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ANO 7 Nº 39 BIMESTRAL |MAIO/JUNHO 2012 1,50 Quando o namoro termina Internet: navegar em segurança Novos começos A teoria funciona? Ana Bernardo, Fátima Oliveira e Ana Ascenção na Guiné-Bissau “Esta viagem mudou a nossa vida para sempre.”

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ANO 7 Nº 39 BIMESTRAL |MAIO/JUNHO 2012€ 1,50

Quando onamoro termina

Internet: navegar em

segurança

Novos começos

A teoria funciona?

Ana Bernardo,Fátima Oliveira e Ana Ascenção na

Guiné-Bissau“Esta viagem mudou

a nossa vida para sempre.”

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Maio / junho 2012ano 7 | nº39Sumário

04 EditorialCabeça ou cauda?

05 Correio

06 ArtigoNovos começos

08 Breves

10 ArtigoDeserto

12 Desenvolvimento PessoalQuando o namoro acaba

14 SaúdePele: efeitos de envelhecimento

16 Vida FamiliarConflitos resolvidos

18 Ver e ReflectirDownton Abbey

20 EntrevistaAna Isabel, Fátima Oliveira Ana Ascenção

24 Coffee-Break

26 Porquê & PortantoO que mantém juntos os casais de hoje.

28 ArtigoA teoria funciona?

32 ArtigoEstratégias para combatero desemprego.

34 Mulheres da Bíblia A princesa que salvou Moisés

36 Tempo de Partilha Ferramente de alcance

38 ArtigoO Internet: navegar em segurança

40 ReflexãoDe regresso aos braços do Pai

42 Os Nossos FilhosQuando a relação com o outro e a comunicação são difíceis...

44 AconteceUma história muito pouco rosa

46 Curso Mulher CriativaCasais da Bília, 9ª lição

48 AlimentosSementes de Chia

50 A fecharNum tempo de crise

NA CAPA

Ana BernardoFátima Oliveira

Ana Ascenção

MAIO/JUNHO 2012 | ANO 7 | Nº 39

É uma revista de inspiração cristã que visa promover a formação, a edificação e o encorajamento de mulheres.Prop. e Editor: Abel ToméDirectora: Bertina ToméConselho Editorial: Bertina Tomé, Psicóloga; Helena Martins, Médica; Gary Rubin, Médico; Shawn Ellis, Empresário; Miguel Coias, Pastor; Abel Tomé, Pastor.

Design Gráfico: Andreia Tomé; Sílvia F. SilvaFotografia Capa/Entrevista: António CamiloImagens: Istockphoto, SXC

Redacção, Pub. e Administração: Av. Carlos Pinhão, 51-2ºEsq., Morgado, 2625-254 VialongaTel.: 21 974 95 31 Tlm.: 91 733 96 10E-mail: [email protected] Anual:Portugal Continental e Ilhas: € 9,00Europa: € 18,54 e Resto do mundo € 24,18Impressão e Acabamento:SIG - Soc. Ind. Gráfica Lda

Depósito Legal Nº: 230628/05Contribuinte Nº: 129858811Registo no ICS Nº 124845Tiragem: 4500 exemplaresPeriodicidade: Bimestral

Permissão de Reprodução:Os artigos são da responsabilidade dos autores, não reflectindo necessariamente a opinião do conselho editorial desta revista. É permitida a reprodução de qualquer artigo para utilização restrita sem fins comerciais desde que indicada a fonte e informada a revista. Para qualquer outra utilização deverá ser obtida permissão prévia junto do autor.

ficha

técn

ica

12 Desenvolvimento p.Quando o namoro acaba

16 Vida FamiliarConflitos resolvidos

40 ReflexãoDe regresso aos braços do pai

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Correio mulher criativa

entre nós

editorial

Q ual é a minha posição na vida? Pergunta comum, presente naquele diálogo interno que se constrói constantemente em cada um(a) de nós.

A este propósito, achei curioso um provérbio que conheci em Macau: “Mais vale ser cabeça de galinha do que rabo de boi.” Significa, segundo a explicação dos meus amigos chineses, que é melhor ser director de uma pequena empresa do que desempenhar uma função menor num empreendimento enorme, por exemplo. Fico a pensar se na cultura ocidental será esta a ideia predominante… Basta lembrar a satisfação com que alguém refere que trabalha numa multinacional, independentemente do lugar que aí ocupe, por comparação com o cargo de chefia de uma firma cujo nome ninguém pareça conhecer.

No desfilar dos nossos dias, e independentemente da condição profissional ou do contexto cultural, como é que nos temos sentido: cabeça ou cauda? É frequente falar com pessoas que se sentem arrastar na vida, e sempre no “pelotão de trás”. Um toxicodependente é exemplo disso. Acorda mal-disposto, numa ânsia a resolver rapidamente. E é essa necessidade que irá fazer deslizar-lhe os passos, com umas moedas que guardou do dia anterior e que se dissiparão em minutos. E o resto do dia é movido a “arrumar” carros, a mendigar, a mentir ou a utilizar outras “estratégias” para adquirir a dose seguinte. Os hábitos alimentares ou de higiene desceram vertiginosamente na sua escala de prioridades. As práticas desportivas e as trocas de puro

afecto ficaram distantes. Alguns já foram “arrastados” para o hospital ou para a prisão. É ser cauda. Na verdade, sentirmo-nos “cauda” é perceber que nos deixamos arrastar ao sabor de movimentos e intenções que não somos nós a reflectir nem a controlar, como se tivéssemos perdido o leme da nossa própria vida, ficando para trás. Dependendo da iniciativa de outrem, não nos mexemos se não recebermos ordem de marcha. É o temor e a solidão.

Na Bíblia, Deus assegurou ao seu povo, naquele tempo, que quando “obedecerdes aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje de ordeno, para os guardar e fazer” iria ocorrer uma mudança extraordinária: “O Senhor te porá por cabeça e não por cauda.” (Deut. 28: 13).A obediência a Deus altera tudo. Transporta-nos a um patamar diferente, rasga uma visão alargada, promove um dinamismo próprio. Dá-nos carta branca para andarmos para a frente.

E a pergunta seguinte é: como é que se obedece? Leio a Bíblia como um livro histórico ou romanceado, ou como base para um interessante estudo bíblico para ensinar outros? Ou reflicto sobre a forma como se pode aplicar à minha própria vida? Hoje pode ser dia de mudança. Falemos com Deus acerca disso, numa oração simples mas sentida. Contemos-lhe o nosso anseio por cumprir a Sua vontade, por entender claramente qual é. Se alguém está à espera desse momento de mudança é Deus, não sou eu, já que assenta na minha decisão de obedecer.

Cabeça ou cauda?

gESTO dE AMOR

Quero agradecer a preocupação e o envio da revista Mulher Criativa, que tem sido de muita bênção para este lu-gar. Não sei quem tem pago, mas peço que agradeça muito aos irmãos por este gesto. Sei que Deus sempre recompen-sará por tudo o que é feito para Ele. O nosso trabalho não é vão no Senhor, conforme diz a Sua Palavra. Peço por favor que transmita que agradeço e que desejo muitas bênçãos de Deus e Que Deus faça prosperar cada vez mais, este gesto de amor que têm tido para com a missão em Pinhel. Deus vos re-compense por tudo. Alda Marques, Pinhel

BêNçãO EM ÁfRIcA

Que Deus continue a abençoar-vos... Estou “louca” para receber a revista deste mês e lê-la. Tem sido uma bênção para as mulheres aqui que se alegram muito quando a recebem. Ana Sousa, Guiné Bissau

PRESENTEAR AMIgAS

Foi com muito agrado que iniciei no corrente ano a divulgação desta mara-vilhosa revista que muito nos ensina e motiva a caminhar segundo padrões cristãos. Aproveitei para presentear pessoas amigas, vizinhos que possuem

papelaria, café ... Locais onde será mais fácil multiplicar esta boa semente que espero tenha caído em bom terreno! Pretendo continuar a divulgá-la com o mesmo entusiasmo.Maria Odete Antunes, Lisboa

PRESENTE dE ANIvERSÁRIO

Envio comprovativo de pagamento de assinatura da revista Mulher Criativa. Mais uma vez vai ser o meu presente de aniversário para uma senhora, nes-te caso minha tia. Mais uma vez, vos agradeço imenso por me ajudarem a fa-zer esta surpresa a pessoas que eu tanto gosto e sei que ficam sempre satisfeitas com o presente, que não só é original como também uma ferramenta para di-vulgar o amor do nosso PAI. Isabel Lopes, Cartaxo

PENSAR MELHOR

Obrigado às maravilhosas palavras que esta revista traz. Os testemunhos são uma mais valia para todos nos. Que DEUS nos continue a usar para a sua obra e a divulgar a salvação. Leia esta revista e vai ver que vai pensar melhor na vida e confiar mais em DEUS. PA-RABENS REVISTA MULHER CRIA-TIVA,Fernanda Pires, Almeirim

MARAvILHOSA REvISTA

Os meus parabéns pela maravilho-sa revista. Quando não a tenho no devido tempo sinto logo a falta, pois tem temas de grande interesse para todas as mulheres e para todas as idades.Bjs e que Deus abençoe o vosso trabalho. Maria Luisa Cândido, Alenquer

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AGLOWI N T E R N A T I O N A L

Trazendo Visão Global ao Mundo da Mulher

Mulheres com véuEm alguns países, ela pode até vestir-se como uma mu-lher contemporânea, no entanto, o véu que cobre a alma de uma mulher islâmica é tão escuro e espesso como as roupas das suas irmãs islâmicas.Reconhecendo o seu chamado para as mulheres desta cultura, a Aglow criou uma série televisiva, no formato de um “talk-show”. Estas séries de televisão, em árabe, são feitas para tocar assuntos importantes na vida das mulheres. São escritas, produzidas e distribuídas por mulheres. Hoje em dia, estas transmissões levam espe-rança a mulheres no Norte de Africa, Médio Oriente, América do Norte e partes da Europa.

ConclusãoA jornada de uma mulher no seu mundo, poderá levá-la a uma cidade num grande movimento chamado “Ama a tua vizinha”, a um país estrangeiro para ajudar uma mu-lher a abrir um pequeno negócio ou a coordenar um es-forço de ajuda comunitária. Outras jornadas podem in-cluir entrar numa zona de guerra, campos de refugiados ou prisões. Qualquer que seja o seu destino, o caminho é sempre o mesmo. O nosso desafio presente e futuro é este: encontrar alguém em necessidade, alguém com um sonho, uma pessoa que tenha perdido tudo e com o Espírito Santo começar a operar mudança, a preencher uma falta, a realizar um sonho, a oferecer conforto no meio da destruição.

Onde te levará o Espírito Santo?Mulheres vulgares estão a influenciar as vidas de cerca de 17 milhões de pessoas anualmente com o amor de Jesus Cristo. Em 167 nações do mundo, mais de 21.000 líderes Aglow alcançam os seus bairros, comunidades, cidades e nações através de uma rede de 4600 grupos locais.

Onde te encontras, neste desafio?Junta-te a nós. Ora, proclama e ama connosco.

j

novoscomeços

da por sonhos e esperanças que uma vez floresceram brilhantes com uma promessa, só para murchar depois em pesar e decepção.Eugene Peterson parafraseia um dos meus versículos favoritos da Bíblia na versão A Mensagem: “... Alguém unido ao Messias recebe um novo começo, é criado de novo. A velha vida já passou. Germina uma nova vida. Repare! Tudo isto vem de Deus que se estabeleceu o relacionamento entre nós e Ele.” (II Coríntios 5:17). A primavera é um lembrete do dom da salvação através de Jesus Cristo, a oportunidade de começar uma nova vida como filho de Deus. Eu aceitei este presente há 22 anos, com a idade de 24 anos. Descobri uma paz sem medida, a graça que capacita, o amor que cura e a fé que me impulsiona para a frente. Cristo promete que todos aqueles que vêm a Ele irão experimentar “rios de água viva” no seu íntimo. A água viva remove as folhas mortas da decepção, lembranças dolorosas, amargura e pesar. Ele sacia a nossa sede de intimidade com Deus. O mais excitante de tudo é que alimenta novos rebentos de potencial, amadurecidos pela promessa de novas flores brilhantes de alegria e propósito. Esta noite, eu reparei numa quinta flor nova no meu hi-bisco. Mal posso esperar para ver o que o amanhã trará.

ORAçãO E REFLExãO

Senhor Deus,

Quando Tu vês nos nossos corações o desejo de Te servir, crias oportunidades acessíveis. Que nós possa-mos ter corações prontos a deixar as nossas zonas de conforto a fim de mostrar o Teu amor a um mundo faminto. Perdoa-nos o egoísmo e inunda-nos de novo com a alegria de ser as Tuas mãos e os Teus pés. Em nome de Jesus, Amém.

unto à janela da minha sala, uma planta de hi-bisco ostenta quatro flores de um tom amarelo cítrico, brilhantes como as penas de um papa-gaio. Amanhã, as flores vão murchar; no dia seguinte, serão como ameixas secas. Na pró-xima semana, várias flores novas irão exibir a sua elegância exótica.

Os havaianos chamam ao hibisco a “Rainha dos Tró-picos”. O problema é que não vivemos nos trópicos. O meu marido, Brian, e eu moramos em Calgary, no Canadá, onde o clima não é exactamente propício ao crescimento de plantas tropicais. Várias plantas morre-ram antes que eu, finalmente, dominasse a técnica de cultivar o hibisco. Mas continuámos a tentar, porque a Rainha dos Trópicos já nos encantou. O meu hibisco faz mais do que alegrar a minha casa. É um lembrete constante de novos começos. Cada flor que murcha e morre é precursora de um novo crescimento e beleza. A primavera é uma época de novos começos. Evoca pensamentos de renovação e de esperança num futuro melhor.Eu não sei o que é que o ano passado foi para si. Talvez se sinta como as flores de hibiscos murchos - assombra-

por judy rushfeldt

Judy RushfeldtÉ autora, oradora, edita uma revista

online e escreve há 25 anos.A sua paixão é equipar e inspirar mu-lheres a alcançarem os seus sonhos.

www.lifetoolsforwomen.com

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breves

Artistas cristãosSe é pintora, escultora, bailarina ou trabalha nalguma área relacionada com as artes, então este seminário é para si: seminário para artistas cristãos - de 29 de Julho a 3 de Agosto de 2012, na Alemanha.

Mais informações em www. Christianartists.org

Um estudo realizado pela Universidade de Melbourne concluiu que os rapazes adolescentes que têm a figura de um pai nas suas vidas são menos propícios a envol-ver-se num comportamento delinquente do que aqueles em que o pai está ausente. “O sentido de segurança ge-rado pela presença de um modelo do papel masculino na vida dos jovens tem efeitos no filho, independente-mente do grau de interacção entre o filho e o pai. Os pais proporcionam aos filhos o modelo masculino e podem influenciar preferências, valores e atitudes, enquanto lhe dão o sentido de segurança e promovem a sua auto--estima. Também elevam o grau de supervisão adulta em casa , que pode levar a uma redução directa do com-portamento delinquente.”, disse a professora Deborah Cobb-Clark, que dirigiu este estudo.

O factor pai

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Não imaginam como este versículo me tem feito compreender algumas verdades sobre os desertos da vida. Sinto como se, puxada pelas cordas de amor, me perdesse pelo deserto em busca de respostas.Em tempos de Primavera, frescura, colheita, águas cris-talinas e riachos perco-me na beleza do instante, co-movida pela alegria do momento. Sou arrebatada pela força dos anos, pela graça que não deixa de fluir, pelos caminhos direitos. Tudo está bem e estou demasiado ocupada...De repente, a força da vida traz os seus desertos, as suas angústias. Tempestades, tribulações, caminhos tortu-osos abrem-se à nossa frente e ficamos sós. Vemos as pisadas na areia do deserto desaparecerem com a força do vento e não contemplamos nada. Na mente, surgem recordações do arco-íris, do céu azul, da beleza das flo-res. Parece que quase conseguimos cheirar o perfume da brisa e as lágrimas correm e encontram-se com o chão igual e monótono. A angústia ocupa o lugar da es-perança e a fé apaga-se por entre a areia.

No deserto, temos a calma, a solidão, os dias grandes. Nesse tempo, ficamos tão vazios de tudo, que prestamos atenção ao mínimo. A susceptibilidade é tão grande que qualquer pedrinha nos derruba. Esta-mos frágeis em busca de uma terra verde-jante e de águas tranquilas.Nesse tempo, temos um encontro com o céu... É no deserto que ELE nos fala ao coração. A nossa alma deve estar desperta para a voz d’O que fala no deserto. Enquanto, caminhamos sós, Ele:- traz à lembrança o que nos dá esperança;- faz-nos ouvir as vozes daqueles que já

passaram por lá e sobreviveram;- as páginas da sua palavra vão sendo es-

critas na areia;- as promessas surgem e a fé é reforçada

para que as mesmas se cumpram.

O deserto é difícil, parece maior do que é realmente. Pensamos que nunca mais veremos para além da areia, do sol que queima muito, das noites tão frias e quietas... Uff... A espera de que tudo passe e possamos saltar de novo... A espera desespera!Mas descobri algo! Deus está ali... JESUS também esteve lá 40 dias e, mais à frente, vi-veu um autêntico deserto de aflição e de abandono. ELE sabe, ELE vê e aproveita esses desertos para ficar a sós connosco, para nos fazer ver o que não vemos noutros momentos, para nos constranger com tanto amor. “Se hoje ouvires a Sua voz, não endureças o teu co-ração”. DEUS fala... DEUS ouve... DEUS sabe... E se te conduziu ao deserto, é porque queria estar contigo. Aprende tudo, apreende, alimenta-te, sustenta-te, vê mais além e muda a tua vida.Quando o deserto terminar, nada mais estará igual... Tu estarás mais forte, mais convicta(o), mais certa (o) de que ficaste mais parecida (o) com o Mestre e que che-gou o teu tempo....!Por isso, não desfaleças. Os anjos virão servir-te com um belo banquete no final de tudo isto...Torço por ti ... Para que o deserto não te mate, mas te capacite!

Cátia NorinhaProfessora da Escola Dominical

Deserto"Portanto, a atrairei, e a levarei Para o deserto,e lhe falarei ao coração" (oséias 2:14)

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desenvolvimento pessoal desenvolvimento pessoal

sim…”. Há recordações penosas mas há outras exce-lentes e que deixaram marcas que se mostram difíceis de ultrapassar em certos dias ou momentos. Este qua-dro promove, por vezes, um tempo indefinido, emba-lado por oportunidades de proximidade e sacudido por recuos. Não namoram mas também não se afastam. A relação nunca chega a tornar-se fria, porque encontros e manifestações de carinho esporádicas alimentam carên-cias e expectativas, mas também nunca chega ao calor de um verdadeiro compromisso. Um estado morno que, arrastando-se no tempo, não constrói o que quer que seja e nem Deus aprecia (Apoc. 3:16).

Não TerMiNar

Se se conserva em ambos um sentido afectivo signifi-cativo, depois do sismo que fez desmoronar o namoro, valerá a pena parar para pensar. Um namoro mal ter-minado pode comprometer até a qualidade da entrega e da construção de novos relacionamentos. Os mal-en-tendidos, as expressões de imaturidade ou de questões pessoais não faladas nem resolvidas, as diferenças ou a interferência de familiares serão motivo suficiente para terminar? Deus fez questão de esclarecer José, explican-do-lhe que o namoro com Maria seria para prosseguir. E todos sabemos como a sua vida foi enriquecida por isso. Hoje, Deus ainda quer esclarecer as nossas dúvi-das, iluminar o caminho. A oração, a leitura da Palavra e o conselho sábio poderão ser canal da direcção de Deus para entender o retomar de um namoro e prosseguir por aí com uma perspectiva nova.

TerMiNar

Acredito que há casais que se tivessem permanecido apenas como amigos, ainda hoje seriam amigos. Havia em si potencial para alimentar uma relação de simpatia, que poderia ter sido realmente duradoura, mas não de namoro. Houve sinais de desajuste ou intolerância en-tre si que não conseguiram ou não quiseram identificar como indicadores da fragilidade da relação. Casaram. A exigência desse compromisso foi muito além do que teriam para oferecer e hoje, separados ou divorciados, têm entre si uma relação áspera ou nula. Tudo, na vida, tem uma forma correcta de se fazer, até o acto de pôr fim a um namoro. É bom poder concluir que aconteceu de forma clara e definida, no respeito pela outra pessoa. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (I Coríntios 10:31).

por bertina tomé

Quando o namoro acaba

entre duas pessoas diferentes, dar outra expressão ao afecto e desenhar e concretizar projectos juntos,

onde se incluiriam, por exemplo, os filhos. Assim, não é de estranhar que um fim de

namoro possa revestir um sentido próxi-mo do de divórcio, com um sabor a per-da, a luto até, não pelo falecimento de alguém mas pelo desmoronar/morrer de um projecto afectivo.

ProbleMaS

O namoro caracteriza-se pelo desafio de identificar e resolver problemas. A Bíblia diz que “todos tropeçamos em muitas coisas.” (Tiago 3:2a). Encon-trar fragilidades e falhas um no outro é parte integrante desse processo, não

significando necessariamente a invia-bilidade da relação. O mesmo se poderá

dizer acerca das diferenças entre si. Há que entender que só sendo diferentes poderemos

concretizar entre nós complementaridade.

PerDão

No fim de um namoro, é comum haver motivos de queixa, ressentimento. Insulto, desprezo, vingança, ma-ledicência são atitudes inaceitáveis num cristão, à luz da Bíblia. Todos temos a tendência de ver nas dificul-dades ou falhas do outro uma trave, e ver nas nossas um pequeno cisco. Quando alguém se debate com uma tendência grande para o fazer, considerando que “o seu caso” representou condições extremas, há que lembrar que a forma como agimos para com os outros não deve depender essencialmente de quem eles são ou do que fizeram mas de quem Deus é em nós. Perdoar representa, sobretudo, um libertar que é essen-cial. Abençoados pelo perdão mútuo, oferecido e rece-bido, estarão ambos mais preparados até mesmo para ampliar o seu círculo social e iniciar uma nova relação com outra pessoa.

iNTerMiTêNCiaS

Por vezes ouvimos que, não sendo mais namorados, continuam a “ser amigos” ou “estão a dar um tempo”. Os afectos são sensíveis e sinuosos, e muitas vezes não acompanham a racionalidade da decisão tomada. É fácil suceder que, após a determinação de pôr fim ao namoro, ainda reste alguma ambivalência, que se traduza num sentimento de “por um lado não, mas por outro lado

O oficina de carpintaria era o seu local certo, de onde saíam camas, mesas, cadeiras, num trabalho final bem polido e agra-dável à vista. Dali provinha o seu sustento, que ganhava com sa-tisfação, num trabalho que gostava de fazer, na cidade de Nazaré. Hoje a sua fadiga era mais emocional que outra coisa, bem mais pesada que a habitual. Iria terminar o namoro. Ainda lhe custava pensar nisso, mas teria que ser. Tantas vezes sonhara com um futuro doce e terno, com aquela mulher linda que amara. E como a amara… Agora, fora apanhado de surpresa pelo estado de gravidez dela. Com quem se relacionara ela? E porquê? Gostava dela, essa era a verdade, embora soubesse que não haveria como manter o namoro. Enquanto co-mia sem apetite, dava voltas a pensar numa estratégia. Apesar de tudo, não a queria difamar. Não, nunca o faria. Veio-lhe, então, uma ideia à mente. Iria deixá-la de uma forma discreta. Quem sabe, mudando-se para outra cidade. Deitou-se, num sono que terá custado a chegar. E, durante a noite, foi surpreendido por um conselho emanado do próprio Deus, que lhe viria a alterar todos os planos. Ele dizia-lhe que deveria retomar o namoro. “… não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo.” (S. Mateus 1:20). A relação era para prosseguir.

Um casamento que entra em ruptura é, habitualmente, alvo de grande preocupação de familiares e amigos próximos do casal. Haja filhos ou não, é encarado como um “sismo emocional”, que deita por terra uma construção de sentido afectivo, que se desejava que durasse uma vida, gerando grande sofrimento. Assim, há que reunir esforços para tratar fe-ridas, esclarecer mal-entendidos, recuperar o sentido de harmonia e de intimidade. Já o namoro em risco de terminar, parece suscitar menor preocupação. O fim da relação, mesmo que não desejado, está previsto no leque de pos-sibilidades dessa etapa, ainda não coberta pela promessa de ficar juntos “até que a morte nos separe.” A solicitude de quem está próximo, expres-sa-se habitualmente em frases do tipo “Deus tem outra pessoa para ti” ou “Antes agora do que mais tarde…”, apontando para o perigo, esse sim, de um divórcio no futuro.

A verdade é que, faz mais sentido centrarmo-nos na pessoa em si do que propriamente na instituição de namo-ro ou casamento que ela vive. O que está a sentir, qual é a sua condição emocional? É útil lembrar que hoje os namoros tendem a prolongar-se, pela espera pelo fim do curso, integração num emprego, passagem a efectivo, aprovação bancária para compra de casa, entre outros motivos. Trata-se, assim, de um período de tempo que ha-bitualmente excede, em muito, aque-le que se adivinharia necessário para um conhecimento mútuo, de ajustes, de partilha e consolidação de afectos. Criam-se hábitos, rotinas, experiências ao longo de anos, num compromisso e numa dinâmica afectiva e relacional que não estará tão longe assim daquela que vivem os casados. Por outro lado, falta-lhes a proximidade e a vivência diária que lhes permitiriam atenuar as-perezas próprias do ajuste da relação

Bertina Coias ToméPsicóloga

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saúdesaúde

Helena MartinsMédica de família

Á medida que o corpo envelhece, a pele também sofre alterações de envelhecimento:

• A epiderme torna-se mais fina e a quantidade de cola-génio na derme diminui, o que facilita as lesões na pele.

• As infeções tornam-se mais frequentes e a reparação da pele mais lenta.

• Há diminuição das fibras elásticas da derme e perda da gordura da hipoderme, o que origina flacidez e aspecto enrugado da pele.

• Há diminuição da elasticidade e tonicidade.• As glândulas sebáceas diminuem a actividade, pelo

que a pele se torna mais seca.• A actividade das glândulas sudoríparas e a irrigação

sanguínea da derme diminuem, originando deficiente capacidade de termoregulação. A resposta ao frio e ao calor diminui, aumentando os riscos de exposição das pessoas idosas a temperaturas mais extremas.

• O número de melanócitos funcionais diminui, mas nalgumas áreas mais expostas, como mãos e cara, os melanócitos podem aumentar em número, produzindo manchas senis.

• A diminuição ou falta de produção de melanina origina os cabelos grisalhos ou brancos.

• Há diminuição dos pelos, excepto na face.• Há perda e diminuição da espessura dos cabelos.• Diminui o crescimento das unhas e podem aparecer

estrias longitudinais na sua superfície.• As unhas tornam-se mais espessas por diminuição da

circulação sanguínea.

Estes são os efeitos do envelhecimento normal, mas muitas vezes ocorre um envelhecimento prematuro ocasionado por exposição excessiva ao sol. Mas, afinal o sol é um amigo ou um inimigo?

Sol – aMiGo e iNiMiGo

1 inimigo:QuEIMAdurA SOLAr (efeito imediato da exposição ao sol)

A radiação UV, sobretudo UVB, tem a capacidade de induzir vermelhidão (eritema) da pele em 15-20 minu-tos, se for recebida ao meio-dia, no verão, numa praia do sul, por um individuo de pele clara. Este eritema é uma queimadura solar de grau 1 e induz no organismo uma série de respostas cujo objectivo é proteger a pele da agressão solar.Esta queimadura poderá ser mais grave – grau 2 ou 3 – com existência de dor severa, bolhas, cefaleias (dor de cabeça), confusão mental, náuseas ou vómitos, ou síncope (perda dos sentidos), necessitando de rápidos cuidados médicos.

FOTOEnvELhECIMEnTO (efeito tardio ou crónico da exposição solar)

Os efeitos da exposição crónica da pele ao sol são di-ferentes dos efeitos do envelhecimento normal. A luz UVA causa alterações na derme e a UVB causa na epi-derme. A pele exposta à luz solar, envelhece mais rapi-damente do que a pele não exposta. Os efeitos da exposição crónica manifestam-se por:

• Substituição das fibras elásticas normais por um tapete entrançado de material elástico espesso;

• Diminuição de fibras de colagénio• Alteração na capacidade de divisão dos queratinócitos.

A pele torna-se mais seca, pouco elástica, com aumen-to do reticulado normal e com aparecimento de rugas, amarelecimento e pigmentação anormal.

CAnCrO dA PELE (efeito tardio da exposição solar)

Uma queimadura solar só por si não é capaz de induzir

um cancro de pele, mas os efeitos deletérios ficam gravados na nossa pele e vão sendo somados ao longo da nossa vida. Na maioria das ve-zes, os cancros de pele aparecem anos depois da exposição solar ex-cessiva, em particular da recebida durante a infância e a adolescência. FOTOSEnSIBILIdAdE (efeito imediato da exposição solar)

É uma reação indesejada da pele à luz solar, semelhante à que se pro-duz em caso de alergia cutânea.Há pessoas que ao tomarem deter-minados medicamentos ou alimen-tos e expondo-se ao sol, sofrem uma reação alérgica com erupções e comichão.Alguns medicamentos que podem causar esse problema em pessoas sensíveis:

• Medicamentos usados em Derma-tologia: Coaltar, clindamicina, tretinoina, psoralenos.

• Hormonas: ciproterona, etiniles-tradiol

• Antiarritmico: amiodarona• Anti-histaminico: prometazina• Antipsicótico: clorpromazina• Antibiótico: tetraciclina

2 amigo:

A luz solar é um dos remédios da na-tureza que, na quantidade certa pode contribuir para a saúde da pele e não só. É na pele que se produz a vita-mina D que, por sua vez possibilita ao organismo a assimilação de cál-cio no intestino, para construção de ossos saudáveis e prevenção da oste-oporose. Bastará expor uma área de pele equivalente aos braços e face, durante 15-20 minutos diariamente para produzir toda a vitamina de que se necessita. A exposição adequada à luz solar também dá à pele um ar saudável e ajuda a torná-la macia e flexível. Uma pele moderadamente

bronzeada é mais resistente a infe-ções e queimaduras solares.

exposição segura e saudável à luz solar:

Cada pessoa deverá conhecer a sua tolerância à luz solar, no entanto, as regras gerais para uma exposição segura são:

• Evite a exposição ao sol entre as 11h e as 16 h no Verão, em Portu-gal. Em qualquer lugar do mundo é útil a aplicação da regra da som-bra – é segura a exposição ao sol quando a nossa sombra é maior do que nós. Evite a exposição ao sol quando a sombra for menor.

• Peles mais claras e ruivas deverão começar com uma exposição de 5 minutos de sol por dia. As de pele mais escura, 10-15 minutos.

• Um máximo de 30 minutos de ex-posição ao sol, expondo a maior parte do corpo possível, deverá ser o objectivo realista.

• Nunca apanhar um escaldão. O melanoma, a forma mais mortal de cancro da pele, é muitas vezes consequência tardia dos escaldões da juventude.

• Usar óculos de sol e chapéu de aba larga (que proteja a face e o pescoço)

• Após 15-20 minutos de exposição solar, nas horas ideais, ponha pro-tector solar em toda a pele expos-ta. Não esquecer que a exposição ao sol não é exclusiva da praia, na verdade na montanha é maior a in-tensidade da radiação ultra-viole-ta, porque a atmosfera tem menor espessura a este nível.

• Se tomar banho no mar ou na pis-cina, ou transpirar muito, volte a pôr protetor.

CuiDaDoS GeraiS à Pele

Os cuidados à pele aplicam-se tanto no verão como no inverno.

Se quiser sentir-se bem na sua pele, deverá:

1. Evitar banhos muito quentes e demorados, pois retiram a protec-ção natural da pele ( manto hidro--lipídico)

2. Evitar os sabonetes comuns, com pH alcalino, pois a sua espuma des-trói o manto da pele. Prefira os que tenham pH neutro e que tenham componentes hidratantes na fórmula

3. Usar hidratantes no corpo e na face, não esquecendo os pés e as mãos. Prefira os cremes hidratantes aos óleos.

4. Usar protector solar nos dias en-solarados do inverno e no verão quando se expuser ao sol.

5. Proteger e hidratar os lábios com batons à base de manteigas (Ex. ca-cau e karité)

6. Beber muita água, fundamental para hidratar a pele (6-8 copos de água por dia)

7. Não beber bebidas alcoólicas ou cafeinadas, pois estimulam a forma-ção de radicais livres que causam envelhecimento.

8. Dormir 8 horas por noite. Ajuda a prevenir olheiras e rugas.

9. Não fumar. O tabaco agrava to-dos os sinais indesejados na pele. Provoca envelhecimento precoce da pele, perda da elasticidade, redução do fluxo dos vasos que irrigam, oxi-genam e alimentam a pele.

Pele: Efeitos de envelhecimento

Ter uMa aliMeNTação

riCa eM fruTaS, VerDuraS e

CereaiS é boM Para a Sua Pele

por helena martins

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vida familiar

Cerca de 70% dos conflitos entre homem e mulher nunca chegam a ser resolvidos.Estudos demonstram que os assuntos que geram confli-to hoje continuarão a fazê-lo daqui a cinco anos. Partin-do deste pressuposto, põe-se então a questão: se grande parte das divergências no casamento não têm resolução, como lidar com elas? E, já agora, qual o segredo da re-solução de conflitos nos restantes 30% das situações?Em primeiro lugar, comecemos por esclarecer que o conflito é inevitável numa relação de tanta proximidade como é o casamento – é inevitável e não é necessaria-mente negativo. É inevitável porque, como temos vindo a dizer, o homem e a mulher são diferentes em género, em personalidade, em formas de pensar e agir. Porque cada pessoa é única e traz consigo algo único para o casamento, o conflito surgirá mais cedo ou mais tarde. As próprias circunstâncias da vida potenciarão muitas vezes o desacordo e o choque de posições entre o casal. Isto é normal. A verdadeira questão é como responde-mos aos conflitos quando eles surgem. Qual é a nossa atitude face às divergências que inevitavelmente vão emergindo na nossa relação? Tentar eliminar todo e qualquer conflito e abafar todo e qualquer sentimento de ira, tristeza ou dor seria errado. Estas são dimensões essenciais na nossa vida e poderão servir para conhecermos mais intimamente o nosso côn-juge e nos aproximarmos mais um do outro. A atitude certa é aprender a lidar com o conflito de forma que a intimidade entre ambos saia fortalecida. Em segundo lugar, enumeramos rapidamente aquelas formas repetidas de agir que minam qualquer relacio-namento e que inclusive se têm revelado como critérios fiáveis de previsão de um futuro divórcio:

1 Crítica: aquela queixa recorrente que sugere que a personalidade do nosso cônjuge é imperfeita.

2 Defesa: atitude frequente de quem se apresenta como a vítima inocente de toda a situação (lamúria face a qualquer crítica) ou de quem se mostra indignado com o comportamento ou a opinião do seu parceiro, apresentando imediatamente uma contra-queixa.

3 Desrespeito e Desprezo: sentimento de quem se julga superior (mais puro, mais inteligente, mais cuidadoso, mais organizado, etc.) do que o seu cônjuge e portanto, intencionalmente o/a rebaixa, muitas vezes com comen-tários presunçosos ou inclusive com insultos.

4 Retirada emocional do conflito: afastamento psicoló-gico através do silêncio ou ignorando a situação con-flituosa ou fechando-se em si mesmo, de tal forma que tudo o que o outro diz ou sugere não tem qualquer efeito. Estas são as atitudes e os estados de espírito mais corro-sivos num relacionamento matrimonial. É interessante ver como a Bíblia nos alerta para eles, mesmo de forma bastante directa (ver, entre outros, Provérbios 13:3, 15:1 e 18; 17:1 e 9, 28:8 e 11; Mateus 7:3 e 4; Efésios 4:26 e 31; Colossenses 3:8; Tiago 3:2, 4:1-3, 29).

Os casais que lidam melhor com o conflito e cujos re-lacionamentos são mais duradouros e satisfatórios, são aqueles que assumem responsabilidade (pelo menos em parte) pelo problema em discussão, não atirando as cul-pas para o cônjuge, e são aqueles que desenvolveram ao longo dos tempos uma cultura de apreço, admiração e respeito um pelo outro. Podemos, pois, concluir que há alguns princípios e atitudes que, se afirmados e pratica-

dos habitualmente na relação familiar, criarão um am-biente propício ao crescimento do marido e da mulher e ao aprofundamento da sua união. O Apóstolo Paulo dizia, a propósito de uma das discussões existentes en-tre os coríntios: “Cada pessoa acha que a sua resposta é que está certa. Mas ainda que a fama da sabedoria torne as pessoas importantes, o que realmente é construtivo é o amor.” (I Coríntios 8:1, O Livro). Efectivamente, o amor edifica! E como podemos nós ir edificando diariamente o amor lá em casa?

1 Demonstrar afecto e apreciação: Devemos mudar o nosso radar mental para procurar as coisas positivas no nosso cônjuge, em vez das negativas, e expressar o nos-so apreço pelas mesmas. Assim estaremos a criar um hábito de sermos agradecidos, mesmo nas pequenas coisas: “obrigada por teres arrumado a cozinha ontem à noite” ou “estou orgulhoso de ti por teres conseguido lidar com todo o stress desta última semana”. São elo-gios e agradecimentos que têm que sair efectivamente pela nossa boca, se queremos que o nosso cônjuge saiba que o apreciamos e admiramos (Romanos 14:19 e 15:2; Tiago 3:10).

2 Melhorar os nossos mapas amorosos: Significa isto que, se desejamos aprofundar a nossa relação com o nosso companheiro de vida, temos que nos esforçar por conhecê-lo um pouco mais cada dia e isso passa por lhe darmos a oportunidade de se abrir e de compartilhar connosco os seus anseios e sonhos. Para que isto acon-teça, podemos porventura substituir grande parte do que

dizemos por perguntas simples mas directas: “como te sentes como mãe?”, “o que gostas mais/menos neste teu novo emprego?”, “como vês a nossa vida daqui a 15 anos?” (Provérbios 18:2, 13 e 15).

3 Conectar emocionalmente nas pequenas coisas: Estes parecem ser, muitas vezes, momentos insignificantes, em que o nosso cônjuge nos chama a atenção para algo sem grande valor:”Anda aqui ver este pôr-do-sol fabu-loso!” ou “Sábado vai haver uma jantarada da malta do futebol” ou “O que o pastor disse hoje fez-me pensar.” Podem ser simples comentários, mas a forma como re-agimos a eles faz toda a diferença, pois eles são ainda apelos que o nosso marido ou a nossa mulher nos está a fazer – apelos de conexão emocional. Se ignoramos estas pequenas ofertas, estamos a contribuir para um definhamento do espírito do nosso cônjuge (a própria postura da pessoa que não recebeu atenção mostra isso). Se respondermos com entusiasmo, estamos a fortalecer a nossa ligação com o outro.

4 Perdoar: Até os casais mais unidos e felizes se de-sentendem, erram e se magoam. Por isso, o que faz a diferença é a capacidade que eles têm, de voltar atrás e restaurar o que se fez mal – a capacidade de pedir per-dão ou de perdoar: “Desculpa, isto realmente não cor-reu muito bem… Podemos conversar?” O perdão abre portas para que o amor seja novamente dado e recebido e liberta-nos de muita tristeza, de muito ressentimento e de muita amargura. O perdão continua a salvar muitos relacionamentos. (Efésios 4:32 e Colossenses 3:12-14).

5 Ter humor: O sentido de humor e a capacidade de nos rirmos e nos divertirmos são mais-valias em qualquer casamento e muito úteis para superar os conflitos. Por vezes, um sorriso é bastante para travar a escalada de uma discussão. Muitas vezes, o sentido de humor per-mite desdramatizar e perspectivar o problema correc-tamente. Sem humor, a vida e o casamento serão bem mais pesados. (Provérbios 15:1,4, 13 e 30).

referências: Gottman, J.M., & Silver, N. (2001).Os 7 Princípios do Casamento. Lisboa: Pergaminho.

Conflitos resolvidos

Marta e José Pego PintoDiretores nacionais de Agape -

Movimento Estudantil e Profissional para Cristo.

por marta e josé Pego e Pinto

o PerDão CoNTiNua a

SalVar MuiToS relaCioNaMeNToS.

(Efésios 4:32 e Colossenses 3:12-14).

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mulhercriativa | 1918 | mulhercriativa

Jesus teve a perspicácia afirmar, a nos-sa incrível capacidade de detectar a farpa no olho de outra pessoa e não ter consciência da trave que está no nosso próprio (Mateus 7:3-5).Cada montanha é “inescalável” até que alguém atinge o seu topo. Assim também cada navio “inafundável” até que afunda. (Robert Crawley, Conde de Grantham) O cenário é cuidadosa-mente posicionado num tempo de mu-dança, emoldurado pelo naufrágio do Titanic e da Grande Guerra. O teles-pectador está plenamente consciente da inevitabilidade do início da guerra em cada episódio, ameaçando inter-romper a aparente serenidade da pro-priedade. Mas mesmo antes de a guerra estoirar, a mudança já se infiltrou em Downton. A família é pioneira na utilização de inovações, tais como telefones, elec-tricidade e novas formas de transporte.O Senhor Grantham é casado com uma herdeira americana, e o seu patrimó-nio está vinculado a um advogado de Mancunian. Esta flutuação social per-mite que os personagens surjam quer de forma honrosa quer desprezível, in-dependentemente de sua classe social. Assim, nenhuma posição é fixa, e o res-peito é conquistado em vez de herdado.Apesar da fachada civilizada, bem cedo os moradores de Downton revelam a sua verdadeira essência. A inveja mui-tas vezes vem à superfície, surgindo rivalidades, e este é certamente o caso entre Lady Mary (Michelle Dockery) e Lady Edith (Laura Carmichael). Mary, a mais velha, é uma conquistadora que se cansa de seus pretendentes tão rapi-damente como os atrai. Por outro lado, Edith tem o síndrome de filha do meio (com medo de passar despercebida) e interessa-se verdadeiramente por dois dos pretendentes de Mary, que esta co-locou de lado. Elas disputam malicio-samente entre si, estando mesmo dis-postas a arruinar a vida uma da outra, só para não darem o braço a torcer.

A série Downton Abbey estreou na SIC em Março, após ter sido um enorme sucesso nos EUA e no Reino Unido. Tem sido tão bem re-cebida pelo público e críticos que uma segunda série já foi escrita e uma terceira encomendada. O programa teve uma recepção muito positiva e os rankings foram extremamente elevados, tendo a primeira série ganho vários prémios e nomeações. Criada na sua maioria pelo escritor e actor Julian Fellowes (Gosford Park, Young Victoria), premiado com um Óscar , Downton Abbey in-vestiga os segredos de cada indivíduo na mansão Grantham. A rigorosa separação de classes é desafiada quando um advogado humilde torna-se herdeiro da propriedade, uma empregada doméstica candidata-se à po-sição de secretária e o Lorde Grantham (Hugh Bonneville) emprega um amigo coxo como seu criado pessoal. Por que é que vocês, ingleses, se preocupam tanto com as vidas dos outros? (Kemal Pamuk)

Downton apresenta um conjunto de excelentes personagens, desde Mag-gie Smith, filha da Condessa viúva até ao caloroso mordomo Jim Carter. Esta comédia de costumes vai mais longe do que a maioria das séries, usando os conflitos da vida comunitária para afastar a pompa e preten-são. Foi a cultura díspar de Downton que primeiro inspirou Fellowes: “Há algo de muito intrigante num grupo de pessoas que vivem em tal proximidade e ainda com expectativas tão diferentes. Mesmo dentro da família, e entre o pessoal, as cosmovisões variam imensamente e coli-dem com frequência. Tanto as conversas civilizadas como uma história sensacional acerca de alguém, fazem parte do património da Inglaterra - seja durante o chá ou a beber um copo, a temática varia entre o estado do tempo, o seu bairro, ou a situação do mundo. O que torna a “cuscu-vilhice” tão atraente, e a sátira social tão irresistível? Talvez seja, como

LilIan CalaimMédica Dentista

Enquanto isso, os criados Thomas (Rob James-Collier) e O’Brien (Siobhan Finneran) são personagens insidio-sos. Eles passam as suas pausas planeando juntos for-mas de avançar nas suas carreiras e impedir o sucesso dos outros. Quando é dada a posição de criado pessoal do Lorde Gratham ao recém-chegado John Bates (Bren-dan Coyle), Thomas, que previa tomar essa posição, juntamente com O’Brien decidem arruinar a vida de Bates. Esta terrível dupla usa todas as ferramentas que tem à sua disposição conseguir que Bates seja demitido, incluindo a manipulação e a mentira.Surgem também conflitos entre a Condessa viúva Vio-let Crawley e a sua nova concorrente Isobel Crawley (mãe do herdeiro Grantham novo) - embora de uma forma mais discreta. Estas mulheres orgulhosas tentam competir para ver quem é mais civilizada, beneficente e iluminada. Infelizmente, esta competição só tende a demonstrar a sua infantilidade, egoísmo e preconceito.

Vivemos numa era que tenta promover a diversidade e a igualdade, Tentamos julgar as pessoas pelas suas acções e não pelo seu nível sócio-económico.

No entanto será que algum de nós pode afirmar que é completamente livre de preconceitos, pequenas rivali-dades ou indiscrições? A Bíblia é um livro repleto de relatos de pessoas imperfeitas, mas também fala de uma pessoa que causou um enorme escândalo sem fa-zer nada de errado. Muito parecido com empregada de Downton - Anna, (Joanne Froggatt) - Jesus conhecia os segredos sórdidos de cada um, mas em vez de julgar, Ele procurou uma maneira de limpar-nos da vergonha e culpa (ver João 3:17-21).Anna conseguiu poupar alguns de humilhação pública, mas Jesus apaga mesmo a culpa escondida de quem que confia n’Ele.

Bem-vindo a downton Abbey: Uma casa dividida.

ReflectirVer e

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entrevistaentrevista

Ana Bernardo Fátima Oliveira

Desde que me tornei cristã, aos 15 anos, que um dos meus sonhos era ir a África. Agora fui à Gui-

né Bissau, e não trocaria esta experiência por nenhuma outra. Estando ciente de que a Saúde é uma das áreas mais necessitadas no continente africano, o meu desejo era poder contribuir, nem que fosse um pouquinho, para a melhoria das condições de vida. Na Guiné o ar é quente, por vezes inundado do cheiro das queimadas, mas agradável. As pessoas, ora sorri-dentes, ora amargas com as cicatrizes da vida, mas sem-pre respeitadoras... Os cristãos, do mais afável e cari-nhoso que já conheci.

Achei Bissau equipada de tudo, mas sem infraestruturas e urbanística que contivesse uma tão movimentada ci-dade e capital. Podemos andar no mercado sem receio de ser assaltados, mas quando sacamos da máquina fo-tográfica, desatam a gritar connosco, receando perder as suas almas, pois é assim que a cultura animista acredita acontecer. Quando saímos da capital, é tão interessante ver as tabancas (aldeias), com casas espalhadas, aqui e ali, com as crianças a brincar na terra, junto das árvores de manga e caju que todos têm no seu “jardim”. Gente a caminhar na estrada, fazendo Kms a perder de vista, cabras a fugir dos poucos carros que passam, mas as vacas a ficarem insistentemente na estrada, tendo que ser nós a desviarmo-nos. Sempre árvores de caju nas bermas do caminho pontilhado de palmeiras, dando um toque absolutamente africano.Um povo maioritariamente pobre, com roupas sujas do pó do caminho e da estrada onde tinha acabado o al-catrão, mas gente resignada, eu achei, sem contar nem ficar preocupada com o dia de amanhã... Sem stress e

a viagem à Guiné-bissau foi o início da concre-tização de um sonho, já com alguns anos! A Igreja

onde sou membro tem estado a apoiar financeiramen-te a construção de uma escola evangélica na cidade de Buba, estando também a apadrinhar algumas crianças que frequentam essa mesma escola. Como professora, o meu objectivo era poder transmitir alguns conheci-mentos aos professores dessa mesma escola, ouvi-los, “auscultar” as dificuldades, as necessidades, os sonhos. E, é claro, também poder estar com as crianças! A primeira impressão do país, assim que aterrámos, foi o cheiro intenso a “queimado”! Mais tarde fiquei a saber que tal se devia às sucessivas queimadas de lixo. “Onde está o caixote do lixo?”Não encontrei. Fiquei também espantada com os porcos que comiam o lixo, as cabras que andavam “por aí”, convivendo lado a lado com as pessoas. Os transportes públicos de Bissau, o “toca--toca”, impressionaram-me pela capacidade de acolher sempre “mais um” que quisesse entrar. E nós também experimentamos!Assim que saímos de Bissau, foi a terra , o sol , o hori-zonte quente e alaranjado, e as pessoas que vão cami-nhando ao longo da estrada, sobretudo mulheres, com as suas vestes coloridas, carregando água e outras coisas na cabeça, e os seus bebés nas costas, tudo em perfeito equilíbrio. “Como é que elas conseguem?” Perguntava a mim própria. Algumas caminhavam quilómetros... Tive oportunidade de dar formação a professores em duas zonas: Sintchan Botche, numa escola evangéli-ca chamada Darem Yeso, que na língua fula significa “olhar o futuro”, e em Buba, no Centro Educativo Vi-tor Vaz Martins. Fiquei bastante tocada com a sede de aprender da parte dos professores, a maioria com ins-

sem saber o que é uma depressão! Como eles dizem: “em África tudo pode acontecer” e então assumem uma postura calma e despreocupada. Posso dividir esta viagem em dois momentos: Sintchan Botche e Buba. Na primeira localidade, foram exaus-tivas as quase 250 consultas médicas que realizámos no pequeno e modesto centro clínico cristão, porém foi uma experiência tão marcante, não só para mim, mas também para toda a equipa. E sem contar com as con-sultas, ainda realizámos um parto de uma menina de 16 anos e alguns pensos, incluindo uma sutura extensa de um menino de 10 anos, o qual foi um valente, ia choran-do, mas nunca gritou... Era impressionante ver as pessoas chegar, alguns de vá-rios kms de distância, a pé, porque tinham ouvido que estava uma equipa a dar consultas na base missionária. Encontrámos mulheres grávidas, com hipoglicémias grandes, porque a comida era escassa ou porque o ma-rido não tinha como providenciar alimento para tantas esposas. Muitas crianças doentes, desnutridas, mas ape-sar de tudo sorridentes, como quaisquer crianças. Os homens, sérios, e cheios de crenças animistas e muçul-manas agarradas à cintura e aos braços sob a forma de pulseiras e cordas, mas gratos e respeitadores, como já tinha referido.

Em Buba, foi possível realizar um trabalho mais ao ní-vel da prevenção primária e formação, com sessões de ensino sobre cuidados básicos, primeiros socorros, e planeamento familiar. Foi tão estimulante ver como as mulheres se interessavam por saber mais sobre a Saú-de Materna e da Mulher, como estavam desesperadas por ensino nesta área, e por alternativas que não impli-cassem custos exagerados, como uma simples caixa de contraceptivos orais. Elas tiveram,ainda oportunidade de esclarecer dúvidas e desmistificar alguns conceitos errados. Realizámos também consultas e rastreios nas imediações da igreja e centro educativo, abertas à co-munidade de Buba - quase 150 consultas e alguns pen-sos pequenos, em 3 tardes de atendimento. Desta vez deparámos-nos com mulheres cansadas, esgotadas fisi-camente, devido aos anos, iniciados precocemente, de intensos trabalhos.

Atrevo-me a dizer que quem vai a África, à África em necessidade, nunca volta o mesmo, nem será a mesma pessoa.Termino com uma expressão guineense que pode resu-mir o meu agradecimento a Deus por me ter concedido tão maravilhosa experiência: no fala Deos obrigada! (Nós damos graças a Deus)

trução média (10ºano, 11º ano). Confesso que me sen-ti “pequena” com todos os olhares postos em mim, à espera de “beber” algum conhecimento que os ajude a ser melhores professores. Ao mesmo tempo, fiquei sem palavras ao ouvir as histórias de vida de alguns, fugidos de guerras, tentando sobreviver após cada golpe político mas ainda assim com uma atitude de honra e humildade. Apesar da barreira linguística, tive ainda a oportunida-de de interagir com as crianças, contando histórias da Bíblia, cantando, jogando ou simplesmente sorrindo e tentando “arrancar” um sorriso. Aquela espontaneidade fez-me sentir a alegria pura de ser criança. Criança que não precisa de brinquedo caro, ou novo para sorrir, e que até mesmo de estomâgo meio vazio consegue a pro-eza de sorrir! Foi tudo especial, mas lembro em espe-cial quando, ao despedir-me dos meninos em Sintchan Botche, comecei a chorar e eles, inesperadamente, co-meçaram a rir e a mandar-me embora. A única forma de comunicar com eles era através da comunicação não verbal, e aquele choro não foi entendido pelas crianças. Para além da barreira linguística, havia muitas barreiras culturais, e senti como se vivessemos em mundos tão opostos! O que será que eles pensaram? Talvez nunca tivessem visto um adulto a chorar. Outro momento es-pecial foi quando mostrei um livro de histórias, cheio de cores, a um grupo de meninos em Buba. Eles fica-ram espantados e acotovelavam-se para conseguir tocar no livro, folheá-lo. De repente, o livro ficou alaranjado, com a cor da terra, vinda das mãos dos meninos, o Oc-távio, o Daniel, o Jeremias, o Aua...Parecia que estavam a descobrir um tesouro!Esta experiência, por uma lado fez-me ver a fidelidade de Deus, pois após tantos anos, tive esta oportunidade de fazer missão fora do meu país, algo que desejava há muito tempo!Fez-me igualmente dar mais valor a todos os recursos que tenho adquirido ao longo da minha vida, desde a minha formação académica, assim como todas as outras experências profissionais. Ensinar, é realmente o que mais gosto de fazer, e tive o privilégio de sentir isso na Guiné, e fico grata a Deus por me ter levado tão longe para “redescobrir” as minhas “paixões”. Percebi que realmente Deus usa-me como sou, de maneira úni-ca, para chegar aos outros e mostrar-lhes quem Ele é!

Casa emanuel:• http://www.casaemanuel.org/pt/missaocasaemanuel

ficheiros/frame.html• Missão Guiné Bissau, Sintachan Botche, Projecto Buba• Filme:http://www.youtube.com

watch?v=ENay0NiKqOM&sns=fb

aBFO

Enfermeira Professora

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entrevista

Hoje não encontrei nenhum ouro. Nem ao longo da semana. Na verdade, eu nunca encontrei ouro. Nem dia-mantes. Nem prata. Nem sequer uma vez.Ficaria mais do que feliz se tropeçasse em alguma des-sas coisas. Mas não aconteceu.Imagino que não esteja surpreendido(a). Também não estou, especialmente porque nunca fui à procura de ouro, nem de diamantes, nem de prata. Não tenho ido a locais onde possam ser encontrados. Não tenho feito as coisas que as pessoas fazem para tentar encontrá-los.Portanto, não é de todo surpreendente que eu nunca te-nha encontrado qualquer um desses tesouros.Já encontrou Deus? Se não, é possível que não esteja re-almente à procura Dele. É uma coisa a dizer: “Eu gosta-ria de encontrar Deus.” Outra bem diferente é procurá--Lo, de facto.

Há aLguMaS cOISaS báSIcaS quE PrEcISa DE FazEr:

1. Decida que quer realmente encontrar Deus. Tem que ser mais do que curiosidade. Procurar conhecê-Lo, não

apenas saber algo acerca Dele. O seu objetivo é ter um relacionamento com o criador do universo.

2. Passe tempo em oração. Expresse o seu desejo de conhecer a Deus. Seja honesto com Ele, mas humilde. Derrame os seus pensamentos e sentimentos. Esteja disposto a esperar pacientemente. Os relacionamentos levam tempo.

3. Leia a bíblia. Passe algum tempo a estudar a revela-ção do próprio Deus. Tente aprender acerca Dele. Olhe para o Seu povo e veja como eles reagiram perante Ele, tanto no bem como no mal. Leia a poesia conhecida como Salmos, observando o leque de emoções expres-sas nesse livro. Estude a vida de Jesus para ver como Deus viveu enquanto ser humano.

4. Encontre-se com outras pessoas que estão a buscar a Deus. Embora seja verdade que Deus pode ser encon-trado em qualquer lugar, é mais fácil encontrá-Lo junto de outras pessoas que já O encontraram. Procure uma igreja, uma comunidade de crentes, e deixe que o aju-dem na sua busca.

Provavelmente nunca irei encontrar ouro, diamantes ou prata. Mas eu encontrei Deus, um tesouro que vale mui-to mais do que qualquer uma dessas coisas. E o (a) leitor(a) pode encontrá-Lo também.

Tim Archerwww.hopeforlife.orgUsado com permissão

À procura

Ana Ascenção

Tenho o privilégio de trabalhar na Alfalit Por-tugal (Organização Não Governamental de Co-

operação para o Desenvolvimento) há cerca de dois anos. Esta organização tem como objetivo combater o analfabetismo em Portugal (que ainda se situa perto dos 10%), assim como nos países africanos de expressão oficial portuguesa. Esta foi a razão da nossa viagem à Guiné-Bissau. Após um pequeno estudo do país e de algumas reuniões com alguns pastores e missionários da Guiné-Bissau, percebemos a grande necessidade que este povo tem na área da alfabetização.Foi então que fomos desafiados pela Alfalit Interna-cional a implementar a Alfalit na Guiné-Bissau. Estru-turámos os corpos gerentes e também desenvolvemos ações de formação para futuros formadores Alfalit, pro-venientes dos arredores de Bissau, da cidade de Bissau e também das ilhas. Levámos manuais de alfabetização da Alfalit para que os professores tenham melhores condições e, consequentemente, melhores resultados … com este projeto, pretendemos melhorar as condições de vida dos adultos que nunca tiveram possibilidade de ir à escola para aprender a ler e a escrever. Neste ano, pretendemos que 800 alunos sejam alfabetizados.

Com o método da Alfalit, em cerca de 6 meses um adul-to aprende a ler e a escrever. O resultado final é que, graças a este trabalho, homens e mulheres vão ter a oportunidade de ler a Bíblia, a Palavra de Deus …Sem dúvida que não estava preparada para ver aquilo que vi. Toda a vida tenho visto programas na televisão sobre a pobreza em países como a Guiné e até tenho fa-

miliares que já lá estiveram, mas a verdade é que nunca se está preparado para ver uma realidade tão diferente… Ficámos hospedados num orfanato, a Casa Emanuel, lu-gar fantástico, onde homens e mulheres deixaram tudo para trás para poder ajudar todas aquelas crianças, cujos pais morreram, abandonaram os seus filhos ou simples-mente perceberam que, ali, os seus filhos não morreriam de fome.

Apesar de todas as circunstâncias, nunca vi crianças tão alegres e tão cheias de vida… sempre que chegava elas corriam para mim e pediam-me para cantar (nunca can-tei tanto em toda a minha vida). Enquanto cantava ou assistia ao culto (todos os dias antes do jantar) elas pe-gavam na minha mão e encostavam-na à sua cara, como que a pedir um carinho. Penteavam-me os cabelos en-quanto que os pequeninos lutavam pelo meu colo.Nunca tinha visto crianças a lutarem por um carinho daquela maneira, um mimo, apenas um pouco de aten-ção… era de partir o coração. Sempre que tinha de sair para as formações tinha que os arrancar (literalmente) de mim. No dia em que voltei para Portugal fiquei mui-to sensibilizada. Algumas meninas escreveram-nos car-tas com poemas e uma delas ofereceu-me alguns dos seus ganchos (são crianças que nem uma boneca têm), ela queria que eu ficasse com eles para nunca mais me esquecer dela…

É difícil encontrar palavras que possam descrever aqui-lo que a Guiné significou para mim. Aconselho todos a fazerem uma viagem destas, porque ela realmente muda a nossa vida para sempre. Aqueles que não puderem fa-zer este tipo de viagem, tentem envolver-se em projetos missionários, contribuindo, não apenas financeiramen-te, mas orando e pedindo a Deus que nos dê graça para não ficarmos parados mas mostrarmos o Seu amor, de uma forma bastante prática e encontrarmos o equilíbrio entre a fé e as obras…

Que o Senhor nos ajude a avançar, a não sermos pessoas de palavras mas de ações, a não nos conformarmos, mas agirmos.

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Colaboradora da alfalit

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CoffeeBreak

A Aliança Pró-Evangelização de Crianças (APEC) é uma missão in-ternacional, interdenominacional e evangelística. Desde que nasceu nos EUA, na década de 30, esta Missão tem percorrido o mundo. Hoje está em 178 países a alcan-çar crianças para Cristo, através de inúmeros ministérios evangelísticos específicos para crianças, e tem cooperado com milhares de igre-jas em todo o mundo. A missão da APEC é promover o Reino de Deus na terra através da evangelização, treinamento e produção de literatu-ra especializada para apoiar o mi-nistério do professor evangelista de crianças na sua igreja.

Não somos uma igreja, mas sim uma agência missionária, e servir-mos todas as igrejas genuínamente evangélicas. Também não somos um campo de férias nem uma em-presa de animação! Embora a APEC procure apoiar as necessidades sociais das crianças, também não é uma organização de cariz social. A nossa visão é suprir prioritaria-mente as necessidades mais ne-gligenciadas dos pequeninos, as ESPIRITUAIS, numa abordagem que inclui as diferentes áreas da vida da criança.

Acampamentos APECP Verão 2012!Ricos em ensino bíblico, desafiantese com impacto na vida de quem participa:

31 de Junho a 7 de JulhoPré-escolares (4-6 anos)

23 a 27 de Julho Acampamento Missionário (jovens àpartir dos 16 anos)

28 de Julho a 4 de Agosto Língua inglesa /Semana internacional (8-14 anos)

4 a 11 de AgostoJuniores 7-12 anos)

18 a 25 de Agosto Acampamento Musical (10-17 anos)

11 a 25 de AgostoAcampamento Formação (+ 16 anos)

25 de Agosto a 1 de Setembro Acampamento Familiar

Contacte-nos para mais informações e inscrições:Acampamento Boas Novas, Estrada da Canha, 87, 7080-024 Vendas NovasEmail: [email protected]: 265 890 308

Desde 1949

“Assim, também, não é vontade de vosso Pai que está nos céus, que um destes pequeninos se perca.”

Mateus 18:14

A APEC está em Portugal há quase 63 anos e possui uma história de muitas vitórias na luta contra o pe-cado que circunda a vida e o futuro dos pequeninos e contra a negli-cência de muitos que desprezam a fé genuína e verdadeira que as crianças podem ter no Senhor Je-sus. Cremos, com toda convicção, que uma criança com Jesus, é uma criança com futuro! Na próxima década a APEC, no mundo inteiro, estará unida em torno de um só lema: “Cada nação, cada criança, cada dia.” Oramos para que todas as crianças de todas as nações se-jam expostas ao Evangelho de Cris-to, todos os dias. Faça parte deste desafio!

Estamos felizes com a pareceria com a Mulher Criativa e, à partir deste número, o caro leitor poderá acompanhar as notícias do ministé-rio, o calendário de actividades, os projectos, e saberá tambem como poderá envolver-se nesta linda obra.

Abordaremos, em cada número, temas relacionados com o minis-tério com crianças e adolescentes e procuraremos apoiar os profes-sores e evangelistas de crianças, respondendo a dúvidas e questões que nos colocarem. Escrevam-nos! Queremos apoiar as vossas igrejas nas actividades e ministérios com os mais novos! “Crianças com Je-sus, são crianças com futuro!”

Oséas Melo (Director Nacional)[email protected]

Isaque ofereceu à sua noiva:

a) um véub) um vestidoc) um anel de ourod) Pulseiras de ouro (génesis 24:22)

Jesus foi convidado para um casamento, onde faltou:

a) O vinho b) a águac) a carne assadad) O bolo(João 2:3)

Jesus contou uma história em que o noivo:

a) chegou antes da horab) chegou à meia-noitec) chegou com muitos convidadosd) Desistiu(Mateus 25:6)

Houve um noivo com quem Deus falou durante a noite. Foi:

a) abraãob) José c) Isaqued) zacarias(Mateus 1:20) David compara o noivo que sai do seu tálamo com:

a) O vento que percorre a planícieb) a onda do marc) O sol a nascerd) O cavalo a galope(Salmo 19:4-6)

Isaías dizia que Deus o havia vestido como o noivo se adorna com:

a) O seu fatob) a gravatac) a capad) O turbante(Isaías 61:10)

E Isaías compara-se também à noiva que:

a) Se enfeita com jóiasb) cobre-se com o véuc) Se veste de brancod) Se perfuma(Isaías 61: 10)

Jesus contou a história de uma boda nupcial em que um dos convidados:

a) Se embriagoub) Saiu mais cedoc) ajudou a preparar a festad) Não trazia vestuário adequado(Mateus 22:12)

Em Cantares de Salomão, a amada diz que o seu amado é o primeiro entre:

a) cemb) Milc) cinco mild) Dez mil(cantares 5: 10)

E o amado diz que ela é linda como:

a) as estrelasb) a luac) O sold) um diamante(cantares 6:10)

Quando Rebeca viu o seu noivo:

a) cobriu-se com o véub) beijou-oc) Esboçou um grande sorriso d) Emocionou-se(génesis 24:65)

A lei de Deus determinava que o homem recém-casado não iria à guerra durante:

a) Três mesesb) Seis mesesc) um anod) Dois anos(Deuteronómio 24: 5)

a esse propósito, trazemos-lhe um passatempo que recordará noivos e casamentos na bíblia. Leia cada frase com atenção, assinale a resposta que a completa correctamente - apenas uma das quatro frases propostas. Se tiver dificuldade, consulte a referência bíblica indicada.

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Maio, o mês das noivas

Que a luz brilheuma mulher colocou um anúncio num jornal local, que dizia: “Perdi 23 quilos! Vendo a minha roupa larga - são tamanhos grandes e em bom estado…” Foi bombardeada com tele-fonemas, mas ninguém que-ria comprar a roupa larga. O que todos queriam saber era como é que ela tinha perdi-do os 23 quilos.

repare, as pessoas que tele-fonaram queriam conhecer aquilo que tinha mudado a vida dela, na esperança de que isso também pudesse vir a mudar as suas vidas! É disso que (muitas) pesso-as longe de cristo está real-mente à procura. Elas que-rem saber se, de facto, Jesus funciona na sua vida.

“assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5:16)

Jeff Strite. Fonte: KneEmail, www.forthright.net

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porquê & portanto

Abel ToméEditor da revista Mulher Criativa

[email protected]

Na edição de 10 de Junho de 2011 do Jornal da Tar-de da RTP, ficamos a saber que o número de divórcios diminuiu em cerca de 7% no ano passado em Portugal. Os especialistas ouvidos pelo referido Jornal apontam diversas causas para esta diminuição, sendo que a crise parece não ser alheia ao fenómeno. Ou seja, num tempo difícil que obriga as famílias a constrangimentos de na-tureza económica, que contribui significativamente para aumentar o stress financeiro entre o casal, a separação em que um dos intervenientes tem que pensar num outro espaço para viver com todas as implicações que daí ad-vêm, pode ter custos elevados. A alternativa para evitar um agravamento com as despesas, pode ser “negociar” com o cônjuge a sua permanência debaixo do mesmo tecto, como se de “dois amigos se tratasse”, vivendo cada um deles de modo próprio. Uma outra razão, pa-rece residir no menor número de casamentos registados oficialmente, já que são cada vez mais os que optam por “viver juntos”, pois em caso de separação todo o processo se torna mais fácil. Esta é uma tendência que se verifica em Portugal, que coloca definitivamente de lado a ideia de “até que a morte nos separe”. Um outro país onde se tem verificado aumento significativo de ca-sais que vivem juntos é nos Estados Unidos, cifrando--se actualmente em cerca de 12%, de acordo com dados referidos pela “The Heritage Foundation”. Esta mesma organização reporta alguns estudos que mostram que os americanos estão a optar cada vez mais pelo tipo de relação “test drive”, considerando o casamento como uma hipótese. Refere ainda que os casais que assumem uma relação sem compromisso são mais propensos à separação. A coabitação entre homens e mulheres não é sinónimo de felicidade.Pelo contrário, parece propiciar níveis de depressão mais acentuados, proporcionando

uma inferior qualidade nos relacionamentos, compara-tivamente aos casados. Numa relação de coabitação, as crianças saem também fragilizadas, experimentando di-ficuldades sociais acrescidas pelo facto de viverem fora de uma relação que não está vinculada por um compro-misso. Tais crianças tendem a apresentar problemas de comportamento e um baixo desempenho escolar.

Se há aspectos negativos e comprometedores para a es-tabilidade da família numa relação de coabitação, já os benefícios de um casamento são óbvios, tanto para o ca-sal como para os seus descendentes. Entre os que foram relatados pelos casais, destacam-se o bem-estar físico, em que há uma maior satisfação sexual, por exemplo, contrastando com níveis de satisfação inferiores entre os solteiros e os que vivem em coabitação. O mesmo sucedendo em termos psicológicos e económicos. Os estudos realizados nesta área do casamento parecem corroborar a ideia de que a união entre um homem e uma mulher não é o resultado de um capricho da natu-reza, mas antes um “desígnio de origem divina”, estabe-lecido por Deus tendo em conta o benefício e a realiza-ção plena do homem e da mulher. E, nesse sentido, não pode ser visto também como um “fardo que os homens herdaram da cultura judaico-cristã”. Quando se vê o ca-samento nessa perspectiva, é porque não se quer com-preender qual é o seu propósito.

Em que consiste então a essência do casamento? O mes-mo livro que suporta a ideia de uma união entre um ho-mem e uma mulher ter origem no próprio Deus, respon-de a esta questão: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idónea” (Génesis 2:18). É interessante notar que Deus se refere aos vários aspectos da criação como algo “bom”, mas quando se refere à solidão do homem diz: “não é bom…” (Génesis 2:18). Ou seja, o casamento não existe primeiramente para cumprir a função de propagar a raça humana, como alguns erradamente pensam. É verdade que o sexo no casamento cumpre esse objectivo, de acordo com o plano de Deus (Génesis 1:28). É, antes de mais, para combater a solidão. Por esse motivo, são felizes e privi-legiados os casais que têm no companheirismo um dos pilares do seu relacionamento, pois podem desenvolver confiança mútua, partilhar sonhos e visões, desabafar e chorar sem ver a sua vida devassada, encontrar estímulo para a sua fé e caminhada da vida, pleno significado na união que os consagra marido e mulher.

O que mantém juntos os casais de hoje?

gAMGrupos de Apoio Mútuo

Quando acordo, cedo de manhã, abro a janela do meu quarto e o cenário que tenho pela frente é a serra de Sintra e o Palácio da Pena, lindo, lindo. É fácil para uma menina imaginar as princesas e os príncipes encantados de que sempre ouvimos nas histórias que nos contam em crianças. O meu nome é Maria do Rosário Morgado, tenho 55 anos e nasci na linda aldeia do Carrascal de Sintra. Nasci uma linda e saudável menina. Comecei a andar com 9 meses, era muito dinâmica e ativa.Aos três anos e meio fiquei constipada e com muitas febres, passei muitos dias ao colo da minha mãe e en-quanto estava assim fui acometida de poliomielite grave que me deixou imediatamente paraplégica.

Passei a minha infância e adoles-cência em hospitais e aceitava isto com resignação. Era uma adoles-cente feliz mesmo não tendo o que a maioria das outras adolescentes tinha. Algumas vezes desejei poder correr, andar de bicicleta e sentir o vento no rosto, isso deve trazer mui-ta emoção!

Eu tive a vantagem de ter uma família cristã que me amava muito e me tratava como uma verdadeira prin-cesa. Creio que foi o facto de eu estar certa de que para Deus eu era preciosa, que me levava a vencer cada eta-pa da minha vida. Até ao dia de hoje, já tive 25 inter-venções cirúrgicas.Nem sempre estou forte, em tempos difíceis às vezes vou abaixo, mas depois lembro-me de que Deus vai ajudar-me a sair e sigo em vitória reconhecendo que a dádiva da vida é algo muito bom.As duas maiores perdas na minha vida foram a partida da minha mãe e da minha irmã. A minha irmã era “as minhas pernas”. Ela conhecia-me tão bem que na maior parte das vezes quando eu ia começar a expressar-me, ela já sabia o que eu queria.O GAM tem sido de grande ajuda para mim. Ali, muitas vezes encontro força, porque somos todos pessoas com necessidades semelhantes. Os acantonamentos de Ve-rão têm solidificado as nossas amizades e são de grande ajuda espiritual.

Gostaria de encorajar outros que andam em cadeira de rodas a não se deixar limitar por isso. A cadeira não é o fim da nossa vida. O propósito da vida não é conseguir andar, mas é algo no coração. Pode até ser o viver uma vida melhor, porque como me sinto incapaz de fazer tudo, tenho mesmo que confiar em quem é Todo-Pode-roso. O meu Deus é maior do que os meus problemas.

GaM – Contactos:agostinho e leta farinhaTel: 933161562 934739569e-mail: [email protected] [email protected]

que os meusproblemas

é maiorELE

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Ontem à noite, o nosso clube do livro reuniu-se para a ceia em que se iria conversar acerca do último livro que tinha sido escolhido para ler: “Prolongue a sua vida”, de Max Lucado. Os cogumelos recheados estavam excelen-tes, e a carne com chili mexicano e pão fresco, juntamente com a salada de caju e passas com molho caseiro, maravi-lhosos.

A meio da refeição, voltámos a nossa atenção para o debate sobre o livro. Max Lucado fez o excelen-te trabalho de desafiar-nos a olhar além de nós mesmos. Eu li em voz alta as palavras de Jesus em Mateus 25:34-45:

Então dirá o rei aos que es-tiverem à sua direita: vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fun-dação do mundo; Porque tive fome, e destes--me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era es-trangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quan-do te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos ir-mãos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, prepa-rado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.

Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. (Mateus 25:34-45)

Estávamos a desfrutar de uma selecção de chás, juntamente com uma deliciosa sobremesa sem glúten, quando o telefone interrompeu a nossa noite agradável. Era um vizinho a pre-cisar de uma boleia para ir à urgência do Hospital. Ninguém parecia estar disponível. Eu estava incomodada. Havíamos desejado esta noite, que tinha sido difícil de agendar devi-

do às nossas vidas ocupadas. Não queria sair da mesa e ter que conduzir pelas estradas de inverno até ao hospital que ficava a uma hora e meia de distância. E lá poderia aca-bar por ter que esperar muito tempo. Reclamei. Senti-me pressionada. Senti-me menos graciosa. E então eu percebi...

Deus conhece-me melhor do que eu me conheço. É fácil sentar-me no conforto da mi-nha casa a tomar chá e a con-versar sobre servir os outros tal como procuramos servir a Jesus. No entanto, quando é inconveniente, ou aborrecido ou desafiante, a sinceridade do nosso coração é testada.

À medida que rapidamente se esclareceram as coisas e

eu me aprontei para sair e levar o vizinho, tirámos um bre-ve momento para orar uns pelos outros. Quando pedimos a Deus que nos ensine, Ele irá levar-nos não só a conhecer a teoria, mas também a aplicar na prática aquilo que esta-mos a aprender.

Oração e ReflexãoSenhor Deus,Quando Tu vês nos nossos corações o desejo de Te servir, crias oportunidades acessíveis. Que nós possamos ter co-rações prontos a deixar as nossas zonas de conforto a fim de mostrar o Teu amor a um mundo faminto. Perdoa-nos o egoísmo e inunda-nos de novo com a alegria de ser a Tuas mãos e os Teus pés.Em nome de Jesus, Amém.

por gail rodgers

A teoriafunciona?

Gail RogersEmpresária - www.gailrodgersca

Este artigo tem direitos de autor. Usado com permissão.

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pós vários anos a intervir no Concelho de Cascais, sobretudo na área da infância, a ABLA A– Associação de Beneficência Luso-Alemã

decidiu responder à urgência de intervenção na área da Redução de Riscos e Minimização de Danos, em parceria com a Câmara Municipal de Cascais (CMC), no ano de 2002.Nessa altura, o Concelho vivia uma situação de flagelo devido ao aumento de locais de venda e de consumo de substâncias psicoativas (Spas), associado também, ao aumento da prostituição e delinquência. Assim sendo, tornava-se imperativo uma estrutura móvel que se deslocasse aos locais mais problemáticos do Concelho. A ABLA, aceitando o desafio da CMC e do Instituto da Droga e da Toxicodependência, iniciou o projeto “Encontros com Resposta”, tendo adquirido uma autocaravana e constituído uma equipa formada por técnicos superiores da área social, enfermagem e mediadores sociais. Salientando o carácter de serviço dos membros da equipa técnica, que sempre abraçaram este projeto como ministério de alcance, para que ao amor de Deus fosse refletido não só em palavras mas também em ações.Ao longo de dez anos, a Equipa de Rua “Encontros com Resposta” percorreu ininterruptamente as freguesias de Alcabideche, Estoril, S. Domingos de Rana, Carcavelos, Parede e Cascais e, a partir de 2007 estendeu a sua atuação ao Concelho de Oeiras: intervindo e sensibilizando através da distribuição de folhetos informativos e preservativos; promovendo a redução do risco de contágio e disseminação de doenças infecto-contagiosas através da troca de material asséptico; minimizando os danos associados ao consumo de substâncias por via endovenosa através

10 Anos de Serviço de Rua

da motivação para a alteração de hábitos de consumo, no âmbito do programa “Diz não a uma seringa em 2ª mão”; acompanhando os utentes para os rastreios necessários, entradas em Unidades de Desabituação, Comunidades Terapêuticas (especialmente o “Desafio Jovem”) e Equipas de Tratamento; comparticipando com a verba de 50 euros necessária para a estadia nas Unidades de Desabituação; intervindo em casos de emergência através da prestação de primeiros socorros e apelo à intervenção dos Bombeiros ou INEM em casos de intoxicação aguda (overdose) e outros problemas associados ao consumo; apoiando e motivando os utentes para o tratamento e com vista à abstinência do consumo de Spas; e fornecendo apoio psicossocial diverso incluindo refeições, banhos e vestuário limpo,

Como resultado desta intervenção direta, 165 utentes deram entrada em Comunidade Terapêuticas, assim como, muitos outros foram alvo de apoio alimentar, distribuição de roupa, cuidados de enfermagem, apoio psicossocial, rastreios, entre outros serviços efetuados pela equipa. Tendo muitos deles iniciado uma caminhada com Cristo.Foram dez anos de serviço aos mais marginalizados e esquecidos pela sociedade. Dez anos de aprendizagem e ensino. Dez anos de vidas transformadas. Dez anos do cuidado diário de Deus na vida de todos os que fizeram parte ou foram alvos desta equipa.

Lembramos a ilustração de Jesus em Lucas 14:16-24 “Um homem preparou uma grande festa e enviou muitos convites … disse-lhe que fosse depressa às ruas e becos da cidade e convidasse os mendigos, paralíticos, coxos e cegos … ainda havia lugar …. 'Vai por aí fora, pelos caminhos dos campos e por todos esses lugares insiste para que venham, de modo que a casa fique cheia.' ” Compete às Igrejas em geral e aos ministérios das IPSS cristãs, tais como a ABLA, ir às ruas e becos insistindo com os excluídos da sociedade para virem ao banquete da esperança de uma nova vida em Deus.

Priscila Pighin Silva

Rua José Brandão Almeida, 1 Loja A Mem-Martins

Perto da Escola Básica de 2º e 3º Ciclos Ferreira de Castro

Telefone: 21 096 58 92

(2ª a 6ª Feira) 9h - 13h / 14h - 18h

(Sábado) 10h - 13h / 14h - 18h

Encontre o que procura, na nossa Loja Social:Vestuário e calçado de modaMobiliárioArtigos de desportoArtigos de cozinhaProdutos para jardinagemE muito mais......

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das pessoas e das comunidades. Daí que, face aos desafios colocados pela globali-zação da economia, pela emergência da sociedade da informação e pelo desen-volvimento acelerado do conhecimento científico e tecnológico, a educação de to-dos e ao longo de toda a vida se imponha a cada indivíduo como necessária ao seu aperfeiçoamento pessoal e profissional, à sua adaptação ao mercado de trabalho e, em última análise, à sobrevivência com qualidade num mundo em constante mu-dança, dominado pela incerteza quanto ao futuro. Aos pais que possam é essencial propor-cionar aos seus filhos uma educação con-digna, adequada e equilibrada para per-mitir o crescimento psicológico e físico por forma a que eles possam estar o mais bem preparados para os desafios da vida adulta. Quem não tiver condições finan-ceiras para o fazer deve recorrer às aju-das do Estado e estimular os seus filhos a fazerem o melhor nas escolas e em casa como futuros cidadãos.A escolha dos cursos superiores deve ser bem amadurecida entre Pais e Filhos e ser efetuada em função da qualidade técnica dos cursos, saídas profissionais e capaci-dade de aprendizagem dos Jovens (a afe-rir pelo seu percurso escolar, capacidades inatas p. ex.).Sugere-se que Pais e Filhos procurem os Sites das seguintes instituições com bons cursos Técnico-Profissionais:

http://www.anq.gov.pt/default.aspx?access=1

Versículos úteis para refletir:Provérbios 19:15 e 23.eclesiastes 12:01 e 13.

No próximo número: II - Para os Jovens Recém Formados e Adultos à Procura de Novo Emprego

Adriana TeixeiraConsultora de projectos

de investimento

Conforme notícia publicada a 16 de Fevereiro de 2012, taxa de desem-prego de Portugal subiu de para 14% no quatro trimestre de 2011, uma alta de 1,6 ponto percentual sobre o trimestre anterior, divulgou nesta dia 16 de Feve-reiro o Instituto Nacional de Estatística do país que transparece as fragilidades da Economia Nacional consequência do facto das PME ´s Nacionais não esta-rem preparadas para a Globalização imposta pela integração na Comunidade Europeia e pela emergência da Grande Potência Económica Mundial.A elevada taxa de desemprego atinge essencialmente a região do Algarve e de forma preocupante as faixas etárias jovens conforme notícias divulgadas nos Órgãos da Comunicação Social a 16 de Fevereiro de 2012.Pais, Jovens, Homens e Mulheres em idade ativa deparam-se com inúmeros problemas relacionados com a austeridade, instabilidade na Gestão das Em-presas na sua maioria geridas por Gestores sem estratégias bem definidas e consolidadas ou por Gestores que desconhecem conceitos como: ética, res-ponsabilidade social e igualdade de oportunidades, apanágio apenas de gran-des empresas com uma presença consolidada nos mercados internacionais. O País depara-se com:• Um cenário de Jovens com elevada formação profissional, saídos das facul-

dades e motivados para o Mercado de Trabalho e sem perspetivas de uma sólida integração profissional, que lhes traga esperança no futuro serenidade e vontade de prosseguir investindo em Portugal, comprometendo o desen-volvimento do País a médio e longo prazo.

• Adultos inseguros face à entrada de jovens mais motivados e conhecimentos renovados, com receio das re-estruturações dos Quadros das Empresas, ex-tinções dos postos de trabalho e ameaças de reformas antecipadas;

• Funcionários públicos com perdas crescentes de direitos e sujeitos a novas regras de mobilidade geográfica para manterem os seus empregos; preca-riedade do Mercado de Trabalho- ao nível das condições de trabalho e re-muneratórias, que não abonam o País face aos Países mais desenvolvidos da Europa; elevadas taxas de desemprego das Faixas Etárias mais Jovens.

Contudo os Cristãos com fé firmada não devem esmorecer, há um conjunto de medidas que o atual Governo, organismos oficiais, Associações Industriais e Sectoriais têm vindo a preconizar de apoio aos Jovens, aos Adultos Desem-pregados. i - Para os Pais e encarregados de educação:1 - Conforme recomendação n.º 2/2012 “a educação constitui uma aposta decisiva, mas difícil, para o futuro de Portugal, sendo essencial que toda a so-ciedade esteja empenhada na melhoria da qualidade e das condições de equi-dade que são oferecidas, para elevar as qualificações dos portugueses e ser possível construir os consensos necessários à sustentabilidade das reformas a realizar. A educação e formação são setores decisivos na evolução dos países e fatores importantes de coesão social, considerada como fonte de renovação

por adriana teixeira

Estratégias paraCombater a Elevada taxa

de Desemprego emPortugal

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mulheres da bíblia

uma impiedosa perseguição aos ju-deus, tendo matado milhões deles, fruto de uma teoria que os culpabi-lizava pelos problemas da Alema-nha. Nesta altura, na Europa, como naqueles dias no Egipto, Deus tinha providenciado no sentido de encon-trar pessoas. Alguns eram cristãos como Corrie Ten Boom e a sua fa-mília, outros eram simples cidadãos do mundo, como o Diplomata Aris-tides Sousa Mendes (1885-1954), que ousadamente disse: “Não parti-cipo em chacinas, por isso desobe-deço a Salazar!” Eles, à semelhança da filha de Faraó, decidiram inter-vir salvando a vida do povo judeu. Num outro momento crucial da nação de Israel, quando os israeli-tas se preparavam para conquistar Jericó, Raabe acolheu e escondeu os espias judeus, salvando as suas vidas (Josué 2). Teríamos nós pos-to em risco a nossa vida por pessoas que desconhecíamos? Eles fizeram--no, demonstrando grande coragem.

a DeCiSão Da PriNCeSaA vida é feita de decisões, pequenas ou de maior dimensão que tomamos ao longo de cada dia. A história re-gista o nome de inúmeras pessoas que tinham nas suas mãos o poder de decidir sobre a vida de milhares de outros, nomedamente Jonh Ke-nedy, durante a crise dos mísseis. Vivemos num mundo mau, cheio de perversidade a vários níveis, que nos coloca não raras vezes diante de decisões difíceis que precisamos de tomar. Foi esse o drama vivido por Joquebede, mãe de Moisés, que se viu confrontada com a ordem de Faraó para matar todas as crianças hebreias de sexo masculino, entre as quais se encontrava o seu filho

deus tinha um plano para a vida de Moisés que passava pela liber-tação de Israel da escravidão do Egipto, como se depreende das se-guintes palavras: “…e eu te envia-rei a Faraó, para que tires o meu povo, do Egipto” (Êxodo 3:10). Ele haveria de ser o instrumento usado por deus para forçar Faraó a deixar sair em liberdade o povo de Israel. É de crer que Moisés havia sido escolhido desde o ven-tre da sua mãe com o propósito de libertar o seu povo. Esta é também uma história de soberania divina, que nos mostra como deus gover-na o universo, controla as circuns-tâncias, de modo que se cumpram os seus desígnios e, neste particu-lar, a promessa que havia feito a Abraão. Fique connosco, saiba como a filha de Faraó, providen-cialmente. contribuiu para preser-var a vida do futuro líder da nação de Israel.

PaNo De fuNDoQuando os descendentes de Jacó passaram a viver no Egipto, perma-necendo ali por cerca de 400 anos como escravos, Deus havia prometi-do que faria deles uma grande nação. Porém, agora eram politicamente reféns do Egipto, sendo também considerados como uma ameaça. Como se haviam tornado num povo numeroso que crescia diariamente, Faraó deu instruções ao seu povo para matarem “a todos os filhos que nascerem aos hebreus”, lançando-os no rio Nilo (Êxodo 1:22). Esta era a sua estratégia para condicionar o crescimento dos israelitas, porém o povo indirectamente ignorou esta ordem. A História haveria de repetir--se mais tarde, quando Hitler iniciou

A princesaque salvou Moisés

Moisés. Ela arriscou preservar a sua vida, sendo bem-sucedida, pois Deus na sua providência escolheu a filha de Faraó, uma princesa pagã, que acabaria por se tornar numa “segunda mãe para Moisés”, aco-lhendo este bebé hebreu no palá-cio como se de um filho se tratasse (Êxodo 2:5-6). Ao reconhecer que dentro daquele frágil cesto que se encontrava a boiar no rio onde se foi banhar estava um bebé hebreu, a princesa poderia ter seguido as or-dens de seu pai, entregando a crian-ça para que fosse morta. Ao invés, diz o texto que ela “teve compaixão dele” (Êxodo 22:6). Ela reconheceu e compreendeu também que a mãe daquela criança havia escolhido dar--lhe uma oportunidade para viver. É interessante notar que esta prin-cesa. que não conhecia o Deus dos Hebreus, “nascida numa cultura de morte”, como a descreve Alan Carr, escolheu dar vida a um ser que esta-va destinado a morrer por decisão de um governante. Em jeito de conclu-são, gostaríamos de citar novamente Carr: “Também vivemos numa cul-tura de morte. Vivemos num mun-do onde o lugar mais perigoso para uma criança por nascer é o lugar que deve ser o mais seguro: o ventre de sua mãe. Vivemos num mundo onde toda mulher grávida quer ser mãe. Vivemos numa cultura que permi-te a uma mulher tirar a vida de seu filho”. De acordo com a Federação Portuguesa pela Vida, “os mais de 60.000 abortos legais “por opção” desde 2007 custaram ao Estado per-to de 100 milhões de Euros”!

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Era a primeira vez que entrávamos naquela sala ampla. Foi-nos indicada a mesa das famílias, e ali me sentei com a minha mãe, ficando a minha irmã numa outra mesa. Fomos acolhidas com amabilidade.Estávamos no Café-Convívio, em Benfica, na expecta-tiva que ali a minha irmã encontrasse a oportunidade de uma vida diferente. Ela consumia drogas e precisava de ajuda urgente. Escutaram atentamente as nossas preocupações e de-ram-nos orientação que se revelou muito útil. Saí dali a pensar como era interessante aquele trabalho. Fora ape-nas o princípio de um processo de ajuda que se viria a revelar bem-sucedido na vida da minha irmã. No ano 2000, na nossa igreja, foi feito um apelo.Era necessários mais colaboradores voluntários, para o Café-Convívio local, um trabalho que exigiria um com-promisso de responsabilidade e fidelidade. Ofereci-me para cooperar. Iniciei-me no sábado seguinte, a lavar a louça, uma tare-fa que teve muito valor para mim, a que dediquei amor e cuidado. Depois de servido o jantar, havia o tempo de culto, a que eu gostava de assistir, numa oportunida-de de estar mais próxima das pessoas em necessidade. Muitos vinham da rua, sem-abrigo. Uns tinham proble-mas com o álcool, outros eram toxicodependentes.Outros pareciam simplesmente perdidos, sem rumo na vida nem esperança. Percebia-se que não sabiam o que fazer. Passei a fazer parte da equipa que ia às ruas, à quinta-feira. Depois de um tempo de oração, saíamos para o bairro da Curraleira, um lugar degradado onde se juntavam muitos deles. O primeiro dia foi impres-sionante para mim. Ao entrar no bairro, havia “vigias” que gritavam lá para dentro: “Desafio Jovem!”, para que soubessem que éramos nós e que “não haveria pro-blemas”. Nunca tinha tido contacto directo com aquele mundo. Senti uma tristeza profunda por aquela gente.Chorei muito. Connosco levávamos alimentos: leite, sandes e sopa quente confeccionada voluntariamen-te por um grupo de senhoras aposentadas. Uma delas costumava dizer: “Servimos as pessoas como se Jesus

estivesse aqui.” A Dra Ana Correia fazia tratamento de feridas, de hematomas e prestava a assistência médica necessária e possível ali. Desde então, sempre me tenho dedicado a este trabalho. Muitas são as histórias felizes para contar.Certa vez, encontrámos um homem alcoólico que dor-mia na zona do Jardim Constantino, em Lisboa. Fomos buscá-lo, a ele e a outros, na carrinha, para receber ajuda no Café-Convívio. Fez o programa terapêutico no De-safio Jovem. Hoje está livre do álcool e gosta muito de animar e incentivar outros. É membro activo na igreja e na sociedade, um grande amigo e vai casar em breve.É bom saber que fui uma das ferramentas que Deus usou para o alcançar.

Na Bíblia lemos que David pediu para si um coração puro e a alegria da salvação, entre outras bênçãos.Contudo, ele não pediu só para si. O seu anseio era que Deus o usasse em favor de outros, e disse: “Então ensi-narei aos transgressores os teus caminhos, e os pecado-res a ti se converterão.” (Salmo 51: 10-13) Esta é uma passagem bíblica que tem um significado especial para mim. Gosto muito de pessoas. Respeito-as e sinto apre-ço por elas, mesmo nas condições difíceis em que estão, porque imagino o que eu seria sem Deus na minha vida.É bom pensarmos que se um dia nos perdêssemos, o nosso caminho poderia ir dar ao que sucedeu com eles, porque o vazio que está na vida deles também estaria na nossa. Deus deu-nos uma nova vida, uma nova forma de pen-sar e é impossível não partilharmos com os outros aqui-lo que Ele fez por nós.Há uma frase, cuja autoria desconheço, mas que faz muito sentido para mim: “A nossa vida só é completa-mente vivida quando está envolvida na vida de outras pessoas de uma forma saudável.”

por luÍsa Pinto

tempo de partilha

Luísa PintoMonitora no Desafio Jovem

ferramentade Alcance

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com frequência para procurar vítimas vulneráveis. Dão atenção, afecto, simpatia e despendem bastante tempo, dinheiro e energia neste esforço de aproximação. Estão a par das músicas e dos passatempos mais recentes que despertam o interesse das crianças. Para tentar diminuir as inibições dos jovens, gradualmente vão introduzindo conteúdos sexuais nas conversas.Os adolescentes jovens tendem a explorar a sexualida-de, afastam-se do controlo dos pais e procuram novos relacionamentos fora do âmbito familiar, o que é facili-tado hoje pela Internet e pelos telemóveis e tablets.No dia 29 de Janeiro de 2012, a RTP apresentou a no-tícia sobre um “predador” na internet que seduziu uma menor, marcou com ela um encontro no facebook, e a violentou.Mas o que se esconde por detrás destes encontros mar-cados? Todos os adolescentes desejam sentir-se espe-ciais e importantes. A atenção de pessoas mais velhas fá-los sentir isso mesmo. E esta é a chave que abre o seu coração, mesmo para situações por vezes danosas.

Não é só agora que os adolescentes sentem esta neces-sidade: a Bíblia já nos fala de uma adolescente (que te-ria 13 anos na altura) que procurava coisas novas, com curiosidade. O seu nome era Diná (Génesis 34).Numa sociedade assumidamente masculinizada, cer-ca de 1700 anos antes de Cristo, e numa família, onde a atenção do seu pai se repartia por várias mulheres e seus filhos, imagino Diná com os seus 12 irmãos rapa-zes, que teriam, possivelmente, conversas de rapazes, brincadeiras de rapazes. Diná era a filha mais nova de Jacob, até nascerem José e Benjamin. Provavelmente, as atenções do pai e dos irmãos centraram-se depois nos mais pequeninos. Não seria então legítimo à jovem Diná conhecer os costumes das “filhas da terra” e dar-se com outras raparigas? Sem querer especular, imagino que uma adolescente como Diná, quisesse conhecer e tivesse curiosidade em conhecer outras realidades, mas desde o momento em que esse confronto colocasse em causa os princípios de pureza e respeito pelo próximo ensinados pelo Deus de seu pai, Diná deveria ter-se afastado. Possivelmente, quando Diná se quis afastar, já foi tarde de mais, e Siquém, o príncipe daquela cida-de, violentou-a, com todas as consequências desastrosas que vieram a seguir.

Queiramos ao não, o background religioso de uma na-ção, influencia em muito o seu povo. A cidade onde Diná fora habitar em criança com a sua família (quando Diná teria cerca de 6 anos) era da região dos cananeus. A religião dos cananeus tinha como deus principal Baal,

e a sua “mulher” a deusa Astarote ou Astarte. Esta deusa era um símbolo de fertilidade, pelo que um dos sacrifí-cios realizados em sua “honra” era a prostituição cultu-al. O sexo não era portanto, nesta sociedade, guardado para o matrimónio, era antes banalizado e vulgarizado. E foi neste contexto que Diná se “inseriu” na busca de novas amizades.Creio que muitas adolescentes, tal como Diná, ficam à mercê de “predadores” pelas várias razões já mencio-nadas. Esta é uma história da Bíblia que nos deixa um grande alerta neste sentido.Então, se vive ou trabalha com adolescentes é preciso ter em conta vários aspectos, para evitar os perigos da Internet:

• converse abertamente com as crianças e adolescentes sobre os perigos da Internet;

• existem meios para restringir os sites a que as crian-ças têm acesso – informe-se e utilize-os.

• esteja atento se os seus filhos/ educandos: navegam por períodos muito longos, fazem questão de perma-necer sozinhos junto do computador ou mudam de página sempre que chega alguém; recebem mensa-gens de e-mail suspeitas, recebem chamadas telefóni-cas ou sms’s de pessoas estranhas ao núcleo familiar ou círculo de colegas; utilizam linguagem impró-pria para a sua idade; interessam-se subitamente por assuntos de natureza sexual; deixam vestígios de acessos a páginas impróprias; isolam-se da família.

• Se verificar alguma situação imprópria relacionada com a utilização da Internet, não culpabilize a crian-ça/ adolescente, para que esta não perca a confiança nos adultos, antes esclareça abertamente a situação.

• esteja sempre disponível para conversar, para dar atenção e afecto.

Existem hoje vários recursos para proteger a sua Inter-net de sites danosos. Para mais informações consulte

• www.internetSegura.pt;

• http://linhaalerta.internetSegura.pt;

• www.seguranet.pt.

na Internet existem, de facto, muitos re-cursos interessantes quer para trabalhos escolares, quer para falar com amigos, e as crianças gostam deste meio pois de-sejam descobrir coisas novas, têm muita

curiosidade e vontade de experimentar.No entanto, as crianças com menos de 10 anos ainda não possuem geralmente a capacidade de raciocínio crí-tico para ficar online sozinhas em segurança. Por isso, é necessário que pais e educadores as acompanhem neste tempo, se sentem com elas quando ficarem online, se certifiquem que elas não vão a sites prejudiciais e as ensinem a nunca partilharem informação pessoal pela internet.De facto, estar “em casa” deveria significar, para a criança, estar em segurança, protegida contra perigos exteriores. Porém, actualmente, e no caso da utilização da Internet, nem sempre é assim. Existem “predadores”

online, ou seja, pessoas com intenção de captar a aten-ção de crianças e jovens para marcarem encontros sexu-ais, ou outras situações danosas.Estes “predadores”, que muitas vezes se fazem passar por adolescentes e jovens, movimentam-se bem nas salas de chat, no correio eletrónico, nos programas de mensagens instantâneas. O anonimato proporcionado pela Internet significa um ambiente onde a confiança e a intimidade podem desenvolver-se rapidamente. Os “pre-dadores” aproveitam-se deste anonimato para estabele-cer relacionamentos online com jovens inexperientes. As crianças e os adolescentes, no seu processo de cres-cimento, deparam-se com muitas situações novas, sen-sações, questões e curiosidades, sentimentos vários… Actualmente, uma alternativa a perguntar a amigos ou familiares sobre essas questões (quando se tem vergo-nha) é colocar em fóruns de debate ou salas de chat na Internet. Os “predadores” visitam estas áreas online

por elsa Correia

As crianças estão a aceder à Internet cada vez mais cedo. Em Portugal, a faixa etária na qual mais vai crescer o uso da Internet é a correspondente ao 1.º ciclo do ensino

básico, pois muitas crianças começam a usar o computador na escola com essa idade e possivelmente vão querer ficar online em casa também.

Exemplo de algumas das páginas mais visitadas pelos adolescentes

Internet: navegar em segurança

E

Elsa CorreiaSocióloga

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Não há vez que recorde esta história que não me lembre, precisamente, do amor e atitude do Pai Celestial face àqueles que poderiam estar a desfrutar da sua condição de filhos, com uma vida de segurança, debaixo da Sua proteção. O Pai anela pelo reencontro, pronto a ofere-cer o Seu abraço terno, com um coração ávido da comu-nhão com a humanidade, obra das Suas mãos.Vivemos dias em que a solidão marca a íntimo de cada coração. No meio da multidão é possível sentir solidão, aquele sentimento insuportável de falta de comunhão, de apoio, de segurança, de esperança.

Há alguns anos atrás alguém me relatou uma ilustração muito interessante. Deus, ao criar o Homem, colocou no seu coração um espaço vazio cuja forma corresponde à feição de Deus e tudo o que tentamos lá colocar para ta-par esse espaço não “encaixa” como uma peça de puzz-le fora do lugar, com a agravante de ser completamente insuportável a dor deixada por aquele espaço vazio. O Homem tem procurado de tudo para preencher o vazio do seu coração, de tudo mesmo, mas em vão porque aquele espaço tem a forma de Deus!

Se, no seu ser mais profundo, aquele que só o(a) leitor(a) conhece, existe pesar e o desejo de alcançar uma vida diferente, tenho boas notícias para si.Nesta hora, com um coração verdadeiro, chegue-se a Deus, no preciso local onde se encontra, e clame pelo encontro que mudará a sua vida e pelo qual Deus aguar-da há muito. Mesmo que não tenha a certeza desta reali-dade, tenha a ousadia de convidar Deus a fazer parte da sua vida, a preencher o vazio do seu coração.

O Autor da Vida não lhe negará o Seu amor por que Ele mesmo diz: “Todo aquele que vier a Mim, de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6;37)

reflexão

por riCk brown

Fim de tarde, num dos últimos dias do mês de agosto – Aeroporto de Lisboa, Porta de Chegadas. Aquele era um dia especial. Depois de quase um mês de viagem pela Europa, era chegado, finalmente, o dia do reencontro. A nossa filha voltara de uma viagem por vários países que, parecendo-lhe pouco, para nós correspondia a uma quase-eternidade. O tempo de espera, naquele dia, foi alargado em resulta-do de contratempos no levantamento da bagagem, per-mitindo ver como o reencontro de alguém desejado é mais valioso do que todos os bens do mundo. Naquela tarde, com o sol já baixinho, a entrar através das vidraças e a iluminar os rostos de quem estava e de quem chegava, foi possível constatar a importância da família e dos amigos, sobretudo, quando afastados pelas tramas do tempo e da distância. A saudade, o desejo de estar perto, de compartilhar histórias, de sentir a segu-rança e o conforto da presença do outro…Fez-me lembrar a história que uma vez Jesus contou aos seus discípulos. Uma daquelas crónicas de vida, com aventuras e desventuras mas com final feliz.

Tratava-se da história de uma família rica constituída pelo pai e pelos seus dois filhos. Viviam numa grande propriedade que constituía o sustento de muitos. Um dia, o mais novo dos filhos revelou ao pai o seu sonho. Queria conhecer o mundo, percorrer terras desconheci-das, conquistar o infinito… Mas para isso precisaria de recursos, recursos que só o pai lhe poderia proporcionar. Foi de coração apertado que o pai repartiu o seu patri-mónio pelos dois filhos, tendo o mais novo encetado a sua expedição em direção ao inconquistado.

Os primeiros tempos foram vividos com a adrenalina a alimentar o desejo de aventura mas como os recursos, se não forem aplicados em investimento, se esgotam, depressa começou a sentir privação – privação de ami-gos, de alojamento, de amparo, de alimento, e, por fim, de tudo. O sonho de conquistar o mundo foi substituí-do pela necessidade imediata de prover sustento para si próprio. A necessidade de um trabalho que permitisse um nível básico de vida era imperiosa mas tudo o que conseguiu foi um trabalho precário na indústria pecuá-ria onde foi enganado e explorado pelo patrão. O desespero, naquele dia, chegou ao máximo suportá-vel por qualquer mortal. Como teria chegado a uma si-tuação tão degradante? Como teria sido possível passar de uma vida de conforto e de segurança para uma humi-lhação daquelas? As perguntas sucediam-se na mente e no coração mas a resposta foi uma e só uma - voltar para o pai, mas na condição de trabalhador. Era tudo o que desejava – um lugar de trabalhador, tal com os restantes trabalhadores de seu pai, que em troca do seu esforço, recebiam o salário que permitia o suprimento das suas necessidades.

A decisão foi posta em prática, contudo, o reencontro que começou com uma atitude de arrependimento foi coroado com o gesto caloroso do pai que não o aceitou como seu trabalhador mas o reconduziu ao lugar que sempre lhe pertenceu – o lugar de filho, de herdeiro, de natural da casa. O perdão do pai e a restauração da sua condição de filho marcaram aquele dia que foi en-galanado com extensos festejos almejando mostrar ao mundo a alegria daquele reencontro tão esperado.

reflexão

De regressoaos braços do Pai…

Cristina FradeSocióloga

por Cristina frade

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almente, individualmente, e não generalizadas com o resto da turma ou do grupo. Sempre que possível, as orientações devem ser concretas, explícitas, directas e apoiadas por imagens. Use cartões com imagens da-quilo que pretende que a criança faça.

• As orientações e instruções devem ser dadas uma de cada vez. Se necessário, repita, mas sempre com as mesmas palavras. Não reformule, pois a criança pode-rá pensar tratar-se de outra instrução.

• Ajude a criança a desenvolver a capacidade de iniciar e manter uma conversa, de tentar comunicar verbal-mente e não-verbalmente. Valorize e reforce todas as tentativas de comunicação da criança.

• Dirija-se à criança pelo seu nome, antes de lhe dar qualquer orientação ou instrução.

• As crianças não entendem metáforas, sarcasmo ou iro-nia. Não os use.

• Ajude a criança a aprender a pedir ajuda nas situações com que não sabe lidar. Combine um sinal ou um có-digo que a criança pode usar quando não compreende uma instrução.

• Não faça muitas perguntas mas sim afirmações. Por exemplo, em vez de perguntar “ Como está hoje o tempo?”, transforme a pergunta em afirmação: “Hoje o tempo está….”

• Oriente os irmãos e os colegas na forma de interagir com a criança portadora do SA. Organize um círculo de amigos, crianças mais maduras que podem ajudá-la.

• Organize e estratifique as tarefas da criança de forma gradual, aumentando de forma progressiva o nível de exigência.

• Ajude a criança a compreender as expressões faciais subjacentes às emoções. Chame a sua atenção para as emoções faciais das pessoas, das personagens dos li-

vros, dos filmes; use o espelho para treinar expressões faciais com a criança.

• Ensine a criança a responder a abordagens indesejadas das pessoas e saber a quem se dirigir quando se sentir ansiosa ou transtornada.

• Estimule o contacto ocular, sem a treinar explicita-mente para isso.

• Proporcione actividades onde a criança possa interagir em equipa, primeiro com uma pessoa e gradualmente vá introduzindo outras.

• No final de cada tarefa, leve a criança a reflectir sobre o que aprendeu, explicando o que fez e como fez.

• Simplifique a linguagem e adeque as suas palavras às suas expressões faciais e comportamento não verbal.

• Conheça bem as características da criança, as suas li-mitações e as suas forças, de forma a ajudar a crinça nas suas limitações e estimular as suas forças. Acom-panhe o seu ritmo.

Um ambiente calmo, positivo e coerente fará toda a di-ferança. Os progressos nem sempre são rápidos, mas não desista! Com a educação adequada e a intervenção especializada, estas crianças podem contornar os seus problemas e viver de forma integrada na sociedade, de-senvolver todo o potencial que Deus lhes deu para dei-xarem a sua marca no mundo e experimentarem uma re-lação especial com Deus: amá-Lo com tudo o que são!

os nossos filhos

Iolanda MeloPsicóloga

[email protected]

No número anterior, abordámos o Síndrome de As-perger, um conjunto de problemas que crianças, ado-lescentes e alguns adultos apresentam na sua forma de comunicar com os outros. Caracterizada essencialmente por uma perturbação no desenvolvimento que se mani-festa sobretudo na interação social, a comunicação e o comportamento, na escola, na igreja e nas associações, tornam-se muito penosos para estas crianças, pois o seu interesse nos pares pode tornar-se diminuto e tenderem a isolar-se.Detectando precocemente os seus sinais, é possível es-tabelecer uma intervenção que permita a recuperação e a estimulação de habilidades que facilitarão o seu desen-volvimento emocional, social e cognitivo. Isso implica um trabalho conjunto entre pais e professores, de forma a ajudar estas crianças e adolescentes a desenvolver o seu potencial e estratégias para lidar com as suas inca-pacidades, minorizando assim os seus efeitos negativos. Reflectiremos, em seguida, sobre as estratégias educa-cionais mais adequadas para lidarmos e ajudarmos os nossos filhos e/ou alunos portadores de Asperger:• Crie um ambiente que valorize as individualidades de

cada um e que utilize os diferentes estilos de apren-dizagem: pelo ouvir, pelo fazer, pelo sentir, pelo ver, pelo experimentar, etc.

• Crie um ambiente calmo e organizado – tenha em con-ta que a organização e a rotina são fundamentais para a estabilidade emocional de qualquer criança.

• Permita à criança ter um espaço só seu onde possa es-tar algumas vezes durante o dia, onde não haja muitas distrações e com os mesmos objectos e/ou móveis, por exemplo, uma secretária.

• Regras, limites e expectativas bem claros e definidos – a criança deve compreender o que é esperado dela. As

instruções e orientações devem ser-lhe dadas pesso-

os nossos filhos

Quando a rELAçãO

e a COMUNICAçãOcom os outros

parte 2são DIFÍCEIS...por iolanda melo

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Apareceu na primeira aula com um atraso consi-derável. Nas seguintes também. Chamei-a à atenção e a coisa lá foi melhorando, a pouco e pouco.Quer a criticasse por não ter cumprido alguma tarefa ou a elogiasse por um bom desempenho, nunca deixava de sorrir para mim, um sorriso largo, muito bonito, acom-panhado de um olhar meio tímido mas com um brilho invulgar.Rosa nunca estava triste, sorria sempre e contagiava toda a turma com uma alegria e uma expressão que to-dos admiravam. Não andava, dançava. Não falava, sor-ria com palavras.No terceiro período andava um pouco desorientada como acontece com muitos alunos do 12º ano. Não sa-bia que curso seguir. Gostava de tantas, tantas coisas... Gostava de tantas coisas, que não conseguia tomar uma decisão.Um dia perguntou-me: “E o professor o que é que acha?” Sem hesitar, disse-lhe: “TEATRO.” Parou um pouco e respondeu: “Tem graça, a minha mãe diz o mesmo.”No dia seguinte foi consultar tudo sobre cursos e esco-las de teatro no país.

Nos ensaios para o filme, que estava a fazer com os seus colegas de grupo, para o trabalho de final de ano, des-dobrava-se nas mais variadas personagens como se ti-vesse ensaiado todas, durante horas a fio. Representava, dançava, cantava, com uma facilidade desconcertante. Todos os colegas deliravam e elogiavam a Rosa. Lá no fundo todos desejavam ter a Rosa a participar no filme do seu grupo. Todos desejavam ser um pouco como a Rosa. A Rosa era única. Não tinha muitas dúvidas que daí a uns anos a iria ver num grupo de teatro com uma plateia rendida a seus pés, e no fim ela agradeceria as palmas com o seu sorri-so largo e contagiante, os seus olhos grandes e brilhan-tes e faria uma vénia como se de uma dança se tratasse. Acabou o ano, fomos todos para férias.

No início deste ano lectivo, ouvi falar que a Rosa estava a fazer melhoria de nota a uma disciplina, mas já estava inscrita no conservatório, em teatro. Fiquei contente.

Achei estranho nunca me ter cruzado com ela, num qualquer corredor da escola, passados já tantos meses que as aulas tinham começado.Um dia encontrei uma amiga sua, ex-colega de turma. Perguntei pela Rosa.- “O professor não sabe? A Rosa está grávida!”A Rosa tinha abandonado os estudos e estava a trabalhar num centro comercial em Lisboa.

No fim de uma tarde um pouco chuvosa e triste, já com a luz a desaparecer, saí da escola como habitualmente, dirigindo-me à estação dos comboios. Por acaso decidi olhar para as pessoas que estavam na paragem de auto-carro. Sentada, entre outras pessoas cansadas de mais um dia de trabalho, estava a Rosa. Sorriu para mim um pequeno sorriso, e perguntou: -“ O professor já sabe?”Já sabia, e fiquei a saber muitas outras coisas. Todos os sonhos tinham sido adiados, muito adiados. O sorriso aberto e radiante, estava agora como o final daquele dia, um pouco apagado e cinzento. O palco ia ser outro, os atores também tinham mudado. O futuro adiado.

no palco da vida real o cenário nem sempre é rosa.

Baseado numa história real, com um nome fictício.

25 ANOS DE EXPERIÊNCIA AO SERVIÇO DOS NOSSOS CLIENTESOsvaldo Castanheira

Professor de artes e designer gráfico

acontece

Uma história

rosamuito pouco

por osvaldo Castanheira

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pesquisa bíblica

1. Todo o casal deseja ter prosperidade económica. Leia as palavras de Agur, em Provérbios 30:8 e 9 e indique o seu parecer sobre o que este homem pedia a Deus.

2. Em tempo de grandes perdas, Jó faz uma afirmação impressionante. Leia-a em Jó 13:15 e comente:

3. Os amigos de Jó não o confortaram nem aconselharam sabiamente. Em momentos de crise, o conselho sábio pode fazer toda a diferença na vida de um casal. Dos versículos seguintes, assinale aqueles que já experimentou na sua própria vida:

• Provérbios 10:21• Provérbios 11:14• Provérbios 12:15• Provérbios 16:24• Provérbios 24:6

4. A certa altura, Jó intercede em oração por alguém (Jó 42:10). Quem? E o que é que aconteceu enquanto o fazia?

5. Finalmente, os seus familiares e amigos tomam uma iniciativa que representará grande ajuda. Verifique qual foi, em Jó 42:11 e indique.

6. Tire uns momentos para pensar num casal conhecido que esteja a passar por um tempo atribulado. O que poderá fazer em seu favor?

7. Todo o casal, mais tarde ou mais cedo, poderá vir a ser confrontado com tempos de adversidade. Essa condição permitirá desenvolver o sentido de entreajuda e consolidar a relação, ao invés de a pôr em risco. Em Génesis 25:21 encontra o exemplo de um casal que enfrentou uma situação inesperada e difícil. Quem foram e qual foi a atitude tomada?

Completou todas as respostas? Parabéns, concluiu mais uma lição!No próximo número teremos o casal Assuero e Ester, apresentado por um casal de hoje.

9ª LiçãoJó e a sua esposa

Jó e a sua esposa enfrentarem todo o tipo de condicio-nantes que podem fazer um casamento desmoronar-se:

a prosperidadePode ficar espantado, mas muitos casamentos não sub-sistem à prosperidade. Perdem o foco do que é prioritá-rio; às vezes colocam a prosperidade à frente de Deus, ou do seu cônjuge; não concordam em como adminis-trar a riqueza, etc. Jó e a sua mulher souberam gerir o seu casamento na prosperidade.

a perda dos seus bensPassar da prosperidade à precaridade não é nada fácil. Porém foi o que aconteceu com Jó e a sua mulher. Com sobressaltos de vária ordem, perderam todos os bens que tinham. A situação não era nada favorável mas o seu casamento resistiu à adversidade.

A perda dos seus filhosNum infortúnio trágico, Jó e a sua esposa perderam to-dos os seus filhos. Esta foi a sua maior perda e a sua maior dor. A tensão no seu casamento aumentou, mas continuaram a lutar juntos.

a perda da saúdeA perda da saúde de Jó, foi mais uma dificuldade acres-cida a toda a adversidade que este casal enfrentava. As chagas eram tantas que precisou ficar separado da co-munidade e esfregar-se com um caco.

a instabilidade emocional e espiritualDiante de tantas adversidades, a mulher de Jó, já muito desanimada, disse-lhe: “Ainda temes a Deus, depois de tudo isto? Amaldiçoa a Deus e morre”. Tendemos a ver a mulher de Jó como alguém que não tinha fé em Deus, mas o que se passou nesta situação poderá ter sido algo diferente: a dor de alguém que amava a Deus, mas não entende como Deus permitiu tanta adversidade. Jó re-

preendeu-a e continuou a esperar e buscar a Deus. Mas ele próprio estava emocionalmente desgastado e lamen-ta o dia do seu nascimento.

a incompreensão dos amigosPara além de tudo o que já estava a acontecer, aparecem três amigos de Jó que, em vez de o consolarem, acusa-ram-no de pecado; de estar em falta para com Deus. Isso justificaria toda a dor que vivia.Muitos casamentos aguentam a tempestade, por causa de bons conselheiros e amigos. O casamento de Jó supe-rou tudo, apesar da ausência de apoio e conforto.

a fé em DeusJó continuou a crer em Deus até ao fim e Deus deu-lhe o dobro de tudo. O que é impressionante e maravilhoso neste acontecimento, é que apesar de toda a tensão e di-ficuldade, de todos os conflitos internos e externos, nada foi uma desculpa para a separação deste casal, mas uma decisão para permanecerem juntos em fé (ainda que a mulher de Jó tenha ficado mais fraca).

O casamento de Jó lança por terra todas as desculpas que os casais possam ter para terminar o seu casamento, ou achar que ele chegou ao fim. É uma prova de que o que faz funcionar um casamento não é a ausência de dificuldades, ou até de discórdias, ou de compatibilida-de. É ter fé em Deus e a firme decisão de ficarem juntos até ao fim, suportando o choro da noite, sabendo que “a alegria vem pela manhã” (Salmos 30:5).

Como fazer o seu casamento resistir à crise e à adversidade

curso mulhercriativa

Hugo e Marta Pintowww.hugopinto.org

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Uma das sementes mais ricas do mundo a nível nutricional, é oriunda do México.Trata-se de uma pequena semente de forma oval, com uma oscilação de cor em tons cas-tanhos, cuja composição nutricional e respecti-vos benefícios para a saúde já são conhecidos há centenas de anos, apesar de só mais recen-temente se ouvir falar desta semente, pois em Portugal poucas pessoas ainda conhecem os seus benefícios.

Os estudos científicos que têm sido feitos, le-vam a que esta semente seja cada vez mais con-sumida no nosso país e preferida pelas pessoas que querem cuidar da sua saúde.Até mesmo para as crianças são uma excelen-te opção. Extremamente rica em fibras, antio-xidantes, proteínas, vitaminas e minerais, é a fonte vegetal mais rica em ácidos gordos óme-ga-3 de que se tem conhecimento até à data. Contém mais ómega-3 que o salmão ou as se-mentes de linhaça; mais antioxidantes que os mirtilos, mais fibras que os flocos integrais e mais cálcio do que o leite gordo. A sua riqueza em ómega 3, entre outros, au-menta a resistência contra doenças e confere propriedades anti-inflamatórias. O óleo de chia é rico em antioxidantes naturais, impedindo a oxidação das gorduras, razão pela qual os áci-dos gordos ómega-3 administrados através da chia são extremamente estáveis e podem ser conservados durante muito tempo, contrastan-do com o que se passa com a maior parte das outras fontes de ómega-3. O seu teor de fibras altamente solúvel, ajuda na libertação de hidratos de carbono complexos

de forma lenta e natural na cor-rente sanguínea, daí ter um poder saciante e um papel importantís-simo para quem necessita de um intestino regular, quem precisa de controlar um apetite voraz, e para quem necessita de controlar os níveis de colesterol.

As sementes de chia têm um sabor agradável, uma textura e um aspecto que cativa. Sem ser necessário fazer grandes prepa-rações prévias para ingerir estas sementes, poderá ainda adicioná--las ao iogurte, à sopa, às sala-das, ao pão, aos batidos … É usar a imaginação e deliciar-se com estas maravilhosas sementes.

Bom apetite!

rECEITA

Iogurte natural com fruta e

semente de chia

Ingredientes: • 1 iogurte natural • 1 colher se sopa de

semente de chia• 80 g de morangos

Preparação: Parte-se a fruta (mo-rangos) em pedaços pequenos junta-se ao iogurte e de seguida colocam-se as semen-tes, envolve-se tudo e está pronto a servir!

Dica:Pode também fazer a sua própria “Chia Fres-ca”, uma bebida po-pular no México e na América central. Junte 2 colheres de sopa de sementes a 250ml de água e agite. Irá obter um líquido ligeiramen-te gelatinoso. Adicione sumo de lima ou limão e delicie-se!

Cláudia Alves Pereira

Técnica de Nutrição

alimentos

Sementesde Chia

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Srestos deixados pelos outros, têm diante de si um farto e ines-perado banquete que os vai saciar como nunca antes haviam experimentado. De tudo o que encontraram usufruíram, in-clusive as finas vestes que os soldados sírios haviam deixado para trás. Estes homens encontraram um grande tesouro do qual desfrutaram em primeira mão, mas dentro da cidade as pessoas permaneciam sem pão, sem esperança. Até que deci-dem contar as boas notícias.

Gosto de pensar, à semelhança do sucedido em Samaria, que em meio a uma crise, qualquer que seja o seu nome, Deus pode surpreender-nos. Ali a crise era essencialmente humani-tária, de sobrevivência. O maior problema para aquelas pes-soas confinadas dentro da sua própria cidade era a escassez de alimentos, como em muitas partes do mundo actualmente, embora a fome e sede espiritual do homem seja ainda mais grave. Em Portugal neste momento, a crise é basicamente de natureza económica, obrigando as famílias a restrições nos seus orçamentos, embora a esmagadora maioria procure “adaptar-se à crise”, de acordo com as palavras do sociólogo António Barreto, aquando do lançamento do portal “Conhe-cer a Crise”. O mesmo portal refere que só no quarto trimes-tre de 2011 entraram em incumprimento 670 604 pessoas. Como consequência do agravamento da condição de vida dos portugueses, o número daqueles que recorrem ao Banco Ali-mentar contra a fome continua a crescer, cifrando-se em cerca de 250 mil pessoas.

Se em 2011 a palavra mais ouvida pelos portugueses foi “aus-teridade”, estou em crer que no ano de 2012 será “crise”, que parece ter vindo para ficar por alguns tempos. Até que haja “boas notícias”, o que fazer? À semelhança daqueles quatro homens, vamos ser “solidários”. Eles recusaram ficar calados, fazendo chegar a boa nova ao rei. Compreenderam que não era justo desfrutar da bênção só para si próprios (II Reis 7:9).

Samaria servia naquela épo-ca como capital para Israel, sendo por esta altura uma ci-dade sitiada, a fazer lembrar actualmente Homs, curiosa-mente ambas cercadas por um exército Sírio. A par do cerco, registava--se igualmente uma grande fome na cidade. Não é difí-cil, pois, imaginar por momentos o ambiente aflitivo que se vi-via no seu interior, onde o rei e os seus homens se sen-tiam incapazes de lidar com esta crise. Do lado de fora estava um exército disposto a permanecer enquanto não houvesse uma rendição.Os dias passam, os alimen-tos escasseiam, a fome co-meça a tomar conta das pes-soas, a angústia aumenta, a esperança de livramento começa a desvanecer-se. Ali viviam-se momentos difí-ceis. Perante um tal cenário, o que fazer quando aparen-temente nada há a fazer?

A situação de caos iria mudar, contudo. Uma in-tervenção sobrenatural de Deus põe termo ao cerco a Samaria, levando o exército Sírio a uma debandada total. Durante a fuga, os soldados sírios deixam tudo para trás (II Reis 7:7,8). Quatro ho-mens leprosos que viviam fora da cidade, também eles numa situação difícil, aper-cebem-se que o arraial sírio está vazio e nem querem acreditar no que viam. Diante deles está um quadro impensável, tendas e mais tendas vazias de soldados com abundância de alimen-tos, ouro e prata como eles nunca viram, tudo à sua disposição. Habituados que estavam a subsistir com os

Em segundo lugar, preci-samos de graça para nos “adaptarmos”. São Paulo, que nunca foi um homem rico, certa vez disse: “... te-nho experiência, tanto de fartura como de fome; as-sim de abundância como de escassez…”. E termina com uma frase encorajado-ra: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:12,13). Depois, precisa-mos de exercitar “alegria” como expressão de confian-ça. Poderá ser difícil confiar nas promessas dos políti-cos, tantas vezes ilusórias, mas acima de tudo devemos confiar em Deus. Houve um profeta de nome Habacuque, que num cenário de extre-ma desolação disse: “Ainda que…” e passa a descre-ver a crise da altura, ousou afirmar: “…todavia, eu me alegro no Senhor” (Haba-cuque 3:17-19). Era como se dissesse, aconteça o que acontecer Nele vou confiar. O receio deu lugar à fé. Fi-nalmente, devemos “orar”. E porquê? Porque “…Muito pode, por sua eficácia, a sú-plica do justo” (Tiago 5:16). Também, porque somos instados a orar por todos os homens, incluindo as auto-ridades que nos governam, por precisarem das nossas orações mais do que nunca. Podemos não estar de acor-do com os governantes em muitas das suas decisões, particularmente quando “roçam a injustiça”, ainda assim é “nosso dever” como cristãos orar por eles (I Ti-móteo 2:1-3).

a fechar

Abel ToméEditor da revista Mulher Criativa

[email protected]

CriseTempoNum

de por abel tomé

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