antes de abraão eu já existia
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Antes de Abraão, eu já existia!
Abdruschin
Estas palavras de Cristo, que em sua época trouxeram-lhe tantas hostilidades por parte dos fariseus, serão facilmente compreendidas em
toda sua profunda veracidade e evidência, quando se levar em
consideração que como ponto de partida mais elevado de todo o desenvolvimento encontra-se o divino-inenteal, o puro
divinal! *(Caderno 5: O ser humano e seu livre-arbítrio.) A este se liga,
como da ponta de uma pirâmide para baixo, o espírito-enteal, ao qual, depois de muitos degraus e tornando-se cada vez mais amplo, segue,
por sua vez, o mundo da materialidade. Este se inicia com a parte da
matéria fina não visível aos olhos terrenos e, então, tornando-se cada
vez mais densa, e devido a essa densidade também aumentando cada vez mais em peso, ela logicamente desce cada vez mais para baixo, até
que, por fim, surgem as partes de matéria grosseira em todo seu peso e
realizam seu circular de grande alcance.
O ser humano espiritual, ao qual também Abraão pertence, origina-
se do espírito-enteal. Cristo, porém, do divino-inenteal.
Com isso já foi dada, na verdade, a evidência e exatidão do sentido
das palavras de Cristo: “Antes de Abraão, eu já existia!” Já que esta questão foi levantada, deve ser esclarecido àqueles, que são capazes de
se aprofundar tanto, também ainda algo mais. Deus mesmo é, como
sendo todo o início e fim, inenteal, contudo, pode tomar forma com o espírito-enteal como manto. Também Cristo veio deste inenteal. Por
isso, ele já existia antes de Abraão, já que este veio do espírito-enteal
que só surgiu mais tarde. Do inenteal originam-se ainda as quatro colunas do Trono de Deus, os quatro arcanjos. Do inenteal originar-se-á
também Aquele, cuja missão é conduzir agora os tão ameaçados pelas
trevas, que procuram Deus, para o alto, à Luz. Todos os outros anjos e
exércitos celestiais pertencem ao espírito-enteal.
Como o ser humano espiritual origina-se do degrau mais baixo do
espírito-enteal e de lá encontra acesso à materialidade, poderá ele naturalmente, no mais elevado desenvolvimento depois de seu
falecimento terreno, também pouco a pouco ascender novamente até o
reino do espírito-enteal, de onde ele saiu, que pode chamar, portanto, de sua pátria. Naturalmente, só quando ele tiver se tornado novamente
puro-espiritual, ou seja, tiver despido e eliminado o último fardo
material. Tal fardo tornar-lhe-ia impossível a passagem da matéria fina ao puro-espiritual, mesmo que fosse mínimo. Este é então, em linha
reta, o reino de Deus.
A passagem do reino puro-espiritual para o divino-inenteal só é possível àquele, que vem diretamente do inenteal. Por isso, nas palavras do
Salvador residia apenas a confirmação de um fato simples, que ele nem
poderia ter expressado de forma diferente.