“tênis é entretenimento”, diz chefão do tênis da img · mercado do tênis e as...

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NÚMERO DO DIA R$ 400 mil é o cachê estimado para Rubens Barrichello fazer propaganda para a Vivo POR ERICH BETING, DO RIO DE JANEIRO “Os torneios de tênis deixa- ram de ser unicamente torneios de tênis para se transformarem num evento social”. Assim que Fernando Soler, chefe da divisão de tênis da agência IMG resume a grande transformação vivida pelo esporte nos últimos anos. Em conversa com a Máquina do Esporte, Soler falou sobre o mercado do tênis e as transfor- mações vividas nos últimos anos. Ex-jogador, há 29 anos Soler ingressou na IMG e, desde 2007, ele é o responsável pela área de tênis da agência, que conta com cerca 20 torneios organizados, entre eles o Rio Open e o Miami Open, além de agenciar a carrei- ra de atletas como Novak Djoko- vic e Jo Wilfred Tsonga. No bate-papo, Soler conta como essa transformação no es- porte foi causada por influência dos patrocinadores. Leia trechos da entrevista na próxima página. B O L E T I M E S P E C I A L OFEERCIMENTO DOMINGO, 22 DE FEVEREIRO DE 2015 “Tênis é entretenimento”, diz chefão do tênis da IMG DESTAQUE DO DIA 2,5 mil pessoas passam por dia na loja da Asics no complexo do Rio Open, segundo estimativa da empresa

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Page 1: “Tênis é entretenimento”, diz chefão do tênis da IMG · mercado do tênis e as transfor-mações vividas nos últimos anos. Ex-jogador, há 29 anos Soler ingressou na IMG

N Ú M E R O D O D I A

R$ 400 mil é o cachê estimado para Rubens Barrichello fazer propaganda para a Vivo

POR ERICH BETING, DO RIO DE JANEIRO

“Os torneios de tênis deixa-ram de ser unicamente torneios de tênis para se transformarem num evento social”. Assim que Fernando Soler, chefe da divisão de tênis da agência IMG resume a grande transformação vivida pelo esporte nos últimos anos.

Em conversa com a Máquina do Esporte, Soler falou sobre o mercado do tênis e as transfor-mações vividas nos últimos anos.

Ex-jogador, há 29 anos Soler ingressou na IMG e, desde 2007, ele é o responsável pela área de tênis da agência, que conta com cerca 20 torneios organizados,

entre eles o Rio Open e o Miami Open, além de agenciar a carrei-ra de atletas como Novak Djoko-vic e Jo Wilfred Tsonga.

No bate-papo, Soler conta como essa transformação no es-porte foi causada por influência dos patrocinadores. Leia trechos da entrevista na próxima página.

B O L E T I M E S P E C I A L

OFEERCIMENTO

D O M I N G O , 2 2 D E F E V E R E I R O D E 2 0 1 5

“Tênis é entretenimento”, diz chefão do tênis da IMG

D E S TA Q U E D O D I A

2,5 milpessoas passam por dia na loja da Asics no complexo

do Rio Open, segundo estimativa da empresa

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CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

Máquina do Esporte: Qual a grande mudança do mercado de tênis nos últimos tempos?

Fernando Soler: O tênis e os eventos conseguem atrair não só os aficionados de tênis, mas também outro tipo de gente que se sente atraído porque, durante um evento de tênis você pode fazer outras coisas que vão além de assistir a um jogo. Você pode comer bem, passear, comprar uma camiseta...

ME: Quando ocorreu essa transformação?FS: No momento em que os produtores se deram

conta de que, para atrair as marcas patrocinadoras, tinham de criar um entorno em que elas poderiam convidar seus clientes. E clientes que são apaixona-dos por tênis e clientes que não são apaixonados por tênis. Para isso, tinham de criar uma experiência que seria válida para todos. Foi aí que tudo mudou.

ME: Com esse cenário, como a IMG planeja a or-ganização de eventos?

FS: O que temos tentado fazer é identificar merca-dos emergentes onde há necessidade ou um desejo de realizar eventos de tênis. Foi o que fizemos nos últimos anos não só com o Rio Open, mas também na Ásia. Temos torneios acontecendo na Índia, Chi-na, Japão, Malásia. São mercados onde não há tan-tas oportunidades de ter eventos esportivos de nível. Os eventos mais importantes do mundo estavam na Europa e nos Estados Unidos. Agora, há eventos im-portantes na Ásia e também na América Latina.

ME: Essas transformações impactam também no trabalho com o atleta?

FS: Sem dúvida. Graças às redes

sociais também, os atletas dei-xam de ser ícone locais, viram pesso-as de alcan-ce global.

ME: Um exemplo disso é o próprio Djokovic?FS: O caso de Sjokovic é um dos que nos dá mais

orgulho. O mercado doméstico dele na Sérvia é pe-queno. Nos últimos 18 meses, fomos capazes de conseguir para ele cinco contratos em nível global.

ME: A mudança societária na IMG, comprada pela agência de entretenimento William Morris Endeavor (WME), mudou o planejamento para o tênis?

FS: Na IMG, éramos muito fortes em esporte e mídia. Os novos donos são o número 1 em entrete-nimento. Estamos aproveitando muito do conheci-mento que eles têm na área do cinema, da música, para aplicar no universo do esporte.

ME: Mas aumentou o foco em gestão de atletas?FS: Nós sempre queremos representar os melhores

jogadores do mundo. Sempre queremos isso. O que existe, hoje, é que, com a ajuda da WME, temos uma proposta mais interessante aos jogadores que que-remos representar. E sempre queremos os melhores. Não todos, mas os que consideramos melhores.

Entrevista com Fernando Soler, da IMG

“Produ-tores de even-

to se deram conta de que, para atrair o patrocinador, era

preciso ir além do tênis”

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QUADRA CENTRAL - FINAIS

15h • Sara Errani (ITA) x Anna Schmiedlova (SVK)

18h • David Ferrer (ESP) x Fabio Fognini (ITA)

CAMPEÕES - DUPLAS

Masculino • Martin Klizan (SVK) e Phillip Oswald (AUT)

Feminino • Ysaline Bonaventura (BEL) e R. Peterson (SUE)

JOGOS DO D IA

A sur-presa da fi-

nal no masculino é o italiano Fabio Fognini, que eli-

minou Rafael Nadal

“Erich, você joga tênis”? A pergun-ta parecia preceder um convite para bater uma bola no horário de folga. A resposta ao “sim, mas não jogo bem”, porém, realmente me derrubou.

“Então topa bater um ponto contra o vencedor do Ferrer e Mónaco”?

O convite feito pela Claro era para “disputar” um game contra o primeiro classificado à semifinal do Rio Open.

David Ferrer, número 8 do mundo, havia acabado de passar por quase 3h de uma batalha por uma vaga na semifinal. A temperatura passava dos 30°, e a sensação térmica dos 40°.

Ferrer estava moído. Deu um sorri-so meio amarelo ao me cumprimentar (tenho certeza que pensou: “Ainda preciso fazer isso”?), cumpriu a função protocolar das entrevistas pós-jogo e achou ânimo para sacar quatro bolas.

Foi atencioso até para tirar uma foto

após a “troca” de bolas antes de pro-vavelmente correr para a recuperação do corpo e mente estraçalhados.

Ferrer não precisava ser simpático, mas fez questão disso. Ele sabe que o atleta profissional tem de cumprir obrigações que vão além de entrar em quadra s fazer um bom jogo.

A ação proporcionada pela ATP é relativamente simples de fazer. Para mim, foi uma das experiência mais marcantes na vida. Para a Claro, é uma maneira muito diferente de abordar o cliente e causar boa impressão.

O esporte precisa saber ser entrete-nimento, como explicou bem Fernan-do Soler na entrevista. O Rio Open, empurrado pela ATP, está ensinando isso para as marcas no Brasil.

Minha performance? Fico com a fra-se dita por uma torcedora ao sair da quadra: “Tá precisando treinar, hein?”.

Colocar o fã no lugar do ídolo

gera um retorno incalculável

Quem não quer

ser um “tenis-

ta profissional”

por um game?

O retorno que

isso gera para a

marca e para o

torcedor é algo

que só o espor-

te proporciona

Erich Beting é diretor da

Máquina do Esporte

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