“cuidar de quem cuida de idosos institucionalizados”...instituto politécnico de beja escola...

204
Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados” A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos Nádia Raquel Gonçalves da Cruz Beja 2014

Upload: others

Post on 22-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Instituto Politécnico de Beja

Escola Superior de Educação

Mestrado em Psicogerontologia Comunitária

Projecto de Intervenção

“Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”

A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores

formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos

Nádia Raquel Gonçalves da Cruz

Beja 2014

Page 2: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Instituto Politécnico de Beja

Escola Superior de Educação

Mestrado em Psicogerontologia Comunitária

Projecto de Intervenção

“Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”

A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados

prestados aos mesmos

Elaborado por:

Nádia Raquel Gonçalves da Cruz

Orientado por:

Professora Doutora Maria Cristina Campos de Sousa Faria

Co-orientado por:

Professora Doutora Ana Isabel Lapa Fernandes

Beja 2014

Page 3: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Resumo

O presente estudo incide sobre o tema da interferência do desgaste

físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade da prestação de

cuidados a pessoas idosas dependentes.

O investigador pretende responder à seguinte questão de partida: De

que forma o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos

dependentes interfere na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos?

Neste sentido foi realizado um estudo no Lar Anexo I, da Santa Casa da

Misericórdia de Sines, com 13 Ajudantes de Lar e 30 utentes, que

representaram uma amostra por conveniência do universo de 53 utentes.

Os instrumentos de recolha de dados aplicados foram de natureza

qualitativa e quantitativa, nomeadamente uma Entrevista semi-estruturada

aplicada aos cuidadores formais e um Inquérito por Questionário para os

utentes.

Além disso utilizou-se o Índice de Barthel, para a avaliação da

dependência dos utentes ao nível das Actividades Básicas da Vida Diária.

Foram ainda aplicadas duas Escalas de Avaliação Psicológica: a Escala

de Sobrecarga do Cuidador (adaptada por Sequeira) e a Escala de Ansiedade,

Depressão e Stress (adaptada por Pais-Ribeiro, Honrado e Leal).

A nível dos resultados do desgaste físico verificou-se que, a maioria dos

cuidadores formais sofre de sobrecarga intensa. Relativamente ao desgaste

psicológico, o stress apresentou a média de resultados mais elevada.

A maioria dos idosos é dependente e considera que o desgaste dos

cuidadores interfere na qualidade dos seus cuidados.

Face aos resultados adquiridos no processo investigativo propôs-se um

Projecto de Intervenção.

Palavras-Chave: Cuidador Formal, Idoso, Desgaste Físico e Psicológico, Cuidado

Page 4: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Abstract

The present study focuses on the issue of physical and psychological

wear and tear’s interference of formal caregivers in the quality of care for

dependent elderly people.

The researcher intends to answer to the initial question: How does the

physical and psychological wear and tear of formal caregivers of dependent

elderly interferes with the quality of care provided to them?

Regarding this a study was conducted at the institution Santa Casa da

Misericórdia de Sines, in its rest house Lar Anexo I, with 13 employees of

helper category and 30 of their service-users, which represented a convenience

sample of an universe of 53 users.

The instruments for data collection were applied in a qualitative and a

quantitative way, including a semi-structured interview applied to formal

caregivers, and a questionnaire for their service-users.

Beyond that was used the Barthel Index, for evaluation of user’s

dependency regarding the Basic Activities of Daily Living.

Were also applied two scales of Psychological Evaluation: Scale of

Caregiver’s Overload (adapted by Sequeira) and the Scale of Anxiety,

Depression and Stress (adapted by Pais-Ribeiro, Honrado and Leal).

Regarding the results of the physical wear and tear was found that most

of the formal caregivers suffer from intense overload. Relatively to the

psychological one, the stress showed the highest average results.

Most seniors are dependent and consider that this wear and tear of

caregivers interferes with the quality of their care.

Given the results obtained in the investigative process was proposed an

Intervention Project.

Keywords: Caregiver, Elderly, Physical and Psychological Wear, Care.

Page 5: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Agradecimentos

Agradeço a todos os que me apoiaram nesta etapa da vida, dando força para

prosseguir e superar as diversidades encontradas.

Aos meus pais Helena e Diamantino

Ao meu irmão Rui

Ao meu namorado Luís

A toda a minha família

À Nina

Às minhas orientadoras Doutora Mª Cristina Faria e Doutora Ana Fernandes

Às Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

Aos utentes do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

“Tu serás aquilo que for o teu mais profundo e estimado desejo.

Aquilo que for o teu desejo fará a tua vontade.

Aquilo que for a tua vontade fará a tua acção.

Aquilo que for a tua acção fará o teu Destino.”

Brihadaranyaka Upanischad

(adaptado)

Page 6: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Índice

Introdução

1

Parte I – Enquadramento Teórico

3

1- O Envelhecimento: conceptualizações, causas e consequências

4

1.1- Idoso, velho, sénior e geronte

8

2- A Dependência na Velhice

9

3- A Importância das redes de suporte social no envelhecimento

11

4 - Cuidar de Idosos: Cuidador Formal e Cuidador Informal

15

5 - A institucionalização de Idosos

18

6 - O cuidador principal - Ajudante de Lar

23

7 - A qualidade de vida do idoso: a importância dos cuidados prestados

27

8 - O desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos

32

9 - Os aspectos positivos de cuidar - Resiliência e Motivação dos cuidadores

40

10 - Psicogerontologia Comunitária: os contributos para a intervenção na velhice

43

Parte II – Estudo Empírico

49

11- Metodologia

49

11.1- Tipologia do Estudo

50

11.2 - Participantes

52

11.2.1- Contexto Institucional dos Participantes

53

11.2.1.1 - Caracterização do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

53

11.2.1.2 - Caracterização populacional do concelho de Sines

56

11.3 – Instrumentos 58

11.4- Procedimentos 62

Page 7: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

11.5- Tratamento de Dados

64

11.6- Apresentação dos Resultados

66

11.6.1 – Caracterização dos Participantes 66

11.6.1.1 - Idosos Institucionalizados no Lar Anexo I 66

11.6.1.2 - Cuidadores formais no Lar Anexo I 73

11.6.2- Escala de Sobrecarga do Cuidador

75

11.6.3- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress

80

11.6.4- Entrevistas às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Lar Anexo I)

84

11.6.4.1- Análise da Entrevista de E1

85

11.6.4.2- Análise da Entrevista de E2

89

11.6.4.3- Análise da Entrevista de E3

92

11.6.4.4- Análise da Entrevista de E4

96

11.6.4.5- Análise da Entrevista de E5

99

11.6.4.6- Análise da Entrevista de E6

103

11.6.4.7- Análise da Entrevista de E7

106

11.6.4.8- Análise da Entrevista de E8

108

11.6.4.9- Análise da Entrevista de E9

111

11.6.4.10- Análise da Entrevista de E10

115

11.6.4.11- Análise da Entrevista de E11

118

11.6.4.12- Análise da Entrevista de E12

121

11.6.4.13- Análise da Entrevista de E13

124

11.6.4.14- Análise global das Entrevistas às Ajudantes de Lar (SCMS)

127

11.6.5 – Índice de Barthel – Actividades Básicas de Vida Diária

133

11.6.6 – Apresentação dos resultados dos questionários realizados aos utentes do Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines

138

Page 8: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

11.7 – Análise dos resultados

158

Parte III- Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida

164

12- Proposta de Projecto de Intervenção 164

12.1 – Enquadramento 164

12.2 – Análise das situações-problema

165

12.3 – Objectivos do Projecto

172

12.4 – Plano de acção do Projecto

173

12.5 – Avaliação do Projecto

179

Conclusões

181

Bibliografia

183

Webgrafia

189

Apêndices

190

Anexos

226

Page 9: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Índice de gráficos

Gráfico nº1 - Género dos utentes do Lar Anexo I, SCMS

66

Gráfico nº 2- Idade dos utentes do Lar Anexo I, SCMS

67

Gráfico nº3- Estado Civil dos utentes do Lar Anexo I, SCMS

67

Gráfico nº4 - Profissão dos utentes do Lar Anexo I, SCMS

68

Gráfico nº5 - Escolaridade dos utentes do Lar Anexo I, SCMS

69

Gráfico nº6 - Suporte Social dos utentes do Lar Anexo I, SCMS

69

Gráfico nº7- Interacções sociais fora do Lar Anexo I, SCMS

70

Gráfico nº8- Interacções sociais dos utentes do Lar Anexo I, SCMS

70

Gráfico nº 9- Problemas de saúde dos utentes participantes

71

Gráfico nº 10- Dependência nas AVD’s dos utentes participantes

72

Gráfico nº 11- Idades das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS

73

Gráfico nº 12- Estado civil das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS

74

Gráfico nº 13- Escolaridade das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS

74

Gráfico nº14 - Sobrecarga dos cuidadores formais do Lar Anexo I, SCMS

75

Gráfico nº15 - Total global da Sobrecarga de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS

76

Gráfico nº16 - Impacto de Prestações de Cuidados de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS

77

Gráfico nº 17 - Relação Interpessoal de cada cuidador formal do Lar Anexo I , SCMS

77

Gráfico nº 18- Expectativas ao cuidar de cada cuidador formal do Lar Anexo I , SCMS

78

Gráfico nº 19- Percepção de auto eficácia de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS

79

Gráfico nº 20 - Escala de Ansiedade Depressão e Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS

80

81

Page 10: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Gráfico nº 21 - Níveis de Ansiedade dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 22 - Níveis de Depressão dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS

82

Gráfico nº 23 - Níveis de Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS

83

Gráfico nº 24- Nível de dependência- Item Alimentação

134

Gráfico nº 25- Nível de dependência - Item Vestir

134

Gráfico nº 26-Nível de dependência – Item Banho

134

Gráfico nº 27-Nível de dependência – Item Higiene Corporal

135

Gráfico nº 28- Nível de dependência – Item Uso da Casa de Banho

135

Gráfico nº 29- Nível de dependência – Item Controlo intestinal

135

Gráfico nº 30 - Nível de dependência – Item Controlo Vesical

136

Gráfico nº 31- Nível de dependência- Item Subir escadas

136

Gráfico nº 32- Nível de dependência- Item Transferência cama-cadeira

137

Gráfico nº 33- Nível de dependência- Item Deambulação

137

Gráfico nº 34 – Tempo de ingresso na Instituição

139

Gráfico nº 35 – Escolha de entrada para o Lar

139

Gráfico nº 36 – Vida na Instituição e expectativas iniciais

140

Gráfico nº 37- Classificação da vida no Lar Anexo I

141

Gráfico nº 38 – Actividades sócio culturais no Lar Anexo I

142

Gráfico nº 39 – Frequência das visitas aos utentes do Lar Anexo I

143

Gráfico nº 40- Relações com os familiares após a institucionalização 144 Gráfico nº 41 – Relação com os restantes utentes do Lar Anexo I

144

Gráfico nº 42- Relação dos utentes do Lar Anexo I com as Ajudantes de Lar

145

Gráfico nº 43- Primeira qualidade valorizada nos cuidadores fornais

146

Gráfico nº 44- Segunda qualidade valorizada nos cuidadores formais 146

Page 11: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Gráfico nº 45- Terceira qualidade valorizada nos cuidadores formais

147

Gráfico nº 46- Grau de satisfação com os cuidados de higiene

148

Gráfico nº 47- Necessidade de apoio para tomar

148

Gráfico nº 48 – Qualidade dos cuidados recebidos no banho

149

Gráfico nº 49 – Cuidados ao nível da higiene diária

149

Gráfico nº 50 – Grau de satisfação com os cuidados de alimentação

150

Gráfico nº51- Apoio na realização das refeições diárias

150

Gráfico nº 52- Grau de satisfação com os cuidados de vestuário

151

Gráfico nº 53- Cuidados ao nível do vestuário

152

Gráfico nº 54- Satisfação dos utentes com a roupa que vestem diariamente

153

Gráfico nº 55 – Frequência da escolha de roupa diária

153

Gráfico nº 56 – Apoio sócio emocional dos utentes do Lar Anexo I

155

Gráfico nº 57- Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar

155

Gráfico nº 58 – Relação entre a qualidade dos cuidados e o desgaste dos cuidadores formais

157

Page 12: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Índice de quadros

Quadro nº 1- Alterações nas questões da Escala de Sobrecarga do

Cuidador para o contexto do cuidador formal

60

Quadro nº2 – Análise de situações-problema do Projecto de

Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”

166

Quadro nº 3 – Plano de Acção do Projecto de Intervenção “ Cuidar de

quem Cuida de Idosos Institucionalizados”

174

Page 13: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Índice de Apêndices

Apêndice I - “Entrevista semi-estruturada” 190

Apêndice II - “Inquérito por questionário”

195

Apêndice III -“ Solicitação de autorização para realização da Investigação”

208

Apêndice IV - “ Solicitação de autorização para utilização da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Índice de Barthel

210

Apêndice V - “ Solicitação de autorização para utilização da Escala Ansiedade, Depressão e Stress “ (EADS -21)

212

Apêndice VI - “ Consentimento Informado”

214

Apêndice VII -“ Autorização para registo áudio”

216

Apêndice VIII - “ Ficha de auto-avaliação do Projecto”

218

Apêndice IX – “Questionário de avaliação do Projecto”

221

Apêndice X- “Cronograma do Projecto”

224

Page 14: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Índice de Anexos

Anexo I - “ Autorização para a realização da investigação”

226

Anexo II- “ Autorização para utilização da Escala de Sobrecarga do

Cuidador e Índice de Barthel

228

Anexo III- “ Autorização para utilização da Escala Ansiedade, Depressão e Stress “ (EADS -21)

230

Anexo IV – “ Caracterização da Santa Casa da Misericórdia de Sines”

232

Anexo V - “Caracterização sócio-demográfica de Sines”

236

Anexo VI - “Índice de Barthel”

248

Anexo VII - “ Escala de Sobrecarga do Cuidador”

250

Anexo VIII - “ Escala de Ansiedade, Depressão e Stress”

252

Anexo IX - “Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador”

254

Anexo X - “ Resultados da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress”

281

Anexo XI - “ Transcrições das Entrevistas das Ajudantes de Lar do Anexo I, SCMS”

295

Anexo XII - “ Análise de conteúdo das entrevistas”

372

Anexo XIII - “ Resultados do Índice de Barthel”

386

Anexo XIV - “ Análise de conteúdo dos Inquéritos por Questionário”

389

Page 15: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

Abreviaturas

ABVD ’s - Actividades Básicas da Vida Diária

EADS-21- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress de 21 itens

ESC- Escala de Sobrecarga do Cuidador

EC – Expectativas face ao cuidar

Et al – E outros

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPC – Impacto da prestação de cuidados

PA – Percepção de auto-eficácia

RI – Relações interpessoais

SCMS – Santa Casa da Misericórdia de Sines

S/d – Sem data

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences (software aplicativo)

Page 16: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

1

Introdução

O documento seguidamente apresentado consiste num Projecto de

Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”, no âmbito

do Mestrado de Psicogerontologia Comunitária, da Escola Superior de

Educação de Beja, desenvolvido pela mestranda Nádia Cruz, sob orientação

da Professora Doutora Maria Cristina Faria e co-orientação da Professora

Doutora Ana Fernandes.

O Projecto de Intervenção fundamenta-se na temática do desgaste físico

e psicológico dos cuidadores formais e interferência do mesmo na qualidade da

prestação de cuidados a pessoas idosas dependentes.

Neste sentido a questão de partida é: De que forma o desgaste físico e

psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na

qualidade dos cuidados prestados aos mesmos?

O investigador pretende responder ao seguinte objectivo geral:

compreender as interferências do desgaste físico e psicológico dos cuidadores

formais na qualidade dos cuidados que prestam aos idosos dependentes.

Os objectivos específicos do processo investigativo passam por:

Avaliar os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores

formais;

Avaliar o nível global de dependência dos idosos, no que diz respeito às

Actividades Básicas da Vida Diária;

Verificar as causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores

formais de idosos dependentes;

Identificar as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores formais;

Verificar o grau de satisfação dos utentes relativamente aos cuidados

recebidos ao nível da higiene, alimentação e vestuário;

Conhecer a visão dos utentes acerca da interferência do desgaste físico

e psicológico dos seus cuidadores na qualidade dos cuidados que lhes

são prestados.

As razões para a escolha do tema investigativo remetem-se

primeiramente para o gosto pela intervenção junto da população mais

Page 17: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

2

envelhecida e dos seus cuidadores e o facto de constituir o campo de trabalho

do investigador.

Além disso o tema é bastante pertinente para a área da

Psicogerontologia Comunitária, uma vez que, com o aumento da população

envelhecida e consequentemente do número de dependentes é cada vez

mais necessário olhar para quem cuida e cuidar não só dos receptores de

cuidados mas também dos seus cuidadores.

O documento apresentado é constituído por três partes fundamentais: o

Enquadramento Teórico, o Estudo Empírico e o Projecto de Intervenção.

No Enquadramento Teórico são desenvolvidos e correlacionados os

conceitos chave da investigação e a pertinência do tema na área da

Psicogerontologia Comunitária.

No Estudo Empírico é apresentada a metodologia da investigação, os

participantes, a caracterização da Instituição e do meio físico onde se realiza

a intervenção, os instrumentos de recolha de dados, os procedimentos, as

técnicas de tratamento de dados, a apresentação e análise dos resultados.

A parte do Projecto de Intervenção inicia-se com o enquadramento do

projecto e a caracterização das diferentes etapas, seguindo-se a

apresentação da análise das situações-problema, a planificação das acções e

da avaliação das mesmas.

Na parte final do documento compilam-se os apêndices e anexos

fundamentais à compreensão do processo de desenvolvimento do Projecto de

Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”.

Page 18: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

3

Parte I – Enquadramento Teórico

Segundo Quivy e Campenhoudt (2003:89), “a problemática é a

abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adoptar para tratarmos o

problema formulado pela questão de partida.”

“A elaboração de uma problemática é […] realizada em dois momentos. Num

primeiro momento trata-se de explorar leituras […] e fazer o balanço dos diferentes

aspectos do problema que foram evidenciados. […] Num segundo momento pode-se

escolher e definir a nossa própria problemática.” (Quivy e Campenhoudt, 2003: 89).

Para a concretização da problemática da investigação é necessário

realizar uma “revisão da literatura que tem como objectivo a consulta e recolha de

informação pertinente relativa à área de investigação em geral e à problemática da

investigação em particular. Basicamente tem como objectivo a aquisição de

conhecimento científico na área da investigação, que seja relevante e permita ajudar a

encontrar a (s) resposta (s) para a problemática em estudo.” (Sousa e Baptista,

2011:33).

A problemática a tratar neste Projecto de Intervenção incide em, estudar

de que forma é que os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores

formais de idosos dependentes, influenciam a qualidade dos cuidados

prestados aos mesmos.

Neste sentido, é necessário fazer uma exploração de leituras e revisão

bibliográfica sobre a temática em estudo de forma a construir a própria

problemática.

Seguidamente apresenta-se a exploração de um conjunto de conceitos

de modo a melhor compreender o problema em estudo. Os eixos de

conhecimento a estudar são as seguintes: o envelhecimento, a dependência na

velhice, as redes de suporte social; os cuidadores de idosos; a

institucionalização de idosos; a qualidade de vida e a importância dos cuidados

prestados aos idosos; o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais

de idosos; os aspectos positivos no acto de cuidar e os contributos da

Psicogerontologia na intervenção junto dos mais velhos.

Page 19: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

4

1 - O Envelhecimento: conceptualizações, causas e consequências

Ao longo dos tempos, a sociedade portuguesa tem assistido a um

fenómeno de crescente envelhecimento populacional, o que tem promovido

diversas reflexões acerca desta problemática.

As investigações de autores referenciados como a Constança Paúl, o

António Fonseca, o Carlos Sequeira, entre outros, têm-se debruçado sobre

questões acerca das diferentes conceptualizações do envelhecimento, dos

factores que promovem um envelhecimento saudável e activo, das

consequências do envelhecimento demográfico e a promoção da

sustentabilidade de uma sociedade cada vez mais envelhecida.

Em primeiro lugar, é preciso entender o que é isso de envelhecimento.

Este conceito não é de modo algo unívoco. Existem diversas definições de

envelhecimento, que o encaram como um processo gradativo e diferencial, que

se altera de acordo com o indivíduo, os contextos económico, social e cultural,

desenvolvendo-se em torno de diversas componentes.

De acordo com Rocha (2009:43) citando Birren & Renner (1997:10) o

envelhecimento refere-se “ às mudanças regulares que ocorrem em organismos

maturos, geneticamente representativos, vivendo em condições ambientais

representativas, na medida em que avançam com a idade cronológica.”

Quando se fala de envelhecimento referimo-nos inevitavelmente a uma

fase do desenvolvimento do adulto. “O envelhecimento pode ser definido como um

processo de mudança progressiva da estrutura biológica, psicológica e social dos

indivíduos que, iniciando-se mesmo antes do nascimento se desenvolve ao longo da

vida. Este processo desenvolvimental é causado por alterações moleculares e

celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo

como um todo”. (Guiomar, 2010:3).

De acordo com Paúl (2005) existem três componentes que caracterizam

os diferentes processos de envelhecimento. A componente biológica, a social e

a psicológica.

O processo de envelhecimento biológico resulta da vulnerabilidade

crescente e de uma maior probabilidade de morrer, a que se chama

senescência. Refere-se ainda, às modificações fisiológicas e anatómicas que

surgem por volta da segunda década de vida e se tornam evidentes a partir da

quarta década até à morte.

Page 20: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

5

O processo de envelhecimento social remete-nos às expectativas da

sociedade em relação ao que são os papéis sociais nesta faixa etária, às

modificações na vida das pessoas ao nível do papel na sociedade. A

passagem para a reforma é um exemplo dessas alterações. Esta acarreta uma

diminuição de rendimentos económicos, a perda de identidade e ruptura com

os laços estabelecidos no local de trabalho. A saída dos filhos de casa (ninho

vazio) e a aquisição do papel de avós é outra alteração que surge com o

envelhecimento. Além disso, as modificações começam a ser mais evidentes

com o aumento da dependência e necessidade de apoio a nível familiar.

Por último, o envelhecimento psicológico é definido como a capacidade

do indivíduo de se adaptar às transformações resultantes do processo de

envelhecimento. A este propósito “ Neugarten elaborou um estudo transversal onde

concluiu que as pessoas mais velhas tendiam a preocupar-se mais com a sua vida do

que com o mundo externo, justificando que as pessoas mais velhas tendiam a um

afastamento do mundo exterior.” (Rocha, 2009:51).

Este mundo exterior é cada vez mais envelhecido, onde se verifica o

chamado envelhecimento demográfico. Este designa, no essencial, “a

progressiva diminuição do peso das gerações mais jovens a favor das

gerações mais velhas” (Bandeira, et al, 2012:7).

Segundo Rocha (2009: 60), as causas do envelhecimento demográfico

não estão centradas na melhoria das condições de vida que fazem aumentar a

esperança média de vida mas sim na nova conjuntura social que gera uma

diminuição da natalidade. Esta conjuntura social justifica-se com os novos

valores familiares, as exigências do mundo do trabalho, o individualismo e o

casamento tardio.

As consequências deste fenómeno do envelhecimento demográfico são

evidenciadas em vários panoramas. A nível social, ocorre uma maior

convivência de várias gerações, um aumento do número de famílias com

idosos dependentes e o aumento do número de idosos em instituições. A nível

da saúde tende a ocorrer mais exigência dos serviços e um aumento dos

gastos com medicação. Ao nível económico verifica-se um maior gasto com as

reformas e menos receitas para o estado. Além destas consequências existem

ainda as políticas (peso de votos nos partidos conservadores), as culturais

Page 21: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

6

(aumento de estruturas de lazer para seniores) e as científicas e laborais

(aumento da formação e oferta de emprego na área da gerontologia).

O facto de o envelhecimento acarretar muitas consequências ao nível

das diferentes estruturas sociais, pode ter acentuado um sentido negativo de

noção de risco do envelhecimento. No entanto, “não é aceitável que o

envelhecimento seja considerado como um risco. Pelo contrário, é um bem, resultado

da melhoria generalizada das condições de vida, em larga medida induzida pelo

sucesso de políticas sociais públicas como as da saúde, de redistribuição de

rendimentos e de trabalho.” (Capucha, s/d:338). O grande desafio que se coloca ao nível do envelhecimento

populacional, é o de desenvolver medidas que incentivem um envelhecimento

saudável, bem-sucedido e activo, que promova a qualidade de vida e bem-

estar dos mais velhos, tornando os mesmos interventores no desenvolvimento

de uma sociedade sustentável. “Envelhecer com saúde, autonomia e independência, o mais tempo possível,

constitui hoje, um desafio à responsabilidade individual e colectiva, com tradução

significativa no desenvolvimento económico dos países.” (Guiomar, 2010:4).

Neste sentido, hoje em dia, não se fala apenas em envelhecimento, mas

sim em envelhecimento saudável e envelhecimento activo. “O envelhecimento saudável depende do equilíbrio entre o declínio natural das

diversas capacidades individuais, mentais e físicas e a obtenção dos objectivos que se

desejam.” (DGS, s/d:2).

De acordo com a Direcção Geral de Saúde (s/d: 2) o envelhecimento

saudável assenta em três grandes pilares: a autonomia, a aprendizagem ao

longo da vida e a necessidade de se manter activo.

A autonomia está relacionada com a capacidade de autodeterminação,

da dignidade, integridade e liberdade de escolha.

A aprendizagem ao longo da vida é um aspecto que contribui para

envelhecer de forma saudável, uma vez que, favorece a conservação das

capacidades cognitivas.

Por último, ter uma vida activa é uma das formas de permitir a

manutenção da saúde da pessoa idosa nas suas diversas componentes: física,

psicológica e social.

Page 22: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

7

O envelhecimento saudável assenta em determinantes como: esperança

de vida, satisfação da vida e bem-estar, crescimento pessoal, novas

aprendizagens, comunidade social, actividades de lazer, segurança económica,

vizinhança, aspectos físicos, produtividade e sentido de humor.

Além do envelhecimento saudável podemos falar em envelhecimento

activo, que é de algum modo um conceito mais abrangente.

A Organização Mundial de Saúde definiu envelhecimento activo como “um processo de optimização de oportunidades para a saúde, participação, segurança,

no sentido de aumentar a qualidade de vida durante o envelhecimento.”

(Guiomar,2010:4)

Neste sentido, o envelhecimento activo implicará uma atitude pessoal de

optimismo perante a vida mas também, a existência de medidas capacitadoras

dos mais velhos e das suas famílias, de modo a prevenir a vulnerabilidade

social.

Segundo o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade

entre Gerações - Programa de Acção (2012:6) as dimensões a ter em conta

para a promoção do envelhecimento activo foram: o reforço do papel das

famílias; o reforço das relações intergeracionais; a valorização do papel da

pessoa idosa na sociedade por mecanismos que favorecessem a sua

participação activa e o exercício dos seus direitos; a facilitação do acesso ao

mercado de trabalho e permanência neste; o investimento na aprendizagem ao

longo da vida; a promoção do voluntariado social; a permanência no meio

habitual de vida, o mais tempo possível; uma maior e melhor prevenção e

cobertura das situações de dependência.

Compreender as diferentes concepções de envelhecimento é

fundamental para a promoção de uma qualidade de vida e bem-estar dos mais

velhos.

Page 23: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

8

1.1 - Idoso, velho, sénior e geronte Com as transformações económicas, sociais, políticas e culturais

adjacentes ao crescente envelhecimento populacional, têm surgido diferentes

noções do que é ser mais velho, ter mais idade e viver mais anos.

Se inicialmente havia uma maior tendência para falar em velho ou idoso,

mais tarde, estas noções foram sendo substituídas por termos como sénior ou

geronte. Mas afinal o que quer dizer cada um destes conceitos?

Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002), “velho é

aquele que tem uma idade avançada, que conta com muitos anos de existência, que

tem mais anos de vida que o outro, que vem de um tempo mais antigo.”

Segundo a fonte citada anteriormente, o idoso é “aquele que tem uma

idade avançada”, o sénior “é mais velho que outra pessoa” e o geronte

“exprime a ideia de velhice e velho”.

Neste sentido, percepciona-se que qualquer um destes termos nos

remete para a ideia de alguém que vive mais anos, chegando à etapa da

velhice.

Nas diversas teses e investigações consultadas, verifica-se que, há uma

tendência para que os termos idoso e velho surjam mais associados à ideia de

dependência, de cuidados de terceiros e de institucionalização. Tal como a

noção de sénior apareça mais relacionada com as concepções como Turismo

Sénior, Empreendedorismo Sénior e Universidades Sénior. Do mesmo modo, o

conceito de geronte surge mais relacionado às questões do estudo da

Gerontologia e Psicogerontologia.

Não existem os conceitos certos ou errados, existem sim formas

adequadas ou inadequadas de os utilizar.

Segundo Santos (2010:1036) a Organização das Nações Unidas

estabeleceu duas concepções de idoso: uma para os países desenvolvidos e

outra para os subdesenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas as

pessoas com 65 e mais anos. Nos países subdesenvolvidos são idosas as

pessoas com 60 ou mais anos.

Ao longo do tempo e com o aumento da esperança média de vida,

desenvolveram-se subcategorias do conceito de idoso: idosos jovens, idosos e

muito idosos. “Idosos jovens são todos aqueles que têm idade igual ou superior

Page 24: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

9

a 65 anos e inferior aos 74 anos. Idosos têm idade igual ou superior a 75 anos

e inferior a 84 anos. Muito idosos têm uma idade igual ou superior a 85 anos.”

(Guiomar, 2010:4).

Estas definições são de algum modo limitadas, uma vez que utilizam

predominantemente o critério cronológico para estabelecer o que é um

indivíduo idoso.

Actualmente sabemos que ser idoso é mais do que ter determinada

idade, é um estado de espírito, um modo de vida, a forma como se encara o

dia-a-dia.

Neste sentido, o conceito de idoso ou de indivíduo com mais idade tem

sido ampliado, considerando que a velhice não é um processo único mas sim

definido por diversos factores específicos de cada indivíduo.

“ Muitas são as formas de ser velho. Este período desenvolvimental

carrega consigo a história de vida de cada indivíduo, determinada quer pelo

património genético como pela herança psicossocial.” (Guiomar, 2010:5).

2- A Dependência na Velhice As pessoas idosas apresentam um risco potencial no que diz respeito à

perda de capacidades funcionais e/ ou mentais, que podem determinar a

dependência parcial ou total para a realização das actividades da vida diária. “A dependência é um estado em que as pessoas se encontram com uma perda

ou falta de autonomia física, psíquica ou intelectual, têm necessidade de uma

assistência e / ou de ajudas importantes a fim de realizar os actos correntes da vida ou

actividades de vida diária.” (MTSS, 2009:8).

Segundo Miguel et al. (2007:786) podemos distinguir três tipos de

dependência: dependência estruturada, física e comportamental. “A dependência estruturada está ligada à ideia de que o valor do ser humano é

determinado, em primeira instância, pela sua participação no processo produtivo. A

perda do trabalho e/ou a aposentadoria são exemplos de dependência estruturada

(parte da população trabalhadora disponível para sustentar os que estão fora da força

de trabalho).” (Miguel et al.207:786).

Page 25: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

10

A dependência física diz respeito à incapacidade funcional que a pessoa

apresenta para realizar actividades da vida diária. Pode variar em graus de

acordo com idade, género, classe social, ocorrência de problemas

psiquiátricos, porém é mais frequente entre os idosos.

Em consequência da dependência física pode ocorrer a dependência

comportamental. Esta explica-se por dois grandes paradigmas: um vê a

dependência como resultado do desamparo e o outro considera-a como

instrumento de controlo. “No primeiro caso, a dependência é atribuída ao ambiente negligente (…) e

pode estar relacionada às experiências de perda de controlo, sendo a mais temida

pelos idosos. No último caso, uma pessoa pode ser considerada incompetente para

realizar determinadas tarefas e, mediante tal constatação, uma segunda pessoa

assume a função de fazê-las em seu lugar, mesmo que isso não seja necessário ou

que contrarie a sua vontade. Da mesma forma, ignorar as pessoas idosas, apressá-las

ou tratá-las com desrespeito, são outros factores que podem induzir à dependência

comportamental.” (Miguel et al.207:786).

Neste sentido, a dependência relaciona-se directamente com a perda

brusca ou progressiva de autonomia a vários níveis: físico, psíquico e social,

com a necessidade de outrem para dar resposta às dificuldades funcionais

instaladas ou que se vão instalando, assim como com a reformulação da

representação ou percepção individual acerca de qualidade de vida.

A dependência não é específica da população mais envelhecida, tendo a

sua origem em inúmeras e diversas situações, tais como: acréscimo de

deficiências congénitas ou adquiridas, doenças psiquiátricas, doenças físicas e

orgânicas debilitantes.

No que respeita à dependência no envelhecimento verifica-se que esta

implica um acréscimo de custos médicos e sociais, a necessidade de suporte

familiar e comunitário, a probabilidade de cuidados de longa duração, o que se

reflecte numa maior solicitação de apoios formais e informais pelo próprio

cuidador. “Em termos gerais, no que concerne ao País, os impactos fazem-se sentir nas

dimensões política, económica, social e cultural. A diminuição abrupta da população

activa e crescente aumento de reformados, com consequente menor produtividade e

“pressão” sobre as gerações mais jovens e activas, potencia tensão intergeracional e o

Page 26: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

11

aumento dos custos financeiros com os cuidados, com o agravamento dos encargos

com dependentes.

Relativamente aos dependentes, pensar nos impactos, implica focar e reflectir

sobre as questões interligadas do sofrimento, dignidade e respeito. (…) As principais

fontes de sofrimento são a perda de autonomia e a dependência de terceiros,

sintomas mal controlados, alterações da imagem corporal, a perda do sentido da vida,

de dignidade, de papéis e estatuto sociais, de regalias económicas, alterações nas

relações interpessoais, nas expectativas e planos futuros e o sentimento de

isolamento e abandono.” (Saraiva, 2011:25).

Se a dependência implica a recepção de cuidados de terceiros, os

impactos da mesma não serão só para os dependentes mas também para os

seus cuidadores. Nestes, os impactos da dependência atingem um vasto leque

de aspectos da vida familiar e potenciam o sofrimento em termos de aumento

da sobrecarga e perda de qualidade de vida.

3 - A importância das redes de suporte social no envelhecimento À medida que se envelhece é normal que aumente o nível de

dependência para a realização das Actividades Básicas e / ou Instrumentais da

Vida Diária.

Cabe às redes de suporte social prestar o apoio necessário aos mais

velhos, às suas famílias e cuidadores, promovendo um envelhecimento com

qualidade de vida.

Actualmente, é amplamente aceite que as redes de suporte social

contribuem para um desenvolvimento sócio-emocional dos indivíduos em todas

as idades, sobretudo na infância e idade avançada.

De acordo com Guiomar (2010:7) o conceito de redes de suporte social

começou a ser desenvolvido por diversos autores, na década de 70, quando

ocorreu um crescente movimento de desinstitucionalização.

Não há uma definição única de suporte social. Existe uma tendência dos

diferentes autores definirem o suporte social em “termos do conteúdo funcional

das relações que abrange o grau de envolvimento afectivo-emocional ou instrumental,

a ajuda ou informação. (…) Uma perspectiva global de suporte social deverá ter em

conta, simultaneamente, os seguintes factores: 1. a quantidade de relações sociais; 2.

Page 27: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

12

A sua estrutura formal, por exemplo, a densidade e a reciprocidade; e 3. O conteúdo

destas relações no que se relaciona com o suporte social.” (Ornelas, 2008:192).

De acordo com Guiomar (2010:8) o conceito de suporte social tem sido

definido como “a união entre indivíduos ou entre indivíduos e grupos, do que resulta

uma maior competência para enfrentar desafios, tensões e privações a curto prazo.

(…) As funções proporcionadas pelo suporte social incluem desde a integração social,

a estima, os laços de confiança, a orientação, até à oportunidade de expressão de

sentimentos positivos.” Barrera (1986) citado por Ornelas (2008:193) subdividiu o suporte social

em três categorias gerais: o Envolvimento Social, o Suporte Social

Percepcionado e o Suporte Activo.

O Envolvimento Social refere-se às “ligações significativas que os indivíduos

mantêm com os outros, no meio social, pelo que estar-se socialmente envolvido é um

factor essencial no sentido psicológico de pertença a uma comunidade.” (Ornelas,

2008:193).

O Suporte Social Percepcionado caracteriza-se pela satisfação obtida

nas relações com os outros. “As medidas específicas de suporte social

percepcionado incluem duas dimensões: a percepção do suporte disponível e a

assertividade dos laços de suporte. Estas medidas diferem das do envolvimento

social, porque não quantificam o número de contactos sociais de suporte, mas incidem

na confiança do individuo sobre a existência de suporte disponível, sempre que

necessário, ou na percepção da existência de um ambiente de coesão e de suporte.”

(Barrera:1981) citado por Ornelas (2008:193).

Por último, o Suporte Activo consiste nas acções desempenhadas pelos

indivíduos na prestação de apoio a outros. De acordo com Barrera (1981)

citado por Ornelas (2008), normalmente os indivíduos prestam apoio aos outros

quando se encontram em situações de stress.

As relações sociais de suporte incluem diversas funções. Segundo

Weiss (1974) citado por Ornelas (2008) existem seis funções proporcionadas

pelas relações de suporte social: o Attachement, a Integração social, o

Reconhecimento do Valor pessoal, as Alianças Estáveis, a Orientação e a

Oportunidade de Prestação de Cuidados.

O Attachement representa um “sentimento de aprovação emocional e de

segurança, normalmente proporcionado por um cônjuge ou parceiro amoroso.”

(Ornelas, 2008:194).

Page 28: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

13

A Integração Social é o “sentimento de pertença a um grupo, que

partilha interesses comuns, actividades recreativas e é normalmente obtido

através de amigos.” (Ornelas, 2008:194).

Segundo o autor citado, o Reconhecimento do Valor Pessoal advém dos

colegas de trabalho, através do reconhecimento das competências individuais.

As Alianças Estáveis subentendem-se através da garantia de que se

pode contar com alguém em quaisquer circunstâncias, normalmente com os

elementos da família.

A Orientação inclui o aconselhamento e informação, normalmente

obtidos através dos professores, mentores ou figuras parentais.

Por último, “a Oportunidade de Prestação de Cuidados implica o

sentimento de responsabilidade pelo bem-estar de outra pessoa, normalmente

obtido através dos filhos.” (Ornelas, 2008:194).

Além das categorizações apresentadas anteriormente acerca das

funções das relações de suporte social, outros autores, tais como Barrera e

Ainlay (1983) citados por Ornelas (2008), definiram diferentes funções do

suporte social: “A ajuda material, proporcionada por bens materiais ou dinheiro; a

assistência, que pode consistir na partilha de actividades; a orientação, que abrange

dar conselhos, informações ou instruções; o feedback em relação aos

comportamentos, pensamentos ou sentimentos e a interacção social positiva, que se

relaciona com situações de distracção convívio e bem-estar.” (Ornelas, 2008:195).

Segundo Guiomar (2010:8) estas funções podem dividir-se em duas

dimensões: as funções instrumentais e as funções expressivas do suporte

social. A dimensão instrumental refere-se às relações sociais como meio de

alcançar objectivos e metas. A dimensão expressiva reporta-se às relações

sociais como forma de satisfazer necessidades emocionais; ser amado, ser

valorizado, compartilhar emoções e vivências.

Quando se fala em redes de suporte social no envelhecimento remete-

se necessariamente para o tipo de apoio social prestado, nomeadamente

durante a velhice.

Vaz Serra (1999) define apoio social como a “quantidade e coesão das

relações sociais que rodeiam de modo dinâmico um indivíduo.” (Martins,

s/d:129)

Page 29: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

14

Existem diversas análises das funções do apoio social que remetem

para o papel protector sobre o homem e influência de bem-estar e qualidade de

vida.

De acordo com Martins (s/d), o autor Vaz Serra (1999) diferencia seis

tipos de apoios das redes de suporte social: apoio afectivo, apoio emocional,

apoio perceptivo, apoio informativo, apoio instrumental e apoio de convívio

social.

O apoio afectivo faz com que as pessoas se sintam estimadas e aceites

pelos outros; o apoio emocional corresponde aos sentimentos de segurança

que a pessoa pode receber para ultrapassar determinados problemas; o apoio

perceptivo ajuda o indivíduo a reavaliar o problema e ultrapassá-lo; o apoio

informativo constitui um conjunto de conselhos que ajudam as pessoas a

perceber questões complexas, facilitando tomadas de decisões; o apoio

instrumental ajuda o indivíduo a resolver problemas através da prestação

concreta de bens e serviços. Por último, o apoio de convívio social é

conseguido através de actividades de lazer ou culturais que ajudam a aliviar

tensões e a fazer a pessoa sentir-se menos isolada e mais participante da rede

social.

O apoio social é prestado pelas diferentes redes de suporte social que,

apesar das diversas funções que podem ter, devem considerar os seguintes

factores para o bem-estar do indivíduo: “o tamanho da rede social (número de

pessoas que a constituem); a existência de relações sociais; a frequência dos

contactos; a necessidade de suporte expressa pelo indivíduo; o tipo e quantidade de

suporte disponibilizado pelas pessoas da rede social; a congruência relativa ao

suporte disponível e as necessidades do indivíduo; o número de vezes que o indivíduo

recorre à rede; a dependência expressa na extensão em que o indivíduo pode confiar

nas redes de suporte quando necessita; a reciprocidade que exprime o equilíbrio entre

o suporte social recebido e fornecido; a proximidade em relação aos indivíduos que

disponibilizam o suporte social e a satisfação dos mesmos perante o suporte social.”

(Torrão, 2010:31).

As diversas formas e funções do apoio social são obtidas através de

diferentes redes de suporte social: o suporte social informal e formal. “As fontes de suporte informal incluem, simultaneamente, os indivíduos

(familiares, amigos, vizinhos, padre, etc.) e os grupos sociais (clubes, igreja, etc.), que

Page 30: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

15

são passíveis de fornecer apoio, no dia-a-dia, em resposta a acontecimentos de vida

normativos e não normativos.

As redes de suporte social formal abrangem tanto as organizações sociais

formais (hospitais, programas governamentais, serviços de saúde) como os

profissionais (médicos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, entre outros)

devidamente organizados para fornecer ajuda às pessoas necessitadas. “ (Torrão,

2010:33).

Cabe às redes de suporte social formal e informal intervir conjuntamente,

de modo a proporcionar uma prestação de cuidados adequados às

necessidades apresentadas pelos mais velhos.

4 - Cuidar de Idosos: Cuidador Formal e Cuidador Informal

“O envelhecimento populacional, o aumento do número de idosos a viver em

instituições a si destinadas e a necessidade da sociedade dar resposta à população

idosa leva-nos a repensar sobre a tarefa de cuidar de idosos e sobre a necessidade de

possuir profissionais competentes nas Instituições que prestem os devidos cuidados

aos idosos, propiciando-lhes qualidade de vida.” (Ferreira, 2012:19).

Mas afinal o que é isso de cuidar?

Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002) cuidar é “ ter

em mente alguém ou alguma coisa, tratando-a de modo apropriado.” É ter

cuidado, ou seja, “dar uma atenção especial a alguém para que se evite um

efeito prejudicial.”

De acordo com Ricarte (2009) cuidar é um conceito complexo e

multidisciplinar, que de acordo, com as diferentes abordagens analisadas pelo

autor, se apresenta com múltiplas vertentes, sendo estas: relacionais,

afectivas, éticas, sócioculturais, terapêuticas e técnicas.

Cuidar é manter a vida garantindo a satisfação de um conjunto de

necessidades, é assistir alguém ou prestar-lhe serviço quando este necessita.

Para que se preste cuidados a uma pessoa, independentemente da sua

idade ou limitação que lhe provoque algum tipo de dependência, é necessário

que exista um cuidador.

“O cuidador é toda a pessoa que assume como função a assistência a

uma outra pessoa que, por razões tipologicamente diferenciadas, foi atingido

por uma incapacidade (…)”. (Cunha, 2011:5).

Page 31: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

16

O cuidador pode ser principal ou secundário, sendo que o principal é

aquele que tem maior responsabilidade nos cuidados diários do idoso

dependente e o secundário é aquele que realiza, esporadicamente, algumas

tarefas.

Segundo Ferreira (2012: 20) o cuidador é aquele “membro, ou não, da

família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso no exercício das suas

actividades diárias tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina,

acompanhamento aos serviços de saúde, excluídas as técnicas ou procedimentos

identificados com profissões legalmente estabelecidas.”

Os cuidadores podem assumir duas denominações: cuidador formal e

cuidador informal. “Os primeiros caracterizam-se pela prestação de serviços com

carácter profissional em instituições direccionadas para o cuidado, os segundos

poderão ser familiares, amigos e, como tal, cuidam do idoso num ambiente familiar.”

Ferreira (2012:19) citando Sommerhalder (2001).

Sequeira (2007) distingue dois tipos de cuidados que se relacionam com

o cuidador em questão: “cuidado formal (actividade profissional) onde a prestação

de cuidados é por norma executada por profissionais qualificados, podendo estes ser

médicos, enfermeiros, assistentes sociais, entre outros, que ganham a designação de

cuidadores formais, pois existe uma preparação específica para a actividade

profissional que desempenham, sendo esta actividade variada de acordo com o

contexto onde se encontram (lares, instituições comunitárias…); e cuidado informal,

com a prestação de cuidados executados por profissionais no domicílio e que por

norma ficam sob a responsabilidade dos elementos da família, amigos, entre outros,

designando-se assim de cuidadores informais. Estes últimos desempenham a sua

actividade que não é remunerada e prestam os cuidados de uma forma parcial ou

total.” (Ferreira, 2012:20).

Quando se assume um papel de cuidador (seja ele formal ou informal)

estão subjacentes motivações para o desempenho desse papel.

Os cuidadores formais assumem motivações mais relacionadas a

factores remuneratórios, ao gosto pela profissão, à vocação para a mesma, às

relações semelhantes a nível familiar.

No cuidador informal salientam-se as motivações relacionadas com o

dever moral e social, a solidariedade familiar, conjugal, filial, os factores

religiosos, os sentimentos de amor e piedade, o evitar da institucionalização, a

Page 32: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

17

coabitação de longa data, a proximidade geográfica, a obrigação devido a

aspectos culturais e religiosos.

De acordo com Saraiva (2011:17) são múltiplas as razões que levam

alguém a cuidar de outrem em situação de dependência. A autora defende

cinco razões principais: “o amor, a gratidão (noção de dever, pressão social,

modelo da família tradicional), a moralidade (dever moral, expectativas sociais,

sentimento de reciprocidade), a solidariedade (laços afectivos) e a vontade

própria.”

Acrescenta que “a pessoa pode tornar-se cuidador por instinto, quando

motivada inconscientemente a prestar auxílio a alguém que necessita dele; por

capacidade, quando tem formação técnica; e por conjuntura quando se encontra numa

situação extrema não havendo outra opção.” Também pelas “ tradições de um país,

pelas normas sociais, pelo estádio de evolução, relativamente às modificações da

estrutura familiar, pela concepção da vida, pela história de cada individuo e por

motivos religiosos.” (Saraiva, 2011:17). Os motivos que levam os indivíduos a assumirem o papel de cuidador

são semelhantes, tal como as características sócio-demográficas dos mesmos. “Figueiredo (2007) reuniu vários estudos que permitiram resumir em traços gerais o

perfil do cuidador informal. Predomina o sexo feminino; idade compreendida entre os

45 e 60 anos; o parentesco preferencial é o cônjuge (…); o estado civil dos cuidadores

tende a ser o casado (…); vivem próximo do familiar dependente e (…) existe uma

tendência para quem já cuidou de alguém tenda a cuidar de outra pessoa, fenómeno

este designado por cuidador em série.” (Rocha, 2009:71).

A tarefa de cuidar encontra-se associada à figura feminina devido às

raízes históricas, culturais, sociais e afectivas.

A prática das mulheres em cuidar dos filhos, do próprio marido e da casa

levou a que a adaptação à tarefa de cuidar de idosos fosse de certa forma mais

facilitada.

No caso dos cuidadores formais também predomina a mulher como

cuidadora de idosos em Instituição. Este facto deve-se a acontecimentos como

a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho cujas causas foram: “a

deterioração dos salários impelindo a mulher de participar no orçamento da família e a

crescente participação das mulheres em espaços públicos em especial na

enfermagem. (…) O nível de escolaridade dos cuidadores é outro aspecto relevante e

que necessita de ser tido em conta, pois, a escolaridade pode ter influência no cuidado

Page 33: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

18

através da realização de actividades como o auxílio na toma da medicação,

acompanhamento do idoso a consultas médicas, capacidade para compreender e

transmitir orientações médicas, entre outros aspectos. Sendo que a qualidade de vida

do idoso se encontra em primazia no aspecto do seu cuidado, um cuidador com mais

escolaridade poderá ser um factor positivo no melhor executar das actividades

referidas”. (Ferreira, 2012:21).

Independentemente das motivações do acto de cuidar ou das

características de quem cuida, é fulcral que exista união e inter-ajuda entre os

cuidadores (formais e informais). Esta relação de ajuda associada a um bom

ambiente profissional, propicia uma maior satisfação no cuidador melhorando a

sua qualidade de vida o que se vai evidenciar numa melhor qualidade de vida

também para os idosos.

Neste sentido,” torna-se imperativo cuidar de quem cuida e valorizar o

papel dos cuidadores (…) ” (Cunha, 2011:4).

5 - A institucionalização de Idosos

No final do século XIX o apoio aos mais velhos era resolvido, na maioria

dos casos, pelas famílias e redes de apoio social informal. Posteriormente a

sociedade sofreu várias alterações que deram origem a um acréscimo de

dificuldades para as pessoas idosas viverem em suas casas, surgindo assim

instituições vocacionadas para o acolhimento de idosos. “A institucionalização pode ser entendida como um duplo processo: como

recurso a serviços sociais de internamento do idoso em lares, em casas de repouso,

onde recebe assistência, por outro lado, pode entender-se a institucionalização como

vivência de perda, simbolizada pela presença de estados depressivos, com

sentimentos mais ou menos manifestos de abandono pela família” (Cramês, 2012:28).

Ferreira (2012) refere que se fala em institucionalização quando, por

algum motivo, o idoso permanece durante o dia (ou parte dele) numa instituição

a si destinada. Quando a sua permanência se prolonga pelas 24 horas passam

a designar-se de idosos institucionalizados residentes.

São diversas as razões que justificam um pedido de integração em lar.

Torrão (2010) destaca as seguintes: o afastamento, o conflito nas relações

familiares, a intromissão na privacidade de filhos/netos, a falta de condições

habitacionais, o aumento do nível de dependência, a falta de tempo por parte

Page 34: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

19

dos familiares devido a circunstâncias profissionais, a incapacidade dos

familiares cuidarem dos seus familiares. Normalmente a família tem uma

influência directa na tomada de decisão do internamento em lar, pois a pessoa

de idade tende a pensar que representa um peso para a família, apresentando

sentimentos de rejeição e tolerância.

Levenson citado por Ferreira (2012) refere um conjunto de factores

associados ao risco de institucionalização: as deficiências cognitivas; o facto de

se viver só; a perda de apoios sociais; os problemas com as actividades de

vida diária; a pobreza e as deficiências na rede de saúde informal.

Por seu lado, Martins (s/d) evidencia o isolamento como causa mais

comum para a entrada nas Instituições de Acolhimento, o que se explica pela

inexistência de uma rede de interacções que facilitem a integração social e

familiar dos idosos e que garantam um apoio efectivo em caso de maior

necessidade.

É de destacar que o processo de institucionalização também acarreta

aspectos positivos, nomeadamente ao nível da qualidade de vida, saúde ou até

relacionamentos sociais, podendo inclusive contribuir para o envelhecimento

activo.

É o acumular de vários factores que leva à entrada do idoso numa

Instituição e não apenas a existência de um factor isolado. “A entrada do idoso numa Instituição de acolhimento é, por norma, um

momento difícil para o idoso, em especial quando este ainda possui alguma autonomia

ou se a sua entrada se deveu a um acontecimento trágico (por exemplo, a morte de

um cônjuge). (…) Por mais qualidade que a Instituição possua, vai haver sempre um

corte com o que se passava anteriormente, passando a existir um certo afastamento

do convívio social e familiar. A pessoa institucionalizada precisa de se acostumar ao

seu novo espaço, às suas novas rotinas, a novas pessoas que irão partilhar o seu

espaço e toda esta nova realidade pode criar situações de angústia, medo, revolta e

insegurança.” (Ferreira, 2012:18).

Diversos autores afirmam que os idosos institucionalizados possuem um

auto-conceito mais baixo e um maior índice de depressão do que os idosos que

vivem em suas casas. Assim é importante que os cuidados disponibilizados

nestas instituições sejam especializados em qualidade valorizando a dignidade

Page 35: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

20

do idoso, centralizando-se na pessoa, desenvolvendo cuidados apropriados a

cada caso. (…) “O ambiente institucional deve ser adaptado às necessidades emocionais

da pessoa idosa, onde esta possa demonstrar a sua própria personalidade e onde

usufrua de uma base segura, evitando, deste modo, possíveis sentimentos de

solidão.” (Cramês, 2012: 28).

O ambiente onde o idoso permanece é de extrema importância para que

o mesmo se sinta seguro e confortável, e que possibilite preservar alguma

autonomia. Os ambientes para idosos deveriam possuir as seguintes

características: acessibilidade e uso; facilidade de circulação, especificamente

no que diz respeito ao conforto, à conveniência e à possibilidade de escolha;

conservação de energia; comunicação: aspectos sensoriais e interacção social;

segurança: sem risco de lesão e acidentes; protecção: que não cause medo ou

ansiedade e que seja previsível (confiável); e privacidade.

Mais do que o ambiente físico da instituição, sobressai o aspecto

relacional como condição fulcral para a qualidade de vida dos utentes. O

cuidador formal em Instituição de Longa Permanência deve considerar factores

no utente como: o estado de saúde, o estilo de vida anterior, a predisposição

para a vida, a maneira como vai ocupar o seu tempo dentro da instituição.

O cuidador deve assim adaptar os seus cuidados de modo a

potencializar as qualidades do utente visando a sua máxima autonomia e bem-

estar.

A qualidade do funcionamento de uma instituição depende da dinâmica

criada pelos funcionários que intervêm no grupo de utentes. “Daí a importância

dos mesmos valorizem e impulsionem as potencialidades de cada personalidade,

criarem comportamentos positivos, orientarem expectativas, respeitando que cada

utente é diferente, criando condições para que estes rejeitem o “síndrome institucional”

característico das instituições totais assente numa apatia e abandono crescente.”

(Torrão, 2010: 18).

Segundo Ferreira (2012) citando Quintela (2001) “todos os serviços…que

se regulam por ópticas institucionais, têm de evoluir, face às novas realidades

demográficas e sociais, numa atitude proactiva, produzindo cuidados e apoio

competentes nesta matéria, com sentido realista dos constrangimentos ainda

existentes, mas intransigentes na promoção da qualidade de vida das pessoas

idosas”.

Page 36: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

21

Ainda neste âmbito, a autora apresenta três desafios que as Instituições

para a Terceira Idade necessitam de enfrentar, tendo presente a

heterogeneidade do grupo etário dos idosos: conciliar a colectivização com a

individualidade; satisfazer a população, apesar de, em princípio, a sua

permanência neste local, ser imposta; e satisfazer, tanto quanto possível, a

insuficiência de recursos.

A institucionalização do idoso pode acarretar um grande sofrimento,

visto que, se vê confrontado com a separação dos seus familiares e alguns

receios da perda de liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da morte e

dúvidas acerca do tratamento que irão receber.

No entanto, “ a institucionalização não deve ser encarada apenas pela

negativa, pois existem idosos que podem sentir-se mais acompanhados, activos e

mesmo mais felizes do que quando se encontravam sós em suas casas. Neste

processo de mudança, o indivíduo pode criar os seus próprios mecanismos de

adaptação e desenvolver uma sensação ou sentimento de satisfação pela sua nova

situação.” (Ferreira, 2012:19).

Cabe aos profissionais das redes de apoio formal criar as condições

para que os utentes sintam que a sua autonomia e participação social são tidas

em consideração, factores determinantes para um envelhecimento activo.

É neste aspecto que o modo de organização de uma Instituição, as

actividades que oferece, a relação de inter-ajuda, o grupo de técnicos e

colaboradores que possuem, entre outros aspectos, são de extrema

importância para que o sentimento de satisfação ocorra perante a nova

situação de vida do idoso.

Considerando a crescente transformação da actuação dos profissionais

cuidadores, é cada vez mais comum existirem idosos que tomam a decisão de

entrar numa Instituição. Este facto deve-se a conhecerem bem as instalações,

as pessoas a viver nas mesmas, acreditando que a Instituição lhes providência

uma vida digna e activa.

Neste sentido, Ferreira (2012:9) defende que “embora continuem a ter uma

conotação negativa associada ao abandono dos idosos por parte da família, as

Instituições de Acolhimento para Idosos já começam a ser melhor encaradas por

estes, devido em grande parte, à preocupação das instituições em terem presentes as

Page 37: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

22

características individuais de cada cliente, de possuírem actividades que envolvem o

convívio e de um maior envolvimento da família na vida da Instituição.” De acordo com Fragoso (2008) as Instituições de Longa Permanência

para Idosos devem pautar-se pelos seguintes princípios: privacidade; escolha,

controlo e autonomia; orientação espacial; segurança; funcionalidade;

estimulação; aspectos sensoriais; familiaridade; estética e aparência;

personalização e adaptabilidade.

A privacidade refere-se à necessidade individual de momentos de

isolamento e de manutenção de espaço próprio, que não deve ser invadido

sem autorização.

A escolha, controlo e autonomia estão relacionados com a oportunidade

de escolhas e controlo de eventos que influenciem sua própria vida (dos

utentes).

A orientação espacial refere-se à importância da implantação de

mecanismos de orientação para fácil acesso a quartos, casas de banho,

refeitório, áreas de uso colectivo.

A segurança remete-se ao planeamento do edifício de forma adequada

às necessidades dos utentes (ex: piso antiderrapante, rampas em substituição

de escadas, entre outros), o que se relaciona com a funcionalidade.

A estimulação deverá estar presente em todas as actividades da

instituição contribuindo para o combate à depressão e passividade do idoso

O ambiente institucional deve repensar a estética, aparência do edifício,

adaptando-o (princípio da adaptabilidade) aos aspectos sensoriais.

A instituição deve pautar-se pelo ambiente da familiaridade,

personalizando-o de acordo com a identidade, as qualidades, as características

e experiências únicas da pessoa idosa.

Para que o idoso se adapte à instituição é imprescindível uma atenção

especial no acolhimento do mesmo pois este é, por norma, o primeiro contacto

directo que o utente tem com o local que vai ser o seu lar.

Porém é necessário acompanhá-lo não apenas no acolhimento mas ao

longo do seu dia-a-dia, promovendo os laços relacionais, pois a instituição é

constituída por pessoas, sendo o factor humano fundamental.

Para que a intervenção da instituição resulte “devem-se desenvolver

medidas de ajuda e suporte para com os seus trabalhadores/colaboradores, de forma

Page 38: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

23

a proporcionar formação e actualização contínuas, deverão existir supervisores e

orientadores das práticas de cuidado, a cooperação e aproximação das famílias deve

ser estimulada. Os familiares devem ser entendidos como parceiros de cuidado, e

quando ausentes, cabe à instituição o dever ético de encontrar medidas que permitam

a re-aproximação e responsabilização da família para com o seu ente.” (Fragoso,

2008:60).

6 - O cuidador principal - Ajudante de Lar

Quando se fala em idosos institucionalizados, nomeadamente, em

instituições de longa permanência (ex.: Lares), verifica-se que os mesmos são

alvo de um conjunto de cuidados para a satisfação das suas necessidades

básicas e instrumentais da vida diária, através dos mais diversificados

cuidadores. Estes podem ser Enfermeiros, Médicos, Assistentes Sociais,

Psicólogos, Animadores, Trabalhadores de Serviços Gerais, Cozinheiros,

Ajudantes de Lar, entre outros.

Apesar de existir uma grande diversidade de cuidadores, dentro das

instituições, é perceptível que nem todos desempenham um papel principal na

vida dos utentes. Cada cuidador tem um papel importante na vida do utente, no

entanto, existem cuidadores que, pelos cuidados prestados, passam mais

tempo com os utentes, realizam tarefas que os mesmos consideram de grande

importância para a sua vida (apoio na alimentação, higiene, vestuário, apoio

emocional, entre outros), sendo assim considerados cuidadores principais.

No caso das instituições de longa permanência, como os Lares, o papel

de cuidador principal é atribuído às Ajudantes de Lar.

O Ajudante de Lar é o profissional “a quem é atribuído um conjunto de

tarefas ligadas ao trabalho com pessoas, na sua maioria idosas, que recorrem a estas

instituições. Tudo o que fazem passa pelo contacto directo com o idoso, quer este se

apresente individualmente ou em grupo tendo em vista o seu bem-estar.”

(Torrão,2010:19).

De acordo com o Decreto de Lei nº 419/99 de 15 de Outubro, um

Ajudante de Lar deve proceder ao acompanhamento diurno e nocturno dos

utentes, dentro e fora dos serviços estabelecimentos, guiando-os, auxiliando-os

Page 39: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

24

e estimulando-os através da conversação, detectando os seus interesses e

motivações e participando na ocupação dos seus tempos livres.

Segundo o Decreto de Lei referido anteriormente, as tarefas do Ajudante

de Lar passam pelas seguintes:

Receber os utentes e fazer a sua integração ao longo dos primeiros dias de

estada, indicando-lhes os locais que estarão ao seu dispor na sua vivência

diária (quarto, enfermaria, salas de estar, refeitório, espaços livres, jardins,

etc.);

Executar tarefas várias relacionadas com a alimentação, quer nos quartos,

quer nas salas de refeição, recebendo os carros que previamente enviou para

a cozinha, com as marmitas e outros apetrechos, empratando os alimentos

segundo as dietas prescritas pelo dietista e tendo em atenção as quantidades

face aos hábitos alimentares dos utentes;

Assegurar a sua alimentação regular, auxiliando-os nos seus movimentos,

incentivando-os directamente quando necessário, tendo em atenção factores

vários, como a mobilidade e o cansaço;

Após a refeição, recolher as marmitas e outros utensílios e, eventualmente

lavá-los na copa de modo a manter as melhores condições de higiene e evitar

transmissão de doenças;

Prestar cuidados de higiene e conforto aos utentes, lavando-os, quer deitados,

quer nas casas de banho, tendo em atenção o seu estado físico/psíquico e

outras características individuais e sociais, podendo, eventualmente, aplicar

cremes medicinais, pó de talco e executar pensos simples;

Substituir as roupas de cama e o vestuário, acondicionando- os para posterior

transporte em carro para a lavandaria;

Controlar e entregar na lavandaria as roupas sujas;

Fazer a gestão dos stocks das roupas de cama e da casa de banho dos

utentes, requisitando-as com a devida antecedência, tendo em atenção as

características destes, o tempo e outros factores;

Receber e controlar na rouparia as roupas lavadas de acordo com a requisição

e arruma-as devidamente nos roupeiros da respectiva enfermaria;

Requisitar, receber, controlar e distribuir os artigos de higiene e conforto dos

utentes;

Proceder ao acompanhamento diurno e nocturno dos utentes, dentro e fora

dos serviços e estabelecimentos;

Acompanhar nas idas e vindas aos hospitais ou outros centros de tratamento;

Page 40: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

25

Apoiar na montagem das exposições dos trabalhos dos utentes, na venda dos

respectivos trabalhos, bem como nas decorações aquando de festas;

Colaborar para a compra de vestuário, calçado e outros utensílios de uso,

escolhendo ou dando informações sobre as características dos utentes (físicas,

psíquicas e sociais).

Mais do que ter capacidade para a realização das tarefas definidas

anteriormente, um Ajudante de Lar deve ser um profissional com capacidades

de comunicação e entrega ao idoso, promovendo uma relação com o mesmo.

Para tal um Ajudante de Lar deve saber ser responsável, meigo,

educado, atento, simpático, flexível, dedicado, paciente, bem-disposto,

humilde, honesto, justo, bom ouvinte, competente, colocar-se no lugar do

idoso, respeitá-lo, considerando-o um ser humano, com todas as suas

necessidades. Mostrar disponibilidade para o idoso e desenvolver as suas

aptidões físicas e intelectuais de modo a promover a sua autonomia, são um

dos pontos fulcrais para uma melhoria no bem-estar e qualidade de vida dos

utentes.

É neste âmbito que se defende que “o relacionamento que estes

profissionais mantêm com o idoso além de ser uma dimensão muito valorizada pelos

mesmos, permite-lhes um sentimento de segurança e confiança o que contribui para

uma maior adaptação à mudança do seu modo de vida (integração).” (Torrão,

2010:20).

Fragoso (2008) citando Milton Mayeroff (1990) definiu as seguintes

componentes básicas do cuidado: o conhecimento, a alternância dos ritmos

(respeito pelo ritmo de cada um), a paciência; a honestidade; a confiança (para

com o outro e na própria capacidade de cuidar); a humildade; a esperança

(relacionada à confiança na melhoria do estado do utente com a prestação de

cuidados) e a coragem (capacidade para enfrentar as situações adversas que

encontram).

O cuidado prestado pelos Ajudantes de Lar deve pautar-se pela

humanização, a promoção do bem-estar, autonomia e qualidade de vida do

utente.

A perda de autonomia é uma das questões muito temidas pelos mais

idosos aquando da entrada numa Instituição. O Ajudante de Lar tem um papel

Page 41: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

26

preponderante na promoção de autonomia do idoso ainda que o mesmo se

encontre dependente de si nas mais variadas actividades. O profissional deve “centrar-se no que o idoso pode fazer; prestar atenção às suas capacidades; potenciar

as possibilidades e habilidades; verificar quais as coisas que é capaz de fazer ou não

na execução de uma determinada tarefa; ajudar nas tarefas que o utente não

consegue executar e incentivar as que o mesmo consegue realizar sozinho; preparar a

situação de modo a que seja fácil ser autónomo; ajudar a manter as capacidades à

base de rotinas; entender que a segurança de uma pessoa cuidada é importante para

promover a autonomia; promover a mudança de forma gradual, sem grandes pressas;

favorecer que os idosos realizem actividades da vida diária por eles mesmos; reforçar

e premiar a autonomia (através de incentivos e elogios); ser persistente e ter sempre

presente que as mudanças são lentas.” (Fragoso,2008:57).

A profissão de Ajudante de Lar obriga a um perfil de grande estabilidade

emocional e capacidade de gerar empatia com os utentes. Estes profissionais

têm de acompanhar situações de grande dependência, sendo importante para

os mesmos conhecer e compreender as várias fases do envelhecimento,

principalmente quando estas evoluem para uma intensificação de problemas de

saúde mental.

É usual existirem poucos trabalhadores por cada instituição, o que faz

com que tenham dificuldade de realizar o seu serviço com qualidade, sendo por

sua vez privilegiada a quantidade em detrimento da qualidade. “Assim, é imprescindível que ao escolher ingressar nesta profissão, terá que

haver a consciência de que é um trabalho desgastante a nível físico e mental.

Trabalhar um Lar de idosos pode originar frustrações, tais como trabalhar a horas não

compatíveis com a sua vida familiar e social, presenciar o agravamento do estado

físico e mental e mesmo a morte de pessoas a quem se dedicou e cuidou a ponto de

criar laços afectivos fortes, e também que nos dias de hoje todo o seu esforço e

dedicação nem sempre é devidamente reconhecido, social ou financeiramente, estão

em constante avaliação quer por parte da instituição quer por parte de familiares.”

(Torrão,2010:21).

Independentemente da consciência das problemáticas adjacentes à

profissão será imprescindível para o sucesso da mesma, que os Ajudantes de

Lar percepcionem que cuidar é um acto de amor, de se aproximar, de estar

presente na vida do outro, de viver e de existir.

Page 42: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

27

7 - A qualidade de vida do idoso: a importância dos cuidados prestados

O conceito de qualidade de vida tem vindo a sofrer alterações ao longo

do tempo, associado também às transformações das noções de saúde,

doença, bem-estar físico e psicológico.

A qualidade de vida engloba diversas componentes, sendo que por

vezes, a sua definição é remetida para as questões de saúde, status funcional,

incapacidade, deficiência, sendo outras vezes mais relacionada com os

factores sociais e psicológicos como a satisfação, bem-estar e felicidade.

Existem ainda definições centralizadas nos factores de origem económica.

Segundo Bauab (2013) a conceptualização de qualidade de vida é uma

inserção dos diferentes factores determinantes (físicos, psicológicos, sociais,

económicos), sendo que, como os mesmos são difíceis de definir, torna-se

complexo conceituar de forma adequada a qualidade de vida de um indivíduo.

De acordo com Silva (2011) a qualidade de vida é um conceito abstracto

e multidimensional, significando diferentes coisas em diferentes situações.

Neste sentido, “a OMS definiu qualidade de vida como a percepção pessoal de um

indivíduo da sua situação de vida, dentro do contexto cultural e de valores em que

vive, e a relação com os seus objectivos, expectativas, valores e interesses.”

(Silva,2011:19).

Podemos falar em qualidade de vida objectiva (aquela que medimos

perante padrões específicos para cada país ou região) e a qualidade de vida

subjectiva ou percebida. Esta é “ a percepção que o indivíduo tem acerca da sua

posição na vida de acordo com o contexto cultural e sistema de valores com os quais

convive em relação aos seus objectivos, expectativas e preocupações.”

(Pacheco,2011:21).

Na perspectiva de Oliveira (2011), a questão da qualidade de vida

emerge com particular importância, no âmbito da gerontologia, uma vez que

surgem questões de ordem ética e prática, em que está muitas vezes envolvida

a legitimidade e oportunidade de prolongamento da vida dos idosos. Estes são,

de certa forma mais frágeis do ponto de vista físico e mental, o que implica

cuidados de equipas multiprofissionais.

Page 43: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

28

“Assim, a qualidade de vida em gerontologia está relacionada com a

maneira como o sujeito experiencia o seu próprio envelhecimento e a sua

velhice.” (Oliveira,2011:20).

A preocupação com a qualidade de vida na velhice ganhou relevância

nos últimos anos 30, a partir do momento que houve um aumento do

crescimento do número de idosos e de uma longevidade com boa qualidade de

vida, passando esta a ser uma preocupação para as sociedades. Assim foram-

se levantando questões que dizem respeito ao bem-estar físico, psicológico e

social dos idosos.

De acordo com Silva (2011) para o idoso, a qualidade de vida subtende

a autonomia e independência para as suas actividades, sendo esta uma tarefa

complexa que dependente, unicamente, da conquista social.

Neste sentido, pode-se verificar que a qualidade de vida envolve várias

dimensões e não apenas a inexistência de doenças ou a alimentação básica. A

qualidade de vida envolve, também, aspectos culturais, emocionais e

relacionais.

Segundo Lawtson citado por Oliveira (2011:23) a qualidade de vida na

velhice é uma avaliação multidimensional referenciada a critérios

socionormativos e interpessoais, a respeito das relações actuais, passadas e

prospectivas entre o indivíduo maduro ou idosos e o seu ambiente. Ou seja a

qualidade de vida na velhice depende de vários elementos que estão em

constante integração ao longo da vida do indivíduo.

Considerando a diversidade de factores que condicionam a qualidade de

vidar, “na década de 80, Lawtson construiu o modelo de qualidade de vida na velhice,

respeitando a multiplicidade de aspectos e influências inerentes ao fenómeno. O

modelo descreve quatro dimensões conceituais nomeadamente a competência

comportamental, condições ambientais, qualidade de vida percebida e bem-estar

subjectivo.” (Oliveira,2011:23).

Na perspectiva do autor, a avaliação da qualidade de vida incide sobre

as áreas da competência comportamental, das condições ambientais, da

qualidade de vida percebida e do bem-estar subjectivo, das quais depende a

funcionalidade do idoso.

Page 44: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

29

A competência comportamental representa a avaliação do indivíduo

quanto à saúde, funcionalidade física, cognição, comportamento social e

utilização do tempo.

As condições ambientais referem-se à adaptação do idoso no ambiente

que o rodeia sendo essencial para que se sinta bem.

A qualidade de vida percebida reflecte a avaliação que o idoso tem da

sua própria vida, influenciada pelos seus valores e expectativas. Nesta lógica,

“o bem-estar subjectivo significa o grau de satisfação do indivíduo com a sua

própria vida”. (Oliveira, 2011:23).

Aquando da entrada de um idoso numa Instituição (ex. Lar), a sua

qualidade de vida, tal como em qualquer cidadão, depende de vários factores

(sociais, psicológicos, culturais, económicos) e determinantes pessoais.

Quando nos referimos a idosos institucionalizados, na sua maioria

dependentes ao nível das Actividades Básicas e Instrumentais da Vida Diária, a

qualidade de vida depende grandemente da qualidade dos cuidados prestados

pelos cuidadores formais (Médicos, Enfermeiros, Ajudantes de Lar) e informais

(voluntários, amigos, vizinhos, familiares).

Neste sentido, será fulcral para a qualidade de vida do idoso que este

receba cuidados adequados às suas necessidades.

Os cuidados aos idosos vão para além da satisfação das necessidades

básicas de alimentação e higiene. É necessário e imprescindível que os

cuidados tenham uma vertente mais humana, em que o apoio emocional, a

atenção permanente e continuada às necessidades dos utentes, a relação de

cooperação entre profissionais, utentes e familiares, estejam presentes e sejam

fomentados no dia-a-dia institucional.

Estes cuidados institucionais devem pautar-se por determinados

princípios e valores. De acordo com o Manual de Boas Práticas- Um guia para

o acolhimento residencial de pessoas mais velhas (2005) os valores e

princípios do cuidar são: a dignidade (os cuidadores devem evitar

comportamentos como utilizar expressões que diminuam o utente ou falar do

mesmo na sua presença como se este não estivesse lá); o respeito (os

cuidadores devem transmitir apreço por aquilo que os utentes são); a

individualidade (os cuidadores devem respeitar a diferença e reconhecer a

individualidade de cada utente); a autonomia (os cuidadores devem encorajar o

Page 45: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

30

utente a ser responsável por si próprio e executar as suas tarefas); a

capacidade de escolher (os utentes devem poder decidir o que querem vestir, o

que querem fazer ao longo do dia); a privacidade e intimidade (os cuidadores

devem ter especial atenção às questões da higiene, sexualidade); a

confidencialidade (os cuidadores devem manter a confidencialidade em relação

aos elementos privados e íntimos da vida do utente); a igualdade (os

cuidadores não devem prejudicar ou beneficiar um utente face a outro); a

participação (os cuidadores devem ter presente que os utentes têm o direito de

participar na vida da estrutura institucional).

No que diz respeito aos cuidados de alimentação e hidratação, os

cuidadores devem ter presente que muitos dos utentes poderão necessitar de

ajuda para alimentar-se convenientemente. Neste sentido, terão de averiguar

que tipo de apoio necessitam, prestando-o de modo a que os utentes não se

sintam diminuídos na sua dignidade.

O momento da refeição deve ser um espaço relacional, onde existam

cuidadores em quantidade suficiente para permitir que cada utente tenha um

acompanhamento adequado e se alimenta ao seu ritmo.

Segundo CID et al. (2005:57) a composição das refeições deve ter em

consideração os gostos dos utentes e os seus hábitos alimentares, sem

detrimento de ser cuidada, com uma ementa variada, concebida por um

nutricionista.

As refeições terão de ser adequadas às necessidades nutricionais dos

utentes e às características dos mesmos (ex. comida para sonda, sopa

passada com carne, peixe, dieta).

A ingestão de líquidos na hora das refeições deve ser assegurada, uma

vez que, os utentes têm tendência a esquecer-se da importância da água,

referindo não sentir sede, o que poderá originar situações de desidratação.

“Os aspectos da higiene pessoal e estéticos são fundamentais à

conservação ou melhoria da qualidade de vida e da auto-estima, não se

resumindo por isso à limpeza e ao asseio.” (CID et al,2005:58).

Sempre que possível o utente deve responsabilizar-se pela sua higiene,

no entanto, cabe aos cuidadores apoiar e supervisionar a higiene dos utentes

tendo sempre presente a sua intimidade e promoção da autonomia.

Page 46: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

31

Além do respeito pela privacidade e autonomia, outra das regras básicas

nos cuidados aos utentes, é a utilização de utensílios de higiene (escova de

dentes, lâmina de barbear, sabonete, entre outros) exclusivos e únicos para

cada utente.

Os utentes devem ter acesso a cabeleiro, barbeiro, manicure, pédicure,

sejam estes serviços disponibilizados na instituição ou existentes na

comunidade. Nestes aspectos, os familiares também terão um papel

fundamental, apoiando os utentes nas deslocações fora da Instituição.

Segundo CID et al (2005) os cuidadores devem encorajar os utentes a

cuidarem do seu aspecto. Devem ser os mesmos a escolher o seu calçado e

vestuário, sendo que cabe aos cuidadores adequá-los a eventuais limitações

físicas e à estação do ano.

Quando os utentes se encontram em elevado estado de dependência,

os cuidadores têm um papel preponderante na realização da higiene dos

mesmos.

Se os utentes necessitarem de permanecer mais tempo na cama devido

à sua situação de saúde, não devem ser descurados nos seus aspectos de

higiene e cuidados com a apresentação e estética. Muito pelo contrário, nestes

casos é importante ter especial atenção à prevenção de úlceras de pressão.

Estas podem surgir, mesmo quando se usam equipamentos necessários como

as camas articuladas e colchões anti escaras. “Na maior parte das vezes, [as úlceras de pressão] resultam de uma prestação

de cuidados inadequada relacionada, por exemplo, com a insuficiente mobilização ou

mobilidade do residente, com as roupas e a forma como se fazem e mudam as camas,

ou com maneiras inapropriadas de proceder à higiene.” (CID et al,2005:60).

Outro dos aspectos importantes ao nível dos cuidados de higiene diária

dos utentes são as questões das necessidades fisiológicas. Sempre que se

verificar necessidade de uso de fraldas, resguardos ou outros meios de

protecção urinária e fecal, é necessário mudá-los regularmente para não

favorecer o surgimento de complicações ou infecções e manter o respeito,

conforto, dignidade e bem-estar do utente.

Além dos cuidados ao nível da alimentação e higiene, os cuidadores

devem prestar apoio aos utentes (a nível emocional, nas actividades que

Page 47: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

32

realizam, na sua relação com a família e restante comunidade), favorecendo a

sua integração na Instituição.

Na perspectiva de Torrão (2010:20) uma das qualidades fulcrais das

Ajudantes de Lar deve centrar-se na sua capacidade de comunicação e

predisposição para a entrega no relacionamento interpessoal com os utentes.

Para tal deve respeitar a identidade e individualidade do idoso,

independentemente do seu grau de dependência; estabelecer uma

comunicação clara, amável e carinhosa; ter uma linguagem adequada, simples

e adulta (nunca infantil); ter uma conversação sustentada em assuntos do

interesse do idoso; manter o equilíbrio entre o ouvir e o falar, valorizando o

contacto visual.

É muito importante conhecer os gostos e preferências dos utentes, as

suas histórias de vida, as motivações do dia-a-dia, estimulando a sua

participação e integração na Instituição.

Os cuidados aos idosos têm de incluir as mais variadas dimensões para

resultarem proveitosamente ao nível da qualidade de vida dos idosos,

privilegiando-os enquanto seres humanos.

8 - O desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos

“A situação de prestação de cuidados parece poder afectar a saúde física dos

prestadores, sendo que alguns estudos sugerem a ocorrência de alterações no

sistema imunitário, para além de problemas de sono, fadiga crónica, hipertensão

arterial e outras alterações cardiovasculares. Mas é sobretudo na área da saúde

mental que os efeitos da prestação de cuidados […] mais se fazem notar, com níveis

de depressão, ansiedade e stress superiores aos da população em geral.”

(Brito,2000:20).

As consequências do trabalho dos cuidadores ocorrem a nível físico,

psíquico, social e financeiro. (…) “O papel de cuidador exige muita

responsabilidade, iniciativa, boa vontade, disponibilidade e a consciência da

necessidade de compartilhar tarefas, por se tratar de um trabalho exaustivo, gerador

de stresse físico e emocional, mesmo que seja realizado com amor e dedicação.”

(Bauab,2013:24).

Page 48: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

33

É neste sentido que cada vez mais se fala em “sobrecarga, burnout,

burnot, burden, exaustão, claudicação, porque se exige aos cuidadores que passem

para segundo plano ou negligenciem as suas próprias vontades e, ou as suas

necessidades, vivendo em prol da satisfação das necessidades e da prestação de

cuidados de e para outrem. Contextualizando-se a problemática do cuidador, tais

conceitos definem “…um estado psicológico resultante da combinação do trabalho

físico, da pressão emocional, das restrições sociais e das exigências económicas que

surgem do cuidar …” (Saraiva,2011:26). De acordo com Barbosa et al. (2011) os cuidadores de idosos

dependentes apresentam as seguintes dificuldades: a interacção com o doente,

o desconhecimento acerca da sua doença, a falta de tempo e de recursos

humanos, o impacto emocional e físico, a dificuldade de organização e

planeamento de actividades e a interacção com a família dos utentes.

Na perspectiva de Saraiva (2011) são diversas as necessidades ou

dificuldades que se deparam ao cuidador na sua actividade de cuidar, sendo as

mesmas de ordem física, social, emocional, económica, espiritual, estando

desde logo relacionadas com o tipo e grau de dependência da pessoa ao seu

cuidado, com factores externos e internos ao cuidador.

Segundo Colomé et al. (2011) as dificuldades dos cuidadores de idosos

dependentes subdividem-se em duas categorias: a sobrecarga de trabalho e

exigência física e a necessidade de conhecimento para cuidar de idosos.

As dificuldades dos cuidadores relacionam-se inteiramente com as

necessidades que apresentam. De acordo com Ricarte (2009) as principais

necessidades dos cuidadores são: necessidade financeira, devido às despesas

com o idoso (no caso dos cuidadores informais); necessidade de ajudas a nível

técnico (camas articuladas, cadeiras de rodas, andarilhos e bengalas), que

facilitam a prestação de cuidados; necessidade de protecção e assistência (nos

cuidadores informais que vem dificuldades em continuar a assumir uma

actividade profissional e a prestação de cuidados dentro da família);

necessidade de disponibilidade de tempo para si próprio e para a família;

necessidade de informação e formação, de modo a permitir a ajuda mais

adequada ao idoso dependente cuidado.

Neste sentido, percepciona-se que as dificuldades e necessidades

sentidas pelos cuidadores de idosos dependentes fomentam um

Page 49: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

34

desenvolvimento do desgaste físico e psicológico, ao longo do tempo em que

prestam os cuidados.

Neste âmbito é necessário abordar o que significa o conceito desgaste.

Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002), desgaste é “ uma

perda de força, vigor ou poder; um enfraquecimento”.

O desgaste pode ser físico quando se relaciona com a perda das

capacidades físicas, o cansaço, a exaustão, devido à sobrecarga trabalho e

falta de tempo. Pode ainda ser a nível psicológico quando afecta a saúde

mental, devido ao stresse, ansiedade e depressão. Normalmente, o desgaste

físico e psicológico encontram-se associados.

Os impactos que os cuidados geram nos cuidadores, ao nível do

desgaste físico, são descritos frequentemente como carga. “Etimologicamente,

carga significa o que pesa sobre uma pessoa, responsabilidade ou incumbência ou o

que incomoda. Esta definição comporta duas dimensões: relativa e objectivamente ao

trabalho, ao peso da tarefa em si, e outra dimensão que diz respeito ao normativo, à

responsabilidade e ao dever.” (Ricarte,2009:47-8). Pode-se distinguir dois tipos de carga: a objectiva e a subjectiva. De

acordo com o autor a carga objectiva é definida como toda a alteração

observável e verificável, e a subjectiva como o sentimento de uma obrigação

originada pelas tarefas desempenhadas.

A carga objectiva relaciona-se com a tensão própria do ambiente das

relações interpessoais, e pode ser vivenciada de forma diferente pelos

cuidadores, pois enquanto para alguns não é sentida como um fardo, para

outros pode provocar sentimentos de grande intensidade.

A carga subjectiva traduz-se como a percepção que o acto de cuidar

possa envolver no que respeita à sua percepção emocional.

Os impactos nos cuidadores de idosos dependentes, a nível do desgaste

psicológico, estão normalmente associados ao stresse, ansiedade e

depressão.

É necessário compreender o que significa cada um destes conceitos. “Etimologicamente, stresse é uma expressão que provém dos termos latinos

stringo, stringere, strinxi, strinctum e que significam “apertar”, “comprimir”, “restringir”.

Stress é uma expressão utilizada na língua inglesa que significa “pressão” ou “tensão”.

Recentemente, no século XIX, o conceito de stresse alargou o seu significado às

Page 50: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

35

pressões exercidas sobre um órgão corporal ou sobre a mente humana.” Rocha

(2009:20) citando Serra (1999).

Segundo Rocha (2009) a primeira definição de stresse surgiu com o

modelo “estímulo-resposta” de Selye, que definia o stresse como uma resposta

do organismo a um estímulo externo. Nesta perspectiva, o stresse agia como

uma resposta geral e automática do organismo a qualquer agente perturbador,

no sentido de contribuir na sua adaptação.

De acordo com Rocha (2009:21) a adaptação ao stress “pode tomar dois

rumos, o eustress, em que o sujeito se adapta no sentido de desafio, dinamizando o

sujeito para a acção, funcionando como um stresse agradável e curativo, e o distress,

quando existe uma má adaptação à situação perturbadora, podendo ser responsável

por desencadear doenças.” (Rocha,2009:21).

Figueiredo (2007) citado por Rocha (2009) resume a diversidade de

definições de stresse a três grandes linhas de investigação: a fisiológica,

sociológica e psicológica.

A linha fisiológica define stresse como um estado interno do organismo

que surge em resposta a acontecimentos perturbadores.

A linha sociológica interpreta o stresse como uma condição ambiental

externa que perturba o normal funcionamento da pessoa.

A linha psicológica analisa o stresse como a adaptação da pessoa às

condições perturbadoras do meio ambiente.

Fonseca (2005) referido por Rocha (2009:24) afirma que o stresse se

verifica quando há um desequilíbrio entre as exigências ambientais e as

capacidades de resposta do organismo, acrescentando que o stresse traduz

esse desequilíbrio variando com o estado psicológico da pessoa situações e

com as percepções individuais de cada um acerca das situações. Este autor

refere ainda os principais sinais de stresse como sendo:

Sinais emocionais (tensão, irritabilidade, desassossego, agitação, alterações

de humor, sentimentos negativos, fragilidade emotiva, ressentimento, episódios

de ansiedade ou depressão);

Sinais físicos (incapacidade de relaxar, dores de cabeça, dores de costas,

dores cervicais, tremores, sensação de ruptura física, fadiga, excesso de sono,

maior incidência de pequenas doenças, más digestões, perda ou ganho de

peso, problemas de pele e alterações menstruais);

Page 51: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

36

Sinais comportamentais (pressa constante, negligência consigo próprio em

refeições ou descanso, auto-sedação, ineficácia crescente, sensação de

afastamento, pesadelos e perda ou excesso de apetite);

Sinais cognitivos (fraca concentração, esquecimento, distracções frequentes,

pensamentos negativos, sentimentos de desânimo, injustiça e ideias

obsessivas);

Sinais relacionais (perda de capacidade para lidar com as necessidades e

exigências de outras pessoas, impaciência, intolerância, evitamento de

companhia, controlo excessivo em relação a outros, desagradável nas relações

sociais e familiares). (Rocha,2009:24)

Quando se fala especificamente em stresse nos cuidadores de idosos

dependentes pode-se sistematizar um conjunto de factores stressantes, tais

como: cuidar contínua e intensivamente do idoso; desconhecer informação

para o desempenho do cuidado; a sobrecarga de trabalho; os conflitos

familiares aliados ao papel de cuidador; a dificuldade de adaptação às

exigências da profissão.

O stresse do cuidador (formal ou informal) poderá ser avaliado através

da percepção que cada indivíduo tem acerca dos recursos que dispõe para

lidar com os problemas resultantes dos cuidados.

Os cuidadores poderão, neste sentido, criar estratégias que lhes

permitam lidar e ultrapassar problemáticas decorrentes do processo de cuidar.

A estas estratégias dá-se o nome de “coping”. Este pode ser definido

como “estratégias de confronto, formas de lidar com ou ainda mecanismos que

habitualmente os indivíduos utilizam para lidar com os agentes indutores de

stresse.” (Rocha,2009:32) cita (Ramos & Carvalho (2007: 7).

De forma mais sintética, o coping significa “os esforços, tanto cognitivos

como comportamentais para lidar com exigências internas e/ou externas

específicas, que forçam ou transcendem os recursos pessoais.” Rocha

(2009:32) cita Lazarus & Folkman (1984) citado por Figueiredo (2007: 162).

As estratégias de coping podem assumir duas funções distintas: o

coping centrado na emoção e o coping centrado no problema.

No caso do coping centrado na emoção, a estratégia consiste em

“regular os estados emocionais e está mais associado a situações avaliadas

Page 52: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

37

como difíceis ou mesmo de mudança impossível. O coping centrado no

problema “procura agir sobre a perturbação com vista a solucionar o problema,

estabelecendo planos de acção, tendendo a ser mais usado em situações

percepcionadas pela pessoa como susceptíveis de mudança.”

(Rocha,2009:33).

Figueiredo (2007) citado por Rocha (2009) salienta ainda a diferença

entre estratégias de coping e os recursos de coping.

As estratégias de coping são a forma como os indivíduos lidam com as

situações. Os recursos de coping reflectem o tipo de recursos que cada um

pode dispor para lidar com determinada situação. Estes recursos podem ser:

pessoais (competências pessoais, experiência de vida, crenças ou valores);

externos (rendimento, habitação, estatuto socioeconómico ou serviços formais)

e sociais (redes sociais e o apoio que dispõem).

Normalmente as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores

centram-se essencialmente nas questões da emoção, tentando superar as

grandes mudanças que a tarefa de cuidar implica nas suas vidas (sobrecarga,

falta de tempo para si e para a família, a frustração de não conseguir apoiar

mais).

Diversos estudos mencionados por Rocha (2009:40) citando Sequeira

(2007) referem que as estratégias de coping dos cuidadores portugueses

passam por: cuidar do jardim, passear no campo, fazer renda ou cuidar da

casa, conversar com pessoas amigas ou ir à missa rezar.

Como já foi referido anteriormente, o desgaste psicológico dos

cuidadores de idosos dependentes encontra-se, também, relacionado às

questões da ansiedade.

A origem etimológica da palavra ansiedade provém do termo grego

anshein que significa oprimir e sufocar. De acordo com Goméz (2010:14)

citando Datti (1997) a ansiedade pode ser definida como “ uma sensação de

desconforto e apreensão experimentada pela antecipação (real ou imaginária)

de situações que podem ser muito agradáveis ou muito difíceis,

desagradáveis’’

Segundo a autora é comum as pessoas experimentarem sentimentos de

ansiedade, sendo que esta é uma característica biológica do ser humano,

acompanhando-o ao longo da vida, e indo de encontro à sua própria

Page 53: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

38

identidade. Todos os seres humanos vivenciam mudanças, experiências novas

e, em determinado momento das suas vidas, ficam mais ou menos ansiosos.

A ansiedade antecede momentos de pânico, de receio, de medo, de

perigo ou de tensão. Pensa-se que ela aparece, muitas vezes, em pessoas que

são cronicamente preocupadas, socialmente inseguras, pessimistas e cheias

de dúvidas sobre si mesmas, que desconhecem as suas próprias capacidades.

Quando se sente ansiedade activa-se o sistema nervoso vegetativo. “Este executa a regulação das funções dos órgãos internos involuntariamente e

autonomamente. É uma unidade fisiológica que integra dois sistemas distintos, o

simpático e o parassimpático. Estes desempenham normalmente funções

antagónicas. A divisão simpática do SNV é a principal responsável pelas respostas

fisiológicas ao stresse, como o aumento da frequência cardíaca e respiratória, o

aumento da degradação de reservas energéticas ou o aumento da actividade das

glândulas sudoríparas. Já a divisão parassimpática do SNV é a principal responsável

pela estimulação dos processos de digestão e absorção de nutrientes no tubo

gastrointestinal.” (Goméz,2010:14).

Segundo Matos (2012:34) a ansiedade é um sintoma normal, tornando-

se patológico quando os sintomas ansiosos são frequentes e incapacitantes.

Pode-se distinguir dois tipos de ansiedade: a normal e a patológica.

A ansiedade normal transmite ao indivíduo uma sensação difusa,

desaprazível, apreensiva, seguida de sensações físicas de mal-estar,

palpitações, dores de cabeça, súbitas necessidades de evacuar, inquietações.

A ansiedade patológica tem implicações no bem-estar e no desempenho

do sujeito. Trata-se de uma resposta desajustada a um determinado estímulo,

de intensidade ou duração variável. Ela pode paralisar a pessoa e impedir que

esta se prepare para enfrentar situações que considera ameaçadoras ou de

difícil resolução.

Em termos gerais, os sintomas da ansiedade podem incluir agitação,

incapacidade para estar no mesmo sítio, diarreia, tonturas, sincope,

taquicardia, formigueiro nas mãos e pés, tremores, retenção ou aumento da

frequência urinária. Para além disso, podem existir também efeitos sobre o

pensamento, a percepção, a concentração, a memória e a associação de

ideias.

Page 54: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

39

A ansiedade patológica dos cuidadores de idosos dependentes

encontra-se muitas vezes aliada à depressão.

Segundo Matos (2012:34) o termo depressão, classicamente usado por

Hipócrates como melancolia, significa inibição ou lentificação de uma ou várias

funções psicofisiológicas, perda de iniciativa e de capacidade vital. “ A depressão é uma doença mental, normalmente caracterizada por um humor

deprimido, baixa auto-estima, ausência de prazer e redução de energia. Evidências da

neurociência, da genética e da investigação clínica demonstram que a depressão é

uma doença que resulta de distúrbios ao nível cerebral.” (Costa,2010:11).

A depressão não pode ser confundida com períodos de tristeza, uma vez

que faz parte do ser humano sentir-se infeliz em momentos de adversidade.

Muitas vezes, os Médicos de Família/ Clínicos Gerais tendem a fazer

diagnósticos errados de situações de depressão, uma vez que, a maioria dos

pacientes apresenta sintomas ligeiros que podem levar a este erro.

Segundo Costa (2010:12) os principais sintomas da depressão são:

sentimentos de infelicidade, pessimismo, culpa, baixa auto-estima, inutilidade,

perda de interesse em actividades que normalmente sentia prazer, sensação

de fadiga, baixa energia, insónias, dificuldade de concentração, alterações no

apetite, pensamentos recorrentes de morte e suicídio, sintomas físicos ou

dores inexplicáveis.

Os factores de risco de depressão sintetizam-se nos seguintes: “idade,

dependência de substâncias químicas, género feminino, historial pessoal ou

familiar de depressão, momentos de stresse, doenças crónicas e medicação.”

(Francher e Kravitz, 2010) citados por Costa (2010:13).

Não existe um consenso geral quanto à classificação dos diferentes

episódios depressivos, o que muitas vezes dificulta a prescrição de tratamentos

adequados.

De acordo com Gelder et al. (2006) citados por Costa (2010) as várias

abordagens levaram à diferenciação de quatro episódios depressivos, sendo

estes: depressão unipolar ou bipolar (presença de episódios depressivos ou

alternância de episódios depressivos com outros maníacos); depressão

neurótica ou psicótica (ausência ou presença de alucinações, delírios e falta de

contacto com a realidade); depressão endógena ou exógena (ausência ou

Page 55: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

40

presença de factores precipitantes) e depressão ligeira, moderada ou grave (de

acordo com a intensidade dos sintomas).

O desgaste físico e psicológico dos cuidadores afecta-os no seu bem-

estar e qualidade de vida, interferindo também com todos os elementos que

fazem parte do seu relacionamento (familiares, amigos, pessoas cuidadas).

Cabe aos cuidadores e às redes de suporte social, nas quais estão

inseridos, encontrar estratégias de combate às dificuldades do processo de

cuidar de alguém dependente.

9 - Os aspectos positivos de cuidar - Resiliência e Motivação dos cuidadores

As diversas investigações acerca das repercussões do acto de cuidar de

pessoas dependentes “têm enfatizado as consequências negativas da

prestação de cuidados sobre a saúde e bem-estar físico, psicológico e social

dos cuidadores.” (Mendes,2010:21).

No entanto, outros estudos têm-se debruçado sobre a satisfação e os

aspectos positivos do acto de cuidar, que podem coexistir com as dificuldades

e necessidades dos cuidadores.

Na perspectiva de Ricarte (2009:51) os aspectos positivos ou benéficos

vivenciados pelos cuidadores são: crescimento pessoal; aumento do sentimento de

realização, do orgulho e da habilidade para enfrentar desafios; melhoria do

relacionamento interpessoal (tanto com o idoso, como com as outras

pessoas);aumento do significado da vida; satisfação consigo próprio; retribuição e

bem-estar com a qualidade do cuidado oferecido.

Segundo Ferreira (2012) os cuidadores referem aspectos de satisfação

na prestação de cuidados relacionados com o facto da pessoa de quem se

cuida estar bem tratada, preservar a sua dignidade e felicidade, assim como ter

a noção de que se está a fazer o melhor que se pode por ela e que a mesma

se encontra assim a ser tratada com amor e carinho.

É neste âmbito que Ferreira (2007:27) defende que “o acto de cuidar pode

ser encarado como um acto de amor, uma relação de afectividade entre quem cuida e

Page 56: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

41

quem recebe o cuidado, proporcionando, deste modo, ao cuidador um certo sentido de

vida.” (Ferreira,2012:27).

De acordo com Laham (2003) citado por Ferreira (2012) um outro

aspecto positivo do acto de cuidar é o facto de o cuidador encarar a prestação

de cuidados como uma função. Outros autores referem ainda a possibilidade

de se desenvolverem competências, habilidades, ocorrer uma retribuição de

carinho e reconhecimento por parte de outros, o que, de algum modo, pode ser

interpretado pelo cuidador como satisfatório.

O aumento do bem-estar psicológico e o desenvolvimento de

competências são outras duas repercussões positivas referidas pelos

cuidadores.

Assim, os aspectos positivos no cuidar são o resultado de uma

mediação entre as tarefas desempenhadas pelo cuidador e o bem-estar

sentido na execução das mesmas.

No que se refere especificamente aos cuidadores formais de idosos em

instituições verifica-se que estes vivenciam a sua profissão tendo por base

experiências anteriores e identificando neles próprios a futura possibilidade de

uma Institucionalização.

Carvalho et al. (2006) citados por Ferreira (2012) apresentam um

conjunto de questões que ajudam na prevenção do aparecimento de stresse

nos cuidadores formais de idosos. São estes: a capacidade de acção, a

percepção do apoio organizacional, o orgulho nos seus resultados e a

competência pessoal.

Os cuidadores formais de idosos que apresentam uma maior capacidade

de resiliência e motivação para a profissão “são mais propensos a ter uma

maior qualidade de vida na sua profissão, levando também a um melhor

cuidado tanto dos idosos como de si mesmos.” (Ferreira,2012:30).

O conceito de resiliência deu os primeiros passos na Psicologia na

década de 70. Até então o termo resiliência era utilizado na física e na

engenharia tendo em conta a capacidade que os materiais têm de suportar

tensões e condições adversas sem se deformarem ou de se alterarem e

voltarem à sua forma original.

Muitos dos termos utilizados nas ciências exactas são posteriormente

aplicados nas ciências psicossociais e humanas de modo a explicar

Page 57: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

42

comportamentos que levam à formulação de modelos e teorias, a resiliência é

assim também um controverso conceito que tem vindo a ser aplicado e

estudado desde há três décadas tendo em conta as emergentes mudanças que

ocorrem no dia-a-dia da sociedade exigindo constantes esforços de adaptação.

Estes esforços de adaptação estão relacionados com a capacidade de

resiliência. Segundo Torrão (2010:33) a “palavra resiliência tem origem no latim

resiliens, que significa saltar para trás, voltar, ser impelido, recuar, retirar-se

sobre si mesmo, encolher, desdizer-se, romper.”

A autora define resiliência como a capacidade que os indivíduos têm de

enfrentar e responder de forma positiva às experiências que possuem elevado

potencial de risco para a saúde e desenvolvimento do indivíduo. É assim um

fenómeno complexo, atrelado à interdependência entre os múltiplos contextos

com os quais o sujeito interage e cuja presença é observada com maior

clareza, quando o ser humano está a atravessar uma situação adversa, seja

temporariamente ou constante na sua vida.

Neste sentido, uma pessoa resiliente é aquela que tem habilidade para

reconhecer a dor, perceber o seu sentido e tolerá-la até resolver os conflitos de

modo construtivo.

A capacidade de resiliência dos cuidadores formais de idosos pela

“mobilização e activação das suas capacidades de ser, estar, ter, poder e

querer, ou seja, pela sua capacidade de auto-regulação e auto-estima.”

(Torrão,2010:35).

Além da capacidade de resiliência para combater as dificuldades do acto

de cuidar pode-se falar na importância da motivação para a realização dos

cuidados.

Segundo a autora a motivação é o conjunto de factores que determinam

a conduta do indivíduo, sendo um processo que desencadeia uma actividade

ou acção.

A motivação pode ser intrínseca e extrínseca. “A primeira assenta no

interesse do indivíduo pela actividade enquanto que o resultado da segunda

depende da recompensa externa pela realização da actividade.”

(Torrão,2010:43).

A base da motivação dos cuidadores deve-se à sua autodeterminação,

focalizando-se na autonomia e no desenvolvimento para uma contínua

Page 58: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

43

aquisição de competências de forma a lidar eficazmente com as consequências

e dificuldades do acto de cuidar.

Em conclusão, a qualidade de vida e bem-estar dos cuidadores e dos

restantes elementos que se encontram ao seu redor (principalmente das

pessoas cuidadas) são influenciados pela capacidade de resiliência e a

motivação dos cuidadores para ultrapassarem os aspectos negativos do acto

de cuidar.

10 - Psicogerontologia Comunitária: os contributos para a intervenção na velhice

O crescente envelhecimento populacional, que se tem verificado ao

longo do século XX, suscitou o interesse dos diferentes campos de

investigação em ciências sociais e humanas, acerca do estudo do processo de

envelhecimento e de tudo o que o mesmo acarreta.

A Psicologia tem sido uma das ciências que mais tem dado contributos

ao nível do estudo do processo de envelhecimento.

Segundo Néri (2004:74) a Psicologia tem-se interessado pelo estudo das

influências biológicas e sociais sobre o comportamento na velhice e pelos

processos comportamentais, funções psicológicas e envelhecimento.

Ao nível das influências biológicas e sociais sobre o comportamento na

velhice destacam-se: a genética comportamental, a saúde e o comportamento,

as mudanças cognitivas associadas à idade e as influências ambientais sobre o

comportamento na velhice.

No que diz respeito aos processos comportamentais, funções

psicológicas e envelhecimento destacam-se: a emoção, a relação social, a

diferença entre género, a sabedoria, a criatividade, a dependência e fragilidade,

a actividade e o comportamento, a religião e espiritualidade, a qualidade de

vida, o desempenho no trabalho, a saúde mental e psicopatologia, entre outras.

Recentemente, aliado à investigação da Psicologia na área do

envelhecimento, surgiu um novo campo de estudo que se encontra em

expansão, a Psicogerontologia. Segundo Falcão et al. (2009) citados por Novo

Page 59: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

44

(2003) “os pesquisadores da área da Psicogerontologia procuram investigar os

comportamentos ao longo do curso de vida.”

Um conceito ainda mais inovador é o de Psicogerontologia Comunitária.

Este encontra-se relacionado à articulação do estudo da Psicologia

Comunitária com a Gerontologia, dando o seu contributo para a investigação

do envelhecimento numa perspectiva comunitária.

A Psicologia Comunitária surge “em meados da década de 60, numa

atmosfera social de mudança e expectativa, inspirada pelos movimentos sociais

emergentes e no decurso do período de grandes transformações na sociedade em

geral e na área da saúde mental em particular.” (Ornelas,2008:31).

Segundo o autor um dos momentos decisivos da abordagem da

Psicologia Comunitária foi a apresentação de um conjunto de propostas de

mudanças, feita pelo presidente Kennedy, em 1963, onde se defendia a

reintegração de doentes mentais na comunidade e se apelava à adopção duma

perspectiva preventiva do sofrimento humano e à promoção de uma visão

positiva da saúde mental.

Estes conjuntos de propostas deram origem à Lei dos Centros de Saúde

Mental Comunitária, verificando-se que, os contextos sociais têm grande

importância ao nível da saúde mental e bem-estar psicológico das populações.

Outros estudos ao nível da importância da comunidade e da participação

social da mesma na luta contra a pobreza originaram o conceito de community

control. “Este conceito significa o controlo por parte da comunidade sobre os

programas que lhe são dirigidos e pressupõe a participação activa dos seus membros

na resolução dos próprios problemas. Deste modo, a comunidade assume a

responsabilidade por todos os seus cidadãos, o que implica que os profissionais

passam a ter essencialmente um papel de prestação do suporte necessário à

comunidade e aos seus líderes, de modo a que esta funcione eficazmente, com o seu

contributo como consultores para a resolução de situações-problema.”

(Ornelas,2008:33).

O estudo da Psicologia Comunitária encontra-se também relacionado

com as investigações em ecologia social. Kurt Lewin (1946) citado por Ornelas

(2008) chamou a atenção para a importância das variáveis ambientais sobre o

comportamento humano, avançando com uma fórmula inovadora, segundo a

Page 60: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

45

qual o comportamento individual é função da personalidade e do meio

ambiente.

Para a compreensão da intervenção da Psicologia Comunitária é

necessário retroceder ao desenvolvimento da Teoria da Crise. Esta explicita

que o indivíduo perante uma situação de crise geradora de stresse necessita

do apoio da comunidade para se adaptar à situação e encontrar estratégias de

coping. Neste sentido, o suporte social é de extrema importância para os

indivíduos que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

Nas últimas décadas, “a Psicologia Comunitária tem-se debruçado sobre a

criação de serviços adequados às populações socialmente marginalizadas, no

desenvolvimento de técnicas inovadoras de prestação de serviços e estratégias de

empowerment, no sentido de facilitar a participação destes grupos.” (Ornelas,2008:37).

A Psicologia Comunitária é orientada por valores nos quais fundamenta

a sua intervenção junto da comunidade. Ornelas (2008:38) citando Dalton,

Elias e Wandersman (2001) identificou setes valores fundamentais da

Psicologia Comunitária: bem-estar individual, o sentimento de comunidade, a

justiça social, a participação cívica, a colaboração e o fortalecimento

comunitário, o respeito pela diversidade humana e a fundamentação empírica. “O bem-estar individual refere-se à saúde física e psicológica, às competências

socioemocionais para manter a saúde e o bem-estar pessoal, ao desenvolvimento da

identidade e à prossecução de objectivos pessoais, como o sucesso académico ou a

procura de um significado espiritual.” (Ornelas, 2008:39) cita Dalton, Elias e

Wandersman (2001).

De acordo com os autores o sentimento de comunidade refere-se à

percepção de pertença do indivíduo a uma unidade colectiva.

O valor da justiça social encontra-se relacionado com a preocupação

com as questões de igualdade, distribuição justa e equitativa dos recursos,

oportunidades e poder na sociedade.

O valor da participação cívica “refere-se a processos colaborativos de

tomada de decisão que permitam um envolvimento significativo de todos os

membros da comunidade.” Ornelas (2008:41) cita Dalton, Elias e Wandersman

(2001).

Page 61: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

46

O valor da colaboração e fortalecimento comunitário encontra-se

relacionado com o papel decisivo dos profissionais, como facilitadores e

colaboradores da comunidade na resolução de situações problema.

O respeito pela diversidade é o valor que reconhece, valoriza e aprecia a

diversidade de comunidades e identidades sociais. “Em termos de prática, o

respeito pela diversidade traduz-se na identificação de competências e recursos de

todas as culturas e das populações frequentemente desvalorizadas pela sociedade em

geral e na procura da melhoria do potencial e das capacidades de todos os cidadãos.”

(Serrano-Garcia, Costa, Perfecto e Quiros, 1980) citados por (Ornelas, 2008:43).

Por último, o valor da fundamentação empírica refere-se à utilidade da

investigação para responder de forma mais eficaz às questões e problemas

das comunidades.

No que diz respeito à área da Gerontologia constata-se que esta se

dedica ao estudo do processo de envelhecimento na sua totalidade.

Etimologicamente a palavra Gerontologia provém do termo geronto, do

grego (geron), referindo-se aos mais velhos ou mais notáveis do povo grego e

do termo logos que significa estudo e conhecimento.

Segundo Prado et al. (2006) a Gerontologia apresenta vários ramos dos

quais se destaca a Geriatria e a Gerontologia Social. A Geriatria encontra-se

mais voltada para a prevenção e o tratamento das doenças na velhice, e a

Gerontologia Social é constituída de diversas áreas como psicologia, serviço

social, direito, entre outras.

Apesar de abranger diversas áreas, o enfoque da Gerontologia

centraliza-se na questão do envelhecimento. Nesta lógica, a “Gerontologia é uma

área de conhecimento específico acerca do envelhecimento, na qual, actuam várias

áreas, até a integração recíproca de conceitos formuladores de um determinado

conhecimento, bem como a organização da pesquisa e do ensino que com ela podem

se relacionar.” (Camacho, 2002:232)

O profissional especializado em Gerontologia deve responder com

competência teórica e prática aos desafios do envelhecimento individual e

populacional. “Sendo de extrema importância a realização de pesquisas e projectos

de que abarquem as características dos idosos, na busca dos determinantes do

envelhecer bem e, principalmente, na divulgação dos conhecimentos e das acções de

promoção da saúde. As necessidades evolutivas dos idosos requerem um foco não

Page 62: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

47

apenas sobre declínio e mudança, mas também sobre a manutenção do controle de

sua vida.” Falcão et al. (2009:50) cita Neri (2004).

A formação em Gerontologia assenta em três pilares básicos: uma

médica/cuidados de saúde; uma componente psicológica; e uma componente

social/organizacional. O objecto da intervenção profissional do gerontólogo é a

pessoa idosa, embora inserida no seu contexto familiar e societário.

De acordo com Pereira (2009) citando Martin (2006) o gerontólogo está

habilitado para realizar as seguintes actividades com os idosos e contexto

envolvente:

Prestação de cuidados de saúde básicos a idosos, tendo em vista a

minimização de situações de debilidade psicológica e física, inerentes a

processos do envelhecimento;

Promoção de serviços de apoio a idosos que viabilizem a cidadania

plena em termos de direitos, necessidades, integração e de valorização

do papel social;

Promoção do envelhecimento activo e produtivo;

Investigação e desenvolvimento de políticas, programas e projectos

sobre o envelhecimento e os idosos;

Planeamento, concepção, implementação de programas de formação

para cuidadores de idosos formais e informais.

A Psicologia Comunitária e a Gerontologia constituem áreas promotoras

da difusão da Psicogerontologia Comunitária, que tem como preocupação

crescente a problemática do envelhecimento populacional considerando a

pertinência da intervenção comunitária na mesma.

Segundo Sequeira (2010:30) o crescente envelhecimento populacional

tem acarretado transformações, no que diz respeito, à assistência familiar e

apoio formal aos idosos, cada vez mais dependentes.

Com as transformações familiares que se têm verificado ao longo dos

anos (inexistência de família alargada, crescente emigração, dificuldades de

emprego, nova posição da mulher na sociedade, entre outros) é necessário

rever os programas de apoio aos idosos, “evitando sobrecarregar as famílias

com funções para as quais não têm capacidade para dar resposta adequada”.

(Sequeira, 2010:33).

Page 63: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

48

Nesta perspectiva, áreas como a Psicogerontologia Comunitária

contribuem em diversas vertentes para o estudo dos cuidados aos idosos

dependentes.

Através do estudo da Psicogerontologia Comunitária será possível

conhecer as diferentes concepções do processo de envelhecimento, a

importância das redes de suporte social para os idosos dependentes, o apoio

dos diferentes cuidadores na prestação de cuidados aos mesmos, a

necessidade de investir na qualidade de vida e bem-estar dos mais velhos e

também dos seus cuidadores.

A Psicogerontologia Comunitária intervém no sentido de “contribuir para

que a velhice seja vivida com bem-estar e que o idoso seja sinónimo de

sabedoria/ conhecimento, enfim, uma pessoa de referência.” (Sequeira,

2010:36).

Page 64: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

49

Parte II – Estudo Empírico

Seguidamente apresenta-se a metodologia de investigação utilizada

para a concretização do estudo, os seus objectivos, a tipologia de estudo, os

participantes da investigação, a caracterização da instituição e do meio físico

onde decorre a investigação, os instrumentos e procedimentos utilizados e as

técnicas de tratamento de dados que permitiram a apresentação e análise dos

resultados.

11- Metodologia

A investigação empírica é um “processo de aplicação de conhecimentos,

mas também um processo de planeamento e criatividade que contribui para o

enriquecimento do conhecimento na área em que se realiza a investigação.” (Sousa e

Baptista, 2011: 9).

No decorrer da investigação utilizam-se diferentes estratégias para

responder aos objectivos que se pretendem atingir. Ao processo utilizado dá-se

o nome de metodologia de investigação.

Esta “consiste num processo de selecção da estratégia de investigação, que

condiciona por si só, a escolha das técnicas de recolha de dados, que devem ser

adequados aos objectivos que se pretendem atingir.” (Sousa e Baptista, 2011: 52).

A investigação realizada insere-se no tema: “ A interferência do desgaste

físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade da prestação dos

cuidados a pessoas idosas dependentes.” Neste sentido a questão de partida é: “De que forma o desgaste físico e

psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na

qualidade dos cuidados prestados aos mesmos?”

O principal objectivo do estudo é compreender a interferência do

desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na

qualidade dos cuidados prestados aos mesmos

Pelo que, os objectivos específicos do processo investigativo passam

por:

Page 65: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

50

Avaliar os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores

formais;

Avaliar o nível global de dependência dos idosos, no que diz respeito às

Actividades Básicas da Vida Diária;

Verificar as causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores

formais de idosos dependentes;

Identificar as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores formais;

Verificar o grau de satisfação dos utentes relativamente aos cuidados

recebidos ao nível da higiene, alimentação e vestuário;

Conhecer a visão dos utentes acerca da interferência do desgaste físico

e psicológico dos seus cuidadores na qualidade dos cuidados que lhes

são prestados.

No sentido de responder aos objectivos da investigação utilizou-se uma

determinada tipologia de estudo, de técnicas de recolha de dados e

instrumentos de análise dos mesmos, que serão apresentados

seguidamente.

11.1- Tipologia de estudo

No estudo referenciado foram usados métodos de investigação de

natureza qualitativa e quantitativa, apelidando-se esta combinação de

triangulação metodológica. “ […] Cada método revela diferentes aspectos da

realidade e, por isso, devemos utilizar diferentes métodos para observar essa

realidade. Por outro lado, a utilização de uma combinação de métodos pode permitir

uma melhor compreensão dos fenómenos, e, assim, alcançar resultados mais

seguros.” (Sousa e Baptista,2011:63).

O estudo realizado caracteriza-se por ser um estudo exploratório de

carácter transversal, que no entanto, é também um estudo de caso da

Instituição Santa Casa da Misericórdia de Sines.

Segundo Sousa e Baptista (2011:57) citando Marshall e Rossman

(1995:40-41), o estudo exploratório tem por objectivo proceder ao

reconhecimento de uma dada realidade pouco ou deficientemente estudada e

levantar hipóteses de entendimento dessa realidade.

Page 66: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

51

Uma vez que a investigação foi realizada num dos lares de idosos

(Anexo I) da Santa Casa da Misericórdia de Sines, poderá ser considerada um

estudo de caso. Este é uma “exploração de um único fenómeno, limitado no tempo

e na acção, onde o investigador recolhe informação detalhada. É um estudo intensivo

e detalhado de uma entidade bem definida […].” (Sousa e Baptista, 2011: 64).

A investigação não tem só objectivo de conhecer a realidade em

questão, mas também de agir sobre a mesma, culminando num projecto de

intervenção. É de salientar o facto de o investigador ser funcionário da

instituição, o que promoverá a realização do projecto. Neste sentido, foi

também utilizada a metodologia de investigação-acção.

Esta metodologia “tem o duplo objectivo de acção e investigação, no

sentido de obter resultados em ambas as vertentes.” (Sousa e Baptista, 2011:

65).

De acordo com Guerra (2000:52) qualquer acção que se pretenda de

base científica inclui necessariamente uma dinâmica de investigação-acção, na

medida em que apenas este tipo de processo, ao insistir nos processos de

conhecimento do “ sistema de acção concreto”, impede a rotinização e a

repetição de “receitas” de acção “importadas” de outros contextos.

Neste sentido, “as metodologias de investigação-acção permitem, em

simultâneo, a produção de conhecimento sobre a realidade, a inovação no sentido da

singularidade de cada caso, a produção de mudanças sociais e, ainda, a formação de

competências dos intervenientes.” (Guerra,2000:52).

Além da diversidade de metodologias foram também utilizadas

diferentes técnicas de recolha de dados, de carácter qualitativo e quantitativo,

com o objectivo de tornar o processo de investigação mais consistente e sólido.

Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram: a entrevista, o

inquérito por questionário, as escalas de avaliação psicológica (ESC e EADS-

21) e o índice de dependência (Barthel).

As técnicas utilizadas para a análise dos resultados foram: a análise de

conteúdo, a análise estatística do SPSS e as cotações das escalas e índice.

Page 67: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

52

11.2 – Participantes “Qualquer investigação empírica pressupõe uma recolha de dados. Os dados

são informação na forma de observações, ou medidas, dos valores de uma ou mais

variáveis normalmente fornecidos por um conjunto de entidades. Em ciências sociais é

vulgar designarmos estas entidades por casos da investigação. […] Ao conjunto total

de casos sobre os quais se pretende retirar conclusões dá-se o nome de População

ou Universo.

[…] Acontece porém que, muitas vezes, o investigador não tem tempo nem

recursos suficientes para recolher e analisar dados para cada um dos casos do

Universo pelo que, nesta situação, só é possível considerar uma parte dos casos que

constituem o Universo. Esta parte designa-se por amostra do Universo.” (Hill e Hill,

2005:41-42).

No caso específico da investigação realizada (a influência do desgaste

físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na

qualidade dos cuidados prestados aos mesmos), os participantes constituíram

dois grupos distintos:

As 13 Ajudantes de Lar a exercer funções no Lar Anexo I da Santa

Casa da Misericórdia de Sines;

Uma amostra dos 53 utentes institucionalizados no Lar Anexo I da

Santa Casa da Misericórdia de Sines.

O número de Ajudantes de Lar e utentes institucionalizados no Lar

Anexo I encontra-se ao acesso do investigador, uma vez que, o mesmo é

profissional da instituição em causa. É possível ter acesso ao número de

colaboradores do Lar Anexo I através de registos como os mapas e horários de

pessoal e ao número de utentes através dos processos de admissão dos

mesmos na instituição.

Relativamente às Ajudantes de Lar foi utilizado todo o universo existente

no local do estudo, à excepção de uma Ajudante de Lar que se encontrava de

Baixa Médica prolongada. Já no que diz respeito aos utentes, participaram

apenas aqueles que reuniram determinados critérios, tais como o interesse em

participar na investigação e a capacidade (em termos físicos e psicológicos)

para responder aos instrumentos de recolha de dados aplicados.

Page 68: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

53

Neste sentido, participaram 30 utentes no estudo que constituem uma

amostra por conveniência.

Este tipo de amostragem “ocorre quando a participação é voluntária ou os

elementos da amostra são escolhidos por uma questão de conveniência.” Deste modo

não há uma garantia da amostra ser representativa, sendo este um dos grandes

inconvenientes da mesma. No entanto, “pode ser usada com êxito em situações nas

quais seja importante captar ideias gerais e identificar aspectos críticos […].” (Sousa e

Baptista,2011:77).

11.2.1 – Contexto Institucional dos Participantes

Seguidamente apresenta-se a caracterização da Instituição onde se

realizou a investigação e do meio físico/ espaço territorial onde a mesma está

inserida.

11.2.1.1 – Caracterização do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

O Lar Anexo I foi criado no ano de 1984 para dar resposta a cerca de 60

utentes idosos com dificuldades de viver condignamente no seu domicílio.

Presentemente a construção do seu edifício sofreu alterações, o que

levou à diminuição da capacidade do número de utentes que pode acolher.

Actualmente, o Lar Anexo I acolhe 53 utentes, 39 mulheres e 14

homens, sendo que a maioria se encontra em situação de dependência. Estes

dados remetem-se à data de Abril de 2014, através da consulta dos registos da

Instituição, sendo que os mesmos se encontram em constante alteração.

No que diz respeito aos colaboradores que prestam serviço no Lar

Anexo I podem-se subdividir em dois grupos: aqueles que prestam cuidados

exclusivos aos utentes do Anexo I e aqueles que intervêm em todos os Lares

da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Prats, Anexo I e Anexo II).

De acordo com os dados consultados no serviço de recursos humanos

da Instituição (2014), os colaboradores que prestam serviço exclusivo no

Anexo I são: catorze Ajudantes de Lar; cinco Auxiliares de Serviços Gerais

(quatro no serviço de limpeza e uma responsável pela arrumação e

Page 69: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

54

manutenção da roupa); um Auxiliar de Acção Médica e uma Encarregada de

Sector. Esporadicamente, o número de trabalhadores oscila devido à admissão

de profissionais através de projectos com o Centro de Emprego. Actualmente

existem mais duas Auxiliares de Serviços Gerais a garantir a manutenção e

limpeza dos edifícios.

No que concerne aos colaboradores que prestam serviço no Lar Anexo I

e nos restantes Lares da Santa Casa da Misericórdia de Sines destacam-se:

todos os funcionários da cozinha; colaboradores da lavandaria/rouparia;

funcionários do sector de transportes e dos serviços administrativos; um

Médico; dois Enfermeiros; uma Cabeleireira; um Fisioterapeuta; uma

Animadora Sociocultural; uma Técnica de Reabilitação Psicomotora; uma

Psicóloga; uma Socióloga e um Assistente Social.

O Lar Anexo I tem o seu edifício subdividido em diferentes espaços,

sendo os principais denominados de Lado Grande e Lado Pequeno.

No Lado Grande do Anexo I fica situado o posto médico, dezanove

quartos (com casa de banho), duas salas de estar e refeição, duas casas de

banho para deficientes (uma delas com duche), uma copa de apoio aos

colaboradores, despensas para roupa, produtos de higiene, limpeza e

alimentares, cacifos e casa de banho dos colaboradores.

Este edifício acolhe 36 utentes, 22 do sexo feminino e 14 do masculino.

Prestam serviço aos mesmos, duas Ajudantes de Lar nos turnos das 8 h às 16

h e 16 h às 24 h e uma Ajudante de Lar no turno das 00 h às 08 h.

No Lado Pequeno do Anexo I estão 17 utentes, todos do sexo feminino.

Existem sete quartos (sem casa de banho), uma sala de estar e refeição, duas

casas de banho comuns, duas despensas para produtos de limpeza e higiene e

uma casa de banho para colaboradores.

Os cuidados aos 17 utentes são assegurados por uma Ajudante de Lar,

ao serviço nos turnos das 8 h às 16 h; 16 h às 24 h e 00 h às 08 h.

Apesar de existirem dois edifícios distintos, os utentes têm espaços de

convivência comuns e circulam livremente por ambos os espaços, sendo que

apenas na hora das refeições e de dormir, têm obrigatoriamente de se dirigir ao

respectivo edifício (Lado Grande ou Lado Pequeno).

Page 70: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

55

Além dos dois edifícios (Lado Grande e Lado Pequeno), o Lar Anexo I

tem uma capela, sala de formação, gabinetes técnicos, copa, jardim, grelhador

e esplanada.

A cozinha e lavandaria são comuns aos diferentes lares (Prats, Anexo I

e Anexo II), tal como os espaços onde se realizam diversas actividades, como

o salão social, o cabeleireiro e a sala de Fisioterapia.

Todos os colaboradores do Lar Anexo I trabalham rotativamente pelos

dois edifícios, sendo prática comum, a colaboração entre os mesmos no que

diz respeito à prestação de cuidados aos utentes, nomeadamente na hora das

refeições e na realização da higiene pessoal diária. Ou seja, apesar de estar ao

serviço uma Ajudante de Lar no Lado Pequeno e duas no Lado Grande, nada

impede o trabalho em comum das mesmas, situação que predominantemente é

promovida pelos Técnicos Responsáveis.

De acordo com o Regulamento Interno da Santa Casa da Misericórdia

de Sines (2013) a valência Lar tem como principais objectivos: contribuir para a

melhoria da qualidade de vida das pessoas e famílias; prestar cuidados

individualizados e personalizados, no sentido do bem-estar dos utentes;

proporcionar serviços permanentes e adequados à problemática

biopsicossocial das pessoas idosas; privilegiar a interação com os familiares e

com a comunidade; promover estratégias de auto estima, de valorização e de

autonomia pessoal e social.

O Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines assegura a

prestação dos seguintes serviços: “alojamento; alimentação; cuidados de higiene e

conforto pessoal; cuidados médicos e de enfermagem; tratamento de roupas; limpeza

e arranjo diário dos aposentos; apoio psicossocial; animação sociocultural; fisioterapia;

assistência religiosa e outros serviços, nomeadamente transportes e

acompanhamento a consultas no exterior.” (Regulamento Interno da Santa Casa da

Misericórdia de Sines, 2013).

Segundo o Regulamento Interno (2013), os utentes da Santa Casa da

Misericórdia de Sines têm direito ao reconhecimento da sua identidade

pessoal, capacidade civil, cidadania, imagem, palavra e reserva da intimidade.

Devem obter a satisfação das suas necessidades básicas, físicas, psíquicas,

sociais e espirituais; participar em todas as actividades de acordo com os seus

Page 71: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

56

interesses; gerir os seus rendimentos e bens e formularem sugestões e

reclamações, sempre que o desejarem.

Em suma, o Lar Anexo I constitui uma resposta social em constante

mutação de forma a adaptar-se à realidade social, na qual os valores e missão

convergem sempre no bem-estar e melhoria da qualidade de vida, não só dos

seus utentes mas também de todo o seu suporte social, dos seus

colaboradores e toda a população do concelho de Sines.

11.2.1.2 – Caracterização populacional do concelho de Sines

Sines é um concelho português do distrito de Setúbal que se localiza no

Alentejo Litoral, a sul do concelho de Odemira e a norte e nordeste do concelho

de Santiago do Cacém. (vide anexo V)

O concelho de Sines abrange uma área geográfica de 202,7 km2,

composta por duas freguesias: Sines e Porto Covo.

Segundo os censos de 2011 o concelho de Sines tem uma população

residente de 14238 habitantes.

De acordo com o INE, a população idosa (com mais de 60 anos)

apresenta tendência a aumentar, verificando-se que, em 2011 existiam 3336

pessoas com mais de 60 anos e em 2012 o valor era de 3412 pessoas.

Segundo o INE, à data dos Censos de 2011, Sines contava apenas com

5 famílias institucionais comparativamente com as 4832 existentes no país.

De acordo com a fonte citada anteriormente, em 2011, encontravam-se

237 indivíduos em famílias institucionais, com idades compreendidas entre os

60 e 89 anos. Do total de 237 indivíduos, 106 eram do sexo masculino e 131 do

feminino.

Ao nível do grupo etário e do sexo verifica-se que no sexo feminino

existem mais indivíduos institucionalizados na faixa etária dos 85 aos 89 anos

(36 indivíduos) sendo que nos homens é no grupo dos 80 aos 85 que

predomina a institucionalização, com o valor de 18 indivíduos.

No período entre 1991 e 2011 verificou-se um aumento do número de

famílias unipessoais com mais de 65 anos. Segundo o INE, à data de 2011,

existiam em Sines 1513 famílias unipessoais de indivíduos com 65 ou mais

anos.

Page 72: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

57

No que diz respeito ao número de óbitos (com mais de 60 anos) verifica-

se que nas mulheres há um aumento do número de óbitos nas faixas etárias

dos 75 aos 89 anos. Relativamente aos homens, a maioria dos óbitos é entre

os 80-84 anos, com o estado civil casado.

Analisando os casamentos dissolvidos por morte entre os indivíduos

com mais de 60 anos, verificou-se um aumento do número nos grupos etários

mais elevados (75 e mais anos).

Relativamente aos casamentos celebrados, em indivíduos com mais de

60 anos, verifica-se que são predominantemente os homens com 60 a 64 anos,

a celebrar casamento. Os resultados demonstram que é pouco habitual as

mulheres casarem-se a partir dos 60 anos.

No que diz respeito aos profissionais a trabalhar na área da saúde,

Sines apresenta um valor de 34 pessoas em relação ao total de 265 do

Alentejo Litoral e 28572 de Portugal. Dos 34 indivíduos a trabalhar no centros

de saúde de Sines (2011), 8 eram médicos, 10 enfermeiros e 16 pessoal

auxiliar.

Ao longo dos anos tem-se verificado um aumento do número de

indivíduos dependentes, do índice de envelhecimento e do índice de

longevidade.

Entre 2011 e 2012, o índice de dependência aumentou de 24,7 para

25,4.

O índice de envelhecimento aumentou de 119,5 e 121, 2, entre 2011 e

2012.

O índice de longevidade também aumentou entre 2011 e 2012, dos 42,7

para 43,2.

Por sua vez, o índice de renovação da população activa diminuiu de 84

em 2011 para 79,9 em 2012.

Em termos gerais, verifica-se o aumento do número de população

envelhecida, a viver só, com maiores dificuldades e dependência ao nível das

AVD’s, recebendo fracos apoios, com baixos números de instituições e

profissionais na área dos serviços de saúde primários.

Page 73: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

58

11.3 – Instrumentos

Segundo Quivy e Campenhoudt (2003:181) os instrumentos construídos

para uma investigação devem ser capazes de recolher e produzir a informação

necessária ao investigador.

Os instrumentos de recolha de dados subdividem-se em dois tipos de

natureza investigativa: instrumentos qualitativos e quantitativos.

De acordo com Sousa e Baptista (2011:79) a investigação qualitativa

caracteriza-se pela utilização de três grandes grupos de técnicas de recolha de

dados: observação, entrevista e análise documental. A investigação

quantitativa utiliza predominantemente o inquérito por questionário e a análise

estatística.

No decorrer da investigação foram utilizados ambos os tipos de

instrumentos, com vista a uma maior diversidade e consistência de informação,

adequando as técnicas às características dos participantes e ao tipo de

informação que se pretende adquirir.

Ao nível dos instrumentos de natureza qualitativa foi aplicada uma

entrevista semi-estruturada às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia

de Sines (Lar Anexo I). (vide apêndice I)

De acordo com Sousa e Baptista (2011:79) “a entrevista é um método de

recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos,

com várias pessoas cuidadosamente seleccionadas, cujo grau de pertinência,

fiabilidade e validade é avaliado na perspectiva dos objectivos de recolha de

informações.”

A entrevista semi-estruturada consiste num “guião com um conjunto de

tópicos ou questões a abordar. […] Dá liberdade ao entrevistado, embora não o deixe

fugir muito do tema. O guião pode ser memorizado ou não memorizado. Tem a

vantagem de falar dos assuntos que se quer falar com maior liberdade e rigidez para o

entrevistado.” (Sousa e Baptista,2011: 80).

Ao nível dos instrumentos de natureza quantitativa foi aplicado um

inquérito por questionário, a uma amostra dos utentes do Lar Anexo I da Santa

Casa da Misericórdia de Sines. (vide apêndice II)

Na perspectiva de Ghiglione e Matalon (1997) um inquérito é um

instrumento amplamente utilizado pelos profissionais das ciências sociais para

Page 74: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

59

interrogar um determinado número de indivíduos tendo em vista uma

generalização.

Além de permitir inquirir um elevado número de indivíduos, “aplicação de

um questionário permitir recolher uma amostra dos conhecimentos, atitudes, valores e

comportamentos. Deste modo, é importante ter em conta o que se quer e como se vai

avaliar, devendo haver rigor na selecção do tipo de questionário a aplicar de forma a

aumentar a credibilidade do mesmo.” (Sousa e Baptista,2011: 91).

Existem três tipos de questionários: questionário aberto, fechado e

misto. O questionário construído para a investigação em causa é do tipo misto,

utilizando questões de resposta fechada e aberta que permitem uma maior

profundidade nos assuntos abordados.

Além da entrevista semi-estruturada e do inquérito por questionário

foram aplicadas diferentes escalas de avaliação psicológica devidamente

validadas.

No que diz respeito aos utentes aplicou-se o Índice de Barthel (adaptado

por Sequeira em 2010 na obra Cuidar de Idosos com Dependência Física em

Mental) para a avaliação das actividades básicas da vida diária. (vide anexo VI)

O Índice de Barthel é composto por 10 actividades básicas da vida

diária: alimentação, vestir, banho, higiene corporal, uso da casa de banho,

controlo intestinal, controlo vesical, subir escadas, transferência cadeira-cama

e deambulação. Cada actividade apresenta entre dois a quatro níveis de

dependência, em que a pontuação 0 corresponde à dependência total, sendo a

independência pontuada com 5, 10 ou 15 pontos, em função dos níveis de

diferenciação.

No que concerne aos instrumentos de avaliação do cuidador (Ajudantes

de Lar) foram utilizadas duas escalas diferentes: uma como o objectivo de

avaliar o desgaste físico e sobrecarga de trabalho (Escala de Sobrecarga do

Cuidador) e outra para analisar o desgaste psicológico (Escala de Ansiedade,

Depressão e Stress).

A Escala de Sobrecarga do Cuidador (ESC) foi adaptada por Sequeira

em 2007 através da tradução de Burden Interview Scale de Zarit (1983). (vide

anexo VII). A escala utilizada na investigação em causa é uma adaptação da

Escala de Sobrecarga do Cuidador apresentada por Sequeira na obra Cuidar

de Idosos com Dependência Física e Mental (2010).

Page 75: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

60

Existiu necessidade de adaptar a escala, uma vez que a mesma foi

formulada para os cuidadores informais e neste estudo será aplicada a

cuidadores formais.

Neste sentido, foram utilizados itens adaptados de acordo com o artigo

“Identificação dos sintomas comportamentais e psicológicos em idosos

moradores de uma Instituição de Longa Permanência”, de Canon e Novelli,

publicado na Revista Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo em

Janeiro/Abril de 2012.

Dos 22 itens da escala original foram retirados dois considerados

inadequados aos cuidadores formais. Foram excluídos os itens nº 11 e nº13

correspondendo às seguintes questões: “Considera que não tem uma vida

privada como desejaria devido ao seu familiar?” e “Não se sente à vontade

para convidar amigos para irem lá em casa devido ao seu familiar?”

Foram ainda modificadas cinco questões para adaptação ao contexto do

cuidador formal e nas 15 questões restantes a palavra familiar foi substituída

por idoso ou utente.

Seguidamente apresenta-se um quadro representativo das alterações

nas cinco questões adaptadas ao contexto do cuidador formal.

Quadro nº 1- Alterações nas questões da Escala de Sobrecarga do Cuidador para o contexto do cuidador formal

Item da ESC de Sequeira Item da ESC adaptada ao Cuidador Formal

12 – Pensa que as suas relações sociais foram afectadas negativamente por ter de cuidar do seu familiar?

12 - Sente que o idoso parece esperar que cuide dele como se fosse a única pessoa de quem pudesse depender?

2 – Já não dispõe de tempo suficiente para as suas tarefas?

2 - Sente que não tem tempo suficiente para realizar outras tarefas da sua função na instituição devido ao tempo que dedica aos utentes?

17- Sente que perdeu o controlo da vida depois da doença do seu familiar se ter manifestado?

17 - Sente que deixou de realizar muitas actividades de lazer desde que iniciou este trabalho?

6- A relação com familiares e amigos está afectada de forma negativa?

6 - Sente que o idoso afecta frequentemente de forma negativa, o seu relacionamento com os outros membros da equipa?

15- Considera que não dispõe de economias suficientes para cuidar do seu familiar e para o resto das despesas que tem?

15 - Sente que o seu salário não equivale à sua dedicação neste trabalho?

Fonte: Canon e Novelli, 2012

Page 76: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

61

Segundo Sequeira (2010:232) a Escala de Sobrecarga do Cuidador

avalia a sobrecarga subjectiva e objectiva do cuidador através de quatros

factores: “o impacto da prestação de cuidados, a relação interpessoal, as

expectativas face ao cuidar e a percepção de auto-eficácia.”

O impacto da prestação de cuidados (IPC) aglutina os itens que se

referem à sobrecarga relacionada com a prestação de cuidados directos, dos

quais se destacam: alteração no estado de saúde, elevado número de

cuidados, alteração das relações sociais e familiares, escassez de tempo,

desgaste físico e mental. Nesta categoria encontram-se os itens relativos ao

impacto dos cuidados directos no contexto do cuidador. É constituída pelos

itens número: 1,2,3,6,9,10,11,12,13,17,22 (os itens 11 e 13 foram excluídos da

versão aplicada).

A relação interpessoal (RI) aglutina itens associados à sobrecarga da

relação entre o cuidador e a pessoa alvo de cuidados. É constituído por cinco

itens: 5,16,18 e 19.

O factor intitulado de expectativas face ao cuidar (EC) é constituído por 4

itens (7,8,14 e 15) relacionados com as expectativas que o cuidador tem

relativamente à prestação de cuidados.

Por último, o factor percepção de auto-eficácia (PA) é constituído por 2

itens (20 e 21) sobre a opinião do cuidador relativamente ao seu desempenho.

Como foi referido anteriormente utilizou-se uma escala para a avaliação

da ansiedade, depressão e stress adaptada por Pais-Ribeiro, Honrado e Leal,

baseado no artigo “Contribuição para o estudo da adaptação portuguesa das

Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS) de 21 itens de Lovibond e

Lovibond” publicado na Revista Psicologia, Saúde & Doenças, 5 (2), em 2004.

(vide anexo VIII)

A escala é constituída por 21 itens organizando-se em três escalas:

Ansiedade, Depressão e Stress. “Cada item consiste numa frase, uma afirmação,

que remete para sintomas emocionais negativos. Pede-se ao sujeito que responda se

a afirmação se lhe aplicou “na semana passada”. Para cada frase existem quatro

possibilidades de resposta, apresentadas numa escala tipo Likert. Os sujeitos avaliam

a extensão em que experimentaram cada sintoma durante a última semana, numa

escala de 4 pontos de gravidade ou frequência: “não se aplicou nada a mim”, “aplicou-

Page 77: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

62

se a mim algumas vezes”, “aplicou-se a mim de muitas vezes”, “aplicou-se a mim a

maior parte das vezes.” (Pais-Ribeiro, Honrado e Leal, 2004:232).

Segundo os autores, cada escala inclui vários conceitos nomeadamente:

Depressão – Disforia (dois itens); Desânimo, (dois itens); Desvalorização

da vida (dois itens); Auto depreciação (dois itens); Falta de interesse ou

de envolvimento (dois itens); Anedonia (dois itens); Inércia (dois itens).

Ansiedade – Excitação do Sistema Autónomo (cinco itens); Efeitos

Músculo Esqueléticos (dois itens); Ansiedade Situacional (três itens);

Experiências Subjectivas de Ansiedade (quatro itens).

Stress – Dificuldade em Relaxar (três itens); Excitação Nervosa (dois

itens); Facilmente Agitado/Chateado (três itens); Irritável/Reacção

Exagerada (três itens); Impaciência (três itens).

11.4 – Procedimento

Segundo Quivy e Campenhoudt (2003: 27-28) as etapas do

procedimento num processo investigativo devem agrupar-se em três actos

diferentes, seguindo uma sequência específica: a ruptura (romper com os

preconceitos e falsas evidencias); a construção (erguer preposições

explicativas do fenómeno a estudar) e a verificação (dar consistência aos

resultados).

No acto da ruptura estão incluídas três etapas do procedimento: a

questão de partida, a exploração e a problemática.

A construção inclui ainda a problemática e o modelo de análise.

As etapas da observação, análise das informações e conclusões estão

inseridas no acto da verificação.

A primeira etapa de qualquer processo investigativo é a construção da

questão de partida, ou seja, a escolha objectiva e clara da realidade que se

pretende conhecer/estudar.

Seguidamente é necessário iniciar a exploração do problema a estudar,

através da revisão aprofundada da literatura. Neste sentido é possível construir

a problemática (terceira etapa do procedimento) de modo a especificar o

problema definido na questão de partida.

Page 78: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

63

A quarta etapa do procedimento (construção do modelo de análise)

resume-se na definição de conceitos e indicadores que orientem para as

etapas da observação e análise das informações.

A etapa da observação pretende responder às questões: observar o

quê? Observar quem? Observar como?

É nesta etapa que se define a população/ amostra a estudar, os

instrumentos (entrevista, questionário) a utilizar e se concretiza a realização e

aplicação dos mesmos.

Os instrumentos construídos devem ser capazes de fornecer

informações adequadas à investigação. Antes dos mesmos serem aplicados

terão de ser testados através de um pré-teste que “consistirá num conjunto de

verificações feitas, de forma a confirmar que o instrumento é realmente aplicável com

êxito, no que diz respeito a dar uma resposta efectiva aos problemas levantados pelo

investigador.” (Sousa e Baptista,2011:100).

Há que ter o cuidado de informar todos os participantes do estudo

acerca dos objectivos do mesmo e recolher a autorização dos participantes

(através do consentimento informado) para a utilização das informações

concedidas.

Os instrumentos devem ser aplicados em dias distintos, em ambientes

adequados, sem a presença de variáveis parasitas, com o cuidado do

investigador se fazer entender, através de uma linguagem adequada aos

participantes, para que os resultados sejam os mais fidedignos possíveis.

Após a recolha dos dados através da aplicação dos diferentes

instrumentos será realizada a sexta etapa do procedimento, a análise das

informações.

A forma como é realizada a análise depende do (s) instrumento (s)

utilizado (s). Por exemplo: no caso da entrevista foi realizada a análise de

conteúdo, no inquérito por questionário foi concebida uma análise estatística

dos dados através do recurso ao SPSS.

Por último, é possível retirar as conclusões (sétima etapa do

procedimento) através da interpretação e análise dos resultados, o que

permitirá a definição de prioridades de intervenção na realidade estudada.

Page 79: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

64

11.5 – Tratamento de dados “Após a recolha de informação, o investigador terá necessidade de proceder à

sua selecção. […] Terá de seleccionar aquela que tenha mais importância e que seja

mais relevante para dar resposta às questões da investigação. […]

Independentemente da abordagem escolhida, qualitativa, quantitativa ou mista, a

análise dos dados recolhidos é uma etapa fundamental no processo de investigação.”

(Sousa e Baptista, 2011:107).

No que diz respeito à entrevista aplicada às Ajudantes do Lar Anexo I, a

análise dos dados foi realizada através da análise de conteúdo.

Esta consiste na aplicação de um “método que oferece a possibilidade de

tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau

de profundidade e complexidade. […] É uma fonte de informação a partir da qual o

investigador tenta construir um conhecimento.” (Quivy e Campenhoudt, 2003:227).

Os resultados do inquérito por questionário aplicado aos utentes do Lar

Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines foram tratados

estatisticamente através do programa SPSS.

A análise estatística através do SPSS permite analisar uma grande

diversidade e quantidade de dados, tal como correlacioná-los, testando assim

hipóteses da investigação.

Além da análise estatística realizada no SPSS foi também utilizada a

análise de conteúdo para as questões abertas, de modo a estudar de forma

mais profunda as respostas dadas pelos utentes.

Relativamente às Escalas de Avaliação Psicológica, os resultados foram

analisados de acordo com os procedimentos fornecidos pelos autores que

validaram a escala em questão.

O Índice de Barthel aplicado aos utentes do Lar Anexo I é constituído por

10 itens, cotados entre dois a quatros níveis de dependência (0,5,10 e 15).

“Este índice apresenta uma boa consistência interna avaliada através do

coeficiente alfa de Cronbach (α =0,89).” (Sequeira,2010:48).

Segundo o autor (2010:46) a cotação global do Índice de Barthel oscila

entre 0 e 100 pontos, variando de forma inversamente proporcional ao grau de

dependência, ou seja, quanto menor for a pontuação maior é grau de

dependência de acordo com os seguintes pontos de corte: 90-100 é

Page 80: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

65

independente; 60-89 é ligeiramente dependente; 40-55 é moderadamente

dependente; 20-35 é severamente dependente e <20 é totalmente dependente.

A Escala de Sobrecarga do Cuidador (Sequeira, 2010) utilizada na

investigação em causa foi adaptada ao contexto do cuidador formal, de acordo

com os autores Canon e Novelli, 2012.

Este instrumento apresenta uma boa consistência interna avaliada

através do alfa de Cronbach (α =0,93).

A escala é constituída por 20 itens, sendo que cada um dos mesmos é

cotado de forma qualitativa/quantitativa da seguinte forma: nunca = 1; quase

nunca = 2; às vezes = 3; muitas vezes= 4; quase sempre =5.

Na versão utilizada a cotação global varia entre 20 e 100, em que a

maior cotação corresponde a uma maior percepção de sobrecarga, de acordo

com os seguintes pontos de corte: “ <46 – sem sobrecarga; 46-56 – sobrecarga

ligeira;> 56 sobrecarga intensa.” (Sequeira, 2010:228).

No que diz respeito à análise factorial, o “impacto da prestação de

cuidados” (IPC) explica 41,2% da variância total e apresenta uma boa

consistência interna de α =0,93.

A “relação interpessoal” (RI) explica 8,96% da variância total da ESC e

apresenta uma consistência interna de α= 0,83.

As “ expectativas face ao cuidar” (EC) explicam 7,15% da variância total

e apresentam uma consistência interna de α = 0,80.

Por último, o factor da “ percepção da auto-eficácia” (PA) explica 4,90%

da variância total da ESC e apresenta uma consistência interna de α =0,80.

Segundo Sequeira (2010:232) existe uma correlação significativa de p

<0,01 entre todos os factores (IPC, RI, EC e PA) e a escala global (ESC).

A Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) aplicada aos

cuidadores formais do Lar Anexo I, permitiu avaliar três escalas diferentes: a

ansiedade, a depressão e o stress.

Antes da aplicação da escala, os investigadores verificaram a

consistência interna da mesma, com recurso ao alfa de Cronbach. Os

resultados encontrados para a EADS foram respectivamente de 0,85 para a

escala de depressão, de 0,74 para a de ansiedade e de 0,81 para a de stress. “Os resultados de cada escala são determinados pela soma dos resultados dos

sete itens. A escala fornece três notas, uma por sub-escala, em que o mínimo é 0 e o

Page 81: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

66

máximo 21. As notas mais elevadas em cada escala correspondem a estados

afectivos mais negativos.” (Pais-Ribeiro, Honrado e Leal, 2004:233).

11.6- Apresentação dos resultados

11.6.1 – Caracterização dos Participantes

De seguida apresenta-se a caracterização dos idosos institucionalizados

no Lar Anexo I, no que diz respeito ao género, idade, estado civil, profissão,

escolaridade, suporte social, interacções sociais dentro e fora da instituição,

patologias e nível de dependência nas actividades básicas da vida diária,

É também apresentada a caracterização dos cuidadores formais dos

idosos institucionalizados quanto ao género, idade, estado civil e escolaridade.

11.6.1.1 – Idosos Institucionalizados no Lar Anexo I

Dos 30 utentes participantes verifica-se que 25 são do sexo feminino e

apenas 5 do masculino.

Gráfico nº1 - Género dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 82: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

67

As idades dos utentes inquiridos variam entre os 54 e os 96 anos,

observando-se que existe uma grande diversidade de gerações na instituição.

A média das idades é de 79 anos.

Gráfico nº 2- Idade dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines

No que diz respeito ao estado civil, a maioria dos utentes é viúva (18

utentes),seguindo-se os solteiros (7 utentes), os casados (4 utentes) e por

último, um divorciado.

Gráfico nº3 - Estado Civil dos utentes do Lar Anexo I, SCMS

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 83: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

68

Relativamente à profissão observa-se que a maioria dos inquiridos (15

utentes) é Trabalhador Rural, seguindo-se quatro utentes Domésticas, três

pessoas sem profissão, dividindo-se os restantes oito utentes pelas profissões

de Auxiliar de Geriatria, Comerciante, Construtor Civil, Costureira, Empregada

Doméstica, Operária Fabril, Pescador e Vendedor Ambulante.

Gráfico nº4 - Profissão dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de

Sines

N

No que concerne à escolaridade dos utentes verifica-se que a maioria

não tem escolaridade, dois utentes dizem saber ler e escrever, nove

frequentaram a escola até à 4ª classe e apenas um utente tem o Ensino

Secundário.

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 84: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

69

Gráfico nº5 - Escolaridade dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de

Sines

Relativamente à caracterização do suporte social dos utentes verifica-se

que, do total de trinta participantes, oito referem não ter qualquer suporte

social.

Gráfico nº6 - Suporte Social dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da

Misericórdia de Sines

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 85: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

70

No que diz respeito às relações sociais, quatro dizem não manter

interacções sociais fora da instituição.

Gráfico nº7- Interacções sociais fora do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de

Sines

Apenas um utente diz conviver com amigos e dois com vizinhos. Já no

que diz respeito à convivência com os familiares, vinte e um do total de trinta

utentes referem manter a convivência. Quanto à convivência com os

colaboradores da instituição, a maioria (29 utentes) diz manter convivência com

os mesmos.

Gráfico nº8- Interacções sociais dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da

Misericórdia de Sines

1 2%

2 4%

21 39% 29

55%

Amigos

Vizinhos

Familiares

Colaboradores

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 86: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

71

No que diz respeito ao estado de saúde verifica-se que os utentes

apresentam uma multiplicidade de problemas, tais como: Hipertensão arterial

(13 utentes), Acidente Vascular Cerebral (4 utentes), Doença psiquiátrica (3

utentes), Alzheimer (2 utentes), Parkinson (1 utente), Diabetes (6 utentes),

Obesidade (4 utentes), Alcoolismo (1 utente), Doença Bipolar (1 utente),

Problemas intestinais (2 utentes), Reumático (2 utentes), Problemas de

audição (1 utente), Cancro (3 utentes), Problemas de amputação (1 utente),

Problemas visuais (1 utente), Demência não diagnosticada (1 utente), Doença

de Friderich’s (1 utente), Insuficiência Renal (2 utentes), Paraplegia (2 utente) e

Doença de Chiari com Siringomielia (1 utente).

Gráfico nº 9- Problemas de saúde dos utentes participantes

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Relativamente ao nível de dependência nas AVD’s dos trinta utentes

inquiridos (avaliado através do Índice de Barthel) verifica-se que a maioria

apresenta algum grau de dependência, sendo que apenas três utentes são

independentes.

13

4

3 2 1 6

4

1 1

2 2

1 3

1 1 1 1 2 2 1

HTAAVCD. PsquiátricaAlzheimerParkinsonDiabetesObseidadeAlcoolismoD. BipolarP. IntestinaisReumáticoAudiçãoCancroAmputaçãoInvisualDemênciaD. Friderich'sIns. RenalParaplegiaChiari e Siringomielia

Page 87: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

72

Dos vintes e sete utentes dependentes, cinco são ligeiramente

dependentes, dez moderadamente dependentes, três severamente

dependentes e nove totalmente dependentes.

Gráfico nº 10- Dependência nas AVD’s dos utentes participantes

Em termos gerais, percepciona-se que os trinta utentes inquiridos no Lar

Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines apresentam uma grande

diversidade de idades, profissões, escolaridade, percepções de suporte social

e problemas de saúde.

Apesar das características e vivências diversificadas a maioria dos

utentes é dependente dos cuidados de terceiros, como se pode observar

através dos resultados do índice de dependência nas AVD’s.

Neste sentido, confirma-se a importância e pertinência de intervir não só

junto dos mesmos mas também dos seus cuidadores, dos quais dependem.

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 88: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

73

11.6.1.2 - Cuidadores formais no Lar Anexo I

No que diz respeito aos cuidadores formais de idosos dependentes, a

investigação centralizou-se no universo de Ajudantes de Lar do Anexo I, da

Santa Casa da Misericórdia de Sines. Este universo é constituído por 14

Ajudantes de Lar, das quais uma não pôde participar devido a se encontrar de

baixa médica.

Neste sentido, foram inquiridas 13 Ajudantes de Lar que intervêm

directamente nos cuidados aos idosos dependentes do Lar Anexo I.

No que diz respeito ao género verifica-se que a totalidade das inquiridas

é do sexo feminino.

Quanto às idades das cuidadoras, a mais nova tem 25 anos e a mais

velha 65 anos. Na faixa etária dos 30 anos encontram-se duas Ajudantes de

Lar com 35 e 37 anos respectivamente. Existem cinco Ajudantes de Lar na

faixa etária dos 40 anos, sendo que duas têm 47. As restantes quatro

Ajudantes de Lar têm idades compreendidas entre os 53 e 59 anos.

A média das idades das Ajudantes de Lar inquiridas é de 43 anos.

Gráfico nº 11- Idades das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS

Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS, 2014

1 8% 1

8% 1 8%

1 8%

1 8% 2

15% 1

8%

1 8%

1 8%

1 8%

1 8%

1 8%

25

35

37

43

46

47

49

53

55

59

59

65

Page 89: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

74

3 23%

4 31%

3 23%

3 23%

4º ano

6º ano

9º ano

12º ano

Relativamente ao estado civil observa-se que a maioria das participantes

é casada (oito), seguindo duas divorciadas, uma viúva, outra solteira e uma a

viver em união de facto.

Gráfico nº 12- Estado civil das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS

Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS, 2014

A escolaridade das Ajudantes de Lar inquiridas situa-se entre o 4º ano e

o 12º. Quatro das Ajudantes de Lar têm o 6º ano de escolaridade e as

restantes nove dividem-se em número igual pelo 4º, 9º e 12º ano.

Gráfico nº 13- Escolaridade das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS

1 8%

8 61%

2 15%

1 8%

1 8%

Solteira

Casada

Divorciada

Viúva

União de Facto

Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS, 2014

Page 90: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

75

11.6.2- Escala de Sobrecarga do Cuidador A Escala de Sobrecarga do Cuidador (segundo Sequeira, 2010) utilizada

na investigação foi adaptada à realidade dos cuidadores formais de idosos

dependentes de modo a fornecer resultados, não só a nível geral mas também

específico, no que diz respeito à sobrecarga do impacto da prestação de

cuidados, a sobrecarga a nível da relação interpessoal, as expectativas face

aos cuidados prestados e a percepção de auto-eficácia.

No sentido de se apurar dados específicos sobre a sobrecarga dos

cuidadores, foi aplicada a Escala de Sobrecarga do Cuidador a treze Ajudantes

de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines durante os meses

de Novembro e Dezembro de 2013. (vide anexo IX)

A nível geral verificou-se que das treze Ajudantes de Lar participantes na

investigação, onze apresentavam sobrecarga intensa e apenas duas

demonstravam sofrer de sobrecarga ligeira.

Gráfico nº14 - Sobrecarga dos cuidadores formais do Lar Anexo I

Os resultados da Escala de Sobrecarga dos Cuidadores oscilaram entre

os 46 e 73 pontos, sendo que a cotação da escala varia entre os 0 e 100

pontos.

2

11

Sobrecarga ligeiraSobrecarga Intensa

Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013

Page 91: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

76

No que diz respeito aos níveis de sobrecarga intensa verifica-se que os

valores obtidos encontraram-se entre os 62 e 73 pontos, dando-se destaque à

participante E2 com o valor máximo de 73.

Quanto à sobrecarga ligeira observam-se valores entre os 46 e 55, das

participantes E7 e E5, respectivamente.

O valor médio da sobrecarga das Ajudantes de Lar participantes na

investigação foi de 65 pontos, o que corresponde a uma sobrecarga intensa.

Gráfico nº15 - Total global da Sobrecarga de cada cuidador formal do Lar

Anexo I

Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013

No que concerne à dimensão do Impacto da Prestação de Cuidados da

Escala de Sobrecarga do Cuidador, verifica-se que o valor mínimo observado

foi de 18 pontos (E7) e o máximo é de 33 pontos (E9). É de referir que as

cotações da escala do IPC oscilam entre os 0 e 45 valores. O valor médio dos

resultados foi de 28 pontos.

69 73 63

69

55

69

46

62 70 71 67 69 68

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13

Page 92: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

77

32 32 26 26

22

32

18 21

33 31 29 28 31

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13

Nív

eis d

e IP

C

Gráfico nº16 - Impacto de Prestações de Cuidados de cada cuidador formal do Lar Anexo I

Relativamente ao impacto da sobrecarga nas Relações Interpessoais

dos cuidadores verifica-se que os níveis ficaram entre os 7 e 12 valores quando

a cotação máxima para a escala é de 25. O valor mais alto (12) verificou-se nas

Participantes E3 e E4 e o mais baixo esteve novamente na Participante E7.

O valor médio da dimensao da sobrecarga nas Relações interpessoais

foi de 9 pontos.

Gráfico nº 17 - Relação Interpessoal de cada cuidador formal do Lar Anexo I

9 11

13 13 9

7 5

11 7

11 9

11 7

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13

Nív

eis d

e RI

Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013

Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013

Page 93: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

78

18 20 20 20

18 20

15

20 20 19 20 20 20

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13

Nív

eis d

e EC

No que diz respeito à dimensão das Expectativas Face ao Cuidar a

maioria dos participantes obteve o nível de sobrecarga no máximo (20).

Apenas quatro Ajudantes de Lar (E1,E5,E7,E10) apresentaram valores entre os

15 e os 19 pontos.

O valor médio da sobrecarga nas Expectativas Face ao Cuidar foi de 19

valores o que demonstra os elevados níveis de sobrecarga nesta dimensão.

Gráfico nº 18- Expectativas ao cuidar de cada cuidador formal do Lar Anexo I

A tendência para os resultados próximos da cotação máxima também se

observou aquando da avaliação da Auto-eficácia. Apenas três participantes não

apresentaram o valor máximo. Os níveis mais baixos variaram entre os 6 e 9

pontos.

As participantes com os dois valores mais baixos (6 e 8) coincidem com

as Ajudantes de Lar que apresentaram níveis ligeiros de sobrecarga (E5 e E7).

O valor médio dos resultados da dimensão foi de 9 pontos.

Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013

Page 94: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

79

10 10 10 10

6

10

8

10 10 10 9

10 10

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13

Nív

eis d

e PA

Gráfico nº 19- Percepção de auto eficácia de cada cuidador formal do Lar Anexo I

Em suma, os resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador aplicada

às treze Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

permitem verificar que a grande maioria das mesmas apresenta sobrecarga

intensa, com uma média de 65 pontos.

É possível verificar ainda que, as dimensões das Expectativas Face ao

Cuidar e Percepção da Auto-eficácia apresentam resultados muito próximos

das cotações máximas com valores médios de 19 e 9 pontos, respectivamente.

Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013

Page 95: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

80

11.6.3- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress

A Escala de Ansiedade, Depressão e Stress avalia, tal como o nome

indica, os diferentes níveis de ansiedade, depressão e stress dos inquiridos.

A escala foi aplicada às 13 Ajudantes de Lar participantes na

investigação, com o objectivo de avaliar o desgaste psicológico das mesmas.

A cotação de cada subescala (a Ansiedade, a Depressão e o Stress)

varia entre os 0 e 21 valores. Quanto mais próximo do valor máximo, maiores

os estados afectivos negativos. (vide anexo X)

Em termos gerais, verifica-se que os níveis de stress são os mais

elevados. Existe mesmo uma Ajudante de Lar (E11) que apresenta o nível

máximo, de 21 valores.

A Ajudante de Lar E7 apresenta os níveis mais reduzidos, tendo apenas

dois valores na depressão e zero na ansiedade e stress. É de salientar que a

participante E7 também apresentou os níveis mais baixos de sobrecarga.

No entanto, não se pode dizer que há uma relação directa entre os

resultados de ambas as escalas (ESC e EADS-21). A Ajudante de Lar E5, que

também apresentava sobrecarga ligeira, tem resultados de 11 valores na

ansiedade e 8 no stress. Estes valores estão acima dos resultados de outras

participantes que apresentaram sobrecarga intensa.

Gráfico nº 20 - Escala de Ansiedade Depressão e Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I

Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS, 2013

0123456789

101112131415161718192021

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13

Ansiedade

Depressão

Stress

Page 96: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

81

No que diz respeito aos níveis de ansiedade das Ajudantes de Lar

participantes verifica-se que os valores variam entre os 0 e 15, sendo que a

cotação máxima seria de 21.

A Ajudante de Lar E11 tem o valor mais elevado e a participante E7 o

mais baixo.

O valor médio dos níveis de ansiedade foi de 9 pontos.

Existem quatro participantes com os níveis de ansiedade abaixo da

média, dois com o valor médio e sete Ajudantes de Lar com um valor acima da

média.

Gráfico nº 21 - Níveis de Ansiedade dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I

No que diz respeito às cotações da subescala da depressão verifica-se

que os valores são bastante mais reduzidos do que os da ansiedade e stress.

O resultado mais baixo é de 2 e o mais elevado de 9, enquanto a cotação

máxima da subescala é de 21.

A média dos resultados apurados para a subescala da depressão foi de

5 valores.

12

1

9

12 11 12

0

6

2

11

15

9 11

Ansi

edad

e

E1

E2

E3

E4

E5

E6

E7

E8

E9

E10

E11

E12

E13

Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS, 2013

Page 97: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

82

O estado depressivo é bastante complexo para se avaliar apenas

através de uma simples escala de sete itens, no entanto, analisando os

resultados obtidos pode-se referir que existe uma reduzida tendência, de pelo

menos sete participantes (cotações entre os 2 e 4), para os estados afectivos

mais negativos no que respeita à depressão. Os restantes seis participantes

apresentam valores acima da média (5).

Gráfico nº 22 - Níveis de Depressão dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I

Os níveis de stress das Ajudantes de Lar participantes apresentam os

valores mais elevados da EADS-21. Os resultados obtidos variam entre a

cotação mínima (0) e máxima da escala (21).

O valor médio do nível de stress foi de 10 valores.

A Ajudante de Lar E7 apresenta a cotação mínima, tal como nos níveis

de ansiedade, depressão e sobrecarga.

A participante E11 revela o valor mais elevado no stress (21), na

ansiedade (15) e ainda uma cotação próxima do valor mais alto ao nível da

depressão (teve 8 e o máximo foi de 9).

7

2

7 7

2 4

2 2 3 3

8 8 9

Depr

essã

o

E1

E2

E3

E4

E5

E6

E7

E8

E9

E10

E11

E12

E13

Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS, 2013

Page 98: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

83

É de salientar que a Ajudante de Lar E 11 apresentou uma sobrecarga

intensa na cotação da Escala de Sobrecarga do Cuidador.

Neste caso específico verifica-se que há uma tendência para relacionar

os níveis de desgaste físico (ESC) com o psicológico (EADS-21).

Gráfico nº 23 - Níveis de Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I

15

8

12 12

8

12

0

5

8

13

21

7

15

Stre

ss

E1

E2

E3

E4

E5

E6

E7

E8

E9

E10

E11

E12

E13

Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress,SCMS,2013

Page 99: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

84

11.6.4- Entrevistas às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Lar Anexo I)

Durante o mês de Março de 2014, as 13 Ajudantes do Lar Anexo I da

Santa Casa da Misericórdia de Sines foram entrevistadas no âmbito da

investigação acerca da interferência do desgaste físico e psicológico dos

cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados

prestados aos mesmos. (vide anexo XI)

Após a caracterização inicial dos cuidadores, a nível sociodemográfico e

profissional, as questões realizadas durante a entrevista tinham como

principais objectivos:

Caracterizar as percepções de saúde dos cuidadores;

Verificar as causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores

formais;

Identificar as motivações profissionais dos cuidadores formais;

Verificar as estratégias de coping dos cuidadores formais;

Caracterizar as relações institucionais dos cuidadores formais;

Caracterizar os cuidados prestados aos utentes;

Identificar os entraves à qualidade dos cuidados aos utentes;

Definir estratégias de intervenção nos cuidados aos utentes e entidades

promotoras.

Os resultados das entrevistas foram analisados, no sentido de se

responder aos objectivos previamente definidos.

Primeiramente foi realizada uma análise individual de cada entrevista,

definindo a caracterização sociodemográfica e profissional do entrevistado, tal

como os resultados obtidos nas Escalas (ESC e EADS-21) às quais

responderam previamente.

Posteriormente foi elaborada uma análise global dos resultados dos

entrevistados permitindo verificar a maior ou menor incidência de respostas nas

diversas dimensões analisadas.

Page 100: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

85

11.6.4.1- Análise da entrevista de E1

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 37 anos

Estado civil: Solteira

Escolaridade: 12º ano

Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais

Tempo de serviço: 2 anos

Formação profissional na área: Não

Outras formações profissionais: Técnica de Apoio à Gestão

Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E1

ESC: Sobrecarga Intensa (69)

EADS- 21: Ansiedade – 12, Depressão – 7, Stress – 15

Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E1)

No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a

entrevistada (E1) referiu cansaço físico. - “Não está mau, está estável… normal.

Um bocadinho cansada mas pronto.”

Page 101: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

86

Questionada em relação à sobrecarga profissional disse não se sentir

sobrecarregada mas sim cansada. - “Sobrecarregada não. Cansada sim.”

Destaca-se que apesar da entrevistada dizer que não sente sobrecarga

profissional, os resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador a que

respondeu demonstraram que tem uma Sobrecarga Intensa.

A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar

a saúde, referindo que afecta não só a sua saúde mas a de todos os

profissionais. - “Afecta. A minha e a de toda a gente.”

No que concerne à existência de baixa médica por motivos profissionais

ou extra profissionais, a entrevistada referiu que no último ano não se

encontrou de baixa médica.

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1)

Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada

referiu a ausência de técnicas de trabalho. – “A maneira como cuidamos, a

maneira como levantamos as pessoas não é a mais correcta, tenho noção disso.”

Quanto às causas de desgaste psicológico destaca as dificuldades de

comunicação com os utentes. – “Pedirem as coisas muitas, muitas vezes.

Desmentirem tudo. A gente faz e elas dizem que a gente não faz.”

No que concerne às dificuldades do dia-a-dia a entrevistada refere a

falta de pessoal como a maior dificuldade. – “Sinto falta de uma ajuda em certas

alturas (…)”.

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1)

No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de

Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão e a necessidade

económica. - “Porque gosto muito do que faço e também porque preciso.”

Page 102: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

87

Quanto aos factores positivos da profissão destacou a aprendizagem, a

amizade e a sustentabilidade financeira. - “Muita coisa, as pessoas que a gente

conhece, as amizades, o que se aprende. Para além das minhas condições… tenho

de trabalhar e me sustentar.”

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1)

No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não

afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu que a sua

estratégia passa por manter a calma. – “Tento ter mais calma (…) ”

Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste

físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada sugeriu que as Ajudantes de

Lar fizessem uma melhor gestão do tempo no período de trabalho. – “Tentar

usar o tempo da melhor forma. Porque a gente não divide o tempo da melhor maneira.

(…) ”

Relações institucionais dos cuidadores formais (E1)

A entrevistada é unânime nas respostas quanto às relações com as

chefias, colegas de trabalho, familiares dos utentes e utentes cuidados.

Aquando da entrevista, a participante diz ter um bom relacionamento com

todos.- “Boa, não tenho razões.”

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E1)

Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a

entrevistada referiu as actividades relacionadas com a higiene dos utentes e a

alimentação, que realiza no quotidiano.

No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada

referiu que existem cuidados a melhorar. – “ Podiam ser melhores.”

Page 103: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

88

Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada

refere que devia ser dada maior atenção aos utentes. - “Se tivesse uma ajuda

naquelas horas mais apertadas, a atenção era outra para os utentes.”.

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E1)

Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados

prestados, a entrevistada destaca os factores intrínsecos dos cuidadores.- “Falta de paciência, muita coisa vinda de fora”.

No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos

cuidados aos utentes, a entrevistada considera que existe interferência,

destacando a dificuldade de se separar o nível pessoal do profissional.- “A

gente trazendo as coisas de fora, chega aqui, não trata as pessoas da mesma

maneira, não é. É verdade. Se a gente vier com a cabeça cheia, alguém diz alguma

coisa a gente… não é. Às vezes não é muito fácil separar uma coisa da outra… nunca

é muito fácil separar uma coisa da outra.”

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E1)

No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada

destaca a necessidade de se promoverem mais actividades sócio culturais. – “Se calhar mais algumas actividades porque há gente que anda e não sai daqui

nunca.” Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas

melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu a

importância da família e de toda a sociedade. “Toda a gente…. A família, as

pessoas da instituição. Sei lá, as pessoas que conhecem os utentes, que deviam

visitá-los mais vezes.”

Page 104: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

89

11.6.4.2- Análise da entrevista de E2

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 53 anos

Estado civil: Casada

Escolaridade: 9º ano

Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais

Tempo de serviço: 2 anos

Formação profissional na área: Não

Outras formações profissionais: Primeiros socorros em geriatria

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E2

ESC: Sobrecarga Intensa (73)

EADS- 21: Ansiedade – 1, Depressão – 2, Stress – 8

Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E2)

No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a

entrevistada (E2) não referiu problemas de saúde. - “Agora muito bem graças a

Deus e mental…. muito bem”

Page 105: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

90

Questionada em relação à sobrecarga profissional disse sentir muita

sobrecarga, o que se coaduna com os resultados obtidos na ESC onde

apresentou os resultados mais elevados.

A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar

a saúde, referindo que se sente mais cansada e com alguns problemas físicos.- “Faz cansaço, a pessoa chega assim a uma certa hora está mesmo caidinha de

cansaço, não é. Mais os rins! Também ataca mais a coluna e os rins.”

No que diz respeito à existência de baixa médica, a entrevistada referiu

ter estado de baixa médica mas não por problemas de saúde profissional.- “Não

teve a ver com o trabalho mas sim com uma doença minha.”

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2)

Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada

referiu o esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes.

Quanto às causas de desgaste psicológico a entrevistada não refere

quaisquer causas de desgaste.- “Eu sinceramente, desgaste psicológico não

tenho.”

No que concerne às dificuldades do dia-a-dia, a entrevistada refere a

falta de pessoal e falta de espaço dos quartos como as maiores dificuldades. – “É a falta de pessoal. Os quartos são muito pequenos para a gente lidar com as

cadeiras de rodas.”

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2)

No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de

Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão. – “Comecei na

limpeza e não me sentia realizada porque eu gostava mesmo era de estar em contacto

com os idosos e houve uma oportunidade.”

Page 106: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

91

Quanto aos factores positivos da profissão, a entrevistada referiu o gosto

pelo trabalho e convivência com os utentes. – “É estar com eles e saber que faço

bem o meu trabalho porque é para eles que eu o faço.”

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2)

No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não

afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu o convívio

com os utentes.- Falar com eles, canto…. Aquilo que eles me dizem acaba por ser

uma estratégia.”

Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste

físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada sugeriu que fosse colocado

mais pessoal a trabalhar.

Relações institucionais dos cuidadores formais (E2)

No que diz respeito às relações com as chefias e familiares dos utentes

a entrevistada refere ter uma relação muito boa.

Na relação com as colegas não apresenta conflito, dizendo que tem uma

boa relação.

Quanto à relação com os utentes demonstra manter uma relação

familiar. – “Como se fosse uma avó, uma mãe, um pai. Para mim os utentes são

como se fossem familiares.”

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E2)

Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a

entrevistada destacou os cuidados que tem a nível do vestuário.-“ Gosto de

escolher a roupa, não gosto de pôr uma camisola aos quadrados e um caso aos

quadrados.”

Page 107: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

92

No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada

refere que os cuidados deviam melhorar, pois nem todas as colegas prestam

bons cuidados.

Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada

refere que se deveria melhorar os cuidados de higiene e vestuário. - “O que

poderia melhorar mais é a questão do vestuário, higiene.”

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E2)

Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados

prestados, a entrevistada destaca a pouca atenção dada aos utentes.-“ As

pessoas não dão toda a atenção que devem de dar.”

No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos

cuidados aos utentes, a entrevistada considera que no seu caso não existe

essa interferência. –“ Posso não vir muito bem e posso não estar bem comigo

própria, mas eles não têm culpa. Eu sou a mesma para eles.”

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E2)

No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada

destaca a necessidade de existir mais pessoal ao serviço.

Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas

melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu que

devem ser todas as pessoas, a sociedade em geral.

11.6.4.3- Análise da entrevista de E3

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 59 anos

Estado civil: Casada

Page 108: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

93

Escolaridade: 4º ano

Categoria profissional: Ajudante de Lar

Tempo de serviço: 13 anos

Formação profissional na área: Sim

Outras formações profissionais: Primeiros socorros e Higiene e Segurança no

Trabalho

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E3

ESC: Sobrecarga Intensa (69)

EADS- 21: Ansiedade – 9, Depressão – 7, Stress – 12

Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E3)

No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a

entrevistada referiu cansaço físico. “… um bocado cansada, afinal já são muitos

anos disto.”

Questionada em relação à sobrecarga disse sentir que as Ajudantes de

Lar são bastante sobrecarregadas. Os resultados da sua Escala de Sobrecarga

evidenciaram uma Sobrecarga Intensa.

A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar

a sua saúde.

Page 109: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

94

No que concerne à existência de baixa médica por motivos profissionais

ou extra profissionais, a entrevistada referiu que no último ano não se

encontrou de baixa médica.

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3)

Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada

destaca o esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes.

Quanto às causas de desgaste psicológico refere o trabalho por turnos.-“É trabalhar por turnos…. As noites dão-me cabo da cabeça.”

No que concerne às dificuldades do dia-a-dia a entrevistada refere a

falta de espaço dos quartos, falta de pessoal e o trabalho à noite.

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3)

No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de

Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão.

Quanto aos factores positivos da profissão destacou o convívio com os

utentes. – “Brinco muito com eles, de que eles gostam. Isso é muito bom.”

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3)

No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não

afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu que a sua

estratégia passa por manter a calma e conviver com os utentes.

Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste

físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada refere a necessidade de

Page 110: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

95

colocar mais pessoal. - “As sugestões para haver menos desgaste era sermos mais

trabalhadoras.”

Relações institucionais dos cuidadores formais (E3)

A entrevistada refere que as relações com as chefias e utentes são

muito boas, tal como a relação com os familiares dos utentes.

Já a relação com as colegas de trabalho aparenta ser uma relação algo

conflituosa. - Há muitas intrigas, diz que disse, coisas de mulheres.

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E3)

Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a

entrevistada referiu as actividades relacionadas com a higiene dos utentes e a

alimentação, que realiza no quotidiano.

No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada

referiu que os cuidados são bons.

Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada diz

que devia ser dada maior atenção aos utentes. - “Melhorar era ter mais tempo

para mais atenção. Fazer outras coisas que nem sempre podemos realizar

diariamente. Falar com eles, passear, ouvi-los.”

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E3)

Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados

prestados, a entrevistada destaca a falta de pessoal e inexistência de

condições ao nível das infra-estruturas.

No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos

cuidados aos utentes, a entrevistada considera que existe interferência,

destacando a falta de paciência.

Page 111: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

96

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E3)

No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada

destaca a necessidade de se melhorar as higienes dos utentes.

Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas

melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu a

importância da família, da instituição e toda a sociedade. – “Acho que devemos

ser todos nós, não é? A instituição, a família, as pessoas que gostam deles.”

11.6.4.4- Análise da entrevista de E4

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 47 anos

Estado civil: Casada

Escolaridade: 6º ano

Categoria profissional: Ajudante de Lar

Tempo de serviço: 11 anos

Formação profissional na área: Sim

Outras formações profissionais: Jardinagem, cédula marítima, vendedora de

peixe

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h)

Page 112: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

97

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E4

ESC: Sobrecarga Intensa (69)

EADS- 21: Ansiedade – 12, Depressão – 7, Stress – 12

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4)

No que diz respeito à caracterização do estado de saúde a nível físico e

mental, a entrevistada refere algum cansaço físico.

Quanto à sobrecarga profissional, a entrevistada considera que esta é

bastante. Este facto é confirmado pelos resultados que apresentou na ESC,

onde obteve Sobrecarga Intensa.

Relativamente à interferência da sobrecarga na sua saúde, a

entrevistada disse que é afectada pela sobrecarga, principalmente, ao nível da

saúde física. – “Afecta um bocadinho... na parte da coluna e dos ossos.”

Quanto a ter estado de baixa médica no último ano, a entrevistada

confirmou que esteve de baixa médica mas por motivos extra profissionais.

Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4)

A nível das causas do desgaste físico dos cuidadores, a entrevistada

destaca os esforços físicos a que são sujeitas no dia-a-dia de trabalho.

Quanto ao desgaste psicológico refere que o trabalho por turnos é

bastante desgastante. – “Eu para mim acho que é os turnos. Trabalhar por turnos

acho que faz muito mal à cabeça.”

As principais dificuldades do dia-a-dia são a falta de espaço dos quartos

e a falta de pessoal.

Page 113: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

98

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes

(E4)

No que diz respeito aos motivos que a levaram a escolher a profissão, a

entrevistada referiu o gosto pela área em que exerce funções.

Relativamente aos factores positivos da profissão, a entrevistada

destaca o gosto pelo trabalho e convivência com os utentes. – “Eu acho que é

estar em contacto com eles. Gostar de falar com eles. Gosto de dizer as minhas

brincadeiras com eles. Gosto daquilo que faço.”

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4)

A estratégia utilizada pela entrevistada para que o desgaste não afecte a

qualidade dos cuidados prestados é realizar uma caminhada após o trabalho. – “Olha é assim… quando vou daqui, vou fazer uma caminhadazinha (…) Vou daqui,

vou à minha caminhadazinha, tomo o meu banho, deito-me cedo e estou pronta para

outro dia.” As sugestões para a diminuição do desgaste físico e psicológico dos

cuidadores formais de idosos dependentes passam por colocar mais pessoal.

Relações institucionais dos cuidadores formais (E4)

A entrevistada apresenta uma boa relação com todos, à excepção das

colegas de trabalho onde se denotam alguns conflitos. - “Claro que tenho de

trabalhar com todas mas não gosto de todas. (…)”

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E4)

Aquando da descrição das actividades do dia-a-dia a entrevistada deu

relevância às questões da higiene.

A entrevistada refere que presta bons cuidados mas que há coisas a

melhorar, nomeadamente em relação às condições físicas e humanas.- “Nós

Page 114: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

99

não temos condições. Eu acho que é isso. Se a gente tivesse condições e pessoal

havia outra maneira de trabalhar.”

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E4)

A entrevistada destaca a falta de condições como o factor potenciador

do decréscimo da qualidade dos cuidados prestados.

No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos

cuidados prestados aos utentes, a entrevistada considera que não existe

qualquer interferência.- “Não. Consigo ultrapassar bem isso.”

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E4)

A nível das melhorias dos cuidados prestados, a entrevistada destaca as

melhorias nas condições de higiene e a promoção de mais actividades sócio

culturais.

Quanto às entidades promotoras de intervenções junto dos utentes, a

entrevistada refere que devem ser os mesmos, a equipa de trabalho, a família

e os voluntários.

11.6.4.5- Análise da entrevista de E5

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 46 anos

Estado civil: Casada

Escolaridade: 6º ano

Categoria profissional: Ajudante de Lar

Tempo de serviço: 12 anos

Formação profissional na área: Sim

Page 115: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

100

Outras formações profissionais: Primeiros socorros

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E5

ESC: Sobrecarga Ligeira (55)

EADS- 21: Ansiedade – 11, Depressão – 2, Stress – 8

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)

Relativamente ao estado de saúde físico a entrevistada queixa-se de

problemas de coluna. Já no que diz respeito à saúde a nível mental refere

situações de desgaste psicológico.- “Estar sempre a ouvir as pessoas com aquela

coisa assim afecta-me muito a cabeça.”.

Quanto à existência de sobrecarga profissional a entrevistada refere que

considera a profissão com bastante sobrecarga. Os seus resultados ao nível da

Escala de Sobrecarga do Cuidador demonstram que sofre de Sobrecarga

Ligeira.

No que concerne à interferência da sobrecarga no estado de saúde, e

entrevistada considera que a sobrecarga afecta a sua saúde.

No último ano esteve de baixa médica mas não foi por motivos

profissionais.

Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)

Relativamente às causas de desgaste físico e psicológico, a entrevistada

refere o esforço físico e as pessoas com demência, como as principais causas.

Page 116: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

101

As dificuldades do dia-a-dia estão associadas à falta de espaço dos

quartos e condições para trabalhar.

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)

O motivo que levou a entrevistada a escolher a profissão de Ajudante de

Lar foi o gosto pela profissão. Destacando como factores positivos, o trabalho

realizado com os utentes.

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)

A estratégia que a entrevistada utiliza para que o seu desgaste não

afecte a qualidade dos cuidados que presta é tentar esquecer os seus

problemas. Como sugestão para diminuir o desgaste, a entrevistada refere que

devia ser colocado mais pessoal.

Relações institucionais dos cuidadores formais (E5)

Quanto às relações que mantem dentro da instituição, a entrevistada

refere que tem uma boa relação com as chefias e os familiares dos utentes.

No que diz respeito à relação com a colegas de trabalho denotam-se

alguns conflitos, afirmando que gosta mais de umas do que de outras.

Em relação aos utentes, a entrevistada apresenta uma relação

diferenciada com os mesmos, ou seja, demonstra boas e más relações

consoantes os utentes. – “A gente gosta mais de uns do que outros. Uns são mais

meiguinhos, outros mais agressivos.”

Page 117: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

102

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E5)

No que diz respeito à descrição que a entrevistada faz do seu dia-a-dia

profissional verifica-se que a mesma valoriza os aspectos do quotidiano, como

a higiene e alimentação. Considera que os cuidados prestados são razoáveis. Demonstra uma

necessidade de melhorar em alguns aspectos, tais como as condições de

adaptabilidade. – “ Ter aquelas banheiras que se podem levar para os quartos.”

Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E5)

No que concerne aos factores que afectam a qualidade dos cuidados

prestados, a entrevistada destaca a falta de condições e de pessoal.

Questionada em relação à interferência do desgaste dos cuidadores nos

cuidados aos utentes, a entrevistada refere que no seu caso não há qualquer

interferência.

Possíveis intervenções dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)

No que diz respeito às melhorias nos cuidados aos utentes, a

entrevistada destaca o poder dar mais atenção, caso existisse mais pessoal e

tempo.

Quanto às pessoas envolvidas nas intervenções com os utentes, a

entrevistada refere que deve ser a equipa de trabalho.

Page 118: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

103

11.6.4.6- Análise da entrevista de E6

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 25 anos

Estado civil: União de facto

Escolaridade: 12º ano

Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais

Tempo de serviço: 1 ano

Formação profissional na área: Não

Outras formações profissionais: Técnica de informática

Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E6

ESC: Sobrecarga Intensa (69)

EADS- 21: Ansiedade – 12, Depressão – 4, Stress – 12

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)

No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental, a

entrevistada refere sofrer de cansaço físico.

Considera que o seu trabalho é sobrecarregado, facto que se confirma

nos resultados da ESC onde apresenta Sobrecarga Intensa.

Relativamente à interferência do desgaste na sua saúde diz concordar

com o facto de o trabalho afectar a sua saúde.

Page 119: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

104

No último ano não esteve de baixa médica.

Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)

A entrevistada destaca como principais causas do desgaste físico, a falta

de pessoal e o esforço físico realizado. – “ É tratar das pessoas pesadas, lavá-las,

sermos poucas a trabalhar.”

No que diz respeito ao desgaste psicológico refere as demências e os

problemas dos utentes, como as principais causas.

As principais dificuldades do dia-a-dia profissional são lidar com os

problemas dos utentes.

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)

A entrevistada referiu a necessidade de emprego como motivo da

escolha da profissão, no entanto refere que também gosta daquilo que faz.

Os factores positivos da profissão são trabalhar com os utentes, gostar

do que faz e do convívio com os mesmos.

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)

As estratégias utilizadas pela entrevistada para que o desgaste não

afecte a qualidade dos cuidados que presta são gostar de trabalhar com os

utentes e trabalhar em equipa.

As sugestões para a diminuição do desgaste físico e psicológico passam

por colocar mais pessoal e trabalhar em equipa. –“ As sugestões são

trabalharmos em equipa, sermos mais pessoas.”

Page 120: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

105

Relações institucionais dos cuidadores formais (E6)

A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias e colegas

de trabalho.

Quanto à relação com os utentes e familiares dos mesmos, classifica-a

como muito boa.

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E6)

A entrevistada destaca as actividades do quotidiano (lavar, vestir,

alimentar) no seu dia-a-dia profissional, referindo que considera prestar bons

cuidados.

Aquilo que gostava de melhorar nos cuidados que presta passa por

poder dar mais atenção. – “ Era dar mais atenção, falar mais, ter mais tempo.”

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E6)

A entrevistada refere a falta de pessoal e condições como os principais

factores que afectam a qualidade dos cuidados aos utentes.

Quanto à interferência do desgaste nos cuidados prestados, a mesma

considera que o desgaste afecta a força, destreza e paciência.

Possíveis intervenções dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)

No que diz respeito à melhoria nos cuidados aos utentes, a entrevistada

refere que deviam existir melhores condições e que as Ajudantes de Lar

deveriam dar mais atenção aos utentes. – “Devíamos ter mais condições… falar

mais com eles. Ser diferente (…) ”

Quanto às pessoas inseridas nas intervenções com os utentes destaca a

família e a equipa de trabalho, como interventores fulcrais.

Page 121: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

106

11.6.4.7- Análise da entrevista de E7

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 49 anos

Estado civil: Divorciada

Escolaridade: 9º ano

Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais

Tempo de serviço: 4 anos

Formação profissional na área: Sim

Outras formações profissionais: Primeiros socorros

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E7

ESC: Sobrecarga Ligeira (46)

EADS- 21: Ansiedade – 0, Depressão – 2, Stress – 0

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7)

A entrevistada refere problemas de saúde física a nível das pernas.

Acha sobrecarregada a nível profissional, afectando a sua saúde.- “ Este

problema das pernas tem muito a ver com o trabalho.”

No último ano não esteve de baixa médica.

Page 122: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

107

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7)

O esforço físico e as demências dos utentes são apresentados como as

principais causas de desgaste físico e psicológico, respectivamente.

As dificuldades do dia-a-dia estão relacionadas com a falta de pessoal e

o pouco tempo para dar atenção aos utentes.

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes

(E7)

A entrevistada refere que sempre gostou da profissão de Ajudante de

Lar, motivo que a levou a escolher este caminho. O convívio com os utentes é

o factor que destaca como mais positivo.

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7)

A estratégia que a entrevistada utiliza para que o desgaste não interfira

nos cuidados que presta é manter a calma. – “ Acho que é uma pessoa manter a

calma.”

Como sugestão para a diminuição do desgaste dos cuidadores

apresenta a colocação de mais pessoal.

Relações institucionais dos cuidadores formais (E7)

A entrevistada refere que tem uma boa relação com os utentes, chefes e

colegas de trabalho.

No que diz respeito aos familiares dos utentes refere que a relação é

exigente, uma vez que, os mesmos são poucos compreensíveis e exigem mais

do que as Ajudantes de Lar conseguem dar.

Page 123: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

108

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E7)

A entrevistada refere o dia-a-dia profissional revelando o conhecimento

das actividades quotidianas realizadas.

Considera que presta bons cuidados mas questionada acerca das

melhorias diz que se poderia dar mais atenção.

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E7)

Os factores que considera afectarem a qualidade dos cuidados é a falta

de tempo que não permite dar a atenção e prestar os cuidados necessários.

A entrevistada considera que o seu desgaste não interfere na qualidade

dos cuidados que presta. – “ Consigo ultrapassar bem isso.”

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E7)

Quando questionada em relação às melhorias nos cuidados aos utentes,

a entrevistada refere que se deviam melhorar as condições de trabalho e ter

mais pessoal.

Quanto às entidades que devem estar envolvidas nas intervenções com

vista às melhorias dos cuidados, a entrevistada refere a equipa técnica e de

trabalho, os voluntários e diz que a família por vezes perturba as intervenções.

– “ Os psicólogos… os voluntários, as pessoas que trabalham aqui. A família por

vezes complica a situação.”

11.6.4.8- Análise da entrevista de E8

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 43 anos

Estado civil: Casada

Page 124: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

109

Escolaridade: 6º ano

Categoria profissional: Ajudante de Lar

Tempo de serviço: 4 anos

Formação profissional na área: Não

Outras formações profissionais: Auxiliar de Acção Médica

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E8

ESC: Sobrecarga Intensa (62)

EADS- 21: Ansiedade – 6, Depressão – 2, Stress – 5

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8)

A entrevistada refere que sofre de problemas de saúde ao nível da

coluna. – “ A coluna está uma desgraça.”

Considera que o seu trabalho é sobrecarregado e que influencia o seu

estado de saúde.

Os resultados da ESC demonstram que a entrevistada sofre de

Sobrecarga Intensa.

No último ano não esteve de baixa médica.

Page 125: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

110

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8)

Questionada relativamente às causas de desgaste físico dos cuidadores,

a entrevistada refere o esforço físico realizado diariamente como a principal

causa.

No que diz respeito ao desgaste psicológico, a entrevistada refere que

quando não existe motivação para o trabalho com idosos é que há desgaste

psicológico. Caso contrário esse desgaste não existe.

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8)

A entrevistada refere que não escolheu ser Ajudante de Lar, foi a

necessidade financeira e o desemprego que a levaram a tal. – “ Eu não escolhi.

Na altura precisava de trabalhar e vim aqui parar.”

Os factores mais positivos da profissão são o convívio com os utentes.

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8)

A entrevistada refere que a sua estratégia, para que o desgaste não

afecte a qualidade dos cuidados que presta, é manter a calma.

Como sugestão para diminuir o desgaste dos cuidadores considera

pertinente colocar mais pessoal.

Relações Institucionais dos cuidadores formais (E8)

A entrevistada demonstra ter uma boa relação com os utentes, as

chefias e colegas de trabalho.

Com os familiares dos utentes tem uma relação cordial e profissional.-

“Aqueles que falam, que são poucos, às vezes entram aí e não conhecem ninguém…”

Page 126: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

111

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E8)

No que diz respeito à descrição do dia-a-dia profissional, a entrevistada

refere-se às actividades quotidianas de forma rotineira e quase mecanizada.

Considera que presta bons cuidados mas que se poderia dar mais

atenção caso houvesse mais pessoal- “ Se fossem mais podia dar mais atenção

aos utentes.”

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E8)

No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados

prestados, a entrevistada destaca a falta de tempo e de pessoal.

Diz que não sente que o seu desgaste interfira nos cuidados que presta.

– “ Uhm… não sinto isso.”

Possíveis Intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E8)

Relativamente às melhorias a fazer nos cuidados prestados, a

entrevistada diz que se deveria colocar mais pessoal para se poder dar mais

atenção.

Quanto às pessoas incluídas nas intervenções e melhorias a fazer nos

cuidados aos utentes, considera que deve ser toda a equipa da Instituição.

11.6.4.9- Análise da entrevista de E9

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 47 anos

Estado civil: Casada

Escolaridade: 9º ano

Page 127: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

112

Categoria profissional: Ajudante de Lar

Tempo de serviço: 8 anos

Formação profissional na área: Sim

Outras formações profissionais: Primeiros socorros

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E9

ESC: Sobrecarga Intensa (70)

EADS- 21: Ansiedade – 2, Depressão – 3, Stress – 8

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9)

No que diz respeito ao estado de saúde física e mental a entrevistada

refere cansaço físico e desgaste psicológico.

No que concerne à sobrecarga de trabalho a entrevistada diz que se

considera sobrecarregada e que essa sobrecarga afecta a sua saúde. É de

referir que a entrevistada obteve a pontuação de 70 valores na ESC, o que

significa uma Sobrecarga Intensa.

Relativamente à baixa médica, a entrevistada referiu que não esteve de

baixa médica no último ano.

Page 128: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

113

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9)

No que diz respeito às causas de desgaste físico dos cuidadores, a

entrevistada destacou a falta de pessoal, de espaço dos quartos e o esforço

físico.

Relativamente às causas de desgaste psicológico, a entrevistada refere

como principal causa, a falta de descanso do cuidador. - “Acho que falta de

descanso é uma das causas porque a gente também… as nossas férias andam muito

atrasadas e acho que isso também vai prejudicar o nosso desgaste emocional.”

As principais dificuldades destacadas são o esforço físico, a falta de

pessoal e espaço para se poder trabalhar em equipa.

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9)

Quando questionada dos motivos que a levaram a escolher a profissão

de cuidadora, a entrevistada referiu que não escolheu mas que estava numa

situação de desemprego que a levou a ingressar na área. No entanto, destaca

aspectos positivos da profissão, como os cuidados prestados aos idosos que,

de acordo com a mesma, necessitam de quem cuide de si.

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9)

A entrevistada aponta como estratégia para que o desgaste não interfira

na qualidade dos cuidados que presta, a sua boa-disposição.

Como sugestões para a diminuição do desgaste dos cuidadores

considera que deveriam ser feitas alterações nas infra-estruturas de modo a

proporcionar o trabalho em equipa.

Page 129: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

114

Relações institucionais dos cuidadores formais (E9)

A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias e os

utentes.

Refere alguns problemas com as relações entre colegas de trabalho e

diz ter uma boa relação com os familiares dos utentes, que se denota algo

cordial e profissional. – “ A gente não tem grande afinidade… às vezes entram aí e

nem dizem nada.”

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E9)

Questionada em relação aos cuidados que presta, a entrevistada diz que

poderiam ser melhores, nomeadamente a nível da higiene- “ Eu acho que uma

pessoa tomar banho uma vez na semana é pouco.”

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E9)

No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados,

a entrevistada destaca como principal factor a falta de condições.

Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos

utentes, a entrevista diz que tenta que o seu estado de espírito não afecte os

cuidados que presta aos utentes. – “ Quando entro para cá tento não transmitir o

meu estado de espírito.”

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E9)

Questionada acerca das melhorias nos cuidados aos utentes, a

entrevistada refere que deveriam ser implementados outros cuidados de saúde.

No que diz respeito às entidades inseridas nos projectos de intervenção

com os utentes destaca a importância da autarquia local.

Page 130: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

115

11.6.4.10- Análise da entrevista de E10

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 65 anos

Estado civil: Viúva

Escolaridade: 4º ano

Categoria profissional: Ajudante de Lar

Tempo de serviço: 28 anos

Formação profissional na área: Sim

Outras formações profissionais: Primeiros socorros

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E10

ESC: Sobrecarga Intensa (71)

EADS- 21: Ansiedade – 11, Depressão – 3, Stress – 13

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10)

A entrevistada destaca como principais problemas de saúde, a falta de

força numa perna e o sistema nervoso alterado.

Considera que o seu trabalho tem muita sobrecarga, principalmente para

sua idade. Apresentou sobrecarga intensa nos resultados da Escala de

Sobrecarga do Cuidador.

Page 131: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

116

Acha que o seu problema na perna é afectado pela sobrecarga de

trabalho, sendo por isso que considera que a sobrecarga interfere na sua

saúde.

No último ano esteve de baixa médica devido ao problema da perna.

Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10)

A entrevistada destaca a falta de pessoal como o principal factor para o

seu desgaste físico. Quanto ao desgaste psicológico considera ser afectado

pelo trabalho por turnos. – “ Eu por mim… por enquanto é mais a noites. Trabalhar

de noite.”

Questionada acerca das dificuldades do dia-a-dia diz não apresentar

quaisquer dificuldades.

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10)

A entrevistada refere que não escolheu esta profissão, viu-se obrigada

por vicissitudes da vida, a ingressar nesta área. No entanto refere que gosta

muito de trabalhar com idosos. – “ Eu adoro a minha profissão porque gosto de

trabalhar com pessoas.”

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10)

No que diz respeito às estratégias que utiliza para que o desgaste não

afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada refere que tenta

esquecer os problemas.

Considera que se colocassem mais uma pessoa haveria uma diminuição

do desgaste dos cuidadores.

Page 132: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

117

Relações Institucionais dos cuidadores formais (E10)

A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias, as

colegas de trabalho e os familiares dos utentes.

Quanto à relação com os utentes verifica-se que a mesma tem uma

relação quase indiferente. - “A minha relação é… os possíveis para me dar bem

com eles porque somos obrigados a nos dar bem. Obrigados não… devemos fazer o

nosso dever.”

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E10)

A entrevistada diz prestar uns bons cuidados aos utentes sendo que

poderia melhorar no tempo disponibilizado aos mesmos. - “ Melhorar era haver

um bocadinho mais de tempo.”

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E10)

Os factores que considera afectarem a qualidade dos cuidados é a falta

de material e condições, juntamente com a falta de tempo.

A entrevistada refere que o desgaste na interfere nos cuidados que

presta aos utentes.

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E10)

Relativamente às melhorias nos cuidados, a entrevistada refere que

deviam existir melhores condições e infra-estruturas.

Quanto aos responsáveis pelas intervenções e melhorias nos cuidados

aos utentes, de acordo com a mesma deveria ser a provedoria e as chefias da

Instituição.

Page 133: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

118

11.6.4.11- Análise da entrevista de E11

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 59 anos

Estado civil: Casada

Escolaridade: 4º ano

Categoria profissional: Ajudante de Lar

Tempo de serviço: 25 anos

Formação profissional na área: Sim

Outras formações profissionais: Primeiros socorros

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E11

ESC: Sobrecarga Intensa (67)

EADS- 21: Ansiedade – 15, Depressão – 8, Stress – 21

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11)

Questionada em relação ao seu estado de saúde, a entrevistada referiu

que se sente mal fisicamente mas bem psicologicamente. É de realçar que a

nível da Escala de Sobrecarga apresentou Sobrecarga Intensa. Ao nível da

Page 134: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

119

Escala de Ansiedade, Depressão e Stress teve os valores mais altos a nível do

stress, a cotação máxima de 21.

Considera que o seu trabalho tem bastante sobrecarga a nível do

esforço físico e que essa sobrecarga afecta a sua saúde.

No último ano esteve de baixa médica devido a questões relacionadas

com a profissão.

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11)

Relativamente às causas do desgaste físico, a entrevistada destaca a

falta de pessoal. As causas de desgaste psicológico são o trabalho por turnos,

trabalhar à noite.

As principais dificuldades do dia-a-dia estão relacionadas com o esforço

físico para a realização da higiene diária dos utentes mais pesados.- “É como eu

já disse com o levantar, a nível da coluna o levantar, o baixar a coluna. As forças, as

forças que a gente tem de fazer ao deitar a pessoa ou a levantar a pessoa (…).

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11)

No que diz respeito aos motivos que levaram a escolher a profissão, a

entrevistada diz que sempre gostou e que mesmo tendo outras oportunidades,

nunca ponderou mudar.

Quando foi questionada acerca dos factores positivos da sua profissão,

a entrevistada referiu que não se encontra verdadeiramente realizada, uma vez

que, gostaria de trabalhar com idosos mas em regime de voluntariado.

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11)

Questionada acerca das estratégias que utiliza para que o desgaste não

interfira na qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada disse que tenta

trabalhar em equipa para colmatar as suas lacunas.

Page 135: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

120

Sugere que deveria ser colocado mais pessoal para facilitar a diminuição

do desgaste dos cuidadores.

Relações Institucionais dos cuidadores formais (E11)

A entrevistada refere que tem uma boa relação com os utentes, os

familiares dos mesmos e as colegas de trabalho.

Segundo a entrevistada, a relação com as chefias é inexistente. – “Eu

não tenho relação nenhuma com chefias, única pessoa que conheço das chefias é a

Encarregada mais nada. (…) ”

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E11)

A entrevistada descreveu o seu dia-a-dia profissional demonstrando

conhecer bem as actividades quotidianas.

Considera que os cuidados poderiam melhorar, nomeadamente a nível

da higiene. – “ A nível dos banhos deviam ser dados mais vezes… a nível da higiene,

nas unhas, no cabelo, em tudo.”

Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E11)

Questionada acerca dos factores que afectam a qualidade dos cuidados

aos utentes, a entrevistada referiu a falta de pessoal e de tempo.

Quanto à interferência do seu desgaste nos cuidados que presta, a

entrevistada diz que faz de tudo para que os utentes não percebam as suas

dificuldades físicas.

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E11)

A entrevistada referiu que os cuidados deveriam ser prestados para que

fosse dada maior atenção ao utente. – “Se não houver esses cuidados também

Page 136: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

121

não há atenção. Você enquanto está a arranjar as unhas, os cabelos, está a cuidar

deles, está a dar atenção. É uma atenção que estão a receber, é um carinho.”

Quanto aos principais interventores junto dos utentes para que se

promovam melhorias nos cuidados prestados aos mesmos, a entrevistada

destaca a importância de uma equipa técnica atenta às necessidades e

conhecedora dos problemas do dia-a-dia.

11.6.4.12- Análise da entrevista de E12

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 55 anos

Estado civil: Divorciada

Escolaridade: 6º ano

Categoria profissional: Ajudante de Lar

Tempo de serviço: 25 anos

Formação profissional na área: Sim

Outras formações profissionais: Primeiros socorros

Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E12

ESC: Sobrecarga Intensa (69)

EADS- 21: Ansiedade – 9, Depressão – 8, Stress – 7

Page 137: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

122

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E12)

A entrevistada diz apresentar cansaço físico e considera que a

sobrecarga de trabalho depende da equipa com a qual esteja a trabalhar.

No que diz respeito à sobrecarga verifica-se que a mesma sofre de

sobrecarga intensa, como se observou através dos resultados da Escala de

Sobrecarga do Cuidador.

Considera que a sobrecarga afecta a sua saúde, principalmente a nível

físico.

No último ano esteve de baixa médica por motivos profissionais, uma

vez que fez uma distensão muscular no trabalho.

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E12)

Como causas de desgaste físico, a entrevistada destaca a falta de

condições das infra-estruturas e a idade do cuidador. - “ E os anos, os na os

também contam muito. Quando vim para aqui era diferente, era mais nova.” Quanto ao desgaste psicológico considera que é causado pela

dificuldade de comunicação com os utentes.

A principal dificuldade do dia-a-dia é o trabalho em equipa. – “Às vezes

não há uma boa parceria. Por exemplo: somos duas mas se tiverem a duas mais ou

menos ao mesmo nível… o mesmo jeito de trabalhar.” Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes

(E12)

Relativamente aos motivos que levaram à escolha da profissão, a

entrevistada referiu que não foi uma escolha mas sim uma opção face à

situação de desemprego que vivia. No entanto, a entrevistada gosta de

trabalhar com os utentes e gosto daquilo que faz. – “ Sempre gostei do serviço

que faço.”

Page 138: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

123

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes

(E12)

No que diz respeito às estratégias dos cuidadores formais para que o

desgaste não afecte a qualidade dos cuidados, a entrevista refere que tenta

sempre não penalizar o outro. - “Quando tenho coisas que me preocupam acho que

ninguém fica prejudicado com esse problema. Calo-me mais, tento não sobrecarregar

muito as outras pessoas com os meus problemas.”

Quanto às sugestões para que o desgaste dos cuidadores diminua, a

entrevista refere que seria necessário colocar mais pessoal.

Relações Institucionais dos cuidadores formais (E12)

No que diz respeito à relação com as chefias, a entrevistada apresenta

uma relação quase de indiferença. – “Ah desde que não me chateiem eu dou-me

bem com toda a gente”.

Refere uma relação conflituosa com as colegas de trabalho e diz que

mantem uma boa relação com os familiares dos utentes, uma relação cordial e

profissional.

Quanto à relação com os utentes, classifica-a de boa, sendo que é

diferenciada consoante os feitios dos utentes. –“ Uns que mesmos sem a gente

querer cativam mais, são mais carinhosos para a gente. Outros não têm aquela

delicadeza de terem um feitio bonito.”

Caracterização dos cuidados prestados (E12)

No que diz respeito aos cuidados prestados, a entrevistada refere que os

cuidados podiam ser melhores, podia haver uma maior atenção para com os

utentes. – “ Podíamos dar mais atenção… conversar mais.”

Page 139: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

124

Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E12)

Relativamente aos factores que interferem na qualidade dos cuidados

aos utentes, a entrevistada destaca a falta de pessoal, as más condições das

infra-estruturas e a falta de espaço nos quartos.

Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos

utentes, a entrevistada destaca as alterações que sente no seu estado de

espirito. - “ (…) Talvez não seja com aquela alegria, aquela exuberância. Sem tantas

palhaçadas. Se eu estiver bem-disposta, vou conversando e brinco e não sei quê. Se

eu tiver uma coisa que me apoquente eu faço as mesmas coisas mas mais pensativa.

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E12)

No que diz respeito às melhorias a fazer nos cuidados prestados, a

entrevistada refere que as mesmas se relacionam com as melhorias das infra-

estruturas.

Quanto às entidades que devem promover essas melhorias, a

entrevistada destaca a importância da equipa que conheça o dia-a-dia

profissional. – “É assim… uma encarregada, uma pessoa que dê valor ao tipo de

trabalho que é ou uma pessoa que saiba fazer para saber mandar. Mandar é fácil mas

a pessoa experimentar a fazer… assim sabia dar o valor ao trabalho que é.”

11.6.4.13- Análise da entrevista de E13

Caracterização sociodemográfica e profissional

Idade: 35 anos

Estado civil: Casada

Escolaridade: 12º ano

Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais

Tempo de serviço: 2anos

Page 140: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

125

Formação profissional na área: Sim

Outras formações profissionais: Primeiros socorros

Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h)

Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E13

ESC: Sobrecarga Intensa (68)

EADS- 21: Ansiedade – 11, Depressão – 9, Stress – 15

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13)

No que diz respeito ao estado de saúde, a entrevistada refere bastante

cansaço físico. Diz que o seu trabalho exige muito de si, tem bastante

sobrecarga que afecta a sua saúde.

Nos resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador, a entrevistada

apresentou sobrecarga intensa.

Relativamente à baixa médica, a participante diz ter estado de baixa no

último ano, por motivos de doença profissional.

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13)

A entrevistada refere que a principal causa para o desgaste físico é a

falta de pessoal, enquanto o desgaste psicológico se deve aos problemas de

saúde dos utentes, nomeadamente as demências.

As dificuldades apresentadas pela entrevistada são a falta de condições

de adaptabilidade, a falta de tempo aliada à falta de pessoal.

Page 141: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

126

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13)

A entrevistada refere que escolheu a profissão porque sempre gostou de

ajudar as pessoas que necessitam de si, destacando este aspecto como o mais

positivo da sua profissão. – “ Gosto de ser útil para aquelas pessoas que sinto que

precisam de nós.”

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13)

A entrevistada refere a empatia para com os utentes como a sua

estratégia para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que

presta. - “(…)E depois fico a pensar sempre e será que um dia mais tarde eu também

vou chegar ao mesmo, de precisar ou de alguém me apoiar? E pronto olha passa-me

logo e tenho de tratar e trato e faço e pronto mais nada.”.

Como sugestão para diminuir o desgaste dos cuidadores, a entrevistada

propõe a admissão de mais pessoal especializado.

Relações institucionais dos cuidadores formais de idosos (E13)

No que diz respeito às relações com os utentes, familiares dos mesmos

e chefias, a entrevistada refere manter uma boa relação.

Quanto à relação com as colegas de equipa demonstra alguns

problemas. – “É como tudo. Há pessoas más, pessoas boas… de toda a classe.”

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E13)

No que diz respeito à descrição do dia-a-dia profissional, a entrevistada

foi a única que referiu as actividades sócio culturais dos utentes, além das

actividades quotidianas da higiene e alimentação.

Considera que presta bons cuidados aos utentes, apesar de se poder

melhorar na atenção que se disponibiliza aos mesmos.

Page 142: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

127

Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E13)

No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados

aos utentes, a entrevistada refere a falta de tempo como o principal factor.

Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores na qualidade dos

cuidados prestados, a entrevistada considera que existe interferência e que os

cuidadores acabam por ter menos paciência para os utentes. – “ Acabo por ficar

baralhada…com menos paciência.”

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos

dependentes (E13)

Relativamente às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada

refere que é importante melhorar os cuidados de saúde e fomentar a

participação dos utentes nas actividades sócio culturais.

No que diz respeito aos intervenientes nos projectos de intervenção para

a melhoria dos cuidados aos utentes, a entrevistada refere que deve ser toda a

equipa que pertence à Instituição, independentemente da função que

desempenhe.- “ Há tanto pessoal que trabalha aí… deviam ajudar e envolver outras

pessoas. (…) Deviam ajudar pelo bem do utente.”

11.6.4.14 – Análise global das entrevistas às Ajudantes de Lar (vide anexo

XII)

Caracterização profissional dos cuidadores formais de idosos dependentes

Apesar da totalidade das participantes (13) desempenharem a função de

Ajudante de Lar, nem todas têm essa categoria. Cinco do total das

participantes têm a categoria de Trabalhador de Serviços Gerais.

No que diz respeito à formação profissional verifica-se que, quatro

Ajudantes de Lar não têm formação profissional na área da Geriatria.

Page 143: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

128

Relativamente a outras formações profissionais obtidas, dez Ajudantes

de Lar referem ter frequentado a formação de Primeiros Socorros e três a

formação de Higiene e Segurança no Trabalho. Existe ainda uma Ajudante de

Lar com formação na área de Informática, outra na área de Gestão, uma na

área de Acção Médica e outra participante com formações nas áreas de

Jardinagem, Venda de Peixe e Navegação Marítima.

Quanto às formações profissionais que ambicionam frequentar, a

maioria (10) refere formações na área das Geriatria, duas entrevistadas

destacam as formações em Enfermagem e uma na área da Infância.

Relativamente aos horários de trabalho, apesar de a totalidade trabalhar

por turnos, três realizam apenas dois turnos, das 08 h às 16 h e das 16 h às 24

h, ou seja, não realizam o turno da noite.

Questionadas sobre o exercício de horas extra, todas referiram realizar

quando necessário. O motivo apresentado pela maioria (9) foi a falta de

pessoal, sendo ainda que quatro pessoas referiram que realizam horas extra

por pedido da Encarregada e duas por doença de colegas.

Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes

No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e psicológico, a

totalidade de entrevistadas refere problemas de diversas tipologias. A maioria

(7) refere cansaço físico, em ex-aequo, duas entrevistadas mencionaram os

problemas de coluna, problemas nas pernas e o desgaste psicológico. Uma

Ajudante de Lar referiu alterações no sistema nervoso.

Quanto à existência de sobrecarga profissional, a maioria das

entrevistadas (12) referiu sentir sobrecarga profissional. Houve uma

entrevistada que disse não se sentir sobrecarregada mas sim cansada. Esta

entrevistada apresentou Sobrecarga Intensa na Escala de Sobrecarga do

Cuidador.

Relativamente à interferência da sobrecarga no estado de saúde dos

cuidadores, as respostas foram unânimes. A totalidade das entrevistadas

considerou que a sobrecarga afecta a sua saúde.

Page 144: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

129

No que diz respeito à existência de baixa médica no último ano,

verificou-se que sete entrevistadas tiveram de baixa médica. Três dessas setes

baixas médicas foram por problemas de saúde profissional.

Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes

Relativamente ao desgaste físico dos cuidadores formais, as

entrevistadas referiram diversas causas. Nove entrevistadas destacaram o

esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes, cinco referiram a

falta de pessoal, duas em ex-aequo mencionaram a falta de espaço e a falta de

condições para trabalhar em equipa. Uma entrevistada referiu a ausência de

técnicas de trabalho e outra a idade da Ajudante de Lar como factor

potenciador do desgaste físico.

No que concerne às causas do desgaste psicológico verifica-se que seis

entrevistadas referiram o facto de trabalharem com pessoas com demência,

quatro destacaram o trabalho por turnos, três a dificuldade de comunicação

com os utentes, uma entrevistada referiu a falta de descanso do cuidador e

outra a ausência de motivação para o trabalho. Houve ainda uma entrevistada

que não referiu causas de desgaste psicológico.

No que concerne às dificuldades apresentadas, da totalidade de 13

entrevistadas, apenas uma não refere dificuldades. Das 12 entrevistadas que

apresentam dificuldades, sete destacaram em ex-aequo a falta de pessoal e

falta de espaço nos quartos. Seis entrevistadas referiram a higiene diária dos

utentes mais pesados, três mencionaram a falta de tempo para dar atenção

aos utentes, uma referiu dificuldades em lidar com os problemas dos utentes,

outra em trabalhar à noite. Houve ainda uma entrevistada a referir a dificuldade

de trabalhar em equipa e outra a destacar a falta de condições de

adaptabilidade.

Page 145: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

130

Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes

No que diz respeito às motivações que levaram à escolha da profissão

de Ajudante de Lar, nove entrevistadas referiram o gosto pela profissão e

cinco, a necessidade económica e o desemprego.

Relativamente aos factores positivos da profissão, apenas uma Ajudante

de Lar não destacou qualquer factor positivo. A maioria (11) referiu o gosto pelo

trabalho e convivência com os utentes e uma entrevistada destacou a

aprendizagem, a amizade e a sustentabilidade financeira.

Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes

No que concerne às estratégias que os entrevistados utilizam para que o

desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que prestam, destaca-se que

quatro entrevistadas responderam que mantêm a calma, em ex-aequo, duas

entrevistadas referiram que esquecem os problemas, convivem com os utentes

e trabalham em equipa.

Uma entrevistada diz que a sua estratégia é gostar dos utentes, outra

refere a sua boa disposição, uma a empatia com os utentes e outra diz que a

sua estratégia é tentar não penalizar o outro.

Uma entrevistada menciona a caminhada diária que faz após o trabalho

como a sua estratégia de coping.

Relativamente às sugestões para a diminuição do desgaste físico e

psicológico dos cuidadores, onze entrevistadas referiram que deveria ser

colocado mais pessoal, duas mencionaram o trabalho em equipa, uma as

melhorias nas infra-estruturas, outra a gestão do tempo e uma entrevistada

referiu ainda que deveria existir mais pessoal especializado.

Relações institucionais dos cuidadores formais de idosos dependentes

No que diz respeito às relações com as chefias, a maioria dos

entrevistados (7) diz ter uma relação muito boa com os chefes. Três

entrevistadas mencionam uma boa relação com as chefias, duas dizem ter uma

Page 146: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

131

relação indiferente e uma entrevistada refere não ter qualquer relação com as

chefias.

Quanto às relações com a equipa de trabalho verifica-se que sete

apresentam uma boa relação e seis demonstram ter uma relação conflituosa.

Relativamente às relações com os familiares dos utentes, a maioria (5)

diz ter uma relação cordial e profissional, quatro entrevistadas referem uma boa

relação, duas uma relação muito boa e outras duas mencionam uma relação

exigente por parte dos familiares.

No que concerne às relações com os utentes cuidados, a maioria das

entrevistadas (5) diz ter uma boa relação, quatro referem uma relação muito

boa, duas dizem que as relações com os utentes são diferenciadas, no sentido

de se alterarem consoante as características dos mesmos. Uma Ajudante de

Lar demonstra manter uma relação indiferente com os utentes cuidados.

Caracterização dos cuidados prestados aos utentes

A totalidade das entrevistadas descreveu o seu dia-a-dia profissional,

dando enfase às actividades do quotidiano (lavar, vestir, deitar, levantar, dar

alimentação).

Duas entrevistadas destacaram-se por referirem mais do que as

actividades quotidianas. Uma mencionou detalhadamente o trabalho

desenvolvido com o vestuário e outra, as actividades sócio culturais dos

utentes.

No que diz respeito à classificação dos cuidados prestados, a maioria (7)

diz que os cuidados prestados devem melhorar. As restantes seis entrevistadas

referem prestar bons cuidados

Quanto às melhorias nos cuidados prestados, sete entrevistadas referem

que se deve dar mais atenção aos utentes, três destacam a importância da

higiene e uma entrevistada refere a necessidade de melhorar o vestuário dos

utentes. Em ex-aequo, uma entrevistada destaca a importância das condições

físicas e humanas e outra a necessidade de material adaptado.

Page 147: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

132

Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes

As entrevistadas mencionaram cinco factores que consideram afectar a

qualidade dos cuidados prestados aos utentes: a falta de condições, a pouca

atenção, a falta de tempo, a falta de pessoal e os factores intrínsecos aos

cuidadores.

A falta de condições (material e infra-estruturas) foi o factor mais vezes

referido, em seis entrevistadas. Quatro entrevistadas mencionaram a pouca

atenção dada aos utentes e a falta de tempo. Três entrevistadas apresentaram

a falta de pessoal como factor do decréscimo da qualidade dos cuidados e uma

ressaltou os factores intrínsecos aos cuidadores, nomeadamente a pouca

motivação para o trabalho.

Relativamente à interferência do desgaste do cuidador na qualidade dos

cuidados que presta, do total de treze entrevistadas, seis afirmaram que o seu

desgaste não interfere na qualidade dos cuidados que prestam aos utentes.

As restantes sete entrevistadas admitem que o desgaste do cuidador

acarreta alterações na prestação dos cuidados.

Três entrevistadas referem que ficam mais impacientes, duas destacam

a falta de força e destreza, uma ressalta a dificuldade que apresenta em

separar os problemas pessoais da vida profissional, outra admite que o seu

estado de espirito se altera aquando da prestação dos cuidados.

Duas entrevistadas, apesar de admitirem que o desgaste interfere nos

cuidados que prestam, afirmam tentar alhear-se dos seus problemas enquanto

exercem funções.

Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos

dependentes

Questionadas acerca das melhorias que gostariam de ver nos cuidados

aos utentes, as entrevistadas referiram: a necessidade de se dar mais atenção,

de melhorar as condições da instituição, de haver mais pessoal, mais tempo

para conversar com os utentes, melhores cuidados de saúde e cuidados de

higiene e incremento das actividades sócio culturais.

Page 148: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

133

Quatro entrevistadas, em ex-aequo, mencionaram a necessidade de se

dar mais atenção e de melhorar as condições da instituição. Três entrevistadas,

em ex-aequo, referiram a necessidade de colocar mais pessoal e de se

fomentar as actividades sócio culturais. Em ex-aequo, duas entrevistadas

destacaram as melhorias nos cuidados de saúde e de higiene. Uma

entrevistada afirmou haver necessidade de ter mais tempo para conversar com

os utentes.

Relativamente às pessoas e entidades que gostariam de ver afectas às

melhorias dos cuidados aos utentes, cinco entrevistadas (em ex-aequo)

referiram a provedoria/ equipa técnica, os familiares dos utentes e a equipa de

trabalho (Ajudantes de Lar). Quatro entrevistadas destacaram a Instituição

(SCMS) e três a sociedade em geral. Em ex-aequo, duas entrevistadas

mencionaram os voluntários e os utentes. Uma entrevistada destacou a

importância da autarquia local.

11.6.5 – Índice de Barthel – Actividades Básicas da Vida Diária

O Índice de Barthel foi aplicado no sentido de avaliar o nível de

dependência dos utentes inquiridos, relação às Actividades Básicas da Vida

Diária como: alimentação, vestir, banho, higiene corporal, uso de casa de

banho, controlo intestinal, controlo vesical, subir escadas, transferência cama-

cadeira e deambulação.

Este índice foi aplicado aos 30 utentes do Lar Anexo I, representando a

amostra do universo de 53 utentes. (vide anexo XIII)

Tal como já foi referido na caracterização dos participantes, a nível

global verificou-se que, apenas três participantes são independentes. Dos vinte

e sete utentes dependentes, a maioria (10) é moderadamente dependente,

seguindo-se nove utentes totalmente dependentes, cinco ligeiramente

dependentes e três severamente dependentes.

No que diz respeito ao item da alimentação observou-se que, a maioria

dos utentes inquiridos (26) necessita de ajuda para a realização das refeições

diárias, um utente é dependente e apenas três são independentes.

Page 149: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

134

Gráfico nº 24- Nível de dependência- Item Alimentação

Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013

Relativamente à actividade de vestir, dezasseis utentes necessitam de

ajuda, nove utentes são dependentes e cinco independentes.

Gráfico nº 25- Nível de dependência - Item Vestir

Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013

No que concerne ao banho, a maioria dos utentes (26 do total de 30

inquiridos) é dependente. Tal situação de dependência também acontece ao

nível da higiene corporal, onde apenas cinco utentes são independentes.

Gráfico nº 26-Nível de dependência – Item Banho

3; 10%

26 87%

1 3%

Independente

Necessita de ajuda

Dependente

5 17%

16 53%

9 30%

Independente

Necessita deajuda

Dependente

4 13,3%

26 86,7%

Independente

Dependente

Page 150: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

135

Gráfico nº 27-Nível de dependência – Item Higiene Corporal

Quanto ao uso da casa de banho, oito utentes são independentes e

onze participantes, em ex-aequo, necessitam de ajuda e são dependentes.

Gráfico nº 28- Nível de dependência – Item Uso da Casa de Banho

Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013

Relativamente ao controlo intestinal, a maioria dos inquiridos é

incontinente ocasional, seguindo-se dez utentes independentes e sete

incontinentes fecais.

Gráfico nº 29- Nível de dependência – Item Controlo intestinal

Fonte: Índice de Barthel,

SCMS,2013

8 27%

11 36%

11 37% Independente

Necessita deajudaDependente

Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013

10 34%

13 43%

7 23% Independente

Incontinente ocasional

Incontinente fecal

5 17%

25 83%

Independente

Dependente

Page 151: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

136

No que diz respeito ao controlo vesical, oito utentes são independentes,

quinze incontinentes ocasionais e sete incontinentes ou algaliados.

Gráfico nº 30 - Nível de dependência – Item Controlo Vesical

Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013

Quanto à capacidade para subir escadas, a maioria (17) revela ser

dependente, seguindo-se oito utentes que necessitam de ajuda e cinco

independentes.

Gráfico nº 31- Nível de dependência- Item Subir escadas

Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013

Relativamente à transferência da cama para a cadeira, em ex-aequo,

dez utentes necessitam de ajuda mínima e grande ajuda. Também em ex-

aequo, cinco utentes são independentes e dependentes.

8 27%

15 50%

7 23%

Independente

Incontinente ocasional

Incontinente oualgaliado

5 17%

8 27%

17 56%

Independente

Necessita de ajuda

Dependente

Page 152: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

137

Gráfico nº 32- Nível de dependência- Item Transferência cama-cadeira

Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013

No que diz respeito à capacidade para deambular, a maioria dos

inquiridos necessita de ajuda mínima, nove utentes são dependentes, sete

independentes e quatro conseguem ser independentes com o apoio da cadeira

de rodas.

Gráfico nº 33- Nível de dependência- Item Deambulação

Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013

Em síntese, a maioria dos utentes é: dependente ao nível do banho,

higiene corporal e subir escadas; necessita de ajuda na alimentação, vestir e

deambulação; é incontinente ocasional a nível intestinal e vesical. Em relação

ao uso da casa de banho e da transferência para a cama-cadeira, o número de

utentes dependentes é igual ao número dos que necessitam de ajuda.

5 17%

10 33% 5

17%

10 33%

Independente

Necessita de ajudamínima

Necessita de grandeajuda

Dependente

7 23%

10 34%

4 13%

9 30%

Independente

Necessita de ajuda

Independente comcadeira de rodas

Dependente

Page 153: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

138

11.6.6 – Apresentação dos resultados dos questionários realizados aos utentes do Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines

Os utentes do Lar Anexo I (amostra de 30 idosos) da Santa Casa da

Misericórdia de Sines foram inquiridos através de um Questionário, onde se

pretendia caracterizar o idoso, conhecer a sua vida na Instituição e avaliar a

qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar.

A maioria das perguntas do questionário eram perguntas fechadas, para

facilitar a compreensão por parte dos utentes.

Para desenvolver o tema da qualidade dos cuidados aos idosos

dependentes foi necessário realizar algumas questões abertas que foram

posteriormente codificadas através da análise de conteúdo, permitindo a

sintetização dos resultados. (vide anexo XIV)

Os resultados da Caracterização do idoso (Parte I do Questionário)

foram apresentados aquando da caracterização dos participantes.

Os utentes foram caracterizados ao nível do sexo, estado civil, idade,

escolaridade, profissão, problemas de saúde, suporte social e nível de

dependência nas Actividades Básicas da Vida Diária.

Neste sentido, posteriormente serão apresentados os resultados que

correspondem à Vida do Idoso na Instituição e à Qualidade dos Cuidados

prestados pelas Ajudantes de Lar (Parte II e III do Questionário).

Vida no Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

Questionados em relação ao tempo em que vivem na Instituição, os

utentes referiram uma diversidade de datas, entre os 5 meses e os 24 anos. Há

um utente a viver no Lar há apenas 5 meses enquanto outros dois já residem

no mesmo há 24 anos.

A maioria dos utentes (5) encontra-se há dois anos na instituição, quatro

utentes residem no Lar há 1 ano e em ex-aequo, três utentes vivem no Lar há 6

e 9 anos. Em ex-aequo há dois utentes a viver no Lar há 5, 8 e 24 anos e um

utente a viver há 5 meses, 9 meses, 3, 4, 5, 7, 10, 13, 16 e 20 anos.

Page 154: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

139

Gráfico nº 34 – Tempo de ingresso na Instituição

Relativamente à opção de entrada para o lar verifica-se que a maioria

dos inquiridos (22) disse ter sido um familiar a tomar a decisão. Os restantes

oito utentes referem terem sido os próprios a decidir entrar para o Lar. Gráfico nº 35 – Escolha de entrada para o Lar

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014

Page 155: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

140

No que diz respeito às expectativas de vida aquando do ingresso no Lar,

vinte utentes referiram que a vida no lar não foi ao encontro das suas

expectativas iniciais. Os restantes dez utentes inquiridos afirmaram que a vida

na instituição corresponde às suas expectativas.

Os vinte utentes que afirmaram ter uma vida na Instituição aquém das

expectativas iniciais apresentaram como justificações o aumento da

dependência (5 utentes); a admissão na instituição de forma contrariada (3

utentes); as saudades da família e da vida em casa (3 utentes); os problemas

com a qualidade da comida (2 utentes); o desconhecimento da realidade

institucional (2 utentes); o facto de terem vivido noutras instituições (2 utentes);

as dificuldades de convívio com os restantes utentes (1 utente) e a solidão

sentida (1 utente).

Os utentes que referiram que a vida na instituição ia ao encontro das

expectativas iniciais, apresentaram diversos aspectos que justificam esse facto.

Quatro utentes referiram já terem conhecimento da realidade institucional antes

de ingressarem no lar; uma utente afirmou ter frequentado a valência do Centro

de Dia; outra utente destacou as boas condições da instituição face à sua

habitação; uma utente afirmou grande satisfação na realização das actividades

sócio culturais; um utente destacou a vida independente que tem na instituição

e três utentes demonstraram satisfação com a vida no Lar.

Gráfico nº 36 – Vida na Instituição e expectativas iniciais

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014

Page 156: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

141

Questionados relativamente à classificação da sua vida na instituição,

60% dos utentes inquiridos referiram ter uma vida razoável, 30% consideraram

ter uma vida boa e 10% dizem viver mal no Lar Anexo I. Nenhum utente

considerou viver muito bem no Lar.

Gráfico nº 37- Classificação da vida no Lar Anexo I

No que diz respeito à melhoria do bem-estar, os utentes mencionaram

factores que contribuem para o mesmo. Esses factores podem ser intrínsecos

aos utentes ou factores relacionados com a qualidade dos cuidados prestados.

Cinco utentes referiram que o seu bem-estar depende da melhoria do

estado de saúde relacionado com a diminuição da dependência; três idosos

destacaram a necessidade de convívio com os utentes e restante comunidade;

um utente não conseguiu explicitar factores que contribuam para o seu bem-

estar e três utentes afirmaram que o bem-estar depende da vida em família e

do regresso a casa.

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 157: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

142

No que concerne aos factores relacionados com a qualidade dos

cuidados prestados, os utentes destacaram a melhoria dos cuidados de higiene

(1 utente); dos cuidados de alimentação (1 utente); das condições de infra-

estruturas (6 utentes); o incremento das actividades sócio culturais (5 utentes)

e a importância de bons cuidadores (11 utentes).

Relativamente às actividades que realizam na instituição, a maioria dos

utentes inquiridos referiu que vê televisão e conversa com os restantes utentes.

Há ainda utentes que destacaram actividades tais como: fazer renda; participar

no loto; ir ao cinema; frequentar o atelier de costura; jogar dominó; fazer

actividades físicas (ginástica, fisioterapia, sessões de relaxamento, bocia),

escrever poesia; fazer palavras cruzadas; entre outras.

Gráfico nº 38 – Actividades sócio culturais no Lar Anexo I

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 158: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

143

No que diz respeito à frequência com que recebem visitas na Instituição

(num período semanal), a maioria dos utentes (40%) disse que raramente

recebe visitas; 33% afirmou que nunca recebe visitas; 16,67% recebem visitas

frequentemente e apenas 10% (3 utentes do total de 30) mencionaram receber

sempre visitas.

Gráfico nº 39 – Frequência das visitas aos utentes do Lar Anexo I

Relativamente às relações sociais dos utentes, verifica-se que 40% do

total de inquiridos disse ter uma boa relação com os familiares após a

institucionalização; 26,67% referiram que têm uma relação razoável e 33,33%

uma má relação.

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 159: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

144

Gráfico nº 40- Relações com os familiares após a institucionalização

Quanto às relações com os restantes utentes da Instituição, 80% dos

idosos inquiridos (24 utentes) afirmou ter uma boa relação e seis utentes

disseram manter uma relação razoável. Nenhum utente referiu manter uma má

ou muito boa relação com os restantes.

Gráfico nº 41 – Relação com os restantes utentes do Lar Anexo I

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 160: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

145

Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar

No que diz respeito às relações com as Ajudantes de Lar, vinte cinco

utentes (83% dos inquiridos) afirmaram manter uma boa relação; quatro

utentes (13%) referiram uma relação razoável e apenas um utente disse ter

uma relação muito boa. Destaca-se que nenhum utente considerou manter

uma má relação com as Ajudantes de Lar.

Gráfico nº 42- Relação dos utentes do Lar Anexo I com as Ajudantes de Lar

Relativamente às qualidades que mais valorizam nos cuidadores, os

utentes inquiridos apresentaram resultados para a qualidade que valorizam, em

primeiro, segundo e terceiro lugar.

No que concerne à primeira qualidade valorizada nas Ajudantes de Lar,

quinze utentes (50% dos inquiridos) afirmaram valorizar a simpatia; seis

utentes destacaram a atenção; três utentes valorizaram o profissionalismo e

dois utentes realçaram a importância do carinho. A motivação, a calma, os

conhecimentos e a educação foram referidos pelos restantes quatro utentes.

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 161: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

146

Gráfico nº 43- Primeira qualidade valorizada nos cuidadores fornais

Q

Quanto à segunda qualidade que valorizam nas Ajudantes de Lar

cuidadoras, a maioria dos utentes inquiridos destacou o carinho (13 utentes),

seguindo-se a simpatia (7 utentes) e a atenção (4 utentes). Os restantes

utentes inquiridos mencionaram, ainda, o profissionalismo (2 utentes), a

empatia (1 utente), o cuidado (2 utentes) e a motivação (1 utente).

Gráfico nº 44- Segunda qualidade valorizada nos cuidadores formais

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 162: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

147

Por último, quando questionados sobre a terceira qualidade valorizada

nos cuidadores, nove utentes referiram a atenção, seguindo o carinho e

simpatia com cinco utentes em ex-aequo. Também foram mencionados o

profissionalismo (3 utentes), a empatia (2 utentes), o cuidado (3 utentes), a

motivação (1 utente) e os conhecimentos (2 utentes).

No geral, as três qualidades mais valorizadas nas Ajudantes de Lar,

pelos utentes inquiridos, foram a simpatia (27 utentes), o carinho (20 utentes) e

a atenção (19 utentes).

Gráfico nº 45- Terceira qualidade valorizada nos cuidadores formais

No que concerne à satisfação com os cuidados de higiene recebidos, a

maioria dos utentes (22) referiram estar satisfeitos; sete utentes dizem-se nem

insatisfeitos nem satisfeitos e um utente afirmou encontrar-se insatisfeito com

os cuidados de higiene recebidos. Nenhum utente mencionou estar muito

insatisfeito ou muito satisfeito.

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 163: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

148

Gráfico nº 46- Grau de satisfação com os cuidados de higiene

Questionados em relação aos cuidados do banho, quatro utentes

disseram que não necessitam de apoio para os realizar.

Gráfico nº 47- Necessidade de apoio para tomar

Dos vinte e seis utentes que necessitam de apoio para tomar banho,

quinze mencionaram receber bons cuidados e onze afirmaram que lhe são

prestados cuidados razoáveis.

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 164: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

149

Gráfico nº 48 – Qualidade dos cuidados recebidos no banho

No que diz respeito aos cuidados de higiene diária, oito utentes

afirmaram que não recebem os cuidados de higiene que necessitam. As

justificações dadas pelos utentes foram: a insatisfação com os banhos (seis

utentes referem o facto de só haver um banho semanal); a desvalorização da

higiene oral (um utente); o tempo de espera na mudança das fraldas (um

utente) e os poucos cuidados com o cabelo e as unhas, referidos por uma

utente que também destacou a insatisfação com o banho.

Gráfico nº 49 – Cuidados ao nível da higiene diária

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 165: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

150

Relativamente à satisfação dos cuidados com a alimentação, dezasseis

utentes afirmaram estar satisfeitos; dez utentes nem insatisfeitos nem

satisfeitos e quatro utentes insatisfeitos.

Gráfico nº 50 – Grau de satisfação com os cuidados de alimentação

Quando foram questionados em relação aos cuidados para a realização

das refeições diárias, apenas uma utente afirmou não receber os cuidados que

necessita. - “Às vezes é difícil ter ajuda para cortar a carne e arranjar a fruta.” (P26).

Gráfico nº51- Apoio na realização das refeições diárias

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 166: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

151

No que diz respeito ao grau de satisfação com os cuidados prestados

em relação ao vestuário, vinte e cinco utentes do total de trinta inquiridos

afirmaram estar satisfeitos; três utentes nem insatisfeitos nem satisfeitos e dois

utentes insatisfeitos.

Gráfico nº 52- Grau de satisfação com os cuidados de vestuário

Quando questionados se recebiam os cuidados de vestuário

necessários, três utentes disseram que não. Estes utentes demonstraram

insatisfação com os cuidados de vestuário não por parte das Ajudantes de Lar

mas sim do serviço de lavandaria/ rouparia.

“A minha roupa é lavada em casa porque desaparece muita roupa na lavandaria

do Lar” (P12)

“Por vezes a roupa perde-se na lavandaria” (P19).

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 167: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

152

Gráfico nº 53- Cuidados ao nível do vestuário

Relativamente à satisfação com as roupas que vestem diariamente,

apenas uma utente disse não se sentir bem com a roupa que veste.

“Nunca mais vesti a roupa que tinha em casa.” (P20)

Os restantes vinte e nove utentes inquiridos afirmaram que se sentem

bem com a roupa que vestem diariamente.

É a roupa que vesti toda a vida (P2);

“Gosto de roupa leve adequada à minha condição” (P3);

“Não é a roupa que usava antigamente mas sinto-me bem. Uso calças porque

estou de cadeira de rodas” (P1).

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 168: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

153

Gráfico nº 54- Satisfação dos utentes com a roupa que vestem diariamente

No que diz respeito à frequência com que escolhem a roupa que usam

diariamente, vinte e um utentes disseram ser os mesmos a escolher sempre a

roupa; seis utentes afirmaram escolher a roupa frequentemente; dois utentes

referiram escolher a roupa raramente e um utente disse que nunca escolhe a

roupa que veste.

A utente (P20) que nunca escolhe a roupa que usa diariamente é a

mesma que encontra insatisfeita com o seu vestuário.

Gráfico nº 55 – Frequência da escolha de roupa diária

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 169: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

154

Questionados acerca dos motivos pelos quais raramente ou nunca

escolhem a roupa que vestem, os três utentes referiram que normalmente são

as Ajudantes de Lar que escolhem a roupa, uma vez que, se encontram

dependentes e não se vestem sozinhos.

“Normalmente são as ajudantes de lar que escolhem a roupa quando me

vestem” (P1);

“Como sou acamada são as ajudantes de lar que escolhem a roupa” (P20);

“Como não me visto sozinho, as ajudantes é que escolhem a roupa” (P30).

No que concerne aos cuidados percepcionados ao nível do apoio sócio

emocional, 40% dos utentes inquiridos referiu que não percepciona esse apoio.

As razões que apontam para que os cuidadores formais não lhe prestem

cuidados ao nível do apoio sócio emocional passam pela falta de tempo dos

cuidadores, pela dificuldade dos utentes em receber esse apoio ou pelo

desconhecimento do que este representa.

“Quando estou triste ou sinto falta de apoio procuro junto de outras pessoas.

Não sinto esse apoio porque se calhar também não o procuro.” (P4)

“Não consigo explicitar situações em que tenha sentido esse apoio.” (P6) “Acho que esse apoio não existe porque há pouco tempo. Apenas tratam da

roupa, comida e higiene.” (P7)

Os 60% do total dos utentes inquiridos que percepcionam o apoio sócio

emocional por parte das Ajudantes de Lar apresentam sentimentos de

valorização, apoio, carinho e reforço de auto-estima.

“Sinto que me tratam com carinho, chamam pelo meu nome e perguntam como

estou.” (P1)

“Sinto que me dão importância e que sou valorizada. Faço recolha de

tampinhas e todas me dão e ajudam na recolha.” (P3)

“Acho que me dão muito apoio, brincam comigo. Sinto que sou apoiada em

tudo.” (P5)

“Noto esse apoio quando brincam comigo no dia-a-dia.” (P8)

Page 170: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

155

Gráfico nº 56 – Apoio sócio emocional dos utentes do Lar Anexo I

A totalidade dos utentes inquiridos classificou a qualidade dos cuidados

prestados pelas Ajudantes de Lar., a nível geral. A maioria dos utentes

inquiridos (22 idosos) referiram receber bons cuidados; sete utentes disseram

que os cuidados são razoáveis e um utente classificou os cuidados como

maus.

Gráfico nº 57- Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Page 171: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

156

No que diz respeito aos factores que interferem na qualidade dos

cuidados prestados, 83% dos inquiridos referiram existir relação entre o

desgaste dos cuidadores e a qualidade dos cuidados que os utentes recebem.

Os vinte e cinco utentes que afirmaram existir interferência do desgaste

dos cuidadores na qualidade dos cuidados aos utentes, mencionaram que os

cuidadores desgastados apresentam maior tristeza (9 utentes), cansaço

excessivo (8 utentes), menos paciência (7 utentes), falta de força (6 utentes) e

menor empenho (1 utente).

“Há dias em que estão tristes e dizem que não lhes apetece falar com

ninguém.” (P20)

“Às vezes vê-se que as pessoas estão cansadas e custam a aguentar o

trabalho. Assim tudo é pior.” (P28)

“Por mais que não queiram o cansaço dificulta os cuidados.” (P21)

Quando têm mais trabalho nota-se menos paciência e tempo para fazer as

coisas.” (P30)

Quando as funcionárias estão doentes têm menos força para nos ajudar a

levantar e vestir. Estamos todos mais tristes.” (P14)

Quando as Ajudantes de Lar estão bem, os cuidados são prestados de melhor

forma. Quando estão doentes ou tristes têm menos força, paciência e

empenho.” (P5)

Os restantes 17% dos inquiridos (cinco utentes) mencionaram que o

desgaste dos cuidadores não interfere na qualidade dos cuidados. Segundo os

mesmos, a qualidade dos cuidados é afectada por factores como: a empatia

com os utentes (2 utentes); as qualidades das Ajudantes de Lar (2 utentes) e a

escassez de recursos humanos (1 utente).

“ Os cuidados podem ser piores por estar aqui há menos tempo ou por não

gostarem de mim. Gostarem mais de uns do que de outros.” (P13)

“Considero que a qualidade dos cuidados é afectada pelo facto de haver

poucos recursos humanos.” (P23)

“Os cuidados diminuem de qualidade dependendo do feitio e carinho de cada

funcionária. Se forem simpáticas e com bom feitio, os cuidados são melhores.”

(P27)

Page 172: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

157

Gráfico nº 58 – Relação entre a qualidade dos cuidados e o desgaste dos

cuidadores formais

Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

Em síntese, no que diz respeito à vida dos utentes na instituição pode-se

referir que a maioria não escolheu entrar para o lar e disse ter uma vida aquém

das suas expectativas. Apesar disto, a maioria dos utentes considerou ter uma

vida razoável no Lar Anexo I.

Relativamente às actividades sócio culturais que participam, os utentes

apresentaram uma grande diversidade de actividades, no entanto, a maioria

referiu que apenas vê televisão e conversa com os restantes utentes.

A maioria dos utentes inquiridos afirmou que raramente recebe visitas

apesar de manter uma boa relação com os familiares, tal como com os

restantes utentes.

No que diz respeito à caracterização dos cuidados prestados pelas

Ajudantes de Lar, verifica-se que a maioria dos inquiridos demonstrou estar

satisfeito com os cuidados de higiene, alimentação e vestuário.

Os problemas apresentados ao nível da higiene centralizaram-se nas

questões do banho (por ser apenas uma vez na semana); ao nível do vestuário

Page 173: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

158

houve críticas em relação ao serviço de lavandaria e na alimentação apenas

uma utente referiu não receber o apoio necessário para a realização das

refeições diárias.

No que concerne aos cuidados ao nível do apoio sócio emocional

verificaram-se algumas dificuldades na percepção do mesmo, apesar de a

maioria referir que recebe esse apoio.

A maioria dos utentes inquiridos considerou que a relação com os

cuidadores é boa, valorizando a simpatia, o carinho e a atenção dos mesmos.

Os cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar foram classificados de

forma positiva.

Quanto aos factores que interferem na qualidade dos cuidados

prestados, a maioria dos utentes considerou que o desgaste dos cuidadores é

um factor potenciador. Os utentes inquiridos afirmaram que cuidadores

desgastados têm menos paciência, falta de força, cansaço excessivo e maior

tristeza, situações que se reflectem nos cuidados que prestam.

11.7- Análise dos Resultados

O envelhecimento populacional é um fenómeno em constante

crescimento, exigindo uma série de adaptações da sociedade.

Quando se vive mais anos, há uma tendência para se ser mais

dependente dos cuidados de terceiros.

Neste sentido, quando se aborda a temática do envelhecimento não se

pode deixar de referir a importância do cuidador para o bem-estar dos mais

velhos, principalmente dos dependentes.

Na investigação realizada verificou-se que, a totalidade dos inquiridos

apresentava problemas de saúde, sendo que a maioria (90%) encontrava-se

em situação de dependência.

De acordo com outros estudos analisados observa-se uma tendência

para a dependência dos idosos institucionalizados. Segundo Rocha (2009: 97),

no âmbito da investigação Stress e coping do cuidador de idoso em situação de

dependência, 98% dos idosos inquiridos apresentava uma situação de

dependência.

Page 174: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

159

No que concerne à satisfação dos utentes com a vida na Instituição,

60% dos inquiridos disseram ter uma vida razoável. Estes resultados vão ao

encontro de outras investigações, tais como a de Oliveira (2011), Qualidade de

vida dos Idosos do Centro de Convívio de Canidelo, em que a maioria dos

inquiridos disse não ter uma vida nem boa nem má.

Muitas vezes a satisfação dos utentes com a vida na Instituição está

relacionada com a entrada para o lar. A maioria dos utentes inquiridos não

escolheu entrar para o Lar, esta decisão foi tomada pela sua família.

Segundo Torrão (2010:17) são diversas as razões que justificam um

pedido de integração em Lar: “ o afastamento, o conflito nas relações familiares,

intromissão na privacidade de filhos/netos, a falta de condições habitacionais, falta de

tempo por parte dos familiares devido a circunstâncias profissionais, são as razões

apontadas com maior frequência de modo a justificar o pedido de integração, tendo a

família uma influência directa ou indirecta na tomada de decisão, pois a pessoa de

idade pensa ser um peso para a família com sentimentos de rejeição ou tolerância.”

Na perspectiva de Silva (2011:49) as melhorias na qualidade de vida dos

utentes podem estar relacionadas com a saúde dos próprios, o bem-estar na

instituição, o contexto familiar, as actividades, ocupações de tempos livres e a

situação financeira.

Na investigação realizada, os utentes inquiridos apresentaram alguns

factores promotores da melhoria do seu bem-estar, onde focaram factores

intrínsecos como a melhoria da saúde e consequente diminuição de

dependência e factores extrínsecos, centralizados na prestação de cuidados e

qualidades dos cuidadores.

As qualidades dos cuidadores que os utentes mais valorizaram foram a

simpatia, o carinho e a atenção. “É importante que o relacionamento entre paciente e cuidador seja construído

de modo afectivo para se obter uma boa qualidade de vida de ambas as partes. O

entendimento que cada um dos idosos possui das suas próprias características e o

modo como os cuidadores se relacionam com os idosos, assume-se como aspecto

essencial para melhorar a relação cuidador-idoso.” (Ferreira,2012:66-67).

A maioria dos utentes inquiridos demonstrou ter uma boa relação com os

seus cuidadores e restantes utentes, o que de acordo com Guiomar (2012)

Page 175: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

160

pode beneficiar o bem-estar dos mesmos e a adaptação ao contexto em que se

encontram.

No que diz respeito às actividades que realizam na instituição observou-

se que, a maioria apenas vê televisão e conversa com os restantes utentes,

apesar de existir uma grande diversidade de actividades.

Segundo CID et al (2005:64) “muitas pessoas que vivem em acolhimento

residencial passam os dias diante de um televisor colocado numa posição elevada,

sintonizada para um programa de pouco interesse e com o som alto, partindo do

princípio de que todos os residentes têm dificuldades auditivas. Esta prática deve ser

totalmente banida. (…) Os residentes devem participar em actividades da mais variada

natureza: desportivas, artísticas, culturais, recreativas ou religiosas. A estrutura

residencial deve estimular a participação dos residentes em actividades organizadas

na comunidade e deve também ter iniciativa própria neste campo.” (CID et al,

2005:64).

Relativamente à qualidade dos cuidados recebidos, a maioria dos

utentes inquiridos disse receber bons cuidados, no entanto, apresentou

diversos factores que podem originar a diminuição da qualidade dos mesmos,

tais como: o cansaço dos cuidadores, a falta de força, menos paciência, maior

tristeza, a empatia com os utentes, as características dos cuidadores, entre

outros. “A qualidade do cuidado é um termo de difícil definição e que se refere a

julgamentos de valores aplicados a determinados aspectos, propriedades, ingredientes

ou dimensões do cuidado.” (Ribeiro et al, 2009: 871).

Diversos estudos vão ao encontro dos factores apresentados pelos

utentes, como causadores da diminuição da qualidade dos cuidados. Segundo

Fragoso (2008) a paciência e a atenção são fulcrais para o bem-estar e

qualidade de vida dos utentes. “A paciência é um importante instrumento do cuidado com o qual eu permito

que o outro cresça respeitando o seu próprio tempo e a sua própria maneira.”

(Fragoso, 2008:56). “A atenção deve ser encarada considerando todas as dimensões inerentes ao

Ser Humano - a dimensão física, psíquica, social e espiritual. Além disso deve ser uma

atenção permanente e continuada, tendo em conta as necessidades individuais do

utente.” (Fragoso, 2008:57).

Page 176: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

161

Quanto aos resultados observados a nível dos cuidadores formais

inquiridos, verificou-se que a totalidade dos mesmos era do sexo feminino,

casados e apresentava uma baixa escolaridade.

Estes resultados coincidem com outros estudos onde se observou que, “de uma maneira geral, o perfil dos cuidadores de idosos em instituições de longa

permanência é representado por profissionais do sexo feminino, com estado civil

casado e baixo nível académico (possuindo a maioria a 4ª classe ou o 6º ano).” (Ribeiro et al, 2008:1291).

No que diz respeito à formação profissional verificou-se que, a maioria

das cuidadoras inquiridas tinha frequentado formações na área da Geriatria.

De acordo com Ferreira (2012:55) a maioria dos cuidadores formais de

idosos dependentes possuem formações na área da geriatria, envelhecimento,

cuidados básicos, cuidados de higiene, posicionamentos, primeiros socorros e

suporte básico de vida.

No âmbito da investigação Ser cuidador: um estudo sobre a satisfação

do cuidador formal de idosos, Ferreira (2012:54) verificou que, a maior parte

dos participantes trabalhava na instituição pela necessidade de emprego.

Estes resultados não vão ao encontro dos observados na investigação,

pois a maioria das Ajudantes de Lar do Anexo I demonstrou ter escolhido a

profissão pelo gosto de trabalhar com os idosos.

Relativamente à sobrecarga apresentada pelos cuidadores formais

observou-se que, a maioria se encontrava numa situação de sobrecarga

intensa. Estes resultados são semelhantes aos de outros estudos realizados no

âmbito dos cuidadores formais e informais de idosos dependentes.

Segundo o estudo realizado por Ricarte (2009:90) os cuidadores

apresentavam elevados níveis de sobrecarga, sendo que 41% do total dos

inquiridos tinham sobrecarga intensa.

As Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

referiram que além de sobrecarga física se sentiam desgastadas a nível

psicológico, no entanto os resultados da EADS-21 não apresentaram cotações

muito elevadas, sendo que o stress era a subescala com a cotação máxima.

Também noutras investigações, os resultados do desgaste psicológico

ficaram abaixo do desgaste físico. Mendes (2010:51) verificou que 50-80% dos

Page 177: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

162

cuidadores não manifestam sintomas depressivos clinicamente significativos,

não beneficiando de um tratamento que tenha como objectivo a sua redução.

Este facto pode estar relacionado com as estratégias de coping dos

cuidadores. As Ajudantes de Lar do Anexo I apresentaram estratégias como

manter a calma, esquecer os problemas, manter a boa disposição, trabalhar

em equipa, conviver com os utentes e caminhar após o trabalho.

Rocha (2009:105) apresentou diversas estratégias dos cuidadores

formais de idosos dependentes, tais como as estratégias centradas: na

prestação de cuidados, nas alternativas sobre a situação, no problema, no

cuidador, no meio e na partilha do problema.

Em termos gerais, as cuidadoras do Lar Anexo I apresentaram

dificuldades relacionadas com o número insuficiente de recursos humanos, a

excessiva carga física, a falta de tempo, de condições de infra-estruturas e

materiais, as dificuldades de trabalhar em equipa, de dar atenção aos utentes,

e comunicar com os mesmos.

Estas problemáticas acabam por suscitar dificuldades na prestação de

cuidados e originar o desgaste dos cuidadores e a diminuição da qualidade dos

serviços. “A sobrecarga de trabalho tem como consequência a falta de tempo para

desempenhar as actividades inerentes a sua ocupação, o que provoca impacto directo

na assistência prestada. Tendo em vista a complexidade e especificidade do

atendimento à pessoa idosa relatada pelos próprios cuidadores, a sobrecarga de

trabalho prejudica-os e aos idosos.” (Colomé et al, 2011:309).

Segundo Torrão (2010:21) as trabalhadoras existentes em cada

instituição são em baixo número e têm dificuldade em conseguir realizar o seu

trabalho com qualidade, prevalecendo a quantidade de serviço em detrimento

da qualidade.

No perspectiva de Barbosa et al (2011) a falta de tempo para executar

as tarefas e a falta de recursos disponíveis também foram referidos como

obstáculos à plena prestação de cuidados.

A falta de tempo e de recursos humanos repercute-se na dificuldade em

dar atenção aos utentes e em realizar uma série de actividades do quotidiano.

De acordo com Ribeiro et al (2009: 64), o acumular de actividades é uma

realidade presente nas Instituições, o que pode levar a situações negativas de

Page 178: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

163

desgaste físico e mental, repercutindo-se no atendimento ao idoso assim como

na sua própria qualidade de vida.

Apesar de todas as dificuldades do dia-a-dia profissional, as cuidadoras

do Lar Anexo I conseguiram destacar aspectos positivos no acto de cuidar,

nomeadamente o contacto com os utentes cuidados.

Noutros estudos, “a manutenção da dignidade e o sentimento de que se está

a contribuir para o bem-estar das pessoas idosas foram referidas como as principais

gratificações para os participantes.” (Barbosa et al, 2011:126).

As cuidadoras do Lar Anexo I demonstraram consciência de que

existem melhorias a fazer nos cuidados aos utentes e que o bem-estar dos

mesmos depende, entre outros factores, da atenção e dos cuidados prestados

pelos cuidadores.

Neste sentido, será necessário intervir não só ao nível dos idosos

dependentes mas também dos seus cuidadores, dos quais depende em grande

parte a qualidade de vida dos utentes.

Page 179: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

164

Parte III- Projecto de Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”

12- Proposta de Projecto de Intervenção

12.1 – Enquadramento

Na perspectiva de Guerra (2000) um projecto de intervenção deve

responder à expressão de um desejo, de uma vontade, de uma intenção mas

também à expressão de uma necessidade, de uma situação a que se pretende

responder.

Neste sentido, a autora (2000:126) define um projecto como “a resposta a

um desejo de mobilizar as energias disponíveis com o objectivo de maximizar as

potencialidades endógenas de um sistema de acção garantindo o máximo de bem-

estar para o máximo de pessoas.”

Para que se consiga desenhar um projecto de intervenção é necessário

seguir diferentes etapas. Estas sistematizam-se na “ identificação dos problemas

e diagnóstico; definição dos objectivos; definição de estratégias; programação de

actividades; preparação do plano de acompanhamento e de avaliação de trabalho e

publicitação dos resultados e estudo dos elementos para a prossecução do projecto”. (Guerra,2000:128). Com o intuito de dar resposta às principais prioridades de intervenção foi

proposto um Projecto no âmbito dos cuidadores formais de idosos

dependentes, designado “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”.

Seguidamente apresenta-se a sistematização das diferentes etapas

realizadas para a definição do Projecto. Inicialmente realizou-se a análise das

situações-problemas, surgindo as prioridades de intervenção, para as quais

foram definidos objectivos. Por último, planificou-se as diferentes acções e as

estratégias de avaliação das mesmas.

Page 180: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

165

12.2 – Análise das situações-problema

O diagnóstico é um processo de pesquisa-acção participado que permite

o conhecimento científico dos fenómenos sociais e a capacidade de definir

intervenções que atinjam as causas dos mesmos e não as suas manifestações

aparentes. Neste sentido “realizar um diagnóstico significa identificar as mudanças

sociais que formatam uma determinada problemática sobre a qual vamos intervir.”

(GUERRA, 2000:129)

Ao longo da investigação foram utilizados diferentes instrumentos de

recolha de dados (Entrevista, Inquérito por Questionário e Escalas de

Avaliação Psicológica) que permitiram realizar um diagnóstico das

necessidades de intervenção.

Quando se realizam investigações sociais é frequente que se

apresentem múltiplos problemas e necessidades sobre os quais não se pode

intervir simultaneamente, sendo, neste sentido, necessário definir quais os

problemas prioritários.

De acordo com Idáñez e Ander-Egg (1999:81) os critérios para se

estabelecer prioridades de intervenção devem responder a quatro questões:

Qual é o problema mais grave? O que trará maiores vantagens para o futuro?

Que necessidades e problemas se podem atender com os recursos

disponíveis? Quais os problemas que mais preocupam as pessoas?

Seguidamente apresenta-se um quadro síntese da análise das

situações-problema detectadas ao longo da investigação.

Page 181: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

166

Situ

açõe

s-pr

oble

ma

Cau

sas

Rec

urso

s / P

oten

cial

idad

es

Prop

osta

s de

inte

rven

ção

Des

gast

e fís

ico

do c

uida

dor

form

al d

e id

osos

dep

ende

ntes

E

xces

so d

e so

brec

arga

do

cuid

ador

form

al;

E

sfor

ço fí

sico

nas

activ

idad

es q

uotid

iana

s

com

os

uten

tes;

Fa

lta d

e pe

ssoa

l;

Fa

lta d

e es

paço

;

Fa

lta d

e co

ndiç

ões

para

traba

lhar

em

equ

ipa;

A

usên

cia

de té

cnic

as d

e

traba

lho;

Id

ade

do c

uida

dor f

orm

al.

Con

trata

ção

de re

curs

os

hum

anos

;

Ben

efic

iaçã

o de

pes

soal

volu

ntár

io p

ara

cola

bora

r nas

activ

idad

es d

iária

s do

s

uten

tes;

Can

aliz

ação

de

recu

rsos

finan

ceiro

s pa

ra a

mel

horia

das

infra

-est

rutu

ras.

C

onsi

dera

ndo

as

dific

ulda

des

finan

ceira

s da

Inst

ituiç

ão p

ropõ

e-se

:

Con

trata

r rec

urso

s

hum

anos

atra

vés

de

acor

dos

com

o In

stitu

to d

e

Em

preg

o e

Form

ação

Pro

fissi

onal

;

Ref

orça

r o p

esso

al

volu

ntár

io;

Sen

sibi

lizar

as

entid

ades

priv

adas

, no

sent

ido

de

apoi

arem

a re

estru

tura

ção

das

infra

-est

rutu

ras.

Qua

dro

nº 2

- Aná

lise

das

situ

açõe

s-pr

oble

ma

Page 182: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

167

Situ

açõe

s-pr

oble

ma

Cau

sas

Rec

urso

s / P

oten

cial

idad

es

P

ropo

stas

de

inte

rven

ção

Des

gast

e ps

icol

ógic

o do

cuid

ador

form

al d

e id

osos

depe

nden

tes

Tr

abal

ho c

om p

esso

as

com

dem

ênci

a;

Tr

abal

ho p

or tu

rnos

;

Fa

lta d

e de

scan

so d

o

cuid

ador

;

D

ificu

ldad

es d

e

com

unic

ação

com

os

uten

tes;

A

usên

cia

de m

otiv

ação

para

o tr

abal

ho c

om

idos

os.

Env

olvi

men

to d

os re

curs

os

hum

anos

da

Inst

ituiç

ão,

dest

acan

do a

impo

rtânc

ia d

as

estra

tégi

as d

e co

ping

.

In

terv

ir na

áre

a da

form

ação

prof

issi

onal

dos

cui

dado

res

form

ais,

abo

rdan

do te

mát

icas

com

o: a

mot

ivaç

ão, a

resi

liênc

ia, a

mul

tiplic

idad

e de

estra

tégi

as d

e co

ping

.

Ele

vado

s ní

veis

de

depe

ndên

cia

dos

uten

tes

Id

ade

do u

tent

e;

P

robl

emas

de

saúd

e do

uten

te c

uida

do;

D

ificu

ldad

e e/

ou

inca

paci

dade

de

real

izaç

ão

das

Act

ivid

ades

Bás

icas

da V

ida

Diá

ria

Env

olvi

men

to d

os u

tent

es n

o

sent

ido

da a

uton

omiz

ação

.

P

rom

over

act

ivid

ades

no

âmbi

to d

o tre

ino

e es

timul

ação

da m

emór

ia d

os u

tent

es, n

o

sent

ido

de re

tard

ar o

u

min

imiz

ar a

per

da d

e

capa

cida

des

func

iona

is.

Page 183: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

168

Situ

açõe

s-pr

oble

ma

Cau

sas

Rec

urso

s/Po

tenc

ialid

ade

Prop

osta

s de

inte

rven

ção

Difi

culd

ades

dos

cui

dado

res

form

ais

de id

osos

depe

nden

tes

na re

aliz

ação

do

dia-

a-di

a pr

ofis

sion

al

Fa

lta d

e es

paço

dos

quar

tos;

D

ificu

ldad

e na

hig

iene

diár

ia d

os u

tent

es m

ais

pesa

dos;

C

ompl

exid

ade

dos

prob

lem

as d

os u

tent

es;

Tr

abal

ho n

octu

rno;

Fa

lta d

e pe

ssoa

l;

D

ificu

ldad

e de

trab

alha

r

em e

quip

a;

Fa

lta d

e co

ndiç

ões

de

adap

tabi

lidad

e;

P

ouco

tem

po p

ara

dar

aten

ção

aos

uten

tes.

Con

trata

ção

de re

curs

os

hum

anos

;

Can

aliz

ação

de

recu

rsos

finan

ceiro

s pa

ra a

mel

horia

das

infra

-est

rutu

ras;

Sen

sibi

lizaç

ão d

os re

curs

os

hum

anos

par

a o

traba

lho

em

equi

pa.

Sen

sibi

lizar

a In

stitu

ição

,

atra

vés

de re

uniõ

es o

nde

foss

em a

pres

enta

das

as

dific

ulda

des

dete

ctad

as n

a

inve

stig

ação

, ao

níve

l da

nece

ssid

ade

de re

curs

os

hum

anos

e d

e m

elho

rias

nas

infra

-est

rutu

ras.

Pro

mov

er fo

rmaç

ões

para

os

cuid

ador

es fo

rmai

s no

âm

bito

da g

estã

o de

tem

po,

prio

ridad

es d

os c

uida

dos

e do

traba

lho

em e

quip

a.

Page 184: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

169

Situ

açõe

s-pr

oble

ma

Cau

sas

Rec

urso

s/ P

oten

cial

idad

es

Prop

osta

s de

Inte

rven

ção

Nec

essi

dade

de

mel

horia

s na

pres

taçã

o de

cui

dado

s ao

s

uten

tes

Fa

lta d

e te

mpo

;

Fa

lta d

e pe

ssoa

l;

Fa

ctor

es in

tríns

ecos

aos

cuid

ador

es;

P

ouca

ate

nção

dad

a ao

s

uten

tes;

Fa

lta d

e co

ndiç

ões

(mat

eria

l, in

fra-e

stru

tura

s);

P

robl

emas

de

higi

ene

pess

oal d

os u

tent

es;

C

uida

dos

de s

aúde

insu

ficie

ntes

;

E

scas

sez

de a

ctiv

idad

es

soci

ocul

tura

is.

Env

olvi

men

to d

os v

olun

tário

s

e fa

mili

ares

na

pres

taçã

o de

cuid

ados

aos

ute

ntes

.

Sen

sibi

lizaç

ão d

os re

curs

os

hum

anos

par

a a

impo

rtânc

ia

da m

elho

ria d

os c

uida

dos

aos

uten

tes;

Pro

mov

er a

cçõe

s de

form

ação

para

os

cuid

ador

es fo

rmai

s no

âmbi

to d

os c

uida

dos

aos

idos

os.

Sen

sibi

lizar

as

dife

rent

es

equi

pas

de tr

abal

ho (s

aúde

,

anim

ação

, acç

ão s

ocia

l,

psic

olog

ia),

atra

vés

das

chef

ias,

par

a a

impo

rtânc

ia d

a

inte

rven

ção

inte

rdis

cipl

inar

na

prom

oção

da

qual

idad

e do

s

cuid

ados

aos

ute

ntes

.

Page 185: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

170

Situ

açõe

s-pr

oble

ma

Cau

sas

Rec

urso

s/ p

oten

cial

idad

es

Prop

osta

s de

Inte

rven

ção

Inte

rferê

ncia

do

desg

aste

dos

cuid

ador

es fo

rmai

s na

qual

idad

e do

s cu

idad

os a

os

uten

tes

Im

paci

ênci

a do

s

cuid

ador

es;

A

ltera

ções

do

esta

do d

e

espí

rito

do c

uida

dor;

D

ificu

ldad

e em

sep

arar

o

âmbi

to p

esso

al d

o

prof

issi

onal

;

Fa

lta d

e fo

rça

e de

stre

za

do c

uida

dor;

M

enos

em

penh

o na

real

izaç

ão d

as ta

refa

s do

dia-

a-di

a;

E

xces

so d

e ca

nsaç

o do

cuid

ador

;

E

scas

sez

de re

curs

os

hum

anos

;

A

usên

cia

de e

mpa

tia p

ara

com

os

uten

tes.

Sen

sibi

lizaç

ão d

os c

uida

dore

s

para

a im

portâ

ncia

dos

mes

mos

na

qual

idad

e de

vid

a

dos

uten

tes

cuid

ados

.

S

ensi

biliz

ar a

s E

quip

as

Técn

icas

e M

esa

Adm

inis

trativ

a, a

travé

s da

apre

sent

ação

dos

resu

ltado

s

da in

vest

igaç

ão, p

ara

a

impo

rtânc

ia d

e cu

idar

dos

cuid

ador

es fo

rmai

s

Pro

mov

er a

cçõe

s de

form

ação

com

as

Aju

dant

es d

e La

r no

sent

ido

de s

e de

finir

estra

tégi

as q

ue e

vite

m o

u

min

imiz

em a

inte

rferê

ncia

do

desg

aste

na

qual

idad

e do

s

cuid

ados

pre

stad

os a

os

uten

tes.

Page 186: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

171

Fon

te: P

roje

cto

de In

terv

ençã

o “ C

uida

r de

quem

Cui

da d

e Id

osos

Inst

ituci

onal

izad

os”,

2013

/201

4

Situ

açõe

s-pr

oble

ma

Cau

sas

Rec

urso

s/Po

tenc

ialid

ades

Pr

opos

tas

de In

terv

ençã

o

Insa

tisfa

ção

dos

uten

tes

com

os c

uida

dos

rece

bido

s

P

erio

dici

dade

dos

ban

hos;

C

arên

cia

de h

igie

ne o

ral;

R

egul

arid

ade

da m

udan

ça

de fr

alda

;

P

rivaç

ão d

e cu

idad

os

esté

ticos

ao

níve

l do

cabe

lo e

das

unh

as;

Fa

lta d

e ap

oio

na

real

izaç

ão d

as re

feiç

ões;

In

satis

façã

o co

m o

ser

viço

de la

vand

aria

/ rou

paria

;

In

satis

façã

o co

m o

vest

uário

diá

rio;

D

ificu

ldad

e de

per

cepç

ão

de a

poio

sóc

io e

moc

iona

l

por p

arte

das

Aju

dant

es d

e

Lar.

Env

olvi

men

to d

os d

ifere

ntes

serv

iços

da

inst

ituiç

ão n

o

sent

ido

de m

elho

rar a

qual

idad

e do

s cu

idad

os

pres

tado

s ao

s ut

ente

s.

Fa

zer r

euni

ões

perió

dica

s

com

os

uten

tes

(alg

uns

repr

esen

tant

es),

Aju

dant

es d

e

Lar e

Enc

arre

gada

do

Lar,

onde

os

mes

mos

pos

sam

refe

rir a

s su

as in

satis

façõ

es

em re

laçã

o ao

s cu

idad

os

rece

bido

s.

Pro

mov

er a

col

abor

ação

ent

re

a E

ncar

rega

da e

Aju

dant

es d

e

Lar,

no s

entid

o de

mel

hora

r os

cuid

ados

pre

stad

os.

Page 187: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

172

12.3 – Objectivos do Projecto

Após o diagnóstico e a hierarquização das prioridades de intervenção

tornou-se possível definir as finalidades e os objectivos (gerais e específicos) a

atingir.

Segundo Guerra (2000:163) “as finalidades indicam a razão de ser de um

projecto e a contribuição que ele pode trazer aos problemas e às situações que se

torna necessário transformar.”

O Projecto de Intervenção “Cuidar de quem Cuida de idosos

Institucionalizados” tem como principal finalidade desenvolver estratégias de

promoção do bem-estar dos cuidadores formais e dos idosos dependentes dos

mesmos.

A definição dos objectivos não é uma tarefa fácil nem a distinção dos

objectivos gerais dos específicos.

De acordo com Guerra (2000:163) os objectivos gerais descrevem

grandes orientações para as acções e são coerentes com as finalidades do

projecto. Os objectivos específicos simbolizam a operacionalização dos

objectivos gerais, detalhando os mesmos. É com base nestes que é possível

proceder à avaliação final, pelo que têm de ser formulados com clareza e

precisão.

O objectivo geral do projecto é promover e divulgar estratégias

facilitadoras da prestação de cuidados, visando a diminuição do desgaste dos

cuidadores e a melhoria da qualidade dos cuidados prestados aos idosos

dependentes.

Os objectivos específicos das acções planificadas no Projecto seguem

os princípios básicos dos programas de intervenção ao nível dos cuidadores,

definidos por Sequeira (2010:248).

Estes princípios da intervenção ao nível dos cuidadores formais de

idosos dependentes são:

Centrar-se nas necessidades dos idosos dependentes e dos

cuidadores;

Ajudar o cuidador a reconhecer quando necessita de ajuda;

Ajudar a encontrar estratégias facilitadoras da prestação de

cuidados;

Page 188: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

173

Orientar para a planificação de actividades;

Ajudar o cuidador a aceitar que a sobrecarga pode ocorrer

naturalmente;

Incentivar o cuidador a cuidar de si próprio;

Orientar o cuidador sobre quando e a quem deve pedir ajuda;

Orientar o cuidador sobre tipos de ajudas existentes;

Incentivar o cuidador a estabelecer objectivos;

Ensinar técnicas de alívio de stress;

Orientar sobre estratégias promotoras da utilização dos recursos

pessoais;

Adoptar estratégias para manter/promover a automotivação;

Orientar o cuidador para se centrar nos aspectos positivos;

Orientar para importância da manutenção dos contactos sociais;

Promover a adopção de estratégias promotoras da independência

do idoso;

Salientar a importância da satisfação e do bem-estar, orientando

o cuidador para a implementação de estratégias que o promovam.

12.4 – Plano de acção do Projecto

Após a formulação dos objectivos realizou-se a planificação das acções

do projecto. “Um plano de acção não contém apenas as actividades e as tarefas, mas

também os restantes elementos de trabalho que constituem a totalidade das

actividades que se levarão a cabo: o plano de actividades propriamente dito –

actividades, tarefas, organização, recursos, calendário; plano de avaliação e plano de

pesquisa-acção.” (GUERRA, 2000:173)

Seguidamente apresenta-se um quadro síntese do plano de acção do

Projecto “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados.”

Page 189: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

174

Qua

dro

nº 3

- Pla

no d

e Ac

ção

Obj

ectiv

o ge

ral

Obj

ectiv

o es

pecí

fico

Acç

ão

Act

ivid

ades

Ta

refa

s R

espo

nsáv

eis

Rec

urso

s

Org

aniz

ar a

cçõe

s de

sens

ibili

zaçã

o no

âmbi

to d

o de

sgas

te

físic

o e

psic

ológ

ico

dos

cuid

ador

es

form

ais

de id

osos

depe

nden

tes.

O

rient

ar o

s

cuid

ador

es

form

ais

em

rela

ção

às

estra

tégi

as

faci

litad

oras

da

pres

taçã

o de

cuid

ados

.

Acçã

o 1

Org

aniz

ação

de

um

conj

unto

de

acçõ

es

de s

ensi

biliz

ação

,

deno

min

ado

“Cui

da(d

or) d

os

Cui

dado

res”

, no

âmbi

to d

o de

sgas

te

físic

o e

psic

ológ

ico

dos

cuid

ador

es

form

ais

de id

osos

depe

nden

tes.

1-C

onta

cto

com

os

prof

issi

onai

s qu

e se

mos

trem

dis

poní

veis

a

parti

cipa

r nas

acç

ões

de

sens

ibili

zaçã

o.

2- E

scol

ha d

o es

paço

físi

co

e re

curs

os n

eces

sário

s à

real

izaç

ão d

a ac

ção.

3- D

efin

ição

das

tem

átic

as

perti

nent

es p

ara

a

conc

retiz

ação

da

acçã

o.

1-C

onta

cto

com

prof

issi

onai

s da

SC

MS,

no s

entid

o de

parti

cipa

rem

com

o

orad

ores

das

acç

ões.

2- R

euni

ão c

om o

s

prof

issi

onai

s or

ador

es n

as

acçõ

es p

ara

a de

finiç

ão

de te

mát

icas

a a

bord

ar.

3- M

arca

ção

da S

ala

de

Form

ação

da

Inst

ituiç

ão.

4- R

equi

siçã

o de

recu

rsos

mat

eria

is n

eces

sário

s à

real

izaç

ão d

as a

cçõe

s.

5-D

ivul

gaçã

o da

s ac

ções

de s

ensi

biliz

ação

. 6-

Rea

lizaç

ão d

as

insc

riçõe

s na

s ac

ções

.

7- E

labo

raçã

o do

s

certi

ficad

os d

e

Nád

ia C

ruz

Enc

arre

gada

do

Lar

Anex

o I d

a S

anta

Cas

a da

Mis

eric

órdi

a de

Sine

s

Mes

trand

a de

Psic

oger

onto

logi

a

Com

unitá

ria, d

a

Esc

ola

Sup

erio

r de

Educ

ação

de

Bej

a.

Rec

urso

s hu

man

os

Ora

dore

s da

s

acçõ

es:

Psic

ólog

as -

Sor

aia

Que

ijo e

Eva

Zam

bujo

Soci

ólog

a - V

era

Alve

s

Assi

sten

te S

ocia

l -

Nád

ia C

ruz

Res

pons

ável

da

Ani

maç

ão -

Car

la

Cam

ocho

Enfe

rmei

ro -

Pedr

o

Sant

os

Fisi

oter

apeu

ta -

Gui

do J

únio

r

Aju

dant

es d

e La

r

do A

nexo

I da

Sant

a C

asa

da

Page 190: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

175

parti

cipa

ção

nas

acçõ

es.

8- P

artic

ipaç

ão n

as

acçõ

es d

e se

nsib

iliza

ção

com

o ou

vint

e e

orad

ora.

Mis

eric

órdi

a de

Sine

s

Pro

vedo

r

Mem

bros

da

Mes

a

Adm

inis

trativ

a

Col

abor

ador

es d

a

Inst

ituiç

ão

Rec

urso

s m

ater

iais

Dat

a Sh

ow

Com

puta

dor

Qua

dro

Mes

as

Cad

eira

s

Can

etas

Pape

l

Cer

tific

ados

Mat

eria

is d

idác

ticos

a de

finir

pelo

s

orad

ores

das

acçõ

es

Page 191: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

176

Obj

ectiv

o ge

ral

Obj

ectiv

o es

pecí

fico

Acç

ão

Act

ivid

ades

Ta

refa

s R

espo

nsáv

eis

Rec

urso

s

Inte

rvir

junt

o do

s

idos

os d

epen

dent

es

inst

ituci

onal

izad

os

no L

ar A

nexo

I da

Sant

a C

asa

da

Mis

eric

órdi

a de

Sine

s.

Evita

r a

detio

raçã

o da

s

capa

cida

des

func

iona

is d

os

uten

tes

depe

nden

tes,

visa

ndo

a

man

uten

ção

da

auto

nom

ia.

Acçã

o 2

Pro

moç

ão d

e um

prog

ram

a de

trei

no e

estim

ulaç

ão d

a

mem

ória

,

deno

min

ado

“ Rec

orda

r é v

iver

”,

para

os

idos

os

depe

nden

tes

do L

ar

Anex

o I d

a S

anta

Cas

a da

Mis

eric

órdi

a

de S

ines

.

1-C

onta

cto

com

prof

issi

onai

s qu

e se

mos

trem

dis

poní

veis

par

a

parti

cipa

r nas

acç

ões.

2-Es

colh

a do

esp

aço

físic

o

adeq

uado

e m

ater

iais

nece

ssár

ios.

3-Pe

squi

sa d

e té

cnic

as

utili

zada

s no

âm

bito

do

trein

o e

estim

ulaç

ão d

a

mem

ória

.

1-C

onvi

te a

os T

écni

cos

da S

anta

Cas

a da

Mis

eric

órdi

a de

Sin

es n

as

área

s da

Psi

com

otric

idad

e,

Rea

bilit

ação

, Psi

colo

gia

e

Ani

maç

ão S

ocio

cultu

ral.

2- P

rogr

amaç

ão d

e

activ

idad

es n

a âm

bito

da

estim

ulaç

ão d

a m

emór

ia

tais

com

o: té

cnic

as d

e

asso

ciaç

ão, i

mag

ens

visu

ais,

mne

món

icas

,

jogo

s de

mem

ória

s,

tera

pias

de

rem

anes

cênc

ia e

his

tória

s

de v

ida.

3- C

onta

cto

com

o

resp

onsá

vel d

o Sa

lão

Soci

al d

a In

stitu

ição

, no

sent

ido

de re

serv

ar o

Nád

ia C

ruz

Enc

arre

gada

do

Lar

Anex

o I d

a S

anta

Cas

a da

Mis

eric

órdi

a de

Sine

s

Mes

trand

a de

Psic

oger

onto

logi

a

Com

unitá

ria, d

a

Esc

ola

Sup

erio

r de

Educ

ação

de

Bej

a.

Rec

urso

s hu

man

os

Psi

com

otric

ista

-

Mar

ina

jesu

s

Ani

mad

ora

- Car

la

Cam

ocho

Psic

ólog

a - E

va

Zam

bujo

Assi

sten

te S

ocia

l -

Nád

ia C

ruz

Res

pons

ável

do

volu

ntar

iado

- R

ita

Cam

acho

Ute

ntes

da

Inst

ituiç

ão

Fam

iliare

s do

s

uten

tes

Volu

ntár

ios

Col

abor

ador

es

Page 192: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

177

espa

ço e

os

mat

eria

is

didá

ctic

os e

xist

ente

s no

mes

mo.

Rec

urso

s m

ater

iais

Mes

as

Cad

eira

s

Sala

Pape

l

Can

etas

Tint

as

Cal

endá

rio

Jogo

s tra

dici

onai

s

(car

tas,

dom

inó,

loto

, piã

o,

chin

quilh

o)

Foto

graf

ias

e

imag

ens

Livr

os (a

dvin

has,

poes

ia,

leng

alen

gas,

aned

otas

)

Rád

io

CD

’s

Jogo

s de

estim

ulaç

ão

cogn

itiva

Page 193: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

178

Obj

ectiv

o ge

ral

Obj

ectiv

o es

pecí

fico

Acç

ão

Act

ivid

ades

Ta

refa

s R

espo

nsáv

eis

Rec

urso

s

Cria

r um

esp

aço

de

parti

lha

para

os

cuid

ador

es fo

rmai

s

de id

osos

depe

nden

tes.

Min

imiz

ar a

inte

rferê

ncia

do

desg

aste

físi

co e

psic

ológ

ico

dos

cuid

ador

es

form

ais

de id

osos

depe

nden

tes

na

qual

idad

e do

s

cuid

ados

pres

tado

s ao

s

mes

mos

, atra

vés

da p

artil

ha d

e

sent

imen

tos,

expe

ctat

ivas

e

dific

ulda

des

no

âmbi

to

prof

issi

onal

e

pess

oal.

Acçã

o 3

Cria

ção

do e

spaç

o

“ E

scut

a A

ctiv

a”

para

os

cuid

ador

es

form

ais

de id

osos

depe

nden

tes.

1-C

onta

cto

com

os

resp

onsá

veis

da

Sant

a

Cas

a da

Mis

eric

órdi

a de

Sine

s pa

ra s

olic

itar a

auto

rizaç

ão d

a cr

iaçã

o de

um n

ovo

espa

ço n

a

Inst

ituiç

ão.

2-R

euni

ão c

om a

Equ

ipa

de P

sico

logi

a pa

ra

apre

sent

ar o

s re

sulta

dos

da in

vest

igaç

ão.

3- C

anal

izaç

ão d

os

recu

rsos

hum

anos

e

mat

eria

is p

ara

a co

nstru

ção

do e

spaç

o “ E

scut

a A

ctiv

a”.

1-D

efin

ição

dos

obj

ectiv

os

do e

spaç

o “E

scut

a

Activ

a”.

2-C

riaçã

o do

regu

lam

ento

de fu

ncio

nam

ento

do

novo

esp

aço.

3-C

onta

cto

com

o

prov

edor

Luí

s V

entu

rinha

e a

Res

pons

ável

da

Psic

olog

ia M

ónic

a

Ven

turin

ha p

ara

apre

sent

ar o

pro

ject

o do

espa

ço “

Esc

uta

Activ

a”.

4- S

olic

itaçã

o de

auto

rizaç

ão p

ara

o

func

iona

men

to d

o

espa

ço.

5- D

ivul

gaçã

o do

esp

aço

“ Esc

uta

Act

iva”

.

6- In

augu

raçã

o do

esp

aço

Nád

ia C

ruz

Enc

arre

gada

do

Lar

Anex

o I d

a S

anta

Cas

a da

Mis

eric

órdi

a de

Sine

s

Mes

trand

a de

Psic

oger

onto

logi

a

Com

unitá

ria, d

a

Esco

la S

uper

ior d

e

Educ

ação

de

Bej

a.

Món

ica

Ven

turin

ha

Res

pons

ável

do

Gab

inet

e de

Psic

olog

ia d

a S

anta

Cas

a da

Mis

eric

órdi

a de

Sine

s

Rec

urso

s hu

man

os

Est

agiá

rias

de

Psic

olog

ia S

orai

a

Que

ijo e

Joa

na

Sant

inho

s

Psic

ólog

as E

va

Zam

bujo

, Món

ica

Ven

turin

ha e

Mar

iana

Luc

as

Aju

dant

es d

e La

r

do A

nexo

I

Rec

urso

s m

ater

iais

Sala

Mes

as

Cad

eira

s

Mat

eria

is d

idác

ticos

Page 194: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

179

12.5 – Avaliação do Projecto

Após a definição do plano de acção é possível executar o projecto e

realizar a avaliação do mesmo.

Todos os projectos têm um “plano de avaliação que se estrutura em função

do seu desenho e é acompanhado por mecanismos de autocontrole que permitem, de

forma rigorosa, ir conhecendo os resultados e os efeitos de intervenção e corrigir as

trajectórias caso estas sejam indesejáveis.” (GUERRA, 2000:175)

A avaliação difere em relação a quem a realiza, às suas funções, aos

modelos, à temporalidade e aos critérios.

No que concerne à realização da avaliação, esta pode ser apenas

realizada pela equipa que a executa (auto-avaliação), pela organização gestora

do projecto (avaliação interna), pelas pessoas estranhas à organização

(avaliação externa) ou pela combinação de todas as avaliações (avaliação

mista).

Segundo Guerra (2000:186) a avaliação tem pelo menos quatro funções

principais: de medida; de utensílio de apoio à tomada de decisão; de processo

de formação e de aprofundamento da democracia participativa.

Relativamente aos diferentes modelos de avaliação, estes podem ser:

avaliação pela investigação, que se foca nos resultados e pretende generalizá-

los; avaliação por objectivos, que pretende avaliar se os objectivos são

atingidos; avaliação orientada para as decisões que precisam ser tomadas;

avaliação para maximizar a utilização dos resultados e a avaliação múltipla,

que depende de uma diversidade de actores.

No que diz respeito à temporalidade da avaliação esta pode ser

diagnóstica (pretende verificar se o projecto deve ou não ser implementado), de

acompanhamento (avalia a concretização do projecto) e final (mede os

resultados e efeitos do projecto).

Na perspectiva de Guerra (2000:198) a avaliação deve seguir os

seguintes critérios: adequabilidade (o projecto é adequado à realidade?);

pertinência (justifica-se o projecto?); eficácia (os objectivos foram

concretizados?), eficiência (confrontação entre os resultados e os recursos

disponibilizados); equidade (houve uma igualdade de oportunidades?) e

impacto (obteve-se uma melhoria da situação?).

Page 195: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

180

No caso específico do Projecto “Cuidar de quem Cuida de Idosos

Institucionalizados” a avaliação será mista e realizada ao longo do Projecto e

no final do mesmo.

No que diz respeito à auto-avaliação realizar-se-á uma ficha de

avaliação, onde se reflecte sobre a utilização dos critérios de adequabilidade,

pertinência, eficácia, eficiência, equidade e impacto. (vide apêndice VIII)

No final de cada acção haverá uma ficha de avaliação para todos os

participantes, onde se pretende verificar se os diferentes critérios e objectivos

foram atingidos. (vide apêndice IX)

A observação das acções e do dia-a-dia profissional dos cuidadores

formais, por parte do investigador, também servirá para reflectir acerca da

importância do Projecto e da continuidade, ou não, do mesmo.

Page 196: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

181

Conclusões

O envelhecimento da sociedade é uma realidade inevitável, fruto da

maior longevidade humana, o que acarreta um aumento dos índices de

dependência, de morbilidade e vulnerabilidade do idoso.

Esta realidade de uma sociedade mais envelhecida implica a

necessidade de se pensar em formas de assistência que promovam a

qualidade de vida do idoso e também do seu cuidador.

O cuidador necessita de apoios para realizar os cuidados adequados à

dependência dos utentes e necessidades dos mesmos. Verifica-se cada vez

mais a importância de “cuidar de quem cuida”.

Neste âmbito realizou-se uma investigação no Lar Anexo I da Santa

Casa da Misericórdia de Sines, com as Ajudantes de Lar e uma amostra dos

idosos institucionalizados no mesmo.

Na investigação realizada verificaram-se elevados níveis de desgaste

dos cuidadores (físico e psicológico), o que do ponto de vista da maioria dos

utentes, implica um decréscimo da qualidade dos cuidados prestados.

Os utentes participantes apresentam elevados níveis de dependência, o

que reafirma a importância dos cuidadores na prestação de cuidados aos

mesmos.

Os cuidadores referiram uma diversidade de razões que justificam a

situação de desgaste, sintetizando-se principalmente nos seguintes factores:

falta de espaço dos quartos; falta de tempo; falta de pessoal; esforço físico na

prestação de cuidados de utentes pesados; falta de condições materiais e de

infra-estruturas; dificuldade de trabalhar em equipa; trabalho por turnos;

dificuldade de comunicação com os utentes com demência.

Apesar de apresentarem elevados níveis de desgaste e de considerarem

que o mesmo afecta a sua saúde, os cuidadores destacam o gosto pelo

trabalho com os utentes, como um dos principais aspectos positivos no acto de

cuidar.

O gosto de trabalhar com os utentes acaba por ser identificado como

uma estratégia de coping, tal como o trabalho em equipa, o manter a calma e

boa disposição, o caminhar após o trabalho e a empatia com os utentes.

Page 197: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

182

Os cuidadores consideraram que poderiam melhorar a prestação de

cuidados ao nível da higiene e da atenção disponibilizada aos utentes.

Cerca de metade dos cuidadores formais inquiridos (seis Ajudantes de

Lar) afirmou que o seu desgaste físico e psicológico pode afectar a qualidade

dos cuidados que presta. As Ajudantes de Lar referiram terem menos força,

menos destreza, maior tristeza, mais impaciência e dificuldade em separar o

pessoal do profissional.

De um modo geral, os utentes participantes na investigação

demonstraram-se satisfeitos com os cuidados recebidos, apesar de referirem

que a qualidade dos mesmos pode ser afectada por um conjunto de factores

relacionados directamente com os cuidadores.

A falta de paciência, falta de força, menos empenho, maior tristeza e

mais cansaço dos cuidadores foram referidos como as razões que levam à

diminuição da qualidade dos cuidados recebidos. Além disso, os utentes

destacaram outros factores, como: a falta de recursos humanos, a pouca

empatia com os utentes e as características pessoais das Ajudantes de Lar.

Considerando os resultados apresentados foi definido um Projecto de

Intervenção, no sentido de promover estratégias de bem-estar para os

cuidadores e utentes cuidados.

Relativamente aos cuidadores formais, as acções planificadas baseiam-

se na promoção de estratégias que facilitem a prestação de cuidados, visando

a melhoria da qualidade de vida dos cuidadores (diminuição do desgaste físico

e psicológico) e da qualidade dos cuidados recebidos pelos utentes.

Ao nível dos utentes pretendem-se trabalhar a autonomização dos

mesmos, retardando a dependência ao nível das Actividades Básicas da Vida

Diária.

Em termos gerais, o Projecto de Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de

Idosos Institucionalizados” pretende, tal como o nome indica, cuidar dos

cuidadores formais de idosos, consciente de que o bem-estar dos mesmos se

repercute na melhoria da qualidade de vida dos utentes.

Page 198: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

183

Bibliografia Ander-Egg, E. e Idánez, M. (1995). Cómo elaborar un proyecto – Guia para

diseñar proyectos sociales y culturales. Argentina: LUMEN.

Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações.

Programa de Acção. (2012). Lisboa, pp. 1-18.

Bandeira, M. et al. (2012). Dinâmicas demográficas e envelhecimento da

população portuguesa: evolução e perspectivas. Projecto de Investigação.

Fundação Francisco Manuel dos Santos. Instituto do Envelhecimento da

Universidade de Lisboa.

Baptista, M. (2001). A Investigação em Serviço Social. Lisboa: Cpihts.

Batista, L. et al. (2002). Santa Casa da Misericórdia de Sines. Breves Notas da

Sua História.

Barbosa, A. et al. (2011). Cuidar de idosos com demência em instituições:

competências, dificuldades e necessidades percepcionadas pelos cuidadores

formais. Psicologia, Saúde & Doenças, 12 (1), pp. 119-129.

Bauab,J. (2013). O cotidiano, a qualidade de vida e a sobrecarga de idosos em

processo demencial de uma unidade escola ambulatorial. Programa de Pós-

graduação em Terapia Ocupacional. São Carlos: Universidade Federal- Centro

de Ciências Biológicas e da Saúde.

Brito, M. (2000). A saúde mental dos prestadores de cuidados familiares a

idosos. Dissertação de Mestrado em Psiquiatria e Saúde Mental. Universidade

do Porto- Faculdade de Medicina.

Camacho, A. (2002). A Gerontologia e a interdisciplinaridade: aspectos

relevantes para a enfermagem. Revista Latino-am Enfermagem, 10 (2), pp.229-

233.

Page 199: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

184

Canon, M. e Novelli, M. (2012). Identificação dos sintomas comportamentais e

psicológicos em idosos moradores de uma Instituição de Longa Permanência.

Revista Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, vol. (23), pp.72-

80.

Capucha, L. (s/d). Envelhecimento e políticas sociais: novos desafios aos

sistemas de protecção. Protecção contra o “ risco de velhice”:que risco?, pp.

337-347.

CID et al. (2005). Manual de Boas Práticas- Um guia para o acolhimento

residencial das pessoas mais velhas. Lisboa: Instituto da Segurança Social, IP.

Coelho, A. et al. (2002). Dicionário Actual de Língua Portuguesa. Porto:

Edições ASA.

Colomé, I. et al. (2011). Cuidar de Idosos Institucionalizados: características e

dificuldades dos cuidadores. Revista Electrónica de Enfermagem, 13 (2),

pp.306-12.

Costa, E. (2010). Depressão: Consumo de Antidepressivos em Portugal e na

Europa. Monografia em Licenciatura de Ciências Farmacêuticas. Porto:

Universidade Fernando Pessoa. Faculdade de Ciências da Saúde.

Cramês, M. (2012). Envelhecimento activo no idoso institucionalizado. Instituto

Politécnico de Bragança – Escola Superior de Educação.

Cunha, M. (2011). Impacto Positivo no Acto de Cuidar no Cuidador Informal do

Idoso: Um estudo exploratório nos domicílios do Concelho de Gouveia.

Mestrado Integrado em Psicologia. Universidade de Lisboa - Faculdade de

Psicologia.

Page 200: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

185

Decreto-Lei nº 414/99 de 15 de Outubro. Diário da República I - Série A. Nº

241, 15-10-1999, pp.6967-6971.

Direcção Geral de Saúde. (s/d). Envelhecimento Saudável. Programa Nacional

de Saúde das Pessoas Idosos, pp. 1-5.

Eco, H. (2007). Como se faz uma Tese em Ciências Humanas. Barcarena:

Editorial Presença.

Falcão, D. et al. (2009). Contribuições da Psicologia à Gerontologia: reflexões

sobre o ensino, pesquisa e extensão. Revista Kairós, pp. 43-58.

Ferreira, M. (2012). Ser cuidador: um estudo sobre a satisfação do cuidador

formal de idosos. Dissertação de Mestrado em Educação Especial. Escola

Superior de Educação de Bragança.

Fragoso, V. (2008). Humanização dos cuidados a prestar ao idoso

institucionalizado. Revista IGT na Rede, v. 5, n° 8,pp.51-61.

Foddy, W. (2002). Como Perguntar – Teoria e Prática de Construção de

Perguntas em Entrevistas e Questionários. Oeiras: Celta Editora.

Gameiro, S. et al. (2008). Sintomatologia Depressiva e Qualidade de Vida da

População em Geral. Psicologia, Saúde & Doenças, 9 (1), pp.103-112.

Ghiglione, R. e Matalon, B. (1997). O Inquérito – Teoria e prática. Oeiras: Celta

Editora.

Goméz, J. (2010). Impacto de um Programa de Relaxamento na Percepção de

Stress nos Cuidadores Formais de um Lar do Concelho de Águeda. Tese de

Mestrado em Terapia Ocupacional. Porto: Escola Superior Tecnológica de

Saúde do Porto.

Page 201: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

186

Guerra, I. (2000). Fundamentos e Processos de uma Sociologia de Acção.

Cascais: Principia.

Guiomar, V. (2010). Compreender o envelhecimento bem-sucedido a partir do

suporte social, qualidade de vida e bem-estar social dos indivíduos em idade

avançada. Mestrado em Psicologia da Saúde. Instituto Politécnico de Beja.

Hill, M. e Hill, A. (2005). Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.

Idánez, M. e Ander-Egg, E. (1999).Diagnóstico Social. Conceptos y

metodologia. Madrid: ICSA.

Leal, I. et al. (2009). Estudo de Escala de Depressão, Ansiedade e Stresse

para Crianças (EADS- C). Psicologia, Saúde & Doenças, 10 (2), pp.277-284.

Martins, R. (s/d). A relevância do apoio social na velhice. Educação, Ciência e

Tecnologia, p. 128-134.

Matos, A. (2012). Ansiedade, Depressão e Coping na Dor Crónica. Tese de

Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde. Porto: faculdade de Ciências

Sociais e Humanas.

Mendes, J. (2010). A Vivência Subjectiva dos Cuidadores de Pessoas com

Demência: Temas Centrais, Sintomatologia Emocional e Estratégias de

Controlo. Tese de Mestrado Integrado em Psicologia. Lisboa: Universidade de

Lisboa. Faculdade de Psicologia.

Miguel, M. et al. (2007). A dependência na velhice sob a óptica de cuidadores

formais de idosos institucionalizados. Revista Electrónica de Enfermagem, Vol.

09, pp. 784-795.

MTSS. (2009). Carta Social – Rede de Equipamentos e Serviços. A

Dependência: o Apoio Informal, a Rede de Serviços e Equipamentos e os

Cuidados Continuados Integrados. Lisboa: GEP.

Page 202: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

187

Néri, A. (2004). Contribuições da Psicologia ao estudo e à intervenção no

campo da velhice. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano,

pp. 69-80

Oliveira, I. (2011).Qualidade de vida dos Idosos do Centro de Convívio de

Canidelo. Projecto de Graduação para a Licenciatura em Enfermagem. Porto:

Universidade Fernando Pessoa. Faculdade de Ciências da Saúde.

Oliveira, M. et al. (2007). O conceito de cuidador analisado numa perspectiva

autopoiética: do caos à autopoiése. Psicologia, Saúde & Doenças, 8 (2), pp.

181-196.

Ornelas, J. (2008). Psicologia Comunitária. Lisboa: Fim de Século, Edições,

Sociedade Unipessoal, Lda.

Pacheco, M. (2011).Percepção da Qualidade de Vida dos Idosos do Centro de

Dia da Cruz Vermelha Portuguesa de Vila Nova de Gaia. Projecto de

Graduação para a Licenciatura em Enfermagem. Porto: Universidade Fernando

Pessoa. Faculdade de Ciências da Saúde.

Pais-Ribeiro, J; Honrando, A. e Leal, I. (2004). Contribuição para o estudo da

adaptação portuguesa das Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS)

de 21 itens de Lovibond e Lovibond. Psicologia, Saúde & Doenças, 5 (2), pp.

229-239.

Paúl, C. (2005). Envelhecimento activo e redes de suporte social. Sociologia,

Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto,

Vol. 15, pp. 275-287.

Pereira, F. (2009). Serviço Social e Gerontologia – articulações e fronteiras.

Resumo da apresentação no 3º Congresso da Association Internationale pour

la Formation, la Recherche, L’Intervention Social et Developpement: Quelles

references pour quelles pratiques. Hammamet, Tunisie.

Page 203: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

188

Prado, S. et al. (2006). A gerontologia como campo do conhecimento científico:

conceito, interesses e projecto político. Ciência & Saúde Colectiva, 11 (2),

pp.491-501.

Quivy, R. e Campenhoudt, L. (2003). Manual de Investigação em Ciências

Sociais. Lisboa: Gradiva.

Ribeiro, M. et al. (2008). Perfil dos Cuidadores de Idosos nas Instituições de

Longa Permanência em Belo Horizonte, MG. Ciência & Saúde Colectiva, 13

(4), pp.1285-1292.

Ribeiro, M. et al. (2009).Processo de cuidar nas instituições de longa

permanência: visão dos cuidadores formais de idosos. Revista Brasileira de

Enfermagem, 62 (6), pp.870-875.

Ricarte, L. (2009). Sobrecarga do cuidador informal de idosos dependentes no

Concelho de Ribeira Grande. Dissertação de Mestrado em Ciências de

Enfermagem. Universidade do Porto.

Robertis, C. (1992). Metodologia de la intervencion en trabajo social.

Barcelona: El Anteneo.

Rocha, B. (2009). Stresse e coping do cuidador informal do idoso em situação

de dependência. Mestrado em Psicologia da Saúde. Universidade do Algarve.

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais.

Santa Casa da Misericórdia de Sines. (2013).Regulamento Interno da Santa

Casa da Misericórdia de Sines, pp. 1-19.

Santos, S. (2010). Concepções teórico-filosóficas sobre envelhecimento,

velhice, idoso e enfermagem gerontogeriátrica. Revista Brasileira de

Enfermagem, 63 (6), pp. 1035-1039.

Page 204: “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção

189

Saraiva, D. (2011). O olhar dos e pelos cuidadores: os impactos de cuidar e a

importância do apoio ao cuidador. Tese de Mestrado em Intervenção Social,

Inovação e Empreendedorismo. Coimbra: Universidade de Coimbra.

Sequeira, C. (2010). Cuidar de Idosos com Dependência Física e Mental.

Lisboa: Lidel.

Silva, A. (2011). A Percepção da Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado.

Projecto de Graduação para a Licenciatura em Enfermagem. Porto:

Universidade Fernando Pessoa. Faculdade de Ciências da Saúde.

Sousa, M. e Baptista, C. (2011). Como Fazer Investigação, Dissertações,

Teses e Relatórios Segundo Bolonha. Lisboa: PACTOR.

Torrão, A. (2010). O Bem-Estar Subjectivo das Ajudantes de Lar. Tese de

Mestrado em Psicologia da Saúde. Universidade do Algarve - Faculdade de

Ciências Humanas e Sociais. Instituto Politécnico de Beja - Escola Superior de

Educação de Beja.

Webgrafia

http://guiabemcuidardoidoso.epbjc.pedome.net/, acedido a 2 de Agosto de

2013.

http://www.app.com.pt/, acedido a 4 de Agosto de 2013.

http://psicogerontologia.blogspot.pt/, acedido a 4 de Agosto de 2013.

http://www.scmsines.org, acedido em Agosto de 2013 e Abril de 2014.

http://carlos-sequeira-porto.blogspot.pt/, acedido em Setembro de 2013.

http://www.ine.pt/, acedido em Setembro de 2013.