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Em natal/rn INSTItuição de longa permanência Anteprojeto De uma Natal, Junho 2017 MARIA VITÓRIA COSTA PARA IDOSOS

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  • E m n a t a l / r n

    INSTItuiçãod e l o n g a p e r m a n ê n c i a

    Anteprojeto De uma

    Natal, Junho 2017MARIA VITÓRIA COSTA

    P A R A I D O S O S

  • ANTEPROJETO DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS EM

    NATAL/RN

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

    MARIA VITÓRIA BANDEIRA DE MELO COSTA

    Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque

    Natal, 2017.1

  • MARIA VITÓRIA BANDEIRA DE MELO COSTA

    ANTEPROJETO DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS EM

    NATAL/RN

    Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista.

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________________

    Glauce Lilian Alves de Albuquerque Professora Orientadora

    _________________________________________________

    Edna Moura Pinto Avaliador interno – UFRN

    __________________________________________________

    Eudja Maria Mafaldo de Oliveira Avaliador externo

  • Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

    Sistema de Bibliotecas - SISBI

    Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT

    Costa, Maria Vitória Bandeira de Melo. Anteprojeto de uma instituição de longa permanência para

    idosos em Natal-RN / Maria Vitória Bandeira de Melo Costa. - Natal, 2017.

    96f.: il.

    Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e

    Urbanismo.

    Orientadora: Glauce Lílian Alves de Albuquerque.

    1. Lar para idosos - Arquitetura - Monografia. 2. Terceira

    idade - Habitação para idosos - Monografia. 3. Espaço geriátrico

    - Monografia. I. Albuquerque, Glauce Lílian Alves de. II. Título.

    RN/UF/BSE15 CDU 725.56

  • À minha preciosa avó, Terezinha Bandeira de Melo Costa

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente eu gostaria de agradecer a mim

    mesma pela paciência e dedicação que eu tive em toda essa

    trajetória desde o primeiro dia do curso, por acreditar que eu

    conseguiria, por todas as renúncias pertinentes que foram

    feitas até hoje, mas também por ter sempre me programado

    para não perder um só Carnatal. Agradecer também por

    nunca ter compactuado e nem prosseguido com nada que

    tirasse a paz e comprometesse de alguma forma a minha

    sanidade. Vocês sabem que esse curso não é dos mais

    simples, e que realmente, tem que respeitar.

    Dito isso, os agradecimentos agora vão para os meus

    professores. Sem vocês, obviamente, nada disso seria

    possível. Obrigada pelas noites que vocês passam

    preparando aulas, pesquisando e estudando diversos livros,

    idealizando atividades e corrigindo trabalhos imensos (que,

    vale lembrar, vocês mesmos passam...). À Renato Medeiros,

    não é segredo pra ninguém que você é o meu professor

    preferido, e não há dúvidas quanto a isso, que me ensinou

    que a relação entre o professor e aluno fica muito mais leve

    se houver uma amizade, e aumenta significativamente o

    interesse pela matéria ministrada, mesmo que esta seja de

    Tecnologia da Construção.

    À minha orientadora, Glauce Lilian, que todas as

    quintas estava às 9h da manhã no Galinheiro me esperando

    para tirar todas as minhas dúvidas e acalmar meu

    coraçãozinho de quem achava que ia dar tudo errado, com

    a maior paciência do mundo. Obrigada por me fazer pensar

    e, de alguma forma, me provar que eu tenho a capacidade

    de resolver os problemas que precisam ser enfrentados, sem

    desesperos.

    Seguindo a ordem dos fatores, queria agradecer ao

    único arquiteto da minha família, que se formou 1 ano antes

    de mim, mas que sempre me ajudou em tudo que eu precisei.

    Pode entrar, Mateus Cândido. Você sempre esteve aí pra tudo

    que eu precisasse, fosse dicas sobre o vestibular (a lenda do

    0,5 na discursiva de história), sobre os professores, e

    principalmente parceria pra farra. Enfim, obrigada por trazer

    um pouco de casa pra UFRN e por cada “Vamo? VAMO”.

  • Agora, os agradecimentos são destinados aos meus

    amigos. Primeiro eu queria pedir desculpas pelo fato de ter

    ficado um tanto quanto ausente para a maioria de vocês, e

    agradecer por vocês entenderem que, nesse momento, os

    meus velhinhos tinham de ser prioridade pra mim.

    Ao meu grupinho lindo de estágio, as Escraviárias,

    onde eu sou o bendito fruto de arquitetura nesse ninho de

    estudantes de engenharia civil. Obrigada Rayssa, Jesk,

    Silvinha, Duda, Lírcia e Vanessa por, cada uma do seu

    jeitinho, terem me acolhido tão bem e criado essa amizade

    linda. Por todas as farras com muito FitDance e muitas provas

    do “Supere-se” no meio delas, mas também por me salvarem

    várias vezes nos meus trabalhos e por me ensinarem que a

    relação arquiteto e engenheiro, além de ser extremamente

    importante, pode ser muito fácil e leve.

    Às minhas melhores amigas das três fases da escola.

    Laís desde o maternal, Alice do Ensino Fundamental, e Baby

    do Ensino Médio. À estas eu agradeço pelos momentos de

    descontração, de engorda e de jogos de tabuleiro. Não existe

    sushi e nem partidas de Jogo da Vida suficiente pra nós, amo

    demais cada uma de vocês.

    Agora os agradecimentos vão para as que passaram

    por tudo isso junto comigo, do começo ao fim. À Juliana e à

    Rute, que foram meu trio por muito tempo até o Ciências sem

    Fronteiras, cada trabalho integrado, cada resumo de HTAU

    e noites viradas e almoços na casa de Rute estão guardadas

    na minha memória, assim como vocês duas. Às meninas do

    Baile de Favela, obrigada por todos os momentos de

    desespero compartilhado, por todas as dúvidas debatidas e

    por toda a preocupação e carinho que uma tem pela outra.

    Vai dar certo, amigas, a gente tá quase lá!!

    Apesar da importância de todas estas, dentre elas, eu

    preciso agradecer diretamente à Nana, Kelly e Lana. Todo

    mundo que me conhece sabe o quanto Nana é importante

    na minha vida e no curso, e à ela eu queria agradecer por

    essa amizade incrível que a gente tem, por todos os

    transtornos que começam com “Já posso chamar o Uber?”

    ou com “Sambinha hoje?”, pelas conversas sem pé nem

    cabeça que começam das formas mais aleatórias (e

  • desconhecidas) possíveis, e por ela estar sempre disposta à

    ajudar e a se fazer presente.

    À maior parceira desse TFG eu não vou conseguir

    descrever em palavras como foi importante nós duas juntas,

    em várias tardes e noites, apoiando e reclamando sobre a

    vida uma pra outra. Talvez eu consiga te agradecer o

    suficiente comprando mil catuabas açaí ou, sei lá, me

    comprometendo em nunca mais comer banana na vida. À

    você, Kelly, que conhece o meu projeto tanto quanto eu e

    minha orientadora, muito obrigada pela sua amizade, pelo

    seu tempo, por ter segurado a minha mão com tanta força e

    sem soltar durante esse semestre, e por tantos “VDS” que

    aparentemente se transformaram num grande “JDS”.

    À Lana, eu agradeço pela aproximação enorme que

    aconteceu esse semestre, pelas conversas quilométricas

    cheias de prints, por me ajudar a resolver o reservatório do

    meu trabalho, por ser essa pessoa tão calma que me traz

    tanta paz, e como não poderia ser diferente, pela viagem de

    Salvador. A viagem mais incrível desse semestre de caos, que

    depois de muito dar errado, desafogou um pouco a nossa

    cabeça desse trabalho e nos renovou para continua-lo.

    Falando em Bahia, não se pode deixar de agradecer

    à pessoa que, apesar de estar a 1.090km de distância e de

    ter aparecido só esse semestre, sempre fez questão de se

    manter o mais presente possível. Mesmo sem você entender

    nada sobre o meu curso, sobre o que era o meu trabalho,

    você deixou tudo mais fácil de levar só com as nossas

    conversas. Obrigada por se preocupar em perguntar como

    andava o meu “tê cê cê”, mas mais obrigada ainda por, na

    maior parte do tempo, só me distrair conversando besteira.

    Acabei de escrever um parágrafo só pra você, Ricardo, CE

    ACREDITA?

    Por falar em gente fisicamente distante, queria

    agradecer os meus amigos Thamyres, Gledson e Levi por

    manterem nossa relação viva mesmo com toda a distância

    que existe. Vocês são um dos encontros mais certos que eu já

    tive nessa vida. À Jesse, que parece que se preocupou mais

    do que eu mesma com esse trabalho e me mandava,

    diretamente dos Estados Unidos, vários links e materiais

  • relevantes para o meu projeto. Além disso, obrigada também

    por não saber lidar muito bem com a diferença de fuso

    horário e me mandar muitos áudios com músicas de

    sertanejo na madrugada. É muito bom saber que você agora

    é um apreciador assíduo desse estilo de música maravilhoso.

    Obrigada às duplas Henrique e Juliano, Bruninho e

    Davi, Henrique e Diego, Zé Neto e Cristiano, Jorge e Mateus,

    Matheus e Kauan, Simone e Simária, Maiara e Maraísa,

    George Henrique e Rodrigo, João Bosco e Vinícius, e aos que

    enfrentam essa trajetória sozinhos, Lucas Lucco, Israel

    Novaes, Luan Santana, Thiago Brava, Leo Santana, Marília

    Mendonça e Wesley Safadão. Estes estão em todos os

    momentos nesse projeto, em cada linha feita no AutoCAD,

    sem eles eu teria ido dormir às 22h todos os dias e,

    provavelmente, não teria conseguido entregar o trabalho no

    prazo estipulado.

    Por último gostaria de agradecer à toda minha

    família, mas mais especificamente à minha mãe e à minha

    irmã.

    Não sei nem como começar a agradecer à minha

    pessoa preferida no mundo inteiro. Ju, muito obrigada por

    ser a pessoa que você é pra mim, eu sinceramente não tenho

    noção de como eu consegui viver tanto tempo sem você na

    minha vida. Obrigada por todas as vezes que você entrou no

    meu quarto só pra deitar na minha cama enquanto eu estava

    na computador, ou até mesmo quando você vinha com um

    edredom pra gente dormir “juntamiga”, mesmo que eu só

    desligasse o computador e a luz de madrugada. Obrigada

    também por escutar todas as minhas histórias malucas, por

    me aguentar estressada muitas vezes, por me acobertar nas

    situações mais diversas e por ser minha confidente que,

    apesar de tão nova, é o meu porto seguro pra todas as

    situações da vida. Obrigada por ser tão presente. Tamo

    junta, Jujubola.

    À minha mãe, Cláudia, obrigada por toda confiança

    que você tem em mim, por toda a liberdade que você sempre

    me deu, por todas as vezes que você brigou comigo por

    causa da minha alimentação e também por todas as vezes

    que você me chamou pra tomar uma gela. Obrigada por

  • todas as vezes que você disse “O café tá pronto!”. Por todas

    as vezes que você só ficou parada na porta do meu quarto

    me olhando fazer o trabalho, dizendo que queria construir a

    minha proposta, me perguntando se estava tudo bem, e se

    poderia me ajudar. Tudo isso significou muito mais do que

    você pode imaginar. Você é um exemplo de pessoa, de

    mulher e de mãe e todo esse meu esforço é pra conseguir me

    tornar pelo menos metade do que você representa pra mim

    e pra minha irmã.

  • RESUMO

    O envelhecimento da população, tanto no Brasil como em todo mundo, vem se tornando uma realidade nos dias atuais. De acordo com dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas acima de 60 anos de idade duplicou entre os anos de 1991 e 2011. A tendência do envelhecimento da população já vem sendo notada pelo Censo desde o ano de 2002. Esta mudança vem sendo comprovada por diversos fatores, principalmente pelos resultados alcançados entre comparações de dados quantitativos sobre o assunto. De acordo com o Censo, a participação do grupo de até 24 anos decaiu cerca de 10% em 10 anos, e a idade média da população brasileira passou de 29,4 anos para 33,1 neste mesmo intervalo, fortalecendo ainda mais a conjectura do envelhecimento populacional no Brasil. Além disso, a marginalização do idoso na sociedade é um fato e há a necessidade óbvia de uma discussão sobre o assunto e da criação de um espaço que os acolha da melhor maneira possível. O fato é que a dinâmica social vem sendo desmontada e reconstruída, como sempre foi e sempre vai ser, e precisa ser analisada para ser entendida e enfrentada. Precisa-se, principalmente, desfazer os preconceitos e estereótipos acerca da velhice para que se possa enfrentar o futuro da sociedade de maneira ciente. Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho é elaborar um anteprojeto de um Instituição de Longa Permanência para idosos na cidade de Natal no Rio Grande do Norte que venha atender a esta crescente demanda. Para sua elaboração foi adotada como metodologia o estudo referencial teórico através de livros, reportagens e dados do IBGE sobre o assunto, além do estudo referencial prático direto, com visita ao Instituto Juvino Barreto e da análise formal e funcional dos projetos referenciais indiretos. Assim, foi proposto equipamento contendo 3 blocos edificados, que oferecerão moradia aos idosos, com apoio médico, de lazer e espiritual.

    Palavras-Chave: Terceira Idade; Habitação para Idosos; Espaço Geriátrico;

    ABSTRACT

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Entrada do instituto Juvino Barreto................................ 26

    Figura 2 - Localização do Instituto Juvino Barreto ....................... 26

    Figura 3 - Área dos apartamentos em uso atualmente ................ 28

    Figura 4 - Estacionamento interno .................................................. 28

    Figura 5 - Guarita .............................................................................. 28

    Figura 6 - Praça aos fundos da Instituição ..................................... 29

    Figura 7 - Horta comunitária ........................................................... 29

    Figura 8 - Área para eventos ........................................................... 29

    Figura 9 - Corrimãos fora de norma nos corredores de circulação

    .............................................................................................................. 30

    Figura 10 - Área médica com consultórios .................................... 31

    Figura 11 - Igreja interna da Instituição ......................................... 31

    Figura 12 - Refeitório em reforma ................................................... 31

    Figura 13 - Área de preparo dos alimentos .................................. 32

    Figura 14 - Área de lavagem dos equipamentos e dos alimentos

    para ..................................................................................................... 32

    Figura 15 - Localização do De Ronding ......................................... 33

    Figura 16 - Aberturas zenitais em ambos os pavimentos ............ 34

    Figura 17 - Corredor de passagem e convívio da edificação e

    área privada aos fundos ................................................................... 34

    Figura 18 - Planta do apartamento ................................................. 35

    Figura 19 - Interação com o exterior .............................................. 35

    Figura 20 - Localização do Retirement Living Richmond Woods 36

    Figura 21 - Fachada principal do Richmond Woods e área de

    convívio ................................................................................................ 36

    Figura 22 - Área de biblioteca e piscina indoor ............................ 37

    Figura 23 - Planta baixa das suítes ................................................. 38

    Figura 24 - Regiões administrativas do município de Natal ........ 39

    Figura 25 - Bairro Dixsept Rosado e seus bairros vizinhos .......... 40

    Figura 26 - Localização do lote escolhido e as paradas de ônibus

    mais próximas .................................................................................... 41

    Figura 27 - Dimensões totais do terreno escolhido ...................... 41

    Figura 28 - Mapa de uso do solo do entorno................................ 42

    Figura 29 - Mapa de gabarito do entorno ..................................... 42

    Figura 30 - Fotos da Rua dos Potiguares a partir do terreno ...... 43

    Figura 31 - Curvas de nível do terreno escolhido ......................... 44

    Figura 32 - Fotos do terreno ............................................................ 44

    Figura 33 - Rosa dos ventos da cidade de Natal .......................... 45

    Figura 34 - Ventilação predominante da cidade de Natal

    aplicada ao terreno ........................................................................... 46

    Figura 35 - Trajeto do Sol da cidade de Natal aplicado ao

    terreno ................................................................................................. 46

    Figura 36 - Análise da insolação o terreno pela Carta Solar de

    Natal .................................................................................................... 47

    Figura 37 - Cadeira de balanço de palha ..................................... 53

    Figura 38 - Trama de palha ............................................................. 54

    Figura 39 - Evolução formal e zoneamento ................................... 56

    Figura 40 - Proposta 01 .................................................................... 56

    Figura 41 - Proposta 02 .................................................................... 57

    Figura 42 - Proposta 03 .................................................................... 58

    Figura 43 - Pavimento térreo do Bloco I ......................................... 64

    Figura 44 - Primeiro pavimento do Bloco I .................................... 64

    Figura 45 - Segundo pavimento do Bloco I ................................... 64

    Figura 46 - Área de lazer no pavimento térreo do Bloco II ......... 66

    Figura 47 - Área voltada para atividades de lazer no primeiro

    pavimento do Bloco II ........................................................................ 68

    Figura 48 - Área ambulatorial no pavimento térreo do Bloco II . 68

    Figura 49 - Área admnistrativa e de descanso médico do primeiro

    pavimento do Bloco II ........................................................................ 70

  • Figura 50 - Jardim interno criado entre o protetor solar e a

    edificação ............................................................................................ 71

    Figura 51 - Planta baixa do Bloco III ............................................... 73

    Figura 52 - Cobogó conceito no Bloco 1 ....................................... 79

    Figura 53 - Cobogós conceito no Bloco 2 ...................................... 79

    Figura 54 - Configuração de corrimãos em rampas e escadas .. 80

    Figura 55 - Altura da bacia sanitária e das barras de

    acessibilidade ..................................................................................... 81

    Figura 56 - Vista superior, lateral e frontal do BWC acessível .... 81

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 – Faixa etária da população de Natal, do Rio Grande

    do Norte e do Brasil ........................................................................... 19

    Tabela 2 - Recuos mínimos exigidos pelo Plano Diretor .............. 48

    Tabela 3 - Recuos mínimos exigidos pelo Plano Diretor .............. 49

    Tabela 4 - Relação entre espessura e isolamento térmico da

    espuma rígida de poliuretano .......................................................... 75

  • SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO ................................................................................... 14

    1. O ANCIÃO EM TEMPOS DE ANSIEDADE .............................. 17

    1.1. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO ............................ 17

    1.1.2. PORQUE A POPULAÇÃO ESTÁ ENVELHECENDO? .. 19

    1.2. PARTICIPAÇÃO DO IDOSO NA SOCIEDADE ............... 21

    ATUAL .............................................................................................. 21

    1.2.1. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA .......................................... 22

    2. LARES FORA DE CASA ............................................................... 26

    2.1. DIRETO ................................................................................ 26

    2.1.1. INSTITUTO JUVINO BARRETO ................................. 26

    2.2. INDIRETOS .......................................................................... 32

    2.2.1. DE RONDING – HOLANDA ..................................... 32

    2.2.2. RETIREMENT LIVING RICHMOND WOODS

    INGLATERRA ............................................................................... 36

    3. BASES PROJETUAIS ....................................................................... 39

    3.1. ESCOLHA DA ÁREA E DO TERRENO .................................. 39

    3.1.1. O TERRENO .................................................................... 40

    3.2. CONDICIONANTES .............................................................. 43

    3.2.1. TOPOGRAFIA .................................................................. 43

    3.2.2. ANÁLISE BIOCLIMÁTICA ............................................... 45

    3.2.3. LEGISLAÇÃO VIGENTE.................................................. 47

    3.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-

    DIMENSIONAMENTO ................................................................... 51

    4. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ......................................... 53

    4.1. CONCEITO ............................................................................ 53

    4.2. PARTIDO ................................................................................. 55

    4.3. EVOLUÇÃO FORMAL E ZONEAMENTO ............................ 56

    5. PROPOSTA FINAL .......................................................................... 59

    5.1. IMPLANTAÇÃO ...................................................................... 59

    5.2. OS BLOCOS ........................................................................... 63

    5.2.1. BLOCO I – RESIDENCIAL .............................................. 63

    5.2.2. BLOCO II – SAÚDE, LAZER E ADMNISTRAÇÃO ........ 65

    5.2.3. BLOCO III – SERVIÇOS E FUNCIONÁRIOS ............... 72

    5.3. ESPAÇO PARA EVENTOS E HORTA COMUNITÁRIA ........ 75

    5.4. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS ............................................... 78

    5.4.1. SISTEMA CONSTRUTIVO .............................................. 78

    5.4.2. COBOGÓ CONCEITO ................................................. 78

    5.4.3. ACESSIBILIDADE ............................................................. 79

    5.4.4. ESTACIONAMENTO ...................................................... 81

    5.4.5. RESERVATÓRIOS ............................................................ 82

    6. PERSPECTIVAS ................................................................................ 84

    7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 84

    REFERÊNCIAS...................................................................................... 85

  • INTRODUÇÃO

    É inegável que o envelhecimento da população já é um

    fato do cenário atual da sociedade em escala mundial.

    Pesquisas mostram, em números, a velocidade em que este

    fenômeno se tornou realidade e como se tonou em algo que

    não se trata mais de apenas uma previsão.

    Variáveis como os avanços da medicina, a urbanização e

    a preocupação com a saúde e bem estar do idoso conferem

    aos mesmos o crescimento e, consequentemente melhora, na

    sua expectativa e qualidade de vida.

    Apesar de sua dominância em grande porcentagem

    populacional, a terceira idade ainda não recebe toda a

    importância e o cuidado que deveria. O número de idosos

    negligenciados é alarmante e isso implica na marginalização

    do mesmo perante a sociedade.

    A violência contra o idoso, na qual se inclui a questão da

    negligência, é algo bastante recorrente. Além de não serem

    “casos isolados”, geralmente a violência é cometida por

    membros componentes de sua estrutura familiar, o que de

    fato é algo revoltante e digno de atenção. Ainda assim,

    mesmo com todos esses fatores, o preparo da sociedade

    frente a esta realidade deixa a desejar. O Brasil, por sua vez,

    não difere desta realidade.

    Se o idoso não está seguro, muitas vezes em sua própria

    residência, de que forma este pode aproveitar a fase da vida

    que deveria ser apenas de lazer e descanso?

    Trazendo para a realidade mais próxima, o espaço para

    a terceira idade no Estado do Rio Grande do Norte é tão

    precária, que o mesmo foi condenado em 2014 à construir

    um lar para idosos, sendo passível de multa, pois o Estado

    detém a responsabilidade de amparar a população idosa

    residente dentro de seus limites.

    Atualmente a cidade de Natal conta com cerca de 10

    asilos, dentre os quais se pode citar o Instituto Juvino Barreto,

    o Lar da Vovozinha, o Lar do Ancião Evangélico (LAE) e a

    Casa de Idosos Feliz Idade. Estes variam entre instituições de

    iniciativa privada, algumas de cunho filantrópico e até

    mesmo patrocinadas pelo Governo Federal. A maioria destes

  • lares encontram-se superlotados, sua estrutura não condiz

    com as necessidades do usuário no que diz respeito à

    arquitetura inclusiva, e devido a isso, muitos idosos deixam

    de ser assistidos e são privados de uma boa qualidade de

    vida e um envelhecimento com dignidade.

    A necessidade de se criar um espaço que proporcione

    qualidade de vida para os que a sociedade esqueceu ou

    tratou de maneira hostil. Como já foi dito anteriormente, o

    número de idosos só tende a crescer concomitantemente com

    a negligência para com eles, e a necessidade de existir um

    espaço onde estes recebam a devida atenção e tratamento

    torna-se – ou deveria tornar-se – uma prioridade.

    Inserido nesse quadro, este trabalho final de graduação

    (TFG) propõe uma Instituição de Longa Permanência para

    Idosos, que ampare principalmente os residentes da grande

    Natal, a ser implantado no bairro de Dix-Sept Rosado na

    cidade de Natal/RN.

    Englobando diversos ramos projetuais já estudados no

    decorrer do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN – tais

    como os segmentos de apoio médico, de incentivo à cultura,

    espaços de convivência e de moradia – o referente projeto

    ainda prioriza a questão da acessibilidade nas edificações.

    Mesmo tendo ciência das limitações motoras enfrentadas

    por esse público, a maioria das Instituições voltadas para o

    idoso – especialmente as públicas e/ou filantrópicas – sofrem

    desta carência pelos mais diversos motivos. Pode ser

    explicado pelo fato de se apresentar uma demanda cada vez

    maior, pela cultura de reuso de locais sem as devidas

    adequações, ou até mesmo por contenção de gastos.

    A opção por este tema ainda pode ser explicada pelo

    desejo de exaltar o impacto que arquitetura exerce na

    reestruturação da sociedade e de como esta tem uma

    significativa influência na garantia do bem-estar de seus

    usuários.

    A fim de alcançar o objetivo geral do trabalho, alguns

    objetivos específicos foram traçados: Identificar e entender as

    principais dificuldades enfrentadas pelo idoso na vivência em

    um ambiente construído, principalmente no que diz respeito

    às questões de acessibilidade; Adotar uma forma

    arquitetônica que seja visualmente permeável, atraindo a

  • sociedade a fim de proporcionar uma interação e reinserção

    social dos longevos; Criar um espaço que seja seguro para

    os seus usuários e que se manifeste como um local acolhedor

    para os mesmos, visto que este será seu lar e, de certa forma,

    contribuir para a discussão sobre a questão do

    envelhecimento na sociedade atual.

    Este TFG é dividido em duas partes: um memorial

    descritivo do projeto e a proposta gráfica do mesmo. O

    memorial em si divide-se em 6 partes, cada parte com suas

    respectivas e pertinentes subdivisões. Sua primeira parte é

    voltada principalmente para a contextualização da

    problemática abordada, com aprofundamento teórico sobre

    o tema, além de dados quantitativos pertinentes relativos ao

    assunto.

    Em sequência, seguem os estudos de referência, tanto

    diretos como indiretos, afim de entender as questões

    relacionadas ao fluxo, à forma e as necessidades do público

    ao qual o projeto beneficiará. Após isso, serão apresentados

    o terreno escolhido, bem como suas condicionantes

    projetuais, o programa de necessidades e seu pré-

    dimensionamento; a seguir, explana-se o conceito do

    projeto, seu partido e sua evolução formal e da implantação

    a partir da setorização definida. Por fim, tem-se a descrição

    e imagens da proposta final, bem como suas especificações

    técnicas.

    A proposta gráfica é composta por desenhos técnicos,

    onde estarão representadas as plantas baixas, plantas de

    cobertura, cortes e fachadas dos blocos, além da sua

    implantação.

  • 1. O ANCIÃO EM TEMPOS DE ANSIEDADE

    1.1. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO

    Primeiramente, faz-se necessária a definição do conceito

    e do significado do termo “idoso”. De acordo com o

    dicionário Aurélio, a palavra “idoso” é definida como “que

    ou quem tem idade avançada”. Já a Organização Mundial

    da Saúde (OMS) (2002) define idoso a partir da idade

    cronológica1, estabelecendo 60 anos ou mais para países em

    desenvolvimento e 65 anos ou mais para países

    desenvolvidos. Para fins mais precisos, obedecendo a

    classificação do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que

    o Brasil pertence ao grupo de países em desenvolvimento, a

    Política Nacional do Idoso (PNI) e o Estatuto do Idoso definem

    idoso como um indivíduo com idade superior a de 60 anos.

    Sabe-se que a população brasileira vem envelhecendo

    durante os últimos anos. Segundo Flávio Chaimowicz (1997),

    a população brasileira está envelhecendo desde a década de

    60, quando houve a queda das taxas de fecundidade que

    1 Idade cronológica considera apenas a quantidade de dias de vida, ao contrário de idade biológica, que leva diversos fatores em consideração, como quantidade e qualidade da massa óssea, por exemplo.

    alteraram significativamente as pirâmides de faixa etária,

    estreitando sua base.

    “Somente a partir de 1960, com o declínio

    da fecundidade em algumas regiões mais

    desenvolvidas do Brasil, iniciou-se o processo

    de envelhecimento populacional. (...) Se no

    início do século a proporção de indivíduos

    que conseguia alcançar os 60 anos se

    aproximava de 25%, em 1990 ela superava

    78% entre as mulheres e 65% entre os

    homens; a esperança de vida ao nascer

    então já ultrapassava os 65 anos”

    (CHAIMOWICZ, Flávio)

    De acordo com dados mais recentes obtidos pelo Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de

    pessoas acima de 60 anos de idade duplicou entre os anos

    de 1991 e 2011. O resultado obtido pela Pesquisa Nacional

    por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra que, em 2013, as

  • pessoas que atingiram a Melhor Idade eram representadas

    por 26,1 milhões dos brasileiros, cerca de 13% da população

    em sua totalidade.

    A tendência do envelhecimento da população já vem

    sendo exaltada pelo Censo desde o ano de 2002. Esta

    mudança vem sendo comprovada por diversos fatores,

    principalmente pelos resultados alcançados entre

    comparações de dados quantitativos sobre o tema. De

    acordo com o Censo, a idade média da população brasileira

    passou de 29,4 anos para 33,1 entre os anos de 2002 e

    2012, fortalecendo ainda mais a conjectura do

    envelhecimento populacional no Brasil.

    Ainda segundo o IBGE, o número de idosos no Brasil vai

    quadruplicar até o ano de 2060. Previsões desta natureza

    incentivam a tomada de medidas necessárias para que o país

    se capacite e não enfrente maiores problemas no momento

    em que este prognóstico se tornar realidade.

    Trazendo para o universo de estudo em questão, as

    estatísticas sobre o envelhecimento da população no Rio

    Grande do Norte não são diferentes das encontradas para o

    Brasil. Comparando dados entre o mesmo período, ainda

    utilizando dados fornecidos pelo IBGE – de 2001 e 2011 – o

    número de idosos aumentou em 52% no estado, e alcançou

    o número de 253 mil pessoas com idade igual ou superior a

    60 anos.

    Em Natal os números não são destoantes do parâmetro

    encontrado até o momento. A população de Natal em 2007,

    de acordo com o IBGE, é de 803.739 habitantes, onde

    segundo da mesma fonte, o número de pessoas acima de 60

    anos é de 83.939, cerca de 10% do total da população

    natalense. Considera-se que atualmente o número de idosos

    é ainda maior do que o indicado, visto que estamos 6 anos

    afrente dos dados mais atualizados disponível, e a tendência

    é apenas o crescimento do mesmo.

  • Tabela 1 – Faixa etária da população de Natal, do Rio Grande do Norte e do Brasil

    Fonte: IBGE: Censo Demográfico 2010;

    1.1.2. PORQUE A POPULAÇÃO ESTÁ ENVELHECENDO?

    Como foi explanado no tópico anterior, o

    envelhecimento da população mundial é um fato

    comprovado. São diversos fatores, que somados, foram e

    continuam sendo responsáveis por esse contexto.

    Há 40 anos atrás no Brasil, houve uma migração das

    pessoas que costumavam morar na área rural para a cidade,

    e essa mudança causou uma redução significativa nas taxas

    de natalidade. O geógrafo político francês radicado no

    Brasil, Hervé Théry, explica que isso se deve ao fato de que

    um filho no campo se equivale à mão de obra, enquanto que

    na cidade um filho representa um custo. Portanto, com a

    redução da taxa de natalidade que se tornou e permanece

    realidade, é inevitável que a população fique cada vez mais

    velha.

    Atrelado a este fator, por um lado temos os avanços

    da medicina que permitem o planejamento da família, com

    os mais diversos métodos contraceptivos formulados e

    disseminados, que reduzem significativamente a taxa de

    natalidade. No Brasil, o principal método contraceptivo

  • utilizado pelas mulheres – o anticoncepcional –, começou a

    ser vendido no ano de 1961 e a partir desse momento, outros

    métodos passaram a ser conhecidos e comercializados. O

    impacto desta mudança pode ser exemplificada por dados

    do IBGE, de que nos anos de 1960 as mulheres brasileiras

    tinham uma média de 6,3 filhos, e atualmente essa média é

    de 2,3 filhos, abaixo da média mundial, que é de 2,6.

    Por outro lado, temos os avanços médicos que são os

    principais responsáveis pelo aumento da probabilidade de

    atingir e viver a Melhor Idade, através da prevenção,

    acompanhamento e/ou cura de doenças, reduzindo

    significativamente a taxa de mortalidade. Doenças com taxa

    de óbito elevada, como a febre amarela, AIDS e o Mal de

    Alzeimer passaram a ser diagnosticados, tratados e

    prevenidos, reduzindo de forma drástica o índice de

    mortalidade.

    O crescimento vegetativo e a migração são dois

    fatores responsáveis pelo crescimento populacional de um

    local, sendo o primeiro a relação entre os índices de

    natalidade e mortalidade. Conforme estimativas do Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2050, a

    população brasileira será de aproximadamente 259,8

    milhões de pessoas. Nesse mesmo ano a taxa de crescimento

    vegetativo será de 0,24, bem diferente da década de 1950,

    que apresentou taxa de crescimento vegetativo positivo de

    2,40%. Sendo assim, apesar de a população continuar

    aumentando, as porcentagens de crescimento estão

    despencando.

    Somado a todos esses fatores, existe atualmente os

    cuidados e a preocupação com a saúde, que antes não

    existiam. Sabe-se que a prática da atividade física é de suma

    importância na manutenção do corpo e da saúde. Ao exercitar-

    se na Melhor Idade, existem diversos benefícios que podem ser

    alcançados, como foi apresentado por SOUZA (2010).

    “(...) exercício físico (...) melhora da

    velocidade de andar; melhora do equilíbrio;

    aumento do nível de atividade física

    espontânea; melhora da autoeficácia; na

    contribuição na manutenção ou no aumento

    da densidade óssea; ajuda no controle da

    diabetes; artrite; doença cardíaca; melhora

  • na ingestão alimentar; diminuição da

    depressão” SOUZA (2010).

    Segundo um levantamento da Associação Brasileira de

    Academias (Acad), os idosos representam um terço das pessoas

    matriculadas em academia no Brasil. Em números, atinge a

    quantidade de 1,8 milhões o que há 10 anos atrás não chegava

    aos 300 mil.

    “Assim, a nova velhice da

    contemporaneidade abarca o novo ser

    idoso, mas ativo, mais independente e

    interrelacionado à vida moderna. A nova

    concepção de idoso traz consigo a ideia de

    envelhecimento ativo, como mais uma etapa

    da vida e não mais a última etapa da vida.”

    (GRANDO; STURZA, 2015, p. 38)

    É fato que a dinâmica social foi alterada com o passar

    dos anos e adaptada às novas necessidades do ser humano.

    Em suma, segundo Wagner de Cerqueira, a urbanização, a

    queda da fecundidade da mulher, o planejamento familiar,

    a utilização de métodos de prevenção à gravidez, a mudança

    ideológica da população são todos fatores que contribuem

    para a redução do crescimento populacional e consequente

    envelhecimento da população.

    1.2. PARTICIPAÇÃO DO IDOSO NA SOCIEDADE

    ATUAL

    É evidente os privilégios conseguidos pelas pessoas de

    terceira idade ao logo dos anos. Filas especiais,

    medicamentos gratuitos, preferência em determinados locais

    e atendimentos especializados atribuem ao idoso uma

    maneira mais fácil de encarar a rotina que costumava ser

    mais simples. Em contrapartida, o desrespeito e a

    humilhação sofrida diariamente pelos mesmos também são

    de natureza perceptível, e estão cada vez mais enraizadas no

    corpo social.

    Sabe-se que existem algumas variáveis que, ao se

    relacionarem, conferem a cada longevo uma realidade

    diferente. Dados como o local onde moram, se tiveram uma

    juventude ativa, questões relacionadas a genética e até

    mesmo ao sexo do indivíduo conferem a cada um, uma

    particularidade.

  • Levando isso em consideração, conclui-se que não

    existe uma lógica em homogeneizar e estereotipar as pessoas

    de Terceira Idade. Segundo estudiosos, o preconceito contra

    o envelhecimento e o Idoso é fruto de uma sociedade que

    valoriza demasiadamente a juventude. Isso nos encaminha a

    existência de uma tendência a relacionar as pessoas mais

    velhas à fardos a serem carregados, e este tipo de

    pensamento não só começam a serem tomadas como

    realidade, como os são grandes influenciadores na

    marginalização dos mesmos frente à sociedade.

    Segundo o IBGE, das 21 milhões de pessoas que estão

    acima dos 60 anos de idade, 4,5 (22%) milhões ainda

    trabalham. Edgard Pitta, consultor em carreira da Alfa

    Centauri, afirma que estes números só tendem a despencar,

    principalmente depois da crise que assola o mundo nos dias

    de hoje. Verdades como essa comprovam que o fato de

    atingir certa idade não necessariamente venha a privar todo

    e qualquer tipo de atividade, especialmente os relacionados

    a cognitividade.

    Com essa queda da participação dos longevos na

    parcela economicamente ativa da sociedade, aumenta-se

    consideravelmente o número de pessoas que dependem

    somente da Previdência. Economicamente falando, o

    aumento de aposentados juntamente com o envelhecimento

    populacional vai sobrecarregar a juventude trabalhadora,

    uma vez que um número cada vez mais reduzido de pessoas

    trabalharão em virtude de outras que já cumpriram seu

    tempo no mercado de trabalho.

    1.2.1. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

    O crescimento da população da terceira idade entra em

    conflito com a dinâmica da sociedade atual. Vivemos

    atualmente em uma realidade onde estar ocupado é sinal de

    sucesso profissional e satisfação pessoal, principalmente

    devido à necessidade de produzir e de ser ativo que foi

    imposta pela cultura capitalista. Essa realidade é comumente

    utilizada como justificativa para o crescente abandono de

    anciões – entre outros tipos de violência – que vem se

    tornando um padrão no corpo social contemporâneo.

  • A preocupação com esta fase da vida vem se tornando

    mais forte desde o ano de 1991. Quando a Organização das

    Nações Unidas lançou uma Carta de Princípios para as

    Pessoas Idosas, que inclui a independência, dignidade,

    assistência e participação dos anciões na sociedade. A partir

    disto, políticas assistenciais e de incentivo foram

    disseminadas pelo mundo, e no Brasil são representadas

    pela Política Nacional do Idoso, estabelecida em 1994.

    Nos últimos anos, os avanços nesse âmbito vieram se

    tornando cada vez mais evidentes no país. Diversas leis,

    decretos e medidas que interferem de maneira positiva na

    vida de idosos vem sendo tomadas, e referenciadas pelas

    diretrizes internacionais, advindas do Plano de Ação

    internacional para o Envelhecimento. Dentre as grandes

    conquistas alcançadas, devem ser destacadas a criação do

    Conselho Nacional dos Direitos do Idoso em 2002, e a

    publicação do Estatuto do Idoso em 2003.

    Somado a isto, diversas medidas relacionadas à proteção

    das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos vem

    sendo tomadas. Dentre elas, foram criadas a Política

    Nacional de Prevenção a Morbi-mortalidade por Acidentes e

    Violência (2001); o Plano de Ação para o Enfrentamento da

    Violência contra a Pessoa Idosa (2004); a Política Nacional

    de Saúde da Pessoa Idosa (2006); o II Plano de Ação para o

    Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa (2007).

    Para atender as demandas assistidas, em 2011 foi

    instaurado pelo Governo Federal o Módulo Idoso do Disque

    Direitos Humanos (DDH – Disque 100). De acordo com

    dados cedidos pelas autoridades responsáveis, o maior

    número de denúncias está relacionado com as questões de

    negligência, representado por 68,7% das violações

    reportadas. Mas ainda assim, o número de denúncias alusiva

    às outras categorias de abuso também são preocupantes, e

    prejudicam a qualidade de vida dos longevos de maneira

    alarmante.

    Para a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (2002),

    violência doméstica consistem em “(...) qualquer ação ou

    omissão de natureza criminal, entre pessoas que residam no

    mesmo espaço doméstico ou, não residindo, sejam ex-

    cônjuges, ex-companheiro/a, ex-namorado/a, progenitor de

  • descendente comum, ascendente ou descendente, e que

    inflija sofrimentos físicos, sexuais, psicológicos e econômicos”

    Como já foi dito acima, existem diversos tipos de violação

    doméstica, que torna-se ainda mais grave quando exercida

    contra uma pessoa idosa. Além da questão da negligência

    explanada anteriormente, existem também a violência

    psicológica, abuso financeiro e econômico, violência

    patrimonial, física e sexual que são apenas algumas dentre

    as demais modalidades de ultraje para com indivíduos da

    terceira idade, que devem e serão levadas em consideração.

    Segundo informações levantadas no ano de 2015 pelo

    Disque 100, 76,48% das violações são consumadas na casa

    da vítima e – dentro deste número –, 51,55% dos casos são

    protagonizados pelos próprios filhos das vítimas. O estado

    do Rio Grande do Norte é o terceiro estado no ranking dos

    números de denúncias, com 250,81 denúncias por 100 mil

    habitantes, encontrando-se atrás apenas do Distrito Federal

    e do estado do Amazonas. Conforme publicado pela Tribuna

    2 Que não dispõe dos recursos financeiros necessários para se sustentar; que não é autossuficiente.

    do Norte em 2014, as denúncias de abuso no RN cresceram

    em 300% nos últimos 3 anos.

    Dessa maneira, num contexto onde o idoso não é

    devidamente assistido ou não está seguro em sua própria

    residência, surgem os asilos, os abrigos para os longevos, e

    as Instituições de Longa Permanência para Idosos. Esses

    locais dispõem, ou deveriam dispor, de ambientes

    direcionados para a melhor vivência desta etapa da vida e

    estão se tornando cada vez mais necessários e procurados.

    Em 2014, sob determinação do juiz Airton Pinheiro da 5°

    Vara da Fazenda de Natal, o estado do Rio Grande do Norte

    foi condenado a construir lar para idosos na capital potiguar.

    A ação foi ajuizada pela 30° Promotoria de Justiça para

    atender a necessidade de idosos hipossuficientes2 da cidade,

    que se baseando no artigo 159 da Constituição Federal, frisa

    a responsabilidade do estado de amparar a população idosa

    residente no mesmo.

  • Atualmente a cidade de Natal conta com cerca de 10

    asilos, dentre os quais se pode citar o Instituto Juvino Barreto,

    o Lar da Vovozinha, o Lar do Ancião Evangélico (LAE) e a

    Casa de Idosos Feliz Idade. Estes variam entre instituições de

    iniciativa privada, algumas de cunho filantrópico e até

    mesmo patrocinadas pelo Governo Federal. A maioria destes

    lares encontram-se superlotados, sua estrutura não condiz

    com as necessidades do usuário no que diz respeito à

    arquitetura inclusiva, e devido a isso, muitos idosos deixam

    de ser assistidos e são privados de uma boa qualidade de

    vida e um envelhecimento com dignidade.

  • 2. LARES FORA DE CASA

    2.1. DIRETO

    2.1.1. INSTITUTO JUVINO BARRETO

    Figura 1 - Entrada do instituto Juvino Barreto

    Fonte: http://juvinobarreto.com.br/instituicao/junino/

    Localizado na Avenida Alexandrino de Alencar, no

    bairro de Lagoa Seca, inserido na Zona Leste da cidade de

    Natal, o Instituto Juvino Barreto foi fundado no dia 19 de

    abril de 1944, pelas irmãs da ordem São Vicente de São

    Paulo. Trata-se de uma instituição filantrópica, sem fins

    lucrativos e voltada para atender idosos carentes, amparada

    pela Lei Municipal n° 1.489, de 29 de agosto de 1993, pela

    Lei Estadual n° 6.482de 24 de setembro de 1993 e pela Lei

    Federal n / 193/00/93 de 03/05/2000.

    Figura 2 - Localização do Instituto Juvino Barreto

    Fonte: Google Maps

    O bairro em questão é majoritariamente residencial,

    com tendência ao uso misto. Barro vermelho apresenta uma

    boa infraestrutura de drenagem, abastecimento público de

    água, coleta de lixo, saneamento básico, transporte público

    e telefone.

    Os serviços oferecidos pela Instituição são de

    assistência de saúde e moradia, em regime não hospitalar,

  • funcionando em horário integral e estabelecendo horário fixo

    apenas para fins de visitação, os quais ocorrem diariamente

    das 14h às 16h. Em 2006, o local contava com cerca de 80

    funcionários vinculados à Secretaria do Estado e Ação Social

    do município e ao próprio instituto, e abrigava cerca de 170

    idosos.

    No ano de 2010 o Instituto passou por uma

    intervenção, recomendada pela promotora de defesa do

    Estado, Iadya Gama Maio, e administrada pelo Interventor

    Kerginaldo Jacob de Medeiros. Foram implantadas

    melhorias no local, que envolveram desde renovação da

    pintura e do piso do estabelecimento, até a redução do corpo

    de funcionários e reabertura de instalações, como foi o caso

    do consultório odontológico que se encontrava fechado há

    quase 2 anos.

    Como o Instituto Juvino Barreto encontra-se na Região

    Metropolitana da Cidade de Natal, houve a possibilidade de

    uma visita ao local com o acompanhamento de uma das

    assistentes de administração do local, Adriana. A visita foi

    feita na terça feira, dia 04/04/2017 às 14h30, onde houve

    uma conversa informal com Adriana, bem como uma visita

    aos ambientes permitidos pela Instituição.

    Atualmente, o são encontrados 43 funcionários e 60

    longevos assistidos, sendo 55 destes residentes fixos. Dentre

    os profissionais encontrados prestando serviços para a

    Instituição, estão: porteiro, cuidadores, técnicos de

    enfermagem, nutricionista, coopeiras, cozinheiros, chefe de

    cozinha, auxiliar de lavanderia, vendedores, operadores de

    telemarketing, assistente social, enfermeiros, supervisor de

    telemarketing, mensageiros, assessor de direção financeira,

    médico e psicólogo.

    Os idosos, por sua vez, normalmente são distribuídos

    em apartamentos com capacidade para abrigar 2 pessoas,

    os quais possuem o quarto, um banheiro completo e

    adaptado, uma copa e uma pequena sala. O Instituto conta

    com cerca de 30 apartamentos e 3 enfermarias, mas

    atualmente, devido a problemas relacionados às condições

    de alguns apartamentos, apenas 7 estão disponível para

    moradia, enquanto que os outros 23 estão interditados à

    espera de reforma.

  • Figura 3 - Área dos apartamentos em uso atualmente

    Fonte: Acervo pessoal

    O instituto permite a saída e entrada dos idosos que

    tem a independência necessária para tal, mediante

    apresentação de uma autorização advinda da assistente

    social, onde os mesmos selam um contrato, estabelecendo

    horários de saída e de chegada que devem ser obedecidos.

    Para controle de entrada e saída de visitantes, idosos

    e automóveis em geral – ambulância, carros de profissionais

    ou de visitantes –, existe uma guarita que funciona 24h por

    dia mantendo principalmente a segurança do local.

    Internamente existe um estacionamento pequeno, e área

    para carga e descarga, além do local da ambulância. Apesar

    de ser localizado na Av. Alexandrino de Alencar, cuja possui

    um fluxo intenso de carros, existe local para estacionamento

    também na área externa, no canteiro que separa as mãos da

    Avenida, propositalmente próximo à faixa de pedestres.

    Figura 4 - Estacionamento interno

    Fonte: Acervo pessoal

    Figura 5 - Guarita

  • Fonte: Acervo pessoal

    Além dos usuários permanentes do local, estima-se

    que cerca de 300 pessoas visitem o local por dia com

    excursões escolares, principalmente. Para atender a grande

    demanda e fluxo de pessoas, o local disponibiliza de uma

    pequena praça aos fundos – o qual possui uma horta

    comunitária – e um local para eventos próximo a entrada,

    onde ocorrem atividades como bazares e festas temáticas ao

    longo do ano.

    Figura 6 - Praça aos fundos da Instituição

    Fonte: Acervo pessoal

    Figura 7 - Horta comunitária

    Fonte: Acervo pessoal

    Figura 8 - Área para eventos

    Fonte: Acervo pessoal

  • . A instituição por ser muito antiga, vem passando por

    diversas adaptações às novas regras e leis que regem

    atualmente. Atualmente está passando por processo de

    renovação dos corrimãos instalados para que se adequem

    ao requerido, e suas rampas estão no padrão recomendado

    de possuir inclinação de no máximo 8,33%. Sua circulação

    vertical é inexistente devido ao fato de que a construção é

    inteiramente térrea, e por isso não necessita de elevadores,

    de plataformas elevatórias ou escadas.

    Figura 9 - Corrimãos fora de norma nos corredores de circulação

    Fonte: Acervo pessoal

    Não foi possível tirar fotos das acomodações – tanto

    dos apartamentos como das enfermarias – dos longevos por

    questões de privacidade, mas nota-se que no que se diz

    respeito às normas de acessibilidade nestes locais

    supracitados, o instituto se encontra nos padrões

    estabelecidos pela NBR 9050/2015

    Tem-se ainda uma área voltada para questões de

    saúde, que conta com consultórios de psicologia, sala de

    curativo, farmácia, sala de fisioterapia, sala de arquivos,

    entre outros. Logo ao seu lado, encontra-se a igreja católica

    própria do Instituto Juvino Barreto, onde não só os asilados

    podem utilizas, mas também seus visitantes e pessoas do

    próprio bairro.

  • Figura 10 - Área médica com consultórios

    Fonte: Acervo pessoal

    Figura 11 - Igreja interna da Instituição

    Fonte: Arquivo pessoal

    Mais aos fundos da instituição está localizado o

    refeitório e a cozinha. Atualmente o refeitório está passando

    por umas reformas, pois devido às fortes chuvas que

    ocorreram recentemente em Natal, o teto do local se rompeu

    de forma que está impossibilitado o uso do mesmo. Nesta

    área encontra-se, além do refeitório, o consultório do

    profissional de nutrição, a copa dos funcionários, a cozinha,

    o depósito de alimentos – exposto através de visor –, a parte

    de lavagem de equipamentos e de alimentos, a câmara fria

    e a parte de dieta.

    Figura 12 - Refeitório em reforma

    (Fonte: Acervo pessoal)

  • Figura 13 - Área de preparo dos alimentos

    Fonte: Acervo pessoal

    Figura 14 - Área de lavagem dos equipamentos e dos alimentos para

    Fonte: Acervo pessoal

    Por fim, ainda por ser uma edificação bem antiga,

    ainda não existem desenhos arquitetônicos digitalizados,

    apenas as plantas originais cujas quais não podem ser

    disponibilizadas para melhor entendimento das áreas e

    setores apresentados. Atualmente está em andamento um

    levantamento arquitetônico do local por profissionais do

    Corpo de Bombeiro do Município para que estes arquivos

    fiquem disponíveis digitalmente, porém ainda não há

    previsão de entrega dos desenhos.

    2.2. INDIRETOS

    2.2.1. DE RONDING – HOLANDA

    O De Ronding é um edifício de apartamentos na

    cidade de Tiel, cuja está localizada nos Países Baixos, voltado

    exclusivamente para idosos. Foi projetado pela equipe de

    arquitetos formada por Eric Paardekooper Overman, Jeroen

    Spee, Michael Hoogland, Martin Vinkestijn e Ermst-Jan

    Schoute e ficou pronto há 7 anos, no ano de 2010.

  • Figura 15 - Localização do De Ronding

    Fonte: Google Earth

    O empreendimento se comporta de maneira a

    estabelecer uma boa relação com a área residencial na qual

    encontra-se inserido. Além disso, apresenta uma solução

    formal contemplativa tanto do potencial cênico, quanto do

    potencial natural, no que se refere ao aproveitamento dos

    benefícios da incidência de raios solares, principalmente em

    um local de clima temperado.

    Esta instituição foi escolhida primordialmente devido

    ao seu aspecto formal, que eventualmente coincidiu no que

    se refere às questões funcionais do empreendimento. Sua

    implantação em formato em “L” permite a edificação de

    aproveitar as condicionantes naturais necessárias, como a

    incidência dos raios solares, voltando a fachada de seus

    apartamentos, bem como o corredor principal utilizado como

    passagem e convívio, para o Oeste.

    Ainda de maneira a aproveitar as condicionantes

    naturais de melhor forma, a edificação conta com a presença

    de aberturas zenitais em ambos os pavimentos, devidamente

    protegidas com guarda corpo, como demonstrado na

    imagem X.

  • Figura 16 - Aberturas zenitais em ambos os pavimentos

    Fonte:

    No total são 34 apartamentos distribuídos entre os

    dois pavimentos, projetados de maneira funcional, divididos

    na metade e deslocadas em relação a um eixo. Dessa forma,

    além de resultar em uma área fechada de “quintal” privado

    aos fundos do apartamento, também se garante o

    aproveitamento do potencial cênico para os que estejam

    ocupando a varanda do mesmo.

    Figura 17 - Corredor de passagem e convívio da edificação e área privada aos fundos

    Fonte:

  • Figura 18 - Planta do apartamento

    Fonte:

    O materiais utilizados no projeto foram as faixas

    horizontais de concreto, revestimento em chapa de aço e

    vidro.

    As faixas curvas de concreto foram responsáveis por

    formar uma linha contínua afim de transformar o conjunto

    de unidades habitacionais combinadas de forma coesa. Seu

    revestimento em chapa de aço perfilado, exteriormente

    colorido artificialmente com a cor vermelha, e combinado

    com o uso de grandes aberturas em vidro, deu uma leveza

    ao conjunto e mais uma vez apresentou a intenção de

    promover o aproveitamento do visual e das condicionantes

    físicas, além da interação com o exterior.

    Figura 19 - Interação com o exterior

    Fonte: http://o-drie.nl/portfolio/de-ronding/

    http://o-drie.nl/portfolio/de-ronding/

  • 2.2.2. RETIREMENT LIVING RICHMOND

    WOODS INGLATERRA

    O Retirement Living Richmond Woods é um residencial

    para aposentados localizado na zona norte de Londres,

    capital da Inglaterra, no Reino Unido. Este empreendimento

    do ano de 2007 é de caráter privado, e conta com 130 suítes

    juntamente com outras instalações adicionais, projetadas

    para proporcionar o melhor em vida para aposentados.

    Figura 20 - Localização do Retirement Living Richmond Woods

    Fonte:

    O projeto atende tanto idosos asilados, como também

    funciona com um caráter de clube, recebendo visitantes

    frequentemente. Conta com instalações projetadas para

    atender um público maior além dos moradores, e também

    com um calendário social recreativo afim de melhorar a

    mente, corpo e espírito de seus participantes e moradores.

    Figura 21 - Fachada principal do Richmond Woods e área de convívio

    Fonte:

  • O projeto em questão foi escolhido como referência

    indireta para este trabalho por ter um caráter funcional

    semelhante ao que está sendo proposto, englobando

    diversas atividades de interação, e por isso é de grande ajuda

    na questão da formulação do programa de necessidades.

    Tendo isso em vista, pesquisou-se as instalações

    oferecidas pelo empreendimento. Além das relacionadas a

    habitação, no Richmond Woods há sala com computadores,

    estúdio Fitness, cabelereiro, biblioteca, salão de festas,

    piscina indoor, área para serviços religiosos e de

    comemoração de feriados, um centro de bem-estar, jardim

    comunitário, cozinha de hobby, salão de jogos, pátio, bar e

    SPA, entre outros espaços.

    Já em relação as suas atividades encontram-se:

    programa de exercícios físicos, festas, teatro, aulas da bíblia,

    bingo, Brain Fitness, excursões, jogos de cartas, aulas de Arts

    & Crafts, noites de filmes, excursões para compras semanais,

    entre outras.

    Figura 22 - Área de biblioteca e piscina indoor

    Fonte:

    No projeto em questão, na parte habitacional,

    encontram-se 4 opções de tipologia para o apartamento, que

  • variam em relação tanto a tamanho em área quanto preço a

    ser pago, como demonstrado nas imagens abaixo.

    Figura 23 - Planta baixa das suítes

    Fonte:

    A suíte Picadilly (1) conta com apenas uma cama, TV,

    uma pequena área de estar e um banheiro completo e dentro

    das normas inglesas de acessibilidade. A suíte Maitland III (2)

    além de ser maior em questão de área, também apresenta

    uma cozinha. A suíte Grosvenor (3) tem todas os cômodos

    apresentados na Maitland III, sendo maior em relação a

    área. A última suíte, a Richmond (4) é a mais completa, maior

    do que a terceira aqui descrita, e tem a capacidade de

    hospedar 2 pessoas em cômodos separados, no lugar de

    apenas 1.

  • 3. BASES PROJETUAIS

    3.1. ESCOLHA DA ÁREA E DO TERRENO

    O município escolhido para o desenvolvimento da

    proposta foi o Município de Natal, área inserida na região

    metropolitana homônima. Esta região tem como limites o

    Oceano Atlântico ao leste, o Município de Extremoz ao norte,

    São Gonçalo do Amarante e Macaíba ao oeste, e Parnamirim

    ao sul, contando com uma área de aproximadamente 167

    km².

    A escolha deste Município deu-se pelo simples fato de

    já ser devidamente equipado e desenvolvido, visto que a

    proposta do projeto não é um equipamento urbano

    propriamente dito, e sim um estabelecimento que tem a

    necessidade de usufruir dos serviços disponibilizados por

    estes, como segurança, por exemplo.

    Para facilitar a gestão de Natal, a cidade foi dividida

    em 4 Regiões Administrativas, como está ilustrado abaixo na

    figura 24:

    Figura 24 - Regiões administrativas do município de Natal

    Fonte: Anuário 2015

    O local de implantação é no bairro de Dix-Sept

    Rosado, na Zona Administrativa Oeste da cidade de Natal, o

    qual possui o bairro do Alecrim no limite ao norte, o bairro

    das Quintas e Bom Pastor ao oeste, o bairro Nossa Sra. De

    Nazaré ao Sul e Lagoa Nova como limite ao leste. O terreno

    em si, é localizado na Rua dos Potiguares, no quarteirão entre

    a Av. Antônio Basílio e Av. Nascimento de Castro.

    O bairro em questão foi criado pela lei 4.329/93 e

    engloba uma área de cerca de 109,64 Ha. Ainda segundo

    dados fornecidos pelo anuário de Natal de 2015, possui uma

  • densidade demográfica de 141,65 hab/ha, sendo assim um

    dos mais – demograficamente – densos bairros de Natal,

    juntamente com bairros como Igapó, Mãe Luiza e Areia

    Preta. Tem 80% de suas vias pavimentadas e 75% do bairro

    possui drenagem de águas pluviais.

    Figura 25 - Bairro Dixsept Rosado e seus bairros vizinhos

    Fonte: Anuário de Natal 2015

    3.1.1. O TERRENO

    O terreno selecionado encontra-se próximo à pelo

    menos 2 hospitais públicos, além de ser próximo também à

    sede da SAMU. Tem fácil acesso para visitantes, pois

    encontra-se próximo a 2 paradas de ônibus e dista de pelo

    menos 50m das ruas de grande movimento, a fim de evitar

    agitação em demasia.

    A Rua dos Potiguares, segundo o Código de Obras do

    Município de Natal, é uma via Coletora II, enquanto que as

    Av. Antônio Basílio e a Av. Nascimento de Castro são

    Coletora I. Isso significa dizer que estas duas últimas são

    distribuidoras do fluxo estrutural e local, portanto, possuem

    grande fluxo.

  • Figura 26 - Localização do lote escolhido e as paradas de ônibus mais próximas

    Fonte: Google Maps

    Visto que uma pequena quantidade de pavimentos é

    de interesse de Instituição Asilar, foi necessário a escolha de

    um terreno com uma área maior, para a melhor distribuição

    dos blocos construídos sem a necessidade da criação de

    muitos pavimentos. A lateral de um dos acessos do lote

    selecionado possui 60,56m, enquanto suas outras possuem

    101,76m, 102,53m² e 59,42m. Sendo assim, o lote do

    terreno possui uma área total de 6.124m².

    Figura 27 - Dimensões totais do terreno escolhido

    O terreno se encontra em uma área majoritariamente

    residencial, como pode ser observado no mapa de Uso do

    Solo (Figura 28). Afim de evitar a grande movimentação das

    áreas comerciais, como Alecrim e Cidade Alta, o bairro de

    Dix-Sept Rosado possui uma grande mancha de área

    residencial, o que além de garantir a falta de movimento

    exacerbado, garante também a inserção do projeto de

    maneira não impactante nem destoante do entorno, visto que

    sua função é também habitacional.

  • Próximo ao terreno escolhido existem ainda algumas

    construções de caráter institucional, bem como comerciais e

    de serviços. Além destes, nota-se uma grande concentração

    de terrenos vazios, alguns murados e outros utilizados como

    estacionamento para os estabelecimentos próximos.

    Figura 28 - Mapa de uso do solo do entorno

    Fonte:

    No que diz respeito à altura das edificações ao redor,

    como pode ser visto abaixo no mapa de gabarito (Figura 29),

    chega-se à conclusão de que a existem poucos construções

    com mais de 2 pavimentos na área. Este tipo de constatação

    confirma a não interferência das condicionantes naturais no

    lote escolhido, como ventilação e insolação, pois não há

    grande barreiras nas proximidades. Além disso, garante que

    a proposta a ser implantada se encaixará no meio, sem

    destoar muito da paisagem já existente.

    Figura 29 - Mapa de gabarito do entorno

    Fonte:

  • Figura 30 - Fotos da Rua dos Potiguares a partir do terreno

    Fonte: Arquivo pessoal

    3.2. CONDICIONANTES

    3.2.1. TOPOGRAFIA

    Fora feito um levantamento de terrenos possíveis para

    implantação deste projeto dentro da cidade de Natal. Para a

    locação de um projeto com este tipo específico de uso, é de

    interesse a busca de um lote que tenha a menor diferença de

    curvas de nível possíveis, ou seja, majoritariamente plano.

    Isso se deve ao fato de que as questões de acessibilidade e

    de desenho universal constituirão uma parte imprescindível

    das diretrizes projetuais. Levando isso em consideração,

    foram excluídos os que possuíam uma topografia muito

    acidentada, e as opções de escolha do terreno ficaram mais

    reduzidas.

    A fração do terreno escolhida possui apenas 3

    patamares planos formado por apenas duas curvas de nível.

    Como pode ser visto na imagem abaixo, existe um patamar

    maior que se aproxima bastante do lado margeado pela

    única rua de acesso ao terreno, facilitando assim a

    implantação da massa construída.

  • Figura 31 - Curvas de nível do terreno escolhido

    Fonte:

    Figura 32 - Fotos do terreno

    Fonte: Acervo Pessoal

  • 3.2.2. ANÁLISE BIOCLIMÁTICA

    As variáveis ambientais que tem influência direta no

    interior das edificações são: umidade, temperatura,

    ventilação e radiação. A NBR 16220/03 é o parâmetro

    utilizado de maneira a compatibilizar estas 4 variáveis às

    estratégias de conforto ambiental de acordo com o clima

    local – no caso, quente e úmido –, trazendo consigo

    alternativas para otimizar o ambiente construído.

    Sabe-se que, de acordo com a NBR, o clima da cidade

    de Natal encaixa-se na Zona Bioclimática Brasileira 8. Para

    esta Zona em específico, a norma estabelece algumas

    diretrizes construtivas, tais como: grandes aberturas para

    ventilação, sombreamento de aberturas, vedações externas

    leves e refletoras, ventilação cruzada e beirais.

    Tendo isso em vista, faz-se necessário o estudo destas

    variáveis no terreno escolhido para o desenvolvimento da

    proposta. No que diz respeito a ventilação natural e

    incidência solar, o software SOL-AR 6.2 nos fornece alguns

    dados sobre diversas cidades brasileiras, como a intensidade

    dos ventos, a frequência dos ventos e a carta solar.

    Ao selecionar a cidade de Natal no programa, o

    diagrama final é este apresentado abaixo na figura x, onde

    se conclui que a ventilação predominante é advinda do

    sudeste.

    Figura 33 - Rosa dos ventos da cidade de Natal

    Fonte: SOL-AR 6.2

    Aplicando o diagrama dos ventos predominantes em

    Natal no terreno selecionado, percebemos que a ventilação

    vem da parte posterior do terreno, e segue em direção à Rua

    dos Potiguares. Este tipo de constatação é de suma

    importância no momento de concepção formal e funcional

    do projeto que será realizado, para o maior aproveitamento

    de ventilação natural principalmente.

  • Figura 34 - Ventilação predominante da cidade de Natal aplicada ao terreno

    Fonte:

    Assim como os estudos da ventilação natural

    predominante, o estudo da incidência de raios solares é

    igualmente importante. De acordo com o site SunCalc, o

    trajeto do sol na cidade de Natal é o indicado abaixo na

    figura x. Ao aplicar essa informação no terreno, percebe-se

    que o sol se põe na parte posterior do terreno e nasce na

    lateral margeada pela Rua dos Potiguares, e também se

    configura de extrema relevância na concepção formal e

    funcional do projeto.

    Para os estudos referentes à incidência solar no terreno

    em questão, também fora utilizado o mesmo programa dos

    dados alusivos à ventilação, o Software Analysis Sol-AR.

    Figura 35 - Trajeto do Sol da cidade de Natal aplicado ao terreno

    Fonte:

    Utilizando a Carta Solar de Natal fornecida pelo

    programa, chega-se à conclusão através da análise de que

    na fachada leste há a incidência solar mais frequente nas

    primeiras horas do dia durante o ano todo. Já na fachada

    oeste, por ser oposta à supracitada, os raios solares se

    concentram na parte da tarde.

  • No que diz respeito à fachada norte, a análise do

    resultado obtido é de que este lado recebe raios solares

    durante o verão e permanece sombreada no período de

    inverno. A fachada sul, por sua vez, sofre um pouco mais

    com a presença da incidência solar, que se estende durante

    todo o dia no período de verão.

    Figura 36 - Análise da insolação o terreno pela Carta Solar de Natal

    Fonte: Elaborado pela autora através do Software Analysis Sol-AR

    3.2.3. LEGISLAÇÃO VIGENTE

    Foram levadas em consideração para a concepção

    desta proposta, os requisitos definidos pelas leis: Lei

    Complementar n° 082 (Plano Diretor da cidade de Natal); Lei

    Complementar n° 055 (Código de Obras e Edificações do

    Município de Natal); NBR 9050/2015 (acessibilidade); o

    Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico

    do Rio Grande do Norte e a Resolução da Diretoria

    Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária n°

    283 (para Instituições de Longa Permanência para Idosos).

    PLANO DIRETOR DE NATAL

    Segundo o Plano Diretor do Município de Natal, o

    bairro de Dix Sept Rosado é caracterizado como Zona

    Adensável, a qual se caracteriza por ser onde as condições

    do meio físico, a disponibilidade de infraestrutura e a

    necessidade de diversificação de uso, possibilitem um

    adensamento maior do que aquele correspondente aos

    parâmetros básicos de coeficiente de aproveitamento. Por

    tanto, ele determina que o coeficiente de aproveitamento

    máximo para este local é de 2,5.

  • Os recuos na Zona Adensável, ainda respeitando o

    determinado pelo Plano Diretor, devem respeitar a seguinte

    tabela:

    Tabela 2 - Recuos mínimos exigidos pelo Plano Diretor

    Fonte:

    Ainda segundo o Plano Diretor, o bairro de Dix Sept

    Rosado não se configura uma área passível de controle de

    gabarito e não possui nenhuma das Zonas de Proteção

    Ambiental (ZPA) em suas imediações. Além disso, não é área

    de Operação Urbana, não é Zona Especial de Interesse

    Histórico e também não é Zona Especial de Interesse

    Turístico. O bairro em questão engloba a favela 13 de Maio,

    a qual se configura uma Área Especiais de Interesse Social

    (AEIS), além da concentração de vilas, juntamente com

    bairros do seu entorno, como o Alecrim, Lagoa Seca e as

    Quintas.

    CÓDIGO DE OBRAS

    De acordo com o estabelecido pelo Código de Obras

    do Município de Natal, todos os compartimentos da

    edificação devem dispor de aberturas diretas para

    logradouro, pátio ou recuo. Além disso, estas aberturas

    devem ter superfícies iguais ou superiores à 1/6 do ambiente

    em áreas de uso prolongado e de 1/8 do ambiente em áreas

    de uso transitório.

    Prevê também as áreas mínimas, dimensão mínima e

    pé direito mínimo para todos os compartimentos da

    edificação – conforme o uso a que se destina – de acordo

    com o quadro abaixo:

  • Tabela 3 - Recuos mínimos exigidos pelo Plano Diretor

    Fonte: Plano Diretor de Natal

    No que se diz respeito à acessibilidade, o Código de

    Obras define uma largura mínima para circulação externa

    ou interna de 1,20m e define também que, as portas de

    acesso aos edifícios públicos ou privados devem ter no

    mínimo 0,80m de vão livre.

    A Lei Complementar n° 055 ainda classifica as ruas de

    Natal em hierarquias, dividindo-as em vias estruturais,

    coletoras e locais. A Rua dos Potiguares – a qual da acesso

    ao terreno escolhido – é classificada como Coletora II, cuja

    qual apoia circulação das estruturais.

    NBR 9050/2015

    A NBR 9050/2015 é a norma responsável pelas

    questões de acessibilidade, tem como diretrizes a utilização

    de maneira segura dos ambientes por toda e qualquer

    pessoa. Tem-se nesse documento especificações referente à

    dimensões de circulação, de acessos e de sinalizações para

    uma melhor circulação no prédio.

    Sabe-se que toda e qualquer edificação que possua o

    uso coletivo ou público, deve haver a garantia de acesso à

    todas as pessoas, principalmente incluindo pessoas com

    necessidades especiais ou de mobilidade reduzida, segundo

    as Normas Técnicas Brasileiras acerca deste assunto.

    Serão utilizadas rampas com inclinação máxima de

    8,33%, quando necessárias, para vencer desníveis superiores

    a 2cm, com uma largura livre de no mínimo 1,20m e com a

    presença de patamares com dimensões mínimas de 1,20m a

    cada 50m. Os corrimãos nas rampas devem ser locados a

    0,70m e a 0,92m do chão. Ao haver a necessidade do uso

    de escadas, estas deverão possuir uma largura mínima de

  • 1,20m, sendo recomendado nestas o uso de um vão livre de

    1,50m.

    As calçadas devem possuir uma largura mínima, sem

    obstáculos, de 1,20m, indicando seus limites e barreiras

    físicas com a implantação de pisos táteis de acordo com o

    estabelecido. Além disso, diversas outras questões como

    dimensionamento de banheiros, altura de equipamentos,

    sinalização de pavimentos e de ambientes, estão todos

    previstos e explicados por esta mesma norma.

    CÓDIGO DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO CONTRA

    INCÊNDIO E PÂNICO DO RN

    O Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio

    e Pânico do Rio Grande do Norte tem como objetivo

    estabelecer critérios básicos e indispensáveis à segurança

    contra incêndio nas edificações, visando garantir os meios

    necessários de combate a incêndio, evitar ou minimizar a

    propagação do fogo, facilitar as ações de socorro e garantir

    a evacuação segura dos ocupantes do edifício.

    O Código classifica as Instituições de Longa

    Permanência para idosos como Ocupação Residencial, a

    qual é considerada de Risco I. Levando isso em consideração,

    é preciso disponibilizar dispositivos de combate a incêndio de

    acordo com a área construída e altura a edificação, como

    extintores, sinalização de emergência, hidrantes e rota de

    fuga.

    RESOLUÇÃO NÚMERO 283/2005

    Essa resolução em questão tem como objetivo

    estabelecer o padrão mínimo de funcionamento das

    Instituições de Longa Permanência para Idosos, e é aplicável

    a todas elas, seja governamental ou não-governamental,

    destinada à moradia de pessoas com 60 anos ou mais, com

    ou sem o suporte familiar.

    Esta RDC traz consigo as condições gerais para este

    tipo de Instituição. Dentre elas estão o dever de propiciar o

    exercício dos direitos humanos aos seus residentes, observar

    os direitos e garantias dos idosos, preservar a identidade e a

    privacidade, assim como uma ambiência acolhedora. Além

    disso deve-se incentivar a interação entre os asilados tanto

    com a comunidade local, entre eles próprios – desenvolvendo

  • atividades que estimulem sua autonomia –, e principalmente

    a participação da família.

    Ainda nesta resolução se define a quantidade de

    profissionais cuidadores e a carga horária de acordo com o

    Grau de Dependência de seus moradores, além de

    profissionais para atividade de lazer, de limpeza, de

    alimentação e de lavanderia de acordo com a área

    construída ou quantidade de idosos a serem assistidos,

    dependendo de sua função.

    Sendo diretamente relacionada às Instituições de

    Longa Permanência para Idosos, parte deste documento se

    dedica a estabelecer os ambientes necessários, como

    dormitórios, sala de convivência, espaço ecumênico,

    banheiros e etc, assim como suas dimensões e

    particularidades de cada um destes ambientes.

    Por último, porém não menos importante, ainda se

    estabelece uma separação dos idosos em 3 grupos de

    acordo com o seu grau de dependência. Dessa forma, se

    define que o Grau de Dependência I é onde o idoso é

    independente mesmo que requeiram uso de equipamentos

    de autoajuda, o Grau de Dependência II é onde o idoso tem

    uma dependência em até 3 atividades de autocuidado para

    a vida diária (tais como higiene e alimentação, por exemplo)

    e o Grau de Dependência III onde o idoso que necessitem de

    assistência em todas as atividades de autocuidado.

    Essa diferenciação é bastante importante na etapa

    projetual pois, de certa forma, alivia o estigma de que as

    pessoas com mais de 60 anos não podem ser ativas e

    independentes.

    RESOLUÇÃO NÚMERO 50/2002

    Esta resolução traz consigo as diretrizes a respeito do

    regulamento técnico para projetos físicos de

    estabelecimentos assistenciais a saúde, dispondo de

    programas de necessidades, dimensionamento e

    terminologias corretas para os mais diversos usos.

    3.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-

    DIMENSIONAMENTO

    O programa de necessidades deste projeto foi

    baseado em estudos referenciais diretos e indiretos em

    edificações de mesma função e principalmente na Resolução

  • da Diretoria Colegiada da ANVISA n° 283, a qual é

    direcionada exclusivamente para Instituições de Longa

    Permanência para Idosos. Além destes estudos de referência

    e revisão da norma, houve a colaboração indireta por parte

    dos usuários na formulação do mesmo – tanto funcionários,

    como asilados e visitantes – que costumam frequentar o

    ambiente, e são capazes de perceber as necessidades do

    local.

    No que diz respeito ao setor de saúde, tanto o pré-

    dimensionamento como o programa de necessidades, foram

    baseado no que é indicado pela RDC 50 e em uma proposta

    do SomaSUS, que apresenta layouts, a definição e descrição

    dos ambientes. O pré-dimensionamento, no geral, foi

    pensado de maneira a atender 40 idosos residentes fixos,

    mas que tenha a capacidade de atender mais 20 externos

    nas atividades do dia-a-dia.

    O programa em si é constituído por 7 setores, que não

    necessariamente formam blocos isolados. São os setores

    administrativo, de lazer, de habitação, o setor de saúde,

    funcionários e de apoio geral.

    TABELA DO PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-

    DIMENSIONAMENTO

  • 4. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

    4.1. CONCEITO

    A cadeira de balanço é um dos muitos objetos

    seculares utilizado pelas mais diversas gerações e

    sociedades, a qual não se sabe precisamente sua origem.

    Antigamente no Brasil, as pessoas mantinham o costume de

    se reunir nas calçadas de suas casas para conversar,

    geralmente utilizando esses tipos de cadeiras –

    principalmente estas confeccionadas com trama em palha –,

    tornando-se até parte do cenário da vida interiorana.

    Figura 37 - Cadeira de balanço de palha

    Fonte:

    A Instituição de Longa Permanência para Idosos, a

    qual é a proposta deste projeto, tem um público alvo bem

    definido, o qual está representado por pessoas com idade

    igual ou superior a de 65 anos. Partindo do conhecimento de

    que este se configura um objeto de bastante utilizado pelos

    longevos no decorrer de suas vidas e bastante presente em

    seus cotidianos, a cadeira de balanço será utilizada como

    conceito para este projeto.

    Ainda se utilizando do conhecimento da presença

    deste objeto no cotidiano de uma pessoa pertencente ao

    público alvo, leva-se em consideração a importância da

    preservação da memória e da tradição. A Instituição tem

    como objetivo ser um lar para os seus usuários, e por isso

    deve se tornar o máximo familiar possível.

    A cadeira de balanço em si transmite um sentimento

    de aconchego por ter um design extremamente confortável,

    e o seu usuário consequentemente se sente confortável o

    suficiente para permanecer e usufruir do objeto por um

    tempo considerável. Ao mesmo tempo em que se sente

    acolhido, o usuário também tem a sensação de estar em

  • segurança. Estes sentimentos ainda aliam-se a capacidade

    de movimento proporcionada pelos impulsos de seu usuário,

    promovendo de certa forma a ideia de autonomia. Estes dois

    últimos possuem uma relação estreita com as ideias de

    independência e de uma vida ativa, objetivos claros na busca

    por um envelhecimento saudável e digno.

    Sabe-se ainda da necessidade de inserção do idoso

    na sociedade, para que o mesmo não seja marginalizado e

    nem esquecido. A trama de palha presente na cadeira de

    balanço traz a ideia de interação, que pode ser rebatida na

    proposta do projeto tanto entre os próprios usuários – o

    entrelaçado de palha –, como entre os usuários e a sociedade

    – com a utilização de elementos vazados –.

    Figura 38 - Trama de palha

    Fonte:

    Por fim, partindo do preceito de que a terceira idade

    é o momento de relaxar depois de toda uma vida de

    preocupações e trabalho, utiliza-se a cadeira como analogia

    para um momento de descanso merecido e de contemplação

    do visual e da vida.

  • 4.2. PARTIDO

    O principal objetivo do projeto é garantir que o

    usuário do espaço sinta-se acolhido pelo ambiente. Para isso,

    foram tomadas algumas medidas como a separação do

    projeto em blocos, o uso de elementos vazados e

    translúcidos, e principalmente a criação de espaços de

    convivência.

    Uma das principais preocupações do projeto é evitar

    o cruzamento indesejado de fluxos nos ambientes, e para isso

    viu-se a necessidade de seguir uma setorização funcional.

    Essa se