anp - agência nacional do petróleo

8
Workshop sobre o Regulamento Técnico ANP 3/2015 Em 30 de novembro de 2015 foi publicada a Resolução ANP n° 50/2015 e o Regulamento Técnico ANP nº 3/2015, que passaram a constituir as regras para a aplicação dos recursos relativos à Cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação P,D&I, presente nos contratos para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural. A nova regulamentação estabelece as definições, diretrizes e normas para a aplicação dos recursos em P,D&I, incluindo a comprovação das atividades e despesas realizadas pelas empresas petrolíferas em cumprimento à cláusula contratual. Em 23 de fevereiro de 2016, a ANP promoveu o primeiro workshop técnico sobre a nova regulamentação, que contou com a participação de 56 interessados. Estiveram presentes representantes de diversas empresas petrolíferas (BG-Brasil, Brasoil, Geopark, Inpex, ONGC, Petrobras, Petrogal, Petrorio, Queiroz Galvão, Repsol, Sinochem, Shell e Statoil) e organizações ligadas ao setor (Abespetro, Onip, IBP, etc.), além do quadro técnico da ANP envolvido na operacionalização das novas regras de P,D&I. O evento teve por objetivo levantar as dúvidas sobre as novas regras, fornecer esclarecimentos aos agentes, e discutir o aprimoramento de aspectos operacionais da nova legislação. Tathiany Rodrigues Moreira de Camargo Superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Luciana Mesquita Superintendente Adjunta As dúvidas apresentadas pelos participantes concentraram-se em questões técnicas e operacionais da regulamentação, tais como limites para realização de despesas em projetos de pesquisa e desenvolvimento, formas de remuneração da equipe envolvida no projeto, regras para propriedade intelectual e expectativas de atuação do Comitê Técnico Científico COMTEC. A ANP, por sua vez, sinalizou estar aberta para o recebimento de propostas e contribuições das empresas petrolíferas para aperfeiçoar a regulamentação vigente. Foi discutida a possibilidade de alteração no prazo de transição entre o regulamento antigo e o atual, estendendo-se o período para adaptação das empresas na administração de suas carteiras de projetos sob as novas regras. Por fim, foi anunciada para março de 2016 a divulgação das atualizações na primeira versão do Manual Orientativo, documento que consolida as orientações da agência para aplicação dos recursos relativos à Cláusula de P,D&I. Nesta ocasião, também serão disponibilizados três modelos de formulários padrão para projetos Relatório Técnico, Relatório Financeiro e Relatório Consolidado Anual a serem utilizados na prestação de contas das despesas realizadas por parte das empresas petrolíferas. Já a utilização de ferramenta de envio, específica para o encaminhamento dos relatórios, tem previsão para ser iniciada em Janeiro de 2017. Entrevista: Ricardo Capllonch, vencedor da categoria II do Prêmio ANP p.3 Obrigações de investimentos em P,D&I no 3º trimestre: R$ 250 milhões p.6

Upload: hacong

Post on 23-Dec-2016

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANP - Agência Nacional do Petróleo

Workshop sobre o Regulamento Técnico ANP 3/2015

Em 30 de novembro de 2015 foi publicada a Resolução

ANP n° 50/2015 e o Regulamento Técnico ANP nº

3/2015, que passaram a constituir as regras para a

aplicação dos recursos relativos à Cláusula de Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação – P,D&I, presente nos

contratos para exploração, desenvolvimento e produção

de petróleo e gás natural.

A nova regulamentação estabelece as definições,

diretrizes e normas para a aplicação dos recursos em

P,D&I, incluindo a comprovação das atividades e

despesas realizadas pelas empresas petrolíferas em

cumprimento à cláusula contratual.

Em 23 de fevereiro de 2016, a ANP promoveu o

primeiro workshop técnico sobre a nova

regulamentação, que contou com a participação de 56

interessados. Estiveram presentes representantes de

diversas empresas petrolíferas (BG-Brasil, Brasoil,

Geopark, Inpex, ONGC, Petrobras, Petrogal, Petrorio,

Queiroz Galvão, Repsol, Sinochem, Shell e Statoil) e

organizações ligadas ao setor (Abespetro, Onip, IBP,

etc.), além do quadro técnico da ANP envolvido na

operacionalização das novas regras de P,D&I. O evento

teve por objetivo levantar as dúvidas sobre as novas

regras, fornecer esclarecimentos aos agentes, e discutir

o aprimoramento de aspectos operacionais da nova

legislação.

Tathiany Rodrigues Moreira de Camargo – Superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico

Luciana Mesquita – Superintendente Adjunta

As dúvidas apresentadas pelos participantes

concentraram-se em questões técnicas e operacionais da

regulamentação, tais como limites para realização de

despesas em projetos de pesquisa e desenvolvimento,

formas de remuneração da equipe envolvida no projeto,

regras para propriedade intelectual e expectativas de

atuação do Comitê Técnico Científico – COMTEC.

A ANP, por sua vez, sinalizou estar aberta para o

recebimento de propostas e contribuições das empresas

petrolíferas para aperfeiçoar a regulamentação vigente.

Foi discutida a possibilidade de alteração no prazo de

transição entre o regulamento antigo e o atual,

estendendo-se o período para adaptação das empresas

na administração de suas carteiras de projetos sob as

novas regras.

Por fim, foi anunciada para março de 2016 a divulgação

das atualizações na primeira versão do Manual

Orientativo, documento que consolida as orientações da

agência para aplicação dos recursos relativos à Cláusula

de P,D&I. Nesta ocasião, também serão

disponibilizados três modelos de formulários padrão

para projetos – Relatório Técnico, Relatório Financeiro

e Relatório Consolidado Anual – a serem utilizados na

prestação de contas das despesas realizadas por parte

das empresas petrolíferas. Já a utilização de ferramenta

de envio, específica para o encaminhamento dos

relatórios, tem previsão para ser iniciada em Janeiro de

2017.

Entrevista: Ricardo Capllonch,

vencedor da categoria II do Prêmio ANP p.3

Obrigações de investimentos em P,D&I no

3º trimestre: R$ 250 milhões p.6

Page 2: ANP - Agência Nacional do Petróleo

Edição nº 30 – Fevereiro de 2016

2

EXPEDIENTE

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

Diretora-geral Magda Maria de Regina Chambriard

Diretores José Gutman Waldyr Martins Barroso

Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Tathiany Rodrigues Moreira de Camargo - Superintendente Luciana Maria Souza de Mesquita – Superintendente-Adjunta José Carlos Tigre – Assessor Técnico de Mercado e Política Industrial

Denise Coutinho da Silva – Assistente de Georreferenciamento

Secretárias Maria de Fátima Marinzeck Barreiros Rosane Cordeiro Lacerda Ramos

Coordenação de Projetos de P&D Anderson Lopes Rodrigues de Lima – Coordenador Geral Claudio Jorge Martins de Souza Leonardo Pereira de Queiroz Maria Regina Horn Ricardo Gandolpho da Rocha

Coordenação de Fiscalização de P&D Marcos de Faria Asevedo – Coordenador Geral Aelson Lomonaco Pereira Alex de Jesus Augusto Abrantes Jorge Eduardo de Campos Pinto Luiz Antonio Sá Campos Moacir Amaro dos Santos Filho Silvani Marques Junior

Coordenação de Formação e Capacitação Profissional Eduardo da Silva Torres – Coordenador Geral Bruno Lopes Dinucci Diego Gabriel da Costa Mirian Reis de Vasconcelos Rafael Cruz Coutinho Ferreira

Coordenação de Estudos Estratégicos Alice Kinue Jomori de Pinho – Coordenadora Geral Jacqueline Barboza Mariano Joana Duarte Ouro Alves José Lopes de Souza Krongnon Wailamer de Souza Regueira Márcio Bezerra de Assumpção Ney Mauricio Carneiro da Cunha Patricia Huguenin Baran Victor Manuel Campos Gonçalo

Elaboração Denise Coutinho da Silva Joana Duarte Ouro Alves Victor Manuel Campos Gonçalo

Page 3: ANP - Agência Nacional do Petróleo

Edição nº 30 – Fevereiro de 2016

3

“A entrada de produção de um FPSO dentro da data prevista paga com grande folga o custo maior da Boca de Sino Multifuncional”

Os recursos da Cláusula de P,D&I

estimulam a pesquisa, o

desenvolvimento tecnológico e a

inovação na indústria nacional de

petróleo e gás natural. Um dos

projetos financiados com esses

recursos e que foi vencedor da

categoria II do Prêmio ANP de

Inovação Tecnológica 2015 foi a

Boca de Sino¹ Multifuncional

(BSMF²), uma parceria entre o

Centro de Pesquisas e

Desenvolvimento da Petrobras

(Cenpes), a empresa Caldex e o

Laboratório de Análise e

Confiabilidade de Estruturas

Offshore da Coppe (Laceo). A

BSMF é uma estrutura de interface

entre riser³ e plataforma que

viabiliza a conexão de risers rígidos

ou flexíveis em um único suporte e

permite a alteração do ângulo de

chegada através da sua substituição,

inclusive com o FPSO4 na própria

locação, pois conta com uma placa

base padrão onde é afixada. Nessa

entrevista, Ricardo Capllonch,

engenheiro do Cenpes e

coordenador do projeto, fala sobre

seus maiores desafios e vantagens

para a indústria offshore.

O grande desafio para a

concepção do Sistema de

Suportação e Interfaces para

Risers (SSIR) foi a generalização

do contexto estrutural e

operacional, que junto com

outras medidas de padronização

contribuíram para que uma

Unidade Estacionária de

Produção (UEP) pudesse ser

produzida antes mesmo da

definição do arranjo de fundo de

um campo de produção. Isso

significa que a BSMF pode ser

empregada em qualquer tipo de

UEP e arranjo de fundo? Como

isso acontece e quais as vantagens

desse novo contexto?

Ricardo Capllonch: A BSMF pode

ser aplicada em qualquer tipo de

UEP, desde que esta tenha um

Balcony5 com sede de fixação

padronizada. Entretanto, foi

projetada mais especificamente

para os FPSOs que possuem cascos

longitudinais e que são mais

adequados para a construção dos

balcões que suportam as BSMFs

(relembrando que os FPSOs

formam a grande maioria das UEPs

da Petrobras). Um FPSO com o

conceito SSIR tem suas BSMFs

fabricadas para um determinado

arranjo de fundo (ângulos de topo e

azimute). Caso haja alteração no

arranjo ou realocação do FPSO,

trocam-se as BSMFs necessárias

para atender à nova realidade, sem

necessidade de obras

complementares no casco. A

substituição ou remanejamento de

BSMFs é feita a partir de uma

plataforma com guincho e cabos-

guia que se posiciona acima de cada

BSMFs para a operação pretendida.

Esta plataforma fica na altura do

convés do FPSO. A operação pode

ser feita com o FPSO docado no

cais ou já mesmo em sua locação.

Uma das vantagens da BSMF é

que a modularidade do sistema

desenvolvido reduz os riscos de

fabricação seriada de FPSOs. O

que isso significa em termos de

agilidade e redução de custos?

Ricardo Capllonch: A agilidade

começa e fica evidente quando a

engenharia básica tem que fazer o

projeto do FPSO. Com a BSMF,

não existe mais a etapa de

estimativa x correção do

dimensionamento dos I-Tubes6.

Uma vez construído, raciocinando

sob o ponto de vista estrutural, o

FPSO poderá ser realocado para

qualquer campo de produção sem

os traumas da necessidade de obras

para readaptação dos ângulos dos I-

Tubes. A BSMF e seu sistema de

fixação (Balcony) formam um

conjunto que emprega mais

tecnologia e aço do que o sistema

comum de bocas de sino + I-Tubes

sendo por isso mais caro.

Entretanto, principalmente no caso

de construção seriada, o custo de

fabricação das BSMFs pode ser

melhor negociado devido à escala

de produção. Mas a grande

economia vai aparecer na

previsibilidade de produção do

primeiro óleo. A entrada de

produção de um FPSO dentro da

data prevista paga com grande folga

o custo maior das BSMFs. Na

realidade, fica difícil estimar qual

seria o ganho da “não necessidade”

de redocagem para remanejamento

de um FPSO com I-Tubes. O que

estou querendo dizer é que existe

uma imponderabilidade difícil de

quantificar. Quando um FPSO é

construído, não é esperado que haja

necessidade de grandes

modificações em relação ao projeto

original, mas uma vez sendo

necessária, não só os custos da

obra, mas certamente o lucro

cessante devido à produção do

primeiro óleo fora do prazo, já

justificaria a adoção de um

equipamento mais caro que

eliminasse esta necessidade.

ENTREVISTA – Ricardo Capllonch

Foto

ced

ida

pe

lo e

ntr

evis

tad

o

Foto

ced

ida

pe

lo e

ntr

evis

tad

o

Ricardo Capllonch, engenheiro mecânico sênior do

setor de Tecnologia de Dutos e Risers do Cenpes

Page 4: ANP - Agência Nacional do Petróleo

Edição nº 30 – Fevereiro de 2016

4

Cada BSMF é construída com o

azimute, ângulo de topo7 e bordo

de chegada de seu respectivo

riser. Sua fixação é feita em uma

Estrutura Balcão (Balcony), que

substitui os antigos I-Tubes, no

costado de bombordo. Qual a

vantagem de se substituir os

antigos I-Tubes pela Estrutura

Balcão (Balcony) no costado de

bombordo?

Ricardo Capllonch: O costado de

bombordo é o adotado pela

Petrobras fundamentalmente por

condições brasileiras de mar x

fundeio e não influencia na decisão

de empregar I-Tubes ou BSMFs. A

vantagem do Balcony x BSMF

aparece principalmente no caso de

construção seriada ou quando os

dados de arranjo de fundo não estão

bem definidos. O emprego do

conjunto de I-Tubes e bocas de sino

tradicionais ainda é mais atraente

caso haja uma boa definição do

arranjo de fundo.

Como foi a participação de cada

instituição/empresa no

desenvolvimento do projeto

BSMF: Cenpes/Petrobras, Caldex

e Coppe/Laceo?

Ricardo Capllonch: O Cenpes

desenvolveu o projeto do conjunto

BSMF + Balcony, a Coppe/Laceo

fez a análise estrutural da BSMF (os

cálculos dos Balconys foram feitos

pelas equipes de implantação dos

cascos nos estaleiros). A construção

de um protótipo do conjunto foi

necessária para comprovar as

simulações de assentamento e

retirada da BSMF de sua base no

Balcony. Durante a construção do

protótipo pela Caldex foram feitos

ajustes construtivos fundamentais

para sua posterior fabricação seriada.

A Caldex também providenciou toda

a logística e operou, sob orientação

do Cenpes, todo o aparato para os

testes: guindastes, pátio, pessoal etc.

A BSMF foi um projeto de

grande destaque do Cenpes.

Existem outros projetos de

mesmo vulto em andamento?

Ricardo Capllonch: Existem

novos projetos que deverão

produzir um razoável impacto,

principalmente na forma de operar

as bocas de sino, todos com o

objetivo de redução de custos

operacionais.

A fabricação de uma grande

quantidade de BSMFs para

serem entregues em curto espaço

de tempo e atender ao

cronograma de entrada de

produção dos FPSOs exigiu um

estudo minucioso sobre a

capacidade fabril e logística da

indústria nacional. Qual foi o

resultado desse estudo? As

empresas nacionais conseguiram

atender com agilidade e

qualidade as demandas de

fabricação?

Ricardo Capllonch: A equipe de

Materiais da Petrobras avaliou a

capacidade fabril de mais de dez

empresas nacionais levando em

consideração sua expertise na

fabricação de estruturas, usinagem

e logística. O estudo mostrou que

seriam necessárias mais de uma

empresa para entregar todo o

pedido (de BSMFs) dentro do prazo

e com a qualidade requeridos. Feita

a licitação foram selecionadas três

empresas. O acerto do estudo ficou

comprovado, pois apesar de alguns

“incidentes” de percurso, os

pedidos assinados foram todos

entregues dentro do prazo.

Como o senhor avalia o atual

momento do setor de petróleo e

gás brasileiro?

Ricardo Capllonch: O período de

"turbulência" que estamos passando

deverá cessar, mas talvez o preço

do barril não retorne aos níveis

anteriores. Neste caso, fica evidente

a necessidade de uma maior

agilidade na disponibilização de

novas tecnologias que

proporcionem redução de custos.

Ricardo Wagner Capllonch é graduado em Engenharia Mecância (1979) pela PUC-Rio, com mestrado (1993) pela Coppe/UFRJ. Trabalhou como

engenheiro de projetos na CBP Michelin por cinco anos, passando a integrar o quadro de funcionários do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento

Leopoldo A. Miguez de Mello (Cenpes) em 1987. Possui sólido conhecimento na modelagem e simulação computacional de sistemas de multicorpos

(mecanismos) submarinos. Participa de projetos de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias a serem empregadas na produção de petróleo.

Assina mais de trinta patentes no Brasil e exterior.

Leia o glossário da entrevista na próxima página.

“O período de

‘turbulência’ deverá

cessar, mas talvez o

preço do barril não

retorne aos níveis

anteriores. Neste

caso, fica evidente a

necessidade de uma

maior agilidade na

disponibilização de

novas tecnologias

que proporcionem

redução de custos”

Page 5: ANP - Agência Nacional do Petróleo

Edição nº 30 – Fevereiro de 2016

5

1 - Bocas de sino: servem para suportar enrijecedores de

curvatura que são necessários para proteger os risers de

desgaste prematuro em uma região crítica de contato

com o FPSO. Esta região está próxima ao fundo do

casco, portanto, sempre submersa.

2 - BSMF – Boca de Sino Multifuncional: trata-se de

um modelo mais recente de boca de sino. Possui uma

base de assentamento padronizada e é construída de

acordo com os ângulos de topo e azimute de cada riser.

3 - Riser – Seção de duto submarino, que transporta óleo

e gás, e segue do fundo do mar até o FPSO.

4 - FPSO – Float Production Storage Offloading:

navio que trabalha ancorado recebendo, armazenando e

transferindo para outros navios a produção de óleo do

fundo do mar. É um tipo de Unidade Estacionária de

Produção(UEP) de óleo e gás.

5 – Balcony (balcão): Estrutura em forma de varanda

que serve para suportar as BSMFs. As sedes (aberturas)

para fixação das BSMFs são padronizadas, podendo

receber qualquer BSMF de qualquer fabricante e

características individuais de ângulos de topo e azimute.

O Balcony substitui o conjunto de I-Tubes de um FPSO

quando este emprega as BSMFs.

6 - I-Tubes: são estruturas fixas ao casco do FPSO em

cujos flanges são presas as bocas de sino tradicionais

(que não sejam as BSMFs). São confeccionados em aço

e projetados levando em consideração as características

de cada riser e já acomodam os ângulos de topo e

azimute. O projeto de engenharia do casco de um FPSO,

no que diz respeito aos I-Tubes, depende de dados a

serem obtidos dos estudos do campo de produção que

nem sempre estarão disponíveis no momento adequado

(ao projeto). Na realidade, os FPSOs tradicionais que

empregam I-Tubes têm seus projetos de engenharia

básica antecipados, “estimando-se” os dados de risers

tendo como base FPSOs que operam em condições

similares ao novo projeto. Não existe outra forma de

procedimento para atender aos cronogramas de produção

antecipada do primeiro óleo.

7 – Azimute e ângulo de topo: os risers chegam junto

ao casco, cada um formando um par de ângulos em

relação ao casco do FPSO: azimute e ângulo de topo. O

conjunto dos risers forma um leque aberto para o fundo

do mar e cada riser é uma das varetas deste leque. Cada

vareta forma um ângulo específico em relação à mão do

usuário (casco do FPSO). Portanto, estes ângulos

(azimute e topo) são uma característica de cada riser,

além de seus respectivos diâmetros e estruturas internas

conforme a profundidade e fluido a transportar. A

especificação de cada riser, incluindo os ângulos de

azimute e topo, depende de um estudo minucioso do

campo de produção como a localização dos poços

produtores e injetores, profundidade de cada poço,

vazão, tipo de fluido, localização do FPSO em relação

aos poços e uma infinidade de outros quesitos.

Principalmente devido aos ângulos de topo e azimute

(mas não somente, pois outros fatores como a planta de

produção influenciam sobremaneira), cada FPSO estará

“amarrado” ao seu campo de produção. Para qualquer

alteração de localização, o navio terá que retornar ao

dique seco para sofrer as modificações necessárias. Esta

limitação levou ao projeto de um sistema (SSIR) de boca

de sino (BSMF) e sua forma de fixação ao casco

(Balcony) que pudesse oferecer maior versatilidade à

construção de um FPSO principalmente no caso da

construção seriada, como no caso dos FPSOs

Replicantes. A padronização das sedes de fixação das

BSMFs nos balcões, a padronização das bases das

BSMFs e a capacidade das BSMFs de poderem ser

alternadas de suas sedes ou substituídas, mesmo com o

FPSO na locação e sem necessidade de obras

complementares, permite a versatilidade pretendida.

Caso um FPSO tenha que ser realocado ou o arranjo de

fundo seja modificado após a construção do casco,

podem-se reposicionar as BSMFs ou mesmo substituí-

las conforme o novo projeto de arranjo de fundo,

consequentemente, dos risers.

GLOSSÁRIO DA ENTREVISTA

Page 6: ANP - Agência Nacional do Petróleo

Edição nº 30 – Fevereiro de 2016

6

Obrigação de investimentos em P,D&I gerada em 2015 foi de R$ 1 bilhão

Com o resultado apurado no 4º

trimestre de 2015, as obrigações de

investimento em P,D&I, referentes

aos contratos de concessão,

acumuladas em 2015 alcançaram o

valor de R$ 1,03 bilhão. Assim, de

1998 a 2015 foram gerados R$11,2

bilhões em obrigações.

No último trimestre de 2015 foram

gerados R$ 249,6 milhões em

obrigações de investimentos, que

representa uma redução com relação

aos trimestres anteriores. Apesar do

aumento verificado na produção de

petróleo, o valor das obrigações

geradas foi afetado pela queda do

preço do barril de petróleo nesse

período.

As Outras Concessionárias

continuam aumentando sua

participação relativa. No ano de 2015

elas geraram 13,3% das obrigações,

contra 5,03% considerando o

montante acumulado no período de

18 anos.

A expectativa para 2016 é de que o

nível de produção de petróleo se

mantenha e, assim sendo,

considerando o preço do barril sem

alterações significativas, o valor da

obrigação gerada permaneceria no

mesmo patamar de 2015 para os

contratos de concessão vigentes.

O prazo limite para a realização dos

investimentos em P,D&I relativo ao

período de 2015 é 30 de junho de

2016. As tabelas ao lado informam

as obrigações de investimentos em

P,D&I da Petrobras e das outras

concessionárias de 1998 até 2015.

Obrigação de investimentos em P,D&I gerada por ano (em R$)

Ano Petrobras Outras Concessionárias Total

1998 1.884.529 - 1.884.529

1999 29.002.556 - 29.002.556

2000 94.197.339 - 94.197.339

2001 127.274.445 - 127.274.445

2002 263.536.939 - 263.536.939

2003 323.299.906 - 323.299.906

2004 392.585.953 11.117.686 403.703.639

2005 506.529.318 2.279.136 508.808.454

2006 613.841.421 2.547.915 616.389.336

2007 610.244.146 6.259.121 616.503.266

2008 853.726.089 7.132.144 860.858.233

2009 633.024.264 5.858.020 638.882.284

2010 735.337.136 11.579.885 746.917.020

2011 990.480.683 41.416.212 1.031.896.895

2012 1.148.763.766 77.922.925 1.226.686.691

2013 1.161.786.262 98.080.695 1.259.866.956

2014 1.246.469.446 161.095.785 1.407.565.231

2015 894.001.057 136.955.340 1.030.956.397

TOTAL 10.625.985.254 562.244.862 11.188.230.116

Fonte: SPG/ANP. Nota: Esses valores ainda não contemplam as auditorias efetuadas pela SPG/ANP.

Obrigação de Investimentos em P,D&I gerada – Outras Concessionárias (em R$)

Concessionária 2014 2015 Acumulado*

BG Brasil 51.354.989 78.184.736 172.875.377

Repsol-Sinopec 18.732.336 28.304.710 84.285.947

Statoil 31.730.903 - 83.209.045

Sinochem 21.153.935 - 55.472.696

Petrogal 13.580.330 19.032.623 49.947.214

Chevron - - 27.711.795

Shell 7.541.569 - 23.869.727

Queiroz Galvão 4.806.007 4.369.646 23.604.489

Frade Japão - - 9.780.656

Parnaíba Gas Natural 1.762.701 3.585.092 6.546.595

Brasoil Manati 1.068.002 971.032 5.245.442

GeoPark Brasil 1.068.002 971.032 5.245.442

ONGC Campos Ltda. 4.072.447 - 4.951.848

QPI Brasil Petróleo 3.469.122 - 3.469.122

BPMB Parnaiba (ex-Petra) 755.443 1.536.468 2.805.684

BP do Brasil - - 1.934.271

Maersk Oil - - 1.289.514

Total 161.095.785 136.955.340 562.244.862

Fonte: SPG/ANP. * De 1998 a 2015. Nota: Esses valores ainda não contemplam as auditorias efetuadas pela SPG/ANP.

OBRIGAÇÃO DE INVESTIMENTO EM P,D&I

Page 7: ANP - Agência Nacional do Petróleo

Edição nº 30 – Fevereiro de 2016

7

Duas unidades de pesquisa foram credenciadas em janeiro

Com o credenciamento de mais duas unidades de

pesquisa no mês de janeiro, é de 674 o número de

unidades de pesquisa credenciadas segundo a

regulamentação vigente. Estas unidades de pesquisa

representam o total de 118 instituições de P,D&I

credenciadas pela ANP.

Para executar projetos com recursos oriundos da

Cláusula de Investimento em P,D&I, as instituições

interessadas devem ser credenciadas pela ANP. O

credenciamento é o reconhecimento formal de que a

instituição atua em atividades de pesquisa e

desenvolvimento em áreas de relevante interesse para o

setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis, e que

possui infraestrutura e condições técnicas e operacionais

adequadas para seu desempenho. Uma vez credenciada,

a instituição se torna apta a receber recursos

provenientes da cláusula presente nos contratos para

exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e

gás natural.

O credenciamento de instituições de P,D&I por parte da

ANP obedece as regras, as condições e os requisitos

técnicos estabelecidos pela Resolução ANP nº 47/2012,

alterada pela Resolução ANP nº 36/2014, e o respectivo

Regulamento Técnico ANP nº 7/2012. O processo de

credenciamento consiste em quatro etapas: cadastro de

informações e envio da solicitação por intermédio do

Sistema de Gestão de Investimento em Pesquisa e

Desenvolvimento (Siped) no sítio na ANP na internet;

protocolo, no escritório central da ANP, do documento

de solicitação gerado no sistema; avaliação da

solicitação, que consiste em análise técnica do pedido e,

a critério da ANP, em visita técnica à instituição; e

emissão de parecer e formalização da decisão do

credenciamento.

A instituição interessada pode apresentar a solicitação

de credenciamento a qualquer tempo, pois o processo é

contínuo, não havendo data limite para seu

encerramento. Uma mesma instituição pode ter mais de

uma unidade de pesquisa credenciada, em função das

peculiaridades de sua estrutura organizacional e das

atividades de P,D&I por ela desenvolvidas.

No sítio da ANP, no endereço www.anp.gov.br >>

Pesquisa e Desenvolvimento >> Credenciamento das

Instituições de P,D&I, podem ser acessados as

Resoluções ANP e o Regulamento Técnico ANP nº

7/2012, bem como arquivo tutorial contendo instruções

para acesso ao Siped e preenchimento dos dados.

Esclarecimentos podem ser obtidos pelo e-mail:

credenciamentop&[email protected] unidades de

pesquisa de instituições credenciadas podem ser

consultadas no sítio da ANP, no endereço

www.anp.gov.br >> Pesquisa e Desenvolvimento >>

Instituições Credenciadas.

O sistema permite realizar consultas por Unidade

Federativa, área de pesquisa, temas, ou ainda listar todas

as unidades de pesquisa das instituições credenciadas.

Além disso, estão disponibilizadas informações dos

coordenadores e equipe técnica de cada unidade de

pesquisa e a cópia da autorização publicada no Diário

Oficial da União com a relação de linhas de pesquisa em

que a unidade atua.

A figura a seguir mostra a localização regional das

instituições credenciadas pela ANP até 31/01/2016,

segundo regulamentação vigente.

CREDENCIAMENTO EM P&D

Page 8: ANP - Agência Nacional do Petróleo

Edição nº 30 – Fevereiro de 2016

8

Fonte: SPD/ANP