ano xxvii nº 298 dezembro 2016 preÇo avulso 0,50€ · as ideias com que enchemos o nosso...

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EDITORIAL S. MIGUEL DA MAIA 1 ANO XXVII Nº 298 DEZEMBRO 2016 PREÇO AVULSO 0,50€ PDJ Como cristãos estamos a viver o tempo do Advento. O Papa Francisco, na sua catequese, apresenta o tempo do Advento como “Um novo caminho de fé em que o povo de Deus vai ao Seu encontro e Ele vem até nós”, É preciso estar desperto, estar"vigilante". O sabermos que o Senhor vem dá-nos certeza para a caminhada, pois somos peregrinos da Casa de Deus,. Dela saímos e para ela queremos ir. Há diculdades na caminhada,há desânimos,há vontade de voltar as costas, regressando à condição anterior...Quando isto surge deveremos procurar avivar em nós a certeza da Sua presença. O desânimo não é característica do cristão,. Tenho a certeza de que Ele está sempre connosco e que nos convida à conversão.Todos recordam aquela passagem do Evangelho em que Ele disse: "Se alguém põe as mãos ao arado e volta para trás não é digno de Mim." E o Papa Francisco também disse nessa Catequese: “Neste tempo de Advento, somos chamados a ampliar o horizonte de nosso coração, a deixarmo-nos surpreender pela vida que apresenta a cada dia suas novidades. Para isso, é preciso aprender a não depender de nossas seguranças, de nossos esquemas demarcados, porque o Senhor vem na hora que não imaginamos. Vem para nos conduzir a uma dimensão mais bonita e maior”. É entusiasmante o caminho que Jesus nos aponta e, quando esse caminho, é testemunhado por alguém, com palavras e obras, leva à conversão. Como disse João Baptista: "Arrependei-vos, porque está perto o Reino dos Céus"..."Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas". Não podemos viver oAdventlo passando sem a novidade que Deus dá aos que esperam a Sua Vinda. Procuremos escutá-Lo e segjui-Lo. Que continue bem viva, no nosso coração e em todo o trabalho eclesial, a expressão que compendia o Plano Pastoral da Diocese: "A alegria do Evangelho é a nossa missão. Com Maria. renovai-vos na fonte da alegria". Para o Novo Ano, o Papa escreveu : “A não-violência: estilo de uma política para a Paz”: este é o tema escolhido por Francisco para o próximo Dia Mundial da Paz, o quarto do seu Pontificado. A violência e a paz estão na origem de dois modos opostos de construir a sociedade. A difusão dos focos de violência gera experiências sociais gravíssimas e negativas. Santo Natal. "Cantem, cantem os Anjos a Deus um hino. Cantem, cantem os homens ao Deus Menino. Em Belém, à meia noite, Foi na noite de Natal, Nasceu Jesus num presépio, Maravilha sem igual!" Queremos, como colaboradores do S. Miguel da Maia, desejar ao nosso Bispo D. António e seus Bispos Auxiliares, às Autoridades do Concelho e da Freguesia e a todos os que nesta Paróquia vivem, mesmo distantes, um Santo Natal e um Ano Novo Bom .

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Page 1: ANO XXVII Nº 298 DEZEMBRO 2016 PREÇO AVULSO 0,50€ · As ideias com que enchemos o nosso coração determinam a forma como vivemos a nossa vida e, são essas coisas que vamos buscar

EDITORIAL

s. miguel da maia ▪ 1

ANO XXVII ▪ Nº 298 ▪ DEZEMBRO 2016 ▪ PREÇO AVULSO 0,50€

PDJ

Como cristãos estamos a viver o tempo do Advento. O Papa Francisco, na sua catequese, apresenta o tempo

do Advento como “Um novo caminho de fé em que o povo de Deus vai ao Seu encontro e Ele vem até nós”,

É preciso estar desperto, estar"vigilante". O sabermos que o Senhor vem dá-nos certeza para a caminhada, pois somos peregrinos da Casa de Deus,. Dela saímos e para ela queremos ir.

Há diculdades na caminhada, há desânimos, há vontade de voltar as costas, regressando à condição anterior...Quando isto surge deveremos procurar avivar em nós a certeza da Sua presença. O desânimo não é característica do cristão,. Tenho a certeza de que Ele está sempre connosco e que nos convida à conversão. Todos recordam aquela passagem do Evangelho em que Ele disse: "Se alguém põe as mãos ao arado e volta para trás não é digno de Mim."

E o Papa Francisco também disse nessa Catequese: “Neste tempo de Advento, somos chamados a ampliar o horizonte de nosso coração, a deixarmo-nos surpreender pela vida que apresenta a cada dia suas novidades. Para isso, é preciso aprender a não depender de nossas seguranças, de nossos esquemas demarcados, porque o Senhor vem na hora que não imaginamos. Vem para nos conduzir a uma dimensão mais bonita e maior”.

É entusiasmante o caminho que Jesus nos aponta e, quando esse caminho, é testemunhado por alguém, com palavras e obras, leva à conversão.

Como disse João Baptista: "Arrependei-vos, porque está perto o Reino dos Céus"..."Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas".

Não podemos viver o Adventlo passando sem a novidade que Deus dá aos que esperam a Sua Vinda.

Procuremos escutá-Lo e segjui-Lo.Que continue bem viva, no nosso coração e em todo

o trabalho eclesial, a expressão que compendia o Plano Pastoral da Diocese: "A alegria do Evangelho é a nossa missão. Com Maria. renovai-vos na fonte da alegria".

Para o Novo Ano, o Papa escreveu : “A não-violência: estilo de uma política para a Paz”: este é o tema escolhido por Francisco para o próximo Dia Mundial da Paz, o quarto do seu Pontificado.

A violência e a paz estão na origem de dois modos opostos de construir a sociedade. A difusão dos focos de violência gera experiências sociais gravíssimas e negativas.

Santo Natal.

"Cantem, cantem os Anjos a Deus um hino. Cantem, cantem os homens ao Deus Menino.

Em Belém, à meia noite, Foi na noite de Natal,

Nasceu Jesus num presépio, Maravilha sem igual!"

Queremos, como colaboradores do S. Miguel da Maia, desejar ao nosso Bispo D. António e seus Bispos Auxiliares, às Autoridades do Concelho e da Freguesia e a todos os que nesta Paróquia vivem, mesmo distantes,

um Santo Natal e um Ano Novo Bom .

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CONSULTANDO A HISTÓRIAContinuamos a ler, na folha 10 do “Li-

vro dos Capitullos da Igreja de S. Miguel de Barreiros”, o registo da visitação feita “em os quatro dias do mez de Septem-bro de mil setecentos cincoenta e sete anos”, na qual o procurador da Baliagem de Leça define as necessidades que ob-servou na Igreja de S. Miguel:“(…) hua vestimenta de damasco verde, outra de damasco branco e vermelho, hua mesa de corporaes, hua bolssa para os mesmos de damasco branco e vermelho, outra de da-masco roixo e verde, hum veo roixo, e outro vermelho, algüas palas de linho, e se compre hum prato de estanho para as

Ambulas dos santos oleos, hum vaso de estanho para a Comunhão, hua sobrepeliz, e se fassa a Pia Baptismal para o que o R.do Parocho lhe remeterá certidão deste cappitulo.” Maria Artur

AGENDA DO MÊS DE DEZEMBRO e JANEIRO

Dia 05 - Assembleia do Conselho Pastoral ParoquialDia 08 - Festa da Imaculada ConceiçãoDia 14 - Celebração Penitencial - 21h00 -Igreja de Nossa Senhora da MaiaDia 17 - CEIA DE NATAL PAROQUIAL - 20h15 - Lar de NazaréDia 24 - Missa do Nascimento de Jesus - 24h00 (Missa do Galo)Dia 25 - 9h00 - Cel. Eucaristia no Santuário ; 11h00 Cel. da Eucaristia na Igreja de Nossa Se nhora da Maia; 19h00 - Cel. da Eucaristiana Igreja de Nossa senhora da Maia (Encena ção do Presépio.Dia 31 - 19h00 - Celebração da Eucaristia - Igreja de Nossa Senhora da Maia.

Dia 01 - Festa de Santa Maria Mãe de Deus - Ano Novo - Dia Mundial da PazDia 08 - Festa da Epifania Na Eucaristia das 19h00 há a encenação dos ReisDia 15 - FESTA DA FAMÍLIA - Eq. Paroquial da Pastoral Familiar.

A Paróquia de São Miguel de Barreiros vai iniciar um trabalho de investigação com o propósito de elaborar a “História da Igreja de Nossa Senhora da Maia”(a11 de Outubro de 2017, celebraremos o 25º Aniversário da sua Dedicação).

Pedimos aos paroquianos que nos façam che-gar, se possível até ao final do ano, com entrega no secretariado, todo o tipo de documentos de que disponham sobre a Igreja de Nossa Senhora da Maia: cartas, fotografias, panfletos…

Pretende a comissão responsável pela elabo-ração da obra contactar, em tempo, os paroquia-nos com o objectivo de recolher informações

de forma organizada.Toda a sua colaboração pode enviá-la para: [email protected]; [email protected] ou Paróquia da Maia, Rua Padre José Pinheiro Duarte, 39 - 4470-191 Maia

HISTóRIA DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DA MAIA PEDIDO DE COLABORAÇÃO

Foram instituidos como Ministros Extraordinários da Comunhão

Maria Fernanda TeixeiraCarlos Pereira

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Pró - VOCAÇÃO, por vocação

BOM DIA!

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BOM DIA!

Movimento Demográfico Mês de Nobembro

BAPTIZADOS06 - Gabriel Filipe Lopes Mendes

óBITOS02 - Lurdes de Assunção Gil Martins (83 anos)11 - Manuel FernandoFerreira da Silva (56 anos)17 - Maria Alice Silva Barrosd Souto (98 anos) 07- António José Souza Santos (93 anos)22 - Álvaro José Gonçalves Marinho (65 anos)27 - Mªde Fátima Moreira Silva Pacheco (63 anos)

Não vamos esquecer mais a visita que Nossa Senhora nos fez no Ano Litúrgico que pas-sou. A Mãe, carinhosa e solícita andou por aí a bater à porta de todos os corações para que se abrissem generosamente aos apelos que Deus a todos faria por ocasião do Ano Santo proclamado pelo Papa Francisco.

Só Deus sabe o bem que fez às pessoas e ao mundo o Ano Santo. Deste modo, podemos afirmar sem medo que o mundo não ficou o mesmo. Incontáveis os milagres que acontece-ram em milhões e milhões de pessoas, que, a partir deste encontro pessoal com Deus, se tornaram testemunhas de um mundo novo, de um mundo outro. Estes milagres acontecem no mundo das almas e reconhecem-se a seguir no comportamento de tantas pessoas e de tantas Comunidades.

Entramos agora no tempo do Advento, preparamo-nos cuidadosamente para o Grande Encontro de Deus com o homem através do Natal. Deus não vai permitir que nós fiquemos na mesma. E nós não queremos ficar na mesma. Este encontro com o Jesus que vem tornar-nos outros, ajudando-nos a todos a darmo-nos as mãos para construirmos um mundo melhor. É certo que ainda nos nossos dias acontecem coisas impensáveis – e não é preciso ir a Alepo e a Mossul, mas esperamos que Jesus, luz do mundo, vá iluminando os homens, sobretudo os responsáveis políticos, para que, pelo menos a passo, as situações tristes, injustas, desu-manas, se vão distanciando dos comportamentos dos humanos.

Só com um esforço assim, garantiremos que em cada dia nos apareça um

Natal e vocações

Na origem do Natal está uma Vocação!Tudo começou no convite que o anjo fez a Maria, convite esse

que resulta da Graça de Deus: “Achaste graça diante de Deus”. O convite foi inesperado, não era de todo o projeto de vida em que Maria teria já pensado. Daí que Maria não tenha aceite de imediato; pelo contrário, fez perguntas, quis perceber. Depois de esclarecida, não hesitou: “Faça-se em mim segundo a tua palavra.”

Mas a história não acabou aqui: toda a vida terrena de Maria foi coerente com esta decisão. Maria sempre viveu acompanhando Jesus,

apresentando-O aos homens e convidando-os a fazer “o que Ele vos disser”. E ao longo de toda a vida foi estando atenta aos novos sinais de Deus que iam orientando o seu caminho de vida: a profecia de Simeão, com Jesus no templo, nas bodas de Caná, até à Cruz: “Eis aí o teu filho”. Os Evangelhos recordam-nos que “Maria ponderava todas estas coisas no seu coração”.

Qualquer vocação, para o ser verdadeiramente, tem estas etapas. Primeiro o convite, não um qualquer, mas um convite de Deus, que é de graça e pela Graça. Este convite tem de ser escutado, digerido, percebido, e a isto chamamos discernimento: o que quer Deus de mim. Do convite e do discernimento vai resultando uma resposta, que não é só dum momento mas tem de ser uma resposta de vida. Para isso, continua a ser preciso estarmos atentos aos sinais que Deus vai dando, que nos fazem melhor compreender e viver em cada momento a nossa vocação. E, como vimos, estes sinais podem vir nos momentos e das pessoas mais inesperados. Também não pode nunca faltar a oração, através da qual nos colocamos à escuta e à disposição de Deus.

Tudo isto se aplica a todas as vocações, desde a vocação batismal de todos os cristãos – viver uma vida de filho de Deus em sintonia com a vontade do Pai – às suas diferentes concretizações específicas: sacerdócio, con-sagração religiosa ou laical, matrimónio, vida de solteiro. Todas as vocações são chamamentos de Deus e respostas das pessoas, de cada pessoa, todas elas com igual importância no sonho de Deus para os Seus filhos.

Neste Natal, em que a dinâmica proposta pela nossa diocese nos convida a construir a árvore dos sonhos, aproveite cada um para repensar: Qual é o sonho de Deus para mim? Como quer Ele ver-me feliz?

E sejamos generosos para fazer do sonho de Deus não só o nosso sonho mas sim a nossa realidade de vida.

Equipa Paroquial Vocacional

Oração pelas vocações sacerdotais A cadeia de oração “Rogai” pelas vocações sacerdotais vai continuar, sempre às 18h, nas seguintes datas e locais:

Nestes dias, faremos a recitação do Terço meditando os seus mistérios em reflexão vocacional.Para além destes tempos de oração, a adoração das primeiras 5as. feiras terá caráter vocacional, entre as 12 e as 13 horas.

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FELJZ NATAL!!...

Maria Fernanda e Maria Teresa

4 ▪ s. miguel da maia

Natal !Estre la que br i lha ,Estre la que guia ,Até ao Menino…Estre la que anuncia :“ Já nasceu Jesus ,F i lho de Maria !”

Os Reis Magos ,Seguindo a estre la ,Chegam a Belém… Que noite tão fr ia ! Sem luxos , sem oiros ,Rodeado de amor O Menino sorr ia .

Que o Nata l se jaDe a legr ia !De esperança!Esperança no Senhor,Na paz entre os povos ,No f im da pobreza ,No a l ív io da dor…De a legr ia na luz ,Alegr ia no amor,Alegr ia na féQue nos leva a Jesus .

FELIZ DE QUEM FOI BAFEJADO PELA FÉ

LIVRO A LIVRO OS TEMPOS DO CORAÇÃO

Ana Maria Ramos

Manuel Machado

51 características atribuídas ao coração, ao nosso coração, são tema de reflexão de Joan Chisttister, religiosa beneditina e voz autorizada na espiritualidade contemporânea.

Os TEMPOS do CORAÇÃO são, assim, leitura apropriada para aprender a conhecer o coração humano; para entender o seu poder e a força do amor.

As ideias com que enchemos o nosso coração determinam a forma como vivemos a nossa vida e, são essas coisas que vamos buscar quando precisamos de entrar nas profundezas de nós mesmos para encontrar força de carácter, coragem, resistência e esperança. Por isso é tão importante na vida aquilo que nós lemos, que nós vemos e que nós fazemos no dia a dia - assim começa o livro! E continua pela meditação de Um coração atento, aberto, em festa, em conver-são, cósmico,…humano, humilde, imperfeito, …alegre, bondoso,… orante,…simples, estável, confiante, verdadeiro, desapegado, …sábio. E tudo isto os nossos corações nos poderão ofere-

cer! E é o nosso coração quem capta aquele pulsar de vida que é o Kairos, o tempo de Deus, o tempo para além das coisas. Neste Ciclo Natalício em que entrámos pelo 1º Domingo do Advento, “olhemos” o nosso coração e deixemo-lo

inundar pela Luz do Natal de Jesus. Esforcemo-nos para valorizar o tesouro que é, e deve ser o nosso coração.

"Que alegria quando me disseram:Vamos à Casa do Senhor". (Salmo 122-1).Muita gente não vai à Igreja por diversas razões. Ou porque se sentem mal porque

a sua fé não está tão boa como acham que deveria estar, ou porque estão zangados com o padre ou o sacristão como se estes fossem algum estorvo, ou porque estão deprimidas parecendo-lhes que tudo corre bem a todasas pessoas menos a elas, ou, com alguma ironia, por recearem que o edifício caia.

Todavia, nada justifica que o desânimo as afaste da sua família espiritual. Mais que ninguém estas pessoas precisam do amor e do apoio que podem encontrar na comu-nidade paroquial. Precisam de ouvir alguém dizer-lhes:"nós conseguimos e,com a graça de Deus, tu também consegues".

A Bíblia diz: "Não deixes as nossas assembleias, como é costume de alguns" (Hebreus 10-25).A palavra "deixeis" significa sair para fora, deixar para trás. Descreve, basicamente, alguém que se sente de parte, que está espiritual e emocionalmente em baixo e que se sente inferior a todos.

Quando nos sentimos assim, o demónio sussurra-nos aos ouvidos: "Fica em casa, não vás à Igreja hoje, não precisas de ir lá misturar-te com aquelas pessoas que têm a mania de ser boazinhas". E se o demónio consegue separar-nos dos outros crentes quando mais precisamos do apoio deles, então o diabo ganhou o dia connosco tirando--nos daquilo que Deus tem destinado para nós.

É claro que podemos ficar em casa, ler a Bíblia, ligar a rádio ou a televisão nos canais cristãos. Mas se estivermos rodeados pela nossa família espiritual iremos obter as respostas que não conseguiremos em mais lado nenhum.

A Igreja é o último lugar onde o demónio quer que vamos quando nos sentimos fracos. Ele sabe que se formos lá iremos ser tocados pela presença do Senhor e assim conseguiremos sair do buraco onde nos metemos para sua consolação.

A inspiração para escrever este artigo surgiu-me no dia 21 de Agosto último quando eu participava na celebração da Eucaristia das onze horas, na Igreja de Nossa Senhora da Maia. Muitos

fiéis, celebrante excelente, e o templo paulativamente se tornou mais Céu quando, precisamente às 11h20, o sol focado pela clarabóia do tecto atingiu o centro do altar-mor encenando-o, temporariamente, num cenário de rara beleza que até parecia encomendado. Curiosamente, neste domingo, o altar estava lindamente orna-mentado de cravos vermelhos em fundo verde, sob a responsabilidade da equipa de minha esposa: casal Fátima/Saúl, casal Irene/Abílio, casal Ilda/Pinheiro, menina Ana Rosa, e a intervenção da florista Artezé.

Por tudo isto, vamos á Igreja!... Mas em vez de irmos lá como um local onde se encontram as pessoas de Deus, deve-mos vê-la como um lugar onde somos alimentados e fortalecidos para que possamos transportar a presença do Pai para o exterior, para a nossa família e para o nosso local de lazer ou trabalho, com a nossa palavra e a nossa acção.

Desejo a todos que me lêem um Santo Natal e um próspero Ano Novo.

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Contactos:917373873 - 229482390 229448287 - 229486634 - 969037943 966427043 - 229416209 - 965450809 962384918 - 938086881 229482390 - 914621341 - 914874641 - 229411492 - 910839619

www.paroquiadamaia.net; - [email protected] - Navegue

Maria Luísa e José Carlos Teixeira; Jorge Lopes; Lídia Mendes; Fernando Jorge; Regina; Júlia Sousa; José Sousa; P. Domingos Jorge

E.P.P.F

A EQUIPA PPF sente que tem um papel importante na Comunidade Paroquia. Está disponível para esse trabalho.l Não basta apontar as dificuldades é necessário apontar camingos de esperança. Continua a equipa a incentivar a todos para que leiam, a Exortação Apostólica do Papa Francisco "Alegria do Amor".

Na página 13, desde número do nosso jornal apontam-se algumas linhas desenvolvidas.

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EQUIPA PAROQUIAL DE PASTORAL FAMILIAR

Realizou-se, no fim-de-semana de 26 e 27 de Novembro, em Fátima o Encontro Nacional de Responsáveis 2016 das Equipas de Nossa Senhora (ENS), com a presença de cerca de 500 casais que, de alguma forma, prestam serviço como responsáveis das ENS; contou também com a presença de 12 Conselheiros Espirituais.

As ENS são um movimento de espiritualidade conjugal, fundado em 1947 pelo Padre Henri Caffarel (cuja beatificação está em preparação) e o seu objectivo é ajudar os casais a viver plenamente o seu Sacramento do Matrimónio.

Ao longo destes dois dias os mais de 1000 participantes tiveram a oportunidade de rezar, reflectir, escutar partilhas e testemunhos de vida, clarificar objectivos e sentidos de missão, aprender a caminhar melhor definindo estratégias e etapas no percurso. Todos foram desafiados para preparar com entusiasmo e alegria o grande Encontro Internacional de Fátima 2018, no qual está prevista a presença de 9000 equipistas de todo o mundo. Sim, porque o movimento das ENS que está presente em Portugal há 60 anos contando com cerca de 1200 Equipas e mais de 14000 membros, espalhou-se por mais de 80 países e tem cerca de 12300 Equipas constituídas por mais de 130000 membros. A nossa Comunidade Paroquial conta com alguns membros e já foram contactados novos casais para ser constituída uma nova Equipa da nossa Paróquia, aguardando-se uma resposta positiva ao chamamento. José Carlos Neto.

Este cunho mariano da pastoral, e esta perspetiva da «miseri-córdia», persistirão ao longo de todo o ano pastoral de 2016-2017, tendo em conta a dimensão nacional e internacional da celebração do centenário das aparições de Fátima, sob o lema “O Senhor fez maravilhas”.

A Mensagem de Fátima contém elementos muito inspiradores e desafiadores, no âmbito do regresso às fontes da alegria, como a prática assídua da oração e adoração, e o regresso à fonte dos sacramentos, nomeadamente os da Reconciliação e da Eucaristia. Deveremos potenciá-los e valorizá-los oportunamente. Destaca-remos aqui alguns:

1. O PRELÚDIO DAS APARIÇÕES: A FONTE DA EUCARISTIAAntes das aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos, temos

o ciclo das aparições do Anjo da Paz, a primeira na primavera de 1916 e, com ela, a comunicação das palavras de adoração: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam”.

Na segunda, no verão de 1916, o Anjo de Portugal fala de de-sígnios de misericórdia e pede o «sacrifício» pela conversão dos pecadores. E no outono de 1916, o Anjo dá a comunhão sob as duas espécies aos pastorinhos e repete a oração: “Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço--Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.

Na aparição de 13 de julho de 1917, Maria pede a comunhão reparadora dos primeiros sábados e o sacrifício com esta intenção: «Ó Jesus, é por vosso amor». Nas duas aparições em Pontevedra, a Lúcia, é pedida a devoção dos primeiros sábados (confissão e comunhão).

Assim, Fátima não se pode entender nem viver sem a redes-coberta da Eucaristia e da sua centralidade. É na Eucaristia que a

Do Plano Diocesano de Pastoral Diocese do Porto

III. O CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES: FONTE DE INSPIRAÇÃO E DE RENOVAÇÃO PASTORAL

“Trindade” nos alcança. Da Eucaristia brota a capacidade de sacrifício pelos outros e a adoração de Deus na nossa vida. A celebração do domingo é a expressão da nossa adoração ao único Deus e Senhor. (Cont. próximo número

Neste sentido, Fátima desafia-nos a recolocar Deus no centro da nossa vida. E isso tem uma expressão prática: voltar à fonte da Eucaristia. Se Maria nos diz em Caná «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2,5), Jesus diz-nos, a respeito da Eucaristia e do que ela implica quanto a uma vida oferecida: «Fazei isto em memória de mim» (1 Cor 11,24; Lc 22,19).

2. A MENSAGEM DAS APARIÇÕES: AS FONTES DA ORAÇÃO E DA PENITÊNCIA

Paulo VI definiu a Mensagem de Fátima, como «mensagem de oração e penitência», oração e conversão, para alcançar a Paz. Importa rezar para abrir o coração à ação de Deus e assim trans-formar o mundo. O apelo à oração é comum a todas as aparições, em Fátima, de maio a outubro de 1917. «Fátima é uma janela de esperança que Deus abre, quando o homem Lhe fecha a porta» (Bento XVI). E a porta que abre o homem a Deus é a oração. Sem oração não há conversão. Sem conversão não há mudança de vida. Sem mudança de vida não há paz. O mundo novo começa quando o homem se abre a Deus, em oração e adoração.

É preciso recolocar, reinstalar Deus, na nossa vida. A visão do Inferno, tão familiar nas aparições, é a imagem de uma vida sem Deus. Disso mesmo precisamos de nos livrar: de viver como se Deus não contasse, de viver fora de Deus, de viver centrados em nós mesmos, de viver em autossuficiência, e não no seu amor. A imagem do Inferno, recorrente na Mensagem de Fátima, é sobretudo uma mensagem de urgência da conversão.

Por isso, a Mensagem de Fátima reforça o apelo à conversão, que abre a pregação de João Batista e o ministério público de Jesus: «Convertei-vos porque está próximo o reino de Deus» (Mt 3,2). Não esqueçamos, pois: não há caminho para Fátima, que não implique mudança de rota.

Continua no próximo número

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SENHOR ABRE OS MEUS SENTIDOS

Fecho os meus olhos… fecho os meus ouvi-dos… estou cansada das conversas, das reporta-gens, das estatísticas de dinheiro gasto ou a gastar nas compras de Natal. Elas não são a causa (mas parecem!…) do Natal. Elas são uma consequência até natural e lógica do Natal pois o Natal é a festa de aniversário do mais importante Ser da Huma-nidade. È a Festa de aniversário do Filho de Deus. Deus deu á humanidade a Sua maior riqueza, o Seu próprio Filho. Se isso não tivesse sido uma reali-dade, não haveria Natal. Nas festas de aniversário oferecemos prendas ao aniversariante, por isso no Natal também me parece bem que se comprem presentes, mas nem sei porquê, pois desde que me lembro, sempre assim aconteceu, os presentes são para os outros e não para o Aniversariante. E no frenético pensamento das compras de tantas pre-sentes, do ritmo alucinante de tantas ocupações, festas, almoços, jantares, (tudo do Natal!…) pa-rece que fica esquecido Aquele que realmente faz anos. Parece, até, que muitos daqueles que durante o ano dizem conhecê-Lo, até ama-Lo, O esquecem no tempo de Natal, e especialmente no dia de Na-tal, com tanta festa que nem há tempo para pensar Nele e muito menos festejar o Seu aniversário no local da Sua Grande festa – A Eucaristia.

È preciso procurar a paz, a serenidade, alhear-mo-nos não da Celebração do Nascimento de Je-sus, mas de tantas ocupações materiais e ruidosas que nos impedem de saborear o silêncio dentro de nós mesmos para que Jesus possa ser acolhido no nosso coração.

A paz, a calma, a tranquilidade que precisamos de ter para celebrar o autêntico Natal, o Natal de Jesus, não nos vão impedir de o viver e partilhar com toda a alegria, festa e presentes se antes de tudo, e sempre, não nos esquecermos de pensar em Jesus, de falar com Jesus, só é preciso que, an-tes de tudo, a nossa vontade seja a de O ter pre-sente, sempre!

Também, não é fácil não nos deixaremos envol-ver pelo turbilhão de acontecimentos e atrações que nos podem dispersar do que é realmente mais importante, mas há sempre ajudas extraordinárias que nos ajudam a parar, refletir, orar e continuar o caminho certo para acolher Jesus no coração e com Ele celebrar a festa deslumbrante do NATAL

6 ▪ s. miguel da maia

Senhor, abre os meus sentidosSenhor, abre os meus lábios,e a minha boca anunciará o teu louvor.Senhor, abre os meus olhos,e verei a Tua obra e as necessidades das pessoas.Senhor, abre os meus ouvidos,e escutarei a Tua palavra e o clamor dos pobres.Senhor, abre o meu nariz,e distinguirei o que está vivo do que está mortoSenhor, abre o meu entendimento,e Te escutarei e compreenderei a Tua palavra.Senhor, abre o meu coração,e Te darei espaço para Te procurar ee encontrar em todas as coisasSenhor, abre as minhas mãos,E te receberei e te entregareiÀ humanidade com alegria.Amem.

Maria Luisa C. M. Teixeira

Dia Mundial da Paz

"A não-violência: estilo de uma política para a Paz”: eis o tema escolhido por Francisco para o próximo Dia Mundial da Paz, o quarto do seu Pontificado.

"A violência e a paz estão à origem de dois modos opostos de construir a sociedade. A difusão dos focos de violência gera experiências sociais gravíssimas e negativas. O Papa resume esta situação na expressão “Terceira guerra mundial em capítulos”.

Ao invés, a paz tem consequências sociais positivas e permite um verdadeiro progresso. Devemos, portanto, agir nos espaços possíveis, negociando caminhos de paz, até mesmo onde tais caminhos parecem tortuosos ou impraticáveis."

Precisamente hoje, encontrei esta ajuda num livro de orações para jovens – Youcat – que me foi oferecido a alguns anos atrás:

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Sabemos que o tempo nos escapa por entre os passos dos nossos dias a uma velocidade alucinante, mas sentimos talvez ainda mais essa fatalidade em tempos e acontecimen-tos específicos anuais rotineiros da nossa Vida. Ora em datas de aniversário, em que sentimos o galopar das velas nos Bo-los de Aniversário, ora na aproximação a tempos de vivên-cia fortes aos quais não somos tipicamente alheios, sejamos crentes ou não, como o Natal e a Páscoa. Mas a verdade é que nos aproximamos rapidamente de mais um Natal, após o início do Advento do Ano A.

“Estamos habituados a olhar o advento como tempo da chegada de Jesus. Mas a verdade é que ele já chegou há mui-tos anos atrás. No entanto, este tempo continua a fazer mui-to sentido. Não para prepararmos a chegada de Jesus, mas para prepararmos a nossa chegada a Jesus.” Neste Advento, e à semelhança de iniciativas anteriores, somos também to-dos convidados a viver comunitariamente, a nível diocesano, uma Dinâmica de vivência comum, que, este Ano, propõe, como um dos símbolos centrais, uma Árvore, a “Árvore dos Sonhos”. Associamos, tipicamente, a Árvore de Natal, ao sítio de onde poderão advir alguns sinais e dádivas generosos que sempre nos ajudam a aquecer um pouco mais coração, no frio habitual das noites de Natal. Então, de forma simbólica, somos convidados a ir alimentando esta Árvore de sonhos e desejos que gostaríamos de ver concretizados no seio da

A CHEgADA… ATÉ JESUSnossa Família, para “com Maria e José sonharmos a alegria do Natal”, título desta Dinâmica Diocesana proposta para o Advento/Natal de 2016.

Neste sentido, e num tempo em que somos também mais sensíveis a causas nobres e solidários, mais uma vez a Catequese da Maia se vai associar a campanhas de ge-nerosidade, fruto de reptos que nos foram lançados. Assim, além do apelo da Conferência Vicentina da nossa Paróquia, com a qual temos procurado cooperar nos últimos Anos nesta época, neste tempo natalício foi-nos também lançado o desafio de nos associarmos à SOPRO, uma ONG que rea-liza trabalho em Portugal e em Moçambique, e a qual tem procurado ajuda para alimentar os terrenos de Mangunde com sementes. Nos flyers abaixo, os quais estarão também afixados na Igreja, podem encontrar mais detalhes sobre es-tas Campanhas. “Na vida, todos passamos por 3 fases: a pri-meira, quando acreditamos no Pai Natal; a segunda, quando deixamos de acreditar; e a terceira, quando nos tornamos o Pai Natal.” Darmos passos na nossa vida para procurarmos chegar até Jesus, implica muito, implica a nossa vida. E ser solidário e sensível é, sem dúvida, embora não única, uma das formas de nos aproximarmos dele.

João Bessa

RÚBRICA “TEMPOS LITÚRgICOS”: ADVENTONota inicial: No decorrer desta apresentação que temos vindo a efetuar, desde há já algum tempo,

sobre os principais objetos litúrgicos com que, no âmbito da nossa Missão, manuseamos, decidimos tam-bém alargar esta ideia a outras temáticas, as quais iremos apontar gradualmente. Nesta sequência, uma das Temáticas definidas consiste em também ir abordando os diferentes Tempos Litúrgicos no decorrer de um Ano Litúrgico, de forma a compreendermos um bocadinho melhor algumas ideias associadas a cada um. Assim, em início de Advento, inauguramos, nesta edição, esta Rúbrica de Tempos Litúrgicos, abordando precisamente este tempo, habitualmente designado como de preparação para o Natal.

1. O QUE É ADVENTO?Advento, etimologicamente, é um termo derivado do latim, adventum, que significa vinda ou chegada. O Advento é um

período de especial importância no calendário religioso, um tempo de alegria para os cristãos uma vez que se antecipa e pre-para o nascimento de Jesus, o cumprimento profético do encontro com o Messias. Desse modo, exige-se a purificação como preparação individual para receber Aquele que está para vir, o redentor.

2. O ADVENTOÉ no Advento que começa o ano litúrgico, as quatro semanas que antecedem o Natal. Este período litúrgico evoca duas

distintas vindas de Cristo: a verificada em Belém e o Seu regresso no fim dos tempos, o Dia do Juízo Final.Deste modo, liturgicamente, nos dois primeiros domingos no Advento, ocorre uma espera pela segunda vinda de Cristo,

e nos dois últimos domingos celebra-se a primeira vinda de Cristo. O caráter penitencial, de preparação espiritual dos fiéis durante o Advento, é acentuado pela cor litúrgica, o roxo. Esta é a cor da penitência e do jejum, bem como a cor da realeza.

A reflexão sobre a violência e o mal que assola o mundo contemporâneo conduz-nos a evocar um Deus que nos dê esperança e nos auxilie. O nosso "exílio" presente proporciona-nos o vislumbre de um esperado futuro de redenção, o novo Êxodo. Por outras palavras, relembramos o anseio dos judeus por um Messias, muito semelhante à atual necessidade de perdão, salvação e um novo começo. GAM – Grupo de Acólitos da Maia

JANEIRAS 2016

Depois de uma transição “brusca” no ano anterior, mas procurando manter as tradi-ções da nossa Comunidade, as Janeiras serão, mais uma vez, neste tempo de Advento/Natal entoadas, de forma mais ou menos melodio-sa, pelas ruas da nossa cidade. Ao lado, podem consultar as

datas e itinerários previstos para este Ano, para que possam estar, com alegria, preparados para acolher este Grupo.

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Aproxima-se o Natal, o verdadeiro Natal, esse que nos chega através do Menino que nasce para nós e em cada um de nós. E é com o espírito deste verdadeiro Natal que Escuteiros de todo o Mundo levam a cabo uma tarefa que só com a Fraternidade deste Movimento de Jovens é possivel.

No passado dia 20 de Novembro, uma criança Austríaca, este ano Melanie Walterer de 12 anos, recolheu em Belém, na Gruta da Natividade, a Luz da Paz que chegou à cidade de Viena - Austria no dia 22. Chegará ao nosso País no domingo dia 11 de Dezembro, através de uma delegação de Escuteiros de Évora, e de-pois à Diocese do Porto no dia 12, onde Escuteiros do nosso Agrupamento a irá recolher numa cerimónia na Sé Catedral do Porto, para depois a trazer para a Maia e será distribuída durante a nossa Festa/Ceia

de Natal e ainda nas Missas de domingo, dia 18 de Dezembro. Para todos os que pretenderem levar esta Luz da Paz para suas casas, tragam uma lanterna com vela, e assim poderão ter neste Natal uma Luz que vinda de longe, foi zelada para que nunca se apagasse. São Escuteiros de toda a Europa e de outros continentes que zelam para que esta chama chegue às nossa igrejas, às familias, aos hospitais, às cadeias e a todos os que a queiram acolher. Pretendemos nós também, Escuteiros do Agrupamento 95-Maia, fazer parte desta corrente de partilha da Luz da Paz e que Deus permita que esta Luz nunca se extinga nos nossos corações.

Aproveitamos para desejar a todos um Santo e Feliz Natal!

LUZ DA PAZ DE BELÉM

CONFERÊNCIA VICENTINAO Natal está a chegar. Muitos são os sinais exteriores a anunciar que este tempo é diferente e que já estamos muito próximo.

Há luzes, enfeites, música, pessoas apressadas, compras grandiosas. Na casa de cada um de nós a árvore de natal e o Presépio estão já num lugar de destaque. E os nossos sinais interiores? Estamos atentos para que os vivamos tão intensamente quanto o brilho

das luzes das nossas cidades e vilas?E se cada um de nós for enfeite de natal, árvore de natal, luz de natal, estrela de natal, música de natal, Presépio.

Como seria bom, se cada um de nós interioriza-se cada símbolo de natal e o manifesta-se em sentimentos de paz, de justiça e de amor ao próximo.

O Natal faz toda a gente viver mais profundamente, a sua relação com Deus e com os Homens. Salienta-se também em cada Vicentino, que tem sempre o seu olhar voltado para aqueles que serve. Os nossos corações

não ficam indiferentes ao que se passa e às necessidades de todos e de cada um.Preparemos e vivamos este Natal, cheios de bondade e espírito caritativo.Sejamos brilho, cor e aconchego, oferecendo os irmãos mais desprotegidos, a nossa generosidade.Sejamos verdadeiros postais de natal, levando mensagens de paz e de esperança.Preparemos e celebremos com fé o nascimento do Menino Jesus.A Conferência Vicentina Nossa Senhora do Bom Despacho deseja à comunidade paroquial, aos seus benfeitores e

amigos, e muito especialmente às famílias por nós apoiadas, um Santo e Feliz Natal. Recolha de bens alimentares e donativos nos dias 17 e 18 de dezembro

A Conferência Vicentina - Fernando Jorge Monteiro de Sousa

Por uma Juventude Melhor, Palmira Santos

O ICM – INSTITUTO CULTURAL DA MAIA

Joaquim Guedes

As actividades no ICM têm decorrido a bom ritmo, de acordo com a sua calenda-rização, embora por vezes seja necessário alguns acertos.

No dia 18 de novembro, tal como já tínhamos noticiado, decorreu mais uma “Troca de Saberes e Sabores”. Foi um momento de agradável partilha de segre-dos das nossas cozinhas, o que conduziu

a uma agradável confraternização, que nos permitiu saborear as deliciosas receitas confecionadas: deliciosas entradas, excelente sopa de castanhas, imperdível arroz de tamboril e finalizada com saborosas sobremesas. Não faltou a alegria e boa disposição.

Mais uma vez, bem cedo, deu-se início a mais uma Visita Cul-tural, desta vez à velha e moderna cidade de Viseu. Foi no dia 25 de novembro e, apesar do tempo nos ter pregado uma partida, o programa da visita foi integralmente cumprido. Tal como referimos, “… o antigo e o moderno coexistem, nesta cidade, de forma harmoniosa sem se agredirem: temo-lo patente no Museu Grão Vasco, que este ano comemora o centenário da sua fundação, num edifício do séc. XVI, mas que foi intervencionado em 2001 e 2003, de acordo com projeto do Arq. Eduardo Souto Moura, que o adaptou às exigências de um programa museológico novo; também no moderno Funicular, que nos transportou desde a Cava de Viriato até ao «Planalto de Viseu», ou seja, à Sé Catedral e ao Museu Grão Vasco”. Ao almoço não faltaram as iguarias regionais para nos deliciarmos. Houve ainda quem se quisesse arrepiar um pouco no Palácio do Gelo, entrando no seu Bar. A próxima visita cultural será já no dia 27 de janeiro.

O Seminário, subordinado ao tema da “Segunda Guerra Mundial”, tem agradado a todos os que nele participam. Esta é uma actividade aberta à comunidade. Apareçam! Excepcional-mente, em Janeiro, teremos duas sessões, a 6 e 20, às 15h00.

Entretanto o ICM está a preparar o seu Natal, não esque-cendo que, só será Natal, se todos, e cada um por si, souber fazer paz à sua volta. Além do Presépio, que está a ser construído para nos lembrarmos da verdadeira essência do Natal, teremos, no dia 16 de dezembro, o nosso habitual Almoço de Natal, momento de convívio, partilha e amizade, onde contamos ter a presença, sempre acarinhada, do nosso Pároco, P. Domingos Jorge. Entretanto, e como já vem sendo habitual, estamos a fazer uma recolha de alimentos, para entregar aos Vicentinos desta Paróquia da Maia.

Finalmente, em nome do ICM, desejo a todos um Santo Natal, com muita paz e amor, e um Ano 2017 com muita saúde e repleto de momentos de felicidade.

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NESTE NATAL: UM ABRAÇO DE SOLIDARIEDADEO Natal é um tempo muito es-

pecial, cheio de magia e beleza, ao qual ninguém fica indiferente e que toda a gente gosta de celebrar, cada qual à sua maneira.

Numa escola primária em Por-tugal uma professora perguntou às crianças o que era o Natal para elas. Todas puseram a mão no ar e respondiam, uma de cada vez, com grande excitação: “Natal é quando a minha mãe faz bolos. Quando o Pai Natal põe presentes junto da árvore. Quando a minha avó me dá dinheiro. Quando desembrulho as prendas. ...” As crianças deram essas e muitas outras respostas. Mas ne-nhuma das crianças se lembrou de dizer que o Natal é, acima de tudo, a festa do nascimento de Jesus. Que pena! Só mostra bem o tipo de so-ciedade em que vivemos.

A narrativa do evangelho diz--nos que José foi a Belém a fim de recencear-se com Maria, sua mu-lher, que estava grávida. E quando eles ali se encontravam, Maria deu à luz e teve um filho, que envolveu em panos e recostou numa manje-doura, por não haver lugar para eles na hospedaria. E o anjo do Senhor

. P. Dário Balula Chaves, mccj Missionário Comboniano

apareceu aos pastores que pernoi-tavam nos campos e anunciou-lhes uma grande alegria: o nascimento de Jesus Salvador, o Messias Se-nhor” (Lc. 2, 4-14).

O mistério do Natal põe-nos perante este acontecimento cho-cante e absurdo: Jesus, filho de Deus, não encontra lugar entre os homens e nasce numa manjedou-ra entre os animais. Hoje, como outrora, continua a não haver lu-gar para Jesus na nossa vida e na nossa sociedade. Jesus continua a ser rejeitado e marginalizado de muitas maneiras. A nível individual, continuamos indiferentes às neces-sidades dos outros e fechados no nosso comodismo. A nível social, vivemos numa Europa que conti-nua a construir ‘muros’ em vez de ‘pontes’. Milhares de pessoas todos os dias batem às suas portas para fugirem das guerras e da morte à procura de paz. Só pedem acolhi-mento e solidariedade.

A nossa Europa está numa cri-se profunda bem descrita pelo papa Francisco no discurso que fez pe-rante as autoridades europeias no passado mês de Maio: “Tive ocasião

de dizer aos eurodeputados que há uma impressão geral de uma Eu-ropa cansada e envelhecida,estéril e sem vida, onde os grandes ideais que inspiraram a Europa no passa-do parecem ter perdido a sua força. Uma Europa decadente que parece ter perdido a sua capacidade rege-neradora; uma Europa que tem a tentação de criar espaços em vez de gerar processos de inclusão e de transformação; de tomar iniciativas que promovam novos dinamismos na sociedade. O que é que te acon-teceu, Europa humanística, defenso-ra dos direitos do homem, da de-mocracia e da liberdade?”

Em preparação para o Natal é bom que nos perguntemos: Que tipo de Natal queremos celebrar?

Eu sugiro duas coisas importan-tes: um sorriso e um abraço. Um sorriso de acolhimento para aque-les que encontrarmos no nosso ca-minho. E um abraço de solidarieda-de para todos os necessitados, os estrangeiros e os estranhos. E que o nosso Natal seja todos os dias.

O MAIOR DESAFIO DO MUNDO? - COMBATER AS DESIgUALDADESNum estudo preparado por alguns especialistas,

entre os maiores desafios que o mundo vai enfrentar nos próximos anos, o aprofundamento da desigualdade entre ricos e pobres lidera o topo da lista. Seguem outros desafios: o aumento do desemprego, a quebra da confiança das populações com as suas lideranças, a falta de liderança política e um aumento das tensões entre as superpotências,

Na lista dos desses desafios para a humanidade está também o aumento da poluição no mundo desenvolvido. A industrialização está a criar níveis insustentáveis de poluição. A solução requer uma revolução tecnológica e intelectual e um roteiro com soluções diferentes que defenda as matérias-primas e limite as emissões de carbono antes que seja tarde demais. Cada vez mais se assiste à ocorrência de eventos atmosféricos extremos. Estas catástrofes são normalmente consequência das mudanças climatéricas e estão a tornar-se cada vez mais frequentes e mais erráticas. Para além de toda a destruição causada, a ocorrência de eventos atmosféricos extremos provoca também doenças e consequências gravosas em termos económicos e políticos.

O aumento de movimentos nacionalistas também é vista como uma grande preocupação para os próximos anos. A Europa é, aliás, a região do mundo que os especialistas vêem como mais propícia ao aparecimento de tensões nacionalistas.

O aumento dos problemas de acesso à água também merece redobrada atenção, com especial enfoque para países como a Índia, a Indonésia, o Bangladesh e a Nigéria. Para os especialistas não há dúvida que estas restrições terão consequências politicas.

A lista encerra com a necessidade de melhorar as condições de saúde da população em geral e de abraçar um projecto de prosperidade económica para todos.

Como cristãos não podemos ficar indiferentes a todos estes desafios que o mundo enfrenta. Todos temos a obrigação de lutar por um mundo mais justo e mais fraterno para todos. “Senhor , venha a nós o vosso Reino.”

. P. Dário Balula Chaves, mccj Missionário Comboniano

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Todas as noites, à mesma hora, lá estava sentado nas escadas. Parecia meio adormecido, mas estava a curtir droga. Todos passavam indiferentes, se fosse um cão peludo, muitas pessoas teriam a tentação de o acariciar, mas ao Zé ninguém ligava. Tinha dezasseis anos, dormia no tapete da entrada de um prédio velho, tinha as calças manchadas por se urinar durante o sono, naquele dia alguém o abordou, desculpou-se por estar drogado e das manchas das suas calças. O Zé não percebia que não era culpado pelo seu drama, foi abandonado. Disputa com os outros o tapete da entrada daquele prédio, por vezes há mesmo cenas de violência, quando não consegue o tapete vagueia durante a noite, procura depois dormir de dia numa carruagem abandonada de um comboio velho. Deus não pode abençoar sociedades que marginalizam deste modo, tem de roubar para comer. Todos os dias, pela tardinha, lá está sentado, com aspeto de sonâmbulo, o Zé foi empurrado para a delinquência, é um futuro candidato a habitar a cadeia, não, não é um cão vadio, é um ser humano a quem negam possibilidades de humanização, dia após dia, lá esta no processo de degradação, todos passam indiferentes. Já estou a ima-ginar o Zé na sua morada futura: a cadeia. As cadeias são lugares de desumanização, a sociadade justifica-se dizendo que tem de defender-se daqueles que põem em perigo a vida e bens das pessoas, mas a sociadade não tem direito de enviar homens para a desumanização. O Zé é imagem e semelhança de Deus. As cadeias só são validas na medida em que sejam espaços de humanização, os que as habitam não são necessariamente os piores, são mais vitimas que culpados, por isso tem o direito de encontrar nas cadeias espaços de humanização, os chichi que os Zés fazem durante o sono é a expressão da sua carência de amor, ao contemplar a situação do Zé gostaria de dizer aos homens que ainda são humanos: ajudemos todos os Zés. Pedir isto aos politicos é tempo perdido, têm de agradar às suas clientelas, também não vale a pena pedir aos que enriquecem à custa dos outros, não têm coração. Pensei num amigo, tem um cargo público de interesse cultural, tentei mas foi grande a minha desilusão, nunca tinha visto ninguém tão vazio, está tão cheio de si, que é incapaz de escutar os outros, é um ridiculo precioso, demite-se da sua dignidade para ser importante e subir na escala social. Os Zés, os Zés continuam sentados, sem sentidos para a vida, e todos passam indiferntes. O ridiculo, dar-lhes uma esmola é um modo de descansar a consciência.

Conceição Dores de Castro

José Carlos Novais

A SOCIEDADE

À ESPERA DA TUA LUZ

10 ▪ s. miguel da maia

ADVENTO NATAL

VIVER O ADVENTO. Sabei que o nosso Deus há-de nascer. Está perto de nós o Salvador. E´ Advento, tempo de esperança, tempo que vai ser como eu escolher que ele seja. Quero neste tempo ter disponibilidade

interior para poder preparar o coração e acolher a vinda do Senhor. Quero olhar o presépio com transparência, com simplicidade e com a curiosidade de criança. Quero descobrir que a novidade nunca se esgota e a mensagem se renova. O Advento é assim o tempo para abrir o coração à

misericórdia de Deus e ao amor. Este tempo é um mistério de um Deus que se revela, um Deus que se recria no cansaço dos nossos trabalhos. É a chegada do Deus Menino que quer nascer em cada um de nós. Neste Natal escutemos a voz que nos chega da gruta. Quero por em prática o que há dias num encontro das Oficinas de Oração e Vida nos foi proposto. (Abraços felizes). Neste Natal para todos os leitores do BIP o meu abraço feliz.

Mário Oliveira

As crianças doentes oncológicas do Mianmar, que pre-cisam desesperadamente de um hospital, sua última e única oportunidade de serem tratadas, esperam pela Tua Luz.

A população de Aleppo já sem hospitais, sem alimento e sem dignidade, espera pela Tua Luz.

As crianças portuguesas que só têm uma refeição por dia, a única que tomam na escola, esperam pela Tua Luz.

Os sem abrigo que dormem em cima de um cartão ve-lho e um cobertor esfarrapado, esquecidos pela sociedade, esperam a Tua Luz.

As crianças dos orfanatos, que já perderam a esperança de serem adotadas, por culpa de um sistema viciado, esperam pela Tua Luz.

Os velhinhos abandonados nos hospitais pelos familiares, que se desculpam por não poderem cuidar deles por falta de espaço ou de tempo, esperam pela Tua Luz.

As crianças que vivem em famílias cada vez mais deses-truturadas, sem o amor, a entrega total e a disponibilidade dos pais, esperam a Tua Luz.

As vitimas de catástrofes naturais, como o furacão no Haiti e as inundações na Andaluzia, que ficaram sem nada e perderam familiares, esperam a Tua Luz.

Do quentinho das palhinhas, aquecidas pelo bafo da va-quinha e do burrinho, emane a Tua Luz, Menino Jesus.

Tendo em conta a devoção a Nossa Senhora do Bom Despacho e a Nossa Senhora da Maia, fizemos várias peças que poderá adquirir nos cartórios das duas Igrejas:

PINS: Nossa Senhora do Bom Despacho; Nossa Senhora da Maia; S. Miguel Arcanjo.MEDALHAS : pequenas e com guarnição: NªSª do Bom Despacho Nª Senhora da Maia; S. Miguel (algumas duas faces);PORTA-CHAVES: Nª Sª do Bom Despacho; NºSª da Maia; S. Miguel (2 faces)TERÇOS: várias cores ; com a imagem de NªSª do Bom Despacho e da Maia e a Cruz da Igreja de Nossa Senhora da Maia.CATECISMO DA DOUTRINA CRISTÃBÍBLIA SAGRADAMedalhões alusivos à Dedicação; Coroação de NªSª como Padroeira do Concelho da Maia e Decreto da Declaração de Santuário Mariano, pelo Senhor D. Armindo e pela Igreja. ESTES ARTIGOS RELIGIOSOS ESTÃO á VENDA NOS CARTóRIOS DAS NOSSAS IGREJAS.

ARTIgOS RELIgIOSOS DAS NOSSAS IgREJAS

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AS ELEIÇÕES AMERICANAS. AS SONDAgENS E A DEMOCRACIA

Contra todas as previsões, que davam a Hilary Clinton e ao seu Partido Demo-crático uma fol-gada vitória, o vencedor foi o milionário e ex-cêntrico Repu-blicano Donald

Trump. Inesperado? Certamente que sim, face às sondagens. Chocante, trágico, uma catástrofe para o mundo, como comentava a maioria da imprensa mun-dial no dia seguinte? Isso já é outra conversa! Vamos por partes, conforme sugere o título desta crónica: os resultados eleitorais; as sondagens; e a democracia.

Quanto aos resultados, importa saber porque é que Trump ganhou. Foi a dizer que não queria a globalização, que deslocaliza as empresas americanas para países de mão de obra barata e cria interna-mente desemprego. Que ia combater a imigração ilegal que, quando descontrolada, cria insegurança e mais desemprego. Que ia arrasar os terroristas do estado islâmico e reforçar a segurança da América. Que ia criar um grande programa de obras públicas para substituir grandes infraestruturas já degradadas e criar, assim, mais emprego. E por aí adiante.

Ou seja, quase tudo o contrário do que propunha a sua principal adversária! Trump ganhou porque foi “politicamente incorrecto”. Com uma inegável habi-lidade comunicativa, disse tudo aquilo que as pessoas sentiam como sendo os seus maiores problemas: o desemprego e a insegurança. De que serve apregoar a liberdade, se as pessoas não a podem usufruir devido à criminalidade e ao terrorismo? De que serve insistir nos benefícios da globalização, se as pessoas constatam que todos os dias se perdem empregos devido a ela? De que serve insistir na importância das alterações climáticas, se as pessoas têm a barriga vazia? Foi tudo isto que Trump trouxe para a campanha.

Os resultados das eleições americanas não podem, aliás, ser dissociados de outros resultados eleitorais também relativamente inesperados, como o referen-do sobre a continuidade ou não do Reino Unido na União Europeia, o referendo em Itália, ou o galopante percurso eleitoral de partidos com mensagens mais extremistas, como sejam a Frente Nacional, em França, os Partidos da Liberdade da Áustria e da Holanda, ou a Liga Norte, da Itália. Em substância, descontados os diferentes contextos, todos eles têm em comum as mesmas ideias: o controle da imigração; as res-trições ao livre comércio (globalização) para travar as deslocalizações das empresas e o aumento do desemprego, a segurança dos cidadãos, etc. E, como pano de fundo, o nacionalismo como solução para resolver esses problemas que…não foram resolvidos pelo multilateralismo.

Arlindo Cunha, O problema com as sondagens nestes contextos

é que as pessoas inquiridas, ou não assumem as suas opções por receio de recriminação ou crítica social, ou declaram não terem ainda opinião formada. Assim como as cada vez mais assustadoras percentagens dos abstencionistas. Apesar de assentarem em critérios técnico-científicos, as sondagens esbarram na parede da imprevisibilidade do elevado número de indecisos e de absentistas.

Mas será que estes inesperados resultados não são democráticos? É que, ao lermos as notícias na maioria dos meios de comunicação social, até parecia que Donald Trump não tinha sido eleito pelo povo! Mas foi, apesar de toda a complicada arquitectura da lei eleitoral americana. Se fosse americano, eu não votaria Trump. Mas tenham paciência: a vitória dele não é menos democrática do que teria sido a de Hilary Clinton! O problema é que muitos analistas confundem a realidade com o seu pensamento.

Uma das mais famosas frases de Sir Wiston Chur-chill foi a de que “…a democracia é a pior forma de governo, à excepção de todas as outras que foram experimentadas…”. Esta expressão da genialidade do famoso político, escritor e pensador inglês não podia ser mais adequada à situação que vivem as nossas sociedades actuais, em que se pensa que o sistema democrático, alicerçado nos princípios da Revolução Francesa, só por si resolve tudo. Não resolve! É preci-so que haja a coragem de falar a verdade às pessoas, mesmo quando não há boas notícias para dar; e que não haja medo de tomar decisões, quando elas re-sultam de uma análise fria das realidades e assentam numa legitimidade constitucional.

Quanto ao futuro da América Trumpista, é natural que haja clivagens e inflexões nas políticas até agora seguidas pelos democratas. Se não as houvesse, não estaria a ser coerente com as promessas eleito-rais e seria rapidamente desacreditado pelos seus apoiantes. Mas a realidade democrática mostra que entre o que é dito nas campanhas eleitorais e o que é depois realizado vai uma considerável diferença! Além disso, coisa fundamental, a América de Trump não é o Zimbawe de Mugabe. Este pode fazer o que lhe apetecer, sem que ninguém o possa contrariar, porque é um ditador que concentra em si todos os poderes. Trump vai governar um país cujo sistema de governo assenta na separação e equilíbrio dos três poderes que constituem os pilares de um Estado de Direito: o legislativo, o executivo e o judicial. Ou seja, um país democrático.

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Misericórdia e mísera (misericordia et misera) são as duas palavras que Santo Agostinho utiliza para descrever o encontro de Jesus com a adúltera (cf. Jo 8, 1-11). Não podia encontrar expressão mais bela e coerente do que esta, para fazer compreender o mistério do amor de Deus quando vem ao encontro do pecador: «Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia».[1] Quanta piedade e justiça divina nesta narração! O seu ensinamento, ao mesmo tempo que ilumina a conclusão do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, indica o caminho que somos chamados a percorrer no futuro.

1. Esta página do Evangelho pode, com justa razão, ser considera-da como ícone de tudo o que celebramos no Ano Santo, um tempo rico em misericórdia, a qual pede para continuar a ser celebrada e vivida nas nossas comunidades. Com efeito, a misericórdia não se pode reduzir a um parêntese na vida da Igreja, mas constitui a sua própria existência, que torna visível e palpável a verdade profunda do Evangelho. Tudo se revela na misericórdia; tudo se compendia no amor misericordioso do Pai.

Encontraram-se uma mulher e Jesus: ela, adúltera e – segundo a Lei – julgada passível de lapidação; Ele que, com a sua pregação e o dom total de Si mesmo que O levará até à cruz, reconduziu a lei mosaica ao seu intento originário genuíno. No centro, não temos a lei e a justiça legal, mas o amor de Deus, que sabe ler no coração de cada pessoa incluindo o seu desejo mais oculto e que deve ter a primazia sobre tudo. Entretanto, nesta narração evangélica, não se encontram o pecado e o juízo em abstrato, mas uma pecadora e o Salvador. Jesus fixou nos olhos aquela mulher e leu no seu coração: lá encontrou o desejo de ser compreendida, perdoada e libertada. A miséria do pecado foi revestida pela misericórdia do amor. Da parte de Jesus, nenhum juízo que não estivesse repassado de piedade e compaixão pela condição da pecadora. A quem pretendia julgá-la e condená-la à morte, Jesus responde com um longo silêncio, cujo intuito é deixar emergir a voz de Deus tanto na consciência da mulher como nas dos seus acusadores. Estes deixam cair as pedras das mãos e vão-se embora um a um (cf. Jo 8, 9). E, depois daquele silêncio, Jesus diz: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? (...) Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar» (8, 10.11). Desta forma, ajuda-a a olhar para o futuro com esperança, pronta a recomeçar a sua vida; a partir de agora, se quiser, poderá «proceder no amor» (Ef 5, 2). Depois que se revestiu da misericórdia, embora permaneça a condição de fraqueza por causa do pecado, tal condição é dominada pelo amor que consente de olhar mais além e viver de maneira diferente.

2. Aliás Jesus ensinara-o claramente quando, em casa dum fariseu que O convidara para almoçar, se aproximou d’Ele uma mulher conhecida por todos como pecadora (cf. Lc 7, 36-50). Esta ungira com perfume os pés de Jesus, banhara-os com as suas lá-grimas e enxugara-os com os seus cabelos (cf. 7, 37-38). À reação escandalizada do fariseu, Jesus retorquiu: «São perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa, pouco ama» (7, 47).

O perdão é o sinal mais visível do amor do Pai, que Jesus quis revelar em toda a sua vida. Não há página do Evangelho que possa ser subtraída a este imperativo do amor que chega até ao perdão. Até nos últimos momentos da sua existência terrena, ao ser pregado na cruz, Jesus tem palavras de perdão: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem» (Lc 23, 34).

Nada que um pecador arrependido coloque diante da miseri-córdia de Deus pode ficar sem o abraço do seu perdão. É por este motivo que nenhum de nós pode pôr condições à misericórdia; esta permanece sempre um ato de gratuidade do Pai celeste, um amor incondicional e não merecido. Por isso, não podemos correr o risco de nos opor à plena liberdade do amor com que Deus entra na vida de cada pessoa.

A misericórdia é esta ação concreta do amor que, perdoando, transforma e muda a vida. É assim que se manifesta o seu mistério divino. Deus é misericordioso (cf. Ex 34, 6), a sua misericórdia é eterna (cf. Sal 136/135), de geração em geração abraça cada pessoa que confia n’Ele e transforma-a, dando-lhe a sua própria vida.

3. Quanta alegria brotou no coração destas duas mulheres: a adúltera e a pecadora! O perdão fê-las sentirem-se, finalmente, livres e felizes como nunca antes. As lágrimas da vergonha e do

sofrimento transformaram-se no sorriso de quem sabe que é amado. A misericórdia suscita alegria, porque o coração se abre à esperança duma vida nova. A alegria do perdão é indescritível, mas transparece em nós sempre que a experimentamos. Na sua origem, está o amor com que Deus vem ao nosso encontro, rompendo o círculo de egoísmo que nos envolve, para fazer também de nós instrumentos de misericórdia.

Como são significativas, também para nós, estas palavras antigas que guiavam os primeiros cristãos: «Reveste-te de alegria, que é sempre agradável a Deus e por Ele bem acolhida. Todo o homem alegre trabalha bem, pensa bem e despreza a tristeza. (...) Viverão em Deus todas as pessoas que afastam a tristeza e se revestem de toda a alegria».[2] Experimentar a misericórdia dá alegria; não no-la deixemos roubar pelas várias aflições e preocupações. Que ela permaneça bem enraizada no nosso coração e sempre nos faça olhar com serenidade a vida do dia-a-dia.

Numa cultura frequentemente dominada pela tecnologia, pare-cem multiplicar-se as formas de tristeza e solidão em que caem as pessoas, incluindo muitos jovens. Com efeito, o futuro parece estar refém da incerteza, que não permite ter estabilidade. É assim que muitas vezes surgem sentimentos de melancolia, tristeza e tédio, que podem, pouco a pouco, levar ao desespero. Há necessidade de testemunhas de esperança e de alegria verdadeira, para expul-sar as quimeras que prometem uma felicidade fácil com paraísos artificiais. O vazio profundo de tanta gente pode ser preenchido pela esperança que trazemos no coração e pela alegria que brota dela. Há tanta necessidade de reconhecer a alegria que se revela no coração tocado pela misericórdia! Por isso guardemos como um tesouro estas palavras do Apóstolo: «Alegrai-vos sempre no Senhor!» (Flp 4, 4; cf. 1 Ts 5, 16).

4. Celebramos um Ano intenso, durante o qual nos foi concedida, em abundância, a graça da misericórdia. Como um vento impetuoso e salutar, a bondade e a misericórdia do Senhor derramaram-se sobre o mundo inteiro. E perante este olhar amoroso de Deus, que se fixou de maneira tão prolongada sobre cada um de nós, não se pode ficar indiferente, porque muda a vida.

Antes de mais nada, sentimos necessidade de agradecer ao Se-nhor, dizendo-Lhe: «Vós abençoastes a vossa terra (…). Perdoastes as culpas do vosso povo» (Sal 85/84, 2.3). Foi mesmo assim: Deus esmagou as nossas culpas e lançou ao fundo do mar os nossos pecados (cf. Miq 7, 19); já não Se lembra deles, lançou-os para trás de Si (cf. Is 38, 17); como o Oriente está afastado do Ocidente, assim os nossos pecados estão longe d’Ele (cf. Sal 103/102, 12).

Neste Ano Santo, a Igreja pôde colocar-se à escuta e experi-mentou com grande intensidade a presença e proximidade do Pai, que, por obra do Espírito Santo, lhe tornou mais evidente o dom e o mandato de Jesus Cristo relativo ao perdão. Foi realmente uma nova visita do Senhor ao meio de nós. Sentimos o seu sopro vital efundir-se sobre a Igreja, enquanto, mais uma vez, as suas palavras indicavam a missão: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos» (Jo 20, 22-23).

CARTA APOSTÓLICA Misericordia et misera DO SANTO PADRE FRANCISCONO TERMO DO JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIAFrancisco: a quantos lerem esta Carta Apostólica misericórdia e paz!

Continua no próximo número

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s. miguel da maia ▪ 13

AMORIS LAETITIATa m b é m ,

ne s te sex to capítulo, uma importante re-ferência à pre-paração para o matrimónio e do acompanhamen-to dos esposos nos primeiros anos da vida matrimonial (in-cluindo o tema da paternidade responsáve l ) , mas também em algumas situa-ções complexas e, em particular, nas crises, saben-do que ”cada cri-se esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração” (AL 232).

Espaço neste capítulo para o acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas. É colocado em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito. Ao mesmo tempo é reiterada a plena comunhão na Eucaristia dos divorciados e em relação aos divorciados recasados é reforçada a sua “comunhão eclesial” e o acompanhamento das suas situações que não deve ser visto como uma debilidade da indissolubilidade do matrimónio mas uma expressão de caridade.

Referidas também as situações dos matrimónios mistos e daqueles com disparidade de culto, e a situação das famílias que têm dentro de si pessoas com tendência homossexual, insistindo no respeito para com elas e na recusa de qualquer discriminação injusta e de todas as formas de agressão e violência. No final do capítulo uma especial nota para o tema da perda das pessoas queridas e também da viuvez.

Capítulo sétimo: “Reforçar a educação dos filhos”O capítulo sétimo é integralmente dedicado à educação dos

filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação sexual, a transmissão da fé e, mais em geral, a vida familiar como contexto educativo. É ressaltado pelo Santo Padre que “o que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia” (AL 261).

A secção dedicada à educação sexual intitula-se muito expres-sivamente: «Sim à educação sexual». Sustenta-se a sua necessidade e formula-se a interrogação de saber ”se as nossas instituições educativas assumiram este desafio (…) num tempo em que se tende a banalizar e empobrecer a sexualidade”. A educação sexual deve ser realizada ”no contexto duma educação para o amor, para a doação mútua” (AL 280) – lê-se na Exortação. É feita uma advertência em relação à expressão ”sexo seguro”, pois transmite ”uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se. Deste modo promove-se a agressividade narcisista, em vez do acolhimento”. (AL 283).

Capítulo oitavo: “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”O capítulo oitavo faz um convite à misericórdia e ao discer-

nimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: ”acompanhar, discernir e integrar”, os quais são

fundamentais para responder a situações de fragilidade, complexas ou irregulares. Em seguida, apresenta a necessária gradualidade na pastoral, a importância do discernimento, as normas e circuns-tâncias atenuantes no discernimento pastoral e, por fim, aquela que é por ele definida como a ”lógica da misericórdia pastoral”.

As situações ditas de irregulares devem ter um discernimento pessoal e pastoral e – segundo a Exortação – “os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais inte-grados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis”.

Em particular, o Santo Padre afirma numa nota de pé de página que “em certos casos poderá existir também a ajuda dos sacramentos”, recordando que o confessionário não deve ser uma sala de tortura e que a Eucaristia “não é um prémio para os perfeitos, mas um alimento para os débeis”.

Mais em geral, o Papa profere uma afirmação extremamente importante para que se compreenda a orientação e o sentido da Exortação: ”é compreensível que não se devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canónico, aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encoraja-mento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares, que deveria reconhecer: uma vez que “o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos, as consequências ou efeitos duma norma não devem necessariamente ser sempre os mesmos” (AL 300).

O Papa desenvolve em profundidade as exigências e carac-terísticas do caminho de acompanhamento e discernimento em diálogo profundo entre fiéis e pastores. A este propósito, faz apelo à reflexão da Igreja ”sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes” no que respeita à imputabilidade das ações e, apoiando-se em S. Tomás de Aquino, detém-se na relação entre «as normas e o discernimento», afirmando: ”É verdade que as normas gerais apresentam um bem que nunca se deve ignorar nem descuidar, mas, na sua formulação, não podem abarcar ab-solutamente todas as situações particulares. Ao mesmo tempo é preciso afirmar que, precisamente por esta razão, aquilo que faz parte dum discernimento prático duma situação particular não pode ser elevado à categoria de norma” (AL 304).

Espaço ainda neste capítulo para a lógica da misericórdia pas-toral e para o convite do Papa Francisco nas suas palavras finais: «Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a aproximarem--se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem entregues ao Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadure-cimento pessoal. E convido os pastores a escutar, com carinho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja» (AL 312).

Capítulo nono: “Espiritualidade conjugal e familiar”O nono capítulo é dedicado à espiritualidade conjugal e familiar,

”feita de milhares de gestos reais e concretos” (AL 315). Diz-se com clareza que ”aqueles que têm desejos espirituais profundos não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é um percurso de que o Senhor Se serve para os levar às alturas da união mística” (AL 316). Tudo, ”os momentos de alegria, o descanso ou a festa, e mesmo a sexualidade são sentidos como uma participação na vida plena da sua Ressurreição(AL 317).

No parágrafo conclusivo, o Papa afirma: ”Nenhuma família é uma realidade perfeita e confecionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (…). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; conti-nuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida” (AL 325).

In: Rádio Vaticano

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Dois assuntos sobre os quais já escrevi, neste boletim. Em momentos diferentes, ao contrário do que pretendo fazer hoje. Porque tenho andado a ler a proposta diocesana para a vivência do Advento, “Com Maria e José, sonhar a alegria do Natal” e porque, hoje, fui ver a exposição World Press Photo. Não consigo dissociar os pressupostos, ideias, compromissos de um, dos factos, da realidade posta a nu de outro.

Impossível dissociar as palavras de Dom António Fran-cisco, na sua homilia de Natal de 2015: “O Natal desperta--nos para acolhermos o amor de Deus pela Humanidade, manifestado no mistério do nascimento do Filho de Deus, que veio morar no meio de nós. O Natal ensina-nos a so-nhar com um mundo novo e diferente, habitado por ho-mens e mulheres que sabem ser irmãos!”, das imagens de um mundo violento, cruel, desumanizado, incoerente, triste, esgotado, sem rumo que não a luta pelo dinheiro e pelo poder, em que os líderes pretendem ser deuses, em que a miséria se perpetua com sagacidade para sustento luxurian-te dos exploradores e em que muitos deixaram de acreditar.

Contudo, impossível ceder a este mundo exaurido, “for-te com os fracos e fraco com os fortes”, altamente destru-tivo, desorientado e desconcertante quando nos deixamos imbuir pelo sonho, pelo “Sonho de Deus, no sonho de cada homem e mulher”, quando sonhamos a alegria do amor em família, quando sonhamos a alegria do amor pela humanida-de, esta grande família que tem o direito e o dever de so-nhar o melhor sonho do mundo, o sonho da paz e do amor.

O sonho da alegria do amor em família que, no tempo em que prepara e celebra o Natal, sublinha-o como “o tem-po de esperanças, desejos, votos, de expectativas, de gran-des utopias” e que, na sua essência acredita e quer dignificar o que o Papa Francisco professa:

“Deus não quis vir ao mundo, senão através de uma família. Deus não quis aproximar-se da humanidade senão através de uma casa. Para Si mesmo, Deus não quis outro nome senão o de “Emanuel”, o Deus connosco. E este foi, desde o princípio, o seu sonho, o seu propósito, a sua luta incansável para nos dizer: “Eu sou o Deus connosco, o Deus para vós. Deus entrou no mundo numa família”.

Viver o sonho de uma família. Sonhar em família e pela família. Pelas nossas famílias que são, em muitos aspetos, fa-mílias em construção, pelas famílias que rezam, pelas famílias que falam de Deus e O dão a conhecer, pela grande família que é a comunidade de cada um.

Neste Advento, na família, somos todos sonhadores…Vem, Menino Jesus! Sonhamos com o Teu nascimento!

ADVENTO 2016 E WORLD PRESS PHOTO 2016.

14 ▪ s. miguel da maia

O JUBILEU DA MISERICóRDIANum mundo de insucessos e discórdiaGrassam os retrocessos e martiriza-seMesmo ao lado do Jubileu da Misericórdia.-Nem as tecnologias da globalização digitalAlegram as economias. Nem dividem riquezaE faz milhões com tanto. E tantos, tão mal.-Guerras destruidoras. Fuga de amedrontadosAbalos sísmicos, tornados, ciclones e tufõesCandidata a aventuras milhões de refugiados.-Poderes absolutos, egoístas nos seus egosFixados no poder, só olham pra seus umbigosDitadores que não largam os seus apegos.-Travam guerras, sofrimento, dor e lágrimasE fugas das destruições nas suas terrasImpotentes!? Há tantas vidas em lástimas.-Assim. Esta reflexão mundial é inglóriaPouco melhorou o Natal! E interrogo-meO mundo refletiu nesta Ano da Misericórdia?Dezembro de 2016

Natal sem misericórdia

Fui à cidade em OutubroEm passeio dominicalEspantei por ver as montrasRevestidas de NatalE apinhadas de povinhoComo no centro comercial.Já havia sacos de comprarEmbrulhadas a preceitoPor quem quis comprar cedoE fazer escolhas a seu jeitoParece que há (gorduras) mais Do lado “esquerdo” do peito.Há quem ofereça bugigangasHá quem ofereça iatesHá quem ofereça joiasEm ouro de vários quilates.-Há quem ofereça amorE quem ofereça disparates.Haja quem ofereça aos pobresPequenos raios de luzOfereça gestos de amorNa vez de oferecer a cruzE não ofereças postais……Não os há com o Menino Jesus.Desejo a todos um Santo NatalE reflexão sobre esta históriaCom desejos de muita pazNum abraço de concórdia-Caso contrário, será mais um......Natal sem Misericórdia…

Paula Isabel

Henrique António Carvalho

A PROPOSTA DO PAPA PARA ESTE NATAL

Maria Lúcia

O Papa Francisco disse no Vaticano que é necessária uma preparação espiritual para celebrar o Natal, uma “conversão interior” que o rejeite egoísmo e a corrupção. “Com o nasci-mento de Jesus em Belém, é o próprio Deus que faz morada no meio de nós para libertar-nos do egoísmo, do pecado e da corrupção”.

Sua Santidade observou também que a celebração do Natal é “sobretudo um acontecimento religioso”, portanto é necessária uma renovação espiritual. Esta “Trata-se de deixar os caminhos cómodos mas enganadores dos ídolos deste mundo: o sucesso a todo custo, o poder à custa dos mais fracos, a sede de riqueza, o prazer a qualquer preço”. Devemos expulsar as “atitudes pecaminosas” e “converter-se todos os dias, um passo em frente, todos os dias”.

“Que a Virgem Maria nos ajude no encontro com este Amor cada vez maior que na noite de Natal se fez pequeno, pequeno, como uma semente caída na terra; e Jesus é esta semente, a sementes do Reino de Deus”, pediu o Papa.

Côngrua Paroquial

Designa-se côngrua paroquial a tradição cristãparoquial que é dever moral e religioso docrente de contribuir financeiramente para ahonesta e digna sustentação do seu pároco. OPároco não tem ordenado. Há, na Maia, quemnunca cumpriu este dever e há quem o tenhadeixado de fazer. O Pároco está ao serviço detodos. Pode entregá-la nos Cartórios Paroquiaisou entregar ao Pároco. Tudo fica registado naficha pessoal (família). É um dever a cumprir.

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s. miguel da maia ▪ 15

Quem desejar fazer a sua dádiva (oferta) para o LAR DE NAZARÉ, por transferência bancária, pode fazê-lo usando o Balcão da Caixa do Crédito Agrícola (Maia), NIB 0045 1441 40240799373 19 ou entregar nos Car-tórios Paroquiais. A Obra é nossa .

Pode-se passar recibo para o IRS

IGREJAS DE Nª Sª DO BOM DESPACHO E DE Nª Sª DA MAIA

E OBRAS PAROQUIAISEmNovembro recebeu-se

Novembro: 2º Domingo (Seminários) 671,04; 3º Domingo 294,82; 4º Domingo 394,81; 1ºDomingo Dezembro 582,85 ; Vários 413,93 ;Oratório 3330 (D. Eugénia Barros -15,00; Dr. Vicente Sousa Gonçalves 200,00; Sagrada Família 38,62

CENTRO SOCIAL E PAROQUIAL da MAIA - LAR DE NAZARÉ OFERTAS - Novembro

Transporte............................................................ .........432.815,90

3583 - A.M.I.R....... 1.000,003584 - Dra Eugénia Maria Rodrigues Teodoro........................50,003585 - Potr Maria Joaquina Barros ........................................... 15,00 A Transportar .........................................................1.065,00

BOAS FESTAS

ATransportar..............20.795,00A Estátua de S. João Paulo II começou

a ser pensada pela escultora. Em breve nos dará o esboço. Seria bom que ela fosse esculpida e posta no lugar (que está a ser estudado) em Outubro de 2017, pois celebramos os 25 anos da dedicação da Igreja de Nossa Senhora da Maia.

Para que se concretize tudo isto. lança-ser o convite a todos para que colaborem com generosidade.

ESTáTUA DE SÃO JOÃO PAULO II OFERTAS

Visita de hoje do Sr. Vice Presidente da Câmara, Eng. António Tiago, Vereadora Dra. Ana Miguel e Dr. Nuno Ferreira da Silva, às instalações do Lar de Nazaré reunindo com a Direcção. O nosso Obrigado

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Luís Fardilha

Pela Cidade... Nos últimos dias do passado mês

de Novembro, jornais e televisões exultaram com os resultados obtidos por alunos portugueses do 4º ano na edição mais recente do estudo TIMMS, realizada em 2015. O título escolhido pela edição diária do jornal Expresso para encabeçar a notícia é um bom exemplo: «Portugal com subida recor-de nas notas de Matemática do 4º ano». O júbilo que a frase deixa transparecer é justificada pela progressão realizada

ao longo dos 20 anos que este estudo tem. Quando foi reali-zado pela primeira vez, há 20 anos, o nosso país classificou-se no 15º lugar entre os 17 participantes. Agora, os resultados divulgados mostram Portugal no 13º lugar duma classificação onde estão presentes 49 países. Estamos, portanto, muito longe dos últimos postos. Os alunos portugueses que se sub-meteram à prova de Matemática situam-se confortavelmente no primeiro terço da tabela. E, para grande contentamento geral, ficaram mesmo acima dos finlandeses, cujo sistema de ensino tem sido frequentemente considerado um modelo que Portugal deveria imitar.

No mesmo estudo, os resultados obtidos na prova de Ciências não foram tão bons, tendo Portugal ficado classi-ficado em 32º lugar, ou seja, abaixo da média. No entanto, aquele “sucesso” a Matemática foi o destaque maior das notícias e a comunicação social quis logo saber quem seria o “responsável” por ele. O Ministro da Educação no anterior governo foi ouvido, tendo os jornalistas querido saber se a sua “obsessão” com os exames estaria na origem deste bom resultado. Sensatamente, Nuno Crato não embandei-rou em arco, sublinhando, ainda assim, que só uma cultura de exigência e responsabilização dos alunos pode conduzir ao sucesso. Nesta perspectiva, a alargamento do número de exames nacionais a que os alunos foram submetidos poderá ser interpretado como um sinal dado ao sistema de ensino no sentido de contrariar quaisquer tentações de cedência ao facilitismo…

Para quem está familiarizado com a educação e o ensino, estas “análises” jornalísticas desencadeadas por um único resultado obtido numa única disciplina (por muito importante que ela seja, como acontece com a Matemática) só podem ser vistas com um olhar condescendente. Professores e edu-cadores sabem que os efeitos da sua acção só são visíveis no longo prazo e que, por vezes, há epifenómenos enganadores. Se quisermos avaliar o sucesso ou o insucesso do sistema de ensino, ou mesmo duma política educativa, é preciso considerar tempos longos e verificar se os resultados são sustentados. Educar é um trabalho de paciência e persistência, de continuidade. Não se pode desanimar com os primeiros resultados negativos, nem exultar com sucessos ocasionais.

Isto não significa que não fiquemos contentes quando os nossos alunos têm bons resultados em estudos internacio-nais. Esperemos que os dados da avaliação internacional mais conhecida – o PISA –, que serão divulgados dentro de dias, venham confirmar estes que foram agora conhecidos. Se assim for, todos nos congratularemos, não porque os nossos alunos ficaram à frente dos da Finlândia, Alemanha ou Espanha, mas porque esses indicadores significarão que o nosso sistema de ensino está a cumprir o seu objectivo. Nesse caso, o êxito não poderá ser atribuído apenas ao governo actual ou ao anterior, porque só um trabalho de largo fôlego o consegue sustentar. Terão sido os sucessivos governos, mesmo com os seus ziguezagues legislativos e consecutivas rupturas, a contribuir para os bons resultados. Do mesmo modo que deverão ser todos responsabilizados se eles forem menos bons, ou até maus.

Apesar de tudo, não deixa de merecer comentário a reac-ção de alguns dos actores políticos mais mediáticos quando estas notícias aparecem. Todos se regozijam e interpretam as boas classificações como uma prova de que o nosso sistema de ensino é um sucesso, porque se mostra capaz de colocar os alunos portugueses em posições honrosas. Curiosamente, são os mesmos que desvalorizam os resultados obtidos em provas de exame e se batem contra a avaliação externa… A julgar pelas suas intervenções públicas, os exames nacionais não servem para medir os progressos dos alunos dum modo justo e rigoroso, mesmo quando são combinados com as classificações internas, obtidas a partir do acompanhamen-to continuado do trabalho desenvolvido pelos alunos. Em sua opinião, apenas a avaliação contínua serve para medir a eficiência das aprendizagens e esta deveria até, idealmente, ser expressa exclusivamente em termos qualitativos e não quantitativos.

Se houvesse coerência, estes agentes políticos e/ou educativos não deveriam dar importância aos resultados das avaliações internacionais. Tanto mais que a sua lógica parece premiar sistemas de ensino que privilegiam os resultados e se organizam para os obter, como é o caso dos asiáticos, que ocupam sistematicamente os primeiros lugares. Afinal, o que pretendemos do nosso sistema de ensino? Se pretendemos ombrear com os países asiáticos, então teremos de imitar a sua lógica e valorizar as notas obtidas em exames externos. Mas se os objectivos que fixamos para as nossas políticas de educação são outros, então não podemos, em coerência, valorizar desta forma os resultados positivos que, ocasional-mente, possam ser alcançados em avaliações internacionais, sejam o TIMMS ou o PISA. Não podemos ser “resultadistas” quando as classificações são boas e não o ser quando são más. Precisamos é de ter claros os objectivos que preten-demos para o nosso sistema educativo e dispor dos meios necessários para os alcançar.

16 ▪ s. miguel da maia

director e chefe de redacção

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deZembro 2016

ano xxviinº 298

correspondentes

Vários (eventuais)

composição

José Tomé

OS RESULTADOS SÓ IMPORTAM QUANDO SÃO BONS?