anoxia neonatal e sequelas neurologicas

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Para o Curso Sistema Nervoso o aluno deverá adquirir as competências relacionadas aos tópicos das páginas 21,22,23,55 e 56, do livro ―Anóxia Neonatal e seqüelas neurológicas‖ (2005) da Ed. Átomo. O texto do livro encontra-se à disposição, a seguir. ANÓXIA NEONATAL E SEQUELAS NEUROLÓGICAS Carolina Araújo Rodrigues Funayama Ribeirão Preto (SP) 2005

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Para o Curso – Sistema Nervoso – o aluno deverá adquirir as competências relacionadas aos tópicos das

páginas 21,22,23,55 e 56, do livro ―Anóxia Neonatal e seqüelas neurológicas‖ (2005) da Ed. Átomo.

O texto do livro encontra-se à disposição, a seguir.

ANÓXIA NEONATAL

E SEQUELAS NEUROLÓGICAS

Carolina Araújo Rodrigues Funayama

Ribeirão Preto (SP)

2005

8

Agradecimentos

Este texto é resultado da dedicação de profissionais envolvidos

com a problemática da anóxia neonatal, seu diagnóstico, suas seqüelas,

e principalmente sua prevenção, na geração de conhecimentos e

aplicação em nível assistencial. São equipes integrantes de programas

de pós-graduação strictu senso da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto da Universidade de São Paulo; da Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal e de Ambulatórios especializados do Hospital das Clínicas de

Ribeirão Preto. Agradecemos profundamente a estas equipes, nas

pessoas de seus responsáveis por ocasião do desenvolvimento deste

projeto.

Profa. Dra. Maria Valeriana Leme de Moura Ribeiro – Setor de

Neurologia Infantil, Departamento de Neurologia, Psiquiatria e

Psicologia Médica. Programa de Pós-Graduação em Neurologia.

Prof. Dr. Arthur Lopes Gonçalves – Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal. Departamento de Pediatria e Puericultura. Programa de Pós-

Graduação em Pediatria.

Prof. Dr. Sérgio Pereira da Cunha. Setor de Obstetrícia. Departamento

de Ginecologia e Obstetrícia. Programa de Pós-Graduação em

Ginecologia e Obstetrícia.

Prof. Dr. Ricardo Gorayeb – Setor de Psicologia Clínica.

Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica.

Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental.

Prof. Dr. Júlio César Daneluzzi – Centro Médico Social de Vila

Lobato. Departamento de Pediatria e Puericultura. Programa de Pós-

Graduação em Pediatria.

Prof. Dr. João Monteiro de Pina Neto – Genética Clínica.

Departamento de Genética. Programa de Pós-Graduação em Genética.

Carolina Araújo Rodrigues Funayama

9

Conteúdo

INTRODUÇÃO

MORTALIDADE POR ANÓXIA NEONATAL 11

CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE ANÓXIA NEONATAL 18

A ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA PERINATAL (EHI) 21

FISIOPATOGENIA DA EHI 22

SEMIOLOGIA DA EHI EM RECÉM-NASCIDO DE TERMO 31

CLASSIFICAÇÃO DA EHI NO RECÉM-NASCIDO DE TERMO 34

EHI EM NASCIDOS DE TERMO COM BAIXO PESO PARA IDADE GESTACIONAL 40

INCIDÊNCIA DA EHI NO RECÉM-NASCIDO DE TERMO 42

DISTRIBUIÇÃO DE FATORES MATERNOS E OBSTÉTRICOS NOS GRUPOS COM ANÓXIA

NEONATAL E CONTROLE 45

VALOR PROGNÓSTICO DOS ANTECEDENTES MATERNOS E OBSTÉTRICOS PARA

PARALISIA CEREBRAL E ATRASO NEUROMOTOR

48

ÍNDICE DE APGAR E EHI 49

ÍNDICE DE APGAR VERSUS CLASSIFICAÇÃO DA EHI COMO VALOR PROGNÓSTICO

NEUROLÓGICO

50

EHI E SEQUELAS NEUROLÓGICAS 51

FATOR HERDABILIDADE NO APARECIMENTO DA CRISE NEONATAL DA EHI 54

COMO EVOLUI A HIPOTONIA DA EHI 55

UM ESTUDO SOBRE DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR DISSOCIADO- DIAGNÓSTICO

DIFERENCIAL PARA O ATRASO NEUROMOTOR

57

EHI ENTRE AS CAUSAS DE PARALISIA CEREBRAL 59

O DIAGNÓSTICO RETROSPECTIVO DA EHI 73

CONSIDERAÇÕES FINAIS 75

SUGESTÕES PARA MEDIDAS DE PREVENÇÃO DA ANÓXIA FETAL E NEONATAL 77

10

INTRODUÇÃO

A anóxia perinatal ainda desperta interesse científico e político-social neste

início do século XXI, uma vez que continua situando-se entre as causas mais freqüentes

de óbito neonatal no mundo, e nos sobreviventes deixa seqüelas que podem ser graves,

requerendo ações preventivas em seus diversos níveis.

O presente volume trata da conseqüência da anóxia perinatal sobre o sistema

nervoso: a encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), que será tratada em tópicos de

interesse clínico. Inicia focalizando a questão da mortalidade por anóxia neonatal, e, em

seguida, apresenta em recorte dados de estudos desenvolvidos, que elucidaram questões

como a caracterização das manifestações clínicas da asfixia sobre o sistema nervoso

central do recém-nascido de termo, a relação entre asfixia verificada ao nascimento e

seqüelas neurológicas, a hipotonia durante o desenvolvimento, como diagnóstico

diferencial, a incidência da EHI no HCRP e o diagnóstico etiológico da paralisia

cerebral, com enfoque na prevenção primária das deficiências.

11

1. MORTALIDADE POR ANÓXIA NEONATAL

Para a análise de informações sobre mortalidade,

devem ser levadas em consideração questões como o consenso

e a confiabilidade nas notações das causas do óbito,

metodologia para medidas de desigualdade em saúde, entre

outras.

No sentido do consenso, além das questões

taxonômicas, observa-se a preocupação com o enfoque da

notação dirigida para fins de estratégias de prevenção.

Nesse sentido, Wigglesworth (1980) sugere a

identificação de óbitos perinatais baseada em uma classificação

segundo a qualidade das condutas obstétricas e neonatais.

O Centro da Organização Mundial da Saúde (OMS)

para Classificação de Doenças em Português (Laurenti &

Mello Jorge, 1981) propôs uma listagem mais ampla, incluindo

complicações maternas, obstétricas e fetais.

A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

(SEADE, 1991) elaborou uma classificação, agrupando os

códigos do Código Internacional de Doenças (CID) segundo

causas afins: 1- reduzíveis por adequado controle da gravidez;

2- reduzíveis por adequada atenção ao parto; 3- reduzíveis por

diagnóstico e tratamento precoces; 4- parcialmente reduzíveis;

5- não evitáveis; 6- outras causas.

Carvalho & Silver (1995), em estudo realizado na

Região Metropolitana do Rio de Janeiro, analisaram a

concordância entre as anotações nos atestados de óbito

ocorridos entre 1986 e 1987, e as causas definidas a partir da

análise do prontuário do recém-nascido. Estas foram anotadas

segundo os critérios modificados pela OMS (1981), e

classificadas segundo a proposta do SEADE (1991).

Observaram concordância de apenas 38% entre as anotações

12

antigas e as modificadas e constataram que, com a revisão dos

prontuários, complicações maternas aumentaram 12,8 vezes, e

complicações relacionadas à placenta, cordão, trabalho de parto

ou parto, 6,2 vezes.

Levando-se em consideração tais ressalvas,

procedemos às observações que se seguem, incluindo-se fontes

governamentais ou estudos pontuais de diversos autores.

Comparando-se as taxas de mortalidade neonatal

precoce (menos de 7 dias) somadas à tardia (7 a 28 dias) por

10000 nascidos vivos1, nos últimos anos do século XX,

verifica-se a partir de fonte da OMS e em pesquisas pontuais

(Parras, 1994; Kaempfer et al, 2000; Bussaw et al, 2001;

Alvares Ponce et al, 2002; Jekova, 2002), que as diferenças

continuam alarmantes segundo o nível de desenvolvimento,

sendo estimadas taxas como 6,6 no Canadá, 9 na Espanha, 46

nos Estados Unidos, 82 na Bulgária, 471 na Índia, 1180 no

Kênia. Na América Latina, o Haiti e a Bolívia detêm as

maiores taxas, 1048 e 600 respectivamente, sendo as menores

em Cuba, estimadas em 39, e no Chile em 60/10000.

No Brasil, obtivemos em estudos na última década,

estimativas de taxas de mortalidade neonatal por 10000

nascidos vivos, de 127 em Porto Alegre (RS) (Miura, Failace &

Fiori, 1997), 130 em Juiz de Fora (MG) (Neves, 2001), 156 na

área Metropolitana do Rio de Janeiro (RJ) (Leal &

Szwarcwald, 1996), 169,9 em Goiânia (GO) (Morais Neto et

al, 2001) e 202 em Belo Horizonte (MG) (Lansky, França e

Leal, 2002).

No Estado de São Paulo, Kilstajn et al (2003)

estimam taxas próximas às citadas nas diversas cidades do Sul,

Sudeste e Centro, sendo 170/10000.

1 estas taxas referem-se a taxas globais, e não diferenciam os grupos nascidos a termo do

pré-termo, nem AIG do PIG.

13

Considerando-se a taxa de mortalidade entre 7 e 28

dias/10000, segundo estimativas do Ministério da Saúde,

Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), Base de Dados

do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e do Sistema

de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as estimativas

demográficas da mortalidade infantil para as regiões Norte,

Nordeste (exceto Mato Grosso do Sul) e para o Estado de

Minas Gerais vêm reduzindo, exceto para a região Centro-

Oeste, como evidenciado na Tabela I.

Tabela I - Taxa de mortalidade neonatal

tardia nas grandes regiões brasileiras

(em dez mil nascimentos)

Regiões 1991 1996 1998

Norte 45 40 43

Nordeste 92 71 58

Sudeste 35 32 31

Sul 31 28 24

Centro-Oeste 33 34 36

Fontes Base de Dados do SIM, SINASC e IBGE

Rede interagencial de informações - Ministério da Saúde

Estas taxas globais por países, estados ou municípios,

no entanto, são diferentes segundo os diversos indicadores de

risco para as doenças infantis, bem como segundo análise da

distribuição espacial em uma mesma região. Goldani et al

(2001), por exemplo, referem que a área mais pobre da cidade de

Ribeirão Preto (SP) apresentou contínuo acréscimo na

mortalidade infantil no período observado. Concluem que as

áreas pobres desta cidade apresentam taxas de mortalidade

infantil mais elevadas quando comparadas a áreas mais

privilegiadas, e que o nível de desigualdade social urbana,

representado pela distribuiçäo do salário do chefe de família,

14

apontou piora contínua da saúde das crianças residentes na área

pobre da cidade em detrimento às outras áreas. Esta desigualdade

é registrada também por Ribeiro (2003) em diversas regiões

brasileiras, principalmente no Nordeste, e por outros autores

nacionais, anteriormente citados, em diversas localidades do

país. Entre outros países, onde há diferenças marcantes nas

classes sociais, Rivera (1994) e Victora (2003) registram o fato

na Bolívia, Pattinson (2003), na África do Sul.

Alguns dos fatores de risco para a mortalidade neonatal

são apontados pelo Ministério da Saúde da Nicarágua, em

boletim no ano de 2003. Refere que, devido à problemática da

mortalidade perinatal, realizou um diagnóstico situacional da

atenção obstétrica e perinatal em 21 hospitais de sua rede de

serviços, encontrando como causas principais associadas a altas

taxas de mortalidade perinatal os problemas de organização de

serviços, falta de controle, de gerenciamento e de manutenção de

equipamentos, debilidades no sistema de informação e registro,

além de insuficientes insumos médicos. Neste sentido, propõe

diretrizes para intervenção.

Outros fatores têm sido apontados, como o

analfabetismo materno, por exemplo. Em extensivo estudo sobre

as medidas de desigualdade em saúde, Szwarcwald, Bastos &

Andrade (2002) encontraram em recém-nascidos com peso

inferior a 2500g taxa de mortalidade neonatal de 98/1000 entre

filhos de mães analfabetas, contra 9/1000 entre os de mães com

nível superior de escolaridade.

Em relação ao coeficiente de mortalidade entre recém-

nascidos com peso de 2500 ou mais, o Grupo Técnico de

Informações de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São

Paulo (SES), obteve coeficiente de 27/10000 nascidos vivos no

triênio 1997 a 1999. Neste triênio, o banco de dados consistiu no

processamento de todas as Declarações de Óbitos e Nascidos

15

Vivos, coletadas nos Cartórios de Registro Civil dos municípios

paulistas, realizada pela SEADE, em parceria com a SES.

Quando se avaliam as causas de óbito neonatal, a

anóxia neonatal, apontada como "asfixia ao nascimento",

encontra-se entre as principais causas em todos os países.

Segundo a OPS, no final do século XX, as causas perinatais nas

américas foram responsáveis por 38% das mortes abaixo de 5

anos, sendo 41% decorrentes de problemas na gestação e parto,

das quais, a asfixia perinatal responde por 21%.

Nos países desenvolvidos, a taxa de óbitos por malformações

congênitas e por doença da membrana hialina, iguala ou supera

pouco a de asfixia ao nascimento. Segundo dados recentes da

OMS (WHO, 2003), a freqüência de óbito decorrente de asfixia

ao nascimento é maior na primeira ou segunda semana. Há

diferenças que variam desde menos que 10% dos óbitos, como

observados na Áustria, a mais de 60%, como constatados na

Nicarágua e Venezuela.

Diante da alta freqüência da asfixia neonatal como causa

de óbito, consideramos de grande interesse o conhecimento da

sua real dimensão em nosso meio.

Rotta & Lago (1984), em estudo epidemiológico

hospitalar sobre doenças neurológicas neonatais no Hospital das

Clínicas de Porto Alegre (RS), entre os anos de 1979 e 1980,

encontraram diagnóstico de anóxia neonatal em 37 (5,6%) de

650 recém-nascidos, incluindo nascidos pré-termo, com

morbidades neonatais. Moura-Ribeiro & Gonçalves (2004)

encontraram 32 (50,8%) recém-nascidos com anóxia neonatal

entre 63 com afecções neurológicas em nascimentos de termo

consecutivos de fevereiro a julho de 1998.

A utilização de dados em hospitais públicos entre os

pacientes não conveniados ou não pagantes fornece um recorte

da situação das classes sociais menos favorecidas. No Hospital

16

das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP), no qüinqüênio 1982-

1986, de 16674 recém-nascidos vivos, 1114 (6,68%)

apresentaram asfixia perinatal, e destes, 288 (17,3%) foram a

óbito neonatal. Entre o total de nascidos vivos, dois terços eram

nascidos pré-termo ou tinham peso abaixo de 2500g (Funayama,

1990).

Estudando especificamente recém-nascidos pré-termo,

Mauad Filho et al (1995) avaliaram 359 gestações assistidas na

Clínica Obstétrica do HCRP, em 1991. Relatam incidência de

11,4% de nascimento pré-termo, e destes, 58% com idades entre

34 e 36 semanas gestacionais. Entre os nascidos com 28 semanas

ou menos, houve 95% de óbitos, ocorrendo desde poucos

minutos até dois dias de vida. Concluem que o pré-termo ainda

continua apresentando altos índices de morbimortalidade, e que

deve ser assistido por uma equipe especializada, com o intuito de

entender e minimizar os danos decorrentes da imaturidade

funcional.

Nos primeiros anos deste século XXI, a taxa de

nascimento pré-termo vem aumentando e constitui-se na

principal causa da alta taxa de mortalidade por afecções

perinatais, principalmente os de baixo peso esperado para a idade

gestacional, como apontado por Serafim (2002) e Kilsztajn et al

(2003).

A ocorrência de anóxia em recém-nascidos pré-termo

está relacionada, em parte, à vulnerabilidade do cérebro imaturo

ao ambiente extra-uterino, estando os procedimentos para a

manutenção da vida em unidades de tratamento intensivo (UTIs)

longe de substituir a unidade materno-feto-placenta. Entretanto,

fatores antenatais podem estar envolvidos, levando à agressão

hipóxica ou isquêmica ainda antes do nascimento. Bejar et al

(1988, 1990) encontrou lesões antenatais em 10% de uma

amostra de recém-nascidos pré-termo de gravidez única, e em

17

30% em gemelares monocoriônicos, por ultra-sonografia nas

primeiras 72 horas.

Em relação à gestação de gemelares, a equipe de

gestação de alto risco do HCRP tem realizado pesquisas no

sentido de evitar o nascimento de prematuros extremos. Uma

conduta conservadora, acompanhando o crescimento do feto vivo

até a gestação atingir pelo menos 32 semanas, adotada pela

equipe de gestação de alto risco do HCRP, foi benéfica para a

prevenção de problemas relacionados à prematuridade, e de

seqüelas neurológicas. Dez crianças com idade mediana de 42

meses, cujo irmão gêmeo foi a óbito no segundo ou terceiro

trimestre de gestação, foram examinadas sob o aspecto

neurológico (Funayama et al, 2002). Entre as dez crianças,

apenas uma desenvolveu leve monoparesia crural, decorrente de

intercorrências neonatais. Entre as cinco que tiveram placentação

monocoriônica, nenhuma apresentou síndrome da transfusão

feto-fetal.

A prevenção do nascimento pré-termo, bem como de

suas complicações em vários aspectos do desenvolvimento, tem

sido focalizada com preocupação, principalmente considerando-

se a crescente incidência em todo o mundo (Greer et al, 1999;

Lems et al, 1993; Kok et al, 1998; Buiatti,1998; Martins,

Linhares & Martinez, 2000; Lemons et al, 2001; Isotani et al,

2002; Linhares et al, 2002; Pereira & Funayama,2004). Estudo

de extensa casuística brasileira aponta para problemas sociais

como mães primíparas, mães sem companheiro e o hábito de

fumar entre os principais fatores de risco de nascimento pré-

termo (Barbieri et al, 2000). Medidas de educação continuada

têm sido tomadas pelas sociedades médicas, além da participação

cada vez mais consciente da comunidade (Alencar Jr, 2001;

WHO, 2003)

18

2. CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE ANÓXIA

NEONATAL

A palavra anóxia, aplicada à fisiopatogenia do processo

que ocorre em nível tissular, torna-se inapropriada uma vez que o

que ocorre é uma redução do suprimento de oxigênio, o que

deveria ser chamado então hipóxia. Entretanto, a terminologia

consagrou-se, em função dos vários relatos e lendas sobre asfixia

por afogamento e enforcamento, situações que literalmente estão

de acordo com o fenômeno de anóxia, ou seja, falta de oxigênio à

tentativa de respiração. Manteremos aqui a terminologia

consagrada.

Dessa forma, segundo Courville (1950), o que hoje

chamamos de anóxia neonatal por intercorrências no parto, no

século XVIII foi denominada ―sufocação no recém-nascido‖ por

Roederer em 1760, ―asfixia neofitorum‖ por Ehrhart em 1785,

―asfixia neonatorum‖ por Regnier em 1789, e ―morte aparente no

recém-nascido‖ por Löfler em 1792.

Quando se estuda anóxia perinatal, uma das

dificuldades que se colocam prontamente são os indicadores para

o diagnóstico. Em relação aos indicadores relacionados ao

nascimento, como afirmou Virgínia Apgar em 1953,

inicialmente, recorria-se ao intervalo de tempo entre o

nascimento e a primeira respiração ou o primeiro choro para

considerar-se o diagnóstico de anóxia neonatal. Porém, outros

elementos mais objetivos eram necessários para avaliar a

condição do concepto.

Assim, Apgar (1953) apresentou um escore de

avaliação do estado do concepto, que conhecemos por seu nome,

propondo a observação de 5 parâmetros após 60 segundos do

nascimento: freqüência cardíaca, irritabilidade reflexa, tonicidade

global, esforço respiratório e cor da pele, estabelecendo um valor

19

mínimo de zero e máximo igual a 2 para cada parâmetro;

considerou que um índice menor que 3 no 1o minuto implica em

―pobre condição‖ do concepto.

Observe-se que em sua proposta, Apgar não se refere

estritamente à anóxia, mas ao estado ou nível de depressão do

recém-nascido. Como observam Crawford, Daves & Pearson

(1973) e Crawford (1982), o baixo Índice de Apgar revela

depressão no estado geral do neonato, que tanto pode ser devida

a uma hipóxia, como a drogas depressoras do sistema nervoso, a

traumatismos ou à inibição laríngea por estimulação com o

cateter, por exemplo.

Por outro lado, os critérios diagnósticos de asfixia têm

sido variáveis, ora focalizando-se em medidas de monitorização

ultra-sonográfica durante a gestação (Nomura et al, 2003) ou

intra-parto (Cleirici, Luzietti & Di Renzo, 2001), ora

considerando-se os fatores de risco de asfixia, levando-se ou não

em conta a condição de nascimento do concepto, como por

exemplo a medida do pH sanguíneo (Sykes et al, 1982; Francisco

et al, 2000).

Para Marx, Nahajan & Miclat (1977), o pH arterial do

concepto só é útil imediatamente ao despreendimento fetal, pois

no primeiro minuto e nos seguintes atinge valores variáveis,

dependentes do tipo de atendimento utilizado. Para Sykes et al

(1982), a medida do pH arterial não se constitui bom indicador

de asfixia, pois somente em 19% daqueles com Índice de Apgar

menor que 7 no 5o minuto, o pH foi menor que 7,10 e o excesso

de base maior ou igual a 13 mmol/l, imediatamente ao parto.

A relação entre cardiotocografia e pH inferior a 7,20 (p

= 0,001) foi observada recentemente por Francisco et al (2000).

A experiência clínica tem mostrado, no entanto, que o

escore de Apgar não é um guia certo para a asfixia, e que nem a

asfixia é a única causa de acidemia, pois variações rápidas no pH

sanguíneo podem ocorrer por variações na perfusão fetal, seja

20

pela mudança na hidrostática após rompimento das membranas,

seja pelo esforço no canal do parto, como ligado à motilidade e

esforço para o choro imediato.

Crawford (1982) sugere que e o diagnóstico de

―asfixia‖ deve ser baseado em um senso comum de apreciação

das características da gravidez, trabalho de parto e procedimentos

pós-natais imediatos, como a necessidade de entubação

orotraqueal.

Assim, a partir das ponderações acima apresentadas,

para os estudos realizados com crianças nascidas de termo no

HCRP, considerou-se anóxia neonatal a ocorrência de ambos os

eventos: 1- História perinatal desfavorável, com um ou mais

fatores de risco de sofrimento fetal intrauterino; 2- Índice de

Apgar inferior a 7 no primeiro minuto após o nascimento.

Duas questões foram respondidas em estudos realizados

no período de 1982 a 1990 no HCRP: uma sobre a caracterização

das manifestações clínicas da asfixia sobre o sistema nervoso

central do recém-nascido de termo (Funayama, 1985; Funayama,

Moura-Ribeiro & Gonçalves, 1991), e a outra sobre a relação

entre asfixia verificada ao nascimento e seqüelas neurológicas

(Funayama, 1990; Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves,

1997). Mais recentemente, estudou-se no HCRP o diagnóstico

etiológico da paralisia cerebral, com enfoque na prevenção

primária das deficiências (Funayama et al, 2000; Caram, 2002).

21

3. A ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA

PERINATAL (EHI)

A relação entre a anóxia perinatal e as manifestações

neurológicas dela decorrentes tem sido objeto de estudos desde

meados do século XVIII, sejam estas manifestações no período

imediato ao nascimento, isto é, EHI, ou sejam posteriormente,

apresentando-se como retardo no desenvolvimento neuromotor

(RDNM) ou paralisia cerebral (PC), caracterizada pelas seqüelas

motoras por lesão em vias piramidais, gânglios da base ou

cerebelares.

Em 1983, Fenichel, com base em dados de sua própria

casuística e em literatura dos países desenvolvidos, observou que

entre recém-nascidos de termo, 5% sofrem algum grau de anóxia.

Destes que sofrem anóxia, cerca de 5% apresentam

comprometimento cerebral, isto é, EHI. Não fez referência à

freqüência de seqüelas neurológicas.

Em relação à EHI no recém-nascido de termo, os estudos de

Brown et al (1974) e Volpe (1976) destacaram-se na descrição da

semiologia neurológica da fase aguda. Mas foi a proposição de

uma classificação para a EHI perinatal apresentada por Sarnat &

Sarnat (1976), que, passando a ser utilizada amplamente, permitiu

comparação entre os diversos serviços, em todo o mundo, quanto a

sua incidência, seus indicadores de prognóstico e caracterização

de suas seqüelas.

Em relação à EHI no recém-nascido pré-termo, as

intercorrências hemodinâmicas, com alta taxa de hemorragia peri

ou intra-ventricular, não possibilitam a caracterização semiológica

clínica para a EHI, que muitas vezes mostra-se assintomática,

detectada apenas por ultra-sonografia.

3.1 FISIOPATOGENIA DA ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-

ISQUÊMICA (EHI)

22

A hipóxia aguda cerebral no recém-nascido, decorrente de

condições patológicas maternas, obstétricas e/ou do próprio

concepto, ocorre mais freqüentemente no contexto do fenômeno

isquêmico determinado por hipofluxo cerebral (Lou, Lassen &

Friis-Hansen, 1977). A hipóxia isolada, sem isquemia é mais rara,

ocorrendo, por exemplo, na síndrome de aspiração de mecônio

(Madi et al, 2003), a que está mais sujeito o recém-nascido pós-

termo (McMahon, Kuller & Jankowitz, 1996) ou por refluxo

gastro-esofágico após cesariana (Zhao, Zhang & Wang, 1996).

Cabe lembrar, portanto, que as lesões cerebrais não são

comumente decorrentes de fenômeno puramente hipóxico, sendo a

isquemia o principal fator, o que levou à utilização do nome

―encefalopatia hipóxico-isquêmica‖, ou como Rosemberg (1974)

bem denominou, ―encefalopatias circulatórias pré e perinatais‖.

Na situação mais comum de isquemia por hipofluxo, as áreas

mais freqüentemente prejudicadas correspondem às zonas

limítrofes das artérias cerebrais anterior, média e posterior,

principalmente em territórios parietais posteriores, tal como ocorre

em estados hipoglicêmicos (Volpe & Pasternak, 1977).

O território carotídeo é o principal acometido. O envolvimento

da artéria cerebral posterior deve-se provavelmente à sua origem

embriológica no sistema carotídeo e a comunicante posterior de

grosso calibre no cérebro imaturo, sendo somente durante a vida

embrionária tardia ou fetal precoce, que a parte distal desta artéria

começa a receber contribuição sanguínea da artéria basilar

(Rosemberg, 1974).

No encéfalo, além do infarto em zonas limítrofes, observa-se

comprometimento seletivo neuronal em áreas corticais e tronco,

oligodendroglial subcortical e periventricular, além do status

marmoratus nos núcleos da base, descrito por Vogt, em 1920,

segundo Courville (1950). Os achados cerebrais foram descritos a

partir de estudos em macacos (Windle, 1963; Myers, 1975), de

23

necropsia (Rosemberg, 1974; Nakamura et al, 1986), e têm sido

possível diagnosticar in vivo por meio de exames por imagem,

sendo o mais recente, ressonância magnética com espectroscopia

(Fan et al, 2003; Khong et al, 2003).

Quanto ao período em que ocorre o dano neuronal, existe

variabilidade regional. Por exemplo, em culturas organotípicas de

células em meio livre de glicose, o período para o dano de

neurônios hipocampais foi mais precoce do que o dos corticais,

sendo o dano na zona CA1 em 7 minutos, na CA3 e nas camadas

corticais II, III, V e VI em 30 minutos, e camada IV em 60

minutos. Ocorrem também diferentes períodos para o dano

neuronal ou glial, dependendo da interação, se neurônio-neurônio

ou glia-neurônio, sendo, por exemplo, em 7 minutos a ativação

microglial subjacente a áreas hipocampais isquemiadas (Bernaudin

et al, 1998).

Marin-Padilla (1997) apresenta estudo abrangente anatomo-

patológico cortical das lesões hipóxico-isquêmicas, e também

hemorrágicas, perinatais relacionadas à evolução para disfunção

epiléptica focal. Refere que ocorrem mudanças na substância

cinzenta após comprometimento da substância branca, mesmo que

a circulação cortical permaneça intacta, observando-se, por

exemplo, reconstrução desordenada do neuropilo, e grandes

neurônios, com longos dendritos cobertos por espinhas.

Quanto à vulnerabilidade dos astrócitos à agressão hipóxico-

isquêmica, em cultura de células gliais, Zhao & Flavin (2000)

demonstraram que os astrócitos do hipocampo são mais

vulneráveis, com morte em 2 horas após hipóxia e hipoglicemia,

que os astrócitos corticais, que morrem em 8 horas.

Na medula espinhal, Sladky & Rorke (1986) descreveram 21

casos (2,3%) entre 900 necrópsias consecutivas ocorridas até o

quarto dia de vida. Padrões distintos de lesão foram observados: no

recém-nascido pré-termo – infarto em zonas limítrofes e

hematomielia dissecando para o parênquima, sendo os segmentos

24

lombossacrais os mais acometidos e a região central da medula

completamente necrótica, com relativa preservação da periferia;

No recém-nascido de termo – necrose neuronal difusa, com

prejuízo neuronal maior ventromedial.

O cérebro imaturo apresenta particularidades, que devem ser

consideradas quando se tomam os achados em cérebros maduros

como modelo fisiopatogênico:

- O compartimento intracelular está em franco processo de

produção e regulação de fatores ligados ao crescimento e

especializações funcionais. Há menor número de sinapses. O

compartimento extracelular é maior, tendo-se que considerar,

portanto, um terceiro espaço com valores de pH diferentes do

intravascular (Greene & Rosén, 1995).

2. Quanto à vasculatura, além da vulnerabilidade decorrente da

constituição incompleta das camadas da parede vascular, o

endotélio capilar se apresenta mais permeável por serem as células

ainda espaçadas. As ―tight junctions‖ amadurecem por volta do

período final da gestação a termo e, mesmo no adulto, os vasos da

substância branca permanecem mais permeáveis do que os da

substância cinzenta (Tagaya & Del Zoppo, 1997).

3. As áreas corticais mais prejudicadas pela hipóxia isolada são

as mais amadurecidas no período em que ocorre o evento (Barth et

al, 1984).

4. No período final da gestação, coincidem maturação e maior

vulnerabilidade em neurônios motores inferiores (medula

espinhal), proprioceptivos bulbares, núcleos de nervos cranianos

do tronco, o diencéfalo, núcleos da base e córtex nas zonas de

projeções primárias, como a sensoriomotora (áreas 4, 3, 1, 2 de

Brodmann, pré e pós-rolândicas). Nestas áreas, os pontos mais

seletivamente atingidos, por serem mais sensíveis a hipóxia, são os

que concentram maior número de receptores NMDA de glutamato,

como as camadas III, V e VI corticais, a CA1 hipocampal, as

25

células de Purkinje, o putamen e caudado (Ikonomidou et al,

1989).

5. A oligodendróglia também concentra grande proporção de

glutamato, provavelmente por troca com a cistina intracelular. Este

mecanismo e a alta vulnerabilidade da oligodendróglia aos radicais

livres são possíveis causas da leucomalácia periventricular ou

subcortical do pré-termo (Oka et al, 1993; Volpe, 2001).

6. As vias glutamatérgicas, excitatórias, estão mais maduras no

recém-nascido que as gabaérgicas, inibitórias (Moshé, 1987). A

resposta à falta de oxigênio nas terminações sinápticas é a de

intensa liberação de aminoácido excitatório (Ikonomidou et al,

1989). Por outro lado, foi demonstrado que os neurônios

gabaérgicos (inibitórios) em neocórtex de rato de 6 dias de idade,

em sistema de cultura, são os primeiros a apresentar sinais de

morte celular, quando submetidos à hipóxia (Romijn, Ruijter &

Wolters, 1988). Portanto, os mecanismos que culminam em

convulsão, evento freqüente na EHI perinatal, se devem a eventos

decorrentes da hipóxia, como o excesso de neurotransmissores

excitatórios, maior vulnerabilidade dos neurônios inibitórios e

limitação na produção dos neurônios inibitórios devido à

imaturidade. O Kainato, outro receptor ionotrópico de glutamato,

ligado ao sódio, pode ter o seu papel em recém-nascidos: óxido

nítrico e prostaglandinas participam da vasodilatação induzida pelo

kainato em suínos recém-nascidos (Bari, Louis & Busija, 1997). O

papel do kainato é enfoque atual entre os estudos relacionados à

hipóxia, principalmente às crises no cérebro imaturo. Tandon et al

(2002) referem que, em ratos maduros, crises induzidas por ácido

kaínico aumentam com repetidas doses e deixam grave dano

hipocampal, mas que em ratos imaturos as crises tendem a reduzir

com doses repetidas e nenhum dano histológico foi notado em

qualquer dos ratos expostos a crises recorrentes. Sugerem que no

rato imaturo ocorra redução no número de receptores kaínicos

(downregulation) com o processo de indução pelo ácido kaínico, e

26

que a redução na densidade dos receptores de glutamato pode se

dever, em parte, a falta de perda neuronal e baixa intensidade de

crises nesses animais. Diante destes achados, o kainato revela-se

como um fator de proteção no animal imaturo.

Em modelos experimentais, houve nas últimas décadas grande

avanço nos estudos sobre as alterações bioquímicas provocadas

pela hipóxia e isquemia. Porém, especificamente sobre o período

perinatal, os modelos em animais imaturos ainda vêm se

aperfeiçoando.

Após o processo isquêmico inicial, decorrente do hipofluxo

cerebral, em período variável, dependente de características

teciduais, ocorre a reperfusão, durante a qual há dois momentos

importantes, críticos no processo metabólico da área central, da

isquemia e da área de penumbra (que se encontra próxima à área

central da isquemia).

A primeira ocorrência é a hiperperfusão, em que o fluxo

sangüíneo cerebral atinge valores superiores aos pré-isquêmicos

(Hossman & Kleihues, 1973). Nesse período há novo aporte de

oxigênio e glicose para os tecidos, bem como os demais

componentes sanguíneos. A demanda metabólica é intensa. Pode

ocorrer quadro de vasoparalisia, com pequena diferença venosa e

arterial de oxigênio, ao que Lassen (1966) chamou de ―perfusão de

luxo‖. A segunda ocorrência é o fenômeno do ―no reflow‖ (Ames,

Wright & Kowada, 1968), ou seja, há queda do fluxo sangüíneo

cerebral, para valores inferiores aos pré-isquêmicos (―misery

perfusion‖ de Lassen, 1966).

Na hipóxia isolada, sem isquemia, o aporte cerebral de glicose

mantém-se, ou ainda, pode ser maior, por elevação no fluxo

sangüíneo cerebral decorrente da vasodilatação induzida pela

maior concentração de CO2. Por outro lado, pode haver

alentecimento no processo de difusão facilitada da glicose na

membrana celular, em decorrência da redução, induzida pela

hipóxia, na atividade da proteína carreadora da glicose. Na

27

isquemia, a redução do aporte de glicose ocorre em decorrência do

hipofluxo e também devido ao alentecimento no processo de

difusão. Seja na hipóxia ou isquemia, a demanda de glicose

tecidual é acentuada em decorrência do metabolismo intenso. A via

glicolítica, sob condição hipóxica, aumenta a produção de ácido

lático, e produz apenas dois mols de ATP por mol de glicose. A

hipoglicemia induz a célula à busca de outras fontes energéticas.

No tecido nervoso humano imaturo a captação dos corpos

cetônicos é três vezes maior do que no tecido maduro, embora a

síntese hepática dos corpos cetônicos ainda esteja baixa no período

neonatal. Entretanto, estas alternativas energéticas são mais

dependentes de O2 do que a glicose sendo, portanto, a glicose a

principal fonte energética cerebral, mesmo em situação de hipóxia

(Greene & Rosén, 1995).

Em animais maduros, estados hiperglicêmicos promovem

importante aumento dos radicais hidroxilas livres tanto na fase

isquêmica como na de reperfusão (Wei et al, 1997), observando-se

aumento também na área infartada (Quast et al, 1997). Há

evidências, entretanto, segundo estes mesmos autores, que a

hiperglicemia favorece a saída de cálcio da célula na agressão

isquêmica. No animal imaturo, a condição fisiológica de menor

taxa de captação cerebral de glicose pode ser um mecanismo

limitante do dano tecidual, em caso de hiperglicemia (Levene,

Hornberg & Williams, 1985).

O processo de morte neuronal na isquemia inclui também a

apoptose, além da necrose, que constitui o evento maior. Genes

inibidores de apoptose celular como a bclx-L da família bcl2,

podem proteger o neurônio contra a apoptose, no desenvolvimento

normal do sistema nervoso como também da morte celular

induzida por isquemia, por exemplo (Farlie et al, 1995; Macaya,

1996; Parsadanian et al, 1998).

Além da ativação de enzimas reparadoras de DNA, há

evidências de que a ativação da via MAPK/ErK ½ (mitogen-

28

activated protein kinase/extracellular signal related kinase) pode

proteger o astrócito da isquemia (Jiang et al, 2002). Estas kinases

são ativadas em resposta a estímulos extracelulares e mostram

especificidade diferencial para seus substratos.

As alterações bioquímicas que ocorrem no processo citotóxico

têm sido extensivamente elucidadas nas duas últimas décadas

(Sampaio et al, 1996; Bari, Louis & Busija, 1997; Parsadanian et

al, 1998), e são resumidas como se segue.

Na isquemia ocorre redução do aporte de O2 e de glicose.

Reduzindo-se os níveis de ATP por falta de O2, desencadeia-se

uma série de mecanismos de proteção e de agressão. Entre os de

proteção energética, há maior eliminação de íons H+ para

equilíbrio ácido-básico interno, ativação de enzimas e moléculas

que mantêm a integridade das membranas e outros componentes da

célula, como adenosina A1, aumento do glutation, vitaminas A, E e

C, proteossomas e enzimas que participam no processo

antioxidante: superóxido dismutase, catalases, peroxidases,

glutation peroxidase, glutation transferase, por exemplo (Floyd,

1997).

A falha na bomba de sódio e potássio leva à despolarização das

membranas com abertura de canais de sódio e cálcio voltagem

dependentes. Na terminação pré-sináptica desencadeia-se intensa

liberação de glutamato, a partir da qual eventos danosos ocorrem, e

que podem levar à morte da célula (excitotoxicidade), da seguinte

forma:

Na membrana pós-sináptica há hiperestimulação dos receptores

de glutamato ionotrópicos: AMPA (quisqualato) que está acoplado

principalmente a canais de sódio, e o NMDA, a canais de cálcio.

Ocorre intensa passagem de sódio e cálcio para o espaço

intracelular. A maior concentração de sódio intracelular atrai água

para dentro da célula, contribuindo para a piora do edema

citotóxico. O aumento da concentração de íons cálcio no espaço

intracelular induz atividades enzimáticas muito acima da

29

capacidade fisiológica: as proteases, como a óxido nítrico-sintetase

produzindo óxido nítrico a partir do aminoácido L-arginina;

fosfolipases A2 e C que quebram lípides de membrana produzindo

o ácido aracdônico e as endonucleases, catalizando reações

orna sti. Na mitocôndria, o cálcio induz distúrbios na produção

de energia, liberando radicais de oxigênio livres. Além do óxido

nítrico e oxigênio, outros radicais são liberados nas reações como

os de hidroxila, cobre e ferro, que se liberam da ferritina e da

hemoglobina. Estes reagem desordenadamente com constituintes

da membrana celular, levando à desintegração. O ferro livre

também cataliza reações que acentuam a produção de radicais

hidroxilas, fazendo aumentar a acidose e esta, por sua vez,

favorece mais liberação de glutamato para a fenda sináptica.

Produtos liberados para o meio extracelular, como o óxido nítrico e

íons H+, chegam à fenda sináptica, e estimulam a liberação de

mais glutamato na terminação pré-sináptica, aumentando o risco

excitotóxico (Levene, Hornberg & Williams, 1985).

Em animais adultos, tanto no período de isquemia como no de

reperfusão, mas principalmente neste, acentua-se a produção de

radicais livres em decorrência do suprimento energético, que

propicia superoxidações (Kumura et al, 1996; Garnier et al, 2001).

A enzima xantina-oxidase utiliza o oxigênio para converter

hipoxantina (derivada do ATP) em xantina e esta, através da

xantina-oxidase, para ácido úrico, reação que libera mais radical de

O2 livre. Os radicais hidroxilas livres foram detectados em maior

proporção na área de penumbra do que na área central, e este

aumento se fez em estágio mais tardio (Soleski et al, 1997).

Em modelos experimentais, e também em recém-nascidos

humanos, foi demonstrado que inibidores da ciclooxigenase

(catalizadora de reações do ácido aracdônico, que produzem as

prostaglandinas e tromboxane), como a indometacina, reduzem o

fluxo basal (Pourcyrous et al, 1994).

30

Assim, desde o transporte nas membranas, síntese orna st,

função mitocondrial e os mecanismos gênicos podem estar

afetados. Células que apresentam mais proteínas carreadoras de

cálcio como a calbindin-D 28K parecem ser mais resistentes à

morte (Orrenius & Nicotera, 1994).

A inervação colinérgica pode estar envolvida na modulação da

concentração de cálcio livre intracelular, enquanto a inervação não

colinérgica exerce seu efeito através de mecanismo dependente de

AMP cíclico (Koike, Tanaka & Ito, 1994).

As células gliais de algumas regiões do cérebro normal

também expressam receptores NMDA. Entretanto, após a

isquemia, ocorre expressão funcional do subtipo 2B no hipocampo,

onde normalmente não é detectado (Krebs et al, 2003).

A condição de acidose parece ter influência crucial no dano dos

astrócitos em cultura (Swanson, Farrel & Stein, 1997).

O processo pelo qual a isquemia focal conduz a mudanças

inflamatórias na vasculatura inclui a agressão hipóxica, a liberação

de citocinas, a geração de trombina e a resposta celular, tudo

modulado por reperfusão (Del Zoppo, 1997).

Nos vasos, as membranas das células endoteliais sofrem ação

do ácido aracdônico e radicais livres, comprometendo, assim, a

barreira hemato-encefálica. Ocorre também ação do Ca+ que

aumenta durante a hipóxia endotelial e parece ser dependente de

superóxido e geração de peroxinitrito, e não da abertura de canais

de cálcio voltagem-dependentes (Ikeda et al, 1997).

Estudo em células endoteliais e astrócitos (Tsang et al, 2001),

por meio de hibridação in situ, demonstrou altos níveis de sítio de

expressão do gene da citocina endotelin –1.

As citocinas hematolinfopoiéticas têm um papel nas funções

regulatórias relacionadas à morfogênese e à maturação celular no

sistema nervoso central e periférico (Mehler & Kessler, 1997),

regulando o fenótipo celular durante o desenvolvimento (Hu,

Peterson & ren, 1997). As citocinas também promovem

31

emigração de leucócitos do lúmen vascular para a área lesada e são

produzidas no sítio do infarto incipiente (Kogure et al, 1996). Na

situação de hipóxia, as citocinas têm sido apontadas como

indutoras do dano neuronal via óxido nítrico. Hu et al (1997)

sugerem que o óxido nítrico esteja envolvido em mecanismos

consistentes com o de apoptose, por evidenciar fragmentação do

DNA em culturas de células neuronais humanas submetidas à

agressão hipóxica. O mecanismo apoptótico foi demonstrado

também na necrose neuronal ponto-subicular no período perinatal

(Brück et al, 1996).

E-selectin, um grupo de moléculas reguladas pelas citocinas

TNF e IL1, participa na adesão leucocitária ao endotélio e nos

eventos inflamatórios que se seguem à isquemia, surgindo também

em tecidos não isquêmicos (Morikawa et al, 1996; Hara et al,

1997). A formação de trombina e conseqüente aumento de

fibrinogênio e fibrina nos vasos no sítio da isquemia são

considerados a principal causa do impedimento da reperfusão da

área isquemiada. Os ativadores de plasminogênio são agentes

fibrinolíticos. Enzimas proteolíticas, como a urokinase (u-PA) e o

ativador de plasminogênio tecidual (t-PA), que quebram a

continuidade da lâmina basal, são requeridas para iniciar a

migração de células endoteliais no desenvolvimento normal. O t-

PA exerce relativa seletividade trombolítica em virtude de sua

acelerada geração de plasmina, clivando assim o fibrinogênio. O

seu principal risco, no entanto, é o de hemorragia cerebral (Haring

& Del Zoppo, 1997).

3.2 SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA EM RECÉM-

NASCIDO DE TERMO COM EHI

A caracterização da EHI no recém-nascido de termo fez

parte de um projeto de avaliação longitudinal, iniciado em 1981

(Funayama, 1985; Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves,

1991).

32

Para o projeto, toda criança nascida a termo, com Índice de

Apgar inferior a 7 no 1o minuto e com intercorrências maternas ou

obstétricas, foi avaliada pela autora dentro das primeiras 48 horas,

diariamente até a alta hospitalar e depois aos 3, 6, 9 e 12 meses,

anualmente até 6 anos de idade.

O critério para inclusão foi rigoroso, pois a caracterização

clínica da EHI demanda observação de sinais concorrentes de

intercorrências metabólicas, ou doenças pré-natais, adquiridas ou

hereditárias.

Entre 15 de maio de 1982 e 15 de maio de 1983, nasceram

vivas no HCRP 3351 crianças. O diagnóstico de anóxia neonatal

grave foi atribuído a 89 recém-nascidos (2,65%), de acordo com os

critérios estabelecidos por Drage et al (1966), utilizando-se os

Índices de Apgar inferiores a 3 no 1o minuto de vida, além da

história materna ou obstétrica desfavorável.

Entre os 89 recém-nascidos (Funayama, 1985; Funayama,

Moura-Ribeiro & Gonçalves 1991), foram incluídos no trabalho 23,

aos quais se atribuiu Índice de Apgar inferior a 3 no 1o minuto e

igual ou menor que 6 no 5o minuto após o nascimento. Estes foram

comparados a um grupo de 23 controles com Índice igual ou superior

a 7 desde o primeiro minuto. No grupo controle, não foram incluídos

antecedentes maternos, obstétricos ou fetais, que constituíssem

fatores de risco para anóxia aguda, nem aqueles com alguma

suspeição de doenças genéticas. Os dois grupos eram coincidentes

do ponto de vista estatístico quanto ao nível sócio-econômico, idade

materna, ordem gestacional, tabagismo, estado nutricional e

utilização de medicamentos no período gestacional.

O protocolo, utilizado para avaliação neonatal e seguimento,

reúne provas neurológicas propostas por diversos autores (Lefèvre,

1950 e 1972; Paine, 1960; Prechtl & Beintema, 1964; Diament,

1967; Zdanska-Brinken & Wollanski, 1969; Brazelton, 1973;

Diament, 1976; Sant’Anne Dargassies, 1977, 1979 e 1980). O

33

procedimento de avaliação foi descrito detalhadamente, e,

posteriormente publicado (Funayama, 1996; Funayama, 2004).

Da avaliação até 28 dias de vida, os dados a seguir foram

ressaltados.

As provas mais freqüentemente alteradas (qui-quadrado p=

0,001), nos recém-nascidos anóxicos, no período de 24 a 48 horas,

quando comparadas aos controles, foram relacionadas a: 1-

perturbações do sono, vigilância, choro, motilidade espontânea e

provocada, correspondentes à inspeção geral; 2- resistência à

abertura palpebral, manobra do cachecol, balanço das mãos e

sustentação cervical, correspondentes à pesquisa do tono; 3- sucção,

deglutição, pontos cardeais e preensão palmar, correspondente à

pesquisa dos reflexos primários.

Houve predominantemente hipotonia global, mais acentuada

em nível escapular e cervical, e hiporreflexia também global, de

predomínio em membros superiores.

A hipotonia em região de cintura escapular foi mais acentuada

do que na pélvica, conforme evidenciado pela análise das

freqüências de respostas anormais à prova do cachecol e da medida

do ângulo dos adutores das coxas entre os recém-nascidos com EHI

grau II (qui-quadrado, p<0,05). Este achado localiza a lesão

predominantemente em zona limítrofe de artéria cerebral anterior e

média, como demonstrado em estudos por imagem (Volpe, 1977) e

anatomopatológicos (Rosemberg, 1974; Chimelli, 1983; Rosemberg,

1998).

À reavaliação neurológica ao final de 72 horas, 4 dos 23

recém-nascidos (17,7%) encontraram-se com exame neurológico

normal, 13 (56,5%) melhorados e 5 (21,7%) com sinais de piora em

pelo menos um dos itens avaliados.

O exame neurológico no 7o dia de vida permaneceu alterado

em 7 pacientes (30,4%), com melhora à inspeção geral, mantendo-se,

porém, a hipotonia e hiporreflexia globais; em dois pacientes (8,6%),

constatou-se hemiparesia de predomínio braquial direito.

34

No 28o dia de vida, alterações neurológicas ainda foram

detectadas em 4 de 5 recém-nascidos que permaneceram

hospitalizados além do 7o dia.

Três persistiram com hipotonia global, dos quais um com

hemiparesia de predomínio braquial direito, e um recém-nascido já

manifestava hipertonia nos quatro membros, com predomínio crural

direito. Entre os recém-nascidos com exame normal até o 7o dia,

apenas um se mostrou suspeito de alteração neurológica no 28o dia,

dos 18 casos avaliados. Este apresentou ausência do reflexo de

colocação, e na pesquisa do reflexo de marcha, cruzamento dos

membros inferiores, com bloqueio que não se desfez

espontaneamente. Cabe observar que, se houve um período de

hipertonia de adutores, este foi transitório, pois essa criança

examinada posteriormente, aos 12 e 47 meses, não apresentou

alterações neurológicas. Assim houve alta especificidade (94%) para

o exame neurológico no recém-nascido nesta amostra, para o

desempenho no final do primeiro mês.

Nesta avaliação durante o primeiro mês, surge a questão sobre

o tempo que decorre para a transformação da hipotonia em

espasticidade nos membros, pois é a forma espástica da paralisia

cerebral a mais comum, decorrente de lesão hipóxico-isquêmica.

Este tema será discutido mais adiante, no tópico 6.

Pode-se afirmar, portanto, que no primeiro mês ainda

predomina a hipotonia global, nos recém-nascidos que permanecem

hospitalizados.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DA EHI NO RECÉM-NASCIDO

DE TERMO

EHI GRAU I OU LEVE

A EHI na série de 23 casos do HCRP (Funayama, 1985;

Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves, 1991) ocorreu de forma

35

leve em 7 (30,4%). Destes, apenas dois meninos apresentaram sinais

de irritabilidade, evidenciados por tremores, choro estridente, sono

superficial e agitado, e curta latência para respostas reflexas. O

quadro que predominou nesses pacientes foi leve hipotonia,

particularmente de cintura escapular, associado a normo ou

hiporreflexia.

Na série de Sarnat & Sarnat (1976), constituída por 21

recém-nascidos, o grau leve, que chamou de estágio 1, foi

caracterizado principalmente por hipertonia e irritabilidade, e o

período de normalização ocorreu nas 24 horas seguintes. Estes

autores também valorizam, na classificação, achados de

hiperexcitabilidade autonômica, sendo no grau leve a exacerbação

simpática, com midríase, palidez e piloereção. Inclui também o

traçado normal no eletrencefalograma, como critério de classificação

do grau leve.

Segundo Amiel-Tison (1977), na EHI grau leve pode haver

alterações do tono muscular global, associadas à hiperexcitabilidade,

sem alteração da consciência ou dos reflexos. Há em regra

normalização completa ao curso da primeira semana. Porém, a

excitabilidade, hipotonia dos extensores cervicais e as

hemissíndromes podem persistir além da primeira semana.

Schlager (1982) encontrou nas primeiras 72 horas de vida

hipertonia e irritabilidade em 7 de 16 recém-nascidos, 15 dos quais

nascidos a termo com Índice de Apgar 0 a 3 no primeiro minuto. As

manifestações de irritabilidade ocorreram em menor número de

casos na amostra do HCRP, e não se encontraram recém-nascidos

com hipertonia na primeira semana.

Para Fenichel (1983), no grau leve, os sintomas da

encefalopatia são máximos nas 24 horas e diminuem rapidamente:

não há alteração da consciência, exceto nas primeiras horas ou após

o nascimento; o achado característico é o ―jitteriness‖ que descreve

como um estado de hiperalerta, com longos períodos de vigília, e

abalos espontâneos ou desencadeados pelo manuseio do recém-

36

nascido, em geral de baixa freqüência e alta amplitude, rizomélicos,

e mandibulares; o tono está preservado, excetuando leve hipotonia

dos extensores cervicais; os reflexos fásicos são normais ou

levemente hiperativos, com clono de pés inesgotável. Não ocorrem

convulsões neste grau.

Segundo Levene, Hornberg & Williams, 1985, o grau leve

se caracteriza por aumento na irritabilidade e hiperalerta com algum

grau de hipotonia e pobre sucção, com recuperação completa em 3

dias.

Diferenciou-se, portanto, a EHI grau I do grau II pelo

excelente estado de alerta no grau I, não havendo ainda consenso

quanto ao tono e reflexos.

EHI GRAU II OU MODERADA

A EHI na série de casos do HCRP (Funayama, 1985;

Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves, 1991) ocorreu na forma

moderada em 12 dos 23 casos (52,2%), com comprometimento da

vigilância por pelo menos 24 horas e sinais de irritabilidade em 5.

No 7o dia, não se observaram sinais de irritabilidade, exceto mãos

fechadas na maior parte do tempo de exame em 3 recém-nascidos,

dos quais apenas um assim permaneceu até o 28o dia pelo menos.

No sétimo dia, sete pacientes ainda apresentavam exame

neurológico alterado, todos com sucção fraca e dificuldade para a

deglutição, hipotonia global, predominante na cintura escapular e,

ainda, hemissíndrome em dois.

Manifestações epilépticas isoladas foram observadas em 3

dos 12 recém-nascidos. Essa cifra é inferior a observada por outros

autores que evidenciaram convulsões em 50 % dos casos.

Aumentando a casuística do HCRP para 40 recém-nascidos com EHI

grau II, em continuação ao mesmo projeto, a proporção de recém-

nascidos com convulsões perinatais subiu de 0,25 para 0,37.

37

A menor taxa de convulsões nesta casuística do HCRP

pode estar relacionada à menor gravidade da EHI. Este é o grupo em

que há consenso entre os autores na caracterização: rebaixamento no

estado de consciência, dificuldade de sucção e deglutição, podendo

haver convulsões isoladas ou repetitivas. Além disso, segundo

Fenichel (1983), esse estado letárgico mantido de forma persistente

pode ser modificado com a tentativa de acordar o bebê, que se

mostra excitável, com os abalos típicos do ―jitteriness‖, e para Sarnat

& Sarnat (1976) pode ocorrer exacerbação do sistema

parassimpático, com miose e aumento na eliminação de mecônio.

Nos pacientes do HCRP com encefalopatia moderada, o

quadro dominante foi de hipotonia global com redução do nível de

alerta. Em 10 (25%) dos 40 casos associou-se irritabilidade. Entre

estes 10, manifestações convulsivas ocorreram em 7. As crises

convulsivas foram mais freqüentes no grupo com hiperexcitabilidade

em relação ao grupo hiporreativo, como representado na Figura 1.

Importante diferenciar estado de hiperexcitabilidade com

irritabilidade e estado de hiperexcitabilidade sem irritabilidade.

Entende-se irritabilidade como uma manifestação de

desconforto, que pode ser decorrente de dor ou outra percepção

0

1/5

2/5

3/5

4/5

1

exci

tabilid

ade

hip

orre

ativ

idad

e

sem crise

com crise

10 30

Fig.1 - Proporção de casos com e sem crises segundo a presença de

hiperexcitabilidade ou hiporreatividade em neonatos com EHI

grau II. No topo, o número total de casos em cada grupo.

38

sensorial desagradável ao recém-nascido. Na EHI, o estado de

hiperexcitabilidade costuma ser sem irritabilidade, sem expressão

de dor, enquanto nos casos de hemorragia intracraniana, infecções

meníngeas e outros estados dolorosos, o fácies expressa o

desconforto e pode se constatar então irritabilidade.

A observação sistemática de recém-nascidos com grau

moderado tem levado à necessidade de considerar uma

subclassificação em: 1- moderada mínima: o recém-nascido

apresenta ciclo sono-vigília, reflexos osteotendíneos hipoativos ++

/+++, reflexos primitivos prontamente obtidos, porém hipoativos;

2- moderada média: o recém-nascido encontra-se em depressão do

estado de consciência, sem aparente estado de vigília e ainda

respirando sem auxílio de ventilador, os reflexos osteotendíneos

estão hipoativos +/+++, os reflexos primitivos se apresentam com

longa latência de resposta; 3- moderada máxima: difere da anterior

pela necessidade de ventilação assistida – excetuando-se as

situações de ventilação artificial por problemas pulmonares. Esta

sugestão para subdivisão do grau II necessita, entretanto, ser

testada em uma amostra de recém-nascidos com EHI.

EHI GRAU III OU GRAVE

Entre os 23 recém-nascidos estudados no HCRP

(Funayama, 1985; Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves 1991),

um nasceu em apnéia e em midríase paralítica, não apresentando

mudança no quadro até o óbito no 6o dia de vida. Nasceu, portanto,

em fase avançada da EHI III. Quando se ampliou a amostra,

totalizando 11 recém-nascidos com grau III, observou-se que, com

os critérios de irresponsividade a estímulo algésico, hipotonia e

hipo ou arreflexia, utilizados para esta classificação, todos foram a

óbito ainda no berçário.

39

Volpe (1976) relata três fases distintas na caracterização

do que se pode concluir tratar-se da EHI grave, ou evolução de um

grau II máximo, anteriormente sugerido por nós, para grau III.

Nessa descrição, Volpe dá ênfase a um período de alerta aparente,

chamando a atenção para o risco de interpretação errônea de

melhora neurológica do recém-nascido: nas primeiras 12 horas,

observa-se estupor ou coma, alterações respiratórias, podendo

levar à manutenção artificial da respiração, estando preservados os

movimentos oculares e resposta pupilar à luz. Refere ainda

hipotonia global acentuada, e no período entre 6 e 12 horas

iniciam-se as convulsões em cerca de 50 % dos casos. Entre 12 e

24 horas, há melhora aparente do estado de consciência, mas

pioram as manifestações, com períodos de apnéia. Entre 24 e 72

horas, piora o nível de consciência, ocorrendo parada respiratória,

sinais de distúrbios oculomotores e pupilares, podendo-se observar

ainda abaulamento de fontanela e afastamento de suturas.

Sarnat & Sarnat (1976) referiram mudanças nos estágios

com o passar das horas: 7 dos 21 recém-nascidos estudados

mudaram do estágio 1 para o 2, sendo que o estágio 1 durou de

uma hora e meia a dezoito horas, e o estágio 2, de quatro a seis

dias. Destas crianças, porém, nenhuma evoluiu para o grau 3 e

somente uma das 7 apresentou leve atraso no desenvolvimento,

detectado aos 9 meses de idade; nos demais, o exame neurológico

mostrava normalidade aos 6 meses de idade. Quatro dos 21 recém-

nascidos evoluíram do estágio 2 para o 3, sendo que um evoluiu

para óbito aos 27 dias, 3 para paralisia cerebral diplégica espástica

e um com atraso importante no desenvolvimento aos 6 meses. A

literatura a respeito, incluindo os trabalhos desenvolvidos no

HCRP, não se refere a mudanças de estágio, no sentido de piora da

EHI; pelo contrário, observa no grau leve melhora na totalidade

dos casos, e no grau moderado ou grave progressiva melhora ou

persistência do quadro neurológico.

40

Na série do HCRP, óbitos entre os que tiveram EHI grau

moderado foram observados somente após a alta do berçário. Entre

aqueles com EHI grave o óbito ocorreu em idades que variaram de

1 hora a 45 dias.

A inclusão da hipotonia global no grau I, defendida por

Fenichel (1983), Amiel-Tison (1977) e Levene, Hornberg &

Williams (1985), como se fez também no HCRP, com excelente

recuperação do recém-nascido ao longo da primeira semana,

superpõe-se ao estágio 2 de Sarnat & Sarnat (1976).

Esta modificação do critério, em relação à proposta de

Sarnat & Sarnat (1976), decorre do fato de que estes recém-

nascidos, como ocorreu também aos da casuística de Sarnat,

evoluíram sem qualquer seqüela neuromotora ou cognitiva. As

implicações orna stica da classificação da EHI serão mais

adiante comentadas.

Na tabela II estão sumarizados os itens para classificação

da EHI no recém-nascido de termo.

TABELA II – Critérios para classificação da EHI no recém-nascido de termo

DIAGNÓSTICO DO GRAU DA EHI

GRAU I GRAU II GRAU III

ESTADO DE

CONSCIÊNCIA

Normal Torpor Coma

TONO

MUSCULAR

Hipo ou Hipertonia Hipotonia Hipotonia

REFLEXOS Normo ou Hiperativos Hipoativos Ausentes

CONVULSÕES < 1% 60% 80%

RECUPERAÇÃO até 1 semana variável não relatado

- EHI EM CRIANÇAS NASCIDAS A TERMO DE BAIXO

PESO PARA A IDADE GESTACIONAL (PIG)

Alterações no peso e crescimento fetal podem refletir doenças

maternas ou fetais e estas têm sido estudadas principalmente por

Doppler (Costa, 2000; Franzin et al, 2001; Hata et al, 2000).

41

Enfoque específico nas artérias cerebrais do recém-nascido

PIG por análise do Doppler-velocimetria sugere alterações cerebrais

anteriores (Muniz, Netto & Gonçalves, 2003).

Alterações no desempenho neurológico de recém-nascidos

PIG têm sido relatadas e relacionadas particularmente a mudanças no

tono e reatividade em estudos semiológicos clínicos (Sant-Anne

Dargassies, 1977 e 1979; Gherpelli, Ferreira & Costa, 1993) e por

vídeo-eletrencefalografia (Padula, 1999).

Entre 94 recém-nascidos avaliados e diagnosticados como

EHI (Funayama, 1990; Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves,

1997) foram detectados 13 com peso ao nascer inferior a P10, na

curva de crianças nascidas no HCRP, estabelecida por Sala (1977).

Destes, 8 pertenciam ao grupo com EHI I e 5 EHI II. Entre os

controles, sem EHI foi detectado hiperexcitabilidade em um recém-

nascido AIG. Entre os 13 PIG, observou-se hipotonia restrita aos

extensores cervicais em dois, e em nenhum hipotonia generalizada.

O número de casos com hiperexcitabilidade comparando PIG e AIG

intragrupos EHI não foram diferentes, como evidenciado na tabela

III:

TABELA III – Distribuição dos casos segundo a presença de hiperexcitabilidade

Hiperexcitabilidade

PIG AIG

Hipertonia

PIG AIG

Hipotonia

PIG AIG

TOTAL

EHI I 1 9 0 0 8 35 43

EHI II 1 9 0 0 5 35 40

EHI III 0 2 0 0 0 11 11

Não houve particularidades que diferenciassem as alterações nos recém-

nascidos PIG daquelas descritas para os graus I e II da EHI perinatal. Nessa

amostra, a hiperexcitabilidade ocorreu em ¼ das crianças AIG e em 1/6 das PIG,

diferentemente do que se observa na literatura. Embora com estes achados não se

possa afirmar que a condição de PIG levou a mudanças em tono, reflexos ou

42

excitabilidade neonatal, esta condição deveria ser considerada no diagnóstico

diferencial da EHI leve ou moderada.

Na metodologia para investigação de recém-nascidos PIG, poderão ser

consideradas, em novos trabalhos, variáveis como PIG proporcionado (ou simétrico) e

desproporcionado (ou assimétrico) em relação ao peso e estatura. No PIG

proporcionado, tanto o peso como a estatura, são inferiores ao P10 esperado para a

idade gestacional ao nascimento. No PIG desproporcionado, há deficiência apenas no

peso (Balcazar e Haas, 1990; Goldenberg & Cliver, 1997).

Outro aspecto a ser considerado é que o exame nas primeiras 48 horas

apresenta alterações fisiológicas do ―choque do nascimento‖, descritas por Escardó &

Coriat (1960), que se constituem de hipotonia leve generalizada, com preservação dos

reflexos fásicos, podendo ocorrer hipoatividade reflexa primitiva, exceto sucção. Na

prática clínica, estes achados podem se superpor ao da semiologia da EHI grau I, mas se

diferenciam da EHI grau II, na qual ocorre hipoatividade reflexa fásica, mas também

nos reflexos primitivos, além de letargia. De acordo com Riesgo et al (1996), o choque

do nascimento não é influenciado pelo modo de nascimento vaginal ou cesariana, e

constataram seu desaparecimento até 24 horas em 70% dos recém-nascidos que o

apresentaram.

3.5 SOBRE A INCIDÊNCIA DA EHI PERINATAL NO RECÉM-NASCIDO DE TERMO

A partir da caracterização da EHI, e algum consenso sobre a sua classificação,

foi possível comparar a sua incidência entre diversos países e regiões.

Três trabalhos realizados no HCRP, nas décadas de 1980 e 1990, apresentam

os valores de incidência da EHI (Funayama, 1990; Funayama, Moura-Ribeiro &

Gonçalves, 1997; Espir Filho, 1996 e 1998).

Na década de 1980, foi observada a incidência geral de 4,68 por 1000 nascidos

vivos, incluindo-se recém-nascidos de termo e pré-termo.

43

TABELA IV – Distribuição da EHI segundo o grau e incidência em alguns centros

EHI

GRAU

Alicante

Espanha

Gonzales de Dios &

Moya 1991-1995

Edmonton

Canadá

Robertson &Finer

1976-1985

Leicester

UK

Levene et al

1980-1983

Leeds

UK Docherty &Congdon

1983-1985

Ribeirão Preto

Brasil

Espir Filho

1992-1995

I

II

III

TOTAL

N

30

5

5

40

%

75

12,5

12,5

100

N

79

119

28

226

%

34,9

52,7

12,4

100

N

80

24

22

12

6

%

63,5

19,0

17,5

100

N

14

15

8

37

%

37,8

40,6

21,6

100

N

35

25

9

69

%

50,7

36,2

13,1

100

INC

IDÊN

CIA

*

GRAU II

GRAU III

GERAL

2,9

0,9

8,1

1,4 1,8 1,1 1,3

1,4 0,5 1,0 0,7

11,9 - 6,0 3,3

- Incidência por 1000 nascidos vivos a termo.

Na década de 1990, os dados observados por Espir Filho (1996) podem ser

comparados a outros países, pois estes apresentam separadamente os dados segundo o

total de nascidos vivos de termo. Desta forma pode-se observar que no HCRP a

incidência é próxima a de países desenvolvidos (Tabela IV).

44

45

4. DISTRIBUIÇÃO DE FATORES MATERNOS E OBSTÉTRICOS NOS

GRUPOS COM ANÓXIA NEONATAL

Ao exposto anteriormente, acrescentando-se dados sobre antecedentes

maternos e obstétricos observados, pôde–se esquematizar as relações entre esses

antecedentes e a presença ou não de EHI (Funayama et al, 1996).

Alguns antecedentes maternos e obstétricos (Figura 2) foram comparados entre

um grupo de recém-nascidos com anóxia neonatal sem EHI (N=216), e outro de recém-

nascidos sem anóxia neonatal (N=62), nascidos no Hospital das Clínicas de Ribeirão

Preto (SP). O grupo com anóxia neonatal foi definido pela história obstétrica

desfavorável e Índice de Apgar menor ou igual a 7 no primeiro minuto pós-nascimento,

e o grupo considerado sem anóxia neonatal, definido apenas pelo Índice de Apgar acima

de 7 no primeiro minuto.

Este estudo evidenciou alta proporção, nos grupos com anóxia (sem EHI), com

diferença significativa (p<0,05), quando comparado ao grupo sem anóxia, quanto à

ocorrência de pré-eclâmpsia, trabalho de parto por período superior a 12 horas,

descolamento prematuro de placenta, período expulsivo após dilatação total do colo

igual ou superior a 15 minutos e parto pélvico (fig.2). Nesta amostra, a idade materna e

o número de gestações não apresentaram diferença significativa entre os grupos. Os

fatores com muito baixa freqüência não puderam ser comparados entre os grupos – a

hipertensão arterial, circular e prolapso de cordão.

Deve ser observado que na literatura todos os antecedentes maternos e obstétricos

considerados para esta análise são fatores de risco, cuja relação com a anóxia neonatal

já está definida em estudos precedentes (Largo et al, 1989; Adamson et al, 1995).

Portanto, o que se propôs neste trabalho foi a caracterização de uma amostra do HCRP

em um determinado período, no sentido de constatar aqueles fatores que são mais

freqüentes em nosso meio. A comparação entre 216 recém-nascidos com anóxia sem

EHI e 78 com EHI (Funayama et al, 1996) nascidos no HCRP, não resultou em

diferença significativa (p>0,05). Entretanto, não se encontrou na literatura a respeito a

comparação dos fatores maternos e obstétricos, anteriomente mencionados, entre grupos

46

com anóxia sem EHI e grupos com EHI. Na Figura 2 são apresentadas as

freqüências dos antecedentes nos referidos grupos.

0 20 40 60 80 100

Idade materna <23 anos

Idade materna >30 anos

Primigesta

Gestações >3

Hipertensão arterial crônica

Pré-eclâmpsia

Descol. prematuro placenta

Trabalho Parto >12h

Mecônio no líquido amniótico

Expulsivo >15min

Bolsa Rota >12h

Parto pélvico

Prolapso de cordão

Circular de cordão

EHI

Com anóxia/ Sem EHI

Sem anóxia

Fig. 2 - Freqüências dos fatores maternos e obstétricos nos grupos estudados

47

Quando se considerou o índice definido pelo número de fatores por gestante,

houve uma correlação significativa com o grau da EHI (r=0,96). Houve, portanto, efeito

danoso pela somação de fatores, cujos índices por grau de EHI foram apresentados na

figura 3.

Fig. 3 – Número de fatores de risco por

gestante em cada grupo. SA – sem anóxia

CA – com anóxia sem EHI

Pode-se concluir, portanto, que a comparação das proporções isoladas de fatores

materno-obstétricos de risco para anóxia perinatal, entre os três grupos com EHI, não

resulta em diferença significante em nível de 5%, e isto leva a sugerir que o fator tempo

de hipóxia, mais do que a causa subjacente dessa hipóxia, deve ser o responsável para o

desencadeamento da encefalopatia. Ficou demonstrado também que a presença de mais

de um fator na mesma gestante correlaciona-se em crescente com a gravidade da EHI.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

S A CA EHI I EHI II EHI III

48

5. FATORES COM VALOR PROGNÓSTICO PARA A EVOLUÇÃO

NEUROLÓGICA TARDIA NA HISTÓRIA DE RECÉM-NASCIDO COM

ANÓXIA.

Uma análise do valor prognóstico dos fatores envolvidos na produção da EHI

e suas seqüelas foi realizada (Funayama et al, 1996), como se segue.

5.1 VALOR PROGNÓSTICO DOS ANTECEDENTES MATERNOS E OBSTÉTRICOS

Existe aparente controvérsia em pesquisas que relacionam antecedentes

maternos ou obstétricos e paralisia cerebral. Os resultados, como ocorre a qualquer

pesquisa, dependem do método utilizado.

Estudos retrospectivos, pareando grupos de paralisia cerebral com crianças

sem paralisia cerebral, incluem inevitavelmente uma amostra-controle sem quaisquer

antecedentes de risco para anóxia neonatal e, conseqüentemente, acabam por confundir

fatores de risco para anóxia com risco de paralisia cerebral. No sentido de evitar este

viés, verificou-se no grupo de crianças que sofreram anóxia, nascidas no HCRP, se

existem diferenças entre aquelas que evoluíram com paralisia cerebral e as que

evoluíram sem paralisia cerebral quanto aos fatores maternos e obstétricos.

Assim, para analisar os antecedentes maternos e obstétricos – mesmos citados

na tabela anterior, um grupo de 29 crianças que apresentaram EHI grau II perinatal foi

subdividido em dois, sendo um com 16 crianças que desenvolveram seqüelas motoras e

outro com 13, sem seqüelas motoras.

Comparando-se os antecedentes maternos e obstétricos das 16 crianças que

desenvolveram seqüelas motoras com os antecedentes das 13 sem seqüelas motoras, não

49

houve diferença significante, em nível de 5%, entre os dois grupos, exceto pela maior

proporção de mães com idade superior a 30 anos no grupo com seqüelas.

Em trabalho mais recente (Caram, 2002), a distribuição da faixa etária na

época do parto, de mães de crianças que evoluíram com paralisia cerebral, evidenciou

curva com dois picos, sendo um entre 16 e 20 anos e outro entre 25 e 42 anos. Este

perfil é diferente da população geral que evidencia predomínio da idade das parturientes

entre 20 e 24 anos.

O aparecimento da idade mais jovem no grupo com paralisia cerebral traz

preocupação, em função do aumento crescente do número de adolescentes grávidas

(Gallo, 1995; Costa et al, 2002; Yazlle et al, 2002).

Em Ribeirão Preto, estado de São Paulo, Yazlle et al (2002) relatam que de

1992 a 1996 houve elevação gradual no número de adolescentes grávidas,

principalmente depois dos 14 anos, quando houve crescimento de 104,2% para os partos

nesta idade, 48,8% aos 15 anos, 36,1% aos 16 anos, 14,0% aos 17 anos, 52,8% aos 18

anos e, praticamente, não houve aumento entre aquelas com 19 anos de idade.

Nas adolescentes, os diagnósticos obstétricos mais freqüentes foram:

problemas do feto ou placenta que afetam a conduta materna (7,9%), desproporção feto-

pélvica (6,0%), problemas com cavidade amniótica e membranas (5,0%), hipertensão

complicando o parto e puerpério (3,5%) e trabalho de parto prematuro ou falso (3,4%).

5.2 ÍNDICE DE APGAR E ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA (EHI)

Em estudo realizado no HCRP (Funayama, 1985; Funayama, Moura-Ribeiro

& Gonçalves, 1991), 7 entre 12 pacientes com encefalopatia grau I e III nos quais não se

encontraram alterações, apresentaram Índice de Apgar variando de 1 a 3 no 1o minuto, 5

a 6 no 5o minuto, e 6 a 10 no 10

o minuto. Em apenas 1 dos 6 em que se constatou

respiração espontânea entre 15 e 20 minutos, a encefalopatia foi grau I; nos demais,

moderada. A casuística deste estudo foi ampliada (Funayama, 1990; Funayama, Moura-

Ribeiro & Gonçalves, 1997) para se avaliar a relação entre Índice de Apgar e EHI.

Foram incluídos todos os recém-nascidos com Índice de Apgar inferior a sete desde o

primeiro minuto, nascidos entre 1982 e 1986.

50

Dada a importância dos questionamentos sobre prognóstico neurológico, é

pertinente apresentar a Tabela V.

TABELA V – Encefalopatia hipóxico-isquêmica e Índice de Apgar.

ÍNDICE DE APGAR NO PRIMEIRO E QUINTO MINUTOS

EHI 3 – 6 e >5 <3 e >5 ou 3-6 e 3-6 <3 e < 6

(leve) (moderada) (grave) TOTAL

AUSENTE

GRAU I

GRAU II

GRAU III

TOTAL

N

143

11

1

0

155

%

92,3

7,1

0,6

0,0

100

N

52

17

7

1

77

%

67,5

22,1

10,0

1,4

100

N

21

11

23

7

62

%

33,9

17,8

37,1

11,3

100

N

216

39

31

8

294

%

73,5

13,3

10,5

2,7

100

Chama atenção a ausência de EHI em 92% dos casos com Índice de Apgar

variando de 3 a 6 no 1o minuto e acima de 5 no 5

o minuto, e em 34% dos casos com

índice inferior a 3 no 1o minuto e inferior a 6 no 5

o. Tal achado corrobora a necessidade

de se valorizar para avaliação prognóstica, não o Índice de Apgar, mas as manifestações

neurológicas da EHI, assunto do próximo tópico.

5.3 - ÍNDICE DE APGAR VERSUS ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-

ISQUÊMICA (EHI), COMO VALOR PROGNÓSTICO PARA SEQÜELAS

NEUROLÓGICAS

Levene et al (1986) compararam o valor prognóstico do Índice de Apgar com

o dos sinais de EHI. Estes autores demonstraram que o Índice de Apgar menor ou igual

a 5 no 10o minuto é o mais sensível de seis diferentes Índices de Apgar testados,

obtendo 43% de sensibilidade e 95% de especificidade. Porém, este parâmetro foi

menos sensível do que os sinais neurológicos da encefalopatia moderada ou grave, cuja

sensibilidade foi de 96%. Pode-se concluir, portanto, que um exame neurológico

anormal no recém-nascido prognostica melhor anormalidades futuras do que o Índice de

Apgar inferior a 5 no 10o minuto, o que é corroborado por autores como Freeman e

51

Nelson, 1988. Lipper et al (1986), preocupados com uma melhor caracterização da

semiologia neonatal da EHI e seu valor prognóstico, propuseram um sistema de escore

considerando dezessete itens do exame neurológico, seis dos quais relacionados ao tono

muscular. Correlacionaram o escore com o desempenho neurológico das crianças aos 12

meses de idade e encontraram sensibilidade e especificidade acima de 80%. O método,

entretanto, não tem sido empregado em rotina de atendimento, diferentemente do que

ocorre à classificação da EHI.

5.4 EHI E SEQÜELAS NEUROLÓGICAS

Considerando a importância da classificação da EHI para prognóstico

neurológico, são apresentados em esquema (Figura 4) os resultados do estudo

longitudinal que acompanhou até a idade de 6 anos (mediana de 47 meses) crianças que

tiveram EHI perinatal (Funayama 1990; Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves,

1997). Estes achados referem-se unicamente a recém-nascido de termo com EHI

intraparto ou perinatal. Nesta casuística, não foram encontrados casos com déficit

auditivo ou visual isolados, ocorrendo sempre associados à alteração no

desenvolvimento motor postural ou à paralisia cerebral.

52

15 10 3 2 4

100% 80% 20% 12,5% 25%

Epilepsia 0 7,5% Epilepsia 6% 55%

Observou-se também que a epilepsia não ocorreu isoladamente como seqüela

de EHI perinatal. Todos os casos que evoluíram para epilepsia apresentaram também

alterações neuromotoras, fosse como atraso no desenvolvimento ou como paralisia

cerebral. Estes achados sugerem que no grau I da EHI, houve um fenômeno hipóxico-

isquêmico reversível, que embora levasse a algumas crises neonatais, não deixou

seqüelas. Sugerem também que as lesões acometem áreas motoras e nestas podem

produzir atividade epileptogênica, desenvolvendo epilepsia focal sintomática. Estes

achados estão de acordo com os de Watanabe et al (1982), Gherpelli et al (1992) e

Robertson & Finer (1993). Estes não observaram recidiva de crises epilépticas entre as

crianças com EHI que evoluíram com exame neurológico normal.

Como ocorreu à deficiência sensorial e à epilepsia, a deficiência cognitiva

também somente foi observada em crianças com seqüelas neuromotoras (Funayama,

1990; Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves, 1997): entre as 16 crianças que

apresentaram seqüelas motoras, 10 evoluíram com paralisia cerebral, e 6 com atraso no

desenvolvimento neuromotor sem paralisia cerebral. Nesta casuística, as crianças com

graus I e II sem seqüelas motoras, avaliadas através do teste de Terman & Merrill,

tiveram medidas de QI variando de 82 a 112 (médio-inferior a médio-superior). Estes

Atraso no desenvolvimento

Paralisia cerebral

Epilepsia 31%

EHI grau II

Exame neurológico Exame neurológico

normalizado persistiu anormal

até 7 dias mais de 7 dias

até 7 dias

N=13

N=16

Sem seqüelas motoras e

Sem seqüelas cognitivas

EHI grau I

Exame neurológico normal

até 96h

N=15

Fig.4 - Evolução da EHI

53

dados estão de acordo com os achados de Robertson & Finer (1985 e 1993) e

Robertson, Finer & Grace (1989), estudando casuística maior no Canadá. Entretanto,

metodologia de avaliação neuropsicológica desenvolvida mais recentemente para

crianças permite maior acuidade na detecção de alterações mais sutis. Maneru & Junque

(2002) afirmam que em EHI moderada sem seqüelas motoras, alterações podem ser

observadas particularmente em funções frontais e de memória.

54

6 - A INFLUÊNCIA DO FATOR HERDABILIDADE NO APARECIMENTO

DA CRISE NEONATAL DA EHI

A presença de diferentes susceptibilidades de crianças com EHI para

convulsões neonatais levou ao estudo seguinte, a respeito da questão da influência

genética no aparecimento das crises.

A influência do fator herdabilidade no aparecimento da crise neonatal da EHI

foi avaliada em trabalho realizado por Espir Filho (1996), com a colaboração do

Professor Calógeras Barbosa, especialista em Genética de Populações da Universidade

Federal de São Carlos (SP). Utilizando-se de um modelo que investiga epilepsia apenas

nos pais, neste trabalho não se obteve associação entre herdabilidade e crises por EHI.

Por outro lado, a freqüência de epilepsia observada em familiares do lado materno foi

digna de nota nesta casuística e em outro estudo recente, de Caram (2002). Pode se

cogitar que este achado se deve a maior susceptibilidade destas mulheres a

complicações obstétricas, fato este bem estudado (Lorenzato et al, 2002), ou se haveria

para essa ocorrência de crise algum tipo de herança materna.

55

7. COMO EVOLUI A HIPOTONIA DA EHI NO RECÉM-NASCIDO DE

TERMO

Os estudos sobre a evolução neurológica da EHI no recém-nascido de termo

(Funayama, 1990; Funayama, Moura-Ribeiro & Gonçalves, 1997) trouxeram

informações sobre as transformações que ocorrem na atividade reflexa e tônica no eixo

corporal e membros.

O seguimento da EHI, desde a fase aguda, permitiu identificar, entre 10

crianças que evoluíram com paralisia cerebral, uma criança com espasticidade aos 28

dias, e nas outras 9, a espasticidade foi encontrada até o terceiro mês, sendo 6

tetraespásticas e 3 hemiparéticas. Não se detectaram, nesta casuística, casos com

paralisia cerebral, forma hipotônica ou flácida, nem coreoatetósica isoladamente como

seqüela de EHI. Até os 30 meses, das 6 tetraespásticas 4 passaram a apresentar

movimentos coreoatetósicos, passando desde então a serem classificados como forma

mista. Estes achados estão de acordo com os de Hanson, Berenberg & Byers (1970),

sendo que nenhum outro estudo a respeito foi localizado.

É reconhecida a associação entre persistência da hipotonia e evolução para

coreoatetose, que pode manifestar-se em sua maioria até os 3 anos, mas em raros casos

até 14 anos (Burke, Fahn & Gold, 1980). Esta forma tem sido observada como seqüela

de impregnação bilirrubínica nos núcleos da base. Entretanto, em extensa casuística de

219 crianças com paralisia cerebral discinética pura, Foley (1992) encontrou 26%

relacionadas ao kernicterus e, de 115 nascidos a termo restantes, 2/3 eram pequenos

para a idade gestacional, sugerindo ser este um fator de vulnerabilidade cerebral à

asfixia nestes casos.

A literatura sobre o tema não se refere à caracterização do atraso no

desenvolvimento postural isoladamente, sem a presença de paralisia cerebral.

A observação de 6 crianças que apresentaram atraso postural sem sinais

semiológicos de lesão piramidal, extrapiramidal ou cerebelar, mostrou boa evolução,

uma vez que o exame normalizou em sua maioria no segundo semestre de vida

(Funayama, 1990). Nestas, o atraso caracterizou-se por persistência de reflexos como o

tônico cervical assimétrico, Moro, preensão palmar, falta de força para elevação do

tronco em decúbito ventral e incapacidade de mudar decúbito. Duas delas adquiriram

56

marcha independente com 18 e 22 meses respectivamente. Convém acrescentar aqui que

o baixo número de casos incluídos neste estudo evolutivo deve-se não somente à falta

aos retornos, em torno de 30%, mas também à presença de problemas concorrentes a

EHI que apareceram ao longo do primeiro ano, como doenças infecciosas, desnutrição e

um caso de mucoviscidose na amostra inicial de 40 casos com EHI grau II.

57

8. UM ESTUDO SOBRE DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR

DISSOCIADO – DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA O ATRASO

NEUROMOTOR

Illingworth (1958) chamou a atenção para a condição de atraso unicamente

para a marcha independente, com normalidade em todos os outros setores do

desenvolvimento. A esta condição denominou desenvolvimento motor dissociado. Esse

foi um tema polêmico, ora atribuído à condição patológica como hipotonia, ora

associado ao engatinhar atípico, especialmente ao de nádegas, em crianças hígidas.

Como diagnóstico diferencial para a seqüela de EHI, no sentido de esclarecer

se haveria crianças com atraso na marcha em nosso meio, como única manifestação

clínica, sem atraso em outros setores do desenvolvimento, foram estudados dois grupos

de crianças (Minami, 1999; Minami, Funayama & Daneluzzi, 2001), sendo um do

Centro Social Comunitário de Vila Lobato em Ribeirão Preto (SP), de área urbana

(N=93), e o outro, do Centro Médico Social Comunitário ―Januário Theodoro de

Souza‖, da cidade de Pradópolis (SP), que atende predominantemente população rural

(N=84).

Aplicou-se nessas crianças o protocolo então em uso no Setor de Neurologia

Infantil para acompanhamento neurológico ambulatorial, acrescido de um protocolo

específico para observações sobre o engatinhar atípico, durante o período de 6 meses de

idade até o início da marcha independente.

Observou-se que nestas regiões de Ribeirão Preto, seja área rural ou urbana, as

crianças adquirem a marcha sem apoio em média aos 12 meses de idade, com igual

desempenho dos dois grupos, exceto por leve atraso das meninas da área urbana,

embora ainda na faixa de normalidade.

Deve ser salientado que ambas as amostras estudadas provinham de duas

populações atendidas em programa de puericultura de excelência. A Figura 5 representa

a distribuição das amostras urbana e rural quanto ao período de início da marcha

independente (mediana em meses) segundo o padrão do engatinhar (Minami, 1999), não

se observando diferença significativa entre os dois grupos (P<0,05). Não se encontraram

crianças, nesta casuística, com desenvolvimento motor dissociado. Tais achados nos

permitem maior acuidade no diagnóstico de hipotonia em lactentes.

58

Fig. 5 - Início da marcha sem apoio segundo o padrão do engatinhar em

crianças de zona urbana e rural. (Adap. de Minami, 1999).

59

9. EHI ENTRE AS CAUSAS DE PARALISIA CEREBRAL

Dois trabalhos nos últimos cinco anos trouxeram

informações sobre o lugar da EHI como causa de paralisia

cerebral, quando esta é diagnosticada em um hospital terciário ou

em uma unidade de atendimento para estimulação precoce da

mesma região. O primeiro (Funayama et al, 2000) foi realizado a

partir da implementação do protocolo de atendimento

ambulatorial de Neurologia Infantil no HCRP, e selecionou 35

crianças com paralisia cerebral diagnosticada entre 1986 e 1998,

com idade mediana de 21 meses. O segundo (Caram, 2002),

resultou de um estudo conjunto com o Setor de Genética Clínica

do HCRP, sob coordenação do Prof. Dr. João Monteiro de Pina

Neto. Este, realizado na Associação de Pais e Amigos do

Excepcional (APAE) da cidade de Batatais (SP), foi um estudo

transversal, de 21 crianças com idade inferior a 48 meses com

paralisia cerebral diagnosticada durante a pesquisa. Ambos

incluíram grupos distintos, sem crianças em comum, e em ambas

as casuísticas os nascidos pré-termo corresponderam a 50% da

amostra.

No grupo do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto

(SP), o diagnóstico da causa da paralisia cerebral foi definido em

25 dos 35 casos, entre os quais 6 (24%) foram EHI. Na

Associação de Pais e Amigos do Excepcional de Batatais (SP),

15 dos 21 pacientes tiveram causa definida, entre os quais 12

(80%) foram EHI.

A partir destas observações, concluiu-se que a EHI

continua situando-se entre as principais causas de seqüela

neurológica em crianças em nosso meio, como ocorre em países

de baixo grau de desenvolvimento, apontado por Weiner, 2003.

Observa-se que no Hospital das Clínicas de Ribeirão

Preto (SP) as doenças genéticas foram diagnosticadas em

60

proporção maior em relação ao grupo da APAE, onde

predominou a EHI como causa da paralisia cerebral (Tabela VI).

TABELA VI – Causas definidas de paralisia cerebral em

duas amostras hospitalar e institucional comunitária

Causas da paralisia cerebral

HCRP

N

APAE

N

Fatores pré-natais 13 2

Trissomia parcial 9p 1

Lissencefalia tipo I (S.Miller-Dieker) 1

Paquigiria e displasia cortical 2

Hidranencefalia 1

Esquizencefalia (lábio aberto bilateral ) 1

Infecção congênita 9

Fatores perinatais 9 12

Leucomalácia periventricular 2 5

―Bright‖ tálamo (hiperdensidade talâmica) 1

Hemorragia intraventricular e hidrocefalia 1

Encefalopatia hipóxico-isquêmica ao nascer 4 6

Hiperbilirrubinemia + tétano neonatal 1

Hiperbilirrubinemia 1

Fatores pós-natais

Meningite meningocócica

1

Sem causa definida (paralisia cerebral provável) 10 6

Total 35 21

Tal fato deve-se provalvelmente às diferenças nas procedências das crianças

nas duas amostras. As crianças do HCRP são procedentes de diversas regiões

61

brasileiras, propiciando, portanto, diversificação maior no diagnóstico. A amostra da

APAE é restrita a regiões próximas e reflete melhor a situação regional das causas de

paralisia cerebral, destacando-se a EHI. Cabe observar que ambas as amostras

dispuseram dos mesmos recursos diagnósticos, com participação, em ambas as

instituições, de especialistas em Pediatria, Neurologia Infantil e Genética Clínica.

A análise das tabelas VII a X, de Caram (2002), traz a questão da ocorrência

peri ou pré-natal da EHI, bem como outros dados que apontam as dificuldades de

definição diagnóstica.

TABELA VII – Paralisia cerebral provável, sem causa esclarecida em 10 casos

atendidos no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP)

IDADE

1O ATEND

GESTAÇÃO

DURAÇÃO

PARALISIA

CEREBRAL

ANTECEDENTES

EXAMES

MATERNOS OBSTÉTRICOS NEONATO

8 anos termo tetraespástica Sem int. Parto

Domiciliar

Demorou

chorar

Sem exames

12 anos termo tetraespástica Sem int. Sem int. Sem int. RM – infarto

parietal E.

3 anos pré-termo diplegia Sem int. Sem int. Incubadora

29 d.

Sem exames

9 meses termo tetraespástico Sem int. Sem int. Sem int. TC – atrofia

Parietais

2 anos termo tetraespástica Sem int. Sem int. Sem int. TC – infarto

parietal D.

9 meses termo tetraespástica Sem int. Sem int. Sem int. CMV- IgG 1/64.

17 meses gemelar A tetraespástica Sem int. Sem int. Sem int. CMV – IgG 1/64

21 meses pré-termo paraparética

espástica

Sem int. Sem int. Sem int. TC – normal

20 meses pré-termo mista Sem int. Sem int. Sem int. RM- hipossinal

em putamem E

(calcificação?)

9 meses termo mista

Sem int. Sem int. Sem int. Hemaglutinação

p/ Rubéola 1/8

RM – normal

RM – Ressonância Magnética de crânio TC – Tomografia computadorizada de crânio CMV –

Citomegalovirus

E – Esquerda Sem int. – Sem intercorrências d.-dias

62

TABELA VIII – Diagnósticos definidos no grupo com distúrbios motores

da Associação de Pais e Amigos do Excepcional de Batatais-SP

(Reprodução autorizada por Caram, 2002)

DIAGNÓSTICO DEFINIDO

Grupo distúrbios motores

TERMO PRÉ-TERMO TOTAL ETIOLOGIA

Síndrome neuro genética (?) 1 1 Provável

genética

Paralisia cerebral por insulto hipóxico

ou isquêmico pré ou perinatal

6 6 12 Ambiental

Paralisia cerebral por malformação

isolada A/E + insulto hipóxico-

isquêmico neonatal

- 1 1 Ambiental

Paralisia cerebral por kernicterus 1 - 1 Ambiental

TOTAL 8 7 15

63

TABELA IX – Dados para discussão sobre etiologia no grupo de distúrbios

motores da APAE de Batatais (SP) – nascidos a termo

(Reprodução autorizada por Caram, 2002)

CASO

NO

PARALISIA

CEREBRAL

ANTECEDENTE

MATERNO OBSTÉTRICO NEONATO

EXAMES ETIOLOGIA

28 F

Hemiparesia D 20 anos

Sangramento

gestação. Ganho

peso > 15 Kg

Parto Cesáreo

43 Semanas

Feto transverso

4435g GIG

TPB 3d.

CT: Normal A/E

30 M

Hemiparesia D

+ Sd. West

34 anos

Hipertensão art.

Gestação

Parto Cesáreo

TPB 3d.

Sucção débil

1a semana

CT: Hemiatrofia

cerebral E com

extensa porencefalia

EHI perinatal

45 F

Sd. Criança

Hipotônica

23 anos

Parto Normal

TPB 1d. HIV: Negativo

CT: Atrofia fronto-

temporal

EIM: Negativa

A/E

47 M

Tetraparesia

Microcefalia

19 anos

Sem pré-natal

Parto Normal

TPB 1d.

Sem investigação

A/E

54 M

Sd. Criança

Hipotônica

20 anos

Parto Normal

4335g GIG

TPB 3d.

CT: Normal

A/E

56 F

Sd. Criança

Hipotônica

Sd. Cerebelar

19 anos

Sangramento no

início da

gestação

Avós, pai, irmã:

epilepsia

Parto Normal

BI= 33mg/dl

Ex-sanguíneo

TPB 8d.

Irmã caso 19.

RM: Normal

EIM: Negativo

Kernicterus

(?)

58 M

Hemiparesia D 20 anos

Sangramento

durante gestação

Descolamento

prematuro da

placenta

Parto Cesáreo

2350g PIG

TPB 3d.

Sucção débil

1a semana.

RM: porencefalia

território da artéria

cerebral média E.

Atraso mielinização.

Corpo caloso afilado.

EHI ou AVC

(pré e/ou

perinatal)

60 M

Tetraparesia

Microcefalia

Epilepsia

Focal

Sintomática

18 anos

Bolsa rota >12h

Parto Cesáreo

Apgar 1o min

Ventilação

mecânica

Convulsões

TPB 24d.

Início sucção

20d.

Poligráfico:

encefalopatia difusa

e epileptogênese

ativa

EHI perinatal

64 M

Tetraparesia

Microcefalia

Sd. West

33 anos

Parto Cesáreo

TPB 1d.

CT: Paquigiria e

poucos sulcos

cerebrais.

Malformação

68 M

Hemiparesia

Epilepsia

Focal

29 anos

Tabagismo

Trauma

abdominal

Parto Cesáreo

TPB 3d.

US: Discreta

dilatação ventricular

RM: Atrofia cerebral

EHI OU AVC

(pré-natal?)

64

Sintomática Sangramento difusa e assimetria

ventricular.

TPB – Tempo de permanência no berçário. EIM – Erros inatos do metabolismo. PIG – Pequeno para a idade

gestacional. GIG – Grande para a idade gestacional. RM – Ressonância magnética de crânio. US – Ultra-

sonografia de crânio. TC – Tomografia computadorizada de crânio. EHI – Encefalopatia hipóxico-

isquêmica. AVC – Acidente vascular cerebral. D – Direita. E – Esquerda. D – Dias. A/E – A esclarecer.

Sd. – Síndrome. M – Masculino. F – Feminino. A – Anos. EIM – Triagem urinária para erros inatos do

metabolismo.

65

TABELA X – Dados para discussão sobre etiologia no grupo de distúrbios

motores da APAE de Batatais (SP) – nascidos pré-termo (Reprodução autorizada por Caram, 2002)

CASO

SEXO

PARALISIA

CEREBRAL

ANTECEDENTE

MATERNO OBSTÉTRICO NEONATO

EXAMES ETIOLOGIA

12 F Hemiparesia D 30 anos

Ganho de peso

> 15Kg

Parto cesáreo

36 semanas

2730 g

TPB 2d.

RM: perda de

substância branca

sub-cortical E.

Atrofia no

quadrante

posterior

e peri-rolândica E.

EHI ou

AVC

(Sem dados

perinatais)

13 M

Hemiparesia D

Epilepsia focal

Sintomática

43 anos

Epilepsia

Uso FB+CBZ

Sangramento

Um natimorto

Bolsa rota 20h

Parto normal

34 semanas

Apresentação

pélvica

Mecônio

1400 g.

Apgar < 3

1o minuto

Ventilação

mecânica.

TPB 30d.

US, CT e RM

Porencefalia HCE.

EIM: negativa

EHI ou

AVC

Pré ou

perinatal ?

20 M

Tetraparesia

14 anos

Tabagismo

Ganho de peso

6.3 2

0

K

g

Sangramento

Parto normal

28 semanas

1450 g

TPB 44d.

Sucção

31d.

CT: Atrofia frontal

Hidrocefalia leve

EIM: negativa

EHI ou

AVC?

Pré ou

perinatal?

21 M

Tetraparesia

Epilepsia focal

sintomática

27 anos

Pielonefrite

crônica

Parto cesáreo

32 semanas

Apresentação

córmica

1750g

Ventilação

mecânica

TPB e

Sucção 60d.

CT: Normal

A/E

71 M

Tetraparesia

Microcefalia

Epilepsia focal

sintomática

21 anos

Sífilis na

gestação

tratada 5o mês;

Pré-eclâmpsia

Parto normal

36 semanas

Mecônio

2530g PCR

Ressuscitação

Apgar 1o min

Ventilação

mecânica;

Convulsões

TPB 24d.

Sucção 20d.

1o Poligráfico:

encefalopatia

difusa e crises

gráficas.

2o Poligráfico:

encefalopatia difusa

e atividade focal

RM: leucomalácia

periventricular

EHI

Perinatal?

73 M

Tetraparesia

21 anos

Infecções

urinárias

repetidas

Parto normal

30 semanas

Mecônio

1400g

Odor fétido

Ventilação

mecânica

TPB 60d.

Sucção 40d.

US neonatal: áreas

leucomalácia

US 6 meses:

Porencefalia

EHI ou

AVC

Intra-útero

ou

perinatal?

TPB – Tempo de permanência no berçário. EIM – Erros inatos do metabolismo. PIG – Pequeno para a idade

gestacional. GIG – Grande para a idade gestacional. RM – Ressonância magnética de crânio. TC – Tomografia

computadorizada de crânio. US – Ultra-sonografia de crânio. EHI – Encefalopatia hipóxico-isquêmica.

AVC – Acidente vascular cerebral. D –Direita. E – Esquerda. D – Dias. A/E – A esclarecer. Sd. – Síndrome.

M – Masculino. F – Feminino. A – Anos. EIM – Triagem urinária para erros inatos do metabolismo.

66

Observa-se que, entre os 10 casos do Hospital das

Clínicas de Ribeirão Preto (SP) sem etiologia definida, 9 não

apresentaram na história clínica qualquer intercorrência e, destes,

em 3 os exames de imagem sugeriram lesão que poderia ter

ocorrido no período intrauterino ou pós-natal; em 2 os exames

não auxiliaram e 2 outros não realizaram exames de imagem.

Outra questão a ser observada é a dificuldade na

detecção tardia de infecções congênitas. Não somente detecção

tardia, mas também a detecção na fase aguda, ou ao longo da

gravidez constituem ainda desafios para as pesquisas

laboratoriais na atualidade, como apontado por Bale (2002), e em

nosso meio, por Duarte, Quintana & Paschoini (1998), referindo-

se especialmente à toxoplasmose congênita. Avanços no sentido

de pesquisas em genomas virais, como na Rubéola (Katow,

1998) e PCR para Toxoplasma gondii (Romand et al, 2004) têm

ocorrido; porém o alto custo e homogeneização das técnicas para

uso clínico ainda são questões a serem resolvidas.

Da análise individual dos casos da APAE de Batatais

(SP), apresentados nas tabelas seguintes, observa-se que,

excluindo-se uma criança com malformação por defeito de

migração neuronal cortical, e duas com kernicterus provável, nas

demais crianças a hipótese diagnóstica foi na direção da EHI.

A decisão entre EHI peri ou pré-natal merece análise.

Confirmação do evento no período pré-natal somente foi possível

com a realização do exame complementar por imagem cerebral

na primeira semana. Os avanços observados hoje na resolução de

imagens ultra-sonográficas permitem o diagnóstico de lesões

isquêmicas e outras de natureza circulatórias ainda no período

intrauterino. Quanto mais precoce este exame, mais precisa será

a informação sobre o período do evento hipóxico-isquêmico em

relação ao nascimento. Cowan et al (2003) encontraram entre

recém-nascidos de termo com EHI apenas 1% de lesões

antenatais diagnosticadas por ressonância magnética, e 3 em 21

67

casos diagnosticados por necropsia. Entre recém-nascidos sem

EHI, mas com crises perinatais, 3% tiveram lesão antenatal. No

entanto, embora ainda difíceis de serem identificados, os fatores

pré-natais que podem levar a problemas circulatórios cerebrais

são numerosos (Rosemberg, 1974, p.188-190), e certamente,

uma acuidade maior ao longo da gravidez e mesmo antes da

mesma em relação à saúde materna poderá contribuir para a

identificação e prevenção destas lesões.

A ultra-sonografia transfontanelar deve ser, portanto,

um exame obrigatório no período pré e perinatal. No período

perinatal, como observado por Banker & Larroche (1962), em

exames anatomopatológicos, e depois por Pfister-Goedeke &

Boltshouser (1982), primeiros a identificar as lesões por ultra-

sonografia, as cavitações na leucomalácia periventricular

ocorrem em torno da 2a a 3

a semanas após a agressão hipóxico-

isquêmica. Assim, este exame realizado nos primeiros dias pós-

natais pode revelar o período de ocorrência da lesão com alto

grau de certeza.

No recém-nascido pré-termo, a ultra-sonografia vem

sendo amplamente utilizada para o diagnóstico de lesão

hipóxico-isquêmica, quando identifica principalmente a

leucomalácia periventricular ou subcortical. Esta ocorre

principalmente em pré-termo abaixo de 35 semanas, ocasião em

que a freqüência de hemorragia peri ou intra-ventricular é alta

(Rosemberg, 1974; Larroche, 1986; Paneth et al &, 1994;

Kliemann, Lancelotti & Rosemberg, 2002). A ocorrência de

leucomalácia periventricular em recém-nascidos brasileiros foi

observada por Torre (1997) em 6,9%, sendo 3% concomitantes

com hemorragia peri ou intraventricular. Entre recém-nascidos

com cistos subependimários, um achado importante foi a alta

incidência de malformações congênitas associadas (Fekete et al,

2002). Cistos periventriculares têm sido encontrados também

associados a cardiopatias congênitas (Robain & Rosemberg,

68

1974; Mahle et al, 2002) e várias outras intercorrências clínicas,

cirúrgicas e doenças de causa genética, tendo sido demonstrados

por Gilles & Murphy (1969) em 104 de 196 casos que foram a

óbito por causas extracerebrais.

Cabe ainda lembrar que achados incomuns no exame

ultra-sonográfico encefálico podem ocorrer, relacionados ou não

à EHI, como hiperecogenicidade talâmica (Gherpelli, 2002;

Paczko et al, 2002) e em núcleos da base (Wang, 2001).

A especificidade do método ultra-sonográfico,

entretanto, ainda necessita de verificação no âmbito da clínica. É

importante lembrar que as fases iniciais das lesões em substância

branca periventricular, bem descritas por Rosemberg (1974),

como ―a palidez e rarefação do neuropilo aliadas a discreta

ativação macro, microglial e macrofágica e o de focos de necrose

incompleta circundados por zona de necrose de coagulação‖

podem passar despercebidas em estudos ultra-sonográficos, uma

vez que somente têm sido registradas as cavitações. Desta forma,

como afirmam Bozinski et al (1985), a ausência de sinais de

lesão em exames ultra-sonográficos, no decorrer do primeiro

ano, não significa que as estruturas tenham normalizado. Assim,

mesmo com imagens normais, disfunções decorrentes de tais

lesões podem ocorrer. As seqüelas decorrentes da leucomalácia

no pré-termo podem se manifestar como paralisia cerebral tipo

paraparético espástico ou diplégico, por serem estas lesões

predominantemente periventriculares, acometendo vias

piramidais que controlam a motricidade em membros inferiores.

Estudos semiológicos clínicos criteriosos em crianças nascidas

pré-termo têm trazido contribuições para a compreensão e

detecção precoce de alterações neurológicas em seus diversos

aspectos (Gaetan & Moura-Ribeiro, 2002; Olhweiler, Silva &

Rotta, 2002).

O SPECT (tomografia computadorizada com emissão

de fóton único) é um outro exame que tem sido testado para

69

diagnóstico de lesões perinatais. Em estudo de Haddad et al

(1994), o SPECT não se mostrou superior à ultra-sonografia ou

ressonância magnética para identificar lesões como a

leucomalácia periventricular e lesões hemorrágicas. Este exame

parece ser empregado melhor na fase crônica, sequelar da EHI.

Entre outras condições clínicas para diagnóstico

diferencial com a EHI estão os infartos isquêmicos circunscritos,

sendo os mais freqüentes os de artéria cerebral média (Moura-

Ribeiro et al, 1999; Niemann et al, 1999; Rotta et al, 2002;

Akman et al, 2003). Registrados em cerca de 10% das patologias

neonatais na Espanha por Garaizar & Prats-Vinas (1998),

observados com detalhes na semiologia clínica (Moura-Ribeiro

et al, 1999; Rotta et al, 2002; Nowak-Gottl et al, 2003),

manifestam-se, inicialmente, em sua maioria, com crises

convulsivas. Quanto à etiologia, o infarto no recém-nacido vem

sendo melhor diagnosticado com os avanços na investigação

hematológica e genética.

Merece destaque no trabalho de Caram (2002) o achado

de malformação cerebral, Chiari do tipo IV, por exame de

ressonância em casos com evidências inequívocas de EHI. Este

achado nos coloca em alerta para a necessidade de confirmação

diagnóstica, através da imagem, quando estamos diante de EHI

diagnosticada clinicamente.

O diagnóstico diferencial com lesões decorrentes de

infecção congênita também se faz necessário, dada a alta

freqüência destas doenças em nosso meio, e pelas dificuldades de

detecção no período pré e perinatal (Funayama, Costa e Nostri,

2002). Imagem cerebral por tomografia computadorizada de

crânio (TC) no neonato, ou nos primeiros meses, pode sugerir

infecção congênita pela presença de calcificações e outras

alterações como atrofia e malformações de diversos tipos,

dependendo do período gestacional em que ocorreu a infecção

fetal. As malformações, portanto, podem decorrer de agentes

70

patogênicos como o citomegalovírus, como descrito por

Marques-Dias et al (1984).

Nesta casuística (Caram, 2002), a paralisia cerebral

permaneceu sem diagnóstico etiológico em 4 recém-nascidos de

termo e em 1 pré-termo, constituindo ¼ da amostra total.

Piovesana et al (2001), na Universidade Estadual de Campinas

(SP), não encontraram etiologia em 37% das crianças com

paralisia cerebral hemiplégico em estudo retrospectivo, no qual

classificam os achados em tomografia computadorizada de

crânio os graus de comprometimento cerebral.

Nieman et al (1999), em estudo na Alemanha, chamam

a atenção para a sídrome do anticorpo antifosfolípide, pois entre

crianças com paralisia cerebral hemiplégica encontrou 7 entre 9

famílias com esta síndrome. Como mencionado anteriormente, a

etiologia de infarto no recém-nascido ou na criança vem sendo

melhor diagnosticada, com os avanços laboratoriais em áreas de

hematologia, genética e imunologia. Entretanto, os eventos intra-

parto são ainda recentemente discutidos quanto a sua real

contribuição para o risco de paralisia cerebral, buscando-se um

consenso internacional (Maclennan, 1999).

Cabe lembrar ainda outras causas de estado letárgico ou

coma no período neonatal, por exemplo apnéias e convulsões por

causas diversas da EHI (Funayama, Galina, Moura-Ribeiro,

1989; Funayama, Ferlin e Belucci,1997); hipotonia por doenças

neuromusculares, genéticas (Funayama et al, 1993; Caldas, 2000;

Paro-Panjan & Neubauer, 2004); erros inatos do metabolismo

(Moura-Ribeiro & Funayama, 1985; Moura-Ribeiro et al, 1987;

Funayama, Sales, Pinhata,1998; Mitanchez & Valayannopoulos,

2004). Em condições com curso progressivo, como nas doenças

degenerativas, o comprometimento neuromotor não deve ser

rotulado como PC, mesmo quando se constatam sinais de lesões

em vias piramidais, núcleos da base ou cerebelares.

71

Sumarizando, devem ser levadas em consideração para

o diagnóstico de EHI perinatal, portanto, alterações nos três

momentos perinatais: 1. Problemas durante o trabalho de parto,

sejam maternos ou fetais; 2. Índice de Apgar inferior a 7 no

primeiro minuto; 3. Exame neurológico nas primeiras horas com

sinais de hipotonia e hiporreflexia. Para caracterização da EHI é

necessária a presença dos três itens, sendo que apenas um ou dois

deles não são suficientes. Entretanto, para considerarmos o

diagnóstico EHI, de certeza, como causa de paralisia cerebral ou

atraso neuromotor, é necessário acrescentar o exame de imagem

encefálico compatível com EHI (Figura 6).

72

Fig. 6 – Critérios para considerar o diagnóstico de EHI como causa

de paralisia cerebral ou atraso neuromotor.

73

10. O DIAGNÓSTICO RETROSPECTIVO DA EHI

Uma situação que ocorre com freqüência na prática

clínica é a necessidade de se estabelecer o diagnóstico

retrospectivo de EHI perinatal. Informações isoladas sobre más

condições do recém-nascido ao nascimento, baixo Índice de Apgar

ou trabalho de parto prolongado têm baixa correlação com

seqüelas, e a informação de que o bebê ficou ―roxinho‖ ao nascer é

o pior parâmetro a ser correlacionado com EHI e muito menos com

seqüelas. A própria Apgar mencionou a fraqueza deste item no seu

Índice, em 1953.

Assim, a partir das discussões até aqui apresentadas, a

inclusão das seguintes informações para o diagnóstico

retrospectivo de EHI provável parece plausível: 1- considerar a

informação da mãe sobre intercorrências no trabalho de parto e

acrescentar: a – tempo de permanência no berçário, que deve ser

superior a 4 dias para deixar seqüela do tipo paralisia cerebral; 2-

período de início da sucção, pois esta se encontra hipoativa ou

ausente, pelo menos nos primeiros dias quando há EHI grau

moderado e maior tempo para o grau grave (Figura 7).

X – Dados sem possibilidade de coleta adequada em anamnese

Fig. 7 – Diagnóstico retrospectivo da EHI – dados clínicos

74

Deve ser lembrado, entretanto, que o diagnóstico

retrospectivo da EHI precisa incluir as intercorrências maternas ou

obstétricas de risco para a hipóxia fetal. Apenas a classificação da

EHI mostra-se insuficiente, além de considerar-se ainda o seu

diagnóstico diferencial com outras doenças, como exposto no item

anterior. Como demonstrou Caram (2002), entre 19 crianças

nascidas com problemas dismórficos sem EHI, dez apresentaram

intercorrências neonatais, como dificuldades de sucção e

permanência no berçário por mais de dois dias. Estas crianças,

entretanto, não tiveram problemas obstétricos.

Outra questão é a obtenção de informação correta, se o

evento ocorreu no período pós-natal, perinatal ou intra-uterino.

Lesões no período intrauterino devem ser consideradas, e

são talvez freqüentes em nosso meio, como observou Caram

(2002). Nesses casos, somente o exame de imagem poderá auxiliar

no diagnóstico diferencial, como já mencionado anteriormente a

propósito do período neonatal. A tomografia computadorizada de

crênio auxilia na detecção de calcificações e malformações, que

afetam formato de ventrículos e dimensões de espaços liquóricos.

Para malformações corticais, lesões corticais ou subcorticais sutis e

doenças neuroectodérmicas, a ressonância magnética de crânio

(RM) é mais apropriada (Johnston, 2003). Yoon et al (2000)

observaram que SPECT em pacientes com antecedente de EHI

perinatal mostrou lesões não observadas por RM em áreas

cerebelares, tálamo e núcleos basais.

75

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos apresentados neste texto permitiram,

inicialmente, situar a EHI do recém-nascido de termo em nosso

meio, no panorama mundial neste final do século XX. Sua

incidência no recém-nascido de termo no Hospital das Clínicas de

Ribeirão Preto (SP), nos últimos anos da década de 1990,

aproxima-se daquelas referidas por hospitais de ensino em países

de primeiro mundo, como ocorre também à sua posição relevante

como causa de paralisia cerebral.

A caracterização clínica da EHI no recém-nascido de termo

foi detalhadamente estudada e discutida frente às propostas da

literatura. No presente texto, procedeu-se à análise sobre a

necessidade do diagnóstico diferencial com o quadro clínico do

recém-nascido pequeno para a idade gestacional, sem EHI, no

sentido de estudo de variáveis que interferem nos resultados

obtidos a cerca da semiologia clínica da EHI. Acrescentaram-se

também sugestões para o diagnóstico retrospectivo da EHI, com

base nas evidências de critérios diagnósticos bem definidos.

O valor prognóstico da EHI, comparativamente a fatores de

risco de anóxia neonatal, relacionados aos antecedentes maternos,

obstétricos e do neonato, foi valorizado.

Sobre a evolução da hipotonia presente na EHI, apesar da

pouca literatura pertinente e da pequena casuística de crianças com

paralisia cerebral nos estudos aqui apresentados, chamou-se

atenção para o aparecimento dos sinais de lesão do sistema

piramidal até o terceiro mês e do aparecimento mais tardio dos

distúrbios do movimento. No sentido do diagnóstico diferencial da

evolução da EHI, discutiu-se também a busca de crianças com

desenvolvimento neuromotor dissociado, observando-se sua

ausência em uma amostra de 93 crianças.

76

Os estudos sobre a EHI no recém-nascido pré-termo

iniciaram-se com a verificação das dificuldades diagnósticas de

fatores causais de paralisia cerebral.

Os procedimentos de avaliação dos setores do

desenvolvimento aqui focalizados, bem como procedimentos de

avaliação apresentados na literatura brasileira, não foram

padronizados para a população de nascidos pré-termo.Os

conhecimentos obtidos até o momento permitirão estabelecer

comparações entre amostras de crianças nascidas a termo com e

sem EHI.

77

12. SUGESTÕES PARA MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE

SEQÜELAS NEUROLÓGICAS DECORRENTES DA

ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA FETAL

E NEONATAL

Sobre as políticas de prevenção em saúde infantil,

segundo o Comitê Executivo da OPS, sua proposta de ações

(OPS, 2003) se baseia nas propostas da OMS para a saúde da

criança e do adolescente, nas recomendações e documentos

básicos da Sessão Especial sobre as Crianças, da ONU em 2002,

na abordagem do ciclo de vida baseada na implementação

corrente de estratégias para o cuidado integrado em adolescência,

adulto e gestante, e na Estratégia Global da OMS para a

alimentação da criança.

Também estão estas ações baseadas nas resoluções da

OPS sobre o manejo integrado de doenças infantis (IMCD), tendo-

se em conta as recomendações do seu Grupo de Conselho Técnico,

um grupo de especialistas chamados a atuar junto à OPS.

Esta questão tem recebido no Brasil atenção especial de

vários setores políticos, sociais e científicos, que têm realizado

trabalho de educação continuada da área médica e outros

profissionais de saúde, mantendo atualizados os conhecimentos

bem como liderando as diretrizes em condutas em todos os níveis

de prevenção, diagnóstico e de terapêutica, junto a equipes

profissionais e junto às famílias, comprometidos com o

planejamento da vigilância da saúde materno-infantil, e em relação

às crianças com deficiências, detecção precoce das seqüelas

motoras, cognitivas e psicossociais.

A análise dos resultados das pesquisas citadas neste texto

permite sugerir ou reafirmar algumas contribuições para o

planejamento de medidas preventivas da anóxia fetal ou neonatal e

suas seqüelas neurológicas. Estas são apresentadas com algumas

observações, a seguir, em tópicos segundo os tipos de atendimento.

78

1. Enfoque na atenção primária

Em razão dos achados entre crianças com paralisia cerebral, de mães com

idade muito jovem ou avançada, multíparas e história de sangramento uterino, durante a

gravidez, e em função do aumento na freqüência de nascimentos pré-termo, e neste

contexto, focalizando o stress materno durante a gestação:

7 Reforçar os programas de prevenção de gestação na adolescência por

meio de orientações em escolas, meios de comunicação – especialmente

TV, centros religiosos, centros médicos.

8 Verificar pontos de intensificação de assistência médica e social às

gestantes com idade inferior a 19 e superior a 30 anos, com atenção

especial ao período do parto.

8.3 Estudo criterioso das necessidades médicas individuais.

8.4 Citar na ficha de pré-natal as causas que levaram a dificuldades em

gravidezes e partos anteriores.

8.5 Garantia de permanência na escola para as adolescentes, e garantia de

alfabetização para as analfabetas.

8.6 Oferta de trabalho, caso a gestante esteja desempregada.

8.7 Assistência jurídica necessária, tornando ciente as gestantes sobre seus

direitos e respectivas garantias, em relação ao seu trabalho, eventuais

pensões, licença maternidade, garantia de emprego, estabilidade, etc.

9 Introduzir nos programas de atendimento pré-natal assistência médica e

social domiciliar aos demais componentes da família para apoio efetivo

à gestante.

10 Informatizar os dados da gestante e torna-los disponíveis às equipes

envolvidas.

79

Em razão do subdiagnóstico de uso de bebida alcoólica durante a gestação,

nos serviços que não dispõem de serviço social e equipes para visitas domiciliares –

para averiguação de hábitos e vícios nos membros da família.

Introduzir na ficha do atendimento médico, independentemente de

gravidez, e também na ficha do pré-natal, interrogatório mais eficaz para o

diagnóstico de uso de álcool. Atualmente, dispõe-se do T-ACE com

versão para o português (Fabbri, 2002).

Em função da necessidade de atendimento multiprofissional, organizar ficha

única de atendimento, com todas as informações nas áreas envolvidas:

Desenvolver no profissional que fará o primeiro atendimento à criança

capacitação para diagnóstico baseado em evidências clínicas.

2. Para a atenção secundária

Em razão da constatação de que a EHI ocorre em decorrência do tempo entre

o início do evento hipóxico ou isquêmico e as medidas de resolução do parto, seja qual

for a causa.

Proporcionar à parturiente segurança, oferecendo a oportunidade de

conhecer a equipe que irá realizar seu parto.

Disponibilidade de ultra-sonografia durante o período gestacional, exames

de análises clínicas e outros complementares que se fizerem necessários,

durante o período gestacional, com presteza nos resultados e condutas

subseqüentes.

10.3 Atenção ao parto com disponibilidade de equipe bem treinada e

aparelhagens, como a cardiotocografia e ultra-som-Doppler.

Como ocorre a outras especialidades médicas, com possibilidade de

participação do primeiro atendimento, poupando encaminhamentos para nível terciário,

e aumentando a resolutividade no atendimento secundário.

80

Tornar rotineiros os atendimentos médicos especializados em Neurologia

Infantil e Genética Clínica para o estabelecimento do plano diagnóstico e

terapêutico nestas áreas, para a criança.

3. Para a atenção terciária

A partir dos fatos evidenciados nos níveis primário e secundário

Investimento nas pesquisas para detecção precoce do sofrimento fetal

10.4 Atenção às grávidas de risco, com atendimento diferenciado durante

todo o período da gestação, parto e pós-parto, com manutenção dos

serviços de atendimento em hospital terciário para estes casos.

10.5 Acesso da parturiente de risco a especialistas e equipe treinada, além do

acesso a exames especiais.

Investimento contínuo na capacitação de equipes multiprofissionais

visando

10.6 Diagnóstico e tratamento adequado das doenças e intercorrências

gestacionais (gestante e feto) e no neonato.

10.7 Estudos de novos procedimentos educacionais e de reabilitação de

gestantes de risco.

Investimento no estudo da detecção precoce de alterações em áreas de

semiologia clínica e laboratorial nas áreas de Pediatria, Genética Clínica e

Neurologia Infantil, por meio de

10.8 Capacitação de profissionais médicos para detecção inicial de alterações

semiológicas.

10.9 Recursos para laboratórios com infra-estrutura áudio-visual e de

informática, para registro e análise do exame neurológico.

81

10.10 Recursos para laboratório de genética clínica, para incremento no

diagnóstico.

Recursos diagnósticos para o planejamento da reabilitação e prevenção de

seqüelas na criança.

10.11 Provimento de exames de imagem funcional do sistema nervoso

em hospitais-escola.

Investimento contínuo na capacitação de equipes multiprofissionais para

avanços em procedimentos educacionais e de reabilitação

10.12 Organização, em hospitais-escola, de serviços especializados e

multiprofissionais integrados, de projetos para atualização no uso de

técnicas e domínio de novas tecnologias.

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