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Oralidade e Ensino de História: Uma experiência Pibidiana na Escola José Alves de
Figueiredo
ANTÔNIA LUCIVÂNIA DA SILVA
O presente trabalho constitui-se de experiências de ensino de história na E.E.F.M. José
Alves de Figueiredo situada na cidade de Crato-CE e foram desenvolvidas no ano de 2015
com 129 alunos de quatro turmas da educação básica ensino médio; intermediadas pelo PIBID
(Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), subprojeto História, através da
Universidade Regional do Cariri.
O eixo norteador das discussões foi a temática juventude, procurando proporcionar aos
alunos a reflexão sobre o significado de ser jovem em diferentes tempos e espaços. As
oficinas realizadas pelos bolsistas, alunos da graduação e orientados pela coordenação do
projeto e supervisora, professora da instituição, tiveram como objetivo possibilitar aos alunos
a compreensão dos conceitos básicos da História sejam eles: tempo, transformações,
permanências e os jovens como sujeitos construtores da história; por meio das memórias dos
mais velhos buscando por este caminho desenvolver a valorização da oralidade e dos saberes
desses sujeitos guardadores de memórias.
O tema geral norteador dos trabalhos no período de 2015, Cultura Juvenil, Novas
Tecnologias e Ensino de História, foi debatido nos encontros semanais destinados à formação
teórica tendo como principal bibliografia o livro História dos jovens da antiguidade à era
moderna, organizado por Giovani Levi e Jean Claude Schmitt; o livro Sobre Educação e
Juventude, de autoria de Zygmunt Bauman, dentre outras leituras..., com o intento de
desenvolver capacidades intelectuais para a abordagem na escola, posteriormente partindo
para o contato inicial com os alunos, apresentação da temática com oficinas que tiveram como
intenção sensibilizá-los para a relevância do tema, sondar conhecimentos prévios e conhecer a
multiplicidade juvenil.
As fontes básicas que estão na construção deste trabalho consistem em cinco rodas de
conversas no chão da escola com duas turmas de primeiro ano e duas de terceiro ano mediante
as quais pessoas idosas da cidade foram convidadas para falar sobre suas juventudes dando
URCA, cursando especialização em Ensino de História, suas Metodologias e Pesquisas. Supervisora do PIBID
ênfase aos seguintes aspectos: juventude e família; juventude e escola; juventude e diversão;
juventude e namoro; juventude e política; juventude e religião; juventude e moda.
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Tivemos como metodologia de trabalho; após ter sido tratado em sala acerca da
juventude, Memória, Identidade, construção da História, os jovens na História os saberes
advindos da oralidade...; o contato com idosos que previamente sabíamos serem significativos
como sujeitos guardadores de memórias e posteriormente a conversa tendo como base suas
memórias da juventude, sendo os estudantes peças fundamentais nestas atividades uma vez
que foram eles os principais mediadores da conversa com os convidados.
Como avaliação recorremos mais uma vez à oralidade sendo a última roda de conversa
um debate entre a supervisora, bolsistas e estudantes procurando instigá-los a demonstrar que
conhecimentos conseguiram desenvolver perante a estratégia do estudo da História pela
oralidade.
Fizemos uso da História oral compreendendo-a como uma possibilidade de
aprendizagem da História, estando cientes de que assim como as demais fontes, sejam:
escritas, fílmicas ou imagéticas, a História oral deve ser tratada como um documento, fonte, a
ser problematizada, evitando tomá-la como sendo em si mesma a História. Procuramos
instigar os alunos para o desenvolvimento da arte do ouvir contar, haja vista estarem imersos
em um mundo da instantaneidade onde pouco tempo se tem para dedicar ao ouvir e assim
deixando escapar saberes tão válidos quantos aqueles que se fazer representar por meio da
escrita ou mesmo por meio da imagem tão apreciada no contexto atual.
A oralidade na sala de aula:
Sabemos que os desafios de ensinar História aos jovens nesse contexto de extrema
valorização das tecnologias são cada vez maiores e que o exercício do ouvir e valorizar os
saberes dos mais velhos é cada vez mais escasso. No entanto, apesar de não podermos recusar
o uso das mídias modernas, entendemos ser necessário recorrer aos saberes orais, pois negá-
los, é ignorar parte significativa da História. Seria semelhante a jogar fora arquivos repletos
de fontes históricas. Ademais está inclusa a valorização das pessoas idosas, muitas vezes
vistas como ultrapassados e desprovidos de saberes quando são na verdade portadores de
memórias necessárias à construção dos saberes históricos.
No cotidiano escolar nos deparamos com jovens que apresentam dificuldades em lidar
com a disciplina de História por não perceberem para que de fato ela serve. Reclamam das
metodologias tradicionais e manifestam profunda inclinação pelo diálogo com os colegas.
Partindo desse contexto a equipe de bolsistas optou por desenvolver atividades que tomassem
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os alunos como sujeitos centrais na construção do conhecimento fazendo uso do exercício da
oralidade por terem constatado esse interesse. Para tanto foram incentivados à realização de
entrevistas com seus pais e avós tendo por fim o conhecimento da juventude no passado a
partir das histórias dos seus familiares e de objetos de memórias por eles guardados.
As entrevistas seriam problematizadas em sala tornando-se assim material didático e
conhecimento histórico. No entanto, apesar das formações a eles ministradas, a maioria não se
reconheceu na atividade tendo somente alguns poucos, produzido as entrevistas de modo
bastante sucinto e primário, o que nos levou a mudar as estratégias. Muitos argumentaram ser
tarefa bastante difícil ou mesmo que não gostavam de conversar com pessoas idosas, pois
segundo eles tais pessoas falam em excesso.
Partindo desse problema levantamos a possibilidade de fazermos rodas de conversas,
devendo os próprios alunos indicar os possíveis convidados, ao que novamente se recusaram
por nenhum deles chegar a sugerir possíveis depoentes. Em virtude da questão os próprios
bolsistas contataram pessoas da cidade, considerados bons narradores, cabendo aos estudantes
elaborar um roteiro de perguntas a partir de suas próprias curiosidades acerca da juventude
dos entrevistados.
A equipe percebeu maior entusiasmo da turma na expectativa de poder conversar com
pessoas que a partir das memórias iriam narrar um passado vivido transformado em
monumento que tratado como fonte poderiam tornar a história em um conteúdo mais
palpável, haja vista os alunos poderem estar dialogando com testemunhas do passado.
Todavia, há que se ressaltar que “a entrevista não é a história, mas uma fonte a ser trabalhada,
analisada e comparada a outras fontes”. (ALBERTI, 2004: 46).
Nossas preocupações centrais nesse momento estavam em conseguir dar mais
significado aos conhecimentos históricos por meio de algo mais prático capaz de fazer os
alunos enxergar que a história é viva, é presente, é passado e é projeção de futuro. Perceber
que “os sujeitos construtores da História são líderes comunitários, empresários, militares,
trabalhadores anônimos, jovens que cultivam utopias [...]” (DELGADO, 2010: 55).
Entender de fato quem constrói a História e como ela é construída não é tarefa fácil.
Por mais que os livros didáticos e professores frisem isso, os discentes poucas vezes
enxergam a materialização desse discurso. Perceber-se como agente da história ainda é algo
distante, ficando muitos alunos na ilusão da História como verdade única e feita por poucos.
Quando proposto a pesquisar sobre sua própria história, age com descrença na validade desse
saber, ainda que afirme ser chato estudar somente a História de outros homens em tempos e
espaços que não o seu. Não obstante, “a experiência histórica do entrevistado torna o passado
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mais concreto” (ALBERTI, 2004: 22) sendo por isso, atraente na divulgação do
conhecimento.
Concordamos com ALBERTI (2004), quando afirma que a história oral não é solução
para tudo. Entretanto, como experiência didática ajudou na compreensão dos conteúdos de
História facilitando a assimilação das temporalidades, as mudanças das vivências em
sociedades, os valores, jeitos de ser e de viver no mundo. Viver hoje é diferente de viver nos
anos 1940. 1950, 1960... Ser jovem hoje em muitos aspectos é diferente de ser jovem nas
décadas em que nossos entrevistados viveram suas juventudes, sendo que há também alguns
pontos de semelhanças. Desse modo, a história oral:
diversifica caminhos em direção ao conhecimento, porque valoriza a autonomia do
aluno e proporciona um aprendizado ativo, participativo e colaborativo. Ela
permite que o aluno não seja apenas um receptáculo de dados - e que passe a
condição de sujeito ativo, criativo, do conhecimento, o interesse do estudante pelo
objeto de aprendizagem tende a aumentar. (SANTHIAGO; MAGALHÃES, 2015: 10)
Proporcionar o contato do aluno com a história oral é permitir que ele tenha acesso ao
papel de construtor da História. É entrar em contato com o passado fazendo uso das memórias
dos narradores que assim como os documentos escritos, passam a ser tratados como fontes
históricas, documentos significativos para a compreensão do passado, porém com as questões
relativas ao presente tendo em vista ser a memória constantemente reatualizado a partir do
presente.
Para SANTHIAGO; MAGALHÃES (2015:15), o livro didático traz muitas imagens,
não havendo, porém nele espaço para a escuta e defendem ser a atividade de escuta um ato
enriquecedor para a formação do cidadão proporcionando atitudes de tolerância. Foi um ponto
sobre o qual refletimos bastante, o interesse dos alunos pela conversa em sala de aula, em
contraste com a pouca participação quando inicialmente propusemos as entrevistas com seus
pais, tios ou avós. Intencionávamos além dos objetivos centrais do projeto, estimular o
respeito aos mais velhos e criar uma relação de aproximação entre os alunos e seus familiares,
o que não aconteceu com êxito no início da proposta do trabalho com as entrevistas. Apesar
de diversas iniciativas dos docentes o uso do livro didático ainda ocupa lugar central, sendo
que ele pouco estimula à oralidade ao passo que é rico na utilização de imagens.
Da mesma forma que a escola ainda enfrenta grandes desafios relacionados à
capacidade de escrita o mesmo acontece com a habilidade da fala sistematizada e do exercício
do ouvir com a intenção de produzir saberes. Ainda há a valorização maior dos saberes que já
vem pronto, ainda que alunos e professores pouco se identifiquem com eles. Pensamos a
escola como um espaço capaz de favorecer a troca intercultural também muito rica. “Esse
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método pode instituir pontes entre gerações, possibilitando um diálogo entre diferentes
sucessões geracionais ou entre membros de diferentes grupos”. (SANTHIAGO;
MAGALHÃES, 2015: 57) e por este artifício tornar válido em sala de aula os saberes
construídos a partir das memórias dos alunos, familiares e moradores das comunidades em
que vivem.
As rodas de Conversas:
Na segunda atividade com as convidadas, ambas cordelistas, Fátima Correia de
Almeda, professora e poetisa, 62 anos de idade e Josenir Amorim Alves de Lacerda,
cordelista, 62 anos de idade, esta iniciou com um cordel de sua autoria intitulado “de volta ao
passado”. Nessa obra, trabalha as transformações dos costumes citando nomes que quase não
se usa mais, objetos e formas de diversão que com o advento das novas tecnologias foram
caindo em desuso. Em sua fala afirma que a história vem dos ancestrais.
Segundo a narradora as paqueras eram mais lentas. O tempo demandado para a
conquista era de uma maior duração e tinha-se menos liberdade, pois havia todo um conjunto
de valores que limitavam as intimidades entre os pretendentes a namoros. Todavia ela não
lembra o passado com desprezo e negatividade nem tampouco o supervaloriza em detrimento
do presente. Sua visão é de extremo valor ao defender que o sentimento de felicidade era
grande mediante um simples olhar da pessoa desejada.
Primeiramente havia o flerte e estudo dos olhares e gestos para posteriormente iniciar
o namoro. Ao contar sobre seu passado, fala sobre como conheceu o esposo. Na época ela
tinha que esperar o período de oito dias, ocasião em que ia à missa, para olhá-lo de longe
enquanto ele a olhava e lhe vinha a mente a seguinte indagação: “quem é aquela meninona?!”.
Percebemos algumas transformações nos relacionamentos quando Josenir diz: “Os
jovens ficam com alguém e não sabem nem o nome da pessoa. Abraça, beija, e aí? Serve para
que, isso? Eu acho que a emoção é importante. Tem que haver um sentimento na história”.
Vimos no depoimento que o namoro vivenciado pela depoente a partir do seu contexto e lugar
social diferencia-se em parte das práticas de namoro experimentadas pelos alunos. Não
obstante, nas falas deles, apesar de concordarem que os namoros da contemporaneidade na
cultura em que vivem são mais liberais, nem todos concordam com a liquidez, como diria
BAUMAN (2013), dos relacionamentos amorosos. Temos aí uma permanência.
Havia uma preparação maior para o casamento. Para Josenir, “hoje, se conhece hoje,
se casa amanhã e se separa depois. O casamento era na intenção de ser feliz para sempre e até
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que a morte separasse. A coisa mudou muito da nossa geração para a de vocês, foi uma
velocidade incrível que a gente se espanta como mudou. As pessoas procuravam viver. Hoje
se diz: ‘vamos casar! Se não der certo separa’. E não é assim. Tem que encarar com
sinceridade”.
Com esse depoimento pudemos identificar transformações, porém comparando com
outro depoimento é possível perceber que não havia um único modo de vida na mesma
sociedade, pois enquanto havia o discurso da pretensão do casamento para sempre e do
sentimento de amor entre os casais, é também citado os casamentos arranjados pelos pais que
em boa parte prezavam pelos interesses materiais como critério definidor das uniões de suas
filhas com futuros maridos. Josenir esclarece que o casamento por interesse perdura até hoje
ainda que muito disfarçado.
Fátima diz que já casou coroa, pois tinha 26 anos. Ressalta que havia e ainda há uma
cobrança da sociedade para com a mulher, exigindo dela o casamento. Reconhece que apesar
dessa permanência da “obrigação” do casamento e de ter filhos, hoje há uma quebra com essa
cultura uma vez que existem outras formas de realização da mulher através de uma profissão.
Ambas falam que mudou o conceito de casamento. Diz que antes, namorar um homem
desquitado era o fim do mundo. Até mesmo as amigas se afastavam de mulheres que
namorasse um homem nessas condições. A cobrança da virgindade feminina era condição
essencial até para os namoros. Lembram bem um ditado bastante utilizado na época “prendam
suas cabritas que meu bode está solto”. Era muito comum os casamentos entre primos.
Quando um rapaz se dirigia ao pai de uma jovem para pedir permissão de namoro, o pai fazia
um prolongado interrogatório a fim de tomar ciência acerca da idoneidade do rapaz e de seus
familiares.
Apesar de toda vigilância sobre o comportamento juvenil havia namoros escondidos e
raptos combinados. A moça era “roubada” pelo pretendente e levada para casa de uma família
que usufruísse de boa conduta moral perante a sociedade, com a incumbência de garantir a
honra da jovem até o dia do casamento. Uma vez a moça raptada, o que já configurava uma
afronta à família dela, o rapaz contraia a obrigação moral de se casar. Caso contrário à menina
e sua família teria a honra maculada.
As depoentes falam que as músicas que marcaram suas juventudes foram as da Jovem
Guarda, Chico Buarque, Os Mutantes... Os Pholhas, e consideram esquisitas as músicas
contemporâneas que fazem apologia à violência e desvalorização da mulher.
Na rua em que Josenir residia só tinha uma casa cujos proprietários possuíam
geladeira. Relata sua emoção mediante a aquisição deste objeto por seus pais. “Eu coloquei
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água para congelar e quase não congelava de tanto que eu abria a geladeira. Eu chupava o
gelo como quem comia um manjar!” Eram poucas as residências que tinham televisão. O
povo se reunia para assistir.
Quando fala da escola, cita as comemorações cívicas do dia 7 de setembro, ocasião em
que se exigia muita disciplina e percebe haver hoje pouco amor à pátria. Nas falas houve uma
diferença com relação ao uso disciplinar da palmatória na escola. Enquanto Josenir diz que
não conheceu seu uso, Fátima diz ter sido vítima desse instrumento nas sabatinas de
matemática. As duas depoentes são contemporâneas, mas tiveram experiências diferentes
quanto à vivência escolar. Entretanto ambas abominam o recurso da palmatória. Para Fátima,
“era peia. Era palmatória. Deus me livre daquele tempo voltar”.
Houve muito interesse dos discentes pela moda. Citaram o uso do vestido tubinho,
calça boca de sino, saia curta... Quanto a esse ponto os alunos chamaram atenção para as
permanências ao afirmarem que hoje muitos modelos de roupas que foram moda na época dos
seus pais são modas na contemporaneidade.
Lamentam o fato de hoje as pessoas agirem mais rápido destinando pouco tempo para
o encanto. Até mesmo as crianças tem pouca oportunidade de idealizar o objeto pretendido,
pois os pais fazem rápido esforço para proporcionarem aos filhos a realização dos desejos. Na
oportunidade Josenir relata seu desejo de ganhar uma bicicleta quando criança, objeto o qual
nunca veio a possuir. “Eu aprendi a andar de bicicleta numa bicicleta alugada. Eu não esqueço
nunca a emoção”.
Quanto aos comportamentos na cidade de Crato, respondendo às indagações dos
alunos, diz que existiam bordéis, sendo o de Glorinha um dos mais famosos por lá estarem as
mulheres mais bonitas e era muito voltado para os clientes de maior status e poder aquisitivo.
Esses lugares era como se fossem o outro lado. As mulheres dos bordéis se vestiam diferente.
Existia preconceito. Elas eram o outro lado. Essas mulheres, no dizer das entrevistadas,
“respeitavam”. Não ultrapassavam para o outro lado, havendo uma segregação. Já os motéis,
estes não existiam, pois esse espaço é mais voltado para algo mais particular. São lugares
destinados a intimidades entre casais muitas vezes vivendo uma relação de namoro, o que na
época não era permitido, devido à imposição do sexo só após o casamento, sendo que os
homens que quisessem vivenciar experiências sexuais fora do casamento ou enquanto
solteiros, deveriam procurar um determinado tipo de mulheres nos bordéis.
Falando sobre as brincadeiras, mencionaram as casinhas, brincadeiras de roda, brincar
de escola, brincadeira do anel, brincar de jogar xibiu, peteca, pular corda, bonecas de sabugo
de milho. As farinhadas também oportunidades para brincadeiras, paqueras e contações de
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histórias. Fátima entende que hoje falta mais sinceridade. As pessoas são mais artificiais.
Josenir fala sobre as mudanças na estrutura das casas e relações entre as pessoas a partir da
análise das portas residenciais que antes estavam sempre abertas ao passo que hoje são
inteiras e estão geralmente fechadas para reforçar a privacidade e individualidade e por medo
de malfeitores. Diz haver antes mais liberdade, porém ressalta ter que considerar que no
passado a população era menor e mais simples, “a gente paga hoje o preço do progresso”.
As pessoas se socializavam por meio das tertúlias. Já a elite ia mais às festas dos
clubes AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) e Crato Tênis Clube. Já na zona rural
predominava as festas chamadas de bailes ou sambas durando a noite inteira sendo animada
pelos tocadores: zabumbeiros e sanfoneiros. Eram comuns ainda as serenatas.
Eleonora Albuquerque Batista, professora aposentada graduada em pedagogia e
engajada na militância política, 72 anos de idade e Francisco Edésio Batista, 81 anos de idade,
cordelista e bancário aposentado, narram suas trajetórias de vida por meio das quais deixaram
transparecer os valores da época de suas juventudes, inclusive os aspectos políticos.
Antes do casamento Eleonora sonhava em ser arquiteta, chegando a cursar, mas teve
essa trajetória interrompida quando ao passar férias em sua cidade natal, Crato, conheceu
Edésio decidindo em pouco tempo noivar. Não tinha interesse em ser professora porque via as
dificuldades da mãe que enquanto professora enfrentava problemas principalmente em virtude
da política marcada por perseguições. Ela diz que na faculdade o currículo não se organizava
por semestres e que passou a ser semestral devido à ditadura militar que utilizou essa
metodologia como estratégia de quebrar os laços de união entre os alunos.
Enquanto estudante; participava do grêmio estudantil, organizava festas de São João e
o Jornal Mural. Relata memórias da juventude e de acordo com ela existia um respeito entre
os jovens. Com seus amigos organizavam atividades de diversão tais como ir tomar banho na
nascente do Crato, porém sempre com muito respeito e promoviam tertúlias cada final de
semana em uma casa diferente. Devido às condições da época, nessas festas particulares não
se ofereciam comes e bebes. Serviam apenas água. Também não faziam uso de bebidas
alcoólicas. Essa diversão consistia em colocar o disco na vitrola e dançar bastante. Já seus
pais se divertiam indo duas vezes por semana ao cinema e os filhos uma vez só, porque as
condições não permitiam ir todos os dias.
No final de semana o lugar de encontro dos jovens era a Praça Siqueira Campos que
contava com uma amplificadora. A iluminação era pouca, mas segundo a depoente, não havia
tantos ladrões como hoje. Os rapazes ficavam de um lado e as moças de outro, se
comunicando rapazes e moças através de flertes. O horário estabelecido era bastante rígido,
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não podendo passar das 21:00h, sob pena de serem principalmente as mulheres, mal faladas,
vistas como mulheres indignas de respeito.
Os rapazes rodeavam a praça e as moças se organizavam em pequenos grupos todas de
braços dados. Após cerca de um mês ou mais de flertes era que os homens se aproximavam
das mulheres para declarar intenção de namoro. Os homens que iniciavam namoros não
rodeavam mais a praça.
Eleonora participou da JEC (Juventude Estudantil Católica) e em suas memórias
consta que não havia drogas e celular. Em seu diálogo com os alunos, fez várias críticas ao
mau uso do celular. Quanto às drogas, suas memórias se confrontam com as do depoente José
Flávio Vieira, médico e escritor, 63 anos de idade, pois segundo este, havia uso de droga por
jovens, porém não na proporção de hoje.
Eleonora contextualiza sua vida com a ditadura militar que afetou em grande
proporção a sua família tendo a irmã, Ângela Figueiredo, se exilado no Chile depois tendo
que fugir para a Europa quando do golpe militar que depôs Salvador Allende.
No ponto de referência à moda ela fez críticas ao uso de roupas excessivamente curtas
pelas mulheres do tempo presente. Já na época de sua juventude, mostra que assim como hoje,
havia preocupação com a moda, sendo muito comum o uso dos vestidos godê, vestidos
rodados, uso de anáguas e os decotes não eram tão grandes.
Edésio fala que os pais eram rígidos com os filhos. Entretanto, seu pai era bem
humorado cabendo à mãe dele uma postura menos tolerante. Em sua infância e juventude as
coisas não eram fáceis tendo ele que procurar lenha, pilar arroz, carregar água com um
jumento e um jogo de ancas. Por um tempo estudou no Seminário da Prainha, em Fortaleza,
todavia não tinha vocação para ser padre. Em época de férias vinha para a casa dos pais, mas
por ser seminarista, tinha que se retirar para um local reservado caso chegasse alguma moça
em sua casa. Seu sonho era trabalhar no banco, o que veio a conseguir posteriormente. Quanto
à vida amorosa afirma: “Meu sonho era casar com uma loira, mas fui fisgado por uma de
pernas grossas”. Suas brincadeiras preferidas enquanto criança era brincar vaquinhas de ossos
e cavalos de pau.
O entrevistado também fez referência aos fatos políticos da época de sua juventude, e
defendeu que os jovens deveriam conhecer mais sobre a ditadura militar e a história de sua
cidade e participar mais da política.
Percebemos um ponto de convergência entre as memórias de Edésio e Eleonora com
as memórias de Fátima e Josenir quando falam acerca dos procedimentos de namoros. Os
primeiros relatam que depois de vários dias é que chegavam a pegar nas mãos um do outro.
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Eleonora acrescenta que a Praça da Sé também era boa e tinha amplificadora, mas a preferida
era a Praça Siqueira Campos porque simbolicamente dava mais liberdade por não ter igreja do
lado como havia na Praça da Sé. A ideia de vigilância e pecado era mais forte nesta última
não sendo, portanto um lugar bom para os flertes.
Em conversa com Antônio Correia Lima, 64 anos de idade, historiador, pudemos
conhecer muito sobre o cotidiano dos jovens da zona rural de Crato. Na escola ele foi educado
com o uso da tabuada, cartilha e palmatória, apesar de não ter lembranças da aplicação desta
última. Acredita que tal instrumento estava presente mais para intimidar o aluno sem, contudo
chegar a ser aplicado o castigo. Era mais a ameaça simbólica.
As salas de aulas eram numerosas, sendo os professores, pertencente a uma elite e
tinham um tratamento especial. Eram respeitados e respeitavam os alunos. Porém certo dia
um aluno imitou um gato na sala de aula exatamente quando vinha entrando a professora de
francês, a qual tinha os olhos claros, assemelhados olhos de gato. Não tendo ela descoberto
quem foi o provocador, resolveu punir a turma com a nota zero. Não se lembra de conflitos
sérios na escola, pois não aconteciam problemas como os de hoje. Não tinha programa de
merenda escolar nem transporte escolar e recorda que seu cunhado vinha para a escola
montado em um animal e para não sujar a roupa, vinha só de roupa íntima, se vestindo
somente na entrada da cidade. Apesar das boas lembranças ele diz não gostar de fazer
comparações e julgamentos do presente e do passado.
Entre suas diversões estava o jogo de bola de meia, jogo de bila (bola de gude). A
calçada da igreja funcionava como se fosse uma praça e as pessoas se encontravam lá para
namorar. Tinha também os banhos nas cachoeiras em Ponta da Serra, distrito de Crato, lugar
onde nasceu e vive o entrevistado. Os jovens gostavam de tomar banho no açude e no Rio
Carás bem como tomar banhos de chuva. Outro costume era escorregar de bruços na calçada
de cimento quando a mesma estava molhada, sendo o desafio contornar uma curva que tinha
nela, pois muitos não conseguiam e caiam no meio da rua. Tinha as brincadeiras do dia e as
brincadeiras da noite. Uma delas era o tudo ou nada. Meninos de um lado e meninas de outro.
A pessoa dizia: meu lado direito está desocupado quem ocupa? Então o menino interessado ia
para o lado da menina. Outra brincadeira era a de passar o anel. Durante o dia, gostavam de
caçar pássaros com suas baladeiras, armar arapucas e caçar preás. À noite as pessoas se
concentravam na calçada da igreja, muitas vezes para contar estórias assombrosas.
Nos anos de 1960 torna-se comum as tertúlias que na Ponta da Serra aconteciam
geralmente em um salão da casa paroquial uma vez que não tinha clube para festas. Em suas
memórias consta que havia uma prática que era quase como um rito de passagem ou prova de
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poder, que era conseguir atravessar o açude a nado. Segundo Antônio isso ficava na história
da pessoa.
Veio o movimento Jovem Guarda que muito fez parte do lazer dos jovens ficar
ouvindo as músicas no rádio. A calçada da igreja era o palco. “A gente brincava de fazer
shows. Eu sou um privilegiado por ter vivido a época da Jovem Guarda, embora o país
passasse por um período conturbado, a ditadura militar. A gente era criança e não tinha
consciência da questão política”.
Nos depoimentos de Antônio há referência às serenatas e relembra uma que fez para a
namorada para a qual contou com a ajuda de um primo que o ajudou a levar uma radiola à
pilha para fazer a serenata tendo inclusive que atravessar um rio para chegar à casa da menina.
Diz que na festa do padroeiro tinha contato com jovens de outros sítios. Era o momento
também das paqueras. Gostava também de se divertir roubando cana de algumas plantações.
Ele reconhece as mudanças de diversões sendo hoje muito frequente o celular, tablet e internet
na qual ele próprio é tão viciado que nem mais liga o rádio. Sua diversão hoje é a internet, a
pesquisa genealógica, a produção do Jornal Ponta da Serra e a rádio web que criada por ele.
O convidado José Flávio, em sua fala demonstrou um forte teor político bem diferente
dos demais depoentes, apesar de que Eleonora também demonstrou ter sido uma jovem
engajada na política iniciando pela atuação no grêmio escolar. Flávio participou inclusive dos
movimentos artísticos da região, os festivais de músicas que tanto foram alvo da repressão
conservadora militar. Falou sobre o engajamento de artistas brasileiros na contestação ao
autoritarismo. Frisou bastante as transformações sociais e mudanças no sistema educacional
que buscam melhorar a garantia de acesso e qualidade. Sem, contudo ser conformista chamou
a atenção dos alunos para a necessidade de valorizar a educação e lutar por melhorias.
Surgiram muitas perguntas sobre como era a educação no passado, respondendo ele que era
muito elitista, pois não tinha garantia de escola para todos, programas de merenda escolar,
transporte escolar e livros didáticos. Sua fala foi bastante motivadora e se deteve muito às
atuações política dos jovens no passado e sempre apontando para a necessidade da atuação
dos jovens no tempo presente.
Cada um falou da juventude tendo como referência suas próprias memórias e apesar
de serem os depoentes quase do mesmo tempo, espaço e classes sociais diferentes,
encontramos pontos de convergências e divergências em suas memórias, pois elas se
embasam nas subjetividades, sem, contudo perderem a sua importância como matéria para a
construção da história.
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Resultados e aprendizagens:
Na última atividade com a oralidade pudemos desenvolver uma avaliação e identificar
a compreensão desenvolvida acerca dos objetivos propostos. Foram trabalhados antes de
iniciar o ciclo de rodas de conversas, os conceitos básicos, consistindo essas atividades orais
em momentos de praticar os conceitos por meio da interação com os entrevistados.
Procuramos desnaturalizar o tempo e percebê-lo na sua multiplicidade sendo os calendários
construções históricas e culturais, não cabendo uma hierarquização entre as diversas formas
de captura do tempo. Sobre a concepção de tempo, para Scadaferri,
A formação do conceito de tempo, assim como a de outros conceitos, é também uma
aquisição pessoal. Cada um irá construí-lo de acordo com a sua vida social e
cultural. Os significados que o indivíduo atribui a um vocábulo, objeto,
acontecimento ou fenômeno vai depender de sua experiência, dos conhecimentos
que ele adquiriu a partir de suas vivências nas relações socioculturais e da
mediação do processo de ensino e aprendizagem. (SCALDAFERRI, 2008: 4)
Apesar das noções de tempo já terem sido vistas pelos alunos na série anterior, muitos
apresentaram dúvidas quanto a este conceito tão abstrato, chegando às vezes a entender haver
um calendário correto, que seria o ocidental enquanto os demais estariam atrasados ou
errados. Sentimos necessidade de intensificar sobre os processos de duração temporal, as
subjetividades na compreensão de tempo. Destacamos que cada sociedade em cada época
tem seus valores, seus modos de viver política, econômica... e socialmente, sendo toda cultura
passível de transformações e permanências sendo elas devidas às ações humanas resultantes
do fazer coletivo.
A Evocação do passado através das lembranças (DELGADO, 2010: 39) dos depoentes
possibilitaram a significação dos conteúdos da história sendo eles capazes de conhecer a
atuação histórica dos jovens do passado em relação a diversos aspectos seja na política,
religião, diversão, namoros, família, escola. Contudo tivemos a sensibilidade de orientá-los
quanto às subjetividades dos depoimentos, pois ao lidar com a memória não podemos encará-
la como a verdade, nem tampouco como uma mentira, mas colocá-la no lugar de um
documento que como tal precisa ser problematizado. Atentamos para o fato de que “a
memória é uma construção sobre o passado, atualizada e renovada no tempo presente”.
(DELGADO, 2010: 9).
Para Alberti,
[...] contar uma história é operar por exclusão, é selecionar e ordenar os
acontecimentos de acordo com o sentido que se lhes quer conferir e que se quer
conferir à própria história. Mas isso não quer dizer que o resultado da exclusão e
da seleção não tenha relação com a realidade. Ao contrário, é preciso tomar
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cuidado para não incorrermos no extremo oposto, passando a sustentar que tudo
não passa de versões sobre o passado, ou ainda que toda construção narrativa é
ficção. (ALBERTI, 2004: 69)
Foi discutido acerca da importância da memória para a construção da história, pois
nem sempre temos fontes escritas sobre tudo o que procuramos conhecer, porém destacando
que assim como a memória tem suas fragilidades o documento escrito também deve ser
tomado como fonte e não como a expressão da verdade absoluta. Foi confuso para os alunos
compreenderem como pode algo ser e não ser a verdade ao mesmo tempo. A partir da quinta
roda de conversa durante a qual tivemos a oportunidade de refletir sobre os depoimentos, eles
puderam compreender que cada pessoa narra a partir do seu ponto de vista, de suas
experiências e que apesar de quase todos os que foram ouvidos terem vivido na mesma cidade
e período histórico, cada um tem suas ideologias e formas de enxergar o mundo. Não se trata
de uma pessoa ter mentido e da outra ter falado a verdade. Tem que considerar que num
mesmo lugar e tempo há várias formas de se viver.
Apesar de suas particularidades foi possível encontrar pontos convergentes entre as
falas como foi o caso das referências à ditadura militar, embora alguns depoentes tenham tido
uma maior compreensão na época e outros como é o caso de Antônio Correia, não ter se
envolvido diretamente ou entendido o que era o regime militar. Podemos pontuar ainda as
tertúlias que foram citadas tanto por Eleonora, que teve sua infância na cidade e que era de
uma classe social mais abastada, como por Antônio Correia que viveu a juventude no distrito
de Crato e mais ligado a uma vida rural e menos abastado.
Outro ponto semelhante foi quanto ao comportamento da época, mais rígido em
relação a hoje seja na relação com a família, escola ou mesmo os modos de se vestir. Os
alunos foram compreendendo como é possível estudar a história a partir das vivências de
pessoas que não pertencem ao panteão dos heróis citados nos livros didáticos e como as
memórias das pessoas nos dizem muito sobre o passado. Não podemos esquecer-nos do
encantamento que essa atividade gerou nos envolvidos. As turmas com as quais trabalhamos
são compostas em sua maioria por alunos que não apreciam muito a escuta, o que causou
surpresa pela atenção e interação nas atividades. Por isso concordamos com SANTHIAGO;
MAGALHÃES (2015) quando discutem sobre a história oral ao entender que,
Ela (história oral) permite, através da fala, e da escuta, do registro de histórias
narradas, entrar em contato com a memória do passado e a cultura do presente.
Por meio dos relatos de quem testemunhou e viveu experiências que merecem ser
contadas, a história oral reforça laços entre pessoas, gerações, comunidades e
tempos. (SANTHIAGO; MAGALHÃES, 2015: 7)
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Vivenciar o passado por intermédio das narrativas proporcionou o exercício da escuta
e a valorização dos saberes possibilitando além do aprofundamento dos conceitos históricos e
da concepção dos jovens como construtores da História, o respeito aos idosos percebendo-os
como sujeitos que muito contribuíram e contribuem para a formação de uma sociedade. O
comportamento dos alunos durante as atividades não foi coerente com seus anteriores relatos
de que não gostavam de conversar com pessoas idosas por elas falarem demais.
Demonstraram intenso interesse pelo diálogo e fizeram várias indagações acerca dos temas
discutidos.
Os resultados das atividades nos fizeram refletir quanto aos métodos e estrutura
curricular que muitas vezes nos obrigam a reduzir a aula a um preparatório para
vestibulares/ENEM deixando muitas vezes de vivenciar ricas experiências que colaboram
tanto para o intelecto quanto para a formação humana, algo que não cai diretamente no
vestibular, mas que fará toda a diferença enquanto sujeitos que atuarão na sociedade.
Pudemos acreditar nas possibilidades da utilização da História oral na educação básica como
um instrumento capaz de transformar a aprendizagem dos alunos, pois “o uso de entrevistas
em sequências didáticas facilita a compreensão de que o conhecimento histórico não consiste
em uma reconstituição exata, verídica, precisa, incontestável, do passado. Mostra, na verdade,
que o que existe é um passado plural [...]”. (SANTHIAGO; MAGALHÃES, 2015:154).
Somos convictos de que pelas análises das entrevistas em rodas de conversas os
estudantes envolvidos foram capazes de reconhecer como a história é construída, as tensões
das quais a História resulta e seu caráter plural não havendo uma verdade única, entretanto
não podendo cair no engano de considerar uma mentida as narrativas produzidas seja pelos
narradores que contam a partir da memória ou mesmo pelos historiadores. Defendemos que a
educação deve criar mais espaços para o ouvir e contar para despertar mais não só o
conhecimento daqueles atores históricos aos quais lhes foi negado espaço nas páginas da
escrita historiográfica, ou mesmo dos sujeitos cujas histórias foram escritas, mas desenvolver
a solidariedade humana e o exercício da alteridade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALBERTI, Verena. Ouvir contar: textos em história oral. 1. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
DELGADO, Lucília de Almeida Neves. História oral: memória, tempo, identidades. 2.ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
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LEVI, Giovani; SCHMITT, Jean Claude. História dos jovens: da antiguidade à era moderna.
São Paulo: Companhia das letras, 1996.
SANTHIAGO, Ricardo; MAGALHÃES, Valéria Barbosa de. História oral na sala de aula.
1.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
SCALDAFERRI, Dilma Célia Mallard. Concepções de Tempo e Ensino de História. 2008.
Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/view/11522.
Acesso em 24/02/2016.