍTICAS

O conceito da freqüência eficaz tem sido aceito pela maioria dos praticantes de

planejamento de mídia nos EUA, conforme relatado por Cannon, Leckenby e Abernethy

(2002). No entanto, alguns autores dedicaram esforços para entender o conceito e

encontraram algumas limitações relevantes que destacamos a seguir.

Cannon e Riordan (1994) abordaram três pontos que julgaram importantes como

limitadores do conceito de freqüência eficaz. O primeiro deles, como citado anteriormente,

seria sobre a natureza da curva de resposta sugerida pelos defensores da teoria da freqüência

eficaz, uma vez que esta apresentaria um formato em ‘S’.

Os autores apresentam em seu trabalho a curva ‘S’ encontrada por Stankey (1989 apud

CANNON; RIORDAN, 1994) que apresenta um efeito de resposta positivo na primeira

exposição, diferente da encontrada por McDonald (1971 apud NAPLES, 1979) onde o efeito

é negativo.

A curva, mostrada na Figura 5 é considerada, atualmente, como a que melhor

representa a resposta de uma programação de mídia, baseada no conceito de freqüência eficaz.

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Resposta

Freqüência

Figura 5 - Curva de resposta à freqüência eficaz de Stankey

Em contraponto, os autores recorrem à pesquisa de Simon e Arndt (1980 apud

CANNON; RIORDAN, 1994) que revisando 100 estudos sobre a natureza da curva de

resposta à propaganda, concluíram que a maioria, com exceção de apenas dois, determinava

curvas no formato convexo.

A curva convexa, obviamente, deve ser amplamente aceita pelos profissionais de

marketing direto, pois ela demonstra que a partir da primeira mensagem um efeito de atitude

de compra já pode ocorrer em membros do público-alvo.

Além disso, como mostrado na Figura 6, o formato da curva confirma a existência de

um limite de resposta superior, onde o investimento em propaganda produz resultados cada

vez menos rentáveis em termos de resposta.

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Resposta à propaganda

Freqüência

Figura 6 – Curva convexa de resposta à propaganda

Cannon e Riordan (1994) sustentam não haver sentido em definir um número mínimo

de exposições, a partir do qual começaria a ocorrer uma resposta à propaganda. De qualquer

forma, é importante enfatizar que a natureza das duas curvas, convexa e ‘S’, revelam a

existência de um limite superior.

O segundo ponto abordado por Cannon e Riordan (1994) mostra que parte do

desenvolvimento da teoria baseou-se em simples OTS - Opportunity too see, o que significa

apenas a exposição ao veículo de comunicação e não ao comercial em si. O termo OTS foi

criado por McDonald (1971 apud Naples, 1979) em seu premiado estudo que concluiu ser

dois o nível de freqüência eficaz. O próprio McDonald (1997) lembra que esta limitação é

citada no artigo de 1971, mas reconhece ter falhado ao usar o termo ‘exposição à

propaganda’, durante todo o texto.

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Citando pesquisas em que o percentual de pessoas, que apresentam um nível aceitável

de atenção à propaganda, estaria entre 20 a 50%, os autores chamam a atenção para o possível

erro que poderia ter sido cometido em não considerar a audiência real ao comercial.

Não acreditamos ser este um problema crucial para invalidar a teoria da freqüência

eficaz. Kamim (1978), em seu artigo, praticamente contemporâneo, ao livro de Naples (1979),

desenvolve um modelo que leva em conta estudos de audiência de comerciais e níveis de

recall , em meios de comunicação.

Acreditamos que um planejador experiente entenderia bem o conceito de OTS x

Audiência Real a comerciais, e compensaria naturalmente este desvio durante as suas

avaliações, definindo, através de sua experiência, o percentual de retorno real a cada nível de

inserções.

O terceiro ponto assinalado por Cannon e Riordan (1994) é que a abordagem correta

seria a de perseguir a freqüência ótima; um planejador deveria buscar o nível de freqüência

eficaz por dólar investido em cada nível de freqüência, em vez de empregar esforços para se

encontrar um nível de freqüência eficaz. Esta abordagem foi apresentada pela primeira vez

por Cannon (1987) e bem desenvolvida no estudo de Cannon, Leckenby e Abernethy (2002),

apresentado, anteriormente, no Capítulo 4 deste trabalho.

Outra crítica importante parte do próprio McDonald (1997), o autor revê sua teoria

reconhecendo as limitações de seu estudo de 1971, que apresenta o nível de duas exposições

como eficaz. O autor cita algumas situações em que o conceito de freqüência eficaz

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continuaria válido, como para: novas marcas, lançamento de novos produtos e comunicação

dirigida a consumidores light-users2.

Jones (1997) aponta em seu artigo os principais pontos que enfraquecem a doutrina da

freqüência eficaz. O primeiro ponto se refere ao artigo de McDonald (1971 apud NAPLES

1979) e a curva ‘S’ analisando que esta teria sido construída computando, no mesmo painel de

pesquisa, campanhas eficazes e ineficazes. A curva ‘S’ aponta um efeito negativo em vendas

na primeira exposição, pois expressa a troca de marca realizada pelo consumidor, a partir do

efeito de uma campanha eficaz que conquistou a sua preferência, sobre o efeito de uma

campanha ineficaz.

O segundo ponto crítico seria afirmação feita por McDonald (1971 apud NAPLES

1979) que duas exposições produzem efeito dentro de um ciclo de compras. Jones (1997)

lembra que considerar o período de um ciclo compras como sendo uniforme para todos os

membros de um mercado é um erro comum entre planejadores de mídia.

Muitos planejadores acostumaram-se a programar flights3 de inserções ou de pulse4.

Essas estratégias tiveram origem na doutrina da freqüência eficaz. Pensar em ‘inícios de

ciclos de compra’ e ‘intervalos de ciclo de compras’ para programar ou não inserções, leva a

uma perda de potenciais consumidores; pois, na realidade, todos os dias, vários consumidores

estão no seu momento de compra.

2 Compradores de uma marca que apresentam um tempo maior para o ciclo de compra. 3 Estratégia de escalonar períodos com inserções seguidos por outros sem inserções. 4 Estratégia de escalonar períodos com muitas inserções seguidos por outros com poucas inserções.

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A terceira crítica se refere ao estudo de Krugmam (1972) que também suporta a teoria

de Naples (1979). O autor enfatiza que Krugman (1972) deixa claro que o efeito three hits5 é

valido somente para campanhas de produtos que não são familiares ao consumidor, onde a

primeira exposição, pode sim, ser eficaz em campanhas de marcas ou produtos que anunciam

de forma continua.

Gibson (1996) concluiu por meio de pesquisa empírica que uma exposição é capaz de

mudar a atitude de um consumidor potencial, levando-o a preferir uma determinada marca.

Este efeito foi observado em propagandas veiculadas por marcas estabelecidas e conhecidas

pelos consumidores. Assim como na maioria dos casos que pesquisamos, o estudo observou

somente o efeito de comerciais de TV, voltados para os efeitos de uma única exposição.

Esse fato nos lembra uma outra limitação da teoria da freqüência eficaz: os estudos

revisados por Naples (1979), em sua maioria, observavam, também, os efeitos de comerciais

de TV. Outro ponto, já mencionado neste estudo, é a limitação da aplicação do conceito de

freqüência eficaz, a TV, revistas e jornais devido à disponibilidade de dados de audiência.

Considerando a multiplicidade atual dos meios e formas de comunicação de marketing,

poderíamos entender esta restrição como importante, caso o volume de investimento

envolvido na compra de comerciais de TV não fosse ainda significativo.

O estudo de Tellis (1997) sugere restrições interessantes para utilização da freqüência

eficaz. O autor propõe que qualquer número de exposições pode ser eficaz, defendendo que o

contexto de exposição à propaganda é que determina este número.

5 Programação de uma freqüência eficaz considerando três exposições de propaganda

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O contexto poderia ser analisado sobre três aspectos: familiaridade da marca por parte

do consumidor, complexidade da mensagem e a história da propaganda da marca. A Figura 7

reproduz as curvas de resposta à propaganda considerando o aspecto familiaridade ou

conhecimento por parte do consumidor.

Figura 7 – Curvas de resposta à propaganda para marcas conhecidas e desconhecidas

2.6. ALTERNATIVAS À TEORIA DA FREQÜÊNCIA EFICAZ

Á partir do ano de 1995 alguns autores, insatisfeitos com as inúmeras dúvidas que

cercavam a teoria da freqüência eficaz, passaram a publicar estudos com objetivo de renovar

práticas e estratégias de planejamento de mídia. Neste capítulo apresentamos as principais

vertentes que encontraram receptividade entre profissionais de agências de propaganda e

anunciantes.

Resposta à propaganda

marca conhecida

marca desconhecida

Freqüência

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O ponto de partida que gerou a busca por uma alternativa ao conceito da freqüência

eficaz são os estudos de Jones (1995 apud JONES, 1997), McDonald (1997) e Gibson (1996).

Os três estudos comprovaram que a primeira exposição de um comercial é capaz de produzir

efeitos significativos junto ao público-alvo, ao contrário das duas primeiras conclusões

relatadas por Naples (1979) que mostram ‘quase nenhum ou pouco efeito’.

Longman (1997) descreve em seu estudo a importância estratégica de se manter altos

níveis de alcance em um plano de mídia. Sua pesquisa demonstra que a maior distribuição de

alcance gera melhores resultados de resposta à comunicação. O autor observou o

comportamento de resposta à propaganda de cerca de 70 marcas durante três anos, sendo

enfático ao afirmar: “é preferível comprar mais alcance em detrimento da freqüência”. Ele

observou que as marcas se beneficiaram mais alcançando um novo consumidor do que

alcançando novamente alguém que já havia recebido a mensagem. Seu estudo seguiu a

mesma observação realizada por Jones (1995).

As pesquisas de Jones (2007), realizadas em 1995, são relatadas de forma detalhada

em seu livro When ads works: new proof that advertising triggers sales e obtiveram grande

repercussão no meio acadêmico e profissional.

Observando empiricamente os efeitos da propaganda em 78 marcas nos EUA, as

curvas de resposta encontradas apresentaram o formato convexo, como na Figura 6,

evidenciando um efeito significativo para primeira exposição. O autor contabilizou, ainda, o

mesmo efeito em pesquisas realizadas por outros autores, totalizando mais de 190 marcas com

o mesmo padrão de resposta à propaganda. Somente em cerca dez casos, de marcas novas no

mercado, as curvas apresentaram o formato ‘S’.

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O estudo de Jones (2007) foi a mais ampla pesquisa realizada sobre os efeitos de

propaganda usando a técnica de pesquisa single source6. A técnica permitiu a coleta de dados

em um grande número de domicílios, isolando os efeitos da propaganda. Os dados coletados

identificaram as compras das 78 marcas envolvidas, nos domicílios expostos à propaganda e

nos domicílios não expostos à propaganda, durante períodos sucessivos de sete dias.

No artigo o autor defende de forma consistente que a estratégia de concentração de

freqüência proposta pela teoria de Naples (1979), leva a uma perda de oportunidades de gerar

efeitos positivos junto a consumidores potenciais. Listando os pontos que considera

importantes para implantação de uma estratégia de propaganda eficaz, Jones (1997, p. 18,

tradução nossa) prescreve:

1. Estabeleça como objetivo atingir uma parte substancial do público-alvo todas as semanas

com a menor duplicação possível.

2. Para atingir este objetivo, determine um número ótimo de GRP´s e escolha cuidadosamente

os períodos do dia e os programas de televisão, evitando a duplicação de audiência.

3. Reproduza esta programação semanalmente usando maior tempo que o orçamento permitir.

O autor destaca ainda a importância de realizar pré-testes das propagandas, além da

verificação de todos os elementos que medem a dinâmica de uma marca, incluindo a

propaganda que está em curso ou a anterior. O número ótimo de GRP´s que autor recomenda

é sempre o menor possível. Jones (1997) conclui que a concentração de freqüência é

prejudicial e provoca perdas no potencial de um plano de mídia gerar resultados de venda.

6 A técnica utiliza controles computadorizados da veiculação, exposição à propaganda e pesquisa

sobre compras de marcas em um mesmo grupo de domicílios, subdivido em áreas geográficas.

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Sem mencionar a empresa, o autor relata seu acesso a um estudo realizado por um dos

maiores anunciantes americanos. A empresa em questão tinha como média de programação de

propaganda dezesseis semanas com 97 GRP´s cada. Após a reprogramação para uma média

de 22 semanas com 84 GRP´s cada, a empresa aumentou significativamente suas vendas. Esta

estratégia de programação é chamada por Jones (1997) de ‘Programação em Continuidade’.

Á partir das pesquisas de Jones (1995), Ephron (1997) desenvolveu o Recency

planning, ou planejamento em recenticidade ou proximidade. Jones (2007, p. 51, tradução

nossa) cita a metáfora usada por Ephron (2006 apud JONES, 2007) para descrever a sua

estratégia: “visualize uma janela de oportunidade para propaganda, em frente de cada compra.

O trabalho da propaganda é influenciar esta compra. O trabalho do Recency Plan é passar a

mensagem por esta janela”. O Recency Planning é estratégia mais recente que obteve boa

aceitação entre profissionais e acadêmicos.

Ephron (1997) define freqüência como presença em um processo de comunicação e

exemplifica: é mais eficaz lembrar uma criança que ela deve lavar as mãos antes das

refeições, falando sempre uma única vez, antes do café da manhã, do almoço, do lanche e do

jantar, do que repetir três vezes somente antes do almoço. Com base neste raciocínio, o autor

defende que é mais eficaz estar presente com mensagens de propaganda durante o ciclo de

compra de diversos consumidores potenciais, do que três vezes, num único ciclo de um

pequeno grupo de consumidores.

Ephron (1997) defende que o Recency Planning é uma solução ampla que pode ser

aplicada em, praticamente, todas as programações de mídia. No entanto, quando se defende de

críticas feitas à sua teoria, o autor afirma que a estratégia de manter baixos níveis de GRP

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semanais para prolongar a permanência na mídia, obtendo maior alcance, é recomendada

somente para marcas estabelecidas, e não para lançamento de novas marcas ou produtos.

O autor se defende dizendo que a introdução de novas marca e produtos são ‘casos

especiais’ que necessitam de uma freqüência maior. Jones (1997) não descarta completamente

o uso da freqüência eficaz; ao contrário, cita quatro condições onde a abordagem de

concentração freqüência, em qualquer nível, é valida: para novas marcas, novas campanhas,

produtos de consumo sazonal e em casos onde é necessário construir, de forma rápida, uma

base de clientes.

O próprio Naples (1997) revendo sua teoria e comentando as limitações do estudo

Jones (1997) e de McDonald (1997), lembra que conclusão sete de seu livro já observava que

efeitos relacionados à freqüência, eram notadamente maiores em marcas menos conhecidas.

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3. METODOLOGIA

Este estudo realizou uma pesquisa descritiva sobre o tema freqüência eficaz, por meio

de questionários enviados, via email, para diretores e vice-presidentes de mídia de 42 agências

identificadas no ranking das cinquenta maiores do Brasil do Almanaque Ibope (2006)

Segundo Cooper e Shindler (2003), um simples estudo descritivo se refere a uma

questão ou hipótese com uma variação na qual perguntamos ou declaramos algo a respeito de

tamanho, forma, distribuição ou existência de uma variável. O autor ainda relata o três

objetivos associados aos estudos descritivos

o Descrição de fenômenos ou características associados a população-alvo ( o quem,

que, quando, onde e como de um tópico).

o Estimativa das proporções de uma população que tenha essas características

o Descoberta de associações entre as diferentes variáveis.

A pesquisa descreve o conhecimento, crença e uso da teoria da freqüência eficaz e

alguns conceitos importantes relacionados ao tema, na visão de 36 profissionais, praticantes

da atividade de planejamento de mídia, de 21 agencias de propaganda, pertencentes ao

ranking das 50 maiores agências do Brasil. O número de respondentes maior que o de

agências se deve ao fato de termos solicitado aos executivos-chefes de mídia que divulgassem

o questionário para toda a equipe de seu departamento, com o objetivo de obtermos o maior

número possível de respondentes.

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A amostra obtida é classificada como não-probabilística e por julgamento. Segundo Malhotra

(2004), amostras não-probabilísticas podem oferecer boas estimativas das características da

população. O autor menciona em seu livro:

A técnica de amostragem por julgamento é uma forma de amostragem por conveniência, onde os

elementos da população são selecionados com base no julgamento do pesquisador. Este, baseado em sua

experiência e julgamento, escolhe os elementos da amostra, pois os considera representativos da

população de interesse, ou apropriados por algum motivo. (MALHOTRA, 2004, p. 327).

Como a população em questão, envolve os profissionais das agências que gerenciam

as maiores verbas publicitárias do Brasil, é plausível considerar que possuam as ferramentas

mais adequadas de avaliação de investimentos em propaganda como softwares, estudos e

históricos específicos sobre o tema, além de recursos humanos mais experientes e

qualificados. Portanto, julgamos que esta população foi representativa para obtermos:

o Uma avaliação do entendimento dos profissionais, diretamente envolvidos com a

atividade de planejamento de mídia, sobre a freqüência eficaz.

o Uma avaliação sobre as limitações da teoria, previamente identificadas na revisão

bibliográfica.

o Uma avaliação sobre as formas de cálculo ou estimativas de freqüência utilizadas

pelos planejadores, que possam orientar na definição de um limite no investimento

em compra de inserções.

O questionário reproduziu ainda duas perguntas utilizadas no artigo de Leckenby e

Kim (1994); a primeira sobre a importância dada aos principais indicadores de mídia, a

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segunda sobre métodos de estimativa de alcance em cada nível de freqüência em um veículo,

meio de comunicação ou para todo o plano de mídia.

Durante o contato que estabelecemos por email com os principais executivos de mídia

deixamos claro que a pesquisa envolvia os conceitos da teoria da freqüência eficaz e seu uso.

Além da menção à teoria no texto de apresentação, colocamos no questionário o título:

‘Questionário de pesquisa sobre a teoria da freqüência e alcance eficaz’. Desta forma,

enfatizamos junto aos respondentes o tema da pesquisa e a referência da pesquisa.

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

Profissionais de 21 agências, pertencentes ao grupo das cinqüenta maiores agências do

país, segundo a pesquisa disponível no Almanaque Ibope (2006), responderam ao

questionário, correspondendo 42% das principais agências do Brasil.

Segundo dados do Almanaque Ibope (2006), as 21 agências programaram o valor total

de quatro bilhões setecentos e quarenta e hum milhões de reais em mensagens de propaganda.

Este montante representa 21% do total do valor investido em todo o Brasil que foi de vinte e

um bilhões oitocentos e noventa e quatro milhões no ano de 2005 (GAZETA MERCANTIL,

2007).

O estudo realizado pelo IBOPE considera a veiculação nos meios de comunicação TV,

rádio, mídia impressa e outdoor. A metodologia da pesquisa, realizada por esta instituição, é

descrita no Almanaque Ibope, conforme o texto abaixo, extraído da publicação

(ALMANAQUE IBOPE, 2006, p. 26).

São realizados com base no cruzamento de informações de dois estudos: Inter-Meios, cujos

valores se referem ao faturamento dos veículos, e Ibope Monitor, que trabalha com os preços

constantes das tabelas desses veículos. Desse cruzamento resultam índices percentuais que

equivalem aos descontos médios praticados por esses meios. Aplicando-se os descontos médios

sobre os valores do Ibope Monitor, as verbas de agências e anunciantes tornam-se mais

próximas da realidade do mercado. A coleta de dados é feita nos dez principais mercados de TV,

com sistema de gravação digital, por software próprio e com reconhecimento de áudio em São

Paulo e Rio de Janeiro. Para os demais mercados e para os meios TV por assinatura e Rádio, a

coleta é feita através de gravações em fitas VHS, seguidas de um procedimento semi-automático

que utiliza microcomputadores. A mídia impressa (Revista e Jornal) usa o próprios exemplares

das publicações, que são identificados em software próprio do Ibope Monitor. As informações

referentes ao Outdoor são fornecidas pela Central de Outdoor e processadas posteriormente pelo

Ibope Monitor.

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No total 36 profissionais das 21 agências responderam aos questionários, após o envio

para quarenta e duas agências do ranking. A Tabela 8 relaciona as agências com a posição do

ranking, número de respondentes por agência e valor de veiculação conforme o Almanaque

Tabela 8 – Relação das agências pesquisadas

Nº Agência Nº questionários

Posição no ranking

Valor veiculado (mil R$)

1 Y&R 1 1 1.256.635 2 ALMAP BBDO 1 3 477.441 3 DM9DDB 1 6 370.928 4 OGILVY 4 7 366.372 5 FNAZCA 8 8 360.292 6 PUBLICIS 1 10 280.961 7 AFRICA 2 11 280.898 8 FISCHERAMERICA 1 13 197.524 9 LEOBURNETT 2 15 177.838 10 NEOGAMA 2 17 150.512 11 QUE 1 20 12 PROPEG 1 21 132.426 13 EURORSCG 1 22 127.140 14 WBRASIL 2 24 114.695 15 LODUCCA 1 25 109.744 16 AGENCIA ESCALA 1 30 82.162 17 GP7 - ex G7 1 31 71.656 18 DCS 1 32 64.680 19 CASABLANCA 1 41 44.176 20 ETCO 1 43 40.401 21 141 WORLDWIDE 2 49 35.038

Total 36 4.741.519 ____________________

A agência PPR que ocupava a vigésima posição no ranking, foi desmembrada em duas agências: NBS e Quê. Por este motivo, preferimos não atribuir um valor de veiculação para esta agência.

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4.1. CARACTERÍSTICAS DOS PROFISSIONAIS PESQUISADOS

A primeira pergunta do questionário identificou o cargo do respondente. Os

questionários foram enviados diretamente aos diretores e vice-presidentes de mídia das

agências com a solicitação de que fossem distribuídos ao maior número possível de pessoas

do departamento. Os resultados indicam que setenta e sete por cento dos respondentes

ocupam posições de caráter gerencial e diretivo, compondo um percentual representativo de

profissionais experientes e com responsabilidade direta sobre decisões relativas ligadas a

planejamento e estratégia de mídia. Profissionais ocupando cargos de supervisão e

coordenação, mais envolvidos na construção do plano de mídia em nível operacional,

compõem dezessete por cento dos respondentes e dois profissionais ocupam a posição de

assistente. A Tabela 9 sintetiza os resultados.

Tabela 9 – Posição que ocupa na agência

Cargo Número %

Vice- Presidente 3 8%

Diretor 13 36%

Gerente 12 33%

Supervisor ou Coordenador 6 17%

Estagiário - -

Outro 2 6%

Total 36 100%

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Com a intenção de confirmar a atuação do profissional na agência de propaganda,

solicitamos que os respondentes assinalassem o departamento ao qual pertenciam. A opção

‘outro’ foi preenchida por dois profissionais que identificaram o departamento de Pesquisa de

Mídia. Em algumas agências este departamento é uma estrutura separada do departamento de

mídia. Apesar disso, podemos concluir que cem por cento dos respondentes pertencem à

atividade de mídia uma vez que profissionais de pesquisa de mídia avaliam resultados e

indicadores de mídia importantes para o nosso estudo, como é o caso de audiências e alcance.

A Tabela 10 demonstra o resultado.

Tabela 10 – Departamento que trabalha na agência

Departamento Número %

Planejamento de Marketing

Planejamento de Mídia 34 94%

Atendimento

Criação

Pesquisa de Marketing

Outro 2 6%

Total 36 100%

4.2. VÁRIAVEIS CONHECIMENTO, CRENÇA E PRÁTICA.

A terceira pergunta teve como objetivo identificar por meio de uma escala Likert, com

quatro categorias de respostas indo de ‘discordo totalmente’ a ‘concordo totalmente’, o status

de conhecimento, crença e uso de um número mínimo de inserções capaz de produzir um

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efeito positivo, relativo à compra do produto, nos consumidores potenciais. Da mesma forma

procuramos identificar o status relativo ao um número máximo inserções após o qual o efeito

seria ineficaz, ou seja, produz um resultado mínimo que não compensaria o investimento em

mais inserções.

Tabela 11 - Freqüências relativas das variáveis conhecimento, crença e planejamento

Freqüência Relativa na Escala Original Mínimo e Máximo de Inserções

DT DP CP CT

Conhecimento de um número mínimo 8,3% 5,6% 27,8% 58,3%

Conhecimento de um número máximo 22,2% 16,7% 27,8% 33,3%

Crença no número mínimo 0% 11,1% 44,4% 44,4%

Crença no número máximo 0% 27,8% 33,3% 38,9%

Planejamento usando o número mínimo 0% 5,6% 44,4% 50,0%

Planejamento usando o número máximo 11,1% 27,8% 30,6% 30,6%

DT: discorda totalmente CP: concorda parcialmente DP: discorda parcialmente CT: concorda totalmente

Podemos observar que quase sessenta por cento dos profissionais entrevistados já

obtiveram informações sobre um valor mínimo de freqüência capaz produzir um efeito

positivo junto ao consumidor. No entanto, a respeito de um número máximo, somente trinta e

três por cento afirmaram, de forma completamente positiva, terem conhecimento sobre esse

valor. A crença no valor mínimo é cerca de catorze por cento menor do que o conhecimento,

mas o uso no planejamento é apenas oito por cento menor. Isto mostra que um percentual dos

respondentes utiliza um número mínimo, mesmo sem acreditar totalmente nele.

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Em relação ao valor máximo a maioria dos entrevistados não conhece, acredita ou

pratica o seu uso, de forma inquestionável. O percentual de utilização de um valor máximo de

inserções no planejamento de mídia é menor que seu conhecimento, mas a crença é maior.

Esta diferença entre crença e conhecimento/uso pode estar indicando uma necessidade, entre

os profissionais, de serem obtidas mais informações a respeito do nível máximo de inserções.

Somando os percentuais dos dois níveis de concordância e discordância, podemos

observar as freqüências dicotômicas e indicamos ainda o número de profissionais que

responderam concordando e discordando. A tabela 12 apresenta os resultados.

Tabela 12 - Freqüências dicotômicas das variáveis conhecimento, crença e

planejamento

Freqüência Absoluta e Relativa Mínimo e Máximo de Inserções

D D C C

Conhecimento de um número mínimo 5 13,9% 31 86,1%

Conhecimento de um número máximo 14 38,9% 22 61,1%

Crença no número mínimo 4 11,1% 32 88,9%

Crença no número máximo 10 27,8% 26 72,2%

Planejamento usando o número mínimo 2 5,6% 34 94,4% Planejamento usando o número mínimo 14 38,9% 22 61,1%

D: discorda C: concorda

Em relação ao número mínimo de inserções podemos observar que os profissionais

planejam mais do que acreditam e conhecem. Um status de crença maior que o de

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conhecimento é constatado tanto em relação ao número mínimo quanto ao número máximo,

demonstrando haver uma lacuna ou desejo de informação sobre o assunto. É interessante

observar que cinco e meio por cento dos profissionais utilizam o número mínimo no

planejamento sem acreditar na sua existência.

Os percentuais relativos ao número máximo de inserções apresentam resultados

importantes: Cerca de trinta e nove por cento dos profissionais não possuem conhecimento,

quase vinte nove por cento não acreditam em sua existência e quase quarenta por cento não

utilizam no planejamento de mídia.

Comparando os percentuais de concordância conhecimento, crença e uso, os números

relativos ao número máximo são em média vinte e cinco menores que os do número mínimo

de inserções. A diferença na utilização no planejamento é a maior de todas: trinta e três por

cento menor. As freqüências dicotômicas confirmam necessidade em obter maior

conhecimento sobre o limite superior de inserções a serem planejadas, pois o percentual de

crença no número máximo é menor que o de utilização.

Ao estabelecer um limite mínimo e máximo de freqüência durante um planejamento

de mídia, o planejador consegue programar mais veículos de comunicação obtendo um

alcance maior no público-alvo, otimizando o investimento na compra de inserções, em termos

de alcance em vez de freqüência. A Tabela 13 mostra o resultado sobre a crença e uso desta

estratégia no planejamento de mídia.

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Tabela 13 – Freqüências relativas à crença e utilização de uma faixa de inserções

Freqüência Relativa na Escala Original Mínimo e Máximo de Inserções

DT DP CP CT

Crença na estratégia mínimo + máximo = + alcance 0 % 16,7% 44,4% 38,9%

Uso da estratégia mínimo + máximo = + alcance 0 % 25,0% 30,6% 44,4%

DT: discorda totalmente CP: concorda parcialmente DP: discorda parcialmente CT: concorda totalmente

A maioria dos entrevistados não concordou totalmente com a existência de uma faixa

de freqüência, com um limite mínimo e máximo, e em seu uso como estratégia de

planejamento. Entretanto, absolutamente, nenhum profissional discordou totalmente das

afirmações apresentadas. A concordância total no uso de uma faixa de freqüência é menor que

sua crença.

A Tabela 14 exibe as freqüências dicotômicas e relativas à respeito da crença e uso de

uma faixa de freqüência no planejamento de mídia e confirma uma crença e maior que a

utilização, entre os profissionais maior que a utilização. Diferentemente da tabela que

apresenta o resultado original da escala Likert, a grande maioria dos profissionais acredita e

utiliza uma faixa de freqüência de inserções, considerando um efeito positivo em termos de

resultados de venda.

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Tabela 14 - Freqüências Dicotômicas relativas à crença e utilização de uma faixa de

inserções

Freqüência Absoluta e Relativa Mínimo e Máximo de Inserções

D D C C

Crença na estratégia mínimo + máximo = + alcance 6 16,7% 30 83,3%

Uso da estratégia mínimo + máximo = + alcance 9 25,0% 27 75,0%

D: discorda C: concorda

4.3. INDICADORES DE MÍDIA MAI S IMPORTANTES

De forma similar ao estudo de Leckenby e Kim (1994), procuramos identificar, entre os

profissionais brasileiros, o nível de importância dos indicadores de mídia. A pergunta 4

permitiu que os respondentes numerassem sequencialmente de 1 (mais importante) a 9

(menos importante) os indicadores selecionados. Trinta e dois respondentes enumeraram de

forma correta a lista de indicadores. A Tabela 15 apresenta o resultado.

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Tabela 15 – Freqüência Relativa por importância dos indicadores de mídia

Grau de importância de 1 (+) a 9 (-) Indicador

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Alcance 53,1% 12,5% 12,5% 9,4% 3,1% 3,1% 3,1% 0,0% 3,1%

CPM no target 0,0% 9,4% 6,3% 31,3% 18,8% 15,6% 6,3% 9,4% 3,1%

Fatores qualitativos 9,4% 15,6% 18,8% 9,4% 0,0% 9,4% 3,1% 18,8% 15,6%

Custo total do plano 31,3% 6,3% 6,3% 9,4% 12,5% 6,3% 15,6% 9,4% 3,1%

Distribuição de freqüência 0,0% 6,3% 12,5% 3,1% 15,6% 12,5% 21,9% 15,6% 12,5%

GRP 0,0% 9,4% 12,5% 15,6% 25,0% 12,5% 9,4% 6,3% 9,4%

Freqüência média do plano 0,0% 28,1% 15,6% 9,4% 15,6% 12,5% 12,5% 6,3% 0,0%

Continuidade 0,0% 0,0% 12,5% 6,3% 3,1% 25,0% 12,5% 21,9% 18,8%

Distribuição da verba por meio de comunicação

6,3% 12,5% 3,1% 6,3% 6,3% 3,1% 15,6% 12,5% 34,4%

Atribuindo peso 9 para o nível que representa maior importância e 1 ao de menor

importância de forma seqüencial, conseguimos ordenar os indicadores de mídia de forma

decrescente, do mais importante ao menos importante na Tabela 16.

____________________ O CPM no target calcula o custo para expor uma mensagem de propaganda a mil membros do público-alvo.

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Tabela 16 - Pontuação ponderada de indicadores de Mídia, por importância – Brasil

Pos. Indicador de Mídia Pontuação Ponderada

1º Alcance 244

2º Freqüência média 182

3º Custo Total do plano 180

4º CPM no target 161

5º Fatores qualitativos 159

6º GRP 154

7º Distribuição de verba por meio 117

8º Continuidade 109

9º Distribuição de Freqüência 92

Realizamos uma ponderação semelhante na escala de 1 a 5 de Leckenby e Kim (1994),

ordenando os resultados, permitindo a comparação entre os profissionais dos dois países.

Tabela 17 - Pontuação ponderada de indicadores de Mídia, por importância – EUA

Pos. Indicador de Mídia Pontuação Ponderada

1º Alcance 231

2º CPM no target 216

3º Custo total do plano 212

4º Fatores qualitativos 207

5º Distribuição de freqüência 205

6º GRP 200

7º Freqüência média 186

8º Continuidade 169

9º Distribuição da verba por meio 113

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Surpreende a importância dada pelos profissionais brasileiros à freqüência média,

colocando este indicador no segundo lugar em importância, enquanto a distribuição de

freqüência ficou em último lugar. Parece indicar que a freqüência média é percebida como

freqüência eficaz de um plano de mídia, já que o percentual de conhecimento, crença e prática

de uma freqüência mínima de inserções é grande entre os brasileiros.

Sendo correta esta interpretação ela representa uma lacuna no conhecimento teórico do

significado do indicador, pois a freqüência média não representa a freqüência eficaz de um

plano de mídia. A freqüência eficaz só pode ser estimada por meio de cálculos ou programas

de computador que utilizem estimativas estatísticas de distribuição de freqüência.

Continuando a investigação sobre indicadores de mídia, solicitamos aos profissionais

que indicassem quais os indicadores de mídia, apresentados na pergunta 4, que podem ser

usados numa avaliação de programação de inserções, no meio Internet. Apenas um

profissional não respondeu à questão. O resultado é mostrado na tabela abaixo.

Tabela 18 – Indicadores de mídia aplicáveis ao meio Internet

Utilização Número %

sim 18 51,4%

não 4 11,4%

apenas alguns 13 37,1%

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Os respondentes que não concordaram com a utilização de todos os indicadores

tiveram a opção de relatar, de forma descritiva, que indicadores que podem ser empregados

no planejamento de inserções na Internet. A tabela abaixo apresenta esses indicadores,

escolhidos pelos entrevistados, com a respectiva freqüência absoluta e relativa dos

entrevistados que os escolheram.

Tabela 19 – Indicadores de mídia aplicáveis ao meio Internet, relatados pelos treze

respondentes da opção ‘apenas alguns’.

Indicador de Mídia N %

Alcance (audiência não duplicada) do plano junto ao público-alvo 11 84,6%

CPM no target 10 76,9%

Fatores qualitativos referentes aos veículos utilizados 10 76,9%

Custo total do plano 8 61,5%

Distribuição de freqüência. 6 46,2%

GRP 5 38,5%

Freqüência média do plano 2 15,4%

Continuidade 1 7,7%

Distribuição da verba por meio de comunicação 1 7,7%

A pergunta 7 procurou identificar os meios de comunicação cujos veículos

disponibilizam dados de alcance. Conforme verificado durante a revisão teórica pesquisadores

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identificaram o não acesso a dados de audiência como uma limitação dos ‘modelos de mídia’

que seriam restritos ao meio TV e mídia impressa.

Tabela 20 – Meios de comunicação que disponibilizam dados de alcance

Meio de Comunicação N %

tv aberta 31 93,9%

tv fechada 28 84,8%

revistas semanais 20 60,6%

rádio 19 57,6%

jornal 18 54,5%

Internet – sites e portais 7 21,2%

mobiliário urbano 6 18,2%

outdoor 2 6,1%

Total 33

O resultado demonstra a possibilidade do meio rádio ser incluído em ‘modelos de

mídia’ computadorizados, ao lado dos meios TV e mídia impressa, no Brasil.

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4.4. UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS DE ESTIMATIVA DO ALCANCE EFICAZ

Este quarto tópico de resultados também foi inspirado no trabalho de Leckenby e Kim

KIM (1994) que pesquisou os métodos mais usados para estimativa da distribuição do

alcance, a cada nível de freqüência. Fazendo uma pergunta semelhante à empregada pelos

autores obtivemos as seguintes respostas:

Tabela 21 – Freqüência Absoluta e Relativa da forma de cálculo da distribuição da freqüência

Método de estimativa de alcance e freqüência N %

Utilizo software comprado no mercado. Qual ? 33 92%

Utilizo software desenvolvido pela minha agência 2 6%

Através de planilha eletrônica utilizando distribuição binomial 0 0%

Através de planilha eletrônica utilizando distribuição beta binomial 0 0%

Através de planilha eletrônica utilizando outro tipo de distribuição. Qual ? 1 3%

Não realizo cálculos para estimar o % de alcance para cada nível de inserções (freqüência). 1 3%

Chama a atenção o fato de nenhum método de estimativa de alcance, por meio de

distribuições estatísticas de freqüência, ter sido assinalado. Os softwares A & F (2007a) e

Planview (2007b) possuem aplicação restrita ao meio TV. Somente, o Planview simula o

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alcance a cada nível de freqüência. As respostas obtidas sugerem não haver uma prática

habitual de estimativa de alcance, para outros meios de comunicação.

Tabela 22 – Freqüência Absoluta e Relativa dos softwares utilizados

Métodos Número %

A & F 23 69,7%

Planview 10 30,3%

Radio Planning 2 6,1%

Sisem Suite (Marplan) 1 3,0%

TGI 1 3,0%

EZ Media (Ibope) 1 3,0%

ABF Viewer 1 3,0%

4.5. A FREQÜÊNCIA CONSIDERADA EFICAZ

Respondendo a pergunta sobre qual seria o número mínimo de exposições de

propaganda capaz de produzir um resultado eficaz junto aos consumidores-alvos, e o seu

limite máximo, encontramos as respostas apresentadas nas tabelas 23 e 24.

Tabela 23 - Freqüência absoluta e relativa dos respondentes que definiram um número de inserções mínimo e máximo.

Inserções N %

número mínimo 26 74,3%

número máximo 18 51,4%

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Nove profissionais optaram por não assinalar um número mínimo e um limite máximo

e relataram suas observações a respeito da questão. No total, vinte e quatro respondentes

realizaram comentários. Apenas um profissional não respondeu e não realizou observações.

Na próxima tabela apresentamos a freqüência absoluta e relativa dos números

considerados como freqüência eficaz mínima e máxima. Percebe-se que a teoria de Naples

ainda exerce grande influência no Brasil: 80 % dos respondentes escolheram o número três

como sendo o nível de freqüência eficaz.

Tabela 24 - Freqüência Absoluta e Relativa dos números mínimos e máximos de frequência

Inserções N %

Número Mínimo

1 1 3,8% 2 1 3,8% 3 21 80,8% 4 1 3,8% 5 2 7,7%

Total 26 100%

Número Máximo

3 1 5,6% 6 2 11,1% 5 1 5,6% 7 1 5,6% 8 4 22,2% 10 5 27,8% 11 1 5,6% 15 2 11,1% 20 1 5,6%

Total 18 100%

67

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Um detalhe interessante é a constatação de que metade dos profissionais preferiu não

assinalar um limite máximo. Setenta e dois por cento dos que definiram um número máximo

escolheram níveis de freqüência acima de sete exposições.

Todas as observações realizadas na pergunta oito, relataram fatores que fazem a

freqüência eficaz ser um número variável. Profissionais que determinaram os números

mínimo e máximo observaram que estes eram meras referências. Os que não definiram

qualquer número justificaram esta decisão mencionando os mesmos fatores.

Agrupando os fatores, citados literalmente, formamos sete categorias de influência.

Desta forma, conseguimos contabilizar as respostas em função destas categorias, sendo estas,

semelhantes às mencionadas por Ostrow (1994).

1. Marca / Categoria / Produto – para profissionais que citaram literalmente a

‘marca’, ‘categoria’ ou ‘ciclo de vida do produto’.

2. Criação – para profissionais que citaram literalmente ‘qualidade de criação’ ou

‘impacto da mensagem’.

3. Contexto Externo / Concorrência – para profissionais que citaram literalmente

‘ambiente externo’ ou ‘estratégia do concorrente’.

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4. Estratégia ou Objetivos de Marketing / Propaganda - para profissionais que

citaram literalmente ‘estratégia de marketing’, ‘estratégia de propaganda’,

‘objetivos de marketing’ ou ‘objetivos de propaganda’.

5. Lançamento / Promoção - para profissionais que citaram literalmente

‘lançamento de produtos’ ou ‘promoção de vendas e preços’.

6. Meios / Mix de Meios - para profissionais que citaram literalmente ‘meio de

comunicação selecionado’ ou ‘mix de meios de comunicação’.

7. Outros - para profissionais que citaram fatores irrelevantes.

Tabela 25 – Freqüências absolutas e relativas das observações, por categoria

Categoria analítica N %

Marca / Categoria / Produto 12 50,0%

Criação 10 41,7%

Contexto Externo / Concorrência 9 37,5%

Estratégia / Objetivos Mkt ou Plano 6 25,0%

Lançamento / Promoção 6 25,0%

Meios / Mix dos meios 4 16,7%

Outros 5 20,8%

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Os resultados sugerem que as críticas à teoria de Naples também influenciam os

profissionais das agências brasileiras. As categorias que englobam os fatores marca, categoria,

ciclo de vida do produto e lançamento e promoção são os mesmos que Jones (1997),

McDonald (1997) e até mesmo Ephron (1997), consideraram como importantes na definição

de uma estratégia de programação de mídia. Somando-se os percentuais das duas categorias

concluímos que setenta e cinco por cento dos profissionais analisam estes fatores para

determinar a freqüência ideal de um plano de mídia.

4.6. NÍVEL DE SATISFAÇÃO ENTRE OS PROFISSIONAIS

A última pergunta visou identificar o nível de satisfação dos profissionais sobre os

métodos que eles utilizam para estimar o alcance a cada nível de freqüência. Surpreende que

cerca de sessenta e cinco por cento apresentem algum grau de satisfação, pois não foram

identificados meios capazes de realizar estas estimativas para todos os meios. Ainda assim,

uma parcela significativa, trinta e cinco por cento, revelou algum grau de insatisfação.

Tabela 26 - Freqüência Absoluta e Relativa do grau de satisfação

Grau de satisfação N %

Muito Satisfeito 1 2,7%

Satisfeito 23 62,2%

Insatisfeito 12 32,4%

Muito Insatisfeito 1 2,7%

70

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5. CONCLUSÃO

A dedicação de diversos pesquisadores, ao longo dos anos, para verificar a validade da

teoria da freqüência eficaz acabou por revelar diversas falhas no trabalho de Naples (1979).

Não há dúvida que as principais críticas obtiveram êxito em apontar os pontos fracos da

teoria. Analisando a literatura podemos destacar as constatações mais importantes realizadas

pelos críticos de Naples (1979):

1. A curva de freqüência construída por McDonald (1971 apud NAPLES, 1979)

apresentou o grave erro de considerar a primeira exposição como sendo nula, em

termos de resposta à propaganda.

2. As exposições pesquisadas por McDonald (1971 apud NAPLES, 1979) eram

apenas oportunidades de ver os comerciais. Não poderiam nunca ter sido

relacionadas ou complementadas com as do estudo de Krugmam (1972), que eram

exposições à propaganda, observadas em laboratório.

3. Uma única exposição é capaz de provocar efeitos positivos nas vendas de um

marca ou produto, sendo significativos para marcas conhecidas e com boa

participação de mercado.

4. Se existe, realmente, um número capaz de promover um efeito, que influencie

consumidores potencias para comprar uma marca ou produto, este é variável,

podendo até ser considerado como uma faixa de exposições mínimas e máximas.

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Diversos anos se passaram até que um estudo pudesse contribuir com um

redirecionamento nas estratégias de planejamento de mídia. O estudo de Jones (2007)

certamente será visto como um marco importante na reorientação das pesquisas relacionadas

com o tema.

Entretanto, o estudo de Jones (2005), e de seus principais seguidores, não levaram a

um confronto de doutrinas contrárias em termos de estratégia, colocando os ‘perseguidores de

freqüência’ em rota de colisão com os ‘perseguidores de alcance’. Ao contrário, mantiveram

pesquisadores e acadêmicos unidos pelas duas estratégias.

A doutrina de Naples (1979) encontrou um espaço entre marcas novas ou

desconhecidas, nos lançamentos de produtos, nas marcas e produtos com vendas sazonais e

nos casos em que é preciso uma rápida construção de uma base de clientes. Podemos ainda

incluir, a partir desses fatores, os casos de promoção de vendas e campanhas em datas

comemorativas, como o Natal e Dia das Mães.

Se considerarmos a propaganda como a única forma de comunicação de marketing,

embora outras formas de comunicação possam ser utilizadas, apenas as marcas mais

estabelecidas e conhecidas tendem a usufruir do conceito de continuidade de Jones (2007) e

Longman (1997) ou do Recency Planning de Ephron (1997).

Empresas de tecnologia como a Intel e a Apple, colocam seus departamentos de

relações públicas em contato permanente com as publicações impressas e sites na Internet que

tenham conteúdo editorial sintonizado com as categorias de seus produtos, e os lançam por

meio de ‘matérias jornalísticas’. Alguém poderia contestar e dizer: ‘estas duas empresas não

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comercializam produtos de massa’ ou ‘os ciclos de compra são longos para compra de

processadores de última geração ou Ipods’.

Na verdade ainda não podemos parar de pensar em propaganda. Esta forma de

comunicação ainda possui uma cobertura de público muito significativa, comparada com

outras formas de comunicação. Portanto, é importante investigarmos o comportamento e as

tendências dos profissionais ligados a esta atividade.

Analisando as respostas dadas pelos profissionais brasileiros em relação ao tema,

podemos observar aspectos e tendências importantes. A maioria dos respondentes assinalou o

alcance como sendo o indicador mais importante a ser observado. A freqüência média e o

custo total aparecem praticamente empatados, no segundo lugar, em termos de importância.

A importância dada pelos brasileiros à freqüência média surpreende. Os percentuais de

94,4 % de profissionais indicando um número mínimo de inserções, considerado eficaz, e

75% indicando uma faixa eficaz de inserções, para uso no planejamento de mídia; revelam

uma influência significativa da teoria de Naples (1979). No entanto, como já mencionamos na

revisão teórica, a freqüência média de um plano de mídia não representa, necessariamente, a

freqüência eficaz.

Há uma forte evidência de que pode estar ocorrendo um erro na estimativa da

freqüência eficaz. A limitação no uso de métodos para estimativa de alcance, pode ser a causa

do erro. Nenhum método de estimativa de distribuição estatística de freqüência foi

mencionado, além dos A&F e Planview, desenvolvidos para o meio TV.

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Esta constatação leva a conclusão que o alcance e a freqüência, em todos os meios de

comunicação, à exceção do meio TV, não são avaliados adequadamente. Pode estar ocorrendo

uma falta, ou excesso, de inserções na programação, considerando-se que a distribuição de

freqüência foi citada como indicador menos importante pelos profissionais.

Uma das mais valiosas contribuições dadas pelos pesquisadores ao tema planejamento

de mídia foi o emprego dos métodos de estimativa do alcance, utilizando distribuições

estatísticas. O Frequency Value Planning, proposto por Cannon, Leckenby e Abernethy

(2002), permite a observação da subutilização e do excesso de inserções em termos de custo

do alcance.

Ao avaliarmos os percentuais das variáveis, conhecimento, crença e planejamento, fica

clara a existência de uma lacuna de conhecimento sobre o número máximo e mínimo de

inserções, podendo até ser esse o motivo do abandono de um acompanhamento mais profundo

da freqüência e alcance, em outros meios. No caso do número mínimo, os percentuais das

freqüências dicotômicas são decrescentes: 94,4% planejam, 88,9% acreditam e 86,1%,

conhecem. Para o número máximo, o percentual de crença, 72,2%, é maior do que os de

conhecimento e planejamento: 61,1%. A discrepância entre o planejamento de freqüência

mínima em relação ao planejamento da máxima, sugere uma lacuna de conhecimento para

controlar os excessos na programação de inserções.

Outro dado importante coletado na pesquisa é a utilização dos indicadores para o meio

Internet, que possui a maior taxa de crescimento de audiência nos últimos anos. Apenas a

metade dos profissionais respondeu que todos os indicadores de mídia podem ser usados para

avaliar uma programação de inserções. Este meio de comunicação pode estar enfrentando

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sérios problemas de planejamento. Oportunidades importantes devem estar sendo

desperdiçadas em termos de resposta do público-alvo, uma vez que a população brasileira

possui o maior tempo médio de permanência na Internet.

Apesar de os dados sugerirem uma lacuna de conhecimento em dois pontos

importantes como: controlar a freqüência máxima e planejar o meio Internet, cerca de 65%

dos profissionais brasileiros manifestaram algum grau de satisfação em relação aos métodos

utilizados para estimar a freqüência e o alcance.

Os dados ainda revelam uma forte presença dos ensinamentos de Naples (1979) entre

os profissionais brasileiros: 74,3% determinaram um número mínimo considerado eficaz, e

desses, 80,8% escolheram o número 3. Podemos perceber que os fabricantes de produtos de

massa e/ou anunciantes no meio TV, continuarão prisioneiros de alguma forma doutrina, seja

ela de freqüência ou alcance. O mais surpreendente é que 72,30% dos respondentes

assinalaram como freqüência máxima números à partir de 8 exposições, revelando uma

disposição em planejar freqüências elevadas.

As mudanças nos hábitos do consumidor e nas formas de comunicação já deveriam

estar promovendo efeitos maiores na atividade de planejamento de mídia. Esta já deveria estar

se chamando planejamento de comunicação. A interatividade crescente entre consumidor e os

meios de comunicação sugere a necessidade de mudanças na visão dos planejadores em

relação ao futuro. Consumidores, usando a interatividade, transformarão em breve as OTS –

Opportunities to see em NTS – Need to see, ‘necessidade de ver’, programando suas TV´s

digitais, celulares e sites, para receber somente o que eles realmente tem necessidade de ver,

por estarem desejando comprar alguma coisa.

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Os excessos de exposição à propaganda, que hoje não são tão bem controlados,

levarão o consumidor a buscar o alívio de não ser mais impactado. O consumidor programará

apenas o que deseja ver ou ouvir, seja em forma de propaganda, escolhendo comercias; ou na

forma de informação sobre os produtos que lhe interessam, nas mídias que habitualmente

utiliza.

Não acreditamos que a freqüência eficaz ou qualquer outro método,

predominantemente estático em termos de aplicação, como ‘continuidade’ ou ‘recency,’

possam responder questões relacionadas a investimentos de comunicação de marketing. O que

pretendemos como resultado vem das pessoas e estas são, por natureza, essencialmente

dinâmicas.

A freqüência eficaz, além de possuir diversas falhas em sua concepção, passou a ser

usada de forma dinâmica. Os profissionais brasileiros citaram diversos fatores que

influenciam o número de freqüência considerado eficaz. Os mercados, assim como os

consumidores, são dinâmicos. Acreditamos que estamos ainda longe de conhecer um modelo

que proponha a verificação de todas as variáveis, que podem influenciar a comunicação de

uma marca, e obter uma orientação adequada para os investimentos, seja na compra de

inserções de propaganda, como também em outras formas de comunicação.

Apesar da limitação evidente deste estudo, em só avaliar uma única forma de

comunicação de marketing, a propaganda, acreditamos que sugestões para futuros estudos

possam inspirar pesquisadores que queiram estudar os efeitos da comunicação, e não apenas

da propaganda, em consumidores potenciais. As principais sugestões são:

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1. Comparar, mais profundamente, os efeitos de comunicação levando-se em

conta questões relacionadas à gerência de produto como: momento do ciclo de

vida da marca ou produto e lançamento de novos produtos.

2. Pesquisar métodos de integração de formas de comunicação. Os indicadores de

mídia devem ser, cada vez mais, vistos como indicadores globais de

comunicação, e não apenas para TV e revistas.

3. Pesquisar os efeitos a curto prazo e a longo prazo da comunicação em diversos

meios, veículos e marcas.

4. Pesquisar o comportamento ativo do consumidor, durante sua interatividade

com mensagens de comunicação de marketing, em meios digitais.

5. Pesquisar e propor modelos mais completos que verifiquem todas as forças de

influência de uma comunicação de um anunciante com seus consumidores.

Este trabalho é uma contribuição para o estudo da influência da freqüência nos

investimentos em propaganda. Inspirando novas pesquisas sobre o tema planejamento

de mídia ou comunicação, que proporcionem aos praticantes de marketing, de

propaganda e acadêmicos, novos conhecimentos para a administração da comunicação

de marketing.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO

Questionário de pesquisa sobre a Teoria da Freqüência e Alcance Eficaz

1- Marque abaixo a área ou departamento em que você atua em sua empresa

( ) Planejamento de Marketing ( ) Planejamento de Mídia ( ) Atendimento ( ) Criação ( ) Pesquisa de Marketing ( ) outra. Qual ? ____________ 2- Marque abaixo a posição que você ocupa em seu departamento

( ) Vice- Presidente ( ) Diretor ( ) Gerente ( ) Supervisor ou Coordenador ( ) Estagiário ( ) outro. Qual ? ____________ 3- Leia cuidadosamente as afirmações abaixo e assinale o nível de concordância ou discordância correspondente às afirmações referentes ao planejamento de mídia, conforme a escala abaixo: 1-Já tive acesso a informação sobre a existência de um número mínimo de inserções capaz de produzir efeito na atitude de compra de um consumidor potencial.

Discordo totalmente

( )

Discordo parcialmente

( )

Concordo parcialmente

( )

Concordo totalmente

( )

2-Acredito que exista um número mínimo de inserções capaz de produzir efeito na atitude de compra de um consumidor potencial.

Discordo totalmente

( )

Discordo parcialmente

( )

Concordo parcialmente

( )

Concordo totalmente

( )

3-Ao planejar a quantidade de inserções para um meio de comunicação asseguro que pelo menos o número mínimo, capaz de produzir atitude de compra no público-alvo, seja veiculado.

Discordo totalmente

( )

Discordo parcialmente

( )

Concordo parcialmente

( )

Concordo totalmente

( )

82

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4-Já tive acesso a informação sobre a existência de um número máximo de inserções, à partir do qual o efeito na atitude de compra em um consumidor potencial é ineficaz.

Discordo totalmente

( )

Discordo parcialmente

( )

Concordo parcialmente

( )

Concordo totalmente

( )

5-Acredito que exista um número máximo de inserções, à partir do qual o efeito na atitude de compra de um consumidor potencial é ineficaz.

Discordo

totalmente( )

Discordo

parcialmente( )

Concordo

parcialmente ( )

Concordo totalmente

( ) 6-Ao planejar as inserções para um veículo de comunicação, asseguro que o número máximo de inserções, à partir do qual o efeito sobre a atitude de compra se torna ineficaz, não seja ultrapassado.

Discordo totalmente

( )

Discordo parcialmente

( )

Concordo parcialmente

( )

Concordo totalmente

( )

7-Acredito que a existência do número mínimo e máximo de inserções, relacionados ao efeito desejado na atitude de compra do público-alvo, permite que um plano de mídia tenha mais veículos e conseqüentemente um alcance (audiência não duplicada) eficaz

Discordo totalmente

( )

Discordo parcialmente

( )

Concordo parcialmente

( )

Concordo totalmente

( )

8- Sempre procuro planejar um número mínimo e máximo de inserções que seja eficaz em cada meio/veículo de comunicação, garantindo desta forma que o plano de mídia tenha um alcance (audiência não duplicada) eficaz.

Discordo totalmente

( )

Discordo parcialmente

( )

Concordo parcialmente

( )

Concordo totalmente

( )

4- Enumere seqüencialmente os fatores que você utiliza para avaliar e aprovar um Plano de Mídia, marcando a partir do número 1, o que você julgar mais importante, até o número 9, como menos importante. (sem atribuir uma enumeração já escolhida para outro indicador de mídia)

( ) Alcance (audiência não duplicada) do plano junto ao público-alvo ( ) CPM no target ( ) Fatores qualitativos referentes aos veículos utilizados ( ) Custo total do Plano de Mídia ( ) Distribuição de freqüência observando o alcance acumulado a cada nível de inserções. ( ) GRP (TRP) ( ) Freqüência média do plano ( ) Continuidade ( ) Distribuição da verba por meio de comunicação

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5- Você acredita que os indicadores acima possam ser utilizados para o meio Internet ? ( ) sim ( ) não ( ) apenas alguns. Quais ? 6- Calculando a distribuição de freqüência (audiência não duplicada) de um veículo de comunicação, em um dado período, é possível estimar o percentual de pessoas que serão atingidas por uma única inserção, 2 inserções, 3 inserções e assim por diante. Marque abaixo a forma como você estima o percentual do alcance para cada nível de freqüência. ( ) Utilizo software comprado no mercado. Qual ? ( ) Utilizo software desenvolvido pela minha agência ( ) Através de planilha eletrônica utilizando Distribuição Binomial ( ) Através de planilha eletrônica utilizando Distribuição Beta Binomial ( ) Através de planilha eletrônica utilizando outro tipo de distribuição.Qual ? ( ) Não realizo cálculos para estimar o percentual de alcance para cada nível de inserções (freqüência). 7-Assinale abaixo os meios de comunicação cujos veículos disponibilizam, normalmente, informação do alcance (audiência não duplicada), para o período de 4 semanas. ( ) tv aberta ( ) tv fechada ( ) rádio ( ) revistas semanais ( ) jornal ( ) outdoor ( ) mobiliário urbano ( ) Internet – sites e portais 8- Escreva abaixo a faixa de freqüência eficaz que você julga como capaz de promover uma atitude de compra ou consciência de marca em um consumidor-alvo. Considere a mais utilizada ou que você julgue como sendo um número médio. Caso queira comentar a sua escolha, escreva no espaço reservado abaixo dos campos de resposta. Número mínimo ( ) Número máximo ( ) Comentário sobre a resposta 8: 9 – Marque o seu nível de satisfação em relação aos métodos e informações utilizados por você para calcular a freqüência e o alcance (audiência não duplicada) ideais em um plano de mídia. ( ) Muito Satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Insatisfeito ( ) Muito Insatisfeito

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ANEXO A – APÊNDICE DE LECKENBY E HONG SOBRE MÉTODOS DE

ESTIMATIVA DO ALCANCE

Distribuição Binomial

A distribuição binomial é marcante pela simplicidade que possui comparada às outras

distribuições. Assume-se neste modelo que os veículos são homogêneos, as pessoas são

homogêneas e as exposições são eventos independentes. A exposição a um veiculo não

modifica a exposição a outro veiculo. A distribuição binomial normalmente superestima o

alcance.

Distribuição beta binomial

Este é o mais antigo dos métodos; foi desenvolvido por Richard Metheringham (1964) nos

anos 60 para ser usada em planejamentos de mídia. É um dos métodos mais simples, no

entanto, tem sido frequentemente usado na prática (LECKENBY; KIM, 1994). É menos

preciso, de forma geral, do que qualquer outra distribuição, exceto a binomial simples

(LECKENBY; JU, 1990). No entanto, serve como referência para métodos mais complexos e

pode ser apropriado para certas situações de mídia. Este método pode ser apropriado, se a

exibição for para poucos veículos da Internet. Seu maior problema é quando é utilizado para

veículos de comunicação de meios diferentes.

Distribuição por Agregação Seqüencial

Este método usa a formula de alcance de Morgenzstern´s para estimar o alcance

(CHANDON, 1976). O método superada a limitação da distribuição beta binomial em estimar

alcance para veículos de meios diferentes. As distribuições marginais são combinadas,

sequencialmente, para formar uma distribuição bi-dimensional que permite a combinação de

veículos de comunicação. Sua utilização é muito apropriada para planos de mídia porque a

combinação veículos de meios diferentes, produzem resultados diferentes (LEE, 1988). Na

prática, esse método também tem sido muito usado na prática (LECKENBY e KIM, 1994),

sendo muito preciso (LECKENBY E JU, 1990).

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Distribuição Mutinomial de Dirichlet

Este método é membro da família de distribuições de multivariáveis de Poyla-Eggebberger.

Também é chamado de distribuição multinomial composta (CHANDON, 1976) e distribuição

beta n-dimensional básica (MAULDON, 1959). Diferente das distribuições univariáveis , este

modelo preserva a individualidade de cada veículo. A distribuição permite tratar de forma

heterogênea cada veículo e sua probabilidade de exposição. Assumindo apenas uma inserção

por veiculo, calcula a probabilidade de exposição de nenhuma pessoa, qualquer pessoa, duas

ou até de todas aos veículos.

Distribuição Beta Binomial de Hofmans

Hofmans (1969) desenvolveu um método de calcular o alcance para qualquer combinação de

mídia baseado no modelo de estimativa de alcance de Agostini. Chandon (1976) conclui que

a distribuição não oferecia vantagens em relação à de Agostini. No entanto, para modelos que

onde são previstos a acúmulo liquido de audiência, esta distribuição se mostra superior à

distribuição beta binomial.

Distribuição Beta Condicional

Este método foi desenvolvido por Leckenby e Kim e reportado por Kim (1994) como um

aperfeiçoamente da distribuição beta binomial (METHERINGHAM, 1964). Neste modelo, a

distribuição beta binomial assume que cada veículo, cada indivíduo do público-alvo é

caracterizado por uma probabilidade pessoal de ser exposto à mensagem. Assume, também,

que as exposições individuais a um dado veiculo podem ser ou não, condicionadas a uma

única exposição ou não, a outros veículos.

Fonte: LECEKENBY,John D.; HONG,J. Using Reach/Frequency for Web Media Planning. Journal of Advertising Research, [New York], v. 38, n. 1, p. 7-20, Jan/Feb. 1998.. APPENDIX. Tradução nossa.

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