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Ano IX • nº 180 Maio de 2010 R$ 5,90

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Ano IX • nº 180Maio de 2010 R$ 5,90

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empoucaspalavras

Passada a “ressaca cívica” do cinquentenário de Brasília, marcada por uma festa verdadeiramente popular, ainda ficaram por aí declarações de amor explícitas à cidade, em forma de exposições que se prolongam este mês ou, em alguns casos, até junho. Oito delas estão presentes na seção Galeria de arte, a partir da página 25. São ótimas chances de se conhecer telas e esculturas presentes nos edifícios públicos, a produção de Niemeyer depois da construção de Brasília e a trajetória do não menos importante Lucio Costa, só para citar três homenagens ainda em cartaz.

Por falar nisso, impossível ignorar, neste mês de maio, o Dia das Mães. Elas são devidamente lembradas em duas seções: Água na Boca e Graves & Agudos. A partir da página 6, Beth Almeida elenca 21 sugestões de homenagens a elas em forma de menus especiais oferecidos pelos restaurantes da cidade. Na página 28, Heitor Menezes propõe que os filhos levem suas mães a um dos bons shows capazes de agradar a gregas e troianas. Ou será que reviver os sucessos do grupo ABBA, em grande estilo, não faz tremer de emoção qualquer uma? Ou, talvez, algo mais brasileiro, como assistir ao show do sempre romântico Fábio Júnior ou do hipnotizante Ney Matogrosso?

Os filmes em cartaz na cidade também podem inspirar filhos e mães a fazerem um programinha bem familiar, regado a pipoca. Como, por exemplo, assistir à nova versão de Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton, comentada por Reynaldo Domingos Ferreira na página 32. Ou revirar o baú, escolhendo alguns dos filmes da mostra Clássicos & raros de nosso cinema II, com pérolas do cinema nacional de todas as épocas e estilos, como propõe Sérgio Moriconi (página 30).

Diante de tantas opções, é só escolher a que melhor se enquadra ao perfil de sua mãe e... correr para o abraço. Abraço que, se me permitem, deixo aqui, antecipado, à minha mãe, Dona Lourdes, que veio de São Paulo especialmente para passar este 9 de maio com as filhas e netos. Um beijo grande para ela e para todas a mães leitoras da Roteiro!

Maria Teresa Fernandes Editora

ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – CEP 70322-915 – Tel: 3964.0207 Fax: 3964.0207 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Redação [email protected] | Editora Maria Teresa Fernandes | Capa Carlos Roberto Ferreira sobre fotos de divulgação (Genaro Jazz Burguer Café) e de André Zimmerer (Nippon Bistrô)| Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Beth Almeida, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luiz Recena, Quentin Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos Ferreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria e Vicente Sá | Fotografia Eduardo Oliveira e Rodrigo Oliveira | Contatos Comerciais Giselma Nascimento (9985.5881) e Ronaldo Cerqueira (8217.8474) | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Gráfica Charbel | Tiragem 10.000 exemplares

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Banhistas, de Alfredo Ceschiatti, é uma das obras presentes em oito exposições que retratam a Brasília cinquentenária

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Por Beth AlmeidA

As mães merecem toda a atenção de seus filhos, mas há um domingo do ano em que os rebentos têm o

dever de se empenhar para que elas não só usufruam de sua companhia como também que as horas compartilhadas sejam as mais prazerosas possíveis. E para obter sucesso nessa em-preitada é sempre bom lembrar que mães

Quem Selecionamos as delícias preparadas para o Dia das Mães por 21 restaurantes

costumam gostar de surpresas e novida-des, especialmente no segundo domingo de maio, que é dedicado exclusivamente a elas. Nessa busca de novos cenários e sa-bores, aí vão algumas dicas para um Dia das Mães agradável – e que não dê traba-lho para a homenageada do dia.

O dia pode começar com um sabo-roso e farto brunch,

refeição que é um misto de café da manhã e almoço, geralmente servido a partir do final da manhã. A receita cai bem para um domingo, quando não temos horários a serem cumpridos e podemos acordar um pouco mais tarde. No Miró, do Comple-xo Brasil 21, o brunch inclui pratos quen-tes como bacalhau na nata com camarão e risoto de alcachofras e brie, entre oito op-ções de pratos quentes. No bufê de frios, as mães poderão se deliciar com uma qui-che de alho poró e Maz dam, ou um sal-

mão marinado agridoce. Além das sobremesas e dos itens caracte-

rísticos do café da manhã, a casa também vai dispor de

uma estação de massas e pan-quecas, com destaque para algu-

mas doces que são especialidade da casa: Romeu e Julieta, chocolate e

vai resistir?

Robalo assado com recheio de camarão, do Bier Haus

Filé Café de Paris, do Nippon Bistrô

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menta com sorvete e banana com cravo e canela.

No Formidable Bistrô e Crêperie, do Terraço Shopping, as mães serão recebi-das com uma taça de espumante ou uma Mimosa (drink à base de suco de laranja e espumante), boa pedida para abrir o apeti-te para as delícias oferecidas no brunch da casa. Entre os pratos quentes, bacalhau es-piritual, cordeiro assado e frango com gengibre. Isso sem falar nos crepes, car-ros-chefe da Formidable, e nos quiches e suflês.

Se a ideia é levar a mãe para um pas-seio de fim de tarde, uma boa opção é a Genaro Jazz Burguer Café, onde ela tam-bém será brindada com uma taça de espu-mante (se for abstêmia, pode pedir para substituir por uma sobremesa). Além do tradicional hambúrguer de carne bovina, a casa oferece as versões em frango, vege-tariana (mix de berinjela defumada, grão de bico e ervas finas) e até de bacalhau. E as mamães preocupadas com a silhueta podem substituir o pão ciabatta por um mix de folhas verdes. De sobremesa, delí-cias como o sorvete frito, tiramisu ou brow nie. Quem preferir chegar mais tarde ainda pode curtir a música do Rol Tönnes Jazz Quarteto, que fará show no espaço Martine Lounge (no subsolo da hambur-gueria) a partir das 21h30. Nesse caso, é melhor fazer reserva, já que o espaço com-porta no máximo 30 pessoas.

Delícias de todasas nacionalidades

Para o almoço, são muitas as promo-ções dos restaurantes da cidade. O Belini Il Ristorante (na sobreloja da delicatessen de mesmo nome, na 113 Sul) até criou um prato especialmente para elas: o Riso-to alle Rose, fruto de uma combinação dos queijos parmesão grana padano e gouda, com vinho branco e suco de beter-raba, que dá a coloração rosada ao prato.

No Dom Francisco, além de serem re-cebidas com uma taça de espumante, as mães que forem à loja do Park Shopping ainda terão 10% de desconto se optarem pelo bacalhau ao aroma de louro fresco. E na Forno Benedetto o rodízio de pizzas do almoço será substituído por um cardápio especial, com quatro opções de pratos quentes, todos para duas pessoas. Lá, as mamães também serão recebidas com um welcome drink: uma taça de espumante da Casa Valduga.

O Nippon Bistrô criou um menu espe-cial para a data, composto de entrada, prato principal e sobremesa, a R$ 42. De entra-da, salada com folhas verdes, palmito e flo-res comestíveis; prato principal, filé Café de Paris, acompanhado de tomates à proven-çal, ou salmão grelhado com arroz à pia-montese; na sobremesa, mousse de três chocolates (amargo, ao leite e branco) ou de limão verde com biscuit de amêndoa.

Quem acha que a comida árabe fala ao paladar das mães pode levá-la ao Lagash, dos mais tradicionais da cidade, de onde elas ainda sairão com um presentinho: doces ára-bes do empório que funciona ao lado do restaurante. Se a preferên-cia dela é pela comida alemã, nada como aproveitar o Festival Ale-mão do restaurante The Falls, do hotel Naoum Plaza Brasília, onde o almoço dá direito a chope com submarino (uma pequena taça de Steinhaeger que vem dentro do chope).

Se o que se procura é novida-de, duas boas opções são o El Pa-so Latino e o El Paso Texas, que no domingo oferecerão no bufê um mix das culinárias mexicana, colombiana, guatemalteca e cuba-na, entre outros países do conti-nente. De El Salvador, por exem-

Papo de anjo do 4Doze Bistrô

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miróComplexo Brasil 21 – Setor hoteleiro Sul (3031.2121)Formidableterraço Shopping (3233.6027)Genaro Jazz Burguer Café114 Norte (3273.1525)Belini il ristorante113 Sul (3345.0777)dom Francisco ParkShopping (3363.3079)Asbac (3224.8429)Academia de tênis (3316.6285)402 Sul (3224.1634)Pátio Brasil (3322.1071)Nippon Bistrô207 Sul (3244.2477)Forno Benedetto311 Norte (3349.0169)lagash308 Norte (3273.0098)the FallsNaum Plaza – Setor hoteleiro Sul (3322.4545)el Paso latino404 Sul (3323.4618)el Paso texas404 Sul e terraço Shopping (3233.5197)Severina201 Sul (3224.6922)Acarajé da rosa204 Sul (3225.4872)210 Norte (3447.9343)Bier haus 402/403 Sul (3224.3535)dudu Camargo restaurante303 Sul (3323.8082)Pizzaria Fratello Uno103 Sul (3321.3213)109 Norte (3447.8989)Cantina italiana Unanimità408 Sul (3244.0666)Your’sQi 11 do lago Sul (3248.0184)daNoiGolden tulip Brasília Alvorada hotel (3429.8100)FattoQi 09/11 do lago Sul (3364.0284)4doze Bistrô412 Sul (3345.4351)

plo, vêm as pupusas, croquetes de milho recheados com queijo e cobertos com sal-sa de tomate. Como cortesia da casa, as mamães poderão escolher entre uma piña colada e um pisco sour.

A comida regional nordestina compa-rece no Severina, que preparou para o dia a Galinha Arretada pra Mainha – a ave, caipira, chega à mesa acompanhada de fa-rofa de feijão de corda, macaxeira cozida e arroz branco. Se ela preferir, também po-de ser o tradicional bode guisado. Já no Acarajé da Rosa, especializado em comida baiana, a pedida é a moqueca de lagosta, para a qual a casa estará oferecendo des-conto de quase 30%.

No Bier Haus, o brinde da mamãe vai depender de sorte. É que a casa vai sortear entre as presentes uma bela joia. Na refei-ção, destaque para o camarão no coco verde

e o robalo assado com recheio de camarão.O chef Dudu Camargo aproveita a da-

ta para apresentar seu picolé Dilleto, pre-parado artesanalmente a partir de frutas frescas. A delícia, que será oferecida às mães que forem ao Dudu Carmargo Res-taurante, Unanimità, Fatto, Your’s, Da-Noi ou uma das pizzarias Fratello Uno, tem teor de gordura 80% inferior à do sor-vete tradicional e é totalmente livre de gor-dura trans. As homenageadas poderão es-colher entre 12 sabores.

Entre os novos restaurantes da cidade, o 4Doze Bistrô, inaugurado em outubro do ano passado, oferece um ambiente aconchegante, com cardápio novo que contém 13 novidades de dar água na bo-ca, como o risoto de camarão e manga.

Com tantos mimos, as mães vão acabar querendo dois domingos desses por ano.

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Galinha Arretada Pra Mainha, do Severina

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Kit para café Tanto a charmosa caixa de madeira quanto as seis xícaras foram desenhadas pelo artista plástico Nemm Soares especialmente para o Café Cristina. Acompanha um pacote de 250g do Café Puro Arábica. À venda no Café Cristina da 202 Norte, bloco A, loja 45. Telefone: 3328.4881. R$ 250.

Outros mimos para as mães

Que cidade é essa?Concebido para marcar o cinquentenário da cidade, o livro que acaba de ser lançado em Brasília tem

ensaios de 14 autores. Com coordenação editorial de Beth Cataldo e Graça Ramos e projeto gráfico de Chico Amaral, tem fotografias de Ricardo Labastier. À venda na Livraria Dom Quixote (CCBB) por R$ 45.

Colar de jornalCriado pela Oficina Boracea, nascida há cinco anos para dar uma ocupação aos usuários do albergue da Prefeitura de São Paulo. À venda na Cobogó, que fica na 704/705 Norte, bloco E, loja 51/56. Telefone: 3039.6333. De R$ 30 a R$ 75, conforme o tamanho.

Porta cartãoElaborado em inox e com várias estampas, está à venda na Cobogó, que fica na 704/705 Norte, bloco E, lojas 51/56. Telefone: 3039.6333. R$ 38.

traveller BookDesde os 13 anos Teresa Perez é apaixonada por viagens. Agora a consultora de turismo acaba de lançar um sofisticado livro com sua seleção dos melhores destinos turísticos. Entre os destaquies, os brasileiros Pousada Maravilha, em Fernando de Noronha, e

Fazenda Corumbaú, na Bahia. Editado pela DBA, o livro de capa dura tem 368 páginas e é também uma bela peça decorativa. R$ 161,50, na FNAC.

Bonequinha de panoAs mesmas mãos calejadas de mulheres que trabalham nas fazendas de café, na cidade de Cristina, Minas Gerais, fazem também lindas peças artesanais que reforçam sua renda e melhoram sua autoestima. As almofadas e bonecas estão à venda no Café Cristina da 202 Norte, bloco A, loja 45. Telefone: 3328. 4881. R$ 90.

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Por GUilherme GUedeS

Desde o final de fevereiro Brasília tem um pouco mais da Bahia, graças à inauguração, na 213 Sul,

da Mariposa, respeitada creperia nascida em Salvador. Receitas criativas e ambiente inspirado nas mais belas praias baianas dão a cara a esse espaço que, mesmo des-colado, não perde o refinamento. Criada em 2004, a Mariposa foi eleita pela revista Veja a melhor creperia de Salvador por seis anos seguidos. Atualmente, são cinco lojas na capital baiana e quatro fora: na Praia do Forte, em Aracaju, em Natal e agora em Brasília.

“Queremos que as pessoas se sintam num ambiente caseiro, confortável e acon-chegante”, diz Rafaela Lins, uma das pro-prietárias da franquia – a outra é Izabela Mafra. Segundo ela, a ideia de trazer a Mariposa para Brasília foi da sócia, que conheceu a loja da Praia do Forte. “Nós percebemos que Brasília não tinha uma

Crepe Apostando em receitas leves, ambiente caseiro e descontração, a Mariposa reproduz aqui o clima das praias da Bahia

casa com essas características e resolvemos abrir uma franquia aqui”.

A loja da 213 Sul tem três ambientes: um salão interno climatizado, o deck ex-terno e um lounge. A decoração, rústica e refinada, é a mesma das outras lojas da re-de. O chão de cimento e os móveis com aspecto envelhecido dão a cara de restau-rante praiano – a inspiração original veio da praia de Trancoso, no sul da Bahia.

Mas o principal destaque da Mariposa, naturalmente, são seus famosos crepes. “Temos crepes clássicos, contemporâneos e doces”, diz Rafaela. Os clássicos são re-ceitas mais simples e tradicionais. Além do Família (mussarela de búfala, rúcula e tomate seco) e do Sem Graça (presun-to, queijo e orégano), Rafaela destaca o Pesto, crepe aberto com recheio de ca-marão ao molho pesto e queijo.

Os contemporâneos ousam mais nas misturas, gerando sabores inusitados. “O Nordestino, com carne de sol, purê de ai-pim e parmesão ralado, e o Trancoso, com camarão grelhado, catupiry e purê de abóbora, fazem muito sucesso”, informa Rafaela. Entre os doces, ela aponta o Car-tola (banana, queijo e canela) como uma receita tradicional do Nordeste que tem sido muito bem recebida por aqui.

Para os adeptos de sucos, também não faltam opções. São 60, entre combi-nações refrescantes como jabuticaba com água de coco e melancia com gengibre. E quem é fã de pratos leves não pode per-der as saladas, que mesclam carnes leves com massas integrais e frutas. Por isso mes-

Creperia mariposa213 Sul – Bloco B – loja 5 (3245.5534)diariamente das 17 às 24h.

mo, são muito apreciadas pelos clientes. Mas quem visitar o Mariposa não vai

ter que escolher somente entre crepes e sala-das. Também funciona no espaço a temake-ria Joia, marca do mesmo grupo da Maripo-sa. Ao invés de simplesmente copiar as re-ceitas de outras temakerias, a Joia reinven-tou temakis simples, como o de salmão gre-lhado. “Preparamos o salmão desfiado, que fica muito gostoso, mas de início muitas pessoas chegam a estranhar”, admite Ra-faela. Em breve, outra marca do grupo pas-sa a funcionar no local: o Mariposa Yog, que vai servir iogurtes de baixa caloria.

à moda baiana

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Blenz Café 409 Sul – Bloco d (3242.6373)de 2ª a 4ª feira, das 11h30 à meia-noite; de 5ª a sábado, das 11h30 à 1h; sábados e domingos, a partir das 9h.

Por ANA CriStiNA VilelA

Uma viagem a São Paulo, uma pa-rada num café e um milk-shake. Pode-se dizer que foi esse o cami-

nho que trouxe para Brasília a franquia paulistana do Blenz Café, uma cafeteria diferente, que encantou os noivos Henry Wall e Carine Correia da Cruz. De volta a Brasília, tempos depois da descoberta, Ca-rine sentiu uma irresistível vontade de to-mar aquele mesmo milk-shake feito com sorvete Häagen-Dazs e Henry não teve dú-vida: foi buscar a bebida.

Ou melhor: foi a São Paulo e tentou trazer o Blenz Café para cá, em sociedade

à moda paulistaCaféComo os de São Paulo, o Blenz brasiliense tem wi-fi, impressora, scanner e revistaria. Mas tem também um toque local no cardápio.

com a noiva. De início, foi difícil, pois a ideia dos proprietários era manter a marca somente no Estado de São Paulo. Conver-sa vai, conversa vem, Henry conseguiu, enfim, seu intento. Agora, o Blenz pode ser encontrado na 409 Sul, única loja fora de São Paulo e a primeira que não funcio-na dentro de um shopping.

A casa é ampla, com área para even-tos, cyber café com wi-fi, impressora, scanner e revistaria (tanto para leitura quanto para compra). Como a realidade local é diferenciada, Henry e Carine têm um espaço maior e, assim, inovaram com a criação da área para eventos, onde vêm acontecendo festas, reuniões de tra-

balho, shows particulares, cursos de ma-quiagem e chás de panela. A ideia deu tão certo que São Paulo também estuda a possibilidade de ter um espaço igual.

E como Brasília sempre pede algo mais, o cardápio local também é distinto. As cafeterias da rede em São Paulo, cuja primeira casa foi inaugurada em 2000, não servem bebida alcoólica. Aqui, os sócios incrementaram o cardápio: tem tábua de frios, carpaccio, salsichão com mostrada preta e bruschetta, além de ta-pioca e carne de sol. Na carta de bebidas, cerveja, vinho e drinques, como a caipi-rosca de café. Em breve, assegura Henry, as massas estarão no cardápio.

Na relação original de iguarias, en-contram-se saladas, sanduíches, milk-shakes, diversos sabores de sorvete Häa-gen-Dazs, sopas, salgados, cafés e sobre-mesas várias, como petit-gâteau, profite-roles, brownie e apfelstrudel. E Carine elogia a limonada da casa, com leite con-densado e soda-limonada.

Atualmente, são 11 lojas, contando com a de Brasília, e mais cinco estão pre-vistas. Por enquanto, fora de São Paulo, apenas a da 409 Sul, cujos sócios detêm o direito sobre a marca em todo o Centro-Oeste. Assim, quem sabe o Blenz não aca-be ganhando de vez a estrada.

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Por AdriANA NASSer

Foto rodriGo oliVeirA

Lui se encantou com a arte de cozi-nhar ainda cedo, vendo os pais pre-parando pratos fartos de macarro-

nada para os almoços em família nos fins de semana. Foi observando o talento da mãe e a paixão do pai, o enólogo e con-sultor gastronômico Marco Antônio Ve-ronese, que o menino entrou de vez no mundo dos sabores.

Com o passar do tempo, ele cresceu e entrou na Faculdade de Administração, mas sem deixar a cozinha de lado. Lui não é formado em gastronomia. Seu ta-lento parece ter nascido com ele, gente que nasce pronta, sabe como?

No final de 2008, o menino autodida-ta foi convidado por Francisco Ansiliero, amigo de seu pai e conhecedor de seu ta-lento, para ir à Amazônia cozinhar para três grandes personalidades da gastrono-mia mundial: Juan Mari Arzak, chef do Arzak, três estrelas pelo guia Michelin; Alex Atala, proprietário do D.O.M., tido como o melhor restaurante da América Latina e o 18º do mundo pela revista in-glesa Restaurant; e o catalão Ferran Adrià, do El Bulli, eleito cinco vezes pela mes-ma publicação o melhor restaurante do mundo (em 2009 ficou em 2º lugar).

Nos poucos dias que passou com

Aprendiz de chefO jovem brasiliense Lui Veronese é o segundo brasileiro a estagiar no mítico restaurante El Bulli, de Ferran Adrià

esses renomados chefs, Lui aproveitou cada mi-nuto para aprender sua técnica. Foi assim que surgiu a oportunidade de estudar com eles, em suas respectivas casas. No começo de 2009 foi para o D.O.M., em São Paulo, onde acompa-nhou o chef Alex Atala em suas criações. No ano passado seguiu para a Espanha, onde passou seis meses com o chef Juan Mari Arzak. Lá, en-cantou-se com a gastro-nomia molecular e aprendeu suas técnicas.

Agora, aos 23 anos, Lui está de volta à Euro-pa, desta vez para esta-giar no badalado El Bulli, de Ferran Adrià. É o se-gundo brasileiro – e o primeiro brasiliense – a conseguir tal fei-to. “Quero aproveitar tudo o que me for oferecido. Adrià é o inventor de toda es-sa nova onda na gastronomia. Tenho muito que aprender com ele”, diz o jo-vem aprendiz de chef.

Serão três meses trabalhando na cozi-nha mais disputada do mundo. Após esse

período, Lui volta para o Arzak, onde passará outros três meses. Tudo isso para, quem sabe, quando voltar ao Brasil, abrir seu próprio restaurante. “Quero apren-der muito e montar aqui, em Brasília, mi-nha cidade, que eu amo, um restaurante de comida brasileira molecular”.

Alguém duvida que ele vai conseguir?

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Pizzaria maranello312 Norte – Bloco B loja 29 (3274.1213)diariamente, das 18 às 23h (delivery no mesmo horário).

Por ViCeNte Sá

FotoS rodriGo oliVeirA

Comer uma boa pizza, com uma recei-ta diferente, mas sem perder aquele toque tradicional e sem cair no arriscado cami-nho do exótico. Essa é a proposta da Ma-ranello, aberta há dois meses na 312 Nor-te. São diversos sabores que passeiam en-tre a invenção e a tradição. Tudo isto em um ambiente tranquilo, ideal para um tête-à-tête num fim de tarde ou uma noite romântica, daquelas em que os olhares se encontram um pouco acima da garrafa de um bom vinho.

Mas de onde vem a segurança para fazer ofertas tão tentadoras? Vem de um gerente com mais de 20 anos de experiência e dedi-cação ao comércio e à cultura gastronômica, principalmente italiana: Carlos Galvão, ma-ranhense que chegou a Brasília em 1991 e aqui trabalhou com grandes chefs, em vá-rias casas conhecidas e respeitadas.

Sua trajetória, que começou no Hotel Nacional, passou pelo antigo Blue Tree, pelo Dom Francisco e pelas mãos da chef Mara Alcamim, no Universal Diner, ter-minou nos conselhos preciosos de Gil Guimarães, da pizzaria Baco. O caminho natural seria se lançar em voo próprio, na companhia de dois sócios, os irmãos Cláudio e Sérgio Gurgel, donos da rede de padarias Pães e Vinhos.

Clássica italianaReceitas criativas e ambiente tranquilo. Eis a fórmula de sucesso da Maranello.

A óbvia inspiração do nome é o vilare-jo italiano onde fica a sede da mítica escu-deria Ferrari. Daí a decoração nas cores da bandeira da Itália e das fabulosas máqui-nas vermelhas. Mas as pizzas é que são, inegavelmente, a grande atração, dividin-do com as entradinhas os aplausos dos fre-gueses (a focaccia de filé mignon ao molho de ervas frescas é indicada pela delicadeza).

As pizzas, criadas com refinamento e mantendo as bases clássicas da cozinha italiana, podem ser consideradas demons-trações de criatividade gastronômica. Afi-nal, todas são obras de Carlos Galvão. Destaque para a Maranello, a de alcacho-fra e a Italianíssima, com a qual o restau-rante participa do festival Brasil Sabor Bra-sília. Uma boa prática da casa é oferecer ao cliente a possibilidade de escolher até três sabores para sua pizza.

A carta de vinhos abriga pouco mais de 40 rótulos bem escolhidos, mas o costume brasileiro de se fazer acompanhar por um chope gelado não foi menosprezado, e na Maranello o da Brahma é muito bem tira-do. Em matéria de preços, a pizzaria situa-se na faixa média. “Com 45 reais um casal po-de passar uma noite aconchegante aqui”, ga-rante Carlos. É provar para poder aprovar.

Carlos Galvão com sua Italianíssima e a foccacia de filé mignon ao molho de ervas frescas (abaixo)

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picadinho

Saboroso e diversificado bufê com produtos orgânicos e carnes exóticas. No domingo, pratos especiais, como o bacalhau de natas e o arroz de pequi. Horário: de segunda a sexta, das 11:30 às 15h; sábados, domingos e feriados, das 12 às 16h.SCS trecho 2 (3226.9880)CC: Todos

Oca da Tribo

Culinária vivaComida orgânica e saudável pode ser alta gastronomia. É a teoria que Gilberto Costa Manso, proprietário da Belini, pretende comprovar em seu mais novo empreendimento. O Bhumi, inaugurado dias atrás na 113 Sul, bem ao lado da Belini, oferece alimentação totalmente livre de pesticidas, herbicidas e outros produtos químicos. O cardápio, assinado pela chef Christiane Isaac, tem o propó-sito de desmitificar a cozinha natural, mostrando que ela pode ser aliada do sabor e da qualidade gourmet. Boa parte dos pratos segue o conceito de raw food, ou culinária viva, que utiliza sementes, grãos verdes, frutas, cogumelos e algas preparados sem utilização de altas temperaturas. Mas há também opções de proteína animal – todas de origem comprovadamente orgânica, lógico.

Segundo Chopp time Cinco meses depois da inauguração da franquia da Asa Norte, a Chopp Time, de

Ribeirão Preto, abre as portas também na 413 Sul. Além do chope bem tirado e de outras opções de bebidas, o público da casa conta com uma boa variedade gastronômica: de tábuas de frios a sanduíches, saladas, massas, carnes e frutos do mar. O novo point tem uma estrutura de 350 m² de área útil e capacidade para 200 pessoas.

terceiro Peixe na redeAbriu as portas no último dia de abril, na quadra 301 do Sudoeste, a terceira unidade do restaurante Peixe na Rede, especializado em pratos à base de tilápia. À frente do novo empreendimento, as jovens Isabel da Mata (filha de Leonel e Maria Luiza da Mata, proprietários da marca) e Paula Donati, filha de Romário Veras, dono da rede de joalherias que leva seu nome). E já começou bem, recebendo numerosa clientela no primeiro fim de semana.

Festas saborosas Ravióli de damasco com ricota defumada ao molho de alho poró, farfalli ao molho cremoso de abóbora com canela e presunto de Parma, cordeiro com geléia de menta. Essas são algumas das delícias oferecidas pela mais nova casa de festas de Brasília: o Espaço Patrícia Buffet, no Clube da Assefe. Com 1.000 m² e capacidade para até 1.400 pessoas, é fruto da parceria dos irmãos Ricardo Pereira – proprietário da Top Sound – e Patrícia Fontes, do Patrícia Buffet. dupla origemO que acontece ao se misturar grãos de café originários da Tanzânia com grãos peruanos? A Nespresso acaba de realizar essa experiência, e o resultado é o Tanzarú, uma edição limitada que combina o equilíbrio do Arábica vindo

do Peru com a vivacidade do Arábia proveniente da Tanzânia. A embalagem com 10 cápsulas sai por R$ 30. Foram lançadas também xícaras comemorativas do novo café projetadas pelo designer Christian Ghion (R$ 120 o kit com duas). A novidade já pode ser adquirida na boutique Nespresso do shopping Iguatemi ou pela internet (www.nespresso.com).

Por falar em café...A sexta Edição Especial dos Melhores Cafés do Brasil – Safra 2009 poderá ser encontrada a partir da segunda quinzena deste mês nos principais supermercados e lojas gourmet do país. São 12 marcas de café torrado e moído com blends elabora-dos a partir dos grãos dos lotes vencedo-res do 6º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café, realizado em novem-bro do ano passado. O objetivo é unir as duas pontas da cadeia produtiva – lavoura e torrefação – para oferecer ao consumidor brasileiro os melhores cafés cultivados e industrializados no país.

Segredos dos chefsAlém dos pratos especiais em quase 100 restaurantes, o festival Brasil Sabor Brasília conta com uma programação de cursos de gastronomia ministrados por chefs da cidade. No dia 13, Thiago Stefan, do Poizé, ensina como preparar costelinha de porco e salmão ao molho mojo. No

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Rogê

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Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem decoração caprichada, com móveis e objetos da primeira metade do século XX. Destaques para os pasteizinhos. Sugestão de gourmet: Cordeiro ensopado com ingredientes especiais que realçam seu sabor.

Bar Brasília

506 Sul Bloco A (3443.4323) CC: Todos

Bar e restaurante inspirado no Rio de Janeiro dos anos 40. O bufê, com cerca de 20 tipos de frios, sanduíches e rodadas de empadas e quibes, e a performance do garçom Tampinha são atrações certas para os frequentadores.

202 Norte (3327.8342) / CC: Todos

Armazém do Ferreira

dia 14, Sebastian Parasole, do curso de Gastronomia do Iesb, mostra os segredos do Pulmay, uma iguaria chilena. Ana Toscano, do Villa Borghese, ensina as receitas do penne ao molho de linguiça e do espaguete à putanesca no dia 15. Venceslau Calaf encerra a programação, dia 16, com a zarzuela, ensopado com frutos do mar ao molho de tomate e vinho branco. Todas as aulas serão no Pátio Brasil. Cada curso custa R$ 50. Inscrições: www.kazachique.com.br.

Grelhados e massas

O 4Doze Bistrô (412 Sul) acaba de lançar um novo cardápio. Um dos destaques é o risoto de camarão e manga com um leve toque de coco e gengibre (R$ 36,90). Na seção de carnes, as novidades são o bife de chorizo com molho barbecue caseiro (R$ 32,90) e a picanha grelhada com manteiga de ervas (R$ 31,90). Os fãs de massas italianas poderão escolher entre penne, espaguete e fettuccine com um dos quatro tipos de molho: cremoso

com lascas de salmão (R$ 25,90), funghi secchi (R$ 22,90), pomodoro caseiro e manjericão (R$ 15,90) e pesto com lascas de queijo de cabra (R$ 18,90). A carta de bebidas ganhou reforços como a caipiroska de Stolichnaya com frutas da estação (R$ 12,90) e o mojito, tradicional drink cubano feito com rum, limão, água com gás e hortelã (R$ 10,90).

Brasil Sabor BrasíliaA Roteiro experimentou e recomenda os seguintes pratos do festival: gnocchi al burro e salvia do Vila Tevere (115 Sul); filé de tilápia com camarões ao molho de limão siciliano, do Peixe na Rede (405 Sul, 309 Norte e 301 Sudoeste); crepe de trigo sarraceno recheado com camarões, lula e povo ao molho bechamel, do Formidable (Terraço Shopping); filé de robalo em crosta de castanha de baru com arroz de limão e banana do cerrado, do Armazém do Ferreira (202 Norte); e a pizza Italianíssima, da Maranello (312 Norte).

espaguete a r$ 9,90 A reposta dos clientes foi tão boa que a rede Spoleto resolveu prorrogar até 15 de maio, ou enquanto durarem os estoques, a promoção do espaguete à bolonhesa, preparado com molho mais encorpado e carnes Wessel, ao preço de R$ 9,90. A massa de grano duro leva a assinatura da Pasta Zara. A expectativa da rede é aumentar as vendas em 10% e incre-mentar em 5% o faturamento mensal.

risotos e vinhos Porções harmonizadas de três vinhos e três risotos a cada semana, no jantar. É essa a novidade na Belini (113 Sul). Os rótulos foram sugeridos por algumas das melhores importadoras e distribuido-ras do país e, em seguida, harmonizados

pelo chef da casa, Sandro Melaranci (foto acima), com os risotos especiais. Este mês, os vinhos são da distribuidora Mistral. Cada taça custa de R$ 12 a R$ 18 e cada risoto entre R$ 15 e R$ 20. Reservas: 3345.0777.

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respeitável BurgerJá está funcionando 24 horas por dia a casa de hambúrgueres do chef Dudu Camargo. Inteiramente decorado com o tema circo, o Respeitável Burguer (402 Sul) tem cardápio variado, com opções adequadas às diversas horas do dia. São omeletes, pratos montados com grelha-dos, saladas, sobremesas e sanduíches (beirute, hambúrguer, cachorro-quente), além da possibilidade de o cliente montar seu próprio sanduíche, escolhendo a proteína, o tipo de pão e acompanha-mentos. E, é claro, não poderiam faltar os tradicionais sabores doces das lanchonetes: banana split, sunday, milk shakes e, para os que querem manter a dieta, iogurte com banana e granola.

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LuIZ RECENA Fui pra Maracangalha

o que é o que é?A barraca Maracangalha foi inaugurada no último dia 2 de fevereiro. Fica perto do Gran Hotel Stella Maris, quase ao la-do da Toca do Dinho, assídua frequenta- tadora desta página, pela qualidade ini-gualável de sua comida. Tem dez mesas na areia e outras tantas na parte de cima, na grama. A vista do mar é de primeira e tem até murada para segurar a maré alta. Abriu no fim do verão e vai sofrer na baixa estação. Portanto, pensa a turma dirigente em novas atrações para chamar o cliente nesse período de vacas magras.

ofertas normaisPor enquanto, os tira-gostos clássicos: pititinga, caranguejo, lambreta, camarão alho e óleo, caldo de sururu. Nos pratos, peixe frito inteiro ou em posta, moque-cas ou ensopados, de peixe ou camarão, polvo ao vinagrete. E se a Alemanha vai chegar, a Itália já está lá: espaguete ou penne aos frutos do mar, tomate com ervas, alho e óleo e gorgonzola. Tudo

sob o comando de Luciana, a cozinheira de mão boa e língua afiada. Completam a equipe Marcelo, Iara e Léo.

Petiscos diferentesNessa onda de novidades, a mais espera-da é o joelho de porco. No velho estilo alemão, com chucrute e aquela salada es-pecial que acompanha o prato em terras saxônicas. Há mais comidinhas e bebidi-nhas diferentes, mas essas ainda vão es-perar mais um pouco, em segredo.

Preços em contaO prato mais caro não chega a R$ 50. Os tira-gostos convidam: lambreta a R$ 8 a dúzia, caranguejo a R$ 4 a unidade, caldo de sururu a R$ 6. Caipiroscas a R$ 7. Cervejas Skol, Bohemia e Original. Sempre bem geladas, que é a lei da praia para quem quiser ter sucesso no ramo. Longa vida para a nova barraca!

o nome dela é...Karina. Esse é o nome da bailarina “mo-

Todos vão pra Maracangalha. Obedientes à música do mestre, vestem uniformes brancos, convidam e esperam Análias. Se elas quiseram ir, ou não, o detalhe não é mais problema nosso. Pois o colunista não foi ao endereço musical. Maracangalha é que veio em forma de barraca à beira-mar. Assim é melhor, bem melhor... A mais nova barraca da praia de Stella Maris tem grife: traz a assinatura de Valéria Diniz, que tem no currículo, entre outras, a coautoria da Azul Marinho, um dos mais famosos – e quase sempre cheio de turistas – pontos do pedaço, e que já tem 19 anos, a idade da filha Bárbara. Teve, ainda, em sociedade, a barraca Manacá, experiência que durou pouco. O vai e vem da vida tirou Valéria da praia por um certo período, tempo utilizado para dicas aos colegas e assistência à família. Mas a voz da barraca falou mais alto na areia. Cachaça? Vício? Marque duplo! Quem entra no ramo e gosta não sai mais. Odair Diniz, pai de Valéria, era um craque. Morava em Santos, mas tinha uma bela galera na praia baiana. “Gostava de caranguejo, acarajé, cerveja gelada e mulher baiana”, entrega Bárbara, com amorosa sauda-de do avô, que se juntava com a sua galera da Bahia e, esse sim, ia pra Maracangalha fazer tudo isso, na conta de uma “galinha de quintal”, uma penosa que aliviava as outras penas, que não martirizavam tanto... E não se fala mais disso! Nosso herói não viu a barraca nova da filha e, desta vez, não foi pra sua Maracangalha. Mas, do fundo das águas do mar, ou de cima das nuvens

do céu, manda para todos axés de pura energia.

rena, mignon, com todas as proporções em harmonia”, que baila a dança do ven-tre, todas as noites de quinta-feira, no Ra-ghid, o pequeno oásis árabe na praia de Stella Maris, objeto da coluna da edição anterior. Grupo brasiliense/internacio-nal assistiu à performance da moça. Aos mais velhos, boquiabertos, foi distribuída porção extra de guardanapos de papel...

Cantinho brasileiroTambém há música brasileira no restau-rante árabe. Claro que, depois de Kari-na, a bailarina, fica difícil preencher o vazio e chamar a atenção dos clientes. Mas Roque (violão e voz) e Neguinho do Calabar (percussão e voz), com paciên-cia, ritmo, boas vozes e repertório bem escolhido, vão, aos poucos, dando conta do recado. No fim, termina em sucesso. Aplausos. Elogios para o trio do serviço: Aldo, Sandro e Ivan, o terrível, que não consegue ficar quieto e circula de mesa em mesa, mesmo entre as que ele não está atendendo.

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garfadas&[email protected]

Bar Brahma

201 Sul (3224.9313) / CC: todos

A casa de Brasília segue a proposta das outras filiais, com shows, boa comida e o tradicional chope cremoso. Frequentado por grandes personalidades da política e da música. A decoração é inspirada nas décadas de 50 a 70. No sábado, tradicional feijoada ao som de chorinho e samba de raiz. Cardápio assinado pelo chef Olivier Anquier.

Bar do MercadoEm ambiente aconchegante, com decoração pontuada por arte e história, pode-se tomar um cafezinho ou um chope para acompanhar o pastel de bacalhau, o sanduíche de mortadela ou o autêntico Bauru. No almoço, cardápio paulistano.509 Sul (3244.7999) / CC: todos

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Receita do sushiman Dickson da Silva Barros, do Mitzu

Combinado de nigirizushi e sashimi

Modo de preparoLimpe os peixes, deixando-os sem pele e sem espinhas. Com a faca inclinada, corte em fatias finas cerca de 400g das partes mais volumosas do filé de salmão. Corte também o daikon em pequenas tiras, coloque numa tigela grande com água fria e espere 5 minutos para escoar bem. Coloque três fatias num prato e as outras fatias sobrepostas. Repita os mesmos procedimentos com o atum e o robalo. Decore o prato com pequenas tiras de wasabi e pepino japonês ralado e sirva imediatamente, acompanhado de molho shoyu.

NIGIrIZUSHIINGredIeNteS• 150g de salmão em filé• Arroz Gohan• Acompanhamentos: wasabi, gengibre e shoyu teMpero do arroZ• 1 xicara de chá de vinagre de arroz• 1 xícara de chá de arroz Gohan• Sal a gosto.

Modo de preparoMisture todos os ingredientes do tempero e reserve. Cozinhe o arroz sem tempero e em seguida tempere com o caldo do vinagre e açúcar. Coloque o arroz quente numa tina de madeira e jogue o caldo por cima. Misture bem e deixe esfriar. Corte o filé de salmão em fatias na diagonal, da direita para a esquerda, com a faca inclinada em 30 graus. Segure o peixe na mão esquerda e passe nele um pouco de wasabi. Coloque uma colher de sopa de arroz sobre o peixe, apertando um pouco para fixar. Vire e aperte novamente. Sirva o nigirizushi com shoyu, wasabi e gengibre.

SaSHIMIINGredIeNteS• 2 filés de salmão• 2 filés de atum• 2 filés de robalo• wasabi e shoyu para eNfeItar• 4 colheres de chá de wasabi• 50g de daikon (nabo)• 2 pepinos japoneses

Um dos mais renomados buffets de festa da cidade. Mais de dez anos de experiência. Além dos salgados e doces finos oferecidos no buffet, destaque para o Risoto de Foie-Gras, o Carré de Cordeiro ao Molho de Alecrim e o Filé ao Molho de Tâmaras. QI 21 do Lago Sul (3366.3531) 412 Sul (3345.3531)

Sweet CakeCardápio variado, sabor e qualidade. O bufê do almoço é o carro-chefe, com mais de 10 pratos quentes, diversos tipos de saladas e várias opções de sobremesa, a R$ 39,90 ( 2ª a 6ª) e R$ 44,90 (sábados, domingos e feriados) por pessoa.

206 Sul (3443.4841), Liberty Mall e Brasília Shopping CC: todos

Camarão 206

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ALEXANDRE FRANCO Novo MundoNos dias 19 e 20 de abril, a World Wine apresentou sua

feira de vinhos World Wine Experience Novo Mundo, baseada

principalmente em produtores da Argentina e Chile, com rápi-

da passagem por Uruguai, África do Sul, Austrália e Estados

Unidos. Lá estivemos, como sempre, conferindo as novidades.

Como é impossível provar todas as amostras em apenas algu-

mas horas, concentrei-me, para variar, nos brancos, em espe-

cial os de bom custo x benefício, e em alguns tops tintos.

A primeira constatação é a de que cada país tem, de fato,

em razão de seus terroires específicos, tendências claras para

melhor produzir determinadas castas em detrimento de ou-

tras. Assim, tiramos, de pronto, certas confirmações que va-

lem para todos nós como indicativo de roteiro de compra e

consumo, como, por exemplo: se o que se quer é um Sauvig-

non Blanc, prefira os chilenos e os sul-africanos aos demais

(além, é claro, dos neozelandeses, que, todavia, não se fize-

ram representar nessa feira); se quiser um Chardonnay, prefira

os americanos e argentinos; um bom Riesling podemos achar

na Austrália; um Torrontés é quase exclusivo da Argentina;

e assim por diante.

No quesito espumante, tivemos poucas opções, mas digno

de nota foi o Argentina Polo Sparkling Brut da La Chamiza,

com bom perlage e 11,5% de álcool. Produzida com 60% de

Chenin Blanc e 40% de Chardonnay, apresentou-se intenso,

seco e cremoso em boca, com aromas à manteiga, típico da

Chardonnay. Ao preço de R$ 38, é excelente opção.

Brancos foram muitos, e na necessidade de escolha para

comentar fiquei com os seguintes: da argentina Finca Sophe-

nia, o Chardonnay Reserve 2009 por R$ 50 é uma barganha

(manteiga queimada, tostados, boca rica, complexo e intenso,

ou seja, ótimo); da Atamisque, o Catalpa Chardonnay 2009,

por R$ 54, também é boa opção (extremamente aromático,

lichia com mel, na boca cremoso e denso, quase melado,

diferente, só faltou um pouco de acidez); da Caitec, um

Torrontéz com 10% de Chenin Blanc apresentou aromas

típicos de flores brancas com toque herbáceo, em boca muito

fresco e com boa acidez.

Do Chile, a Bisquertt mostrou um Sauvignon blanc Reserva

2009 de apenas R$ 39 com nariz típico e intenso à grama e

grapefruit e boca ótima (uma grande escolha); a Odfjel trouxe

um Sauvignon Blanc Armador 2009 com muito maracujá, pe-

los mesmos R$ 39 (outra boa opção); da Austrália, fiquei com

o ótimo Clare Valley Riesling 2007 da Angove, que, apesar do

preço de R$ 112, não muito convidativo, tem aromas tosta-

dos e defumados, com excelente acidez em boca, ótima esco-

lha para acompanhar comida, especialmente frutos do mar; e

finalmente, para fechar meus comentários, um americano da

Delicato, o Chardonnay 2008, por R$ 44, para mim resumido

em um único adjetivo: ruim.

Nos tintos, foram muitos ícones, entre os quais o Poesia

2003 da Bodega Poesia, 90 pontos de Parker, ótimo vinho,

mas ao preço de R$ 253; o Zeus, da Viña Bisquertt, muito

bom, mas também ao alto preço de R$ 220, o mesmo do

Odfjell 2005, 91 pontos de Parker, ótimo, e o Cabo de Hornos

da Viña San Pedro (talvez o que mais justifique esse preço,

pelo excepcional equilíbrio e elegância); e ainda o Stellenzicht

Syrah, da África do Sul, com típico nariz de pimenta, boca

doce, taninos bem domados e boa acidez, a R$ 210.

Como boas surpresas, entre os tintos, cito o Catalpa Pinot

Noir 2008, com nariz terroso, levemente apimentado e uma

boca correta, pelo bom preço de R$ 54; o Martín Alsina, que,

por R$ 144, me pareceu a melhor opção em Malbec, com

nariz a leve chocolate e frutas compotadas que se repetem

em boca; e finalmente o Organic Shiraz-Cabernet Sauvignon

2008 da Angove, “redondinho” como poucos, sendo fácil de

beber, inclusive pelo preço de R$ 75.

pão&vinho

pao&[email protected]

BSB Grill Desde 1998 oferece as melhores e os mais diversos cortes nobres de carne: Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe, Picanha, além de peixe na brasa, esfirras, quibes e outras especialidades árabes. Adega climatizada e espaço reservado completam os ambientes das duas casas.

304 Norte (3326.0976) 413 Sul (3346.0036) CC: A, V

Criado nos EUA, foi eleito por três anos consecutivos o preferido da família americana. Com mais de 100 lojas, seus generosos pratos foram criados, pesquisados e inspirados nas raízes da América.Ribs, steaks, pasta, hambúrgueres.

S.Clubes Sul Tr. 2 ao lado do Pier 21 (3321.8535) Terraço Shopping (3034.8535)

Roadhouse Grill

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A era da colonização migrava definitivamente para

um novo rumo. O mundo e a geopolítica estavam acer-

tando suas fronteiras e revendo sua estratégia de poder.

Foi um ano de grandes negociações e de libertação para

os países colonizados na África. Naquele ano, o Brasil es-

tava inaugurando sua nova capital, deixando definitiva-

mente o Rio de Janeiro rumo ao centro do país.

Baseada num levantamento feito na época do Brasil

Imperial, a pedido de Dom Pedro II, em 1892 a Comissão

Exploradora do Planalto, conhecida como Missão Cruls,

do engenheiro belga e estudioso de Geografia e Astrono-

mia Louis Ferdinand Cruls, apontou o lugar estratégico

do Planalto Central para a construção da nova capital.

Já se passou mais de uma década desde quando a

professora Cecília Londres me levou, como estrangeiro,

a conhecer os monumentos de destaque e o histórico

da cidade. E o Embaixador Wladimir Murtinho me apre-

sentou os meandros do Palácio do Itamaraty e descobri

seu empenho pessoal em transferir as embaixadas do

mundo todo para reforçar o frágil e contestado poder

da capital.

Cheguei de São Paulo cheio de receios, tomado pelas

lembranças vividas numa megacidade dinâmica 24 horas

por dia, com um predominante caráter empresarial. No

roteiro percorrido, muitos preconceitos colhidos por in-

formações truncadas e limitadas sobre a vida de passa-

gem que levavam os moradores na capital.

Muitos dos preconceitos se apagaram por si mesmos.

Encontrar uma cidade verde, com qualidade de vida,

parâmetros humanos e uma vida cultural variada e rica

me ajudou na procura do querer entender. Em uma

década, sinais de modernização apontavam para

a tentativa da cidade de cunhar sua personalida-

de e para um querer, da parte dos candangos,

seguir o rumo próprio da construção cultural

da nova e cosmopolita capital, miscigenação

de nordestinos, sulistas e nortistas em terras

do Centro-Oeste.

O tamanho da maioria dos restaurantes

da cidade remetia muito mais a grandes

refeitórios. O ingrediente mais comum a

todos os cardápios das casas existentes era o

camarão. Numa terra sem mar. A melhora na qualidade

das pizzas foi, sem dúvida, a primeira manifestação, no

campo da gastronomia, a ser percebida aqui nesta última

década.

Lentamente, as variedades regionais e de outros paí-

ses se multiplicavam e se diversificavam, criando novos

horizontes. O antigo Yoshida, uma das melhores frutarias

desde a década de 70, mudou seu nome para Nippon

Bistrô e ampliou suas instalações a partir de uma nova

concepção de loja de alimentação, reunindo no mesmo

espaço legumes e frutas frescas, laticínios e frios, pães e

doces. No primeiro andar, um restaurante de cozinha in-

ternacional caprichada, típica dos anos 80.

Eventos tendo como tema a gastronomia receberam

da mídia local o apoio e o destaque cultural merecidos.

Escolas particulares com aulas técnicas de culinária se

multiplicaram, com o sucesso assegurado pela quanti-

dade das matrículas e por um mercado potencial em

expansão.

Brasília vive hoje seu renascimento e pode muito mais.

palavradochef

QuENTIN GEENEN DE SAINT [email protected]

1960 – 2010

San MarinoO rodízio de massas e galetos está com preços especiais: de domingo a terça por R$ 14,20; quarta e quinta por R$ 16,50: e sexta e sábado por R$ 18,80.

209 Sul (3443.5050)CC: Todos 201 Sul (3226.5650) CC: Todos

Villa BorgheseO charme da decoração e a iluminação à luz de velas dão o clima romântico. Aberto diariamente para almoço e jantar. Sugestão: Tagliatelle Del Mare (tagliatelle em saboroso molho de azeite extra virgem, tomate, alho, manjericão e camarões grandes), por R$ 45,00.

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Por Silio BoCCANerA, de loNdreS

Fabricantes da região de Lan-guedoc-Roussillon usaram as uvas Merlot e Shiraz,

mais fartas e baratas, para pro-duzir vinho que imitava merca- doria de mais prestígio feita com a Pinot Noir. Esta entrou na moda (e na demanda) por cau-sa do filme cult americano Si-deways (Entre umas e outras, no Brasil), grande sucesso de crítica e público com sua his-tória de dois amigos em bus-ca do Pinot Noir de alta qua-

lidade (além de outras coisas) nos vinhe-dos da Califórnia.

Durante dois anos, os produtores ma-landros da França falsificaram 18 milhões de garrafas de suposto Pinot Noir e vende-ram para a grande empresa americana Er-nesto & Julio Gallo, respeitada como pro-dutora e vendedora de bons vinhos cali-fornianos. De acordo com o processo re-cém-encerrado no tribunal de Carcassone (12 pessoas condenadas a multas e outras sanções), a equipe da Gallo não se deu conta da tramoia até março de 2008. Na verdade, quem descobriu tudo foram ins-petores franceses da indústria do vinho, intrigados com a produção numerosa de Pinot Noir que aparecia na contabilidade dos produtores da região. Como as cifras habituais indicavam produção bem me-nor, surgiu a dúvida: de onde vinha tanta Pinot Noir?

A investigação acabou revelando que oito cooperativas locais juntavam Merlot e Shiraz e passavam adiante a intermediá- rios como Pinot Noir, até chegar à Gallo, que vendeu milhões de garrafas a consu-midores americanos desprevenidos. A principal marca era a Red Bicyclette, com uma etiqueta na garrafa que dava

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Gato por lebreconsiderável destaque ao uso da uva pro-movida pelo filme. Revelado o complô, a reação foi de fúria, não só por parte da Gallo e dos consumidores americanos enganados, mas sobretudo da indústria de vinho, tanto no exterior quanto na França. “Isso provocou uma perda de imagem e de reputação que nem pode-mos quantificar,” lamentou Christophe Escarguel, advogado do sindicato de pro-dutores de vinho de Pays d’Oc.

O juiz Jean-Hugues Desfontaines, que condenou as 12 pessoas a multas de cinco mil euros cada em Carcassone, observou que “a fraude, de tamanho considerável, resultou em sério prejuízo aos vinhos do Languedoc”. O principal responsável pela trama, Claude Courset, chefe da empresa Ducasse, que intermediou a operação, foi punido com uma multa de 45 mil euros e seis meses (suspensos) de prisão. Sua ima-gem como mercador de vinhos está arrasa-da, mas muitos críticos acharam as senten-ças em geral moderadas demais, porque os lucros dos falsários alcançaram 7 milhões de euros. E o efeito sobre a reputação dos produtores locais, mesmo os inocentes, vai permanecer durante longo tempo.

Guy Woodward, editor da revista es-pecializada em vinhos Decanter, diz que por mais deprimente que tenha sido o gol-pe, ele está longe de ser o único no comér-cio internacional de vinhos. “É uma triste verdade a existência de muito vinho falso por aí, tanto nas categorias baixas, como a desse Red Bicyclette, como na de vinhos refinados”, diz Woodward, lembrando que, em 2007, policiais disfarçados de sommeliers descobriram grandes quanti-dades de vinhos do sul da Itália – mais ba-ratos do que os produtos refinados do Norte – transportados para regiões como Toscana, Piemonte e Verona, para serem engarrafados como vinhos locais, de mais prestígio e controle.

“O famoso Brunello di Montalcino, por exemplo, tem de ser fabricado exclusi-vamente com uvas Sangiovese, para se qualificar a receber a marca”, diz Wood- ward. “Só que a uva Sangiovese é frágil, difícil, com uma tendência a produzir vi-nhos ralos durante colheitas ruins. Umas pitadas do forte Cabernet Sauvignon dis-farçam a fraqueza ocasional da Sangiove-se. E dessa mistura ilegal saem falsos Bru-nellos para venda em mercados como o americano, que favorece vinhos mais fortes”, acrescenta.

Ainda na França, o chamado “rei do Beaujolais”, George Duboeuf, recebeu multa de 30 mil euros em 2006 por mistu-rar vinhos genéricos aos produtos de alta qualidade (e preço superior). Até a reve-renciada região de Bordeaux teve seu caso de fraude, em 1995, quando um dos do-nos do refinado Château Giscours foi al-vo de investigação por misturar vinhos ba-ratos a seus produtos caros.

Essas tramoias reforçam a noção de que a melhor referência para escolhermos um vinho é nosso próprio paladar. Pode-mos experimentar produtos variados, de diversas faixas de preço ou prestígio, até encontrar aquele que nos agrada. Sem es-nobismo, podemos eleger nosso favorito, pouco importa a marca ou o custo. Sobra como opção desistir de vez do vinho. Uísque não é alternativa segura, pois to-dos conhecemos o histórico do scotch paraguaio. Talvez optar por água, pura e simples. De preferência, extraída da tor-neira e filtrada por nós mesmos, em casa, porque até água mineral, com preços ca-da vez mais altos no mercado, sofre falsi-ficação em mãos de operadores em busca de lucro fácil.

Até vinicultores franceses andam apelando para a falsificação. Enganaram muita gente, mas acabaram descobertos, processados e, agora, condenados.

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baléemdoseduplaNascido em 1994 por sugestão de um ícone da dança

clássica, a bailarina Maya Plisestzkaya, o Ballet Imperial da Rússia vem a Brasília apresentar sua versão de dois

clássicos da literatura mundial: Dom Quixote, de Cervantes, e Romeu e Julieta, de Shakespeare. Dirigido por Gediminas Taranda, o grupo de 40 bailarinos abre a

turnê brasileira aqui em Brasília e segue para mais 15 cidades. O Ballet Imperial da Rússia é uma das mais

respeitadas companhias de dança clássica do mundo, herdeira da escola russa que consagrou inúmeros bailarinos, entre eles Maya Plisestzkaya, hoje com 85 anos. Dia 12, às 21h,

Dom Quixote, e dia 13, no mesmo horário, Romeu e Julieta. Ingressos a R$ 140 e R$ 70. Informações: 3037.5522.

emtrêsminutosO Cine Brasília vai sediar, dias 7, 8 e 9, a 3ª edição nacional e 12ª internacional do Festival de Filmes Curtíssimos, com 420 produções inscritas. O festival acontece simultaneamente em mais de 100 cidades de 20 países e apresenta trabalhos com, no máximo, três minutos (exceto título e créditos). A curadoria da mostra nacional selecionou 48 curtíssimos. De acordo com a coordenadora no Brasil, Josiane Osório,

vários filmes foram produzidos especialmente para a mostra, o que contribui para a qualidade do que será exibido. As películas vão concorrer aos prêmios Melhor Filme, Melhor Animação, Originalidade, Mostra-te Brasília, Prêmio do Júri Popular e Brasília 50 anos. Programação: www.sc.df.gov.br.

mulheresnocinemaalemãoAna Bolena, de Ernest Lubitisch (1920), é um dos filmes que compõem a mostra Agora é que são elas – O feminino no cinema alemão, em cartaz até o dia 8 no cinema do CCBB. São 14 produções de cineastas alemães de diversos estilos, todas com personagens femininas marcantes. Em comum, a superação de dificuldades, como a luta contra o câncer de

mama e o preconceito de gênero em profissões tradicionalmente masculinas, como a de jogador de futebol. Programação completa em www.bb.com.br/cultura.

ccbb2011Já estão abertas as inscrições para quem quer compor a programação dos centros culturais do Banco do Brasil no próximo ano. Até 1º de junho, pessoas físicas e jurídicas de qualquer nacionalidade e região do país podem inscrever seu projetos de música, artes plásticas ou artes cênicas exclusivamente no site www.bb.com.br/cultura.

toystorynoteatroDepois do sucesso da animação da Disney nos cinemas, a Cia. Neia e

Nando também criou sua versãode Toy story. Um elenco de 23

atores conta a história dos brin-quedos de Andy, um menino de oito

anos, que temem sua substituição por brinquedos mais modernos, o que realmente acontece. O velho

cowboy Woody, por exemplo, perde-terreno para o astronauta Buzz

Lightyear. Na Escola Parque 307 Sul, nos fins de semana de maio

e junho, sempre às 17h, com ingressos a R$ 30 e R$ 15.

Informações: 8199.2120

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minhaaldeiaO relojoeiro, o barbeiro, a costu-

reira, o marceneiro, a bordadeira, o médico, a professora, o gaiteiro, a

hoteleira e o garçom da cidade gaúcha de Nova Prata. Todos esses

profissionais são foco das lentes de Marco Nedeff, que propõe

uma reflexão sobre a plenitude do trabalho ante a realidade de culto

ao efêmero. Segundo Cristiane Loff, curadora da exposição Ainda cabe minha aldeia no mundo?, Marco mostra em suas fotos o ofício de ser cidadão e o cidadão no seu ofício. Até 23 de maio, na Caixa

Cultural. De terça a domingo, das 9 às 21h. Entrada franca.

afrolatinidades O nome do projeto já diz tudo. Quatro shows inéditos, ao longo do mês de maio, vão mergulhar na riquíssima mistura musical produzida pela influência africana nos ritmos latinos. O palco do CCBB será um laboratório de pesquisa da diversidade musical nascida dessa união. Quem vai fazer a liga dos quatro encontros é a banda Songoro Cosongo (foto), que compõe bem essa mistura de ritmos e estilos. Formada por instrumen-tistas do Brasil, Colômbia, Argentina, Venezuela e Chile, ela encarna o mais legítimo representante dessa integração. Participam ainda do projeto o cubano Francisco Pancho Amat e o também cubano, porém radicado no Brasil, René Ferrer, que mostrarão a

riqueza cultural e musical da salsa e do bolero. Nas outras semanas virão grupos da Colômbia, dos Andes, do Uruguai e da Argentina. Ingressos: R$ 15 e R$ 7,50. Veja a programação completa em www.bb.com.br/cultura.

expostasOs rostos retorcidos que habitam as telas em formato pequeno de CamilaSoato lembram personagens de filmes de terror. Mulheres solitáriascom semblantes pensativos são uma constante no trabalho de Clarice Gonçalves (foto). Nus, salto alto, meias finas e vestidos aparecem nas telas de Vânia Romão. O trabalho das três artistas plásticas está na mostra Expostas, em cartaz na Casa de Cultura da América Latina (CAL) até 16 de maio. Tem curadoria de Wagner Barja e pode ser vista de segunda a sexta, das 10 às 20h, e sábados, domingos e feriados, das 12 às 18h. Entrada franca.

aaventuralangsdorffUm ano antes de o Brasil declarar sua independência

de Portugal, o naturalista alemão Georg Langsdorff

iniciou uma viagem que duraria oito anos pelo

interior do país e traria importantes registros sobre a

natureza e os costumes do Século XIX. Reconhecida

como um dos mais ousados estudos realizados na

época, a aventura de Langsdorff teve por objetivo

revelar para o restante do mundo informações de nosso país a partir de observações

ligadas a diversas áreas da ciência. De 11 de maio a 18 de julho, os brasilienses terão

a chance de conhecer detalhes dessa viagem histórica indo à exposição em cartaz no

CCBB. De terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca.

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mulheresdechicoDesde 2006 o grupo de batuqueiras, quase todas vindas de

blocos carnavalescos e oficinas de percussão, faz uma releitura original do universo musical criado por Chico Buarque, inter-pretando suas canções dentro de uma estética inusitada, com

destaque para a formação instrumental tradicional das escolas de samba. Neste 8 de maio, a partir das 21h, as Mulheres de

Chico se apresentam pela primeira vez em Brasília, na AABB (Setor de Clubes Sul). Primeiro lote de mil ingressos a R$ 50 e

R$ 25,00. Depois, R$60 e R$ 30. Meia entrada liberada para estudantes e quem mais fizer uma doação a partir de R$ 5. O dinheiro arrecadado será repassado a três instituições do DF

que expandem, gratuitamente, cidadania e cultura por meio da musicalização. Informações: www.cidadaniacultural.com.br.

entrepartidasUma proposta inovadora de teatro. É o que o diretor Francis Wilker acaba de inaugurar na cidade. A bordo de um ônibus, a plateia é levada a conhecer sete histórias de amor e de abandono que se cruzam. A rodoviária, um bar, uma faixa de pedestre e até o próprio ônibus são

os cenários de Entrepartidas, montado pelo Teatro do Concreto. Quem quiser conhecer essa nova forma de representar deve buscar seu ingresso na sede do teatro (Edifício Venâncio V, Bloco R, Loja 20), às quartas e quintas-feiras, das 14 às 18h, até 16 de maio. Cada pessoa pode retirar duas entradas gratuitamente. Já para as apresentações de 21 a 30 de maio, os ingressos custarão R$ 30 e R$ 15. Depois é só embarcar no ônibus/teatro na rodoviária, numa sexta-feira, às 20h, num sábado ou num domingo, às 19h, e assistir à peça com os demais 25 passageiros/ espectadores. Informações: 3323.4079.

bemcontemporâneoSem personagens e sem uma história pra contar, Tentativas contra a vida dela apresenta diversas possibilidades para desvendar a identidade de uma protagonista ausente. Mas cada nova tentativa de definir essa mulher acaba por comprometer

a definição anterior. Do escritor inglês Martin Crimp, o espetáculo traz 17 situações para o teatro e tem direção de Felipe Vidal. A montagem se deu a partir do encontro das pesquisas do diretor e da tradutora da peça, Daniele Ávila. De 13 de maio a 6 de junho, no CCBB. De quinta a domingo, às 19h30. Ingressos a R$ 15 e R$ 7,50. Informações: 3310.7087.

terrorDesta vez, a Cia. de Comédia

Setebelos resolveu fazer o brasi-liense rir com personagens de

peso: Conde Drácula, Frankens-tein, Esqueleto e Fantasma. Tudo

começa no laboratório de um cien-tista maluco que consegue dar vida

ao horrível Frankenstein e ainda promete aos demais personagens

encontrar soluções para alguns contratempos que eles enfrentam.

Todos estarão juntos numa velha mansão onde vai começar uma inusitada caçada pontuada por inexplicáveis acontecimentos.

Terror está em cartaz no Teatro dos Bancários (314/315 Sul) até 16 de

maio. Ingressos a R$ 40 e R$ 20. Informações: 3262.9090.

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verso&prosa

Poetas

Por lúCiA leão

Uma semana depois do aniversá-rio, Brasília continuava a ganhar presentes. Quinta-feira, 29 de

abril, no Açougue Cultural T-Bone, o po-eta e compositor Climério Ferreira ofere-ceu o seu mimo: Da poética candanga – Poe sia sobre poesia. Nas 110 páginas do li-vro, 50 poemas em homenagem a 50 poe-tas da cidade. Eles foram selecionados por “caráter subjetivo” do autor, que conside-rou “a admiração, a amizade e a inveja, no bom sentido”, para escolher quem iria participar do exercício-brincadeira de “es-crever à moda de”.

“Tudo começou de brincadeira com Eu quero ser Chico Alvim. Veio então a ideia de trabalhar com os versos de alguns poetas brasilienses, tendo como método a produção de poemas sobre a poesia de ca-da um deles, aproveitando os versos, com-pondo versos de ligação, invertendo-lhes de vez em quando o sentido original”, ex-plica didaticamente Climério, professor que é, na apresentação do livro.

De A a X – a lista começa com Aglaia Souza e termina com Xênia Antunes – Climério persegue a alma dos homenagea-dos em seus versos que, um daqui, outro dali, ganham costuras em fios de seda, pa-ra se transformarem em obras únicas pela caneta do homenageante. Só lendo!

Tudo isso foi embalado com criativi-dade e esmero numa edição artesanal, que leva o selo da editora Casa das Musas, mas que, na verdade, é fruto de um feliz encontro do autor com o poeta e editor Luiz Martins (também, é claro, homena-geado) e o “fazedor” de cultura Luiz Amo-rim. O primeiro Luiz concebeu e realizou

Ninguém me amaNinguém me querNinguém me chamaNicolas Behr

São sem razão Meus versos gastosNão sou Tetê CatalãoNunca fui Cristina Bastos

Pra completarPobre escribaEu não sou Vicente SáNunca fui Luís Turiba

Como sou irredutívelEu nunca perdi a crençaNão fui Ivan, o terrívelNem sou Ivan da Presença

Um dia serei um príncipeTalvez até um poetaOu, quem sabe, um marginalOu, enfim: um príncipe da poesia marginalPois, afinal, eu quero é ser Chico Alvim

da poética candanga Poesia sobre poesiaClimério Ferreiraeditora Casa das musas, 110 páginas, r$ 15 À venda no Açougue Cultural t-Bone (312 Norte) ou [email protected].

o projeto gráfico artesanalmente, montan-do um a um os 200 exemplares da primei-ra edição – o livro já nasce raro! – na mesa da sala de casa. O segundo bancou a aven-tura, com seu Açougue Cultural T-Bone.

O resultado é uma joia que envolve muita gente e muita amizade, como expli-cou o próprio Climério num bate-papo com leitores e parceiros durante o lança-mento da obra: “Este é o primeiro signifi-cado e o primeiro objetivo do livro: conso-lidar a amizade e o companheirismo entre esse bando de gente boa, superar os egos e os grupismos e reconhecer as qualidades uns dos outros. É assim que se fortalecem as culturas regionais”.

brasiliensesEu quero ser Chico Alvim

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galeriadearte

Oito exposiçõesretratam Brasília

Uma pintura a óleo inédita de Os-car Niemeyer é uma das atrações da exposição Brasília síntese das

artes, que fica até 27 de junho no Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra, que usa a arte para recontar a história dessa ci-dade concebida para ser um museu a céu aberto, é uma das oito atualmente em car-taz que homenageiam e documentam, de diversas formas, os 50 anos de existência de Brasília. Todas com entrada franca.

A obra inédita de Niemeyer exibe uma visão antagônica ao clima de celebração que tomou a cidade em abril: nela, Brasí-lia está retratada em ruínas. A ima-gem, inspirada na afirmação do escritor francês André Malraux sobre a beleza de imaginárias ruínas de Brasília, é uma críti-ca sutil ao caos político. A pintura faz um contraponto às obras do artista Bené Fon-teles, que retratam o céu e os bancos que-brados nas superquadras.

“Nascida sob o signo das artes, Brasí-lia, ao longo dos seus 50 anos, teve muitas exposições, filmes e livros contando a saga de sua mítica construção. Entretanto, rara-mente se fala sobre a presença da arte no projeto da cidade, sobre os desdobramen-tos que ocorreram depois da inauguração, e dos artistas que se projetaram no cená-rio artístico nacional, frutos da peculiar condição de Brasília”, afirma a curadora Denise Mattar.

A mostra se divide em três núcleos: Arte e utopia, que traz preciosidades en-contradas nos acervos palacianos; Uma central de sonhos, que conta a história da idealista experiência do Instituto Central das Artes da UnB (ICA); e O sonho aca-bou?, com obras de artistas contemporâ-neos criadas especialmente para a exposi-ção. Um corredor escuro, montado na sala multiuso, revela detalhes dos monu-mentos da cidade, fotografados por Gui-

lherme Isnard, ao lado de fotos de época e poemas de Nicolas Behr.

Arte e utopia apresenta trabalhos pou-co conhecidos de Di Cavalcanti, Alfredo Ceschiatti, Volpi, Portinari e Burle Marx, concentrando num só lugar obras espalha-das pela cidade – no Congresso Nacional, na Catedral, no Teatro Nacional e nos pa-lácios do Itamaraty, da Alvorada, da Justi-ça, do Jaburu e do Planalto. Foco do se-gundo núcleo, o ICA acolheu diferentes formas de expressão e teve entre seus pro-fessores nomes como Ceschiatti, Amélia Toledo, Athos Bulcão e Glênio Bianchet-ti. Fechado durante a ditadura militar, foi reativado nos anos 1980 com o nome de IdA (Instituto de Artes). E é de onde vêm muitos dos nomes cujas obras estão no terceiro núcleo. Treze artistas foram con-vidados a apresentar sua reflexão sobre a cidade, criando obras inéditas que ocu-pam o vão central e os jardins do CCBB.

Tradicional e inovador. Sushis e sashimis ganham toques inusitados. Exemplo disso é o sushi de atum picado, temperado com gengibre e cebolinha envolto em fina camada de salmão. As novidades são fruto de muita pesquisa do proprietário Jun Ito.

403 Sul (3224.0430 / 3323.5213) CC: Todos

NipponMitzuO maior restaurante japonês de Brasília tem capacidade para atender até 240 pessoas em seus cinco salões e dez tatames. Serve bufê de 2ª a domingo, almoço e jantar; aos domingos, só abre para o almoço até as 17h. São mais de 50 deliciosas sugestões, entre sushis, sashimis e pratos quentes, além do cardápio à la carte. Às sextas-feiras, música ao vivo, com o melhor da MPB.116 Sul (3245.1780) / CC: Todos

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mídia que permitem ao visitante ver e ouvir comentários do próprio homena-geado sobre o acervo ali exposto. De 3ª a domingo, das 9 às 18h30.

Gênio reconhecidoSegue até 20 de junho no Instituto Cer-vantes (707/907 Sul) a mostra De Brasília a Avilés, 50 anos da obra de um gênio, ho-menagem a Oscar Niemeyer. O visitante se depara primeiro com imagens de Brasí-lia e depois com um resumo da vida e obra do arquiteto, inclusive do cotidiano em seu estúdio do Rio de Janeiro, até che-gar ao projeto do Centro Cultural Inter-nacional Oscar Niemeyer, que será inau-gurado este ano em Avilés, na Espanha. De 2ª a 6ª, das 8 às 21h.

O passageiro da esperança

Mário Fontenelle foi o fotógrafo que re-gistrou as primeiras imagens da Brasília em construção. É dele, por exemplo, a foto histórica dos dois eixos se cruzando no cerrado ainda inabitado, feita em ju-lho de 1957. É dele também a foto de Lucio Costa e JK encostados numa pla-ca da Avenida Monumental, em abril da-quele ano. Na mostra O passageiro da es-perança estão registros do fotógrafo pio-neiro que tão bem captou a monumenta-lidade das obras de Oscar Niemeyer, o co-tidiano dos candangos, os canteiros de obras, os rostos anônimos de esperança, suor, labuta e euforia. Até 23 de maio, na Caixa Cultural. De 3ª a domingo, das 9 às 21h.

Traços do arquitetoQuem ainda não viu tem bastante tempo – até 3 de agosto – para fazer uma viagem pela vida e obra de Lucio Costa, no Mu-seu da República. A exposição não se li-mita ao brilhante traço de Lúcio Costa que deu origem a Brasília, abrangendo toda a trajetória profissional do arquite-to, que o credenciou a “inventar” a nova capital brasileira. Além de exibir várias fo-tos e maquetes, Lucio Costa – arquiteto utiliza recursos audiovisuais e de multi-

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O cardápio é bastante variado, com tortas doces e salgadas, bolos, geleias, quiches, tarteletes, chás, cafés e sucos naturais. Promoção: café da manhã, de segunda a sexta por R$ 14, sábado, domingo e feriados R$ 22,50 e chá da tarde todos os dias por R$ 23 (bufê por pessoa).205 Sul Bl. A lj. 3 (3443.7490) / CC: V

PralinéRestaurante BadejoA tradicional moqueca capixaba leva o tempero mineiro no Restaurante Badejo, com 19 anos de história em Belo Horizonte e 15 em São Paulo. Agora é a vez de Brasília conhecer o autêntico sabor da cozinha capixaba. SCES - Trecho 4 - Lote 1BAcademia de Tênis -Setor de Clubes Sul(3316.6866) CC: V e M

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Brasília 50 anosTelas de José Zaragoza, Luiz Áquila, Luiz Baravelli, Gregório Gruber (foto à esquer-da), Tomoshige Kusuno e Zelio Alves Pinto estão na mostra After School – Brasília 50 anos, em cartaz no Salão Branco do Con-gresso Nacional até 19 de maio. Com cura-doria de Ivald Granato e Jacob Klintowitz, a mostra reúne trabalhos de artistas plásticos de todas as escolas que, reunidos como jo-vens iniciantes, apresentam sua versão da Brasília agora cinquentenária. De 2ª a 6ª, das 10 às 18h.

Arquivo BrasíliaO olhar bem-humorado do jornalista Luís Turiba captou, em 1979, o “surfista” e poe-ta Nicolas Behr com sua prancha atravessando o Eixão a caminho da “saudosa” piscina de ondas do Parque da Cidade. O flagrante fotográfico está em Arquivo Brasília, que pode ser visitada até 3 de julho no Espaço Cultural Marcantonio Vilaça. Com curadoria de Re-nata Azambuja, a exposição tem como foco mostrar ao brasiliense o potencial crítico do artista em relação à sua cidade. Além das instalações, gravuras, cartazes e registros de per-formances e intervenções, também poderão ser assistidas 11 entrevistas com artistas da cidade. De 2ª a 6ª, das 10 às 19h, e sábados, das 14 às 18h.

Joaquim PaivaA arquitetura da cidade e seu povo que transita pela Rodoviária e pela Torre de TV. O Vale do Amanhecer, a Água Mine-ral, as superquadras, a terra vermelha, os ipês floridos e o horizonte que domina to-da a paisagem. Nada escapa às lentes de Joaquim Paiva, o diplomata capixaba que realizou, nos anos 70, a maior documen-tação conhecida da Cidade Livre, hoje chamada de Núcleo Bandeirante. A expo- sição Foto na hora pode ser vista até 23 de maio na Caixa Cultural. Diariamente, das 9 às 21h.

Brasília em cenaO brasiliense Dalton Camargos co-meçou a trabalhar em teatro como contrarregra, em 1991, mas foi na iluminação e na fotografia que en-controu seu lugar nas artes cênicas, tornando-se um dos mais solicita-dos profissionais dessas áreas. Da intimidade com o teatro ele regis-trou imagens de espetáculos que agora podem ser vistas na mostra Brasília em cena. Até 27 de maio suas fotos estarão no corredor da Presi-dência da Câmara dos Deputados. De 2ª a domingo, das 9h30 às 17h.

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A casa premiada é um misto de padaria, delikatessen, confeitaria e restaurante. O restaurante serve risotos, massas e carnes. Destaque para o café gourmet, único torrado na própria loja, para as pizzas especiais e os bufês servidos na varanda.

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Considerando que maio é o mês das mães... Hein? Das noivas também? Ok. Do ponto de vista

masculino, humildemente, a proposta é a seguinte: neste mês de maio, levar a mãe e a noiva (pode ser a ex, a atual ou até a fu-tura), juntas ou separadas, ou nenhuma, se for o caso, e não deixar de comparecer a pelo menos um dos bons shows musi-cais que passam pela cidade.

Sem mais delongas, todas as atrações aqui listadas prezam pela boa música. Nesse quesito, é satisfação garantida. Po-rém, dependendo do perfil da acompa-nhante, a oferta é variada, e pode render frutos além da felicidade de uma noite boa. No final das contas, o objetivo é ser feliz. Vejamos:

Para gregas e troianasDo romantismo de Fábio Jr. ao reggae de Julian Marley, do perfeccionismo de Ney Matogrosso aos hits do ABBA, são muitas as opções de shows neste mês de maio

Fábio Jr. (dia 7, 6ª feira, Ascade Náutica, Setor de Clubes Sul)

Naquele clima de Dia das Mães, o ca-valheiro que levar a mãezona, a dona en-crenca, o que for, ao show do Fábio Jr., ga-ranto que vai levar à estratosfera o “progra-ma de milhagem do bom rapaz”. E é bom usar a milhagem o quanto antes, pois tem muita propaganda enganosa por aí.

Antes de reduzir Fábio Jr. ao simplório “ame-o ou odeie-o”, vale considerar que o artista já gozou (foi mal!) de amplo reco-nhecimento de público e crítica. Os dinos-sauros ainda lembram do Fábio Jr. meio hippie no caso especial Ciranda Cirandinha, da Globo. Foi nesse teledrama que surgiu a lacrimogênea canção que depois acabou virando tema da mesozóica novela Pai herói, até hoje lembrada – e chorada.

Vamos lá com a injustiça. Por algum motivo (talvez as tentações tenham sido muitas), Fábio Jr. preferiu o comodismo

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do estrelato e a conveniência do romantis-mo, ao invés de apostar na inovação e tal. Se fosse bonito, Tim Maia talvez tivesse feito o mesmo. Fato é que Fábio Jr. logo se rendeu ao star system da Globo, empilhan-do novelas, mulheres, fofocas, idas ao Chacrinha, discos de ouro, filhos, mais mulheres e um monte de álbuns intitula-dos Fábio Jr., não necessariamente na or-dem aqui descrita.

Atendo-se ao lado musical, no gênero popular, é digno de nota FJ ter gravado canções do injustamente esquecido Gui-lherme Lamounier (Enrosca e Seu melhor amigo) e até uma versão de Esses moços (Lupicínio Rodrigues). Igualmente abs-traindo a canastrice romântica, não se po-de deixar de elogiar o compositor de can-ções que estão impregnadas no imaginá-rio, como Vinte e poucos anos (um sucesso inesperado com os Raimundos), O que é que há e Eu me rendo.

ABBA – The show (dia 20, 5ª feira, Centro de Convenções Ulysses Guimarães)

O ABBA, aquele grupo sueco que – todo mundo sabe – é mesmo um fenô-meno e tem uma história que só o mun-do pop poderia conceber, cessou suas ati-vidades em 1982, embora os membros originais Benny Anderson, Bjorn Ul-vaeus, Agnetha Faltskog (a loura) e Anni-Frid Lyngstad (a morena) ainda estejam por aí administrando o espólio milioná-rio da banda.

O ABBA continua vendendo muito disco, é constantemente lembrado e home-nageado e, por conta do envolvimento emocional de seus principais integrantes, atualmente cada um está no seu quadrado. Enfim, o ABBA original só em gravações, mas tem o super-ultra-mega ABBA cover, digo, ABBA – The show, rodando o pla-neta com um espetáculo à altura do origi-nal, posto que se orgulha de ter o DNA do verdadeiro ABBA na empreitada.

Confiram em www.abba-the-show.com. Esse ABBA (na verdade, uma banda cover de responsa da Suécia, chamada Water-loo) que chega aí vem arrebentando a bo-ca do balão mundo afora, deixando em-basbacados fãs da música do grupo, tal a fidedignidade com que executa o reper-tório “abbaesco”.

Pudera. A produção conta, entre ou-

tros, com Ulf Andersson (saxofone) e Jan-ne Schaffer (guitarra), músicos que estive-ram presentes em dezenas das gravações originais. Músicos da National Sym-phony Orchestra of London, conduzidos por Matthew Freeman, conferem veraci-dade musical ao espetáculo.

Um adendo: a coisa não pode ser vista e ouvida apenas do ponto de vista “vou ver o original ou ver uma réplica?”. Sem dramas. Lembrando o mandamento lá no início da matéria, o lance é seguir a carti-lha do bom rapaz e respeitosamente con-vidar (com ingresso na mão, lógico) a mãe, a noiva, aquele papo, e ir conferir o ABBA – The show. Olha a milhagem.

Julian Marley – Reggae in Concert (dia 21, 6ª feira, Centro Comunitário da UnB)

Taí, para levar a mãe/noiva a um show do Julian Marley o cabra tem que ter muita coragem e com certeza vai precisar dos santos ao redor para se proteger. Ris-co ninguém vai correr, ao contrário. Tu-do é uma questão de veja bem.

Pois veja bem, Julian Marley não só é filho do homem, Bob Marley, como já provou que por causa, e tal, o reggae é um gênero que só espalha alegria e felicidade para seus ouvintes. Tem o lance de Jah, a espiritualidade, a confraternização univer-sal, a batida tchaca-tchaca, a dança, o bem estar, o paz e amor. Vejam, estamos falan-do de iguarias finas, predicados do bom viver.

A noite também conta com outras atrações. Bandas Jah Live, Manjahro e o cantor Dudu Aire completam o line-up.

E se rolar um jererê, tá tudo bem. Cada um na sua. Viva o amor.

Ney Matogrosso (dia 22, sábado, Centro de Convenções Ulysses Guimarães)

Ney Matogrosso é o fino. E conduzir a mãe/noiva a uma apresentação do cantor é sinônimo de gratidão eterna. Um dos intérpretes de maior personalidade que esta MPB já conheceu, Ney retorna a Bra-sília para apresentar o mais recente traba-lho, o CD Beijo bandido, lançado em 2009. Desta vez, o cantor volta a privile-giar a voz em meio a arranjos despidos ao mínimo.

Em Beijo bandido, Ney agrega ao vasto repertório, entre outras, versões persona-líssimas de Tango pra Teresa (Jair Amorim e Evaldo Gouveia), Segredo (Herivelto Martins), Nada por mim (Herbert Vianna e Marino Pinto), De cigarro em cigarro (Luiz Bonfá), Fascinação (Marchetti/Fe-raudy) e A distância (Roberto e Erasmo Carlos).

A calma e a precisão dos arranjos le-vam a assinatura do pianista Leandro Bra-ga. Os músicos Lui Coimbra (violoncelo e violão), Ricardo Amaral (violino e bando-lim) e Felipe Roseno (percussão) acompa-nham e fornecem o tal mínimo necessário para que a voz de Ney, seu carisma e po-der de sedução façam o resto, que é literal-mente hipnotizar a plateia amante da bela música.

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Por SérGio moriCoNi

É ver para crer! Muitas vezes invisí-veis aos comuns mortais por abso-luto descaso dos distribuidores, pe-

la impossibilidade de acesso às cinemate-cas ou por terem misteriosamente caído no mais profundo esquecimento, os fil-

RaridadesNo CCBB, a partir do dia 11, pérolas do cinema nacional de todas as épocas e estilos, desde chanchadas, marginais e independentes até obras clássicas e premiadas

mes programados em Clássicos & raros de nosso cinema II ganham a oportunidade de chegar outra vez ao público. Parceria do CCBB com a Cinemateca Brasileira, a mostra mescla tesouros escondidos com obras de referência consagradas da cine-matografia brasileira, casos dos premiadís-simos O Pagador de promessas, de Ansel-

mo Duarte, Palma de Ouro em Cannes em 1962, e o tropicalista Terra em transe (1967), de Glauber Rocha.

Há, de fato, um pouco de tudo na mostra. Desde a primeira animação brasi-leira – Macaco feio... macaco bonito, de Luiz Seel, realizado num longínquo 1926 – até espécimes outrora desprezados pela crítica e pela academia, como o curiosíssi-mo western Gregório 38 (1969), de Ru-bens Prado, e a impensável sensualidade esotérica de Ninfas diabólicas (1978), de John Doo, ambos produzidos na Boca do Lixo, em São Paulo. Ninfas diabólicas tem ainda a peculiaridade de contar com a fotografia de Ozualdo Candeias e música de Rogério Duprat.

Enclave estratégico da capital paulista, a Boca está bem representada em Clássi-cos & raros. Além das obras de sabor po-pularesco mencionadas acima, a mostra apresenta representantes do chamado ci-nema marginal, como o excelente A mu-lher de todos (1969), de Rogério Sganzerla, um dos mestres fundadores do movimen-to, e do cinema “erótico metafísico”, se é que se pode chamar assim, de Carlos Rei-chenbach, presente com o seu Lílian M – Relatório confidencial (1975) .

Muito mais eróticos que metafísicos,

do fundo do baú

A dama do Cine Shangai, de 1987

GordeixoAmbiente agradável, comida boa e área de lazer para as crianças fazem o sucesso da casa desde 1987. No almoço, além das pizzas, o buffet de massas preparadas na hora, onde o cliente escolhe os molhos e ingredientes para compor seu prato.

306 Norte (3273.8525) CC: V, M e D

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Clássicos & raros do nosso cinema iide 11/5 a 6/6 no CCBB (Setor de Clubes esportivos Sul). ingressos: r$ 4 e r$ 2. mais informações: 3310-7087 ou www.bb.com.br/cultura.

Os desclassificados (1972), de Clery Cunha, e As damas do prazer (1979), dirigido pelo fotógrafo Antonio Meliande, são outras duas produções da Boca, antes que a região se voltasse para o pornô explícito, devido ao agravamento da crise do cine-ma brasileiro nos anos 80. Localizada en-tre as ruas do Triunfo, dos Gusmões e Vitória, nas proximidades da rodoviária velha e da Estação da Luz (de trens), a Boca criou condições para que as distri-buidoras e produtoras ali localizadas pu-dessem enviar latas de filmes em folclóri-cas carroças de rodinhas, puxadas por ho- mens, para os cinemas do centro da capi-tal e do interior do Estado. Foi isso que fez com que se transformasse num centro de produção de filmes baratos e populares, o que acabou atraindo alguns dos jovens realizadores do cinema marginal.

Mas a Boca atraiu também o idealis-mo de profissionais que se viam órfãos da Vera Cruz. Oswaldo Massaini e sua Cine-distri, produtores de O pagador de promes-sas, estavam instalados lá. A Boca, que ha-via começado apenas como um território de distribuição, aos poucos foi mudando. Foram alguns dos alunos saídos da recém-criada escola de cinema do Colégio São Luiz, entre eles Carlos Reichenbach e Rogério Sganzerla, que fizeram pressão para que os empresários de cinema da Boca, aproveitando-se da nova reserva de mercado, passassem a produzir filmes B, mas de qualidade – leia-se, filmes de arte, não-comerciais, os ditos marginais. Muito longe dali, a estética “udigrudi” fez escola. Clássicos & raros traz da Bahia Caveira my friend, longa muito pouco visto de Álvaro Guimarães e que tem os Novos Baianos na trilha sonora.

Outras obras dignas do epíteto raro, mais do que raras até, são Uma aventura aos 40 (1947), de Silveira Sampaio, comé-dia futurista que tem a peculiaridade de ser ambientada no longínquo ano de 1975, E a paz volta a reinar (1955), de

Yoshisuke Sato, este imperdível, sobre imigrantes japoneses no Brasil que se re-cusam a aceitar que a guerra (a segunda) já havia acabado, e a primeira versão de Bo-nitinha mas ordinária (1963), de J. P. Car-valho, com Jece Valadão no elenco. Exem-plos do cinema industrial brasileiro que deu certo, ausente das telas de cinema há décadas, também estão muito bem repre-sentados na mostra. Duas chanchadas clássicas da Atlântida campeãs de audiên- cia em seu tempo – Matar ou correr (1954) e Nem Sansão, nem Dalila (1954), ambas de Carlos Manga – e Na senda do crime (1954), de Flaminio Bollini Cerri, poli-cial produzido pela Vera Cruz, devem fa-zer a delícia dos nostálgicos.

Que tipo de expectativa provocarão en-tão obras independentes, absolutamente obscuras, como Juventude sem amanhã (1959), de Elzevir Pereira da Silva e João Cézar Galvão; comentadas mas pouquíssi-mo vistas, como Viagem ao fim do mundo (1968), do grande diretor baiano Fernando Cony Campos, autor de Ladrões de cinema; importantes mas ausentes das telas, como O saci (1953), de Rodolfo Nanni, adapta-ção bem sucedida de Monteiro Lobato?

Estas são algumas surpresas que a Cine-mateca nos oferece, muitas delas em cópias restauradas novinhas em folha. Um outro exemplo significativo é A filha do advogado (1926), de Jota Soares, o mais representati-vo filme do Ciclo de Recife, uma obra céle-bre pelo seu esmero, numa época em que o cinema brasileiro ainda engatinhava. Sua trama, envolvendo uma moça que é levada a julgamento por ter matado um rapaz que a atacara, serve de pretexto para uma fina observação da vida pernambucana das ruas e de ambientes burgueses. Um indício tam-bém das possibilidades de um cinema brasi-leiro virtualmente diverso e original.

As damas do prazer, de 1970

Bonitinha mas ordinária, de 1963

O saci, de 1953

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Feitiço MineiroA culinária de raiz das Minas Gerais e uma programação cultural que inclui músicos de renome nacional e eventos literários. Diariamente, buffet com oito a nove tipos de carnes. Destaque para a leitoa e o pernil à pururuca, servidos às sestas e domingos.306 Norte (3272.3032) CC: Todos

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Por reYNAldo domiNGoS FerreirA

A transgressora protagonista de Ali-ce no País das Maravilhas, de Tim Burton, já crescida, aos 19 anos,

antes de aceitar um repentino pedido de casamento faz novo mergulho na Toca do Coelho, onde estivera 13 antes. Desta vez, ela vai extrair das profundezas do mundo subterrâneo a certeza de que o caminho que pretende seguir na vida não é aquele que seus pais lhe traçaram.

Com base no clássico da literatura in-glesa Alice in Wonderland, de Lewis Car-rol, Linda Woolverton, também coprodu-tora do filme, criou um roteiro de concep-ção teatral. Nele, o diálogo, embora sumá-rio, para evitar a verbosidade cênica, ga-nha realce para facilitar não só a compre-ensão da história – que, originalmente, não tem essa característica – como tam-bém a psicologia das personagens, algu-mas de traços demasiadamente caricatos. Além disso, a expressão visual concebida por Burton, talvez até por pressão dos produtores, remete o espectador inevita-velmente a algumas obras famosas de Walt Disney, como Branca de Neve e os se-te anões, o que lhe dá um tom de déjà-vu.

Mas esses elementos contribuem, de qualquer forma, para que o argumento, amenizado também nas referências aos te-mas propriamente literários, como metá-foras, flua de maneira centrada e objetiva na busca de Alice Kingsleigh (Mia Wasi-kowska) por sua identidade. Ela é filha de

um nobre, Charles Kingsleigh (Marton Csokas), que desde criança se entregava ao mundo da fantasia. Quando, na cena introdutória, ela narra ao pai suas mirabo-lantes aventuras em Underland (onde esti-vera em sonho), ele a chama de maluqui-nha, observando, porém, que muita gente boa lhe fazia companhia.

Ao se iniciar a ação, Alice se encontra numa festa durante a qual, para sua sur-presa, será pedida em casamento por Ha-mish (Leo Bill), filho de um dos sócios de seu pai. Ocorre que, enquanto o pedi-do é formalizado, Alice se distrai ante a presença de um enfarpelado coelhinho e decide acompanhá-lo, deixando toda a gente à sua volta estupefata por não dar ao pretendente a resposta aguardada. Ela em-barafusta por uma abertura existente no

tronco de uma velha e poderosa árvore e cai num buraco de grande profundidade.

O buraco vai dar num amplo e estra-nho salão, onde Alice encontra uma cha-ve, uma bebida para encolhê-la e um bolo para fazê-la crescer novamente. Depois de ingerir a bebida, ela diminui de tamanho e, usando a chave, consegue abrir e trans-por uma diminuta porta, dando logo nu-ma enorme área ajardinada. Come o bolo e volta a crescer mais do que o necessário. E assim ela cruza com antigos conhecidos: Coelho Branco (Michael Sheen), Do-mouse (Barbara Windsor), pássaro Dor-do (Michael Gough) e Tweedles, Tweed-ledee e Tweedledum (Matt Lucas). Mas a confusão entre eles se estabelece, pois muitos creem não ser ela a “Alice” verda-deira: “Sou eu mesma!... O meu nome é

Alice noPaís das Maravilhas

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Alice no País das maravilhas (Alice in Wonderland) eUA/ 2010, 108 min. direção: tim Burton. roteiro: linda Woolverton com base no livro Alice in Wonderland, de lewis Carrol. Com mia Wasikowska, Johnny depp, helena Bonham Carter, Anne hathaway, Crispin Glover, matt lucas, Stephen Fry, michael Sheen e Barbara Windsor.

zona verde (Green zone) eUA/reino Unido/França/espanha/2010, 118min. direção: Paul Greengrass. roteiro: Brian helgeland, com base no livro imperial life in the esmerald City, de rajiv Chandrasenkaran. Com matt damon, Brendan Gleeson, Greg Kennear, Yigal Naor, Khalid Abdalla e Amy ryan.

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Alice e este sonho é meu” – ela afirma.Após muitas tentativas de esclarecer a

dúvida para provar sua identidade, Alice vai parar na corte da tirana Rainha Ver-melha (Helena Bonham Carter), e lá ela conhece outras figuras, como o Chapelei-ro Louco (Johnny Depp), afastado de suas funções e relegado ao ostracismo. Logo Alice irá dar também no castelo em que se encontra a meiga Rainha Branca (Anne Hathaway) – alusão a Mary Stuart –, que ali está presa por determinação da irmã, a Rainha Vermelha – representação da Rai-nha Elisabeth –, temerosa de que ela lhe arrebate o trono.

Como aconteceu no surgimento do Cinemascope, o espaço dramático em 3D, de profundidade no campo visual, precisa ser ainda delimitado. Em filmes de narrativa mais dinâmica, como esse de Burton, os espaços vazios são dissimula-dos pela sucessão de planos panorâmicos e pela intensa movimentação das persona-gens. Em narração, porém, de ordem inti-mista, mais lenta, de planos fechados, a profundidade do campo visual poderá le-var vários realizadores ao malogro total, como aconteceu na década de 50, quando o 3D não prosperou.

Burton parece consciente disso. Tanto que já lançou advertência, pelos meios de comunicação, de que nem todo filme em 3D pode ter qualidade. Nesse seu tra-balho, convertido, contra sua vontade, para 3D, problemas que, em consequên-cia, surgiram em algumas cenas se tornam visíveis. E afetam principalmente a movi-mentação dos atores, que já atuam, nesse tipo de película de animação, como auto-matos. Mas alguns deles, mesmo assim, se destacam como Johnny Depp, Mia Wasikowska e Anne Hathaway. Além disso, é excelente a trilha sonora conce-bida por Danny Elfman, responsável também pela música original. E a foto-grafia de Dariusz Wolski ajuda, sem dú-vida, a concretizar, apesar das restrições apontadas, a beleza do espetáculo.

Enquanto ocorre, em 2003, a inva-são do Iraque, elementos da CIA e do Pentágono, aturdidos por falsas

informações que lhes são fornecidas de Washington, empreendem, cada qual à sua maneira, a fracassada operação de bus-ca de armas de destruição em massa, repro-duzida em Zona verde, vigoroso thriller reali-zado em linguagem pseudo-documen- tal pelo cineasta britânico Paul Greengrass.

Com base no livro Imperial life in the Esmerald City, de Rajiv Chandrasekaran, jornalista do Washington Post, e em pesqui-sas feitas por Kate Solomon e Michael Bronner, colaboradores de Greengrass em Vôo 93, Brian Helgeland elaborou roteiro de muitas insinuações – tantas que acaba-ram por suscitar críticas, ao filme, de ser antimericano – em que fatos reais se ajus-tam à ficção para desenvolver uma trama de cunho político e rica em lances de ação.

A película, rodada na Espanha e no Marrocos, reconstitui com bastante vera-cidade a situação de pânico que tomou conta de Bagdá nos momentos que ante-cederam a ocupação da cidade pelos ame-ricanos. Em tempo contínuo, o oficial do Exército dos EUA Roy Miller (Matt Da-mon), comissionado para integrar a força-tarefa da CIA incumbida de localizar as armas de destruição em massa que deram motivação à guerra, causa irritação a seus superiores – que o repreendem e o obri-gam a se calar – ao afirmar que se revela-ram infundadas todas as informações vindas de Washington.

À saída, Miller é abordado por Martin Brown (Brendan Gleeson), agente da CIA baseado no Oriente Médio, que lhe

Zonadá respaldo e o adverte de que o próximo local em que deverá fazer inspeção tam-bém está vazio, pois nada fora encontrado por uma equipe de agentes que lá estivera meses atrás.

Em outro ponto da cidade, o general iraquiano Mohammed Al-Rawi (Yigal Naor) chega a uma residência para se reunir clandestinamente com seus su-bordinados, aos quais sugere que fiquem de alerta à espera da possibilidade de os americanos os convidarem a se integrar às suas forças. Ao descer do carro, contu-do, é identificado por um iraquiano, Freddie (Khalid Abdalla), que o denun-cia a Miller. Este parte, com os seus ho-mens, em perseguição a Al-Rawi, que, entretanto, consegue escapar.

São essas as figuras principais da tra-ma, narrada em ritmo tenso a todo o tempo por Greengrass, que faz com que o espectador não só veja, mas participe da ação. Para conseguir isso, ele repete, em termos de linguagem, a estratégia de O ultimato Bourne, usando câmara portá-til pela qual escolhe ângulos para captar, com precisão, a evolução dos aconteci-mentos. E tem novamente Matt Damon na impecável interpretação do protago-nista Roy Miller, personagem inspirado no oficial do Exército Richard “Monty” Gonzalez. (R.D.F.)

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Por reYNAldo domiNGoS FerreirA

A angústia de se ter que conduzir a família num mundo em desin- tegração é o tema de A estrada,

de John Hillcoat, que narra a luta pela sobrevivência de um homem e de seu filho enquanto vagam em direção ao oceano pelo território americano total- mente destruído por um cataclisma, possivelmente de potencialidade nu-clear. O roteiro do britânico Joe Pe-nhall, é baseado no best-seller The road, do escritor americano Cormac Mc-Carthy, Prêmio Pulitzer de Literatura em 2007, que, na essência, faz a trans-posição para um tempo indefinido do episódio bíblico da fuga de Lote, com sua família, da cidade de Sodoma, des-truída pela punição divina.

A desesperadora batalha pela sobre-vivência une então pai (Viggo Morten-sen) e filho (Kodi Smit-McPhee) cada vez mais, no mundo pós-apocalíptico em que a civilização foi dizimada, assim como as plantas e os animais. E houve até mesmo o obscurecimento da luz do sol. Ao longo dos caminhos nevados que percorrem, eles procuram abrigos, agasalhos e suprimentos, tendo ainda que se defender, constantemente, da horda do que restou da espécie huma-na, entregue ao canibalismo. O pai, de acentuada diferença de idade em rela-ção ao filho, carrega um revólver que tem apenas duas balas para serem usa-das, eventualmente, numa situação extrema de necessitarem ambos come-ter o suicídio.

A estrada

O roteirista Penhall sintetizou bem os reveses por que passam, em suas andanças, pai e filho, que se dizem, a certa altura, dois mortos-vivos num filme de terror. Depois de enfrentar um canibal, o pai se vê forçado a atirar nele, ficando com apenas uma bala no revólver. Mas os dois seguem avante. Encontram então uma grande casa onde os canibais escondem suas presas para o sacrifício. Por pouco eles não são também ali aprisionados.

De todos esses episódios o pai ex-trai lições para explicar ao filho como deveria ele proceder na eventualidade de sua ausência, pois tem consciência de que não chegará vivo ao final: “Por todos esses caminhos não há homens inspirados por Deus. Eles levaram o mundo consigo” – afirma. Ou, então, o adverte: “Se você descumprir promessas pequenas, vai descumprir as gran-des”. Há, por assim dizer, a clarividên-cia, também nos diálogos, da superpro-teção dada, no pós-guerra, pelos pais aos filhos, que com isso se tornaram despreparados para enfrentar o mun-do, de natureza sempre dura e hostil.

Se o trabalho de Penhal na adapta-ção da novela – cuja narrativa é dotada

de verdadeiros cortes cinematográficos – tem muita qualidade, o mesmo não se pode dizer em relação ao de Hillcoat, que só faz ilustrar o roteiro, sem conse-guir criar dinâmica própria para o argu-mento. Em decorrência disso, a expres-sividade de sua direção se deve a dois elementos: as excepcionais interpreta-ções de Mortensen, de Smith-McPhee e de Robert Duvall, este no papel de um velho moribundo a quem o pai não quer ajudar, apesar dos insistentes pe-didos do filho para que o faça, e a foto-grafia de Javier Aguirresarobe, que dá à película a tonalidade exata de tragédia. Mortensen, principalmente, numa composição brilhante, sustenta de pon-ta a ponta a narrativa, trazendo a com-preensão ao espectador, pelo caráter da personagem que interpreta, de que a história é feita, na realidade, seja em que condições for, pela têmpera de grandes indivíduos.

A estrada (the road)eUA/2009, 112min. direção: John hillcoat. roteiro: Joe Penhall, com base no livro the road, de Cormac mcCarthy. Com Viggo mortensen, Kodi Smith-mcPhee, Charlize theron, robert duvall, Guy Pearce, molly Parker e michael K. Williams.

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Alta gastronomia em ambiente surpreendente. Restaurante exclusivo, integrado ao Espaço Maria Tereza. O menu, desenvolvido pelo chef Felipe Bronze, é uma leitura contemporânea da culinária franco-italiana. São carnes, massas, peixes, risotos, além do almoço executivo. Carta com mais de 340 rótulos. Almoço: 2ª a 6ª ,12h às 15h; sáb. e dom. 12h30 às 16h / Jantar: 3ª a sáb. das 19h30 à 0h.SHIS QI 5 Cj. 9 Bl. D - Espaço Maria Tereza (3248.0124) CC: V e M

Bottarga RistoranteVerdadeiro fast food de comida mexicana! Tacos por R$ 5,90, os tradicionais burritos, quesadillas e delícias como a Chimichanga e os Muchos Nachos - cobertos de chili, cheddar, guacamole, sour cream, fatias de jalapeño e tomate em cubos. Novidades: churros e as mini quesadillas doces - nutella com morango / banana; ou queijo, banana, açúcar e canela. Dom. a 4ª 12h à 0h. 5ª a sáb. 12h às 5h. 405 Sul CC: V, R, VR, Sodexho

Tacolino Mexican Fast Food

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