anteparos e elementos de segurança em lajes de cobertura
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ANTEPAROS E ELEMENTOS DE SEGURANÇA EM LAJES DE
COBERTURA:
um breve estudo
Chervenko, Valmir – Arquiteto e Perito, Pós-graduado em Engenharia Civil com Ênfase em Tecnologia da Construção Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura: um breve estudo / Valmir Chervenko. Coautora: Cirene Paulussi Tofanetto. Coautor: Allan James de Castro Bussmann e Colaboradores: Dino Gomide Vezzá; Dr. Marcelo Fratin – São Paulo, 2015.
129 f.:il. color.
Trabalho de Pesquisa. Área de Concentração: Engenharia Civil, Arquitetura e
Biomecânica do Corpo Humano.
1. Lajes de Cobertura 2. Segurança 3.Quedas de Pessoas de Lajes. 4. Acidentes e Óbitos 5. Engenharia Civil 6. Segurança do Trabalho 7. Arquitetura 8. Ortopedia 9. Traumatologia 10. Biomecânica do Corpo Humano 11. Determinação do Centro de Massa. 12. Cinesiologia. 13.Antopologia.
“O arquiteto, enfim, não é
escravo de um sistema de
proporções fixo. Ele pode
modificá-lo achando
aplicações novas e relações
proporcionais, assim como
acha aplicações variadas das
leis da geometria. Com efeito,
as proporções são filhas da
geometria. Em arquitetura,
elas se estabeleceram
primeiramente sobre as leis
da estabilidade e estas
derivam da geometria. ”
Viollet-le-Duc
AGRADECIMENTOS
Agradeço Cirene Paulussi Tofanetto, Arquiteta e Perita, Pós Graduada em
Avaliações e Perícias de Engenharia e Pós Graduada em Patologia das Construções,
Dino Gomide Vezzá, Engenheiro Civil, Pós Graduado em Gestão da Qualidade e
Engenharia de Segurança e Trabalho, Allan James de Castro Bussmann, Mestre em
Educação Física e Dr. Marcelo Fratin, Advogado Especialista em Direito Público,
Vinicius Vieira Alvarenga Ribeiro, Técnico e Coordenador de Equipe de Basquetebol
e Viviani Cagni, Analista de Sistema, que contribuíram com apoio técnico para
elaboração deste trabalho, corroborando assim para que providências sejam tomadas
no sentido da diminuição de traumas e óbitos causados por acidentes envolvendo
ausência ou inadequação de anteparos arquitetônicos como guarda-corpo, peitoril e
platibanda em lajes de cobertura de edifícios verticais e horizontais, para que novas
diretrizes possam ser estabelecidas para adequação destes elementos e diminuição
destes acidentes, mediante conhecimentos de conceitos da segurança do trabalho,
ergonomia, biomecânica e antropometria a serem aplicados em projetos de
arquitetura e de engenharia civil, como é o caso das ancoragens em material inox,
muitas vezes desprezadas nos projetos.
Agradeço, em especial, à APM - Associação Paulista de Medicina, Unidade de
São Bernardo do Campo e Diadema, que nos enviou dados de alta importância
demonstrando o grande número de acidentes e óbitos decorrentes de acidentes de
quedas em laje.
Também à Assistente de Suporte Técnico, Sra. Claudia Sales do Prado que
contribuiu com este estudo, enviando dados sobre o "Projeto Laje", realização do
processo de organização do Serviço de Neurocirurgia do Departamento Hospitalar de
um Hospital Municipal, projeto este, à época sob a direção e coordenação do Profº Dr.
Sergio Branco Soares Júnior, então Chefe da Equipe de Neurocirurgia. Nosso
agradecimento à Organização Não Governamental, CRIANÇA SEGURA Safe Kids
Brasil, pela preciosa colaboração no envio de dados estatísticos e à Secretaria
Municipal da Saúde da Cidade de São Paulo.
Agradecer também a Sra. Adriana Leandro de Araújo, Cap PM – Ch Sec de
Geoestatística, Coordenadoria Operacional e Sr. Alexandre De Raga, Cap. PM -
Departamento de Prevenção, ambos do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo,
Regional da Sé, SP, também colaboraram com envio de dados estatísticos.
RESUMO
Este trabalho apresenta um estudo de ocorrências de acidentes e iniciativas técnicas
em estruturas de lajes, no tocante a guarda-corpo para sacadas e varandas, peitoril
para aberturas de caixilhos e platibanda para terraços em geral, além de abordar os
elementos de ancoragem para fixação de cabos para suporte de equipamento
individual e coletivo de segurança, com instalação prevista nas normas do Ministério
do Trabalho e Emprego (NR18 e NR35), embora estas sejam inespecíficas para todas
as necessidades de projeto de cálculo estrutural. Parte dos erros ocorre pela falta de
conhecimento dos envolvidos diretamente na execução de projetos arquitetônicos e
dos projetos de cálculo estrutural. Deste modo, este estudo propõe uma revisão da
legislação pertinente a anteparos, bem como, uma melhor fiscalização na execução e
no atendimento às Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego
durante a fase de concepção dos projetos de arquitetura em conjunto com o projeto
estrutural, utilizando-se dos princípios de prevenção de acidentes em geral, de forma
a alcançar a segurança de todos que façam uso do ático, lajes de cobertura da casa
de máquinas ou de reservatórios elevados e telhados em edifícios em geral. O estudo
evidencia ainda, a necessidade de preocupação também com residências uni e
multifamiliares, quando de condições inseguras em lajes de cobertura com ou sem
telhado. Estatísticas de acidentes e óbitos concernentes ao assunto são aqui
apresentados ratificando a omissão dos governos na fiscalização de obras
particulares, realizadas sem acompanhamento profissional de arquitetos e/ou
engenheiros. Esses acidentes corroboram em envolvimento da área da saúde pública,
gerando gastos, manobras e consequências que poderiam ser evitados. Este estudo
foi baseado em pesquisa bibliográfica, consulta a dados disponíveis na Internet e de
inúmeras vistorias, especificamente em edifícios verticais residenciais ou comerciais,
buscando identificar inconformidades e dados de acidentes do setor, além de motivos
para a elevada ocorrência dos acidentes em comunidades carentes.
Palavras-chave : Acidentes; Óbitos; Quedas em lajes; Platibanda; Guarda-corpo;
Anteparo; Muretas; Peitoril; Lajes de cobertura; Engenharia civil; Arquitetura; Obras
públicas; Segurança do trabalho; Ortopedia; Traumatologia; Antropologia;
Biomecânica; Centro de gravidade; Centro de massa; Equilíbrio estável; Equilíbrio
instável.
ABSTRACT
This article presents a study of events in accidents and techniques initiatives in slab
structures, as far as the railings is concerned, balcony, sill to opening flames and
parapets to terraces in general. Besides approaching the elements of anchorage, to fix
the cables to support the individual and collective security equipment, that it has
installation expected in the rules of the Ministry of labor and Job (NR18 and NR35),
even though there are such rules, they are unspecific for every necessity in structural
calculation. Part of the errors is the lack of knowledge of those involved directly in the
implementation of architectural designs and structural design projects. Thus, this
article proposes a revision of the relevant the bulkheads legislation, as well as better
monitoring implementation and compliance with the Regulatory Standards of the
Ministry of Labour and Employment during the design stage of architectural projects in
conjunction with the structural design, using the principles of accident prevention in
general, in order to reach the safety of all who make use of the attic, house roof slabs
machines or elevated tanks and roofs in buildings in general. The study shows also
the need for concern also houses single and multifamily when unsafe conditions in
covering slabs or roof. Accident statistics and deaths concerning the matter are
presented here confirming the failure of governments in the supervision of private
works, carried out without professional supervision of architects and / or engineers.
These accidents corroborate involvement in public health, generating spending,
maneuvers and consequences that could be avoided. This article was based on
bibliographic research, consulting available data in the internet and in countless
inspections specifically in residential and commercial vertical buildings, trying to
identify noncompliance and data in accidents, besides the reason for the high
occurrences these cases in poor areas.
Keywords: Accident deaths, falls in slabs, platbands, cage, bulkhead small wall, sill,
roof slab, civil engineering, architecture, public works, job security, orthopedics,
traumatology; anthropology; biomechanics; gravity center; center of mass; stable
equilibrium; unstable equilibrium.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Queda de altura ........................................................................................ 25
Figura 2 - Campanha de Prevenção de Quedas de Lajes ........................................ 26
Figura 3 - Medidas para balcão, descritas no art. 5.7.10.4 da IT-11 do CBSP. ........ 53
Figura 4 - Espera de ancoragem por fixação química ............................................... 57
Figura 5 - Espera de ancoragem por transfixação .................................................... 58
Figura 6 - Espera de ancoragem por dupla transfixação ........................................... 58
Figura 7 - Binários aplicados no topo da platibanda, simulando ação de andaime
suspenso ................................................................................................................... 67
Figura 8 - Divisão do corpo humano em Plano Sagital, Coronal e Transversal. ....... 70
Figura 9 - Demonstração complementar das orientações corporais acima visto ...... 70
Figura 10 - O Homem vitruviano. .............................................................................. 77
Figura 11 - Valores da métrica humana. ................................................................... 79
Figura 12 - Centro de gravidade no corpo humano ................................................... 82
Figura 13 - Alteração do CG para movimentação do braço esquerdo ...................... 83
Figura 14 - Alteração do CG para movimentação de ambos os braços para cima. . 83
Figura 15 - Centro de gravidade das mulheres ......................................................... 84
Figura 16 - Alterações no Centro de Gravidade do idoso ........................................ 84
Figura 17 - Distribuição de peso em diferentes alturas de salto (adaptação de Monteiro,
1999 apud Van der Linden, 2004) ............................................................................. 85
Figura 18 - Equilíbrio do corpo ................................................................................. 86
Figura 19 - Base de suporte ou apoio ....................................................................... 87
Figura 20 - Base de suporte mediante posturas........................................................ 87
Figura 21 - ângulos necessários para causar equilíbrio instável .............................. 88
Figura 22 - Equilíbrio estável e instável - Fonte: VILELA JR et aL, 2001 (Adaptado)
.................................................................................................................................. 89
Figura 23 - Equilíbrio estável e instável e comparativo de alturas prescritas em normas
e legislação ............................................................................................................... 89
Figura 24 - Simulação entre altura do CG de um indivíduo com estatura de 1,74 m e
outro com 1,865m, conforme figura 3 - Exemplo 3 da norma NBR 14718:2008 -
Guarda-corpo ............................................................................................................ 90
Figura 25 - Distância entre perfis verticais (dimensões em metros). ......................... 91
Figura 26 - Simulação entre altura do CG de um indivíduo com estatura de 1,74 m e
outro com 1,865m, conforme figura 6 – altura do topo de guarda corpo >=1,00m da
norma NBR 14718:2008 - Guarda-corpo. ................................................................. 91
ÍNDICE DE FOTOS
Foto 1 - Queda de laje tem ação de prevenção ........................................................ 21
Foto 2 - Peitoril baixo, em casos de edifícios antigos como o Edifício Martinelli,
exigindo-se proteção através de anteparo, conforme legislação municipal de São
Paulo, altura de 0,90m. ............................................................................................. 46
Foto 3 - Laje de cobertura de casa de máquinas e reservatório elevado de água,
constando muretas das platibandas com 20cm de altura, além da inexistência de
sistema de ancoragens. ............................................................................................ 47
Foto 4 - Risco iminente de trabalhadores no serviço de manutenção sobre estas lajes.
.................................................................................................................................. 47
Foto 5 - Lajes e painéis de energia solar .................................................................. 49
Foto 6 - Forma correta de instalação de platibanda e fixação de escada tipo
marinheiro, vista externa. .......................................................................................... 49
Foto 7 - Forma correta e segura de acesso pela escada marinheiro dentro do ambiente
protegido pela platibanda. ......................................................................................... 50
Foto 8 - Instalação dentro de viga de concreto ......................................................... 59
Foto 9 - Ligação de cabo guia ................................................................................... 59
Foto 10 - Equilíbrio instável e estável - (Adaptado) ................................................... 92
Foto 11 - A foto ilustra um guarda-corpo com altura segura, ou seja, com altura acima
do Centro de Gravidade (CG) e na altura do peito, sem eventuais barras inferiores que
possam levar o indivíduo a praticar o ato de subir no anteparo. ............................. 103
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Crianças vítimas de queda atendidas pelo serviço de Cirurgia Pediátrica no
Pronto Socorro do HEG no ano de 2005. .................................................................. 19
Tabela 2 - Destino das crianças vítimas de queda atendidas pelo serviço de Cirurgia
Pediátrica no Pronto Socorro do HEG no ano de 2005. ............................................ 19
Tabela 3 - Distribuição mensal das internações por quedas de laje em menores de 13
anos do HEG no ano de 2005, em relação ao total de internações por queda nesse
grupo etário. .............................................................................................................. 19
Tabela 4 - Crianças vítimas de queda de laje internadas no HEG no ano de 2005,
segundo o sexo e faixa etária. ................................................................................... 20
Tabela 5 - Distribuição dos casos de quedas de laje que resultaram em internação no
HEG em 2005, em menores de 13 anos, pelos dias da semana em que ocorreram.
.................................................................................................................................. 20
Tabela 6 - Número absoluto (N), proporção (%) de óbitos e taxa (ou coeficiente) de
mortalidade (por 100 mil habitantes) por causas externas, segundo variáveis
demográficas, tipos de causa externa e categorias de análise – Brasil, 2008. ......... 30
Tabela 7 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no
Município de São Paulo, segundo subcategoria - anos 2013 e 2014. ....................... 32
Tabela 8 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no
Município de São Paulo, segundo faixa etária - Anos 2013 e 2014. ......................... 32
Tabela 9 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no
Município de São Paulo, segundo sexo - Anos 2013 e 2014. ................................... 33
Tabela 10 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no
Município de São Paulo, segundo raça/cor - Anos 2013 e 2014. .............................. 33
Tabela 11 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no
Município de São Paulo, segundo local de moradia - Anos 2013 e 2014. ................ 33
Tabela 12 - Morte por Quedas em 2013. .................................................................. 34
Tabela 13 - Morte por Quedas em 2014. .................................................................. 35
Tabela 14 - Número de crianças de 0 a 14 anos por queda de edifícios no Brasil.... 36
Tabela 15 - Ocorrências atendidas pelo CB em São Paulo e Grande ABC. ............. 37
Tabela 16 - Princípios de prevenção através do projeto ......................................... 105
Tabela 17 - Escala Beaufort de ventos ................................................................... 111
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Mortalidade por acidentes e violências (causas externas), 0 a 14 anos,
2008 .......................................................................................................................... 29
Gráfico 2 - Mortalidade por acidentes, 0 a 14 anos, 2008 ......................................... 29
Gráfico 3 - Hospitalizações por acidentes, 0 a 14 anos, 2008................................... 29
Gráfico 4 - Ocorrências de Queda de Telhado. ......................................................... 37
Gráfico 5 - Dados amostrais de altura "a" para indivíduos sedentários e não
sedentários. ............................................................................................................... 98
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16
1 SAÚDE PÚBLICA............................................................................................ 18
1.1 Diário do Grande ABC ..................................................................................... 21
1.2 Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo .................... 23
1.3 Avaliação Epidemiológica dos Pacientes Vítimas de Traumatismo
Raquimedular .................................................................................................. 24
1.4 Uma em Cada Três Lesões na Coluna Vêm de Queda de Laje ...................... 25
1.5 Campanha de Prevenção de Quedas de Lajes ............................................... 26
1.6 Ortopedistas alertam que queda de laje vira epidemia durante as férias ........ 27
1.7 Programa “Criança Segura”, Formação de Mobilizadores .............................. 28
1.8 Dados Estatísticos de Acidentes e Óbitos na Cidade de São Paulo ............... 31
1.9 Dados estatísticos de acidentes e óbitos no Brasil .......................................... 34
1.10 Queda de crianças de edifícios causa mais de 33 mortes por ano no Brasil .. 36
1.11 Relatório de Levantamento de Dados nº COORDOPCB-107/812/15 do Corpo
de Bombeiros do Estado de São Paulo........................................................... 36
Dados estatísticos referentes a quedas de telhados na Região do Grande ABC e São
Paulo (Capital) entre os anos de 2013 e 2015 até o mês de setembro. ......... 36
1.12 Projeto Laje ..................................................................................................... 37
2 CONSEQUÊNCIA DO IMPACTO DO CORPO DE UMA CRIANÇA AO ATINGIR
O SOLO, EM QUEDA LIVRE .................................................................................... 38
3 MÉDICOS CONSTRUTORES ........................................................................ 42
4 ANTEPAROS QUE ENVOLVEM TERRAÇOS, ÁTICO E SEGURANÇA EM
EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS ........................................................... 45
4.1 Código de Obras da Cidade de São Paulo ...................................................... 45
4.1.1 Lei º 11.228/1992, art. 17.J1.a ..................................................................... 46
4.1.2 Lei º 11.228/1992, art. 10.E.2 ....................................................................... 46
4.1.3 Condições adequadas para platibandas em lajes de cobertura de edifícios em
geral 48
4.1.4 Condições adequadas para platibandas em lajes de cobertura de edifícios em
geral. 49
4.1.5 O novo Código de Obras da cidade de São Paulo ....................................... 51
4.2 Legislação do Corpo de Bombeiros – Instrução Técnica nº 11 – Saída de
Emergência ..................................................................................................... 52
4.3 Responsabilidade Civil do Estado ................................................................... 53
4.4 Legislação do Ministério do Trabalho e Emprego (NR 18 e NR 35) ................ 55
4.5 Modelos de Ancoragens e Fixações ................................................................ 57
4.5.1 Espera de Ancoragem por Fixação Química ................................................ 57
4.5.2 Espera de Ancoragem por Transfixação ...................................................... 58
4.5.3 Espera de Ancoragem por Dupla Transfixação ............................................ 58
4.6 Prescrições da Norma Regulamentadora NR 18 do MTE e IT-11 do Corpo de
Bombeiros ....................................................................................................... 60
4.6.1 NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
60
4.6.2 IT 11 - Saídas de Emergências do Corpo de Bombeiros ............................. 60
4.7 Responsabilidade Civil e Criminal do Síndico ................................................. 61
4.7.1 Responsabilidade civil .................................................................................. 61
4.7.2 Responsabilidade criminal ........................................................................... 61
4.8 Atribuição do Arquiteto .................................................................................... 62
4.9 Atribuição do Engenheiro Civil......................................................................... 65
4.10 Norma NBR 15575:2013 - Edificações habitacionais — Desempenho ........... 66
9.2.1 Critério - Guarda-corpos em coberturas acessíveis aos usuários .................... 66
9.2.2 Critérios - Platibandas ...................................................................................... 66
9.2.3 Segurança no trabalho em sistemas de coberturas inclinadas Coberturas
inclinadas .................................................................................................................. 67
9.2.2.2 Premissas de projeto ................................................................................... 68
4.11 Norma para Guarda-corpo .............................................................................. 68
4.11.1 Ensaios ..................................................................................................... 68
5 CINESIOLOGIA – PLANOS E EIXOS DO MOVIMENTO HUMANO............... 69
5.1 Centro de Gravidade do Corpo Humano ......................................................... 72
5.2 Localização do C.G. do Corpo Humano .......................................................... 72
6 RAZÃO DE OURO .......................................................................................... 73
6.1 A Razão de Ouro na Matemática .................................................................... 74
6.2 A Razão de Ouro na Arte ................................................................................ 76
6.3 A Razão de Ouro na Arquitetura ..................................................................... 77
6.3.1 O Modulor .................................................................................................... 77
7 ANTROPOMETRIA E O CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO HUMANO 81
8 CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO HUMANO ........................................ 82
8.1 O fator salto em sapatos ................................................................................. 85
8.2 Equilíbrio e gravidade: ..................................................................................... 85
9 INVESTIGAÇÃO COM MODELOS DE DIFERENTES MEDIDAS .................. 93
9.1 Definição da altura conforme Razão de Ouro e Cálculos atuais ..................... 99
10 CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES ................................................... 104
10.1 Platibandas, ancoragens e sistema de linhas de vida horizontal ou vertical
permanente ou temporária ............................................................................ 104
10.2 Influência do projeto de arquitetura na segurança do trabalho ...................... 105
10.3 Sobre a Lei de Assistência Técnica ............................................................... 107
10.4 Sobre os dados estatísticos da área da saúde .............................................. 108
10.5 Sobre as normas NBR 15.575:2013 e NBR 14.718:2008 ............................. 109
10.5.1 Análise das normas NBR 15575:2013 e NBR 14718/2008 ..................... 109
10.6 IT 11 - Sistemas de Emergências do Corpo de Bombeiros do Estado de São
Paulo. ............................................................................................................ 109
10.7 Escala Beaufort ............................................................................................. 110
10.7.1 Informações sobre ventos nos locais de trabalho ................................... 110
10.7.2 Origem da Escala Beaufort ..................................................................... 110
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 113
REGISTRO DO TRABALHO ................................................................................... 121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 122
ANEXOS ................................................................................................................. 130
16
INTRODUÇÃO
Este estudo tem por objetivo despertar nos profissionais envolvidos e nas
autoridades competentes, órgãos de normalização e entidades de classe destinadas
à engenharia civil e arquitetura, a necessidade de se criar um padrão mínimo para ser
estabelecido em norma nacional e/ou legislação no âmbito municipal, contendo
questões relativas ao projeto e execução de obras, no que diz respeito à
implementação dos conceitos existentes nas Normas Regulamentadoras do Ministério
do Trabalho e Emprego, para que estes conceitos sejam previstos na concepção dos
projetos de arquitetura e engenharia civil, para atender as questões relativas a
segurança na manutenção predial, (hoje previsto também pela norma NBR
15575:2103, porém exclui as áreas objeto deste estudo, por não serem áreas
habitáveis) nos serviços de perícias, vistoria para recebimento e entrega de obras e
manutenção destes dispositivos de proteção para lajes de cobertura de edifícios
verticais e horizontais, como é o caso das ancoragens de aço inox e linhas de vida,
elementos estes que devem ser previstos durante a execução propriamente dita dos
projetos.
Além de serem previstos neste estudo, os anteparos arquitetônicos comumente
utilizados em sacadas e varandas, como guarda-corpo, peitoris de aberturas de vãos
em fachadas ou platibanda em cobertura de lajes.
No caso das ancoragens, o descumprimento do estabelecido nas presentes
Normas Regulamentadoras, quando instalado de forma incorreta, torna estes
elementos ineficazes em suas propriedades, como o de promover a segurança do
trabalhador sobre lajes de cobertura em edifícios em geral, (NR 35) tanto a platibanda
quanto o sistema de ancoragens devem ser projetados de forma a absorver cargas
provenientes de esforços da instalação e operação de equipamento de segurança,
sem que o usuário corra o risco de despencar destas lajes de cobertura ou fachadas
dos edifícios, podendo causar acidentes graves, inclusive óbitos.
Entende-se que, por meio das descrições contidas neste estudo, que o autor,
coautora e seus respectivos colaboradores possam contribuir com a formação de
novas soluções de arquitetura e soluções tecnológicas de engenharia a serem
adotadas para a regulamentação, corroborando assim com a diminuição de acidentes
que envolvam estes elementos de proteção. Cabe ainda, ressaltar que as ocorrências
de acidentes e óbitos envolvendo edificações destinadas ao uso unifamiliar ou
17 multifamiliar, pela falta de uma mureta com altura segura ou na maioria das vezes,
ausentes como indicou a pesquisa, é muita alta, esclarecendo a responsabilidade de
engenheiros civis e arquitetos exigirem o uso correto destes elementos durante a
execução do projeto e da obra, mesmo que omissos em leis municipais, como Código
de Obras.
Os esclarecimentos aqui propostos são de interesse público e de conotação
jurídica, onde moradores no caso de edificações residenciais térreas e ou
assobradadas, onde as pessoas fazem uso de lajes de cobertura como área de lazer,
e no caso de edifícios verticais, para conhecimento de Síndicos, Zeladores e
trabalhadores temporários que prestam serviços de manutenção em lajes de
cobertura destes, para que todos tenham conhecimento de seus direitos e obrigações
com relação a este tema, primeiramente como cidadãos, de ter sua integridade física
garantida quando do uso destes espaços.
O estudo contempla uma visão geral sobre o tema abordado, com dados
estatísticos do volume de acidentes e óbitos registrados por queda de nível diferente
nestes recintos.
Não cabe aqui, posicionar aos interessados que grande parte dos acidentes
comuns ou de trabalho, que ocorrem nas cidades, é oriunda de quedas de nível desta
natureza.
A norma NBR 15575:2013, em seu item 14- Durabilidade e Manutenabilidade,
prevê que facilidade ou meios e favorecimento das condições de acesso para
inspeção predial, com instalação de suportes para fixação de andaimes, balancins,
etc., que é de obrigação do arquiteto, prever no projeto elementos de ancoragem que
facilitem a instalação de balancins, ou outros elementos para a limpeza periódica dos
vidros das fachadas (cortinas de vidro), guarda-corpos das varandas e demais
fechamentos de difícil manutenção.
No entanto, é preciso que se faça divulgação desta norma tanto para arquitetos
quanto para engenheiros, muitos ainda desconhecem a referida norma e o alto preço
inviabiliza o interesse por parte destes profissionais.
Esta norma entende o autor, coautora e colaboradores, deve levar em
consideração um estudo de fatores biomecânicos e fatores antropométricos no
ambiente onde se exija um anteparo com altura adequada e segura.
Segundo Rasch (1991, p. 175), a biomecânica é definida como o estudo da
aplicação dos “princípios de engenharia a sistemas biológicos, ou o estudo das forças
18 internas e externas geradas por, e atuantes sobre, sistemas biológicos e dos efeitos
dessas forças”.
A Biomecânica visa analisar os aspectos que compõem o movimento humano,
sua anatomia e fisiologia, de acordo como o ponto de vista das leis e princípios da
mecânica. A antropometria (do grego ánthropos, "homem", e métron, "medida") “é o
conjunto de processos ou técnicas de mensuração do corpo humano e de suas várias
partes” (ZILIO, 2005, p. 25). Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 10), a
antropometria “ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano”.
1 SAÚDE PÚBLICA
Conforme dados obtidos no relatório sobre "Acidentes por queda de laje na
infância registrados no Hospital Estadual do Grajaú em 2005 - Roof fall cases in
childhood recorded in Hospital Estadual do Grajaú during 2005" dos autores: Sylvia
Carolina Aranha, Fernanda Maria Simões da Costa, Laira Rita Faustino, Michelle
Ichida, Lélia Cardamone Gouvêa, José Roberto Baratella, os acidentes relativos a
queda em laje aumentaram naquele ano, produzindo o acréscimo das taxas de
morbimortalidade infantil, tornando-se importante problema de saúde pública, o
objetivo deste grupo de estudo era determinar a frequência dos acidentes por queda
de laje em crianças até 12 anos e 11 meses que resultaram em internação no Hospital
Estadual do Grajaú (HEG) no ano de 2005; Propor ações de prevenção de acidentes
por queda de laje na região atendida pelo HEG, baseadas nos resultados
encontrados.
Este estudo se limitou aos casos de queda em laje que necessitaram de
internação, não se levando em consideração as crianças que permaneceram no
hospital em observação por um período de até 24 horas ou aquelas que, por
apresentar traumatismo crânio encefálico grave, foram transferidas a outra unidade
de emergência, pois o HEG não dispõe do serviço de neurocirurgia.
Assim, foram selecionadas as crianças vítimas de queda de laje que
necessitaram de internação, realizando-se a seguir uma análise cuidadosa dos
prontuários dessas crianças.
Elaborou-se um protocolo para a investigação desse tipo de queda, contendo
as seguintes variáveis: idade, sexo, dia de semana e mês em que ocorreu a queda,
19 altura da laje, presença de traumatismo crânio encefálico, fraturas e/ou outras lesões,
duração da internação, necessidade de cuidados na Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), procedimentos cirúrgicos e/ou outros procedimentos, presença de
complicações e óbitos.
Os dados coletados foram traduzidos em quadros estatísticos descritos abaixo:
Tabela 1 - Crianças vítimas de queda atendidas pelo serviço de Cirurgia Pediátrica no Pronto Socorro do HEG no ano de 2005.
Etiologia N % Queda de laje 50 8,79 Outras quedas 519 91,21 Total 569 100
Fonte: Aranha et al. (2015, p. 96)
Tabela 2 - Destino das crianças vítimas de queda at endidas pelo serviço de Cirurgia Pediátrica no Pronto Socorro do HEG no ano de 2005.
Destino da criança N % Internação 18 36 Observação ou transferência
32 64
Total 50 100 Fonte: Aranha et al. (2015, p. 96)
Tabela 3 - Distribuição mensal das internações por quedas de laje em menores de 13 anos do HEG no ano de 2005, em relação ao tot al de internações por
queda nesse grupo etário.
p = 0,05 (NS)
Fonte: Aranha et al. (2015, p. 96)
Meses 2005
Internações em menores de 13 anos
por quedas
por quedas de laje
N % Janeiro 14 4 28,57 Fevereiro 7 1 14,29 Março 11 0 0 Abril 11 1 9,09 Maio 6 1 16,67 Junho 15 1 6,67 Julho 14 4 28,57 Agosto 19 4 21,05 Setembro 9 0 0 Outubro 16 2 12,5 Novembro 8 0 0 Dezembro 10 0 0 Total 140 18 —-
20
Tabela 4 - Crianças vítimas de queda de laje intern adas no HEG no ano de 2005, segundo o sexo e faixa etária.
Faixa etária Feminino Masculino Total N % N % N %
Menores de 2 anos 0 0 3 16,67 3 16,67 2 anos a 6 anos e 11 meses 2 11,11 5 27,78 7 38,89 7 anos a 12 anos e 11 meses
2 11,11 6 33,33 8 44,44
Total 4 22,22 14 77,78 18 100 Fonte: Aranha et al. (2015, p. 96)
Tabela 5 - Distribuição dos casos de quedas de laje que resultaram em internação no HEG em 2005, em menores de 13 anos, p elos dias da semana em
que ocorreram.
Dia da semana
N %
Segunda 5 27,78 Terça 3 16,67 Quarta 0 0 Quinta 0 0 Sexta 2 11,11 Sábado 6 33,33 Domingo 2 11,11 Total 18 100
Fonte: Aranha et al. (2015, p. 97)
O estudo realizado por estes pesquisadores aponta que esses acidentes
ocorreram principalmente em finais de semana e férias, sendo os escolares os mais
envolvidos. A maioria (78%) era do sexo masculino pela grande exposição às
atividades de risco. As baixas condições socioeconômicas, refletindo na construção
das moradias e no cuidado com as crianças, podem ter influenciado nos acidentes.
Programas de prevenção baseados na educação devem ser adotados,
conscientizando a comunidade da importância de alterações no comportamento e na
área física das moradias, para se evitar tais ocorrências.
21 1.1 Diário do Grande ABC
Foto 1 - Queda de laje tem ação de prevenção Fonte: Diário do Grande ABC (15/11/2014)
Local para estender roupa, empinar pipa e confraternizar, as lajes das residências, principalmente na periferia das cidades, são cenários de muitas tragédias, ocasionadas pela queda de pessoas de todas as idades. Para conscientizar a população sobre o perigo dessas áreas, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em parceria com a APM (Associação Paulista de Medicina) – Regional São Bernardo e Diadema – lançou ontem, na sede da entidade, uma campanha de prevenção de quedas de laje. A iniciativa tem o apoio da Sociedade Brasileira de Coluna e da Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Há tempos o neurocirurgião especialista em coluna e presidente da APM regional, Marcelo Ferraz de Campos, vê a necessidade de uma ação que alerte sobre a questão. Em estudo desenvolvido pelo médico para uma tese de mestrado, ele constatou que, das 100 pessoas que chegaram ao Hospital Heliópolis (a maioria residente no Grande ABC), com lesão medular, entre 2000 a 2006, 23% tinham sofrido queda da laje. “É uma fatalidade que pode ser prevenida com custo zero e resultados imediatos”, fala Campos. “Nos trabalhos de epidemiologia, o Grande ABC se assemelha à região da periferia da Capital. Nosso objetivo é levar essa campanha à APM da Capital, para que tenha abrangência maior”, acrescentou. Em Destaque PERFIL De acordo com a pesquisa, 80% das vítimas são homens entre 18 e 45 anos. No levantamento foi constatado que em 2011, no Estado de São Paulo, foram registradas mais de 2.500 internações causadas por quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões, sacadas, muros e telhados. A média de permanência de pacientes com lesão medular no hospital é de três meses. No total, as internações custaram R$ 3,2 milhões ao SUS (Sistema Único de Saúde) paulista. A secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, presente ao lançamento da campanha, citou um exemplo de como a iniciativa de prevenção auxilia na
22
economia do dinheiro público, podendo ser destinado à ampliação da rede de atendimento de Saúde. “Com as campanhas sobre os riscos de ingerir álcool e dirigir, o que se poupou de recurso de atendimento à emergência comprou-se um hospital no valor de R$ 50 milhões, resultado de seis meses de economia, mostrando como a prevenção é capaz de provocar mudança para o gestor público e fazer diferença na vida das famílias. ” Ocorrências não são registradas no momento do atendimento Ao fazer uma busca no sistema público de Saúde, é difícil encontrar o número de atendimentos referentes a vítimas de quedas de laje. Isso porque quando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) é acionado, os registros dos casos referem-se como “queda de altura”, que pode ser de um andaime, muro, prédios, árvores, entre outros. No DataSUS – banco de dados do Ministério da Saúde –, as internações são registradas como “queda de/ou para fora de edifícios ou outras estruturas”. No Grande ABC, de janeiro a setembro, 77 pessoas foram internadas com esse perfil e três morreram. Os dados, porém, não são necessariamente relacionados a indivíduos que caíram da laje. A secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, ressalta a importância de o motivo da queda ser registrado. “É fundamental que haja a documentação da causa do acidente, pois não é possível evitá-lo sem conhecer a origem do problema. ” Ação precisa de reforço das prefeituras O lançamento da campanha de prevenção de quedas de laje, ontem, na sede da APM (Associação Paulista de Medicina) – Regional São Bernardo e Diadema – não contou com a participação de nenhum representante das prefeituras de ambas as cidades. A secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, lamentou a ausência dos gestores e dos integrantes da equipe de governo e ressaltou a importância da participação das administrações municipais na ação. “Sinto falta dos representantes da esfera municipal, foram todos convidados. Precisamos e esperamos ter o apoio da rede municipal de São Bernardo e Diadema porque necessitamos ter acesso às escolas para mostrar os riscos às crianças. Mas, para isso, precisamos que o agente público municipal esteja tão envolvido na ação quanto estão os médicos das duas cidades e o governo do Estado, por meio da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Queremos contar com todos nessa mudança de hábito”, garantiu. Para o neurocirurgião especialista em coluna e presidente da APM Regional, Marcelo Ferraz de Campos, os executivos municipais precisam desenvolver ações para evitar os acidentes por quedas de laje. “O objetivo dessa campanha é orientar, principalmente, os órgãos públicos para fiscalizar a criação de muros ou cercas nas casas que não tenham segurança, além de orientar os professores para que façam prevenção direta nas escolas. ” Carreta chegará a Diadema em dezembro Embora estivesse prevista para chegar a Diadema entre a segunda e a terceira semana de outubro, a carreta de atendimento da Rede Lucy Montoro só desembarcará no município no início do próximo mês, segundo a secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella. A data, porém, continua indefinida. A titular da Pasta não informou o motivo do atraso, mas afirmou que a
23
demanda de pacientes com deficiência ou mobilidade reduzida já está identificada. “A unidade móvel atenderá 600 pessoas de todo o Grande ABC. ” Linamara acredita que a carreta permanecerá na cidade por, pelo menos, dez dias. Criada em 2009, atende as demandas mais urgentes de fornecimento de órteses, próteses, cadeiras de rodas e meios auxiliares de locomoção em todo o Estado. Conta com consultório e equipe composta por médico fisiatra, técnico de órteses e próteses, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e enfermeiros. Neste ano, segundo Linamara, não há a possibilidade de que o veículo passe por outros municípios da região. “A unidade móvel levanta a demanda, reconhece os pacientes e entrega o que é mais simples, mas muitos exigem uma adaptação na cadeira de rodas, uma prótese mais elaborada, então não conseguimos fazer todo o atendimento de imediato, temos de voltar algumas vezes. Por isso, neste ano não temos condições de atender outros municípios, mas nada impede que a gente faça uma programação para 2015. ” Também no ano que vem, Diadema terá a unidade fixa da Rede Lucy Montoro. O equipamento será instalado no Quarteirão da Saúde, na região central, e será dimensionado para atender 250 pacientes por dia, não só diademenses, mas também de São Bernardo, São Caetano e Santo André. Há discussões para que a cidade andreense também receba uma unidade, no Hospital Estadual Mário Covas, mas sem prazo de implantação. (DIÁRIO DO GRANDE ABC, 15/11/2014)
1.2 Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde d e São Paulo
Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que uma pessoa morre a cada três dias por queda de laje no Estado de São Paulo. Somente no ano de 2011, foram registradas 2.649 internações causadas por quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões ou sacadas, muros, telhados e torres. Desse total, 136 pessoas morreram. No total as internações custaram R$ 3,2 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) paulista. Segundo a cirurgiã-geral Silvana Nigro, gerente do pronto-socorro do hospital estadual do Mandaqui e médica do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências da Secretaria (Grau), as quedas acidentais de laje ocorrem, principalmente, pela ausência de uma estrutura de proteção nesses pavimentos superiores. “Muitas famílias constroem as lajes em suas residências para usarem como área de recreação e lazer ou mesmo como local para armazenarem mobílias e outros objetos, mas se esquecem de adicionarem um muro de tijolos ou mesmo uma grade como forma de proteção da área e evitar acidentes. Isso também propicia alto risco de choques elétricos, já que, dependendo da altura das lajes, os moradores podem ficar mais próximos aos fios de energia. A médica também faz um alerta para esse tipo de acidente com crianças, que utilizam as lajes para brincadeiras com bola ou pipas, especialmente em finais de semana e feriados. “As quedas em laje podem provocar desde lesões mais leves, como escoriações e contusões, até fraturas de membros superiores e
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inferiores, lesões de coluna, traumatismos de tórax, abdômen e crânio”, ressalta Silvana. (SAÚDE, 2016)
Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta ainda que a cada dia, em média, sete pessoas são internadas em hospitais públicos paulistas vítimas de quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões ou sacadas, muros, telhados e torres. No ano de 2012, foram registradas 2.832 internações deste tipo, com 175 óbitos. Cerca de 20% das internações envolveram menores de idade. Para Ricardo Vanzetto, gerente médico do Grau (Grupo de Resgate e Atenção à Urgência e Emergência), o mais importante é evitar que as crianças usem a laje para brincadeiras. Mas, caso não seja possível, é de extrema importância sempre ter um responsável no local. “Em muitos casos estas quedas ocorrem devido à ausência de estrutura de proteção. É imprescindível que a laje seja murada ou cercada, numa altura de no mínimo, 1,5 metro”, destaca o médico. Dentre as lesões mais comuns nestes casos estão as de traumatismo craniano e o trauma de coluna. Também são comuns outras fraturas e lesões, como o rompimento de tecidos moles como fígado, baço e fraturas expostas. (SÃO PAULO, 2016)
1.3 Avaliação Epidemiológica dos Pacientes Vítimas de Traumatismo
Raquimedular
Entende-se por traumatismo raquimedular (TRM) lesão de qualquer causa externa na coluna vertebral, incluindo ou não a medula ou raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos. Sua incidência mundial é estimada entre nove e 50 casos/milhão de habitantes, sendo mais prevalente em áreas urbanas. O Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, registrou 15.700 internações, com 505 óbitos decorrentes de fraturas de coluna, que usualmente são permanências hospitalares prolongadas, de alto custo e envolvem equipe multidisciplinar. Provocam sequelas neurológicas e psicológicas graves, bem como, na economia familiar e na sociedade civil, pois atingem principalmente pacientes em idade profissional produtiva.
Quedas gerais (42,6%), acidentes de trânsito (41,4%), perfuração por arma de fogo (12,6%) e mergulho em águas rasas (3,4%), foram as principais causas de TRM encontradas no presente estudo, nesta ordem. Já no Hospital Santa Marcelina, zona leste de São Paulo, com 100 pacientes com fraturas toracolombares, a frequência de quedas gerais (78%) foi significativamente maior do que os acidentes com veículos automotores (carro e moto somam cerca de 20%). Este estudo mostrou que das 78 quedas, 75 foram quedas de laje. Nesta pesquisa não foi possível avaliar a altura ou local da queda, por omissão destes registros nos prontuários. Percebe-se que nos estudos de prevalência do sudeste brasileiro as quedas de laje têm particular importância, principalmente, por acontecerem em áreas de bolsões de pobreza, onde o crescimento vertical, materializado pela construção de sobrados nas favelas, acaba por tornar a laje, inclusive, uma espécie de quintal, onde, habitualmente, se realizam reuniões/comemorações (local de festas). (DIÁRIO REGIONAL, 2016)
25 1.4 Uma em Cada Três Lesões na Coluna Vêm de Queda de Laje
Figura 1 - Queda de altura Fonte: Brasilfront (2015)
Uma em cada três lesões na coluna atendidas no hospital ocorrem em quedas da laje, segundo levantamento do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado da Saúde. E não são só as crianças que caem não. Mais de 80% das vítimas são homens entre 18 e 45 anos. No HC de São Paulo, cerca de 60% dos pacientes com fratura na coluna apresentam também lesão neurológica, que deixa a pessoa precisando de ajuda para sempre. Mas as crianças também são vítimas importantes. As quedas são o tipo de acidente que mais gera hospitalização de crianças e adolescentes de até 14 anos. (BRASILFRONT, 2015)
26
Segundo a pediatra Ana Escobar, algumas características físicas próprias do desenvolvimento da criança podem favorecer as quedas, como o tamanho e o peso da cabeça em relação ao seu corpo, que acabam facilitando o desequilíbrio. Qualquer queda de altura para a criança pode ser muito perigosa porque elas ainda não têm coordenação motora para se proteger. O adulto, quando cai, protege a cabeça. A criança não. Por outro lado, o adulto fica tenso na hora da queda e tende a machucar mais os ossos. A maioria das fraturas atinge o tornozelo e o pé. Depois, o osso da perna (a tíbia) e o da coxa, o fêmur. Em quarto lugar, os ossos da bacia. (GLOBO, 2015)
1.5 Campanha de Prevenção de Quedas de Lajes
Figura 2 - Campanha de Prevenção de Quedas de Lajes Fonte: APMSBC (Dez/2015)
No dia 14 de novembro de 2014, em parceria com a Associação Paulista de Medicina – Regional de São Bernardo do Campo/Diadema, foi lançada a CAMPANHA DE PREVENÇÃO DE QUEDAS DE LAJES com o slogan “Se for cair, caia de amor, caia no samba, caia na gandaia, mas não caia da laje!!”. De caráter permanente, a iniciativa tem o apoio da Sociedade Brasileira de Coluna, da Sociedade Paulista de Medicina Física e Reabilitação e da Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Esta campanha, de cunho informativo, foi criada tendo em vista os vários levantamentos feitos em hospitais, centros de atendimentos e centros de estudos de grandes faculdades, que demonstraram evidências de que a maioria dos acidentes na região de São Bernardo do Campo e Diadema se dá por quedas de cima da laje, gerando deficiências ou óbitos. Constatou-se que, no ano de 2011, foram registradas 2.649 internações causadas por quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões ou sacadas, muros e telhados. Desse total, 136 pessoas morreram. As internações custaram R$ 3,2 milhões ao Sistema Único de Saúde – SUS. (PESSOAS, 2015)
A Associação Paulista de Medicina Regional São Bernardo do Campo e
Diadema, com o apoio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com
27 Deficiência e do Governo do Estado de São Paulo realizou, na Região do Grande
ABCD, uma campanha contra a queda de laje, que traz dados alarmantes sobre o
número de acidentes neste contexto, conforme pode ser visto pelo vídeo institucional
da campanha, através do link abaixo:
http://www.apmsbc.org.br/videos.php
A reportagem informa que um levantamento feito na região do ABC dá a
dimensão do número de pessoas que ficam com sequelas para o resto da vida por
causa de quedas de lugares altos. 30% dos pacientes tratados na Rede de
Reabilitação Lucy Montoro são vítimas deste tipo de acidente. A Secretaria Estado
dos Diretos da Pessoa com Deficiência lançou no ABCD Paulista uma campanha com
folhetos que serão entregues em escolas e centro médicos, para alertar a população
em evitar acidentes.
1.6 Ortopedistas alertam que queda de laje vira epi demia durante as férias
A queda acidental tornou-se a segunda maior causa de mortes em São Paulo no ano passado, e 45% desses acidentes ocorrem em casa, com crianças que sobem na laje para soltar pipa, para brincar ou participar de churrascos. Durante meses os pesquisadores fizeram plantões no Hospital São Luiz Gonzaga e no Hospital Geral de Guarulhos, administrados pela Santa Casa, e analisaram 50 casos de pacientes que caíram de lajes, principalmente crianças. “A maioria das quedas teve efeitos graves, como traumatismo crâneoencefálico e politraumatismo”, explica o quintoanista Bruno Rudelli. O pesquisador conta que as vítimas precisam de internação demorada, até mesmo em UTI e a reparação do dano costuma envolver cirurgia e, além do prejuízo para o paciente, que quando não morre fica incapacitado por meses, o custo desses atendimentos é muito alto para a Saúde Pública. Mesmo quando instintivamente a pessoa usa as mãos ou os braços para se proteger e evitar bater a cabeça, é frequente a fratura de pulso ou do braço, diz o trabalho, que foi apresentado no Congresso de Ortopedia, em Brasília. A pesquisa da Faculdade da Santa Casa corrobora os levantamentos do Seade e da Prefeitura de São Paulo, que também registram alta incidência de queda acidental em casa, 45% dos casos atendidos em hospitais, contra 29% ocorridos na escola e 22% na rua. Outra pesquisa mostra que no Hospital Mário Covas, num único ano foram atendidos 25 casos de lesão medular traumática, decorrente de queda. O estudo da Faculdade da Santa Casa detalha o que faziam as
28
crianças quando se acidentaram, 12 casos ocorreram durante brincadeiras, 1 em comemoração de aniversário, 11 ao empinar pipa, mas o pesquisador Bruno Alves insiste que o levantamento é apenas uma amostra, nem todos os casos atendidos nos dois hospitais pesquisados foram levantados e certamente, diz ele, há subnotificação, além dos casos em que a vítima, tendo apenas escoriações ou contusões, não chega a procurar ajuda médica. “O motivo da multiplicação desses acidentes é a falta de jardins ou de terraços nas favelas e nas casas mais pobres, o que torna a laje superior a única área disponível para o lazer”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, Claudio Santili. Ele acrescenta que, ao empinar pipa, a criança fixa o olhar no brinquedo, não percebe que está no limite da laje e sofre a queda, geralmente com consequências graves. O problema está se tornando tão comum, principalmente na época de férias, em que as crianças passam mais tempo em casa, que a SBOT lançou um alerta e fará uma campanha para conscientizar a população a construir muretas ou colocar outra forma de proteção sobre as lajes. A proposta foi apresentada em pesquisa preparada por dois estudantes de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – FCMSCSP, Bruno Alves Rudelli e Marcelo Valério Alabarce da Silva. (SEGURANÇA SAÚDE, 2015)
1.7 Programa “Criança Segura”, Formação de Mobiliza dores
A ONG CRIANÇA SEGURA, desde sua criação, tem o desejo e a necessidade de criar estratégias e metodologias para que a prevenção de acidentes seja implantada nos diferentes contextos do Brasil, respeitando as características e culturas específicas de cada região. Atualmente, no país, cerca de 5 mil crianças e adolescentes morrem todos os anos por conta de acidentes. Em 2008, 5.106 crianças morreram e 109.241 foram hospitalizadas vítimas de acidentes. Os acidentes de trânsito, afogamentos, sufocações, queimaduras, quedas, intoxicações, acidentes com armas de fogo e outros representam a principal causa de morte de crianças e adolescentes de 1 a 14 anos no Brasil. (CRIANÇA SEGURA, 2015)
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Gráfico 1 - Mortalidade por acidentes e violências (causas externas), 0 a 14 anos, 2008
Fonte: Criança Segura (2015)
Gráfico 2 - Mortalidade por acidentes, 0 a 14 anos, 2008
Fonte: Criança Segura (2015)
Gráfico 3 - Hospitalizações por acidentes, 0 a 14 a nos, 2008
Fonte: Criança Segura (2015)
30 Tabela 6 - Número absoluto (N), proporção (%) de ób itos e taxa (ou coeficiente)
de mortalidade (por 100 mil habitantes) por causas externas, segundo variáveis demográficas, tipos de causa externa e ca tegorias de análise –
Brasil, 2008. Categoria de análise
Masculino Feminino Total
N % Taxa N % Taxa N % Taxa Faixa etária 0 a 9 anos 2.480 2,3 14,8 1.616 7,3 10,0 4.098 3,1 12,4 10 a 14 anos 1.714 1,6 20,4 716 3,2 8,8 2.431 1,8 14,7 15 a 19 anos 11. 932 10,9 139,0 1.662 7,5 19,9 13.595 10,3 80,3 20 a 39 anos 55.031 50,4 174,9 6.313 28,4 19,7 61.363 46,7 96,6 40 a 59 anos 25.252 23,1 129,1 4.422 19,9 20,7 29.681 22,6 72,6 60 anos e mais 12.787 11,7 152,8 7.515 33,8 72,3 20.303 15,4 108,2 Escolaridade Nenhuma 5.028 4,7 – 1.947 9, 4 – 6.978 5,5 – 1 a 3 anos 15.894 14,9 – 2.851 13,8 – 18.745 14,7 – 4 a 7 anos 29.871 28,0 – 4.765 23,1 – 34.638 27,2 – 8 a 11 anos 16.269 15,2 – 3.075 14,9 – 19.344 15,2 – 12 anos e mais 4.508 4, 2 – 1.368 6,6 – 5.876 4,6 – Ignorado 35.146 32,9 – 6.622 32,1 – 41.792 32,8 – Cor/raça Branca 43.251 38,9 – 11.960 53,3 – 55.226 41,3 – Preta 7.719 6,9 – 1.152 5,1 – 8.874 6,6 – Amarela 266 0,2 – 1.15 0,5 – 381 0,3 – Parda 53.431 48,1 – 7.929 35,3 – 61.374 45,9 – Indígena 338 0,3 – 89 0,4 – 428 0,3 – Ignorado 6.060 5,5 – 1.202 5,4 – 7.361 5,5 –
Fonte: Saúde Brasil 2009: Uma análise da situação da saúde e da agenda nacional e internacional de prioridades em saúde
Segundo o Ministério da Saúde:
Acidente define-se como o evento não intencional e evitável, causador de lesões físicas e/ou emocionais no âmbito doméstico ou em outros ambientes sociais, como o do trabalho, trânsito, da escola, de esportes e de lazer. O acidente então se configura como um conjunto de agravos à saúde que pode ou não levar a óbito. Esse conjunto de eventos consta na Classificação Internacional de Doenças (CID), sob a denominação de causas externas.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego:
Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, "acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
31 Os dados acima foram mencionados para prover o conhecimento a
engenheiros civis e arquitetos, acerca dos perigos de tais falhas estruturais à vida
humana, enfatizando a importância que o tema tem para a área da saúde. A
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, entre outras entidades da área
da Saúde mostra que o problema é tão sério que se tornou tema frequente em
trabalhos científicos de seus profissionais, além de identificar o problema como sendo
um caso de saúde pública.
Estes profissionais, por sua vez, demonstram efetiva preocupação com a
questão da falta de platibandas em lajes de coberturas, participando na elaboração
de campanhas educativas e levantamento de dados estatísticos, e estudo de causas
externas a partir de um conjunto de informações relativas a este tipo efetivo de queda,
que envolve crianças adolescentes e adultos, para poder fornecer um panorama sobre
a atual situação.
A participação do setor da saúde mostra a necessidade da implantação de
medidas que visem melhorar a permanência/vivência destes indivíduos em espaços
diversos.
1.8 Dados Estatísticos de Acidentes e Óbitos na Cid ade de São Paulo
Os dados abaixo foram fornecidos pelo PRO-AIM - Programa de
Aprimoramento das Informações de Mortalidade da Secretaria Municipal da Saúde,
no Município de São Paulo, criado pela Prefeitura em 1989 com o objetivo de fornecer
as informações de mortalidade qualificadas, de forma ágil e descentralizada,
baseadas no território, visando subsidiar as ações de governo na área da saúde.
32
Tabela 7 - Óbitos por Queda acidental de ou para fo ra de edifícios ocorridos no Município de São Paulo, segundo subcategoria - anos 2013 e 2014.
Causa (4C) 2013 2014 TotalW130 Queda de ou para fora de edifícios ou outras
estruturas - residência 14 19 33
W133 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - área para a prática de esportes e atletismo
1 0 1
W134 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - rua e estrada
3 1 4
W135 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - áreas de comércio e de serviços
0 2 2
W136 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - áreas industriais e em construção
0 1 1
W139 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - local não especificado
38 51 89
Total 56 74 130Fonte: SIM - PRO-AIM - Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo
Tabela 8 - Óbitos por Queda acidental de ou para fo ra de edifícios ocorridos no Município de São Paulo, segundo faixa etária - Anos 2013 e 2014.
Faixa Etária (16) 2013 2014 Total0-4a 1 0 15-9a 0 1 110-14a 1 1 215-19a 1 1 220-24a 1 3 425-29a 5 2 730-34a 5 5 1035-39a 3 8 1140-44a 5 4 945-49a 10 10 2050-54a 4 7 1155-59a 3 11 1460-64a 3 6 965-69a 4 3 770-74a 5 4 975 e + 5 7 12Ign 0 1 1Total 56 74 130
Fonte: SIM - PRO-AIM
33 Tabela 9 - Óbitos por Queda acidental de ou para fo ra de edifícios ocorridos no
Município de São Paulo, segundo sexo - Anos 2013 e 2014.
Sexo 2013 2014 Total Masculino 47 72 119 Feminino 9 2 11 Total 56 74 130
Fonte: SIM - PRO-AIM
Tabela 10 - Óbitos por Queda acidental de laje ou p ara fora de edifícios ocorridos no Município de São Paulo, segundo raça/c or - Anos 2013 e 2014.
Raça/Cor 2013 2014 TotalBranca 31 40 71Preta 2 5 7Amarela 1 1 2Parda 22 28 50Total 56 74 130
Fonte: SIM - PRO-AIM
Tabela 11 - Óbitos por Queda acidental de ou para f ora de edifícios ocorridos no Município de São Paulo, segundo local de moradia - Anos 2013 e 2014.
CRS/Subprefeitura residência 2013 2014 Total CRS Centro 1 1 2 Sé 1 1 2 CRS Leste 13 11 24 Cidade Tiradentes 1 1 2 Ermelino Matarazzo 2 1 3 Guaianases 0 2 2 Itaim Paulista 2 1 3 Itaquera 4 2 6 São Mateus 3 3 6 São Miguel 1 1 2 CRS Norte 10 13 23 Casa Verde/Cachoeirinha 1 0 1 Freguesia/Brasilândia 2 5 7 Jaçanã/Tremembé 1 2 3 Pirituba 3 4 7 Santana/Tucuruvi 2 0 2 Vila Maria/Vila Guilherme 1 2 3 CRS Oeste 1 5 6 Butantã 1 2 3 Lapa 0 3 3 CRS Sudeste 10 12 22
34
CRS/Subprefeitura residência 2013 2014 Total Aricanduva/Formosa/Carrão 1 2 3 Ipiranga 2 5 7 Jabaquara 1 1 2 Mooca 0 2 2 Penha 3 1 4 Sapopemba 1 0 1 Vila Prudente 2 1 3 CRS Sul 11 14 25 Campo Limpo 3 4 7 Capela do Socorro 3 5 8 Cidade Ademar 1 3 4 M'Boi Mirim 3 1 4 Parelheiros 1 0 1 Santo Amaro 0 1 1 Endereço Ignorado/ Outros municipios 10 18 28 Total 56 74 130
Fonte: SIM - PRO-AIM
1.9 Dados estatísticos de acidentes e óbitos no Bra sil
Os dados abaixo foram fornecidos pela ONG - CRIANÇA SEGURA Safe Kids
Brasil, obtidos junto ao sistema Datasus do Ministério da Saúde e se referem a todo
território brasileiro, porém não apresenta dados estatísticos específicos para o caso
de quedas em laje, por não haver o devido controle destes eventos.
Tabela 12 - Morte por Quedas em 2013.
Queda Menor 1 ano
1 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
Total
W01 Queda mesmo nível escorregar tropeçar passo falso
- 2 - 2 4
W03 Outras quedas mesmo nível colisão empurrão outras pessoas
- 1 - - 1
W04 Queda enquanto carreg. apoiado p/Outras pessoas
8 - - - 8
W05 Queda envolv. uma cadeira de rodas 1 - - - 1 W06 Queda de um leito 17 - 1 - 18 W07 Queda de uma cadeira - 1 1 - 2 W08 Queda de Outras ipo de mobília - 1 1 - 2 W09 Queda envolv. equipamento de playground - - 1 - 1 W10 Queda em ou de escadas ou degraus - 4 4 1 9 W11 Queda em ou de escadas de mão 1 2 - - 3 W13 Queda de ou p/fora edifícios Outras 1 12 8 13 34
35
Queda Menor 1 ano
1 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
Total
estruturas W14 Queda de arvore - 1 8 12 21
W16 Merg. pulo água causas outras traum. afog. submersas
- - 1 1 2
W17 Outras quedas de um nível a outras 3 12 4 6 25 W18 Outras quedas no mesmo nível 1 8 4 8 21 W19 Queda s/ especificação 14 23 10 12 59 Total 46 67 43 55 211
Fonte: Datasus (2016).
Tabela 13 - Morte por Quedas em 2014.
Queda Menor 1 ano
1 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
Total
W00 Queda mesmo nível envolv. gelo e neve
54 192 273 329 848
W01 Queda mesmo nível escorr. tropec. passo falso
223 1390 2873 3172 7658
W02 Queda env. patins rodas gelo esqui pranchas rodas
13 53 111 234 411
W03 Outras quedas mesmo nivel colis. empurrao, outras pessoas
30 137 272 328 767
W04 Queda enquanto carreg. apoiado p/Outras pessoas
71 54 57 75 257
W05 Queda envolv. uma cadeira de rodas 2 1 6 3 12 W06 Queda de um leito 230 186 71 33 520 W07 Queda de uma cadeira 11 58 43 26 138 W08 Queda de Outras tipo de mobília 82 187 117 38 424 W09 Queda envolv. equipamento de
playground 12 114 189 176 491
W10 Queda em ou de escadas ou degraus 88 519 412 409 1428 W11 Queda em ou de escadas de mão 12 59 74 96 241 W12 Queda em ou de um andaime 8 33 39 26 106 W13 Queda de ou p/fora edifícios Outras
estruturas 24 154 185 204 567
W14 Queda de arvore 5 91 608 458 1162 W15 Queda de penhasco - 1 12 4 17 W16 Merg. pulo água causas outras traum.
afog. submers. 1 7 11 14 33
W17 Outras quedas de um nível a outras 314 1036 1808 1593 4751 W18 Outras quedas no mesmo nível 324 1603 3315 3339 8581 W19 Queda s/ especificação 1187 5458 10945 12079 29669 TOTAL 2691 11333 21421 22636 58081
Fonte: Datasus (2016).
− Hospitalizações por quedas em 2014:
36
Obs: Lembrando que as hospitalizações se referem somente aos registros de
hospitais da rede pública de saúde e onde a criança e/ou adolescentes ficou pelo
menos 24 horas internado. Os dados mais recentes são específicos para mortes
em 2013 e internações em 2014. (CRIANÇA SEGURA Safe Kids Brasil, 2016)
1.10 Queda de crianças de edifícios causa mais de 3 3 mortes por ano no Brasil
De acordo com o Datasus, sistema de tabulação de dados de óbitos e outras
ocorrências, de 1996, primeiro ano de dados disponíveis, a 2013, com os dados mais
recentes, 607 crianças de zero a 14 anos morreram por "queda de ou para fora de
edifícios ou outras estruturas", o que dá uma média de 33,7 mortes por ano.
O número de internações hospitalares também é alto. Em 2014, foram
internadas 567 crianças por quedas de edifícios. Em 2013, o número foi maior, de
753, segundo o Datasus.
Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/09/queda-de-criancas-de-predios-causa-
mais-de-33-mortes-por-ano-no-brasil.html
Tabela 14 - Número de crianças de 0 a 14 anos por q ueda de edifícios no Brasil
Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Óbitos 6 11 19 30 30 51 32 41 41
Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Óbitos 36 57 46 45 39 33 27 26 34
Fonte: Datasus/Ministério da Saúde
1.11 Relatório de Levantamento de Dados nº COORDOPC B-107/812/15 do Corpo
de Bombeiros do Estado de São Paulo
Dados estatísticos referentes a quedas de telhados na Região do Grande ABC
e São Paulo (Capital) entre os anos de 2013 e 2015 até o mês de setembro.
Dados Obtidos: Evidenciam que o sinistro ocorreu com ou sem intervenção do
Corpo de Bombeiros.
37
Tabela 15 - Ocorrências atendidas pelo CB em São Pa ulo e Grande ABC.
MUNICÍPIO 2013 2014 2015 DIADEMA 12 9 9 MAUÁ 17 34 31 RIBEIRÃO PIRES 5 8 4 RIO GRANDE DA SERRA 3 2 2 SANTO ANDRÉ 24 31 13 SÃO BERNARDO DO CAMPO 37 29 26 SÃO CAETANO DO SUL 2 1 3 SÃO PAULO 444 496 398
Obs.: Ocorrências são solicitações que a instituição recebe através do telefone 193 ou solicitações diretamente nos quartéis, presente no Estado de São Paulo. Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.
Gráfico 4 - Ocorrências de Queda de Telhado. Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo
1.12 Projeto Laje
Importante se faz mencionar neste estudo o grande e primoroso trabalho que
teve início no ano de 2002, pelo "Projeto-laje", uma realização do processo de
organização do Serviço de Neurocirurgia do Departamento Hospitalar, Prof. Dr. Alípio
Corrêa Netto, sob a direção do Prof. Dr. Sergio Branco Soares Júnior, Chefe da Equipe
de Neurocirurgia, tendo como objetivo reduzir a incidência de Traumatismo Crânio-
Encefálico (TCE) e Traumatismo Raqui-Medular (TRM), resultante à queda em laje,
prevenindo esse tipo de acidente e reintegrando o paciente à sociedade.
38 Infelizmente, o projeto foi desativado por uma série de circunstâncias, mas
trouxe à tona a realidade do Brasil, no que tange ao descaso destas ocorrências,
sendo que o resumo deste trabalho, de autoria do Prof. Dr. Sérgio Branco Soares
Júnior, pode ser consultado no Anexo-1 deste estudo.
2 CONSEQUÊNCIA DO IMPACTO DO CORPO DE UMA CRIANÇA A O ATINGIR
O SOLO, EM QUEDA LIVRE
Adotando-se dados padrão do INMETRO, admitindo-se que um corpo de uma
criança com peso de 36Kg e altura de 1,30m, classificação 3.
Esclarecendo que o “peso” comumente utilizado pela população se trata na
verdade da massa de um corpo, assim sendo temos:
P = m . g onde:
P = Força peso (N)
m = Quantidade de matéria (kgf)
g = Aceleração da gravidade (m/s2)
Ou seja, força peso é igual à massa vezes a aceleração da gravidade (Segunda
lei de Newton).
A aceleração da gravidade é constante e vale aproximadamente 9,8m/s2 na
terra.
Logo, uma criança com "peso" de 36 kg, significa que na verdade a sua massa é
de 36 kg, segundo a fórmula acima, ela tem massa equivalente a:
P = m . g → P = 36 x 9,8 → P = 352,8N ↔ M = 36 Kgf
Desta forma, pode-se aventar que uma criança ao cair da fachada ou laje de
um edifício, adotando-se uma altura de 3,00 m do solo, considerando-se aceleração
da gravidade na terra igual a 9,81m/s² e o corpo estando livre de forças dissipativas
(atrito do ar) pode-se determinar o instante, a velocidade e o peso em que esta criança
irá atingir o solo.
39
Utilizando a equação horária do espaço, têm-se: (Função de Torricelli)
Onde:
� = Velocidade final (m/s)
��= velocidade inicial (m/s)
t = Tempo(s)
g = aceleração (9,81m/s²)
s = Altura = 3,00 metros
Assim tem-se:
s = g * t²/2
0 = -3,00 + 0 + 9,81 * t² / 2
9,81 * t² / 2 = 3,00
9,81 * t² = 6
t² = 6/9,81m/s
t² = 0,611
t² = √0,611
t = 0,78 s
O tempo de queda livre da criança será de 0,78 Segundos até atingir o solo,
menos de um segundo.
Substituindo o tempo na equação da velocidade abaixo, teremos:
V = Vo + g*t
V = 0 + 9,81 * 0,78
V = 7,65 m/s
A medida da grandeza velocidade é m/s, realizando sua conversão, de m/s para
Km/h, teremos:
Um quilômetro possui 1000 metros e
1 hora = 3600 segundos,
S = So + Vo * t + g * t² / 2
40 Logo:
1 km/h = 1000m /3600s
1 km/h = (1/3,6) m/s ou
1 m/s= 3,6 km/h
Assim:
V = 7,65 m/s
V = 7,65 * 3,6
V = 27,54 km/h
A velocidade do corpo da criança será de 27,54 Km/h, ao atingir o solo, caindo
de 3,00 m de altura.
Da equação abaixo obtém-se o peso do corpo da criança ao atingir o solo:
F = M*g*H / D
Sendo:
F = Força Peso (N)
M = Massa do corpo (Kg)
g = Aceleração (m/s²)
H = Altura de queda livre do corpo da criança (m)
D = Deslocamento adotado (m)
Onde:
M = Massa do corpo = 36 Kg
H = Altura de queda livre da criança = 3,00 metros
D = Deslocamento adotado = 0,65 m ou 65cm
A força que o solo exercerá sobre o corpo da pessoa vai reduzir esta velocidade
a zero.
O cálculo é estimativo e não está sendo considerando a energia cinética da
pessoa, a energia potencial gravitacional do sistema pessoa + terra e corpo estando
livre de forças dissipativas (Atrito do ar)
Utilizando-se uma equação dedutível do Teorema Trabalho-Energia, tem-se:
41 F=?
M = 36Kgf (massa do corpo da criança)
g = 9,81 m/s² (força da gravidade)
H = 3,00m (altura da queda)
D = 0,65m (estimando-se que no momento da queda do corpo, tal deslocamento seja
a metade da altura desta criança, utilizaremos o valor de 0,65m), dados estes para
fins estimativos para encontrar a intensidade da força.
Ver exemplo de deslocamento “D” em: https://www.youtube.com/watch?v=X_-
BCmVivs8&feature=youtu.be
Logo:
F = M * g * H/D
F = 36 * 9,81 * 3,00/0,65
F= 1.628,06N
A medida da grandeza da força é correspondente à força exercida sobre um
corpo de massa igual a 1 kg que lhe induz uma aceleração de 1 m/s² na mesma
direção e sentido da força, então teremos:
1� = 1�� ∗ 1 /�
Onde:
1 kgf = 9.80665 kg * m/s² = 9.81 N
1N = 1/9.80665 kgf = 0,101971621 kgf
1N = 0,102 kgf
Assim, têm-se:
F= 1.628,06 * 0,102
F= 166,06 Kgf ou 0,16T
O corpo da criança ao atingir o solo terá uma intensidade de força equivalente
a 166,06 Kgf.
Este cálculo de cinemática escalar estabelece parâmetros de risco em caso da
queda de uma criança de uma laje de cobertura e demonstra o real perigo existente,
42 dependendo da posição do corpo ao atingir o solo, levará o indivíduo a óbito, podendo
ter como consequência um grave acidente com danos irreparáveis.
3 MÉDICOS CONSTRUTORES
Abaixo colocamos à disposição dos leitores deste estudo, matéria publicada na
revista Engwere do ilustre colega Engenheiro, escritor e palestrante Ênio Padilha,
realizada no ano de 2004, para reflexão.
“Deu no Jornal Nacional de sábado, dia 31 de julho: Profissionais especializados aproveitam os fins de semana para melhorar a qualidade das construções nos bairros pobres, aumentando a segurança das obras e reduzindo o número de acidentes com crianças. A reportagem, que durou exatos 2 minutos, não mostrou nenhum arquiteto, nem engenheiro, tecnólogo, técnico ou qualquer outro profissional ligado ao sistema CONFEA/CREA. Os “profissionais” apresentados na matéria usavam mais do que capacetes brancos. Usavam também jalecos e guarda-pós igualmente brancos: eram médicos, fisioterapeutas e enfermeiros... Os fatos são os seguintes: no ano passado 7500 crianças caíram de lajes desprotegidas na cidade de São Paulo. É que, por falta de praças e parques, as crianças se divertem brincando em cima das lajes. E, como elas são construídas sem as devidas proteções, os acidentes são inevitáveis. Só no bairro mostrado na reportagem, na zona leste da cidade, são 35 acidentes por mês (e nas férias este número triplica). Sensíveis ao problema, médicos de uma Organização Não Governamental resolveram agir: há mais de três anos aproveitam os fins de semana para dar orientações de segurança aos moradores das comunidades pobres. Passam de casa em casa e alertam os pais sobre os riscos de as crianças utilizarem as lajes sem os muros de proteção. Como o número de acidentes não diminuiu, eles resolveram (como disse a repórter) “encarar o tijolo e o cimento para tentar mudar as estatísticas”. Resolveram eles próprios “botarem a mão na massa” e ajudarem na construção dos muros de proteção. Não sem uma consultoria especializada, evidentemente. O consultor escolhido foi o “seu” Orlando, um pedreiro do bairro, que deu as especificações técnicas e as quantidades dos materiais a serem utilizados na obra. No fim da reportagem o Dr. Sérgio Branco, Neurocirurgião, concluiu satisfeito: “O médico tem que mostrar que nós estamos construindo um país. Nós temos a força de tentar levantar e movimentar a comunidade”. Dados os fatos, nós, os 850 mil profissionais do sistema CONFEA/CREA podemos chegar a algumas conclusões e tomar algumas decisões. Podemos, por exemplo, concluir que houve um flagrante exercício ilegal da profissão e decidir aplicar ao Dr. Sérgio e
43
sua turma os rigores da lei (não esquecer de cobrar da Rede Globo uma indenização por danos morais). Podemos, por outro lado, enviar uma carta ao Dr. Sérgio (com cópia para a Rede Globo) parabenizando a iniciativa e o senso de cidadania. E agradecendo por nos abrir os olhos e pela sugestão de ação social relevante, sem considerar a fantástica oportunidade de fazer marketing institucional das nossas atividades profissionais; Podemos botar a nossa decantada inteligência para funcionar e criar, dentro do sistema, leis que desamarrem (e mantenham sob nosso controle) o varejo da construção civil, um poderoso segmento de mercado que, inexplicavelmente, foi abandonado tanto pela Arquitetura quanto pela Engenharia e conquistado, pouco-a-pouco, por curiosos de todas as formações. Por que não permitir, por exemplo, que estudantes (de 4o ou 5o ano) de Engenharia e de Arquitetura tenham autorização para fazer obras de até 70 ou 80 metros quadrados, mediante o registro de uma ART especial? Por que não estimular a criação de “brigadas” de ajuda às construções de baixa renda, sem as amarrações legais e taxas disso e daquilo. O retorno em reconhecimento público do valor das profissões seria muito mais relevante do que eventuais receitas perdidas. Não podemos perder o domínio do ambiente profissional da construção civil para médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e pedreiros! E, nessas circunstâncias, nem podemos acusá-los de coisa alguma. Afinal eles nada mais fizeram do que ocupar um lugar que estava abandonado”. (ENGEWERE, 2004)
Atualmente são 5.570 municípios existentes no Brasil, segundo dados
estatísticos de 2014 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo
que o Ministério das Cidades, divulgou que até 2014 o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) destinou R$ 124 milhões para 979 contratos relacionados à
Assistência Técnica em habitações sociais. Porém, 78% desses contratos foram
cancelados antes mesmo de haver o primeiro repasse de verbas, devido a uma série
de problemas na apresentação dos projetos.
A Lei Federal 11.888/08, instituiu o direito da Assistência Técnica como um
serviço permanente, público e gratuito de arquitetura, urbanismo e engenharia civil a
ser prestado pelos Estados, Distrito Federal e Municípios às famílias de baixa renda.
Prescreve em seus artigos:
Art. 1o Esta Lei assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, como parte integrante do direito social à moradia previsto no art. 6o da Constituição Federal, e consoante o especificado na alínea r do inciso V do caput do art. 4o da Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os arts. 182
44
e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Art. 2o As famílias com renda mensal de até 3 (três) salários mínimos, residentes em áreas urbanas ou rurais, têm o direito à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social para sua própria moradia. § 1o O direito à assistência técnica previsto no caput deste artigo abrange todos os trabalhos de projeto, acompanhamento e execução da obra a cargo dos profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia necessários para a edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária da habitação.
O governo federal procura fazer que municípios colocassem em prática a Lei
de Assistência Técnica gratuita, que entrou em vigor em 24 de Julho de 2009,
legislação que determina aos municípios a prestação de serviços de arquitetura e
engenharia civil para famílias de baixa renda depende de projeto dos gestores
públicos e repasse de verbas, porém não é o que tem acontecido, pois prefeituras
encontram entraves na obtenção do convênio junto ao governo federal, além de
muitas delas não demonstrarem o menor interesse.
Com o atendimento desta lei, além da elaboração de projetos adequados,
proporcionaria visitas de fiscalização de engenheiros e arquitetos para a verificação
das condições de segurança destes espaços localizados em comunidades carentes,
assim como promover soluções e rastreamento de todas as situações de risco quanto
a falta de muretas que compõem as platibandas em lajes nas construções de
comunidades, além de gerar empregos a classe de engenheiros civis e arquitetos. É
importante observar que a aplicação da Lei de Assistência Técnica não precisa de
legislação complementar local, estadual ou municipal, uma vez que a Lei 11.888/2008
é autoaplicável. Há necessidade apenas de iniciativa conjunta das entidades ligadas
a engenharia civil, arquitetura, organizações não governamentais, municípios e
agentes governamentais em firmarem convênios para que a Assistência Técnica
possa ser colocada em prática imediatamente e comece a atingir os seus objetivos.
Com a Lei em vigor, esta tem sua aplicação em todo território nacional. Porém,
conforme próprio texto legal, para implantação, como a União terá que despender
recursos para o projeto, é necessário pelos demais entes federativos a realização de
convênio ou termo de parceria com a União para implantação e realização da
assistência técnica. Esses convênios ou termos de parcerias, de forma simplista, são
verdadeiros contratos entre os entes federativos dispondo como serão aplicados os
recursos, plano de trabalho, penalidades etc.
45
Sem prejuízo, poderão ainda os entes federativos, regulamentar a lei (tal situação não
é um requisito) através de decreto.
4 ANTEPAROS QUE ENVOLVEM TERRAÇOS, ÁTICO E
SEGURANÇA EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS
4.1 Código de Obras da Cidade de São Paulo
Código de Obras e Edificações - COE LEI Nº 11.228/92 - Dispõe sobre as regras gerais e específicas a serem obedecidas no projeto, licenciamento, execução, manutenção e utilização de obras e edificações, dentro dos limites dos imóveis; revoga a Lei no 8.266, de 20 de junho de 1975, com as alterações adotadas por leis posteriores, e dá outras providências. 10.E.1 - O coroamento das edificações que apresentar superfície vazada superior a 2/3 (dois terços) de sua superfície total poderá, à semelhança do ático, observar a faixa livre "A" do andar mais elevado da edificação. 10.E.1.1 - A superfície total do coroamento será tomada a partir da platibanda ou guarda-corpo de proteção, até o nível da cobertura do ático, considerada na fachada correspondente. 10.E.2 - A platibanda de envolvimento do telhado e o guarda-corpo de proteção contra queda, quando situados no volume "VS", não serão considerados no cálculo da somatória "N" desde que não apresentem altura superior a 1,20m (um metro e vinte centímetros). 17.J.1 - Cada pavimento ou teto dos andares que tiverem compartimentos com área superior a 400m² (quatrocentos metros quadrados) situados a altura superior a 9,00m (nove metros) deverão dispor de uma das seguintes proteções: a) a parede externa, em cada andar da edificação, deverá ter altura
mínima de 1,20m (um metro e vinte centímetros) com resistência ao fogo RF-120, devendo ser solidária com o pavimento ou teto;
b) aba horizontal solidária com o piso ou teto de cada andar, executada em material com resistência ao fogo RF-120, avançando em projeção pelo menos 0,90m (noventa centímetros) sobre a face externa da edificação, de modo a obstruir a transmissão do fogo.
46 4.1.1 Lei º 11.228/1992, art. 17.J1.a
Em análise da Lei º 11.228/1992, art. 17.J1.a, na SEÇÃO 17.J - Condições
Construtivas Especiais, entende o autor as seguintes hipóteses, a saber:
− Parede externa de cada andar da edificação podem ser paredes perimetrais da
edificação, neste caso, tratando-se de altura mínima para peitoril de 1,20m, ou
paredes externas podem ser aquelas utilizadas em sacadas ou varandas,
denominadas guarda-corpo, devendo assim ter altura mínima de 1,20m, ou ainda,
paredes utilizadas para compor a platibanda de cobertura, também se adotando
1,20m de altura mínima. Peitoris abaixo de 1,20m devem ser complementados
com anteparo mínimo de 0,90m, como é o caso de edifícios antigos, conforme foto
abaixo:
Foto 2 - Peitoril baixo, em casos de edifícios anti gos como o Edifício Martinelli, exigindo-se proteção através de anteparo, conforme legislação municipal de
São Paulo, altura de 0,90m. Fone: Do autor mediante autorização
4.1.2 Lei º 11.228/1992, art. 10.E.2
Em análise da Lei º 11.228/1992, art. 10.E.2, na SEÇÃO 10.D - Aeração e
Insolação do Volume entende o autor a seguinte hipótese, a saber:
− Platibandas de envolvimento do telhado e o guarda-corpo de proteção contra queda,
não serão considerados no cálculo da somatória "N", desde que não ultrapasse a altura
superior a 1,20m. Ou seja, a Lei acima estabelece uma altura mínima de 1,20 para
47
platibanda, acima disto implica que, se situados no volume "VS", não serão
considerados no cálculo da somatória "N", porém ao ler este artigo, entende-se que
até 1,20m deve ter a altura da platibanda, a dificuldade de entendimento faz com que
os projetos sejam elaborados com alturas comumente observadas em vistorias em
áreas de cobertura, variando entre 15 e 50cm, conforme foto abaixo, tanto para
terraços em geral como lajes de cobertura de áticos e reservatórios elevados e casa
de máquinas, como no exemplo abaixo.
Foto 3 - Laje de cobertura de casa de máquinas e re servatório elevado de água, constando muretas das platibandas com 20cm de altur a, além da inexistência
de sistema de ancoragens. Fonte: Do autor mediante autorização
Foto 4 - Risco iminente de trabalhadores no serviço de manutenção sobre estas lajes.
Fonte: Do autor mediante autorização
48 O cálculo abaixo é uma estimativa para queda de um indivíduo com massa de
70Kgf em queda livre de 24,00m medido no local da foto acima, não considerando a
energia cinética da pessoa, a energia potencial gravitacional do sistema pessoa + terra
e corpo estando livre de forças dissipativas (Atrito do ar)
Tem-se:
F = M * g * H/D
F = 70 * 9,81 * 24,00/0,85
F= 19.389,17,N
Ou seja, no caso de queda deste indivíduo, o mesmo vai chegar ao solo com
uma intensidade de força equivalente à 19.389,17N ou 1.977,69,Kgf ou ainda,
1,97Ton
4.1.3 Condições adequadas para platibandas em lajes de cobertura de edifícios em
geral
A lei n° 14.459, de 3 de julho de 2007, que obriga a instalação de painéis de
energia solar sobre os prédios, é um exemplo claro da necessidade do projeto contemplar
platibandas com altura segura para aqueles que terão acesso as instalações destes
equipamentos, tanto para sua instalação quanto para os futuros serviços de manutenção
deste sistema.
49
Foto 5 - Lajes e painéis de energia solar Fonte: Cobec (2015)
4.1.4 Condições adequadas para platibandas em lajes de cobertura de edifícios em
geral.
Abaixo apresenta-se fotos de condições mínimas desejáveis para construção
de platibandas em lajes de cobertura de caixas elevadas de água e casa de máquinas.
Foto 6 - Forma correta de instalação de platibanda e fixação de escada tipo marinheiro, vista externa. Fonte: Açoforte Brasil (2016)
Vale lembrar ainda, que as escadas tipo marinheiro com ou sem gaiola
protetora ou aro de proteção, são dimensionados, conforme norma NR18 – Norma
Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho.
50
Foto 7 - Forma correta e segura de acesso pela esca da marinheiro dentro do ambiente protegido pela platibanda.
Fonte: Açoforte Brasil (2016)
A respeito do Código de Obras da Cidade de São Paulo, entende-se que o
mesmo é complexo e de difícil entendimento e interpretação, haja vista que se
encontra no site desta Prefeitura documentos extras, para esclarecimentos omissos e
ou não, de informações adicionais, como:
Para platibanda, a altura mínima deve ser de 0,90m a máxima de 1,20m, desde
que o prédio esteja no meio do terreno, logo para junto a divisas, deverá ser aplicado
o estabelecido nos desenhos 10.III.b e 10.V.a., do Anexo disponibilizado no site da
Prefeitura de São Paulo, sob título: Desenhos Exemplificativos.
Para peitoril, o máximo de 1,20 m porém acima disso apenas é permitido gradil
com 90% de sua superfície vazada.
E segundo o artigo 17.J.1 - a, para peitoril abaixo de 1,20m, este deverá
contemplar anteparo com 0,90m, para prédios novos ou antigos, porém não é claro,
visto que neste artigo, fala-se em parede externa.
Porém condiciona-os ao pavimento ou teto dos andares que tiverem
compartimentos com área superior a 400m² (quatrocentos metros quadrados)
situados a altura superior a 9 metros.
Documentos adicionais disponibilizados no site da Prefeitura da Cidade de São
Paulo:
− Guia de Aprovação - Residencial - Passo 7 - Apresentação do projeto; (vi. H mureta
51
terraços (mínimo 0,90m, máximo 1,20m e Peitoril máximo de 1,20m: acima disso
apenas é permitido gradil com 90% de superfície vazada);
− Desenhos Exemplificativos.
4.1.5 O novo Código de Obras da cidade de São Paulo
Segundo a Secretaria Municipal de Licenciamento em informação,
disponibilizada no site da Prefeitura de São Paulo, o novo texto pretende mudar
padrões estabelecidos até o momento no mercado da construção civil, que
determinam que a administração municipal deva ter ciência dos mínimos detalhes de
cada empreendimento. A análise por parte do poder público vai focar o aspecto
urbanístico, ambiental, de sustentabilidade, acessibilidade e segurança de uso,
delegando ao interessado o compromisso de cumprir a legislação no que diz respeito
aos detalhes internos do empreendimento.
Principal objetivo do novo texto é apresentar regras claras e simplificadas, que
estejam alinhadas ao novo Plano Diretor, visto que o atual código de obras da cidade
é altamente complexo e confuso, o que leva arquitetos e engenheiros a cometer erros
infindáveis, gerando-se um grande número de análise pelo setor de aprovação da
Prefeitura, implicando em perda de tempo impedindo investimentos no caso de obras
de edifícios residenciais verticais, comerciais e industriais, além da insatisfação geral
de profissionais e interessados.
O novo COE - Código de Obras de Edificações, também introduzirá mudanças
no processo de licenciamento de obras e edificações, com a redução do número de
documentos exigidos e simplificação da emissão das licenças.
O texto ainda apresentará o conceito de retrofit, que permite a modernização
de edificações já existentes, e novas regras ambientais, com a introdução da
obrigatoriedade do reuso de água de chuva para novas edificações com área
construída superior a 1.500m².
Participaram da elaboração da proposta entidades do setor imobiliário e da
construção civil, ASBEA, SECOVI, SINDUSCON-SP, e poder público, por meio das
secretarias envolvidas: Coordenação das Subprefeituras, Desenvolvimento Urbano,
Negócios Jurídicos, Transportes, Verde e do Meio Ambiente, Infraestrutura Urbana,
Pessoa com Deficiência e Finanças.
52 O novo Código contemplará a transferência de responsabilidade de medidas
internas da obra, como aspectos de segurança interna de todos os ambientes,
trajetos, distância de escadas, entre outros, estes serão observados de forma
esquemática, cabendo aos arquitetos e engenheiros civis responsáveis pelo projeto e
pela obra seguir as regras estabelecidas, já que a Prefeitura não fará análise prévia
in loco.
Ou seja, haverá a necessidade de treinamento específico de engenheiros civis
e arquitetos, de forma que estes possam receber noções que extrapolem a simples
atividade da arquitetura e da engenharia, recebendo conhecimentos de como se
executar uma obra segura para seus futuros usuários.
Necessário que seja dada a devida atenção as questões levantadas neste
estudo, no que diz respeito às necessidades das classes mais carentes, onde ocorrem
a maioria dos acidentes e óbitos provenientes da falta de um atendimento técnico
especializado a estas comunidades, estabelecendo-se regras claras no novo Código
de Obras, as alturas corretas para platibandas, guarda-corpo e peitoril, além das
ancoragens e linhas de vida.
Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo
4.2 Legislação do Corpo de Bombeiros – Instrução Té cnica nº 11 – Saída de
Emergência
5.7.10.4 Será aceita uma distância de 1,20 m, para qualquer altura da edificação, entre a abertura desprotegida do próprio prédio até o paramento externo do balcão, varanda ou terraço para o ingresso na escada enclausurada à prova de fumaça (PF), desde que entre elas seja interposta uma parede com TRF mínimo de 120 minutos (Figura 3) e. ter altura de peitoril de 1,3 m.
53
Figura 3 - Medidas para balcão, descritas no art. 5.7.10.4 da IT-11 do CBSP. Fonte: IT - 11 - Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo
Entende o autor, coautora e colaboradores, que o termo "balcão", varandas,
terraços e assemelhados devem ter altura mínima de 1,30m conforme
exemplificado na figura 03, nas prescrições da IT-11 - Saídas de Emergências do
Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.
Referente aos esclarecimentos do Corpo de Bombeiros, quanto à altura de
1,30m é referente ao guarda-corpo de um local definido como rota de fuga, a saber:
corredores, passagens etc., que dão acesso para saídas de emergências. Quanto as
ancoragens, estas por não obedecerem às prescrições estabelecidas em Normas do
NR-18 do Ministério do Trabalho e Emprego, em permanecerem com material
inadequado sujeitas às intempéries, o que danifica o material metálico e expõe o risco
as vidas dos socorristas e demais usuários, não mais são exigidas nesta nova IT,
(Instrução Técnica) sendo apenas orientada a sua instalação.
4.3 Responsabilidade Civil do Estado
Importante atribuição do Poder Executivo Municipal na consecução do
cumprimento das funções sociais da propriedade urbana e da cidade, propiciando um
54 desenvolvimento urbano equilibrado, socialmente justo, e sustentável do ponto de
vista econômico e ambiental, bem como evitando e corrigindo distorções no
crescimento urbano e seus efeitos negativos para o meio ambiente e para a qualidade
de vida das pessoas, é o controle das construções. Quanto aos aspectos estruturais
e funcionais, busca-se garantir que as edificações sejam seguras e salubres para as
pessoas e para o meio ambiente e estruturalmente idôneas à função para qual se
destina.1
O sistema jurídico brasileiro adota a responsabilidade patrimonial objetiva do
Estado sob a forma da Teoria do Risco Administrativo. Tal assertiva encontra respaldo
legal no art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1998. Todavia, quando o dano
acontece em decorrência de uma omissão do Estado, é de aplicar-se a teoria da
responsabilidade subjetiva.
No caso dos acidentes relatados neste estudo, devido a queda de pessoas em
laje, em construções das comunidades carentes, implica na Conduta omissiva por
parte do Estado.
Vale ressaltar que a falha, que ocorre nas legislações municipais, em pesquisa
de leis referentes ao Código de Obras de vários municípios não foram constatadas
normas especificas e claras abrangendo altura de parapeito, peitoril, guarda-corpo e
platibandas, a exceção ficou por conta do DECRETO Nº 33866 DE 20 DE MAIO DE
2011 - Regulamenta a Lei n.º 3.688, de 24 de novembro de 2003, modificada pelas
Leis nºs 4.815, de 25 de abril de 2008 e 5.102, de 28 de outubro de 2009,
estabelecendo as normas de uso e ocupação do solo da comunidade do Morro do
Pavão-Pavãozinho, no bairro de Copacabana, V R.A. – Copacabana, da cidade do
Rio de Janeiro.
Art. 5.º As edificações existentes podem ter de 1 (um) a 3 (três) pavimentos de qualquer natureza, excetuando-se o aproveitamento da laje da cobertura, segundo o definido nas subzonas, obedecendo ao estabelecido no Anexo II do presente Decreto. § 1.º Considera-se como aproveitamento permitido da cobertura a utilização da laje do último pavimento, tolerando-se cobrimento parcial ou total por telhas-vãs ou outros elementos construtivos como toldos, pergolados, caramanchões; tendo seus limites protegidos por guarda-corpo ou mureta de até 1,20m de altura. § 2.º A utilização da laje da cobertura, constituindo terraço coberto, é tolerada para usos não permanentes, tais como áreas de lazer e
1 Fonte: Controle de Edificações e Licenciamento Urbanístico: Ministério Público do Paraná
55
serviço, não sendo permitida sua compartimentação ou fechamento. Art° 8° As edificações deverão apresentar condições suficientes de higiene, segurança e habitabilidade, e respeitar o alinhamento definido pelo Anexo I deste Decreto. Art. 9.º Ficam consideradas passíveis de regularização todas as edificações existentes que se incluam nos parâmetros definidos pelo presente Decreto para fins de concessão de habite-se e inscrição imobiliária. Parágrafo único. Ficam excetuadas as edificações que tiverem mais de 03 (três) pavimentos e as edificações situadas na ARO – Área de Restrição à Ocupação.
Entende-se que a legislação do município de São Paulo abrange apenas
edificações acima de 400m² e com altura acima de 9,00m especifica para edifícios
verticais, especificando altura mínima de 1,20m para altura de platibandas para a
superfície de coroamento, também não fazendo menção da necessidade do
coroamento das lajes de reservatório elevado e casa de máquinas.
A análise realizada para Legislação de Código de Obras das cidades
consultadas, restringiu-se a consulta via site e não pessoalmente.
4.4 Legislação do Ministério do Trabalho e Emprego (NR 18 e NR 35)
Todas as edificações, novas ou antigas devem possuir o sistema de
ancoragem predial instalado.
− Ancoragem é um sistema de amarras por meio de cordas e cabos de aço nos
elementos permanentes e estruturais das edificações, propiciando estabilidade
dos equipamentos bem como segurança aos trabalhadores em telhados e
coberturas.
− O Ponto de Ancoragem é instalado no perímetro do edifício, de acordo com o
sistema projetado, visando a ancoragem dos trabalhadores em altura que se
utilizarão de andaimes ou de cadeiras suspensas.
− Estes pontos para ancoragem deverão ser previamente inspecionados quanto à
solidez exigindo-se testes de arranchamento e recertificação destas ancoragens.
PORTARIA N.º 157, DE 10 DE ABRIL DE 2006 - (DOU de 12/04/06 – Seção 1) Altera redação da Norma Regulamentadora n.º 18. A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e o DIRETOR DO
56
DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais e em conformidade com o disposto no inciso I do artigo 200 da Consolidação das Leis do Trabalho e no artigo 2º da Portaria n.º 3.214, de 08 de junho de 1978, resolvem: Art. 5º Incluir na NR-18 o item 18.15.6 – Ancoragem, com a seguinte redação: 18.15.56 – ANCORAGEM 18.15.56.1 As edificações com no mínimo quatro pavimentos ou altura de 12m (doze metros), a partir do nível do térreo, devem possuir previsão para a instalação de dispositivos destinados à ancoragem de equipamentos de sustentação de andaimes e de cabos de segurança para o uso de proteção individual, a serem utilizados nos serviços de limpeza, manutenção e restauração de fachadas. 18.15.56.2 Os pontos de ancoragem devem: a) estar dispostos de modo a atender todo o perímetro da edificação; b) suportar uma carga pontual de 1.200 Kgf (mil e duzentos quilogramas-força); c) constar do projeto estrutural da edificação; d) ser constituídos de material resistente às intempéries, como aço inoxidável ou material de características equivalentes. 18.15.56.3 Os pontos de ancoragem de equipamentos e dos cabos de segurança devem ser independentes. 18.15.56.4 O item 18.15.56.1 desta norma regulamentadora não se aplica às edificações que possuírem projetos específicos para instalação de equipamentos definitivos para limpeza, manutenção e restauração de fachadas. Art. 9° As exigências constantes dos artigos 1º a 3º passam a vigorar 180 (cento e oitenta) dias após a publicação desta portaria. Art. 10°As exigências constantes do artigo 5º se aplicam aos projetos aprovados pelos órgãos competentes após 180 (cento e oitenta) dias da publicação desta portaria. Art. 11° Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação. PORTARIA N.º 318 DE 08 DE MAIO DE 2012 - (D.O.U. de 09/05/2012 - Seção 1 - pág. 88) Altera a Norma Regulamentadora n.º 18. Art. 1º A Norma Regulamentadora n.º 18, aprovada pela Portaria MTb n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, passa a vigorar com as seguintes alterações: 18.15.56.1 Nas edificações com, no mínimo, quatro pavimentos ou altura de 12m (doze metros) a partir do nível do térreo devem ser instalados dispositivos destinados à ancoragem de equipamentos de sustentação de andaimes e de cabos de segurança para o uso de proteção individual a serem utilizados nos serviços de limpeza, manutenção e restauração de fachadas. 18.15.56.2 Os pontos de ancoragem devem: b) suportar uma carga pontual de 1.500 Kgf (mil e quinhentos quilogramas-força); 18.15.56.5 - A ancoragem deve apresentar na sua estrutura, em caracteres indeléveis e bem visíveis: a) razão social do fabricante e o seu CNPJ; b) indicação da carga de 1.500 Kgf; c) material da qual é constituído; d) número de fabricação/série. 18.1 Objetivo e Campo de Aplicação desta Norma Regulamentadora:
57
18.1.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. 18.1.2. Consideram-se atividades da Indústria da Construção as constantes do Quadro I, Código da Atividade Específica, da NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e as atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou tipo de construção, inclusive manutenção de obras de urbanização e paisagismo. (Alterado pela Portaria SSST n.º 63, de 28 de dezembro de 1998) 18.1.3. É vedado o ingresso ou a permanência de trabalhadores no canteiro de obras, sem que estejam assegurados pelas medidas previstas nesta NR e compatíveis com a fase da obra. 18.1.4. A observância do estabelecido nesta NR não desobriga os empregadores do cumprimento das disposições relativas às condições e meio ambiente de trabalho, determinadas na legislação federal, estadual e/ou municipal, e em outras estabelecidas em negociações coletivas de trabalho.
Segundo a NR-35 do MTB:
35.4 Quanto ao ponto de ancoragem, devem ser tomadas as seguintes providências: a) ser selecionado por profissional legalmente habilitado; b) ter resistência para suportar a carga máxima aplicável; c) ser inspecionado quanto à integridade antes da sua utilização
Óbices arquitetônicos nas fachadas de edifícios, como molduras
salientes devem ser evitados, afim de que se permita as instalações
corretas das ancoragens e seu respectivo uso privilegiando-se a segurança
quando dos serviços de manutenção e pintura destas fachadas.
4.5 Modelos de Ancoragens e Fixações
4.5.1 Espera de Ancoragem por Fixação Química
Figura 4 - Espera de ancoragem por fixação química
58
Fonte: Dix soluções (2015)
4.5.2 Espera de Ancoragem por Transfixação
Figura 5 - Espera de ancoragem por transfixação Fonte: http://www.fixsolucoes.com/servicos/sistema-de-ancoragem/
4.5.3 Espera de Ancoragem por Dupla Transfixação
Figura 6 - Espera de ancoragem por dupla transfixação Fonte: http://www.fixsolucoes.com/servicos/sistema-de-ancoragem/
59
Foto 8 - Instalação dentro de viga de concreto Fonte: Manual de Prevenção de Acidentes do Trabalho em Serviços de Manutenção de
Fachadas - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo
Foto 9 - Ligação de cabo guia Fonte: Manual de Prevenção de Acidentes do Trabalho em Serviços de Manutenção de
Fachadas - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo
As edificações, com no mínimo quatro pavimentos ou altura de 12m a partir do
nível do térreo, devem possuir a instalação de dispositivos destinados à ancoragem
de equipamentos de sustentação para andaimes e de cabos de segurança para o uso
de proteção individual, a serem utilizados nos serviços de limpeza, manutenção e
restauração de fachadas.
60
Segundo à lei trabalhista, todo síndico e administrador de condomínios é
corresponsável pelo trabalhador terceirizado, respondendo também criminalmente em
caso de acidente de trabalho.
O Condomínio ao colocar em risco a vida de seus colaboradores em um
ambiente inadequado para a execução do trabalho em altura, tanto o condomínio
como o morador também é responsável por assegurar e prezar pela vida do
colaborador e caso algum transeunte seja atingido por fragmento de obra, ou seja
envolvido no acidente, este também terá direito à indenização junto ao condomínio.
4.6 Prescrições da Norma Regulamentadora NR 18 do M TE e IT-11 do Corpo de
Bombeiros
4.6.1 NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
As edificações com no mínimo quatro pavimentos ou altura de 12m a partir do
nível do térreo, devem possuir a instalação de dispositivos destinados à ancoragem
de equipamentos de sustentação para andaimes e de cabos de segurança para o uso
de proteção individual, a serem utilizados nos serviços de limpeza, manutenção e
restauração de fachadas.
Prescrição atual, porém, não atendida na maioria dos casos pesquisados.
4.6.2 IT 11 - Saídas de Emergências do Corpo de Bombeiros
A antiga IT-11 considerava que edificação com altura superior a 23 metros
deveria possuir o sistema de ancoragem para atender cada fachada, no entanto na
nova revisão desta IT-11, esta diretriz foi cancelada mediante a não conformidade
encontrada nos materiais utilizados nestas ancoragens, o que coloca em risco a sua
utilização.
Prescrição cancelada na nova Instrução Técnica.
61 4.7 Responsabilidade Civil e Criminal do Síndico
4.7.1 Responsabilidade civil
A responsabilidade civil do síndico ocorre quando as atribuições do cargo não
são cumpridas adequadamente, ocasionando prejuízos aos condôminos ou a
terceiros.
4.7.2 Responsabilidade criminal
A responsabilidade criminal do síndico acontece quando este não cumpre suas
atribuições, levando-o não apenas a uma omissão, mas a uma prática que pode ser
entendida como criminosa ou contravenção.
A RESPONSABILIDADE CIVIL do Síndico, previsto no Código Civil e em
legislações especiais, a fim de se alertar acerca dos efeitos danosos ao próprio síndico
por atos praticados durante sua gestão.
Em princípio, para quem sofreu o dano poderá exigir do próprio condomínio o
ressarcimento, que, após apurar a questão de culpabilidade poderá, em ação própria,
retroagir e exigir do síndico o prejuízo, lhe cobrando o ressarcimento devido.
Segundo o Código Civil, os artigos que tratam deste assunto, tem-se:
Artigo 186 dispõe que “aquele que por ação ou omissão, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, comete ato ilícito”.
Ao cometer o ato ilícito, nasce o direito do prejudicado a exigir a
responsabilidade do agente que cometeu o dano, amparado pelo Artigo 927, que
dispõe que o agente fica obrigado a reparar o dano causado.
O parágrafo único do artigo 927 estabelece a responsabilidade objetiva acerca
do ressarcimento, ou seja, reforça que o condomínio, dependendo da situação, será
o principal responsável pelo ressarcimento do prejuízo, independentemente da
apuração de culpa, caso em que, o síndico será alcançado em um segundo momento.
Ao ser alcançado na responsabilidade, pelo prejuízo causado, poderá os bens
do síndico responder pelo ressarcimento, conforme dispõe o artigo 942 do Código
Civil.
Nos artigos 1347 a 1356, que tratam da administração condominial e sobre as
atribuições do síndico, não trazem em seu escopo quanto a questão da
responsabilidade. Assim, em virtude da aparente lacuna nesta seção específica do
62 código, deve-se recorrer aos artigos 653 a 691 que tratam das responsabilidades do
mandatário.
Apesar de uma pequena corrente doutrinária dizer o contrário, não existe
relação de consumo entre condomínio e condôminos, isso porque, confundir-se-ia a
figura do prestador de serviço com o próprio consumidor, logo, não será o CDC -
Código de Defesa do Consumidor - fonte para discutir direitos desta natureza.
Para que exista imputabilidade do crime ao agente, deve haver um nexo ou
liame entre o fato e o resultado. Assim, estabelecido este nexo causal, tanto a ação,
quanto a omissão coloca o agente em condição de culpabilidade, como dispõe o artigo
13 do Código Penal.
Finalmente, além da responsabilidade civil, dependendo do dano causado,
responderá o síndico criminalmente pelo ato ou omissão relativas às suas atribuições.
Fonte: Edison Calixto - Consultor especializado em administração patrimonial
Conclui-se, portanto, dos exemplos acima citados, tanto por omissão, como por
negligência ou imprudência, o síndico responderá pelos atos danosos ao condomínio,
atribuídos à sua gestão.
4.8 Atribuição do Arquiteto
LEI Nº 12.378, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 - Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências. V- § 2o Serão consideradas privativas de profissional especializado as áreas de atuação nas quais a ausência de formação superior exponha o usuário do serviço a qualquer risco ou danos materiais à segurança, à saúde ou ao meio ambiente. Acrescente-se ainda que, dirimindo qualquer possível dúvida acerca das competências sobre as áreas de atuação profissional, a Lei n° 12.378, no parágrafo 2º do art. 3º determina: “Serão consideradas privativas de profissional especializado as áreas de atuação nas quais a ausência de formação superior exponha o usuário do serviço a qualquer risco ou danos materiais à segurança, à saúde ou ao meio ambiente”. Do disposto nesse 2° parágrafo, nota-se que a própria Lei consagra que, na definição das áreas de atuação privativas e compartilhadas, deve prevalecer sempre a primazia do melhor atendimento às necessidades sociais. Não são os interesses corporativos dessa ou
63
daquela categoria profissional que vêm em primeiro lugar, mas, ao contrário, deve prevalecer sempre a defesa e a proteção da sociedade, evitando-se que certas atividades técnicas sejam indevidamente exercidas por profissionais que não disponham de suficiente formação acadêmica que os credencie para tal exercício, o que viria expor o usuário do serviço prestado a qualquer tipo de dano ou de risco à sua segurança ou saúde, ou ao meio ambiente. RESOLUÇÃO N° 52, DE 6 DE SETEMBRO DE 2013 - Aprova o Código de Ética e Disciplina do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). 1. OBRIGAÇÕES GERAIS 1.1. Princípios: 1.1.1. O arquiteto e urbanista é um profissional liberal, nos termos da doutrina trabalhista brasileira, o qual exerce atividades intelectuais de interesse público e alcance social mediante diversas relações de trabalho. Portanto, esse profissional deve deter, por formação, um conjunto sistematizado de conhecimentos das artes, das ciências e das técnicas, assim como das teorias e práticas específicas da Arquitetura e Urbanismo. 1.2. Regras: 1.2.3. O arquiteto e urbanista deve defender sua opinião, em qualquer campo da atuação profissional, fundamentando-a na observância do princípio da melhor qualidade, e rejeitando injunções, coerções, imposições, exigências ou pressões contrárias às suas convicções profissionais que possam comprometer os valores técnicos, éticos e a qualidade estética do seu trabalho. 2. OBRIGAÇÕES PARA COM O INTERESSE PÚBLICO 2.2.7. O arquiteto e urbanista deve adotar soluções que garantam a qualidade da construção, o bem-estar e a segurança das pessoas, nos serviços de sua autoria e responsabilidade. 1.3. Recomendações: 1.3.1. O arquiteto e urbanista deve aprimorar seus conhecimentos nas áreas relevantes para a prática profissional, por meio de capacitação continuada, visando à elevação dos padrões de excelência da profissão. 3.3. O arquiteto e urbanista deve envidar esforços para assegurar o atendimento das necessidades humanas referentes à funcionalidade, à economicidade, à durabilidade, ao conforto, à higiene e à acessibilidade dos ambientes construídos. 2.3.5. O arquiteto e urbanista deve promover e divulgar a Arquitetura e Urbanismo colaborando para o desenvolvimento cultural e para a formação da consciência pública sobre os valores éticos, técnicos e estéticos da atividade profissional. 3.2. Regras: 3.2.1. O arquiteto e urbanista deve assumir serviços profissionais somente quando estiver de posse das habilidades e dos conhecimentos artísticos, técnicos e científicos necessários à satisfação dos compromissos específicos a firmar com o contratante.
A legislação acima deixa claro estar implícito no desenvolvimento da atividade
que estes profissionais tem a obrigação de garantir a segurança das pessoas e
serviços apresentados em peças gráficas e descritivas.
64
Segundo Jean-Bernard Auby, professor de Direito na Universidade de Paris,
“l’architecte doit remplir son rôle en respectant la réglementation, les règles de l’art et
les desirs de son client”, ou seja, "o arquiteto deve cumprir suas atribuições
respeitando a legislação, as regras da arte e os desejos de seu cliente."
Este conceito se aplica a engenheiros civis e construtores que, no caso da
omissão de legislação e ou norma, validam a ilicitude de seus comportamentos
negligentes quando não se respeitam estas ordens e restrições legais.
É clássica a definição de René Savatier, segundo a qual a culpa é “a
inexecução de um dever que o agente podia conhecer e observar”. Exatamente a
negligência na obediência do dever é que gerou o vício e, por consequência, a
obrigação de indenizar. O arquiteto tem o dever de conhecer a regra (presunção
absoluta); já o contratante, como leigo, tem todo direito de desconhecê-la por
completo.2
Segundo o renomado jurista Hely Lopes Meirelles, em seu livro "Direito de
Construir" em sua 9ª Edição, “Age com culpa todo aquele que, por ação ou omissão
voluntária, viola direito ou causa dano a outrem, por negligência, imprudência ou
imperícia de conduta, embora não desejando o resultado lesivo conforme prescreve o
artigo 159 do Código Civil de 1916, artigo 19, II do Código Penal, com Planiol, que a
culpa é a violação de um dever preexistente: dever de atenção, dever de cautela,
dever de habilidade, dever de prudência em todos os atos da conduta humana”.
Ainda, “a construção de obra particular ou pública, além das responsabilidades
estabelecidas no contrato, pode acarretar outras para o construtor, para o autor do
projeto, para o fiscal ou consultor e para o proprietário ou Administração contraente.
São responsabilidades legais e extracontratuais, de ordem pública, decorrentes da lei,
de fatos da obra e da ética profissional, e, por isso mesmo, independente de
convenção das partes”.
Lembrando que o Art. 39 do Código de Defesa do Consumidor é vedado ao
fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada
pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela
2 Fonte: “O arquiteto e a Lei – Elementos de Direito da Arquitetura”.
65
Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
O art. 159 remete ao Código Civil que não está mais em vigor, sendo o atual o de
2002, porém isto não mudou o teor do texto.
Ao contrário do que ocorre em outros países, a responsabilidade civil do
arquiteto por vício do projeto não é tema difundido entre a classe e a sociedade,
diferentemente ocorre com a questão estrutural, bastante trabalhada pela doutrina e
contemplada especificamente por lei, inserida no contexto da Lei no Brasil, no que se
refere a solidez e segurança da obra.
4.9 Atribuição do Engenheiro Civil
RESOLUÇÃO N° 1002, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2002 - Aprova o Código de
Ética e Disciplina do Conselho de Engenharia e Agronomia - CONFEA, tem-se:
O Código de Ética da Engenharia e Agronomia conforme resolução acima do
CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, enuncia os fundamentos
éticos e as condutas necessárias a boa prática dos profissionais destes profissionais,
prescreve algumas das condutas, a saber:
Artigo 8º A prática da profissão é fundada nos seguintes princípios éticos aos quais o profissional deve pautar sua conduta: Da intervenção profissional sobre o meio VI) A profissão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento sustentável na intervenção sobre os ambientes natural e construído, e na incolumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores; Dos deveres Artigo 9º No exercício da profissão são deveres do profissional: III) nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores: f) alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos às prescrições técnicas e às consequências presumíveis de sua inobservância; g) adequar sua forma de expressão técnica às necessidades do cliente e às normas vigentes aplicáveis; Das condutas vedadas Artigo 10º No exercício da profissão são condutas vedadas ao profissional: III) nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores: e) descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua coordenação;
66 4.10 Norma NBR 15575:2013 - Edificações habitaciona is — Desempenho
A Norma NBR 15575:2013 em sua parte 5: Requisitos para os sistemas de
coberturas prescreve ações mínimas de segurança, conforme abaixo mencionado em
seus respectivos itens:
9.2.1 Critério - Guarda-corpos em coberturas acessíveis aos usuários
O artigo acima prescreve apenas condições que remetem ao uso da norma
NBR 14718:2013, para uso em solários, terraços, jardins e semelhantes, ou seja,
específico para áreas de uso acessível e não aplicável as áreas de uso temporário ou
restrito, como as áreas tratadas neste estudo.
No caso de coberturas com acesso a automóveis, as platibandas devem ter
capacidade de suportar, em qualquer posição, carga horizontal concentrada com
intensidade de 25kN, aplicada a 50cm a partir do piso.
9.2.2 Critérios - Platibandas
Vigas de fechamento no contorno de coberturas ou platibandas previstas para
sustentar andaimes suspensos (em geral balancins leves) devem suportar a ação dos
esforços atuantes no topo e ao longo de qualquer trecho em função da atuação das
forças F (exercidas pelos cabos), majoradas conforme NBR 8681:2003 - Ações e
segurança nas estruturas - Procedimento.
O braço de alavanca (b), a distância entre as linhas de força (f) e a distância
entre as forças F e a superfície externa da viga ou da platibanda, (a) conforme figura
abaixo, devem ser informados no Manual de Uso, Operação e Manutenção do imóveis
apresentadas pelo (s) respectivo (s) fornecedor (es) do (s) equipamento(s).
67
Figura 7 - Binários aplicados no topo da platibanda, simulando ação de andaime suspenso
Fonte: Figura F1 do Anexo "F" da NBR 15.575:2013 - Parte 5
O Manual deve fornecer ainda os respectivos esquemas de apoio e
transmissão de cargas, bem como as cargas máximas e/ou os momentos máximos
passíveis de atuarem, considerando os coeficientes de majoração previstos na norma
NBR 8681:2003.
9.2.3 Segurança no trabalho em sistemas de coberturas inclinadas Coberturas
inclinadas
Ou águas de telhados com declividade superior a 30% devem ser providas de
dispositivos de segurança suportados pela estrutura principal.
A cobertura deve ser provida de ganchos ou outros dispositivos na sua parte
mais alta, com possibilidade de fixação de cordas ou cabos a partir do ático ou escada
interna de acesso, de forma que o dispositivo de segurança seja instalado antes dos
trabalhadores terem acesso à cobertura.
O Manual de Uso, Operação e Manutenção deve registrar a forma de acesso à
cobertura, os detalhes de fixação de equipamentos, cordas e cintos de segurança para
trabalhos de manutenção nas coberturas inclinadas.
Vale ressaltar ainda, que a versão de 2004 prescrevia que "A ação do vento
deve ser cuidadosamente avaliada, considerando-se principalmente os efeitos locais
em beirais, cumeeiras, espigões e outras regiões sujeitas à formação de vórtices,
aceleração do fluxo de ar, combinação de sobre pressão e sucção (típica em beirais)
“No caso de cobertura protegida por platibandas, seus efeitos (em geral
benéficos) devem também ser considerados. ”
68
9.2.2.2 Premissas de projeto
b-. Constar dados que permitam ao incorporador e/ou construtor indicar no Manual de
Uso, Operação e Manutenção, a possibilidade ou não de fixação de andaimes
suspensos por ganchos e as condições de utilização de dispositivos destinados a
ancoragem de equipamentos de sustentação de andaimes e de cabo de segurança
par auso de proteção individual, conforme esquema estabelecido em projeto.
Com relação a esta norma, entende-se que deve atentar para a altura da
platibanda, também omissa em seu escopo no que diz respeito à altura destes
elementos.
4.11 Norma para Guarda-corpo
Encontra-se em estudos na ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas,
os primeiros textos base, entre os quais estão: PN 191.000.01 - 003/1: Guarda-corpos
para edificações – Parte 1 – Terminologia e classificação; PN 191.000.01-003/2:
Guarda-corpos para edificações – Parte 2 – Requisitos para as diversas aplicações
(aeroportos, terminais de transportes, instituições de ensino, hospitais, shoppings,
estádios, ginásios); PN 191.000.01-003/3: Guarda-corpos para edificações – Parte 3
– Métodos de ensaio; PN 191.000.01-003/4: Guarda-corpos para edificações – Parte
4 – Instalação, Manutenção e Vida Útil de Projeto.
4.11.1 Ensaios
Ensaios em produtos que serão instalados em escolas, shoppings centers,
estádios de futebol e outros locais não previstos na atual norma, para estes casos, a
ABNT NBR 14718:2008 -Guarda-corpos para edificação não se aplica a tais
ambientes. Com a revisão da ABNT NBR 14718, importante se faz, a alteração da
altura deste tipo de guarda-corpo, atualmente previsto em 0,90m e 1,00m, nas
respectivas figuras, 3 do exemplo 2 e figura 6, para altura igual ou maior que 1,30m,
e diminuição do espaço de 11cm entre barras para se eliminar a colocação do pé
neste vão, o que possibilita a elevação do centro de gravidade do corpo de um
indivíduo, ao se apoiar no guarda-corpo.
69 5 CINESIOLOGIA – PLANOS E EIXOS DO MOVIMENTO HUMANO
Planos são definidos como elementos bidimensionais retilíneos que no corpo
humano dividem o mesmo em duas partes.
O plano que divide o corpo em duas partes, sendo estes: direita e esquerda, é
denominado de sagital e os movimentos que ocorrem neste plano são denominados,
em sua maioria, flexões/extensões.
O plano que divide o corpo em partes anterior e posterior é denominado de
frontal e os movimentos corporais que ocorrem neste plano são denominados, em sua
maioria, de abduções a aduções.
Por último, mas não menos importante, o plano que divide o corpo em partes
superior e inferior é denominado de transversal ou horizontal, e neste ocorrem as
rotações e supinações/pronações.
Quando estes três planos dividem o corpo em partes proporcionais em termos
de massa corpórea, na intersecção destes encontraremos o Centro de Gravidade
(CG) do indivíduo. O CG caracteriza-se como o centro virtual de concentração de toda
a massa corpórea, ou o ponto de equilíbrio do corpo, conforme visto na figura
ilustrativa abaixo.
70
Figura 8 - Divisão do corpo humano em Plano Sagital, Coronal e Transversal. Fonte:Educadores (2015)
Figura 9 - Demonstração complementar das orientações corpora is acima visto Fonte: http://fernandagomesbiomecanica.blogspot.com.br/2015_06_01_archive.html
71
A figura 08 e 09 serve de ilustração para visualização e entendimento do
movimento humano, o Plano Transversal mostra a posição do CG – Centro de
Gravidade do corpo humano e de seus possíveis movimentos quando ao lado do
guarda-corpo, peitoris e destinados a passagem de pedestres em ambientes
transitórios ou temporários, o indivíduo pode perder seu equilíbrio ao lado da mureta,
observado no levantamento de campo deste trabalho, que as muretas de proteção
denominadas de platibanda tem altura entre 0,15 e 0,50 metros, em lajes de cobertura
de caixas d’água, casa de máquinas e última laje de cobertura em edificações em
geral, como esta pequena altura propicia quedas, estas poderão ocorrer tanto do lado
do Plano Sagital como do Coronal do indivíduo.
Centro de gravidade é o termo usado para denominar o ponto onde um corpo
se equilibra levando-se em conta a aceleração da gravidade local. Sabe-se que o
campo gravitacional da Terra não é uniforme. A aceleração da gravidade na superfície
média da Terra é de 9,83 m/s², sendo que aceleração na Terra varia minimamente,
devido a diferentes altitudes, variações na latitude e distribuição de massas do
planeta.
O Centro de Gravidade é o ponto dentro de um objeto onde se pode considerar
que toda a massa, ou seja, o material que constitui o elemento, esteja concentrada
(também chamada de baricentro). A gravidade puxa para baixo todo ponto de massa
que constitui este objeto ou o corpo. No entanto, a determinação do Centro de
Gravidade do corpo humano é muito difícil, pois este não apresenta densidade
uniforme, não é rígido e não é simétrico enquanto um objeto com todas estas
características o Centro de Gravidade em cada ponto é igual.
Existem cálculos matemáticos que analisam parte a parte o centro de gravidade
de um corpo não uniforme, de forma a adquirir um resultado médio do centro de
gravidade do mesmo.
A habilidade de controlar a postura e a marcha de um indivíduo também está
associada a outros fatores, como a idade, massa do corpo, altura, uso de drogas e
implicações clínicas, fatores estes, que contribuem para a alteração do equilíbrio e
que geram disfunções biomecânicas, podendo resultar em quedas e mortes, além de
possíveis distrações e desprezo pelo iminente risco.
72 5.1 Centro de Gravidade do Corpo Humano
A partir do conceito de aceleração de gravidade (g = 9,81 ms -2 ) pode definir-
se o centro gravidade como sendo o ponto de aplicação da força resultante do
somatório do conjunto de forças de atração da Terra. Cada uma dessas forças é
exercida sobre cada uma das partículas da massa do corpo. No corpo humano o
centro de gravidade (C.G.) coincide com o centro de massa (C.M.). O C.M. é o lugar
geométrico de massas e, portanto, independentemente de qualquer campo gravítico,
enquanto que, o C.G. é o ponto de aplicação de vetor que representa o peso do corpo.
Este vetor tem como ponto de aplicação - centro de massa; a direção - vertical; o
sentido - descendente; e, a intensidade - valor de Peso (P = m*g) = (P, Peso do corpo;
m, massa do corpo; g, aceleração da gravidade). As unidades de medida são: Massa
- Kilogramas (Kg); Peso - Newtons (N) = 1 N = 1 kg·m/s²
5.2 Localização do C.G. do Corpo Humano 3
O centro de gravidade da totalidade do corpo humano depende da colocação
relativa dos centros de gravidade dos corpos parciais. Esta definição implica que o
corpo humano seja considerado dividido em vários corpos rígidos e que para cada um
seja conhecido o respectivo C.G. De um modo geral considera-se que o C.G. (adulto
jovem em posição anatômica normal) está localizado no bordo anterior da 2ª vértebra
sacral. No entanto, em cada execução, o Movimento é a causa fundamental da
variação da colocação instantânea do C.G. da totalidade do corpo.
O Movimento, isto é, a deslocação relativa dos "corpos rígidos", em que o
"corpo articulado" está dividido, provoca uma alteração constante da resultante final
para o conjunto. Cada um daqueles corpos rígidos tem um C.G. bem definido e
considerado fixo. As posições relativas desses corpos associados às respectivas
massas provocam uma resultante sempre diferente no que respeita à posição do
ponto de aplicação, mas constante em relação às restantes características do vetor
peso, isto é, intensidade e direção.
3 Fonte: Fundamentos e elementos de análise biomecância do movimento humano. João M.C.S. Abrantes. Março 2008. Reedição do autor MovLab. Universidade Lusófona Lisboa, PT.
73 6 RAZÃO DE OURO
Um dos primeiros registros que se tem conhecimento sobre a Razão de Ouro
data de aproximadamente 1650 a.C, no papiro de Rhind, um documento no qual
constam 85 problemas copiados por um escriba chamado Ahmes de um trabalho bem
mais antigo. Onde a “razão sagrada” é citada, acredita tratar-se da Razão de Ouro.
Há relatos entre 1826 e 1910 a.C., também, que os antigos babilônios sabiam
como criar o Retângulo de Ouro, através de uma tabua com comprimento de 29,21
cm e com a largura de 17,78 cm, (razão de 1,64) que ficou conhecida como a “Tábua
de Shamash”, com suas dimensões muito próximas da Razão de Ouro.
Na Pirâmide de Quéops, no Egito, cada bloco é 1,618 vezes maior que o bloco
do nível logo acima e também, as câmaras em seu interior seguem esta proporção,
de forma que os comprimentos das salas são 1,618 vezes maiores que as larguras.
Porém é atribuída ao matemático grego Hipasus Metapontum ou Hípaso de
Metaponto (470 – 400) a.C. nascido na cidade grega de Metaponto sul da Itália, a
descoberta de grandezas incomensuráveis. Teria sido Hípaso o principal responsável
por profundas mudanças no pensamento filosófico da escola pitagórica em meados
do século V a.C., de que tudo no universo podia ser reduzido somente a números
comensuráveis (racionais) ou suas razões, pois o mesmo produziu um elemento não–
inteiro que negava os ensinamentos adquiridos nos cultos secretos onde era discípulo
do mestre Pitágoras de Samos (570 – 495) a.C.
Já a menção da razão de ouro no Homem Vitruviano, que é um conceito
apresentado na obra, Os Dez Livros da Arquitetura, de autoria do arquiteto e
engenheiro romano Marcus Vitruvius Pollio, que viveu no século I a.C., que consiste
de um tratado teórico e técnico detalhado que sobrevive à mais antiga e mais influente
de todas as obras sobre arquitetura.
Segundo raciocínio matemático que se baseia, em parte, na divina proporção,
também conhecida como razão ou número de ouro, (Entre outras nomenclaturas) o
homem descrito por Vitruvius, no terceiro livro de sua obra, apresenta-se como um
modelo ideal para o ser humano, cujas proporções existentes entre o antebraço, o pé,
a palma, o dedo e outras partes menores são perfeitas segundo o ideal clássico de
beleza.
Estudos desenvolvidos pelo matemático Leonardo Pisa sobre o mesmo tema,
74 este também conhecido como Fibonacci, resultaram na chamada sequência de
Fibonacci, a razão entre 89 e 55 (dois de seus respectivos termos), por exemplo, dará,
aproximadamente, 1,618. Quando isto ocorre, diz-se que o retângulo em questão é
áureo; ou que o mesmo se aproxima da razão de ouro.
Fibonacci obteve sua educação fora de Pisa. Em 1202, quando retornou,
publicou a obra Liber Abaci (Livro do Ábaco), que trata da álgebra e da aritmética
através de problemas elementares.
Neste livro, um problema sobre coelhos, ficou conhecido por gerar uma
sequência. A ela deu-se o nome de sequência de Fibonacci.
O número 1,618 é um número irracional, representado pela letra Fi (�); (Phi)
em homenagem a Phídeas (470 – 425) a.C., o mais importante escultor e arquiteto
grego da antiga civilização helênica, que exerceu profunda influência sobre todos os
grandes projetos artísticos levados a cabo no Século de Péricles, Século este, que se
estendeu entre 439 a.C. (quando os atenienses organizaram o cerco de Samo) e 338
a.C. (quando os gregos foram derrotados pelo exército macedônico na batalha de
Queroneia) sendo considerada a “Idade de Ouro” de Atenas. Neste período, Phídeas
revelou-se a principal personalidade artística por detrás do desenvolvimento do puro
estilo clássico. Atribui-se a este artista, grandes obras, dentre as quais destaca-se o
Parthenon, as esculturas Athena Parthenos e Athena Promachos (456) a.C., entre
outras
Em toda extensão dos seus trabalhos havia um grande conhecimento e
aplicação do número de ouro, embora não o tenha atribuído esse nome, o que só viria
a acontecer dois mil anos depois, com os primeiros relatos escritos pelo padre Luca
Pacioli (1452 – 1519) d.C.,em seu livro Divina Proporção, de 1509.
6.1 A Razão de Ouro na Matemática
� + �� = �
� = �
A equação acima mostra que � = �� o que pode ser substituído na parte
abaixo, resultando em:
75
�� + ��� = ��
�
Cancelando b em ambos os lados, temos:
� + 1� = �
Multiplicando ambos os lados por � resulta: � + 1 = �
Finalmente, subtraindo-se � ambos os membros da equação e multiplicando
todas as parcelas por -1 encontra-se:
� − � − 1 = 0
Que é uma equação quadrática da forma
a� + �� + � = 0
em que
a = 1, b = -1 e c = -1
Agora, basta resolver essa equação quadrática. Pela Fórmula de Bháskara:
� = −� ± √� − 4��2�
� = −(−1) ± �(−1) − 4(1)(−1)2(1)
� = 1 ± √1 + 42
� = 1 ± √52
A única solução positiva dessa equação quadrática é a seguinte:
76
� = 1 ± √52 ≈ 1,618033989
Que é o número da Razão de Ouro (φ) ou sua razão inversa %&'(, que será igual
a: 0,618033989.
Portanto, a Razão de Ouro é uma constante real algébrica conhecida pela letra
grega Phi (φ) diferentemente do número Pi (π) com o valor numérico aproximado de
3,14, que pertence aos números irracionais.
6.2 A Razão de Ouro na Arte
Em busca pela beleza e perfeição em suas obras, artistas renomados da
história da arte, como Michelangelo, Piet Mondrian, Salvador Dalí, Albrech Dürer,
Leonardo da Vinci, entre outros, usaram o número áureo, através do retângulo de
ouro, em suas criações artísticas para lhes conferir harmonia.
Neste estudo que pretende logo adiante avançar para as questões relativas ao
foco em questão, que é a altura dos elementos arquitetônicos em função dos diversos
conhecimentos históricos que aqui estão sendo relatados e pertinentes as medidas
humanas, vamos ressaltar o artista italiano Leonardo da Vinci (1452 – 1519) d.C., um
dos mestres do Renascimento, que se valia de conceitos matemáticos para a
confecção de suas pinturas.
Leonardo Da Vinci começou um dos mais impressionantes levantamentos de
anatomia para entender o funcionamento de órgãos, do esqueleto, dos músculos e
tendões, o artista anatomista italiano além de pintor, escultor, músico, cientista,
arquiteto, engenheiro e inventor, também atuou na área de medicina.
Ao longo de 15 anos (1498 a 1513), Leonardo desenhou órgãos e elementos
dos sistemas anátomo-funcionais do corpo humano em um estudo que começou pela
leitura das obras de autores da medicina pré-renascentista.
O conceito do famoso desenho inspirado no modelo ideal para o corpo do ser
humano levou Leonardo Da Vinci em 1490 a criar o "O Homem Vitruviano”, com base
na descrição de Vitruvius, permitindo criar as proporções ideais do corpo masculino,
estas, expressado como ideal clássico da beleza.
77
A área das duas figuras geométricas é igual. O umbigo da figura humana é o
seu real centro de gravidade, examinando o desenho como um todo, pode-se notar
que a combinação das posições dos braços e das pernas forma quatro posturas
diferentes: braços e pernas em cruz, braços e pernas abertos, braços em cruz e
pernas abertas, braços abertos (para o alto) e pernas unidas.
Este estudo não discute os mitos que cercam alguns dos maiores cientistas que
já existiram e as controvérsias sobre os mesmos.
Figura 10 - O Homem vitruviano. Fonte: The Worlds of Leonardo da Vinci.
6.3 A Razão de Ouro na Arquitetura
Arquitetos famosos também adotaram a razão áurea como parâmetro para a
construção de suas obras. Esse recurso foi usado para dar ênfase a harmonia e
beleza em suas respectivas obras, como foi o caso do arquiteto grego Phídeas e do
suíço Le Corbusier, como veremos abaixo na sequência deste capítulo.
6.3.1 O Modulor
Entre 1942 e 1948, o Arquiteto e Designer, Charles-Édouard Jeanneret,
conhecido como Le Corbusier, desenvolveu um sistema de medição que ficou
conhecido por “Modulor”.
78
O Modulor módulo de ouro, é uma tabela para uso da arquitetura inspirada no
número ou razão de ouro Φ, Le Corbusier construiu-a tomando-se como base três
medidas aproximadas, 43cm, 70cm e 113cm, onde 113 = 70 + 43 e cuja razão é o
número de ouro. Nota-se que a secção áurea de 113 é 70; que a de 70 é 43 = 113 -
70; que a de 43 será 27 = 70 - 43, e assim sucessivamente. Assim, Le Corbusier parte
de 113 e continua, nos dois sentidos, construindo uma cadeia de secções áureas a
que chamou série vermelha:
4 - 6 - 10 - 16 - 27 - 43 - 70 - 113 - 183 – 296
A estatura humana correspondia à medida de referência 183cm. A altura ao
solo, do umbigo seria de 113 cm; o joelho situar-se-ia a 43cm, etc... As medidas da
série vermelha foram, por Le Corbusier, tomadas como base para o estudo das alturas
(finalmente) de bancadas, cadeiras, mesas, balcões, janelas, muros, portas,
matematicamente, número de ouro é a raiz positiva da equação:
x2 – x – 1 = 0
positivox →+=⇒±=+±=
−−−±−−=
2
51
2
51
2
411
)1(2
)1)(1(4)1()1( 2
φ
Ou seja: � = &±√) ≈ 1,618033989
É uma dízima infinita não periódica. Com dez casas decimais podendo-se
escrever φ = 1,6180339887....
A razão entre cada termo desta sucessão e o anterior converge para um valor
representado pelo índice 0,61803, Le Corbusier, este aplicou aquela proporção
partindo de um valor de referência de 1,83m.
Assim tem-se: 1,83m x 0,61803 = 1,13m de altura do chão até o umbigo de um
indivíduo.
Le Corbusier desenvolveu medidas modulares baseadas nas proporções de
um indivíduo francês inicialmente com 1,75 m e mais tarde com 1,829 m (1,83m) de
altura para um indivíduo inglês, abaixo a figura 11 demonstra as medidas relativas a
um indivíduo com altura de 1,829m.
Leonardo Da Vinci e Le Corbusier definem como sendo o umbigo, o real centro
79 de gravidade do corpo. O corpo humano é de fato uma ilustração notável e obvia da
presença da regra da razão de ouro demonstrada nestes estudos, o que se crê, que
altura ideal de um anteparo que garanta a segurança contra quedas de um indivíduo,
deva estar o mais próximo do peito e acima do umbigo.
Figura 11 - Valores da métrica humana.
Fonte: LE CORBUSIER - Livro "Le Modulor" por Le Corbusier - 1950 - Collection Ascoral III Section & Normalisation et Construction, Vol. 4 - Éditions de L'ArchitectureD'Aujourd'Hui
Ainda, com base no Livro "Le Modulor" por Le Corbusier, como exemplificação,
tem-se: Altura do chão até o umbigo de um indivíduo e adotando-se um modelo crítico
como referência, com altura de 1,865m, favorecendo a segurança dos indivíduos
brasileiros em geral com menor altura (1,74m) e para fins deste estudo, tem-se:
Para altura = 1,865m x 0,618 = hCG = 1,15m
No entanto, definir esta altura para um anteparo, colocaria o usuário em condições
desfavoráveis, seria necessário um acréscimo para os casos que envolvam condições
de equilíbrio instável, onde o indivíduo encontra-se vulnerável à quedas.
Em 2011 o IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, constatou que
80 o topo médio masculino de 1,67 metros subiu para uma altura média de 1,74 metros,
desta forma o centro de gravidade de um brasileiro médio estaria em torno de 1,075m
pela Razão de Ouro, medida de altura para anteparos de quaisquer naturezas devem
estar localizadas acima do umbigo, próximo do peito do indivíduo, para tal, deve ser
adotado um modelo acima desta altura mediana.
Vale lembrar ainda, que estes parâmetros antropométricos idealizados por Le
Corbusier há cerca de 70 anos, para definição de alturas diversas para aplicação na
arquitetura devem ser considerados o grau de risco do elemento, no caso de guarda-
corpo, anteparo, peitoril e platibanda tratado neste estudo, pois as pessoas não são
todas iguais, além de critérios estéticos sobre as proporções definidas por Le
Corbusier, há de se considerar a segurança das pessoas e o estado de saúde física
e psicológica, além das condições do ambiente.
A queda acidental expressa à presença de fatores etiológicos intrínsecos, tais
como doenças crônicas, fármacos, distúrbios do equilíbrio corporal e déficits
sensoriais:
− Involução motora decorrente do processo de envelhecimento;
− Disfunções e doenças são vistas como causas da dificuldade ou incapacidade de
manter o equilíbrio das pessoas;
− Presença de doenças ou dificuldades motoras;
− Uso de dispositivos auxiliares de marcha;
− Déficit visual;
− Uso de medicamentos;
− Suspeita de depressão, falta de equilíbrio e passo diminuído.
No campo do trabalho:
− Perda de equilíbrio: passo em falso, escorregão;
− Falha de uma instalação ou dispositivo de proteção individual ou coletivo;
− Método incorreto de trabalho;
− Contato acidental com fios de alta tensão;
− Inaptidão do trabalhador à atividade.
81 7 ANTROPOMETRIA E O CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO HU MANO
Como visto no item anterior, sabe-se que, na antiguidade, alguns personagens
já se interessavam pela descoberta do centro de gravidade do corpo humano,
conforme análise do plano hipotético do centro de gravidade de um indivíduo realizada
no ano de 1650, pelo Físico italiano Alfonso Borelli. Por volta de 1836, os irmãos
Weber aperfeiçoaram o método de Borelli, afirmando que o centro de gravidade do
corpo humano encontrava-se a 56,8% da altura do indivíduo, além de Harless (1860)
e Braune e Fischer (1889), que fizeram pesquisas de centro de gravidade em centenas
de cadáveres de ambos os sexos, determinando que o centro de gravidade se
encontrava a 54,8% da altura média daqueles cadáveres pesquisados. Estes estudos
foram complementados posteriormente, iniciando-se por Weinback, em 1938 até
Dempster em 1955.
É possível citar vários personagens que se interessaram pelo tema, como
Leonardo da Vinci (1452-1519), Galileu Galilei (1564-1463), Giorgio Baglivi (1668-
1706), Niels Stensen (1648-1686), Nicolas Andry (1658-1742), Rasch & Burk (1977),
entre muitos outros.
Entretanto, foi no começo do século XX, que Lovett e outros, aperfeiçoaram a
metodologia e Dawson propôs um método cartesiano para determinar o centro de
gravidade do corpo humano. No entanto, atualmente, há programas sofisticados que,
associados a câmeras de vídeo posicionadas no espaço tridimensional, são capazes
de determinar, instantaneamente, o centro de gravidade e, visualmente, nos três
planos corporais.
Como se pode observar, a antropometria, na história antiga já tinha a
preocupação de mensurar o corpo do homem e, ao longo do tempo, as proporções do
corpo foram estudadas por filósofos, artistas, teóricos, engenheiros e arquitetos.
Conforme descrito no item 5 deste estudo - Cinesiologia - Planos e eixos do
movimento humano - a origem das orientações referentes aos Planos Frontal, Sagital
e Horizontal está situada no centro de gravidade (CG) do corpo humano.
82 Atualmente são utilizados diversos métodos para se calcular a posição do CG
no corpo humano, mas um deles toma como base o corpo por inteiro (Abordagem
direta), e o outro secciona o corpo (Abordagem indireta) por meio de tabelas de pesos
e tamanhos médios para cada elemento, e a posição do centro de gravidade será uma
resultante das projeções dos centros de massa de cada segmento, como pode ser
visto no anexo 5.
8 CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO HUMANO
O corpo não é um objeto rígido e a localização de seu centro de gravidade
depende da posição de seus segmentos.
Supondo que o corpo esteja em pé, com seus braços pendendo ao lado (figura
12), pelo fato dos lados esquerdo e direito serem simétricos, seu centro de gravidade
ficará dentro do plano que divide seu corpo nas metades esquerda e direita (Plano
Sagital). Se o braço esquerdo for movido para cima e para o lado, seu centro de
gravidade se deslocará para a esquerda (figura 13). Erguendo-se os dois braços, o
centro de gravidade ficará acima do umbigo.
Figura 12 - Centro de gravidade no corpo humano Fonte: Google
83
Figura 13 - Alteração do CG para movimentação do braço esquer do
Fonte: Fonte: MORAES (1992)
Figura 14 - Alteração do CG para movimentação de a mbos os braços para
cima. Fonte: http://caos.planetaclix.pt/exercicio/aikido/index.html
O centro de gravidade de cima para baixo fica em um plano que atravessa
horizontalmente o corpo em 2,5 a 5 cm abaixo do umbigo, ou cerca de 15 cm acima
de seu púbis.
Vale ressaltar que alguém com pernas longas e braços e tórax musculosos terá um
centro de gravidade mais alto que uma pessoa com pernas mais curtas e grossas.
Nas mulheres, esse ponto é levemente mais baixo que o homem, porque elas têm
cintura pélvica mais larga e ombros mais estreitos, considera-se em torno de 55% de
84 sua altura a partir do solo, visto que nas mulheres a maior concentração de massa é
nos quadris e nos membros inferiores, enquanto que nos homens a maior
concentração de massa é no tronco e nos membros superiores, levando seu centro
de gravidade em torno de 57%. Assim, uma mulher consegue mais facilmente
executar o exercício exposto na figura 15, uma vez que seu peso maior encontra-se
abaixo dos quadris. Se o indivíduo levantar os dois braços acima da cabeça, seu
centro de gravidade irá se deslocar levemente para cima, entre de 5 a 8cm.
Figura 15 - Centro de gravidade das mulheres Fonte: http://www.seara.ufc.br/sugestoes/fisica/mec1.htm
Os idosos se tornam mais suscetíveis às quedas por conta das mudanças que seu
corpo sofre com o tempo. Durante o processo de envelhecimento aumentam as
assimetrias posturais que podem afetar o mecanismo de controle de equilíbrio levando
às quedas, conforme demonstrado na figura 16.
Figura 16 - Alterações no Centro de Gravidade do idoso Fonte: Antropometria Mario S. Ferreira - março, 2010
85 8.1 O fator salto em sapatos
De acordo com Valente (2007) quando o tornozelo é suspenso do chão o centro de
gravidade do indivíduo é deslocado para frente, conforme a altura do salto, a parte
inferior das costas se arqueia, a coluna e as pernas tendem a se alongar e o peito
projeta-se para frente, no sentido do anteparo. Ainda, segundo o mesmo autor, a
elevação do tornozelo com um salto de 10 cm, provoca uma distribuição de peso do
corpo entre 90 a 100% sobre os apoios localizados no antepé e no retropé (Van der
Linden, 2004), gerando uma postura de equilíbrio instável.
A figura 17 apresenta esquema exemplificando o deslocamento de peso em diferentes
alturas de salto.
Figura 17 - Distribuição de peso em diferentes alturas de salto (adaptação de Monteiro, 1999 apud Van der Linden, 2004) Fonte: Ergonomia Física Aplicada: O Caso do Calçado de Salto Alto - Silvia Marcia Fiori Sala, Carlos Aparecido Fernandes, Eugenio Andres Diaz Merino e Antônio Renato Pereira
8.2 Equilíbrio e gravidade:
Dois pontos definem o equilíbrio estável no corpo humano, o centro de gravidade e o centro de massa. Para Enoka (2002), o centro de massa é um local no qual todas as partículas do objeto estão igualmente distribuídas, formando o ponto de equilíbrio. Assim, o centro de gravidade nem sempre coincide com o centro de massa. A figura 18 mostra a relação entre posição da força peso e sua influência com o equilíbrio corporal, demonstrando as formas de equilíbrio estável e instável.
86
Figura 18 - Equilíbrio do corpo
Fonte: Vilela Junior, G.B, Hauser, M.W., Dagnone Filho, D., Oliveira, A.L., Cinesiologia, Ponta Grossa - PR: Editora UEPG. 2011
O boneco da esquerda, na figura 18, está em equilíbrio estável, enquanto que o
boneco da direita, ao projetar seu corpo para frente, torna seu equilíbrio instável
devido à força peso. Porém, o equilíbrio poderá ser recuperado ao levar um dos pés
do boneco um passo à frente. No caso de alguma impossibilidade de dar o passo à
frente, as chances de queda serão grandes.
Segundo Lehmkuhl e Smith (1989), alguns fatores influenciam o grau de estabilidade
do corpo, como: o tamanho da base de sustentação; a localização da linha de
gravidade dentro da Base de Sustentação (BS); a altura do centro de gravidade acima
da BS; e o peso do corpo, conforme configuração demonstrada dos pés de um
indivíduo no solo, visto na figura 19 e 20, observa-se a mudança do centro de
gravidade do corpo, de forma favorável e desfavorável ao equilíbrio do corpo humano.
87
Figura 19 - Base de suporte ou apoio Fonte: Fonte: Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos - Prof. Dr. André L.F. Rodacki, Msd Júlia Veronese Marcon, Msd Renata Alyne Czajka Sabchuk
Figura 20 - Base de suporte mediante posturas Fonte: Fonte: Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos - Prof. Dr. André L.F. Rodacki, Msd Júlia Veronese Marcon, Msd Renata Alyne Czajka Sabchuk O grau de estabilidade pode ser definido como o risco de se tornar instável em
relação a sua base de sustentação normal, para fins de estudo, adotar-se-á, a
situação de equilíbrio instável, provocada pelo apoio nas pontas do pé ou antepé.
Segundo Watkins (2001) o grau de estabilidade pode ser definido como o risco de
se tornar instável em relação a sua base de sustentação normal, visto na figura 21.
88
Figura 21 - ângulos necessários para causar equilíbrio instá vel Fonte: Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos - Prof. Dr. André L.F. Rodacki, Msd Júlia Veronese Marcon, Msd Renata Alyne Czajka Sabchuk
Parâmetros comparativos entre NBR 14718:2008 - Guarda-corpo e
Estudo antropométrico preliminar.
Considerando a determinação das massas segmentares de um indivíduo de 75 kg,
tem-se: (Ver Anexo-05)
Cabeça: 75 kg x 7,3 / 100 = 5,475 kg
Tronco: 75 kg x 50,7 / 100 = 38,02 kg
Braço: 75 kg x 2,6 / 100 = 1,95 kg (dois segmentos = 3,9 kg)
Antebraço: 75 kg x 1,6 / 100 = 1,2 kg (dois segmentos = 2,4 kg)
Mão: 75 kg x 0,7 / 100 = 0,525 kg (dois segmentos = 1,05 kg)
Total dos membros: = 50,845 Kg
Tabela 15 - Segmentos e percentuais corporais (Adaptado de Braune e Fischer) Fonte: Massa dos Segmentos Corporais - Braune e Fischer
Através dos segmentos corporais, tem-se:
Cabeça, tronco, braços, antebraços e mãos representam conforme tabela acima,
67.8% do peso total do corpo, variável com a idade, com musculatura e gordura.
89
Figura 22 - Equilíbrio estável e instável - Fonte: VILELA JR et aL, 2001 (Adaptado) Fonte: Fonte: VILELA JR et aL, 2001 (Adaptado)
Figura 23 - Equilíbrio estável e instável e comparativo de al turas prescritas em normas e legislação
Fonte: VILELA JR et aL, 2001 (Adaptado)
90
Figura 24 - Simulação entre altura do CG de um indivíduo com estatura de 1,74 m e outro com 1,865m, conforme figura 3 - Exemplo 3 da norma NBR 14718:2008 - Guarda-corpo Fonte: Do Autor
Na simulação vista na figura 24, a norma NBR14719:2008 preconiza uma barra
inferior instalada a 11cm do piso, inclusive coloca-se o desenho de um sapato
indicando a possibilidade de uma pessoa subir nesta barra, elevando seu CG,
colocando-a em risco desnecessário, para se evitar tal procedimento, recomenda-se
que a distância vista na figura 25 seja reduzida, tendo como objetivo, não permitir que
indivíduos possam "escalar" o guarda-corpo, inserindo o pé no vão recomendado pela
norma.
Ainda, eleva o CG do indivíduo colocando-o em condições extremas de
vulnerabilidade, pois há de se considerar que o corpo entrando em equilíbrio instável,
67,8% do peso da cabeça, tronco, braços, antebraços e mãos, fator agravante que
pode culminar em queda, lembrando que a habilidade de controlar a postura depende
vários fatores, e que podem gerar disfunções biomecânicas.
Percebe-se através da figura 24, que o indivíduo com 1,74m de altura, tem seu CG
9cm acima da superfície do guarda-corpo, definido pela norma como Zona de
Recepção (ZR). Já o indivíduo com 1,865m de altura, tem seu CG 16cm acima da
superfície do guarda-corpo.
91
Figura 25 - Distância entre perfis verticais (dimensões em me tros). Fonte: Norma NBR14718:2008
Figura 26 - Simulação entre altura do CG de um indivíduo com estatura de 1,74 m e outro com 1,865m, conforme figura 6 – altura do top o de guarda corpo >=1,00m da
norma NBR 14718:2008 - Guarda-corpo. Fonte: Do Autor
Na condição estabelecida na figura 26, em equilíbrio estável, com altura do guarda-corpo com 1,00m, o indivíduo com altura de 1,74m, ficará com CG 1cm abaixo da superfície do guarda-corpo.
92 Em condição de equilíbrio instável, o CG aumentará para 1,11 m ou seja, o CG vai se elevar em 11cm acima do topo do guarda-corpo (Ver elevação de 12cm considerada no item 9, pg 98 e 9.1.2, pg 99, deste estudo).
Em equilíbrio estável, com altura do guarda-corpo com 1,00m, o indivíduo com altura de 1,865m, ficará com CG 6cm acima da superfície do guarda-corpo.
Em condição de equilíbrio instável, o CG aumentará para 1,18 m ou seja, o CG vai se elevar em 18cm acima do topo do guarda-corpo (Ver elevação de 12cm considerada no item 9, pg 98 e 9.1.2, pg 99, deste estudo).
Outros fatores são determinantes para causar uma queda, como doenças crônicas,
fármacos, distúrbios do equilíbrio corporal e déficits sensoriais, drogas e álcool, todos
estes fatores alteram a posição do CG de uma pessoa, além da força do vento.
As precauções devem ser tomadas levando-se em conta a evolução da estatura do
brasileiro, uma vez que, segundo dados do IBGE, as alturas médias do homem
brasileiro evoluíram de 1,626cm em 1950 para 1,74cm em 2011.
A elevação de parte dos pés do chão, como objeto de análise deste estudo, provoca
uma mudança no centro de gravidade e incidência de equilíbrio instável, com fatores
determinantes e estão relacionados à altura, ângulo e velocidade de saída do centro
de gravidade, colaborando com a queda do indivíduo (Foto 09).
Foto 10 - Equilíbrio instável e estável - (Adaptado)
Fonte: http://www.axialind.com/50-corporal-exercicios-que-voce-pode-fazer-em-qualquer-lugar/
93 9 INVESTIGAÇÃO COM MODELOS DE DIFERENTES MEDIDAS
Para se chegar a um consenso sobre uma medida adequada de altura de anteparos,
foi realizada uma pesquisa com dez pessoas de diferentes alturas, tamanhos de pés
e massas corporais, aleatoriamente escolhidos, entre indivíduos considerado adultos
jovens, sedentários e não sedentários.
• Modelo A:
Altura = 1,72
Altura nas pontas dos pés = 1.82m
Altura de "a" na foto acima = 10cm
Massa corporal = 65 Kg
Comprimento do pé = 24,5cm:
Número do calce: 38
Equação para o número do calce:
N = 5p+28
4
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x24,5+28 / 4
N = 37,62
N ~ 38
• Modelo B:
Altura = 1,80m
Altura nas pontas dos pés = 1,91m
Altura de "a" ver na foto em anexo = 11cm
Massa corporal = 82 Kg
Comprimento do pé = 28,5cm:
Número do calce: 43
94 Equação para o número do calce:
N = 5p+28
4
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x28,5+28 / 4
N = 42,62
N ~ 43
• Modelo C:
Altura = 1,81m
Altura nas pontas dos pés = 1,90m
Altura de "a" ver na foto em anexo = 9 cm
Massa corporal = 100,30 Kg
Comprimento do pé = 27,5cm:
Número do calce: 42
Equação para o número do calce:
N = 5p+28 / 4
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x27,5+28 / 4
N = 41,37
N ~ 42
• Modelo D:
Altura = 1,92m
Altura nas pontas dos pés = 2,05m
Altura de "a" ver na foto em anexo = 13 cm
Massa corporal = 101Kg
Comprimento do pé = 30cm:
Número do calce: 45
95 Equação para o número do calce:
N = 5p+28 / 4
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x30+28 / 4
N = 44,5
N ~ 45
• Modelo E:
Altura = 1,93m
Altura nas pontas dos pés = 2,08M
Altura de "a" ver na foto em anexo = 15 cm
Massa corporal = 78 Kg
Comprimento do pé = 28cm:
Número do calce: 42
Equação para o número do calce:
N = 5p+28 / 4
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x28+28 / 4
N ~ 42
• Modelo F:
Altura = 1,95m
Altura nas pontas dos pés = 2,15m
Altura de "a" ver na foto em anexo = 20 cm
Massa corporal = 104Kg
Comprimento do pé = 31cm:
Número do calce: 46
Equação para o número do calce:
96 N = 5p+28 / 4
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x31+28 / 4
N = 45,75
N ~ 46
• Modelo G:
Altura = 2,00m
Altura nas pontas dos pés = 2,19m
Altura de "a" ver na foto em anexo = 19 cm
Massa corporal = 93Kg
Comprimento do pé = 30cm:
Número do calce: 45
Equação para o número do calce:
N = 5p+28 / 4
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x30+28 / 4
N = 44,5
N ~ 45
• Modelo H:
Altura = 2,04m
Altura nas pontas dos pés = 2,20m
Altura de "a" ver na foto em anexo = 16 cm
Massa corporal = 85Kg
Comprimento do pé = 29cm:
Número do calce: 44
Equação para o número do calce:
N = 5p+28 / 4
97
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x29+28 / 4
N = 43,25
N ~ 44
• Modelo I:
Altura = 2,07m
Altura nas pontas dos pés = 2,25m
Altura de "a" ver na foto em anexo = 18 cm
Massa corporal = 85Kg
Comprimento do pé = 30cm:
Número do calce: 45
Equação para o número do calce:
N = 5p+28 / 4
Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x30+28 / 4
N = 44,5
N ~ 45
• Modelo J:
Altura = 2,07m
Altura nas pontas dos pés = 2,27m
Altura de "a" ver na foto em anexo = 20 cm
Massa corporal = 97Kg
Comprimento do pé = 30cm:
Número do calce: 45
Equação para o número do calce:
N = 5p+28 / 4
98 Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.
N = 5x30+28 / 4
N = 44,5
N ~ 45
O padrão dos modelos acima, foram relacionados no gráfico 05, para melhor
visualização de suas características.
Gráfico 5 - Dados amostrais de altura "a" para indivíduos seden tários e não sedentários.
Fonte: Do autor
A antropometria dos modelos acima refere-se à estatura, massa corporal, altura do
tornozelo do chão e comprimento do pé de cada indivíduo. Os dados mostram massas
corporais variando de 64Kg a 104Kg, altura variando de 1,70m a 2,07m e comprimento
de pés variando de 24,5cm a 31cm.
Assim, buscou-se apenas verificar o grau de adequação do ser humano diante
de um guarda-corpo em condições de equilíbrio instável sobre o antepé e equilíbrio
estável apoiado nos dois pés, desconsiderando-se condições adversas como estado
20cm - 97,00Kg
18cm - 85,00Kg
16cm - 85,00Kg
19cm - 85,00Kg
20cm - 104,00Kg
15cm - 78,00Kg
13cm - 101,30Kg
9cm - 100,30Kg
11cm - 82,00Kg
10cm - 64,00Kg
0 5 10 15 20 25
2,07 - 30,0
2,07 - 30,0
2,04 - 29,0
2,00 - 30,0
1,95 - 31,0
1,93 - 28,0
1,92 - 30,0
1,81 - 27,5
1,80 - 28,5
1,72 - 24,5
Não Sedentários
Sedentários
Estatura (m)
Compr. pé (cm)
Altura "a"
(cm)
Massa (kg)
99 de saúde, idade ou uso de drogas e bebidas alcoólicas.
O gráfico 05 demonstra as várias alturas de levantamento do tornozelo para a
condição de um indivíduo em equilíbrio instável, onde seu centro de gravidade é
transferido para frente e para cima, sentido do anteparo. Os extremos dos modelos
pesquisados mostram que a altura do tornozelo do chão varia entre 10cm para
estatura de 1,72m e 20cm para estatura de 2,07m, para indivíduos não sedentários.
O gráfico demonstra ainda que, para o grupo de sedentários com estatura entre 1,80,
1,81, 1,92 e 1,93m esta altura pode variar, estabelecida entre 11, 9, 13 e 15cm
respectivamente, indicando também que, quanto maior a massa destes indivíduos,
menor será esta elevação, o que não ocorreu com o grupo de não sedentários.
Fica evidente que o tamanho do pé é relevante para o acréscimo desta elevação "a"
e que, quanto maior a estatura do indivíduo, maior será a probabilidade do
comprimento do pé.
Considerando uma altura média de 1,74 metros para o homem brasileiro,
adotar-se-á, os dados referentes à amostra compreendida entre indivíduos com altura
de 1,80 a 1,93m, desprezando-se os demais dados dos modelos em seus extremos,
para atender a maior demanda da população.
Tendo-se o valor de 12cm como média para a elevação do tornozelo do chão
em indivíduos sedentários em condição de equilíbrio instável e 28,5 cm como média
do comprimento do pés, pode-se efetuar os cálculos estimativos para estudo da altura
do anteparo. Assim, consideremos os cálculos das médias:
altura do tornozelo do chão: [(11+9+13+15) / 4] = 12cm
comprimento do pé: [(28,5+27,5+30,0+28,0)cm / 4] = 28,5cm
estatura: [(1,80+1,81,+1,92+1,93)m /4] = 1,865m
9.1 Definição da altura conforme Razão de Ouro e Cá lculos atuais
9.1.1 Cálculo Razão de Ouro: (Medidas do homem)
Para altura = 1,865m x 0,618 = hCG = 1,15m (estática) + 0,12m = 1,27m, ou seja:
a- centro de gravidade de 1,15m em condição de equilíbrio estável;
b- centro de gravidade de 1,27m em condição de equilíbrio instável;
100 9.1.2 Cálculo atuais: (Medidas do homem)
Para altura = 1,865m x 0,57 = hCG = 1,06m + 0,12m = 1,18m, ou seja:
a- centro de gravidade de 1,06m em condição de equilíbrio estável;
b- centro de gravidade de 1,18m em condição de equilíbrio instável;
Na simulação com o indivíduo com braços levantados para cima, o seu centro de
gravidade aumenta entre 5 e 8cm, admitindo-se que o mesmo indivíduo esteja em
condições de equilíbrio instável, tem-se:
Para altura = 1,865m x 0,57 = hCG = 1,06m + 0,08m = 1,14m + 0,12m = 1,26m
Descarta-se esta situação por se tratar de movimento raro, para afins estimativos de
se obter a altura do anteparo.
Analisando-se as soluções que dispomos de conhecimento atual dentro da
biomecânica e antropometria, para definição de altura ideal para um guarda-corpo,
para que atenda a maior parte da população com segurança, há de se considerar:
a- a condição mais crítica em que o indivíduo possa estar, neste caso adotado o
equilíbrio instável no plano frontal, sobre antepé, o seu centro de gravidade deverá
estar abaixo do topo do guarda-corpo, conforme prescrições da norma NBR
14718:2008, para impedir que 67.8% do peso total do corpo, que representa os
membros acima da cintura, possa ter influência direta na causa das quedas do
indivíduo que poderá transpassar um guarda-corpo que eventualmente esteja abaixo
do seu centro de gravidade.
De forma hipotética o estudo considera um fator de correção (Fc) aqui determinado
pela resultante das somatórias de acréscimos de centímetros ao longo de 61 anos, na
ordem de 11,4cm, para ser considerado e acrescentado na altura encontrada em
condição estável e instável.
Assim têm-se para condições estabelecidas no item 9.1.2, considerando modelo
favorável a segurança de 95% da população brasileira, com altura de 1,74m
Em 61 (sessenta e um) anos a altura do homem brasileiro subiu de 1,626m em 1950
101 para 1,74m em 2011, apresentando um acréscimo de 11,4cm.
Para altura segura do guarda-corpo = 1,865m x 0,57 = hCG = 1,06m (CG) + 0,12m
(a) = 1,18m (CG) + 0,114m (Fc) = 1,294m ou ~1,30m :
a- para centro de gravidade de 1,06m em condição de equilíbrio estável, (1,30 -
1,06)m = 0,24m abaixo do topo do guarda-corpo, para indivíduos com altura de
1,865m, e CG para o homem atual, de 1,74m (1,30 - 0,99)m = 0,31m abaixo do topo
do guarda-corpo.
a1- o topo do guarda-corpo, estaria 24 cm acima do CG e próximo da altura do peito
de um indivíduo com 1,865m de altura.
a2- o topo do guarda-corpo, estaria 31 cm acima do CG e próximo da altura do peito
de um indivíduo com 1,74m de altura.
b- centro de gravidade de 1,18m em condição de equilíbrio instável, (1,30 -1,18)m =
0,12m abaixo da ZR, para indivíduos com altura de 1,865m, e CG para o homem
atual, de 1,74m (1,30 - 1,11)m = 0,19m.
b1- o topo do guarda-corpo, estaria 12 cm acima do CG e próximo da altura do peito
de um indivíduo com 1,865m de altura.
b2- o topo do guarda-corpo, estaria 19 cm acima do CG e próximo da altura do peito
de um indivíduo com 1,74m de altura.
Desta forma, em ambas as situações o topo de anteparos em geral, seja um guarda-
corpo, mureta, peitoril ou parapeito, e definido pela norma NBR 14718:2008 como
sendo Zona de Recepção (ZR) deve ter altura de 1,30m, seguindo recomendações
contidas no item 4.2 Legislação do Corpo de Bombeiros – Instrução Técnica nº 11 –
Saída de Emergência, onde se preconiza 1,30m de altura, como uma altura segura.
102 Segundo definição do Dicionário Priberam, têm-se:
1. Parapeito:
Parede ou muro à altura do peito.
2. guarda-corpo:
Proteção na parte inferior de varanda, balcão, corrimão
3. Peitoril:
O mesmo que Parapeito.
4. Anteparo
Ato de anteparar, o que resguarda ou defende, biombo, pára-fogo e guarda-vento.
http://www.priberam.pt/dlpo/parapeito [consultado em 03-05-2016].
Segundo Dicionário on line do site: http://www.ecivilnet.com/dicionario/o-que-e-
parapeito.html, têm-se:
Peitoril:
Proteção que atinge a altura do peito, presente em janelas, terraços, sacadas,
patamares etc. Pode servir para prevenir quedas não desejadas, e ainda ter funções
defensivas, de construção ou estilo arquitetônico. Diferencia-se do guarda-corpo por
se tratar de um elemento inteiro, sem grades ou balaústres.
Este estudo recomenda que 1,30m seja necessário para o impedimento da queda
para casos em que o indivíduo possa estar em equilíbrio instável, de forma que o topo
de qualquer anteparo seja igual ou acima de 1,30m, e não de 1,00m como preconizado
na norma NBR 14718:2008 - Guarda-corpos, ou em condição mais desfavorável, de
0,90m como observado na figura 3 - Exemplo 3 da norma NBR 14718:2008.
Considerando-se que o País continuará com bom desempenho econômico, esta altura
deverá continuar a aumentando, hipoteticamente o autor adotou este valor, de 11,4cm
como fator de correção (Fc) para ser acrescido nos cálculos acima. Como visto e
103 mediante avanço da medicina, engenharia alimentar e aspectos socioeconômicos, tais
procedimentos devem ser revistos, a medida em que o homem brasileiro tem sua
altura acrescida.
Este estudo não tem a pretensão de estabelecer como exata esta altura, mas
apresentar dados relevantes para que as alturas hoje existentes sejam revistas, tanto
em legislação municipal quanto normas em geral, para garantir a segurança do
cidadão, devendo ser realizados novos estudos com profissionais que tenham ampla
experiência nas áreas de ergonomia, biomecânica e antropometria.
Foto 11 - A foto ilustra um guarda-corpo com altura segura, ou seja, com altura acima do Centro de Gravidade (CG) e na altura do peito, sem eventuais barras inferiores que possam levar o indivíduo a praticar o ato de subir no anteparo. Fonte: Fonte: http://www.ecivilnet.com/dicionario/o-que-e-parapeito.html
104 10 CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES
10.1 Platibandas, ancoragens e sistema de linhas de vida horizontal ou vertical
permanente ou temporária
Fica evidente a necessidade de revisão de normas e conceitos relacionados a
concepção de projetos de arquitetura, onde se privilegia-se a estética em detrimento
da segurança do usuário temporário especialmente para áreas de serviços de
manutenção em edificações verticais onde um número expressivo de profissionais da
engenharia civil e arquitetura, assim como construtores desconhecem a legislação do
Ministério do Trabalho e Emprego existente, percebe-se pelo levantamento de dados
contidos neste estudo a importância da questão da segurança a serem previstos na
concepção dos projetos de arquitetura, e já contemplados na NBR 15.575:2013,
porém vigente para construções a partir de 2013, demais situações existentes antes
da referida norma, devem ser alvo de correção de tais condições inseguras, por
iniciativa de prefeituras, conforme prescreve Legislação do Ministério do Trabalho e
Emprego.
Além de promover orientação aos profissionais da engenharia civil e
arquitetura, da importância do uso destes elementos em toda e qualquer laje de
cobertura de edifícios, dotados de linhas de vidas para fixação de cintos de segurança,
ainda orientá-los de forma que não acessem estas regiões, nem autorizem
acompanhantes como Síndicos, Zeladores ou trabalhadores a serviço da manutenção
nestas lajes, sem que o local ofereça garantia de segurança absoluta para o
desenvolvimento das atividades, sejam elas de serviços de reparo, reforma ou vistoria
de engenheiros, arquitetos ou peritos, estes são responsáveis legais e diretos pela
própria integridade física, assim como de seus acompanhantes, visto que estes são
considerados pela justiça como leigos.
105 10.2 Influência do projeto de arquitetura na segura nça do trabalho
Tabela 16 - Princípios de prevenção através do proj eto Princípios de projeto para segurança adaptados de A SSE (1994) e Samin e Formoso (2008)
1. Projetar para facilitar a instalação de estruturas de proteção para construção e manutenção. Ex.: projeto de furos em pilares para fixar linhas de vida ou telas de proteção.
2. Projetar para evitar interferência entre diferentes elementos construtivos e entre elementos específicos da construção e estruturas temporárias. Ex.: evitar projetar escadas em frente a portas ou janelas de vidro.
3. Projetar acesso para realização de tarefas de manutenção. Como um exemplo, é possível incorporar escadas de mão no final da estrutura para acesso ao telhado.
4. Projetar elementos construtivos que substituam os elementos de proteção provisórios. Ex.: projetar parapeitos ou platibandas com altura mínima de 1,20m para substituir as telas de proteção.
5. Prevenir quedas acidentais de materiais durante a fase da construção. Ex.: instalação de bandeja protetora no perímetro da obra.
6. Aumentar a visibilidade dos perigos. Ex.: pintar os painéis das formas para contrastar com as ferragens.
7. Projeto para evitar trabalho em altura, principalmente atividades que podem ser realizadas ao nível do solo. Ex.: projetar estruturas metálicas ou de concreto que possam ser pré-montados no nível do solo.
8. Projeto para facilitar respostas às emergências. Ex.: colocar interruptores elétricos, dispositivos mecânicos e hidráulicos em locais visíveis e acessíveis.
9. Não projetar elementos com bordas cortantes, perfurastes ou que enrosquem. Ex.: projeto de elementos com bordas arredondadas. Em vez de arestas cortantes.
10. Projeto para incorporar acessórios temporários à estrutura definitiva. Ex.: colocar alças ou ganchos para içar ou movimentar peças em locais que não precisem ser retiradas, dessa forma não se expõem os trabalhadores ao risco de retirá-las.
11. Observar o isolamento seguro ou substituição de materiais ou equipamentos que possam causar efeitos prejudiciais ao trabalhador, ao público ou ao meio ambiente.
12. Projetar a eliminação de perigos ou minimização de riscos de acidentes por meio da seleção de proteções, controles e barreiras mais apropriadas para a operação, processo ou atividade envolvida.
13. Exigir que uma instalação ou processo seja avaliado, em termos de minimização de riscos, necessidades enérgicas e ambientais em todo seu ciclo de vida.
14. Identificar as limitações de recursos e transformações que ocorrem na produção e operação e em seus produtos finais.
15. Garantir que os operadores estão devidamente informados sobre perigos e treinados para atirar as atividades livres de acidentes.
Fonte: Pereira Filho (2011) Adaptado de ASSE (1994) Saurin e Fornosco (2008) - Cintia Carpes da Rocha
Segundo Pereira Filho (2011) os projetos de arquitetura podem e devem contemplar
medidas preventivas de forma a auxiliar os serviços futuros de manutenção em lajes
de coberturas de edifícios, a aplicação de qualquer um destes princípios estabelecidos
na tabela acima, ou na combinação dos mesmos implica em decisões acertadas e
importantes para eliminar ou minimizar os riscos de acidentes nestes espaços de uso
temporário, na realização de atividades relativas a manutenção ou de inspeção
predial.
106
Como apresentado neste estudo, em inúmeras vistorias os edifícios novos ou
antigos não apresentam condições seguras, nas áreas de laje de cobertura, embora
legislação exista mas os mesmos não contemplam ancoragens para fixação de linhas
de vida para serem utilizadas sobre a laje e para serviços em fachada, ou quando
existentes, apresentam materiais inadequados não resistentes a intempéries, além de
apresentarem em sua maioria platibanda com altura insuficiente, não garantindo a
segurança dos trabalhadores a serviço da manutenção ou vistoria técnica nestes
espaços.
Conforme item 6 e 7 deste estudo, a platibanda deve ter altura de 1,30m, de
forma a garantir a segurança dos usuários nestes espaços a céu aberto, a situação
se agrava ainda mais com a incidências de fortes ventos no topo dos edifícios.
Fica evidenciado mediante estudo e exemplos reais vistoriados no exercício
da atividade de Perito, que a falha de integração da segurança do trabalho ao projeto,
afeta os sistemas de proteção contra quedas de altura envolvendo elementos de
segurança como platibandas, assim como cabos guia e sistema de ancoragem nas
lajes de cobertura em edifícios.
A NBR 15.75:2013, comete dois equívocos ao preconizar em seu item 9-
Segurança na utilização, o seguinte:
Guarda-corpos em coberturas acessíveis aos usuários - O arquiteto deve
prever que as lajes de cobertura destinadas à utilização corrente dos usuários da
habitação (solários, terraços, jardins e assemelhados) sejam providas de guarda-
corpo conforme NBR 14718:2008.
Primeiro: Deve ser considerado o usuário trabalhador, que vai atuar na
manutenção geral de lajes de cobertura de telhado, ático e reservatório elevado, além
de zeladores, engenheiros, arquitetos e peritos que acessam estes espaços, pois nem
todos os edifícios tem o sistema de ancoragens e cabos de segurança instalados,
facilmente se observa que isto não ocorre nem em edifícios construídos depois da
norma de desempenho ter entrado em vigor.
Segundo: a altura do guarda-corpo definido em 0,90m e 1,00m pela norma NBR
14718:2008 - Guarda-corpos para edificação, não é adequada a segurança dos
usuários, por estar o topo do guarda-corpo abaixo do centro de gravidade determinado
neste estudo, nas condições de equilíbrio instável de um indivíduo, sejam quais forem
as razões que lhe podem causar uma disfunção biomecânica.
107 10.3 Sobre a Lei de Assistência Técnica
O governo federal procura fazer que municípios colocassem em prática a Lei
de Assistência Técnica gratuita, que entrou em vigor em 24 de julho de 2009,
legislação que determina aos municípios a prestação de serviços de arquitetura e
engenharia para famílias de baixa renda. Esta por usa vez, depende de projeto dos
gestores públicos para obter o repasse de verbas, porém não é o que tem acontecido,
pois prefeituras encontram entraves na obtenção do convênio junto ao governo
federal, além de muitas delas não demonstrarem o menor interesse.
Com o atendimento desta lei, além da elaboração de projetos adequados,
proporcionaria visitas de fiscalização de engenheiros e arquitetos para a verificação
das condições de segurança destes espaços localizados em comunidades carentes,
assim como promover soluções e rastreamento de todas as situações de risco quanto
a falta de muretas que compõem as platibandas em lajes nas construções de
comunidades carentes, além de gerar empregos a classe de engenheiros civis e
arquitetos. É importante observar que a aplicação da Lei de Assistência Técnica não
precisa de legislação complementar local, estadual ou municipal, uma vez que a Lei
11.888/2008 é autoaplicável. Há necessidade apenas de iniciativa conjunta das
entidades ligadas a engenharia civil, arquitetura, organizações não governamentais,
municípios e agentes governamentais em firmarem convênios para que a Assistência
Técnica possa ser colocada em prática imediatamente e comece a atingir os seus
objetivos.
Segundo Hely Lopes Meirelles, assistência técnica e jurídica gratuita para as
comunidades e grupos sociais menos favorecidos visa a dar maior concreção à
garantia prevista no art. 5º, da LXXIV, da Constituição Federal, que determina ao
Poder Público em geral o dever de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem insuficiência de recursos.
O que se tem no Estado é uma reafirmação dessa mesma garantia, volta mais
diretamente para questões inerentes ao uso conveniente dos espaços habitáveis. Não
se trata de privilégio, mas sim, da correta aplicação do princípio constitucional da
isonomia, pelo tratamento.
O autor deste estudo, imediatamente ao lançamento da Lei de Assistência
Técnica por parte do Governo Federal, preocupado com a inserção desta mesma na
cidade de Mauá, protocolou solicitação junto à Prefeitura desta cidade no sentido de
108 garantir atendimento à população mais carente, mediante a aplicabilidade da Lei de
Assistência Técnica. Tal solicitação se fez mediante Processo nº 7887/2009, o mesmo
foi arquivado e seu caminho pode ser visto logo abaixo:
1. GABINETE DO PREFEITO - GP em 24/08/2009;
2. SECRETARIA DE HABITAÇÃO - SH em 25/08/2009;
3. SECRETARIA DE HABITAÇÃO - SH em 24/05/2010;
4. Seção de Protocolo e Arquivo - SAM 3.2.1.1 em 19/09/2011;
5. Processo ARQUIVADO EM: 21/09/2011.
Ou seja, não houve interesse por parte desta Prefeitura, que preferiu arquivar o
processo.
Vale lembrar que o descumprimento dos dispositivos legais infraconstitucionais que
geram a responsabilização dos agentes políticos e públicos pelo seu descumprimento,
sem prejuízo da nulidade dos atos administrativos que se realizam sem o seu
cumprimento, ensejando até a inconstitucionalidade, via reflexa, já que trata a lei da
regulamentação de um serviço social.
10.4 Sobre os dados estatísticos da área da saúde
Os dados estatísticos, assim como reportagens pertinentes à área da saúde
foram mencionados para tornar-se de conhecimento de engenheiros civis e arquitetos,
mostrando a estes, que o tema é de grande importância na área da saúde e entidades
como a SBOT - Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e APM -
Associação Paulista de Medicina, entre outras, mostram que o problema é tão sério
que se tornou tema frequente em trabalhos científicos destes profissionais além de
identificar o problema como sendo um caso de saúde pública.
Estes por sua vez, demonstram efetiva preocupação com a questão da falta de
platibandas em lajes de coberturas, participando efetivamente na elaboração de
campanhas educativas, levantamento de dados estatísticos e estudo de causas
externas a partir de um conjunto de informações relativas a este tipo efetivo de
quedas, que envolvem na sua maioria crianças, adolescentes, além de adultos, tendo
como objetivo fornecer um panorama sobre a atual situação.
109
A participação deste setor da área da saúde mostra a necessidade da
implantação de medidas que visem melhorar a convivência de moradores de
comunidades carentes de forma a propiciar a garantia de proteção para estes usuários
vulneráveis ao sistema de construção que ocorrem sem o auxílio e orientação de um
engenheiro civil ou arquiteto, para alcançar a redução das lesões e óbitos
relacionados neste estudo, além da omissão do Poder Público Municipal.
10.5 Sobre as normas NBR 15.575:2013 e NBR 14.718:2 008
10.5.1 Análise das normas NBR 15575:2013 e NBR 14718/2008
Em resumo, a norma NBR 15.575:2013 - Edificações Habitacionais -
Desempenho parte 5: Requisitos para Sistema de Cobertura e a norma NBR
14718:2008 - Guarda-corpos para edificação não faz menção a altura segura para
uma da platibanda, necessário rever esta norma e aplicar a altura de 1,30m a favor
da segurança.
A norma NBR 15575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempenho parte 1:
Requisitos para Sistema de Cobertura recomenda em seu artigo 13.2.6 - figura F1 -
sugestão de altura, que a cota do peitoril esteja posicionadas no máximo de 1,00m
em relação ao piso interno para salas de estar e dormitórios, uma recomendação
equivocada em se tratando de segurança, conforme visto em pesquisas sobre quedas
em níveis diferentes, a norma deve recomendar informações sempre a favor do bem
estar e da segurança das pessoas, a rede para janelas, vitros e varandas, prescrita
em algumas legislações municipais devem ser vistas como acessório complementar
a segurança dos usuários.
10.6 IT 11 - Sistemas de Emergências do Corpo de Bo mbeiros do Estado de São
Paulo.
A altura de 1,30m aplicada pelo Corpo de Bombeiros em sua IT 11 - Sistemas
de Emergências, quando da execução de peitoris para escadas externas, é a
dimensão mais adequada prescrita por uma norma, coerente com este estudo
realizado.
110 10.7 Escala Beaufort
10.7.1 Informações sobre ventos nos locais de trabalho
As condições de vento para execução de serviços de manutenção em lajes de
cobertura de edifícios poderão ser verificadas mediante o uso da Escala Beaufort de
Ventos, servindo como referência visto que medir a velocidade do vento corretamente
é praticamente impossível, exceto com o uso de um anemômetro, além do
equipamento ter que estar instalado exatamente no local de passagem do fenômeno,
os efeitos e variações da velocidade do vento podem ser observadas na tabela
atmosférica internacional, utilizada até hoje.
Esta Escala, possibilitava a todos, através da observação dos efeitos causados
pelo vento, determinar o valor relativo a esse vento, em sua criação para uso em mar,
posteriormente, a escala foi adaptada para uso em terra também, estabelecendo
relação com os efeitos do vento sobre a fumaça, árvores e edifícios.
10.7.2 Origem da Escala Beaufort4
As primeiras informações sobre escalas de vento datam do início dos anos
1700. Eram usadas pelos navegadores para estimar a força dos ventos, a partir da
observação do seu efeito sobre o aspecto da superfície do mar. Em 1806, o Contra-
Almirante britânico Francis Beaufort, um Hidrógrafo, descreveu em seu diário, pela
primeira vez, a escala que leva seu nome. Naquela época, era o Comandante do HMS
Woolwich, um Navio empregado em levantamentos hidrográficos. A escala foi
posteriormente alterada de 14 para 13 níveis, como hoje se conhece, pelo próprio
Beaufort.
A escala Beaufort foi oficialmente utilizada, pela primeira vez, em 1831, a bordo
do HMS Beagle, na famosa expedição em que Charles Darwin participou.
Uma escala com a equivalente velocidade do vento foi introduzida em 1903,
baseada na fórmula:
v = 0.836 B3/2 m/s
Onde v é a velocidade do vento [m/s] à 10m da superfície e B é o número
Beaufort.
4 Fonte: https://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/refer/escala_beaufort.htm
111
Força Velocidade Descrição Indicadores m/s nós km/h No mar Na terra
0 <1 <1 <1 Calmaria Liso como espelho Calmo, fumaça sobe verticalmente
1 1-1,5 1-3 1-5 Bafagem Pequenas ondulações sem crista
Fumaça mostra a direção do vento; catavento não gira
2 2-3 4-6 6-11 Aragem Ondulações com pequena crista transparente
Sente-se o vento na face; catavento começa a girar
3 3,5-5,5 7-10 12-19 Vento fraco Ondulações maiores, crista esbranquiçadas começam a quebrar ("carneirinhos")
Folhas se mexem; bandeirolas se extendem
4 6-8 11-16 20-29 Vento moderado
Ondulações de até um metro. Vários carneirinhos.
Folhas e papéis voam; bandeiras tremulam; pequenos galhos se curvam.
5 8,5-10,5 17-21 30-38 Vento fresco
Ondulações de até dois metros, muitos carneirinhos; alguns borrifos
Pequenas árvores começam a balançar; bandeiras bem agitadas
6 11-14 22-27 39-50 Vento muito fresco
Ondulações de 2,5 a 4 metros com espuma em toda parte; mais borrifos
Grandes galhos em movimento; o vento assobia ao passar por fios
7 14,5-17 28-33 51-61 Vento forte Ondulações de 4 a 6 metros; espuma branca em camadas
Árvores inteiras se agitando; sente-se resistência ao andar contra o vento
8 17,5-20,5
34-40 62-74 Vento muito forte (borrasca)
Ondulações de 5 a 6 metros; cristas das ondas começam a quebrar; espuma branca em camadas
Árvores inteiras se agitando; sente-se resistência ao andar contra o vento
9 21-24 41-47 75-86 Vento duro
Ondulações de 6 metros; mar muito agitado; densas espuma branca em camadas
Pequenos danos estruturais; casas destelhadas
10 24,5-28 48-55 87-101 Tempestade
Ondulações de 6 a 9 metros; mar branco e muito agitado; visibilidade reduzida
Árvores quebradas ou arrancadas ; dano estrutural considerável
11 28,5-33 56-63 102-120 Tempestade violenta
Ondulação de 9 a 14 metros; espuma branca por toda a parte
Danos generalizados em árvores e construções
12 34+ 64+ 120+ Furacão Ondulações com mais de 14 metros; mar branco; jatos de água
Danos graves e generalizados
Tabela 17 - Escala Beaufort de ventos
112 Vento
O mês de Julho/2011 a velocidade no Estado de São Paulo foi de 2,7km/h, em relação
ao mês de Julho/2012, a velocidade foi de 5,2km/h, sendo que a maior rajada de
2012 foi 58km/h e ocorreu em duas datas: 14 de Janeiro e 6 de Dezembro,
já no ano de 2012 não houve nenhuma rajada que superasse os valores
máximos absolutos mensais, foram registrados 3 casos de rajadas iguais ou
superiores a 54 km/h.
Fonte: Boletim climatológico anual da estação meteorológica do IAG/USP - 2012 - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas - Universidade de São Paulo
113
CONCLUSÃO
Diante do exposto, e da morosidade em conseguirmos que a classe profissional
representada pelos engenheiros civis e arquitetos se organizem, como fizeram os
profissionais da área da Saúde em mobilizar forças tarefa para "consertar" e adequar
residências, pequenos comércios, etc., com sérios problemas de projeto e de
execução, de segurança estrutural, em promover um trabalho de conscientização das
pessoas usuárias.
Segundo todos os estudos realizados pelos profissionais da área da Saúde,
aliado aos preceitos de Segurança e Medicina do Trabalho, fica evidente a
necessidade de se unificar os valores a serem utilizados como parâmetros de projeto
e com isso faz-se necessária a revisão de normas e também de conceitos
relacionados à concepção de projetos de engenharia civil e de arquitetura onde em
certos casos, e certas normas se privilegia a estética em detrimento da segurança do
usuário temporário, ou seja, tanto para a prática de atividades de lazer como para
serviços de manutenção destas edificações, as condições de segurança destes,
devem ser prioritárias.
Por outro lado, a omissão do Poder Público Municipal com políticas de
zoneamento e fiscalizações, aliada à falta sistemática de orientação de um engenheiro
civil ou arquiteto, nos projetos residenciais para famílias de baixa renda, propiciam a
falta de segurança bem como a garantia de proteção para estes usuários neste tipo
de projeto, sem o devido acompanhamento de um responsável técnico. Com este
panorama fica impossível se alcançar qualquer redução das lesões e mortes
relacionadas neste estudo.
O mais incrível é notar as recomendações de médicos “leigos” com relação às
proteções para lajes de cobertura.
Notadamente conforme legislação consultada neste estudo, percebe-se a
importância da questão da segurança na concepção de projetos.
Este estudo esclarece a necessidade de se estabelecer altura aceitável para
platibandas ou qualquer tipo de anteparo, recomenda-se que a altura desta proteção
seja superior ao Centro de Gravidade do corpo humano, e próxima do peito, propõe-
se adotar 1,30m como medida mínima, contrariando 0,90m e 1,00m estipulados pela
norma NBR 14718:2008 – Guarda-Corpo para Edificações.
114
De forma mais favorável a segurança das pessoas, 1,30m estipulado na IT 11
do Corpo de Bombeiros, definido como peitoril para uso em escadas externas, ainda
é a condição mais favorável detectada neste estudo.
Esta proteção deverá ser fechada totalmente, de forma a evitar vãos que
possam propiciar a queda de objetos, materiais e ou pessoas, ou que vãos sejam
menores do que os atuais 11cm estipulados atualmente pela norma de guarda-corpo.
Poderão ser seguidos os parâmetros de ensaios estipulados na NBR
14718/2008 para peitoris ou guarda-corpo.
Segundo a IT02 do Corpo de Bombeiros, Peitoril: Muro ou parede que se eleva
à altura do peito ou pouco menos.
Entende-se por peitoril, a devida proteção que atinge a altura do peito do
indivíduo, conceito que deve ser previsto para guarda-corpo, platibandas ou muretas.
Este estudo não trata da análise de peitoris contidos nas prescrições
estabelecidas pelas normas da ABNT - NBR 15215:2015 e NBR 9050:2015, conflitos
e adequações referentes a conforto ambiental e ângulo de visão de usuários, devem
ser alvo de estudo mais detalhado.
Com relação aos perigos e fatores de risco relacionados aos casos de queda
em laje, em residências térreas e assobradadas, sejam elas em comunidades
carentes ou não, o risco é iminente e com alto potencial de gravidade, sendo
necessária a adoção de medidas preventivas direcionadas, principalmente, a esta
faixa da população, além de programas intensivos por parte de Prefeituras.
É preciso, também, gerar subvenções estatísticas na área da saúde, durante o
pronto atendimento destes casos, tais como: fato gerador, local, data e horário de
entrada em unidade hospitalar, tempo de internação e nível de gravidade.
Independente do grau ou número de ocorrências desse tipo de acidente,
presume-se que eles são previsíveis e preveníveis. Assim, entende-se que, uma vez
que o Ministério da Saúde incorpore esses controles estatísticos como exigência de
atendimentos em prontos-socorros, assumindo sua participação neste tema,
juntamente com os demais profissionais envolvidos, cria-se um caminho de
construção da cidadania e de qualidade de vida para a população, além de desonerar
o setor público com gastos preveníveis.
Verifica-se que o Ministério da Saúde, juntamente com o Conselho Federal de
Medicina, vem criando Regulações Médicas para o pronto atendimento. Mas fatores
como: falta de normalização dos serviços de atendimento pré-hospitalar e ausência
115 de uma ficha de atendimento com informações básicas, imprescindíveis e comuns a
todos os APH, têm contribuído para que inexistam bases de dados que promovam
uma estatística de acidentes rotineiros, para que se tomem providências necessárias
para sua erradicação.
Destaca-se ainda, que atos insanos que possam gerar acidentes ou óbitos por
quedas em nível, como executar faxina em vitros e janelas na fachada de edifícios,
exercícios de atividade do trabalho em altura sem o uso dos respectivos equipamentos
de proteção individual e coletivo, atos suicidas, prática de modismo como o
rooftopping e omissão de incapaz, e desprezo do iminente risco, não fazem parte do
contexto deste estudo.
O autor, não obstante, em conseguir êxito em uma melhor atuação do arquiteto
junto a sociedade, solicitou junto ao CAU-SP - Conselho de Arquitetura e Urbanismo
de São Paulo a criação do Livro de Ordem para Arquitetos, pedido protocolado com
os seguintes dados:
Protocolo número: 2015091113000125, junto ao setor de Ouvidoria do CAU-
SP na data de 11/09/2015 um pedido de abertura de estudos para que uma comissão
técnica possa analisar a criação de uma Resolução que com o objetivo de atender tal
necessidade, ainda não existente neste Conselho, solicitação esta, fruto deste estudo,
quando se detectou a necessidade de um livro de controle de obras específicos para
os arquitetos.
"O Livro de Ordem" trata-se de uma garantia à sociedade, um instrumento de
valorização profissional que se incumbe de verificar a efetiva participação do
contratado, na execução de uma Construção e proporcionando desse modo uma
garantia e qualidade maior ao contratante, garantindo a sociedade em geral, formas
de identificar as situações inseguras, como as observadas neste estudo, para que
este profissional possa efetuar o registro das condições inseguras neste livro de
ocorrências, eximindo-se da omissão de suas responsabilidades junto a seus
contratantes, sejam empresas e ou Poder Municipal Executivo.
O documento já previsto pelo CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia, conforme RESOLUÇÃO N° 1.024, DE 21 DE AGOSTO DE 2009, para os
engenheiros civis, ainda não existente no CAU-SP, conforme solicitação visto no
Anexo-4.
A redução de acidentes deve passar por ações relacionadas à capacitação e
treinamento profissional de engenheiros civis e arquitetos além da intervenção do
116 Município, em fornecer Assistência Técnica gratuita para comunidades carentes
(Anexo-3 E 4), mediante aplicação da Lei de Assistência Técnica, Lei Federal nº
11.888, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2008 - que assegura às famílias de baixa renda,
assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de
interesse social e altera a Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, para atender este
setor menos favorecido.
De forma indireta, considerando-se que aproximadamente 7% da população
em regiões metropolitanas vivem em comunidades, é necessário a criação de espaços
de lazer para que estes problemas possam ser resolvidos, incluindo-se ações diretas
da engenharia e arquitetura relativas a segurança destas lajes e demais etapas que
uma obra exige acompanhamento técnico e especializado.
Segundo o LIT, (Levantamento de Informações Territoriais) realizado com base
no Censo Demográfico de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), a população que vive em favelas no Brasil é de 11,4 milhões de pessoas,
distribuídas na Região Metropolitana através de favelas, ou seja, seus moradores não
contam com espaço adequado para o lazer, havendo necessidade de intervenção
direta e responsável pelas autoridades municipais e estaduais, exigindo-se de
entidades de classes da engenharia e arquitetura, assim como órgãos não
governamentais a aplicação da Lei de Assistência Técnica.
No mês em que a ONU comemora o “outubro urbano”, (2015) o Brasil toma
conhecimento de dados preocupantes em relação a obras particulares de suas
cidades. Pesquisa inédita realizada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do
Brasil (CAU/BR) e pelo Instituto Datafolha mostra que a maioria das reformas ou
construções particulares no Brasil é feita sem a assistência de um profissional
especializado, em desrespeito às leis e normas vigentes no país.
Segundo a pesquisa, realizada pelo CAU-SP - Conselho de Arquitetura e
Urbanismo de São Paulo, com 2.419 pessoas em todo o Brasil, 54% da população
economicamente ativa já construiu ou reformou imóvel residencial ou comercial.
Desse grupo, 85,40% fizeram o serviço por conta própria ou com pedreiros e mestres
de obras, amigos e parentes. Apenas 14,60% contratou arquitetos ou engenheiros.
A pesquisa também revela que, entre aqueles que contrataram arquitetos e
urbanistas para auxiliar na obra, há um índice altíssimo de satisfação: 78%. E que
mesmo com essa realidade preocupante, 70% da população economicamente ativa
considera a possibilidade de contratar um arquiteto e urbanista na realização de sua
117 próxima construção ou reforma.
De modo geral, a contratação de profissionais especializados está ligada à
renda e à escolaridade. Enquanto 26,2% da população economicamente ativa com
nível superior construiu ou reformou com ajuda especializada, esse índice é de 9,50%
para a população com nível de escolaridade fundamental. Entre as pessoas de classe
AB, o índice de utilização de profissionais tecnicamente habilitados é de 25,80%.
Apenas entre as pessoas da classe A, essa taxa pula para 55,30%.
A pesquisa CAU/BR-Datafolha também investigou a percepção da população
em relação a uma série de outros temas como: conhecimento sobre as atividades
realizadas por arquitetos e urbanistas, importância do planejamento no
desenvolvimento e organização das cidades e dos espaços urbanos e conhecimento
sobre as atividades do CAU.
Diferenças regionais – A região Sul é a que apresentou o maior percentual de
utilização de profissionais tecnicamente habilitados: 25,90%, contra 74,10% que não
se valeram de seus serviços. Na região Sudeste, a relação é de 16,40% contra 83,60%
– abaixo da média nacional, mas dentro da margem de erro de dois pontos
percentuais.
A falta de um profissional especializado na realização de reformas ou
construções particulares pode ocasionar diversos problemas na obra e para a
segurança das pessoas. Além disso, a soma de construções malfeitas tem como
consequência a piora dos espaços urbanos e da qualidade de vida nas cidades. “O
arquiteto tem a capacidade de realizar um projeto bem elaborado, detalhado, com
cronogramas definidos. Oferecer, inclusive, uma futura manutenção muito mais
eficiente e econômica também. Além de toda a segurança”, informa o Presidente do
CAU/SP, Gilberto Belleza.
A pesquisa quantitativa, feita em 177 municípios das cinco regiões brasileiras,
foi seguida de outra qualitativa, em seis capitais do país (Porto Alegre, São Paulo, Rio
de Janeiro, Recife, Belém e Goiânia), reunindo 12 grupos de oito pessoas cada.
Nessas entrevistas, a maioria das pessoas que utilizou apenas serviços de mestres
de obras ou pedreiros mostrou-se arrependida. Falta de planejamento, custos acima
do orçamento original, descumprimento de prazos, desperdício de materiais e
necessidade de refazimento de serviços foram as principais razões apontadas.
Fonte: www.caubr.gov.br/pesquisa2015.
Com relação a análise de legislações referentes ao Código de Obras e suas
118 menções com relação a altura de platibandas, peitoris e guarda-corpo, das cidades
abaixo, destacam-se os seguintes comentários:
− Prefeitura da Cidade de São Paulo:
LEI Nº 11.228:92
De legislação complexa e de difícil entendimento, necessário se fez a
disponibilização no site desta Prefeitura, de elementos complementares como,
Guia de Aprovação - Residencial - Passo 7 - Apresentação do projeto e desenhos
exemplificativos, para melhor entendimento para os profissionais que atuam com
aprovação de projetos, porém deixa margem para a definição da altura destes
elementos objeto de estudo.
− Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro:
DECRETO N.º 33015 DE 5 DE NOVEMBRO DE 2010 Esta legislação especifica estabelece as normas de uso e ocupação do solo da Comunidade do morro do Cantagalo, no bairro de Ipanema, VI RA - Lagoa. Art. 5.º As edificações poderão ter de 1 (um) a 3 (três) pavimentos de qualquer natureza, excetuando-se o aproveitamento da laje da cobertura, segundo o definido nas subzonas, obedecendo ao estabelecido no Anexo II do presente Decreto. § 1.º Considera-se como aproveitamento permitido da cobertura a utilização da laje do último pavimento, tolerando-se cobrimento parcial ou total por telhas-vãs ou outros elementos construtivos não permanentes como toldos, pergolados, caramanchões; tendo seus limites protegidos por guarda-corpo ou mureta de até 1,20m de altura. § 2.º A utilização da laje da cobertura, constituindo terraço coberto, é tolerada para usos não permanentes, tais como áreas de lazer e serviço, não sendo permitida sua compartimentação ou fechamento. Em análise a diversas legislações sobre Código de Obras, esta lei de n° 33.-15/2010 é bem clara e objetiva quanto a questão da altura mínima segura para uma platibanda.
Legislação elaborada de forma clara e objetiva, tendo como foco as comunidades
carentes da cidade do Rio de Janeiro.
− Prefeitura da Cidade de Mauá:
− Decreto n° 6.615, de 30 de agosto de 2004 da Cidade de Mauá referente a
reservatório a céu aberto não menciona nenhuma informação sobre altura de
muretas para última laje de cobertura de reservatório elevada em topos de
edifícios.
119
A Lei nº 4.242, de 29 de outubro de 2007, em seu artigo 2º diz que não será
necessário a instalação de redes de proteção na cobertura dos prédios que, neste
caso, deverão possuir algum outro sistema de segurança neste pavimento, como
alambrados ou muros altos, ou então manter este pavimento restrito aos
funcionários e prestadores de serviços, devidamente treinados e equipados para
o trabalho em locais altos, para que realizem atividades de manutenção.
Ainda, eu seu art. 1º Todas as Edificações Multifamiliares, de uso público ou
privado, sediadas no município de Mauá, deverão possuir, obrigatoriamente,
"Redes de Proteção" instaladas em todas as suas janelas, sacadas ou similares.
Ainda, § 1º Estão obrigados a instalar o equipamento de segurança de que trata o
"caput" as edificações residenciais ou comerciais, de uso público ou não, com dois
(02) ou mais andares.
A lei n° L E I Nº 3.202, DE 26 DE OUTUBRO DE 1999, referente ao Código de
Obras da Cidade, não faz qualquer menção a altura de peitoril, guarda-corpo ou
platibanda.
− Prefeitura da Cidade de Santo André:
Lei nº 8.065, de 13 de julho de 2000, referente ao Código de Obras da Cidade,
também não faz qualquer menção a altura de peitoril, guarda-corpo ou platibanda.
− Prefeitura da Cidade de São Bernardo do Campo:
Lei nº 5.716, de 23 de agosto de 2007 e Lei nº 6.222, de 3 de setembro de 2012,
referente ao Código de Obras da Cidade, também não faz qualquer menção a
altura de peitoril, guarda-corpo ou platibanda.
− Prefeitura da Cidade de São Caetano do Sul:
Lei nº 4.944, de 27 de outubro de 2010 e Lei nº 5.077, de 18 de abril de 2012, da
Cidade, também não faz qualquer menção a altura de peitoril, guarda-corpo ou
platibanda.
Segundo Nigg e Herzog (1995), são três os parâmetros fundamentais, e que foram
adotados neste estudo, que são: massa, centro de massa (CM), centro de gravidade
(CG) e momento principal de inércia (I). Estas três propriedades frequentemente
requisitadas para as análises quantitativas do movimento humano, envolvendo neste
120 estudo simulações de equilíbrio estável e instável, procurou-se estimar através de
literatura sobre estudos antropométricos e de biomecânica, valores os quais possam
servir de embasamento para definição de uma altura segura para um anteparo.
No entanto, faz-se necessário um estudo adequado a ser realizado por profissionais
competentes nesta área.
Este estudo teve seu início com relatos da Razão de Ouro através do povo Sumério,
no ano de 3200 aC e encerra-se com menção de uma das mais belas e importantes
obras da humanidade, datada entre os anos de 1500 a 400 aC, no Quinto Livro de
Moisés, Deuteronômio, no seu Capítulo 22-8 que nos emite a seguinte mensagem:
“Quando edificares uma casa nova, farás no telhado um parapeito, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguém de alguma maneira cair dela. ”
121
REGISTRO DO TRABALHO
Este trabalho foi registrado no Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, sob
número RRT: 3909790.
Além, de registro no CREA-SP - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do
Estado de São Paulo, sob número ART: OL-00253940
Autor:
Valmir Chervenko
Arquiteto e Perito Membro do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de
São Paulo.
Pós-graduado em Engenharia Civil com Ênfase em Tecnologia da Construção
e-mail: [email protected]
Site: www.chervenko.com.br
Coautora:
Cirene Paulussi Tofanetto
Arquiteta e Perita
Pós-graduada em Avaliações e Perícias de Engenharia
Pós-graduada em Patologia das Construções
e-mail: [email protected]
Coautor:
Allan James de Castro Bussmann
Mestre em Educação Física
Docente de Anatomia Humana Centro Universitário Filadélfia Membro efetivo da Equipe de
Necropsia do Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital Universitário Regional Norte do
Paraná da Universidade Estadual de Londrina
e-mail: [email protected]
Colaboradores:
Dino Gomide Vezzá
Engenheiro Civil
Pós-graduado em Gestão da Qualidade
Pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho
Dr. Marcelo Fratin
Advogado Especialista em Direito Público.
122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Hospital Estadual do Grajaú em 2005. Rev Med. São Paulo: abr-jun, 2007. (2):94-100.
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Manual de Técnicas de Trabalho em Altura. Prevenção de quedas. SINDUSCON-CE.
Manual para a Implantação da Assistência Técnica Pública e Gratuita a Famílias de
Baixa Renda para Projeto e Construção de Habitação de Interesse Social – IAB –
Instituto de Arquitetos do Brasil;
Estudo de Mortalidade e Hospitalizações por acidentes - com crianças de até 14 anos
– Criança Segura Brasil;
CUT – Revista Projetar - Edição Especial;
124 Uma Análise da Situação de Saúde e da Agenda Nacional e Internacional de
Prioridades em Saúde - MINISTÉRIO DA SAÚDE - Saúde Brasil 2009 - Brasília / DF –
2010;
FNE – Federação Nacional dos Engenheiros – Assistência Técnica Pública e Garantia
para Habitação de Interesse Social – Carlos Augusto Ramos Kirchner;
Manual Contra Quedas . Responsável Técnico Auditor do Trabalho: Engº Gianfranco
Panplon - SERT - Superintendência Regional do Trabalho do Estado de São Paulo;
Manual de Prevenção de Acidentes do Trabalho em Ser viços de Manutenção de
Fachadas . Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São
Paulo.
Abordagem Fisioterapêutica quanto a Prevenção de Quedas em Idosos - Daniela Luiza
Silva;
As Medidas do Homem e da Mulher: Fatores Humanos em Design - Henry Dreyfuss
Associates.
Livro “Série de Fibonacci e o Número de Ouro”, de Diogo Fernandes;
Livro “Sequência de Fibonacci e o Número de Ouro, de Maurício Zahn;
Razão Áurea: Um Rico Tesouro de Surpresas, de Liliane Rezende Anásticio e
Francinildo Nobre Ferreira;
O Número de Outro na Arte, Arquitetura e Natureza: Beleza e Harmonia: Joseane
Vieira Ferrer;
Número de Ouro – Sua Incidência na Natureza - GUSMÃO, Lucimar Donizetei.
O número de Ouro como Instrumento de Aprendizagem Signficativa no Estudo dos
Números Irracionais - Prof. Dra. Vera Clotilde Garcia, Acad. Fabiana Fattore Serres,
Acad. Juliana Zys Magroe Acad. Taís Bruno de Azevedo.
Antropometria Aplicada à Arquitetura, Urbanismo e Desenho Industrial, Boueri Filho,
125 José Jorge. 1ª Edição e-book, São Paulo: Estação das Letras e Cores Editora, 2008;
Fundamentos e Elementos de Análise em Biomecânica do Movimento Humano - João
M.C.S. Abrantes Março 2008 Reedição do autor MovLab Universidade Lusófona
Lisboa;
Biomecânica do esporte e do Exercício - Peter M. Mc Ginnis - 3ª Edição - ARTMED;
Fonte: Fundamentos e elementos de análise biomecânica do movimento humano.
João M.C.S. Abrantes. Março 2008. Reedição do autor MovLab. Universidade
Lusófona Lisboa, PT.
Normas Brasileiras:
− NBR 15575:2013 - Edificações habitacionais — Desempenho – Paete - 5;
− NBR 8681:2003 - Ações e segurança nas estruturas – Procedimento;
− NBR 14718:2008 - Guarda-corpos para edificação;
− NBR 5674:2012 - Manutenção de edificações — Requisitos para o sistema de
gestão de manutenção;
− Norma Regulamentadora Nº 35 - Trabalho em Altura;
− Norma Regulamentadora N18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção;
− NBR 6120:2000 - Cargas para Cálculo de Estruturas de Edificações.
− INSTRUÇÃO TÉCNICA Nº 11/2011 - Saídas de emergência.
Leis, Decretos e Portarias:
− Lei nº 11.888, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2008 - Assegura às famílias de baixa
renda, assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de
habitação de interesse social e altera a Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, para
atender este setor menos favorecido;
− Lei nº 8.213, 24 DE JULHO DE 1991 - Dispõe sobre os Planos de Benefícios da
Previdência Social e dá outras providências;
− Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os arts. 182 e 183 da
126
Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras
providências";
− LEI Nº 11.228/92 - Dispõe sobre as regras gerais e específicas a serem obedecidas
no projeto, licenciamento, execução, manutenção e utilização de obras e
edificações, dentro dos limites dos imóveis; revoga a Lei no 8.266, de 20 de junho
de 1975, com as alterações adotadas por leis posteriores, e dá outras providências;
− Lei no 8.266, de 20 de junho de 1975 – Aprova o Código de Obras, e dá outras
providências;
− Portaria n.º 3.214, de 08 de junho de 1978 - (DOU de 06/07/78 - Suplemento) -
“Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho”;
− LEI Nº 12.378, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 - Regulamenta o exercício da
Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil -
CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito
Federal - CAUs; e dá outras providências;
− Lei nº 8.884, DE 11 JUNHO DE 1994- Transforma o Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (CADE) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão
às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências;
− DECRETO Nº 23.569 DE 11 DE DEZEMBRO DE 1933 - Regula o exercício das
profissões de engenheiro, de arquiteto e de aqrimensor;
− DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 – Código Penal;
− LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 - Institui o Código Civil;
− LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. - Dispõe sobre a proteção do
consumidor e dá outras providências - LEI Nº 3.071, DE 1º DE JANEIRO DE 1916;
− LEI Nº 3.071, DE 1º DE1916 - Código Civil dos Estados Unidos do Brasil;
− PORTARIA Nº 318 DE 08 DE MAIO DE 2012;
− (D.O.U. de 09/05/2012 - Seção 1 - pág. 88) Altera a Norma Regulamentadora Nº
18- Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção;
− Lei nº 3.427, de 19 de novembro de 1929 – Código de Obras Arthur Saboya;
− RESOLUÇÃO Nº 1.002, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2002 - Adota o Código de Ética
Profissional da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da
Geografia e da Meteorologia e dá outras providências;
− RESOLUÇÃO N° 1002, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2002 - Aprova o Código de Ética
127
e Disciplina do Conselho de Engenharia e Agronomia - CONFEA - Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia;
− Lei nº 4.944, de 27 de outubro de 2010 "Dispões sobre o zoneamento estratégico
do Município de São Caetano do Sul";
− Lei nº 5.077, de 18 de abril de 2012, "Dispões sobre a regularização de edificações,
disciplina a concessão de alvarás de conservação e dá outras providências";
− Lei nº 5.716, de 23 de agosto de 2007, "Dispõe sobre o uso e ocupação do solo
para o Município de São Bernardo do Campo, define parâmetros reguladores, e
dá outras providências";
− Lei nº 6.222, de 3 de setembro de 2012, "Dispõe sobre o parcelamento, uso e
ocupação do solo em todo o território do Município de São Bernardo do Campo, e
dá outras providências";
− DECRETO Nº 33015, de 5 de novembro de 2010, " Regulamenta a Lei n.º 4.815
de 25 de abril de 2008, estabelecendo as normas de uso e ocupação do solo da
Comunidade do morro do Cantagalo, no bairro de Ipanema, VI RA - Lagoa";
− Lei nº 8.065, de 13 de julho de 2000, "Regulamenta a Lei de 13 de julho de 2000,
que institui o código de obras e edificações e dá outras providências";
− Lei nº 4.242, de 29 de outubro de 2007, "Dispõe sobre a obrigatoriedade de
instalação de redes de proteção, em edificações residenciais multifamilares,
comerciais e similares, e dá outras providências";
− Decreto n° 6.615, de 30 de agosto de 2004, " Altera o Decreto no 5.135, de 7 de
julho de 2004, que aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos
Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas da Casa Civil da Presidência da
República, e dá outras providências";
− Lei nº 3.202, DE 26 DE OUTUBRO DE 1999, "Dispões sobre o código de obras
e edificações, que regulamenta e disciplina as atividades de projeto, licenciamento,
execução, utilização e manutenção das obras e edificações, com observância de
padrões de segurança, higiene, salubridade e conforto no município de Mauá".
− Portaria nº 737 de maio de 2001, elaborada pelo Ministério da Saúde, que aprova
a proposta da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e
Violência;
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Técnica do Serviço Meteorológico – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
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− Antropometria em Biomecânica - Características, Princípios e Modeles
Antropométricos - Sebastião Iberes Lopes Melo, Saray Giovana dos Santos
− Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos - Prof. Dr. André
L.F. Rodacki Msd Júlia Veronese Marcon Msd Renata Alyne Czajka Sabchuk
− Antropometria aplicada à arquitetura, urbanismo e desenho industrial - Manual de
Estudos - Jorge Boueri
− Ergonomia - Mario S. Ferreira Março, 2010
− Ergonomia - Rede de ensino FTC - Faculdade de Tecnologia e Ciências
− Cinesiologia - Vilela Junior, G.B., Hauser, M.W., Dagnone Filho, D., Oliveira, A.L.
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− http://cinesiologiacentral.blogspot.com/2009/10/segundo-lehmkuhl-e-smith-1987.html
ANEXOS
ANEXO 01 - PROJETO LAJE.
ANEXO 02 - DIVERSAS CONDIÇÕES DE RISCO IMINENTE DE QUEDAS EM NÍVEL, PRATICADAS POR PESSOAS EM GERAL, QUE LEVAM A ACIDENTES E ÓBITOS. ANEXO 03 - REGISTRO FOTOGRÁFICO - LEVANTAMENTO VIA GOOGLE MAPS EM QUATRO RUAS DA COMUNIDADE DO JARDIM ELBA-SP, COM CASOS DE CONDIÇÕES INSEGURAS. ANEXO 04 - SOLICITAÇÃO DE DADOS ESTATÍSTICOS E SEUS RESPECTIVOS RETORNOS. ANEXO 05 - CÁLCULO DO CENTRO DE GRAVIDADE POR ABORDAGEM DIRETA E INDIRETA.