antônio carlos silva ferreira - fomerco...central figura sob o nome de corredor ferroviário...

19
Corredor Ferroviário Bioceânico de Integração: Desafios do Canal do Panamá do Século XXI Antônio Carlos Silva Ferreira Desde a década de 90 do século XX que a integração física da América do Sul é tema de debates e o planejamento para tal empreitada tomou corpo na década seguinte com a criação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). A ideia de interligar os dois oceanos, Atlântico e Pacífico, por meio de rodovias ou ferrovias que atravessassem a região passa a ser identificada pelo termo “corredor bioceânico”. A partir de 2013, a Bolívia, interessada em adquirir uma saída para o mar busca impulsionar este ambicioso projeto, com preferência pelo modal ferroviário. Evo Morales pessoalmente envida esforços para reunir os pares e convencê-los a aderir à opção cujo traçado atravessa a sua nação, que a despeito de não ter faixa costeira, é a que mais pode se beneficiar de portos tanto no Atlântico quanto no Pacifico para escoamento das exportações. Nesse ínterim candidatos de direita vão substituindo os anteriores de esquerda, em diversos países sul-americanos, e adotando projetos políticos que priorizam outras pautas e visam alinhamentos ao Norte, por meio da OCDE e da OTAN, por exemplo. O presente artigo, com base em pesquisa de fontes jornalísticas, bibliográficas e outras, tem como objetivo descrever o histórico dessa tentativa de interconexão, com ênfase no projeto ferroviário, denominado de Corredor Ferroviário Bioceânico de Integração (CFBI), sob o protagonismo do Chefe de Governo boliviano que apelidou o CFBI de “O Canal do Panamá do Século XXI” . Palavras-chave: CFBI, integração ferroviária, Bolívia, Morales Antônio Carlos Silva Ferreira é Mestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). E-mail: [email protected]

Upload: others

Post on 24-May-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Corredor Ferroviário Bioceânico de Integração:

Desafios do Canal do Panamá do Século XXI

Antônio Carlos Silva Ferreira

Desde a década de 90 do século XX que a integração física da América do Sul

é tema de debates e o planejamento para tal empreitada tomou corpo na década

seguinte com a criação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional

Sul-Americana (IIRSA). A ideia de interligar os dois oceanos, Atlântico e Pacífico,

por meio de rodovias ou ferrovias que atravessassem a região passa a ser

identificada pelo termo “corredor bioceânico”. A partir de 2013, a Bolívia,

interessada em adquirir uma saída para o mar busca impulsionar este ambicioso

projeto, com preferência pelo modal ferroviário. Evo Morales pessoalmente

envida esforços para reunir os pares e convencê-los a aderir à opção cujo

traçado atravessa a sua nação, que a despeito de não ter faixa costeira, é a que

mais pode se beneficiar de portos tanto no Atlântico quanto no Pacifico para

escoamento das exportações. Nesse ínterim candidatos de direita vão

substituindo os anteriores de esquerda, em diversos países sul-americanos, e

adotando projetos políticos que priorizam outras pautas e visam alinhamentos

ao Norte, por meio da OCDE e da OTAN, por exemplo. O presente artigo, com

base em pesquisa de fontes jornalísticas, bibliográficas e outras, tem como

objetivo descrever o histórico dessa tentativa de interconexão, com ênfase no

projeto ferroviário, denominado de Corredor Ferroviário Bioceânico de

Integração (CFBI), sob o protagonismo do Chefe de Governo boliviano que

apelidou o CFBI de “O Canal do Panamá do Século XXI”.

Palavras-chave: CFBI, integração ferroviária, Bolívia, Morales

Antônio Carlos Silva Ferreira é Mestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). E-mail: [email protected]

Page 2: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.2

Page 3: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.3

Introdução

O conceito de América do Sul como território afim e integrado é adotado de modo

pragmático, sobretudo pelo Brasil, em contraponto à ideia de América Latina,

mais associada a uma visão cultural. Desde Bolívar e San Martín percebe-se

iniciativas de autonomia e integração regional, primeiro sob o ponto de vista

político, seguido do anseio de interligação física. A Comunidade Andina das

Nações, a ALALC depois ALADI, a ALBA são exemplos de arranjos políticos,

entretanto o marco singular de projeto de conexão física reside na Iniciativa de

Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) criada nos anos 2000. Diversos

projetos de interligação física foram agrupados sob a IIRSA que veio a ser

incorporada pelo Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento

(Cosiplan) da União de Nações Sul-americanas (Unasul) em 2009.

A notória preferência pelo modal rodoviário, em detrimento do ferroviário, é

comumente abordada na literatura existente, mas são raros os artigos que

abordam os projetos ferroviários, mais escassas ainda são as abordagens sobre

o corredor que se originou do Eixo Interoceânico. Por ser tratar de um tema

contemporâneo, os registros estão mais presentes, ainda assim de forma

fragmentada, na cobertura jornalística.

Considerando os aspectos singulares do corredor ferroviário bioceânico que se

transformou em um projeto emblemático do Governo da Bolívia, este artigo

resgata o histórico, por meio de notas de imprensa oficial e de matérias em

formato eletrônico, dessa epopeia inacabada e marcada pelo protagonismo de

Evo Morales, interessado em viabilizar o acesso ao mar em benefício da Bolívia.

O aggiornamento alcança o mês de setembro de 2019 e lança questionamentos

para os futuros episódios que envolvem o desejo boliviano de ver em

funcionamento o seu Corredor Ferroviário Bioceânico de Integração.

Page 4: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.4

Page 5: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.5

Antecedentes: da IIRSA ao Cosiplan da Unasul

Amado Cervo afirma que “A idéia [sic] de América do Sul como entidade

geopolítica é brasileira” e que o Barão do Rio Branco, quando estabeleceu

relações com os Estados Unidos, na primeira década dos anos 1900 tratou de

“...assegurar que excluíssem a América do Sul de sua área de intervenção”

(Cervo, 2009, p. 3).

Moniz Bandeira (2008) confirma que a América do Sul era o objeto pragmático

da política exterior do Brasil, desde o século XIX, que considerava a região sob

a ótica geopolítica, em contraponto à América Latina, percebida mais como uma

visão étnica e genérica sem efeitos práticos para os interesses políticos e

econômicos.

A visão de América do Sul como bloco consolidou-se nos anos 90, na medida

em que o fim da Guerra Fria fez desvanecer o sentido de América Latina. O

então Presidente Itamar Franco propôs a criação da Área de Livre Comércio Sul-

Americana (Alcsa) no mesmo momento em que surgiu o Tratado Norte-

Americano de Livre Comércio (Nafta) e que se cogitou da criação da Área de

Livre Comércio das Américas (Alca) (Cervo, 2009).

A materialização desta visão teve início nos anos 2000, quando Fernando

Henrique Cardoso sugeriu a realização de uma reunião de chefes de Estado da

América do Sul, enfatizando o caráter identitário da região. A iniciativa brasileira

angariou adeptos entre os demais mandatários sul-americanos e desse encontro

decorreu a criação, em 2004, da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa)

que veio a ser sucedida, quatro anos mais tarde, pela União de Nações Sul-

Americanas Unasul (Cervo, 2009).

Nessa cúpula de líderes políticos sul-americanos, realizada na capital do Brasil,

decidiu-se também pela criação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura

Regional Sul-Americana (IIRSA). A IIRSA tinha como fim facilitar a integração

comercial e dos povos, por meio de implementação de uma rede de

telecomunicações e energia e de malha viária em um prazo de dez anos, a partir

de 2000. (Couto, 2006).

Page 6: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.6

A integração física daria o necessário suporte para o esperado aumento de fluxo

comercial intrarregional, promovido pelo acercamento dos arranjos Mercosul e

Comunidade Andina de Nações. Já nessa época, se vislumbrava também a

possibilidade de interligar o Centro-Oeste do Brasil aos portos do Oceano

Pacífico para exportar grãos para a China e outros destinos na Ásia (Couto,

2006). A aproximação do Mercosul com a Comunidade Andina foi facilitada pela

convergência política, uma vez que a crise do neoliberalismo havia ensejado a

ascensão de governos de esquerda nos países sul-americanos (Cervo, 2009).

Quanto à interligação física, um Plano de Ação, elaborado em 2000 e aprovado

em 2002 contemplava 10 Eixos de Integração e Desenvolvimento (EID). O

chamado Eixo Interoceânico contemplava o trajeto São Paulo-Campo Grande-

Santa Cruz de la Sierra-La Paz-Ilo-Matarani-Arica-Iquique. Em 2004 foi

elaborada a Agenda de Implementação Consensuada (AIC) composta por uma

lista de 31 projetos considerados prioritários pelos 12 países, sendo que 28

destes se referiam a transportes. O prazo de implementação ia de 2005 a 2010

e o Interoceânico Central fazia parte dessa lista, como um dos dois únicos

projetos de conexão ferroviária (Costa & Gonzalez, 2015).

Antes que se findasse o prazo, os países que criaram a IIRSA decidiram instituir

a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), uma organização que tinha como

foco também as integrações energética e física da região. A Unasul foi fundada

em 2 de maio de 2008 e, em agosto de 2009 criou-se o Conselho Sul-Americano

de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan) que incorporou a IIRSA como um

fórum técnico (Costa & Gonzalez, 2015).

Em setembro de 2009, Jaime Valencia1, Secretário-Geral da Asociación Latino

Americana de Ferrocarriles (ALAF) discorreu sobre a integração ferroviária da

América do Sul durante uma oficina de capacitação, no âmbito da IIRSA,

realizada em Buenos Aires cuja temática era “integração e desenvolvimento da

infraestrutura regional sul-americana”. Ele lamentou que, apesar da vantagem

1 VALENCIA, Jaime. Integración ferroviária em América del Sur y las posibilidades del transporte multimodal. 11/09/2009 disponível em http://www.iirsa.org/admin_iirsa_web/Uploads/Documents/cap_baires09_jaime_valencia.pdf Acessado em 02/08/2019

Page 7: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.7

competitiva do trem para as longas distâncias, inexistissem políticas públicas

que impulsionassem a construção e o uso das ferrovias.

Os 31 projetos que faziam parte da AIC passaram a integrar a Agenda de

Projetos Prioritários de Integração (API) do Cosiplan. A partir de então, na

relação de projetos estruturados da Carteira API, o projeto do Eixo Interoceânico

Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa &

Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos 31 projetos estavam

concluídos e o Interoceânico Central não era um deles, o que, para os autores é

uma evidência da baixa efetividade da Iniciativa.

Do Eixo Interoceânico ao CFBI: o protagonismo Boliviano na Era Morales

Em 22 de janeiro de 2006, Evo Morales torna-se o primeiro indígena a tomar

posse como Presidente da Bolívia, mediante eleições que lhe sufragaram com

54% dos votos (FOLHA SP, 2006). Três anos depois, em janeiro de 2009,

Morales outorgou uma nova Constituição, após referendo popular, na qual, o

país passou a se chamar Estado Plurinacional de Bolívia (Pimentel, 2009) . A

Constitución Política del Estado Plurinacional de Bolivia2 registra no seu Artigo

267 do Capítulo 4º que o Estado declara seu direito irrenunciável e imprescritível

sobre o território que dá acesso ao Oceano Pacífico.

Ao utilizar o termo “território” o texto constitucional está se referindo muito

provavelmente à porção de terra costeira que foi perdida para o Chile na Guerra

do Pacífico, o que resultou na impossibilidade de exercer a pesca e o comércio

internacional marítimo (PARDO, 2019) . Os bolivianos perseguem uma saída ao

mar por meio da reivindicação do território que lhes foi tomado, sujeita a todos

os trâmites e incertezas da judicialização. Mas sem nunca descartar a alternativa

pragmática do corredor ferroviário de integração.

Com efeito, uma nota de imprensa do Ministério de Comunicação da Bolívia,

datada de 12/09/2013 informa que Evo Morales, ante as difíceis relações com o

Chile no Governo de Sebastián Piñera, decidiu em 2011, buscar alternativas de

2 Constitución Política del Estado Plurinacional de Bolívia disponível em https://www.comunicacion.gob.bo/sites/default/files/docs/Constituci%C3%B3n%20Politica%20del%20Estado.pdf Acessado em 02/08/2019

Page 8: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.8

saída ao mar, dentre elas, alterar o traçado do corredor ferroviário para terminar

no porto peruano de Ilo e não mais em algum porto do norte do Chile.

(MINISTERIO DE COMUNICACIÓN, 2013) .

Antes disso, em 24 de abril de 2013, o Governo da Bolívia já formalizara a

demanda3 para obrigar o Chile a conceder o acesso soberano ao mar, por

intermédio da Corte Internacional de Justiça (CIJ). O Ministério de

Comunicações da Bolívia, noticiou no dia 19/09/2013 que o Presidente Morales

havia dado início à construção da ferrovia interoceânica (MINISTERIO DE

COMUNICACION, 2013).

O Presidente boliviano visitou a China em dezembro de 2013, onde manteve

contato com seu homólogo Xi Jin Ping. Ao retornar, Morales deu uma

declaração, repercutida em vários veículos da mídia, quanto ao apoio chinês ao

projeto de corredor bioceânico:

El presidente de China me dijo que quiere ver el

estudio de pre factibilidad, eso me ha pedido y

yo le dije que el próximo año voy a entregarle. Él

tiene interés para de manera conjunta financiar,

porque esta construcción algunos técnicos me

dicen que costaría entre 10 y 13 mil millones de

dólares (LA INFORMACION, 2013)

Em discurso dirigido à nação boliviana, em janeiro de 2014, para prestar contas

da gestão 2013, o Chefe do Executivo assegurou que até 2018 ou, no mais

tardar, 2020, teriam uma ligação do Ocidente ao Oriente. Referia-se ao trem

bioceânico, sobre o qual afirmara já ter falado com Lula, com Dilma e com

Humala, Presidente do Peru. (MINISTÉRIO DE COMUNICACION, 2014).

Para surpresa de Morales, em novembro de 2014, o Presidente Ollanta Humala,

depois de retornar de uma visita à China, declarou que o trem bioceânico não

mais cruzaria a Bolívia e o sul do Peru, e sim que atravessaria o norte peruano

por razões de interesse nacional. Evo manifestou descontentamento e Humala

3 A demanda está registrada como Case 153 no site da Corte Internacional de Justiça disponível no endereço https://www.icj-cij.org/en/case/153 Acessado em 02/08/2019

Page 9: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.9

sugeriu que os bolivianos investissem noutro projeto que uniria La Paz a Lima e

a outros portos peruanos (PERU 21, 2014).

Poucos dias depois, o boliviano buscou a reversão da ideia plantada por Humala

argumentando que a opção de trajeto pela Bolívia era mais curta e mais barata.

Especulando que os técnicos peruanos não tinham apresentado relatórios

consistentes para o Governo do Peru, manifestou o desejo de fazê-lo

pessoalmente (G1, 2014).

Em paralelo, como parte da campanha pelo direito ao mar, o Governo da Bolívia

edita e distribui, em 20 março de 2015 o livro de contos “Evito y el Mar” que conta

a história de uma garoto inspirado em Evo Morales, uma aposta na

sensibilização dos jovens bolivianos quanto ao direito de exigir uma porção do

mar (MINISTÉRIO DE COMUNICACIÓN, 2015).

O projeto peruano seguiu em frente e quando da visita do premiê chinês Li

Keqiang a Lima para anunciar o financiamento da obra, em maio de 2015, o

Governo do Peru informou que países vizinhos tais como Chile, Argentina,

Paraguai, Uruguai e a Bolívia poderiam realizar projetos de interconexão ao

Corredor Ferroviário Bioceânico Central (EXAME, 2015).

Em entrevista4 à uma rede de tevê, sobre a causa da exclusão da Bolívia, o

analista político Franklin Pareja afirmou crer que a política externa marcada por

um tom beligerante com o Peru e Brasil teria resultado em isolacionismo.

Aventou ainda que os bloqueios e paralisações foram causas secundárias, mas

destacou que a decisão pela rota que alijava a Bolívia atentava contra o princípio

de integração regional, além do que ali seria o lugar ideal para a passagem da

ferrovia.

Morales voltou a ter a nação peruana como aliada em 2016 quando Pedro Paulo

Kuczysnki (PPK) sucedeu a Humala na Presidência do Peru. Em visita à cidade

boliviana de Sucre, em novembro daquele ano, PPK defendeu que a rota do trem

bioceânico “debería pasar pela Bolivia en vez de la selva brasileña”

(MINISTERIO DE COMUNICACIÓN, 2016). Tanto PPK quanto Martín Vizcarra,

4 ¿Por qué Bolivia fue excluida del corredor bioceánico? El análisis de Franklin Pareja entrevista de Franklin Pareja à ATB Digital em 23/06/2015 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=dl4VK5yuQJs Acessado em 02/08/2019

Page 10: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.10

seu Vice-Presidente, que em 2018 viria a assumir a Presidência do Peru,

manifestaram apoio à Bolívia5, por ser a rota mais curta e causar menos dano

ambiental.

O Brasil aderiu ao CFBC em um reunião técnica realizada, em 22/03/2017, na

Bolívia com presença da Alemanha, Suíça, Peru, Paraguai e Uruguai. Empresas

suíças e alemães se fizeram presentes em razão do interesse em financiamento

e construção. Para consolidar o CFBC, um memorando de entendimento foi

assinado, ocasião em que Evo Morales afirmou: "Estamos convencidos de que

o trem bioceânico entre Brasil, Bolívia e Peru será o Canal do Panamá do século

21" (AGÊNCIA BRASIL, 2017).

O Governo da Bolívia passou a investir fortemente em ações de divulgação do

Corredor Ferroviário, com uma série de boletins divulgados no site do Ministério

de Obras Públicas, Servicios y Vivienda. Sem invalidar a demanda judicial contra

o Chile que seguia seu curso na CIJ, o título do Boletin nº 16 (¡Llegaremos al mar

a través del metal!) denota a aposta de Morales nessa alternativa que passa a

ser chamada de CFBI, isto é, Corredor Ferroviário Bioceânico de Integração.

Ao mesmo tempo, empresários brasileiros investem em um corredor rodoviário

que interliga o Centro-Oeste do Brasil ao Paraguai, Argentina e Chile onde atinge

os portos do Pacífico. Em entrevista7 ao Programa Diálogo Aberto da Rede TV

MS Record, em agosto de 2017, o Presidente do Sindicato das Empresas de

Transporte e Logística de Mato Grosso do Sul - SETLOG/MS, Cláudio Cavol,

explica que a preferência por este caminho, em detrimento de uma rota pela

Bolívia, se dá em razão das íngremes ladeiras e da lenta burocracia fronteiriça

dos postos de imigração bolivianos. Este corredor rodoviário foi também objeto

de matéria no Jornal da Globo.8 em 20 de outubro de 2017.

5 Evo y PPK confirman tren bioceánico em Notícias de Bolívia de 05/11/2016 disponível em https://www.youtube.com/watch?v=AbAwlqllbeM Acessado em 02/08/2019 6 Boletin nº 1 2017 https://www.oopp.gob.bo/uploads/BOLETIN_1_2017.pdf Acessado em 02/08/2019 7 A expedição que pode abrir uma nova rota de exportações pelo Pacífico disponível em https://www.youtube.com/watch?v=zZ9OaZ7g6Wk 20/08/2017 Acessado em 02/08/2019 8 Rota bioceânica 24/10/2017 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=BA_QS8cSfto Acessado em 02/08/2019

Page 11: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.11

O portal de notícias Sputnik News publicou matéria em 30 de novembro de 2017

na qual afirma que foi ideia original da Bolívia a concepção do corredor ferroviário

de mais de 3.700 km, que teve adesão de Argentina, Brasil, Paraguai, Peru e

Uruguai. Ainda segundo a matéria, o Mercosul emitiu declaração afirmando que

a obra era de interesse regional e um relatório da Unasul descreveu o CFBC

como o projeto mais ambicioso da Bolívia (SPUTNIK NEWS, 2017).

No Informe de Gestión 2017 publicado em março de 2018 pelo Ministério de

Obras Públicas, o Governo da Bolívia dedica 20 das 72 páginas para enaltecer

o CFBI com afirmações de que se trata de um mega projeto, uma das 10

prioridades da Unasul, importante não só para a América Latina como para o

mundo, apoiado pela China, países sul-americanos e países da Europa

interessados no financiamento da obra que estimam concluir em 2021.

O Informe registra que os estudos de viabilidade técnica levados a cabo pelo

Grupo Operativo liderado pela Bolívia atestam ser o CFBI a melhor opção

perante as propostas de corredor norte e corredor sul que por falta de condições

e estudos estariam descartadas (MOPSV, 2018).

A Presidência Pro-Tempore da Unasul passou às mãos da Bolívia no dia 12 abril

de 2018, em um contexto de crise da instituição, sem Secretário-Geral desde

dezembro de 2016, por falta de consenso na indicação. Já era fato o afastamento

da Argentina, Brasil e Colômbia que buscavam aproximação com a OCDE, com

a OTAN, o G20 e parcerias bilaterais. Mesmo assim Morales manifestou estar

disposto a encarar o desafio da integração e o trem bioceânico seria uma das

suas “armas” (DORFLER, 2018).

Com o esvaziamento da Unasul, a Bolívia busca outros espaços para divulgar o

CBFI e Milton Claros, Ministro de Obras Públicas se junta à cruzada com

Morales. Na virada do primeiro para o segundo semestre de 2018 são comuns

Page 12: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.12

as matérias na mídia 9 10 e as entrevistas com Claros11 12 que enfatiza que o

projeto está em andamento, que tem apoio dos países vizinhos e que faltam

poucos quilômetros para ser concluído. Seis países - Argentina, Brasil,

Chile, Colômbia, Paraguai e Peru – já haviam suspenso sua participação na

Unasul quando o presidente Lenín Moreno do Equador declarou que iria solicitar

a devolução do edifício em Quito onde funcionava a sede da organização

(FERREIRA, 2018).

O segundo semestre de 2018 traz outras más notícias para as aspirações

bolivianas sendo que a primeira foi a decisão irrecorrível da Corte de Haia que

favoreceu o Chile na questão do território costeiro pleiteado pela Bolívia. Não

cabe recurso da decisão, proferida em 1º de outubro, segundo a qual os chilenos

não se obrigam a conceder um acesso soberano ao mar para os bolivianos

(MONACO, 2018).

Com a eleição de Jair Bolsonaro no quarto trimestre de 2018, Sebastian Piñera

empossado no Chile desde março de 2018, anunciou que os dois países iriam

optar por um corredor rodoviário, abandonando a opção de ferrovia bioceânica

com a qual ambos os países haviam firmado acordo nas gestões anteriores, isto

é, Michele Bachelet em Santiago e Michel Temer em Brasília.

9 Vide El Tren Bioceánico, megaobra estratégica para Bolivia, a punto de concretarse 09/06/2018 Disponível em https://laopinion-digital.com/opinion/el-tren-bioceanico-megaobra-estrategica-para-bolivia-a-punto-de-concretarse/09-06-2018 Acessado em 03/08/2019 10 Vide Bolívia comemora 'apoio total' do Brasil a projeto de corredor ferroviário bioceânico 01/08/2018 Disponível em https://br.sputniknews.com/americas/2018080111855812-bolivia-brasil-corredor-ferroviario/ Acessado em 03/08/2019 11 Vide Ministro Milton Claros: El Tren Bioceanico De la Integración Avanza 13/06/2018 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5dK0iqCJCrs Acessado em 03/08/2019 12 Vide Ministro Milton Claros explica todo sobre el Tren Bioceanico y su reunión con Perú 06/07/2018 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=zxM0z7xMGJk Acessado em 03/08/2019

Page 13: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.13

Houve grande repercussão da notícia13 14 nos meios de comunicação e,

novamente entrou em cena Milton Claros15 para defender o projeto de La Paz.

Embora não fosse ideologicamente alinhado com Jair Bolsonaro, Morales esteve

presente na posse dele, como Presidente do Brasil, em 1 de janeiro de 2019,

visando fazer a política de “boa vizinhança” (RECH, 2019). Ainda em janeiro de

2019 convidou o Brasil a retomar a execução do projeto ao que o governo

brasileiro solicitou um prazo adicional (SPUTNIK NEWS, 2019).

Sebastian Piñera que também estivera na posse de Bolsonaro, anunciou a

execução do corredor bioceânico rodoviário que exclui a Bolívia (EL DÍA, 2019).

E confirmando o desinteresse dos vizinhos pela Unasul, ainda sob Presidência

Pró-Tempore boliviana, Chile e Colômbia propõem, em fevereiro, a criação da

Prosul para substituir a antiga instituição (FERREIRA, 2019).

Esses revezes, entretanto, não foram suficientes para demover Morales da ideia

do CFBI. Para resgatar o projeto CFBI ele agenda reunião com o Presidente do

Paraguai em março e, em abril vai a Lima (ABI, 2019a; ABI, 2019b) . Em seguida

obtém financiamento junto à Corporación Andina de Fomento (CAF) e passa a

divulgar a conclusão de trechos da ferrovia em território boliviano que integram

o corredor bioceânico (ABI, 2019c; ABI, 2019d).

Enquanto Evo busca apoio do Peru e do Paraguai, o Brasil juntamente com o

Chile , prioriza o corredor rodoviário bioceânico cuja rota isola a Bolívia. Em 22

de agosto, no encerramento da VIII Reunião do Grupo de Trabalho do Corredor

Bioceânico, em Campo Grande/MS, o Chanceler brasileiro Ernesto Araújo faz

uso da palavra e fala de uma nova integração regional que passa pela

construção da Prosul em lugar da Unasul e explica o que seria este conceito de

regionalismo na visão do governo do qual faz parte:

13 Vide Presidente de Chile da un golpe económico a traer el tren bioceánico a Chile y Bolivia queda fuera 4/11/2018 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=uhgRCBf03Xk Acessado em 03/08/2019 14 Vide Empresarios brasileños buscan corredor directo a Chile, reportaje TV Globo nov/2018 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=qVpWzZYfKa4 Acessado em 03/08/2019 15 Vide Gobierno explica que el proyecto del Tren Bioceánico es factible para su ejecución y no el de Chile 09/11/2018 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=CCGWu0450u0 Acessado em 03/08/2019

Page 14: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.14

Este projeto corresponde, antes de mais nada, a

nossa concepção de integração, a nossa concepção

de integração aberta. Durante muito tempo tivemos

conceitos diferentes do que é integração latino-

americana, do que é integração sul-americana,

percepções às vezes corretas, mas num momento

errado, às vezes equivocadas, às vezes tomadas por

uma dimensão ideológica. Isso está sendo superado

e essa superação se traduz, na prática, neste projeto

do Corredor Bioceânico. (ARAÚJO, 2019)

No dia 11 de setembro de 2019, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o prefeito

Marcelo Iunes (PSDB/MS) de Corumbá, com apoio da corumbaense Deputada

Federal Bia Cavassa (PSDB/MS) discute a efetivação do CFBI. A replicação da

matéria no site da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer)

evidencia que o projeto é desejado por um grupo de stakeholders que não se

limita aos poderes municipal e estadual. (ABIFER, 2019).

A interligação física regional é um dilema local e também um anseio antigo,

entretanto, mesmo no período de maior convergência política, não houve ações

suficientes para concretizar um corredor bioceânico, qualquer que fosse o modal.

Agora, o corredor ferroviário é um sonho de Evo Morales que necessitará de

mais tempo e habilidade diplomática para ver em funcionamento o Corredor

Ferroviário Bioceânico de Integração.

Considerações Finais

O processo de reconhecimento da unidade sul-americana foi natural e daí

decorre o desejo de uma maior integração que vem a se materilizar na IIRSA,

um projeto ambicioso. Com a criação da Unasul e consequente encapsulamento

da IIRSA pelo Cosiplan, era de se esperar que melhores fossem as condições

de desenvolver os projetos e torná-los realidade.

O passar do tempo demonstrou que a conexão física não avançou

significativamente sob a égide da União, sobretudo as ferrovias continuaram sem

merecer o status de modal preferencial.

Page 15: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.15

Com a ascensão de Evo Morales ao poder, ele vislumbrou na ferrovia uma forma

de contemplar a sua nação com acesso não apenas a um, mas a dois oceanos,

o que poderia parecer ser uma empreitada mais factível do que recuperar a

porção de terra banhada pelo mar que havia sido conquistada pelo Chile.

Enquanto a reivindicação tramitava no âmbito da Corte Internacional de Justiça,

Morales tentava angariar apoios e parcerias para o projeto do Corredor

Ferroviário Central. Embora o espectro político regional fosse convergente e,

segundo autoridades bolivianas, boa parte da ferrovia era pré-existente faltando

apenas um trecho em solo boliviano, fato é que a Bolívia não conseguiu a

celeridade necessária para fazer o seu projeto se materializar no timing político

que lhe era favorável.

A ascensão de governos liberais nos países vizinhos foram desviando suas

trajetórias e opções políticas, daquelas da Bolívia. Morales apelou para o uso da

diplomacia, tentando alavancar o projeto de conexão física, a despeito do

esgarçamento do tecido ideológico que unia as nações vizinhas.

A história ainda não terminou, mas um corredor rodoviário está em andamento

com patrocínio de Brasil e Chile, ao passo em que Morales busca divulgar que o

CFBI é a melhor opção. Em outubro de 2019 os bolivianos irão às urnas e Evo

Morales tentará seu quarto mandato. Se vencer, ganhará mais quatro anos para

tentar materializar o sonho de colocar em funcionamento o seu “canal do

panamá”.

Referências Bibliográficas ABI. (01 de Março de 2019a). Presidentes de Bolivia y Paraguay hablarán del tren bioceánico y

la hidrovía en Oruro: Prado. (A. B. INFORMACIÓN, Ed.) La Paz, La Paz, Bolivia. Acesso

em 07 de Setembro de 2019, disponível em https://www1.abi.bo/abi_/?i=422061

ABI. (09 de Abril de 2019b). Lima albergará la próxima reunión del proyecto del tren bioceánico

que impulsa Bolivia (Blanco). (A. B. INFORMACION, Ed.) La Paz, La Paz, Bolivia. Acesso

em 07 de Setembro de 2019, disponível em https://www1.abi.bo/abi_/?i=424575

ABI. (25 de Abril de 2019c). CAF financiará estudios de mercado y competitividad para tren

bioceánico. (A. B. INFORMACIÓN, Ed.) La Paz, La Paz, Bolivia. Acesso em 07 de

Setembro de 2019, disponível em https://www1.abi.bo/abi_/?i=425566

Page 16: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.16

ABI. (25 de Abril de 2019d). Reportan 80% de avance en construcción de vía férrea Montero-

Bulo Bulo. (A. B. INFORMACION, Ed.) La Paz, La Paz, Bolivia. Acesso em 07 de Setembro

de 2019c, disponível em https://www1.abi.bo/abi_/?i=425595

ABIFER. (17 de Setembro de 2019). Em Brasília, prefeito discute efetivação do Corredor

Ferroviário Bioceânico. Correio de Corumbá. São Paulo, SP, Brasil. Acesso em 15 de

Setembro de 2019, disponível em https://abifer.org.br/em-brasilia-prefeito-discute-

efetivacao-do-corredor-ferroviario-bioceanico/

AGÊNCIA BRASIL. (22 de Março de 2017). Brasil dá sinal verde à construção da Ferrovia

Transoceânica. Acesso em 02 de Setembro de 2019, disponível em

https://agenciabrasil-ebc-com-

br.cdn.ampproject.org/v/agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-

03/brasil-da-sinal-verde-construcao-da-ferrovia-transoceanica-em-la-

paz?amp=&usqp=mq331AQCCAE%3D&amp_js_v=0.1#referrer=https%3A%2F%2Fwww

.google.com&a

ARAÚJO, E. (22 de Agosto de 2019). Intervenção do Ministro Ernesto Araújo na VIII Reunião do

Corredor Rodoviário Bioceânico – Campo Grande (MS), em 22 de agosto de 2019.

Discursos. (Itamaraty, Ed.) Campo Grande, MS, Brasil. Acesso em 10 de Setembro de

2019, disponível em http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-

entrevistas-categoria/ministro-das-relacoes-exteriores-discursos/20764-intervencao-

do-ministro-ernesto-araujo-na-viii-reuniao-do-corredor-rodoviario-bioceanico-campo-

grande-ms-em-22-de-agosto-de-2019

Bandeira, L. M. (2008). O Brasil como potência regional e a importância estratégica da América

do Sul na sua política exterior. (Unioeste, Ed.) Temas & Matizes, 7, pp. 9-32. Acesso em

01 de SETEMBRO de 2019, disponível em http://e-

revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/view/2477

BBC. (19 de Maio de 2015). A polêmica ferrovia que a China quer construir na América do Sul.

Acesso em 02 de Setembro de 2019, disponível em

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/05/150518_ferrovia_transoceanica_

construcao_lgb

Cervo, A. (2009). O Brasil e a América do Sul. (J. Moscardo, & V. Alegria, Eds.) Brasília, DF,

Brasil: Fundação Alexandre de Gusmão.

Costa, C. L., & Gonzalez, M. F. (Março de 2015). Infraestrutura física e integração regional na

América do Sul: uma avaliação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura

Regional da América do Sul. (Ipea, Ed.) Boletim de Economia e Política Internacional, p.

82. Acesso em 05 de Setembro de 2019, disponível em

http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5325/1/BEPI_n18_Infraestrutura.pdf

Page 17: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.17

Couto, L. F. (Jan-Abr de 2006). A Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional. (I. d.

(IE/UFRJ), Ed.) Oikos Revista de Economia Política Internacional, 5.

DORFLER, S. (23 de Abril de 2018). Bolívia assume Presidência Pró-Tempore da Unasul. Ceiri

News. (CNP, Ed.) São Paulo, SP, Brasil. Acesso em 20 de Agosto de 2019, disponível em

https://ceiri.news/bolivia-assume-presidencia-pro-tempore-da-unasul/

EL DÍA. (05 de Janeiro de 2019). Piñera confirma acuerdo con Bolsonaro para corredor

bioceánico sin Bolivia. Acesso em 04/08/2019 de Agosto de 2019, disponível em

https://www.eldia.com.bo/index.php?cat=357&pla=3&id_articulo=268113

EXAME. (22 de Maio de 2015). Ferrovia Brasil-Peru abrirá nova era de comércio com China.

Acesso em 02 de Setembro de 2019, disponível em

https://exame.abril.com.br/mundo/ferrovia-brasil-peru-abrira-nova-era-de-comercio-

com-china/

FERREIRA, A. (20 de Julho de 2018). Presidente do Equador pede devolução de edifício onde

funciona sede da Unasul. Ceiri News. (CNP, Ed.) São Paulo, SP, Brasil. Acesso em 03 de

Agosto de 2019, disponível em https://ceiri.news/presidente-do-equador-pede-

devolucao-de-edificio-onde-funciona-sede-da-unasul/

FERREIRA, A. (25 de Fevereiro de 2019). Chile e Colômbia propõem a criação da outra

organização para substituir a Unasul. Ceiri News. (CNP, Ed.) São Paulo, SP, Brasil.

Acesso em 03 de Agosto de 2019, disponível em https://ceiri.news/chile-e-colombia-

propoem-a-criacao-da-outra-organizacao-para-substituir-a-unasul/

FOLHA DE SP. (22 de Janeiro de 2006). Evo Morales toma posse como primeiro presidente

indígena na Bolívia. São Paulo, SP, Brasil. Acesso em 01 de Setembro de 2019,

disponível em Folha de SP:

https://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u91812.shtml

G1. (22 de Novembro de 2014). Ferrovia interoceânica fica mais barata se cortar a Bolívia, diz

Morales. Acesso em 02 de Setembro de 2019, disponível em

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/11/ferrovia-interoceanica-fica-mais-barata-

se-cortar-bolivia-diz-morales.html

LA INFORMACION. (28 de Dezembro de 2013). Morales dice que China tiene interés en

cofinanciar salida férrea al Pacífico. La Paz, La Paz, Bolivia. Acesso em 02 de Setembro

de 2019, disponível em https://www.lainformacion.com/politica/diplomacia/morales-

dice-que-china-tiene-interes-en-cofinanciar-salida-ferrea-al-

pacifico_0yJ7tLuzVIfaHehtAGdV37/

MINISTERIO DE COMUNICACIÓN. (12 de Setembro de 2013). Morales confirma próxima

construcción de ferrocarril interoceánico Peru-Bolivia-Brasil. Bulo Bulo, Cochabamba,

Page 18: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.18

Bolivia. Acesso em 02 de Setembro de 2019, disponível em

https://www.comunicacion.gob.bo/?q=20130912/12615

MINISTERIO DE COMUNICACION. (19 de Setembro de 2013). Presidente Morales inicó la

constucción de ferrovía interoceánica. Montero, Santa Cruz, Bolivia. Acesso em 01 de

Setembro de 2019, disponível em

https://www.comunicacion.gob.bo/?q=20130919/12725

MINISTÉRIO DE COMUNICACION. (22 de Janeiro de 2014). Informe de la Gestión 2013 del

Presidente Evo Morales Ayma al pueblo boliviano. La Paz, La Paz, Bolivia. Acesso em 02

de Setembro de 2019, disponível em

https://www.comunicacion.gob.bo/sites/default/files/media/publicaciones/Discurso%

20Presi.pdf

MINISTÉRIO DE COMUNICACIÓN. (20 de Março de 2015). Hoy presentan “Evito y el Mar”, un

cuento reflexivo para la niñez sobre la demanda marítima boliviana. La Paz, La Paz,

Bolivia. Acesso em 27 de junho de 2019, disponível em

https://www.comunicacion.gob.bo/?q=20150320/17962

MINISTERIO DE COMUNICACIÓN. (04 de Novembro de 2016). Presidente Kuczynski: corredor

bioceánico debe pasar por Bolivia. La Paz, La Paz, Bolívia. Acesso em 02 de Setembro

de 2019, disponível em https://www.comunicacion.gob.bo/?q=20161104/22357

MONACO, B. D. (18 de Outubro de 2018). Corte Internacional de Justiça decide a favor do Chile

contra a Bolívia. Ceiri News. (CNP, Ed.) São Paulo, SP, Brasil. Acesso em 03 de Agosto

de 2019, disponível em https://ceiri.news/corte-internacional-de-justica-decide-a-

favor-do-chile-contra-a-bolivia/

MOPSV. (03 de 07 de 2018). Informe de Gestión 2017. (MOPSV, Ed.) La Paz, La Paz, Bolivia.

Acesso em 20 de Agosto de 2019, disponível em

https://www.oopp.gob.bo/uploads/Informe-de-Gestion-2017_20180307.pdf

Moreira, P. (05 de Maio de 2014). Governadores bolivianos aderem à demanda marítima da

Bolívia. Ceiri News. São Paulo, SP, Brasil. Acesso em 01 de Setembro de 2019,

disponível em https://ceiri.news/governadores-bolivianos-aderem-demanda-

maritima-da-bolivia/

Pardo, D. (22 de Março de 2019). YouTube. (D. Pardo, Editor) Acesso em 29 de Julho de 2019,

disponível em BBC News: https://www.youtube.com/watch?v=nyDDFsPojPQ

PERU 21. (19 de Novembro de 2014). Ollanta Humala: 'Tren bioceánico Perú-Brasil no pasará

por Bolivia'. Lima, Huacho, Peru. Acesso em 02 de Setembro de 2019, disponível em

https://peru21.pe/politica/ollanta-humala-tren-bioceanico-peru-brasil-pasara-bolivia-

196679-noticia/

Page 19: Antônio Carlos Silva Ferreira - FoMerco...Central figura sob o nome de Corredor Ferroviário Bioceânico Central. Costa & Gonzalez (2015) registram que, em julho/2010 apenas 3 dos

Fl.19

Pimentel, S. (28 de Janeiro de 2009). Nova Constituição boliviana refunda país como "Estado

plurinacional". Carta Maior. Cochabamba, Bolivia. Acesso em 01 de Setembro de 2019,

disponível em https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Pelo-Mundo/Nova-

Constituicao-boliviana-refunda-pais-como-Estado-plurinacional-/6/14777

RECH, M. (01 de Janeiro de 2019). Bolívia rejeita Bolsonaro, mas buscará parcerias em 2019.

Brasília, DF, Brasil. Acesso em 03 de Agosto de 2019, disponível em

http://www.inforel.org/bolivia-rejeita-bolsonaro-mas-buscara-parcerias-em-2019

SPUTNIK NEWS. (30 de Novembro de 2017). 'Novo canal do Panamá' ou trem bioceânico unirá

o Atlântico ao Pacífico. Acesso em 02 de Setembro de 2019, disponível em https://br-

sputniknews-

com.cdn.ampproject.org/v/s/br.sputniknews.com/amp/americas/201711309965954-

canal-panama-trem-

bolivia/?usqp=mq331AQCCAE%3D&amp_js_v=0.1#referrer=https%3A%2F%2Fwww.go

ogle.com&amp_tf=Fonte%3A%20%251%24s&ampshare=https%3A%2F%2Fbr.sputni

SPUTNIK NEWS. (31 de Janeiro de 2019). Brasil deixa Bolívia no vácuo quanto à continuação do

projeto da Ferrovia Transoceânica. SPUTNIK NEWS. Acesso em 03 de Agosto de 2019,

disponível em https://br.sputniknews.com/americas/2019013113219523-brasil-

bolivia-vacuo-ferrovia/