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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO ANA LUIZA TORRES OLIVEIRA MONTEIRO ESTUDO DA EXTENSÃO DA VIDA ÚTIL DE TOPSIDES EM PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO OFFSHORE DE PETRÓLEO NO BRASIL COM ÊNFASE NA SEGURANÇA OPERACIONAL NITERÓI 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

ANA LUIZA TORRES OLIVEIRA MONTEIRO

ESTUDO DA EXTENSÃO DA VIDA ÚTIL DE TOPSIDES EM PLATAFORMAS DE

PRODUÇÃO OFFSHORE DE PETRÓLEO NO BRASIL COM ÊNFASE NA

SEGURANÇA OPERACIONAL

NITERÓI

2016

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ANA LUIZA TORRES OLIVEIRA MONTEIRO

ESTUDO DA EXTENSÃO DA VIDA ÚTIL DE TOPSIDES EM PLATAFORMAS DE

PRODUÇÃO OFFSHORE DE PETRÓLEO NO BRASIL COM ÊNFASE NA

SEGURANÇA OPERACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Engenharia

de Petróleo da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel

em Engenharia de Petróleo.

Orientador:

Prof. Dr. João Felipe Mitre de Araujo

NITERÓI

2016

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ANA LUIZA TORRES OLIVEIRA MONTEIRO

ESTUDO DA EXTENSÃO DA VIDA ÚTIL DE TOPSIDES EM PLATAFORMAS DE

PRODUÇÃO OFFSHORE DE PETRÓLEO NO BRASIL COM ÊNFASE NA

SEGURANÇA OPERACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Engenharia

de Petróleo da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel

em Engenharia de Petróleo.

Aprovada em 15 de julho de 2016.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Prof. Dr. JOÃO FELIPE MITRE DE ARAUJO – UFF

Orientador

_______________________________________

Prof. Dr. GERALDO DE SOUZA FERREIRA – UFF

_______________________________________

Prof. Dr JOÃO CRISÓSTHOMO DE QUEIROZ NETO – UFF

NITERÓI

2016

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AGRADECIMENTO

Ao longo da vida passamos por diversos momentos mas temos o privilégio

de olhar para os lados e ter a certeza de que não estamos só. Em mais essa batalha

da vida, quero agradecer aos que estiveram comigo na busca de mais essa vitória.

Agradeço primeiramente à Deus que me ouviu nos momentos de alegria,

dúvida e angústia ao longo desses anos de graduação. Me sustentou em seus

braços e quando pensei que tudo fosse desmoronar, me pegou em seu colo e me

mostrou que tudo na vida é passageiro.

À minha mãe, Ana Maria, por me ensinar a lutar pelos meus objetivos e por

me ensinar a ser uma pessoa íntegra, honesta e de caráter. Deus não poderia ter

me presenteado com uma pessoa melhor. Obrigada por sempre estar comigo e por

acreditar que eu posso e consigo ir mais além. À minha avó, Marlene, por todos os

conselhos valiosos que jamais serão esquecidos! Por vocês e com vocês, eu tenho

forças para continuar!

Aos amigos que fiz na UFF que tenho certeza que levarei por toda a vida!

Obrigada por estarem sempre presentes, por acreditarem no meu sucesso e por

torcerem por mim independente das circunstâncias.

Ao professor João Felipe pela amizade e por toda paciência que teve comigo

ao longo da realização desse trabalho. Ter-lhe como orientador foi um privilégio!

Agradeço também a todos os demais, que de alguma forma contribuíram

para que eu chegasse até aqui. Hoje encerro mais uma etapa inesquecível da minha

vida com a ajuda de cada um! Muito obrigada!

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“Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em

que lutaste.” Sigmund Freud

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RESUMO

O fim do monopólio da Petrobras nas operações de exploração e produção de

petróleo e gás natural propiciou a elaboração de contratos de concessão entre o

novo órgão regulador, ANP e a estatal. Quase 20 anos depois, a estatal mostra-se

preocupada quanto às suas operações nas áreas de concessão da Rodada Zero e

com isso, passa a demonstrar interesse pela extensão desses contratos. Através da

crescente consolidação da cultura de segurança operacional, é identificada a análise

não só do contrato, mas também das instalações presentes nas áreas, afinal, há

grande possibilidade delas estarem acima de sua vida estimada em projeto. Ainda

não existe uma regulação capaz de promover diretrizes para a extensão de vida das

instalações, porém, há de se notar que outros países apresentam boas práticas em

relação ao tema. Assim sendo, é possível traçar um paralelo entre o panorama

brasileiro das instalações offshore de produção e as regulamentações existentes

pelo mundo sobre o assunto. Com isso, é possível o estabelecimento de

recomendações para que a melhoria continua do processo de segurança seja

garantida, prezando pela mitigação de incidentes de proporções consideráveis.

Palavras-chave: Segurança Operacional, extensão de vida útil, regulação,

instalação, contrato.

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ABSTRACT

The end of Petrobras's monopoly in the exploration and production of oil and natural

gas operations led to the drafting of concession contracts between the new regulator,

ANP and the State company. Almost 20 years later, the the State company appears

to be concerned about their operations in the concession areas of the Round Zero

and with it, goes to show interest in the extension of these contracts. By increasing

consolidation of operational safety culture, is identified the analysis not only of the

contract, but also of these facilities in the area, after all, there is high possibility of

them being above their estimated project life. Although, there is no regulation that

promotes guidelines for the life extension of the facility, however, it is to be noted that

other countries have good practices in this regard. Therefore, it is possible to draw a

parallel between the Brazilian panorama of offshore production facilities and existing

regulations around the world on the subject. Thus, the establishment of

recommendations for the continuous improvement of the security process can be

guaranteed, valuing mitigation of considerable proportions incidents.

Key-words: Operacional Security, life extension, regulation, installation, contract.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Matriz energética mundial _____________________________________ 17

Figura 2: Produção de petróleo em Mb/d, 2014 ____________________________ 20

Figura 3: Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo, 2014 ______ 22

Figura 4: Plataforma Semissubmersível __________________________________ 26

Figura 5: FPSO ____________________________________________________ 27

Figura 6: Entrada da casa de bombas do FPSO CDSM _____________________ 29

Figura 7: Combate ao incêndio na plataforma Enchova ______________________ 29

Figura 8: Plataforma P-36 adernada ____________________________________ 30

Figura 9: Plataforma Alexander Kielland afundada _________________________ 31

Figura 10: Plataforma Deepwater Horizon incendiada _______________________ 32

Figura 11: Plataforma Piper Alpha em chamas ____________________________ 33

Figura 12: Trajetória de um acidente organizacional ________________________ 39

Figura 13: Curva da banheira __________________________________________ 45

Figura 14: Processo de extensão de vida útil na Noruega ____________________ 48

Figura 15: Tipo das instalações de produção offshore no Brasil _______________ 54

Figura 16: Quantidade de instalações convertidas e não convertidas ___________ 55

Figura 17: Distribuição das instalações de produção segundo o ano de construção 56

Figura 18: Idade das instalações de produção não convertidas________________ 57

Figura 19: Década de construção das plataformas de produção no Brasil _______ 57

Figura 20: Instalações de produção offhsore por bacia ______________________ 58

Figura 21: Tempo para o fim do contrato de concessão _____________________ 60

Figura 22: Idade das instalações, com base no ano de construção, ao final da

vigência do contrato de concessão da Rodada Zero ________________________ 61

Figura 23: Idade das instalações, com base no ano de conversão, ao final da

vigência do contrato de concessão da Rodada Zero ________________________ 62

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Figura 24: Idade das instalações, com base no ano de construção, ao final da

vigência do contrato de concessão das Rodadas 2 e 3 ______________________ 63

Figura 25: Idade das instalações, com base no ano de conversão, ao final da

vigência do contrato de concessão das Rodadas 2 e 3 ______________________ 63

Figura 26: Estrutura de fiscalização de segurança americana da exploração e

produção de petróleo ________________________________________________ 69

Figura 27: Estrutura de fiscalização de segurança norueguesa da exploração e

produção de petróleo ________________________________________________ 70

Figura 28: Estrutura de fiscalização de segurança do Reino Unido da exploração e

produção de petróleo ________________________________________________ 74

Figura 29: Estrutura de fiscalização de segurança do Brasil da exploração e

produção de petróleo ________________________________________________ 77

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AAF Análise de Árvore de Falhas

AIChE American Institute of Chemical Engineers

AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

API American Petroleum Institute

APR Análise Preliminar de Riscos

BP British Petroleum

BSEE Bureau of Safety and Environmental Enforcement

CCPS Center for Chemical Process Safety

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CNP Conselho Nacional do Petróleo

CRF Code of Federal Regulation

DNV Det Norske Veritas

DSO Documentação de Segurança Operacional

DUM Descrição da Unidade Marítima

E&P Exploração & Produção

EPA Environmental Protection Agency

EUA Estados Unidos da América

FMEA Failure Mode and Efect Analysis

FPSO Floating Production Storage and Offloading

FPU Floating Production Unit

FPWSO Floating Production Workover Storage and Offloading

FSO Floating Storage and Offloading

FTA Fault Tree Analysis

HAZOP Hazard and Operability Study

HSE Healf and Safety Environmental

IADC International Association of Drilling Contractors

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e

Renováveis

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ICAO International Civil Aviation Organization

IPAR Identificação de Perigos e Análise de Riscos

ISO International Organization for Standardization

MB Marinha do Brasil

MB Matriz de Correlação

MME Ministério de Minas e Energia

MOC Management of Change

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NOPSEMA Nacional Offshore Petroleum Safety and Environmental Management

Authority

NR Norma Regulamentadora

OGP Internacional Association of Oil & Gas Producers

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series

OPGGSA Offshore Petroleum and Greenhouse Gas Storage Act

OSHA Occupational Safety and Health Administration

PHA Preliminary Hazard Analysis

PSA Petroleum Safety Authority

PSM Process Safety Management

RIC Relatório de Informações do Concessionário

RMP Risk Management Program

RTSGSO Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança

Operacional

SGSO Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional

SIPRAM Sistema de Prevenção de Acidentes Industriais Maiores

SS Semissubmersível

TLP Tension Leg Platform

UEP Unidade Estacionária de Produção

USCG United States Coast Guard

WSV Well Simulation Vessel

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO _________________________________________________________ 14

1.1 OBJETIVO _________________________________________________________ 15

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ___________________________________________ 15

1. 3 ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO _______________________________________ 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA _______________________________________________ 17

2.1 A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL __________________________ 17

2.1.1 A origem do petróleo ______________________________________________ 17

2.1.2 O petróleo no mundo ______________________________________________ 18

2.1.3 O petróleo brasileiro ______________________________________________ 20

2.1.4 Unidades Estacionárias de Produção _________________________________ 23

2.1.4.1 UEPs Fixas __________________________________________________ 23

2.1.4.1.1 Jaqueta__________________________________________________ 23

2.1.4.1.2 Plataformas de Concreto (ou por Gravidade) ____________________ 24

2.1.4.1.3 Torre Complacente _________________________________________ 24

2.1.4.2 UEPs Flutuantes ______________________________________________ 24

2.1.4.2.1 Tension Leg Platform (TLP) __________________________________ 25

2.1.4.2.2 Plataforma Spar ___________________________________________ 25

2.1.4.2.3 Semissubmersível _________________________________________ 26

2.1.4.2.4 FPSO ___________________________________________________ 27

2.1.5 Grandes acidentes na indústria ______________________________________ 27

2.1.5.1 FPSO Cidade de São Mateus ____________________________________ 28

2.1.5.2 Enchova ____________________________________________________ 29

2.1.5.3 P-36 _______________________________________________________ 30

2.1.5.4 Alexander Kielland ____________________________________________ 30

2.1.5.5 Deepwater Horizon ____________________________________________ 31

2.1.5.6 Piper Alpha __________________________________________________ 32

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2.2 SEGURANÇA DE PROCESSO _________________________________________ 33

2.2.1 Identificação de Perigos e Análise de Riscos ___________________________ 36

2.2.2 Gerenciamento de Riscos __________________________________________ 38

2.3 SEGURANÇA OPERACIONAL _________________________________________ 41

2.4 EXTENSÃO DA VIDA ÚTIL ____________________________________________ 43

2.4.1 Descomissionamento _____________________________________________ 46

2.4.2 Extensão da vida útil de instalações __________________________________ 47

2.4.2.1 Extensão do casco ____________________________________________ 49

2.4.2.2 Extensão do topside ___________________________________________ 49

3 PANORAMA BRASILEIRO DE EXTENSÃO DA VIDA ___________________________ 51

3.1 IDADE DAS INSTALAÇÕES DE PRODUÇÃO OFFSHORE ___________________ 53

3.2 IDADE DOS CONTRATOS DE CONCESSÃO _____________________________ 59

4 ARCABOUÇO REGULATÓRIO ____________________________________________ 65

4.1 REGULAÇÃO NO MUNDO ____________________________________________ 65

4.1.1 Estados Unidos __________________________________________________ 67

4.1.2 Noruega ________________________________________________________ 69

4.1.3 Austrália ________________________________________________________ 72

4.1.4 Reino Unido _____________________________________________________ 73

4.2 REGULAÇÃO NO BRASIL ____________________________________________ 76

5 RECOMENDAÇÕES ____________________________________________________ 79

6 CONCLUSÃO __________________________________________________________ 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________ 84

ANEXO I – GESTÃO DA SEGURANÇA DE PROCESSO _________________________ 94

ANEXO II – NORMAS REGULAMENTADORAS ________________________________ 96

ANEXO III – PRÁTICAS DE GESTÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DO SISTEMA DE

GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA OPERACIONAL _________________________ 103

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1 INTRODUÇÃO

O petróleo e o gás natural são as principais fontes de energia encontradas

pelo mundo e representam, por volta de, 53% da oferta de energia primária. A

economia mundial gira em torno do preço do petróleo e o Brasil precisa garantir que

a exploração e a produção estejam ocorrendo de forma controlada, equivalente a

boas práticas realizadas por toda a indústria. Para isso, o órgão regulador brasileiro

conta com a colaboração da Marinha do Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego,

e do Ibama para garantir a segurança das operações, buscando evitar que um

grande acidente venha a ocorrer.

A identificação de marcos regulatórios presentes no segmento offshore, é

notada após a ocorrência de algum acidente e assim, os países mais renomados em

relação à segurança operacional debatem questões pertinentes ao ocorrido,

buscando a não reincidência desse tipo de evento. A exemplo do que aconteceu

com a Piper Alpha e o Deepwater Horizon, os órgãos reguladores buscam o

compartilhamento de informações e a troca de experiências a respeito do

gerenciamento da segurança aplicado em seu país, como forma de promover a

melhoria contínua de seu processo e reduzindo os riscos de ocorrência de

incidentes com danos à saúde humana, ao meio ambiente ou que acarrete em

prejuízo material ao concessionário da instalação.

Partindo de um gerenciamento de segurança operacional conciso e eficaz, a

extensão dos contratos de concessão e de vida útil das instalações são garantidas

por regulamentos bem consolidados e, assim, as unidades são capazes de dar

continuidade às suas operações mesmo fazendo uso de equipamentos

envelhecidos. No entanto, com um detalhado estudo e a comprovação de que os

riscos inerentes às atividades são controlados, e que a integridade mecânica e

estrutural da instalação permaneça em níveis satisfatórios por todo tempo de vida

estendido, a utilização de equipamentos envelhecidos é justificada.

A proximidade do término de vigência dos contratos de concessão da

Rodada Zero promove uma demanda por estudos acerca do prolongamento de vida

de equipamentos e instalações. Sob a ótica ideal, os processos de extensão do

contrato de concessão, e os processos de extensão de vida útil das instalações,

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devem ocorrer concomitantemente, e o concessionário deve sempre garantir a

segurança de sua operação.

Conforme indicado por órgãos reguladores no mundo, a adoção das

melhores práticas da indústria torna-se primordial num cenário de ausência para

uma determinada regulamentação. Todavia, devido a demanda identificada por

regulações específicas e bem consolidadas acerca do tema “vida útil”, gaps já foram

detectados e mostram-se em processo de avaliação.

1.1 OBJETIVO

Frente ao exposto, o principal objetivo desse trabalho é o cruzamento de

informações do panorama de vida útil das instalações atualmente com as práticas

realizadas pelos órgãos reguladores de outros países, promovendo a elaboração de

recomendações para a indústria brasileira de petróleo e gás natural, permitindo um

ambiente propício às constantes inovações tecnológicas a que estamos submetidos.

Serão apresentadas recomendações para curto e longo prazo, de acordo com as

necessidades e urgências do órgão regulador brasileiro.

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O processo de extensão de vida útil torna-se viável perante uma análise

rigorosa dos ativos da instalação e da implantação de regulamentações específicas.

Por meio das recomendações, será possível o pensamento de um projeto de

extensão de vida até mesmo para os casos em que não se tenha um sistema de

gerenciamento capaz de realizar essa tarefa de forma provisória enquanto estão

sendo realizados estudos para o desenvolvimento de uma política de extensão de

vida útil. Dessa forma, o controle de riscos inerentes às operações são garantidos

por todo o período de vida que fora estendido.

1. 3 ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso apresenta 6 capítulos, divididos

da seguinte forma:

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a) Capítulo 1: Apresentação de uma visão geral da indústria do petróleo,

situando o tema proposto e contextualizando a pesquisa, além da

apresentação dos objetivos, relevância e estruturação do estudo.

b) Capítulo 2: Revisão da literatura. São abordados conceitos

fundamentais, presentes na literatura, para o desenvolvimento do estudo.

c) Capítulo 3: É apresentada a abordagem do panorama brasileiro no que

diz respeito à idade das instalações de produção offshore, onde são

apresentados gráficos com diferentes análises para salientar a

importância de um estudo bem embasado sobre a extensão de vida útil

das instalações offshore de produção no Brasil.

d) Capítulo 4: Disserta sobre o arcabouço regulatório dos órgãos mais

renomados no mundo, no quesito Segurança Operacional.

e) Capítulo 5: Apresentação das Recomendações para o órgão regulador e

para a indústria, com base no cruzamento das informações obtidas nos

Capítulos 3 e 4.

f) Capítulo 6: Apresentação da Conclusão do presente trabalho.

Ao final, são apresentadas as Referências Bibliográficas utilizadas durante

toda a elaboração do presente trabalho e os anexos apresentando Sistemas de

Gerenciamento de Segurança e Normas Regulamentadoras.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL

2.1.1 A origem do petróleo

O petróleo – do latim petroleum, de petrus (pedra) e oleum (óleo) – é um

combustível fóssil, não renovável, formado a partir da decomposição de matéria

orgânica depositada há milhões de anos e causada pela pouca oxigenação da área

e pela ação de bactérias. Essas decomposições foram acumuladas no fundo de

lagos e mares e com o passar do tempo, o peso dos sedimentos promoveu a

compactação do material e aquecimento do mesmo, culminando em transformações

que deram origem ao petróleo.

O petróleo “é uma substancia oleosa, inflamável, menos densa que a água,

com cheiro característico e cor variando entre negro e castanho claro” (FIORILLO &

FERREIRA, 2010). Sua grande importância está no fato de ser uma das principais

fontes de energia da atualidade, como mostrado na Figura 1.

Figura 1: Matriz energética mundial

Fonte: Anuário Estatístico ANP (2015)

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18

Conforme o gráfico apresentado, mais de 80% da matriz energética mundial

atual corresponde à queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão).

Combustíveis estes, responsáveis pela geração de energia e movimentação de

motores de máquinas e veículos. Apesar dos benefícios citados, são percebidas

elevadas taxas de poluição gerada pela queima desses produtos, que aumentam o

efeito estufa e agravam o aquecimento global.

A extração do petróleo é realizada por meio de poços perfurados nas fases

de exploração e desenvolvimento da área. Mesmo com toda mecânica de extração

de óleo, quase metade existente na jazida fica retida em seu fundo, não sendo

possível assim, a extração de totalidade do óleo presente.

Na produção offshore, o petróleo extraído do poço é encaminhado para a

instalação1, onde passa por seu processamento primário de separação de fases.

Ainda na plataforma, o petróleo é separado das frações de gás, água e sedimentos

presentes na mistura efluente dos poços perfurados. Após esse processamento e

respeitando os requisitos necessários mínimos, o óleo pode ser exportado ou seguir

para refinarias para seu melhor tratamento.

2.1.2 O petróleo no mundo

O primeiro vestígio de petróleo encontrado foi datado de 1859 pelo

americano Edwin L. Drake, na Pensilvânia, Estados Unidos (EUA). Drake perfurou o

primeiro poço de petróleo, bastante rudimentar e de pouca profundidade, usando

uma técnica desenvolvida para exploração de minas de sal. Tal descoberta do

primeiro poço comercial dos EUA deu início às atividades na indústria do petróleo e,

com o passar do tempo, tornou-se uma das maiores e mais importantes indústrias

do mundo. “O petróleo é a principal fonte de energia que existe no mundo e, graças

a ele, foi possível o desenvolvimento de vários setores industriais, como o

automobilístico, aeronáutico, químico, materiais sintéticos, adubos, dentre outros”

(ROSA, 2004).

1 Estrutura marítima ou terrestre, fixa ou móvel, utilizada nas atividades de exploração, produção,

armazenamento ou movimentação de petróleo e gás natural, individualizadas como plataformas,

sondas, dutos, monoboias e estações.

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19

A indústria do petróleo é responsável pela execução das “atividades

econômicas relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino,

processamento, transporte, importação e exportação de petróleo, gás natural e

outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados” (BRASIL. Lei nº 9.478 de 6 de

agosto de 1997). Por apresentar uma rede industrial integrada, a Cadeia de

Suprimentos do Petróleo envolve a totalidade das atividades logísticas e destaca a

obrigação de um gerenciamento eficaz para garantir o abastecimento mundial.

A integração da indústria do petróleo possibilita a distribuição dos riscos e

custos entre os vários segmentos de atuação e assim, a competitividade da

organização é assegurada (BRAGA, 2004). Desse modo, Araujo (2006) e Borsani

(2001) expõem a verticalização da indústria do petróleo composta por três

segmentos detentores de características próprias, estruturas particulares e funções

específicas:

a) Upstream: operações de prospecção de jazidas, desenvolvimento de reservas

e a produção de petróleo e gás natural;

b) Midstream: compreende, basicamente, a atividade de refino;

c) Downstream: atividades de transporte, distribuição e comercialização dos

hidrocarbonetos.

Entretanto, Braga (2004) defende que essa indústria já vem sofrendo

profundas transformações ao longo do tempo, inclusive a desverticalização e a

terceirização de suas redes produtivas, uma vez que enfrenta, atualmente, um

mercado mais competitivo, constituído pelas empresas petroleiras e também pelas

empresas atuantes no ramo da energia.

Segundo o Relatório Estatístico da British Petroleum (BP) de 2015, os EUA

tornaram-se o primeiro país a aumentar sua produção em três anos consecutivos,

registrando o maior crescimento do mundo, com 1,6 milhões de barris por dia. Ainda

nesse relatório, é apontado o crescimento da produção do petróleo pelo Brasil,

desde 2011, estabelecendo novo recorde de produção e crescimento anual do país.

Em 2014, a contribuição do Brasil para a produção de petróleo mundial foi apontada

como 2,9%.

Atualmente, os dez maiores produtores de petróleo do mundo são os

Estados Unidos, Arábia Saudita, Rússia, Canadá, China, Emirados Árabes, Irã,

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20

Iraque, Kuwait e México, conforme observado na Figura 2. O Brasil ocupa a 12ª

posição desse ranking.

Figura 2: Produção de petróleo em Mb/d, 2014

Fonte: Statistical Review BP (2015)

2.1.3 O petróleo brasileiro

A primeira descoberta de jazida de petróleo explorável comercialmente no

Brasil ocorreu no final da década de 30, em Lobato, Salvador (BA), embora já

tivessem sido perfurados outros poços na busca do hidrocarboneto. Com a

descoberta da riqueza, nessa mesma década, uma série de medidas institucionais

do governo brasileiro foram tomadas visando estruturar e regular as atividades

envolvidas, como exemplo, a criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP).

Como resultado de suas primeiras ações, o Conselho determinou que as jazidas

encontradas pertencessem à União.

Após alguns anos, notou-se a necessidade do fortalecimento da indústria

nacional e de setores de infraestrutura e modernização da agricultura. Foi, portanto,

adotada uma série de programas de fomento à indústria nacional e de empresas

estatais em setores considerados estratégicos para o desenvolvimento econômico

do país como energia, petróleo, transporte e infraestrutura. A criação da estatal

Petrobras deu-se nesse período e a transformou no símbolo de soberania e de

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progresso nacional (SOARES, P.; BERNI, M.; MANDUCA, P., 2013). Desse modo, a

Petrobras tornou-se detentora do monopólio na realização das atividades de

exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural no Brasil.

Até agosto de 1997 o monopólio do petróleo brasileiro pertencia à empresa

estatal. Com a quebra do mesmo, instituída pela Lei do Petróleo2, as portas para o

capital estrangeiro foram abertas pelo mercado brasileiro e empresas multinacionais

do ramo de óleo e gás puderam atuar no país. O fim do monopólio levou o Estado

da posição de produtor e fornecedor a regulador e fiscalizador da indústria brasileira

do petróleo. Para atuar nesse ramo, foi criada a Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão vinculado ao Ministério de Minas de Energia

(MME), que passou a regular e fiscalizar a indústria do petróleo no Brasil.

O primeiro país líder detentor do conhecimento científico na indústria do

petróleo foram os EUA. Muito do aprendizado global necessário para o uso e

exploração do petróleo foram decorrentes de esforços dos cientistas americanos.

Eles desenvolveram um processo tecnológico sobre a extração do hidrocarboneto

basicamente para bacias territoriais, conhecida por tecnologia onshore. Contudo,

esse progresso não foi suficiente para viabilizar a produção brasileira de petróleo,

visto que a maior parte das reservas petrolíferas do Brasil está localizada no mar, e

não em terra, como era comumente encontrado nos demais países. Tal fato

possibilitou que fosse produzido um sistema de inovação em que permitisse a

exploração do petróleo em mar, conhecido como tecnologia offshore. Diante desse

fato, a Petrobras tornou-se a líder mundial em tecnologia de E&P em águas

profundas e a partir disso, a empresa promove o investimento de 1% de seu

faturamento em programas para melhor capacitação tecnológica em águas

profundas.

A camada pré-sal é um grande reservatório de petróleo e gás natural

localizado nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Descobertas em 2006,

estas reservas apresentam volume de, aproximadamente, 50 bilhões de barris e

podem ser encontradas abaixo da camada de sal (5 a 7 mil metros abaixo do nível

do mar). As descobertas no pré-sal colocaram a Petrobras em posição de destaque

no ranking das grandes empresas de energia do Brasil (PETROBRAS, 2007). Em

2014, o Brasil atingiu a 15ª posição no ranking mundial dos países com as maiores

2 Lei nº 9.478/1997

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reservas provadas de petróleo. Em relação às unidades de federação, as maiores

quantidades de reservas são encontradas nos estados do Rio de Janeiro, Espírito

Santo e São Paulo, correspondendo a 93,8% do total de reservas provadas

brasileiras, segundo a ANP, de acordo com a Figura 3.

Figura 3: Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo, 2014

Fonte: Anuário Estatístico ANP (2015)

Com a descoberta de petróleo na camada do pré-sal, o Brasil expandiu suas

oportunidades de crescimento a partir de 2007 e tornou-se líder da produção

mundial de hidrocarbonetos em lâminas d’água profundas e ultraprofundas3. Assim

sendo, “o país pode se tornar a nação com o maior aumento de reservas até 2020,

podendo atingir a 8ª colocação no ranking mundial de reservas de petróleo” (PWC,

2014).

Com a crescente globalização notada no mundo, as economias encontram-

se bastante correlacionadas e o petróleo destaca-se como a fonte de energia em

que a rede de transportes garantem as trocas comerciais e a movimentação de

pessoas e bens entre os países, regiões e continentes a uma velocidade cada vez

mais acentuada e mais intensa.

3 Definem-se lâminas d’água rasas, profundas e ultraprofundas aquelas situadas, respectivamente,

até 300 metros, entre 300 e 1500 metros, e acima de 1500 metros.

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2.1.4 Unidades Estacionárias de Produção

As primeiras plataformas offshore surgiram no Golfo do México no início da

década de 70 e no decorrer dos anos, com a crescente demanda do hidrocarboneto,

as instalações offshore apresentam-se cada vez mais sofisticadas no que compete

às técnicas utilizadas na extração do petróleo.

Unidades estacionárias de produção (UEP) são estruturas de suporte à

produção marítima de petróleo, através de uma mini refinaria em seu interior. São

instalações capazes de realizar o processamento primário da produção, tratamento

e eliminação da água produzida, limpeza e compressão da produção de gás para

exportação, injeção ou consumo e servem de base para o controle dos poços

interligados naquela unidade.

A classificação das UEPs é realizada por meio da consideração de aspectos

como a profundidade do mar, tipo de completação e podem ser divididas em fixas ou

flutuantes. As UEPs fixas foram as primeiras instalações utilizadas no processo de

exploração e produção de hidrocarbonetos. A definição do melhor tipo de UEP a ser

utilizada é dada por meio da análise das vantagens e características do campo em

questão. O elemento econômico tem grande importância neste momento e a lâmina

d’água de atuação é um fator essencial.

2.1.4.1 UEPs Fixas

São as instalações de produção encontradas fixas no fundo do mar por meio

de estacas ou por gravidade e são usadas em pequenas lâminas d’água. Foram as

primeiras plataformas offshore a serem produzidas e as mais usualmente utilizadas,

respeitando seus limites de operação, já que a instabilidade aumenta com o

incremento da profundidade. Os poços de petróleo explorados atualmente estão em

grandes profundidades e para elas, são usadas as plataformas flutuantes.

2.1.4.1.1 Jaqueta

Plataformas montadas sobre estruturas de aço chamadas de jaquetas e

presas com estacas cravadas ao fundo do mar. São preferidas em campos cujas

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lâminas d’água vão até 200 metros, devido ao seu limite econômico e realizam

completação seca. Não apresentam capacidade de armazenamento da produção,

que é enviada por meio de dutos para a terra. Sua instalação é simples e facilita que

o controle dos poços interligados na unidade seja realizado na superfície, entretanto,

apresentam espaço limitado.

Geralmente apresentam vida útil entre 20 e 30 anos e seu posicionamento

deve ser feito com bastante precisão, uma vez que não podem ser reaproveitadas

em outra locação e seu descomissionamento é difícil.

2.1.4.1.2 Plataformas de Concreto (ou por Gravidade)

São instalações apoiadas em colunas de concreto sobre uma base inferior,

apoiada no leito marinho. Devido à sua engenharia de construção, essas unidades

não necessitam de estacas e são estáveis pelo seu peso e por seu centro de

gravidade estar bem próximo à base de sustentação.

São atuantes em áreas com lâmina d’água em torno de 350 metros, são

capazes de suportar cargas ambientais extremas e podem também estocar sua

produção.

2.1.4.1.3 Torre Complacente

É uma instalação projetada para armazenar a produção, entretanto

apresenta baixa capacidade de carga e por isso, é utilizada apenas como suporte à

produção, atuando no sistema de descarga de óleo para uma monoboia com navio

tanque (FRANCO, 2003). A profundidade máxima de projeto é de cerca de 530

metros e sua estrutura possibilita a instalação mais profunda que as jaquetas.

Assim como as jaquetas, não podem ser reaproveitadas após a conclusão

do projeto de produção e apresenta difícil descomissionamento.

2.1.4.2 UEPs Flutuantes

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As experiências adquiridas com descobertas no ramo petrolífero,

principalmente no Brasil, propiciaram um significante avanço e domínio tecnológico

em projetos de construções de unidades flutuantes.

Apresentam situações para aplicações em águas rasas, profundas e

ultraprofundas, além de mostrarem-se prósperos quanto à exposição ao risco

econômico variante dessa indústria. O posicionamento das unidades flutuantes fica

a cargo da opção entre o sistema de ancoragem ou de posicionamento dinâmico, as

despesas com abandono de campos não mais rentáveis também mostram-se

reduzidas e as UEPs flutuantes são suscetíveis à reutilização ou conversão para

outras necessidades (FRANCO, 2003).

2.1.4.2.1 Tension Leg Platform (TLP)

A estrutura das TLPs é similar a plataformas semissubmersíveis,

diferenciando-se pelo sistema de ancoragem que apresenta. São instalações

ancoradas através de estruturas tubulares, chamadas tendões, ligadas ao leito

marítimo por meio de estacas em grandes sapatas de ancoragem e mantidas

esticadas devido ao grande poder de flutuação da instalação, apresentando raio de

ancoragem nulo.

Essas unidades não armazenam a produção, realizam completação seca,

possuem baixa capacidade de peso e apresentam elevado custo, uma vez que o

sistema de ancoragem utilizado é bastante complexo e caro. Entretanto, são

instalações utilizadas em águas profundas e ultraprofundas e são passíveis de

reaproveitamento após seu limite de vida pré-estabelecido em projeto.

2.1.4.2.2 Plataforma Spar

As instalações deste tipo apresentam uma espécie de boia com um grande

reservatório submerso, com elevada capacidade para armazenamento da produção

e realização de completação seca ou molhada. Essa capacidade faz-se aplicável

para áreas mais afastadas, onde a infraestrutura de dutos não se faz presente. Essa

estrutura particular propõe a estabilidade da instalação e seu sistema de ancoragem

é identificado através de correntes em catenária.

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A construção desse tipo de unidade é relativamente barata, entretanto, sua

instalação é cara. No limite econômico do campo em produção por uma plataforma

do tipo Spar, o sistema pode ser rebocado seguindo para uma nova locação ou até

possivelmente reutilizado para outras necessidades.

2.1.4.2.3 Semissubmersível

São unidades flutuantes formadas por uma estrutura apoiada por colunas

em flutuadores submersos, Figura 4, e capazes de operar em condições severas de

mar. Realizam completação molhada e apresentam grande estabilidade controlada

por sistema de ancoragem e posicionamento dinâmico, entretanto, possuem

restrições quanto ao peso e por este fato, não realizam o armazenamento da

produção, sendo necessário que navios aliviadores, oleodutos de exportação, FSOs4

ou FPSOs façam o escoamento da produção das semissubmersíveis, o que acarreta

num aumento considerável do custo de desenvolvimento do campo.

Devido a sua tecnologia bem consolidada, podem ser utilizadas em águas

profundas e ultraprofundas, além da capacidade de poderem ser fabricadas a partir

da conversão de sondas e também serem passíveis de reaproveitamento ao final de

sua vida útil de projeto.

Figura 4: Plataforma Semissubmersível

Fonte: Petrobras (2010)

4 Floating, Storage and Offloading. Unidade flutuante de armazenamento e transferência da produção.

Não apresenta planta de processamento primário e armazena somente óleo produzido por uma única

semissubmersível e transfere para um navio aliviador.

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2.1.4.2.4 FPSO

Devido à necessidade da exploração de petróleo em águas profundas e ao

fim da vida útil de navios petroleiros, os FPSOs, Figura 5, foram construídos para

atender áreas de grande lâmina d’água e afastadas da costa, onde não há

existência de dutos marítimos para o escoamento da produção. Inicialmente, os

cascos dos navios petroleiros desativados eram usados para a construção dessas

instalações devido ao valor de investimento e otimização do tempo de construção.

FPSO, que significa Floating, Production, Storage and Offloading, são

unidades estacionárias flutuantes que atuam na produção de petróleo, através da

planta de processamento primário presente em seu convés, armazenamento nos

tanques de carga, realizam o escoamento da produção e realizam a completação

molhada. A tendência é que os FPSOs tomem o lugar das plataformas

semissubmersíveis devido a razões de serem possuidores de grande capacidade e

disponibilidade de armazenamento e espaço (GROVE, 2005).

Figura 5: FPSO

Fonte: Petrobras (2007)

2.1.5 Grandes acidentes na indústria

As instalações offshore são unidades de tecnologias e organização de

tarefas bastante complexas. Em alguns casos, as perigosas condições de trabalho

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proporcionadas pela indústria do petróleo resultam em graves incidentes5,

acarretando em grandes danos à saúde humana, ao meio ambiente e ao patrimônio

material das empresas. Geralmente esses incidentes são decorrentes de uma série

de eventos precursores e atingem grandes proporções quando não controlados a

tempo. Os maiores acidentes da indústria do petróleo são considerados como tal

devido às fatalidades e ao impacto ambiental que proporcionaram.

2.1.5.1 FPSO Cidade de São Mateus

Acidente mais recente de grandes proporções ocorrido no Brasil, a explosão

da casa de bombas do FPSO Cidade de São Mateus (CDSM), Figura 6, ocorreu em

2015, na Bacia do Espírito Santo.

O acidente deu-se devido a um vazamento de condensado na casa de

bombas da instalação. Mesmo com o alarme dos detectores de gás instalados no

local evidenciando a presença de atmosfera explosiva, foram enviadas três equipes,

em momentos distintos, ao local do vazamento a fim de investigar a detecção do

gás, limpar a poça de líquido presente no local e apertar os parafusos da conexão

que apresentava o vazamento. No momento da descida da terceira equipe, houve

uma grande explosão, levando à morte 9 pessoas, deixando 26 feridos e grandes

danos ao FPSO.

As causas do acidente foram tidas como falta de estruturação da empresa

para o gerenciamento da segurança operacional da instalação.

5 Considerado como qualquer ocorrência, decorrente de fato ou ato intencional ou acidental

envolvendo risco de dano, dano, prejuízos materiais ao patrimônio ou interrupção não

programada da instalação por mais de 24 horas.

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Figura 6: Entrada da casa de bombas do FPSO CDSM

Fonte: Relatório de Investigação do acidente com o FPSO CDSM, ANP (2015)

2.1.5.2 Enchova

Acidente ocorrido em 1984, na plataforma de Enchova, localizada na Bacia

de Campos. A perfuração de um poço provocou um blowout, seguido de um

incêndio de grandes proporções, conforme observado na Figura 7, levando ao

rompimento de um dos cabos de aço de uma das baleeiras, ocasionando a queda

da instalação de cerca de 30 metros de altura, deixando 37 mortos e 23 feridos.

As causas do grande acidente foram apontadas como a condenação e falta

de uma manutenção adequada de alguns equipamentos da plataforma.

Figura 7: Combate ao incêndio na plataforma Enchova

Fonte: Revista TN Petróleo (2001)

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2.1.5.3 P-36

Ocorrido em 2001 e considerado o maior da Petrobras, o acidente da

plataforma P-36, ilustrado pela Figura 8, foi ocasionado devido a explosões em

tanques de óleo e gás, levando ao adernamento de 16º da plataforma. Este fato

permitiu o bombeamento de água do mar para dentro da plataforma, alagando parte

da mesma, levando ao seu afundamento. O ocorrido apresentou 11 fatalidades,

todos pertencentes à equipe de emergência presente na plataforma.

A causa do acidente foi apontada como a existência de não conformidades6

de procedimentos operacionais, de manutenção e de projeto.

Figura 8: Plataforma P-36 adernada

Fonte: Revista TN Petróleo (2008)

2.1.5.4 Alexander Kielland

Acidente ocorrido em 1980 no campo de Ekofisk, no Mar do Norte. Devido a

uma solda mal executada em um contraventamento7 para a inserção de um

6 De acordo com a norma ISO 9000:2005, não conformidade é um não atendimento a um

determinado requisito.

7 Sistema de ligação entre os elementos principais de uma estrutura com a finalidade de aumentar a

rigidez da construção. É um sistema de proteção contra a ação de cargas ambientais como ventos,

ondas e correntes.

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hidrofone8, uma fratura foi iniciada e as demais estruturas de sustentação romperam

devido à sobrecarga gerada. Como consequência, as estruturas rompidas

separaram-se da plataforma, desequilibrando-a e adernando-a sob um ângulo de

35º e posteriormente, afundando por completo, mostrado na Figura 9.

Devido a problemas na cadeia de comando da plataforma e do lançamento

das baleeiras, das 212 pessoas presentes na instalação, 123 não conseguiram se

salvar do acidente.

Figura 9: Plataforma Alexander Kielland afundada

Fonte: Revista TN Petróleo (2008)

2.1.5.5 Deepwater Horizon

Segundo maior acidente da história da indústria do petróleo ocorreu em

2010 no Golfo do México, onde a plataforma Deepwater Horizon, Figura 10, explodiu

devido a uma falha de segurança no Blowout Preventer de um poço em fase final de

perfuração. Com isso, 206 milhões de galões de óleo foram descarregados no mar

por 87 dias e devido à explosão, 11 pessoas morreram. Dois dias depois da

explosão, a plataforma Deepwater Horizon afundou.

8 Instrumento elétrico que capta vibrações sonoras transmitidas através da água ou outros líquidos,

permitindo a escuta de sons em ambientes aquáticos.

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Figura 10: Plataforma Deepwater Horizon incendiada

Fonte: The New York Times (2010)

2.1.5.6 Piper Alpha

Considerado o maior acidente ocorrido na indústria do petróleo, a explosão

da plataforma Piper Alpha, Figura 11, ocorreu em 1987 no Mar do Norte. Decorrente

de um vazamento de condensado de gás natural, um incêndio culminou na primeira

grande explosão da plataforma, onde foi destruída a sala de controle, de onde saía a

ordem para evacuação da instalação. Devido a essa explosão e a morte das

pessoas que poderiam dar a ordem para a evacuação da unidade, houve grande

dificuldade no repasse de informações e organização para a retirada dos

trabalhadores.

O bombeamento de gás para a Piper Alpha por outras instalações vizinhas

não foi paralisado devido a não permissão advinda da instalação mesmo em

situação de fogo. Com isso, outra explosão ocorreu devido ao contínuo vazamento

não cessado, comprometendo toda a instalação e levando a morte de 167

trabalhadores.

As causas do acidente foram tidas como falta de treinamento dos

trabalhadores para certos processos operacionais, procedimentos operacionais não

seguidos com rigidez, bem como falhas no sistema de segurança da instalação e no

projeto de construção da plataforma.

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Figura 11: Plataforma Piper Alpha em chamas

Fonte: Daily and Sunday Express (2015)

2.2 SEGURANÇA DE PROCESSO

A Segurança de Processo é definida pela Occupational Safety and Health

Administration (OSHA) como a prevenção de possíveis incidentes fazendo uso de

tecnologias propícias à identificação dos perigos presentes em uma planta industrial

e a eliminação desses perigos antes da ocorrência de um incidente.

Para o American Petroleum Institute (API), a Segurança de Processo faz

parte da Gestão de Segurança e está direcionada às preocupações com os riscos

de grandes impactos, segurança, danos ao meio ambiente e prejuízos materiais.

A Gestão de Segurança de Processos é definida como um “sistema de

gestão focado na prevenção, prontidão, mitigação, resposta a ou restauração de

liberações catastróficas de produtos químicos ou energia, resultado de um processo

associado a uma instalação” (CCPS, 2007). Para Lees (1996), essas liberações de

energia apresentam grandes possibilidades de perdas estruturais e econômicas, ao

passo que as emissões químicas/tóxicas apresentam maiores consequências na

saúde das pessoas e no meio ambiente, podendo acarretar em um elevado número

de fatalidades.

A Gestão da Segurança de Processo é reconhecida como a responsável

pela diminuição dos riscos de acidentes graves e pelo progresso de melhoria do

desempenho da indústria. As práticas de Segurança de Processo e os sistemas

formais de gestão de segurança estão em vigor, em algumas empresas, há muitos

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anos. Devido a maior frequência e facilidade para se avaliar as lesões dos

trabalhadores, os recursos das empresas algumas vezes são desproporcionalmente

focados em segurança individual ao invés da segurança de processo. (CCPS, 2007)

Pode-se afirmar que os acidentes de grande repercussão são os

precursores de estudos para a elaboração de ferramentas para análise, além de leis

e normas regulamentadoras objetivando a prevenção, mitigação, controle,

gerenciamento e resposta a crises desse tipo de acidente decorrentes de riscos de

processo (CHINAQUI, 2012).

Nos EUA o tema da Gestão de Segurança de Processo foi desenvolvido sob

aspectos ligados ao Ministério do Trabalho e ao Ministério do Meio Ambiente

(AICHE, 2011). No que tange à segurança do trabalho, foi estabelecida a Process

Safety Management (PSM), apresentada pela norma OSHA 3231, baseando-se na

análise de perigos do processo, sendo realizada uma revisão cautelosa dos

possíveis erros a que estão susceptíveis e quais garantias devem ser

implementadas a fim de evitar a emissão de produtos químicos perigosos. Essa

norma também exige a adoção de procedimentos operacionais por escrito,

treinamento de funcionários, revisões de segurança, avaliação da integridade

mecânica do equipamento crítico e procedimentos para a gestão da mudança por

escrito. No aspecto ligado ao Ministério do Meio Ambiente, foi criada a

Environmental Protection Agency (EPA), Agência de Proteção Ambiental, dando

origem ao Risk Management Program (RMP), Programa de Gerenciamento de

Riscos. Este programa tem por finalidade realizar o gerenciamento dos riscos

externos às populações e ao meio ambiente ao redor dos locais de trabalho. A PSM

especifica um sistema de autorização para trabalho a quente, investigação de

incidentes abrangendo emissões e quase acidentes9 de produtos químicos,

emergência, planos de ação e auditorias de conformidade.

Análogo à PSM, a Gestão de Segurança de Processo está baseada no

cumprimento de sistemas e monitoramento de gestão de um determinado processo

por meio de programas, regulamentos, inspeções e análises, buscando a

identificação, entendimento e controle dos riscos pertinentes à atividade e assim,

9 Qualquer evento inesperado com potencial de risco para a segurança operacional, sem causar

danos.

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adiantar-se à ocorrência de possíveis acidentes na planta de processo ou em

instalações próximas.

Com a implantação da PSM (OSHA 3231), a OSHA considera que o

gerenciamento de Segurança de Processo apresenta uma ação positiva sobre a

segurança dos trabalhadores em seus postos e também propiciam benefícios como

o aumento da sua produtividade no ambiente de trabalho. As empresas de pequeno

porte que podem apresentar recursos limitados à implantação da PSM, podem

trabalhar com a adoção de formas alternativas visando a diminuição dos riscos

associados com produtos químicos altamente perigosos em seus locais de trabalho

(OSHA 29 CFR 1910.119).

A Gestão da Segurança de Processo realiza um diagnóstico proativo, avalia

e preza pela erradicação de emissões químicas que poderiam ser verificadas nas

consequências de falhas nos processos, procedimentos e equipamentos.

Seguindo a PSM, a Gestão da Segurança de Processo apresenta 14

elementos básicos, chamadas de práticas, que objetivam o desenvolvimento de

sistemas e procedimentos de plantas industriais para que sejam evitadas liberações

indesejadas passíveis de causarem impactos tóxicos, incêndios e explosões em

locais onde haja a possibilidade de exposição de trabalhadores e em comunidades

próximas.

Essas práticas são combinadas em três áreas: Pessoal, Tecnologia e

Instalações. Um quadro com as 14 práticas e suas descrições pode ser encontrado

no Anexo I.

As práticas da PSM são aplicáveis durante toda a vida útil da planta de

processo ou instalação, garantindo o gerenciamento de forma segura das mesmas e

garantindo o cumprimento de graus admissíveis de riscos. O comprometimento

gerencial e a liderança são de fundamentais importâncias para que ocorra uma

efetiva Gestão de Segurança de Processo.

O tema de Segurança de Processo somente começou a ser discutido no

Brasil, de forma estruturada, a partir do ano de 1991, com o projeto piloto “Sistema

de Prevenção de Acidentes Industriais Maiores” (SIPRAM) (ABIQUIM, 2011).

Em relação à segurança e saúde dos trabalhadores, as condições legais de

proteção “podem ser encontradas na Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que

alterou o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

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relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, e na Portaria 3214, de 08 de junho de

1978, que aprovou as Normas Regulamentadoras (NRs)” (CHINAQUI, 2012)

As NRs formam um grupo de requisitos e procedimentos com vistas à

segurança do trabalho, de cumprimento obrigatório das empresas. Podem ser

identificadas 36 normas em vigor e um quadro com suas descrições pode ser

encontrado no Anexo II.

Pode ser observada sob essa ótica, grande semelhança com os conceitos

apresentados no programa norte americano RMP (AIChE, 2011).

2.2.1 Identificação de Perigos e Análise de Riscos

Segundo a Occupational Health and Safety Assessments Series (OHSAS),

um risco é tido como a “combinação da possibilidade da ocorrência de um evento

perigoso ou exposição com gravidade de lesão” e perigo é uma “situação com

potencial de provocar danos humanos em termos de lesão” (OHSAS 18001:2007).

Para a Det Norske Veritas (DNV), a identificação dos perigos efetivos de

uma instalação é a primeira fase para a análise de riscos. O conhecimento do risco é

a base de sustentação para que seja possível o estabelecimento de outras

atividades de Gestão de Segurança de Processo adotada pela instalação. As

análises de IPAR devem ser realizadas em qualquer momento do ciclo de vida do

projeto da unidade.

De acordo com o CCPS, a Identificação de Perigos e Análise de Riscos

(IPAR) é uma expressão que engloba todas as atividades inseridas na identificação

de perigos e análise de riscos de uma determinada instalação, durante o seu

período útil de vida, de modo a garantir que os riscos estejam controlados dentro da

faixa preestabelecida da organização.

A avaliação de riscos tem por finalidade a adoção de medidas

indispensáveis para a proteção da segurança e saúde dos trabalhadores. Ela é

capaz de identificar as circunstâncias que podem dar origem a possíveis danos aos

trabalhadores, avaliar a possibilidade da ocorrência de um determinado incidente e

avaliar suas consequências.

Para uma avaliação de riscos eficaz, são identificadas algumas

metodologias tanto de ordem técnica quanto as orientadas às tarefas. As primeiras

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são direcionadas para verificação do tipo de risco, enquanto as segundas são

voltadas para a avaliação de tarefas e operações.

Precaver, antever falhas e incidentes, minimizar implicações e contribuir na

criação de planos de emergência são algumas das metas da realização da Análise

de Riscos em plantas industriais. Entretanto, a consideração dos resultados exige a

aceitação de uma metodologia bem estruturada de identificação e avaliação de

riscos, o que se justifica através do uso de técnicas de Análise de Riscos.

Segundo Farber (1992), as técnicas de Análise de Riscos possibilitam a

abrangência das causas possíveis da ocorrência de incidentes com danos à saúde

humana, ao meio ambiente e prejuízos materiais e financeiros. As técnicas mais

disseminadas e utilizadas são a Análise Preliminar de Riscos (APR), Análise de

Modos de Falha e Efeitos (AMFE), Análise de Árvore de Falhas (AAF) e o Estudo de

Perigos e Operabilidade.

A Análise Preliminar de Riscos, Preliminary Hazard Analysis (PHA), tem por

objetivo identificar e avaliar, de forma preliminar, os riscos presentes na instalação.

É baseada na antecipação, buscando determinar possíveis riscos aparentes na fase

de operação. É uma análise qualitativa e permite sua aplicação em instalações já em

operação, possibilitando uma revisão das questões de segurança já existentes. Por

ser uma análise mais superficial, no caso de sistemas já bastante conhecidos e com

certa experiência, a APR não tem grande contribuição, sendo necessária a utilização

de outra técnica de Análise de Riscos.

A Análise de Modos de Falha e Efeitos, Failure Mode and Efect Analysis

(FMEA), proporciona a detecção de falhas antes da construção da instalação, para o

caso da indústria offshore. É uma ferramenta de análise de falhas e proposição de

melhorias (medidas que buscam a eliminação, mitigação e controlar as origens e

resultados) para o sistema em questão e busca evitar a ocorrência de falhas no

projeto da instalação, o que acarreta em custos reduzidos já que haverá grande

prevenção. Essa técnica é realizada através de uma detalhada análise qualitativa e

quantitativa do sistema e capaz de estabelecer a estimativa da taxa de falhas para

futuros efeitos. Com essa estimativa, mudanças podem ser implementadas,

aumentando assim, a confiabilidade do sistema. Não é recomendada para avaliação

de sistemas mais complexos, aplicando-se a sistemas que apresentam falhas mais

recorrentes.

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38

A Análise de Árvore de Falhas, Fault Tree Analysis (FTA), trabalha com o

raciocínio dedutivo, uma vez que parte da ocorrência de um evento indesejado e

previamente definido, chamado “evento topo”, e partir disso, busca as relações de

lógicas de falhas geradoras do evento decorrente. Essa técnica procura aumentar a

confiabilidade do sistema através da análise das causas e consequências das falhas

do evento topo, promovendo ações preventivas e corretivas para mitigar novas

ocorrências de tais falhas. A AAF é comumente usada para mensurar a regularidade

de falha de um sistema.

O Estudo de Perigos e Operabilidade, Hazard and Operability Studies

(HAZOP), foi elaborado para uma eficaz análise das variáveis de processo do

sistema em questão. Variáveis essas, tais como a pressão, temperatura, fluxo e

nível que são os perigos a serem analisados. É uma técnica de verificação

qualitativa elaborada para análise de linhas de processo, realizando a identificação

dos perigos e trabalhando na prevenção dos problemas. A análise HAZOP é uma

técnica formada por grupos multidisciplinares, onde cada variável de processo é

analisada com base em suas causas e consequências. Diferente das demais

técnicas apresentadas, o HAZOP é apropriado para o estabelecimento de processos

durante a fase de projeto ou para alterações de processos que já existem.

A grande questão da Análise de Riscos é a adoção da melhor estratégia que

se ajuste às exigências da análise, fazendo uso de uma determinada técnica

escolhida e complementando suas limitações com a utilização de outras técnicas

respeitando seus limites de operação e de forma que seja realizado um estudo

eficiente do problema.

2.2.2 Gerenciamento de Riscos

“Enquanto as operações de petróleo envolvem riscos, eles podem ser

geridos de forma eficaz e/ou eliminados quando são tomadas as

medidas adequadas.” American Petroleum Institute

Sob a ótica ambiental, a indústria do petróleo é associada à poluição que

causa, levando-se em consideração o histórico de incidentes de descarga de óleo no

mar ocorridos ao longo do tempo. Acidentes esses, que afetam o ambiente marinho

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e em alguns casos, atingem populações próximas às localizações das instalações,

causando grandes prejuízos para as mesmas.

Segundo o American Institute of Chemical Engineers (AIChE), o

Gerenciamento de Riscos consiste na aplicação de políticas de gerenciamento,

procedimentos e práticas para a análise de tarefas, fazendo uso da avaliação e do

controle do risco em questão, visando a proteção da força de trabalho, das pessoas

de forma geral, do meio ambiente e dos ativos envolvidos no processo.

Para Muniz (2011), a utilização da análise e do gerenciamento dos

potenciais riscos, ocupacionais ou operacionais, decorrentes da indústria do petróleo

é justificada devido a relevância e grandeza dessa indústria e também dos seus

impactos ambientais.

Gerenciamento de Riscos é a identificação, análise e eliminação ou

mitigação dos riscos que ameaçam as práticas de uma organização a um nível, no

mínimo, aceitável. É o elemento-chave do Sistema de Gerenciamento da Segurança

Operacional e seu grande objetivo é orientar a destinação equilibrada dos recursos,

para encarar todos os riscos, controlar e mitigar os riscos viáveis.

A Teoria do Queijo Suíço proposta por Reason (2000), conforme Figura 12,

apresenta que barreiras e salvaguardas são elementos essenciais dos sistemas

para proteger as vítimas em potencial dos perigos do ambiente. Essas barreiras

podem ser soluções administrativas, de engenharia ou até mesmo de pessoas.

Figura 12: Trajetória de um acidente organizacional

Fonte: Reason apud Carvalho (2009)

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40

Quando são corretamente implantadas, as barreiras atingem o objetivo fim,

porém, toda barreira apresenta uma fraqueza, onde os buracos no queijo suíço

podem ser considerados as falhas do sistema. De acordo com a teoria de Reason,

esses buracos abrem e fecham em diferentes momentos, o que remete a ideia de

que eles não estarão abertos numa mesma posição de forma que se torne uma

janela entre o perigo e o dano durante todo o tempo.

Os buracos do queijo apresentam origem por dois fatores: as condições

latentes e as falhas ativas. Essas últimas podem ser facilmente identificadas e

reparadas a tempo de que um evento se desenvolva; estão relacionadas às pessoas

constituintes do sistema e tem impactos de duração rápida sobre o sistema de

defesa. Por atuar dessa forma, a gestão das falhas ativas é considerada proativa,

enquanto as condições latentes são reativas, uma vez que são mais difíceis de

serem detectadas antes de uma ocorrência e podem não provocar eventos por

algum tempo até que se combine com as falhas ativas. Por este modo, sua gestão é

considerada reativa. É de grande importância observar que as falhas podem ser

geridas, entretanto, não podem ser eliminadas, pois nunca apresentaremos

confiabilidade de 100% no sistema de gestão de fatores humanos.

A Teoria do Queijo Suíço demonstra o ponto de vista da proteção em

camadas, onde os erros somente ocorrem numa baixa probabilidade quando os

buracos/falhas precisam estar alinhados para que existam os eventos de maior

gravidade. Traz também a situação da gestão de riscos mais precisa de forma a

detectar e afastar possibilidades de erros e/ou falhas humana. Pela Teoria, quanto

menos furos existirem, maior seguridade terá o sistema.

As técnicas de Análise de Riscos citadas anteriormente são usadas para

estabelecer e quantificar a dimensão de um incidente de processo. A partir disso, é

importante o entendimento de como a indústria atua no gerenciamento dos riscos

outrora analisados e classificados.

Dentre as técnicas de Gerenciamento de Riscos, as mais utilizadas são o

Gerenciamento de Mudanças (MOC), Programas de Integridade de Equipamentos e

Capacitação Operacional.

O Gerenciamento de Mudanças, Management of Change (MOC), é um

grupo de princípios e diretrizes de forma a garantir que as mudanças resultem em

ações dentro dos padrões de segurança estabelecidos. Seu objetivo é o

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estabelecimento de uma prática formal escrita, de forma que as mudanças inerentes

aos processos não diminuam a segurança projetada para a operação original do

processo. A gestão de mudança é um processo que nunca tem fim, ou seja, deve

ser realizada e constantemente acompanhada por todo tempo de vida da instalação.

O Programa de Integridade de Equipamentos é um projeto de manutenção

preventiva que busca proporcionar a integridade dos equipamentos presentes nas

instalações, além de garantir a qualidade na produção de equipamentos e materiais

para as instalações. Um sistema de gerenciamento que promove a manutenção da

integridade dos ativos de uma instalação deve avaliar a percepção de todo o

processo da instalação, desde suas especificações até a fase da identificação das

formas de operação desses equipamentos, de forma a garantir a qualidade e

segurança da instalação. Um programa de integridade apropriado deve avaliar

detalhadamente os elementos críticos, tomando por base a Análise de Riscos

previamente realizada, de forma que a regularidade de testes e auditorias possam

ser estabelecidos de acordo com a criticidade do equipamento.

A Capacitação Operacional pode ser considerada como o treinamento (ou

reciclagem) dos trabalhadores sobre os procedimentos operacionais existentes nas

instalações, com vistas à diminuição da ocorrência de erros por parte deles. Além

disso, a Capacitação Operacional leva à garantia que a interface

trabalhadores/equipamentos da planta de processos sejam compatíveis.

2.3 SEGURANÇA OPERACIONAL

Na tentativa de definir a Segurança Operacional, Santos (2014) afirma que

caso uma pessoa more próximo a uma refinaria de petróleo, Segurança Operacional

denota que, independente do que venha a acontecer na refinaria, sua saúde e bem-

estar não serão afetados. Para as pessoas que realizam a construção da refinaria,

significa um controle eficiente de todo o processo de refino, proteção contra

vazamentos e prevenção contra incêndios e explosões.

Em 2006, a International Civil Aviation Organization (ICAO) definiu a

Segurança Operacional como a condição onde o risco de lesões às pessoas ou

prejuízos materiais é reduzido e mantido em um padrão aceitável, ou abaixo disso,

por meio de um processo continuado de identificação de perigos e gerenciamento de

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riscos. Assim sendo, a segurança operacional é matéria essencial no estudo da

análise e gerenciamento de riscos e na preservação da saúde humana e do meio

ambiente.

A definição de Segurança Operacional reconhece que o risco decorrente da

realização de uma determinada atividade não pode ser reduzido a zero, mas pode

ser conduzido a um nível aceitável (ANAC, 2011). Nível este, levado como base

durante a medição da Segurança Operacional de uma determinada atividade. O

gerenciamento de risco à Segurança Operacional é um processo que envolve a

identificação de perigos que opostos à Segurança Operacional e ao gerenciamento

dos riscos. Assim, a expressão “Segurança Operacional” é um processo constante

onde são notadas as fases de identificação da medição, avaliação e

retroalimentação do sistema.

O Safety Management System (SMS), ou seja, o Sistema de Gerenciamento

da Segurança é uma ferramenta organizacional capaz de integrar satisfatoriamente

a Segurança Operacional à indústria do petróleo devido a sua elevada capacidade

de avaliar os riscos inerentes à atividade. Assim sendo, o SMS é um processo de

gerenciamento de riscos que integra o Sistema Operacional com os recursos

humanos e financeiros disponíveis, visando a manutenção da Segurança

Operacional em um nível satisfatório.

O SMS é dependente de um bom Banco de Dados que possua informações

importantes para a gerência da segurança e que reproduza o aumento dos níveis de

segurança ou até mesmo a manutenção de altos níveis já atingidos.

Espera-se que um bom sistema de gestão de segurança tenha como base

uma cultura produtiva de Segurança Operacional a qual permita o livre fluxo de

informações de segurança e uma cultura não-punitiva, onde seja permitida a

confissão de erros dos operadores e concessionários das instalações com o objetivo

de melhoria da segurança do sistema.

Levando-se em consideração a necessidade da determinação de

parâmetros para o estabelecimento e operação de um Sistema de Gerenciamento

de Segurança Operacional para as instalações marítimas de perfuração e produção

de petróleo e gás natural no Brasil, fora instituído, por meio da Resolução ANP nº

43/2007 e do Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança

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Operacional (RTSGSO) para instalações marítimas de E&P, o Sistema de

Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO).

Alinhado ao SMS, o SGSO é um método gerencial, elaborado para apoiar

medidas a serem tomadas pelos operadores e concessionários em relação aos

riscos a que estão expostos por toda e qualquer operação realizada nas instalações

offshore, comprovando assim, o controle sobre os riscos de suas atividades. Ele

apresenta uma completa gama de diretrizes de segurança que, caso seja implantado

de forma integral, é garantida a segurança para os ambientes que realizam as

operações de perfuração e produção. É pautado em 17 práticas de gestão com

vistas à proteção da vida humana e do meio ambiente e um quadro com suas

descrições pode ser encontrado no Anexo III.

O SGSO possibilita a tomada de decisões baseadas nas melhores

informações presentes num adequado banco de dados, proporcionando a melhoria

da Segurança Operacional do ambiente em questão e diminuindo a possibilidade da

ocorrência de acidentes de grandes proporções. Evidenciando o comprometimento

dos operadores e concessionários das instalações com a Segurança Operacional, o

SGSO reforça a cultura de segurança, alocando recursos de forma mais apropriada,

possibilitando maior eficiência do sistema e diminuindo os custos.

2.4 EXTENSÃO DA VIDA ÚTIL

É conhecido pelo termo “vida útil”, o período estimado de tempo que um

equipamento ou instalação possa realizar, de forma correta e satisfatória, suas

funções técnicas para as quais fora projetado e também, durante o tempo em que

realiza o trabalho de forma rentável. Para Degarmo (1973), a vida útil é dependente

da forma de utilização e manutenção do bem em questão.

A determinação da vida útil é de suma importância o momento de análises

econômicas, uma vez que permite a avaliação da vida útil, ou seja, se é

economicamente viável e rentável manter os equipamentos ou instalações, ou se

deve optar pela sua substituição.

O estudo sobre a extensão de vida útil de instalações demanda princípios

que levam em consideração a taxa de falhas, identificadas em análises, como

função do tempo de vida da instalação.

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Durante a fase de projeto de uma instalação, é convencionado que a sua

taxa de falha seja constante e, quando necessário o reparo, que este seja perfeito,

substituindo o equipamento com problemas por outros novos. No caso de reparos

mínimos, o equipamento falho sofre o reparo e é recolocado em operação em

seguida.

Mesmo uma instalação em condições de operacionalidade adequadas,

entretanto com sua vida útil esgotada, pode apresentar partes e equipamentos já

envelhecidos, necessitando assim de uma análise minuciosa para a continuidade de

operação da instalação. Assim sendo, Silva (2008) afirma que a avaliação da

extensão de vida de uma instalação proporciona o aumento da confiabilidade da

planta de processo quando se busca a minimização de riscos de colapso

operacional e suas consequências.

Para um projeto de extensão da vida útil de uma instalação é necessário que

se avalie a confiabilidade das plantas de processo das instalações, além da

estrutura mecânica do casco das embarcações. A simples observação histórica de

plantas semelhantes indica que raramente os equipamentos falham de maneira

excessiva após esgotado o limite de tempo de projeto (LAFRAIA, 2001). Entretanto,

essa ação não é suficiente para que seja autorizado o uso de instalações por além

de seu tempo previsto. Lafraia (2001) aborda a necessidade da avaliação de riscos

de colapso operacional pela planta industrial e afirma que essa avaliação deve ser

dependente do atendimento à legislação, da manutenção da qualidade do produto,

do não aumento dos custos devido a paradas de produção e da garantia de

confiabilidade mínima previamente estabelecida.

A relação entre a quantidade de ocorrência de falhas e a idade de um

determinado equipamento pode ser ilustrada na Figura 13, pela “curva da banheira”.

O gráfico mostra a relação entre a taxa de falhas possíveis de ocorrência num

equipamento com o tempo de uso do mesmo, ou seja, no momento de construção

do equipamento há uma elevada ocorrência de falhas e que esse número tende ao

seu valor mínimo no período de vida útil determinado em seu projeto de construção.

A ocorrência de falhas torna a aumentar com a utilização do equipamento por além

de sua vida útil devido a problemas de desgaste do material decorrente de seu

envelhecimento. Esse aumento de falhas coloca a operação em risco, podendo até

mesmo ser interrompida de acordo com a gravidade. Para tal, é preciso que se

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tenha “confiabilidade dos processos de produção e manutenção dos equipamentos

após atingida sua vida útil” (ORNELAS, 2014).

Figura 13: Curva da banheira

TAXA DE FALHA

INFÂNCIA VIDA ÚTIL DESGASTE

TEMPO

Fonte: Elaborado pelo autor.

No momento da construção de um determinado equipamento, sua vida útil é

estabelecida por meios de estudos de resistência à tração, colapso, temperaturas,

pressões, entre outros. Com o fim de sua vida pré-estabelecida, o equipamento

deveria ser desativado, contudo, já foi provado que alguns equipamentos da planta

de processo industrial são capazes de continuar operando além desse tempo. Por

estar trabalhando além de sua expectativa de vida, o equipamento passa a ficar

mais susceptível à ocorrência de falhas devido ao seu envelhecimento natural e já

pré-determinado (SILVA, 2008).

Ornelas (2014) ressalta que, uma instalação além de sua vida útil, mesmo

em operação e devidamente regulada, apresenta elementos envelhecidos, o que

não a exclui da possibilidade de ocorrência de um acidente de proporções

consideráveis.

A possibilidade de ocorrência de um colapso operacional deve ser mínima

(ORNELAS, 2014). De forma a mitigar seus riscos na planta de processo, a

confiabilidade e integridade da planta devem ser mensuradas de forma cuidadosa e

analítica por meio da avaliação da extensão de vida, para que sejam evitados danos

aos equipamentos e às pessoas, além do prejuízo ao meio ambiente.

No momento da construção de uma planta de processos é estabelecido um

período de vida útil para essa unidade. Após atingir esse período, a planta deveria

ser inutilizada e desativada. Entretanto, experiências em situações anteriores

indicam que as plantas de processo podem ter sua operação continuada por mais

algum tempo, mesmo cientes de que estarão susceptíveis a uma maior ocorrência

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de falhas. Desta forma, é importante quantificar o nível de perda da

operacionalidade da instalação num possível caso de extensão de vida (SILVA,

2008).

A idade máxima “padrão” de projeto das instalações offshore é de 25 anos e

grande parte das atuais plataformas em operação no Brasil encontra-se em seu

término de vida útil e uma das principais preocupações existentes é saber qual a

melhor destinação a realizar. A descoberta das grandes reservas de hidrocarbonetos

no pré-sal brasileiro despertou a atenção à novos desafios tecnológicos, sobretudo

no que diz respeito a construção e a operação das grandes instalações de

exploração e produção de petróleo e gás natural. Sempre foi evidente o crescimento

da indústria offshore independente das crises do petróleo, inclusive, esse

crescimento é impulsionado pela constante inovação na área.

Quando uma instalação atinge o limite de vida útil preestabelecido em seu

projeto, existem 2 situações passíveis de destinação dessa instalação, a saber: o

descomissionamento e a extensão da vida útil na tentativa de evitar a interrupção da

produção de um determinado campo.

Segundo Ruivo (2001), descomissionamento é o processo de demolição que

ocorre ao final da vida útil das instalações marítimas, com a retirada de seus

equipamentos. Geralmente, a vida útil das embarcações está ligada ao período em

que o projeto se mantém economicamente viável, ou seja, tem seu fim com a vida

útil do campo em exploração. Contudo, em alguns casos há o interesse da

continuidade da produção nessas áreas e a extensão de vida das plataformas torna-

se um ponto importante a ser discutido.

2.4.1 Descomissionamento

A vida útil das plataformas é um dos principais motivos para o

descomissionamento das instalações. Diante do esgotamento do poço produtor,

estímulos são necessários para a continuação da extração do óleo de seu

reservatório. Para que sejam possíveis atividades de estimulação, são utilizados

navios do tipo WSV, Well Simulation Vessel, com equipamentos que aumentam o

custo da operação, tornando-as não mais economicamente viáveis. Assim, parte dos

recursos não chega a ser explorados devido ao aumento dos custos.

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Ruivo (2001) afirma que a atividade de descomissionamento de uma

plataforma é o seu “desmantelamento” e em grande parte dos casos, removendo

seus equipamentos. No caso do descomissionamento de FPSOs, pelo fato dessas

instalações serem do tipo flutuantes, possuem menos custos e são mais fáceis para

que seja realizado seu descomissionamento quando comparadas com unidades

fixas de produção. A principal dificuldade do descomissionamento dessas

instalações é a desconexão de suas amarrações, flowlines e risers, já que não

fazem uso de dutos para o escoamento de sua produção. A remoção do sistema de

ancoragem das unidades em questão é realizada por meio de ROV’s, pois está

localizada acima do limite permitido de trabalho dos mergulhadores (AMORIM,

2010).

O processo de descomissionamento pode ser realizado de forma completa

ou parcial sendo possibilitado pelo desenvolvimento de novas tecnologias. Questões

econômicas, ambientais, regulamentações e características das instalações definem

o tipo de descomissionamento a ser realizado.

2.4.2 Extensão da vida útil de instalações

Com o passar dos anos, as instalações vinculadas à indústria do petróleo

vão atingindo seu período de vida estimado no projeto de construção. Para que seja

viável a continuidade da operação, é necessária uma efetiva gestão dos

equipamentos envelhecidos presentes na instalação. De forma geral, a gestão

estruturada dos equipamentos já envelhecidos apresenta grande potencial de

mitigação dos riscos inerentes às atividades e também busca o aperfeiçoamento dos

padrões de segurança a serem seguidos pela indústria do petróleo.

Håbrekke et al. (2011) salienta que a degradação de materiais, a

obsolescência e questões organizacionais são aspectos importantes de

envelhecimento de materiais e equipamentos durante um planejamento de extensão

da vida de uma instalação. Grande parte da literatura foca na questão do

comprometimento com a degradação material, entretanto os demais aspetos

também representam mudanças essenciais na gestão do envelhecimento.

A degradação material é considerada devido às propriedades dos materiais

constituintes dos equipamentos, condições de operação da instalação, condições

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ambientais enfrentadas e práticas de manutenção realizadas. A obsolescência

mostra-se pertinente por tratar da desatualização de equipamentos, da necessidade

de implantação de novas tecnologias e novas exigências operacionais. Já as

questões organizacionais são citadas devido à não efetiva gestão do conhecimento

por parte dos trabalhadores, a novas operações que possam vir a exigir mudanças

na organização e também pelo aumento da carga de trabalho promovida pelo

aumento da manutenção.

Håbrekke et al. (2011) atenta ao fato de que a realização do processo para a

o aumento da vida de uma instalação não deve comprometer a segurança da

mesma, pelo contrário, um grande planejamento de segurança deve ser feito para

essa instalação de modo que a segurança seja garantida por todo período de vida

estendido. Para isso, o processo de extensão de vida útil de uma instalação

norueguesa é descrito em 6 fases, conforme observado na Figura 14:

Figura 14: Processo de extensão de vida útil na Noruega

Fonte: Elaborado pelo autor.

O processo apresentado é iniciado por meio da aquisição de um bom Banco

de Dados para identificar e analisar os fatores de riscos e propor medidas de

mitigação para que seja possível a seleção da criticidade estrutural da instalação

buscando identificar unidades críticas e barreiras em relação a consequências de

possíveis falhas e a probabilidade de sua ocorrência. Dadas as falhas, sua análise é

o próximo passo e também a identificação de medidas de redução de risco

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potencial. Diante deste fato, realiza-se a avaliação do risco global com base em

todos os aspectos de envelhecimento, diante das medidas de redução de risco.

Nesse ponto, caso o risco global seja aceitável, será elaborado um plano de gestão

para a extensão de vida da instalação. Caso contrário, medidas de redução de

riscos devem ser adicionadas e ocorre a preparação de um novo plano de

modificação e manutenção. Após a realização das etapas apresentadas, a avaliação

do risco deve considerar o estado desejável de uma instalação por todo o período de

vida estendido.

2.4.2.1 Extensão do casco

Os navios do tipo FPSO apresentam compartimentos no interior de seu

casco. Compartimentos esses, como porões, casa de máquinas, tanques (de óleo e

de água, por exemplo) e caldeiras. No momento do projeto da extensão de vida de

um casco, deve-se ter uma atenção especial à todos os compartimentos do navio e

não só do costado.

Durante o projeto de extensão são realizados estudos a respeito da

integridade mecânica do casco da instalação. Esses estudos proporcionam um

profundo conhecimento a respeito dos equipamentos e materiais presentes no casco

do navio após um tempo considerável desde seu projeto e assim, é possibilitada a

identificação de sinais de degradação do sistema por falha de fadiga ou até mesmo

de danos no revestimento em locais com elevadas concentrações de tensões em

tanques. Nesse momento, a verificação das soldas é de extrema importância, de

forma a garantir que não ocorra uma trinca neste local. Para que o estudo que levará

a extensão da vida útil de um casco aconteça, é necessário que sejam previstos

problemas estruturais futuros, diminuindo sua frequência de ocorrência ou até

mesmo os impedindo de ocorrer.

2.4.2.2 Extensão do topside

Não existem ainda no Brasil regulações, práticas e procedimentos explícitos

para a extensão da planta de processos das instalações offshore de exploração e

produção de petróleo e gás natural. As discussões sobre esse assunto ainda são

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bastante incipientes, embora algumas plataformas já tenham ultrapassado seu

tempo de vida estimado em projeto focando os estudos apenas para estruturas e

cascos, não sendo considerados a planta de processos nem os sistemas de carga.

Embora não existam regras explícitas sobre a extensão de vida útil, as 17

práticas de gestão da segurança do SGSO são válidas para todo o período útil de

vida de uma instalação. Sendo assim, em última análise, o tema “vida útil” não está

totalmente fora das regulações brasileiras.

Alguns órgãos reguladores no mundo já possuem projetos e regulações que

fomentam esse tipo de ação, inclusive já realizam tais atividades. Por meio dessa

legislação existente, a Austrália, o Reino Unido e a Noruega já aprovaram pedidos

de extensão de vida útil para o casco e também para o topside da instalação. Os

conhecimentos acerca desse assunto buscam ser expandidos por meio de

benchmarkings com esses órgãos reguladores para que assim seja possível a

elaboração de uma regulação específica para o tema de extensão de vida útil de

topsides.

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3 PANORAMA BRASILEIRO DE EXTENSÃO DA VIDA

Com a instituição da Lei do Petróleo em 1997, a Petrobras deixou de exercer

o monopólio sobre as atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural

no Brasil e assim, passou a ser permitida a participação de outras empresas nas

atividades. Os direitos da estatal sobre os blocos em exploração e os campos em

produção naquela data, foram retificados pela nova Lei e foram assinados mais de

390 contratos de concessão, fato conhecido como “Rodada Zero”, entre o novo

órgão regulador, ANP, e a Petrobras.

No ano de 2018 são completados 20 anos da Rodada Zero e pensando no

retorno sobre seus investimentos, a Petrobras adiantou a renovação de todos os

contratos realizados naquela ocasião, uma vez que, para ter um bom rendimento

dos recursos do petróleo, especialmente em regiões de águas profundas, são

necessários de 20 a 25 anos para que a empresa recupere seu investimento inicial.

Diante do pedido da estatal, a ANP deu início a estudos para a renovação de

tais demandas. A análise do órgão regulador possui como foco a renovação dos

contratos de operações nas áreas onshore e offshore. Nessa avaliação, três áreas

recebem tratamento especial, como: Marlim na Bacia de Campos e Ubarana na

Bacia Potiguar, para as áreas offshore, e Araçais na Bacia do Recôncavo, em áreas

onshore.

O campo de Marlim teve sua autorização para a extensão do contrato de

concessão em 2015, chamada de “Projeto de Revitalização de Marlim”, com a

substituição das 10 plataformas (7 semissubmersíveis e 3 FPSOs) em operação, por

duas novas instalações do tipo FPSO em 2020 (ANP, 2015). Entretanto, diante das

expectativas do órgão regulador, não deve ser considerada sempre uma troca de

instalações existentes em casos de pedido de extensão dos contratos de concessão.

Desse modo, as equipes de segurança da ANP estão voltadas aos temas de

envelhecimento de equipamentos e instalações e de extensão de vida útil, para que

esses temas possam andar concomitantemente com a validação dos processos de

extensão dos contratos de concessão.

Uma vez que o prazo de vida estimado em projeto das instalações offshore é

de 25 anos, conforme já mencionado, e a validade dos contratos de concessão de

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27 anos, um bom indicador é identificado para que as empresas realizem avaliações

formais visando evidenciar a continuidade segura de suas operações por todo o

tempo do contrato de concessão da área.

Incorporado ao estudo de renovação do contrato de concessão, a extensão

de vida útil das instalações acaba por ser uma questão relevante para a aprovação

da renovação desses contratos, visto que as instalações utilizadas nessas áreas

estão atingindo seu limite de vida pré-estabelecido. Entretanto, ainda não existe no

Brasil uma regulação capaz de nortear a indústria do petróleo quanto às questões de

extensão de vida útil do topside das instalações, como já abordado anteriormente.

Existe uma profunda necessidade de fiscalização rigorosa das instalações

mais antigas com o objetivo de mitigar a ocorrência de acidentes de grandes

proporções, como o ocorrido no caso do FPSO Cidade de São Mateus, em 2015.

Em outro momento, a referida instalação havia passado por um processo de

extensão de vida útil de seu casco, onde foi verificada sua integridade técnica

referenciada pela vida de fadiga do casco, entretanto, não fora apresentado plano de

extensão de vida para a planta de processo da instalação.

O acompanhamento constante de equipes de segurança do órgão regulador

de petróleo e gás promove modificações nos projetos das instalações e a vida útil

antes projetada, pode sofrer alteração devido a certas mudanças, fato que busca

mitigar a ocorrência de incidentes graves. Nesse acompanhamento, a gestão da

integridade mecânica é um assunto de bastante relevância e pela ordem natural,

instalações mais antigas são as mais prejudicadas em relação ao tema.

O panorama apresentado a seguir tem por fonte a Documentação de

Segurança Operacional (DSO), enviado pelo concessionário da instalação ao órgão

regulador com 180 dias de antecedência da data prevista para o posicionamento da

instalação em seu local definitivo, independentemente do tempo que leve para o

início da produção, ou a qualquer momento que sofrer algum tipo de modificação.

Segundo o RTSGSO, todo concessionário deve apresentar três documentos ao

órgão regulador, a saber:

a) Matriz de Correlação (MC): Relação existente entre o sistema de

gerenciamento de segurança operacional utilizado pelo concessionário e

os requisitos do SGSO.

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b) Descrição da Unidade Marítima (DUM): Documento composto pela

descrição dos elementos de segurança da instalação: arranjo geral da

instalação, fluxogramas de processos, certificados e documentos que

detalham a operação.

c) Relatório de Informações do Concessionário (RIC): Informações do

concessionário, da instalação e da operação.

Caso a empresa operadora da instalação não seja a mesma empresa

concessionária, o envio da DSO e toda resposta ao órgão regulador ocorre por meio

desta última.

Neste estudo serão apresentadas informações no que tange ao ano de

construção e conversão das instalações, tempo de operação e vigência dos

contratos de concessão. Também serão apresentadas perspectivas futuras sobre a

quantidade de instalações de produção offshore em relação à sua vida operacional e

à validade dos contratos.

3.1 IDADE DAS INSTALAÇÕES DE PRODUÇÃO OFFSHORE

Segundo Costa (2015) e Medeiros (2015), podem ser identificadas 3

possibilidades para a construção de uma plataforma do tipo FPSO:

a) Unidade convertida, onde é realizado o processo de conversão de um

navio petroleiro em FPSO;

b) Unidade nova a partir de um projeto antigo, em que há a conversão no

papel de um navio petroleiro em FPSO e

c) Unidade nova a partir de um projeto novo, onde um novo projeto será

elaborado para a construção do FPSO. Essa possibilidade geralmente

promove maior confiabilidade e menor manutenção da instalação.

É comum o entendimento pelos dois autores que a forma mais comum de

construção de um FPSO ocorre através da conversão de um navio petroleiro. Os

principais pontos a serem levados em consideração nesse momento são a dimensão

do navio, aspectos estruturais e de estabilidade, bem como os fatores econômicos

(MEDEIROS, 2015). As grandes vantagens da utilização da conversão de navios

petroleiros para a construção de FPSOs estão nas questões de custo e prazo de

construção, uma vez que existe certa disponibilidade de cascos no mercado para a

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54

conversão barateando o processo, e a expertise de estaleiros para a realização

dessa atividade.

A construção de FPSOs pode ser feita com casco singelo ou duplo, não

sendo restritivo o uso de casco duplo com exceção em países como os EUA e a

Austrália que possuem proibição da utilização de cascos singelos, por questões de

segurança e facilidade para a limpeza dos tanques presentes no navio (COSTA,

2015). No processo de conversão de instalações de produção são navios petroleiros

convertidos em FSOs e FPSOs.

Segundo dados obtidos da ANP, existem 148 instalações de produção

offshore em operação no Brasil. Conforme a Figura 15, a grande maioria dessas

instalações é do tipo fixa, correspondendo a 90 unidades e podendo ser de concreto,

jaquela ou Coisson. Em seguida, estão os FPSOs, com 35 unidades e as

semissubmersíveis, com 16. As demais instalações, num total de 7, correspondem a

FPUs, FPWSOs, FSOs e TLPs.

Figura 15: Tipo das instalações de produção offshore no Brasil

Fonte: Elaborado pelo autor.

Da quantidade de instalações apresentada, 51, conforme Figura 16, são

instalações que passaram pelo processo de conversão.

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55

Figura 16: Quantidade de instalações convertidas e não convertidas

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os gráficos a seguir foram elaborados seguindo a mesma escala de cores,

então, o verde foi considerado para instalações com menos de 15 anos, amarelo

para instalações prestes a atingir 25 anos e vermelho para instalações em que já

tenham ultrapassado seu limite de vida preestabelecido em projeto.

As instalações de produção são projetadas para operar num limite de vida

de 25 anos e, considerando seu ano de construção como ponto de partida para o

estudo de sua vida, podemos classificá-las em 3 categorias conforme a Figura 17:

aquelas com idade superior a 25 anos seguida de um grupo que está se

aproximando do seu limite, entre 16 e 25 anos, e o último grupo, com idade inferior a

15 anos.

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Figura 17: Distribuição das instalações de produção segundo o ano de construção

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nota-se que 106 das instalações de produção aparecem com mais de 25

anos desde a sua data de construção, número bastante expressivo que denota mais

da metade da frota brasileira. Além disso, 16% estão se aproximando de seu tempo

útil de vida projetado e, 12% representa o grupo com idade inferior a 15 anos desde

o seu ano de construção, representando 24 e 18 instalações, respectivamente.

Levando em consideração a conversão das instalações, pode-se notar que,

das 97 unidades convertidas, e apresentadas anteriormente, 66% delas se

apresentam no grupo das que já ultrapassaram seu tempo de vida e requerem mais

atenção, conforme mostrado na Figura 18. Do restante, 17 unidades estão se

aproximando de sua data útil e 16, fazem parte do grupo com menos de 15 anos.

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Figura 18: Idade das instalações de produção não convertidas

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com essa análise, a Figura 19 indica a quantidade de instalações em

conformidade com a década de sua construção.

Figura 19: Década de construção das plataformas de produção no Brasil

Fonte: Elaborado pelo autor.

Conforme identificado na Figura 19, partindo do grupo de instalações que já

ultrapassaram os 25 anos, maioria está concentrada nos anos 80 com 59

instalações, seguido de 45 nos anos 70 e apenas 2 instalações nos anos 60. As

instalações que estão mais próximas de atingir seu tempo útil de vida totalizam 21

unidades e as demais, 21 unidades.

A esse ponto, faz-se importante uma análise em relação à localização de

operação dessas instalações. Importante ressaltar que, no Brasil, uma instalação

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antiga não está necessariamente associada a um campo mais antigo quando

comparado aos demais. Da mesma forma, não significa que uma instalação mais

recente esteja necessariamente associada a campos mais novos, ou seja, essas

instalações podem estar operando em campos mais antigos. Para ilustrar a análise,

a Figura 20 mostra a distribuição das plataformas de produção entre as bacias

brasileiras, levando em consideração sua idade.

Figura 20: Instalações de produção offhsore por bacia

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 20 apresenta o perfil de grande parte da infraestrutura de

envelhecimento em campos petrolíferos marítimos brasileiros. Como exemplo, a

bacia de Potiguar que apresenta 29 instalações de produção e mais da metade está

acima de sua vida preestabelecida em projeto, 25 anos. Na bacia de Campos, mais

de 75% da frota já superou seu tempo útil de vida, entretanto, a renovação dos

contratos de concessão nessa área pode ser uma solução para esse problema. No

caso do campo de Marlim, recém aprovado no processo de extensão do contrato,

haverá substituição das instalações, promovendo uma melhora desse cenário

identificado na bacia de Campos.

O caso mais crítico dentre os apresentados é o da bacia do Ceará, onde

90% das instalações em operação já atingiram seus 25 anos desde sua construção.

Ponto importante a ser notado é que as instalações presentes no nordeste

brasileiro operam sem embarques periódicos da equipe de trabalho, ao passo que,

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quase a totalidade das instalações operantes no sudeste trabalham com embarques

periódicos.

3.2 IDADE DOS CONTRATOS DE CONCESSÃO

Os prazos estabelecidos nos contratos de concessão no Brasil foram obtidos

por meio de pesquisas realizadas pelo órgão regulador da indústria do petróleo e

gás natural de acordo com a Portaria ANP nº 90/2000, posteriormente substituída

pela Resolução ANP nº 17/2015, que aprovou o Regulamento Técnico do Plano de

Desenvolvimento.

Como resultado da Rodada Zero, os contratos assinados entre a estatal e o

órgão regulador brasileiros, apresentam prazo de 27 anos de vigência e conforme

exposto, estão próximos de seu fim. Portanto, o tempo transcorrido de operação

offshore é diferente do tempo da concessão, desde que a operação tenha começado

antes da assinatura do contrato e pelo motivo da empresa estatal ter sido a única

detentora de todas as áreas brasileiras passíveis de exploração e produção de

petróleo e gás natural. O fato de algumas operações terem seu início antes da

publicação da Lei do Petróleo, leva à possibilidade da existência de plataformas

entre 30 e 40 anos de serviço.

Segundo normas regulamentares, os concessionários das instalações

podem propor a prorrogação dos contratos de concessão por tempo adicional a ser

acordado entre ambas as partes.

De acordo com a Figura 21, nota-se a quantidade de instalações de

produção, por bacia sedimentar, de acordo com o tempo para o fim do contrato de

concessão dos blocos em operação. Como exceção ao padrão definido para as

cores dos gráficos, na Figura 21 pode ser identificada a cor verde para instalações

mais distantes do vencimento do contrato de concessão (mais de 21 anos), a

vermelha para instalações com tempo de vencimento do contrato menor que 10

anos, e a amarela para as demais instalações.

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Figura 21: Tempo para o fim do contrato de concessão

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 21 indica que as 29 instalações presentes na bacia de Potiguar

apresentadas na Figura 20, estão localizadas em blocos onde os contratos de

concessão terão seu fim em menos de 10 anos, ou seja, todos os campos estão

relacionados à Rodada Zero. Situação similar pode ser identificada na bacia de

Campos, onde 51 das 63 instalações estão localizadas em regiões relacionadas

também à Rodada Zero. No entanto, na bacia de Santos, nota-se que mais de 90%

das instalações estão localizadas em áreas de contratos recentes, onde seu

vencimento é definido para os próximos 11 - 30 anos.

Pensando na identificação de instalações construídas ao longo de 25 anos,

de acordo com a Figura 20, que operam sob contratos de concessão que expiram

em até 10 anos, Figura 21, a Figura 22 foi desenvolvida para entendimento do

cenário de envelhecimento das instalações em operação.

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Figura 22: Idade das instalações, com base no ano de construção, ao final da vigência do contrato de concessão da Rodada Zero

Fonte: Elaborado pelo autor.

Sendo assim, a principal diferença entre as Figuras 21 e 22, é que ao invés

de apresentar a idade das instalações no presente ano, a Figura 22 apresenta a

projeção da idade da instalação no término do contrato de concessão da Rodada

Zero.

Pode-se notar que, das 51 instalações operantes na bacia de Campos com

contratos da Rodada Zero, 45 apresentarão idade superior a 25 anos, fato que

remete ao uso por além de sua vida útil e consequentemente mais susceptível a

acidentes.

A bacia de Camamu-Almada não se faz presente na Figura 22 por não se

tratar de uma área com contrato de concessão pela Rodada Zero.

Analisando o processo de envelhecimento das instalações, pode ser

considerado que o tempo de vida de uma instalação seja representado a partir de

sua conversão, ao invés da construção, uma vez que existem revisões apropriadas

no momento da conversão da instalação em estaleiros. Sendo assim, pode-se notar

a diferença entre as Figuras 22 e 23, em que foi utilizado o ano de conversão da

instalação para o cálculo da estimativa de vida da mesma ao fim do contrato de

concessão da Rodada Zero.

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Figura 23: Idade das instalações, com base no ano de conversão, ao final da vigência do contrato de concessão da Rodada Zero

Fonte: Elaborado pelo autor.

As diferenças identificadas entre as Figuras 22 e 23 deve-se ao fato das

instalações terem passado pelo processo de conversão. Analisando sob a ótica da

conversão das unidades, a situação da bacia de Campos torna-se menos

preocupante quando o ano de conversão é tomado como base para avaliar o

envelhecimento das instalações, ressaltando que, de 45 apresentadas

anteriormente, apenas 16 enontrar-se-ão acima de 25 anos ao término da vigência

do contrato de concessão da Rodada Zero.

Prevendo possíveis demandas futuras sobre extensão de contratos de

concessão de Rodadas além da Zero já apresentada, como as Rodadas de

Licitações 2 e 3 por exemplo, as Figuras 24 e 25 são apresentadas, tomando por

base o ano de construção e o ano de conversão, respectivamente. Para isso, a

idade das instalações foi projetada para os próximos 20 anos.

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Figura 24: Idade das instalações, com base no ano de construção, ao final da vigência do contrato de concessão das Rodadas 2 e 3

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 25: Idade das instalações, com base no ano de conversão, ao final da vigência do contrato de concessão das Rodadas 2 e 3

Fonte: Elaborado pelo autor.

As instalações que operam em áreas sob a Rodada Zero não são

consideradas para os efeitos das Figuras 24 e 25. Nota-se uma diferença

considerável entre a idade das instalações, com base no ano de construção, ao final

da vigência do contrato de concessão entre a Rodada Zero e as Rodadas 2 e 3,

visto que no primeiro caso, é apresentado um número considerável de instalações

acima da sua vida útil. A Figura 24 mostra ainda 70% das instalações acima de seu

tempo previsto em projeto, entretanto, esse cenário muda quando avaliamos a

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mesma situação com base no ano de conversão da instalação, que por sua vez,

mostra uma grande vantagem quando comparada aos demais casos.

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65

4 ARCABOUÇO REGULATÓRIO

Frente às atuais mudanças do cenário econômico mundial e da crescente

possibilidade de recuperação de óleo e gás, os concessionários das instalações

podem optar pela continuidade de seus negócios fazendo uso de instalações em

que a idade já tenha ultrapassado seu limite preestabelecido em projeto. Os grandes

desafios dessa prática são notados pela conservação das condições de segurança

adequadas no tempo de uso das instalações offshore que completam sua vida útil e

também na autorização do órgão regulador para a extensão.

Diante do exposto, é notória a complexidade do controle regulatório no

processo de E&P offshore de petróleo e gás natural. Uma adequada regulação deste

amplo setor da indústria mostra-se de extrema importância quando o assunto tratado

é a segurança do meio quanto a pessoas e ao ambiente. Fazer uso apenas de lei,

regulamento específico ou até mesmo um único órgão determinado não são

suficientes para uma regulação compatível com o nível que a indústria exige. Deste

modo, órgãos brasileiros e entidades internacionais são responsáveis por traçarem

as diretrizes dessa regulação promovendo leis, boas práticas e recomendações para

a indústria.

4.1 REGULAÇÃO NO MUNDO

A ocorrência de acidentes de grandes proporções tem influência direta na

alteração da legislação de prevenção de acidentes de um país, com vistas no

melhoramento da estrutura regulatória, proporcionando a diminuição ou até mesmo,

evitando a repetição do evento e minimizando impactos sobre a vida humana e ao

meio ambiente (VIERENDEELS, 2011).

Com o acidente da plataforma Deepwater Horizon, os EUA adotou medidas

propostas a diminuir a probabilidade da ocorrência de novos vazamentos de óleo

nas proporções em que ocorreram. As instituições reguladoras daquele país foram

reestruturadas e novas demandas tecnológicas foram requeridas para a indústria de

petróleo e gás natural (MUEHLENBACHS et al., 2013).

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Skogdalen e Vinnem (2011a) ressaltam a importância de auditorias de

segurança, in loco, por parte dos agentes reguladores, focando na análise de riscos

como elemento essencial na prevenção e mitigação de eventos indesejáveis.

Perante a necessidade da inovação, o crescimento da utilização de

regulações com base em metas e desempenho tem se mostrado significante. Deste

modo, as empresas adaptam seus programas e procedimentos de forma a moldá-los

conforme seu tipo de negócio e ambiente em que atuam. Essa inovação promove o

desenvolvimento de sistemas mais seguros e um maior respaldo na identificação

dos problemas e criação de melhores soluções.

A utilização de indicadores de risco é adotada por diversos órgãos

reguladores do mundo, tentando responder a uma das principais questões que

aparecem quando do término de investigação de um determinado acidente: O

evento ocorrido é sintoma de problemas sistêmicos de segurança na indústria ou foi

resultado de operação não realizada conforme padrões pré-estabelecidos para a

atividade (SKOGDALEN et al., 2011b)? Esses indicadores são denominados

reativos, já que fazem uso de dados de históricos de quase acidentes e acidentes.

Outro grupo de indicadores é o preventivo, em que são analisados dados de

operação dos operadores das instalações, proporcionando feedbacks para a

indústria, permitindo a atuação para que um acidente maior não venha a suceder

novamente. (DAGG et al., 2011)

Objetivando a promoção de melhorias nas áreas de segurança e saúde na

indústria offshore do petróleo, foi criado o Fórum Internacional de Reguladores de

saúde e segurança offshore - The International Regulators’ Forum (IRF) afim da

cooperação em programas conjuntos e compartilhamento de informações entre os

órgãos membros. Através da união dos órgãos reguladores membros do IFR, são

realizados fóruns com objetivos de impulsionar assuntos referentes à segurança

offshore e promovendo assim, um maior benchmarking dos programas de cada país

membro.

Com mais de 23 anos, a importância do IRF consolidou-se somente após o

acidente do Deepwater Horizon quando as discussões entre os países membros

foram realizadas e eles puderam perceber o quão relevante é a questão da

cooperação e do compartilhamento de informações acerca da segurança

operacional objetivando a mitigação de ocorrências graves como a citada.

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67

Os encontros ocorrem anualmente e as instituições internacionais exibem

suas proposições de melhorias para o tema da Segurança Operacional. Dentre

essas instituições, fazem-se presentes também o API, a International Organization

for Standardization (ISO), a Internacional Association of Oil & Gas Producers (OGP)

e a International Association of Drilling Contractors (IADC) e não somente os órgãos

reguladores de segurança dos países membros.

Serão apresentadas práticas pertinentes a alguns países membros do IRF e

a escolha dos mesmos foi realizada devido a grande relevância que esses países

apresentam quanto ao assunto da extensão de vida útil de instalações, focada na

Segurança Operacional da indústria offshore de petróleo e gás natural no mundo.

Assim sendo, os países escolhidos foram os Estados Unidos, representado pelo

Bureau of Safety and Environmental Enforcement (BSEE), a Noruega, representada

pela Petroleum Safety Authority Norway (PSA), o Reino Unido, representado pela

Health and Safety Executive (HSE) e a Austrália, representada pela National

Offshore Petroleum Safety and Environmental Management Authority (NOPSEMA).

Em estudos organizados pelo órgão, fora identificada uma maior ocorrência

de incidentes, em especial, perda de contenção, em instalações mais antigas, fato

que desperta interesse dos órgãos no processo de extensão de vida útil de uma

instalação.

4.1.1 Estados Unidos

O órgão responsável pela fiscalização da indústria offshore de petróleo e gás

nos EUA é o Bureau of Safety and Environmental Enforcement (BSEE) e a lei que

autoriza as operações de E&P é a Outer Continental Shelf Lands Act (OCSLA). Essa

lei permite a realização de programas de concessão de áreas e também a condução

de um projeto de regulamentação garantindo a seguridade das atividades.

Em relação ao regime regulatório americano, a lei de segurança e meio

ambiente exige que empresas criem controles internos e cumpram as questões

relacionadas à segurança, acompanhando o padrão norueguês fundamentado no

desempenho para a normatização de segurança, seguindo tendências e melhores

práticas da indústria do petróleo.

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Após a explosão da plataforma Deepwater Horizon houve uma grande

reforma na estrutura da regulação americana sobre as operações offshore (BSEE,

2014). Com essa mudança, foi criado o BSEE, promovendo o fortalecimento dos

requisitos operacionais desde o projeto até a segurança do trabalho (BSEE, 2014).

O objetivo dessa modificação foi criar um ambiente regulador capaz de avaliar e

conduzir, de forma efetiva, a criação de uma cultura de segurança para com os

operadores das instalações.

O órgão regulador americano faz uso de indicadores que remetem ao

desempenho global dos operadores das instalações. A avaliação desses indicadores

ocorre com determinada frequência e o BSEE realiza auditorias nas unidades,

obrigatoriamente, uma vez ao ano com ciência do operador ou, sem aviso prévio a

qualquer momento conforme necessidade.

A partir de 2014 a regulação offshore americana passou a ser realizada por

cinco órgãos americanos, conforme Figura 26, a saber:

BSEE – responsável pela segurança, proteção do ambiente e

preservação dos recursos por meio de supervisão regulamentar nas

operações offshore;

Bureau of Ocean Energy Management (BOEM) – órgão responsável

pela promoção da gestão ambiental e análise das perspectivas

econômicas pertinentes ao desenvolvimento e avaliação de estudos

ambientais. Além disso, busca formas renováveis no processo de E&P

do petróleo, dando direito à continuidade a um trabalho seguro e

ambientalmente responsável.

United States Coast Guard (USCG) – uma das forças armadas dos EUA,

é responsável pela seguridade marítima, de navegação e defesa do

meio ambiente. Por tratar da proteção de unidades sob jurisdição

americana, a USCG desenvolveu um projeto de gerenciamento do ciclo

de vida de instalações, onde relacionam peças de equipamentos,

design, fabricação, reparação e manutenção, além de modificação de

projeto e remodelação com o tempo de utilização desses ativos.

OSHA – responsável por questões de segurança e saúde ocupacional

Environmental Protection Agency (EPA) – agência governamental

responsável pela proteção da saúde e do meio ambiente, assegurando

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meios visando a redução dos riscos ambientais que a operação promove

e também impondo medidas penais em casos de violação de leis

ambientais.

Figura 26: Estrutura de fiscalização de segurança americana da exploração e produção de

petróleo

Fonte: Elaborado pelo autor.

O BSEE não apresenta regulação para casos de extensão de vida útil de

instalações, entretanto, partindo do gerenciamento do ciclo de vida praticado pela

USCG, seria capaz de estabelecer uma regulamentação acerca do assunto, dando

maior controle ao órgão regulador, sobre sistemas críticos instalados nas unidades

offshore.

4.1.2 Noruega

A preocupação da Noruega com a segurança na indústria offshore de

exploração e produção de petróleo teve início a partir do blowout na plataforma

Ekofisk Bravo, em 1977 e também após o afundamento da plataforma Alexander

Kielland, em 1980, ambos no Mar do Norte. A partir de então, o país criou

programas com o objetivo de promover uma maior conscientização das pessoas em

relação à proteção dos trabalhadores (SKOGDALEN, VINNEM, 2011; AVEN, 1998).

Tal preocupação foi o precursor do avanço de tecnologias de resposta a

vazamentos de óleo (NOFO, 2014) e o marco na regulação offshore norueguesa foi

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notado do início da utilização dos métodos de análise de riscos na indústria a partir

de 1980 (AVEN, 1998).

A Petroleum Safety Authority (PSA) é o órgão regulador das atividades

offshore de exploração e produção de petróleo norueguês (DAGG et al., 2011).

Criada em 2004, a PSA contempla a regulação da segurança operacional das

atividades de E&P, plantas de processo, sistemas e dutos relacionados à atividade

da indústria de petróleo e gás natural (PSA, 2013).

Por atuar numa regulação pautada em requisitos de gestão e desempenho

de forma a mitigar a ocorrência de grandes acidentes, a PSA é referência no quesito

“regulação” pelo mundo (DAGG et al., 2011). Dessa forma, Dahle et al. (2012) afirma

que o modelo adotado pela PSA deve ser seguido por outros países, devido ao

tratamento do desempenho operacional das unidades de exploração e produção de

petróleo.

A estrutura governamental norueguesa para as atividades de exploração e

produção de petróleo offshore é composta por três órgãos apresentados abaixo e,

pode ser ilustrada pela Figura 27.

PSA – responsável por questões de saúde, segurança e ambientais

associadas às atividades de E&P norueguesas;

NCA – responsável pela garantia da defesa da segurança das

navegações e preparação contra eventos de poluição;

KLIF – responsável pela diminuição da emissão de gases tóxicos

atuantes no efeito estufa, bem como pela preservação e definição da

política ambiental.

Figura 27: Estrutura de fiscalização de segurança norueguesa da exploração e produção de petróleo

Fonte: Elaborado pelo autor.

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71

De acordo com o aumento da quantidade de instalações offshore mais

antigas, em 2006 o PSA deu início a um projeto de estudo sobre o envelhecimento

dessas unidades. Naquele momento, as grandes preocupações estavam baseadas

nos aspectos de integridade da instalação, no entanto, o foco foi mudando ao longo

do tempo, de modo que, além da questão de degradação do material/equipamento,

os reguladores começaram a buscar informações a respeito da obsolescência e

questões organizacionais dos operadores das instalações.

Desde 2006 a PSA trabalha com o tema de envelhecimento e extensão de

vida útil de plataformas de produção visando a mitigação da ocorrência de

acidentes. Com esse estudo, foram mapeados fatores que limitam a segurança das

instalações como consequência do envelhecimento das mesmas.

Dessa forma, realiza auditorias aos operadores sobre a forma que os

mesmos estão lidando com as questões de envelhecimento e extensão de vida das

instalações. Além das auditorias, desenvolve banco de dados com informações

relativas à extensão da vida útil para as instalações norueguesas em atividades,

desenvolvem procedimentos internos para a consideração de pedidos de extensão

de vida e atuam cooperativamente com associação dos operadores e autoridades

competentes em questões relativas ao prolongamento da vida útil das instalações.

Com essas ações, o PSA promove maior consciência sobre envelhecimento

de instalações entre os operadores, desenvolve padrões e diretrizes para a extensão

de vida, atualizam regulamentos sobre diversas questões relacionadas ao assunto e

assim, podem ser observadas melhorias em manutenção, a longo prazo, de planos

para as instalações.

Além da atuação e ações apresentadas, o foco contínuo do órgão regulador

está nas análises dos incidentes e como a indústria pode estar preparada para isso,

além de dados históricos sobre a integridade dos campos em atividade,

componentes críticos não disponíveis para inspeções, planos para a gestão da

integridade e ações necessárias visando a manutenção da segurança nas

instalações.

O PSA faz uso de um escopo regulatório com base em desempenho, fato

que justifica seus regulamentos conterem poucos requisitos técnicos. Essa situação

promove uma flexibilidade aos operadores de instalações, uma vez que permite

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práticas regulatórias mais atualizadas ao ser comparada com outras normas de

conteúdo detalhado, facilitando o desenvolvimento tecnológico na área de

segurança.

4.1.3 Austrália

A National Offshore Petroleum Safety and Environmental Management

Authority (NOPSEMA) é o órgão responsável pela questão da segurança offshore e

meio ambiente da Austrália. É o único órgão competente a fiscalizar unidades

relacionadas à atividade offshore de petróleo, uma vez que a parte onshore é de

responsabilidade dos estados/territórios australianos, não dividindo competências

com nenhum outro órgão.

As atividades e instalações da indústria offshore australiana são reguladas

pelo Offshore Petroleum and Greenhouse Gas Storage Act 2006 (OPGGSA). Esse

regulamento aborda a exploração e o desenvolvimento de todas as fases do

petróleo offshore da Austrália e inclui três principais documentos, a saber:

Environment Plan, Safety Case e Well Operations Management Plan. Dentre esses

documentos, o principal deles que compete à segurança e deve ser submetido à

avaliação do órgão regulador é o Safety Case das instalações. Entretanto, como

etapa anterior ao envio do Safety Case, o operador deve enviar um documento

informando que o design, a construção e a instauração de sistemas críticos de

segurança apresentam certificação de terceira parte.

Após o aceite desse documento, o operador pode realizar o envio do Safety

Case para o órgão regulador australiano. O Safety Case é um documento completo,

exigido pelo OPGGSA onde constam descrições detalhadas da instalação, da

identificação e análise de riscos, do sistema de gerenciamento de segurança a ser

utilizado, bem como os procedimentos referentes à toda operação a ser realizada,

além da comprovação de que todos os riscos encontram-se aceitáveis sob normas

internacionais de segurança.

Não há legislação especifica sobre o tema da extensão de vida útil das

instalações australianas, porém, o acompanhamento do órgão regulador às

unidades é bastante próximo devido a periodicidade em que são realizadas as

auditorias (6 meses) e pela atualização quinquenal do Safety Case.

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Quando uma instalação se aproxima de seu limite de vida útil, o órgão

regulador questiona o operador sobre a continuidade de suas operações. Caso seja

de interesse continuar com a operação, não é necessária a elaboração de um

projeto especifico para a extensão da vida útil, dessa forma, apenas precisam provar

que todos os riscos relacionados à atividade foram levados em consideração na

avaliação da continuidade da operação.

Geralmente, objetivando comprovar boas condições de operabilidade, as

instalações realizam a recertificação de seus equipamentos e/ou sistemas. Uma vez

que a extensão de vida útil tenha sido aprovada pela NOPSEMA, os documentos

desse processo passam a fazer parte das auditorias regulares às instalações.

4.1.4 Reino Unido

O blowout ocorrido na plataforma Ekofisk Bravo propiciou uma maior

atenção europeia quanto a derramamentos de óleo, entretanto, o marco da

regulação em segurança na indústria de E&P do Reino Unido deu-se com o incêndio

e, consequente explosão da plataforma Piper Alpha, em 1988 no Mar do Norte.

Explosão essa, que ficou conhecida como o pior acidente de trabalho já ocorrido na

Grã-Bretanha (SANTOS-REYES, BEARD, 2001; AVEN, 1998). A partir de então, a

necessidade de uma regulação mais rigorosa tornou-se de essencial importância no

decorrer das atividades de operação e produção de petróleo; e para isso, a reforma

do regime regulatório do Reino Unido fez-se de forma indispensável (LINDØE et al.,

2012).

LindØe et al. (2012) ressaltam que essa reforma proporcionou um novo

tratamento da segurança por meio da definição de metas impostas pelo Health and

Safety Executive (HSE), órgão responsável pela regulação dos riscos à saúde e à

segurança, resultantes das atividades offshore no Reino Unido, cabendo ao

operador da instalação a supervisão de seus detalhes. Essa reestruturação fez o

regime regulador do Reino Unido ser considerado um dos mais completos do mundo

na época (OIL & GAS UK, 2014).

A estrutura governamental do Reino Unido para as atividades de exploração

e produção de petróleo offshore é composta por três órgãos apresentados abaixo, e

pode ser ilustrada pela Figura 28.

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HSE: responsável pela regulação, e seu cumprimento, dos riscos à

segurança e saúde resultantes de atividade operacional offshore;

MCA: responsável pela fiscalização da segurança da navegação e

ambiental do litoral, bem como da aplicação de normas e prevenção à

poluição;

DECC: responsável pelas atividades da indústria de petróleo desde a

produção até a etapa de descomissionamento.

Figura 28: Estrutura de fiscalização de segurança do Reino Unido da exploração e produção de petróleo

Fonte: Elaborado pelo autor.

A exemplo do que acontece na Austrália, no Reino Unido também é

necessária a submissão do Safety Case da instalação antes de iniciadas as

operações, de forma que o operador garanta que os riscos inerentes à elas sejam

controlados e admitidos tão baixo quanto possível, segundo o princípio ALARP10.

Esse documento, assim como na Austrália, também tem validade de 5 anos e ao

final desse tempo, o operador é obrigado a realizar um novo Safety Case para

submissão do HSE e assim, poder dar continuidade na operação.

Programas específicos são realizados pelo HSE como forma de nortear suas

auditorias e fiscalizações. Até então, os programas já elaborados são:

Key Programme 1 (KP1): relacionado à liberação de hidrocarbonetos.

Buscando a prevenção da ocorrência de eventos de liberação de

10 Os riscos inerentes devem ser reduzidos a níveis tão baixos quanto possível, de modo a

garantir a segurança da instalação.

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hidrocarbonetos, o HSE analisou os tipos e causas dessas liberações, e

assim, o órgão regulador conseguiu alcançar reduções significativas

com base no trabalho realizado.

Key Programme 2 (KP2): relacionado à atividades no deck e de

perfuração. Teve como intuito do programa a redução de incidentes nas

operações de perfuração.

Key Programme 3 (KP3): relacionado com a integridade de ativos.

Objetivando a gestão da integridade mecânica dos ativos das

instalações, o órgão regulador auditou cerca de 100 instalações offshore

em relação ao gerenciamento dos elementos críticos de segurança.

Key Programme 4 (KP4): relacionado à extensão de vida útil de

plataformas. Realizado num momento em que metade das instalações

offshore estavam atingindo seu limite de vida preestabelecido em

projeto, o programa buscou aumentar a consciência sobre a questão do

envelhecimento e extensão de vida útil na indústria offshore e incentivar

o desenvolvimento de boas práticas por parte dos operadores das

instalações. Estavam contemplados nesse projeto: a integridade

estrutural, mecânica e do processo, ocorrência de incêndios, explosões

e corrosões em instalações estendidas, integridade marinha, dutos e

fatores humanos.

Combinando envelhecimento, extensão da vida e gestão de integridade de

ativos em um programa unificado, o HSE afirma que um sistema eficaz é baseado

no risco, exigindo que o operador da instalação tenha uma boa compreensão dos

processos de degradação e um conhecimento preciso tanto da condição de uma

estrutura e a sua resposta no estado envelhecido. Existe também a necessidade de

entendimento das questões de obsolescência e uma estratégia de implementação

para lidar com o aumento da probabilidade de risco de falha com o tempo e assim,

melhorar a previsibilidade de deterioração, sua detecção e avaliação.

Em conjunto com o relatório do KP4, o HSE emitiu um guia sobre o

gerenciamento de envelhecimento de plantas de processo. A identificação e a

gestão de problemas de envelhecimento de topsides em relação à segurança de

processo são reconhecidas em vários sistemas de controle de risco. Nestes

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sistemas, os elementos considerados cruciais pela HSE para a inspeção e

manutenção foram:

a) Sistemas de gestão de manutenção

b) Gestão de ativos e integridade de sistemas

c) Regimes de auditoria e inspeção

d) Processos de gerenciamento de avaliação de riscos

e) Gestão dos processos de mudança

f) Permissão de trabalho

g) Desenvolvimento de formação e competências

4.2 REGULAÇÃO NO BRASIL

Ao longo do tempo, a indústria do petróleo apresentou a necessidade do

avanço das atividades do upstream em direção a novos limites de exploração por

parte das empresas que atuam no setor de óleo e gás. Com esse avanço, os riscos

das atividades inerentes ao setor aumentaram e passaram a ser mais conhecidos,

da mesma forma que os desafios tecnológicos foram se tornando mais significativos.

Deste modo, é importante que o meio organizacional se adapte a esses novos

desafios permitindo que as atividades de exploração e produção sejam realizadas

em níveis adequados de segurança, evitando assim, a ocorrência de danos à saúde

humana, ao meio ambiente e à sociedade em geral.

Atualmente, a maior parte da produção de petróleo no Brasil está no

ambiente offshore. As reservas mais significativas são identificadas principalmente

nas Bacias de Campos e Santos. Devido à grande distância da costa, faz-se

necessário o estabelecimento de práticas que promovam a segurança da vida

humana, do meio ambiente e que garanta, de forma eficiente, a obtenção dos

recursos energéticos desta região.

Em um lugar onde os projetos mostram-se cada vez mais complexos,

associado a uma crescente curva de aprendizado com eventos ocorridos

anteriormente, os órgãos regulamentadores brasileiros passam a intervir mais nos

projetos. Detalhes passados despercebidos proporcionam o estabelecimento de

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determinados requisitos nas especificações técnicas para as práticas de gestão das

operações (SOARES, 2014).

Atualmente, a atividade de fiscalização das instalações offshore de petróleo

no Brasil ocorre por meio de quatro órgãos governamentais, conforme notado na

Figura 29, com vistas a áreas específicas. Cabe à ANP fiscalizar sobre a segurança

de processos, a Marinha do Brasil (MB) sobre a segurança da embarcação em si e

da navegação, ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) sobre a saúde e

segurança do trabalho e ao Ibama pela proteção do meio ambiente e licenciamento

ambiental.

Figura 29: Estrutura de fiscalização de segurança do Brasil da exploração e produção de

petróleo

Fonte: Elaborado pelo autor.

O regime regulatório brasileiro de segurança operacional marítima foi criado

com base num extenso estudo sobre normas adotadas em países referências no

ramo da segurança operacional, como Estados Unidos, Noruega, Reino Unido e

Austrália. Além desse benchmarking, também foram base para a criação do regime

regulatório brasileiro o aprendizado obtido nas práticas de fiscalização e a análise de

acidentes de grandes proporções ocorridos na Bacia de Campos, como o

afundamento da P-36, em 2001, e a perda de estabilidade da P-34, em 2002 (ANP,

2012).

Até o ano de 2007 não existia, no Brasil, um regulamento capaz de

estabelecer as exigências no quesito da segurança operacional para as áreas de

exploração e produção offshore a serem seguidas pelos concessionários e

operadores das instalações. Para tal, era recomendado que as empresas aderissem

às melhores práticas da indústria no que tangesse à segurança (ORNELAS, 2014).

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Contudo, a partir de 2005 passaram a ser realizadas inspeções de integridade

estrutural executadas mediante contratos (ANP, 2006).

Em 2007, foi publicada a Resolução ANP n° 43/2007, a qual estabeleceu o

Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional

(RTSGSO) para instalações marítimas de exploração e produção.

De forma geral, a finalidade das regulamentações é preservar a segurança

de pessoas e do meio ambiente, durante todo o processo a ser realizado. As

exigências são as mais diversas e os órgãos reguladores estabelecem,

obrigatoriamente, que as operadoras de petróleo forneçam evidências de

procedimentos e práticas de gerenciamento dos riscos e que obedeçam a requisitos

específicos.

Em relação às regulamentações presentes na Austrália e no Brasil, a grande

diferença entre elas está no fato de que o OPGGS apresenta-se no nível de Lei e,

por esta razão, a NOPSEMA não tem competência para realizar alterações em seu

escopo. Sendo assim, diante da necessidade de alteração de algum dispositivo

normativo, a NOPSEMA precisa demonstrá-la, através de reuniões com o governo

australiano, e fazer propostas para que seja analisada a indicação de alteração e o

governo é o único responsável pela tomada de decisão. No caso do Brasil, o SGSO

é de competência do órgão regulador, e não do governo, por este motivo, o

processo é mais independente, considerando que as alterações podem ser feitas

pelo próprio órgão.

A partir da filosofia de que o órgão regulador é a instituição à qual se tem

que convencer de que apresenta condições de operar em segurança, o operador da

instalação deve providenciar e enviar toda a documentação que ele julgue

necessário para comprová-la ao solicitar algum tipo de autorização. Com base na

documentação recebida, a NOPSEMA emite parecer aceitando ou recusando o

pedido. No Brasil, existe uma tendência de partir da SSM a solicitação de

documentos ao concessionário, tornando a atitude do agente regulado mais reativa

que proativa, o que demonstra não ser a melhor prática.

Com base no exposto, não existe ainda no Brasil regulamentos específicos

sobre o tema de extensão de vida útil de topsides, entretanto, a abrangência do

SGSO permite que ele deva ser seguido por toda vida útil da instalação, mesmo não

sendo o ideal para o caso pretendido.

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5 RECOMENDAÇÕES

Diante do panorama brasileiro sobre o tema de extensão de vida útil da

planta de processos das instalações de produção offshore, faz-se necessária a

indicação de recomendações objetivando a mitigação da ocorrência de incidentes de

grandes proporções como já visto em diferentes ocasiões.

Seguindo os exemplos da Austrália e do Reino Unido, é interessante a

elaboração de um Safety Case no lugar da DSO que é exigida atualmente. Com

essa mudança, o órgão regulador terá acesso a maiores informações técnicas, bem

como um maior respaldo para uma aceitação ou reprovação à operação de uma

unidade. Além disso, a obrigatoriedade de um novo Safety Case a cada 5 anos e

auditorias regulares por meio da ANP possibilitarão um maior acompanhamento da

idade das instalações, otimizando o processo de um possível pedido de extensão de

vida útil.

A utilização de certificações internacionais, como precedentes a um possível

Safety Case contribui de forma significativa para a ênfase na segurança operacional

numa unidade de produção offshore.

Assim como acontece na Austrália, a preocupação com o envelhecimento

dos ativos de uma instalação deve ter seu início ainda na fase de projeto da mesma,

e não, somente quando ela atingir os 25 anos limite de operação. Sendo assim, a

mitigação dos incidentes será consequência de um processo totalmente voltado à

segurança e a extensão de vida tornar-se-á de forma natural.

Ao tempo previsto pelo SGSO, o concessionário envia a DSO ao órgão

regulador e o mesmo é o responsável pela sua análise e aprovação. Entretanto, não

existe uma obrigatoriedade da realização de auditorias nessas instalações antes

delas irem para a localização de operação. Prezando pela mitigação da ocorrência

de graves incidentes, as auditorias nas instalações são de suma importância, uma

vez que podem ser identificadas não conformidades, possibilitando o concessionário

a atuar sobre seus pontos carentes antes mesmo do início das operações.

É conhecida a existência de operações iniciadas antes da Lei do Petróleo, o

que viabiliza a existência de instalações com mais de 30 anos, ou seja, além de sua

vida estimada em projeto. Tendo em vista a vida útil de 25 anos para as instalações

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e de 27 anos para os contratos de concessão, é importante a realização de

fiscalização dessas instalações buscando a melhoria contínua dos processos de

segurança e suas operações.

Com o fim da vigência dos contratos de concessão e interesse de renovação

dos mesmos por parte dos concessionários, é importante que esse processo ocorra

concomitantemente com os projetos de extensão de vida útil das instalações

operantes nas localidades dos contratos, quando necessário. Para isso, deve-se ter

uma regulamentação bem consolidada a respeito da extensão de vida útil do casco

e do topside das unidades, capaz de atender às necessidades tanto do órgão

regulador quanto do concessionário da instalação, prezando sempre pela saúde

humana, meio ambiente e pelo patrimônio material do concessionário.

Conforme identificado, não são todos os órgãos que apresentam leis e

regulamentos específicos para o gerenciamento de vida de uma instalação,

entretanto, a base do sistema de gerenciamento de segurança é praticamente a

mesma para todas as indústrias, com particularidades identificadas de acordo com o

segmento. Provisoriamente, enquanto um processo não é estabelecido e

consolidado, faz-se importante o uso dos sistemas de gerenciamento de segurança

e outros dispositivos normativos relacionados ao tema, abrangendo a questão da

gestão da idade dos ativos de uma instalação. Como exemplo, podem ser citadas

auditorias da Prática nº 10 do SGSO que trata de Projeto, Construção, Instalação e

Desativação durante todo o tempo de vida da unidade, e não somente na fase de

pré-operação.

A exemplo dos KPs do HSE, projetos sobre determinados assuntos tornam-

se relevantes e promovem o benchmarking entre os órgãos reguladores a respeito

de novas tecnologias e discussões acerca do envelhecimento e extensão de vida

das instalações.

Uma vez que a mitigação de incidentes graves é o foco principal num projeto

de extensão de vida útil, o processo de conversão dos navios petroleiros em FPSOs,

deve ser mais rigoroso, apresentando leis especificas e obrigatoriedade de

auditorias formais, a lembrar do caso da explosão da casa de bombas presente no

casco do navio estendido do FPSO CDSM.

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6 CONCLUSÃO

Até o final de 2015 havia 146 instalações de produção offshore em operação

no Brasil, das quais, 106 apresentavam idade superior a 25 anos considerando seu

ano de construção. Este é um número bastante expressivo, entretanto, quando

comparado com o ano de conversão, esse cenário apresenta uma considerável

diferença. Dessa forma, e considerando o valor típico de 25 anos para o limite da

vida útil de uma instalação segundo seu projeto de construção, é possível notar uma

elevada quantidade de instalações que estão próximas de atingir esse limite em que

uma importante decisão deve ser tomada por parte do concessionário, ou seja,

realizar a desativação da instalação ou passar por um processo de extensão de vida

útil, para que assim, seja possível dar continuidade a sua operação.

Este processo de extensão de vida útil ainda não é especificamente

regulado, isto é, ainda não existe nenhuma maneira formal de execução desse tipo

de projeto. Entretanto, com relação aos pedidos de extensão dos contratos de

concessão de áreas, o órgão regulador tem solicitado estudos de segurança sobre a

idade da instalação operante no local, tais como a análise da obsolescência de

equipamentos críticos, a análise técnica e econômica de conformidades com política

de segurança em vigor e a análise de estado da estrutura e de equipamentos

comparados com as expectativas da concepção do projeto da unidade.

Do ponto de vista do concessionário e independentemente da existência de

qualquer objeto oficial de execução, o processo de extensão de vida útil pode ser

formalmente realizado pelos concessionários por meio de avaliações técnicas

formais, visando garantir barreiras de segurança adequadas.

Por meio de auditorias do órgão regulador com ênfase na segurança, pode

ser identificado o tratamento eventual de aspectos de envelhecimento das

instalações, entretanto, os dados obtidos ainda não são compilados em uma

avaliação formal e estruturada para um processo de extensão da vida. Via de regra,

a integridade mecânica, presente na prática nº 13 do SGSO é a mais citada quando

é tratada avaliação do envelhecimento de uma instalação.

Investigações divulgadas sobre o acidente do FPSO Cidade de São Mateus

mostraram que, apesar do casco ter sido construído em 1989, a conversão da

unidade ocorreu em 2007 sem que houvesse qualquer substituição de equipamentos

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nem implantação das melhorias dos sistemas de carga propostas no projeto de

conversão do casco. No entanto, pode ser verificado que houve um estudo de perigo

e operabilidade (HAZOP), antes de iniciada a operação do FPSO, elaborado

especificamente para os sistemas de carga, apontando para o prolongamento da

vida de alguns componentes em fase de degradação significativa, como as válvulas

de carga que vieram a falhar, contribuindo para o grave acidente.

Portanto, é necessária uma discussão sobre qual parâmetro deve ser

considerado como base para estimular a avaliação dos aspectos de envelhecimento

das instalações: a construção ou sua conversão. Conforme apresentado, existe uma

notável diferença quando a perspectiva é mudada em favor da conversão da

instalação, entretanto, podem ser identificadas ações não realizadas integralmente

durante as fases de pré-operação e além disso, ações não realizadas não podem

ser geridas de forma adequada, conduzindo a riscos desconhecidos e muitas vezes

não controlados.

A gestão de equipamentos deve ter início com a consciência de que o

envelhecimento não é sobre a idade de um determinado equipamento, mas sim,

acerca do que se conhece sobre a sua condição de operação e os fatores que

influenciam em sua degradação.

Experiências em auditorias do órgão regulador afirmam que a questão da

extensão de vida de uma instalação deve ser um processo contínuo de preparação e

não somente quando a idade limite de projeto for alcançada. Desse modo, a questão

principal a ser respondida é se os concessionários das instalações garantem um

nível de segurança adequado para dar continuidade às operações seguras durante o

período da extensão da vida e como o farão.

A reforma do regime regulatório dos países é identificada a partir da

ocorrência de um acidente grave, entretanto, não se deve esperar por um evento

com possibilidade de múltiplas fatalidades ou de milhões de litros de óleo

descarregados no mar, para que se dê início a um estudo específico para a

mitigação desse tipo de acidente.

Estudos sobre a extensão de vida útil das instalações de produção offshore

no Brasil estão sendo realizados com base em ações de órgãos reguladores

referenciados na indústria, dada a demanda apresentada e o tema proposto será

uma realidade em breve.

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Por meio das auditorias do órgão regulador, são identificadas não

conformidades e emitidas infrações para os concessionários, contudo, esse

processo deve servir como gestão do conhecimento para a identificação de uma

maior ocorrência de um determinado incidente e com isso, a realização de

investigação para descobrir as causas que levaram ao incidente e propor melhorias

de processos ou até mesmo regulações objetivando a mitigação dessas ocorrências

e protegendo a saúde humana, o meio ambiente, o patrimônio próprio dos

concessionários e prezando pela melhoria continua do processo de segurança da

indústria offshore brasileira.

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ANEXO I – GESTÃO DA SEGURANÇA DE PROCESSO

Prática Elementos da Gestão da

Segurança Descrição

1 Informações de Segurança de

Processos

Fornece, mantém e atualiza todo o conjunto de dados permitindo a eficiente análise de riscos através de informações concisas, seguras, atualizadas e documentadas.

2 Análise de Riscos de Processo

Atividade permanente, estruturada em todas as etapas do ciclo de vida. Técnicas como Análise Preliminar de Riscos, What If – Checklist, Análise de Modos de Falha e Efeitos, Análise de Árvore de Falhas, HAZOP, etc.

3 Procedimentos Operacionais e

Práticas Seguras

Os procedimentos operacionais devem proporcionar claro entendimento dos parâmetros de operação, os limites para uma operação segura e as sequencias adequadas para paradas normais e emergenciais. Também devem explicar as consequências para a segurança operacional quando se opera fora dos limites seguros e ações a tomar nestes casos.

4 Gerenciamento de Mudanças

de Tecnologia

Nenhuma mudança deve ocorrer sem uma competente análise de riscos. A mudança de tecnologia deve ocorrer com o máximo de benefícios e sem a ocorrência de perdas humanas, materiais ou econômicas.

5 Qualidade Assegurada

Como primeiro passo, fabricação de itens de acordo com especificação, transportados e entregues em perfeitas condições para instalação. Além disso, armazenar, realizar montagens e instalação de forma integral e adequada. O fornecedor deve ter caracterizada sua capacidade em produzir o que se deseja segundo o especificado.

6 Revisões de Segurança de Pré-

partida

Análise final de segurança de todas as instalações, ampliações e modificações relevantes, antes da operação, de forma que se confirme que todos os elementos de PSM tenham sido adequadamente aplicados e que a instalação está segura para partir.

7 Integridade mecânica

Manter e melhorar a integridade do sistema na instalação de itens desde o descomissionamento até o desmantelamento. Envolve manutenção preditiva, preventiva e corretiva, o treinamento para aqueles que desempenham, procedimentos especiais de controle de qualidade, inspeções, testes, reparos, mudanças e análises de confiabilidade.

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8 Gerenciamento de mudanças

de instalações

Todas as mudanças, incluindo reparos temporários ou emergenciais, devem ser documentadas e passar por uma completa análise e autorização de pessoas com essa responsabilidade.

9 Treinamento e Desempenho

Capacitar e fornecer aos operadores e técnicos as ferramentas e o entendimento das tarefas de acordo com os procedimentos estabelecidos. É importante que todos se mantenham fisicamente aptos, mentalmente alertas e capazes de exercer plenamente seu julgamento profissional ao seguir as práticas recomendadas.

10 Segurança e Desempenho de

Contratados

Todo empenho que se coloca na gestão de pessoal próprio quanto à prevenção deve se refletir igualmente com os contratados, de forma que efetivamente tenham um padrão de segurança nivelado com o do próprio sítio. O bom gerenciamento de contratados inclui bom processo seletivo, estabelecimento de linhas efetivas de comunicação, informações mútuas sobre riscos e prevenção e sistema de auditoria periódica.

11 Comunicação e Investigação de

Acidentes e Incidentes

Na análise de acidentes e incidentes deve-se buscar as causas imediatas e básicas. Lições aprendidas devem ser difundidas e comunicadas.

12 Gerenciamento de Mudanças

de Pessoal

Manter a experiência acumulada e habilidades e conhecimentos capazes de gerir o processo produtivo com segurança. Os movimentos dentro das organizações são positivos, porém podem gerar queda nesse nível crítico de capacidade de manter os riscos controlados.

13 Planejamento e Resposta a

Emergências

Caso os riscos não consigam ser controlados e um acidente se manifeste, a organização deve estar preparada para enfrentar os eventos críticos em sua pior manifestação. A emergência deve ser controlada e seu desdobramento contido de forma a minimizar os impactos. Um bom plano também dá uma resposta adequada aos impactos iniciais nas pessoas, instalações e meio ambiente.

14 Auditoria O processo de auditoria deve ser robusto e também auditado (auditorias de segunda e terceira partes).

Fonte: Sistema de Gerenciamento de Segurança de Processo

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ANEXO II – NORMAS REGULAMENTADORAS

Norma Regulamentadora

Título Descrição

1 Disposições Gerais

A NR-01 refere-se à disposição geral das NRs, nela é determinada que seja de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas, pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. (Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09/03/83).

2 Inspeção Prévia

A NR-02 define que todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), que logo após a inspeção prévia, é emitido o CAI (Certificado de Aprovação de Instalações).

3 Embargo ou Interdição

A norma regulamentadora Nº03 estabelece situações de emergência nas quais empresas se sujeitam a paralisar totalmente ou parcialmente suas obras, considerando obra todo e qualquer serviço de engenharia de construção, montagem, instalação, manutenção ou reforma. Durante o embargo da obra, podem ser desenvolvidas atividades necessárias á correção da situação apresentada, desde que seja adequado aos trabalhadores.

4

Serviços Especializados em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT

A NR-04 estabelece que empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e os poderes Legislativos e Judiciários, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, conforme o grau de risco de sua atividade principal e o seu número de empregados, obrigatoriamente, deverá constituir o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. O dimensionamento do SESMT vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento.

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5 Comissão Interna de

Prevenção de Acidentes – CIPA

A norma da CIPA estabelece que a formação da mesma deva ocorrer em qualquer empresa ou instituição que podem admitir trabalhadores, além de empregados contratados com carteira assinada. Empresas que possuem no mínimo 20 empregados são obrigadas a manter a CIPA.A realização do treinamento da CIPA maximiza a conscientização de prevenção dos acidentes e das doenças de trabalho, de modo a assegurar um local de trabalho apropriado para as funções que serão exercidas.

6 Equipamentos de

Proteção Individual – EPI

A norma regulamentadora Nº6 define que a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, os EPI adequados ao risco do trabalho, eles devem estar em perfeito estado de conservação e funcionamento, a fim de resguardar a saúde, a segurança e a integridade física dos trabalhadores. Todo equipamento de proteção individual entregue ao empregado deve haver o CA (Certificado de Aprovação) do MTE para que possa ser utilizado. Empresas fornecedoras do produto deverão ter registro no Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho.

7 Programas de Controle

Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO

Esta norma tem como objetivo promover e preservar a saúde dos trabalhadores. O programa estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do mesmo, por parte dos empregadores, que admitam trabalhadores como empregados, do PCMSO. O PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos á saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além de constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis á saúde dos trabalhadores. Avaliações e exames complementares são exigidos as empresas de acordo com o grau de risco do trabalho exercido.

8 Edificações

A norma regulamentadora Nº8 – item 8.1 – estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações, para garantir segurança e conforto aos que nela trabalhem.

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9 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais –

PPRA

O PPRA – item 9.1.1 – estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).A mesma visa à prevenção da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

A norma regulamentadora 10 tem como objetivo estabelecer os requisitos e as condições mínimas de execução de medidas de controle e sistemas preventivos, visando garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Somente poderá trabalhar em instalações elétricas os trabalhadores que possuírem treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e das principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas. O treinamento ou certificado de NR-10 é válido somente por dois anos, sendo necessário posteriormente fazer a reciclagem.

11

Transporte, Movimentação,

Armazenagem e Manuseio de Materiais

Esta norma se aplica à implantação da segurança para operações de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras, a fim de garantir resistência, segurança e conservação.

12 Segurança no Trabalho

em Máquinas e Equipamentos

A norma regulamentadora Nº12 estabelece medidas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos e ainda visa regularizar a sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título.

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13 Caldeiras, Vasos de

Pressão e Tubulações

A norma regulamentadora nº 13 dispõe os requisitos mínimos para gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e suas tubulações de interligação nos aspectos relacionados à instalação, inspeção, operação e manutenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores.O treinamento ou certificado desta norma tem validade de dois anos, sendo necessária a reciclagem após o vencimento.

14 Fornos

Esta norma regulamentadora determina recomendações de utilização, instalação, manutenção e construção de fornos industriais em ambientes de trabalho.

15 Atividades e Operações

Insalubres

A NR-15 descreve as atividades, as operações e agentes insalubres, sendo eles qualquer tipo de ambiente que possa vir a oferecer algum risco a saúde dos trabalhadores.

16 Atividades e Operações

Perigosas

A norma regulamentadora nº16 regulamenta as atividades e operações legalmente consideradas perigosas, estipulando as recomendações prevencionistas correspondentes. Além disso, ela coloca que o exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa.

17 Ergonomia

Esta norma estabelece parâmetros de ergonomia a fim de garantir a saúde, segurança e conforto do funcionário. A LER (Lesões por esforço repetitivo) ou DORT (Distúrbio Osteomuscular) estão relacionadas são termos designados para denominar conjuntos de doenças relacionados a movimentos repetitivos ou esforço excessivo, que muitas vezes ocorrem pelo trabalho. É papel do setor de segurança do trabalho estruturar um ambiente ergonomicamente apto para o desempenho das funções.

18 Condições e Meio

Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

Esta é destinada a estabelecer diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a realização de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção.

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19 Explosivos

Tem a função de determinar o parâmetro de depósito, manuseio e armazenagem de explosivos. Esta é uma atividade de alto risco, portanto se faz necessário a NR-16.

20 Segurança e Saúde no

Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis

Entende-se como “líquido combustível” como todo aquele que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70ºC e inferior a 93,3ºC. Esta norma estabelece as disposições regulamentares acerca do armazenamento, manuseio e transporte de líquidos combustíveis e inflamáveis, objetivando a proteção da saúde e a integridade física dos trabalhadores em seus ambientes de trabalho.

21 Trabalho a Céu Aberto

A NR-21 impõe a existência de abrigos, ainda que rústicos capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries, sendo eles quaisquer condições climáticas que estejam mais intensas; vento forte, chuva torrencial, tempestade, furacão, seca, vendaval etc.

22 Segurança e Saúde

Ocupacional na Mineração

A NR-22 se responsabiliza pela disciplina dos preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores. É importante ressaltar que cabe á empresa, ao Permissionário de Lavra Garimpeira elaborar e implementar o programa de controle médico e saúde ocupacional –PCMSO, conforme estabelecido na NR-07.

23 Proteção Contra Incêndios

Destaca as medidas de proteção contra incêndios, visando á prevenção da saúde e integridade física dos trabalhadores e a mesma deve ser realizada em todas as empresas.

24 Condições Sanitárias e de

Conforto nos Locais de Trabalho

A NR-24 decreta condições sanitárias e de conforto em locais como instalações sanitárias, vestiários, refeitórios, cozinhas, alojamentos e refeitórios.

25 Resíduos Industriais

Refere-se a medidas preventivas relacionadas a resíduos industriais no que diz respeito ao destino final do mesmo. A NR-25 destaca que é proibido o lançamento ou a liberação nos ambientes de trabalho de quaisquer contaminantes gasosos sob a forma de matéria ou energia, direta ou indiretamente, de forma a serem ultrapassados os limites de tolerância estabelecidos.

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26 Sinalização de Segurança

A norma regulamentadora Nº26 tem como objetivo fixar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando os equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases advertindo contra riscos.

27 Registro Profissional do

Técnico de Segurança do Trabalho no MTB

Esta norma foi revogada.

28 Fiscalização e Penalidades

A norma regulamentadora nº 28 estabelece os critérios a serem adotados pela fiscalização do trabalho quando da aplicação de penalidades pecuniárias (multas), critérios que devem ser aplicados durante a visita do agente fiscal do trabalho (prazos, por exemplo) e a interdição de locais de trabalho ou estabelecimentos.

29 Segurança e Saúde no

Trabalho Portuário

Essa tem como objetivo regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais, assim como facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar as melhores condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores portuários.

30 Segurança e Saúde no

Trabalho Aquaviário

Esta norma se aplica a proteção e regulamentação das condições de segurança e saúde dos trabalhadores aquaviários e que realizem trabalhos a bordo de embarcações.

31

Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura,

Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e

Aquicultura

A NR-31 tem como objetivo estabelecer os preceitos a serem observadas na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento de quaisquer atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho.

32

Segurança e Saúde no Trabalho em

Estabelecimentos de Saúde

A norma regulamentadora Nº 32 tem a finalidade de cuidar da saúde dos profissionais da área da saúde, (não só os da área hospitalar, inclusive todos os que estão no Ensino e Pesquisa). Nesta norma, a responsabilidade é “solidária”, ou seja, é compartilhada entre o empregador e o empregado e é neste ponto que entra as Comissões Institucionais.

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33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços

Confinados

A NR-33 tem como objetivo definir o reconhecimento de espaços confinados, assim como a avaliação, monitoramento e controle de riscos que ali pode haver. Entende-se espaço confinado qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.

34

Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e

Reparação Naval

Tem como finalidade estabelecer requisitos mínimos e as medidas de proteção á segurança, á saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção e reparação naval.

35 Trabalho em Altura

A norma regulamentadora nº 35 estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.

36

Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados

Esta tem objetivo de estabelecer requisitos mínimos para avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir a saúde e segurança do trabalhador.Conforme, a evolução dos meios de trabalho vão se consolidando, o Ministério do Trabalho e Emprego busca estabelecer o desenvolvimento e a atualização das normas regulamentadoras, com objetivo da preservação à saúde e a integridade dos trabalhadores, tal como a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

Fonte: Ministério do Trabalho e Previdência Social

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ANEXO III – PRÁTICAS DE GESTÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DO

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA OPERACIONAL

Prática Elementos da Gestão de

Segurança Descrição

1 Cultura de segurança,

compromisso e responsabilidade gerencial

Definir os valores e a política de Segurança Operacional, implementar uma estrutura organizacional com definição de responsabilidades e atribuições do pessoal envolvido, bem como criar meios de comunicação de valores, políticas e metas e comprometer-se com a disponibilização de recursos para a implementação e o funcionamento do sistema de gerenciamento da segurança operacional.

2 Envolvimento do pessoal

Promover o envolvimento, a conscientização e a participação da força de trabalho na aplicação do sistema de gerenciamento da segurança operacional.

3 Qualificação, treinamento e desempenho do pessoal

Garantir que a força de trabalho exerça suas funções de maneira segura, de acordo com a estrutura organizacional e responsabilidades no sistema de gerenciamento de segurança operacional.

4 Ambiente de trabalho e

fatores humanos

Promover um ambiente de trabalho adequado e que considere os fatores humanos durante todo o ciclo de vida da Instalação.

5 Seleção, controle e gerenciamento de

contratadas

Estabelecer critérios de seleção e avaliação de contratadas, considerando aspectos de segurança operacional nas atividades cobertas pelo Regulamento Técnico.

6 Monitoramento e Melhoria contínua do desempenho

Estabelecer indicadores de desempenho e metas que avaliem a eficácia do sistema de gerenciamento da segurança operacional e promovam a melhoria contínua das condições de segurança das Instalações.

7 Auditorias

Criar e aplicar mecanismos para avaliar a eficácia da implementação e o funcionamento do sistema de gerenciamento da segurança operacional (SGSO), buscando conformidade com os requisitos contidos no Regulamento Técnico, através da execução de auditorias.

8 Gestão da informação e da

documentação

Definir procedimentos de controle e acesso à documentação relativa a segurança operacional.

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9 Investigação de incidentes

Descrever os requisitos que devem ser considerados para a condução da investigação de cada incidente ocorrido na Instalação que seja afeto à Segurança Operacional.

10 Projeto, construção,

instalação e desativação

Descrever os requisitos que devem ser considerados pelo sistema de gerenciamento de segurança operacional para promover a segurança nas fases de projeto, construção, instalação e desativação.

11 Elementos críticos de segurança operacional

Descrever os requisitos que devem ser considerados pelo sistema de gerenciamento de segurança operacional para identificar os Elementos Críticos de Segurança Operacional da Instalação e estabelecer sistemas de gerenciamento e controle dos mesmos.

12 Identificação e análise de

riscos

Estabelecer requisitos para identificação e análise de riscos que podem resultar em incidentes, a serem conduzidos nas diferentes fases do ciclo de vida da Instalação, por meio da utilização de ferramentas reconhecidas e com resultados devidamente documentados.

13 Integridade mecânica

Descrever os requisitos que devem ser considerados pelo sistema de gerenciamento de segurança operacional para que a Instalação, seus sistemas, estruturas e equipamentos, passem por inspeções, testes e manutenções necessárias, de forma planejada e controlada, buscando a integridade mecânica e Adequação ao Uso.

14 Planejamento e

gerenciamento de grandes emergências

Assegurar o adequado planejamento e o gerenciamento de grandes emergências que possam ocorrer durante a operação da Instalação.

15 Procedimentos operacionais

Descrever os requisitos que devem ser considerados pelo sistema de gerenciamento de segurança operacional no estabelecimento de procedimentos visando à operação segura da Instalação.

16 Gerenciamento de

mudanças

Descrever os requisitos que devem ser considerados pelo sistema de gerenciamento de segurança operacional para assegurar que as mudanças permanentes ou temporárias a serem efetuadas na instalação estejam em conformidade com os requisitos de Segurança Operacional estabelecidos no Regulamento Técnico e na legislação pertinente.

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17

Práticas de trabalho seguro e procedimentos

de controle em atividades especiais

Descrever os requisitos que devem ser considerados pelo sistema de gerenciamento de segurança operacional para controlar e gerenciar os riscos para a Segurança Operacional durante as atividades especiais da Instalação, não contempladas nas outras práticas de gestão.

Fonte: Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional