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RESUMO: A tecnologia digital e o decorrente processo de digitalização das mídias gerou o redirecionamento paradigmático da comunicação. Com a emergência das mídias sociais, o processo de reconfiguração dos fluxos comunicativos viabilizou novas relações sociais, que impactam em toda a sociedade e nas formas de se planejar, produzir e veicular conteúdo. O objetivo desse artigo é relatar o processo de realização da pesquisa intitulada Mídias sociais: ten-dências e desafios da comunicação em rede, conduzida pelo grupo de pesquisa da Anhanguera Educacional e apresentar os principais resultados obtidos na investigação. Essa artigo foi elaborado a partir de uma perspectiva descritiva, com abordagem qualitativa. O projeto desenvolvido resultou na publicação de 09 artigos no período de um ano, apresentados nos principais eventos organizados por sociedades científicas da área de Comunicação Social. Verifica-se a necessidade de organização acadêmica dos estudos sobre mídias sociais, por ser um tema recente e estudado por várias áreas do conhecimento. Esse estudo contribuiu por sistematizar possíveis abordagens a aplicações das redes sociais digitais. ABSTRACT: Digital technology and the due process of digitization of media generated a communication paradigm redirection. With the emergence of social media, the process of flows communicative reconfiguration enabled new social relations that impact on the whole society and the ways to plan, produce and distribute content. The aim of this paper is to describe the process of conducting and present the main results obtained in the investigation research entitled Social Media: trends and challenges of network communication, conducted by the research group of Anhanguera. This article was prepared from a descriptive perspective with a qualitative approach. The developed project resulted in the publication of 09 articles in one year, presented in the main events organized by scientific societies in the Media field. As a recent theme and studied by various knowledge areas, there is a need for academic studies organization on social media. This study contributed to organize possible approaches and applications of online social networks. MÍDIAS SOCIAIS Publicação Anhanguera Educacional Ltda. Coordenação Instuto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Correspondência Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas - SARE [email protected] v.6 • n.16 • 2012 • p. 19-38 Maria Cândida de Almeida Castro – Centro Universitário Anhanguera de São Paulo - unidade Brigadeiro Monica Franchi Carniello – Faculdade Anhanguera de Jacareí - Unidade 1 Adriana Pessatte Azzolino – Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara Adolpho Carlos Françoso Queiroz – Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara Tércio de Abreu Paparoto - Faculdade Anhanguera de Osasco ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE Palavras-chave: Comunicação Digital, Mídias Sociais, Redes Sociais Digitais. Keywords: Digital Communication, Social Media, Digital Social Networking. argo original Recebido em: 14/12/2012 Avaliado em: 28/12/2012 Publicado em: 19/05/2014 Tendências e desafios da comunicação em rede

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RESUMO: A tecnologia digital e o decorrente processo de digitalização das mídias gerou o redirecionamento paradigmático da comunicação. Com a emergência das mídias sociais, o processo de reconfiguração dos fluxos comunicativos viabilizou novas relações sociais, que impactam em toda a sociedade e nas formas de se planejar, produzir e veicular conteúdo. O objetivo desse artigo é relatar o processo de realização da pesquisa intitulada Mídias sociais: ten-dências e desafios da comunicação em rede, conduzida pelo grupo de pesquisa da Anhanguera Educacional e apresentar os principais resultados obtidos na investigação. Essa artigo foi elaborado a partir de uma perspectiva descritiva, com abordagem qualitativa. O projeto desenvolvido resultou na publicação de 09 artigos no período de um ano, apresentados nos principais eventos organizados por sociedades científicas da área de Comunicação Social. Verifica-se a necessidade de organização acadêmica dos estudos sobre mídias sociais, por ser um tema recente e estudado por várias áreas do conhecimento. Esse estudo contribuiu por sistematizar possíveis abordagens a aplicações das redes sociais digitais.

ABSTRACT: Digital technology and the due process of digitization of media generated a communication paradigm redirection. With the emergence of social media, the process of flows communicative reconfiguration enabled new social relations that impact on the whole society and the ways to plan, produce and distribute content. The aim of this paper is to describe the process of conducting and present the main results obtained in the investigation research entitled Social Media: trends and challenges of network communication, conducted by the research group of Anhanguera. This article was prepared from a descriptive perspective with a qualitative approach. The developed project resulted in the publication of 09 articles in one year, presented in the main events organized by scientific societies in the Media field. As a recent theme and studied by various knowledge areas, there is a need for academic studies organization on social media. This study contributed to organize possible approaches and applications of online social networks.

MÍDIAS SOCIAIS

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhanguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v.6 • n.16 • 2012 • p. 19-38

Maria Cândida de Almeida Castro – Centro Universitário Anhanguera de São Paulo - unidade BrigadeiroMonica Franchi Carniello – Faculdade Anhanguera de Jacareí - Unidade 1Adriana Pessatte Azzolino – Faculdade Anhanguera de Santa BárbaraAdolpho Carlos Françoso Queiroz – Faculdade Anhanguera de Santa BárbaraTércio de Abreu Paparoto - Faculdade Anhanguera de Osasco

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

Palavras-chave: Comunicação Digital, Mídias Sociais, Redes Sociais Digitais.

Keywords: Digital Communication, Social Media, Digital Social Networking.

artigo originalRecebido em: 14/12/2012Avaliado em: 28/12/2012Publicado em: 19/05/2014

Tendências e desafios da comunicação em rede

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Mídias sociais: tendências e desafios da comunicação em rede

1. IntrODuçãO

O elemento midiático compõe e transforma as relações sociais. Com o desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação, representativas transformações ocorreram em vários campos de atuação humana. Há evidentes marcos desse processo ao longo da história, tais quais a própria invenção da escrita, a prensa de Gutemberg, o advento da fotografia e, posteriormente do cinema. Não são apenas novas tecnologias, e sim fatos técnico-comunicativos que modificam o paradigma relacional da sociedade.

Um redirecionamento paradigmático da comunicação está em curso, decorrente de um processo de inovação tecnológica historicamente recente: a tecnologia digital. A possibilidade de reestruturar os fluxos de comunicação em forma de rede, viabilizada pela tecnologia digital, rompe com o modelo linear de comunicação, instituindo espacialidades antes inexistentes para o estabelecimento de relações socio-comunicacionais e definitivamente demarcando uma nova fase da conversação humana, na qual evidencia-se a possibilidade de usuários comuns, desvinculados dos grandes grupos de mídia, produzirem e distribuírem conteúdo em escala global.

O cenário atual da Comunicação Social é resultante da intensa atualização tecnológica dos meios de comunicação, oportunizando novas formas de comunicação interpessoal, dentre as quais as redes sociais digitais, que constituem o objeto desse estudo.

A partir de meados da primeira década do século XXI, observa-se de forma mais evidente a emergência de mídias sociais nas quais pessoas, com distintas intencionalidades, passam a criar seus perfis para interagir entre si, formando agrupamentos sociais que teriam pouca probabilidade de acontecer fora do espaço midiático ou em um cenário marcado pela comunicação de massa.

A partir desse contexto, verifica-se que as várias instâncias e aplicações da comunicação se remodelam e passam a incorporar as mídias sociais em seus processos, tornando os reflexos do fenômeno técnico-comunicativo da digitalização das mídias visíveis em todas as atividades humanas.

Nesse contexto marcado pela complexidade dos fluxos comunicativos, a investigação desenvolvida pelo grupo de pesquisa da Anhanguera Educacional no campo da Comunicação Social tomou por objeto de estudo processos de comunicação estabelecidos pela mediação das redes sociais, buscando compreender como efetivamente as mídias estão sendo exploradas por indivíduos, grupos e instituições.

Para tal, foram delimitadas as seguintes vertentes: a abordagem semiótica das linguagens que compõem as mídias sociais; a formação das relações sociais e capital social nas redes sociais em ambiente midiático; o uso de suportes de comunicação compartilhada favorecem e se prestam como plataforma de produção literária; o uso das mídias sociais nas estratégias de marketing de produtos globais; e o estado da arte do uso de redes sociais

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digitais como plataformas públicas de estratégias e campanhas políticas. Tais abordagens permitem avançar nas reflexões sobre esse fenômeno técnico-comunicativo contemporâneo, passível de estudos e que necessita ser discutido, monitorado, compreendido.

Tal estudo encontra interlocução com grupos de pesquisa nacionais e posiciona a instituição de ensino superior que sedia o grupo e viabiliza a pesquisa entre os núcleos produtores de conhecimento na área de Comunicação Social. Segundo Gobbi e Assis (2011, p.8)

O último censo realizado pelo CNPq, a respeito dos cadastros em seu Diretório de Grupos de Pesquisa, é datado de 2008. Esse levantamento aponta que, no país, até aquela ocasião, havia 366 grupos institucionalizados, cuja área predominante12 é a Comunicação, subordinada à grande área de Ciências Sociais Aplicadas.

O objetivo desse artigo é relatar o processo de realização da pesquisa sobre mídias sociais conduzida pelo grupo de pesquisa da Anhanguera Educacional e apresentar os principais resultados obtidos na investigação.

2. MÍDIAS SOCIAIS e prOCeSSOS COMunICAtIvOS

2.1. Redes sociais digitais

As relações sociais mediadas pelos meios de informação e da comunicação e o advento da globalização acabam por se revelarem efetivamente um poderoso ”ativador” das mudanças sociais.

Esse contexto, que se consolida na primeira década do século XXI, quando as especificidades do que se denomina cultura digital se delineiam com mais precisão, resulta em formas de interação e agrupamentos sociais específicos, bem como em diversas aplicações da comunicação digital por parte de indivíduos, instituições formais e não formais.

Os agrupamentos humanos se estruturam em redes sociais, compreendidas como “estruturas dinâmicas e complexas formadas por pessoas com valores e/ou objetivos em comum, interligadas de forma horizontal e predominantemente descentralizada” (SOUZA; QUANDT, 2008, p.34). Em ambiente midiático, as redes se tornam ainda mais evidentes como uma dimensão da sociedade contemporânea, e os fluxos de comunicação são elemento essencial dessa forma de organização humana.

As redes se configuram como uma nova forma de organização das atividades humanas, potencializadas e evidenciadas pelos sistemas de comunicação contemporâneos. Castells (1996) compreende esse fenômeno como uma nova estrutura social, que fundamenta o que ele designou de “sociedade em rede”.

É possível identificar alguns dos principais efeitos da sociedade em rede, entre eles o processo de individualização das mídias, o que Miconi (2008) nomeou como personal

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media, que se refere à “customização” do conteúdo midiático à escala individual. Outro efeito é a emergência de novas formas de agregação social viabilizado pela estrutura de comunicação em rede.

Ao compreender a sociedade contemporânea com uma organização na qual a rede é a estrutura principal, Castells (1996) visualiza a Internet como viabilizadora de uma configuração social, superando a leitura simplista de resumi-la em um sistema fractal. Importante ressaltar que o conceito de rede extrapola os limites da mídia, e sim se aplica à estrutura social como um todo, evitando uma leitura determinista de que a mídia define a organização sociedade, negligenciando as outras variáveis que incidem sobre a dinâmica social.

As redes constituem uma proposta democrática de realização do trabalho coletivo e de circulação do fluxo de informações, elementos essenciais para o processo cotidiano de transformação. [...] Uma estrutura em rede – que é uma alternativa a estrutura piramidal – correspondente também ao que seu próprio nome indica: seus integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam (WHITAKER, 2007, p. 4).

Segundo Duarte, Quandt e Souza (2008, p.14), “[...] grande parte das estruturas cognitivas, infra-estruturais e sociais, em um futuro próximo, funcionará sob a forma de redes, ou estarão sob sua influência direta”. Tal configuração social impacta nos valores e estruturas organizacionais existentes até então. Conforme Rifkin (2000, p.11), “essa nova era vê as redes tomarem o lugar dos mercados e a noção de espaço substituir a de propriedade” [tradução da autora].

Torna-se necessário compreender como são articuladas as redes. Rheingold (2002) destaca características da organização das pessoas na era digital:

• ausência de um controle centralizador imposto;• autônoma natureza das subunidades;• alta conectividade entre as subunidades, e• casualidade não-linear de iguais influenciando iguais. [tradução da autora]Castells (1996, p.191), responsável por cunhar e disseminar o termo “sociedade em

rede” em ambiente acadêmico, identifica cinco tipos de redes, sob a perspectiva da nova economia: redes de fornecedores; redes de produtores; redes de clientes; redes de alianças; redes de cooperação tecnológica.

O conceito de rede pode ser identificado em sistemas estruturais de seres vivos, bem como ser transposta para o campo social, enfoque desse estudo. Capra (2008, p.22) afirma que “redes sociais são, acima de tudo, redes de comunicação que envolvem linguagem simbólica, restrições culturais, relações de poder etc.”. Ora, se são sistemas de comunicação, com o advento das mídias digitais, as redes sociais foram potencializadas. O autor destaca

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ainda que “os sistemas sociais trocam informações e ideias em redes de comunicação”. Para ele, as redes sociais fundamentam-se no reino do sentido. E fortalecida, assim, a relação das redes sociais com a comunicação, expressa na emergência das mídias sociais. Portanto, a emergência das redes afeta estruturalmente a sociedade, no campo cognitivo e organizacional.

Ressalta-se a distinção entre redes sociais e mídias sociais, partindo da premissa de que as redes sociais existem também em ambiente off line. “Redes sociais são estruturas dinâmicas e complexas formadas por pessoas com valores e/ou objetivos em comum, interligadas de forma horizontal e predominantemente descentralizada” (SOUZA; QUANDT, 2008, p.34). As mídias sociais são elementos potencializadores de formação de redes sociais.

Souza e Quandt (2008, p. 35) destacam algumas características gerais das redes sociais, com ênfase nas que se formam e/ ou atuam por meio das mídias sociais:

- redes sociais podem assumir diferentes formatos e níveis de formalidade no decorrer do tempo.

- redes sociais podem surgir em torno de objetivos diversos: políticos, econômicos, culturais, informacionais, entre outros.

- redes sociais informais são baseadas em alto fluxo de comunicação e inexistência de contratos formais reguladores do resultado das interações.

É fato que, “com as novas tecnologias de informação e comunicação, as redes se tornaram um dos fenômenos sociais mais proeminentes de nossa era” (CAPRA, 2008, p.18). Tal contexto amplia as possibilidades de formação e interação das redes sociais, uma vez que a possibilidade de comunicação é elemento essencial para que os elementos que compõem a rede compartilhem significados, o que evidencia a dimensão simbólica das redes sociais.

As redes permitem a formação de novas espacialidades sociais. Santaella (2008, p.21) denomina esses espaços de espaços intersticiais, uma vez que “ eles têm a tendência de dissolver as fronteiras rígidas entre o físico, de um lado, e o virtual, de outro, criando um espaço próprio que não pertence nem propriamente a um, nem ao outro”. Ressalta-se que “sem que os espaços físicos e os espaços digitais anteriores deixem de existir, cria-se, na verdade, um terceiro tipo de espaço, inteiramente novo [...]” (SANTAELLA, 2008, p.22). Tal afirmação reforça a importância dos espaços sociais previamente existentes ao surgimento das mídias sociais como elementos que constituem e influenciam diretamente a formação de grupos em ambiente midiático.

Já Planells (2002) decompõe o conceito de ciberespaço, ao destacar a sua imaterialidade física e sua condição de espaço praticado. Para o autor, “este espacio (social) del que nos ocupamos se caracteriza por existir en una dimensión que no tiene existencia material, física” (PLANELLS, 2002, p.237). Em relação ao espaço praticado, o autor destaca o caráter eminentemente social do ciberespaço. “La referencia a un (ciber)espacio praticado nos pone

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sobre la pista de una cualidad ontológica determinante del ciberespacio en general: su paticularidad eminentemente social” (PLANELLS, 2002, p.240).

A esse espaço Castells (1999) atribui o nome de “espaço dos fluxos”, no qual as relações interculturais, econômicas e sociais ocorrem em tempo real. “O espaço de fluxos é a organização material das práticas sociais de tempo compartilhado que funcionam por meio de fluxos” (CASTELLS, 1999, p.436).

A partir dessas reflexões, torna-se possível entender que no ambiente das mídias digitais podem ser formadas redes sociais, mas que estas não dependem exclusivamente das mídias para serem viabilizadas. “Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas, compreendida através de uma metáfora de estrutura, a estrutura da rede social” (RECUERO, 2009, p.29). Com o advento das mídias sociais, as redes existem, dialogam, atuam também em ambiente on line, que se constitui como uma outra espacialidade relacional. Lemos (2008) a nomeia de espaço informacional, que consiste em múltiplas camadas de conexão entre o físico e o virtual. É fato que as relações e práticas sociais ocorrem em simultaneidade em espaços físicos e virtuais.

Retomando Planells (2002, p.241),

Este ciberespacio como espacio praticado se caracteriza por la maleabilidad de los contenidos sociales y por la flexibilidad de los vínculos sociales. Esto se ve posibilitado, a su vez, por la no materialidad física, que permite un tráfico de sociabilidades y juegos identitarios fluido, líquido, liberado de muchas de las barreras físicas que la distancia o el cuerpo han impuesto, tradicionalmente, sobre la sociabilidad humana.

A partir da instauração de um fluxo permanente de comunicação midiática e do desdobramento de múltiplas conexões entre usuários, instituições e sistemas, entre suportes de interfaces dinâmicas, há formas de relacionamento surgindo e sendo estabelecidas no âmbito de uma nova cultura midiática. (NICOLAU, 2008, p.2)

As mídias sociais são mais do que facilitadoras nas relações sociais, uma vez que essas relações trazem mudanças significativas nas próprias relações. A própria possibilidade de criar e compartilhar mensagens com velocidade altera os discursos dos grupos. “Social media has exploded as a category of online discourse where people create content, share it, bookmark it and network at a prodigious rate” (ASUR;. HUBERMAN, 2010, s/p).

Carniello (2012) propõe uma parametrização dos grupos que atuam no espaço interacional das mídias sociais. Tal sistematização é uma concepção metodológica que visa fornecer subsídio para os estudos da área, bem como organizar o conhecimento já produzido sobre o assunto. Para tal, foram usados conceitos e parâmetros já propostos por autores, bem como sugeridas novas proposições.

Conforme Carniello (2012), a parametrização proposta contempla as seguintes dimensões das redes que atuam nas mídias sociais:

• quanto ao objetivo: refere-se à intencionalidade do grupo, a finalidade com a qual foi criado, independente da gênese ser decorrente de relações sociais anteriores ou

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terem se iniciado no espaço das mídias sociais. Propõe-se categorizar as redes em comerciais, institucionais, pessoais e temáticas. As comerciais referem-se a empresas que fazem uso das mídias sociais para divulgação de ofertas, buscando conquistar clientes e efetivar ações de venda, caracterizando a finalidade mercadológica. As institucionais também se referem a redes formadas por empresas/ organizações, mas que buscam apresentar a estrutura da empresa com o intuito de promover uma imagem institucional e/ou mesmo dialogar com seus públicos, sem a finalidade comercial imediata. A terceira categoria refere-se a redes formadas por pessoas físicas e, por fim, identificam-se os grupos de base temática, cuja formação se deu por um interesse comum a algum assunto, como, por exemplo, uma rede de pessoas que apreciam o cinema nacional. As redes sociais “são comumente produzidas cm um propósito, seguindo determinado design, e incorporam determinado sentido (CAPRA, 2008, p.23), o que se relaciona diretamente com o objetivo da rede.

• quanto ao fluxo de comunicação: refere-se ao uso dos recursos de comunicação das mídias sociais, partindo da premissa da potencialidade colaborativa desses meios. Capra (2008) define as redes sociais como redes de comunicação, evidenciando sua dimensão simbólica. Para propor tal categorização, parte-se da ideia de Galindo (2002), que distingue reatividade de interatividade. Para o autor, interatividade implica em uma bidirecionalidade, o que significa que ser interativo é ser imprevisível, ou seja, ter comunicação de mão dupla com a ativa participação dos atores. Adaptando essa ideia, propõe-se a categorização dos fluxos de comunicação em um grupo que atua nas mídias sociais como reativos, participativos e colaborativos. O fluxo reativo indicaria as respostas de membros do grupo a partir de um estímulo de outro membro do grupo, tal qual uma pergunta ou a solicitação de uma tarefa. O fluxo participativo seria a manifestação voluntária dos membros do grupo ao emitir mensagens, sem a necessidade de um estímulo de outro ator/ liderança do grupo. Já o fluxo colaborativo seria o uso da potencialidade máxima das ferramentas das mídias sociais que resultariam em uma concepção de um discurso coletivo, no qual um ator pode complementar e interferir diretamente na mensagem do outro, tal qual a construção de um texto literário coletivo.

• quanto aos laços sociais: segundo Granovetter apud Recuero (2009), os laços sociais podem ser categorizados em fortes e fracos. Laços fortes são aqueles que se caracterizam pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter uma conexão entre duas pessoas. Os laços fracos, por outro lado, caracterizam- se por relações esparsas, que não traduzem proximidade e intimidade (RECUERO, 2009, p.2).

• quanto à tipologia dos vínculos: cabe nesse item verificar se os elos são formais ou

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informais. Para ilustrar um vínculo informal, cita-se o exemplo de um grupo de amigos. “As estruturas informais são redes de comunicação fluídas e flutuantes” (CAPRA, 2008, p. 26). Um vínculo formal pode ser expressa por um grupo de profissionais que formam uma rede para discutir um projeto em construção.

• quanto à institucionalização: nesse aspecto, é observado se o grupo é institucionalizado, o que caracteriza a posição do grupo na sociedade. Um grupo de condôminos organizado pelo síndico que discute as questões relativas ao condomínio é um grupo institucionalizado, uma vez que o condomínio existe formalmente, possui estatuto com regras de conduta e normas e é reconhecido legalmente pelo município. Já um grupo de amigos não é institucionalizado.

• quanto à temporalidade: identifica de o grupo/ rede é efêmera, criada a partir de um tema por acontecimento pontual, ou se é duradouro, pautado em relações que perduram;

• quanto à constituição: considera a gênese da rede, ao verificar se esta se deu no espaço das mídias sociais ou se é decorrente de uma história social anterior e que passou a atuar também no espaço das mídias sociais, ganhando visibilidade e novas possibilidades relacionais entre os atores.

• quanto aos atores no grupo: identificação dos papeis desempenhados pelos atores, suas interrelações on e off line e a estrutura hierárquica das relações on e off line, que pode ser centralizada ou descentralizada. Atores são considerados mais centrais quando apresentam uma quantidade maior de relacionamentos com um número maior de atores da rede, ou desempenham um papel social caracterizado por alta conectividade com outros atores, ou estão em posição hierárquica superior, ou apresentam maior amplitude de abrangência nos seus elos ou, ainda, apresentam alta conectividade com atores chave na conexão entre subgrupos da rede. Se todos os membros do grupo possuem graus semelhantes de conectividade, a rede é predominantemente descentralizada. (SOUZA; QUANDT, 2008, p. 34-35)

O Quadro 1 sistematiza a parametrização proposta para as redes sociais que atuam em ambiente midiático.

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Quadro 1 - Parametrização das redes sociais em ambiente midiático

Fonte: Carniello (2012, p.8).

Em simultaneidade com a formação de relações sociais antes inexistentes, as redes sociais também reconfiguraram a linguagem característica das mídias, gerando especificidades nas formas de se comunicar por meio das mídias sociais. Torna-se pertinente abordar as mídias sociais a partir da perspectiva fenomenológica.

2.2. Fenomenologia das mídias sociais

O caminho traçado por essa pesquisa busca o iniciar da demarcação do terreno fenomenológico das mídias sociais, encontrando na transdisciplinaridade científica, rumos metodológicos para indicação do que podemos tratar como elemento essencial da natureza desses processo midiáticos que com tamanha velocidade vem transformando a sociedade e culturas que fazem uso desses sistemas de trocas simbólicas. Tratamos esses processos (sob uma visão sistêmica) como dinâmicos (que se modificam constantemente), viabilizados por suportes diversos, com funções e peculiaridades próprias, cujo meio dá-se a partir de uma rede de conexões (links e nós ), propiciando a atualização de relações interativas em que os próprios receptores (internautas) são, também, produtores (emissores) de informações.

Do ponto de vista sistêmico, as mídias sociais caracterizam-se por exibir em seu caráter dinâmico, a baixa previsibilidade e o alto índice de propriedades partilhadas, fazendo com que signicamente sua composição esteja em constante reformulação. Encaramos as mídias sociais mais do que simples repositórios mediadores de conteúdos (informações) veiculados no meio da internet. Defendemos a ideia que as mídias sociais não têm natureza estanque e

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definitiva, são do próprio ponto de vista, processos midiáticos, uma vez que suas definições mais palpáveis estão em constante mutação e transformação. No entanto, também não nos basta assumir simplesmente o fato de que se modificam e se transformam e deixarmos por isso mesmo. É imprescindível que possamos tocar em alguns pontos fulcrais da essência desse processos midiáticos. É justamente por isso, que buscamos trazer luz aos aspectos fenomenológicos da natureza das mídias sociais.

Do ponto de vista sistêmico-fenomenológico, podemos inferir que as mídias sociais revelam com clareza atributos próximos às características fenomenológicas da primeiridade, uma vez encontrarmos no seu interior um constante e incansável motor criativo pulsante que abre caminho e brechas para as mais diversas possibilidades de publicação nos formatos verbais, visuais, sonoros, audiovisuais, hipermidiáticos e suas tramas híbridas. Encontramos na primeiridade, pois, o primeiro passo para a demarcação da natureza fenomenológica das mídias sociais. Um campo aberto de possibilidades de materialização de informações que tem baixíssimo filtro de seleção. Pelo fato de os próprios atores interagentes (internautas) se tornarem os produtores de conteúdos que circulam pelas mídias sociais e tomando-se como pressuposto o fato de que produções como posts visuais, verbais, sonoros, audiovisuais, hipermídiaticos e toda sorte de compartilhamento de links e outros tipos sígnicos da web, verificamos aí uma das características da natureza das mídias sociais. Uma característica que evidencia a força da mídia social ser mais um processo que um fim mediador em si, mesma.

As mídias móveis potencializam efetivamente esse campo, abrindo o campo das possibilidades para muito além do restrito e codificado mundo da web. Andando pela rua com um smartphone com acesso a qualquer tipo de rede que me conecte à web, posso alterar a dinâmica dos fluxos da minha e das linhas do tempo de todos que de alguma forma, se conectam a mim. Hoje, podemos dizer, sem medo, que toda e qualquer informação alcançável pela percepção humana carrega em si uma possibilidade de representação midiática. Essa é a imanência clara da primeiridade - categoria que rege as qualidades de sensação, a presentidade, a espontaneidade, a talidade do fenômeno que se analisa (PEIRCE, 1974) - como nessa natureza.

Em outro caminho complementar, percebemos, ainda, que está no princípio de seleção de cada informação, a evidência da secundidade, compreendida como a materialização de um determinado fenômeno (PEIRCE, 1974). Como atores do universo da web, através das mídias sociais, entramos todos em contato com centenas, às vezes milhares de informações, diariamente. Um processo veloz de atualização que, através de recursos como a linha do tempo, marca a aceleração da quantidade de informações a que temos que reagir. Toda informação em mídia digital, antes de para ser publicada, curtida, compartilhada, tagueada numa interface, é colocada em recorte, destaque, seleção, dentre toda infinidade.

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Fazemos referência a um tipo midiático que tem em sua base de linguagem, o fato de só existir em função das constantes, infinitas, instantâneas e dispersas atualizações. Cada contato de um internauta (ator interagente) com as informações disponíveis nas redes sociais digitais, na web, é o motor impulsivo do funcionamento dessas mídias. Assim, mais do que público, somos mediadores, meios de comunicação dessas mesmas informações, redefinindo completamente o que é um processo de comunicação como era visto outrora dos estudos de massa da comunicação. Reside aí, o caráter fundamental do movimento das mídias sociais que vem representando boa parte das redefinições da web e do comportamento dos próprios internautas com a rede da internet. Isso é a presença clara e contunde de uma terceiridade fenomenologicamente, compreendida como o processo de abertura às possíveis interpretações e representações fenomênicas (PEIRCE, 1974) . Um sistema que se abre evolutivamente para um contexto dinâmico sem muita previsibilidade.

Esse contexto é a própria característica motriz da formação sígnica da web, pelas mídias sociais. Os interpretadores das informações (público) saem do papel de audiência, de espectador para assumir o papel de mediador, de referência. Uma referencia polifônica que projeta os limites da web (através das mídias sociais) para caminhos cujos horizontes ainda nos parecem nublados.

A partir dessa base teórica, o projeto de pesquisa “Mídias Sociais: tendências e desafios da comunicação em rede buscou compreender vertentes distintas reconfiguradas e diretamente relacionadas à comunicação via mídias sociais.

3. MétODO

O presente artigo foi elaborado a partir de uma perspectiva descritiva, com abordagem qualitativa. A pesquisa relatada teve início em março de 2012 e finalizada em novembro do mesmo ano, a partir da submissão do projeto à FUNADESP e posterior aprovação. A trajetória da pesquisa contemplada na seção resultados e discussão desse artigo descreve as etapas de realização do trabalho, que consistiu na articulação temática dos cinco integrantes do grupo. O objeto de estudo comum escolhido foi as redes sociais digitais, e cada pesquisador, a partir de uma base teórica comum, selecionou uma vertente da comunicação impactada pela emergência dessas redes midiáticas.

Esse artigo trata-se, portanto, de um relato de processo de realização de um projeto de pesquisa, resultante de observação participante dos pesquisadores envolvidos, bem como dos registros e publicações gerados durante o projeto.

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30 Anuário da Produção Acadêmica Docente

Mídias sociais: tendências e desafios da comunicação em rede

4. reSultADOS e DISCuSSãO

O projeto de pesquisa intitulado “Mídias sociais: tendências e desafios da comunicação em rede” desenvolvido pelo grupo de pesquisa da Anhanguera Educacional com fomento da FUNADESP foi iniciado em março de 2012. O objeto de estudo Mídias Sociais foi selecionado por ser um fenômeno em curso na sociedade contemporânea e que afeta de maneira veloz vários aspectos da sociedade, nos quais a comunicação desempenha um papel não apenas instrumental, mas uma referência paradigmática na estrutura das relações sociais.

Dessa forma, o objetivo geral delimitado para a pesquisa foi identificar e destacar as principais transformações dos processos de comunicação estabelecidos pela mediação das redes sociais, buscando compreender como efetivamente as mídias estão sendo exploradas por indivíduos, grupos e instituições.

A partir dessa etapa, para delinear os objetivos específicos foram selecionadas algumas das vertentes impactadas pela comunicação digital em rede, de acordo com a especialidade de cada pesquisador envolvido no projeto. Dessa forma, a partir dessa escolha foi possível precisar os objetivos específicos da pesquisa, a saber: elencar as principais características sígnicas das linguagens que compõe as mídias sociais; compreender o processo de formação de grupos nas mídias sociais; analisar e destacar as principais redes sociais e o uso exploratório dos internautas na publicação e divulgação de produções literárias; identificar como a publicidade explora as mídias sociais como plataforma de divulgação e cristalização de marcas; inventariar, a partir destas fontes privilegiadas, os temas, autores, Instituições de Ensino Superior envolvidas, as principais tendências de discussão sobre o marketing político digital.

Para cada um desses objetivos foi traçado um método de pesquisa. Para contemplar o primeiro objetivo específico, pautado na discussão da linguagem a partir da perspectiva semiótica, foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Tal etapa fundamentou teoricamente o projeto.

Para compreender a formação de grupos nas mídias sociais, segundo objetivo específico, recorre-se à coleta de dados por meio de entrevistas de abordagem qualitativa, com amostra selecionada por julgamento e delimitada a partir do critério de saturação, que forneceram elementos suficientes para compreender a formação e os elos sociais formados por indivíduos nas redes sociais digitais. Essa etapa também subsidiou o projeto com uma sólida fundamentação teórica que permite compreender as vertentes, usos e aplicações das redes sociais digitais.

O terceiro objetivo específico consistiu em compreender o processo de formação de grupos nas mídias sociais, analisar e destacar as principais redes sociais e o uso exploratório dos internautas na publicação e divulgação de produções literárias, o que permitiu verificar como os processos artístico-literários se apropriaram e, ao mesmo tempo, foram impactados

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com o processo cognitivo não linear característico das redes digitais. O método de pesquisa foi bibliográfico e documental, visto que compuseram as fontes de pesquisa sites de produção literária em ambiente digital.

Para ilustrar a representativa mudança que comunicação digital imprimiu na comunicação mercadológica, representada no quarto objetivo específico da pesquisa - identificar como a publicidade explora as mídias sociais como plataforma de divulgação e cristalização de marcas - foi utilizado o método bibliográfico e estudo de casos.

Por fim, para inventariar, a partir destas fontes privilegiadas, os temas, autores, Instituições de Ensino Superior envolvidas, as principais tendências de discussão sobre o marketing político digital, o procedimento metodológico adotado foi a pesquisa bibliométrica de anais de eventos nacionais que contemplam o marketing político em seus grupos temáticos.

O projeto contou com a participação dos bolsistas de iniciação científica, Deivid Müller (Anhnanguera - Santa Bárbara d’Oeste), Viviane Lélis Rocha (Anhnanguera - Santa Bárbara d’Oeste) e Thiago Romeu Daleck Lima (Anhnanguera – São Paulo / Brigadeiro) e dos alunos voluntários, Erick Henrique Felipe Anhnanguera – São Paulo / Brigadeiro) e Shayene Mazzotti Anhnanguera – São Paulo / Brigadeiro) que contribuíram com a coleta de dados da pesquisa, busca de referências bibliográficas e auxílio nos processos.

As reuniões de trabalho foram realizadas semanalmente via Skype, via e-mail em um grupo de debate com a ferramenta de fórum do Google Groups, que em 04 de dezembro de 2012 totalizou a troca de 840 mensagens. Além dos encontros virtuais, ocorreram dois encontros presenciais na Unidade Brigadeiro da Anhanguera. O primeiro, ocorrido no dia 10 de março de 2012, teve por finalidade alinhar o projeto de pesquisa e no segundo encontro presencial, ocorrido no dia 29 de Junho de 2012, foi realizado o Seminário Mídias Sociais: tendências e desafios da comunicação em rede, no qual todos os pesquisadores apresentaram os resultados parciais da pesquisa. Estavam presentes também os bolsistas e voluntários de iniciação científica.

A aplicação de tais procedimentos gerou um conjunto de publicações oriundas do projeto, conforme Quadro 1.

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32 Anuário da Produção Acadêmica Docente

Mídias sociais: tendências e desafios da comunicação em rede

Quadro 1 - Produção científica resultante do projeto

Título AutoriaEvento ou periódico no qual foi

publicado

Análise da Interatividade nas MídiasCARNIELLO, M. F. ; AZZOLINO, A. P. ; ALMEIDA, C. ; PAPAROTO, T. A. ;

QUEIROZ, A. C. F.

2º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia

Categorização das Redes nas Mídias Sociais

CARNIELLO, M. F. Congresso Brasileiro de Ciências da

Comunicação

Formação de capital social nas redes temáticas das mídias sociais

CARNIELLO, M. F. Encontro Latinoamericano de

Pós-graduação

Parâmetros para análise da formação de redes nas mídias sociais

CARNIELLO, M. F. Encontro Latinoamericano de

Pós-graduação

Fundamentos peirceanos: a di-mensão diagramática do faneron

ALMEIDA, Cândida (e/ou CASTRO, M. C. A.)

Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

Web design: processos semióticos e sistêmicos

ALMEIDA, Cândida (e/ou CASTRO, M. C. A.)

10º P&D - Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em

Design

Marcas globais: a homogeinização dos gostos e das preferências via

internetPESSATTE AZZOLINO, A COMUNICON 2012

O campo da comunicação política no cenário democrático brasileiro e argentino: comparações e peculiari-

dades

QUEIROZ, Adolpho e GONDO, Ro-berto

III colóquio Brasil – Argentina

Gaudêncio Torquato: acadêmico, jornalista e consultor político

QUEIROZ, Adolpho e KUNSCH, Mar-garida

Editora INTERCOM 2012

ISBN 978858202-013-9

Fonte: elaborado pelos autores, 2012.

Foram publicados, portanto, 09 textos a partir do projeto inicial ou decorrentes das temáticas e ainda há 08 textos submetidos a periódicos científicos aguardando avaliação.

Além das publicações, o grupo participou amplamente de eventos científicos, como demonstra o Quadro 2.

Quadro 2 - Participação dos Integrantes do Grupo em Eventos Científicos

TÍTULO PESQUISADOR EVENTO STATUS DATA Entidade realizadora

Comparativismo e as Novas

Tecnologias: a criação literária

nas redes sociais, participando

como ouvinte.

PAPAROTO,Tér-cio

XII Encontro de Estudos Compara-dos de Literaturas de Língua Portu-

guesa

ouvinte Set/2012 FFLCH/USP

Discurso e Conhecimento – Uma Análise

Crítica

PAPAROTO,Tér-cio

Realização pelo Grupo de Estudos em Linguística –

FFLCH-USP

ouvinte 26/11/2012

Grupo de Estudos em Linguística/FFLCH/USP/

Palestra do

Prof. Dr. Teun A. Van Dijk, da Universita Pompeu

Fabra, Barcelona – Espanha,

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Comunicação,-Consumo,En-tretenimento e Cultura Digital(

GT)

PESSATTE AZZOLINO, A.

COMUNICON 2012-II Congresso Internacional em Comunicação e

Consumo

ouvinte10 e

11/10/2012ESPM-SP

Os Saberes do Consumo:

um olhar antropológico sobre o ato de

consumir e sobre a sociedade de

consumo

PESSATTE AZZOLINO, A.

Temas Contemporâneos

Participante

18/04,25/04,

2/05,9/05.

Casa do Saber-SP, com

LiviaBarbosa

; Everardo Rocha,

Carolina Roxo e

Paula Pinto e Silva

Publicidade e Propaganda

PESSATTE AZZOLINO, A.

Semana Acadêmica FATECE

Palestrante 03/09/2012FATECE-Pirassununga-

SP

Marketing e Design : com-portamento do consumidor e Pesquisa de

Mercado

PESSATTE AZZOLINO, A.

Encontros sobre Design

Palestrante 17/09/2012 FAAL-Limeira-SP

Marketing e Design : Ciclo de

Vida dos Pro-dutos e Mix de

MarketingPESSATTE

AZZOLINO, AEncontros sobre

DesignPalestrante 01/10/2012 FAAL-Limeira-SP

Aspectos Locais e Regionais

do Patrimônio Cultural

PESSATTE AZ-ZOLINO,A. BER-TO,João Paulo.

CERMARIA, Ana Cláudia

Semana Cultural Organizadora05 a 08

/11/2012

Projeto Memória e

Resgate/ IPPRI/UNESP e

Secretaria de Cultura de Limeira

O marketing político boca-a-

boca

QUEIROZ, Adolpho

III Propesq Palestrante

Associação Brasileira dos Pesquisadores de

Publicidade e Propaganda – ECA/USP

Estratégias para eleições presi-

denciais no Brasil

QUE-IROZ,Adolpho

I Seminário de Políticas Públicas

PalestranteUniversidade de Mogi das

Cruzes

50 anos do horário eleitoral gratuito na tv e

rádio

QUEIROZ, Adolpho

XI POLITICOM,-Congresso Bra-

sileiro de Market-ing Político

Palestrante ...10/2012Universidade Federal do

Paraná/Curitiba

II E-COM,Con-gresso Brasileiro de Comunicação Mercadológica

QUEIROZ, Adolpho e GALINDO,

Daniel

Anais do II E-Com Organizador ../8/2012Universidade Presbiteri-

ana Mackenzie

Eleições presi-denciais no Brasil

republicano: origens do mar-keting político.

QUEIROZ, Adolpho

I Congresso da Rede ALCAR Centro Oeste

Palestrante ...10/2012UNIGRAN, Centro Univer-

sitário de Dourados/MS

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34 Anuário da Produção Acadêmica Docente

Mídias sociais: tendências e desafios da comunicação em rede

Revista Brasileira de Marketing

Político

QUEIROZ, Adolpho

Edição de nº 8 Diretor de Redação

1/08/2012 Sociedade POLITICOM

Evolução e Origem do

marketing político no Brasil

QUEIROZ, Adolpho

Semana de Comunicação

Palestrante 14/12/2012Universidade Federal de

Tocantins

Comunicação governamental

dos municípios e direito de acesso

à informação

CARNIELLO, Monica

UNINDU Palestrante 07/12/2012 Universidade de Taubaté

Políticas Públicas de Acesso à

Informação como Instrumentos do Desenvolvimento

CARNIELLO, Monica

Sidtecs Palestrante 01/10/2012Universidade Federal de

Itajubá

Fundamentos peirceanos: a dimensão

diagramática do faneron

ALMEIDA, Cândida (e/ou CASTRO, M.

C. A.)

IntercomApresentação

de trabalho06/09/2012 Unifor (Fortaleza - CE)

Web design: processos

semióticos e sistêmcios

ALMEIDA, Cândida (e/ou CASTRO, M.

C. A.)

P&D - DesignApresentação

de trabalho11/10/2012 UFMA (São Luís – MA)

Categorização das Redes nas Mídias Sociais

CARNIELLO, M. F.

Congresso Brasileiro de Ciências da

Comunicação

Apresentação de trabalho

06/09/2012 Unifor (Fortaleza - CE)

Parâmetros para análise da

formação de redes nas mídias

sociais e

Parâmetros para análise da

formação de redes nas mídias

sociais

CARNIELLO, M. F.

Encontro Latinoamericano

de Pós-graduação

Apresentação de trabalho

25/10/2012Universidade do Vale do

Paraíba

Fonte: elaborado pelos autores, 2012

O grupo de pesquisa preocupou-se, também, com a comunicação secundária da ciência, ao criar um canal de comunicação que não fosse restrito apenas à comunidade científica. Para isso, criou um blog (http://midiassociais.pesquisa.blog.br) no qual as experiências, referências, publicações e atividades do grupo foram agrupadas, de maneira a disponibilizar aos interessados no assunto mídias sociais informações sobre o tema e andamento do projeto. Tal iniciativa ampliou a visibilidade do projeto.Foram sistematizados, abaixo, os principais desafios encontrados na realização desse projeto, que refletem, de certa forma, o estado da arte no qual se encontra a pesquisa em comunicação nacional sobre mídias sociais e os

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desafios dos outros grupos de pesquisa que atuam no Brasil nessa área. São eles: • constatou-se que as pesquisas sobre mídias sociais então em fase de ebulição, o

que significa que emergem múltiplos estudos oriundos de diversas áreas do conhecimento, tais quais Sociologia, Filosofia, Comunicação, Psicologia, Informática, Telecomunicações e que agora carecem de uma condensação, uma organização acadêmica, processo natural de novas temáticas. Essa pulverização e olhar multidisciplinar sobre o tema se, por um lado, constituem material rico e rentável, por outro lado dificulta a visualização e a escolha de uma base teórica referencial, visto que há distintas e numerosas abordagens e correntes de pensamento.

• a amplitude do escopo de influência das mídias sociais na sociedade permite uma ampla gama de recortes de pesquisas, dos quais o grupo optou por alguns. Essa escolha permite um aprofundamento nos recortes escolhidos, mas deixa de contemplar outras vertentes representativas de influência das mídias sociais, de igual relevância.

5. COnSIDerAçõeS FInAIS

O objetivo desse artigo foi relatar o processo de realização da pesquisa sobre mídias sociais conduzida pelo grupo de pesquisa da Anhanguera Educacional no campo da Comunicação Social e apresentar os principais resultados obtidos na investigação. Verificou-se que as etapas desenvolvidas na pesquisa contemplaram o proposto no projeto, gerando resultados representativos para um tema que, por sua recente emergência sob a perspectiva da temporalidade histórica, está em ebulição no âmbito acadêmico e precisa ser fundamentado e sistematizado. Um aspecto importante do estudo realizado pelo grupo ao elaborar o projeto “ Mídias sociais: tendências e desafios da comunicação em rede” e delimitar o espaço do objeto de estudo redes sociais digitais no campo da Comunicação Social, uma vez que é um assunto explorado e de interesse de várias áreas do conhecimento, tais quais Sociologia, Antropologia, Psicologia, Administração, entre outras. Por sua essência e, de maneira mais geral, pela própria epistemologia da ciência contemporânea que aponta para perspectivas interdiciplinares, o objeto de estudo clama pelo olhar de distintas áreas do conhecimento. No entanto, até para que a interdisciplinaridade, compreendida como “um ‘segundo nível’ de colaboração entre disciplinas diversas, ou entre setores heterogêneos de uma mesma ciência que conduz a interações propriamente ditas, isto é, certa reciprocidade dentro das trocas, de maneira que aí haja um total enriquecimento mútuo” (ALVARENGA et al, 2011) seja exequível, é importante que cada área do conhecimento tenha clareza do seu “lugar da fala”, dos aportes teóricos e das escolas de pensamento que compõe e fundamentam aquele campo do conhecimento. Esse estudo contribui para delimitar o escopo dos estudos do

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36 Anuário da Produção Acadêmica Docente

Mídias sociais: tendências e desafios da comunicação em rede

campo da Comunicação Social sobre o objeto estudado, com a pretensão de ser uma das referências de autoria nacional que contribua para estudos subsequentes.

A pesquisa identificou e destacou as principais transformações dos processos de comunicação estabelecidos pela mediação das redes sociais, buscando compreender como efetivamente as mídias estão sendo exploradas por indivíduos, grupos e instituições.

Como enfoque das discussões, foram abordadas cinco perspectivas que, em conjunto, contemplam parte do escopo sobre o qual o fenômeno das mídias sociais digitais incidiu.

A primeira perspectiva, de abordagem teórico-conceitual, demonstrou como as mídias sociais configuram um novo paradigma da comunicação e, mais do que isso, um novo paradigma social oriundo de uma estrutura de comunicação em rede sem precedentes que faz de todas as pessoas emissores, editores, produtores e receptores simultaneamente.

A segunda abordagem buscou identificar as relações entre redes sociais digitais e capital social. Verificou-se que a informação é o elemento de segmentação desses grupos, independente do perfil social em ambiente off line, formando numerosos grupos conforme temas de interesse, uma vez que há a fragmentação dos eles de ligação baseada na variável informação. A partir desses agrupamentos, os indivíduos participantes dos grupos, e os grupos compreendidos em sua totalidade, conseguem atingir objetivos que em uma escala pessoal seriam inatingíveis, todos pautados no privilégio do acesso à informação, um valor intangível da sociedade contemporânea.

A terceira vertente explorada na pesquisa refere-se às possibilidades literárias das mídias sociais, o que demonstra que a comunicação digital tornou-se ambiente para produções artístico-literárias, ampliando as noções de gênero e formato literários para uma realidade midiática antes inexistente.

Mais uma perspectiva de grande evidência se situa na comunicação mercadológica, que passou a lidar, ao mesmo tempo, com a potencialidade de ter uma mídia de baixo custo e alcance global, e com a dificuldade de direcionar as mensagens publicitárias e torná-las atraentes em meio a uma infinidade de informações para consumidores que tem em suas mãos o poder de escolha dos conteúdos que lhes interessam.

A última perspectiva abordada nessa pesquisa se refere ao uso de mídias sociais nas estratégias de marketing político. Para tal, recorre-se à análise de profícua produção na área concentrada em eventos temáticos, demonstrando o papel das mídias sociais no diálogo direto com o público e da sua coexistência com as mídias agora chamadas de tradicionais, o que revela a perspectiva transmidiática das campanhas políticas contemporâneas.

Espera-se que as reflexões e resultados apresentados nesse texto tornem-se referência para discussões posteriores, visto que, pelo fato de ser um fenômeno em andamento, a temática das mídias sociais torna-se passível de estudo constante e cabe à área da Comunicação Social acompanhar, compreender, relativizar e discutir as implicações do fenômeno para a

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sociedade. As abordagens apresentadas são marcos iniciais que permitem a ampliação do escopo do estudo para outros aspectos da sociedade que foram impactados pelas decorrências das mídias sociais em rede. A título de sugestão para trabalhos futuros, sugere-se o estudo das redes sociais digitais na comunicação governamental, na comunicação institucional de empresas privadas, em movimentos sociais e políticos de escala global e/ou regional, no jornalismo paralelo aos grandes veículos editoriais. Apenas algumas possibilidades para instigar a continuidade dos estudos, e que demonstram a atualidade dos estudos sobre mídias sociais.

AgrADeCIMentOS

Agradecemos à Funadesp, pelo apoio e financiamento da pesquisa (nº projeto: 5500264) e à Anhanguera Educacional.

reFerênCIAS

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