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ANUÁRIO DO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volune 24 / 2001

ANUÁRIO DOINSTITUTO DEGEOCIÊNCIAS

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ANUÁRIO DOINSTITUTO DEGEOCIÊNCIAS

EditorIsmar de Souza Carvalho

2001

Volume 24

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ENDEREÇO:Universidade Federal do Rio de JaneiroCentro de Ciências Matemáticas e da NaturezaInstituto de GeociênciasAv.Brigadeiro Trompowski, s/no - Bloco FIlha do Fundão - Cidade UniversitáriaCEP: 21.941-590FAX (21) 2598-9474Telefone: (21) 2598-9405

Supervisão: Beth Villela - [email protected] Gráfico e Editoração: Almir Miranda - [email protected]: 500 exemplares

Apoio:Fundação Universitária José BonifácioNEQUAT - Núcleo de Estudos do Quaternário - UFRJEDUGEO - Núcleo de Pesquisa em Ensino Interativo de Geografia da UFRJ

PEDE-SE PERMUTA WE ASK FOR EXCHANGE

Rio de Janeiro / 2001 ISSN 0101-9759

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ReitorProf. José Henrique Vilhena de Paiva

Decano do Centro de Ciências Matemáticas e da NaturezaProf. Marco Antonio França Faria

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DiretorProfa. Josilda Rodrigues da Silva de Moura

Vice-DiretorProf. Leonardo Fonseca Borghi de Almeida

Diretor Adjunto de Pós-GraduaçãoProf. José Ricardo de Almeida França

Diretor Adjunto de GraduaçãoProfa. Claudio Limeira Mello

Departamento de GeografiaChefe: Prof. Jorge Xavier da Silva

Departamento de GeologiaChefe: Prof. Claudio Margueron

Departamento de MeteorologiaChefe: Prof. Luiz Francisco Pires Guimarães Maia

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Conselho Consultivo Anuário

Ana Maria Lima Daou (UFRJ - Brasil)Ausenda Cáceres Balbino (Universidade de Évora, Portugal)Cláudio Ricomini (USP, Brasil)Henyo Trindade Barretto Filho (UnB, Brasil)Evaristo de Castro Junior (UFRJ - Brasil)Gerson Cardoso da Silva (UFRJ - Brasil)Gisela Aquino Pires do Rio (UFRJ - Brasil)Isimar de Azevedo Santos (UFRJ - Brasil)Ivan Pereira de Abreu (UFRJ - Brasil)João Pacheco de Oliveira Filho (UFRJ - Brasil)Joel Gomes Valença (UFRJ - Brasil)José Henrique Gonçaves Melo (Petrobras, Brasil)Lilian Paglarelli Bergqvist (UFRJ - Brasil)Luiz Francisco Guimarães Maia (UFRJ - Brasil)Maria Helena Paiva Henriques (Universidade de Coimbra, Portugal)Maria Naise de Oliveira Peixoto (UFRJ - Brasil)Marisol Manzano (Universidad de Cartagena, Espanha)Michael Holz (UFRGS, Brasil)Miguel Carlos Telles Antunes (Universidade Nova de Lisboa, Portugal)Narendra Kumar Sirivastava (UFRN, Brasil)Norma Maria da Costa Cruz (CPRM, Brasil)Paula Ferrucio da RochaRalph Molnar (Flagstaff Museum, Estados Unidos)Rosane Manhães Prado (UERJ, Brasil)Seth Garfield (Texas University, Estados Unidos)Wagner Souza-Lima (Petrobras, Brasil)Xavier Sanches Vila (Universidade Potitecnica de Cataluña, Espanha)Zulma Gasparini (Universidad de La Plata, Argentina)

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SUMÁRIO

Editorial ................................................................................................. 9

Um Professor de Paleontologia: Ignácio Brito (1938-2001)Diógenes de Almeida Campos ..............................................................

Programa de Pós-graduação em Geografia:Teses DefendidasMESTRADO ......................................................................................... 16DOUTORADO ...................................................................................... 33

Programa de Pós-graduação em Geologia:Teses DefendidasMESTRADO ......................................................................................... 16DOUTORADO ...................................................................................... 33

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Editorial

O anuário de 2001 é dedicado ao Professor Ignácio Aureliano Machado Brito(1938-2001). Durante muitos anos as atividades desenvolvidas pelo Prof. Ignácio Britoem nossa instituição foram de enorme relevância, possibilitando a implementação denovas linhas de pesquisa, disciplinas na graduação e pós-graduação e formação de novosprofissionais. Sua participação em diferentes aspectos da academia e seu espírito decolaboração na resolução das questões institucionais tornou-o uma referência para nos-so Instituto.

Neste volume, além da homenagem a ele dedicada, também são apresentadas asdissertações de Mestrado e teses de Doutorado elaboradas nos programas de pós-graduação em Geografia e Geologia, revelando parte da significativa produção científicado Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ismar de Souza Carvalho Editor do Anuário do IGEO-UFRJ

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Um Professor de Paleontologia: Ignacio Brito (1938-2001)

Diogenes de Almeida Campos*

Ignacio Aureliano Machado Brito, nascido no Rio de Janeiro, em 29 de junhode 1938, filho de Gratuliano da Costa Brito e de Adelaide Machado Brito, realizou seusestudos de nível médio no Colégio Mallet Soares, tendo concluído os mesmos em 1956.Suas atividades profissionais foram desenvolvidas primeiramente como jornalista, de1958 a 1960, como repórter auxiliar da Revista da semana e do Eu sei tudo, além delecionar em cursos de pré-vestibular.

Concluiu o bacharelado e a licenciatura em história natural pela FaculdadeNacional de Filosofia da Universidade do Brasil, em 1960, e logo ingressou na Petrobrás,fazendo, em Salvador, o curso do CENAP e obtendo o diploma de geólogo de petróleo,fornecido pela Universidade Federal da Bahia, em 1962. Apesar dos trabalhos de rotinado laboratório de Paleontologia da Petrobrás, dedicou-se ao estudo dos microfósseis doPaleozóico brasileiro.

Paralelamente a suas atividades como paleontólogo da Petrobrás, ministrouaulas de Paleontologia e Geologia Histórica na Escola de Geologia da UniversidadeFederal da Bahia, de 1962 a 1965. Deixou a Petrobrás, em 1965, e foi, como bolsista daCAPES, para a Stanford University, na Califórnia, onde defendeu tese intitulada OsAcritarcha e sua utilização na estratigrafia siluriana e devoniana do Brasil, obtendo otítulo de Master of Sciences, em 1966.

De volta ao Brasil, foi, em janeiro de 1966, para o Rio de Janeiro, a convite dePaulo Erichsen de Oliveira ( -1969), passando a conciliar sua pesquisa com os amonitasda seção de Paleontologia do DNPM e suas aulas no Instituto de Geociências da UFRJ,ainda no largo de São Francisco.

Logo deixaria o DNPM, em 1968, passando a dedicar-se às atividades deensino, pesquisa e administração do Instituto de Geociências até sua aposentadoria.

Museu de Ciências da Terra - DNPM

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Nessa fase de sua vida, além de suas pesquisas (nesta altura já com novos interesses, osequinóides do Cretáceo), foi professor de geologia histórica e de Paleontologia e teveimportante papel na implantação e no desenvolvimento da pós-graduação do setor dePaleontologia e Estratigrafia da UFRJ, além de ter orientado grande número de trabalhosde mestrado e doutorado. Foi aprovado em concurso, realizado em novembro de 1977,para professor titular do Instituto de Geociências da UFRJ, defendendo a tese Osequinóides fósseis do Brasil. Por sua dedicada atividade, pode, mesmo, ser consideradocomo a mola propulsora da pós-graduação naquele Instituto. Ocupou cargos de direçãoe chefia na UFRJ, tais como o de Diretor do Instituto de Geociências, por dois períodos,de Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação, Diretor-Adjunto e Chefe de Departa-mento, em várias oportunidades.

Pesquisador I-A do CNPq, desde 1968, foi eleito membro associado da Aca-demia Brasileira de Ciências, em 1972. Pertencia, também, à Sociedade Brasileira deGeologia e à Sociedade Brasileira de Paleontologia. Participou de diversos eventosnacionais e internacionais sobre assuntos relacionados a suas pesquisas. Foi, também, ocontacto brasileiro da Subcomissão do Cretáceo da Comissão Internacional deEstratigrafia.

Como professor-visitante, ministrou aulas na Universidade Federal do Ceará,na Universidade Federal de Mato Grosso e na Universidade Federal da Paraíba, além demuitas outras instituições de ensino, não somente no Rio de Janeiro.

Ao se aposentar na UFRJ, passou a morar em Araguari, no TriânguloMineiro, onde veio a falecer em setembro de 2001, embora continuasse a orientardissertações e teses e a publicar trabalhos. A Comissão Organizadora do XIVCongresso Brasileiro de Paleontologia, em 1995, prestou-lhe singela homenagem,convidando-o para plantar um exemplar de Ginkgo biloba nos jardins do Centrode Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, em Peirópolis, município deUberaba, onde foi realizado o Congresso.

Publicou mais de cem trabalhos, abrangendo invertebrados do Cretáceo e doCenozóico, microfósseis do Devoniano e Estratigrafia das bacias sedimentares brasilei-ras; estudou, também, os equinóides recentes da costa brasileira. Seu estilo ágil e direto,fruto de sua experiência como jornalista, entre 1958 a 1960, tornava seus trabalhos degrande aceitação entre os estudantes de Geologia e Paleontologia.

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Homem de temperamento afável, sabia, no entanto, ser incisivo quando ne-cessário. Foi um professor que sempre será lembrado por seus discípulos e colegascomo um entusiasta pela Paleontologia e um divulgador nato da ciência. Em 2001, noano de seu falecimento, a sessão organizada pela Sociedade Brasileira de Paleontologiaque, tradicionalmente, realiza-se na Academia Brasileira de Ciência foi realizada em suahomenagem. Casou-se duas vezes, tendo de seu primeiro casamento três filhos, Paulo,André e Pedro. E com Lisete Fernandes Moraes Brito, sua segunda esposa, sobrevive-ram-lhe Fernando e Ana.

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

MESTRADO

NOME: ADRIANA FILGUEIRA LEITEORIENTADORES: ANA LUIZA COELHO NETTOTÍTULO: ESTUDO HIDROGEOQUÍMICO EM UMA PEQUENA BACIA DEDRENAGEM MONTANHOSA – RURAL: ALTO RIO DA FORTALEZA –BANANAL, SP

RESUMO:O presente estudo foi desenvolvido na bacia do rio Fortaleza (Bananal/SP),

uma bacia de terceira ordem com cerca de 4 Km2, posicionada no segmento pré-monta-nhoso da bacia do rio Bananal. Esta área encontra-se inserida em uma zona de substratorochoso homogêneo, pertencente à Unidade São João, que é constituída basicamentepor gnaisses metassedimentares (ricos em silimanita, granada, biotita e muscovita).Observa-se ali uma rede de canais submetidos a um forte controle estrutural, associadosprincipalmente aos sets de fraturamentos ortogonais à foliação principal. Hipotetiza-sea ocorrência de fluxos subterrâneos ascendentes ao longo das fraturas, condicionandoum intemperismo diferencial e, por conseguinte, a formação de vales estruturais (anfite-atros ou concavidades), com morfologia conchoidal. Dentro desta perspectiva, buscou-se compreender através das respostas hidrogeoquímicas da bacia, a relação existenteentre a constituição geomorfológica destes vales e os processos de exfiltração de águasubterrânea, como subsídio ao estudo do intemperismo diferencial.

Para a realização desse estudo, montou-se uma estação plúvio-fluviométrica,contendo pluviômetro digital, linígrafo, vertedouro retangular, além de uma redepiezométrica (15 estações). Durante as perfurações foram feitas coletas de amostras desolo para análises físicas e químicas. Foram feitas também coletas semanais de água dachuva, do regolito e em diferentes pontos da rede de canais. Tais amostras foramencaminhadas para análise dos seguintes parâmetros químicos: Ca2+, Mg2+, Na+, K+,SiO

2, HCO

3, Al3+ e Fe

total, pH e Condutividade Elétrica.

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Os resultados obtidos demonstram que nas águas dos canais os elemen-tos apresentaram poucas variações espaciais e temporais durante o período ana-lisado (entre Novembro de 1999 e Abril de 2000). Verificou-se também, de modogeral, baixas concentrações. O perfil geoquímico das águas dos canais não apre-sentou nenhuma relação de semelhança com a água das chuvas e nem do regolitoem termos de concentrações. Este resultado já era esperado pois em virtude daausência de água nos piezômetros, deduz-se que não houve a ocorrência de fluxosd’água provenientes da encosta em direção aos canais. Por outro lado, todos oscanais permaneceram perenes apesar da estiagem atípica ao período amostrado(Verão). Assim, diante dos fatos acima apresentados, conclui-se que durante operíodo amostral, os mecanismos de exfiltração de água subterrânea foram osefetivos, emergindo nesta bacia a partir das fraturas do substrato rochoso.

NOME: MARIA LUCIA LORINIORIENTADORES: JORGE XAVIER DA SILVATÍTULO: O GEOPROCESSAMENTO COMO APOIO ÀS ANÁLISES DEHÁBITAT E À BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO: O MICO-LEÃO-DA-CARA-PRETA LEONTOPITHECUS CAISSARA, UM ESTUDO DE CASO

RESUMO:No quadro atual de crise da biodiversidade o Brasil assumiu a liderança na

assinatura da Convenção sobre a Diversidade Biológica, o que acarreta responsabilida-des em termos de documentar e conservar a sua biodiversidade, que é uma das maiores,menos conhecidas e mais ameaçadas do planeta. Embora as facilidades associadas àstecnologias de geoprocessamento tenham aberto novos horizontes para os estudosambientais, trazendo grandes possibilidades de aplicação para conservação e manejo derecursos bióticos, sobretudo para análises de hábitat, o uso nacional destas modelagenstão difundidas em outros países é inexpressivo.

Partindo dentro deste contexto, a presente dissertação propôs-se a desenvol-ver uma metodologia para análises de hábitat, distribuição geográfica e conservação deelementos bióticos alvo, instrumentada em ambiente de SGI. Esta abordagem explorouo poder das análises espaciais apoiadas por geoprocessamento para integrar conceitosda Biologia da Conservação e da Ecologia da Paisagem. Para operacionalizar o roteiro

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metodológico assumiu-se L. caissara como estudo de caso, bem como um SGI nacionalde domínio público e de fácil operação (o pacote SAGA-UFRJ).

A proposta metodológica iniciou pelos procedimentos de seleção de variá-veis e construção da base de dados geocodificados. Em seguida foram explorados osprocedimentos de assinatura ambiental para caracterizar o ambiente nos locais de regis-tro da espécie alvo. Na etapa seguinte, utilizou-se os procedimentos de avaliaçãoambiental para construir o Modelo de Favorabilidade do Ambiente para L. caissara,cujo resultado foi validado com um nível de acerto de 80,8%. A partir do resultadodeste modelo foram implementados procedimentos para análises da distribuição geo-gráfica da espécie alvo (extensão de ocorrência e da área de ocupação). Seguiu-se umroteiro de análise da estrutura do hábitat, implementado pelo uso de mapas de proximi-dades e de superfície de atrito em operações de reconhecimento de manchas. O próximopasso consistiu na análise da dinâmica do hábitat, que empregou procedimentos demonitoria. Os resultados das três últimas etapas foram então integrados para avaliar ostatus de conservação da espécie alvo, segundo a classificação da IUCN, na situaçãoatual e em cenários pessimista e otimista. Por último empregou-se procedimentos de“Gap Analysis” para indicar áreas prioritárias para ações de conservação e manejo.

Os resultados alcançados foram animadores, demonstrando que esta aborda-gem é bastante promissora e corroborando a hipótese de trabalho assumida nesta disser-tação, o que permite concluir que é possível realizar um programa de investigações dedistribuição e conservação de elementos bióticos apoiado por geoprocessamento, deuma maneira ao mesmo tempo robusta e de fácil operacionalização.

NOME: VANESSA GUERRA PERSSONORIENTADORES: JORGE XAVIER DA SILVATÍTULO: A INTEGRAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO ÀS ANÁLISES DEVIABILIDADE DE POPULAÇÕES: O MICO-LEÃO-DA-CARA-PRETA,LEONTOPITHECUS CAISSARA, UM ESTUDO DE CASO

RESUMO:A necessidade de estabelecer estratégias de conservação para uma nova espé-

cie de primata ameaçada de extinção, o mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecuscaissara), descrita em 1990, motivou o desenvolvimento desta proposta metodológica.

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Para a investigação da probabilidade de extinção de espécies ameaçadas e das diversasalternativas de manejo de vida silvestre, a Biologia da Conservação utiliza a Análise deViabilidade de Populações para a modelagem e simulação.

O Geoprocessamento, como metodologia de análise de informações espaciaissobre o ambiente, assume uma importante função na Análise de Viabilidade de Popula-ções, por incorporar o espaço de modo explícito aos modelos.O presente estudo visa, pois, o desenvolvimento de uma metodologia de integraçãoentre o Geoprocessamento e a Análise de Viabilidade de Populações.Foram utilizados um Sistema Geográfico de Informação (SAGA/UFRJ) e o programade Análise de Viabilidade de Populações (ALEX), ambos de domínio público e de fáciloperacionalização.

A proposta metodológica de integração SGI/AVP resultante deste trabalho,consistiu nas etapas de construção de um Modelo Digital do Ambiente, de elaboraçãodo zoneamento demográfico, de avaliação da qualidade do hábitat, de investigação dafreqüência e severidade de catástrofes e de caracterização do potencial de dispersão paraa espécie considerada. Com base nos parâmetros fornecidos pelos produtos destaintegração, foi possível realizar a Análise de Viabilidade de Populações como estimativada probabilidade de extinção das populações e da metapopulação da espécie-alvo,confirmando, assim, a viabilidade de aplicação desta metodologia.

NOME: RAFAEL WINTER RIBEIROORIENTADORES: INÁ ELIAS DE CASTROTÍTULO: A CONSTRUÇÃO DA ARIDEZ: REPRESENTAÇÕES DA NATURE-ZA, REGIONALIZAÇÃO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DO COMBATE ÀSECA (1877-1909)

RESUMO:A seca de 1877 representa um marco na ação estatal sobre as estiagens. A partir

dela, o governo central começa a criar mecanismos sistemáticos de intervenção sobre asáreas afetadas pelo problema, que culmina com a criação da Inspetoria de Obras Contraas Secas – IOCS – em 1909. Este trabalho analisa este período, chamado aqui de pré-institucionalização do combate à seca, e sua associação com as representações danatureza e do espaço, afetadas por esse fenômeno, no direcionamento das políticas

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públicas. O processo de reconhecimento das áreas afetadas pelas secas como áridas esemi-áridas e o próprio recorte da região nordeste, antes inserida em um genérico norte,são identificados como produtos diretos do processo de formação do Estado no Brasil.A constituição de um organismo estatal encarregado da ação específica sobre uma área,como a IOCS, se fez a partir da representação daquele espaço como distinto dos demaise como carente dessas intervenções. Assim, no projeto de constituição e consolidaçãodas políticas públicas de combate à seca, o reconhecimento de sua área de atuação comodistinta do restante do país desempenha um papel central, contribuindo para uma novaregionalização do Brasil que se consolidaria nos anos seguintes.

NOME: BIANCA CARVALHO VIEIRAORIENTADORES: NELSON FERREIRA FERNANDESTÍTULO: CARACTERIZAÇÃO IN SITU DA CONDUTIVIDADE HI-DRÁULICA DOS SOLOS E SUA INFLUÊNCIA NO CONDICIONAMEN-TO DOS DESLIZAMENTOS DA BACIA DO RIO PAPAGAIO, MACIÇODA TIJUCA (RJ).

RESUMO:Movimentos de massa são processos naturais que englobam uma série de

fatores condicionantes, entre eles: o regime pluviométrico, a morfologia do relevo e aspropriedades dos solos e das rochas como, por exemplo, as descontinuidades hidráuli-cas e conforme a atuação destes fatores a ruptura pode ocorrer, por exemplo, devido àelevação da poro-pressão positiva dentro dos solos, que pode ser condicionada pelapresença de descontinuidades hidráulicas nos mantos de alteração.

Desta forma, o objetivo deste trabalho consiste na caracterização espacial insitu da condutividade hidráulica saturada (K

sat) dos solos e a sua relação com os proces-

sos de escorregamentos da bacia do rio Papagaio. Para tal, foram feitas estimativas daK

sat em diferentes profundidades (até 3,0m) em pontos localizados no entorno e no

interior de quatro cicatrizes de escorregamentos deflagrados em fevereiro de 1996. Paraesta estimativa da K

sat utilizou-se o permeâmetro de Guelph desenvolvido por Reynolds

et al. (1983) que consiste em um permeâmetro de carga constante que mede acondutividade hidráulica saturada de campo (K

sat) acima do lençol freático.

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Devido aos problemas obtidos por uma das principais formas de análise dosdados obtidos em campo (Análise de Richards) outros procedimentos de análise foramutilizadas e seus resultados comparados. A partir da análise baseada na proposta deElrick et al. (1989), foi feita uma análise da variação da K

sat com a profundidade junta-

mente com outras propriedades físicas dos solos (ex. textura, porosidade total, tudo).Através dessas estimativas verificou-se que grande parte dos valores da K

sat variou

entre duas ordens de magnitude (entre 1.0x10-4 e 9.0x10-3 cm/s) e de uma forma geral,observou-se uma tendência do aumento da K

sat até 3,0m. No entanto, algumas significa-

tivas variações da condutividade hidráulica ao longo dos perfis foram identificadas egrande parte delas puderam ser explicadas através dos valores texturais e da distribuiçãodos macro e microporos dos solos.

NOME: LETÍCIA PARENTE RIBEIROORIENTADORES: LIA OSÓRIO MACHADOTÍTULO: AS CIDADES GÊMEAS FOZ DO IGUAÇU E CIUDAD DEL ESTE:INTERAÇÕES ESPACIAIS NA FRONTEIRA BRASIL – PARAGUAI

RESUMO:Dentre os núcleos urbanos localizados em faixa de fronteira destaca-se, para

fins do presente estudo, uma configuração peculiar, a saber, as aglomerações situadas,simetricamente, ao longo dos limites internacionais, denominadas cidades-gêmeas. Estaescolha se deve, de um lado, à singularidade das interações espaciais entre estes centros,em função mesmo de suas características posicionais e, de outro, ao fato da ocorrênciadeste padrão de cidades se uma feição marcante da região de fronteira entre o Brasil e ospaíses que compõem a Bacia do Prata, a saber, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.Esta primeira aproximação em relação à Bacia do Prata foi motivada, em grande medida,pelo avanço do processo de constituição de um bloco supranacional, o Mercosul,englobando a Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil. Uma vez que a realização plena detal intento pressupõe a eliminação dos impostos aduaneiros e outros entraves à circula-ção, de modo a garantir uma maior fluidez interna entre os países sócios, é de se esperarque as zonas de fronteira, cuja organização espacial é tradicionalmente concebida comoresultante da operação do efeito-barreira, sejam áreas particularmente afetadas.

Em seguida, selecionamos um segmento específico deste espaço lindeiro, asaber, a área, na bacia do alto rio Paraná, que confina os territórios brasileiro, paraguaio

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e argentino, no qual sobressai, em termos do dinamismo urbano e do volume de inter-câmbios, o par de cidades Foz do Iguaçu e Ciudad del Este.

Finalmente, para estudarmos as interações espaciais características destesnúcleos urbanos, foi necessário contextualiza-los dentro de um espaço fronteiriço maisamplo, tendo em vista que este foi objeto, tanto no Paraguai, quanto no Brasil, depolíticas territoriais específicas, empreendidas pelos respectivos governos centrais. Aomesmo tempo, o processo de urbanização desta zona de fronteira, especialmente apartir da década de 1970, resultou em uma maior complexidade e intensidade dos fluxosentre as cidades-gêmeas em questão, materializando, de forma intensa, sua diferenciaçãoem relação às áreas circunvizinhas.

NOME: LILIA MÁRCIA DE ALMEIDA SILVAORIENTADORES: Roberto Lobato de Azevedo CorrêaTÍTULO: Periferia rural – urbana: Um estudo de Ipiíba – São Gonçalo –Região Metropolitana do Rio de Janeiro

RESUMO:Seguindo os objetivos do projeto, desenvolveu-se a pesquisa baseada em

informações de diversas fontes bibliográficas e no trabalho de campo em áreas dodistrito de Ipiíba, município de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro,na busca de dados reais sobre a transformação do rural em urbano e a prática da atividadeagrícola residual no espaço periférico dessa região. Por meio dos dados obtidos, pode-se concluir que a expansão urbana na área estudada foi impulsionada pelo processo deloteamento, envolvendo como principais atores os proprietários fundiários e o poderpúblico. Os proprietários fundiários foram e são os maiores responsáveis pela mudan-ça de uso do solo por meio da venda de terras em antecipação à urbanização. O poderpúblico , por meio da implantação de leis, possibilitou o avanço da expansão urbana e,posteriormente, tentou contê-la, por meio da criação de uma área rural no município.Constatou-se que ainda se desenvolve uma atividade agrícola residual, que vem enfren-tando grandes dificuldades. Nesse contexto, o espaço estudado apresenta característi-cas de uma periferia rural-urbana, na qual observa-se a presença de poucas habitações eprecária infra-estrutura, abrigando uma população de baixa renda, servindo o seu estudode amostra para outras áreas com características semelhantes.

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NOME: ROGÉRIO BOTELHO DE MATTOSORIENTADORES: ROBERTO LOBATO CORRÊATÍTULO: A REDE DE LUGARES CENTRAIS NO ESTADO DE MINASGERAIS

RESUMO:O objetivo desta pesquisa é compreender a organização hierárquica dos cen-

tros urbanos que polarizam os fluxos de consumidores de bens e serviços no estado deMinas Gerais. Esses centros, conhecidos no meio acadêmico por lugares centrais, desde1933, quando foram teorizados por Walter Christaller, são interdependentes economi-camente e se interagem por meio da troca de bens, do fornecimento de serviços emovimentos de capital e informações especializadas. Essas interações estão relaciona-das às respectivas atividades econômicas e estruturas populacional e de renda presentesem cada cidade e no conjunto de centros subordinados que forma sua hinterlândia. Aeconomia de mercado sustenta a rede urbana e reforça a diferenciação entre as cidades,no que tange ao volume e tipos de produtos produzidos e comercializados e serviçosdisponibilizados à população, ao desempenho de atividades político-administrativas eao tamanho demográfico e de renda de seus habitantes.

Visando alcançar tal objetivo faz-se necessário avaliar inicialmente, a comple-xidade do estado de Minas Gerais e suas diferenciações internas, fruto em grande parte,do modelo capitalista adotado no país a mais de um século. Em seguida, conceituar eteorizar o que se entende por rede de lugares centrais e quais os elementos distintivos dacentralidade das cidades, a fim de possibilitar a apreensão das relações de consumidoresde bens e serviços entre os centros urbanos, além de analisar a rede de cidades e suasprincipais características diferenciadoras: as densidades demográficas e a distribuiçãode renda. Por fim, nas considerações finais são levantadas algumas questões que nortearãoestudos futuros.

NOME: LUCIA HELENA DA SILVA CÉSARORIENTADORES: CLÁUDIO ANTÔNIO GONÇALVES EGLERTÍTULO: A HORTICULTURA DO TOMATE E A ORGANIZAÇÃO DOTERRITÓRIO EM SÃO JOSÉ DE UBÁ – NOROESTE FLUMINENSE

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RESUMO:Tendo em vista analisar as estratégias de desenvolvimento da produção de

tomate e seu significado para a organização do território de São José de Ubá, fez-senecessário resgatar o conceito de sistema agrícola, entendido aqui como um instrumentode análise de um processo de (re)ordenações espaciais impresso na paisagem.

O problema norteador deste estudo, a qual se vinculam as redes de financia-mento e de comercialização, se traduz nas relações de subordinação da pequena produ-ção, neste caso, principalmente ao capital comercial, que ao se expandir progressiva-mente sobre esse espaço, impõe sua territorialidade.

Para caracterizar esse quadro, utilizou-se as variáveis sistemas agrícolas, rela-ções de trabalho, estrutura fundiária, comercialização, políticas públicas, financiamentoe comercialização. A imbricação dessas variáveis permitiu entender a diversidade deconexões dessa realidade, que se materializa numa paisagem específica.

A partir daí, foi possível estabelecer uma análise a respeito das mudançasocorridas no território de São José de Ubá.

Sendo assim, percebeu-se que, sem dúvida, a pequena produção, caracteriza-da pela parceria, teve papel fundamental para gerar um fluxo de mercadorias tal, a pontode possibilitar aí a instalação do Mercado do Produtor e a implantação e/ou melhora-mento de uma rede de estradas vicinais, facilitando assim a comercialização.

O capital comercial foi progressivamente se expandindo nesse espaço detradicionalismos, criando e recriando formas de manter uma estrutura social arcaica,porém, estimulando, através do Estado, os agentes ligados à organização social daprodução a incorporarem novas técnicas de plantio em função das atuais exigências domercado.

Diante desta lógica, onde a horticultura do tomate configura uma reproduçãomodernizada da dominação, pensamos que a formação de associações, como já se plane-ja, venha a ser uma alternativa para o pequeno produtor.

NOME: RICARDO CARDENAS JANSENORIENTADORES: ANA LUIZA COELHO NETTOTÍTULO: DISTRIBUIÇÃO DE SISTEMAS RADICULARES EM ENCOSTASFLORESTADAS E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A INFILTRAÇÃO

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RESUMO:Dentre os diversos aspectos benéficos à estabilidade de encostas promovidos

pela vegetação, ressalta-se a atuação dos sistemas radiculares no aumento da resistênciaao cisalhamento do solo, tanto devido ao efeito mecânico (acréscimo no atrito e fixaçãode material), quanto ao hidrológico (permitindo uma drenagem mais rápida e eficiente).O primeiro passo para estudar estes efeitos é a análise da distribuição dos sistemasradiculares, para o qual foi aberta uma trincheira de 2,0x1,5x1,5m no interior de umaparcela de 1024 m² de floresta atlântica secundária tardia, avançando em profundidadeatravés de cortes horizontais. Em cada profundidade foram mapeados 4 perfis horizon-tais de 40x120cm, os quais serviram para uma análise comparativa relacionada com aproximidade das árvores. Foram também mapeados 5 perfis verticais (paredes da trin-cheira), permitindo uma visualização tridimensional de sua distribuição. Levando emconsideração que as raízes e/ou dutos de raízes mortas verticais podem favorecer aentrada de água no solo, simulações de chuva em laboratório foram realizadas buscandoavaliar a ocorrência de caminhos preferenciais de infiltração. Quanto ao mapeamento deraízes observou-se uma grande concentração de raízes nos primeiros 20cm de profundi-dade, e o predomínio do padrão horizontal de espraiamento, enquanto nas camadasmais profundas e quanto mais próximo à base dos troncos há um aumento do número deraízes verticais. Para as simulações de chuva, nove situações foram ensaiadas: solohomogêneo (SH), solo homogêneo com raízes verticais (RV - densidade = 34,3 raízes/m2) e solo homogêneo com dutos verticais (DV - simulando raízes mortas, densidade =34,3 dutos/m2), cada um destes submetido a três declividades: 0, 5 e 15º. Todos osensaios foram realizados com intensidade de chuva de 20 mm/h. Os resultados mostra-ram que, para todas as condições de declividade ensaiadas, houve um aumento relativona percolação de água quando a este foram acrescidos raízes (85,1 e 203,7% em 5º e 15ºrespectivamente) ou dutos (54,5 e 91,1% em 5º e 15º respectivamente), sendo que estavariação foi tão mais significativa quanto maior a declividade. Evidencia-se que taiselementos favorecem a percolação, constituindo-se em caminhos preferenciais de infil-tração, tanto no contato raiz-solo, quanto no sistema de macroporos interconectados,criados pelos dutos de raízes mortas. Neste sentido, o contato raiz-solo mostrou-semais eficiente na elevação dos valores de percolação. Se associarmos estes resultadosaos dados de distribuição dos sistemas radiculares, podemos assumir que além daredução na poro-pressão positiva relacionada à absorção de água pelas raízes, o estabe-lecimento de caminhos preferenciais de infiltração, conduzindo em maior velocidade aágua do topo do solo para maiores profundidades, tende a evitar a saturação das cama-

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das superficiais do solo. Isto pode ser traduzido no aumento da estabilidade das encos-tas sob cobertura de florestas

NOME: MARIO LUIZ DIAMANTE AGLIOORIENTADORES: NELSON FERREIRA FERNANDESTÍTULO: PROPOSTA DE PROCEDIMENTOS PARA SIMBOLIZAÇÃO ECONTROLE DA QUALIDADE EM MAPAS PEDOLÓGICOS.

RESUMO:A normatização de levantamentos pedológicos no Brasil é matéria carente de

discussão, principalmente quanto aos procedimentos de produção de mapas no queconcerne à simbologia, convenções, terminologia, legenda, layout e acessibilidade dainformação a usuários em geral. As normas existentes na Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (EMBRAPA SOLOS) e instituições congêneres, como também na Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), não focalizam propriamente a confec-ção de mapas pedológicos, nem procedimentos de controle de qualidade desses mapas.Estes aspectos devem ser considerados na elaboração de normas e procedimentos, afimde tornar a leitura e compreensão de mapas de solos mais acessíveis a usuários que nãotêm familiaridade com a ciência do solo. Os mapas de solos caracterizam-se pela consi-derável quantidade de informações neles contidas e que devidamente interpretadasconstituem fonte valiosa de suporte ao planejamento de uso e manejo dos solos.

Dessa forma, este estudo tem como objetivo a normatização de todos osprocedimentos para a elaboração de mapas pedológicos. Assim são feitas propostasque abrangem a organização de layout de apresentação dos produtos finais, simbologiasmais acessíveis ao usuário para o entendimento do mapa, convenções especiais para aidentificação de trincheiras, perfis, amostras, etc., e cores representativas dos quatroníveis categóricos, com a finalidade de facilitar a visualização da distribuição espacialdos diferentes tipos de solos. As propostas acima foram aplicadas, testadas e compa-radas em mapas representativos de cada nível categórico, para se ter uma visão crítica detudo o que está sendo proposto nesta dissertação. Os resultados foram consideradossatisfatórios uma vez que, estes mapas passaram a ter identidade e sua legibilidade eentendimento melhorados, pois com a padronização das cores e a simplificação dassimbologias ficaram mais acessíveis aos usuários não familiarizados com os termostécnicos utilizados em levantamentos pedológicos. Desta forma, com a validação desta

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dissertação e difusão de seu conteúdo, acreditamos ter contribuído para a padronizaçãodos procedimentos para elaboração dos mapas em questão e sua metodologia poderá seraplicada em todas as instituições que confeccionam mapas de solos, tanto de ensinoquanto de pesquisa.

NOME: FABIANO SOARES MAGDALENOORIENTADORES: INÁ ELIAS DE CASTROTÍTULO: O TERRITÓRIO NAS CONSTITUIÇÕES REPUBLICANAS BRASI-LEIRAS INTERPRETANDO A ESTRUTURA FEDERATIVA DO BRASIL

RESUMO:O presente estudo tem como objetivo analisar a questão da partilha territorial

do poder no Brasil. O tema central da investigação proposta é o binômio centralização/descentralização presente nas diferentes Constituições brasileiras e as práticas territoriaisderivadas das normas nelas estabelecidas. Com base na concepção de que a Constituiçãoreflete a forma de organização dos poderes no espaço, a suposição adotada é a de que asdiversas Constituições brasileiras estabelecem diferentes possibilidades de recortesterritoriais para ação. A repartição dos recursos tributários é aqui encarada como umelemento de crucial importância para o entendimento das relações entre as diferentesesferas de poder público, já que ao atuarem como base da estrutura federativa, constitu-em-se em fatores geradores de grande parte dos atritos que pautam as relações entre osgovernos federal, estadual e municipal no regime republicano brasileiro.

NOME: LEONARDO ESTEVES DE FREITASORIENTADORES: ANA LUIZA C. NETTOTÍTULO: TRANSFORMAÇÕES GEOLÓGICAS, HIDROLÓGICAS EEROSIVAS EM ECOSSISTEMAS FLORESTAIS DE ENCOSTA: O PAPELDA RECORRÊNCIA E INCÊNDIOS

RESUMO:Este trabalho objetiva estudar as alterações provocadas pelo fogo nos proces-

sos geológicos, hidrológicos e geomorfológicos em escala local que geram mudanças nosecosssitemas florestados das regiões tropicais de encostas, resultando numa paisagemintensamente degradada. procura analisar as alterações ocorridas na estrutura da vegeta-ção, em características físico-químicas do topo do solo e nos processos hidrológicos

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superficiais, buscando relacionar estes parâmetros com os diferentes regimes de incên-dios a que as áreas estão submetidas. Este estudo pretende criar alicerces para umafutura análise em escala de paisagem que permita tanto decodificar os processos envol-vidos na substituição sistemática de áreas florestadas por ecossistemas físicos de áreasincendiadas como entender as resultantes hidrológicas e erosivas desta substituição,com o intuito último de fornecer subsídios para a aplicação de projetos de RAD (recu-peração de áreas degradadas) em áreas queimadas, e para o estudo dos movimentos demassa nas encostas tropicais.

NOME: JOSÉ EDUARDO BEZERRA DA SILVAORIENTADORES: ANTÔNIO JOSÉ TEIXEIRA GUERRATÍTULO: DINÂMICA DO USO DO SOLO E DIAGNÓSTICO AMBIENTALDAS SUB-BACIAS DO RIO TINDIBA E CÓRREGO DO CATONHO,JACAREPAGUÁ, RIO DE JANEIRO – RJ

RESUMO:

Este estudo, realizado nas sub-bacias do rio Tindiba e do córrego do Catonho,na XVI Região Administrativa – Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, em umaárea de 16,8Km2, visa avaliar o processo de ocupação regional e suas implicações sobrea erosão do solo.

O trabalho está estruturado em três itens principais. Inicialmente, realizou-sea caracterização do ambiente físico, onde são identificados, em mapas temáticos, osfatores condicionantes do processo erosivo. A seguir, procedeu-se a análise da dinâmicado uso do solo e das modificações na cobertura vegetal, através de monitoria ambientalpara os anos de 1957, 1975 e 1999, com a utilização de fotografias aéreas e dadosestatísticos, enfatizando as alterações ocorridas em áreas de horticultura. Finalmente,foram realizadas avaliações ambientais para identificar áreas com predisposição à ero-são, a partir da utilização de mapas de caracterização do ambiente físico, de coberturavegetal e uso do solo e das análises das propriedades dos solos. Estas análises envolve-ram trabalhos de campo, com coletas de amostras volumétricas e deformadas do hori-zonte superficial do solo, realização de experimentos nos locais de coleta para avaliar astaxas e os totais de infiltração, e trabalhos de laboratório, para determinação de densida-de aparente, densidade real, porosidade e textura das amostras de solos.

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A monitoria e as avaliações ambientais foram realizadas pelo Sistema Geográ-fico de Informações (SIG), SAGA/UFRJ.

Os resultados mostraram que a área em questão apresenta sinais evidentes dedegradação ambiental, como a redução da cobertura florestal e ocorrência de erosãoacelerada, associadas, a partir de meados da década de 1970, ao crescimento urbanodesordenado e à exploração mineral.

NOME: MARCELO PAIVA DA MOTTAORIENTADORES: MAURÍCIO DE ALMEIDA ABREUTÍTULO: O CENTRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XIX:REFLEXÕES SOBRE A NOÇÃO DE ÁREA CENTRAL NA CIDADE DOPASSADO.

RESUMO:A formação da área central, iniciada no decorrer do século XIX, é inseparável

do avanço da Revolução Industrial e dos processos de modernização capitalista operantesem diversas escalas. No caso do Rio de Janeiro, ela ocorreu através da migração volun-tária de funções, no espaço que seria conhecido como “centro” no século XX – a saídado uso do solo habitacional e a penetração crescente de atividades comerciais.

A apreciação da configuração do uso do solo não-residencial na cidade, de1870 a 1901, nos mostra um progressivo aumento na centralidade urbana, uma expan-são horizontal da área de maior concentração de atividades econômicas e um descréscimoda importância do setor secundário, que buscava espaços mais periféricos para sualocalização. A pesar da tendência à formação de distritos especializados no espaçourbano, há o predomínio de uma relativa falta de estrutura no tocante à separação defunções.

As mudanças e tendências observadas no uso do solo não chegaram a ser umaruptura fundamental com a estrutura da cidade colonial. Uma área central, propriamentedita, teve que esperar pelas reformas urbanas que removeram grande parte da materialidadeantiga e realizaram a separação definitiva de funções e classes sociais no espaço.

NOME: IVONE LOPES BAPTISTAORIENTADORES: CLÁUDIO ANTÔNIO G. EGLERTÍTULO: DINÂMICA METROPOLITANA E EMPREGO INDUSTRIAL

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RESUMO:

A crise no modelo de produção e sua reestruturação imprimiram novas feiçõesao espaço geográfico. As inovações tecnológicas e informacionais corroboraram para aorganização de densas rede de circulação, de informação, mercadorias e capital, o queintensificou a competitividade entre empresas. As pressões da competitividade resulta-ram por sua vez em alterações nas relações contratuais da mão-de-obra e na reorganiza-ção espacial da produção. As áreas metropolitanas, tradicionalmente importantesatratores de investimentos industriais e concentradoras de grandes contingentes demão-de-obra, foram também as mais afetadas pela crise e reestruturação do modelo deprodução anterior. No Brasil, as metrópoles nacionais do Rio de Janeiro e São Pauloapresentaram, a partir da década de 80, grandes reduções nos investimentos e no empre-go industrial, enquanto metrópoles regionais, como Belo Horizonte, ganharam novosimpulsos econômicos e ampliaram a oferta de postos de trabalho no setor industrial. Adinâmica econômica das metrópoles está hoje fortemente ligada à territorialidade dasredes produtivas e à consolidação de ambiente propício para a conexão de diferentesfluxos (de investimentos, informações, inovações, produtos).

NOME: ISABELLE MACEDO GOMESORIENTADORES: MAURÍCIO DE ALMEIDA ABREUTÍTULO: A CHEGADA DE NOVAS INFRAESTRUTURAS NO RIO DEJANEIRO: O CASO DO SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

RESUMO:

O presente trabalho tem como objetivo discutir a chegada e implementaçãodo primeiro sistema de esgotos sanitários da cidade do Rio de Janeiro e a influênciadesse sistema na reestruturação do espaço urbano carioca. O processo de implantaçãodessa rede de infra-estrutura básica causou uma série de transformações na organizaçãointerna da urbe carioca uma vez que se constituiu em uma rede subterrânea estabelecidaem uma cidade já densamente edificada.

A segunda metade do século XIX, momento de chegada desse serviço básicoao Rio de Janeiro, é um período de profundas transformações. Tratava-se de uma épocaem que novas relações capitalistas de produção se difundiam pelo país e entravam em

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choque com o sistema escravista vigente até então. O Rio de Janeiro, enquanto capitaldo Império, expressava as contradições do período: a cidade apresentava uma formaurbana colonial que contrastava cada vez mais com os novos processos econômicos,sociais e ideológicos.

É nesse contexto de profundas mudanças que surge na urbe carioca, a partir de1862, o primeiro sistema de esgotamento sanitário da cidade - e o quinto do mundo -implementado com capital inglês através da companhia The Rio de Janeiro CityImprovements. A chegada desse serviço básico à cidade só pode ser compreendidaatravés da análise de um contexto mais amplo que considera a disponibilidade de capi-tais internacionais; a emergência de um discurso médico-higienista que teve forte influ-ência nos debates sobre a cidade e a vigência de um ideário de modernização incorporadoàs discussões e intervenções no urbano.

A chegada do sistema de esgotos sanitários na urbe carioca implicou numamultiplicidade de transformações efetivas na forma urbana da cidade, além de suscitaruma série de debates a respeito da implementação e funcionamento dessa rede, elegendodessa forma a rede de esgotos como elemento importante nas discussões e intervençõesdo urbano.

NOME: MARILIA LEITE CAFEZEIROORIENTADORES: JULIA ADÃO BERNARDESTÍTULO: SANTA TEREZA, ESPAÇO ESTRUTURADO E ESPAÇOPRATICADO

RESUMO:Estudo do bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro, nos dias atuais.

procura-se através desta pesquisa retratar o bairro em foco através da imagem construídapor seus diferentes moradores e de seus diferentes sub-espaços.

NOME: RONALDO GOULART DUARTEORIENTADORES: MAURICIO DE ALMEIDA ABREUTÍTULO: A CONTRIBUIÇÃO DOS TRANSPORTES PÚBLICOS PARA ACONTÍNUA REDEFINIÇÃO DA CENTRALIDADE DE MADUREIRA

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RESUMO:

Neste trabalho realizamos uma investigação das mudanças na centralidade deMadureira ao longo do tempo, correlacionada com a acessibilidade proporcionada pelosdiferentes meios de transporte que, sincrônica e/ou diacronicamente, serviram de suportefísico para os fluxos de pessoas com foco no bairro.

Nesta investigação, tentou-se fugir do equívoco de naturalizar a rede detransporte, conferindo-lhe uma autonomia que essa materialidade não possui, uma vezque é da sociedade que emanam os impulsos que dão forma e conteúdo ao sistema detransporte.

Dessa forma, buscamos considerar em nossa análise um conjunto de fatoresque permitem compor um quadro mais completo e elucidativo sobre a temática em tela,abrangendo aspectos como os atributos técnicos das redes de transporte, os agentessociais envolvidos e mesmo a percepção que a população tinha de cada meio de transporteem diferentes momentos históricos.

A partir dessa ótica, o cerne da proposta é avaliar o peso relativo dos diferentesmeios de transporte para o afluxo de pessoas em direção ao subcentro de Madureira nasdécadas de 1940, 1950 e 1960, no bojo do processo de descentralização das atividadescomerciais na cidade do Rio de Janeiro e das mudanças nos padrões de circulação nacidade.

NOME: MARIA DE FATIMA PEREIRA ABRANTESORIENTADORES: CARLA BERNADETE MADUREIRA CRUZTÍTULO: DA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA Ã FORMAÇÃO DE LEITO-RES CRÍTICOS DE MAPAS: UM DESAFIO PARA OS PROFESSORES

RESUMO:A Cartografia como ciência que representa o espaço e os fenômenos que nele

acontecem, possui interface com muitas outras áreas do conhecimento, especialmentecom a Geografia. Esta integração entre duas ciências dá-se uma vez que a Geografiabusca compreender, identificar e predizer o objeto de estudo da Cartografia.

A representação espacial é importante no ensino da Geografia, uma vez quefacilita a espacialização da ocorrência de diferentes fenômenos sejam eles naturais ouculturais. Esta importância é evidenciada pelos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacio-nais) quando estes propõem que a Geografia trabalhe o espaço vivido pelo aluno ainda

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no 1º segmento do ensino fundamental e que nas etapas seguintes do ensino a Cartogra-fia seja utilizada como instrumento na aproximação dos lugares e do mundo (4º eixo doensino da Geografia).

Porém é no 2º segmento do ensino fundamental, na 5ª série, que se aprendecomo um mapa é elaborado, necessitando assim o conhecimento de muitos conceitos.Alguns destes conceitos são muito complexos como o entendimento da noção de escala,os sistemas de projeções, as distorções causadas devido a forma esférica da Terra, entremuitos outros.

Em média, os alunos têm 11 anos de idade e possuem muitas dificuldades delidarem com o conteúdo citado acima devido a grande capacidade de abstração exigidapara a sua compreensão. Partindo destas dificuldades desenvolvemos e aplicamos algu-mas estratégias pedagógicas em turmas sob diferentes condições de aprendizagem (nú-mero de alunos e tempo disponível para o ensino da Cartografia). As condições deaprendizagem se mostraram significativas quando avaliamos o desenvolvimento dapercepção e compreensão do espaço. Nas diferentes turmas esta avaliação foi feita apartir da análise de mapas que foram elaborados pelos alunos na fase inicial e na final doensino da Cartografia.

NOME: LUIS CARLOS TOSTA DOS REISORIENTADORES: ROBERTO LOBATOTÍTULO: O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO DAS ATIVIDADESVAREJISTAS EM VITÓRIA-ES: ESTUDO DE CASO

RESUMO:O presente trabalho propõe, no âmbito de um estudo de caso, prestar uma

contribuição à temática da descentralização das atividades varejistas. Para tanto, sugere-se a análise da estrutura varejista da Praia do Canto, região administrativa localizada nazona leste do município de Vitória-ES.

Mais especificamente, procura-se prestar uma contribuição ao entendimentoda estrutura comercial da cidade de Vitória, analisando a área na qual a descentralizaçãose materializou de maneira mais representativa nesta cidade.

A identificação das áreas de maior intensidade do uso do solo por atividadescentrais, e a relação que possuem com a gênese e o desenvolvimento das atividadescomerciais, serão consideradas a partir do zoneamenmto do uso do solo que se propõepara a área de estudo.

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O zoneamento do uso do solo foi também utilizado como referência para seanalisar os padrões de localização das atividades na Praia do Canto.

A partir da correspondência entre os padrões observados na Praia do Canto,com quadro teórico considerado a respeito, procurou-se explorar a complexidade e osignificado que o processo de descentralização assume na estruturação da cidade.

NOME: MARIA ALICE ALKMIM ANDRADEORIENTADORES: MARIA DO CARMO CORRÊA GALVÃOTÍTULO: TRANSFORMAÇÕES EM CURSO NO PERFIL ECONÔMICO ESÓCIO-ESPACIAL DE CIDADES DE PEQUENO PORTE: O EXEMPLO DEBOM JESUS DE ITABAPOANA NO NOROESTE FLUMINENSE

RESUMO:Este trabalho focaliza as transformações em curso no perfil econômico e

espacial das cidades de pequeno porte como base às mudanças na dinâmica da urbaniza-ção brasileira.

A cidade de Bom Jesus de Itabapoana, localizada no Noroeste Fluminense, éexemplificada nesta análise sendo vista como parte integrante de uma realidade estadualmais ampla e complexa, na qual relações sócio-espaciais dinâmicas decorrentes do novomodelo de acumulação técnico-científico-informacional estão se delineando. Dentrodeste contexto, insere-se a valorização do papel das cidades de pequeno porte nodesenvolvimento dos lugares, durante a última década.

Partindo deste referencial, o trabalho identifica as formas atuais de gestãourbana e os principais atores responsáveis pelo novo perfil de Bom Jesus de Itabapoana.A descentralização administrativa, favorecida pela Constituição de 1988, reforça opapel dos municípios como agentes promotores do desenvolvimento urbano, principal-mente através do gerenciamento das próprias receitas.

O trabalho focaliza, ainda, o papel que as elites locais vêm assumindo atual-mente para a compreensão da lógica de organização espacial na cidade de pequenoporte.

O estudo do novo perfil econômico e espacial da cidade de Bom Jesus deItabapoana possibilita a análise do atual papel econômico e espacial das cidades peque-nas neste início de milênio.

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NOME: FABIO FERREIRA DE CAMPOSORIENTADORES: ANA MARIA BICALHOTÍTULO: A COMERCIALIZAÇÃO DE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS(FLV) ORGÂNICAS E A INSERÇÃO DO AGRICULTOR NO ESTADO DORIO DE JANEIRO

RESUMO:O aumento do número de consumidores que procuram alimentos de melhor

qualidade e que preservam o meio ambiente tem gerado um rápido crescimento domercado para produtores orgânicos. A agricultura orgânica cresce em todo o Mundo enos últimos cinco anos vem apresentando um grande desenvolvimento no Brasil. Den-tro deste movimento, o Rio de Janeiro é um dos estados onde a agricultura orgânica maistem se ampliado.

Este trabalho analisa a comercialização de frutas, legumes e verdura (FLV)orgânicos no estado do Rio de Janeiro e identificar como vem ocorrendo a inserção dosagricultores neste mercado. Para alcançar estes objetivos foi feita uma análise bibliográ-fica e um levantamento dos dados primários e secundários. Os dados foram conseguidosatravés de questionários e de entrevistas, além de consultas em órgãos civis e públicosrelacionados ao tema.

O estado do Rio de Janeiro mostrou excelentes condições para a agriculturaorgânica. Entre as características levantadas podemos destacar a possibilidade de pro-dução de um amplo “mix” de produtos; a proximidade entre as áreas de produção e acidade do Rio de Janeiro, um dos maiores mercados consumidores do país; o desenvol-vimento do mercado em cidade como Teresópolis e Nova Friburgo e o uso difundido deagricultura orgânica em alguns municípios. Mas para a ampliação da rede de produção ecomercialização de produtos orgânicos no estado do Rio de Janeiro, alguns pontoslimitantes devem ser superados. Entre estes pontos sobressaíram-se os altos custos queenvolvem a comercialização e a falta de investimentos em pesquisa e extensão.

NOME: ILEANA SARAIVA DE ALENCARORIENTADORES: Sandra Baptista CunhaTÍTULO: AVALIAÇÃO DA EROSÃO MARGINAL E TRANSPORTES DESEDIMENTOS NA SUB-BACIA DE RIACHO FUNDO – DF

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RESUMO:A sub-bacia do Riacho Fundo abrange uma área de 214,7 km2 sendo marcada

por diferentes tipos de uso de solo, desde urbanização intensa até áreas rurais. A foz dorio Riacho Fundo encontra-se na porção sul do Lago Paranoá, região onde vem sendoobservado nos últimos anos um intenso processo de assoreamento. Considerando adiversidade de uso do solo na sub-bacia do Riacho Fundo, se fez necessário um estudoque indicasse a origem dos sedimentos transportados para o lago, se retirados dasmargens do rios, ou originados a partir de áreas externas aos canais pelo processo deescoamento superficial.

Nesse sentido, foram monitorados 11 pontos ao longo da sub-bacia, cominstrumentação das margens por meio de pinos de erosão e acompanhamento da seçãotransversal. Paralelamente foram feitas análises da quantidade de sólidos suspensostransportados em 5 pontos. O processo de monitoramento ocorreu entre novembro de1999 e março de 2000, durante a estação chuvosa.

Os resultados mostraram que a erosão marginal nos rios da sub-bacia doRiacho Fundo não foi de grande intensidade durante o período monitorado, sendo que aremoção de solo devido a processos de colapso e desmoronamento tem um potencialmaior de disponibilizar solos para o leito dos rios. As análises de sólidos suspensosindicam que, o volume de partículas transportado é muito superior ao disponibilizadoa partir das margens, em um indício de que a entrada de partículas a partir de áreasexternas aos canais via escoamento superficial, parece ser a maior fonte de contribuiçãode sedimentos. A partir desses resultados, a diminuição da taxa de assoreamento doLago Paraná passa, necessariamente, por uma política de controle das áreas externas aoscanais, com recuperação das matas ciliares e remediação das áreas degradadas.

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DOUTORADO

NOME: CESAR AJARAORIENTADORES: BERTHA K. BECKERTÍTULO: BRASIL: ESPAÇOS INCLUÍDOS E ESPAÇOS EXCLUÍDOS NADINÂMICA DA GERAÇÃO DE RIQUEZA.

RESUMO:Esta tese analisa o impacto das forças globalizadoras na reelaboração do

espaço geográfico nacional, no período 1980-1996, procurando identificar a existênciade uma nova configuração espacial atrelada à dinâmica econômico-espacial do país.Nesse sentido, associa a inclusão/exclusão de espaços mesorregionais à lógica dacompetitividade e seletividade espacial.

Dentre os resultados alcançados, evidencia a emergência de operação de ummovimento reconcentrador do crescimento econômico nos espaços hegemônicos daeconomia e a fragmentação do crescimento nas áreas periféricas a esses espaços. Iden-tifica espaços incluídos, espaços excluídos e espaços de indefinição, como configuraçãoespacial associada aos processos em curso no final do século XX.

Conclui, destacando o quadro de acentuação de assimetrias quanto à capaci-dade mesorregional de produção, num país de dimensões continentais e marcado porgrande heterogeneidade social, econômica e espacial. Visando a contribuir para a elabo-ração de conhecimento acerca da fase atual de reorganização do espaço nacional, oestudo identifica a existência de Brasis e indica uma agenda para pesquisas futuras nestecampo de investigação.

NOME: MARCELO VINICIUS DE LA ROCHA DOMINGUESORIENTADORES: CLAUDIO ANTONIO GONÇALVES EGLERTÍTULO: LOGÍSTICA E TRANSPORTE MARÍTIMO INTERNACIONAL:IMPACTOS SOBRE O SISTEMA PORTUÁRIO BRASILEIRO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

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RESUMO:A finalidade desta tese de doutorado é apresentar um modelo teórico

interpretativo, à luz das novas teorias vigentes na Física, Química, Biologia e Matemá-tica, sobre a relação existente entre a introdução e difusão de uma nova tecnologia e asmudanças espaciais dela decorrentes.

Para tanto, a abordagem centrou-se na logística, buscando compreender suaevolução e dinâmica atual a partir das profundas transformações introduzidas no trans-porte marítimo internacional nos últimos dois séculos, cujo produto no plano espacialtem sido a emergência, neste começo de século, de uma nova hierarquia no sistemaportuário mundial, que impactará não só os portos brasileiros mas, também, o conjuntodo território nacional.

A introdução trata das justificativas e importância do tema para o Brasil. Noprimeiro e segundo capítulos é realizada uma apreciação sobre a origem, significado eessência da logística enquanto uma tecnologia que visa a impor ordem sistêmica àcirculação mundial de riquezas, objetivando com a mesma contribuir no longo prazopara a geração de neguentropia sistêmica.

No terceiro e quarto capítulos é realizada uma apreciação sobre a relação entrea logística e a reorganização do sistema portuário mundial e brasileiro a partir dasmudanças tecnológicas e organizacionais ocorridas particularmente nos últimos cin-qüenta anos na cadeia de transporte internacional. Por último, são apresentadas asconsiderações finais.

NOME: NELSON DA NOBREGA FERNANDESORIENTADORES: INÁ ELIAS DE CASTROTÍTULO: FESTAS, CULTURA POPULAR E IDENTIDADE NACIONAL.:ASESCOLAS DE SAMBA NO RIO DE JANEIRO

RESUMO:As escolas de samba estão entre os maiores espetáculos festivos da

modernidade. Trata-se de uma instituição cultural popular que foi inventada e organi-zada por grupos sociais das favelas, subúrbios e bairros populares do Rio de Janeiro nofinal da década de 1920. Considerando que no princípio do século XX o carnavalcarioca já era reconhecido uma das maiores festas do gênero, em grande parte domina-da por manifestações concebidas e lideradas pelas classes superiores da capital do

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Brasil, este estudo tem por objetivo explicar como, em apenas duas décadas, certosgrupos populares foram capazes de deslocar da principal cena festiva da cidade seusantigos ocupantes e, principalmente, se tornaram uma das representações mais inequí-vocas da cidade e da identidade nacional brasileira.

Do ponto de vista da geografia cultural, entendemos, a partir de Glacken(1996), que as instituições que cultivam a música e outras expressões artísticas sãoimportantes instrumentos para as relações entre o homem e seu meio ambiente, porqueatravés delas os grupos sociais se coesionam, criam identidades e podem dar novossignificados para seus espaços vividos, principalmente quando estes se apresentamhostis. Assim, para muitos daqueles que foram segregados em subúrbios e favelasmiseráveis do Rio de Janeiro moderno, a escola de samba foi a instituição cultural quelhes restituiu o direito à cidade. Principalmente por isto, fazemos oposição aos queviram nessa trajetória apenas um estratagema para a “domesticação da massa urbana” eo enraizamento do mito da democracia racial no Brasil.

NOME: JOÃO WAGNER DE ALENCAR CASTROORIENTADORES: DIETER MUEHETÍTULO: GEOMORFOLOGIA DO SISTEMA SEDIMENTAR EÓLICO DEPARACURU - CEARÁ

RESUMO:A área selecionada para o presente trabalho encontra-se inserida no municí-

pio de Paracuru à noroeste de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, foi denominada desistema sedimentar eólico. A morfologia da linha de costa e o transporte eólico muitodirecional fazem com que o sistema seja classificado como transposição de sedimentosobre promontório “heardland bypass dunefield”. Os sedimentos são transportados dapraia para o interior, migraram sobre a planície costeira e retornam parcialmente ao maratravés do sangradouro Lagoa Grande / Boca do poço ou pelas dunas que constituem aplanície de deflação.

O presente trabalho tem como objetivo geral estudar a origem e evoluçãomorfológica do sistema eólico associado ao promontório de Paracuru, com ênfase par-ticular no processo de migração de dunas transversais atuais, identificando os principaisagentes responsáveis pelo soterramento da planície costeira. Os condicionantesambientais: geologia, precipitação pluviométria, regime de ventos e clima de ondas,

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combinados e associados a compartimentação geomorfológica, produziram um conjun-to de informações necessárias para compreensão do modelo processo – resposta, aquiproposto.

Em complementação a esta análise, o cruzamento entre as informações obti-das, através de técnicas de geoprocessamento e monitoramento de dunas, estabeleceramuma melhor integração de dados, individualizando o modelo proposto em quatrosubsistemas encadiantes bem definidos. Foram utilizados os softwares ídrisi forWindows 2.0 e Auto CAD R14. Os trabalhos envolveram atividades de gabinete,campo e laboratório.Identificou-se através deste modelo duas direções de transporte de sedimento. A pri-meira é alimentada pela direção principal dos ventos de leste, e a segunda, correspondeà direção secundária dos ventos de sudeste. Foi constatado através da equação propos-ta por Simons et al (1965) que a estimada total de transporte eólico proveniente dosventos de leste em direção a Paracuru é de 93,02 m3/m/ano, enquanto em direção ao mar(ventos de sudeste) é de 37,10m3/m/ano. Desta maneira o volume de material transpor-tado em direção à cidade de Paracuru. Mantidas as condições atuais de ventos eprecipitações pluviométricas, a longo prazo, em torno de 120 anos, parte da cidade deParacuru será soterrada pelas dunas.

Neste contexto o modelo d evolução geomorfológica empregado mostrou-sesatisfatório para o entendimento dos mecanismos de transportes de sedimento atravésde dunas transversais. Considerando o prognóstico em relação ao soterramento dacidade de Paracuru e sua crescente ocupação urbana em direção ao campo de dunas,necessário à continuidade dos estudos sobre dinâmica eólica, que visem subsidiar aelaboração de planos diretores e de gestão ambiental.

NOME: ANDREIA KINDELORIENTADORES: IRENE GARAYTÍTULO: A FRAGMENTAÇÃO REAL: HETEROGENEIDADE DE REMANES-CENTES FLORESTAIS E VALOR INDICADOR DAS FORMAS DE HÚMUS

RESUMO:A fim de compreender o funcionamento dos remanescentes de Floresta Atlân-

tica, utilizou-se como indicador as formas de húmus que permitem traçar inferênciassobre o processo de decomposição. As formas de húmus compreendem a matériaorgânica pouco decomposta sobreposto ao solo mineral, bem como o material orgânico

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misturado às partículas minerais do horizonte A. Sua estrutura é o reflexo das interaçõesentre os componentes bióticos (vegetação e organismos decompositores) e abióticos(tipo de solo, relevo, distribuição de água e clima), o que permite entender o papel davegetação e do meio ambiente físico no processo de decomposição e, assim, no funcio-namento do ecossistema. Os sistemas de estudados se encontram na Região de Tabulei-ros Terciários, onde está localizado o maior remanescente de Mata Atlântica entre o sulda Bahia e o norte do Rio de Janeiro. Os oito sistemas de Mata Atlântica de Tabuleirosestudos foram divididos em duas categorias gerais: os situados na Área Nuclear e osFragmentos Florestais. Na Área Nuclear encontram-se representantes de mata primária- a Mata Alta, Mata Ciliar e Mata de Sooretama - e de matas secundárias em recupera-ção - Capoeira de Extração e Capoeira Queimada, resultantes de dois dos tipos de usomais difundidos no país, extrativismo seletivo, e corte e queima. Para o estudo dosfragmentos, três tamanhos foram escolhidos (7, 27 e 67 ha). A forma de húmus da MataAtlântica de Tabuleiros é o Mull Tropical, porém independente do tipo de húmus, asáreas de estudo diferiram tanto em relação à velocidade quanto à dinâmica da decompo-sição. A Mata Alta e Mata de Sooretama apresentaram, respectivamente, um acúmulode 4,0 e 6,8 t ha-1, em média, nos horizontes holorgânicos e uma %SB próxima de 50 e70%. Na Mata Ciliar, verificou-se em relação às outras matas primárias um acúmuloorgânico intermediário (6,0 t ha-1) e o oligotrofismo do solo (%SB: 14-35). Na compa-ração dos sistemas interferidos com a mata primária testemunha (Mata Alta), quantificou-se um maior acúmulo de matéria orgânica em ambas as capoeiras (média de 6,5 t ha-1),evidenciado pela presença da camada F2, e o acúmulo de nutrientes no solo da Capoeirade Extração (%SB: 60-80) e a maior pobreza nutricional na Capoeira Queimada (%SB:30-56). O maior ou menor acúmulo orgânico é resultado de diferentes velocidades dedecomposição, que podem estar relacionadas à qualidade química do folhiço. Este é ocaso da Mata Ciliar e Capoeira Queimada, onde a relação C/N das folhas (C/N: 34-39)é maior que na Mata Alta (C/N: 26). Os resultados mostram que as formas de húmusservem para caracterizar os sistemas estudados, evidenciando a heterogeneidade do seufuncionamento. Algumas particularidades do subsistema decompositor (acúmulo orgâ-nico representado pela camada F2, acúmulo de nutrientes no solo ou pobreza nutricional,dependendo da intervenção, e redução da biomassa microbiana) puderam ser identificadascomo indicadores de sistemas perturbados. Como base nesse conjunto de dados, osfragmentos florestais estudados foram avaliados e seu funcionamento considerado rela-tivamente semelhante ao da mata primária. Como a diversidade entre os ecossistemas semanifesta em escalas maiores, a paisagem é sugerida como a melhor unidade para agestão dos remanescentes naturais.

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

MESTRADO

NOME: ALINE THEOPHILO SILVAORIENTADORES: CLAUDIO LIMEIRA MELLO, CLÁUDIO COELHO DELIMA E HÉLIO MAURÍCIO RIBEIRO DOS SANTOSTÍTULO: UM ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO ESTADO DE TENSÕES IN-SITU SOBRE A ESTABILIDADE DE POÇOS

RESUMO:O conhecimento do estado de tensões in-situ é um fator fundamental para

diversas atividades da explotação na indústria do petróleo. Tal conhecimento gerasubsídios para projetos de poços direcionais e de fraturamento hidráulico, previsão deprodução de areia e de várias outras atividades. Com base na premissa de que as baciasda margem atlântica brasileira são tectonicamente relaxadas, o planejamento de ativida-des de explotação no Brasil é usualmente feito assumindo-se que as tensões horizontaisprincipais são iguais e dependem somente da tensão de sobrecarga. Entretanto, com-pilações do estado de tensões em escala mundial, feitas no contexto do WORLD STRESSMAP (Zoback, 1992), indicam que esta premissa pode não ser correta, visto que atensão principal máxima é horizontal em muitas partes do mundo. No Brasil, trabalhosbaseados em sismologia e na análise da magnitude de tensões obtidas a partir defraturamentos hidráulicos e de testes de leak-off disponíveis em várias bacias têmmostrado que usualmente a maior das tensões principais é horizontal. Nesta tese, fez-se um estudo do estado de tensões in-situ num campo de petróleo utilizando-se: análisede breakouts, para a determinação da orientação das tensões horizontais in-situ; testesde leak-off obtidos de poços verticais e testes de leak-off obtidos de poços direcionais(usados na inversão de leak-off), para estimar-se as magnitudes das tensões horizontaisin-situ. O tensor de tensões calculado pela inversão de leak-off reproduziu a orientaçãodas tensões horizontais obtida através da análise de breakouts e indicou que, no campo

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estudado, o regime de falhamento é normal e que a direção da tensão máxima horizontal(SHmax) é NNE-SSW. Para avaliar-se a influência das tensões in-situ na estabilidade depoços, analisou-se o comportamento mecânico de um poço do campo estudado em doisdiferentes simuladores numéricos. Para estas simulações, toda a informação disponível(perfis elétricos, litologia, propriedades mecânicas das rochas, pressão de poros, pesode lama e tensões) foi integrada. Nas simulações com o programa SEST (Sistema deESTabilidade), a que melhor se aproximou do comportamento real do poço foi aquelaque considerou que a maior das tensões é a vertical enquanto as duas horizontais sãoiguais. Este resultado representa um paradoxo, que talvez tenha sua origem no modelolinear elástico assumido pelo programa. O mesmo modelo mecânico é o adotado noprograma SFIB (Stress and Future of Inclined Borhole), Entretanto, as ferramentas devisualização disponíveis neste simulador forneceram exemplos de como a existência detensões horizontais desiguais pode ser crucial para o projeto de poços direcionais. Istoaponta para a necessidade de estimar-se o mais corretamente possível o tensor detensões in-situ como subsídio para atividades de explotação.

NOME: DANIEL CARDOSO DUTRAORIENTADORES: JOEL GOMES VALENÇATÍTULO: GEOLOGIA E PETROLOGIA DE ROCHAS METAVULCÂNICAS EMETAPLUTÔNICAS DO EMBASAMENTO DAS BACIASNEOPROTEROZÓICAS, A OESTE DE SÃO JOÃO DEL REI (MINAS GERAIS).

RESUMO:Nesta tese, trabalhos detalhados de campo e petrografia foram combinados

para tentar entender a relação entre uma pequena faixa de rochas (com cerca de 50 km2),predominantemente metabasálticas, não foliadas, com uma sucessão de rochas, princi-palmente, metakomatiíticas e metassedimentares adjacentes, pertencente ao GreenstoneBelt Barbacena (GBB), oeste da cidade de São João del Rei (Minas Gerais). Estasrochas metabasálticas - que hospedam uma série de corpos metaplutônicos, na maioriadas vezes de idade paleoproterozóica -, apesar de sua íntima proximidade com as rochasdo GBB, com as quais exibem um contato brusco e, aparentemente, controlado porfalha, caracteristicamente, não apresentam associadas rochas vulcânicas ultramáficas esedimentares metamorfisadas. No entanto, apesar deste, localmente, forte contraste nalitologia, os dados mais significativos neste estudo mostram que a fácies anfibolito baixoa médio e a paragênese retrógrada de fácies xisto verde alto, presentes nessas rochas

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metabasálticas estão intimamente correlacionadas, assim como, temporalmente relacio-nadas àquelas encontradas nos anfibolitos associados com rochas metassedimentares emetakomatiíticas do GBB, não muito distantes da área deste trabalho. Isso, portanto,favorece a conclusão de que as rochas metabasálticas em questão devem, também, serpensadas nesta área como parte do Greenstone Belt Barbacena.

NOME: ANA MARINA ESCOBAR CASTROORIENTADORES: MARIA DOLORES WANDERLEY E ROGÉRIO LOUREIROANTUNESTÍTULO: BIOESTRATIGRAFIA DOS NANOFÓSSEIS DA FORMAÇÃO MATA,CRETÁCEO MÉDIO DA MARGEM CONTINENTAL NORTE DE CUBA

RESUMO:O grupo de nanoplâncton calcário tem sido pouco estudado em Cuba, não

existindo até o mo-mento trabalhos bioestratigráficos com base neste grupo algálico.Com o objetivo de caracterizar os sedimentos do Cretáceo médio foi feito um estudobaseado em nanofósseis, integrado com dados geoquímicos. Foram examinados, paraesse propósito, 129 amostras correspondentes aos afloramentos El Palomar, Chinchillae El Vaquerito. Estes afloramentos situam-se em Cuba Central e caracterizam a Forma-ção Mata da UTE Camajuaní. A análise bioestratigráfica permitiu identificar nos sedi-mentos Aptianos-Albianos desta formação 87 espécies agrupadas em 40 gêneros. Pelaprimeira vez em Cuba, foram descritas e fotografadas 22 espécies. Foi proposto umzoneamento local composto por três biozonas: Conusphaera rothii (Aptiano inferior),Micrantolithus sp. (Aptiano superior), e Prediscosphaera columnata (Albiano inferi-or?-médio), que foram correlacionadas com zoneamentos de referência. Os eventos quecaracterizaram estes zoneamentos foram a extinção de Conusphaera rothii, do gêneroMicrantolithus e o surgimento de Prediscosphaera columnata e Cribrosphaerellaehrenbergii. A associação nanofossilífera esteve dominada por Watznaueria barnesae eNannoconus sp., observando-se um comportamento inverso entre elas. Esta correlaçãonegativa foi associada à competição pela disponibilidade de nutrientes. Por outro lado,o comportamento inverso entre Watznaueria barnesae e diversidade foi interpretadocomo presença de dissolução. O estudo isotópico de oxigênio e carbono no afloramentoEl Vaquerito auxiliou na interpretação paleoecológica dos sedimentos Aptianos - Albianos.Intervalos de produtividade foram reconhecidos. W. barnrsae foi associada a ambienteseutróficos e mesotróficos e o gênero Nannoconus a ambientes oligotróficos. Os valores

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isotópicos sugeriram uma queda do nível do mar, com forte processo de dissolu-ção no topo do Aptiano. A análise fatorial (Modo Q) realizada no afloramento ElVaquerito, possibilitou a obtenção de três fatores que corroboraram com os resul-tados apresentados com o estudo de isótopos. Estes fatores representaram o91,33% da variância total da associação. Os fatores, F1 (W. barnesae) - F2(Rhagodiscus sp.), foram associados a processos de dissolução e preservação daassembléia de nanofósseis. O terceiro, F3 (Nannoconus sp.), associado a dispo-nibilidade de nutrientes e produtividade da massa de água.

NOME: GLÓRIA DA SILVA CEZARORIENTADORES: PAULA LUCIA FERRUCIO DA ROCHA E MARIADULCE GASPARTÍTULO: APLICAÇÃO DO RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) EMSÍTIOS ARQUEOLÓGICOS LOCALIZADOS EM ARARUAMA, RJ

RESUMO:A pesquisa visa contribuir com a difusão do emprego da Geofísica na Arque-

ologia do Brasil, o que é muito restrito e carece de novas investidas para certificar suaaplicabilidade. O radar de penetração no solo (GPR - “Ground Penetrating Radar”) é ummétodo de prospecção geofísica, baseado em ondas eletromagnéticas com alta freqüên-cia, que apresenta crescente aplicabilidade em diversas áreas. Sua praticidade e seucaráter preditivo tornam a técnica de GPR uma ferramenta poderosa na investigação dasubsuperfície rasa. A literatura registra uma série de tentativas de utilização do GPR empesquisas arqueológicas basicamente para a localização/caracterização de “alvos arque-ológicos extensos”, como muros, fundações e etc. Poucos são os trabalhos voltadospara a Arqueologia com alvos de dimensões pequenas, principalmente no Brasil. Apresente dissertação compreende a utilização do GPR em dois sítios arqueológicos:Serrano e Morro Grande, localizados em Araruama, Região dos Lagos, Rio de Janeiro.Os sítios pertencem a subtradição Tupinambá, populações indígenas pré-históricas,horticulturas, caracterizadas pela confecção de peças cerâmicas para diversas finalida-des, isto é, tigelas para uso doméstico e cerimoniais e também, urnas funerárias. Aspeças cerâmicas geralmente apresentam algum tipo de decoração, moldagem plástica e/ou pintura policrômica, às vezes com motivos geométricos. A pesquisa consistiu emverificar a aplicabilidade do GPR nos referidos sítios arqueológicos, os quais apresen-

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tam características similares. Os levantamentos geofísicos intentaram identificar a ocor-rência de peças arqueológicas dispostas em subsuperfície, para uma posterior recupera-ção. A aquisição de dados geofísicos foi feita de modo distinto em cada sítio, em funçãodo estado de conservação dos mesmos. O sítio Serrano apresentava urnas cerâmicasparcialmente expostas, devido à explotação de areia, o que possibilitou a calibração daresposta do GPR para os materiais ocorrentes na área e assim, auxiliar na interpretaçãode dados obtidos em condições similares. O melhor resultados obtido no sítio Serranocorresponde a uma anomalia claramente identificável (dados do setor 9) o qual estáassociado à uma urna cerâmica (sem qualquer preenchimento) e sua tampa, ou seja, umacondição de intenso contraste de propriedade eletromagnética. No sítio Morro Grandea aquisição foi feita de forma mais ampla e a interpretação dos dados obtidos levou aoselecionamento de cinco áreas para serem escavadas. As escavações revelaram poucacorrelação entre as anomalias identificadas nas seções de radar (radiogramas) e o mate-rial encontrado. Ainda assim, a técnica de GPR mostrou-se bastante eficiente. A despei-to dos resultados obtidos, considera-se que novas investidas em outros sítios comcaracterísticas similares e a realização de processamento dos dados, de modotridimensional, podem contribuir de modo a avaliar a eficiência da técnica.

NOME: RUTE MARIA OLIVEIRA DE MORAISORIENTADORES: CLAUDIO LIMEIRA MELLOTÍTULO:ESTUDO FACIOLÓGICO DA FORMAÇÃO BARREIRAS NA REGIÃOENTRE MARICÁ E BARRA DE ITABAPOANA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESUMO:O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo faciológico dos

depósitos da Formação Barreiras aflorantes no estado do Rio de Janeiro, na região entreMaricá e Barra de Itabapoana. Com isso, buscou-se a caracterização dos processossedimentares e ambientes deposicionais relacionados a esta sedimentação, assim comoidentificar a sua possível relação com outros depósitos cenozóicos presentes no Estadodo Rio de Janeiro, pretendendo um melhor conhecimento da evolução sedimentarcenozóica em uma região continental adjacente a importantes bacias marginais. Em todaa área estudada, foram investigadas 14 (quatorze) seções estratigráficas e elaborados 23(vinte e três) perfis faciológicos. Para se otimizar os trabalhos de descrição e interpre-tação, a área de estudo foi divida em 4 (quatro) regiões conforme os diferentes compar-timentos geomorfológicos: BR-101, Litoral Norte Fluminense, Búzios e Região dosLagos. Foram reconhecidas quatro fácies de cascalho (fácies Cch, Ccm, Cmm e Ccp),quatro fácies arenosas (fácies Aca, Ah, Am e ALm) e duas fácies lamosas (fácies La1e

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La2). As associações faciológicas identificadas permitiram interpretar a atuação con-junta de processos trativos de alta energia e processos suspensivos, ligados a fluxosgravitacionais, relacionados a um paleoambiente deposicional de rios entrelaçados comleitos arenosos, localmente dominados por cascalhos, e influenciados por fluxos dedetritos. Na região de Búzios, a ocorrência de cascalhos polimíticos sustentados pelamatriz, intercalados a areias lamosas, adjacentes à Falha do Pai Vitório, foi relacionadaa mecanismos tectônicos sin-sedimentares associados à evolução do Gráben de Barra deSão João. Na maior parte da área estudada, os depósitos da Formação Barreiras encon-tram-se recobertos, em discordância, por sedimentos areno-argilosos, com grânulos,apresentando, na base, níveis de cascalhos formados por quartzo e fragmentos dematerial ferruginizado. Os depósitos da Formação Barreiras podem ser consideradoscomo faciologicamente semelhantes aos depósitos das formações Macacu e Resende, deidade eocênica-oligocênica. Diferem, principalmente, pela intensa ferruginização obser-vada nos sedimentos aqui estudados, não tendo sido possível a obtenção de indicadoresgeocronológicos seguros para estes depósitos. Devido à ocorrência destes depósitos aolongo do litoral, associados a feições geomorfológicas de tabuleiros e falésias, julgou-semais apropriado manter o termo Barreiras. A Relativa homogeneidade litológica e omapeamento em escala até regional permitiram posicioná-los na condição de formação.

NOME: VLADIMIR MOREYRA DUARTEORIENTADORES: EURÍPEDES DO AMARAL VARGAS JÚNIORTÍTULO: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO TÁTIL-VISUAL DE SO-LOS E ROCHAS: TENTATIVA DE PADRONIZAÇÃO DE CRITÉRIOS E PRO-CEDIMENTOS

RESUMO:Apresentam-se, inicialmente, discussões sobre diferentes formas de classifi-

car o perfil de intemperismo e, ainda, sobre os principais procedimentos, conceitos eterminologias empregadas na descrição tátil-visual de amostras de solos e rochas. Aofinal, sugerem-se modelos padronizados para a classificação/caracterização tátil-visualde solos e, especialmente, rochas, o que, em última análise, constitui-se no objeto destadissertação. Portanto, pode-se dizer que, basicamente e em resumo, discutem-se aquiformas relacionadas: 1) a como descrever tátil visualmente solos e rochas, definindo-seconceitos e procedimentos; 2) ao que descrever, selecionando-se apenas os parâmetrosjulgados imprescindíveis e, finalmente, 3) a como apresentar, em perfis individuais desondagem e em seções geológico-geotécnicas, os dados previamente definidos e seleci-onados.

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

DOUTORADO

NOME: ROBERTO PEREIRAORIENTADORES: GERSON CARDOSO DA SILVA JÚNIORTÍTULO: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DO SISTEMA LACUSTREBONFIM - RN

RESUMO:O objetivo deste trabalho compreende o entendimento hidrológico do sistema

lacustre Bonfim, com enfoque principal paar a lagoa do Bonfim, maior lagoa do estadodo Rio Grande do Norte (9 km2), a qual situa-se a sul de Natal, a cerca de 25 km, efornece água atualmente (aproximadamente 200 L/s) para o sistema adutor Agreste-Traiir-Potengi, com 300 km de extensão. No horizonte do projeto, no ano 2016, deverábeneficiar uma população máxima de 220.000 pessoas, quando então a vazão será de430 L/s. Um conjunto de poços de emergência, situados na região oeste desta, entrariamem operação em situações de seca. Estes poços drenam água de um aqüífero semi-confinado, limitado ao setor oeste, e subjacente a um aqüífero livre que alimenta a lagoado Bonfim, e que ocorre de forma generalizada na área. É provável, contudo, que talbombeamento possa levar a uma depleção das próprias reservas da lagoa do Bonfim, jáque a zona de recarga provável do aqüífero inferior é proveniente da própria lagoa e dasua principal área de recarga, no setor oeste. O desenvolvimento de um modelo matemá-tico de balanço hídrico simulou o comportamento da lagoa do Bonfim, submetida adiferentes taxas de explotação e permitiu avaliar os impactos efetivos do bombeamentoda adutora Agreste/Trairi sobre esta lagoa. Neste modelo foram consideradas as perdassubterrâneas da lagoa do Bonfim, não consideradas nos estudos anteriores. Os resulta-dos mostraram que o volume de água explotado pela adutora foi responsável por 42,3%da redução do volume da lagoa do Bonfim, durante o período de bombeamento analisa-do. O impacto teria sido muito maior se a taxa de retirada, durante este período, fosseaquela esperada para o estágio final do projeto de captação, visto que implicaria umrebaixamento de 4,65 m do seu nível, correspondendo a um aumento de 58,7% relativoao rebaixamento observado, o qual correspondeu a 2,93 m. Por fim, alternativas deexplotações do sistema lacustre Bonfim são propostas aqui, as quais estão relacionadasprincipalmente com o riacho Boacica e o aqüífero do setor leste, que apresentou boacapacidade de infiltração, evitando uma conexão hidráulica com a lagoa do Bonfim.

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NOME: RENATA DA SILVA SCHMITTORIENTADORES: RUDOLPH ALLARD JOHANNES TROUWTÍTULO: A OROGENIA BÚZIOS-UM EVENTO TECTONOMETAMÓRFICO CAMBRO-ORDOVICIANO CARACTERIZADO NODOMÍNIO TECTÔNICO DE CABO FRIO - RJ

RESUMO:O Domínio Tectônico de Cabo Frio (DTCF), localizado na extremidade su-

deste da faixa pan-africana-brasileira Ribeira, no Brasil, é limitado, a noroeste, por umazona de empurrão de direção NE-SW que o separa do “terreno Oriental”, domíniotectônico adjacente, e, a sudeste, é coberto pelo oceano Atlântico. O DTCF é constitu-ído por um embasamento de ortognaisses e ortoanfibolitos, com protólitos cristaliza-dos entre 2,03 e 1,96 Ga (análises U-Pb em zircões). Este embasamento estátectonicamente intercalado com supracrustais formadas por duas sucessões Búzios(metapelitos aluminosos, rochas calcissilicáticas e anfibolitos) e Palmital(metassedimentos quartzo-feldspáticos com metapelitos subordinados). Estas suces-sões foram depositadas em um ambiente sedimentar de fundo oceânico durante oNeoproterozóico, intervalo de tempo indicado por idades-modelo TDM entre 1,7 e 1,0Ga. Durante o Cambriano, estas unidades litoestratigráficas foram submetidas a umevento tectono-metamórfico de alto grau. O pico metamórfico, determinado através dasassociações minerais de Ky+Kfs nos metapelitos e Cpx+Grt+Qz nos anfibolitos, ocor-reu a pressões mínimas de 9 Kbar e temperaturas acima de 780oC. Este metamorfismo,na zona de transição entre as fácies anfibolito e granulito, gerou migmatitos com a fusãoparcial de todas as unidades. O pico metamórfico foi contemporâneo a uma tectônica deempurrão com sentido de movimento de topo para NW, determinada pela orientaçãodas lineações minerais e de estiramento. Durante este evento de empurrão, relacionadoàs fases deformacionais progressivas D1 e D2, escamas de embasamento foram empur-radas por sobre as supracrustais. O pico metamórfico ocorreu entre 525 e 520 Ma,determinado por análises U-PB em zircões de leucossomas nos ortognaisses emetapelitos. Durante a fase deformacional D3, megadobras recumbentes se desenvolve-ram com os eixos paralelos à direção do movimento e com o crescimento de sillimanitanos seus limbros. Esta sillimanita parcialmente substitui a cianita, marcando uma traje-tória P-T-t horária para as áreas central e leste do DTCF durante a fase D3. Os indica-dores cinemáticos sin-D3 mostram um sentido de movimento tectônico para NW eestão associados à zona de empurrão que coloca o DTCF sobre o “terreno Oriental”. Asanálises U-Pb em monazitas e titanitas, dos metapelitos e anfibolitos, forneceram uma

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idade de 510 Ma, provavelmente relacionada à D3. A partir do Cambriano Superior,ambos domínios tectônicos mostram uma evolução tectônica similar, como conseqüên-cia da sua junção, pelo menos na parte oeste do DTCF. Esta área foi afetada por umazona de cisalhamento transcorrente dextrógira, que desenvolveu uma lineação deestiramento NE-SW relacionada à D5, ainda sob condições de fácies anfibolito. Estafase é registrada por idades U-Pb mais jovens de 500 a 490 Ma, obtidas em monazitase zircões de metassedimentos dentro desta zona de cisalhamento. Neste estágio, aporção central e leste do DTCF já estava esfriando a uma taxa de 10oC/Ma. Esteresfriamento relativamente rápido permitiu que as associações minerais de altas e médi-as pressões fossem preservadas e não obliteradas durante a exumação deste orógenocolisional. Depois de 480 Ma, a taxa de esfriamento diminuiu para 5oC/Ma. Esta foiuma orogenia colisional, bem definida no Cambriano e Ordoviciano, e aqui denominadaOrogenia Búzios, o evento tectono-metamórfico mais novo registrado nas faixas móveisbrasilianas no Brasil. Esta orogenia é contemporânea a algumas orogenias marginais doGondwana (ex. Pampeana e Ross) que provavelmente acompanharam os ajustes finaisdos paleocontinentes pré-cambrianos para completar a formação do Gondwana noOrdoviciano. Hoje o DTCF está localizado na região costeira do Brasil, assim como aFaixa Kaoko no oeste da África, sugerindo que a última sutura pan-africana-brasilianafoi o locus do evento de rifteamento mesozóico que gerou o oceano Atlântico Sul.

NOME: WAGNER SOUZA LIMAORIENTADORES: PETER BENGTSONTÍTULO: MACROFAUNAS CAMPANIANAS E AMBIENTES DEPOSICIONAISDA FORMAÇÃO CALUMBI, BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS, BRASIL

RESUMO:A Bacia de Sergipe-Alagoas, situada na costa leste do nordeste do Brasil,

constitui uma das várias bacias geradas pela abertura do Atlântico Sul durante oMesozóico. As seqüências francamente marinhas distribuem-se em superfície do Aptianosuperior até provavelmente o Maastrichtiano inferior, sendo representada pelas forma-ções Riachuelo, Cotinguiba e Calumbi. A Formação Calumbi representa o último grandeevento transgressivo ocorrido nesta bacia. Neste evento transgressivo, de idade pós-coniaciana, foi depositada uma seqüência de argilas e margens discordantemente sobre arampa carbonática da Formação Cotinguiba, de idade cenomaniana a eoconiaciana. Ao

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contrário das seqüências marinhas mais antigas, os afloramentos da Formação Calumbisão escassos e mal preservados, normalmente cobertos por sedimentos pliocênicos oudepósitos recentes, impedindo um zoneamento bioestratigráfico detalhado. Emboranem todos os afloramentos sejam fossilíferos, em alguns deles foi coletada uma faunamuito rica e variada, porém nem sempre bem preservada. Neste trabalho foi descritaparte da macrofauna e reconstituída a sucessão estratigráfica das exposições estudadas.Duas seqüências deposicionais foram individualizadas: uma basal (TMB), associada aprogradação de um trato de mar baixo, e outra superior (TT), referente à instalação deum trato transgressivo. A maior parte da macrofauna estudada provém da seqüênciabasal, depositada em ambientes marinhos progressivamente mais rasos. As evidênciasbioestratigráficas e litoestratigráficas indicam que as seqüências expostas são principal-mente do Campaniano superior.

NOME: MARIA LOURDES SOUZA FERNANDESORIENTADORES: CRISTINA MARIA WIEDEMANNTÍTULO: O GRANITO BORRACHUDOS ENTRE GUANHÃES E DORESDE GUANHÃES, MG (PLUTONITO MORRO DO URUBU): GÊNESE EEVOLUÇÃO

RESUMO:O Plutonito Morro do Urubu é um corpo granítico que integra a Suíte

Borrachudos e aflora na região entre Guanhães e Dores de Guanhães, MG. Os granitosBorrachudos posicionaram-se em ambiente distensivo, liado à abertura do rift Espinhaçoe têm sua origem relacionada à fusão parcial da costa metaígnea, induzida pela colocaçãode magma gabróico em sua base. A idade de cristalização dos granitos Morro do Urubué de 1770 ± 30 Ma (U-Pb em zircões, intercepto superior). As idades de 620 Ma (U-Pb em zircões, intercepto inferior) e 507 Ma (titanitas) indicam que eles foram afetadospelo Orogenia Brasiliana, responsável pela gnaissificação e migmatização incipiente dosmesmos. Eles podem ser descritos como uma rocha de coloração rosa a cinza, de grãomédio e cuja feição mais marcante é dada pela foliação e lineação mineral do tipo downdip, caracterizada pela disposição dos minerais máficos segundo níveis centimétricosdescontínuos. Bolsões quartzo-feldspáticos comumente posicionados e estirados prin-cipalmente segundo a foliação evidenciam o processo de fusão parcial. Três fáciesforam distinguidas: granito a anfibólio (hastingsita) ± clinopiroxênio (hedenbergita);granito a anfibólio e biotita (annita) e granito a biotita. Microclina (Or99-84Ab16-

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01An00), comumente mesopertítica, é o mineral dominante, seguida de quartzo,plagioclásio (Ab99-84An14-01Or03-00) e fases máficas. Acessoriamente, distinguem-se titanita, zircão, apatita, allanita, fluorita, magnetita e ilmenita. Eles apresentamcaracterísticas de granitos do tipo-A, como: elevados valores para o conteúdo de sílica(77,90 a 69,30%), total de álcalis (9,86 a 7,43%) e razão FeOTot/FeOTot+MgO (0,99a 0,92); comportamento incompatível o Rb, Nb, Th, U, Pb, Sn, W e ETR, excetoeurópio, associados ao caráter metaluminoso e subalcalino. A distribuição dos elemen-tos traços traduz evolução por diferenciação magmática, influenciada pela maior impor-tância da cristalização do plagioclásio e, em parte, também do clinopiroxênio nas rochasmenos diferenciadas e do feldspato potássico nos termos mais evoluídos. Os padrõesde distribuição dos elementos terras raras refletem o fracionamento da titanita e zircãoligados ao início da cristalização magmatica e da allanita, aos estágios tardios. Astemperaturas calculadas de cristalização do zircão e apatita estão entre 860 e 750oC,sendo que o início da cristalização se deu sob condições de fugacidade de oxigênioanálogas às do tampão TMQHdIl e sob baixa pressão d’água. A cristalização evoluiuem ambiente caracterizado por condições mais redutoras e sob maior pressão d’água,como sinalizado pela cristalização tardia de ilmenita e de fases hidratadas. Localmente,a leste de Guanhães, observa-se a passagem gradativa dos granitos Morro do Urubupara rochas cristalinas esverdeadas, tendo-se identificado cinco estágios de transforma-ções mineralógicas (I a V), caracterizados por um gradiente térmico crescente, peladiminuição das proporções modais de microclina e quartzo; aumento das de plagioclásioe anfibólio; surgimento da granada ainda nos estágios precoces, acompanhada pelocolapso da biotita e; no estágio tardio, pela cristalização de clinopiroxênio a partir doanfibólio. As mudanças na composição do plagioclásio e o aumento na proporçãomodal do anfibólio refletem adição de Ca e Fe ao protólito, em um padrão similar ao deendoskarns.

NOME: ATLAS VASCONCELOS CORRÊA NETOORIENTADORES: HENRIQUE DAYANTÍTULO: ANÁLISE ESTRUTURAL NOS SETORES SUL E SUDESTE DOSISTEMA DE CISALHAMENTO FUNDÃO-CAMBOTAS, QUADRILÁTEROFERRÍFERO, BRASIL

RESUMO:O Sistema de Cisalhamento Fundão-Cambotas formou-se em rochas perten-

centes ao Greenstone Belt Rio das Velhas (Arqueano) e ao Sgp. Minas (metassedimentos

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Eoproterozóicos). O Greenstone Belt Rio das Velhas possui um conjunto de estruturasinexistente no Sgp. Minas, anteriores à formação do Sistema de Cisalhamento Fundão-Cambotas. Os sedimentos da Fm. Casa Forte (parte da seqüência greenstone) sãointerpretados como depósitos molassóides, relacionados ao evento deformacionalArqueano exclusivo do greenstone. O setor sul-sudeste do Sistema de CisalhamentoFundão-Cambotas é um domínio de rampa oblíqua, e o setor norte, um domínio derampa frontal. Em ambos os domínios, duas gerações de falhas de empurrão foramdefinidas, a primeira composta por zonas de cisalhamento que exibem forte controlereológico, tangenciais ao acamadamento sedimentar, e a Segunda por falhas com ângulode mergulho mais elevado. Ambas as gerações compartilham a cinemática (movimenta-ção de E para W) e associações minerais (sericita + pirofilita + cianita + clorita ±cloritóide). Estruturas de inversão de bacia (relacionadas à Segunda geração de empur-rões) foram encontradas em metassedimentos Eoproterozóicos nos Sinclinais Gandarelae Ouro Fino. Análises de deformação demonstraram que, no domínio de rampa frontalhá uma maior dispersão na orientação dos eixos X dos elipsóides que no domínio derampa oblíqua. A deformação no domínio de rampa oblíqua é maior e o eixo principalmenor Z tende a apresentar direções ortogonais ao contato do Complexo Bação com assupracrustais. Dados de petrotrama de eixos-c de quartzo mostram que a deformaçãofoi caracterizada pela coexistência de componentes de encurtamento e rotacional asso-ciados. Análises de paleostress forneceram valores médios de 25,6 Mpa (equação deMercier) e 46,8 Mpa (equação de Twiss). Sugere-se que lascas de empurrão da primeirageração tenham sofrido rotações ao longo de eixos verticais (horária no setor norte eanti-horária no sul). As rotações podem ter sido induzidas quando lascas de empurrão(com direção inicial N-S) tiveram seu avanço parcialmente bloqueado por altos doembasamento com direções NE e NW. A deformação foi então fracionada em zonas demovimentação oblíqua ou transcorrente próximas à esses obstáculos. A geometria atualdo Sistema de Cisalhamento Fundão-Cambotas é resultado da sobreposição e obliteraçãode tramas pretéritas, interação entre lascas de empurrão e altos estruturais e reativaçõessucessivas de descontinuidades antigas. Propõe-se que o primeiro evento tectônico, aafetar as unidades supracrustais, foi um episódio contracional Arqueano (entre 2,7 e 2,6Ga), exclusivo do greenstone. O segundo evento, a aproximadamente 2,1 Ga, foi oTransamazônico. Nessa época o Quadrilátero Ferrífero era uma província extensional,situada à margem de um cinturão móvel. Em resposta à extensão, ocorreu a ascensão dedomos granito-gnáissicos. Esses domos serviram como obstáculos para o avanço defrentes de empurrão geradas por encurtamento crustal posterior. Pode ter ocorrido um

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único evento contracional, durante o Brasiliano, ou dois eventos distintos de encurta-mento crustal (um Transamazônico pós-extensão e um outro final, Brasiliano). Adota-se, aqui a Segunda hipótese.

NOME: VERA MARIA MEDINA DA FONSECAORIENTADORES: ANTONIO CARLOS SEQUEIRA FERNANDESTÍTULO: BRACHIOPODA (STROPHOMENOIDEA, CHONETOIDEA EDELTHYRIDOIDEA) DO DEVONIANO MÉDIO DAS BACIAS DO AMAZO-NAS E PARNAÍBA

RESUMO:Durante as expedições Morgan (1870-1871) foram coletados na Bacia do

Amazonas os primeiros braquiópodes devonianos do Brasil, descritos por RichardRathbun em 1874. A idade devoniana da fauna de invertebrados marinhos da Bacia doParnaíba, no entanto, só foi reconhecida bem mais tarde nas décadas de 40 e 50 do séculoXX, e as descrições dos braquiópodes dessa região nunca foram publicadas. Coletasrecentes, realizadas de 1985 a 1991, e o acesso às séries-tipo dos taxa identificados naBacia do Amazonas, permitiram a revisão da classificação sistemática dosStrophomenoidea (“estrofodontóides”), Chonetoidea e Dethyridoidea mesodevonianosdas duas bacias sedimentares. O estudo do material da Bacia do Amazonas revelou aexistência, na coleção de paleoinvertebrados do Museu Nacional, de exemplares dasséries-tipo de Braquiópodes coletados pelas expedições Morgan e da Comissão Geoló-gica do Império durante o Século XIX. Entre eles foram designados lectótipos eparalectótipos de algumas espécies descritas por Rathbun em 1874 e 1879. Os seguin-tes taxa foram revisados e descritos dos arenitos da Formação MaecuruProtoleptostrophia sp., Megastorphia (Megastrophia) sp., Gen. nov. A Hoeferi (Katzer)(anteriormente referida à espécie Strophomena hoeferi Katzer), Montsenetes sp. Nov.A, “Chonetes” freitasi Rathbun, Patriaspirifer cf. P. duodenarius (Hall) e Mucrospiriferkatzeri (Clarke) comb. nov.. Entre esses, a espécie “Chonetes” freitasi provavelmentepertence a um novo gênero ainda não definido devido a sua preservação peculiar, ogênero Montsenetes ocorre também no Eifeliano-Givetiano dos Estados Unidos(Apalaches), na Venezuela, Bolívia e no sul do Saara; Patriaspirifer foi identificados noEodevoniano do Canadá, Estados Unidos e Venezuela, mas atinge o Mesodevoniano noGrupo Hamilton (estado de New York). Os sedimentos da Formação Ererê forneceramtrês espécies de Chonetoidea: Pleurochonetes comstocki (Rathbun) comb. nov.,

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“Chonetes” herbertsmithi Rathbun e “Chonetes” onettianus (Rathbun), além doDelthyridoidea Mucrospirifer pedroanus (Rathbun). A tafofauna devoniana da Baciado Parnaíba é pouco diversificada, mas algumas de suas espécies ocorrem em grandeabundância. A única forma registrada nas camadas de arenitos da Formação Pimenteiraexpostas na borda leste da Bacia do Parnaíba, foi Montsenetes cf. M. boliviensisRacheboeuf, Chonetoidea provavelmente conespecífico com uma espécie do Altiplanoboliviano de idade neoeifeliana-eogivetiana. O fóssil mais abundante da Formação Cabe-ças é Pleurochonetes comstocki (Rathbun), espécie descrita originalmente na FormaçãoErerê. Os espécimens da Bacia do Parnaíba permitiram uma redes crição adequadadesse taxon, reforçando as informações prévias de identidade faunística entre as duasformações. O gênero malvinocáfrico Pleurochonetes, presente no Emsiano-Eifeliano daBolívia, Argentina, África do sul e na Bacia do Paraná (Brasil), parece também estarpresente em sedimentos eodevonianos do maciço Armoricano, na França. A únicaespécie de Delthyridoidea coletada até o presente na Formação Cabeças, foi referidaduvidosamente à Mucrospirifer pedroanus devido a sua preservação não permitir umaclassificação mais precisa. Todos os gêneros estudados possuem amplitudegeocronológica eodevoniana-mesodevoniana, corroborando a idade inferida por dataçõespalinológicas recentes para o Membro Lontra da Formação Maecuru (topo do Emsiano-Eifeliano) e para a Formação Ererê (neoeifeliano-eogivetiano). Montsenetes cf. M.boliviensis e Pleurochonetes comstocki, espécies identificadas respectivamente emafloramentos da Formação Pimenteira e na base da Formação Cabeças, sugerem idademesodevoniana para as camadas portadoras desses fósseis na borda leste da Bacia doParnaíba. A comparação dos gêneros de braquiópodes do Norte e Nordeste do Brasilcom as ocorrências dos mesmos taxa nos domínios das Américas Orientais, VelhoMundo e Malvinocáfrico, confirma a sugestão presente na literatura de que os limitesdessas unidades paleobiogeográficas atenuaram-se durante o Mesodevoniano, tendosido cruzados por diferentes taxa.

NOME: LUCIA DUARTE DILLONORIENTADORES: EURÍPEDES DO AMARAL VARGAS JÚNIORTÍTULO: A CONTRIBUIÇÃO DA INFORMAÇÃO ELÁSTICA NAOTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE CARACTERIZAÇÃO DE RESER-VATÓRIOS

RESUMO:Substanciais avanços tecnológicos na área de aquisição, no processamento,

assim como nas técnicas de inversão do dado sísmico, têm possibilitado que a extração

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de atributos sísmicos não apenas acústicos, mas também elásticos, venha se tornandoum processo cada vez mais rotineiro. É justamente neste cenário que se torna impera-tivo para o sucesso do processo de interpretação sísmica, seja no enfoque exploratórioou de reservatório, o correto estabelecimento e entendimento do significado físico em-butido nas correlações entre as propriedades elásticas das rochas e atributos sísmicos.Dentro deste enfoque, à luz dos conceitos de Fïsica de Rochas, este trabalho de douto-rado objetivou o estudo de diversos aspectos referentes à utilização de atributos sísmi-cos elásticos de forma a melhor contribuir no processo de caracterização de reservató-rios. Em especial, enfocou-se: (a) a otimização na utilização de atributos elásticos, esuas combinações, enquanto indicadores simultâneos de fluidos e litologias, (b) a pro-posição e aplicação de metodologia para calibração rocha-perfil-sísmica e (c) avaliaçãode incertezas e limitações embutidas nos processos analisados. Neste contexto, anali-sou-se os pontos fortes e fracos de diversas metodologias que têm sido usadas naobtenção da impedância elástica (IE). Com base nesta análise, uma nova propostametodológica para a obtenção de IE,é apresentada. Investigou-se também,a partir dainformação de trezentas amostras de rochas que tiveram suas propriedades elásticasobtidas em laboratório, o significado físico e a eficácia dos diversos atributos analisadose suas combinações, enquanto discriminadores de litologias e fluidos. Fica claro, ao finaldesta análise, que determinadas propriedades petrofísicas de um reservatório nãodistinguíveis por um determinado par de atributos, podem se tornar perfeitamenteevidentes se uma outra escolha adequada e otimizada de atributos for realizada. Poroutro lado, em função dos atributos sísmicos estarem sempre influenciados por mais deuma propriedade petrofísica da rocha simultaneamente, o adensamento da informaçãodisponível, através da combinação de dois ou mais atributos elásticos é sempre forte-mente indicado. A partir dos princípios teóricos assumidos na técnica AVO pós-empilhamento parcial, propõe-se a obtenção expedita de uma outra família de atributoselásticos, ao mesmo tempo em que se analisa o impacto dos erros envolvidos nasaproximações assumidas. Em especial, define-se um novo atributo, “o pseudofator defluido” e mostra-se a sua proporcionalidade e relação à razão (Vs/Vp)2 das camadasanalisadas. Provou-se a eficiência do processo de extração e calibração desta novafamília de atributos elásticos, em especial do pseudofator de fluido, através da aplicaçãodireta a dados reais, referentes a um reservatório produtor. Neste enfoque, realizou-seo ciclo completo de calibrações rocha-perfil-sísmica. Os resultados finais desta calibração,balizados em função dos poços já existentes na área, mostraram que os mapas deatributos gerados, identificaram corretamente as três condicionantes investigadas: (a)

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não reservatório (“background”), (b) arenito com gás e (c) arenito com óleo. Destaforma, comprovou-se a eficácia do atributo pseudofator de fluido, enquanto discriminadorde fluídos,assim como da metodologia e procedimentos relativos ao processo de calibraçãorocha-perfil-sísmica utilizado e aplicado ao exemplo real do reservatório estudado.

NOME: SÉRGIO LUIZ ABREU DE SOUZAORIENTADORES: CLAUDIO GERHEIM PORTOTÍTULO: DISTRIBUIÇÃO DO OURO NO PERFIL LATERÍTICO DO DEPÓSI-TO PIABA, AURIZONA, ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL

RESUMO:O depósito aurífero Piaba, localizado em Aurizona, estado do Maranhão, foi

estudado, neste trabalho, visando esclarecer o comportamento e a distribuição geoquímicado ouro no perfil laterítico. A área situa-se no Cráton São Luís cuja geologia na regiãodo Gurupi é formada pelo Complexo ou Associação Metamórfica Maracaçumé, deidade Arqueana, constituído por gnaisses e migmatitos bordejados por faixas móveisrepresentadas pelos xistos da Formação Santa Luzia de provável idade Transamazônicae pelos metamorfitos da Formação Gurupi. Na Formação Tromaí inclui-se o magmatismovulcano-plutônico. A geologia na área de estudo é representada por rochas vulcano-sedimentares Arqueanas/Paleo-Proterozóicas intrudidas e parcialmente assimiladaspor granófiros, tendo composição tonalítica-granodiorítica. O conjunto de rochas mos-tra zonas de cisalhamento com alteração hidrotermal, envolvendo cloritização eseritização com enriquecimento em grafita, sulfetos (pirita), carbonatização (ankerita ecalcita) e silicificação às quais está associada a mineralização aurífera. O depósito Piabatem um perfil laterítico “sensu stricto” com variações, segundo o nível amostrado, paralaterítico silicoso, laterítico caulinítico ou até ferruginoso É constituído da base para otopo em: saprolito, zona mosqueada -dividida em domínio caulinítico e domínioferruginoso - horizonte ferruginoso, crosta ferruginosa degradada e colúvio. A caulinitae o quartzo são os minerais mais abundantes seguidos da hematita e goethita. O rutilo ea ilmenita foram identificados em pequenas quantidades ao longo do perfil. O SiO2, oAl2O3 e o Fe2O3 são os elementos mais abundantes do perfil laterítico. Observa-seuma crescente ferruginização e progressivo empobrecimento em sílica do saprolito aocolúvio. Já os teores de Al2O3 permanecem aproximadamente constantes ao longo doperfil. Os alcalinos e alcalinos terrosos apresentam teores mais elevados nos horizontesinferiores em relação à crosta e ao colúvio, embora com MgO a tendência decrescente emdireção à superfície seja menos pronunciada. O TiO2 tem seus menores valores nosníveis superiores ao contrário do P2O5 com teores bem mais elevados a partir dohorizonte ferruginoso. A presença predominante do quartzo no saprolito e a regulari-dade da muscovita ao longo do perfil de alteração se traduz no comportamento da sílica

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e alumina. O ferro tem seus teores elevados a partir da zona mosqueada ferruginosa, oque se correlaciona com o aumento da concentração da hematita e goethita. A evoluçãodo perfil laterítico apresenta os seguintes passos: 1] Saprolitização do granófiro comdissolução parcial dos minerais primários. 2] Percolação lateral e vertical da água, levan-do à formação de pontos ferruginosos e nódulos circundados por manchas caulíníticas,originando a Zona Mosqueada. 3] Individualização progressiva dos nódulos em direçãoao topo, separando assim, na Zona Mosqueada, porções cauliníticas e ferruginosas. 4]Formação de Crosta laterítica no topo a partir da coalescência dos nódulos ferruginosose lixiviação da matriz caulinítica. 5] Formação de Horizonte Ferruginoso concomitanteà degradação da crosta. 6] Homogeneização progressiva ascendente do perfil com oespessamento do Horizonte Ferruginoso, posicionando-se em nível inferior à crostadegradada. 7] Formação do solo Elúvio/Coluvionar. Piaba se enquadra nos depósitossupergênicos lateríticos de ouro, cuja evolução está associada ao desenvolvimento deperfis lateríticos em ambientes tropicais. A mineralização característica de tais depósi-tos tem a forma sub-horizontal ou de cogumelo e é formada por ouro predominantemen-te residual, grosso ou não. A análise química e morfológica dos grãos de ouro do depó-sito Piaba indica que a maioria dos grãos coletados, em todos os horizontes do perfil,está contido nas frações acima de 270#. No depósito Piaba a análise morfológica dosgrãos indicou que houve dissolução parcial do ouro, como mostram as cavidades encon-tradas na sua superfície, mas não o suficiente para solubilizar e remobilizar totalmenteos grãos grossos. Parte do ouro dissolvido da superfície destes grãos, não carreado pelassoluções para fora do depósito, foi adsorvido aos óxidos de ferro. O ouro do depósitoPiaba é, predominantemente residual, disperso mecanicamente a partir dos veios dequartzo, principalmente os inseridos no saprolito cinza, rico em gerafita. Devido à suagranulometria, essencialmente grossa (>53 mm) os grãos livres não foram totalmentedissolvidos pelas soluções percolantes e o ouro parcialmente lixiviado da superfície dosgrãos foi reprecipitado aleatoriamente como ouro livre em forma de pepitas junto àsuperfície na zona colúvio/eluvionar ou crosta degradada, como grãos submicroscópicosnas frações abaixo de 270# ou adsorvido aos óxidos de ferro.

NOME: EUZÉBIO JOSÉ GILORIENTADORES: EURÍPEDES DO AMARAL VARGAS JÚNIORTÍTULO: AQÜÍFERO TERMAL DE CALDAS NOVAS - GO

RESUMO:Os objetivos do presente trabalho foram apresentar um modelo hidrogeológico

do aqüífero termal de Caldas Novas e verificar eventuais interferências da criação doreservatório de Corumbá com os aqüíferos freático e termal. Outra contribuição impor-

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tante foi descobrir a interferência do bombeamento das águas termais de Caldas Novascom o nível d’água do topo da serra de Caldas e consequente relação das vazões dasnascentes termais da Pousada do Rio Quente. No modelo hidrogeológico proposto, aságuas precipitadas no alto da serra de Caldas se infiltram através da espessa camada desolo se transferindo para os quartzitos que, confinados pelos micaxistos, ganham pro-fundidade se aquecendo pelo grau geotérmico1. Este modelo foi embasado nos estudosgeológicos que definiram o modelo geológico-estrutural. Essas afirmações são funda-mentadas também no monitoramento durante 7 anos consecutivos, entre 1994 e 2001,das áreas de descarga, das áreas potenciais de recarga e das áreas adjacentes ao reserva-tório de Corumbá. No modelo proposto, na localidade da Pousada, ocorre contribuiçãode águas da borda da serra de Caldas, pouco aquecidas (pequena circulação) que semisturam com as águas infiltrando mais no interior da serra, alcançando maiores profun-didades e temperaturas que, confinadas pelos micaxistos, ascendem surgentes pelasfraturas dos quartzitos. A leste, as águas infiltradas na serra de Caldas percolam osquartzitos confinados pelos micaxistos que, em Caldas Novas, são alcançadas atravésde poços tubulares profundos. Os estudos desenvolvidos comprovam que a criação doreservatório de Corumbá não provocou em Caldas Novas influência dos níveis d’águados aqüíferos freático e termal, não influenciou a temperatura ou vazão dos poçostermais e não afetou as vazões e temperaturas das surgências termais da Pousada do RioQuente. Este trabalho foi desenvolvido aproveitando a grande oportunidade surgida doautor em participar dos estudos hidrogeológicos do Aqüífero Termal de Caldas Novasnos últimos 20 anos.

NOME: LUZIA ANTONIOLIORIENTADORES: RODOLFO DINOTÍTULO: ESTUDO PALINO-CRONOESTRATIGRÁFICO DA FORMAÇÃOCODÓ - CRETÁCEO INFERIOR DO NORDESTE BRASILEIRO

RESUMO:Na Bacia do Parnaíba, área sedimentar da porção nordeste ocidental do Brasil,

a Formação Codó constitui um dos mais importantes intervalos litoestratigráficos daseqüência mesozóica. Investigações palinoestratigráficas e geoquímicas efetuadas emmais de 200 amostras derivadas de afloramentos e de testemunhos provenientes de oitofuros de sondagem, permitiram uma melhor definição bioestratigráfica e cronoestratigráficadesta unidade. As análises de Carbono Orgânico Total (COT) e Enxofre Total (S),propiciaram a individualização de quatro intervalos químico-estratigráficos, caracte-

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rísticos de distintas condições paleoambientais, e a identificação do evento anóxicoglobal do limite Aptiano-Albiano. Do estudo sistemático da associação palinoflorística,232 espécies foram identificadas, incluindo grãos de pólen, esporos, cistos dedinoflagelados, algas e fungos. Uma espécie nova de dinoflagelado e outra de esporoforam descritas, ilustradas e informalmente propostas. A análise quantitativa dapalinoflora mostrou um predomínio de coníferas da família das cheirolepidáceas e deplantas do grupo das gnetáceas, secundadas por pteridófitas, angiospermas primitivase cistos de dinoflagelados. Resultados da análise palinológica qualitativa permitiram oestabelecimento de cinco palinozonas informais, aplicáveis na subdivisão da FormaçãoCodó. Estas unidades palinoestratigráficas denominadas, em ordem estratigráfica as-cendente, de I a V, são correlacionáveis aos zoneamentos propostos para outras seçõesneo-aptianas a eoalbianas do Aptiano-Albiano, na Bacia do Parnaíba, no nível de extinçãoda espécie Sergipea variverrucata, limite superior da palinozona IV, é solidificado pelaco-ocorrência, neste nível, do evento anóxico global do limite Aptiano-Albiano eviden-ciado pelos dados geoquímicos. Com base nos dados palinológicos e geoquímicosforam atribuídas as idades neo-aptiana e eoalbiana (=Neo-Alagoas) para os sedimentosda Formação Codó, sendo que sua maior parte (palinozonas I, II, III e IV), é de idadeneo-aptiana; apenas a sua porção mais superior (palinozona V) pertence ao eoalbiano.Evidências palinológicas, sedimentológicas, geoquímicas e tectônicas indicam ambientede deposição continental (flúvio-lacustre), na base, gradando para ambiente transicionalcosteiro a marinho restrito para o topo, com ingressões marinhas, sob clima árido asemi-árido, em regime tectônico relativamente estável. A aplicação da bioestratigrafialocal e comparações a nível de espécie com palinofloras cronoequivalentes de outraspartes do Gondwana Norte (particularmente com o Norte da África, Gabão e Egito)confirmam o enquadramento desta associação na província microflorística denominadaOeste Africano-América do Sul (West Africa - South America = WASA).

NOME: BENJAMIM NOVAIS CARRASCOORIENTADORES: MAURO ROBERTO BECKER E RICARDO CUNHAMATTOS PORTELLATÍTULO: ESTUDOS DE HETEROGENEIDADES SEDIMENTOLÓGICAS ESEUS IMPACTOS NO COMPORTAMENTO DE FLUXO EM RESERVATÓ-RIOS DE PETRÓLEO

RESUMO:O objetivo deste estudo é determinar o impacto do nível de descrição das

heterogeneidades sedimentológicas e do método upscaling nos resultados de simulaçãode fluxo de fluido em reservatório de petróleo. Foram analisados três afloramentos de

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diferentes sistemas deposicionais considerados afloramentos análogos a reservatóriosbrasileiros, os quais são: sistema fluvial Açu, sistema eólico-fluvial Sergi e sistema deágua profunda Itajaí. A partir da descrição detalhada das imagens dos afloramentos,gerou-se modelos de simulação com malhas finas e malhas grossas. A injeção de águaaconteceu num cenário em que cada litofácies se associou a diferentes permeabilidadesrelativas e diferentes pressões capilares. As propriedades de óleo foram utilizadas doscampos petrolíferos correspondentes a cada ambiente deposicional relacionados. Osresultados da simulação fina do modelo básico foram considerados como o padrão, paraos quais foram comparados com os modelos mais simplificados gerados. Estes modelosde simulação foram construídos seguindo três vertentes: facies-scaling (malha fina),híbrida e upscaling (malhas grossas). Na vertente facies-scaling, a descrição geológicado afloramento é simplificada substituindo a litofácies menos abundante pela maislocalmente abundante, porém mantendo a mesma malha fina e mesmo número de blocosdo modelo fino original. Na híbrida, os modelos simulados se utilizam as médias dosdados petrofísicos, extraídos a partir do modelo geológico padrão e são ajustados aosmelhores modelos em facies-scaling e aos modelos homogêneos. Para o upscalingconvencional, malhas grossas foram geradas baseadas na média das propriedades damalha fina. O reescalonamento das malhas (upscaling) foi feito considerando somentea permeabilidade e a porosidade absoluta, onde as malhas mais grossas da seqüênciaassumiram uma aparência de imagens desfocadas. O estudo mostra os resultados dosmodelos em malha fina (facies-scaling) e malhas grossas (upscaling) comparando comos modelos básicos mapeados a partir dos afloramentos e ainda, aponta critérios paraexaminar tais modelos objetivando capturar aquele que melhor responde os atributos dereservatório. Enfim, o comportamento do fluxo nos três sistemas analisados evidenci-aram o impacto importante dos atributos de reservatórios, principalmente na recupera-ção de óleo, como conseqüência dos processos de simplificações em facies-scaling eupscaling.

NOME: ANDRÉ CALIXTO VIEIRAORIENTADORES: HENRIQUE DAYANTÍTULO: ANÁLISE FRACTAL DA DEFORMAÇÃO DO EMBASAMENTODA BACIA DO PANTANAL, BRASIL

RESUMO:Um modelo tectônico-estrutural é aqui usado para interpretar a presença e

distribuição das grandes estruturas de contornos hexagonais, encontradas na BaciaSedimentar Intracratônica do Pantanal Mato-Grossense, Brasil. Comparações foramestabelecidas entre as grandes linhas estruturais que definem os contornos dos hexágo-

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nos e os processos sedimentares e tectônicos presentes. Foram realizadas interpreta-ções visuais sobre imagens de satélites da série Landsat MSS, 1:500.000, imagens deRadar, 1:250.000 e mapas MNT (Modelo Numérico do Terreno), em 3D e anáglifo,mapas cartográficas e de relevo da América do Sul, para apoio às informações geológicase análise do comportamento estrutural da Bacia do Pantanal. A compressão na margemoeste da placa litosférica Sul-Americana, considerada como responsável pela atual ar-quitetura topográfica e manifestações tectônicas na intraplaca responde, também, pelaorigem e configuração do embasamento e pelo arranjo espacial dos sedimentos deposi-tados na Bacia do Pantanal. Uma visualização geral e integrada dos elementosmorfoestruturais permitiu estabelecer um modelo fractal para a estruturação doembasamento da Bacia do Pantanal e serviu como suporte para esclarecer a origem dasformas poligonais de contornos hexagonais. Usou-se um modelo, baseado na teoria dosfractais, o qual utiliza-se da conceituação de auto-similaridade e auto-afinidade. Adistribuição da deformação da Placa Continental Sul-Americana dá-se através de umarranjo fractal formada de pontos tríplices de três falhas de rejeito direcional (strike-slip) e se ajusta ao processo de compartimentação em placas tectônicas da crostaterrestre. O modelo em questão permite estabelecer uma relação genética e espacialentre a estrutura de um embasamento tectonicamente instável e a disposição de formashexagonais na Bacia do Pantanal e quiçá, em outras porções da Placa Continental Sul-Americana. Ao modelo fractal é atribuída a presença de padrões estruturais,estratigráficos e fisiográficos com propriedades de auto-similaridade e auto-afinidade.Deste modo, os depósitos neogênicos sobrejacentes ao embasamento previamenteestruturado e reativado pelo neotectonismo da Bacia do Pantanal estão associados aoprocesso de acomodação tridimensional, dinâmico e não linear.

NOME: FRANCISCO DE CASTRO BONFIM JÚNIORORIENTADORES: ANTONIO CARLOS SEQUEIRA FERNANDES E OSCARROCHA BARBOSATÍTULO: TIJUBINA PONTEI BONFIM & MARQUES, 1997(LEPIDOSAURIA, SQUAMATA BASAL DA FORMAÇÃO SANTANA,APTIANO DA BACIA DO ARARIPE, CRETÁCEO INFERIOR DO NORDES-TE DO BRASIL

RESUMO:A descrição osteológica de Tijubina pontei (Bonfim & Marques, 1997), inte-

grada com os aspectos modernos da geologia e da paleontologia, abriu a perspectivapara consolidar um melhor conhecimento sobre a ordem Squamata. Os registros fósseis

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dos Squamatas basais no México, além dos registros de lepidossauros no Brasil e naAmérica do Sul, tornou possível a elaboração de uma nova hipótese de relações para alinhagem deste táxon. A diagnose de Tijubina pontei permite classificar este fóssilcomo grupo irmão de Huehuecuetzpalli mixtetus, os dois únicos Squamatas basaisconhecidos. Esses dados, integrados com morfologia de lagartos atuais endêmicos doBrasil, mostra um provável comportamento de um animal terrestre, onívoro, e queeventualmente poderia ocupar outros nichos ecológicos combinados. Por outro lado, aqualidade dos fósseis do largerstätte da Formação Santana (Seqüência aptiana-albiana)e as peculiaridades paleoclimáticas do Mesozóico brasileiro, integradas com estudosbiométricos e paleoecológicos, trazem uma nova visão para a origem e irradiação dosSquamata, provavelmente no Gondwana.

NOME: RONALDO MELLO PEREIRAORIENTADORES: MARIA DO CARMO BUSTAMANTE JUNHOTÍTULO: CARACTERIZAÇÃO GEOCRONOLÓGICA, GEOQUÍMICA,GEOFÍSICA E METALOGÊNICA DE ALGUNS PLUTONITOS GRANÍTICOSDA REGIÃO DOMÉDIO RIO PARAÍBA DO SUL E ALTO RIO GRANDE,SEGMENTO CENTRAL DA FAIXA RIBEIRA

RESUMO:A região estudada, parte do segmento central da Faixa Ribeira, encontra-se

estruturada pela Zona de Cisalhamento de São Paulo e nela foram caracterizados cincodomínios tectono-estratigráficos representados pela Nappe de Empurrão Socorro-Guaxupé (NESG)/Complexo Piracaia (CP),pelo Sistema de Empurrão Andrelândia(SEA)/Grupo Andrelândia (GA),Domínio Embu (DE) /Complexo Embu (CE), Sistemade Empurrão Juiz de Fora (SEJF)/Complexo Juiz de Fora (CJF) e Klippe do Paraíba doSul (KPS)/Complexo Paraíba do Sul (CPS). Nela ainda afloram os granitos do Funil, SãoJosé do Barreiro, Mendanha, Capivara e Itanhandu que foram estudados do ponto devista geocronológico, geoquímico, geofísico e metalogênico. Datações geocornológicaspelo método da evaporação do Pb em monocristais de zircões forneceram idades de584±5 Ma para o Granito do Funil, de 592±5 Ma para o Granito Mendanha, de 603±3Ma para o Granito São José do Barreiro e de 605±11 Ma para o Granito Capivara, o quetorna esses corpos compatíveis com o setting Sin-colisional 1 proposto para a regiãocentral da Faixa Ribeira. Por outro lado, a idade de 649±6 Ma do Granito Itanhandurelaciona esse corpo ao metamorfismo Brasília. Com a exceção do Granito do Funil,todos os demais corpos estudados apresentaram zircões herdados. As idades >1800

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Ma evidenciam a presença de fontes crustais possivelmente paleoproterozóicas para osgranitos São José do Barreiro, Capivara e Itanhandu. Já as idades, entre 787 Ma e 655Ma, dos zircões herdados do Granito Mendanha apontam para protólitosneoproterozóicos. O caráter evoluído de todos os corpos analisados pode ser eviden-ciado pelos elevados teores de SiO2>71% apresentados por eles. Todos à exceção doGranito Itanhandu, apresentam razão K2O/Na2O>1. No geral, os índices de saturaçãoem alumina indicam que se tratam de corpos peraluminosos com índices de Shand £1,1(granitos do Funil e São José do Barreiro), <1,2 (Granito Mendanha), entre 1,1-1,3(Granito Itanhandu) e entre 1,2-1,5 (Granito Capivara). O caráter ligeiramenteperaluminoso (A/CNK<1,1) desses granitos permite relacioná-los a I-Tipo cordilheiranos.Os com razões A/CNK>1,1 foram relacionados a granitos S-Tipo. A relação entre osteores de Ba, Rb e Sr denotam o caráter anômalo a fortemente diferenciado dos corpos.As anomalias negativas de Eu apontam para a participação de feldspato nos processosde fracionamento do Eu. Medidas de susceptibilidade magnética (k) constituíram-se emum meio rápido de distinção entre os diversos corpos graníticos estudados. O elevadovalor de k (até 22.10-3SI), associado a mineralogia (magnetita, pirita, allanita e titanita),permitiu considerar o Granito do Funil como sendo da série magnetita e relacionado auma linhagem magmática distinta mais oxidante. Os demais maciços em função dosbaixos valores de SM (<125,6x10-3SI) foram considerados como sendo da série ilmenitae relacionados a linhagens mais reduzidas. O modelamento gravimétrico 2D verificouque os corpos graníticos estendem-se até cerca de 6 km de profundidade, sendo os seuscontatos com as rochas encaixantes bastante íngremes e bruscos. Esse modelamentotambém realçou as compartimentações dos diferentes domínios, efetuadas tanto peloscorpos graníticos, como por falhamentos e/ou descontinuidades de alto ângulo. Asdiferentes espessuras apresentadas pelas rochas dos Domínios Embu e Klippe Paraíbado Sul, foram atribuídas à movimentações verticais que expuseram as rochas em diferen-tes níveis de exudação. A potencialidade metalogênica dos maciços graníticos estuda-dos foi definida pelas razões (Rb2xLi)/(KxMgxSr), Mg/Li, pelo diagrama Rb-Ba-Sr,pelo teor de Sn e pela presença da cassiterita no entorno desses corpos. Os granitos doFunil, Mendanha e Itanhandu foram considerados como os mais potenciais. A possibi-lidade de depósitos minerais associados aos dois primeiros corpos é pequena, emfunção da presença da cassiterita como um dos constituintes detríticos dos sedimentosterciários da Bacia de Resende, o que sugere a perda, por erosão, das cúpulas especializadas.As principais associações em metais raros/mineralógicas encontradas na área e relacio-nadas aos diferentes domínios tectônicos foram: Sn-Nb/Ta - cassiterita - columbita/

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tantalita (SEA/GA/granitos Capivara e Itanhandu); Sn±W-Nb/Ta-F-Mo -cassiterita±wolframita-columbita/tantalita-topázio/fluorita-molibdenita (NESG/CP/Granito Mendanha) e Sn±F-Mo - cassiterita±flurita-molibdenita (DE/CE/Granito doFunil). Estudos em MEV/EDS permitiram, a partir do estudo das inclusões mineraiscontidas, reconhecer características próprias e singulares nas cassiteritas de cada umdos domínios tectônicos da região. O maior número e maior diversidade mineralógicaforam registrados nas cassiteritas relacionadas ao domínio tectono-estratigráfico SEA/GA, já as do domínio DE/CE são quase destituídas de inclusões. As columbitas-tantalitas do SEA/GA, inclusive as inclusas nas cassiteritas, geralmente apresentampicos de Ti, representando essa assinatura química um reflexo da disponibilidade de Tino meio geológico relacionado ao Grupo Andrelândia. A turmalina, um dos mineraisutilizados para a distinção entre os diversos domínios tectônicos que ocorrem na região,tem suas concentrações mais significativas nas áreas dos domínios DE e SEA. Eladeriva, respectivamente, de turmalinitos estratiformes associados às rochas da unidadeRio Una e de pegmatitos, veios de quartzo e finos veios turmaliníticos que cortam oGranito Capivara. Diferenças químicas foram estabelecidas entre elas a partir dosteores de CaO, MgO e TiO2 e da associação Co-Cr-Ni-V-S-Zr, maiores nas turmalinasdo DE, e dos óxidos de Fe e Mn e da associação Cu-Zn-Li mais elevados nas do SEA.A turmalina do DE tende para o campo da schorl - dravita, o que poderia relacioná-la aum ambiente de formação sedimentar/sedimentar exalativo, enquanto a do SEA, tendepara o campo da schorl - elbaíta o que daria uma conotação magmática para esse mineral.