antÔnio carlos gusmÃo: boa...
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ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Boa noite!
PLATEIA: Boa noite!
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Só não vale responder quem está com a boca cheia. Então, muito prazer.
Obrigado pela presença de todos. Meu nome é Antônio Carlos Gusmão. Eu sou da Estrutura Ambiental
do Estado, eu sou presidente da Ceca, da Comissão Estadual de Controle Ambiental, órgão que faz parte
da estrutura da própria Secretaria do Ambiente do Estado. A nossa missão aqui na Ceca é participar e
conduzir reuniões que tratam da apresentação de projetos de relatório de impacto ambiental aqui no
nosso Estado. Hoje, nós temos uma reunião técnica informativa cujo objeto é apresentação do rima das
obras de recuperação ambiental do complexo lagunar de Jacarepaguá e nós vamos apresentar aqui o
relatório simplificado, que foi o RAS que foi elaborado dentro do processo de licenciamento. Este
licenciamento é de competência do Inea de emitir ou não a licença que foi requerida pela Secretaria de
Estado do Ambiente. A reunião técnica informativa faz parte, é uma etapa do processo de licenciamento
da fase inicial. Então, eu já falei a vocês, meu nome é Gusmão, nós vamos realizar esta reunião técnica
informativa aqui e o objetivo é a apresentação do projeto depois do relatório que foi realizado e eu
gostaria de convocar aqui as pessoas, de convidar as pessoas para participarem aqui da mesa.
Representando a Ceca e o Inea, seu Paulo vai ser o nosso secretário e o analista ambiental, Maurício
Couto, que é o chefe do grupo de trabalho do Inea, que está analisando o pedido de licenciamento vai
compor a nossa mesa aqui das autoridades.
[Aplausos]
O senhor deve ter ficado feliz porque é muito considerado aqui pela comunidade, palmas espontâneas.
E, fazendo ali a parte do empreendedor, temos o professor Antônio da Hora, representando a
Secretaria, que é o empreendedor, as empresas e os consultores da empresa que fizeram o RAS que vai
ser apresentado aqui. E quem vai representar é Tatiana, né? Tatiana.
[Aplausos]
Então, será apresentado o relatório, incialmente, o professor da Hora vai apresentar o projeto, a
dinâmica é esta, depois a Tatiane e os outros consultores vão apresentar o relatório ambiental e, em
seguida, vamos abrir para fase do debate. Muitas pessoas aqui que eu já conheciam enfim, prazer em
revê-los e abro para os debates. As pessoas já se inscreveram. A sra. Elisa está aí? E o seu Pedro Paulo.
Eles se inscreveram. É que tem um procedimento de inscrição pelo e-mail. Inicialmente, nós vamos
executar o Hino Nacional e, em seguida, iniciamos as apresentações. Muito obrigado.
[Hino Nacional]
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Este vai ser o nosso procedimento, a primeira fala, as apresentações. O
professor da Hora vai apresentar os projetos, em seguida, os consultores. Professor.
ANTÔNIO DA HORA: Bom, boa noite a todos. Eu vou apresentar, a maioria das pessoas já viu, eu vou
procurar ser um pouco mais rápido. Primeiro, eu vou passar o filme, mostrando o panorama geral do
que é a obra, depois, a gente detalha mais porque enfoque principal talvez seja o RAS. Eu vou pedir para
colocar o filme, então, por favor.
NARRADOR: O sistema lagunar da Barra e de Jacarepaguá era o grande tesouro ambiental do Estado do
Rio de Janeiro. Canal da Joatinga, lagoas da Tijuca, Jacarepaguá, Marapendi, oito km de extensão e
participa do ecossistema de vários bairros. Apesar de sua importância na bacia hidrográfica de
Jacarepaguá, tem sido escoado durante várias décadas de forma desordenada, grande intensidade
populacional e industrial, o ambientem sido recipiente e resíduos sólidos se encontram assoreados
proliferação de algas tóxicas. o Governo do Estado do Rio de Janeiro, através de sua Secretaria do
Ambiente, propõe um projeto de recuperação ambiental do sistema lagunar da Barra e de Jacarepaguá
comitê olímpico, que será jogos Olímpicos em 2016 serviços de dragagem das lagoas através de
ampliação de canais que redobram a capacidade de escoamento e recomposição de seus manguezais e
vegetação nativa será conduzido para áreas de descarte em terrenos circunvizinhos de sucesso já
desenvolvida pela Secretaria do Ambiente, o projeto de despoluição a água poluída será bombeada de
alta resistência, que irão filtrar o líquido resíduos sólidos. Em uma das áreas de descarte, em duas
camadas oferecendo um grande espaço de lazer. Ainda contará com estrada de acesso ecológico,
quadra esportiva, ciclovias, passeios e jardins. A recomposição de sua flora privilegiará a vegetação da
restinga serão ampliados novos manguezais, além das vegetações já existentes, o recurso pelas suas
margens vegetação e preservação juntamente com o Centro de Referência Ambiental, que será um
Centro de Estudos Avançados das universidades e da Secretaria do Ambiente no meio da natureza local.
Na ponta da Joatinga, o objetivo é evitar o assoreamento da areia proveniente da praia e potencializar a
troca hídrica empreendimento tanto do ponto de vista ambiental quanto turístico. O Governo do
Estado, através do programa Barra e Jacarepaguá, conduzidos pela Nova Cedae, com recursos do
Detran, vem contribuindo para o projeto de despoluição das lagoas. Já foram investidos milhões de reais
estações de tratamento, 13 elevatórias e emissários submarinos. E estão previstos mais 650 milhões
para construir todo o até o final de 2015. As obras de desassoreamento deverão ser completadas com
tratamento das águas dos principais rios sistema lagunar. a ação já iniciada pela prefeitura implantação
da estação de tratamento rio-lagoa em 2010. Com a implantação de mais quatro unidades de
tratamento, espera-se que 90% das lagoas sejam tratados, garantindo a qualidade da água no complexo
lagunar e, iniciando até 2016, uma população de mais de 1 milhão de habitantes. Todos saíram
ganhando, todos os peixes e traquejos em seu habitat natural, equilíbrio da fauna, e incentivando a
pesca esportiva e subsistência. Os polos aquáticos incluídos serão privilegiados, gerando um grande
número de terrenos serão valorizados em toda a região. A concretização desta obra Governo do Estado
do Rio de Janeiro será mais do que uma promessa cumprida, será um dos mais importantes legados
após o término das Olimpíadas.
[Aplausos]
ANTÔNIO DA HORA: Que beleza seria que nós estivéssemos agora comemorando a inauguração, mas
vamos conseguir, se Deus quiser, com a ajuda de vocês. Pode começar. Este projeto se baseou,
principalmente, em quatro pilares: o primeiro, parar de poluir, claro. A próxima, por favor. No parar de
poluir esta região, entre o mar Marapendi, esta e parte até a lagoa e as demais lagoas, a Cedae está
fazendo um trabalho intenso, vocês estão acompanhando, e qualquer companhia de saneamento, não
só a Cedae, qualquer companhia de saneamento é eficiente na ocupação ordenada que existe nesta
região. Ou seja, quando eu digo ocupação ordenada são ruas, calçadas, lotes, e não favelas. Na
ocupação ordenada, ela é eficiente. Então, nossa expectativa é que se consiga ao longo desta região e
boa parte das demais aqui para cima, que esta parte consiga ser bastante bem sucedida na coleta e no
destino final, ou seja, tratamento depois emissário. Uma outra parte é bloqueio na região onde não se
consegue ter esta mesma eficiência, ou seja, na ocupação desordenada. Os senhores conhecem melhor
do que eu a parte que nós temos a comunidade das Pedras, temos várias comunidades onde a coleta de
esgoto quase que não é eficiente. Para se tornar eficiente, primeiro cria-se um problema social em que
se conseguir transformar isso em rua, casas adequadas etc. enquanto isso, para não se conseguir
bloquear este esgoto e água poluída que chega seria bloqueado aqui com estações de tratamento de rio
semelhantes àquelas que a prefeitura instalou no Arroio Fundo. Elas têm uma boa eficiência e isto está à
cargo da prefeitura para implantar. Já instalou a primeira e agora vai instalar todas as demais durante o
processo de implantação deste empreendimento. Bom, parar de poluir, primeiro pilar. Segundo pilar,
anos e anos jogando esta contaminação, precisamos retirar o passivo-ambiental, ou seja, a poluição que
aí está no fundo das lagoas, que é o lodo ativo. Este lodo que está aí no fundo das lagoas. Bom, este
lodo vai precisar ser dragado, retirado ele, porque tem uma boa parte dele que volta e meia, ele começa
a ser um lodo mau cheiro, ele volta a consumir oxigênio. Para-se de poluir, retira a contaminação. Se
parou de poluir, retirou a contaminação, precisamos melhorar a troca hídrica com o mar, aumentar a
quantidade de água que entra. Bom, paramos a poluição, ou reduzimos drasticamente a poluição,
retiramos a poluição que está aí colocada há anos, e aumentamos a troca hídrica com o mar, que é a
dragagem adicional a esta dragagem da camada de finos, ou seja, de lodo ativo que está na lagoa.
Paramos de poluir, retiramos a dragagem, retiramos o material poluído que está no fundo da lagoa,
aumentamos a troca hídrica com o mar, bom, temos oxigênio, agora, precisamos de voltar a ter vida. Aí
é uma grande vegetação no entorno das lagoas. Portanto, fazer com que volte à vida, ou seja, trazer
oxigênio, ou seja, fazer que se volte à vida. Estes são os quatro pilares principais. Bom, este eu vou
passar um pouco rápido, porque vocês conhecem melhor do que a gente todo o tipo de degradação que
existe aqui: esgoto, assoreamento. Pode seguir. É importante que se diga que não é só esta lagoa, mas
qualquer lagoa. Deputada, tudo bem? Prazer em ter a senhora com a gente.
[Aplausos]
Qualquer lagoa, baía, lago, laguna, a tendência geologia ao longo dos anos é acabar. Ela vai assoreando,
assoreando, seja porque tem 500 anos, mil anos, é uma tendência natural. O que nós, seres humanos,
com a nossa intervenção, nós aceleramos este processo. Nós vamos tentar, agora, reverter um pouco
este processo já feito e tentar retardar ele, mas é a tendência natural de qualquer lagoa e baía é ir
assoreando e acabar. O próximo, por favor. Foram estudadas várias alternativas de dragagem. Aqui, os
volumes estimados que seriam retirados e nós estamos parando num ponto que seria, no mínimo, para
trazer benefícios importantes para todos nós aqui da região. Não quer dizer que não seria melhor a
gente dragasse o drogo, é claro que seria, mas o mínimo que precisa para dar um importante avanço é
este que nós paramos e 3estudamos aqui, uma, duas, três, quatro e cinco e uma sexta alternativa. O
próximo, por favor. Desculpa. Esta é alternativa que chegou. Aqui em azul seria água da lagoa de
Jacarepaguá; em vermelho, a lagoa da Tijuca; em amarelo, a água da lagoa de Marapendi. Reparem
qual é a troca hídrica dela. Praticamente nenhuma. Pouco de troca hídrica consegue a primeira lagoa,
ainda assim é muito pouco, ou seja, a variação de maré mal entra na, na hora que ela está com
dificuldade imensa de chegar aqui, já está na hora de ela voltar. O próximo, por favor. Após as
intervenções, reparem que a troca hídrica vai ficar mais da metade, na variação de maré, mais da
metade da lagoa de Marapendi, praticamente toda esta Camorim e dois terços da lagoa de Jacarepaguá.
Isto associado à contribuição de retirada e do lançamento de esgotos e do bloqueio dos esgotos aqui
faria o complemento que se pretende. O próximo. Esta é a expectativa de obra que acontecerá depois
das intervenções. Joatinga, 61%; Jacarepaguá, 100%, Camorim, 90%; Tijuca, 59%. Ou seja, a quantidade
de água adicional que vai ter a troca destas lagoas. O próximo. Aqui são diversos slides mostrando, mas
eu tenho certeza que a equipe que preparou o RAS vai detalhar isso com mais precisão, mas todo tipo
ensaios foram feitos, não só ensaios de sedimentos, mas ensaios da qualidade da água, atendendo às
resoluções pertinentes sobre o assunto. O próximo. Também é a mesma coisa, pode passar. Aí é para
dizer que foram mais de 228 ensaios efetuados. E é importante dizer que nós temos aproximadamente
do total, aproximadamente 70% é areia, e aproximadamente 30% do volume que vai ser retirado é
argila e silde, ou seja, material menor, digometria menor. Próximo. Também isso a parte ambiental vai
detalhar melhor do que eu. Pode continuar. Outro problema... pode seguir... outro problema é uma vez
que vai se retirar um material, vai desassorear, aonde lançar ele? O material fino e um pouco misturado
tem algumas alternativas, várias alternativas foram estudadas e se escolheu estas regiões para o
lançamento e, principalmente, uma região que seria, nós estamos chamando de ilha parque, na
realidade, é assoreamentos já existentes e que, agora, eles ficariam assoreamento do bem, vai se
transformar num depósito. Para o restante da lagoa respirar, ela passaria a ser o depósito do material a
ser retirado das lagoas, principalmente este material mais fino para se formar, para que tenha uma
consistência complicada de se transportar. Uma alternativa a se lançar próximo do local seria lançar no
aterro sanitário. Aí nós teríamos que ir a 45, 50 km de distância. Todas as lagoas têm uma seção de
projetos mínima necessária, é claro que quanto mais seria melhor, a quantidade mínima necessária para
promover esta circulação. A lagoa de Camorim, de Jacarepaguá. Próximo. Esta, Joatinga e da Tijuca. As
seções finais após as intervenções de desassoreamento que serão feitas. Próximo. esta é a chama ilha, e
eu fiz questão de deixa-la nesta mesma posição porque alguns dos senhores que estão aqui já devem
estar cansados da minha cara, porque eu já vim aqui pelo menos umas cinco vezes. Eu já estive na
Península, já estive no Clube, j[á estive algumas vezes procurando discutir com os senhores, com toda a
sociedade e com a área técnica e uma das reivindicações que foram feitas e a que eu fiz questão... vocês
vão reparar, já a apresentação do RAS está diferente. Foi solicitado aqui neste mesmo local que isso
mudasse um pouco de posição, melhorasse de posição para...porque esta região seria um refúgio da
fauna local e se mudasse a posição. Eu deixei nesta posição para vocês compararem com a posição
definitiva que ficou. Foi uma excelente contribuição que a sociedade deu e se incorporou. Esta, já na
nova posição, seria a ilha formada com material, ilha parque, formada com material a ser retirado
destas lagoas. Próximo. Aí é só a posição dela com aqueles geobergues encapsulado. Alguns dos
senhores já deve ter visto durante a execução lá nas intervenções do Canal do Fundão com grandes
salsichões pretos que foram colocado material e se cobriu, formando lá um paisagismo na Ilha do
Fundão, na universidade. A mesma coisa é o que está se propondo para cá. Pode seguir. Outra proposta
à disposição é esta. Próxima. Pode continuar. Eles vão detalhar bem isso. Isso tudo com pré-
disposições. Pode seguir. Pode seguir. Este é o tipo de encapsulamento do material que sairá para
formação da ilha parque. Pode continuar. O processo como é feito, dragagem, depois tem um produto
químico, polímero, aglutina para o geoteste. Pode seguir. A expectativa do projeto de planejamento de
dragagem, é claro que são quatro dragas operando ao mesmo tempo e devemos ter uma ou duas outras
de stand-by cobrindo alguns pontos. É claro que, se isso fosse um rio, a dragagem seria certamente de
gilsantes para montantes, começaríamos na foz e iriamos caminhando para montante. Aqui, não tem
tanto esta necessidade, mas também vai ser assim, sempre se começa da foz e caminha-se para dentro.
Mas como aqui vamos ter quatro pontos simultâneos e não há tanta necessidade disso por não ser um
rio, um rio teria que ser assim: aqui também será da foz, ou seja, de jusante para montante. A
expectativa é que de dragagem vamos ter no máximo 24 meses e o projeto todo leve 30 meses. Ou seja,
estamos, se a gente conseguir começar agora em julho, vamos terminar no final de 2015. Um outro
atraso que sempre, normalmente acontece um ou dois meses, estamos terminando em cima da data
olímpica. Próximo, por favor. Este é o guia-corrente, espigão mole, que também está aqui. Este, eu
mudei. Daqui, uma licitação, se é que seria possível utilizar as pedras que estão saindo do metro. Isso
está sendo estudado e, provavelmente, será usado. Está sendo estudado e, provavelmente, será usado.
Também veio uma solicitação que também veio deste mesmo recinto. Volta um pouquinho. Também
uma outra solicitação que saiu daqui e que também será incorporado é a ajustar o perfil, o que não tem
aumento de custo, o perfil da guia-corrente, ou seja, deste espigão de modo a permitir uma melhor
facilidade, de uma melhor entrada dos barcos aqui nesta região, barco de passeio, que não sirva apenas
para reduzir o assoreamento na foz, que ele proteja a entrada e faça uma entrada mais fácil de barcos.
Próximo. A guia-corrente. Pode continuar. Esta é uma alternativa. Pode seguir. São detalhes técnicos
que, nós conseguindo a solicitação de vocês, as pedras para não sair em caminhões, para não levar para
bota-fora longe, a gente faria uma britagem, prepararia este tipo de material para ser lançado no local
lá. Isso seria o próximo passo. Pode seguir. São detalhes, vários guia-correntes são feitos assim. Pode
seguir. Mais um. Aí. Estas seriam aquele cordão de isolamento para que a contaminação, enquanto não
se consiga fazer o esgotamento sanitário clássico, faria este cordão de proteção às lagoas através de
tratamento da totalidade dos rios que chegam às lagoas. Entendendo sempre que este tipo de
procedimento não é alternativa à coleta de esgoto convencional, é apenas complementação e
antecipação de um resultado que o certo e o desejável é que o esgoto seja totalmente coletado e
tratado. Este procedimento é uma antecipação de resultado para que não se condene a sociedade e a
nós que aqui estamos à conviver com esta contaminação até que se consiga. E não vai de conseguir
antes de 15, 20 anos. Esta é a realidade. Então, vamos antecipar o resultado enquanto vai se continuar
buscando o tratamento coleta clássica, que é o que se deseja. Então, não é alternativa, uma
complementação e antecipação de resultados. Próximo. A expectativa, 30 meses e está orçado por nós
em torno de 602 milhões. Mais um. Esta última, eu botei, só um instante, nosso presidente, só para
ilustrar o que seria se nós tivéssemos que carregar este material dragado daqui e levado, levar ele até o
aterro sanitário. Apesar de ser um destino final ambientalmente adequado, nós teríamos, ao longo de
dois anos, 150 caminhões de 15 toneladas para levar até 55 ângulos de distância, apenas um terço do
material que vai ser retirado. Agora, imagem vocês que vivem aqui diariamente, imaginem aqui com
mais 150 caminhões transportando, 300 viagens de caminhões ao longo de anos levando este material
para levar apenas um terço. Se fosse para transportar tudo, seriam 400 caminhões por dia para levar
este material até lá. Obrigado.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Então, esta foi a apresentação pelo projeto do professor Antônio da Hora.
Continuando nossa reunião, agora, a representante da consultora que fez o estudo do RAS, sra. Tatiana
Pacheco vai apresentar o relatório, as pessoas estão se inscrevendo aqui, em seguida, iniciaremos a fase
dos debates após a apresentação. Obrigado.
TATIANA PACHECO: Boa noite a todos. Meu nome é Tatiana Pacheco, eu sou da empresa Masterplan,
que elaborou o relatório ambiental simplificado. Eu sou bióloga e mestre em engenharia ambiental e fui
uma das coordenadoras do projeto deste trabalho. Primeiramente, queria falar de forma bem rápida o
que é a Masterplan. Masterplan é uma empresa de consultoria que atua em diversas áreas de
assessoria estratégica, assistenciamento ambiental com elaboração de estudo de impactos ambientais,
estudos de viabilidade, relatórios ambientais simplificados entre outros, gestão ambiebtal, auditoria,
análise de riscos, gestão de recursos hídricos, qualidade do ar, investigação e remediação de áreas de
contaminadas, gerenciamento de resíduos dentre outras. É uma empresa que tem sua matriz no Rio de
Janeiro e uma filial em Sergipe e outra em Pernambuco. Apenas para ilustrar a cronologia deste
processo de licenciamento, em novembro de 2011 foi dado entrada deste processo de solicitação de
licença prévia no Inea. Em fevereiro de 2012, foi publicada ET com as orientações para elaboração do
estudo. Em outubro de 2012, após diversas sugestões de órgãos e institutos, foi elaborada uma ET
complementar emitida pela Inea. A partir daí o RAS foi complementado e concluído e entregue em
fevereiro de 2013, sendo em março emitido o aceite pelo órgão ambiental. Dando continuidade ao
processo de licenciamento, hoje, nós estamos aqui com a reunião técnica informativa para divulgar os
resultados do RAS. Então, na apresentação, a gente não vai novamente apresentar os dados do
empreendimento, que já foram apresentados pelo dr. Antônio da Hora. A gente vai falar sobre o
objetivo do trabalho, do nosso RAS, as alternativas tecnológicas locacionais que eu vou falar também de
forma sucinta, porque o dr. Antônio da Hora já falou algumas coisas, as áreas de influencias que foram
definidas para o trabalho, o diagnóstico ambiental, avaliação de impactos, os programas ambientais
propostos para mitigar estes impactos identificados, prognóstico, as conclusões, recomendações e a
equipe técnica. Então, este trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade do licenciamento da
dragagem nas lagoas da Tijuca, Jacarepaguá, Camorim e Marapendi e no canal da Joatinga, o
prolongamento do mole no canal da Joatinga e a criação da llha parque. Então, ali é apenas para ilustrar
mais uma vez a área de estudo, que são as lagoas e a área de prolongamento do mole. Então, como o
dr. Antônio da Hora falou, foram avaliadas alternativas de disposição do material dragado, sendo
considerado como mais viável a disposição em terra. Foram avaliadas cinco áreas, onde três foram
definidas como áreas principais e duas alternativas. Então, estas avaliações, como ele já havia falado
sobre a disposição em alto mar, a disposição em aterro sanitário ou em terra, elas consideraram
critérios, tais como: facilidade de acesso, negociações com proprietários, distância de transporte de
material dragado, condições do solo, que foram definidas a partir das análises técnicas e quantidade de
material a se disposto. Então, apenas para ilustrar ali as áreas, Marapendi, Centro Metropolitano, Pedra-
Panela A e B, que são áreas consideradas alternativas, caso haja inviabilidade de disposição nas outras
três áreas e a ilha já com a nova formação. Então, após as considerações da primeira reunião que teve
sobre o projeto, foi reduzido o tamanho da área para cerca de 300 mil metros quadrado. Foram
estudadas as tecnologias para dragagem, considerando dragas do tipo hoper, back holl e back shell,
sendo escolhida a tecnologia hoper por ser a que apresenta o menor índice de dispersão de sedimentos.
Para o prolongamento do mole, conforme o dr. Antônio da Hora falou, foram considerados o
enrocamento tradicional, com uso de pedras e ainda o enrocamento com pedrápode. Aí por
inviabilidade, o projeto optou por pedras. Então, para elaboração do estudo, foram definidas áreas de
influencia, sendo definido como área diretamente afetada. Ou seja, a área da intervenção do projeto.
Para os meios físicos e bióticos, foram consideradas as áreas onde vão ocorrer as dragagens, a
disposição do material dragado e ainda área de ampliação. A gente incluiu neste estudo as áreas de
disposição alternativa, chamadas de Pedra-Panela A e B. para sócio economia, a gente estudou a área
de disposição dos resíduos, as áreas de canteiros de obra, que ainda é uma localização estimada, ainda
não está completamente definida, e como uma área pontual, a gente considerou a central de
tratamento de resíduos de Seropédica , que vai receber os resíduos retirados a partir das dragagens. O
mapa ilustrando. Aqui em vermelho, as áreas de disposição; em amarelo, não sei se está dando para ver
muito bem, são as localizações estimadas dos canteiros, é um aqui na ponta perto do Pepe, mais aqui
para o meio, um no Centro Metropolitano e Marapendi. Então, para área de influencia direta, para os
meios físico e biótico, foi considerada uma buffer no entorno da área diretamente afetada,
incorporando todas as áreas que vão ser impactadas pela obra. Para sócio economia, têm os bairros que
são confrontantes com as lagoas, ou seja, Barra da Tijuca, Tijuca, Camorim, Jacarepaguá, Itanhangá e
Recreio dos Bandeirantes. Como área de influencia indireta, foram considerados por meio físico e
biótico, a bacia hidrográfica de Jacarepaguá. Está demarcado aqui pela linha vermelha, eu não sei se
vocês estão conseguindo ver, incorporando ainda o perímetro de faixa marinha. Para sócio economia,
foram consideradas as regiões administrativas da Barra, Cidade de Deus e Jacarepaguá. A partir desta
definição de áreas de influencia, foram elaboradas o diagnóstico ambiental, contemplando os
compartimentos físico, biótico e sócio econômico. Este trabalho foi bastante extenso. Eu não vou
detalhar todos os resultados. A gente está, eu vou falar, hoje, de alguns estudos que foram feitos ou
outros que foram elaborados por instrução técnica do Inea e podem ser verificados diretamente no RAS.
Realmente, o estudo é muito longo, se fosse colocar tudo que foi feito, eu ia ficar horas aqui falando. A
gente realmente vai falar das partes principais. Como a maioria já conhece a região. A área de
intervenção para estas obras é uma área predominantemente de planícies, com a presença de maciços
da Pedra Branca e da Tijuca. Eu vou passar de forma sucinta porque o dr. Antônio da Hora já falou. A
gente tem uma glanometria nas lagoas de Jacarepaguá, Tijuca e Camorim com sedimento bastante
suntuoso, tendo em vista a característica da área, que é uma região de deposição e sedimentação. Na
lagoa de Marapendi e no canal da Joatinga pela proximidade com o mar, a gente tem a ação das marés
que carreia areia. A gente tem um sedimento predominantemente arenoso. Então, foi realizada uma
caracterização geotécnica destas áreas de disposição onde foi verificada estabilidade através de um
programa computacional e os parâmetros de resistência do solo foram definidos a partir de sondagens
desta percussão e ensaios glonométricos para cada área. A partir destes estudos, verificou-se que o
fator de segurança crítico confere as condições necessárias de estabilidade para as áreas de disposição.
Então, foi feita a caracterização quali-quantitativa do material a ser dragado com base nas conamas 344,
420, 454 do Conama. Lembrando que, quando a instrução técnica foi emitida, ainda não havia sido
publicada a Conama 454, mas como o RAS ainda estava em andamento na época da publicação, a gente
conseguiu considerar e verificou que os resultados atendiam a estas resoluções também. Foram
coletados 47 testemunhas em 62 estações de coleta em todo o trecho a ser dragado em 2011. Apenas
para ilustrar, os pontos de dragagem destes sedimentos. Eles cobriram toda a área das lagoas. Aqui, a
gente pode ver a lagoa de Jacarepaguá, Camorim, lagoa da Tijuca e no canal da Joatinga. Lagoa de
Marapendi, a gente dividiu em 4 figuras para ficar mais fácil, mas os pontos cobriram toda área. Com
base nos resultados, verificou-se que em alguns pontos sedimentos apresentaram concentração acima
do nível 1 em relação ao que preconiza a Conama 344 para alguns metais, chumbo, zinco, níquel e
cromo. Embora tenham sido encontrados estes valores acima do nível 1, todos os valores encontrados
nas análises realizadas estiveram abaixo do nível 2, que é aquele linear acima do qual se prevê algum
efeito para biota. Foi realizada ainda a caracterização da qualidade da água das lagoas. Esta
caracterização levou em conta dados de levantamento de campo que havia sido realizado para este
projeto em 2011, dados de um levantamento de campo feito pela Masterplan em 2012, considerando
parâmetros físicos e biológicos, boletins de monitoramento da qualidade da agua da região do complexo
lagunar pelo Inea entre 2007 e 2011 e outros estudos pretéritos realizados na região. Estas análises
foram feitas com base na Conama 357 para águas salobras classe 1 e verificou-se que parte dos valores
para os parâmetros estudados estiveram acima dos padrões estabelecidos por esta resolução para
águas salobras. A gente pode ver, como é sabido na região, o complexo lagunar apresenta uma carga
orgânica elevada e um lançamento sem controle de esgotamento sanitário, o que contribui para o
comprometimento da qualidade da água. Foi estudada, além da qualidade da água das lagoas, a
qualidade da água do mar com base em resultados do monitoramento feito pelo Inea em praias da
região. O Inea monitora nestes pontos e, a partir destes pontos, a gente fez uma análise. A partir da
análise realizada, a gente verificou que a qualidade da água normalmente é entre boa e ótima. As praias
de área de influencia do projeto, sendo que, após chuvas intensas, as águas ficam impróprias, sobretudo
as próximas ao canal da Joatinga. Além da modelagem hidrodinâmica do estudo de comportamento
realizada para elaboração do projeto básico, conforme foi mostrado pelo dr. Antônio da Hora, foi
realizado um estudo complementar hidrodinâmico. Este estudo considerou o estado atual das lagoas e
alguns outros cenários representaram alternativas, tanto para dragagem quanto para posicionamento
do mole, do guia-corrente. Foram feitas simulações através do modelo cis-baía. Estes estudos
consideraram períodos de seca, chuva. Com base nas modelagens realizadas, verificou-se 30% da vasão,
ou seja, uma troca mais intensa de água entre os compartimentos do complexo lagunar e do próprio
complexo do mar. Em relação ao prolongamento do mole, verificou-se ainda que vai haver uma
diminuição do fluxo, mais especificamente no entorno da praia do Pepe. Além do comportamento
aerodinâmico, foi estudado as alterações costeiras, as possíveis alterações na dinâmica em função do
prolongamento do mole, o mole existente hoje é assim, sendo proposto pelo projeto este
prolongamento. Então, foi feita esta avaliação, foi feita com base no estudo de propagação de ondas
pelo modelo cis-baía, foi feita avaliação do transporte de sedimentos induzidos pelas correntes,
avaliações das modificações também pelo cis-baía, considerando ainda diferentes alternativas do
formato de guia-corrente e considerando ainda as marés de quadradura e cis-gisa. Com base nestes
estudos, verificou-se assoreamento na região vai diminuir de forma significativa e, conforme já falado
anteriormente, o estudo propõe um formato de estudo que elimina a necessidade de remover
estruturas existentes e ainda resulta, perdão, não resulta em amplificação das ondas superiores a que já
têm hoje. Aquele formato acompanhando a pedra, conforme dr. da Hora mostrou. Continuando nas
modelagens, simulações com tempo de residência da água onde foram estudados 5 casos. Caso A,
projeto original, caso B, foi o projeto original mais a dragagem do canal de Marapendi, caso C, projeto
com o alargamento da saída do canal, caso D, o projeto com o alargamento mais a dragagem do canal
de Marapendi, caso E, projeto original com reposicionamento da nova ilha, que também já foi
incorporada ao projeto. A partir desta simulação, verificou-se o que já era esperado, que vai haver uma
diminuição no tempo de residência, o que ocorre de maneira diferenciada em cada área. Sendo
verificado no canal da Joatinga o menor tempo de renovação. Então, a gente sai de um cenário de 121
dias hoje para um cenário de 52 dias, isso considerando, para uma renovação de 59% das águas,
considerando, então, este projeto que a gente tem hoje, projeto original. Entrando no meio biótico,
foram feitos estudos para fauna, sendo considerados para fauna terrestre estudos com base em fatos
secundários, ou seja, o levantamento de bibliografia e para etiofauna, foi feito um levantamento com
base em dados primários, sendo que não houve coleta, foram apenas realizadas entrevistas com
pesquisadores da região e dados secundários. Foram encontradas espécies já típicas da região, com
destaque para jacaré do papo-amarelo, que é abundante no complexo. Entre as aves, foram registradas
a presença do biguá e da garça vaqueira, como a gente pode ver aqui nas ilustrações. Então, em relação
a etino fauna, com base nos levantamentos realizados tanto de bibliografia como entrevista com os
pescadores, foi verificada nas principais espécies verificadas na área de influencia direta do projeto
espécies como a sovela, carapicu, peixe-rei, que também são típicas. Então, para flora, foi feito um
levantamento com base em dados secundários e de campo através de amostragens. Foram
considerados 38 pontos na área de influencia do empreendimento. Eu não sei se está dando para ver
direito, mas estes pontos em roxo são os pontos de caracterização que contemplam as áreas de
intervenção e as áreas fora, que são as que estão na área de intervenção direta. Aqui, a gente só vê um
destaque porque têm dois pontos próximos a Pedra-Panela e aqui não está dando para ver direito, aliás
aqui, bem perto da Panela. Durante este levantamento, tanto foram registradas 275 espécies, sendo
que, destas, algumas são arbóreas, 174, o restante divide entre herbácea, arbusto, trepadeira e
subarbusto. Deste total, 53 espécies são exóticas. A gente vê uma bromélia e aqui o cabroco como
espécies encontradas. Então, a gente pode ver que, a na região, foram encontradas áreas de mangue.
Pode passar. Áreas de restinga e áreas de mata paludó. Durante este levantamento, verificou-se que,
considerando a lista de espécie da flora brasileira ameaçada de extinção, não foi encontrada nenhuma
espécie. Considerando, agora, a lista de espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção na cidade do
Rio de Janeiro, que é uma lista elaborada pela Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, foram
encontradas 4 espécies, sendo uma delas na área do centro metropolitano, e as outras 3 em áreas que
são próximas, adjacentes a área de disposição do Marapendi. O meio sócio econômico foi estudado a
partir de diversos levantamentos, foram considerados dados do IBGE, Instituto Pereira Passos,
informações da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e do Governo do Estado, informações do próprio
projeto, estudos disponíveis sobre a cidade do Rio de Janeiro, informações cartográficas, levantamentos
de campo e entrevistas com os representantes das instituições locais. Então, destacando alguns
resultados sócio econômico, verificou-se que cerca de 33% da área de abrangência do projeto é
considerada como área urbanizada e com predomínio de áreas naturais. Sendo que, deste total de áreas
naturais, cerca de 52% correspondem à cobertura vegetal. Em relação aos empregos gerados pelas
obras, é prevista contratação direta de cerca de 540 trabalhadores com uma previsão de
aproximadamente 1.600 empregos indiretos associados à fase da obra. Foram feitas entrevistas com as
entidades próximas a áreas de intervenção, a área onde vai acontecer o projeto, onde a gente verificou
que todas estas instituições são favoráveis ao projeto com alguns complementos. A Câmara Comunitária
da Barra e o Barra Alerta, associação civil, inferem que obras que devem ser aliadas à ampla cobertura
das redes de tratamento de esgoto na bacia. A Câmara Comunitária da Barra e Jacarepaguá acredita que
o principal problema é o lançamento direto de esgoto e de resíduo nas lagoas. A Associação de
Moradores e Pescadores da Vila Autódromo, ela infere que estas obras não podem significar remoção
da população do entorno. Foi feita ainda entrevista com o pessoal da Associação de Pescadores da Praia
dos Amores, que estão favoráveis ao projeto, mas eles entendem que a ação deve ser abrangente para
manter as condições ambientais da lagoa e reativação das atividades pesqueiras. O Instituto Lagoa Viva,
que identifica também como de alta importância o projeto, sobretudo porque ele associa o principal
objetivo do instituto, que é de revitalização e conservação permanente da sub-bacia hidrográfica. Foram
levantados dados de saneamento básico também onde foi verificado influencia direta. Lembrando que
área de influência direta foram delimitados aos bairros do entorno, Barra, Recreio, Itanhangá, Camorim
e Jacarepaguá e foi verificado que um grande percentual, 96, 99%, respectivamente, possuem
abastecimento de água e coleta de lixo. Em relação ao esgotamento sanitário, cerca de 80% dos
domicílios são ligados à rede geral de esgoto. Aí a gente pode fazer uma comparação pelos bairros onde
a gente verifica que Camorim e Itanhangá é a região onde tem a menor proporção. O lilás são os dados
de 2010, os roxinhos aqui mais escuros são os dados de 2000. A gente ver que realmente são estes dois
bairros que possuem menor ligação à rede geral de esgoto. Foi verificada a presença de atividade
pesqueira amadora no canal da Joatinga. Foram avaliados sistema de transporte, onde a gente verifica,
considerando os transportes terrestres, que hoje as vias da Barra têm um alto volume de tráfego diário,
somando a isso a implantação do BRT e do metro, a linha 4 do metrô. Volta. Considerando transporte
aquaviário, foi constatado que na lagoa de Marapendi tem o uso de balsa para travessia tanto da
população residente como usuária dos clubes, estimando-se que cerca de 15% desta população local
faça uso da balsa. Foi feito ainda o diagnóstico não interventivo da arqueologia na região, onde
verificou-se que existem pesquisas arqueologias da década de 70 nas regiões administrativas de
Jacarepaguá e da Barra, onde havia sido identificados, registrados sítios que hoje já se encontram
totalmente destruídos, a maioria destes sítios se encontra totalmente destruído. Nestas vistorias, que
foram realizadas em 2012, verificou-se um potencial vestígio arqueológico, possivelmente referente a
uma louça que foi encontrada na área de disposição centro metropolitano. Com base neste diagnóstico
ambiental realizado, foi feita avaliação de impactos ambientais. Estes impactos foram classificados com
base na sua magnitude baixo, moderado e alto, sendo identificado dos 33 impactos que foram
classificados como positivos e negativos, foram realizados aos seus compartimentos, meio físico, biótico
e sócio econômico. Quando a gente compara as fases, a gente tem o total de dois impactos na fase de
planejamento, na fase de execução, a gente vê 21 impactos na fase de execução. Ah, está invertido,
perdão. Seriam 21 impactos negativos na fase de execução e 3 positivos. Lembrando que a grande parte
destes impactos é temporária. Peço perdão a vocês, porque ficou invertido na tabela. Então, são 21
impactos negativos e 3 positivos na fase de execução. Com contrapartida, na fase de pós-execução. Ou
seja, depois das obras, a gente tem 8 impactos positivos e 2 negativos. A gente vai destacar os principais
impactos, não estou listando todos. Na fase de planejamento, como principais impactos, a gente
identifica as manifestações e órgãos e entidades da sociedade civil organizada e a geração de
expectativa na população. Seria na fase antes da ocorrência das obras. Durante a execução das obras, a
gente tem, como principais impactos positivos, alteração na qualidade da água, interferência em áreas
legalmente protegidas, mortandade da bioaquatica, incômodos à vizinhança devido aos transtornos que
as obras vão causar e o atrito com a população em função das obras. E, como principal impacto positivo,
a gente tem a identificação e resgate de sítios com valor arqueológico cultural. Após a execução das
obras, concluídas as obras de dragagem, prolongamento do mole, a gente tem, como principais
impactos positivos, a melhoria da qualidade da água, alteração hidrodinâmica do complexo, melhoria
das condições do habitat do bioaquatica, alteração do uso do solo e da paisagem, uma dinamização da
atividade pesqueira, atividades de turismo e lazer, também do transporte aquaviário local e, com tudo
isso, uma melhoria da qualidade de vida da população. Com base nestes impactos identificados, o
estudo põe medidas mitigadoras e ainda programas ambientais. Então, foi proposto um plano ambiental
de obras onde são contemplados seis programas, programas de monitoramento de fluência, programa
de gerenciamento de resíduos, programa de controle e monitoramento de ruídos, de monitoramento e
controle de processos erosivos e movimentos de massa, programa de controle da qualidade do ar e um
programa de patrimônio cultural e de arqueologia preventiva. Além destes programas contemplados no
plano ambiental de obra, são propostos 9 subprogramas a partir de um programa de gestão ambiental,
considerando monitoramento da qualidade da água e sedimento, monitoramento da qualidade do solo
nas áreas de disposição, um subprograma de resgate e translocação com monitoramento da fauna
terrestre, subprograma de flora de monitoramento de flora de manguezal, monitoramento da ictiofauna
os invertebrados biotômicos, subprograma de acompanhamento da supressão vegetal, comunicação e
responsabilidade social e um subprograma de educação ambiental. Foi considerado um prodiagnóstico
em relação ao projeto. O que aconteceria sem a execução deste projeto? A gente teria a redução do
espelho d’água, perda da ecoaquática, redução da macrofitas, o comprometimento da qualidade das
águas, sobretudo na Barra, no canal da Joatinga. Ou seja, a não execução dessas obras vai implicar na
permanência do estado atual, que é de degradação contínua e comprometimento da qualidade das
águas do complexo lagunar de Jacarepaguá. Com a execução do projeto, espera-se uma melhoria nas
condições hidrodinâmicas do complexo, e, com isso, a melhoria na qualidade da água, a potencialidade
de incremento do transporte aquaviário. Lembrando que o estudo está propondo uma alternativa que
considera melhoria e segurança na navegabilidade, dinamização das atividades de lazer, uma
recomposição da paisagem cênica, porque a gente vai ter um aumento de espelho d’água e uma
consequente redução de sedimentos no canal da Joatinga, melhoria das condições pro-bióticas e, com
isso, a dinamização da atividade pesqueira. Com base em todo o estudo elaborado e todos os resultados
encontrados, a empresa de consultoria conclui que a execução do projeto de fato vai promover
melhoria nas condições hidrodinâmicas do complexo. Dentre os benefícios já destacados, a gente
ressalta melhoria da dinâmica, na circulação das águas das lagoas, redução do tempo de
desassoreamento no canal da Joatinga, recomposição da paisagem, melhoria das condições de
navegabilidade e das condições bioaquáticas, melhoria nas condições de pesca, a possibilidade de
incremento do transporte aquaviário, valorização imobiliária dos imóveis do entorno e, com isso, a
melhoria da autoestima da população local. A gente destaca que este projeto que está em
licenciamento é um projeto que por si só não representa a recuperação ambiental das lagoas de
Jacarepaguá, do complexo lagunar. Uma parte destas obras, destas ações deve tomada para
recuperação ambiental. A gente destaca um conjunto de ações e obras que devem ser implementadas
para de fato conseguir recuperação ambiental como complemento ao que está sendo proposto no
presente licenciamento. Seriam estas ações, então, programa de coleta de resíduos para as
comunidades de baixa renda do entorno, implantação, continuidade da implantação das UTRs,
ampliação do sistema de coleta e tratamento de esgoto sanitário já iniciado. Não adianta a gente só
implantar as UTRs se a gente não ampliar também o sistema de coleta e tratamento. E um aumento
nesta rotina de fiscalização já existe, mas a gente destaca um aumento nesta rotina de fiscalização em
relação ao lançamento de efluentes, tanto em áreas industriais quanto em áreas residenciais, nos
condomínios. Então, diante de todo o estudo elaborado, resultados encontrados, a empresa conclui que
o projeto é ambientalmente viável desde que sejam implementadas as medidas ambientais de controle
de mitigação e os programas que estão sendo propostos no estudo, né? Buscando monitorar e
minimizar os impactos causados durante a execução das obras. Então, a empresa recomenda que o
material dragado na lagoa da Tijuca seja disposto de albergues, que serão assentados na ilha parque.
Com que objetivo? A gente recomenda isso para que dê uma garantia adicional no descarte do efluente
que vai retornar para o complexo. Com base na modelagem, conforme eu falei, recomenda-se que
sejam estudados e aprofundados o estudo e o traçado do mole na fase do projeto executivo, buscando a
melhoria e segurança da navegabilidade e, principalmente, em época de mar mais agitado. Em relação à
vegetação, recomenda-se um levantamento mais minucioso, um senso florestal, considerando 100% da
vegetação da área que vai ser suprimida para a execução do projeto para confirmar realmente a
ocorrência de áreas com presença de espécies ameaçadas de extinção. Este estudo foi elaborado por
uma equipe multidisciplinar, com profissionais da área de química, biologia, engenharia, direito,
meteorologia, cenografia, oceanografia, sociologia, arqueologia e foi coordenado pelo Rodrigo Belloni,
que é arquiteto urbanístico e por mim, que sou bióloga. Obrigada.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Obrigado pela apresentação da Tatiana. Queria também registrar a
presença da deputada Aspásia Camargo, muito obrigado pela presença. Os representantes também do
Ministério Público, agradecer aos nossos representantes, anfitriãs aqui da Câmara Comunitária, um
lugar muito agradável, também a presença de todos e as saudações e comentário de nosso secretário
Carlos Minc.
CARLOS MINC: Boa noite a todos e a todas. Mais uma vez aqui sempre discutindo. Estivemos, não há
muito tempo aqui, numa audiência, na apresentação do projeto e hoje estamos nesta reunião técnica,
que é informativa de apresentação do RAS, que foi o que foi apresentado agora e vai ser então, têm
várias pessoas inscritas para exatamente discutir como é objetivo nisso. Eu queria apenas chamar
atenção de alguns pontos e como a Secretaria, que é a preponente da obra, por que ela priorizou esta
obra em associação com a obra do saneamento, que é outra prioridade da Secretaria. E por que
priorizar também esta região e de que forma estas duas grandes obras combinadas do saneamento, que
a gente faz em parceria com a Cedae, e esta recuperação, dragagem, recuperação dos canais, ilha,
ampliação do que é quebra-mar, vegetação, em suma, todos estes aspectos estão dentro de uma
concepção muito mais ampla que obviamente não foi inventada pela Secretaria. Quer dizer, há muitos
anos, técnicos, ambientalistas, Câmara Comunitária, várias associações, clube de engenharia, CREA,
parlamento, ou seja, na verdade, esta obra é um grande anseio da sociedade há muitos e muitos anos.
Então, eu acho que, na verdade, o mérito da Secretaria não é ter inventado pólvora, é estar prestes a
começar a fazer algo que muitos, há muitos anos, anseiam, que é a recuperação deste complexo
lagunar. Então, queria, inclusive, acreditar, vejo muitos amigos aqui, David Zee, Moscatelli, tantos que,
sei lá, durante muito mais que 20 anos estão ralando por isso e, naturalmente, um dia, além de criticar,
eu sou daqueles que, vou botar muitos anos as rolhas ecológicas na saída de esgoto e sentava lá com o
Moscatelli no meio do sofá, no meio das lagoas. Então, a gente está há tantos e tantos anos criticando
que eu acho que já estava na hora de resolver o problema. Ou seja, o diagnóstico que tudo estava
contaminado, que tudo estava assoreado, que tudo estava poluído era o que a gente estava há mais de
20 anos falando. Então, chegou a hora de resolver a parada. Ou seja, resolver assoreamento e resolver a
recuperação do complexo lagunar. E é disso que se trata, não é de outra coisa. A demanda existe há
muito tempo. Esta é a típica obra que é chamada de obra do bem, é obra para recuperar o meio
ambiente. O meio ambiente está poluído, assoreado, todo mundo sabe disso há muito tempo. A gente
aponta o dedo e vê esgoto, vê assoreamento, vê algas tóxicas, vê perda de qualidade de vida, de peixe,
de tudo. Então, chegou a hora de resolver a parada. Veja bem: eu não estou falando que apontar o dedo
para mostrar é bom. Eu mesmo passei 20 anos fazendo isso. Agora, a gente está aqui do lado do balcão
que tem que resolver o problema. Eu vi na exposição do RAS que uma das questões levantadas pelas
várias associações a questão do saneamento relacionada à dragagem e recuperação do complexo
lagunar. Bem, resumidamente, eu vou resumir bem esta parte até porque o objetivo desta reunião
técnica informativa não é o saneamento, é a obra que vai, muito brevemente, começar. Mas é claro que
uma coisa está ligada a outra e, aliás, foi esta a opinião das associações que foram consultadas, as
opiniões que foram registradas no RAS. Então, saneamento. Há 8 anos, provavelmente, 100% do esgoto
de toda esta região caía in natura dentro da lagoa. Então, nós investimos nisso, 6 anos para cá, 650
milhões de reais. Aqui, vejo companheiros nossos. Estou vendo aqui o Jorge, da Apedema, Pezão, têm
vários companheiros que chegaram e votaram este recurso. É bom lembrar também que estes recursos
foram votados por membros da sociedade civil que participam da Fecam, a Firjan, a Apedema, UFRJ,
Rede da Mata Atlântica, várias entidades, e não apenas os órgãos governamentais. É bom sempre
lembrar isso. O Fecam colocou 650 milhões em 6 anos. O que a gente fez? Uma estação de tratamento,
um emissário de 5 km, 22 elevatórias e as redes. Então, qual é o resultado hoje? Estes dados são de
2010, então, obviamente, devassados, porque a gente já está em 2013 e as obras não param. Então, o
dado atual é o seguinte: nós temos entre 85 e 90% de ligações dos domicílios da Barra à rede. Portanto,
quando eu falo a rede é elevatória, estação de tratamento, emissário. Nós temos 75 a 80% do Recreio e
45% de Jacarepaguá ligados à rede. Quer dizer: um sistema como um todo, nós temos,
aproximadamente, entre 55 e 60% de uma população, contando tudo, é praticamente um milhão de
habitantes, contando todo o Jacarepaguá, que é o lado mais difícil do saneamento. Quando a gente liga
um grande prédio, a gente liga logo 4 mil apartamentos, um grande condomínio, dois mil apartamentos.
Numa área popular, está aqui a Aspásia que comanda esta comissão na Alerj, é completamente
diferente, tem que ligar casa a casa na rede. Bom, por isso a questão das UTRs, a importância das UTRs,
que é uma obra da prefeitura, mas completamente articulada com o Governo do Estado. Nós
conversamos sempre muito bem com a prefeitura do Rio. Infelizmente, nem sempre acontece isso. O
astral dos planetas está bem alinhado, o Governo Federal, Governo Estadual e a prefeitura e é isso que
tem possibilitado muitas coisas de andarem bem felizmente. Vamos aproveitar porque não é sempre
que os planetas estão assim, alinhados. Muito bem. Então, não basta fazer o saneamento, levar a rede.
Muitos levantaram aqui, e o RAS corretamente mostrou, a importância da fiscalização. Então, só no ano
passado e o início deste ano, nós participamos diretamente de 9 operações ecológicas junto com a Zica,
agentes da Cedae, agente da delegacia de meio ambiente. No início, houve até uma compressão. Para
condomínios, muitos de classe média alta, não queriam se ligar à rede, que passava ao lado de sua casa.
Aí foi uma guerra. Vocês tem acompanhado isso em rádio, jornal e tevê e ela vai continuar porque nós
fizemos um decreto passando a rede, a casa, shopping, condomínio é notificado, tem 60 dias para se
conectar à rede e este decreto, nós preparamos ele em 2008, governador Sérgio Cabral assinou e ele
está em vigor e nós fazer o cumpra-se deste decreto. O saneamento, nós temos mais 600 milhões
aprovados pelo Fecam para concluir tudo o que falta do saneamento, já botamos 650, fizemos a
estação, o emissário, as elevatórias e estamos nestes índices que eu falei. E temos mais 600 para fazer o
resto todo em 3 anos. Agora, lembrando a todos que a recuperação do complexo lagunar Barra e
Jacarepaguá está no caderno de encargos das Olimpíadas que foi assinado pela cidade, pelo Governo do
Estado e pelo Governo Federal, pela união, o Governo assinou também. Então, tem que ser feito de
qualquer jeito e será feito. O município fez uma, com o apoio também do Governo Federal, fez uma UTR
de Arroio Fundo e vai fazer mais 4 UTRs. Nós fizemos 60%, aproximadamente, de todo saneamento e já
temos os programas e oe recursos para fazer tudo o que falta de saneamento combinando com estas
cinco UTRs, que não é exatamente saneamento na unidade de tratamento de rio, não é saneamento, é
proteção do corpo d’água, mas ela se combina bem porque dá um tempo para este espelho d’água, com
todos os ganhos dele, seja preservado. Agora, em relação à obra propriamente. Bem, o Antônio da Hora
fez a exposição dele, eu conheço esta exposição. Nós, inclusive, já debatemos aqui esta exposição, mas
eu vou chamar atenção, sem repetir, obviamente, eu vou chamar atenção de uns pontos desta obra
porque, lembrando a todos que esta obra é uma obra que está em 602 milhões com prazo de execução
de dois anos. A nossa perspectiva é começar esta obra em junho. Este edital está na rua, está no
Tribunal de Contas. Nós estamos falando sempre, têm algumas exigências tal, eu já tive o contato, as
exigências não são tão grandes assim. Tribunal também entende que é uma obra de recuperação e a
nossa expectativa é que esta licitação possa ser feita no dia para o qual está marcado ou um pouco
depois, se faltar uma coisa ou outra, e que este sonho, de tantos e tantos anos, combinado, nenhuma
obra sozinha resolve a situação, mas a gente está fazendo saneamento, estamos fazendo recuperação e
várias outras atividades de fiscalização no entorno, desmatamentos ilegais. Me lembro já há uns 3 anos,
nós tiramos 80 porcos que estavam sendo criados dentro da lagoa, na comunidade Rio das Pedras,
tiramos lá porcos grandes, depois eram vendidos aqui nas churrascarias da área sem o selo da vigilância
sanitária. Mas em suma: várias coisas têm que ser feitas, uma coisa sozinha não resolve a situação. Eu
vejo que esta obra é uma obra que, primeiro, a gente está preparando isso há uns dois anos,
praticamente, fizemos milhares de pontos de batimetria, em alguns lados, não era batimetria, era
altimetria, porque a terra já estava acima do nível da lagoa tal o assoreamento. A gente tinha altimetria,
e não batimetria. As soluções que foram sendo encontradas sempre foram sendo discutidas com a
comunidade, sempre foram discutidas. O Delair é um daqueles que sempre participou dos nossos
debates. Mesmo da última reunião. Quando foi a outra reunião que a gente teve aqui mesmo local?
Três meses? Mais ou menos, 3, 4 meses. Três meses. Várias das observações que foram feitas nesta
reunião foram incorporadas ao projeto. Uma das observações é que a ilha não deveria ser exatamente
em determinado local. Mudamos o local da olha. Uma outra observação que foi feita foi em relação ao
tipo de contenção para evitar que houvesse processo erosivo. O mole, pequena inclinação do mole no
sentido de proteger, permitir o aumento da circulação, que é o objetivo diminuir o assoreamento da
entrada da lagoa, melhorar a troca de ar. Portanto, a oxigenação, a qualidade dela, mas uma pequena
encurvadura, aumentando a proteção, já pensando num transporte aquaviário não só no interior da
lagoa, que este eu já vou falar que já está previsto e avançado, mas até um transporte aquaviário que
possa ligar lagoa a outras áreas por mar usando em suas embarcações com outra estabilidade, com
outra tecnologia. Foram sugestões também da própria Secretaria de transporte e de outros que
também foram incorporados. Então, o projeto não é um projeto que um técnico faz na prancheta e
empurra na goela abaixo. Mesmo o RAS, que foi hoje apresentado, o Ministério Público fez uma série de
sugestões em relação ao RAS original que foram incorporados ao estudo e a gente teve que levar para o
Fecam um pouco de dinheiro para fazer, porque tudo custa, né? A gente tem um dinheirinho para fazer
o RAS, o Ministério Público mais isso, isso e aquilo. A gente até podia querer contestar, dizer que era um
excesso de zelo, mas não, tudo o que o Ministério Público pediu. Claro que tinha que ter mais um
dinheirinho para fazer, mas os estudos todos que foram colocados. Então, este projeto, o RAS, tem o
dedo da associação, tem o dedo dos ambientalistas, ele tem o dedo dos pescadores, ele tem as
sugestões da área de transportes, ele tem aas sugestões do Ministério Público e as sugestões que foram
sendo incorporadas ao longo deste processo. Nós vamos dragar cinco milhões e meio, em torno de
cinco milhões de metros cúbicos, afinal de contas, uma quantidade brutal. A ideia da ilha ecológica
também, quando surgiu lá atrás, antes que achassem que era uma loucura, eu consultei vários
ambientalistas e vários técnicos, isso vai reduzir o custo da obra, não só vai criar um espaço, não vamos
construir nada neste espaço, não é solo criado para fazer mais condomínios, mais edifícios, não. Isso já
estão sendo feitos, aqui está o dr. Carlos Carvalho, vários outros que constroem aqui e contribuem
também, também dão a sua parcela até porque quem constrói é quem tem mais interesse em que isso
seja da melhor da melhor qualidade possível, não há dúvida a respeito. Eu quero dizer que esta ilha não
vai ter nenhuma construção de condomínio, vai ser um espaço, Dora deve ter mostrado isso, um espaço
ecológico com centros de educação ambiental, árvores, pássaros etc. criar um novo espaço fora de área
que afete concentração de pássaros ou qualquer coisa, fora também de área que afete a circulação
central das lagoas que têm que ser preservadas porque um dos principais pontos do projeto é melhorar
esta circulação e esta renovação das águas e dos peixes vai diminuir muito o custo, porque
naturalmente se a gente fosse dragar, além disso, toda a terra que está na ilha embaixo que a gente vai
colocar em cima, significaria muitos caminhões levando muito bota-fora para um local muito distante.
Então, uma das vantagens da ilha é diminuir a quantidade de caminhão aqui. Meu Deus do céu, aqui as
pessoas não conseguem mais andar de um lado para o outro, realmente, a gente está pensando história
de geração de tráfego junto com a prefeitura e com a CET-Rio minimizar ao máximo. E uma das formas
de minimizar é ilha, porque a ilha diminui a quantidade de bota-fora em cerca de um terço, 30%, mais
ou menos um terço e isso é significativo. Isso barateia, diminui o incômodo da população. E com as
novas sugestões que foram dadas, não atrapalha áreas que têm pássaros, mangues e também não
quebra a circulação. Se você fizesse uma ilha no meio do canal central, você estava quebrando a
circulação exatamente, seria uma besteira atrapalhar um projeto cujo objetivo é melhorar esta
circulação. Uma das sugestões que foram feitas na outra audiência há 3 meses, lembra o amigo Delair, 3
meses, foi uma coordenação nossa com a Secretaria Municipal de Transportes para coordenar esta obra
com a construção de 5 pontos onde serão as cinco estações de barca do transporte aquaviário. Quero
dizer que esta sugestão foi acatada, assim será, as reuniões estão sendo feitas e esta obra será
combinada com as cinco estações para garantir transporte hidroviário dentro do complexo lagunar. Isso
significa, amigos e amigas, que uma pessoa vai poder sair de Jacarepaguá para ir fazer suas compras,
para ir ao seu cinema em qualquer shopping da Barra sem andar de ônibus, sem andar de carro, sem
emitir CO2, sem engarrafar mais do que a Barra já está engarrafada e vai usar uma lagoa que vai passar
de uma média de 40, 50 cm para uma média de dois metros e meio, três metros de profundidade. Ou
seja, uma lagoa de verdade, e não um poção com um pouquinho de água suja em cima, que,
infelizmente, é o que esta lagoa virou depois de tantos anos de esgoto, de descaso e de assoreamento.
Esta recuperação não é só da lagoa. O da Hora mostrou muito bem, aliás, o da Hora, nosso engenheiro,
subsecretário, responsável não só por esta obra, mas por outras obras fundamentais da Secretaria,
entre as quais uma que concluímos há pouco tempo que foi a recuperação do canal do Cunha, Canal do
Fundão, de onde tiramos também mais de 4 milhões de metros cúbicos. No Canal do Cunha, no Canal do
fundão, discutimos com universidade, encapsulamos tudo. Além de quebrar um passivo ambiental e
plantar milhares de pés de mangues, aliás, 150 mil, quem coordenou isso foi o Moscatelli. Entre o canal,
a ilha do Fundão e a Maré foram 3 metros, mas, no Caju, foram 8 metros porque a gente quis reativar os
estaleiros, o Inhaúma e o rio Nave, ou seja, uma obra ambiental pode criar milhares de empregos. Antes
dizíamos que nós, os ambientalistas, éramos os empaca tudo no desenvolvimento. A gente está
mostrando que a recuperação ambiental pode ser também e deve ser, por que não? A recuperação do
emprego e da atividade econômica. O engenheiro da Hora para quem eu peço uma salva de palmas.
Nosso companheiro aqui dedicado, professor titular da UFF e é uma pessoa que nós temos plena
confiança que ele garante uma padrão de qualidade, também está sob responsabilidade dele grandes
obras, muito maiores do que estas no Noroeste fluminense que vão prevenir as inundações numa área
que vive debaixo d’água, que são aqueles rios, o Pomba e Muriaé, Lage de Muriaé, Itaperuna vivem
debaixo d’água e vão sofrer intervenções. O projeto já está feito, tem o recurso, também está em fase
licitatória e vão ser simultâneos. Eu não sei como o da Hora vai se desdobrar e colocar um pé aqui nesta
obra complexa e o outro pé no Noroeste fluminense, duas obras monstruosas, mais de 600 milhões
cada uma. Quer dizer, vai ter que rebolar, meu camarada. Mas tudo bem, tem equipe, estou vendo aqui
Marco Aurélio, vários companheiros aqui. A equipe, naturalmente, vai se desdobrar, não deixar o da
Hora sozinho numa hora dessas. Eu vejo que aos grandes ganhos desta obra vão ser a recuperação. Eu
estou pensando no esporte náutico, eu estou pensando em restaurantes, estou pensando na saúde,
estou pensando nas pessoas poderem mergulhar, nadar na lagoa. Então, um lugar que hoje pode ser
fonte de doença, de poluição, de quebra da pesca, quebra do transporte, virá, ao contrário disso, mais
pesca, mais esporte, mais turismo, mais lazer, mais restaurantes à beira d’água sem ter aquele cheirinho
horroroso desde que, obviamente, casado a dragagem com saneamento. Muitos levam também a
questão: qual é a garantia da manutenção, qual a garantia de que isso não vai andar para trás outra vez?
Nós quando fazemos uma obra importante como esta, ansiada há mais de 20 anos, tanto a do
saneamento quanto da recuperação ambiental. Quero dizer que saneamento que a gente faz com a
Cedae sempre 100% dos recursos são do Fecam. Não tem dinheiro federal, não tem dinheiro municipal.
Esta obra de saneamento, tirando a parte das UTRs, que são do município, que é complemento, mas o
saneamento, com separador absoluto, 100% recurso do Fecam. E esta obra da lagoa, cujo edital está na
rua, esta é a última audiência, que não é audiência, que é reunião técnica informativa. A audiência foi a
anterior e a discussão agora é detalhes, como sempre. É uma obra muito grande, Tribunal de Contas,
naturalmente, o melhor fiscal é sempre, eu acho, o povo consciente e, seguramente, pessoas. Daí a
importância das pessoas que estão aqui, há 20 anos lutam por isso e ficarão de olho. A gente tem
certeza de que as obras serão fiscalizadas por mais de mil olhos e há mais de mil pessoas que há tantos
anos lutam por uma coisa e não vão deixar esta coisa sem mal feita, o dinheiro ser desperdiçado, o
trabalho ser um trabalho porco, não ser um trabalho de qualidade. Duvido. Serão os fiscais destas obras,
nós também, claro, o Ministério Público também, os ambientalistas também, o CREA, o clube de
engenharia, Epedema, todos vamos fiscalizar para cada realzinho seja muito bem empregado. Eu tenho
certeza absoluta que tanto o dinheiro que a gente está pondo no saneamento ambiental quanto o
dinheiro que a gente está pondo nesta obra, que tem também recuperação dos canais, plantio dos
manguezais, a extensão de 180 metros do quebra-mar com restaurante panorâmico de 360 graus na
ponta para as pessoas comer aquele peixinho gostoso, vendo o mar por todos os lados e poder,
realmente, curtir a natureza. Uma cidade como o Rio de Janeiro, eu acho que temos poucos lugares que
aproveitam tão bem esta natureza que nos foi dada e que a gente insiste em poluir e não em recuperar,
mas esta obra é uma obra de recuperação ambiente, e, como eu disse, é uma obra do bem. Eu acho que
o valor da obra seguramente voltará muitas vezes em saúde, em qualidade de vida, em atividades
econômicas, as mais diversas, no turismo, no lazer, fazendo desta região onde a expressão qualidade de
vida marque definitivamente esta região. E vocês merecem isso, que é uma das associações e câmaras
comunitárias mais combativas e mais organizadas, tem um grupo técnico de alto nível, ambientalistas
reconhecidos e eu acho que vocês merecem. Isso não é um prêmio, é um produto natural de mais de 20
anos de luta incessante. Eu queria uma salva de palmas a todas as pessoas que acreditaram, lutaram 20
anos pelo saneamento e pela recuperação do complexo lagunar.
[Aplausos]
Eu acho que a gente não pode permitir, de forma alguma, claro que toda obra que mexe com muita
coisa, sempre pode apontar o dedo e falar: aquele bota-fora cheira um pouco mal durante alguns dias.
Aquela história lá tinha alguns peixes, durante alguns dias, aquela água vai ficar um pouco turva. Se você
quiser fazer uma obra deste tamanho e achar que não vai ter nenhum impacto negativo durante a obra,
então, realmente, não fazemos obra nenhuma. Agora, foi muito boa a apresentação e muito correta a
apresentação do RAS até para ninguém ser surpreendido porque, durante a obra, têm impactos
negativos, sim, que tem que ser como um bom RAS, ser identificados para ser minimizados estes
impactos negativos. Seria um absurdo você dizer que não terá nenhum impacto negativo você tirar 5
milhões de metros cúbicos numa área superpovoada de gente para tudo que é lado. É claro que tem
impacto, tem mais caminhão, vai ter revolução de material e soma, foram listados os impactos. A boa
obra não é que a não tem nenhum impacto negativo, a boa obra é que estes impactos negativos são
identificados, inimizados, que há vários programas de controle, de monitoramento de medidas
paliativas, de medidas diversas e que os impactos positivos que esta obra vai ter superam em dezenas
ou centenas de vezes os impactos negativos que nós vamos ter durante dois anos de obras. Ou alguém
vai imaginar que a gente vai ter 100% de impactos positivos e zero de incômodo durante uma obra
deste tamanho. Só se a gente chamasse o Super-Homem para descer aqui com uma capa magica,
pegava 4 milhões de metros cúbicos, botava nas costas e levava isso para um outro planeta muito
distante. Não é assim. Agora, você identificando os impactos e os programas, eu quero dizer para a
equipe competente que fez este RAS, desde já, que a Secretaria aceita integralmente todas as sugestões
de programas que minimizem, monitorem e, em suma, diminuam estes impactos. Me parece bastante
razoável. Esta foi uma sugestão da equipe que fez, de uma equipe independente. Disso aqui, a gente
concorda metade, a outra metade é purpurina decorativa, para brilhar aqui, para agradar a plateia. Não.
Nós, desde já, vamos acatar estas recomendações e vamos colocar todos estes programas, porque a
gente brigou anos por isso. Eu mesmo fiz a lei da IEIA Rima, a lei das audiências públicas, só faltava a
gente agora sentar aqui do outro lado do balcão e falar: não, vocês estão exagerando, isso vai ficar
muito caro, vai dar muito trabalho, vamos fazer a metade disso que já está de bom tamanho. Metade
nada. Vamos fazer tudo isso porque é razoável. Dentro de uma obra de 600 milhões tomar todas estas
medidas não vai custar 5% do valor de uma obra dessas. É ótimo, é necessário que você identificar e
minimizar estes impactos. A população merece isso.
[Aplausos]
Por que, tendo ele sido identificado num programa ou vários programas que diminuam, por que a gente
não vai fazer isso se este recurso também já prevê este tipo de coisa? Então, eram estas as minhas
palavras. Eu não entrei nos méritos das exposições técnicas do da Hora e da equipe do RAS.
Naturalmente, nós temos muitos especialistas aqui, vários deles nosso, conhecidos de longa data e que,
naturalmente, a partir de agora têm vários inscritos e vão, como na reunião que nós fizemos há 3 meses,
cerca de 16 ou 18 pessoas, não me lembro quantas, se inscreveram e, como eu disse, varias observações
feitas por estas pessoas foram incorporadas no projeto atual. O que significa que um pouco das
observações que serão feitas hoje também podem ser incorporadas nas medidas propostas para
minimizar, monitorar, acompanhar estes impactos. De qualquer jeito, é uma alegria, depois de estar 20
anos aqui, botando rolha em cano de esgoto e sentando em sofá no meio da lagoa, discutir uma coisa
que está muito perto de acontecer, está muito perto de acontecer. Se tudo correr bem, a nossa
expectativa, até uma empresa ganhar, montar um canteiro, daqui dois meses, começar uma obra aqui,
que é um sonho de todos nós. Então, vamos fazer juntos, vamos trabalhar juntos para não aparecer
nenhum doido aqui e dizer: não, espera aí. Vamos entrar na Justiça, esta obra é um absurdo, vai gastar
muito dinheiro, vai poluir muito, vai piorar a lagoa. Pelo amor de Deus, este é um sonho de mais de 20
anos da população. Vamos nos unir aqui para melhorar no que couber, mas que também impeça que
alguém resolva, por individualismo qualquer, por uma demonstração de narcisismo qualquer resolver
dizer que não, isso é tudo ruim, a obra é toda ruim. Como a obra é ruim? Como a comunidade luta tanto
tempo e isso acompanhando com saneamento. Eu tenho certeza de que, muito em breve, e vocês serão
os melhores fiscais para que ela seja da melhor qualidade. Saudações ecolagunares e libertarias para
todos vocês.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Obrigado ao secretário. Nós vamos, agora, iniciar a fase de debates,
inicialmente, com as pessoas que se inscreveram pelo site da Secretaria. A sra. Elisa Fitchelo, está
presente? Sr. Pedro Paulo. Pedro Paulo, muito obrigado.
PEDRO PAULO: Eu queria uma informação porque eu verifiquei nos dados apresentados agora no
projeto que não houve aparentemente uma mudança em relação ao projeto original no que diz respeito
ao local de bota-fora do material dragado da lagoa Marapendi que está previsto no projeto que vai ser
exatamente onde a prefeitura construiu o campo de golfe olímpico.
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Obrigado pela participação. Professor Antônio da Hora.
ANTÔNIO DA HORA: Obrigado pela pergunta. Eu queria antes de responder, só fazer uma correção de
uma informação que eu dei equivocada porque, no projeto, está escrito como 602 milhões, claro, é um
preço histórico que, se fosse mandar para o Tribunal de Contas, ao se atualizar para agora, 2013, exige
que seja atualizado para este mês, já está em 660. Bom, o edital prevê que possam ser estas áreas ou
outras por sugestão do ganhador e fica a cargo deles utilizar estas ou outras que sejam por ele trazidas.
Não é obrigatório, a única obrigatoriedade é a ilha, todas as outras ficam a cargo do licitante trazer
áreas melhores ou até negociação de cada uma destas áreas. Não necessariamente dessas.
CARLOS MINC: Quem ganhar pode propor e o órgão municipal tem que aceitar, a prefeitura tem que
estar de acordo. Tem que ser de impacto menor do que aquela oferecida.
ANTÔNIO DA HORA: E não pode ser mais caro. Tem uma previsão de campo de golfe em parte da área,
mas também não haveria necessidade de usar toda área, a área pode ser muito pequena. Espera-se que
estas áreas, em vez de ser um bota-fora um bota-espera. Você tira o material, coloca e depois leva para
algum lugar. Então, a área pode ser muito pequena. Tira e coloca e depois leva. Portanto, não precisa
muito mais de uma região do que uma área específica.
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Pedro Paulo, o Ministério Público está presente aqui e tem uma
observação, algum comentário? Muito obrigado pela presença. Obrigado pela presença do Ministério
Público Federal. Agora, pela ordem de inscrição, sr. Odylon Andrade, da Câmara Comunitária da Barra.
Muito obrigado pela presença.
ODYLON ANDRADE: Diz o ditado que cachorro mordido por cobra tem medo até de linguiça e eu quero
dizer que acho temeroso iniciar um processo de dragagem numa obra de tamanha envergadura sem
que tivéssemos terminado toda a implantação da rede coletora, principalmente na área de Jacarepaguá,
que vai contemplar, principalmente, o trabalho que vai ser desenvolvido na lagoa da Tijuca e
Jacarepaguá. Um exemplo disso é o próprio Marapendi, que a rede coletora foi implantada, os
condomínios estão ligados e nós temos o canal assoreado e sendo ainda assoreado por esgotos
clandestinos que são levados ao canal através das redes de águas pluviais. E já levamos estas
considerações a Cedae algumas vezes e temos aqui hoje um trabalho que foi desenvolvido até para ser
discutido junto a Cedae, mas nós achamos por bem que ele pudesse entregue à mesa para que vocês
verifiquem. Nós queremos que seja dragado o canal de Marapendi, mas que, sobretudo, seja eliminado
o excesso de desaguo e esgoto como ainda está. Ou seja, os condomínios se interligaram, gasta-se um
dinheiro fabuloso até porque antes não pagávamos, tínhamos um processo que foi inicialmente
oferecido a Justiça e nós ganhamos a questão porque pagávamos esgoto e não tínhamos esgoto
devidamente encaminhado ao emissário. Agora que estamos devidamente conectados e o esgoto
continua assoreando o canal. Eu gostaria de deixar este trabalho aqui, é um trabalho relativamente
simples, mas importante. Muito obrigado, mas ratifico a relação do saneamento que foi dito aqui. Eu
acho importante que a Cedae estivesse presente e que dissesse, apesar de acreditar na palavra do
secretário, evidentemente, mas saber como anda o trabalho da Cedae em toda a região de Jacarepaguá
e Itanhangá. Se possível, fica aqui a sugestão para que a Cedae um dia compareça até por determinação
do próprio secretário para dizer para nós, para a sociedade como está o desenvolvimento deste
trabalho. Senão, vamos iniciar lá para junho o trabalho de dragagem sem que a Cedae tenha concluído
este trabalho e aí eu acho que será muito preocupante.
[Aplausos]
CARLOS MINC: Eu vou responder rapidamente. Vocês perceberam... sim.
ASPÁSIA CAMARGO: Há muita crítica a Cedae e ao problema de esgotamento sanitário, era melhor você
ouvir tudo porque aí você dá uma resposta que vai nos levantar a real.
CARLOS MINC: Nós podemos fazer duas coisas: grupos de intervenções, a gente já fez isso uma vez.
Esperar, por exemplo, a cada 4 ou 5 intervenções, a gente dá uma resposta e assim proceder. Pode ser
também. A primeira, o da Hora já respondeu diretamente. Eu vou acatar a esta sugestão da Aspásia. A
gente também não vai esperar um número muito grande porque depois a gente perde um pouco...
talvez a cada 4 é um bom número. A cada 4 ou 5, a gente faz uma rodada entre as pessoas da mesa a
resposta em questão. Esta aqui já está aqui anotada. Eu vou responder quando tivermos 5. Vamos
continuar as intervenções.
PARTICIPANTE: Segundo inscrito é o Delair.
DELAIR DUMBROSCK: Boa noite a todos. Queria, primeiro, agradecer a vocês pode ter escolhido a
Câmara mais uma vez para debater este assunto. Eu vou falar em nome da instituição. Estou aqui com o
meu vice, que é um técnico nesta área, mas antes eu queria dizer o seguinte para o secretário que a
gente sabe que às vezes as coisas emperram lá no Tribunal de Contas. Então, conta com a gente, se
precisar, bater panela na porta do Tribunal de Contas para fazer o processo andar. Conta com a gente
porque a gente vai lá.
[Aplausos]
Porque nós sabemos que às vezes isso atrapalha muito. O próximo sou eu me dirigir a Aspásia e a Alerj,
nosso parlamento. A continuidade da obra é fundamental, mas, agora, a sociedade sozinha, sem você,
que nós elegemos e colocamos lá para defender os nossos interesses, fica muito difícil. Então, é
importantíssimo que a Alerj, através de sua comissão, que é presidida pela senhora, deputada atuante,
está sempre aqui junto com a gente, saiba que nós precisamos dessa ajuda constante, como também do
Ministério Público para fazer com que a coisa aconteça e não pare como a obra do emissário parou
várias e várias vezes e o dinheiro público foi para o ralo. Além das sugestões que o senhor disse aqui,
que muito bem foram colocadas pela empresa de consultoria e várias outras que foram colocadas por
nós aqui na reunião passada foram acatadas, nós temos uma que gostaríamos muito que fosse
apreciada. Não é para modificar o trabalho, não é para modificar o planejamento da obra, talvez venha
até adiantar a obra e é uma coisa que achamos que deve ser avaliada, tomamos conhecimento. Eu
queria passar para o Davi porque eu não sou técnico. Eu não sou técnico em coco, o Davi é craque nisso
e é uma pessoa altamente com crédito na nossa sociedade para falar a respeito disso. Por favor, Davi.
Muito obrigado.
[Aplausos]
DAVI ZEE: Boa noite a todos, boa noite, secretário, boa noite a todos da mesa, Aspásia, colegas,
senhoras e senhores. A questão técnica, eu queria basear em duas coisas: primeiro, a dragagem não é
um limão, é uma limonada. Agora, a sociedade quer transformar a limonada numa caipirinha, melhorar
ainda mais. A questão das trocas hídricas, como bem falou aqui Antônio da Hora, o modelo está
funcionando com uma morfologia estática, imaginando que tirou aquele lodo e permaneceu aquela
profundidade. A gente sabe que, infelizmente, como bem colocou Odylon, como todos nós sabemos, o
assoreamento, o sedimento continua ainda rolando, continua modificando a morfologia. Então,
eventualmente, o grande benefício, que muito bem falou o da Hora, e que a gente precisa aqui é a
questão da revitalização da troca hídrica, porque revitalizando a troca hídrica nós vamos ter mais
capacidade de gestão, de metabolismo da lagoa. E este é um serviço ambiental muito importante
porque nos dá qualidade de vida. Para que isso continue, eu já comentei com Antônio da Hora, ele disse
que ia estudar sobre o assunto, é a fixação das embocaduras dos rios que trazem as grandes
quantidades de sedimentos. Se a gente puder construir uma armadilha de areia, que nada mais é que
um grande buraco a qual, quando vier o sedimento do rio, dragar na lagoa, porque é muito mais difícil
dragar na lagoa do que na embocadura do rio. E aproveitar o geobergue para fixar a embocadura para
ter acessibilidade das dragas naquele local para tirar. Com isso, nós estamos tomando uma medida
preventiva e isso tem que ser contínuo. Nós temos que manter esta dragagem continuamente. Lógico
que não com esta envergadura, com dragagens de manutenção, mas que infelizmente nós precisamos
ter esta manutenção. Para isso, é preciso que haja um grupo permanente que fique estudando isso, veja
os locais que possam ser feitos, onde é mais propício, vamos fazer. Existe todo um gerenciamento de
obra ser feito a posteriori. Não só durante a obra, mas principalmente a posteriori. Esta é a primeira
colocação em função daquele modelo matemático que mostrou um fundo estático, o fundo não vai ser
estático. Se a gente não fizer a manutenção, ele não vai ser modificar e vai voltar às condições
anteriores. Segunda questão é a questão da poluição do ar devido à emanação dos gases metano,
sulfídrico, carbônico. Antes de falar sobre isso, nós precisamos, eu preciso chamar atenção para o
conceito da ecologia. Na ecologia, a gente diz que tem uma ciclagem, por isso que os recursos naturais
são eternos. Para a gente ter a ciclagem da matéria orgânica, nós temos os produtores das plantas, os
consumidores, que são os mamíferos e têm os decompositores para decompor a matéria orgânica
residual. Nesta região, nós temos uma grande vegetação, mas nós importamos muito alimento de fora,
nós plantamos trigo, milho nos campos e nós trazemos para dentro da cidade e nós somos os
consumidores. Depois que a gente consome uma matéria orgânica e vai para dentro da lagoa, e lagoa
não tem capacidade de processar isso, faltam decompositores. Os decompositores são os micro-
organismos. Então, a gente pode compensar isso acelerando o processo de metabolismo desse fundo.
Eu percebi que no projeto de 670 milhões, nós temos praticamente 170 milhões para a questão do
acondicionamento desse material, que são os geobergues. Minha preocupação é o custo, mas se a
gente começar aproveitar eventualmente, aumentar a capacidade de processamento do custo desta
matéria orgânica, nós temos mais de 70%, para ser mais exato, 67% de lodo na lagoa da Tijuca. O
sedimento que vai tirar da lagoa tem 77% de lodo. Na lagoa de Camorim, nós temos 88% de lodo. É
muito material. Se a gente ajudar a natureza a processar isso antes da retirada, nós não só
diminuiremos também um bom percentual desta quantidade de lodo como também começaremos
tratar dos gases que estão estagnados, fixados dentro destes interfícios. Eu recomendaria ao estudo e a
possibilidade de análise de tratamento através desses micro-organismos que, na verdade, se equilibra o
sistema, porque nós temos muitos consumidores aqui e poucos decompositores. Então, se a gente
começar a tratar dentro da lagoa, eventualmente, nós vamos ter um número em maior volume e quem
sabe a gente consegue reduzir o preço dos geobergues, porque não vai precisar de tanto. E, se precisar
de tanto, a gente até draga mais um pouco, porque, se a gente reduz um pouco o volume desse lodo, a
gente é capaz de economizar nos geobergues e, eventualmente, até na dragagem. Vamos potencializar
os resultados. É por isso que eu estou dizendo que eu vou ver se eu transformo isso numa caipirinha
boa. Obrigado.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Então, dentro do que nós combinamos aqui, na sequencia, a diretora da
Câmara Comunitária da Barra, Marília Cavalcante. Tudo bem, a Susana seria a próxima inscrita.
SUSANA BARROS: Boa noite a todos. Boa noite, secretário, subsecretário, aos colegas do Inea. Eu estou
atualmente como coordenadora do subcomitê do sistema lagunar de Jacarepaguá e vou falar em nome
deste subcomitê. Nós somos formados pelos setores da sociedade civil, do poder público e usuários da
água. O subcomitê é integrante, faz parte do comitê de Guanabara, foi criada através do decreto 38,
decreto estadual 38.260, em 2005. Então, já está há 7 anos trabalhando. Então, achamos importantes
sermos parceiros neste projeto, queremos não só ser consultados, mas também queremos que sejam
consideradas as nossas observações. A gente elaborou um documento, que eu vou deixar com o
secretário para que algumas considerações que a gente chegou à conclusão. Neste programa de
comunicação e responsabilidade social, a gente também gostaria de ser considerado, ser ouvido na
nossa sugestão e acompanhar estes programas que vão ser desenvolvidos. O que a gente observou que
o plano de contingência não está estabelecido ainda. A gente acha que, para começar este trabalho, um
trabalho de uma envergadura como esta, há necessidade que exista já um plano de contingência para
evitar qualquer acidente ambiental, vazamento de óleo. Já temos a disponibilização de barreiras
ecológicas. Eu acho que este é um ponto importante. Eu não vou ler o documento todo para não me
estender muito.
ANTÔNIO DA HORA: Pega os principais tópicos.
SUSANA BARROS: Só os principais. Outra coisa importante é que este programa de gerenciamento de
resíduos sólidos, a gente considera que as cooperativas que já estão trabalhando na área sejam
consideradas também, estes trabalhadores. A questão da ilha, se fala da ilha ecológica que vai ser
formada. Entendemos também que o documento não aborda como vai ser legalmente instituída esta
ilha. Vai existir alguma lei, algum decreto que vai criar esta área protegida, como será esta instituição?
Eu acho que isso é importante que seja esclarecido porque, daqui 20, 30 anos, 50 anos, nós não vamos
estar mais aqui, é importante que, legalmente, esta área seja protegida. É importante a questão de
outros programas, como o programa de educação ambiental, da translocação da fauna, da retirada da
vegetação. A gente não conseguiu identificar um programa, principalmente na questão da retirada e um
programa de replantio desta vegetação. Vai ser retirado, mas vai ser levado para onde? Vai haver
acompanhamento? É importante porque temos a fauna que depende da vegetação. Eu acho muito
importante esta questão. O da educação ambiental, por exemplo, nele para na parte de execução do
projeto. Ele não tem continuidade após o fim do projeto. Eu acho importante que a educação ambiental
continue porque senão vamos caminhar para trás depois se acabáramos com o programa de educação
ambiental após a execução da obra. Vários programas que a gente identifica que estão descritos aqui.
Eu não vou me estender. A gente entende também que seria importante a criação de um museu do lixo
lagunar até para fortificar este programa de educação ambiental. As peças mais emblemáticas retiradas
do nosso ecossistema, por que não mostrar para a população: olha o que a gente joga, o que a gente
contribui para acabar com este ecossistema. Achamos importante que haja um canal de informação
para toda sociedade através de um site. Todos os relatórios, o cronograma físico-financeiro da obra para
que a sociedade possa entrar, possa ter acesso e verificar continuamente este resultado desse
desenvolvimento desta obra. A gente fala sobre medidas mitigadoras compensatórias, como cortina de
contenção, a aérea dos gases que vão ser lançados, a gente acha importante isso até para minimizar um
pouco o cheiro que a população vai estar exposta. Alguns programas de qualidade lagunar também, da
qualidade da água, eu acho importante também. Finalmente, isso, eu acho importantíssimo também. Na
época da Serla, a gente também tem toda demarcação deste sistema lagunar, a gente já tem plantas,
mas a gente não tem uma demarcação física. Isso é importantíssimo também, que a sociedade saiba
que uma faixa de preservação, de faixa marginal de preservação tem que ser respeitada, é um bem
público, não pode ser construído naquela área. Eu acho que isso seria muito importante se a gente
tivesse uma marcação com simbologia até do próprio projeto para identificar estas áreas. Finalmente, a
gente compreende que seria muito bom se fosse formado um grupo técnico de acompanhamento desse
trabalho e que incluísse os entes do subcomitê. Aqui, a gente tem, por exemplo, a Câmara Comunitária
que faz parte do nosso comitê, a ong Lagoa Viva, a Eco Marapendi, o Instituto Terra Azul, a Rio
Ambiental, nós temos pescadores no setor de usuários, indústrias, clubes e o próprio poder público
municipal, estadual e federal. Eu acho que seria um fórum de discussão entre o empreendedor, entre os
órgãos ambientais e entre o subcomitê, que está representando toda a sociedade. Falei muito rápido,
mas está tudo certo, eu deixo meu contato. Muito obrigada.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Bom, fechamos este primeiro bloco com as contribuições do Odylon, do
Delair, do professor David Zee, da Susana, foram só quatro perguntas? Então, vamos responder... e o
Maurício, que é do grupo de trabalho, já fez as anotações para considerar no parecer. Então, vamos às
respostas, secretário da Hora e equipe do RAS.
ANTÔNIO DA HORA: A primeira sobre a parte do esgoto. A minha preocupação, pelo menos foi assim
que eu entendi, a sua sugestão seria a gente esperar terminar, que seja concluído todo o saneamento
básico para ir dragar. Eu tenho uma preocupação que aquilo aconteça aquilo que aconteceu com as
lagoas. Aliás, a situação que está hoje. Ficou-se discutindo anos e anos, vamos ou não vamos implantar
o sistema de esgotamento sanitário, se vai ter tratamento, se vai ser emissário, se vai ser aquele
projeto. 25 anos depois, todo este esgoto foi parar na lagoa e aí se iniciou a implantação do projeto de
saneamento. Eu tenho impressão de que, apesar de ser bastante interessante o seu questionamento, é
perfeitamente possível a gente caminhar em conjunto, com fiscalização, com acompanhamento, a gente
vai implantando o sistema, o sistema de recuperação lagunar e bloqueando o esgoto. Ou seja,
ampliando sempre a coleta de tratamento de esgoto clássico. Lembrando que a sugestão, como o
secretário falou, a implantação das UTRs não são alternativas à coleta e tratamento de esgoto, é apenas
uma antecipação aos resultados desejados e complementar ao sistema clássico de saneamento, que vai
continuar a ser implantado. Portanto, eu tenho a impressão de que ele pode perfeitamente caminhar
junto. A outra foi do David Zee. Você quer falar? Primeiro, tentar fazer a parte de melhorar ou tentar
fazer a oxidação da parte orgânica um pouco acelerado para se retirar, isso nós temos que estudar. Eu
tenho a impressão de que podemos estudar e podemos chegar a algumas boas conclusões. Me parece
que talvez a gente tenha problema de tempo, mas o resultado que vai dar vai dar. Não sei se temos
tempo para isso, mas acho que temos que estudar, sim, e pode ser um bom resultado. O que a gente
pode se comprometer é estudar em conjunto para ver se a gente consegue o resultado a tempo. Você
falou dos gases na hora de ressuspensão dos gases sulfídricos. Nós tivemos uma experiência que era
uma preocupação muito grande durante o processo de desassoreamento de dragagem do canal do
Fundão e do canal do Cunha e lá tinha de tudo. Por incrível que pareça, era muito pior do que aqui. Lá,
era terrível. Ali, nós temos uma comunidade com uma população grande em volta da maré, aquela
população toda do Complexo da Maré e todo complexo universitário, da cidade universitária da Ilha do
Fundão. O que nós fizemos ficou até registrado no programa Cidades e Soluções o que a gente fez. A
gente estudou várias composições químicas, o gás que a gente jogava pulverizava a dragagem, e, depois,
eu explico como era a dragagem. Na dragagem, todo o percurso e na chegada do material dragado, a
gente jogava um produto que ele combinava com gás sulfídrico e tornava ele inerte, mas não tínhamos
a certeza de que iria funcionar. Nós pedimos para o pessoal de meteorologia da universidade para
monitorar não só nas dragas como em torno, em raios de 100, 500 até 1 km em volta. Isso reduziu, deu
um resultado interessante muito além do que a gente esperava. Nós não tínhamos certeza disso.
Durante a dragagem, baixo 200% a situação anterior porque foi claro esta pulverização deste produto.
Estamos pensando, está incluído fazer isso aqui neste projeto. Mas aqui temos um ponto favorável. Lá,
era a draga, era uma escavadeira. Se dragava, tirava, jogava. Portanto, se ressuspendia muito material.
Aqui, não. Aqui, está prevista a draga de sucção e recalque. Ela é uma boca com desagregador na ponta
e suga. A partir do momento que sugou a lâmina debaixo d’água, se é que temos uma lâmina depois
d’água, ainda debaixo d’água, bombeia, suga e vai embora tudo por tubulação até o seu destino final.
Portanto, há expectativa que se ressuspenda infinitamente menos do que se ressupendeu lá, mas,
mesmo assim, está previsto este material, esta atuação. Mas vamos acompanhar e queremos a parceria
de todos para acompanhar. Eu acho que os dois pontos eram esses. A manutenção, já conversamos, eu
acho importante que tenha. Ainda não temos exatamente o quê. Aonde vai ter cada uma das estações
de tratamento e rio, vai ter uma captura deste material, ou seja, um rebaixamento na foz do rio e ali,
preferencialmente, o sedimento que vem carreado ou por suspensão ou por rolamento, por arraste,
tem a preferência de cair ali. O único problema é que ali nós temos que dragar constantemente, quase
que colocar ali uma coisa permanente. Mas isso está sendo avaliado como se fazer isso. Aonde chegar as
UTRs, temos que avaliar as outras. Mas vamos trabalhar neste sentido.
CARLOS MINC: Eu vou também responder as questões que foram propostas e o da Hora não respondeu,
o que ele já respondeu, não vou repetir o mesmo, até mesmo porque eu achei que respondeu muito
bem. Só voltando para alguns aspectos. A primeira observação que foi feita, há um documento aqui
entregue com várias fotos de despejo de esgoto. Não se vê aqui, mas a gente sabe porque a gente vai lá
e vê que isso é verdade mesmo. Bem, eu quero chamar atenção de vocês para o seguinte: não basta
apenas fazer a rede, você tem que tomar uma série de outras medidas. Alguns aqui sabem,
acompanham um projeto da Secretaria da qual participam vários outros órgãos do estado e do
município, como Rio Águas, Comlurb, também Cedae, Emob, que é o projeto cena limpa, que é um
projeto de limpar seis praias. Então, escolhemos as seis primeiras praias, eu não vou falar disso, porque
não é objeto da reunião, mas vou pegar um gancho com o que foi levantado. Neste projeto Cena Limpa,
só em São Conrado são seis intervenções; no Leblon, nove. Uma das intervenções que vai começar
agora, são nove órgãos que fazem parte da Cena Limpa, mas a Ceia coordena. Uma das coisas que
vamos fazer, nós contratamos a chamada tele-inspeção. Eu não se vocês sabem o que é. É um
globozinho filmador que literalmente entra pelo cano e vê os condomínios que estão lançando
ilegalmente, clandestinamente, na rede pluvial. Isso acontece. Nós tivemos no canal do Jardim de Alah
que pegar a rede pluvial completamente contaminada que vinha da cruzada São Sebastião e fazer uma
obra para bombear para o emissário. A mesma coisa, uma outra galeria muito maior do que essas que
você fotografou aqui, o que não significa que estas não sejam importantes, não estou minimizando, eu
só estou mencionando, que vinha lá de cima do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho e caía exatamente
dentro do canal do Jardim de Alah e aí foi feita uma obra que já resolveu 85% disso, porque a gente
monitora semanalmente, não está como deve ser, mas passou de 10 milhões de coliformes decilitro
para 50 mil, o que é um enorme, mas você vê que tirou 90% e agora a gente vai tirar o resto. As
operações, é uma ilusão achar que colocar um tubo passando e acabou o problema de saneamento.
primeiro, as pessoas têm que separar o lixo em casa, as pessoas têm que pegar o óleo de cozinha e doar
para as cooperativas, que é um programa que a gente chamado de Prove, que já tirou, só no ano
passado, 6 milhões e meio de litros de óleo de cozinha usado para virar sabão e biodiesel, que é
importantíssimo, você tem que fazer a tele-inspeção, tem que fazer a rola ecológica, que é para obrigar
as pessoas a se ligarem na rede. Inclusive, eu me lembro que uma vez, 5, 6 meses, um condomínio
basicamente de casa, tinham cerca de 90 casas, casas boas, de um milhão e meio, dois milhões, classe
média alta. Eu tive que discutir com o síndico, o síndico dizia que estava sendo violentado. Como?
Chegar com delegacia. Por que fazer isso se aquilo acontecia há 30 anos? Eu falei: deixa eu ver se eu
estou entendendo: o senhor está arguindo o direito adquirido de jogar coco na lagoa? Ou seja, porque
há 30 anos joga. Então, por que não ter o direito adquirido para continuar a jogar? Isso na frente da
televisão. Foi dito e eu fiquei realmente surpreendido. Por que eu estou falando isso? Eu estou falando
isso para mostrar que a gente tem noção perfeita de que tubo, elevatória e estação é fundamental, mas
educação ambiental é fundamental, coleta do óleo de cozinha é fundamental, tele-inspeção é
fundamental, rolha ecológica é fundamental, saber se os órgãos que têm que fazer estão funcionando
corretamente é fundamental. Para muitas críticas em relação a Cedae, a Cedae é nossa parceira do
Governo do Estado, o que não significa que não possa ser criticada. Eu acho que a Cedae melhorou
muito, está fazendo um belo trabalho e pode melhorar muito mais ainda. Uma das coisas que a gente
tem defendido dentro do Governo, felizmente, ganhamos esta disputa dentro do Governo, é que a
Cedae seja regulada como várias estações são reguladas em outros estados, sujeitas a uma agência
reguladora, independente. Atualmente, a Cedae não é regulada e que, para o contribuinte, quer para o
próprio poder público uma empresa deste tamanho sem ser regulada é muito bom porque ela vai ter
metas, diminuição de desperdício, aumento da cobertura, a questão tarifária e várias outras cabem num
o processo de regulação. Para mostrar que estamos atentos a isso, somos parceiros da Cedae e achamos
que a Cedae melhorou, mas ainda tem que melhorar muito naturalmente ainda e nós fazemos parte
disso, porque o processo de regulação vai ser muito importante. Então, passando já para as questões do
David Zee, o da Hora respondeu. Eu acho que esta ideia de estruturar parte do sedimento é boa, é
interesse porque aumenta o tempo de duração do benefício que a obra vai trazer. É claro que só nos
canalizarmos, a gente já canalizou e conectou cerca de 60% do esgoto da região e que a gente já tem o
recurso e o projeto para, daqui 3 anos, chegar a 100%. Só isso vai diminuir muito a deposição do
sedimento. Porque tem parte, que você falou bem, o rio traz e tem uma parte que o próprio esgoto traz,
é um outro tipo de sedimento, muito mais contaminado até. O da Hora lembrou que as UTRs já estão na
foz dos rios. O seu projeto, a sua sugestão, que eu acho que é muito boa, pode ser até mais facilmente
implementada e eu vejo isso de forma interessante. A outra também tem que se estudar de que
maneira oxidar, diminuir esta matéria orgânica. O da Hora falou bem, a nossa preocupação é o tempo.
Temos que ver que Às vezes o ótimo é inimigo do bom. A gente vai fazer uma solução ótima e, daqui a
pouco, vence a licitação, que está na rua, muda o governo. A gente tem que abrir o olho, a gente tem
que aperfeiçoar o projeto, sim, não somos daquela ideia: aqui, ninguém pode falar nada, é como está e
nada vai mudar. Já mostramos isso ao incorporarmos várias sugestões das que foram feitas e outras que
estão hoje sendo feitas. Também várias delas nós já nos comprometemos em incorporar. Esta parte de
capturar sedimento, David Zee, é muito mais viável, até mesmo pela questão das UTRs. A parte de
oxidar é boa também, mas a gente tem que saber quanto tempo e quanto vai custar. O edital está na
rua, daqui a pouco: vamos parar, vamos estudar, tem que botar mais dinheiro, tem que fazer uma outra
licitação. Isso tem que ver se isso também não pode ser uma complementação. Mas como disse o da
Hora, a gente pode estudar, se isso se encaixar, é uma maravilha, porque vai diminuir o custo e,
portanto, é uma ótima sugestão também. Indo, agora, para as inúmeras sugestões que a Susana fez e
também incorporando as sugestões.
ANTÔNIO DA HORA: Só cortando, o pessoal que fez o RAS está dizendo que, todos, a menos de um, já
estão previstos no RAS e vão ser detalhados em programas. Só falta um, que é a implantação do museu,
que aí é uma questão de se estudar a implantação do museu e quero crer que o local adequado seja
esta ilha parque. Ou seja, na realidade, todas elas estão me dizendo que, estão me confirmando aqui...
PARTICIPANTE: Nesta etapa do processo, são citados os programas e os planos, o que é previsto, o que
a consultora sugere. Detalhamento, como vai ser feito translocação de fauna, de flora, ela é detalhada
no programa que é apresentado na fase de licença de instalação.
CARLOS MINC: Da Hora, da mesma forma, eu gostaria de me pronunciar, até em respeito ao subcomitê
do sistema lagunar de Jacarepaguá, um trabalho tão bem sustentado, esquematizado aqui pela Susana,
mas, de alguma maneira, entendo que foi uma elaboração coletiva, de várias pessoas, de várias
entidades. Eu queria me pronunciar e com isso fechar esta minha intervenção, até mesmo para depois
vir o complemento e abrir, já têm pessoas inscritas para a segunda rodada. Um dos pontos que foi
levantado, nesta questão, mas uma das anteriores sobre a questão da manutenção, eu queria me referir
ao programa que a Secretaria tem junto com o Inea que se chama Limpa Rio. Antes, era uma
complicação porque tinham poucas dragas, os municípios brigavam uns com os outros. Você que era da
Serla sabem bem disso. Tinha uma draga no município, tinha que servir, o prefeito colocava a mão em
cima e dizia: eu sou amigo do senador, ninguém tira esta draga daqui. Era uma confusão. Agora, a gente
mudou completamente a filosofia. Têm vários membros do Fecam aqui presentes, eu já mencionei, o
Pezão, o Jorge, outros companheiros. Nós temos um programa chamado Limpa Rio e nós temos
empresas contratadas por regiões hidrográficas que fazem permanentemente. Aí se discute com o
prefeito, com o comitê de bacia quais são, a gente não pode todos os dias dragar todos os rios, lagoas e
canais. Tem uma prioridade e a prioridade é discutida, naturalmente, com o prefeito do município que é
eleito, e, naturalmente, tem a sua legitimidade, com o comitê de bacia, que também tem a sua
legitimidade. À medida que este recurso que a gente tem, que também não é infinito, temos feito isso
sistematicamente, quero dizer que é um dos programas mais apreciados pelos prefeitos é o Limpa Rio.
Porque a sistematização dele diminui a guerra entre os municípios, garante que este ano vai dragar este,
que no ano seguinte vai dragar o outro. Então, tem uma continuidade, tem um recurso para várias
dragas para várias regiões, inclusive, com o reaproveitamento de material para aterro, para uso de
areia, para construção civil, para várias coisas dessa maneira. É para dizer que este mecanismo de não
deixar entupir completamente, fazer a manutenção tem sido a nossa filosofia. E um programa chamado
Limpa Rio é uma das expressões desta preocupação. Susana, eu gostei muito da ênfase que vocês
deram, vocês eu falo comitê, embora você tenha apresentado, da educação ambiental, que é um ponto
que eu considero estratégico. Eu estou bem à vontade para falar isso, porque eu sou autor da lei
estadual da educação ambiental, não aquela decoreba em quadro negro. Educação ambiental com
mudança de comportamento, adoção de encostas, cuidar da lagoa, separar lixo, uma coisa muito mais
dinâmica do que apenas decorar no quadro negro o que é a camada de ozônio e depois continuar com o
mesmo comportamento. Então, não mudou nada. Nós aprovamos, se eu não me engano, em 2007 ou
em 2008, no Fecam, um dispositivo que garante que, segundo as obras que são aprovadas, 3, 4 ou 5%
destes recursos são para educação ambiental. A gente garante uma fonte permanente. Antigamente era
o seguinte: todo mundo enchia a bochecha defendendo educação ambiental. Quem tem a coragem de
fazer um discurso contra a educação ambiental? Ninguém. Mas quem fazia isso a sério? Pouquíssimos.
Hoje, a gente tem cerca de 500 escolas estaduais, 300 escolas municipais, nas áreas da obra do Inea, um
programa de educação ambiental chamado Mãos a Obra, que a gente fez, inclusive, na área do canal do
Cunha e canal do Fundão, só para dar um exemplo, obra comandada pelo da Hora, que nós brigamos
muito para conseguir este recurso com a Petrobras, desde o início do nosso governo, em 2007. O
programa foi muito amplo, que mobilizou tanto a comunidade da Maré. Você falou, inclusive, de museu.
Um dos apoios que a gente deu foi para o museu da Maré, foi feito um livro, foi feito um trabalho até de
yoga, foi feita uma sugestão que, a maioria dos trabalhos que pudesse ser feito contratados os
moradores locais, foram, os pescadores foram contemplados com 3 cais que vão ser construídos agora
no segundo semestre por um milhão e meio. O dinheiro foi até do Fecam, não foi da Petrobras. Em
suma, eu quero dizer que esta questão da educação ambiental, eu tenho um apreço especial não só
pode ser professor, autor desta lei, mas pode ter garantido, no Fecam, o recurso para a educação
ambiental, porque senão fica educação ambiental sem vídeo e tal não funciona. Você tem que ter vídeo,
levar os alunos para conhecer um lixão, para visitar um parque para conhecer a realidade de suas
comunidades, para conhecer a fábrica verde, que recicla computadores, a ecomoda da Mangueira, o
ecobuffet, do Salgueiro. Conhecer experiências práticas de educação ambiental e de reciclagem que nós
temos feito, inclusive, nas comunidades com UPPS. Eu acho que estas sugestões, eu não vou comentar
cada uma delas porque são várias e fico contente que a maior parte delas já esteja, como já foi dito
aqui, contemplada no RAS, mas esta questão de gerenciamento de resíduos sólidos, isso aí é básico,
educação ambiental, manutenção, a questão do gás para atmosfera. O da Hora já disse a questão odora,
que não deixa de ser uma poluição, o mau cheiro, e as medidas, draga de sucção e a demarcação da
faixa marginal com certeza é um bom momento já que temos as equipes, aproveitar e já fazer o
trabalho completo. Eu percebi desta maneira porque você realçou bastante isso e realmente é muito
importante. Nós, sempre que podemos, fazemos isso. Inclusive, com ciclovias, com outras formas físicas,
reflorestamento. Em todas as grandes obras que nós temos feito, a Marilene comanda o projeto Iguaçu-
surupaí, que a gente já investiu mais de 350 milhões na Baixada, relocamos mais de 4 mil famílias sem
truculência e em todas elas, depois, foram feitas ciclovias até para as famílias não voltarem a ocupar as
mesmas áreas que as expunham a riscos até de morte, inundações. Isso é uma coisa que a gente não
chega numa audiência para dizer: concordo, vamos passar por cima. Não é bem assim. A gente concorda
em profundidade e tem feito isso. Tem feito o Limpa Rio, tem feito educação ambiental, tem feito a
demarcação, porque tem que ser assim, a lei diz assim. No fundo, é um cumpra-se das leis que existem.
Eu devolvo para ver se outros membros da mesa, ou do RAS, ou do Antônio da Hora querem
complementar porque senão a gente pode partir para a segunda rodada.
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Então, vamos partir para a segunda rodada. A nossa colega Marília, então.
Você abre, Marília, depois é a Aspásia.
MARÍLIA CAVALCANTI: Boa noite a todos. Eu sou Marília, eu sou diretora da Câmara Comunitária da
Barra da Tijuca, membro do subcomitê, mas eu sou moradora de um paraíso chamado Península,
localizado aqui na Barra da Tijuca. Nós moramos numa área correspondente à área do Leblon apenas
com 30 empreendimentos, 30 prédios. Estávamos no nosso paraíso, mas queríamos sair de casa e a
gente não conseguia sair de casa. Contratamos a Coppe e ela fez uma pesquisa em cada prédio e as
pessoas diziam: eu não consigo sair, demoro 40 minutos para chegar no Jardim Oceânico, demoro meia
hora para ir ao Barrashopping, meia hora para chegar na Câmara Comunitária e ficamos estarrecidos
porque você mora no paraíso e não tem acessibilidade. Eu vi na Câmara Comunitária o convite do Delair
e nós abraçamos a causa do transporte lagunar. Eu acho que o grande legado que a dragagem vai deixar
para a Barra da Tijuca é o transporte lagunar porque ninguém mais aguenta ficar preso no
engarrafamento da Barra. A gente está perdendo qualidade de vida, a gente perde de duas a três horas,
porque você vai no mercado e volta, você vai no médico e volta, a Barra não foi um bairro feito para
andar a pé e aí nós descobrimos a lagoa. Acho já temos um caso de sucesso na Península que nós temos
a nossa balsa que nós demoramos 5 minutos para chegar ao Barrashopping, a gente está pretendendo
chegar na Universidade Estácio de Sá e vamos ao metrô se a prefeitura contribuir conosco. Já tivemos
várias reuniões na prefeitura, mas a gente queria fazer um apelo para que o projeto do transporte
lagunar seja concomitantemente feito com a obra da dragagem. Quando o professor da Hora passar
com a draga, a gente vai ter que fazer um canal para fazer um píer aqui, outro píer ali. Se a gente não
fizer isso, vai ser o caios nas lagoas, porque, depois que a dragagem ficar pronta, se a gente não
implantar o transporte lagunar, a gente vai ter o transporte pirata lagunar. Porque não vai ter
ordenamento e todo mundo vai querer andar de balsa, porque a gente não vai ter o assoreamento.
Hoje, eu só não vou ao BarraPoint ver a obra do metrô de balsa porque está assoreado. No dia que
entrar a dragagem, todo mundo vai comprar um barco e ai querer ir para o metrô. A nossa sugestão, o
nosso pedido...
[Aplausos]
A gente não tem nenhum representante da prefeitura aqui hoje, da Secretaria de Transporte, né,
professor da Hora? Eu estou sempre cobrando nosso secretário, não nos deu a honra da presença dele
na Barra da Tijuca ainda, porque a Barra da Tijuca sempre os mais votados saem com 60% de votação
aqui da nossa região. Então, eu queria convidar o secretário para vir aqui para junto conosco dar este
pontapé inicial no transporte lagunar da Barra da Tijuca e pedir a todos que colaborem conosco,
fazendo esta pressão para que ele se realize com ordenamento, com a lei e com a construção dos píeres
que a gente tanto espera. Era isso o que eu tinha para dizer. Muito obrigada.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Deputada Aspásia.
ASPÁSIA CAMARGO: Bem, eu queria, antes de mais nada, cumprimentar o secretário, a equipe e a
todos vocês, especialmente o Delair e o David, da Câmara da Barra porque nós estamos aqui tendo a
oportunidade de discutir tecnicamente uma intervenção importante e eu acho que as audiências
públicas ganharão muito com estes esclarecimentos. O trabalho é volumoso, eu acho que a gente só
pode, efetivamente, se pronunciar depois de estudar mais os documentos, mas nós já tivemos aqui uma
primeira rodada de esclarecimentos que permitem dizer algumas coisas. A primeira coisa que eu queria
dizer é que, eu não sei se com o dedo do Minc, mas acredito que foi, a comissão de saneamento
ambiental da Barra, da Assembleia Legislativa é a coisa mais moderna que existe no Brasil em matéria
de institucionalidade. Nós somos os mais modernos hoje na Assembleia Legislativa do que a própria
estrutura do Governo do Poder Executivo porque está lá dito que é saneamento ambiental. a comissão
não é de saneamento básico, é de saneamento ambiental e ela faz alusão clara não só resíduos sólidos
e saneamento como ela também faz alusão clara também às bacias hidrografias a quantidade e a
qualidade da água e esta integração da bacia hidrográfica como elemento ordenador da discussão sobre
a água. Isso, eu tenho certeza de que foi o Minc. Não pode ter sido outra pessoa, porque não tinha
ninguém dentro da Assembleia Legislativa para aquilo na comissão. Não sei se ele vai confirmar ou não,
por isso que eu acho, Delair, que eu posso, sim, ajudar eu acho que é uma cumplicidade que se cria para
tirar esta cidade, este estado deste crônico déficit ambiental que nós vivemos. Dito isto, têm dois
pontos aqui que eu acho importante. O primeiro é um problema de engenharia que vem da Babilônia,
da Índia. Estou muito dedicada a isso, li muita coisa sobre isso, estou sábia, historicamente, para saber
que, desde os tempos imemoriais, há intervenções de engenharia. Tudo o que nós ouvimos aqui do da
Hora, uma pessoa que eu respeito muitíssimo, o lord dos recursos hídricos, é uma coisa importante, eu
não vou entrar em detalhes das minhas pequenas dúvidas, mas eu acho que é um projeto que tem
muita grandeza e eu só posso comemorar isso. Quero também elogiar ao Minc porque o Minc não fica
parado. Ele pode até errar, mas ele não fica parado. Na área ambiental, andar, caminhar, propor é
sempre um risco porque há realmente, como a Tatiana mostrou, os efeitos positivos e negativos. E só na
área ambiental que isso acontece com esta evidencia. Tem uma coisa boa e depois tem 3 coisas ruins.
Eu vejo que Isaura está concordando comigo. Mas eu queria estabelecer aqui uma clara diferença entre
este projeto, que tem grandeza, e as coisas que eu quero dizer aqui eu acho que elas são profundas e
muito importantes para a Barra da Tijuca. Eu morei aqui em Jacarepaguá durante muitos anos e vi esta
cidade crescer e se constituir abandonada. Rica e abandonada porque nunca nenhum governo nem
municipal nem estadual se preocupou em planejar nada do que está aqui. E eu tenho sérias
desconfianças de que nós continuamos a fazer isso porque os pleuris que passam lá, que passaram por
lá pela Câmara de Vereadores, pelas minhas mãos, o plano-diretor etc., você não ver um
desdobramento de planejamento, claro, deste processo. E o Minc é uma vítima disso porque,
sinceramente, o Fecam é muleta da Cedae e eu quero uma salva de palmas para o Fecam porque o
Fecam salvou esta cidade do complexo e absoluto abandono do planejamento e dos investimentos
porque a Cedae não investe, não tem dinheiro para investir. Eu acho importante porque, na verdade, o
problema da dragagem é um pedaço da confusão e, claro, nós sabemos que há uma certa facilidade
para fazer obra no Brasil e que não é tão bom quanto parece porque a P5 não tem planejamento,
ninguém consegue planejar a Cedae, a Cedae não tem informações organizadas para dar para a gente e
ela não tem plano de metas, planejamento estratégico e eu gostaria muito que a Barra tivesse um plano
estratégico. Hoje, eu ouvi coisas estarrecedoras que eu já tinha ouvido antes, mas eu ouvi de gente que
não mente, que não tem interesse em mentir, que a empresa francesa entrou no processo do metrô
porque o metrô não tinha um planejamento. Aliás, não teve mesmo. O metrô da General Osório fechou
porque ninguém tinha planejado o final dele até o Leblon, porque era um absurdo construir um metrô
até Ipanema sem pensar que ele tinha que ir até o Leblon. Então, foram as empresas que fizeram as
obras que fizeram o planejamento. Isso não existia no Brasil, nem no regime militar, nós tanto
criticamos, e isso é grave. É grave fazer qualquer obra que não tenha um planejamento claro de sua
direção. Eu quero fazer um anuncio aqui: o Supremo Tribunal Federal, no dia 28 de fevereiro, acabou de
tomar uma decisão histórica. O Supremo Tribunal Federal decidiu que é a prefeitura que tem a definitiva
titularidade sobre a região metropolitana. Portanto, são os prefeitos que são obrigados a pensar este
planejamento que eu estou cobrando, a fazer este planejamento e as parcerias. Logicamente, a Cedae
dá a água para esta cidade, é ela que tem as estações de tratamento, que ela deve cobrar por isso. Mas
vamos ser claros. Eu tenho todos os números comigo, não tem tempo aqui de estender muito, mas os
números são claros. A Cedae não terá capacidade de fazer rede da coleta, que é cara, a cidade é
dispersiva, nós temos um pedaço da população aqui e a outra ali. E isso vai exigir planejamento por
várias razões. Eu acho que os grandes esquecidos aqui nesta reunião foram os rios e eu conheço estes
rios como a palma da minha mão., o sangrador, cujo nome é mais que significativo, ele sangra, ele está
sendo envelopado por obras caríssimas por obras de 30 milhões de reais, está sendo canalizado num
momento em que o mundo inteiro, você sabe disso, Minc, o mundo inteiro está renaturalizando os rios.
Eu estou indo para Itália agora ver uma quantidade de obra de renaturalização de rios. Nos EUA, os rios
estão sendo devolvidos para os peixes, para o salmão. Aqui, nós estamos 30 milhões e o resultado é
sinistro. Quem passar pelo sangrador e falar com as pessoas que estão morando por ali vai ver que o
fedor aumento barbaramente porque, agora, o inferno do esgoto em vez de ser absorvido por algum
produto orgânico, por alguma arvorezinha que esteja por aqui, por ali, agora, ele está cimentado. A
tragédia é total. E os sedimentos que vêm por estes rios vão continuar criando problemas. Eu acho que
está faltando introduzir estes rios neste planejamento. E ninguém vai pedir a você que faça tudo de uma
vez, mas eu devo manifestar a minha ojeriza a estas unidades de tratamento de rios que, por acaso,
nasceram dentro da minha instituição, a Fundação Getúlio Vargas. Foi lá com a Marilene nós
imaginamos poder colocar uma espécie de barreira para o lixo naqueles rios da Baixada para poder
segurar aqueles sofás que circulavam pelo rio. Mas jamais podemos aceitar que uma obra custou uma
fortuna. Ninguém disse aqui o preço dele, mas, no mínimo, 60 milhões, para 3 unidades. Uma empresa
só, UTR, uma empresa só faz esta tal UTR. Eu garanto que eu encontrei 30 empresas internacionais mais
qualificadas, inclusive, aqui deve ter gente boa para pensar como a gente pode fazer processos
orgânicos de recuperação da água por um preço infinitamente mais barato. Eu sei que a prefeitura ficou
constrangida e quis justar o projeto porque não achava cabível pagar uma fortuna. Ora, se você diz que
investiu os 60 milhões, investiu de fato e eu acho que você deve ser prestigiado por isso. E ainda tem
600 milhões e vai colocar mais 600 nos próximos 3 anos, você não vai botar. Primeiro, você não vai
botar porque o governo vai acabar e a obra demora muito a sair. Segundo porque o outro que vier,
como o planejamento é descosturado, vão fazer outra coisas e vai ficar parado. E estas unidades de
tratamento de rio, eu as abomino hoje em dia, embora, eu tenha sido, indiretamente, mãe dela porque
a Marilena inventou, mas eu vetei porque era presidente do Centro Internacional de Desenvolvimento
Sustentável. Esta, não vai. Colocar filtro para tratar coco, não vamos fazer. Temos que arranjar outra
maneira de fazer. Os rios têm que ser recuperados senão vem uma obra fantasma dessa cheia de
imaginação, de graça, leveza etc., e vai ser corroída pelos rios que vão continuar fazendo o que eles
sempre fizeram. Aí vem um abacaxi muito grande. A população pobre que está na beira detes rios tem
que sair senão este trabalho não tem fim.
[Aplausos]
Você põe o dinheiro de um lado, o da Hora quebra a cabeça para fazer o trabalho desse porte e aí o
número de pessoas que vai se amontoando pelas margens destrói e começa tudo de novo. A gente sabe
que é assim na Baixada, a gente sabe que as áreas estão superpovoadas ilegalmente. A prova da
calamidade é que os dados estão errados. É óbvio que não é 70% da área sobre influencia desta lagoa
com tratamento de esgoto, não é. Você mesmo disse que é 60% e tem gente que diz que é menos. Eu
tenho certeza de que Jacarepaguá é crime ambiental porque há condomínios e condomínios ali sem
esgoto, sem tratar o esgoto. Isso está acontecendo o tempo inteiro, mas não pode acontecer. A gente
tem que fazer este impacto aqui: não vai acontecer nunca mais. Eu quero dizer quem, talvez uma
pequena discordância que eu tenho de você, que é a seguinte: eu sempre achei que a gente não devia
castigar os condomínios da Barra, embora eles, muitas vezes, estejam sendo negligentes. Por que estes
condomínios fizeram as estações de tratamento de esgoto eles próprios? Porque a Cedae levava o
dinheiro, e isso não tem nada a ver com a atual administração, pelo contrário. Mas, antes, a Cedae
levava o dinheiro da água, que é o que interessa a ela, e o esgoto, vocês que se danem, faça, vocês
mesmos. Aí fizeram. Agora, a gente vai chegar lá e vai colocar a conta nas nãos deles quando as
empresas que atuam em Niterói me disseram, com todas as letras que, quando elas têm um cliente
importante, como um desses da Barra, elas vão até a porta do indivíduo e vão forçar o condomínio a
fazer extensão de canos. Eu tenho condescendência. Com certeza, eu não tenho nenhuma
condescendência em ver o Canal de Marapendi do jeito que está, mas eu não gostaria de culpar as
pessoas por isso. Eu acho que se criou uma grande baderna como se as pessoas dissessem: já que
ninguém faz a coisa direito. Por exemplo, a estação de tratamento de esgoto que tem na Barra, eu
quero cair mostra aqui se aquilo funciona. Não funciona direito.
[Aplausos]
Uma vez eu cheguei lá, eu fui barrada, não pude entrar com nenhum assessor, a não ser com 4 dias de
antecedência. Duas vezes, eu fui lá, estava desativada para manutenção. E não tem lodo, ninguém vê o
lodo. Esta coisa de a estação de tratamento de esgoto. Estas estações não funcionam, a maior parte
delas. Às vezes, tapeiam a gente, bota 10% da água que vem do rio imundo para enganar, para a gente
achar que está funcionando e não está. Mas eu não acho que a gente deva responsabilizar nem
demonizar ninguém. Nós estamos aqui para ver um projeto importante para a cidade. Eu queria pedir,
eu sou mais em seu favor do que você mesmo, porque eu acho que, hoje, a Secretaria do Ambiente
representa de fato uma determinação de mudar certas coisas, mas é preciso que se contemple, que a
empresa que pretende fazer isso faça várias coisas, mas não isso que ela diz que vai fazer. Minc, não
têm dados, a gente pede e não tem. Quando vem, vem como a gente ouviu aqui, contraditória. Não é
culpa da Tatiana, não é culpa, isso é culpa da bagunça. Os dados são completamente discutíveis. Eu só
queria mencionar isso, a necessidade de colocar os rios neste processo. Enfim, de tratar o saneamento
com a seriedade que ele merece. O Brasil é um país vergonhosamente carente de saneamento. Nós
estamos como sexta economia do mundo e não temos mais o direito de estatísticas péssimas de
saneamento que nós temos. E isso eu devo dizer, com certa emoção, porque, em 1908, Saturnino Brito
montou a rede mais moderna de esgoto no mundo, o separador absolto no Rio de Janeiro depois de
estudar isso nos EUA e em outros lugares e ver que a gente tinha chuva demais e que precisávamos ter
duas redes. Isso em 1912. Depois, inventaram que o que está por baixo da terra não interessa a
ninguém, esta coisa cresceu, a democracia de massas está preocupada com outra coisa e eu acho que
nós chegamos na hora da verdade. A hora da verdade é tratar cano ou alguma coisa semelhante. Para as
comunidades, para os bairros, para esta região do Rio de Janeiro, que cresce sem parar e pensar o
seguinte, isso não vou dizer aqui, mas já tenho tudo pronto. Os dados são aterradores da nossa
ineficiência, somos a oitava, é o oitavo estado do Brasil a investir em saneamento. Não pode ser pior,
sobretudo quando estamos numa idade de ouro. Eu só queria concluir dizendo o seguinte: o legado
olímpico, eu ouvi isso hoje do cônsul francês, este problema de legado é complicado porque às vezes dá
tudo errado e a coisa sai pior, a emenda sai pior do que o soneto. Nós sabemos disso, que as obras
quase rodas que foram feitas para o Pan-americano foram por terra. A gente tem que ter muito cuidado
porque o investimento é grande, é importante, eu sou a favor, mas é preciso ter uma estrutura de
planejamento melhor para fazer o saneamento da Barra, se Deus quiser. E muito obrigada pela
paciência de vocês e do secretário.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Obrigada, deputada. A palavra agora vai para o sr. Paulo Pezão.
PAULO PEZÃO: Eu sou Paulo Pezão, sou da área ambiental, represento o empresariado do Rio de
Janeiro no Conema e na Fecam. Queria cumprimentar a Secretaria pela inteligência, organização do
projeto que desenvolveu e apresentou ao Fecam e ao Inea também consequentemente, ao Delair pela
representatividade que tem dado e ao David Zee a sustentação técnica e também a empresa técnica
que fez o estudo que eu tive a oportunidade de ler, ficou muito bom, o bom trabalho da Masterplan,
que eu acho que foi escolhida pelas da 866, mas, do ponto de vista técnico, foi bem realizado o trabalho.
Eu queria destacar 4 pontos principais: o primeiro, todo estudo ambiental que o secretário falou tem
impactos positivos e negativos, mas o que a gente observa é que nem todo projeto leva a cabo este
trabalho de monitoramento e a efetivação da medida de mitigação e proteção. Primeira solicitação de
um morador do condomínio Santa Lúcia, de costas para o canal do Marapendi, é o fato de que
tenhamos uma regularidade numa prestação de contas da execução deste programa de monitoramento
aqui na Câmara Comunitária periodicamente para que a empresa de consultoria vai continuar fazendo o
acompanhamento do projeto para que nós tivéssemos um relatório de acompanhamento de
compromisso ambiental feito periodicamente e apresentado. Eu acho que é esta é a única forma de um
projeto desta magnitude conviver bem com a sociedade e com o meio ambiente. O segundo é que,
provavelmente, estas atividades de dragagem terão um certo incômodo às residências próximas às
áreas de dragagem eu não me recordo bem qual era o caminho da dragagem, se são canais ou se vai
dragar perto das margens. Se o for, que faça um trabalho preventivo de orientar estas populações que
venham a ser afetadas. Ontem mesmo eu estava saindo daqui, eu dei de frente com uma draga enorme,
parecia que nós estávamos sendo invadidos. Ali no começo da Barra tem uma draga monstruosa e eu
não sei se isso vai acontecer nos outros pontos das lagoas. O terceiro ponto é que se aproveitasse este
programa, que nós fizéssemos nas lagoas da Barra o que foi feito na lagoa de Araruama. O Inea teve a
oportunidade de demarcar toda lagoa de Araruama, o que deu, para o empresariado, uma facilidade de
decisão muito grande. Ainda mais que hoje nós temos um decreto que permite nas áreas uma definição
de faixa marginal mais adequada, não tão alargada, se pudesse fazer isso nas lagoas, eu acho que é um
investimento adicional que não é tão elevado, mas que seria muito útil para a decisão dos empresários
que, com certeza, irão atrás destas obras de dragagem. O quarto ponto é a cobertura vegetal destas
margens. Fazer um trabalho de reurbanização em torno das lagoas que dificultassem um pouco esta
ocupação. Por último, eu queria dizer para a Aspásia, que não está aqui, infelizmente, para ela não ficar
tão triste que as unidades de tratamento de rio não foram iniciadas, eu estou falando para você não
ficar UTRS não foram iniciadas agora na Fundação. O primeiro teste foi feito no rio carioca em 2000. Foi
posterior ao piscinão e que este tipo de obra tem o seu lado positivo. Era só isso. Obrigado.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Temos o professor Hector Antônio.
[Aplausos]
HECTOR ANTÔNIO: Boa noite. Eu queria fazer alguns comentários com o objetivo positivo em relação à
recuperação. Primeiro, retomando a esta colocação que o nosso amigo fez aqui. É uma preocupação
que também tenho porque sem você ter um trabalho de saneamento e de esgoto concluído e
começando a dragagem, nós devemos saber que a natureza não faz o que a gente quer, ela faz o que ela
quer. Quando a maré subir, ela vai levar oxigênio e, quando ela sair, ela vai trazer esgoto. Se a gente não
concluir os trabalhos antes desta dragagem, a consequência é uma possível piora das praias, que é o
nosso bem mais precioso aqui da região. A outra colocação que eu faria é a mesma do David Zee, que as
bactérias comem o lodo. Depois que aquilo está digerido, você tem um elemento estranho ali que vai.
Até que ponto isso pode afetar a cadeia alimentar? Eu não estou dizendo que sou nem contra nem a
favor, muito pelo contrário, mas é algo que não é tão simples assim. Tem que ser avaliado
ecologicamente falando. Com relação à apresentação do RAS, relatório ambiental simplificado, como a
deputada Aspásia Camargo colocou, eu ouvi também alguns problemas. Se eu estiver errado, depois
você me corrige, que houve esta informação. Então, que se corrija este relatório porque você colocar a
qualidade boa das águas da Barra, a gente sabe os relatórios na praia do Pepe que está constantemente
impropria para o banho e vendo no RAS que as praias da Barra são boas. Então, define quais são os
trechos que são bons. Agora, generalizar é uma coisa que tem que ser avaliada. Como a deputada falou,
78% tem rede de esgoto na bacia hidrográfica das lagoas. Então, na realidade, não é bem assim. Em
Jacarepaguá, tem 90% sem rede de esgoto. É uma informação que, se estiver equivocada, tem que ser
corrigida. Com relação às conclusões, eu vi uma conclusão altamente, se eu estiver errado, me corrija,
uma das conclusões da obra é redução do tempo de assoreamento do canal da Joatinga. Redução do
tempo de assoreamento significa que vai assorear mais. É o contrário, é o aumento do tempo, e não da
redução do tempo. Fica como sugestão. Com relação à apresentação do projeto, lá na Câmara técnica
de lagoa das costeiras onde eu faço parte, este projeto foi entregue aqui pela Secretaria de Ambiente,
foi discutido e eu tinha algumas colocações a fazer. São 4 intervenções que vão ser feitas basicamente: é
ampliar rede da Cedae para esgoto, mole de 180 metros, dragagem das lagoas, a colocação deste
material nos geobergues e a construção das estações de tratamento de rios. Eu diria que, destas 4
intervenções, eu estou de acordo com a primeira, que é com relação a Cedae de ampliar a rede de
esgoto. Que todo o esgoto da região seja conectado o mais rápido possível ao sistema da Cedae e por
emissário submarino, incluindo Vargem Grande, Vargem Pequena, toda bacia hidrográfica do sistema
lagunar. A gente tem que bater palma para este empreendimento e pedir investimento do estado para a
Cedae terminar isso amanhã, não é em 2015, 2016, é amanhã. Esta é a obra mais importante. Com
relação às outras intervenções, eu tenho alguns questionamentos sobre alguns aspectos de impactos
que não foram apresentados. Primeiro, este mole de 180 metros foi feita a modelagem matemática
para avaliar entrada de oxigênio, entrada e saída da dissolução de mistura de água dentro das lagoas, só
que existe um outro impacto ambiental importante que não foi considerado. Quero lembrar que o canal
do Jardim de Alah foi um tema altamente discutido no Ministério Público Federal, que, inclusive,
embargou esta obra por conta dos impactos ambientais. O engordamento da praia de Ipanema com
aquela obra ia ser mais cara do que o dique. A minha preocupação é que este espigão de 180 metros
pode gerar uma erosão em outras praias da região e isso não foi apresentado. É um estudo importante,
a gente tem que saber que é uma obra impactante. Agora, com relação à parte do benefício desta obra,
qual é o objetivo? Permitir entrada de água no mar ampla e irrestrita. Permite a entrada da água do mar
para oxigenar as lagoas. Aí eu lembro que o oxigênio não vem só do mar, ele vem dos rios também.
Como a deputada falou, a priorização da recuperação de fato do sistema lagunar é a recuperação dos
rios, as veias das lagoas vêm dos rios. Se não recuperamos as qualidades das águas dos rios como um
todo, nós vamos colocar em risco todo o sistema. Já que o dique está prolongado, está protegendo a
praia da Barra, você pode gerar outros problemas para a praia de São Conrado, para a praia do Leblon
com uma saída de esgoto maior. Outro aspecto impactante que eu não vi análise: o problema da
contaminação salina. Você vai gerar um aumento de salinidade das lagoas, que é um ecossistema de
águas salobras. Então, tem que ter uma análise ecológica e aí fica uma sugestão: para você fazer uma
dragagem de5,7 milhões de metros cúbicos para a água ir até a lagoa de Jacarepaguá, por que não, com
a conclusão do saneamento do esgoto, você fazer uma dragagem menor e ligar os canais e, com isso,
diminuir, conseguir oxigenar aquele extremo sem precisar de colocar água do canal da Joatinga com
esta imensa dragagem que vai gerar imensos passivos? O segundo ponto, que é a construção da
dragagem, propriamente dita, o problema é um aspecto que me preocupa também que o bota-fora vai
ser nos geobergues localizados dentro da faixa marginal de proteção da lagoa. No meu entender, tem
um outro aspecto. Não foi estudado um estudo ambiental o problema de mancha de inundação. Você
pega uma bacia de água, você começa a colocar sedimento ali, a água vai subir. Aquela região de
baixada, quando ela sofrer uma sobrecarga de sedimentos, não foi estudado o que pode acontecer com
o lençol freático do entorno, as manchas de inundação. Aquela região é problemática. Este ponto
dragagem em si é um ponto que eu tenho preocupação. Com relação às estações de tratamento de rio,
uma informação que eu queria passar para vocês que a estação do arroio fundo, a água do rio entra na
estação com ph em torno de 7 e ela sai da estação com ph 6,2 porque joga sulfato de alumínio que
reduz o ph bruscamente. Os biólogos sabem que qualquer alteração brusca no ph acima de 0,2 já
elimina toda flora e fauna. Outro aspecto de impacto ambiental é o alumínio. Vocês acham que o
alumínio vai ser todo retirado na estação? Nós podemos estar colocando dentro da lagoa quantidade de
alumínio no sedimento, no corpo hídrico e isso tem que ser avaliado porque esta obra pode estar
gerando um certo crime ambiental. Eu acho que uma atuação muito mais ecológica e muito mais barata
do que estação de tratamento de rio é uma solução usual que, infelizmente, não se quer fazer. Se a
Cedae vai fazer a coleta de esgoto em pouco tempo, a curto prazo, aquelas áreas que não se tem coleta,
faz-se a coleta em tempo seco, não precisa de colocar em estação de tratamento de rio. Aí, sim, é uma
obra mais barata, mais rápida que vai permitir a despoluição do rio. Com o sistema controlado, nós
podemos ter uma revitalização de fato com uma dragagem menor, com um bota-fora eficaz e
permitindo a revitalização. Eu acho que tem solução, mas eu acho que, por falta destes estudos
necessários, nós possamos ter soluções irreversíveis. Desculpe se eu estou sendo inadequado, mas esta
é minha opinião. Obrigado.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Agora, Donato.
DONATO: Boa noite. Eu agradeço a resistência de vocês de terem ficado até agora. Eu me ater
especificamente à questão da dragagem, que é uma competência do estado aqui nas nossas lagoas. Eu
estou de acordo com o que você falou em relação aos rios e o tempo desta intervenção tem que ser
concomitante a isso tudo que se falou. Nós temos algumas comunidades no entorno das lagoas, que
contribui muito com a questão do esgoto e do lixo. Eu gostaria de sugerir campanhas intensas de
educação ambiental para minimizar a questão de projeto ligado à questão do óleo residual de fritura.
Não são muitas que interferem direto, estou falando de comunidades que interferem direto na lagoa,
como temos algumas aqui no entorno. É fundamental engajar esta galera toda para participar. Ninguém
quer valão na porta, todo mundo vai contribuir. Com relação à desocupação de comunidade é um pouco
complexo. Esta questão de eu acho que está tudo legal, bacana não é sempre assim. A burocracia é
muita, mas espera-se independência. Com relação aos rios, são 40 rios, inúmeras comunidades grandes,
algumas pequenas. Esta intervenção de educação ambiental, a dificuldade da coleta de lixo, que é de
competência da Comlurb e até pude contribuir para equacionar a questão de uma comunidade para ter
a interligação do esgoto. Ali já foi contemplada quase a totalidade de uma parte da Asa Branca, claro
que com a participação de uma empresa que tinha interesse. O dr. Carlos é um ícone aqui, todo mundo
respeita porque ele realmente ajuda a todos, não só o segmento social, mas ambiental e cultural. Eu
não vou me estender mais. Obrigado.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Obrigado, Donato. Para fechar o bloco, nosso amigo da Epedema,
Marcos. Muito obrigado pela presença.
MARCOS: Boa noite a todos. A Epedema faz parte, hoje, do Conama, das câmaras técnicas do Fecam.
Estamos prontos para sermos mais um na fiscalização e para somar. Valorizar a manutenção, como o
próprio Pezão falou, tem que estar junto e valorizar mesmo a comunidade e as instituições locais.
Estamos aí para somar com vocês. Muito obrigado.
[Aplausos]
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Obrigado, Marcos. E agora vamos a resposta, colocação deste bloco.
ANTÔNIO DA HORA: Quanto às propostas, se eu entendi que o Hector Antonio, o qual, eu sempre gosto
de lembrar, eu tive a satisfação de trabalhar com o pai dele muitos anos, onde aprendi o pouco que eu
sei certamente aprendi com o pai dele. O fato de a gente dragar qualquer lagoa ou cursos d’água, você
não aumenta a inundação, ao contrário, você aumenta a quantidade, a vão, a velocidade. Eu não
consegui entender dizendo que nós vamos, ao se fazer esta intervenção, se aumenta a inundação. O
geobergue está no caminho do fluxo d’água, não há aumento da inundação. Outro ponto que eu não
entendi como a troca hídrica com o mar vai fazer mudar, tornar a água salina. Os índices, até onde eu
sei, o índice de salinidade é 32 de cloreto e a água doce, é 1. Certamente, a gente não vai mudar de 10
para 12, nem de 12 para 10 com esta intervenção. Portanto, a água é salobra e vai continuar salobra.
Desculpe estar falando termos muito técnicos. Não vamos jogar índice de cloreto para 2 nem para 1, se
era 8 vai ficar 8 e há uma sazonalidade com a variação de maré e, durante a variação do ano, quando
chove mais ou chove menos. Quanto ao aumento ou se colocar um produto químico comentado como
alumínio, o sulfato do alumínio é o mesmo usado para as estações de tratamento de água. Se há algum
problema, qualquer água tratada jogada no cursor d’água iria acabar com a biota, o que não me parece
muito verídico. A quantidade de alumínio que se lança lá, se você multiplicar ele por 10, não chega ao
sal de frutas, que volta e meia é utilizado para problema de estômago. Dizer que este tipo de produto
químico vai trazer problema para a biota é a mesma coisa que eu dizer que vou jogar água tratada aqui
na lagoa eu vou prejudicar a biota. Não me parece verídico. Não se respondi. Eu preferia passar para o
Minc porque está mais gabaritado para responder.
CARLOS MINC: Bem, eu também vou comentar algumas questões que foram levantadas e sugestões
que foram feitas. Primeiro, a questão do saneamento. Desde quando nós chegamos aqui no governo,
em 2007, eu já tinha criado o Fecam na constituição estadual em 89. Durante muitos anos, o dinheiro do
Fecam foi para tudo, menos meio ambiente e saneamento. Quando o Sérgio Cabral me convidou para a
secretaria, nós já nos conhecíamos há muitos anos, fizemos muitas leis juntos, uma das primeiras coisas
que eu coloquei foi a garantia de que o Fecam fosse para saneamento e meio ambiente. Coisas que
eram motivos de embate ao longo dos anos. Muitos moradores foram lá na Assembleia para impedir o
que se concretizou naquela altura, governo da governadora Rosinha, exatamente por terem a esperança
que um dia o dinheiro do Fecam poderia fazer o saneamento da Barra e Jacarepaguá e fazer a
recuperação das lagoas, que é exatamente o que está acontecendo agora. Eu tenho uma ideia muito
clara que a gente está no meio desse governo, passaram alguns meses, a gente está no meio desse
governo. Quando eu digo que nós já temos os recursos garantidos para, em 3 anos, concluir este
saneamento, pelo menos desses 3 anos, dois são neste governo ainda. Eu também não vejo facilidade
hoje em dia de alguém voltar a fazer o que fazia no passado, usar o dinheiro do Fecam para tudo, menos
para saneamento. O dinheiro do Fecam está sendo usado para saneamento, não só aqui na Barra e
Jacarepaguá, mas na Baía de Guanabara, em Barra Mansa, em Volta Redonda, em Visconde de Mauá, na
Lagoa de Araruama. Isso é o pacto do saneamento acabar com os lixões e avançar com o saneamento.
eu quero dizer que Sérgio Cabral foi super correto porque não houve aquela imposição para outra coisa
diferente. Isso tem sido para o meio ambiente e saneamento. a gente conseguiu fechar o lixão de
Itaoca, em São Gonçalo, de Babi, em Belford Roxo, de Gramacho, em Caxias. Esta questão que está
sendo colocada de concluir saneamento, eu acho um equívoco porque são obras complementares, e
uma não atrapalha a outra. Eu estou à vontade para falar disso. Eu próprio criei uma lei que obriga fazer
tratamento de esgoto antes do lançamento do esgoto receptor. Eu não vejo você começar a dragar uma
lagoa, a gente está com o edital na rua e alguém fala: para aí para a gente esperar mais 3 anos para a
gente concluir saneamento para começar a dragagem. Eu considero isso uma posição equivocada, com
todo respeito, porque, se você tivesse o mesmo recurso, mas não é, são recursos diferentes. O
compromisso olímpico que nós assinamos são as duas coisas, recuperar complexo lagunar, fazer o
saneamento, dragar as lagoas, recuperar os canais, recuperar os manguezais, melhorar a qualidade da
água. Se uma obra atrapalhasse a outra, o próprio da Hora explicou que até o contrário da obra bem
sucedida, que a gente começou. Uma coisa boa, eu acho é a pessoa começar e terminar uma obra. Hoje,
eu estive, de manhã, eu estava em outra atividade, a trilha transcarioca, uma coisa maravilhosa, vão ser
180 km de trilha contínua começando em Guaratiba e terminando na Urca. Mas depois eu tive a
oportunidade, nós vamos entregar agora em julho a ingá totalmente descontaminada. Hoje, eu tive a
oportunidade de ver esta área descontaminada. A gente vai ver este saneamento concluído e esta
dragagem começada agora e concluída em dois anos, e não começada aqui dois anos. Se eu começo a
obra daqui 3 anos, significa tirar a licitação da rua, redirecionar. E outra coisa: não é este o recurso do
saneamento. se o saneamento está no ritmo que está, eu não acho que esteja bum ritmo mau. A gente
sempre tem que comparar uma coisa com outra. Veja: alguém chega, você limpa a metade de uma
lagoa, mais da metade, alguém pode apontar o dedo para a parte que não foi limpa ainda. Eu também
fiz isso durante muitos anos, eu não posso condenar quem faça porque a gente está na oposição. Então,
eu acho que seria quase uma traição à esperança dos moradores da Barra adiar uma obra que vai
melhorar a qualidade de vida da população até por outra que também está andando, porque nós
colocamos recursos, discutimos o planejamento, fiscalizamos a execução deste recurso e o que a gente
pode dizer é que: se a há 8 anos, 100% do esgoto caíam dentro da lagoa, hoje, nós já temos de 55 a 60%
que vão para uma estação de tratamento e vão para um emissário a 5 km. Eu quero lembrar que os
cuidados são tantos que mesmo que a estação, em algum momento, não funcione como ela deve
funcionar, e deve funcionar, e faz Aspásia e sua comissão ficar lá fiscalizando, esta é a função que se
espera do parlamento. Eu fiquei 20 anos lá e não fiz outra coisa a não ser fazer lei e brigar para as leis
serem cumpridas, inclusive a lei da educação ambiental, inclusive a lei do saneamento, inclusive a lei de
recursos hídricos, que prevê a cobrança, estas questões todas. Eu acho que a gente sempre quando tem
um avanço deve querer mais, por isso as audiências públicas. Senão fosse para ouvir sugestão e
incorporar, a audiência pública seria uma enganação pública. Agora, é claro que é uma certa injustiça
você apontar o dedo para o que falta de saneamento, os 40% que faltam e não pensar que, há 8 anos,
era 100% saneamento. Você pode apontar que aquele cano está saindo esgoto, mas há 8 anos que tinha
zero tratamento de esgoto, zero conexão, zero elevatória. Estas duas obras estão andando, nós temos
recursos. Uma está andando e a outra vai começar agora, se algum louco não quiser parar esta obra
aqui. Eu acho que as duas são obras diferentes, são complementares, cada uma tem a sua fonte de
recurso e, para mim, quero deixar muito claro que não há nenhuma evidencia que uma delas prejudique
a outra. São completamente complementares. Pode melhorar o saneamento, a dragagem, a educação
ambiental, a questão dos rios, as populações que vivem às margens desses rios. O que a gente fez na
Baixada? Os rios, a mesma coisa. Eles estavam com 90 cm, tinha dois metros e meio. As pessoas todas
morando em rios. Por que as pessoas moravam nos rios? Porque, durante 30 anos, não houve programa
habitacional neste país. Agora, felizmente, voltou A minha casa e minha vida, os programas importantes.
Onde os pobres foram morar? Nas encostas e nas beiras dos rios. Você nem entrava com a máquina no
rio, você tinha que relocar antes a população. Nós relocamos 4 mil famílias sem Justiça só no acordo. Eu
acho que as duas obras podem e devem ser completamente complementares. Quanto ao fato de a
dragagem piorar a qualidade das praias, eu também não concordo com isso. O que vai melhorar a
qualidade das praias e, na verdade, todas as praias da Barra estão boas, com exceção do Pepe e o
Quebra-Mar, quando a lagoa vasa. Quando a lagoa enche, quando o mar enche dentro da lagoa, a praia
fica boa. Quando a lagoa sobe, porque ela ainda tem muito esgoto, a praia fica poluída. Eu quero dizer
que o que vai melhorar a qualidade desta única praia que não está completamente balneável em todo o
tempo é a continuação do saneamento. Por isso, a nossa estratégia é saneamento. Agora, também é
verdade, assim como a gente falou da cena limpa, que são 6 praias, na cena limpa 2, vão entrar outras
praias, como, por exemplo, a do Pepe, Paquetá, Copacabana. E este quebra-mar vai ajudar as pessoas.
Combinado o aumento do saneamento, esta proteção adicional, claro, que vai proteger a praia entre o
Quebra-Mar e o Pepe enquanto este saneamento não tiver sido concluído. Em relação às questões que
foram levantadas em relação às UTRs. É uma discussão importante, mas não é a discussão de hoje. Esta
questão de hoje foi o relatório ambiental simplificado das obras da dragagem de restauração do
complexo lagunar. Hoje, não foi apresentado a do projeto nem o RAS das UTRs. Pode se discutir, claro.
Todo mundo fala de tudo. Todo mundo, numa audiência como esta, está livre para falar de outros
assuntos conexos. A audiência é livre. Agora, eu quero lembrar para as pessoas que este projeto que foi
apresentado aqui hoje não está discutindo nem o saneamento, porque a nossa prioridade está
combinada com a outra nem a questão das UTRS, que é uma obra que o município tem que fazer aqui.
Mas eu quero dizer que eu defendo as UTRS, não vou me aprofundar porque não é o tema que hoje nos
junta. Hoje, nós estamos discutindo um relatório ambiental simplificado porque a lei obriga que isso seja
discutido publicamente. Eu tenho que prestar muita atenção nisso porque eu mesmo criei a lei. Então,
agente tem que discutir mesmo e ouvir as pessoas falarem sobre este assunto com muita propriedade.
A UTR retira cerca de 90% da poluição de um rio. Ela não é saneamento porque, dali para cima, as
pessoas ficam se afogando no esgoto. Ela é uma proteção de um corpo d’água. Nós vamos fazer UTRS na
Baía de Guanabara. Vamos fazer complementando o saneamento, e não em substituição ao
saneamento. Uma das UTRS que a gente está fazendo vai ser concluída agora em dezembro. É a UTR do
rio Irajá. Ela custa 40 milhões, veio da compensação da Reduc e ela tira, só o rio Irajá é responsável por
12% da poluição da baía de Guanabara tal a concentração de pessoas e de esgoto. Nós vamos fazer
novas estações de tratamento em São Gonçalo, fazer as redes porque durante 14 anos se fizeram as
estações de tratamento e elas ficaram durante 14 anos secas, sem tratar um litro de esgoto. Alguns
governantes foram inaugurar 3 vezes as estações da Alegria, Pavuna, Saracuruna, Saracuí, São Gonçalo
na cara de pau, sem tratar um litro de esgoto. E como não tinham feito as redes, as conexões, as
elevatórias, você tinha a estação como elefante branco simbolizando a incompetência e o ilusionismo e
todo o esgoto chegando na Baía de Guanabara através dos rios Iguaçu, Saracuí, Meriti, Botas etc. a
gente, agora, está fazendo rede com o dinheiro do Fecam, elevatória e tratando o esgoto. Mas o nosso
tema de hoje não é Baía de Guanabara nem é UTR. Foi levantada a questão do transporte hidroviário.
Isso já foi levantado aqui há 3 meses e, na minha fala inicial, antes de ouvir a companheira que levantou.
Cadê? Ela foi, mas fez uma intervenção corretíssima sobre a urgência disso. Eu quero dizer que, antes de
ela falar, a gente já tinha dito que isso será feito, a gente está discutindo e será simultâneo. Você tem
um ganho de escala evidente. Você já está com a obra, está com a máquina, com o incomodo, faz a
estação, faz 5 estações para garantir o transporte hidroviário, que é um transporte que engarrafa
menos, que polui menos, que usa um espaço para desobstruir as vias que estão completamente
congestionadas. Você ganha tempo, vida. Quando você perde duas ou três horas ou quatro horas
dentro de um carro, de um ônibus, você está privando você e sua família de um tempo que você podia
estar lendo, podia estar plantando uma árvore, participando de alguma associação comunitária e está lá
engarrafado dentro de ônibus emitindo CO2, perdendo um tempo da sua vida de forma completamente
imbecil. Então, esta questão, que foi levantada com ênfase, foi levantada na outra audiência, ela foi
incorporada, os projetos e as discussões nossas com o município para escolher exatamente os lugares
estão avançadíssimas. Isso será simultâneo porque não faz sentido vocês terem o incomodo desta obra,
aí acabou a dragagem, aí vai começar uma obra para fazer as cinco estações hidroviárias de barcas aqui
no nosso complexo lagunar. O ganho de escala no caso é a simultaneidade, fazer, ainda que uma seja de
nossa responsabilidade e a outra seja de responsabilidade da secretaria municipal de transporte, nós
temos identidade administrativa, política, técnica, não há razão para isso não ser feito
simultaneamente. Eu posso dizer a vocês que isso será feito simultaneamente porque isso é
fundamental para a população.
[Aplausos]
Esta obra é para a população e o transporte hidroviário, além de melhorar a vida das pessoas, melhora o
meio ambiente quando você diminui o engarrafamento, diminui a emissão de carbono, você está
contribuindo para o meio ambiente. É um meio de transporte muito menos poluente do que um ônibus
queimando diesel. Várias questões técnicas foram levantadas, vários documentos foram apresentados
pela Câmara técnica, o Hector, o comitê de bacia, a câmara comunitária, o primeiro texto que foi
apresentado para a preservação do entorno do canal de Marapendi, tudo isso será devidamente
discutido, analisado e respondido, mas nós podemos garantir para vocês que, primeiro, do que
depender de nós, esta obra vai começar muito brevemente. Não vamos esperar 3 anos para acabar o
saneamento para começar a obra. Não vamos. Segundo: que a obra hidroviária será feita
simultaneamente. Terceiro: que esta dragagem, ainda mais da forma como da Hora explicou, por
sucção, de forma alguma piora as praias, só vai melhorar as praias porque você vai ter uma praia melhor
porque, quanto mais avanço no saneamento, a gente não vai parar o saneamento enquanto está
fazendo esta obra. A gente vai fazer, avançar mais ainda o saneamento simultaneamente a esta obra. Eu
posso garantir que a qualidade das praias de forma alguma vai ser piorada por isso. Se fossem outros
métodos de dragagem, alguém podia dizer que o material em suspensão podia ser carreado, mas este
tipo de captura do sedimento, do lodo etc., de forma alguma vai piorar a qualidade da praia. Mas a
gente sabe que esta obra por si só não resolve se não for acompanhada pelo saneamento. Daí ser a
prioridade número 1 do Fecam. A gente também não pode achar o nosso umbigo é o único lugar que
existe. Por acaso, este é o que a gente está priorizando muito, investindo muito. Como eu disse, que
está no executivo tem que executar. Todos podem criticar, comentar e sugerir, mas nós temos uma
responsabilidade, nós temos que executar estas obras, é nossa função, senão fosse para isso, a gente
tinha que estar em outro lugar e deixar alguém sentar aqui para fazer porque as obras têm que ser
feitas há 20 anos, não dá dúvida, todo mundo sabe. Há quantos anos se fala em saneamento na Barra?
40 anos. Há quanto anos se fala de recuperação das lagoas? Ou seja, não é por falta de se saber que isso
tem que ser feito e isso não foi feito. O que faltou foi determinação, vontade política, recurso garantido
e projeto. No momento que a gente consegue juntar equipe, projeto, recurso e uma firme determinação
de fazer ambas as obras combinadas, eu acho que a pior coisa que poderia acontecer é haver uma
travagem, quer no processo do saneamento quer no processo de recuperação deste complexo lagunar.
Eu encerro dizendo o seguinte: boas as críticas, bons os comentários, várias serão incorporadas, mas o
nosso compromisso é este: é não olhar para trás, não perder o ritmo, não perder o pique e este
compromisso de décadas e que a gente, agora, finalmente, tem condições de fazer com que ambos
sejam realizados. Esta é a nossa firme determinação e nós sabemos que podemos contar com vocês não
só para sugerir, criticar, mas para fiscalizar não só a obra, mas todas as medidas complementares, os
planos de contingência, da educação ambiental e todas as medidas que diminuam este impacto para
vocês, para a população e para o meio ambiente. Podem contar e nós também vamos cobrar de vocês
esta responsabilidade. Antes de encerrar, eu queria dizer para vocês basicamente... boa noite, Aspásia,
obrigado pelas considerações. Eu não vou poder ficar mais, a gente começou cedo andando nas trilhas
antes das 8 da manhã, já estive no anhangá mercantil e, agora, encerramos a noite numa audiência tão
importante com sugestões tão boas. Eu confesso a vocês que eu estou consternado, precisando de um
travesseirinho, de um cafuné da minha mulher para dormir depois de tantas emoções, mas todas elas
muito boas, cheias de energia renovável. Boa noite a todos. Vamos juntos neste caminho.
ANTÔNIO CARLOS GUSMÃO: Muito obrigado pela presença de todos, uma boa noite e um feliz regresso
para seus lares. Muito obrigado.