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ANUÁRIO DO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volune 25 / 2002

ANUÁRIO DOINSTITUTO DEGEOCIÊNCIAS

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ANUÁRIO DOINSTITUTO DEGEOCIÊNCIAS

EditorIsmar de Souza Carvalho

2000

Volume 23

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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volune 25 / 2002

ENDEREÇO:Universidade Federal do Rio de JaneiroCentro de Ciências Matemáticas e da NaturezaInstituto de GeociênciasAv.Brigadeiro Trompowski, s/no - Bloco FIlha do Fundão - Cidade UniversitáriaCEP: 21.941-590FAX (21) 2598-9474Telefone: (21) 2598-9405

Supervisão: Beth Villela - [email protected] Gráfico e Editoração: Almir Miranda - [email protected]: 500 exemplares

Apoio:Fundação Universitária José BonifácioNEQUAT - Núcleo de Estudos do Quaternário - UFRJEDUGEO - Núcleo de Pesquisa em Ensino Interativo de Geografia da UFRJ

PEDE-SE PERMUTA WE ASK FOR EXCHANGE

Rio de Janeiro / 2000 ISSN 0101-9759

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ReitorProf. José Henrique Vilhena de Paiva

Decano do Centro de Ciências Matemáticas e da NaturezaProf. Marco Antonio França Faria

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DiretorProfa. Josilda Rodrigues da Silva de Moura

Vice-DiretorProf. leonardo Fonseca Borghi de Almeida

Diretor Adjunto de Pós-GraduaçãoProf. José Ricardo de Almeida França

Diretor Adjunto de GraduaçãoProfa. Claudio Limeira Mello

Departamento de GeografiaChefe: Prof. Jorge Xavier da Silva

Departamento de GeologiaChefe: Prof. Claudio Margueron

Departamento de MeteorologiaChefe: Prof. Luiz Francisco Pires Guimarães Maia

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Conselho Consultivo Anuário

Ana Maria Lima Daou (UFRJ - Brasil)Ausenda Cáceres Balbino (Universidade de Évora, Portugal)Cláudio Ricomini (USP, Brasil)Henyo Trindade Barretto Filho (UnB, Brasil)Evaristo de Castro Junior (UFRJ - Brasil)Gerson Cardoso da Silva (UFRJ - Brasil)Gisela Aquino Pires do Rio (UFRJ - Brasil)Isimar de Azevedo Santos (UFRJ - Brasil)Ivan Pereira de Abreu (UFRJ - Brasil)João Pacheco de Oliveira Filho (UFRJ - Brasil)Joel Gomes Valença (UFRJ - Brasil)José Henrique Gonçaves Melo (Petrobras, Brasil)Lilian Paglarelli Bergqvist (UFRJ - Brasil)Luiz Francisco Guimarães Maia (UFRJ - Brasil)Maria Helena Paiva Henriques (Universidade de Coimbra, Portugal)Maria Naise de Oliveira Peixoto (UFRJ - Brasil)Marisol Manzano (Universidad de Cartagena, Espanha)Michael Holz (UFRGS, Brasil)Miguel Carlos Telles Antunes (Universidade Nova de Lisboa, Portugal)Narendra Kumar Sirivastava (UFRN, Brasil)Norma Maria da Costa Cruz (CPRM, Brasil)Paula Ferrucio da RochaRalph Molnar (Flagstaff Museum, Estados Unidos)Rosane Manhães Prado (UERJ, Brasil)Seth Garfield (Texas University, Estados Unidos)Wagner Souza-Lima (Petrobras, Brasil)Xavier Sanches Vila (Universidade Potitecnica de Cataluña, Espanha)Zulma Gasparini (Universidad de La Plata, Argentina)

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SUMÁRIO

Editorial. ............................................................................................... 9

Pronunciamento da Diretora do Instituto de Geociências ................... 11

A Universidade: da Intencionalidade à UniversalidadePROF. DR. MILTON SANTOS .............................................................. 13

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA:Teses defendidasMESTRADO ......................................................................................... 16DOUTORADO ...................................................................................... 33

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA:Teses defendidasMESTRADO ......................................................................................... 40DOUTORADO ...................................................................................... 53

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Editorial

O objetivo do Anuário do Instituto de Geociências é a divulgação das

atividades educacionais e científicas nos diferentes ramos das Ciências da Terra,

envolvendo aspectos relativos à geografia, geologia e meteorologia, as quais com-

põem os campos de atuação de professores, pesquisadores e discentes de gradu-

ação e pós-graduação do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio

de Janeiro. Trata-se de uma publicação aberta à toda comunidade de geocientistas

do Brasil e de instituições estrangeiras.

O Anuário 2000 do Instituto de Geociências destaca o pronunciamento do

Prof. Dr. Milton de Almeida Santos, quando da concessão do título de Doutor Honoris

Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seu discurso – “A Universidade:

da Intencionalidade à Universalidade” _ proferido em 24 de setembro de 1999 é

transcrito na íntegra, revelando como sempre seu senso crítico e ante-visão do futuro.

Também no presente volume do Anuário do Instituto de Geociências são

apresentados os resumos de dissertações de Mestrado e teses de Doutorado dos pro-

gramas de pós-graduação dos departamentos de Geologia e Geografia, demonstrando

mais uma vez a abrangência dos temas científicos em desenvolvimento no âmbito das

geociências na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ismar de Souza CarvalhoEditor

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Pronunciamento da Diretora do Instituto de Geociências

Profa Dra Josilda Rodrigues da Silva de Moura

O Instituto de Geociências, através da Congregação, no dia 13/04/1999, incor-

porou a solicitação do Departamento de Geografia para a concessão, pela UFRJ, dotítulo de Doutor Honoris Causa ao Professor Doutor Milton de Almeida Santos.

O Professor Milton Santos foi um cientista de renome, reconhecido mundial-mente por sua valiosa contribuição teórica para a Geografia e ciências afins.

Sua notável produção pode ser conferida nos 45 livros que publicou ao longo desua jornada acadêmica, em edições brasileiras, francesas, espanholas e inglesas, além demais de trezentas participações em diversas publicações.

Brasileiro, nascido em 3 de maio de 1926, no município de Brotas deMacaúba, Bahia, o Prof. Milton Santos formou-se bacharel em Direito em 1948,pela UFBa, graduando-se Doutor em Geografia, dez anos depois, na Université deStrasbourg, na França.

Iniciou sua carreira acadêmica na Universidade Católica de Salvador (1956/60),tendo sido posteriormente Livre Docente e Professor Catedrático de Geografia Humanana Universidade Federal da Bahia (1960/61), Professor Visitante na Universidade deToronto (1972/73), Professor da Universidad Nacional de Ingenieria de Lima (1973), daFacultad de Ciências Económicas y Sociales da Universidad Central de Venezuela (1974/76), da University of Dar es Salaam, Tanzânia (1974/76), da Columbia University,Nova York (1976/77), Directeur d’Études na École de Hautes Études em SciencesSociales, Paris (1988), Professor Titular de Geografia Humana na USP (1983/95),Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP eProfessor Visitante na Stanford University (1997/98), além de ter lecionado, comoconvidado, em diversas instituições.

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De 1979 a 1983, deu uma valiosa contribuição à Universidade Federal do Rio deJaneiro, tendo sido Professor Titular Visitante do Programa de Pós-Graduação do De-partamento de Geografia.

No decorrer desses anos, também desenvolveu várias atividades de pesquisa noBrasil (pesquisador IA, do CNPq) e no exterior (MIT, Université de Paris, entre diver-sas outras instituições estrangeiras); além de incontáveis conferências que o levaram acorrer o mundo.

Milton Santos foi consultor da ONU, OIT, OEA, UNESCO e junto aos Gover-nos da Argélia, Guiné-Bissau e do Senado Federal da Venezuela, contribuindo comoconselheiro para uma série de instituições brasileiras.

A magnitude da sua obra , reconhecida pela comunidade científica, lhevaleu homenagens como Doutor Honoris causa das Universidades de Toulouse(França), Federal da Bahia, Buenos Aires (Argentina), Complutense de Madrid(Espanha), Estadual do Centro-Oeste (Bahia), Federal de Sergipe, Federal do RioGrande do Sul, Estado do Ceará, de Passo Fundo (Rio Grande do Sul), Barcelona(Espanha), Federal de Santa Catarina, Nacional de Cuyo (Argentina), UNESP(São Paulo) e do Estado do Rio de Janeiro, dentre tantas outras condecorações eprêmios, destacando-se o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud de 1994,a maior honraria mundial concedida na área geográfica.

Pelo conjunto de sua obra, pelos importantes avanços no pensar geográfico, epor ter dividido o seu saber com os corpos discente e docente do Departamento deGeografia, a UFRJ concedeu o título de Doutor Honoris causa ao Prof. Dr. Milton deAlmeida Santos, em solenidade realizada no dia 24 de setembro de 1999, no Fórum deCiência e Cultura.

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A Universidade: Da Intencionalidade à UniversalidadeProf. Dr. Milton Santos*

Nos dias atuais, é praticamente comum, quase em toda parte, a perda pro-gressiva, pelas Universidades, da meta do conhecimento genuíno, o que contribui paradespojar a instituição universitária de sua principal razão de ser.

Será essa uma evolução inelutável e irreversível? Talvez valha a pena, parafixar as idéias, retraçar, ainda que brevemente, a história geral do trabalho intelectual.Primeiro houve o sábio individual, aquele cujo conhecimento era elaborado em comu-nhão integral com a Natureza total. Era uma busca localizada, talvez inconsciente, deuniversalidade. O sábio individual foi substituído pelas corporações de sábios, nasescolas e nos conventos: o saber se tornava um atributo específico de um grupo treinadopara exercê-lo. Chega-se, depois, com as Universidades, a figura do “scholar”, misturade professor e pesquisador, pago pela sociedade como um todo pra “produzir” livre-mente o saber, isto é, codificar, do seu ponto de vista, o saber coletivo, inventar,individualmente, novos saberes, ou simplesmente fabricar um conhecimento a ser trans-ferido à comunidade como educação. Mais recentemente, essa figura do “scholar” foiparcialmente substituída pela dos “funcionários da educação”, sem maior compromissocom a pertinência dos temas.

Os sábios, as corporações de sábios, assim como as produções de um saberdesinteressadas e verdadeiras acabam se tornando coisa rara, quando a ciência, comoserviço às coisas, matou a filosofia como serviço ao homem. O sábio é substituído peloerudito, o cientista pelo mero pesquisador, o intelectual pelo profissional, se a grandepreocupação não é mais o encontro e o ensino da verdade, em todas as suas formas, masuma atividade parcelada, dominada por um objetivo imediato ou orientada para umaspecto redutor da realidade.

Em tais circunstâncias, a Universidade corre o risco de abandonar a busca dosaber abrangente, substituído pela tarefa de criação e de transmissão de um saber práti-co. Esse saber prático elaborado fora da Universidade pelas grandes firmas e dentro daUniversidade por sua inspiração direta ou indireta, é subordinado a objetivos externosà busca do conhecimento verdadeiro. Daí o papel, hoje determinante, das Fundações

Discurso proferido por ocasião da concessão do Título de Doutor Honoris Causa, conferidopela Universidade Federal do Rio de Janeiro no dia 24 de setembro de 1999

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corporativas internacionais, na produção e na circulação das idéias. Veja-se, também,nas ciências sociais, o papel das redes, financiado por convênios internacionais, tantomais exitosos, no geral, quanto menos relevantes são os seus objetivos. A função dessepseudo-conhecimento – fabricado por encomenda – é construir , sob o selo docientificismo, um discurso universitário cujo pecado de origem elimina a possibilidadede o associa à noção de verdade científica.

De um modo mais ou menos geral, a Universidade aceita esse papel sem glóriade produzir um conhecimento comprometido, acorrentado ao que hoje se chama “oprático”, “o objetivo”, “o pragmático”, vocábulos que ganharam um novo contexto parasignificar o que é capaz de dar maior lucro, seja como for. Por isso, a Universidade échamada a realizar uma produção comercial do saber, um conhecimento adredementeplanejado como um valor de troca, destinado desde a sua concepção (que é inspirada,cada vez menos, nas Universidades e cada vez mais nas grandes firmas) a criação de umvalor mercantil. O conhecimento assim produzido é uma mercadoria, sujeito à lei dovalor econômico.

É um mundo de cabeça para baixo que as Universidades estão ajudando a criare a difundir, onde o meio passa ele mesmo a ser um fim. Quando a Universidade setransforma em uma oficina do utilitarismo, ela é, ao mesmo tempo, esterilizada e este-rilizante. Torna-se um corpo morto e um corpo morto não cria coisa alguma. O conhe-cimento produzido como meio de produção nasce para morrer quando se torna funcio-nal. É o saber do fazer coisas, um processo finito. Ora, a busca do conhecimento é umprocesso infinito, o processo de criação que é, ele mesmo, recriador. O seu centro deinteresse é no homem e não nas coisas.

Quando a Universidade decide institucionalizar a primazia outorgada ao es-tritamente técnico sobre o mais amplamente filosófico, entroniza o instrumental eminimiza o teleológico. Quando as ciências, quaisquer que sejam, são tratadas como senão devessem ter uma filosofia própria, integradora, os objetos são colocados acima dohomem. A Universidade que cria e difunde esse tipo de saber entre aspas perde seuconteúdo e sua finalidade, e os professores e alunos vão trazendo coisas, mas não sabemmais exatamente o que estão fazendo. Por isso, ao mesmo tempo em que s disciplinaschamadas científicas afundam num imediatismo confrangedor ou numa futurologia cega,as ciências sociais e humanas são subalternizadas, reduzidas a um papel de justificaçãoou de codificação de uma interpretação unilateral da sociedade.

Essas tendências gerais, hoje comuns a quase todas as Universidades, emquase todos os países, são resultado do fato de que o saber se transformou numa forçaprodutiva direta. Como ao mesmo tempo a economia se internacionalizou, o saber-mercadoria tinha que acompanhar a tendência, razão pela qual as universidades, poriniciativa própria ou por contaminação, aceitam seguir essa mundialização unilateral.Adotando um modelo externo às realidades nacionais ao serviço da produção das coisas,

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elas se tornam medíocres, graças, também ao desajustamento entre um saber cada vezmais transferido e as realidades profundas das nações, e graças a contradição entre osmeios, universalizados pelas necessidades produtivas de caráter internacional, e os finspróprios a cada coletividade nacional, minimizados estes por uma globalização perversae uma informação internacional igualmente perversa.

Sob esse ponto de vista, a situação dos países do Terceiro Mundo é dramáti-ca. Porque o saber já chega de fora incorporado nos objetos, na tecnologia, no“management” e inclusive nos “scholars” importados, ainda que haja exceções. Nessasituação, a produção de um saber nacional autêntico torna-se assim dispensável. Éexatamente por isso que as ciências sociais deveriam voltar a ganhar dimensão, pelo fatode que são os esquemas sociais de uso das técnicas e dos objetos que alicerçam odiscurso de justificação das novas dependências e desigualdades. O esforço dos paísessubdesenvolvidos, como o nosso, deveria, pois, se orientar principalmente na direçãodo estudo das suas próprias realidades sociais como um todo. Esse, desgraçadamente, étambém um domínio onde a imitação passou a ser uma regra e a mania dos títulos(mestria, PhD, etc) substitui, nas universidades burocratizadas, o saber genuíno.

A universidade internacionalizada “a priori” só serve a alguns, cada vez maisnumerosos. Porque, não sendo universal, também não é propriamente Universidade.

Mas não seria justo concluir com uma rota pessimista. Com todos os seusdefeitos atuais, tão parecidos em quase todo o mundo, as Universidades geram o venenoe o antídoto, mesmo se em doses diferentes. Lugar de um saber vigiado e viciado, elassão, também, e ainda, o único lugar onde o contra-saber tem a possibilidade de nascer eàs vezes prosperar. Isto pode ser o resultado de esforços, de cientistas pioneiros,agrupados ou não. Mas para guardar e manter o pensamento independente, é indispen-sável que a instituição universitária aceite desinstitucionalizar-se , caminho único paraevitar que o excesso de regras e de mandos acabe por esterilizar as suas possibilidadesde um trabalho realmente livre, voltado para o interesse geral.

A tarefa de incorporar a Universidade num projeto social e nacional impõeprimeiro a criação e depois a difusão de um saber orientado para os interesses do maiornúmero e para o homem universal. Devemos estar sempre lembrados de que o interna-cional não é o universal. O trabalho universitário não é propriamente uma tarefa inter-nacional, mas precipuamente nacional e universal, dependendo, desde a concepção àrealização efetiva, da crença no homem como valor supremo e da existência de umprojeto nacional, livremente aceito e claramente expresso. É a tarefa que nos aguarda.

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Programa de Pós-Graduação em Geologia

MESTRADO

NOME: CARLOS EDUARDO OSÓRIO FERREIRAORIENTADOR: Carlos Eduardo de Moraes FernandesTÍTULO:MAPEAMENTO E QUALIFICAÇÃO DAS COBERTURASINCONSOLIDADAS APLICADOS AO PLANEJAMENTO TERRITORIAL NAESCALA 1:250.000 FOLHA MACAÉ, ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESUMO:As formações geológicas constituídas por sedimentos inconsolidados recentes,

que afloram em uma determinada região, denominadas nesta Dissertação de MestradoCoberturas Inconsolidadas, sofrem diretamente o impacto da ocupação antrópica, ex-pondo as suas vulnerabilidades aos processos de degradação decorrentes dessa ocupa-ção. Por outro lado, em muitos casos, essas coberturas, face às suas característicasnaturais, podem apresentar sérias restrições ao uso dos territórios pelo homem. Estetrabalho apresenta o mapeamento e a qualificação das Coberturas Inconsolidadas queocorrem na região da Folha Macaé, Estado do Rio de Janeiro, escala l:250.000 (IBGE),sob o enfoque da Geologia de Engenharia aplicada ao planejamento territorial, tendocomo suporte metodológico e de técnicas empregadas para a sua elaboração, trabalhosrealizados por diversas instituições e autores, dentre os quais destacam-se a InternationalAssociation of Engineering Geology - IAEG (1976, 1979), Grant (1975), Zuquette(1993), Barroso & Barroso (1996) e, principalmente, Lollo (1996) e Lollo & Zuquette(“Técnica de Avaliação dos Terrenos”, 1996). Na região em questão, com base nesta“Técnica de Avaliação dos Terrenos”, que analisa as feições de relevo e os materiaisassociados, foram individualizados o Domínio de Coberturas de gravidade e/ou residu-ais, o Domínio de Coberturas aluvionares, o Domínio de Coberturas marinhas, e oDomínio de Coberturas flúvio-lagunares. O Domínio de Coberturas de gravidade e/ouresiduais apresenta 4 Unidades: - Coberturas coluvionares com intensa ocorrência dedepósitos de tálus. Substrato de gnaisses e migmatitos. - Coberturas coluvionares comeventuais depósitos de tálus subordinados. Substrato de migmatitos e rochas granitóides.

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- Coberturas coluvionares associadas a Coberturas residuais. Substrato de gnaisses egranitóides com intrusões graníticas e de rochas básicas. - Coberturas coluvionaresassociadas a Coberturas residuais. Substrato de rochas sedimentares da Formação Bar-reiras. O Domínio de Coberturas aluvionares apresenta 3 Unidades que são: - Lequesdetríticos. - Planícies e terraços arenosos e areno-argilosos. - Planícies de inundaçãoargilosas orgânicas. O Domínio de Coberturas marinhas contém 2 Unidades: - Cordõese terraços arenosos. - Argilas orgânicas de fundo de baía (manguezais). O Domínio deCoberturas flúvio-lagunares é constituído por 2 Unidades, que são: - Depósitos argilo-arenosos. - Depósitos argilosos orgânicos.

NOME: ANDREI DE SOUZA NISSENORIENTADOR: Claudio MargueronTÍTULO: ESTUDO DAS POTENCIALIDADES DE EXPLORAÇÃO DE RO-CHAS ORNAMENTAIS NO BAIRRO DE CAMPO GRANDE, ZONA OESTEDO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

RESUMO:Esta dissertação visa propor uma metodologia de abordagem específica em projetos deinvestimento no setor de rochas ornamentais, englobando as etapas principais de umempreendimento pioneiro nesta área. Este trabalho envolve pesquisa geológica e carac-terização de jazidas em uma área alvo escolhida, detalhamento do procedimento neces-sário para concessão de áreas para exploração, possíveis métodos de lavra a seremempregados e uma análise de mercado para os produtos encontrados. Todas estasetapas foram expostas em detalhe nesta tese, por ordem de investimento. A áreaescolhida como objeto do estudo assim o foi, por a se tratar de um jazimento reconhe-cido, de fácil acesso, por estar próxima de importantes mercados consumidores e pordispor de variedades comercialmente interessantes de produtos disponíveis. Os incon-venientes desta escolha estão relacionados a entraves no que se refere às leis ambientaise tributárias atualmente vigentes no Estado do Rio de Janeiro. Todos estes assuntosserão discutidos neste trabalho. Com isso, esta tese propõe a fornecer uma visão maisrealista do setor, servir como base de consulta para aqueles interessados em investirneste campo, identificando ocorrências, guiando nos aspectos burocráticos da regula-mentação legal de uma nova exploração, apresentando as diversas opções quanto amétodos de lavra e mostrando o cenário atual para cada produto disponível.

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NOME: RODRIGO PETERNEL MACHADO NUNESORIENTADOR: Rudolph Allard Johannes TrouwTÍTULO: EVOLUÇÃO ESTRUTURAL E METAMÓRFICA BRASILIANA DE UMSISTEMA DE NAPPES NA REGIÃO DE TRÊS CORAÇÕES, SUL DE MINASGERAIS

RESUMO:Na região de Três Corações afloram sucessões neoproterozóicas da BaciaAndrelândia, gnaisses do Maciço Guaxupé, ortognaisses paleoproterozóicos e faixasgreenstone, provavelmente arqueanas. Nas sucessões neoproterozóicas foramreconhecidas estruturas e associações metamórficas, relacionadas a dois eventoscolisionais brasilianos. O primeiro, vincula-se à evolução da parte sul da FaixaBrasília. Indicadores cinemáticos registram transporte tectônico de topo para lesteque resultou num sistema de nappes estruturadas num sinformal aberto com eixoWSW. O metamorfismo associado, M1, de facies xisto verde até granulito, foi depressão relativamente alta, coexistindo cianita e K-feldspato em granulitos. Asisógradas M1 são truncadas e deslocadas ou recobertas pelos empurrões quedelimitam as nappes, indicando ápice de M1 antes do auge da deformação principal.Durante a descompressão das nappes surgiu ainda sillimanita em granulitos onde acianita era o alumino-silicato estável. O segundo evento vincula-se a evolução dosegmento central da Faixa Ribeira. Numa primeira etapa, de compressão NW-SE,foram produzidos sinformais e antiformais abertos com eixos WSW. Em seguida,durante uma compressão E-W, formaram-se dobras abertas e suaves com eixos N-S.O metamorfismo associado a este evento, M2, de pressão média, é caracterizado pelapresença de fibrolita em rochas da facies anfibolito. Zonas de cisalhamento NE-SW,subverticais dextrais, truncam e deslocam as estruturas anteriores e as isógradasrelacionadas a M1 e M2.

NOME: KÁTIA MARIA DE REZENDE COSTAORIENTADORES: Ortrud Monika Barth Schatzmayer e Claudio Limeira MelloTÍTULO: ANÁLISE PALINOLÓGICA E FACIOLÓGICA DE DEPÓSITOS FLU-VIAIS RECENTES, BANANAL (SP/RJ)

RESUMO:A região do médio vale do rio Paraíba do Sul (RJ/SP) vem sendo palco de

estudos interdisciplinares, envolvendo trabalhos nas áreas de geomorfologia, estratigrafia,

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sedimentologia e palinologia. Entre os estudos palinológicos grande ênfase vem sendodada aos depósitos quaternários mais antigos na região (pleistocênicos e limite Pleistoceno/Holoceno) e a caracterização da associação palinológica preservada na superfície atualdo relevo. Assim sendo, o presente estudo objetiva a caracterização palinológica dossedimentos fluviais mais recentes na região do médio vale do rio Paraíba do Sul, a fim dese avaliar a variação do conteúdo de palinomorfos associada a diferentes fáciessedimentares, buscando assim, contribuir para a compreensão dos eventos ambientaisocorridos na evolução recente da paisagem regional, bem como averiguar as alteraçõespela ação antrópica. Para este estudo foi escolhida a localidade correspondente à baciado Córrego do Resgate, onde foram preservados os depósitos fluviais com deposiçãoinicial datada em 1.000 anos A.P. e em sua porção média em 250 anos A.P. e que estãoregistrados sob a denominação Aloformação Resgate. Nesta localidade foi realizada aconfecção de seção estratigráfica, onde descreveu-se um perfil faciológico de detalhe,para se realizar as amostragens necessárias a análise do conteúdo palinológico. O perfilestudado possui aproximadamente 2,00 m de comprimento, no qual foram coletados apartir do topo 1,45 m de sedimentos quaternários. Neste perfil, as fácies sedimentaresforam identificadas com base nos seguintes aspectos: litologia, cor, estruturassedimentares e presença de restos e/ou vestígios vegetais. As fácies sedimentaresidentificadas foram reunidas em dois grupos: (1) fácies síltico-argilosas, que caracteri-zam depósitos de planície de inundação e (2) fácies arenosas, que caracterizam depósi-tos de inundação e de canal fluvial. Para a análise palinológica dos sedimentos foramselecionadas amostras em 14 níveis, nas diferentes fácies identificadas. E visando oconhecimento da deposição polínica atual, foi realizada a análise de sedimentos à super-fície do solo. As técnicas de coleta e tratamento químico utilizadas seguiram basicamen-te a metodologia de Ybert et al. (1992). As análises palinológicas dos sedimentos desuperfície de solo, na localidade do Córrego do Resgate, evidenciaram a presença predo-minante de uma vegetação característica de campos de pastagem e de campos sujos, comuma riqueza maior de representantes arbóreos, sugerindo a ocorrência, local e/ou regio-nal, de uma vegetação alterada em processo de recuperação natural, desenvolvida emambiente úmido. Restos vegetais carbonizados, localizados na porção basal dos sedi-mentos mais finos, possibilitaram uma datação de 310 +- 50 anos A.P. No intervalo detempo analisado neste estudo, não ocorreram alterações climáticas de grande escala quepudessem refletir alterações marcantes na vegetação, permanecendo um ambiente úmi-do, semelhante ao atual. Porém nota-se uma mudança brusca no registro polínico,passando de uma paisagem florística rica e densa (zonas I e II) relacionada a pretérita

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Mata Atlântica, para uma paisagem predominantemente campestre, com áreas ondepodem ser encontrados, remanescentes da vegetação original (zonas III e IV), caracteri-zando o desmatamento ocorrido na região. Os resultados aqui obtidos demonstraramtambém que, as variações no conteúdo palinológico dos sedimentos fluviais guardamuma relação com as variações nas condições deposicionais inerentes ao próprio sistemafluvial, registradas pelas diferentes fácies sedimentares. Isto pode ser evidenciado naszonas I e II, ambas registrando a presença de associações florísticas do tipo OmbrófilaDensa, sendo que a zona I (fácies ArGorg) apresentou-se quantitativamente e qualita-tivamente mais pobre em tipos polínicos e mais rica em algas e esporos que a zona II(fácies SARGorg e SARGmq). Nas zonas III e IV, apesar de todas as fácies apresenta-rem uma concentração total baixa em relação à zona II, as fácies SARGorg e SARGmqapresentam-se quantitativamente e qualitativamente mais ricas que a fácies ARGox.

NOME: MÁRCIO IVAN CARVALHO MOREIRAORIENTADOR: Antonio Carlos Sequeira FernandesTÍTULO: ESTRATIGRAFIA DO INTERVALO ORDOVICIANO-SILURIANO DABORDA NOROESTE DA BACIA DO PARANÁ

RESUMO:Ao intervalo estratigráfico Ordoviciano-Siluriano da bacia do Paraná são atri-

buídas as formações Rio Ivaí, Alto Garças, Vila Maria e Iapó, como unidadeslitoestratigráficas basais da bacia do Paraná. O uso da Formação Alto Garças é válidoem subsuperfície para denominar a seção predominantemente arenítica que ocorreestratigraficamente acima do embasamento e abaixo de camadas de diamictitos dasformações Iapó ou Vila Maria. A sua identificação em superfície parece estar restrita àborda noroeste da bacia, na região de Chapada dos Guimarães, onde se sugere a seção dacaverna Aroe Jari como alternativa de estratótipo (lectoestrtótipo). Quanto às forma-ções Iapó e Vila Maria, parece correta a manutenção dessas unidades em suas acepçõesoriginais para indicar formações sem correlação física, mas em posição estratigráficaequivalente e resultante de um mesmo evento deposicional (glaciação eossiluriana) emlocalidades geograficamente afastadas. Quanto à Formação Vila Maria, sugere-se aquique fácies de conglomerados sejam incorporadas à diagnose da sua base, para a qual aparte superior do perfil da região da caverna Aroe Jari seria o hipoestratótipo corres-pondente. A Formação Rio Ivaí, segundo sua definição original, contém a Formação

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Vila Maria, já conhecida na época de sua proposta, e, possivelmente, parte da FormaçãoFurnas, o que a torna um termo estratigráfico impreciso no seu próprio holoestratótipo.O termo Grupo Rio Ivaí foi proposto conceitualmente como a reunião das formaçõesAlto Garças, Iapó e Vila Maria, podendo ser usado provisoriamente até a indicação deum estratótipo adequado. O intervalo Ordoviciano-Siluriano aflorante na região deChapada dos Guimarães caracteriza-se, simplificadamente, por 16 litofácies e duasicnofácies. Dentre as litofácies, são identificadas nove rudíticas, seis areníticas e umalutítica. As litofácies rudíticas são denominadas de conglomerado maciço (Cm), conglo-merado em camadas tabulares (Ct), conglomerados e arenitos intercalados em camadastabulares (Ct(H)), conglomerado com estratificação cruzada (Cc), diamictito maciço(Dmm), diamictito maciço ressedimentado (Dmm(r)), diamictito estratificado (Dms),diamictito estratificado com ação de corrente (Dms(c)) e diamictito estratificadoressedimentado (Dms(r)); as litofácies areníticas, de arenito maciço (Am), arenito emcamadas tabulares (At), sendo com laminação cruzada cavalgante (Ac1), arenito comestratificação cruzada (Ac2), arenito com laminação cruzada ondulada (Ao) e arenitos efolhelhos intercalados em acamamento flaser, wavy e linsen (Ao(H)); e a lutítica, defolhelho com clasto caído (Fld). Jás as icnofácies identificadas são Skolithos (Sko), pelapresença de Sholithos linearis, Arenicolites ichnosp. e Diplocraterion ichnosp.; e Cruziana(Crz), pela presença de Arthrophycus alleghaniensis, Palaeophycus tubularis,Aulichnites ichnosp., Lockeia ichnosp., Chondrites ichnosp. e Teichichnus ichnosp..Essas fácies foram relacionadas em quatro sistemas deposicionais: sistema fluvial (SF -fácies Cc), sistema marinho raso rudáceo (SMRrud - fácies Ct, Ct(H), Cm, At, Ac2,Crz), sistema marinho raso arenáceo (SMRam - fácies Am, At, Ac2, Ao, Ao(H), Sko)e sistema glaciomarinho (SG - fácies Dmm, Dmm(r), Dms, Dms(r), Ac1, Crz). AFormação Alto Garças, com base na associação At, Am e Sko, é interpretada como oSMRam. A Formação Vila Maria é caracterizada por uma sucessão de (i) camadas dafácies Cc, interpretadas como um depósito fluvioglacial do SF; (ii) camadas da fáciesCt(H), interpretadas como depósitos de face-de-praia do SMRrud; (iii) camadas dasfácies Cf e At, interpretadas como depósitos de antepraia proximal dominado portempestades do SMRrud; (iv) camadas da fácies At, Ct e Crz, interpretadas comodepósitos de antepraia distal dominado por tempestades do SMRrud; (v) fácies dediamicitto, fácies Fld, Crz, Ac1, interpretadas com SG; (vi) camadas da fácies At, Crz,Ct. Ac2, interpretadas como depósitos de antepraia proximal e distal dominada portempestades do SMRrud; e (vii) camadas das fácies At, Sko, Ao, Ao(H), interpretadascomo depósitos lagunar e de antepraia proximal dominada por tempestades do SMRam.

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NOME: MÁRCIA APARECIDA FERNANDES DOS REISORIENTADOR: Paulo Marques Machado BritoTÍTULO: REVISÃO DE TRIBODUS LIMAE BRITO & FERREIRA, 1989(ELASMOBRANCHIII: HYBODONTIDAE) DA FORMAÇÃO SANTANA,CRETÁCEO INFERIOR DO NORDESTE DO BRASIL

RESUMO:O objetivo deste trabalho é descrever morfologicamente o tubarão hibodontídeo,

Tribodus limae da Formação Santana da Bacia do Araripe, assim como posicioná-lofilogeneticamente entre os Hybodontiformes. O excelente estado de preservação dealguns espécimes permitiu a identificação de tecidos moles, que foram substituídos porfosfato de cálcio. O crânio e o pós-crânio foram descritos e comparados com outroshibodontiformes e neoseláquios. O tipo de suspensão mandibular é anfistílico e omodelo de disposição miológica, proposto com base em comparação morfo-anatômicaé semelhante ao encontrado no gênero Heterodontus, devido ao tipo de mecanismodurofágico de alimentação. Tribodus limae apresenta dimorfismo sexual marcante,encontrado principalmente na região do neurocrânio, o que contribui para a diagnosedessa espécie, evitando sua identificação como um metatáxon. Com base em complexosanatômicos, foi realizada uma análise filogenética dos Hybodontiformes, sendo estes ogrupo-irmão dos Neoselachii. A família Hybodontidae foi definida com base nos noveseguintes caracteres: a) processo pós-orbital muito desenvolvido; b) artéria carótidainterna saindo por um único forame; c) cápsulas ópticas localizadas entre processospós-orbitais; d) espinhos cefálicos presentes; e) tecido esmaltado dentário com uma ouduas camadas; f) nadadeiras peitorais aplesódicas; g) espinhos das nadadeiras dorsaisornamentados por dentículos na parte posterior; h) vértebras calcificadas ausentes, e i)costelas calcificadas presentes, sendo representada pelos gêneros Tristychius,Hamiltonichthys, Hybodus e Tribodus. A análise paleogeográfica de Tribodus indicaorigem Tethiana para o gênero, com distribuição temporal do Barremiano ao Cenomaniano.

NOME: ALEXANDRE SOARESORIENTADORES: Eurípedes do Amaral Vargas Júnior e Tácio Mauro Pe-reira de CamposTÍTULO: TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM DE ÁGUA SUBTERRÂNEA E APLI-CAÇÃO NA AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEANA CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS - RJ

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RESUMO:Estudo e aplicação da utilização de um sistema de coleta de amostras de água

na Cidade dos Meninos, no município de Duque de Caxias, onde existia uma fábrica deHCH, que é um pesticida organoclorado, que foi desativada e abandonada, permanecen-do no local estoques de HCH, matérias primas e subprodutos. Neste mesmo local jáexistem estudos em andamento da contaminação do solo. Pretende-se determinar méto-dos de amostragem de água de alta qualidade, para que estas apresentem-se com omínimo de perda ou modificação das características das amostras. Deve-se atentar paraa importância de uma boa amostragem, pois para que o resultado da análise correspondaà química do local amostrado análises é necessária uma boa amostragem. Diferentesmateriais presentes na água podem se comportar de maneira diferente, então pretende-se através deste trabalho a determinação destas diversas metodologias, enfocando osdiferentes tipos de amostragem necessárias para diferentes substâncias presentes naágua além da possibilidade de se amostrar na zona saturada e na não-saturada do solo.

NOME: PEDRO HENRIQUE NOBREORIENTADOR: Ismar de Souza CarvalhoTÍTULO: MORFOLOGIA PÓS-CRANIANA DE NOTOSUCHIA(CROCODYLOMORPHA, MESOSUCHIA), DO CRETÁCEO DO BRASIL

RESUMO:Os Notosuchia são pequenos crocodilomorfos encontrados em rochas do Cretáceo daAmérica do Sul, África e Ásia. Na América do Sul, estão registrados no CretáceoSuperior do nordeste do Uruguai (Uruguaysuchus terrai Rusconi, 1933 e Uruguaysuchusaznarezi Rusconi, 1933) e centro-oeste da Argentina (Notosuchus terrestris S. Woodward,1896). No Brasil estão registrados no Cretáceo Inferior da Bacia do Araripe, Aptiano-Albiano - Formação Santana (Araripesuchus gomesii Price, 1959), Bacia do Parnaíba,Aptiano-Albiano - Formação Itapecuru (Candidodon itapecuruense Carvalho & Cam-pos, 1988) e Cretáceo Superior da Bacia Bauru, Coniaciano-Campaniano - FormaçãoAdamantina/Araçatuba (Mariliasuchus amarale Carvalho & Bertini, 1999). As conside-ráveis especializações apresentadas por este grupo lhes conferem uma importância decaráter especial para a ciência, sendo fundamentais para o conhecimento evolutivo daordem Crocodylomorpha. A maior parte dos trabalhos descritivos incluem apenas adescrição detalhada do material craniano, ficando o esqueleto pós-craniano com uma

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descrição simplificada, impedindo uma melhor comparação entre as espécies destegrupo. No presente trabalho são apresentadas as descrições detalhadas do esqueletopós-craniano das espécies de Notosuchia Candidodon itapecuruense, Mariliasuchusamarali, bem como uma comparação entre os Notosuchia do Brasil com o gênero africa-no Malawisuchus e o uruguaio, Uruguaysuchus. Conclui-se que o esqueleto pós-craniano pode contribuir de forma significativa para uma melhor definição taxonômicado grupo. As semelhanças entre Candidodon e Malawisuchus são reforçadas nestetrabalho, com ênfase no esqueleto pós-craniano

NOME: MARCELO DA ROCHA GONZALEZ SANTOSORIENTADOR: Carlos Eduardo de Moraes FernandesTÍTULO: APLICAÇÃO DE MÉTODOS DE GEOPROCESSAMENTO PARA OESTUDO DE INSTABILIDADE DE ENCOSTAS NO MUNICÍPIO DETERESÓPOLIS - RJ

RESUMO:O município de Teresópolis apresenta diversos problemas relacionados com a instabi-lidade de encostas que evidencia uma insustentabilidade progressiva da sociedade enatureza. Este fato ocorre principalmente pela barreira natural imposta pelos aspectosfisiográficos da região versus a progressiva expansão urbana principalmente dos seg-mentos de baixa renda. A fisiografia da região é caracterizada por um sistema de relevobastante acidentado com encostas de gradientes elevados, vales alongados e bastanteencaixados e drenagens com alto potencial erosivo. Associados a essa topografia ocor-rem tanto materiais rochosos em diferentes estágios de alteração, como depósitos coluviaiscom características predominantemente de ambientes de alto gradiente. Sobre essessubstratos ocorrem remanescentes locais da Mata Altântica. Climaticamente a região,por sua geomorfologia, caracteriza-se pelo desenvolvimento de microclimas, com índi-ces pluviométricos que vão de 2800 a 1790 mm, concentrados no período de verão aoutono, dando às drenagens locais um caráter torrencial de alto poder de erosão epotencializando neste período a ocorrência de processos de instabilidade de encostas.Segundo dados do IBGE (recontagem de 1996), o município de Teresópolis totaliza126.000 habitantes, sendo que 86% localizam-se em aglomerações urbanas, das quaismais de 50% no 1o distrito - cidade de Teresópolis -, justamente onde predominampaisagens com os mais baixos potenciais para a expansão urbana, face as suas caracte-rísticas. Nesse universo, a cidade de Teresópolis, possui um total de 24% de sua

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população ocupando áreas de encostas, sendo aqui representadas por um segmentoprincipalmente de baixo poder aquisitivo. A fisiografia apresentada representa umfator limitante à ocupação, mas por outro lado este limite é ultrapassado pela falta deespaço para a expansão urbana. Em face disso, a cidade de Teresópolis demanda umplanejamento adequado quanto à ocupação de suas encostas, com base na análise deinstabilidade, tendo em vista absorver uma crescente demanda, principalmente, de seg-mentos de baixo poder aquisitivo. Essas características, personalizam o município deTeresópolis como uma área potencialmente vulnerável e favorável ao desenvolvimentode áreas de riscos gerados por processos de instabilidades de encostas frente às inter-venções humanas.

NOME: CLAYTON PERÔNICO DE ALMEIDAORIENTADORES: Lílian Paglarelli Bergqvist e Márcia Gomide da Silva MelloTÍTULO: ABORDAGEM TAFONÔMICA DO JAZIGO FOSSILÍFERO, SD-1,DA GRUTA BAUZINHO DE OSSOS / REGIÃO CÁRSTICA DE LAGOA SAN-TA – MINAS GERAIS

RESUMO:Os estudos tafonômicos têm sido crescentes dentro da Paleontologia. Aproveitando-seda oportunidade de se trabalhar em uma caverna recém-descoberta e intacta aos estudoscientíficos, decidiu-se por adaptar uma metodologia de escavação empregada em traba-lhos arqueológicos para a análise tanto das condições de formação do jazigo como doestado de preservação do material nele contidos. Para tanto, escolheu-se trabalhar nsítio deposicional situado no solo. O trabalho objetivou identificar as alteraçõestafonômicas ocorridas nas peças, correlacioná-as em um contexto que envolvesse a suadistribuição dentro do jazigo e propor, a partir de uma adaptação metodológica, ummodelo de escavação capaz de subsidiar o máximo de informações possíveis. Osresultados sugerem que o material foi carreado para o jazigo por uma lama de baixaenergia e que no próprio depósito houve, posteriormente, um retrabalhamento do sedi-mento. Todas as peças demonstram alterações pós-morte em que se destacam quebrase sedimento incluso em alterações. A adaptação metodológica proposta para esse tipode jazigo em solo, com a formação de uma quadra subdividida em quadrantes e exploradapor uma escavação vertical, foi funcional. Entretanto, para os outros tipos de depósitosfossilíferos também comuns em cavernas calcáreas, como é o caso das capas

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estalagmíticas e das brechas de preenchimento, sugere-se melhores estudos e até mesmoa inovação metodológica ao invés de uma simples adaptação. Finalmente, propõe-se acontinuidade de trabalhos com enfoque tafonômico em cavernas que seriam de grandeimportância para o melhoramento dos conhecimentos a respeito desse ambiente pecu-liar de preservação dos sinais de algumas formas de vidas pretéritas.

NOME: MICHAEL GEORGE LOWSBYORIENTADOR: Gerson Cardoso da Silva JúniorTÍTULO: ESTUDO DA INTRUSÃO SALINA NO AQÜÍFERO COSTEIRO DEPIRATININGA, REGIÃO OCEÂNICA DO MUNICÍPIO DE NITERÓI - RJ

RESUMO:A salinização das reservas de água doce tem se tornado preocupante neste

último século devido às crescentes demandas de água subterrânea pelas populações dasáreas costeiras. A intrusão salina causa muitos problemas nestas áreas e a sua maiorconseqüência é a deterioração das reservas de água potável. Em função disso, estetrabalho teve como objetivo caracterizar o processo de intrusão salina no aqüíferocosteiro da área de Piratininga, região oceânica do município de Niterói, visando umaavaliação detalhada do problema neste local, com a determinação da extensão do proble-ma e principalmente da qualidade das águas desses aqüíferos, a partir do uso de ferra-mentas como a caracterização geológica, geofísica e a geoquímica. Para o desenvolvi-mento deste trabalho foram medidos os níveis estáticos e a profundidade dos poços,realizados nivelamentos topográficos, levantamentos geofísicos, medidas propriedadesfísico-químicas in situ e coletadas amostras de água para realização de análises químicas.Através dos resultados obtidos pelas análises químicas foi possível delimitar áreas deisovalores de condutividade elétrica e de concentração de cloretos. Verificou-se tambémque o nível estático apresenta gradientes muito baixos, com um divisor de águas aproxi-madamente paralelo ao eixo do cordão arenoso de Piratininga. Através da realização dobalanço hídrico e do levantamento das características hidrodinâmicas da área de estudo,foi possível quantificar os recursos hídricos subterrâneos disponíveis na restinga dePiratininga, contrastando-se o resultado com a projeção de consumo de águas subterrâ-neas na região. Concluiu-se que a área apresenta contaminação pela cunha salina,variando seu grau de acordo com a proximidade do mar e com a profundidade dos poços,observando-se o perigo de salinização dos aqüíferos locais a curto/médio prazo, mantidasas projeções de aumento de consumo.

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NOME: GERTRUDES SILVA NOGUEIRA BORGHIORIENTADOR: Ubiratan Porto dos SantosTÍTULO: MACROZONEAMENTO DO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIODE PÁDUA USANDO TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO: SUBSÍDIOSPARA O LICENCIAMENTO MINERAL

RESUMO:Um tipo fundamental de litologia ocorre na área do município de Santo Antô-

nio de Pádua, a Unidade Santo Eduardo, composta por gnaisses e migmatitos, comintercalações de quartzitos. Os gnaisses desta Unidade quando milonitizados desplacamcom facilidade, o que fez surgir uma intensa exploração dessas rochas para fins orna-mentais, tendo em vista sua grande aceitação nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiroe Minas Gerais, devido a rusticidade e beleza, além do baixo custo. O crescimentodesordenado da atividade mineral nesta área trouxe diversos problemas ambientais, umavez que a mesma, instala-se preferencialmente nas cabeceiras das drenagens, suprimin-do a cobertura vegetal, causando o aumento da taxa de assoreamento dos corpos hídricosmediante o aumento da área sujeita à erosão, sem falar dos demais impactos geradospelo desenvolvimento dos trabalhos de lavra e beneficiamento, realizados sem nenhumcritério técnico. Por este motivo a área foi escolhida pelo DRM/RJ, órgão vinculado àSecretaria de Estado do Meio Ambiente - SEMA, responsável pelo desenvolvimentosustentato da mineração e dos recursos hídricos subterrâneos do Estado, como objetode estudo mais detalhado visando organizar a disciplinar a atividade mineral no municí-pio. O conhecimento e detalhamento dos problemas ambientais decorrentes destaatividade assim como sugestões para a recuperação das áreas degradadas pela mineraçãofoi o tema proposto, pela autora, para a sua dissertação de Mestrado.

NOME: FLÁVIA GONÇALVES DE CASTROORIENTADOR: Gerson Cardoso da Silva JúniorTÍTULO: CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA E HIDROGEOQUÍMICADA BACIA SEDIMENTAR DE RESENDE - RJ

RESUMO:Na região da bacia sedimentar de Resende localizada no eixo Rio-São Paulo,

em uma zona de desenvolvimento econômico acelerado, foram realizados estudos que

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visam a caracterização hidrogeológica e hidrogeoquímica da área. Com base nos dadosde 80 pontos de captação de água subterrânea cadastrados foi realizada a avaliaçãohidrogeológica da bacia de Resende, tendo sido identificados três tipos de aqüíferos, oaqüífero sedimentar livre, o aqüífero sedimentar multicamadas e o aqüífero cristalino oufissural. Estes aqüíferos foram caracterizados em função de sua constituição geológica,composição hidroquímica e da dinâmica da água subterrânea. A caracterizaçãohidrogeológica da bacia de Resende foi realizada a partir de aspectos fundamentais comoo balanço hídrico, ferramenta essencial para uma avaliação quantitativa espacial e tem-poral dos recursos hídricos de uma região, e a hidrogeoquímica através da qual foirealizada a caracterização qualitativa destes recursos. Foram abordados temas como,circulação da água subterrânea, armazenamento, classificação das unidades aqüíferas,classificação dos tipos de água subterrânea presentes, distribuição destes tipos de águana bacia e variação temporal da qualidade da água. O aqüífero sedimentar-multicamadadasfoi caracterizado como o mais importante da bacia apesar de ser caracterizado comobastante heterogêneo por compreender unidades sedimentares com forte intercalaçãoentre camadas de sedimentos pelíticos e arenosos, o que acarreta uma grande variação deporosidade e uma extensão lateral limitada, além de ser fortemente afetado por falhas efraturas, diminuindo a conectividade entre as camadas com água e conseqüentemente acondutividade hidráulica deste aqüífero. Este aqüífero foi caracterizado como semi-confinado a confinado sendo o comportamento da carga da água subterrânea extrema-mente variável, atingindo vários metros acima do nível onde encontra-se armazenada. Oaqüífero sedimentar livre foi identificado em toda a área da bacia, principalmente naparte leste e central, compreendendo os depósitos quaternários, planícies aluviais eterraços fluviais. A água subterrânea neste aqüífero foi encontrada em níveis bastanterasos. A recarga deste aqüífero se dá pela infiltração das águas da chuva e este funcionacomo fonte de recarga para o aqüífero sedimentar subjacente, além de contribuir para orio Paraíba do Sul. O aqüífero cristalino, embora não tenha sido alvo principal desteestudo, foi caracterizado seu importante papel na interação hidrodinâmica com as uni-dades sedimentares, principalmente nos limites da bacia. As maiores vazões nesteaqüífero foram encontradas em poços que captam água das fraturas entre 40 e 80m deprofundidade. Em termos hidroquímicos, verificou-se uma certa homogeneidade naclassificação das águas de uma forma geral, são águas pouco mineralizadas, levementebásicas, bicarbonatadas-sódicas e de baixa salinidade. Além dos significativos teores deHCO3 e Na, também de maneira abundante ocorrem Ca, Mg, Fe e NO3 que foramelementos fundamentais para que houvesse uma classificação das águas que constituemos tipos de aqüíferos encontrados, tendo sido utilizados ainda na diferenciação das

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águas dos aqüíferos sedimentares. A distribuição espacial dos valores de condutividadeelétrica indicaram que próximo às bordas da bacia encontram-se as águas mais salinas. Omodelo de funcionamento hidrogeológico proposto para a bacia de Resende, de acordocom a caracterização hidrodinâmica e com o balanço hídrico realizado indica que oaqüífero multicamadas recebe seu principal aporte a partir da infiltração das águas dachuva e também da contribuição do rio Paraíba do Sul, sendo a circulação da água noespesso pacote sedimentar que caracteriza esta unidade dependente de condições lo-cais, já que a marcante intercalação entre suas camadas e o grau de fraturamento e/oufalhamentos que afetam esta unidade podem facilitar ou dificultar a circulação da água.

NOME: FABIANO MENDES COUTOORIENTADOR: Joel Gomes ValençaTÍTULO: METADIORITOS, METAQUARTZO DIORITOS EMETATONALITOS (ASSOCIAÇÃO MDQT) E SUAS ROCHASENCAIXANTES DO GREENSTONE BELT BARBACENA, NA REGIÃO DELAVRAS-NAZARENO (SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS)

RESUMO:Na borda sul do Cráton do São Francisco, na região compreendida entre as cidades deLavras e Nazareno (sul do Estado de Minas Gerais), foram investigados uma associaçãode corpos de rochas, de composição abrangendo diorito contendo quartzo, quartzodiorito e tonalito (Associação MDQT) e, outros, bem menores, de composiçãopiroxenítica-gabróica e de composição granitóide, encaixados em faixa de rochas vulcâ-nicas basálticas e komatiíticas, plutônicas e metassedimentares clásticas (pelitos) equímicas ou bioquímicas (cherts) do Greenstone Belt Barbacena (GBB). Em geral,todas litologias estudadas formam corpos tabulares, localmente lenticularizados ouboudinados, contendo uma foliação penetrativa de mergulho subvertical, que é subparalelaa paralela ao marcante alinhamento ENE-WSW das faixas do GBB. Evidências decampo mostram que as rochas da Associação MDQT são intrusivas em anfibolitos(metabasaltos) e, mais restritamente, em corpos plutônicos ultramáficos a máficospseudocumuláticos (piroxenitos-gabros), pertencentes à supracitada faixa; e, ainda, quetodos esses conjuntos de rochas são cortados por pequenos diques de tonalitos holofélsicose pegmatitos. Rochas da Associação MDQT, predominantemente, quartzo dioríticas etonalíticas, e mais subordinadamente, dioríticas, em composição, são todas desprovidas

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de K-feldspato. Esta diversidade de protólitos é interpretada como originada de pro-cessos magmáticos de cristalização fracionada in situ a partir de magma parental diorítico.Destes protólitos, os termos menos evoluídos, dioritos portando quartzo e os maisevoluídos, quartzo dioritos e tonalitos resultam, essencialmente, de diferentes propor-ções modais de hornblenda verde oliva, plagioclásio (a maioria, pseudomorfos) e quart-zo. Com relação aos eventos metamórficos e deformacionais, as associações mineraismetamórficas e as texturas e/ou microestruturas impressas nos metalitótipos aflorantesna região de Lavras-Nazareno, revelam a existência de dois padrões distintos demetamorfismo regionais, Mn-1 e Mn - o primeiro, atingiu condições de fácies anfibolitomuito baixo, e o segundo, retrógrado, condições de fácies transicional epidoto-anfibolito/ xisto verde de grau alto a xisto-verde médio - e de três fases de deformação Dn-1, Dne Dn+1. No tocante ao posicionamento dos corpos intrusivos, as associações mineraismetamórficas e a foliação mais antiga, Sn-1, atribuídas, respectivamente, ao metamorfismoMn-1 e à deformação Dn-1, acham-se, somente, representadas nas rochas encaixantesdas rochas da Associação MDQT e dos metatonalitos holofélsicos e metapegmatitosmais jovens: os anfibolitos bandados ou não e os metaplutonitos ultramáficos-máficos(piroxenitos-gabros) do GBB. Em todas litologias estudadas é reconhecida, em maiorou menor grau, a atuação do segundo evento metamórfico regional (Mn) retrógrado,sincrônico ao evento deformacional Dn de caráter transpressivo, que deformou estrutu-ras Dn-1 e produziu a atual estruturação regional NE-SW, zonas de cisalhamento e amarcante xistosidade principal (SN).

NOME: MARIA EDUARDA SANTOS DE CASTRO LEALORIENTADORES: Paulo Marques Machado Brito e Lílian Paglarelli BergqvistTÍTULO: REDESCRIÇÃO OSTEOLÓGICA DOS CLADOCYCLIDAE(ICHTHYODECTIFORMES – TELEOSTEI) DO MESOZÓICO DO BRASIL,COM COMENTÁRIOS SOBRE A TAXONOMIA DO GRUPO

RESUMO:A primeira parte do trabalho será dedicada ao estudo anatômico e descrição minuciosadas espécies nominais de Cladocyclus, oriundas de diversas bacias mesozóicas brasilei-ras, com especial ênfase para C. gardneri da Formação Santana da Chapada do Araripe.Com essa abordagem espera-se diagnosticar, preferivelmente com sinapomorfias, asespécies do “complexo Cladocyclus”, resolvendo-se os possíveis casos de sinonímia.

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Em um segundo momento será feita uma abordagem filogenética preliminar relacionan-do as espécies estudadas numa perspectiva cladista, e elaborada uma proposta depaleobiogeografia para o grupo. Serão ainda efetuadas interpretações de aspectospaleoecológicos do gênero e traçada sua distribuição cronoestratigráfica. OsIchthyodectiformes constituem uma ordem de teleósteos basais conhecidos mundial-mente em terrenos Jurássicos e Cretáceos, representados por cerca de 14 gêneros distin-tos. Este grupo é considerado monofilético com base em pelo menos duas sinapomorfias:“presença de um etmo-palatino no assoalho da cápsula nasal” e por “uroneurais querecobrem as faces laterais do centrum pré-ural” (Patterson & Rosen, 1977). As relaçõesfilogenéticas dos Ichthyodectiformes ainda não foram bem estabelecidas, e não há con-senso entre os autores. Até a década de 60 de nosso século, esta ordem era incluída entreos Clupeiformes, segundo a classificação proposta por Heckel (1849). Greemwood etal. (1966) relacionaram este grupo aos Osteoglossomorpha. Nelson (1973) sugeriu umarelação com os Elopomorpha, mas já em 1969 Bardack & Sprinkle haviam reunido osSaurodontidae e os Ichthyodectidae na nova ordem Ichthyodectiformes, de posiçãoincertae sedis. Patterson & Rosen (1977) revisaram os Ichthyodectiformes e concluí-ram tratar-se de um grupo monofilético composto pelas subordens Allothrissopoidei eIchthyodectoidei. Maisey (1991) em uma revisão do gênero Cladocyclus conclui seremos Ichthyodectiformes “Teleostei incertae sedis”. No Brasil os Ichthyodectiformesestão representados pelo gênero Cladocyclus, até o presente endêmico, cujos restos sãoencontrados nas mais importantes Bacias nordestinas, com amplo range temporal doJurássico Superior (andar Donjoão) ao topo do Cretáceo Inferior (Albiano). A espécietipo do gênero, Cladocyclus gardneri, foi descrita por Agassiz em 1841. São facilmentereconhecidos por sua boca oblíqua com uma fileira de dentes cônicos, afilados e ponti-agudos, corpo longo, delgado e comprimido lateralmente, recoberto por grandes esca-mas ciclóides, nadadeiras dorsal e anal posicionadas no quarto posterior do corpo. Sãoatribuídos a Cladocyclus espécimes provenientes das bacias do Recôncavo (C. mawsonie “C”. woodwardi: folhelhos lacustres da Formação Candelas); Sergipe-Alagoas (C.alagoensis: folhelhos da Formação Muribeca e Cladocyclus sp.: no Membro Taquari daFormação Riachuelo); Parnaíba (Cladocyclus sp.: Formação Codó); e na Bacia do Araripe(Cladocyclus sp.: folhelho pirobetuminoso da Formação Missão Velha, Cladocyclussp.: calcários do Membro Crato da Formação Santana e C. gardneri e C. ferus nosnódulos calcários do Membro Romualdo da Formação Santana) (Wenz & Campos,1985). Em 1986, Santos criou o gênero novo Itaparica para a espécie “C”. woodwardi.No entanto, nenhum caráter sinapomórfico ou diagnose plausível que justifique tal

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mudança taxonômica foi oferecido. Neste projeto optou-se por considerar este gênerocomo um Cladocyclus, até que se obtenham dados precisos a respeito de sua posiçãotaxonômica. No livro “Santana Fossils” (1991), Maisey propõe a criação da famíliaCladocyclidae, cuja espécie tipo é Cladocyclus gardneri. Entretanto, a diagnose dafamília é baseada na morfologia dos dentes (premaxilares, maxilares e mandibulares) e nonúmero de vértebras, sem que se apresente uma única sinapomorfia para o grupo.Embora alguns autores tenham levantado propostas de classificação para as espéciesbrasileiras (Santos, 1950; Patterson & Rosen, 1977, entre outros), ainda permanecemmuitas dúvidas a respeito da taxonomia do grupo e da inter-relação deste clado em meioaos teleósteos. São poucos os trabalhos recentes que tratam do problema (Santos,1966; Wenz & Brito, 1990; Maisey, 1991), sendo que nenhum deles aborda as espéciesbrasileiras em uma perspectiva cladista, o que torna necessária uma revisão deste com-plexo de espécies.

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DOUTORADO

NOME: RENATO FONTES GUIMARÃESORIENTADOR: Nelson Ferreira FernandesTÍTULO: UTILIZAÇÃO DE UM MODELO DE PREVISÃO DE ÁREAS SUS-CEPTÍVEIS À OCORRÊNCIA DE ESCORREGAMENTOS RASOS COM CON-TROLE TOPOGRÁFICO: ADEQUAÇÃO E CALIBRAÇÃO EM DUAS BACIASDE DRENAGEM

RESUMO:De acordo com a proposta inicial foi testado um modelo de predição de áreas

de risco a deslizamentos rasos, desenvolvido pelo Prof. Dave Montgomery, e que atéentão não havia sido aplicado em regiões de clima tropical. Uma metodologia foidesenvolvida com intuito de calibrar o modelo, inicialmente elaborado para áreas declima temperado, com objetivo de atingir a mesma performance obtida no Oeste dosEstados Unidos. Essa metodologia foi aplicada em duas bacias de drenagem localizadasna cidade do Rio de Janeiro. Várias simulações foram realizadas investigando, inclusiveos efeitos da vegetação no comportamento desses movimentos de massa, bem como foidesenvolvido uma análise de sensibilidade dos parâmetros do modelo como densidade,coesão e ângulo de atrito.

NOME: MARIA DA GLÓRIA ALVES DE SOUZAORIENTADORES: Josué Alves Barroso E Mauro Sérgio Fernandes ArgentoTÍTULO: DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA REGIÃO OCEÂNICA DE NITERÓIE DO DISTRITO DE INOÃ-MARICÁ (RJ): UMA VISÃO PORGEOPROCESSAMENTO E MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOCOM ÊNFASE NOS IMPACTOS DO USO E OCUPAÇÃO

RESUMO:Os sistemas flúvio-lagunares de Piratininga-Itaipu, em Niterói, e a sub-bacia

do rio do Vigário, em Maricá, apresentaram nos últimos anos, uma expansão demográfica

Programa de Pós-Graduação em Geologia

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desordenada que não considerou a fragilidade do meio físico, uma característica marcanteda área estudada, acarretando uma série considerável de inadequações e impactosambientais. Sendo esta região eminentemente turística tende a ter um crescimentoimobiliário muito rápido, o que pode trazer conseqüências ambientais catastróficas seesta evolução do processo de modificação da paisagem não tiver um acompanhamentotécnico para a sua implantação. Visou-se realizar análise ambiental da área, utilizando omapeamento geológico-geotécnico como instrumento básico de orientação ao planeja-mento urbano, recorrendo-se às técnicas de geoprocessamento, em especial aos diferen-tes tipos de produto de Sensoriamento Remoto e aos Sistemas de Informação Geografia(SIG), como ferramentas poderosas para criação de banco de dados acessíveis aomonitoramento ao longo de todo crescimento urbano. O conjunto de informaçõesobtidas pelas técnicas de geoprocessamento e pelas observações diretas dos trabalhosde campo permitiu a compreensão dos impactos provocados pelas diversas formas deintervenção nos processos geológicos superficiais, isoladamente ou em associações.Para efeito de sistematização, enfatizou-se a degradação da vegetação, assoreamento,fontes de erosão, poluição de aqüíferos e das drenagens fluviais, disposição de efluentes,e dinâmica litorânea nas faixas de praia. Tendo em vista minimizar ou cessar os efeitosprovocados pelas diversas formas de intervenção faz-se recomendações gerais e/ouespecíficas.

NOME: VLADIMIR DE ARAÚJO TÁVORAORIENTADOR: Ismar de Souza CarvalhoTÍTULO: CARCINÓLITOS DA FORMAÇÃO PIRABAS (EOMIOCENO) – ES-TADO DO PARÁ

RESUMO:A presente tese compreende o estudo dos carcinólitos da ecofácies Baunilha

Grande da Formação Pirabas, coletados no furo de Baunilha, nordeste do estado doPará. Abrange descrição e classificação sistemática dos crustáceos decápodes nelesencerrados, bem como estudos paleopalinológico, petrográfico, diagenético, geoquímico- análise química qualitativa e análise da composição isotópica de Sr (87Sr/86Sr) emcarapaças de decápodes - e tafonômico. A carcinofauna dos carcinólitos estudados émonoespecífica, constituída pela espécie Uca maracoani, vivente hoje na costa brasilei-ra. Exames paleopalinológicos dos carcinólitos revelaram grãos de polen de angiospermas,

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esporos de pteridófitas e de algas dulcícolas, dinoflagelados, fungos e foraminíferosquitinosos, atestando ambiente deposicional costeiro, e com pouca influência marinha,típica de mangue, para a ecofácies Baunilha Grande. A presença do polen Pachydermitesdiederixi permitiu datar os carcinólitos como eomiocênicos, palinozona P-740. Os altosvalores das razões isotópicas 87Sr/86Sr obtidos em fragmentos de carapaças de Ucamaracoani sugerem que o ambiente de vida deste braquiúre recebia grande aporte dematerial terrígeno. Estes dados corroboram os paleopalinológicos na caracterizaçãoambiental do paleomangue Baunilha Grande. Com marcada homogeneidade mineralógica,constituída por quartzo, calcita, cutnahorita magnesiana, pirita, fluorapatita e caolinita,foi caracterizada nos carcinólitos apenas uma microfácies deposicional, biomicrito. Sãofreqüentes os constituintes alóquemes, representados por crustáceos decápodes,foraminíferos bentônicos e planctônicos, diatomáceas, ostracodes, microbiválvios,equinodermas, algas calcárias e fragmentos vegetais, além de pelotas fecais e estruturasde bioturbação. Foram identificadas sete fases eodiagenéticas, possivelmente simultâ-neas: substituição da matéria orgânica por calcita, piritização da matéria orgânica,fosfatização da matéria orgânica, compactação mecânica, formação de franja de CaCO3,dissolução local de CaCO3 já precipitado nos poros, e substituição da calcita por sílica.As feições bioestratinômicas grau de articulação e fragmentação, e posições gerais desoterramento indicam ambiente deposicional com alta energia durante o evento desoterramento, e que a maioria dos braquiúres foi soterrada após sua morte (posiçãonormal), embora 25% deles represente indivíduos que foram surpreendidos pelosoterramento (posição de escape). A maioria dos cadáveres com o tórax intacto indicaque os processos de decomposição foram interrompidos com a formação das concreções.Foram individualizadas quatro morfologias nos carcinólitos, a saber: prolatos, arredon-dados, bifurcados e cintados. Nos dois primeiros tipos ocorrem apenas um indivíduoem seu interior, enquanto que nos demais são encontradas partes morfológicas deindivíduos diferentes. A espessura da concreção é função direta da duração dos proces-sos de decomposição. As feições diagenéticas sugerem que os carcinólitos se formaramsegundo a seguinte seqüência de etapas: dissolução, recristalização, fosfatização,silicificação e compressão. Em algumas concreções os braquiúres estão expostos emsua superfície. Esta feição representa ação erosiva por transporte fluvial ou ação demarés, que causou abrasão e corrosão dos carcinólitos, sendo considerada portanto,uma feição pós-diagenética. A presença de microfósseis marinhos, e de formas jovense adultas, algumas desarticuladas e fragmentadas, de braquiúres na paleotafocenose,sugerem um evento de mortandade em massa. A ausência de dados faciológicos dasrochas encaixantes dos carcinólitos, torna difícil inferir as causas desse evento catastró-fico. Entretanto, pode-se sugerir que ondas de tempestade podem ter provocado remo-

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ção do fundo lamoso rico em H2S, e causado a morte dos organismos por envenenamen-to. A posição de soterramento de alguns exemplares de Uca maracoani pode refletir aação de correntes de lama, que causou soterramento destes, antes de sua morte.

NOME: MIGUEL ARMONYORIENTADOR: Claudio BettiniTÍTULO: GEOESTATÍSTICA PARAMÉTRICA DE CAMPO”

RESUMO:Muitas técnicas foram introduzidas ao longo do tempo para estimação de

teores e reservas de ouro, mas nenhuma delas mostrou-se satisfatória. A própriaGeoestatística Indicatriz, que surgiu em função de problemas de assimetria na distribui-ção de dados, necessita de tantos variogramas quantos forem os teores de corte, e podelevar a problemas de ordem. Aqui apresentaremos a Geoestatística Paramétrica deCampo (GPC), que necessita somente de um variograma, em geral de bom comporta-mento, não acarreta qualquer problema de ordem e transforma o cáculo de reservas deouro em um problema de fácil execução. A GPC lida simultaneamente com a funçãodistribuição e com o arranjo espacial de amostras. O método se aplica também aqualquer outra variável cuja distribuição seja altamente assimétrica. Quando utilizadopara distribuições simétricas ou pouco simétricas, os resultados são similares aos obti-dos através da Geoestatística Clássica, com uma menor dispersão de erro. Assim, aGPC parece poder substituir a Geoestatística anterior com vantagens em todos oscasos. A Geoestatística Clássica pode ser vista como um caso particular da GeoestatísticaParamétrica de Campo.

NOME: CIRO ALEXANDRE ÁVILAORIENTADOR: Joel Gomes ValençaTÍTULO: GEOLOGIA, PETROGRAFIA E GEOCRONOLOGIA DE CORPOSPLUTÔNICOS PALEOPROTEROZÓICOS DA BORDA MERIDIONAL DOCRÁTON DO SÃO FRANCISCO, REGIÃO DE SÃO JOÃO DEL REI, MINASGERAIS

RESUMO:A área estudada localiza-se na porção meridional do Cráton São Francisco,

entre as cidades de Cassiterita, Ritápolis, São João del Rei e Coronel Xavier Chaves, eé representada por diversos corpos plutônicos, os quais encontram-se encaixados em

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gnaisses e migmatitos do Complexo Mantiqueira provavelmente Arqueanos, em rochasultramáficas, máficas e sedimentares de duas Sucessões Greenstone Belt possivelmenteArqueanas e em andesitos/basaltos de idade indefinida. A partir dos trabalhos decampo, nas escalas de 1:25.000 e, mais restritamente, a:12.500, foram individualizadosdois grandes domínios de mapeamento, denominado de Domínios Litológicos I e II.Esses domínios litológicos diferem em relação a composição e idade dos corpos plutônicose quanto a composição das rochas encaixantes dos mesmos, onde no Domínio LitológicoI predominam gnaisses, anfibolitos, piroxenitos, gonditos e xistos, enquanto no Domí-nio Litológico II rochas ultramáficas komatiíticas, andesitos/basaltos, e mais restrita-mente, pelitos. Os corpos plutônicos foram individualizados em dois agrupamentos,que diferem amplamente em relação a idade, dimensões e diversidade litológica dos seusrepresentantes individualizados, na proporção de exposição de rochas félsicas e máficas,na presença ou não de corpos subvulcânicos e na associação ou não dos corpos plutônicoscom pegmatitos. O agrupamento com idade entre 2.220 e 2.187 Ma encontra-se associ-ado ao Domínio Litológico II e reúne o Gabro de São Sebastião da Vitória (2.220 +- 3Ma), o Granodiorito Brumado de Baixo (2.218 +- 4 Ma), o Quartzo Diorito do Brito(2.198 +- 6 Ma), os Granitóides do Lajedo e do Cambuá e os corpos da Suíte Serrinha,representados pelo Granodiorito Brumado de Cima (2.187 +- 4 Ma), pelos CorposGranofíricos (2.192 +- 4 Ma) e pelas rochas riolíticas, enquanto o agrupamento comidade entre 2.162 e 2.121 Ma apresenta-se associado ao Domínio Litológico I e compre-ende o Trondhjemito Cassiterita (2.162 +- 10 Ma), o Gnaisse Granítico Fé, os corposda Suíte Intrusiva Ibitutinga (Diorito Brumado - 2.131 +- 4 Ma, Quartzo MonzodioritoGlória, Tonalitos do Barreiro e Espraiado) e o Granitóide Ritápolis (2.121 +- 7 Ma e2.122 +- 6 Ma). Em relação aos corpos plutônicos paleoproterozóicos da área estuda-da, pode-se destacar a presença de uma diversidade de magmas, representados por: -Magma transacional entre toleítico e cálcio-alcalino, que abrangeria o Gabro de SãoSebastião da Vitória com idade U/Pb de 2.220 +- 3 Ma; - Magma cálcio-alcalino varian-do de médio a alto potássio, que englobaria os corpos da Suíte Serrinha com idadesvariando entre 2.192 +- 4 Ma e 2.187 +- 4 Ma. Esses corpos encontram-se associadosa magmas do Tipo-A, cuja gênese ainda é amplamente discutida; - Magma trondhjemítico,que envolveria a evolução do Trondhjemito Cassiterita em um ambiente de arcomagmático continental com idade de 2.162 +- 10 Ma; - Magma cálcio-alcalino de médiopotássio (magma diorítico/andesítico), que englobaria os corpos da Suíte IntrusivaIbitutinga em um ambiente de arco magmático continental com idade de 2.131 +- 4 Ma;- Magma cálcio-alcalino de médio potássio, que abrangeria o Granitóide Ritápolis e as

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rochas das suas diversas fácies com idade entre 2.122 +- 6 Ma e 2.121 +- 7 Ma. Emrelação ao metamofismo, sugere-se a presença de pelo menos 5 pulsos metamórficos naborda meridional do Cráton São Francisco (incluindo áreas adjacentes a da presentetese), cujas idades correspondem a: - 2.860 + 14-10 Ma a 2.839 +- 17 Ma relacionadoa um processo de migmatização de rochas ortoderivadas dos Complexos Campos Ge-rais e Belo Horizonte; - 2.800 a 2.770 Ma, associado a fácies anfibolito desenvolvidanas rochas gnáissicas e nas rochas das Sucessões Greenstone Belt Arqueanas, possivel-mente durante o Evento Rio das Velhas. É representado nas rochas metamórficas pelaparagênese hornblenda marrom esverdeada + plagioclásio Ca + epidoto + titanita +-granada; - 2.131 +- 4 Ma a 2.121 +- 7 Ma correlacionado a fácies xisto verde e desenvol-vido principalmente nos corpos plutônicos da região de São João del Rei durante aOrogenia Transamazônica. É representado pela paragênese actinolita + plagioclásio Na+ epidoto + sericita + titanita +- biotita; - 2.060 a 2.030 Ma relacionado a fáciesanfibolito e desenvolvido durante a Orogenia Transamazônica na região do QuadriláteroFerrífero; - 604 +- 19 Ma a 567 +- 11 Ma associado a fácies xisto verde e desenvolvidoem diques metabasíticos e nas rochas metassedimentares das Bacias São João del Rei,Carandaí e Andrelândia durante a Orogenia Brasiliana. Após as mudanças associadas aoterceiro evento metamórfico (entre 2.131 +- 4 e 2.121 +- 7) desenvolveram-se novastransformações mineralógicas, representadas principalmente pela substituição dehornblenda magmática e actinolita metamórfica por biotita e de plagioclásio por microclina,que foram interpretadas como relacionadas a um evento metassomático potássico.Essas transformações necessitariam da adição de potássio ao sistema, o qual estariaassociado aos corpos pegmatíticos e/ou diques e apófises do Granitóide Ritápolis, cujaidade 207Pb/206 Pb (evaporação de zircão) varia entre 2.122 +- 6 e 2.121 +- 7 Ma.

NOME: RENEU RODRIGUES DA SILVAORIENTADOR: Claudio BettiniTÍTULO: EXPLORATOR: PROTÓTIPO DE SISTEMA HOLÍSTICO EM EX-PLORAÇÃO DE PETRÓLEO

RESUMO:O processo de explorar petróleo pode ser representado por um único sistema

computacional que integra os subprocessos de planejamento (geológico e econômico),operações (levantamentos sísmicos e perfuração de poços) e controle exploratório

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(qualidade e desempenho). Para uma empresa de petróleo, um sistema dessa natureza,de concepção holística, pode melhorar significativamente a qualidade das decisões e porconseguinte aumentar o valor econômico dos resultados exploratórios, porque todasinformações pertinentes estão interconectadas e disponíveis no mesmo sistema. Parademonstrar a viabilidade dessa tese, um protótipo, chamado de Explorator, foi desen-volvido em Excel (com a linguagem de programação Visual Basic)*, com base no concei-to de play petrolífero representado por mapas de fatores geológicos (geração, migração,reservatório, capeadora e geometria de trapa) e campos de petróleo simulados a partirde um exemplo esquemático de play apresentado na literatura. O Explorator é umsimulador de contextos de decisão e portanto pode ser adaptado para funcionar comoferramenta de ensino, pois permite ao usuário virtualmente vivenciar diversos proble-mas exploratórios e as conseqüências geológicas e econômicas das decisões tomadas, doponto de vista empresarial. Os comportamentos dos atores externos, governo, mercadoe outras empresas, são numericamente simulados. O conhecimento incerto sobre apresença de petróleo num prospecto exploratório é representado através de uma abor-dagem que combina lógica difusa (fuzzy) com teoria da probabilidade, mais adequada àsdecisões de investimentos em exploratório de petróleo. O valor econômico de um planode exploração é representado como variável aleatória e o risco como perda monetária.(*) O Explorator tem 33 planilhas e mais de 6.000 linhas de código Visual Basic,ocupando cerca de 7 megabytes.

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

MESTRADO

NOME: ALEXANDRE YOUNES RIBEIROORIENTADOR: Dieter MueheTÍTULO: BALANÇO SEDIMENTAR NUM SISTEMA DE DUNAS FRONTAISSOB O REGIME DE VENTOS DOMINANTES DA TARRA PARA O MAR:PRAIA DE MASSAMBABA, ARRAIAL DO CABO – RJ

RESUMO:A presença de ventos predominantes da terra para o mar, com atuação sobre

campo de dunas, representa situações pouco comuns na maioria dos litorais do mundo.a costa do estado do Rio de Janeiro, no trecho da região dos lagos, mais precisamente apraia de Massambaba, com uma orientação leste-oeste, encontra-se no seu terço orien-tal (Arraial do Cabo), submetida a esta situação. Nesta área estão presentes dois cam-pos de dunas, um relacionado ao cordão litorâneo mais antigo e interiorizado e um outrocordão litorâneo externo mais recente, onde se encontram as dunas frontais. Nessecontexto, o estudo teve por objetivo geral caracterizar o balanço sedimentar em umtrecho do cordão de dunas frontais adjacentes à praia de Massambaba. a metodologiadesenvolvida teve por base o monitoramento do campo de dunas frontais durante 22meses (09.03.1996 a 31.12.1997) onde foram empregadas técnicas de levantamentotopográfico, coleta de areia em armadilhas e análise sedimentológica, que associadas aocomportamento climatológico do período, permitiram definir um comportamentosedimentar para as dunas frontais. Foi constatado nesse período um balanço sedimentarlíquido negativo para a área monitorada. contudo, devido às variações nas direções detransporte dos sedimentos, a evolução do balanço sedimentar foi sazonal, onde as fasesde balanços negativos (erosões) tiveram associadas aos períodos de ventos predomi-nantes em direção ao mar enquanto as fases de balanço sedimentar positivo (acrescões)ao processo de transposição por ondas. as fases erosivas ocorreram principalmente nasestações mais úmidas, enquanto que as fases acrescionais nos períodos de ondas de

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tempestades ou ventos intensos provenientes do mar. A diferenciação entre os proces-sos eólicos e a transposição por ondas através dos sedimentos foi dificultada devido ahomogeneidade nas características dos sedimentos, o que só foi possível através dadistribuição dos percentuais de minerais escuros (minerais pesados) contidos nos sedi-mentos. Nesse contexto, a metodologia empregada mostrou-se satisfatória para o en-tendimento do mecanismo do balanço sedimentar das dunas frontais, submetidas aventos com direção predominante para o mar. às variações das condições climáticas eoceanográficas constituíram-se em controladores da evolução do balanço sedimentar aolongo do período monitorado, mostrando que o balanço sedimentar líquido na área foinegativo mesmo tendo havido pequenas recuperações dos volumes sedimentares perdi-dos, os quais não foram suficientes para repor os estoques das dunas frontais. Conside-rando a situação observada na área monitorada e a crescente ocupação ao longo de todaa área da Massambaba, torna-se necessário a continuidade dos estudos sobre a dinâmicaambiental relacionada aos ambientes de dunas que visem subsidiar a elaboração deplanos de gestão para a área de estudo. A presença de ventos predominantes da terrapara o mar, com atuação sobre campo de dunas, representa situações pouco comuns namaioria dos litorais do mundo. A costa do estado do Rio de Janeiro, no trecho da regiãodos lagos, mais precisamente a praia de Massambaba, com uma orientação leste-oeste,encontra-se no seu terço oriental (Arraial do Cabo) submetido a esta situação. Nestaárea estão presentes dois campos de dunas, um relacionado ao cordão litorâneo maisantigo e interiorizado e um outro cordão litorâneo externo mais recente, onde se encon-tram as dunas frontais. Nesse contexto, o estudo teve por objetivo geral caracterizar obalanço sedimentar em um trecho do cordão de dunas frontais adjacentes à praia deMassambaba. a metodologia desenvolvida teve por base o monitoramento do campo dedunas frontais durante 22 meses (09.03.1996 a 31.12.1997) onde foram empregadastécnicas de levantamento topográfico, coleta de areia em armadilhas e análisesedimentológica, que associadas ao comportamento climatológico do período, permiti-ram definir um comportamento sedimentar para as dunas frontais.

NOME: ANALIA MARGARITA ROMANELLOORIENTADOR: Claudio Antonio Gonçalves EglerTÍTULO: APLICAÇÃO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS(SIG) NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

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RESUMO:Na última década, a tecnologia dos Sistemas de Informação Geográfica (SIGs)

ganhou prestígio como ferramenta moderna para o manejo da informação espacial apli-cável aos estudos do território. As propriedades que caracterizam os SIGs podemcontribuir para alcançar novos conhecimentos através da análise de dados e informaçãosobre o território, quer dizer, sobre a organização e o funcionamento do espaço geográ-fico. Sem dúvida, a complexidade que estes processos apresentam e as dificuldades ouinconveniências que acarreta o emprego de técnicas computacionais, colocam o debateacerca de sua correta aplicação e das limitações que surgem na implementação da tecnologiados SIGs como contribuição aos estudos territoriais. O emprego de técnicas degeoprocessamento como ferramenta de avaliação, no entanto é ainda limitado, sobretu-do se comparamos com sua potencialidade. Este fato se deve tanto a falta de domíniodos métodos destas ferramentas, como também às dificuldades de obtenção de dadosconfiáveis para uso em SIG. Assim, em cada novo avanço, a tecnologia oferece maiorespossibilidades para atingir e usar o conhecimento sobre o território e para fazê-lo emuma nova escala de tempo e com altos níveis de eficiência. A dissertação mostra que asoportunidades da automatização estão na soleira de todas as áreas do conhecimento,mas nem todos os potenciais usuários estão preparados para utilizá-las com a mesmaeficácia.

NOME: BRUNO HENRIQUES COUTINHOORIENTADOR: Ana Luiza Coelho NettoTÍTULO: DOMÍNIOS GEO-HIDROECOLÓGICOS E PADRÕES DE FRAG-MENTAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA: BACIA DO RIO MACACU-RJ

RESUMO:O presente trabalho tem por objetivo a construção de modelos de análise

ambiental integrada em Sistemas de Informação Geográficas, sob o enfoque geo-hidroecológico, como forma de identificar padrões estruturais e funcionais nogeoecossistema da bacia do rio Macacu - RJ, e discutir relações entre os padrões geofísicose os padrões espaciais de fragmentação da Mata Atlântica. Neste sentido, foi desenvol-vido um mapeamento de variáveis geoecológicas, relevantes ao problema da fragmenta-ção da paisagem e conseqüente perda da biodiversidade. O mapeamento e a análiseforam realizados em escala de 1:50.000, onde a fragmentação florestal pode ser percebi-da em escala de paisagem. A escala se mostrou adequada para o estudo básico de

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diferenciação de unidades territoriais com funcionamentos sistêmicos distintos, os do-mínios geo-hidroecológicos. O cenário composto por essas unidades geoecossistêmicascom diferentes padrões de fragmentação florestal é uma base diagnóstico para estudosem escalas menores e, auxilia no levantamento de hipóteses a serem testadas e naelaboração de propostas de manejo florestal e recuperação de áreas degradadas. Osoftware de SIG utilizado (ARCView/ Gis 3.2) mostrou-se eficiente para a manipulaçãodas informações cartografadas e adequado ao método analítico-integrativo que exigecruzamentos sucessivos entre diversos mapas temáticos para obtenção de atributostabulares de síntese. Os aspectos geofísicos apresentaram relações estreitas com adistribuição do uso do solo e cobertura vegetal, bem como com os padrões espaciais defragmentação florestal. Os resultados apresentam, além dos mapas temáticos, 23 domí-nios geo-hidroecológicos com padrões de fragmentação florestal variados, que podemser utilizados como base de dados ambientais para grupos de pesquisa acadêmica e parao planejamento e gestão de unidades territoriais em ações governamentais e não-gover-namentais. Além disso, o modelo desenvolvido possui potencialidades para ser aplica-do em outras áreas e em diferentes escalas em estudos de objetivo semelhante, respei-tando-se, obviamente, às suas limitações. Pretende-se através deste estudo criar subsí-dios para conservação, preservação e manejo da biodiversidade, bem como para a recu-peração de áreas degradadas em região montanhosa tropical úmida.

NOME: CRISTIANE MOREIRA RODRIGUESORIENTADOR: Mauricio de Almeida AbreuTÍTULO: MONUMENTALIDADE E PODER NA CONSTRUÇÃO DAS CIDA-DES: UM ESTUDO SOBRE PROJETOS URBANOS NÃO REALIZADOS NORIO DE JANEIRO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

RESUMO:Este trabalho objetiva notar a monumentalidade como uma estratégia de pro-

dução do espaço urbano pelo poder em suas diferentes formas, através de seus variadosagentes, em diferentes inscrições espaço/temporais, enfocando em determinado períodode tempo - o século XIX - e uma porção do espaço - a cidade do Rio de Janeiro.Buscamos verificar como têm sido definidos e utilizados os conceitos de monumento emonumentalidade em disciplinas distintas (como a história e a arquitetura), a fim depercebermos o quanto estes conceitos podem se apresentar de maneira controversa,

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mas acabando por se vincularem ao poder. Passamos, em seguida, a notar como foi amonumentalidade utilizada em diferentes culturas, com seus diferentes conceitos deespaço/tempo, apresentando diferentes formas, diferentes significados, mas servindosempre à representação de algum tipo de poder. percebemos que desde as cidades daantigüidades até às cidades barrocas do século XVIII, a monumentalidade mostrava-selocalizada no espaço urbano de maneira mais pontual, enquanto no século XIX toda acidade passa a ser vista como um grande monumento, formando-se, com as reformas dasprincipais cidades européias, um forte paradigma para a construção/remodelação decidades no mundo. Atingindo este paradigma as cidades brasileiras, e em especial acapital Rio de Janeiro, verificamos o quanto ele atuou no imaginário das classes domi-nantes e se fez presente em muitos projetos urbanos que não chegaram a ser realizados.estes nos revelam uma cidade idealizada como um grande monumento, opondo-se radi-calmente, à cidade real rejeitada.

NOME: DULCE SANTORO MENDESORIENTADOR: Mauricio de Almeida AbreuTÍTULO: GEOESTRATÉGIA E TÉCNICA NAS REPRESENTAÇÕES DO RIOCOLONIAL

RESUMO:Estudo das dimensões geoestratégicas e técnicas presentes nas representa-

ções gráficas do Rio de Janeiro elaboradas por europeus durante o período colonial. Aanálise desenvolvida é uma viagem através da história dos mapas, e do papel quedesempenham como ferramenta de poder e conhecimento. A separação dos componen-tes dos mapas em categorias de informação geográfica, no estudo da dimensãotécnica,permitiu o aprofundamento de questões sobre a natureza das representaçõesgráficas e sua relação com a geografia.

NOME: EDUARDO SOARES CRUZORIENTADOR: Ana Luiza Coelho NettoTÍTULO: REATIVAÇÃO EROSIVA E REVEGETAÇÃO EM CICATRIZESEROSIVAS DE MOVIMENTOS DE MASSA: ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DACICATRIZ DO PICO DO PAPAGAIO/MACIÇO DA TIJUCA - RJ

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RESUMO:As encostas íngremes do maciço da Tijuca estão sujeitas à ocorrência de

movimentos de massa, principalmente durante a estação chuvosa. apesar de constituí-rem um processo natural de evolução do relevo, o aumento da freqüência destes movi-mentos de massa vem sendo induzido pelas atividades antrópicas. as cicatrizes erosivas,geradas pelos movimentos de massa, funcionam como grandes clareiras, as quais vêmpotencializando o efeito de borda responsável pela degeneração do sistema florestal.através desta degeneração ocorre um aumento na suscetibilidade de ocorrência de novasrupturas. os efeitos subseqüentes ao deslizamento (reestruturação do solo, sucessãovegetal e reativação hidrológica e erosiva), no interior destas cicatrizes ocorrem de formadiferenciada e o seu entendimento mostra-se fundamental. Nesse trabalho buscou-se:1)discutir a influência dos condicionantes ambientais das bacias de drenagem na geraçãoe propagação dos deslizamentos; 2)diagnosticar os efeitos subseqüentes externos, maisespecificamente os efeitos de borda responsáveis pela degradação do sistema florestaldo entorno; 3)avaliar os efeitos subseqüentes internos (reativação erosiva, reestruturaçãobio-pedológica e dinâmica sucessional ou revegetação) em cicatrizes erosivas geradaspor movimentos de massa; e por último 4) fornecer dados relativos à produção desedimentos em cicatrizes erosivas. A área de estudo encontra-se localizada nas bacias dedrenagem mais afetadas pelo evento extremo de precipitação ocorrido no dia 13 defevereiro de 1996, no maciço da Tijuca/RJ. Para os estudos de detalhe foi selecionadauma cicatriz situada próximo ao pico do Papagaio (alto cachoeira) como estação expe-rimental. Foram realizados mapeamentos das cicatrizes erosivas e do uso e coberturavegetal das bacias de drenagem, com base em fotos aéreas em escala 1:20000; análisesdos condicionantes geobiofísicos e dos efeitos subseqüentes, além dos mapeamentosdas diferentes formas (razão área/comprimento) e dos afloramentos rochosos presentesno interior dos dígitos de cicatrizes. Os resultados obtidos confirmaram o papel desem-penhado pelos condicionantes lito-estruturais do embasamento rochoso, gradiente eforma das encostas e pelo estado de conservação da vegetação na deflagração e propa-gação dos movimentos de massa. Quanto aos efeitos subseqüentes, internos e externosà estação experimental da cicatriz do pico do Papagaio, pode-se constatar as alteraçõesprovocadas no topo do solo do entorno florestado, através do efeito de borda e odesenvolvimento diferencial da revegetação e das características físico químicas do topodo solo associado à produção de escoamento superficial e erosão. Nas áreas de solosresiduais (com sulcos erosivos e revegetação lenta) foram encontradas as maiores taxasde escamento superficial e erosão. Tendo em vista o lento desenvolvimento da vegeta-

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ção e reestruturação do topo do solo, pode-se dizer que a redução das taxas encontradas,entre as duas fases de mensuração (janeiro - maio de 1998 e setembro de 1999 a fevereirode 2000), foi influenciada pelas características distintas dos eventos pluviométricos. Amaior contribuição na produção de escoamento e sedimentos para o canal fluvial adja-cente está associada às áreas de sulcos erosivos (solos residuais) e inter-ravinas (depó-sitos coluviais anteriores ao deslizamento) não submetidas a ravinamentos, localizadasnas porções médio-superiores das cicatrizes erosivas. Conhecer o limiar existente entreo retorno da vegetação e a reativação hidrológica e erosiva de cicatrizes, geradas pormovimento de massa mostra-se de fundamental importância como subsídio ao desen-volvimento de metodologias e tecnologias para os projetos de recuperação de áreasdegradadas (RAD) em encostas íngremes.

NOME: JAN CARLOS DA SILVAORIENTADOR: Mauricio de Almeida AbreuTÍTULO: OS TERRITÓRIOS DA PROSTITUIÇÃO NA CIDADE DO RIO DEJANEIRO, 1841-1925

RESUMO:Esse trabalho se propõe a estudar o processo de territorialização e a evolução

da “zona” de baixo meretrício do mangue, que está integrado dentro do processo deevolução dos territórios da prostituição na cidade do Rio de Janeiro. A diferença marcanteentre o território da prostituição na cidade nova e outros existentes na cidade do Rio deJaneiro, é que este provavelmente foi construído a partir da iniciativa do estado, base-ado talvez em discursos médicos e policiais, que sugeriam a erradicação da prostituiçãodo centro da cidade, criando um espaço-gueto onde ela poderia se desenvolver. Não sóo controle médico se tornaria mais fácil mas também facilitaria o controle policial,confinando todas as prostitutas ou grande parte delas em um lugar da cidade. O queprovavelmente não contavam as autoridades na época é que este espaço se tornaria detal maneira identificado com a prostituição, sendo talvez, de uma forma geral aceita pelorestante da população da cidade como um território da prostituição. Trata-se do grandeexemplo de territorialização permanente da prostituição que existiu na cidade do Rio deJaneiro, a área do mangue era considerada a “zona” da cidade. Pretende-se com opresente estudo contribuir para o conhecimento maior do processo de evolução urbanada cidade.

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NOME: MARIA ELIA DOS SANTOSORIENTADOR: Marcelo José Lopes de SouzaTÍTULO: TURISMO, PRODUÇÃO DO ESPAÇO E DESENVOLVIMENTO LO-CAL NO LITORAL OESTE CEARENSE: O CASO DE CUMBUCO (MUNICÍPIODE CAUCAIA)

RESUMO:O incremento do turismo no Brasil, nas últimas décadas, tem sido um fato

bastante evidente. no nordeste aposta-se na atividade como alternativa para a soluçãode problemas sócio-econômicos. para o Ceará o desenvolvimento da atividade turísticaé planejado de modo que venha gerar divisas e, com isso trazer soluções para os entraveseconômicos do estado. Diante disso, e como forma de observarmos a atuação do turis-mo no espaço, escolhemos determinada área, a colônia de pescadores z-7, do Cumbuco,localizada no município de Caucaia na região metropolitana de fortaleza, e analisamos asprincipais conseqüências provenientes da atividade turística, considerando os aspectose as formas da dinâmica da produção pesqueira e dos novos agentes sociais que entraramem cena. Apesar de termos constatado que a atividade turística no Cumbuco, mesmoincipiente, associada à especulação imobiliária, foram os principais meios transforma-dores que geraram a descaracterização da comunidade, observamos que para o lugar secolocam outras tendências, pois a proximidade com fortaleza e as reformas que vêmocorrendo na zona oeste da capital puderam influenciar todo o litoral de Caucaia,estendendo-se até o Cumbuco: ademais, a construção do porto de Pecém, no municípiode São Gonçalo do Amarante, e, posteriormente, sua expansão polarizarão a comunida-de e serviços para a vila de pescadores, além de estabelecer grandes projetos turísticos,associados às reformas urbanísticas. O incremento do turismo no Brasil, nas últimasdécadas, tem sido um fato bastante evidente. No nordeste aposta-se na atividade comoalternativa para a solução de problemas sócio-econômicos. Para o Ceará o desenvolvi-mento da atividade turística é planejado de modo que venha gerar divisas e, com issotrazer soluções para os entraves econômicos do estado.

NOME: MARIA HELENA PALMERORIENTADOR: Lia Osório MachadoTÍTULO: O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO MUNICIPAL NO ESTADO DOESPÍRITO SANTO

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RESUMO:A concretização da descentralização política pode ser verificada de diversas

maneiras. esta dissertação privilegiou sua constatação através de duas medidas: adescentralização financeira via tributos e transferências; e a redução, ou ampliação, dosrequisitos legais para a criação de novos municípios. trata-se de aspectos administrati-vos, decorrentes de processos jurídicos e políticos, expressos em legislação constituci-onal, e dependentes, portanto, do grau de organização e de participação da sociedade. Ariqueza da diversidade entre os estados brasileiros exigiu que este estudo fosse concen-trado em uma única unidade da federação. A opção foi feita pelo Espírito Santo portratar-se de um estado tão próximo do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo tão desconhe-cido em sua complexidade, tanto no senso comum, quanto na bibliografia recente. Aopção por um estado, ao mesmo tempo, possibilitou e exigiu que a análise da evoluçãoda malha municipal fosse feita à luz da evolução sócio-econômica decorrente da ocupa-ção do espaço capixaba.

NOME: MARIA LUCIA RIBEIRO VILARINHOSORIENTADOR: Iná Elias de CastroTÍTULO: O CAMPUS DA UFRJ NA ILHA DO FUNDÃO: ANÁLISE DE SUALOCALIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL

RESUMO:O campus da UFRJ na Ilha do Fundão parece ser a antítese do que sugere a

proposta de campus universitário. Ele não facilita o intercâmbio das unidades quecompõem a instituição, dispostas como ilhas dentro da própria Ilha Universitária.Também não garante a privacidade da função universitária, na medida em que se tornouárea de passagem. Este trabalho buscou identificar os fatores que determinaram a loca-lização do campus da primeira Universidade brasileira, e analisar o processo de transfe-rência e instalação de suas unidades, na tentativa de explicar a desarticulação interna queo caracteriza, bem como a dificuldade de acesso vivida por seus usuários. Partindo deum estudo histórico da instituição universitária, de suas orIgens à adoção de um projetonacional de Universidade, expresso por excelência na criação da então Universidade doBrasil (hoje UFRJ), e utilizando as categorias forma, função, estrutura e processo,constatamos que, forma campus, foram atribuídas funções diferentes daquelas que lhederam origem. Tal fato pode ser constatado tanto no momento da criação do campus da

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UFRJ – durante os governos de Getúlio Vargas – quanto no período em que se intensi-fica a sua ocupação – início da década de 1970, quando a ditadura militar estava em seuauge repressivo. Analisamos este último período buscando demonstrar que a ocupaçãodo campus foi norteada por uma intenção de controle sobre a comunidade universitária,utilizando-se, para tanto, dos conceitos e território e territorialidade.

NOME: MARIO BASTOS FERNANDO CAITAORIENTADOR: Iná Elias de CastroTÍTULO: ANGOLA: ESTADO-NAÇÃO, MOVIMENTOS SOCIAIS E DISPUTASTERRITORIAIS. O CASO DA PROVÍNCIA DE NGAGELA.

RESUMO:Trata-se de um estudo de Angola, a partir da análise das aspirações dos

Movimentos Sociais para posterior exame do Estado, ao longo dos diferentes anos,tendo o Território como objeto de investigação. É um estudo através do qual se busca apossibilidade de democratização do Estado Angolano, no tocante à Ordem Social,Econômica, Política e Cultural. procuramos identificar o Estado na sua relação com oterritório, os meios políticos possíveis para uma Democratização e Regulação e Confli-tos, assim como o movimento social de origem Ngangela.

NOME: MAURO GIL FERREIRA DA SILVAORIENTADOR: Roberto Lobato A. CorrêaTÍTULO: O PAPEL DOS MÉDICOS NA VALORIZAÇÃO DAS ÁREAS LITORÂ-NEAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

RESUMO:O objetivo deste trabalho é o de contribuir para o conhecimento do processo

de segregação residencial na formação do espaço urbano do Rio de Janeiro a partir doestudo do processo de mudança dos significados acerca das áreas litorâneas. Para tal,optou-se pelo estudo do papel do discurso médico na valorização das áreas litorâneasda cidade do Rio de Janeiro. Na literatura geográfica, e em especial nos estudos acerca dasegregação sócio-espacial, um dos fatores que mais merece destaque recai sobre o papeldesempenhado pelas amenidades como um fator que condiciona escolhas locacionais.No entanto, deve-se levar em consideração que até meados do século XIX, os significa-dos atribuídos às áreas litorâneas se diferenciavam em muito dos significados que a elas

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hoje atribuímos. Delimitar limites temporais precisos. Contudo, podemos afirmar quefoi a partir do último quartel do século XIX, que as áreas litorâneas sofreram umasignificativa reavaliação de seus significados; reavaliação esta que passou necessaria-mente pelas concepções acerca da natureza, oriundas do discurso médico. Pôde-seconstatar que foi a partir da diferentes concepções oriundas do discurso médico que ossignificados acerca das áreas litorâneas sofreram uma profunda mutação, contribuindoassim de maneira crucial a dupla valorização material e simbólica que as áreas litorâneasirão experimentar na virada do século XIX para o XX. Dessa maneira, este trabalhopermitiu-nos ainda contribuir para escrever mais um capítulo ao estudo das relaçõesentre homem e natureza.

NOME: PLINIO ENRIQUE LAURIE PEREZORIENTADOR: Claudio Antonio Gonçalves EglerTÍTULO: GESTÃO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA DE CELULOSE, UMA ANÁ-LISE COMPARATIVA: ARACRUZ CELULOSE, ESPÍRITO SANTO - BRASIL EO GRUPO SANTA FÉ, REGIÃO DO BIOBIO – CHILE

RESUMO:O presente estudo realiza uma análise comparativa da gestão ambiental da

Indústria de Celulose em duas empresas localizadas em regiões madeireiras do Brasil edo Chile, especializadas na exploração de recursos florestais exóticos com fins industri-ais. Na pesquisa se faz uma detalhada análise do território, particularmente no que dizrespeito ao uso dos recursos naturais por parte deste setor industrial, definindo, escla-recendo e hierarquizando os problemas detectados, levando em consideração a relaçãoque existe entre estruturas naturais, estruturas antrópicas e a paisagem. O caráter com-parativo do estudo constitui-se em uma ótima oportunidade para compreender ditastransformações, atendendo às particularidades geográficas e regionais, permitindo ava-liar estratégias e ações que poderiam vir a influenciar em um melhor aproveitamento dosrecursos naturais. Finalmente, discutem-se as vantagens e dificuldades que a gestão dosaspectos ambientais apresentam neste tipo de atividade produtiva, suas relações com aplanificação e gestão do território, assim como a necessidade de sua integração no marcodas políticas nacionais e supra nacionais para o setor.

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NOME: ROBERTA DE SOUZA RAMALHOORIENTADOR: Josilda Rodrigues da Silva de MouraTÍTULO: ANÁLISE AMBIENTAL DO POTENCIAL TURÍSTICA DA VERTEN-TE SUL DO MACIÇO DO GERICINÓ - MENDANHA - ZONA OESTE DOMUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

RESUMO:O presente trabalho consta de uma caracterização do potencial turístico da

vertente sul do maciço do Gericinó-Mendanha, visando propor, ao mesmo tempo, arevitalização econômica e a conservação do patrimônio ambiental da área. Inserida nocorredor ambiental Pedra Branca/Mendanha, a área possui uma paisagem cujas peculiari-dades tornam-na de grande potencial para o desenvolvimento turístico. sob a perspectivanatural destaca-se a influência das vertentes florestadas que amenizam agradavelmente asaltas temperaturas normalmente registradas na baixada da zona oeste, além da presença derios e riachos ainda limpos cachoeiras e ecossistemas da mata atlântica, compõem o poten-cial turístico natural do maciço. Do ponto de vista sócio-econômico destacam-se as neces-sidades de investimentos nos sistemas de infra-estrutura, educação e recuperação de áreasdegradadas. Destacando-se que estas necessidades básicas da área vêm de encontro aquelasrequeridas ao desenvolvimento da atividade turística. No desenvolvimento deste trabalhoforam utilizadas ferramentas de geoprocessamento - análises multi-temporais para carac-terização da evolução e transformações do uso do solo -, percepção ambiental e investiga-ções de campo para caracterização da área de influência direta do maciço. O presentetrabalho consta de uma caracterização do potencial turístico da vertente sul do maciço doGericinó-Mendanha, visando propor, ao mesmo tempo, a revitalização econômica e aconservação do patrimônio ambiental da área.

NOME: TATIANA SILVA PEREIRAORIENTADOR: Paulo Cesar da Costa GomesTÍTULO: IMAGINÁRIO ESPACIAL E DISCURSO: O CASO DAS FAVELASCARIOCAS E O NOTICIÁRIO DOS JORNAIS

RESUMO:Esta pesquisa baseia-se nas reportagens publicadas nos jornais da cidade do

Rio de Janeiro, em especial aquelas em que a favela é o tema principal, para, a partir da

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sua interpretação e análise, buscar compor o padrão do discurso da imprensa escritacarioca acerca do assunto. A partir da identificação das principais imagens sobre asfavelas cariocas presentes nas matérias selecionadas, buscou-se compor então, o imagi-nário dos jornais sobre as favelas. Partiu-se do pressuposto de que o imaginário é frutodo contexto social e histórico que o produz, e que, como componente da dinâmica socialda qual teve origem, participa e inspira atos, regras e racionalizações desta sociedade. Odiscurso, manifestação desta força ordenadora, daria sentido e tornaria comum o seuconteúdo. A imprensa, produto e reforço deste amálgama social, participa desta engre-nagem, no caso, enfocando a favela segundo o imaginário que a percebe e traduz, repro-duzindo através das suas inúmeras imagens todo um sistema de representações sócio-espaciais que embasam e organizam a sociedade que o produz, e que o perpetua a partirda sua recorrência no dia-a-dia dos jornais. A leitura das reportagens, portanto, tornapossível explicitar, a partir do seu discurso, os principais eixos ordenadores desteimaginário, presente nas diversas imagens publicadas sobre o tema em questão, que é afavela carioca. Esta pesquisa baseia-se nas reportagens publicadas nos jornais da cidadedo Rio de Janeiro, em especial aquelas em que a favela é o tema principal, para, a partirda sua interpretação e análise, buscar compor o padrão do discurso da imprensa escritacarioca acerca do assunto. A partir da identificação das principais imagens sobre asfavelas cariocas presentes nas matérias selecionadas, buscou-se compor então, o ima-ginário dos jornais sobre as favelas.

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DOUTORADO

NOME: ADEMIR ARAUJO DA COSTAORIENTADOR: Marcelo José Lopes de SouzaTÍTULO: A VERTICALIZAÇÃO E AS TRANSFORMAÇÕES DO ESPAÇO UR-BANO DE NATAL – RN

RESUMO:Este estudo visa analisar a verticalização de Natal-RN como um elemento do

crescimento urbano da cidade, identificar as principais fases desse processo, suas carac-terísticas, os fatores positivos e impactos negativos causados junto à população emgeral como também identificar os agentes sociais que dele se beneficiam ou não. Umcriterioso levantamento de dados tanto primários como secundários foi fundamentalpara o entendimento do processo e sua explicação. A verticalização de Natal estevesempre voltada para os seguimentos mais abastados da população, tendo em vista ascaracterísticas elitistas de suas edificações, não se constituindo, portanto numa alterna-tiva de moradia para a população de baixa renda. esse processo não se dá de formaconcentrada no sentido centro-periferia e se desenvolve tanto em áreas dotadas deserviços de infra-estrutura quanto carentes dos mesmos. Este fato tem contribuídotanto para transformar o espaço da cidade, como para acentuar o processo de segregaçãosócio-espacial existente, pois a verticalização em Natal se localiza em áreas nobres ouprivilegiadas e isto até certo ponto, tem contribuído para o agravamento de outrosproblemas de ordem tanto social quanto ambiental que afetam a qualidade de vida nacidade. Apesar de importante e fundamental para a cidade como um todo a verticalizaçãotem beneficiado tão-somente os agentes sociais (re)produtores por excelência desseespaço em natal e aos seguimentos mais abastados da população, não trazendo propor-cional benefício à população de baixa renda.

NOME: ANGELA MARIA MESQUITA FONTESORIENTADOR: Júlia Adão Bernardes

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

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TÍTULO: O ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO COMO INSTRU-MENTO DE GESTÃO DO TERRITÓRIO: O CASO DO ESTUÁRIO DOCURIMATAÚ/CUNHAÚ (RN)

RESUMO:Partindo da percepção da existência de um movimento de reestruturação

econômica em curso na Região do Médio Paraíba, no estado do Rio de Janeiro, o estudo,referenciado aos anos 90, contextualiza as diferentes ações de crescimento econômicopropostas para a região e mostra as possibilidades de as mesmas contribuírem para umprocesso de desenvolvimento local através do estudo de um conjunto de municípiosdefinidos por redesenharem o território dentro deste processo.A partir do olhar daque-les que moram e são responsáveis pela formulação e implementação de políticas públi-cas na esfera municipal, observou-se como são percebidas as potencialidades locais e asestratégias de desenvolvimento sustentável e como adquirem concretude no território.A noção de mercado regional, refletida na presença do Mercovale, é estudada enquantoproposta de pactuação entre os atores locais relevantes para o desenvolvimento. Aseguir discutem-se as repercussões locais das políticas de emprego, trabalho e renda àluz dos parâmetros nacionais circunscritos ao triângulo - gestão tripartite, qualificaçãoprofissional e acesso ao crédito. Por fim há uma discussão sobre os desafios inerentes aodesenvolvimento local num período em que a globalização procura impor seus ditamesaos habitantes do planeta que continuam referenciados a um local ao qual vinculam seusinteresses primários e vitais como indivíduos e como seres sociais.

NOME: CARLA BERNADETE MADUREIRA CRUZORIENTADOR: Mauro Sergio Fernandes ArgentoTÍTULO: AS BASES OPERACIONAIS PARA A MODELAGEM EIMPLEMENTAÇÃO DE UM BANCO DE DADOS GEOGRÁFICO - UM EXEM-PLO APLICADO À BACIA DE CAMPOS, RJ

RESUMO:Com a sensibilidade dos atuais problemas ambientais, cresce o número de

programas multi e interdisciplinares que buscam o acompanhamento das transforma-ções espaço-temporais, com auxílio das modernas técnicas computacionais. Dentreestas ações o programa ambiental da bacia de campos assume especial destaque, porabranger a principal região produtora de petróleo do país. a zona de influência da bacia

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de campos equivale à área total do Rio de Janeiro, considerando-se os sistemas costeirose oceânicos, alvos de estudos que visam a efetivação do monitoramento da área. Amodelagem e implementação de um banco de dados geográficos através de SIG, temcomo objetivo principal a caracterização temática da área, possibilitando oarmazenamento estruturado de parâmetros geomorfológicos, biológicos, físicos e quí-micos, mensurados na água e no sedimento e levantados sazonalmente, em campanhasde inverno e verão. A base cartográfica foi construída a partir das cartas 1:50.000 quecobrem a faixa costeira de Maricá a Itabapoana, em atendimento às demandas domapeamento da sensibilidade ambiental quanto a derramamento de óleo dos ecossistemascosteiros. Os dados temáticos são posicionados pontualmente de acordo com malhasamostrais de coleta que buscam enfatizar algumas áreas especiais (plataformas e emis-sário). Neste trabalho, busca-se uma discussão metodológica para definição das basesoperacionais para implantação de bancos de dados geográficos em programas envolven-do dados de natureza complexa, comuns na gestão ambiental.

NOME: CHRISTINA THEREZA TEIXEIRA BASSANIORIENTADOR: Dieter MueheTÍTULO: DIATOMÁCEAS COMO BIOINDICADORES ECOLÓGICOSE PALEOCOLÓGICAS NAS LAGUNAS DO PADRE E ARARUAMA -RJ – BRASIL

RESUMO:Apesar de existirem vários fenômenos na natureza que possam causar altera-

ções e danos à biota, independente da ação do homem, deve-se ter em mente que eleprecisa admitir sua responsabilidade com relação ao impacto ambiental. Nesse sentido,foram estabelecidas, principalmente após o relatório Brundtland, publicado em 1987,algumas premissas básicas que levam em conta a sustentabilidade ambiental, represen-tando um verdadeiro estímulo ao desenvolvimento, sem colocar em risco os sistemasnaturais da terra, incluindo os seres vivos. O trabalho referencia a integração entre ageomorfologia e a biologia, com o objetivo de conhecer e definir as influências dasflutuações paleoclimáticas que se refletem nas comunidades biológicas, no período doquaternário. A investigação permite o acesso ao conhecimento das mudanças locais eregionais de uma vegetação durante este período, com a utilização de algas unicelulares,as diatomáceas.

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NOME: JOÃO BAPTISTA FERREIRA DE MELLOORIENTADOR: Roberto Lobato Azevedo CorrêaTÍTULO: DOS ESPAÇOS DA ESCURIDÃO AOS LUGARES DE EXTREMALUMINOSIDADE - O UNIVERSO DA ESTRELA MARLENE COMO PALCO EDOCUMENTO PARA A CONSTRUÇÃO DE CONCEITOS GEOGRÁFICOS

RESUMO:Os gritos de “estrela”, “rainha” e “é a maior!” ecoam, há algumas décadas,

pelo território nacional. são manifestações de apreço e júbilo dirigidas, por gerações defãs, a um dos maiores mitos das artes brasileiras em todos os tempos: a cantora e atrizMarlene. paulistana, filha de italianos protestantes, vitória de Martino Bonaiutti per-correu, com sua arte, os mais diversos recantos do país, apresentando-se, outrossim, emalgumas oportunidades, no exterior. Seguindo nesta trilha a pesquisa, sobre a carreiradesta operária do canto, da palavra e da representação, será centrada em seus universosvividos “concreta” ou abstratamente, não se limitando, contudo, a sua vida pública erespectivas performances, mas embrenhando-se, por vezes, em seu mundo particular.Para tanto, o estudo se apoiará nas filosofias do significado como a fenomenologia, oexistencialismo, o idealismo e a hermenêutica, trabalhadas pela geografia humanística,uma corrente pós-positivista que procura entender a alma dos lugares através dasexperiências vividas pelos indivíduos e grupos sociais.

NOME: JOSÉ LACERDA ALVES FELIPEORIENTADOR: Iná Elias de CastroTÍTULO: MEMÓRIA E IMAGINÁRIO POLÍTICO NA (RE)INVENÇÃO DOLUGAR. OS ROSADOS E O “PAÍS DE MOSSORÓ”

RESUMO:A escolha do tema, imaginário, poder político e território - Os Rosados em

Mossoró - objetiva entender as práticas que evidenciam as relações de poder sobre umespaço, por parte de uma família que desde 1917 influencia politicamente um território,quando o patriarca da mesma, o farmacêutico Jerônimo Rosado, assume a Intendênciade Mossoró. Esse cidadão tinha, no final do século passado, uma consciência do papeldas elites em uma comunidade e compreendia que a riqueza em uma sociedade pobre“acarretava obrigações civis”. Essa “ética de responsabilidade civil” com o lugar de vidae de relações, se concretizava através de ações “dedicados à pomicultura, pecuária,

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mineração, estradas de ferro e abastecimento d’água, começando dos reservatórios deacumulação e as barragens de fixação. Essa consciência do papel das elites é absorvidapelos filhos Tercio e Nono Rosado, que estudaram “a problemática da seca” e o papelempreendedor que a estrada de ferro traria para a cidade, a fim de consolidar o seu papelde “empório comercial” com a influência regional sobre o Vale do Açu, a região serranado Rio Grande do Norte e o vale do Jaguaribe no Ceará.

NOME: KOUAKOU N’DRI REMIORIENTADOR: Jorge Xavier da SilvaTÍTULO: ANÁLISE TERRITORIAL POR GEOPROCESSAMENTO DA CÔTEDE I’VOIRE

RESUMO:Visando uma análise territorial da Côte d´Ivoire, acoplando fatores naturais,

demográficos e socioeconômicos com suporte de técnicas de Geoprocessamento, emespecial baseada no uso do software SAGA/UFRJ, foi elaborada esta tese dedoutoramento. O estudo articula-se em quatro partes. A primeira apresenta a sustenta-ção teórica e o procedimento metodológico a ser adotado juntamente com uma base dedados digital criada. No estado da arte foi abordada a problemática das bases conceituaiscontidas no estudo, a saber, complexo agro-industrial, estudos ambientais eGeoprocessamento. A segunda parte refere-se a apresentação de características geraisdo território, abordando os fatores condicionantes físicos, humanos, culturais e históri-co-políticos. O diagnóstico ambiental que constitui a terceira parte aborda os problemasambientais como agricultura, recursos naturais e biodiversidade. As análises e integraçõesrelativas ao ambiente se basearam em planos de informação criados, em especial nospotenciais definidos como a Geopotencialidade agrícola de terras e a ordenação agro-territorial constituindo assim, a quarta parte desta pesquisa. A geração de uma base dedados geocodificada para a Côte d´Ivoire, ainda mais a utilização de uma metodologiainovadora conjugando variáveis naturais e socioeconômicas, apoiada por técnicas degeoprocessamento como instrumento de definição de geopotencialidade de terras agrí-colas, assim como a ordenação do território segundo a sua geopotencialidades, aparecemcomo contribuição maior deste trabalho.

NOME: LIANE MARIA AZEVEDO DORNELLESORIENTADOR: Mauro Sergio Fernandes Argento

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TÍTULO: MONITORAMENTO DE METAIS PESADOS NA BAÍA DE SEPETIBA- RJ - BRASIL, COM BASE EM GEOPROCESSAMENTO

RESUMO:A baía de Sepetiba (RJ-Brasil) apresenta altas concentrações de metais pesa-

dos, principalmente cádmio e zinco, nos compartimentos biótico e abiótico. O objetivodeste trabalho consistiu no monitoramento de Cd, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb e Zn, nossedimentos de fundo e material em suspensão, através do uso de técnicas deGeoprocessamento. Os métodos de digestão ácida empregados foram a lixiviação comHCl 0,1 N e ataque forte com água régia. O tratamento de imagens Landsat TM foi feitocom auxílio do programa SITIM/INPE. Mapas de distribuição espacial representativosdas plumas de sedimentos foram gerados pelo método da máxima verossimilhança. OSistema Geográfico de Informação SAGA/UFRJ foi utilizado na avaliação de impactoambiental por metais pesados. Com base em mapas de distribuição espacial de matériaorgânica, fração fina, carbonato de cálcio e sedimentos foram efetuadas assinaturas eavaliações ambientais, tendo em vista a geração e cotejo de mapas de risco de poluiçãopor metais pesados em geral, por cádmio e por zinco. Na parte nordeste da baía o aportedos principais rios pôde ser evidenciado através de regiões representativas das plumasde sedimentos. As áreas vinculadas à classe de altíssimo risco de poluição, localizadasprincipalmente na costa norte e nordeste da baía, apresentaram elevadas concentraçõesde metais pesados, indicando um aumento significativo da contribuição antropogênica.Através das técnicas de Geoprocessamento, a região da baía de Sepetiba em estudopode ser classificada, em relação à distribuição de metais, nos sedimentos e material emsuspensão, como área de contaminação moderada.

NOME: LUCIO FLAVIO MARINI ADORNOORIENTADOR: Júlia Adão BernardesTÍTULO: GESTÃO COMPETITIVA, ESTRATÉGIA REGIONAL E OTOCANTINS

RESUMO:A tese analisa a transformação da política regional moldada pela influência da

ideologia da flexibilização econômica e a competitividade empresarial. De início, a teseaborda como o regime de acumulação flexível repercute na organização do território,alterando a composição estatal de planejamento regional e reenquadrando conceitos de

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desenvolvimento regional. O conceito de região também é abordado, apontando para ouso político da terminologia como elemento de persuasão e dissimulação de interessespor hegemonia, canalizados pelo forjamento de blocos. Dessa percepção, a tese ganhacampo empírico com a pesquisa aplicada sobre os fundamentos do Mercoeste comocenário típico dessa evolução, encontrando no estado do Tocantins a área - piloto daestratégia de territorialização pela competitividade e sua sistemática de integração. Talmodelo adequa então interesses políticos e corporativos, firmando da escala das locali-dades a sua projeção regional e respectivo encadeamento geopolítico e geoeconômico.Dessa análise constatamos que com este planejamento e sua forma de gestão, sua escalade abrangência é regional por uma questão de logística empresarial, mas sua escala deoperação é do lugar, e deste instituindo um pivô de incorporação pontual de mercadosem parceria com a tradicional aspiração política do controle territorial, com a estratégiade ser alimentada em rede. É um novo “código de poder” que determina o sucesso parao desenvolvimento regional. O domínio desses códigos representa um posicionamentoenquanto agente operador nas relações político - comerciais, capitaneando a própriaorganização territorial.

NOME: MARCO ANTONIO JARDIM GUERRAORIENTADOR Mauro Sergio Fernandes ArgentoTÍTULO: CARACTERIZAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DO AMBIENTE COS-TEIRO NA ÁREA DO EMISSÁRIO SUBMARINO DE IPANEMA

RESUMO:As águas marítimas no entorno do Emissário Submarino de Esgotos em

Ipanema (Rio de Janeiro, RJ), despejo de 2.1 milhões de usuários, foram diagnosticadasquanto ao risco potencial à saúde pública, nas potencialmente melhores praias da cida-de, praias do Arpoador (APA), de Ipanema e do Leblon, além do Parque NacionalMarinho (ARIE), locais de beleza natural, lazer e fonte de renda através do turismo. Adiagnose ambiental incluiu imagens do satélite LANDSAT-5/TM, dados sobre as cor-rentes e as marés. Observações e documentação fotográfica foram feitas de 1997 a 1999sobre a poluição sob diferentes condições oceanográficas: estratificação, ondas, ventose; os processos e morfologia litorâneos, que foram comparados com fotografias e ima-gens obtidas em anos normais de sedimentação. Durante este período o tubulão doemissário ficou exposto na praia, o que determinou a pesquisa do ciclo erosivo. Oprocessamento e a classificação digital das imagens produziu o mapeamento da turbidez

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das águas. A circulação das águas foi simulada com modelo numérico da hidrodinâmica,para ocasiões de passagem do satélite, com dados estatísticos e sob condições quetendem a levar águas do emissário para a costa. Foi observado que as correntes de SSO,sob ventos do quadrante sul, ou em outras ocasiões podem levar à indução das águas doemissário em direção à costa. Sob ventos do norte ou em maré vazante na desembocadu-ra da Baía de Guanabara, surgem condições de vorticidade, adjacente à descarga da baía,que também geram esta indução. Através de imagem de satélite, foi documentada umaocasião de risco à saúde pública, dentre oito eventos de vazamento do emissário, quan-do intensa pluma atingiu as praias, proveniente de enorme vazamento a 1.5 km dolitoral, não cumprindo o T-90. A fase erosiva da parte leste dos arcos de praia Arpoador-Ipanema e S. Conrado foi iniciada durante o ano de El Niño em 1997 e foi extrema em1999. Durante estes anos anômalos, ondas mais altas, defasadas para o outono, atuaramsobre o nível máximo anual do mar, culminando com a queda de muros de proteção dacosta e do calçamento em 1999, um prejuízo de alguns milhões de dólares. Dados eresultados foram geoprocessados, gerando nova metodologia, que combina oceanografiapor satélites com modelos da hidrodinâmica para diagnosticar e prognosticar a influên-cia de emissários.

NOME: MONICA DOS SANTOS MARÇALORIENTADOR : Antonio José Teixeira GuerraTÍTULO: SUSCETIBILIDADE À EROSÃO DOS SOLOS NO ALTO CURSODA BACIA DO RIO AÇAILÂNDIA – MARANHÃO

RESUMO:A área selecionada para o presente estudo encontra-se inserida na bacia

hidrográfica do rio Açailândia, porção central do município e foi denominada de altocurso da bacia do rio Açailândia. O processo de valorização e uso da terra pelo qualpassou esta região, principalmente em função da implantação das rodovias e ferrovias,foi tão intenso que proporcionou a origem de muitos dos problemas ambientais que aregião enfrenta nos dias atuais, dentre eles o problema da erosão por voçorocamento. Oobjetivo principal da tese é explicar a suscetibilidade à erosão no alto curso da bacia dorio Açailândia, levando-se em consideração a compreensão dos processos de mudançasocorridos na área de estudo. Os fatores solo, relevo, geologia, clima, vegetação e uso daterra combinados e associados à caracterização ambiental produziram um conjunto denovas informações importantes e necessárias para a compreensão da análise dos pro-

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cessos erosivos a nível regional, indicando ainda diretrizes de encaminhamento paraestudos de maior detalhamento. Em complementação a esta análise, o cruzamento entreas informações obtidas, através do geoprocessamento estabeleceu uma melhor integraçãona sua apreensão, individualizando as áreas potencialmente frágeis para a ocorrência daserosões. Utilizou-se o software Idrisi for Windows 2.0 e Auto CAD R14. Os trabalhosenvolveram atividades de gabinete, campo e laboratório. Os fatores ambientaisselecionados para o estudo apresentam respostas diferenciadas na ocorrência dos pro-cessos erosivos. O solo se apresenta como um fator preponderante na ocorrência daerosão, as quais são freqüentes nos setores onde ocorre a predominância dos solos maisarenosos, que no caso, correspondem à associação dos Latossolos. Nas áreas de ocor-rência da associação dos Argissolos, que texturalmente são mais argilosos, se tem oregistro de ocorrência de erosão, porém não de forma acelerada e expansiva como vemocorrendo com a associação dos Latossolos. Estas condições, quando analisadas junta-mente com o clima da região de fortes chuvas concentradas, e o tipo de uso da terracaracterizado por intenso desmatamento para atividades agropastoris, alcançam delimi-tações e restrições impostas pelos elementos que estão influenciando na fragilidade doterreno, respondendo de forma diferenciada à questão da erosão. Alia-se a esse quadro,os problemas sociais em Açailândia decorrentes em grande parte, do processo e daforma de ocupação que se deu o município que não podem ser vistos dissociados oualheios de um contexto histórico no qual se insere. Combinado a esses fatores, obser-vou-se ainda que existe uma tendência das feições erosivas de ocorrerem preferencial-mente próximo às zonas de transição entre fácies de dissecação do relevo. Além disso,as informações de caráter geológico/estrutural indicam uma correlação das erosões comáreas de descontinuidades representadas por lineamentos da drenagem. Esses dois fatossomados, indicam que áreas consideradas como de descontinuidades (geológica ougeomorfológica) são potenciais à ocorrência de erosão. A integração dos dados alcança-dos e representados no Mapa Síntese, evidenciam a área como caracteristicamentesuscetível à ocorrência de erosão, ressaltando que nos setores urbano e industrial, asituação passa a ser crítica em função da interferência antrópica direta. Apesar deapresentar áreas pouco suscetíveis à erosão, estas não podem ficar isentas de suaocorrência, principalmente, se um dos fatores mencionados forem potencializados lo-calmente como, por exemplo, a retirada da vegetação.

NOME: PAULO MARCIO LEAL DE MENEZESORIENTADOR: Ana Luiza Coelho Netto

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TÍTULO: A INTERFACE CARTOGRAFIA-GEOECOLOGIA NOS DIAGNÓS-TICOS E PROGNÓSTICOS DA PAISAGEM: UM MODELO DE AVALIAÇÃODE PROCEDIMENTOS ANALÍTICO-INTEGRADOS

RESUMO:Este trabalho desenvolve uma pesquisa dentro de três áreas do conhecimento,

a Geoecologia, a Cartografia e o Geoprocessamento, através de sua principal ferramentade análise, os Sistemas de Informações Geográficas, procurando revisar seus conceitos,estabelecendo ligações e relacionamentos entre elas. São tratados e apresentados, inici-almente os conceitos de Geoecologia, Paisagem e Geo-Hidroecologia, como os elemen-tos de base do trabalho. Os conceitos de Cartografia são também revisados, tanto sobseu aspecto básico, como principalmente sob o enfoque que a ótica computacional veioa lhe emprestar. O Geoprocessamento é abordado, através dos SIG, fazendo-se o inter-relacionamento entre as três áreas, adaptando-se visões e conceitos de aplicação. Nocontexto criado por este relacionamento, é proposto um modelo de avaliação de resul-tados de processos analíticos, realizados em SIG, visando criar uma estrutura quepermita estabelecer uma propagação de influências das diversas variáveis que estejamenvolvidas no processo analítico, bem como o seu correlacionamento. Por extensão, omodelo também é aplicado para o estudo de correlação e análise de relevância ouhierarquização entre os resultados de processos analíticos diversos, que coexistam sobuma mesma base de dados e uma mesma área geográfica. Foram avaliados resultados deaplicação teórica e prática sobre uma base de dados de um Projeto de Qualidade Ambiental,na cidade do Rio de Janeiro.

NOME: PAULO PEREIRA DE GUSMÃOORIENTADOR: Claudio Antonio Gonçalves EglerTÍTULO: EFICÁCIA DA GESTÃO AMBIENTAL URBANA NA REGIÃO DOMÉDIO CURSO DO RIO PARAÍBA DO SUL (RJ)

RESUMO:Esta tese tem como ponto de partida a constatação de que alguns dos mais

recentes e graves acidentes ambientais resultaram de falhas de gestão, seja no planomicro (das empresas) ou macro (do conjunto de atividades situadas num determinadoterritório). Dessa constatação derivam outras como a de que as cidades - principalmenteos aglomerados urbanos que concentram complexos tecnológicos - carecem de práticas

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mais eficazes de gestão ambiental urbana e de que estas práticas devem atender arequisitos básicos como continuidade, coordenação e transparência. O foco do trabalhoestá, portanto, centrado na discussão dos requisitos e condições de contorno da gestãoambiental eficaz. no plano das considerações finais o trabalho foca ainda a necessidadede explicitar a análise de rico como critério de gestão ambiental, em complemento àtradicional avaliação do potencial poluidor. A região do médio Paraíba do Sul (RJ) servede palco para um estudo de caso, por abrigar o complexo tecnológico e por sua posiçãoestratégica em relação ao macroeixo Rio-São Paulo. Nesse estudo são confrontadas asexperiências de planejamento e gestão ambiental desenvolvidas na região ao longo dosúltimos vinte e dois anos e as tendências de desenvolvimento econômico e concentraçãode novos focos de risco ambiental na mesma. Como resultado, discute-se uma agenda detrabalho cujos objetivos estratégicos são a obtenção de um maior grau de eficácia dagestão ambiental do complexo tecnológico concentrado nessa região, assim como dorisco a ele associado.

NOME: REINER OLIBANO ROSASORIENTADOR: Ana Luiza Coelho NettoTÍTULO: ZONEAMENTO AMBIENTAL EM BASE GEO-HIDROECOLÓGICA:RELAÇÃO ENTRE ESCALA E MEIOS OPERACIONAIS

RESUMO:O presente estudo tem como objetivo aplicar os conhecimentos básicos sobre

hidrologia e erosão de encostas, obtidos de forma experimental, na elaboração demetodologia para o Zoneamento Ambiental em base Geo-hidroecológica para a bacia dorio da Cachoeira, realizado na escala 1:10.000. Para tal foi proposta uma metodologiabaseada na integração de uma série de mapas básicos obtidos a partir de informações decampo, fotointerpretação, e dados cartográficos preexistentes, os quais foramreclassificados a partir de uma unidade territorial preestabelecida, no caso as “UnidadesEspaciais de Classificação para os Domínios Geo-hidroecológicos”, que posteriormen-te entrecruzados por processos automáticos, dando origem aos mapas representandoos Domínios Geo-hidroecológicos em dois níveis hierárquicos. No primeiro nível hie-rárquico procurou-se definir os Domínios Geo-hidroecológicos a partir das característi-cas básicas que influenciam a capacidade de infiltração, o escoamento superficial e osprocessos de interceptação e evapotranspiração, que em um nível mais geral podem sercorrelacionados com o tipo de cobertura do solo. Desta forma, neste nível, os DomíniosGeo-hidroecológicos representam para cada Unidade Espacial de Classificação, o tipo

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de cobertura existente ou mesmo mais de um tipo de cobertura para os Domíniosheterogêneos. De acordo com a proposta metodológica, a determinação do segundonível hierárquico foi realizada incorporando as outras variáveis associadas aos proces-sos hidrológicos e erosivos das encostas, desta forma podendo-se definir, para cadaDomínio, características específicas que vão influenciar localmente o comportamentohidrológico, gerando alterações no comportamento geral padrão para cada Domíniodefinido anteriormente.

NOME: ROBERTO SCHMIDT DE ALMEIDAORIENTADOR: Lia Osório MachadoTÍTULO: A GEOGRAFIA E OS GEÓGRAFOS DO IBGE NO PERÍODO1938-1998

RESUMO:A reconstituição histórica do conjunto de atividades levadas a efeito entre os

anos de 1938 e 1998 por uma comunidade de pesquisadores geográficos, do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maior agência de planejamento territorialdo governo brasileiro, é o principal objeto desta pesquisa. A relação entre Documentoe Memória preside este trabalho, no qual documento expressa o que foi impresso(legislação, projetos, relatórios e a produção intelectual dos geógrafos, através de relató-rios, livros, atlas e artigos ) enquanto memória exprime a experiência pessoal de umgrupo de profissionais, através de seus depoimentos orais gravados e transcritos, queevocam suas respectivas trajetórias no IBGE. Essa relação esclarece sobre as diferentesconjunturas nas quais foi gestada a produção geográfica, além de desvendar os diversosconflitos de natureza política, científica, corporativa e pessoal enfrentados por essesgeógrafos, ao construir o que se convencionou chamar de Geografia Oficial. O trabalhoabarca um período de 60 anos, tendo como pano de fundo, os contextos político,econômico, científico do país que se desenrolam paralelamente a quatro constituições,vinte e dois mandatos presidenciais (vinte e um presidentes e uma junta militar) e umasucessão de crises políticas mais ou menos graves. Seguidas por alguns períodos excep-cionais como o Estado Novo (1937 a 1945), da renúncia de Jânio Quadros até a quedade João Goulart (1961 a 1964), o dos governos militares (1964 a 1985) e o dos trêsgovernos posteriores. No campo do Pensamento Geográfico, a pesquisa rastreia asprincipais mudanças de orientação metodológica e técnica por que passaram as matrizesde pensamento científico influenciando, via escolas francesa, alemã e anglo-saxônica,

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nos principais trabalhos geográficos da comunidade ibegeana. Finalmente, acompanha-remos a trajetória do prestígio da Geografia. De início, quando aliavam-se à necessidadede conhecimento do território a uma determinação de integração, levado a efeito porVargas durante o Estado Novo. Ultimamente durante os governos pós-militares nadécada de 90, quando a palavra transição tornou-se o mote principal, referenciada, tantoàs questões científicas, quanto às tecnológicas, e a noção de crise, financeira e gerencial,passou a figurar prioritariamente nas preocupações dos legisladores e dos planejadoresdo aparelho estatal.

NOME: RUI ERTHALORIENTADOR: Roberto Lobato Azevedo CorrêaTÍTULO: A DISPERSÃO DOS IMIGRANTES SUÍÇOS E ALEMÃES DA ÁREACOLONIAL DE NOVA FRIBURGO - UMA ABORDAGEM GEOGRÁFICA

RESUMO:A presente pesquisa insere-se na temática ligada ao povoamento e à coloniza-

ção européia no Brasil e tem, por finalidade, tornar inteligível o fenômeno da dispersãoespacial dos imigrantes suíços e alemães que chegaram a Nova Friburgo, respectivamen-te, em 1820 e 1824. objetivando, entre outros, o abastecimento do mercado carioca, emplena expansão, de produtos alimentícios, os colonos estabeleceram-se em pequenaspropriedades e utilizaram-se de mão-de-obra familiar. Em função das característicasfísicas da área do assentamento rural, não propícias ao tipo de uso agrícola desejado, ede uma série de obstáculos, como, por exemplo, a deficiência das estradas que dificulta-va o escoamento da produção, elevado percentual de colonos deixaram a gleba rural ebuscaram alternativas de vida nas áreas circunvizinhas, em Cantagalo e, até mesmo, nasdistantes regiões do Rio de Janeiro e Campos.

NOME: SILVANA QUINTELLA CAVALCANTI CALHEIROSORIENTADOR Jorge Xavier da SilvaTÍTULO: TURISMO VERSUS AGRICULTURA NO LITORAL MERIDIONALALAGOANO

RESUMO:A pesquisa procurou investigar a influência da expansão do turismo na orga-

nização territorial do litoral meridional do estado de Alagoas considerando as alterações

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e relações espaciais produzidas sobre uma estrutura ambiental e sócio-econômica domi-nada tradicionalmente pela agricultura da cana-de-açúcar e do coco. A abordagem teóri-ca-conceitual circunscrita a esta investigação está estruturada no tripé geografia, análiseambiental e geoprocessamento pela vinculação existente entre a pesquisa ambiental, ossistemas geográficos de informação (SGI) e os princípios científicos que norteiam aciência geográfica. A ênfase da investigação recai sobre a realização de análises desituações ambientais relevantes identificadas, geograficamente discerníveis sobre o ter-ritório. Para realização desta pesquisa utilizou-se metodologia de análise ambientaldesenvolvida pelo Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Geografiada Universidade Federal do Rio de Janeiro, que criou o SAGA-Sistema de Análise Geo-ambiental. este SGI permite realizar as análises (diagnósticos e prognósticos) sobre umabase de dados georreferenciada, previamente inventariada e armazenada em meio digital.A base de dados constitui-se de diversos mapas temáticos, sobre esta base foramrealizadas planimetrias, análises prospectivas (assinaturas ambientais) e evolutivas(monitoramento) e avaliações ambientais das situações ambientais identificadas. Estasavaliações conduziram a delimitação de áreas existentes e potenciais para a agricultura(cana-de-açúcar e coco) e turismo, veraneio, fim-de-semana e empreendimento). o resul-tado das avaliações potenciais para cada tipo de turismo foi rebatido sobre os resultadosobtidos na avaliação para agricultura,permitindo identificar áreas de potenciaisconflitantes entre turismo e a agricultura dominante, demonstrando a ocorrência desituações de disputa territorial por recursos geoambientais, traduzindo-se em novasrelações territoriais. A partir desta análise, buscou-se conhecer as relações espaciais aserem estabelecidas pela população sobre o espaço geográfico, utilizando-se do poten-cial de interação entre núcleos urbanos e a variação de suas áreas de influência nosperíodos analisados de 1980, 1991 e 1996. Com os resultados obtidos pretende-secontribuir para o planejamento ambiental do litoral sul dentro de uma nova opção deanálise ambiental com base nas relações de conflitos territoriais pela introdução deatividades em áreas com estruturas econômicas e políticas tradicionalmente estabelecidas,pelo uso e ocupação do solo

NOME: CECILIA MARIA RIZINIORIENTADOR: Irene GarayTÍTULO: DIVERSIDADE FUNCIONAL DO ESTRATO ARBÓREO COMO IN-DICADOR DO STATUS DA BIODIVERSIDADE EM FLORESTA ATLÂNTICADE TABULEIROS (LINHARES - ES)

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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volune 25 / 2002

RESUMO:Este estudo trata da diversidade funcional da cobertura arbórea de Floresta

Atlântica de Tabuleiros da Reserva Florestal de Linhares. Quatro sistemas foram com-parados: duas fisionomias de floresta primária - Floresta Densa (FD) e Floresta deVárzea (FV) - constituíram-se no testemunho das possíveis modificações produzidasem dois tipos de áreas florestais impactadas, há cinqüenta anos, por corte seletivo (F1)e corte total e queima (F2). Pelo método de parcelas permanentes, foram amostradas1.618 árvores, em 1,5 ha, pertencentes a 347 táxons, dos quais 273 pertencem a 168gêneros e 53 famílias. Em todos os sistemas mais de 50% das espécies estão represen-tadas por um indivíduo porém o Valor de Cobertura (IVC) da espécie principal é de 18,9em FD, 23,3 em F1 e 44,4 em F2. Neste último caso, Rollinia laurifolia Schldl. (% IVC=22) parece substituir grande parte das espécies presentes em FD. O predomínio deespécies secundárias acompanha o grau de interferência de F1 e F2. A diversidadefuncional foi caracterizada segundo o grau de esclerofilia foliar das 73 espécies commaior IVC dos sistemas estudados. As folhas esclerófilas, ou seja, aquelas com maiorpeso específico foliar (PEF) e menor superfície específica foliar (SEF), possuem con-teúdo de nitrogênio baixo e maior concentração de fibras e ligninas, sendo que os maioresÍndices de Correlação situam-se entre o PEF e as relações carbono/nitrogênio (0,68) elignina/nitrogênio (0,54). FV se diferenciou nitidamente dos demais sistemas pelo seucaráter esclerófilo, o que pode ser explicado pela proximidade de um córrego. Em FD eF1 existe uma maior quantidade de espécies com folhas leves e intermediárias do queesclerófilas, sendo que em F2, quantidades similares de espécies esclerófilas e leves secontrapõem à dominância de intermediárias. Os três grupo funcionais relacionados àesclerofilia foliar foram analisados através de um Índice de Diversidade Funcional (IDF):os sistemas secundários distinguem-se claramente do sistema primário escolhido comotestemunho (FD). No caso de F1, o IDF do grupo das espécies esclerófilas é mais baixodo que em FD (1,90 contra 3,85), se comparado com o grupo das intermediárias (7,51/ 5,89) e das leves (5,78 / 5,16). A diminuição dos valores do IDF evidencia uma menordiversidade funcional em F2 do que em FD, tanto no grupo das árvores esclerófilas(3,07), como no grupo das árvores de folhas leves (3,69) e intermediárias (3,20). Com-parado com F1, o sistema F2 caracteriza-se por apresentar valores inferiores tanto nogrupo das espécies com folhas intermediárias como leves, grupos em geral associadosaos processos de sucessão, o que sugere que a regeneração encontra-se em estado menosavançado em F2. A soma dos valores do IDF são: 14,9 para FV, 14,9 para FD, 15,2 paraF1 e 10,0 para F2. A uma certa compensação da diversidade funcional entre os gruposnos três primeiros sistemas, se contrapõe, em F2, uma diminuição da diversidade fun-cional total.