ano iv | nº 12 | marÇo/abril/maio de 2012 | cress-prsistente social dos cras, creas, caps e,...

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Datas nos meses de maio, junho e julho marcam lutas im- portantes na área da infância: Combate à Violência Sexual, Enfrentamento ao Trabalho Infantil e Estatuto da Criança e do Adolescente. Acompanhe uma reflexão sobre o papel do/a Assistente Social na atuação em defesa dos direitos infanto-juvenis. Páginas 8 e 9 A Função da Supervisão de Estágio Entrevista com Dra. Yolanda Guerra es- clarece a visão e o contexto que se deve levar em conta na importante função de supervisionar estagiários/as. Página 6 Preparativos para o V CPAS Já estão abertas as inscrições de trabalhos acadêmicos e relatos de práticas profissio- nais no V Congresso Paranaense de Assis- tentes Sociais, que acontece em outubro. Página 12 Confira também: ANO IV | Nº 12 | MARÇO/ABRIL/MAIO DE 2012 | CRESS-PR

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Page 1: ANO IV | Nº 12 | MARÇO/ABRIL/MAIO DE 2012 | CRESS-PRsistente Social dos CRAS, CREAS, CAPS e, outros órgãos ou instituições, orientar e encaminhar o usuário às agências do

Datas nos meses de maio, junho e julho marcam lutas im-portantes na área da infância: Combate à Violência Sexual, Enfrentamento ao Trabalho Infantil e Estatuto da Criança e do Adolescente. Acompanhe uma reflexão sobre o papel do/a Assistente Social na atuação em defesa dos direitos infanto-juvenis.

Páginas 8 e 9

A Função da Supervisão de EstágioEntrevista com Dra. Yolanda Guerra es-clarece a visão e o contexto que se deve

levar em conta na importante função de supervisionar estagiários/as.

Página 6

Preparativos para o V CPASJá estão abertas as inscrições de trabalhos acadêmicos e relatos de práticas profissio-nais no V Congresso Paranaense de Assis-tentes Sociais, que acontece em outubro.

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Confira também:

ANO IV | Nº 12 | MARÇO/ABRIL/MAIO DE 2012 | CRESS-PR

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É permitida a cobrança de honorários para a emissão de Parecer Social no intuito de subsidiar processo administrativo e ou judicial para requerimento do BPC - Benefício de Prestação Continuada junto ao INSS ou Justiça Federal?

Na metodologia de ação do Serviço So-cial o Estudo Social emerge como ins-trumento ético, político e operativo que compõe as competências técnicas e te-óricas do/a Assistente Social. O/a profi s-sional se utiliza deste instrumental para a elaboração de parecer social sobre ma-téria específi ca do Serviço Social, sendo o sigilo uma das normativas para manter-mos o compromisso assumido com os/as usuários/as e a profi ssão, na perspectiva de assegurar direitos. Assim, o Estudo Social é um instrumento utilizado para conhecer, analisar e interpretar a reali-dade social de determinados sujeitos ou grupos sociais.

Dessa forma, o Parecer Social é um instrumento de viabilização de direitos, tendo em vista a equidade, a igualdade, a justiça social e a cidadania. É elabo-rado com base na observação e estudo de uma determinada situação para sub-sidiar a concessão de benefícios sociais, decisões periciais e judiciais ou para atender outros interesses dos/as usu-ários/as e/ou famílias. Conforme cons-ta na Lei nº 8662/93, artigo 5º, inciso IV – Realizar vistorias, perícias técnicas,

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EDITORIAL

laudos pericias, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social, consti-tuem atribuições privativas do Assisten-te Social.

O acesso ao BPC envolve serviço pú-blico, direito garantido na Constituição Federal às pessoas com defi ciência e aos idosos com 65 anos ou mais, sem condições fi nanceiras de prover a pró-pria subsistência, não havendo, portan-to, necessidade alguma de intermediá-rios, em qualquer fase do processo. Em consonância com o Código de Ética do Assistente Social – Capítulo II, Artigo 8º: É dever do Assistente Social empenhar-se na viabilização dos direitos sociais dos usuários, através dos programas e políti-cas sociais.

Neste caso específi co, compete ao/à As-sistente Social dos CRAS, CREAS, CAPS e, outros órgãos ou instituições, orientar e encaminhar o usuário às agências do INSS, pois desde o mês de junho de 2009, foi reestruturado o Serviço Social no INSS, sendo uma das atribuições do Assistente Social do INSS, a avaliação social para as pessoas com defi ciência.

No que se refere ao Benefício Assisten-cial para Pessoa Idosa, considera-se a lei nº 10.741/03, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e da outras providên-cias: Capítulo VIII, Artigo 33 – A assis-tência Social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes.

A cobrança de honorários para emis-são de Parecer Social para subsidiar requerimento do Benefício de Presta-ção Continuada – BPC, seja no âmbito administrativo ou no judiciário, poderá incorrer em infração ética no que se refere ao compromisso ético político da categoria profi ssional na concretização de estratégias para o fortalecimento do projeto ético político profi ssional e da organização política da categoria em defesa dos direitos, das políticas públi-cas e da democracia.

Comissão de Orientação e Fiscalização / CRESS/PR

FALA, ASSISTENTE SOCIAL

Onde houver demandas sociais deve estar e atuar o/a As-sistente Social. Mas como agir? Atuar de qual maneira? O/a próprio/a profi ssional é impactado/a pelas situações que ele/a atende, pois também é inserido/a e faz parte do contexto.

O capitalismo tenta cooptar saberes e usá-los como melhor apetecer. Então o/a assistente social, além de dominar con-teúdos técnico-metodológicos, deve ter clareza de como está se comunicando, para quem e com quem. Seu discurso tem que ser crítico e coerente, para alcançar e ter legitimidade ao público que se propõe, de forma a fazer-se entender e também interpretar as devolutivas que recebe, inclusive dando eco às contradições que ele/a mesmo participa e/ou vivencia.

Queremos que você - profi ssional em Serviço Social - ao re-ceber nosso informativo Fortalecer ou quando acessar nosso site sinta-se e faça parte de cada artigo. Partimos do pressu-posto que por lutarmos e acreditarmos em ideais comuns, hegemonicamente construídos, estamos dando visibilidade à luta de todos/as. Para tanto compomos e buscamos com esmero fazer chegar até suas mãos com temas pertinentes

ao seu cotidiano e cremos que quanto mais informados/as e orientados/as, possam vir contribuir para sua prática e exercí-cio profi ssional.

Nesta edição do Informativo Fortalecer você pode acompa-nhar alguns debates que servem como formação continuada aos/às profi ssionais. É o caso das entrevistas sobre a Supervi-são de Estágio, o debate sobre o Serviço Social na Educação e a matéria sobre a questão da infância. Também, como de costume, você pode acompanhar as ações realizadas nos úl-timos meses pelo CRESS/PR e a agenda dos meses que virão, destacando que em outubro haverá o V Congresso Paranaense de Assistentes Sociais.

Boa leituraComissão de Comunicação do CRESS/PR - 11ª RegiãoComissão de Comunicação do CRESS/PR - 11ª Região

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Atuação junto ao Movimento da População em Situação de Rua

Em abril (13) o CRESS/PR esteve presente na Plenária Nacional dos/as Trabalha-dores/as do SUAS que aconteceu no Rio de Janeiro. Representando o Conselho esteve a conselheira Neiva luz dos Santos Silva e pelo Paraná estiveram pre-sentes ainda as assistentes sociais Rosângela Aldrean de Londrina, Marilena Silva e Vera Armstrong de Curitiba. Na Plenária foi eleita a nova coordenação nacional do FNTSUAS que terá mandato de 01 ano. A conselheira Neiva desta-cou a capacidade de organização dos/as trabalhadores/as. “O momento é de unir esforços para garantir direitos de trabalhadores/as do Sistema Único da Assistência Social” afi rmou Neiva. Por isso chama a atenção para a necessidade urgente dos municípios começarem a constituir os seus fóruns.

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CRESS EM MOVIMENTO

O CRESS/PR tem atuado juntamente com o Movimento Nacio-nal de População de Rua (MNPR), na luta e na defesa dos direi-tos destes/as cidadãos/ãs, que sofrem com a falta de políticas públicas apropriadas. A conselheira Renária Moura esteve pre-sente no 1º Congresso Nacional do Movimento da População de Rua entre os dias 19,20 e 21 em Salvador. Para o Congresso

Nacional o CRESS/PR publicou um manifesto, destacando a ne-cessidade urgente de dar visibilidade às graves violações sofri-da pela população em situação de rua. Em 8 de maio o CRESS/PR participou também de Audiência Pública na Assembleia Le-gislativa do Paraná em que foi anunciada a criação do Centro Estadual de Defesa da População de Rua e Catadores/as.

Plenária Nacional do Fórum de Trabalhadores/as do SUAS

Durante os sábados do mês de maio o CRESS/PR, junto com o NUCRESS de Foz do Iguaçu e Região, realizou neste mu-nicípio o curso Ética em Movimento. O curso faz parte das atividades propos-tas pelo conjunto CFESS-CRESS, com o objetivo de proporcionar atualização profi ssional e refl exão ética, numa conjuntura marcada pelo acirramen-to dos problemas sociais. Contou com participação efetiva de 45 profi ssionais

da região, oriundos/as das diferentes cidades da região.

Para a coordenadora do NUCRESS de Foz do Iguaçu e Região, Roseane Clei-de de Souza, entre os principais pontos debatidos durante os encontros esteve a refl exão sobre as relações sociais no modo de produção capitalista. O pro-cesso de instrumentalidade do Servi-ço Social, a defesa intransigente dos

Ética em Movimento em Foz do Iguaçudireitos humanos, o reconhecimento da liberdade como valor ético central e a qualidade dos serviços prestados no cotidiano profi ssional são outros pontos destacados pela coordenadora do NUCRESS de Foz do Iguaçu e Região. No mês de junho acontece o curso Éti-ca em Movimento em Ivaiporã e em agosto em Campo Mourão. Acompa-nhe a agenda de eventos no site do CRESS/PR.

Na dia 12 de março foi aprovado na Câmara dos Ve-readores de Campo Mourão o projeto de lei das 30hrs semanais para assistentes sociais do município. A luta para esta aprovação vinha sendo travada desde setembro de 2010. Durante a sessão, a câmara fi cou lotada com a presença professores/as, alunos/as, ser-vidores/as municipais que pressionavam a aprovação do projeto. A assistente social Tania Mara, integrante do NUCRESS de Campo Mourão, comentou: “Consegui-mos mostrar que estamos organizados, articulados, o que ajudou a dar mais visibilidade para a categoria”.

A Comissão de Orientação e Fiscalização do exercício profi ssional (COFI) do CRESS/PR tem acompanhado e lutado junto com a categoria pela efetivação da Lei n° 12.317/2010 – que fi xou a jornada de trabalho de 30 horas semanais, sem redução salarial para os/as Assistentes Sociais. O site do CRESS/PR mantém um observatório com os locais no Paraná que efetivam as 30 horas. Caso elas já tenham sido implementadas no seu trabalho, escreva um e-mail para [email protected] e conte sua experiência. Caso isso ainda não tenha ocorrido, procure o CRESS/PR para auxiliá-lo/a.

Observatório das 30hrs: Campo Mourão teve conquista

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15 de maio é o Dia do/a Assistente Social e em todo o país o conjunto CFESS-CRESS realizou atividades de comemorações e mobilizações. O tema trabalhado em 2012 pelo conjunto foi: “Serviço Social de olhos abertos para a Educação: ensino público e de qualidade é direito de todos/as”. Confi ra como foram as atividades alusivas ao Dia do/a Assistente Social pelo Paraná.

Comemorações do Dia do/a Assistente Social no Paraná

Curitiba: Foram três dias de atividades, iniciando por uma estratégia de abordagem direta com a popu-lação para esclarecer as atribuições do/a Assistente Social. No dia 13 de maio foi realizada uma panfl e-tagem na feirinha do Largo da Ordem, buscando levar à população a importância do/a profi ssional de

Serviço Social e quebrar alguns mitos a respeito da profi ssão. No dia 14 aconteceu evento com palestra da ex-ministra do Ministério de Desenvolvimento Social, Márcia Lopes e participação da representante

do CFESS Esther Luiza Lemos, além de autoridades. Com cerca de 120 participantes, o evento contou também com falas que ressaltaram a importância da luta pela Educação em articulação com movimen-tos sociais. No dia 15 foram realizadas três ofi cinas temáticas, sobre os Megaeventos, Gestão e Trabalho do SUAS e sobre o Campo de Atuação Sociojurídico. Cada ofi cina cumpriu seu papel de levantar o debate

junto à categoria, para articular e coletivizar ações e propostas de atuação em cada eixo debatido.

Londrina: Foram realizadas atividades formativas na Universidade Esta-dual de Londrina. No dia 15 aconteceu a conferência “Formação Profi s-sional frente às refrações contemporâneas da questão social”. No dia 16 aconteceram ofi cinas temáticas sobre Assistência Social, Saúde, Criança e Adolescente, Idoso, Habitação, Educação, Gênero e Sociojurídico. No dia 17 foi realizada a conferência “A importância da Supervisão de Estágio para a Formação do Assistente Social” e a conferência “Formação Profi s-sional do Assistente Social frente às perspectivas contemporâneas do en-sino superior no Brasil”. No dia 18 foi realizada a conferência “Aspectos do Cotidiano Profi ssional do Assistente Social e a Precarização do Trabalho”.

Campo Mourão: O NUCRESS da região organizou atividades durante o dia 11, com o apoio da UTFPR. Foram realizadas apresentações culturais e uma palestra a respeito do Serviço Social e Educação. A

coordenadora do NUCRESS da região, Edilene Alves da Costa avaliou positivamente o encontro. “Tive-mos uma palestra muito boa respeito do papel do/a assistente social na educação. Além de refl etir-

mos sobre nossa atuação no cotidiano” afi rmou Edilene.

Ponta Grossa: O NUCRESS juntamente com o depar-tamento de Serviço Social da UEPG, organizou as ati-vidades durante o dia 15 de maio. O encontro contou com a presença de acadêmicos/as de Serviço Social e profi ssionais da região, tendo uma média de 250 participantes. “Foi um momento de refl exão, no senti-do de marcar e reforçar o compromisso ético-político e retomando o poder de mobilização e organização política da categoria profi ssional.” comentou Maysa Nuermberg, responsável pelo NUCRESS da região.

Pato Branco: O NUCRESS reali-zou atividade na região em par-ceria com a prefeitura de Man-gueirinha. O evento aconteceu no dia 14, na cidade de Honório Serpa, onde houve uma refl exão a respeito da profi ssão e sobre a conjuntura nacional.

Umuarama: No dia 18, cer-ca de 23 municípios da região participaram das atividades em Umuarama. “Com este encontro conseguimos fortalecer nosso

núcleo, através das contribuições técnicas e da aproximação das discussões com a cate-goria” comentou Gislaine Ramires, coorde-nadora do NUCRESS da região.

Maringá: Durante os dias 19, 21 e 22 ocorreram di-ferentes palestras na cidade. Foram debatidos temas a respeito do Serviço Social na Educação, as relações entre a universidade e a sociedade num contexto da mercantilização da educação, a luta em defesa de uma educação a serviço da classe trabalhadora. “Para a região foi um momento importante para pensarmos a educação junto com a sociedade” ava-liou Cilena Dias Silveira, representante do NUCRESS.

Ivaiporã: O NUCRESS promoveu palestra no dia 19 de maio, contando com a participação de Assistentes Social de toda a região, além de acadêmicos/as. O debate girou em torno da educação e escola enquanto elementos de reprodução da sociedade capitalista e das atribuições do/a Assistente Social neste âmbito. O evento encerrou-se com um almoço come-morativo.

Cascavel: No dia 15 foi realizada uma confraternização por adesão, fortalecen-do os vínculos com os/as profi ssionais. Houve também uma atividade de debate a respeito do piso salarial no dia 8 e par-ticipação do NUCRESS na Semana Acadê-mica da Unioeste – Toledo, com o tema Direitos Humanos e a comemoração dos 25 anos do curso de Serviço Social.

União da Vitória: No dia 22 de maio acon-teceu o evento com uma palestra a respei-to das lutas contemporâneas do exercício profi ssional na garantia de direitos.

Guarapuava: Com o tema Fundamentos e Perspectivas do Serviço Social no Mundo do Trabalho e Formação Profi ssional, o NUCRESS promoveu palestra no dia 16 de maio, tendo como

palestrante a representante do CFESS Esther Luíza Lemos.

Cornélio Procópio: A atividade aconteceu em 23 de maio, sendo realizado o I Seminário de Vivencia do Serviço Social na região do Núcleo de Cornélio Procópio em comemoração ao dia

do/a Assistente Social. Onze municípios estiveram representados no evento.

Parabéns aos/às assistentes sociais, profi ssionais que atuam na defesa da justiça, dos direitos humanos e sociais e na construção da sociedade que queremos para todos/as!

tamento de Serviço Social da UEPG, organizou as ati-vidades durante o dia 15 de maio. O encontro contou

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ARTIGO

Propostas para melhorias da Saúde da Mulher no Paraná

Apontamos aqui algumas questões que os movimentos de mu-lheres vêm discutindo. Representam um convite ao debate e, quem sabe, um estímulo à maior participação das mulheres na luta por políticas públicas efetivas e efi cazes.

A área técnica voltada à saúde da mulher tem tido historica-mente poucos recursos humanos e fi nanceiros. Seria importante diagnóstico completo e aprofundado sobre a saúde e a doen-ça das mulheres paranaenses. Alerto que o método de registrar deve levar em conta dois aspectos fundamentais:

• A perspectiva de gênero: devido a diferenças biológicas e desi-gualdades socioculturais as mulheres adoecem e morrem dife-rentemente dos homens e isso precisa ser levado em conta no planejamento de ações e serviços, assim como na avaliação dos serviços.

• A visão da integralidade: não se reduzir a saúde das mulheres às questões reprodutivas, e sim recuperar o princípio da integra-lidade que constava do PAISM – Programa de Atenção Integral à Saúde das Mulheres, formulado na década de 80, e atualiza-do pelo Ministério da Saúde na política intitulada PNAISM de 2007/2008.

Pensando nos desafi os atuais, a Comissão de Saúde da Mulher do Conselho Estadual de Saúde debateu e aprovou em 2010 um plano com três eixos prioritários: Eixo 1 - Problemas relaciona-dos às funções reprodutivas; Eixo 2 - Problemas relacionados à violência de gênero (doméstica e sexual): e Eixo 3 – Outros pro-blemas de saúde das mulheres.

A partir deste plano algumas propostas foram construídas para todo o Estado, destacando-se:

• Constituir Comissão de saúde da Mulher junto a cada conselho municipal de saúde;

• Fortalecer a Rede Interinstitucional de Atenção à Mulher em Situação de Violência denominada RIAMulher e implantar as Re-des Regionais, integrando as áreas da saúde, segurança, educa-

ção, serviço social, justiça e outras, bem como, implantar novos serviços para atendimento aos casos de violência de gênero, em especial os Centros de Referência Hospitalar para a violência Se-xual nas Regiões de Saúde do estado até o fi nal dessa gestão;

• Implantar o sistema de registro de notifi cação obrigatória dos ca-sos de violência de gênero em todos os municípios, acompanhando a regionalização da RIAMulher, independentemente do tamanho populacional;

• Realizar a capacitação das equipes regionais e municipais sobre prevenção e assistência à violência de gênero, e constituição de redes, em todas as regionais de saúde;

• Todos os dados de atendimento, registros de mortes e acidentes e doenças devem ser analisados e divulgados por sexo e faixa etária e sempre que possível adotar também o recorte de cor/etnia.

• As entidades de trabalhadores e movimentos sociais precisam informar e mobilizar seus/suas integrantes no sentido de aumen-tar a participação de mulheres nos espaços de controle social do SUS e na ampla defesa dos direitos das mulheres à saúde integral e de qualidade.

Ligia Cardieri é socióloga, sanitarista, com especialidade em epidemiologia; integra a CSM/CES/PR como representante do SIND-

SAÚDE/PR, e o CEPMM/PR- comitê estadual de prevenção à morte materna, represen-tado a RFS/PR- Rede Feminista de Saúde,

Direitos Sexuais e Reprodutivos.

Quem desejar conhecer a íntegra do Plano e dos 3 eixos pode mandar um e-mail à

autora [email protected].

O conjunto CFESS/CRESS, em seu eixo de orientações - deliberadas nacionalmente - que trata da Seguridade Social, assume o compro-misso quanto à garantia da vida, evitando que a mesma seja destruída ou danifi cada em qualquer sentido que seja. O Eixo defende a preservação da vida em toda a sua plenitude, a qual, em princípio, de acordo com a Constituição Federal de 1988, deve ser garantida pelas políticas de Assistência Social, Previdência Social e Saúde. Em consonância com estas orientações o CRESS/PR apresenta, pela Dra. Ligia Cardieri, as questões que tratam da Saúde da Mulher, tendo em vista que o dia 28 de Maio marca nacionalmente a data de combate à mortalidade materna, cujos índices ainda são alarmantes no país (60 mulheres para cada 1000 bebês). A partir desta refl exão o CRESS/PR propõe a discussão e ampliação da concepção e das ações nos espaços de defesa de direitos e de execução e de políticas públicas para as mulheres, com vistas à construção da igualdade e da equidade de gênero, em consonância com as lutas dos movimentos sociais e feministas, mantendo-se fi rmes na efetivação do projeto ético-político da categoria. Este debate é uma deman-da muito presente no cotidiano profi ssional do/a Assistente Social, principalmente na área de saúde, devido a diversas razões, como a própria violência, inclusive do Estado por ausência, omissão ou insufi ciência de políticas públicas. Alertamos, portanto, para que os/as profi ssionais ao atuarem, levem em consideração as deliberações e encaminhamentos das conferências, movimentos sociais e dos órgãos de saúde para que, ao materializar direitos para as mulheres, o façam de acordo com os interesses gerais e com as diretrizes nacionais de nossa categoria.

Acompanhe artigo sobre propostas de melhorias na Saúde da Mulher no Paraná, de autoria da Dra. Ligia Cardieri:

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A crise do capital e suas mais recentes estratégias de reprodução em escala ampliada vêm alterando substancialmente as condições e relações de trabalho profi ssional, o cotidiano profi ssional, o padrão e a condição das políticas sociais, o processo de formação profi ssional, os estágios supervisionados e os processos de supervisão. A isso se soma a lógica da expansão uni-versitária, a precarização da formação profi ssional estimulada pela proliferação de cursos de pouca qualidade e à distância, as difi culdades enfrentadas pelos cursos presenciais (com suas particularidades nos âmbitos público e privado), a lógica mercadológica, instrumental, gerencial e produtivista que sustenta o atual padrão de acumulação do capital e atravessa as instituições campos de estágio/mercado de trabalho profi ssional, enfraquece a dimensão pedagógica da supervisão e acirra sua dimensão controlista, gerencial, administrativa, burocrática.

O papel da supervisão de estágio

Este trecho da fala da Dra. Yolanda Guerra contextualiza em partes a ne-cessidade de se debater a supervisão do estágio, especialmente nos cursos de Serviço Social. Com este objetivo o CRESS/PR realizou nos dias 12 e 13 de abril o Encontro das Unidades de Formação Acadêmica (UFAS), em Curitiba, tendo como tema a “Ética e o estágio supervisionado no processo de formação profi ssional do/a Assistente Social”. Estiveram presentes profi ssio-nais que atuam na supervisão de está-gio acadêmica e de campo, coordena-dores/as de curso de serviço social e de estágio, docentes da disciplina de ética e estudantes de todo o Paraná.

O Encontro contou com a exposição do tema Ética na formação profi ssional em Serviço Social, apresentado pela Dra. Cristina Maria Brites. Ela esclare-ceu que “não há como desvincular a existência ética do estágio”. A pales-trante explicou que a ética pressupõe uma refl exão crítica, que determina

valores e que ao realizar o estágio o/a estudante busca o entendimento na realidade dos princípios e valores que são a base teórica da categoria dos/as assistentes sociais. “Esta refl exão não se esgota no estágio, pois o exercício profi ssional é continuamente desafi a-do a isso. É uma formação contínua”, afi rma Cristina.

Os/as participantes do Encontro das UFAS tiveram acesso também a um panorama sobre os avanços e desa-fi os da questão do estágio em Servi-ço Social. A palestrante Dra. Yolanda Guerra destacou o reconhecimento a alguns avanços como a Política Na-cional de Estágio, as diretrizes da ca-tegoria, como a resolução 533/08 e o próprio acumulo que o Serviço Social tem sobre o estágio supervisionado. “Temos um grande acumulo de co-nhecimentos, pois consideramos a natureza do estágio vinculada à atu-ação profi ssional, entendendo que é um campo do exercício da categoria e

compreendendo que é sempre super-visionado”, comentou a Dra Yolanda. Lembrou também que o estágio é um espaço para o/a futuro/a profi ssional desenvolver sua visão crítica com re-lação à sociedade e ao seu trabalho.

Mesmo com grandes avanços há ain-da a precarização do estágio, devido a uma série de fatores como a mercan-tilização do ensino, os processos equi-vocados de formação profi ssional, entre outros, como citado na fala que abre esta matéria. Para aprofundar o debate sobre este assunto e comparti-

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lhar com toda a categoria no Paraná, o CRESS/PR disponibiliza a seguir en-trevista com a Dra. Yolanda Guerra:

Quais as difi culdades postas para o estágio pela conjuntura atual?

Eu costumo explicar a realidade do estágio a partir de dois elementos, a base material e as difi culdades históri-cas. Por base material falo do modelo de acumulação hegemônico que é a fi nanceirização, no qual se desenvolve a lógica do curto prazo, do imediatis-mo da descartabilidade, da resolução de problemas, do barateamento, que faz parte da lógica do capitalismo. A lógica do quanto mais rápido e mais barato melhor empobrece a formação profi ssional do/a assistente social e atravessa os campos de estagio. Já na questão das difi culdades históricas temos a ainda não superada concep-ção de estagio supervisionado como o lugar do chamado “ensino da pratica” em detrimento do ensino teórico que, supostamente, se realizaria na sala de aula. Aqui aparece dois níveis de fra-gamentação que são complementa-res: a suposta dicotomia entre teoria e pratica e a fragmentação entre entre ensino e pesquisa. A meu ver ambas podem ser superadas no estágio con-cebido como como o espaço privile-giado de analise concreta de situações concretas, no qual a de pesquisa da realidade tem necessariamente que subsidiar a intervenção na realidade.

Qual a visão mais comum aplica-da ao estágio?

O/a estagiário/a é contratado para atender às demandas institucionais, por um custo muito menor que um/a profi ssional. Acaba sendo utilizado/a como mão de obra barata, sem víncu-los ou direitos trabalhistas, em condi-ções ainda mais precárias que os/as profi ssionais, para, em muitos casos, responderem às mesmas demandas e exigências profi ssionais. A observação da realidade nos permite afi rmar que tem havido uma substituição da con-tratação de profi ssionais por estagiá-

rios/as e a área das ciências humanas e sociais é ainda mais afeita a isso. Tal lógica institucional não incorpo-ra a lógica pedagógica da formação profi ssional. Mais ainda, ela é o seu avesso, pois a instituição não priori-za nem a demanda dos/as usuários/as nem a demanda de aprendizagem do/a estagiário/a. Disso decorre um conjunto de problemas que se colo-ca na contramão do nosso projeto de formação profi ssional.

Quais os avanços que temos neste campo?

Os avanços se dão cotidianamente tendo em vista o reconhecimento por outras áreas de que o Serviço Social tem um acumulo no processo de está-gio que pode oferecer subsídios a estas, bem como que tem feito avançar no que diz respeito a formulação de uma Política Nacional de Estagio, a con-formação de um marco regulatório, composto porregulamentos e norma-tivas, dentre elas a Politica Nacional de Estado da ABEPSS, a Resolução 533 do CFESS que fala das condições éticas e técnicas necessárias, a mudança do papel das Comissões de Fiscalização, assumindo cada vez mais funções educativo-pedagógicas e a constitui-ção de Fóruns de Supervisores/as, den-tre outras iniciativas e políticas volta-das para qualifi car o estágio.

Qual a importância da supervisão de estágio?

Supervisão é tanto uma atribuição profi ssional quanto uma mediação necessária à formação e capacitação de profi ssionais com competência te-órica, técnica e ética-política. Assim, os/as assistentes sociais que assu-mem uma supervisão são responsá-veis pela formação profi ssional, po-rém devem ser preparados para isso.

Como devem se preparar?

Vou citar seis preceitos fundamen-tais na compreensão da supervisão

de estágio. Um é que a supervisão é a expressão da indissociabilidade en-tre trabalho e formação profi ssional. Estas duas dimensões (trabalho e formação) se articulam e realizam a síntese entre as condições objetivas do mercado de trabalho e as condi-ções subjetivas relativas à qualifi ca-ção profi ssional. O segundo preceito é: supervisão deve expressar a uni-dade entre teoria e prática, que pres-supõe a construção de saberes inter-ventivos e do domínio de uma teoria social. A partir do enfrentamento das condições concretas em campo serão construídas alternativas e respostas profi ssionais. O terceiro é que a su-pervisão não pode ser compreendida desvinculada dos seus componentes ético e político e da compreensão do signifi cado social do Serviço Social na sociedade brasileira. Por quarto cito que qualquer modalidade de supervisão não pode ser realizada sem levar em conta as particulari-dades das políticas sociais envolvi-das no âmbito de atuação, seja a de educação superior, sejam as demais políticas sociais setoriais. Em quin-to destaco que a supervisão realiza a unidade entre ensino e pesquisa: os campos de estagio possibilitam a pesquisa concreta de situações con-cretas. E por último digo que é na supervisão que se realiza a unidade entre ensino e aprendizagem a partir da análise e conhecimento do movi-mento da realidade.

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A constituição de 1988 representou uma mudança com relação às políticas de atenção à infância, reconhecendo a criança como cidadã e redefi nindo as funções das instituições de atendimento às crianças. Com isso, a atuação do/a assistente social nesta área também tomou nova proporção, sendo um/a profi ssional fundamental para a propagação dos direitos da criança e do adolescente. Aproveitando que estamos próximos a datas que marcam lutas referentes à questão da infância, o CRESS/PR apresenta o artigo da Dra. Ana Christina Brito Lopes, contextualizando o papel do Serviço Social no campo de proteção integral à infância.

A Questão da Infância

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ESPECIAL

Acompanhe datas que celebram a luta aos direitos da infância e adolescente:(Com informações dos sites: Rede Andi, Prómenino, OIT)

18 de maio: Dia de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infantil

O debate sobre este crime tomou grande proporção na mídia recentemente. Mas alguns esclarecimentos são importantes:

O que são estes crimes? Abuso sexual é submeter criança ou adolescente à lascívia de um adulto, situação em que o contato físico pode estar presente ou não. E Exploração Sexual ocorre quando o agente satisfaz sua lascívia a partir de uma relação de troca de dinheiro ou de favores com a vítima. Este termo, Exploração Sexual, é confundido com Prostituição Infantil – termo equivocado, pois a criança não é psicologicamente habilitada a decidir por se prostituir, embora possa ter seu corpo explorado por terceiros.

Por que 18 de maio? A data refere-se ao caso da menina Araceli Sanches de oito anos de idade, que no dia 18 de maio de 1973 foi sequestrada, drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família de Vitória.

Falta de denúncias: “Muitos ainda não denunciam, principalmente as crianças que são abusadas pois se sentem culpadas. O abusador geralmente é próximo da família e é comum que ameace a mãe e os familiares”, comenta assistente social Graciela Dreschel, que atua no Serviço de Atendimento ao Vitimizado. Com relação à Exploração Sexual, agravando a falta de denúncia ainda há o preconceito – a sociedade costuma culpar a criança ou adolescente, considerando erroneamente que eles entram em situação de exploração por espontânea vontade.

12 de junho: Dia de Combate ao Trabalho Infantil

No Brasil qualquer trabalho exercido por criança e adolescente com menos de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, é proi-bido por lei. Em 2002 a Organização Internacional do Trabalho, decidiu implantar a data 12 de junho como o dia internacional de combate ao trabalho infantil. O objetivo da data é chamar a atenção de sociedades e governos para o grave problema en-frentado, para que haja uma mobilização internacional de enfrentamento ao trabalho infantil.

Problema social: apesar da clareza da legislação, há ainda a cultura de que a criança que trabalha pode ajudar a família a ter condições de garantir seu próprio sustento. Mas se a família não consegue atender às necessidades de suas crianças e adoles-centes, o Estado e até a própria sociedade devem intervir para fazer com que esses direitos sejam garantidos.

13 de Julho: Aniversário do ECA

O Estatuto da Criança e Adolescente foi instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990. É um conjunto de normas jurídicas, regulamentam o preceito de proteção integral da criança e do adolescente. O Estatuto possui 267 artigos sendo uma referência mundial em termos de legislação, destinada à infância e adolescência.

Preconceito: Além da difi culdade de efetivação de todos os direitos das crianças, existe um preconceito que perdura desde a criação do ECA, há 22 anos: o de que não responsabiliza os seres em formação. O ECA apresenta artigos de medidas socioeduca-tivas àqueles que por um motivo ou outro transgridam as leis, prevendo um tratamento diferenciado que considera a peculiar condição de indivíduo em formação.

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Os profissionais do Serviço Social no campo da proteção integral a crianças e adolescentes pós-reforma constitucional de 1988

Por Ana Christina Brito Lopes

Dentre as várias conquistas da redação do texto que consagrou um novo ordena-mento jurídico, a partir da promulgação da Constituição da República em 1988, destaca-se para o tema aqui a ser desen-volvido o artigo 227 da Constituição, onde se tem a semente da Proteção Integral a crianças e adolescentes, regulamentado pela Lei 8.069/1990, quando se inaugurou uma nova forma de proteção e cuidados com o público representado por aqueles que estejam ainda em fase gestacional estendendo-se até os dezoito anos incom-pletos. Trata-se do Estatuto da Criança e do Adolescente, como é conhecido pela sociedade.

A Lei 8.069/90 seguiu o princípio já con-sagrado da “absoluta prioridade” com as ações para esta faixa etária na sociedade, independente da origem socioeconômica em que a criança ou o adolescente esti-vesse inserido, além de reatribuir e confir-mar a responsabilidade jurídica constitu-cional de todos com a proteção integral, configurando o que é possível se entender como uma espécie de “solidariedade ju-rídica”, para além da solidariedade social marcada por um viés moral, mas agora como um dever por força de lei.

A mutação jurídica impôs novas formas de ações que enfrentam os desafios cul-turais com um passado cuja tônica era a “filantropia ou o assistencialismo para menores” (entendidos como aqueles de origem “pobre”). Deveria passar-se à era “da promoção, da afirmação dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes”, que tornaram-se juridicamente titulares de um rol de direitos que não se esgotam somente no Estatuto da Criança e do Ado-lescente.

Dentre os grandes desafios neste campo do Direito está a articulação entre os pro-fissionais e atores do denominado Siste-ma de Garantia de Direitos (SGD) de forma interdisciplinar, aqui com destaque para os do Serviço Social, que após a promulga-

ção da Constituição, viram-se ainda mais implicados (jurídica e politicamente) com a promoção dos direitos para esta parcela da sociedade nos variados espaços inau-gurados para este fim e que vêm compon-do a denominada Rede de Proteção nos diferentes municípios.

Houve um aumento considerável de de-mandas para as ações e intervenções dos Assistentes Sociais, seja nos espaços intimamente ligados às políticas deste segmento, como o CREAS e o CRAS, mas também uma crescente necessidade que se façam presentes nas Escolas (públicas e privadas), nas Delegacias Especializa-das, nos Conselhos Tutelares, nos servi-ços hospitalares (em especial dedicados ao atendimento de crianças vítimas de maus-tratos), nas unidades socioeduca-tivas para adolescentes infratores e, com destaque para os Tribunais de Justiça, atu-ando junto às Varas Especializadas (colo-cação em família substituta, situação de risco, adolescentes infratores e vítimas de crimes), dentre outros espaços para a efe-tivação da Proteção Integral.

Os profissionais de Serviço Social darão grande contribuição, por exemplo, ana-lisando o contexto sociofamiliar onde a criança vitimizada esteja inserida. O mes-mo ocorrendo quando estiverem atuando em Escolas (muito além do mero papel de analisarem pedidos de “bolsa de estudos” em escolas particulares, mas como “ana-listas” do contexto das práticas familiares onde mesmo com alto “poder aquisitivo” a integridade física e psicológica do alu-no esteja sendo violada), nas Delegacias, contribuindo para impedir que questões de conflitos familiares ou de adolescen-tes drogaditos sejam judicializadas, pro-videnciando o encaminhamento para programas específicos e também nas Varas Especializadas, esclarecendo ques-tões acerca dos equívocos de encaminha-mentos sob possíveis “negligências” que venham, inclusive, a desencadear em ins-titucionalizações equivocadas de crianças

por “pobreza”, prática comum à época do Código de Menores, mas proibida no atu-al ordenamento jurídico. A atuação do Assistente Social, através do relatório no Judiciário há de ser levada em conta por Juízes e Promotores de Justiça, por serem fundamentais, tendo em vista que tais operadores do Direito, de sua parte, preci-sam do olhar e formação específicas dos Assistentes Sociais para cumprirem tam-bém seus papéis no SGD.

O que se percebe, no entanto, como um dos entraves, é a dificuldade na compre-ensão do que seja a função e o papel de cada ator dentre os integrantes da Rede de Proteção para cooperar em conjunto e operacionalizar a “solidariedade jurí-dica” para a Proteção Integral, imposta pelo ordenamento jurídico especializa-do em uma atuação interdisciplinar em que cada um dê a sua cota para o resul-tado final.

Uma das estratégias que vem despon-tando como necessária para enfrentar as inúmeras manifestações de violências contra crianças e adolescentes, com pos-sibilidades de aproximar as práticas ins-titucionais da efetivação dos avanços da construção jurídica para que se alcance também um avanço na realidade social de crianças e adolescentes, é justamente investir na compreensão do papel de cada ator do SGD e da importância de uma so-lidariedade, para além da imposta juridi-camente, mas de consciência moral com o princípio da prioridade absoluta. Neste sentido, não resta dúvida da grande im-portância da intervenção dos profissionais do Serviço Social para esta nova mirada, em especial, com as atuações aqui desta-cadas para uma atividade interdisciplinar que afaste interesses diversos e outros vícios do cotidiano cultural e profissional de diferentes formações distantes do ou-tro princípio muitas vezes esquecido: o do melhor interesse de crianças e adolescen-tes, que deve ser priorizado para orientar todas as ações empreendidas.

Ana Christina Brito Lopes é Doutoranda em Sociologia pela UFPR, Professora da PUCPR dos Cursos de Direito e Serviço Social, Coordenado-ra e Professora da Especialização “Panorama Interdisciplinar do Direito da Criança e do Adolescente” vinculado ao Curso de Serviço Social e Coordenadora do Observatório de Violências na Infância do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR.

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EDUCAÇÃO

Neste ano de 2012 a Educação é o tema que permeia refl exões e ações do Conjunto CFESS-CRESS. Durante o primeiro semestre os Conselhos Re-gionais de Serviço Social realizaram encontros com o tema do Serviço So-cial na Educação e no início de junho (dias 4 e 5) é realizado em Maceió-AL o Seminário Nacional de Serviço So-cial na Educação.

Estes encontros signifi cam a oportu-nidade de debater um assunto que ao longo de toda a história do Serviço Social como profi ssão vem se consti-tuindo como uma demanda cada vez maior: a inserção do/a Assistente So-cial na política social de educação e a socialização do debate acumulado entre a categoria.

No Paraná o debate aconteceu no dia 30 de maio, reunindo profi ssio-nais e estudantes de Serviço Social de diversos municípios para o 1º En-contro Estadual de Serviço Social na Educação do Paraná. No Encontro paranaense foram realizadas expo-sições que apontaram a necessidade de maior interlocução entre a cate-goria de Assistentes Sociais com a Educação.

Segundo a Doutora em Serviço Social e Mestre em Educação, Ilda Lopes, apesar de que em 75% dos Estados brasileiros existe a atuação do/a as-sistente social nas escolas, a real função do/a assistente social ainda é muito desconhecida por diferentes profi ssionais que atuam na educa-ção. “Para muitos pedagogos/as, por exemplo, assistente social cuida ape-nas da permanência da criança na escola. Eles/as geralmente vêm a atu-ação deste/a profi ssional como assis-tencialista, quando na verdade tem uma atuação política e social muito maior que isso”.

Entre os principais objetivos destes debates não apenas no Paraná, mas em todo o Brasil, está o de somar es-forços para a aprovação do projeto de Lei que vai regulamentar as atribui-ções de Assistentes Sociais nas Esco-las – PL 060/2007. O conselheiro Kle-ber Rodrigo Durat, que faz parte do Grupo de Trabalho nacional de Servi-ço Social na Educação, comentou que neste sentido o Encontro no Paraná foi muito proveitoso: “a proposta do Encontro era justamente fortalecer a categoria no sentido de apropriação das políticas de educação, e principal-

Há quanto tempo vem sendo dis-cutido o papel do Serviço Social na Educação?

Fiz um resgate histórico em minha tese de doutorado, onde evidenciei que quando o Serviço Social surge no Brasil, na década de 30, ele já tem como área de atuação a educação. Já havia Assistentes Sociais atuando nas escolas fazendo acompanhamento da evasão escolar e o chamado inquérito escolar. Na biblioteca da PUCPR en-

mente levantar experiências do Para-ná que serão utilizadas para embasar a construção de políticas e fortalecer ainda mais a luta pela aprovação do PL 060/2007”.

Para o maior entendimento sobre o que envolve este assunto – “Serviço Social na Educação”, o CRESS/PR en-trevistou a Doutora em Serviço Social e Mestre em Educação Ilda Lopes. Acompanhe:

O Serviço Social na Educação

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contrei um TCC da década de 40, em que é colocado que o Governo do Es-tado requisita o Assistente Social nas escolas. O estudo demonstrou que o assunto foi discutido na década de 50 e 60, havendo uma retração a partir de 1970, advinda da valorização do assistente social na saúde que pro-vocou uma migração para este setor. Neste mesmo período foi implantado o Serviço de Orientação Educacional, que acabou confl itando com o Serviço Social, havendo um espaço de disputa entre estes dois campos.

Por que somente em 2012 estamos vivendo este debate?

A partir do Congresso de 1985 co-meçam a surgir artigos acadêmicos sobre Serviço Social na educação, sendo consideravelmente ampliado a partir de 2001. A partir de estudos que surgiram em meados dos anos 2000 começaram-se a ampliar as dis-cussões sobre o assunto. A partir de encontros realizados os/as Assisten-tes Sociais começaram a se articular, apontando a Educação como espaço possível para a categoria. Também começou a entrar em voga a atuação do Serviço Social nas políticas públi-cas de garantia de direitos universais – como é o caso da Educação. Hou-ve uma percepção de que nós não estávamos inseridos nas políticas de educação. Mas o debate já ocorre há tempos. As ações do conjunto CFESS-CRESS em 2012 são refl exo da profi s-são que tem demandado bastante a cerca do assunto.

De que modo o/a assistente so-cial pode intervir na Educação?

Nós entendemos que a educação é uma política que tem um papel muito importante no processe de formação, para a consciência critica, e para a cidadania. Ideologicamen-te é uma política muita controlada, pois os mecanismos de participação neste setor são bem restritos. Na es-

cola tem o Conselho Escolar e existe também o Conselho Municipal de Educação em alguns municípios. Em Curi-tiba tem há pouco tempo, não é uma política onde a população participa. A pre-ocupação do Serviço Social é fazer com que haja uma discussão desta política pela educação. Por exemplo, quando en-tramos na universidade não partici-pamos da estruturação deste curso, do conteúdo, da discussão. A gente recebe pronto do MEC. É uma polí-tica muito controlada. A perspectiva do Serviço Social é fazer com que esta política seja mais participativa e que haja representação de todos os segmentos interessados. Queremos que esta política promova a cidada-nia que seja aberta para participa-ção, para discussão.

Existe um projeto de lei aprovado no Paraná prevendo a inserção de Assistentes Sociais nas Esco-las. Como os/as governantes do Paraná veem o/a Assistente So-cial na Escola?

O projeto de lei que temos no Paraná a respeito da inserção dos/as assis-tente sociais nas escolas não foi um projeto discutido em todas as instân-cias, foi um decreto do governador, exigido pelo Ministério Público (MP). Isto porque havia uma discussão a respeito da Ficha de Identifi cação da Violência Escolar e o MP tomou providencias, recomendando que montassem uma equipe multiprofi s-sional nas escolas e assim foi feito o decreto. Mas não houve destinação de recursos e previsão orçamentária até hoje. Então não tem de onde tirar este recurso para colocar esta equipe multifuncional, que incluiria os/as Assistentes Sociais. No decreto não está descrita a implantação, apenas há a recomendação. Não acho que haja vontade política de implantar e no Paraná ainda estamos longe de conseguir esta implantação.

Qual a importância da categoria debater este assunto?

A gente está sempre brigando pela política de assistência, do idoso, criança e adolescente, saúde. E nes-ta política (Educação) não? Ideolo-gicamente esta política é muito im-portante e muito signifi cativa. Não podemos fi car ausentes dela. Nossa briga não é pelo espaço ocupacional mas pela discussão dos/as assisten-tes sociais para que se perceba que é uma politica importante. Temos que estar inseridos neste debate. A Esco-la fi ca trabalhando “empreendoris-mo” no sentido capitalista para que a criança aprenda a ser consumidor/a, investidor/a, uma pessoa de negócios, em vez de estar discutindo temas transversais tão importantes, mas que fi cam de lado.

Como está a atuação dos/as As-sistentes Sociais na Educação no Paraná?

No encontro que realizamos aqui no Paraná, percebemos que eles/as estão nas escolas privadas, nos institutos tecnológicos. As escolas técnicas des-de a década de 60 nunca deixaram de ter assistentes sociais. Elas foram criadas e os/as assistentes sociais fo-ram criados/as dentro delas. Os insti-tutos estaduais de educação também foram criados com Assistentes Sociais mas com o tempo eles/as saíram. As universidades públicas e privadas também têm estes profi ssionais. Mas onde não tem é no ensino fundamen-tal, na escola pública. Ou seja, onde é obrigatório a criança estar neste es-paço é que não tem.

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AGENDA DE EVENTOS – CRESS/PR

Com o tema O Trabalho do Assistente Social: Conquistar, Consolidar e Resistir na Luta por Direitos, o CRESS/PR anun-cia para 11 a 14 de outubro de 2012 o V Congresso Paranaense de Assistentes Sociais (V CPAS). O Congresso será rea-lizado na cidade de Foz do Iguaçu e sua programação contará com conferências e mesas de debate, plenárias simultâne-as, sessões de apresentações de traba-lho e ofi cinas de instrumentalização do exercício profi ssional.

Os debates contarão com a presença de nomes de expressão nacional da catego-ria profi ssional e de outras áreas impor-tantes para o subsídio dos debates.

Vem aí: 5º Congresso Paranaense de Assistentes Sociais – de 11 a 14 de outubro

O CPAS é um evento de natureza formati-va e política, realizado a cada três anos e que reúne centenas de profi ssionais e es-tudantes do Serviço Social. A expectativa é que conforme as últimas edições haja uma participação de cerca de 1.000 parti-cipantes, entre profi ssionais e estudantes.

A proposta do V CPAS é promover de-bates com a categoria e oportunizar a construção coletiva de estratégias para o fortalecimento das lutas sociais que compõem a atuação profi ssional. Se-gundo a presidenta do CRESS/PR, Maria Izabel Scheidt Pires, “o congresso para-naense tem a importância de mobili-zar assistentes sociais de todo o estado

e fora dele, muitos já inseridos neste contexto de luta para, a partir das ex-periências destes/as assistentes sociais, debater e reconstruir estratégias para a consolidação de conquistas e colocação de novas pautas a serem trabalhadas”.

Profi ssionais e estudantes podem ins-crever seus trabalhos – Relato de experi-ência profi ssional ou Artigo científi co – na modalidade oral ou pôster. As inscrições deverão ser feitas pelo site do evento até 15 de julho.

Acompanhe novidades sobre o V CPAS no site ofi cial do evento: www.cpas2012.com.br

O site ofi cial do Congresso já está no ar. Assistentes Sociais e estudantes podem inscrever trabalhos até 15 de julho

Junho• III plenária de Seguridade Social.

• Curso de Ética em Movimento Ivaiporã. Dias 02, 16, 23 e 30 de junho. Local: CRAS - ivaiporã.

• Assembleia Geral Ordinária da Categoria. Dia 23 de junho - 9hs.Local: Auditório do CRESS/PR.

Agosto• Curso de capacitação das Comissões de Instrução. Local: CRESS/PR.• Curso de Ética em Movimento Campo Mourão. Dias 04, 11, 18 e 25 de agosto.

OutubroV Congresso Paranaense de Assistentes Sociais. Local: Foz do Iguaçu. Dias 11 a 14 de outubro.

Último trimestreEncontro com representan-tes do CRESS/PR, dos Conse-lhos de Políticas Públicas e de defesa de Direitos.

EXPEDIENTEO informativo Fortalecer é uma publi-cação do Conselho Regional de Serviço Social da 11ª Região (CRESS-PR)

Rua Monsenhor Celso, 154, 13º andarCentro, Curitiba – PR | CEP 80010-913Tel: (41) [email protected]

DiretoriaPresidente: Maria Izabel Scheidt PiresVice-presidente: Elias de Souza Oliveira1ª secretária: Joziane F. de Cirilo2ª secretária: Daraci R. dos Santos1º tesoureiro: Rafael Carmona2ª tesoureira: Wanderli MachadoConselho FiscalJuliana Moraes, Roselene Sonda eUilson Araújo

SuplentesAdriana Maria Matias, Renária Moura Silva, Neiva Luz dos San-tos Silva, Neiva Maria Liesenfeldt, Kleber Rodrigo Durat, Rosenilda Garcia, Vera Armstrong e Elza Maria CamposComissão de comunicaçãoElda Lilian da Cruz Corrêa, Daraci R. dos Santos, Rosenilda Garcia e Vera Armstrong

Projeto gráfi co e diagramação: Sintática ComunicaçãoJornalista responsável: Téo Travagin Mtb 5531Estagiário: Lucas MolinariMarço/Abril/Maio 2012 12º EdiçãoTiragem: 7.000 exemplares

REMETENTE: Conselho Regional de Serviço Social da 11ª Região (CRESS-PR) – Rua Monsenhor Celso, 154, 13º andar. Centro, Curitiba – PR | CEP 80010-913

Acompanhe a atualização da agenda no site

www.cresspr.org.br