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1 ANÁLISE DOS DECRETOS REGULAMENTARES DA LEI Nº 10.826/2003. Até 08/05/2019, a Lei nº 10.826/2003 era regulamentada pelo Decreto nº 5.123/2004. Esta normativa assim definia as armas de fogo de uso permitido e restrito: “DA ARMA DE FOGO Seção I Das Definições Art. 10. Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições previstas na Lei n o 10.826, de 2003. Art. 11. Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação específica.” A classificação das armas de fogo era realizada através de outro Decreto, qual seja, o Decreto nº 3.665/2000, mormente em seus artigos 15 a 17, in verbis: “PRODUTOS CONTROLADOS DE USO RESTRITO E PERMITIDO Art. 15. As armas, munições, acessórios e equipamentos são classificados, quanto ao uso, em: I - de uso restrito; e II - de uso permitido. Art. 16. São de uso restrito: I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica no que diz respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais; II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo iguais ou similares ao material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais, possuam características que só as tornem aptas para emprego militar ou policial; III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a (trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 Auto; IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, .22-250, .223 Remington, .243

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Page 1: “DA ARMA DE FOGO Seção I Das Definições · 5 Referido Decreto revogou, de forma expressa e na íntegra, os Decretos nº 5.123/2004 e 9.685/2019. O Decreto nº 9.785/2019, dentre

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ANÁLISE DOS DECRETOS REGULAMENTARES DA LEI Nº

10.826/2003.

Até 08/05/2019, a Lei nº 10.826/2003 era regulamentada pelo

Decreto nº 5.123/2004.

Esta normativa assim definia as armas de fogo de uso permitido e

restrito:

“DA ARMA DE FOGO Seção I Das Definições Art. 10. Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições previstas na Lei n

o 10.826, de 2003.

Art. 11. Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação específica.”

A classificação das armas de fogo era realizada através de outro

Decreto, qual seja, o Decreto nº 3.665/2000, mormente em seus artigos 15 a

17, in verbis:

“PRODUTOS CONTROLADOS DE USO RESTRITO E PERMITIDO

Art. 15. As armas, munições, acessórios e equipamentos são classificados, quanto ao uso, em: I - de uso restrito; e

II - de uso permitido. Art. 16. São de uso restrito: I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica no que diz respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais; II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo iguais ou similares ao material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais, possuam características que só as tornem aptas para emprego militar ou policial; III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a (trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 Auto; IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, .22-250, .223 Remington, .243

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Winchester, .270 Winchester, 7 Mauser, .30-06, .308 Winchester, 7,62 x 39, .357 Magnum, .375 Winchester e .44 Magnum; V - armas de fogo automáticas de qualquer calibre; VI - armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior com comprimento de cano menor que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; VII - armas de fogo de alma lisa de calibre superior ao doze e suas munições; VIII - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre superior a seis milímetros, que disparem projéteis de qualquer natureza; IX - armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais os dispositivos com aparência de objetos inofensivos, mas que escondem uma arma, tais como bengalas-pistola, canetas-revólver e semelhantes; X - arma a ar comprimido, simulacro do Fz 7,62mm, M964, FAL; XI - armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás agressivo e suas munições; XII - dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por objetivo dificultar a localização da arma, como os silenciadores de tiro, os quebra-chamas e outros, que servem para amortecer o estampido ou a chama do tiro e também os que modificam as condições de emprego, tais como os bocais lança-granadas e outros; XIII - munições ou dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares capazes de provocar incêndios ou explosões; XIV - munições com projéteis que contenham elementos químicos agressivos, cujos efeitos sobre a pessoa atingida sejam de aumentar consideravelmente os danos, tais como projéteis explosivos ou venenosos; XV – espadas e espadins utilizados pelas Forças Armadas e Forças Auxiliares; XVI - equipamentos para visão noturna, tais como óculos, periscópios, lunetas, etc; XVII - dispositivos ópticos de pontaria com aumento igual ou maior que seis vezes ou diâmetro da objetiva igual ou maior que trinta e seis milímetros; XVIII - dispositivos de pontaria que empregam luz ou outro meio de marcar o alvo; XIX - blindagens balísticas para munições de uso restrito; XX - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo portáteis de uso restrito, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e

XXI - veículos blindados de emprego civil ou militar. Art. 17. São de uso permitido: I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38 SPL e .380 Auto; II - armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e .44-40; III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticas, calibre doze ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior do que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; as de menor calibre, com qualquer comprimento de cano, e suas munições de uso permitido; IV - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a seis milímetros e suas munições de uso permitido; V - armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente pólvora; VI - armas para uso industrial ou que utilizem projéteis anestésicos para uso veterinário;

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VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis vezes e diâmetro da objetiva menor que trinta e seis milímetros; VIII - cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados a chumbo granulado, conhecidos como "cartuchos de caça", destinados a armas de fogo de alma lisa de calibre permitido; IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido; X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo de porte de uso permitido, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e

XI - veículo de passeio blindado.”

Com base nessa classificação, adotava-se uma tabela

(disponibilizada pela instituição), para a análise da calibragem e tipo da arma e

a respectiva classificação no tipo penal adequado (posse/porte de arma de

fogo de uso permitido ou restrito).

CLIQUE AQUI PARA ACESSO À TABELA ADOTADA COM BASE

NO DECRETO Nº 3.665/2000.

Ocorre que no ano de 2019 foram editados alguns decretos acerca

das armas de fogo, alterando significativamente os tipos penais de porte e

posse de armas de fogo de uso restrito e permitido.

Senão vejamos.

1) DO DECRETO Nº 9.685/2019 – PUBLICADO EM 15/01/2019.

Em 15/01/2019, fora editado o Decreto nº 9.685/2019, alterando

alguns pontos do decreto então vigente (5.123/04), como,

exemplificativamente, a aquisição e o registro da arma de fogo (artigos 12,

15, 16, 18 e 30 do Decreto nº 5.123/2004), mantendo-se as demais

cominações.

Além disso, o artigo 2º do decreto nº 9.685/2019 trouxe a renovação

automática, pelo prazo de 10 anos, dos certificados de registros de armas

expedidos antes da publicação da norma (15/01/2019):

“Art. 2º Os Certificados de Registro de Arma de Fogo expedidos antes da data de publicação deste Decreto ficam automaticamente renovados pelo prazo a que se refere o § 2º do art. 16 do Decreto nº 5.123, de 2004. “

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Até então, não houve alterações significativas no que atine à

esfera penal e processual penal (considerando-se a inalteração das armas e

seus calibres e a respectiva classificação entre uso permitido e restrito), a não

ser com relação à questão acerca da renovação automática do prazo de

validade.

E nesse ponto, o entendimento firmado pelo CAOCRIM é no sentido

de que somente os registros ainda válidos na entrada em vigor do Decreto nº

9.785/19 poderiam ser beneficiados pela ampliação automática do prazo de

validade.

Essa, inclusive, é a orientação da Polícia Federal

(http://www.pf.gov.br/servicos-pf/armas/renovacao):

“ATENÇÃO: o Decreto nº 9.685/19, que alterou o Decreto nº 5.123/04, estabeleceu que os Certificados de Registro de Arma de Fogo válidos até a data de sua publicação, em 15 de janeiro de 2019, foram automaticamente renovados pelo prazo remanescente até completarem 10 (dez) anos. Tal extensão do prazo já foi incluída no Sistema Nacional de Armas - Sinarm, não sendo necessário ao proprietário de arma de fogo renovar seu registro, se contemplado pela renovação. Se mesmo assim desejar reimprimir o Certificado de Registro de Arma de Fogo - CRAF com a data de validade correta, o possuidor de arma de fogo poderá procurar uma unidade da Polícia Federal para atualização de seu documento, munido deste requerimento preenchido e assinado, de documento de identificação e do CRAF. Neste caso, não lhe será cobrada qualquer taxa, tampouco lhe será exigido qualquer outro documento.

“Na hipótese de CRAF vencido antes de 15 de janeiro de 2019, o interessado deverá providenciar sua renovação, sujeitando-se ao cumprimento de todos os requisitos legais.”

CLIQUE AQUI PARA ACESSO AO QUADRO COMPARATIVO

(remetido por meio do E-mail Circular nº 03/2019).

2) DO DECRETO Nº 9.785/2019 – PUBLICADO EM 08/05/2019.

Em 08/05/2019, fora editado o Decreto nº 9.785/2019,

regulamentando a Lei nº 10.826/03, para dispor sobre conceitos e

classificação das armas; Sistema Nacional de Armas; Sistema de

Gerenciamento Militar de Armas; aquisição e registro; posse; porte; importação

e exportação; além da destinação das armas de fogo apreendidas.

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Referido Decreto revogou, de forma expressa e na íntegra, os

Decretos nº 5.123/2004 e 9.685/2019.

O Decreto nº 9.785/2019, dentre as várias mudanças significativas

(mormente no que se refere à autorização para o porte de arma) passou a

dispor, diretamente, acerca da classificação das armas de fogo (se de uso

restrito ou permitido), de acordo com sua potência.

Segundo o novo regulamento, as armas de fogo de uso permitido e

restrito passaram a ser, assim, classificadas:

“Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: I - arma de fogo de uso permitido - armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte que, com a utilização de munição comum, não atinjam, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé e mil seiscentos e vinte joules; b) portátil de alma lisa; ou c) portátil de alma raiada que, com a utilização de munição comum, não atinjam, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras pé e mil seiscentos e vinte joules; II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte que, com a utilização de munição comum, atinjam, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé e mil seiscentos e vinte joules; ou c) portátil de alma raiada que, com a utilização de munição comum, atinjam, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé e mil seiscentos e vinte joules; III - arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos”

A partir dessas alterações, algumas armas que antes eram de uso

restrito passam a ser de uso permitido, a exemplo: 9mm EXPP, 9mm Parabelum,

.40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 EXPO + P Gold Hex, .45 Auto, .357 Magnum.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A NOVA TABELA ELABORADA

PELO CAOCRIM, COM BASE NO DECRETO Nº 9.785/2019.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O QUADRO COMPARATIVO.

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Essa alteração da classificação de armas de uso restrito para uso

permitido impactou, diretamente, nos tipos penais previstos nos artigos 12

(posse irregular de arma de fogo de uso permitido); 14 (porte ilegal de arma de

fogo de uso permitido) e 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso

restrito) da Lei nº 10.826/03, além da causa de aumento de pena do artigo 19

do mesmo diploma legal, por se tratar de novatio legis in mellius, no

entendimento deste Centro de Apoio Criminal.

Por tais razões, o CAOCRIM elaborou a Informação Técnica-Jurídica

nº 01/2019, a fim de subsidiar a atividade de execução dos membros do

Ministério Público, apresentando algumas sugestões de atuação.

ACESSE AQUI A INFORMAÇÃO TÉCNICO-JURÍDICA Nº 01/2019.

Outra questão relevante refere-se à renovação automática, pelo

prazo de 10 anos, dos certificados de registros de armas expedidos antes da

publicação do decreto nº 9.685/2019 (publicado em 15/01/2019), previsto no

artigo 2º da norma em questão1.

Ocorre que o decreto nº 9.685/19, que estabeleceu essa regra

acerca da renovação automática foi integralmente revogado pelo decreto nº

9.785/2019.

E este último (9.785/19) não reproduziu essa previsão sobre a

renovação automática.

Sobre essa questão, o §2º do artigo 10 do Decreto nº 9.785/2019

apenas estabeleceu que “o cumprimento dos requisitos de que tratam os

artigos IV, V, VI e VII do caput do art. 9º deverá ser comprovado,

periodicamente, a cada dez anos, junto à Polícia Federal, para fins de

renovação do certificado de Registro de Arma de Fogo.”

1 Salienta-se que tal questão não possui relevância com relação à tipificação penal, mormente

no que atine ao delito de posse ilegal de arma de fogo, já que, no entendimento adotado por este Caocrim, a posse de arma com registro vencido constitui-se fato atípico, salvo com relação aos registros anteriores ao Estatuto do Desarmamento, que eram realizados pelos Estados. Trata-se, destarte, de uma questão administrativa que, na esfera das atribuições do Ministério Público, pode ter implicações na análise acerca da restituição da arma de fogo eventualmente apreendida nos autos de algum processo, ao seu proprietário registral.

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Desta forma, no entendimento deste Centro de Apoio Criminal, a

norma possibilitando a renovação automática dos certificados anteriores deixa

de existir a partir de 08/05/2019.

3) DO DECRETO Nº 9.797/2019 – PUBLICADO EM 22/05/2019.

Em 22/05/2019, fora editado o Decreto nº 9.797/2019, alterando

alguns pontos controversos do decreto então vigente nº 9.785/2019, como,

exemplificativamente, a facilitação ao porte de arma e a alteração dos calibres

das armas de uso restrito e permitido.

O artigo 20, §6º da norma passou a vedar expressamente a

concessão do porte (salvo às armas destinadas à atividade de caça por

caçadores registrados no Comando do Exército) de armas de fogo portáteis2 e

não portáteis3.

Com relação à classificação das armas (relativamente a sua

potência e indicação como de uso restrito ou permitido), o decreto limitou-se a

fazer correções textuais4, mas que não tiveram o condão de alterar a

classificação anteriormente adotada pelo Decreto nº 9.785/19, senão

vejamos:

“Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: I - arma de fogo de uso permitido - armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte que, com a utilização de munição comum, não atinjam, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé e mil seiscentos e vinte joules; b) portátil de alma lisa; ou c) portátil de alma raiada que, com a utilização de munição comum, não atinjam, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé e mil seiscentos e vinte joules; I - arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019)

2 Armas de fogos portáteis (não autorizada) é aquela que, devido às suas dimensões ou ao seu

peso, pode ser transportada por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda. 3 Já a arma de fogo não portátil (não autorizada) é aquela que, devido às suas dimensões ou

ao seu peso, precisa ser transportada por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam, fixadas em estruturas permanentes. 4 Inclusão do calibre nominal nos conceitos, de modo a possibilitar o estabelecimento de

critérios mais claros de aferição da energia cinética gerada e, consequentemente, a definição acerca da natureza da arma (se de uso restrito ou de uso permitido).

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a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) b) portáteis de alma lisa; ou (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte que, com a utilização de munição comum, atinjam, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé e mil seiscentos e vinte joules; ou b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) c) portátil de alma raiada que, com a utilização de munição comum, atinjam, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé e mil seiscentos e vinte joules; c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) III - arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas como de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; IV - munição de uso restrito - munições de uso exclusivo das armas portáteis raiadas, e das perfurantes, das traçantes, das explosivas e das incendiárias; IV - munição de uso restrito - as munições que: (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; (Incluído pelo Decreto nº 9.797, de 2019) b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas; (Incluído pelo Decreto nº 9.797, de 2019) c) sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou (Incluído pelo Decreto nº 9.797, de 2019) d) sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza; (Incluído pelo Decreto nº 9.797, de 2019) IV-A - munição de uso proibido - as munições incendiárias, as químicas ou as que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária; (Incluído pelo Decreto nº 9.797, de 2019) V - arma de fogo obsoleta - as armas de fogo que não se prestam ao uso efetivo em caráter permanente, em razão de: a) sua munição e seus elementos de munição não serem mais produzidos; ou b) sua produção ou seu modelo ser muito antigo e fora de uso, caracterizada como relíquia ou peça de coleção inerte; VI - arma de fogo de porte - as armas de fogo de dimensões e peso reduzidos, que podem ser disparadas pelo atirador com apenas uma de suas mãos, a exemplo de pistolas, revólveres e garruchas;

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VII - arma de fogo portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportadas por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda; VIII - arma de fogo não portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, precisam ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam fixadas em estruturas permanentes; IX - munição - cartucho completo ou seus componentes, incluídos o estojo, a espoleta, a carga propulsora, o projétil e a bucha utilizados em armas de fogo; X - cadastro de arma de fogo - inclusão da arma de fogo de produção nacional ou importada em banco de dados, com a descrição de suas características; XI - registro - matrícula da arma de fogo que esteja vinculada à identificação do respectivo proprietário em banco de dados; XII - registros precários - dados referentes ao estoque de armas de fogo, acessórios e munições das empresas autorizadas a comercializá-los; XIII - registros próprios - aqueles realizados pelos órgãos, instituições e corporações em documentos oficiais de caráter permanente; e XIII - registros próprios - aqueles realizados por órgãos, instituições e corporações em documentos oficiais de caráter permanente; (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) XIV - porte de trânsito - direito concedido aos colecionadores, aos atiradores e aos caçadores que estejam devidamente registrados no Comando do Exército e aos representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no País, de transitar com as armas de fogo de seus respectivos acervos para realizar suas atividades. XIV - porte de trânsito - direito concedido aos colecionadores, aos atiradores e aos caçadores que estejam devidamente registrados no Comando do Exército e aos representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no País, de transitar com as armas de fogo de seus respectivos acervos para realizar as suas atividades; e (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) XV - atividade profissional de risco - atividade profissional em decorrência da qual o indivíduo esteja inserido em situação que ameace sua existência ou sua integridade física em razão da possibilidade de ser vítima de delito que envolva violência ou grave ameaça. (Incluído pelo Decreto nº 9.797, de 2019) Parágrafo único. Fica proibida a produção de réplicas e simulacros que possam ser confundidos com arma de fogo, nos termos do disposto no art. 26 da Lei nº 10.826, de 2003, que não sejam classificados como arma de pressão nem destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado. (Revogado pelo Decreto nº 9.797, de 2019) § 1º Fica proibida a produção de réplicas e simulacros que possam ser confundidos com arma de fogo, nos termos do disposto no art. 26 da Lei nº 10.826, de 2003, que não sejam classificados como arma de pressão nem destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado. (Redação dada pelo Decreto nº 9.797, de 2019) § 2º O Comando do Exército estabelecerá os parâmetros de aferição e a listagem dos calibres nominais que se enquadrem nos limites estabelecidos nos incisos I, II e IV do caput, no prazo de sessenta dias, contado da data de edição do Decreto nº 9.797, de 21 de maio de 2019. (Incluído pelo Decreto nº 9.797, de 2019)”

Registre-se que, dentre as mudanças introduzidas pelo Decreto nº

9797/19, houve a inclusão do parágrafo 2º ao artigo 2º do decreto,

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estabelecendo que “O Comando do Exército estabelecerá os parâmetros de

aferição e a listagem dos calibres nominais que se enquadrem nos limites

estabelecidos nos incisos I, II e IV do caput, no prazo de sessenta dias,

contado da data de edição do Decreto nº 9.797, de 21 de maio de 2019."

Em sendo assim, tendo em vista essa previsão, o CAOCRIM

expediu a E-mail Circular nº 19/2019 comunicando que aguardaria a publicação

deste ato, pelo Comando do Exército, para analisar eventuais implicações e/ou

alterações do conteúdo da Informação Técnico-Jurídica nº 01/2019

recentemente publicada.

ACESSE AQUI O TEOR DO E-MAIL CIRCULAR Nº

19/2019/CAOCRIM.

4. DO DECRETO Nº 9.844/2019 – PUBLICADO EM 26/06/2019.

Em 26/06/2019, fora publicado o Decreto nº 9.844/2019,

regulamentando a Lei nº 10.826/03, para dispor sobre conceitos e

classificação das armas; Sistema Nacional de Armas; Sistema de

Gerenciamento Militar de Armas; aquisição e registro; posse; porte; importação

e exportação; além da destinação das armas de fogo apreendidas.

Referido Decreto revogou, de forma expressa e na íntegra, os

Decretos nº 9.785/2019 e 9.797/2019.

Ocorre que este Decreto nº 9.844/2019 foi revogado pelo Decreto

nº 9.847/2019 – publicado, também, em 26/06/2019.

Ou seja, o Decreto regulamentador nº 9.844/2019 fora publicado e

revogado no mesmo dia, sequer chegando a surtir efeitos.

5. DOS DECRETOS Nº 9.845/2018, 9.846/2019 e 9.847/2019 –

PUBLICADOS EM 26/06/2019.

Finalmente, em 26/06/2019, foram publicados os Decretos nº

9.845/2019, 9.846/2019 e 9.847/2019, todos regulamentando a Lei nº

10.826/2003.

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5.A. O decreto nº 9.845/2019 passou a dispor, exclusivamente,

sobre a aquisição, o cadastro, o registro e a posse de armas de fogo e

munições.

De modo geral, manteve as regras estabelecidas pelo revogado

Decreto nº 9.785/2019, inclusive no que se refere aos conceitos e classificação

das armas e munições, assim como a atribuição ao Comando do Exército para

estabelecer a listagem dos calibres nominais que se enquadrem na

classificação uso restrito e permitido:

“Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: I - arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; III - arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; IV - munição de uso restrito - as munições que: a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas; c) sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou d) sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza; V - munição de uso proibido - as munições que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária e as munições incendiárias ou químicas; VI - arma de fogo obsoleta - as armas de fogo que não se prestam ao uso efetivo em caráter permanente, em razão de: a) sua munição e seus elementos de munição não serem mais produzidos; ou b) sua produção ou seu modelo ser muito antigo e fora de uso, caracterizada como relíquia ou peça de coleção inerte; VII - arma de fogo de porte - as armas de fogo de dimensões e peso reduzidos que podem ser disparadas pelo atirador com apenas uma de suas mãos, a exemplo de pistolas, revólveres e garruchas;

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VIII - arma de fogo portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportadas por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda; IX - arma de fogo não portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, precisam ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam fixadas em estruturas permanentes; X - munição - cartucho completo ou seus componentes, incluídos o estojo, a espoleta, a carga propulsora, o projétil e a bucha utilizados em armas de fogo; XI - cadastro de arma de fogo - inclusão da arma de fogo de produção nacional ou importada em banco de dados, com a descrição de suas características; e XII - registro - matrícula da arma de fogo que esteja vinculada à identificação do respectivo proprietário em banco de dados. Parágrafo único. O Comando do Exército estabelecerá os parâmetros de aferição e a listagem dos calibres nominais que se enquadrem nos limites estabelecidos nos incisos I, II e IV do caput, no prazo de sessenta dias, contado da data de publicação deste Decreto. “

Todavia, no §9º do artigo 3º, vedou explicitamente a autorização

para aquisição de armas de fogo portáteis e não portáteis:

“A autorização para adquirir arma de fogo a que se refere o caput não será concedida para armas de fogo portáteis e não portáteis”

Portanto, estão proibidas a aquisição e posse de FUZIL, CARABINA,

ESPINGARDA e METRALHADORA5 (portáteis, de acordo com o inciso VIII do

artigo supra), além daquelas que precisam ser transportadas por mais de uma

pessoa (não portáteis, nos termos do inciso IX do mesmo diploma legal).

Importa consignar, outrossim, que nos mesmos moldes do decreto

nº 9.785/19, não foi reproduzida a regra sobre a renovação automática,

pelo prazo de 10 anos, dos certificados emitidos antes da vigência do decreto,

de modo que vai mantido o entendimento acima explanado:

“Desta forma, no entendimento deste Centro de Apoio Criminal, a norma possibilitando a renovação automática dos certificados anteriores deixa de existir a partir de 08/05/2019.”

5 Consoante conceitos extraídos link: http://cac.dfpc.eb.mil.br/index.php/forum-siscac/bem-

vindo-mat/287-definicoes-importantes-de-armas). FUZIL - arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada. CARABINA - arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que o do fuzil - com alma raiada. ESPINGARDA - arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, isto é, não - raiada. METRALHADORA - arma de fogo portátil, que realiza tiro automático.

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5.B. O Decreto nº 9.846/2019, passou a dispor, exclusivamente,

sobre a aquisição, o cadastro, o registro e a posse de armas de fogo e

munições por caçadores, colecionadores e atiradores.

Referido decreto também conceituou e classificou as armas de fogo

e munições de forma idêntica do Decreto nº 9.845/2019, somente ampliando o

rol para incluir a conceituação de “porte de trânsito”, em seu inciso XIII. Da

mesma forma, atribuiu ao Comando do Exército o estabelecimento da listagem

dos calibres nominais que se enquadrem na classificação uso restrito e

permitido, in verbis:

“Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: I - arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; III - arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; IV - munição de uso restrito - as munições que: a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas; c) sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou d) sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza; V - munição de uso proibido - as munições que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária e as munições incendiárias ou químicas; VI - arma de fogo obsoleta - as armas de fogo que não se prestam ao uso efetivo em caráter permanente, em razão de: a) sua munição e seus elementos de munição não serem mais produzidos; ou b) sua produção ou seu modelo ser muito antigo e fora de uso, caracterizada como relíquia ou peça de coleção inerte;

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VII - arma de fogo de porte - as armas de fogo de dimensões e peso reduzidos que podem ser disparadas pelo atirador com apenas uma de suas mãos, a exemplo de pistolas, revólveres e garruchas; VIII - arma de fogo portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportadas por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda; IX - arma de fogo não portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, precisam ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam fixadas em estruturas permanentes; X - munição - cartucho completo ou seus componentes, incluídos o estojo, a espoleta, a carga propulsora, o projétil e a bucha utilizados em armas de fogo; XI - cadastro de arma de fogo - inclusão da arma de fogo de produção nacional ou importada em banco de dados, com a descrição de suas características; XII - registro - matrícula da arma de fogo que esteja vinculada à identificação do respectivo proprietário em banco de dados; e XIII - porte de trânsito - direito concedido aos colecionadores, aos atiradores e aos caçadores que estejam devidamente registrados no Comando do Exército e aos representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no País, de transitar com as armas de fogo de seus respectivos acervos para realizar as suas atividades. Parágrafo único. O Comando do Exército estabelecerá os parâmetros de aferição e a listagem dos calibres nominais que se enquadrem nos limites estabelecidos nos incisos I, II e IV do caput, no prazo de sessenta dias, contado da data de publicação deste Decreto.”

5.C. Por fim, o Decreto nº 9.847/2019 passou a regulamentar, de

forma geral, a Lei nº 10.826/2003, dispondo das matérias não abrangidas

nos decretos nº 9.845/19 e 9.846/19, como o Sistema Nacional de Armas; o

Sistema de Gerenciamento Militar de Armas; o porte de arma de fogo;

importação e exportação; além da destinação das armas apreendidas.

O Decreto 9.847/19 revogou, de forma expressa e na íntegra, os

Decretos nº 9.785/19, 9.797/19 e 9.844/19.

Referido decreto também conceituou e classificou as armas de fogo

e munições, em seu artigo 2º.

Mister salientar que, em que pese o rol das conceituações, previsto

no artigo 2º do Decreto nº 9.847/19 tenha sido um pouco alterado e ampliado

em relação aos Decretos números 9.845/19 e 9.846/19 para incluir, nos incisos

XIII e XIV, os conceitos de “registros precários” e “registros próprios”, a

classificação de armas de uso permitido (inciso I, alíneas “a”, “b” e “c”),

uso restrito (inciso II, alíneas “a”, “b” e “c”) e de uso proibido (inciso III,

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alíneas “a” e “b”) e das munições de uso restrito (inciso IV, alíneas “a”,

“b”, “c” e “d”) e proibido (inciso V) permanece idêntica nos três decretos.

Ademais, não houve alterações com relação à classificação das

armas e munições trazida desde o Decreto nº 9.785/19 (que fora objeto de

ampla análise por este Caocrim, na Informação Técnico-Jurídica nº 01/2019).

Senão vejamos:

“Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: I - arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; III - arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; IV - munição de uso restrito - as munições que: a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas; c) sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou d) sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza; V - munição de uso proibido - as munições que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária e as munições incendiárias ou químicas; VI - arma de fogo obsoleta - as armas de fogo que não se prestam ao uso efetivo em caráter permanente, em razão de: a) sua munição e seus elementos de munição não serem mais produzidos; ou b) sua produção ou seu modelo ser muito antigo e fora de uso, caracterizada como relíquia ou peça de coleção inerte; VII - arma de fogo de porte - as armas de fogo de dimensões e peso reduzidos que podem ser disparadas pelo atirador com apenas uma de suas mãos, a exemplo de pistolas, revólveres e garruchas; VIII - arma de fogo portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportada por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda;

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IX - arma de fogo não portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, precisam ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam fixadas em estruturas permanentes; X - munição - cartucho completo ou seus componentes, incluídos o estojo, a espoleta, a carga propulsora, o projétil e a bucha utilizados em armas de fogo; XI - cadastro de arma de fogo - inclusão da arma de fogo de produção nacional ou importada em banco de dados, com a descrição de suas características; XII - registro - matrícula da arma de fogo que esteja vinculada à identificação do respectivo proprietário em banco de dados; XIII - registros precários - dados referentes ao estoque de armas de fogo, acessórios e munições das empresas autorizadas a comercializá-los; e XIV - registros próprios - aqueles realizados por órgãos, instituições e corporações em documentos oficiais de caráter permanente. § 1º Fica proibida a produção de réplicas e simulacros que possam ser confundidos com arma de fogo, nos termos do disposto no art. 26 da Lei nº 10.826, de 2003, que não sejam classificados como arma de pressão nem destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado. § 2º O Comando do Exército estabelecerá os parâmetros de aferição e a listagem dos calibres nominais que se enquadrem nos limites estabelecidos nos incisos I, II e IV do caput, no prazo de sessenta dias, contado da data de publicação deste Decreto.”

De acordo com o parágrafo 2º do artigo 2º da norma em comento:

“O Comando do Exército estabelecerá os parâmetros de aferição e a

listagem dos calibres nominais que se enquadrem nos limites estabelecidos nos incisos I, II e IV do caput, no prazo de sessenta dias, contado da data

de publicação deste Decreto"

Destarte, atualmente, a Lei nº 10.826/03 encontra-se

regulamentada pelos Decretos nº 9.845/19, 9.846/19 e 9.847/19.

Com relação às normas processuais e penais:

A) Tendo em vista a manutenção da classificação das armas e

munições de acordo com sua potência, introduzidas pelo Decreto

nº 9.785/19, a análise acerca das consequências jurídicas sobre

os crimes de posse e porte ilegal de armas de fogo e munições

de uso permitido ou restrito, (artigos 16, 14 e 12 da Lei nº

10.826/03), além da causa de aumento de pena do artigo 19 do

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mesmo diploma, realizada na Informação Técnico-Jurídica nº

01/2019/CAOCRIM permanece inalterada;

B) Inobstante não tenha sido produzida pelo Comando do Exército,

nos moldes do que restou disciplinado no §2º do artigo 2º do

Decreto nº 9.847/19, a tabela de classificação das armas de fogo

mais usuais, elaborada pelo Caocrim, fora composta com base

nos dados técnicos de potência elencados no artigo 2º dos

Decretos nº 9.845/19, 9.846/19 e 9.847/19, razão pela qual se

sugere aos membros e servidores do Ministério Público a

utilização da referida tabela para a análise e adequação dos tipos

penais. Quando elaborada a listagem pelo Comando do Exército,

será divulgada e disponibilizada pelo Caocrim;

C) Com relação à questão acerca da norma de renovação

automática dos certificados emitidos antes da entrada em vigor

do Decreto nº 9.685/19 (15/01/19), no entendimento deste Centro

de Apoio Criminal e de Segurança Pública, essa regra deixou de

existir a partir de 08/05/2019, porquanto não fora replicada nos

decretos subsequentes.

Lei nº 10.826/03 (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 5.123/04 (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 3.665/00 (CLIQUE AQUI)

Tabela adotada com base no Decreto nº 3.665/00 (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 9.685/19 (CLIQUE AQUI)

Quadro comparativo (remetido por meio do E-mail Circular nº

03/19/CAOCRIM) (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 9.785/19 (CLIQUE AQUI)

Nova tabela com base no Decreto nº 9.785/19 (CLIQUE AQUI)

Quando comparativo (CLIQUE AQUI)

Informação Técnico-Jurídica nº 01/2019/CAOCRIM (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 9.797/19 (CLIQUE AQUI)

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E-mail Circular nº 19/2019/CAOCRIM (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 9.844/19 (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 9.845/19 (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 9.846/19 (CLIQUE AQUI)

Decreto nº 9.847/19 (CLIQUE AQUI)

Permanecemos à disposição para maiores esclarecimentos.

Equipe do Centro de Apoio Criminal e de Segurança Pública.