anteparos e elementos de segurança em lajes de cobertura

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ANTEPAROS E ELEMENTOS DE SEGURANÇA EM LAJES DE COBERTURA: um breve estudo

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Page 1: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

ANTEPAROS E ELEMENTOS DE SEGURANÇA EM LAJES DE

COBERTURA:

um breve estudo

Page 2: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

Chervenko, Valmir – Arquiteto e Perito, Pós-graduado em Engenharia Civil com Ênfase em Tecnologia da Construção Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura: um breve estudo / Valmir Chervenko. Coautora: Cirene Paulussi Tofanetto. Coautor: Allan James de Castro Bussmann e Colaboradores: Dino Gomide Vezzá; Dr. Marcelo Fratin – São Paulo, 2015.

129 f.:il. color.

Trabalho de Pesquisa. Área de Concentração: Engenharia Civil, Arquitetura e

Biomecânica do Corpo Humano.

1. Lajes de Cobertura 2. Segurança 3.Quedas de Pessoas de Lajes. 4. Acidentes e Óbitos 5. Engenharia Civil 6. Segurança do Trabalho 7. Arquitetura 8. Ortopedia 9. Traumatologia 10. Biomecânica do Corpo Humano 11. Determinação do Centro de Massa. 12. Cinesiologia. 13.Antopologia.

Page 3: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

“O arquiteto, enfim, não é

escravo de um sistema de

proporções fixo. Ele pode

modificá-lo achando

aplicações novas e relações

proporcionais, assim como

acha aplicações variadas das

leis da geometria. Com efeito,

as proporções são filhas da

geometria. Em arquitetura,

elas se estabeleceram

primeiramente sobre as leis

da estabilidade e estas

derivam da geometria. ”

Viollet-le-Duc

Page 4: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

AGRADECIMENTOS

Agradeço Cirene Paulussi Tofanetto, Arquiteta e Perita, Pós Graduada em

Avaliações e Perícias de Engenharia e Pós Graduada em Patologia das Construções,

Dino Gomide Vezzá, Engenheiro Civil, Pós Graduado em Gestão da Qualidade e

Engenharia de Segurança e Trabalho, Allan James de Castro Bussmann, Mestre em

Educação Física e Dr. Marcelo Fratin, Advogado Especialista em Direito Público,

Vinicius Vieira Alvarenga Ribeiro, Técnico e Coordenador de Equipe de Basquetebol

e Viviani Cagni, Analista de Sistema, que contribuíram com apoio técnico para

elaboração deste trabalho, corroborando assim para que providências sejam tomadas

no sentido da diminuição de traumas e óbitos causados por acidentes envolvendo

ausência ou inadequação de anteparos arquitetônicos como guarda-corpo, peitoril e

platibanda em lajes de cobertura de edifícios verticais e horizontais, para que novas

diretrizes possam ser estabelecidas para adequação destes elementos e diminuição

destes acidentes, mediante conhecimentos de conceitos da segurança do trabalho,

ergonomia, biomecânica e antropometria a serem aplicados em projetos de

arquitetura e de engenharia civil, como é o caso das ancoragens em material inox,

muitas vezes desprezadas nos projetos.

Agradeço, em especial, à APM - Associação Paulista de Medicina, Unidade de

São Bernardo do Campo e Diadema, que nos enviou dados de alta importância

demonstrando o grande número de acidentes e óbitos decorrentes de acidentes de

quedas em laje.

Também à Assistente de Suporte Técnico, Sra. Claudia Sales do Prado que

contribuiu com este estudo, enviando dados sobre o "Projeto Laje", realização do

processo de organização do Serviço de Neurocirurgia do Departamento Hospitalar de

um Hospital Municipal, projeto este, à época sob a direção e coordenação do Profº Dr.

Sergio Branco Soares Júnior, então Chefe da Equipe de Neurocirurgia. Nosso

agradecimento à Organização Não Governamental, CRIANÇA SEGURA Safe Kids

Brasil, pela preciosa colaboração no envio de dados estatísticos e à Secretaria

Municipal da Saúde da Cidade de São Paulo.

Agradecer também a Sra. Adriana Leandro de Araújo, Cap PM – Ch Sec de

Geoestatística, Coordenadoria Operacional e Sr. Alexandre De Raga, Cap. PM -

Departamento de Prevenção, ambos do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo,

Regional da Sé, SP, também colaboraram com envio de dados estatísticos.

Page 5: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo de ocorrências de acidentes e iniciativas técnicas

em estruturas de lajes, no tocante a guarda-corpo para sacadas e varandas, peitoril

para aberturas de caixilhos e platibanda para terraços em geral, além de abordar os

elementos de ancoragem para fixação de cabos para suporte de equipamento

individual e coletivo de segurança, com instalação prevista nas normas do Ministério

do Trabalho e Emprego (NR18 e NR35), embora estas sejam inespecíficas para todas

as necessidades de projeto de cálculo estrutural. Parte dos erros ocorre pela falta de

conhecimento dos envolvidos diretamente na execução de projetos arquitetônicos e

dos projetos de cálculo estrutural. Deste modo, este estudo propõe uma revisão da

legislação pertinente a anteparos, bem como, uma melhor fiscalização na execução e

no atendimento às Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego

durante a fase de concepção dos projetos de arquitetura em conjunto com o projeto

estrutural, utilizando-se dos princípios de prevenção de acidentes em geral, de forma

a alcançar a segurança de todos que façam uso do ático, lajes de cobertura da casa

de máquinas ou de reservatórios elevados e telhados em edifícios em geral. O estudo

evidencia ainda, a necessidade de preocupação também com residências uni e

multifamiliares, quando de condições inseguras em lajes de cobertura com ou sem

telhado. Estatísticas de acidentes e óbitos concernentes ao assunto são aqui

apresentados ratificando a omissão dos governos na fiscalização de obras

particulares, realizadas sem acompanhamento profissional de arquitetos e/ou

engenheiros. Esses acidentes corroboram em envolvimento da área da saúde pública,

gerando gastos, manobras e consequências que poderiam ser evitados. Este estudo

foi baseado em pesquisa bibliográfica, consulta a dados disponíveis na Internet e de

inúmeras vistorias, especificamente em edifícios verticais residenciais ou comerciais,

buscando identificar inconformidades e dados de acidentes do setor, além de motivos

para a elevada ocorrência dos acidentes em comunidades carentes.

Palavras-chave : Acidentes; Óbitos; Quedas em lajes; Platibanda; Guarda-corpo;

Anteparo; Muretas; Peitoril; Lajes de cobertura; Engenharia civil; Arquitetura; Obras

públicas; Segurança do trabalho; Ortopedia; Traumatologia; Antropologia;

Biomecânica; Centro de gravidade; Centro de massa; Equilíbrio estável; Equilíbrio

instável.

Page 6: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

ABSTRACT

This article presents a study of events in accidents and techniques initiatives in slab

structures, as far as the railings is concerned, balcony, sill to opening flames and

parapets to terraces in general. Besides approaching the elements of anchorage, to fix

the cables to support the individual and collective security equipment, that it has

installation expected in the rules of the Ministry of labor and Job (NR18 and NR35),

even though there are such rules, they are unspecific for every necessity in structural

calculation. Part of the errors is the lack of knowledge of those involved directly in the

implementation of architectural designs and structural design projects. Thus, this

article proposes a revision of the relevant the bulkheads legislation, as well as better

monitoring implementation and compliance with the Regulatory Standards of the

Ministry of Labour and Employment during the design stage of architectural projects in

conjunction with the structural design, using the principles of accident prevention in

general, in order to reach the safety of all who make use of the attic, house roof slabs

machines or elevated tanks and roofs in buildings in general. The study shows also

the need for concern also houses single and multifamily when unsafe conditions in

covering slabs or roof. Accident statistics and deaths concerning the matter are

presented here confirming the failure of governments in the supervision of private

works, carried out without professional supervision of architects and / or engineers.

These accidents corroborate involvement in public health, generating spending,

maneuvers and consequences that could be avoided. This article was based on

bibliographic research, consulting available data in the internet and in countless

inspections specifically in residential and commercial vertical buildings, trying to

identify noncompliance and data in accidents, besides the reason for the high

occurrences these cases in poor areas.

Keywords: Accident deaths, falls in slabs, platbands, cage, bulkhead small wall, sill,

roof slab, civil engineering, architecture, public works, job security, orthopedics,

traumatology; anthropology; biomechanics; gravity center; center of mass; stable

equilibrium; unstable equilibrium.

Page 7: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Queda de altura ........................................................................................ 25

Figura 2 - Campanha de Prevenção de Quedas de Lajes ........................................ 26

Figura 3 - Medidas para balcão, descritas no art. 5.7.10.4 da IT-11 do CBSP. ........ 53

Figura 4 - Espera de ancoragem por fixação química ............................................... 57

Figura 5 - Espera de ancoragem por transfixação .................................................... 58

Figura 6 - Espera de ancoragem por dupla transfixação ........................................... 58

Figura 7 - Binários aplicados no topo da platibanda, simulando ação de andaime

suspenso ................................................................................................................... 67

Figura 8 - Divisão do corpo humano em Plano Sagital, Coronal e Transversal. ....... 70

Figura 9 - Demonstração complementar das orientações corporais acima visto ...... 70

Figura 10 - O Homem vitruviano. .............................................................................. 77

Figura 11 - Valores da métrica humana. ................................................................... 79

Figura 12 - Centro de gravidade no corpo humano ................................................... 82

Figura 13 - Alteração do CG para movimentação do braço esquerdo ...................... 83

Figura 14 - Alteração do CG para movimentação de ambos os braços para cima. . 83

Figura 15 - Centro de gravidade das mulheres ......................................................... 84

Figura 16 - Alterações no Centro de Gravidade do idoso ........................................ 84

Figura 17 - Distribuição de peso em diferentes alturas de salto (adaptação de Monteiro,

1999 apud Van der Linden, 2004) ............................................................................. 85

Figura 18 - Equilíbrio do corpo ................................................................................. 86

Figura 19 - Base de suporte ou apoio ....................................................................... 87

Figura 20 - Base de suporte mediante posturas........................................................ 87

Figura 21 - ângulos necessários para causar equilíbrio instável .............................. 88

Figura 22 - Equilíbrio estável e instável - Fonte: VILELA JR et aL, 2001 (Adaptado)

.................................................................................................................................. 89

Figura 23 - Equilíbrio estável e instável e comparativo de alturas prescritas em normas

e legislação ............................................................................................................... 89

Figura 24 - Simulação entre altura do CG de um indivíduo com estatura de 1,74 m e

outro com 1,865m, conforme figura 3 - Exemplo 3 da norma NBR 14718:2008 -

Guarda-corpo ............................................................................................................ 90

Figura 25 - Distância entre perfis verticais (dimensões em metros). ......................... 91

Figura 26 - Simulação entre altura do CG de um indivíduo com estatura de 1,74 m e

Page 8: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

outro com 1,865m, conforme figura 6 – altura do topo de guarda corpo >=1,00m da

norma NBR 14718:2008 - Guarda-corpo. ................................................................. 91

Page 9: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

ÍNDICE DE FOTOS

Foto 1 - Queda de laje tem ação de prevenção ........................................................ 21

Foto 2 - Peitoril baixo, em casos de edifícios antigos como o Edifício Martinelli,

exigindo-se proteção através de anteparo, conforme legislação municipal de São

Paulo, altura de 0,90m. ............................................................................................. 46

Foto 3 - Laje de cobertura de casa de máquinas e reservatório elevado de água,

constando muretas das platibandas com 20cm de altura, além da inexistência de

sistema de ancoragens. ............................................................................................ 47

Foto 4 - Risco iminente de trabalhadores no serviço de manutenção sobre estas lajes.

.................................................................................................................................. 47

Foto 5 - Lajes e painéis de energia solar .................................................................. 49

Foto 6 - Forma correta de instalação de platibanda e fixação de escada tipo

marinheiro, vista externa. .......................................................................................... 49

Foto 7 - Forma correta e segura de acesso pela escada marinheiro dentro do ambiente

protegido pela platibanda. ......................................................................................... 50

Foto 8 - Instalação dentro de viga de concreto ......................................................... 59

Foto 9 - Ligação de cabo guia ................................................................................... 59

Foto 10 - Equilíbrio instável e estável - (Adaptado) ................................................... 92

Foto 11 - A foto ilustra um guarda-corpo com altura segura, ou seja, com altura acima

do Centro de Gravidade (CG) e na altura do peito, sem eventuais barras inferiores que

possam levar o indivíduo a praticar o ato de subir no anteparo. ............................. 103

Page 10: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Crianças vítimas de queda atendidas pelo serviço de Cirurgia Pediátrica no

Pronto Socorro do HEG no ano de 2005. .................................................................. 19

Tabela 2 - Destino das crianças vítimas de queda atendidas pelo serviço de Cirurgia

Pediátrica no Pronto Socorro do HEG no ano de 2005. ............................................ 19

Tabela 3 - Distribuição mensal das internações por quedas de laje em menores de 13

anos do HEG no ano de 2005, em relação ao total de internações por queda nesse

grupo etário. .............................................................................................................. 19

Tabela 4 - Crianças vítimas de queda de laje internadas no HEG no ano de 2005,

segundo o sexo e faixa etária. ................................................................................... 20

Tabela 5 - Distribuição dos casos de quedas de laje que resultaram em internação no

HEG em 2005, em menores de 13 anos, pelos dias da semana em que ocorreram.

.................................................................................................................................. 20

Tabela 6 - Número absoluto (N), proporção (%) de óbitos e taxa (ou coeficiente) de

mortalidade (por 100 mil habitantes) por causas externas, segundo variáveis

demográficas, tipos de causa externa e categorias de análise – Brasil, 2008. ......... 30

Tabela 7 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no

Município de São Paulo, segundo subcategoria - anos 2013 e 2014. ....................... 32

Tabela 8 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no

Município de São Paulo, segundo faixa etária - Anos 2013 e 2014. ......................... 32

Tabela 9 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no

Município de São Paulo, segundo sexo - Anos 2013 e 2014. ................................... 33

Tabela 10 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no

Município de São Paulo, segundo raça/cor - Anos 2013 e 2014. .............................. 33

Tabela 11 - Óbitos por Queda acidental de ou para fora de edifícios ocorridos no

Município de São Paulo, segundo local de moradia - Anos 2013 e 2014. ................ 33

Tabela 12 - Morte por Quedas em 2013. .................................................................. 34

Tabela 13 - Morte por Quedas em 2014. .................................................................. 35

Tabela 14 - Número de crianças de 0 a 14 anos por queda de edifícios no Brasil.... 36

Tabela 15 - Ocorrências atendidas pelo CB em São Paulo e Grande ABC. ............. 37

Tabela 16 - Princípios de prevenção através do projeto ......................................... 105

Tabela 17 - Escala Beaufort de ventos ................................................................... 111

Page 11: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Mortalidade por acidentes e violências (causas externas), 0 a 14 anos,

2008 .......................................................................................................................... 29

Gráfico 2 - Mortalidade por acidentes, 0 a 14 anos, 2008 ......................................... 29

Gráfico 3 - Hospitalizações por acidentes, 0 a 14 anos, 2008................................... 29

Gráfico 4 - Ocorrências de Queda de Telhado. ......................................................... 37

Gráfico 5 - Dados amostrais de altura "a" para indivíduos sedentários e não

sedentários. ............................................................................................................... 98

Page 12: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

1 SAÚDE PÚBLICA............................................................................................ 18

1.1 Diário do Grande ABC ..................................................................................... 21

1.2 Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo .................... 23

1.3 Avaliação Epidemiológica dos Pacientes Vítimas de Traumatismo

Raquimedular .................................................................................................. 24

1.4 Uma em Cada Três Lesões na Coluna Vêm de Queda de Laje ...................... 25

1.5 Campanha de Prevenção de Quedas de Lajes ............................................... 26

1.6 Ortopedistas alertam que queda de laje vira epidemia durante as férias ........ 27

1.7 Programa “Criança Segura”, Formação de Mobilizadores .............................. 28

1.8 Dados Estatísticos de Acidentes e Óbitos na Cidade de São Paulo ............... 31

1.9 Dados estatísticos de acidentes e óbitos no Brasil .......................................... 34

1.10 Queda de crianças de edifícios causa mais de 33 mortes por ano no Brasil .. 36

1.11 Relatório de Levantamento de Dados nº COORDOPCB-107/812/15 do Corpo

de Bombeiros do Estado de São Paulo........................................................... 36

Dados estatísticos referentes a quedas de telhados na Região do Grande ABC e São

Paulo (Capital) entre os anos de 2013 e 2015 até o mês de setembro. ......... 36

1.12 Projeto Laje ..................................................................................................... 37

2 CONSEQUÊNCIA DO IMPACTO DO CORPO DE UMA CRIANÇA AO ATINGIR

O SOLO, EM QUEDA LIVRE .................................................................................... 38

3 MÉDICOS CONSTRUTORES ........................................................................ 42

4 ANTEPAROS QUE ENVOLVEM TERRAÇOS, ÁTICO E SEGURANÇA EM

EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS ........................................................... 45

4.1 Código de Obras da Cidade de São Paulo ...................................................... 45

4.1.1 Lei º 11.228/1992, art. 17.J1.a ..................................................................... 46

4.1.2 Lei º 11.228/1992, art. 10.E.2 ....................................................................... 46

Page 13: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

4.1.3 Condições adequadas para platibandas em lajes de cobertura de edifícios em

geral 48

4.1.4 Condições adequadas para platibandas em lajes de cobertura de edifícios em

geral. 49

4.1.5 O novo Código de Obras da cidade de São Paulo ....................................... 51

4.2 Legislação do Corpo de Bombeiros – Instrução Técnica nº 11 – Saída de

Emergência ..................................................................................................... 52

4.3 Responsabilidade Civil do Estado ................................................................... 53

4.4 Legislação do Ministério do Trabalho e Emprego (NR 18 e NR 35) ................ 55

4.5 Modelos de Ancoragens e Fixações ................................................................ 57

4.5.1 Espera de Ancoragem por Fixação Química ................................................ 57

4.5.2 Espera de Ancoragem por Transfixação ...................................................... 58

4.5.3 Espera de Ancoragem por Dupla Transfixação ............................................ 58

4.6 Prescrições da Norma Regulamentadora NR 18 do MTE e IT-11 do Corpo de

Bombeiros ....................................................................................................... 60

4.6.1 NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

60

4.6.2 IT 11 - Saídas de Emergências do Corpo de Bombeiros ............................. 60

4.7 Responsabilidade Civil e Criminal do Síndico ................................................. 61

4.7.1 Responsabilidade civil .................................................................................. 61

4.7.2 Responsabilidade criminal ........................................................................... 61

4.8 Atribuição do Arquiteto .................................................................................... 62

4.9 Atribuição do Engenheiro Civil......................................................................... 65

4.10 Norma NBR 15575:2013 - Edificações habitacionais — Desempenho ........... 66

9.2.1 Critério - Guarda-corpos em coberturas acessíveis aos usuários .................... 66

9.2.2 Critérios - Platibandas ...................................................................................... 66

9.2.3 Segurança no trabalho em sistemas de coberturas inclinadas Coberturas

inclinadas .................................................................................................................. 67

Page 14: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

9.2.2.2 Premissas de projeto ................................................................................... 68

4.11 Norma para Guarda-corpo .............................................................................. 68

4.11.1 Ensaios ..................................................................................................... 68

5 CINESIOLOGIA – PLANOS E EIXOS DO MOVIMENTO HUMANO............... 69

5.1 Centro de Gravidade do Corpo Humano ......................................................... 72

5.2 Localização do C.G. do Corpo Humano .......................................................... 72

6 RAZÃO DE OURO .......................................................................................... 73

6.1 A Razão de Ouro na Matemática .................................................................... 74

6.2 A Razão de Ouro na Arte ................................................................................ 76

6.3 A Razão de Ouro na Arquitetura ..................................................................... 77

6.3.1 O Modulor .................................................................................................... 77

7 ANTROPOMETRIA E O CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO HUMANO 81

8 CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO HUMANO ........................................ 82

8.1 O fator salto em sapatos ................................................................................. 85

8.2 Equilíbrio e gravidade: ..................................................................................... 85

9 INVESTIGAÇÃO COM MODELOS DE DIFERENTES MEDIDAS .................. 93

9.1 Definição da altura conforme Razão de Ouro e Cálculos atuais ..................... 99

10 CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES ................................................... 104

10.1 Platibandas, ancoragens e sistema de linhas de vida horizontal ou vertical

permanente ou temporária ............................................................................ 104

10.2 Influência do projeto de arquitetura na segurança do trabalho ...................... 105

10.3 Sobre a Lei de Assistência Técnica ............................................................... 107

10.4 Sobre os dados estatísticos da área da saúde .............................................. 108

10.5 Sobre as normas NBR 15.575:2013 e NBR 14.718:2008 ............................. 109

10.5.1 Análise das normas NBR 15575:2013 e NBR 14718/2008 ..................... 109

10.6 IT 11 - Sistemas de Emergências do Corpo de Bombeiros do Estado de São

Paulo. ............................................................................................................ 109

10.7 Escala Beaufort ............................................................................................. 110

Page 15: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

10.7.1 Informações sobre ventos nos locais de trabalho ................................... 110

10.7.2 Origem da Escala Beaufort ..................................................................... 110

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 113

REGISTRO DO TRABALHO ................................................................................... 121

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 122

ANEXOS ................................................................................................................. 130

Page 16: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

16

INTRODUÇÃO

Este estudo tem por objetivo despertar nos profissionais envolvidos e nas

autoridades competentes, órgãos de normalização e entidades de classe destinadas

à engenharia civil e arquitetura, a necessidade de se criar um padrão mínimo para ser

estabelecido em norma nacional e/ou legislação no âmbito municipal, contendo

questões relativas ao projeto e execução de obras, no que diz respeito à

implementação dos conceitos existentes nas Normas Regulamentadoras do Ministério

do Trabalho e Emprego, para que estes conceitos sejam previstos na concepção dos

projetos de arquitetura e engenharia civil, para atender as questões relativas a

segurança na manutenção predial, (hoje previsto também pela norma NBR

15575:2103, porém exclui as áreas objeto deste estudo, por não serem áreas

habitáveis) nos serviços de perícias, vistoria para recebimento e entrega de obras e

manutenção destes dispositivos de proteção para lajes de cobertura de edifícios

verticais e horizontais, como é o caso das ancoragens de aço inox e linhas de vida,

elementos estes que devem ser previstos durante a execução propriamente dita dos

projetos.

Além de serem previstos neste estudo, os anteparos arquitetônicos comumente

utilizados em sacadas e varandas, como guarda-corpo, peitoris de aberturas de vãos

em fachadas ou platibanda em cobertura de lajes.

No caso das ancoragens, o descumprimento do estabelecido nas presentes

Normas Regulamentadoras, quando instalado de forma incorreta, torna estes

elementos ineficazes em suas propriedades, como o de promover a segurança do

trabalhador sobre lajes de cobertura em edifícios em geral, (NR 35) tanto a platibanda

quanto o sistema de ancoragens devem ser projetados de forma a absorver cargas

provenientes de esforços da instalação e operação de equipamento de segurança,

sem que o usuário corra o risco de despencar destas lajes de cobertura ou fachadas

dos edifícios, podendo causar acidentes graves, inclusive óbitos.

Entende-se que, por meio das descrições contidas neste estudo, que o autor,

coautora e seus respectivos colaboradores possam contribuir com a formação de

novas soluções de arquitetura e soluções tecnológicas de engenharia a serem

adotadas para a regulamentação, corroborando assim com a diminuição de acidentes

que envolvam estes elementos de proteção. Cabe ainda, ressaltar que as ocorrências

de acidentes e óbitos envolvendo edificações destinadas ao uso unifamiliar ou

Page 17: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

17 multifamiliar, pela falta de uma mureta com altura segura ou na maioria das vezes,

ausentes como indicou a pesquisa, é muita alta, esclarecendo a responsabilidade de

engenheiros civis e arquitetos exigirem o uso correto destes elementos durante a

execução do projeto e da obra, mesmo que omissos em leis municipais, como Código

de Obras.

Os esclarecimentos aqui propostos são de interesse público e de conotação

jurídica, onde moradores no caso de edificações residenciais térreas e ou

assobradadas, onde as pessoas fazem uso de lajes de cobertura como área de lazer,

e no caso de edifícios verticais, para conhecimento de Síndicos, Zeladores e

trabalhadores temporários que prestam serviços de manutenção em lajes de

cobertura destes, para que todos tenham conhecimento de seus direitos e obrigações

com relação a este tema, primeiramente como cidadãos, de ter sua integridade física

garantida quando do uso destes espaços.

O estudo contempla uma visão geral sobre o tema abordado, com dados

estatísticos do volume de acidentes e óbitos registrados por queda de nível diferente

nestes recintos.

Não cabe aqui, posicionar aos interessados que grande parte dos acidentes

comuns ou de trabalho, que ocorrem nas cidades, é oriunda de quedas de nível desta

natureza.

A norma NBR 15575:2013, em seu item 14- Durabilidade e Manutenabilidade,

prevê que facilidade ou meios e favorecimento das condições de acesso para

inspeção predial, com instalação de suportes para fixação de andaimes, balancins,

etc., que é de obrigação do arquiteto, prever no projeto elementos de ancoragem que

facilitem a instalação de balancins, ou outros elementos para a limpeza periódica dos

vidros das fachadas (cortinas de vidro), guarda-corpos das varandas e demais

fechamentos de difícil manutenção.

No entanto, é preciso que se faça divulgação desta norma tanto para arquitetos

quanto para engenheiros, muitos ainda desconhecem a referida norma e o alto preço

inviabiliza o interesse por parte destes profissionais.

Esta norma entende o autor, coautora e colaboradores, deve levar em

consideração um estudo de fatores biomecânicos e fatores antropométricos no

ambiente onde se exija um anteparo com altura adequada e segura.

Segundo Rasch (1991, p. 175), a biomecânica é definida como o estudo da

aplicação dos “princípios de engenharia a sistemas biológicos, ou o estudo das forças

Page 18: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

18 internas e externas geradas por, e atuantes sobre, sistemas biológicos e dos efeitos

dessas forças”.

A Biomecânica visa analisar os aspectos que compõem o movimento humano,

sua anatomia e fisiologia, de acordo como o ponto de vista das leis e princípios da

mecânica. A antropometria (do grego ánthropos, "homem", e métron, "medida") “é o

conjunto de processos ou técnicas de mensuração do corpo humano e de suas várias

partes” (ZILIO, 2005, p. 25). Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 10), a

antropometria “ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano”.

1 SAÚDE PÚBLICA

Conforme dados obtidos no relatório sobre "Acidentes por queda de laje na

infância registrados no Hospital Estadual do Grajaú em 2005 - Roof fall cases in

childhood recorded in Hospital Estadual do Grajaú during 2005" dos autores: Sylvia

Carolina Aranha, Fernanda Maria Simões da Costa, Laira Rita Faustino, Michelle

Ichida, Lélia Cardamone Gouvêa, José Roberto Baratella, os acidentes relativos a

queda em laje aumentaram naquele ano, produzindo o acréscimo das taxas de

morbimortalidade infantil, tornando-se importante problema de saúde pública, o

objetivo deste grupo de estudo era determinar a frequência dos acidentes por queda

de laje em crianças até 12 anos e 11 meses que resultaram em internação no Hospital

Estadual do Grajaú (HEG) no ano de 2005; Propor ações de prevenção de acidentes

por queda de laje na região atendida pelo HEG, baseadas nos resultados

encontrados.

Este estudo se limitou aos casos de queda em laje que necessitaram de

internação, não se levando em consideração as crianças que permaneceram no

hospital em observação por um período de até 24 horas ou aquelas que, por

apresentar traumatismo crânio encefálico grave, foram transferidas a outra unidade

de emergência, pois o HEG não dispõe do serviço de neurocirurgia.

Assim, foram selecionadas as crianças vítimas de queda de laje que

necessitaram de internação, realizando-se a seguir uma análise cuidadosa dos

prontuários dessas crianças.

Elaborou-se um protocolo para a investigação desse tipo de queda, contendo

as seguintes variáveis: idade, sexo, dia de semana e mês em que ocorreu a queda,

Page 19: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

19 altura da laje, presença de traumatismo crânio encefálico, fraturas e/ou outras lesões,

duração da internação, necessidade de cuidados na Unidade de Terapia Intensiva

(UTI), procedimentos cirúrgicos e/ou outros procedimentos, presença de

complicações e óbitos.

Os dados coletados foram traduzidos em quadros estatísticos descritos abaixo:

Tabela 1 - Crianças vítimas de queda atendidas pelo serviço de Cirurgia Pediátrica no Pronto Socorro do HEG no ano de 2005.

Etiologia N % Queda de laje 50 8,79 Outras quedas 519 91,21 Total 569 100

Fonte: Aranha et al. (2015, p. 96)

Tabela 2 - Destino das crianças vítimas de queda at endidas pelo serviço de Cirurgia Pediátrica no Pronto Socorro do HEG no ano de 2005.

Destino da criança N % Internação 18 36 Observação ou transferência

32 64

Total 50 100 Fonte: Aranha et al. (2015, p. 96)

Tabela 3 - Distribuição mensal das internações por quedas de laje em menores de 13 anos do HEG no ano de 2005, em relação ao tot al de internações por

queda nesse grupo etário.

p = 0,05 (NS)

Fonte: Aranha et al. (2015, p. 96)

Meses 2005

Internações em menores de 13 anos

por quedas

por quedas de laje

N % Janeiro 14 4 28,57 Fevereiro 7 1 14,29 Março 11 0 0 Abril 11 1 9,09 Maio 6 1 16,67 Junho 15 1 6,67 Julho 14 4 28,57 Agosto 19 4 21,05 Setembro 9 0 0 Outubro 16 2 12,5 Novembro 8 0 0 Dezembro 10 0 0 Total 140 18 —-

Page 20: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

20

Tabela 4 - Crianças vítimas de queda de laje intern adas no HEG no ano de 2005, segundo o sexo e faixa etária.

Faixa etária Feminino Masculino Total N % N % N %

Menores de 2 anos 0 0 3 16,67 3 16,67 2 anos a 6 anos e 11 meses 2 11,11 5 27,78 7 38,89 7 anos a 12 anos e 11 meses

2 11,11 6 33,33 8 44,44

Total 4 22,22 14 77,78 18 100 Fonte: Aranha et al. (2015, p. 96)

Tabela 5 - Distribuição dos casos de quedas de laje que resultaram em internação no HEG em 2005, em menores de 13 anos, p elos dias da semana em

que ocorreram.

Dia da semana

N %

Segunda 5 27,78 Terça 3 16,67 Quarta 0 0 Quinta 0 0 Sexta 2 11,11 Sábado 6 33,33 Domingo 2 11,11 Total 18 100

Fonte: Aranha et al. (2015, p. 97)

O estudo realizado por estes pesquisadores aponta que esses acidentes

ocorreram principalmente em finais de semana e férias, sendo os escolares os mais

envolvidos. A maioria (78%) era do sexo masculino pela grande exposição às

atividades de risco. As baixas condições socioeconômicas, refletindo na construção

das moradias e no cuidado com as crianças, podem ter influenciado nos acidentes.

Programas de prevenção baseados na educação devem ser adotados,

conscientizando a comunidade da importância de alterações no comportamento e na

área física das moradias, para se evitar tais ocorrências.

Page 21: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

21 1.1 Diário do Grande ABC

Foto 1 - Queda de laje tem ação de prevenção Fonte: Diário do Grande ABC (15/11/2014)

Local para estender roupa, empinar pipa e confraternizar, as lajes das residências, principalmente na periferia das cidades, são cenários de muitas tragédias, ocasionadas pela queda de pessoas de todas as idades. Para conscientizar a população sobre o perigo dessas áreas, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em parceria com a APM (Associação Paulista de Medicina) – Regional São Bernardo e Diadema – lançou ontem, na sede da entidade, uma campanha de prevenção de quedas de laje. A iniciativa tem o apoio da Sociedade Brasileira de Coluna e da Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Há tempos o neurocirurgião especialista em coluna e presidente da APM regional, Marcelo Ferraz de Campos, vê a necessidade de uma ação que alerte sobre a questão. Em estudo desenvolvido pelo médico para uma tese de mestrado, ele constatou que, das 100 pessoas que chegaram ao Hospital Heliópolis (a maioria residente no Grande ABC), com lesão medular, entre 2000 a 2006, 23% tinham sofrido queda da laje. “É uma fatalidade que pode ser prevenida com custo zero e resultados imediatos”, fala Campos. “Nos trabalhos de epidemiologia, o Grande ABC se assemelha à região da periferia da Capital. Nosso objetivo é levar essa campanha à APM da Capital, para que tenha abrangência maior”, acrescentou. Em Destaque PERFIL De acordo com a pesquisa, 80% das vítimas são homens entre 18 e 45 anos. No levantamento foi constatado que em 2011, no Estado de São Paulo, foram registradas mais de 2.500 internações causadas por quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões, sacadas, muros e telhados. A média de permanência de pacientes com lesão medular no hospital é de três meses. No total, as internações custaram R$ 3,2 milhões ao SUS (Sistema Único de Saúde) paulista. A secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, presente ao lançamento da campanha, citou um exemplo de como a iniciativa de prevenção auxilia na

Page 22: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

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economia do dinheiro público, podendo ser destinado à ampliação da rede de atendimento de Saúde. “Com as campanhas sobre os riscos de ingerir álcool e dirigir, o que se poupou de recurso de atendimento à emergência comprou-se um hospital no valor de R$ 50 milhões, resultado de seis meses de economia, mostrando como a prevenção é capaz de provocar mudança para o gestor público e fazer diferença na vida das famílias. ” Ocorrências não são registradas no momento do atendimento Ao fazer uma busca no sistema público de Saúde, é difícil encontrar o número de atendimentos referentes a vítimas de quedas de laje. Isso porque quando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) é acionado, os registros dos casos referem-se como “queda de altura”, que pode ser de um andaime, muro, prédios, árvores, entre outros. No DataSUS – banco de dados do Ministério da Saúde –, as internações são registradas como “queda de/ou para fora de edifícios ou outras estruturas”. No Grande ABC, de janeiro a setembro, 77 pessoas foram internadas com esse perfil e três morreram. Os dados, porém, não são necessariamente relacionados a indivíduos que caíram da laje. A secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, ressalta a importância de o motivo da queda ser registrado. “É fundamental que haja a documentação da causa do acidente, pois não é possível evitá-lo sem conhecer a origem do problema. ” Ação precisa de reforço das prefeituras O lançamento da campanha de prevenção de quedas de laje, ontem, na sede da APM (Associação Paulista de Medicina) – Regional São Bernardo e Diadema – não contou com a participação de nenhum representante das prefeituras de ambas as cidades. A secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, lamentou a ausência dos gestores e dos integrantes da equipe de governo e ressaltou a importância da participação das administrações municipais na ação. “Sinto falta dos representantes da esfera municipal, foram todos convidados. Precisamos e esperamos ter o apoio da rede municipal de São Bernardo e Diadema porque necessitamos ter acesso às escolas para mostrar os riscos às crianças. Mas, para isso, precisamos que o agente público municipal esteja tão envolvido na ação quanto estão os médicos das duas cidades e o governo do Estado, por meio da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Queremos contar com todos nessa mudança de hábito”, garantiu. Para o neurocirurgião especialista em coluna e presidente da APM Regional, Marcelo Ferraz de Campos, os executivos municipais precisam desenvolver ações para evitar os acidentes por quedas de laje. “O objetivo dessa campanha é orientar, principalmente, os órgãos públicos para fiscalizar a criação de muros ou cercas nas casas que não tenham segurança, além de orientar os professores para que façam prevenção direta nas escolas. ” Carreta chegará a Diadema em dezembro Embora estivesse prevista para chegar a Diadema entre a segunda e a terceira semana de outubro, a carreta de atendimento da Rede Lucy Montoro só desembarcará no município no início do próximo mês, segundo a secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella. A data, porém, continua indefinida. A titular da Pasta não informou o motivo do atraso, mas afirmou que a

Page 23: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

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demanda de pacientes com deficiência ou mobilidade reduzida já está identificada. “A unidade móvel atenderá 600 pessoas de todo o Grande ABC. ” Linamara acredita que a carreta permanecerá na cidade por, pelo menos, dez dias. Criada em 2009, atende as demandas mais urgentes de fornecimento de órteses, próteses, cadeiras de rodas e meios auxiliares de locomoção em todo o Estado. Conta com consultório e equipe composta por médico fisiatra, técnico de órteses e próteses, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e enfermeiros. Neste ano, segundo Linamara, não há a possibilidade de que o veículo passe por outros municípios da região. “A unidade móvel levanta a demanda, reconhece os pacientes e entrega o que é mais simples, mas muitos exigem uma adaptação na cadeira de rodas, uma prótese mais elaborada, então não conseguimos fazer todo o atendimento de imediato, temos de voltar algumas vezes. Por isso, neste ano não temos condições de atender outros municípios, mas nada impede que a gente faça uma programação para 2015. ” Também no ano que vem, Diadema terá a unidade fixa da Rede Lucy Montoro. O equipamento será instalado no Quarteirão da Saúde, na região central, e será dimensionado para atender 250 pacientes por dia, não só diademenses, mas também de São Bernardo, São Caetano e Santo André. Há discussões para que a cidade andreense também receba uma unidade, no Hospital Estadual Mário Covas, mas sem prazo de implantação. (DIÁRIO DO GRANDE ABC, 15/11/2014)

1.2 Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde d e São Paulo

Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que uma pessoa morre a cada três dias por queda de laje no Estado de São Paulo. Somente no ano de 2011, foram registradas 2.649 internações causadas por quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões ou sacadas, muros, telhados e torres. Desse total, 136 pessoas morreram. No total as internações custaram R$ 3,2 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) paulista. Segundo a cirurgiã-geral Silvana Nigro, gerente do pronto-socorro do hospital estadual do Mandaqui e médica do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências da Secretaria (Grau), as quedas acidentais de laje ocorrem, principalmente, pela ausência de uma estrutura de proteção nesses pavimentos superiores. “Muitas famílias constroem as lajes em suas residências para usarem como área de recreação e lazer ou mesmo como local para armazenarem mobílias e outros objetos, mas se esquecem de adicionarem um muro de tijolos ou mesmo uma grade como forma de proteção da área e evitar acidentes. Isso também propicia alto risco de choques elétricos, já que, dependendo da altura das lajes, os moradores podem ficar mais próximos aos fios de energia. A médica também faz um alerta para esse tipo de acidente com crianças, que utilizam as lajes para brincadeiras com bola ou pipas, especialmente em finais de semana e feriados. “As quedas em laje podem provocar desde lesões mais leves, como escoriações e contusões, até fraturas de membros superiores e

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inferiores, lesões de coluna, traumatismos de tórax, abdômen e crânio”, ressalta Silvana. (SAÚDE, 2016)

Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta ainda que a cada dia, em média, sete pessoas são internadas em hospitais públicos paulistas vítimas de quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões ou sacadas, muros, telhados e torres. No ano de 2012, foram registradas 2.832 internações deste tipo, com 175 óbitos. Cerca de 20% das internações envolveram menores de idade. Para Ricardo Vanzetto, gerente médico do Grau (Grupo de Resgate e Atenção à Urgência e Emergência), o mais importante é evitar que as crianças usem a laje para brincadeiras. Mas, caso não seja possível, é de extrema importância sempre ter um responsável no local. “Em muitos casos estas quedas ocorrem devido à ausência de estrutura de proteção. É imprescindível que a laje seja murada ou cercada, numa altura de no mínimo, 1,5 metro”, destaca o médico. Dentre as lesões mais comuns nestes casos estão as de traumatismo craniano e o trauma de coluna. Também são comuns outras fraturas e lesões, como o rompimento de tecidos moles como fígado, baço e fraturas expostas. (SÃO PAULO, 2016)

1.3 Avaliação Epidemiológica dos Pacientes Vítimas de Traumatismo

Raquimedular

Entende-se por traumatismo raquimedular (TRM) lesão de qualquer causa externa na coluna vertebral, incluindo ou não a medula ou raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos. Sua incidência mundial é estimada entre nove e 50 casos/milhão de habitantes, sendo mais prevalente em áreas urbanas. O Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, registrou 15.700 internações, com 505 óbitos decorrentes de fraturas de coluna, que usualmente são permanências hospitalares prolongadas, de alto custo e envolvem equipe multidisciplinar. Provocam sequelas neurológicas e psicológicas graves, bem como, na economia familiar e na sociedade civil, pois atingem principalmente pacientes em idade profissional produtiva.

Quedas gerais (42,6%), acidentes de trânsito (41,4%), perfuração por arma de fogo (12,6%) e mergulho em águas rasas (3,4%), foram as principais causas de TRM encontradas no presente estudo, nesta ordem. Já no Hospital Santa Marcelina, zona leste de São Paulo, com 100 pacientes com fraturas toracolombares, a frequência de quedas gerais (78%) foi significativamente maior do que os acidentes com veículos automotores (carro e moto somam cerca de 20%). Este estudo mostrou que das 78 quedas, 75 foram quedas de laje. Nesta pesquisa não foi possível avaliar a altura ou local da queda, por omissão destes registros nos prontuários. Percebe-se que nos estudos de prevalência do sudeste brasileiro as quedas de laje têm particular importância, principalmente, por acontecerem em áreas de bolsões de pobreza, onde o crescimento vertical, materializado pela construção de sobrados nas favelas, acaba por tornar a laje, inclusive, uma espécie de quintal, onde, habitualmente, se realizam reuniões/comemorações (local de festas). (DIÁRIO REGIONAL, 2016)

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25 1.4 Uma em Cada Três Lesões na Coluna Vêm de Queda de Laje

Figura 1 - Queda de altura Fonte: Brasilfront (2015)

Uma em cada três lesões na coluna atendidas no hospital ocorrem em quedas da laje, segundo levantamento do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado da Saúde. E não são só as crianças que caem não. Mais de 80% das vítimas são homens entre 18 e 45 anos. No HC de São Paulo, cerca de 60% dos pacientes com fratura na coluna apresentam também lesão neurológica, que deixa a pessoa precisando de ajuda para sempre. Mas as crianças também são vítimas importantes. As quedas são o tipo de acidente que mais gera hospitalização de crianças e adolescentes de até 14 anos. (BRASILFRONT, 2015)

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Segundo a pediatra Ana Escobar, algumas características físicas próprias do desenvolvimento da criança podem favorecer as quedas, como o tamanho e o peso da cabeça em relação ao seu corpo, que acabam facilitando o desequilíbrio. Qualquer queda de altura para a criança pode ser muito perigosa porque elas ainda não têm coordenação motora para se proteger. O adulto, quando cai, protege a cabeça. A criança não. Por outro lado, o adulto fica tenso na hora da queda e tende a machucar mais os ossos. A maioria das fraturas atinge o tornozelo e o pé. Depois, o osso da perna (a tíbia) e o da coxa, o fêmur. Em quarto lugar, os ossos da bacia. (GLOBO, 2015)

1.5 Campanha de Prevenção de Quedas de Lajes

Figura 2 - Campanha de Prevenção de Quedas de Lajes Fonte: APMSBC (Dez/2015)

No dia 14 de novembro de 2014, em parceria com a Associação Paulista de Medicina – Regional de São Bernardo do Campo/Diadema, foi lançada a CAMPANHA DE PREVENÇÃO DE QUEDAS DE LAJES com o slogan “Se for cair, caia de amor, caia no samba, caia na gandaia, mas não caia da laje!!”. De caráter permanente, a iniciativa tem o apoio da Sociedade Brasileira de Coluna, da Sociedade Paulista de Medicina Física e Reabilitação e da Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Esta campanha, de cunho informativo, foi criada tendo em vista os vários levantamentos feitos em hospitais, centros de atendimentos e centros de estudos de grandes faculdades, que demonstraram evidências de que a maioria dos acidentes na região de São Bernardo do Campo e Diadema se dá por quedas de cima da laje, gerando deficiências ou óbitos. Constatou-se que, no ano de 2011, foram registradas 2.649 internações causadas por quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões ou sacadas, muros e telhados. Desse total, 136 pessoas morreram. As internações custaram R$ 3,2 milhões ao Sistema Único de Saúde – SUS. (PESSOAS, 2015)

A Associação Paulista de Medicina Regional São Bernardo do Campo e

Diadema, com o apoio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com

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27 Deficiência e do Governo do Estado de São Paulo realizou, na Região do Grande

ABCD, uma campanha contra a queda de laje, que traz dados alarmantes sobre o

número de acidentes neste contexto, conforme pode ser visto pelo vídeo institucional

da campanha, através do link abaixo:

http://www.apmsbc.org.br/videos.php

A reportagem informa que um levantamento feito na região do ABC dá a

dimensão do número de pessoas que ficam com sequelas para o resto da vida por

causa de quedas de lugares altos. 30% dos pacientes tratados na Rede de

Reabilitação Lucy Montoro são vítimas deste tipo de acidente. A Secretaria Estado

dos Diretos da Pessoa com Deficiência lançou no ABCD Paulista uma campanha com

folhetos que serão entregues em escolas e centro médicos, para alertar a população

em evitar acidentes.

1.6 Ortopedistas alertam que queda de laje vira epi demia durante as férias

A queda acidental tornou-se a segunda maior causa de mortes em São Paulo no ano passado, e 45% desses acidentes ocorrem em casa, com crianças que sobem na laje para soltar pipa, para brincar ou participar de churrascos. Durante meses os pesquisadores fizeram plantões no Hospital São Luiz Gonzaga e no Hospital Geral de Guarulhos, administrados pela Santa Casa, e analisaram 50 casos de pacientes que caíram de lajes, principalmente crianças. “A maioria das quedas teve efeitos graves, como traumatismo crâneoencefálico e politraumatismo”, explica o quintoanista Bruno Rudelli. O pesquisador conta que as vítimas precisam de internação demorada, até mesmo em UTI e a reparação do dano costuma envolver cirurgia e, além do prejuízo para o paciente, que quando não morre fica incapacitado por meses, o custo desses atendimentos é muito alto para a Saúde Pública. Mesmo quando instintivamente a pessoa usa as mãos ou os braços para se proteger e evitar bater a cabeça, é frequente a fratura de pulso ou do braço, diz o trabalho, que foi apresentado no Congresso de Ortopedia, em Brasília. A pesquisa da Faculdade da Santa Casa corrobora os levantamentos do Seade e da Prefeitura de São Paulo, que também registram alta incidência de queda acidental em casa, 45% dos casos atendidos em hospitais, contra 29% ocorridos na escola e 22% na rua. Outra pesquisa mostra que no Hospital Mário Covas, num único ano foram atendidos 25 casos de lesão medular traumática, decorrente de queda. O estudo da Faculdade da Santa Casa detalha o que faziam as

Page 28: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

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crianças quando se acidentaram, 12 casos ocorreram durante brincadeiras, 1 em comemoração de aniversário, 11 ao empinar pipa, mas o pesquisador Bruno Alves insiste que o levantamento é apenas uma amostra, nem todos os casos atendidos nos dois hospitais pesquisados foram levantados e certamente, diz ele, há subnotificação, além dos casos em que a vítima, tendo apenas escoriações ou contusões, não chega a procurar ajuda médica. “O motivo da multiplicação desses acidentes é a falta de jardins ou de terraços nas favelas e nas casas mais pobres, o que torna a laje superior a única área disponível para o lazer”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, Claudio Santili. Ele acrescenta que, ao empinar pipa, a criança fixa o olhar no brinquedo, não percebe que está no limite da laje e sofre a queda, geralmente com consequências graves. O problema está se tornando tão comum, principalmente na época de férias, em que as crianças passam mais tempo em casa, que a SBOT lançou um alerta e fará uma campanha para conscientizar a população a construir muretas ou colocar outra forma de proteção sobre as lajes. A proposta foi apresentada em pesquisa preparada por dois estudantes de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – FCMSCSP, Bruno Alves Rudelli e Marcelo Valério Alabarce da Silva. (SEGURANÇA SAÚDE, 2015)

1.7 Programa “Criança Segura”, Formação de Mobiliza dores

A ONG CRIANÇA SEGURA, desde sua criação, tem o desejo e a necessidade de criar estratégias e metodologias para que a prevenção de acidentes seja implantada nos diferentes contextos do Brasil, respeitando as características e culturas específicas de cada região. Atualmente, no país, cerca de 5 mil crianças e adolescentes morrem todos os anos por conta de acidentes. Em 2008, 5.106 crianças morreram e 109.241 foram hospitalizadas vítimas de acidentes. Os acidentes de trânsito, afogamentos, sufocações, queimaduras, quedas, intoxicações, acidentes com armas de fogo e outros representam a principal causa de morte de crianças e adolescentes de 1 a 14 anos no Brasil. (CRIANÇA SEGURA, 2015)

Page 29: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

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Gráfico 1 - Mortalidade por acidentes e violências (causas externas), 0 a 14 anos, 2008

Fonte: Criança Segura (2015)

Gráfico 2 - Mortalidade por acidentes, 0 a 14 anos, 2008

Fonte: Criança Segura (2015)

Gráfico 3 - Hospitalizações por acidentes, 0 a 14 a nos, 2008

Fonte: Criança Segura (2015)

Page 30: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

30 Tabela 6 - Número absoluto (N), proporção (%) de ób itos e taxa (ou coeficiente)

de mortalidade (por 100 mil habitantes) por causas externas, segundo variáveis demográficas, tipos de causa externa e ca tegorias de análise –

Brasil, 2008. Categoria de análise

Masculino Feminino Total

N % Taxa N % Taxa N % Taxa Faixa etária 0 a 9 anos 2.480 2,3 14,8 1.616 7,3 10,0 4.098 3,1 12,4 10 a 14 anos 1.714 1,6 20,4 716 3,2 8,8 2.431 1,8 14,7 15 a 19 anos 11. 932 10,9 139,0 1.662 7,5 19,9 13.595 10,3 80,3 20 a 39 anos 55.031 50,4 174,9 6.313 28,4 19,7 61.363 46,7 96,6 40 a 59 anos 25.252 23,1 129,1 4.422 19,9 20,7 29.681 22,6 72,6 60 anos e mais 12.787 11,7 152,8 7.515 33,8 72,3 20.303 15,4 108,2 Escolaridade Nenhuma 5.028 4,7 – 1.947 9, 4 – 6.978 5,5 – 1 a 3 anos 15.894 14,9 – 2.851 13,8 – 18.745 14,7 – 4 a 7 anos 29.871 28,0 – 4.765 23,1 – 34.638 27,2 – 8 a 11 anos 16.269 15,2 – 3.075 14,9 – 19.344 15,2 – 12 anos e mais 4.508 4, 2 – 1.368 6,6 – 5.876 4,6 – Ignorado 35.146 32,9 – 6.622 32,1 – 41.792 32,8 – Cor/raça Branca 43.251 38,9 – 11.960 53,3 – 55.226 41,3 – Preta 7.719 6,9 – 1.152 5,1 – 8.874 6,6 – Amarela 266 0,2 – 1.15 0,5 – 381 0,3 – Parda 53.431 48,1 – 7.929 35,3 – 61.374 45,9 – Indígena 338 0,3 – 89 0,4 – 428 0,3 – Ignorado 6.060 5,5 – 1.202 5,4 – 7.361 5,5 –

Fonte: Saúde Brasil 2009: Uma análise da situação da saúde e da agenda nacional e internacional de prioridades em saúde

Segundo o Ministério da Saúde:

Acidente define-se como o evento não intencional e evitável, causador de lesões físicas e/ou emocionais no âmbito doméstico ou em outros ambientes sociais, como o do trabalho, trânsito, da escola, de esportes e de lazer. O acidente então se configura como um conjunto de agravos à saúde que pode ou não levar a óbito. Esse conjunto de eventos consta na Classificação Internacional de Doenças (CID), sob a denominação de causas externas.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego:

Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, "acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Page 31: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

31 Os dados acima foram mencionados para prover o conhecimento a

engenheiros civis e arquitetos, acerca dos perigos de tais falhas estruturais à vida

humana, enfatizando a importância que o tema tem para a área da saúde. A

Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, entre outras entidades da área

da Saúde mostra que o problema é tão sério que se tornou tema frequente em

trabalhos científicos de seus profissionais, além de identificar o problema como sendo

um caso de saúde pública.

Estes profissionais, por sua vez, demonstram efetiva preocupação com a

questão da falta de platibandas em lajes de coberturas, participando na elaboração

de campanhas educativas e levantamento de dados estatísticos, e estudo de causas

externas a partir de um conjunto de informações relativas a este tipo efetivo de queda,

que envolve crianças adolescentes e adultos, para poder fornecer um panorama sobre

a atual situação.

A participação do setor da saúde mostra a necessidade da implantação de

medidas que visem melhorar a permanência/vivência destes indivíduos em espaços

diversos.

1.8 Dados Estatísticos de Acidentes e Óbitos na Cid ade de São Paulo

Os dados abaixo foram fornecidos pelo PRO-AIM - Programa de

Aprimoramento das Informações de Mortalidade da Secretaria Municipal da Saúde,

no Município de São Paulo, criado pela Prefeitura em 1989 com o objetivo de fornecer

as informações de mortalidade qualificadas, de forma ágil e descentralizada,

baseadas no território, visando subsidiar as ações de governo na área da saúde.

Page 32: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

32

Tabela 7 - Óbitos por Queda acidental de ou para fo ra de edifícios ocorridos no Município de São Paulo, segundo subcategoria - anos 2013 e 2014.

Causa (4C) 2013 2014 TotalW130 Queda de ou para fora de edifícios ou outras

estruturas - residência 14 19 33

W133 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - área para a prática de esportes e atletismo

1 0 1

W134 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - rua e estrada

3 1 4

W135 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - áreas de comércio e de serviços

0 2 2

W136 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - áreas industriais e em construção

0 1 1

W139 Queda de ou para fora de edifícios ou outrasestruturas - local não especificado

38 51 89

Total 56 74 130Fonte: SIM - PRO-AIM - Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo

Tabela 8 - Óbitos por Queda acidental de ou para fo ra de edifícios ocorridos no Município de São Paulo, segundo faixa etária - Anos 2013 e 2014.

Faixa Etária (16) 2013 2014 Total0-4a 1 0 15-9a 0 1 110-14a 1 1 215-19a 1 1 220-24a 1 3 425-29a 5 2 730-34a 5 5 1035-39a 3 8 1140-44a 5 4 945-49a 10 10 2050-54a 4 7 1155-59a 3 11 1460-64a 3 6 965-69a 4 3 770-74a 5 4 975 e + 5 7 12Ign 0 1 1Total 56 74 130

Fonte: SIM - PRO-AIM

Page 33: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

33 Tabela 9 - Óbitos por Queda acidental de ou para fo ra de edifícios ocorridos no

Município de São Paulo, segundo sexo - Anos 2013 e 2014.

Sexo 2013 2014 Total Masculino 47 72 119 Feminino 9 2 11 Total 56 74 130

Fonte: SIM - PRO-AIM

Tabela 10 - Óbitos por Queda acidental de laje ou p ara fora de edifícios ocorridos no Município de São Paulo, segundo raça/c or - Anos 2013 e 2014.

Raça/Cor 2013 2014 TotalBranca 31 40 71Preta 2 5 7Amarela 1 1 2Parda 22 28 50Total 56 74 130

Fonte: SIM - PRO-AIM

Tabela 11 - Óbitos por Queda acidental de ou para f ora de edifícios ocorridos no Município de São Paulo, segundo local de moradia - Anos 2013 e 2014.

CRS/Subprefeitura residência 2013 2014 Total CRS Centro 1 1 2 Sé 1 1 2 CRS Leste 13 11 24 Cidade Tiradentes 1 1 2 Ermelino Matarazzo 2 1 3 Guaianases 0 2 2 Itaim Paulista 2 1 3 Itaquera 4 2 6 São Mateus 3 3 6 São Miguel 1 1 2 CRS Norte 10 13 23 Casa Verde/Cachoeirinha 1 0 1 Freguesia/Brasilândia 2 5 7 Jaçanã/Tremembé 1 2 3 Pirituba 3 4 7 Santana/Tucuruvi 2 0 2 Vila Maria/Vila Guilherme 1 2 3 CRS Oeste 1 5 6 Butantã 1 2 3 Lapa 0 3 3 CRS Sudeste 10 12 22

Page 34: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

34

CRS/Subprefeitura residência 2013 2014 Total Aricanduva/Formosa/Carrão 1 2 3 Ipiranga 2 5 7 Jabaquara 1 1 2 Mooca 0 2 2 Penha 3 1 4 Sapopemba 1 0 1 Vila Prudente 2 1 3 CRS Sul 11 14 25 Campo Limpo 3 4 7 Capela do Socorro 3 5 8 Cidade Ademar 1 3 4 M'Boi Mirim 3 1 4 Parelheiros 1 0 1 Santo Amaro 0 1 1 Endereço Ignorado/ Outros municipios 10 18 28 Total 56 74 130

Fonte: SIM - PRO-AIM

1.9 Dados estatísticos de acidentes e óbitos no Bra sil

Os dados abaixo foram fornecidos pela ONG - CRIANÇA SEGURA Safe Kids

Brasil, obtidos junto ao sistema Datasus do Ministério da Saúde e se referem a todo

território brasileiro, porém não apresenta dados estatísticos específicos para o caso

de quedas em laje, por não haver o devido controle destes eventos.

Tabela 12 - Morte por Quedas em 2013.

Queda Menor 1 ano

1 a 4 anos

5 a 9 anos

10 a 14 anos

Total

W01 Queda mesmo nível escorregar tropeçar passo falso

- 2 - 2 4

W03 Outras quedas mesmo nível colisão empurrão outras pessoas

- 1 - - 1

W04 Queda enquanto carreg. apoiado p/Outras pessoas

8 - - - 8

W05 Queda envolv. uma cadeira de rodas 1 - - - 1 W06 Queda de um leito 17 - 1 - 18 W07 Queda de uma cadeira - 1 1 - 2 W08 Queda de Outras ipo de mobília - 1 1 - 2 W09 Queda envolv. equipamento de playground - - 1 - 1 W10 Queda em ou de escadas ou degraus - 4 4 1 9 W11 Queda em ou de escadas de mão 1 2 - - 3 W13 Queda de ou p/fora edifícios Outras 1 12 8 13 34

Page 35: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

35

Queda Menor 1 ano

1 a 4 anos

5 a 9 anos

10 a 14 anos

Total

estruturas W14 Queda de arvore - 1 8 12 21

W16 Merg. pulo água causas outras traum. afog. submersas

- - 1 1 2

W17 Outras quedas de um nível a outras 3 12 4 6 25 W18 Outras quedas no mesmo nível 1 8 4 8 21 W19 Queda s/ especificação 14 23 10 12 59 Total 46 67 43 55 211

Fonte: Datasus (2016).

Tabela 13 - Morte por Quedas em 2014.

Queda Menor 1 ano

1 a 4 anos

5 a 9 anos

10 a 14 anos

Total

W00 Queda mesmo nível envolv. gelo e neve

54 192 273 329 848

W01 Queda mesmo nível escorr. tropec. passo falso

223 1390 2873 3172 7658

W02 Queda env. patins rodas gelo esqui pranchas rodas

13 53 111 234 411

W03 Outras quedas mesmo nivel colis. empurrao, outras pessoas

30 137 272 328 767

W04 Queda enquanto carreg. apoiado p/Outras pessoas

71 54 57 75 257

W05 Queda envolv. uma cadeira de rodas 2 1 6 3 12 W06 Queda de um leito 230 186 71 33 520 W07 Queda de uma cadeira 11 58 43 26 138 W08 Queda de Outras tipo de mobília 82 187 117 38 424 W09 Queda envolv. equipamento de

playground 12 114 189 176 491

W10 Queda em ou de escadas ou degraus 88 519 412 409 1428 W11 Queda em ou de escadas de mão 12 59 74 96 241 W12 Queda em ou de um andaime 8 33 39 26 106 W13 Queda de ou p/fora edifícios Outras

estruturas 24 154 185 204 567

W14 Queda de arvore 5 91 608 458 1162 W15 Queda de penhasco - 1 12 4 17 W16 Merg. pulo água causas outras traum.

afog. submers. 1 7 11 14 33

W17 Outras quedas de um nível a outras 314 1036 1808 1593 4751 W18 Outras quedas no mesmo nível 324 1603 3315 3339 8581 W19 Queda s/ especificação 1187 5458 10945 12079 29669 TOTAL 2691 11333 21421 22636 58081

Fonte: Datasus (2016).

− Hospitalizações por quedas em 2014:

Page 36: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

36

Obs: Lembrando que as hospitalizações se referem somente aos registros de

hospitais da rede pública de saúde e onde a criança e/ou adolescentes ficou pelo

menos 24 horas internado. Os dados mais recentes são específicos para mortes

em 2013 e internações em 2014. (CRIANÇA SEGURA Safe Kids Brasil, 2016)

1.10 Queda de crianças de edifícios causa mais de 3 3 mortes por ano no Brasil

De acordo com o Datasus, sistema de tabulação de dados de óbitos e outras

ocorrências, de 1996, primeiro ano de dados disponíveis, a 2013, com os dados mais

recentes, 607 crianças de zero a 14 anos morreram por "queda de ou para fora de

edifícios ou outras estruturas", o que dá uma média de 33,7 mortes por ano.

O número de internações hospitalares também é alto. Em 2014, foram

internadas 567 crianças por quedas de edifícios. Em 2013, o número foi maior, de

753, segundo o Datasus.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/09/queda-de-criancas-de-predios-causa-

mais-de-33-mortes-por-ano-no-brasil.html

Tabela 14 - Número de crianças de 0 a 14 anos por q ueda de edifícios no Brasil

Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Óbitos 6 11 19 30 30 51 32 41 41

Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Óbitos 36 57 46 45 39 33 27 26 34

Fonte: Datasus/Ministério da Saúde

1.11 Relatório de Levantamento de Dados nº COORDOPC B-107/812/15 do Corpo

de Bombeiros do Estado de São Paulo

Dados estatísticos referentes a quedas de telhados na Região do Grande ABC

e São Paulo (Capital) entre os anos de 2013 e 2015 até o mês de setembro.

Dados Obtidos: Evidenciam que o sinistro ocorreu com ou sem intervenção do

Corpo de Bombeiros.

Page 37: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

37

Tabela 15 - Ocorrências atendidas pelo CB em São Pa ulo e Grande ABC.

MUNICÍPIO 2013 2014 2015 DIADEMA 12 9 9 MAUÁ 17 34 31 RIBEIRÃO PIRES 5 8 4 RIO GRANDE DA SERRA 3 2 2 SANTO ANDRÉ 24 31 13 SÃO BERNARDO DO CAMPO 37 29 26 SÃO CAETANO DO SUL 2 1 3 SÃO PAULO 444 496 398

Obs.: Ocorrências são solicitações que a instituição recebe através do telefone 193 ou solicitações diretamente nos quartéis, presente no Estado de São Paulo. Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.

Gráfico 4 - Ocorrências de Queda de Telhado. Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo

1.12 Projeto Laje

Importante se faz mencionar neste estudo o grande e primoroso trabalho que

teve início no ano de 2002, pelo "Projeto-laje", uma realização do processo de

organização do Serviço de Neurocirurgia do Departamento Hospitalar, Prof. Dr. Alípio

Corrêa Netto, sob a direção do Prof. Dr. Sergio Branco Soares Júnior, Chefe da Equipe

de Neurocirurgia, tendo como objetivo reduzir a incidência de Traumatismo Crânio-

Encefálico (TCE) e Traumatismo Raqui-Medular (TRM), resultante à queda em laje,

prevenindo esse tipo de acidente e reintegrando o paciente à sociedade.

Page 38: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

38 Infelizmente, o projeto foi desativado por uma série de circunstâncias, mas

trouxe à tona a realidade do Brasil, no que tange ao descaso destas ocorrências,

sendo que o resumo deste trabalho, de autoria do Prof. Dr. Sérgio Branco Soares

Júnior, pode ser consultado no Anexo-1 deste estudo.

2 CONSEQUÊNCIA DO IMPACTO DO CORPO DE UMA CRIANÇA A O ATINGIR

O SOLO, EM QUEDA LIVRE

Adotando-se dados padrão do INMETRO, admitindo-se que um corpo de uma

criança com peso de 36Kg e altura de 1,30m, classificação 3.

Esclarecendo que o “peso” comumente utilizado pela população se trata na

verdade da massa de um corpo, assim sendo temos:

P = m . g onde:

P = Força peso (N)

m = Quantidade de matéria (kgf)

g = Aceleração da gravidade (m/s2)

Ou seja, força peso é igual à massa vezes a aceleração da gravidade (Segunda

lei de Newton).

A aceleração da gravidade é constante e vale aproximadamente 9,8m/s2 na

terra.

Logo, uma criança com "peso" de 36 kg, significa que na verdade a sua massa é

de 36 kg, segundo a fórmula acima, ela tem massa equivalente a:

P = m . g → P = 36 x 9,8 → P = 352,8N ↔ M = 36 Kgf

Desta forma, pode-se aventar que uma criança ao cair da fachada ou laje de

um edifício, adotando-se uma altura de 3,00 m do solo, considerando-se aceleração

da gravidade na terra igual a 9,81m/s² e o corpo estando livre de forças dissipativas

(atrito do ar) pode-se determinar o instante, a velocidade e o peso em que esta criança

irá atingir o solo.

Page 39: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

39

Utilizando a equação horária do espaço, têm-se: (Função de Torricelli)

Onde:

� = Velocidade final (m/s)

��= velocidade inicial (m/s)

t = Tempo(s)

g = aceleração (9,81m/s²)

s = Altura = 3,00 metros

Assim tem-se:

s = g * t²/2

0 = -3,00 + 0 + 9,81 * t² / 2

9,81 * t² / 2 = 3,00

9,81 * t² = 6

t² = 6/9,81m/s

t² = 0,611

t² = √0,611

t = 0,78 s

O tempo de queda livre da criança será de 0,78 Segundos até atingir o solo,

menos de um segundo.

Substituindo o tempo na equação da velocidade abaixo, teremos:

V = Vo + g*t

V = 0 + 9,81 * 0,78

V = 7,65 m/s

A medida da grandeza velocidade é m/s, realizando sua conversão, de m/s para

Km/h, teremos:

Um quilômetro possui 1000 metros e

1 hora = 3600 segundos,

S = So + Vo * t + g * t² / 2

Page 40: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

40 Logo:

1 km/h = 1000m /3600s

1 km/h = (1/3,6) m/s ou

1 m/s= 3,6 km/h

Assim:

V = 7,65 m/s

V = 7,65 * 3,6

V = 27,54 km/h

A velocidade do corpo da criança será de 27,54 Km/h, ao atingir o solo, caindo

de 3,00 m de altura.

Da equação abaixo obtém-se o peso do corpo da criança ao atingir o solo:

F = M*g*H / D

Sendo:

F = Força Peso (N)

M = Massa do corpo (Kg)

g = Aceleração (m/s²)

H = Altura de queda livre do corpo da criança (m)

D = Deslocamento adotado (m)

Onde:

M = Massa do corpo = 36 Kg

H = Altura de queda livre da criança = 3,00 metros

D = Deslocamento adotado = 0,65 m ou 65cm

A força que o solo exercerá sobre o corpo da pessoa vai reduzir esta velocidade

a zero.

O cálculo é estimativo e não está sendo considerando a energia cinética da

pessoa, a energia potencial gravitacional do sistema pessoa + terra e corpo estando

livre de forças dissipativas (Atrito do ar)

Utilizando-se uma equação dedutível do Teorema Trabalho-Energia, tem-se:

Page 41: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

41 F=?

M = 36Kgf (massa do corpo da criança)

g = 9,81 m/s² (força da gravidade)

H = 3,00m (altura da queda)

D = 0,65m (estimando-se que no momento da queda do corpo, tal deslocamento seja

a metade da altura desta criança, utilizaremos o valor de 0,65m), dados estes para

fins estimativos para encontrar a intensidade da força.

Ver exemplo de deslocamento “D” em: https://www.youtube.com/watch?v=X_-

BCmVivs8&feature=youtu.be

Logo:

F = M * g * H/D

F = 36 * 9,81 * 3,00/0,65

F= 1.628,06N

A medida da grandeza da força é correspondente à força exercida sobre um

corpo de massa igual a 1 kg que lhe induz uma aceleração de 1 m/s² na mesma

direção e sentido da força, então teremos:

1� = 1�� ∗ 1 /�

Onde:

1 kgf = 9.80665 kg * m/s² = 9.81 N

1N = 1/9.80665 kgf = 0,101971621 kgf

1N = 0,102 kgf

Assim, têm-se:

F= 1.628,06 * 0,102

F= 166,06 Kgf ou 0,16T

O corpo da criança ao atingir o solo terá uma intensidade de força equivalente

a 166,06 Kgf.

Este cálculo de cinemática escalar estabelece parâmetros de risco em caso da

queda de uma criança de uma laje de cobertura e demonstra o real perigo existente,

Page 42: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

42 dependendo da posição do corpo ao atingir o solo, levará o indivíduo a óbito, podendo

ter como consequência um grave acidente com danos irreparáveis.

3 MÉDICOS CONSTRUTORES

Abaixo colocamos à disposição dos leitores deste estudo, matéria publicada na

revista Engwere do ilustre colega Engenheiro, escritor e palestrante Ênio Padilha,

realizada no ano de 2004, para reflexão.

“Deu no Jornal Nacional de sábado, dia 31 de julho: Profissionais especializados aproveitam os fins de semana para melhorar a qualidade das construções nos bairros pobres, aumentando a segurança das obras e reduzindo o número de acidentes com crianças. A reportagem, que durou exatos 2 minutos, não mostrou nenhum arquiteto, nem engenheiro, tecnólogo, técnico ou qualquer outro profissional ligado ao sistema CONFEA/CREA. Os “profissionais” apresentados na matéria usavam mais do que capacetes brancos. Usavam também jalecos e guarda-pós igualmente brancos: eram médicos, fisioterapeutas e enfermeiros... Os fatos são os seguintes: no ano passado 7500 crianças caíram de lajes desprotegidas na cidade de São Paulo. É que, por falta de praças e parques, as crianças se divertem brincando em cima das lajes. E, como elas são construídas sem as devidas proteções, os acidentes são inevitáveis. Só no bairro mostrado na reportagem, na zona leste da cidade, são 35 acidentes por mês (e nas férias este número triplica). Sensíveis ao problema, médicos de uma Organização Não Governamental resolveram agir: há mais de três anos aproveitam os fins de semana para dar orientações de segurança aos moradores das comunidades pobres. Passam de casa em casa e alertam os pais sobre os riscos de as crianças utilizarem as lajes sem os muros de proteção. Como o número de acidentes não diminuiu, eles resolveram (como disse a repórter) “encarar o tijolo e o cimento para tentar mudar as estatísticas”. Resolveram eles próprios “botarem a mão na massa” e ajudarem na construção dos muros de proteção. Não sem uma consultoria especializada, evidentemente. O consultor escolhido foi o “seu” Orlando, um pedreiro do bairro, que deu as especificações técnicas e as quantidades dos materiais a serem utilizados na obra. No fim da reportagem o Dr. Sérgio Branco, Neurocirurgião, concluiu satisfeito: “O médico tem que mostrar que nós estamos construindo um país. Nós temos a força de tentar levantar e movimentar a comunidade”. Dados os fatos, nós, os 850 mil profissionais do sistema CONFEA/CREA podemos chegar a algumas conclusões e tomar algumas decisões. Podemos, por exemplo, concluir que houve um flagrante exercício ilegal da profissão e decidir aplicar ao Dr. Sérgio e

Page 43: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

43

sua turma os rigores da lei (não esquecer de cobrar da Rede Globo uma indenização por danos morais). Podemos, por outro lado, enviar uma carta ao Dr. Sérgio (com cópia para a Rede Globo) parabenizando a iniciativa e o senso de cidadania. E agradecendo por nos abrir os olhos e pela sugestão de ação social relevante, sem considerar a fantástica oportunidade de fazer marketing institucional das nossas atividades profissionais; Podemos botar a nossa decantada inteligência para funcionar e criar, dentro do sistema, leis que desamarrem (e mantenham sob nosso controle) o varejo da construção civil, um poderoso segmento de mercado que, inexplicavelmente, foi abandonado tanto pela Arquitetura quanto pela Engenharia e conquistado, pouco-a-pouco, por curiosos de todas as formações. Por que não permitir, por exemplo, que estudantes (de 4o ou 5o ano) de Engenharia e de Arquitetura tenham autorização para fazer obras de até 70 ou 80 metros quadrados, mediante o registro de uma ART especial? Por que não estimular a criação de “brigadas” de ajuda às construções de baixa renda, sem as amarrações legais e taxas disso e daquilo. O retorno em reconhecimento público do valor das profissões seria muito mais relevante do que eventuais receitas perdidas. Não podemos perder o domínio do ambiente profissional da construção civil para médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e pedreiros! E, nessas circunstâncias, nem podemos acusá-los de coisa alguma. Afinal eles nada mais fizeram do que ocupar um lugar que estava abandonado”. (ENGEWERE, 2004)

Atualmente são 5.570 municípios existentes no Brasil, segundo dados

estatísticos de 2014 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo

que o Ministério das Cidades, divulgou que até 2014 o Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC) destinou R$ 124 milhões para 979 contratos relacionados à

Assistência Técnica em habitações sociais. Porém, 78% desses contratos foram

cancelados antes mesmo de haver o primeiro repasse de verbas, devido a uma série

de problemas na apresentação dos projetos.

A Lei Federal 11.888/08, instituiu o direito da Assistência Técnica como um

serviço permanente, público e gratuito de arquitetura, urbanismo e engenharia civil a

ser prestado pelos Estados, Distrito Federal e Municípios às famílias de baixa renda.

Prescreve em seus artigos:

Art. 1o Esta Lei assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, como parte integrante do direito social à moradia previsto no art. 6o da Constituição Federal, e consoante o especificado na alínea r do inciso V do caput do art. 4o da Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os arts. 182

Page 44: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

44

e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Art. 2o As famílias com renda mensal de até 3 (três) salários mínimos, residentes em áreas urbanas ou rurais, têm o direito à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social para sua própria moradia. § 1o O direito à assistência técnica previsto no caput deste artigo abrange todos os trabalhos de projeto, acompanhamento e execução da obra a cargo dos profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia necessários para a edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária da habitação.

O governo federal procura fazer que municípios colocassem em prática a Lei

de Assistência Técnica gratuita, que entrou em vigor em 24 de Julho de 2009,

legislação que determina aos municípios a prestação de serviços de arquitetura e

engenharia civil para famílias de baixa renda depende de projeto dos gestores

públicos e repasse de verbas, porém não é o que tem acontecido, pois prefeituras

encontram entraves na obtenção do convênio junto ao governo federal, além de

muitas delas não demonstrarem o menor interesse.

Com o atendimento desta lei, além da elaboração de projetos adequados,

proporcionaria visitas de fiscalização de engenheiros e arquitetos para a verificação

das condições de segurança destes espaços localizados em comunidades carentes,

assim como promover soluções e rastreamento de todas as situações de risco quanto

a falta de muretas que compõem as platibandas em lajes nas construções de

comunidades, além de gerar empregos a classe de engenheiros civis e arquitetos. É

importante observar que a aplicação da Lei de Assistência Técnica não precisa de

legislação complementar local, estadual ou municipal, uma vez que a Lei 11.888/2008

é autoaplicável. Há necessidade apenas de iniciativa conjunta das entidades ligadas

a engenharia civil, arquitetura, organizações não governamentais, municípios e

agentes governamentais em firmarem convênios para que a Assistência Técnica

possa ser colocada em prática imediatamente e comece a atingir os seus objetivos.

Com a Lei em vigor, esta tem sua aplicação em todo território nacional. Porém,

conforme próprio texto legal, para implantação, como a União terá que despender

recursos para o projeto, é necessário pelos demais entes federativos a realização de

convênio ou termo de parceria com a União para implantação e realização da

assistência técnica. Esses convênios ou termos de parcerias, de forma simplista, são

verdadeiros contratos entre os entes federativos dispondo como serão aplicados os

recursos, plano de trabalho, penalidades etc.

Page 45: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

45

Sem prejuízo, poderão ainda os entes federativos, regulamentar a lei (tal situação não

é um requisito) através de decreto.

4 ANTEPAROS QUE ENVOLVEM TERRAÇOS, ÁTICO E

SEGURANÇA EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS

4.1 Código de Obras da Cidade de São Paulo

Código de Obras e Edificações - COE LEI Nº 11.228/92 - Dispõe sobre as regras gerais e específicas a serem obedecidas no projeto, licenciamento, execução, manutenção e utilização de obras e edificações, dentro dos limites dos imóveis; revoga a Lei no 8.266, de 20 de junho de 1975, com as alterações adotadas por leis posteriores, e dá outras providências. 10.E.1 - O coroamento das edificações que apresentar superfície vazada superior a 2/3 (dois terços) de sua superfície total poderá, à semelhança do ático, observar a faixa livre "A" do andar mais elevado da edificação. 10.E.1.1 - A superfície total do coroamento será tomada a partir da platibanda ou guarda-corpo de proteção, até o nível da cobertura do ático, considerada na fachada correspondente. 10.E.2 - A platibanda de envolvimento do telhado e o guarda-corpo de proteção contra queda, quando situados no volume "VS", não serão considerados no cálculo da somatória "N" desde que não apresentem altura superior a 1,20m (um metro e vinte centímetros). 17.J.1 - Cada pavimento ou teto dos andares que tiverem compartimentos com área superior a 400m² (quatrocentos metros quadrados) situados a altura superior a 9,00m (nove metros) deverão dispor de uma das seguintes proteções: a) a parede externa, em cada andar da edificação, deverá ter altura

mínima de 1,20m (um metro e vinte centímetros) com resistência ao fogo RF-120, devendo ser solidária com o pavimento ou teto;

b) aba horizontal solidária com o piso ou teto de cada andar, executada em material com resistência ao fogo RF-120, avançando em projeção pelo menos 0,90m (noventa centímetros) sobre a face externa da edificação, de modo a obstruir a transmissão do fogo.

Page 46: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

46 4.1.1 Lei º 11.228/1992, art. 17.J1.a

Em análise da Lei º 11.228/1992, art. 17.J1.a, na SEÇÃO 17.J - Condições

Construtivas Especiais, entende o autor as seguintes hipóteses, a saber:

− Parede externa de cada andar da edificação podem ser paredes perimetrais da

edificação, neste caso, tratando-se de altura mínima para peitoril de 1,20m, ou

paredes externas podem ser aquelas utilizadas em sacadas ou varandas,

denominadas guarda-corpo, devendo assim ter altura mínima de 1,20m, ou ainda,

paredes utilizadas para compor a platibanda de cobertura, também se adotando

1,20m de altura mínima. Peitoris abaixo de 1,20m devem ser complementados

com anteparo mínimo de 0,90m, como é o caso de edifícios antigos, conforme foto

abaixo:

Foto 2 - Peitoril baixo, em casos de edifícios anti gos como o Edifício Martinelli, exigindo-se proteção através de anteparo, conforme legislação municipal de

São Paulo, altura de 0,90m. Fone: Do autor mediante autorização

4.1.2 Lei º 11.228/1992, art. 10.E.2

Em análise da Lei º 11.228/1992, art. 10.E.2, na SEÇÃO 10.D - Aeração e

Insolação do Volume entende o autor a seguinte hipótese, a saber:

− Platibandas de envolvimento do telhado e o guarda-corpo de proteção contra queda,

não serão considerados no cálculo da somatória "N", desde que não ultrapasse a altura

superior a 1,20m. Ou seja, a Lei acima estabelece uma altura mínima de 1,20 para

Page 47: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

47

platibanda, acima disto implica que, se situados no volume "VS", não serão

considerados no cálculo da somatória "N", porém ao ler este artigo, entende-se que

até 1,20m deve ter a altura da platibanda, a dificuldade de entendimento faz com que

os projetos sejam elaborados com alturas comumente observadas em vistorias em

áreas de cobertura, variando entre 15 e 50cm, conforme foto abaixo, tanto para

terraços em geral como lajes de cobertura de áticos e reservatórios elevados e casa

de máquinas, como no exemplo abaixo.

Foto 3 - Laje de cobertura de casa de máquinas e re servatório elevado de água, constando muretas das platibandas com 20cm de altur a, além da inexistência

de sistema de ancoragens. Fonte: Do autor mediante autorização

Foto 4 - Risco iminente de trabalhadores no serviço de manutenção sobre estas lajes.

Fonte: Do autor mediante autorização

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48 O cálculo abaixo é uma estimativa para queda de um indivíduo com massa de

70Kgf em queda livre de 24,00m medido no local da foto acima, não considerando a

energia cinética da pessoa, a energia potencial gravitacional do sistema pessoa + terra

e corpo estando livre de forças dissipativas (Atrito do ar)

Tem-se:

F = M * g * H/D

F = 70 * 9,81 * 24,00/0,85

F= 19.389,17,N

Ou seja, no caso de queda deste indivíduo, o mesmo vai chegar ao solo com

uma intensidade de força equivalente à 19.389,17N ou 1.977,69,Kgf ou ainda,

1,97Ton

4.1.3 Condições adequadas para platibandas em lajes de cobertura de edifícios em

geral

A lei n° 14.459, de 3 de julho de 2007, que obriga a instalação de painéis de

energia solar sobre os prédios, é um exemplo claro da necessidade do projeto contemplar

platibandas com altura segura para aqueles que terão acesso as instalações destes

equipamentos, tanto para sua instalação quanto para os futuros serviços de manutenção

deste sistema.

Page 49: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

49

Foto 5 - Lajes e painéis de energia solar Fonte: Cobec (2015)

4.1.4 Condições adequadas para platibandas em lajes de cobertura de edifícios em

geral.

Abaixo apresenta-se fotos de condições mínimas desejáveis para construção

de platibandas em lajes de cobertura de caixas elevadas de água e casa de máquinas.

Foto 6 - Forma correta de instalação de platibanda e fixação de escada tipo marinheiro, vista externa. Fonte: Açoforte Brasil (2016)

Vale lembrar ainda, que as escadas tipo marinheiro com ou sem gaiola

protetora ou aro de proteção, são dimensionados, conforme norma NR18 – Norma

Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho.

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50

Foto 7 - Forma correta e segura de acesso pela esca da marinheiro dentro do ambiente protegido pela platibanda.

Fonte: Açoforte Brasil (2016)

A respeito do Código de Obras da Cidade de São Paulo, entende-se que o

mesmo é complexo e de difícil entendimento e interpretação, haja vista que se

encontra no site desta Prefeitura documentos extras, para esclarecimentos omissos e

ou não, de informações adicionais, como:

Para platibanda, a altura mínima deve ser de 0,90m a máxima de 1,20m, desde

que o prédio esteja no meio do terreno, logo para junto a divisas, deverá ser aplicado

o estabelecido nos desenhos 10.III.b e 10.V.a., do Anexo disponibilizado no site da

Prefeitura de São Paulo, sob título: Desenhos Exemplificativos.

Para peitoril, o máximo de 1,20 m porém acima disso apenas é permitido gradil

com 90% de sua superfície vazada.

E segundo o artigo 17.J.1 - a, para peitoril abaixo de 1,20m, este deverá

contemplar anteparo com 0,90m, para prédios novos ou antigos, porém não é claro,

visto que neste artigo, fala-se em parede externa.

Porém condiciona-os ao pavimento ou teto dos andares que tiverem

compartimentos com área superior a 400m² (quatrocentos metros quadrados)

situados a altura superior a 9 metros.

Documentos adicionais disponibilizados no site da Prefeitura da Cidade de São

Paulo:

− Guia de Aprovação - Residencial - Passo 7 - Apresentação do projeto; (vi. H mureta

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51

terraços (mínimo 0,90m, máximo 1,20m e Peitoril máximo de 1,20m: acima disso

apenas é permitido gradil com 90% de superfície vazada);

− Desenhos Exemplificativos.

4.1.5 O novo Código de Obras da cidade de São Paulo

Segundo a Secretaria Municipal de Licenciamento em informação,

disponibilizada no site da Prefeitura de São Paulo, o novo texto pretende mudar

padrões estabelecidos até o momento no mercado da construção civil, que

determinam que a administração municipal deva ter ciência dos mínimos detalhes de

cada empreendimento. A análise por parte do poder público vai focar o aspecto

urbanístico, ambiental, de sustentabilidade, acessibilidade e segurança de uso,

delegando ao interessado o compromisso de cumprir a legislação no que diz respeito

aos detalhes internos do empreendimento.

Principal objetivo do novo texto é apresentar regras claras e simplificadas, que

estejam alinhadas ao novo Plano Diretor, visto que o atual código de obras da cidade

é altamente complexo e confuso, o que leva arquitetos e engenheiros a cometer erros

infindáveis, gerando-se um grande número de análise pelo setor de aprovação da

Prefeitura, implicando em perda de tempo impedindo investimentos no caso de obras

de edifícios residenciais verticais, comerciais e industriais, além da insatisfação geral

de profissionais e interessados.

O novo COE - Código de Obras de Edificações, também introduzirá mudanças

no processo de licenciamento de obras e edificações, com a redução do número de

documentos exigidos e simplificação da emissão das licenças.

O texto ainda apresentará o conceito de retrofit, que permite a modernização

de edificações já existentes, e novas regras ambientais, com a introdução da

obrigatoriedade do reuso de água de chuva para novas edificações com área

construída superior a 1.500m².

Participaram da elaboração da proposta entidades do setor imobiliário e da

construção civil, ASBEA, SECOVI, SINDUSCON-SP, e poder público, por meio das

secretarias envolvidas: Coordenação das Subprefeituras, Desenvolvimento Urbano,

Negócios Jurídicos, Transportes, Verde e do Meio Ambiente, Infraestrutura Urbana,

Pessoa com Deficiência e Finanças.

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52 O novo Código contemplará a transferência de responsabilidade de medidas

internas da obra, como aspectos de segurança interna de todos os ambientes,

trajetos, distância de escadas, entre outros, estes serão observados de forma

esquemática, cabendo aos arquitetos e engenheiros civis responsáveis pelo projeto e

pela obra seguir as regras estabelecidas, já que a Prefeitura não fará análise prévia

in loco.

Ou seja, haverá a necessidade de treinamento específico de engenheiros civis

e arquitetos, de forma que estes possam receber noções que extrapolem a simples

atividade da arquitetura e da engenharia, recebendo conhecimentos de como se

executar uma obra segura para seus futuros usuários.

Necessário que seja dada a devida atenção as questões levantadas neste

estudo, no que diz respeito às necessidades das classes mais carentes, onde ocorrem

a maioria dos acidentes e óbitos provenientes da falta de um atendimento técnico

especializado a estas comunidades, estabelecendo-se regras claras no novo Código

de Obras, as alturas corretas para platibandas, guarda-corpo e peitoril, além das

ancoragens e linhas de vida.

Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo

4.2 Legislação do Corpo de Bombeiros – Instrução Té cnica nº 11 – Saída de

Emergência

5.7.10.4 Será aceita uma distância de 1,20 m, para qualquer altura da edificação, entre a abertura desprotegida do próprio prédio até o paramento externo do balcão, varanda ou terraço para o ingresso na escada enclausurada à prova de fumaça (PF), desde que entre elas seja interposta uma parede com TRF mínimo de 120 minutos (Figura 3) e. ter altura de peitoril de 1,3 m.

Page 53: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

53

Figura 3 - Medidas para balcão, descritas no art. 5.7.10.4 da IT-11 do CBSP. Fonte: IT - 11 - Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo

Entende o autor, coautora e colaboradores, que o termo "balcão", varandas,

terraços e assemelhados devem ter altura mínima de 1,30m conforme

exemplificado na figura 03, nas prescrições da IT-11 - Saídas de Emergências do

Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.

Referente aos esclarecimentos do Corpo de Bombeiros, quanto à altura de

1,30m é referente ao guarda-corpo de um local definido como rota de fuga, a saber:

corredores, passagens etc., que dão acesso para saídas de emergências. Quanto as

ancoragens, estas por não obedecerem às prescrições estabelecidas em Normas do

NR-18 do Ministério do Trabalho e Emprego, em permanecerem com material

inadequado sujeitas às intempéries, o que danifica o material metálico e expõe o risco

as vidas dos socorristas e demais usuários, não mais são exigidas nesta nova IT,

(Instrução Técnica) sendo apenas orientada a sua instalação.

4.3 Responsabilidade Civil do Estado

Importante atribuição do Poder Executivo Municipal na consecução do

cumprimento das funções sociais da propriedade urbana e da cidade, propiciando um

Page 54: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

54 desenvolvimento urbano equilibrado, socialmente justo, e sustentável do ponto de

vista econômico e ambiental, bem como evitando e corrigindo distorções no

crescimento urbano e seus efeitos negativos para o meio ambiente e para a qualidade

de vida das pessoas, é o controle das construções. Quanto aos aspectos estruturais

e funcionais, busca-se garantir que as edificações sejam seguras e salubres para as

pessoas e para o meio ambiente e estruturalmente idôneas à função para qual se

destina.1

O sistema jurídico brasileiro adota a responsabilidade patrimonial objetiva do

Estado sob a forma da Teoria do Risco Administrativo. Tal assertiva encontra respaldo

legal no art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1998. Todavia, quando o dano

acontece em decorrência de uma omissão do Estado, é de aplicar-se a teoria da

responsabilidade subjetiva.

No caso dos acidentes relatados neste estudo, devido a queda de pessoas em

laje, em construções das comunidades carentes, implica na Conduta omissiva por

parte do Estado.

Vale ressaltar que a falha, que ocorre nas legislações municipais, em pesquisa

de leis referentes ao Código de Obras de vários municípios não foram constatadas

normas especificas e claras abrangendo altura de parapeito, peitoril, guarda-corpo e

platibandas, a exceção ficou por conta do DECRETO Nº 33866 DE 20 DE MAIO DE

2011 - Regulamenta a Lei n.º 3.688, de 24 de novembro de 2003, modificada pelas

Leis nºs 4.815, de 25 de abril de 2008 e 5.102, de 28 de outubro de 2009,

estabelecendo as normas de uso e ocupação do solo da comunidade do Morro do

Pavão-Pavãozinho, no bairro de Copacabana, V R.A. – Copacabana, da cidade do

Rio de Janeiro.

Art. 5.º As edificações existentes podem ter de 1 (um) a 3 (três) pavimentos de qualquer natureza, excetuando-se o aproveitamento da laje da cobertura, segundo o definido nas subzonas, obedecendo ao estabelecido no Anexo II do presente Decreto. § 1.º Considera-se como aproveitamento permitido da cobertura a utilização da laje do último pavimento, tolerando-se cobrimento parcial ou total por telhas-vãs ou outros elementos construtivos como toldos, pergolados, caramanchões; tendo seus limites protegidos por guarda-corpo ou mureta de até 1,20m de altura. § 2.º A utilização da laje da cobertura, constituindo terraço coberto, é tolerada para usos não permanentes, tais como áreas de lazer e

1 Fonte: Controle de Edificações e Licenciamento Urbanístico: Ministério Público do Paraná

Page 55: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

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serviço, não sendo permitida sua compartimentação ou fechamento. Art° 8° As edificações deverão apresentar condições suficientes de higiene, segurança e habitabilidade, e respeitar o alinhamento definido pelo Anexo I deste Decreto. Art. 9.º Ficam consideradas passíveis de regularização todas as edificações existentes que se incluam nos parâmetros definidos pelo presente Decreto para fins de concessão de habite-se e inscrição imobiliária. Parágrafo único. Ficam excetuadas as edificações que tiverem mais de 03 (três) pavimentos e as edificações situadas na ARO – Área de Restrição à Ocupação.

Entende-se que a legislação do município de São Paulo abrange apenas

edificações acima de 400m² e com altura acima de 9,00m especifica para edifícios

verticais, especificando altura mínima de 1,20m para altura de platibandas para a

superfície de coroamento, também não fazendo menção da necessidade do

coroamento das lajes de reservatório elevado e casa de máquinas.

A análise realizada para Legislação de Código de Obras das cidades

consultadas, restringiu-se a consulta via site e não pessoalmente.

4.4 Legislação do Ministério do Trabalho e Emprego (NR 18 e NR 35)

Todas as edificações, novas ou antigas devem possuir o sistema de

ancoragem predial instalado.

− Ancoragem é um sistema de amarras por meio de cordas e cabos de aço nos

elementos permanentes e estruturais das edificações, propiciando estabilidade

dos equipamentos bem como segurança aos trabalhadores em telhados e

coberturas.

− O Ponto de Ancoragem é instalado no perímetro do edifício, de acordo com o

sistema projetado, visando a ancoragem dos trabalhadores em altura que se

utilizarão de andaimes ou de cadeiras suspensas.

− Estes pontos para ancoragem deverão ser previamente inspecionados quanto à

solidez exigindo-se testes de arranchamento e recertificação destas ancoragens.

PORTARIA N.º 157, DE 10 DE ABRIL DE 2006 - (DOU de 12/04/06 – Seção 1) Altera redação da Norma Regulamentadora n.º 18. A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e o DIRETOR DO

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56

DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais e em conformidade com o disposto no inciso I do artigo 200 da Consolidação das Leis do Trabalho e no artigo 2º da Portaria n.º 3.214, de 08 de junho de 1978, resolvem: Art. 5º Incluir na NR-18 o item 18.15.6 – Ancoragem, com a seguinte redação: 18.15.56 – ANCORAGEM 18.15.56.1 As edificações com no mínimo quatro pavimentos ou altura de 12m (doze metros), a partir do nível do térreo, devem possuir previsão para a instalação de dispositivos destinados à ancoragem de equipamentos de sustentação de andaimes e de cabos de segurança para o uso de proteção individual, a serem utilizados nos serviços de limpeza, manutenção e restauração de fachadas. 18.15.56.2 Os pontos de ancoragem devem: a) estar dispostos de modo a atender todo o perímetro da edificação; b) suportar uma carga pontual de 1.200 Kgf (mil e duzentos quilogramas-força); c) constar do projeto estrutural da edificação; d) ser constituídos de material resistente às intempéries, como aço inoxidável ou material de características equivalentes. 18.15.56.3 Os pontos de ancoragem de equipamentos e dos cabos de segurança devem ser independentes. 18.15.56.4 O item 18.15.56.1 desta norma regulamentadora não se aplica às edificações que possuírem projetos específicos para instalação de equipamentos definitivos para limpeza, manutenção e restauração de fachadas. Art. 9° As exigências constantes dos artigos 1º a 3º passam a vigorar 180 (cento e oitenta) dias após a publicação desta portaria. Art. 10°As exigências constantes do artigo 5º se aplicam aos projetos aprovados pelos órgãos competentes após 180 (cento e oitenta) dias da publicação desta portaria. Art. 11° Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação. PORTARIA N.º 318 DE 08 DE MAIO DE 2012 - (D.O.U. de 09/05/2012 - Seção 1 - pág. 88) Altera a Norma Regulamentadora n.º 18. Art. 1º A Norma Regulamentadora n.º 18, aprovada pela Portaria MTb n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, passa a vigorar com as seguintes alterações: 18.15.56.1 Nas edificações com, no mínimo, quatro pavimentos ou altura de 12m (doze metros) a partir do nível do térreo devem ser instalados dispositivos destinados à ancoragem de equipamentos de sustentação de andaimes e de cabos de segurança para o uso de proteção individual a serem utilizados nos serviços de limpeza, manutenção e restauração de fachadas. 18.15.56.2 Os pontos de ancoragem devem: b) suportar uma carga pontual de 1.500 Kgf (mil e quinhentos quilogramas-força); 18.15.56.5 - A ancoragem deve apresentar na sua estrutura, em caracteres indeléveis e bem visíveis: a) razão social do fabricante e o seu CNPJ; b) indicação da carga de 1.500 Kgf; c) material da qual é constituído; d) número de fabricação/série. 18.1 Objetivo e Campo de Aplicação desta Norma Regulamentadora:

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57

18.1.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. 18.1.2. Consideram-se atividades da Indústria da Construção as constantes do Quadro I, Código da Atividade Específica, da NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e as atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou tipo de construção, inclusive manutenção de obras de urbanização e paisagismo. (Alterado pela Portaria SSST n.º 63, de 28 de dezembro de 1998) 18.1.3. É vedado o ingresso ou a permanência de trabalhadores no canteiro de obras, sem que estejam assegurados pelas medidas previstas nesta NR e compatíveis com a fase da obra. 18.1.4. A observância do estabelecido nesta NR não desobriga os empregadores do cumprimento das disposições relativas às condições e meio ambiente de trabalho, determinadas na legislação federal, estadual e/ou municipal, e em outras estabelecidas em negociações coletivas de trabalho.

Segundo a NR-35 do MTB:

35.4 Quanto ao ponto de ancoragem, devem ser tomadas as seguintes providências: a) ser selecionado por profissional legalmente habilitado; b) ter resistência para suportar a carga máxima aplicável; c) ser inspecionado quanto à integridade antes da sua utilização

Óbices arquitetônicos nas fachadas de edifícios, como molduras

salientes devem ser evitados, afim de que se permita as instalações

corretas das ancoragens e seu respectivo uso privilegiando-se a segurança

quando dos serviços de manutenção e pintura destas fachadas.

4.5 Modelos de Ancoragens e Fixações

4.5.1 Espera de Ancoragem por Fixação Química

Figura 4 - Espera de ancoragem por fixação química

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58

Fonte: Dix soluções (2015)

4.5.2 Espera de Ancoragem por Transfixação

Figura 5 - Espera de ancoragem por transfixação Fonte: http://www.fixsolucoes.com/servicos/sistema-de-ancoragem/

4.5.3 Espera de Ancoragem por Dupla Transfixação

Figura 6 - Espera de ancoragem por dupla transfixação Fonte: http://www.fixsolucoes.com/servicos/sistema-de-ancoragem/

Page 59: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

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Foto 8 - Instalação dentro de viga de concreto Fonte: Manual de Prevenção de Acidentes do Trabalho em Serviços de Manutenção de

Fachadas - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo

Foto 9 - Ligação de cabo guia Fonte: Manual de Prevenção de Acidentes do Trabalho em Serviços de Manutenção de

Fachadas - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo

As edificações, com no mínimo quatro pavimentos ou altura de 12m a partir do

nível do térreo, devem possuir a instalação de dispositivos destinados à ancoragem

de equipamentos de sustentação para andaimes e de cabos de segurança para o uso

de proteção individual, a serem utilizados nos serviços de limpeza, manutenção e

restauração de fachadas.

Page 60: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

60

Segundo à lei trabalhista, todo síndico e administrador de condomínios é

corresponsável pelo trabalhador terceirizado, respondendo também criminalmente em

caso de acidente de trabalho.

O Condomínio ao colocar em risco a vida de seus colaboradores em um

ambiente inadequado para a execução do trabalho em altura, tanto o condomínio

como o morador também é responsável por assegurar e prezar pela vida do

colaborador e caso algum transeunte seja atingido por fragmento de obra, ou seja

envolvido no acidente, este também terá direito à indenização junto ao condomínio.

4.6 Prescrições da Norma Regulamentadora NR 18 do M TE e IT-11 do Corpo de

Bombeiros

4.6.1 NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

As edificações com no mínimo quatro pavimentos ou altura de 12m a partir do

nível do térreo, devem possuir a instalação de dispositivos destinados à ancoragem

de equipamentos de sustentação para andaimes e de cabos de segurança para o uso

de proteção individual, a serem utilizados nos serviços de limpeza, manutenção e

restauração de fachadas.

Prescrição atual, porém, não atendida na maioria dos casos pesquisados.

4.6.2 IT 11 - Saídas de Emergências do Corpo de Bombeiros

A antiga IT-11 considerava que edificação com altura superior a 23 metros

deveria possuir o sistema de ancoragem para atender cada fachada, no entanto na

nova revisão desta IT-11, esta diretriz foi cancelada mediante a não conformidade

encontrada nos materiais utilizados nestas ancoragens, o que coloca em risco a sua

utilização.

Prescrição cancelada na nova Instrução Técnica.

Page 61: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

61 4.7 Responsabilidade Civil e Criminal do Síndico

4.7.1 Responsabilidade civil

A responsabilidade civil do síndico ocorre quando as atribuições do cargo não

são cumpridas adequadamente, ocasionando prejuízos aos condôminos ou a

terceiros.

4.7.2 Responsabilidade criminal

A responsabilidade criminal do síndico acontece quando este não cumpre suas

atribuições, levando-o não apenas a uma omissão, mas a uma prática que pode ser

entendida como criminosa ou contravenção.

A RESPONSABILIDADE CIVIL do Síndico, previsto no Código Civil e em

legislações especiais, a fim de se alertar acerca dos efeitos danosos ao próprio síndico

por atos praticados durante sua gestão.

Em princípio, para quem sofreu o dano poderá exigir do próprio condomínio o

ressarcimento, que, após apurar a questão de culpabilidade poderá, em ação própria,

retroagir e exigir do síndico o prejuízo, lhe cobrando o ressarcimento devido.

Segundo o Código Civil, os artigos que tratam deste assunto, tem-se:

Artigo 186 dispõe que “aquele que por ação ou omissão, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, comete ato ilícito”.

Ao cometer o ato ilícito, nasce o direito do prejudicado a exigir a

responsabilidade do agente que cometeu o dano, amparado pelo Artigo 927, que

dispõe que o agente fica obrigado a reparar o dano causado.

O parágrafo único do artigo 927 estabelece a responsabilidade objetiva acerca

do ressarcimento, ou seja, reforça que o condomínio, dependendo da situação, será

o principal responsável pelo ressarcimento do prejuízo, independentemente da

apuração de culpa, caso em que, o síndico será alcançado em um segundo momento.

Ao ser alcançado na responsabilidade, pelo prejuízo causado, poderá os bens

do síndico responder pelo ressarcimento, conforme dispõe o artigo 942 do Código

Civil.

Nos artigos 1347 a 1356, que tratam da administração condominial e sobre as

atribuições do síndico, não trazem em seu escopo quanto a questão da

responsabilidade. Assim, em virtude da aparente lacuna nesta seção específica do

Page 62: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

62 código, deve-se recorrer aos artigos 653 a 691 que tratam das responsabilidades do

mandatário.

Apesar de uma pequena corrente doutrinária dizer o contrário, não existe

relação de consumo entre condomínio e condôminos, isso porque, confundir-se-ia a

figura do prestador de serviço com o próprio consumidor, logo, não será o CDC -

Código de Defesa do Consumidor - fonte para discutir direitos desta natureza.

Para que exista imputabilidade do crime ao agente, deve haver um nexo ou

liame entre o fato e o resultado. Assim, estabelecido este nexo causal, tanto a ação,

quanto a omissão coloca o agente em condição de culpabilidade, como dispõe o artigo

13 do Código Penal.

Finalmente, além da responsabilidade civil, dependendo do dano causado,

responderá o síndico criminalmente pelo ato ou omissão relativas às suas atribuições.

Fonte: Edison Calixto - Consultor especializado em administração patrimonial

Conclui-se, portanto, dos exemplos acima citados, tanto por omissão, como por

negligência ou imprudência, o síndico responderá pelos atos danosos ao condomínio,

atribuídos à sua gestão.

4.8 Atribuição do Arquiteto

LEI Nº 12.378, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 - Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências. V- § 2o Serão consideradas privativas de profissional especializado as áreas de atuação nas quais a ausência de formação superior exponha o usuário do serviço a qualquer risco ou danos materiais à segurança, à saúde ou ao meio ambiente. Acrescente-se ainda que, dirimindo qualquer possível dúvida acerca das competências sobre as áreas de atuação profissional, a Lei n° 12.378, no parágrafo 2º do art. 3º determina: “Serão consideradas privativas de profissional especializado as áreas de atuação nas quais a ausência de formação superior exponha o usuário do serviço a qualquer risco ou danos materiais à segurança, à saúde ou ao meio ambiente”. Do disposto nesse 2° parágrafo, nota-se que a própria Lei consagra que, na definição das áreas de atuação privativas e compartilhadas, deve prevalecer sempre a primazia do melhor atendimento às necessidades sociais. Não são os interesses corporativos dessa ou

Page 63: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

63

daquela categoria profissional que vêm em primeiro lugar, mas, ao contrário, deve prevalecer sempre a defesa e a proteção da sociedade, evitando-se que certas atividades técnicas sejam indevidamente exercidas por profissionais que não disponham de suficiente formação acadêmica que os credencie para tal exercício, o que viria expor o usuário do serviço prestado a qualquer tipo de dano ou de risco à sua segurança ou saúde, ou ao meio ambiente. RESOLUÇÃO N° 52, DE 6 DE SETEMBRO DE 2013 - Aprova o Código de Ética e Disciplina do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). 1. OBRIGAÇÕES GERAIS 1.1. Princípios: 1.1.1. O arquiteto e urbanista é um profissional liberal, nos termos da doutrina trabalhista brasileira, o qual exerce atividades intelectuais de interesse público e alcance social mediante diversas relações de trabalho. Portanto, esse profissional deve deter, por formação, um conjunto sistematizado de conhecimentos das artes, das ciências e das técnicas, assim como das teorias e práticas específicas da Arquitetura e Urbanismo. 1.2. Regras: 1.2.3. O arquiteto e urbanista deve defender sua opinião, em qualquer campo da atuação profissional, fundamentando-a na observância do princípio da melhor qualidade, e rejeitando injunções, coerções, imposições, exigências ou pressões contrárias às suas convicções profissionais que possam comprometer os valores técnicos, éticos e a qualidade estética do seu trabalho. 2. OBRIGAÇÕES PARA COM O INTERESSE PÚBLICO 2.2.7. O arquiteto e urbanista deve adotar soluções que garantam a qualidade da construção, o bem-estar e a segurança das pessoas, nos serviços de sua autoria e responsabilidade. 1.3. Recomendações: 1.3.1. O arquiteto e urbanista deve aprimorar seus conhecimentos nas áreas relevantes para a prática profissional, por meio de capacitação continuada, visando à elevação dos padrões de excelência da profissão. 3.3. O arquiteto e urbanista deve envidar esforços para assegurar o atendimento das necessidades humanas referentes à funcionalidade, à economicidade, à durabilidade, ao conforto, à higiene e à acessibilidade dos ambientes construídos. 2.3.5. O arquiteto e urbanista deve promover e divulgar a Arquitetura e Urbanismo colaborando para o desenvolvimento cultural e para a formação da consciência pública sobre os valores éticos, técnicos e estéticos da atividade profissional. 3.2. Regras: 3.2.1. O arquiteto e urbanista deve assumir serviços profissionais somente quando estiver de posse das habilidades e dos conhecimentos artísticos, técnicos e científicos necessários à satisfação dos compromissos específicos a firmar com o contratante.

A legislação acima deixa claro estar implícito no desenvolvimento da atividade

que estes profissionais tem a obrigação de garantir a segurança das pessoas e

serviços apresentados em peças gráficas e descritivas.

Page 64: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

64

Segundo Jean-Bernard Auby, professor de Direito na Universidade de Paris,

“l’architecte doit remplir son rôle en respectant la réglementation, les règles de l’art et

les desirs de son client”, ou seja, "o arquiteto deve cumprir suas atribuições

respeitando a legislação, as regras da arte e os desejos de seu cliente."

Este conceito se aplica a engenheiros civis e construtores que, no caso da

omissão de legislação e ou norma, validam a ilicitude de seus comportamentos

negligentes quando não se respeitam estas ordens e restrições legais.

É clássica a definição de René Savatier, segundo a qual a culpa é “a

inexecução de um dever que o agente podia conhecer e observar”. Exatamente a

negligência na obediência do dever é que gerou o vício e, por consequência, a

obrigação de indenizar. O arquiteto tem o dever de conhecer a regra (presunção

absoluta); já o contratante, como leigo, tem todo direito de desconhecê-la por

completo.2

Segundo o renomado jurista Hely Lopes Meirelles, em seu livro "Direito de

Construir" em sua 9ª Edição, “Age com culpa todo aquele que, por ação ou omissão

voluntária, viola direito ou causa dano a outrem, por negligência, imprudência ou

imperícia de conduta, embora não desejando o resultado lesivo conforme prescreve o

artigo 159 do Código Civil de 1916, artigo 19, II do Código Penal, com Planiol, que a

culpa é a violação de um dever preexistente: dever de atenção, dever de cautela,

dever de habilidade, dever de prudência em todos os atos da conduta humana”.

Ainda, “a construção de obra particular ou pública, além das responsabilidades

estabelecidas no contrato, pode acarretar outras para o construtor, para o autor do

projeto, para o fiscal ou consultor e para o proprietário ou Administração contraente.

São responsabilidades legais e extracontratuais, de ordem pública, decorrentes da lei,

de fatos da obra e da ética profissional, e, por isso mesmo, independente de

convenção das partes”.

Lembrando que o Art. 39 do Código de Defesa do Consumidor é vedado ao

fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada

pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela

2 Fonte: “O arquiteto e a Lei – Elementos de Direito da Arquitetura”.

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65

Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);

O art. 159 remete ao Código Civil que não está mais em vigor, sendo o atual o de

2002, porém isto não mudou o teor do texto.

Ao contrário do que ocorre em outros países, a responsabilidade civil do

arquiteto por vício do projeto não é tema difundido entre a classe e a sociedade,

diferentemente ocorre com a questão estrutural, bastante trabalhada pela doutrina e

contemplada especificamente por lei, inserida no contexto da Lei no Brasil, no que se

refere a solidez e segurança da obra.

4.9 Atribuição do Engenheiro Civil

RESOLUÇÃO N° 1002, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2002 - Aprova o Código de

Ética e Disciplina do Conselho de Engenharia e Agronomia - CONFEA, tem-se:

O Código de Ética da Engenharia e Agronomia conforme resolução acima do

CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, enuncia os fundamentos

éticos e as condutas necessárias a boa prática dos profissionais destes profissionais,

prescreve algumas das condutas, a saber:

Artigo 8º A prática da profissão é fundada nos seguintes princípios éticos aos quais o profissional deve pautar sua conduta: Da intervenção profissional sobre o meio VI) A profissão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento sustentável na intervenção sobre os ambientes natural e construído, e na incolumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores; Dos deveres Artigo 9º No exercício da profissão são deveres do profissional: III) nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores: f) alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos às prescrições técnicas e às consequências presumíveis de sua inobservância; g) adequar sua forma de expressão técnica às necessidades do cliente e às normas vigentes aplicáveis; Das condutas vedadas Artigo 10º No exercício da profissão são condutas vedadas ao profissional: III) nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores: e) descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua coordenação;

Page 66: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

66 4.10 Norma NBR 15575:2013 - Edificações habitaciona is — Desempenho

A Norma NBR 15575:2013 em sua parte 5: Requisitos para os sistemas de

coberturas prescreve ações mínimas de segurança, conforme abaixo mencionado em

seus respectivos itens:

9.2.1 Critério - Guarda-corpos em coberturas acessíveis aos usuários

O artigo acima prescreve apenas condições que remetem ao uso da norma

NBR 14718:2013, para uso em solários, terraços, jardins e semelhantes, ou seja,

específico para áreas de uso acessível e não aplicável as áreas de uso temporário ou

restrito, como as áreas tratadas neste estudo.

No caso de coberturas com acesso a automóveis, as platibandas devem ter

capacidade de suportar, em qualquer posição, carga horizontal concentrada com

intensidade de 25kN, aplicada a 50cm a partir do piso.

9.2.2 Critérios - Platibandas

Vigas de fechamento no contorno de coberturas ou platibandas previstas para

sustentar andaimes suspensos (em geral balancins leves) devem suportar a ação dos

esforços atuantes no topo e ao longo de qualquer trecho em função da atuação das

forças F (exercidas pelos cabos), majoradas conforme NBR 8681:2003 - Ações e

segurança nas estruturas - Procedimento.

O braço de alavanca (b), a distância entre as linhas de força (f) e a distância

entre as forças F e a superfície externa da viga ou da platibanda, (a) conforme figura

abaixo, devem ser informados no Manual de Uso, Operação e Manutenção do imóveis

apresentadas pelo (s) respectivo (s) fornecedor (es) do (s) equipamento(s).

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67

Figura 7 - Binários aplicados no topo da platibanda, simulando ação de andaime suspenso

Fonte: Figura F1 do Anexo "F" da NBR 15.575:2013 - Parte 5

O Manual deve fornecer ainda os respectivos esquemas de apoio e

transmissão de cargas, bem como as cargas máximas e/ou os momentos máximos

passíveis de atuarem, considerando os coeficientes de majoração previstos na norma

NBR 8681:2003.

9.2.3 Segurança no trabalho em sistemas de coberturas inclinadas Coberturas

inclinadas

Ou águas de telhados com declividade superior a 30% devem ser providas de

dispositivos de segurança suportados pela estrutura principal.

A cobertura deve ser provida de ganchos ou outros dispositivos na sua parte

mais alta, com possibilidade de fixação de cordas ou cabos a partir do ático ou escada

interna de acesso, de forma que o dispositivo de segurança seja instalado antes dos

trabalhadores terem acesso à cobertura.

O Manual de Uso, Operação e Manutenção deve registrar a forma de acesso à

cobertura, os detalhes de fixação de equipamentos, cordas e cintos de segurança para

trabalhos de manutenção nas coberturas inclinadas.

Vale ressaltar ainda, que a versão de 2004 prescrevia que "A ação do vento

deve ser cuidadosamente avaliada, considerando-se principalmente os efeitos locais

em beirais, cumeeiras, espigões e outras regiões sujeitas à formação de vórtices,

aceleração do fluxo de ar, combinação de sobre pressão e sucção (típica em beirais)

“No caso de cobertura protegida por platibandas, seus efeitos (em geral

benéficos) devem também ser considerados. ”

Page 68: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

68

9.2.2.2 Premissas de projeto

b-. Constar dados que permitam ao incorporador e/ou construtor indicar no Manual de

Uso, Operação e Manutenção, a possibilidade ou não de fixação de andaimes

suspensos por ganchos e as condições de utilização de dispositivos destinados a

ancoragem de equipamentos de sustentação de andaimes e de cabo de segurança

par auso de proteção individual, conforme esquema estabelecido em projeto.

Com relação a esta norma, entende-se que deve atentar para a altura da

platibanda, também omissa em seu escopo no que diz respeito à altura destes

elementos.

4.11 Norma para Guarda-corpo

Encontra-se em estudos na ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas,

os primeiros textos base, entre os quais estão: PN 191.000.01 - 003/1: Guarda-corpos

para edificações – Parte 1 – Terminologia e classificação; PN 191.000.01-003/2:

Guarda-corpos para edificações – Parte 2 – Requisitos para as diversas aplicações

(aeroportos, terminais de transportes, instituições de ensino, hospitais, shoppings,

estádios, ginásios); PN 191.000.01-003/3: Guarda-corpos para edificações – Parte 3

– Métodos de ensaio; PN 191.000.01-003/4: Guarda-corpos para edificações – Parte

4 – Instalação, Manutenção e Vida Útil de Projeto.

4.11.1 Ensaios

Ensaios em produtos que serão instalados em escolas, shoppings centers,

estádios de futebol e outros locais não previstos na atual norma, para estes casos, a

ABNT NBR 14718:2008 -Guarda-corpos para edificação não se aplica a tais

ambientes. Com a revisão da ABNT NBR 14718, importante se faz, a alteração da

altura deste tipo de guarda-corpo, atualmente previsto em 0,90m e 1,00m, nas

respectivas figuras, 3 do exemplo 2 e figura 6, para altura igual ou maior que 1,30m,

e diminuição do espaço de 11cm entre barras para se eliminar a colocação do pé

neste vão, o que possibilita a elevação do centro de gravidade do corpo de um

indivíduo, ao se apoiar no guarda-corpo.

Page 69: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

69 5 CINESIOLOGIA – PLANOS E EIXOS DO MOVIMENTO HUMANO

Planos são definidos como elementos bidimensionais retilíneos que no corpo

humano dividem o mesmo em duas partes.

O plano que divide o corpo em duas partes, sendo estes: direita e esquerda, é

denominado de sagital e os movimentos que ocorrem neste plano são denominados,

em sua maioria, flexões/extensões.

O plano que divide o corpo em partes anterior e posterior é denominado de

frontal e os movimentos corporais que ocorrem neste plano são denominados, em sua

maioria, de abduções a aduções.

Por último, mas não menos importante, o plano que divide o corpo em partes

superior e inferior é denominado de transversal ou horizontal, e neste ocorrem as

rotações e supinações/pronações.

Quando estes três planos dividem o corpo em partes proporcionais em termos

de massa corpórea, na intersecção destes encontraremos o Centro de Gravidade

(CG) do indivíduo. O CG caracteriza-se como o centro virtual de concentração de toda

a massa corpórea, ou o ponto de equilíbrio do corpo, conforme visto na figura

ilustrativa abaixo.

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70

Figura 8 - Divisão do corpo humano em Plano Sagital, Coronal e Transversal. Fonte:Educadores (2015)

Figura 9 - Demonstração complementar das orientações corpora is acima visto Fonte: http://fernandagomesbiomecanica.blogspot.com.br/2015_06_01_archive.html

Page 71: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

71

A figura 08 e 09 serve de ilustração para visualização e entendimento do

movimento humano, o Plano Transversal mostra a posição do CG – Centro de

Gravidade do corpo humano e de seus possíveis movimentos quando ao lado do

guarda-corpo, peitoris e destinados a passagem de pedestres em ambientes

transitórios ou temporários, o indivíduo pode perder seu equilíbrio ao lado da mureta,

observado no levantamento de campo deste trabalho, que as muretas de proteção

denominadas de platibanda tem altura entre 0,15 e 0,50 metros, em lajes de cobertura

de caixas d’água, casa de máquinas e última laje de cobertura em edificações em

geral, como esta pequena altura propicia quedas, estas poderão ocorrer tanto do lado

do Plano Sagital como do Coronal do indivíduo.

Centro de gravidade é o termo usado para denominar o ponto onde um corpo

se equilibra levando-se em conta a aceleração da gravidade local. Sabe-se que o

campo gravitacional da Terra não é uniforme. A aceleração da gravidade na superfície

média da Terra é de 9,83 m/s², sendo que aceleração na Terra varia minimamente,

devido a diferentes altitudes, variações na latitude e distribuição de massas do

planeta.

O Centro de Gravidade é o ponto dentro de um objeto onde se pode considerar

que toda a massa, ou seja, o material que constitui o elemento, esteja concentrada

(também chamada de baricentro). A gravidade puxa para baixo todo ponto de massa

que constitui este objeto ou o corpo. No entanto, a determinação do Centro de

Gravidade do corpo humano é muito difícil, pois este não apresenta densidade

uniforme, não é rígido e não é simétrico enquanto um objeto com todas estas

características o Centro de Gravidade em cada ponto é igual.

Existem cálculos matemáticos que analisam parte a parte o centro de gravidade

de um corpo não uniforme, de forma a adquirir um resultado médio do centro de

gravidade do mesmo.

A habilidade de controlar a postura e a marcha de um indivíduo também está

associada a outros fatores, como a idade, massa do corpo, altura, uso de drogas e

implicações clínicas, fatores estes, que contribuem para a alteração do equilíbrio e

que geram disfunções biomecânicas, podendo resultar em quedas e mortes, além de

possíveis distrações e desprezo pelo iminente risco.

Page 72: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

72 5.1 Centro de Gravidade do Corpo Humano

A partir do conceito de aceleração de gravidade (g = 9,81 ms -2 ) pode definir-

se o centro gravidade como sendo o ponto de aplicação da força resultante do

somatório do conjunto de forças de atração da Terra. Cada uma dessas forças é

exercida sobre cada uma das partículas da massa do corpo. No corpo humano o

centro de gravidade (C.G.) coincide com o centro de massa (C.M.). O C.M. é o lugar

geométrico de massas e, portanto, independentemente de qualquer campo gravítico,

enquanto que, o C.G. é o ponto de aplicação de vetor que representa o peso do corpo.

Este vetor tem como ponto de aplicação - centro de massa; a direção - vertical; o

sentido - descendente; e, a intensidade - valor de Peso (P = m*g) = (P, Peso do corpo;

m, massa do corpo; g, aceleração da gravidade). As unidades de medida são: Massa

- Kilogramas (Kg); Peso - Newtons (N) = 1 N = 1 kg·m/s²

5.2 Localização do C.G. do Corpo Humano 3

O centro de gravidade da totalidade do corpo humano depende da colocação

relativa dos centros de gravidade dos corpos parciais. Esta definição implica que o

corpo humano seja considerado dividido em vários corpos rígidos e que para cada um

seja conhecido o respectivo C.G. De um modo geral considera-se que o C.G. (adulto

jovem em posição anatômica normal) está localizado no bordo anterior da 2ª vértebra

sacral. No entanto, em cada execução, o Movimento é a causa fundamental da

variação da colocação instantânea do C.G. da totalidade do corpo.

O Movimento, isto é, a deslocação relativa dos "corpos rígidos", em que o

"corpo articulado" está dividido, provoca uma alteração constante da resultante final

para o conjunto. Cada um daqueles corpos rígidos tem um C.G. bem definido e

considerado fixo. As posições relativas desses corpos associados às respectivas

massas provocam uma resultante sempre diferente no que respeita à posição do

ponto de aplicação, mas constante em relação às restantes características do vetor

peso, isto é, intensidade e direção.

3 Fonte: Fundamentos e elementos de análise biomecância do movimento humano. João M.C.S. Abrantes. Março 2008. Reedição do autor MovLab. Universidade Lusófona Lisboa, PT.

Page 73: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

73 6 RAZÃO DE OURO

Um dos primeiros registros que se tem conhecimento sobre a Razão de Ouro

data de aproximadamente 1650 a.C, no papiro de Rhind, um documento no qual

constam 85 problemas copiados por um escriba chamado Ahmes de um trabalho bem

mais antigo. Onde a “razão sagrada” é citada, acredita tratar-se da Razão de Ouro.

Há relatos entre 1826 e 1910 a.C., também, que os antigos babilônios sabiam

como criar o Retângulo de Ouro, através de uma tabua com comprimento de 29,21

cm e com a largura de 17,78 cm, (razão de 1,64) que ficou conhecida como a “Tábua

de Shamash”, com suas dimensões muito próximas da Razão de Ouro.

Na Pirâmide de Quéops, no Egito, cada bloco é 1,618 vezes maior que o bloco

do nível logo acima e também, as câmaras em seu interior seguem esta proporção,

de forma que os comprimentos das salas são 1,618 vezes maiores que as larguras.

Porém é atribuída ao matemático grego Hipasus Metapontum ou Hípaso de

Metaponto (470 – 400) a.C. nascido na cidade grega de Metaponto sul da Itália, a

descoberta de grandezas incomensuráveis. Teria sido Hípaso o principal responsável

por profundas mudanças no pensamento filosófico da escola pitagórica em meados

do século V a.C., de que tudo no universo podia ser reduzido somente a números

comensuráveis (racionais) ou suas razões, pois o mesmo produziu um elemento não–

inteiro que negava os ensinamentos adquiridos nos cultos secretos onde era discípulo

do mestre Pitágoras de Samos (570 – 495) a.C.

Já a menção da razão de ouro no Homem Vitruviano, que é um conceito

apresentado na obra, Os Dez Livros da Arquitetura, de autoria do arquiteto e

engenheiro romano Marcus Vitruvius Pollio, que viveu no século I a.C., que consiste

de um tratado teórico e técnico detalhado que sobrevive à mais antiga e mais influente

de todas as obras sobre arquitetura.

Segundo raciocínio matemático que se baseia, em parte, na divina proporção,

também conhecida como razão ou número de ouro, (Entre outras nomenclaturas) o

homem descrito por Vitruvius, no terceiro livro de sua obra, apresenta-se como um

modelo ideal para o ser humano, cujas proporções existentes entre o antebraço, o pé,

a palma, o dedo e outras partes menores são perfeitas segundo o ideal clássico de

beleza.

Estudos desenvolvidos pelo matemático Leonardo Pisa sobre o mesmo tema,

Page 74: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

74 este também conhecido como Fibonacci, resultaram na chamada sequência de

Fibonacci, a razão entre 89 e 55 (dois de seus respectivos termos), por exemplo, dará,

aproximadamente, 1,618. Quando isto ocorre, diz-se que o retângulo em questão é

áureo; ou que o mesmo se aproxima da razão de ouro.

Fibonacci obteve sua educação fora de Pisa. Em 1202, quando retornou,

publicou a obra Liber Abaci (Livro do Ábaco), que trata da álgebra e da aritmética

através de problemas elementares.

Neste livro, um problema sobre coelhos, ficou conhecido por gerar uma

sequência. A ela deu-se o nome de sequência de Fibonacci.

O número 1,618 é um número irracional, representado pela letra Fi (�); (Phi)

em homenagem a Phídeas (470 – 425) a.C., o mais importante escultor e arquiteto

grego da antiga civilização helênica, que exerceu profunda influência sobre todos os

grandes projetos artísticos levados a cabo no Século de Péricles, Século este, que se

estendeu entre 439 a.C. (quando os atenienses organizaram o cerco de Samo) e 338

a.C. (quando os gregos foram derrotados pelo exército macedônico na batalha de

Queroneia) sendo considerada a “Idade de Ouro” de Atenas. Neste período, Phídeas

revelou-se a principal personalidade artística por detrás do desenvolvimento do puro

estilo clássico. Atribui-se a este artista, grandes obras, dentre as quais destaca-se o

Parthenon, as esculturas Athena Parthenos e Athena Promachos (456) a.C., entre

outras

Em toda extensão dos seus trabalhos havia um grande conhecimento e

aplicação do número de ouro, embora não o tenha atribuído esse nome, o que só viria

a acontecer dois mil anos depois, com os primeiros relatos escritos pelo padre Luca

Pacioli (1452 – 1519) d.C.,em seu livro Divina Proporção, de 1509.

6.1 A Razão de Ouro na Matemática

� + �� = �

� = �

A equação acima mostra que � = �� o que pode ser substituído na parte

abaixo, resultando em:

Page 75: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

75

�� + ��� = ��

Cancelando b em ambos os lados, temos:

� + 1� = �

Multiplicando ambos os lados por � resulta: � + 1 = �

Finalmente, subtraindo-se � ambos os membros da equação e multiplicando

todas as parcelas por -1 encontra-se:

� − � − 1 = 0

Que é uma equação quadrática da forma

a� + �� + � = 0

em que

a = 1, b = -1 e c = -1

Agora, basta resolver essa equação quadrática. Pela Fórmula de Bháskara:

� = −� ± √� − 4��2�

� = −(−1) ± �(−1) − 4(1)(−1)2(1)

� = 1 ± √1 + 42

� = 1 ± √52

A única solução positiva dessa equação quadrática é a seguinte:

Page 76: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

76

� = 1 ± √52 ≈ 1,618033989

Que é o número da Razão de Ouro (φ) ou sua razão inversa %&'(, que será igual

a: 0,618033989.

Portanto, a Razão de Ouro é uma constante real algébrica conhecida pela letra

grega Phi (φ) diferentemente do número Pi (π) com o valor numérico aproximado de

3,14, que pertence aos números irracionais.

6.2 A Razão de Ouro na Arte

Em busca pela beleza e perfeição em suas obras, artistas renomados da

história da arte, como Michelangelo, Piet Mondrian, Salvador Dalí, Albrech Dürer,

Leonardo da Vinci, entre outros, usaram o número áureo, através do retângulo de

ouro, em suas criações artísticas para lhes conferir harmonia.

Neste estudo que pretende logo adiante avançar para as questões relativas ao

foco em questão, que é a altura dos elementos arquitetônicos em função dos diversos

conhecimentos históricos que aqui estão sendo relatados e pertinentes as medidas

humanas, vamos ressaltar o artista italiano Leonardo da Vinci (1452 – 1519) d.C., um

dos mestres do Renascimento, que se valia de conceitos matemáticos para a

confecção de suas pinturas.

Leonardo Da Vinci começou um dos mais impressionantes levantamentos de

anatomia para entender o funcionamento de órgãos, do esqueleto, dos músculos e

tendões, o artista anatomista italiano além de pintor, escultor, músico, cientista,

arquiteto, engenheiro e inventor, também atuou na área de medicina.

Ao longo de 15 anos (1498 a 1513), Leonardo desenhou órgãos e elementos

dos sistemas anátomo-funcionais do corpo humano em um estudo que começou pela

leitura das obras de autores da medicina pré-renascentista.

O conceito do famoso desenho inspirado no modelo ideal para o corpo do ser

humano levou Leonardo Da Vinci em 1490 a criar o "O Homem Vitruviano”, com base

na descrição de Vitruvius, permitindo criar as proporções ideais do corpo masculino,

estas, expressado como ideal clássico da beleza.

Page 77: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

77

A área das duas figuras geométricas é igual. O umbigo da figura humana é o

seu real centro de gravidade, examinando o desenho como um todo, pode-se notar

que a combinação das posições dos braços e das pernas forma quatro posturas

diferentes: braços e pernas em cruz, braços e pernas abertos, braços em cruz e

pernas abertas, braços abertos (para o alto) e pernas unidas.

Este estudo não discute os mitos que cercam alguns dos maiores cientistas que

já existiram e as controvérsias sobre os mesmos.

Figura 10 - O Homem vitruviano. Fonte: The Worlds of Leonardo da Vinci.

6.3 A Razão de Ouro na Arquitetura

Arquitetos famosos também adotaram a razão áurea como parâmetro para a

construção de suas obras. Esse recurso foi usado para dar ênfase a harmonia e

beleza em suas respectivas obras, como foi o caso do arquiteto grego Phídeas e do

suíço Le Corbusier, como veremos abaixo na sequência deste capítulo.

6.3.1 O Modulor

Entre 1942 e 1948, o Arquiteto e Designer, Charles-Édouard Jeanneret,

conhecido como Le Corbusier, desenvolveu um sistema de medição que ficou

conhecido por “Modulor”.

Page 78: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

78

O Modulor módulo de ouro, é uma tabela para uso da arquitetura inspirada no

número ou razão de ouro Φ, Le Corbusier construiu-a tomando-se como base três

medidas aproximadas, 43cm, 70cm e 113cm, onde 113 = 70 + 43 e cuja razão é o

número de ouro. Nota-se que a secção áurea de 113 é 70; que a de 70 é 43 = 113 -

70; que a de 43 será 27 = 70 - 43, e assim sucessivamente. Assim, Le Corbusier parte

de 113 e continua, nos dois sentidos, construindo uma cadeia de secções áureas a

que chamou série vermelha:

4 - 6 - 10 - 16 - 27 - 43 - 70 - 113 - 183 – 296

A estatura humana correspondia à medida de referência 183cm. A altura ao

solo, do umbigo seria de 113 cm; o joelho situar-se-ia a 43cm, etc... As medidas da

série vermelha foram, por Le Corbusier, tomadas como base para o estudo das alturas

(finalmente) de bancadas, cadeiras, mesas, balcões, janelas, muros, portas,

matematicamente, número de ouro é a raiz positiva da equação:

x2 – x – 1 = 0

positivox →+=⇒±=+±=

−−−±−−=

2

51

2

51

2

411

)1(2

)1)(1(4)1()1( 2

φ

Ou seja: � = &±√) ≈ 1,618033989

É uma dízima infinita não periódica. Com dez casas decimais podendo-se

escrever φ = 1,6180339887....

A razão entre cada termo desta sucessão e o anterior converge para um valor

representado pelo índice 0,61803, Le Corbusier, este aplicou aquela proporção

partindo de um valor de referência de 1,83m.

Assim tem-se: 1,83m x 0,61803 = 1,13m de altura do chão até o umbigo de um

indivíduo.

Le Corbusier desenvolveu medidas modulares baseadas nas proporções de

um indivíduo francês inicialmente com 1,75 m e mais tarde com 1,829 m (1,83m) de

altura para um indivíduo inglês, abaixo a figura 11 demonstra as medidas relativas a

um indivíduo com altura de 1,829m.

Leonardo Da Vinci e Le Corbusier definem como sendo o umbigo, o real centro

Page 79: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

79 de gravidade do corpo. O corpo humano é de fato uma ilustração notável e obvia da

presença da regra da razão de ouro demonstrada nestes estudos, o que se crê, que

altura ideal de um anteparo que garanta a segurança contra quedas de um indivíduo,

deva estar o mais próximo do peito e acima do umbigo.

Figura 11 - Valores da métrica humana.

Fonte: LE CORBUSIER - Livro "Le Modulor" por Le Corbusier - 1950 - Collection Ascoral III Section & Normalisation et Construction, Vol. 4 - Éditions de L'ArchitectureD'Aujourd'Hui

Ainda, com base no Livro "Le Modulor" por Le Corbusier, como exemplificação,

tem-se: Altura do chão até o umbigo de um indivíduo e adotando-se um modelo crítico

como referência, com altura de 1,865m, favorecendo a segurança dos indivíduos

brasileiros em geral com menor altura (1,74m) e para fins deste estudo, tem-se:

Para altura = 1,865m x 0,618 = hCG = 1,15m

No entanto, definir esta altura para um anteparo, colocaria o usuário em condições

desfavoráveis, seria necessário um acréscimo para os casos que envolvam condições

de equilíbrio instável, onde o indivíduo encontra-se vulnerável à quedas.

Em 2011 o IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, constatou que

Page 80: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

80 o topo médio masculino de 1,67 metros subiu para uma altura média de 1,74 metros,

desta forma o centro de gravidade de um brasileiro médio estaria em torno de 1,075m

pela Razão de Ouro, medida de altura para anteparos de quaisquer naturezas devem

estar localizadas acima do umbigo, próximo do peito do indivíduo, para tal, deve ser

adotado um modelo acima desta altura mediana.

Vale lembrar ainda, que estes parâmetros antropométricos idealizados por Le

Corbusier há cerca de 70 anos, para definição de alturas diversas para aplicação na

arquitetura devem ser considerados o grau de risco do elemento, no caso de guarda-

corpo, anteparo, peitoril e platibanda tratado neste estudo, pois as pessoas não são

todas iguais, além de critérios estéticos sobre as proporções definidas por Le

Corbusier, há de se considerar a segurança das pessoas e o estado de saúde física

e psicológica, além das condições do ambiente.

A queda acidental expressa à presença de fatores etiológicos intrínsecos, tais

como doenças crônicas, fármacos, distúrbios do equilíbrio corporal e déficits

sensoriais:

− Involução motora decorrente do processo de envelhecimento;

− Disfunções e doenças são vistas como causas da dificuldade ou incapacidade de

manter o equilíbrio das pessoas;

− Presença de doenças ou dificuldades motoras;

− Uso de dispositivos auxiliares de marcha;

− Déficit visual;

− Uso de medicamentos;

− Suspeita de depressão, falta de equilíbrio e passo diminuído.

No campo do trabalho:

− Perda de equilíbrio: passo em falso, escorregão;

− Falha de uma instalação ou dispositivo de proteção individual ou coletivo;

− Método incorreto de trabalho;

− Contato acidental com fios de alta tensão;

− Inaptidão do trabalhador à atividade.

Page 81: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

81 7 ANTROPOMETRIA E O CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO HU MANO

Como visto no item anterior, sabe-se que, na antiguidade, alguns personagens

já se interessavam pela descoberta do centro de gravidade do corpo humano,

conforme análise do plano hipotético do centro de gravidade de um indivíduo realizada

no ano de 1650, pelo Físico italiano Alfonso Borelli. Por volta de 1836, os irmãos

Weber aperfeiçoaram o método de Borelli, afirmando que o centro de gravidade do

corpo humano encontrava-se a 56,8% da altura do indivíduo, além de Harless (1860)

e Braune e Fischer (1889), que fizeram pesquisas de centro de gravidade em centenas

de cadáveres de ambos os sexos, determinando que o centro de gravidade se

encontrava a 54,8% da altura média daqueles cadáveres pesquisados. Estes estudos

foram complementados posteriormente, iniciando-se por Weinback, em 1938 até

Dempster em 1955.

É possível citar vários personagens que se interessaram pelo tema, como

Leonardo da Vinci (1452-1519), Galileu Galilei (1564-1463), Giorgio Baglivi (1668-

1706), Niels Stensen (1648-1686), Nicolas Andry (1658-1742), Rasch & Burk (1977),

entre muitos outros.

Entretanto, foi no começo do século XX, que Lovett e outros, aperfeiçoaram a

metodologia e Dawson propôs um método cartesiano para determinar o centro de

gravidade do corpo humano. No entanto, atualmente, há programas sofisticados que,

associados a câmeras de vídeo posicionadas no espaço tridimensional, são capazes

de determinar, instantaneamente, o centro de gravidade e, visualmente, nos três

planos corporais.

Como se pode observar, a antropometria, na história antiga já tinha a

preocupação de mensurar o corpo do homem e, ao longo do tempo, as proporções do

corpo foram estudadas por filósofos, artistas, teóricos, engenheiros e arquitetos.

Conforme descrito no item 5 deste estudo - Cinesiologia - Planos e eixos do

movimento humano - a origem das orientações referentes aos Planos Frontal, Sagital

e Horizontal está situada no centro de gravidade (CG) do corpo humano.

Page 82: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

82 Atualmente são utilizados diversos métodos para se calcular a posição do CG

no corpo humano, mas um deles toma como base o corpo por inteiro (Abordagem

direta), e o outro secciona o corpo (Abordagem indireta) por meio de tabelas de pesos

e tamanhos médios para cada elemento, e a posição do centro de gravidade será uma

resultante das projeções dos centros de massa de cada segmento, como pode ser

visto no anexo 5.

8 CENTRO DE GRAVIDADE DO CORPO HUMANO

O corpo não é um objeto rígido e a localização de seu centro de gravidade

depende da posição de seus segmentos.

Supondo que o corpo esteja em pé, com seus braços pendendo ao lado (figura

12), pelo fato dos lados esquerdo e direito serem simétricos, seu centro de gravidade

ficará dentro do plano que divide seu corpo nas metades esquerda e direita (Plano

Sagital). Se o braço esquerdo for movido para cima e para o lado, seu centro de

gravidade se deslocará para a esquerda (figura 13). Erguendo-se os dois braços, o

centro de gravidade ficará acima do umbigo.

Figura 12 - Centro de gravidade no corpo humano Fonte: Google

Page 83: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

83

Figura 13 - Alteração do CG para movimentação do braço esquer do

Fonte: Fonte: MORAES (1992)

Figura 14 - Alteração do CG para movimentação de a mbos os braços para

cima. Fonte: http://caos.planetaclix.pt/exercicio/aikido/index.html

O centro de gravidade de cima para baixo fica em um plano que atravessa

horizontalmente o corpo em 2,5 a 5 cm abaixo do umbigo, ou cerca de 15 cm acima

de seu púbis.

Vale ressaltar que alguém com pernas longas e braços e tórax musculosos terá um

centro de gravidade mais alto que uma pessoa com pernas mais curtas e grossas.

Nas mulheres, esse ponto é levemente mais baixo que o homem, porque elas têm

cintura pélvica mais larga e ombros mais estreitos, considera-se em torno de 55% de

Page 84: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

84 sua altura a partir do solo, visto que nas mulheres a maior concentração de massa é

nos quadris e nos membros inferiores, enquanto que nos homens a maior

concentração de massa é no tronco e nos membros superiores, levando seu centro

de gravidade em torno de 57%. Assim, uma mulher consegue mais facilmente

executar o exercício exposto na figura 15, uma vez que seu peso maior encontra-se

abaixo dos quadris. Se o indivíduo levantar os dois braços acima da cabeça, seu

centro de gravidade irá se deslocar levemente para cima, entre de 5 a 8cm.

Figura 15 - Centro de gravidade das mulheres Fonte: http://www.seara.ufc.br/sugestoes/fisica/mec1.htm

Os idosos se tornam mais suscetíveis às quedas por conta das mudanças que seu

corpo sofre com o tempo. Durante o processo de envelhecimento aumentam as

assimetrias posturais que podem afetar o mecanismo de controle de equilíbrio levando

às quedas, conforme demonstrado na figura 16.

Figura 16 - Alterações no Centro de Gravidade do idoso Fonte: Antropometria Mario S. Ferreira - março, 2010

Page 85: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

85 8.1 O fator salto em sapatos

De acordo com Valente (2007) quando o tornozelo é suspenso do chão o centro de

gravidade do indivíduo é deslocado para frente, conforme a altura do salto, a parte

inferior das costas se arqueia, a coluna e as pernas tendem a se alongar e o peito

projeta-se para frente, no sentido do anteparo. Ainda, segundo o mesmo autor, a

elevação do tornozelo com um salto de 10 cm, provoca uma distribuição de peso do

corpo entre 90 a 100% sobre os apoios localizados no antepé e no retropé (Van der

Linden, 2004), gerando uma postura de equilíbrio instável.

A figura 17 apresenta esquema exemplificando o deslocamento de peso em diferentes

alturas de salto.

Figura 17 - Distribuição de peso em diferentes alturas de salto (adaptação de Monteiro, 1999 apud Van der Linden, 2004) Fonte: Ergonomia Física Aplicada: O Caso do Calçado de Salto Alto - Silvia Marcia Fiori Sala, Carlos Aparecido Fernandes, Eugenio Andres Diaz Merino e Antônio Renato Pereira

8.2 Equilíbrio e gravidade:

Dois pontos definem o equilíbrio estável no corpo humano, o centro de gravidade e o centro de massa. Para Enoka (2002), o centro de massa é um local no qual todas as partículas do objeto estão igualmente distribuídas, formando o ponto de equilíbrio. Assim, o centro de gravidade nem sempre coincide com o centro de massa. A figura 18 mostra a relação entre posição da força peso e sua influência com o equilíbrio corporal, demonstrando as formas de equilíbrio estável e instável.

Page 86: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

86

Figura 18 - Equilíbrio do corpo

Fonte: Vilela Junior, G.B, Hauser, M.W., Dagnone Filho, D., Oliveira, A.L., Cinesiologia, Ponta Grossa - PR: Editora UEPG. 2011

O boneco da esquerda, na figura 18, está em equilíbrio estável, enquanto que o

boneco da direita, ao projetar seu corpo para frente, torna seu equilíbrio instável

devido à força peso. Porém, o equilíbrio poderá ser recuperado ao levar um dos pés

do boneco um passo à frente. No caso de alguma impossibilidade de dar o passo à

frente, as chances de queda serão grandes.

Segundo Lehmkuhl e Smith (1989), alguns fatores influenciam o grau de estabilidade

do corpo, como: o tamanho da base de sustentação; a localização da linha de

gravidade dentro da Base de Sustentação (BS); a altura do centro de gravidade acima

da BS; e o peso do corpo, conforme configuração demonstrada dos pés de um

indivíduo no solo, visto na figura 19 e 20, observa-se a mudança do centro de

gravidade do corpo, de forma favorável e desfavorável ao equilíbrio do corpo humano.

Page 87: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

87

Figura 19 - Base de suporte ou apoio Fonte: Fonte: Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos - Prof. Dr. André L.F. Rodacki, Msd Júlia Veronese Marcon, Msd Renata Alyne Czajka Sabchuk

Figura 20 - Base de suporte mediante posturas Fonte: Fonte: Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos - Prof. Dr. André L.F. Rodacki, Msd Júlia Veronese Marcon, Msd Renata Alyne Czajka Sabchuk O grau de estabilidade pode ser definido como o risco de se tornar instável em

relação a sua base de sustentação normal, para fins de estudo, adotar-se-á, a

situação de equilíbrio instável, provocada pelo apoio nas pontas do pé ou antepé.

Segundo Watkins (2001) o grau de estabilidade pode ser definido como o risco de

se tornar instável em relação a sua base de sustentação normal, visto na figura 21.

Page 88: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

88

Figura 21 - ângulos necessários para causar equilíbrio instá vel Fonte: Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos - Prof. Dr. André L.F. Rodacki, Msd Júlia Veronese Marcon, Msd Renata Alyne Czajka Sabchuk

Parâmetros comparativos entre NBR 14718:2008 - Guarda-corpo e

Estudo antropométrico preliminar.

Considerando a determinação das massas segmentares de um indivíduo de 75 kg,

tem-se: (Ver Anexo-05)

Cabeça: 75 kg x 7,3 / 100 = 5,475 kg

Tronco: 75 kg x 50,7 / 100 = 38,02 kg

Braço: 75 kg x 2,6 / 100 = 1,95 kg (dois segmentos = 3,9 kg)

Antebraço: 75 kg x 1,6 / 100 = 1,2 kg (dois segmentos = 2,4 kg)

Mão: 75 kg x 0,7 / 100 = 0,525 kg (dois segmentos = 1,05 kg)

Total dos membros: = 50,845 Kg

Tabela 15 - Segmentos e percentuais corporais (Adaptado de Braune e Fischer) Fonte: Massa dos Segmentos Corporais - Braune e Fischer

Através dos segmentos corporais, tem-se:

Cabeça, tronco, braços, antebraços e mãos representam conforme tabela acima,

67.8% do peso total do corpo, variável com a idade, com musculatura e gordura.

Page 89: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

89

Figura 22 - Equilíbrio estável e instável - Fonte: VILELA JR et aL, 2001 (Adaptado) Fonte: Fonte: VILELA JR et aL, 2001 (Adaptado)

Figura 23 - Equilíbrio estável e instável e comparativo de al turas prescritas em normas e legislação

Fonte: VILELA JR et aL, 2001 (Adaptado)

Page 90: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

90

Figura 24 - Simulação entre altura do CG de um indivíduo com estatura de 1,74 m e outro com 1,865m, conforme figura 3 - Exemplo 3 da norma NBR 14718:2008 - Guarda-corpo Fonte: Do Autor

Na simulação vista na figura 24, a norma NBR14719:2008 preconiza uma barra

inferior instalada a 11cm do piso, inclusive coloca-se o desenho de um sapato

indicando a possibilidade de uma pessoa subir nesta barra, elevando seu CG,

colocando-a em risco desnecessário, para se evitar tal procedimento, recomenda-se

que a distância vista na figura 25 seja reduzida, tendo como objetivo, não permitir que

indivíduos possam "escalar" o guarda-corpo, inserindo o pé no vão recomendado pela

norma.

Ainda, eleva o CG do indivíduo colocando-o em condições extremas de

vulnerabilidade, pois há de se considerar que o corpo entrando em equilíbrio instável,

67,8% do peso da cabeça, tronco, braços, antebraços e mãos, fator agravante que

pode culminar em queda, lembrando que a habilidade de controlar a postura depende

vários fatores, e que podem gerar disfunções biomecânicas.

Percebe-se através da figura 24, que o indivíduo com 1,74m de altura, tem seu CG

9cm acima da superfície do guarda-corpo, definido pela norma como Zona de

Recepção (ZR). Já o indivíduo com 1,865m de altura, tem seu CG 16cm acima da

superfície do guarda-corpo.

Page 91: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

91

Figura 25 - Distância entre perfis verticais (dimensões em me tros). Fonte: Norma NBR14718:2008

Figura 26 - Simulação entre altura do CG de um indivíduo com estatura de 1,74 m e outro com 1,865m, conforme figura 6 – altura do top o de guarda corpo >=1,00m da

norma NBR 14718:2008 - Guarda-corpo. Fonte: Do Autor

Na condição estabelecida na figura 26, em equilíbrio estável, com altura do guarda-corpo com 1,00m, o indivíduo com altura de 1,74m, ficará com CG 1cm abaixo da superfície do guarda-corpo.

Page 92: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

92 Em condição de equilíbrio instável, o CG aumentará para 1,11 m ou seja, o CG vai se elevar em 11cm acima do topo do guarda-corpo (Ver elevação de 12cm considerada no item 9, pg 98 e 9.1.2, pg 99, deste estudo).

Em equilíbrio estável, com altura do guarda-corpo com 1,00m, o indivíduo com altura de 1,865m, ficará com CG 6cm acima da superfície do guarda-corpo.

Em condição de equilíbrio instável, o CG aumentará para 1,18 m ou seja, o CG vai se elevar em 18cm acima do topo do guarda-corpo (Ver elevação de 12cm considerada no item 9, pg 98 e 9.1.2, pg 99, deste estudo).

Outros fatores são determinantes para causar uma queda, como doenças crônicas,

fármacos, distúrbios do equilíbrio corporal e déficits sensoriais, drogas e álcool, todos

estes fatores alteram a posição do CG de uma pessoa, além da força do vento.

As precauções devem ser tomadas levando-se em conta a evolução da estatura do

brasileiro, uma vez que, segundo dados do IBGE, as alturas médias do homem

brasileiro evoluíram de 1,626cm em 1950 para 1,74cm em 2011.

A elevação de parte dos pés do chão, como objeto de análise deste estudo, provoca

uma mudança no centro de gravidade e incidência de equilíbrio instável, com fatores

determinantes e estão relacionados à altura, ângulo e velocidade de saída do centro

de gravidade, colaborando com a queda do indivíduo (Foto 09).

Foto 10 - Equilíbrio instável e estável - (Adaptado)

Fonte: http://www.axialind.com/50-corporal-exercicios-que-voce-pode-fazer-em-qualquer-lugar/

Page 93: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

93 9 INVESTIGAÇÃO COM MODELOS DE DIFERENTES MEDIDAS

Para se chegar a um consenso sobre uma medida adequada de altura de anteparos,

foi realizada uma pesquisa com dez pessoas de diferentes alturas, tamanhos de pés

e massas corporais, aleatoriamente escolhidos, entre indivíduos considerado adultos

jovens, sedentários e não sedentários.

• Modelo A:

Altura = 1,72

Altura nas pontas dos pés = 1.82m

Altura de "a" na foto acima = 10cm

Massa corporal = 65 Kg

Comprimento do pé = 24,5cm:

Número do calce: 38

Equação para o número do calce:

N = 5p+28

4

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x24,5+28 / 4

N = 37,62

N ~ 38

• Modelo B:

Altura = 1,80m

Altura nas pontas dos pés = 1,91m

Altura de "a" ver na foto em anexo = 11cm

Massa corporal = 82 Kg

Comprimento do pé = 28,5cm:

Número do calce: 43

Page 94: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

94 Equação para o número do calce:

N = 5p+28

4

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x28,5+28 / 4

N = 42,62

N ~ 43

• Modelo C:

Altura = 1,81m

Altura nas pontas dos pés = 1,90m

Altura de "a" ver na foto em anexo = 9 cm

Massa corporal = 100,30 Kg

Comprimento do pé = 27,5cm:

Número do calce: 42

Equação para o número do calce:

N = 5p+28 / 4

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x27,5+28 / 4

N = 41,37

N ~ 42

• Modelo D:

Altura = 1,92m

Altura nas pontas dos pés = 2,05m

Altura de "a" ver na foto em anexo = 13 cm

Massa corporal = 101Kg

Comprimento do pé = 30cm:

Número do calce: 45

Page 95: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

95 Equação para o número do calce:

N = 5p+28 / 4

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x30+28 / 4

N = 44,5

N ~ 45

• Modelo E:

Altura = 1,93m

Altura nas pontas dos pés = 2,08M

Altura de "a" ver na foto em anexo = 15 cm

Massa corporal = 78 Kg

Comprimento do pé = 28cm:

Número do calce: 42

Equação para o número do calce:

N = 5p+28 / 4

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x28+28 / 4

N ~ 42

• Modelo F:

Altura = 1,95m

Altura nas pontas dos pés = 2,15m

Altura de "a" ver na foto em anexo = 20 cm

Massa corporal = 104Kg

Comprimento do pé = 31cm:

Número do calce: 46

Equação para o número do calce:

Page 96: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

96 N = 5p+28 / 4

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x31+28 / 4

N = 45,75

N ~ 46

• Modelo G:

Altura = 2,00m

Altura nas pontas dos pés = 2,19m

Altura de "a" ver na foto em anexo = 19 cm

Massa corporal = 93Kg

Comprimento do pé = 30cm:

Número do calce: 45

Equação para o número do calce:

N = 5p+28 / 4

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x30+28 / 4

N = 44,5

N ~ 45

• Modelo H:

Altura = 2,04m

Altura nas pontas dos pés = 2,20m

Altura de "a" ver na foto em anexo = 16 cm

Massa corporal = 85Kg

Comprimento do pé = 29cm:

Número do calce: 44

Equação para o número do calce:

N = 5p+28 / 4

Page 97: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

97

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x29+28 / 4

N = 43,25

N ~ 44

• Modelo I:

Altura = 2,07m

Altura nas pontas dos pés = 2,25m

Altura de "a" ver na foto em anexo = 18 cm

Massa corporal = 85Kg

Comprimento do pé = 30cm:

Número do calce: 45

Equação para o número do calce:

N = 5p+28 / 4

Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x30+28 / 4

N = 44,5

N ~ 45

• Modelo J:

Altura = 2,07m

Altura nas pontas dos pés = 2,27m

Altura de "a" ver na foto em anexo = 20 cm

Massa corporal = 97Kg

Comprimento do pé = 30cm:

Número do calce: 45

Equação para o número do calce:

N = 5p+28 / 4

Page 98: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

98 Onde N é o número do sapato e p é o tamanho do pé, em centímetros.

N = 5x30+28 / 4

N = 44,5

N ~ 45

O padrão dos modelos acima, foram relacionados no gráfico 05, para melhor

visualização de suas características.

Gráfico 5 - Dados amostrais de altura "a" para indivíduos seden tários e não sedentários.

Fonte: Do autor

A antropometria dos modelos acima refere-se à estatura, massa corporal, altura do

tornozelo do chão e comprimento do pé de cada indivíduo. Os dados mostram massas

corporais variando de 64Kg a 104Kg, altura variando de 1,70m a 2,07m e comprimento

de pés variando de 24,5cm a 31cm.

Assim, buscou-se apenas verificar o grau de adequação do ser humano diante

de um guarda-corpo em condições de equilíbrio instável sobre o antepé e equilíbrio

estável apoiado nos dois pés, desconsiderando-se condições adversas como estado

20cm - 97,00Kg

18cm - 85,00Kg

16cm - 85,00Kg

19cm - 85,00Kg

20cm - 104,00Kg

15cm - 78,00Kg

13cm - 101,30Kg

9cm - 100,30Kg

11cm - 82,00Kg

10cm - 64,00Kg

0 5 10 15 20 25

2,07 - 30,0

2,07 - 30,0

2,04 - 29,0

2,00 - 30,0

1,95 - 31,0

1,93 - 28,0

1,92 - 30,0

1,81 - 27,5

1,80 - 28,5

1,72 - 24,5

Não Sedentários

Sedentários

Estatura (m)

Compr. pé (cm)

Altura "a"

(cm)

Massa (kg)

Page 99: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

99 de saúde, idade ou uso de drogas e bebidas alcoólicas.

O gráfico 05 demonstra as várias alturas de levantamento do tornozelo para a

condição de um indivíduo em equilíbrio instável, onde seu centro de gravidade é

transferido para frente e para cima, sentido do anteparo. Os extremos dos modelos

pesquisados mostram que a altura do tornozelo do chão varia entre 10cm para

estatura de 1,72m e 20cm para estatura de 2,07m, para indivíduos não sedentários.

O gráfico demonstra ainda que, para o grupo de sedentários com estatura entre 1,80,

1,81, 1,92 e 1,93m esta altura pode variar, estabelecida entre 11, 9, 13 e 15cm

respectivamente, indicando também que, quanto maior a massa destes indivíduos,

menor será esta elevação, o que não ocorreu com o grupo de não sedentários.

Fica evidente que o tamanho do pé é relevante para o acréscimo desta elevação "a"

e que, quanto maior a estatura do indivíduo, maior será a probabilidade do

comprimento do pé.

Considerando uma altura média de 1,74 metros para o homem brasileiro,

adotar-se-á, os dados referentes à amostra compreendida entre indivíduos com altura

de 1,80 a 1,93m, desprezando-se os demais dados dos modelos em seus extremos,

para atender a maior demanda da população.

Tendo-se o valor de 12cm como média para a elevação do tornozelo do chão

em indivíduos sedentários em condição de equilíbrio instável e 28,5 cm como média

do comprimento do pés, pode-se efetuar os cálculos estimativos para estudo da altura

do anteparo. Assim, consideremos os cálculos das médias:

altura do tornozelo do chão: [(11+9+13+15) / 4] = 12cm

comprimento do pé: [(28,5+27,5+30,0+28,0)cm / 4] = 28,5cm

estatura: [(1,80+1,81,+1,92+1,93)m /4] = 1,865m

9.1 Definição da altura conforme Razão de Ouro e Cá lculos atuais

9.1.1 Cálculo Razão de Ouro: (Medidas do homem)

Para altura = 1,865m x 0,618 = hCG = 1,15m (estática) + 0,12m = 1,27m, ou seja:

a- centro de gravidade de 1,15m em condição de equilíbrio estável;

b- centro de gravidade de 1,27m em condição de equilíbrio instável;

Page 100: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

100 9.1.2 Cálculo atuais: (Medidas do homem)

Para altura = 1,865m x 0,57 = hCG = 1,06m + 0,12m = 1,18m, ou seja:

a- centro de gravidade de 1,06m em condição de equilíbrio estável;

b- centro de gravidade de 1,18m em condição de equilíbrio instável;

Na simulação com o indivíduo com braços levantados para cima, o seu centro de

gravidade aumenta entre 5 e 8cm, admitindo-se que o mesmo indivíduo esteja em

condições de equilíbrio instável, tem-se:

Para altura = 1,865m x 0,57 = hCG = 1,06m + 0,08m = 1,14m + 0,12m = 1,26m

Descarta-se esta situação por se tratar de movimento raro, para afins estimativos de

se obter a altura do anteparo.

Analisando-se as soluções que dispomos de conhecimento atual dentro da

biomecânica e antropometria, para definição de altura ideal para um guarda-corpo,

para que atenda a maior parte da população com segurança, há de se considerar:

a- a condição mais crítica em que o indivíduo possa estar, neste caso adotado o

equilíbrio instável no plano frontal, sobre antepé, o seu centro de gravidade deverá

estar abaixo do topo do guarda-corpo, conforme prescrições da norma NBR

14718:2008, para impedir que 67.8% do peso total do corpo, que representa os

membros acima da cintura, possa ter influência direta na causa das quedas do

indivíduo que poderá transpassar um guarda-corpo que eventualmente esteja abaixo

do seu centro de gravidade.

De forma hipotética o estudo considera um fator de correção (Fc) aqui determinado

pela resultante das somatórias de acréscimos de centímetros ao longo de 61 anos, na

ordem de 11,4cm, para ser considerado e acrescentado na altura encontrada em

condição estável e instável.

Assim têm-se para condições estabelecidas no item 9.1.2, considerando modelo

favorável a segurança de 95% da população brasileira, com altura de 1,74m

Em 61 (sessenta e um) anos a altura do homem brasileiro subiu de 1,626m em 1950

Page 101: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

101 para 1,74m em 2011, apresentando um acréscimo de 11,4cm.

Para altura segura do guarda-corpo = 1,865m x 0,57 = hCG = 1,06m (CG) + 0,12m

(a) = 1,18m (CG) + 0,114m (Fc) = 1,294m ou ~1,30m :

a- para centro de gravidade de 1,06m em condição de equilíbrio estável, (1,30 -

1,06)m = 0,24m abaixo do topo do guarda-corpo, para indivíduos com altura de

1,865m, e CG para o homem atual, de 1,74m (1,30 - 0,99)m = 0,31m abaixo do topo

do guarda-corpo.

a1- o topo do guarda-corpo, estaria 24 cm acima do CG e próximo da altura do peito

de um indivíduo com 1,865m de altura.

a2- o topo do guarda-corpo, estaria 31 cm acima do CG e próximo da altura do peito

de um indivíduo com 1,74m de altura.

b- centro de gravidade de 1,18m em condição de equilíbrio instável, (1,30 -1,18)m =

0,12m abaixo da ZR, para indivíduos com altura de 1,865m, e CG para o homem

atual, de 1,74m (1,30 - 1,11)m = 0,19m.

b1- o topo do guarda-corpo, estaria 12 cm acima do CG e próximo da altura do peito

de um indivíduo com 1,865m de altura.

b2- o topo do guarda-corpo, estaria 19 cm acima do CG e próximo da altura do peito

de um indivíduo com 1,74m de altura.

Desta forma, em ambas as situações o topo de anteparos em geral, seja um guarda-

corpo, mureta, peitoril ou parapeito, e definido pela norma NBR 14718:2008 como

sendo Zona de Recepção (ZR) deve ter altura de 1,30m, seguindo recomendações

contidas no item 4.2 Legislação do Corpo de Bombeiros – Instrução Técnica nº 11 –

Saída de Emergência, onde se preconiza 1,30m de altura, como uma altura segura.

Page 102: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

102 Segundo definição do Dicionário Priberam, têm-se:

1. Parapeito:

Parede ou muro à altura do peito.

2. guarda-corpo:

Proteção na parte inferior de varanda, balcão, corrimão

3. Peitoril:

O mesmo que Parapeito.

4. Anteparo

Ato de anteparar, o que resguarda ou defende, biombo, pára-fogo e guarda-vento.

http://www.priberam.pt/dlpo/parapeito [consultado em 03-05-2016].

Segundo Dicionário on line do site: http://www.ecivilnet.com/dicionario/o-que-e-

parapeito.html, têm-se:

Peitoril:

Proteção que atinge a altura do peito, presente em janelas, terraços, sacadas,

patamares etc. Pode servir para prevenir quedas não desejadas, e ainda ter funções

defensivas, de construção ou estilo arquitetônico. Diferencia-se do guarda-corpo por

se tratar de um elemento inteiro, sem grades ou balaústres.

Este estudo recomenda que 1,30m seja necessário para o impedimento da queda

para casos em que o indivíduo possa estar em equilíbrio instável, de forma que o topo

de qualquer anteparo seja igual ou acima de 1,30m, e não de 1,00m como preconizado

na norma NBR 14718:2008 - Guarda-corpos, ou em condição mais desfavorável, de

0,90m como observado na figura 3 - Exemplo 3 da norma NBR 14718:2008.

Considerando-se que o País continuará com bom desempenho econômico, esta altura

deverá continuar a aumentando, hipoteticamente o autor adotou este valor, de 11,4cm

como fator de correção (Fc) para ser acrescido nos cálculos acima. Como visto e

Page 103: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

103 mediante avanço da medicina, engenharia alimentar e aspectos socioeconômicos, tais

procedimentos devem ser revistos, a medida em que o homem brasileiro tem sua

altura acrescida.

Este estudo não tem a pretensão de estabelecer como exata esta altura, mas

apresentar dados relevantes para que as alturas hoje existentes sejam revistas, tanto

em legislação municipal quanto normas em geral, para garantir a segurança do

cidadão, devendo ser realizados novos estudos com profissionais que tenham ampla

experiência nas áreas de ergonomia, biomecânica e antropometria.

Foto 11 - A foto ilustra um guarda-corpo com altura segura, ou seja, com altura acima do Centro de Gravidade (CG) e na altura do peito, sem eventuais barras inferiores que possam levar o indivíduo a praticar o ato de subir no anteparo. Fonte: Fonte: http://www.ecivilnet.com/dicionario/o-que-e-parapeito.html

Page 104: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

104 10 CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES

10.1 Platibandas, ancoragens e sistema de linhas de vida horizontal ou vertical

permanente ou temporária

Fica evidente a necessidade de revisão de normas e conceitos relacionados a

concepção de projetos de arquitetura, onde se privilegia-se a estética em detrimento

da segurança do usuário temporário especialmente para áreas de serviços de

manutenção em edificações verticais onde um número expressivo de profissionais da

engenharia civil e arquitetura, assim como construtores desconhecem a legislação do

Ministério do Trabalho e Emprego existente, percebe-se pelo levantamento de dados

contidos neste estudo a importância da questão da segurança a serem previstos na

concepção dos projetos de arquitetura, e já contemplados na NBR 15.575:2013,

porém vigente para construções a partir de 2013, demais situações existentes antes

da referida norma, devem ser alvo de correção de tais condições inseguras, por

iniciativa de prefeituras, conforme prescreve Legislação do Ministério do Trabalho e

Emprego.

Além de promover orientação aos profissionais da engenharia civil e

arquitetura, da importância do uso destes elementos em toda e qualquer laje de

cobertura de edifícios, dotados de linhas de vidas para fixação de cintos de segurança,

ainda orientá-los de forma que não acessem estas regiões, nem autorizem

acompanhantes como Síndicos, Zeladores ou trabalhadores a serviço da manutenção

nestas lajes, sem que o local ofereça garantia de segurança absoluta para o

desenvolvimento das atividades, sejam elas de serviços de reparo, reforma ou vistoria

de engenheiros, arquitetos ou peritos, estes são responsáveis legais e diretos pela

própria integridade física, assim como de seus acompanhantes, visto que estes são

considerados pela justiça como leigos.

Page 105: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

105 10.2 Influência do projeto de arquitetura na segura nça do trabalho

Tabela 16 - Princípios de prevenção através do proj eto Princípios de projeto para segurança adaptados de A SSE (1994) e Samin e Formoso (2008)

1. Projetar para facilitar a instalação de estruturas de proteção para construção e manutenção. Ex.: projeto de furos em pilares para fixar linhas de vida ou telas de proteção.

2. Projetar para evitar interferência entre diferentes elementos construtivos e entre elementos específicos da construção e estruturas temporárias. Ex.: evitar projetar escadas em frente a portas ou janelas de vidro.

3. Projetar acesso para realização de tarefas de manutenção. Como um exemplo, é possível incorporar escadas de mão no final da estrutura para acesso ao telhado.

4. Projetar elementos construtivos que substituam os elementos de proteção provisórios. Ex.: projetar parapeitos ou platibandas com altura mínima de 1,20m para substituir as telas de proteção.

5. Prevenir quedas acidentais de materiais durante a fase da construção. Ex.: instalação de bandeja protetora no perímetro da obra.

6. Aumentar a visibilidade dos perigos. Ex.: pintar os painéis das formas para contrastar com as ferragens.

7. Projeto para evitar trabalho em altura, principalmente atividades que podem ser realizadas ao nível do solo. Ex.: projetar estruturas metálicas ou de concreto que possam ser pré-montados no nível do solo.

8. Projeto para facilitar respostas às emergências. Ex.: colocar interruptores elétricos, dispositivos mecânicos e hidráulicos em locais visíveis e acessíveis.

9. Não projetar elementos com bordas cortantes, perfurastes ou que enrosquem. Ex.: projeto de elementos com bordas arredondadas. Em vez de arestas cortantes.

10. Projeto para incorporar acessórios temporários à estrutura definitiva. Ex.: colocar alças ou ganchos para içar ou movimentar peças em locais que não precisem ser retiradas, dessa forma não se expõem os trabalhadores ao risco de retirá-las.

11. Observar o isolamento seguro ou substituição de materiais ou equipamentos que possam causar efeitos prejudiciais ao trabalhador, ao público ou ao meio ambiente.

12. Projetar a eliminação de perigos ou minimização de riscos de acidentes por meio da seleção de proteções, controles e barreiras mais apropriadas para a operação, processo ou atividade envolvida.

13. Exigir que uma instalação ou processo seja avaliado, em termos de minimização de riscos, necessidades enérgicas e ambientais em todo seu ciclo de vida.

14. Identificar as limitações de recursos e transformações que ocorrem na produção e operação e em seus produtos finais.

15. Garantir que os operadores estão devidamente informados sobre perigos e treinados para atirar as atividades livres de acidentes.

Fonte: Pereira Filho (2011) Adaptado de ASSE (1994) Saurin e Fornosco (2008) - Cintia Carpes da Rocha

Segundo Pereira Filho (2011) os projetos de arquitetura podem e devem contemplar

medidas preventivas de forma a auxiliar os serviços futuros de manutenção em lajes

de coberturas de edifícios, a aplicação de qualquer um destes princípios estabelecidos

na tabela acima, ou na combinação dos mesmos implica em decisões acertadas e

importantes para eliminar ou minimizar os riscos de acidentes nestes espaços de uso

temporário, na realização de atividades relativas a manutenção ou de inspeção

predial.

Page 106: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

106

Como apresentado neste estudo, em inúmeras vistorias os edifícios novos ou

antigos não apresentam condições seguras, nas áreas de laje de cobertura, embora

legislação exista mas os mesmos não contemplam ancoragens para fixação de linhas

de vida para serem utilizadas sobre a laje e para serviços em fachada, ou quando

existentes, apresentam materiais inadequados não resistentes a intempéries, além de

apresentarem em sua maioria platibanda com altura insuficiente, não garantindo a

segurança dos trabalhadores a serviço da manutenção ou vistoria técnica nestes

espaços.

Conforme item 6 e 7 deste estudo, a platibanda deve ter altura de 1,30m, de

forma a garantir a segurança dos usuários nestes espaços a céu aberto, a situação

se agrava ainda mais com a incidências de fortes ventos no topo dos edifícios.

Fica evidenciado mediante estudo e exemplos reais vistoriados no exercício

da atividade de Perito, que a falha de integração da segurança do trabalho ao projeto,

afeta os sistemas de proteção contra quedas de altura envolvendo elementos de

segurança como platibandas, assim como cabos guia e sistema de ancoragem nas

lajes de cobertura em edifícios.

A NBR 15.75:2013, comete dois equívocos ao preconizar em seu item 9-

Segurança na utilização, o seguinte:

Guarda-corpos em coberturas acessíveis aos usuários - O arquiteto deve

prever que as lajes de cobertura destinadas à utilização corrente dos usuários da

habitação (solários, terraços, jardins e assemelhados) sejam providas de guarda-

corpo conforme NBR 14718:2008.

Primeiro: Deve ser considerado o usuário trabalhador, que vai atuar na

manutenção geral de lajes de cobertura de telhado, ático e reservatório elevado, além

de zeladores, engenheiros, arquitetos e peritos que acessam estes espaços, pois nem

todos os edifícios tem o sistema de ancoragens e cabos de segurança instalados,

facilmente se observa que isto não ocorre nem em edifícios construídos depois da

norma de desempenho ter entrado em vigor.

Segundo: a altura do guarda-corpo definido em 0,90m e 1,00m pela norma NBR

14718:2008 - Guarda-corpos para edificação, não é adequada a segurança dos

usuários, por estar o topo do guarda-corpo abaixo do centro de gravidade determinado

neste estudo, nas condições de equilíbrio instável de um indivíduo, sejam quais forem

as razões que lhe podem causar uma disfunção biomecânica.

Page 107: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

107 10.3 Sobre a Lei de Assistência Técnica

O governo federal procura fazer que municípios colocassem em prática a Lei

de Assistência Técnica gratuita, que entrou em vigor em 24 de julho de 2009,

legislação que determina aos municípios a prestação de serviços de arquitetura e

engenharia para famílias de baixa renda. Esta por usa vez, depende de projeto dos

gestores públicos para obter o repasse de verbas, porém não é o que tem acontecido,

pois prefeituras encontram entraves na obtenção do convênio junto ao governo

federal, além de muitas delas não demonstrarem o menor interesse.

Com o atendimento desta lei, além da elaboração de projetos adequados,

proporcionaria visitas de fiscalização de engenheiros e arquitetos para a verificação

das condições de segurança destes espaços localizados em comunidades carentes,

assim como promover soluções e rastreamento de todas as situações de risco quanto

a falta de muretas que compõem as platibandas em lajes nas construções de

comunidades carentes, além de gerar empregos a classe de engenheiros civis e

arquitetos. É importante observar que a aplicação da Lei de Assistência Técnica não

precisa de legislação complementar local, estadual ou municipal, uma vez que a Lei

11.888/2008 é autoaplicável. Há necessidade apenas de iniciativa conjunta das

entidades ligadas a engenharia civil, arquitetura, organizações não governamentais,

municípios e agentes governamentais em firmarem convênios para que a Assistência

Técnica possa ser colocada em prática imediatamente e comece a atingir os seus

objetivos.

Segundo Hely Lopes Meirelles, assistência técnica e jurídica gratuita para as

comunidades e grupos sociais menos favorecidos visa a dar maior concreção à

garantia prevista no art. 5º, da LXXIV, da Constituição Federal, que determina ao

Poder Público em geral o dever de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos

que comprovarem insuficiência de recursos.

O que se tem no Estado é uma reafirmação dessa mesma garantia, volta mais

diretamente para questões inerentes ao uso conveniente dos espaços habitáveis. Não

se trata de privilégio, mas sim, da correta aplicação do princípio constitucional da

isonomia, pelo tratamento.

O autor deste estudo, imediatamente ao lançamento da Lei de Assistência

Técnica por parte do Governo Federal, preocupado com a inserção desta mesma na

cidade de Mauá, protocolou solicitação junto à Prefeitura desta cidade no sentido de

Page 108: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

108 garantir atendimento à população mais carente, mediante a aplicabilidade da Lei de

Assistência Técnica. Tal solicitação se fez mediante Processo nº 7887/2009, o mesmo

foi arquivado e seu caminho pode ser visto logo abaixo:

1. GABINETE DO PREFEITO - GP em 24/08/2009;

2. SECRETARIA DE HABITAÇÃO - SH em 25/08/2009;

3. SECRETARIA DE HABITAÇÃO - SH em 24/05/2010;

4. Seção de Protocolo e Arquivo - SAM 3.2.1.1 em 19/09/2011;

5. Processo ARQUIVADO EM: 21/09/2011.

Ou seja, não houve interesse por parte desta Prefeitura, que preferiu arquivar o

processo.

Vale lembrar que o descumprimento dos dispositivos legais infraconstitucionais que

geram a responsabilização dos agentes políticos e públicos pelo seu descumprimento,

sem prejuízo da nulidade dos atos administrativos que se realizam sem o seu

cumprimento, ensejando até a inconstitucionalidade, via reflexa, já que trata a lei da

regulamentação de um serviço social.

10.4 Sobre os dados estatísticos da área da saúde

Os dados estatísticos, assim como reportagens pertinentes à área da saúde

foram mencionados para tornar-se de conhecimento de engenheiros civis e arquitetos,

mostrando a estes, que o tema é de grande importância na área da saúde e entidades

como a SBOT - Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e APM -

Associação Paulista de Medicina, entre outras, mostram que o problema é tão sério

que se tornou tema frequente em trabalhos científicos destes profissionais além de

identificar o problema como sendo um caso de saúde pública.

Estes por sua vez, demonstram efetiva preocupação com a questão da falta de

platibandas em lajes de coberturas, participando efetivamente na elaboração de

campanhas educativas, levantamento de dados estatísticos e estudo de causas

externas a partir de um conjunto de informações relativas a este tipo efetivo de

quedas, que envolvem na sua maioria crianças, adolescentes, além de adultos, tendo

como objetivo fornecer um panorama sobre a atual situação.

Page 109: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

109

A participação deste setor da área da saúde mostra a necessidade da

implantação de medidas que visem melhorar a convivência de moradores de

comunidades carentes de forma a propiciar a garantia de proteção para estes usuários

vulneráveis ao sistema de construção que ocorrem sem o auxílio e orientação de um

engenheiro civil ou arquiteto, para alcançar a redução das lesões e óbitos

relacionados neste estudo, além da omissão do Poder Público Municipal.

10.5 Sobre as normas NBR 15.575:2013 e NBR 14.718:2 008

10.5.1 Análise das normas NBR 15575:2013 e NBR 14718/2008

Em resumo, a norma NBR 15.575:2013 - Edificações Habitacionais -

Desempenho parte 5: Requisitos para Sistema de Cobertura e a norma NBR

14718:2008 - Guarda-corpos para edificação não faz menção a altura segura para

uma da platibanda, necessário rever esta norma e aplicar a altura de 1,30m a favor

da segurança.

A norma NBR 15575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempenho parte 1:

Requisitos para Sistema de Cobertura recomenda em seu artigo 13.2.6 - figura F1 -

sugestão de altura, que a cota do peitoril esteja posicionadas no máximo de 1,00m

em relação ao piso interno para salas de estar e dormitórios, uma recomendação

equivocada em se tratando de segurança, conforme visto em pesquisas sobre quedas

em níveis diferentes, a norma deve recomendar informações sempre a favor do bem

estar e da segurança das pessoas, a rede para janelas, vitros e varandas, prescrita

em algumas legislações municipais devem ser vistas como acessório complementar

a segurança dos usuários.

10.6 IT 11 - Sistemas de Emergências do Corpo de Bo mbeiros do Estado de São

Paulo.

A altura de 1,30m aplicada pelo Corpo de Bombeiros em sua IT 11 - Sistemas

de Emergências, quando da execução de peitoris para escadas externas, é a

dimensão mais adequada prescrita por uma norma, coerente com este estudo

realizado.

Page 110: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

110 10.7 Escala Beaufort

10.7.1 Informações sobre ventos nos locais de trabalho

As condições de vento para execução de serviços de manutenção em lajes de

cobertura de edifícios poderão ser verificadas mediante o uso da Escala Beaufort de

Ventos, servindo como referência visto que medir a velocidade do vento corretamente

é praticamente impossível, exceto com o uso de um anemômetro, além do

equipamento ter que estar instalado exatamente no local de passagem do fenômeno,

os efeitos e variações da velocidade do vento podem ser observadas na tabela

atmosférica internacional, utilizada até hoje.

Esta Escala, possibilitava a todos, através da observação dos efeitos causados

pelo vento, determinar o valor relativo a esse vento, em sua criação para uso em mar,

posteriormente, a escala foi adaptada para uso em terra também, estabelecendo

relação com os efeitos do vento sobre a fumaça, árvores e edifícios.

10.7.2 Origem da Escala Beaufort4

As primeiras informações sobre escalas de vento datam do início dos anos

1700. Eram usadas pelos navegadores para estimar a força dos ventos, a partir da

observação do seu efeito sobre o aspecto da superfície do mar. Em 1806, o Contra-

Almirante britânico Francis Beaufort, um Hidrógrafo, descreveu em seu diário, pela

primeira vez, a escala que leva seu nome. Naquela época, era o Comandante do HMS

Woolwich, um Navio empregado em levantamentos hidrográficos. A escala foi

posteriormente alterada de 14 para 13 níveis, como hoje se conhece, pelo próprio

Beaufort.

A escala Beaufort foi oficialmente utilizada, pela primeira vez, em 1831, a bordo

do HMS Beagle, na famosa expedição em que Charles Darwin participou.

Uma escala com a equivalente velocidade do vento foi introduzida em 1903,

baseada na fórmula:

v = 0.836 B3/2 m/s

Onde v é a velocidade do vento [m/s] à 10m da superfície e B é o número

Beaufort.

4 Fonte: https://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/refer/escala_beaufort.htm

Page 111: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

111

Força Velocidade Descrição Indicadores m/s nós km/h No mar Na terra

0 <1 <1 <1 Calmaria Liso como espelho Calmo, fumaça sobe verticalmente

1 1-1,5 1-3 1-5 Bafagem Pequenas ondulações sem crista

Fumaça mostra a direção do vento; catavento não gira

2 2-3 4-6 6-11 Aragem Ondulações com pequena crista transparente

Sente-se o vento na face; catavento começa a girar

3 3,5-5,5 7-10 12-19 Vento fraco Ondulações maiores, crista esbranquiçadas começam a quebrar ("carneirinhos")

Folhas se mexem; bandeirolas se extendem

4 6-8 11-16 20-29 Vento moderado

Ondulações de até um metro. Vários carneirinhos.

Folhas e papéis voam; bandeiras tremulam; pequenos galhos se curvam.

5 8,5-10,5 17-21 30-38 Vento fresco

Ondulações de até dois metros, muitos carneirinhos; alguns borrifos

Pequenas árvores começam a balançar; bandeiras bem agitadas

6 11-14 22-27 39-50 Vento muito fresco

Ondulações de 2,5 a 4 metros com espuma em toda parte; mais borrifos

Grandes galhos em movimento; o vento assobia ao passar por fios

7 14,5-17 28-33 51-61 Vento forte Ondulações de 4 a 6 metros; espuma branca em camadas

Árvores inteiras se agitando; sente-se resistência ao andar contra o vento

8 17,5-20,5

34-40 62-74 Vento muito forte (borrasca)

Ondulações de 5 a 6 metros; cristas das ondas começam a quebrar; espuma branca em camadas

Árvores inteiras se agitando; sente-se resistência ao andar contra o vento

9 21-24 41-47 75-86 Vento duro

Ondulações de 6 metros; mar muito agitado; densas espuma branca em camadas

Pequenos danos estruturais; casas destelhadas

10 24,5-28 48-55 87-101 Tempestade

Ondulações de 6 a 9 metros; mar branco e muito agitado; visibilidade reduzida

Árvores quebradas ou arrancadas ; dano estrutural considerável

11 28,5-33 56-63 102-120 Tempestade violenta

Ondulação de 9 a 14 metros; espuma branca por toda a parte

Danos generalizados em árvores e construções

12 34+ 64+ 120+ Furacão Ondulações com mais de 14 metros; mar branco; jatos de água

Danos graves e generalizados

Tabela 17 - Escala Beaufort de ventos

Page 112: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

112 Vento

O mês de Julho/2011 a velocidade no Estado de São Paulo foi de 2,7km/h, em relação

ao mês de Julho/2012, a velocidade foi de 5,2km/h, sendo que a maior rajada de

2012 foi 58km/h e ocorreu em duas datas: 14 de Janeiro e 6 de Dezembro,

já no ano de 2012 não houve nenhuma rajada que superasse os valores

máximos absolutos mensais, foram registrados 3 casos de rajadas iguais ou

superiores a 54 km/h.

Fonte: Boletim climatológico anual da estação meteorológica do IAG/USP - 2012 - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas - Universidade de São Paulo

Page 113: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

113

CONCLUSÃO

Diante do exposto, e da morosidade em conseguirmos que a classe profissional

representada pelos engenheiros civis e arquitetos se organizem, como fizeram os

profissionais da área da Saúde em mobilizar forças tarefa para "consertar" e adequar

residências, pequenos comércios, etc., com sérios problemas de projeto e de

execução, de segurança estrutural, em promover um trabalho de conscientização das

pessoas usuárias.

Segundo todos os estudos realizados pelos profissionais da área da Saúde,

aliado aos preceitos de Segurança e Medicina do Trabalho, fica evidente a

necessidade de se unificar os valores a serem utilizados como parâmetros de projeto

e com isso faz-se necessária a revisão de normas e também de conceitos

relacionados à concepção de projetos de engenharia civil e de arquitetura onde em

certos casos, e certas normas se privilegia a estética em detrimento da segurança do

usuário temporário, ou seja, tanto para a prática de atividades de lazer como para

serviços de manutenção destas edificações, as condições de segurança destes,

devem ser prioritárias.

Por outro lado, a omissão do Poder Público Municipal com políticas de

zoneamento e fiscalizações, aliada à falta sistemática de orientação de um engenheiro

civil ou arquiteto, nos projetos residenciais para famílias de baixa renda, propiciam a

falta de segurança bem como a garantia de proteção para estes usuários neste tipo

de projeto, sem o devido acompanhamento de um responsável técnico. Com este

panorama fica impossível se alcançar qualquer redução das lesões e mortes

relacionadas neste estudo.

O mais incrível é notar as recomendações de médicos “leigos” com relação às

proteções para lajes de cobertura.

Notadamente conforme legislação consultada neste estudo, percebe-se a

importância da questão da segurança na concepção de projetos.

Este estudo esclarece a necessidade de se estabelecer altura aceitável para

platibandas ou qualquer tipo de anteparo, recomenda-se que a altura desta proteção

seja superior ao Centro de Gravidade do corpo humano, e próxima do peito, propõe-

se adotar 1,30m como medida mínima, contrariando 0,90m e 1,00m estipulados pela

norma NBR 14718:2008 – Guarda-Corpo para Edificações.

Page 114: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

114

De forma mais favorável a segurança das pessoas, 1,30m estipulado na IT 11

do Corpo de Bombeiros, definido como peitoril para uso em escadas externas, ainda

é a condição mais favorável detectada neste estudo.

Esta proteção deverá ser fechada totalmente, de forma a evitar vãos que

possam propiciar a queda de objetos, materiais e ou pessoas, ou que vãos sejam

menores do que os atuais 11cm estipulados atualmente pela norma de guarda-corpo.

Poderão ser seguidos os parâmetros de ensaios estipulados na NBR

14718/2008 para peitoris ou guarda-corpo.

Segundo a IT02 do Corpo de Bombeiros, Peitoril: Muro ou parede que se eleva

à altura do peito ou pouco menos.

Entende-se por peitoril, a devida proteção que atinge a altura do peito do

indivíduo, conceito que deve ser previsto para guarda-corpo, platibandas ou muretas.

Este estudo não trata da análise de peitoris contidos nas prescrições

estabelecidas pelas normas da ABNT - NBR 15215:2015 e NBR 9050:2015, conflitos

e adequações referentes a conforto ambiental e ângulo de visão de usuários, devem

ser alvo de estudo mais detalhado.

Com relação aos perigos e fatores de risco relacionados aos casos de queda

em laje, em residências térreas e assobradadas, sejam elas em comunidades

carentes ou não, o risco é iminente e com alto potencial de gravidade, sendo

necessária a adoção de medidas preventivas direcionadas, principalmente, a esta

faixa da população, além de programas intensivos por parte de Prefeituras.

É preciso, também, gerar subvenções estatísticas na área da saúde, durante o

pronto atendimento destes casos, tais como: fato gerador, local, data e horário de

entrada em unidade hospitalar, tempo de internação e nível de gravidade.

Independente do grau ou número de ocorrências desse tipo de acidente,

presume-se que eles são previsíveis e preveníveis. Assim, entende-se que, uma vez

que o Ministério da Saúde incorpore esses controles estatísticos como exigência de

atendimentos em prontos-socorros, assumindo sua participação neste tema,

juntamente com os demais profissionais envolvidos, cria-se um caminho de

construção da cidadania e de qualidade de vida para a população, além de desonerar

o setor público com gastos preveníveis.

Verifica-se que o Ministério da Saúde, juntamente com o Conselho Federal de

Medicina, vem criando Regulações Médicas para o pronto atendimento. Mas fatores

como: falta de normalização dos serviços de atendimento pré-hospitalar e ausência

Page 115: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

115 de uma ficha de atendimento com informações básicas, imprescindíveis e comuns a

todos os APH, têm contribuído para que inexistam bases de dados que promovam

uma estatística de acidentes rotineiros, para que se tomem providências necessárias

para sua erradicação.

Destaca-se ainda, que atos insanos que possam gerar acidentes ou óbitos por

quedas em nível, como executar faxina em vitros e janelas na fachada de edifícios,

exercícios de atividade do trabalho em altura sem o uso dos respectivos equipamentos

de proteção individual e coletivo, atos suicidas, prática de modismo como o

rooftopping e omissão de incapaz, e desprezo do iminente risco, não fazem parte do

contexto deste estudo.

O autor, não obstante, em conseguir êxito em uma melhor atuação do arquiteto

junto a sociedade, solicitou junto ao CAU-SP - Conselho de Arquitetura e Urbanismo

de São Paulo a criação do Livro de Ordem para Arquitetos, pedido protocolado com

os seguintes dados:

Protocolo número: 2015091113000125, junto ao setor de Ouvidoria do CAU-

SP na data de 11/09/2015 um pedido de abertura de estudos para que uma comissão

técnica possa analisar a criação de uma Resolução que com o objetivo de atender tal

necessidade, ainda não existente neste Conselho, solicitação esta, fruto deste estudo,

quando se detectou a necessidade de um livro de controle de obras específicos para

os arquitetos.

"O Livro de Ordem" trata-se de uma garantia à sociedade, um instrumento de

valorização profissional que se incumbe de verificar a efetiva participação do

contratado, na execução de uma Construção e proporcionando desse modo uma

garantia e qualidade maior ao contratante, garantindo a sociedade em geral, formas

de identificar as situações inseguras, como as observadas neste estudo, para que

este profissional possa efetuar o registro das condições inseguras neste livro de

ocorrências, eximindo-se da omissão de suas responsabilidades junto a seus

contratantes, sejam empresas e ou Poder Municipal Executivo.

O documento já previsto pelo CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e

Agronomia, conforme RESOLUÇÃO N° 1.024, DE 21 DE AGOSTO DE 2009, para os

engenheiros civis, ainda não existente no CAU-SP, conforme solicitação visto no

Anexo-4.

A redução de acidentes deve passar por ações relacionadas à capacitação e

treinamento profissional de engenheiros civis e arquitetos além da intervenção do

Page 116: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

116 Município, em fornecer Assistência Técnica gratuita para comunidades carentes

(Anexo-3 E 4), mediante aplicação da Lei de Assistência Técnica, Lei Federal nº

11.888, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2008 - que assegura às famílias de baixa renda,

assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de

interesse social e altera a Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, para atender este

setor menos favorecido.

De forma indireta, considerando-se que aproximadamente 7% da população

em regiões metropolitanas vivem em comunidades, é necessário a criação de espaços

de lazer para que estes problemas possam ser resolvidos, incluindo-se ações diretas

da engenharia e arquitetura relativas a segurança destas lajes e demais etapas que

uma obra exige acompanhamento técnico e especializado.

Segundo o LIT, (Levantamento de Informações Territoriais) realizado com base

no Censo Demográfico de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística), a população que vive em favelas no Brasil é de 11,4 milhões de pessoas,

distribuídas na Região Metropolitana através de favelas, ou seja, seus moradores não

contam com espaço adequado para o lazer, havendo necessidade de intervenção

direta e responsável pelas autoridades municipais e estaduais, exigindo-se de

entidades de classes da engenharia e arquitetura, assim como órgãos não

governamentais a aplicação da Lei de Assistência Técnica.

No mês em que a ONU comemora o “outubro urbano”, (2015) o Brasil toma

conhecimento de dados preocupantes em relação a obras particulares de suas

cidades. Pesquisa inédita realizada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do

Brasil (CAU/BR) e pelo Instituto Datafolha mostra que a maioria das reformas ou

construções particulares no Brasil é feita sem a assistência de um profissional

especializado, em desrespeito às leis e normas vigentes no país.

Segundo a pesquisa, realizada pelo CAU-SP - Conselho de Arquitetura e

Urbanismo de São Paulo, com 2.419 pessoas em todo o Brasil, 54% da população

economicamente ativa já construiu ou reformou imóvel residencial ou comercial.

Desse grupo, 85,40% fizeram o serviço por conta própria ou com pedreiros e mestres

de obras, amigos e parentes. Apenas 14,60% contratou arquitetos ou engenheiros.

A pesquisa também revela que, entre aqueles que contrataram arquitetos e

urbanistas para auxiliar na obra, há um índice altíssimo de satisfação: 78%. E que

mesmo com essa realidade preocupante, 70% da população economicamente ativa

considera a possibilidade de contratar um arquiteto e urbanista na realização de sua

Page 117: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

117 próxima construção ou reforma.

De modo geral, a contratação de profissionais especializados está ligada à

renda e à escolaridade. Enquanto 26,2% da população economicamente ativa com

nível superior construiu ou reformou com ajuda especializada, esse índice é de 9,50%

para a população com nível de escolaridade fundamental. Entre as pessoas de classe

AB, o índice de utilização de profissionais tecnicamente habilitados é de 25,80%.

Apenas entre as pessoas da classe A, essa taxa pula para 55,30%.

A pesquisa CAU/BR-Datafolha também investigou a percepção da população

em relação a uma série de outros temas como: conhecimento sobre as atividades

realizadas por arquitetos e urbanistas, importância do planejamento no

desenvolvimento e organização das cidades e dos espaços urbanos e conhecimento

sobre as atividades do CAU.

Diferenças regionais – A região Sul é a que apresentou o maior percentual de

utilização de profissionais tecnicamente habilitados: 25,90%, contra 74,10% que não

se valeram de seus serviços. Na região Sudeste, a relação é de 16,40% contra 83,60%

– abaixo da média nacional, mas dentro da margem de erro de dois pontos

percentuais.

A falta de um profissional especializado na realização de reformas ou

construções particulares pode ocasionar diversos problemas na obra e para a

segurança das pessoas. Além disso, a soma de construções malfeitas tem como

consequência a piora dos espaços urbanos e da qualidade de vida nas cidades. “O

arquiteto tem a capacidade de realizar um projeto bem elaborado, detalhado, com

cronogramas definidos. Oferecer, inclusive, uma futura manutenção muito mais

eficiente e econômica também. Além de toda a segurança”, informa o Presidente do

CAU/SP, Gilberto Belleza.

A pesquisa quantitativa, feita em 177 municípios das cinco regiões brasileiras,

foi seguida de outra qualitativa, em seis capitais do país (Porto Alegre, São Paulo, Rio

de Janeiro, Recife, Belém e Goiânia), reunindo 12 grupos de oito pessoas cada.

Nessas entrevistas, a maioria das pessoas que utilizou apenas serviços de mestres

de obras ou pedreiros mostrou-se arrependida. Falta de planejamento, custos acima

do orçamento original, descumprimento de prazos, desperdício de materiais e

necessidade de refazimento de serviços foram as principais razões apontadas.

Fonte: www.caubr.gov.br/pesquisa2015.

Com relação a análise de legislações referentes ao Código de Obras e suas

Page 118: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

118 menções com relação a altura de platibandas, peitoris e guarda-corpo, das cidades

abaixo, destacam-se os seguintes comentários:

− Prefeitura da Cidade de São Paulo:

LEI Nº 11.228:92

De legislação complexa e de difícil entendimento, necessário se fez a

disponibilização no site desta Prefeitura, de elementos complementares como,

Guia de Aprovação - Residencial - Passo 7 - Apresentação do projeto e desenhos

exemplificativos, para melhor entendimento para os profissionais que atuam com

aprovação de projetos, porém deixa margem para a definição da altura destes

elementos objeto de estudo.

− Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro:

DECRETO N.º 33015 DE 5 DE NOVEMBRO DE 2010 Esta legislação especifica estabelece as normas de uso e ocupação do solo da Comunidade do morro do Cantagalo, no bairro de Ipanema, VI RA - Lagoa. Art. 5.º As edificações poderão ter de 1 (um) a 3 (três) pavimentos de qualquer natureza, excetuando-se o aproveitamento da laje da cobertura, segundo o definido nas subzonas, obedecendo ao estabelecido no Anexo II do presente Decreto. § 1.º Considera-se como aproveitamento permitido da cobertura a utilização da laje do último pavimento, tolerando-se cobrimento parcial ou total por telhas-vãs ou outros elementos construtivos não permanentes como toldos, pergolados, caramanchões; tendo seus limites protegidos por guarda-corpo ou mureta de até 1,20m de altura. § 2.º A utilização da laje da cobertura, constituindo terraço coberto, é tolerada para usos não permanentes, tais como áreas de lazer e serviço, não sendo permitida sua compartimentação ou fechamento. Em análise a diversas legislações sobre Código de Obras, esta lei de n° 33.-15/2010 é bem clara e objetiva quanto a questão da altura mínima segura para uma platibanda.

Legislação elaborada de forma clara e objetiva, tendo como foco as comunidades

carentes da cidade do Rio de Janeiro.

− Prefeitura da Cidade de Mauá:

− Decreto n° 6.615, de 30 de agosto de 2004 da Cidade de Mauá referente a

reservatório a céu aberto não menciona nenhuma informação sobre altura de

muretas para última laje de cobertura de reservatório elevada em topos de

edifícios.

Page 119: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

119

A Lei nº 4.242, de 29 de outubro de 2007, em seu artigo 2º diz que não será

necessário a instalação de redes de proteção na cobertura dos prédios que, neste

caso, deverão possuir algum outro sistema de segurança neste pavimento, como

alambrados ou muros altos, ou então manter este pavimento restrito aos

funcionários e prestadores de serviços, devidamente treinados e equipados para

o trabalho em locais altos, para que realizem atividades de manutenção.

Ainda, eu seu art. 1º Todas as Edificações Multifamiliares, de uso público ou

privado, sediadas no município de Mauá, deverão possuir, obrigatoriamente,

"Redes de Proteção" instaladas em todas as suas janelas, sacadas ou similares.

Ainda, § 1º Estão obrigados a instalar o equipamento de segurança de que trata o

"caput" as edificações residenciais ou comerciais, de uso público ou não, com dois

(02) ou mais andares.

A lei n° L E I Nº 3.202, DE 26 DE OUTUBRO DE 1999, referente ao Código de

Obras da Cidade, não faz qualquer menção a altura de peitoril, guarda-corpo ou

platibanda.

− Prefeitura da Cidade de Santo André:

Lei nº 8.065, de 13 de julho de 2000, referente ao Código de Obras da Cidade,

também não faz qualquer menção a altura de peitoril, guarda-corpo ou platibanda.

− Prefeitura da Cidade de São Bernardo do Campo:

Lei nº 5.716, de 23 de agosto de 2007 e Lei nº 6.222, de 3 de setembro de 2012,

referente ao Código de Obras da Cidade, também não faz qualquer menção a

altura de peitoril, guarda-corpo ou platibanda.

− Prefeitura da Cidade de São Caetano do Sul:

Lei nº 4.944, de 27 de outubro de 2010 e Lei nº 5.077, de 18 de abril de 2012, da

Cidade, também não faz qualquer menção a altura de peitoril, guarda-corpo ou

platibanda.

Segundo Nigg e Herzog (1995), são três os parâmetros fundamentais, e que foram

adotados neste estudo, que são: massa, centro de massa (CM), centro de gravidade

(CG) e momento principal de inércia (I). Estas três propriedades frequentemente

requisitadas para as análises quantitativas do movimento humano, envolvendo neste

Page 120: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

120 estudo simulações de equilíbrio estável e instável, procurou-se estimar através de

literatura sobre estudos antropométricos e de biomecânica, valores os quais possam

servir de embasamento para definição de uma altura segura para um anteparo.

No entanto, faz-se necessário um estudo adequado a ser realizado por profissionais

competentes nesta área.

Este estudo teve seu início com relatos da Razão de Ouro através do povo Sumério,

no ano de 3200 aC e encerra-se com menção de uma das mais belas e importantes

obras da humanidade, datada entre os anos de 1500 a 400 aC, no Quinto Livro de

Moisés, Deuteronômio, no seu Capítulo 22-8 que nos emite a seguinte mensagem:

“Quando edificares uma casa nova, farás no telhado um parapeito, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguém de alguma maneira cair dela. ”

Page 121: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

121

REGISTRO DO TRABALHO

Este trabalho foi registrado no Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, sob

número RRT: 3909790.

Além, de registro no CREA-SP - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do

Estado de São Paulo, sob número ART: OL-00253940

Autor:

Valmir Chervenko

Arquiteto e Perito Membro do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de

São Paulo.

Pós-graduado em Engenharia Civil com Ênfase em Tecnologia da Construção

e-mail: [email protected]

Site: www.chervenko.com.br

Coautora:

Cirene Paulussi Tofanetto

Arquiteta e Perita

Pós-graduada em Avaliações e Perícias de Engenharia

Pós-graduada em Patologia das Construções

e-mail: [email protected]

Coautor:

Allan James de Castro Bussmann

Mestre em Educação Física

Docente de Anatomia Humana Centro Universitário Filadélfia Membro efetivo da Equipe de

Necropsia do Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital Universitário Regional Norte do

Paraná da Universidade Estadual de Londrina

e-mail: [email protected]

Colaboradores:

Dino Gomide Vezzá

Engenheiro Civil

Pós-graduado em Gestão da Qualidade

Pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho

Dr. Marcelo Fratin

Advogado Especialista em Direito Público.

Page 122: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

122

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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NEUFERT, Ernst. A Arte de projetar em arquitetura, normas e prescri ções sobre

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ROCHA, Cintia Carpes da. A Influência do Projeto Arquitetônico na Segurança do

Trabalho : Análise de Casos em Edificações Residenciais. 2012 (Monografia).

SÃO PAULO. Queda de laje interna 7 pessoas por dia em SP . Disponível em:

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pessoas-por-dia-em-sp>

SAÚDE. Queda de laje mata mais uma pessoa a cada três dias . Disponível em

<http://www.saude.sp.gov.br/ses/noticias/2012/fevereiro/queda-de-laje-mata-1-

pessoa-a-cada-3-dias-em-sp>

Fonte: http://www.diarioregional.com.br/2014/10/09/quedas-de-nível-fazem-mais-de-

70-vitimas-por-mes/ - Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões

Controle de Edificações e Licenciamento Urbanístico: Ministério Público do Paraná.

CEE-MG. Colégio Estadual de Entidades. Assistência Técnica. Direito de Todos.

Habitação de Interesse Social. Assistência e Fiscalização. GT Habitação de Interesse

Social: Assistência Técnica e Fiscalização. CREA-SP.

Manual de Técnicas de Trabalho em Altura. Prevenção de quedas. SINDUSCON-CE.

Manual para a Implantação da Assistência Técnica Pública e Gratuita a Famílias de

Baixa Renda para Projeto e Construção de Habitação de Interesse Social – IAB –

Instituto de Arquitetos do Brasil;

Estudo de Mortalidade e Hospitalizações por acidentes - com crianças de até 14 anos

– Criança Segura Brasil;

CUT – Revista Projetar - Edição Especial;

Page 124: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

124 Uma Análise da Situação de Saúde e da Agenda Nacional e Internacional de

Prioridades em Saúde - MINISTÉRIO DA SAÚDE - Saúde Brasil 2009 - Brasília / DF –

2010;

FNE – Federação Nacional dos Engenheiros – Assistência Técnica Pública e Garantia

para Habitação de Interesse Social – Carlos Augusto Ramos Kirchner;

Manual Contra Quedas . Responsável Técnico Auditor do Trabalho: Engº Gianfranco

Panplon - SERT - Superintendência Regional do Trabalho do Estado de São Paulo;

Manual de Prevenção de Acidentes do Trabalho em Ser viços de Manutenção de

Fachadas . Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São

Paulo.

Abordagem Fisioterapêutica quanto a Prevenção de Quedas em Idosos - Daniela Luiza

Silva;

As Medidas do Homem e da Mulher: Fatores Humanos em Design - Henry Dreyfuss

Associates.

Livro “Série de Fibonacci e o Número de Ouro”, de Diogo Fernandes;

Livro “Sequência de Fibonacci e o Número de Ouro, de Maurício Zahn;

Razão Áurea: Um Rico Tesouro de Surpresas, de Liliane Rezende Anásticio e

Francinildo Nobre Ferreira;

O Número de Outro na Arte, Arquitetura e Natureza: Beleza e Harmonia: Joseane

Vieira Ferrer;

Número de Ouro – Sua Incidência na Natureza - GUSMÃO, Lucimar Donizetei.

O número de Ouro como Instrumento de Aprendizagem Signficativa no Estudo dos

Números Irracionais - Prof. Dra. Vera Clotilde Garcia, Acad. Fabiana Fattore Serres,

Acad. Juliana Zys Magroe Acad. Taís Bruno de Azevedo.

Antropometria Aplicada à Arquitetura, Urbanismo e Desenho Industrial, Boueri Filho,

Page 125: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

125 José Jorge. 1ª Edição e-book, São Paulo: Estação das Letras e Cores Editora, 2008;

Fundamentos e Elementos de Análise em Biomecânica do Movimento Humano - João

M.C.S. Abrantes Março 2008 Reedição do autor MovLab Universidade Lusófona

Lisboa;

Biomecânica do esporte e do Exercício - Peter M. Mc Ginnis - 3ª Edição - ARTMED;

Fonte: Fundamentos e elementos de análise biomecânica do movimento humano.

João M.C.S. Abrantes. Março 2008. Reedição do autor MovLab. Universidade

Lusófona Lisboa, PT.

Normas Brasileiras:

− NBR 15575:2013 - Edificações habitacionais — Desempenho – Paete - 5;

− NBR 8681:2003 - Ações e segurança nas estruturas – Procedimento;

− NBR 14718:2008 - Guarda-corpos para edificação;

− NBR 5674:2012 - Manutenção de edificações — Requisitos para o sistema de

gestão de manutenção;

− Norma Regulamentadora Nº 35 - Trabalho em Altura;

− Norma Regulamentadora N18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção;

− NBR 6120:2000 - Cargas para Cálculo de Estruturas de Edificações.

− INSTRUÇÃO TÉCNICA Nº 11/2011 - Saídas de emergência.

Leis, Decretos e Portarias:

− Lei nº 11.888, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2008 - Assegura às famílias de baixa

renda, assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de

habitação de interesse social e altera a Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, para

atender este setor menos favorecido;

− Lei nº 8.213, 24 DE JULHO DE 1991 - Dispõe sobre os Planos de Benefícios da

Previdência Social e dá outras providências;

− Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os arts. 182 e 183 da

Page 126: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

126

Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras

providências";

− LEI Nº 11.228/92 - Dispõe sobre as regras gerais e específicas a serem obedecidas

no projeto, licenciamento, execução, manutenção e utilização de obras e

edificações, dentro dos limites dos imóveis; revoga a Lei no 8.266, de 20 de junho

de 1975, com as alterações adotadas por leis posteriores, e dá outras providências;

− Lei no 8.266, de 20 de junho de 1975 – Aprova o Código de Obras, e dá outras

providências;

− Portaria n.º 3.214, de 08 de junho de 1978 - (DOU de 06/07/78 - Suplemento) -

“Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da

Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho”;

− LEI Nº 12.378, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 - Regulamenta o exercício da

Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil -

CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito

Federal - CAUs; e dá outras providências;

− Lei nº 8.884, DE 11 JUNHO DE 1994- Transforma o Conselho Administrativo de

Defesa Econômica (CADE) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão

às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências;

− DECRETO Nº 23.569 DE 11 DE DEZEMBRO DE 1933 - Regula o exercício das

profissões de engenheiro, de arquiteto e de aqrimensor;

− DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 – Código Penal;

− LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 - Institui o Código Civil;

− LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. - Dispõe sobre a proteção do

consumidor e dá outras providências - LEI Nº 3.071, DE 1º DE JANEIRO DE 1916;

− LEI Nº 3.071, DE 1º DE1916 - Código Civil dos Estados Unidos do Brasil;

− PORTARIA Nº 318 DE 08 DE MAIO DE 2012;

− (D.O.U. de 09/05/2012 - Seção 1 - pág. 88) Altera a Norma Regulamentadora Nº

18- Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção;

− Lei nº 3.427, de 19 de novembro de 1929 – Código de Obras Arthur Saboya;

− RESOLUÇÃO Nº 1.002, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2002 - Adota o Código de Ética

Profissional da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da

Geografia e da Meteorologia e dá outras providências;

− RESOLUÇÃO N° 1002, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2002 - Aprova o Código de Ética

Page 127: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

127

e Disciplina do Conselho de Engenharia e Agronomia - CONFEA - Conselho

Federal de Engenharia e Agronomia;

− Lei nº 4.944, de 27 de outubro de 2010 "Dispões sobre o zoneamento estratégico

do Município de São Caetano do Sul";

− Lei nº 5.077, de 18 de abril de 2012, "Dispões sobre a regularização de edificações,

disciplina a concessão de alvarás de conservação e dá outras providências";

− Lei nº 5.716, de 23 de agosto de 2007, "Dispõe sobre o uso e ocupação do solo

para o Município de São Bernardo do Campo, define parâmetros reguladores, e

dá outras providências";

− Lei nº 6.222, de 3 de setembro de 2012, "Dispõe sobre o parcelamento, uso e

ocupação do solo em todo o território do Município de São Bernardo do Campo, e

dá outras providências";

− DECRETO Nº 33015, de 5 de novembro de 2010, " Regulamenta a Lei n.º 4.815

de 25 de abril de 2008, estabelecendo as normas de uso e ocupação do solo da

Comunidade do morro do Cantagalo, no bairro de Ipanema, VI RA - Lagoa";

− Lei nº 8.065, de 13 de julho de 2000, "Regulamenta a Lei de 13 de julho de 2000,

que institui o código de obras e edificações e dá outras providências";

− Lei nº 4.242, de 29 de outubro de 2007, "Dispõe sobre a obrigatoriedade de

instalação de redes de proteção, em edificações residenciais multifamilares,

comerciais e similares, e dá outras providências";

− Decreto n° 6.615, de 30 de agosto de 2004, " Altera o Decreto no 5.135, de 7 de

julho de 2004, que aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos

Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas da Casa Civil da Presidência da

República, e dá outras providências";

− Lei nº 3.202, DE 26 DE OUTUBRO DE 1999, "Dispões sobre o código de obras

e edificações, que regulamenta e disciplina as atividades de projeto, licenciamento,

execução, utilização e manutenção das obras e edificações, com observância de

padrões de segurança, higiene, salubridade e conforto no município de Mauá".

− Portaria nº 737 de maio de 2001, elaborada pelo Ministério da Saúde, que aprova

a proposta da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e

Violência;

− Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

− Boletim Climatológico Anual da Estação Meteorológica do IAG/USP/ Seção

Page 128: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

128

Técnica do Serviço Meteorológico – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências

Atmosféricas da Universidade de São Paulo – v 16, 2012 – São Paulo: IAG/USP,

2012

− Antropometria em Biomecânica - Características, Princípios e Modeles

Antropométricos - Sebastião Iberes Lopes Melo, Saray Giovana dos Santos

− Centro de Gravidade e Equilíbrio e Referenciais Antropométricos - Prof. Dr. André

L.F. Rodacki Msd Júlia Veronese Marcon Msd Renata Alyne Czajka Sabchuk

− Antropometria aplicada à arquitetura, urbanismo e desenho industrial - Manual de

Estudos - Jorge Boueri

− Ergonomia - Mario S. Ferreira Março, 2010

− Ergonomia - Rede de ensino FTC - Faculdade de Tecnologia e Ciências

− Cinesiologia - Vilela Junior, G.B., Hauser, M.W., Dagnone Filho, D., Oliveira, A.L.

Ponta Grossa - PR - Editora UEPG. 2011

− Localização Estática do Centro de Gravidade de uma Figura Humana pelo Método

Segmentar de Dawson usando o computador como auxílio - Winston de Castro

Graça

− Bases Biomecânicas e Cinesiológicas do Movimento humano - Célio Roberto

Souza

− Ergonomia Física Aplicada: O Caso do Calçado de Salto Alto - Silvia Marcia Fiori

Sala, Carlos Aparecido Fernandes, Eugenio Andres Diaz Merino, Antônio Renato

Pereira.

Sites da Internet:

− http://www.cb.es.gov.br/conteudo/dicas/detalhe/default.aspx?id=4f2fbe95-

a851-4e07-87d4-29284d831692;

− http://www.diarioregional.com.br/2014/10/09/quedas-de-nível-fazem-mais-de-

70-vitimas-por-mes/;

− http://www.saude.sp.gov.br/ses/noticias/2012/fevereiro/queda-de-laje-mata-1-

pessoa-a-cada-3-dias-em-sp;

− http://www.saude.sp.gov.br/ses/noticias/2013/julho/queda-de-laje-interna-7-

pessoas-por-dia-em-sp;

Page 129: Anteparos e Elementos de Segurança em Lajes de Cobertura

129

− http://www.saude.sp.gov.br/ses/noticias/2013/julho/queda-de-laje-interna-7-

pessoas-por-dia-em-sp;

− http://www.brasilfront.com.br/queda-de-altura-saiba-como-evitar-acidentes-

dicas-e-orientacoes;

− http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2011/12/uma-em-cada-tres-lesoes-na-

coluna-vem-de-queda-de-laje-veja-o-que-fazer.html;

− http://www.interdef.com.br/index.php/noticia.php?id=3071;

− http://segurancasaude.blogspot.com.br/2012/06/asferias-vem-ai-cuidados-

com-laje-ao.html;

− http://www.criancasegura.com.br/relatorio2010/numeros.html;

− http://www.fixsolucoes.com/servicos/sistema-de-ancoragem/;

− http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=5&

min=1000&orderby=titleA&show=10;

− http://www.engwhere.com.br/revista/gerenciamento_de_custos.htm;

− http://www.singularpremium.com.br/index.php/2-sem-categoria/52-

responsabilidade-civil-do-sindico-em-condominios;

− http://segurancasaude.blogspot.com.br/2012/06/asferias-vem-ai-cuidados-

com-laje-ao.html;

− https://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/refer/escala_beaufort.htm;

− http://www.cepagri.unicamp.br/artigos-especiais/vendavais.html;

− http://www.fpcolumbofilia.pt/meteo/main0619.htm;

− http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/artigos/ST-15-TC.pdf;

− http://www.semiramis.etc.pt/semiramis.weblog.com.pt/arquivo/167934.html;

− http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/dg/dg_4t.php;

− http://www2.boxnet.com.br/governosp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=

34930052&IdEmpresaMesa=&TipoClipping=V;

− http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/licenciamentos/guias_de_a

provacao/index.php?p=157831;

− http://www2.santoandre.sp.gov.br/;

− http://www.saobernardo.sp.gov.br/home;

− http://www.saocaetanodosul.sp.gov.br/;

− http://www.maua.sp.gov.br/;

− http://www.rio.rj.gov.br/.

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− http://portfoliobiomecanicabruna.blogspot.com.br/2014/07/centro-de-

gravidade-e-equilibrio.html

− http://cinesiologiacentral.blogspot.com/2009/10/segundo-lehmkuhl-e-smith-1987.html

ANEXOS

ANEXO 01 - PROJETO LAJE.

ANEXO 02 - DIVERSAS CONDIÇÕES DE RISCO IMINENTE DE QUEDAS EM NÍVEL, PRATICADAS POR PESSOAS EM GERAL, QUE LEVAM A ACIDENTES E ÓBITOS. ANEXO 03 - REGISTRO FOTOGRÁFICO - LEVANTAMENTO VIA GOOGLE MAPS EM QUATRO RUAS DA COMUNIDADE DO JARDIM ELBA-SP, COM CASOS DE CONDIÇÕES INSEGURAS. ANEXO 04 - SOLICITAÇÃO DE DADOS ESTATÍSTICOS E SEUS RESPECTIVOS RETORNOS. ANEXO 05 - CÁLCULO DO CENTRO DE GRAVIDADE POR ABORDAGEM DIRETA E INDIRETA.