antecedentes militares da 2ª guerra
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ANTECEDENTES MILITARES DA 2ª GUERRA
A Segunda Guerra Mundial é um prolongamento da Primeira (1914–18), cuja conclusão deixou na
Europa uma série de questões não resolvidas, ou mesmo criou problemas novos: o Tratado de
Versalhes, imposto à Alemanha pelos vencedores, foi excessivamente pesado e gerou ressentimentos que exacerbaram o revanchismo dos alemães; numerosas minorias étnicas foram
colocadas sob domínio estrangeiro, criando focos de tensão interna e tendendo a se unir à
pátria-mãe (particularmente no caso dos alemães);
finalmente, a disputa das potências industriais por mercados e matérias-
primas não foi solucionada satisfatoriamente, pois Alemanha, Itália
e Japão continuaram carentes de insumos para suas indústrias. Seguindo
a lógica imperialista da época, esses três países iriam se associar em uma aliança agressiva e expansionista, denominada
Eixo.
A ascensão de Mussolini ao poder na Itália, em 1922, inaugurara um regime
político totalitário, militarista e fortemente nacionalista, denominado fascismo e situado ideologicamente na extrema direita. A Crise de 29, agravando os problemas econômicos e sociais dos países capitalistas, estimulou as
camadas populares a apoiar movimentos extremistas, tanto de esquerda (comunismo)
como de direita (denominados genericamente fascismos, por serem
inspirados no modelo italiano).
O apoio da burguesia a estes últimos foi decisivo para que eles assumissem o
controle de vários Estados, dos quais o mais importante foi a Alemanha, onde
Hitler tomou posse na chefia do governo em 1933. O expansionismo
nazista seria o fator determinante para a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Adolf Hitler (1889-1945), o ditador alemão, nasceu na Áustria, filho de um oficial de alfândega. Ainda estudante,
sonhava em se tornar arquiteto ou artista - mas seu insucesso acadêmico o levou à
política. Com a guerra mundial deflagrada, ele se alistou no Exército da Bavária. Condecorado por heroísmo, Hitler
terminou os combates na condição de inválido: atingido por um ataque de gás,
perdeu parte de sua visão.
Frustrado com a derrota bélica, atribuída por ele aos judeus e aos
socialistas, fundou o Partido Alemão Nacional-Socialista dos Trabalhadores. Em 1923, ele participou do putsch da
cervejaria, numa tentativa de golpe de Estado contra o governo republicano da
Bavária. Encarcerado durante nove meses, Hitler aproveitou esse período para ditar seu credo político, o Mein
Kampf (Minha Luta), para Rudolf Hess
Depois de sua liberação, ele começou a atrair o interesse popular para as idéiasnazistas, manipulando a paranóia anti-
semita, utilizando recursos de propaganda e construindo uma
coalizão de trabalhadores, empresários e senhores do campo. Em 1933, um ano depois de ter sido derrotado nas eleições presidenciais, foi nomeado
chanceler da Alemanha.
Novas eleições gerais foram convocadas e o partido de Hitler
chegou ao poder. Hitler se suicidou com sua amante, Eva Braun em
1945, quando as tropas russas se preparavam para invadir seu
bunker em Berlim.
George Sylvester Viereck já havia entrevistado Adolf Hitler em
1923, quando ele ainda era um obscuro personagem da vida política européia.
Naquela oportunidade, Viereck anotou: "Este homem, se sobreviver, fará
história, para o bem ou para o mal" .
O avanço dos países do Eixo constituía uma ameaça aos
interesses das grandes potências da época: Grã-Bretanha, França, URSS e
EUA.
aquí
Mas nenhuma delas opôs uma resistência efetiva. Os governos britânico e francês
adotaram a política de apaziguamento, cheia de concessões aos
agressores; a URSS, sob a ditadura de Stalin, encontrava-se isolada por parte
das potências capitalistas, e os EUA haviam assumido uma postura
isolacionista, como se os problemas exteriores ao continente americano não
lhes dissessem respeito.
A progressão dos países do Eixo foi implacável:
O Japão tomou a Manchúria (1931), pertencente à China, e depois atacou novamente esta última (1937); a Itália conquistou a Etiópia (1936) e a
Albânia (1939).Mas foi a expansão da Alemanha que levou diretamente à guerra: ocupação da região desmilitarizada da Renânia (1936), anexação da
Áustria (1938) e dos Sudetos (também em 1938), pertencentes à Checoslováquia, invasão da
própria Checoslováquia (março de 1939) e, finalmente, o ataque à Polônia (setembro de
1939), que deu à Grã-Bretanha e França um pretexto para declarar guerra à Alemanha. Estava iniciada a
Segunda Guerra Mundial.
A maioria das pessoas acredita que o Eixo era formado apenas pela Alemanha, Itália e Japão. Não
obstante, Estados menores lutaram ao lado dessas potências, a saber:
Finlândia, Hungria, Romênia, Bulgária, Eslováquia, Croácia (as duas últimas emancipadas respectivamente da
Checoslováquia e Iugoslávia) e Tailândia.
Além disso, nos países conquistados pelas potências do Eixo, contingentes maiores ou menores das populações
locais apoiaram os invasores (foram os chamados colaboracionistas), enquanto
outros os combatiam (ficando conhecidos como Resistência ou
partisans).
Os países que se opuseram ao Eixo adotaram o nome de Aliados – que já fora utilizado na Primeira Guerra Mundial e foi repetido na Guerra do Golfo, em 1991. As principais potências envolvidas foram
a China (desde 1937), Grã-Bretanha e França (1939), URSS e EUA (1941). Ao todo, fizeram parte
dos Aliados (ou Nações Unidas) 51 Estados, entre os quais o Brasil. Muitos, porém, proporcionaram
apenas apoio material, sem entrar propriamente em combate; tal é o caso de quase toda a América
Latina, onde apenas Brasil e México enviaram tropas ao campo de batalha.
A Segunda Guerra Mundial, por sua amplitude e duração, contou com inúmeras campanhas e batalhas importantes. Neste texto, iremos nos reportar apenas àquelas que
tiveram influência decisiva na evolução do conflito.
Empregando de forma combinada todos os elementos militares de que dispunham
(aviação de assalto, aviação de bombardeio, blindados, artilharia e
infantaria), os alemães criaram uma tática de combate denominada Blitzkrieg (Guerra-
Relâmpago), de efeito esmagador. Ela lhes permitiu dominar rapidamente a Polônia e, em 1940, praticamente toda a Europa
Ocidental – inclusive a França, que foi
obrigada a se render.
Mas a falta de recursos navais impediu Hitler de invadir a Grã-Bretanha e o levou a atacar a URSS. Os alemães
avançaram profundamente no território soviético, até serem finalmente detidos na Batalha de Stalingrado (nov. 42/fev. 43). O Japão, envolvido contra a China
desde 1937, atacou os EUA em dezembro de 1941, bombardeando a base naval de Pearl Harbor, no Havaí.
Os japoneses conquistaram todo o Sudeste Asiático e o Pacífico Central,
chegando às fronteiras da Índia e próximo da Austrália. Todavia, derrotados pelos norte-americanos na batalha naval
de Midway (jun. 42), passaram a lutar defensivamente, de forma obstinada e
até mesmo desesperada, tendo em vista que se tornou habitual lutarem até à morte, inclusive através de ataques
suicidas.
A Itália foi invadida pelos Aliados em 1943. Mussolini, refugiado no norte do
país sob a proteção dos alemães, foi capturado por guerrilheiros comunistas
italianos e assassinado em abril de 1945. Hitler suicidou-se três dias mais
tarde, quando os soviéticos se encontravam a três quarteirões de seu
abrigo subterrâneo, em Berlim.
A Alemanha capitulou pouco depois, em 8 de maio. Antes, em
junho de 1944, ocorrera o célebre Dia D, quando tropas anglo-
americano-canadenses desembarcaram na Normandia –região da França, então ocupada
pelos alemães.
O Japão somente se rendeu em 15 de agosto de 1945, quando o imperador Hirohito anunciou pessoalmente, pelo
rádio, a capitulação do país. Essa decisão foi consequência dos
devastadores efeitos produzidos pelo bombardeio atômico das cidades de
Hiroshima e Nagasaki, ocorridos respectivamente em 6 e 9 daquele
mês.
O emprego de bombas atômicas contra o Japão, a fim de forçá-lo a cessar a luta, foi ordenado pelo novo presidente dos EUA, Truman (o presidente Franklin Roosevelt falecera em abril de 1945).
Atualmente, os historiadores tendem a considerar que a ação norte-americana foi desnecessária, já
que a capacidade de resistência dos japoneses estava em seu limite. Assim sendo, os bombardeios atômicos (com cerca de 200 mil vítimas fatais, sem considerar as sequelas da radioatividade) teriam sido, fundamentalmente, um meio de intimidar a
URSS – já no contexto da futura Guerra Fria
O mundo que emergiu do terrível conflito era bastante diferente daquele que existia em
1939. As potências do Eixo estavam esmagadas, mas também a Grã-Bretanha e a
França saíram debilitadas da guerra. Para definir a nova relação de forças
internacionais, cunharam-se duas expressões: superpotências e bipolarização – mostrando
que o planeta se encontrava dividido em duas zonas de influência econômica, política e
ideológica, controladas respectivamente pelos
EUA e URSS.
Do confronto entre ambos (Guerra Fria) resultaram a Guerra da Coréia (1950–53), a Guerra do Vietnã (1961–75) e a
Guerra do Afeganistão (1979–89). Somente em 1985, com o início da
Perestroika (reestruturação econômica) e da Glasnost (transparência
política), implantadas por Gorbachev na URSS, esse cenário instável começou a
se desfazer.
O socialismo marxista ganhou considerável impulso com o crescimento do poder soviético, após a Segunda Guerra Mundial. Além dos países da
Cortina de Ferro (Europa Central e Oriental), passaram a ter governos comunistas Estados do Extremo Oriente (China, Coréia do
Norte, Vietnã, Laos, Camboja), do Oriente Médio (Iêmen do Sul), da África
(Angola, Moçambique, Etiópia) e até mesmo da América Latina (Cuba, onde Fidel Castro se
transformou no mais antigo ditador do mundo –está no poder desde 1959).