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Ano VIII • nº 163 28 de maio de 2009 R$ 5,90

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Ano VIII • nº 16328 de maio de 2009 R$ 5,90

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Não poderia ter sido melhor a estréia de Walter Carvalho na direção. Budapeste, que entrou em cartaz na última sexta-feira, 22, em todo o país, é uma demonstração inequívoca do talento, da criatividade e da capacidade técnica do cinema brasileiro.

Um de nossos mais conceituados diretores de foto-grafia, o irmão de Wladimir Carvalho soube transpor com maestria para a linguagem cinematográfica a com-plexa literatura de Chico Buarque de Holanda.

Seu trabalho de direção “é criativo tanto na mise en scène como na adequada composição de planos, explorando a questão da duplicidade de vida do prota-gonista”, como atesta o crítico Reynaldo Domingos Ferreira em nossa matéria de capa (página 28).

Budapeste vem confirmar o bom momento vivido pelo cinema brasileiro. Os lançamentos dos primeiros cinco meses do ano prenunciam, de fato, uma exce-lente safra de filmes nacionais, talvez a melhor desde a chamada “retomada”, iniciada em 1995.

Senão vejamos: Palavra (en)cantada, de Helena Solberg, Verônica, de Maurício Farias, O divã, de José Alvarenga, Romance, de Guel Arraes, e A mulher invi-sível, de Cláudio Torres, são todos filmes de produção esmerada, que não fariam feio em Cannes, Berlim ou Veneza.

É também o caso de Simonal – ninguém sabe o duro que dei, de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, documentário que procura trazer à tona os estranhos fatos que, na década de 70, condenaram ao ostracismo o cantor Wilson Simonal (página 30).

Boa leitura e até a próxima quinzena.

Maria Teresa Fernandes e Adriano Lopes de Oliveira

Editores

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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – Tel: 3964.0207 Fax: 3964.0207 | Redação [email protected] | Editores Adriano Lopes de Oliveira e Maria Teresa Fernandes | Produção Célia Regina | Capa Carlos Roberto Ferreira sobre foto de divulgação | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Beth Almeida, Catarina Seligman, Diego Recena, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luis Turiba, Luiz Recena, Quentin Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos Ferreira, Ricardo Pedreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria e Vicente Sá | Fotografia Eduardo Oliveira, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Diretor Comercial Jaime Recena (9666.1690) | Contatos Comerciais André Gil (9988.6676) e Giselma Nascimento (9985.5881) | Administrativo/Financeiro Daniel Viana | Assinaturas (3964.0207)| Impressão Gráfica Coronário.

A húngara Gabriella Hámori e o paulista Leonardo Medeiros lideram o elenco internacional de Budapeste, primeiro filme de Walter Carvalho, baseado no livro homônimo de Chico Buarque

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Por Lúcia Leão

Logo no início de maio, quando a ci-dade desfrutava dos poucos dias lin- dos que lhe trouxe este outono ati-

picamente nublado, a varanda do Ícone Parque, o pequeno e luxuoso centro co-mercial do Setor do Clubes Sul, despon-tou como point da moda do beautiful peo-ple brasiliense. Mal abrira discretamente as portas, ocupando a cobertura do pré-dio, e quando ainda tateava para conhecer os gostos e demandas de uma clientela tão distante do litoral, o Camarões Beira Mar já via lotarem-se os lugares, especialmente naquela espécie de camarote com vista pri-vilegiada do lago sob o céu de Brasília.

“Todo esse movimento nos surpreen-deu. Começamos com uma divulgação muito pequena aqui pela vizinhança e de repente já temos muitas reservas e até fila de espera”, comemora o empresário Beto Pinheiro, que, não fosse pelo olhar vigi-lante em cada canto da casa e as ordens

beira lago

Restaurante cearense repete em Brasília a receita que tanto sucesso faz em Fortaleza

permanentemente sussurradas num pe-queno microfone a funcionários-chave pa-ra o bom funcionamento da casa, poderia integrar qualquer grupo dos jovens e des-colados clientes que prevalecem entre os ocupantes da varanda do restaurante.

Aos 28 anos, Beto é um dos quatro “sócios-operadores” (é assim que eles de-nominam os acionistas que põem a mão na massa) do empreendimento, que repe-tiu a ascensão meteórica da matriz, em Fortaleza. Lá, onde em menos de dois anos se transformou numa das principais referências gastronômicas da cidade, o Camarões Beira Mar chegava com a chan-cela do CocoBambu e do Dom Pastel, ca-sas que fizeram a fama do casal Daniela e Afranio Barreira. Ela na cozinha e ele no balcão, em 20 anos ascenderam da mo-desta condição de donos de uma pastela-ria para figurar entre os mais respeitados empresários do mercado cearense, que agora alçam vôo Brasil afora.

Aliás, muitos dos clientes de primeira

hora do Camarões aqui da beira lago fo-ram brasilienses que conheceram a casa na Avenida Beira Mar, perto da Volta da Jurema, no badalado bairro de Meireles, na capital cearense. “Eu conhecia de lá. Fui muitas vezes com meus pais e amigos cearenses”, conta a estudante de Psicolo-gia Milena Brito, que faz ares de anfitriã para a enorme galera sarada que animava um dos cantos da varanda na sexta-feira enluarada da semana de inauguração da casa. Conhecedora do cardápio, ela pediu e sugeriu aos amigos “camarões light” com legumes e ervas, embalados em papel alumínio e cozidos no vapor. “O cardápio é absolutamente igual ao de Fortaleza. Aliás, os produtos usados são os mesmos, como a forma de preparo, as quantidades, o atendimento... tudo na base do copia e cola” – brinca Beto Pinheiro.

E por que ser diferente? Aos olhos do cliente “que está ali para se divertir e não esquentar a cabeça com nada” (é assim que Beto os enxerga), o restaurante parece

Camarões

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irretocável. Com projeto da arquiteta Ra-quel Fechina, é sóbrio, elegante e confor-tável (comporta 700 pessoas em quatro ambientes, sem aglomerações ou esbar-ros), tal e qual o de Fortaleza. Mas é tam-bém cheio de particularidades nos deta-lhes como os móveis de madeira maciça (mesas, cadeiras e sofás do lounge de espe-ra), revestimento de parede e adega clima-tizada, localizada logo à entrada, na passa-gem para o salão principal, para deleite dos apreciadores. Nos banheiros, tam-bém bonitos e espaçosos, outra particula-ridade: além do “feminino” e “masculi-no”, uma terceira opção (calma!), a “infan-til”, com peças sanitárias próprias para os petizes.

Mas é no cardápio, assinado por Da-niela Barreira, que o Camarões Beira Mar diz mesmo a que veio. Exatamente igual ao servido em Fortaleza, ele surpreende e faz salivar, misturando receitas clássicas da cozinha internacional com o que há de mais tradicional na cultura culinária nor-destina, como o maxixe, o jerimum, o queijo de coalho e a manteiga do sertão. Pode-se comer camarões gratinados na moranga ou grelhados com gergelim; em-panados e acompanhados com arroz a grega ou refogados com maxixe e acompa-nhados de purê de jerimum; ou ainda os airados pela brisa mediterrânea, salteados no azeite e ervas e acompanhado de pasta al dente.

Como não poderia deixar de ser, os camarões, sempre graúdos e fartos, são as vedetes do cardápio. Em porções bem ser-vidas para duas pessoas, os pratos custam na casa dos R$ 70. Um pouco mais bara-tas são as opções à base de carne e peixe (entre R$ 50 e R$ 60), enquanto lagosta e mariscadas extrapolam os R$ 100. Os pasteizinhos para petisco são uma justa homenagem de Daniela Barreira a sua ori-gem gastronômica – de dona de pastela-ria. E, para quem gosta, um “cartola” – a mais típica das sobremesas nordestinas, de banana caramelada sobre queijo-man-teiga derretido – pode ser o derradeiro prazer do mergulho nesse mar. Daí, resta submergir à beira lago.

camarões Beira MarSetor de clubes esportivos Sul – Trecho 2 – cobertura do Ícone Parque (3224.5585).aberto diariamente para almoço e jantar

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Bar Brahma201 Sul (3224.9313)Diariamente das 11h ao último cliente.

Por BeTh aLMeiDa

Direto de uma das esquinas mais fa-mosas do Brasil, desembarcou em Brasília no último dia 20 o tradi-

cionalíssimo Bar Brahma, que funciona desde 1948 no cruzamento das avenidas Ipiranga e São João, bem no centro da capi-tal paulista. A iniciativa é fruto da amizade de dez anos do atual proprietário do bar, Álvaro Aoás, com o empresário brasiliense Jorge Ferreira, que ofereceu para sediar a fi-lial um local tão central quanto o paulista-no: a ponta da quadra 201 Sul, onde fun-cionou durante seis anos o Monumental.

“É preciso entrar na casa dos outros pela porta da frente; não ousaria me esta-belecer em Brasília sem uma boa parceria, como a do Jorge”, explica Álvaro. Para ele, a filial tem tudo para dar certo, “porque as duas cidades têm públicos muito pareci-dos, com tendências modernas e que gos-tam da noite, até por não terem praia”.

Além dos tradicionais petiscos do bar paulistano, a filial brasiliense conta com a consultoria de Olivier Anquier, que ela-borou um cardápio com pratos represen-

Esquina paulistanaBrasília ganha primeira filial do Bar Brahma fora de São Paulo

ficaremos no Recife Antigo, num prédio tombado pelo Patrimônio Histórico”, adianta Aoás. A decoração também segui-rá os mesmos parâmetros da paulistana, com mobiliário característico do fim dos anos 40, quando São Paulo se recuperava da falência cafeeira com a aceleração do processo de industrialização do pós-guer-ra. Os cardápios guardarão alguma identi-dade, sempre com a consultoria de An-quier, mas de 20% a 30% dos pratos se-rão adaptados às culturas regionais.

Para a programação musical, a casa brasiliense contará com atrações locais, mas o horário dos shows será mais cedo que em São Paulo, das 20 às 22h. Uma vez por mês, Álvaro e Jorge prometem re-petir o sucesso da inauguração, que teve show de Jair Rodrigues. “Vamos ter atra-ções nacionais todos os meses, que po-dem ser artistas que já se apresentam em São Paulo, como os Demônios da Garoa e Cauby Peixoto”, adianta Álvaro.

tantes de todas as regiões do país, fruto de pesquisa para a produção de um progra-ma de televisão que foi ao ar pelo canal GNT, da NET. A bordo de um fusca, Anquier percorreu o país de norte a sul em busca de receitas ancestrais da cultura brasileira, como o tacacá amazônico e o barreado paranaense.

“Queríamos nacionalizar o cardápio, para que ele tenha a cara do Brasil e não apenas de São Paulo”, justifica Álvaro, acrescentando que o cardápio da matriz paulistana também começa a mudar, para também ter esse perfil, a partir do próxi-mo ano, mas sem abrir mão de pratos consagrados como o carpaccio de salmão e a picanha Brahma, com molho de agrião e batata recheada.

A abertura da filial brasiliense faz par-te da estratégia de expansão do Bar Brah-ma, que já tem outra casa em São Paulo, no Aeroclube do Campo de Marte. E es-tão previstas novas inaugurações: no Rio de Janeiro e Salvador, até o fim deste ano, e em Recife, já no início de 2010.

“Vamos manter as mesmas referên-cias geográficas. Em Recife, por exemplo,

Rodr

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el Paso Latino404 Sul – Bloco c – Loja 19 (3323.4618).De 3ª a 6ª feira, das 12 às 15h e das 18h à meia-noite; sábado e domingo, das 12 às 16h e das 18h à meia-noite.

TexTo e foToS eDuarDo oLiveira

A vontade de redescobrir os sabores que marcaram sua infância levou o restaurateur peruano David Le-

chtig, do El Paso Texas, a investir numa nova casa. Ele sempre quis ter um restau-rante que servisse a comida que a mãe lhe preparava quando criança, e no último dia 14 finalmente realizou seu desejo, abrindo o El Paso Latino. “Há muitos anos eu queria um restaurante que mos-trasse um pouco da cozinha peruana. Quando a gente conseguiu a loja ao lado do El Paso Texas, e assim o espaço para uma nova cozinha e um novo salão, final-mente pude viabilizar minha ideia”.

O restaurante é integrado ao El Paso Texas da 404 Sul, mas as duas casas são independentes, com equipes, cardápios e ambientações diferentes. A arquitetura e a decoração da nova área são baseadas nos pátios internos dos tradicionais palacetes e conventos de arquitetura espanhola da América Colonial, com chafariz, cores quentes e belos murais.

Receitas de seis países marcam presença no El Paso Latino

Apesar de suas raízes falarem mais al-to, Lechtig não limitou o cardápio a pratos peruanos, abrindo espaço para outros paí-ses da América Latina: “Eu cresci com a cozinha peruana, então 70% do cardápio são baseados nela. Mas nos últimos anos eu realizei aqui no El Paso festivais de co-mida colombiana, guatemalteca e cubana, e não queria dar as costas para tudo isso”. Então, nos 30% restantes dos 26 pratos do cardápio estão receitas de El Salvador, Venezuela, Colômbia, Chile e Guatemala.

O ceviche, prato da culinária peruana hoje em alta, comparece no cardápio em versões com robalo, salmão ou frutos do mar. O ceviche é preparado com limão, cebola, pimenta e, em alguns casos, aipo ou coentro. O limão “cozinha” o peixe, que não é levado ao forno. “O ceviche vem de um prato árabe que os espanhóis trouxeram para a América Latina quando dominaram o Peru”, conta David.

Do livro de receitas que herdou da mãe, Dona Rosita, que por sua vez o havia herdado da avó, Lechtig destaca o aji de gallina, um prato típico peruano à base de

pimenta amarela, creme de leite e casta-nha, e o cordeiro à moda Chiclayo, home-nagem à cidade do norte do Peru onde nasceu Dona Rosita. Entre as receitas não-peruanas, destaque para o tamales, uma espécie de pamonha mais temperada. “É um dos pratos que mais simplificam a culinária latino-americana, porque o mi-lho é uma comida que está presente em todo o continente. Cada país tem sua re-ceita. A que servimos aqui é a guatemalte-ca”, explica David.

Para a sobremesa, o mais latino dos doces. Os alfajores de Doña Rosita, rechea-dos com doce de leite e servidos com sor-vete de creme, prestam homenagem à mãe de David. Outra opção é o suspiro de li-meña: doce de leite temperado com redu-ção de vinho do Porto, coberto com suspi-ro que leva um toque de pisco, a bebida nacional peruana.

Diversidadecontinental

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É quase impossível imaginar a cozi-nha italiana sem o tomate. Ou a ba- tata, indispensável na preparação

do gnocchi. Mas esses produtos só entra-ram na culinária italiana depois da desco-berta do Novo Mundo, de onde são origi-nários. É também o caso do chocolate, que não nasceu na Suíça nem na Bélgica, e sim no México.

Essas curiosidades vão além do modis-mo sobre comida que tomou conta de jor-nais, revistas, livros e programas de televi-são no mundo inteiro. Não se trata de tro-car receitas ou enfeitar pratos conforme a última recomendação de algum chef que

A culinária deu início à civilização

virou celebridade. Preparar alimentos, co-mer e sentar-se à mesa são rituais que afe-tam nossa civilização, nossa maneira de ser, o jeito com que nos relacionamos com outras pessoas, com mitos e com as divindades. Daí o interesse no assunto por um historiador da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Felipe Fernandez-Armesto, de origem hispano-britânica e professor na célebre universidade inglesa, escreveu uma histó-ria da comida que trata da evolução do ho-mem como ser civilizado, com base em nossa relação com o alimento e com a ma-neira de comer. O livro dele – Food, a his-

tory (Editora Macmillan, Londres) – mos-tra a importância do momento em que o homem aprendeu a cozinhar, dando iní-cio à civilização.

O professor descreve revoluções signi-ficativas na história da comida e revela que o primeiro animal criado para servir de ali-mento foi o caramujo, muito antes de ser chamado de escargot. Também antes de in-ventar o pão para se alimentar, o homem criou a cerveja para se endoidar, garante Fernandez-Armesto, que estudou comida desde as cavernas neandertais até as atuais lanchonetes. Pesquisou desde o mamute cozido na brasa primitiva até o cheesebur-

Por SiLio Boccanera, De LonDreS

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ger feito hoje em linha de montagem. Esse estudioso do tema comida detesta

margarina, forno de micro-ondas e alimen-to transgênico. “Comida é o assunto mais importante do mundo, mas tem sido ver-gonhosamente negligenciado por historia-dores profissionais”, reclama. Alto e forte, Felipe Fernandez-Armesto adora comer e lamenta que o ser humano só tenha um estômago. Não só porque ele queria poder comer mais, mas porque essa limitação anatômica criou um problema na evolu-ção da espécie: não podemos ruminar grande quantidade de comida, devorar a maior parte das plantas disponíveis ou co-mer só carne crua. Tivemos, então, de aprender a cozinhar, para tornar a comida mais digestiva e agradável ao paladar.

“Cozinhar nos permitiu passar à fren-te de outras espécies animais e nos deu um ganho como sociedade, porque o ato de preparar os alimentos criou o ambiente de casa, reuniu as pessoas, desenvolveu a vida comunitária”, afirma. Aos poucos, o homem primitivo verificou que preparar comida envolvia mais do que nutrição. Era uma oportunidade de reunir a tribo, socializar. As pessoas começaram a atri-buir propriedades mágicas ao alimento, inclusive o mito de afrodisíacos, alimen-tos com a capacidade de estimular o apeti-te e a resistência sexual de quem os devo-ra. Segundo o professor, não há a mínima prova científica do efeito afrodisíaco de qualquer alimento, de ostras a trufas ou dente de tigre ralado (rala-se o dente, não o tigre; e, de preferência, só depois de ma-tar o animal).

Com o tempo, a comida passou a ser-vir também como um dos principais índi-ces de diferenças sociais, estabelecendo uma hierarquia de classes e grupos dentro da comunidade. Em muitas sociedades, quanto mais se comia, maior o prestígio. A história da civilização ocidental, desde os romanos, tem vários exemplos de refei-ções pantagruélicas entre reis e imperado-res, que deixavam os restos para seus se-guidores. Quanto mais sobrava, maior o prestígio do líder.

Em tempos modernos, a pirâmide se inverteu. A nova estética culinária reco-menda demonstrar projeção social co-mendo menos, embora com molhos ricos e apresentação sofisticada. Em algumas sociedades, como nos Estados Unidos, comer muito virou marca do pobre, en-quanto algumas sociedades africanas, on-de o alimento é escasso, valorizam a obesi-dade como sinal de status e riqueza.

Hoje, a globalização da comida levou pizzas ao mundo inteiro, para nem falar dos hambúrgueres em lanchonetes de franquia que se copiam por vários países, incentivando o consumo instantâneo e às pressas, porque a vida moderna não per-mite perda de tempo. “Fico com pena quando vejo a solidão do consumidor de comida rápida em lanchonetes; esse tipo de alimento e a maneira de comê-lo agem contra o convívio social”, diz o professor. Para ele, comida irradiada em forno de micro-ondas é uma aberração. Pior que tu-do, quebra os laços em torno da prepara-ção e consumo das refeições, cimento da sociedade humana, unindo famílias e

comunidades desde a invenção do ato de cozinhar.

Fernandez-Armesto acha que quando alguém prepara um prato individual às pressas e se senta diante da televisão ou do computador está regredindo a uma era pré-social, quando o ser humano primiti-vo não tinha refeições e cada um se virava sozinho para comer quando encontrava alimento. “Não vivemos essa situação há pelo menos 150 mil anos, quando come-çamos a cozinhar. E quando embarcamos em algo que não fazemos há tanto tempo, as consequências são imprevisíveis”, adverte.

Uma feijoada regada a batida de limão resolve, professor.

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LuIz [email protected]

Expedições baianasCaro editor: visitas tiram qualquer um da dieta. Fazem reviver o Indiana Jones que habita todos nós, os que gostamos de boa comida. Assim, “em busca da moqueca perdida”, chegamos, os cinco caçadores, ao Paraíso Tropical, no Cabula, bairro onde pedaços de uma antiga Salvador convivem com os famosos conjuntos habitacionais, aqueles que nasceram e ainda nascem de gestos de populismo, que nos perse-guem desde os tempos da ditadura militar. Pois é entre esse velho/novo que se encontra o paraíso. Não o prometido aos desprovidos de pecado, mas o Paraíso Tropical, muito mais indicado para os militantes dos pecados capitais, tendo a gula em primeiro lugar, claro. Os outros virão depois... Nosso “paraíso” tem um guardião: Beto Pimentel, uma vida na Embrapa, agora aposentado. Ninguém passa impune por essa empresa, e ele recebeu ensinamentos, raízes profundas que aumentaram a curiosi-dade e a vontade de trabalhar a terra, fazer experimentos. E deu no que deu: frutos e frutas, do normal ao exótico, que surpreendem o cliente, nas caipiroscas, entradas, pratos principais, sorvetes, sobremesas.

Primeiras pistasÉ imensa a variedade de frutas, conhecidas ou não, na oferta das caipiroscas, ou apenas “roscas” para os baianos. Cajá, umbu-cajá, acerola, tangerina, cupua-çu, goiaba, biribi, só para ficar nas que foram prova-das (e, algumas, repetidas). Mas ainda há mais, mui-to mais. Um dos exploradores, com o espírito forte do Cerrado, pensou em “experimentar todas”. Para o bem de todos, desistiu depois da primeira bateria. chegando mais pertoNas entradinhas, os caldos, onde se destaca um in-trigante preguarim, experiências do Beto, que deram certo. Tem ainda siri mole, carne de fumeiro e mui-tos outros, todos com preços um pouquinho altos, com exceção dos caldos. enfim, o alvoBingo! Os pratos principais, todos bem servidos, inclusive as meias porções, explicam o sucesso e a fama da casa, várias vezes premiada, na Bahia e no Brasil. O Dandá de camarão foi nossa “moqueca perdida”. “Meio metido a besta”, segundo o próprio Beto, não usa dendê, mas outros temperos caseiros, que fazem um prato levíssimo, de sabor para ficar na memória. Teve ainda um Calapolvo (camarão, lagosta e polvo) divino. E um Tropical misto, com peixe e frutos do mar, grelhados, com várias frutas, também grelhadas. É o prato mais famoso do restau-

Perdi essa Sem fofocas telefônicas, apenas um evento a lamentar, por não ter ido. Marly Maia e Du-du Camargo, Vinci Vinhos e Dudu Bar, no último dia 21, apresentaram vinhos da Viña Montes, que trabalha argentinos e chilenos. Coleção Kaiken, malbec e cabernet premiados, acompanharam penne com linguiça de javali, strudel de cordeiro e pato ao molho rústico e risoto de baru. Água na boca e sau-dade de outros tempos.

rante, o mais pedido, mas o que menos gostamos, talvez porque comemos, e gostamos muito, dos dois primeiros.

hora de voltarSobremesas de sorvetinhos e uma cesta de frutas do pomar da chácara, para que a lembrança dure um pouco mais. Com quase uma dúzia de cervejas e os dez por cento de praxe deu pouco mais de R$ 90 per capita. Sem os exageros sairia mais barato, mas, se não exagerar, como contar? Está na rua Edgar Loureiro, 98-B, segunda à esquerda da rua de Nossa Senhora do Resgate, Cabula. Os habitantes do bair-ro ensinam a chegar. alemão da praiaPromessa é dúvida. Ou dívida? Prometi voltar ao ale-mão da praia, aquele que tem chope, comida alemã, dono alemão e um nome que surpreende: A Brasa. Roger Prabucka, o proprietário, está em Salvador faz 17 anos e começou como dono de barraca, na beira da praia. No último Dia das Mães completou quatro anos no novo local, que já tinha esse nome. O cardá-pio é variado e tem todas as famosas comidas alemãs, do joelho de porco ao bolo de carne. E “os zalsichas, sim senhorrr”. Mostarda alemã e steinhäger alemão, aquele que, depois do segundo, vira uma “pedreir-ra...” Fica na rua Monsenhor Francisco Marques, a uns cem metros do mar, na praia de Stella Maris.

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Ecos da Expovinis

ALEXANDRE DOS SANTOS [email protected]

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Sou obrigado a fazer uma breve interrupção na

nossa série sobre vinhos de sobremesa para poder

contar-lhes da Expovinis 2009, antes que esse assun-

to fique “velho”. Pois é, mais uma vez estivemos na

maior feira de vinhos da América Latina, que se pro-

põe a apresentar aos profissionais desse mercado,

e aos consumidores, as novidades para o ano.

Infelizmente, a primeira impressão, ao visitar a

13ª versão da feira, foi a de que ela vem encolhendo

ano a ano, com cada vez mais ausências dentre as

maiores e mais prestigiosas importadoras. Nomes de

grande importância, como Grand Cru e Penísula, já

não marcam presença no evento. O vinho nacional

vem dominando cada vez mais espaços da feira, sem,

no entanto, apresentar grandes novidades.

Na versão 2009 brilharam, ofuscantes frente aos

demais, a Vinea Store, importadora que vem crescen-

do e se aprimorando cada vez mais e que, “de que-

bra”, vem mantendo forte atuação em Brasília em

parceria com Jorge Ferreira e seu Mercado Municipal,

e o Espaço França 2009, que trouxe grande número

de excelentes produtores franceses, das mais diversas

regiões, à procura de parceiros para a venda de seus

produtos em terras brasileiras.

Do Espaço da França destaco duas presenças ex-

cepcionais: a primeira da Champagne Máxime Blin,

pequeno e tradicional produtor de champanhe cuja

cuvée básica é muito correta, e apresenta um grand

tradition, por poucos euros a mais, de grande distin-

ção, com aromas de torradas muito claro, além de

um brüt rosé belíssimo e, em especial, a Máxime Blin,

top da casa, que realmente se coloca ao lado dos

grandes champanhes, apresentando frutas secas,

torradas e leve mel em seu maravilhoso buquê.

A segunda presença marcante foi a do Domaine

Henri de Villamont, localizado no coração da Borgo-

nha, em Savigny-lés-Beaune, que trouxe à nossa apre-

ciação alguns de seus bons vinhos, como o Savigny-

lés-Beaune 1er Cru “Clos des Guettes” 2006, de boca

aveludada e nariz à cerejas ma-

duras; o Vosne-Romanée 1er

Cru “Lês Chaumes” 2007, de

mais corpo que o anterior e

aromas mais complexos de hú-

mus e trufas, mas com a boca ainda um pouco tâni-

ca, a pedir mais uns anos de garrafa; e ainda seu in-

discutível Grands-Echezeaux Grand Cru 2006, com

nariz e boca já perfeitos, ainda que com potencial pa-

ra crescer ao longo dos anos. Resta-nos, quanto a es-

tes, torcer para que algum importador os descubra,

como nós o fizemos, e passe a importá-los para o

nosso mercado.

Fomos recebidos majestosamente na Vinea Store,

por toda a sua equipe, a começar pelo brasiliense

Marquinhos, passando pela simpática Gaby, somme-

lier da casa, e chegando ao Wilson, diretor comercial,

e ao Walter, o proprietário da importadora. Lá pude-

mos provar algumas das excelentes novidades que a

casa passa a oferecer a seus clientes.

Primeiro, do Chile, o grande Sauvignon Blanc da

Casa Marin, que teve seu preço rebaixado e passa a

ser uma das melhores opções dessa casta disponíveis

em nosso mercado, além de apresentar do mesmo

produtor um instigante Riesling 2008 com um fantás-

tico nariz à brioches e uma ótima acidez em boca.

Por fim, não podemos deixar de comentar o Sauvig-

non Blanc da Cumbres Andinas, que, se não tem a

estatura do exemplar da casa Marin, por outro lado

apresenta um típico nariz à maracujá, apricot e mel

e, embora lhe falte um pouco de acidez, tem o imba-

tível preço de R$ 30, uma pechincha.

Depois, da Argentina, o produtor Viniterra trouxe

uma incrível opção de vinho de sobremesa com o seu

Dolcissimo 2004, 100% Viognier em 15 meses de

carvalho, com nariz à frutas brancas e boca de mel e

damascos, pela pechincha de R$ 60; e ainda seu inu-

sitado Carmenere 2006, com 14,5% de álcool, nariz

de frutas vermelhas, boca de fundo doce, corpo mé-

dio e boa acidez.

Da Itália, do produtor Garofoli, veio um belo Mon-

tepulciano 2004, com um grande nariz à chocolate e

moca, elegante em boca, mas um pouco “puxado” ao

bolso (R$ 193). Por fim, ainda da Itália, tive a oportu-

nidade de degustar ao lado do Walter sua mais recen-

te prima donna, um Barolo Canubi 2004 da Damila-

no, com 14,5% de álcool, nariz à frutas vermelhas e

negras com toque de passas, ainda novo, a requerer

mais tempo em garrafa, mas já mostrando a que veio. pão&

vinh

o

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Boas surpresas a quilopa

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adoc

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QuENTIN GEENEN DE

SAINT [email protected]

No começo, achei estranha a ideia de pesar

a comida no prato para saber o valor da conta

do restaurante. Escolher, pesar e pagar é costu-

meiro no açougue, na peixaria, no verdureiro,

na feira, antes de os ingredientes irem para as

mãos do cozinheiro. É verdade que hoje há

quem cote o valor de um quadro por metro ou

centímetro quadrado, para poder padronizar o

valor das obras e seguir as oscilações de cada

pintor na bolsa das artes.

Superado meu preconceito, decidi dar um

giro pelos restaurantes a quilo em varias cida-

des do país. Uma coisa me chamou atenção, na

minha pesquisa: hoje, no Brasil, parece haver

bem mais desses restaurantes do que casas de

fast-food. A fórmula se encontra nas mais di-

versas cidades, independente do tamanho e da

localização.

Não sei quem criou esse tipo de serviço. Sei

que é no Brasil que descobri a tendência, após

ter assistido ao movimento do bufê a preço fi-

xo, do self-service, das lanchonetes e da comi-

da rápida. Nos dias apressados ou em qualquer

outro dia, na hora do almoço ou do jantar, os

restaurantes a quilo estão sempre cheios.

Uma das razões do sucesso é, sem dúvida, a

necessidade de fazer as refeições cada vez mais

fora de casa, por causa da distância do local de

trabalho ou para dar mais liberdade à dona da

casa. Outra razão é o preço convidativo.

Mas não é só isso. Você encontra nesses lu-

gares uma diversidade muito grande de pratos

e combinações de produtos. E muitos deles

oferecem uma comida caseira com variedades e

sabor para matar a saudade da cozinha da ma-

mãe, da titia ou da vovó.

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Aí se perpetuam receitas tradicio-

nais, regionais e diversificadas, utilizan-

do ingredientes locais, retrato de cos-

tumes e hábitos alimentícios específi-

cos. Grande contribuição à diversifica-

ção dos sabores e à sobrevivência de

uma cozinha ameaçada pela padro-

nização e pela invasão de produtos

alimentícios industriais.

No sul do país, restaurantes a

quilo servem costela de ripa, capeletti in brodo,

caldos, galetos, polentas, carnes assadas na

brasa, arroz de carreteiro, sagu, compota de

pêssego, café de coador. Nas regiões do Cerra-

do e do Pantanal, chibé, galinhada com pequi,

empadão goiano, linguiça à moda Maracaju,

chipa escaldada, salada com guariroba, peixe

na telha, caldo de piranha, cachorrada e bolo

de caroço de jaca.

No litoral do Nordeste, vatapá, caruru, mo-

queca capixaba, capiau, vatapá de fruta-pão, pei-

xe com pirão, frigideira de caranguejo, arroz de

cuxá, quebra-queixo. No sertão, tapioca, aipim

com manteiga de garrafa, bolo de fubá, buchada,

assado de carne de bode seca, queijo coalho gre-

lhado, bolo de rolo, pudim de farinha d’água.

Na Amazônia, mojica, açaí com camarão

seco, tacacá, peixe moqueado, pato no tucupi,

caldeirada de tucunaré, maniçoba, arroz de

aviu, pirarucu de casaca, doce de cupuaçu,

pasta doce de tucumã.

Sabores brasileiros diversificados e salvos do

esquecimento graças ao trabalho diário desses

cozinheiros. Uma opção tentadora para os visi-

tantes curiosos descobrirem uma importante

vertente da cultura brasileira.

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picadinho

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Truta da PatagôniaA Koni Store (Asa Sul, Asa Norte, Lago Sul e Sudoeste) acaba de reforçar seu

cardápio com um peixe saboroso e de alto valor nutritivo: o steelhead salmon, também chamado de “truta da Patagô-nia”. São três opções de temaki com o peixe: o Hot Steel, com cream cheese e palha de alho poró em massa crocante de harumaki (R$ 9); o Steel Tartar, no qual a truta é batida na faca com cream cheese, azeite, ovas de massago e biscoitinhos (R$ 9); e o Steel Shiitake, com o peixe acompanhado de palha de shiitake e ovas de massago (R$ 9,50).

outback campeã Durante a convenção internacional da rede Outback, realizada no mês passado em San Diego da Califórnia, a filial de Brasília, localizada no ParkShopping,

ganhou o prêmio Big Bloke Award – a maior venda de bebidas entre todas as lojas do mundo, fora as dos Estados Unidos. Ficou também com o terceiro lugar no ranking das que mais cresceram em vendas durante o ano passado.

cozinhando com franciscoComeça no dia 1º de junho a terceira edição do curso Cozinhando com Francisco. As aulas serão sempre às segundas-feiras, das 19h30 às 23h, na cozinha do Dom Francisco da Asbac. Ao preço de R$ 510, os alunos aprenderão os métodos aplicados no dia-a-dia dos restaurantes do chef Francisco Ansiliero. Inscrições pelo telefone 3224.5679.

fulô do SertãoO restaurante nordestino da 404 Norte estará com novo horário de funcionamen-to a partir de junho: de terça a sexta-feira, a partir das 11h; aos sábados e domin-gos, a partir das 10h.

chopes mais em contaA Hooters, do Pier 21, está com uma

promoção de double chopp todos os dias, entre 16 e 20h. Já no Vercelli (410 Sul) está de volta a promoção do chope a R$ 1,99 de terça a sexta-feira, das 18 às 20h. Para acompanhar a “chopada”, rodízio de pizzas e petiscos a R$ 19,90.

Mais prêmiosA Miolo Wine Group segue acumulando prêmios no exterior. Na 16ª edição do Concours Mondial de Bruxelles, entre 25 e 27 de abril, os vinhos Fortaleza do Seival Pinot Noir 2008 e Fortaleza do Seival Tempranillo 2007 receberam medalha de prata. Já no Concurso Challenge International du Vin, em Bordeaux, na França, o RAR 2005, produzido na região dos Campos de Cima da Serra, recebeu medalha de ouro, e o Miolo Cuvée Giuseppe 2005, produzido no Vale dos Vinhedos, ficou com a prata.

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CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R

MÚSICA AO VIVO DELIVERY MANOBRISTAACESSO PARA DEFICIENTES

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTEroteirogastronômico

Recém inaugurada a versão bar da cachaçaria temática de Brasília. Decoração colonial, cachaças artesanais, chopp, petiscos exclusivos e o famoso prato da casa, o arroz de senzala, são opções para quem valoriza a gastronomia brasileira. No Happy Hour, Chopp Brahma a R$2,50 e caipirinha com Sagatiba a R$ 4,00.405 Sul (3443.0299) CC: todos

Empório da Cachaça

O cardápio é bastante variado, com tortas doces e salgadas, bolos, pães, géleias, caldos quentes, quiches, tarteletes, chás, café e sucos de frutas naturais por R$ 12,90 de 2ª a 6ª e chá da tarde por R$ 20,50 às 3ªs (bufê por pessoa).

205 Sul bl A lj 3 (3443.7490) CC: V

Praliné

Ca

Ch

ar

iaEm plena W3 Sul, o Bar Brasília tem decoração caprichada, com móveis e objetos da primeira metade do século XX. Destaques para os pasteizinhos.Sugestão de gourmet: Cordeiro ensopado com ingredientes especiais, que realçam seu sabor.

Bar Brasília

506 Sul Bloco A (3443.4323) CC: Todos

Restaurante inspirado no Rio de Janeiro dos anos 40. O buffet, com cerca de 20 tipos de frios, sanduíches e rodadas de empadas e quibes, com a performance do garçom Tampinha, são boas opções para os frequentadores.

202 Norte (3327.8342) CC: Todos

Armazém do Ferreira

Bar do MercadoEm ambiente aconchegante, com decoração pontuada por arte e história, pode-se tomar um cafezinho ou um chope para acompanhar o pastel de bacalhau, o sanduíche de mortadela ou o autêntico Bauru. No almoço, cardápio paulistano.509 Sul (3244.7999) CC: todos

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É um dos mais renomados buffets de festa da cidade, com mais de dez anos de experiência. Além dos salgados e doces finos oferecidos no buffet, destaque para o Risoto de Foie-Gras, o Carré de Cordeiro ao Molho de Alecrim e o Filé ao Molho de Tâmaras.

QI 21 do Lago Sul (3366.3531) 412 Sul (3345.3531)

Sweet Cake

Cardápio variado, sabor e qualidade.Buffet no almoço é o carro-chefe, com mais de 10 pratos quentes, diversos tipos de saladas e várias opções de sobremesa, a R$ 35,90 (2ª a 6ª) e R$ 39,90 (sáb, dom e feriados) por pessoa.

206 Sul (3443.4841), Liberty Mall e Brasília Shopping CC: todos

Camarão 206

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Inspirado nas tradicionais panquecas de dulce de leche da Argentina que o chef Sérgio Quintiliano criou o crepe Astor Piazzolla, batizando-o com o nome do maior compositor contemporâneo argentino de tangos. Após o sucesso de vendas durante o Festival Sabor Brasília 2008, o Crepe Piazzolla foi incorporado ao cardápio por R$ 15,70.

408 Sul (3244.6353) CC: V, M e D

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À beira do lago, diante da vista mais bela de Brasília, a casa atrai todos que desejam unir ambiente agradável, boa cozinha e música. Almoçar um rico grelhado e tomar café ao fim da tarde são apenas algumas das ecléticas delícias do restaurante. O piano sofistica o ambiente de 18h às 20h30 todos os dias. As noites são de jazz e blues ao vivo.Pontão do Lago Sul (3248.7755) CC: Todos

Café Antiquário

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BSB Grill

Desde 1998 oferece as melhores e os mais diversos cortes nobres de carne: Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe, Picanha, além de peixe na brasa, esfirras, quibes e outras especialidades árabes. Adega climatizada e espaço reservado completam os ambientes das casas.

304 Norte (3326.0976) 413 Sul (3346.0036) CC: A, V

Criado nos EUA, foi eleito por três anos consecutivos o preferido da família americana. Com mais de 100 lojas, seus generosos pratos foram criados, pesquisados e inspirados nas raízes da América. Conheça tais delícias: ribs, steaks, pasta, hambúrgueres. S.Clubes Sul Tr. 2 ao lado do Pier 21 (3321.8535) Terraço Shopping (3034.8535)

Roadhouse Grill

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Cozinha internacional, música e arte em dois endereços. No Clube de Golfe, desde 2005 é referência de bom gosto. Na Asa Norte (foto), o destaque é a noite, com ambiente aconchegante mesclando as belezas clássica e moderna. Brasília Golfe Center - SCES Trecho 2 (3323.5961) Espaço Cultural ContemporâneoECCO - SCN Qd.3 (3326.1250)CC: Todos

Oliver

San MarinoO Rodízio de massas e galetos está com preços especiais: de domingo a quarta por R$ 15,80 e de quinta a sábado por R$ 17,80. No almoço, Buffet com saladas, pratos executivos e grelhados

209 Sul (3443.5050)CC: Todos

201 Sul (3226.5650) CC: Todos

Villa Borghese

O charme da decoração e a iluminação à luz de velas dão o clima romântico. Aberto diariamente para almoço e jantar. Sugestão: Filetto al gorgonzola (Filet mignon recheado com creme de gorgonzola servido com arroz cremoso de abobrinha e farofinha crocante de alho), por R$ 43.

Trattoria 101Cardápio com produtos italianos autênticos e tradicionais. Massas, filés, peixes e risotos, carpaccio. Tudo preparado na hora. Execelente carta de vinhos com 90 rótulos, entre nacionais e importados. Ambiente charmoso e varanda completam o ambiente. Manobrista na 6ª, sáb. e dom.

101 Sudoeste (3344.8866)CC: V, M e D.

Saboroso e diversificado buffet, com produtos orgânicos e carnes exóticas. No domingo, pratos especiais, como o bacalhau de natas e o arroz de pequi. Horário: de segunda à sexta, das 11:30 às 15h e sábados, domingos e feriados, das 12 às 16h.

SCS trecho 2 (3226.9880)CC: Todos

Oca da Tribo natu

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408 Sul (3244.9999) CC: Todos

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CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R

MÚSICA AO VIVO DELIVERY MANOBRISTAACESSO PARA DEFICIENTES

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTEroteirogastronômico

SorbêSorveteria genuinamente artesanal, com receitas que utilizam frutos nativos do cerrado. São mais de 150 sabores. Os sabores tradicionais, cremosos, como as variedades de chocolate, dentre outros, contêm leite e creme de leite em suas fórmulas. Já os sorvetes de frutas (com algumas exceções, como abacate, pequi, araticum e outros) são produzidos com água.

405 Norte (3447.4158), 103 Sudoeste (3967.6727) e 210 Sul (3244- 3164)

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Feitiço MineiroA culinária de raiz das Minas Gerais e uma programação cultural que inclui músicos de renome nacional e eventos literários. Diariamente, buffet com oito a nove tipos de carnes. Destaque para a leitoa e o pernil à pururuca, servidos às 6as e domingos.

306 Norte (3272.3032) CC: Todos

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SaborellaSorvetes com sabores regionais e tecnologia italina são a especialidade da casa. Os mais pedidos: tapioca, cupuaçu, açaí e frutas vermelhas. Na varanda, pode-se apreciar café bem tirado e fresquinho, acompanhado de tapiocas quentinhas.112 Norte (3340.4894) e Casa Park (Praça Central) CC: Todos

405 Sul (3242.1938)309 Norte (3340.6937)CC: Todos

Peixe na RedeA vedete do cardápio é a tilápia, servida de 30 maneiras. O frescor é garantido pela criteriosa criação em cativeiro na fazenda exclusiva do restaurante, a 100 Km de Bsb. Há também pratos de camarão e bacalhau.

GordeixoAmbiente agradável, comida boa e área de lazer para as crianças fazem o sucesso da casa desde 1987. No almoço, além das pizzas, o buffet de massas preparadas na hora, onde o cliente escolhe os molhos e os ingredientes para compor seu prato.

306 Norte (3273.8525) CC: V, M e D

BacoPremiada por todas as revistas. Massas originais da Itália, vinhos e ambiente. No cardápio, pizzas tradicionais e exóticas. Novidades são uma constante. Opção de rodízio em dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª e domingo, e na 408 Sul, às 2as.309 Norte (3274.8600), 408 Sul (3244.2292) CC: TodosBaco Delivery (3223.0323)

Belini

113 Sul (3345.0777) CC: Todos

A casa premiada é um misto de padaria, delikatessen, confeitaria e restaurante. O restaurante serve risotos, massas e carnes. Destaque para o café gourmet, único torrado na própria loja, para as pizzas especiais e os buffets servidos na varanda.

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Tradicional e inovador. Sushis e sashimis ganham toques inusitados. Exemplo disso é o sushi de atum picado, temperado com gengibre e cebolinha envolto em fina camada de salmão. As novidades são fruto de muita pesquisa do proprietário Jun Ito.

403 Sul (3224.0430 / 3323.5213) CC: Todos

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SCES - Trecho 4 - Lote 1BAcademia de TênisSetor de Clubes Sul(3316.6866) CC: V e M

Restaurante BadejoA tradicional moqueca capixaba leva o tempero mineiro no Restaurante Badejo, com 19 anos de história em Belo Horizonte e 15 em São Paulo. Agora é a vez de Brasília conhecer o autêntico sabor da cozinha capixaba.

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harlemglobetrottersEsses rapazes são simplesmente impossíveis. Não bastasse jogarem basquete

como ninguém, ainda conseguem ser malabaristas, palhaços, dançarinos, come-diantes... Por onde passam atraem um público que fica hipnotizado com sua arte. Os Harlem Globetrotters voltam a Brasília depois de uma ausência de 20 anos. E

se apresentam no Ginásio Nilson Nelson, dia 7, às 15 e às 19h30. Participam da festa os craques da Liga de Basquete de Rua de Brasília, que têm tido contato

com os jogadores americanos desde 13 de maio. Os ingressos custam entre R$ 40 e R$ 280 e podem ser comprados na livraria Leitura (Taguatinga Shopping), na

FNAC (ParkShopping) e na Planet Music (Pátio Brasil e Brasília Shopping). Quem assinar a Roteiro por um ano (R$ 96 à vista) leva de graça quatro ingressos

na arquibancada ou dois na numerada. Informe-se em 3964.0207.

pretensãoaconferirEm recente entrevista à revista Bravo, o cantor e compositor Romulo Fróes confessou ser ambicioso ao extremo: “Meu objetivo é ser o maior artista brasileiro de todos os tempos, abaixo do Tom Jobim”. Considerado, por enquanto, uma das boas revelações da nova geração de músicos brasileiros, ele lança seu CD duplo No chão sem o chão aqui em Brasília. Quem quiser conferir se a pretensão do artista se justifica é só assistir a seu show, dia 28, às 21h, no Espaço Brasil Telecom. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. www.espacobrasiltelecom.com.br.

bossacucanovaNo mesmo espaço, e um dia depois, será a vez do grupo carioca que

comemora dez anos de estrada. Marcelinho da Lua, Márcio Menescal e Alexandre Moreira se juntam a Cris Delanno, DadoBrother, Flávio

Mendes e Rodrigo Sha para mostrar seu som: uma batida diferente de bossa nova com nuances roqueiras. O CD e o DVD Bossacucanova – ao

vivo foram concebidos para marcar o aniversário de 50 anos da bossa nova. Bom dia Rio, Samba de minha terra, Águas de março e Garota de

Ipanema são algumas das músicas que o grupo apresentará no show. Ingressos a R$ 40 e R$ 20. www.espacoobrasiltelecom.com.br

galinhacaipiraMárcio Marinho no cavaquinho, Rafael dos Anjos no violão, Hamilton Pinheiro no contrabaixo e Rafael dos Santos na bateria. São esses os ingredientes da Galinha Caipira Completa, um dos grupos vencedores do Projeto Pixinguinha, da Funarte, e que acaba de lançar seu primeiro CD. Para apresentar seu trabalho aos brasilienses – uma mescla de MPB com choro, samba, baião e jazz – a banda faz show na Sala Martins Pena, dia 6, às 21h. Ingressos a R$ 2 e R$ 1.

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lágrimasdesãopedro19 de março é Dia de São José. Mas os nordestinos creem piamente que, se chover nessa data, a chuva, ou melhor, as lágrimas de São Pedro virão para espantar a seca no sertão. Foi inspirado nessa crença que o artista plástico baiano Vinicius Silva Almeida – o Vinícius S.A. – criou a insta-

lação Lágrimas de São Pedro, acalanto nordestino, em exposição na Caixa Cultural até dia 7. Nascido em Salvador, o artista de 24 anos foi buscar na

cidade de sua família, Ubiraitá, referências para desenvolver sua obra, composta por seis mil lâmpadas incandescentes cheias de água. Presas ao

teto em alturas diferentes, elas representam a relação de fé que o serta-nejo tem com a chuva. Ele diz: “É comum, no Nordeste, idosos, adultos e crianças banharem-se na chuva de braços abertos, sacramentando um ciclo que traz consigo, além da água de beber e plantar,

esperança e dignidade”. De terça a domingo, das 9 às 21h. Entrada franca.

candangasCiganas, secretárias, telefonistas, donas de casa, professoras, cozinheiras e enfermeiras foram chegando, sozinhas ou acompanhadas, à capital em construção ou recém construída. Imagens de algumas dessas mulheres foram captadas por Mário Fontenelle, o primeiro fotógrafo oficial de Brasília, e estão agora na exposição Candangas, em cartaz no Museu Vivo da Memória Candanga. São 25 reproduções em preto e branco, impressas no tamanho 54 x 80 cm, pertencentes ao acervo do Arquivo Público do DF. De acordo com seu superin-tendente, o poeta Luiz Mendonça, a mostra apresenta “mulheres coloridas, futu-ristas, de contrastes, plenas, vindas de todos os rincões; muitas foram Marias, algumas Madalenas; simples, anônimas, destemidas, fundamentais, básicas, estruturais”. O museu fica na EPIA Sul, lote D, Núcleo Bandeirante. Até 30 de junho, de terça a domingo, das 9 às 12h e das 14 às 17h. Informações: 3301.3590.

brasíliaano50 Uma argentina que chegou à nossa cidade em 1957 é curadora da exposição itinerante que tem sua pri-meira parada no Aeroporto Internacional de Brasília. Mercedes Urquiza selecio-nou 48 painéis fotográficos da época da inauguração da cidade para a exposição Brasília 50 anos, que fica

no aeroporto até o dia 5 e segue depois a bordo do Navio Escola Brasil. Patrocinado pela Marinha Brasileira e pela Petrobras, o projeto estará em Buenos Aires no final de junho. No térreo do aeroporto, área de desembarque, com entrada franca.

contatoAs mãos servem de inspiração para

a arte de Laryssa Gabrielle, que expõe no Espaço UPIS de Arte e Cultura (912 Sul) até o dia 30. A

proposta da mostra Contato é comprovar que as mãos podem ir

além do sentido do toque, “repre-sentando também atos, utilidades

e funções importantes na vida”. Com apenas 21 anos, a jovem

artista apresenta oito trabalhos em acrílico sobre tela – mãos adultas

em diversas formas, origens, culturas e lugares. De segunda a

sexta, das 8 às 22h, e sábados, das 8 às 18h, com entrada franca.

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burlemarxEle ficou mais conhecido como paisagista, mas foi também arqui-teto, desenhista, pintor, escultor, tapeceiro, ceramista, designer de

jóias, cantor, decorador, ecologista e gravador. É esse último talento de Burle Marx que está sendo mostrado na Caixa Cultural até dia 7.

Sob curadoria de Sergio Pizoli, a exposição O gravador Roberto Burle Marx no Atelier Ymagos marca o centenário de nascimento do

artista que morreu em 1994, aos 84 anos. Estão lá 64 litografias coloridas, quatro em preto e branco, oito gravuras em metal preto e

branco, quatro matrizes originais e quatro desenhos em nanquim produzidos por Burle Marx entre 1980 e 1990, no Atelier Ymagos, de São Paulo. De terça a domingo, das 9 às 21h. Visitas monitoradas: 3206.9448. Entrada franca.

céuazul“Seu céu não é aquele das nuvens, carregadas de significados da história da pintura; é, ao mesmo tempo, o que vem emoldurado pelas edificações e fundo desse recorte anamórfico dos prédios, vertiginoso resquício da natureza na geometria urbana”. É assim que a curadora Marília Panitz resume o trabalho do fotógrafo paulista Silvio Zamboni em Quem tem medo de olhar para cima. Em cartaz até o dia 7 na Caixa Cultural, a mostra traz 43 fotografias tiradas na Europa, Américas e interior do Brasil – um convite ao brasiliense para olhar para cima e ver o céu capturado pelas lentes do fotógrafo e professor do Instituto de Artes da UnB. De terça a domingo, das 9 às 18h, com entrada franca.

filhosdobrasil 45 painéis de 3 m x 5 m vindos de várias partes do país com imagens de grande impacto têm como propósito chamar a atenção da sociedade para a atual situação de exclusão da criança e do jovem brasi-leiros. Com foco na prosti-tuição infantil, a mostra Filhos do Brasil faz parte de programa capitaneado pelo Ministério dos Esportes para estimular a inclusão desses jovens através de atividades espor-tivas. Até 18 de junho, diariamente, das 7 às 20h, no Museu da República.

estereótiposO arquiteto e fotógrafo Carlos Café apresenta sua mais nova

exposição. Trata-se de um conjunto de 30 fotografias de

corpos nus, sob forte contraste produzido pela luz de um

projetor de slide num ambiente escuro. Seu trabalho busca criar

um contraponto ao que seria o “padrão ideal” do corpo – um questiona-mento dos clichês estabelecidos pela mídia. A mostra Estereótipos tem curadoria da fotógrafa Autumn Sonnichesen. Na Casa de Cultura das

América Latina (SCS, Edifício Anápolis), até dia 14. De terça a sexta, daz 10 às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 10 às 18h. Entrada franca.

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teatrointernacionalComédias, tragicomédias, teatro de sombras, teatro de marionetes e de clowns. Vindos de vários países europeus e latino-americanos, os espetáculos fazem parte da Mostra Internacional de Teatro, o MIT, em cartaz no CCBB de 5 a 28 de junho. Entre as atrações, estão o Teatr Licedei, o mais importante grupo de clowns da Rússia, criado por Slava Polunin, do Cirque du Soleil, e o Gioco Vita, famoso teatro de sombras da Itália. No programa, também, uma aula de teatro com a Cia Timbre 4, da Argentina. Resultado de uma parceria com o Festival Internacional de Londrina, o FILO, a MIT está em sua quinta versão e tem curadoria de Luiz Bertipaglia. Ingressos a R$ 15 e R$ 7. Programação completa em www.bb.com.br/cultura.

oreidavelaUm agiota inescrupuloso, Abelardo I, viu na crise da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, ótima chance para fazer todo tipo de especulação. Especialista em empréstimos, ele se aproveitou da crise para fabricar velas confiando em que as empresas de energia elétrica iriam quebrar e as pessoas voltariam a utilizar a iluminação a vela. O texto – escrito em 1933 por Oswald de Andrade, mas ainda atual – está sendo encenado no Teatro SESC Paulo Autran, em Taguatinga Norte. Com direção de Rogero Torquato, Rei da vela é considerado o primeiro texto modernista para teatro e reflete a amargura de Oswald, forçado a recorrer a agiotas para sobreviver. De 5 a 7 de junho, às 20h. Entrada franca.

conhecendoathosNo primeiro dia eles aprendem, em sala de aula, o bê-á-bá do tema

Brasília Patrimônio Cultural da Humanidade. No segundo, saem alegres em algazarra para um passeio em que tomarão contato com a obra do artista plástico Athos Bulcão. No terceiro e último dia, criam,

em sala de aula, seus próprios trabalhos inspirados nos traços do mestre dos azulejos. Até novembro deste ano, alunos de terceira e

quarta série do ensino fundamental terão a oportunidade de participar do Circuito Educativo BrasiliAthos para conhecer mais sobre a arte do artista e aprender, desde já, a respeitar o patrimônio cultural da cidade

em que nasceram. Todas as escolas da rede pública estão sendo visi-tadas. Lá de sua nuvem, mestre Bulcão deve estar rindo à toa.

Pepe

Ste

lla admirávelA diretora e atriz Miriam Virna e o ator e baila-rino Alessandro Brandão, atualmente radicados no Rio de Janeiro, trazem a Brasília uma adap-

tação da obra Admirável mundo novo, de Aldous Huxley. Trata-se de um espetáculo – ou de um

evento cênico sonoro, como eles preferem dizer – no qual os dois personagens da obra de

Huxley, Lenina e Bernard, estão confinados num reality show e são obrigados a experi-

mentar uma crise de abstinência de drogas. Admirável e só para selvagens está em cartaz no

Espaço Cena (205 Norte) até o dia 2. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Informações: 3349.3937.

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Muita animação, seja qual for o dia da semana. Apenas uma pausa para descanso na segun-

da-feira. Essa é a proposta da Cafetina Bar e Cultura, que abriu as portas na W3 Nor-te no começo de março. Música ao vivo, teatro, performance, roda de samba, festa com DJ... vale tudo na Cafetina.

Na parte de cima funciona uma gale-ria de arte e o bar/café. Na galeria, Chico Sassi, artista plástico que fez a pintura do subsolo, expõe seu trabalho. No café, os nomes dos petiscos são sugestivos: Gigolô (mussarela, pesto de azeitona e limão), Ca-fetão (salame, pesto de azeitona e limão), Michê (salame, mussarela, pesto de azeito-na e limão) e Gogo-boy (pesto de azeitona, manjericão e calabresa). As pizzas inspi-ram: Cheirosa, Devassa, Dengosa, Dana-da, Sem-vergonha e Gostosa.

Os drinks foram bolados pelo barman Marcelo Maradona: Cafetina (rum, limão, hortelã e energético), Pecado (abacaxi, hor telã e rum) e Meretriz (suco de laranja, limão e tequila). Andréa Alfaia, uma das sócias do Cafetina, ao lado do marido An-

Teatro, shows e festas em subsolo da W3 Norte

dré Godoy e do músico Lupa, diz que, além de charmoso, o nome do bar e dos itens do cardápio brincam com a proximi-dade da “rua das moças” – a 315 Norte, reduto de garotas de programa.

O espaço para festas e apresentações fica no subsolo. Toda a decoração é inspi-rada nos cabarés, com cortinas vermelhas e escada dourada. Andréa explica que o objetivo é contribuir para a revitalização da W3 e também ser um espaço para os artistas de Brasília se apresentarem. A ideia veio de Buenos Aires, onde o casal conheceu um café e se surpreendeu com um inusitado teatro funcionando dentro da casa.

A programação da Cafetina é variada. “Brasília precisa de um lugar que misture tudo e que, além disso, seja tranquilo, despretensioso”, diz Andréa. A festa de estreia foi com os DJs da consagrada Criolina – Barata, Pezão e Daniel Black. Também passaram por lá o soul carioca Gérson King Combo, o forró de Afonso Gadelha, noite latina, música étnica e o espetáculo de teatro Colapso – sua pior companhia.

“As pessoas respeitam as apresenta-

ções, entram na proposta da casa”, explica a sócia, lembrando que só paga couvert ar-tístico quem quiser descer para a festa ou apresentação. “Não tem aquela obrigação, quem quiser pode ficar só curtindo o ca-fé”. Entre os projetos estão mais apresen-tações de teatro e também de comédia stand-up.

Na programação fixa tem a gafieira do Santo Sem Dia, toda sexta-feira. O samba do Maracangalha voltou na última quinta-feira, dia 21. E durante todo o mês de maio os domingos foram reservados aos percus-sionistas do grupo Patubatê. “Estamos abertos a propostas. Queremos que a casa esteja aberta para os artistas mesmo, onde eles possam fazer reuniões, ensaios e ofici-nas, além de se apresentar”, diz Andréa.

Percussão com sucataNas mãos dos músicos Fernando Ma-

zoni, Fred Magalhães e Junior Dutra, to-néis, peças de automóveis, orelhões, pane-las e latas viram instrumentos de percus-são. O DJ Leandronik dá a base eletrôni-ca, com trilhas próprias. Também fazem parte das apresentações jogos de luz e per-formances. Tudo isso é o grupo Patubatê,

Diversão underground

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que completa dez anos surpreendendo a plateia por onde passa, mundo afora.

Formado em percussão erudita pela Escola de Música de Brasília, Fred Maga-lhães conta que na parte final das primei-ras apresentações do grupo, em 1999, eram introduzidos elementos populares, como funk e maracatu. Depois entrou a música eletrônica, com o DJ Leandronik. O Patubatê já se apresentou na Europa e nos Estados Unidos, passou três anos via-jando pelo Brasil inteiro e voltou a Brasí-lia para comemorar sua primeira década. Tocou na festa Celebrar Brasília, no Mu-seu da República, e fez a temporada no Cafetina aos domingos.

Gravar um CD não está nos planos do grupo, por enquanto. Mas no site www.patubate.com estão disponíveis cin-co gravações em MP3. “O MP3 ajuda muito na divulgação. E, embora as pes-soas cobrem o CD, não achamos tão ne-cessário”, diz Fred. O projeto em anda-mento é o DVD. “Já começamos a capta-ção de imagens, com o VJ Xorume, em apresentações e oficinas que fazemos”.

Além dos shows, o Patubatê faz ofici-

cafetina Bar e cultura712 norte – Bloco G – Loja 27 (8425.7270). Terças, quartas e quintas, das 18h à meia noite; sextas e sábados, das 18h às 2 da madrugada; domingos, das 16 às 22h.

Diversão underground nas em empresas e escolas. “A gente tra-balha com a construção dos instrumentos e aproveitamento de materiais. Ensina-mos a tocar e as oficinas terminam sem-pre com um show”, explica o percussio-nista. Em agosto ou setembro o grupo vai

promover uma grande festa para celebrar os dez anos.

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Por heiTor MenezeS

Outono, quase inverno, em Brasí-lia. O arrebol é pura poesia. Co-mo dizia o compositor baiano,

fim da tarde a terra cora e a gente chora porque finda a tarde. Se a imagem mental é bonita, o que dizer dela tornada real, com boa música e num lugar especial quando à noite, a lua mansa, a gente dan-ça venerando a noite?

Sim, toda essa cena telúrica nos aguar-da no Centro Cultural Banco do Brasil, em mais uma edição do projeto Todos os sons. Quem esteve nas edições anteriores sabe como é: boa música ao ar livre em horário civilizado. Pense: fim de tarde sem chuva (espera-se), clima agradável, propí-cio à audição musical e com a vantagem de poder levar a família. Este ano, man-tendo o nível, as atrações devem arrastar muita gente aos jardins do CCBB.

O projeto começa dia 31, reunindo as pratas da casa Ellen Oléria, o rapper Gog e o hip-hop das chicas Actitud Maria Mar-

Prata da casa e boas atrações internacionais soltam a voz nas tardes de domingo do CCBB, a partir do dia 31

ta, direto da Argentina. Até o mês de se-tembro, para o nosso deleite, estão escala-das atrações internacionais como Angéli-que Kidjo, cantora do Benin radicada em Paris, e o congolês Ray Lema, grande es-trela da world music. E também os nossos Chico César, o grande Oswaldinho do Acordeon, o mineiro Maurício Tizumba e os Tambores de Minas e a banda mato-grossense Vanguart., cujo CD/DVD re-cém-lançado sob a grife Multishow a colo-ca entre as mais interessantes do pop-rock nacional do momento.

Falando primeiro nas atrações da aber-tura do projeto, temos a chance de mais uma vez conferir o trabalho de Ellen Oléria e sua levada soul-funk-samba-rap-bossa- jazzy. Empunhando um violão e com aque-la voz que Deus lhe deu, a cantora, com muito orgulho, é exemplo de negritude. Do repertório próprio não deve faltar Man-dala, além de temas clássicos da música ne-gra nacional. Quem nunca viu Ellen Olé-ria em ação não pode perder a chance.

O mesmo deve ser dito em relação a

Genival Oliveira Gonçalves, o Gog. Atu-almente, é um dos expoentes do rap feito no Brasil. Não sem razão, ganhou a alcu-nha de “poeta do rap nacional”, título me-recido pela força de seu trabalho, que con-tabiliza mais de 25 anos de batalha. Brasil com p é primor poético periférico: todas as palavras começam com a letra p. E depois de A ponte, aquela estrutura de belos arcos que atravessa para o Lago Sul jamais será a mesma. Botem fé.

E que tal o hip-hop feito na Argentina por um grupo de mulheres? Preparemos os corações e ouvidos, chamem os b-boys e as b-girls, abram a roda, pois as meninas da Actitud Maria Marta chegam para con-firmar a máxima dita pelos Racionais MCs de que “periferia é periferia em qual-quer lugar”. Assim, existe mais semelhan-ça entre a arte de rua do Fuerte Apache, em Buenos Aires, do Capão Redondo, em São Paulo e do Chaparral, divisa Ta-guatinga/Ceilândia, do que sonha a nos-sa vã filosofia urbana, que não conhece certas mazelas.

musical

Actitud Maria MartaEllen Oléria

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Sobre Angélique Kidjo e Ray Lema, os dois artistas chegam escorados nas come-morações do Ano da França no Brasil. Mesmo não tendo nascido na França, os dois adotaram Paris como base de opera-ções. E classificá-los puramente como world music não diz nada.

Só para lembrar, Kidjo canta com o sotaque das profundezas do Benin (país no golfo da Guiné), em cada nota a nossa ancestralidade musical e cultural africana. Ela já gravou com Brandford Marsalis, Cassandra Wilson e Carlos Santana, can-tou em Salvador e lançou, em 2002, o CD Black ivory soul, com as presenças de Car-linhos Brown e Vinicius Cantuária. O disco tem cover de Refazenda (Gil) e acerta em cheio ao mostrar a ligação entre a Bahia e o Benin, via cultura yorubá.

Ray Lema ficou conhecido no Brasil provavelmente graças à participação no disco The rhythmatist, do baterista Stewart Copeland, do Police. Isso já faz tempo. O trabalho de Ray Lema vai além, incorpo-rando jazz, pop, soukos e outras sonorida-des de seu país natal, a República Demo-crática do Congo (ex-Zaire). Ele vai dividir o palco com Chico César no dia 14 de ju-nho – e é com reverência que se deve ver o ouvir um dos mestres da música que não tem fronteiras.

Mcfly26/5, às 20h30, no Ginásio nilson nelson. ingressos (meia) a r$ 100 (pista) e r$ 200 (área viP). À venda nas lojas free corner.

Todos os sons 31/5, às 17h, nos jardins do ccBB, com entrada franca. Mais informações: 3310.7081.

Por roBerTa MachaDo

Depois de lotar shows em outubro do ano passado em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro, onde

lançaram seu último CD, Radio: Active, os quatro garotos ingleses – Tom Fletcher, Dougie Poynter, Harry Judd e Danny Jo-nes – retornaram para mais oito apresen-tações em sete capitais brasileiras. Na últi-ma visita ao país, o baixista Dougie descre-veu as fãs brasileiras como “tão quentes quanto o clima”.

A página do McFly no site MySpace já teve quase 13 milhões de acessos e conta com mais de 200 mil fãs cadastrados, mui-tos deles brasileiros que inundaram a pá-gina com pedidos e criaram um abaixo-as-sinado para que a banda retornasse ao país. A turnê começou dia 21, em Ma-naus, passando em seguida por Fortaleza e Recife. A apresentação em Brasília – on-de foram colocados à venda sete mil in-gressos – será nesta terça-feira, 26. De-pois, a banda fará ainda duas apresenta-

Fenômeno adolescentePara alegria de suas apaixonadas fãs, o McFly está de volta com a turnê Up close... but this time is personal.

ções em São Paulo – uma delas já esgota-da – e seguirá para o Rio de Janeiro. A maratona de shows acaba dia 2 de junho em Porto Alegre.

Os meninos do McFly, com um estilo pop-rock inspirado no Queen e nos Beach Boys, colecionam 15 músicas na lista das dez mais tocadas do Reino Unido, sete das quais chegaram ao primeiro lugar. To-dos com menos de 22 anos, os garotos venderam milhões de CDs pelo mundo e alcançaram, com Room on the 3rd floor, a condição de banda mais jovem a atingir o topo das paradas britânicas com o disco de estréia, façanha antes exclusiva de nin-guém menos que os Beatles. No ano pas-sado, a banda deixou a gravadora Univer-sal/Island Records para criar seu próprio selo, Super Records, o que deu ao grupo maior independência criativa.

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Gog, poeta do rap nacional

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Por reynaLDo DoMinGoS ferreira

Com envolvente tratamento fílmi-co, o cinegrafista Walter Carva-lho realiza sua primeira direção

em Budapeste, cujo tema, baseado no ro-mance homônimo de Chico Buarque de Holanda, ressalta o encanto do verbo, da palavra, que propicia que os seres vivos de todos os pontos do planeta dialoguem e se reconheçam, apesar das barreiras de or-dem idiomática, semântica e cultural. Na essência, o argumento, bem roteirizado por Rita Buzzar, também produtora da pe-lícula, repete a abordagem do problema do duplo, muito explorado na literatura por Allan Poe, Dostoievski, Conan Doy-le, Chesterton, Borges e outros.

Desta feita, o protagonista, José Costa (Leonardo Medeiros) é um ghost-writer que se angustia por não ter vida própria. Mas a respeito disso ele só vai se conscientizar ao acaso, quando, retornando de Istambul, na Turquia, onde participara de um Con-gresso de Escritores Anônimos, o avião em que viaja, sob ameaça de bomba a bor-do, é forçado a fazer uma aterrissagem em Budapeste, a bela capital da Hungria. Des-

Feliz Logo em seu filme de estreia, Walter Carvalho encara – e vence – o desafio de adaptar para o cinema a complexa literatura de Chico Buarque

de os primeiros momentos, Costa não só se encanta com a tonalidade amarela da luz que paira sobre a cidade no outono – magnificamente explorada na plasticidade da fotografia de Carvalho – como também com a sonoridade da língua húngara, que lhe parece, porém, indecifrável.

Numa livraria, Costa conhece Kriska (Gabriella Hámori), que lhe assegura não ser possível aprender somente pelos livros seu idioma, “o único que o diabo respei-ta”, segundo afirma. Ela propõe lhe dar li-ções de húngaro, as quais acabam por também atingir a ambos emocionalmen-te. Por telefone, entretanto, ele deixa regis-trada na secretária eletrônica de sua mu-lher, Vanda (Giovanna Antonelli), uma mensagem em que expressa sua saudade de falar o português.

De volta ao Rio, reencontra a mulher, âncora de um jornal televisi-

vo, e o filho gorducho, que se perturba à noite ao ouvi-lo pronunciar insistentemente pala-

vras em húngaro. Sem empolgação com o que vê à sua volta, ele retoma a vida profis-sional e passa a escrever autobiografias. A que alcança maior sucesso, O Ginógrafo (citação que o roteiro faz de O Livro de Ca-beceira (1996), de Peter Greenaway), é de um alemão radicado no Rio, Kasper Krab-be (Antonie Kamerling), a quem Vanda se entrega, maravilhada por sua obra.

Desgostoso com a vida familiar, Costa volta a Budapeste. Passa a viver com Kriska e absorve de tal forma seus ensina-mentos que em pouco tempo domina o idioma húngaro completamente. Tanto assim que, chamado entre os húngaros de Kósta Zsoze, ele chega a discutir com um deles (Oliver Simor), num bar, sobre a pronúncia exata de uma palavra, que as-sume sonoridade diversa entre os que vi-vem na capital e os do interior. E, orienta-do por Kriska, começa a trabalhar como ghost- writer, escrevendo até mesmo livros de poesia em húngaro. Mas, vencido o prazo de sua permanência no país, ele é deportado para o Brasil.

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Para criar mais elementos visuais, a ro-teirista, além de fazer singrar pelas águas do Danúbio uma embarcação levando a estátua quebrada de Lênin, construída pa-ra o filme (lembrando, a propósito, uma cena de Adeus, Lênin (2003), de Wolfgang Becker, sobre a derrocada do regime sovié-tico), cria a figuração de uma homenagem um tanto canhestra, a meu ver, ao escritor anônimo por meio de uma efígie erguida numa das praças de Budapeste, motivo de atração entre os turistas que ouvem de um guia, falando em francês, a explicação: “Enquanto outros países prestam home-nagem ao soldado desconhecido, nós cul-tuamos aqui o escritor anônimo”.

A direção de Walter Carvalho é criati-va tanto na mise en scène como na adequa-da composição de planos, explorando a questão da duplicidade de vida do prota-gonista. A angústia de Costa de ter que se dividir entre duas realidades distantes, por exemplo, fica visualmente bem resol-vida pelo uso do trânsito contínuo de bondes nas ruas da capital húngara, prin-cipalmente na sequência em que ele, na cabine telefônica, pronuncia palavras em português, como, entre outras, “adstrin-gente”. O que parece perfeitamente des-cartável é a cena em que Carvalho, que-rendo repetir a marca registrada de Hit ch-cock em seus filmes, faz aparecer no aero-porto de Budapeste o autor do livro, Chi-co Buarque de Holanda, pouco à vontade, pedindo, em húngaro, o autógrafo de Kós-ta Zsoze.

À exceção de Giovanna Antonelli, o elenco internacional – com destaque para Gabriella Hámori, de grande experiência teatral, e para Paulo José, numa breve mas brilhante atuação – responde corretamen-te à linha imposta pela direção de Carva-lho. Leonardo Medeiros, embora não mu-de nunca a fisionomia, apresenta também uma interpretação bastante convincente. E, como não poderia deixar de ser, a trilha sonora de Leo Gandelman, de muito bom gosto e efeito, completa o espetáculo.

BudapesteBrasil/Portugal/hungria/2009, 113min. Direção: Walter carvalho. roteiro: rita Buzzar, com base no livro Budapeste, de chico Buarque de holanda. fotografia: Lucas carvalho. com Leonardo Medeiros, Gabriella hámori, Giovanna antonelli, antoine kamerling, andrás Balint, ivo canelas, oliver Simor, Paulo José e nicolau Brener.

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Se uma obra literária ou de cine­ma pudesse ser conhecida apenas por um número, Dois deveria ser o nome do livro de Chico Buarque e do filme de Walter Carvalho. Como diz Reynal­do Domingos Ferreira, “o argumento repete a abordagem do problema do duplo, muito explorado na literatura”.

Mas não é só por isso. Dois anos foi o tempo que Chico levou para es­crever Budapeste, um jogo com dois protagonistas: o tempo e as palavras. Seu livro, uma homenagem à língua portuguesa, é também uma grande história de amor, como definiu o pró­prio Chico. Com personagens femini­nas envolventes e ideais, tais como as heroínas de suas músicas.

José Costa, o personagem princi­pal, já foi apontado por vários críticos como o grande alter ego de Chico, pois seu trabalho permite observar e escrever histórias, sem se expor. uma discrição que o compositor sempre almejou para si. O ghost-writer Costa é um eterno insatisfeito com sua vida amorosa e profissional e com seus próprios sonhos. Vive entre duas ci­dades (Rio e Budapeste), entre duas mulheres (Vanda e Kriska) e entre a busca da felicidade e o desencanto.

Lançado em 2004 pela Companhia das Letras, o livro já vendeu mais de 280.000 exemplares. Como disse Cae­tano Veloso, “Budapeste é talvez o mais belo dos três livros da maturida­de de Chico”. Ao que o escritor por­tuguês José Saramago completa: “Chico ousou muito, escreveu cru­zando um abismo sobre um arame e chegou ao outro lado, onde se encon­tram os trabalhos executados com a maestria da linguagem, da cons trução narrativa, do simples fazer”.

Os direitos de filmagem de Buda-peste foram negociados pela Nexus Cinema e a produtora e roteirista Rita Buzzar começou então a adaptá­lo para o cinema, assim como fez com

Olga. “Li e reli o livro várias vezes, tentando montar uma primeira estru­tura. Só então tomei coragem de fa­zer uma proposta”, relata. Após es­crever três rascunhos do roteiro, ela mostrou o texto a Chico. “Fui, aos poucos, tomando a liberdade de in­ventar outras situações que não exis­tem no livro, mas sempre com o co­nhecimento de Chico“

O diretor foi escolhido um ano depois. A experiência de Walter Car­valho como diretor de fotografia em grandes filmes – entre eles Central do Brasil – foi o que pesou na escolha de seu nome. Segundo ele mesmo reco­nhece, depois do agradável susto de ser escolhido veio a responsabilidade, “pois Chico Buarque é uma institui­ção nacional”. Sua admiração tornou­se ainda maior após a leitura de Budapeste: “Gosto muito do jogo que o livro tem, que é o jogo do duplo, o jogo do espelho, o jogo de olhar para si próprio. um filme em que o perso­nagem é a própria história“.

Foram necessários dois anos – no­vamente o número dois – para encon­trar uma empresa húngara parceira, a Eurofilm, com condições de financiar um terço do projeto e cobrir parte dos custos de produção na Hungria. O desafio final foi a construção da estátua de Lênin, de quase 30 metros, e seu transporte pelo Rio Danúbio, para viabilizar a cena da chegada do personagem Costa a Budapeste.

Como Budapeste, o livro, virou Budapeste, o filme

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Por SérGio Moriconi

Nove anos depois da morte do can-tor, Simonal – ninguém sabe o duro que dei procura colocar os pingos

nos is no que diz respeito ao passado de um dos artistas mais populares do país na segunda metade dos anos 60 e início dos 70. Glória seguida de ruína, esta é a histó-ria de Wilson Simonal, o “rei da pilantra-gem”. O filme recupera o episódio que transformou o príncipe em sapo, um im-bróglio kafkiano complexo e revelador. Acusado de dedo-duro do governo mili-tar, Simonal foi deletado da história da música brasileira. O turvo episódio que selaria sua desgraça, por crimes de seques-tro e delação, jamais foi devidamente es-clarecido até a melancólica morte do can-tor, em 2000, vítima das consequências de uma cirrose hepática. Seus filhos, Wil-son Simoninha e Max de Castro, também artistas, vinham há anos lutando pela rea-bilitação do pai. Simonal – ninguém sabe o duro que dei deve apaziguar suas almas.

Não foi o álcool que matou Simonal, foi a melancolia. Vítima de si mesmo, de uma combinação explosiva de estupidez, ingenuidade e arrogância. Um romântico às avessas, como o filme vai aos poucos nos fazer ver. O primeiro terço do filme mostra o apogeu de Simonal. São ima-gens raras e eloquentes. Depois conhece-mos os funestos acontecimentos que ante-

Resgatando Simonal

Documentário premiado no festival

É tudo verdade procura trazer à tona

os estranhos fatos que condenaram

Wilson Simonal ao ostracismo

cedem a sua rápida e inexorável descida ao inferno. Simonal acusa seu contador de lhe extorquir dinheiro. Promove um rocambolesco sequestro do ex-funcioná-rio. Contrata uns brucutus para dar uma surra no contador, que também trabalha-va para vários atores e diretores da Rede Globo de TV. Um dos grandes lances dos diretores Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal foi ter conseguido entrar em contato com Raphael Viviani, o contador, pivô de todo o processo de desgraça de Si-monal, a partir da acusação de alcaguete do Dops, a polícia política da época.

Raphael Viviani, surpreendentemen-te, aceita dar seu depoimento para o filme. Ele também havia vivido em todos aqueles anos o drama de ter sido acusado de la-drão. Tinha agora, com o filme, a chance de dar sua visão das coisas. Não há sinais de riqueza na casa do contador. Sua versão dá conotação ainda mais constrangedora aos fatos. Dono de uma Lamborghini, car-ro fetiche de milionários, Simonal vivia co-mo um pachá, “o rei da cocada preta”, nos termos de Nélson Motta, cercado de lou-ras belas, cheio da grana, cabeça oca, mar-rento como os astros de futebol de hoje. Dizia-se “amigo dos homens”. Não vamos nos esquecer, vivia-se o negrume opaco do pior período da ditadura militar. Tempo do “Brasil, ame-o ou deixe-o”, slogan do governo Médici. A prática da prisão e da tortura era escamoteada, entre outras coi-

sas, pelo tricampeonato de futebol con-quistado pelo Brasil. Símbolo da ginga nacional, Simonal seguira com a delega-ção brasileira para o México, fazendo o papel de mascote, uma espécie de embai-xador do “Brasil grande”, outra das frases publicitárias favoritas dos militares.

Ziraldo diz que no Brasil se perdoa tu-do, menos a traição, o Judas. Ele e Jaguar, expoentes do Pasquim, publicação que contribuiu para o ostracismo de Simonal, fazem mea culpa. “No Brasil daquela épo-ca não havia meio termo: ou se era a favor ou contra a ditadura. Os que eram a favor tinham que ser jogados na lata de lixo da história. É para onde Simonal foi. Nin-guém lhe dava mais trabalho, nem os mú-sicos queriam tocar com ele para não so-frerem vaias ou retaliação”, lembra o saxo-fonista Paulo Moura. As imagens do péri-plo de Simonal por obscuros programas de televisão, tentando provar, com docu-mentos de órgão de segurança do gover-no, que nunca havia sido informante da ditadura militar, são deprimentes.

Mas, afinal, quem foi Simonal? – per-guntam os jovens de hoje. As imagens de arquivo do documentário não deixam dú-vidas quanto ao fato de que esse filho ne-gro e pobre de uma empregada doméstica do Rio de Janeiro foi o mais carismático artista de massa do Brasil. Pela ambição, o Ivete Sangalo da época, se é que se pode fazer uma comparação dessas, dadas as

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Simonal – ninguém sabe o duro que dei Brasil/2009, 86min. Direção: cláudio Manoel, Micael Langer, calvito Leal.

Resgatando Simonal

distintas, no caso fundamentais, circuns-tâncias históricas. Simonal era aquele que fazia o Maracanãzinho inteiro cantar jun-to, colocando em suas mãos e bolsos – co-mo podemos ver no filme – um público de mais de 30 mil pessoas.

“Os 15 mil da esquerda fazem lá rá rá e os outros 15 mil da direita fazem obá obá”, ele dizia, como que controlando uma turma de colégio, dono da situação, a ponto de sair para tomar um cafezinho no botequim do lado, enquanto a multidão prosseguia o seu coro a plenos pulmões, e então ele voltava, reassumindo o seu pa-pel de mestre prestidigitador, para dar fi-nalmente por encerrada a catarse coletiva. O produtor e diretor de showbiz Luiz Car-los Miéle e o humorista Chico Anísio fo-ram duas das testemunhas do “botequim do lado” do Maracanãzinho. “Olha só os babacas cantando”, Simonal teria dito a Miéle. A expressão chula combinava com a soberba do negro pobre tornado rico com o gênero que inventara, a “pilantra-gem”. Termo cunhado por Carlos Impe-rial, protetor e um dos grandes responsá-

veis pela ascensão de Simonal, a pilantra-gem era “a apoteose da irresponsabilidade consciente”, como ele definia.

O crítico Sérgio Cabral desdenha no filme da importância musical da pilantra-gem. Com razão. Além do mais, o termo é péssimo, alude à mais mesquinha malan-dragem carioca, vício comportamental da linhagem de nossas velhas relações de compadrio, adquirido no Brasil colônia, aperfeiçoado na Velha República, con-substanciado no jeitinho brasileiro. Como forma musical, entretanto, a pilantragem não era bem um gênero e sim uma moder-nização do sambalanço dos anos 50, uma premonição da black music brasileira, sínte-se de jazz orquestral (o swing), soul, funk e, claro, samba. A pilantragem como atitu-de diante da vida foi o que arruinou Simo-nal. Um pilantra ingênuo era o que ele era.

A crítica de teatro Bárbara Heliodora conta que a mãe do cantor havia sido a empregada de sua mãe. Simonal revela, por intermédio de Miéle, que ele, menino ainda, era obrigado a pular o muro da pa-troa para pegar a marmita de comida dei-

xada no fundo do terreno da casa. Tinha que pular o muro de novo porque só lhe era autorizado comer do lado de fora. Essa era a forma como as questões sociais, a se-gregação racial etc se davam já na segunda metade do século XX no Brasil. A consciên- cia do racismo em Simonal se fazia de for-ma aleatória, caótica, muito em função de sua origem social e das circunstâncias a que se viu submetido – o sucesso, a cultu-ra da malandragem, a convivência com Carlos Imperial, um consumado cafajes-te. Tributo a Martin Luther King, canção que ele próprio escreveu, e a extraordiná-ria cena de arquivo de uma opereta de TV onde Simonal atua como um palhaço shakespeareano – num texto de fortíssimo conteúdo racial – deixam uma verdadeira avenida para a reflexão de como as coisas podem se dar num país como o nosso, e também nos fazem lastimar o desperdício precoce de um talento tão evidente e natu-ral quanto o de Wilson Simonal.

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Para sobreviver A heróica resistência de judeus da Bielo­Rússia para escapar das atrocidades praticadas pelos nazistasao Holocausto

Por reynaLDo DoMinGoS ferreira

O cineasta Edward Zwick imprime rigor técnico em Um ato de liber-dade para narrar a história de um

grupo de judeus que consegue sobreviver ao ataque das forças nazistas após a inva-são da Polônia durante a II Guerra Mun-dial, internando-se na floresta, na Bielo-Rússia, sob a liderança dos irmãos Biels-ki, e se juntando à resistência soviética. Como em Diamante de sangue, Zwick tra-balha com um roteiro bem estruturado, ri-co em cenas de ação, só que agora dá real-ce ao papel de um líder, Tuvia Bielski (Da-niel Craig), com alusões à figura bíblica de Moisés. Pois Tuvia mobiliza o esforço dos judeus fugitivos para obter a salvação, nos

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Cômico senhor A visão um tanto condescentente de Oliver Stone sobre o homem que levou os EuA à atual situação

um ato de liberdade (Defiance)eua/2008, 138min. Direção: edward zwick. roteiro: edward zwick e clayton frohman, com base no livro Defiance: The Bielski Partisans, de nechama Tec. com Daniel craig, Liev Schreiber, Jamie Bell, George Mackay, alexa Davalos, Pavil isyanov, allan corduner, Mark feuenrstein e Mia Wasicowska.

tempos do Holocausto e do extermínio de poloneses em Katyn, a mando de Stalin.

O filme, baseado no livro Defiance: The Bielski Partisans, de Nechama Tec, tem início com imagens de arquivo sobre a invasão da Bielo-Rúsisa, em 1941, pelas tropas de Hitler, que mataram mais de 50 mil pessoas, principalmente camponeses judeus e seus colaboracionistas. Depois de regressarem para casa e verem que seus pais foram brutalmente assassinados, os irmãos Bielski – Tuvia, Zus (Liev Schrei-ber), Asael (Jamie Bell) e Aron (George MacKay) – se refugiam na floresta.

Sabedor de que o assassino fora um policial da localidade, a mando dos nazis-tas, Tuvia vai procurá-lo em casa e, numa cena forte, dramática, contundente, liqui-da-o, assim como seus dois filhos, que ten-tam uma reação. Ao voltar à floresta, Tu-via reencontra não só os irmãos, mas tam-bém outros judeus errantes, doentes, fa-mintos, que lhe pedem ajuda e proteção. Indispondo-se com o irmão Zus, que o

adverte sobre a impossibilidade de se con-seguir alimento para tanta gente, Tuvia os acolhe com o argumento de que a melhor vingança contra os nazistas seria a luta pe-la sobrevivência de um maior número possível de judeus.

Apesar de ser o roteiro bem elaborado sob o ponto de vista convencional, Zwick não teve como evitar que se tornassem exageradas algumas cenas de batalha, co-mo a que mostra a maneira pela qual Zus obtém, num laboratório guarnecido por soldados nazistas, o medicamento para impedir a propagação da febre tifóide en-tre os judeus. E, da mesma forma, não conseguiu descartar a previsibilidade de alguns acontecimentos, como o da gravi-dez de uma judia, estuprada por um solda-do nazista.

O filme tem um elenco muito bom, destacando-se naturalmente Daniel Craig, que, expressando-se em inglês carregado de sotaque russo-polonês, está bem no pa-pel de Tuvia. Além de Liev Schreiber, Ja-

mie Bell, Pavil Isyanov, Allan Corduner, Mark Feuernstein e outros atores que apresentam também boas atuações, cha-ma a atenção do espectador a extraordiná-ria beleza da atriz Alexa Davalos, que in-terpreta o papel da refugiada Lilka Ticktin, por quem Tuvia se apaixona.

O figurino, apropriado e de bom gosto, é outro elemento que compõe bem a produ-ção de Um ato de liberdade, que conta com esmerada fotografia de Eduardo Serra. Po-rém, o grande trunfo da película de Zwick é o tema musical de James Newton Howard, merecedor de indicação ao Oscar, que, ten-do por solista um dos mais prestigiados vio-linistas da atualidade, Joshua Bell, enrique-ce ainda mais o espetáculo.

Com excepcional interpretação de Josh Brolin, W. surpreende ao dar um retrato de corpo inteiro de

George W. Bush, de natureza até certo ponto condolente em relação aos terríveis erros por ele cometidos como presidente dos EUA nos últimos oito anos. O filme deixa evidente que, dos Adams aos Bushs, as dinastias que se alternam no poder nos EUA levam para a vida pública as exacer-bações de suas vidas particulares. E, ao contrário de dois trabalhos mais remotos de Oliver Stone, que procuram dar figura-ção bastante discutível de estadista a Ken-

nedy e a Nixon, em W. o protagonista é tratado na exatidão do seu perfil, isto é, o de um indivíduo instável, impulsivo, difí-cil de achar rumo na vida, pois cresceu com a maldição de ser considerado pelo pai a ovelha negra da família.

Ao início da película, W. é preso ao se envolver numa briga após uma partida de beisebol em New Jersey. Pelo telefone, o pai diz que ele enxovalha o nome da famí-lia. Nos empregos de verão que o pai lhe consegue, W. também não permanece. E de uma homérica bebedeira não escapa ao ser aprovado, com a ajuda do pai, para in-

da guerragressar na famosa Universidade de Har-vard. Depois de, numa festa familiar, co-nhecer Laura Welch (Elisabeth Banks) e de sofrer um desmaio durante a corrida de cinco quilômetros que costuma fazer dia-riamente, W. se apoia na religião para dei-xar de beber e, assim, iniciar um processo de autoafirmação em relação ao pai.

Casado com Laura, durante as come-morações de seu 40º aniversário W. rece-be convite do pai para ajudá-lo na campa-nha para se eleger presidente. Orientado por Karl Rover (Toby Jones), enquanto o pai, eleito presidente, promove a Guerra

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W.eua/2008, 129min. Direção: oliver Stone. roteiro: Stanley Weiser e oliver Stone. com Josh Brolin, James cromwell, ellen Burstyn, elisabeth Banks, Toby Jones, richard Dreyfus, Jeffrey Wright, Scott Glen, Thandie newton, noah Wile, Bruce McGill e Jason ritter.

do Golfo, ele decide concorrer ao governo do Texas. Quando George Bush perde a reeleição, em 1992, para Bill Clinton, W. atribui a derrota do pai ao fracasso de não haver conseguido pôr abaixo a ditadura de Saddam Hussein (Sayed Badreya). Ele con-fessa então ao pastor Earle Hudd (Stacy Keach), de sua igreja, que recebera anún-cio divino de que deveria se candidatar à presidência da República para cumprir missão importante em benefício do país.

Todos esses fatos são narrados por meio de dinâmicos flashbacks, enquanto W. faz consecutivas reuniões na Casa Branca com seu corpo de assessores – o vice Dick Cheney, o secretário de Estado Colin Powell, o secretário de Segurança Donald Rumsfeld, o diretor da CIA Geor-ge Tenet , a assessora de segurança nacio-nal Condoleezza Rice e o secretário de Co-mércio Donald Evans – para decidir sobre a invasão do Iraque, sob a alegação de que Saddam Hussein desenvolvia poderoso arsenal de armas químicas. Dominado por sentimento de vingança contra Hus-sein, W. se mostra pouco preocupado em concentrar forças no Afeganistão, onde se encontram os terroristas da Al Qaeda lide-rados por Osama Bin Laden. Prefere, ao invés disso, obter de seus incompetentes assessores prévias comprovações da exis-tência de armas químicas no Iraque, país que pretende atacar.

Josh Brolin domina a cena do começo ao fim, secundado apenas pelos experien-tes James Cromwell, Ellen Burstyn e Toby Jones e por Elisabeth Banks, pois todos os demais praticamente desaparecem ante o brilho de sua atuação. Usando bem o sota-que texano, ele transfere para W. um ar de pessoa fanática por esporte, meio ataranta-da, meio cômica, capaz de se complicar em situações simples como a de perder o ru-mo enquanto caminha em companhia de assessores, em sua propriedade particular, ou a de procurar diferenciar Guantánamo de Guantanamera. É, portanto, à atuação de Brolin que Stone deve a boa qualidade desse seu trabalho. (R.D.F.)

Ainda assim, Ron Howard mostra toda sua competência ao lidar, mais uma vez, com o universo religioso­fantástico de Dan Brown

Farsa inverossímil

Anjos e demônios é um thriller de mui-ta ação, fadado a faturar tanto ou mais do que os 700 milhões de dó-

lares apurados pelo anterior Código da Vinci, embora o ator Ewan McGregor, que interpreta o carmelengo Patrick McKenna (o segundo do Papa, de acordo com a hierarquia da Igreja Católica), te-nha desancado a literatura de Dan Bro-wn, afirmando que não lê seus livros e que despreza qualquer obra de grande aceitação popular. Ele parece coberto de razão, porque a trama, de tão primária ou inverossímil que é, em alguns momentos, pretendendo ser séria, se torna pândega como uma farsa, mesmo não sendo trata-da como tal.

Um exemplo disso se dá ao início, quando a produção usa o CERN – um dos centros de pesquisas mais adiantados do mundo, localizado em Genebra – para cenário de experiências absurdas de uma

cientista italiana, Vittoria Vetra (Ayelet Zurer), que trabalha com um tubo de anti-matéria, substância letal descartada pela natureza desde o princípio do universo. Pois o tubo é roubado não se sabe por quem, o que põe em polvorosa a comuni-dade “científica”, uma vez que a tal anti-materia constitui ameaça séria de destrui-ção em massa, especificamente contra o Vaticano! E, pior, no momento em que o Colégio de Cardeais inicia o processo de escolha de um novo Papa. Existe a suspei-ta de que o Papa anterior, que acaba de ser enterrado, poderia ter sido envenenado, mas isso não pode ser apurado porque a Igreja Católica não autoriza que se faça a autópsia do corpo do sumo sacerdote.

Enquanto tudo isso acontece em Ro-ma, chega à Universidade de Harvard, nos EUA, um emissário do Vaticano, ins-petor Ernesto Olivetti (Pierfrancesco Favi-ni), para contratar os serviços do profes-

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anjos e demônios (Angels & demons)eua/2009, 140min. Direção: ron howard. roteiro: David koepp e akiva Goldsman, com base no livro Anjos e demônios, de Dan Brown. com Tom hanks, ewan McGregor, Pierfrancesco favini, Stellan Skarsgard, ayelet zurer, armin Mueller-Stahl e nikolaj Lie kaas.

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sor Robert Langdom (Tom Hanks), co-nhecido como emérito estudioso de sím-bolos e que por isso, ao que se supõe, po-derá desvendar o mistério do roubo do tu-bo de antimateria, pois, pelo que também se suspeita, tudo o que está ocorrendo é nada mais nada menos que a vingança de uma organização secreta, Illuminati, cons-tituída em 1776 por renomados cientistas e artistas, como Galileu e Bernini, em sé-rio conflito com a Igreja Católica por con-siderá-la uma força impeditiva do avanço da ciência.

Langdom, que conhece muito da his-tória da Illuminati, sabe que ao voltar ao Vaticano para tentar evitar a tragédia en-contrará resistência da parte do Coman-dante Richter (Stellan Skarsgard), da ope-rosa Guarda Suíça. O que ele não sabe ainda é que, na sua peregrinação em bus-ca de exóticos símbolos por alguns dos principais pontos turísticos de Roma, co-mo o Panteão, o Castelo de Sant´Angelo e a Piazza Navona, terá de enfrentar, até mesmo nos subterrâneos de alguns mo-numentos, a figura cabalística do sr. Gray (Nikolaj Lie Kaas), representante da orga-nização criminosa.

O que há de interessante nessa nova aventura de Langdom é a linguagem cria-da por Howard para narrá-la, que difere, em ritmo e em composição de planos, da desenvolvida para a primeira película da série. Além disso, Howard consegue ex-trair melhor resultado do elenco interna-cional que, dessa feita, soube reunir: o americano Tom Hanks, o escocês Ewan McGregor, o italiano Pierfrancesco Favini, a israelense Ayelet Zurer, o dinamarquês Nikolj Lie Kaas, o sueco Stellan Skarsgard e o prussiano Armin Mueller-Stahl (Car-deal Strauss). O comentário musical de Hans Zimmer, com solo de violino de Joshua Bell, iniciado por um Canto grego-riano de introito composto por Morten Lauridsen, também colabora na criação de certo clima de suspense para a despropo-sitada trama urdida por Brown. (R.D.F.)

feito de invençãoCinema real

No Brasil ele é praticamente desco-nhecido, apesar de ter tido oito de seus filmes exibidos no festi-

val É tudo verdade em 1999 – dois anos an-tes de sua morte. Mas no universo do do-cumentário mundial o holandês Johan van der Keuken é considerado um mestre incomparável. E a partir de 2 de junho o brasiliense poderá conhecer em primeira mão o trabalho desse autor de verdadeiras epopéias documentais.

Nesse dia começa no CCBB a mostra A permanência do tempo – Filmes de Johan van der Keuken, maior retrospectiva das obras do cineasta já realizada no Brasil. Os filmes poderão ser vistos até o dia 14, sempre com entrada franca. Sob curado-ria do professor, cineasta e crítico Sérgio Moriconi, a mostra vai exibir 28 dos qua-se 50 filmes que van der Keuken realizou ao longo de 40 anos de carreira, entre eles Amsterdam global village, Face value (que ele considerava duas de suas principais obras), Big Ben/Webster in Europe e até seu último filme, Férias prolongadas.

Nascido em Amsterdã, em 1938, Johan van der Keuken começou como fo-tógrafo, lançando dois livros que se torna-ram referenciais, por retratar adolescentes, iniciativa rara na época. Depois de estudar cinema em Paris, iniciou-se como docu-mentarista, já mostrando que vinha com uma perspectiva diferente. O cinema de JvdK (como também era chamado pelos amigos) é feito de fragmentos, um cinema mosaico. O cineasta quer confessadamen-te explorar o ser humano. É o homem por trás da paisagem que interessa ao criador. Para isso, Keuken captura esses retratos humanos, aos poucos, e os une de forma

que eles construam um discurso. Mas é o espectador que fará sua pró-

pria leitura, já que não há verdade fechada para van der Keuken. A mostra será uma chance de conhecer de perto os principais filmes deste grande documentarista, in-quieto, inventivo, que dizia que tudo num filme é a forma. Uma maneira de dizer que o cinema documental é feito sobre uma construção do real, e não sobre a rea-lidade propriamente dita. Sempre depen-derá da forma escolhida pelo diretor para mostrar aquela realidade.

Van der Keuken era seu próprio ca-meraman e gostava de filmar livremente, a partir de uma ideia inicial. Em Amsterdam global village, por exemplo, mostra a capi-tal holandesa e todas as relações humanas que ela mantém com o mundo. Para isso, optou por planos abertos que vão, aos poucos, fisgando um personagem dentro desse contexto e colocando o foco sobre ele. Um fragmento de vida que, unido a outro e outro, irá construir o mosaico da cidade. Já Face value aprofunda ainda mais esta vocação de retratista. Nele, JvdK se permite usar cortes, músicas e ruídos, como quem pinta um quadro.

No dia 9, terça-feira, Vladimir Carva-lho, nosso maior documentarista, partici-pará de debate com o curador Sérgio Mori-coni. Os dois prometem lançar novas luzes para a compreensão da obra deste homem que amou o cinema – mas, sobretudo, o gênero humano.

a permanência do tempo – filmes de Johan van der keukenDe 2 a 14/6 no ccBB. De 3ª a 6ª feira, às 18h30 e 20h30; sábados e domingos, às 16, 18 e 20h. entrada franca.

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