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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 65 | Edição 3306 | 15 a 21 de julho de 2020 www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00 www.arquisp.org.br | Editorial Pelo bem comum, mais compromisso com a verdade e menos ideologia Página 4 Encontro com o Pastor Por quais princípios os cristãos devem orientar suas decisões e ações? Página 2 Espiritualidade Dom Luiz Carlos Dias: na Arquidiocese, é tempo de cuidar do próximo Página 5 Comportamento Valdir Reginato: home office, uma alternativa favorável para todos? Página 7 Nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo no dia 8, o Monsenhor Ângelo Ademir Mezzari acolheu com alegria e esperança a nova missão confiada pela Igreja, consciente da responsabilidade de ser um dos sucessores dos apóstolos. Em entrevista, ele falou de suas expectativas e do carinho que tem pela cidade de São Paulo, onde se formou e atuou por mais de 20 anos. Página 11 Em julho, a Igreja recorda a memória de homens e mulheres modelos de santidade, que, em diferentes épocas, disseram “sim” ao projeto de Deus e testemunharam com fervor e fidelidade o seu amor. O SÃO PAULO apresenta as histórias de três santos que vivenciaram a fé no dia a dia: Santa Maria Goretti, martirizada em defesa da pureza; o casal São Luís Martin e Zélia Guérin, modelos de santi- dade matrimonial; e Santa Marta, amiga de Jesus e exemplo de santificação na vida cotidiana. Também se destaca, no dia 16, a celebra- ção de Nossa Senhora do Carmo, um dos títulos marianos mais populares do mundo, que tem origem na experiência mística de um grupo de eremitas no Monte Carmelo e cuja espiritualidade gerou para a Igreja mui- tos mestres de oração. Páginas 8 e 9 Os santos são a inspiração para todos os que desejam imitar a Cristo Projeto ‘Animando a Esperança” mapeia ações caritativas da Igreja ‘Quero ser mais uma testemunha de que Deus habita esta cidade’ Quem vai cuidar das crianças com o retorno do trabalho presencial? Papa lamenta que basílica seja transformada em mesquita na Turquia Água potável e esgoto, finalmente um direito para todos? Monsenhor Ângelo Ademir Mezzari Paróquias, congregações religiosas, pastorais e colé- gios católicos já estão pré- -cadastrados na ação que busca ser uma ponte en- tre os que desejam reali- zar práticas caritativas e os locais que precisam de ajuda financeira, material ou voluntária no território da Arquidiocese de São Pau- lo. Agora, os responsáveis de cada local já podem detalhar que tipo de ajuda mais preci- sam para realizar as ações. Página 16 Na sexta-feira, 10, o governo turco converteu a Basílica de Santa Sofia em uma mesquita. “Penso em Santa Sofia… e sin- to muita dor”, expressou o Papa Francisco, no domingo, 12. A medida também foi criticada pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu. Página 15 Novo marco legal do sanea- mento básico prevê que as ci- dades firmem contratos de con- cessão dos serviços de água e esgoto com empresas públicas ou privadas. Meta até 2033 é le- var água potável a 99% da po- pulação e redes de esgotamen- to a 90% dos brasileiros. Página 13 Eis o dilema dos pais, com as escolas fechadas. Alternati- vas são a ajuda de familiares e a flexibilização de horários. Página 12 Pascom da Paróquia Nossa Senhora das Graças Fotos: Reprodução Sergio Ricciuto Conte

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Page 1: ano 65 | Edição 3306 | 15 a 21 de julho de 2020 Os santos ...Santa Sofia em uma mesquita. “Penso em Santa Sofia… e sin-to muita dor”, expressou o Papa Francisco, no domingo,

pessoas”, disse em entrevista, no Vaticano, na qual O SÃO PAULO esteve.Página 24

Semanário da arquidioceSe de São Pauloano 65 | Edição 3306 | 15 a 21 de julho de 2020 www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00www.arquisp.org.br |

EditorialPelo bem comum, mais compromisso com a verdade e menos ideologia

Página 4

Encontro com o PastorPor quais princípios os cristãos devem orientar suas decisões e ações?

Página 2

EspiritualidadeDom Luiz Carlos Dias: na Arquidiocese, é tempo de cuidar do próximo

Página 5

ComportamentoValdir Reginato: home office, uma alternativa favorável para todos?

Página 7

Nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo no dia 8, o Monsenhor Ângelo Ademir Mezzari acolheu com alegria e esperança a nova missão confiada pela Igreja, consciente da responsabilidade de ser um dos sucessores dos apóstolos.

Em entrevista, ele falou de suas expectativas e do carinho que tem pela cidade de São Paulo, onde se formou e atuou por mais de 20 anos.

Página 11

Em julho, a Igreja recorda a memória de homens e mulheres modelos de santidade, que, em diferentes épocas, disseram “sim” ao projeto de Deus e testemunharam com fervor e fidelidade o seu amor.

O SÃO PAULO apresenta as histórias de três santos que vivenciaram a fé no

dia a dia: Santa Maria Goretti, martirizada em defesa da pureza; o casal São Luís Martin e Zélia Guérin, modelos de santi-dade matrimonial; e Santa Marta, amiga de Jesus e exemplo de santificação na vida cotidiana.

Também se destaca, no dia 16, a celebra-

ção de Nossa Senhora do Carmo, um dos títulos marianos mais populares do mundo, que tem origem na experiência mística de um grupo de eremitas no Monte Carmelo e cuja espiritualidade gerou para a Igreja mui-tos mestres de oração.

Páginas 8 e 9

Os santos são a inspiração para todos os que desejam imitar a Cristo

Projeto ‘Animando a Esperança” mapeia ações caritativas da Igreja

‘Quero ser mais uma testemunha de que Deus habita esta cidade’

Quem vai cuidar das crianças com o retorno do trabalho presencial?

Papa lamenta que basílica seja transformada em mesquita na Turquia

Água potável e esgoto, finalmente um direito para todos?

Monsenhor Ângelo Ademir Mezzari

Paróquias, congregações religiosas, pastorais e colé-gios católicos já estão pré- -cadastrados na ação que busca ser uma ponte en-tre os que desejam reali-zar práticas caritativas e os locais que precisam de ajuda financeira, material ou voluntária no território da Arquidiocese de São Pau-lo. Agora, os responsáveis de cada local já podem detalhar que tipo de ajuda mais preci-sam para realizar as ações.

Página 16

Na sexta-feira, 10, o governo turco converteu a Basílica de Santa Sofia em uma mesquita. “Penso em Santa Sofia… e sin-to muita dor”, expressou o Papa Francisco, no domingo, 12. A medida também foi criticada pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu.

Página 15

Novo marco legal do sanea-mento básico prevê que as ci-dades firmem contratos de con-cessão dos serviços de água e esgoto com empresas públicas ou privadas. Meta até 2033 é le-var água potável a 99% da po-pulação e redes de esgotamen-to a 90% dos brasileiros.

Página 13

Eis o dilema dos pais, com as escolas fechadas. Alternati-vas são a ajuda de familiares e a flexibilização de horários.

Página 12

Pascom da Paróquia Nossa Senhora das Graças

Fotos: Reprodução

Sergio Ricciuto Conte

Page 2: ano 65 | Edição 3306 | 15 a 21 de julho de 2020 Os santos ...Santa Sofia em uma mesquita. “Penso em Santa Sofia… e sin-to muita dor”, expressou o Papa Francisco, no domingo,

2 | encontro com o Pastor | 15 a 21 de julho de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

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Mu i t a s p e s s o a s bem-intencionadas perguntam: “Como deve viver o cris-

tão? Por quais princípios devemos orientar nossas decisões e ações?” A mesma questão foi exposta a Je-sus pelo homem rico do Evangelho: “O que devo fazer para herdar a vida eterna?” (Lc 18,18). A pergunta faz todo o sentido, pois se refere a esco-lhas importantes na vida.

Jesus indicou os mandamentos de Deus como caminho para fazer as escolhas certas e “herdar a vida eterna”. E também propôs a todos a via das bem-aventuranças, para al-cançar a felicidade eterna; por outro lado, o mandamento do amor a Ele e ao próximo é necessário para ter parte com Ele já neste mundo e na vida eterna. Ele é “o caminho, a ver-dade e a vida” (Jo 14,6) para todos. As respostas e indicações de Jesus continuam valendo para todos nós.

Por vezes, porém, parece difícil

encaixar nossas decisões direta-mente em algum dos mandamentos e nem a todas as pessoas parecem claros os motivos altos que deve-riam orientar nosso agir. Nesses casos, não faltam princípios singe-los para nos ajudar nas escolhas e decisões da vida cristã. São Paulo e São João recomendam que os cris-tãos vivam de acordo com a sua alta dignidade (cf. Rm 8,16; Gl 4,6-7; 1Jo 3,1). No Batismo, o cristão foi acolhido por Deus como filho que-rido e, portanto, deve comportar-se como tal, cuidando sempre para que suas escolhas e ações sejam agradá-veis a Deus e conformes à sua von-tade. Diante de decisões a tomar, mesmo as mais difíceis, podemos nos perguntar sempre: “Neste caso, como faria um filho muito querido de Deus? A decisão que estou para tomar é conforme os mandamen-tos e a vontade de Deus?”

O cristão deve lembrar que Deus é Pai de muitos outros filhos e, por-tanto, cada filho de Deus faz parte de uma grande família de irmãos. Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis (cf. Mt 23,8; 1Jo 4,20-21). Nenhuma ação contra o próximo é boa diante de Deus e, por isso, a prática do mal contra os ou-tros, não importando a quem, deve

ser sempre rejeitada, pois também é contrária ao amor de Deus.

São Paulo ainda faz outra re-comendação importante, pedindo que os cristãos levem uma vida digna da vocação à qual foram chamados (cf. Ef 4,1) e vivam “de maneira digna de Deus” (1Ts 2,12). A vocação do cristão é a santidade, o que significa viver e agir em comunhão com Deus. É contrário à santidade tudo aquilo que se apresenta claramente como mau e contrário aos mandamen-tos. O agir do cristão, porém, não pode ser orientado apenas pela renúncia ao mal, mas pela prática do bem. Portanto, cabe-lhe fazer positivamente as escolhas que le-vem à prática do bem, sobretudo da caridade e da misericórdia. A santidade de vida floresce em todo tipo de obras boas.

Deus não deixa de nos ofere-cer continuamente a luz da ver-dade para fazermos as escolhas certas, corrigirmos nossos erros e voltarmos ao bom caminho, que Je-sus indicou no Evangelho. Em uma palavra, Ele mesmo é o bom cami-nho (cf. Jo 14,6) e a luz do mundo. Quem o segue não anda nas trevas e não tropeça (cf. Jo 8,12). Por isso, se queremos acertar em nossas deci-

sões, podemos sempre nos pergun-tar: “Como Jesus agiria se estivesse em meu lugar? Como decidiria?” Certamente, isso requer de nós um conhecimento sempre maior de Je-sus e do Evangelho. A vida cristã, de fato, é um permanente discipulado, e nunca cessamos de aprender com Jesus, nosso Mestre.

A Oração da missa do 15º Do-mingo do Tempo Comum traz ou-tro princípio precioso para orientar a vida cristã: “Dai aos que profes-sam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno desse nome”. Rejeitar aquilo que mancha a dignidade do cristão, que é filho de Deus. E abraçar o que honra a dignidade do cristão.

Nem sempre será fácil fazer es-colhas coerentes com a dignidade do cristão. No entanto, essa digni-dade possui um valor tão alto, que as escolhas mais difíceis valem a pena para não manchar nem per-der a dignidade de filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo, salvos pelo sangue do Filho de Deus derrama-do por nós sobre a cruz. O cami-nho da vida cristã não promete ser fácil a ninguém. Ele, no entanto, dignifica muito. Por Ele, também vale a pena abraçar as escolhas mais difíceis.

caRdEal odilo pEdRo

schERERArcebispo

metropolitanode São Paulo

O que convém ao cristão?

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www.arquisp.org.br | 15 a 21 de julho de 2020 | Geral/atos da cúria | 3

INCARDINAÇÃO AO CLERO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULOEm 29/06/2020, foi concedida por sua Eminência Reverendíssima Cardeal

Odilo Pedro Scherer, a incardinação ao clero da Arquidiocese de São Paulo ao Reverendíssimo Padre Ednilson Turozi de Oliveira.

Atos da Cúria No domingo, 12, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, no programa “Diálogos de Fé”, transmitido pelas mídias sociais da Arquidiocese de São Paulo e pela rádio 9 de Julho (AM 1.600 kHz), refletiu sobre o Evangelho do 15º Domingo do Tempo Comum (Mt 13,1-23), no qual Jesus apresenta para o povo a parábola do semeador. O Arcebispo também manifestou a sua alegria pela nomeação do Monsenhor Ângelo Ademir Mezzari como Bispo Auxiliar de São Paulo, e respondeu a perguntas dos internautas. A íntegra do programa pode ser vista neste link: https://bityli.com/24yiU.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizou na terça-feira, 14, uma solenidade transmitida pelas platafor-mas digitais, na qual foram homenage-adas diversas pessoas que se dedicaram à elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que este mês com-pleta 30 anos. Entre os homenageados estavam duas mulheres ligadas à Igreja Católica: Irmã Maria do Rosário Leite Cintra e Ruth Pistori, ambas já falecidas.

O evento aconteceu no encerramento do “Congresso Digital 30 anos do Estatu-to da Criança e do Adolescente: os novos desafios para a família, a sociedade e o Estado”, realizado nos dias 13 e 14, pelo CNJ, em parceria com ministérios, orga-nismos públicos e organizações sociais de proteção à criança e ao adolescente.

PROTETORAS DOS MENORESUma das idealizadoras do ECA e fun-

dadora da Pastoral do Menor, Irmã Ma-ria do Rosário pertencia à Congregação

Dom Odilo participa de solenidade pelos 30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente

FERNANDO [email protected]

das Filhas de Maria Auxiliadora (Salesia-nas). Ao longo de sua atuação na Pasto-ral, foi incansável na luta em defesa dos direitos à criança e ao adolescente em situação de vulnerabilidade social.

A religiosa salesiana criou e presidiu o Instituto para o Desenvolvimento Inte-gral da Criança e do Adolescente (Indi-ca) e, na década de 1970, motivada pelo desejo de afastar meninos e meninas moradores de periferias em São Paulo das situações de violência, iniciou ativi-dades para acolhê-los em centros educa-cionais comunitários.

Assistente social e também uma das fundadoras da Pastoral do Menor, Ruth Pistori era conhecida por seu trabalho em prol dos direitos da criança e do ado-lescente.

Junto com a Irmã Maria do Rosário, compôs o grupo que elaborou uma das versões de regulamentação dos artigos 227 e 228 da Constituição Federal, que deram origem ao ECA. Elas também compuseram a comissão de redação do Estatuto.

JUSTA HOMENAGEMO Cardeal Odilo Pedro Scherer, Ar-

cebispo de São Paulo, participou da homenagem. Ele destacou que a cons-trução do ECA é fruto de um grande esforço coletivo do qual participaram muitos atores da sociedade civil, dentre os quais a Igreja Católica.

“Esta é uma justa homenagem a duas mulheres que dedicaram boa parte de suas vidas à luta pela dignidade, segu-rança e respeito aos direitos das crianças e adolescentes”, ressaltou Dom Odilo.

O Arcebispo também recordou o im-portante papel de Dom Luciano Mendes de Almeida, então Bispo Auxiliar de São Paulo e, depois, Arcebispo de Maria-na (MG), na promoção dos direitos da criança e do adolescente e que trabalhou muito com a Irmã Maria do Rosário.

“A elaboração do ECA levou às crian-ças e adolescentes mais vulneráveis um alívio, uma proteção. Sabemos que hoje ainda existem problemas, mas muito menores do que naquela época, quando se batalhou por esse Estatuto”, completou Dom Odilo.

Reprodução

CNJCNJ

Dom Odilo enaltece o ECA e católicas Ruth Pistori e Irmã Maria do Rosário por ajudar a elaborá-lo

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O ambiente de polarização política e ideológica pa-rece um daqueles buracos negros que existem no es-

paço sideral, cuja força gravitacional é tão grande que atrai e engole tudo que estiver ao seu alcance: estrelas, astros, matéria e, até mesmo, a luz. Aplicando a metáfora ao ambiente polarizado, os elementos engolidos seriam o diálogo, o bom senso e a própria razão, uma vez que todas as questões passam a ser vislumbradas a partir de estruturas ideológicas previamente concebidas, aprisionando mentes e sentimentos a paixões extremas de “direita” ou “es-querda”.

Nesse ambiente “cultural”, questões distintas e que, por isso, mereceriam reflexão profunda e atenta, já que, como ensina a boa metafísica, “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, são muitas vezes agrupadas em blocos. Temas como a relação entre Estado e economia; o papel do Estado e da família na transmissão de valores e na educação das crianças; o jogo en-

tre interesses coletivos e direitos dos indivíduos; liberdade de expressão; Matrimônio, família e divórcio; par-ticipação da Igreja e dos fiéis cristãos na vida pública e civil; igualdade de direitos entre pessoas dos dois sexos; minorias; pobreza; direito à vida são, muitas vezes, agrupados em posições preestabelecidas segundo cartilhas ideológicas impostas como politica-mente corretas, separando o mundo em duas partes, em pleno combate. Nessa “guerra”, racionalidade, mode-ração e equilíbrio são considerados covardia!

Quais fatores atuam na formação desses “times” com suas “torcidas” é uma pergunta a ser respondida. Ao que parece, é possível que um deles seja o impacto e o peso sobre interesses po-líticos, econômicos e particulares de alguns grupos específicos, midiáticos e de militâncias.

A pandemia do novo coronavírus e o modo de combatê-la não se viram livres da polarização. No Brasil, go-vernos federal, estaduais e municipais

não chegaram a um consenso sobre uma política de saúde e de prevenção, deixando a população desorientada, dividida e à mercê da desinformação. Além de todos os dias, para o espanto dos que ainda mantêm a capacidade de se indignar com algo, vir à tona novos casos de corrupção, como o da compra de respiradores superfaturados, de tes-tes que não funcionam etc.

Certos órgãos importantes de im-prensa, de quem se esperava serem uma “tábua de salvação”, contribuíram e continuam a contribuir com a desin-formação. Matérias apresentadas com títulos como o “Brasil supera a Espa-nha em casos de COVID-19”, omitindo a informação de que o Brasil é muito maior em território e número de po-pulação que a Espanha – na realidade, a população brasileira é quase igual à população da Europa inteira –, ou que informam que 90%, ou mesmo 100%, dos leitos de UTI dos hospitais públicos de determinada metrópole ou cidade estão ocupados, relegando a segundo plano ou omitindo o que isso significa

em números reais (10 leitos? 30 leitos? 60 leitos?), ocultam o que, em muitos casos, é o verdadeiro problema: que a falta de leitos de UTI é fruto da má gestão do dinheiro público. Por outro lado, autoridades públicas e mesmo profissionais da saúde que tratam a COVID-19 como uma “gripezinha” também são responsáveis por desinfor-mação.

Além disso, pululam “notícias” compartilhadas nas redes sociais, que vão de teorias da conspiração, de recei-tas milagrosamente simples até opini-ões de pessoas que, mesmo não sendo especialistas em saúde, acham que co-nhecem a área e advogam em favor de causas que, na realidade, desconhecem. Um exemplo é a recente campanha contra o uso de máscaras.

A busca do bem comum exige mais diálogo e menos militância; mais razão, menos paixões; mais espírito comuni-tário, menos individualismo; mais per-cepção da realidade e menos subjetivis-mo; mais compromisso com a verdade e menos ideologias.

Polarização ideológica em tempos de pandemiaEditorial

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

As cidades e, sobretudo, as megaló-poles serão afetadas com a pandemia do coronavírus? No momento, nossas atenções estão voltadas, fundamental-mente, para as questões sanitárias e epidemiológicas. Estamos observando o desordenamento no campo econô-mico? Estamos analisando o desman-telamento na economia, que vem ge-rando perdas gigantescas em todos os setores e afetando milhões de pessoas? Com o distanciamento e o isolamento social, muitas empresas aderiram ao home office. Muitas delas e escritórios tendem a permanecer com essa mo-dalidade de trabalho. As universidades e demais áreas do saber, do Maternal ao Ensino Médio, assumiram a educa-ção remota e a aprendizagem on-line. As unidades educacionais pensam na volta às aulas, chamada híbrida, mas quanto de presencial e quanto de edu-cação a distância?

Estamos nos referenciando ao home office dos escritórios e das aulas remotas nas instituições educacio-nais. Pensando nessas atividades es-critórios/escolas, quantos empregos foram eliminados? Quantos outros postos de trabalho desaparecerão, confirmando as tendências dos va-riados setores das indústrias, empre-sas e universidades e escolas, com a manutenção dos trabalhos, em home office e do ensino on-line?

O lugar das cidades depois da COVID-19tos de trabalho. Haverá benefícios para uns poucos mais bem prepara-dos e malefícios para a grande parce-la da população.

Com a mecanização do cam-po, houve um êxodo rural para os centros urbanos. Com a manuten-ção do home office nas empresas e escritórios, com o assegurar das aulas remotas oferecidas pelas esco-las e universidades nas plataformas on-line, com o comércio enfraqueci-do nas cidades, muitos perderão seus empregos. Assistiremos a um êxodo urbano e a diminuição de muitas ci-dades? Onde a massa mais empobre-cida e pouco preparada para os novos tempos encontrará trabalho? Nem o campo nem mesmo as cidades serão atrativos para uma vida nova? Onde, então, buscar uma nova vida e novas oportunidades?

Lembremo-nos de que Jesus Cris-to morreu e ressuscitou em Jerusalém, cidade cosmopolita do seu tempo. O Cristianismo primitivo desenvolveu-se nas cidades. As cartas escritas e contidas no Novo Testamento, na Igreja primeva, foram direcionadas para os habitantes das cidades. Como cristãos, precisamos juntos, agora e sempre, encontrar soluções para o hoje da História e para responder as-sertivamente aos homens e mulheres do nosso tempo.

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Até meados dos anos 1950, a gran-de maioria dos habitantes morava no campo ou nas pequenas cidades. So-mente com a industrialização, as cida-des aumentaram, e, sem planejamen-to, as urbes incharam em população e incontáveis problemas. As pessoas procuravam trabalho e melhoria de vida, e a indústria precisava de mão de obra, para os inúmeros ofícios que se multiplicavam nos grandes centros urbanos. As cidades despertavam o fascínio por novos tempos.

Por um lado, desde muito, o campo não apresenta mais espa-ço de trabalho porque a tecnologia entrou maciçamente nas lavouras.

Os braços de muitos foram substi-tuídos pela máquina. Verdade é que uma colheitadeira substitui muitas famílias. Por outro lado, nas últimas décadas, os grandes centros urbanos perderam as indústrias. Houve di-minuição de postos de trabalho nas indústrias, e essa escassez foi absor-vida pelos escritórios e pelo comér-cio generalizado, que garantiram a sobrevida de muitos dos operários, que se aperfeiçoaram nos novos am-bientes.

Como associar a mecanização do campo e o home office das empresas e escolas? Uma associação perversa e desastrosa para a sustentação de pos-

PADRE JOSÉ ULISSES LEVA

Opinião

Padre José Ulisses Leva é professor de História da Igreja na PUC-SP.

4 | Ponto de Vista | 15 a 21 de julho de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

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A Campanha da Fraternida-de deste ano foi lançada um pouco antes do surgimento da pandemia do novo coro-

navírus no Brasil. E mesmo tendo sido elaborada no primeiro semestre do ano passado, pela ação do Espírito Santo, trou-xe uma mensagem apropriada para este momento, pois preconizava um tempo de especial solicitação de cuidado à vida.

Esse cuidado, inerente à fé cristã, ma-nifesta-se como fruto da experiência do amor misericordioso de Deus, o qual per-mite a uma pessoa romper com a atitude de fechamento em si mesma e se fazer solidária ao “destino do mundo e do ser humano” com “olhos para ver as necessi-dades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs” (Diretrizes Gerais da Ação Evan-gelizadora da Igreja no Brasil, DGAE, 2019-2023, nº 102-103). Assim sendo, esse cuidado se estende às várias dimen-sões da vida pessoal, familiar e social.

No entanto, a pandemia impôs à so-ciedade a emergência relativa ao mais bá-

sico para a vida. Os procedimentos para o combate à COVID-19 agravaram a saúde da economia brasileira, com retração nos ganhos, sobretudo da população mais vulnerável, instalada nas periferias ou mesmo nas ruas, como ocorre na cidade de São Paulo. Esta parcela, integrada por um grande número de brasileiros, ganhou visibilidade, notadamente pela ameaça da fome. A providência de Deus se fez sentir na solidariedade de muitos na sociedade.

Na Arquidiocese de São Paulo, mes-mo com as dificuldades acarretadas pela ausência das celebrações presenciais, nas quais ocorrem constantes campanhas de arrecadação de gêneros alimentícios e agasalhos, os serviços dos centros sociais paroquiais e de congregações ou institu-tos religiosos não só continuaram como foram intensificados diante da crescente demanda dos que buscavam auxílio.

A começar pelas paróquias arquidioce-sanas (em torno de 300), que se notabiliza-ram como locais de cuidado pela vida vul-nerável e de solidariedade. Entre os meses de março e junho, a distribuição de cestas básicas triplicou, conforme constatou um levantamento nas paróquias da Região Episcopal Belém. Somente na Paróquia São Miguel, na Mooca, Padre Júlio Lan-cellotti tem cuidado de cerca de 400 desses irmãos por dia. Nessas “Casas de serviço à vida”, porém, a caridade cristã também gera outras iniciativas, como almoços para a população em situação de rua, atendimento de várias solicitações emer-

genciais e distribuição de roupas e agasa-lhos. Além disso, há paróquias que abri-gam projetos sociais em suas instalações.

A Caritas Arquidiocesana integra os esforços da Ação Solidária Emergencial da Igreja no Brasil, um projeto da Cáritas Nacional e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o slogan: “É tempo de cuidar”. Inspirada nessa pro-posta, distribuiu, nos primeiros 70 dias da pandemia, 3.500 cestas básicas, 10 mil máscaras e mantém o Lar Santa Maria, em Cotia (SP), para a população em situ-ação de rua, e o Centro de Referência de Refugiados, onde recebe 100 pessoas por semana.

No âmbito da Arquidiocese, ainda há importantes trabalhos desenvolvidos por instituições, como o franciscano Sefras, o qual distribui até 1.500 almoços por dia na Praça da Sé; a Casa de Oração do Povo da Rua, com cerca de 600 atendimentos por dia e mil refeições a pessoas na Cracolân-dia; membros da Fraternidade O Cami-nho, a comunidade Mensagem de Paz e vários voluntários; a Aliança de Misericór-dia, com a distribuição de café e almoço para cerca de 400 pessoas; a casa São Mar-tinho de Lima, do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, por onde passam diariamente 650 pessoas para higieniza-ção e refeição; o Arsenal da Esperança, que atende 1.200 pessoas ao longo de um dia, com refeição e pernoite; a Missão Belém mantém em suas casas, próximas a São Paulo, em torno de 2.200 pessoas

para recuperá-las e acolhe por volta de 20 infectados pela COVID-19 por dia em lo-cais de quarentena. Felizmente, a lista não está completa, há muito mais sendo feito, porém as iniciativas citadas permitem vis-lumbrar o volume dos serviços de cuidado aos pobres da sociedade paulistana pela Igreja Católica.

É importante ainda citar o projeto “Consultório na Rua”, do Bom Parto, em convênio com a Secretaria Municipal da Saúde. Recentemente, com o empenho do secretário, Edson Aparecido, foi ampliado, e agora soma 25 equipes de multiprofis-sionais e 21 equipes de saúde bucal, sendo que parte desses trabalhadores foi recupe-rada da situação de rua. Tais equipes per-correm as vias para o cuidado específico da saúde das pessoas que ali permanecem, e realizam entre mil e 1.500 atendimentos por dia.

Com recursos limitados, mas com pessoas despojadas e dedicadas, as estru-turas de serviço à vida, instaladas na Ar-quidiocese de São Paulo, deram uma boa resposta à crise humanitária deste tempo e contribuíram eficazmente no amparo aos irmãos mais vulneráveis desta cidade.

Santa Dulce dos Pobres disse: “O im-portante é fazer a caridade e não falar de caridade”. A proximidade dos pobres edi-fica as comunidades eclesiais missionárias, e o Papa Francisco tem reiterado o apelo por uma “Igreja pobre para os pobres”. Que esse testemunho seja um alento para os discípulos missionários da Arquidiocese.

DOM LUIz CARLOS DIAS

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO BELÉM

Espiritualidade

BELéM

A Arquidiocese e o tempo de cuidar

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Na manhã da sexta-feira, 10, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Ar-quidiocese na Região Belém, visitou a Paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, e acompanhou, junto com o Padre Júlio Lancellotti, Pároco e Vigário Episcopal

[BELÉM] Na sexta-feira, 10, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, no Tatuapé. Naquela data, o Padre Tarcísio Mesquita festejou seus 61 anos de vida. No início da celebração, o Cardeal abençoou a nova cruz que foi colocada próxima ao altar. A íntegra da missa pode ser vista neste link: https://bityli.com/XtJAV.

Dom Luiz Carlos Dias acompanha acolhida a pessoas em situação de rua

FERNANDO ARTHURCOLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

para a Pastoral do Povo da Rua, o traba-lho de assistência em prol dos irmãos em situação de rua.

Naquele dia, passaram pela igreja matriz cerca de 500 pessoas. O Padre e o Bispo as acolheram, conversaram com elas e distribuíram alimentos.

“É um trabalho edificante, pois nos coloca diante dos pobres dentre os po-

trabalho do Padre Jú-lio catalisar a solida-riedade e distribuí-la. Nesta pandemia, con-solidou-se ainda mais como uma referência para aqueles que que-rem efetivamente con-tribuir para amenizar o sofrer das pessoas que vivem nas ruas. Alegra- -me ver a dedicação do Padre Júlio ser mais re-conhecida e tida como referência. Antes criti-cado por muitos, agora tem sido até enaltecido. Cessaram as críticas. Alegra-me, também, o fato de este empenho

Pascom O Arcanjo

Pascom da Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto

Dom Luiz Carlos e Padre Júlio Lancellotti fazem atendimento a pessoas em situação de rua

bres, cujas vidas dependem de ajuda, como a encontrada naquela Paróquia. Todos são ordeiros e respeitosos. Um ou outro com uma determinada so-licitação, nada mais. Contentam-se com aquele pouco para viver. Ali, vi o

simbolizar os vários serviços da Arqui-diocese pelos mais vulneráveis. Nesta pandemia, os trabalhos da Igreja Cató-lica nesta área ajudam a salvar muitas pessoas. Louvado seja Deus”, afirmou o Bispo.

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6 | regiões episcopais | 15 a 21 de julho de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Entre 10 e 12 de julho de 1970, o primeiro Encontro de Casais com Cristo (ECC), criado pelo Padre Al-fonso Pastore, foi realizado na Paró-quia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia. Cinquenta anos depois, no último fim de semana, aconte-ceu, na mesma igreja, o “Encontrão do Jubileu do ECC”.

Diante da atual pandemia de

[LAPA] No domingo, 12, duas comunidades festejaram seu padroeiro, São João Gualberto. Na Paróquia São João Gualber-to (foto), Setor Pastoral Pirituba, bairro Jardim Jaraguá, a missa solene foi presidida por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, concelebrada pelo Padre Ailton Bernardo Amorim, Pároco. O Santo também foi celebrado no Mosteiro São João Gualberto, com missa presi-dida pelo Superior, Dom Robson Medeiros Alves, OSB. As duas celebrações foram transmitidas pelas redes sociais.

(por Benigno Naveira)

[SÉ] Vocacionados que participaram de um retiro on-line no último fim de semana, acompanharam no domingo, 12, também pela internet, a missa presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, na Paróquia Nossa Senhora da Consolação. Concelebraram os Padres José Roberto Pereira, Pároco e Coordenador Regional de Pastoral da Região Sé, e José Carlos dos Anjos, da Pastoral Vocacional Arquidiocesana, que conduziram o retiro.

(por Pascom da Paróquia Nossa Senhora da Consolação)

[LAPA] A Pastoral Social da Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, bairro Jardim Bonfiglioli, realizou, no dia 7, a distribuição de mais de mil cestas básicas aos mais necessitados da comunidade. (por Benigno Naveira)

[LAPA] No dia 6, foi celebrada a memória litúrgica da padroeira da Paróquia Santa Maria Goretti, na Vila Gomes, com missa presidida pelo Padre Geraldo Evaristo da Silva, Pároco, transmitida pelas redes sociais. No dia anterior, houve uma carreata com a imagem da Santa pelas ruas do bairro. A notícia completa pode ser lida neste link: https://bityli.com/XxXWI. (por Benigno Naveira)

[LAPA] Iniciando a ação “Dom José em rede”, a Pascom regional transmitiu no sábado, 11, pelas redes sociais, a missa solene na Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no Setor Pastoral Pirituba, por ocasião da memória litúrgica de São Bento, fundador da Congregação Valombrosana da Ordem de São Bento, OSB. A celebração foi presidida por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidioce-se na Região Lapa. (por Benigno Naveira)

[LAPA] No dia 7, Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito de Jacarezinho (PR), festejou seu aniversário de 86 anos, com muita saúde e em plena atividade, na caminhada da evangelização. (por Benigno Naveira)

[SÉ] A Pastoral Social da Paróquia Santíssimo Sacramento está em ação para ajudar as pessoas em situação de rua. Mantendo- -se os cuidados de distanciamento social por causa do novo coronavírus, tem sido feita a entrega de kits com suco e lanches na modalidade delivery, além de cobertores. Também há a parceria com os franciscanos, com a doação de alimentos para compor as refeições servidas diariamente no centro da cidade. (por Pascom da Paróquia Santíssimo Sacramento)

Na noite de 25 de junho, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Au-xiliar da Arquidiocese na Região Lapa, realizou uma reunião, por meio de videoconferência, com os coordenadores e agentes da Pas-toral da Comunicação (Pascom) regional: Padre Antonio Francisco Ribeiro, Assistente Eclesiástico; Benigno Naveira, jornalista da Região; Paulo Ramicelli e Maria Tiemi, coordenadores regionais; e Tony, Agnaldo, Marly, Luan, Elai-ne, Beto, Rosana, Maria Célia, Ja-queline, Lucia, Marcos, Fernando, Andréa, Mariana, Carlos e Paulo, agentes da pastoral, aqui identifi-

cados apenas pelo primeiro nome. Após uma oração inicial, o Bis-

po pediu o apoio da Pascom para ações pós-COVID-19 e ressaltou a necessidade de fazer reuniões virtuais com alguns grupos da Re-gião Lapa, a partir de julho, sendo a primeira com os coordenadores paroquiais da Catequese. Haverá ainda encontros setoriais, sempre das 20h às 21h30.

O Bispo informou que, em breve, as paróquias poderão voltar às atividades, com a capacidade de 30% das igrejas, e serão mantidas as missas transmitidas pela inter-net. Dom José pediu que fossem definidos os canais de comunica-ção da Região Episcopal Lapa para se relacionar com as paróquias e

comunidades. Padre Antonio co-mentou sobre a existência de um grupo no Facebook, do portal ar-quidiocesano e da Web TV Região Lapa no YouTube. Os canais serão disponibilizados para que a Pas-com Lapa possa fazer transmis-sões e inserção de conteúdo.

Foi sugerido ao Bispo um e-learning ou cartilha impressa simples para todos os grupos de Pascom terem a mesma orien-tação para as transmissões nas redes sociais, falando de plug-ins disponibilizados pela Pastoral da Comunicação. Haverá ainda um mapeamento com as paróquias da Região para identificar a forma de transmissão da missa e outras atividades pastorais.

BENIGNO NAVEIRACOLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

Pascom regional reúne-se virtualmente com Dom José Benedito

ECC festeja jubileu de ouro

ANA CRISTINA PAULA LIMA E JOSÉ ROBERTO BERRETTA

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

COVID-19, as ações foram todas realizadas on-line e permitiram vol-tar às origens do ECC e conhecer melhor o espírito missionário do Padre Alfonso Pastore, por meio de uma gravação de voz do próprio sa-cerdote e de depoimentos e mensa-gens de casais que conviveram com ele e de outras pessoas do Brasil e do exterior.

Também participaram sacerdo-tes que acompanham as equipes e os casais, como o Padre Élcio Ro-berto de Góes, Diretor Espiritual

do Regional Sul 1 da Conferên-cia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Padre João Affonso Zago, Vigário Paroquial, o Padre Adailton Mendes da Silva, Pároco, e Dom Adair José Guimarães, Bispo de Formosa (GO) e Assistente Ecle-siástico Nacional do ECC.

No sábado à noite, houve a ado-ração ao Santíssimo Sacramento, e no domingo, 12, o Terço pelas Fa-mílias e em Honra a São Camilo, seguido de missa, presidida pelo Padre Adailton.

Nestes 50 anos, o ECC já atingiu mais de 3 milhões de casais, restau-rou muitas famílias e resgatou vá-rios católicos para a vida comunitá-ria eclesial, sendo um serviço muito vivo e ativo na Igreja. O lema nacio-nal escolhido para este ano jubilar revela sua atualidade: “ECC 50 anos: cremos na vida, cremos na família”.

Todo o evento está disponível no no canal do YouTube da Paró-quia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia: igrejadapompeia.

Missa de encerramento do ‘Encontrão do Jubileu do ECC’ acontece no domingo, 12

Pascom da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia

Reprodução da internet

Pascom da Paróquia Santíssimo Sacramento

Arnaldo Rizzo

Arquivo pessoal

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IPIRANGA

Comportamento

As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente,

os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

Fé e Cidadania

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Uma série de agências internacionais, particu-larmente ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), está preocupada com o desmonte siste-mático de algumas políticas públicas por parte do governo brasileiro. Desmonte, descaso ou inércia predominam quando se trata, por exemplo, dos povos indígenas, das comunidades quilombolas, dos ministérios da Educação e da Saúde ou da se-cretaria da Cultura. O maior temor, porém, recai sobre a forma como o atual governo vem tratando a questão do meio ambiente em termos gerais, e da Floresta Amazônica em particular.

Tornou-se notório, hoje em dia, que a derrubada das florestas, a poluição do ar e das águas, a extração e uso indiscriminado de certas matérias-primas, a desertificação do solo, o aquecimento global, a des-truição do habitat de numerosas espécies da fauna e da flora são fatores, entre outros, que contribuem poderosamente para um maior convívio entre ani-mais selvagens e seres humanos. E isso tudo, por sua vez, abre possibilidades para a disseminação de no-vos vírus (ebola, zika vírus, coronavírus etc.).

A Doutrina Social da Igreja (DSI), sempre aten-ta aos desafios sociais, econômicos e históricos, alerta para os riscos que a humanidade corre na sua relação com a natureza. A esse respeito, o Papa Francisco, na encíclica Laudato si’ (2015), chama a atenção para o sistema econômico globalizado em que vivemos. Sistema que usa e abusa dos recursos naturais e da mão de obra humana, depredando e devastando o solo em busca de maior riqueza, pro-duzindo com isso inumeráveis refugiados climáti-cos, lado a lado com a multidão de trabalhadores “descartáveis”.

Diante disso, convém revisitar o conselho de um dos maiores Padres da Igreja: “Quanto a ti, come e bebe tranquilamente, mas não pises os pastos, nem turves as águas” (cf. “Sermões de Santo Agostinho”, século IV). “Pisar os pastos” e “turvar as águas” são expressões válidas para denunciar o que vem fa-zendo uma economia que tem como motor o lucro e a acumulação de capital. Tal obsessão ignora um dos princípios básicos da DSI, ou seja, “a primazia do trabalho sobre o capital”.

Ao contrário, atropela freneticamente não só as várias formas de vida vegetal e animal (biodiver-sidade), mas, sobretudo, a existência concreta de pessoas, povos e comunidades, cuja vida se encon-tra mais ameaçada. Para esse enorme contingente de “invisíveis, excluídos e migrantes”, extremamen-te vulneráveis, a pandemia significou, de forma paradoxal, uma trágica visibilidade. Esta, no Brasil, deveu-se à corrida ao “auxílio emergencial” de R$ 600, que levou às ruas dezenas de milhões de traba-lhadores, saídos dos porões da informalidade.

A conclusão é clara, e emerge a necessidade de uma opção que se bifurca em direções distintas: ou continuamos a usufruir de forma exacerbada dos bens naturais, sem medir as consequências e sem pensar nas gerações futuras; ou, pelo contrário, to-mamos consciência do uso racional, sustentável e solidário de tudo o que o Criador colocou em nossas mãos. Quem sabe este tempo de pandemia seja capaz de nos tornar mais sóbrios, frugais e responsáveis.

Padre Alfredo José Gonçalves, CS, é missionário a serviço dos migrantes e ex-superior provincial da Pia

Sociedade dos Missionários de São Carlos.

Pandemia e preservação do meio ambiente

PADRE ALFREDO JOSÉ GONÇALVES

VALDIR REGINATO

Uma das mudanças mais marcantes nos últimos meses tem sido o novo local de trabalho para um número cada vez maior de pessoas: a própria casa, ou home office. Com o mantra #FiqueEmCasa, as pessoas foram adaptando o trabalho profissional a partir do próprio domicílio. Alguns já afirmam ser um caminho sem volta. Existem os que pensam, até mesmo – e alguns já o fizeram –, em mudar de endereço, levando em consideração que trabalhando em casa podem morar em qualquer lugar. Outros se ani-mam e afirmam que podem conviver mais com a família. O home office chegou para todos? A palavra home está forte-mente vinculada ao lar, família. Isto implica realmente uma alternativa favorável?

A análise é maior do que o espaço deste artigo, porém a melhor saída é a resposta que cobre quase todas as per-guntas: “depende”. Depende do quê? No conceito home (em casa) e office (trabalho, serviço, escritório) está o pri-meiro grande divisor de águas. Nem todo trabalho pode ser realizado em casa, pelo menos dentro dos recursos atuais conhecidos. Assim está a enorme categoria de ope-rários de indústrias, de trabalhadores da construção civil, das funcionárias domésticas, dos motoboys (categoria que cresceu com o home office dos outros), várias categorias de profissionais da saúde, do padeiro, do pintor, do motoris-ta, enfim, a lista é interminável. Para estes, que compõem a grande maioria da sociedade, não há home office. Fica essa modalidade nova de estilo de trabalho, principal-mente para atividades predominantemente intelectuais, incluindo uma gama de profissionais que atuam desde a área de criatividade, comercial, comunicação, educação, gestão, administrativa etc., nas quais a participação pre-sencial pode ser substituída pela participação a distância.

Para quem pode atuar em home office, surgem novas questões. Qual a condição de vida do profissional? Solteiro ou casado, com filhos ou sem, pequenos ou maiores, tra-balham os dois cônjuges em atividade profissional externa ou só um... Quais as condições da moradia: acomoda um espaço privativo ou não. Atividades com os filhos: escola, cursos, passeios... Tem filhos que merecem atenção perma-nente? Como são distribuídas as tarefas da casa, já que tam-

bém se trabalha lá. O risco do “jaque”: já que você está aí, não pode fazer isto ou aquilo?... Como as crianças pequenas se adaptam ao ver os pais em casa e não poder permanecer brincando com elas, porque estão trabalhando!?

Para famílias com filhos pequenos, a diversidade de si-tuações é grande, e o home office pode surgir como cavalo de Troia. Os ganhos aparentes no tempo de deslocamentos ficam muito reduzidos quando comparados com as inter-ferências que o trabalho leva para casa. A maioria dos do-micílios não tem um lugar privativo adequado. Não é raro associar as tarefas da casa e do trabalho ao longo do dia. As adaptações “provisórias-permanentes”, que misturam do-cumentos com brinquedos, podem levar à irritabilidade e à falta de paciência com o cônjuge e filhos... Não é raro que a fumaça do trabalho profissional permaneça na atmosfe-ra do lar durante as 24 horas do dia, “poluindo” assuntos familiares que possam parecer de menor importância. A proposta não é igual em todos os lares. Exige condições de moradia. Limitar o começo e o término do expediente. Controle emocional. Uma disciplina virtuosa com divisão de tarefas e horários claros, que podem ser surpreendidos por pequenos acidentes de percursos, frequentes em famí-lias com crianças, e que merecem atenção generosa.

Para muitos, já se tornou uma realidade bem adaptada e proveitosa, que deve levar o profissional a saber valorizar o tempo de “sobra”, em atividades que favoreçam o seu desen-volvimento pessoal, inclusive na doação de parte deste “tempo livre” em atividades que olhem para o próximo, maior partici-pação na família e ajuda aos amigos. Alguns dias de home offi-ce na semana são uma alternativa vantajosa em determinadas situações. A proposta que se fortalece na sociedade, porém, está longe de ser considerada um caminho para a maioria.

Saber que, terminado o trabalho do dia, se volta para casa, é um desejo forte em todos os que estiveram longe do lar, e querem estar com os seus em outro clima. Recordo, ainda criança, quando um velho engenheiro, diante da pro-posta do meu pai para fazer um escritório em casa, disse- -lhe: “O senhor não deve levar serviço para casa. Lá é para estar com a família”. São quase 60 anos desde então. Precisa-mos nos adaptar aos tempos, mas ainda continua a ser um conselho interessante a ser considerado.

Valdir Reginato é médico de família. E-mail: [email protected]

Home office: um benefício para a família?

A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Con-ceição celebrou na quinta-feira, 9, o dia de Santa Paulina. Em razão da pandemia do novo coronavírus, não houve a presença física de fiéis na Capela Sagrada Família e Santa Paulina, onde estão os restos mortais da Santa.

Pela manhã, a imagem de Santa Paulina percorreu as ruas do Ipiranga, bairro onde ela viveu por muito tempo, cuidando dos doentes, órfãos e demais pessoas excluídas pela sociedade. A imagem foi levada à igreja matriz da Paróquia Imaculada Conceição, à qual a Capela pertence; à Paróquia São José, também no Ipiranga; e aos hospitais São Camilo e Ipiranga, locais em que houve momentos de oração pelos profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia. Irmã Maria das Gra-ças Sampaio, Irmã Terezinha Silva, Padre Rodrigo Pires e membros da Família Madre Paulina (Famapa) acompa-nharam o percurso.

Houve, ainda, um tour virtual pelo Memorial Santa Paulina, transmitido pelo Facebook, mostrando quadros, fotos, objetos e mobílias da Santa.

No fim da tarde, Padre Rodrigo Pires, Capelão, pre-sidiu a celebração eucarística, concelebrada pelo Padre

Santa Paulina com os profissionais da saúdeRENATA QUITO

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Valdenício Antônio da Silva, Pároco da Paróquia São José. A missa também foi transmitida pelo Facebook.

Ao final da celebração, Irmã Roseli Amorim, Coorde-nadora-geral da Congregação, agradeceu a Deus por fazer parte do carisma deixado por Santa Paulina e recordou as irmãs idosas que são os pilares de oração das Irmãzinhas da Imaculada Conceição na missão.

A Congregação também comemorou 130 anos de existência no domingo, 12, com missa na Capela e uma live transmitida pelo Facebook com testemunhos, mensa-gens e músicas.

Imagem de Santa Paulina é levada ao Hospital São Camilo, dia 9

Renata Quito

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8 | reportagem | 15 a 21 de julho de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Luís e Zélia Martin eram os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. O ca-sal uniu-se em Matrimônio em 1858, e teve nove filhos. Quatro faleceram ainda na infância e as cinco meninas, ao che-garem à vida adulta, seguiram a vocação religiosa.

Na juventude, ambos desejaram consagrar suas vidas a Deus. Luís, aos 22 anos, pediu que fosse admitido no mosteiro do Grande São Bernardo, mas foi rejeitado por não saber latim. Já Zélia tentou ingressar na Congregação das Fi-lhas da Caridade de São Vicente de Pau-lo, mas também não foi aceita.

As cartas deixadas por Santa Zélia revelam o amor pela família e zelo pela vida espiritual do casal. Aos 45 anos, ela foi diagnosticada com um tumor no seio. Morreu em 28 de agosto de 1877.

Após a morte da esposa, Luís mudou-se para Lisieux, onde morava seu cunha-

do, Isidore, e sua tia, Celina, que passou a ajudá-lo no cuidado das filhas.

Luís sofreu com uma doença que o debilitou mentalmente, sendo preciso permanecer internado no sanatório do Bom Salvador, em Caen. Ele faleceu em 29 de julho de 1894.

O casal foi canonizado em 18 de ou-tubro de 2015, pelo Papa Francisco, no contexto do Sínodo da Família. Foi a primeira vez que esposo e esposa se tor-naram santos da Igreja no mesmo dia, sendo a festa litúrgica celebrada em 12 de julho, data do Matrimônio dos dois.

“Os santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor, e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresi-nha do Menino Jesus”, disse o Papa Fran-cisco, na cerimônia de canonização.

Eles disseram sim ao projeto de DeusSANTOS LUíS E ZéLIA MARTIN, MARIA GORETTI E MARTA, CELEBRADOS EM JULHO, MOSTRAM qUE A SANTIDADE PODE SER ALCANçADA NO DIA A DIA DA VIDA

JENNIFFER SILVA [email protected]

Viver os ensinamentos de Jesus, mantendo com Ele uma profunda intimidade mediante uma vida de oração, é uma virtude de santidade expressada por diferentes pessoas

ao longo da história. O Papa Fran-cisco, durante a Solenidade de To-dos os Santos, em 1º de novembro de 2019, reiterou que tais exemplos “não são simplesmente símbolos, seres humanos distantes, inalcan-çáveis. Pelo contrário, são pessoas

que viveram com os pés no chão”. Durante o mês de julho, a Igreja

rememora modelos de santidade que, em diferentes épocas, disseram sim ao projeto de Deus e testemunharam com fervor e fidelidade o seu amor. Conheça três dessas histórias.

Dia 1º Beata Madre Assunta Marchetti. Veja mais neste link: https://bityli.com/NXaAq.

Dia 3 São ToméDia 9 Madre Paulina do Coração Agoni-

zante de Jesus Veja mais neste link: https://bityli.com/h3Z7O.

Dia 11 São Bento

Veja mais neste link:

https://bityli.com/e03UY

Dia 14 São Francisco Solano

São Camilo de Lellis

Veja mais neste link:

https://bityli.com/7zs1I.

Dia 22 Santa Maria Madalena Dia 24 São CharbelDia 25 São Tiago Dia 26 São Joaquim e Sant’AnaDia 30 São Leopoldo MandicEssas e outras histórias dos santos estão disponíveis no portal http://arquisp.org.br/liturgia/santos-do-mes.

SANTA MARIA GORETTI

Marta era irmã de Maria e Lázaro, outros dois amigos de Jesus Cristo, e é reconhecida pela Igreja por sua hospi-talidade com o próprio Mestre, que em um dos encontros na casa da família lhe disse: “Marta, Marta, tu te inquietas e te preocupas com tantas coisas, quando só uma basta. Tua irmã Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”.

O que para muitos pode parecer uma retaliação, na verdade significa um con-selho de Jesus para Marta, a fim de que ela deixasse de se preocupar exagerada-mente nos cuidados com a casa e com Ele mesmo. Tal acontecimento é reme-morado pela Igreja para ensinar sobre a necessidade do equilíbrio entre uma vida ativa e contemplativa.

Não existem muitos escritos sobre a vida desta Santa. Na Bíblia, ela também é citada quando suplica pela vida de Láza-ro, a quem Jesus ressuscitou quatro dias após sua morte. A tradição afirma que, durante o período de perseguição aos primeiros cristãos, Marta e seus irmãos se mudaram para a França, onde se dedi-caram à evangelização.

A Igreja celebra a memória litúrgica de Santa Marta em 29 de julho, e ela é considerada a Patrona das Cozinheiras.

OUTROS SANTOS CELEBRADOS EM JULHO

SANTA MARTA

LUÍS MARTIN E MARIA zÉLIA GUÉRIN

Nascida em Corinaldo, Itália, em 1890, Maria Goretti era filha de Luigi Go-retti e Assunta Carlini. De família pobre, a jovem cuidava dos irmãos mais novos para que seus pais pudessem trabalhar.

Devido às dificuldades financeiras, ela, seus pais e seus irmãos se mudaram para a casa da família Serenelli. Aos 9 anos, Ma-ria perdeu o pai, vítima de malária. Mes-mo sendo analfabeta, aos 11 anos conse-guiu permissão para receber a primeira Comunhão, devido a sua intensa vida de oração. A adolescente começou a ser as-sediada por Alessandro Serenelli, então com 20 anos. No dia 5 de julho de 1902, enquanto cuidava de sua irmã, Alessandro a ameaçou de estupro. Ela, então, come-çou a rezar. Irado, ele a atacou e lhe feriu com mais de dez facadas. Maria foi levada ao hospital com vida, mas morreu no dia seguinte. Antes de morrer, disse que per-doava seu agressor, afirmando que deseja-va encontrar-se com ele no céu.

Por sua história, Santa Maria Goretti é reconhecida como a Santa da castida-de, da juventude, da pobreza, das víti-mas de estupro, da pureza de coração e do perdão. Sua canonização ocorreu em 24 de junho de 1950, pelo Papa Pio XII. A celebração foi acompanhada por mais de 500 mil pessoas, dentre elas, sua mãe, seus quatro irmãos e seu agressor, que se arrependeu do crime.

Santa Maria Goretti é representada com lírios nas mãos, como sinal de pu-reza, e com vestes brancas, para recordar sua virgindade. Sua festa é celebrada em 6 de julho.

Fotos: Reprodução

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www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 15 a 21 de julho de 2020 | reportagem | 9

Na quinta-feira, 16, a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora do Carmo, um dos títulos marianos mais populares do mundo. A origem dessa devoção re-monta ao século XII, a partir da experi-ência de um grupo de eremitas cristãos que passaram a viver no Monte Carmelo, em Israel.

Foi nesse lugar que o profeta Elias, logo após o confronto com os 450 “pro-fetas” de Baal, subiu para orar. O texto bíblico narra que por sete vezes o profeta mandou seu servo olhar para a direção do mar, para verificar se havia sinal de chuva. “Na sétima vez, o servo respon-deu: ‘Eis que sobe do mar uma pequena nuvem, do tamanho da palma da mão’. (…) Num instante, o céu se cobriu de nuvens negras, soprou o vento e a chuva caiu torrencialmente” (1Rs 18,44-45).

Segundo uma antiga tradição, aquela nuvem prefigurava a Mãe do Salvador, que, no Novo Testamento, faria “chover sobre a humanidade” o Redentor, e, de-pois, as graças obtidas por sua interces-são. Por essa razão, aqueles primeiros eremitas construíram um oratório dedi-cado a Nossa Senhora, nascendo, assim, a Ordem dos Filhos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Poste-riormente, no século XV, surgiu o ramo feminino da ordem.

ESCAPULÁRIONo século XIII, expulsos do Monte

Carmelo pelos muçulmanos, os carmeli-tas migraram para a Europa, deixando de ser eremitas e passando a adotar a vida fraterna, em comunidades. Nessa época, eles passaram por grandes dificuldades e perseguições, sendo até hostilizados por sua maneira de se vestir.

No dia 16 de julho de 1251, durante o momento de oração em um convento na Inglaterra, o então Superior-Geral da ordem, São Simão Stock, pediu a Nossa Senhora um sinal de sua proteção que fosse visível também para aqueles que os perseguiam. Foi então que ele teve uma visão na qual a Virgem Maria lhe entre-gou o escapulário, uma espécie de aven-tal usado pelos monges durante o traba-lho, para não sujar o hábito, e lhe disse:

“Recebe, filho amado, este escapu-lário. Todo o que com ele morrer não padecerá a perdição no fogo eterno. Ele é sinal de salvação, defesa nos perigos, aliança de paz e pacto sempiterno”.

DEVOÇÃOEste sinal de devoção se popularizou

e se estendeu também a todos os fiéis que desejavam invocar a proteção de Nossa Senhora do Carmo, com um formato sim-plificado, geralmente contendo dois peda-ços de tecido marrom presos por cordões para serem colocados sobre os ombros, recordando a peça do hábito carmelita.

Foram vários os papas que confirma-

Nossa Senhora do Carmo: mãe e protetora dos cristãos

FERNANDO [email protected]

ram e recomendaram o uso do escapulá-rio. O Papa João XXII afirma que aqueles que usarem o escapulário serão liberta-dos das penas do purgatório no sábado que se seguir à sua morte. São João Paulo II, que o vestiu desde a infância, descre-veu o escapulário como “sinal de aliança entre Maria e os fiéis”.

FESTA DA PADROEIRAEste ano, a festa da padroeira aconte-

ce no contexto da pandemia. A Basílica Nossa Senhora do Carmo, na Bela Vista, adaptou sua programação, e não haverá a tradicional quermesse. A novena pre-paratória, contudo, foi mantida, sendo transmitida pelas mídias digitais e com a possibilidade de participação presencial de um número reduzido de fiéis, respei-tando-se os protocolos preventivos.

Frei Thiago Borges, Pároco há dois anos, ressaltou ao O SÃO PAULO que, na capital paulista, há uma grande devoção a Nossa Senhora do Carmo, especialmen-te ao escapulário. “São muitos os relatos de pessoas que invocam a proteção da Virgem do Carmo nos momentos de di-ficuldades e alcançaram graças. É uma es-piritualidade que conduz a este encontro sincero e profundo com Deus”, ressaltou.

300 ANOS DE PROVÍNCIA Neste ano, a Festa do Carmo tem um

sentido mais especial para os carmelitas do Brasil, pois se comemoram os 300 anos da instituição da Província Carme-litana de Santo Elias, que abrange o terri-tório nacional.

No entanto, a história dos carmelitas em terras brasileiras quase se confunde com a história da colonização do País, quando seus primeiros quatro frades vieram de Portugal, em 1580, desembar-cando em Olinda (PE), onde fundaram o primeiro convento e expandiram a mis-são para outras cidades.

MISSÃOSuperior Provincial há seis meses

e carmelita há 21 anos, Frei Adailson Quintino dos Santos destacou que os carmelitas sempre atuaram em diversas áreas e frentes de missão no País.

“Geralmente, as pessoas nos pergun-tam o que fazemos especificamente. Nós sempre respondemos que não temos uma missão única, pois estamos para responder a uma necessidade da Igreja”, ressaltou o Provincial, enumerando que, hoje, os frades atuam à frente de paró-quias, na área da Educação, no serviço da caridade, nas universidades. Atualmente, a província brasileira está presente em seis estados: Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins, além do Distrito Federal.

CARISMAAo explicar a espiritualidade car-

melitana, Frei Adailson destacou três dimensões. A primeira delas é a oração. “Os carmelitas são chamados a ser mes-tres da oração e a levar todos aqueles que participam das suas diversas comunida-des a viver esta vida de oração”, detalhou o Provincial.

Outra dimensão é a vida fraterna. “Não dá para sermos carmelitas sem vi-ver a fraternidade, da vida comum, do amor, do perdão e da reconciliação”, su-blinhou o Frade.

Por fim, a terceira dimensão é o ser-viço apostólico. “Nós, carmelitas, somos ativos na contemplação. Isso significa que o fruto da nossa vida de oração é a missão que vai ao encontro de todas as realidades nas quais estamos inseridos, onde a Igreja precisar”, afirmou o Pro-vincial.

DESDE A INFÂNCIAFrei Thiago, 31, é carmelita há nove

anos. Para ele, o que o faz pertencer à

ordem é a vida de oração que vai além da vida litúrgica. “Se olharmos para os nossos santos místicos, percebere-mos que essa vida de oração consiste em estar em relação íntima com Deus”, acrescentou o Frade. “Quantos homens e mulheres beberam e bebem dessa es-piritualidade e, no ordinário de suas vi-das, se santificam por meio do exemplo de uma Teresa de Jesus, Teresinha do Menino Jesus, João da Cruz, Madalena de Pazzi”, completou o Religioso.

A espiritualidade carmelitana tam-bém gerou outras dezenas de santos e beatos. Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), Santa Teresa dos Andes e Elisabete da Trindade constam entre eles.

Nestes 800 anos, a Ordem do Carmo floresceu e deu origem a novas ramifica-ções que bebem da mesma espiritualida-de e origem. Uma delas é fruto da refor-ma do carisma carmelitano realizado por Santa Teresa d’Ávila e São João da Cruz, que deu origem à Ordem dos Carmelitas Descalços, também conhecidos como “teresianos”. No entanto, Frei Adailson ressaltou que as ordens e congregações de carisma carmelitano têm todas, em sua origem, a experiência daqueles pri-meiros filhos de Nossa Senhora no Mon-te Carmelo.

INFORMAÇÕESNo dia 16, serão celebradas cinco mis-

sas na Basílica do Carmo: às 7h, 10h, 12h, 16h e 19h30. Para outras informações, acesse: www.basilicadocarmo.org.br.

LEIA TAMBÉMA Espiritualidade da Ordem do Carmo a partir de seus doutoreshttps://bityli.com/QVVFQ

Província Carmelitana de Santo Elias

Em 2020, a Festa de Nossa Senhora do Carmo também é ocasião para comemorar os 300 anos da instituição da Província Carmelitana no Brasil

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Você Pergunta

Hoje respondo à pergunta da Maria da Silva, de Mauá (SP): “Padre, os avós po-dem batizar os netos?”

Maria, é claro que sim. E por vários motivos. Vamos lá.

Os avós, ao se tornarem padrinhos de seus netos, acabam fazendo com que o

amor que sentem por eles se torne maior ainda.

Creio também que não faltará aos ne-tos e afilhados a formação religiosa. Ser pa-drinho é ser pai e mãe na fé. E não é raro os avós serem homens e mulheres de muita fé.

Tem mais: em muitos casos, é melhor escolher os avós como padrinhos do que escolher estranhos, que, de repente, vivem distantes de seus afilhados, nunca os pro-

curam quando deveriam ser uma presen-ça constante em suas vidas.

Além de tudo isso, não foram poucas as vezes em que sugeri a mães solteiras escolherem seus pais como padrinhos. Eles acolheram em casa a filha grávida, acolheram com amor o neto ou a neta que chegou. Quer coração mais amoroso que o destes avós?

É verdade que a idade poderá diminuir

o tempo de presença dos avós-padrinhos na vida dos netos e afilhados. Sempre, po-rém, haverá tempo de mostrar o caminho de Deus e ser testemunhas de fé para os netos-afilhados. Eu agradeço a Deus por ter sido criado por meus avós maternos, com os quais aprendi a ser cristão.

Ficam aqui esses pontinhos para você refletir, minha irmã. Deus abençoe você e sua família!

Os avós podem ser padrinhos de Batismo dos netos?PADRE CIDO PEREIRA

[email protected]

10 | reportagem/Fé e Vida | 15 a 21 de julho de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

“Nesta noite, conquistamos um direi-to fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmadinha nas costas nem um encorajamento de cir-cunstância, com o aflorar de um sorriso. Não. É um dom do céu, que não podía-mos obter por nós mesmos.”

A esperança cristã, recordada pelo Papa Francisco na homilia da Vigília Pas-cal, em abril deste ano, continua a animar a humanidade em meio à pandemia do novo coronavírus, sendo este anúncio fundamental àqueles que mais precisam de amparo neste momento: os afetados pela pobreza material, bem como os em-pobrecidos pela solidão, abandono e ou-tras fragilidades espirituais e sociais.

CHEGAR AO CORAÇÃO E ÀS CASASDados da Prefeitura de São Paulo, do

mês de junho, mostram que o número de casos de COVID-19 é maior nas regiões periféricas, locais onde a Igreja também está presente e atua para a propagação da fé, esperança e caridade.

A Paróquia Santa Paulina, localizada na maior favela de São Paulo, em Helió-polis, na zona Sul, passou a atender 120 famílias em situação de vulnerabilidade social, além de pessoas em situação de rua, com a distribuição de alimentos, agasalhos e cobertores.

“Procuro também telefonar e me fa-zer próximo dos idosos principalmente, além dos jovens e famílias da nossa co-munidade. É um trabalho de ir ao en-contro das pessoas, tentando de alguma forma chegar ao coração e às casas de cada um”, disse ao O SÃO PAULO o Pa-dre Israel Mendes Pereira, Pároco.

Segundo o Sacerdote, a grande maio-

Manter a esperança, sempre!DIANTE DAS ADVERSIDADES POR CAUSA DA ATUAL PANDEMIA, A IGREJA MANTéM A ATENçãO AOS FIéIS EM DIFERENTES SITUAçõES DE VULNERABILIDADE

FLAVIO ROGÉRIO [email protected]

ria da população de Heliópolis é solidá-ria e confiante, e, com a impossibilidade de as pessoas irem até a igreja, é missão da comunidade ir até o povo, pois, ape-nas pelo fato de as pessoas saberem que a Igreja está presente e preocupada com elas, já gera uma renovação de esperança.

“Nós temos um povo cheio de es-perança, e percebo uma fé muito viva, mesmo neste tempo de distanciamento e isolamento social. Um povo que sempre aprendeu nas dificuldades. Na periferia tem um povo que não desiste, um povo lutador e que vive de uma forma muito digna”, concluiu.

A ESPERANÇA NÃO DECEPCIONA O Padre Luciano Borges Basílio é Pá-

roco da Paróquia São José, da Diocese de Campo Limpo, no bairro de Parai-sópolis, na zona Sul da capital paulista. Ele relatou à reportagem que o trabalho pastoral na comunidade se intensificou principalmente mediante a arrecada-ção de alimentos para os mais pobres e o atendimento espiritual por meio das confissões, amparo aos doentes e a seus familiares.

“Esperança é uma das palavras que mais ouço do povo. Nunca faltou a con-fiança de que esta ‘peste’ irá passar e re-tornaremos à nossa vida normal, com o auxílio e a graça de Deus. Durante todo este tempo desafiador, temos celebrado

missas, transmitidas pelas redes sociais, e estou a todo o tempo afirmando que a esperança não decepciona, e precisamos ter coragem, pois sabemos em quem acreditamos”, disse o Padre.

Segundo o Sacerdote, que trabalha há 14 anos no bairro, a retomada das missas com a presença gradual do povo vem renovando a esperança dos fiéis. Ele reiterou que essa esperança nunca se foi, pois ali vive um “povo fervoroso e trabalhador”.

ACOLHER OS IDOSOS Integrantes do grupo de risco,

os idosos são os mais atingidos pela COVID-19. Em São Paulo, a Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), que costuma realizar visitas domiciliares às pessoas com 60 anos ou mais, encontrou uma outra for-ma de estar presente. “Em função da sus-pensão das visitas, temos orientado que nossos agentes liguem para os idosos, para que eles não se sintam abandonados e solitários”, disse Conceição Aparecida de Carvalho, coordenadora arquidioce-sana da PPI.

Segundo Conceição, os agentes se uniram em uma grande corrente de so-lidariedade e estão gravando vídeos, pe-los quais transmitem palavras de afeto e carinho aos idosos. Ela enfatizou que, se por um lado os idosos têm relatado a vontade de sair de casa e reencontrar os

familiares, por outro, passaram a acom-panhar as missas pela televisão e a dedi-car tempo ao artesanato, crochê e leitura.

“Ações estão sendo feitas pela Pasto-ral, como telefonemas, transmissão de vídeos, carreata virtual etc. Tudo é com o objetivo de despertar um sentimento de esperança cristã em todas as pessoas, sobretudo nos idosos mais fragilizados, para que se sintam valorizados e com dignidade, aumentando sua fé”, concluiu.

FAMÍLIAS MAIS UNIDAS Na Região Episcopal Sé, a Pastoral

Familiar tem realizado encontros on-line e lives nas redes sociais com temas que possam renovar a esperança das famílias.

Segundo o Padre Alessandro Enrico de Borbón, Assessor Eclesiástico para a Pastoral Familiar da Região Sé, a con-vivência pode estar sendo um período difícil para algumas famílias, mas para a grande maioria é um tempo de apren-dizado.

“Temos um grande ganho em famí-lias que efetivamente conseguiram con-viver e retomar os vínculos familiares. Os pais interagem mais com os filhos, esposo e esposa voltaram a ter um novo encanto um pelo outro e cada um passou a dedicar um tempo maior a si mesmo. Essa convivência mais intensa foi mui-to profícua para a maioria das famílias”, afirmou à reportagem.

Em comunidades periféricas, como em Heliópolis e Paraisópolis, a Igreja está atenta às necessidades materiais e espirituais de todas as pessoas

Pascom da Paróquia São JoséPascom da Paróquia Santa Paulina

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Monsenhor Ângelo Ademir Mezzari

Nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo pelo Papa Francisco no dia 8, o Monsenhor Ângelo Ademir Mez-zari acolheu com alegria e esperança a nova missão confiada pela Igreja, consciente da responsabilidade de ser um dos sucessores dos apóstolos.

Religioso da Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus e, até então, Pároco da Paróquia Nos-sa Senhora das Graças, em Bauru (SP), o Bispo eleito concedeu uma entrevista, por telefone, ao O SÃO PAULO. Ele relatou como recebeu a notícia da nomeação, suas expectati-vas e o grande carinho que tem pela cidade de São Paulo, onde se formou e atuou pastoralmente por mais de 20 anos.

Nascido em 1957 em Sanga do Engenho, município de Nova Veneza, atualmente Forquilhinha (SC), Mon-senhor Ângelo foi ordenado sacerdo-te em 1984. Em seu ministério, atuou sobretudo na Pastoral Vocacional, na área da Comunicação e na promoção da caridade, especialmente nas peri-ferias.

“Espero que a experiência vivida nesta cidade como religioso e sacer-dote possa contribuir, de alguma for-ma, para o meu serviço como Bispo Auxiliar, colaborando com o Arce-bispo”, afirmou o novo Bispo. Leia a entrevista:

O SÃO PAULO – Como o senhor re-cebeu a notícia da nomeação epis-copal?

Monsenhor Ângelo Ademir Me-zzari – O então Núncio Apostólico do Brasil [Dom Giovanni d’Aniello] me telefonou informando que eu havia sido escolhido pelo Papa Fran-cisco para ser Bispo Auxiliar de São Paulo. Foi uma grande surpresa. No momento, fiquei até sem palavras, pois é algo que não se espera. Pedi um tempo para rezar e refletir, e três dias depois dei o meu “sim”. Ao mes-mo tempo que me surpreendi com a notícia, é uma ocasião para abrir o coração e acolher este dom, este cha-mado de Deus. Também me acende de alegria e esperança a confiança que a Igreja deposita em minha pessoa, confiando-me essa nova missão, esse novo serviço.

Com sua grande experiência na Pas-toral Vocacional, como o senhor ex-plica essa vocação dos bispos?

De fato, é um grande mistério de Deus. Nós sentimos um chamado

para a consagração religiosa e para o sacerdócio, a Igreja propõe um ca-minho vocacional e formativo, acei-ta e acolhe o vocacionado por meio de seus superiores. Portanto, nós vamos nos preparando e alimentan-do o sonho de nos tornar religiosos e sacerdotes. Já no episcopado é completamente diferente. É a Igreja, por meio do sucessor de Pedro, que escolhe entre os seus presbíteros aqueles que podem exercer e viver esse dom específico. Não se trata apenas de uma função, mas, sim, de uma identidade, um estado de vida, uma graça que só a Igreja pode con-ferir pela ação do Espírito Santo. Por isso que digo que é um mistério divino, revelado aos cristãos desde os primeiros séculos.

Como o senhor se sente em partici-par dessa dimensão da missão da Igreja?

É uma grande graça poder inte-grar o colégio episcopal, que tem à sua frente o Papa, Bispo de Roma, e que, por meio da imposição das mãos do bispo ordenante, serei consagrado bispo. Essa é a sucessão dos apóstolos, da qual farei parte, e isso mexe bas-tante com o nosso coração e o nosso ser. Antes de tudo, estou vivendo isso

como um grande chamado à santi-ficação pessoal. Em primeiro lugar, desejo viver pessoalmente esta graça que transforma a minha vida, muda a minha existência e me coloca em movimento, faz com que eu me doe ainda mais por causa de Jesus Cristo e seu Evangelho, a serviço do Reino de Deus.

O bispo deve ter as características do Bom Pastor: apascentar, santificar e ensinar o rebanho. Então, na Igreja, desejo ser um bom pastor, colaboran-do com aqueles que são as nossas re-ferências: o Papa Francisco, na Igreja Universal e, na Arquidiocese, o nosso pastor, Dom Odilo, unido aos demais bispos auxiliares.

Tive a graça de me encontrar em algumas ocasiões com o Papa Fran-cisco, em Roma, quando eu era Su-perior-Geral da Congregação [dos Rogacionistas], entre 2010 e 2016. Fico feliz em saber que ele, por meio da Igreja, me chama para ser mais um dos sucessores dos 12 apóstolos.

O senhor já viveu e trabalhou em São Paulo. Como define esta cidade?

Eu fiz toda a minha formação em São Paulo. Estudei Filosofia na antiga Faculdade Nossa Senhora Medianei-ra, dos Jesuítas, na Avenida Paulista,

cursei Teologia no Instituto Teológi-co Pio XI, no Alto da Lapa. Depois de trabalhar cinco anos em Curitiba (PR), fui eleito Conselheiro Provin-cial e vim trabalhar na formação, permanecendo cerca de 20 anos em várias missões na capital paulista, so-bretudo na periferia da zona Oeste. É uma realidade que conheci e na qual, de certo modo, me integrei bastante, nas suas relações eclesiais e sociais. Certamente a cidade mudou e a Igre-ja vai avançando a sua caminhada. São tantos outros novos desafios que surgem. Espero, no entanto, que a ex-periência vivida nesta cidade como religioso e sacerdote possa contribuir de alguma forma para o meu serviço como Bispo Auxiliar, colaborando com o Arcebispo, nas funções para as quais serei designado.

Como seus paroquianos reagiram à nomeação?

O povo manifestou alegria pela graça que a Igreja concede ao seu Pároco e o chamado que me é feito, com toda a responsabilidade da qual isso decorre. É claro, porém, que também manifestaram certa tristeza por minha partida. É uma paróquia bastante grande, muito viva, ativa, tem uma longa história. Meu cora-ção também sente em deixar essa co-munidade que aprendi a amar nesses três anos e meio que estive aqui. Ao mesmo tempo, sinto muito a oração, o apoio e o incentivo das pessoas. Em breve, a nossa Congregação en-viará um novo pároco para se somar aos outros três sacerdotes que aqui atuam. Portanto, levarei comigo a esperança e a saudade.

O que o senhor gostaria de dizer ao povo de Deus que está em São Pau-lo?

Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer a acolhida muito fraterna de Dom Odilo e dos bispos auxiliares. Saúdo o clero, os seminaristas, religio-sos e religiosas e todos os fiéis leigos. Eu aprendi a amar muito São Paulo e sua população. Sei que a Arquidioce-se vive este caminho sinodal e desejo entrar nele, buscando conhecer e me informar sobre o sínodo. Quero, com todos, ser mais uma testemunha de que Deus habita esta cidade.

Sei o quanto a Igreja é uma força nesta cidade na defesa da vida e da dignidade humana, por meio do di-álogo intercultural e inter-religioso. É uma presença profética. Reitero que desejo ser um pastor conforme o coração de Cristo, correspondendo à missão que a Igreja me confia.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.

‘Desejo ser um pastor conforme o coração de Cristo’

FERNANDO [email protected]

Pascom da Paróquia Nossa Senhora das Graças

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As atividades econômicas estão, aos poucos, sendo retomadas nas cidades, embora a pandemia ainda não tenha sido totalmente controlada. Adotando uma série de protocolos e restrições, muitos profissionais que estavam tra-balhando em casa desde meados de março, agora começam a retornar ao trabalho presencial. Escolas e creches, contudo, ainda estão fechadas. Surge, então, o dilema: com quem vão ficar as crianças?

Em São Paulo, a Secretaria Estadu-al da Educação planeja a retomada das aulas em setembro, de forma gradual e organizada. O Sindicato das Escolas Particulares também informou que os protocolos de reabertura de escolas e creches conveniadas estão sendo es-tudados, mas aguarda a orientação do poder público.

MÃES Nesse cenário, quem mais sofre são

as mães, que contam essencialmente com as escolas e creches para deixar os filhos enquanto trabalham.

De acordo com pesquisa publicada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 2018, a participação femi-nina no mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo representa 54,2%, sendo que 33% das mulheres têm responsabilidade total pelo rendi-mento financeiro da casa.

O impacto desse problema já é sen-tido em países que retomaram as ativi-dades econômicas e mantêm as aulas suspensas. No Reino Unido, por exem-plo, cresceu o número de mulheres que foram demitidas ou tiveram que pedir demissão por não ter onde deixar os filhos.

COLABORAÇÃOA fonoaudióloga Luciana Ama-

ro Paganini, 40, vive esse drama com os filhos, Heloísa, 7, e Pedro, 9 meses, desde abril, quando terminou sua li-cença-maternidade e teve que voltar a trabalhar bem no início do isolamento social. A princípio, ela uniria a licença com as férias, porém, por ser profissio-nal da saúde e trabalhar no serviço mu-nicipal, as férias foram canceladas.

Com a escola de Heloísa fechada e sem creche para matricular o Pedro, Luciana teve que contar com a ajuda da família, que se reveza para cuidar das crianças. Seu marido, o consultor de marketing Marcelo Paganini, 53, traba-lha em regime home office, mas, quan-do está com as crianças, não consegue efetuar suas tarefas profissionais, pois é preciso acompanhar a rotina de estu-dos da filha e ajudar a cuidar do bebê, que, nesta fase, exige bastante atenção.

“Uma das minhas cunhadas vinha duas vezes por semana para nos ajudar. Só que, agora, ela está voltando a traba-lhar e não poderei mais contar com ela”, relatou a fonoaudióloga. Luciana, en-tão, recorreu à sua mãe, que é professo-ra e, por enquanto, está trabalhando em casa e já cuida de outra neta. Contudo, ela tem mais de 60 anos e, portanto, é do grupo de risco.

NECESSIDADE Com isso, as crianças não estão

tendo uma rotina fixa, pois há dias em que vão para a casa da avó e outros em que ficam com o pai em casa. “Temos que dar conta das aulas da Heloísa, que já está no 2º ano, do Pedro, da casa e do trabalho. Sem contar o medo da COVID-19, pois tenho contato direto com o público no meu trabalho”, ressal-tou a mãe.

Ainda segundo Luciana, a maior di-ficuldade é não ter certeza sobre o futu-ro em relação às escolas, pois, por mais que haja planos de retomada das aulas presenciais em setembro, haverá reve-zamento dos alunos e ainda há o risco de o retorno ser adiado, dependendo da evolução da pandemia.

Quando perguntada se teria receio de enviar os filhos à escola neste pe-ríodo, Luciana confessou que não. “A escola da Heloísa já fez reuniões para demonstrar como seriam as ações e os protocolos para a volta às aulas, e me

sinto segura. Infelizmente, nossa reali-dade é essa. Neste momento, a necessi-dade é maior que o meu receio.”

CENTRALIDADE DA FAMÍLIAEssa realidade causada pela pan-

demia evidenciou um tema que nem sempre é valorizado na sociedade: o bem-estar da família.

Letícia Barbano, terapeuta ocupa-cional e pesquisadora da Family Talks, entidade que tem como objetivo a pro-moção do debate sobre o papel da fa-mília na sociedade, destacou ao O SÃO PAULO a necessidade de uma mudan-ça cultural por parte da sociedade, das empresas e dos governantes em relação à centralidade da família na reflexão social.

“Vivemos em uma cultura de valori-zação excessiva do trabalho produtivo, isto é, aquele que dá retorno financeiro. Tendemos a colocar o trabalho produ-tivo acima da família. É preciso que a família esteja no centro das ações e po-líticas sociais”, salientou a terapeuta.

É PRECISO ESTAR EM REDENesse sentido, a Family Talks tem

sua atuação pautada em três vertentes: na esfera pública, em pesquisas rela-cionadas à família e na conscientização da sociedade sobre a importância dos vínculos familiares e, por isso, propõe discussões que visam a novas relações de trabalho, centradas na família. A

ideia, conforme explicou a pesquisado-ra, é estabelecer uma rede de apoio en-tre empresa, família, amigos, vizinhos e escolas, para que pais e mães sejam ca-pazes de conciliar o trabalho e a relação com os filhos de forma equilibrada.

Letícia reiterou que o retorno ao trabalho, deixando o cuidado dos fi-lhos em situação de vulnerabilidade, fragiliza a família como um todo. “É preciso um esforço para criar arranjos organizacionais mais maleáveis – como flexibilidade nos horários, possibilida-de de dividir tarefas e funções, apoio e compreensão por parte dos gestores. Até que a situação se normalize, preci-samos de uma dose extra de humaniza-ção e empatia”, concluiu.

Famílias vivem o desafio da volta ao trabalho com as escolas fechadas

FERNANDO GERONAzzO E JENNIFFER SILVA

[email protected]

EM BUSCA DE ALTERNATIVASEmbora nem sempre seja fácil, o caminho, neste momento, é ne-gociar com a empresa a busca de alternativas que sejam vantajosas para ambas as partes. Seguem al-gumas dicas: Home office – Proponha a manu-

tenção do regime de teletraba-lho até que as creches e escolas sejam reabertas.

Flexibilidade de horário – Caso haja uma rede de apoio que possa atender parcialmente à necessidade dos pais, sugira chegar mais tarde ou sair mais cedo do trabalho. Ou, então, al-terne o regime de trabalho pre-sencial com o home office, de acordo com as possibilidades.

Rede de apoio – Além dos familia-res e amigos próximos, busque articulação com outras mães que passam pela mesma situ-ação e podem ser encontradas nos grupos de apoio já existen-tes entre mães da escola dos fi-lhos para troca de informações.

Wokandapix/Pixabay

Suspensão de atividades presenciais nas escolas desde março é um complicador para os pais

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Aprovado pelo Senado em 24 de ju-nho, o novo marco legal do saneamento básico (PL 4162/2019) deve ser sancio-nado esta semana pelo presidente Jair Bolsonaro. Um dos focos é garantir, até 2033, a universalização dos serviços, com fornecimento de água potável a 99% da população e coleta e tratamento de esgo-to a 90% dos brasileiros. Hoje, 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada no Brasil, e quase a metade dos habitantes não dispõe dos serviços de esgotamento.

NOVOS CONTRATOSAtualmente, a maioria das cidades

tem contratos de serviços de água e esgoto com empresas estatais. A iniciativa priva-da opera em apenas 6% dos municípios do País. O novo marco regulatório estabelece que todos os contratos deverão ser de con-cessão, firmados após licitação, com con-corrência de empresas públicas ou priva-das. Aqueles já em vigor serão mantidos, desde que se comprove sua viabilidade econômico-financeira.

“Hoje, na maioria dos municípios, a empresa não tem uma meta determinada para atingir em relação à água e ao esgo-to. O que o marco regulatório determina, independentemente de ela ser pública ou privada, é que haverá a obrigatoriedade de atingir a universalização”, explicou ao O SÃO PAULO Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil.

A TODOS OS MUNICÍPIOS E PESSOAS

A fim de evitar que o modelo de con-cessão privilegie apenas as grandes cida-des, o novo marco dá autonomia a cada governo estadual para compor grupos ou blocos de municípios para a contratação dos serviços de saneamento básico. Con-tudo, caso a cidade não concorde com o bloco a que foi agrupada, poderá realizar a licitação sozinha.

“Isso afastou um pouco o risco de que os municípios pequenos fiquem desassis-tidos. Vale lembrar que hoje esses municí-pios, operados por empresas públicas, es-tão desassistidos”, observou Édison Carlos, destacando, também, que garantias às pes-soas mais pobres, como as tarifas sociais, serão mantidas, e o serviço de saneamento chegará a mais locais: “Haverá um esforço para que a água chegue às comunidades mais vulneráveis, pois isso é um ganha- -ganha: a empresa passa a receber pelo for-necimento a um local de onde não recebe nada hoje, e o morador terá uma água de qualidade, que poderá beber sem riscos”.

REDE DE ESGOTO: O MAIOR DESAFIOAmpliar em 90% os serviços de esgo-

to no País é a parte mais desafiadora para a implantação do novo marco legal, na avaliação do engenheiro sanitarista José Everaldo Vanzo, especialista em Gestão de Saneamento voltado para a saúde pública

e que atua no setor desde os anos 1970, já tendo ocupado cargos de direção em em-presas de saneamento.

Vanzo assegurou que a implantação, operação e manutenção de sistemas de esgotamento sanitário é muito mais cara que o sistema de água, e que há muitos trâmites burocráticos para a realização das obras. “Por exemplo: para se instalar uma estação de tratamento de esgoto – entre projetar, executar a obra e colocar em ope-ração –, há toda uma exigência legal que nem sempre pode ser cumprida em três, quatro ou cinco anos”, alertou, destacando ainda que aproximadamente 36 milhões de brasileiros contam com o serviço com-pleto de esgotamento, ou seja, a coleta e seu devido tratamento: “Falta incluir, isso falando apenas da área urbana do País, 144 milhões de pessoas nos serviços”.

O engenheiro sanitarista também avaliou que deve haver um programa de financiamento para as obras necessárias, pois o repasse dos custos ao consumidor levaria à cobrança de tarifas inviáveis.

“Suponhamos que em um sistema de esgotamento sanitário seja preciso inves-tir R$ 13,5 bilhões, que serão financiados em, no máximo, 20 anos. Quando se fizer essa conta para repassar à tarifa, o cliente não terá renda familiar para arcar com

constantemente pelas agências locais regu-ladoras de águas. Haverá, ainda, um órgão regulador federal – a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico –, criado com a ampliação das atribuições da atual Agên-cia Nacional de Águas (ANA). As em-presas que descumprirem contratos não poderão distribuir lucros e dividendos.

Será também criado o Comitê Inter-ministerial de Saneamento Básico (Cisab), presidido pelo Ministério do Desenvol-vimento Regional, para assegurar a im-plementação da política federal de sane-amento básico e coordenar a alocação de recursos financeiros.

“O marco regulatório cria um sistema de planejamento e controle que vai favo-recer muito a governança corporativa das empresas, que vai ter que ser profissionali-zada, assim como a gestão”, lembrou Vanzo.

Ainda de acordo com a legislação, os municípios deverão cobrar tarifas para serviços como poda de árvores, varrição de ruas e limpeza de estruturas de dre-nagem de água da chuva, mas essas ativi-dades também podem estar no pacote de concessões. Além disso, até 2021 deverão ser encerrados os espaços conhecidos como lixões nas capitais e regiões metro-politanas. Para municípios com menos de 50 mil habitantes, este prazo é até 2024.

IMPACTOS SOCIAIS DO SANEAMENTO BÁSICO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada R$ 1 investido em saneamento básico, gera-se uma econo-mia de R$ 4 em gastos com saúde. Ape-nas no Brasil, anualmente, 15 mil pessoas morrem e 350 mil são internadas em ra-zão de doenças ligadas à ineficácia do sa-neamento básico.

“Quando há água potável para as pes-soas, esgoto coletado e tratado, os casos de doenças diminuem muito, bem como as ocupações de leitos e internações por diar-reia, verminose, leptospirose, esquistosso-mose, hepatites. Com a saúde melhoran-do, as crianças nascem em um ambiente mais favorável, há melhorias no aproveita-mento escolar, as pessoas deixam de faltar ao trabalho por causa dessas doenças, o valor dos imóveis melhoram, além de ha-ver ganhos no turismo”, ressaltou Édison Carlos.

(Com informações da Agência Senado e OMS)

Um novo panorama para o saneamento básico é possível até 2033?

DANIEL [email protected]

esse aumento”, observou. “Em 13 anos, em todo o Brasil, seria necessário algo em torno de R$ 400 bilhões a R$ 500 bilhões para universalizar os serviços. De onde virá essa poupança? A lei não esclarece isso”, con-cluiu, alertando que esse cenário de incertezas pode afastar as empresas privadas de concorrer às concessões.

REGULAÇÃO E OUTRAS TARIFAS

O cumprimento das metas estabelecidas nos contratos será verificado

A QUESTÃO DA ÁGUA NA ENCÍCLICA LAUDATO SI’ – PAPA FRANCISCO (2015)

“Um problema particularmente sério é o da qualidade da água disponível para os pobres, que diariamente cei-fa muitas vidas. Entre os pobres, são frequentes as doenças relacionadas com a água, incluindo as causadas por micro-organismos e substâncias quí-micas.” (LS 29) “O acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, funda-mental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portan-to, é condição para o exercício dos ou-tros direitos humanos.” (LS 30)

Novo marco prevê serviço de esgoto a 90% do país; hoje metade dos brasileiros não são atendidos

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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14 | Papa Francisco | 15 a 21 de julho de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Ao relembrar os sete anos da pri-meira viagem de seu pontificado, quando foi à ilha italiana de Lampe-dusa, o Papa Francisco reiterou que é preciso deixar de lado o medo e buscar o rosto de Cristo naqueles que são dife-rentes. “À luz da Palavra de Deus, quero repetir que o encontro com o outro é também encontro com Cristo”, disse.

“É Cristo que bate à nossa porta, com fome, com sede, estrangeiro, nu, doente, prisioneiro, pedindo para ser encontrado e assistido”, acrescentou, com as mesmas palavras da histórica missa em Lampedusa.

Naquela ocasião, ele deixou uma forte mensagem de abertura aos mi-grantes – que, mais adiante, detalhou e pediu acolhimento, mas também pro-teção e integração.

Desde então, por inúmeras vezes, lembrou as milhares de vítimas do trá-fico de pessoas, da pobreza, da guerra e da fome, que tentam uma vida me-lhor na Europa, migrando da África e do Oriente Médio, principalmente pelo Mar Mediterrâneo.

COM AS PALAVRAS DE JESUS“Tudo aquilo que fizerem, no bem

e no mal [farão a mim]”, afirmou Fran-cisco, parafraseando Jesus, conforme o relato do Evangelho. “Esse aviso tem uma atualidade provocante. Devemos usá-lo como ponto fundamental do

Recém-lançada pelo Vaticano, a co-missão criada pelo Papa Francisco para refletir a respeito do mundo durante e após a pandemia de COVID-19 fez um forte apelo pela paz mundial, no dia 7. “Estamos vivendo uma das piores crises humanitárias desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

“Embora somas sem precedentes sejam destinadas hoje a gastos milita-res – inclusive aos maiores programas de modernização nuclear –, os doen-tes, os pobres, os marginalizados e as vítimas de conflitos estão sendo des-proporcionalmente afetados pela crise atual”, alertou o Cardeal. “Não pode haver cura sem paz. Reduzir conflitos é a única chance de reduzir injustiças e desigualdades”, afirmou, recordando ensinamentos de São Paulo VI.

Em 24 de junho, o Conselho de Se-gurança da Organização das Nações Unidas (ONU) apoiou uma resolução que pede um cessar-fogo global – as-sinada por 170 países, entre membros e observadores. Essa decisão foi bem acolhida pelo Papa, que a chamou de “louvável”.

“Uma coisa é pedir o cessar-fogo, outra coisa é implementá-lo”, ponderou o Cardeal Turkson. Para isso, comple-tou, é preciso congelar a produção e o comércio de armas. “Em vez de se unir pelo bem comum contra uma ameaça comum que não conhece fronteiras, muitos líderes estão aprofundando divisões internacionais e internas”, la-mentou o Prefeito do Dicastério. (FD)

COVID-19: Vaticano pede investimentos em saúde em vez de armas

‘Buscar o rosto de Cristo’no encontro com os diferentesPAPA DIZ qUE é PRECISO SE LIBERTAR DO MEDO E SE ABRIR AOS qUE PRECISAM DE AJUDA

FILIPE DOMINGUESESPECIAL PARA O SÃO PAULO

nosso exame de consciência, aquele que fazemos todos os dias.”

O Papa mencionou, pontualmente, os campos de detenção na Líbia, país conhecido como um dos principais pontos de passagem. Dali, muitos mi-grantes sobem em embarcações precá-rias no Mediterrâneo e seguem rumo a países europeus. No percurso, são “vítimas de abuso e violência” em sua “viagem de esperança”, disse Francisco.

BUSCAR O ROSTO DO SENHORUma chamada “cultura do bem-es-

tar” ou “cultura do descarte”, como cos-tuma dizer Francisco, tende a tornar as pessoas insensíveis aos problemas dos outros. “Ela nos faz viver em bolhas de sabão, que são belas, mas não são nada, são ilusões, ilusões do fútil, do provisó-rio, que leva à indiferença em relação a

outros, ou melhor, leva à globalização da indiferença”, dizia ele, já em Lampe-dusa, naquela missa de 2013.

A reflexão foi inspirada no Salmo 104, que diz: “Buscai sempre o rosto do Senhor. Buscai o Senhor e a sua força. Buscai sempre o seu rosto”. Conforme declarou o Papa, “essa busca constitui um comportamento fundamental na vida daquele que crê, que compreen-deu que a finalidade última da própria existência é o encontro com Deus”, exortou.

“A busca pelo rosto de Deus é a garantia do bom êxito da nossa via-gem por este mundo, que é um êxodo rumo à verdadeira Terra Prometida, a pátria celeste. O rosto do Senhor é a nossa meta, e é também a nossa estre-la polar, que nos permite não perder o caminho.”

Vatican Media – jul. 2013

Francisco cumprimenta migrantes em visita à ilha de Lampedusa, na Itália, em julho de 2013

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16º DOMINGO DO TEMPO COMUM19 DE JULHO DE 2020

O joio e o trigoPADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Liturgia e Vida

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www.arquisp.org.br | 15 a 21 de julho de 2020 | Pelo mundo/Fé e Vida | 15

Embora não plenamente, o Reino dos Céus já está presente na terra. Isso se dá na Eucaristia, que é sua antecipação neste mun-do; nas almas em estado de graça, nas quais habita a Santíssima Trindade; e na Igreja. Cristo vive na Igreja e, como a cabeça em re-lação ao corpo, guia-a de modo inseparável.

No presente estágio, porém, ainda não é possível saber exatamente quem são “os que pertencem ao Reino” e quem são “os que pertencem ao Maligno” (Mt 13,38). É verda-de que as condições de pertença à Igreja são claras: crer em Jesus, ser batizado, viver con-forme os seus ensinamentos e não incorrer em cisma ou heresia. Sendo impossível, po-rém, saber as disposições de cada homem e conhecer todas as suas obras e pensamentos, não podemos verificar quem realmente está na graça e no amor a Deus. Por enquanto, misturam-se santidade e pecado, o “trigo” e o “joio” (Mt 13,25).

As sociedades e as almas dos indivíduos vivem um constante conflito entre verdade e mentira, bem e mal, pecado e graça, salvação e condenação… O diabo – semeador da má semente (cf. Mt 13,39) – é criativo em suscitar o joio e confundir o mal com o bem: ideo-logias “salvadoras”; “humanismo” sem Deus; inversão de critérios morais; ideais de felici-dade distorcidos; aborto e eutanásia propos-tos como “direito”; redução do “amor” às pai-xões desordenadas; dissimulação… É missão da Igreja ajudar os homens a identificar esses erros e arrancá-los de suas vidas.

O joio mais difícil de se detectar, no en-tanto, é a dissimulação daqueles membros da Igreja que – mais ou menos conscientemente – optam por uma vida dupla. A esses o Senhor chamou de “lobos em pele de cordeiro”. São os que, sem remorsos, vivem contrariamente aos mandamentos e às promessas de Batismo, Matrimônio, Ordenação ou Consagração. Os que aparentam “bondade”, mas levam os ou-tros ao erro e ao pecado. Os que se sentem aci-ma do bem e do mal, propagando suas ideias errôneas como se fossem Palavra de Deus. Aqueles que se servem da Igreja de Cristo para fins pessoais ou pecaminosos: riqueza, prazer, vaidade, calúnias, domínio sobre os demais, instrumentalização política, libertinagem…

Imiscuídos entre os membros santos do Corpo de Cristo, frequentemente é difícil identificá-los. Por essa razão, o Senhor reco-nhece que, em seu campo, há algumas plantas semeadas por Deus e outras pelo Maligno, e recomenda: “Deixai crescer um e outro até a colheita!” (Mt 13,30). O Juízo Final restabele-cerá publicamente a justiça que não podemos realizar na terra. Nações, eventos, personali-dades históricas e eclesiásticas serão julgados publicamente. Será conhecida a verdade so-bre todas as obras e intenções dos indivíduos, nações e instituições.

Os maus serão desmascarados e os injusti-çados receberão a justa reparação. Essa é nos-sa certeza! Então, os Anjos de Deus “retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; e os lançarão na for-nalha de fogo”; enquanto “os justos brilharão como sol no Reino do Pai” (Mt 13,41-43).

No domingo, 12, na oração do An-gelus, no Vaticano, o Papa Francisco ex-pressou pesar pela decisão do governo da Turquia de transformar a Basílica de Santa Sofia, em Istambul, em uma mesquita.

O Papa saudava, por ocasião do Dia Internacional do Mar, aqueles que tra-balham no mar e estão longe das pes-soas queridas e de seus países, e apro-veitou o momento para se manifestar sobre a decisão do governo turco: “O mar me leva um pouco longe, em pen-samento a Istambul… penso em Santa Sofia… e sinto muita dor”.

A Basílica tem uma longa e rica história. Inaugurada em 537 pelo im-perador cristão Justiniano, foi dedi-cada à Sabedoria Divina – Sofia sig-

Em meio à pandemia do corona-vírus – que chegou também ao Haiti, mas sem a letalidade com a qual fora prevista –, o país se ocupa com crises bem mais graves: insegurança, miséria, desocupação, insalubridade, instabili-dade política e corrupção.

Com a justificativa de enfrentar os problemas de corrupção, o presidente Jovenel Moise publicou dois decretos: um propondo o número e a carta de identificação nacional únicos e o outro, um novo código penal.

A Conferência Episcopal se pro-nunciou denunciando a intromissão,

nesses projetos, de ideologias estran-geiras alheias à cultura haitiana e à própria natureza humana. Os bispos afirmaram esperar, nesse momento, “coragem, lucidez, prudência e, sobre-tudo, respeito da parte do executivo, e não a imposição arbitrária ao povo haitiano daquilo que é simplesmente contrário aos verdadeiros valores”.

“Nós, bispos católicos do Haiti, queremos simplesmente declarar, com energia, que isso é ética e moralmente inaceitável por diversos aspectos, seja em termos de procedimento, seja de conteúdo. Com efeito, em vários pon-

tos, este projeto de decreto representa um ataque particularmente grave à es-sência da nossa humanidade. Implica problemas difíceis e complexos da vida humana, como a maioridade sexual, o incesto, a orientação sexual, a mudança de sexo etc.”, escreveram.

Os bispos alertaram para o fato de que esses decretos põem em risco os valores básicos do homem, nos quais a sociedade se apoia: “as bases mesmas da nossa sociedade, da nossa convivên-cia, da nossa cultura, da nossa fé e da moral cristã”. (JF)

Fonte: Agência Fides

Bispos alertam para decreto que ameaça as bases da convivência, da cultura, da fé e da moral

Haiti

Estados Unidos

Turquia

Desde 2011, as Pequenas Irmãs dos Pobres – congregação religiosa norte-americana –, lutavam na Jus-tiça contra a determinação da admi-nistração federal dos Estados Unidos que obrigava todos os empregadores a fornecer a seus colaboradores planos de saúde cujas coberturas incluíssem anticoncepcionais, esterilizações e, até mesmo, abortos no início da gestação.

No dia 8, a Suprema Corte Nor-

te-Americana decidiu favoravel-mente às Irmãs, encerrando a longa batalha judicial da Congregação.

O juiz Clarence Thomas, manifes-tando-se pela maioria, assim resumiu a razão da decisão da Suprema Corte: “Por mais de 150 anos, as Pequenas Irmãs engajaram-se em um serviço fiel e com sacrifício, motivadas por uma chamada religiosa para entregar tudo para o bem de seus irmãos. Nos últimos sete anos, porém, elas – como muitos outros institutos religiosos que participaram no litígio que levou

à decisão de hoje – tiveram de lutar para poder continuar o seu nobre tra-balho sem violar suas sinceras cren-ças religiosas”.

A instituição não lucrativa Becket, que atua em favor da liberdade religio-sa e esteve no caso das Pequenas Irmãs dos Pobres, afirmou que “a vitória neste caso estabelece um importante prece-dente e confirma que agências federais não podem forçar pessoas religiosas a violar suas crenças com o objetivo de atingir um objetivo do governo”.

Fontes: Becket, CNA e Pequenas Irmãs dos Pobres

Congregação religiosa não será obrigada a fornecer anticoncepcionais a funcionários

Basílica de Santa Sofia será convertida em mesquita

JOÃO FOUTOESPECIAL PARA O SÃO PAULO

moderna, a transformou em museu.Por meio de um decreto na sexta-

-feira, 10, o presidente Recep Tayyip Erdogan anulou a decisão de 1934 e acatou o pedido de um pequeno grupo islâmico, convertendo Santa Sofia em mesquita. Em discurso à nação, Erdo-gan disse que a primeira oração ocor-rerá em 24 de julho.

A decisão provocou a reação do Pa-

triarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu, que alertou que a medida “será uma causa de ruptura entre estes dois mundos”, pois Santa Sofia, por seu valor simbólico, era um centro “no qual Oriente e Ocidente se abraçam”. Lembrou, ainda, que a decisão “levará milhões de cristãos em todo o mundo contra o Islã”.

Fonte: Vatican News

nifica “sabedoria”. Quando Constanti-nopla – atualmente chamada Istambul – caiu nas mãos dos otomanos, em 1453, Santa Sofia foi convertida em uma mesquita, até que em 1934 Mustafa Kemal Ataturk, fun-dador da Turquia

Basílica de Santa Sofia foi inaugurada no ano de 537

Vatican Media

GUSTAVO CATANIA RAMOSESPECIAL PARA O SÃO PAULO

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As virtudes teologais – fé, esperança e caridade – têm sido intensamente vivencia-das pelos católicos em São Paulo durante a atual pande-mia. Além dos esforços para que as missas chegassem a todos pelas mídias sociais ao longo do período de isolamento, em muitas igrejas surgiram ou foram ampliadas iniciativas de ação caritativa.

Em algumas ocasiões, porém, quem deseja fazer algo em favor do próximo e da Igreja nem sempre en-contra informações suficientes a res-peito de como colaborar. Diante dessa realidade, a Arquidiocese de São Pau-lo desenvolveu o projeto “Animando a Esperança”, com a proposta de dar visibilidade às ações e às necessida-des das instituições católicas, como paróquias, congregações religiosas e pastorais.

MAPEAMENTOA primeira ação foi a de cadastrar

os chamados pontos de esperança: já há mais de 330, para que estejam vi-síveis no Google Maps e possam ser acessados por meio da página do “Ani-mando a Esperança”, no portal da Ar-quidiocese de São Paulo. Assim, ao cli-car em um dos pontos, o usuário que deseja colaborar encontra o endereço e os canais de contato desses locais.

A etapa seguinte, ainda em curso, é o detalhamento do que cada pon-to de esperança precisa, e isso pode ser feito por seu responsável: por exemplo, o pároco de uma paróquia pode informar a necessidade de doa-ções em dinheiro, de itens de higiene, produtos de limpeza, alimentos ou mesmo de voluntários que se dispo-nibilizem a organizar as doações re-cebidas, difundir as iniciativas pela internet ou simplesmente ligar para as famílias para saber de suas condi-ções atuais.

“As paróquias que queiram efeti-vamente participar podem mandar

www.osaopaulo.org.brDiariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a socie-dade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados nos últimos sete dias.

Referência na formação sacerdotal, morre aos 80 anos o Padre Evaristo Debiasihttps://bityli.com/I5RH2

Líderes de ordens religiosas filipi-nas manifestam oposição à nova lei antiterrorismohttps://bityli.com/fSDTS

Universidades pontifícias de Roma se preparam para o retorno às aulashttps://bityli.com/IFRCR

Velas: símbolos de uma oração con-tínua diante de Deushttps://osaopaulo.org.br/noticias

Para valorizar a maternidade e os vínculos familiareshttps://bityli.com/2rGRF

Bispos do Regional Sul 1 da CNBB realizam reunião virtualhttps://bityli.com/5FDsa

ACN Brasil

Luciney Martins/O SÃO PAULO

‘Animando a Esperança’ na Arquidiocese de São PauloINICIATIVA MAPEIA IGREJAS E INSTITUIçõES CATóLICAS, A FIM DE FACILITAR O RECEBIMENTO E O ENCAMINHAMENTO DE DOAçõES PARA A PROMOçãO DE AçõES CARITATIVAS

DANIEL [email protected]

detalhes, por um formulário, indi-cando o que estão precisando. Todas as informações que forem inseridas no cadastro serão vistas pelos usu-ários ao acessar um ponto de espe-rança. Assim, pedimos que as paró-quias e entidades ligadas à Igreja se inscrevam. Isso vai ajudar que tam-bém sejam conhecidas em seu terri-tório”, explicou ao O SÃO PAULO o Padre Lorenzo Nacheli, idealizador da ação, que foi iniciada após a anu-ência de Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidio-cese na Região Episcopal Sé.

Cada ponto de esperança será res-ponsável pela boa utilização do que for arrecadado, de modo que cabe à plataforma “Animando a Esperança” apenas possibilitar o contato entre quem pede a ajuda e quem deseja contribuir.

UNIDADE CARITATIVASegundo o Padre Lorenzo, mais

que uma ação para pedir recursos, o projeto “Animando a Esperança” bus-ca mostrar a unidade da Igreja em São Paulo na dimensão caritativa: “Peço aos padres que olhem com carinho para essa iniciativa, que não é somen-te para arrecadar dinheiro e ajudar as

no território da Arquidiocese de São Paulo. É muito importante que nos mostremos unidos neste tempo”.

Pároco da Paróquia Nossa Senho-ra Aparecida dos Ferroviários, Admi-nistrador Paroquial na Paróquia Nos-sa Senhora de Casaluce e com atuação no Arsenal da Esperança, que abriga homens em situação de rua, Padre Lorenzo afirmou que a solidariedade das pessoas tem sido indispensável para manter as ações caritativas. No Arsenal, por exemplo, os custos para manter a casa praticamente dobra-ram desde o início da pandemia de COVID-19, em virtude da necessida-de de manter os acolhidos em isola-mento social.

ESPERANÇA E CARIDADE CRISTÃ

“A virtude da esperança res-ponde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as es-peranças que inspiram as ativi-dades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desâni-mo; dá alento em todo esmo-recimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade.”

(Catecismo da Igreja Católica, §1818)

SAIBA MAIS SOBRE O ‘ANIMANDO A ESPERANÇA’Site: http://arquisp.org.br/animando-a-esperancaE-mail: [email protected]

paróquias, mas, sobretudo, para dar um sentido de unidade às iniciativas que a Igreja oferece

Sergio Ricciuto Conte