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Boa Guia

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  • FACULDADE IBGEN INSTITUTO BRASILEIRO DE GESTO DE NEGCIOS PS-GRADUAO EM GESTO PBLICA

    FROTA OFICIAL X FROTA LOCADA

    Antonio Carlos da Costa Pinto Jos Francisco de Souza Costa

    Porto Alegre RS JUNHO 2008

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    Antonio Carlos da Costa Pinto Jos Francisco de Souza Costa

    FROTA OFICIAL X FROTA LOCADA

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Ps-Graduao em Gesto Pblica da Faculdade IBGEN, como requisito parcial obteno do ttulo de Especialista.

    Orientador Metodolgico: Professor Ms. Flvio Henrique Barbosa Brando

    Porto Alegre RS JUNHO - 2008

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    AGRADECIMENTOS

    Prefeitura Municipal de Porto Alegre, por permitir-nos qualificar nossos conhecimentos e ampliar nossos horizontes.

    Faculdade IBGEN Instituto Brasileiro de Gesto de Negcios que no mediu esforos para enriquecer o aprendizado.

    Secretaria Municipal de Administrao, atravs da Escola de Gesto Pblica que colocou toda a sua estrutura a disposio dos alunos.

    Aos setores da Coordenao de Transportes Administrativos, em particular a Unidade de Veculos Prprios e suas Equipes, pela disponibilidade de informaes, compreenso, esclarecimentos e apoio ao projeto.

    ASSEPLA/SMA, pela prestimosa ateno que concedeu aos autores.

    Ao Orientador, Professor Ms. Flvio Henrique Barbosa Brando pelas orientaes concedidas e pela seriedade com que tratou o tema de pesquisa.

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    EPGAFRE

    O maior capital de uma empresa o ser humano. So as pessoas que fazem as mquinas funcionar.

    A evoluo das mquinas e da tecnologia necessria, mas nada ser capaz de substituir as pessoas, a maneira

    de pensar e sentir, as emoes e o equilbrio que um ser humano pode ter.

    Roberto Krelling

    A vida no d nem empresta; no se comove nem se apieda...

    Tudo quanto ela faz retribuir e transferir...

    Tudo aquilo que ns lhe oferecemos.

    Albert Eistein

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    RESUMO

    A Administrao Pblica o instrumento pelo qual as aes governamentais so concretizadas junto ao cidado. Para este objetivo, utiliza-se da cincia da Administrao nas funes de planejar, organizar, dirigir e controlar a mquina pblica para que os servios pblicos cheguem coletividade de forma efetiva. Neste trabalho, procurou-se chegar a um diagnstico da atual situao do transporte administrativo da Administrao Municipal em Porto Alegre. Para tanto, a coleta de dados para pesquisa foi feita junto aos diversos usurios e gestores dos veculos prprios e locados no mbito da municipalidade, a fim de se ter uma viso ampla e impessoal sobre esta temtica. A inteno foi permitir a reflexo sobre a melhor forma de prestao de servio para o municpio, tendo presente que o beneficirio final tem que ser o contribuinte. Assim, a convenincia seria por veiculos prprios, frota terceirizada ou algum modelo alternativo que contemple os dois modelos? Com base em uma ampla fundamentao terica, foram apresentadas solues que mostram a necessidade de se reavaliar a utilizao dos veculos, sendo que os prprios podem prestar um servio de melhor qualidade quando em atividades diretamente exercidas junto populao. Torna-se imprescindvel para a Administrao Centralizada estudo que possibilite a construo de uma poltica de transportes administrativos que incentive a renovao da frota atual. No caso dos veculos locados, o trabalho demonstrou ser uma prestao de servio de boa qualidade com menor custo para o municpio, sendo necessrio readequar sua utilizao em reas no prioritrias, onde o poder pblico no necessite de visibilidade junto populao porto-alegrense.

    Palavras-chave: Administrao Pblica transportes administrativos custos

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    LISTA DE ILUSTRAES

    QUADROS

    QUADRO 1 - Diferenas Entre Formas de Administrao Pblica........................................23 QUADRO 2 - Diferenas Entre Administrao Pblica Gerencial x Administrao de Empresas ..................................................................................................................................24 QUADRO 3 - Quem compra e como so vendidos os veculos no Brasil ................................40

    TABELAS Tabela 3.1 - Utilizao de Veculos .........................................................................................55 Tabela 3.2 - Freqncia de uso dos veculos ...........................................................................55 Tabela 3.3 - Condies de uso dos veculos oficiais e locados................................................56 Tabela 3.4 - Idade mdia da frota oficial gerenciada pela CTA/UVP.....................................56 Tabela 3.5 - Itens que facilitam o conforto dos usurios na viso dos usurios-clientes........57 Tabela 3.6 - Resumo das atividades indicadas pelos usurios-clientes..................................59 Tabela 3.7 - Pesquisa sobre agendamento de veculos ............................................................61 Tabela 3.8 - Resumo das visitas realizadas..............................................................................62 Tabela 3.9 - Gastos com veculos do tipo Automvel ..............................................................66 Tabela 3.10 - Gastos com veculos do tipo Automvel de Representao ...............................67 Tabela 3.11 - Gastos com veculos do tipo Utilitrio (Kombi) ................................................68 Tabela 3.12 - Gastos com pessoal (Unidade de Controle de Veculos Locados-SMF) ...........70 Tabela 3.13 - Outros custos indiretos Estimados..................................................................71 Tabela 3.14 - Total custos indiretos veculos locados...........................................................71 Tabela 3.15 - Custos indiretos proporcionalizados aos tipos de veculos locados..................72 Tabela 3.16 - Total custos mdios indiretos proporcionais p/veculo e p/km rodado (Automvel, Automvel de representao e Utilitrio/Kombi .................................................72 Tabela 3.17 - Custos mdios totais veculos locados ...............................................................73 Tabela 3.18 - Gastos com motoristas .......................................................................................75 Tabela 3.19 - Gastos com combustveis ...................................................................................75 Tabela 3.20 - Gastos com aquisio de veculos (depreciao) ..............................................76 Tabela 3.21 - Total dos custos diretos mdios veculos prprios ............................................77 Tabela 3.22 - Outros gastos indiretos com veculos prprios..................................................78 Tabela 3.23 - Gastos com mo de obra indireta (Pessoal da Administrao, apoio e oficina)..................................................................................................................................................79

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    Tabela 3.24 - Total de custos indiretos com veculos prprios................................................80 Tabela 3.25 - Total dos custos mdios veculos prprios ........................................................81 Tabela 3.26 - Comparativo Frota oficial x Frota locada ......................................................82

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    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    ABEL - Associao Brasileira de Leasing AC - Administrao Centralizada AM - Administrao Municipal AP - Administrao Pblica CARRIS - Companhia Carris Porto-Alegrense CF/88 - Constituio Federal de 1988 CTA - Coordenao de Transportes Administrativos DEMHAB - Departamento Municipal de Habitao DMAE - Departamento Municipal de gua e Esgoto DMLU - Departamento Municipal de Limpeza Urbana EPTC - Empresa Porto-Alegrense de Transporte e Circulao FASC - Fundao de Assistncia Social e Comunitria GPO - Gabinete de Programao Oramentria PMPA - Prefeitura Municipal de Porto Alegre PROCEMPA - Empresa de Processamento de Dados do Municpio SMA - Secretaria Municipal de Administrao SMF - Secretaria Municipal da Fazenda TCC - Trabalho de Concluso de Curso UVC - Unidade de Veculos Contratados UVL - Unidade de Veculos Locados UVP - Unidade de Veculos Prprios

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    SUMRIO

    1. INTRODUO....................................................................................................................10 1.1 TEMA DE PESQUISA 10

    1.2 DELIMITAO DO TEMA DE PESQUISA 11

    1.3 JUSTIFICATIVA 14 1.3.1 A Importncia do Tema de Pesquisa para PMPA ...................................................14

    1.4 OBJETIVOS 16 1.4.1 Objetivo Geral .........................................................................................................16 1.4.2 Objetivos Especficos ..............................................................................................17

    1.5 MTODO 17 1.5.1 Estudo de Caso ........................................................................................................17 1.5.2 Instrumento de Pesquisa e Amostra ........................................................................18

    2. REFERENCIAL TERICO ...............................................................................................19 2.1 ELEMENTOS GERAIS RELACIONADOS AO TEMA 19

    2.1.1 Cenrio ....................................................................................................................19 2.1.2 Administrao Pblica.............................................................................................21 2.1.3 Administrao Pblica Burocrtica x Administrao Pblica Gerencial ................22

    2.1.3.1 Diferenas Entre as Duas Formas de Administrao .......................................23 2.1.3.2 Aparelho do Estado ..........................................................................................24 2.1.3.3 Administrao Pblica Gerencial x Administrao de Empresas ....................24

    2.1.4 Administrao Pblica Brasileira ............................................................................25 2.1.5 Administrao Pblica Municipal ...........................................................................27 2.1.6 Relaes entre a Administrao Pblica e os Usurios...........................................29

    2.2 ELEMENTOS ESPECFICOS RELACIONADOS AOS OBJETIVOS 29 2.2.1 Terceirizao ...........................................................................................................29 2.2.2 Compras e Contrataes de Servios na Administrao Pblica ............................30

    2.2.2.1 Licitao ...........................................................................................................30 2.2.2.2 Sistema de Compras Governamentais por Meio Eletrnico.............................32

    2.2.3 Anlise da Legislao Sobre Transportes Administrativos.....................................33 2.2.3.1 Legislao Antiga .............................................................................................33 2.2.3.2 Legislao Atual ...............................................................................................36

    2.2.4 Transporte com Veculos na Iniciativa Privada: Frota prpria ou terceirizada? .....37 2.2.4.1 Escopo do Sistema de Transporte por Veculos na rea Privada ....................37 2.2.4.2 Opo de transporte: prprio ou terceiros ........................................................37 2.2.4.3 O mercado Automotivo (automveis e utilitrios) ...........................................39

    2.2.4.4 Garantias...........................................................................................................40

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    2.2.5 Pesquisa de Campo..................................................................................................41 2.2.5.1 Introduo Terica............................................................................................41

    2.2.6 Teoria dos Custos ....................................................................................................43 2.2.6.1 Classificao dos Custos ..................................................................................44 2.2.6.2 Parametrizao dos Custos ...............................................................................46 2.2.6.3 Terminologia em Custos...................................................................................48 2.2.6.4. Departamentalizao .......................................................................................51

    3. CASO PRTICO .................................................................................................................52 3.1 RGO ESTUDADO 52

    3.2 SITUAO INICIAL 52

    3.3 ANLISE DA SITUAO 53 3.3.1 Anlise da Pesquisa .................................................................................................53

    3.3.1.2 Dados da Pesquisa ............................................................................................54 3.3.1.3 Visitao a Empresas........................................................................................62 3.3.1.4 Entrevistas com Gerentes na Administrao Centralizada da PMPA. .............63

    3.3.2 Anlise de Custos ....................................................................................................65 3.3.2.1 Custos com Veculos Locados..........................................................................65 3.3.2.2 Custos com Veculos Prprios..........................................................................74

    3.3.3 Comparao Entre os Custos Mdios: Veculos prprios x Veculos locados........81

    3.4 SOLUO SUGERIDA. 83 3.4.1 Utilizao da frota oficial somente para servios de reas restritas tais como:.......83 3.4.2 Utilizao da frota oficial somente para servios de reas restritas, porm com renovao peridica da frota.............................................................................................85 3.4.3 Proposio de uma comisso inter-secretarias para definio de uma poltica de transporte administrativos, sob a tutela da SMA/CTA:....................................................87 3.4.4 Ferramentas gerenciais software ..........................................................................87

    4. CONCLUSO......................................................................................................................89 4.1 CONSECUO DOS OBJETIVOS 89

    4.2 LIMITAES 90

    4.3 CONSIDERAES FINAIS 91

    REFERNCIAS 92

    ANEXOS 94

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    1. INTRODUO

    A busca de elementos que permitam uma avaliao impessoal que norteie o gerenciamento do transporte administrativo municipal um esforo constante dos gestores que administram esta operao no mbito da municipalidade. So discusses que perpassam administraes, pois elas muitas vezes vm acompanhadas de vises poltico-administrativas, as quais, por vezes, impedem o alcance de um resultado que sirva de parmetro a fim de facilitar a tomada de deciso: o melhor caminho para servir a coletividade porto-alegrense investir na frota prpria ou terceirizao? H alternativas e quais seriam elas? Pode-se perceber pelo esboo inicial que os prprios administradores em muitas oportunidades se encontram em uma perfeita dicotomia, pois carregam em suas experincias profissionais, conceitos e formas de pensar frutos de sua atuao dentro do rgo.

    Quem tem a responsabilidade pelo gerenciamento da frota oficial, pode apresentar argumentos que favoream o investimento na frota prpria da Prefeitura Municipal. Caso a experincia tenha se fundamentado na rea de controle e operao com veculos locados, a formulao de pontos favorveis pode fortalecer este tipo de terceirizao.

    Assim, os autores deste trabalho integram suas experincias em ambas as reas de transporte administrativo, procurando desvestir-se de pragmatismos a fim de construir de forma conjunta, uma opo, ou, mais de uma, que no momento sirvam melhor os interesses da coletividade e da Administrao Pblica Municipal.

    1.1 TEMA DE PESQUISA

    O tema sugerido e acolhido no projeto concentra-se em frota oficial x frota locada. Trata-se de um dilema, no somente pertinente a Administrao Pblica, como tambm preocupante para as empresas privadas. A Administrao Pblica, com sua normativa prpria, a particular, com seus interesses regidos pelo mercado. Mas, tanto numa, como noutra, a meta se concentra na busca de resultados positivos.

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    A eficincia dos gestores pblicos e privados medida pelo mesmo critrio: relao custo/benefcio. Este o produto final que servir de guia para uma tomada de deciso imparcial, tcnica e fundamentada.

    No mbito da Administrao Centralizada, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA) (ANEXO A - Organograma) boa parte da frota administrativa est sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Administrao (SMA), (ANEXO B Organograma), atravs da Unidade de Veculos Prprios - UVP, da Coordenao de Transportes Administrativos (CTA), (ANEXO G Organograma). Este rgo tem responsabilidade com o gerenciamento e operacionalidade de 56 veculos, os quais perfazem atualmente uma idade mdia de 11 anos e seis meses, que comparada frota de empresas privadas est em um patamar elevado, no recomendvel pelos padres usuais no mercado, em funo do alto custo por quilmetro rodado constatado na frota oficial.

    1.2 DELIMITAO DO TEMA DE PESQUISA

    Estudo sobre a atual poltica de transportes administrativos na Administrao Centralizada do municpio de Porto Alegre, traando comparativos entre a frota oficial e a frota locada (terceirizao dos servios) em termos de qualidade dos servios prestados (diagnstico por meio de pesquisa) e anlise de custos, comparando as frotas prpria e locada.

    O Decreto n 15.639, de 23 de agosto de 2007, detalha o Regimento Geral da Secretaria Municipal de Administrao (SMA), no mbito da Administrao Centralizada (AC), da PMPA. Assim, a Secretaria Municipal de Administrao (SMA) o rgo central dos sistemas de recursos humanos, desenvolvimento, documentao, transporte, modernizao administrativa e qualidade de vida no trabalho. No inciso VII, do artigo 2 do referido Decreto, consta a misso da Unidade de Veculos Prprios (UVP), da Coordenao de Transportes Administrativos (CTA): gerenciar as polticas sobre o sistema de transportes administrativos prprios.

    A publicao do Decreto sobre as atividades da SMA acontece em um momento significativo dentro do contexto de gerenciamento da frota oficial. Ao mesmo tempo sintetiza as aes da unidade de trabalho e tambm atualiza no cenrio municipal, as prerrogativas de

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    sua existncia. A Seo X toda dedicada s atividades da Coordenao de Transportes Administrativos, onde Unidade de Veculos Prprios (UVP) est subordinada. A criao da CTA aconteceu no mesmo perodo da criao da SMA, junho de 1965, com prdio prprio localizado no Bairro Azenha da capital.

    A Unidade de Veculos Prprios (UVP), (ver ANEXO G Organograma/CTA) conta atualmente, com 99 servidores1, sendo que a maioria pertence classe de cargos do Grupo Operacional, formado por motoristas, mecnicos, chapeadores, operrios especializados e apontadores que atuam nas Equipes de Almoxarifado, Manuteno, Controle Operacional, Controle de Trfego e Ncleo de Apoio Administrativo. Cabe a Equipe de Almoxarifado a elaborao da proposta oramentria, aplicao dos recursos destinados UVP, previso de entrada e sada de materiais, controle do estoque, entre outras tarefas. A Equipe de Controle Operacional a responsvel pelo acompanhamento, programao e controle do consumo de combustvel, leo lubrificante, levantamento de custos e relatrios do desempenho da frota oficial, bem como a execuo de abastecimento, lubrificao de lavagem, entre outras aes. J a Equipe de Controle de Trfego, agenda, controla, programa e executa os servios de transportes administrativos necessrios ao atendimento dos usurios internos da PMPA, servios de Portaria e Recepo. A Equipe de Manuteno efetua a manuteno preventiva e corretiva da frota gerenciada pela UVP-CTA, alm de outros veculos gerenciados por outros rgos da Administrao Centralizada, como Guarda Municipal, Secretaria Municipal da Sade e outros, elaborando pareceres tcnicos quando necessrios e a realizao de oramentos. Ao Ncleo de Apoio Administrativo cabe o controle da efetividade dos servidores, distribuio de expediente interno e externo, entre outras atividades.

    Este histrico visa conceder ao leitor uma viso do cenrio em que esta pesquisa se desenvolveu. Um rgo com mais de 50 anos, que contribui para o desenvolvimento de atividades essenciais municipalidade, funcionando como setor de apoio a diversas unidades da Prefeitura. Com uma frota prpria de 56 veculos sob a responsabilidade do rgo, e atendendo a outros 140 em termos de manuteno corretiva, preventiva, abastecimento, lubrificao e lavagem, funciona diuturnamente a fim de dar suporte aos servidores envolvidos nas atividades de fiscalizao, Conselho Tutelar, Defesa Civil e servios

    1 Fonte: Ncleo de Apoio Administrativo, NAA-UVP-CTA.

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    administrativos em geral, quer seja inter-secretarias, ou mesmo com outras instituies pblicas e privadas.

    No somente em nosso pas que o exerccio de atividades de interesse pblico est passando por um processo de transformao. Basta estar atento aos meios de comunicaes para se ter uma noo das mudanas que ocorrem em funo da diminuio do aparelho estatal e a delegao de atividades, antes exercidas diretamente pela Administrao Pblica, agora passando para a esfera privada, via privatizaes, concesses, convnios e terceirizao (ver arcabouo terico no captulo 2, Referencial Terico).

    Na literatura, muitos autores alegam esta alterao em funo da busca de eficincia e eficcia, complementando com a falta de recursos do Estado para atender as necessidades da populao, pensamento, por exemplo, da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (DI PIETRO, 2006), que deixa clara a idia de ampliao das privatizaes nos servios pblicos como um processo normal nas democracias mundo afora. Complementa a autora que a terceirizao, bastante conhecida no mbito da iniciativa privada, aparece hoje entre os institutos pelos quais a Administrao Pblica moderna busca a parceria com o setor privado para a realizao de suas atividades.

    Dentre os princpios bsicos da Administrao Pblica, atualmente o da eficincia exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeio e rendimento funcional. Este o mais moderno princpio da funo administrativa, que j no se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o servio pblico e satisfatrio atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. um desafio imposto para todos que desempenham funes pblicas (MEIRELLES, 2000).

    Assim, a busca da maximizao no desempenho da frota oficial, a fim de satisfazer as necessidades dos seus usurios-clientes, sempre modulou as atividades da UVP. Ao longo de vrios exerccios, quer na elaborao de propostas oramentrias, ou em projetos especficos para renovao da frota prpria, sempre um dos impedimentos mais apontados foi a insuficincia de recursos por parte da Administrao. Embora os esforos por parte da Secretaria Municipal de Administrao no sentido de acelerar a melhoria ou renovao da frota oficial, isto nem sempre foi possvel face necessidade de alocao de recursos para investimentos em outras reas prioritrias com atendimento direto a populao porto-

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    alegrense como sade, educao, pagamento de fornecedores, entre outras, com a inteno de manter a mquina pblica em funcionamento.

    Em passado recente, a Coordenao de Transportes Administrativos englobava sob sua subordinao, alm da UVP, a rea de locao de veculos sob a denominao Unidade de Veculos Contratados (UVC). Havia, portanto, um rgo que centralizava todos os contratos, controles, fiscalizao e pagamento. A descentralizao ocorreu em junho de 2006, momento em que cada repartio municipal passou a gerenciar seus prprios contratos, ficando com o Gabinete de Programao Oramentria (GPO), rgo vinculado diretamente ao Gabinete do Prefeito Municipal, o controle, pagamento, renovao de contratos atravs do instituto da Licitao.

    Atualmente o rgo que gerencia os veculos locados no mbito da Administrao Centralizada passou a denominar-se Unidade de Veculos Locados (UVL), e faz parte da Secretaria Municipal de Fazenda. Sob a responsabilidade da SMA ficou o controle e administrao da frota oficial, totalizando atualmente, 56 veculos de diversas marcas e modelos, porm com estatsticas inquietantes: - a idade mdia da frota oficial ultrapassa os 11 anos (Tabela 3.4) e os veculos parados no baixam de 25 em oficina, sendo que da frota da SMA, so aproximadamente 5 carros. Este ltimo dado tem sua incidncia diminuda com a entrada em vigor do contrato de manuteno terceirizada da frota com a empresa Auto Laguna Ltda, com validade at julho de 2008.

    Dessa foram, servios que requerem para sua execuo uma estrutura mais sofisticada como reformas de motores e caixas de cmbio, ou mesmo em funo do elevado custo para seus reparos, ou ainda por falta de peas no estoque, esto sendo encaminhados para aquela empresa adjudicada em processo licitatrio.

    1.3 JUSTIFICATIVA

    1.3.1 A Importncia do Tema de Pesquisa para PMPA

    A partir da metade da dcada de 90, sempre ocorreram discusses sobre qual a alternativa mais adequada para o municpio: investimentos na frota oficial ou nfase na

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    locao de veculos, atravs de Licitao. Dentro da prpria SMA h defensores das duas correntes, assim, sem pretender encerrar o assunto, h necessidade de se estabelecer um estudo tcnico, independente, que vise auxiliar os gestores na tomada de deciso com o intuito de propor as melhores alternativas com a modernizao do transporte administrativo e seu gerenciamento, visando a qualificao dos servios, seja ele prestado diretamente pela Administrao (veculos prprios), ou prestado por empresas contratadas (veculos locados) e que permita reflexo sob a definio de uma poltica de transportes administrativos para a PMPA.

    Assim, o presente trabalho tem a inteno, mesmo que de forma limitada, tecer um olhar para a atual situao de forma realista, sobre algumas variveis do transporte administrativo na Administrao Centralizada.

    O captulo 2 abordar o referencial terico do trabalho, contendo toda sustentao bibliogrfica que dar suporte aos ecaminhamento do estudo de caso. Tambm sero examindas as normas que regulam o transporte oficial e locado na PMPA. Os preceitos determinados pelo Decreto Municipal 8985/1987, o qual define a forma de utilizao dos veculos municipais, bem como toda legislao acessria: Ordem de Servio 15/1994, que versa sobre a identificao dos veculos; Ordem de Servio 004/1990, sobre proibio de recolhimento de carros em residncias particulares de servidores; Ordem de Servio 009/1989, que aborda a categorizao da utilizao e a Ordem de Servio 006/2002 que obriga todas as reparties municipais a enviarem anualmente, no incio de cada exerccio, relao atualizada dos veculos patrimoniados em seus rgos.

    A entrada em vigor do Decreto Municipal n 15.574, de 23 de maio de 2007, (ANEXO C) que consolida toda a legislao pertinente ao transporte administrativo no municpio estar destacada. No mesmo captulo, tanto os instrumentos de pesquisas utilizados e a explorao da bibliografia que auxiliam no desenvolvimento do tema sero abordados, inclusive frutos de experincias paralelas no sistema frotista privado. A idia abastecer-se destas informaes que validaro e auxiliaro as futuras anlises conclusivas.

    No mbito da locao de veculos, buscar-se- junto ao rgo de controle e diversos usurios do sistema contratado, informaes e relatrios que facilitem a futura confrontao de dados com a frota oficial.

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    O captulo 3 ser todo ele dedicado a delinear a comparao entre a frota oficial e a frota locada. A apresentao dos resultados da pesquisa que ajudaro a investigar os problemas advindos do gerenciamento. A sua coleta de dados, entrevistas, resultado das visitas. O sistema de custos com toda a anlise dos dados comparativos.

    Esta anlise situacional da realidade do transporte administrativo e a correspondente oferta de sugestes, para a qualificao desta atividade no municpio estaro sendo concretizadas nesta etapa do trabalho. Tanto o comparativo entre os custos e benefcios da utilizao da frota oficial e de utilizao da frota locada de veculos, fornecendo subsdios a Administrao Municipal para que tenha condies de avaliar qual a melhor alternativa de transportes administrativos para o Municpio de Porto Alegre. Desta forma, ao final deste captulo estaro sendo apresentadas sugestes para melhorias no transporte e a conseqente avaliao por parte da Administrao do municpio.

    O captulo 4 ser reservado s sugestes e consideraes finais, momento em que o cenrio do transporte administrativo (de forma ampla), quer relativamente a veculos da frota oficial ou locada estar efetivamente construdo. O projeto no tem a presuno de ser nico, ou encerrar as discusses sob esta temtica que ocupa tanto a ateno dos gestores pblicos. Ao contrrio, embora limitado, espera contribuir para que a Administrao Municipal tenha condies de fazer a opo, ou opes que atendam os anseios da coletividade, ou seja, um gerenciamento eficiente no que tange ao transporte administrativo.

    1.4 OBJETIVOS

    1.4.1 Objetivo Geral

    Analisar a situao atual do transporte administrativo na Administrao Centralizada (AC), a partir de um diagnstico da atual situao, estabelecendo comparativos entre o transporte por veculos oficiais e o mesmo servio prestado por empresas contratadas (veculos locados), apresentando sugestes e alternativas que facilitem a tomada de deciso sobre qual melhor poltica de transportes, para a Administrao Centralizada do municpio de Porto Alegre.

  • 27

    1.4.2 Objetivos Especficos

    Dentre os objetivos especficos que auxiliaro a proposio de sugestes, no intuito de abastecer o Governo Municipal com informaes para a tomada de decises que entender como necessrias, destacam-se:

    - Apresentar a situao da frota oficial em termos gerais, tendo como base para avaliaes, o exerccio de 2007.

    - Analisar a atual situao dos veculos locados, referenciando o ano de 2007 como modelo para comparao de custos;

    - Analisar a legislao municipal existente sobre o tema e propor subsdios para seu aperfeioamento, caso seja necessrio;

    - Fazer um comparativo de custos entre a frota oficial e a frota locada dentro da Administrao Centralizada, analisando pontos convergentes e divergentes e os controles.

    - Avaliar a qualificao do atendimento aos usurios-clientes, diagnosticando atravs de pesquisas, o nvel de satisfao dos mesmos com a prestao do servio.

    - Apresentar Administrao Municipal sugestes para melhoria do transporte administrativo municipal.

    1.5 MTODO

    1.5.1 Estudo de Caso

    A Coordenao de Transportes Administrativos (CTA) o rgo responsvel pelo gerenciamento do transporte administrativo na Administrao Centralizada (AC), tanto no que se refere aos veculos prprios como em relao aos locados.

    A linha de pesquisa deste Trabalho de Concluso de Curso (TCC) dever responder a seguinte questo:

    Com o avano da terceirizao na Administrao Pblica e a diminuio de recursos para investimentos na melhoria de sua estrutura e sucateamento dos veculos quais

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    alternativas, dentro da atual realidade da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, seria mais adequada para qualificar o transporte administrativo?

    - Investimentos na frota oficial a fim de evitar o seu sucateamento;

    - Priorizar a terceirizao com nfase na locao de veculos;

    -Delimitar reas que sero atendidas somente por veculos oficiais ou por locados;

    - Buscar alternativas que possibilitem a renovao da frota oficial, sem que haja um investimento de monta por parte da PMPA?

    1.5.2 Instrumento de Pesquisa e Amostra

    A tcnica a ser utilizada em funo dos objetivos que o trabalho prope, ser analtica, exploratria e emprica com a realizao de pesquisas e entrevistas visando buscar elementos de controle junto aos usurios e gestores da Unidade de Veculos Prprios (UVP) e das reas de veculos locados nos diversos rgos da AC. Sero enviados questionrios aos diversos usurios-clientes para que atravs da anlise das respostas, possa-se construir um cenrio que represente a realidade do transporte administrativo na PMPA.

    Alm do questionrio a ser enviado por correio eletrnico, sero realizadas no mnimo duas visitas a empresas de grande porte a fim de buscar subsdios que possam contribuir para a elaborao de uma proposta de melhoria na rea de transportes administrativos. No caso dos gestores de veculos prprios e contratados, haver uma flexibilidade maior nas perguntas, sendo utilizada a entrevista.

    Desta forma, entende-se que estas trs maneiras atendero os interesses deste projeto:

    - Coleta de dados mediante envio de questionrio especfico.

    - Visitao a empresas privadas em Porto Alegre (no mnimo duas).

    - Entrevistas com gestores que operacionalizem veculos prprios e contratados.

  • 29

    2. REFERENCIAL TERICO

    2.1 ELEMENTOS GERAIS RELACIONADOS AO TEMA

    2.1.1 Cenrio

    O ritmo veloz das mudanas socioeconmicas, tanto quanto ambientais e polticas a partir do surgimento de inovaes nas ltimas dcadas do sculo XX, trouxeram distintas maneiras e possibilidades para modernizar a funo gerencial. A Administrao Pblica, por conseqncia, tambm foi afetada por estas influncias. A maioria dessas mudanas estava associada s transformaes mais amplas que ocorreram no papel do Estado e nas relaes deste com a sociedade. Em outras palavras, essa radical transformao social e econmica no mundo, que atinge todos os setores, inclusive as instituies governamentais, sinaliza que estas deveriam reinventar-se para adaptar-se nova realidade. Isso exige um novo modelo de gesto pblica, que atue de maneira integrada e orientada para a excelncia, sem desconsiderar as caractersticas e as especificaes da Administrao Pblica.

    oportuno destacar que a Administrao Pblica tem como objetivo maior atender s necessidades pblicas, no que diz respeito aos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidados. Deve a Administrao Pblica, aproximar os servios das populaes e assegurar a participao dos interessados em uma gesto pblica efetiva, onde a coletividade participe do controle e das decises. No que tange ao transporte administrativo, cabe responder se esta aproximao eficiente pode ser prestada diretamente por uma frota prpria, onde a identificao como patrimnio de um rgo da Administrao Direta pode facilitar o intercmbio e os caminhos que levam a qualificao do servio populao. Os usurios dos servios pblicos municipais, tanto quanto os demais cidados esto cada vez mais exigentes quanto qualidade dos produtos ofertados pelo ente pblico. Assim, a adoo de ferramentas gerenciais uma alternativa para o administrador pblico melhorar o nvel de gerenciamento. Observar o mercado e perceber a utilizao de novas tecnologias so posturas do gestor

  • 30

    pblico voltado no s para melhoria da qualidade do seu trabalho, tanto quanto o nvel de compromisso e respeito com a populao tributria.

    O setor pblico avana ou ensaia ofensivas agora, no mais apenas na busca da qualificao de atividades de apoio, ou constitucionalmente delegadas. Tambm em mercados competitivos quer estar presente. No mbito federal, Banco do Brasil e Petrobras exemplificam cada vez mais a presena do Estado em reas concorridas, seja no mercado de energia eltrica, previdencirio ou mesmo bancrio, ofertando produtos ao nvel de concorrentes privados2.

    De certa forma, a referncia acima contrape a vises como, por exemplo, de Peter Drucker, para quem o governo sempre dificlimo abandonar uma atividade, mesmo que ela j no tenha utilizao alguma. Todo o governo torna-se assim, comprometido com o passado, com o obsoleto, com o no-produtivo. Por outro lado, o governo tambm no consegue abandonar uma atividade que j atingiu seus objetivos. J uma empresa privada pode ser liquidada, vendida, fechada. (DRUCKER. 2003, p. 53)

    Em se tratando de transportes, para a maioria das empresas a atividade logstica mais importante por absorver de um a dois teros dos custos logsticos. difcil para uma empresa moderna abster-se da movimentao de suas matrias-primas, ou do escoamento de seus produtos acabados.

    No ramo privado, a administrao dos transportes tem que decidir quanto ao mtodo de transporte, seus roteiros, controles e utilizao da capacidade dos veculos. Assim, a anlise de custos torna-se fundamental na escolha do transporte adequado. Atender um usurio com a qualificao desejada, no tempo necessrio e com o custo compatvel um desafio na administrao de transportes, seja pblico ou privado.

    No decorrer deste captulo, este tema estar amplamente abordado de maneira terica e facilitar a compreenso do leitor. Ao final, espera-se que toda a abordagem conclusiva possa estar espelhada nas preocupaes e observaes contidas nestas fundamentaes.

    2 Ora estatiza, ora privativa Reportagem no Jornal Zero Hora-Porto Alegre/RS, em 14/10/2007, pginas 20 a

    22.

  • 31

    2.1.2 Administrao Pblica

    A Administrao Pblica constitui um importante segmento da cincia da Administrao. Ela representa o aparelhamento do Estado e funciona como o instrumento do governo para planejar, organizar, dirigir e controlar todas as aes administrativas, no sentido de dar plena e cabal satisfao das necessidades coletivas bsicas.

    importante buscar uma conceituao para o que significa Administrao Pblica. Em um sentido mais amplo, Administrao Pblica, segundo Norberto Bobbio (1993, p. 10),

    A expresso Administrao Pblica designa o conjunto das atividades diretamente destinadas execuo concreta das tarefas ou incumbncias consideradas de interesse pblico ou comum, numa coletividade ou numa organizao estatal.

    Assim, o interesse pblico est acima do interesse privado. Desta forma, a prestao de servio decorrente da Administrao Pblica toda a atividade que a Administrao Pblica executa, direta ou indiretamente, para satisfazer necessidade coletiva, sob regime jurdico predominantemente pblico. Abrange atividades que, por sua essencialidade ou relevncia para a coletividade, foram assumidas pelo Estado, com ou sem exclusividade.

    J, conforme Hely Lopes Meirelles, cabe distinguir Governo e Administrao. Segundo ele (2000, p. 59),

    Governo Em sentido formal, o conjunto de Poderes e rgos constitucionais; em sentido operacional, a conduo poltica dos negcios pblicos, em sentido material o complexo de funes estatais bsicas. A constante, porm, do Governo a sua expresso poltica de comando, de iniciativa, de fixao de objetivos do Estado e de manuteno da ordem jurdica vigente.

    Administrao Pblica Em sentido formal, o conjunto de rgos institudos para consecuo dos objetivos do Governo; em sentido material, o conjunto das funes necessrias aos servios pblicos em geral; em sentido operacional, o desempenho perene e sistemtico, legal e tcnico, dos servios prprios do Estado ou por ele assumidos em benefcio da coletividade. Numa viso global, a Administrao , pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado realizao de servios, visando satisfao das necessidades coletivas. A Administrao no pratica atos de governo; pratica to somente, atos de execuo, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competncia do rgo e de seus agentes.

  • 32

    2.1.3 Administrao Pblica Burocrtica x Administrao Pblica Gerencial

    Foi um grande progresso o surgimento, no sculo XIX, de uma Administrao Pblica Burocrtica em substituio as formas patrimonialistas de administrar o Estado, que na verdade eram uma extenso do poder do soberano. Patrimonialismo significa a incapacidade do governante em distinguir a diferena entre o que patrimnio pblico e seus bens privados. Assim, a democracia e a Administrao Pblica surgiram como as principais instituies que visavam proteger o Estado. Burocracia a instituio administrativa usada como instrumento para combater o nepotismo e a corrupo dois traos inerentes administrao patrimonialista os princpios de um servio pblico profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional.

    A Administrao Pblica Gerencial emergiu na segunda metade do sculo passado como resposta crise do Estado, como modo de enfrentar a crise fiscal, como estratgia para reduzir o custo e tornar mais eficiente administrao dos imensos servios que cabiam ao Estado. Tambm foi importante instrumento de proteo do patrimnio pblico e como contrapartida administrao burocrtica. Algumas caractersticas bsicas definem a administrao pblica gerencial (BRESSER PEREIRA; SPINK, 2006):

    a) orientada para o cidado e para a obteno de resultados; b) pressupe que os polticos e os funcionrios pblicos so merecedores de grau

    limitado de confiana; c) como estratgia, serve-se da descentralizao e do incentivo criatividade e

    inovao;

    d)- utiliza o contrato de gesto como instrumento de controle dos gestores pblicos.

    A Administrao Pblica Gerencial surgiu com fora na Gr-Bretanha em 1979, no governo de Margaret Thatcher e em 1980, nos EUA, no tambm governo conservador de Ronald Reagan. Na Gr-Bretanha, o gerencialismo foi aplicado ao servio pblico imediatamente aps a posse do novo governo e levou a uma reforma profunda e bem-sucedida na Administrao Pblica. Uma srie de programas o das Unidades de Eficincia, com relatrios de pesquisa e avaliao; o Prximo Passo, com agncias autnomas; e o Direito do Cidado contribuiu para tornar o servio pblico na Gr-Bretanha mais flexvel, descentralizado, eficiente e orientado para o cidado. O servio pblico britnico tradicional

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    passou por profunda transformao, perdeu os traos burocrticos e adquiriu caractersticas gerenciais.

    No Brasil, a partir de 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso, a reforma da Administrao Pblica, sob a responsabilidade do ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, no novo Ministrio da Administrao Federal e Reforma do Estado buscava uma administrao pblica moderna e eficiente, compatvel com o capitalismo competitivo, aproximando os mercados do trabalho pblico e privado. A proposta era transformar a Administrao Pblica brasileira, de burocrtica em gerencial. Ficou constatado na poca que a causa bsica da crise dos anos 80 foi o Estado, uma crise fiscal do Estado, de interveno estatal, uma crise da forma burocrtica de administrao do Estado. Assim, a soluo no provocar o definhamento do Estado, mas, reconstru-lo, reform-lo. A reforma significou reduzir o tamanho do Estado, limitar suas funes como produtor de bens e servios e, em menor extenso, como regulador, mas implicar tambm em ampliar suas funes no financiamento de atividades que envolvam externalidades ou direitos humanos bsicos e na promoo da competitividade internacional das indstrias locais.

    2.1.3.1 Diferenas Entre as Duas Formas de Administrao

    As duas formas mais utilizadas na administrao pblica so a burocrtica e a gerencial, cada uma com suas caractersticas prprias, sendo que cada governo adota a forma que mais lhe convm de acordo com o momento e suas convices.

    QUADRO 1 Diferenas Entre Formas de Administrao Pblica

    Administrao Pblica Burocrtica Administrao Pblica Gerencial

    Concentra-se nas normas, no processo Importam os resultados

    auto-referente, para o bem do Estado Est voltada para o cidado Pouca utilizao de indicadores Utilizao de indicadores

    Voltada para dentro de si, organizao Foco no cliente-cidado

    Gesto hierrquica, rgida Estmulo a participao, flexvel

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    2.1.3.2 Aparelho do Estado

    No aparelho do Estado, possvel distinguir quatro setores (CHIAVENATO, 2006, P.128):

    a) Ncleo Estratgico: o setor onde so definidas as leis e as polticas pblicas e acompanha o seu cumprimento. o setor onde as decises estratgicas so tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judicirio, ao Ministrio Pblico e no poder executivo, ao Presidente da Repblica, ministros e auxiliares diretos, responsveis pelo planejamento e formulao das polticas pblicas.

    b) Atividades Exclusivas: o setor onde so prestados servios que somente o Estado pode realizar, como regulamentar, fiscalizar e cobrar impostos, polcia, previdncia social bsica, agncias reguladoras, fomento e de servios sociais.

    c) Servios NoExclusivos: corresponde ao setor onde o Estado atua simultaneamente com outras organizaes pblicas no-estatais e privadas. Por exemplo, servio de educao, de telefonia, de sade, cultura e pesquisa cientfica.

    d) Produo de Bens e Servios para o Mercado: desempenhado pelas empresas estatais, no setor de infra-estrutura.

    2.1.3.3 Administrao Pblica Gerencial x Administrao de Empresas

    A Administrao Pblica Gerencial inspira-se na Administrao de Empresas, mas, no pode ser confundida com essa. O quadro abaixo demonstra algumas diferenas bsicas:

    QUADRO 2 Diferenas Entre Administrao Pblica Gerencial x Administrao de Empresas

    Administrao Pblica Gerencial Administrao de Empresas

    - Receita do Estado deriva dos impostos, de uma obrigatoriedade.

    - Receita depende do pagamento que clientes fazem livremente na compra de seus produtos

    Continua...

  • 35

    ...Continuao

    - controlada pela sociedade e polticos eleitos.

    - controlado pelo mercado.

    - Voltada para o interesse pblico. Voltada para o lucro privado, a maximizao dos interesses dos acionistas.

    2.1.4 Administrao Pblica Brasileira

    A Constituio Federal de 05/10/1988 (CF/88), determina no se artigo 29, que todo municpio deve ser regido por uma lei orgnica. No caso de Porto Alegre, a sua carta magna data de 03/04/1990, tratando toda a estrutura da Administrao Municipal, formas de controle, interno e externo, finanas pblicas e a operacionalidade da Administrao como um todo, mas, acima de tudo, legislando suas competncias na promoo de uma vida digna direcionada coletividade porto-alegrense.

    O captulo VII da CF/88 preceitua no seu artigo 37 que a Administrao Pblica Direta e Indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia. Para simplificar a compreenso destes princpios, busca-se amparo no Direito Administrativo (DI PRIETO, 2008):

    a) Princpio da Legalidade: aqui que melhor enquadra aquela idia de que, na relao administrativa, a vontade da Administrao Pblica a que decorre da lei. Segundo este princpio, a Administrao Pblica s pode fazer o que a lei permite.

    b) Princpio da Impessoabilidade: tanto pode dar margem interpretativa de que deve ser observado em relao aos administrados, tanto quanto pela prpria Administrao. No primeiro sentido, a finalidade pblica deve nortear toda a atividade administrativa. Significa que a Administrao no pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que sempre o interesse pblico deve modelar o seu comportamento. Na segunda interpretao, afirma que os atos e provimentos administrativos so imputveis no ao funcionrio que os pratica, mas ao rgo ou entidade administrativa da Administrao

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    Pblica, de sorte que ele autor institucional do ato. As realizaes governamentais no so do funcionrio ou autoridade, mas da entidade pblica que esto vinculados.

    c) Princpio da Moralidade: recorre-se a Hely Lopes Meirelles, (2000 p. 83) para situar a abrangncia deste princpio. A moralidade administrativa constitui, segundo o autor, pressuposto de validade de todo o ato administrativo. No se trata da moral comum, mas, sim de uma moral jurdica, entendida como o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administrao.

    d) Princpio da Publicidade: este princpio exige ampla divulgao dos atos praticados pela Administrao Pblica, ressalvadas as hipteses de sigilo previstas em lei. Segundo Maria Silvia Di Pietro, no se justifica esta restrio, uma vez que Administrao Pblica s tutela interesses pblicos. assegurado todo o tipo de acesso informao e resguardado o sigilo de fonte, quando necessrio ao exerccio profissional. Todos tm direito de receber dos rgos pblicos informaes do seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral.

    e) Princpio da Eficincia: o autor Hely Lopes Meirelles (2000, p. 90), aborda que o princpio da eficincia exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeio e rendimento funcional.

    o mais moderno princpio da funo administrativa, que j no se contenta sem ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o servio pblico e satisfatrio atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. Retoma Maria Sylvia Di Pietro, que este tema est presente entre os objetivos da Reforma do Estado, elaborado em 1995 e a na seqncia apresentada, dando nfase de que reformar o Estado significa melhorar no apenas a organizao e o pessoal do Estado, mas tambm suas finanas e todo o seu sistema institucional-legal, de forma a permitir que o mesmo tenha uma relao harmoniosa e positiva com a sociedade civil. As decises podem ser tomadas de forma correta e efetiva, e os servios do Estado, exclusivos ou no, sero operados de forma eficiente.

    f) Princpio da Supremacia do Interesse Pblico: o interesse pblico deve estar acima do privado.

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    g) Princpio da Especialidade: concorrente a idia de descentralizao da prestao dos servios pblicos, com vistas a especializao da atividade a ser exercida. Normalmente aplicado s autarquias, porm tambm plausvel de aplicao nos demais entes da Administrao Pblica Indireta.

    h) Princpio da Razoabilidade e Proporcionalidade: visa proibir os excessos e objetiva aferir compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restries desnecessrias ou abusivas por parte da Administrao Pblica, com leso aos direitos fundamentais.

    2.1.5 Administrao Pblica Municipal

    A atividade da Administrao Pblica pode ser exercida diretamente, por meio de seus prprios rgos (centralizao administrativa ou Administrao Direta), ou indiretamente, por meio de transferncia de atribuies a outras pessoas, fsicas ou jurdicas, pblicas ou privadas (descentralizao administrativa ou Administrao Indireta). Ambas as formas de administrao fazem parte do corpo do aparelho do Estado. A centralizada, diretamente pelos rgos que compe o Executivo e a descentralizada pelas autarquias, fundaes, sociedades de economia mista e empresas pblicas.

    Para melhor compreenso, importante a seguinte diferenciao na Administrao Indireta:

    a) Autarquias: entidade de Direito Pblico que desempenha tarefas da Administrao Direta, porm, destacadas da administrao central. Possui patrimnio prprio e poder de auto-administrao.

    b) Fundaes Pblicas: entidade de direito pblico ou privado que tem por objetivo o desenvolvimento de atividades no lucrativas, de interesse da coletividade como educao, cultura, artes, pesquisas cientficas.

  • 38

    c) Empresas Pblicas: entidade de direito privado com capital exclusivamente pblico. Se alguma delas se voltarem para explorao de atividade econmica, sujeitam-se as regras do direito privado.

    d) Sociedades de Economia Mista: entidade de direito privado que conta com a participao do poder pblico e de particulares, na constituio do seu capital e na sua administrao.

    No caso da Administrao Municipal (AM), a descentralizao ocorre atravs dos seguintes rgos:

    a) Autarquias: Departamento Municipal de gua e Esgoto (DMAE), Departamento Municipal de Habitao (DEMHAB) e Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU);

    b) Empresa pblica: Empresa Pblica de Transportes e Circulao (EPTC); c) Empresas de economia mista: Companhia de Processamento de Dados do

    Municpio de Porto Alegre (PROCEMPA) e Companhia Carris Porto-Alegrense, que explora o transporte coletivo na cidade.

    d) Fundao: Fundao de Assistncia Social e Comunitria (FASC) rgo que presta diretamente um trabalho de assistncia social e educativa.

    Pelo Decreto Municipal n 15.639, de 23 de agosto de 2007, na seo X, dedicada exclusivamente s atividades da Coordenao de Transportes Administrativos (CTA), competindo ao rgo, proposio de diretrizes sobre o transporte administrativo que utilizam veculos prprios; - a coordenao e fiscalizao da frota oficial, prpria, da Administrao Centralizada (AC) e outras atividades pertinentes a unidade de trabalho.

    Para facilitar a compreenso, e se ter a dimenso de sua importncia dentro do cronograma da Administrao Municipal, destacamos atravs dos organogramas da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (ANEXO A), Secretaria Municipal de Administrao (SMA), (ANEXO B) e da prpria Coordenao de Transportes Administrativos (CTA), (ANEXO G). No referido Decreto Municipal, registrem-se as prerrogativas do artigo 24 que determina Unidade de Veculos Prprios (UVP), como a responsvel pela administrao da frota prpria do municpio de Porto Alegre.

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    2.1.6 Relaes entre a Administrao Pblica e os Usurios

    As alteraes nas relaes entre a Administrao Pblica e seus usurios so decorrentes em geral, da crise gerada pelo atendimento deficiente ao cidado. Os usurios dos servios pblicos, alm de mostrarem um nvel elevado de insatisfao com a qualidade do atendimento, passaram a exigir, cada vez mais, a prestao de servios de qualidade. Assim, a prestao de servios tornou-se um fator bastante crtico para a Administrao Pblica. As razes para a crescente insatisfao com os servios prestados passam, entre outros problemas, pela ineficincia e ineficcia no atendimento. Neste contexto, a ausncia de conhecimento e a resistncia adoo das ferramentas necessrias para a melhoria do atendimento contribuem para dificultar qualquer mudana significativa nessa rea.

    Verifica-se que a Administrao Pblica busca encontrar solues para esses problemas trazendo o cidado para o centro das suas atenes e preocupaes. As mudanas em curso no setor pblico, que vm sendo implementadas por inmeros pases, decorrem das expectativas crescentes da sociedade. Na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, o cidado o cliente final. No transporte administrativo, o servidor o usurio-cliente, mas a utilizao adequada do bem pblico, no caso o veculo, tem que ser benfica em termos de qualidade na prestao do servio e custos adequados - frutos deste trabalho.

    No trabalho de Jos Matias-Pereira (2008, p. 241), traduz a necessidade de modernizao na Administrao Pblica:

    Dessa forma, parcela significativa dos problemas trazidos Administrao Pblica passa a ser resolvida com maior facilidade, tendo como suporte as inovaes tecnolgicas que permitem a utilizao de inmeras ferramentas para melhorar o atendimento. Assim, a intensificao da utilizao da informtica, redes e softwares e das telecomunicaes possibilita as mudanas no modelo administrativo

    2.2 ELEMENTOS ESPECFICOS RELACIONADOS AOS OBJETIVOS

    2.2.1 Terceirizao

    A terceirizao, bastante utilizada no mbito da iniciativa privada, aparece hoje entre os institutos pelos quais, a AP moderna busca a parceria com o setor privado para a realizao

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    de suas atividades. Existe certo consenso entre os doutrinadores do direito do trabalho em definir a terceirizao como a contratao, por determinada empresa, de servios de terceiro para o desempenho de atividade-meio (DI PRIETO, 2006, p. 229).

    A locao de servios disciplinada pela Lei n 8.666/93, amplamente conhecida como Lei das Licitaes. A locao de servios tem por objetivo determinada atividade que no atribuda ao Estado como servio pblico e que ele exerce apenas em carter acessrio ou complementar da atividade-fim, que o servio pblico. importante caracterizar Servio Pblico e distingu-lo da locao de servios por parte da Administrao Pblica:

    Servio Pblico - toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada satisfao da coletividade em geral, mas fruvel singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faa as vezes, sob regime de Direito Pblico. (BANDEIRA DE MELLO, 2007, p. 652)

    Para Hely Lopes Meirelles (2000, p. 306), servio pblico todo aquele prestado pela Administrao Pblica ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundrias da coletividade ou simples convenincia do Estado.

    No que se refere locao de servios de veculos, ela est inserida na categoria servios tcnicos profissionais aqueles que exigem habilitao legal para sua execuo. Esta habilitao varia desde o simples registro do profissional ou firma na repartio competente at o diploma de curso superior oficialmente reconhecido. O que caracteriza ser privativo de pessoa habilitada. No caso, esto inclusos na categoria de servios tcnicos profissionais generalizados com sua contratao mediante processo licitatrio, uma vez que h sempre a possibilidade da competio entre os que executam em igualdade de condies e em carter profissional (MEIRELLES, 2000).

    2.2.2 Compras e Contrataes de Servios na Administrao Pblica

    2.2.2.1 Licitao

    No ordenamento jurdico do Brasil as normas definidoras do processo de compras governamentais esto contidas na Lei n 8.666, de 21 de junho de 1993. A citada lei

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    regulamenta o artigo 37 da Constituio Federal e institui normas para licitaes e contratos da Administrao Pblica. Desta forma a Constituio Federal impe que a contratao de obras e servios, locao e alienao, bem como a aquisio de materiais no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municpios, sejam aes realizadas mediante processo de Licitao Pblica que assegure igualdade de condies a todos os concorrentes. Segundo Jos Matias-Pereira (2008) , licitao definida como:

    O procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administrao Pblica e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vrios interessados, com dois objetivos: a celebrao de contrato ou a obteno de melhor trabalho tcnico, artstico ou cientfico.

    A AM obedece aos preceitos normativos da Lei das Licitaes, n 8.666/93 para aquisio de bens e contrataes de servios e obras, buscando seguir os princpios legais de igualdade e eficincia. Registre-se que a escolha da modalidade licitatria depende dos valores envolvidos e do objeto a ser contratado. As modalidades definidas pela Lei n 8.666/93, so a seguir descritas:

    a) Concorrncia: adequada para contrataes de grande vulto, aquisio ou alienao de imveis e para aquisies internacionais. A participao aberta para qualquer interessado que comprove possuir os requisitos mnimos de qualificao exigidos no edital.

    - Para compras e servios o valor limite acima de R$ 650.000,00 - Para obras e servios de engenharia o valor limite acima de R$

    1.500.000,00

    b) Tomada de Preo: adequada para contrataes de mdio vulto. A participao limitada aos interessados cadastrados ou que atendam a todas as condies exigidas para cadastro at o terceiro dia anterior data do recebimento das propostas, observada a necessria qualificao.

    - Para compras e servios o valor limite at R$ 650.000,00 - Para obras e servios de engenharia o valor limite at R$ 1.500.000,00

    c) Convite: adequado para contrataes de menor vulto. Nessa modalidade no existe edital - os fornecedores recebem a carta-convite. A participao aberta para interessados, cadastrados ou no, escolhidos ou convidados em nmero mnimo de 3 (trs).

    - Para compras e servios o valor limite at R$ 80.000,00

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    - Para obras e servios de engenharia o valor limite acima de R$ 150.000,00

    d) Concurso: utilizado para escolha de trabalho tcnico, cientfico ou artstico, mediante a instituio de prmios ou remunerao aos vendedores. A participao aberta para qualquer interessado.

    e) Leilo: a forma utilizada para venda de bens imveis inservveis ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados. A participao aberta para qualquer interessado, vence quem oferecer o maior lance.

    f) Prego: o sistema de compra por meio da modalidade de prego regulamentado pelo Decreto n 5.450 de 31 de maio de 2005. A disputa pelo fornecimento feita por meio de propostas e lances em sesso pblica (presencial) ou por meio eletrnico. Cabe ressaltar que esta modalidade passou a fazer parte das demais: concorrncia, tomada de preos, convite, leilo, concursos e registro de preos. orientada para aquisio de bens e servios comuns. Consideram-se bens e servios comuns aqueles cujos padres de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificaes usuais no mercado.

    2.2.2.2 Sistema de Compras Governamentais por Meio Eletrnico

    A realizao e disseminao das compras governamentais em meio eletrnico, no ambiente da Administrao Pblica, produzem efeitos benficos no processo de contratao, produzindo a reduo de custos, e elevando o nvel de competio entre os fornecedores. O sistema de licitaes-e3 disponibilizado gratuitamente ao setor pblico para a realizao de compras e contrataes de servios por meio da Internet. Atualmente conta com mais de 2004 instituies compradoras, abrangendo empresas pblicas ou economia mista, governos estaduais, governos municipais e tribunais. As principais funcionalidades do Sistema de Licitaes entre outras, destacam-se (MATIAS-PEREIRA, 2008):

    - Disponibiliza opo para publicao dos editais.

    3 Sistema de comrcio eletrnico-portal do Banco do Brasil, www.licitaes-e.com.br

    4 MATIAS-PEREIRA, 2008, p. 205

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    - Para realizar o download de edital anexo no preciso estar cadastrado no sistema. - Segurana bancria. - Rede de agncias do Banco do Brasil para cadastramento das pessoas fsicas, fornecedores e compradores. - Suporte tcnico. - Permite ao fornecedor consultar suas propostas j encaminhadas, modific-las, substitu-las, ou mesmo cancel-las, mesmo se estiver na fase de recebimento de proposta. - Autonomia ao pregoeiro, eliminando propostas com vcios, permitindo disputa de lances apenas para as propostas vlidas. - Possibilidade de cotao unitria e por lotes. - Abertura do chat para manifestao dos licitantes apenas aps a etapa de lances, conferindo maior agilidade e ordem no certame.

    2.2.3 Anlise da Legislao Sobre Transportes Administrativos

    O servio de transportes administrativos tem regulamentao especfica, sendo que destacaremos um pouco da histria da legislao passada at a mais recente.

    2.2.3.1 Legislao Antiga

    a) Decreto n 7.673/81 de 12/01/1981

    Estabeleceu normas para locao de veculos para o Municpio. Os contratos ou cartas contratos eram firmados tanto com empresas como com pessoas fsicas. A contratao era feita diretamente pelos rgos/secretarias e a forma de pagamento era por hora trabalhada, limitado em 200 horas mensais.

    Esta forma de contratao comeou a causar muitos problemas para a PMPA, no que diz respeito forma de pagamento, por hora trabalhada, onde muitos motoristas ficavam esquivando-se de rodar com seus veculos j que o pagamento era feito por hora trabalhada e no levava em conta o quilmetro rodado.

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    Diante destes problemas, muitas vezes a PMPA via-se obrigada a rescindir alguns contratos firmados normalmente com pessoas fsicas, surgindo dessa forma, outro problema, quando os motoristas entravam na justia do trabalho solicitando direitos trabalhistas e at mesmo o enquadramento como servidores pblicos.

    Muitos outros problemas estavam ocorrendo, fazendo com que a Administrao Municipal providenciasse a criao de uma nova legislao para a regulamentao da matria.

    b) Decreto n 8.796/86 de 29/09/86

    Regulamentou o uso de veculos oficiais e locados no mbito de toda a Administrao Municipal. No ano de 1987 o oramento municipal consignou uma rubrica especfica denominada Transportes, cujo controle ficou a cargo da SMA. Esta foi subdividida em veculos prprios e veculos locados, ficando sua responsabilidade dividida entre as duas reas envolvidas.

    c) Ordem de Servio n 09/89.- de 09/02/1989

    Esta Ordem de Servio introduziu as normas e as regras a serem observadas quando do uso dos veculos prprios ou locados. Ocorriam muitas irregularidades quanto utilizao dos veculos oficiais e locados, sendo necessria a emisso desta ordem de servio para reforar o que j estava previsto no Decreto n 8796/86 a fim de definir novas regras para o uso dos veculos administrativos.

    d) Decreto 10.795/93 de 27/10/1993

    Com a entrada em vigor da Lei 8.666/93, Lei de Licitaes, se fez necessria uma regulamentao dos dispositivos daquela lei. A emisso do Decreto 10.795/93 possibilitou tanto a regulamentao da lei citada, como a definio de regras para a contratao de veculos locados no mbito da AC.

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    e) Decreto 15.214/06 de 19/06/2006

    Emitido para fazer uma consolidao da legislao referente aos transportes administrativos; estabelecer competncias para o gerenciamento, controle e uso dos veculos (prprios e locados), bem como definir normas para locao, no mbito do Poder Executivo Municipal, e outras providncias.

    Muitos foram os fatores que motivaram a emisso deste decreto, os quais destacamos como principais:

    - Existncia de vrios instrumentos normatizando o mesmo assunto, dificultando a pesquisa e a aplicabilidade das normas. - Descentralizao da dotao oramentria relativa a veculos locados, passando da SMA para serem alocadas nas diversas Secretarias/rgos, no mbito da AC. - Deciso do Governo Municipal de retirar a gerencia dos veculos locados da Secretaria Municipal da Administrao para serem gerenciados pela GPO, Gabinete de Programao Oramentria.

    - Alteraes de competncias para o gerenciamento e controle de veculos tanto locados como oficiais.

    - Alteraes nas regras de uso dos veculos locados e oficiais no mbito da AC. - Redefinio de normas para locao de veculos no mbito da AC.

    f) Decreto n 15.349/06 de 10/11/2006

    Este decreto revoga o Decreto anterior, n 15.214/2006 e introduz modificaes na forma de contratao de veculos locados no mbito da Administrao Centralizada (AC), cujas principais mudanas foram:

    - Competncias para assinatura de contratos; - Competncia para ordenao de despesas; - Competncias para realizao de processo licitatrio; - Condies para locaes de veculos, relativamente aos veculos e aos preos mximos ofertados.

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    2.2.3.2 Legislao Atual

    a) Decreto n 15.574/07 de 23/05/2007 (ANEXO C)

    A emisso deste Decreto teve como finalidade principal a alterao, reviso da numerao e acrscimo de artigos do Decreto n 15.349/06, alm de consolidar a legislao referente a transporte administrativo, cujos principais pontos foram: - Competncias para assinatura de contratos; - Competncia para ordenao de despesas; - Condies para locaes de veculos, relativamente aos veculos e aos preos mximos ofertados, com a extino da tabela de preos mximos. - Ratifica a forma de gerenciamento dos veculos oficiais e locados. - Atualiza a classificao do tipo de atendimento dos veculos: de representao como atendimento direto ao Prefeito, Vice-Prefeito e todo o primeiro escalo. Determina que os veculos enquadrados nesta categoria devam ser do tipo automvel, quatro portas, modelo Sedan e equipados com ar-condicionado, vidros eltricos e direo hidrulica. - Atualiza a classificao dos veculos enquadrados em atividades da categoria II de Servio, em atividades de transporte de servidores que exercem funes externas de carter permanente; transportes de cargas leves, pesada, servidores municipais e equipes de trabalho. - Atualiza a classificao dos servios na categoria III de Servios Essenciais, em atividades como: servios de emergncia e na rea de sade pblica; distribuio de gua; vigilncia, sinalizao grfica e eltrica de trnsito, tanto quanto a fiscalizao do transporte coletivo; servio de carro fnebre (temporariamente exercido pela iniciativa privada), coleta de lixo; fiscalizao em geral, servio de imprensa, defesa civil e servio de emergncia de interesse da coletividade porto-alegrense. - Ratifica as condies de utilizao dos veculos prprios e contratados.

    b) Decreto n 15.639/07 de 23/08/2007

    Esta normativa detalha o Regimento Geral da Secretaria Municipal de Administrao (SMA) no mbito da Administrao Centralizada da PMPA. Ele prescreve que a Unidade de Veculos Prprios da CTA deve coordenar e fiscalizar a frota prpria da Administrao

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    Centralizada (AC). Fica assim, na responsabilidade da CTA propor as diretrizes sobre o transporte administrativo que utilizem veculos prprios.

    2.2.4 Transporte com Veculos na Iniciativa Privada: Frota Prpria ou Terceirizada?

    O transporte representa um elemento de custo significativo na logstica das empresas privadas. Se a empresa trabalha com fretes, consome mais de dois teros do gasto logstico, ou seja, de toda a estrutura de estocagem e movimentao at a chegada do produto no cliente final (BALLOU, 2007, p. 113). Se o sistema de transportes falho, a extenso de abrangncia dos produtos fabricados fica limitada economia local. Assim, uma administrao de transporte eficiente, torna mais acessvel o produto final ao consumidor, por poder faz-lo com preos mais competitivos. Portanto, tanto na iniciativa privada, quanto na esfera pblica, a qualidade do transporte interfere em uma oferta benfica de produto ou servio a sociedade.

    2.2.4.1 Escopo do Sistema de Transporte por Veculos na rea Privada

    O sistema de transporte domstico refere-se a todo o conjunto de trabalho, facilidades e recursos que compem a capacidade de movimentao na economia. Esta capacidade implica o movimento de carga e de pessoas, podendo incluir o sistema para distribuio de intangveis, tais como comunicaes telefnicas, energia eltrica e servios mdicos. O custo do servio para quem transporta, seja ou no prprio, ser a soma de todos os custos relevantes ao transporte em questo, seja de carga ou de pessoas. Destaquem-se os itens como combustveis, mo-de-obra, manuteno, depreciao do equipamento e custos administrativos. Assim, mesmo na iniciativa privada, a alternativa de providenciar o prprio transporte, de manter frota sob a responsabilidade da empresa, ou caso haja opo pela contratao, visa gerar benefcios, pois espera gerar melhor desempenho operacional, maior disponibilidade e capacidade de transporte e menores custos.

    2.2.4.2 Opo de transporte: prprio ou terceiros

    Talvez o principal problema para o gerenciamento de transportes nas empresas seja confrontar-se com a escolha do operador que vai transportar a mercadoria ou atender

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    diretamente as pessoas. Qual a escolha correta: servios de transportes por terceiros ou prprio da organizao? E empresa est disposta a flexibilizar parte da capacidade financeira e investir em sua prpria estrutura de transporte? Ou deve se comprometer com um arranjo contratual de curto, mdio ou longo prazo? H outros critrios alm da otimizao de custos?

    a) Transporte Contratado nas Empresas Privadas

    A empresa negocia diretamente com as prestadoras de servios. Diferentemente da Administrao Pblica, h flexibilidade na negociao, em contrapartida ao engessamento da operao na rea pblica, em funo das normas e regramentos que visam transparncia e o controle. So levados em considerao na avaliao, fatores como o tipo de transporte, carga, passageiros, pequenos ou grandes volumes. A comodicidade e o acondicionamento ao transportar so requisitos indispensveis no momento da escolha. A abrangncia do mercado tambm outro aspecto a considerar. Normalmente as empresas privadas optam pela comparao de custos, variando a opo conforme o ramo de sua atividade. No caso de transporte de carga pesada, o transporte rodovirio com transportadoras aparece como uma alternativa bem difundida. Em caso de empresas na rea de vendas e prestadoras de servios, a locao de veculos procurada para modelos automveis e utilitrios, normalmente sem condutores, ficando este custo com a empresa locatria. Os benefcios amplamente divulgados no mercado na opo por locao concentram-se no fato das frotas normalmente, serem novas, no ultrapassando os dois anos de fabricao. Isto evita a necessidade de imobilizar grandes somas para investimento em uma aquisio. Os cuidados so normalmente com o prazo do contrato e com a forma de manuteno neste perodo, responsabilidade quase que corriqueira a cargo do contratante. Pode-se cobrar por um preo fixo, mensal, ou por um valor pr-fixado, acrescido de um valor por quilometro percorrido com o devido monitoramento do veculo.

    b) Transporte Prprio na Empresa Privada

    Atualmente as empresas adquirem meios de transportes de vrias maneiras: capital prprio com compras a vista (no a incidncia normal no mercado); o financiamento com estabelecimento de parcelas mensais ou, ainda, atravs do sistema de leasing. Independente do

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    tipo de veculo h linhas de crditos que fomentam o financiamento ou o leasing. Normalmente so buscados recursos nos prprios agentes financeiros habituais, que operam com as organizaes e disponibilizam linha de crdito para esta finalidade. A Associao Brasileira de Leasing ABEL5 disponibiliza todo tipo de informao e possibilidade de consulta a respeito das formas de leasing, facilitando a compreenso do associado e pblico interessado. H no mercado, empresas que preferem ter a titularidade do bem incorporado ao seu patrimnio, que acreditam que com uma poltica de renovao de frota eficaz, pode encontrar nesta alternativa, uma forma de manter o bem sob a sua responsabilidade e operao.

    c) Contrato de Leasing

    um contrato de arrendamento mercantil fundamentado na concepo econmica de que o importante para a empresa, no a propriedade do bem e sim a sua utilizao. H dois tipos de leasing, financeiro e operacional. No primeiro, a arrendatria manifesta no contrato a opo de ficar com o bem, ao final do mesmo, pelo valor estabelecido. Na hiptese da opo for por sistema de leasing operacional, a empresa arrendatria no tem interesse em ficar com o bem ao trmino do prazo contratual.

    2.2.4.3 O mercado Automotivo (automveis e utilitrios)

    A qualidade dos veculos, seguindo os padres mundiais existentes nos pases mais desenvolvidos, ter novos objetivos estabelecidos pelas empresas para atender o consumidor exigente, com conhecimento maior e com informao imediata disponibilizada pela Internet. Itens como segurana veicular, hoje oferecido como opcional a ser adquirido no momento da compra, sero no mnimo obrigatrio com a mudana dessa mentalidade. Os grandes fatores limitantes, contudo, neste processo, so o baixo poder aquisitivo da populao, resultado da m distribuio de renda, e do nvel de educao insuficiente (conscincia da importncia da segurana veicular).

    5 http://www.leasingabel.com.br/site/default.asp - consulta em 28/05/2008

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    O Brasil o maior mercado da Amrica do Sul, sendo o maior potencial regional Desde 1997, assiste-se a um crescimento do nmero de montadoras instaladas, onde no Brasil j ultrapassam atualmente, 15. Desta forma, de fundamental importncia para a competitividade no pas, o entendimento de suas caractersticas; sua capacidade de produo; o impacto sofrido pela estagnao dos mercados maduros; seus produtos e suas plataformas disponveis; sua flexibilidade em atender aos requisitos legais e de mercado com a introduo de novas tecnologias (LEITE, 2007, p. 52).

    QUADRO 3 Quem compra e como so vendidos os veculos no Brasil

    Produtos Alvo Importncia Forma de Venda no pas

    Veculos consumidor em geral

    bem de alto valor crdito pessoal, consrcio

    compra a vista

    Comerciais Leves

    consumidor e empresrios

    bem de alto valor, mquina e equipamento para empresa

    crdito pessoal, consrcio, leasing,

    compra a vista

    Caminhes empresas e

    frotistas

    Mquina e equipamento da empresa (ativo)

    Leasing e Finame

    Fonte: Gesto de Projeto do Produto (LEITE, 2007, p. 53).

    2.2.4.4 Garantias

    a) Peas: h uma crena arraigada no mercado brasileiro de que as montadoras tm obrigao legal de manter peas em estoque por aproximadamente 10 anos. Mas, no h embasamento legal para este costume. Cabe, sim, aos fabricantes e importadores assegurar a oferta de componentes e peas de reposio enquanto no cessar a fabricao ou importao do produto.

    Atravs da jurisprudncia, o Poder Judicirio vem se pronunciando pela manuteno de peas pelo prazo de cinco anos para produtos durveis e semidurveis. No caso dos

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    automveis, este prazo calculado pela mdia da vida til da frota brasileira, atualmente estimada em dez anos. Como exemplos de tempo de que montadoras geralmente oferecem s peas originais de reposio, citamos (LEITE, 2007, p. 251).

    - 7 a 9 anos para mecnica e carroceria. - 4 a 5 anos: acabamento externo (frisos, borrachas, calotas). - 1 a 2 anos: acabamento interno.

    b) Veculos: as exigncias cada vez maiores dos consumidores refletem rapidamente no mercado automotivo. Uma das formulaes encontradas para alavancar a venda de veculos novos no mercado foi ampliao do prazo de garantia. Assim, no h um limite estabelecido e sim padres, que hoje giram em torno dos 3 anos, podendo at chegar a 5 anos. Cada fabricante pode estabelecer o seu prazo de garantia, uma vez que este quesito tornou-se um atrativo a mais no momento da aquisio, aquecendo a competitividade.

    2.2.5 Pesquisa de Campo

    2.2.5.1 Introduo Terica

    Para a fundamentao deste trabalho, foi desenvolvida pesquisa especfica, tipo analtica-exploratria-emprica, atravs da coleta de dados (questionrios formatados), entrevistas com chefias de nvel intermedirio nas organizaes visitadas e de nvel gerencial na PMPA, tanto quanto entrevistas no formatadas, onde as pessoas envolvidas ficaram liberadas de qualquer roteiro pr-definido e fizeram suas exposies sobre a temtica proposta.

    Na obra Pesquisa Qualitativa em Estudos Organizacionais Paradigmas, Estratgias e Mtodos, organizada pelos professores Christiane Godoi, Rodrigo Bandeira-de-Mello e Anielson Barbosa da Silva6 (GODOI-DE MELLO-DA SILVA, p.125),

    6 Cristiane Kleinbing Godoi e Rodrigo Bandeira-de-Mello so professores de Mestrado em Administrao e

    Doutorado em Turismo na Universidade do Vale do Itaja (SC).

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    Denomina-se estudo de caso avaliativo quando a preocupao gerar dados e informaes obtidos de forma cuidadosa, emprica e sistemtica, como o objetivo de apreciar o mrito e julgar os resultados e a efetividade de um programa. Este tipo de estudo de caso pode ser entendido como uma pesquisa aplicada que informa determinados tipos de ao, fornece indicadores para o processo de tomada de deciso e aplica o conhecimento obtido para resolver problemas humanos e sociais.

    A busca de dados seja em fontes secudrias (relatrios, banco de dados), como resultado de entrevistas (questionrios-informaes gerenciais), permite dizer que h um mtodo descritivo e avaliativo simultneo, ou seja, ao final haver por parte dos autores, a interpretao de todas as informaes recolhidas para a formalizao de alternativas conclusivas. Sendo uma pesquisa emprica, h o desejo dos pesquisadores em retratar a situao atual em relao a clulas do transporte administrativo na PMPA.

    Para estudar temas como o transporte administrativo, mesmo com a dificuldade de literatura especfica, buscam-se trabalhos no mercado automotivo que ressaltem a significncia de buscar indicadores externos atravs de pesquisa com clientes, a fim de obter o grau de satisfao dos usurios, no caso, os prprios servidores internos, aqui elevados condio de clientes. Outra alternativa de mensurao o estudo dos agendamentos no atendidos sobre o montante das solicitaes. No caso deste dado, espera-se ter atendido atravs de entrevista com os gestores do transporte administrativo da CTA-UVP.

    A escolha do mtodo visa responder o problema da investigao. A opo do mtodo Anlise de Contedo porque esta forma de pesquisa adequada para o tratamento de dados que visam identificar o que est sendo feito a respeito de determinado tema, no caso, visando ter uma noo da prestao do servio de transportes administrativos. Acredita-se que referente quantidade de consultas com questionrio especfico, o nmero de retorno com respostas no deva ser inferior a 20 servidores para que a amostragem seja considerada dentro de parmetros, ou em termos de percentual, no podendo ser inferior a 20% do montante de usurios convidados a participar da pesquisa.

    De posse do resultado da visitao a empresas privadas dever ser estabelecido na medida do possvel, dentro de critrios iguais, comparativos que permitam concluses que

    Anielson Barbosa da Silva professor do Mestrado em Administrao na Universidade Potiguar (UnP) e membro da Sociedade de Estudos e Pesquisa Qualitativa (SE&PQ).

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    auxiliem ao final, indicar um caminho consistente para facilitar a escolha quanto a melhor opo de transporte: prprio? Locado? H outra alternativa?

    2.2.6 Teoria dos Custos

    Quando nos deparamos com uma situao de dispndio de recursos na produo de bens e servios, nos colocamos frente a uma situao de dvida, se teremos um custo ou uma despesa, j que grande a dificuldade de distinguirmos um do outro.

    Existem muitas definies de diversos autores sobre assunto, das quais destacaremos algumas, como segue:

    Segundo o mestre Elizeu Martins, custo um gasto relativo ao bem ou servio utilizado na produo de outros bens e servios. Acrescenta, ainda, que o custo tambm um gasto, s que reconhecido com tal, isto , como custo, no momento da utilizao dos fatores de produo (bens e servios) para a fabricao de um produto ou execuo de um servio.7

    J Nilson Holanda, conceitua de um ponto de vista econmico, podendo conceituar como custo todo e qualquer sacrifcio feito para produzir determinado bem, desde que seja possvel atribuir um valor monetrio a esse sacrifcio.8

    Nelson Gouveia entende que as despesas de uma companhia so os gastos desembolsados ou previstos pela mesma, necessrios ao desenvolvimento de suas operaes.9

    George Sebastio Guerra Leone procura fazer uma distino entre custo e despesa. Desta forma, define custo com o consumo de um fator de produo, medido em termos monetrios para a obteno de um produto, de um servio ou de uma atividade que poder ou no gerar renda. Na mesma linha, entende que despesa o gasto aplicado na realizao de

    7 Elizeu Martins, ob. Cit. P. 26

    8 Nilson Holanda, Planejamento e Projetos (Rio de Janeiro, APEC/MEC, 1975, p. 225

    9 Nelson Gouveia, Contabilidade (So Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1976), p. 14.

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    uma atividade que vai gerar renda efetivamente ou que poder gerar um renda terica, ou seja o componente negativo da renda de determinado perodo.10

    2.2.6.1 Classificao dos Custos

    Existem diversas classificaes atribudas aos custos e que so estudadas na literatura existente sobre o assunto, porm daremos nfase para alguns delas que julgamos mais importantes para contexto da PMPA e para o tema do trabalho em tela.

    A classificao dos custos tem por finalidade o fornecimento de informaes para a determinao do montante mais realstico do custo do objeto a ser analisado, bem como para o controle dos custos dos centros de responsabilidade, visando principalmente o clculo mais realstico do custo do objeto para a verificao da rentabilidade e da eficincia das vrias atividades de organizao.

    a) Custos Diretos - Podemos afirmar que o custo direto aquele que se consegue identificar naturalmente vinculado ao objeto do custeio.

    De acordo com o mestre Viceconti (1998), custos diretos so aqueles que podem ser apropriados diretamente aos produtos fabricados, porque h uma medida objetiva de seu consumo nesta fabricao, ou podem ser imediatamente apropriados a um s produto ou a um s servio.

    O custo direto no necessita de utilizao de critrios de rateio. So os custos apropriados aos produtos conforme o consumo. Exemplos clssicos de custos diretos so a matria-prima empregada para a consecuo do produto, mo de obra direta, fornecimento de energia eltrica as fbricas, depreciao de equipamento quando este utilizado diretamente no processo produtivo de um bem ou servio.

    10 George Sebastio Guerra Leone, Custos Planejamento, Implantao e controle (So Paulo, Atlas 2008), p.54

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    b) Custos Indiretos - So aqueles que dependem de clculos, rateios ou estimativas para serem apropriados em diferentes produtos ou servios, portanto, so os custos que s so apropriados indiretamente aos produtos. O parmetro utilizado para as estimativas chamado de base ou critrio de rateio.

    Assim, quando um item de custo necessita de parmetro para ser identificado e debitado ao produto ou objeto, ento estamos diante de custo indireto. Quando os custos so debitados indiretamente utilizando-se de taxas de rateio e critrios de alocao.

    Dessa forma podemos chamar de custos indiretos quando no momento do rateio necessitamos de critrios de rateio para a sua alocao ao produto ou objeto em questo.

    c) Custos Estimados - Os custos estimados so aqueles predeterminados e servem para resolver os problemas de controle e planejamento e so utilizados quando os parmetros para a sua definio exata no esto disponveis. Dessa forma o responsvel pela tarefa de elaborao do custo dever fazer uma estimativa dos custos, contando com as relaes e indicadores a sua disposio.

    d) Custo Padro - Os Custos-Padro so aqueles predeterminados, porm estes so diferentes dos custos estimados j que so calculados com base nos parmetros operacionais. Os custos-padro so aplicados principalmente em operaes repetitivas, quando os parmetros e indicadores fsicos esto perfeitamente definidos e ocorre variabilidade mnima.

    e) Custos histricos - So os custos registrados contabilmente, ou seja, os custos realmente incorridos. So objetivos porque no sofrem nenhuma influncia de julgamentos subjetivos.

    f) Custos Fixos e Variveis - Na anlise da variabilidade dos custos tem-se por base os parmetros como volume, pontos de referncia, medidas fsicas, unidades quantitativas. Podemos constatar que todo o custo dentro de uma organizao, atividade ou um processo depende uma base de volume (parmetro), sendo que em alguns casos j existem parmetros tradicionais que definem seu comportamento.

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    g) Custos Fixos - So os custos que no variam durante o processo de produo ou servio, ou seja, basta estrutura estar montada e o incremento de maior produo ou atividade no altera seu valor, ou seja, todo aquele que serve para manter a estrutura produtiva independente da quantidade que venha a ser fabricada dentro do limite da capacidade instalada.

    Exemplos: So o custo do aluguel e a depreciao. Assim, tomando como base o exemplo citado, tanto faz a fbrica produzir 1 como 10 toneladas de produto os custos fixos permanecero os mesmos.

    h) Custos Variveis - Este um custo proporcional ao aumento da atividade ou produo, ou seja, quanto mais atividades ou produes houver, maior ser o custo. Da mesma forma podemos dizer que o custo varivel ocorre toda vez que a atividade ou produo realizada e seu valor sempre proporcional s quantidades apresentadas.

    So exemplos desse comportamento os custos da matria-prima (quanto mais se produz, maior a necessidade, portanto, maior o custo) e da energia eltrica (quanto mais se produz, maior o uso de mquinas e equipamentos eltricos, conseqentemente, maiores o consumo e o custo).

    i) Custos Relevantes - Quando temos que fazer a comparao de custos entre alternativas diferentes para escolher uma dentre elas, estamos diante de uma situao de custos relevantes. Neste caso temos que ter o cuidado porque pode ocorrer que alguns dos custos associados a uma alternativa podem no ser relevantes para a deciso a ser considerada. Assim, o tomador de deciso tem que se munir de instrumentos que o ajudem a identificar os custos relevantes e eliminar, no seu processo de escolha, os custos considerados irrelevantes.

    2.2.6.2 Parametrizao dos Custos

    Dentro das organizaes existem comportamentos definidos em relao aos parmetros operacionais relacionados. Como os custos so decorrentes das atividades e at mesmo, pelo volume destas atividades, estes volumes de atividades so medidos por parmetros quantitativos, fsicos, denominados de parmetros operacionais.

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    Independente das atividades desenvolvidas na organizao, sejam elas atividades-fim ou atividades-meio, necessrio para sua realizao o consumo de fato