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ISSN 1677-1419 Ano 5, Vol. 5, Número 5 - 2004

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ISSN 1677-1419

Ano 5, Vol. 5, Número 5 - 2004

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I B D Hnstituto rasileiro de ireitos umanos

Revista do

Ano 5, Vol. 5, Número 5 - 2004

IBDH

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I B D Hnstituto rasileiro de ireitos umanos

A Revista do

Permite-se a reprodução parcialou total dos artigos aquipublicados desde que sejamencionada a fonte.

O conteúdo dos artigosé de inteira responsabilidadedos autores.

Distribuição:Instituto Brasileiro de DireitosHumanos

Rua José Carneiro da Silveira, 15 -ap. 301. PapicuCEP: 60190.760Fortaleza - Ceará - BrasilTelefax: +55 85 3234.32.92

é uma publicação anual do IBDH.

Organizadores:

Antônio Augusto Cançado TrindadeCésar Oliveira de Barros Leal

I B D Hnstituto rasileiro de ireitos umanos

Revista do

Ano 5, Vol. 5, Número 5 - 2004

IBDH

Revista do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos.V. 5, N. 5 (2004). Fortaleza, Ceará.Instituto Brasileiro de Direitos Humanos, 2004.Anual.

1. Direitos Humanos - Periódicos. I. Brasil.Instituto Brasileiro de Direitos Humanos.

CDU........................................................................................

Conselho Editorial

Projeto Gráfico/Capa, Criação e Arte/

Editoração Eletrônica

Diagramação

Revisão

Antônio Augusto Cançado TrindadeCésar Oliveira de Barros LealPaulo BonavidesWashington Peluso Albino de SouzaAntônio Álvares da SilvaAntônio Celso Alves Pereira

Antônio Paulo Cachapuz de MedeirosArnaldo OliveiraCarlos WeisEmmanuel Teófilo FurtadoGonzalo Elizondo BreedyHélio BicudoHermes Vilchez GuerreroJaime OrdóñezJuan Carlos MurilloLaurence Burgorgue-LarsenManuel E. Ventura-RoblesMargarida GenevoisMaria Glaucíria Mota BrasilNéstor José Méndez GonzálezPablo Saavedra AlessandriRenato Zerbini Ribeiro LeãoRoberto CuéllarSílvia Maria da Silva Loureiro

Nilo Alves Júnior

Franciana Pequeno

César Oliveira de Barros LealMaria Ocenéia dos Santos Rocha

Antônio Otávio Sá Ricarte

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ISSN 1677-1419

Ano 5, Vol. 5, Número 5 - 2004

S u m á r i oConselho Consultivo ................................................................................ 05

Apresentação ............................................................................................ 09

Ano 5, Vol. 5, Número 5 - 2004

V - A Proteção Jurídica Internacional dos Deslocados Internos....................................................................................................................................................73

VI - Los Nuevos Retos del Derecho Internacional Humanitario: Los Conflictos Desestructurados y el Terrorismo Internacional........................................................................................................................................93

VII - Derecho de Migrantes y Derecho Internacional........................................................................................................................................................109

VIII -Los Principios Generales sobre la Libertad Religiosa en la Jurisprudencia de los Sistemas Europeo, Interamericano yCostarricense de Protección de los Derechos Humanos

.........................................................................................................................................................123

IX - Terrorismo: O Desafio da Construção da Democracia..............................................................................................................................145

X - I Cammini Silenziosi del Diritto Internazionale dei Diritti dell' Uomo: Vittime e Risarcimento del Danno nelle UltimePronunce della Corte Interamericana (2001 - 2002)

.....................................................................................................................................................151

XI - O Brasil e o Instituto do Refúgio: Uma Análise após a Criação do Comitê Nacional para os Refugiados - Conare..............................................................................................................................................201

XII - Realismus des Rechts Kants Beitrag zum Internationalen Frieden...................................................................................................................................................................213

XIII -Presentación del Presidente de la Corte Interamericana de Derechos Humanos, Juez Antônio A. Cançado Trindade,ante el Consejo Permanente de la Organización de los Estados Americanos (OEA): “El Derecho de Accesoa la Justicia Internacional y las Condiciones para su Realización en el Sistema Interamericano de Protecciónde los Derechos Humanos”....................................................................................................................................................225

XIV -Resenha do Livro: Crianças e Adolescentes: Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Rio de Janeiro:CEJIL, 2003, 237 pp.

..............................................................................................................................................243

XV - Las Tres Vertientes de la Protección Internacional de los Derechos de la Persona Humana, Ed. Porrúa, México, 2003,169 pp. (Cançado Trindade, Antônio Augusto; Peytrignet, Gérard y Ruíz de Santiago, Jaime)

................................................................................................................................................................247

XVI -Cour Européenne des Droits de l'Homme (2° sect.), 16 décembre 2003, 64927/01, Palau-Martínez C. France...............................................................................................................................................253

Eduardo Cançado Oliveira

Guillermo Julio Vargas Jaramillo

Jaime Ruiz de Santiago

Luis Fco. Cervantes G.

Martonio Mont'Alverne Barreto Lima

Michelangela Scalabrino

Renato Zerbini Ribeiro Leão

Von Oliver Eberl

ANEXOS

Ana Laura Becker de Aguiar

Laurence Burgorgue-Larsen

Sergio García Ramírez

Conselho Editorial......................................................................................................................................................................257

I - Vers la Consolidation de la Capacité Juridique Internationale desPétitionnaires Dans le Système Interaméricain de Protection des Droitsde la Personne Humaine

....................................................11

II - A Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos emMatéria Consultiva: Desenvolvimentos Recentes

..................................................35

III -Las Reglas Mínimas para el Tratamiento del Recluso en Brasil...................................................................................43

IV -Éthique et Altérité un Propos Pluraliste d'un Droit Aux Droits HumainsDans des Pays Périphèriques

...........................................................................63

Antônio Augusto Cançado Trindade

Bárbara Pincowsca Cardoso Campos

César Barros Leal

Djason B. Della Cunha

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CONSELHO CONSULTIVO DO IBDH

Antônio Augusto Cançado Trindade (Presidente de Honra)Ph.D. (Cambridge – Prêmio Yorke) em Direito Internacional; Professor Titular da Universidadede Brasília e do Instituto Rio Branco; Juiz e ex-Presidente da Corte Interamericana de DireitosHumanos; ex-Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Membro daAssembléia Geral do Instituto Interamericano de Direitos Humanos e do Conselho Diretor doInstituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo); Membro Titular do “Institut deDroit International”; Presidente de Honra do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos; Membrodo Curatorium da Academia de Direito Internacional de Haia, Holanda.

César Oliveira de Barros Leal (Presidente)Mestre em Direito; Procurador do Estado do Ceará; Professor da Faculdade de Direito daUniversidade Federal do Ceará; Membro Titular do Conselho Nacional de Política Criminal ePenitenciária do Ministério da Justiça; Membro da Assembléia Geral do Instituto Interamericanode Direitos Humanos; Membro da Sociedade Americana de Criminologia e da Academia Brasileirade Direito Criminal; vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Vitimologia; Membro daAcademia Cearense de Letras e da Academia de Ciências Sociais do Ceará.

Paulo Bonavides (1o vice-Presidente)Doutor em Direito; Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará;Professor Visitante nas Universidades de Colonia (1982), Tennessee (1984) e Coimbra (1989);Presidente Emérito do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional; Doutor Honoris Causa pelaUniversidade de Lisboa; Titular das Medalhas “Rui Barbosa” da Ordem dos Advogados doBrasil (1996) e “Teixeira de Freitas” do Instituto dos Advogados Brasileiros (1999).

Washington Peluso Albino de Souza (2o vice-Presidente)Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais; ex-Diretore Decano da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais; Presidente daFundação Brasileira de Direito Econômico.

Andrew DrzemczewskiEx-Professor Visitante da Universidade de Londres; Diretor da Unidade de “Monitoring” doConselho da Europa; Conferencista em Universidades de vários países.

Alexandre Charles KissEx-Secretário Geral e ex-vice-Presidente do Instituto Internacional de Direitos Humanos(Estrasburgo); Diretor do Centro de Direito Ambiental da Universidade de Estrasburgo; Diretorde Pesquisas do “Centre National de la Recherche” (França); Conferencista em Universidadesde vários países.

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Antonio Sánchez GalindoEx-Diretor do Centro Penitenciário do Estado do México; ex-Diretor Geral de Prevenção eReadaptação Social do Estado do México; ex-Professor de Direito Penal da UNAM; Membroda Academia Mexicana de Ciências Penais e da Sociedade Mexicana de Criminologia; AssessorExterno do Conselho de Menores e da Direção Geral de Prevenção e Readaptação Social doEstado do México.

Celso Albuquerque MelloProfessor Titular de Direito Internacional Público da Pontifícia Universidade Católica do Estadodo Rio de Janeiro; Livre-Docente e Professor de Direito Internacional Público da Faculdade deDireito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Estadual do Rio deJaneiro; Juiz do Tribunal Marítimo.

Christophe SwinarskiEx-Consultor Jurídico do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV-Genebra); Delegado doCICV no Extremo Oriente e ex-Delegado do CICV na América do Sul (Cone Sul); Conferencistaem Universidades de vários países.

Dalmo de Abreu DallariProfessor da Universidade de São Paulo; ex-Secretário de Negócios Jurídicos da Cidade de SãoPaulo; Membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.

Elio Gómez GrilloAdvogado; Doutor em Direito; Professor Universitário de Criminologia e Direito Penal emCaracas, Paris e Roma; Fundador do Instituto Universitário Nacional de Estudos Penitenciários(IUNEP) da Venezuela; Presidente da Comissão de Funcionamento e Reestruturação do SistemaJudiciário da Venezuela; Autor de obras sobre Criminologia, Direito Penal e Penitenciarismo.

Fernando Luiz Ximenes RochaDesembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará; Professor da Faculdade de Direitoda Universidade Federal do Ceará; ex-Diretor Geral da Escola Superior da Magistratura doCeará; ex-Procurador Geral do Município de Fortaleza; ex-Procurador do Estado do Ceará; ex-Procurador Geral do Estado do Ceará; ex-Secretário da Justiça do Estado do Ceará; ex-Secretáriodo Governo do Estado do Ceará; Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará.

Fides Angélica de Castro Veloso Mendes OmmatiAdvogada; ex-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Piauí; ConselheiraFederal da Ordem dos Advogados do Brasil.

Héctor Fix-ZamudioProfessor Titular e Investigador Emérito do Instituto de Pesquisas Jurídicas da UniversidadeNacional Autônoma do México; Juiz e ex-Presidente da Corte Interamericana de DireitosHumanos; Membro da Subcomissão de Prevenção de Discriminação e Proteção de Minoriasdas Nações Unidas; Membro do Conselho Diretor do Instituto Interamericano de DireitosHumanos.

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Héctor Fix-ZamudioProfessor Titular e Investigador Emérito do Instituto de Pesquisas Jurídicas da UniversidadeNacional Autônoma do México; Juiz e ex-Presidente da Corte Interamericana de DireitosHumanos; Membro da Subcomissão de Prevenção de Discriminação e Proteção de Minoriasdas Nações Unidas; Membro do Conselho Diretor do Instituto Interamericano de DireitosHumanos.

Jaime Ruiz de SantiagoProfessor da Universidade Ibero-americana do México; ex-Encarregado de Missão do AltoComissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Brasil; Delegado do ACNURem Varsória, Polônia; ex-Delegado do ACNUR em San José – Costa Rica; Conferencista emUniversidades de vários países.

Jayme Benvenuto Lima JúniorMestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco; Consultor Jurídico do GAJOP(Recife).

Jean François FlaussSecretário Geral do Instituto Internacional de Estrasburgo; Professor de Direito InternacionalPúblico da Universidade de Paris II.

Karel VasakEx-Secretário Geral do Instituto Internacional de Direitos Humanos; ex-Consultor Jurídico daUNESCO.

Nilmário MirandaMinistro-Chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; ex-Presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos.

Nilzardo Carneiro LeãoProfessor da Faculdade de Direito de Recife (Pernambuco); Professor de Direitos Humanos daAcademia de Polícia de Pernambuco.

Sergio García RamírezInvestigador no Instituto de Investigações Jurídicas e Membro da Junta de Governo daUniversidade Nacional Autônoma do México; Juiz Presidente da Corte Interamericana de DireitosHumanos.

Sheila Lombardi de KatoDesembargadora do Estado de Mato Grosso; Coordenadora-Geral do Programa Nacional deDireitos da Mulher.

Wagner Rocha D’AngelisMestre e Doutorando em Direito; Presidente da Associação de Juristas pela Integração daAmérica Latina; Professor de Direito Internacional Público e Direito da Integração daUniversidade Tuiuti (Paraná).

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APRESENTAÇÃO

O Instituto Brasileiro de Direitos Humanos (IBDH) tem a satisfação de dar a públicoo quinto número de sua Revista, instrumento pelo qual contribui com periodicidade regularpara o desenvolvimento do ensino e da pesquisa na área dos direitos humanos, visando àpromoção desses no âmbito da realidade brasileira. No entendimento do IBDH, o ensino e apesquisa em direitos humanos giram necessariamente em torno de alguns conceitos básicos.Há que afirmar, de início, a própria universalidade dos direitos humanos, inerentes que são atodos os seres humanos, e conseqüentemente superiores e anteriores ao Estado e a todas asformas de organização política. Por conseguinte, as iniciativas para sua promoção e proteçãonão se esgotam - não se podem esgotar - na ação do Estado.

Há que igualmente destacar a interdependência e indivisibilidade de todos osdireitos humanos (civis, políticos, econômicos, sociais e culturais). Ao propugnar por umavisão necessariamente integral de todos os direitos humanos, o IBDH adverte para a impossi-bilidade de buscar a realização de uma categoria de direitos em detrimento de outras. Quandose vislumbra o caso brasileiro, a concepção integral dos direitos humanos impõe-se com maiorvigor, porquanto desde os seus primórdios de sociedade predatória até o acentuar da crisesocial agravada nos anos mais recentes, nossa história tem sido até a atualidade marcada pelaexclusão, para largas faixas populacionais, seja dos direitos civis e políticos, em distintosmomentos, seja dos direitos econômicos, sociais e culturais.

A concepção necessariamente integral de todos os direitos humanos se faz presen-te também na dimensão temporal, descartando fantasias indemonstráveis como a das geraçõesde direitos, que têm prestado um desserviço à evolução da matéria ao projetar uma visãofragmentada ou atomizada no tempo dos direitos protegidos. Todos os direitos para todos é oúnico caminho seguro. Não há como postergar para um amanhã indefinido a realização dedeterminados direitos humanos. No presente domínio de proteção impõe-se maior rigor eprecisão conceituais, de modo a tratar, como verdadeiros direitos que são, os direitos humanosem sua totalidade.

Para lograr a eficácia das normas de proteção, há que partir da realidade do quotidianoe reconhecer a necessidade da contextualização das normas de proteção em cada sociedadehumana. Os avanços logrados nesta área têm-se devido, em grande parte, sobretudo, às pres-sões da sociedade civil contra todo tipo de poder arbitrário, somadas ao diálogo com asinstituições públicas. A cada meio social está reservada uma parcela da obra de construção deuma cultura universal de observância dos direitos humanos.

Os textos, em várias línguas, que compõem este quinto número da Revista do IBDHenfeixam uma variedade de tópicos atinentes à temática dos direitos humanos. As contribui-ções enfocam pontos de extrema relevância: Vers la Consolidation de la Capacité JuridiqueInternationale des Pétitionnaires dans le Système Interaméricain de Protection des Droits de laPersonne Humaine; A Jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos em MatériaConsultiva: Desenvolvimentos Recentes; Las Reglas Mínimas para el Tratamiento del Reclusoen Brasil; Éthique et Altérité: Un Propos Pluraliste d’un Droit aux Droits Humains dans desPays Périphèriques; A Proteção Jurídica Internacional dos Deslocados Internos; Los Nuevos

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Retos del Derecho Internacional Humanitario: Los Conflictos Desestructurados y el Terroris-mo Internacional; Derecho de Migrantes y Derecho Internacional; Los Principios Generalessobre la Libertad Religiosa en la Jurisprudencia de los Sistemas Europeo, Interamericano yCostarricense de Protección de los Derechos Humanos; Terrorismo: O Desafio da Construçãoda Democracia; I Cammini Silenziosi del Diritto Internazionale dei Diritti dell’ Uomo: Vittime eRisarcimento del Danno nelle Ultime Pronunce della Corte Interamericana (2001 - 2002); OBrasil e o Instituto do Refúgio: Uma Análise após a Criação do Comitê Nacional para osRefugiados - Conare; Realismus des Rechts Kants Beitrag zum Internationalen Frieden. Emanexo: Presentación del Presidente de la Corte Interamericana de Derechos Humanos, JuezAntônio A. Cançado Trindade, ante el Consejo Permanente de la Organización de los EstadosAmericanos (OEA): “El Derecho de Acceso a la Justicia Internacional y las Condiciones parasu Realización en el Sistema Interamericano de Protección de los Derechos Humanos”; Rese-nha do Livro: Crianças e Adolescentes: Jurisprudência da Corte Interamericana de DireitosHumanos; Rio de Janeiro: CEJIL, 2003, pp 237; Las Tres Vertientes de la Protección Internacionalde los Derechos de la Persona Humana, Ed. Porrúa, México, 2003, 169 pp.; Cour Européennedes Droits de l’Homme (2° sect.), 16 décembre 2003, 64927/01, Palau-Martinez C. France.

Está o IBDH convencido de que o progresso da proteção internacional dos direi-tos humanos se encontra hoje diretamente ligado à adoção e aperfeiçoamento das medidasnacionais de implementação, preservados naturalmente os padrões internacionais de salva-guarda dos direitos humanos. Toda a temática dos direitos humanos encontra ressonânciaimediata na sociedade brasileira contemporânea. O convívio com a violência em suas múltiplasformas, a insegurança da pessoa e o medo diante da criminalidade, a brutalidade dos níveiscrescentes de destituição e exclusão, a desconfiança da população quanto à eficácia da lei, achaga da impunidade, clamam pela incorporação da dimensão dos direitos humanos em todasas áreas de atividade humana em nosso meio social.

Entende o IBDH que, no presente domínio de proteção, o direito internacional e odireito interno se encontram em constante interação, em benefício de todos os seres humanosprotegidos. Assim sendo, manifesta o IBDH sua estranheza ante o fato de não se estar dandoaplicação cabal ao art. 5°, § 2°, da Constituição Federal Brasileira vigente, de 1988, o queacarreta responsabilidade por omissão. No entendimento do IBDH, por força do art. 5°, § 2°, daConstituição Brasileira, os direitos consagrados nos tratados de direitos humanos em que oBrasil é Parte incorporam-se ao rol dos direitos constitucionalmente consagrados. Há que ostratar dessa forma, como preceitua nossa Constituição, para buscar uma vida melhor paratodos quantos vivam no Brasil.

Como um repositório de pensamento independente e de análise e discussãopluralistas sobre os direitos humanos, a Revista do IBDH busca o desenvolvimento do ensinoe da pesquisa sobre a matéria em nosso País. Desse modo, na tarefa de consolidação de umparadigma de observância plena dos direitos humanos em nosso meio, espera o IBDH poderdar sua contribuição à redução do fosso que separa o quotidiano dos cidadãos brasileiros doideário embutido na Constituição Federal e consagrado nos tratados internacionais de prote-ção dos direitos humanos em que o Brasil é Parte.

Antônio Augusto Cançado TrindadeCésar Oliveira de Barros Leal

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VERS LA CONSOLIDATION DE LA CAPACITÉJURIDIQUE INTERNATIONALE

DES PÉTITIONNAIRES DANS LE SYSTÈMEINTERAMÉRICAIN DE PROTECTION

DES DROITS DE LA PERSONNE HUMAINE

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ANTÔNIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADEPh.D. (Cambridge); Président de la Cour Interaméricaine des Droits de l’Homme; Professeur Titulaire de DroitInternational Public à l’Université de Brasilia, Brésil; Membre de l’Institut de Droit International.

I. INTRODUCTION:REMARQUESPRÉLIMINAIRES

Le présent dialogue, dans le cadre del’Organisation des États Américains (OEA), sur lerenforcement et le perfectionnement du systèmeinteraméricain de protection des droits de la personnehumaine, a déjà une longue et fructueuse histoire, qui asuscité un espoir chez des millions d’habitants ducontinent américain, espoir que sont venus renforcerles récents changements que la Cour et la CommissionInteraméricaines des Droits de l’Homme ont récemmentapportés à leurs Règlements respectifs. L’octroi, par lenouveau Règlement de la Cour Interaméricaine (adoptéle 24.11.2000 et entré en vigueur le 01.06.2001), du locusstandi in judicio aux pétitionnaires, à toutes les étapesde la procédure devant la Cour, constitue peut-être leprogrès juridico-procédural le plus important du pointde vue du perfectionnement du mécanisme deprotection de la Convention Américaine relative auxDroits de l’Homme, depuis que cette dernière est entréeen vigueur il y a près de 25 ans.

Ce changement représente la conséquencelogique de la conception et de la formulation des droitsqui doivent être protégés aux termes de la ConventionAméricaine sur le plan international, auxquelles doitnécessairement correspondre, pour les pétitionnaires,la pleine capacité juridique de revendiquer ces droits.Grâce à cette initiative historique de la CourInteraméricaine, les particuliers ont obtenu lareconnaissance de leur statut de véritables sujets duDroit International des Droits de l’Homme, dotés d’unecapacité juridico-procédurale internationale. C’estpourquoi, compte tenu de l’importance transcendantalede ce progrès en matière de procédure, je considère que

ce progrès ne doit pas seulement être inscrit dans desrèglements; il lui faut une base conventionnelle, - lathèse que je soutiens dans le cadre du systèmeinteraméricain de protection dès 1995,1 - fruit d’unconsensus entre tous les acteurs du système, afin degarantir le véritable engagement réel de tous les États àce propos.

Dans cette perspective, j’ai eu le privilège deprésenter, dans les deux derniers années (2001-2002),au nom de la Cour, devant les organes compétents del’OEA, mon Rapport intitulé “Fondements d’un Projetde Protocole à la Convention Américaine relative auxDroits de l’Homme pour renforcer son mécanisme deprotection”,2 dont j’ai eu l’honneur d’être le rapporteur,nommé par mes collègues les Juges de la Cour, et qui aété distribué à toutes les Délégations des edune fois deplus à toutes les Délégations des États membres del’OEA. En effet, l’octroi du locus standi in judicio auxpétitionnaires, à toutes les étapes de la procédure dansl’affaire devant la Cour Interaméricaine, représente unenouvelle étape - et des plus importantes - dansl’évolution que le système interaméricain de protectiondes droits de l’homme a connue au fil des ans et dontnous avons été témoins et acteurs. Je suis convaincuque la reconnaissance de la legitimatio ad causam desparticuliers devant les instances internationales répondà une nécessité de l’ordre juridique internationalcontemporain lui-même, non seulement dans notresystème régional de protection, mais aussi sur le planuniversel.3

La dure réalité des faits, et les besoins deprotection des bénéficiaires de notre système deprotection des droits de la personne humaine, ont obligéce dernier à s’adapter aux temps nouveaux, et laconscience humaine a correctement réagi en évoluantdans ce sens. Nous assistons, en ce début du XXIème.siècle, à un processus historique d’humanisation du

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droit international contemporain. Pour mieux apprécierles progrès récents dans le cadre du systèmeinteraméricain des droits de l’homme, il convient de lesreplacer dans leur contexte et de rappeler les initiativesprises ces dernières années en vue de renforcer cesystème de protection.

II. BRÈVE RÉCAPITULATIONDES INITIATIVES DERENFORCEMENT DUSYSTÈMEINTERAMÉRICAIN DEPROTECTION DES DROITSDE LA PERSONNEHUMAINE

Déjà en 1996, l’Assemblée Générale de l’OEA,par la résolution 1404, avait chargé le Conseil Permanentde l’OEA d’évaluer ledit système de protection en vued’amorcer un processus qui “permet[trait] de leperfectionner, notamment de modifier les instrumentsjuridiques correspondants, et les méthodes etprocédures de travail” des deux organes de supervisionde la Convention Américaine (Cour et CommissionInteraméricaines), dont il solliciterait la collaboration,dans le cadre d’un dialogue et d’un processus deréflexion au sujet du perfectionnement du systèmeinteraméricain des droits de l’homme. En novembre dela même année, le Secrétariat Général de l’OEA avaitprésenté au Conseil Permanent un rapport intitulé “Versune nouvelle vision du système interaméricain desdroits de l’homme”,4 à titre de contribution en vue desdiscussions subséquentes à ce sujet.

La question est restée inscrite à l’ordre du jourde l’Assemblée Générale et a fait l’objet de nouvellesrésolutions de cette dernière.5 Par la résolution 1633(1999), l’Assemblée Générale a chargé le ConseilPermanent de l’OEA de promouvoir un Dialogue entreinstitutions; sur la base de ces directives, la Commissiondes Affaires Juridiques et Politiques (CAJP) de l’OEA,mandatée à cet effet par le Conseil Permanent de l’OEA(session du 13.09.1999), a préparé un Ordre du jourannoté du Dialogue sur le système interaméricain deprotection des droits de la personne humaine, - ordredu jour qui a été élaboré officiellement au cours desdiverses séances ultérieures de la CAJP (entre le22.09.1999 et le 16.03.2000). J’ai eu l’occasion departiciper, en qualité de représentant de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, à toutes lesétapes de ce Dialogue, depuis son lancement jusqu’àce jour; j’ai présenté des Rapports substantiels, surtout

sur la thèse que je soutiens de l’accès direct desindividus à la Cour Interaméricain, dans le cadre duditDialogue, à titre de contribution de notre Tribunal.6

Une autre initiative a vu le jour à la suite de laRéunion des Ministres des Affaires Étrangères des Étatsmembres de l’OEA qui s’est tenue à San José du CostaRica (22.11.1999), avec la création du Groupe de Travailad hoc sur les droits de l’homme, composé desreprésentants des Ministres. Ce Groupe de Travail adhoc s’est réuni dans cette même ville de San José (10-11.02.2000) au siège du Ministère des Affaires Étrangèreset du Culte du Costa Rica; au cours de ladite réunion,j’ai présenté les propositions de la Cour Interaméricaineconcernant le fonctionnement du système de protectionen général, et du mécanisme de protection offert par laConvention Américaine en particulier. Après les débats,le Groupe de Travail ad hoc a adopté desrecommandations relatives aux six questions suivantes:a) financement du système interaméricain de protection;b) universalité de composition de ce système; c)promotion des droits de la personne humaine et mesuresnationales de mise en oeuvre; d) observation(compliance) des décisions des organes du systèmeinteraméricain de protection; e) aspects relatifs à laprocédure dans les activités de ces organes; et f)continuité et suivi des travaux.

Au cours des mois qui ont suivi, la CourInteraméricaine a mené des consultations informellesauprès de la Commission Interaméricaine et, s’agissantdu travail de promotion internationale des droits de lapersonne humaine, auprès aussi de l’InstitutInteraméricain des Droits de l’Homme; j’ai eu l’occasiond’intervenir, au nom de la Cour, lors d’un séminaireorganisé par l’Institut (en septembre 2000 à San José duCosta Rica) avec la participation des organisations non-gouvernementales (ONGs) de tout le continentaméricain. La Cour, afin de faire progresser le Dialoguesur le renforcement du système interaméricain deprotection des droits de la personne humaine, estconvenue, dans le cadre de sa XLIIIème. sessionordinaire tenue à son siège à San José du Costa Rica,du 18 au 29 janvier 1999, d’”étudier les moyens possiblesde renforcer le Système interaméricain de protection desdroits de la personne”; à cette fin, elle m’a demandé deremplir les fonctions de rapporteur, et a créé uneCommission de suivi des consultations qui s’est miseau travail immédiatement.

La Cour est également convenue d’organiser ungrand séminaire intitulé “Le Système interaméricain deprotection des droits de la personne humaine à l’aubedu XXIème. siècle”, qui s’est tenu à San José du CostaRica, les 23 et 24 novembre 1999. Les participants à ceséminaire ont examiné notamment des questionsconcernant les compétences contentieuse etconsultative de la Cour; les fonctions de la Commission;

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l’engagement de la communauté internationale en faveurd’une véritablement efficace protection internationaledes droits de la personne humaine, et les implicationsfinancières du renforcement du système interaméricain;et, enfin, l’accès des particuliers à la justice sur le planinternational et le renforcement du rôle des ONGs dansle système interaméricain. Plusieurs conclusions se sontdégagées de ce séminaire.

Parmi ces conclusions, je pourrais mentionner lessuivantes: a) la nécessité d’optimiser les ressourcesfinancières et de mobiliser des ressourcessupplémentaires; b) l’accélération des procédures sanscompromettre la sécurité juridique et en évitant les retardset les doubles emplois dans le cadre du mécanisme actuelde protection de la Convention Américaine dans notresystème de protection; c) l’applicabilité directe desnormes de la Convention Américaine dans le droit internedes États Parties à la Convention, de même que l’adoptiondes mesures nationales indispensables à la mise en oeuvrede la Convention Americaine de manière à assurerl’applicabilité directe de ses normes dans l’ordre juridiqueinterne des États Parties; d) la participation directe desparticuliers dans la procédure devant la CourInteraméricaine dans le cadre de l’accès à la justice auniveau international et sa complémentarité avec l’accès àla justice au niveau national; et e) la nécessitéd’universaliser le système interaméricain par le biais de laratification de la Convention Américaine ou de l’adhésionà celle-ci par tous les États membres de l’Organisationrégionale, ainsi que par le biais de l’acceptation de lacompétence obligatoire de la Cour Interaméricaine enmatière contentieuse par tous les États Parties à laConvention, acceptation assortie de la reconnaissancede l’automatisme de la juridiction obligatoire de la Courpour tous les États sans restrictions aucunes.

Parallèlement à la tenue du séminaire précité, laCour Interaméricaine a convoqué des experts sur lesdroits de la personne humaine et le droit international,de même que des intervenants et bénéficiaires dusystème interaméricain de protection, afin de débattredes principaux éléments de ce dernier. La Cour a réunices experts à son siège, à San José du Costa Rica, àquatre reprises, sous la présidence du juge rapporteur:le 20 septembre 1999, le 24 novembre 1999, les 05 et 06février 2000 et les 08 et 09 février de la même année. Aucours de ces réunions, les experts se sont penchés surdes questions telles que: a) la participation desparticuliers à la procédure devant la CourInteraméricaine; b) la spécificité du rôle de la CommissionInteraméricaine; c) l’évaluation de la preuve; d) laprocédure relative aux exceptions préliminaires; e)l’application des décisions de la Cour et desrecommandations formulées dans les rapports de laCommission, et la supervision de cette application; et f)les ressources financières supplémentaires pour le

renforcement du système interaméricain de protectiondes droits de la personne humaine.

Une étape importante dans le Dialogue sur lerenforcement du système régional de protection a étéfranchie lors de l’Assemblée Générale de l’OEA tenue àWindsor, Canada, en juin 2000. La résolution 1701 del’Assemblée Générale, intitulée “Évaluation dufonctionnement du système interaméricain de protectionet de promotion des droits de la personne humaine envue de son perfectionnement et de son renforcement”,faisant écho aux quatre années ou plus, à cette époque,du dialogue à ce sujet, et rappelant les points sur lesquelsil y avait consensus, a indiqué la voie dans laquelle ledialogue devait s’engager: elle a demandé aux Étatsmembres de prendre des mesures concrètes afind’accroître substantiellement les ressources allouées àla Cour et à la Commission, et elle a recommandéexpressément à la Cour et à la Commission de prendreégalement des mesures concrètes pour modifier leursRèglements respectifs afin d’accélérer l’instruction desaffaires et de permettre la participation des victimesprésumées à toutes les étapes de la procédure devant laCour. J’ai insisté sur ce dernier point dans toutes lesréunions auxquelles j’ai participé, notamment dans toutesles réunions conjointes que la Cour et la Commission onttenues depuis 1995 jusqu’à présent.

Une autre étape importante a été franchie dansce Dialogue lorsque les Chefs d’État et deGouvernement réunis à Québec (Canada), en avril 2001,dans le cadre du IIIème. Sommet des Amériques, ontclairement manifesté leur appui en demandantexpressément à la XXXIème. Assemblée Générale del’OEA d’envisager “une augmentation substantielle desressources affectées aux activités de la Commission etde la Cour, pour perfectionner les mécanismes des droitsde la personne et pour promouvoir le suivi desrecommandations de la Commission et l’observation desarrêts de la Cour”. Subséquemment, lors de sa sessiontenue à San José du Costa Rica, en juin 2001,l’Assemblée Générale de l’OEA a adopté la résolution1828, intitulée “Évaluation du fonctionnement dusystème interaméricain de protection et de promotiondes droits de la personne humaine en vue de sonperfectionnement et de son renforcement”, dans laquelleelle a en effet précisé, notamment, que les mesuresconcrètes prises à cet égard devaient se concentrer sur:a) l’universalisation de la composition du systèmeinteraméricain des droits de la personne; b) l’observation(compliance) des arrêts de la Cour et le suivi desrecommandations de la Commission; c) la facilitation del’accès des personnes aux mécanismes de protectionde la Convention Americaine dans le cadre du systèmeinteraméricain des droits de la personne humaine; et d)l’augmentation substantielle du budget de la Cour et de

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la Commission, de telle sorte que ces dernières puissentgraduellement fonctionner sur une base permanente.

L’Assemblée Générale de l’OEA a également priéles États membres d’adopter les mesures qui s’imposentpour observer les décisions ou arrêts de la CourInteraméricaine, de déployer tous les efforts requis pourappliquer les recommandations émises par laCommission Interaméricaine, et d’accomplireffectivement leur devoir de garantir le respect desobligations émanées des instruments du systèmeinteraméricain de protection. Enfin, par la résolution1833, la même Assemblée Générale a chargé le ConseilPermanent de l’OEA de “démarrer l’étude de l’accèsdes victimes à la Cour Interaméricaine des Droits del’Homme”, donnant ainsi son appui à une thèse que jedéfends depuis longtemps. De cette façon, après plusde six années de dialogue constructif et intensif entreles divers acteurs du système interaméricain des droitsde la personne humaine, nous avons pu constater quece dernier a déjà établi ses priorités et l’orientation quedoivent prendre nos efforts à venir. Ainsi, ces effortsdoivent continuer d’être le fruit de consensus entre tousles acteurs du système général de protection, et porterune attention spéciale aux besoins de protection desêtres humains dans le cadre de l’application de laConvention Américaine relative aux Droits de l’Homme,de ses deux Protocoles et des Conventionsinteraméricaines sectorielles de protection.7 Au coursdes dernières années, en réponse aux besoins et auximpératifs en matière de protection, le Règlement de laCour a connu une évolution importante qui mérite d’êtrerécapitulée ici.

III. ÉVOLUTION DURÈGLEMENT DE LA COURINTERAMÉRICAINE DESDROITS DE L’HOMME

Comme je l’ai fait remarquer dans quatre de mesRapports présentés devant la CAJP du Conseilpermanent de l’OEA8 dans les trois dernières années, ilconvient de récapituler l’évolution, au fil des 22 annéesd’existence de la Cour Interaméricaine, de sonRèglement. Pour permettre une meilleure appréciationde cette évolution, il m’apparaît utile de mettre enlumière, ne serait-ce que sommairement, les aspectsfondamentaux des quatre Règlements que la CourInteraméricaine s’est donnés, depuis sa création jusqu’àce jour. Nous pourrons ainsi mieux nous rendre comptedes changements que la Cour, surtout avec sacomposition actuelle, a apportés récemment à sonRèglement.

1. LES DEUX PREMIERSRÈGLEMENTS DE LA COURINTERAMÉRAINE (1980 ET 1991)

La Cour Interaméricaine a adopté son premierRèglement en juillet 1980, en s’inspirant du Règlementalors en vigueur de la Cour Européenne des Droits del’Homme, lequel, à son tour, avait pris comme modèle leRèglement de la Cour Internationale de Justice (CIJ).9

Pour ce qui est de la Cour Interaméricaine, son premierinterna corporis a été en vigueur pendant plus d’unedécennie, jusqu’au 31 juillet 1991. En raison del’influence du Règlement de la CIJ, la procédure, surtouten ce qui concerne les affaires contentieux, étaitparticulièrement lente. Une fois la Cour Interaméricaineétait saisie d’une affaire, le Président convoquait uneréunion avec des représentants de la Commission(CIDH) et de l’État défendeur, en vue de recueillir leursopinions respectives à propos de l’ordre et des délaisde présentation du mémoire, du contre-mémoire, de laréplique et de la duplique. S’agissant des exceptionspréliminaires, celles-ci devaient être soumises avantl’expiration du délai fixé pour la finalisation de la premièreétape de la procédure écrite, à savoir, la présentation ducontre-mémoire. C’est dans ce cadre juridique qu’ontété traités les trois premières affaires contentieuses etque la Cour a émis ses douze premiers avis consultatifs.

Face à la nécessité d’accélérer les procédures, laCour a approuvé le deuxième Règlement, en 1991, lequelest entré en vigueur le 1er. août de la même année.Contrairement au Règlement antérieur, le nouveauRèglement du Tribunal stipulait que le Présidentcommencerait par procéder à un examen préliminaire dela requête présentée et, s’il constatait que les exigencesfondamentales pour la poursuite du processus n’étaientpas satisfaites, il demanderait au défendeur de corrigerles défauts constatés dans un délai de 20 jours aumaximum. Conformément au nouveau Règlement, l’Étatdéfendeur avait le droit de répondre par écrit à lademande dans les trois mois suivant sa notification. Ence qui concerne les exceptions préliminaires, il y avaitun délai de 30 jours pour les faire valoir à partir de lanotification de la demande, délai qui était suivi d’unautre délai de même durée pour la présentation desobservations relatives à ces exceptions.

Il faut remarquer ici qu’à partir de l’entrée envigueur de ce deuxième Règlement, les parties devaientprésenter leurs requêtes conformément aux délais fixésdans le Règlement, sans qu’il était nécessaire que lesparties comparaissent (comme le prévoyaient les normesprécédentes), ce qui avait entraîné, dans certains cas,un retard dans la présentation des requêtes de prèsd’un an. Afin de simplifier la procédure et d’assurerl’équilibre entre les parties, la Cour a inscrit dans son

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Règlement de 1991 que le Président devait consulter lesreprésentants de la Commission et de l’État défendeurafin de déterminer si d’autres étapes étaient nécessairesdans la procédure écrite. Ce fut là le début d’unprocessus de rationalisation et de simplification de laprocédure suivie par la Cour Interaméricaine, processusqui s’est beaucoup amélioré avec l’adoption dutroisième Règlement de la Cour en 1996 (v. infra).

S’agissant des mesures provisoires de protection,le premier Règlement de la Cour prévoyait que, lorsqu’unedemande d’adoption de telles mesures étaient présentée,le Président devait sans retard convoquer la Cour si celle-cin’était pas en session; ou, si la réunion était déjàconvoquée, le Président, en consultation avec laCommission permanente de la Cour, ou avec tous lesjuges si cela s’avérait possible, demandait aux parties, lecas échéant, d’agir de manière à ce que toute décisionque la Cour viendrait à prendre, relativement à la demandede mesures provisoires de protection, ait les effetspertinents. Étant donné le manque de ressourceshumaines et matérielles, ainsi que le caractère nonpermanent (à ce jour) de la Cour, celle-ci s’est vue dansl’obligation de réviser la procédure afin d’être en mesurede protéger, de manière immédiate et efficace, surtout lesdroits à la vie et à l’intégrité de la personne humaineconsacrés par la Convention Américaine.

C’est ainsi que le 25 janvier 1993, on a apportédes changements relatifs aux mesures provisoires deprotection, - changements qui sont encore en vigueuraujourd’hui. Suite à cette modification, si la Cour n’estpas réunie, le Président a le pouvoir de demander à l’Étatconcerné qu’il prenne les mesures urgentes nécessairespour éviter des dommages irréparables aux personnesqui bénéficient de ces mesures. Toute décision queprendrait le Président à cet égard serait soumise àl’examen du plénum de la Cour à la session suivante auxfins de ratification. Dans le cadre du Règlement adoptéen 1991 et de ses réformes subséquentes, la Cour ainstruit 18 affaires contentieux distincts et émis deuxautres avis consultatifs.

2. LE TROISIÈME RÈGLEMENT DELA COUR INTERAMÉRICAINE(1996)

Cinq années après l’adoption du deuxièmeRèglement, j’ai été désigné par la Cour pour préparer unavant-projet de réforme du Règlement, en faisant fondsur la discussion qui s’était déroulée à ce sujet pendantles différentes sessions du Tribunal. De nombreuxdébats ont alors eu lieu au sein de la Cour, à la suitedesquels le troisième Règlement de l’histoire de la Coura été adopté, le 16 septembre 1996, pour entrer en vigueurle 1er. janvier 1997. Le nouveau Règlement de 1996comporte plusieurs nouveautés. En ce qui concerne

l’exécution des actes de procédure, ce troisièmeRèglement de la Cour, dans la même ligne que leRèglement antérieur, stipule que les parties peuventdemander au Président l’exécution d’autres actes deprocédure écrite, une demande dont la pertinence seraitévaluée par le Président qui, s’il recevait la requête,fixerait les délais correspondants. Au vu des demandesréitérées de prolongation de délais pour la présentationde la réponse à la demande et pour les exceptionspréliminaires dans les espèces en cours d’instructionpar la Cour, le troisième Règlement a prévu des délais dedeux de deux et quatre mois respectivement, tous deuxà compter de la date de notification de la demande.

Si l’on compare avec les deux Règlementsantérieurs, on peut constater que ce troisièmeRèglement de la Cour précise tant la terminologie que lastructure même de la procédure suivie par le Tribunal.Grâce aux efforts conjugués de tous les juges, la Cour apu alors disposer, et ce pour la première fois, d’uninterna corporis avec une terminologie et une séquenced’actes procéduraux propres à un véritable Code deprocédure international. Pour la première fois, le nouveau[troisième] Règlement de la Cour a fixé les moments dela procédure auxquels les parties pouvaient présenterles éléments de preuve correspondant aux diversesétapes de la procédure, tout en préservant la possibilitéde présentation hors délai des éléments de preuve dansdes cas de force majeure, d’empêchement grave ou defaits imprévus.

Par ailleurs, ce Règlement a élargi la faculté duTribunal de demander aux parties, ou d’obtenir motupropio, tout moyen de preuve à toute étape de laprocédure afin de faciliter la résolution des affaires dontil était saisi. S’il devait être prématurément mis un termeà la procédure, le Règlement de 1996 a prévu, en plusdes possibilités de solution amiable et de non-lieu, lasoumission à une décision de la Cour, laquelle, aprèsavoir entendu la partie demanderesse, la Commission etles représentants de la victime ou de ses proches, établitla pertinence de l’arrêt de la procédure et fixe les effetsjuridiques de cet acte (à partir de la cessation de lacontroverse quant aux faits).

La grande différence qualitative du troisièmeRèglement de la Cour découle de son article 23, lequeloctroie aux représentants des victimes ou de leurs prochesla possibilité de présenter, de façon indépendante, leurspropres arguments et preuves à l’étape des réparations.Il convient de rappeler ici les antécédents, peu connus,extraits de la pratique récente de la Cour Interaméricaine,de cette décision importante. Dans la procédurecontentieuse devant la Cour, les représentants légauxdes victimes avaient été, au cours des dernières années,intégrés dans la délégation de la CommissionInteraméricaine en qualité, selon l’euphémisme consacré,

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d’”assistants” de cette dernière.10 Au lieu de résoudre leproblème, cette praxis a plutôt créé des ambiguïtés quisubsistaient encore récemment. Au cours des discussionsrelatives au projet de Règlement de 1996, il est apparumanifeste que le moment était venu d’essayer d’éliminerces ambiguïtés, étant donné que les rôles de laCommission (gardienne de la Convention et assistantede la Cour) et des particuliers présentant leurs pétitions(véritable partie demanderesse) sont clairement distincts.La pratique même a fini par prouver que l’évolution dansle sens de la consécration finale de ces rôles distinctsdevait se faire pari passu avec la juridictionalisationprogressive du mécanisme de protection aux termes de laConvention Américaine.

On ne saurait nier que la protectionjuridictionnelle est effectivement la forme la plus évoluéede sauvegarde des droits de la personne humaine etcelle qui satisfait le mieux aux impératifs du droit et de lajustice.11 Le Règlement antérieur de la Cour (celui de1991) prévoyait, dans des termes quelque peu tortueux,une timide participation des victimes ou de leursreprésentants à la procédure portée devant la Cour,surtout à l’étape des réparations et lorsque la Cour les yavait invités.12 Un pas décisif, qui ne saurait passerinaperçu, fut franchi avec l’affaire El Amparo(réparations, 1996), relativement au Venezuela, et ce futun véritable “diviseur d’eaux” en la matière: lors del’audience publique tenue par la Cour Interaméricainele 27 janvier 1996, un de ses magistrats, en faisantcomprendre qu’à cette étape de la procédure, au moins,il ne pouvait y avoir aucun doute sur le fait que lesreprésentants des victimes étaient “la véritable partiedemanderesse devant la Cour”, s’est mis, à un momentdéterminé de l’interrogatoire, à leur poser des questions,à eux les représentants des victimes (et non aux déléguésde la Commission ou aux agents de l’État défendeur),lesquels ont présenté leurs réponses.13

Peu après cette mémorable audience dansl’affaire El Amparo, les représentants des victimes ontprésenté deux requêtes à la Cour (en date des 13.05.1996et 29.05.1996). Parallèlement, en ce qui a trait à l’exécutiondu jugement d’interprétation de la sentence préalabled’indemnisation compensatoire dans les affairesantérieures Godínez Cruz et Velázquez Rodríguez,concernant le Honduras, les représentants des victimesont également soumis deux requêtes à la Cour (en datedes 29.03.1996 et 02.05.1996). La Cour n’a fait que déciderde mettre fin à la procédure de ces deux affaires, aprèsavoir constaté que le Honduras avait veillé à l’exécutionde la sentence de réparation et du jugementd’interprétation de cette dernière, et après avoir prisbonne note des points de vue non seulement de laCommission et de l’État défendeur, mais aussi despétitionnaires et des représentants légaux des famillesdes victimes.14

Le champ était ouvert au changement,notamment en ce qui concerne les dispositionspertinentes du Règlement de la Cour, surtout à partirdes faits survenus dans la procédure relative à l’affaireEl Amparo. Le pas suivant, décisif, a été franchi dans lenouveau Règlement de la Cour, adopté le 16 septembre1996 et entré en vigueur le 1er. janvier 1997, dont l’article23 stipule que “dans l’étape de réparations, lesreprésentants des victimes ou de leurs familles peuventprésenter leurs propres arguments et preuves en touteindépendance”. Outre cette disposition, fondamentale,il convient également de souligner les articles 35(1), 36(3)et 37(1) du Règlement de 1996, concernant la notification(par le Secrétaire de la Cour) de la demande aupétitionnaire original et à la [présumée] victime ou à sesparents, les exceptions préliminaires et la réponse à lademande, respectivement. Il était évident qu’on nepouvait plus prétendre ignorer ou faire semblantd’ignorer que les pétitionnaires individuels constituaientla véritable partie demanderesse. Toutefois, ce futsurtout l’adoption de l’article 23 (v. supra) du Règlementde 1996 qui a ouvert la voie à l’évolution subséquente,dans le même sens, c’est-à-dire, vers l’assurance que,dans un avenir prévisible, les particuliers aient enfin unlocus standi dans la procédure devant la Cour, nonseulement à l’étape des réparations, mais aussi à toutesles étapes de la procédure relative à toutes les affairesque lui soumet la Commission (v. infra).

Lors de l’étape initiale des travaux préparatoiresdu troisième Règlement (de 1996), je me suis permis derecommander au Président de la Cour de l’époque deconsentir cette faculté aux présumées victimes ou à leursproches, ou à leurs représentant légaux, à toutes lesétapes de la procédure devant la cour (locus standi injudicio).15 Après consultation des autres magistrats, laCour a choisi, à la majorité, de procéder par étapes et decommencer par octroyer cette faculté à l’étape desréparations (lorsqu’a déjà été déterminée l’existence devictimes de violations des droits de la personne). Cecisans préjudice de l’octroi de cette faculté auxpétitionnaires individuels dans le futur, et ce à toutesles étapes de la procédure, comme je l’avais proposé,pour consacrer ainsi la personnalité et la capacitéjuridiques pleines aux particuliers en tant que sujets dudroit international des droits de la personne humaine.

La nouvelle norme a ainsi donné une légitimitéactive, à l’étape des réparations, aux représentants desvictimes ou de leurs proches,16 qui présentaientauparavant leurs allégations par l’entremise de laCommission, qui les faisait siennes. Conformément auxdispositions des articles 23, 35, 37 et 57(6) du Règlementde 1996, le Tribunal a commencé à communiquer auxpétitionnaires originaux, aux victimes ou à leursreprésentants et proches membres de la famille, lesprincipaux actes de la procédure relative à l’affaire

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soumise à la Cour et les jugements prononcés lors desdifférentes étapes du processus. Ce fut le premier pasconcret vers l’obtention de l’accès direct des individusà la juridiction de la Cour Interaméricaine des Droits del’Homme, et vers l’assurance d’une plus grandeparticipation à toutes les étapes de la procédure.

Il convient enfin de mentionner que les deuxpremiers Règlements de la Cour, datant d’avant 1996 (v.supra), stipulaient que le Tribunal devait convoquerune audience publique pour donner lecture de sesjugements et les communiquer aux parties. Cetteprocédure a été éliminée dans le troisième Règlement,afin d’accélérer les travaux du Tribunal (non permanent)et d’éviter les coûts qu’entraînait la comparution desreprésentants des parties devant la Cour pour la lecturedes jugements, et afin de tirer profit au maximum de laprésence limitée des juges au siège du Tribunal enpériode de sessions. Dans le cadre du Règlement de1996, en mars 2000, la Cour avait connu de 17 affairescontentieuses à diverses étapes de la procédure, et émisdeux autres avis consultatifs récents (le 15ème. et le16ème. avis consultatifs).

3. LA VASTE PORTÉE DESCHANGEMENTS APPORTÉS PARLE QUATRIÈME ET NOUVEAURÈGLEMENT DE LA COUR (2000)

Finalement, comme je le soulignais dans mesRapport du 09 mars 2001,17 et du 19 avril 2002,18 à la CAJPde l’OEA, la signification des changements introduitspar le nouveau Règlement (2000) de la CourInteraméricaine pour le fonctionnement du mécanismede protection de la Convention Américaine estconsidérable. En effet, le changement de siècle a été letémoin d’un saut qualitatif fondamental dans l’évolutiondu droit international des droits de la personne humaine,dans le cadre du fonctionnement du mécanisme précitéde protection de la Convention Américaine, à savoir,l’adoption du quatrième et nouveau Règlement de la CourInteraméricaine en date du 24 novembre 2000, qui estentré en vigueur le 1er. juin 200.19 Pour replacer dans leurcontexte les changements importants introduits par cenouveau Règlement, il convient de se rappeler quel’Assemblée Générale de 2000 de l’OEA (tenue à Windsor,Canada) a adopté une résolution20 en vertu de laquelleelle accueillait favorablement les recommandations duGroupe de Travail ad hoc sur les droits de la personnehumaine formé des représentants des Ministres desAffaires Étrangères des pays de la région (réunis à SanJosé du Costa Rica, en février 2000).21

Par ladite résolution, l’Assemblée Générale del’OEA recommandait notamment à la CourInteraméricaine, en tenant compte des Rapports quej’avais présentés au nom de la Cour, aux organes de

l’OEA, les 16 mars, 13 avril et 06 juin 200022 (v. supra),qu’elle envisageait la possibilité de: a) “permettre laparticipation directe des victimes” aux procéduressuivies par la Cour (une fois cette dernière saisie del’affaire), “en tenant compte de la nécessité tant depréserver l’impartialité de la procédure que de redéfinirle rôle de la Commission Interaméricaine des Droits del’Homme dans ces procédures”; et b) éviter le “doubleemploi en matière de procédures” (une fois la Cour saisiede l’affaire), notamment “la production des éléments depreuve, compte tenu de la nature différente” de la Couret de la Commission.23

L’adoption par la Cour de son quatrièmeRèglement, celui de l’an 2000, a été accompagnée depropositions concrètes pour améliorer et renforcer lemécanisme de protection aux termes de la ConventionAméricaine relative aux Droits de l’Homme. Lesmodifications introduites par la Cour dans son nouveauRèglement ont eu une incidence sur la rationalisationdes actes de procédure, en ce qui concerne la preuve etles mesures provisoires de protection, mais lamodification la plus importante a consisté à permettreaux victimes présumées, aux membres de leur familles ouà leurs représentants de participer directement à toutesles étapes de la procédure devant la Cour (v. infra). Dansson Règlement de 2000, la Cour a introduit une série dedispositions, surtout en ce qui concerne les exceptionspréliminaires, la réponse à la demande et les réparations,en vue d’accélérer et d’assouplir la procédure. La Cour atenu compte du vieil adage “justice delayed is justicedenied” (“justice différée est justice refusée”); en outre,en accélérant le processus, sans préjudice de la sécuritéjuridique, on éviterait les frais inutiles, ce qui serait unavantage pour tous les intervenants dans les affairescontentieuses instruites par la Cour.

Dans cet esprit, s’agissant des exceptionspréliminaires, le Règlement de 1996 stipulait qu’ellesdevaient être introduites dans les deux mois suivant lanotification de la demande; le Règlement de 2000 établit,par contre, que ces exceptions ne peuvent être invoquéesque dans la réponse à la demande (article 36). De plus,bien que dans l’étape des exceptions préliminaires onapplique le principe reus in excipiendo fit actor, leRèglement de 2000 stipule que la Cour peut convoquerune audience spéciale sur les exceptions préliminaireslorsqu’elle le juge indispensable, c’est-à-dire, qu’elle peut,selon les circonstances, ne pas tenir d’audience (commeil ressort de l’article 36.5). Même si, dans la pratique, laCour a jusqu’à présent commencé par rendre une décisionsur les exceptions préliminaires pour ensuite, en cas derejet, rendre un jugement sur le fond, le Règlement de2000 dispose, à la lumière du principe de l’économieprocédurale, que la Cour peut statuer au moyen d’unseul arrêt à la fois sur les exceptions préliminaires et sur lefond de l’affaire (article 36).

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Quant à la réponse à la demande, elle devait êtreprésentée, selon l’antérieur Règlement de 1996, dansles quatre mois suivant la notification de la demande;désormais, en vertu du nouveau Règlement de 2000,elle doit l’être dans les deux mois suivant la notificationde la demande (article 37.1). Ce resserrement du délai, àl’instar d’autres resserrements, permet d’accélérer laprocédure au profit des parties en cause. Le Règlementde 2000 établit également que, dans la réponse à lademande, l’État défendeur doit déclarer s’il accepte lesfaits dénoncés et les prétentions du demandeur, ou s’illes conteste; de cette façon, la Cour peut considérercomme étant acceptés les faits qui n’ont pas étéexpressément niés et les prétentions qui n’ont pas étéexpressément contestées (article 37.2).

En matière de preuves, tenant compte d’unerecommandation de l’Assemblée Générale de l’OEA (v.supra), la Cour a introduit dans son Règlement de 2000une disposition selon laquelle les preuves produitesdevant la Commission doivent être incorporées audossier de l’affaire portée devant la Cour, à conditionqu’elles aient été reçues dans des procédurescontradictoires, sauf si la Cour juge indispensable deles reproduire. Avec cette innovation, la Cour entendéviter la répétition d’actes de procédure afin d’alléger leprocessus et de réaliser des économies procédurales.À cet égard, il ne faut jamais perdre de vue que lesvictimes présumées ou leurs proches, ou leursreprésentants, ont la capacité de présenter, tout au longde la procédure, leurs demandes, arguments et élémentsde preuve de façon indépendante (article 43).

Selon le quatrième et nouveau Règlement de laCour, celle-ci peut décider la jonction d’instances pourcause de connexité, à n’importe quelle étape del’instruction, pourvu qu’il y ait identité de parties,d’objet et de base normative entre les instancesconcernées (article 28). Cette disposition répondégalement à l’objectif de rationalisation de la procéduredevant la Cour. Le Règlement de 2000 dispose en outreque les demandes ainsi que les demandes d’avisconsultatifs doivent être transmises non seulement auPrésident et aux autres juges de la Cour, mais aussi auConseil Permanent de l’OEA, par l’intermédiaire de sonPrésident; en ce qui concerne les demandes, ellesdoivent aussi être remises à l’État défendeur, à laCommission, au pétitionnaire original et à la présuméevictime, aux membres de sa famille ou à ses représentantsdûment accrédités (articles 35.2 et 62.1).

S’agissant des mesures provisoires deprotection, bien qu’il ait été d’usage jusqu’à présentque la Cour tienne - lorsqu’elle le juge nécessaire - desaudiences publiques sur ce sujet, cette possibilité n’étaitpas prévue dans le Règlement de 1996. En revanche, lenouveau Règlement de 2000 de la Cour comporte une

disposition selon laquelle la Cour, ou son Président sicelle-ci ne siège pas, peut convoquer les parties, si ellele juge nécessaire, à une audience publique sur cesmesures provisoires de protection (article 25).

En matière de réparations, le Règlement de 2000établit que, parmi les prétentions exprimées dans le textede la demande elle-même, il faut inclure celles qui onttrait aux réparations et aux dépens (article 33.1). Quantaux arrêts rendus par la Cour, ils doivent contenir, interalia, la décision relative aux réparations et aux dépens(article 55.1.h). Là encore, l’objectif est de réduire ladurée de la procédure devant le Tribunal, conformémentaux principes de célérité et d’économie procédurales, àl’avantage de toutes les parties intéressées.

Comme l’a recommandé l’Assemblée Généralede l’OEA (v. supra), la Cour a introduit dans son nouveauRèglement de 2000 une série de mesures visant àpermettre aux victimes présumées, à leurs proches ou àleurs représentants dûment accrédités, la participationdirecte (locus standi in judicio) à toutes les étapes desa procédure judiciaire. Dans une perspective historique,c’est là la modification la plus importante du quatrièmeRèglement de la Cour, modification qui représente deplus une véritable étape dans l’évolution du systèmeinteraméricain de protection des droits de la personnehumaine, en particulier, et du droit international des droitsde l’homme, en général. L’article 23 du nouveauRèglement de 2000 stipule ce qui suit en ce qui concernela “participation des victimes présumées”:

1. “Une fois la demande accueillie, les victimesprésumées, leurs proches ou leursreprésentants dûment accrédités peuventprésenter leurs demandes, arguments etpreuves de façon autonome pendant toutela durée de la procédure.

2. S’il y a pluralité de victimes présumées, deproches ou de représentants dûmentaccrédités, ils doivent désigner unintervenant commun qui sera la seulepersonne autorisée à présenter les demandes,arguments et preuves au cours de laprocédure, y compris aux audiencespubliques.

3. En cas de désaccord éventuel, la Courprendra les mesures qui s’imposent”.

Comme je l’ai déjà signalé, le Règlementprécédent, c’est-à-dire, celui de 1996, avait marqué lepremier pas dans cette direction, en habilitant lesvictimes présumées, leurs proches ou leursreprésentants à présenter leurs propres arguments etéléments de preuve de façon autonome, en particulier àl’étape des réparations. Cependant, si les victimesprésumées sont présentes au début de la procédure (ce

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sont elles qui sont présumément lésées dans leursdroits), ainsi qu’à la fin de la procédure (à titred’éventuels bénéficiaires des réparations), pour quelleraison se verraient-elles refuser le droit d’être présentesdurant le procès, en tant que véritable partiedemanderesse? Le Règlement de 2000 est venu remédierà cette incohérence qui avait persisté pendant plus devingt ans (depuis l’entrée en vigueur de la ConventionAméricaine) dans le système interaméricain deprotection.

En effet, aux termes du Règlement de 2000 de laCour Interaméricaine, les victimes présumées, leursproches ou leurs représentants peuvent présenter desdemandes, des arguments et des éléments de preuve defaçon autonome pendant toute la procédure suivie parle Tribunal (article 23). Ainsi, une fois que la Cour notifiela demande à la victime présumée, à ses proches ou àses représentant légaux, elle leur accorde un délai de 30jours pour la présentation, de façon autonome, des textescontenant leurs demandes, arguments et preuves (article35.4). De même, pendant les audiences publiques, toutesces personnes peuvent prendre la parole pour présenterleurs arguments et preuves, en tant que véritable partieà la procédure (article 40.2).24 Grâce à ce progrèsimportant, il est enfin établi sans ambiguïté que lesvéritables parties à une affaire contentieuse portéedevant la Cour sont les personnes demanderesses etl’État défendeur et, seulement sur le plan de la procédure,la Commission (article 2.23).

En étant ainsi habilités à participer directement(locus standi in judicio) à toutes les étapes de laprocédure suivie par la Cour, les victimes présumées,leurs proches ou leurs représentants ont désormais tousles droits et devoirs, en matière de procédure, qui,jusqu’au Règlement de 1996, étaient l’apanage de laCommission et de l’État défendeur (sauf à l’étape desréparations). Cela signifie que, dans la procédure suiviepar la Cour,25 pourront exister, et se manifester, troispositions distinctes: celle de la victime présumée (ou deses proches ou représentants légaux),26 en tant que sujetdu droit international des droits de l’homme; celle de laCommission, en tant qu’organe de supervision de laConvention et auxiliaire de la Cour; et celle de l’Étatdéfendeur.

Cette réforme historique introduite dans leRèglement de la Cour attribue aux différents acteurs lerôle qui leur revient; contribue à une meilleure instructiondu procès; assure le maintien du principe ducontradictoire, essentiel à la recherche de la vérité et autriomphe de la justice aux termes de la ConventionAméricaine; reconnaît que la contraposition directeentre les individus demandeurs et les États défendeursest de l’essence même du contentieux international desdroits de l’homme; reconnaît le droit à la libre expression

des victimes présumées elles-mêmes, lequel est unimpératif d’équité et de transparence de la procédure;et, enfin et surtout, elle garantit l’égalité procéduraledes parties (equality of arms/égalité des armes) dansl’ensemble de la procédure suivie dans l’affaire portéedevant la Cour.27

Ainsi, nous assistons à un renforcementprogressif de la capacité procédurale des individus dansles procédures instaurées aux termes de la ConventionAméricaine relative aux Droits de l’Homme, avec nonseulement l’évolution graduelle du Règlement lui-mêmede la Cour Interaméricaine (v. supra), mais aussil’interprétation de diverses dispositions de laConvention Américaine, à la lumière de son objet et deson but, et du Statut de la Cour. S’agissant desdispositions pertinentes de la Convention, nouspouvons souligner les suivantes: a) les articles 44 et48.1.f de la Convention Américaine peuvent clairementêtre interprétées comme des dispositions en faveur del’octroi du rôle de partie demanderesse auxpétitionnaires individuels; b) l’article 63.1 de laConvention fait état de la “partie lésée”, ce qui signifiequ’il ne peut s’agir que des individus (et jamais de laCommission); c) l’article 57 de la Convention stipuleque la Commission “participera aux audiences auxquellesdonnent lieu toutes les affaires évoquées devant laCour”, mais ne précise pas à quel titre, et il n’indiquepas que la Commission est partie; d) l’article 61 lui-mêmede la Convention, en établissant que seuls les ÉtatsParties à la Convention et la Commission ont qualitépour saisir la Cour, ne parle pas de “parties”;28 et e)l’article 28 du Statut de la Cour stipule que la Commissioncomparaîtra “comme partie en cause” (c’est-à-dire, dansun sens purement procédural), mais n’établit pas qu’elleest effectivement “partie”.

Également en ce qui a trait à la procédureconsultative, il est impossible de ne pas mentionnerque l’historique Avis Consultatif n. 16 de la CourInteraméricaine, sur le Droit à l’Information surl’Assistance Consulaire dans le Cadre des Garantiesdu Procès Équitable, émis le 1er. octobre 1999, abénéficié d’une procédure consultativeextraordinairement riche, au cours de laquelle, outre leshuit États intervenants,29 ont pris la parole dans lesaudiences publiques sept individus représentant quatreONGs (nationales et internationales) des droits del’homme, deux individus d’une ONG oeuvrant en faveurde l’abolition de la peine de mort, deux représentantsd’une entité (nationale) d’avocats, quatre professeursuniversitaires à titre individuel et trois individusintervenant au nom d’un condamné à mort. Cesinformations, peu connues, révèlent également quetoute personne a accès à la juridiction internationaledans le système interaméricain de protection, dans le

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cadre des procédures consultatives établies dans laConvention Américaine; elles démontrent en outre lecaractère d’ordre public international des procéduresen question.

Cet Avis Consultatif n. 16 de la CourInteraméricaine, de 1999, vraiment pionnier, a donné unecontribution remarquable au développement progressifdu droit international public contemporain lui-même, ala lumière de l’impact du droit internacional des droitsde l’homme, en ce qui concerne l’assistance consulaire.Il a servi d’inspiration pour d’autres tribunauxinternationaux, ainsi que pour la jurisprudenceinternationale in statu nascendi sur la matière, commele reconnaît clairement la bibliographie specialisée denos jours,30 et il a eu une influence sensible dans lapratique des États de la région à ce sujet.

La Cour Interaméricaine, en ce début de XXIème.siècle, a définitivement atteint sa maturité institutionnelle.Jamais une génération de juges n’a eu tant à donnerd’elle-même que la génération actuelle,31 comme ledémontrent très bien les Rapports Annuels de la Cour deces dernières années.32 Cependant, pour faire face auxbesoins croissants de protection, la Cour a un besoinconsidérable de ressources additionnelles, humaines etmatérielles.33 Avec l’entrée en vigueur, le 1er. juin 2001,de son nouveau Règlement (de 2000), ces ressourcesseront indispensables pour le fonctionnement même, oula mise-en-oeuvre, du mécanisme de protection de laConvention Américaine, précisément à la suite de l’octroiaux victimes présumées ou à leurs proches, ou à leursreprésentants légaux, du locus standi in judicio, à titrede véritable partie demanderesse, aux côtés de laCommission et de l’État défendeur. Ainsi, la Cour devraécouter et traiter les plaidoyers des trois partiesprocédurales (pétitionnaires, Commission et État), ce quientraînera une augmentation des coûts.34

Plusieurs nouveaux affaires ont été récemmentdécidés par la Cour Interaméricaine, et son 17ème. AvisConsultitatif a été émis, de conformité avec sonquatrième et actuel Règlement. Il conviendra, en tempsopportun, d’examiner des aspects particuliers de lafuture affectation des ressources matérielles, comme unmécanisme d’aide judiciaire gratuite (free legal aid) pourles pétitionnaires sans ressources matérielles (un pointdirectement lié à la question centrale de l’accès même àla justice aux niveaux tant national qu’international),comme cela s’est fait il y a quelques années dans lecadre du système européen de protection.35 Ces aspectsbudgétaires de la transformation graduelle du régimede travail de la Cour en un tribunal permanent, je les aiexaminés en détail dans un Rapport que j’ai présenté, le16 avril 2002, à une réunion conjointe de la CAJP et de laCommission des Affaires Administratives et Budgétaires(CAAP) du Conseil Permanent de l’OEA.36 Ledit

Rapport, intitulé “Le financement du systèmeinteraméricain de protection des droits de l’homme”)a été distribué aux Délégations présentes des Étatsmembres de l’OEA; on attend maintenant leur réponseset décisions correspondantes.

IV. RAPPORTS DU PRÉSIDENTET RAPPORTEUR DE LACOUR INTERAMÉRICAINEDES DROITS DE L’HOMMEPRÉSENTÉS AU CONSEILPERMANENT ET ÀL’ASSEMBLÉE GÉNÉRALEDE L’OEA (2000-2002)

Avant d’aborder les défis actuels et futurs dusystème interaméricain de protection, il serait opportunde récapituler brièvement les points essentiels que j’aieu l’occasion de développer dans les Rapports qu’ilm’a été donné de présenter au Conseil Permanent àl’Assemblée générale de l’OEA au cours de l’exercicetriennal 2000-2002. Dans le Rapport présenté à la CAJPdu Conseil Permanent dans le cadre du Dialogue sur lesystème interaméricain de protection des droits del’homme, le 16 mars 2000, j’ai évalué les résultats duséminaire tenu en 1999, en ce qui a trait aux différentsthèmes abordés lors de cette rencontre, ainsi que lesrésultats des quatre réunions d’experts tenues au siègede la Cour entre septembre 1999 et février 200037

(v. supra). Plus tard, le 13 avril 2000, j’ai de nouveaucomparu devant la même CAJP du Conseil Permanentpour présenter les travaux de la Cour pendant l’année1999, notamment en ce qui concerne le renforcement dusystème interaméricain de protection des droits del’homme.38 Le 06 juin 2000, dans ma présentation duRapport annuel précité de la Cour devant l’AssembléeGénérale de l’OEA, tenue à Windsor, Canada,39 je mesuis permis de formuler, inter alia, les réflexionssuivantes:

-”La Cour est consciente des défis actuels etfuturs qu’il lui faut relever. Je vois trèsdistinctement les mesures qu’il convient deprendre pour renforcer notre système régional deprotection, dans le respect des principes del’universalité et de l’indivisibilité de tous les droitsde la personne. En premier lieu, tous les États dela région doivent, comme je l’ai mentionné, ratifierla Convention Américaine et ses deux Protocolesen vigueur, ou adhérer à ces instruments. Endeuxième lieu, les États doivent adopter lesmesures nationales indispensables à la mise en

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oeuvre de la Convention Américaine, afind’assurer l’applicabilité directe des normes de laConvention dans le droit interne des États Partieset l’observation rigoureuse des décisions de laCour.La troisième mesure concerne l’acceptation

intégrale de la compétence contentieuse de la CourInteraméricaine par tous les États parties à la Convention,assortie d’une disposition établissant le caractèreautomatique de la juridiction obligatoire de la Cour pourtous les États parties, sans exception.

Les clauses relatives à la juridiction obligatoirede la Cour et au droit des particuliers de présenter unerequête, clauses qui sont nécessairement liées,constituent les véritables pierres angulaires de laprotection internationale des droits de la personne: cesont elles qui permettent aux particuliers d’avoir accèsà la justice sur le plan international, ce qui constitueune véritable révolution juridique, peut-être l’héritagele plus important que nous apportons avec nous encette aube de XXIème. siècle.

Cela m’amène au quatrième point, à savoirl’exigence de l’accès direct des particuliers à la juridictionde la Cour Interaméricaine, ce qui requiert, dans unpremier temps, que soit assurée la participation la pluslarge possible des particuliers (locus standi) dans toutesles étapes de la procédure relative à l’affaire instruitepar la Cour, avec la préservation des fonctions noncontentieuses de la Commission interaméricaine. Unetelle participation peut être assurée par les modificationsque nous avons commencé d’introduire en septembre1996 dans le Règlement de la Cour, suivies de lacristallisation du droit d’accès direct (jus standi) desparticuliers à la juridiction de la Cour Interaméricaine(c’est-à-dire, à la justice sur le plan international) par lebiais de l’adoption d’un Protocole Additionnel à laConvention Américaine relative aux Droits de l’Homme,dans ce but exprès. Les progrès nécessaires en ce sens,assortis des ressources humaines et matériellesindispensables et adéquates, conviennent à touspuisque la voie juridictionnelle représente la forme laplus évoluée et perfectionnée de la protection des droitsde la personne. Enfin, il m’apparaît nécessaire detoujours garder présente à l’esprit la vaste portée desobligations conventionnelles de protection aux termesdes traités relatifs aux droits de la personne, obligationsqui lient tous les pouvoirs (exécutif, législatif, judiciaire)de l’État. En créant des obligations pour les États partiesvis-à-vis de tous les êtres humains relevant de leursjuridictions respectives, ces traités exigent l’exercice dela garantie collective pour la pleine réalisation de leursobjectifs. La Cour Interaméricaine des Droits de l’Hommeest persuadée que l’exercice permanent de ladite garantiecollective contribuera au renforcement du système

interaméricain de protection des droits de la personne,à l’aube de ce nouveau siècle.

Ce renforcement devra, en résumé, s’appuyersur quatre piliers fondamentaux: la garantie de l’accèsdirect des particuliers à la juridiction de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme et l’intangibilitéde cette juridiction (pierres angulaires de la protectioninternationale des droits de la personne humaine),assorties du respect intégral, par les États, de toutes lesdécisions de la Cour et de l’exercice de la garantiecollective, par les États parties, des obligationsconsacrées dans la Convention Américaine. Cette tâches’adresse à tous, aux organes conventionnels desupervision de la Convention comme aux États parties,afin que nous puissions contribuer à l’édification d’unmonde meilleur pour nos descendants; les générationsfutures nous ferons savoir ce qu’elles pensent de notretravail de protection.”40

Le 09 mars 2001, j’ai comparu de nouveau devantla CAJP du Conseil Permanent de l’OEA pour présenterle Rapport sur les travaux de la Cour Interaméricainedes Droits de l’Homme pendant l’année 2000, en maqualité de Président du Tribunal;41 après mon exposé,j’ai eu l’occasion d’entretenir un dialogue fructueux avecles 12 Délégations présentes. Le 05 avril 2001, je suisrevenu à la CAJP pour participer au Dialogue, entamél’année précédente par le même organe, au sujet durenforcement dy système interaméricain de protectiondes droits de la personne humaine. À cette occasion,j’ai présenté mon nouveau Rapport, contenant ce quej’ai appelé les “Fondements d’un Projet de Protocole àla Convention Américaine relative aux droits del’Homme pour renforcer son mécanisme de protectionde cette dernière”. Dans ledit Rapport, je me suis permisde formuler une série de propositions (comme, parexemple, une modification des articles 50.2, 51.1, 59, 62,65, 75 et 77 de la Convention Américaine), fruit d’unelongue et intense réflexion personnelle sur les moyensde renforcer le mécanisme de protection de laConvention Américaine.42

J’ai formulé ces propositions (v. infra) en ayantprésent à l’esprit qu’elles doivent faire partie d’unprocessus de réflexion collective, qui doit être mené defaçon permanente, avec la participation de tous lesintervenants et bénéficiaires du système interaméricainde protection: les États, les organes conventionnels desupervision internationale (Cour et CommissionInteraméricaines des Droits de l’Homme), l’InstitutInteraméricain des Droits de l’Homme (IIDH), les ONGset les individus et groupes de particuliers bénéficiairesdu système en général. La tenue des plus vastesconsultations possibles avec tous ces intervenants (ycompris par le biais de la distribution de questionnaires)revêt une importance primordiale. L’objectif est d’obtenir

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un consensus dans le cadre d’un dialogue constructifau cours des prochaines années, - ce qui constitue unélément indispensable au succès de la futureprésentation et adoption, au moment opportun, duditProjet de Protocole à la Convention Américaine enportant une plus ample réforme de celle-ci, en ce quiconcerne concrètement le renforcement de sonmécanisme de protection.

Ces consultations prendront du temps avant queles consensus nécessaires ne puissent être obtenus et,surtout, avant que l’on ne parvienne à la formationd’une conscience, parmi tous les intervenants dusystème interaméricain de protection, relativement à lanécessité de changements, sans idées préconçues.Comme je l’ai signalé lors de l’échange d’idées du09 mars 2001, à l’occasion de la réunion de la CAJP de laOEA, je suis fermement convaincu que la consciencehumaine est la source matérielle du Droit dans sonensemble, qu’elle est à la base de ses progrès et de sonévolution, à l’instar de ses sources formelles. Sans cetteformation d’une conscience, nous n’irons pas très loindans le perfectionnement de notre système de protection.Comme je n’ai cessé de le répéter, il y a d’autresconditions préalables à la consolidation de notresystème régional de protection; je veux parler de laratification de la Convention Américaine relative auxDroits de l’Homme, ou l’adhésion à cette dernière, partous les États membres de l’OEA, de l’acceptationintégrale de la juridiction obligatoire de la CourInteraméricaine par tous les États Parties à la Convention,et de l’incorporation des normes substantives de cettedernière dans le droit interne des États Parties.

Plus récemment, dans le rapport que j’ai présentéà la CAJP de l’OEA, le 19 avril 2002, j’ai répris maproposition d’un Projet de Protocole à la ConventionAméricaine, pour perfectionner son mécansime deprotection en consolidant la capacité juridiqueinternationale des pétitionnaires dans le systèmeinteraméricain de protection. À cet occasion, j’ai signalé,inter alia, que

- “L’octroi du locus standi in judicio auxpétitionnaires à toutes les étapes de la procéduredans l’affaire instruite par la Cour représente uneétape supplémentaire - et des plus importantes - dans l’évolution que le système interaméricainde protection des droits de l’homme a connueau fil des ans, et dont nous avons été témoins etacteurs. Je suis convaincu que la reconnaissancede la legitimatio ad causam des particuliersdevant les instances internationales répond àune nécessité de l’ordre juridique internationallui-même, non seulement dans notre systèmerégional de protection, mais aussi sur le planuniversel.

43 Nous assistons, en ce début de

XXIème. siècle, à un processus historiqued’humanisation du droit internationalcontemporain.”

44

La portée du droit de la personne humaine del’accès à la justice internationale est beaucoup plusvaste que le simple accès formel, stricto sensu, àl’instance judiciaire internationale. Dans mon dernierrapport au Conseil Permanent de l’OEA, que je lui aiprésenté le 16 octobre 2002, intitulé “Le droit de l’accèsà la justice internationale et les conditions pour saréalisation dans le cadre du système interaméricainde protection des droits de l’homme”, j’ai remarquéque le droit de l’accès à la justice comprend ici l’accès laCour Interaméricaine, et se trouve implicite dansplusieurs dispositions de la Convention Américaine, et,en plus, marque présence dans le droit interne des ÉtatsParties45 à la Convention Américaine. Le droit de l’accèsà la justice, doté d’un contenu juridique propre, signifie,lato sensu, le droit d’obtenir la justice. Il se présente, decette façon, comme un droit autonome, à la réalisationde la justice elle-même.46 Il faut, alors, attribuer tous lesressources (humains et matériaux) nécessaires àl’exercice adéquat des fonctions des tribunauxcompétents et indépendants, aux niveaux national etinternational, parque qu’autrement les justiciablesseraient privés de leur droit de l’accès à la justice. Onest ainsi devant un vrai droit au Droit, c’est-à-dire, ledroit à un ordre juridique - aux niveaux national ainsiqu’international - capable de protèger effectivement lesdroits fondamentaux de la personne humaine.47

Toutes les propositions que j’ai présentéesdevant les organes compétents de l’OEA (v. supra) ontpour objectif de perfectionner et de renforcer lemécanisme de sauvegarde des droits de la personnehumaine sous la Convention Américaine, tout en tenantcompte des demandes et besoins croissants deprotection des droits de l’homme dans notre partie dumonde,48 et également des points suivants: a) l’évolutiondu Règlement de la Cour dans une perspectivehistorique et, notamment, la signification deschangements introduits par le nouveau Règlement(2000) de la Cour en ce qui a trait au fonctionnement dumécanisme de protection de la Convention Américaine(v. supra); b) le nécessaire renforcement de la capacitéprocédurale, au niveau international, des particuliersaux termes de la Convention Américaine; et c) le passagedu principe du locus standi à celui du jus standi pourles pétitionnaires individuels auprès de la CourInteraméricaine. En gardant tout cela présent à l’esprit,je passerai maintenant au dernier point du présent étude,à savoir, les défis actuels et futurs du systèmeinteraméricain de protection des droits de la personnehumaine.

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V. LES DÉFIS ACTUELS DUSYSTÈME INTERAMÉRICAINDE PROTECTION DESDROITS DE LA PERSONNEHUMAINE

Dans mes exposés du 05 avril 2001, et du 19 avril2002, devant la CAJP de l’OEA, j’ai décrit en détail lesmesures et les réformes qu’il convient de mettre enoeuvre, à mon avis, pour renforcer et perfectionner lemécanisme de protection de la Convention Américainerelative aux Droits de l’Homme (cf. supra). Il fautmaintenant de revenir sur cette question en idéntifiantles défis actuels du système interaméricain deprotection, ainsi que les mesures qu’il convient deprendre, dans les plus brefs délais, si nous voulonséviter une paralysie de ce dernier. Je veux parler del’augmentation des ressources humaines et financièresde la Cour et de la Commission, ainsi que del’établissement d’un mécanisme international desurveillance de l’application des décisions des deuxorganes de supervision de la Convention américainerelative aux Droits de l’Homme. Je considère que cesdeux mesures constituent un complément essentiel pourassurer la pleine efficacité des récentes réformesréglementaires effectuées par les deux organes desupervision de la Convention Américaine.

1. ALLOCATION DE RESSOURCESHUMAINES ET MATÉRIELLESADÉQUATES À LA COURINTERAMÉRICAINE

S’agissant de la première mesure, nous sommestous conscients du fait que, malgré les vrais progrès dusystème interaméricain des droits de la personnehumaine et malgré son implantation à l’échelle de notrecontinent, ce système de protection est jusqu’à uncertain point entravé par un mode de financement quine permet pas le dynamisme nécessaire pour répondreaux exigences d’une justice prompte et accomplie,comme l’exige la Convention Américaine elle-même.C’est là une réalité que les récentes réformesréglementaires de la Cour et de la Commission rendentencore plus préoccupante et alarmante. Comme je mesuis permis de le signaler dans mes exposés devantl’Assemblée Générale de l’OEA de 2001 (tenue à SanJosé du Costa Rica) et de 2002 (tenue à Bridgetown,Barbados), ces réformes réglementaires ont étéeffectuées avec le compromis de la part des Étatsmembres de l’OEA qu’elles seraient accompagnées desressources budgétaires additionnelles nécessaires.Cependant, la session extraordinaire sur les questionsbudgétaires que l’Assemblée Générale devait tenir en

2001 n’a pas eu lieu et les ressources ne sont jamaisvenues, - au moins jusqu’à présent, - de telle sorte quele système est maintenant menacé de paralysie.

En ce qui concerne la Cour Interaméricaine, étantdonné qu’elle n’est pas actuellement un organejudiciaire permanent, elle a effectué son travail jusqu’àmaintenant dans le cadre de sessions ordinaires etextraordinaires tenues à son siège, à San José du CostaRica. Les Juges doivent donc se déplacer depuis leurspays respectifs lorsque la Cour siège. Il convient desouligner que, dans un effort pour faire le maximum avecles ressources matérielles fournies par l’OEA, la Coursiège aussi bien pendant les jours fériés et les fins desemaine que pendant les jours ouvrables. La Cour estassistée par un Secrétariat qui joue un rôle essentieldans le travail quotidien du Tribunal, surtout dans lesdémarches et les tâches procédurales relatives auxespèces dont la Cour est saisie, afin que ces espècespuissent être résolues pendant les brèves périodes oùla Cour siège.49 Dès le lancement du Dialogue sur lerenforcement et le perfectionnement du Systèmeinteraméricain de protection des droits de la personneen 1996 (v. supra), les participants à ce Dialogue sesont entendus sur l’impérieuse nécessité d’augmenterles ressources humaines et matérielles du Système afinqu’il puisse remplir pleinement ses fonctions, mais cesressources n’ont pas encore été octroyées.

Les Chefs d’État et de Gouvernement des paysdu continent américain, réunis dans le cadre duIII Sommet des Amériques (Québec, Canada, avril 2001),ont été clairs, catégoriques et explicites à ce sujet,lorsqu’ils ont demandé à l’OEA d’adopter les mesuresnécessaires à “l’augmentation substantielle desressources affectées au maintien des opérationscourantes”. Pourtant, malgré cette instruction, le budgetannuel de la Cour n’a pratiquement connu aucuneaugmentation, en termes réels, depuis 1997.50 Le budgetactuel de la Cour lui permet de fonctionner seulementavec le minimum de ressources, ce qui se traduit parune détérioration des services qui doivent être renduspour assurer un travail adéquat de cette Cour. De même,le budget assigné à la Cour ne lui a pas permis de couvriradéquatement, année après année, l’augmentationconstante des frais de fonctionnement associés auxaffaires dont elle est saisie et il arrive régulièrementqu’elle procède à des coupures ou qu’elle élimine desactivités importantes pour ne pas terminer l’exercicefinancier avec un déficit budgétaire.

Comme je l’ai souligné lors d’une réunionconjointe de la CAJP et de la Commission des AffairesAdministratives et Budgétaires (CAAP) de l’OEA, dansle rapport que j’ai présenté le 16 avril 2002, intitulé “Lefinancement du système interaméricain des droits del’homme”, qui a été distribué aux Délégations présentes

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des États membres de l’OEA, les récentes réformesréglementaires de la Cour et de la Commission entraînentnécessairement un accroissement considérable du travailde la Cour et de ses frais de fonctionnement.51 Dans lesdébats qui ont suivi mon exposé, lors de ladite réunionconjointe de la CAJP et de la CAAP de l’OEA, j’aiexpliqué que, à mon avis, aucun domaine d’activité nelégitimait plus l’OEA, aujourd’hui, que celui de lapromotion et de la protection des droits de la personne;sans les droits de la personne, il n’y a ni démocratie niétat de droit. Je viens de répéter cette perceptionpersonnelle dans mon dernier rapport présenté auConseil Permanent de l’OEA le 16 octobre 2002. L’OEAet le Conseil de l’Europe ont la chance de pouvoircompter, aujourd’hui, sur les deux seuls tribunauxinternationaux - les Cours Interaméricaine etEuropéenne des Droits de l’Homme, créés par lesConventions régionales respectives, actuellement enactivité, qui justifient en grande partie l’existence mêmede ces organismes internationaux.52 La Courinteraméricaine n’est pas un “organe comme n’importequel autre” de l’OEA; elle se situe à un niveauhiérarchique supérieur, car elle est le premier organejudiciaire de la Convention Américaine, et doit être unesource de fierté pour l’OEA puisqu’elle est l’un desdeux tribunaux internationaux des droits de l’hommequi existent aujourd’hui dans le monde. Elle doit doncêtre traitée en conséquence.

En effet, le nouveau Règlement de la CourInteraméricaine laisse prévoir une forte augmentationdes coûts de traitement des affaires, puisque lesvictimes présumées (ou leurs proches, et leursreprésentants légaux) ont maintenant le locus standiin judicio, à titre de véritable partie demanderesse,participation qui vient s’ajouter à celle de laCommission et de l’État défendeur. La Cour devra doncécouter et traiter les plaidoyers des trois partiesprocessales (les pétitionnaires en tant que vraie partiedemanderesse, la Commission et l’État défendeur), cequi entraînera une augmentation des coûts. Par ailleurs,avec l’augmentation inévitable du nombre d’espècesdont la Cour sera saisie en vertu du nouveau Règlement,le système actuel de quatre sessions ordinaires parannée s’avérera manifestement insuffisant et inadéquatpour la bonne exécution par la Cour des fonctions quelui assigne la Convention Américaine. Si aucunemesure n’est prise à cet égard, on peut s’attendre àl’apparition d’une “liste d’attente” interminable pourles espèces en instance de jugement. Afin d’évitercette paralysie virtuelle, et pour permettre le traitementdiligent du nombre croissant d’affaires portées à laconnaissance de la Cour, tant que cette dernière nedeviendra pas permanente, il convient d’augmenter,dans les plus brefs délais, le nombre de semainespendant lesquelles la Cour siège.

À cet égard, dans le rapport précité que j’aiprésenté à la réunion conjointe de la CAJP et à la CAAPde l’OEA, j’ai défini des objectifs budgétaires à court,moyen et long termes. J’ai notamment proposé à laCAAP du Conseil Permanent de l’OEA que le budgetde la Cour soit augmenté afin de nous permettre de fairepasser la durée des sessions de 8 à 12 semaines par an(au minimum, à court terme), puis de 12 à 24 semainespar an (à moyen terme, avec un allongement de la périodede permanence du Président et du Vice-président ausiège de la Cour), et que soit ensuite évalué le budgetnécessaire pour que la Cour devienne permanente (àlong terme). Une telle augmentation graduelle de la duréedes sessions de la Cour constituerait une mesureconcrète pour renforcer efficacement le mécanisme deprotection offert par la Convention Américaine.53

2. CRÉATION D’UN MÉCANISME DESURVEILLANCE INTERNATIONALEPERMANENTE DEL’OBSERVATION (COMPLIANCE)DES ARRÊTS ET DÉCISIONS DE LACOUR INTERAMÉRICAINE

Comme je me suis déjà permis de le signaler, lecomplément inéluctable de la grande conquête quereprésente le droit des particuliers de présenter unerequête, sur le plan international, réside dansl’intangibilité de la juridiction obligatoire de la CourInteraméricaine, juridiction qui, à mon avis, en plus d’êtreobligatoire, doit également être automatique pour tousles États Parties à la Convention Américaine. Les clausesde ladite juridiction obligatoire et du droit desparticuliers de présenter des requêtes constituent lefondement de l’ensemble du mécanisme de sauvegardeinternationale de l’être humain (à mon avis, le legs leplus important de la science juridique du XXème. siècle),raison pour laquelle je me suis permis de dire que cesclauses constituaient les véritables pierres angulaires(cláusulas pétreas) de la protection internationale desdroits de la personne humaine.54 Effectivement, noussommes témoins d’événements importants qui montrentque prend corps le vieil idéal de la justice internationale,de la juridiction internationale obligatoire et permanente.

Ainsi, il convient de rappeler qu’aujourd’hui,tous les États membres du Conseil de l’Europe sontParties à la Convention Européenne des Droits del’Homme et soumis à la Cour Européenne des Droits del’Homme, à laquelle les particuliers peuvent s’adresserdirectement et qui est dotée d’une juridiction obligatoireet automatique vis-à-vis tous les États Parties à laConvention. De même, le Tribunal de Luxembourg ajuridiction obligatoire en relation avec tous les Étatsmembres de l’Union Européenne. Tous les États membres

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de l’Organisation de l’Unité Africaine sont aujourd’huiParties à la Charte Africaine des Droits de l’Homme etdes Peuples et ont décidé (par l’adoption du Protocoledu Burkina Faso de 1998) d’établir une Cour Africainedes Droits de l’Homme et des Peuples. Enfin, le 12 avril2002, il a été annoncé que le Statut de Rome de 1998relatif à l’établissement du Tribunal Pénal Internationalavait obtenu les soixante ratifications nécessaires pourson entrée en vigueur et, partant, pour la mise en placed’une juridiction pénale internationale permanente,obligatoire pour tous les États Parties.

Tous ces exemples pointent dans le même sens:la juridictionalisation des mécanismes internationauxde protection des droits de la personne humaine, et laposition centrale de ces derniers dans le droitinternational en ce début de XXIème. siècle. Tout cela aété rendu possible, en dernière instance, par le degréélevé d’évolution qu’a atteint la conscience humaine. Ilest nécessaire de toujours garder présente à l’esprit lavaste portée des obligations conventionnelles deprotection aux termes des traités relatifs aux droits de lapersonne humaine, obligations qui lient tous lespouvoirs (exécutif, législatif, judiciaire) de l’État; encréant des obligations pour tous les États Parties auxtraités des droits de l’homme vis-à-vis tous les êtreshumains qui se trouvent sous leurs juridictionsrespectives, ces traités imposent aux États Partiesl’exercice de la garantie collective pour la pleineréalisation de leurs objectifs. La Cour Interaméricaineest convaincue que l’exercice permanent de laditegarantie collective contribuera au renforcement dusystème interaméricain de protection des droits de lapersonne humaine.

Les États Parties à la Convention Américaineassument, chacun individuellement, le devoir derespecter les décisions de la Cour, comme l’établitl’article 68 de la Convention, en application du principepacta sunt servanda, sans oublier non plus qu’il s’agitd’une obligation découlant de leur propre droit interne.De même, les États Parties, en tant que garants de laConvention Américaine, assument conjointementl’obligation de veiller à l’intégrité de la Convention. Lasupervision de la fidèle exécution des arrêts de la Courest une tâche qui repose sur l’ensemble des États Partiesà la Convention. À cet égard, dans mon exposé du05 avril 2001 devant la CAJP de l’OEA, j’ai proposé,dans le but d’assurer une surveillance continue de lafidèle application de toutes les obligationsconventionnelles de protection, en particulier des arrêtsde la Cour Interaméricaine, que soit ajoutée, dans unéventuel Protocole à la Convention Américaine, laphrase suivante à la fin de l’article 65 de la Convention:

- “L’Assemblée Générale les remettra au ConseilPermanent aux fins d’étude de la matière et

d’établissement d’un rapport sur lequell’Assemblée Générale délibérera enconséquence”.De plus, la CAJP de l’OEA créerait un Groupe de

Travail permanent, composé de représentants des ÉtatsParties à la Convention Américaine, qui aurait pourmandat de superviser, de façon permanente,l’observation (compliance), par les États défendeurs,des arrêts et décisions de la Cour Interaméricaine. CeGroupe de Travail rendrait compte à la CAJP, qui ferait àson tour rapport au Conseil Permanent afin que cedernier puisse inclure l’information dans son proprerapport soumis à l’Assemblée Générale. Ce serait unemanière de compenser une lacune et de disposer d’unmécanisme fonctionnant sur une base permanente (etpas seulement une fois par an devant l’AssembléeGénérale de l’OEA) pour superviser l’exécution fidèle,par les États Parties défendeurs, des arrêts de la CourInteraméricaine.

Dans mon exposé du 17 avril 2002, devant leConseil Permanent de l’OEA, je me suis permis d’ajouterl’observation suivante:

- “L’exercice de la garantie collective par les ÉtatsParties à la Convention ne doit pas seulementêtre réactif, lorsqu’un État omet d’observer unarrêt de la Cour, mais également proactif. Ainsi,tous les États Parties doivent adopter, aupréalable, des mesures positives de protectionconformément aux normes de la ConventionAméricaine. Il est indéniable qu’un arrêt de laCour est `chose jugée’, obligatoire pour l’Étatdéfendeur concerné, mais c’est également ̀ choseinterprétée’, valide erga omnes partes, en ce sensqu’il a des implications pour tous les États Partiesà la Convention, en ce qui a trait à leur devoir deprévention. Une compréhension claire de cespoints fondamentaux est essentielle àl’édification d’un ordre public interaméricainfondé sur la fidèle observation des droits de lapersonne.”

55

En effect, la jurisprudence protectrice de la CourInteraméricaine - composée à ce jour de 94 arrêts, 17avis consultatifs et 45 mesures provisoires deprotection - constitue aujourd’hui un véritablepatrimoine juridique de tous les pays et peuples de larégion. Elle doit être sauvegardée par une volontécommune de tous les États Parties à la ConventionAméricaine et tous les États membres de l’OEA.56

VI. CONCLUSIONSLa recherche de la sauvegarde pleine et entière

et de la prévalence des droits inhérents à l’être humain,quelles que soient les circonstances, correspond au

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nouvel ethos de l’actualité, et représente unemanifestation claire, également dans notre partie dumonde, de la conscience juridique universelle en cetteaube du XXIème. siècle. On reconnaît aujourd’hui, sanséquivoque, la nécessité de restituer à la personnehumaine la position centrale qui lui appartient, en tantque sujet du droit tant interne qu’international. Cettereconnaissance se manifeste, à mon avis, dans le cadredu processus d’humanisation du droit internationalcontemporain, auquel nous avons le privilège d’assisteret de participer dans nos jours, - un processus danslequel on s’attache plus directement à cerner et à réaliserdes valeurs et objectifs communs supérieurs. Par ailleurs,avec cette reconnaissance, nous revenons aux originesconceptuelles tant de l’État national que du droitinternational. S’agissant du premier, il ne faut pas oublierque l’État a été conçu originairement pour permettre laréalisation du bien commun et qu’il existe pour lebénéfice de l’être humain, et non l’inverse. En ce quiconcerne le second, il ne faut pas non plus oublier quele droit international n’était pas, au début, un droitstrictement interétatique, mais bien le droit des gens.

La Cour Interaméricaine des Droits de l’Hommeapporte sa valeureuse contribution à ce processushistorique d’humanisation du droit international.L’impact de sa jurisprudence protectrice dans le droitinternational public se fait déjà sentir.57 En effet, dansune dimension plus large, la subjectivité internationalede la personne et sa capacité juridico-procédurale neconstituent plus seulement un impératif éthique, maisaussi une nécessité de l’ordre juridique internationalcontemporain. Nous avons tous le devoir inéluctabled’apporter notre contribution en ce sens. Comme je mesuis permis de le signaler dans mon exposé devant lesMinistres des Affaires Étrangères des États Membres del’OEA, lors de l’Assemblée Générale de l’Organisationtenue à San José du Costa Rica, le 04 juin 2001,

- “(...) Je vois plusieurs étapes dans l’évolutiondu système interaméricain de protection desdroits de la personne humaine (...). La premièrecorrespond à ce que nous vivons maintenant,avec les changements réglementaires adoptéspar la Cour et la Commission; la deuxième étapeserait celle de l’adoption d’un Protocole demodifications qui consoliderait les changementsapportés aux Règlements et qui assurerait le jusstandi, pas seulement le locus standi, maisl’accès direct de l’être humain à la juridictioninternationale. Cela ne deviendra réalité quelorsque seront satisfaites certaines conditionspréalables essentielles, comme l’acceptationuniverselle du système, l’adoption de ressourcesadéquates pour la Cour et la Commission, etl’incorporation des normes internationales deprotection dans le droit interne. Nous sommes

tous des coparticipants dans ce travail collectif,les États Parties, les organes de supervision etles entités de la société civile (...).”

58

J’ai insisté sur ce même point dans monintervention plus récente, devant les Ministres desAffaires Étrangères des États Membres de l’OEA, lorsde la dernière Assemblée Générale de l’Organisationtenue à Bridgetown, Barbados, le 04 juin 2002, enrevenant sur ma proposition des “Fondements d’unProjet de Protocole à la Convention Américainerelative aux Droits de l’Homme pour Renforcer sonMécanisme de Protection (v. supra).

Je voudrais conclure cet étude en résumant lesmesures qui doivent, à mon avis, être prises à présentpour renforcer le système interaméricain de protectiondes droits de la personne humaine. En premier lieu, tousles États de la région se doivent de ratifier la ConventionAméricaine, ses deux Protocoles en vigueur, ainsi queles Conventions interaméricaines sectorielles deprotection, ou d’adhérer à ces instrumentsinternationaux. Les États qui se sont auto-exclus durégime juridique du système interaméricain de protectionont une dette historique envers ce dernier, situation àlaquelle il convient de remédier. À cet égard, j’ai la fermeconviction - comme j’ai eu plusieurs fois l’occasion dele manifester devant l’OEA et lors de séminairesinternationaux - que le véritable engagement d’un paysà l’égard des droits de la personne humaine reconnusinternationalement se mesure à son initiative et à sadétermination de devenir Partie aux traités relatifs auxdroits de la personne humaine, assumant ainsi lesobligations conventionnelles de protection que cestraités consacrent.

Dans le présent domaine de protection, lesmêmes critères, principes et normes doivent valoir pourtous les États, juridiquement égaux, et opérer àl’avantage de tous les êtres humains, indépendammentde leur nationalité ou de toute autre circonstance. Toutcela suppose nécessairement l’adoption des mesuresnationales indispensables à la mise en oeuvre de laConvention Américaine, afin d’assurer l’applicabilitédirecte des normes de la Convention dans le droit internedes États Parties et l’observation fidèle des arrêts de laCour Interaméricaine. Aussi longtemps que tous les Étatsmembres de l’OEA n’auront pas ratifié la ConventionAméricaine, accepté intégralement la compétencecontentieuse de la Cour Interaméricaine, et incorporéles normes substantives de la Convention Américainedans leur droit interne, on avancera bien peu dans lerenforcement réel du système interaméricain deprotection.

Les organes internationaux de protection nepeuvent faire que très peu si les normesconventionnelles de sauvegarde des droits de la

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personne humaine n’atteignent pas les bases dessociétés nationales. On espère donc que ces besoinsde protection de la personne humaine répercutentcomme il se doit dans la conscience juridique del’ensemble des États membres de l’OEA. En devenantParties aux traités relatifs aux droits de la personnehumaine susmentionnés, tous les États de la régioncontribueront à ce que la raison d’humanité aitpréséance sur la raison d’État, et à faire en sorte que lesdroits de la personne humaine deviennent le langagecommun de tous les peuples de notre région du monde.C’est seulement ainsi que nous réussirons à édifier unordre public interaméricain fondé sur le respect fidèledes droits de la personne humaine.

Deuxièmement, il importe que tous les acteursdu système interaméricain de protection examinentsérieusement les bases d’un Projet de Protocole demodification de la Convention Américaine relative auxDroits de l’Homme, en vue de renforcer le mécanismede protection de cet instrument.59 Les récentes réformesréglementaires60 seraient ainsi transposées, avecd’autres mesures, à un instrument international liantjuridiquement tous les États parties, dans unedémonstration sans équivoque du véritable engagementde ces derniers envers l’exercice des droits de la personnehumaine. Troisièmement, tous les États Parties à laConvention doivent accepter intégralement lacompétence contentieuse de la Cour Interaméricaine,ainsi que le caractère automatique de la juridictionobligatoire de la Cour pour tous les États Parties, sansrestrictions. Les clauses relatives à la juridictionobligatoire de la Cour et au droit des particuliers desoumettre des requêtes, nécessairement liées,constituent de véritables pierres angulaires de laprotection internationale des droits de la personnehumaine: ce sont elles qui assurent l’accès desparticuliers à la justice sur le plan international, ce quireprésente une véritable révolution juridique, peut-êtrel’héritage le plus important que nous apportons avecnous en cette aube du XXIème. siècle.

Quatrièmement, il est impératif de permettre auxparticuliers d’avoir un accès direct à la juridiction de laCour Interaméricaine. Le jour où nous serons passé dulocus standi au jus standi des particuliers devant laCour, nous aurons atteint le point culminant d’une longueévolution du droit vers l’émancipation de l’être humain,en tant que titulaire des droits inaliénables qui lui sontinhérents et qui émanent directement du droitinternational.61 Cinquièmement, il est essentiel d’allouerdes ressources adéquates aux deux organes desupervision de la Convention Américaine relative auxDroits de l’Homme, afin qu’ils puissent s’acquitterconvenablement de leurs fonctions.

Sixièmement, des mesures nationales de mise enoeuvre de la Convention Américaine doivent êtreinstituées, afin d’assurer l’applicabilité directe desnormes de la Convention dans le cadre du droit internedes États Parties, et l’exécution des arrêts de la CourInteraméricaine. Enfin, septièmement, je mentionneraideux exigences, à savoir, l’exercice de la garantiecollective, par l’ensemble des États Parties à laConvention, ainsi que la mise en place d’un mécanismeinternational de surveillance permanente del’observation par les États des arrêts et décisions de laCour et des recommandations de la Commission. Cesont là les propositions concrètes que je me permets desoumettre aux participants présents, avec mesremerciements pour l’attention qu’ils ont bien voulum’accorder.

Conférence prononcée pour l’auter dans leColloque sur “L’accès direct des individus aux tribunaux internationaux et nationaux

des droits de la personne“Société québécoise de droit international et

Tribunal des droits de la personne du QuébecMontréal, Québec, Canada

24 octobre 2002

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1. Cf. A.A. Cançado Trindade, “ El SistemaInteramericano de Protección de los DerechosHumanos (1948-1995): Evolución, Estado Actual yPerspectivas”, in Derecho Internacional y DerechosHumanos/Droit international et droits de l’homme(Livre Commémoratif de la XXIV Session duProgramme Extérieur de l’Académie de DroitInternational de La Haye, San José de Costa Rica,avril/mai 1995 - eds. D. Bardonnet et A.A. CançadoTrindade), La Haye/San José, IIDH/Académie deDroit International de La Haye, 1996, pp. 47-95, spéc.pp. 78-89; A.A. Cançado Trindade, “Las CláusulasPétreas de la Protección Internacional del SerHumano: El Acceso Directo de los Individuos a laJusticia a Nivel Internacional y la Intangibilidad dela Jurisdicción Obligatoria de los TribunalesInternacionales de Derechos Humanos”, in ElSistema Interamericano de Protección de losDerechos Humanos en el Umbral del Siglo XXI -Memoria del Seminario (nov. 1999), volume I, SanJosé de Costa Rica, Cour Interaméricaine des Droitsde l’Homme, 2001, pp. 3-68.

2. Cf. Informe: Bases para un Proyecto de Protocolo ala Convención Americana sobre Derechos Humanos,para Fortalecer Su Mecanismo de Protección(rapporteur: A.A. Cançado Trindade), volume II, SanJosé de Costa Rica, Cour Interaméricaine des Droitsde l’Homme, 2001, pp. 1-669.

3. A.A. Cançado Trindade, El Derecho Internacionalde los Derechos Humanos en el Siglo XXI,Santiago, Editorial Jurídica de Chile, 2001, pp. 15-427; A.A. Cançado Trindade, Tratado de DireitoInternacional dos Direitos Humanos, volume I,Porto Alegre/Brésil, S.A. Fabris Ed., 1997, pp. 1-486; volume II, 1999, p. 1-440; et volume III, 2002,pp. 1-651.

4. OEA, document OEA/Ser.G/CP/doc.2828/96.

5. A.G., résolutions 1488 et 1489 (1997), et 1546 (1998).

6. V., p. ex., les Rapports détaillés que j’ai présenté,dans le cadre du Dialogue, lors des réunions de laCAJP du 16 mars 2000 (OEA, document OEA/Ser.G/CP/CAJP-1627/00), du 05 avril 2001 (OEA,document OEA/Ser.G/CP/CAJP-1781/01), et du 25avril 2002 (OEA/Ser.G/CP/CAJP-1933/02).

7. Pour un examen de l’état actuel et des perspectivesdu corpus juris qui constitue le systèmeinteraméricain de protection, v., p. ex., A.A. CançadoTrindade, “Le Système interaméricain de protection

des droits de l’homme: état actuel et perspectivesd’évolution à l’aube du XXIème. siècle”, 46Annuaire français de Droit international - Paris(2000) pp. 547-577.

8. OEA, Rapport adressé par le Président de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, le JugeAntônio A. Cançado Trindade, à la Commissiondes Affaires Juridiques et Politiques du ConseilPermanent de l’Organisation des États Américainsdans le cadre du Dialogue sur le systèmeinteraméricain de protection des droits de lapersonne humaine (16 mars 2000), OEA documentOEA/Ser.G/CP/CAJP-1627/00, du 17.03.2000, pp. 17-21 (également disponible en anglais, en espagnolet en portugais); OEA, Rapport adressé par lePrésident de la Cour Interaméricaine des Droits del’Homme, le Juge Antônio A. Cançado Trindade, àla Commission des Affaires Juridiques et Politiquesdu Conseil Permanent de l’Organisation des ÉtatsAméricains dans le cadre du Dialogue sur le systèmeinteraméricain de protection des droits de lapersonne humaine (05 avril 2001), OEA documentOEA/Ser.G/CP/CAJP-1781/01, du 10.04.2001, pp. 6-19 (également disponible en espagnol, anglais, etportugais); OEA, Rapport présenté par le Présidentde la Cour Interaméricaine des Droits de l’Homme,le Juge Antônio A. Cançado Trindade, à laCommission des Affaires Juridiques et Politiquesdu Conseil Permanent de l’Organisation des ÉtatsAméricains dans le cadre du Dialogue sur lerenforcement du système interaméricain deprotection des droits de la personne humaine: -“Vers la consolidation de la capacité juridiqueinternationale des pétitionnaires dans le systèmeinteraméricain de protection des droits de lapersonne humaine” (19 avril 2002), OEA documentOEA/Ser.G/CP/CAJP-1933/02, du 25.04.2002, pp. 05-17 (également disponible en anglais, en espagnolet en portugais); et, plus récemment, OEA,Presentación del Presidente de la CorteInteramericana de Derechos Humanos, JuezAntônio A. Cançado Trindade, ante el ConsejoPermanente de la Organización de los EstadosAmericanos: - “El Derecho de Acceso a la JusticiaInternacional y las Condiciones para Su Realizaciónen el Sistema Interamericano de Protección de losDerechos Humanos” (16 octobre 2002), OEAdocument OEA/Ser.G/CP/doc.3654/02, du17.10.2002, pp. 12-21 (en train d’être traduit aufrançais, au portugais et à l’anglais).

NOTES

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9. La Cour européenne s’est très tôt rendu comptequ’il lui faudrait réformer son Règlement pourl’adapter à la nature distincte des cas de contentieuxen matière des droits de la personne.

10. Cette solution “pragmatique” avait reçu l’aval, avecla meilleure des intentions, d’une réunion conjointede la Cour et de la Commission, tenue à Miami enjanvier 1994.

11. A.A. Cançado Trindade, El Acceso Directo delIndividuo a los Tribunales Internacionales deDerechos Humanos, Bilbao, Universidad deDeusto, 2001, pp. 17-96; A.A. Cançado Trindade,“The Procedural Capacity of the Individual asSubject of International Human Rights Law: RecentDevelopments”, in Karel Vasak Amicorum Liber -Les droits de l’homme à l’aube du XXIème siècle,Bruxelles, Bruylant, 1999, pp. 521-544.

12. V. les articles 44(2) et 22(2), - ainsi que les articles34(1) et 43(1) et (2), - du Règlament de 1991.Précédemment, dans les affaires Godínez Cruz etVelázquez Rodríguez (réparations, 1989), relativesau Honduras, la Cour avait reçu des requêtes desproches parents et des avocats des victimes et enavait pris note (arrêts du 21.07.1989).

13. V. l’intervention du juge A.A. Cançado Trindade,et les réponses de M. Walter Márquez et de M

me

Ligia Bolívar, en tant que représentants des victimes,in: Cour Interaméricaine des Droits de l’Homme,Transcription de l’audience publique tenue ausiège de la Cour le 27 janvier 1996 relativementaux réparations - Affaire El Amparo, pp. 72-76(mécanographiée, circulation interne).

14. V. les deux résolutions de la Cour, du 10.09.1996,sur les affaires mentionnées, dans : Cour I.A.D.H.,Rapport annuel de la Cour Interaméricaine desDroits de l’Homme - 1996, pp. 207-213.

15. Dans une lettre que je me suis permis d’adresser auPrésident de la Cour Interaméricaine de l’époque(le juge Héctor Fix-Zamudio), en date du 7septembre 1996, dans le cadre des travauxpréparatoires du troisième Règlement de la Cour,j’ai notamment signalé ce qui suit: - “(...) Sans vouloiranticiper sur nos débats futurs, j’aimerais résumerles arguments qui, à mon humble avis, militent enfaveur de la reconnaissance, sous réserve de toutela prudence voulue, du locus standi des victimesdans la procédure suivie par la Cour interaméricainedans les affaires qui lui ont déjà été soumises par laCommission interaméricaine. En premier lieu, à toutdroit protégé correspond une capacité procéduralede le défendre ou de l’exercer. La protection desdroits doit être dotée du locus standi procédural

des victimes, sans lequel la procédure estdépourvue en partie de l’élément contradictoire,essentiel à la recherche de la vérité et de la justice.L’élément contradictoire entre les victimes deviolations et les États défendeurs fait partie del’essence même du contentieux international desdroits de la personne. Le locus standi in judiciodes victimes contribue à une meilleure instructiondu procès. En deuxième lieu, l’égalité procéduraledes parties (equality of arms/égalité des armes)est essentielle à tout système juridictionnel deprotection des droits de la personne; sans le locusstandi des victimes, cette égalité reste mitigée. Deplus, le droit de libre expression des victimes mêmesest un élément intégral des garanties de voies et deprocédure. En troisième lieu, le locus standi desvictimes contribue à la “juridictionalisation” dumécanisme de protection, mettant ainsi fin àl’ambiguïté du rôle de la Commission, laquelle n’estpas rigoureusement “partie” au procès, mais plutôtgardienne de l’application correcte de laConvention. En quatrième lieu, dans les cas deviolations prouvées des droits de la personne, cesont les victimes mêmes qui reçoivent lesréparations et indemnisations. Puisque les victimessont présentes au début et à la fin de la procédure,il n’y a pas de raison de leur nier le droit d’êtreprésentes pendant le procès. En cinquième lieu, lastbut not least, puisque les raisons historiques quiavaient mené au refus du locus standi in judiciodes victimes ont, à mon avis, été éliminées, lareconnaissance du locus standi permet alors deconférer la personnalité et la capacité juridiquesinternationales au particulier, afin qu’il puisse fairevaloir ses droits. Les progrès dans ce sens, à l’étapeactuelle de l’évolution du Système interamércainde protection, sont une responsabilité conjointede la Cour et de la Commission interaméricaine desdroits de l’homme. La Commission devra être prêteà exprimer en tout temps ses points de vue devantla Cour, même s’ils ne coïncident pas avec ceux desreprésentants des victimes, et la Cour devra êtreprête à recevoir et à évaluer les arguments desdélégués de la Commission et des représentantsdes victimes, même s’ils divergent (...).” CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, Lettre dujuge Antônio Augusto Cançado Trindade auPrésident Héctor Fix-Zamudio, en date du07.09.1996, pp. 4-5 (original déposé aux archives dela Cour). Pour d’autres propositions, v. CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, Lettre dujuge Antônio Augusto Cançado Trindade auPrésident Héctor Fix-Zamudio, en date du06.12.1995, p. 2 (original déposé aux archives de laCour). - J’ai soutenu les mêmes arguments dans

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toutes les réunions annuelles conjointes de la Couret de la Commission interaméricaines des droits del’homme, de 1995 à ce jour (comme il ressort destranscriptions de ces réunions).

16. Selon l’article 23 du Règlement de 1996, “dansl’étape de réparations, les représentants desvictimes ou de leurs parents peuvent présenter leurspropres arguments et preuves en touteindépendance.”

17. V. OEA, Rapport du Président de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, le JugeAntônio A. Cançado Trindade, à la Commissiondes Affaires Juridiques et Politiques du ConseilPermanent de l’Organisation des États Américains(09 mars 2001), document OEA/Ser.G/CP/CAJP-1770/01, du 16.03.2001, p. 6-8 (également disponibleen anglais, en espagnol et en portugais).

18. V. OEA, Rapport présenté par le Président de laCour Interaméricaine des Droits de l’Homme, le JugeAntônio A. Cançado Trindade, à la Commissiondes Affaires Juridiques et Politiques du ConseilPermanent de l’Organisation des États Américains,dans le cadre du dialogue sur le renforcement dusystème interaméricain de protection des droits dela personne humaine: - “Vers la consolidation de lacapacité juridique internationale des pétitionnairesdans le système interaméricain de protection desdroits de la personne humaine.” (19 avril 2002),document OEA/Ser.G/CP/CAJP-1933/02, du25.04.2002, p. 5-17 (également disponible en anglais,en espagnol et en portugais).

19. Pour un commentaire récent, v. A.A. CançadoTrindade, “El Nuevo Reglamento de la CorteInteramericana de Derechos Humanos (2000): LaEmancipación del Ser Humano como Sujeto delDerecho Internacional de los Derechos Humanos”,30-31 Revista del Instituto Interamericano deDerechos Humanos (2001) pp. 45-71.

20. OEA/A.G., résolution AG/RES.1701 (XXX-0/00), de2000.

21. J’ai eu l’occasion de participer aux débats tant de laréunion du Groupe de Travail ad hoc susmentionnéque de l’Assemblée Générale de l’OEA au Canada,en ma qualité de représentant de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, et deconstater le ton positif de ces débats, axés sur leperfectionnement et le renforcement des procéduresaux termes de la Convention Interaméricaine relativeaux Droits de l’Homme.

22. Reproduits in: OEA, Rapport annuel de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme - 2000,

doc. OEA/Ser.L/V/III.50-doc.4, San José, Costa Rica,2001, p. 657-790.

23. Il n’est jamais superflu de souligner que cetterésolution n’a pas été adoptée dans le vide, maisbien dans le contexte d’un vaste et long processusde réflexion au sujet des orientations suivies par lesystème interaméricain de protection des droits dela personne humaine. À cet égard, la CourInteraméricaine a pris l’initiative de convoquerquatre réunions d’experts du plus haut niveau, quise sont tenues au siège du Tribunal les 20 septembre1999, 24 novembre 1999, 5-6 février 2000 et 8-9 février2000, en plus du séminaire international précité denovembre 1999. V. les comptes rendus in: CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, El SistemaInteramericano de Protección de los DerechosHumanos en el Umbral del Siglo XXI - Memoriadel Seminario, volume I, San José du Costa Rica,Cour Interaméricaine des Droits de l’Homme, 2001,pp. 1-726.

24. En ce qui concerne la demande d’interprétation,elle sera communiquée par le Secrétaire de la Couraux parties à l’affaire - y compris naturellement auxvictimes présumées, à leurs proches ou à leursreprésentants - pour qu’elles présentent lesmémoires écrits qu’elles estiment pertinents, dansun délai fixé par le Président de la Cour (article 58(2)).

25. Pour la procédure relative aux affaires en instancedevant la Cour, avant l’entrée en vigueur dunouveau Règlement le 1er. juin 2001, la CourInteraméricaine a adopté une résolution sur lesdispositions transitoires (13 mars 2001) par laquelleelle a décidé ce qui suit: a) les affaires en instanceau moment de l’entrée en vigueur du nouveauRèglement (de 2000) continuent d’être traitéesconformément aux normes du Règlement antérieur(de 1996), jusqu’au moment où s’achève l’étapeprocédurale dans laquelle elles se trouvent; et b)les victimes présumées participent à l’étape quicommence après l’entrée en vigueur du nouveauRèglement (de 2000), conformément à l’article 23 dece dernier.

26. Les mémoires, sous forme autonome, des victimesprésumées (ou de leurs représentants ou de leursproches) doivent naturellement être formulés enfonction de la demande (c’est-à-dire en fonctiondes droits qui, selon la demande, auraient été violés)parce que - comme les procéduriers ne cessent dele répéter (en invoquant surtout les maîtres italiens)- ce qui n’est pas dans le dossier n’existe pas dansle monde...

27. À la défense de cette position (qui a réussi à venirà bout des résistances, surtout des nostalgiques

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du passé, y compris au sein du systèmeinteraméricain de protection), v. mes ouvrages: A.A.Cançado Trindade, “Le système interaméricain deprotection des droits de la personne (1948-1995):Évolution, état actuel et perspectives”, in DerechoInternacional y Derechos Humanos/Droitinternational et droits de l’homme (Livrecommémoratif de la XXIVème. Session duprogramme extérieur de l’Académie de DroitInternational de La Haye, San José du Costa Rica,avril/mai 1995, eds. D. Bardonnet et A.A. CançadoTrindade), La Haye/San José, IIDH/Académie deDroit International de La Haye, 1996, pp. 47-95; A.A.Cançado Trindade, “The Consolidation of theProcedural Capacity of Individuals in the Evolutionof the International Protection of Human Rights:Present State and Perspectives at the Turn of theCentury”, 30 Columbia Human Rights Law Review- New York (1998) n. 1, pp. 1-27; A.A. CançadoTrindade, “The Procedural Capacity of theIndividual as Subject of International Human RightsLaw: Recent Developments”, in Karel VasakAmicorum Liber - Les droits de l’homme à l’aubedu XXIème. siècle, Bruxelles, Bruylant, 1999, pp.521-544; A.A. Cançado Trindade, “Las CláusulasPétreas de la Protección Internacional del SerHumano: El Acceso Directo de los Individuos a laJusticia a Nivel Internacional y la Intangibilidad dela Jurisdicción Obligatoria de los TribunalesInternacionales de Derechos Humanos”, in ElSistema Interamericano de Protección de losDerechos Humanos en el Umbral del Siglo XXI -Memoria del Seminario (Noviembre de 1999),volume I, San José du Costa Rica, CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, 2001, pp. 3-68; A.A. Cançado Trindade, “El Nuevo Reglamentode la Corte Interamericana de Derechos Humanos(2000): La Emancipación del Ser Humano comoSujeto del Derecho Internacional de los DerechosHumanos”, 30/31 Revista del InstitutoInteramericano de Derechos Humanos (2001) pp.45-71; A.A. Cançado Trindade, El Acceso Directodel Individuo a los Tribunales Internacionales deDerechos Humanos, Bilbao, Universidad deDeusto, 2001, pp. 17-96.

28. À l’avenir, lorsque sera consacré - comme je l’espère- le jus standi des personnes devant la Cour, cetarticle de la Convention aura été modifié.

29. Mexique, Costa Rica, El Salvador, Guatemala,Honduras, Paraguay, République Dominicaine etÉtats-Unis.

30. V., e.g., G. Cohen-Jonathan, “Cour Européenne desDroits de l’Homme et droit international général(2000)”, 46 Annuaire français de Droit

international (2000) p. 642; M. Mennecke,“Towards the Humanization of the ViennaConvention of Consular Rights - The LaGrand Casebefore the International Court of Justice”, 44German Yearbook of International Law/Jahrbuchfür internationales Recht (2001) pp. 430-432, 453-455, 459-460 et 467-468; Ph. Weckel, M.S.E. Helaliet M. Sastre, “Chronique de jurisprudenceinternationale”, 104 Revue générale de Droitinternational public (2000) pp. 794 et 791; Ph.Weckel, “Chronique de jurisprudenceinternationale”, 105 Revue générale de Droitinternational public (2001) pp. 764-765 et 770.

31. Soit la génération des juges qui composentactuellement la Cour Interaméricaine, à savoir:Antônio A. Cançado Trindade, Président; AlirioAbreu Burelli, Vice-président; Máximo PachecoGómez; Hernán Salgado Pesantes; Oliver Jackman;Sergio García Ramírez; et Carlos Vicente de RouxRengifo.

32. Pour les nostalgiques du passé, je me permets dementionner un seul exemple : le Rapport annuel dela Cour portant sur l’année 1991 compte 127 pages;dix ans plus tard, le Rapport annuel de la Courportant sur l’année 2000 compte 818 pages; et leRapport annuel de la Cour correspondant à 2001,pour la première fois en deux volumes, compte 1277pages. Plus important encore que le volume detravail, c’est la qualité du travail exécuté aujourd’huipar le Tribunal qu’il convient de souligner. LeTribunal remplit sa tâche dans des conditionsadverses, avec un minimum de ressources humaineset matérielles, grâce au dévouement de tous sesmagistrats et à l’appui permanent de son Secrétariat.

33. Au cours du dernier exercice biennal, la Cour asignalé, dans les deux derniers projets de budgettransmis (en 2000-2001) à la Commission desAffaires Administratives et Budgétaires (CAAP) del’OEA (pour les exercices financiers 2001-2002),l’urgente nécessité des ressources additionnellessusmentionnées - en réalité, d’un budget au moinscinq fois plus important que le budget actuel.

34. De plus, avec l’inévitable augmentation des affairessoumises à la Cour aux termes du nouveauRèglement, le système actuel de trois ou quatresessions ordinaires par année sera manifestementinsuffisant et inadéquat pour la bonne exécutiondes tâches assignées au Tribunal par laConvention. L’accroissement du volume et de lacomplexité du travail, à la suite des modificationsintroduites dans le nouveau Règlement de la Cour,conformément aux recommandations formulées parl’Assemblée Générale de l’OEA dans la résolution

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AG/RES.1701(XXX-0/00), requiert en outre unaccroissement de personnel dans le secteurjuridique de la Cour - qui fonctionne aujourd’huiavec un minimum essentiel, avec les rajustementssubséquents des rémunérations de ses titulaires.Ceci ne tient pas compte du fait que les magistratsde la Cour Interaméricaine, contrairement à ceuxdes autres tribunaux internationaux existants,continuent de travailler sans recevoir unquelconque salaire, ce qui signifie que leur travailcontinue d’être un apostolat plus que toute autrechose.

35. En raison de tout ce qui précède, c’est au bonmoment que surgit la proposition du Costa Ricad’accroître, de façon échelonnée, le budget de laCour et de la CIDH d’au moins 1% par rapport aux5,7% actuels du Fonds ordinaire de l’OEA, jusqu’àce que ce budget atteigne 10% du Fonds enquestion en l’an 2006. Cette proposition bénéficiedu ferme appui de la Cour et mérite, à mon avis,l’appui de tous les États membres de l’OEA; voirOEA, document OEA/Ser.G-CP/doc.3407/01, du23.01.2001, p. 3.

36. OEA, El Financiamiento del Sistema Interamericanode Derechos Humanos - Documento Presentadopor el Presidente de la Corte Interamericana deDerechos Humanos (16.04.2002), OEA documentOEA/Ser.G/CP/CAJP-1921/02/Corr.1, du 23.04.2002,pp. 1-20.

37. V. OEA, Rapport adressé par le Président de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, jugeAntônio A. Cançado Trindade, à la Commissiondes Affaires Juridiques et Politiques du ConseilPermanent de l’Organisation des États Américainsdans le cadre du Dialogue sur le systèmeinteraméricain de protection des droits de l’homme(16 mars 2000), OEA document OEA/Ser.G/CP/CAJP-1627/00, du 17.03.2000, pp. 21-32 (égalementdisponible en anglais, en espagnol et en portugais).Ma présentation de ce rapport a été suivie d’undébat de près de quatre heures, au cours duquelles 16 Délégations qui sont intervenues ont appuyéle contenu dudit Rapport.

38. V. le texte reproduit in: OEA, Rapport annuel de laCour Interaméricaine des Droits de l’Homme -2000, Annexe L, p. 775-783, spéc. pp. 778-779.

39. V. le texte dans ibid., Annexe LI, pp. 785-790.

40. Ibid., pp. 789-790.

41. V. OEA, Rapport présenté par le Président de laCour Interaméricaine des Droits de l’Homme,Antônio A. Cançado Trindade, devant laCommission des Affaires Juridiques et Politiques

du Conseil Permanent de l’Organisation des ÉtatsAméricains (09 mars 2001), OEA document OEA/Ser.G/CP/CAJP-1770/01, du 16.03.2001, pp. 1-14(également disponible en français, anglais etportugais).

42. V. OEA, Rapport et propositions du Président etRapporteur de la Cour Interaméricaine des Droitsde l’Homme, le Juge Antônio A. Cançado Trindade,présentés à la Commission des Affairees Juridiqueset Politiques du Conseil Permanent del’Organisation des États Américains dans le cadredu Dialogue sur le système interaméricain deprotection des droits de l’homme: - “Fondementsd’un Projet de Protocole à la Convention Américainerelative aux Droits de l’Homme pour renforcer sonmécanisme de protection” (05 avril 2001), OEAdocument OEA/Ser.G/CP/CAJP-1781/01, du10.04.2001, pp. 1-37 (également disponible enfrançais, anglais, et portugais).

43. A.A. Cançado Trindade, El Derecho Internacionalde los Derechos Humanos en el Siglo XXI,Santiago, Editorial Jurídica de Chile, 2001, pp. 15-427; A.A. Cançado Trindade, Tratado de DireitoInternacional dos Direitos Humanos, volume I,Porto Alegre/Brésil, S.A. Fabris Ed., 1997, pp. 1-486; volume II, 1999, pp. 1-440; et volume III, 2002,pp. 1-651.

44. OEA, Rapport présenté par le Président de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, le JugeAntônio A. Cançado Trindade, à la Commissiondes Affaires Juridiques et Politiques du ConseilPermanent de l’Organisation des États Américains,dans le cadre du dialogue sur le renforcement dusystème interaméricain de protection des droits dela personne humaine: - “Vers la consolidation de lacapacité juridique internationale des pétitionnairesdans le système interaméricain de protection desdroits de la personne humaine” (19 avril 2002), OEAdocument OEA/Ser.G/CP/CAJP-1933/02, de25.04.2002, p. 3.

45. V., dans ce sens, E.A. Alkema, “Access to Justiceunder the ECHR and Judicial Policy - A NetherlandsView”, in Afmaelisrit pór Vilhjálmsson, Reykjavík,Bókaútgafa Orators, 2000, pp. 21-37.

46. OEA, Rapport présenté par le Président de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, le JugeAntônio A. Cançado Trindade, au ConseilPermanent de l’Organisation des États Américains:- “Le droit de l’accès à la justice internationale etles conditions pour sa réalisation dans le cadre dusystème interaméricain de protection des droits del’homme” (16.10.2002), OEA document OEA/Ser.G/CP/doc.3654/02, du 17.10.2002, pp. 15-16.

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47. A.A. Cançado Trindade, Tratado de DireitoInternacional dos Direitos Humanos, volume III,Porto Alegre/Brasil, S.A. Fabris Ed., 2002, chapitreXX, paragraphe 187.

48. J’ai déjà eu l’occasion de les présenter, une parune, à la réunion conjointe qu’ont tenue la Cour etla Commission interaméricaine des droits del’homme à Washington le 8 mars 2001. Je les aiégalement présentées à d’autres occasions,notamment à la réunion annuelle du ConseilDirecteur de l’IIDH, le 16 mars 2001, ainsi que dansle cadre du séminaire pour les ONG oeuvrant dansle domaine des droits de la personne dansl’ensemble du Continent américain, séminaireorganisé par l’IIDH et tenu à San José, Costa Rica,en septembre 2000. Au sein de la Courinteraméricaine, je les ai présentées à mes collègues,les juges du Tribunal, en diverses occasions : ellessont incluses dans un rapport d’avancement destravaux, publié le 15 juin 2000 et contenant mesobservations provisoires, qui vous a été soumisaux fins de commentaires; je les ai égalementincorporées dans les comptes rendus surl’avancement et la conclusion de mes travaux, quej’ai présentés les 31 janvier 2001 et 21 mai 2001,respectivement. Cour Interaméricaine des Droits del’Homme, procès-verbal de la sixième séance,31 janvier 2001; et procès-verbal de la premièreséance, 21 mai 2001.

49. Le Secrétariat de la Cour est composé d’unsecrétaire, d’un secrétaire adjoint, de quatreavocats, de cinq assistants (étudiants en droit), detrois secrétaires et du personnel administratifcorrespondant. À titre de comparaison, la CourEuropéenne des Droits de l’Homme compte plusde 100 avocats. Le nombre de professionnels dontdispose la Cour Interaméricaine aujourd’huiéquivaut à celui dont disposait la Commission à lafin des années 80.

50. Ce budget est actuellement d’un million trois centcinquante mille dollars, soit environ 1,5 % desressources du Fonds ordinaire de l’OEA, ce qui enfait l’un des services de l’OEA qui ont les plusfaibles budgets.

51. Pages 1-23 dudit raqpport. À cet égard, il convientde rappeler que le nouveau Règlement de laCommission stipule (article 44) que toutes lesespèces dont elle est saisie doivent être déférées àla Cour, à moins que ses membres décident, à lamajorité, du contraire. Cette disposition entraînenécessairement une augmentation importante dunombre d’espèces dont la Cour sera saisie.

52. Sur la contribution de l’oeuvre des deux Coursrégionales des Droits de l’Homme audéveloppement progressif du droit international lui-même dans le présent domaine de protection, v.A.A. Cançado Trindade, “La perspective trans-atlantique: La contribution de l’oeuvre des Coursinternationales des droits de l’homme audéveloppement du droit public international”, inLa Convention européenne des droits de l’hommeà 50 ans - Bulletin d’information sur les droits del’homme, n. 50 (numéro spécial), Strasbourg, Conseilde l’Europe, 2000, pp. 8-9 (publié aussi dans d’autreslangues du Conseil de l’Europe).

53. Dans ledit rapport, j’ai également proposéd’augmenter le personnel du secteur juridique dela Cour (afin de pouvoir compter, à court terme, surtrois nouveaux avocats, une secrétaire et troisassistants, capables de s’exprimer dans les quatrelangues officielles de l’OEA), avec les rajustementsqui s’imposent dans les rémunérations desmembres de ce personnel. De même, la Cour estd’avis que la charge de rapporteur des juges devraitêtre rémunérée, comme c’est le cas dans tous lesautres tribunaux internationaux existants.

54. V. A.A. Cançado Trindade, “Las Cláusulas Pétreasde la Protección Internacional del Ser Humano: ElAcceso Directo de los Individuos a la Justicia aNivel Internacional y la Intangibilidad de laJurisdicción Obligatoria de los TribunalesInternacionales de Derechos Humanos”, in ElSistema Interamericano de Protección de losDerechos Humanos en el Umbral del Siglo XXI -Memoria del Seminario (Nov. 1999), tomo I, SanJosé de Costa Rica, Corte Interamericana deDerechos Humanos, 2001, pp. 3-68; A.A. CançadoTrindade, El Acceso Directo del Individuo a losTribunales Internacionales de Derechos Humanos,Bilbao, Universidad de Deusto, 2001, pp. 17-96; A.A.Cançado Trindade, “A Personalidade e CapacidadeJurídicas do Indivíduo como Sujeito do DireitoInternacional”, in Jornadas de DerechoInternacional (UNAM, Ciudad de México,décembre 2001), Washington D.C., SecretariatGénéral de l’OEA, 2002, pp. 311-347.

55. OEA, Allocution du Président de la CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, le JugeAntônio A. Cançado Trindade, devant le ConseilPermanent de l’Organisation des États Américains(17.04.2002), p. 4, paragraphe 14.

56. V., dans ce sens: OEA, Presentación del Presidentede la Corte Interamericana de Derechos Humanos,Juez Antônio A. Cançado Trindade, ante el ConsejoPermanente de la Organización de los Estados

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Americanos: - “El Derecho de Acceso a la JusticiaInternacional y las Condiciones para Su Realizaciónen el Sistema Interamericano de Protección de losDerechos Humanos” (16.10.2002), pp. 27-30.

57. J’ai déjà cité, à titre d’exemple éloquent, lacontribution pionnière du Avis Consultatif n. 16 dela Cour Interaméricaine (du 01.10.1999) au sujet duDroit à l’Information sur l’Assistance Consulairedans le Cadre des Garanties du Procès Équitable,qui révèle clairement l’impact du droit internationaldes droits de l’homme sur un aspect particulier dudroit international contemporain, à savoir, le droitindividuel des détenus étrangers à l’informationsur l’assistance consulaire dans le cadre desgaranties prévues par la loi. V. Cour Interaméricainedes Droits de l’Homme, El Derecho a laInformación sobre la Asistencia Consular en elMarco de las Garantías del Debido Proceso Legal,Avis Consultatif n. 16 (OC-16/99), du 01.10.1999,Série A, n. 16, pp. 3-123, surtout les paragraphes 76,78, 82, 84, 90, 122-124 et 137, et les points 1, 2, 4 et 6du dispositif. La Cour Interaméricaine a soutenuque le non-respect de l’article 36.1.b de laConvention de Vienne sur les Relations Consulairesde 1963 porte préjudice non seulement à un ÉtatPartie, mais aussi à tous les êtres humainsconcernés. En d’autres termes, on ne peut plusprétendre dissocier le droit individuel subjectif àl’information sur l’assistance consulaire (consacrédans l’article 36.1.b de la Convention de Vienne de1963) du corpus juris du droit international desdroits de l’homme. Comme la Cour Interaméricainea elle-même précisé: -”En effet, la disposition estsans équivoque lorsqu’elle stipule qu’elle‘reconnaît’ les droits à l’information et à lanotification consulaires à la personne intéressée.En cela, l’article 36 constitue une exception notableen ce qui a trait à la nature, essentiellement étatique,des droits et obligations consacrés dans laConvention de Vienne sur les Relations Consulaireset représente, selon l’interprétation qu’en fait laCour dans le présent Avis Consultatif, un progrèsnotable par rapport aux conceptions traditionnellesdu droit international en la matière.” (loc. cit., pp.92-93, paragraphe 82). - Et, pour une étude générale,v., e.g., A.A. Cançado Trindade, “The Inter-American Court of Human Rights at a Crossroads:Current Challenges and Its Emerging Case-Law onthe Eve of the New Century”, in Protection des

droits de l’homme: la perspective européenne -Mélanges à la mémoire de Rolv Ryssdal (eds. P.Mahoney, F. Matscher, H. Petzold et L. Wildhaber),Köln/Berlin, C. Heymanns Verlag, 2000, pp. 167-191;A.A. Cançado Trindade, “Selected Aspects of theCase-Law under the Inter-American System ofHuman Rights Protection”, in DimensãoInternacional do Direito - Estudos em Homenagema G.E. do Nascimento e Silva (coord. P.B. Casella),São Paulo, LTr, 2000, pp. 493-511; A.A. CançadoTrindade, “Judicial Protection and Guarantees inthe Recent Case-Law of the Inter-American Courtof Human Rights”, in Liber Amicorum in Memoriamof Judge José María Ruda, The Hague, Kluwer,2000, pp. 527-535.

58. Intervention reproduite in: OEA, XXXI PeriodoOrdinario de Sesiones de la Asamblea General de laOEA (San José de Costa Rica, 03-05.06.2001) - Actasy Documentos, volume II, Washington D.C.,Secrétariat Général de l’OEA, 2001, p. 59.

59. V. A.A. Cançado Trindade (Rapporteur),Fondements d’un Projet de Protocole à laConvention Américaine relative aux Droits del’Homme pour renforcer son mécanisme deprotection, volume II, San José du Costa Rica, CourInteraméricaine des Droits de l’Homme, 2001, pp. 1-669.

60. De la Cour et la Commission Interaméricaines.

61. Le passage de la pleine participation des personnesdemanderesses dans toutes les étapes de laprocédure (locus standi) devant la CourInteraméricaine, au droit d’accès direct desindividus à la Cour (jus standi) constitue à monavis une conséquence logique de l’évolution, dansune perspective historique, du mécanisme mêmede protection de la Convention Américaine. Le jouroù nous atteindrons ce degré d’évolution, nousaurons réalisé l’idéal de la pleine égalité juridiquedevant la Cour Interaméricaine, entre l’individupétitionnaire, à titre de véritable partiedemanderesse, et l’État à titre de partiedéfenderesse. Les progrès nécessaires réalisés ence sens, assortis des ressources humaines etmatérielles indispensables et adéquates, sont àl’avantage de tous, puisque la voie juridictionnellereprésente la forme la plus avancée et perfectionnéede la protection des droits de la personne humaine.

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A JURISPRUDÊNCIA DA CORTEINTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

EM MATÉRIA CONSULTIVA:DESENVOLVIMENTOS RECENTES

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •BÁRBARA PINCOWSCA CARDOSO CAMPOSBolsista do Centro Bancaja de los Cursos Euromediterráneos de Derecho Internacional (Castellón, España).Baclarelanda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília.

I. INTRODUÇÃONas últimas décadas, a globalização consolidou-

se como fenômeno de grande magnitude. Astransformações que se experimentam nessa era globalapontam para a criação de um mercado cada vez maisintegrado mediante o livre comércio, a modernização e aintensificação dos fluxos econômicos e financeiros.Entretanto, em contraste com essas transformaçõeseconômicas, vem ocorrendo uma preocupanteconcentração de renda e aumento da exclusão socialem escala mundial. Os avanços logrados no planoeconômico-financeiro não se têm feito acompanhar demelhorias nas condições de vida dos maismarginalizados. Ao contrário, o que se verifica, nestecomeço de século, é o aumento da pobreza global, damarginalização e das violações cometidas contra osseres humanos. Se, por um lado, os países estão seabrindo aos capitais e ao comércio de bens e serviços,por outro lado suas fronteiras parecem fechar-se cadavez mais aos seres humanos.1

Diante das crescentes complexidades econtradições surgidas a partir da globalização, ofenômeno das migrações adquire relevância cada vezmaior. Nesse contexto, os tribunais internacionais deproteção de direitos humanos revestem-se de especialimportância, pois, ao desenvolverem o DireitoInternacional dos Direitos Humanos, ampliam as basesjurídicas de proteção daqueles que se encontram emsituação de vulnerabilidade, como é o caso dos migrantesem geral, especialmente dos trabalhadores migrantes emsituação irregular e dos presos estrangeiros.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos(doravante denominada, neste artigo, “Corte”, “CorteInteramericana” ou “Tribunal”) tem desenvolvido, nosúltimos anos, vasta jurisprudência sobre esta matéria.

Não obstante, é grande o desconhecimento, no meioacadêmico brasileiro, não só de sua jurisprudência, mastambém de seu funcionamento. Pretende-se destacar,nas linhas que se seguem, alguns pontos relevantes dacompetência da Corte Interamericana e de suajurisprudência mais recente em matéria consultiva. Quiçáestas reflexões possam contribuir de alguma forma parauma conscientização da opinião pública brasileira sobreas atividades e a importância desse Tribunal.

II.BREVES CONSIDERAÇÕES ARESPEITO DA COMPETÊNCIACONSULTIVA DA CORTEINTERAMERICANA DEDIREITOS HUMANOS

A Corte Interamericana é uma instituição judicialautônoma da Organização dos Estados Americanos(OEA). Em conformidade com a Convenção Americanasobre Direitos Humanos (doravante denominada“Convenção Americana” ou “Convenção”), a Corteexerce essencialmente duas funções, a contenciosa e aconsultiva.2 No exercício da primeira, o Tribunal analisauma demanda específica, estabelece a veracidade dosfatos ocorridos, decide se eles constituem uma violaçãoaos direitos protegidos pela mencionada Convenção epor seus protocolos e determina reparações às vítimase a seus familiares. Apenas a Comissão Interamericanade Direitos Humanos e os Estados Parte na Convençãoque tenham reconhecido a competência contenciosada Corte podem lhe submeter casos.3

No tocante à função consultiva, o artigo 64 daConvenção Americana confere à Corte o mais amploalcance dessa faculdade. Todos os Estados membrosda OEA, sejam eles Parte ou não da Convenção

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Americana, e os órgãos da OEA, no que lhes compete,estão legitimados a solicitar parecer jurídico da Cortesobre a interpretação da Convenção Americana ou deoutros tratados concernentes à proteção dos direitoshumanos nos Estados americanos. O objeto de umaconsulta não está, portanto, limitado à ConvençãoAmericana. Qualquer dispositivo de um tratadointernacional referente à proteção dos direitos humanosnas Américas se enquadra dentro do âmbito da faculdadeconsultiva do Tribunal. O artigo 64 (2) da Convençãoainda faculta à Corte emitir, a pedido de um Estado,parecer jurídico acerca da compatibilidade entrequaisquer de suas leis nacionais e a Convenção ououtros tratados de direitos humanos. 4

Assim, a Convenção permite que a Corte emitadois tipos de pareceres: pareceres interpretativos detratados de direitos humanos e pareceres sobre acompatibilidade entre leis internas e a ConvençãoAmericana.5 Cabe ressaltar que os pareceres emitidosnão têm o mesmo efeito vinculante que se reconhece àssentenças proferidas pelo Tribunal. Sem embargo, têminquestionável validade jurídica. Conforme salientaAndré de Carvalho Ramos, “embora não se possa supora força vinculante de tais pareceres, é certo que osmesmos declaram o Direito Internacional e com isso,possibilitam maior certeza jurídica aos sujeitos de DireitoInternacional”.6 São, portanto, importante fonte dejurisprudência, demonstrando a compreensão doTribunal sobre a matéria solicitada.

De sua instalação (1979) até o presente (2004), aCorte Interamericana já emitiu 18 pareceres jurídicos quetratam dos mais variados assuntos. O presente artigotem como objeto de reflexão dois dos pareceres maisrecentes proferidos pelo Tribunal: o Parecer Jurídico nº16, de 1° de outubro de 1999,7 relativo ao Direito àInformação sobre a Assistência Consular no Âmbitodas Garantias do Devido Processo Legal e o Parecern° 18, de 17 de setembro de 2003,8 sobre a CondiçãoJurídica e os Direitos dos Migrantes Indocumentados.

Esses dois pareceres trazem importantes avançospara o desenvolvimento jurisprudencial não só da CorteInteramericana, mas do Direito Internacional dos DireitosHumanos em geral. São esses pareceres, na visão dojuiz Antônio Augusto Cançado Trindade, os maisimportantes de toda a história da Corte.9 Além da enormerepercussão em diversos países do continenteamericano, vale destacar que estas foram as duasconsultas que mais movimentaram o Tribunal, delasparticipando não só Estados membros da OEA, mastambém diversas organizações não governamentais(ONGs), como se verá a seguir.

III.DIREITO À INFORMAÇÃOSOBRE A ASSISTÊNCIACONSULAR NO ÂMBITODAS GARANTIAS DODEVIDO PROCESSOLEGAL

Em 9 de dezembro de 1997, o México submeteu àCorte Interamericana de Direitos Humanos solicitaçãode parecer jurídico, cujo objeto se referia ao direito àinformação sobre assistência consular e sua relação comas garantias judiciais mínimas e o devido processo legalno caso de detidos estrangeiros condenados à pena demorte. A consulta envolveu vários instrumentosinternacionais, entre os quais a Convenção de Vienasobre Relações Consulares de 1963, o PactoInternacional de Direitos Civis e Políticos, a Carta daOEA e a Declaração Americana dos Direitos e Deveresdo Homem.

O México indagou, primeiramente, se o artigo 36da Convenção de Viena sobre Relações Consularespoderia ser entendido como um dispositivo atinente àproteção dos direitos humanos,10 enquadrando-se nadefinição de “outros tratados concernentes à proteçãode direitos humanos nos Estados americanos” do art. 64(1) da Convenção Americana. Em seguida, solicitou ainterpretação da Corte sobre o sentido da expressão “semdilação” contida no art. 36 (1) (b) da referida Convençãode Viena e as possíveis conseqüências jurídicasdecorrentes da imposição e execução da pena de morteante a falta de notificação sobre a assistência consular.

A respeito do Pacto Internacional de DireitosCivis e Políticos, questionou o México se o art. 14(direito ao devido processo legal) incluiria a imediatanotificação do detido estrangeiro sobre seu direito àassistência consular e se, no marco desse artigo, aomissão por parte do Estado receptor de informar oacusado não prejudicaria a preparação de sua defesa.Logo adiante, perguntou o México se, em se tratandode Estados Federados, não estariam também essesúltimos obrigados a assegurar o direito à notificaçãoprevisto no art. 36 da Convenção de Viena aos presosestrangeiros condenados à morte em todo seu território.

Antes de assinalar o entendimento da Cortesobre as questões levantadas pelo México, cumpredestacar o considerável número de Estados, ONGs eindivíduos que participaram nesse procedimentoconsultivo. Oito Estados americanos apresentaram seuspontos de vista: México, El Salvador, RepúblicaDominicana, Honduras, Guatemala, Paraguai, Costa Ricae os Estados Unidos. Diversos juristas e ONGs

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apresentaram também suas observações na qualidadede amici curiae, a exemplo da Anistia Internacional, daHuman Rights Watch/Américas e do CEJIL.11

Quanto às questões levantadas na consulta, aCorte se pronunciou, em primeiro lugar, a respeito darelação existente entre o art. 36 da Convenção de Vienasobre Relações Consulares e a proteção dos direitoshumanos no continente americano. Assim, afirmou aCorte que se, por um lado, o objeto principal daConvenção de Viena não é a proteção dos direitoshumanos, não se pode negar, por outro lado, que osdireitos previstos no art. 36 da referida Convenção, entreeles o direito à informação sobre assistência consular,são verdadeiros direitos subjetivos,12 de que é titulartodo ser humano privado de sua liberdade, por quaisquerrazões, em outro país. Agregou ainda que esses direitosfazem parte do conjunto de garantias processuais,estando vinculados ao devido processo legal, nostermos do art. 8° da Convenção Americana sobre DireitosHumanos e do art. 14 do Pacto Internacional de DireitosCivis e Políticos.13

Prosseguiu a Corte afirmando que, aoreconhecimento desses direitos, correspondem,ademais, certos deveres por parte do Estado receptor.Todo detido estrangeiro deve ser imediatamenteinformado pelo Estado receptor dos direitos que lheconfere o art. 36, quais sejam, de poder contar com aassistência consular de seu país de origem, antes deprestar qualquer declaração ante uma autoridade policialou judicial.14 Assim, a notificação a que se refere o art.36 deve ocorrer em momento oportuno de forma agarantir que o preso estrangeiro receba a assistêncialegal adequada para a obtenção de uma defesa eficaz.Como o texto da Convenção de Viena sobre RelaçõesConsulares não faz referência precisa ao sentido daexpressão “sem dilação”, a Corte entendeu que anotificação deve ser feita no momento da detenção doindivíduo e antes que ele faça qualquer declaração peranteas autoridades.15 A assistência consular garantiria, dessaforma, que o estrangeiro recebesse informações sobreseus direitos em seu idioma e uma assistência legaladequada. Dadas às circunstâncias de vulnerabilidadeem que geralmente se encontram os presos estrangeiros,é evidente que a notificação do direito à comunicaçãoconsular lhes garante melhores possibilidades de defesae de um julgamento justo. Além disso, estas disposiçõestêm de ser cumpridas por todos os Estados Parte naConvenção de 1963, independente de sua estruturafederal ou unitária. 16

Por fim, advertiu a Corte que, nos casos em queé aplicável a pena de morte, a obrigação dos Estados deinformar os estrangeiros sob detenção do direito quelhes assiste torna-se ainda mais relevante. Os Estadosque ainda mantêm a pena capital devem ser rigorosos

quanto à observância das garantias judiciais, dada agravidade da violação que acarreta a imposição eexecução de uma pena dessa natureza. A esse respeito,destacou:

“... a inobservância do direito à informação dodetido estrangeiro (...) afeta as garantias dodevido processo legal e, nestas circunstâncias,a imposição da pena de morte constitui umaviolação ao direito de não ser privado da vida‘arbitrariamente’ (...) com as conseqüênciasjurídicas inerentes a uma violação desta natureza,a saber, as atinentes à responsabilidadeinternacional do Estado e seu dever dereparação”.

17

Este parecer representa um importante avanço naluta contra a proteção dos mais vulneráveis, especialmentedos estrangeiros e migrantes que, com freqüência, sãovítimas de toda forma de discriminação. Nas palavras dojuiz Antônio Augusto Cançado Trindade, “a importânciado Parecer n° 16 tem sido amplamente reconhecida,sobretudo em relação aos que não têm como se defender,os mais fracos e vulneráveis, e que, por isso mesmo, maisnecessitam da proteção do Direito”. 18

IV. CONDIÇÃO JURÍDICA EOS DIREITOS DOSMIGRANTESINDOCUMENTADOS

No dia 17 de setembro de 2003, a CorteInteramericana de Direitos Humanos emitiu seu maisrecente parecer jurídico, o décimo oitavo de sua história,sobre a condição jurídica e os direitos dos migrantesindocumentados. Mais uma vez, o Estado do Méxicofoi protagonista de um importante debate sobre asituação dos direitos humanos na região.

Esta solicitação, feita pelo México, despertouenorme interesse e mobilização. No procedimentoperante o Tribunal, apresentaram enriquecedorasobservações escritas os Estados de Honduras,Nicarágua, El Salvador, Canadá e Costa Rica, além doMéxico. Nas audiências públicas, também estiverampresentes (como observadores) representantes deoutros sete Estados americanos e da ONU. Ademais, éde se destacar a participação de vários acadêmicos erepresentantes da sociedade civil de diversas partes docontinente, ouvidos perante a Corte na qualidade deamici curiae. 19

Preocupados com a situação de vulnerabilidadeem que se encontram os trabalhadores migrantes,especialmente os que estão em situação irregular, oMéxico solicitou a opinião da Corte, inicialmente, sobre

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se a qualidade migratória de uma pessoa poderia seruma justificativa para privá-la do gozo e exercício deseus direitos, como os de natureza trabalhista, e se estasprivações seriam compatíveis com o dever do Estadode garantir a não-discriminação e a igualdade perante alei. 20 Outra questão tratada na consulta refere-se aocaráter que os princípios de igualdade e não-discriminação alcançaram no domínio do direitointernacional geral, mais especificamente, se são normasde jus cogens, e as conseqüências jurídicas que adviriamdo descumprimento desses princípios por parte dosEstados.21

No parecer, a Corte faz referência, em primeirolugar, à obrigação geral de respeitar e garantir os direitoshumanos por parte do Estado. A esse respeito, sustentouque é dever dos Estados suprimir normas e práticas quecriem situações de discriminação e adotar medidaspositivas para combater práticas discriminatórias jáexistentes. 22 Ao ratificar um tratado internacional dedireitos humanos, os Estados devem introduzir em seusordenamentos jurídicos as modificações necessáriaspara assegurar o cumprimento das obrigaçõesassumidas. Sem embargo, não basta apenascompatibilizar seu ordenamento interno ao internacional:é fundamental que a esta adequação normativa se façamacompanhar práticas estatais acordes com o direitointernacional. Nesse sentido, os Estados não podemcondicionar ou subordinar a observância dos direitoshumanos aos objetivos de suas políticas públicas,incluindo as de natureza migratória. O descumprimentodessa obrigação importa em responsabilidadeinternacional do Estado, ponderou a Corte.23

Em seguida, a Corte destacou a relação existenteentre os princípios da não-discriminação e de igualdadeperante a lei, consagrados em diversos instrumentosinternacionais. No seu entendimento, são inadmissíveisdistinções de tratamento que conduzam a situaçõescontrárias à justiça. É discriminatória, pois, todadistinção que careça de justificativa objetiva e razoávele que não guarde relação de proporcionalidade entreseu propósito e meios utilizados.24 Ademais, ditosprincípios devem se aplicar não apenas aos indivíduosque estejam regularmente no território de um Estado,mas a todos os que se encontrem sob sua jurisdição,em situação regular ou irregular. Em outras palavras,são estes princípios fundamentais, inerentes à nossacondição de pessoa humana.

Para elucidar seu caráter fundamental, a Corteretoma os arts. 53 e 64 da Convenção de Viena sobreDireitos dos Tratados, que tratam, respectivamente, detratados em conflito com uma norma imperativa de direitointernacional geral (jus cogens) e da superveniência deuma nova norma de jus cogens. A Corte afirma que o juscogens não está mais restrito ao direito dos tratados,

tendo já alcançado o direito internacional geral,“incidindo, em última instância, nos própriosfundamentos do ordenamento jurídico internacional”.25

No entender do tribunal, os princípios de igualdade enão-discriminação já fazem parte do domínio do juscogens, sendo, portanto, aplicáveis a todos os Estados,independentemente de terem ratificado ou não um tratado,impondo-lhes, inclusive, obrigações erga omnes deproteção.26

Em seu Voto Concordante, o juiz A. A. CançadoTrindade põe em evidência a importância dos princípiosfundamentais do direito na formação e consolidação doordenamento jurídico e o caráter dos princípios deigualdade e não-discriminação, em particular, no âmbitodo direito internacional:

“São os princípios (derivados etimologicamentedo latim principium) que, evocando as causasprimeiras, fontes ou origens das normas e regras,conferem coesão, coerência e legitimidade àsnormas jurídicas e ao ordenamento jurídico comoum todo.” (...) “Ditos princípios fundamentaisrevelam os valores e fins últimos do ordenamentojurídico internacional, guiando-o e protegendo-o das incongruências das práticas dosEstados...”

27

Mais adiante nesse voto, após examinar aspectosda doutrina e da jurisprudência sobre a matéria, o juizassinala ainda que “ao princípio fundamental deigualdade e não-discriminação está reservada, desde aDeclaração Universal de 1948, uma posiçãoverdadeiramente central no âmbito do DireitoInternacional dos Direitos Humanos”.28

No tocante aos direitos dos trabalhadoresmigrantes indocumentados, o Parecer n° 18 significou,indubitavelmente, um importante avanço na construçãoda jurisprudência internacional nessa matéria. Antes detudo, esclarece a Corte que como são muitos osinstrumentos jurídicos em que se consagram direitostrabalhistas, a interpretação de qualquer de suas normasdeve basear-se no princípio da aplicação da norma maisfavorável à vítima, neste caso, o trabalhador. Emseguida, o Tribunal enumera direitos fundamentais dostrabalhadores migrantes que comumente não sãorespeitados: a proibição do trabalho forçado eobrigatório; o direito à associação e à liberdade sindical;a um salário justo pelo trabalho realizado; à previdênciasocial; às garantias judiciais e administrativas; a umdevido processo legal; dentre outros. 29 São estes direitosinalienáveis, e surgem da relação de trabalho e não dacondição migratória do trabalhador. Os trabalhadoresmigrantes indocumentados têm os mesmos direitostrabalhistas que os garantidos aos demais trabalhadoresnacionais, conforme assinalado no parecer:

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“... a qualidade migratória de uma pessoa nãopode constituir, de maneira alguma, umajustificação para privá-la do gozo e exercício deseus direitos humanos, dentre eles os de carátertrabalhista. O migrante, ao assumir uma relaçãode trabalho, adquire direitos por ser trabalhador,que devem ser reconhecidos e garantidos,independentemente de sua situação regular ouirregular no Estado de emprego. Estes direitossão conseqüência da relação trabalhista”.

30

Por fim, é oportuno destacar o pronunciamentodo Tribunal sobre a obrigação de respeito e garantiados direitos humanos nas relações entre particulares.Tanto nos casos em que os vínculos contratuais sãoestabelecidos na esfera pública quanto naquelesfirmados nas relações privadas, é obrigação do Estadovelar para que sejam respeitados os direitosfundamentais dos trabalhadores. No caso VelázquezRodríguez, por exemplo, a Corte já havia se pronunciadosobre a responsabilidade do Estado quando da violaçãode direitos por um particular sob sua jurisdição,reconhecendo a obrigação erga omnes de respeito aosdireitos humanos.31 Assim, nas relações inter-individuaise diante de agressões de particulares, o Estado devegarantir a proteção dos direitos dos trabalhadores:

“O Estado é então responsável por si mesmotanto quando funciona como empregador, comopela atuação de terceiros que agem com suatolerância, aquiescência ou negligência, ourespaldados por alguma diretriz ou políticaestatal que favoreça a criação ou manutençãode situações de discriminação”.

32

V. CONSIDERAÇÕES FINAISAs crescentes violações cometidas contra os

migrantes em geral, e contra os trabalhadores migrantese presos estrangeiros em especial, são motivo depreocupação de toda a comunidade internacional. Esses

dois pareceres mais recentes proferidos pela CorteInteramericana contribuem de forma notável para aproteção dos direitos humanos desses grupos depessoas que, por sua condição migratória ou pelo fatode estarem detidas, se encontram em uma situaçãoparticularmente vulnerável.

O Parecer Jurídico n° 16 foi inovador aoreconhecer que o direito de comunicação entre os oficiaisconsulares e seus nacionais está interligado à normativade direitos humanos. Pela primeira vez, uma corteinternacional se pronunciou a respeito da não-observância do art. 36 da Convenção de Viena de 1963e das conseqüências que este descumprimento porparte do Estado acarreta para os seres humanos. Esteimportante parecer é, sem lugar a dúvidas, fonte deinspiração para desenvolvimentos futuros dajurisprudência internacional sobre esta matéria.

No caso do último parecer, a Corte está dandotambém importante contribuição para se pôr fim àsviolações perpetradas contra os migrantes e ostrabalhadores. Dado que os Estados têm a faculdadesoberana de estabelecer suas próprias políticas, estasúltimas não podem menoscabar ou reduzir de algumaforma o gozo e exercício dos direitos fundamentais dosseres humanos em geral, e dos trabalhadores emparticular, independentemente de sua condiçãomigratória. Isso se justifica precisamente por se trataremde direitos fundamentais e inerentes à pessoa humanaque não dependem do status migratório. A Corte, aoassegurar os direitos que correspondem a todos ostrabalhadores, estejam devidamente documentados ounão, fortaleceu a posição do ser humano vis-à-vis oEstado. No dizer do já mencionado juiz A. A. CançadoTrindade, “efetivamente, [esses dois pareceres] abremcaminho para a construção de um novo jus gentiumneste início de século XXI: um Direito Internacional jánão mais estatocêntrico, mas sim voltado aoatendimento das necessidades e aspirações dahumanidade como um todo”.33

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CORTE I. D. H. Caso de haitianos y dominicanos deorigen haitiano en la República Dominicana. MedidasProvisionales. Resolución de la Corte Interamericanade Derechos Humanos del 18 de agosto de 2000. Serie ENo. 3.

CORTE I. D. H. Condición Jurídica y Derechos de losMigrantes Indocumentados. Opinión Consultiva OC-18/03 del 17 de septiembre de 2003. Serie A No. 18.

CORTE I. D. H. El Derecho a la Información sobre laAsistencia Consular en el Marco de las Garantías delDebido Proceso Legal. Opinión Consultiva OC-16/99del 1 de octubre de 1999. Serie A No. 16.

CORTE I. D. H. “Otros Tratados” objeto de la funciónconsultiva de la Corte (art. 64 Convención Americanasobre Derechos Humanos). Opinión Consultiva OC-1/82 del 24 de septiembre de 1982. Serie A No. 1.

CANÇADO TRINDADE, A. A. Tratado de DireitoInternacional dos Direitos Humanos, Volume III. PortoAlegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2003. 663 págs.

__________. La Nueva Dimensión de las Necesidadesde Protección del Ser Humano en el Inicio del SigloXXI (em co-autoria com Jaime Ruiz de Santiago). 2a. ed.San José de Costa Rica: ACNUR, 2003. 421 págs.

__________. “Dois Pareceres para a humanidade”.Correio Brasiliense, Brasília, 5 de abril 2004. Direito &Justiça, n. 14932.

LEÃO, Renato Zerbini Ribeiro. Os Direitos Econômicos,Sociais e Culturais na América Latina e o Protocolode San Salvador. Porto Alegre: Sergio Antonio FabrisEditor, 2001. 230 págs.

RAMOS, André de Carvalho. Direitos Humanos emJuízo – comentários aos casos contenciosos econsultivos da Corte Interamericana de DireitosHumanos. São Paulo: Ed. Max Limonad, 2001. 573 págs.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. Cf. Corte I. D. H. Caso de haitianos y dominicanosde origen haitiano en la República Dominicana.Medidas Provisionales. Resolución de la CorteInteramericana de Derechos Humanos del 18 deagosto de 2000. Serie E No. 3.

2. Convenção Americana sobre Direitos Humanos,art. 61 a 64.

3. Ibid., art. 61 (1).

4. Sobre a função consultiva da Corte, cf. Corte I. D.H., “Otros Tratados” objeto de la funciónconsultiva de la Corte (art. 64 ConvenciónAmericana sobre Derechos Humanos). OpiniónConsultiva OC-1/82 del 24 de septiembre de 1982.Serie A No. 1.

5. RAMOS, André de Carvalho. Direitos Humanosem Juízo – comentários aos casos contenciosos econsultivos da Corte Interamericana de DireitosHumanos. São Paulo: Ed. Max Limonad, 2001, p.345.

6. Ibid., pp. 341-342.

7. Corte I. D. H. El Derecho a la Información sobre laAsistencia Consular en el Marco de las Garantíasdel Debido Proceso Legal. Opinión Consultiva OC-16/99 del 1 de octubre de 1999. Serie A No. 16.

8. Corte I. D. H. Condición Jurídica y Derechos delos Migrantes Indocumentados. OpiniónConsultiva OC-18/03 del 17 de septiembre de 2003.Serie A No. 18.

9. CANÇADO TRINDADE, A. A. “Dois Parecerespara a humanidade”. Correio Brasiliense, Brasília,5 abril 2004. Direito & Justiça, n. 14932.

10. Reza o artigo 36 da referida Convenção: “1. A fim defacilitar o exercício das funções consulares relativasaos nacionais do Estado que envia: a) Osfuncionários consulares terão liberdade de secomunicar com os nacionais do Estado que envia evisitá-los. Os nacionais do Estado que envia terãoa mesma liberdade de se comunicar com osfuncionários consulares e de os visitar; b) Se ointeressado assim o solicitar, as autoridadescompetentes do Estado receptor deverão, semdilação, informar o posto consular competentequando, na sua área de jurisdição, um nacional doEstado que envia for preso, encarcerado, posto emprisão preventiva ou detido de qualquer outramaneira. Qualquer comunicação endereçada aoposto consular pela pessoa detida, encarcerada ou

presa preventivamente deve igualmente sertransmitida sem dilação pelas referidas autoridades.Estas deverão imediatamente informar o interessadode seus direitos, nos termos da presente alínea; c)Os funcionários consulares terão direito de visitaro nacional do Estado que envia que estejaencarcerado, preso preventivamente ou detido dequalquer outra maneira, conversar e corresponder-se com ele e providenciar quanto à sua defesaperante os tribunais. Terão igualmente o direito devisitar o nacional do Estado que envia que, na suaárea de jurisdição, esteja encarcerado ou detido emexecução de uma sentença. Todavia, os funcionáriosconsulares deverão abster-se de intervir em favorde um nacional encarcerado, preso preventivamenteou detido de qualquer outra maneira sempre que ointeressado a isso se opuser expressamente. 2. Osdireitos a que se refere o parágrafo 1° do presenteartigo serão exercidos de acordo com as leis eregulamentos do Estado receptor, entendendo-se,contudo, que tais leis e regulamentos não devemimpedir o pleno efeito dos direitos reconhecidospelo presente artigo”.

11. Corte I. D. H., El Derecho a la Información..., op.cit. supra n. (7), pp. 10-17, §§ 9 et seq.

12. Ibid., pp. 92-94, §§ 83 e 84.

13. Ibid., p. 113, § 124.

14. Ibid., p. 101, § 106.

15. Id.

16. Ibid., p. 119, § 140.

17. Ibid., p. 118, § 137. Traduzido pela autora dooriginal.

18. CANÇADO TRINDADE, op. cit. supra n. (9).

19. Para uma lista completa de todos os participantes eintervenientes no referido procedimento consultivo,cf. Corte I. D. H., Condición Jurídica..., op. cit.supra n. (8), pp. 4-11, §§ 7 a 46.

20. Primeira e segunda pergunta formuladas naconsulta.

21. Quarta pergunta da consulta.

22. Corte I. D. H., Condición Jurídica..., op. cit. supran. (8), p. 115, § 88.

23. Ibid., pp. 133-135, § 166 et seq.

24. Ibid., p. 123, § 119.

NOTAS

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25. Ibid., p. 118, § 99.

26. Ibid., p. 121, § 110.

27. Cf. Voto Concurrente del juez A. A. CançadoTrindade. In: Corte I. D. H. Condición Jurídica yDerechos de los Migrantes Indocumentados.Opinión Consultiva OC-18/03 del 17 de septiembrede 2003. Serie A No. 18. pp. 23 e 53, respectivamente.Traduzido pela autora do original.

28. Ibid., p. 36.

29. Corte I. D. H., Condición Jurídica..., op. cit. supran. (8), p. 131, § 157.

30. Ibid., p. 127, § 134. Traduzido pela autora dooriginal.

31. Segundo assinalou a Corte: “Es, pues, claro que,en principio, es imputable al Estado toda violacióna los derechos reconocidos por la Convencióncumplida por un acto del poder público o depersonas que actúan prevalidas de los poderes queostentan por su carácter oficial. No obstante, no se

agotan allí las situaciones en las cuales un Estadoestá obligado a prevenir, investigar y sancionar lasviolaciones a los derechos humanos, ni lossupuestos en que su responsabilidad puede versecomprometida por efecto de una lesión a esosderechos. En efecto, un hecho ilícito violatorio delos derechos humanos que inicialmente no resulteimputable directamente a un Estado, por ejemplo,por ser obra de un particular o por no haberseidentificado al autor de la trasgresión, puedeacarrear la responsabilidad internacional del Estado,no por ese hecho en sí mismo, sino por falta de ladebida diligencia para prevenir la violación o paratratarla en los términos requeridos por laConvención.” Cf. Corte I. D. H. Caso VelázquezRodríguez. Sentencia del 29 de julio de 1998. SerieC No. 4, p. 38, § 172.

32. Corte I. D. H., Condición Jurídica..., op. cit. supran. (8), p. 130, § 152. Traduzido pela autora do original.

33. CANÇADO TRINDADE, op. cit. supra n. (9).

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LAS REGLAS MÍNIMAS PARA ELTRATAMIENTO DEL RECLUSO EN BRASIL

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •CÉSAR BARROS LEALProcurador del Estado; Profesor de la Facultad de Derecho de la Universidad Federal de Ceará (Brasil); Presidentedel Instituto Brasileño de Derechos Humanos; Miembro del Consejo Nacional de Política Criminal y Penitenciariadel Ministerio de Justicia.

“Hemos recorrido gran parte de lageografía “doliente” de nuestro país, y

en casi todas las prisiones estánmezclados procesados y sentenciados;este derecho de quien sufre prisión, a

pesar de que lo proclama laConstitución y las Normas Mínimas,carece de vigencia real.” (Antonio

Sánchez Galindo)

1. INTRODUCCIÓNEl tema central de este artículo es el conjunto de

las Reglas Mínimas para el Tratamiento del Recluso enBrasil, dictadas por el Consejo Nacional de PolíticaCriminal y Penitenciaria, subordinado al Ministerio deJusticia, y que tiene, entre sus atribuciones, la deproponer directrices de la política criminal en cuanto ala prevención del delito, administración de la JusticiaCriminal y ejecución de las penas y medidas deseguridad.

Estas Reglas, importantes por su contenido,alcance y actualidad, deben ser vistas, como premisabásica para su evaluación, en dos marcos esenciales (elreal y el legal).

2. EL MARCO REALCon arreglo a datos suministrados por el

Ministerio de Justicia de Brasil, en diciembre de 2003,308.304 reclusos, hombres y mujeres, están distribuidosen establecimientos penales de los tres regímenes(cerrado, semiabierto y abierto).¹ Ese contingenteaumenta a un ritmo asustador (sólo en el Estado de SãoPaulo -en donde el número de aprisionados, el 40% delíndice nacional, supera el de la mayor parte de los paíseshispanoamericanos- alrededor de 1.500 personasingresan en el sistema cada mes), debiéndose tener encuenta que, en los últimos nueve años, las cifras se handuplicado pese a la impunidad, manifiesta, criminógena,

simbolizada en las fugas frecuentes, en el colapso delos regímenes semiabierto y abierto (que se ciñen enmuchos Estados a firmar un libro de presencia) y enmiles de órdenes de prisión no cumplidas (más de200.000, de acuerdo con las estadísticas disponibles yde ningún modo confiables).

En un país de extensión continental, conprofundas contradicciones y desigualdades, convivensistemas penitenciarios distintos, o sea, existenprisiones que, por su arquitectura, sus equipos yservicios, son equiparables a establecimientos del primermundo; en cambio, en la generalidad de los Estados,prevalecen prisiones ruinosas, superpobladas, en dondereclusos, de distintas categorías, por lo general pobres,conviven hacinados, sin ninguna separación, casisiempre ociosos, expuestos a violencias diuturnas ysin apropiada asistencia médica, odontológica,educacional y jurídica.

Al respecto hizo Eduardo Galeano unadescripción sin rebozo:

“… las frágiles democracias latinoamericanastienen sus cárceles hinchadas de presos. Lospresos son pobres, como es natural, porque sólolos pobres van presos en países donde nadie vapreso cuando se viene abajo un puente reciéninaugurado, cuando se derrumba un bancovaciado por los banqueros o cuando se desplomaun edificio construido sin cimientos. Cárcelesinmundas, presos como sardinas en lata: en sugran mayoría, son presos sin condena. Muchos,sin proceso siquiera, están ahí no se sabe porqué. Si se compara el infierno del Dante parececosa de Disney. Continuamente, estallan motinesen estas cárceles que hierven. Entonces las fuerzasdel orden cocinan a tiros a los desordenados y depaso matan a todos los que pueden, con lo quese alivia la presión de la superpoblación carcelaria– hasta el próximo motín.”²

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Este escenario caótico predomina en mi país, ensu color más sombrío, agravado por el hecho de quemiles de reclusos, a raíz de la insuficiencia de vacantesen las prisiones (en general vinculadas a una Secretaríade Justicia, Administración o Agencia Penitenciaria),son obligados a aguardar juicio o purgar su pena enceldas de comisarías (delegaciones) policiales(subordinadas, a su vez, a las Secretarías de SeguridadPública), espacios diminutos, oscuros, inmundos,donde a menudo se practica la tortura, los reclusos seturnan para dormir y cuyas condiciones, visiblementepromiscuas, diseminadoras de enfermedades comotuberculosis y SIDA, han sido denunciadas confrecuencia por organismos locales, regionales einternacionales de amparo a los derechos humanos.

Inspecciones periódicas efectuadas por miembrosdel Consejo Nacional de Política Criminal y Penitenciariahan dejado en evidencia que la dura realidad de lascomisarías se volvió una rutina aun en los Estados másricos, en donde se ubican las mejores prisiones del país.

Por otro lado, con el aumento de la criminalidad,en especial del crimen organizado, y la promulgación dela ley de los crímenes bárbaros, llamados “hediondos”(que no admite la progresión de regímenes), muchasprisiones empezaron a enfrentar serios problemas deausencia de control de la administración y subsiguientecomando de la vida intramuros (autogobierno) porreclusos poderosos, narcotraficantes, líderes depandillas. Los noticieros de la televisión y los titularesde los periódicos nos muestran, a toda hora, la osadíade criminales que ostensiblemente consumen drogas yportan armas y celulares, con la obvia connivencia decarceleros y directores.

Dicha situación –a la que se adicionan las fugasy los motines– hizo que la Unión anunciara laconstrucción de 5 prisiones federales, en localesdistantes de la condena para acoger a condenadoscuando la medida se justifique en el interés de laseguridad pública o del propio sentenciado, en lostérminos de la ley 10.792, del 1º de diciembre de 2003.

3. EL MARCO LEGALLa Constitución Federal brasileña, de 1988,

instituye normas y principios, de carácter general,dirigidos a todos los ciudadanos, incluyéndose losenchironados, entre los cuales: nadie se someterá atortura ni a tratamiento inhumano o degradante; soninviolables la intimidad, la vida privada, el honor y laimagen de las personas; a todos es asegurado el derechode petición a los Poderes Públicos en defensa dederechos o contra ilegalidad o abuso de poder.Asimismo, la Constitución contiene garantías queatañen explícitamente a los penados: la ley regularizará

la individualización de la pena y adoptará, entre otras,las siguientes: privación o restricción de libertad,prestación social alternativa, etc.; no habrá penas decarácter perpetuo y de labores forzadas; la pena serácumplida en establecimientos distintos, de acuerdo conla naturaleza del delito, la edad y el sexo del penado (loque, además, obraba en la Constitución de 1824, en cuyoartículo 179 se leía que “Las cárceles serán seguras,limpias y bien aireadas, habiendo diversas casas paraseparación de los reos, en conformidad con suscircunstancias y la naturaleza de sus crímenes.”); esasegurado a los reclusos el respeto a la integridad físicay moral; a las reclusas se garantizarán condiciones paraque puedan permanecer con sus hijos durante el periodode lactación; el Estado indemnizará al sentenciado porerror judicial, así como el que quede recluido por tiemposuperior al de la sentencia.

En el § 2º de su artículo 5º, la Constitución añadeque los derechos y garantías en ella expresos noexcluyen otros resultantes del régimen y de losprincipios que ella adopta, o de los tratadosinternacionales en que la República Federativa participa(la Declaración Universal de los Derechos Humanos,los Pactos Internacionales de Derechos Civiles yPolíticos, la Convención contra la Tortura y otros Tratoso Penas Crueles, Inhumanos o Degradantes y el Pactode San José – la Convención Americana de DerechosHumanos).

En Brasil está en vigor una de las leyespenitenciarias más avanzadas y modernas de AméricaLatina, la ley 7.210, del 14 de julio de 1984. Se trata deuna ley federal, que autoriza a los Estados legislarmediante reglamentos y tiene 204 artículos, el primerode los cuales señala que la ejecución penal tiene comoobjeto tornar efectivas las disposiciones de la sentenciao decisión criminal y propiciar condiciones para laarmónica integración social del condenado y del interno.

Conforme al ítem 65 de su Exposición deMotivos, firmada por el Ministro de Justicia IbrahimAbi-Ackel (“Se tornará inútil, sin embargo, la luchacontra los efectos nocivos de la prisionización, sin quese establezca la garantía jurídica de los derechos delcondenado”), la Ley de Ejecución Penal (LEP) establece,en el artículo 3º, que al condenado y al interno seránasegurados todos los derechos no alcanzados por lasentencia o la ley, definiendo, en el artículo 41, muchosde esos derechos: alimentación suficiente y vestuario;atribución de trabajo y su remuneración; previsiónsocial; constitución de peculio; proporcionalidad en ladistribución del tiempo para el trabajo, el descanso y larecreación; ejercicio de actividades profesionales,intelectuales, artísticas y deportivas anteriores,compatibles con la ejecución de la pena; asistenciamaterial, a la salud, jurídica, educacional, social y

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religiosa; protección contra cualquier forma desensacionalismo; entrevista personal y reservada conel abogado; visita del cónyuge, de la compañera, deparientes y amigos, en días determinados; llamamientonominal; igualdad de tratamiento, salvo en cuanto aexigencias de la individualización de la pena; audienciaespecial con el director del establecimiento;representación y petición a cualquier autoridad, endefensa de derecho; contacto con el mundo exteriora través de correspondencia escrita, la lectura y otrosmedios de información que no comprometan la moral ylas buenas costumbres.

Otros derechos, no previstos en el artículo 41 ysubordinados a ciertas condiciones, son enumerados:progresión (artículo 112: La pena privativa de libertadserá ejecutada en forma progresiva con la transferenciapara régimen menos riguroso, a ser determinada por eljuez, cuando el recluso haya cumplido por lo menos unsexto de la pena en el régimen anterior y ostente buencomportamiento carcelario, comprobado por el directordel establecimiento, respetadas las normas que vedanla progresión); autorización de salida (artículo 120: Loscondenados que cumplen pena en régimen cerrado osemiabierto y los reclusos provisorios podrán obtenerpermiso para salir del establecimiento, mediante escolta,cuando ocurra uno de los siguientes hechos: I -fallecimiento o enfermedad grave del cónyuge,compañera, ascendiente, descendiente o hermano; II -necesidad de tratamiento médico); redención de la penapor el trabajo (artículo 126: El condenado que cumple lapena en régimen cerrado o semiabierto podrá reducir,por el trabajo, parte del tiempo de ejecución de la pena.§ 1º El cómputo del tiempo a los efectos de este artículoserá hecho a razón de un día de pena por tres de trabajo)y libertad condicional (artículo 131: La libertadcondicional podrá ser concedida por el juez de laejecución, cumplidos los requisitos del artículo 83,fracciones y párrafo único, del Código Penal, oídos elMinisterio Público y el Consejo Penitenciario).

Nótese también que se aseguran al recluso, apesar de la ausencia de previsión legal: la visita íntima(según la Resolución del CNPCP n. 01, del 30 de marzode 1999, es un “derecho constitucionalmente aseguradoa los reclusos” y se aplica a los nacionales o extranjeros,hombres o mujeres, cónyuges u otros aparceros y aunlos casados entre sí o en unión estable, entendiéndoseque no se la prohíbe entre homosexuales) y la redenciónde la pena por el estudio (aplicándose el principio de laanalogía in bonam partem, bajo el argumento de que eltrabajo y la educación coinciden en el mismo objetivo:la armónica integración social del condenado y delinterno, tal como se halla escrito en el ya invocadoartículo 1º de la Ley de Ejecución Penal).

Póngase de relieve que la Ley de Ejecución Penal,de matiz jurisdiccional (dice el artículo 2º que lajurisdicción penal de los jueces o tribunales de justiciaordinaria, en todo el territorio nacional, será ejercida enel proceso de ejecución, de conformidad con esta Ley yel Código Procesal Penal), se rige por distintosprincipios, entre ellos: a) de la legalidad (artículo 45: Nohabrá falta ni sanción disciplinaria sin expresa y anteriorprevisión legal o reglamentaria); b) de laindividualización de la pena (artículo 5º: Los condenadosserán clasificados, según sus antecedentes ypersonalidad, para orientar la individualización de laejecución penal); c) de la defensa de los derechoshumanos del recluso (artículo 40: Se impone a todas lasautoridades el respeto a la integridad física y moral delos condenados y de los reclusos provisionales); d) dela cooperación de la comunidad (artículo 4º: El Estadodeberá recurrir a la cooperación de la comunidad en lasactividades de ejecución de la pena y de la medida deseguridad); e) del contradictorio y de la amplia defensa(artículo 59: Practicada la falta disciplinaria, deberá serinstaurado el procedimiento para su investigación, deacuerdo con el reglamento, asegurado el derecho dedefensa); f) del doble grado de jurisdicción (artículo197: De las decisiones dictadas por el juez cabrá recursode agravio, sin efecto suspensivo); g) de la rehabilitación(la ejecución de la pena se destina, teleológicamente, apromover la aptitud del condenado a una convivenciasocial sin violación del derecho); h) de ladesinstitucionalización de la ejecución (la prisión debeser residual, la ultima ratio).

A la Ley de Ejecución Penal se suman otrosdocumentos como el Plan Nacional de PolíticaPenitenciaria, de abril de 2001, donde se propone, porejemplo: retirar inmediatamente a todos los reclusos quese encuentran en comisarías policiales y construircentros de detención provisoria; integrar lasuniversidades en el proceso de asistencia al recluso,mediante convenios que tornen viable la atención porintermedio de pasantías en las áreas jurídica, médica,odontológica, de educación física, asistencia social,psicológica etc.; mejorar las condiciones humanas enlas cárceles, en los planos médico, educacional y laboral,con la formación y la capacitación profesional, inclusomediante el apoyo de empresarios y órganos públicos;involucrar entidades religiosas, asociacionesprofesionales, clubes de servicio y otros órganoscongéneres en el proceso de reinserción social delinterno o condenado; apoyar la creación e implantación,en los Estados, de cuadros de carrera de servidorespenitenciarios, especialmente de custodios.

Dictadas por la Resolución n. 16, del 17 dediciembre de 2003, del CNPCP, las Directrices Básicasde la Política Criminal y Penitenciaria traen en el rubro

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“administración penitenciaria” las siguientesrecomendaciones: construcción preferencial deunidades con capacidad no superior a 500 plazas, conmiras a evitar la permanencia de condenados yprovisionales en comisarías policiales; asistenciajurídica permanente a los reclusos provisionales,condenados y liberados; desarrollo de accionesmédicas, psicológicas, odontológicas y sociales entodos los establecimientos penales; clasificación inicialde los condenados para orientar la ejecución de la penay su sumisión a examen de admisión de salud.³

Otros documentos, de igual relevancia, tratansobre aspectos tópicos, pertinentes a la ejecución de lapena, como la requisa en los visitantes, prestatarios deservicios y/o reclusos (Resolución n. 01, del 27 de marzode 2000, en cuyos considerandos se indica la necesidadde preservar la dignidad personal del ciudadano libresometido a control al ingresar en los establecimientospenales).

4. LAS REGLAS MÍNIMASPARA EL TRATAMIENTODEL RECLUSO EN BRASIL

Aprobadas en la reunión ordinaria del 17.10.94del Consejo Nacional de Política Criminal yPenitenciaria, las Reglas Mínimas para el Tratamientodel Recluso en Brasil fueron dictadas a través de laResolución n. 14, del 11 de noviembre de 1994.

Con 65 artículos, precisan que la relación Estado-preso ha de ser basada en valores como el respeto, laconfianza y la dignidad.

En su presentación, el entonces Ministro deJusticia, Nelson Azevedo Jobim, después de afianzarque las Reglas traducen “la conquista de una antiguaaspiración nacional” y que preservan “el interéscolectivo de la seguridad de los ciudadanos ante elresguardo imprescindible de las garantías y de losderechos de la persona sometida a una pena privativade libertad”, aseveró:

“Se vuelve imperioso registrar que este elencode reglas atiende a la determinación de laAsamblea General de la ONU, preceptuada porla Resolución n. 2.858, del 20 de diciembre de1971, y ratificada por la Resolución n. 3.218, del06 de noviembre de 1974. Fue en el IV Congresode Naciones Unidas sobre Prevención del Delitoy Tratamiento del Delincuente, realizado enKioto, Japón, en 1970, que se llamó la atenciónpara la importancia de ser implementado, entodos los países, un cuerpo de principios a finde orientar los límites del poder-deber de punir,

en la relación del Estado con el hombre recluso,en razón de exigencias constitucionales y legales.De esa manera, las Reglas Mínimas para el

Tratamiento del Recluso en Brasil, por cuidar conpropiedad de la conciliación de valores del individuo yde la sociedad, ciertamente van a servir de guíaprimordial para todos aquellos que actúan en laadministración prisional con la responsabilidad decontribuir para la reinserción social, sea del reclusoprovisional, sea del recluso condenado por sentenciacriminal. Y ello es bien oportuno, pues el gran desafíode este final de siglo es la conquista de mayor prestigiode la ejecución penal con la transformación de lasestructuras tradicionales deterioradas, que han envueltoel sistema social de las prisiones.”

Edmundo Oliveira, a la sazón Presidente delConsejo Nacional de Política Criminal y Penitenciaria,afirmó en la Exposición de Motivos:

“Asegurar al recluso todos los derechos noalcanzados por la sentencia o la ley constituyeproclamación formal que alumbra la estabilidaddemocrática proyectada en las dinámicasactividades de la ejecución penal. De este modo,la pena que excede de esa medida es inicua ycontraproducente. Destinada a restablecer elequilibrio, ella lo estaría comprometiendo,fallando en su finalidad de individualizaciónproporcional al daño causado por el crimen y algrado de culpabilidad.”Señálese que las Reglas Mínimas para el

Tratamiento del Recluso en Brasil no ambicionan definirun sistema modelo sino establecer principios básicosque deben orientar la administración penitenciaria y eltratamiento de los reclusos.

Tal como su matriz (las Reglas Mínimas de lasNaciones Unidas), se dividen en dos partes. La Parte Icomprende Reglas de Aplicación General (es decir,reglas sobre la administración de las instituciones y elpersonal penitenciario) y la Parte II, Reglas Aplicables aCategorías Especiales (reclusos condenados, enfermosmentales, reclusos provisorios, reclusos por prisióncivil).

4.1. PARTE I: REGLAS DEAPLICACIÓN GENERAL

Ejemplos:Artículo 1º. Las normas siguientes obedecen a

los principios constantes en la Declaración Universalde los Derechos del Hombre y de aquellos insertadosen los Tratados, Convenciones y Reglas internacionalesde que Brasil es firmante, debiendo ser aplicadas sin

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distinción de naturaleza racial, social, religiosa, sexual,política, idiomática o de cualquier otro orden.

Artículo 3º. Es asegurado al recluso el respeto asu individualidad, integridad física y dignidad personal.

Artículo 7º. Reclusos pertenecientes a categoríasdiversas deben ser alojados en distintosestablecimientos prisionales o en sus secciones,observadas características personales tales como: sexo,edad, situación judicial y legal, cantidad de pena a quefue condenado, régimen de ejecución, naturaleza de laprisión y el tratamiento específico que le corresponda,atendiendo al principio de la individualización de la pena.

Artículo 15. La asistencia a la salud del recluso,de carácter preventivo y curativo, comprenderá atenciónmédica, psicológica, farmacéutica y odontológica.

Artículo 21. El orden y la disciplina deberán sermantenidos, sin imponerse restricciones además de lasnecesarias para la seguridad y la buena organización dela vida en común.

Artículo 23. No habrá falta o sanción disciplinariasin expresa y anterior previsión legal o reglamentaria.

Artículo 24. Son prohibidos, como sancionesdisciplinarias, los castigos corporales, clausura en celdaoscura, sanciones colectivas, así como toda punicióncruel, inhumana, degradante y cualquier forma detortura.

Artículo 27. Ningún recluso será punido sinhaber sido informado de la infracción que le seráatribuida y sin que le sea asegurado el derecho dedefensa.

Artículo 49. La selección del personaladministrativo, técnico, de vigilancia y custodia,atenderá a la vocación, la preparación profesional y laformación profesional de los candidatos a través deescuelas penitenciarias.

4.2. PARTE II: REGLAS APLICABLESA CATEGORÍAS ESPECIALES

Ejemplos:Artículo 53. La clasificación tiene por finalidad:I - separar a los reclusos que, en razón de su

conducta y antecedentes penales ypenitenciarios, puedan ejercer influencianociva sobre los demás;

II - dividir a los reclusos en grupos para orientarsu reinserción social.

Artículo 54. Tan pronto como el condenadoingrese en el establecimiento prisional, deberá serrealizado examen de su personalidad, estableciéndose

programa de tratamiento específico, con el propósitode promover la individualización de la pena.

Artículo 56. En cuanto al trabajo:I - el trabajo penitenciario no deberá tener

carácter aflictivo;II - al condenado le será garantizado trabajo

remunerado conforme a su aptitud ycondición personal, respetada ladeterminación médica;

III - será proporcionado al condenado trabajoeducativo y productivo;

IV - deben ser consideradas las necesidadesfuturas del condenado, así como lasoportunidades ofrecidas por el mercado detrabajo;

V - en los establecimientos prisionales debenser tomadas las mismas precaucionesprescritas para proteger la seguridad y lasalud de los trabajadores libres;

VI - serán tomadas medidas para indemnizar alos reclusos por accidentes de trabajo yenfermedades profesionales, en condicionessemejantes a las que la ley dispone para lostrabajadores libres;

VI - la ley o reglamento fijará la jornada de trabajodiaria y semanal para los condenados,observada la destinación de tiempo para elocio, el descanso, la educación y otrasactividades que se exigen como parte deltratamiento y con vistas a la reinserciónsocial;

VII - la remuneración a los condenados deberáposibilitar la indemnización por los dañoscausados por el crimen, adquisición deobjetos de uso personal, ayuda a su familia,constitución de peculio que le seráentregado cuando sea puesto en libertad.

Artículo 57. El futuro del recluso, después delcumplimiento de la pena, será siempre llevado en cuenta.Se debe animarlo en el sentido de mantener o establecerrelaciones con personas y/u órganos externos quepuedan favorecer los intereses de su familia, así comosu propia readaptación especial.

Artículo 58. Los órganos oficiales, o no, de apoyoal liberado deben:

I - proporcionarle los documentos necesarios,así como alimentación, vestuario yalojamiento en el período inmediato a suliberación, suministrándole, incluso, auxiliopara transporte local;

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II - ayudarlo a reintegrarse a la vida en libertad,en especial contribuyendo para sucolocación en el mercado de trabajo.

Artículo 59. El enfermo mental deberá sercustodiado en establecimiento apropiado, no debiendopermanecer en establecimiento prisional más que eltiempo necesario para su transferencia.

Artículo 61. Al recluso provisional seráasegurado régimen especial en el que se observará:

I - separación de los reclusos condenados;II - celda individual, preferentemente;III - opción por alimentarse a sus expensas;IV - utilización de objetos personales;V - uso de su propia ropa o, cuando fuere el

caso, de uniforme distinto de aquel utilizadopor el recluso condenado;

VI - oferta de oportunidad de trabajo;VII - visita y atención de su médico o dentista.

5. EN BUSCA DE LAIMPLEMENTACIÓN

Consta en el artículo 64 de las Reglas Mínimaspara el Tratamiento del Recluso en Brasil que el ConsejoNacional de Política Criminal y Penitenciaria adoptarálas providencias esenciales o complementarias paracumplimiento de las Reglas Mínimas en todas lasunidades de la federación.

A través de la Resolución n. 01/95, el Presidentedel Consejo Nacional de Política Criminal yPenitenciaria, Edmundo Oliveira, “considerando ladecisión, por unanimidad, del CNPCP, reunido el 20 demarzo de 1995, con el propósito de viabilizar el procesode la permanente aplicación de las Reglas Mínimas parael Tratamiento del Recluso en Brasil, en todos losEstados y en el Distrito Federal, en observancia a laorientación dictada por la Resolución n. 2.858, del 20 dediciembre de 1971, de la Asamblea General de laOrganización de las Naciones Unidas (ONU), resuelve:

Artículo 1º - Recomendar a las Secretaríasresponsables de los asuntos penitenciarios en losEstados y en el Distrito Federal que promuevan laadecuación de sus Estatutos, Reglamentos oRegimientos Penitenciarios, en conformidad con laResolución del CNPCP n. 14, del 11 de noviembre de1994, publicada en el Diario Oficial de la Unión del 2 dediciembre de 1994, donde están establecidas las ReglasMínimas para el Tratamiento del Recluso en Brasil.

Artículo 2º - Solicitar a los ConsejerosPenitenciarios de los Estados y del Distrito Federal que

implementen acciones y medidas substanciales conmiras a la efectiva aplicación de las Reglas Mínimaspara el Tratamiento del Recluso en Brasil, considerandoque la actuación del Poder Ejecutivo y la asistencia delPoder Judicial, con apoyo del Ministerio Público, sonimprescindibles para el éxito social del cumplimiento dela pena o de la medida de seguridad, en la dinámica deldiálogo entre sus destinatarios y la comunidad.”

En muchas otras Resoluciones busca el ConsejoNacional de Política Criminal y Penitenciaria destacarlas Reglas Mínimas para el Tratamiento del Recluso enBrasil. Es el caso, por ejemplo, de la Resolución n. 03,del 25 de abril de 1995, que define prioridades paraaplicación de los recursos del Fondo PenitenciarioNacional (FUNPEN).

6. OBSTÁCULOS PARA LAIMPLEMENTACIÓN

A pesar de las asiduas recomendaciones deórganos como el CNPCP, copiosos son los obstáculosque, en los diez años de su vigencia, han dañado laimplementación de las Reglas Mínimas (como tambiénlos demás documentos alusivos a los reclusos, inclusola Ley de Ejecución Penal) y que han perpetuado, así, elhiato entre los dos Brasiles (el real y el legal).

Entre esos obstáculos descuellan:a) la falta de voluntad política;b) la sobrepoblación;c) el énfasis en el orden y la disciplina;d) la tendencia al rigor en la ejecución.

6.1. LA FALTA DE VOLUNTADPOLÍTICA

Es evidente que la precariedad del sistemacarcelario es una de las consecuencias más lastimosasde la falta de políticas públicas en el ámbito de laprevención criminal y de la ejecución de la pena. En elúltimo caso, sólo en la última década, con lamultiplicación de fugas, así como de motines (casi diarios,muchos con toma de rehenes, entre agentes de vigilanciay visitantes, y de gran repercusión nacional), se hapercibido que se trata de una cuestión de seguridadpública y que, por lo tanto, exige una mirada mucho másatenta del gobierno y de la sociedad.

Una ilación se impone: no podemos seguirconviviendo con el caos.

Ahora bien. Puesto que la ejecución penal esuna obligación de los Estados, el sistema depende, encada unidad federativa (son veintiséis) de la voluntad

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política de los gobernadores de turno y de recursosfinancieros para mantenerlo.

En cuanto a la construcción de centros penales,se efectúa casi siempre una aparcería con la Unión, quedesembolsa una suma que varía del 80% al 90%.

En muchos Estados, empero, el desacato a lasnormas de ejecución (encaradas por algunos comomeros conjuntos de principios programáticos o comoagendas de aspiraciones) es tan abisal que el Ministeriode Justicia, por conducto del DepartamentoPenitenciario Nacional (DEPEN), ha intentado, comoinstrumento de presión, no siempre con resultadospositivos, vincular la liberación de recursos alcumplimiento mínimo de las normas definidas en la Leyde Ejecución Penal y en las Reglas Mínimas para elTratamiento del Recluso en Brasil.

6.2. LA SOBREPOBLACIÓNLa sobrepoblación –crónica, en casi todos los

países latinoamericanos y caribeños– tiende a creceren Brasil con el recrudecimiento de la criminalidad, lamayor eficiencia policial, la imposición en demasía de lapena de prisión (incluso preventiva), la conminación depenas largas, la lentitud judicial (que repercute en lacantidad de reclusos provisionales), la falta de asistenciajurídica adecuada (muchos pierden, por ello, algunosde sus beneficios, como la progresión de régimen, laredención de la pena y la libertad condicional) y laescasez de vacantes en las cárceles.

En sólo cuatro Estados hay superávit devacantes (Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Tocantinsy Piauí). (V. nota 1) En los demás, la situación esdramática. Uno de los ejemplos de esa realidad es elEstado de Rondonia: con cerca de 300.000 habitantes,tiene más reclusos que los Estados de Amapá, Roraimay Amazonas. Su capital, Porto Velho, según los datosoficiales, tiene 3.372 reclusos, con un déficit de más de1.500 vacantes. En la mayor prisión del Estado, lasuperpoblada Casa de Detención Dr. José Mário Alvesda Silva, conocida como “Oso Blanco”, masacres yenfrentamientos se suceden, absolutamente previsibles.Nadie trabaja y la violencia y el terror –exacerbados porla rivalidad de las pandillas, la falta de capacitación delos guardianes y el desdén hacia la dignidad de losenrejados– son vocablos incorporados a la vidacotidiana.

En Sorocaba, a 87 Km. al este de la ciudad deSão Paulo, los reclusos de la cárcel local, autores dedelitos como desacato a la autoridad, lesión corporal oportación de armas (200 en un espacio diseñado para60), formaron, hace algunos años, por su propiainiciativa, un consorcio con el fin de pagar la fianza de

los que no tenían recursos y reducir los problemasgenerados por el exceso de población.4

Objeto de reiteradas denuncias, hechas pororganismos internacionales de protección de losderechos humanos, la sobrepoblación, cruel yhumillante, máxime en las comisarías y cárceles locales,es el más grave de todos los problemas enfrentados porel sistema penitenciario. Al causar hacinamiento, tieneun reflejo profundamente negativo sobre el sistema,puesto que afecta a las demás funciones esencialescomo seguridad, atención médica y jurídica, serviciossociales, alimentación, trabajo, educación, recreación,higiene, etc. 5

En el ítem 39 de la Exposición de Motivos de laLEP está dicho que en el Informe de la ComisiónParlamentaria de Investigación (CPI) del SistemaPenitenciario se acentuó que “la acción educativaindividualizada o la individualización de la pena sobrela personalidad, requisito indispensable para laeficiencia del tratamiento penal, es obstaculizada en lacasi totalidad del sistema penitenciario brasileño por lasuperpoblación carcelaria, que impide la clasificaciónde los prisioneros en grupo y su consecuentedistribución por establecimientos distintos, donde seconcretice el tratamiento adecuado.”

Sergio García Ramírez, del Instituto deInvestigaciones Jurídicas de la Universidad Autónomade México (UNAM), ex Procurador General de laRepública, nos pinta un cuadro que es igual en todaAmérica Latina y el Caribe:

“A lo largo de la Colonia, como sucedería mástarde –y hasta nuestros días–, la sobrepoblaciónha sido el agobio de las prisiones, el talón deAquiles de las cárceles, que tienen, por cierto,más de un talón de este género en la anatomíade sus debilidades.”

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Y, más adelante, agrega el actual Presidente de laCorte Interamericana de Derechos Humanos:

“Resultaba necesario aliviar las condiciones devida en la cárcel gigantesca y reanudar el antiguosueño: distribuir a los reclusos en categorías máso menos homogéneas, evitar la contaminacióncarcelaria, impedir que mine todos los esfuerzosla lepra de las prisiones: una sobrepoblaciónasfixiante.”

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Es unánime el reconocimiento, ante el contextoarriba descrito, de la necesidad de reducir drásticamenteel empleo de la pena privativa de libertad, no sólo porquelos sustitutivos penales contribuyen a largo plazo paradesahogar las prisiones, sino también porque, asabiendas, por un sinnúmero de razones, han constituidouna experiencia exitosa, una respuesta eficaz, barata y

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humana para los autores de delitos de pequeño potencialofensivo.

Lamentablemente, a despecho de las reformaspenales y los avances observables a partir de la creación,en todo el país, de Centrales o Varas de Ejecución dePenas y Medidas Alternativas (que han asegurado unmonitoreo efectivo de su aplicación), no se puedeignorar que hay todavía cierta resistencia de algunosjueces y fiscales, quienes prefieren la pena de prisión yhacen vista gorda a tales conquistas.

6.3. EL ÉNFASIS EN EL ORDEN Y LADISCIPLINA

Si es cierto que el orden y la disciplina soncondiciones básicas para la paz y la seguridad, tambiénlo es que se suele supervalorarlos en los institutospenales, en donde el control excesivo se convierte enun instrumento de dominación y autoritarismo.

En un artículo nuestro, publicado en la revistamexicana “Iter Criminis”, citamos a Augusto F. G.Thompson, ex Procurador del Estado de Río de Janeiro,quien, en su libro “A Questão Penitenciária”, advierte:“Consciente de que un descuido, en lo que atañe a laseguridad y disciplina, redundará en la sujeción asanciones, mientras un malogro en lo que respecta a laintimidación y recuperación, pasará desapercibido, laadministración penitenciaria se ve impelida a resaltar elcarácter custodial del confinamiento carcelario,tendiendo a ejercer una vigilancia severa sobre losinternos. La mejor manera de prevenir evasiones ydesórdenes es imponer un régimen de asfixiantecercenamiento a la autonomía del recluso. La rigidez de ladisciplina –precio alto que se paga por la seguridad– setraduce en la supresión del autodiscernimiento, de laresponsabilidad personal, de la iniciativa del paciente.”8

El testimonio de Thompson es compartido porla unanimidad de los penitenciaristas, los cualesapuntan la antinomia entre las propuestas demanutención del orden y de la disciplina y las derehabilitación o resocialización del recluso.

Manoel Pedro Pimentel, Profesor de DerechoPenal y Procesal Penal, ex Secretario de los Negociosde Justicia y de Seguridad Pública del Estado de SãoPaulo, explica con clareza:

“Esquemáticamente, las metas formales de lapena de prisión son: punición, prevención yregeneración. Las metas informales, o sea, losmedios necesarios para cumplir ese programa,en el recinto de las prisiones cerradas, son:seguridad y disciplina. Ahora bien. De la simplescolocación en confronto de las metas formales einformales, se percibe que surge una

incomposibilidad de realización de ambas almismo tiempo, pues son excluyentes unas delas otras.”

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6.4. LA TENDENCIA AL RIGOR ENLA EJECUCIÓN

La violencia, sobre todo la urbana, ha nutridoen Brasil el discurso de los que defienden, como formade contención de la criminalidad y con el apoyo de losmedios de comunicación social y de la sociedad, elendurecimiento de la sanción punitiva, la creación denuevos tipos penales y la reducción de la edad de laresponsabilidad penal.

El régimen disciplinario diferenciado, instituidopor la ley 10.792/94, es uno de los últimos retoñosespurios de esa tendencia (opuesta al principio de laintervención mínima) y se aplica a reclusos provisionaleso condenados que practiquen un hecho previsto comocrimen doloso y que ocasione subversión del orden ode la disciplina internas; presenten alto riesgo para elorden y la seguridad del establecimiento penal o lasociedad; o sobre el cual existan fundadas sospechasde envolvimiento o participación, a cualquier título, enorganizaciones criminales, pandilla o banda.

El RDD, que ya se utilizaba extraoficialmente,exhibe las siguientes características: duración máximade trescientos sesenta días, sin perjuicio de repeticiónde la sanción por nueva falta grave de la misma especie,hasta el límite de un sexto de la pena aplicada; clausuraen celda individual; visitas semanales de dos personas,sin contar a los niños, con duración de dos horas; salidade la celda por 2 horas diarias para baño de sol.

El párrafo único del artículo 87 de la Ley deEjecución Penal, añadido por la mencionada Ley n.10.793/2003, establece que la Unión Federal, los Estados,el Distrito Federal y los Territorios podrán construirpenitenciarías destinadas exclusivamente a los reclusosprovisionales y condenados que estén en régimencerrado, sujetos al régimen disciplinario diferenciado.

Sometido a la apreciación del CNPCP, mientrasera un proyecto de ley, el RDD fue rechazado de modounánime por los miembros del Consejo Nacional dePolítica Criminal y Penitenciaria, quienes señalaron, enla Resolución n. 10, del 12 de mayo de 2003, su inaptitudpara la garantía de la seguridad de los establecimientospenales. El Consejero Carlos Weis, en dictamenaprobado en la reunión ordinaria de mayo del corrienteaño, fue enfático al afirmar que se trata de “una prácticano recomendable que enmascara el fracaso del Estadode desarrollar una política penitenciaria competente ycongruente con el Estado Democrático de Derecho”.

En el mismo dictamen, aduce el Consejero quelas sanciones disciplinarias “Deben ser aplicadas para

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promover el restablecimiento de la seguridad y de labuena organización de la vida comunitaria, siendoaplicables por el tiempo estrictamente necesario paraello”, agregando que éste es el pensamiento del CNPCP,consolidado en el artículo 28 de las Reglas Mínimaspara el Tratamiento del Recluso en Brasil: “Las medidascoercitivas serán aplicadas, exclusivamente, para elrestablecimiento de la normalidad y cesarán, deinmediato, después de alcanzada su finalidad.”

7. EL RETO (CONCLUSIONES)Si, por un lado, se reconoce que las Reglas

Mínimas de las Naciones Unidas para el Tratamiento delos Reclusos fueron redactadas a partir de laconstatación de lo “que es generalmente aceptado comobuenos principios y buena práctica”, sin dejar deconsiderar la continua evolución de ideas y conceptos,constituyendo una modalidad de estatuto internacionalde los derechos del recluso, una carta de principios querechaza cualquier vejación abusiva o privación noantevista en la ley o la sentencia (aquí se sugiere lalectura del “Manual de Buena Práctica Penitenciaria:Implementación de las Reglas Mínimas de las NacionesUnidas para el Tratamiento de los Reclusos”, publicadopor el Instituto Interamericano de Derechos Humanos,según el cual los cautivos “están en prisión comocastigo, pero no para recibir castigos. La pena consisteen la pérdida de libertad. Por lo tanto, las circunstanciasde encarcelamiento no debieran utilizarse como uncastigo adicional. Se debe reducir al mínimo cualquierade los efectos adversos del encarcelamiento. Aunquela vida en prisión nunca puede ser normal, lascondiciones en ella deberían ser tan cercanas a la vida

normal como sea posible, aparte de la pérdida delibertad.”10) y persigue la protección del decoro, de laintegridad física y moral, así como de la reintegraciónsocial de los reclusos, por otro lado se reconoce que lasReglas Mínimas para el Tratamiento del Recluso enBrasil se juntan a las Reglas Mínimas de las NacionesUnidas a fin de reforzarlas y ejercer, con su ideariohumanista e igual agenda de exigencias mínimas, unainfluencia positiva en la legislación, la doctrina y laformulación de la política penitenciaria brasileña.

Para ello es necesaria una toma de concienciadel extraordinario reto que representa la ejecución de lapena en un país que tradicionalmente no ofrecetratamiento decente a sus ciudadanos encarcelados.

Concluyo con las palabras del Profesor HelenoFragoso, en “Direitos dos Presos”:

“Las reglas mínimas son importantes, a pesar desus notorias insuficiencias y limitaciones,porque a través de ellas se pretende preservar ladignidad del preso, protegiéndose, en baseuniversal, sus derechos humanos, impidiendoque sea sometido a tratamiento degradante yque le sean impuestas restricciones ysufrimientos que no sean inherentes a la pérdidade la libertad. Pero es obvio que tales reglas notienen carácter convencional, y no pueden serinvocadas sino cuando incorporadas al derechointerno. Es innegable, no obstante, su fuerzamoral como expresión de patronesuniversalmente reconocidos y proclamados.”

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02. GALEANO, Eduardo. Texto obtenido en Internet.Consultas: [email protected]

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03. Oportuna la manifestación de los participantes en elIV Curso Internacional sobre las Medidas Efectivasde Atención para facilitar la Reinserción de lasPersonas Privadas de Libertad en la Sociedad,organizado en San José, Costa Rica, por el ILANUD(Instituto Latinoamericano de las Naciones Unidaspara la Prevención de Delito y el Tratamiento delDelincuente), con el apoyo de la JICA (AgenciaJaponesa para la Cooperación Internacional) yUNAFEI (Instituto de las Naciones Unidas para Asiay Lejano Oriente).

Teniendo en cuenta la proximidad del aniversariode 50 años de las Reglas Mínimas y además,

“Habiendo analizado los informes nacionalespresentados por los participantes de los países, comoasimismo las exposiciones de los expertos asistentes,de las que se desprende que existen graves problemascomunes que afectan a los sistemas penitenciarios deAmérica Latina, y que tales problemas incluyen lacreciente utilización de la prisión preventiva con carácterde pena, el hacinamiento carcelario, y el grave deteriorodas las condiciones de encierro, todo lo cual generaviolaciones a derechos fundamentales de presos ypresas tales como los derechos a la vida y a la salud;

Notando que la situación descripta se da en elcontexto de marcos jurídicos en los que, a despecho delas reformas procesales progresivamenteimplementadas, los operadores del sistema penalcontinúan adoptando medidas características delsistema inquisitivo y escriturista;

Notando, asimismo, que pese a la progresivaintroducción en las legislaciones penales y procesalesde medidas alternativas a las privativas de libertad, losoperadores jurídicos continúan privilegiando la prisiónprovisoria o definitiva, según los casos, medianteinterpretaciones restrictivas y formalistas quedesvirtúan la normativa internacional y los principiosconstitucionales relativos al tema;

Notando con preocupación la frecuenteineficacia de las normas que tutelan los derechosfundamentales de las personas privadas de libertad, conel débil rol de los jueces, fiscales y defensores que tienena su cargo el control de la constitucionalidad de lasleyes y reglamentos penitenciarios, y de la práctica dela gestión penitenciaria”,

Resolvieron los participantes formular algunasrecomendaciones, entre las cuales sobresalen:

“a) Sensibilizar y capacitar a jueces, fiscales ydefensores respecto de su misión desalvaguardia de las garantías y derechosindividuales de toda persona privada delibertad, mediante el control de

constitucionalidad de las leyes, reglamentosy medidas que rigen las condiciones de vidade quienes se encuentran en prisión;

b) Desarrollar políticas penitenciariassostenibles, regidas por el respeto irrestrictoa los derechos humanos consagrados en lasconstituciones y en la normativainternacional de la materia;

c) Implementar la carrera penitenciaria, con elfin de seleccionar, designar y promover alpersonal –en todas sus jerarquías– enfunción de su idoneidad, en adecuadarelación numérica preso/funcionario, conestabilidad laboral, salario digno, ycapacitación profesional permanente acordecon sus funciones;

d) Adecuar o sustituir progresivamente lainfraestructura penitenciaria existente paraalcanzar como mínimo los estándaresprevistos en las Reglas Mínimas de lasNaciones Unidas para el Tratamiento de losReclusos;

e) Establecer en los sistemas penitenciarioscriterios eficaces de clasificación de laspersonas privadas de libertad para reducirsu vulnerabilidad frente a las situacionesdesfavorables provocadas por laconvivencia forzada, y asegurar suparticipación en programas que favorezcansu futura reinserción social;

f) Promover, en toda la medida posible, laparticipación de la sociedad civil para lograrla inserción social intra y extramuros de laspersonas privadas de libertad, y la mayortransparencia en el proceso de ejecución dela pena.” (Correspondencia enviada, en 2003,al Ministerio de Justicia de Brasil, por elInstituto Latinoamericano de las NacionesUnidas para la Prevención del Delito yTratamiento del Delincuente, con copia paralos miembros del Consejo Nacional dePolítica Criminal y Penitenciaria).

04. Periódico Folha de São Paulo, 02.11.95.

05. “El hacinamiento, a su vez, obstaculiza el normaldesempeño de funciones esenciales de los sistemaspenitenciarios, tales como la salud, el descanso, lahigiene, la alimentación, la seguridad, el régimen devisitas, y, asimismo, el de otras funciones tambiénmuy importantes, pero que pasan entonces a lacategoría de prescindibles por la imposibilidad dedesarrollarlas, o de desarrollarlas de maneraadecuada; nos referimos a la educación, el trabajo,

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la recreación y la visita íntima…” (CARRANZA,Elías (Coordinador). Justicia Penal ySobrepoblación Penitenciaria: RespuestasPosibles. San José, Costa Rica: ILANUD/SigloVeintiuno Editores, 2001, p. 22). Elías Carranza, en“Prison Overcrowding as an Obstacle to theApplication of the United Nations Standard onPenitentiary Systems”, in “The Application of theUnited Nations Standard and Norms in CrimePrevention and Criminal Justice”, publicado por elMinisterio de Justicia, de Austria, en 2003, informaque “Recently, the General Assembly adopted twoimportant instruments that make significantreference to the current penitentiary conditions.One of them is the Vienna Declaration on Crime andJustice: Meeting the Challenges of the Twenty-firstCentury, adopted by the General Assembly onDecember 4th, 2000. In its paragraph 26 the MemberStates state: ‘We commit ourselves to accordingpriority to containing the growth and overcrowdingof pre-trial and detention prison populations, asappropriate, by promoting safe and effectivealternatives to incarceration.’ The other instrument,adopted on the 20th Session of December 21st, 2001,is entitled Action Plan for the Application of theVienna Declaration on Crime and Justice: Meetingthe Challenges of the Twenty-first Century. Inparagraph X, the instrument proposes measures

regarding prison overcrowding and secure theeffective alternatives to imprisonment.”

06. RAMÍREZ, Sergio García. Los Personajes delCautiverio: Prisiones, Prisioneros y Custodios.México: Porrúa, 2002, p. 136.

07. Idem, p. 103.

08. THOMPSON, Augusto F. G. A QuestãoPenitenciária. Rio de Janeiro: Vozes, 1976, p. 41, inUna Visión de la Realidad Penitenciaria enMéxico. Iter Criminis, Revista de Ciencias Penales–México, DF: Instituto Nacional de CienciasPenales– Marzo 2002 –Núm. 2. Segunda Época, p.141.

09. PIMENTEL, Manoel Pedro. O Crime e a Pena naAtualidade. São Paulo: Revistas dos Tribunais,1983, p. 38.

10. Manual de Buena Práctica Penitenciaria:Implementación de las Reglas Mínimas de lasNaciones Unidas para el Tratamiento de losReclusos. San José, Costa Rica: InstitutoInteramericano de Derechos Humanos, 1998, p. 16.

11. FRAGOSO, Heleno et al. Direitos dos Presos. Rio deJaneiro: Forense, 1980, p.18.

ANEXO

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El Presidente del Consejo Nacional de PolíticaCriminal y Penitenciaria (CNPCP), en el uso de susatribuciones legales, reglamentarias y

Considerando la decisión, por unanimidad, delConsejo Nacional de Política Criminal y Penitenciaria,reunido el 17.10.94, con el propósito de establecer lasReglas Mínimas para el Tratamiento del Recluso enBrasil;

Considerando la recomendación, en ese sentidoaprobada en la Sesión del 26 de abril al 6 de mayo de1994, por el Comité Permanente de Prevención del Crimeny Justicia Penal de las Naciones Unidas, del cual Brasiles Miembro;

Considerando todavía lo dispuesto en la Ley7.210, del 11.07.84 (Ley de Ejecución Penal):

Resuelve fijar las Reglas Mínimas para elTratamiento del Recluso en Brasil.

TÍTULO IREGLAS DE APLICACIÓN

GENERAL

CAPÍTULO IDE LOS PRINCIPIOSFUNDAMENTALES

Artículo 1º. Las normas siguientes obedecen alos principios constantes en la Declaración Universalde los Derechos del Hombre y de aquellos insertadosen los Tratados, Convenciones y Reglas internacionalesde que Brasil es firmante, debiendo ser aplicadas sindistinción de naturaleza racial, social, religiosa, sexual,política, idiomática o de cualquier otro orden.

Artículo 2º. Se impone el respeto a las creenciasreligiosas, los cultos y los preceptos morales del recluso.

Artículo 3º. Es asegurado al recluso el respeto asu individualidad, integridad física y dignidad personal.

Artículo 4º. El recluso tendrá el derecho de serllamado por su nombre.

CAPÍTULO IIDEL REGISTRO

Artículo 5º. Nadie podrá ser admitido enestablecimiento prisional sin orden legal de prisión.

Párrafo único. En el local donde haya reclusodeberá existir registro en que consten los siguientesdatos:

I - identificación;II - motivo de la prisión;III - nombre de la autoridad que la determinó;IV - antecedentes penales y penitenciarios;V - día y hora del ingreso y de la salida.Artículo 6º. Los datos referidos en el artículo

anterior deberán ser inmediatamente comunicados alPrograma de Informatización del Sistema PenitenciarioNacional - INFOPEN, asegurándose al recluso y a sufamilia el acceso a esas informaciones.

CAPÍTULO IIIDE LA SELECCIÓN Y

SEPARACIÓN DE LOSRECLUSOS

Artículo 7º. Reclusos pertenecientes acategorías diversas deben ser alojados en distintosestablecimientos prisionales o en sus secciones,observadas características personales tales como: sexo,edad, situación judicial y legal, cantidad de pena a quefue condenado, régimen de ejecución, naturaleza de la

REPÚBLICA FEDERATIVA DE BRASIL - MINISTERIO DE JUSTICIACONSEJO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL Y PENITENCIARIA

REGLAS MÍNIMAS PARA EL TRATAMIENTO DEL RECLUSOEN BRASIL

RESOLUCIÓN N. 14, DEL 11 DE NOVIEMBRE DE 1994(Publicada en el Diario Oficial de la Unión del 02.12.94)

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prisión y el tratamiento específico que le corresponda,atendiendo al principio de la individualización de la pena.

§ 1º Las mujeres purgarán pena enestablecimientos propios.

§ 2º Serán aseguradas condiciones para que lapresa pueda permanecer con sus hijos durante el períodode amamantamiento de los mismos.

CAPÍTULO IVDE LOS LOCALES

DESTINADOS A LOSRECLUSOS

Artículo 8º. Salvo razones especiales, losreclusos deberán ser alojados individualmente.

§ 1º Cuando la utilización de dormitorioscolectivos, estos deberán ser ocupados por reclusoscuidadosamente seleccionados y reconocidos comoaptos para ser alojados en esas condiciones.

§ 2º El recluso dispondrá de cama individualprovista de ropas, mantenidas y cambiadas correcta yregularmente, a fin de asegurar condiciones básicas delimpieza y comodidad.

Artículo 9º. Los locales destinados a losreclusos deberán satisfacer las exigencias de higiene,de acuerdo con el clima, particularmente en lo que serefiere a la superficie mínima, volumen de aire,calefacción y ventilación.

Artículo 10. El local donde los reclusosdesarrollan sus actividades deberá presentar:

I - ventanas amplias, dispuestas de modo aposibilitar circulación de aire fresco, con osin ventilación artificial, para que el reclusopueda leer y trabajar con luz natural;

II - cuando fuere necesario, luz artificialsuficiente, para que el recluso pueda leer ytrabajar sin perjuicio de su visión;

III - instalaciones sanitarias adecuadas, para queel recluso pueda satisfacer sus necesidadesnaturales en forma higiénica y decente,preservándose su privacidad.

IV - instalaciones apropiadas, para que el reclusopueda bañarse a la temperatura adecuada alclima y con la frecuencia que exigen losprincipios básicos de higiene.

Artículo 11. A los menores de 0 a 6 años, hijosde recluso, será garantizada la atención en guardería yen el periodo preescolar.

Artículo 12. Las ropas suministradas por losestablecimientos prisionales deben ser apropiadas a lascondiciones climáticas.

§ 1º Las ropas no deberán afectar la dignidaddel recluso.

§ 2º Todas las ropas deberán estar limpias ymantenidas en buen estado.

§ 3º En circunstancias especiales, cuando elrecluso se aleja del establecimiento para finesautorizados, le será permitido usar sus propias ropas.

CAPÍTULO VDE LA ALIMENTACIÓNArtículo 13. La administración del

establecimiento prisional suministrará agua potable yalimentación a los reclusos.

Párrafo único. La alimentación será preparadade acuerdo con las normas de higiene y dieta, controladapor nutricionista, debiendo presentar valor nutritivosuficiente para manutención de la salud y del vigor físicodel recluso.

CAPÍTULO VIDE LOS EJERCICIOS FÍSICOS

Artículo 14. El recluso que no se ocupe de tareaal aire libre deberá disponer, por lo menos, de una horadurante el día para realización de ejercicios físicosadecuados o baño de sol.

CAPÍTULO VIIDE LOS SERVICIOS DE SALUD

Y ASISTENCIA SANITARIAArtículo 15. La asistencia a la salud del recluso,

de carácter preventivo y curativo, comprenderá atenciónmédica, psicológica, farmacéutica y odontológica.

Artículo 16. Para la asistencia a la salud, losestablecimientos prisionales serán dotados de:

I - enfermería con cama, material clínico,instrumental adecuado a productosfarmacéuticos indispensables parainternación médica u odontológica deurgencia;

II - dependencia para observación psiquiátricay cuidados a toxicómanos;

III - unidad de aislamiento para enfermedadesinfectocontagiosas.

Párrafo único. Caso el establecimiento prisionalno esté suficientemente preparado para proveer

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atención médica necesaria al enfermo, podrá él sertransferido para unidad hospitalaria apropiada.

Artículo 17. El establecimiento prisionaldestinado a mujeres dispondrá de dependencia dotadade material obstétrico, a fin de atender a la mujer encinta,a la parturienta y a la convaleciente, sin condiciones deser transferida a la unidad hospitalaria para tratamientoapropiado, en caso de emergencia.

Artículo 18. El médico, obligatoriamente,examinará al recluso, cuando su ingreso en elestablecimiento y, posteriormente, si fuere necesario,para:

I - determinar la existencia de enfermedad físicao mental, tomando, para ello, las medidasnecesarias;

II - asegurar el aislamiento de reclusossospechosos de sufrir enfermedadinfectocontagiosa;

III - determinar la capacidad física de cadarecluso para el trabajo;

IV - señalar las deficiencias físicas y mentalesque puedan constituir un obstáculo para sureinserción social.

Artículo 19. Al médico incumbe velar por la saludfísica y mental del recluso, debiendo realizar visitasdiarias a aquellos que necesiten.

Artículo 20. El médico informará al director delestablecimiento si la salud física o mental del reclusofue o podrá venir a ser afectada por las condiciones delrégimen prisional.

Párrafo único. Se debe garantizar la libertad decontratar a un médico de confianza personal del reclusoo de sus familiares, a fin de orientar y seguir sutratamiento.

CAPÍTULO VIIIDEL ORDEN Y DE LA

DISCIPLINAArtículo 21. El orden y la disciplina deberán ser

mantenidos, sin imponerse restricciones además de lasnecesarias para la seguridad y la buena organización dela vida en común.

Artículo 22. Ningún recluso deberá desempeñarfunción o tarea disciplinaria en el establecimientoprisional.

Párrafo único. Este dispositivo no se aplica alos sistemas basados en la autodisciplina y no debe ser

obstáculo para la atribución de tareas, actividades oresponsabilidades de orden social, educativo odeportivo.

Artículo 23. No habrá falta o sancióndisciplinaria sin expresa y anterior previsión legal oreglamentaria.

Párrafo único. Las sanciones no podrán poneren peligro la integridad física y la dignidad personal delrecluso.

Artículo 24. Son prohibidos, como sancionesdisciplinarias, los castigos corporales, clausura en celdaoscura, sanciones colectivas, así como toda punicióncruel, inhumana, degradante y cualquier forma detortura.

Artículo 25. No serán utilizados, comoinstrumentos de punición, corrientes, esposas y camisasde fuerza.

Artículo 26. La norma reglamentaria dictada porautoridad competente determinará en cada caso:

I - la conducta que constituye infraccióndisciplinaria;

II - el carácter y la duración de las sancionesdisciplinarias;

III - la autoridad que deberá aplicar lassanciones.

Artículo 27. Ningún recluso será punido sinhaber sido informado de la infracción que le seráatribuida y sin que le sea asegurado el derecho dedefensa.

Artículo 28. Las medidas coercitivas seránaplicadas, exclusivamente, para el restablecimiento dela normalidad y cesarán, de inmediato, luego de seralcanzada su finalidad.

CAPÍTULO IXDE LOS MEDIOS DE

COERCIÓNArtículo 29. Los medios de coerción, tales como

esposas y camisas de fuerza, sólo podrán ser utilizadosen los siguientes casos:

I - como medida de precaución contra fuga,durante el desplazamiento del recluso,debiendo ser retirados cuando lacomparecencia en audiencia ante laautoridad judicial o administrativa;

II - por motivo de salud, según recomendaciónmédica;

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III - en circunstancias excepcionales, cuando esindispensable utilizarlos en razón de peligroinminente para la vida del recluso, deservidor o de terceros.

Artículo 30. Es prohibido el transporte delrecluso en condiciones o situaciones que le impongansufrimientos físicos.

Párrafo único. En el desplazamiento de mujerpresa la escolta será integrada, por lo menos, por unapolicía o funcionaria pública.

CAPÍTULO XDE LA INFORMACIÓN Y DELDERECHO DE QUEJA DE LOS

RECLUSOSArtículo 31. Cuando el ingreso en el

establecimiento prisional, el recluso recibiráinformaciones escritas sobre normas que orientarán sutratamiento, las imposiciones de carácter disciplinarioasí como sobre sus derechos y deberes.

Párrafo único. Al recluso analfabeto, esasinformaciones serán prestadas verbalmente.

Artículo 32. El recluso tendrá siempre laoportunidad de presentar solicitudes o formular quejasal director del establecimiento, a la autoridad judicial uotra competente.

CAPÍTULO XIDEL CONTACTO CON EL

MUNDO EXTERIORArtículo 33. El recluso estará autorizado a

comunicarse periódicamente, bajo vigilancia, con sufamilia, parientes, amigos o instituciones idóneas, porcorrespondencia o por medio de visitas.

§ 1º La correspondencia del recluso analfabetopuede ser, a su solicitud, leída y escrita por servidor oalguien por él indicado;

§ 2º El uso de los servicios de telecomunicacionespodrá ser autorizado por el director del establecimientoprisional.

Artículo 34. En caso de peligro para el orden opara la seguridad del establecimiento prisional, laautoridad competente podrá restringir lacorrespondencia de los reclusos, respetados susderechos.

Párrafo único. La restricción referida en el caputde este artículo cesará, inmediatamente, restablecida lanormalidad.

Artículo 35. El recluso tendrá acceso ainformaciones periódicas a través de los medios decomunicación social, autorizado por la administracióndel establecimiento.

Artículo 36. La visita al recluso del cónyuge,compañero, familia, parientes y amigos, deberá observarla fijación de los días y horarios propios.

Párrafo único. Deberá existir instalacióndestinada al entrenamiento de estudiantesuniversitarios.

Artículo 37. Se debe estimular la manutención yel mejoramiento de las relaciones entre el recluso y sufamilia.

CAPÍTULO XIIDE LA INSTRUCCIÓN Y

ASISTENCIA EDUCACIONALArtículo 38. La asistencia educacional

comprenderá la instrucción escolar y la formaciónprofesional del recluso.

Artículo 39. La enseñanza profesional seráimpartida en nivel de iniciación y de perfeccionamientotécnico.

Artículo 40. La instrucción primaria se brindaráobligatoriamente a todos los reclusos que no la poseen.

Párrafo único. Cursos de alfabetización seránobligatorios y compulsivos para los analfabetos.

Artículo 41. Los establecimientos prisionalescontarán con biblioteca organizada con libros decontenido informativo, educativo y recreativo,adecuados a la formación cultural, profesional yespiritual del recluso.

Artículo 42. Deberá ser permitido al reclusoparticipar en curso por correspondencia, radio otelevisión, sin perjuicio de la disciplina y la seguridaddel establecimiento.

CAPÍTULO XIIIDE LA ASISTENCIA

RELIGIOSA Y MORALArtículo 43. La asistencia religiosa, con libertad

de culto, será permitida al recluso así como laparticipación en los servicios organizados en elestablecimiento prisional.

Párrafo único. Deberá ser facilitada, en losestablecimientos prisionales, la presencia derepresentante religioso, con autorización para organizarservicios litúrgicos y hacer visita pastoral a adeptos desu religión.

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CAPÍTULO XIVDE LA ASISTENCIA JURÍDICA

Artículo 44. Todo recluso tiene derecho a serasistido por abogado.

§ 1º Las visitas de abogado serán en localreservado, con observancia del derecho a su privacidad;

§ 2º Al recluso pobre el Estado deberáproporcionar asistencia gratuita y permanente.

CAPÍTULO XVDE LOS DEPÓSITOS DEOBJETOS PERSONALESArtículo 45. Cuando el ingreso del recluso en el

establecimiento prisional, serán guardados, en lugarseguro, el dinero, los objetos de valor, ropas y otraspiezas de uso que le pertenezcan y que el reglamentono autorice a tener consigo.

§ 1º Todos los objetos serán inventariados y setomarán medidas necesarias para su conservación.

§ 2º Tales bienes serán devueltos al recluso enel momento de su transferencia o liberación.

CAPÍTULO XVIDE LAS NOTIFICACIONES

Artículo 46. En casos de óbito, de enfermedad,accidente grave o transferencia del recluso para otroestablecimiento, el director informará inmediatamenteal cónyuge, si fuere el caso, a pariente próximo o apersona previamente designada.

§ 1º El recluso será informado, inmediatamente,del óbito o de enfermedad grave de cónyuge,compañero, ascendiente, descendiente o hermano,debiendo ser permitida la visita a éstos, bajo custodia.

§ 2º El recluso tendrá derecho de comunicar,inmediatamente, a su familia, su prisión o sutransferencia para otro establecimiento.

CAPÍTULO XVIIDE LA PRESERVACIÓN DE LA

VIDA PRIVADA Y DE LAIMAGEN

Artículo 47. El recluso no será constreñido aparticipar, activa o pasivamente, en acto de divulgaciónde informaciones a los medios de comunicación social,especialmente en lo que atañe a su exposicióncompulsiva a fotografía o film.

Párrafo único. La autoridad responsable de lacustodia del recluso providenciará, tanto como lopermita la ley, para que informaciones sobre la vidaprivada y la intimidad del recluso sean mantenidas ensigilo, especialmente aquellas que no tengan relacióncon su prisión.

Artículo 48. En caso de desplazamiento delrecluso, por cualquier motivo, se debe evitar suexposición al público, así como resguardarlo de insultosy de la curiosidad general.

CAPÍTULO XVIIIDEL PERSONALPENITENCIARIO

Artículo 49. La selección del personaladministrativo, técnico, de vigilancia y custodia,atenderá a la vocación, la preparación profesional y laformación profesional de los candidatos a través deescuelas penitenciarias.

Artículo 50. El servidor penitenciario deberácumplir sus funciones, de modo que inspire respeto yejerza influencia benéfica al recluso.

Artículo 51. Se recomienda que el director delestablecimiento prisional sea debidamente calificadopara la función por su carácter, integridad moral,capacidad administrativa y formación profesionaladecuada.

Artículo 52. En el establecimiento prisional parala mujer, el responsable de la vigilancia y custodia serádel sexo femenino.

TÍTULO IIREGLAS APLICABLES A

CATEGORÍAS ESPECIALES

CAPÍTULO XIXDE LOS CONDENADOSArtículo 53. La clasificación tiene por finalidad:I - separar a los reclusos que, en razón de su

conducta y antecedentes penales ypenitenciarios, puedan ejercer influencianociva sobre los demás;

II - dividir a los reclusos en grupos para orientarsu reinserción social.

Artículo 54. Tan pronto como el condenadoingrese en el establecimiento prisional, deberá serrealizado examen de su personalidad, estableciéndoseprograma de tratamiento específico, con el propósitode promover la individualización de la pena.

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CAPÍTULO XXDE LAS RECOMPENSASArtículo 55. En cada establecimiento prisional

será instituido un sistema de recompensas, conforme alos distintos grupos de reclusos y los distintos métodosde tratamiento, a fin de estimular la buena conducta,desarrollar el sentido de responsabilidad, promover elinterés y la cooperación de los reclusos.

CAPÍTULO XXIDEL TRABAJO

Artículo 56. En cuanto al trabajo:I - el trabajo penitenciario no deberá tener

carácter aflictivo;II - al condenado será garantizado trabajo

remunerado conforme a su aptitud ycondición personal, respetada ladeterminación médica;

III - será proporcionado al condenado trabajoeducativo y productivo;

IV - deben ser consideradas las necesidadesfuturas del condenado, así como lasoportunidades ofrecidas por el mercado detrabajo;

V - en los establecimientos prisionales debenser tomadas las mismas precaucionesprescritas para proteger la seguridad y lasalud de los trabajadores libres;

VI - serán tomadas medidas para indemnizar alos reclusos por accidentes de trabajo yenfermedades profesionales, encondiciones semejantes a las que la leydispone para los trabajadores libres;

VI - la ley o reglamento fijará la jornada detrabajo diaria y semanal para loscondenados, observada la destinación detiempo para el ocio, el descanso, laeducación y otras actividades que seexigen como parte del tratamiento y convistas a la reinserción social;

VII - la remuneración a los condenados deberáposibilitar la indemnización por los dañoscausados por el crimen, adquisición deobjetos de uso personal, ayuda a su familia,constitución de peculio que le seráentregado cuando puesto en libertad.

CAPÍTULO XXIIDE LAS RELACIONESSOCIALES Y AYUDA

POSTPENITENCIARIAArtículo 57. El futuro del recluso, después del

cumplimiento de la pena, será siempre llevado en cuenta.Se debe animarlo en el sentido de mantener o establecerrelaciones con personas y/u órganos externos quepuedan favorecer los intereses de su familia, así comosu propia readaptación especial.

Artículo 58. Los órganos oficiales, o no, deapoyo al liberado deben:

I - proporcionarle los documentos necesarios,así como alimentación, vestuario yalojamiento en el período inmediato a suliberación, suministrándole, incluso, auxiliopara transporte local;

II - ayudarlo a reintegrarse a la vida en libertad,en especial contribuyendo para sucolocación en el mercado de trabajo.

CAPÍTULO XXIIIDEL ENFERMO MENTAL

Artículo 59. El enfermo mental deberá sercustodiado en establecimiento apropiado, no debiendopermanecer en establecimiento prisional más que eltiempo necesario para su transferencia.

Artículo 60. Se tomarán providencias para queel liberado continúe su tratamiento psiquiátrico, cuandofuere necesario.

CAPÍTULO XXIVDEL RECLUSO PROVISIONAL

Artículo 61. Al recluso provisional seráasegurado régimen especial en el que se observará:

I - separación de los reclusos condenados;II - celda individual, preferentemente;III - opción por alimentarse a sus expensas;IV - utilización de objetos personales;V - uso de su propia ropa o, cuando fuere el

caso, de uniforme distinto de aquel utilizadopor recluso condenado;

VI - oferta de oportunidad de trabajo;VII - visita y atención de su médico o dentista.

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CAPÍTULO XXVDEL RECLUSO POR PRISIÓN

CIVILArtículo 62. En los casos de prisión de

naturaleza civil, el recluso deberá permanecer en recintoseparado de los demás, aplicándose, según el caso, lasnormas destinadas a los reclusos provisionales.

CAPÍTULO XXVIDE LOS DERECHOS

POLÍTICOSArtículo 63. Son asegurados los derechos

políticos al recluso que no está sujeto a los efectos dela condenación criminal definitiva.

CAPÍTULO XXVIIDE LAS DISPOSICIONES

FINALESArtículo 64. El Consejo Nacional de Política

Criminal y Penitenciaria adoptará las providenciasesenciales o complementarias para el cumplimiento delas Reglas Mínimas establecidas en esta Resolución,en todas las unidades federativas.

Artículo 65. Esta Resolución entra en vigor a lafecha de su publicación.

Observación: Ponencia impartida en el “CongresoInternacional: Hacia el 50 Aniversario de las ReglasMínimas de las Naciones Unidas para el Tratamiento delos Reclusos”, realizado en La Habana, Cuba, los días10 y 11 de junio de 2004. El texto de las Reglas Mínimaspara el Tratamiento del Recluso en Brasil fue traducidoal español por el autor.

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ÉTHIQUE ET ALTÉRITÉ UN PROPOSPLURALISTE D’UN DROIT AUX DROITS

HUMAINS DANS DES PAYS PÉRIPHÈRIQUES

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •DJASON B. DELLA CUNHADocteur en Droit Public, DEA en Anthropologie Sociale par l’Université Lyon II – France; Criminologue; Professeurde Sociologie Juridique et de Criminologie et Politique Criminelle à l’Université Fédérale du Rio Grande do Norte– Natal/Brésil.

INTRODUCTIONLa discussion sur la crise des paradigmes –

notamment du monisme juridique – avec l’éxigenced’une revision des formes de production et de pratiquedu droit restaure au niveau global la question de l’équitécomme une vieille/nouvelle ordre de legitimité juridique.

Certes, la constatation d’épuissement de laculture juridique et des valeurs éthiques projetés par lamodernité bourgeoise-capitaliste témoigne unesuccession de crises de legitimité normative qui circulentdans les sphères des institutions politiques etéconomiques et traverse l’éthos valoratif des pratiquesquotidiennes

Sans doute, la vie dans la société contemporainede mass media dans ces pays “a son raison d’être dansla profonde perte d’identité culturelle, dans l’inhumaindes relations sócio-politiques, dans l’individualismeirrationnel et égoïste, dans l’absence de modèlescommunautaires et démocratiques, sinon encore dansla ménace constante de dévastation de l’environnement.Cette situation produit une des grandes difficultésactuelles, qu’est celle de bâtir les bases d’un conjointde valeurs éthiques capables d’internaliser le “moi”individuel et le “nous” dans une communauté réelle.Au milieu de la crise de legitimité normative, on vit lamanque du consentement et l’indécision face à ladiversité d’interpretation sur le quoi soit la “virtue”,“bien-commun”, “bonne vie” ou “l’action juste.”1

De façon que la reconnaissance de cette criseéthique de la modernité dans des pays périphèriquessuscite l’exigence d’une nouvelle rationnalité de la viesociale, soit au niveau des orientations instrumentalleset téchniques soit dans les interpretations des normeset valeurs éthiques de l’acction humaine, que permettentl’ouverture et la recherche des alternatives pour ladécouverte d’un nouveau paradigme axiologique, tantdans l’espace avancé des sociétés capitalistes actuelles

que dans les aires instables et conflitueuses dessociétés périphériques.

Ainsi, c’est parmi des nombreuses proposiçõesavancées que deux contribuitions phylosophiquessignificatives offrent des orientations paradigmatiquesà la supération de la crise des valeurs éthiques de la viesociale contemporaine. Il s’agit, d’un côté, du“pragmatisme analytique” répresenté par desthéoriciens anglo-américains tels que A. MacIntyre,Hilary Putnam et Richard Rorty, et, d’autre côté, du“rationnalisme discoursif” de Jürgen Habermas et Karl-Otto Apel.

1. PRAGMATISMEANALYTIQUE VERSUSRATIONALISMEDISCOURSIF

Sans vouloir traiter des particularités de ces deuxpropositions phylosophiques, le “pragmatismeanalytique” a par but théorique le rejet des appelésprincipes éthiques universeaux , défendant l’idée d’êtrepréjudiciel chercher des normes générales pour laconvivence sociale, une fois que l’éthique comme“virtue” se propose d’offre des réponses et solutions àdes problèmes immédiatiques et spécifiques.L’argumentation des pragmatiques analytiques,imprégnée d’une posture marquée par le rélativismeculturel, a par fondement le refus de valeurs absolus,intemporaires et utopiques, sous allégation que laconduite humaine comme virtue civique réflet desvaleurs regionaux que sont conditionnés à l’une traditionculturelle concrète.

Certes, au réduire le rôle d’une éthique derationnalité universelle, les pragmatiques analytiquesproclament une éthique spécifique, régionelle, marquéepar un “ethnocentrisme pragmatique” que, dû réflechir

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le predomine d’une tradition culturelle basée dans laway of life libéral-individualiste nord-américaine, tend àignorer les conceptions éthiques d’ autres ethosculturels, notamment les éthiques libertaires vécues pardes cultures de sociétés périphériques.

Par contre, le mouvement de l’éthique rationnelledu discours, différemment du “pragmatisme analytique”,a par référence théorique l’investigation sur lefondement des principes éthiques universels. Fondéesur le concept dialogique de la “raison”, en rejet aulogique instrumentelle de la rationnalité iluminée, lesdéfenseurs du “rationalisme discoursif” cherchentsurmonter l’épuissement de la crise éthique de lamodernité bourgeoise en proposant des règles et desvaleurs pour l’action humaine que visent l’émancipationdes sujets historiques et des groupes sociaux. Danscette ligne de raisonnement s’alignent Jürgen Habermaset Karl-Otto-Apel qui postulent une éthique de baseuniversaliste, poussée par un “discours pratico-communicatif”, capable de rendre objective une majeureassimilation entre le “moi” individuel et l’autonomie desidentités collectives.

Habermas, par exemple, reprend l’éthiqueformaliste de Kant (l’impératif catégorique) et s’appuitsur les arguments de la dialectique hégélienne pourproposer une éthique du discours pratique, dontl’intencionalité é médiée par la réciprocité de troisprincipes basiques et universels: le principe de la justice,le principe de la solidarité et le principe du bien-commun.Otto-Apel, par son tour, bâtit sa nouvelle éthiqueuniversaliste en prennant par fondement lespropositions normatives de contenue linguistique-pragmatique.

De façon que assumé par la logique d’unerationalité de “réflexion transcendentale”, Otto-Apelsistématise une éthique spéciale, de caractère aussidialogique (discoursive-communicative), nomée“éthique de la responsabilité” que s’annonce commeun pont médiatrice capable de rendre possiblel’existence d’une “éthique communautaireintersubjectivement valable”. À ce respect, assure Apel,en disant que “seul ce type de norme basique,universellement valable, de fondement consensuel-normatif, peut rendre possible la convivence des gens,des peuples et cultures, avec différents intérêts ettraditions valoratives de mondes vitaux. Or, c’est justela reconnaissance intersubjective de la “metanorme”,comme principe de rationalité discoursive, qui rendrepossible la condition du pluralisme valoratif du mondemoderne.” 2

Le propos de Apel est, néanmoins, bâtir une“éthique de la responsabilité” marquée par le consensusdes agents sociaux en interaction entre eux et que soitcapable de mise en ordre une action collective en faveur

du bien-être et de la bonheur général, sans être liée auxcirconstances.

Malgré des efforts de habermas et Apel au sensde fonder une éthique rationelle, intentionnellementuniverselle, que prend les relations intersubjectives etl’action communicative concrète comme axe de l’actionet de mise en ordre de la vie sociale, l’éfficace de sesprésupposés semble insuffisante pour rendre comptede la question de l’expérience historique des sociétéspériphériques (latino-américaines et brésilienne)marquées par des profondes clivages de situationsculturelles régionales, où il y a tout type d’irrationalisme,de conflits, dépendances et de violencesinstitutionalisées.

Sans doute, telle insufisance se doit au fait de“l’éthique discoursive” se borner autant seul à l’uneidée de société matisée par la perfection, constituée pardes agents sociaux libres, compétents et conscients,participants dans des conditions d’égalité du jeulinguistique et argumentatif. En vérité, ce que seconstate dans ces sociétés est le vécue d’une logiquede relations d’innégalité, dont la situation historiqueou l’expérience culturelle arrive au dedans d’un espacepublique composé par des sujets aliennés, explorés etinnégaux, lesquels sont ignorés, silenciés et exclus, àcause d’être considerés sans compétence pourparticiper des decisions engendrées par des catégoriessociaux que manipulent les discours de “l’éthique de laresponsabilité” ou du “pragmatisme universel”.

Par conséquent, il semble clair que tant le“pragmatisme analytique” de MacIntyre, Putnam e Rortycomme l’”éthique discoursive ou de la communication”de Habermas, ou même le “pragmatisme transcendantal”ou l’”éthique de la responsabilité” de Apel, se présenttous insufisantes ou déficitaires pour comprendre etdévelopper dans les sociétés périphériques un ethosparticulier ou universellement legitimé. Le chemind’affrontement à cette realité semble d’être tracé par unautre type de rationalité, dont le contenu reflet unepratique pédagogique libertatrice, capable d’émanciperles sujets historiques privés de justice, expropriés etexclus. Il s’agit, évidemment, d’une “éthique de l’altériré”sur laquelle se réfere le philosophe et théologue EnriqueD. Dussel comme “le lieu ou le moment de l’extériorité,dans lequel se donne ‘l’affirmation de l’opprimé commel’autre, comme personne et comme fin’, et que seconstitue de deux catégories fondamentales: la catégorieontologique de la ‘totalité’ e la catégorie métaphysiquede l’extériorité’ (altérité).” 3

Sur la dimension phylosophique du binomie“totalité” versus “extériorité”, qui fonde une nouvellestructure de la subjectivité, dispose Wolkmer au réfléchiren niveau théorique cette nouvelle logique de laconvivence humaine: “La catégorie de la ‘totalité’ que

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peut se manifester de manières diverses embrasse lemonde de la vie cotidienne, la totalité de l’être,l’universalité des sens et des pratiques, la mondialisationcapitaliste concrète et abstraite. L’éxigence d’unenouvelle ordre fondante implique le défis de rompre avecla ‘totalité’ ontologique de la pensée européennemoderne, caracterisée par un idéalisme individualiste etpar un subjectivisme centré dans le ‘Je absolut’.”4

Par d’autre, affirme lui: “la catégorie del’extériorité englobe l’espace humain de l’autre, del’altérité d’une nouvelle subjectivité présent en chaquepersonne comme individualité et en chaque groupecomme collectivité. De plus, la métaphysique de l’altéritécomme paradigme originaire que s’insurge contrel’injustice et contre la ‘négation de l’être de l’autre’ inscritdans l’histoire l’extériorité de l’autre, en configurant,par la praxis réflétée également en niveau théorique,une nouvelle logique de convivence humaine.”5

Il n’y a pas doute que “l’éthique de l’altérité”traduit une dimension libertaire que s’appuie sur unepraxis de désaliénation de l’homme et sur la valorationdes pratiques culturelles dotée d’une rationalitéhistorique particulière, non-formelle et matériellementémancipatrice.

En tissant une théorisation sur cette question,Enrique D. Dussel – cité par Wolkmer – développe deux“catégories pratiques” que contextualisent l’existencedu binomie “totalité” versus “extériorité”:

“a) l’aliénation – symbolise le ‘péché’ et‘l’oppression’, la négation de l’extériorité,l’autre dépouillé et rendu simple partiefonctionnelle interne du système mercantil,le sujet vif rendu chose par le capital, le malpar excelence etc.;

b) la ‘libertation’ – l’immaginaire de la ‘salvation’et de la ‘sortie’, l’utopie de l’homme‘nouveau’, l’alternative construtive auCapitalisme dépendent, enfin, la ‘négationde l’aliénation a partir de l’affirmation del’extériorité’.”

6

Il faut reconnaître que l’éthique de l’altérité estune éthique de contenue effectivementanthropologique, fondée, d’un côtè, dans des valeursuniversels d’un droit naturel rationnel: vie, liberté, bien-comum, justice et dignité; et, d’un autre, dans lasingularité émancipatoire de valeurs culturelsspécifiques et particulaires, représentés par l’autonomieindividuelle et collective, solidarité et satisfaction debesoins humaines basiques, en consonance avecl’expérience concrète latino-américaine.

Ainsi, c’est possible reconnaître dans le contextede la civilisation périphérique capitaliste – comme lalatino-américaine et la brésilienne – la viabilité d’une

éthique de contenue libertaire, gerée au sein d’unepédagogie libertaire et émancipatoire, que prend lesrelations de conflit comme des reivindications par desbesoins, soit de sujets collectives soit de mouvementssociaux, transformés en droits fondés dansl’émancipation, autonomie, solidarité et dignité d’unevie projetée vers la satisfaction des besoinsfondamentales.

Dans l’espace ouvert d’expérience existentielleet d’exigences éthiques renouvellés, la pratique del’équité – comme stratégie de l’efectivité rationelle –vise la restructuration d’une activité judiciaire capablede contextualiser les pratiques quotidiennes d’une réalitéfragmentée et réarticuler de forme permanente desnouvelles manières de conciliation entre l’applicationformelle de la loi et l’éxigence d’une justice effectivementcitoyenne.

2. PLURALISME JURIDIQUEET ÉTHIQUE D’UN DROITÀ L’ALTÉRITÉ

L’affirmation du pluralisme juridique arrive aufur et à mesure garantir la définition d’une base publique,comum, où des individus en situation d’affrontementsont capables d’entreprendre un dialogue dejustification dans un contexte des désaccords morauxle plus souvent très profonds.

Cette utilisation de la raison publique remetinexorablement à la question de la civilité et de latolérance. Dans la civilité, les individus apprendent àexprimer ses désirs avec clarté d’esprit, en recconaissantet ayant reconnu au tour de l’idée d’une justice partagée.Dans la tolérance, même en désaccord à propos desfondements moraux de ses valeurs, il y a d’entre eux lapossibilité de considérer les valeurs publiques les unsdes autres comme raisonnable, ce qu’il encourage lapromotion d’un fort sentiment de solidarité.

En effet, la tolérance doit être adressée auconjoint des conceptions des biens sous réserve, c’est-à-dire, ce qu’elles arrivent à se constituer dans uneménace à l’ordre démocratique. La tolérance doit êtreliée intrinsèquement à l’un idéal de relations égalitairesentre majorité et minorités.

En règle, accentue Paul Dumouchel, le pluralismeen tant que doctrine politique de gestion del’hétérogénéité du social défende: “1) que les conflitsentre les groupes ne sont pas essentiels maisaccidentels; 2) que l’universel n’existe que sous la formede la sommation des différences plutôt que celui destraits caractéristiques partagés; 3) que la préservationet la promotion de la diversité sociale existante sont desvaleurs primordiales de l’association politique et donc

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4) que la diversité des communautés impose des limitesà la souveraineté de l’État; 5) le pluralisme nie la linéaritéde l’histoire, c’est-à-dire l’existence de novationssignificatives; enfin 6) il exige que les représentationsdu social de l’acteur et du théoricien qui le modélise necoïncident pas. J’aimerais montrer pour terminer quesur ces six questions, la tolérance et le pluralismes’opposent point à point.”7

Dans ce sens, la tolérance est étroitemente liéeau double constatation que le consensus est rarementpossible et la subordination politique a un effetfortement d’exclusion. D’où, le débat, le dialogue, ladélibération politique répercuter fortement dans latransation d’un accord minimum que surpasse la rigiditédes particularismes.

Pour Georges Gurvitch, l’identité du principepluraliste intègre une réalité nettement différenciée entrois dimensions: le pluralisme comme “fait”, comme“idéal”, comme “technique”. Le pluralisme como “fait”est observable en toute et quelconque société. Toutesociété comprend toujours “un microcosme desgroupements particuliers que se bornent, s’affrontent,s’équilibrent, se combinent hiérarchiquement dans unconjoint global et se permettent aux combinaisons lesplus variées, conditionnées par les situationshistoriques. Le sujet fondamental de ce pluralisme du“fait” est la vie sociale placée par la tension et équilibreentre les valeurs personnels et les valeurs du groupe,syntétisés par l’équivalence démocratique de corpssociaux autonomes et des personnes libres. Il s’agit, enoutre, de l’intégration fraterne et démocratique devaleurs intercalées entre variété et unité. Il appartientau pluralisme “technique” comme méthode spécial auservice d’un idéal, l’effort pour implémenter la libertéhumaine et les valeurs démocratiques, contribuer pourl’affaiblissement de l’État et servir aux intérêts généreauxdans ses aspects multiples.”8

Dans tout, ce qu’il vaut ressortir c’est que lepluralisme défend l’édification d’un espace publiquemédiateur capable de rendre possible le respect auxprérogatives des minories et, au même temps, d’amortirl’ingérence démesurée de l’action de l’État centraliséqui tend étouffer les expectatives reélles et quotidiennesdes individus.

Dans le cas du pluralisme juridique, lacompréhension de la tolérance passe inévitablement parla compréhension d’une modernité juridique capablede potencialiser une conception de “souveranéitépopulaire” que privilégit la promesse moderned’autolégislation, dans le sens même qui préfigureRousseau quand-t-il propose une théorie du droit enaffirmant que l’individu, l’homme, est toujours l’auteurréel et pratique de ses droits et de ses lois.9

La tolérance juridique consiste, néanmoins, àrespecter, proteger et assurer le “droit de rester différent”,ce qu’il évoque une nouvelle manière de penser lareciprocité d’un avec l’autre.

Cette façon de concevoir l’universel comme unedialétique entre un discours non situé et individussituées fait du projet de coexistence sociale l’ultimaratio de la volonté démocratique et de la constructiondes espaces publiques mobilisés culturellement. Peût-être, il soit raisonable suivre ici l’orientation deHabermas: “Celui qui, au nom de l’universalisme, excluel’autre (qui par rapport à l’autre a le droit de rester unétranger) trahit sa propre raison.”10

En thèse, cette conception universalistemencionée par Habermas consiste fondamentalementd’accepter l’autre dans sa singularité, dans saparticularité, dans sa concretisation, car il s’agit d’unecondition singulière d’instaurer un projet universaliste.

On perçoit, donc, que le pluralisme juridiqueprésuppose l’existence d’un espace sociétaireparticipatif de caractère strictement démocratique, oùs’observe la présence de la minimisation du pouvoirlégiférent formel d’État et la priorisation d’uneproduction normative plurielle de contenue dérivée etgérée par des instances organisée au sein de la viesociale d’où découle la relevance de la question de“l’effectivité formelle” du droit fondée sur uneformulation d’une nouvelle ordre des valeurs éthiques.

Cette alternativité dans la recherhe d’un nouveauunivers axiologique conduit à la découverte d’unenouvelle éthique: l’éthique de l’altérité qui rejet lesraissonements ontologiques et les jugements a prioriuniversels et que s’inscrire dans une prémisse de marquelibertaire, matérialisée comme instrument pédagogiqued’expression des “opprimés” anxieux d’émancipation,d’autonomie, de solidarité et de justice.

3. L’ÉQUITÉ COMMEJUSTICE SOCIALE

Sans doute, la constatation de la crise de laculture juridique, des valeurs éthiques projetés parl’idéologie bourgeoise-capitaliste, bien que parl’épuisement du propre modèle d’applicabilité du droitqui n’arrive pas à se traduit en justice, témoigne lecollapsus de la légitimité normative qui circule dans lessphères des institutions politiques, économiques etjuridiques et qui traverse l’ethos valoratif de la vie socialequotidienne des sociétés périphériques.

Ainsi, pour comprendre la dimension de ladistribuition de la justice, il faut délimiter l’extension dela norme juridique comme résultat de l’application dudroit. Dans ce sens, Roscoe Pound indique qu’il y a

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trois théories d’application de la norme juridique: “a)l’une théorie analitique qui pressupose un corps desnormes sans lacunes et antinomies, assujettie à l’uneinterpretation plus au pied de la lettre que historique; b)l’une théorie appelée historique qui considère le droitcomme un code et celle-ci comme ‘continuation etdéveloppement d’un droit préexistant; c) l’une théoriede l’équité, d’après laquelle l’essentiel est ‘l’uneraissonable et correcte solution pour chaque une descontroverses. Cette compréhension du préceptjuridique, qu’elle soit en sa source rencontrée dans uneloi, qu’elle soit dans une tradition, c’est un chemin queconduit le juge au juste résultat.”11

Cette distinction porposée par Pound montre ladifficulté qu’on a d’établir une compréhensionscientifique du droit. Analisée du point de vue d’un“phénomène social”, la norme juridique doit êtred’atteinte intégrale dans le cas concret, en prenantcomme référance l’importance de l’expérience juridique(enchaînement de norme et fait) et de l’individuation del’applicabilité des normes, en visant la dinamiqueopérationnelle du droit. C’est dans ce sens que HelmutCoing a atribué à la justice um contenu humain,compensateur, dont l’action “renferme la notion queson exercice se caractérise par un façonnement de lasituation au fait dans un encadrement conceptuel,normatif, interpreté dans son niveau médiateur, adaptatifet conformateur. Dans ce sens, l’idée d’équité gagnerelief pour l’intéligence de l’expression téchnique de lajustice qui culmine dans le jugement, surtout s’onconsidère son evolution dans le cours de l’histoire duDroit et de la Science du Droit.”12

La première idée d’équité de plus grande intérêtpour le monde Occidentel vient des grecques – Platon,Aristotes, Anaximandre. D’après Aristote “l’equitatif estle juste, supérieur à l’une sorte de justice – non pas lajustice absolue, mais de l’erreur provenant du caractèreabsolu de l’ordonance légale. C’est celle-ci la nature del’equitatif: une conception de loi quand elle devientinsufisante en raison de sa universalité.”13

Dans la vision contemporaine et au niveau duprocès (avaliation de preuve, interpretation de norme), lapratique de l’équité – comme stratégie de l’effectivitérationnelle – vise la structuration d’une activité judicieusecapable de contextualiser les pratiques quotidiennesd’une réalité fragmentée et, au même temps, de réarticulerde manière permanente des nouvelles formes deconciliation entre l’applicabilité formelle de la loi etl’exigence d’une justice effectivement citoyenne.

En réalité, en surpassant le caractère de sourcedu droit, l’équité ressemble un procédé d’élaborationjuridique dont l’utilité n’est celle pas de formuler desnouvelles normes, mais oui celle-ci d’appliquerpromptement les normes existentes au cas concret

particulier, en visant la distribuition pratique de la justice.Ainsi, le juge, pour juger avec l’équité, il faut d’êtreimprégné du sens d’équité, c’est-á-dire, il faut procéderà l’une interpretation de la norme dans le sens de saisirce qui permet l’ordre juridique afin d’attendre les butssociaux de la loi. Dans cette ligne de raissonnement, ilne s’agit plus d’appliquer um droit imposé par lelégislateur, mais de l’intention d’établir unecommunication entre le droit et les valeurs considerésraissonables par la société.

Donc, la justice comme condition d’équité ouvrel’espace nécessaire pour ajuster meilleure la normejuridique à la relation entre fait et valeur et contribuer sifort pour établir une efficace réelle dans la solution desquestions d’occurrences de la collectivité par rapportaux demandes sociaux liées à la justice.

Admettre cette rationalité du juste et doraissonable dans la forme d’applicabilité de la normejuridique est, dans certain degré, d’approcher pluseffectivemente l’apparat légal-étatique avec le quotidiendes citoyens. C’est remplacer des procédés formels,avec un niveau élevé d’institutionalisation, par despratiques alternatives de juridicité, avec un bas niveaude rigueur institutionel, et qui certainement aura uneforte conséquence dans l’élargissement d’uneconscience sociétaire normative qui opère dans lavolontiers des nécessités fondamentales et dans leconsensus des différences. Ce processus alternatif deconscience normative altéritaire doit permettre unenouvelle praxis politique d’administration de la justice.

4. CONSIDÉRATIONSGÉNÉRALES

Le renversement du monisme juridique, au findu XX siècle, coïncide avec la circonstance aggravanted’appelée crise des paradigmes qui signale la rupturedes modèles théoriques, thème aussi discuté au niveaudes sciences humaines.

Certes, la vie actuelle dans la sociétécontemporaine exige une réévaluation historiqueimmédiate, en considérant le fait qui les institutionsculturelles, politiques et normatives traditionelles seprésentent insufisantes et bornées pour prendre encompte la diversité des formes de vie quotidienne, lesnouveaux savoirs tissés dans la base des besoinscollectives et l’éxigence de réorganisation politique etjuridique de la société.

De façon qui cette réalité paradoxal firme, sansdoute, la constatation “que les paradigmesqu’expliquent la condition et la possibilité d’existencedélinée par l’idéalisme individuel, par le rationnalismelibéral et par le positivisme formel, qui ont maintenu lerigueur logique du discours phylosophique, scientifique

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et juridique, ne se présentent que avec leurs fondementsébranlés, mis en question, et remplacés par desnouveaux modèles valoratifs de références, defondamentation et de légitimation.”14

D’où, qu’on se placer dans une versant de rejetaux paradigmes théorico- classiques centrés dans desmodèles structurels anacroniques de production, del’unicité de l’État-Nation, de projets universels deorganisatioon de l’État et de la Société, de centralisationnormative de l’État du Droit et d’uniformité des intérêtsinstitutionalisés, implique en adopter un nouveaumodèle “pratique-théorique” de base pluraliste quireconnaît l’urgence des conditions d’un DroitCommunautaire de caractère alternatif.

Le défi est placé et convoque les nouveauxagents du Droit à visualiser dans ce conflit que le droitétatique, au se borner en defendre les intérêts desclasses elitisées et les propos des groupes privilégiés,n’a pas legitimité d’exercer une hégémonie normativeau nom de toute la société. Au-delà que “dans ceprocessus se fait impératif redéfinir les fondements desoutenance de la légitimité, idée qui se dissocie dudomaine étatique, des critères traditionnels d’effectivitéformelle et da légalité positive, et s’inscrire dans lepouvoir de participation/decision et dans le consensusdu “juste” communautaire désiré”15. La dédution estque doit prévaloir dans la société la pratique d’un “droitjuste” qui favorise la communauté et qui s’autolégitimedans l’espace des aspirations légitimes et dans lasatisfation des besoins posées démocratiquement parla communauté elle-même.

Naturellement, le nouveau pluralisme juridiquequi se permet d’emergir dans la société brésilienne diferetout à fait du pluralisme de racine libérale, ce quipréssupose une nouvelle légitimité dissociée de lachancelle étatique, des pratiques traditionnellesd’éffectivité formelle et de légalité positiviste, encherchant dans le pouvoir de participation, dansl’éfficace sociale et dans le consensus du “juste”communautaire la dynamique interactive d’un “espacepublique” plus démocratique où une nouvelle rationalitéet une nouvelle éthique se conjuguent en tour desaspirations, de rejet des manques, du droit à la différence,à l’autonomie et à la tolérance, et des besoins communs.Il s’agit de l’insurgence d’un pluralisme juridique etpolitique de “sujets collectifs” destinés à construire unenouvelle hégémonie qui puisse défendre laprédominance de la “volonté générale” sans sacrifier lepluralisme des besoins individuelles.

En somme, sera celle la réalité de l’expansionsociétaire brésilienne du présent milénaire, au seinduquelle les individus, sujets collectifs et groupesorganisés, unis en tour des besoins communs, irontconstruire les “nouveaux droits”. La mise en ordre de la

Société Civile sera marquée par l’utilisation de pratiquesjuridiques alternatives, base d’une culture informelle,caractérisée par des manifestations normatives en margedu droit mis par l’État.

Dans cet horizont de pratiques quotidiennesmultiples, la société sera un “systèmme de décisioncomplexe”, un monde de juridicité policentrique, marquépar une praxis “d’égalités fragiles” et “d’espaces deconflits intermitents”, où il y aura la prédominance d’unespace publique dynamique, interactivementdémocratique, basé sur le pouvoir de participation, surl’éfficace sociale et sur le consensus d’une justicecommunautaire.

Dans le monde de la politique et du droit, ladémocracie change de réferance. Elle non est plus àpeine un régime politique avec des partis et des électionslibres. C’est une société ouverte qui permet toujours lacréation de nouveaux droits. Les mouvements sociaux,dans ses luttes, ont transformé les droits formellementdéclarés en des droits réls. Les luttes par la liberté etégalité ont élargit les droits civils et politiques de lacitoyennité, ont créé les droits sociaux, les droits des“minorités” – femmes, enfants, vieillards, minorieséthniques et sexuelles – et les droits écologiques: droità l’environnement sain. Et comme accentue Habermas:“le droit ancragé dans la moral et non plus dans larationalité instrumental-cognitive de la science, c’estl’élement qui structure la démocracie.”

C’est cet impact sur la Modernité qu’il la faitdépérir et céder place à l’une ère pós-moderne: l’ère dela réémergence de la société civile. La réémergence de lasociété civile est une nouvelle ordre paradigmatiquequi opère le remplacement du concept de sociéténationale par celui de société plurielle. Ici, les notionsde souveraineté et hégémonie, associées à l’État-Nationcomme centre du pouvoir, sont remplacées par lesnotions d’ordre plurielle, dont l’emphase renouvelléese penche sur le rôle des instituitions intermédiairesqui, d’un côté, protegent les individus contre le pouvoiraliené de l’État, et, d’autre, défendent l’État du péril defragmentation individualiste et, surtout, dans laréaffirmation des valeurs d’auto-governement, del’expansion de la subjectivité, du communautarisme etde l’organisation autonome des intérêts et des diversmodes de vie.

Du point de vue du droit, cette réalitémacrostructurelle éveille profond intérêt, principalementà cause des contradictions du propre capitalisme avecses pratiques transnationales qui évoquent le blocusdu rôle traditionnel de l’État provenance et, au mêmetemps, suscite le phénomène de la démocratisation despays périphériques. Autrement dit, le systemme plurieldéfini comme un systemme qu’opère à travers desstructures de cohésion dans ses pratiques organisées

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et integratives, et qui seul peut être compris en raisonde ses effects transnationaux, réaffirme le fosse entrel’État et la société civile, en introduisant un nouveauraissonement juridique, dont l’applicabilité ne tourneplus au tour de l’idée que le droit doit de formeobligatoire s’identifier avec le droit étatique.

Dans la suite de l’éxigence de cette nouvellementalité juridique qui prend forme se distingue lephénomène complexe de la “réémergence de la sociétécivile” qui se fortifie par un procès continu de plus grandeorganisation et de majeure autonomie politique dans celle-ci se rend possible mettre en evidence au moins troislogiques distinguées: a) la fortification des mouvementssociaux et politiques de caractère démocratique liées auxconditions d’autonomie, d’autogestion, d’indépendance,de participation, d’empowerment, des droits humains etcitoyennité; b) construction d’un espace publique non-étatique comme sphère de participation sociale et politiquedes citoyens reunis au tour d’entités et mouvements non-gouvernamentaux, non-mercantiles, non-corporatifs etnon-partidaires, privés dans son origine, mas publiquespar son finalité, ayant capables de promouvoirl’articulation entre sphère publique e sphère privéecomme une nouvelle forme de répresentation, dans latentative de créer des alternatives de développementdémocratique pour la société; c) consolidation d’unenouvelle ordre juridico-constitutionnelle avec un profilde politique judiciaire capable de garantir: 1) l’accès à lajustice; 2) l’aspect de l’administation de la justice commeinstituition de caractère politique et d’organisationprofessionnelle tournée vers la production et réalisationde services spécialisés; 3) la litigiosité sociale et lesmécanismes de son résolution disponibles au sein de lapropre société.

Il ne s’agit plus d’un synonime de société, masd’une manière de la penser, d’une perspective liée à lanotion d’égalité de droits, d’autonomie, de participation,enfin, des droits civils, politiques et sociaux de lacitoyenneté.

Par conséquent, la société civile doit être“réorganisée”. Ce qu’il était un état naturel desphilosophes contractualistes, ou même l’une conditionde la politique moderne dans Hegel et Marx, se rend-t-ilactuellement un objectif pour les activistes des payssousdéveloppés: la société civile doit d’être édifiée,réforcée, consolidée. Il s’agit de moyen et fin de ladémocracie.

C’est dans cette perspective que travaillentquelqu’uns penseurs contemporains et qui fournissentdes subsides théoriques importants à l’actuation desorganisations non-gouvernamentales, tels que AlanWolfe, par exemple. Habermas, lui-même, qu’il a rompuavec la correlation idéologique univoque entre sociétécivile et sphère privée, entendue comme économie, et

l’État compris comme sphère publique, crédite à cettenouvelle ordre une sphère privée dans le systemme(économie) et une sphère publique non-étatiqueconstitutée par des mouvements sociaux, ONGs,associations de citoyenneté etc. Ainsi, le concepts depublique et privé ne s’appliquent pas de manièreautomatique à l´ État et société civile, respectivement.C’est possible dire aujourd’hui qui existent aussi lessphères de l’étatique-privé et du social-publique quicommence.

Dans la sphère étatique-privée sont lesentreprises et corporations étatiques qui, malgrépubliques du point de vue formelle, trouvent sa logiquedans la défense d’intérêts particuliers, économiques ousectoriels, en agissant dans la pratique commeorganisations du marché. Par contre, dans la sphèresocial-publique, encore émergent, se trouvent lesmouvements et instituitions qui, malgré privées du pointde vue formelle, poursuivent des objectifs sociaux, enarticulant dans la pratique la constrution d’un espacepublic non-étatique.

De façon que, en étant le phénomène de laconstitutionnalité une expérience politique desdémocracies libérales, ne se comprendre pas un projetconstitutionnel sous les modèles traditionnels d’un typed’idéologie qui propugne par la préservation d’uneséparation étanche entre des institutions privées etpubliques et qui confère à l’État de façon unique leprivilège d’ordonner la société civile.

Le phénomène de la démocratisation entraîneavec soi une nouvelle ordre de monde, dans laquelle lasociété réordonné par une politique descentralisée etparticipative expérimente des nouveaux procedés derationalité qui visent reconnaître et effectiverl’émergence de nouveaux acteurs sociaux, dont l’actionindividuel ou collective répercute dans la constructiond’une pédagogie concrète des valeurs éthiques,nommée “d’éthique de la solidarité”, tournée vers lasoutenance du projet d’altérité du systemme social.

C’est important d’ajouter qui n’est passimplement par le fait de deffendre un ou l’autre principede caractère social ou démocratique qu’un texteconstitutionnel se présente éthique par rapport à lasociété, mas pourquoi ses principes sont exposés dansun conjoint qui réunit des sujets liés par une “éthiquede responsabilité solidaire”, laquelle apporte des effectsdans les activités et conflits humains et sera apte parconduire à la matérialisation des idéaux sociaux etdémocratiques. Assurées la citoyenneté et la dignité dela personne humaine, peuvent d’être lancées les basesgénérales pour l’égalité parmi les citoyens, dans sesplus diverses activités. Ce nivellement des hommes estle point de départ de toute communication sociale quise déroulera avec fondement dans l’ordre juridique.

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RÉFÉRENCES BIBLIOGRAPHIQUES

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1. Apud WOLKMER, Antônio Carlos. PluralismoJurídico: Fundamentos de uma nova cultura noDireito. São Paulo: ALFA-OMEGA, 1994, pp. 233-234.

2. APEL, Karl-Otto. Estudios Éticos. Barcelona: Alfa,1986, p. 93.

3. Apud WOLKMER, Antônio Carlos. op. cit. p. 241.

4. Idem. Ibid., p. 242.

5. Idem. Ibid.

6. Idm. Ibid., p. 243.

7. DUMOUCHEL, Paul et alii. Tolérance, Pluralisme &Histoire. Montréal: Èthikè, 1998, p. 131.

8. Apud WOLKMER, Antônio Carlos. Op. Cit., p. 160.

NOTES

9. ver ROUSSEAU, J-J. O Contrato Social. São Paulo:Martins Fontes, 1989.

10. ver HABERMAS, Jürgen. Le DiscoursPhilosophique de la Modernité. Paris:

11. Apud LOPES, Mônica Sette. A Eqüidade e osPoderes do Juiz. Belo Horizonte: Del Rey, 1993, p.30.

12. Idem. Ibid., p. 41.

13. ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos. São Paulo: AbrilCultural, 1973, pp. 34-35.

14. WOLKMER, Antônio Carlos. Op. cit., p. 313.

15. Idem. Ibid., 318.

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A PROTEÇÃO JURÍDICA INTERNACIONALDOS DESLOCADOS INTERNOS

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •EDUARDO CANÇADO OLIVEIRADiplomata de Carreira; Mestrando em Diplomacia pelo Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exterioresdo Brasil.

1. O PROBLEMAINTERNACIONAL DODESLOCAMENTOINTERNO

Durante o ano de 2003, na Colômbia, o número depessoas deslocadas dentro de seu próprio país atingiu acifra de 2,9 milhões.1 Espalhados por todo o território,amontoados em favelas nos subúrbios de grandescidades ou dispersos na floresta em pequenos grupos,os deslocados internos colombianos são a face menosconhecida do longo conflito que assola o país.Encurralada em meio à violência política que envolveforças do governo, guerrilha, milícias paramilitares eagentes do narcotráfico, grande parte da população civilcolombiana, especialmente nas zonas rurais, vê-seobrigada a fugir de suas terras, vilas e cidades. Sem umsistema de assistência ou proteção consolidado eforçados a viver em situação de completo abandono, osdeslocados reassentam-se em condições de totalprecariedade.

Na África central, 2003 trouxe uma onda dedeslocamento em massa comparável apenas àquela de1994, ocorrida durante o genocídio em Ruanda. A retiradade forças de ocupação estrangeiras, o acirramento daguerra civil e a remoção emergencial de tropasinternacionais da ONU da República Democrática doCongo provocaram o aparecimento de 700 mildeslocados internos apenas na região de Bunia, noCongo Oriental. Do outro lado da fronteira, em Uganda,outras 800 mil pessoas fugiram de suas casas em buscade locais mais seguros para viver.

Desprovidos de seus lares e muitos de seus bens,obrigados a viver na miséria quase absoluta, separadosde familiares e amigos e em geral discriminados eperseguidos por sua condição, os deslocadoscolombianos e africanos, em sua maioria mulheres e

crianças, são exemplos representativos do acirramentoda crise de deslocamentos internos forçados que assolao mundo desde o início da década de 90. Do Sudão aoPeru, da Geórgia ao Haiti, da Turquia ao Sri Lanka. Osdeslocados internos são hoje 25 milhões e estãopresentes em mais de 50 países, em todos os continentesda Terra.2

O deslocamento ou deslocação interna3 é apenasuma das várias formas de desenraizamento no mundocontemporâneo. Entretanto, é certamente aquela quetraz alguns dos maiores desafios para a comunidadeinternacional. Sua principal característica é que asvítimas, mesmo fugindo de suas regiões de residênciahabitual, não cruzam uma fronteira internacional. Trata-se, essencialmente, de um problema causado ouexacerbado por violações de direitos humanos. Comotal reflete descompassos sociais graves e, em grandeparte dos casos, não encontra solução durável apenaspor meio de políticas estatais internas, já que muitosEstados são omissos ou não estão preparados para lidarcom o problema.

O deslocamento interno é um tema da agendainternacional ainda pouco conhecido no Brasil. Mesmoelevado ao topo das discussões humanitárias dasNações Unidas, tendo sido inclusive tema de debates eresoluções do Conselho de Segurança, muito pouco sefala, no país, sobre questões relativas a pessoasdeslocadas internas.

O deslocamento humano não é um fenômenonovo. Ao longo de toda a história, pessoas migraramem busca de paz, segurança ou melhores condições devida. Migrações são eventos comuns a todas as regiõesdo mundo e são tão antigas quanto as primeiras formasde organização social. Entretanto, no decorrer do séculoXX, sua ocorrência adquiriu nova dimensão e novosignificado. Num mundo caracterizado pela divisãopolítica em Estado-nações cujas fronteiras são cada vezmenos permeáveis aos seres humanos e por conflitos e

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tensões generalizadas, em geral de natureza interna, adeslocação de pessoas aumentou e passou a ser vistacomo problema.

Durante o século XX o crescimento dadesigualdade entre países incrementou o fluxo deimigrantes laborais que buscavam, em outras terras,melhores oportunidades de emprego e de vida. Nestecontexto, muitos governos, principalmente de áreasindustrializadas e desenvolvidas, iniciaram políticas derestrição à entrada de estrangeiros em seus territórios,fossem eles imigrantes laborais, refugiados ousolicitantes de asilo. Durante os anos 90, o fechamentodas fronteiras dos países desenvolvidos e a emergênciade políticas discriminatórias em relação aos imigrantes,muitas vezes acompanhadas de xenofobia ediscriminação, levaram ao acirramento do problema naEuropa, na América do Norte e em países como Austrália,Nova Zelândia e Japão.

Paralelamente, a crise dos deslocamentosforçados e em massa causados por violações dosdireitos humanos e conflitos atingia uma nova etapa. Opós-1945 testemunhara a construção de um sistemalegal-institucional bastante complexo para tratar daquestão dos refugiados. Se a Liga das Nações já haviadespertado para o problema4, foi apenas oincomensurável custo humano da Segunda Guerra e acriação das Nações Unidas que permitiram oaparecimento de mecanismos de proteção dosrefugiados. A aprovação, em 1951, da ConvençãoRelativa ao Estatuto dos Refugiados e a criação doAlto Comissariado das Nações Unidas para osRefugiados, o ACNUR, foram inovaçõesimportantíssimas, que funcionaram como uma estruturabastante eficaz de assistência, proteção e reintegraçãode pessoas refugiadas. O fim da Guerra Fria traria,entretanto, novos desafios para o tratamento da questão.

O fechamento das fronteiras ao trânsito depessoas agravou o problema dos fluxos migratóriosforçados e contribuiu decisivamente para ainternalização do problema. Muitas vezes, deslocadosinternos não se tornam refugiados e, portanto, nãorecebem proteção jurídica específica, pois paísesfronteiriços àquele de origem dos deslocados nãopermitem o trespasse de suas fronteiras. Deslocadosinternos, repatriados, apátridas e solicitantes de asilotornaram-se, então, vítimas do desenraizamento emmassa característico dos últimos anos do século XX.

O problema dos deslocados internos apareceuna agenda internacional neste contexto e tornou-se, nocurso de uma década, um dos temas mais polêmicos noque se refere à proteção internacional de pessoas emsituação de perigo.

Há várias evidências, entretanto, de que adeslocação interna tenha origens muito mais remotas.

O que explica em parte o atraso de sua ascensão aotopo dos grandes problemas humanitários do temáriomultilateral é a inexistência, durante a Guerra Fria, de umambiente político internacional propício para debatessobre temas que poderiam ter implicações para asoberania e que poderiam ser usados como justificativaspara ingerência externa ou intervencionismo. Apolarização ideológica limitava o alcance universal dasnormas e valores da proteção internacional da pessoahumana.

Porém, durante a década de 90, o arrefecimentodas tensões bipolares, a proliferação de conflitosinternos, nos quais a população civil passa a ser alvode guerra e instrumento de objetivos militares, e devidoa isso, a emergência de uma percepção de segurançainternacional mais atrelada à proteção do ser humano,alçou o debate sobre deslocamentos humanos forçadosa um novo patamar. Paralelamente, o ciclo deconferências mundiais da ONU proporcionou oambiente ideal para formação de uma nova agenda paraas relações internacionais. Assim, a crise humanitáriana Etiópia e a questão curda após a Guerra do Golfo,ambas ocorridas neste contexto, são consideradas osmarcos do despertar internacional para o problema dosdeslocados internos.

Inicialmente denunciado por algumasorganizações não-governamentais5 e posteriormentedebatido e estudado por organizações do sistema ONU,o fenômeno do deslocamento de pessoas em seuspróprios países rapidamente atingiu notoriedade epassou a ser objeto de discussões internacionais. Osavanços no Direito Internacional dos Direitos Humanose nas negociações políticas sobre o mesmo tema,particularmente durante a Conferência de Viena sobreDireitos Humanos em 1993, e a nova configuraçãointernacional que se seguiu à queda do muro de Berlime à Guerra do Golfo foram elementos essenciais quepossibilitaram a consolidação do tema dos deslocadosinternos na pauta internacional.

Todavia, se a resposta de algumas ONGs eorganizações internacionais, em especial as NaçõesUnidas, foi bastante satisfatória no sentido de defendere ampliar a proteção dos deslocados, os Estados, emsua imensa maioria, reagiram de forma tímida ou mesmonegativa. A inédita ênfase no deslocamento internotrouxe de volta velhos fantasmas da cooperaçãomultilateral. Ela reavivou discussões sobre soberania eintervencionismo e trouxe para os debatesinternacionais dilemas que já pareciam ter sidodefinitivamente superados.

A situação em que se encontram os deslocadosinternos é peculiar pois sua dimensão internacional nãoé imediatamente perceptível. Ela é distinta daquela deum refugiado justamente porque, mesmo tendo

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abandonado suas residências, os deslocadospermanecem no território do Estado de origem.Aparentemente uma situação mais benéfica, a condiçãode um deslocado interno pode ser mais delicada do queaquela de uma pessoa que tenha buscado refúgio.Quando não são perseguidos pelo seu próprio governoos deslocados internos são, muitas vezes, totalmenteabandonados por ele.

Longe de ser problema temporário e deconseqüências restritas, o deslocamento interno temimpactos de longa duração para as regiões onde ocorre.É um fenômeno nefasto que cria desequilíbrio social,econômico e, muitas vezes, político e afeta não sóaqueles obrigados a fugir, mas também as pessoas quepermaneceram em comunidades esvaziadas ou quevivem nas regiões para as quais os deslocados sedirigem. Seus efeitos são devastadores para famílias,culturas, países e até para regiões inteiras. Suasconseqüências externas, ainda que menos evidentesdo que aquelas causadas pelo fluxo de refugiados, sãoigualmente maléficas para a estabilidade e para odesenvolvimento.6

O CONCEITO DEDESLOCADOS INTERNOS

Embora o termo ‘deslocados internos’ sejaamplamente utilizado por formuladores de políticas,estudiosos, representantes diplomáticos e agências eorganizações internacionais e não-governamentais,subsistem ainda muitas imprecisões a respeito de seusignificado. Uma das questões mais debatidas nasnegociações a respeito da proteção dos deslocadosinternos é a viabilidade de uma definição que englobetodas as situações de deslocação interna e forneçacritérios objetivos para a identificação de pessoas nessasituação. A miríade de causas e padrões de deslocaçãodificulta a formulação de definição capaz de diferenciarentre as várias formas de movimentos humanos dentrode países. Entretanto, sem um conceito preciso, a própriaproteção jurídica dos deslocados fica prejudicada, e osdados estatísticos e estudos analíticos a seu respeitotêm sua validade limitada.

Hoje, a definição mais usada de deslocadointerno é aquela proposta pelo Representante Especialdo Secretário-Geral das Nações Unidas para DeslocadosInternos no instrumento chamado PrincípiosOrientadores Relativos aos Deslocados Internos7, de1998. Segundo este instrumento, deslocados internosseriam:

pessoas ou grupos de pessoas compelidas a fugirde seus domicílios ou dos locais em queresidiam habitualmente, particularmente emconseqüência de, ou com vistas a evitar, os

efeitos de conflitos armados, tensões internas,violações de direitos humanos ou desastresnaturais ou provocados pelo homem, e que nãoatravessaram uma fronteira nacionalreconhecida internacionalmente.Da maneira como se encontra formulada esta

definição de deslocados internos focaliza as causas dadeslocação para separar pessoas que estariam emsituação de deslocação interna de pessoas que estariamem outros tipos de deslocação dentro de seus própriospaíses.

As duas características determinantes dadeslocação interna são o elemento involuntário domovimento de pessoas e a permanência destas dentrodas fronteiras de seu país de origem. As pessoas que sedeslocam voluntariamente de um lugar para outro porrazões econômicas, sociais ou culturais não integramesta definição de deslocados internos. Para estar emsituação de deslocação interna uma pessoa ou grupode pessoas deve ser compelido a fugir de seu local deresidência em razão de conflito armado, de algum tipode tensão interna, de violações de direitos humanos oupor força de alguma catástrofe provocada pelo homemou por causas naturais.8 Além disso, esta pessoa ougrupo de pessoas não pode ter cruzado uma fronteiranacional internacionalmente reconhecida.

É interessante notar que não se incluíram entreas causas de deslocação interna fatores migratórioseconômicos ou laborais. Desse modo, se adotarmos adefinição proposta nos Princípios Orientadores,deslocados internos não se confundem com migrantesregionais ou retirantes que saem de suas terras de origemem busca de emprego e melhores condições salariais. Aexplicação para esta omissão é que na maioria dos casosde migração econômica o elemento coercitivo não estáclaro o suficiente para justificar uma resposta igualàquela destinada à deslocação interna.9

Um aspecto importante a ser levado em conta éque a definição de deslocados internos é uma definiçãofuncional. Ou seja, ela busca descrever uma situaçãode fato e não tem a intenção de estabelecer um estatutojurídico especial para os deslocados internos.Diferentemente do que ocorre com o conceito derefugiado que estabelece requisitos para o recebimentodos direitos reconhecidos a pessoas em situação derefúgio, esta definição de deslocados internos não éestruturada em numerus clausus. Ao contrário do queocorre com os refugiados, os deslocados internos nãoabandonaram seu país de origem e de cidadania, porisso mantêm os mesmos direitos de que gozam todas asoutras pessoas no seu país. Os deslocados são parteda população civil e só se diferenciam dos outroscidadãos por estarem em uma situação de maiorvulnerabilidade e possuírem necessidades especiais.

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Assim, tal como se encontra hoje estruturada, aaquisição de direitos pelos deslocados internos nãodepende de um conceito específico. A definiçãoexistente reflete uma situação fática e não tem apretensão de conceder um status legal diferenciado parapessoas deslocadas internas.10 A proteção jurídica,nacional ou internacional, não dependerá, portanto, doreconhecimento de uma condição individualizada ouespecial. Esta natureza flexível da definição dedeslocados internos é de grande relevância para oestudo de sua proteção jurídica já que estes devemdesfrutar de seus direitos independentemente de seustatus jurídico.

Esta flexibilidade também está em sintonia comos mais recentes avanços na qualificação jurídica deindivíduos deslocados, que vem passando de um critériosubjetivo, baseado nas razões que o levam aodeslocamento, para um critério objetivo que seconcentra antes nas necessidades de proteção dapessoa humana. Segundo Cançado Trindade “asqualificações individuais de ‘perseguição’ mostraram-se anacrônicas e impraticáveis ante o fenômeno dosmovimentos em massa de pessoas, situados em umcontexto mais amplo de direitos humanos.”11 O mesmoautor diz ainda que “a prevalência do critério objetivo[...] traz como conseqüência [...] a extensão da proteçãoque se concede aos refugiados a pessoas comnecessidades iguais – ou maiores – de proteção, comoos deslocados internos.”12

Mesmo sendo fruto de longo processo dediscussões e estudos realizados no âmbito das NaçõesUnidas e mesmo sendo a versão mais aprimorada deoutras usadas anteriormente, esta definição não é aindaaceita de forma unânime por atores internacionais quelidam com o tema da deslocação interna. As principaiscríticas a ela versam sobre sua amplitude. Como seencontra formulada, baseada em algumas causas dodeslocamento, a definição seria excessivamenteabrangente e acabaria dando margem à inclusão demuitos grupos que não deveriam ser consideradosdeslocados internos. Além disso, ela não diferencia odeslocamento causado por conflitos ou situações deviolência daquele causado por desastres naturais. E,dessa maneira, segundo alguns críticos, seria imprecisae inapropriada.

Além da definição analisada, outras mais restritassão utilizadas por organismos internacionaisespecíficos. O ACNUR, por exemplo, usa uma definiçãode trabalho bem mais limitada do que aquela propostanos Princípios Orientadores. Como seu mandato évoltado fundamentalmente para a proteção dosrefugiados, esta agência usa uma definição dedeslocados internos adstrita a pessoas deslocadas quese encontram em situações semelhantes ao refúgio. É

uma definição baseada no critério da “refugee-likesituation”. O Conselho Permanente sobre DeslocadosInternos nas Américas (CPDIA) usa definiçãosemelhante. Para este órgão, deslocados internos sãoapenas aquelas pessoas que, caso cruzem uma fronteiranacional internacionalmente reconhecida, adquiremstatus de refugiados. Já o Comitê Internacional da CruzVermelha (CICV), mesmo reconhecendo a validade dadefinição proposta nos Princípios Orientadores, utilizaem seu trabalho de campo a definição que restringe ascausas de deslocação interna a situações de conflitoarmado, seja ele internacional ou interno.

A AÇÃO INTERNACIONAL EMPROL DOS DESLOCADOSINTERNOS

Desde a década de 80 várias iniciativasinternacionais foram implementadas com o objetivo demelhorar a proteção jurídica e a assistência humanitáriadedicadas aos deslocados internos. A notoriedadealcançada pelo tema fez com que surgisse um debatesobre a necessidade de uma resposta internacional arespeito da deslocação.

As primeiras manifestações multilaterais arespeito da questão dos deslocados internos deram-seno contexto de duas conferências ocorridas no fim dosanos 80. A primeira, a “Conferência Internacional sobreo Problema dos Refugiados, Repatriados e PessoasDeslocadas no Sul da África”, teve lugar em Oslo,Noruega, em 1988. Organizada pela ONU, a Conferênciafoi pioneira na divulgação da deslocação interna comofenômeno generalizado no pós-Guerra Fria. Já a“Conferência Internacional sobre Refugiados Centro-Americanos”, a CIREFCA, realizada na Guatemala em1989, trouxe à tona os dilemas a respeito da respostainternacional às necessidades dos deslocados internoslocalizados em El Salvador e na Guatemala.13

No entanto, o tema só chegou verdadeiramenteao centro das discussões internacionais no início dosanos 90, no contexto do debate a respeito das questõeshumanitárias e dos conflitos armados do período. Odeslocamento interno de milhões de pessoas apareceuneste momento como tema de relevância para aconstrução e manutenção da paz mundial.

No âmbito das Nações Unidas, as primeirasmenções à proteção dos deslocados internos referiam-se ao trabalho do ACNUR, agência que algumas vezesestendeu seu mandato para incluir nele pessoasdeslocadas dentro de seus próprios países. Este foi ocaso, por exemplo, na ex-Iugoslávia. O Programa dasNações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e oFundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)também manifestaram preocupação em relação à questão

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dos deslocados. No entanto, nesta época não haviaqualquer instância, agência, comissão ou ponto focalque cuidasse especificamente das necessidades dessegrupo vulnerável, fato esse que passou a ser objeto deconstante debate no âmbito da ONU.

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) foi oprimeiro órgão político multilateral a dedicar espaçoexclusivo para discussões a respeito da criseinternacional de deslocamento interno. Em 1992 foiaprovada a Resolução 1992/73 por meio da qual aComissão recomendava ao Secretário-Geral da ONU anomeação de um Representante Especial que sededicasse ao tema. No mesmo ano o diplomata sudanêsDr. Francis Deng foi nomeado para o cargo deRepresentante Especial do Secretário-Geral paraDeslocados Internos. Sua tarefa é estudar o problemado deslocamento interno e elaborar um sistema eficazde proteção e assistência aos deslocados internos soba ótica dos direitos humanos e da proteção internacionalda pessoa humana.14

Desde o início de seu trabalho o Representantejá visitou 21 países15 gravemente afetados pelodeslocamento interno e submeteu sucessivos relatóriose estudos à CDH e também à Assembléia Geral dasNações Unidas (AGNU). Ele ainda se dedicou ao estudo,junto com um grupo de especialistas e juristasinternacionais reconhecidos, das normas jurídicasexistentes aplicáveis aos deslocados e da estruturainstitucional que atua ou poderia atuar em favor destegrupo de pessoas. Os avanços obtidos peloRepresentante têm sido marcados por uma perspectivade integração entre a construção de uma normativaapropriada às necessidades dos deslocados e aformulação de arranjos institucionais que promovam aimplementação destas diretrizes.

Uma das mais preocupantes e contundentesconstatações feitas pelo Representante do Secretário-Geral foi a falta de um instrumento jurídico internacionalque abordasse as necessidades específicas dosdeslocados internos e a incapacidade dos organismosdas Nações Unidas em responder satisfatoriamente àssituações emergenciais de assistência a este grupo. ORepresentante Especial decidiu, assim, atuar de maneiraa fortalecer a proteção dos deslocados em seus pilareslegal ou normativo e institucional.16 Para tanto realizouum estudo exaustivo das disposições legaisinternacionais aplicáveis aos deslocados internos e fezpropostas para a solução do problema daresponsabilidade institucional em relação aosdeslocados.17

No que se refere ao arranjo institucional, trêspossibilidades de resposta foram aventadas: a atribuiçãoda responsabilidade pela proteção dos deslocados auma agência específica já existente, a criação de uma

nova agência internacional ligada à ONU, nos moldesdo ACNUR, com o objetivo exclusivo de proteção aosdeslocados, ou o estabelecimento de um mecanismoaprimorado de mobilização e concertação de atividadesentre as diversas agências, órgãos e organizaçõesexistentes.18 O Secretário-Geral da ONU, pesandoargumentos de viabilidade política, endossou a últimaproposta como aquela mais adequada. O chamado‘enfoque colaborativo’, organizado em torno doCoordenador de Socorro e Emergência19, norteia hoje areestruturação da resposta internacional ao problemada deslocação.

A este Coordenador incumbe identificardeficiências no sistema de resposta às situações deemergência, a mobilização de agências humanitárias ede direitos humanos para a atuação em campo em favordos deslocados, o suporte político às operações emcampo e a negociação do acesso das agências àspopulações vitimadas.

No tocante ao pilar normativo o Representanteapresentou uma proposta de instrumento denominadaPrincípios Orientadores Relativos aos DeslocadosInternos.Aprovados por votação unânime na Comissãode Direitos Humanos em 1998 eles têm sido, desde então,discutidos em inúmeras sessões e mencionados emvárias resoluções das Nações Unidas.

Os Princípios Orientadores não são um tratadointernacional e, por isso, não possuem caráter normativoobrigatório. Todavia, isto não tem impedido sua granderepercussão internacional. Vários países e organizaçõesinternacionais têm atuado de acordo com suasdisposições e contribuído para sua divulgação entreatores internacionais preocupados com a questão dodeslocamento interno. Porém, a inexistência de uminstrumento jurídico internacional vinculante deproteção dos deslocados internos continua sendoapontada como grande obstáculo para sua proteçãoefetiva. Portanto, várias questões relativas à suaproteção jurídica no plano internacional permanecemcomo tópicos em discussão em foros multilaterais.

2. A PROTEÇÃO JURÍDICAINTERNACIONAL DOSDESLOCADOS INTERNOS

O conceito de proteção de vítimas dedeslocamento interno é inseparável da idéia de direitoshumanos. Só está efetivamente protegido pelo direitoaquele grupo de pessoas que possuem seus direitosfundamentais garantidos e suas necessidadesespecíficas satisfeitas. A proteção jurídica não pode serdissociada da implementação dos direitos reconhecidose da satisfação das necessidades materiais e sociaisdas populações deslocadas. Proteção, definida como a

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ação destinada a salvaguardar a segurança legal e físicados deslocados internos, e assistência, atuaçãoconcreta que visa proporcionar os meios essenciais paraa sua sobrevivência, são inseparáveis. O direito a receberassistência humanitária, ou seja, ter suas necessidadesmateriais atendidas, é uma forma de proteção jurídicaque visa garantir direitos humanos econômicos, sociaise culturais que são complementares e indivisíveis emrelação aos direitos civis e políticos.

A responsabilidade primária e principal pelosdeslocados internos recai sobre o governo do Estadoonde se encontram. É do Estado onde estão osdeslocados o encargo de suprir suas diferentesnecessidades e garantir o respeito aos direitos que,como cidadãos de seu país, eles possuem. Entretanto,devido ao fato de que freqüentemente governosnacionais toleram e não raro causam a deslocação e porisso não conseguem ou não têm interesse em atenderas necessidades dos deslocados, é importante queexistam normas internacionais que estabeleçam umsistema adequado de proteção.

Ainda não existe um corpo normativo vinculanteespecífico para deslocados internos, mas, como sereshumanos e como membros da população civil de umpaís, eles contam com direitos reconhecidos, declaradose estabelecidos em vários instrumentos de direitointernacional. Entre estes estão instrumentos de DireitoInternacional dos Direitos Humanos e DireitoInternacional Humanitário. Além disso, váriosdispositivos encontrados em convenções de DireitoInternacional dos Refugiados podem, pela semelhançacom algumas situações de refúgio, ser aplicadosanalogicamente aos deslocados internos.

Em pronunciamento sobre o papel da Comissãode Direitos Humanos da ONU, em 1994, a então AltaComissária das Nações Unidas para os Refugiados,Sadako Ogata, reiterou que “a convergência do Direitodos Refugiados, do Direito Internacional dos DireitosHumanos e do Direito Internacional Humanitário [é]prioridade para a proteção internacional dos deslocadosinternos”.20 Em 1997, a aprovação dos PrincípiosOrientadores Relativos aos Deslocados Internos, umaconsolidação de princípios voltados exclusivamentepara a proteção dos deslocados, em votação na CDH ena Assembléia-Geral das Nações Unidas, deu um grandepasso no sentido da convergência defendida pela AltaComissária. Os Princípios Orientadores são uminstrumento que organiza sistematicamente normas jáexistentes aplicáveis aos deslocados, retiradas das trêsvertentes de proteção dos direitos da pessoa humana,e inclui disposições que suprem lacunas de proteçãoidentificadas pelo grupo de juristas internacionaisindicado pelo Representante do Secretário-Geral. OsPrincípios Orientadores não são, como “corpus”

isolado, um documento vinculante. Mas, muitas de suasdisposições, por serem derivadas de outrosinstrumentos internacionais, estes sim obrigatórios, têmforça legal indiscutível. Sua utilização é hoje bastantedisseminada entre atores internacionais que lidam como problema do deslocamento interno.

Todavia, os estudos mais detalhados aindaindicam a existência de lacunas de proteção e pontosnos quais normas mais específicas são recomendáveis.No que se refere à proteção normativa ou legal, asdiscussões a respeito da viabilidade de uma convençãomultilateral específica para deslocados internos parecemestar progredindo pouco. É bastante consensual entreatores que lidam com deslocação interna que, nomomento atual, não há espaço político para a negociaçãode um instrumento internacional exclusivo para osdeslocados internos. Outros negam a próprianecessidade de tal instrumento.

O DIREITO INTERNACIONALDOS DIREITOS HUMANOS

Os direitos humanos representam o que de maisavançado existe para a proteção jurídica da pessoahumana. Portanto, são nos instrumentos deste ramo dodireito que vamos encontrar as principais disposiçõeslegais existentes para a proteção das pessoas em situaçãode deslocamento interno.

A declaração, a proteção e a promoção dosdireitos humanos competem tanto ao direito internocomo ao direito internacional. Tanto o Estado nacionalcomo a comunidade internacional têm atribuição paracriar regimes normativos voltados para a regulamentaçãoe garantia dos direitos humanos. Os direitos humanosnão são matéria de jurisdição interna exclusiva dosEstados. Isto se deve ao fato de que o ser humano,sujeito tanto do direito interno como do direitointernacional, é dotado de capacidade e personalidadejurídicas em ambos e de ambos recebe proteção. Comoressalta Cançado Trindade, “longe de operarem demodo estanque ou compartimentalizado [o direitointernacional e o direito interno] mostram-se emconstante interação, de modo a assegurar a proteçãoeficaz do ser humano”.21 Assim, frente à possibilidadede violações dos direitos humanos que resultem da açãoestatal, o direito internacional também garante epromove, em suas dimensões regional e universal, demaneira paralela ao direito interno, a vigência e orespeito aos direitos fundamentais do ser humano.

O Direito Internacional dos Direitos Humanos(DIDH) é, então, o conjunto de princípios e normas queregulam internacionalmente a questão dos direitoshumanos. No que se refere ao problema do deslocamentointerno este ramo do direito internacional tem sido de

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decisiva importância. Como em vários outros casos desalvaguarda jurídica dos direitos da pessoa humana osprincipais avanços na proteção dos deslocados internostêm acontecido no âmbito do DIDH. Quase nenhumaordem jurídica nacional possui regulamentaçãoespecífica sobre este problema e aquelas existentes sãoraramente completas ou eficazes.

À exceção de casos onde certas normas dedireitos humanos podem ser derrogadas ou restringidas,o DIDH é aplicável em qualquer situação e a qualquerpessoa, independente de sua condição. Desse modo,ele fornece um arcabouço jurídico essencial para aprevenção do deslocamento e também para a garantiada dignidade e da segurança das pessoas em situaçãode deslocamento.

A proteção jurídica dos deslocados internosinicia-se pela prevenção do deslocamento. Do pontode vista do direito tal prevenção é traduzida na proteçãocontra o deslocamento forçado.22 Esta, por sua vez,advém da liberdade de locomoção e residência, queconfigura um dos mais importantes direitos da pessoahumana, reconhecido inclusive na DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu artigo9º. A deslocação forçada de pessoas dentro de seupróprio país é uma das faces mais cruéis da negação daliberdade de ir, vir e permanecer e do direito de livreescolha do local de residência. O direito a permanecerem seu local habitual de residência é, assim, derivadoda liberdade de locomoção e contém em si um “direitode não ser obrigado a deslocar-se”.

Este direito está reconhecido no artigo 13 (1) daDUDH e também se encontra garantido no artigo 12(1)do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos(PCP). O primeiro declara que “toda pessoa tem direitoà liberdade de locomoção e residência dentro dasfronteiras de cada Estado”. Por sua vez, o artigo 12 doPCP estabelece que “toda pessoa que se encontrelegalmente no território de um Estado terá o direito denele livremente circular e escolher sua residência”. Estasdisposições não só permitem a livre locomoção daspessoas mas também garantem a livre escolha do localde residência. Elas contêm um direito de permanência e,desse modo, uma garantia contra o deslocamento evisam tornar possível a sobrevivência segura daspessoas em seus próprios países.

Outra norma internacional que protege osdeslocados internos da deslocação arbitrária é o direitoà moradia garantido no artigo 11(1) do PactoInternacional dos Direitos Econômicos, Sociais eCulturais (PESC). Sobre este tópico, o Comitê sobreDireitos Econômicos, Culturais e Sociais da AssembléiaGeral das Nações Unidas declarou que “casos deevicção forçada são prima facie incompatíveis com osrequisitos do Pacto e só são justificáveis em

circunstâncias as mais excepcionais e de acordo comos limites e princípios relevantes do DireitoInternacional”.23

Estas normas proíbem, portanto, a deslocaçãoforçada de pessoas e transforma ações estatais que ofazem em ilícitos internacionais. As únicas exceções aesta regra são as situações onde a deslocação depessoas é feita “no intuito de proteger a segurançanacional e a ordem, saúde ou moral públicas, bem comoos direitos e liberdades das demais pessoas”.24 Ademais,tais situações devem estar previstas e reguladas em lei.

O Estatuto do Tribunal Penal Internacional, porsua vez, determina em seu artigo 7°(1d) que a“deportação ou transferência à força de uma população”é ato que constitui crime contra a humanidade. Segundoo mesmo artigo, deportação ou transferência à força deuma população são atos entendidos como a “deslocaçãocoativa de pessoas através de expulsão ou de outro atocoercivo, da zona em que se encontram legalmente, semqualquer motivo reconhecido em direito internacional”.Deste modo, o deslocamento arbitrário e forçado,quando cometido durante um ataque generalizado a umapopulação, é crime internacional. Portanto, casos dedeslocamento interno gerados por ações estataiscoativas que não encontram justificativa no direitointernacional devem ser considerados crimes contra ahumanidade e seus perpetradores estão sujeitos àjurisdição do Tribunal de Roma.

Por outro lado, a liberdade de locomoção tambémreconhece o direito inerente da população civil de buscarrefúgio25 em locais mais seguros dentro de seu própriopaís. Tal direito também expressa a liberdade de ir, vir oupermanecer e representa um corolário do DireitoInternacional dos Direitos Humanos. Assim, os cidadãosde um país não cometem nenhum ilícito e nem abdicamde outros direitos ao deslocarem-se internamente. OEstado onde se encontram é por eles responsável edeve fornecer todas as condições para que tenham umavida digna e segura, antes, durante e depois dodeslocamento.

Não se pode esquecer que o direito de ir e virtranspõe os limites de uma fronteira internacional. Éimportante ressaltar que a afirmação do direito depermanecer em seu país de origem não significa limitação,restrição ou derrogação do direito de buscar refúgio emoutro país ou do direito de asilar-se. A DUDH tambémafirma que “toda pessoa tem o direito de deixar qualquerpaís, inclusive o próprio, e a ele regressar” (artigo 13) eque “toda pessoa vítima de perseguição tem o direito deprocurar e de gozar asilo em outros países” (artigo 14).

Todo deslocado interno tem direito de buscarrefúgio em país vizinho ao seu e, caso cumpra osrequisitos contidos na definição da Convenção de 1951,adquirir status de refugiado. Tal direito tem sido

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freqüentemente violado por estados membros da citadaConvenção que se recusam a permitir a entrada dedeslocados internos em seus territórios. Este é um dosmais graves obstáculos à proteção de pessoasdeslocadas e fornece explicações reveladoras sobre oaumento assustador do número de deslocados internosem contraposição ao declínio do número de refugiadosnos últimos anos.

Sobre o direito de retorno às regiões deresidência habitual ou de origem não há qualquerdisposição internacional específica para o problema dodeslocamento interno. Trata-se de um ponto onde háuma grave lacuna na proteção jurídica dos deslocadosinternos. Entretanto, Goldman e Kälin defendem que“as vítimas de deslocamento necessitam ter reconhecidoo direito de retorno seguro e voluntário ao local deresidência habitual”. Para ambos juristas “tal direito podeser deduzido da liberdade de locomoção e do direito delivre escolha da residência”.26 Para corroborar talopinião, citam o artigo 1º (1) do Anexo 7º do Acordo deDayton que, baseado na liberdade de locomoção,decidiu que as pessoas deslocadas têm direito ao retornolivre e voluntário para suas casas. Citam ainda aConvenção 169 da OIT que faz referência ao retorno depopulações indígenas às suas terras tradicionais e aResolução 876/1993 do Conselho de Segurança, sobrea situação na Abkhásia, que reafirmou o direito dosrefugiados e pessoas deslocadas retornarem livrementeàs suas casas.

No tocante ao atendimento das necessidadesparticulares de pessoas que já se encontram em situaçãode deslocamento interno, algumas normas internacionaisde direitos humanos são de grande relevância. Entreelas destacam-se o direito à não-discriminação, o direitoà proteção contra violência, tortura e tratamentodegradante e a garantia contra a detenção ilegal ouarbitrária. Estes são direitos fundamentais do ser humanoque ingressaram no domínio do “jus cogens” e sãorevestidos de caráter imperativo, ou seja, acarretamobrigações “erga omnes” de proteção. Estes princípiosnão podem ser derrogados em nenhuma circunstânciae vinculam todos os estados. Eles também geram efeitosem relação a terceiros, inclusive particulares.

Entre os preceitos legais que os deslocadosinternos podem invocar para se resguardarem desituações de violência estão o direito inderrogável àvida, a proibição de execuções sumárias e arbitrárias, aproibição da tortura e de tratamento cruel ou degradantee a proibição do genocídio. Todas estas são normas de“jus cogens” e não podem ser limitadas ou derrogadas,mesmo em situações onde outros direitos humanospodem ser restringidos. Representam o núcleo daproteção da pessoa humana contra a violência e são

plenamente aplicáveis para a proteção de deslocadosinternos.

Uma importante questão emerge quando oEstado determina o assentamento obrigatório dedeslocados em campos fechados. Muitas vezes taisações são claramente arbitrárias e não visam protegeros deslocados internos. Sobre este ponto, Goldman eKälin defendem que “manter alguém em um campofechado configura detenção sob o artigo 9° (1) do Pactosobre Direitos Civis e Políticos”.27 Assim, deslocadosinternos não podem ser confinados em campos semjustificativa legal e sem que fique comprovado que, forado campo, tais pessoas estariam em perigo. A falha naverificação do perigo ou a ausência do requisito legaltransforma o assentamento em detenção arbitrária econfigura desrespeito ao Direito Internacional dosDireitos Humanos.

Outros direitos relevantes para o estudo daproteção internacional dos deslocados internos sãoaqueles relacionados à sua subsistência. A garantia dascondições básicas de sobrevivência das pessoasdeslocadas passa necessariamente por alimentação,abrigo e saúde durante e após o deslocamento. O artigo11 do PESC reconhece o direito de todas as pessoas “aum nível adequado de vida para si próprio e para suafamília, inclusive à alimentação, vestimenta e moradiaadequadas”. O artigo 12 determina que “os Estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de todapessoa de desfrutar o mais elevado nível de saúde físicae mental”. De maneira complementar a Convenção dosDireitos da Criança (CDC) garante em seu artigo 27 “odireito de toda criança a um nível de vida adequado aoseu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral esocial”.

É plenamente reconhecida hoje a obrigação dosEstados de fornecer, dentro dos meios que lhes sãodisponíveis28, o mínimo necessário para satisfação dosdireitos à alimentação, à vestimenta, à moradia e à saúdedos seus cidadãos. Qualquer Estado-parte do PESC noqual sejam encontradas pessoas em situação de privaçãode alimentos, medicação, abrigo ou moradia incorre emdesrespeito às obrigações assumidasinternacionalmente. Assim, a existência de grupos dedeslocados internos em situação de necessidade é umaviolação das garantias reconhecidas no referido Pacto.Caso entre estes deslocados encontrem-se crianças(pessoas menores de 18 anos de idade) o Estado estaráviolando também a CDC.

Quando estão em situação de deslocamentodentro de seu próprio país pessoas deixam para trás amaior parte de seus bens. Em conseqüência, perdemquase tudo que acumularam durante suas vidas. Aproteção da propriedade é uma das maiores lacunas daproteção jurídica internacional dos deslocados internos.

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Por sua vulnerabilidade tais pessoas necessitam denormas que protejam a sua propriedade, seja aquelaque trazem consigo na deslocação ou aquela deixadano antigo local de residência. Muitas vezes estas últimassão indevidamente apropriadas por outras pessoas oudestruídas depois que os proprietários originaisdeslocaram-se. Assim, a criação de um mecanismo derestituição ou compensação por estas perdas éimprescindível.

O artigo 17 da Declaração Universal reconheceo direito de todos à propriedade e determina queninguém será arbitrariamente privado dela. Os PactosInternacionais de 1966, entretanto, não incluemdisposições sobre o direito de propriedade. Não existe,ademais, nenhuma regra específica que regulamente aproteção da propriedade de deslocados internos. Há,neste caso, uma clara falha na proteção internacional. 29

Outra grande lacuna na proteção jurídica dosdeslocados é a falta de provisões a respeito da suadocumentação e identificação pessoais. O deslocamentoresulta rotineiramente em perda de documentos ecertidões pessoais. Além disso, a fuga de regiões deorigem, a constante movimentação e o assentamentoem campos tornam muito difícil o registro denascimentos e mortes. A discriminação de pessoasdeslocadas é fator complicador do problema, uma vezque as vítimas evitam ser identificadas por temeremrepresálias e perseguição.

O Direito Internacional dos Direitos Humanospossui algumas disposições relativas ao direito àidentificação pessoal, mas estas são insuficientes paraatender as necessidades específicas e diferenciadas dosdeslocados internos. Do artigo 6º da DUDH tira-se oprincípio geral de que todo ser humano tem direito deser reconhecido como pessoa perante a lei. O mesmoreitera o artigo 16 do PCP, direito inderrogável segundoo disposto no artigo 4°(2) deste Pacto.30 No entanto, aconclusão indesviável é que o presente estado dodireito internacional não protege adequadamente osdeslocados internos no tocante ao direito àdocumentação e à identificação pessoal.

A proteção dos deslocados pelos instrumentosde Direito Internacional dos Direitos Humanos éabrangente, mas ainda possui lacunas. É importanteressaltar que a existência de um grande número denormas internacionais de direitos humanos aplicáveis adeslocados internos não leva necessariamente a umaproteção jurídica completa ou exaustiva. Várias são asnecessidades de pessoas deslocadas que merecemproteção legal mais específica por parte do DireitoInternacional dos Direitos Humanos.

O DIREITO INTERNACIONALHUMANITÁRIO

O Direito Internacional Humanitário repousafundamentalmente sobre as quatro Convenções deGenebra de 1949 e os dois Protocolos Adicionais de1977. São estes os principais instrumentosinternacionais que estabelecem limitações para os meiosutilizados em conflitos e criam obrigações para as partesenvolvidas no que se refere à proteção dos feridos,enfermos, prisioneiros de guerra e da população civil.Assim, as normas humanitárias englobam tanto aregulamentação da condução das operações militarescomo a proteção das vítimas dos conflitos.

A Primeira e a Segunda Convenção de Genebratratam da proteção de componentes feridos, enfermosou náufragos das forças que participam de um conflito.A Terceira Convenção é dedicada à proteção dosprisioneiros de guerra e a Quarta Convenção reúne asdisposições referentes à proteção de civis. OsProtocolos Adicionais, por sua vez, aumentaram aproteção da população civil durante hostilidades etrouxeram reforços para a limitação dos métodos deconflitos.

A proteção conferida pelo DIH dá-se de mododistinto dependendo do tipo de conflito em questão.Este direito reconhece hoje três tipos de situaçõesconflituosas: conflitos armados internacionais, conflitosarmados não-internacionais e distúrbios internos etensões.31 O DIH é aplicado nos dois primeiros casos.Para conflitos internacionais são aplicáveis asConvenções de Genebra e o Protocolo Adicional I.Quando um conflito é considerado não-internacionalaplicam-se o artigo 3º comum às quatro Convenções de1949 e o Protocolo II. Não há disposição positivada deDIH aplicável a distúrbios e tensões internas.32 Mas,nestas situações, aplicam-se plenamente as disposiçõesde Direito Internacional dos Direitos Humanos.

Durante conflitos armados, internacionais ounão-internacionais, as chances de ocorrência de grandesdeslocamentos humanos são elevadas. Não é meracoincidência o fato de que as maiores populações depessoas deslocadas internamente são encontradas empaíses que passam ou passaram por longos períodosde conflito. Como vimos, os conflitos são a maior causado deslocamento de pessoas. Assim, deslocadosinternos que se encontram no território de um paísenvolvido em conflito armado recebem a proteçãojurídica destinada pelo DIH à população civil vitimadapelo conflito.

De maneira semelhante ao que ocorre no DireitoInternacional dos Direitos Humanos há poucasdisposições de Direito Internacional Humanitário que

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fazem menção expressa a pessoas deslocadas.Entretanto, o Direito Internacional Humanitário adotauma abordagem ampla destinada a proteger a populaçãocivil como um todo. Como cidadãos do país onde seencontram, os deslocados internos são parte dapopulação civil e por isto, durante um conflito armado,desde que não se envolvam nas hostilidades, recebema mesma proteção dedicada às vitimas civis doconfronto.

Durante a ocorrência de um conflito a populaçãocivil deve ser protegida de seus efeitos de maneira amplae geral. Os cidadãos não envolvidos nas hostilidadesdevem levar a vida da maneira mais normal possível.Segundo Lavoyer aos civis “deve ser garantida,particularmente, a permanência em seus lares”, sendoeste “um objetivo básico do Direito InternacionalHumanitário”.33

No caso de um conflito internacional, a proteçãojurídica oferecida aos deslocados internos, comomembros da população civil, é bastante minuciosa eabrangente. As principais normas podem serencontradas na Quarta Convenção de Genebra e noProtocolo Adicional I. A maioria das disposições daQuarta Convenção, entretanto, só é aplicável em casosonde o membro da população civil, deslocado ou não,está em poder de uma força de ocupação ou de umaparte inimiga no conflito. Há disposições contidas naParte II da mesma Convenção, todavia, que “cobremtoda a população dos países em conflito”34 , incluindoassim deslocados internos que estejam em territóriocontrolado pelo seu próprio governo.

Entre as garantias mais importantes previstasna Quarta Convenção estão, por exemplo, a proibiçãoda transferência individual ou em massa de civis duranteocupação estrangeira (artigo 49); o estabelecimento dezonas hospitalares e de segurança protegidas (artigo14); a criação de zonas neutras para a proteção dapopulação (artigo 15); a remoção de pessoas enfermas,feridas e de idosos e crianças de regiões cercadas ousob ataque (artigos 16, 18, 19 e 22) e a troca de notíciasentre familiares dispersos (artigos 25 e 26).

No Protocolo I, que se refere à população civilde maneira geral e é amplamente aplicável parasituações de deslocamento interno, a Parte IV é desuma relevância para a proteção jurídica de pessoasdeslocadas. Nela estão as disposições que proíbem oataque indiscriminado a alvos civis (artigo 51); aproibição do uso da fome como estratégia de guerra(artigo 54, par. 1º); o dever das partes de proveremassistência humanitária à população civil (artigos 69 a71); a garantia da reunião de famílias dispersas (art.74) e a proteção especial para mulheres (art.76) ecrianças (artigos 77 e 78).

De todas as disposições previstas no ProtocoloI aquelas incluídas no artigo 75 talvez sejam as maisimportantes. Estas são garantias fundamentaisaplicáveis para toda e qualquer pessoa durante umconflito internacional. Nele estão contidas asobrigações de tratar as pessoas protegidas comhumanidade, de respeitar sua honra, dignidade,convicção e crença religiosa e também a proibição dadiscriminação desfavorável baseada em qualquercondição ou critério (artigo 75, par. 1º). O mesmo artigoainda proíbe, em qualquer tempo ou lugar onde ocorraum conflito armado, atentados contra a vida, a saúde, aintegridade física e mental e a dignidade das pessoasprotegidas (art. 75, par. 2º, a e b). São particularmenteproibidos o homicídio, a tortura, as mutilações, aprostituição forçada e qualquer forma de atentado aopudor. Por fim, o parágrafo 3º dispõe sobre direitosmínimos relativos à prisão ou internação de pessoasdurante conflitos e os parágrafos 4º, 5º, 6º, 7º e 8ºestabelecem as regras mínimas a serem observadas emprocessos judiciais, entre elas a imparcialidade, alegalidade e a presunção de inocência.

Além disso, o Protocolo I conta ainda comdisposições específicas que proíbem o deslocamentoforçado de pessoas. Goldman e Kälin destacam osartigos 51 (7), 58 e 78(1) como os mais relevantes para oque se refere ao deslocamento interno.35 O artigo 51 (7)proíbe a expulsão forçada de civis de suas casas parafins militares como, por exemplo, seu uso como escudohumano em instalações militares. Já o artigo 58 permite,sem prejuízo do estabelecido no artigo 49 da QuartaConvenção, que civis sejam removidos dasproximidades de locais usados nas hostilidades. Porsua vez, o artigo 78 (1) estabelece critérios eprocedimentos para evacuação de crianças de áreas deconflito.

Por outro lado, deslocados internosencontrados em situação de conflito não-internacionalrecebem proteção semelhante, mas bem menosespecífica que aquela dedicada aos civis vítimas deconflitos internacionais. O artigo 3º comum àsConvenções de Genebra é o principal instrumento destaproteção. O Protocolo Adicional II, entretanto,reforçou e aprofundou as garantias fundamentaiscontidas naquele artigo.

Lavoyer lembra que “mesmo sendo muito curto,[...] o artigo 3º comum às quatro Convenções de Genebraestabelece importantes princípios.”36 O principal delesé o que diz que durante conflitos não-internacionaistodas as pessoas que não participem ativamente dashostilidades devem ser tratadas humanamente. Paraefetivar tal princípio o artigo proíbe a violência contra avida e contra a integridade da pessoa humana, emespecial o assassinato, a mutilação, a tortura e o

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tratamento cruel e desumano. Proíbe também a tomadade reféns, o dano à dignidade pessoal e o tratamentodegradante. O mesmo artigo ainda estabelece que,durante o conflito não-internacional, ninguém poderáser sentenciado ou executado sem um julgamento justoproferido por uma corte regularmente constituída e queos enfermos e feridos devem ser recolhidos e tratados.

O Protocolo II, de maneira complementar aoartigo 3º comum, proíbe o uso de punições coletivas(art. 3º) e atos de terrorismo e pilhagem (art. 4º, parágrafos1º e 2º) como meios de guerra em conflitos internos. Notocante à proibição de danos à dignidade pessoal (jáprevista no artigo 3º comum), o Protocolo II incluiexpressamente a proibição do estupro, da prostituiçãoforçada e qualquer tipo de assédio ou atentadoindecente.

O artigo 13 do Protocolo II estipula que “apopulação civil deve receber proteção contra os danosadvindos das operações militares”, o que reafirma aproibição do ataque a alvos civis. Os artigos 15, 16 e 17proíbem o ataque, a destruição e a remoção de objetosindispensáveis à sobrevivência da população civil(como alimentos, lavouras, água e remédios) eestabelecem que instalações contendo forças perigosas(usinas nucleares, barragens etc.) e objetos culturais ereligiosos devem ser preservados.

De especial importância para a proteção dosdeslocados é o artigo 17 do mesmo Protocolo, que proíbea deslocação forçada de civis. Este artigo supre lacunado artigo 3º comum que não contém nenhumadisposição sobre a deslocação, o que deixava apopulação civil desguarnecida em casos de conflitosarmados internos. Ele estipula que “não se poderáordenar a deslocação da população civil por razõesrelacionadas com o conflito, a não ser que assim o exijama segurança das pessoas ou razões militaresimperiosas”.37 Tal disposição claramente proíbe adeslocação forçada de pessoas durante conflitosarmados não-internacionais. As duas exceções incluídasna regra são casos especiais que demandamcomprovação firme e detalhada por parte dos agentesque as invocam.38 Ademais, complementa o mesmoartigo, se tal deslocação ocorrer, tomar-se-ão todas asmedidas possíveis “para que a população civil sejaacolhida em condições satisfatórias de alojamento,salubridade, higiene, segurança e alimentação”.39

É importante lembrar que tanto o artigo 49 daQuarta Convenção como o artigo 17 do ProtocoloAdicional II limitam-se a proibir o deslocamentoforçado. Eles não restringem de nenhuma maneira odireito das pessoas de circular livremente dentro doterritório de seu país e de buscar refúgio no exterior,caso sintam-se ameaçadas nos locais onde residem ouonde se encontram.

O DIREITO INTERNACIONALDOS REFUGIADOS

Ao contrário do Direito Internacional dosDireitos Humanos e das disposições de DireitoInternacional Humanitário, o Direito dos Refugiados nãoé diretamente aplicável para a proteção de vítimas dedeslocamento interno. Como o próprio termo já diz, oDireito dos Refugiados destina-se à proteção de pessoasque buscaram refúgio em um país estrangeiro e,portanto, cruzaram uma fronteira nacionalinternacionalmente reconhecida. Deslocados internosdiferem-se de refugiados justamente por permaneceremno território de seu país de origem.

Todavia, deslocados internos possuem muitasnecessidades semelhantes àquelas de um refugiado.Aliás, deslocados são definidos por alguns organismosinternacionais, entre eles o ACNUR, como pessoas quese encontram em uma situação semelhante a umrefugiado (“refugee-like situation”), mas que nãoatravessaram uma fronteira internacional. Assim, oDireito dos Refugiados pode ser de grande valia para aproteção dos deslocados internos. Sua aplicação ocorre,neste caso, por analogia. Goldman e Kälin defendem talentendimento mas ressalvam que esta aplicação não épossível e nem desejável quando o direito reconhecidoaos refugiados é apenas igual ao direito do país ondese encontram os deslocados.40 Isto porque, comocidadãos do país em questão, os deslocados internosteriam seus direitos diminuídos caso a legislação internafosse preterida em relação à norma internacional menosbenéfica.

As principais contribuições do DireitoInternacional dos Refugiados para a proteção dosdeslocados internos referem-se às necessidadesatinentes à liberdade de locomoção e à reintegração eretorno a regiões de origem. O princípio do non-refoulement, que proíbe o retorno forçado de umrefugiado para um país onde ele é ou teme serperseguido ou onde sua segurança não esteja garantida,é a mais importante destas contribuições.Consubstanciado no artigo 33 da Convenção Relativaao Estatuto dos Refugiados (1951), este é um dos maissignificativos princípios do direito internacional naatualidade, tendo inclusive sido reconhecido comoprincípio de “jus cogens”.41

O artigo 33, denominado “Proibição de expulsare de repelir”, determina que “nenhum dos EstadosContratantes expulsará ou repelirá um refugiado, sejade que maneira for, para as fronteiras dos territóriosonde a sua vida ou a sua liberdade sejam ameaçadas emvirtude de sua raça, religião, nacionalidade, filiação acerto grupo social ou opiniões políticas”. Assim, demaneira análoga, pode-se defender que um deslocado

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interno não deve ser obrigado a retornar à sua região deorigem caso sua segurança naquele local não estejagarantida. Mesmo estando dentro de seu próprio paísos deslocados encontram-se em situação semelhanteàquela de um refugiado, o que justifica a ampliação doconteúdo normativo do non-refoulement para situaçõesde deslocação interna. Esta ampliação foi vislumbradana Declaração de Cartagena (1984) e definitivamentereconhecida nos Princípios Orientadores Relativos aosDeslocados Internos (1998).

Outros direitos reconhecidos na ConvençãoRelativa ao Estatuto dos Refugiados que podem auxiliarna salvaguarda das necessidades dos deslocadosinternos são o direito de livre circulação e livre escolhado local de residência (art. 26) e o direito de terdocumento de identidade e documentos de viagem(artigos 27 e 28).

3. A PERSPECTIVAINTEGRADA DE PROTEÇÃO:AS TRÊS VERTENTES DAPROTEÇÃOINTERNACIONAL DOSDIREITOS DA PESSOAHUMANA E OS PRINCÍPIOSORIENTADORESRELATIVOS AOSDESLOCADOS INTERNOS

A relativa abundância de normas gerais dedireitos humanos aplicáveis aos deslocados pode levarà conclusão de que eles são suficientemente protegidospelo direito internacional. Certamente não se pode dizerque eles estejam inteiramente desamparados. Afinal,todos os deslocados são cidadãos do país onde seencontram e, como vimos, o direito internacional tambémlhes reconhece e garante uma série de direitos. Noentanto, em 1996, após exaustivo estudo42 sobre odireito aplicável às vítimas de deslocamento, oRepresentante do Secretário-Geral, Francis Deng,concluiu que “apesar do direito existente cobrir muitosaspectos de especial relevância para os deslocadosinternos, muitas áreas subsistem nas quais o direitonão proporciona proteção suficiente para eles”.43 Váriasnecessidades específicas deste grupo não sãoprotegidas e ainda subsistem inúmeras lacunas elimitações no que se refere à sua proteção jurídicainternacional.

Desse modo, as vantagens da aplicaçãonormativa conjunta das três vertentes para a proteçãointernacional dos deslocados internos são indiscutíveis.

Nenhum dos ramos jurídicos estudados anteriormenteé capaz de salvaguardar sozinho todas as necessidadesdos deslocados. Mesmo o Direito Internacional dosDireitos Humanos, o mais amplo e desenvolvido dostrês, não possui disposições para muitas situações nasquais deslocados internos ainda encontram-sedesprotegidos. Por outro lado, uma perspectivaconvergente que faça incidir, ao mesmo tempo, normasdas três vertentes de proteção, representa um amparoexpressivamente mais vasto e mais completo.

As origens históricas distintas do DireitoInternacional dos Direitos Humanos, do DireitoInternacional Humanitário e do Direito Internacional dosRefugiados são em grande parte responsáveis pelodesenvolvimento compartimentalizado destas trêsprincipais vertentes da proteção internacional da pessoahumana. No entanto, fica cada vez mais evidente queelas possuem grandes áreas de interação. Se não háuniformidade total, pois neste caso não caberia falar emvertentes, muitas são as convergências que justificamum estudo da complementaridade entre direitoshumanos, direito humanitário e direito dos refugiados.

Cançado Trindade ressalta que uma recentecorrente doutrinária admite a interação normativa entreramos jurídicos distintos sem que isto signifique umasimilaridade nos meios de implementação, supervisão econtrole. Para este autor, a mais notória distinção entreestas vertentes jurídicas complementares talvez sejaaquela encontrada no âmbito pessoal de aplicação(“legitimatio ad causam”), uma vez que o DireitoInternacional dos Direitos Humanos reconhece o direitode petição individual, enquanto o Direito InternacionalHumanitário e o Direito Internacional dos Refugiadosnão contemplam tal possibilidade. No entanto, estadistinção não compromete a possibilidade de aplicaçãosimultânea de vertentes de proteção complementares.44

No caso das vertentes estudadas, a identidadede seu propósito básico, a proteção da pessoa humanaem todas e quaisquer circunstâncias, é seguramente ofator mais significativo para a defesa de sua aplicaçãointegrada. A complementaridade assenta-se assim emprincípios fundamentais comuns que norteiam as trêsvertentes cujo desígnio central é defender e garantir adignidade e a segurança do ser humano. No caso desua aplicação para os deslocados internos tal propósitoé de crucial relevância; representa a manifestação maiorda legitimidade da preocupação internacional com apromoção e a proteção dos direitos humanos por todose em toda parte.

Sobre isto, Gros Espiel defende que: “é correto enecessário reconhecer que tanto a proteção dos direitoshumanos em geral [...], como a proteção dos direitosdas pessoas amparadas pelo Direito InternacionalHumanitário ou pelo Direito dos Refugiados, constituem

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partes, setores específicos, de um sistema internacionalgeral de raiz essencialmente humanitária, dirigido aproteger o ser humano da forma mais ampla e integralque seja compatível com a existência da ordem jurídicae dos direitos legítimos do Estado e da ComunidadeInternacional”.45

Tal entendimento expressa a reafirmação dauniversalidade, da complementaridade e daindivisibilidade dos direitos humanos. Como o maiorlegado da Conferência de Viena sobre os DireitosHumanos (1993), esta idéia elucida o avanço da proteçãopela comunidade internacional de pessoas deslocadasdentro de seu próprio país e justifica a abordagemintegrada dos direitos da pessoa humana reconhecidosno âmbito internacional.

O desenvolvimento desta abordagem integradade proteção dos direitos da pessoa humana foiresponsável pela mais importante iniciativa até hojeconcretizada para a garantia dos direitos dos deslocadosinternos: a organização dos Princípios Orientadores,aprovados por consenso na Comissão de DireitosHumanos das Nações Unidas, em 1998.

Os Princípios Orientadores não possuem caráterobrigatório. Eles não constituem tratado ou convençãointernacional, mesmo tendo sido aprovados pelaComissão de Direitos Humanos e pela Assembléia-Geraldas Nações Unidas. No entanto, como é exposto na partepreambular do documento, ele visa orientar a ação deestados, organizações internacionais, organizações não-governamentais e todas as outras autoridades, grupos epessoas nas suas relações com deslocados internos. Suaforça advém de sua natureza recomendatória e de suaforma simplificada de organização. Desde que forampublicados, os Princípios Orientadores já serviram debase para legislação interna de diversos países.46 Alémdisso, vários organismos internacionais, entre eles oACNUR e o CICV, pautam-se em suas ações em prol dosdeslocados por suas disposições.

Os 30 princípios que compõem o documentorespondem àquelas necessidades especiais dosdeslocados internos apontadas pelo grupo de estudoreunido pelo Representante do Secretário-Geral para osDeslocados Internos.47 Eles foram apresentados emcinco seções diferentes: princípios gerais, princípiosreferentes à proteção contra a deslocação, princípiosreferentes à proteção durante a deslocação, princípiosreferentes à assistência humanitária e princípiosreferentes ao regresso, reinstalação e reintegração.

Muitos desses são derivados de disposiçõesnormativas, estas sim vinculantes, que constam deoutros instrumentos jurídicos internacionais, em suamaioria pertencentes às três vertentes de proteção dapessoa humana. É importante ressaltar também que os

Princípios Orientadores não modificam ou substituemnormas internacionais ou nacionais existentes. Refletemo Direito Internacional dos Direitos Humanos, o DireitoInternacional Humanitário e o Direito Internacional dosRefugiados e são com estes compatíveis. O resultado éum documento que agrega os progressos atingidos nodesenvolvimento das três vertentes da proteção dapessoa humana e aplica-os para assegurar, de maneiramais completa e mais direta que cada vertente isolada, aproteção de vítimas de deslocação interna.48

Pettersson usa alguns dos PrincípiosOrientadores para exemplificar a complementaridadeentre as vertentes de proteção da pessoa humana,principalmente entre o Direito Internacional dos DireitosHumanos e o Direito Internacional Humanitário.49 Doisprincípios citados por este autor demonstramnitidamente tal interação: o princípio orientador 10, quetrata do direito à vida e à integridade física, e o princípio21, que se refere ao direito à propriedade.

O princípio orientador 10 recomenda que:1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este

direito deverá ser protegido por lei. Ninguém poderáser arbitrariamente privado de sua vida. Osdeslocados internos devem ser protegidossobretudo contra:a. o genocídio;b. o homicídio;c. as execuções sumárias e arbitrárias; ed. os desaparecimentos forçados, incluindo o rapto

ou a detenção sem comunicação prévia, querepresente ameaça de ou resulte em morte.A ameaça e o incitamento para o cometimento dequaisquer dos atos supracitados devem serproibidos.

2. São proibidos, para todos os efeitos, os ataquesou outros atos de violência contra os deslocadosinternos que não participaram ou já não participamde hostilidades. Os deslocados internos devem serparticularmente protegidos contra:a. os ataques diretos ou indiscriminados ou

outros atos de violência, incluindo a criaçãode áreas onde são permitidos os ataques contraos civis;

b. a fome como um método de combate;c. o seu uso como escudo humano para proteger

os objetivos militares dos ataques ou proteger,favorecer ou impedir operações militares;

d. os ataques contra os seus campos ouassentamentos; e

e. o uso de minas antipessoal.

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A redação deste princípio deixa evidente a suarelação com o Direito Internacional dos DireitosHumanos e com o Direito Internacional Humanitário. Aparte introdutória do parágrafo 1º é diretamente derivadado Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.Ela é, na verdade, a mesma redação encontrada no art.6º, 1 do PCP. Já a segunda parte do mesmo parágrafo,que consiste na enumeração de atos dos quais osdeslocados são particularmente protegidos, contémelementos do DIH. A categoria homicídio (P.O. 10,1b)vem, por exemplo, do artigo 3º comum às Convençõesde Genebra de 1949. Por outro lado, a categoriaexecuções sumárias e arbitrárias (P.O. 10,1c) é uminstituto jurídico típico de direitos humanos. Além deintegrar disposições advindas de diferentes vertentesjurídicas, este princípio expande também suaaplicabilidade (no caso das disposições de direitoshumanos) ao incluí-las em um documento que visaorientar a ação de agentes estatais e não-estatais.

O parágrafo 2º, por sua vez, trata do direito àvida e integridade física de deslocados durante conflitosarmados, ocasião na qual a grande maioria dosdeslocamentos ocorre. O disposto nesta parte doprincípio é versão pouco modificada das disposiçõesencontradas na Quarta Convenção de Genebra e nosProtocolos Adicionais I e II de 1977.

Já o princípio orientador 21, que trata do direitoà propriedade, tem a seguinte redação:1. Ninguém deve ser arbitrariamente privado de sua

propriedade e seus bens.2. A propriedade e os bens deixados pelos deslocados

internos devem ser protegidos, em quaisquercircunstâncias, e em particular, contra os seguintesatos:a. pilhagem;b. ataques diretos ou indiscriminados ou outros

atos de violência;c. utilização para proteção das operações ou

objetivos militares;d. utilização para fins de represálias; ee. destruição ou apropriação como forma de

punição coletiva.3. A propriedade e os bens deixados pelos deslocados

internos no ato da fuga devem ser protegidos contraa destruição e contra a apropriação, ocupação ouuso arbitrário ou ilegal.

Como foi visto anteriormente, a proteção dapropriedade privada pelo direito internacional é bastantefalha. No caso dos deslocados internos esta lacuna éainda mais pronunciada já que, devido à situação defuga em que geralmente se encontram, eles possuemnecessidades especiais no tocante à proteção de sua

propriedade. O princípio orientador 21 utiliza disposiçõestanto do DIH como do DIDH para melhorar a salvaguardadeste direito. O primeiro parágrafo é derivado do artigo17, 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.Já as categorias específicas contidas no parágrafo 2ºsão apropriadas de instrumentos do DireitoInternacional Humanitário. Por fim, o parágrafo 3º nãoderiva de nenhum instrumento pré-existente, mas visapreencher a lacuna existente no que toca aos bensabandonados pelos deslocados no ato da fuga.

Para exemplificar o papel do Direito Internacionaldos Refugiados nos Princípios Orientadores pode-selembrar, entre outros constantes da Seção V, o princípio28, que integra o preceito geral do non-refoulement comalgumas disposições que regulamentam o regressovoluntário de deslocados internos para seus locais deresidência habitual ou sua reinstalação em outra partedo país.

Todavia, os Princípios Orientadores não serestringiram a reiterar e ampliar o que outrosinstrumentos jurídicos já reconheciam ou garantiam.Também preencheram lacunas de proteção, adaptaramdisposições para as necessidades dos deslocados,reafirmaram princípios gerais de maneira mais detalhada,trouxeram novas interpretações para normas pré-existentes e clarificaram áreas cinzentas onde aaplicabilidade de uma norma para o amparo dosdeslocados internos não era suficientemente clara.

Goldman, em seu texto “Codification ofinternational rules on internally displaced persons”50 ,fornece alguns exemplos de lacunas normativas e deaplicação para as quais os Princípios Orientadorestrouxeram solução. Entre elas, cita o direito de não serarbitrariamente deslocado (agora previstoexpressamente nos princípios 5 e 6), o direito dosdeslocados internos à documentação pessoal (P.O. 20,2) e a salvaguarda de direitos fundamentais durantesituações de distúrbios internos e tensões (entre outros,princípios 10 e 11).

Já no que se refere à clarificação de áreascinzentas, talvez o melhor exemplo seja a especificaçãodo direito à não-discriminação para os deslocadosinternos. Os textos dos instrumentos de direitoshumanos que proíbem a discriminação não incluem acategoria “deslocado interno” entre os critérios para adeterminação da discriminação. Por outro lado, algunsautores defendem que o termo “qualquer outracondição” inclui a condição de deslocado interno.Entretanto, persistiam dúvidas e incertezas a respeitoda proteção dos deslocados em relação à discriminação.Os Princípios Orientadores eliminaram esta imprecisãoao abordarem o problema em três diferentes princípios(1, 4 e 22).51 O texto do princípio 1,1 é especialmenteesclarecedor pois determina que os “deslocados

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internos devem gozar de direitos e liberdades, do direitointerno e do direito internacional, em total igualdadecom outras pessoas no seu país. Eles não devem serdiscriminados em relação ao gozo de quaisquer direitosou liberdades por serem deslocados internos”.52

Hoje se dissemina entre os especialistasinternacionais a avaliação de que os PrincípiosOrientadores são a resposta mais acertada para lidarcom os problemas da proteção jurídica internacionaldos deslocados internos. Mesmo que lacunas pontuaisainda perdurem e mesmo que nem todas as disposiçõescontidas neste instrumento não possuam fundamentolegal vinculante é certo que ele representa um espantosoavanço para a garantia dos direitos deste grupo humanovulnerável.

Ao mesmo tempo em que evitaram a duplicaçãoe proliferação de normas internacionais, os PrincípiosOrientadores permitiram extraordinária evolução naimplementação de direitos já reconhecidos.53 Elestambém ampliaram a proteção das vítimas dodeslocamento interno ao incorporarem novainterpretação de normas que antes não respondiam àsnecessidades especiais deste grupo. A abordagemcomplementar das três vertentes da proteção dosdireitos da pessoa humana tem nos PrincípiosOrientadores Relativos aos Deslocados Internos umade suas manifestações mais desenvolvidas.

4. DESLOCADOS INTERNOS EOS DESAFIOS PARA ODIREITO INTERNACIONAL

O direito internacional, como forma de expressãodinâmica dos ideais da humanidade, também reflete asinconsistências de nossa época. Problemas complexosde direitos humanos, dos quais o deslocamento internoé exemplo significativo, colocam em questão os limitesdo direito internacional e demandam clareza a respeitode seus fundamentos de validade.

É cada vez mais disseminada a opinião de que afonte material do Direito Internacional Público está naconsciência jurídica universal. Tal posicionamentocoloca a proteção da pessoa humana no centro daspreocupações internacionais e a transforma no fimúltimo do direito internacional.54 O estudo dodeslocamento interno e as respostas jurídicasencontradas para lidar com este problema permitemobservar, entretanto, como os progressos nesta áreanem sempre são lineares.

Um dos maiores paradoxos da atualidade é quea livre circulação de idéias, produtos e capitais, cadavez mais abrangente, não tem correspondência naliberdade de locomoção. Se as fronteiras estão abertas

para o fluxo de bens, estão cada vez mais fechadas paraas pessoas. Enquanto caem barreiras alfandegárias,crescem os controles fronteiriços de imigração eproliferam-se os nacionalismos e a xenofobia.

A atual crise de desenraizamento humanovivenciada em todas as partes do globo, e da qual odeslocamento interno é uma entre várias manifestações,é agravada por estas contradições. As mudanças nospadrões de migrações e deslocações forçadasaprofundaram as dificuldades dos estados e outrosatores internacionais em operarem no âmbitohumanitário. Enquanto declinam os números derefugiados e asilados, multiplicam-se as cifras deimigrantes ilegais, trabalhadores indocumentados edeslocados internos. Esta nova realidade também trazalterações para o modo como o direito internacionalresponde ao desafio de resguardar o ser humano e fazsurgir, portanto, um novo paradigma de proteção dapessoa humana em situação de deslocamento.55

Neste novo modelo de proteção, o consagradodireito de asilo e a possibilidade de reintegração em umpaís receptor são substituídos pela contenção cega dosmovimentos imigratórios e pela negação do direito dereinstalar-se em outro país mesmo em casos nos quais avida da pessoa corre perigo. A proteção durável epermanente de refugiados é preterida em relação àproteção temporária, raramente satisfatória, geralmentefeita em campos fechados localizados em paísesvizinhos. Além disso, a repatriação voluntária ésubstituída pelo retorno para ‘áreas seguras’ (“safehavens”) e, assim, o princípio do non-refoulement, pedrade toque do sistema de proteção de pessoas refugiadas,deteriora-se. Surgem, enfim, tantas barreiras ao refúgioe ao asilo que alguns autores já ironizam a respeito dosurgimento de uma inconcebível regra de “non-entrée”.56

O fechamento das fronteiras internacionais e aexplosão do número de vítimas do deslocamento internotransportam o problema da salvaguarda dos direitos depessoas desenraizadas para o interior de seus paísesde origem. O momento é de limitação a todo custo defluxos internacionais de pessoas. O desenraizamentointernaliza-se.

Todavia, a explosão de conflitos internos e aerosão da capacidade do estado de proteger os direitosfundamentais de seus cidadãos em geral e de gruposdesenraizados, em particular, faz com que os governosnão respondam adequadamente ao problema dodeslocamento. Assim, de maneira distorcida e comgraves prejuízos para os direitos da pessoa humana osestados tentam controlar os movimentos de pessoassem assumir a responsabilidade pela sua segurança ebem-estar.

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É nesta conjuntura que o envolvimento dacomunidade internacional em crises internas passa aser insistentemente cobrado. No entanto, a açãointernacional parece se dar apenas para evitar que osefeitos de uma crise atinjam outros países e para conterfluxos de refugiados. A efetiva proteção é abandonadae no seu lugar são implementados programas deassistência temporária e emergencial que se limitam afornecer meios de subsistência para as vítimas, sem sepreocupar em lidar com as causas do deslocamento. Asações internacionais estimuladas pelo novo paradigmanão respondem às raízes das crises, são meramentepaliativas.

Bennet, em estudo sobre as contradições daproteção dos deslocados internos, afirma acertadamenteque hoje o envolvimento internacional é muitas vezes“desengajamento político disfarçado de assistênciahumanitária”.57 A ajuda internacional ocorre apenaspara que a crise de deslocamento não transborde e atinjaoutros estados e regiões. Na maior das incongruênciasdo novo paradigma o envolvimento internacional é, aomesmo tempo, uma forma de desengajamento.

É correto afirmar que o antigo sistema deproteção dos refugiados, desenvolvido no pós-SegundaGuerra, não consegue abarcar todas as situaçõescontemporâneas de desenraizamento. Entretanto, omodelo atual, desenvolvido a partir da nova dinâmica defluxos populacionais, também não respondesatisfatoriamente os desafios contemporâneos. Ademais,ao invés de incorporar os ganhos do passado, quecontinuam válidos, ele tem sido usado para rechaçá-los.

Os avanços da proteção dos deslocadosinternos, discutidos aqui, são as mais importantescontribuições deste novo paradigma de proteção depessoas desenraizadas. É possível afirmar, a partir deum ponto de vista jurídico, que os deslocados internosrecebem hoje uma proteção consideravelmente melhorque aquela que lhes era dedicada dez anos atrás.Entretanto, o desenvolvimento da proteção jurídica dosdeslocados internos é fruto do mesmo processo quetem posto em questão todo o sistema de proteçãoanterior, criado a duras penas. A conjuntura que tornoupossível aumentar e melhorar a tutela jurídica dosdeslocados é a mesma que agora permite restriçõescrescentes do direito de solicitar asilo, de buscar refúgioem outro país e mesmo de não ser obrigado a retornarpara um país ou região onde sua segurança esobrevivência não estejam garantidas.

O direito de ser protegido enquanto deslocadointerno não pode ser entendido como razão oujustificativa para a limitação do direito de buscar proteçãoem outros países. A proteção jurídica em casos dedeslocamento interno deve ser vista como

complementar à proteção de refugiados, migrantes eoutros tipos de desenraizados internos e internacionais.

O problema dos deslocados internos coloca emquestão áreas cinzentas do direito internacional e suaproteção jurídica demanda construções avançadas paraser eficaz. Mesmo sem uma convenção internacionalespecífica, os deslocados têm hoje grande parte de suasnecessidades e direitos reconhecidos e declarados. Istosó foi possível graças ao empenho de juristas eespecialistas internacionais determinados a pôr emdiscussão formas mais flexíveis de tutela e mecanismosinovadores de reconhecimento de direitos.

Entre várias soluções encontradas, os PrincípiosOrientadores sobressaem-se. Ao integrarem de maneiraoriginal as três vertentes tradicionais da proteção dapessoa humana em um instrumento único, elespermitiram a ampliação do reconhecimento dos direitosdos deslocados e multiplicaram as atenções dirigidasao tema. Estes princípios não se restringiram a reiterar oque outros instrumentos jurídicos já reconheciam ougarantiam, mas também preencheram lacunas deproteção, adaptaram disposições para as necessidadesdos deslocados, reafirmaram princípios gerais epermitiram interpretações mais amplas para normas pré-existentes que não eram adequadas para asnecessidades dos deslocados internos.

As lições aprendidas na construção do sistemade proteção dos deslocados são valiosas para outrosgrupos vulneráveis. A idéia de criar uma declaração deprincípios baseada no Direito Internacional dos DireitosHumanos, no Direito Internacional Humanitário e noDireito Internacional dos Refugiados pode fazer avançara salvaguarda de outros grupos humanos aindadesprovidos de proteção específica ou cujosmecanismos ainda estão em fase de negociação. Entreeles estão, “inter alia”, os trabalhadores migrantes, aspopulações indígenas e os apátridas. Todos estesgrupos podem ainda se beneficiar da idéia, muitodiscutida no campo da deslocação interna, de quenecessidades específicas demandam soluções jurídicasdiferenciadas, mesmo que um sistema de proteção geraljá exista. Uma das contribuições mais significativas datutela internacional dos deslocados para o direitointernacional é exatamente a maneira como ela combinao reconhecimento de direitos fundamentais gerais e dedireitos específicos para criar um sistema integrado deproteção.

A maneira como o direito internacional evoluiuno que diz respeito aos deslocados internos deixa claroque, no atual contexto de desenraizamento, a temáticada responsabilidade internacional deve ser abordadamenos pelo prisma estatocêntrico e mais no marco dasrelações entre o Estado e os seres humanos sob suajurisdição, sejam eles seus nacionais ou não. A

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universalidade e a indivisibilidade dos direitos humanossão inquestionáveis e, portanto, a proteção da pessoahumana não deve ser tratada à luz da soberania estatal,mas como problema de dimensão verdadeiramenteglobal.58

São muitos os obstáculos a serem transpostospara a verdadeira efetivação dos direitos dosdesenraizados. Mas fica cada vez mais claro que ocaminho a ser seguido é aquele da garantia irrestrita eintegral dos direitos fundamentais do ser humano. Sóassim o direito internacional fará sua parte na busca desoluções duráveis que previnam novos deslocamentos,garantam a sustentabilidade sócio-econômica de gruposem situação de vulnerabilidade e permitam a plenareintegração de vítimas de desenraizamento.59

Os avanços no sistema de proteção jurídica dosdeslocados internos expressam um significativoprogresso para o campo dos direitos humanos. Porém,não há normas jurídicas eficazes sem valorescorrespondentes, a elas subjacentes. No que se refereao deslocamento, há normas de proteção querespondem à maioria das necessidades das vítimas, masmuitas vezes não há valores sociais que exijam suaaplicação e, portanto, geralmente inexiste vontadepolítica para impô-las.

Aprimorar a implementação dos direitos dosdeslocados é tarefa que exige profundas modificações

na maneira como se trata a pessoa humana. O ser humanoé situado hoje em uma escala de prioridade inferioràquela atribuída a capitais e bens. Na ordeminternacional a razão de Estado ainda sobrepuja oindivíduo. O fenômeno do desenraizamento e asviolações e abusos que acarreta só podem ser atacadosnos marcos de uma ação abrangente, orientada paraatender e responder à precariedade da condição humana.

O direito internacional pode contribuir para adisseminação de novos valores e tem evoluído nessesentido ao recriar-se como um novo Direito das Gentes,edificado sobre a consciência jurídica universal edeterminado a transcender o positivismo e atender àsnecessidades e anseios da humanidade. A proteçãojurídica internacional dos deslocados internos integraos esforços para a construção da cidadania universal,baseada na indivisibilidade e na universalidade dosdireitos do homem e na erradicação da exclusão social,da miséria e da discriminação.

A humanização do direito internacional, que hojepossibilita a proteção internacional dos deslocadosinternos, é reflexo de uma sensibilidade mais apuradapara os problemas humanos. A realização plena euniversal dos direitos da pessoa humana transforma-se, então, em desígnio que sintetiza as aspirações dahumanidade e expressa de maneira categórica a realidadede nosso tempo e o espírito de nossa era.60

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1. US COMMITTEE FOR REFUGEES. Colombiaviolence leaves 2.1 internally displaced. [on line]Disponível em: www.refugees.org/news/pres_releases/2001. Acessado em 09/10/2003. p.1. Cf.também: Global IDP Project. Internal Displacement:a global overview of trends and developments in2003. [on line] Disponível em: www.idpproject.org.Acessado em: 15/02/2004, pp. 4-20.

2. Em 1970, as estatísticas apontavam a existência de 5milhões de deslocados internos e 9 milhões derefugiados. As estimativas de 2002 falam em 25milhões de deslocados internos e 11 milhões derefugiados. Cf. Seminar on International FieldProtection of Internally Displaced Persons, june 2002,Brussels. Minutes of the Seminar: On InternallyDisplaced Persons (IDPs). Brussels: DGIC, 2002. p.4.

3. Os termos deslocação e deslocamento sãosinônimos e serão usados indistintamente ao longodeste texto.

4. Entre as ações da Liga em prol dos refugiados estãoa criação do Passaporte Nansen e a negociação deacordos que previam medidas de assistência eproteção de refugiados definidos dentro de gruposnacionais específicos.

5. Duas organizações não-governamentais são tidascomo as primeiras a chamarem a atenção para oproblema dos deslocados internos. São elas aCommission of Churches on International Affairs ea Quakers.

6. É preciso ressaltar também que uma expressiva fraçãode deslocados internos pode facilmente se tornarrefugiados. As experiências no Irã e no Afeganistãocomprovam essa tendência, que reforça ainda maisas implicações internacionais do problema. Nesteponto, uma das questões mais graves é a recenteprática de Estados vizinhos a países com problemasde desenraizamento de impedir a transposição defronteiras internacionais por pessoas ou grupos quese encontram em situação de deslocamento interno.

7. COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS. Report ofthe Representative of the Secretary-General,Francis Deng, submitted pursuant to resolution1997/39 (The Guiding Principles on InternalDisplacement), doc. E/CN.4/1998/53/Add.2. [online] Disponível em: www.un.org. Acessado em: 10/09/2003.

8. As causas da deslocação incluídas na definição dedeslocados internos foram retiradas do conceito

abrangente de refugiado usado na América Latina ena África. COHEN e DENG. Masses in flight: theglobal crisis of internal displacement. Washington:Brookings Institution Press, 1998. p.16.

9. É necessário ressaltar que a Corte Interamericana deDireitos Humanos, na Opinião Consultiva OC-18 de17 de setembro de 2003, trouxe valioso avanço paraa caracterização de vítimas de deslocamentosforçados (entre as quais estão os deslocadosinternos) ao aproximá-los de migrantes laborais eindocumentados. Em seu voto concorrente o JuizCançado Trindade lembra que o elemento coercitivoou voluntário de uma deslocação nem sempre éfacilmente discernível. Cf. Corte Interamericana deDireitos Humanos, Opinión Consultiva OC-18:Condición Jurídica y Derechos de los MigrantesIndocumentados. [on line] Disponível em:www.corteidh.or.cr. Acessado em 10/12/2003.

10. KALIN, W. The Legal Dimension. ForcedMigration Review, vol. 17, fev. 2003. p. 15.

11. CANÇADO TRINDADE, A.A. Direito Internacionaldos Direitos Humanos, Direito InternacionalHumanitário e Direito Internacional dos Refugiados:aproximações ou convergências. In: CançadoTrindade et alii. A Proteção Internacional dosDireitos da Pessoa Humana. São José da CostaRica e Brasília: IIDH, CICV e ACNUR, 1996. p.89.

12. Id., ibid. p.90.

13. PLENDER. The legal basis of internationaljurisdiction to act with regard to the internallydisplaced. International Journal of Refugee Law,vol.6, n.3, 1995. p.348.

14. COHEN, R. & DENG, F. Op. cit. supra n. (8). p.127.

15. Os países visitados até 2003 são Angola, Armênia,Azerbaijão, Bósnia-Herzegovina, Burundi (duasvisitas), Colômbia (duas visitas), Timor Leste, ElSalvador, Geórgia, Indonésia, México,Moçambique, Peru, Filipinas, Federação Russa,Ruanda, Somália, Sri Lanka, Sudão (três visitas),Tadjiquistão e Turquia.

16. A proteção normativa é aquela estritamente jurídica,baseada nas normas internacionais que declaramou conferem direitos aos deslocados internos. Já opilar institucional de proteção é o arranjo e adistribuição de competências entre órgãos eorganizações internacionais para a atuaçãointernacional concreta em favor dos deslocadosinternos.

NOTAS

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17. COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS.Compilation and Analysis of Legal Norms. Reportof the Representative of the Secretary-General onInternally Displaced Persons, doc. E/CN.4/1996/52/Add.2. [on line] Disponível em: www.un.org.Acessado em: 06/08/2003.

18. Este mecanismo envolve a colaboração deorganizações locais, governos nacionais, agênciasda ONU, outras organizações internacionais eorganizações não-governamentais. Seminar on theInternational Field Protection of Internally DisplacedPersons. Op.cit. supra n.(2). pp. 4-5.

19. “Emergency Relief Coordinator” (ERC).

20. OGATA, S. Apud Cohen, R & Deng, F. Op. cit. supran.(8). p.73.

21. CANÇADO TRINDADE, A.A. Apresentação. In:Piovesan, F. Direitos Humanos e o DireitoConstitucional Internacional. 3ª ed. São Paulo:Max Limonad, 1997. p.19. Cf. também: Idem, AConsolidação da Personalidade e da CapacidadeJurídicas do Indivíduo como Sujeito do DireitoInternacional. Anuario Hispano-luso-americano deDerecho Internacional, Separata, vol. XVI, 2003.

22. O deslocamento forçado ocorre quando pessoassão compelidas a fugir de suas áreas habituais deresidência, seja pela incapacidade do Estado degarantir a sua segurança e subsistência ou mesmopor ações estatais diretas de relocação.

23. COHEN, R. & DENG, F. Op. cit. supra n.(8). p. 89.

24. Artigo 12(3) do PCP.

25. O termo refúgio é aqui utilizado em sua acepção amplae não coincide, portanto, com o conceito estrito derefugiado, ou seja, aquele que cruza uma fronteiranacional internacionalmente reconhecida e estáinserido nos requisitos da Convenção de 1951.

26. GOLDMAN & KÄLIN. Legal Framework. In:COHEN, R. & DENG, F. Op. cit. supra n.(8). p. 106.

27. Idem, ibidem. p. 98.

28. Meios disponíveis são entendidos como nãoapenas aqueles encontrados dentro do Estado, mastambém aqueles fornecidos pela comunidadeinternacional por meio de cooperação e assistência.COMITÊ PARA OS DIREITOS ECONÔMICOS,SOCIAIS E CULTURAIS DAS NAÇÕES UNIDAS.General Comments, UN Doc. HRI/Gen/Rev.1, 1994.[on line] Disponível em www.un.org. Acessado em:29/11/2003.

29. É necessário reconhecer, entretanto, o importantetrabalho da Comissão Interamericana de DireitosHumanos na decisão que determinou o pagamento

de compensações aos deslocados internos queretornavam a suas casas na Nicarágua em 1983, nocaso Miskito. Cf. OEA. Report on the Situation ofHuman Rights of a Segment of the NicaraguanPopulation of Miskito Origin. Doc. OEA/Ser.L/V/II/62, doc.10, rev.3. Novembro, 1983.

30. Também são relevantes os artigos 8° e 16 daConvenção para Eliminação de Todas as Formasde Discriminação contra a Mulher.

31. A tipologia tripartite dos conflitos é retirada dosProtocolos Adicionais de 1977. Esta classificaçãotem sido combatida atualmente por gerar distorçõesna proteção da pessoa humana dependendo doconflito em questão. O Tribunal Internacional AdHoc para a Ex-Iugoslávia deu importante passo paraa superação desta tipologia na decisão interlocutóriada Corte de Apelação no caso Tajic (Caso n. IT-94-1-T). O posicionamento adotado está de acordocom os desenvolvimentos mais recentes do DireitoInternacional Humanitário, que tende cada vez maispela não diferenciação no direito aplicável a umconflito internacional daquele aplicável a umconflito não-internacional.

32. Entretanto, recentes desenvolvimentos do DIHmostram que hoje já existe um conjunto deprincípios e normas consuetudináriasinternacionais que determinam padrões mínimosaplicáveis a situações de distúrbios internos etensões. Alguns autores defendem a aplicação, emcasos de distúrbios e tensões, do disposto no artigo75 do Protocolo Adicional I, artigo este consideradocomo norma internacional consuetudinária. Nestecaso ele também seria aplicável durante conflitosarmados não-internacionais.

33. LAVOYER, J-P. Refugees and Internally DisplacedPersons: International Humanitarian Law and therole of the ICRC. International Review of the RedCross, n.305, 1995. p. 171.

34. Artigo 13 da Quarta Convenção de Genebra.

35. GOLDMAN & KÄLIN. Legal Framework. In:COHEN, R. & DENG, F. Op. cit. supra n.(8). p. 91.

36. LAVOYER, J-P. Op. cit. supra n.(33). p. 172.

37. Artigo 17, Protocolo Adicional II.

38. Entendimento defendido pelo Comitê Internacionalda Cruz Vermelha. Cf. CICV, Commentary on theAdditional Protocols of 8 June 1977 to the GenevaConventions of 1949, 1987, n.1473. [on line]Disponível em: www.icrc.org. Acessado em 10/02/2004.

39. Art.17, Protocolo Adicional II.

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40. GOLDMAN & KÄLIN. Legal Framework. In: Cohen,R. & Deng, F. Op. cit. supra n.(8). p.85.

41. CANÇADO TRINDADE, A.A. Voto Concurrentedel Juez A.A. Cançado Trindade. In: CorteInteramericana de Derechos Humanos, OC-18 del17 de septiembre de 2003. [on line] Disponível em:www.corteidh.or.cr. Acessado em 10/12/2003.

42. Este estudo foi publicado pela ONU com o título“Compilation and Analysis of the Legal Norms”.Cf. nota (17) supra.

43. COHEN, R. & DENG, F. The Forsaken People.Washington: Brookings Institution Press, 1998.p.122.

44. CANÇADO TRINDADE, A.A. Direito Internacionaldos Direitos Humanos, Direito InternacionalHumanitário e Direito Internacional dos Refugiados:aproximações ou convergências. In: CançadoTrindade et alii. Op. cit supra n.(11) p.30.

45. GROS ESPIEL, Derechos Humanos, DerechoInternacional Humanitario y Derecho Internacionalde los Refugiados. In: SWINARSKI, C. (redat.)Études en l’honneur de Jean Pictet. La Haye etGenève: Martinus Nijhoff Publishers, 1984 p.703.

46. Exemplos de países que criaram leis nacionais sobredeslocamento interno e basearam seus esforçosnos Princípios Orientadores são Angola eColômbia. Infelizmente, tais leis são raramenteinvocadas ou usadas para a proteção dosdeslocados nestes dois países.

47. Os Princípios Orientadores são em grande partefruto de um estudo profundo das lacunas enecessidades de proteção dos deslocados internoschamado “Compilation and Analysis of LegalNorms”. Este estudo foi realizado peloRepresentante do Secretário-Geral para osDeslocados Internos, Francis Deng, e um grupo deespecialistas internacionais por ele reunido. Ele foiapresentado à Comissão de Direitos Humanos em1996. Cf. nota (17) supra.

48. PETTERSSON, B. Complementarity between keyinstruments of international law: InternationalHuman Rights and Humanitarian Law merged intoone operational instrument – the UN GuidingPrinciples on Internal Displacement. Global IDPProject. [on line] Disponível em:www.idpproject.org. Acessado em: 08/09/2003.

49. Id., ibid.

50. GOLDMAN, R. Codification of international ruleson internally displaced persons: an area where bothhuman rights and humanitarian law are being taken

into account. International Review of the RedCross, n. 324, 1998. p. 540.

51. PETTERSSON, B. Op. cit. supra n.(48), p. 7.

52. Cf. P.O. 1,1. Princípios Orientadores Relativos aosDeslocados Internos.

53. A contribuição dos Princípios Orientadores nãose restringiu aos avanços para o trabalho daquelesque promovem os direitos humanos, mas trouxegrande melhoria também para os esforços deagências internacionais, agentes internacionais emtrabalho de campo e organizações locais dedeslocados internos. Ao detalharem a proteçãodedicada aos deslocados e organizarem isto em umúnico documento, os Princípios Orientadorestransformaram-se em um importantíssimoinstrumento de trabalho para implementadores depolíticas de direitos humanos. Cf. Vincent, M &Sorensen, B. (orgs.) Caught Between Borders:response strategies and the internally displaced.London: Pluto Press, 2001.

54. CANÇADO TRINDADE, A.A. Reflexiones sobreel desarraigo como problema de derechos humanosfrente a la conciencia jurídica universal. In: CançadoTrindade, A. A. & Ruiz De Santiago, J. La nuevadimensión de las necesidades de protección delser humano en el inicio del siglo XXI. San José deCosta Rica: ACNUR, 2001. pp. 23-78.

55. MERTUS, J. The state and the post-Cold Warrefugee regime: new models, new questions. In:International Journal of Refugee Law, vol. 10, n.3,1998. pp.321-340.

56. MILLS, K. Human Rights in the Emerging GlobalOrder: a new sovereignty? New York: St. Martin’sPress, 1998. p. 105.

57. BENNET, J. Internal Displacement in Context: theemergence of a new politics? [on line] Disponívelem: www.nrc.no. Acessado em: 14/10/2003. p. 6.

58. Cf. CANÇADO TRINDADE, A.A. Op. cit. supran.(54). pp.58-78.

59. NANA SINKAM, S.C. From Relief and HumanitarianAssistance to Socio-Economic Sustainability:Rehabilitation, Reconstruction and Developmentwith Transformation as the Ultimate Solution.International Journal of Refugee Law, SpecialIssue, July 1995.pp. 186-206.

60. A expressão “realidade de nosso tempo e espíritode nossa era”, é tirada da Declaração e Programade Ação de Viena. Este documento foi aprovadona II Conferência Mundial sobre Direitos Humanos,ocorrida em 1993. Cf. CANÇADO TRINDADE, A.A.Op. cit. supra n.(54). p.67.

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LOS NUEVOS RETOS DEL DERECHOINTERNACIONAL HUMANITARIO: LOS

CONFLICTOS DESESTRUCTURADOS Y ELTERRORISMO INTERNACIONAL

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •GUILLERMO JULIO VARGAS JARAMILLOProfesor de la Cátedra de Derechos Humanos en la Facultad de Derecho y Ciencia Política de la UniversidadNacional Mayor de San Marcos.

A MODO DE INTRODUCCIÓNLos temas que intentaremos desarrollar son a la

vez apasionantes y complejos. Los retos que en la horaactual debe afrontar el Derecho InternacionalHumanitario respecto al terrorismo internacional y a losconflictos desestructurados van de la mano con losdesafíos que también debe asumir su matriz el DerechoInternacional. Baste con dar una mirada a los dramáticosacontecimientos del 11 de septiembre en los EstadosUnidos y la guerra contra el terrorismo subsiguienteque se tradujo en la campaña en Afganistán yposteriormente con la intervención militarnorteamericana en Irak.

El presente trabajo, que es centralmente decarácter descriptivo, tratará de iluminar algunos hechosy aspectos de los asuntos señalados, que sonverdaderamente vastos en sus alcances y connotacionesy que por su complejidad requieren de enfoquesmultidisciplinarios. De otra parte, son asignaturas quela comunidad jurídica internacional trata actualmentede procesar, en medio de una crisis sin precedentes delas normas y de los organismos que regulan, alguienpodría decir regulaban, a la vista de los últimosacontecimientos en Irak, el sistema internacionalcontemporáneo.

Sin duda que el andamiaje jurídico que normabalas relaciones internaciones fue puesto a prueba con lafinalización de la Guerra Fría. Los conflictos de bajaintensidad funcionales a esta contienda vandesapareciendo paulatinamente. Se pasa entonces deconflictos de carácter ideológico a conflictos deinspiración etno-separatista que van a caracterizar lapostguerra fría. Las naciones se dividen, los estados sedebilitan y se disgregan, aparecen así conflictos denaturaleza étnica, cultural y religiosa de índole muycompleja que comienzan a incubar formas inéditas deterrorismo.

En este contexto la comunidad internacional seve impelida a usar creativamente las posibilidades quebrindan los principios e instituciones de la Carta de lasNaciones Unidas, surgiendo como respuesta lasoperaciones de seguridad colectiva traducidas enoperaciones de mantenimiento de la paz, de paz y deprevención a quebrantamientos de la paz y por otrolado los Tribunales Penales Internacionales en los casosde la ex Yugoslavia y Ruanda.

Así llegamos a septiembre de 2001 cuando seproducen los ataques terroristas perfectamentecoordinados y a una escala sin precedentes contra laUnión Americana. Actos que demuestran como el nivelde organización y las actividades de estos gruposhabían alcanzado una cobertura global. Encontrándoseen capacidad de lanzar ataques contra Estados, almargen de la entidad militar que éstos ostenten. Siendopor lo tanto un imperativo para la comunidadinternacional reexaminar en profundidad el fenómenodel terrorismo internacional y las políticas y métodosmultilaterales para enfrentarlos.

De otro lado, la respuesta unilateral contra elterrorismo de parte de los afectados, expresada en unanoción de guerra preventiva sin legitimación jurídica ysin contrapesos, está llevando a límites impensables lacoherencia en el manejo de las relacionesinternacionales. Afectando sensiblemente tanto elsistema internacional de seguridad colectiva como losequilibrios políticos y geoestratégicos, en muchoscasos precarios de las regiones involucradas.Desestructurando premeditadamente Estados–paradójicamente aparecería así una nueva categoríade estados disgregados– socavando así los principiosy propósitos de la Carta de Naciones Unidas. Para ponerfinalmente en cuestión la aplicación del DerechoInternacional Humanitario a los conflictos armadosgenerados como consecuencia de la “guerra contra el

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terror”, posición irresponsable que les hace, quiérase ono, el juego a los grupos terroristas multinacionalizados.

Por lo expuesto anteriormente, resultacomprensible que los presentes apuntes seanesquemáticos respecto a dos temas realmente ampliosen sus implicancias para la paz y la seguridadinternacionales y que se inscriben, con las limitacionesanotadas, en los esfuerzos desplegados por lacomunidad internacional y la sociedad civil global paraencontrar una vía racional y civilizada que resuelva elenfrentamiento entre el terrorismo internacional y laactual potencia hegemónica, el cual conducido hasta elextremo podría implicar para el orden internacional uncambio de paradigma de consecuencias impredecibles.

PRIMERA PARTE

LOS CONFLICTOSDESESTRUCTURADOS Y ELDERECHO INTERNACIONALHUMANITARIO

1- ANTECEDENTES YNOCIONES BÁSICAS

El término “Conflictos desestructurados” nosremite necesariamente a la noción de “Estadosdesestructurados”, interpretación de la expresióninglesa “failed States” o “Estados fracasados”, tambiéndenominados “Estados desintegrados o colapsados”.Como ya se adelantó, el final de la guerra fría puso fin alsistema bipolar y a las áreas de influencia de las grandespotencias los Estados Unidos de América y la Unión deRepúblicas Socialistas Soviéticas, que terminaríadesmembrándose. Culminaría así el sistema de controlideológico y político que ejercían éstas sobre un grannúmero de países, en especial del Tercer Mundo.Consecuentemente, una gran cantidad de estos estados,en especial los más involucrados o cercanos a conflictosde baja intensidad, se sumergirían en profundas crisispolíticas.

No debe escapar a este cuadro que los estadosdesestructurados expresan también la crisis actual, oredefinición de funciones como eufemísticamentesostienen algunos, que atraviesa el modelo de estadowestfaliano al confrontar el proceso de globalización.Este proceso que en esencia comporta la totalizacióndel mercado, operando éste como regla de relación yajuste de los estados, incuestionablemente pone enentredicho el monopolio del poder y la soberanía estatalque lo definen. Estos aspectos son tratados de maneramuy detallada en el libro de Thomas L. Friedman “The

Lexus and the Olive Tree”. Lo anteriormente expuestodebe matizarse con otro hecho puesto en relieve porDaniel Thürer sobre “los procesos generales demodernización que, aunque fomentaban la movilidadsocial y geográfica, no estaban contrarrestados porprocesos de construcción de nación capaces de colocaral Estado sobre unos cimientos firmes.”1

En esta dinámica, al analizar las crisis degobernabilidad de nuestro tiempo, observamos que losestados se destruyen desde dentro, al debilitarse susinstituciones y ser infectadas por mafias, al moverse susaparatos militares no por intereses nacionales sino porafanes corporativos o autonómicos y en consonanciaorganizarse grupos de oposición política armada. En talsentido Daniel Thürer, en su ensayo “El Estadodesestructurado y el derecho internacional”, pone enrelieve que “el problema del “Estado desestructurado”puede verse así como un fenómeno primario que, aunqueactualmente agudo sólo en unos cuantos países, sigueestando latente en todo el mundo.”2

En general la desestructuración de un Estado seconfigura a partir de un proceso, la mayoría de vecesbrusco y vertiginoso, en el cual implosionan y sedesintegran las estructuras de poder esenciales para sunormal funcionamiento, desembocando en conflictosde una índole marcadamente anárquica, que puedentener raíces religiosas, étnicas, político-separatistas,etno-separatistas o combinadas, generándose asíconflictos identificatorios, que por sus inhumanos eirracionales métodos resulta pertinente describirlos. Enestos enfrentamientos se busca por todos los mediosdesaparecer a los adversarios identificándolos por suapariencia étnica y/o religiosa. Tal como apunta BernardOberson “el objetivo de los conflictos de “identidad”es de excluir al otro mediante una práctica denominada“limpieza étnica”, que consiste en desplazar a la fuerzaa la población o exterminarla. [...] Se desarrolla a causade una espiral de propaganda de miedo, de violencia yde odio, una dinámica tendiente a consolidar la nociónde grupo, en detrimento de la identidad nacionalexistente, y a excluir posibilidad de cohabitación conotros grupos.”.3

Podemos así identificar estadosdesestructurados y consecuentemente conflictosdesestructurados en Bosnia-Herzegovina, Croacia oKosovo caracterizados por las execrables prácticas dela “limpieza étnica” o el genocidio en Ruanda u otrosconflictos en la República democrática del Congo, SierraLeona, Somalia, Liberia, Burundi, Chechenia, Tayikistán,Abkasia, Alto Karabaj, etc, que en mayor o en menormedida expresan tal como sostiene François Bugnion:“con el fin de la guerra fría, la naturaleza y la tipologíade los conflictos armados a los que se enfrenta nuestraépoca se vieron también transformados y, a causa de

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ello, se transformaron las condiciones de aplicación delDerecho Internacional Humanitario.”4 Así Bugnionarriba a una conclusión muy esclarecededora: “seríailusorio creer que bajo el imperio de la guerra fría laacción humanitaria era más fácil o que el derechohumanitario fuese más respetado. Las dificultades conlas que se topaba la acción humanitaria eran diferentesde las que enfrentamos hoy, pero no eran menores.”5

2 - CARACTERÍSTICAS DELOS CONFLICTOSDESESTRUCTURADOS

Como señaló con toda claridad Boutros BoutrosGhali al referirse en marzo de 1995 a los rasgos de estosenfrentamientos, “Una característica de estos conflictoses el colapso de las instituciones estatales,especialmente las policiales y las judiciales; con laparálisis resultante del gobierno, la ruptura de la ley y elorden y el bandidaje y el caos generalizados no sólo sesuspenden las funciones del gobierno sino que sedestruyen o saquean sus bienes y los funcionariosexperimentados son asesinados o huyen del país.”6

Podemos agregar que con la desintegración delos organismos de seguridad estatales se produce loque Daniel Thürer lúcidamente identifica como “unaprivatización del Estado o, en realidad, su criminalización,en la que los ‘funcionarios’ están implicados en elcomercio de estupefacientes y el tráfico de armas. Aquíqueda destruido el monopolio del poder como funciónesencial del Estado y la sociedad vuelve a su situaciónprimitiva de bellum omnium contra omnes postuladapor Hobbes.”7

Asimismo un componente que es necesarioidentificar para comprender la gravedad de estosconflictos es destacado por Thürer: “el salvajismo y laintensidad de la violencia empleada”, concluyendoluego correctamente que “estos conflictos internosestán caracterizados por una dinámica propia muyimpredecible y explosiva, así como por una radicalizaciónde la violencia, cuya irracionalidad contrastamanifiestamente con el uso de la fuerza militar, dirigidapolíticamente y escalada.”8 En esta parte, debedestacarse que estos conflictos internos eventualmentepueden mudar hacia conflictos internosinternacionalizados haciéndose más compleja laaplicación del derecho internacional humanitario.

Otra característica que expresa François Bugniones que “ la multiplicación de facciones y grupos armadosse traduce en el desmoronamiento de todos los serviciospúblicos [...], debiéndose tener en cuenta funestasconsecuencias que este hecho significa para lapoblación civil”.9

Finalmente, expondremos una característica quefluye del Documento Preparatorio del CICR para la 1ªReunión Periódica sobre el Derecho InternacionalHumanitario realizada en Ginebra a mediados de enerode 1998, al poner en relieve que, al colapsar la autoridadpolítica del estado, los enfrentamientos armadossubsecuentes revisten un carácter marcadamenteanárquico, consiguientemente a partir de esta situaciónde caos total, desapareciendo la disciplina en lastropas, emergiendo una multitud de milicias, faccioneso clanes armados y pudiéndose llegar a extremos enlos cuales cada combatiente sea su propio jefe,situación dramática que se detallará más adelante, yque dificulta supremamente la difusión y laobservancia de las normas del DIH.

3 - LOS CONFLICTOSDESESTRUCTURADOS YLA APLICACIÓN DELDERECHOINTERNACIONALHUMANITARIO

Un aspecto primordial a tener en cuenta en estepunto se refiere a la responsabilidad internacional delos Estados. En este aspecto coinciden muchos autoresy el propio Comité Internacional de la Cruz Roja respectoa que los actos más execrables implican siempre laresponsabilidad de un Estado o de un grupo organizado.A partir de esta situación quedaría perfectamenteestablecido que los Estados “desestructurados”continúan siendo reconocidos como Estados y portanto sujetos de Derecho Internacional;consecuentemente, se encuentran plenamente vigenteslas obligaciones emanadas de los tratadosinternacionales de los cuales son partes.

Por lo tanto, aún si las estructuras estatales seencuentran colapsadas y tal como ha sostenidoreiteradamente la Comisión de Derecho Internacional delas Naciones Unidas en una serie de documentos respectoa la responsabilidad de los Estados, relativos a la atribuciónal Estado de ciertas conductas llevadas a cabo ante la faltade representantes estatales, “Se considerará hecho delEstado según el derecho internacional el comportamientode una persona o de un grupo de personas si esa personao ese grupo de personas ejercía de hecho atribuciones delpoder público en ausencia o defecto de las autoridadesoficiales y en circunstancias tales que requerían el ejerciciode esas atribuciones.”10

Sin embargo y tal como podrá inferir el lector,dadas las características y móviles de los conflictosdesestructurados, los problemas para la aplicación del

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Derecho Internacional Humanitario a este tipo deconflictos armados resultan particularmentecomplicados frente a lo que François Bugnion vislumbracomo la “ la aparición de nuevos actores que no aceptanestar obligados por el Derecho Humanitario.”11 Sinembargo, de entrada se dirá, concordando con variostratadistas sobre el tema, que la clave al respecto seencuentra en el artículo tres común a los CuatroConvenios de Ginebra del 12 de agosto de 1949.

Sobre este punto se citará a Bernard Obersonquien argumenta con plena convicción que

el artículo tres común se impone a todos losgrupos armados, sublevados o no, para querespeten a quienes hayan depuesto las armas ya quienes no participen en las hostilidades, porejemplo, las personas civiles[...] las cuestionesesenciales con respecto a la aplicabilidad delartículo 3 en los conflictos “desestructurados”son: a) por una parte saber si las fracciones queactúan en este tipo de conflicto son “partes enconflicto” y, b) por otra parte, determinar si lashostilidades entre esas facciones tienen laintensidad y la forma de un conflicto armado.

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Así, el artículo tres común que constituye unminiconvenio central para el DIH, en el cual se establecenmínimos de humanidad para los casos de conflictosarmados no internacionales que se desarrollen en elterritorio de los Estados Partes. Señalándose luego unacondición esencial de este formidable dispositivo jurídicomultilateral en cuanto que cada una de las Partes enconflicto tendrá la obligación de aplicar como mínimo,para enumerar a continuación un conjunto de personasprotegidas. Estableciendo también una serie deprohibiciones y obligaciones con respecto a estaspersonas protegidas, entre las que se estipula: no aatentados contra la vida y la integridad personal, no a lapráctica de la tortura, no a la toma de rehenes, exigenciasde garantías referidas al principio del debido proceso,trato humano para prisioneros, heridos y enfermos. Enesta parte debemos recordar que las reglas del DerechoInternacional Humanitario que regulan los conflictosarmados internos, en este caso el artículo tres común,hacen responsables de su cumplimiento por igual a losEstados como a las facciones, a los grupos o a losindividuos.

En este orden de ideas queda perfectamenteclaro que el artículo tres común, tal como razona Thürer,con quien se debe estar de acuerdo, precisa que

Por consiguiente, cuando se analiza la posiblepertinencia del derecho internacional humanitarioen los conflictos armados en “Estadosdesestructurados”, pensamos primordialmente enel artículo tres común a los cuatro convenios deGinebra de 1949. A diferencia del Protocolo II, esta

disposición no tiene la intención exclusiva deaplicarse a situaciones de guerra civil, en las quefuerzas rebeldes se enfrentan al Gobierno paratomar el poder para sí mismas o para escindirsedel Estado. Los conflictos entre grupos de lamisma población caen también en el ámbito deaplicación del artículo 3. Al mismo tiempo, hayque tener presente que, de conformidad con lostérminos de esta disposición, los enfrentamientosdeben haber alcanzado el umbral de “conflictoarmado” y que la disposición misma es sóloaplicable a las partes en conflicto. No obstante,estas exigencias han de entenderse en un sentidoamplio cuando se trata de su aplicación práctica.

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Asimismo, el Consejo de Seguridad en reiteradasresoluciones ha instado a todas las partes involucradasen estos conflictos a respetar el Derecho InternacionalHumanitario, reconociendo implícitamente que lashostilidades relacionadas con la desintegración delEstado constituyen conflictos armados y que lastragedias provocadas por los conflictosdesestructurados configuran una amenaza para la pazmundial, dentro de los presupuestos del artículo 39 dela Carta de San Francisco.

Por su lado, la Corte Internacional de Justicia en1986, en el caso relativo a actividades militares yparamilitares dentro y contra Nicaragua, dejódebidamente establecido que las disposiciones delartículo tres común, en la medida que reflejan“consideraciones elementales de humanidad”14, seaplican no sólo en caso de conflicto armado sino entoda situación en virtud del Derecho InternacionalConsuetudinario. Así pues, no cabe duda de que lasnormas del artículo tres común se aplican en los casosde “conflictos desestructurados”. Por lo tanto, al seraplicables estas disposiciones, todas las personaspertenecientes a una facción o a un grupo tienen laobligación de respetarlas.

4 - ACERCA DE LOSDESAFÍOS Y DILEMASPARA IMPLEMENTAR ELDERECHOINTERNACIONALHUMANITARIO EN LOSCONFLICTOSDESESTRUCTURADOS

Podría pensarse que estando muy claro cuálesson los dispositivos del derecho internacionalhumanitario aplicables a los conflictos desestructuradosel asunto estaría resuelto. Lo cierto es que, teniendo en

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cuenta las particulares características de estosenfrentamientos, descritas concisamente líneas arriba,los problemas para su aplicación eficaz oimplementación efectiva resultan muy difíciles yriesgosos. Esto porque, tal como se expresóanteriormente, aparecen actores que no aceptan estarobligados por el Derecho Internacional Humanitario yque en muchos casos no reconocen la inmunidad delos funcionarios de la Cruz Roja Internacional y de laMedia Luna Roja. En buena cuenta las organizacioneshumanitarias ya no encuentran interlocutores válidos.

En relación a toda esta problemática Obersonadmite que

la aplicación de ese derecho es más difícil eneste tipo de conflictos. La falta de disciplina dealgunos contendientes, el armamento en poderde la población civil como consecuencia de laproliferación de armas, la cada vez más confusadistinción entre combatientes y nocombatientes, [...]en este tipo de situaciones hayque desplegar esfuerzos para dar a conocer elderecho humanitario. Por supuesto, el hecho deconocer mejor las normas de DerechoInternacional Humanitario no va a resolver elfondo que conduce el conflicto, pero puedemitigar sus mortíferas consecuencias.

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Revisando el ya referido DocumentoPreparatorio CICR, fechado en enero del 1998, se puedenapreciar cabalmente los problemas que afrontan losmiembros del Comité Internacional de la Cruz Roja en eldesarrollo del mandato recibido. Resulta así que

Los agentes humanitarios se ven obligados amultiplicar y a conservar los contactos con cadauna de las diferentes facciones y con unamultitud de interlocutores, para aprehender elcontexto en el cual los agentes humanitarios hande actuar [...] Cuando más fragmentado esté elterritorio a causa de la lucha entre facciones,tanto menos la población civil tendráoportunidades para reconocerse en la facciónlocalmente dominante y, por consiguiente, parapoder permanecer en su lugar de origen, lo queocasiona desplazamientos masivos, tanto en elinterior de las fronteras nacionales (desplazadosinternos) como hacia el exterior (refugiados).

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En tal sentido, como ya se expresó en lacaracterización de este tipo de conflictos, los agenteshumanitarios deben afrontar situaciones riesgosas. “Enmedio del ambiente de desorden, la disciplina de lastropas desaparece y, en los casos extremos, cadacombatiente es su propio jefe. La difusión de las normasde comportamiento militar en tales contextos esdificultosa. Con cada vez más frecuencia hay que llegara un público tan amplio y heterogéneo como sea posible

y convencer a cada individuo por lo que atañe alfundamento del mensaje”. 17

Surge así una consecuencia preocupante en estetipo de conflictos, que pondría en entredicho nosolamente los aspectos formales sino el contenidomismo de las actividades de difusión. Resulta entoncesaleccionador comprobar que la dinámica que mueve aestos conflictos desestructurados resulta tan pococonvencional que termina afectando de manerasignificativa un mecanismo tan importante como ladifusión de las reglas humanitarias.

Más adelante se pone de manifiesto situacionesinquietantes tales como que

La desestructuración de las facciones y susmilicias hacen que la distinción entre combatientesy civiles resulte cada vez más ardua, e inclusoimposible. Ello ha planteado siempre un problemaen los conflictos internos, en especial porquecierto tipo de guerrilla hacía de su base social –las “masas populares”– una importante base parasu combate. En los conflictos“desestructurados”, se agrava este fenómeno,porque las milicias están, en la mayoría de casos,mezcladas con las personas civiles, a menudosin uniforme ni signo exterior distintivo alguno.Esta situación origina una dificultadsuplementaria para las organizacioneshumanitarias que cada vez tropiezan con másobstáculos para lograr que solamente civiles sebeneficien de la asistencia humanitaria.

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Otro aspecto muy espinoso para los organismoshumanitarios reside en el hecho de “que la anarquíacomo producto de la desintegración socava los valoresque son el fundamento de la acción humanitaria y delDerecho Internacional Humanitario. En este contextode desestructuración han aparecido intereses, tangiblese inmediatos. Son económicos y coinciden con losintereses personales de los jefes de facción” 19.

En cuanto a las modalidades de provisión defondos para este tipo de conflictos y su impacto en lasacciones humanitarias se hace patente que

Los conflictos internos que durante los años deguerra fría eran frecuentemente financiadosdesde el exterior tienden más bien actualmentehacia una economía de guerra de tipo autárquicobasada en el robo y en el contrabando. Estasituación entraña una fragmentación de losmovimientos de guerrilla, que la ayuda exteriorhabía considerado, a menudo artificialmenteunidos. Cuando una guerrilla o una facción sólocuenta para subsistir con el robo y elcontrabando, cae en una lógica de ladelincuencia, según la cual cada pequeño grupo

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y hasta cada individuo actúa por su propiacuenta.

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Se agregaría otra modalidad de recolección deingresos tal como es el tráfico ilícito de estupefacientes.

Al final, se destacan dos aspectos importantesque deben ser tomados muy en cuenta ante las crisishumanitarias emergentes en el África subsahariana yen el Oriente Medio. “Las organizaciones humanitariasse ven con frecuencia obligadas a sustituir a lasestructuras o a los servicios del Estado que ya noexisten.[...]Llegada la implosión de las estructurasestatales, aparece una situación paradójica: la acciónhumanitaria es, a la vez, más necesaria y más difícil,incluso puede resultar imposible.”21

Así, el asunto de fondo pasaría por las vías,métodos y mecanismos, con los que cuentan losintegrantes de la Cruz Roja Internacional o la MediaLuna Roja para implementar el Derecho InternacionalHumanitario y garantizar efectivamente los derechosde las personas no involucradas en los combates. Eneste escenario muchos argumentan que no quedaríanotras opciones que las de mediano y largo plazo, talescomo las medidas de prevención, los esfuerzosnacionales de implementación. En estas acciones nodebería descartarse la posibilidad de difundir las reglasdel DIH a través de los medios de comunicación masiva.Ya que como se ha podido apreciar, la difusión presencialde estos principios comportan al interior de la dinámicairracional que configuran estos conflictos, riesgos deuna magnitud a veces inaceptable para los agenteshumanitarios.

Cabría en este punto considerar pertinente,frente a la actual situación mundial, proponer que lacomunidad internacional y la sociedad civil global, enforma similar al “Decenio de las Naciones Unidas parala Educación en la Esfera de los Derechos Humanos”iniciado en enero de 1995 y que culminará en diciembredel 2004”, asuman y se comprometan en laimplementación de un decenio para la educación en laesfera del Derecho Internacional Humanitario.

Un mecanismo represivo y disuasoriodebidamente implementado por el Consejo de Seguridadde las Naciones Unidas, teniendo como base losPrincipios de Derecho Internacional reconocidos por elEstatuto, y por las sentencias del Tribunal deNuremberg, es aquel que mediante la célebre ResoluciónS/RES/827 (1993) del 25 de mayo de 1991 aprueba elcorrespondiente Estatuto, creando el TribunalInternacional para el enjuiciamiento de los presuntosresponsables de violaciones graves al DerechoInternacional Humanitario cometidas en el territorio dela ex Yugoslavia desde 1991, al que sigue en 1994 elestablecimiento de un Tribunal similar para reprimir

penalmente las graves infracciones cometidas porindividuos contra el DIH en Ruanda.

En este contexto, tribunales internacionales hanventilado casos paradigmáticos que nos permiten contarhoy con una jurisprudencia fundamental relacionadacon crímenes execrables cometidos al interior deconflictos desestructurados, tales como el Fiscal contraTadic alias “Dule”, el Fiscal contra Milan Martic ante elTribunal Penal Internacional para la ex Yugoslavia, elFiscal contra Jean-Paul Akayesu, un alcalde de lacomuna de Taba en Ruanda acusado de Genocidio,Crímenes contra la Humanidad y violaciones del artículotres común a las Convenciones de Ginebra ante elTribunal de Arusha. Estos casos se encuentranestupendamente analizados por Marco Sassoli IyAntoine A. Bouvier, en su obra “ How Does Law Protectin War?”.

Todos estos grandes esfuerzos de la comunidadinternacional para desarrollar la noción de jurisdicciónuniversal y la elaboración de reglas internacionales deprocedimiento y prueba desembocarían en julio de 1998con un acontecimiento que para muchos era un sueño,que se haría realidad a finales del siglo XX con lacreación de la Corte Penal Internacional. El Estatuto deRoma cristaliza un amplio catálogo de ilícitos penales,en el que sistemáticamente se incorporan una serie deconductas y prácticas funcionales a los conflictosdesestructurados, comprendidos en los artículos 6, 7 y8 relativos a Genocidio, Crímenes de lesa humanidad yCrímenes de guerra y, eventualmente el Crimen deagresión.

Pese a todos los tropiezos e inconvenientes,principalmente de carácter político, la entrada enfunciones de la Corte Penal Internacional ha abiertouna nueva etapa en lo concerniente a la responsabilidadpenal de los individuos. Implicando que, de aquí enadelante, este órgano jurisdiccional supranacional seconvertirá en uno de los ejes para la aplicación y laimplementación del derecho humanitario a los conflictosque hasta aquí venimos tratando.

Una de las opciones, o mejor dicho, de losdilemas para la implementación eficaz del DerechoInternacional Humanitario a los conflictosdesestructurados es, aunque resulte paradójico, el usode la fuerza para prevenir o poner fin a las infraccionesgraves que se cometan contra éste, a través deorganizaciones multilaterales universales o regionales.Sin embargo, estas operaciones o campañas militares“humanitarias” son realmente complejas en susobjetivos y métodos. Si se tienen presentes las accionesde este tipo en Bosnia-Herzegovina o no hace muchoen Kosovo, donde los sistemas de armas utilizados pararealizar los ataques, al margen que fueran de altatecnología y del cuidado con los que fueron usados,

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causaron un gran número de bajas entre la poblacióncivil y graves daños a los bienes e infraestructura civiles,afectando a estos sectores más que a las fuerzas militarescontra quienes iban dirigidos.

Cerrando esta parte, resultan muy puntuales lasreflexiones formuladas sobre este grave dilema porFrançois Bugnion en cuanto que

no es posible dejarse de interrogar sobre la relaciónentre los sufrimientos que pretendía evitar estaintervención armada y los que efectivamenteengendró el uso de la fuerza. En esta sangrientaaritmética, el análisis no puede limitarse acontabilizar únicamente a las víctimas de laoperación. Habrá que tener en cuenta, igualmente,los efectos a más largo plazo, así como los quehubiera ocasionado la inacción, efectos estosimposibles de cuantificar. [...] El empleo del términohumanitario para calificar e incluso para justificarel recurso a la fuerza de las armas planteaigualmente preguntas delicadas que no puedendejar de preocupar a las organizacioneshumanitarias cuyas posibilidades de accióndependen del consentimiento de las partes enconflicto.

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SEGUNDA PARTE

TERRORISMOINTERNACIONAL Y DERECHOINTERNACIONALHUMANITARO

1 - ANTECEDENTES YNOCIONES BÁSICAS

Se comenzará esta parte diciendo que elterrorismo y en especial el terrorismo internacional esante todo un mecanismo de bajo costo para atacar a unadversario sin recurrir a un conflicto abierto. De allí lamuy difundida y peligrosa recurrencia a esta prácticaque, convertida en estrategia, ha sido llevada en losúltimos tiempos a extremos insospechados. Paravisualizar a nivel mundial lo extendido del fenómeno seha considerado conveniente incluir la relación deorganizaciones terroristas elaborada por la OficinaContra el Terrorismo del Departamento de EstadoNorteamericano, la cual figura en el cuadro 1.

Como se destaca con precisión en el Informe delGrupo Asesor sobre las Naciones Unidas y el Terrorismode agosto del 2002 y que denominaremos en lo sucesivoInforme del Grupo Asesor, “El terrorismo esesencialmente un acto político. Su finalidad es infligir

daños dramáticos a civiles, y crear una atmósfera detemor, generalmente con fines políticos o ideológicos(ya sean seculares o religiosos). El terrorismo es unacto delictivo, pero se trata de algo más que simpledelincuencia. Para superar el problema del terrorismo esnecesario comprender su carácter político y también sucarácter básicamente criminal y su psicología.” 23

En tal sentido y como se resalta en el editorial dela Revista Internacional de la Cruz Roja de septiembredel año pasado,

Al parecer, los ataques del 11 de septiembrefueron planificados, organizados, financiados yejecutados por una entidad no estatal. Hanpuesto de manifiesto que ciertos protagonistas,distintos de los Estados –organizaciones perotambién individuos–, pueden afirmar su poderíode una manera que hasta el presente era privativade los Estados[...] se evidencia que se hasuperado el modelo según el cual los Estadossoberanos son los únicos creadores y sujetosdel derecho internacional. La distinción entrederecho internacional y derecho interno se havuelto poco clara en numerosos ámbitos entrelos que se cuenta el derecho humanitario; losindividuos se han convertido en protagonistasimportantes del derecho y hacen sentir suinfluencia en el orden jurídico internacional[...]han aparecido actores no estatales en la escenainternacional, bajo formas inéditas, [...] incluyendesde sociedades transnacionales hastaorganizaciones humanitarias, desde organismoscientíficos hasta organizaciones terroristas, casoen el que las fronteras pueden ser, a veces,particularmente difusas.

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Ante una amenaza de tal magnitud uno de losproblemas con respecto al terrorismo y en especialrespecto al terrorismo transnacional y que en buenacuenta establecería con nitidez las obligaciones de losEstados para afrontar este fenómeno es que hasta la fechay tal como se señala en el reciente y muy completo Informesobre Terrorismo y Derechos Humanos elaborado por laComisión Interamericana de Derechos Humanos, que enadelante denominaremos Informe de la CIDH,“no hahabido consenso internacional en torno a una definicióncompleta del terrorismo dentro del derecho internacional[...]En el mejor de los casos, como queda reflejado en elartículo 2 de la Convención Interamericana contra elTerrorismo, podría decirse que la comunidad internacionalha identificado ciertos actos de violencia quegeneralmente constituyen formas particulares deterrorismo.”25 Cabe tener en cuenta sobre esta situacióny tal como lo señala Joaquín Alcaide Fernández “[...]laconexión entre terrorismo y las luchas de los pueblos porsu libre determinación se erigió en el mayor escollo queha debido superar la comunidad internacional.” 26

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Sin embargo, estas divergencias a nivel de lacomunidad internacional no han impedido, como sepodrá ver más adelante, la estructuración de un conjuntode instrumentos multilaterales para confrontar alterrorismo internacional, que se remonta incluso a laLiga de las Naciones, y que se traducen en un conjuntode resoluciones de las Naciones Unidas que van desdela resolución 3034 (XXVII9), pasando por lasresoluciones 40/61, 49/60 y 51/210 hasta arribar a laresolución 1373 (2001) del Consejo de Seguridad, quese constituyó en la reacción jurídica de la comunidadinternacional en el marco de la Carta de las NacionesUnidas a los ataques del 11 de septiembre. Estaresolución tanto por el amplio mandato y los alcancesque contiene se acerca mucho a un tratado internacionalcontra el terrorismo que dado el imperativo del momentono era compatible con los procedimientos ordinariospara la elaboración de este tipo de instrumentos.Asimismo, se debe tener en cuenta los 19 tratadosuniversales y regionales que buscan contrarrestar unaserie de manifestaciones del terrorismo internacional,los cuales se consideran en el cuadro 2.

Pero, a pesar de estos esfuerzos, el retoplanteado por las últimas manifestaciones del terrorismointernacional son de tal envergadura que, como bienseñala el Informe de la CIDH

[...]ataques terroristas como los consumadoscontra los Estados Unidos sugieren que lashipótesis relacionadas con el terrorismomoderno deben de ser revaluadas parareconocer que ciertos grupos terroristas,probablemente con apoyo o aquiescencia deciertos Estados, han obtenido acceso a recursosfinancieros y tecnológicos que les permitenoperar a escala multinacional y perpetrar actosde destrucción masiva a escala sin precedentes.Estos hechos se han sumado a una evoluciónen los objetivos de estos mismos grupos dedestruir determinadas sociedades a nivelinternacional.

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Quedaría entonces perfectamente delineada lacomplejidad del fenómeno del terrorismo moderno o sise quiere postmoderno, que debe encarar tanto elderecho internacional como el derecho humanitario. Asílos grupos terroristas, a partir de ideologías religiosasfundamentalistas, principalmente islámicas, y en lo queconstituye una gran paradoja, manejan con gran destrezalos mecanismos de la globalización, en especial el granvehículo de este proceso, como son lastelecomunicaciones, pero también herramientasfinancieras, corporativas y logísticas de últimageneración.

De esta manera y en un ambiente suprarrealista,los grupos terroristas adscritos al fundamentalismo

islámico utilizan técnicas muy refinadas como lanetworking (conexión de redes), que les permitencoordinar acciones a escala global o el swarming (actuarcomo un enjambre), mecanismo mediante el cual puedenconcertar con anticipación las actividades de susintegrantes diseminados en diferentes lugares, paradirigirse de consuno sobre determinados objetivos yluego dispersarse ordenadamente. Las incertidumbresaumentan, si a lo anteriormente explicitado le sumamosla posibilidad que estos grupos accedan a armas dedestrucción masivas o tecnologías conexas nucleares,biológicas o químicas.

2 - LAS NUEVASESTRATEGIAS DELTERRORISMOINTERNACIONAL Y LALUCHA CONTRA ELTERRORISMO

Si bien es cierto que los actos terroristas enespecial los ejecutados el 11 de septiembre del 2001,deben considerarse como una negación a los derechoshumanos y por lo tanto un atentado contra losprincipios y propósitos de la Carta de las NacionesUnidas, también no es menos cierto que las respuestasde los Estados contra estos ataques terroristas debenrespetar las obligaciones internacionales asumidas poréstos en materia de derechos humanos y si fueranmilitares las relativas al derecho internacionalhumanitario

En este punto se hace necesario poner demanifiesto que la Carta de las Naciones Unidas, deacuerdo al principio enunciado en su artículo 2.4,proscribe el uso de la fuerza en el derecho internacionalcontemporáneo. Sin embargo, se deja expedito a losEstados el derecho inmanente de legítima defensa,individual o colectiva en caso de un ataque armadocontenido en el artículo 51 del referido instrumento. Losproblemas surgen cuando el supuesto del aludidoartículo 51 consideraría que el ataque armado aún decarácter terrorista sea perpetrado tan sólo por otroEstado, que estaría vulnerando los principios deprohibición del uso de la fuerza y de no intervención. Enrelación a este aspecto y poniendo en evidencia la lógicawestfaliana que recorre todo el asunto, Alcaide Fernándezdeja establecido que “el nudo gordiano de la aplicabilidado adecuación de la legítima defensa como respuesta alterrorismo internacional radica en sí, y en qué medida, losactos y actividades terroristas, o más precisamente laimplicación de un Estado en esos actos y actividadespuede considerarse un ataque armado.” 28

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En este complejo y controversial marco jurídico ydoctrinario se producen los devastadores ataques del 11de septiembre en las ciudades de Nueva York yWashington, perpetrados por la organización terroristaAl Qaeda, un grupo privado con presencia multinacionalque, tal como se resalta en el editorial de septiembre de2002, “son el símbolo mismo de la “guerra asimétrica”:pilotos no profesionales, armados con cuchillos debolsillo, atacaron a la mayor potencia militar del mundo,que posee un enorme arsenal de armas sofisticadas y dedefensas contra misiles y les infligieron graves daños.”29

La comunidad internacional responde, como yase dijo, mediante la resolución 1373 del Consejo deSeguridad. Sin embargo, el estado afectado consideraque no es suficiente. La Administración Bush, alegandoel derecho de legítima defensa, que como se ha visto,sólo operaria contra Estados y no contra grupos noestatales, diseña una respuesta militar unilateral de carácterglobal denominada “guerra contra el terrorismo”que, enbuena cuenta, pone en contexto un nuevo tipo de guerrainternacional entre individuos o grupos particulares yEstados. Y que en esencia connota que, al tener queenfrentar a una organización terrorista transnacional,conformada por una red de entidad desconocida yconsiderables recursos financieros, los Estados Unidospueden llevar esta guerra de característicasmultidimensionales a cualquier parte del mundo, dondesus imperativos de seguridad nacional o simplementesus intereses de hiperpotencia así lo consideren.

Respecto a esta respuesta militar unilateral,Alcaide Fernández sostiene muy puntualmente que “Lalegítima defensa difícilmente podría, por tanto, justificarel recurso unilateral de la fuerza para luchar contra elterrorismo internacional. No obstante, dado que lasrepresalias armadas son hoy contrarias al principio deprohibición del recurso de la fuerza y al de nointervención, al ser parte del contenido normativo comúna ambos principios, los Estados alegan la legítimadefensa para enmascarar medidas que, en realidad, noserían otra cosa que represalias armadas.” 30

Esta “guerra contra el terrorismo” se inicia contraAfganistán, cuyo gobierno supuestamente daba refugioa algunas estructuras de Al Qaeda y a su líder OsamaBin Laden, presunto responsable de los atroces eventosdel 11 de septiembre. Este país, muy afectado porconflictos de baja intensidad desde los años setentas,era gobernado por un régimen islámico fundamentalistano reconocido por la comunidad de estados. Estaconfrontación resulta una expresión nítida de “guerraasimétrica” donde no existe punto de comparación entrelos contendientes, la mayor fuerza militar de la historiapor un lado contra las precarias milicias Talibán.

Según lo que hasta aquí se expone, se puedeapreciar que las nuevas estrategias implementadas por

el terrorismo internacional han puesto en jaque a lacomunidad internacional, que hasta ese momentoestimaba inviable que actores no estatales estuviesenen condiciones de lanzar con algún éxito ataquesarmados, perfectamente concertados y simultáneos yde una envergadura que no tiene precedentes.

Pero, por otro lado, se dirá finalmente que estasacciones han provocado represalias radicales, a unaescala también sin precedentes de los sectores másconservadores del país atacado, poniéndose sobre eltapete aspectos medulares, como deja en claro elEditorial de la revista arriba mencionada

[...] la cuestión del delicado equilibrio entre losintereses del Estado en materia de seguridad ylas cuestiones humanitarias.(...) existe el riesgode que una nueva percepción del equilibrio entreventajas e inconveniente en la guerra contra elterrorismo modifique el modo en que los estadosinterpretan el derecho. Para luchar contraenemigos que no son sus iguales, los Estadospodrían verse tentados a recurrir a medios deguerra asimétricos y a reintroducir métodos deguerra privada e ilimitada.

31

Lo cual, como se podrá inferir, ya está afectandolas reglas internacionales humanitarias sobreconducción de hostilidades y sobre la protección delas víctimas de la guerra.

3 - LA “GUERRA CONTRA ELTERRORISMO” Y LAAPLICACIÓN DELDERECHOINTERNACIONALHUMANITARIO

Tal como se ha venido señalando, lasconsecuencias originadas por los ataques terroristasperpetrados contra los Estados Unidos de América y lasubsiguiente “guerra contra el terrorismo” hansignificado un duro test respecto a los principios y lasnormas que conforman el Derecho InternacionalHumanitario.

En ese sentido, el ya aludido Editorial señala lamagnitud de los desafíos que debe confrontar el DIH alsubrayar que

Se puede poner en duda la concepción segúnlos ataques efectuados el 11 de septiembrecontra Estados Unidos constituyen un conflictoarmado entre ese país y Al Qaeda, pues, aunquecausaron la muerte de miles de personas, fueronun acto aislado. Un año después de ese terrible

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ataque la situación se ha vuelto más compleja.Los atentados ya no se consideran un hechopuntual, sino parte de un proceso iniciado variosaños antes. Pero, como la red terrorista no puedeidentificarse en un territorio en particular, sinoque está activa en todo el mundo a partir deestructuras indefinidas, la lucha contra talorganización y la tarea de determinar el marcojurídico aplicable a este contexto se vuelvencomplicadas.

32

Sin embargo, iniciadas las represalias armadas,de gran alcance y evidentes connotacionesinternacionales, contra los presuntos responsables delos referidos ataques, y tal como se remarca en el editorialde la Revista ICR, “La guerra contra el terrorismo implicavarias medidas, además del recurso de la fuerza. Noobstante si se hace bajo la forma de una operación militar,está regida por el Derecho Internacional Humanitario”.Lo cual es absolutamente coherente con el hecho queel Derecho Internacional Humanitario en tanto que jusin bello se aplica a los conflictos armados, al margenque éstos sean lícitos o no, tanto respecto al desarrollode las hostilidades como prestando asistencia y apoyohumanitario a las víctimas de la guerra.

En esta parte, debemos recordar un aspectoimportante, como bien se señala en el Informe de laCIDH, “el derecho internacional en materia de derechoshumanos rige directamente el comportamiento de losEstados y de sus agentes. En consecuencia, ciertasviolaciones de tales normas por el Estado puedenimplicar la responsabilidad de éste. El DerechoInternacional Humanitario también rige elcomportamiento de los Estados y de sus agentes, pero,además, el de los actores que no son Estados, pues seaplica igualmente y obliga a todas las partes en elconflicto.” 33

Así, en el desarrollo de los asimétricos combatesen Afganistán, que pusieron al descubierto las enormesdiferencias entre los adversarios, se les reconoció a losintegrantes de las milicias Talibán, con muchos reparos,el principio de igualdad de los beligerantes no así a losmiembros de Al Qaeda por considerarlos terroristas. Estopese a haberse producido duros enfrentamientosarmados que involucraron a las tropas estadounidenseso a sus aliados afganos con combatientes del referidogrupo. El móvil resultaría evidente, los norteamericanosno querían tener ningún tipo de ataduras para interrogara los detenidos y disponer libremente el lugar y lascondiciones del confinamiento, lo cual no hubieranpodido a hacer en ningún caso de aplicarse lasConvenciones de Ginebra. Consecuentemente, losmiembros de Al Qaeda que enfrentaron a losnorteamericanos no son considerados ni comoprisioneros de guerra, ni “combatientes ilegales” ni

civiles, quedando insólitamente sin definirse su statusjurídico, siendo trasladados a la base militar deGuantánamo-Cuba y a otras instalaciones militares. Sinembargo, no debe perderse de vista que los EstadosUnidos de América son parte de los Convenios de Ginebrade 1949; consecuentemente, tienen obligaciones quecumplir al respecto, como ya vimos anteriormente.

Sobre este tema Hans-Peter Hasser, conocidoexperto sobre el tema, en su muy reciente trabajo titulado“Acts of terror, “terrorism” and internationalhumanitarian law”, realiza una interesante retrospectivahistórica que nos permite tener una visión más ampliasobre la situación antes descrita, resaltando que

En verdad, los Estados Unidos tuvieron queresolver problemas similares durante la Guerrade Vietnam donde el personal capturadoperteneciente bien a las fuerzas armadas deVietnam del Norte o los miembros del Vietcongno reconocidos como combatientes por elderecho de guerra. El comando militarestadounidense en Vietnam adoptó lossiguientes lineamientos: el personal militarcapturado perteneciente a las fuerzas armadasde Vietnam del Norte fueron considerados bajoel status de prisionero de guerra; de acuerdo a laTercera Convención de Ginebra, los miembrosde unidades de la guerrilla del Vietcong fuerontratados como prisioneros de guerra –aunquesin ser considerados con el status de prisionerode guerra definido en la Tercera Convención deGinebra– a condición que ellos fueran capturadoscomprometidos en una operación militar y, almismo tiempo, estuvieran portando sus armasabiertamente. Ellos fueron considerados como“combatientes ilegales” reconocidos comopersonas que tomaban parte en las hostilidades.El uso de uniforme no era requisito para loslineamientos estadounidenses. Un Vietcongcapturado cuando lanzaba una granada a un cafédel centro de Saigón era entregado a lasautoridades vietnamitas para ser procesadocomo criminal o “terrorista”.

34

Contrastando lo consignado en la cita anteriorcon la posición asumida en meses pasados por elcomando militar norteamericano en Afganistán, de noaplicar las reglas humanitarias, quedando en suspensoel status jurídico de muchos de los combatientescapturados como consecuencia de la “guerra contra elterror”, bien vale mencionar el Informe de la CIDH en elapartado que sostiene “sujeto a excepciones muylimitadas, las normas del Derecho InternacionalHumanitario no son derogables. En consecuencia, losestándares mínimos prescritos en el marco del DerechoInternacional Humanitario no pueden ser suspendidos.”35

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En tal sentido no queda otro camino que coincidircon Gasser que la califica de asombrosa. Esta posicióndel Estado Norteamericano vulnera un precedentecompatible con las obligaciones emanadas del derechohumanitario y de la costumbre humanitaria.Paralelamente a los hechos expuestos queda tambiénestablecido que el Derecho Internacional Humanitariono es un impedimento para combatir eficazmente a lasdiferentes manifestaciones terroristas, al constatarse quela Tercera y Cuarta Convenciones de Ginebra ofrecenuna serie de categorías que permiten establecercorrectamente el status de los participantes en unconflicto armado.

Así, cuando Estados Unidos reclaman nuevasnormas de Derecho Internacional Humanitario que lepermitan combatir con eficacia al terrorismo, pero sinaportar ninguna propuesta concreta, debe tenerse encuenta que muchas normas que podrían perfectamenteaplicarse en las actuales circunstancias ya seencuentran diseñadas y en plena vigencia, como es elcaso del Protocolo Adicional Primero de 1977, en especialde su artículo 75 relativo a garantías fundamentalesrespecto al trato que les debe ser dispensado a laspersonas en poder de una parte en conflicto. Espertinente indicar sobre este punto que el ProtocoloAdicional I hasta la fecha no ha sido ratificado por dichoEstado.

La importancia fundamental del ProtocoloAdicional Primero en los actuales enfrentamientos entreestados y actores no estatales es puesta de manifiestoen el Informe de la CIDH que sobre el punto sostiene

La Comisión también considera crucial a estaaltura la importancia de determinar el status,dentro del Derecho Internacional Humanitariode las personas que participan en la violenciaterrorista en el contexto de conflictos armadosinternacionales, pues es de ese status quederivará la lex specialis de las protecciones delDerecho Internacional Humanitario para esaspersonas. Específicamente, en los casos en que,en el contexto de un conflicto armadointernacional, las personas participendirectamente perpetrando actos de violenciaterrorista o participando de alguna manera enésta, pero no reúnan los requisitos decombatientes legítimos porque, por ejemplo noestán autorizadas por una parte en el conflictopara participar en las hostilidades, como lodispone el artículo 4 del Tercer Convenio deGinebra, pueden ser correctamente consideradascombatientes ilegítimos. Si bien, comoconsecuencia de lo anterior, estas personas nocalificaran para tener las protecciones del Tercery Cuarto Convenio de Ginebra, tendrán no

obstante el derecho a las normas mínimas deprotección previstas en el artículo 75 delProtocolo Adicional I .

36

Finalmente, se expondrá un hecho que en todaesta parte se ha tratado de dejar perfectamenteestablecido y que Hans Gasser resume de manera muysolvente: “El escrupuloso respeto del DerechoInternacional Humanitario en las campañas contra elterrorismo ayuda a fortalecer la determinación de cumpliry acatar el derecho en toda circunstancia [...] El respetototal al Derecho Internacional Humanitario en lasoperaciones antiterroristas es una contribución positivapara erradicar el terrorismo.” 37

A MODO DE CONCLUSIÓNA lo largo de este trabajo, que trata de aproximarse

a un nivel básico, a dos retos o desafíos cruciales quedebe afrontar el Derecho Internacional Humanitario enlos inicios del siglo XXI, se ha podido entrever lanecesidad que este derecho debe ser conocido portodos y que las reglas vigentes sobre la materia debenser escrupulosamente observadas por los actores tantoestatales como no estatales. En tanto que articula normasmínimas de humanidad creadas para regular laconducción de la guerra y proteger a las personasvíctimas de las consecuencias atroces de los conflictosarmados, sobre este punto se ha expresado en muchosforos que no vale de nada elaborar nuevas normas, sino se respetan las ya existentes, porque así las cosasnada garantizarían que las nuevas sí fuesen cumplidas.

Por otro lado, el Derecho InternacionalHumanitario no es inmutable; si existen nuevasmodalidades de conflictos armados, si existen vacíos ozonas grises para su aplicación, como en el caso de loscomplejos conflictos desestructurados, los conflictosinternos internacionalizados o con respecto a las nuevasformas de guerra internacional que enfrentan individuoso grupos particulares y Estados, queda planteada lanecesidad de diseñar dispositivos que los regulen. Entodos estos casos la comunidad internacional está enplena capacidad de afrontar la tarea, porque los principiosque informan al DIH así lo imponen.

Casi al final y por estimar que son muypertinentes y sobre todo coherentes con lo tratado hastaaquí, se citarán algunos fragmentos de la intervencióndel Presidente del Comité Internacional de la Cruz RojaJakob Kellenberger, con ocasión de la XXVI MesaRedonda de San Remo, en la que sostiene dos aspectosmedulares

Pacta Sunt Servanda es un principio básicotradicional del derecho internacional que quieredecir que las obligaciones internacionalescontraídas deben cumplirse de buena fe. Según

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este principio se debe intentar resolver los retosactuales en el marco jurídico existente, antes deinstar a que se modifique. Cualquier otra acciónpodría despojar al derecho de su misma razón deser, que es propiciar la conducción de lasrelaciones internacionales de manera predecibley ordenada [...] me parece legítimo preguntarhasta que punto es aún pertinente la distinciónque se hace entre los conflictos armadosinternacionales y no los no internacionales,habida cuenta de la complejidad de los conflictosarmados de hoy.

38

Dejando esto perfectamente establecido,Kellenberger concluye afirmando que

Los más de los expertos que analizan losconflictos actuales opinan que, en los principalestratados de Derecho Internacional Humanitario,las normas relativas a la conducción de lashostilidades y a la protección de las personassatisfacen las necesidades básicas de losindividuos y de los pueblos atrapados en eltorbellino de las guerras actuales. Creemos queestas normas serán pertinentes en las guerrasdel futuro, puesto que los valores fundamentalesque han de salvaguardarse son intemporales.

39

Por último, debe quedar delineado, con todaclaridad, que el Derecho Internacional Humanitario nopuede erradicar el terrorismo. Es la falta de esperanza dejusticia lo que crea la atmósfera ideal para que aparezcaeste complejo y letal fenómeno. Por lo tanto, resultavital la búsqueda, dentro de plazos razonables, de nivelesaceptables de justicia para todos. De igual manera, en elcaso de los conflictos desestructurados, que sin dudason de naturaleza política, se hace necesario que lacomunidad y la sociedad civil internacionales,concertando esfuerzos, los resuelva integralmente através de medios políticos.

CUADRO Nº 1RELACIÓN DE

ORGANIZACIONESTERRORISTAS EXTRANJERASOrganización Abu NidalGrupo Abu SayyafBrigada los Mártires Al-AqsaGrupo Armado IslámicoAsbat Al-AnsarAum ShinrikyoPatria Vasca y Libertad ·Grupo Gama’a al-IslamiyyaMovimiento de Resistencia Islámico HamasHarakat ul-Mujahidin

Hizballah (Partido de Dios)Movimiento Islámico Uzbekistan ( IMU)Ejército de Mohammed (JEM)Al-Jihab (Jihab Islámica Egipcia)Kahane Chai (Kach)Partido de los trabajadores de Kurdistan (PKK)Ejército de los Justos (Lashkar-e-Tayyiba)Liberación de los Tigres de TamilOrganización Mujahedin-e Khalq (MEK)Ejército de Liberación NacionalJihad Islámica PalestinaFrente de Liberación PalestinaFrente Popular para la Liberación de PalestinaComando general – PFLPAl-QaedaEjército Republicano Irlandés (IRA)Fuerza Armada Revolucionaria de Colombia (FARC)Núcleo Revolucionario ELAOrganización Revolucionaria 17 de NoviembreFrente y Ejército de Liberación PopularSalafist Grupo de Llamado y Combate (GSPC)Sendero LuminosoFuerzas de Autodefensa Unidas de Colombia

Fuente: Oficina de Contraterrorismo del Departamento deEstado de los Estados Unidos de América,Washington DC, 27 de marzo de 2002.

Conforme a acuerdos celebrados entre losgobiernos estadounidense y español en el corto plazosería incluida en esta relación la organización políticavasca Batasuna supuestamente ligada al ETA.

CUADRO Nº 2TRATADOS MUNDIALES O

REGIONALES RELATIVOS ALTEMA DEL TERRORISMO

INTERNACIONAL1. Organización de Aviación Civil Internacional,

Convenio sobre las infracciones y ciertos otrosactos cometidos a bordo de las aeronaves, firmadoen Tokio el 14 de septiembre de 1963. Entró en vigorel 4 de diciembre de 1969.

2. Organización de Aviación Civil Internacional,Convenio para la represión del apoderamiento ilícitode aeronaves, firmado en La Haya el 16 de diciembrede 1970. Entró en vigor el 14 de octubre de 1971.

3. Organización de Aviación Civil Internacional,Convenio para la represión de actos ilícitos contrala seguridad de la aviación civil, firmado en Montreal(Canadá) el 23 de septiembre de 1971. Entró en vigorel 26 de enero de 1973.

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4. Naciones Unidas, Convención sobre la prevencióny el castigo de los delitos contra personasinternacionalmente protegidas, inclusive losagentes diplomáticos, aprobada por la AsambleaGeneral en su resolución 3166 (XXVIII), el 14 dediciembre de 1973. Entró en vigor el 20 de febrerode 1977 (Naciones Unidas, Treaty Series, vol. 1035,pág. 167);

5. Naciones Unidas, Convención internacional contrala toma de rehenes, aprobada por la AsambleaGeneral en su resolución 34/146, del 17 de diciembrede 1979. Entró en vigor el 3 de junio de 1983(Naciones Unidas, Treaty Series, vol. 1316, pág.205);

6. Organismo Internacional de Energía Atómica,Convención sobre la Protección Física de losMateriales Nucleares, firmada en Viena y en NuevaYork el 3 de marzo de 1980. Aprobada en Viena el 26de octubre de 1979. Entró en vigor el 8 de febrerode 1987;

7. Organización de Aviación Civil Internacional,Protocolo para la represión de actos ilícitos deviolencia en los aeropuertos que presten serviciosa la aviación civil internacional, complementario delConvenio para la represión de actos ilícitos contrala seguridad de la aviación civil internacional, hechoen Montreal (Canadá) el 23 de septiembre de 1971,firmado en Montreal el 24 de febrero de 1988. Entróen vigor el 6 de agosto de 1989;

8. Organización Marítima Internacional, Conveniopara la represión de actos ilícitos contra la seguridadde la navegación marítima. Aprobado en Roma el10 de marzo de 1988. Entró en vigor el 1° de marzode 1992;

9. Organización Marítima Internacional, Protocolopara la represión de actos ilícitos contra la seguridadde las plataformas fijas emplazadas en la plataformacontinental. Aprobado en Roma el 10 de marzo de1988. Entró en vigor el 1° de marzo de 1992;

10. Organización de Aviación Civil Internacional,Convenio sobre la marcación de explosivosplásticos para los fines de detección. Firmado enMontreal(Canadá) el 1° de marzo de 1991. Entró envigor el 21 de junio de 1998;

11. Naciones Unidas, Convenio internacional para larepresión de los atentados terroristas cometidoscon bombas, aprobado por la Asamblea General en

la resolución 52/164, del 15 de diciembre de 1997.Entró en vigor el 23 de mayo de 2001;

12. Naciones Unidas, Convenio internacional para larepresión de la financiación del terrorismo,aprobado por la Asamblea General en la resolución54/109, el 9 de diciembre de 1999. Entró en vigor el10 de abril de 2002;

13. Liga de los Estados Árabes, Convención árabesobre la represión del terrorismo Firmada en El Cairoel 22 de abril de 1998. Entró en vigor el 7 de mayo de1999;

14. Organización de la Conferencia Islámica,Convención sobre la lucha contra el terrorismointernacional. Aprobada en Uagadugú el 1° de juliode 1999. Todavía no ha entrado en vigor;

15. Consejo de Europa, Convención Europea para laRepresión del Terrorismo Abierta a la firma enEstrasburgo (Francia) el 27 de enero de 1977. Entróen vigor el 4 de agosto de 1978;

16. Organización de los Estados Americanos,Convención para la prevención y represión de losactos de terrorismo encuadrados como delito contralas personas y actos conexos de extorsión dealcance internacional. Firmada en Washington, D.C.el 2 de febrero de 1971. Entró en vigor el 16 deoctubre de 1973;

17. Unión Africana (anteriormente Organización de laUnidad Africana), Convención sobre la prevencióny lucha contra el terrorismo. Aprobada en Argel el14 de julio de 1999. Todavía no ha entrado en vigor;

18. Asociación del Asia Meridional para la CooperaciónRegional, Convención regional sobre la eliminacióndel terrorismo. Firmada en Katmandú el 4 denoviembre de 1987. Entró en vigor el 22 de agostode 1988;

19. Comunidad de Estados Independientes. Aprobadoen Minsk, el 4 de junio de 1999. Entró en vigor deconformidad con su artículo 22, Tratado deCooperación entre los Estados Miembros paraCombatir el Terrorismo.

Fuente: Informe del Grupo Asesor sobre las Naciones Unidasy el Terrorismo, Ciudad de Nueva York, 6 de agostode 2002.

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1. THÜRER, Daniel. “El Estado Desestructurado”, enRevista Internacional de la Cruz Roja, nº 836.

2. Ibídem.

3. OBERSON, Bernard. “Derecho InternacionalHumanitario: Respuestas a sus preguntas”, Folletodel Comité Internacional de la Cruz Roja. Ginebra,1 de mayo de 1998.

4. BUGNION, François. “El Derecho InternacionalHumanitario puesto a prueba”, en RevistaInternacional de la Cruz Roja, nº 835, 30 de setiembrede 1999.

5. BUGNION, François, Op.cit.

6. BOUTROS GHALI, discurso de clausura en elCongreso sobre Derecho Internacional Público,Nueva York, marzo 1995.

7. THÜRER, Daniel. Op.cit.

8. Ibídem.

9. BUGNION François. Loc. cit.

10. ASAMBLEA GENERAL-COMISIÓN DEDERECHO INTERNACIONAL, Artículo 8 bis, sobrela Responsabilidad de los Estados; Proyectos deartículos aprobados provisionalmente por el Comitéde Redacción, 4 de agosto de 1998.

11. BUGNION, François. Op. cit.

12. OBERSON, Bernard. Op. cit.

13. THÜRER, Daniel. Op.cit.

14. INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE,Judgement of 27 June 1986, Nicaragua v. USA.

15. OBERSON, Bernard. Op.cit.

16. CICR Documento Preparatorio para la Primerareunión periódica sobre el DIH: “Los Conflictosarmados relacionados con la desintegración de lasestructuras del Estado”, en Revista Internacionalde la Cruz Roja, nº 835, enero 1998.

17. Ibídem.

18. Ibídem.

19. Ibídem.

20. Ibídem.

21. Ibídem.

22. BUGNION, François. Op.cit.

23. ASAMBLEA GENERAL-CONSEJO DESEGURIDAD “Informe del Grupo Asesor sobre lasNaciones Unidas y el Terrorismo”, Nueva York, 1de agosto de 2002.

24. EDITORIAL, en Revista Internacional de la CruzRoja, vol. 84, nº 847, setiembre 2002.

25. CIDH, “Informe sobre Terrorismo y DerechosHumanos”, OEA/SER.L/V/II.116 Doc.5, 22 deoctubre de 2002.

26. ALCAIDE FERNÁNDEZ, Joaquín. “LasActividades Terroristas ante el DerechoInternacional Contemporáneo”. Madrid, EditorialTecnos, 2002.

27. CIDH. Op.cit.

28. ALCAIDE FERNÁNDEZ, Joaquín. Op. cit.

29. EDITORIAL RICR. Op. cit.

30. ALCAIDE FERNÁNDEZ, Joaquín. Op. cit.

31. EDITORIAL RICR. Op. cit.

32. Ibídem.

33. CIDH Informe. Op.cit.

34. GASSER, Hans-Peter. “Acts of terror, terrorism andinternational humanitarian law”, en InternationalReview of the Red Cross, vol. 84, nº 847, September2002.

35. CIDH Informe. Op. cit.

36. Ibídem.

37. GASSER, Hans-Peter. Op. cit.

38. KELLENBERGER, Jacob. “El Derecho InternacionalHumanitario al comienzo del siglo XXI”. Alocuciónante la Mesa Redonda de San Remo, sobreproblemas actuales en el ámbito DIH: “LosProtocolos adicionales a los Convenios de Ginebra25 años después”, noviembre de 2002, enwww.icrc.org.

39. Ibídem.

NOTAS

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I. IMPORTANCIA DEL TEMADE LAS MIGRACIONES ENEL MUNDO ACTUAL

Fue durante una visita relativamente reciente deSamuel Huntington a Costa Rica que se le preguntó alDirector de la Academia de Estudios Internacionales yde Área de la Universidad de Harvard, acerca de uninforme publicado por la CIA en el cual se habla de“crisis de agua, de mega-ciudades caóticas, depoblaciones decrecientes en el mundo en desarrollo yde la migración masiva del mundo más pobre”. Elperiodista preguntó al autor de “El Choque de lasCivilizaciones”, esa obra que poco después adquiriríaresonancia internacional, cuál consideraba que era deesos temas el más importante. Huntington respondióde inmediato: “La migración es el tema central de nuestrotiempo.” 1

En esta afirmación habría de coincidir el PrimerMinistro del Reino Unido cuando, no hace muchotiempo, afirmó que para su país el tema de lasmigraciones no era uno de los más importantes en laagenda política, sino el fenómeno y desafío másimportante. El intento por detener el creciente flujo deinmigrantes indocumentados a su país habría de llevara considerar muy seriamente el que éste denunciase nosólo la Convención de Ginebra de 1951 sobre el Estatutode los Refugiados y el Protocolo respectivo de 1967,sino también la misma Convención Europea de DerechosHumanos de 1950. 2

El Centro de Derechos Humanos de las NacionesUnidas, al referirse por su parte al fenómeno de lostrabajadores migrantes, ha dicho que esta figura del“trabajador migrante no es una creación del siglo XX.Desde que existe trabajo remunerado hombres y mujereshan abandonado su país de origen para buscar trabajoen otros sitios. La diferencia radica en el hecho de queel día de hoy existen muchísimos trabajadores migrantesque nunca antes en la historia de la humanidad. Millonesde personas que ganan su vida –o buscan un empleo

DERECHO DE MIGRANTES Y DERECHOINTERNACIONAL

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •JAIME RUIZ DE SANTIAGOProfesor de la Universidad Iberoamericana de México; ex Encargado de Misión del Alto Comisionado de las NacionesUnidas para los Refugiados (ACNUR) en Brasil; ex Delegado del ACNUR en San José - Costa Rica.

remunerado– en el Estado en el cual residen actualmentese encuentran en ese país como extranjeros. Y no existecontinente o región del mundo que no tenga su partede trabajadores inmigrantes.” 3

¿Por qué las personas emigran? Es el propioCentro el que condensa los motivos: “La pobreza y laincapacidad para ganar o producir lo necesario para lapropia subsistencia o aquella de la familia son lasprincipales razones detrás del movimiento de personasde un Estado a otro en busca de trabajo. Estas razonescaracterizan no sólo la migración de estados pobres aricos; la pobreza alimenta también los movimientos depaíses en desarrollo hacia otros países donde lasperspectivas de trabajo parecen, al menos a distancia,mejores”.

“Existen otras razones –añade el documentocitado– que explican la salida al extranjero en busca detrabajo. La guerra, los conflictos civiles, la inseguridado la persecución derivada de la discriminación pormotivos de raza, origen étnico, color, religión, idioma uopiniones políticas son factores que contribuyen todosal flujo de trabajadores migrantes.” 4

Por ello se debe considerar que “la migración seha convertido en un fenómeno global en el mundo actuale implica a todas las naciones, ya sean países de salida,de tránsito o de llegada. Afecta a millones de sereshumanos, … (pero) entre las personas particularmenteafectadas se encuentran los más vulnerables de losextranjeros: los migrantes indocumentados, losrefugiados, quienes buscan asilo, los desplazados acausa de continuos conflictos violentos en muchaspartes del mundo, y las víctimas –en su mayoría mujeresy niños– del terrible crimen del tráfico humano.” 5

Fenómeno mundial el de las migraciones que sepresenta con diversas características y que alcanza cifrassiempre crecientes. La importancia del tema se revelacon algunos datos6: de acuerdo a la División de lasNaciones Unidas, el número de migrantesinternacionales de largo término (es decir, de aquellosque residen en un país extranjero por más de un año) ha

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crecido fuertemente durante las últimas cuatro décadas.En 1965 eran 75 millones de personas las que erancubiertas por esa noción, aumentaron a 84 millones en1975 y a 105 en 1985. En el año 1990 se consideraba quehabía 120 millones de migrantes internacionales y esees el último número proporcionado. Pero al examinarselos datos de la inmigración en algunos paísesseleccionados, se percibe que la migración internacionalcontinuó con el mismo ritmo de crecimiento durante laúltima década del siglo XX. La OrganizaciónInternacional para las Migraciones (OIM) había recibidoel informe de que en el año 2000 existían 150 millones demigrantes internacionales de largo término.

Entre 1965 y 1975 el crecimiento de la migracióninternacional (1.16% anual) fue inferior al crecimientopoblacional (2.04% anual), pero, cuando el crecimientopoblacional mundial comenzó a disminuir en la décadade los 80s, la migración internacional continuóaumentando de manera significativa. Durante el periodoque va de 1985 a 1990 la población global aumentó cercade 1.7% por año, en tanto la migración internacionalcreció en un 2.6 por ciento.

En este cuadro general es fundamental resaltarlos movimientos poblacionales debidos a necesidadesmás o menos apremiantes: puede tratarse –como ya seha dicho– de situaciones de guerra, de persecucionescontra individuos causadas por ideas políticas, pormotivos de raza, religión o nacionalidad (es el caso delos refugiados), pero también los movimientospoblacionales pueden deberse a razones económicasimperiosas (migrantes económicos), o simplemente adesastres naturales. La población en movimiento puedeo no abandonar el país de origen (si no lo hace se tratade personas desplazadas en el interior de los países),puede o no abandonar el propio continente, puede o noser víctima del tráfico internacional de personas querealiza su criminal actividad con fines que pueden ser ono de explotación sexual. En todo caso existe en estosfenómenos un denominador común: es claro que estaspersonas no son turistas.

Algunas cifras: el ACNUR informa que, a finesdel año 2002, eran 20.5 millones de personas las que seencontraban bajo su mandato, de las cuales 10.4millones estaban representadas por refugiados. Esenúmero de 20.5 millones implica una disminución del 5.7por ciento con relación al final del año 2000 (pero unaumento del 3.9 por ciento respecto del final de 2001).De los 10.4 millones de refugiados es Asia el continenteque alberga el mayor número de ellos (4.2 millones); acontinuación viene Africa (3.3 millones), en tanto Europay Norte América han recibido 2.7 millones de refugiados.

Asia disminuyó en un 27 por ciento el número derefugiados que tenía entre finales de 2001 y del 2002, entanto que, debido a la situación prevalente básicamente

en Colombia, América Latina y el Caribe hanexperimentado el mayor aumento relativo de poblaciónde la cual se ocupa el Organismo: se pasó de 765,000personas a 1,050,300, es decir que aumentó 36 por ciento7.

Las personas desplazadas en el interior de lospaíses, principalmente a causa de la guerra, suman másde 25 millones de personas y el número de aquellaspersonas que son víctimas del tráfico de seres humanoses igualmente alarmante: cerca de un millón cada año.Actualmente, de acuerdo al informe publicado por elDepartamento de los Estados Unidos de Norteamérica,más de 8 millones de menores en el mundo son víctimasde los traficantes de menores. El tráfico de personascon fines de comercio sexual y de trabajo forzado detipo esclavista parece producir una ganancia anual quefluctúa entre los 7 y los 10 billones de dólares anuales.8

II. IMPORTANCIA JURÍDICAINTERNACIONAL DELTEMA DE LASMIGRACIONES

El tema –la realidad– de las migracionesconstituye uno de los capítulos más importantes delDerecho Internacional de nuestros días. Esto por variasy diversas razones:1) Ante todo porque tal tema se encuentra en los

orígenes mismos del Derecho Internacional. Comose sabe, uno de los fundadores del mismo esFrancisco de Vitoria OP (1483-1546), autor de trecediferentes Relecciones, en las cuales el pensadortrata de temáticas que en su época eran fuente degran discusión. En dos de ellas se establecen lasbases del naciente Derecho Internacional: laRelección “de Indiis prior” (o “De Indis recenterinvenitur”) y aquella otra “De Indis posterior” (o“De iure belli”): en la primera, Vitoria analiza lostítulos legítimos que los conquistadores podríanhaber dado para justificar la conquista de losterritorios americanos por ellos descubiertos; en lasegunda se analiza lo relativo a la guerra, aplicaciónpráctica de los títulos previamente analizados.Ambas Relecciones fueron pronunciadas en laUniversidad de Salamanca en el año de 1539.

Pues bien, al estudiar la legitimidad de laconquista americana en la Relección “De Indis”,Francisco de Vitoria estructura su argumentaciónpartiendo de un texto del Evangelio de San Mateo –enel cual se transcriben las palabras de Jesús al despedirsede sus apóstoles en el momento de la ascensión: “Id yenseñad a todas las naciones, bautizándolas en elnombre del Padre, del Hijo y del Espíritu Santo”– y deotro de la Suma Teológica de Sto. Tomás de Aquino, en

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el cual éste se pregunta “Si es lícito bautizar a los hijosde los infieles contra la voluntad de sus padres”.

Es con ocasión de esta interrogante que Vitoriaexamina la cuestión del derecho que los españoleshubiesen podido tener a la posesión de las tierrasrecientemente descubiertas en el nuevo continente.

El desarrollo de la doctrina de Vitoria seestructura en tres partes: en la primera se pregunta silos indios eran verdaderos dueños y señores de susposesiones antes de la aparición de los españoles. Encaso negativo, tales posesiones representaban un casode res nullius. En caso positivo, lo que permite continuarla investigación, se deben examinar los títulos ilegítimosde conquista y posteriormente aquellos títulos que sonlegítimos, lo que representa la segunda y tercera partede la exposición.

Al presente nos interesan únicamente losúltimos, es decir, los títulos legítimos que podránjustificar la presencia de los españoles en tierrasamericanas y de ellos sólo el primero, pues es el que serefiere a nuestro tema: el derecho natural de sociedad ycomunicación (ius naturalis societatis etcommunicationis), por el cual los españoles habríanpodido llegar a estas tierras, vivir en ellas y comerciarcon los naturales, a condición, sin embargo, de quetodo esto fuese sin daño alguno de los nativos: sinoaliquo tamen nocumento barbarorum. 9

Tal es el fundamento de la libertad demovimiento, de la libertad de circulación, de la libertadde los mares y de la libertad de comercio, libertad que elhombre tiene “para dirigirse y recorrer las regiones quequisiere”.

Es el derecho que tiene una persona a permaneceren un lugar, a salir de su país e ir a otro, de manera que “laamistad entre los hombres parece ser de derecho natural,y contra la naturaleza el impedir la comunicación yconsorcio de los hombres que ningún daño causan”. 10

Hasta aquí el pensamiento de Vitoria, “que diode lleno en el blanco al postular este derecho [desociedad natural y comunicación] como la razón yfundamento del nuevo derecho de gentes”..11

Modalidades y precisiones de este derecho fundamentalsólo aparecerán en épocas y con pensadoresposteriores.

Mas lo cierto es que el Derecho Internacionalnace con esta afirmación que establece el derecho quetiene todo ser humano a emigrar, a trasladarse a lasdiversas regiones del orbe, a salir de su país y a regresara él, a comerciar con los otros hombres: Iusperegrinandi, degendi et negotiandi.2) El derecho a emigrar, el ius peregrinandi, el derecho

de libre circulación, se encuentra consagrado en

diversos instrumentos internacionales noconvencionales y convencionales producidosdurante el siglo XX. Aparece lógicamente en elconjunto de los derechos humanos fundamentales.

Son interesantes en especial dos instrumentos,uno universal y otro regional:

Ante todo la Declaración Universal de losDerechos Humanos de 1948, cuyo artículo 13 secompone de dos párrafos.

Artículo 13.1 Toda persona tiene derecho acircular libremente y a elegir su residencia en elterritorio de un Estado. 2. Toda persona tienederecho a salir de cualquier país, incluso delpropio y a regresar a su país.Derecho de la persona a permanecer, a circular, a

salir y a regresar a su país.Es interesante observar que este artículo es

seguido por aquel otro que establece que “en caso depersecución, toda persona tiene derecho a buscar asiloy a disfrutar de él en cualquier país”.

El segundo texto positivo, éste de carácterregional, es aquél del artículo 22 de la ConvenciónAmericana de Derechos Humanos de 1969 o Pacto deSan José. Permite comprender que el continenteamericano es digno heredero del pensamiento deFrancisco de Vitoria. Ya el título del artículo esesclarecedor: “Derecho de Circulación y de Residencia”.Se compone de nueve apartados, importantes tanto parael Derecho de Circulación (Migración) como para elDerecho de Refugiados. Vale la pena transcribirlo en suintegridad.

1. Toda persona que se halle legalmente en elterritorio de un Estado tiene derecho acircular por el mismo y a residir en él consujeción a las disposiciones legales.

2. Toda persona tiene derecho a salir librementede cualquier país, inclusive del propio.

3. El ejercicio de los derechos anteriores nopuede ser restringido sino en virtud de unaley, en la medida indispensable en unasociedad democrática, para prevenirinfracciones penales o para proteger laseguridad nacional, la seguridad o el ordenpúblicos, la moral o la salud públicas o losderechos y libertades de los demás.

4. El ejercicio de los derechos reconocidos enel inciso 1 pueden asimismo ser restringidospor la ley, en zonas determinadas, por razonesde interés público.

5. Nadie puede ser expulsado del territorio delEstado del cual es nacional, ni ser privadodel derecho a ingresar en el mismo.

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6. El extranjero que se halle legalmente en elterritorio de un Estado Parte en la presenteConvención, solo podrá ser expulsado de élen cumplimiento de una decisión adoptadaconforme a la ley.

7. Toda persona tiene el derecho de buscar yrecibir asilo en territorio extranjero en casode persecución por delitos políticos ocomunes conexos con los políticos y deacuerdo con la legislación de cada estado olos convenios internacionales.

8. En ningún caso el extranjero puede serexpulsado o devuelto a otro país, sea o no deorigen, donde su derecho a la vida o a lalibertad personal está en riesgo de violación acausa de raza, nacionalidad, religión,condición social o de sus opiniones políticas.

9. Es prohibida la expulsión colectiva deextranjeros.

3. El Derecho Internacional contemporáneo haprocurado dar respuesta, a nivel internacional, alcomplejo fenómeno de las migraciones forzadas.Indiquemos algunas de las vías tomadas:

- Al hablar de los refugiados ya nos hemosreferido a la Convención de Ginebra de 1951 sobre elEstatuto de los Refugiados y al Protocolo de 1967. Valela pena recordar el desarrollo habido en América Latinagracias a la Declaración de Cartagena de 1984, la cual seinspiró en la Convención de 1969 de la Organización dela Unidad Africana (OUA) relativa a la situaciónespecífica de los refugiados en ese continente.

- El tema de los migrantes económicos es tratadopor la Convención sobre la Protección de losTrabajadores Migrantes y sus Familiares. Adoptada estaConvención en Diciembre de 1990, entró en vigor elpasado 1 de Julio de 2003 y ha sido ratificada por 21países: Azerbaiján, Belice, Bolivia, Bosnia yHerzegovina, Cabo Verde, Colombia, Ecuador, Egipto,El Salvador, Ghana, Guatemala, Guinea, México,Marruecos, Filipinas, Senegal, Sycheles, Sri Lanka,Tajikistán, Uganda y Uruguay.

Esta Convención crea un Comité para laProtección de los Derechos de los TrabajadoresMigrantes y de sus Familiares compuesto por 10 expertossirviendo en su capacidad personal (Art. 72) y los PaísesPartes deben presentar informes periódicos sobre lasmedidas legislativas, judiciales, administrativas y de otraíndole que hayan adaptado para dar efecto a lasdisposiciones de la Convención (Art. 73).

El principio básico sobre el cual descansa laprotección de los trabajadores migrantes debe ser aquelde la no-discriminación. Con ello, en la Parte III de la

Convención, se mencionan los derechos humanos detodos los trabajadores migrantes y de sus familiares,derechos que se derivan de su ser personal y que sonindependientes de su permanencia legal o ilegal en elpaís.

El artículo 8 establece el derecho de librecirculación y residencia. Derechos de todos lostrabajadores migrantes y de sus familiares son tambiénel derecho a la vida, el derecho a no ser sometido atorturas o penas crueles, inhumanas o degradantes, ano ser sometido a esclavitud, el derecho a la libertad depensamiento, de conciencia y de religión, a la libertadde expresión, a la no injerencia arbitraria en su vidaprivada y familiar, a no ser privado arbitrariamente desus bienes, a la libertad y seguridad personales, a sertratado conforme a la dignidad inherente al ser humanoy a su identidad cultural, al libre acceso a tribunales ycortes de justicia, a no ser objeto de medidas deexpulsión colectiva, a recibir la asistencia de lasautoridades consulares de su país, etc.

La parte IV trata de otros derechos de lostrabajadores migrantes y de sus familiares que esténdocumentados o en situación regular.

La parte V establece disposiciones aplicables acategorías particulares de trabajadores migrantes y desus familiares. Así se trata de los trabajadores fronterizos,de temporada, itinerantes, de los trabajadores vinculadosa un proyecto, por cuenta propia, etc.

Una función importante de esta Convención escrear para los Estados Partes la obligación de establecerpolíticas relativas a la migración, el intercambio deinformación con otros Estados Partes y la disposiciónpara informar a empleadores, trabajadores y susorganizaciones acerca de las políticas, leyes yregulaciones sobre la materia migratoria.

No debe olvidarse que las Naciones Unidas hannombrado también una Relatora sobre los DerechosHumanos de los Migrantes, actualmente la Sra. GabrielaRodríguez.

- Para remediar el flagelo representado por eltráfico de seres humanos, el Alto Comisionado para losDerechos Humanos adoptó en 2002 los Principios yGuías de Acción con relación a los Derechos Humanosy al Tráfico de Seres Humanos.

Son dos las ideas principales que estructuranestos Principios y Guías:

a) la afirmación que los derechos humanos delas víctimas del tráfico de seres humanosdeben ser el centro de todos los esfuerzosde prevención y lucha contra ese hecho, aligual que del esfuerzo por proteger, asistir yayudar a recuperarse a las víctimas;

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b) los Estados tienen la obligación conforme alDerecho Internacional de actuar con debidadiligencia para prevenir el tráfico de sereshumanos, investigar y perseguir a lostraficantes y asistir a las víctimas.

De este modo son cuatro los Principios quefundan esta materia:

1) la primacía de los derechos humanos;2) la responsabilidad de los Estados de prevenir

el tráfico y de castigarlo;3) la protección y asistencia a la víctimas;4) la criminalización y castigo de los traficantes.Y con ello el Documento establece 11 Líneas de

Acción:1. Promoción y protección de los derechos

humanos;2. Identificación de personas sujetas al tráfico

y de traficantes;3. Investigación, análisis, evaluación y

diseminación del contenido del problema;4. Adopción de un marco legal adecuado a las

acciones que combatan el tráfico;5. Ejecución de disposiciones legales;6. Protección y apoyo a las víctimas;7. Prevención del tráfico;8. Medidas especiales para la protección y

apoyo de niños víctimas del tráfico;9. Acceso a soluciones;10. Obligaciones de las fuerzas de paz, la policía

civil, el personal humanitario y diplomático;11. Cooperación y coordinación entre Estados

y regiones.Además de estos Principios y Guías de Acción,

las Naciones Unidas han adoptado la Convencióncontra la Delincuencia Organizada Transnacional queentró en vigor el pasado mes de Septiembre y que harecibido la firma de 147 Estados y la ratificación de 53.Esta Convención ha sido complementada por elProtocolo para Prevenir, Reprimir y Sancionar la Tratade Personas, especialmente Mujeres y Niños, Protocolollamado de Palermo que viene a subsanar una lagunadel Derecho Internacional, ya que “no hay ningúninstrumento universal que aborde todos los aspectosde la trata de personas.”12 Este Protocolo de Palermoentró en vigor en diciembre de 2003.13

El Protocolo define la trata de personas como“la captación, el transporte, la acogida o la recepción depersonas recurriendo a la amenaza o al uso de la fuerza

u otras formas de coacción, al rapto, al fraude, al engaño,al abuso de poder o de una situación de vulnerabilidado a la concesión o recepción de pagos o beneficios paraobtener el consentimiento de una persona que tengaautoridad sobre otra, con fines de explotación. Estaexplotación incluirá, como mínimo, la explotación de laprostitución ajena u otras formas de explotación sexual,los trabajos o servicios forzados, la esclavitud y lasprácticas análogas a la esclavitud, la servidumbre o laextracción de órganos.” 14 Este mismo Artículo define alniño como “toda persona menor de 18 años”.

El Protocolo da normas (Parte II) para laprotección de las víctimas de la trata de personas yestablece (Parte III) medidas de prevención,cooperación y otras medidas. El Artículo 14, que apareceen la IV Parte que contiene las “Disposiciones Finales”,es una “Cláusula de salvaguardia” que sirve parapreservar el derecho a solicitar asilo y los derechos delos refugiados, al igual que recuerda el principio de non-refoulement consagrado en la Convención de losRefugiados de 1951 y su Protocolo de 1967.

En Europa, por otra parte, el 24 de Julio de 2003,la Organización para la Seguridad y la Cooperación enEuropa (OSCE) adoptó el Plan de Acción para Combatirel Tráfico de Seres Humanos.

- Respecto de las personas desplazadas en elinterior de los países a causa de la violencia, el SecretarioGeneral de las Naciones Unidas decidió nombrar unrepresentante sobre esta materia, el Sr. Francis Deng,quien elaboró una serie de principios que deben serobservados en este supuesto.

Estos principios son importantes debido a queel ACNUR carece de un mandato específico al respecto,aunque puede recibir de la Asamblea General de lasNaciones Unidas o de su Secretario General el mandatopara trabajar en situaciones específicas, como hasucedido en Angola, Irak, Colombia, etc.

El gran problema representado por las personasdesplazadas en el interior de los países a causa de laviolencia se explica por el hecho de que no existeninguna agencia del sistema, o fuera de él, que tengacomo mandato específico esta situación, de donde sondiversas las agencias que participan en esta tarea,agencias como el propio ACNUR, el ComitéInternacional de la Cruz Roja (CICR), la OrganizaciónMundial para las Migraciones (OIM), el PNUD, Unicef,el Banco Mundial, etc.4. El ius peregrinandi ha estado también presente en

las estructuras internacionales creadas por elDerecho Internacional para supervisar y hacerefectivos los Derechos Humanos reconocidos anivel universal y regional. Como es comprensibleen este aspecto lo más importante se refiere a lo

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producido para limitar y tratar de acabar con lasmigraciones masivas de carácter forzado.

Nos interesa aquello que ha sido hecho en elsistema americano a través de la ComisiónInteramericana y de la Corte Interamericana de DerechosHumanos. Ambas instancias han sido muy activas en lamateria objeto de nuestra investigación.

Durante un Seminario realizado sobre el tema de laMigración Internacional de las Américas en el mes deSeptiembre del año 2000, el Señor Helio Bicudo, entoncesPresidente de la Comisión Interamericana, señalaba que,“en nuestra perspectiva, la principal causa del constanteflujo migratorio en nuestro hemisferio se debe a la pobrezay exclusión del desarrollo económico en que se encuentransumergidos amplios sectores de nuestra sociedad. Es,además, una de las consecuencias, que el propio BancoMundial ha reconocido, de la práctica neoliberal y de laglobalización de la economía.”15 Y añadía: “No solamentefactores económicos han incidido en el movimientomasivo de personas en nuestro hemisferio, las guerrasciviles y persecuciones por factores políticos que hanafectado a amplios sectores de nuestra sociedad hancontribuido a esto, además de los desastres por causasnaturales. En este campo, el problema migratorio roza conun cuerpo de doctrina y obligaciones estatales bienestablecido en el Derecho Internacional como es el derechode los refugiados y del asilo.” 16

La Comisión Interamericana se ha pronunciadoen diversas ocasiones en relación a situaciones o casosque envuelven personas migrantes. Algunos son:

• El pronunciamiento en el caso Riebe y otrosversus México, que se refiere a la expulsiónde sacerdotes no mexicanos y que seencontraban en Chiapas.

• El pronunciamiento en el caso de loshaitianos en tránsito a Estados Unidosdurante la dictadura de Raoul Cedras.

• Conocimiento del caso de los Marielitos.

• Visita in loco a Texas y California.

• Informe sobre la situación de los derechoshumanos de las personas que buscan asiloen Canadá.

• Informe sobre la situación de los derechoshumanos en República Dominicana.

• Otorgamiento de medidas cautelares para elcaso de personas de origen haitiano queresiden en República Dominicana. Al serrechazada la petición de la medida cautelarque buscaba detener “las expulsionesmasivas”, la Comisión solicitó a la Corte

Interamericana la adopción de medidasprovisionales a la cual nos vamos a referirmás adelante.

Y con esto, podemos pasar a analizar la obrarealizada por la Corte Interamericana en relación al iusperegrinandi, cuerpo de decisiones de gran importanciaen el Derecho Internacional Americano y que ha tenidocomo objeto el fijar posiciones con relación a la violaciónde aspectos específicos del derecho citado, lo que hapermitido a la Corte Interamericana referirse a la materiaen general.

Ante todo, citemos las medidas provisionalesdictadas ante la eminente deportación masiva demigrantes haitianos que se hallaban en la RepúblicaDominicana. Diversas resoluciones fueron tomadas porla Corte Interamericana a partir del 18 de Agosto del año2000 y que han servido para dar protección efectiva apersonas amenazadas de eminente deportación.

Como ya dijimos, esta resolución de la CorteInteramericana fue solicitada por la ComisiónInteramericana ante el fenómeno de expulsionesefectuadas “mediante redadas colectivas, sinprocedimiento legal que permita identificaradecuadamente la nacionalidad de los expulsados, nisu estatuto migratorio, ni sus vínculos familiares;simplemente, son separados de sus hogares, sin previoaviso, sin permitirles llevar sus pertenencias. Lasautoridades migratorias seleccionan a las personas aser deportadas por el color de su piel.” 17

La Corte Interamericana decretó la protecciónde las personas que corrían el riesgo de ser deportadasy ordenó a la República Dominicana que se abstuvierade deportarlas o expulsarlas, requirió el permiso paraque otras personas –ya expulsadas; pudiesen retornar;requirió la colaboración de la República Dominicana paraobtener información en torno a otras personasdesaparecidas y la realización de determinadasreunificaciones familiares. Pidió también la CorteInteramericana ser informada acerca de los miembrosde las comunidade “bateyes” que podían ser expulsadosy la efectiva protección de las personas que habíanactuado como testigos durante el proceso.

La resolución está acompañada de unimportantísimo voto concurrente del Presidente de laCorte Interamericana, el juez Antônio A. CançadoTrindade, en el cual señala que el problema tratado en laresolución “es uno de los grandes desafíos del DerechoInternacional de los Derechos Humanos al inicio delsiglo XXI” 18, que revela el fenómeno del desarraigo, elcual es causado por la expulsión e “involucra la totalidadde los derechos humanos, y, sobre todo, (…) tiene unadimensión espiritual que no puede ser olvidada, aúnmás en el mundo deshumanizado de nuestros días.”19

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Para erradicar la exclusión social y la pobrezaextrema –continúa el juez Cançado Trindade–, serequieren nuevas formas de protección, las que debentener presente que el principio de “no-devolución” (non-refoulement), piedra angular de la protección de losrefugiados, es un principio que “puede invocarse,inclusive en contextos distintos, como el de la expulsióncolectiva de migrantes ilegales o de otros grupos.”20 Eltema requiere recordar y resaltar la indivisibilidad de losderechos humanos: civiles, políticos, económicos,sociales y culturales.

Con extrema claridad, el Presidente de la CorteInteramericana señala que el derecho a la libertad demovimiento tiene como corolario el derecho a emigrar.“Pero los Estados aún no aceptaron un derecho a inmigrary a permanecer donde uno se encuentre”21 y, por ello,“en lugar de políticas poblacionales, los Estados, en sugran mayoría, ejercen más bien la función policial deproteger sus fronteras y controlar los flujos migratorios,sancionando los llamados migrantes ilegales.”22

Las normas jurídicas implican valores que lasexplican, “pero [en materia migratoria] faltan elreconocimiento de los valores y la voluntad deaplicarlos.”23

Todo esto es manifestación de una “concienciajurídica universal”, todavía no suficientementedespierta, que advierte que, en el mundo internacional,existen otros sujetos que tienen responsabilidad,además de los Estados. Gracias a esta “concienciajurídica universal”, el Derecho Internacional se conviertehoy día en “un nuevo corpus iuris de libertación del serhumano.” 24

El voto citado termina con una declaración quemerece ser destacada: “Al Derecho está reservado unpapel de fundamental importancia para atender lasnuevas necesidades de protección del ser humano,particularmente en el mundo deshumanizado en quevivimos. Al inicio del siglo XXI urge, en definitiva, situaral ser humano en el lugar que le corresponde, a saber,en el centro de las políticas públicas de los Estados (…)y de todo proceso de desarrollo, y ciertamente por encimade los capitales, inversiones, bienes y servicios. Urge,además, desarrollar conceptualmente el derecho de laresponsabilidad internacional, de modo a abarcar, a lapar de la estatal, también la responsabilidad de actoresno-estatales.”25

Pero, además de las medidas provisionalesdecretadas en el caso mencionado, la CorteInteramericana se ha pronunciado en dos OpinionesConsultivas en torno a la materia migratoria. Ambasfueron solicitadas por México: la primera lleva por fechael 1 de Octubre de 1999; la segunda es de fecha muyreciente, pues es del 17 de Septiembre de 2003.

La primera versa sobre el derecho a la informaciónrelativa a la asistencia consular en el marco de lasgarantías del debido proceso legal.

Esta Opinión Consultiva fue solicitada porMéxico con relación a las garantías judiciales mínimas yal debido proceso legal en el marco de la pena de muerteimpuesta judicialmente a extranjeros a quienes el Estadoreceptor no ha informado de su derecho fundamental acomunicarse y solicitar la asistencia de las autoridadesconsulares del Estado del cual son nacionales.

Es fácil notar que esta petición de OpiniónConsultiva se debió a la situación de muchos mexicanosacusados en los Estados Unidos, que corren el riesgode ser penalizados con la pena de muerte, y a quienesno se les hace saber de su derecho a ser defendidos porlas autoridades consulares de su país.

La Opinión Consultiva, compleja y brillante,establece con claridad el derecho básico del detenidoextranjero a la información sobre la asistencia consular.El Estado receptor tiene, entre los deberes correlativosa este derecho, aquel de informar al detenido sobre losderechos que le son debidos. Esta información debeproporcionarse en el momento de privarlo de la libertady en todo caso antes de que rinda su primera declaraciónante la autoridad.

La Opinión Consultiva (OC-16) declara que alno observarse este derecho a la información deldetenido extranjero, se afectan las garantías del procesolegal y, por ende, la imposición de la pena de muerterepresenta una violación del derecho a no ser privado“arbitrariamente” de la vida, en los términos de diversostratados sobre derechos humanos.

Al solicitir México la OC-16, no plantea lainterrogante acerca del sentido de algunos artículos dela Convención Americana, porque Estados Unidos noes Parte de la misma, pero la Corte se refiere –como lo hasolicitado México– a disposiciones de la DeclaraciónAmericana de Derechos y Deberes del Hombre, de laCarta de la OEA, de la Convención de Viena sobreRelaciones Consulares y del Pacto Internacional deDerechos Civiles y Políticos.

La resolución de la Corte permite a su Presidente,el mismo juez Antônio A. Cançado Trindade, formularun voto concurrente que representa una piezafundamental del Derecho Internacional relativo alDerecho de los Migrantes.

El juez Cançado Trindade se refiere en su voto ala evolución del Derecho, permitida por nuevasnecesidades de protección, pues “las soluciones jurídicasno pueden dejar de tomar en cuenta el tiempo de losseres humanos.”26 En efecto, la ciencia jurídicacontemporánea establece que el contenido y la eficaciade las normas jurídicas acompañan la evolución del

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tiempo, no siendo independientes de éste. La aportaciónen este sentido del Derecho Internacional de los DerechosHumanos es fundamental: “los tratados sobre derechoshumanos son, efectivamente, instrumentos nuevos, queacompañan la evolución de los tiempos y del medio socialen que se ejercen los derechos protegidos.” 27

Gracias a esta evolución, el día de hoy sereconoce la primacía y centralidad de la persona humanaen las reflexiones y disposiciones jurídicas. Esto contrael autoritarismo estatal propiciado por la época delpositivismo jurídico. “Con la desmitificación de lospostulados del positivismo voluntarista, se tornóevidente que sólo se puede encontrar una respuesta alproblema de los fundamentos y de la validez del DerechoInternacional general en la conciencia jurídica universal,a partir de la aserción de la idea de una justicia objetiva.Como una manifestación de esta última, se han afirmadolos derechos del ser humano, emanados directamentedel derecho universal, y no sometidos, por lo tanto, alas vicisitudes del derecho interno.” 28

Gracias a esto es necesario reconocer que “laacción de protección, en el ámbito del DerechoInternacional de los Derechos Humanos, no busca regirlas relaciones entre iguales sino proteger lasostensiblemente más débiles y vulnerables. Tal acciónde protección asume importancia creciente en un mundolacerado por distinciones entre nacionales y extranjeros(inclusive discriminaciones “de iure”, especialmente frentea los migrantes [económicos], en un mundo “globalizado”en que las fronteras se abren a los capitales, inversionesy servicios pero no necesariamente a los seres humanos.Los extranjeros detenidos, en un medio social y jurídicoy en un idioma diferente de los suyos y que no conocensuficientemente, experimentan muchas veces unacondición de particular vulnerabilidad, que el derecho ala información sobre la asistencia consular, enmarcadoen el universo conceptual de los derechos humanos,busca remediar.”29

- Pasamos así a la segunda Opinión Consultiva,de fecha muy reciente30, de enorme trascendencia en elDerecho de los Migrantes, y que se refiere a la“Condición Jurídica y Derechos de los MigrantesIndocumentados”. También fue solicitada por Méxicodebido a la preocupación de que “los trabajadoresmigratorios, al igual que el resto de las personas, debenhaber garantizado el goce y ejercicio de los derechoshumanos en los Estados donde residen. Sin embargo,su vulnerabilidad los hace blanco fácil de violaciones asus derechos humanos, basadas especialmente encriterios de discriminación y, en consecuencia, los colocaen una situación de desigualdad ante la ley en cuanto algoce y ejercicio efectivos de estos derechos.” 31

México se refiere en su petición a diversosartículos de la Carta de la OEA, de la Declaración

Americana de los Derechos y Deberes del Hombre, a laConvención Americana de Derechos Humanos, a laDeclaración Universal de Derechos Humanos y al PactoInternacional de Derechos Civiles y Políticos.

El procedimiento realizado por la Corte fueminucioso y contó con muchas y diversasintervenciones. Inclusive se recibieron los argumentosorales presentados en calidad de amici curiae pordiversas personas, instituciones y organizaciones nogubernamentales. Es de notar que el mismo ACNURestuvo presente entre estos últimos.

La Corte Interamericana, en su decisión,“determina que todo lo que se señala (…) se aplica a losEstados Miembros de la OEA que han firmadoindistintamente la Carta de la OEA, suscrito laDeclaración Americana, la Declaración Universal, o hanratificado el Pacto Internacional de Derechos Civiles yPolíticos, independientemente de que hayan ratificadola Convención Americana o algunos de sus protocolosfacultativos.” 32

Se debe observar que esta OC-18 establece un“Glosario” 33 que sirve para fijar el significado de lostérminos empleados. Y es la misma Corte la que presentalos puntos más importantes de esta Opinión Consultiva:

- Los Estados tienen la obligación general derespetar y garantizar los derechos fundamentales. Coneste propósito deben adoptar medidas positivas, evitartomar iniciativas que limiten o conculquen un derechofundamental, y suprimir las medidas prácticas querestrinjan o vulneren un derecho fundamental.

- El incumplimiento por el Estado, mediantecualquier tratamiento descriminatorio, de la obligacióngeneral de respetar y garantizar los derechos humanos,le genera responsabilidad internacional.

- El principio de igualdad y no discriminaciónposee un carácter fundamental para la salvaguarda delos derechos humanos tanto en el derecho internacionalcomo en el interno.

- El principio fundamental de igualdad y nodiscriminación forma parte del derecho internacionalgeneral, en cuanto es aplicable a todo Estado,independientemente de que sea parte o no endeterminado tratado internacional. En la actual etapa dela evolución del derecho internacional, el principiofundamental de igualdad y no discriminación haingresado en el dominio del jus cogens.

- El principio fundamental de igualdad y nodiscriminación, revestido de carácter imperativo, acarreaobligaciones erga omnes de protección que vinculan atodos los Estados y generan efectos con respecto aterceros, inclusive particulares.

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- La obligación general de respetar y garantizarlos derechos humanos vincula a los Estados,independientemente de cualquier circunstancia oconsideración, inclusive el status migratorio de laspersonas.

- El derecho al debido proceso legal debe serreconocido en el marco de las garantías mínimas que sedeben brindar a todo migrante, independientemente desu status migratorio. El amplio alcance de laintangibilidad del debido proceso comprende todas lasmaterias y a todas las personas, sin discriminaciónalguna.

- La calidad migratoria de una persona no puedeconstituir una justificación para privarla del goce yejercicio de sus derechos humanos, entre ellos los decarácter laboral. El migrante, al asumir una relación detrabajo, adquiere derechos por ser trabajador, que debenser reconocidos y garantizados, independientemente desu situación regular o irregular en el Estado de empleo.Estos derechos son consecuencia de la relación laboral.

- El Estado tiene la obligación de respetar ygarantizar los derechos humanos laborales de todoslos trabajadores, independientemente de su condiciónde nacionales o extranjeros, y no tolerar situaciones dediscriminación en perjuicio de éstos, en las relacioneslaborales que se establezcan entre particulares(empleador- trabajador). El Estado no debe permitir quelos empleadores privados violen los derechos de lostrabajadores, ni que la relación contractual vulnere losestándares mínimos internacionales.

- Los trabajadores, al ser titulares de los derechoslaborales, deben contar con todos los medios adecuadospara ejercerlos. Los trabajadores migrantesindocumentados poseen los mismos derechos laboralesque corresponden a los demás trabajadores del Estadode empleo, y este último debe tomar todas las medidasnecesarias para que así se reconozca y se cumple en lapráctica.

- Los Estados no pueden subordinar ocondicionar la observancia del principio de la igualdadante la ley y la no discriminación a la consecución delos objetivos de sus políticas públicas, cualesquieraque sean éstas, incluidas las de carácter migratorio.34

III. ALGUNAS NOTAS DELDERECHO INTERNACIONALDE LOS MIGRANTES

- El Derecho Internacional de los Migrantes esuno de los capítulos de aplicación del DerechoInternacional de los Derechos Humanos y por ello nollama la atención que diversas nociones del mismo deban

ser recordadas cuando se habla de los migrantes, enespecial de los movimientos forzados migratorios.

Uno de los aspectos más importantes de losderechos humanos es el recordado por la Declaración yPrograma de Acción de Viena de 1993: “Todos losderechos humanos son universales, indivisibles einterdependientes y están relacionados entre sí. Lacomunidad internacional debe tratar los derechoshumanos en forma global y de manera justa y equitativa,en pie de igualdad y dándoles a todos el mismo peso.Debe tenerse en cuenta la importancia de lasparticularidades nacionales y regionales, así como delos diversos patrimonios históricos, culturales yreligiosos, pero los Estados tienen el deber, sean cualesfueren sus sistemas políticos, económicos y culturales,de promover y proteger todos los derechos humanos ylas libertades fundamentales.” 35

- Todos los migrantes son seres humanos,afirmación que parece repetitiva pero que no lo es, ypor ello poseen un conjunto de derechos humanosfundamentales, universales e irrenunciables. Estosderechos humanos básicos son expresión de sudignidad personal y los Estados no los concedengraciosamente sino los reconocen y les debenprotección.

Este punto es de especial importancia en el casode las personas que son parte de movimientosmigratorios forzados.

- El tema de las migraciones está fundado en elprincipio de la libertad de circulación y residencia. Peroeste principio debe conjugarse con otros dos de igualimportancia: el principio del destino universal de losbienes creados y aquel otro relativo a la importanciaprioritaria que debe tener el bien común en cualquiersociedad.

Estas tres realidades deben ser tomadas enconsideración por la autoridad política para que, de unamanera justa y prudente (lo que también no deja de serrepetitivo), establezca una política migratoria que debeser respuesta justa a una situación histórica concreta.

Al hablar del bien común no se debe olvidar queéste representa un término análogo, que debe encontrarrealización en la sociedad política constituida comoEstado, al igual que en la sociedad internacional. Loideal –como lo postuló la Encíclica Pacem in Terris hacecuarenta años36– resulta la existencia de una autoridadmundial que decida en este tipo de materias, sabiendoque los diferentes Estados deben estar animados en larealidad concreta por una voluntad eficaz de cooperacióny solidaridad, en el respeto de la independencia de losotros Estados y en una necesaria subsidiaridad.

- El día de hoy el Derecho Internacional debetomar en consideración que existen cuestiones que

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conciernen a la comunidad humana en su integridad yque por ello requieren ser abordadas y resueltas a travésde una acción internacional debidamente coordenada.Algunos ejemplos de estas cuestiones de universalinterés son aquellas de la promoción de la paz y deldesarrollo, los derechos humanos y la solución de losconflictos armados, la protección de los migrantes, delos refugiados y de las minorías étnicas, la salvaguardadel medio ambiente, la batalla contra enfermedadesterribles, la lucha contra los traficantes de sereshumanos, de droga, de armas y contra la corrupciónpolítica y económica.

- Todo ello debe constituir una apremiantellamada para explorar, como lo ha recordado el Presidentede la Corte Interamericana de Derechos Humanos, lanaturaleza y función de la conciencia jurídica universal,que es el órgano descubridor de aquellos valores“materiales” que fundan el mismo DerechoInternacional.

Entre estos valores ocupa lugar privilegiado lapersona humana y los derechos inalienables que sonexpresión de su dignidad. De este modo el derecho, artey ciencia de lo justo, y en especial el DerechoInternacional, debe tener como centro de apoyo yrealización práctica la protección del ser humano y desus derechos fundamentales.

- El Derecho, en particular el DerechoInternacional, es evolutivo. Si el Derecho Internacionalde los Derechos Humanos debe hacer frente a aquellosproblemas concretos planteados por la realidad históricay que requieren ser resueltos conforme a la justicia, esnecesario constar que tales problemas están permeadospor el carácter temporal y evolutivo propios de la personahumana.

Al hablar de la protección de los derechoshumanos en el Derecho Internacional, aparece conclaridad que los sujetos de tal desarrollo jurídico noson sólo los Estados: existen otros actores. Entre elloslos mismos seres humanos concretos y que aparecenen tal relación jurídica. Y al Derecho Internacionalcorresponde tratar a los desiguales como desiguales, loque se presenta cuando los sujetos de tal relación son,por una parte, los Estados y, por otra, el ser humanoindividual.

- En el caso de las personas envueltas enmovimientos migratorios forzados se debe insistir en laimportancia que posee el principio de non-refoulement(sobre todo en el caso de los refugiados), al igual que elprincipio de no-discriminación (sobre todo en el casode los migrantes económicos).

La Corte Interamericana ha destacado el hechode que estos principios forman parte del DerechoInternacional General que gozan del carácter de juscogens y obligan por ello a todos los Estados,independientemente de que un Estado sea o no partede determinado tratado internacional. Por ello estosprincipios, de naturaleza imperativa, generanobligaciones erga omnes de protección que valen paratodos los Estados y generan efectos con respecto aterceros, inclusive particulares.

La observancia de los derechos humanos deberealizarse en cualquier lugar y sin que interese el estatutomigratorio de las personas. En el caso de las víctimas detráfico de personas humanas, como en aquel de losmigrantes económicos indocumentados, esta afirmaciónreviste particular importancia.

En aplicación concreta del carácter indivisiblede los Derechos Humanos, es necesario afirmar queuna persona no puede ser privada de sus derechos denaturaleza laboral por el hecho de encontrarseindocumentada. El principio de igualdad y de no-discriminación vale especialmente en esta situación.37

- Es interesante observar que el día de hoy losplanes integrativos políticos regionales tienenprincipios muy opuestos.

En el continente europeo la integración políticatiene como uno de sus principios básicos de realizaciónaquel del libre movimiento de personas, además deaquel de los bienes, inversiones y servicios. Por estemotivo, en el interior de la Unión Europea, se ha podidocrear el llamado “Espacio Schenghen” que conduce a laeliminación de controles fronterizos entre los Estadosmiembros.38

En el continente americano, por el contrario, laintegración busca realizarse a través de la “libertad demercados”, del libre movimiento de bienes, inversionesy servicios, pero excluyendo siempre y sistemáticamentea la persona humana, de donde la paradoja que la llamada“globalización” se convierte automáticamente en unarealidad profundamente inhumana e injusta. Y lassociedades y seres humanos más pobres y vulnerablesson víctimas de una “integración”, de una“globalización” que se construye con el sacrificio delos mismos.39 Las fronteras entre los diferentes paísesdel continente americano en lugar de desaparecer serefuerzan y revelan su carácter inhumano, de manera talque, si hace poco más de una década desaparecía unvergonzoso muro que dividía a los países capitalistasde aquellos socialistas, el día de hoy un muro semejantese levanta entre los países ricos y aquellos pobres.40

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1. La Nación, 11 de febrero de 2001.

2. La Convención para la Protección de los DerechosHumanos y Libertades Fundamentales del 4 deNoviembre de 1950 entró en vigor el 3 de Septiembrede 1953.

3. Los Derechos de los Trabajadores Migrantes,folleto n. 24 publicado por el Centro de DerechosHumanos, Ginebra, pp. 3-4.

4. Op. Cit., p. 4.

5. Mensaje para la 89 Jornada Mundial de losMigrantes y Refugiados, Consejo Pontificio paralos Migrantes e Itinerantes, Año 2003, n. 1.

6. Los datos que aparecen a continuación fuerontransmitidos al ACNUR por la OIM para laelaboración de un Estudio sobre Migración y Asilo.

7. En los Anexos que se encuentran al final de estaponencia aparecen el Número de Personas bajo elMandato del ACNUR (por Categoría) al principiodel año 2003 –Anexo I– y el Número de Personasbajo el Mandato del ACNUR durante los últimostres años–Anexo II–.

8. En fechas recientes, una revista tan popular comoel National Geographic ha dedicado un extensoartículo a esta bochornosa realidad. En la ediciónen español corresponde al mes de Septiembre de2003 y en la portada aparece ya el título del reportaje:“Esclavos, 27 millones ocultos a plena vista”.

9. Relección de los Indios, De los títulos legítimospor los cuales pudieron venir los bárbaros a poderde los españoles, Primera Conclusión. Texto españolde la BAC, versión del P. Teófilo Urdánoz, O. P.,Madrid, 1960, reproducido en la Col. SepanCuantos, Porrúa, 1974.

10. Op. Cit., Primera Conclusión, Octavo Argumento.

11. Gómez Robledo, Antonio. Introducción a lasRelecciones del Estado, de los Indios y del Derechode la Guerra, Porrúa, México, 1974, p. 65.

12. Preámbulo

13. Es interesante observar que México es Estado Partede ambos instrumentos convencionales.

14. Artículo 3.

15. Seminario organizado por el CEPAL y la OIM enSan José, Costa Rica, del 4 al 6 de Septiembre del2000.

16. Derechos Humanos y Migraciones a la Luz delSistema Interamericano de Derechos Humanos,ponencia policopiada, p. 2.

17. Resolución de la Corte Interamericana de DerechosHumanos del 18 de Agosto de 2000, San José, CostaRica. Medidas Provisionales Caso de Haitianos yDominicanos de Origen Haitiano en la RepúblicaDominicana, vistos, 2d.

18. Voto Concurrente del juez Antônio A. CançadoTrindade, n.1.

19. Voto Concurrente, n. 6.

20. Voto Concurrente, n.5.

21. Voto Concurrente, n.8.

22. Ibidem. En este sentido se puede recordar lareflexión del Director General de la OrganizaciónInternacional para las Migraciones (OIM): “Lapercepción de sistemas reguladores fuera decontrol fomenta contragolpes dirigidos a losmigrantes y a la migración, y constituye unaamenaza para los beneficios que puede aportar lamigración planificada y ordenada a sociedadesque, incluso hoy y en muchos casos, desean,necesitan y buscan migrantes. Empero, nada seresolverá si se aborda el problema y el contragolpelevantando barreras. Es necesario contar conestrategias mundiales y globales que reconozcan,en primer lugar, que la acción preventiva a tiempoes mil verces más preferible a la reacción deemergencia en situación de crisis”. Cit. por LelioMármora en su obra “Las Políticas de MigrantesInternacionales”, IOM/Alianza Editorial, Madrid-Buenos Aires, 1997, p. 50.

23. Voto Concurrente. n. 9.

24. Voto Concurrente, n. 11.

25. Voto Concurrente. n. 25.

26. Opinión Consultiva OC-16 del 1 de Octubre de 1999.El Derecho a la Información sobre la asistenciaConsular en el Marco de las Garantías del DebidoProceso Legal. Corte Interamericana de DerechosHumanos, San José, Costa Rica. Voto concurrentedel juez Antônio A. Cançado Trindade, n. 5.

27. Voto Concurrente, n. 10.

28. Voto Concurrente, n. 14.

29. Voto Concurrente, n. 23.

NOTAS

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30. Esta Opinión Consultiva, OC 18/03 es del 17 deSeptiembre de 2003.

31. Opinión Consultiva, n. 2.

32. Opinión Consultiva, n. 60.

33. Opinión Consultiva, n. 69.

34. Opinión Consultiva, n. 173.

35. Declaración y Programa de Acción de Vienaadoptados por la Conferencia de la ONU sobreDerechos Humanos el 25 de junio de 1993, I parte,n.1.

36. En aquella memorable Encíclica de abril de 1963,Juan XXIII escribía: “Si se examinan con atención,por una parte, el contenido intrínseco del biencomún y, por otro, la naturaleza y el ejercicio de laautoridad pública, todos habrán de reconocer queentre ambos existe una necesaria conexión. Porqueel orden moral, de la misma manera que exige unaautoridad pública para promover el bien común enla sociedad civil, así también requiere que dichaautoridad pueda lograrlo efectivamente.(…) Comohoy el bien común de todos los pueblos planteaproblemas que afectan a todas las naciones, y comosemejantes problemas solamente puede afrontarlosuna autoridad pública cuyo poder, estructura ymedios sean suficientemente amplios y cuyo radiode acción tenga un alcance mundial, resulta, enconsecuencia, que, por imposición del mismo ordenmoral, es preciso constituir una autoridad públicageneral”. Pacem in Terris, pp. 136-137.

37. Al respecto la OC-18 señala en el número 159, que“en muchas ocasiones sucede que no se reconocena los trabajadores migrantes indocumentados los

derechos laborales (…) Por ejemplo, muchosempleadores los contratan para que prestendeterminado servicio a cambio de una remuneraciónmás baja a la que les correspondería; los despidenpor formar parte de sindicatos; los amenazan condeportarlos, entre otras situaciones. Incluso, enalgunas ocasiones los trabajadores migrantesindocumentados no pueden acudir a los tribunalesde justicia para reclamar sus derechos por temor asu situación irregular. Esto no debe ocurrir; pese aque podría verse deportado un trabajador migranteindocumentado, este último tiene siempre elderecho de hacerse representar ante el órganocompetente para que se le reconozca todo derecholaboral que haya adquirido como trabajador”.

38. Ha de recordarse que la extensión de la UniónEuropea y del espacio Schenghen es asimétrica,pues existen Estados miembros de la Unión Europeaque no forman parte del espacio Schenghen (ReinoUnido e Irlanda) y otros que no son parte de laUnión Europea pero sí del espacio Schenghen(Noruega e Islandia).

39. Una situación análoga existe, a decir verdad, en lafrontera que separa a los miembros de la UniónEuropea de aquellos que no lo son.

40. A este respecto cabe recordar una acertada reflexiónde Juan Pablo II: “No es posible vivir en una isla deabundancia rodeado por un océano de sufrimiento”.Juan Pablo II en el discurso dirigido a algunos líderesde partidos demo-cristianos el 23 de Noviembre de1991.

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ANEXO IPERSONAS BAJO EL MANDATO DEL ACNUR–

POR CATEGORÍA1 ENERO 2003

Región Refugiados Peticionantes Repatriados IDPs Apatriados Totalde Asilo y otros

Asia 4,188,100 28,900 1,995,700 2,940,600 225,700 9,378,900Africa 3,343,700 159,600 345,300 715,100 29,600 4,593,200Europa 2,136,300 366,800 84,000 1,171,500 645,400 4,403,900Norte América 615,100 446,100 1,061,200América Latina y Caribe 41,100 9,100 950,000 50,100 1,050,300Oceanía 65,400 3,900 69,200TOTAL 10,389,700 1,014,400 2,425,000 5,777,200 950,800 20,556,700

ANEXO IIPERSONAS BAJO EL MANDATO DEL ACNUR

1 Enero 2001 1 Enero 2002 1 Enero 2003

Asia 8 449 900 8 820 700 9 378 900Africa 6 060 100 4 173 500 4 593 200Europa 5 592 400 4 855 400 4 403 900Norte-América 1 051 700 1 086 800 1 061 200América Latina y Caribe 575 500 765 400 1 050 300Oceanía 84 500 81 300 69 200TOTAL 21 814 200 19 783 100 20 556 700

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LOS PRINCIPIOS GENERALES SOBRE LALIBERTAD RELIGIOSA EN LA

JURISPRUDENCIA DE LOS SISTEMASEUROPEO, INTERAMERICANO Y

COSTARRICENSE DE PROTECCIÓN DE LOSDERECHOS HUMANOS

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •LUIS FCO. CERVANTES G.1

Abogado Costarricense con Estudios en Ciencias Políticas; Oficial de Programa del Instituto Interamericano deDerechos Humanos; Profesor y Conferencista en diversos Foros en Materia de Derechos Humanos, Administraciónde Justicia y Policía; Colaborador Directo en la Redacción de los Proyectos de Ley de las Actuales Ley Orgánica delPoder Judicial de la República de Nicaragua y Ley sobre Justicia Constitucional de la República de Honduras.

I. A MODO INTRODUCTORIO:ALGUNASCONSIDERACIONESPRELIMINARES SOBRE LALIBERTAD RELIGIOSA

El concepto de libertad religiosa apareceprimariamente como un concepto impreciso y difícil dedeterminar, habida cuenta que el mismo conlleva lapluralidad existente a nivel universal de lo que es en sí“la religión” y “lo religioso”. A nivel cultural e históricoes claro que tales conceptos pueden significar ycontener elementos variables de una época a otra, y deuna civilización a otra.2 Dada esta complejidad,normativamente se palpa la inexistencia de precisión odefinición de tales conceptos, tanto en el ámbito internocomo, con mayor razón, en el internacional. Sin embargo,en el contexto europeo sí parece existir una nociónimplícita de “religión” que se ha alojado –sedimentado,dicen algunos– en la historia europea a lo largo de lossiglos3, y que tiene su origen en la tradición judeo-cristiana –y parcialmente, en menor medida,musulmana– del continente.

No obstante, esta común tradición, al tiempo deotorgar mejores bases para la configuración delconcepto de “religión” y de lo “religioso”, es a su vezuna limitante que puede originar una visión sesgada deotras doctrinas, credos y convicciones más alejadas deestas comunes raíces. Con el propósito de atenuar esta

posibilidad, se ha recurrido a formular nocionesespecialmente amplias de religión, o se ha sugeridoaceptar sin más la calificación estrictamente personal,lo cual conlleva a su vez el problema de determinar hastadónde es posible el reconocimiento, hasta dónde esposible la tolerancia y hasta dónde es posible el ejerciciode ciertos comportamientos amparados en lasconvicciones personales.

De tal forma, se aboga por la reconducción hacialo estrictamente jurídico de todo intento de definiciónde “religión” y “libertad religiosa”, de donde resultaríaque ella se refiere a la libertad que en materia de religióndisfruta el ciudadano frente al Estado.4 Sería así unalibertad definida por su objeto y garantizadajurídicamente frente al Estado y frente a terceros a travésde las correspondientes garantías jurisdiccionales.

La libertad religiosa, también conocida como“libertad ideológica y religiosa”, o normativamenteconsiderada como “libertad de pensamiento, concienciay religión”, protege esencialmente un bien jurídicoconsistente en el rechazo de toda forma de coerciónmotivada por la creencia religiosa que se profese o bienpor la ausencia de la misma, lo cual reviste la protecciónde las libertades de conciencia y pensamiento. Inclusose ha llegado a afirmar que la libertad religiosa fuehistóricamente el primer derecho fundamental en serreclamado y reconocido5 , en virtud de la exigencia detolerancia religiosa a raíz de la crisis cismática ocurridaen el seno de la Iglesia Católica que determinó elnacimiento de todo el proceso de Reforma.

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La libertad religiosa presenta dos facetasigualmente tutelables. Una faceta positiva que secorresponde con la posibilidad de tener y manifestar unao ninguna convicción religiosa; y una faceta negativaque implica la imposibilidad de verse compelido a declararlas convicciones religiosas personales, de donde devienela obligación del Estado de mantener una actitud neutralen materia de creencias; es decir, se protege a la libertadreligiosa para que no sea perturbada en su ejercicio, nipor el Estado ni por los demás sujetos particulares. Lafaceta positiva, inicialmente definida desde unaperspectiva interna –las convicciones personales– poseetambién un carácter externo que consiste en podermanifestar –y por todas las vías legítimamente aceptadas,dentro de las cuales se incluye el culto propiamente dicho,la evangelización o proselitismo y la educación– estasconvicciones y que determinará la configuración de laasí denominada “libertad de culto”.6

La doctrina ha manifestado que ambas facetasde la libertad religiosa denotan que su protecciónconsidera, al menos, tres principios básicos: (1) elderecho de elegir la propia religión o convicción; (2)que el derecho de tener o no una religión o unaconvicción va más allá de la tutela de la libertad deopción, pues además de esa libertad se protege tambiénla opción elegida; y (3) el derecho de no revelar la propiareligión, como parte de esa opción religiosa individual.7

De tal forma, la afirmación de estos derechospuede determinar los espacios en los cuales el Estadogarantiza un ámbito de total libertad, respetando ypreservando al máximo la autonomía de la personaindividual y de las comunidades religiosas como tales.De ahí que la doctrina vea en la libertad religiosa unaespecie de derecho matriz8, del cual se derivan diversascircunstancias como las mencionadas en el párrafoanterior.

Sin embargo, como derecho que es, la libertadreligiosa aún debiendo ser protegida en términosamplios por el Estado, igualmente está sujeta a ciertaslimitaciones en el ejercicio de sus diversas facetas,limitaciones que por lo general irán centradas a mantenerel ejercicio de la libertad religiosa dentro del ámbitomarcado por el orden, la seguridad y la salubridadpúblicas, la moral y las buenas costumbres. Es claroque la configuración de estas limitaciones y lo que ellasespecíficamente significan, puede dar lugar a variablesconceptuales que podrán depender, en su aplicación,de la casuística particular; es decir, que la determinaciónde las limitaciones a la libertad religiosa, si bienestablecidas bajo aquellos conceptos genéricos, bienpueden requerir para su adecuada apreciación de laconsiguiente valoración de cada caso en particular.

No obstante, debe aclararse que aunque ellopueda ser así, es cierto también que aunque estas

definiciones trasunten por el análisis de los casos,igualmente definen algunos lineamientos generales perodirectamente orientados a la conformación de un todoque permita comprender la real dimensión de la libertadreligiosa en un contexto determinado. He ahí laimportancia de las definiciones jurisprudenciales sobrela materia, ya que las mismas darán lugar a la precisiónnecesaria para determinar el verdadero alcance y sentidode la libertad religiosa en sí, tanto en su perspectivainterna como en su previsión en el ámbito del derechointernacional.9

El presente estudio versa precisamente sobreello, sobre la valoración jurisprudencial de la libertadreligiosa, su contenido, sus variables y sus limitaciones,para desde una perspectiva general extraer los principiosbásicos que rigen la consideración y el ejercicio de lalibertad religiosa desde un punto de vistajurisprudencial.

Un estudio comprehensivo de la situación de lalibertad religiosa en términos generales impone latrascendencia de valorar las apreciaciones de diversosórganos jurisdiccionales que apliquen, de principio,órdenes normativos diversos. Si bien este estudio semueve en el ámbito del derecho occidental, tiene comopropósito mostrar cómo a pesar de esta inicial similitudlas respuestas de los órdenes jurídicos pueden serdiversas o bien marchar a pasos desiguales; así comotambién, a pesar de pervivir en situaciones geográficase históricas disímiles, pueden, a través del derecho y lajurisprudencia, identificarse puntos de encuentro quevisualicen el verdadero sentido de la libertad religiosa,al menos desde esta perspectiva occidental.

Para ello se han tomado tres órdenes normativosy sus consiguientes órganos de protección. Desde lacultura jurídica occidental, resulta evidente la necesariaconsideración de la actuación del sistema europeo dederechos humanos; en él, el presente estudio se centraexclusivamente en las actuaciones y principios derivadosde la Corte Europea de Derechos Humanos, no así en lasanteriores actuaciones realizadas por la Comisión en estecampo. Esta definición tiene sentido bajo la perspectivade determinar principios generales de aplicación, lo cualrequiere en la práctica de los sistemas de protección delos derechos humanos, una manifestación expresa departe del órgano judicial del mismo.

Equiparablemente, igual es objeto de atenciónel sistema interamericano de protección de los derechoshumanos, de manera específica en cuanto a lasactuaciones de la Corte Interamericana de DerechosHumanos; al igual que sucede con respecto al sistemaeuropeo y por las mismas razones, se omiten análisis ycomentarios sobre los casos ante la Comisión, la cual adiferencia de su homólogo europeo, mantiene plenaexistencia y funcionamiento en el marco del sistema

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interamericano. Aquí resultará de particular interésvalorar si, como se ha adelantado, al igual que sucedeen otros campos relacionados con los derechosfundamentales, la mayor experiencia, antigüedad yvariables históricas –relacionadas con los regímenesdemocrácticos– del sistema europeo de protección delos derechos humanos determina también una mayoractuación del sistema europeo por sobre el sistemainteramericano en materia de libertad religiosa.

Finalmente, resulta de interés proceder al estudiosucinto de la materia de acuerdo a las previsionesnormativas y actuaciones jurisprudenciales del ámbitointerno. Para tal fin, se ha realizado un estudio de lajurisprudencia de la Sala Constitucional de la CorteSuprema de Justicia de Costa Rica –órgano interno de lamisma Corte que actúa como tribunal constitucional–,con el propósito de valorar si desde el ámbito internoresulta válido y posible estar en sintonía con laprotección, en este caso de la libertad religiosa, vigenteen el ámbito internacional.

En cada uno de estos estudios –desde el sistemaeuropeo, desde el sistema interamericano y desde elsistema costarricense– se omiten consideraciones yapreciaciones sobre situaciones fácticas, pretendiendocentrarse directamente sobre los principios generales quela jurisprudencia de estos órganos ha definido en cuantoa la libertad religiosa; se evita, igualmente, un desarrolloy referencia doctrinaria profusa al momento de realizar elespecífico estudio de la jurisprudencia, para que de talmanera la atención esté fijada en ella y en la labor de losórganos jurisdiccionales objeto de comentario.

II.LA LIBERTAD RELIGIOSAEN EL SISTEMA EUROPEODE PROTECCIÓN DE LOSDERECHOS HUMANOS.JURISPRUDENCIA DE LACORTE EUROPEA DEDERECHOS HUMANOS

1. LA DEFINICIÓN NORMATIVADE LA LIBERTAD RELIGIOSAEN EL SISTEMA EUROPEO

La moderna formulación de los sistemasinternacionales para la protección de los derechoshumanos sucede con inmediatez a la finalización delsegundo conflicto bélico mundial del siglo anterior.

En el ámbito universal, el proceso en torno alestablecimiento de la Organización de las NacionesUnidas da como resultado la promulgación de la

Declaración Universal de los Derechos Humanos enDiciembre de 1948, constituyéndose en punto de partidadel vigoroso desarrollo del derecho internacional delos derechos humanos presenciado hasta hoy.10

Coincidentemente, en el ámbito regional europeo,la instauración del Consejo de Europa y la aprobaciónde su Estatuto vino aparejada de la elaboración yaprobación en 1950 de la Convención para la Protecciónde los Derechos Humanos y las LibertadesFundamentales, comúnmente conocida comoConvención Europea de Derechos Humanos o Conveniode Roma, instrumento que transformó en obligacionesconvencionales precisas varios de los principiosproclamados en la Declaración Universal.11

El sistema europeo de derechos humanospresenta la particularidad de sus propios protocolos.Su jurisdicción –ejercida en la actualidad por la figuracentral de la Corte Europea de Derechos Humanos,habiendo conocido hasta 1998 también la existencia deuna Comisión como paso previo al Tribunal– se ejerceen el marco de un sistema visiblemente heterogéneo araíz de esta amplitud de protocolos, cuyos contenidosespecíficos, posibilidades de reservas y declaracionesinterpretativas brindan un panorama en el cual no todoslos Estados han asumido homogéneamente las mismasobligaciones jurídicas específicas. Esta rica diversidadse ha visto potenciada en la última década al irseampliando el número de Estados miembros del Consejode Europa.

En materia de libertad religiosa –y en atención ala jurisprudencia que será objeto de posteriorconsideración–, el sistema europeo establece unaprimera protección especial en el artículo noveno delConvenio de Roma, al definir que:

“1. Toda persona tiene derecho a la libertad depensamiento, de conciencia y de religión; estederecho implica la libertad de cambiar de religióno de convicciones, así como la libertad demanifestar su religión o sus conviccionesindividual o colectivamente, en público o enprivado, por medio del culto, la enseñanza, lasprácticas y la observación de los ritos.2. La libertad de manifestar su religión o susconvicciones no puede ser objeto de másrestricciones que las que, previstas por la ley,constituyen medidas necesarias, en unasociedad democrática, para la seguridad pública,la protección del orden, la salud o la moralpúblicas o para la protección de los derechos ylibertades de los demás.”

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El párrafo primero del artículo citadoexpresamente refiere que la libertad de religión puedeser manifestada a través de la enseñanza, de donde

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deviene como particularmente importante en esta materiala definición del artículo segundo del Protocolo 1 alConvenio, que textualmente expresa que:

“Artículo 2 - Derecho a la instrucciónA nadie se le puede negar el derecho a lainstrucción. El Estado, en el ejercicio de lasfunciones que asuma en el campo de laeducación y de la enseñanza, respetará elderecho de los padres a asegurar esta educacióny esta enseñanza conforme a sus conviccionesreligiosas y filosóficas”.

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De esta forma, el Protocolo 1 posibilita en elsistema europeo la configuración de una protección másacabada para la libertad religiosa, en el sentido de queel sistema no sólo protege la libertad religiosa en sí, deconformidad con el artículo noveno del Convenio, sinoque además asegura que la libertad de manifestación através de la enseñanza allí establecida seaespecíficamente considerada dentro del derecho a laeducación y así respetada por el Estado en el ejerciciode su potestad educativa.

Del mismo modo, no debe pasar desapercibidala protección que establece el Convenio en su artículo14 al prohibir la discriminación, garantizando el plenodisfrute de los derechos con independencia –entreotros– de motivos religiosos, con lo cual esta norma seconstituye a su vez en una protección general de lalibertad religiosa.

En este sentido, la basa normativa de proteccióny consideración de la libertad religiosa en el marconormativo del sistema europeo de derechos humanosestá compuesta esencialmente por estas tres normascitadas: los artículos 9 y 14 del Convenio, y el artículo 2del primer Protocolo al Convenio.14

2. LAS PRECISIONESJURISPRUDENCIALES SOBRELA PROTECCIÓN DE LALIBERTAD RELIGIOSA ANTELA CORTE EUROPEA DEDERECHOS HUMANOS

La actuación de la Corte Europea de DerechosHumanos15 en materia específica de libertad religiosainicia en el año 1976, es decir, diecisiete años despuésdel inicio de sus actividades.16 El asunto que inauguralas consideraciones de la Corte en esta materia,curiosamente no está referido a la protecciónconvencional del artículo noveno, sino a la protecciónde su manifestación a través de la enseñanza; es decir,la Corte inicia su producción jurisprudencial relevanteen materia de libertad religiosa mediante el conocimientode una alegada violación del artículo 2 del Protocolo 1

al Convenio Europeo, en lugar de una violación directadel artículo noveno del mismo Convenio.

Así, en el caso Kjeldsen, Madsen y Pedersen17,la Corte realiza una precisión conceptual sobre losinstitutos jurídicos considerados en el Protocolo conrespecto a la libertad religiosa y la procedencia de sumanifestación a través de la enseñanza. Este caso seconstituye –a partir de ese momento y hasta 1993– comoel punto de referencia esencial de la jurisprudenciaeuropea en materia de libertad religiosa, pues sienta losprincipios fundamentales y define el alcance de lanormativa europea sobre la materia.

De tal forma, expresa la Corte que la disposicióndel artículo 2 del Protocolo 1, refiere especialmente alderecho de los padres para que se respeten susconvicciones religiosas o filosóficas,independientemente a que el proceso educativo de sushijos se lleve a cabo en centros públicos o privados.

Esto será así por el respeto y propensión quedebe existir hacia el pluralismo en la educación, lo cualla Corte considera como esencial para la preservaciónde la sociedad democrática en los términos de laConvención.18

Se aprecia entonces cómo a través de la labor deinterpretación de la Corte, se integra de manera directael texto del Protocolo con el de la Convención, a partirde una precisión realizada sobre el alcance de la primeraparte del artículo 2 del Protocolo, y su incidencia para laconservación del modelo democrático previsto yordenado por la Convención. Esta circunstancia la ponede manifiesto la misma Corte más adelante al referir quelas disposiciones del artículo 2 del Protocolo, deben seranalizadas no solamente entre sí mismas, sinoespecialmente en su relación directa con lo establecidoen los artículos 8, 9 y 10 del Convenio, los cuales detallan–especifica la Corte– el derecho de todas las personas–incluyendo padres y niños– de ser respetadas en suprivacidad y en su vida familiar, en su libertad depensamiento, conciencia y religión, y en la libertad derecibir e impartir ideas e informaciones.19

Del mismo modo, más allá de la trascendencia dedicha normativa para el respeto de las conviccionespersonales, la Corte define que el referido artículo 2 delProtocolo establece ciertas funciones y deberes paralos Estados en relación con la educación y la enseñanza.Especialmente indica la Corte que en virtud de talesobligaciones no debe el Estado promover ningunadistinción entre la enseñanza religiosa y otras materias,y que debe respetar las convicciones de los padres a lolargo de todo el programa educativo estatal20, con locual abre la protección conferida impidiendo que lamisma pueda ser interpretada de manera restrictiva paraaplicarla solamente hacia ciertos niveles educativos.Más aún, en una clara formulación abierta que denota

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el espíritu de la Corte por dotar de la mayor protecciónposible a la libertad religiosa en cuanto al ejercicio delderecho a la educación, dispone la Corte que estaobligación estatal referida en el artículo 2 del Protocolodebe aplicarse a todas las funciones estatalesrelacionadas con la educación y la enseñanza.

Es por ello que la Corte orienta a los Estados encuanto a lo que les es permitido realizar en ejercicio desu función educativa, sin lesionar la libertad religiosa.Como criterio orientador en este sentido, define la Corteque si bien es cierto el artículo segundo del Protocolodebe ser visto como un todo, la segunda disposicióndel mismo especifica el deber estatal de asegurarse deque la información y el conocimiento contenidos en lacurrícula académica están expresados de una maneraconvenientemente objetiva, crítica y pluralista. Señalaespecialmente que al Estado le está prohibido perseguirun objetivo de adoctrinamiento a través de la enseñanza,debido a que esto puede ser considerado un irrespeto alas convicciones religiosas y filosóficas de los padres.21

Aunque la Corte no lo expresa así en este párrafo de lasentencia del caso Kjeldsen, es claro que este límiteimpuesto al Estado en el ejercicio de su función educativatiene especial vinculación con el espíritu de convivenciademocrática que inspira el Convenio, como sí loreconoció la misma Corte al definir en párrafos anterioresel necesario carácter pluralista de la educación22, con locual se muestra también la estricta interpretación deeste artículo de conformidad con la disposición delartículo 9 del Convenio de Roma.

De tal forma, en el análisis y sentencia del casoKjeldsen, la Corte Europea establece al menos cincoprecisiones con respecto a la protección de la libertadreligiosa y su manifestación a través de la educación, yque pueden sintetizarse así:

a. El respeto a la libertad religiosa debepresentarse tanto en centros educativospúblicos como en los centros educativosprivados.

b. Los Estados deben favorecer una educaciónde carácter pluralista para preservar el sentidodemocrático que inspira al Convenio.

c. No deben existir distinciones entre la libertadreligiosa y las demás materias que conformanla currícula académica.

d. Los Estados deben proteger la libertadreligiosa a través de todo el programaeducativo y en todas las funciones estatalesrelacionadas con la enseñanza.

e. Los Estados deben evitar el adoctrinamientoa través de la educación; por el contrario,deben presentar los conocimientos demanera objetiva y pluralista.

Con estos criterios enfocados a la manifestaciónde la libertad religiosa en la educación pervivió el sistemaeuropeo durante otros quince años, mientras llegó a laCorte Europea un caso fundado especialmente en laalegada violación del artículo 9 del Convenio. Se tratadel caso Kokkinakis contra Grecia23, que se haconvertido en la base para la actual configuración de lalibertad religiosa en la jurisprudencia de la Corte Europeade Derechos Humanos.

De manera concisa, la Corte establece al menoscuatro principios generales que deben observarse parala debida protección de la libertad religiosa deconformidad con su formulación en el artículo 9 delConvenio. En primer término –tal como lo establece eltexto normativo– señala la Corte que la libertad depensamiento, conciencia y religión es uno de loselementos vitales más importantes para garantizar elpluralismo en una sociedad democrática, en el sentidoque el respeto a estas libertades es igualmentetrascendente para personas con convicciones religiosas,como también para agnósticos, escépticos, ateos eindiferentes. Precisa la Corte que el pluralismo esindisociable de las sociedades democráticas, y que comotal su existencia depende del respeto a estas libertadesasí consagradas24, con lo cual amplía así la noción depluralismo inicialmente definida en el caso Kjeldsen conrespecto a la variable educativa de la libertad religiosa,según ha sido visto.

En segundo lugar, señala también la Corte que lalibertad religiosa, si bien inicialmente es materia de laconciencia individual, también implica la libertad demanifestar la religión de cada quien, lo cual esconsustancial con la existencia de las conviccionesreligiosas. Asimismo, en tercer orden, esta definiciónseñala la posibilidad de manifestar la religión tanto enprivado como de manera comunitaria y con otraspersonas; particularmente, debe destacarse la precisiónde la Corte en el sentido que esta manifestación externatambién incluye o comprende en principio el derechode intentar convencer a los demás a la religión que cadacual profese25. Punto importante de este alcance definidopor la Corte, es que este derecho de intentar convencera los demás bien puede ser ejercido mediante laenseñanza, lo cual marca entonces la dirección hacia elartículo 2 del primer Protocolo a la Convención y semuestra nuevamente la estrecha vinculación entreambos articulados, y cómo la violación de una de estasnormas bien puede conllevar el infringir lacorrespondiente en el otro cuerpo normativo.

Por otra parte, y como cuarta precisión de estosprincipios generales, señala la Corte que elreconocimiento a la libertad religiosa que debe existiren las sociedades democráticas, en las cuales puedencoexistir varias y diversas religiones dentro de la misma

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población, puede hacer necesario establecerrestricciones a esta libertad con tal de reconciliar losintereses de los diversos grupos y asegurar que seanrespetadas las creencias de cada cual.26

Es a partir de esta última precisión que la Corte,siguiendo el modelo dispuesto y establecido por elpárrafo segundo del artículo 9 de la Convención, señalacómo deben ser juzgadas las limitaciones o restriccionesque impongan los Estados a la libertad religiosa, y defineen la sentencia un determinado formato para realizareste análisis y que ha seguido siendo utilizado en laposterior jurisprudencia de la Corte sobre esta materia.

El procedimiento utilizado por la Corte para talfin es –según lo dicho– seguir cuidadosamente loscriterios bajo los cuales, y de conformidad con el artículo9 del Convenio, pueden establecerse limitaciones a lalibertad religiosa. Señala el párrafo segundo de estanorma que las restricciones a la libertad religiosa debenestar previstas por ley y ser medidas necesarias en unasociedad democrática, con el fin de proteger la seguridady el orden público, la salud o la moral públicas, o losderechos y libertades de los demás, aspectos estosúltimos que la Corte pareciera englobar dentro delconcepto de objetivo o propósito legítimo. De tal forma,la Corte analiza las circunstancias bajo las cuales sehan impuesto las restricciones en cada caso particular,siguiendo un análisis de las mismas bajo los siguientestres capítulos: (1) si las restricciones son prescritas porla ley, (2) si persiguen un objetivo legítimo, y (3) si sonnecesarias en una sociedad democrática.

Lejos de definir y realizar determinacionesconceptuales sobre cada una de estas circunstancias,la Corte las establece y deja la respectiva valoración a lacasuística de cada asunto conocido. Sin embargo, sídebe mencionarse que la Corte previene en estasentencia a los Estados, al hacer referencia –aunque noexpresa– a sus anteriores decisiones donde se hapronunciado sobre las limitaciones a los derechosfundamentales. Específicamente dice la Corte que ellaha mantenido de manera consistente que los Estadosparte de la Convención poseen cierto margen deapreciación para decretar las restricciones y el grado deinterferencia adecuado, pero que este margen dedecisión estará siempre sujeto al control y supervisióneuropeo a través de los órganos del sistema. Así, refiereque en definitiva será la Corte quien determinará si lasmedidas adoptadas en el ámbito interno han sidojustificadas y proporcionadas27, o si por el contrariohan devenido en contrarias y violatorias de loestablecido en el artículo 9 del Convenio.

Por otra parte, siendo que el ejercicio de lalibertad religiosa en los términos vistos permite lamanifestación externa, incluso a través de la enseñanza,el caso Kokkinakis reviste especial importancia también

por la definición que en él se hace del concepto de“proselitismo inadecuado” –en otras jurisdiccionesllamado “proselitismo abusivo”–. Inicialmente señalala Corte que existe una radical diferencia entre elcomportamiento religioso testimonial y el “proselitismoque no es respetable”, siendo este aquel que consisteen métodos inmorales, engañosos o indignos paraintentar convertir a una persona a determinadaconvicción religiosa28. Posteriormente, la Corte precisaun poco más y establece una clara diferencia entre un“cristiano comportamiento testimonial”29 y el“proselitismo inadecuado”; entendiendo por aquél elverdadero evangelismo, el cual es una misión esencialy responsabilidad de cada miembro en cada confesiónreligiosa; mientras entiende por este una deformacióndel correcto precepto evangelizador. Especialmente,dice la Corte, el “proselitismo inadecuado” puedetratarse de ofrecer ventajas materiales o sociales, ejercerpresiones desmedidas sobre personas necesitadas, eluso de la violencia o el lavado de cerebro, todo conmiras a convencer a una persona de hacerse partícipede determinada convicción religiosa.30

De tal forma, si bien la libertad religiosa y sumanifestación externa comporta la posibilidad de intentarconvencer a los demás para que sean partícipes de ciertaconfesión religiosa, este intento de convencimiento nopuede tomar nunca la forma de un “proselitismoinadecuado”, el cual resulta incompatible con losconceptos de libertad de pensamiento, conciencia yreligión de los demás.31

Es así como, a partir del caso Kokkinakis, elsistema europeo cuenta ya con definiciones másprecisas para la valoración del alcance y contenido delprecepto de libertad religiosa establecido en los artículos9 y 2 del Convenio de Roma y su primer protocolo,respectivamente, por cuanto ya la Corte tuvo así laoportunidad de manifestarse expresamente sobre lanorma convencional y complementar así lo ya dichocon respecto al articulado del protocolo en el referidocaso Kjeldsen. La conjunción de ambospronunciamientos los ha convertido en especialreferencia de los demás asuntos que sobre esta materiaha conocido y resuelto la Corte Europea, y en los cualesha seguido definiendo precisamente conceptos yobligaciones estatales con el propósito de permitir unpleno ejercicio de la libertad religiosa en los términosestablecidos en el Convenio Europeo.

Una muestra de los avances posteriores al casoKokkinakis nos proporciona el siguiente panoramajurisprudencial.

En materia de evangelización, variable de lamanifestación externa de la libertad religiosa, la Corteha indicado que la misma es posible tanto entre igualescomo entre desiguales, es decir, que en supuestos, por

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ejemplo, de subordinación jerárquica, es perfectamenteposible la práctica de la evangelización sin que elloimporte o pueda ser considerado como un abuso deconfianza o algo impropio tratándose de relacionesjerárquicas. Ha dicho la Corte que limitar laevangelización para que sea sólo entre iguales, seríalimitar gravemente la libertad de religión.32 De estamanera, si bien se reconoce que ante la existencia derelaciones jerárquicas y de subordinación, la prácticade la evangelización, la manifestación y el proselitismoreligioso pueda motivar que los sujetos pasivos de lamisma se sientan compelidos a actuar o expresarse dedeterminada manera, la Corte privilegia la circunstanciade poder manifestar con total amplitud el credo religiosoprofesado, libertad que en definitiva debe prevaleceren estas circunstancias. En todo caso, es claro que elejercicio de la libertad religiosa en estos términos debedesarrollarse de conformidad con lo dispuesto en lanormativa y en las interpretaciones de la Corte, yespecíficamente este ejercicio debe ser realizado en unmarco de absoluto respeto a las libertades y derechosde los sujetos pasivos que aprecian o reciben lamanifestación religiosa.

Esto último ha sido reafirmado con posterioridadpor la Corte al resolver que el derecho a disfrutar de losderechos garantizados por el Convenio sin ser sometidoa discriminación, sería igualmente violentado cuando,sin justificación objetiva y razonable, los Estados notrataran de modo diferente a personas en situacionessensiblemente diferentes.33 En definitiva, una aplicacióndel principio de tratar de manera igual a los iguales, y demanera desigual a los desiguales.

Se ha afirmado ya la importancia dada por la Cortea la existencia del pluralismo como condición propiainherente a la existencia de la sociedad democrática.34

Este criterio ha sido reafirmado y reforzado por lajurisprudencia reciente de la Corte Europea, al señalarque los Estados deben abstenerse de emitir valoracionesen cuanto a la organización interna de las comunidadesreligiosas si estas presentan problemas de liderazgointerno. Sobre el particular, señala el Tribunal queaunque es posible que estas circunstancias puedanmotivar situaciones de tensión social, ello es unaconsecuencia inevitable del pluralismo, por lo que ensociedades democráticas los Estados deben abstenersede tomar medidas que busquen la cordialidad al internode las comunidades religiosas.35

Es conveniente una mayor precisión delconcepto “tensión” que utiliza la Corte en estaresolución. Esta decisión refleja el carácter amplio deprotección de que goza la libertad de practicar ymanifestarse de acuerdo a las personales conviccionesreligiosas y filosóficas, en el sentido que aunque esteejercicio lleve a producir una situación cismática en

alguna confesión, y que tal circunstancia puedaocasionar, a su vez, cierta tensión en la sociedad, elEstado debe evitar y le está prohibido por estadeterminación jurisprudencial, intervenir en lasdecisiones internas de la comunidad religiosa parapreservar así el pluralismo y con él la pervivencia delcarácter democrático de la sociedad. Distinto sería, porsupuesto, si esta tensión social provocada porsituaciones irregulares al interno de las comunidadesreligiosas, se transformase en comportamientos quepongan en peligro el orden o la seguridad públicos. Detal manera, esta expresa indicación a los Estados debeentenderse en la medida que las divisiones y problemasinternos de las comunidades religiosas se desarrollenen un determinado ámbito que, aún causando algunatensión social –sobre todo en el ámbito de pensamientoy manifestación de ideas– no llegue a ocasionarsituaciones de peligro para la seguridad y el ordenpúblicos. De ahí que resulte clave precisar el conceptode “tensión” que la Corte emplea en esta definiciónjurisprudencial, pues no se trata que ante talessupuestos de peligrosidad los Estados puedanintervenir de manera directa en la comunidad religiosa,pero sí procurar las vías adecuadas para la solución delos focos de conflicto; si no existiera tal situación depeligrosidad, el Estado debería abstenerse de todocomportamiento.

Este criterio ha sido utilizado y complementadopor la Corte en diversas oportunidades. Así, precisandoel papel del Estado en sus relaciones con las confesionesreligiosas, especialmente cuando estas manifiestenproblemas de organización interna, la Corte haexpresamente indicado que el Estado, en el ejercicio desu potestad reglamentaria y en su relación con lasdistintas religiones, cultos y creencias, debecomportarse de manera neutral e imparcial, ya que sedebe procurar el mantenimiento del pluralismo y el buenfuncionamiento de la democracia.36

Esta determinación trasciende la esfera de lassituaciones conflictivas al interno de las comunidadesreligiosas, pues como bien ha dicho la Corte, alcanzatambién a la consideración que el Estado pueda tenersobre la procedencia de los mismos cultos religiosos.Así, ha precisado la Corte que el derecho a la libertadreligiosa reflejada en el Convenio, excluye la apreciaciónque el Estado pueda tener sobre la legitimidad de lascreencias religiosas o a las modalidades de expresión deestas. Al mismo tiempo, en cumplimiento de aquel deberde abstención ya mencionado, señala la Corte que si ensupuestos de división al interno de una comunidadreligiosa el Estado actúa favoreciendo de cierta forma auno de los grupos enfrentados, estaría el Estado realizandocomportamientos atentatorios de la libertad de religión,debido a que en una sociedad democrática el Estado no

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necesita tomar medidas para garantizar la unidad al internode las comunidades religiosas.37

Concluye la Corte que, en estas circunstancias,toda actuación de las autoridades públicas quepretendan detener la causa de las tensiones –esto es,intervenir en el conflicto interno de la comunidadreligiosa– sería eliminar el pluralismo, por lo que, por elcontrario, la actuación estatal en estos supuestos debeir encaminada a asegurar la existencia de la tolerancia alinterno de la comunidad religiosa en situaciónproblemática.38

Un detalle relacionado con la práctica de latolerancia lo ha puesto de manifiesto la Corte aldeterminar que la tolerancia del Estado hacia lasconfesiones no reviste los mismos efectos ni comportalas mismas implicaciones jurídicas que el reconocimientohacia ellas. Define la Corte que sólo el reconocimiento –y no la tolerancia– puede conferir los derechosadecuados a las personas interesadas39, de donde resultaque si un Estado simplemente se limita a tolerardeterminada comunidad religiosa, sin ejercer sobre ellael pleno reconocimiento que sí pueda ejercer hacia otrascomunidades, estará incurriendo en violación de lalibertad religiosa en los términos del Convenio. Estopor cuanto, en ausencia del debido reconocimiento, laconfesión que sea tratada solamente con tolerancia yno con reconocimiento, estará imposibilitada deorganizarse y funcionar plenamente, lo cual conllevaque tal comunidad esté impedida para proteger supatrimonio –indispensable para la libertad de culto– ypara reunirse con fines religiosos.

En otro orden de ideas, el conocimiento que hahecho la Corte de asuntos sobre libertad religiosa, le hallevado también a pronunciarse sobre un aspectoestrechamente relacionado con el derecho a la objeciónde conciencia y a la desigualdad de trato por motivosreligiosos. Particularmente, la Corte ha señalado que sipor determinadas razones se ha hecho uso de laobjeción de conciencia por motivos religiosos, dichaactuación no puede devenir en posteriores y másgravosos comportamientos para el objetor. La posiciónde la Corte sobre el particular está orientada en el sentidode que la práctica de la objeción de conciencia porrazones religiosas no puede ni debe tener efectosjurídicos más allá de para lo cual fue debidamenteejercida, es decir, que al objetor de conciencia porasuntos religiosos debe respetársele a tal grado que esinconsecuente la aplicación sobre él de otras penas ocomportamientos lesivos a su integridad. Expresamente,ha indicado la Corte que la negativa manifestada por elobjetor para el cumplimiento de determinado acto quela persona considera lesivo de su libertad religiosa, nopuede traducirse en otros actos que puedan reducir lacapacidad de actuación de esta persona.40

Finalmente, en cuanto a la legitimación activapara acceder al sistema europeo de protección dederechos humanos ante presuntas violaciones de laslibertades consagradas en el artículo 9 del Convenio, yen general por comportamientos atentatorios de lalibertad religiosa, la Corte ha definido que a ella se puedeacudir tanto individual como colectivamente, otorgandoasí la posibilidad al órgano religioso representativo delas confesiones de acudir ante la Corte por sí misma yen nombre de sus fieles.41 Esto es, pues, lacomprobación y puesta en práctica en el ámbitojurisdiccional de la variable de manifestación comunitariade la libertad religiosa, premisa bajo la cual se entiendeadecuadamente la concesión de legitimidad activa tantopara los fieles propiamente dichos como para los órganoseclesiásticos por sí mismos o en representación deaquellos.

III.LA LIBERTAD RELIGIOSAEN AMÉRICA

1. BREVE REFERENCIA A LALIBERTAD RELIGIOSA EN ELSISTEMA INTERAMERICANODE PROTECCIÓN DE LOSDERECHOS HUMANOS

En el hemisferio americano la discusión en tornoa la adopción de instrumentos internacionales sobrederechos humanos rindió frutos previos a los del ámbitouniversal y europeo, al aprobarse la DeclaraciónAmericana de los Derechos y Deberes del Hombreescasos meses antes que la Declaración Universal.42

Del mismo modo que sus homólogos universal yeuropeo, la discusión y aprobación de este instrumentoestuvieron relacionadas con la conformación de unaorganización regional, en este caso, la Organización delos Estados Americanos y su carta fundacional,estableciéndose en este marco organizacional eldesarrollo del sistema interamericano de protección delos derechos humanos.43

Es en estos dos cuerpos normativos dondeprimero se encuentran referencias muy generales a lalibertad religiosa, pero más en el sentido de igualdad yno discriminación que de una protección expresa ypuntual. Así se encuentra en los artículos segundo ytercero de la Declaración Americana y de la Carta de laOrganización de Estados Americanos, respectivamente.Es el artículo tercero de la Declaración el que sí indicaexpresamente que:

“Toda persona tiene el derecho de profesarlibremente una creencia religiosa y de

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manifestarla y practicarla en público y enprivado.”De tal forma, es a partir de esta norma general de

la Declaración Americana que puede entenderse elposterior desarrollo normativo de la protección de lalibertad religiosa en el sistema interamericano deprotección de los derechos humanos. Si bien la fuerzanormativa de la Declaración –como declaraciónpropiamente dicha– es evidente que no goza en principiode similar sentido al que pueda poseer un textoconvencional, en el sistema interamericano laDeclaración sí goza de cierto valor vinculante para losEstados miembros de la OEA por dos razones esenciales:en primer lugar, los principios de la Declaración quedanincorporados en el texto de la Carta de la OEA, que sí esun tratado; y en segundo lugar, porque así lo ha resueltola misma Corte Interamericana de Derechos Humanosen ejercicio de su función consultiva, al resolver laOpinión Consultiva 10/89 determinando que “lacircunstancia de que la Declaración no sea un tratado,no lleva, entonces, a la conclusión de que carezca deefectos jurídicos, ni a la de que la Corte estéimposibilitada para interpretarla”.44

De tal forma, la libertad religiosa en el sistemainteramericano queda así protegida desde el texto mismode la Declaración y puede como tal ser así alegada antelas vías judiciales del sistema.45

Más allá de las disposiciones de la Declaración,es la Convención Americana sobre Derechos Humanosel instrumento que sí expresa de manera directa yespecífica la protección de la libertad religiosa. Primerolo hace a partir de una norma genérica sobre igualdadde trato y no discriminación –inciso 1 del artículo 1-.Para dar paso luego a la consideración específicacontenida en el artículo 12 del texto convencional, quetextualmente –y bajo el epígrafe de “Libertad deconciencia y religión”– indica:

“1. Toda persona tiene derecho a la libertad deconciencia y de religión. Este derecho implica lalibertad de conservar su religión o sus creencias,o de cambiar de religión o de creencias, así comola libertad de profesar y divulgar su religión osus creencias, individual o colectivamente, tantoen público como en privado.2. Nadie puede ser objeto de medidas restrictivasque puedan menoscabar la libertad de conservarsu religión o sus creencias o de cambiar dereligión o de creencias.3. La libertad de manifestar la propia religión ylas propias creencias está sujeta únicamente alas limitaciones prescritas por la ley y que seannecesarias para proteger la seguridad, el orden,

la salud o la moral públicos o los derechos olibertades de los demás.4. Los padres, y en su caso los tutores, tienenderecho a que sus hijos o pupilos reciban laeducación religiosa y moral que esté de acuerdocon sus propias convicciones.”Es evidente la similitud de esta norma con la

consecuente del artículo noveno del Convenio Europeo,salvedad hecha de la omisión en la norma americana deuna expresa mención a que la libertad religiosa puedeser manifestada mediante el culto, la enseñanza, lasprácticas y el cumplimiento de los ritos; a pesar de estaexpresa falta de mención, se considera que talesaspectos están implícitamente considerados en elpárrafo primero del artículo 12 de la ConvenciónAmericana, cuando refiere la libertad de profesar ydivulgar la religión o las creencias.46

Una semejanza adicional en el ámbito normativoentre ambos sistemas se encuentra también en cuantoal cuarto párrafo de la norma americana –sobre laenseñanza religiosa–, que se corresponde de una y otramanera con la disposición contenida en el artículo 2 delprimer Protocolo al Convenio Europeo.

De igual manera, ambos textos convencionalesson contestes en la admisión de limitaciones a la libertadreligiosa, las cuales pueden legítimamente ser impuestassi están debidamente prescritas por ley y son necesariaspara la protección de la seguridad, el orden, la salud o lamoral públicos, o los derechos y libertades de los demás.

Es en el ámbito jurisprudencial donde cesa todacomparación entre ambos sistemas, pues la labor delsistema europeo en materia de libertad religiosadesborda de manera notable lo actuado por su paramericano, y no se diga solamente en cuanto al ámbitodel órgano judicial de ambos sistemas, sino también enlo concerniente a lo tramitado y resuelto por lasrespectivas Comisiones, mientras existió la Europea.

El sistema interamericano muestra una evidentecarencia de casos relativos a la protección de la libertadreligiosa. La gestión de los órganos del sistema ha estadocopada por la tramitación y resolución de violacionesreferentes a derechos esenciales como la vida, la libertad,la integridad, la protección de las garantías judiciales,así como a la tutela de derechos políticos.47

En el ámbito de la jurisprudencia de la CorteInteramericana, solamente se encuentran dosreferencias indirectas a la protección de la libertadreligiosa, ambas en el ejercicio de su funciónconsultiva48; aún no conoce la Corte casos sobreviolación de la libertad religiosa actuando en la esferade su competencia contenciosa.

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Las menciones que la Corte Interamericana harealizado sobre la libertad religiosa, lo han sidoresolviendo Opiniones Consultivas relacionadas conla suspensión de garantías en supuestos de estados deexcepción. Particularmente, la Corte ha resuelto que ensituaciones de emergencia existen una serie de derechosque no pueden ser suspendidos; en la OpiniónConsultiva OC-8/87, la Corte determinó que no puedesuspenderse bajo ningún motivo el ejercicio de lasacciones de amparo y hábeas corpus, debido a queconstituyen garantías judiciales indispensables para laprotección de derechos y libertades que asimismo noson dables de ser suspendidas.49

De igual manera, en la Opinión Consultiva OC-9/87, la Corte reiteró que el hábeas corpus, el amparo ytodo otro recurso efectivo ante los tribunalescompetentes no pueden ser objeto de suspensión encasos de estados de excepción, así como tampoco debeser suspendido todo procedimiento judicial inherente ala forma democrática y representativa de gobierno.50

Estas menciones a las referidas OpinionesConsultivas vienen en razón de lo establecido en elartículo 27 de la Convención Americana, el cual regulalos supuestos de suspensión de garantías en casos deestados de excepción. Señala la norma del artículo 27–en lo conducente– que:

“1. En caso de guerra, de peligro público o deotra emergencia que amenace la independenciao seguridad del Estado parte, éste podrá adoptardisposiciones que, en la medida y por el tiempoestrictamente limitados a las exigencias de lasituación, suspendan las obligaciones contraídasen virtud de esta Convención, siempre que talesdisposiciones no sean incompatibles con lasdemás obligaciones que les impone el derechointernacional y no entrañen discriminaciónalguna fundada en motivos de raza, color, sexo,idioma, religión u origen social.2. La disposición precedente no autoriza lasuspensión de los derechos determinados enlos siguientes artículos: (…) 12 (Libertad deConciencia y de Religión)…”De tal forma, es evidente que la Convención

Americana brinda una protección especial a la libertadreligiosa, en el sentido de que la misma no puede sersuspendida ni aún en supuestos de estados deexcepción, y si lo fuera, y he aquí la trascendencia delas citadas resoluciones de la Corte, su protección seríaposible a través de los procedimientos judicialesapropiados para su defensa, debido a que el amparo –en este caso la acción más cercana para favorecer suprotección– tampoco puede ser objeto de suspensiónen estos supuestos.

Lo que sí debe notarse como punto decomparación entre los sistemas, es que la CorteInteramericana, a través de su interpretación dada en laOC-9/87 con respecto a la insuspendibilidad de todoprocedimiento tendente a salvaguardar la formademocrática y representativa de gobierno, tiende unpuente hacia la específica norma convencional europeadel artículo noveno, que señala que las restriccionesque se apliquen a la libertad religiosa deben sersolamente las que sean permitidas y consecuentes enuna sociedad democrática. De tal manera, la “libertadde conciencia, pensamiento y religión” del ConvenioEuropeo, y la “libertad de conciencia y religión” de laConvención Americana –a través de la protección queposibilita el mismo texto convencional y la jurisprudenciade la Corte– son establecidas y definidas en ambossistemas como elementos inherentes y propios de lassociedades democráticas. He aquí un punto de encuentroentre los sistemas, punto de encuentro que trasciendela esfera de las definiciones normativas yjurisprudenciales y se ubica más en la idea y conceptoconsustancial de los derechos humanos y la democracia.

2. DIÁLOGO SININTERLOCUCIÓN: LAPROTECCIÓNCONSTITUCIONAL DE LALIBERTAD RELIGIOSA ENCOSTA RICA. LOS PUNTOS DEENCUENTRO ENTRE LAJURISPRUDENCIA NACIONALY LA JURISPRUDENCIAEUROPEA

La Constitución Política de la República de CostaRica confiere al Estado costarricense la confesión de lareligión católica, apostólica y romana. No obstante,igualmente señala y establece el libre ejercicio de otroscredos religiosos que no se opongan a la moral universalni a las buenas costumbres, con lo cual abre claramentelas opciones y posibilidades para la válida existencia ypráctica de confesiones distintas a la católica.Textualmente, el artículo 75 constitucional refiere que:

“ARTÍCULO 75.– La Religión Católica,Apostólica, Romana, es la del Estado, el cualcontribuye a su mantenimiento, sin impedir ellibre ejercicio en la República de otros cultosque no se opongan a la moral universal ni a lasbuenas costumbres.”

51

En Costa Rica, la reforma parcial de la Constituciónrealizada en 1989 introdujo un órgano especializado dejurisdicción constitucional al interno de la Corte Suprema

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de Justicia, órgano que además ejerce la jurisdicción demanera absolutamente concentrada52. Asimismo, amplióel catálogo de derechos, al definir que toda persona tendrálas garantías del amparo y del hábeas corpus para protegerel goce de los derechos reconocidos en la Constitucióny en los instrumentos internacionales sobre derechoshumanos. Sin embargo, esta reforma no modificó elartículo 7 constitucional, el cual define con precisióntextual que los tratados tendrán una jerarquía superior ala legislación ordinaria pero inferior a la ConstituciónPolítica.

No obstante, en su gestión jurisdiccional, lapropia Sala Constitucional ha interpretado y actualizadoaquella reforma constitucional al punto de reconocer yaplicar de manera contundente lo que ha dado en llamarel Derecho de la Constitución, como todo un elaboradoconjunto normativo y jurisprudencial que trasciendecon holgura los límites del tradicional derechoconstitucional. Para ello, la Sala definió inicialmente quelos principios establecidos en los conveniosinternacionales sobre derechos humanos son valoressuperiores del estado social de derecho vigente.53 Másadelante, la Sala refirió a la complementariedad de losinstrumentos internacionales, que al haberse integradoal ordenamiento por la vía constitucional, locomplementan necesariamente.54 Siguiendo esta líneade argumentación la Sala estableció, entre otrasconclusiones, que aquella reforma constitucional habíamodificado de manera tácita el artículo 7 en cuanto a lajerarquía de los tratados sobre derechos humanos, yque a partir de ese momento, y en todo aquello en quelos instrumentos internacionales brindaran mayorprotección a la persona, la Constitución Política de CostaRica se encontraba en una posición de subordinacióncon respecto a aquellos.55

Así, se configuran plenamente como parámetrosde constitucionalidad también a los instrumentosinternacionales sobre derechos humanos, incluidas lasdeclaraciones e incluso otros instrumentosinternacionales, debido a que la introducción de la cargade valores y principios así incorporados al ordenamientomediante el Derecho de la Constitución, daba cabidatambién a otros textos con diferente fuerza normativa56.

Valga este preámbulo para dar debida explicacióna que la consideración –y con ella la protección–constitucional de la libertad religiosa en Costa Ricatrasciende la específica norma del artículo 75 de laConstitución, pues a través de la jurisprudencia deltribunal constitucional costarricense, esta norma se veconvenientemente actualizada y complementada con lasexpresas disposiciones de origen internacional sobre lamateria que se apliquen en el país, específicamente, lostextos de la Declaración y Convención Americanas enlos términos vistos en el apartado anterior, así como de

los demás instrumentos internacionales que así laconsideren y resulten de especial aplicación.

Siendo lo anterior la faceta normativa de lalibertad religiosa en Costa Rica, resulta prudente anotarque las acciones jurisdiccionales invocando la debidaprotección ante presuntas amenazas, han versadomayoritariamente en el seno de la Sala Constitucionalcon respecto a la variable de su manifestación externa,lo cual no ha imposibilitado a la Sala para dictarlineamientos concretos sobre la conceptualización ypracticidad de la libertad religiosa.

En este sentido, situándose tan sólo dos mesesdespués de que la Corte Europea de Derechos Humanosresolviera el caso Kokkinakis, la Sala Constitucionaldicta una sentencia que ha tenido una utilidad pioneraen este campo. La Sala inicia por intentar precisar elconcepto de orden público que consta en el texto delartículo 75 constitucional –en similares términos a comoaparece en el Convenio Europeo y la ConvenciónAmericana–; indica la Sala que este término puede serutilizado tanto para afirmar los derechos de la personafrente al poder público, como para justificar limitacionesa los derechos en nombre de los intereses colectivos.Continúa la Sala argumentando que bajo el conceptode orden público no se trata únicamente delmantenimiento del orden material en las calles, sinotambién del mantenimiento de cierto orden jurídico ymoral, de manera que está constituido por un mínimo decondiciones para una vida social, conveniente yadecuada, y que su fundamento son la seguridad de laspersonas y de los bienes, la salubridad y la tranquilidad.57

Específicamente sobre la libertad religiosa, la Salaha señalado que considerando a la misma en cuanto alplano individual, debe ser entendida como un derechosubjetivo individual que debe esgrimirse ante el Estadopara exigirle abstención y protección ante ataques deotras personas o entidades.58 Asimismo, especifica laSala, la libertad religiosa posee también un plano social,mejor conocido como “libertad de culto”, y que setraduce en el derecho a practicar externamente laspropias convicciones. Bajo esta última orientación –elplano social de la libertad religiosa– se integran lalibertad de proselitismo o propaganda, la libertad decongregación o fundación, la libertad de enseñanza, elderecho de reunión y asociación y los derechos de lascomunidades religiosas, entre otros.59

Lo anterior reviste particular importancia en elcontexto costarricense, donde tradicionalmente se hadenominado a la “libertad religiosa” bajo este conceptode “libertad de culto”. Así, la Sala introduce una variableen esa tradicional e imprecisa identificación, al establecerclaramente que el concepto de “libertad religiosa” vamás allá de lo que en específico es la “libertad de culto”.Es por ello que la Sala se encarga igualmente de precisar

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aún más este último concepto, reiterando que se tratade la manifestación externa de la libertad religiosa y quecomprende el derecho a mantener lugares de culto ypracticar el mismo dentro y fuera de tal recinto, siempreque tal práctica esté sujeta a las limitacionesestablecidas.60

Es igualmente destacable en el ámbito nacionalla atemperación que por acción de la Sala se introduceen la interpretación del texto del artículo 75constitucional. Se veía anteriormente que la Constitucióncostarricense confiere al Estado una determinadaconfesión, incluso determinando que el Estado debecontribuir a su mantenimiento, lo cual desde unainterpretación dogmática y textual puede inducir aapreciar cierta discriminación en el trato del Estado hacialas demás confesiones existentes en el país. Sinembargo, en ejercicio de su facultad de intérpreteconstitucional, la Sala determinó que dicha disposiciónno puede interpretarse en sentido restrictivo, sinoampliativo o extensivo, de donde resulta que en virtuddel mandato establecido en dicha norma constitucionalel Estado posee una obligación general de cooperarcon las diferentes confesiones religiosas que profesanlos habitantes del país, y de manera específica con laIglesia Católica. Asimismo, concreta la Sala, talobligación particular para con la Iglesia Católica no debeser entendida propiamente como una asistencia definanciamiento económico, sino más bien en posibilitarla formación religiosa en los centros docentes públicos.De lo anterior, concluye la Sala, el hecho de que el textoconstitucional de 1949 se exprese de la manera vista nodebe entenderse como un indicador de parcialidad de laConstitución en beneficio de una confesión religiosadeterminada, sino como un indicador de una realidadsociológica que no puede implicar la discriminación paralas demás confesiones y sus adeptos por parte de lospoderes públicos.61

Aquí, además de la destacable “actualización”del texto constitucional operado por la vía de lainterpretación judicial de la Constitución, surgen doselementos importantes a tomar en consideración. Elprimero de ellos es la referencia directa a que dichomandato se traduce en posibilitar la enseñanza religiosaen los centros públicos, omitiendo toda referencia a loscentros privados.62 No obstante, aún haciendoreferencia sólo a los centros educativos de carácterpúblico, si se sigue la interpretación final de la Sala encuanto a la imposibilidad de discriminación deconfesiones, podría válidamente concluirse con que estaenseñanza religiosa a realizar en los centros públicosdebe ser lo consecuentemente inclusiva para no causardiscriminación para con los practicantes de otrasreligiones. Sin embargo, según se verá a continuación,esta circunstancia ha quedado salvada a través de unmecanismo de no evaluación, que ha sido igualmente

protegido por la Sala; además, es claro que la Sala serefiere expresamente sólo a la educación pública en elsentido que es en ella donde más directamente debe ypuede influir el Estado, y que se refiere a la enseñanzareligiosa católica porque es esta confesión a la que semenciona directamente en el artículo 75 de laConstitución y de donde surge la interpretación de laSala en los términos reseñados –en cuanto a que laobligación de mantenimiento se traduce en posibilitarla enseñanza religiosa–.

El otro elemento a destacar es la lógica cadenaconsecuencial que deviene de no discriminar a las demásconfesiones religiosas, pues bien advierte la Sala que alplasmarse el reconocimiento al libre ejercicio de otrasconfesiones, se impone allí la imposibilidad dediscriminarles a ellos y a sus adeptos. Es decir, la Salaespecifica y traduce, como en consecuencia debe ser, laprotección de la manifestación en comunidad a lamanifestación individual, complementando una vez másel concepto de libertad religiosa para que sea entendidotanto en su dimensión individual como en su dimensiónsocial o en comunidad, es decir, tanto en sumanifestación interna como en su manifestación externa.

Los principios establecidos en esta primerasentencia sobre libertad religiosa de la SalaConstitucional han sido reiterados y fortalecidos endiversas ocasiones. Párrafos atrás se hacía referencia ala integración del ordenamiento costarricense con losinstrumentos internacionales de protección de losderechos humanos, y que por tanto la dimensión jurídicade la libertad religiosa trascendía lo propiamenteestablecido en la normativa constitucional. En estesentido, en una ocasión posterior, la Sala aplicadirectamente el texto de la Convención Americana sobreDerechos Humanos para precisar adecuadamente elcontenido de la “libertad de culto”, para de conformidadcon el texto del artículo 12 convencional definir que lalibertad de culto deviene como algo natural de la libertadreligiosa consagrada en aquel, y entendiendo a la mismacomo la libertad para realizar prácticas religiosas externas–incluyendo la enseñanza religiosa–, al mismo tiempoque incluye también el derecho a establecer y mantenerlugares de culto. Define también la Sala en esta ocasión,que si la libertad religiosa contiene tanto un carácterindividual como uno colectivo, la cobertura de estalibertad alcanza también a los derechos de asociación yreunión con fines religiosos.63 Esta última consideraciónes precisamente la actualización de la anteriorjurisprudencia de la Sala ya referida, y que precisaadecuadamente la relación de la libertad religiosa conotras definiciones sobre derechos fundamentales, dedonde válidamente se concluye que de conformidadcon la apreciación de la Sala, una violación de la libertadreligiosa en cuanto a su manifestación externa ycomunitaria –“libertad de culto”– devendría igualmente

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en la violación de los derechos de asociación y reunióncon fines religiosos.

En similar sentido, además de la referencia al textode la Convención Americana, la Sala igualmente hareferido al artículo 18 de la Declaración Americana parafundar sus apreciaciones sobre libertad religiosa,evidenciando aún más la influencia de los instrumentosinternacionales sobre el ordenamiento interno. De igualmanera, siguiendo con la línea de relacionamiento de lalibertad religiosa con otros derechos fundamentales,definió la Sala que existen también vínculos indisolublescon la libertad, la autodeterminación, la integridadpersonal –psíquica y moral– y la dignidad humana64,los cuales se unen de esta forma con los derechos deasociación y reunión en los términos vistos en el párrafoanterior, y de donde se colige la configuración de lalibertad religiosa como una libertad directa yestrechamente relacionada con el contexto integral dederechos fundamentales y libertades públicas vigenteen el país, el cual, según lo dicho, se compone de laintegración de las normas nacionales con las normas deorigen internacional sobre la materia.

La protección de la libertad religiosa en el ámbitonacional costarricense, a partir de estas definicionesconceptuales sobre su contenido y alcances realizadaspor la Sala Constitucional, ha versado básicamente sobreasuntos relacionados con la manifestación externa através de la enseñanza, debiendo pronunciarse la Salaen diversas ocasiones, protegiendo las conviccionesde alumnos en centros educativos públicos, tanto denivel secundario como universitario.

En este sentido, la Sala ha definido ciertosprincipios básicos a los cuales atenerse para la debidaprotección de la libertad religiosa en la enseñanza. Quizáel más general de estas directrices sea la obligación deabstenerse de impartir lecciones de religión o éticacristiana a aquellos alumnos que no profesen estaconfesión, esto con la finalidad de proteger lasconvicciones personales del alumno y no imponerle unaenseñanza que pueda reñir con la práctica de su propiaconfesionalidad.65 Esta determinación se complementócon la especificación que posteriormente realizó la Sala,para determinar que esta práctica de abstención deimpartir las lecciones de religión o ética cristiana nopodía supeditarse o condicionarse a requisitos detiempo y forma a cumplir por la persona afectada66,debido a que todas las personas son libres de mantenero bien de cambiar en cualquier momento susconvicciones religiosas y hacerlo de cualquier forma.De lo anterior se concluye que el deber de abstenciónde impartir o evaluar en el ámbito académico la asignaturade religión o ética cristiana debe mantenerse vigente entodo tiempo y lugar, por cuanto debe privar el respeto alas convicciones personales por sobre ciertas órdenes

administrativas reguladoras de los procesoseducativos.67

Es importante señalar que la Sala reconoce laprotección de la libertad religiosa en estos términosincluso y especialmente a los menores de edad –especialmente porque una buena parte del procesoeducativo se desarrolla mientras las personas son aúnmenores de edad–, a quienes también asiste estaposibilidad de atemporalidad e informalidad parareclamar ese deber de abstención. A ello llega la Sala enuna nueva aplicación de normativa de origeninternacional, haciendo uso de la norma del artículo 14de la Convención Internacional de los Derechos delNiño –que impone a los Estados el deber de respetar elderecho del niño a la libertad de pensamiento, deconciencia y de religión–. En este sentido, define laSala que dicha normativa implica para el Estadocostarricense el deber de respetar en forma absoluta lasdecisiones que tome una persona menor de edadrespecto de sus creencias religiosas, y que el Estado ylos mismos padres del menor, solamente poseen el deberde velar por que estas creencias no sean contrarias alinterés superior del niño y que no sean contrarias alorden público, la moral o las buenas costumbres.68 Enotras palabras, a más de afirmar que el Estado posee taldeber de abstención, la Sala reconoce la plena capacidadjurídica de los menores de edad en cuanto a su libertadreligiosa en los términos señalados por la ConvenciónInternacional de los Derechos del Niño, y que deconformidad con lo visto, alcanza todo el ámbito deprotección según lo establece la norma constitucionalcostarricense, la normativa de origen internacional comola Convención y Declaración americanas, y lajurisprudencia interpretativa y aplicativa de la SalaConstitucional.69

Finalmente, se ha referido la actualización porvía jurisprudencial del sentido textual del artículo 75 dela Constitución Política, en el sentido de la inexistenciade discriminación de las demás confesiones aunquedicha norma refiera y conceda al Estado la religióncatólica, apostólica y romana. Igualmente, se refirió aldimensionamiento que se hace del deber demantenimiento que allí se expresa, para que el mismo nose entienda de manera restrictiva sino extensiva a lasdemás confesiones existentes en el país. De tal manera,la Sala ha dado en identificar este “mantenimiento” comoun “deber de cooperación” del Estado para con lasdiferentes confesiones, en virtud del cual laadministración pública debe abstenerse de convocaractuaciones que interfieran con el ejercicio de la libertadreligiosa ampliamente considerada, tanto en su ámbitoindividual como colectivo, alcanzando por lo tanto estaprohibición a los centros de enseñanza públicos,quienes en virtud de proteger la práctica religiosa de lasdiferentes confesiones deben atender a tales

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circunstancias al momento de definir la realización deciertos comportamientos como la presentación deexámenes y el cumplimiento de todo tipo de pruebasque ameriten la actuación personal directa de sujetosimposibilitados de cumplirlas en razón de su prácticareligiosa.70

De tal manera, la Sala argumenta que de lainterpretación extensiva de la norma referente al “deberde mantenimiento”, se deriva un “deber de cooperación”del Estado para con todas las confesiones religiosas,“deber de cooperación” que se violentaría –al mismotiempo que lo sería la libertad religiosa en sí– si lasadministraciones públicas obligasen a las personas arealizar determinados actos aún cuando ellas se veanimposibilitadas de cumplirlos porque consideren quedeben cumplir primero con los preceptos y las prácticasde la convicción religiosa que profesen. De lo anterior,resulta entonces no sólo una interpretación extensivadel artículo 75 constitucional, sino en efecto una muyamplia protección de la libertad religiosa en todas susmanifestaciones, por cuanto se privilegia la práctica yobservancia de preceptos y ritos religiosos por sobreactuaciones ante las administraciones públicas,incluyendo en ellas por supuesto, los centros deenseñanza públicos.71

IV. A MODO CONCLUSIVO:ALGUNAS PRECISIONESJURISPRUDENCIALESSOBRE LA LIBERTADRELIGIOSA EN LOSSISTEMAS EUROPEO,INTERAMERICANO YCOSTARRICENSE DEPROTECCIÓN DE LOSDERECHOS HUMANOS

El estudio de la jurisprudencia de la CorteEuropea de Derechos Humanos, de la CorteInteramericana de Derechos Humanos, y de la SalaConstitucional de la Corte Suprema de Justicia de CostaRica, permite identificar una mediana sintonía en cuantoa la protección de la libertad religiosa, especialmente enlo que concierne a las apreciaciones del tribunal europeoy del tribunal nacional referidos, pues el sistemainteramericano aún está por conocer la materia de lalibertad religiosa en sede de la competencia contenciosade la Corte Interamericana.

De tal forma, la jurisprudencia que ha sido objetode análisis y comentario en la precedente exposiciónaporta las siguientes conclusiones específicas:

1. La libertad religiosa en el sistema europeo dederechos humanos muestra una especial vertienteen cuanto a su manifestación externa, especialmenteen lo atinente a la consideración de la libertadreligiosa en relación con el derecho a la educación,circunstancia ya reconocida normativamente através del artículo 2 del Protocolo 1 al ConvenioEuropeo.

2. El pluralismo, a más de su trascendencia en cuantoal sistema democrático de organización social, es ala vez punto de particular atención en lo quecorresponde a las relaciones entre la educación y lalibertad religiosa, pues el respeto del pluralismo enla educación es considerado como esencial para lapreservación de la sociedad democrática en lostérminos de la Convención Europea. Estacircunstancia motiva a que la referida disposión delProtocolo, deba ser analizada de conformidad consu relación directa con lo establecido en los artículos8, 9 y 10 del Convenio Europeo. De tal forma, se hadefinido que el pluralismo es indisociable de lassociedades democráticas, y que como tal su existenciadepende del respeto a las libertades.

3. La consideración de la libertad religiosa en elsistema europeo determina que la misma goza deuna protección ampliada en el ámbito educativo,de manera tal que deba ser respetada a lo largo detodo el programa educativo estatal, y que tal respetodeba ser entendido y aplicado en todas lasfunciones estatales relacionadas con la educacióny la enseñanza.

4. En ese sentido, la jurisprudencia ha sido clara en ladefinición de que al Estado le está particularmenteprohibido perseguir un objetivo de adoctrinamientoa través de la enseñanza, ya que tal comportamientopuede ser considerado como un irrespeto a lasconvicciones religiosas y filosóficas de los padresque matriculan a sus hijos en el sistema educativo.

5. El estudio casuístico realizado por la Corte Europeade Derechos Humanos para determinar la violaciónde la libertad religiosa en los términos del Conveniodetermina las circunstancias bajo las cuales se hanimpuesto restricciones a la libertad religiosamediante un estudio pormenorizado que intentaseguir un hilo argumentativo que permita a la Cortedeterminar si las restricciones impuestas han sidoprescritas por la ley, si han perseguido un finlegítimo, y si han sido necesarias en una sociedaddemocrática, elementos todos definidosnormativamente en el artículo 9 del ConvenioEuropeo.

6. La Corte Europea ha determinado el alcance delllamado “proselitismo inadecuado”, entendiéndolecomo aquel que consiste en métodos inmorales,

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engañosos o indignos para intentar convertir a unapersona a determinada convicción religiosa,ofreciendo ventajas materiales o sociales, ejerciendopresiones desmedidas sobre personas necesitadaso incluso recurriendo a la violencia y aladoctrinamiento mental. De tal forma, todamanifestación de la libertad religiosa que pretendaatraer creyentes hacia determinada confesión, debeser cuidadosa de no caer en la práctica del“proselitismo inadecuado” si pretende mantenersedentro de los límites válidamente establecidos parael ejercicio de la libertad religiosa.

7. Del mismo modo, y siempre en atención a lamanifestación externa de la libertad religiosa, laevangelización puede válidamente practicarse aúnentre desiguales, entendiendo por tales a personassituadas en una relación de jerarquía osubordinación, sin que ello impliquenecesariamente la violación a la libertad religiosaen los términos del Convenio. Esto por cuantolimitar la evangelización para que lo fuera solamenteentre iguales sería limitar gravemente la libertad dereligión.

8. En cuanto a las obligaciones estatales parapreservar la libertad de religión, se ha definido quelos Estados deben abstenerse de emitir valoracionesen cuanto a la organización interna de lascomunidades religiosas, salvo que problemas deliderazgo interno puedan revestir serias amenazasa la seguridad y al orden públicos, en cuyo casolos Estados solamente pueden tomar las medidasapropiadas para preservar la tolerancia a lo internode la comunidad religiosa. Igualmente, debentambién los Estados abstenerse de emitirapreciaciones sobre la legitimidad de las creenciasreligiosas y sus modalides de expresión, igualmentesalvo que las mismas riñan abiertamente con laseguridad y el orden públicos.

9. Debe destacarse la diferenciación que la Corte hacede los términos “tolerancia” y “reconocimiento” alos efectos de la libertad religiosa, ya que la“tolerancia” no reviste los mismos efectos nicomporta las mismas implicaciones jurídicas que el“reconocimiento” de las comunidades religiosas,ya que sólo el “reconocimiento” puede conferir losderechos adecuados a las personas interesadas.

10. Importante mención debe darse también al ejerciciodel derecho de objeción de conciencia por motivosreligiosos, ya que cuando el mismo es ejercido nopuede dar lugar a posteriores y más gravososcomportamientos para el objetor, es decir, que estapráctica no debe tener más efectos jurídicos quelos precisos para lo cual fue debidamente ejercida.

11. En cuanto a los aspectos procedimentales, el accesoal sistema europeo ante presuntas violaciones a lalibertad religiosa, está permitido tanto a las personasen cuanto tales como a las comunidades religiosaspor sí o en representación de sus adeptos. De talforma, la libertad de religión en su variable demanifestación en comunidad tiene efectos jurídicos,incluso para el acceso al sistema europeo dederechos humanos, al mismo tiempo que estaprotección procesal refleja el adecuado carácterconsustancial entre la manifestación individual yla manifestación externa y en comunidad de lalibertad religiosa.

12. A diferencia de la profusa producciónjurisprudencial del sistema europeo en cuanto a lalibertad religiosa, en el sistema interamericanoresulta evidente la ausencia de casos específicosconocidos por el órgano judicial del sistema, siendoque a la fecha la Corte Interamericana solamente hatenido oportunidad de pronunciarse sobre el temade manera indirecta y en ejercicio de su funciónconsultiva.

13. Estos pronunciamientos de la Corte Interamericanahan reafirmado claramente los preceptos delartículo 12 en relación con el artículo 27 de laConvención Americana sobre Derechos Humanos,para determinar que la libertad religiosa no puedeser suspendida en supuestos de estados deexcepción, y que aún en dichas situaciones, lalibertad religiosa goza de todos los mecanismosjurisdiccionales –como el amparo– para asegurarsu respeto y protección.

14. A pesar de la ausencia de mayores desarrollosjurisprudenciales en el sistema interamericano, sídebe destacarse como punto de encuentro entreambos sistemas la convicción de ambos tribunalesde que la libertad de pensamiento, conciencia yreligión resulta un elemento propio e inherente alas sociedades democráticas, por lo que todarestricción que se pretenda imponer a la libertadreligiosa lo debe ser solamente bajo la formapermitida y consecuente en una sociedaddemocrática.

15. En el caso específico de la protección de la libertadreligiosa en Costa Rica, debe entenderse que lamisma trasciende la disposición constitucionalsobre la materia, para quedar integrada igualmentepor los textos consecuentes de la Declaración yConvención Americanas sobre Derechos Humanos,la Convención Internacional de los Derechos delNiño, y todo otro instrumento internacional deprotección de los derechos humanos que brindemayor protección a la persona y que resulte vigenteen el país, de modo que toda la carga principial de

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estos instrumentos informan y complementan ladefinición y protección de la libertad religiosaprevista en el ámbito constitucional.

16. La Sala Constitucional de la Corte Suprema deJusticia definió que la libertad religiosa, en cuantoal plano individual, debe ser entendida como underecho subjetivo individual que debe esgrimirseante el Estado exigiéndole abstención y protecciónante ataques de otras personas o entidades.

17. Igualmente reconoce la Sala el plano social de lalibertad religiosa, mejor conocida como la “libertadde culto”, y a la cual se integran la libertad deproselitismo o propaganda, la libertad decongregación o fundación, la libertad de enseñanza,el derecho de reunión y asociación y los derechosde las comunidades religiosas; asimismo, seintegran en él la libertad de autodeterminación, laintegridad personal –psíquica y moral– y ladignidad humana. Con lo anterior, se refleja laespecífica inserción y estrecha vinculación de lalibertad religiosa en el entramado de las libertadespúblicas y derechos fundamentales.

18. De conformidad con el texto constitucional y suinterpretación judicial, la relación del Estadocostarricense con la confesión católica debeorientarse a posibilitar la enseñanza religiosa enlos centros públicos, pero omite toda consideracióncon respecto a los centros privados de enseñanza.Esta enseñanza en los centros públicos debe ser losuficientemente inclusiva para no discriminar a lasdemás confesiones.

19. En este sentido, se define una serie de obligacionespara el Estado en cuanto al ejercicio de su potestadeducativa, de manera que debe el Estado abstenersede impartir lecciones de religión o ética cristiana aaquellos alumnos que no profesen esta confesión;la petición para que ello sea así puede ejercerse demanera atemporal e informal, y a la vez estaobligación del Estado debe mantenerse vigente entodo tiempo y lugar.

20. La posibilidad de acudir a dicha solicitud deabstención se reconoce incluso a los menores deedad, en virtud de la expresa disposición del artículo14 de la Convención Internacional de los Derechosdel Niño. La aplicación de esta normativa determinaque en Costa Rica y a efectos de la libertad religiosa,se reconozca a los menores plena capacidad jurídicaen los términos indicados por la Convención, loque determina que el Estado y los padres solamenteposeen el deber de velar por que las creenciasadoptadas y manifestadas por el menor no seancontrarias al interés superior del niño y que no seancontrarias al orden público, la moral o las buenascostumbres.

21. La interpretación del artículo 75 de la ConstituciónPolítica da origen a un llamado “deber decooperación” del Estado para con las diferentesconfesiones, en virtud del cual la administracióndebe abstenerse de programar actos que interfierancon el ejercicio de la libertad religiosa de losadministrados. Este deber de abstención, departicular trascendencia para efectos de laenseñanza y actos académicos, determina que envirtud de proteger la libertad religiosa en un sentidoamplio, se privilegie la práctica y observancia depreceptos y ritos religiosos por sobre lasactuaciones ante la administración pública.

22. De conformidad con los textos jurisprudencialesobjeto de consideración, resulta destacable que laprevisión normativa de la libertad religiosa muestrauna formulación bastante coincidente en el ámbitode los sistemas europeo e interamericano deprotección de los derechos humanos; no sucedeasí con respecto a la primaria definición delarticulado de la Constitución Política costarricense–en todo caso levemente anterior a las definicionesnormativas de los sistemas mencionados–, lo cuales suplido adecuadamente mediante lainterpretación integradora realizada por la SalaConstitucional de la Corte Suprema de Justicia.

23. No obstante, a pesar de estas similaresformulaciones normativas, el conocimiento de casosy la consiguiente producción jurisprudencial esevidentemente mayor en tratándose del sistemaeuropeo de derechos humanos. Sin embargo, paraello debe tomarse en cuenta tanto la mayorexperiencia histórica del mismo, como laparticularidad de casos objeto de su conocimientodesde la entrada en vigor y funcionamiento de laCorte Europea de Derechos Humanos. De ahí, queal momento actual resulte inviable todo mayorejercicio de comparación entre los sistemas en estamateria.

24. Donde sí parece existir un eco inconsciente de losprincipios jurisprudencialmente precisados por laCorte Europea de Derechos Humanos, es en elámbito de la jurisprudencia de la Sala Constitucionalde la Corte Suprema de Justicia de Costa Rica. Lasdefiniciones nacionales formuladas sobre losdeberes del Estado con respecto a su ejercicio de lapotestad educativa, guardan bastantes similitudescon algunos de los principios definidos por la CorteEuropea desde su resolución sobre el casoKjeldsen. Así, por ejemplo, el deber de respetar lalibertad religiosa, (i) incluso de los menores deedad, (ii) en el transcurso de todo el procesoeducativo estatal, (iii) en todas las funcionesestatales relacionadas con la enseñanza y la

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educación, (iv) así como el deber del Estado decomportarse de manera neutral e imparcial en susrelaciones con todas las confesiones, son elementosigualmente presentes en las formulacionesjurisprudenciales de la Sala Constitucional, segúnse ha determinado.

25. Lo anterior determina que resulte válido concluir,que a pesar de la ausencia de correspondencia

geográfica y la aún vigente imposibilidad de puntualcomparación entre los sistemas de protección delos derechos humanos, sí es posible advertir un“acercamiento” en las precisiones jurisprudencialesque sobre la libertad religiosa han emitido la CorteEuropea de Derechos Humanos y la SalaConstitucional de la Corte Suprema de Justicia deCosta Rica.

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1. El autor es abogado costarricense, Oficial delPrograma Administración de Justicia del InstitutoInteramericano de Derechos Humanos.

2. Cfr. SOUTO PAZ (José Antonio). Comunidadpolítica y libertad de creencias. Introducción a lasLibertades Públicas en el Derecho Comparado. 2ªed. Marcial Pons. Madrid. 2003. p. 254. En similarsentido, véase EVANS (Carolyn), ReligiousFreedom in European Human Rights Law: TheSearch for a Guiding Conception, en JANIS (MarkW.) y EVANS (Carolyn) (eds). Religion andInternational Law. Martinus Nijhoff Publishers. LaHaya. 1999. p. 385.

3. Cfr. IBÁN (Iván) y FERRARI (Silvio) Derecho yReligión en Europa Occidental. McGraw-Hill.Madrid. 1998. p. 21.

4. Cfr. MANTECÓN SANCHO (Joaquín). El derechofundamental de libertad religiosa. EUNSA.Pamplona. 1996. p. 29.

5. Cfr. DÍEZ-PICAZO (Luis). Sistema de derechosfundamentales. Thomson-Civitas. Madrid. 2003. p.209.

6. Cfr. Ibid., p. 210.

7. Cfr. IBÁN (Iván) y FERRARI (Silvio). Op. cit. pp. 5-10.

8. Cfr. MANTECÓN SANCHO (Joaquín). Op cit. p.81.

9. Cfr. McCOUBREY (Hilaire). Natural Law, Religionand the Development of International Law, enJANIS (Mark W.) y EVANS (Carolyn) (eds). Op cit.p. 177.

10. El denominado sistema universal de los derechoshumanos es realizado a partir de la Carta de lasNaciones Unidas, la Declaración Universal de losDerechos Humanos y una amplia diversidad deconvenios e instrumentos especializados, a travésde una gama de mecanismos institucionalespresididos por la Asamblea General y desarrolladomediante dos vertientes: la oficina del AltoComisionado de las Naciones Unidas para losDerechos Humanos y el Consejo Económico ySocial (ECOSOC). A partir del ECOSOC seencuentran, entre otras, la Comisión sobre lacondición de la mujer y la específica Comisión deDerechos Humanos, la cual cumple sus funcionesde acuerdo a las resoluciones 1235 y 1503 delECOSOC, siendo aquí donde se aprecia mássensiblemente la labor de control ejercida por la

organización universal. Para mayor detalle sobre elsistema, véase BUERGENTHAL (Thomas),GROSSMAN (Claudio) y NIKKEN (Pedro). ManualInternacional de Derechos Humanos. InstitutoInteramericano de Derechos Humanos-EditorialJurídica Venezolana. Caracas. 1990. p.19 ss; yPASTOR RIDRUEJO (José Antonio). El proceso deinternacionalización de los derechos humanos. Elfin del mito de la soberanía nacional (I). Planouniversal: La obra de las Naciones Unidas, enAA.VV. Consolidación de derechos y garantías:los grandes retos de los derechos humanos en elsiglo XXI. Consejo General del Poder Judicial.Madrid. 1999. p. 35.

11. Para un estudio más preciso y a la vez conciso sobreel sistema europeo, véase CARRILLO SALCEDO(Juan Antonio). El proceso de internacionalizaciónde los derechos humanos. El fin del mito de lasoberanía nacional (II). Plano regional: El sistemade protección instituido en el Convenio Europeode Derechos Humanos, en AA.VV. Consolidaciónde derechos y garantías: los grandes retos de losderechos humanos en el siglo XXI. Op cit. p. 47.

12. Convenio Europeo para la Protección de losDerechos Humanos y de las LibertadesFundamentales, del 4 de Noviembre de 1950.Artículo 9.

13. Protocolo 1 al Convenio Europeo para la Protecciónde los Derechos Humanos y de las LibertadesFundamentales, del 20 de Marzo de 1952. Artículo 2.

14. Un detallado estudio sobre el contenido, alcance ylimitaciones del artículo 9 del Convenio Europeo ydel artículo 2 del primer Protocolo al Convenio,puede encontrarse en EVANS (Malcolm D.).Religious Liberty and International Law in Europe.Cambridgue University Press. Cambridge. 1997. pp.262-362.

15. La Comisión Europea de Derechos Humanos tuvoun abundante conocimiento de asuntos relativos ala libertad religiosa, algunos de los cualestraspasaron su ámbito de competencias llegando aconocimiento de la Corte Europea. Según se hadicho, se omite en este estudio la valoración de loscasos tramitados por la Comisión en virtud que elpresente trabajo está enfocado a la jurisprudenciade la Corte Europea. De todos modos, valemencionar en este momento el caso Chauban, del16 de Mayo de 1990; el caso Chrysostomos, del 16de Octubre de 1991; y el caso de The Holy

NOTAS

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Monasteries, del 5 de Junio de 1990. Una referenciamás exacta a los casos tramitados ante la Comisiónpuede encontrarse en MARTÍNEZ-TORRÓN(Javier). El derecho de libertad religiosa en lajurisprudencia en torno al Convenio Europeo deDerechos Humanos, en Anuario de DerechoEclesiástico del Estado, nº II. Editorial UniversidadComplutense. Madrid. 1986. pp. 403-496; yMARTÍNEZ-TORRÓN (Javier). La libertad religiosaen los últimos años de la jurisprudencia europea,en Anuario de Derecho Eclesiástico del Estado, nºIX. Editorial Universidad Complutense. Madrid.1994. pp. 53-87.

16. La Corte Europea de Derechos Humanos, habiendosido creada por el Convenio Europeo de 1950, iniciósus actuaciones en 1959.

17. Corte Europea de Derechos Humanos. CasoKjeldsen, Madsen y Pedersen, del 7 de Diciembrede 1976.

18. Ibid, párr. 50.

19. Ibid, párr. 52.

20. Ibid, párr. 51.

21. Ibid, párr. 53.

22. Cfr. párr. 50 de esta misma sentencia.

23. Corte Europea de Derechos Humanos, casoKokkinakis contra Grecia, sentencia del 25 deMayo de 1993.

24. Ibid, párr. 31.

25. Ibidem.

26. Ibid, párr. 33.

27. Ibid, párr. 47.

28. Ibid, párr. 30.

29. He aquí una referencia a la comentada nociónimplícita del concepto “religión” latente en el ámbitoeuropeo, y tan en discusión en el contexto actualcon respecto a la aprobación de la ConstituciónEuropea.

30. Ibid, párr. 48.

31. Un sector de la doctrina ha manifestado que estadiferenciación entre proselitismos elaborada por laCorte es correcta desde una posición teórica, peroque la misma conlleva una difícil y hasta peligrosaaplicación práctica por la posibilidad de, incluso,poder aplicar la legislación penal como un mediode evitar la utilización del positivismo inadecuadoo abusivo. Sobre el particular, véase IBÁN (Iván) yFERRARI (Silvio). op cit. p.6.

32. Caso Larissis y otros contra Grecia, sentencia del24 de Febrero de 1998, párrafo 48.

33. Corte Europea de Derechos Humanos, casoThlimmenos contra Grecia, sentencia del 6 de Abrilde 2000, párr. 44.

34. Cfr. Corte Europea de Derechos Humanos, casoKjeldsen y otros, sentencia del 7 de Diciembre de1976, y caso Kokkinakis, sentencia del 25 de Mayode 1993.

35. Corte Europea de Derechos Humanos, caso Serifcontra Grecia, sentencia de 14 del Diciembre de1999, párrafos 52 y 53.

36. Corte Europea de Derechos Humanos, caso IglesiaMetropolitana de Besarabia contra Moldavia,sentencia del 13 del Diciembre de 2001, párr. 116.

37. Cfr., ibid, párr. 117.

38. Ibid, párr. 116. En el mismo sentido, véase CorteEuropea de Derechos Humanos, caso Agga contraGrecia, sentencia del 17 de Octubre de 2002, párr.60.

39. Cfr. Corte Europea de Derechos Humanos, casoIglesia Metropolitana de Besarabia contraMoldavia, cit., párr. 129.

40. Cfr. Corte Europea de Derechos Humanos, casoThlimmenos contra Grecia, cit., párr. 47.

41. Corte Europea de Derechos Humanos, casoAsociación de Culto Israelita Cha’are Shalom VeTsedek contra Francia, sentencia del 27 de Juniode 2000, párr. 72. En el mismo sentido, Corte Europeade Derechos Humanos, caso Iglesia Metropolitanade Besarabia contra Moldavia, cit., párr. 101.

42. La Declaración Americana fue aprobada en la IXConferencia Internacional Americana, el 2 de mayode 1948; la Declaración Universal fue adoptada porla Asamblea General de las Naciones Unidas, el 10de diciembre de 1948.

43. Un estudio detallado y especializado sobre laorganicidad y el marco normativo del sistemainteramericano podrá encontrarse en FAÚNDEZLEDESMA (Héctor). El sistema interamericano deprotección de los derechos humanos. Aspectosinstitucionales y procesales. 2ª ed. San José.Instituto Interamericano de Derechos Humanos.1999. 785 p. Véase también HITTERS (Juan Carlos).Derecho Internacional de los Derechos Humanos.T.II: Sistema Interamericano. Buenos Aires. EDIAR.1993. 674 p.

44. Corte Interamericana de Derechos Humanos, OC-10/89, del 14 de Julio de 1989, párr. 47.

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45. Esto es importante mencionarlo debido a ladiversidad de opciones existentes en el sistemainteramericano para realizar valoraciones ypronunciamientos sobre presuntas violaciones alos derechos humanos, que se pueden sintetizarasí: (1) El sistema comprende un régimen para losEstados que forman parte de la Organización peroque no han ratificado la Convención. A ellos se lesaplica la Declaración Americana y la supervisión larealiza la Comisión Interamericana. (2) Para losEstados que hayan ratificado la Convención perono hayan aceptado la competencia de la Corte, encuyo caso es igualmente la Comisión el órgano decontrol. (3) Para los Estados ratificantes de laConvención y que hayan aceptado la competenciade la Corte, para los cuales existen dos órganos deprotección y el sistema opera a plenitud.

46. Cfr. FIX ZAMUDIO (Héctor). La libertad religiosaen el sistema interamericano de derechos humanos,en AAVV. La libertad religiosa. Memoria del IXCongreso Internacional de Derecho Canónico.Instituto de Investigaciones Jurídicas / UniversidadNacional Autónoma de México. 1996. p. 503.

47. La Comisión Interamericana de Derechos Humanosha conocido algunos casos donde junto con demásviolaciones se alegaba también la de la libertadreligiosa, pero ninguno de ellos ha trascendido a laCorte Interamericana como violación expresa de lalibertad religiosa. Sobre el particular pueden verselos siguientes asuntos sometidos a conocimientode la Comisión: caso 2.137, del 18 de Noviembre de1978 contra Argentina; caso 11.610, del 13 de Abrilde 1999, contra México; caso 12.053 e informe 78/00, del 5 de Octubre de 2000, contra Belice; y caso11.140, del 4 de Febrero de 2003 contra los EstadosUnidos.

48. La competencia consultiva de la CorteInteramericana, a diferencia de la contenciosa, norequiere la aceptación expresa de los Estados, detal manera que aún los Estados que no hayanaceptado la competencia contenciosa de la Cortebien pueden formular ante ella solicitudes deopinión. Bajo una perspectiva material, lacompetencia consultiva la ejerce la Corte en cuantoa la interpretación de la propia ConvenciónAmericana y demás tratados sobre derechoshumanos, e incluso en cuanto a la compatibilidadde legislación interna de los Estados con losinstrumentos internacionales –art. 64 de laConvención Americana–. Naturalmente estaposibilidad se ejerce incluso sobre la propiaDeclaración Americana, debido a su incorporaciónen la Carta de la OEA, que sí es formalmente untratado. Además de los propios Estados, también

puede formular solicitudes de opinión la mismaAsamblea General de la OEA y algunos otrosórganos como la Secretaría General, el ComitéJurídico Interamericano, la Comisión Interamericana,entre otros. Particularidad de esta función seencuentra en que una vez instada la competenciade la Corte, el solicitante no puede retirar su gestión,sino que la Corte siempre se pronunciará sobre lasolicitud planteada, resolución que igualmentenotificará a todos los Estados. Las opinionesconsultivas, a pesar de no existir disposicionesexpresas en cuanto a sus efectos, difícilmentepueden ser ignoradas por los Estados, considerandola naturaleza del órgano que las emite y latrascendencia a futuro de su eventual desatención.

49. Cfr. Corte Interamericana de Derechos Humanos,Opinión Consulta OC-8/87, del 30 de Enero de 1987.

50. Cfr. Corte Interamericana de Derechos Humanos,Opinión Consultiva OC-9/87, del 6 de Octubre de1987.

51. Constitución Política de la República de Costa Rica,del 7 de Noviembre de 1949.

52. La Sala Constitucional de la Corte Suprema deJusticia conoce en exclusiva y en única instanciade las acciones de amparo, hábeas corpus, delcontrol de constitucionalidad, y de competenciasconstitucionales.

53. Cfr. Sala Constitucional, Costa Rica, sentencia 3435-92, del 11 de noviembre de 1992, considerando I.

54. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 5759-93, del 10de noviembre de 1993, considerando II.

55. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2313-95, del 9 demayo de 1995, considerando VI.

56. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2000-09685, del1º de noviembre de 2000, considerando V, ysentencia 2000-07818 del 5 de septiembre de 2000,considerando VI.

57. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 3173-93, del 6 deJulio de 1993, considerando III. A partir de aquí,continúa la Sala definiendo la problemática de lalimitación de derechos y libertades y la convenienciadel ejercicio de la ponderación, señalamientos queconsidera de especial relevancia para la valoracióndel respeto o violación de la libertad religiosa.

58. Para un análisis de la consideración de la libertadreligiosa como un derecho público subjetivo, véaseMANTECÓN SANCHO (Joaquín). Op cit. pp. 54-57.

59. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 3173-93, cit.,considerando VII.

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60. Cfr. Ibid, considerando VIII.

61. Cfr. Ibid, considerando IX.

62. Podría percibirse aquí una aparente diferencia dedefinición con respecto a las precisiones de la CorteEuropea de Derechos Humanos, al menos en cuantoa la amplitud manejada por este órganojurisdiccional. Recuérdese que el caso Kjeldsendisponía que el derecho de los padres para que serespete su libertad de convicciones religiosas debíaobservarse con independencia que se tratase deeducación en centros públicos o privados. Aquí laSala hace referencia sólo a los centros públicos,pero no en el sentido de respetar tal derecho de lospadres –que de suyo lo tienen– sino en el sentidode posibilitar la enseñanza religiosa en dichoscentros. Es claro que, como se aclara en el texto, delas mismas interpretaciones de la Sala cabe colegirque tanto en centros públicos como en centrosprivados deberá respetarse tal derecho a lasconvicciones religiosas.

63. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2001-01866, del9 de Marzo de 2001, considerando IV.

64. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2001-10491, del16 de Octubre de 2001, considerando II.

65. Cfr. Ibid, considerando III.

66. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2002-09656, del4 de Octubre de 2002, considerando III.

67. Nótese aquí otra semejanza con las definicionesrealizadas por la Corte Europea de DerechosHumanos en el caso Kjeldsen, en el sentidoestablecido de que la protección de la libertadreligiosa debía garantizarse en todas las funcionesestatales relacionadas con la educación y laenseñanza a lo largo de todo el programa educativoestatal. Cfr. Corte Europea de Derechos Humanos,caso Kjeldsen, cit. párrs. 50 y 51.

68. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2002-09656, cit.,considerando II.

69. Aunque la sentencia de la Sala Constitucional eneste sentido es bastante más explícita que ladefinición lograda por la Corte Europea en el casoKjeldsen, se advierte una nueva similitud entreambas formulaciones en el sentido de reconocer alos menores de edad un pleno ejercicio de su libertadreligiosa, especialmente cuando la misma entra enrelación con el aspecto educativo. Recuérdese queel párrafo 52 de la sentencia del caso Kjeldsen asílo establece, cuando se refiere en genérico alderecho de todas las personas incluyendo padresy niños. Esto es aún más relevante tratándose de laCorte Europea, por cuanto su pronunciamiento esformulado –en 1976– con base específica en elprimer Protocolo al Convenio Europeo y elConvenio mismo; mientras que para cuando la Salaemite su resolución, tiene ya como apoyo el citadoConvenio Internacional de los Derechos del Niño–del 20 de Noviembre de 1989– el cual le sirve defundamento para la adopción de este criteriomediante una aplicación directa de su artículo 14.

70. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2002-03018, del22 de Marzo de 2002, considerando III, y sentencia2003-13624, del 28 de Noviembre de 2003,considerando IV. Ambos casos referidos asituaciones realizadas en el ámbito de competenciasde una de las universidades públicas del país.

71. Resulta consecuente apreciar una nueva similitudcon las resoluciones precedentes de la CorteEuropea de Derechos Humanos, especialmente conla mecionada sentencia del caso de IglesiaMetropolitana de Besarabia contra Moldavia, del13 de Diciembre de 2001, que en su párrafo 116define para el Estado la obligación de comportarsede una manera neutral e imparcial con todas lasreligiones. El pronunciamiento de la Sala sobre el“deber de cooperación” lleva intrínseca estaobligación de neutralidad e imparcialidad, porquesin ellas no sería posible cooperar de maneraequitativa con todas las confesiones en los términosdispuestos por la Sala Constitucional.

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IA tradição do pensamento da conhecida “Escola

de Frankfurt” tem por base um pessimismo teórico aomesmo tempo em que se posiciona, na prática, de formaotimista. O que se sugere contraditório na verdade nãoo é. Este é mais um caso de como as aparências enganame também se constitui numa séria advertência de que otratamento cognoscitivo a ser dado aos problemas paraentender as relações sociais do mundo de hoje não sãotão simples assim. Sociedades, como a brasileira, comníveis até então desconhecidos de sociabilidade;espaços sociais compartilhados e segmentados pelaglobalização; verdadeira esquizofrenia pelo poder dacomunicação de massa na destruição e fabricação decausas, todos estes pontos convivem nas sociedadesque, paradoxalmente, reivindicam para si um mundomelhor. Retornando aos “Frankfurtianos”: por quaisrazões, apesar das guerras terríveis do século XX, doholocausto, não se avançou em qualidade nohumanismo? Esta é precisamente a indagação centraldos autores clássicos da “Escola de Frankfurt” MaxHorkheimer e Theodor Wisengrund Adorno, no seutrabalho igualmente clássico “Dialética do Iluminismo(ou da Ilustração, ou ainda das Luzes, como desejamuns e outros)”. O fato é que a obra “Dialetik derAufklärung” apareceu nos anos 50 do século XX esignificou uma das mais construtivas críticas àsociedade moderna de massificação cultural, àconstrução de uma ideologia única, de perspectiva deunipolaridade de poder e de cultura. Seus autores, aomesmo tempo em que diagnosticavam este quadrodesanimador, propositalmente conduziram cientistaspolíticos, filósofos, juristas e artistas de todo o mundoa refletirem para além das bases que se permitiam: se adiscussão limitava-se ao estético, a debates detendências, os “Frankfurtianos” iam além disso.Insistiam na necessidade fundamental de intelectuaisse posicionarem e questionarem a qualidade e uso daprodução cultural e da construção política do poderdos Estados pós-guerra, para uma melhor compreensão

TERRORISMO: O DESAFIO DA CONSTRUÇÃODA DEMOCRACIA*

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •MARTONIO MONT’ALVERNE BARRETO LIMADoutor em Direito pela Universidade de Frankfurt/Alemanha; Coordenador do Programa de Pós-Graduação emDireito da Universidade de Fortaleza; Procurador do Município de Fortaleza.

da realidade que se demonstrava. A indagação centralera, assim, “saber porque a humanidade mergulha numnovo tipo de barbárie em vez de chegar a um estadoautenticamente humano.”1

Os pensadores representantes dessa correnteparecem estar certos. Num Congresso da envergadurado que se tem, não há como deixar de mencionar arealização desta tarefa. Primeiro, pelo fato de seencontrarem aqui reunidos intelectuais de todas asorientações, defensores da prevalência dos direitoshumanos e da observância das normas de direitointernacional, ditadas pela própria comunidadeinternacional. Num segundo momento, pelo fato de quea eclosão da Guerra no Iraque, ocorrida a 20 de marçode 2003, significa o retorno da política internacional auma situação política anterior a 1914, marcada pelodesprezo às normas internacionais, pela supremacia dopoder bélico diante do diálogo e de um colegiado denações já razoavelmente menos ineficiente, como é ocaso das Nações Unidas. Em todos os sentidos, a Guerrano Iraque que hoje se desenvolve insiste em evidenciarque as reivindicações do Iluminismo e do humanismonão parecem ter seduzido aqueles que possuem poderde decisão mundial: venceu, pelo menos por enquanto,a força dos mesmos interesses que deflagraram aPrimeira Guerra Mundial e acabaram colaborando paraa ocorrência da Segunda. É claro que a repetição dosfatos históricos não se dá de maneira linear, mas simcontraditória. Quando afirmo que prevaleceram osmesmos interesses de 1914, deve-se entender que omodelo de modernização das sociedades transformouesses interesses em questões muito mais complexas queà época imediata ao pós-colonialismo.

A dissociação da Guerra do Iraque com oterrorismo – e com o acontecimento de 11 de setembrode 2001 em Nova York – parece ser impossível. Nãopelo fato de que esteja comprovado o envolvimento doEstado iraquiano com esse ato terrorista, mas pelo fatode que este foi o argumento utilizado pelo governo dosEstados Unidos para obter aprovação da comunidade

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internacional para uma ação armada contra o Iraque.Para que melhor se discuta, na proporção do espaçoque aqui me é concedido, procederei a uma breve análisena expectativa de conceituar terrorismo nos dias de hoje,principalmente sua versão internacional. Antes, porém,desejaria, adicionar algumas breves considerações arespeito da paz, aplicável seja no caso de uma situaçãode guerra, como numa situação de terrorismo.

A guerra, em todas as suas formas, inclusive aguerra perpetrada pelo terrorismo, como se sabe, é tãoantiga quanto o homem. Durante muito tempo a guerrafoi concebida como elemento da natureza: manifestaçõesbelicosas eram tão naturais quanto o vento, as secas,as chuvas, as catástrofes naturais etc. A paz é que sequalificou como uma invenção moderna, do Iluminismoe com Immanuel Kant. Este pensador é considerado oprecursor da idéia de uma liga das nações, ou de umaorganização que unisse as nações. Neste sentido, trêsde suas afirmações merecem destaque, uma vez que seconstituiriam elas nas “condições definitivas para umapaz perpétua”2 : a) a constituição de todo estado deveser republicana; b) deve existir uma “Federação” deestados livres, fundada a partir do Direito Internacional;e c) o Direito Civil dos povos deve ser limitado pelahospitalidade geral.3 O entendimento a respeito das duasprimeiras premissas parece claro. Kant defendeu,sobretudo, a prevalência do direito sobre a política, comseparação de poderes e instrumentos para controle dopoder do Estado. Sobre a última, a imposição dahospitalidade, é importante aduzir que Kant não se referesimplesmente à filantropia, como ele próprio ressalta4.Como hospitalidade entende Kant a garantia de abrigoque um estranho pode encontrar em outras terras, desdeque a sua esteja em perigo ou ameaçada pela guerra.Quando se observa a enorme dificuldade que se temmodernamente em se aceitar a legitimidade de outrasculturas apenas por serem como são, e como tal existirem,percebe-se o quanto Kant é moderno.

A Guerra no Iraque travada nos dias de hojepossui esse componente: a defesa do padrão de vidaamericano e a demonstração clara da distância entreOcidente cristão e o Oriente mulçumano. O que se passapara o grande público, por meio do controle dainformação e da mídia, é que as sociedades mulçumanas,além de se encontrarem atrasadas, em relação aoOcidente, por força da proximidade entre Estado ereligião, são fonte permanente de instabilidade. Os fatosde que tanto no Ocidente, quanto no Oriente as relaçõespolíticas e sociais não são unânimes5 , de que num enoutro as dificuldades em construir democracias emsociedades pobres e miseráveis persistem de forma maisagudizada em virtude do perverso processo deglobalização da economia, transformam-se de formasimplista em elementos propositalmente omitidos, na

intenção deliberada de se dividir a humanidade empartes inconciliáveis, o que legitima a ação bélica deuns contra os outros. Este quadro, como é evidente,não se dissocia do fato de que, no momento, as forçasmateriais estão muito mais favoráveis a determinadossetores do Ocidente cristão.

É do fundamento do conceito de terror “aprodução do medo; aliás o medo espalhado de formadifusa, onde autores e destinatários não sãoespecificados”, segundo Erhard Denninger.6 A partirdessa compreensão, é possível se concluir que terror ecomponente religioso não são pressupostos um dooutro. Mais que isso: as três grandes religiões do mundo– Cristianismo, Islamismo e Judaísmo – que semprepraticaram violência entre si e uns contra os outros,tiveram como elemento alimentador de suas ações ofundamentalismo religioso. E para tal, foi decisiva aruptura com preceitos inerentes de sua respectivareligiosidade. Na sua obra “Em nome de Deus – Ofundamentalismo no Judaísmo, Cristianismo eIslamismo”, Karen Armstrong lembra, nas suasconclusões, que “Os fundamentalistas transformaramo mythos de sua religião em logos, fosse insistindo naverdade científica de seus dogmas, fosse convertendosua complexa mitologia numa compacta ideologia. (...)Ao afirmar que as verdades do cristianismo são factuale cientificamente demonstráveis, os fundamentalistasprotestantes americanos produziram uma caricatura dareligião e da ciência. Os judeus e os mulçumanos queapresentaram sua fé de modo racional e sistemático paraque pudesse competir com outras ideologias secularestambém distorceram sua tradição, reduzindo-a a umúnico ponto mediante um processo de implacávelseleção. Por conseguinte, todos deixaram de lado osensinamentos de tolerância e compaixão e cultivaramteologias da fúria, ressentimento e vingança.”7

IIEstas palavras sugerem que o terrorismo de apelo

religioso teve que se desvencilhar de sua essência, qualseja, a religião, procurando alcançar o braço secular,para, dessa forma, materializar suas ações por intermédiodo fundamentalismo. Esse fundamentalismo é queforneceu o combustível da certeza das convicções,marchando para a prevalência de um sobre o outro. Oato terrorista de 11 de setembro de 2001, a Guerra noIraque, o problema religioso da Irlanda do Norte e aGuerra da Bósnia são episódios denunciadores dessavisão. Mas o que dizer, por exemplo, das ações do ETA,no País Basco? E dos atos das Forças Revolucionáriasda Colômbia? E da ação, nos anos setenta e oitenta, dasBrigadas Vermelhas italianas ou daquela dos gruposalemães Baden-Meinhoff e Facção Exército Vermelho(RAF)? Apesar de a natureza destes atos de terror exigir

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uma outra ordem de investigação, todos eles possuemo apelo reivindicatório radical que procura, igualmente,transformar em ciência a sua convicção político-ideológica. Para Wolfgang Sofsky estas formas deviolência também se constituem em terror: “O terror,portanto, conhece inúmeras formas de violência,agentes e circunstâncias. É uma técnica universal dapolítica do poder e da comunidade. Isso porque aviolência é uma linguagem que não permite mal-entendidos. É possível discutir a respeito das palavras,não a respeito da dor.”8

O terrorismo é, ainda, produto da desigualdadeda política, seja entre nações, seja entre grupos sociais,algumas vezes abrigados num mesmo espaço políticoou territorial. Chamo a atenção para o caso da disputaentre Israel e palestinos, caracterizado pela extremadesigualdade de condições entre as partes;desigualdade que tem impossibilitado qualquer avançona construção da hospitalidade e da paz. Neste sentido,Paul Parin afirma que “Um sionismo chauvinista produziufanáticos de ambos os lados. O fluxo de dinheiro e armasprovindo dos EUA deu condições a Israel para nãorecuar nem um passo em sua reivindicação dos territóriosconquistados desde a criação do Estado e em suasdisposições a respeito dos refugiados palestinos. YasserArafat assumiu esse modelo maniqueísta: não, nós, ospalestinos, estamos com a razão, mas ainda somosfracos demais. (...) Os fanáticos de ambos os lados sedefrontam; uns são os soldados de um Estadodemocrático, que detém o poder; os outros sãorepresentantes dos impotentes a reivindicarem umEstado próprio e soberano, um país próprio e o fim dapolítica israelense de expansão e de assentamentos.”9

Como se vê, a “razão iluminista”, que possui seupressuposto máximo na definição e aplicação daigualdade, surge como proposta essencial àcompreensão do fenômeno do terrorismo; tendo, essaigualdade, como consecução a necessidade prementede sua materialização como agente potencialmenteimportante na solução de seus complexos impasses.

IIIInfluenciadas ou não pela noção de igualdade,

o fato é que, no âmbito do Direito Internacional, asNações Unidas já se manifestaram sobre a matéria,quando estabeleceu, no art. 51 de sua Carta, o direito de“autodefesa”. Esse direito seria exercitado quando umEstado sofresse agressão de outro, o que, segundo osparâmetros das Nações Unidas, efetivou-se no casodos atentados de 11 de setembro de 2001 contra osEstados Unidos, conforme dispôs a Resolução nº 1368,de 12 de setembro do mesmo ano. Ocorre que o exercíciodo direito de autodefesa exige mais que uma simplesconstatação factual. Exige boa-vontade e, como se

observa por seus limites, o desejo da construção datolerância e da paz. A autodefesa somente é permitidacontra uma agressão do presente, seja ela oriunda deforma terrorista ou não. E mais: “O Estado que sedefende não deve agir de imediato. Ele está obrigado acontrolar todos os meios dispostos a sua defesa eponderar com os outros sobre o assunto, onde umademora na reação ser-lhe-á muito mais favorável do quedesfavorável.”10 Igualmente, as medidas de autodefesaserão somente “subsidiárias” de todas aquelas tomadaspelo Conselho de Segurança das Nações Unidas namanutenção da paz mundial. Para o caso de as medidasdas Nações Unidas bastarem, cessa a possibilidade doexercício de autodefesa, como definido pela Carta dasNações Unidas.

Se as Nações Unidas estão ameaçadas de setransformarem apenas em agência humanitária, não hácomo negar que sua importância discursiva permanece,na medida em que a construção da paz permanece comoo centro gravitacional das ações políticas concretas naprodução e manutenção de uma paz duradoura,principalmente nos piores momentos onde airracionalidade das emoções ligeiras destrói a maturidadeque o tempo lentamente ensinou.

Do ponto de vista discursivo, a perspectiva daconstrução da tolerância e a sua ausência como elementodesencadeador do terrorismo foi igualmente detectada.Por essa razão é que o reconhecimento da identidadedo outro e o respeito a esta legitimidade aparecem comocritérios fundamentais para a solidificação de uma pazinterna a uma sociedade, e externa a outras sociedades.Jürgen Habermas identificou este mecanismo defuncionamento quando de sua análise a respeito doatentado de 11 de setembro de 2001. Para ele, anecessidade do universalismo é o caminho para asolução de tais conflitos. Embora seja perfeitamentepossível a crítica às palavras de Habermas, não deixaele de revelar sua herança kantiana. Para Habermas,aquilo que é universalista, possui como base um“individualismo igualitário de uma moral racional, oreconhecimento recíproco que o respeito e consideraçãoao outro exige.”11

Somente as possibilidades de tolerância ehospitalidade, no sentido kantiano a que me referi,parecem sugerir a superação dos conflitos terroristas ebélicos supranacionais que hoje se instalaram. Enquantonão existir a consciência de que ao outro se deve, e aprevalência do respeito a sua legitimidade em ser o queé, em desenvolver-se segundo sua autodeterminação;enquanto não se fortalecer uma entidade de nações comequilíbrio para compensar as desigualdades da forçamilitar e econômica, não se terá caminhado naconsecução de tais objetivos. Essas palavras não sãonovas. O problema é que apesar de seu eco ainda se

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fazer sentir desde o século XVIII, sua força deconvencimento não parece ter chegado ao homem, emespecial aos mais poderosos. Nos dias de hoje, só restaum limitado alento: no instante em que se vêmanifestações por todo o mundo pela paz, o desprezodos representantes democraticamente eleitos degovernos aos apelos do povo que tem ido às ruas pareceinsinuar a fragilidade da democracia representativa, quetanto se lutou para alcançar. Se a discussão sobre asuperação do terrorismo envolve o enfrentamento doconceito de universalismo, de paz mundial e perpétua,não é menos verdade que esse debate transcende

referidas fronteiras, obrigando-nos a ir até a democraciamoderna, nas sociedades que reivindicam para si talcondição.

* Comunicação apresentada no Congresso In-ternacional de Prevenção Criminal, Segurança Pública eAdministração da Justiça. Fortaleza – Ce., 24 a 27 demarço de 2003. Painel: Crime Organizado e SegurançaPública. Corrupção. Narcotráfico. Terrorismo. DelitosInternacionais (25.03, Seção B, 10h10min.-11h40min.).

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Armstrong, Karen: Em nome de Deus – Ofundamentalismo no Judaísmo, Cristianismo eIslamismo, trad. de Hildegard Feist, Cia. das Letras, SãoPaulo, 2001.

Denninger, Erhard: Freiheit durvh Sicherheit? Wie vielSchtuz der inneren Sicherheit verlangt und verträgt dasdeutsche Grundgesetz?, in: Kritische Justiz, Jahgang35, Heft 4, 2002, , Nomos Verlagsgesellchaft, Baden-Baden, pp. 467-475.

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Kant, Immanuel: Zum ewigen Frieden, Kant Werke, Bd.9, Wissenschaftliche Buchgesellschaft, Darmstadt,Sonderausgabe 1983.

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Parin, Paul: Sobre as raízes do terrorismo, in: Humboldt– Goethe-Institut Inter Nationes, ano 44, nº 85, 2002, pp.7-8.

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Wiggershaus, Rolf: Die Frankfurter Schule – Geschichte,Theoretische Entwicklung, Politische Bedeutung, DTV,München, 1993.

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1. Wiggershaus, Rolf: Die Frankfurter Schule, p. 365.A tradução para o português desta obra foipublicada sob o título: A Escola de Frankfurt –História, Desenvolvimento Teórico, significaçãopolítica, com tradução do alemão de LilyaneDeroch-Gurcel e do francês por Vera de AzambujaHarvey. Rio de Janeiro: Difel, 2002. Nessa versão, otrecho a que me refiro corresponde à pág. 357.

2. Kant, Immanuel: Zum ewigen Frieden, p. 203. kantutiliza o termo Definitivartikel.

3. Kant, Immanuel: Zum ewigen Frieden, pp. 204, 208,213. No original: „Die bürgeliche Verfassung in jedemStaate soll republikanisch sein (p. 204); DasVölkerrecht soll auf einen Föderalismus freierStaaten gegründet sein (p. 208); Das Weltbürgerechtsoll auf Bedingugen der allgemeinen Hospitalitäteingeschränkt sein (p. 213).”

4. Kant, Immanuel: Der ewigen Frieden, p. 213.

5. A existência de alianças entre Ocidente e Oriente, ede „intra-Islã” parecem ser elementosdenunciadores de que, pelo menos na perspectivaantropológica, o comportamento político deOcidente e Oriente não é separado por um abismointransponível, como nota Marcos Lana (in: AAntropologia e os Atentados aos Estados Unidos,p. 91 e ss.).

NOTAS

6. Freiheit durch Sicherheit?, p. 469. No orginal: „DieErzeugung von Angst, und zwar von diffuser, nachUrhebern und Adressaten, nicht spezifizierter,genereller Angst, gehört zum Grundkonzept desTerros, mit dem wir es zu tun haben.”

7. Armstrong, Karen: Em nome de Deus, p. 404.

8. Sofsky, Wolfgang: Destruindo o fluxo do tempo, p. 2.

9. Parin, Paul: Sobre as raízes do terrorismo, p. 8.

10. Stuby, Gerhard: Internationaler Terrorismus undVölkerrecht, p. 1332. No original: „Da er [der sichverteidigende Staat] verpflichtet ist, deanzuwendenden Mittel bei der Verteidigungsorgfältig zu prüfen und gegeneinanderabzuwägen, spricht eine Verzögerung eher für alsgegen ihn.”

11. Habermas, Jürgen: Fundamentalismus und Terror,p. 178. No original: „Im stregen Sinne,„universalistisch“ ist nämlich nur der egalitäreIndividualismus einer vernünftigen Moral, diegegensaitige Anerkennung im Sinne der gleichenAchtung für, und der reziproken Rücksichtnahmeauf jeden fordert.”

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I CAMMINI SILENZIOSI DEL DIRITTOINTERNAZIONALE DEI DIRITTI

DELL’ UOMO: VITTIME E RISARCIMENTO DELDANNO NELLE ULTIME PRONUNCE

DELLA CORTE INTERAMERICANA (2001 – 2002)1

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •MICHELANGELA SCALABRINOProfessore nella Facoltà di Giurisprudenza della Università Cattolica di Milano e nella Università di Urbino(Italia).

Come c’insegna Amleto,2 esistono davvero piùcose tra cielo e terra di quante sono sognate dalla“nostra” filosofia. Chi, a volte, non si accorge di queste“more things” sono, paradossalmente, proprio i“filosofi”,3 ma non c’è da stupirsi. I “non filosofi”colgono infatti il nuovo e il diverso del pensiero umanosolo perché hanno occhi abbastanza grandi per vederequello che i “sognatori” sono venuti, appunto,sognando.4

Fuor di metafora: dall’ultima mia rassegna dellagiurisprudenza della Corte Interamericana dei Dirittidell’Uomo in tema di vittime e risarcimento del danno5 èpassato appena poco più di un anno, ma in questotempo alcune novità tanto importanti quanto inavvertitesono state “dreamt of” dall’organo giurisdizionale delsistema latinoamericano: vediamo dunque di che si tratta.

1. NUOVE VITTIMEL’occasione di una possibile lettura estensivo-

creativa dell’art.1 della Convenzione, cioè dell’ambitosoggettivo di applicazione della stessa, si presenta nelcaso Cantos c. Argentina6 : l’organo giurisdizionale nonse la lascia sfuggire,7 valica un limite tradizionalmenteaccettato del trattato e riconosce legittimazione al ricorsoindividuale (legitimatio ad causam)8 anche alle personegiuridiche. Ecco la prima novità.

A dispetto della formulazione dell’art. 44 dellaConvenzione, é noto,9 il concetto di “peticionario” erasempre stato inteso dalla Commissione10 come riferitoesclusivamente alle persone fisiche11 e alle ONG;12 nél’atteggiamento muta, neppur suggestivamente, nelricorso specifico,13 ove infatti la domanda diaccertamento della violazione degli artt. 8, 21 e 25 delPatto risulta formulata ancora con riferimento alla solaindividualità-persona del ricorrente.14

Sulla questione preliminare15 sollevata dalloStato,16 la Corte adotta un approccio cauto edocumentato,17 anche se non privo di una certa dosed’ironia,18 e raggiunge sinteticamente una conclusioneinnovativa equilibrata.

“Si bien la figura de las personas jurídicas no hasido reconocida expresamente por la ConvenciónAmericana”, essa afferma, “esto no restringe laposibilidad que bajo determinados supuestos elindividuo19 pueda acudir al Sistema Interamericano deProtección de los Derechos Humanos para hacer valersus derechos fundamentales, aún cuando los mismosestén cubiertos por una figura o ficción jurídica creadapor el mismo sistema del Derecho.”20 Boni judicis, infatti,est ampliare jurisdictionem.21

Ovviamente, occorre “hacer una distinción paraefectos de admitir cuáles situaciones podrán seranalizadas por este Tribunal, bajo el marco de laConvención Americana”22: non tutti i diritti garantiti dallaConvenzione possono infatti esser fatti valere dallapersona giuridica, ma solo quelli che si rapportano allespecificità della stessa, presupposto ed epifania di“elementos singularizados en la jurisprudenciaprotectora.”23 Questa naturale precisazione spiegaperché la legitimatio ad causam delle personegiuridiche24 sia affermata per ora con riferimento al solodiritto di proprietà e senza riguardo alle differenze deldiritto interno tra enti dotati o non di personalitàgiuridica,25 con funzione verosimilmente prodromica acasi futuri, dei quali la Corte potrebbe forse essere giàstata investita.26

E così “la sentencia del tribunal internacional dederechos humanos sirve” pienamente “el ampliopropósito no sólo de resolver las cuestiones jurídicasplanteadas en un caso concreto, sino también de aclarar

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y desarrollar el sentido de las normas del tratado dederechos humanos en aprecio, y de contribuir de esemodo a su observancia por los Estados Partes.”27

2. VITTIME E TEMPO28

Il problema dell’accettazione temporale dellagiurisdizione della Corte da parte degli Stati membri delPatto -i.e. delle riserve29 apposte dagli stessi- in rapportoalla determinazione dell’ambito oggettivo di applicazionedella Convenzione, e quindi dell’individuazione del titolodi alcune violazioni subìte dalle vittime, non era certonuovo alla giurisprudenza della Corte.30 Al contrario,esso aveva dato luogo nel passato ad un vivace dibattitointerno, espresso dai tre Votos Razonados annessi dalGiudice Cançado alle sentenze Blake31 e dall’analisi ivisvolta, e allora disattesa dal collegio, del concetto diviolazione continua.32

Nella decisione sul merito del caso Trujillo Orozac. Bolivia,33 il riconoscimento integrale dei fatti ad operadello Stato convenuto34 porta agevolmente35 la Corte adichiarare che “el Estado incurrió en responsabilidadinternacional”, oltre che per violazione delle norme sullegaranzie giurisdizionali (artt. 8 e 25 del Patto), anche “porviolaciones de los derechos protegidos por los artículos3, 4, 5.1 y 5.2, y 7 en conexión con el artículo 1.1 de laConvención.”36 Dopo aver conseguentemente dichiaratola cessazione della materia del contendere “en cuanto alos hechos que dieron origen al presente caso”,37 essapuò dunque “pasar a la etapa de reparaciones.”38

Nella pronuncia risarcitoria n° 92, il rapportointernazionale classico tempo-vittima è nuovamenteesplicitato in maniera lapidaria: “la Corte tiene presenteque algunos de los hechos de este caso son anterioresa las fechas de la ratificación de la ConvenciónAmericana y del reconocimiento de la competenciacontenciosa de la Corte por parte del Estado. Sinembargo, observa igualmente la Corte que el Estadodemandado no objetó que se consideraran los hechosdel caso como un todo, y respecto de la totalidad delperíodo comprendido entre 1971 y la fecha de la presenteSentencia.”39

Quanto al “reato continuo”, il ricordo di antichedifficoltà deve essere ancora ben presente,40 se ilcollegio precisa prontamente41: “merece tenerse encuenta que en una sentencia de noviembre de 2001, elTribunal Constitucional de Bolivia42 aclaró que laprivación ilegal de libertad o detenciones ilegales es undelito permanente”43 e che “en razón de lo anteriormenteexpuesto, la Corte examinará y decidirá sobre la situacióncontinuada de desaparición forzada del señor…y lasconsecuencias de dicha situación.”44

Nel Voto Concorrente annesso, il PresidenteCançado, dopo aver nuovamente sottolineato che “elconcepto de situación continuada encuentra respaldoen la jurisprudencia internacional en materia de derechoshumanos”45 e che “individualizar o separar los hechosde un caso como el de Trujillo Oroza” condurrebbeall’inammissibile “fragmentación y desfiguración de aqueldelito” nella quale la Corte era già incorsa, con“consecuencias negativas para el propio regímen jurídicode la protección internacional de los derechos del serhumano”,46 amplia a mio parere considerevolmente lospettro concettuale della decisione collegiale, affermandoche questa “logró en fín establecer un importanteprecedente para la consideración del delito dedesaparición forzada de personas y las correspondientesreparaciones”47 ma ribadisce di contraltare la propriapersonale visione del problema.

“Al identificar un décalage entre el tradicionalderecho de los tratados y el Derecho Internacional delos Derechos Humanos”,48 egli afferma, non dovrebbeessere possibile “hablar de limitaciones

ratione temporis de la competencia de untribunal internacional”,49 soprattutto se e quando trattisidi una violazione che “nos sitúa en el dominio del juscogens.”50 La nozione di violazione continua51 ha quindisicuramente una funzione importante quanto al merito,ma rimane concettualmente ancillare rispetto al problemaprincipale.

La “diversificación corriente de las nuevasformas de violación de los derechos humanos requiereuna transformación y revitalización constantes de lasnormas de protección del ser humano”, non solo “en elplano sustantivo”,52 ma anche in quello “procesal”,53

quest’ultima in senso nettamente contrarioall’applicazione “casi mecánica de postulados delderecho de los tratados erigidos sobre la autonomía dela voluntad estatal”,54 tanto più che la “aceptación de lacompetencia contenciosa de la Corte constituye unacláusula pétrea de la protección internacional del serhumano.”55 Deve quindi piuttosto, e ragionevolmente,pensarsi a “un futuro Protocolo de enmiendas a la parteprocesal de la Convención Americana sobre DerechosHumanos, con miras a fortalecer su mecanismo deprotección”, ed in particolare ad “una enmienda alartículo 62 de la Convención

Americana, estableciendo el automatismo de lajurisdicción de la Corte Interamericana de DerechosHumanos.”56

Ed anche questa è, senza dubbio, una visioneda “sognatore”.

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3. VITTIME E COSAGIUDICATA INTERNA

Neppure il problema del rapporto vittima-cosagiudicata interna era ignoto alla Corte, che ne era infattistata già investita una prima volta sotto la veste diun’eccezione preliminare di competenza57 ed unaseconda sotto quella di un’eccezione preliminare diammissibilità.58

Nel primo caso, certamente il più significativo erilevante quanto agli effetti, la Corte aveva preso unaposizione chiara,59 fondata sull’innegabile diversità difunzione e di ambiti tra diritto internazionale dei dirittiumani e diritto interno e tra organi internazionali dicontrollo ed organi giurisdizionali statali.

Quando la medesima questione riappare nelmerito del caso “Las Palmeras”,60 e la prova fornitadalla Commissione sull’avvenuta violazione del dirittoalla vita di cinque delle vittime immediate è costituita dadue sentenze interne di primo grado e da altrettante,confirmatorie, di secondo grado,61 che affermano laresponsabilità di agenti della polizia e dell’esercito nelleuccisioni occorse, la Corte mostra invece di sorprendersidel perché la Commissione insti ciononostante per ladeclaratoria di violazione dell’art.4 del Patto.62

“La Comisión parece entender”, così interpretala Corte, “que un tribunal interno sólo puede declarar laresponsabilidad interna del Estado”, mentre “ladeclaración de responsabilidad internacionalcorresponde a un tribunal internacional” e sottolineache “la Comisión dice: “los Tribunales en lo contenciosoadministrativo establecieron” solamente “laresponsabilidad patrimonial del Estado a nivel internopor la ejecución de cinco de estas víctimas”.”63

Subito dopo, l’argomentazione dell’organopropulsore è vanificata nella motivazione64 e nella partedispositiva65 con una presa di posizione checorrettamente incontra l’obiezione del Presidente e delGiudice Pacheco Gómez.

Nel Voto Razonado congiunto, “nos vemos”,essi affermano, “en la obligación de dejar constancia denuestra insatisfacción con la redacción dada al puntoresolutivo 1 de la presente Sentencia”66 e precisano lapropria posizione, per la quale “es imprescindible que lapropia Corte Interamericana determine laresponsabilidad internacional del Estado bajo laConvención Americana, sin que sea necesario hacer unrenvoi a decisiones de tribunales nacionales”67: “cabe”infatti solo “a esta última determinar motu propio laresponsabilidad del Estado Parte por violación de laConvención Americana.”68

Gli estensori non negano ovviamente la validitàdel principio di sussidiarietà,69 ma altrettanto

ovviamente ribadiscono che “desde la óptica de la CorteInteramericana, lo único definitivo es su propiadeterminación de la compatibilidad o no con laConvención Americana de actos y prácticasadministrativas, leyes nacionales y decisiones detribunales nacionales del Estado demandado”70 e cheproprio per questo considerano altresì “imprescindiblevincular expressis verbis la violación del artículo 4 de laConvención a la obligación general consagrada en elartículo 1.1 de la misma, en conformidad con lajurisprudence constante de este Tribunal. Si no seaceptara el amplio alcance de la obligación general,inmediata y de fundamental importancia, de garantizarlos derechos protegidos, consagrada en el artículo 1.1de la Convención”, infatti, “se estaría “privando a éstade sus efectos en el derecho interno.”71

Un richiamo alla responsabilità oggettiva delloStato, finalizzata anche al non ripetersi delle violazionigià occorse,72 chiude l’esposizione critica su un puntodecisorio che assomiglia singolarmente al precedenteVoto di un Giudice ad hoc.73

4. VITTIME POTENZIALI - ILDIRITTO ALLA VITA

Con la pronuncia sul merito del caso “BarriosAltos”,74 il percorso volto a chiarire il concetto di vittimapotenziale era ormai pienamente compiuto75 e la nozioneassolutamente chiara: “como consecuencia” della loro“manifiesta incompatibilidad”76 con la “ConvenciónAmericana sobre Derechos Humanos, las leyes deautoamnistía ni pueden tener igual o similar impactorespecto de otros casos de violación de los derechosconsagrados en la Convención Americana acontecidosen el Perú.”77

Riprendendo una costruzione già nota, uno deivoti concorrenti aveva sottolineato78 che le “leyes deamnistía y de autoamnistía” non solo “no tienen validezjurídica alguna a la luz de la normativa del derechointernacional de los derechos humanos”,79 ma anche, dipiù, che esse “son más bien la fuente de un acto ilícitointernacional a partir de su propia adopción, eindependientemente de su aplicación posterior”, ondeesse “comprometen la responsabilidad internacional delEstado” a partire dal momento stesso della loropromulgazione.80

Se la maturazione sull’integralità del significatodegli artt. 1 e 2 della Convenzione coronava così81 unperiodo di riflessione lungo e non immune da tormenti,gli effetti della pronuncia sullo Stato si rivelavano benpresto preoccupanti, tanto che quando, “en el marcodel proceso de negociaciones entre los representantesde los peticionarios y el Gobierno peruano sobre el temade reparaciones, los representantes de los peticionarios

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han tratado de que el Estado asuma el compromiso deque se anulen los efectos de las leyes de amnistía entodos los casos de violaciones de derechos humanosen que estas leyes fueron aplicadas, la delegacióngubernamental ha persistido en su postura de que laSentencia de la Corte Interamericana tendría efecto sólopara el caso Barrios Altos.”82

Nella domanda d’interpretazione che ne scaturiscea richiesta della Commissione,83 non è difficile alla Corteribadire in forma tanto secca quanto categorica che “lapromulgación de una ley manifiestamente contraria a lasobligaciones asumidas por un Estado parte en laConvención constituye per se una violación de ésta ygenera responsabilidad internacional del Estado. Enconsecuencia, lo resuelto en la sentencia de fondo en elcaso Barrios Altos tiene efectos generales, y en esostérminos debe ser resuelto el interrogante formulado enla demanda de interpretación.”84 La “battaglia” è dunque,almeno ora, definitivamente chiusa: il convincimento dellaCorte è indelebilmente fissato.

Come spesso accade agli umani, una nuovaoccasione di discussione attende tuttavia la Corte, inquesta ed altra materia, in un coacervo di casiapparentemente inutili85: quelli relativi alla pena di morteobbligatoria a Trinidad e Tobago.86 E dalle premessedivenute classiche quanto alla portata degli artt. 1 e 2del Patto87 esce una pronuncia significativa e nuova.

L’inizio dell’esposizione è puntiglioso e pacato,supportato da ampi richiami alla giurisprudenza dellaCorte stessa88 e del Comitato dei Diritti dell’Uomo,89 e laprima conclusione ne discende de plano90: “la formacomo se encuentra penalizado el delito de homicidiointencional en la Ley de Delitos contra la Persona, es depor sí violatoria de la Convención Americana sobreDerechos Humanos”91 e perciò, “aun cuando no se haejecutado a 31 de las víctimas, es posible declarar unaviolación del artículo 2 de la Convención, en virtud deque la sola existencia de la Ley de Delitos contra laPersona es per se violatoria de esa disposiciónconvencional.”92

Vittime della violazione del diritto alla vita93 sonodunque anche coloro che, pur condannati all’esecuzionecapitale, non sono stati ancora esecutati.94

Poi l’inedito. Dalla violazione degli artt. 4.6, 7.5,8.1 e 8.2 e 25,95 attraverso la nozione di obbligazionepositiva,96 viene tratta la (seconda) conclusione chesegue: “el Estado ha violado en contra de todas oalgunas de las víctimas los derechos consagrados enlos artículos 4.1 [y 4.2], en relación con los artículos 1.1y 2 de la Convención, a causa de un conjunto decircunstancias, entre las cuales se cuenta el hecho deque las víctimas han sido juzgadas en aplicación de una

ley que es incompatible con la ConvenciónAmericana.”97 Il diritto alla vita può dunque essereviolato per effetto di una fattispecie complessa,98 allacui costituzione contribuiscono anche le lacune o leiniquità delle norme processuali.99

L’interpretazione lata del concetto sostanzialedi diritto alla vita -profilo implicito del giudicato100 - vieneda lontano: dalla sentenza di merito nel caso dei “Niñosde la calle”;101 dalla pronuncia sul risarcimento e daalcune ordinanze cautelari102 del caso Loayza Tamayoc. Perù e dall’OC-16/1999,103 ma trova ora un esitogiudiziale ulteriore: della necessaria tutela al diritto allavita compartecipa anche il processo, quando vi siapplichi una legge propria, suscettibile d’influire104 avario titolo sul complesso dell’art. 4 della Convenzione.

La stretta correlazione tra diritto processuale ediritto sostanziale, deutero-profilo del medesimoprincipio,105 trova inoltre un’affermazione contenziosaesplicita106 solo apparentemente legata,107 comeconferma l’OC-17/2002,108 alle peculiarità del casd’espèce.

Né l’importanza della via che la sentenza indicacosì alla riflessione è sminuita dalla circostanza che ilsuo noyeau dur sia rapportato, nella parte finale deltesto, al risarcimento del danno morale109: la decisionefa infatti chiaramente intendere che le garanzieprocessuali esplicano un ruolo anche sostanziale,110

funzionale alla tutela (o alla violazione) di un dirittodiverso garantito dalla Convenzione;111 che tale ruolo èanzi primordiale rispetto al diritto al processo equo,112 eche le norme processuali devono poter esseremodificate,113 anche e soprattutto per garantire lacessazione delle, o delle eventuali, violazioni del dirittomateriale protetto.

Coerentemente con se stessa, la sentenza situaquindi nel quadro degli artt. 1 e 2 della Convenzione114

il dispositivo 8,115 che sanziona un obbligo riparatoriodello Stato non solo nei confronti dei condannati ancoravivi, ma anche nei confronti di altri condannati alla penacapitale non compresi nel ricorso.

Compito di un tribunale internazionale sui dirittidell’uomo è infatti “velar por la debida aplicación deltratado de derechos humanos en cuestión en el marcodel derecho interno de cada Estado Parte, de modo aasegurar la protección eficaz en el ámbito de este últimode los derechos humanos consagrados en dichotratado.”116

L’attribuzione di una somma di denaro allavedova117 e alla madre118 di un omicida fa inoltrescandalo,119 così come turba l’ordine di riforma delsistema carcerario nazionale,120 anche perché prescindedall’esame della condizione dei singoli ricorrenti.121

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5. VITTIME E RIPARAZIONE:IL DANNO MORALE

Non è questa la prima volta in cui la Corte ordina,a titolo di risarcimento dei danni morali, modifiche dellalegislazione statale122: “las modificaciones en elordenamiento jurídico interno requeridas paraarmonizarlo con la normativa de protección de laConvención Americana” costituiscono infatti da tempo“una forma de reparación no-pecuniaria bajo laConvención”.123

Esse rappresentano anzi la miglior forma dicompensazione: per un verso, infatti, “las reparacionesno pueden implicar ni enriquecimiento niempobrecimiento124 para la víctima o sus sucesores”;per altro verso, soprattutto, “toda la temática de lasreparaciones de violaciones de los derechos humanos”deve essere considerata “a partir de la integralidad de lapersonalidad de las víctimas, desestimando cualquierintento de mercantilización -y consecuentetrivialización125 - de dichas reparaciones”. L’art. 63.1 dellaConvenzione126 “posibilita y requiere que se amplíen, yno se reduzcan, las reparaciones, en su multiplicidad deformas. La fijación de las reparaciones debe basarse enla consideración de la víctima como ser humano integral,y no en la perspectiva degradada del homo oeconomicusde nuestros días.”127 Così, la dazione di una somma didenaro tende sempre più chiaramente ad essere dispostanei soli casi in cui la restitutio in integrum non sia piùpossibile128 ovvero la situazione violatoria continui apersistere.129

L’adozione delle “medidas legislativas,administrativas y de cualquier otra índole que seannecesarias con el objeto de adecuar la normativa”nazionale “a las previsiones convencionales”,130 anche“para evitar que ocurran en el futuro casos como elpresente”,131 discende del resto come conseguenzanecessaria dall’obbligo generale contenuto negli artt.1132

e 2133 del Patto anche se la Corte non abbiaespressamente dichiarato nella pronuncia di merito laviolazione di quest’ultimo da parte dello Statoconvenuto.134 Né la Corte può ritenersi soddisfatta se lariforma della legislazione, pur avviata, non è stata ancoracompiuta.135

Sempre sotto l’egida dell’art.2 della Convenzione,la Corte è andata tuttavia in due casi136 anche più in là,disponendo rispettivamente che Trinidad e Tobago“debe modificar las condiciones de su sistema carcelariopara adecuarlas a las normas internacionales deprotección de los derechos humanos aplicables a lamateria” e che “Guatemala debe adoptar las medidaslegislativas y de cualquier otra índole necesarias paraadecuar el ordenamiento jurídico guatemalteco a las

normas internacionales de derecho humanitario, y paradarles efectividad en el ámbito interno.”137 Il corpus jurisal quale si richiede che lo Stato si conformi comprendedunque anche norme diverse da quelle checostituiscono il sistema convenzionale nella suaglobalità.

Come già nella sentenza n° 77 sui “Niños de lacalle”, all’obbligo di modifica della legislazione interna sisommano, le cas échéant, obblighi particolari,138 volti allapiena riabilitazione delle vittime immediate139 e allaconsolazione del lutto dei superstiti.140 La pronuncerisarcitorie nei casi Duran y Ugarte141 e CantoralBenavides,142 entrambe contro il Perù, ne sonotestimonianza paradigmatica, quando rispettivamentericonoscono143 e dispongono144 “publicar la sentencia”di merito “de la Corte en el Diario Oficial, y difundir sucontenido en otros medios de comunicación que para talefecto se estimen apropiados;145 incluir en la Resoluciónque disponga la publicación del acuerdo, una expresiónpública de solicitud de perdón a las víctimas146 por losgraves daños causados y una ratificación de la voluntadde que no volverán a ocurrir hechos de este género;147

realizar las diligencias concretas tendientes a localizar elparadero e identificar los cadáveres para entregarlos asus familiares”;148 che “el Estado proporcione” alla vittima“una beca de estudios superiores o universitarios, con elfin de cubrir los costos de la carrera profesional que lavíctima elija -así como los gastos de manutención de estaúltima durante el período de tales estudios149 - en un centrode reconocida calidad académica escogido de comúnacuerdo entre la víctima y el Estado”150 e soprattutto che“el Estado deje sin efecto alguno, recurriendo para ello alas vías previstas en la legislación interna, la sentenciacondenatoria de la Corte Suprema de Justicia del Perú.”151

Anche quest’ultima è una decisione che, in nuce,viene da lontano -dalla sentenza sul risarcimento nelcaso Loayza Tamayo- e al riguardo il Voto Concorrentedel Presidente specifica che “pueden constituir formasde reparación no-pecuniaria (conducentes a obtener larestitutio)” anche “las providencias para dejar sin efectola sentencia de un tribunal nacional, con miras aarmonizar la jurisprudencia nacional con la normativade protección de la Convención Americana sobreDerechos Humanos.”152

Nella stessa scìa, ma con ulteriore e significativaprogressione ordinatoria-risarcitoria, si pone poi l’ultimapronuncia in tema di danni,153 nella quale la Cortedispone minuziosamente intorno all’oggetto dei processiche lo Stato soccombente dovrà istruire e che dovranno“versar” non solo “sobre las violaciones del derecho ala vida, del derecho a la integridad personal y del derechoa las garantías judiciales, el debido proceso y el accesoa un recurso efectivo”, ma anche e soprattutto “sobrela utilización de fosas comunes mediante inhumaciones

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irregulares y al encubrimiento de la utilización de lamisma”. “Los familiares de las víctimas y las víctimassobrevivientes deberán tener pleno acceso y capacidadde actuar, en todas las etapas e instancias de dichasinvestigaciones, de acuerdo con la ley interna y lasnormas de la Convención Americana.”154

Naturalmente, ma la Corte non manca di ribadirlo,lo Stato dovrà pregiudizialmente astenersi dalpromulgare norme legislative o regolamentariesonerative o limitative della responsabilità degli autorimateriali delle violazioni accertate o dal ricorrerecomunque “a figuras como la amnistía [y] laprescripción” e dovrà anzi sanzionare “los funcionariospúblicos y los particulares que entorpezcan, desvíen odilaten indebidamente las investigaciones tendientes aaclarar la verdad de los hechos, aplicando al respecto,con el mayor rigor, las previsiones de la legislacióninterna.”155

Le linee continue nello sviluppo innovativo delragionamento e la crescente presa di coscienza di sestesso dell’organo giurisdizionale del sistemalatinoamericano sono dunque chiarissime.

6. NUOVI BENEFICIARÎ DELRISARCIMENTO DELDANNO MORALE

A partire dalla decisione n° 76,156 un’altra nontrascurabile novità si affaccia alla giurisprudenza dellaCorte: i fratelli e sorelle157 delle vittime scomparse hannotitolo al risarcimento158 dei danni morali159 ancorché nonsia provato o non risulti che essi intrattenessero con ildefunto rapporti parentali stretti né risulti o sia provatoche essi avessero partecipato alle azioni giudiziarieinterne volte ad ottenere giustizia e/o ad identificare ildestino del proprio familiare.160

Come evidenzia il Voto Concorrente del Giudicede Roux Rengifo, la pratica della Corte era stata fino aquel momento diversa, esigendosi da parte dei ricorrentiprivati la prova che i fratelli erano “miembros de unafamilia integrada y que, en tal calidad, no podían serindiferentes a las graves aflicciones de la víctima”161 oche avessero dimostrato “interés por su suerte desde elmomento de la desaparición”, contribuendo alle“gestiones” interne “para dar con su paradero.”162

Costituisce dunque un novum che la CorteInteramericana “haya condenado a un Estado a pagarreparaciones por daño moral a los hermanos de lasvíctimas directas de homicidios y desaparicionesforzadas, aunque no se haya probado que aquéllos yéstas se frecuentaban o mantenían viva de alguna otramanera las relaciones afectivas correspondientes a suvínculo de consanguinidad. Esto significa que el

Tribunal ha extendido a los hermanos la presunciónque aplica en sus sentencias respecto a los padres163 delas víctimas de homicidios o desapariciones,164 enrelación con los padecimientos síquicos y emocionalesproducidos por [los] hechos165 -una presunción queadmite prueba en contrario.”166

“El uso de presunciones razonables, i.e. queadmiten prueba en contrario, como la inclusión de loshermanos de la víctima dentro de la órbita de laspersonas a las que se supone afectadas por loshomicidios y otros hechos de similar gravedad”,corresponde del resto “a la evolución del derechocomparado, en materia de derecho de laresponsabilidad”.167

Identica conclusione è stata successivamenteconfermata nelle decisioni Villagrán Morales y otros c.Guatemala,168 Cantoral Benavides c. Perù,169 TrujilloOroza c. Bolivia,170 Bámaca Velázquez c. Guatemala171

e nel caso “El Caracazo”,172 nei quali ultimi anche ilrisarcimento per i danni materiali è stato nuovamentedisposto, a causa delle caratteristiche del tutto peculiaridelle fattispecie, anche a favore dei familiari nontempestivamente identificati o non ancora identificatidelle vittime sopravvissute.

7. IL RISARCIMENTO DEIDANNI MATERIALI: TRARIGORE DELLA PROVA EDEQUITÀ

Se il risarcimento dei danni morali può avveniresolo con una valutazione equitativa,173 obbedisconoinvece per principio e tradizione ad un onere probatoriorigoroso l’individuazione delle vittime immediate174 enon175 e il risarcimento dei danni materiali.176 Tanto chequando l’apprezzamento delle singole voci costituentiil danno emergente ed il lucro cessante177 si è rivelatoassai complesso178 e, per essere correttamenteformulato, avrebbe obbligato la Corte ad assumerefunzioni “ragionieristico-contabili” che questa nongradisce perché non le sono consone,179 essademandato all’accertamento operato da azioni legaliinterne, da iniziarsi a cura della parte privata,180 ladeterminazione del quantum.

L’evidenza del cennato rigore sulla prova sirinviene nelle statuizioni che riguardano l’onere,181 iltempo182 e la forma,183 anche se la Corte si riserva dasempre la facoltà di procedere poi a “la apreciación yvaloración” della stessa184 “según las reglas de la sanacrítica”, evitando segnatamente di “adoptar una rígidadeterminación del quantum de la prueba necesaria parafundar un fallo.”185

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E se parte attrice necessita, in circostanzeeccezionali186 o a richiesta della Corte,187 di unadilatazione dei termini per la presentazione delle provedocumentali concernenti i profili patrimoniali,188 ciòavviene nei “límites dados por el respeto a la seguridadjurídica y al equilibrio procesal”,189 ed identico beneficioviene applicato ovviamente anche allo Stato.190 Allostesso modo, per giurisprudenza costante, non si tienconto delle allegazioni scritte presentate sine causa aldi là del termine fissato,191 soprattutto quando lo Statopretenda di smentire o di ritrattare in tal modo una previadichiarazione di accettazione della propriaresponsabilità,192 e la Corte ha ancora recentementeribadito che quando questo revoca “la contestación[de los hechos], se configura un indicio en prueba delos hechos sobre los cuales versó la contestaciónobjeto de posterior desistimiento, de manera que éstosse tendrán por comprobados”, sempre che, tuttavia, “noaparezca prueba capaz de desvirtuarlos, y que serecauden otras evidencias que, sin tener necesariamenteel carácter de plena prueba, contribuyan a respaldar laveracidad de los mismos.”193

La doverosa cautela cui la Corte si è sempreattenuta nel tempo non è venuta meno neppure nellafase risarcitoria della decisione del caso “El Caracazo”,nel quale la Corte si è trovata a fronteggiare non solo ilproblema dell’individuazione dei familiari delle vittimeimmediate,194 ma anche quello dell’interrogatorio deglistessi sulle circostanze fattuali funzionaliall’individuazione delle future obbligazioni di fare delloStato195 e sugli aspetti rilevanti dei diversi titoli dirisarcimento.196

A quest’ultimo riguardo merita in particolare diessere segnalato che, a fronte della richiesta deirappresentanti e dei familiari che la Corte “nombrara unrepresentante que recibiera los testimonios enCaracas”,197 questa ha ammesso “las declaraciones delas personas ofrecidas como testigos por losrepresentantes que ya aparecían relacionados en elescrito de reparaciones” ma ha ordinato “recibir” solo“las declaraciones de siete testigos y de seis peritosincluidos en el primero de esos escritos pero no en elsegundo como prueba para mejor resolver”,198

imponendo che “dichos testimonios e informes de losexpertos debían ser aportados por escrito, cuyocontenido y cuyas firmas serían reconocidos antenotario público”.

La necessità che ogni elemento venisse e vengapuntigliosamente chiarito è quindi manifesta199 anchenei casi più complessi, anche nei confronti delloStato,200 e se la quantificazione del risarcimento dei dannimateriali viene finalmente effettuato in equità, ciòdipende non solo dalle difficoltà della singola fattispecie,quanto soprattutto dall’ingiustizia di una diversa

soluzione che, per paradossale fedeltà alle regoleprocessuali, dovesse respingerne la domanda.201

8. CONCLUSIONI: IL “POINTOF NO RETURN”

Le pagine che precedono inducono in chi le hascritte una valutazione conclusiva che può sintetizzarsicon l’aforisma latino “crescit eundo”.

Fedele ai suoi acquis più o meno recenti; taloracon elegante tranquillità, talaltra con qualche affannoche tradisce, come è di tutti gli umani, l’intimo travagliodel pensiero, la Corte non ha, come si è cercato dievidenziare, cessato di operare attivamente per ilcompito che istituzionalmente le è affidato dal sistemainteramericano dei diritti dell’Uomo: accertare leviolazioni subìte dagli individui e “far diritto”, jus dicere,per questi, ed ha saputo farlo introducendo nelle lineedella propria recente continuità non poche e significativeinnovazioni. E’ dunque lecito pensare che essa possaritenersi, e si ritenga in fatto, ragionevolmente appagatadel suo “essere” in rapporto al “dover essere”.

All’osservatore estraneo, che solo di riflessocoglie slanci e perplessità, sicurezze ed esitazioni, sipone tuttavia un’ulteriore domanda, e cioè qualiconseguenze e quali effetti questo “far diritto” abbiaprodotto e possa produrre sull’evoluzione del sistemalatinoamericano nel suo complesso.

A questo proposito, per quel che mi riguarda, miera parso di poter legittimamente affermare202 solo pocopiù di un anno addietro, e nonostante che la Corte avessegià fornito più di una prova di audace saggezza, che ilsistema latinoamericano di controllo sui diritti dell’Uomonon era forse pervenuto ancora al “punto storico delnon ritorno”, cioè al punto in cui esso apparisse neifatti circondato da quell’aura generale di consensus chefa di un sub-sistema del diritto internazionale uncomplesso di norme imprescindibili per quanti sonochiamati a vederlo applicato e ad applicarlo.

Questo momento mi pare invece, oggi, giunto.Non tanto perché nella prassi interna degli Stati che diquel sub-sistema fanno parte si colgano, al di là dei pursignificativi progressi compiuti,203 evidenze di unconformarsi sostanziale, vorrei dire quotidiano, di tutti icanoni e criteri della vita sociale agli standardsconvenzionali, quanto piuttosto per la coscienza che diquesti ultimi dimostrano ormai di avere gli individui,destinatari finali delle relative norme.

Che gli Stati tendano in maggiore o minor misuraad eludere appena possibile precetti limitativi del proprioagire volontaristico od opportunistico, è del restoesperienza di ogni luogo e di ogni sistema, la differenzaconsistendo invece, piuttosto, nella maggiore o minor

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consapevolezza dell’intollerabilità di quelleinottemperanze o di quelle prevaricazioni e, quod majus,nella certezza (o meno) di poter ricorrere con fiducia adun organo giurisdizionale internazionale di controllo chepossa e sappia decidere tenendo conto della situazionedelle vittime nella sua integralità.

L’incremento esponenziale dei casi deferiti allaCorte, l’importanza degli stessi ratione materiae el’attiva e consapevole partecipazione dei singoli aglistessi sono prova evidente di quanto sopra, non meno-anzi, forse ancor più- del pur importantissimoriconoscimento operato da alcuni Stati della propriaresponsabilità internazionale204 anche in casi nei qualila situazione giuridico-fattuale e lo stato attualedell’evoluzione del diritto internazionale dei trattatiavrebbe potuto concedere loro, come ad un altro inpassato, un commodus discessus.

Come gli scritti e i Voti205 del Presidente CançadoTrindade avvertono da anni, insistendovi, due sonodel resto i fattori che permettono ad un sub-sistema deldiritto internazionale di evolversi o di implodere: lacoscienza individuale e collettiva delle norme di limite ela giurisdizionalizzazione del contenzioso individuo-Stato in caso di violazione delle stesse. Questa è la realtà;almeno quando si ragiona, come egli non può non fare,avendo presente tutta la scala dei “grandi numeri”, edin questa direzione è logico che venga indirizzato econcentrato ogni sforzo, poiché verso queste meteoccorre “sognare”. Il Presidente ha certamente“sognato” e la Corte lo ha seguìto: non in tutto per ora,ma quanto basta per accreditare intorno a sé, nel suocomplesso, una credibilità sempre più diffusa ed unasicura fiducia; tanto che persino i più reticenti Statimembri del Patto non osano ormai sottrarsi, come per ilpassato, all’adempimento degli obblighi fissati nellesentenze che li concernono, e soprattutto ai più difficilie faticosi, i non pecuniarî.

I “sogni” del Presidente della CorteInteramericana sono del resto, per la maggior parte,analoghi alla realtà già acquisita dal sub-sistemaeuropeo206 e dunque ampiamente accettati. Quanto aglialtri, cioè all’impossibilità di apporre riserve di contenutoalla Convenzione Americana sui diritti dell’Uomo e alconsolidamento dello jus cogens e del suo ambitod’applicazione, non può non riconoscersi che le strutture

categoriali accreditate della “nostra filosofia” del dirittointernazionale (per citare nuovamente Amleto), sonoessenzialmente il portato di una concezione eurocentricae volontaristica di quest’ultimo; il prodotto della storiae delle condizioni economiche di luoghi e di genti che inun passato più e meno recente hanno fondato i percorsigiuridici di liberazione dell’individuo nei confronti delloStato e dove ora, appagati dei risultati conseguiti, siresta inerzialmente fedeli agli schemi e alle strutture disempre.

Nondimeno, quelli e queste non necessariamentesono gli unici immaginabili o i soli percorribili; e se ancheil diritto internazionale deve, al pari di ogni altro settoredel diritto, tentare di servire alla realizzazione dellagiustizia per l’essere umano, esso ben potrebbe allorariflettere sull’opportunità, vedi necessità storico-giuridica, di arricchirsi di, o quanto meno di avvallare,indicazioni diverse -ovunque formulate- che perseguanoidentici scopi, che possano meglio servire la stessafinalità. In altri termini, nulla vieterebbe che il dirittointernazionale classico applicato ai diritti dell’Uomopotesse avvedersi di qualche “sogno” altrui e, in luogodi contrapporvi il silenzio, s’interrogasse sulle esigenzedi giustizia che connotano altre aree ed altri popoli esulla capacità di taluni dei propri strumenti di risponderviadeguatamente. E quand’anche il risultato di taleautoanalisi dovesse essere, alla fine, negativo, questaavrebbe comunque dovuto tener conto di altri pensieri,di altre “cosmologie”, avrebbe costituito almeno unmomento di dinamica intellettuale e concettuale.

Questo è ciò che l’osservatore esterno “nonfilosofo” auspica a propria volta, anche serealisticamente non può non dirsi che questa potrebberivelarsi nei fatti un’utopia, cioè un luogo che non esiste.Se così dovesse essere, occorre tuttavia che sia chiarofin d’ora che “a map of the world that does not includeUtopia is not worth even glancing at, for it leaves outthe one country at which humanity is alwayslanding”207 e che “the principle of hope, according towhich all relations in which man is a degraded,enslaved, abandoned or despised being should beoverthrown, remains as valid today as it has even beenand forms the most effective end for human rights.”208

Sì, i “sognatori”esisteranno sempre.

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1. E’ considerato il periodo compreso tra la data dellasentenza 75 sul merito del caso Barrios Altos(Chumbipuma Aguirre y otros) c. Perù (14.3.2001)e quella della sentenza 95 sul risarcimento del dannonel caso “El Caracazo” c. Venezuela (29.8.2002).Le Opinioni Consultive sono esaminate solo inquanto collegate o collegabili alle decisionicontenziose. La bibliografia contempla, salvoqualche eccezione, le opere apparse tra il 1999 e il2002.

2. “The Tragedy of Hamlet, Prince of Denmark”, AttoI, Scena V: “There are more things between heavenand earth, Horatio, than are dreamt of in yourphilosophy.”

3. Mi riferisco, ma non solo, alla sentenza 27 giugno2001, resa dalla CIG nel caso LaGrand (RepubblicaFederale di Germania c. Stati Uniti), nella quale laCorte ha ritenenuto (§§ 77; 89 e 128.3), pur con l’Opinione Separata del Vice Presidente Shi, §§ 15-16, e l’Opinione Dissidente del Giudice Oda, §§ 17e 23-27, l’informazione consolare un dirittofondamentale dell’individuo, avvalendosi di fattodelle argomentazioni svolte dalla CorteInteramericana nell’OC-16/1999 del 1 ottobre 1999intitolata “El derecho a la información sobre laasistencia consular en el marco de las garantías deldebido proceso legal” senza peraltro maimenzionarla, nonostante che lo Stato attorel’avesse più volte richiamata, insieme alle sentenzedi merito nei casi Loayza Tamayo e Castillo Petruzziy otros, entrambe c. Perù [cfr. plaidoirie Simma, §§10; 14; 18; 21-23 e 29 e plaidoirie Trechsel inrisposta, §§ 6.6 - 6.27 e 6.46].In senso correttamente consapevole della primaziastorica e concettuale dell’OC-16/1999, cfr. il VotoConcorrente Congiunto del Presidente Cançado edel Giudice Pacheco Gómez annesso alla sentenza90 del 6 dicembre 2001 sul merito del caso “LasPalmeras” c. Colombia, § 15; il Voto ConcorrenteCançado annesso all’OC-17/2002 del 28 agosto 2002sulla “Condición Jurídica y Derechos Humanos delNiño”, dove l’OC-16/1999 è definita (§ 29) come“pionera, que ha servido de sendero, inspiración yorientación a otros tribunales internacionales y hainspirado la jurisprudencia internacional in statunascendi sobre la materia”, nonché l’Introduzionedello stesso Presidente al Tomo III delle “MisureCautelati Urgenti” edito dalla Corte, § 6 e nota 10.Per quanto riguarda la dottrina, vedi in generale J.M. PASQUALUCCI, Advisory Practice of the Inter-

American Court of Human Rights: Contributing tothe Evolution of International Human Rights Law,Stanford Journal of International Law, 2002, 38, pp.241-288 e, nello specifico, S. BABCOCK, The Role ofInternational Law in United States Death PenaltyCases, Leiden Journal of International Law, 2002,25, pp. 367-387, especialmente pp.380-382; D.CASSEL,International Remedies in National Criminal Cases:ICJ Judgment in Germany v.United States, LeidenJournal of International Law, 2002, 15, pp. 69-86,especialmente pp. 74-75 e p.84; M. D. EVANS,Decisions of International Tribunals: TheInternational Court of Justice, The LaGrand Case,International and Comparative Law Quarterly, 2002,2, p. 449 ss.; M. FERIA TINTA, Due Process and theRight to Life in the Context of the ViennaConvention on Consular Relations: Arguing theLaGrand Case, European Journal of InternationalLaw, 2001, 2, pp. 363-367; R.JENNINGS, The LaGrandCase, The Law and Practice of International Courtsand Tribunals, 2002, 1, pp.13-54, especialmente pp.26-27 e 45-49; H. TIGROUDJA, L’autonomie du droitapplicable par la Cour interaméricaine des droits del’homme: en marge d’arrêts et avis consultatifsrécents, Revue Trimestrielle des droits de l’homme,2002, p. 69 ss. e R. J. WILSON e J. PERLIN, The Inter-American Human Rights System: Activities During1999 through October 2000, American UniversityInternational Law Review, 2001,16, pp. 316-349,especialmente pp.326-327.

4. In questo senso, ma criticamente, O. M. FISS, TheAutonomy of Law, The Yale Journal of InternationalLaw, 2001, 26, pp.517-526, e segnatamente p.526.

5. SCALABRINO, M. Vittime e risarcimento del danno:l’esperienza della Corte Interamericana dei Dirittidell’Uomo, ancora in corso di stampa inComunicazioni e Studi dell’Istituto di DirittoInternazionale dell’ Università degli Studi di Milano,2002, 56 pp., ove la giurisprudenza della Corte èanalizzata fino alla fine del marzo 2001. Mi siapermesso ricordare anche il mio breve studiointitolato “Per una nuova cultura dei dirittidell’uomo: conoscere i sistemi non europei. Ilsistema Latinoamericano”, Relazione tenuta l’ 8novembre 2000 nell’Università di Urbino inoccasione del Seminario “Dall’informazione allaformazione”, pubblicato nel sito webhttp:www.humarights-it.org.

6. Sentenza 85 sulle eccezioni preliminari del 7settembre 2001.

NOTAS

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7. In senso analogamente gius-creativo, cfr. sentenza79 del 31 agosto 2001 sul merito e risarcimento nelcaso della Comunidad Mayagna (Sumo) AwasTingni c. Nicaragua, §§ 145 e 146-148, conriferimento al diritto di proprietà: “Los términosde un tratado internacional de derechos humanostienen sentido autónomo, por lo que no puedenser equiparados al sentido que se les atribuye enel derecho interno. Además, los tratados dederechos humanos son instrumentos vivos, cuyainterpretación tiene que adecuarse a la evoluciónde los tiempos y, en particular, a las condicionesde vida actuales, mediante una interpretaciónevolutiva de los instrumentos internacionales deprotección de derechos humanos”, e M.SCALABRINO, Los derechos económicos en elSistema Interamericano de Protección de losDerechos Humanos: Resultados y Perspectivas,in corso di stampa in....

8. Su questo problema in generale, cfr. l’ampiadisamina compiuta dall’allora Vice PresidenteCançado nel Voto Concorrente annesso allasentenza 41 del 4 settembre 1998 sulle eccezionipreliminari nel caso Castillo Petruzzi y otros c. Perù,§§ 2-3 e 5-29.

9. Cfr. O.L.FAPPIANO y C.LOAYZA TAMAYO, Repertorio dela Comisión Interamericana de Derechos Humanos- 1975 a 1995, Editorial Ábaco, Buenos Aires, 1998,p.166; J. M. PASQUALUCCI, The Inter-American HumanRights System: Establishing Precedents andProcedure in Human Rights Law, The University ofMiami Inter-American Law Review, 1995, 26, pp.298 -361, e segnatamente pp. 314-316; J. M.PASQUALUCCI, Preliminary Objections Before theInter-American Court of Human Rights: LegitimateIssues and Illegitimate Tactics, Virginia Journal ofInternational Law Association, 1999, 40, pp. 5-114 esegnatamente pp. 38-39; D. RODRIGUEZ PINZÓN, The“Victim” Requirement, the Fourth Instance Formulaand the Notion of “Person” in the IndividualComplaint Procedure of the Inter-American HumanRights System, ILSA Journal of International andComparative Law, 2001, 7, pp. 369-383,especialmente pp. 380-383, con richiamo al caso No.10.169 [OEA/ser. L/V/II.79,doc.12,rev.1(1991)] e agliInformes della Commissione No. 39/99 [OEA/ser.L/V/II.,doc.6,rev.1 (1998)]; No.106/99 [OEA/ser.L/V/II., doc. 3, rev. 1 (1999)] e No. 103/99 [OEA/ser.L/V/II., doc.3,rev.1(1999)] e M. SCALABRINO, Le istanzeinternazionali di giustizia a cinquant’anni dallaDichiarazione Universale dei Diritti dell’Uomo, LaDichiarazione Universale dei Diritti dell’Uomo versoil duemila, Napoli, ESI, 2001, pp. 149-232,especialmente p.191.

10. Cfr. anche Informe 47/97 e decisioni citate dalla Cortein sentenza 85, § 23, note 7 e 8.

11. Per un excursus storico completo sulla soggettivitàinternazionale dell’individuo in generale, si vedaVoto Cançado annesso all’OC-17/2002, §§ 2-34,dove l’estensore sottolinea tra l’altro (§ 33)l’unitarietà del concetto di soggettività giuridica,così come (§§ 8 e 41) la stretta relazione tra questae la capacità giuridica.

12. Con riferimento a queste, e alla decisione della Corteal riguardo nella sentenza 41, vedi S. GARCÍA RAMÍREZ,Algunos criterios recientes de la CorteInteramericana de derechos Humanos (1998),Cuestiones Constitucionales, 1999, 1, p. 123 ss.,especialmente pp.134 -136.

13. Dal § 9A della sentenza risulta che nell’Informe 75/98 del 28 settembre 1998 la Commissione avevaconcluso nel senso di “recomendar que el Estadoargentino restablezca al señor...en la plenitud desus derechos y lo repare e indemniceadecuadamente.”

14. Sentenza 85, §§ 11e 11.3: “Con fundamento en ladenegación de justicia de que ha sido víctima elseñor...por parte de las autoridades argentinas, lasque de manera arbitraria se abstuvieron de repararde manera efectiva los graves perjuicios que lefueran ocasionados por agentes del Estado, laComisión solicita a la Honorable Corte que dictesentencia en el presente caso, declarando que elEstado argentino violó y continúa violando losderechos a las garantías judiciales y a la protecciónjudicial, protegidos por los artículos 8 y 25 de laConvención y el derecho a la propiedad reconocidopor el artículo 21 de la misma”; “Ordene al Estadoargentino el restablecimiento en plenitud de losderechos del señor...y, entre otras medidas, se lorepare e indemnice adecuadamente por lasviolaciones mencionadas, conforme a lo establecidoen el artículo 63.1 de la Convención. La adecuadaindemnización compensatoria debe comprender eldaño material, psicológico y moral actualizado.”

15. Per adottare la terminologia suggerita come piùcongrua in questi casi da S. ROSENNE, Procedure inthe International Court: A Commentary on the 1978Rules of the International Court of Justice, 2a

ed.,

Dordrecht, Nijhoff, 1985, p.159.

16. Cfr. §§ 21-23 e § 27 prima parte: “La primera excepciónpreliminar que la Corte va a analizar y decidir es larelativa al artículo 1, inciso 2, de la ConvenciónAmericana. Basándose en este texto, la Argentinasostiene que la Convención Americana no esaplicable a las personas jurídicas y que, por ende,

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las empresas del señor..., que poseen distintasformas societarias, no están amparadas por elartículo 1.2 de la Convención. El Estado invoca ensu apoyo la práctica de la Comisión Interamericanaen cuanto a la interpretación del artículo 1.2 de laConvención y cita los pasajes siguientes,extractados de los pronunciamientos de laComisión: “que el Preámbulo de la ConvenciónAmericana sobre Derechos Humanos así como lasdisposiciones del Artículo 1.2, proveen que paralos propósitos de esta Convención, ‘persona’significa ‘todo ser humano’, y que por consiguiente,el sistema” si riferisce solo alle “personas naturalesy no incluye personas jurídicas. Consecuentemente,en el sistema interamericano, el derecho a lapropiedad es un derecho personal y la Comisióntiene atribuciones para proteger los derechos deun individuo cuya propiedad es confiscada, perono tiene jurisdicción sobre los derechos depersonas jurídicas, tales como compañías o, comoen este caso, instituciones bancarias. Las personasjurídicas no están incluidas en la ConvenciónAmericana y, por lo tanto, a dichas personas no seles aplica sus disposiciones, pues carecen dederechos humanos.”

17. Cfr. § 26 in fine, con riferimento al caso BarcelonaTraction, Light and Power Company, Limited -Belgio c. Spagna e alla sentenza della CIG del 5febbraio 1970, nonché § 29, nota 11, con riferimentialla giurisprudenza della Corte europea e delComitato dei diritti dell’Uomo. Al § 28, poi, la Cortesi riferisce alla Convenzione di Vienna del 1969 suldiritto dei trattati e fa risaltare un argumentum acontrariis “la interpretación pretendida por elEstado conduce a resultados irrazonables puesimplica quitar la protección de la Convención a unconjunto importante de derechos humanos.”

18. Cfr. § 25: “Cabe examinar a continuación el artículo21 de la Convención Americana relativo a lapropiedad privada, que interesa en este caso. Segúnla interpretación que la Argentina sugiere y que laComisión parece compartir, si un hacendadoadquiere una máquina cosechadora para trabajarsu campo y el gobierno se la confisca, tendrá elamparo del artículo 21. Pero, si en lugar de unhacendado, se trata de dos agricultores de escasosrecursos que forman una sociedad para comprar lamisma cosechadora, y el gobierno se la confisca,ellos no podrán invocar la Convención Americanaporque la cosechadora en cuestión sería propiedadde una sociedad. Ahora bien, si los agricultores delejemplo, en vez de constituir una sociedad,compraran la cosechadora en copropiedad, laConvención podría ampararlos porque según unprincipio que se remonta al derecho romano, la

copropiedad no constituye nunca una personaideal.”

19. Si noti tuttavia in qual senso (§ 26 prima parte)viene intesa l’espressione “individuo”: “Todanorma jurídica se refiere siempre a una conductahumana, que la postula como permitida, prohibidau obligatoria. Cuando una norma jurídica atribuyeun derecho a una sociedad, ésta supone unaasociación voluntaria de personas que crean unfondo patrimonial común para colaborar en laexplotación de una empresa, con ánimo de obtenerun beneficio individual, participando en el repartode las ganancias que se obtengan. El Derechoofrece al individuo una amplia gama de alternativaspara regular sus conductas con otros individuos ypara limitar su responsabilidad.”

20. Affermazione genetica delle attuali conclusioni dellaCorte si rinviene nel Voto Concorrente Cançadoannesso alla sentenza 41 del 4 settembre 1998 sulleeccezioni preliminari nel caso Castillo Petruzzi yotros c. Perù, §§ 28 e 32, per il quale “no sejustificaría que, transcurridos veinte años deoperación de nuestra Convención regional, seadmitiera circundar de restricciones el amplioalcance de la legitimatio ad causam, por parte decualquier persona, bajo el artículo 44 de laConvención Americana. Cabe extraer lasconsecuencias del amplio alcance del artículo 44de la Convención. Además, el artículo 1.1 de laConvención Americana consagra la obligacióngeneral de los Estados Partes de respetar losderechos en ella consagrados y asegurar su libre ypleno ejercicio a toda persona sujeta a sujurisdicción, independientemente de su estatutojurídico en el derecho interno.” “La protección delos derechos humanos accionada por el ejerciciodel derecho de petición individual se efectúa”inoltre “a la luz de la noción de garantía colectiva,subyacente a la Convención Americana, así comoa los demás tratados de derechos humanos”, ed è“en ese contexto que se ha de apreciar el amplioalcance de la legitimatio ad causam bajo el artículo44 de la Convención Americana.”

21. Così Voto Concorrente Cançado annesso allasentenza 92 del 27 febbraio 2002 sul risarcimentodel caso Trujillo Oroza c. Bolivia, § 6.Conformemente, cfr. Voto Cançado annesso all’OC-17/2002, § 55, per il quale “es innegable que lasubjetividad jurídica internacional del ser humanose ha afirmado y expandido en las últimas décadas”,anche perché “no es posible concebir derechos -enmanados directamente del DerechoInternacional- sin la prerrogativa de reivindicarlos”.A.A.Cançado Trindade, Las cláusulas pétreas de

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la protección internacional del ser humano: Elacceso directo de los individuos a la justicia a nivelinternacional y la intangibilidad de la jurisdicciónobligatoria de los tribunales internacionales dederechos humanos, El Sistema Interamericano deProtección de los Derechos Humanos en el Umbraldel Siglo XXI, Memoria del Seminario deNoviembre de 1999, Tomo I, Corte Interamericanade Derechos Humanos, San José, 2001, pp. 5-68,especialmente p. 29, sottolinea del resto che “detodos los mecanismos de protección internacionalde los derechos humanos, el derecho de peticiónindividual es el más dinámico.”

22. Così sentenza in esame, § 29 in fine.

23. Così Voto Cançado annesso alla sentenza 41, § 22.

24. Che potrebbe rivelarsi, in un futuro non lontano,funzionale anche all’attuazione di alcuni dei dirittisanciti dal Protocollo di San Salvador, nel caso, adesempio, di cooperative di lavoratori o di sindacati.

25. Il Voto Cançado annesso all’OC-17/2002, § 28 [“Esperfectamente posible conceptualizar –inclusivecon mayor precisión– como sujeto del DerechoInternacional cualquier persona o entidad, titularde derechos y obligaciones, que emanandirectamente de normas del Derecho Internacional”]sembra lasciar intendere che tali distinzioni edifferenze non rileverebbero in nulla per il dirittointernazionale dei diritti dell’Uomo.

26. Chi scrive condivide l’affermazione del VotoCançado alla sentenza 41, § 15, per la quale il“derecho de petición individual” è e può costituireun “método de implementación internacional de losderechos humanos” e non condivide invece, nonfoss’altro che per l’esperienza della giurisprudenzaeuropea, l’opinione espressa dalla Commissionenell’Informe 47/97, per la quale la protezione deidiritti umani “would be diluted by the claims ofcorporate entities.”

27. Così Voto Cançado ult.cit., § 4.

28. Con questa locuzione non intendo riferirmi alleargomentazioni espresse dal Presidente Cançadoin ordine al legame intertemporale che uniscedefunti e viventi, e questi a quelli, del quale egliauspica una più approfondita consapevolezza daparte del diritto internazionale dei diritti dell’Uomo,bensì solo ai problemi connessi con l’accettazione“condizionata”, o di molto successiva alla ratificadella Convenzione, della giurisdizione della Corte.

29. Per quel che riguarda le analoghe riserve rationemateriae [cfr. sentenze 80, 81 e 82, tutte del 1settembre 2001, sulle eccezioni preliminari nei casiHilaire, Benjamin y otros e Constantine y otros,

tutti c. Trinidad e Tobago, § 43: “La República deTrinidad y Tobago, reconoce la jurisdicciónobligatoria de la Corte Interamericana de DerechosHumanos, sólo en la medida en que talreconocimiento sea compatible con las seccionespertinentes de la Constitución de la República deTrinidad y Tobago, y siempre que una sentencia dela Corte no contravenga, establezca o anulederechos o deberes existentes de ciudadanosparticulares”], vedi infra, nota 86 e, per quel cheriguarda l’asserita diversità tra riserve edichiarazioni generali, cfr. Voto ConcorrenteCançado annesso alla sentenza 80, § 30. Sulproblema qui considerato, cfr. da ultimo in dottrinaR. GOODMAN, Human Rights Treaties, InvalidReservations, and State Consent, The AmericanJournal of International Law, 2002,pp. 531-560 e A.E. MONTALVO, Reservations to the AmericanConvention on Human Rights: a New Approach,American University International Law Review,2001, 16, pp. 269-313, especialmente pp.277-282 e287-290.

J. M. PASQUALUCCI, The Inter-American Human RightsSystem: Establishing Precedents…, cit., pp.308-309,evidenzia peraltro, a monte, un difetto strutturaledel sistema latinoamericano, affermando che“unfortunately the system of the Conventionappears to make the best protection of human rightsimpossible because the American States in draftingit did not wish to accept the establishment of aswift and effective jurisdictional system but ratherthey hobbled it by interposing the impediment ofthe Commission, by establishing a veritableobstacle course that is almost insurmountable, onthe long and arduous road that the basic rights ofthe individual are forced to travel.” Sul ruolo dellaCommissione ai sensi del del nuovo Regolamento(2000) di Procedura della Corte, vedi A.A.CANÇADO

TRINDADE, Informe: Bases para un Proyecto deProtocolo a la Convención Americana sobreDerechos Humanos, para Fortalecer su Mecanismode Protección, El Sistema Interamericano deProtección de los Derechos Humanos en el Umbraldel Siglo XXI, Tomo II, Corte Interamericana deDerechos Humanos, San José, 2001, cap.X, 2, §§144-149 [con riferimento sia all’art.2. 23, nel quale laCommissione è definita “parte en el caso sóloprocesalmente”, che all’ art. 23.1 la cui formulazionedimostra, secondo l’A., che “la Corte actuó conprudencia, al preservar, en la presente etapa de laevolución histórica del sistema interamericano deprotección, las actuales facultades de la Comisión,y al contribuir simultáneamente a clarificar losdistintos roles de los individuos demandantes y dela CIDH, poniendo fin a la actual ambigüedad del

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rol de ésta última en el procedimento ante la Corte”]e 4, § 156, ove il Presidente “enfatiza lajurisdiccionalización de los procedimientos bajo laConvención Americana, por costituir la vía judicialla forma más perfeccionada de protección de losderechos de la persona humana.”

30. Cfr. sentenza 21 del 27 gennaio 1995 sulle eccezionipreliminari nel caso Genie Lacayo c. Nicaragua,nel quale la Corte (§§ 21 e 23-26) aveva potutoaffermare la propria giurisdizione solo grazie adun’intervenuta accettazione ad hoc da parte delloStato “para este caso, única y exclusivamente enlos precisos términos contenidos en la demandapresentada por la Comisión Interamericana deDerechos Humanos bajo el acápite “Objeto de lademanda” e, in senso contrario, sentenze 27 del 2luglio 1996 sulle eccezioni preliminari, 36 del 24gennaio 1998 sul merito e 48 del 22 gennaio 1999sul risarcimento, tutte nel caso Blake c. Guatemala.Mutatis mutandis, cfr. anche sentenze 54 e 55,entrambe contro il Perù ed entrambe del 24settembre 1999, nel caso Ivcher Bronstein -Competencia e nel Caso del TribunalConstitucional-Competencia.

31. Cfr. sentenza 27, §§ 8 e 3-6, e sentenza 48, stessiparagrafi. Sul problema delle riserve, vedi da ultimoin dottrina K. KORKELIA, New Challenges to theRegime of Reservations Under the InternationalCovenant on Civil and Political Rights, EuropeanJournal of International Law, 2002, 2, pp. 437-478.

32. Cfr. in particolare Voto Cançado alla sentenza 48 eidem alla 27, §§ 7-11. Si veda tuttavia anche il VotoRazonado del Giudice ah hoc Novales Aguirrerelativo alla sentenza 27, ove l’estensore afferma:“La muerte extrajudicial de una persona esintolerable y por sólo ese hecho no debe quedarimpune. Mediante el presente voto razonado hagouna exhortación de combate en contra de laimpunidad en aquellos hechos de los cuales la Cortese ha declarado incompetente, instando al Gobiernode la República de Guatemala para que continúecon las investigaciones exhaustivas que el casoamerita, consecuentemente con la captura,procesamiento y condena de los autoresintelectuales y materiales de los delitos cometidos.”Un ampio richiamo a considerazioni già espresse econsiderazioni nuove s’incontra anche nel VotoCançado annesso alla sentenza 92, §§ 14-19.

33. Sentenza 64 del 26 gennaio 2000.

34. Cfr. §§ 5 e 36 [“El 14 de junio de 1994 Boliviarespondió a la solicitud de la Comisión,manifestando que aceptaba su responsabilidad porlos hechos denunciados”; “En la audiencia pública

del 25 de enero de 2000 Bolivia reconoció loshechos expuestos por la Comisión. De la mismamanera, el Estado reconoció su responsabilidadinternacional en el presente caso y aceptó lasconsecuencias jurídicas que derivan de los hechosmencionados”]; Voto Concorrente Cançado allasentenza 92, §§ 2 e 3 in fine [“El Estado manifestóante la Corte, en la audiencia pública del 25 de enerode 2000, que el Gobierno de la República de Boliviaformalmente reconoce la responsabilidad sobre loshechos. Al hacerlo, el Estado reconoció todos loshechos expuestos en la demanda, o sea, todos loshechos a partir de la detención de la víctima, el23.12.1971, y no solamente los hechos posterioresa la fecha en que se tornó Parte en la ConvenciónAmericana sobre Derechos Humanos (19.07.1979)o a la fecha en que reconoció la competenciaobligatoria de la Corte Interamericana (27.07.1993)”;“La Corte consideró la desaparición forzada de lavíctima en su integralidad, como un todo”] e VotoConcorrente del Giudice García Ramírez alla stessapronuncia, §§ 3, 6 e 9. Il Voto Concorrente delGiudice ad hoc Brower, §§ 5-9, si rammarica inveceche la Corte non abbia affermato la propriagiurisdizione anche sulla base del principio c.d. delforum prorogatum.

35. Cfr.Voto Brower, § 2 [“Cabe recordar que en el CasoBlake, como en el presente, la desaparición de lavíctima antecede a la aceptación formal por partedel Estado de la competencia contenciosa de laCorte. Sin embargo, a diferencia de Bolivia en elpresente caso, el Estado, en esa oportunidadsostuvo que, como consecuencia, la Corte carecíade competencia. La Corte concluyó que talexcepción debía considerarse infundada en cuantoa los efectos y conductas posteriores a la aceptaciónde competencia del Estado y que, por esta razón,tenía competencia para conocer de las posiblesviolaciones que imputa la Comisión al propioGobierno en cuanto a dichos efectos y conductas.”]

36. Sentenza 64, § 41 e Voto Cançado annesso allasentenza 92, § 2.

37. Sentenza di merito, § 40 e Voto Cançado ult.cit., § 3.

38. Stesso Voto, § 41.

39. Sentenza 92, § 72 prima parte. Ibidem, seconda parte,la Corte trae le debite, ulteriori conseguenze: “Alresolverse el problema de la prescripción, no debeexistir impedimento alguno para que los familiaresde la víctima conozcan la verdad de lo acaecidoa…y que se investigue y sancione a losresponsables de los acontecimientos objeto delpresente caso.” Su questo punto vedi infra, p. 28,nota 145.

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40. Cfr. Voto García Ramírez, §§ 4, 6 e 14 e Voto Brower,§ 2 prima parte e §§ 3-4, ed invece, in sensopianamente contrario, Voto Cançado, §§ 4 -5 [“LaConvención de Viena (1969) sobre Derecho de losTratados determina que las disposiciones de untratado no obligan a una Parte respecto de ningúnacto o hecho que haya tenido lugar con anterioridada la fecha de entrada en vigor del tratado para elEstado Parte en cuestión, ni de ninguna situaciónque en esa fecha haya dejado de existir. O sea, lareferida Convención de Viena establece el carácterimperativo del principio de la no-retroactividad delos tratados en relación específicamente con actos ohechos, o situaciones, que se hayan consumadoantes de la entrada en vigor del tratado para el EstadoParte en cuestión. Así, el propio derecho de lostratados ha dado margen para la evolución de lanoción de situación continuada, en el ámbito delDerecho Internacional de los Derechos Humanos, lacual viene atender a las necesidades de proteccióndel ser humano, y transcender las contingencias delderecho para realizar el ideal de la justicia.”]

41. Cfr. §§ 72 e 107.

42.. Cfr. sentenza n. 1190/01-R, del 12.11.2001: “Laprivación ilegal de libertad o detenciones ilegales,es un delito permanente, y mientras perdure el delitose reproduce a cada instante en su acciónconsumativa.” Le decisioni della Corte CostituzionaleBoliviana, istituita con Legge n. 1836 del 1 aprile 1998,possono essere viste nel sito internet http://www.tribunalconstitucional.gov.bo/.

43. A questa posizione si allinea solo apparentemente,e nei limiti di cui infra, pp.8-9, il Voto Cançado, § 5[“Para esto también ha contribuido, en el ámbitodel caso concreto, el Tribunal Constitucional deBolivia”]. Al § 103 della sentenza in esame, la Corteosserva che proprio “el transcurso del tiempo, lafalta de tipificación del delito de desapariciónforzada –[y] la aplicación de la prescripción de laacción en el proceso penal– han sido los principalesobstáculos para lograr una efectiva investigaciónde los hechos que afectaron al señor…y la sanciónde los responsables”. Si noti tuttavia, sentenza 92,§ 93 c), che “el proyecto de ley que sanciona conpena de cárcel la desaparición forzada de personasse encuentra [ancora, n.d.r.] en trámite ante elCongreso de Bolivia”. Sul punto, vedi infra, pp. 25-26, nota 135.

44. Così la sentenza, § 72 seconda parte, e Voto GarcíaRamírez, § 13. L’importanza della decisione dellaCorte su questo punto si rivela soprattutto sotto ilprofilo dell’ampiezza e dell’ammontare delrisarcimento, al qual proposito si noti come il Giudice

ad hoc (Voto Brower, § 2) affermi che “el Estadohubiera preferido que las reparaciones ordenadasen la presente Sentencia fueran sustancialmentemás modestas tanto en alcance, como en grado.”L’estensore riconosce nondimeno di essere“satisfecho, al considerar el asunto imparcialmentey a conciencia, que la jurisprudencia desarrolladapor la Corte, aplicada a la totalidad del expedienteante ella en el presente caso, no podía habercontemplado menos.”

45. “En efecto, tanto la Corte Europea de DerechosHumanos como el Comité de Derechos Humanos,v.g., han asumido jurisdicción en casos en que,aunque los hechos hayan tenido inicio antes de laentrada en vigor de los respectivos tratados dederechos humanos para los Estados Partes encuestión, han surtido efectos que se prolongan enel tiempo después de aquella entrada en vigor. Silos órganos de protección internacional nohubiesen actuado de esa forma, hubieran privadodichos tratados de sus efectos apropiados (effetutile) en el derecho interno de los Estados Partes.Y si se tomara en cuenta solamente los hechosposteriores a una determinada fecha, fragmentandoy desfigurando de ese modo una situacióncontinuada de violación de los derechos humanos,aún así habría que considerar también los hechosanteriores a tal fecha, para identificar y evaluar susefectos prolongados en el tiempo, inclusivedespués de dicha fecha”: così §§ 12-13. La vera“conversione” della Corte europea alla nozione diviolazione continua risale tuttavia sostanzialmentesolo alla sentenza 10 maggio 2001 nel caso Cipro c.Turchia. Anteriormente, infatti, detta nozione erastata impiegata solo nei confronti dell’Italia, aproposito dell’irragionevole durata dei processi, infattispecie peraltro del tutto diversamenteconnotate. Sul tema, cfr. rispettivamente L. G.LOUCAIDES, The Judgment of the European Court ofHuman Rights in the Case of Cyprus v. Turkey,Leiden Journal of International Law, 2002, 15, pp.225-236 e M.SCALABRINO, L’irragionevole durata deiprocessi italiani e la L. 24 marzo 2001, n.89: uncommodus discessus, Rivista Internazionale deiDiritti dell’Uomo, 2001, 2, pp. 365-415, especialmentepp. 374-376.

46. Ibidem, § 10.

47. Ibidem, §§ 10 e 22, sottolinendo (§§ 11 e 21) che,poiché “la misma atención prestada por la Corte ala integralidad de la situación continuada de ladesaparición forzada de la víctima en su Sentenciasobre el fondo se impone igualmente en su presenteSentencia de reparaciones, la Corte Interamericanaconsideró equitativo determinar los montos de

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reparaciones tomando en cuenta la totalidad de loshechos (entre 1971 y 2002) admitidos por el Estadodemandado que conforman la situación continuadade la desaparición forzada del Sr…O sea, la Cortedeterminó las reparaciones teniendo presente lasituación permanente (desde su inicio hasta lafecha) del delito de desaparición forzada que hastahoy perdura, por ende imprescriptible.”

48. Ibidem, § 9, e Voto Razonado annesso alla sentenza36, §§ 16-17 [“Las soluciones del primero,consagradas en las dos Convenciones de Vienasobre Derecho de los Tratados, fueron erigidas engran parte sobre la premisa del equilibrio del acuerdode voluntades entre los propios Estados soberanos,con algunas significativas concesiones a losintereses de la llamada comunidad internacional(identificadas sobre todo en la consagración deljus cogens en los artículos 53 y 64 de ambasConvenciones de Viena). Las soluciones delsegundo se erigen sobre premisas distintas,contraponiendo a dichos Estados los sereshumanos victimados bajo su jurisdicción, titularesúltimos de los derechos de protección.”]

49. Ibidem, § 9, e Voto Razonado ult. cit., § 24. Quivi, §15, vedi l’appartenenza del divieto della scomparsaforzata di persona allo jus cogens: “Estamos, endefinitiva, ante una violación particularmente gravede múltiples derechos humanos. Entre éstos seencuentran derechos fundamentales inderogables,protegidos tanto por los tratados de derechoshumanos como por los de Derecho InternacionalHumanitario. Los desarrollos doctrinales másrecientes en el presente dominio de protecciónrevelan una tendencia hacia la “criminalización” deviolaciones graves de los derechos humanos, comolas prácticas de tortura, de ejecuciones sumarias yextra-legales, y de desaparición forzada depersonas. Las prohibiciones de dichas prácticasnos hacen ingresar en la terra nova del jus cogensinternacional”. Conformemente, con riferimento alleriserve ratione materiae alla giurisdizionecontenziosa della Corte, vedi Voto alla sentenza 80,§ 38: “Los Estados se ven hoy ante un dilema quedebería ya estar superado hace mucho: o retornana la concepción voluntarista del derechointernacional, abandonando de una vez la esperanzaen la preeminencia del Derecho sobre los interesespolíticos, o retoman y realizan con determinación elideal de construcción de una comunidadinternacional más cohesionada e institucionalizadaa la luz del Derecho y en la búsqueda de la Justicia,moviendo resueltamente del jus dispositivum al juscogens.” In dottrina, vedi da ultimo J. BENZIMRA-HAZAN, Disparitions forcées de personnes et

protection du droit à l’intégrité: la méthodologie dela Cour interaméricaine des droits de l’homme,Revue Trimestrielle des droits de l’homme, 2001, p.765 ss.

50. Voto alla sentenza in esame, § 18, e Voto alla sentenza36,§ 25. In senso favorevole, vedasi in dottrina K.D. KING-HOPKINS, Inter-American Commission onHuman Rights: Is its Bark Worse Than its Bite inResolving Human Rights Disputes?, Tulsa LawJournal, 2000, 35, pp. 421-443 especialmente p. 431.In senso parzialmente favorevole vedi T. KOJI,Emerging Hierarchy in International Human Rightsand Beyond: From the Perspective of Non-derogable Rights, European Journal of InternationalLaw, 2001, 5, pp. 917-942 e S. HALL, The PersistentSpectre: Natural Law, International Order and theLimits of Legal Positivism, European Journal ofInternational Law, 2001, 2, pp. 269-308. In senso,invece, polemico e provocatorio, vedi M.MUTUA,Savages, Victims, and Saviors: The Metaphor ofHuman Rights, Harvard International Law Journal,2001, 42, pp.201-245 especialmente pp. 209-227.

51. Sulla nozione solo apparentemente limitrofa diviolazione continuata, vedi sentenza 73 del 5febbraio 2001sul merito del caso “La ÚltimaTentación de Cristo” (Olmedo Bustos y otros c.Chile), § 98 [“En relación con los artículos 1.1 y 2de la Convención, las normas de derecho internotodavía no han sido adaptadas a lo dispuesto porla Convención Americana. Por ello el Estadocontinúa incumpliendo los deberes generales a quese refieren aquellas disposiciones convencionales”]e soprattutto Voto Concorrente Cançado, § 5, per ilquale “es perfectamente posible concebir unasituación legislativa contraria a las obligacionesinternacionales de un determinado Estado (v.g.,manteniendo una legislación contraria a lasobligaciones convencionales de protección de losderechos humanos, o no adoptando la legislaciónrequerida para dar efecto a tales obligaciones en elderecho interno). En este caso, el tempus commisidelicti se extendería de modo a cubrir todo elperíodo en que las leyes nacionales permanecieronen conflicto con las obligaciones convencionalesinternacionales de protección, acarreando laobligación adicional de reparar los sucesivos dañosresultantes de tal situación continuada durante todoel período en aprecio. Los hechos del presente casodemuestran, a mi juicio, que estas ponderacionesson válidas para toda la normativa del derechointerno, abarcando las normas de rangos tantoinfraconstitucional como constitucional.”

52. Le considerazioni critiche espresse dal Presidentecirca l’apponibilità di riserve di contenuto ai trattati

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internazionali sui diritti umani sono note, e quindiin nulla deve meravigliare che in Informe: Basespara un Proyecto de Protocolo…,cit., loc. cit.,cap.VIII, §§ 122-123, egli auspichi la modificadell’art. 75 della Convenzione, nel senso che essorisulti così riformulato: “Esta Convención no admitereservas”. Questo è infatti uno dei suoi “sogni”,forse il più arduo.

53. Voto alla sentenza in esame, § 15.

54. Ibidem, § 19.

55. Così ancora Voto relativo alla sentenza 80, § 19, eVoto annesso all’OC-17/2002, § 22. Si veda altresì,sull’intera materia, A. A. CANÇADO TRINDADE, Lascláusolas pétreas …, cit., specialmente pp. 39-59 e,nel particolare, anche P.A.QUILTER, Strenghtening theInter-American Human Rights System: Getting theDebate on Back on Track, El Sistema Interamericanode Protección …, cit., pp.597-603.

56. Voto annesso alla sentenza in esame, § 39, e giàanalogamente, Voto ult.cit., § 38, ove l’estensoreimpiega la locuzione “lamentable falta deautomatismo de la jurisdicción internacional” e siesprime, a questo proposito, in termini di“necesarios ajustes para hacer frente a la realidadde los derechos humanos y atender a lasnecesidades crecientes de protección eficaz del serhumano.”La necessità di un Protocollo modificativo (anche)nei sensi appena cennati era già stata sottopostadallo stesso Presidente, insieme ad altre sueproposte, “within the framework of the dialogue onthe Inter American System of Protection of HumanRights”, alle pertinenti sedi istituzionali dell’OSA,e precisamente al Consiglio Permanentedell’Organizzazione, in occasione dellapresentazione, il 5 aprile 2001, del Rapporto Annuale(2000) della Corte al Comitato degli Affari Giuridicie Politici [doc. OEA/Ser.G-CP/CAJP-1781/01, cap.V,§§ 54-56; 59-60; 62-63], ed è stata ribadita nellastessa sede il 19 aprile 2002, in occasione dellapresentazione del Rapporto Annuale 2001 [doc.OEA/Ser.G-CP/CAJP-1932/02-25 aprile 2002, § III].Sul punto si veda altresì ampiamente A. A. CANÇADO

TRINDADE, Informe: Bases para un Proyecto deProtocolo…, cit.,loc.cit., cap.VIII, § 117, y cap.X,§§ 159-161.Degno di particolare menzione è poi che ilPresidente [cfr. doc.OEA/Ser.G-CP/CAJP/SA.379/02, datato 17 giugno 2002] abbia riproposto allaconsiderazione del Comitato degli Affari Giuridici ePolitici del Consiglio Permanente dell’OSA anchel’idea che venga istituito “an ad hoc mechanismwithin the CAJP, that could assume responsibilityfor verifying execution of the Court’s sentences

and the IACHR’s recommendations” atteso che, adifferenza del sistema europeo, manca in quellolatinoamericano “any international supervision forexecution of the Court’s sentences and the IACHR’sdecisions” ed esiste qui pertanto “an institutionalgap between following up on sentences andmonitoring their enforcement.” “At present, thatresponsibility is in the hands of each state [and]each state applies the domestic implementationmechanisms it deemes appropriate. It might benecessary to amend Article 65 of the AmericanConvention on Human Rights”, egli scrive, “to allowthe aforementioned mechanism to becomepermanent. That mechanism”, egli specifica infine,dovrebbe “consist exclusively of the states partiesto the American Convention of Human Rights andnot all member states of the Organization.” Anchesu questo punto vedi A. A. CANÇADO TRINDADE,Informe: Bases para un Proyecto de Protocolo…,cit.,loc.cit., cap.VIII, § 118, y cap. X, § 162.

57. Sentenza 49 del 26 gennaio 1999 sulle eccezionipreliminari nel caso Cesti Hurtado c. Perù, nellaquale lo Stato aveva eccepito, tra altre, una secondaed una terza questione –§§ 35 e 41b)– ai sensi dellequali, rispettivamente, “a través de su demanda, laComisión pretende enervar la institución de la cosajuzgada al solicitar que se declare la nulidad delproceso ante el Fuero Privativo Militar que condenóal señor... por el delito de fraude en agravio delEstado” e “la pena privativa de libertad a que hasido sometido el señor... se deriva de una sentenciadefinitiva, emitida en última instancia por el fueromilitar, que goza de la autoridad de cosa juzgada y,por lo tanto, es inamovible e irrevisable.”

58. Sentenza 40 del 3 settembre 1998 sulle eccezionipreliminari nel caso Cantoral Benavides c. Perù,§§ 30-34. Sui profili generali del problema,soprattutto con riguardo alla prova dei fatti violatorioccorsi, cfr. C.MEDINA, Toward Effectiveness in theProtection of Human Rights in the Americas,Transnational Law and Contemporary Problems,1998,8, p.337 ss., § IIIB.

59. Sentenza 49, § 47: “La Corte recuerda que el DerechoInternacional de los Derechos Humanos tiene porfin proporcionar al individuo medios de protecciónde los derechos humanos reconocidosinternacionalmente frente al Estado (sus órganos,sus agentes, y todos aquellos que actúan en sunombre). En la jurisdicción internacional las partesy la materia de la controversia son, por definición,distintas de las de la jurisdicción interna. El aspectosustancial de la controversia ante la Corte no es sila supuesta víctima violó la Ley peruana (ya seaésta la ordinaria o la militar), sino si el Perú ha violado

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las obligaciones internacionales que contrajo alconstituirse en Estado Parte en la ConvenciónAmericana. Por estas razones, la Corte rechaza, intoto, por improcedentes, las segunda y terceraexcepciones preliminares interpuestas por elEstado.”

60. Sentenza 90 del 6 dicembre 2001.

61. bidem, § 32 prima parte: “La Comisión aportó alacervo probatorio que consta ante la Corte copiade la sentencia del Tribunal ContenciosoAdministrativo de Nariño del 15 de abril de 1993 enque declaró responsable a Colombia por la muertede...y la condenó, en consecuencia, al pago dedaños y perjuicios morales y materiales causados asus familiares. Esta sentencia fue confirmada por laSala de lo Contencioso Administrativo del Consejode Estado, el 14 de diciembre de 1993. A su vez, lasentencia del Tribunal Contencioso Administrativode Nariño del 23 de febrero de 1995 declaróresponsable a Colombia por la muerte de...y lacondenó, en consecuencia, al pago de daños yperjuicios morales y materiales causados a susfamiliares. Esta decisión fue confirmada el 15 deenero de 1996 por la Sala de lo ContenciosoAdministrativo del Consejo de Estado.” Si noti chela Colombia aveva comunque effettuato ilriconoscimento della propria responsabilitàinternazionale sia nello scritto di risposta che, in formaorale, all’udienza sul merito [“El propio Estadoadoptó una actitud positiva en el procedimiento anteeste Tribunal internacional, tomando la iniciativa dereconocer su responsabilidad internacional bajo elartículo 4 de la Convención Americana, tanto en sucontestación de la demanda del 15.12.1998 como enla audiencia pública del 28.5.2001”: così VotoRazonado Cançado-Pacheco Gómez, § 2.]

62. Cfr. § 32, seconda parte: “Dado que estas decisionesjudiciales eran conocidas por la Comisión cuandopresentó su demanda, cabe preguntarse qué finpersigue ésta cuando solicita a la Corte que declarenuevamente que Colombia es responsable de lamuerte de las personas indicadas.”

63. Il Voto Razonado Congiunto dei Giudici GarcíaRamírez, Salgado Pesantes e Abreu Burelli, § h),sottolinea invece che “las sentencias de órganoscolombianos de la jurisdicción administrativaimplican, para los efectos del presente caso, que yaexiste condena contra el Estado. Si no la hubiere,sería procedente que la Corte Interamericana sepronunciase sobre este punto.”

64. Cfr. §§ 33-34: “El sistema de garantía de los derechoshumanos en América consta de un nivel nacionalque consiste en la obligación de cada Estado de

garantizar los derechos y libertades previstos en laConvención y de sancionar las infracciones que secometieren. Ahora bien, si un caso concreto no essolucionado en la etapa interna o nacional, laConvención prevé un nivel internacional en la quelos órganos principales son la Comisión y estaCorte. Pero, como lo expresa el Preámbulo de lamisma Convención Americana, la proteccióninternacional es coadyuvante o complementaria dela que ofrece el derecho interno de los Estadosamericanos. En consecuencia, cuando una cuestiónha sido resuelta definitivamente en el orden internosegún las cláusulas de la Convención, no esnecesario traerla a esta Corte para su aprobación oconfirmación. En el presente caso, el Consejo deEstado de Colombia ha decidido en última instanciaque el Estado es responsable por la muerte de…Por lo tanto, la responsabilidad de Colombia quedóestablecida en virtud del principio de cosa juzgada.”Conformemente, Voto Razonado García Ramírez,Salgado Pesantes e Abreu Burelli, §§ a) - f).

65. “[Por lo tanto, la Corte por unanimidad declara]1.Que la responsabilidad del Estado por la muertede los señores …, correspondiente a la violacióndel artículo 4 de la Convención Americana sobreDerechos Humanos, quedó establecida por las dossentencias definitivas de la Sala de lo ContenciosoAdministrativo del Consejo de Estado de fechas 14de diciembre de 1993 y 15 de enero de 1996.”

66. Cfr. § 1: “Hubiéramos preferido que este puntoresolutivo, para seguir la línea de la evoluciónjurisprudencial de esta Corte, tuviera la siguienteredacción: “La Corte declara que el Estado esreponsable por la violación del artículo 4 de laConvención Americana sobre Derechos Humanos,en relación con el artículo 1.1 de la misma, enperjuicio de los Señores…, tal como lo hareconocido expresamente el Estado en elprocedimiento ante esta Corte.”

67. Ibidem, § 2, tanto più che (§§ 7 e 9) le sentenzeinterne avevano dichiarato esclusivamente laresponsabilità amministrativa e patrimoniale delloStato por “falla del servicio”, lasciando quindi deltutto impregiudicati i titoli portati alla cognizionedell’organo giurisdizionale internazionale.

Chi scrive condivide pienamente le affermazionidegli estensori per le quali, “a la luz de laConvención Americana, lo decidido por lajurisdicción contencioso-administrativa nacional noparece suficiente, y aún menos definitivo: talesdecisiones, son manifiestamente insuficientes a laluz de la normativa de protección de la ConvenciónAmericana, teniendo presente el deber general de

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los Estados Partes de garantizar el libre y plenoejercicio de los derechos protegidos” e -di più - v’èragione di temere che “pueda surgir ocasiones enque la tenue capa del jurisdicismo formal sea malutilizada de modo que lleve a perpetuar laimpunidad.”

68. Ibidem, § 4: “La Corte no puede abdicar de procedera esta determinación, ni siquiera en la hipótesis enque la decisión de un tribunal nacional seaenteramente coincidente con la suya en cuanto alfondo”. Poiché inoltre (ibidem, § 3) “laresponsabilidad del Estado en derecho interno nocoincide necesariamente con su responsabilidaden derecho internacional, la res judicata en derechointerno no es vinculante para un tribunalinternacional como la Corte Interamericana.” Al §5, poi, gli estensori non mancano di sottolineare lacontraddittorietà dell’attuale conclusione rispettoa quella della sentenza 49, § 47.

69. Ibidem, § 6.

70. Ibidem, § 13, i redattori aggiungono adabundantiam che “una cosa es actuar como tribunalde apelaciones o casación de las decisiones de lostribunales en el marco del derecho interno, lo que laCorte Interamericana no puede hacer”, facendonedivieto la formula c.d. della quarta istanza, “otracosa, enteramente distinta, es proceder, en elcontexto de un caso contencioso concreto en elcual se estableció la existencia de víctimas deviolaciones de los derechos humanos, a ladeterminación de la compatibilidad o no con lasdisposiciones de la Convención Americana deactos y prácticas administrativas, leyes nacionalesy decisiones de tribunales nacionales, lo que laCorte Interamericana sí puede, y debe hacer.”

71. Ibidem, § 8. Nello specifico, si notino gli ampiriferimenti giurisprudenziali indicati nei §§ 10-11.

72. Ibidem, § 12: “Al asegurar el deber de control quedebe el Estado ejercer sobre todos sus órganos yagentes para evitar violaciones sucesivas de losderechos convencionalmente protegidos, la tesisde la responsabilidad objetiva del Estado,configurada a partir de la violación de susobligaciones internacionales, es, en nuestroentender, la que más contribuye para asegurar laefectividad (effet utile) de un tratado de derechoshumanos y la realización de su objeto y propósito.Con base en esta tesis se realizan, con particularvigor, las obligaciones positivas de protección porparte del Estado, incluyendo la garantía de no-repetición de los actos lesivos.”

73. Mi riferisco al Voto Dissidente del Giudice VidalRamírez annesso alla sentenza 40, per il quale (§§ 3,

3.1, 3.2 e 3.3) l’indulto concesso alla vittima avrebbedovuto far venir meno la competenza della Corte adesaminare le violazioni dedotte dalla Commissionee avrebbe dovuto legittimare solo la pronunciarisarcitoria.

74. Sentenza 75 del 14 marzo 2001. Sulle leggi diamnistia in generale, vedi da ultimo in dottrina G.MEINTIES e J.E.MÉNDEZ, Reconciling Amnesties withUniversal Jurisdiction, International Law FORUM

du Droit International, 2000, 2, pp.76-97especialmente pp.78-79.

75. Concettualmente prodromica, anche se nonstrettamente funzionale, era stata la sentenza 73,nella quale la Corte (§ 72) aveva sfidato laCostituzione dello Stato convenuto ribadendo ilcarattere oggettivo della responsabilitàinternazionale dello Stato: “La responsabilidadinternacional del Estado puede generarse por actosu omisiones de cualquier poder u órgano de éste,independientemente de su jerarquía, que violen laConvención Americana. Es decir, todo acto uomisión, imputable al Estado, en violación de lasnormas del Derecho Internacional de los DerechosHumanos, compromete la responsabilidadinternacional del Estado. En el presente caso éstase generó en virtud de que el artículo 19.12 de laConstitución establece la censura previa en laproducción cinematográfica y, por lo tanto,determina los actos de los Poderes Ejecutivo,Legislativo y Judicial.” Degno di nota l’annessoVoto Cançado, il quale (§ 36) era andato più in là,preconizzando l’applicazione diretta e prioritariadelle norme convenzionali sulle norme interneconfiggenti [“Las sentencias de los tribunalesnacionales deben tomar en debida cuenta lasnormas aplicables tanto del derecho interno comode los tratados de derechos humanos que vinculanel Estado Parte. Estas últimas, al consagrar y definirclaramente un derecho individual, susceptible devindicación ante un tribunal o juez nacional, sondirectamente aplicables en el plano del derechointerno”], anche senza un provvedimento formaledi adeguamento del diritto interno al dettatoconvenzionale.L’adeguamento in questione ha avuto invece luogoin Brasile, nell’ultima Carta Costituzionale, anchegrazie all’influenza esercitata dallo stesso PresidenteCançado, come ricorda V. DE OLIVEIRA MAZZUOL, Ainfluência dos tratados internacionais de proteçãodos direitos humanos no direito interno brasileiro,in http// www.kplus.com.br. [“Atualmente, o quese vem percebendo é o surgimento gradual de umanova mentalidade, mais aberta e otimista, em relaçãoaos Direitos Humanos. Não mais se cogita em

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monismo e dualismo, o que já estaria por demaissuperado. O que pretendem, é que seja dado àsnormas de direitos humanos provenientes detratados internacionais, o seu devido valor. Nãoadmitem essa igualização dos tratados com alegislação interna do país. Ao contrário: desejamver aqueles compromissos internacionais igualadosà Constituição do Estado. Nesse diapasão, dispõeo art. 29 (“Normas de interpretação”) do Pacto deSan José da Costa Rica, que: “Nenhuma disposiçãoda presente Convenção pode ser interpretada nosentido de: “a. permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo, suprimir o gozo e oexercício dos direitos e liberdades reconhecidos naConvenção ou limitá-los em maior medida do que anela prevista; b. limitar o gozo e exercício de qualquerdireito ou liberdade que possam ser reconhecidosem virtude de leis de qualquer dos Estados-partes…” Em vista dessas disposiçõesconvencionais, essa nova doutrina apóia asupremacia daquele produto convencional noparágrafo 2 do art. 5 da Constituição Federal, queassim dispõe: “Os direitos e garantias expressosnesta Constituição não excluem outros decorrentesdo regime e dos princípios por ela adotados, oudos tratados internacionais em que a RepúblicaFederativa do Brasil seja parte.” Quando a Carta de1988 em seu art. 5, § 2, dispõe que “Os direitos egarantias expressos na Constituição não excluemoutros direitos decorrentes dos tratadosinternacionais”, a contrariu sensu, está ela “aincluir, no catálogo dos direitos constitucionalmenteprotegidos, os direitos enunciados nos tratadosinternacionais em que o Brasil seja parte.” Esteprocesso de inclusão implica na incorporação pelotexto constitucional destes direitos. Assim, aoincorporar em seu texto esses direitosinternacionais, está a Constituição atribuindo-lhesuma natureza especial e diferenciada, qual seja, “anatureza de norma constitucional”, os quais passama integrar, portanto, o elenco dos direitosconstitucionalmente protegidos, interpretação estaconsoante com o princípio da máxima efetividadedas normas constitucionais. E isto porque foi dojurista brasileiro Prof. Antônio Augusto CançadoTrindade a proposta feita na Assembléia NacionalConstituinte, de se inserir na Constituição a regrado art. 5, § 2. É este eminente professor oresponsável, pode-se dizer, pela existência do § 2do art. 5, na nossa Carta Magna (cf. Direitos egarantias individuais no plano internacional, inAssembléia Nacional Constituinte – Atas dasComissões, v. 1, Brasília, n. 66, supl., 27.5.1987, p.111, e pp. 109-116; cf. também A. A. CANÇADO

TRINDADE, Entrevista, Justiça e Democracia - Revista

da Associação Juízes para a Democracia,1996,1,pp.7-17, esp. pp. 10-11; A. A. CANÇADO TRINDADE, Ainteração entre o direito internacional e do direitointerno na proteção dos direitos humanos.Arquivos do Ministério da Justiça, Brasília, v. 46,n. 182,1993). Assim se expressou este eminenteprofessor em prefácio à coletânea “Instrumentosinternacionais de proteção aos direitos humanos”da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (págs.20-21): “O disposto no art. 5, § 2, da ConstituiçãoBrasileira de 1988 se insere na nova tendência deConstituições latino-americanas recentes deconceder um tratamento especial ou diferenciadotambém no plano do direito interno aos direitos egarantias individuais internacionalmenteconsagrados. A especificidade e o caráter especialdos tratados de proteção internacional dos direitoshumanos encontram-se, com efeito, reconhecidose sancionados pela Constituição Brasileira de 1988:se, para os tratados internacionais em geral, se temexigido a intermediação pelo Poder Legislativo deato com força de lei, de modo a outorgar às suasdisposições vigência ou obrigatoriedade no planodo ordenamento jurídico interno, distintamente nocaso dos tratados de proteção internacional dosdireitos humanos em que o Brasil é parte, os direitosfundamentais neles garantidos passam, consoanteo art. 5, § 1 e 2, da Constituição Brasileira de 1988, aintegrar o elenco dos direitos constitucionalmenteconsagrados e direta e imediatamente exigíveis noplano do ordenamento jurídico interno.”]Identicamente, vedi V. DE OLIVEIRA MAZZUOL,Hierarquia Constitucional e IncorporaçaoAutomática dos Tratados Internacionais deProteção dos Direitos Humanos no OrdenamentoBrasileiro, Presidente Prudente-SP, 2000, §§ 2.1e2.2.; V. DE OLIVEIRA MAZZUOL, A influência dostratados internacionais de proteção aos direitoshumanos no direito interno brasileiro e a primaziada norma mais favorável como regra dehermenêutica internacional, Revista da ProcuradoriaGeral do Estado de São Paulo, 2000, 53, pp. 83-106 eF. PIOVESAN, Direitos Humanos e o DireitoConstitucional Internacional, 5ª ed., Editora MaxLimonad, São Paulo, 2002.Sulla libertà di espressione in relazione al casocontro il Cile, si veda da ultimo in dottrina H.FAÚNDEZ

LEDESMA, La libertad de expresión y la proteccióndel honor y la reputación de las personas en unasociedad democrática, El Sistema Interamericanode Protección…, cit., pp. 559-586, especialmente pp.581-582; J. E. MENDEZ E J. MARIEZ CURRENA, HumanRights in Latin America and the Caribbean: aRegional Perspective, Paper submitted to the HumanDevelopment Report 2000- “Human Rights and

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Human Development”, 1999, 39 pp., especialmentep. 7, e V. KRSTICEVIC, How Inter-American HumanRights Litigation Brings Free Speeches to theAmerican, Southwestern Journal of Law and Tradein the Americas, 1997, 4, p. 209 ss. Sulla sentenze 73e 75 si veda C.MARTIN e D.RODRÍGUEZ PINZÓN, InterAmerican Court of Human Rights, NetherlandQuarterly of Human Rights, 2001, 4, pp. 483-491,especialmente pp. 489-491, mentre sul problemadell’adeguamento del diritto interno al dirittointernazionale dei diritti dell’Uomo, si veda daultimo, se pur in generale, B.CONFORTI, Notes on theRelationship between International Law andNational Law, International Law FORUM du droitinternational, 2001,3, pp. 18-24., especialmente pp.18 e 24.

76. “Estas ponderaciones de la Corte Interamericana”,afferma il Presidente nel Voto Concorrente annesso(§ 4) “constituyen un nuevo y gran salto cualitativoen su jurisprudencia, en el sentido de buscar superarun obstáculo que los órganos internacionales desupervisión de los derechos humanos todavía nohan logrado transponer: la impunidad, con laconsecuente erosión de la confianza de la poblaciónen las instituciones públicas.” E ibidem (§ 6)aggiunge, con riferimento alle leggi censurate, che“su legalidad en el plano del derecho interno, alconllevar a la impunidad y la injusticia, encuéntraseen flagrante incompatibilidad con la normativa deprotección del Derecho Internacional de losDerechos Humanos, acarreando violaciones de jurede los derechos de la persona humana. El corpusjuris del Derecho Internacional de los DerechosHumanos pone de relieve que no todo lo que eslegal en el ordenamiento jurídico interno lo es en elordenamiento jurídico internacional, y aún máscuando están en juego valores superiores (como laverdad y la justicia). En realidad, lo que se pasó adenominar leyes de amnistía, y particularmente lamodalidad perversa de las llamadas leyes deautoamnistía, aunque se consideren leyes bajo undeterminado ordenamiento jurídico interno, no loson en el ámbito del Derecho Internacional de losDerechos Humanos.”

77. Ibidem, § 44 e dispositivo 4: “[La Corte decide porunanimidad] declarar que las leyes de amnistía Nº26479 y Nº 26492 son incompatibles con laConvención Americana sobre Derechos Humanosy, en consecuencia, carecen de efectos jurídicos.”Conformemente, cfr. anche sentenza 88 del 3dicembre 2001 sul risarcimento del danno nel casoCantoral Benavides c. Perù, § 73.

78. Voto Cançado, §§ 10 -11. Analogamente, VotoConcorrente García Ramírez, § 15.

79. Cfr. anche l’ampia argomentazione del Voto GarcíaRamírez, §§ 9-14.

80. Voto Cançado,§ 9, in virtù della totale indipendenzatra diritto internazionale dei diritti dell’uomo e dirittointerno quanto alla valutazione delle fattispecie: “Enconformidad con un principio general del derechode la responsabilidad internacional, laindependencia de la caracterización de determinadoacto (u omisión) como ilícito en el derechointernacional de la caracterización –similar o no–de tal acto por el derecho interno del Estado, elhecho de que una determinada conducta estatal seconforma con las disposiciones de derecho interno,o inclusive es por este último requerida, no significaque se pueda negar su carácter internacionalmenteilícito, siempre y cuando constituya una violaciónde una obligación internacional”. Identicamente,Voto Cançado alle sentenze 73, § 21, e 88, § 3.

81. E con la configurazione del permanere in vigoredelle leggi incompatibili come violazione continuata:Voto Cançado, §§ 10 - 8 [“Su vigencia crea per seuna situación que afecta en forma continuadaderechos inderogables, que pertenecen al dominiodel jus cogens. Configurada, por la expedición dedichas leyes, la responsabilidad internacional delEstado, encuéntrase éste bajo el deber de hacercesar tal situación violatoria de los derechosfundamentales de la persona humana, con la prontaderogación de aquellas leyes, así como de repararlas consecuencias de la situación lesiva creada”;“Mientras dichas leyes permanecen en vigor,confórmase una situación continuada de violaciónde las normas pertinentes de los tratados dederechos humanos que vinculan el Estado encuestión.”]

In qualità di precedente si vedano ad esempiosentenze 40 [“en la cual se hallaba en cuestión lafalta de adecuación de la legislación antisubversivaa la Convención Americana. El Gobierno adujo queesa falta no fue señalada por los peticionarios antela Comisión, ni mencionada por ésta a laconsideración del Estado ni aludida en el Informede dicha Comisión. Sin embargo, la Corte sustuvoque está facultada para examinar, en el contexto delcaso concreto, de motu proprio, el contenido y losefectos jurídicos de una ley interna desde el puntode vista de la normatividad internacional deprotección de los derechos humanos, paradeterminar la compatibilidad con esta última de dichaley. La decisión del Tribunal descansa en la idea deque el artículo 2 de la Convención, así como elartículo 1 del mismo instrumento, consagra unaobligación general –que se suma a las obligacionesespecíficas en relación con cada uno de los

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derechos protegidos– cuyo cumplimiento por losEstados partes, tiene la Corte el deber de examinarde oficio, como órgano judicial de supervisión dela Convención”] e 41 [nella quale, come ricorda S.GARCÍA RAMÍREZ, op.loc.cit., pp. 137-138, la Corte“reconoce la diferencia que existe entre lasobligaciones particulares que debe mencionar laComisión específicamente, y las obligacionesgenerales instituidas en la Convención Americana(artículos 1 y 2), cuyo cumplimiento debe examinarde oficio la Corte. En este caso, no resulta relevanteque la Comisión aluda o no en su Informe a dichasobligaciones generales; a pesar de la posibleomisión, el tribunal deberá apreciar esasviolaciones, actuando para ello oficiosamente.”]

82. Caso Barrios Altos - Interpretación de la Sentenciade Fondo, Sentencia 83 del 3 settembre 2001, §§ 8-9.

83. “¿Tiene la Sentencia en el caso Barrios Altos, conreferencia a la incompatibilidad de las leyes Nos.26479 y 26492 con la Convención Americana,alcance general o se limita solamente al casoindicado?”. Ibidem, § 14, “Sobre el particular, laComisión sostiene que los efectos de la Sentenciade la Corte no están sólo referidos al caso BarriosAltos sino a todos aquellos a los que se aplicaronlas referidas leyes de amnistía. Indica la Comisiónque el párrafo 44 de la Sentencia del 14 de marzo de2001 de la Corte difícilmente permite otrainterpretación.”

84. Ibidem, § 18.

85. Cfr. sentenza 94 del 21 giugno 2002, sul merito erisarcimento, nei casi riuniti Hilaire, Constantine yBenjamin y otros c. Trinidad e Tobago. Sullaseconda eccezione pregiudiziale sollevata dalloStato, relativa alla riserva-dichiarazione apposta almomento dell’accettazione della giurisdizione dellaCorte e risolta in senso sfavorevole al convenutocon le sentenze 80, 81 e 82, rispettivamente §§ 78-98; 69-89 e 69-89 [affermando inter alia la Corte, §93, che “aceptar la declaración a la que se hacereferencia, en los términos propuestos por el Estado,conduciría a una situación en que la Corte tendríacomo primer parámetro de referencia la Constitucióndel Estado y sólo subsidiariamente la ConvenciónAmericana, situación que haría ilusorios el objetoy el fin de la Convención”] e con i Voti Concorrentidel Presidente Cançado e dei Giudici García Ramíreze Salgado Pesantes, vedi supra, nota 29. Già primadi tali pronunzie, il 26 maggio 1998, lo Stato avevatuttavia notificato nelle forme opportunel’intenzione di recedere dalla Convenzione,dimostrando così la volontà di sottrarsi non soloagli obblighi e ai controlli del sistema, ma anche,

verosimilmente, agli effetti della futura sentenza dimerito. Su quest’ultimo profilo, vedi contra VotoCançado alla sentenza in esame, §§ 38-43 e, indottrina, P.FRUMER, Dénonciation des traités etremise en cause de la compétence des organes decontrôle, Revue Générale de Droit InternationalPublic, 2000, 4, p. 939 ss., e N. PARASSRAM CONCEPCION,The Legal Implications of Trinidad and Tobago’sWithdrawal from the American Convention onHuman Rights, American University InternationalLaw Review, 2001, 16, pp. 848-889, especialmentepp. 881-882. R. J. WILSON e J. PERLIN, The Inter-American Human Rights System: ActivitiesDuring…, cit., p. 324, sottolineano che, come giànel caso del c.d. “ritiro peruviano”, anche inoccasione della denuncia della Convenzione daparte di Trinidad e Tobago, “the silence from theOAS was deafening. Neither the Secretary Generalnor the General Assembly has made a publicstatement to address the 1998 denunciation of theAmerican Convention by the government ofTrinidad and Tobago.”

86. Cfr. sentenza in esame, §§ 102-104: “La Corteconstata que la Ley de Delitos contra la Persona deTrinidad y Tobago de 1925, ordena la aplicación dela pena de muerte de manera automática y genéricapara el delito de homicidio intencional y desconoceque éste puede presentar diversos órdenes degravedad. De ese modo, la referida Ley impide aljuez considerar circunstancias básicas en ladeterminación del grado de culpabilidad y en laindividualización de la pena, pues se limita aimponer, de modo indiscriminado, la misma sanciónpara conductas que pueden ser muy diferentes entresí, lo que, a la luz del artículo 4 de la ConvenciónAmericana, es sumamente grave cuando seencuentra en riesgo el bien jurídico mayor, que esla vida humana, y constituye una arbitrariedad enlos términos del artículo 4.1 de la Convención.Conviene precisar que la Ley de Delitos contra laPersona ofrece dos particularidades principales: (a)en cuanto a la determinación de la responsabilidadpenal, solamente autoriza al juzgador para encontrarresponsable a una persona por homicidiointencional basándose en la categoría del delito,sin que pueda tomar en cuenta las condicionespersonales del justiciable ni las circunstanciasparticulares del delito y (b) en lo que toca a ladeterminación de la sanción, impone de maneramecánica y genérica la aplicación de la pena demuerte para todo culpable de homicidio intencionale impide que dicha sanción pueda ser modificadapor la vía de la revisión judicial”. Si noti anche che“la sección 6 de la Constitución de la República deTrinidad y Tobago, que data de 1976, establece que

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ninguna norma anterior a la entrada en vigencia deésta, puede ser objeto de impugnaciónconstitucional en cuanto a sus Secciones 4 y 5”:così sentenza in esame, §§ 84 f) e 115 c).

Quanto ai profili di merito di questa e di altreanaloghe vicende, si veda L. COLLINS, ForeignRelations and the Judiciary, International andComparative Law Quarterly, 2002, 3, p. 485 ss.: “Inseveral recent cases the Privy Council has had toconsider whether the authorities in the West Indieswere permitted to execute prisoners on death rowwhile their cases were being examined by the Inter-American Commission on Human Rights, and inone case after the Inter-American Court of HumanRights had ordered the government of Trinidad totake all measures necessary not to execute the menwhile the court was considering the matter. In twoof the cases, by a majority of 3 to 2, the Privy Councilheld that the treaties could give the condemnedmen no rights under the law of the Bahamas. In twoother cases, by majorities of 3 to 2 and 4 to 1, thePrivy Council held that the effect of theconstitutions of Trinidad [and Jamaica] was to givecondemned men a right not to be executed until thehuman rights bodies had reported and theauthorities in the West Indies had had a chance toconsider their reports. In a fifth case, by a majorityof 4 to 1, the Privy Council decided that an interimorder of the Inter-American Court of Human Rightsrequiring Trinidad to ensure the men were notexecuted had no effect in Trinidad law. The LawLords and former Law Lords who took the viewthat no account should be taken of the petitions tothe human rights bodies emphasised that theinternational instruments were not part of the lawof the country concerned. Lord Lloyd of Berwicksaid that no change to the constitution of the statecould have been introduced by the state havingjoined the Organisation of American States becauseit would mean that the Government had introducednew rights into domestic law by entering into atreaty obligation. For Lord Hoffmann the right toenter into treaties was one of the survivingprerogative powers of the Crown. The rule that thetreaties cannot alter the law of the land is one facetof the more general principle that the Crown cannotchange the law by the exercise of its powers underthe prerogative. Those who took the view that thecondemned men had a right that the reports of thehuman rights bodies be considered before a finaldecision on execution were taken did not dissentfrom the view that unincorporated treaties are notpart of the law of the land. But in their view thecondemned men had a right under the constitutionnot to have the outcome of any international

process pre-empted by executive action. LordMillett said that the applicants were not seeking toenforce the terms of an unincorporated treaty, buta provision of the domestic law of Trinidad andTobago contained in the Constitution. By ratifyinga treaty which provided for individual access to aninternational body, the Government made thatprocess for the time being part of the domesticcriminal justice system and thereby temporarily atleast extended the scope of the due process clausein the Constitution. In the case involving theinterim order of the Inter-American Court of HumanRights, Lord Millett emphasised that Thomas vs.Baptiste was not intended to overturn theconstitutional principle that internationalconventions do not alter the law of the land exceptto the extent that they are incorporated bylegislation. But Lord Nicholls, dissenting, said thatby acceding to the American Convention on HumanRights Trinidad intended to confer benefits on itscitizens. The benefits were intended to be real, notillusory. The Inter-American system of humanrights was not intended to be a hollow sham, or, forthose under sentence of death, a cruel charade.” Sivedano altresì Y.IWAMOTO (LEE), The Protection ofHuman Rights through Provisional MeasuresIndicated by the International Court of Justice,Leiden Journal of International Law, 2002, 15, pp.345-366 especialmente pp.346-351, e R. J. WILSON,The United State’s Position on the Death Penaltyin the Inter-American Human Rights System, SantaClara Law Review, 2002, 42, pp. 1159-1190.

87. Ibidem, § 113: “Si los Estados tienen, de acuerdocon el artículo 2 de la Convención Americana, laobligación positiva de adoptar las medidaslegislativas que fueren necesarias para garantizarel ejercicio de los derechos reconocidos por laConvención, con mayor razón están en la obligaciónde no expedir leyes que desconozcan esosderechos u obstaculicen su ejercicio, y la de suprimiro modificar las que tengan estos últimos alcances.De lo contrario, incurren en violación del artículo 2de la Convención.”

88. Detti richiami comprendono, oltre ad alcunesentenze, anche l’ OC-3/1983 dell’ 8 settembre 1983“Restricciones a la pena de muerte”, §§ 52-55, e l’OC-16/1999, §§ 134-136 [“La Corte estima útilrecordar que en el examen realizado, en suoportunidad, sobre el artículo 4 de la ConvenciónAmericana advirtió que la aplicación e imposiciónde la pena capital está limitada en términosabsolutos por el principio según el cual nadie podráser privado de la vida arbitrariamente. Existe, pues,una clara tendencia restrictiva a la aplicación de la

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pena de muerte hacia su supresión final. Estatendencia, que se encuentra reflejada en otrosinstrumentos a nivel interamericano

y universal, se

traduce en el principio internacionalmentereconocido de que los Estados que aún mantienenla pena de muerte deben aplicar, sin excepción, elmás riguroso control sobre el respeto a las garantíasjudiciales en estos casos. Siendo la ejecución de lapena de muerte una medida de carácter irreversible,exige del Estado el más estricto y riguroso respetode las garantías judiciales, de modo a evitar unaviolación de éstas, que, a su vez, acarrearía unaprivación arbitraria de la vida”] rispetto alla qualela sentenza in esame presenta tuttavia, come si vedràinfra, una significativa progressione.

89. Infatti, “el corpus juris del Derecho Internacionalde los Derechos Humanos está formado por unconjunto de instrumentos internacionales decontenido y efectos jurídicos variados (tratados,convenios, resoluciones y declaraciones). Suevolución dinámica ha ejercido un impacto positivoen el Derecho Internacional, en el sentido de afirmary desarrollar la aptitud de este último para regularlas relaciones entre los Estados y los seres humanosbajo sus respectivas jurisdicciones”: così OC-16/1999, § 115. Vedi anche ibidem, §§ 130-132 esentenza 94, note 110, 112 e 134.

90. Cfr. §§ 98 -109 della sentenza; Voto ConcorrenteCançado, § 18 e Voto Concorrente García Ramírez, § 6.

91. Cfr. § 211.

92. Ibidem, §§ 116 e 211 e OC-14/1994 del 9 dicembre1994, “Responsabilidad internacional porexpedición y aplicación de leyes violatorias de laConvención”, § 43. Ritenuto il carattere violatorioper se della legge interna (§§ 4 e 10-11), il VotoCançado ribadisce coerentemente al § 14 quantogià più volte espresso (cfr. ad esempio VotoConcorrente anesso alla sentenza 45 del 13settembre 1997, in risposta alla Solicitud deRevisión della sentenza di merito 29 gennaio 1997nel caso Genie Lacayo c. Nicaragua, §§ 9 e 27;Voto Dissidente annesso alla sentenza 28 del 14settembre 1996 sul risarcimento del danno nel caso“El Amparo”c. Venezuela, §§ 2-10), e cioè che “laexistencia misma de una norma de derecho internolegitima a las víctimas de violaciones de losderechos protegidos por la Convención Americanaa requerir su compatibilización con las disposicionesde la Convención, sin tener que esperar por laocurrencia de un daño adicional por la aplicacióncontinuada de dicha norma” e che dunque “en elpresente caso” l’esecuzione della condanna

all’impiccagione costituirebbe solo “un dañoadicional.”

93. Cfr. § 105 della sentenza: “La Corte coincide con laafirmación de que al considerar a todo responsabledel delito de homicidio intencional como merecedorde la pena capital, se está tratando a los acusadosde este crimen no como seres humanos individualesy únicos, sino como miembros indiferenciados ysin rostro de una masa que será sometida a laaplicación ciega de la pena de muerte.”

94. Si noti che nel celebre caso Soering c. Regno Unito,ampiamente citato dalla Corte Interamericana, laCorte Europea aveva limitato la violazioneriscontrata all’art. 3 CEDU, cioè al divieto dellatortura e delle pene crudeli, inumane o degradanti.

95. Sentenza in esame, §§ 119 -150: diritto allaragionevole durata del processo (§§ 121-124; 133 e143-145), alle garanzie giurisdizionali (§§ 125-131e146-147) e ad un ricorso rapido ed effettivo (§§ 148-150 e 152 b).

96. Ibidem, § 151.

97. Ibidem, § 215. Identicamente, anche § 106: “Una delas formas que puede asumir la privación arbitrariade la vida, en los términos de la prohibición delartículo 4.1 de la Convención, es la que se configuracuando, en los países en que aún existe la pena demuerte, la aplicación de esa pena no se ciñe a lasprevisiones del artículo 4.2 de la ConvenciónAmericana.”

98. In tal senso, cfr. Voto García Ramírez, § 6: “El derechoa la vida –como cualquier otro derecho– puede verseafectado en un iter que transita por diversas etapas,comunicadas e identificadas, todas ellas, por undesignio común que les confiere naturaleza ysentido: suprimir la vida de un sujeto. El últimomomento en este iter se concreta en la privaciónmisma de la vida, máxima afectación de aquelderecho. Antes puede haber otros momentos: todoslos que, conforme a las circunstancias, atienden aese objetivo y conducen a él. Tal es el caso de unanorma general contraria a la Convención Americana:la norma puede ser cuestionada jurisdiccionalmenteantes de que se produzcan, por ejecución, lasconsecuencias que puede acarrear en un casoconcreto. Es pertinente observar que una ley puedeser, en sí misma, atentatoria contra el derecho a lavida. Por el dato mismo de la ley, a partir de lavigencia de ésta, el bien jurídico de la vida quedaexpuesto, comprometido, en peligro. Ahora bien,en el presente caso no sólo existe una leycontraventora, por sí misma, de la ConvenciónAmericana, lo cual desencadenaría las

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consideraciones a las que antes me referí y podríajustificar, desde la perspectiva de un sector de ladoctrina, el conocimiento y la decisión del tribunalinternacional. Se ha dado un paso más en el iter: laley fue aplicada por medio de la sentencia; ésta yaresolvió, de manera individualizada e imperativa,que se debe privar de la vida a cierta persona. Elderecho del condenado, que se hallabapotencialmente comprometido por la ley, acabó porencontrarse actualmente afectado por la sentencia.Para aquél, la supresión de su vida no es una meraposibilidad, sino una realidad inminente hacia laque se enfila, formal y explícitamente, el poderpunitivo del Estado.”

99. Si noti, per contrasto, che la massima estensionedel diritto alla vita cui è pervenuta la giurisprudenzadella Corte europea si identifica finora nelladecisione McCann c. Regno Unito, purfavorevolmente commentata, ad esempio, da F. N.AOLAIN, The Evolving Jurisprudence of theEuropean Convention Concerning the Right to Life,Netherlands Quarterly of Human Rights, 2001,1, pp.21-42. Sul punto, e sui doveri d’indagine dei giudicinazionali nei casi di scomparsa forzata, cfr. A.MOWBRAY, Duties of Investigation under theEuropean Convention on Human Rights,International and Comparative Law Quarterly, 2002,2, p.437 ss.

100.Voto Cançado alla sentenza 80, § 17: “En el dominiode la protección internacional de los derechoshumanos, no hay limitaciones implícitas al ejerciciode los derechos consagrados.”

101.Sentenza 63 del 19 novembre 1999, § 144.

102.13 dicembre 2000 - 3 febbraio 2001.

103.Cfr. §§ 84-87; 94; 96;100 e 117.

104.Cfr. §§ 173-189. In forma parzialmente critica, cfr.Voto Razonado annesso del Giudice de RouxRengifo.

105.Analogamente, con riguardo alla carenza di unprocedimento giudiziale (od altro) idoneo a “crearun mecanismo efectivo de delimitación, demarcacióny titulación de la propiedad de los miembros de laComunidad Mayagna Awas Tingni” già la sentenza79, § 138, e M.SCALABRINO, Los derechoseconómicos…, cit, p. 28.

106.Cfr. anche Voto García Ramírez, § 17 seconda parte.

107. In forma più riduttiva, cfr. invece stesso Voto, § 17prima parte.

108.Cfr. punti 10 e 13 “[La Corte es de opinión: Que enlos procedimientos judiciales o administrativos se

deben observar los principios y las normas deldebido proceso legal. Esto abarca las reglascorrespondientes a juez natural -competente,independiente e imparcial-, doble instancia,presunción de inocencia, contradicción y audienciay defensa, atendiendo las particularidades que sederivan de la situación específica”; “Que es posibleemplear vías alternativas de solución de lascontroversias, pero es preciso regular con especialcuidado la aplicación de estos medios alternativospara que no se alteren o disminuyan los derechos”]e Voto Concorrente Razonado García Ramírez, § 34,per il quale il diritto al processo equo è anchechiaramente strumentale alla protezione dei dirittied interessi del soggetto e funzionale allaparticolare situazione dello stesso.

109. Cfr. § 215 [“Para los efectos de las reparaciones”]ma anche Voto Cançado, § 15 [“La Corte hacorrectamente ordenado, como medidas dereparación, que el Estado demandado se abstengade seguir aplicando la referida Ley, adecuándola ala normativa de protección internacional de losderechos humanos, y además se abstenga deejecutar los condenados. Estas medidas dereparación no-pecuniaria realizan el propósito dehacer cesar los efectos de las violaciones de laConvención Americana cometidas por el Estado,conforme determinado por la Corte Interamericanaen la presente Sentencia.”]

110. Cfr. § 108: “La Corte concluye que, en tanto el efectode la llamada Ley de Delitos contra la Personaconsiste en someter a quien sea acusado dehomicidio intencional a un proceso judicial en elque no se consideran las circunstancias particularesdel acusado ni las específicas del delito, lamencionada Ley viola la prohibición de privaciónarbitraria de la vida, en contravención del artículo4.1 y 4.2 de la Convención.”

111. Cfr. § 152 d) [“Finalmente, la Corte no consideranecesario pronunciarse sobre los alegatos deviolaciones de carácter específico sobre garantíasjudiciales y protección judicial formulados por laComisión y los representantes de las víctimas conrespecto a determinados casos, ya que este temaestá comprendido en las violaciones de caráctergenérico encontradas en la ConvenciónAmericana”]; § 214 [“En coherencia con loseñalado, estima la Corte que el Estado debetramitar de nuevo los procedimientos penalescorrespondientes a los delitos que se imputan a lasvíctimas del presente Caso aplicando la legislaciónpenal que resulte de las reformas a las que se acabade hacer referencia. Adicionalmente, el ComitéAsesor sobre la Facultad del Indulto debe plantear

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de nuevo los casos de dichas víctimas ante laautoridad ejecutiva competente para pronunciarsesobre esa medida de gracia, previo desarrollo de untrámite ante ese mismo Comité, que se ajuste a lasprescripciones sobre el derecho a la vidacontenidas en la Convención Americana y conplena observancia de las normas sobre el debidoproceso legal consagradas en ese mismo tratadointernacional”] e OC-16/1999, §§ 117-118: [“Enopinión de esta Corte, para que exista debidoproceso legal

es preciso que un justiciable pueda

hacer valer sus derechos y defender sus interesesen forma efectiva y en condiciones de igualdadprocesal con otros justiciables. Al efecto, es útilrecordar que el proceso es un medio para asegurar,en la mayor medida posible, la solución justa deuna controversia. En este orden deconsideraciones, la Corte ha dicho que losrequisitos que deben ser observados en lasinstancias procesales para que pueda hablarse deverdaderas y propias garantías judiciales, sirvenpara proteger, asegurar o hacer valer la titularidad oel ejercicio de un derecho y son condiciones quedeben cumplirse para asegurar la adecuada defensade aquéllos cuyos derechos u obligaciones estánbajo consideración judicial.”] Cfr. anche VotoCançado annesso alla sentenza in esame, § 1 [“Esesta la primera vez que un tribunal internacionaldetermina que la pena de muerte “obligatoria” esviolatoria de un tratado de derechos humanos comola Convención Americana, que el derecho a la vidaes violado por la aplicación de la pena de muerte demodo genérico y automático, sin individualizacióny sin las garantías del debido proceso legal, y que,entre las medidas de reparación, debe el Estadodemandado modificar su legislación penal paraarmonizarla con la normativa de proteccióninternacional de los derechos humanos yabstenerse, en cualquier caso, de ejecutar loscondenados”] e Voto García Ramírez, ibidem, § 17[“Deseo comentar la violación del artículo 4.6 de laConvención, que también se establece en lasentencia. Esa norma, ubicada bajo el epígrafe del“Derecho a la vida” -que es la materia de protecciónen el conjunto del artículo, integrado por seispárrafos-, señala que “toda persona condenada amuerte tiene derecho a solicitar la amnistía, el indultoo la conmutación de la pena, los cuales podrán serconcedidos en todos los casos”. Semejante derecho-para que lo sea verdaderamente y no quede comosimple declaración- supone que el sujeto tengaexpedita una auténtica posibilidad de pedir yobtener la revisión y modificación de la situaciónjurídica creada por la sentencia condenatoria. Notendría sentido que el derecho se instituyera con

un carácter puramente formal, que en este caso seríatrivial: la mera facultad de pedir, que se agota en símisma. El derecho debe poseer un contenido y unsentido razonables. Esto significa que el sujeto debecontar con la posibilidad jurídica y material deexpresar su petición –que es una pretensión– anteuna autoridad competente para resolverla en cuantoal fondo, y aportar los elementos que conduzcan asatisfacerla, en la inteligencia de que es factible -aunque difícil e incierta- una respuesta favorable.Esto no ocurrió en el caso sub judice, porque losreos no contaron con la oportunidad de sustentarsu petición con elementos de juicio que lasostuvieran y favorecieran, ni la de tramitarla conla indispensable asistencia legal; más aún, suplanteamiento se hallaba condenado de antemanoal fracaso: inevitablemente tropezaría con elinfranqueable muro de la pena de muerteobligatoria.”]

112. Esemplare al riguardo il Voto García Ramírez, § 17ultima parte: “En la situación que nos ocupa, laineficacia absoluta de la petición de amnistía, indultoo conmutación puede ser analizada desde dosperspectivas, válidas ambas: por una parte, comoviolación del derecho a la vida en los términos delprecepto que contiene la facultad; y por otra parte,como violación del debido proceso, en cuanto nolo hubo en la tramitación de la solicitud: ni audiencia,ni pruebas, ni alegaciones que abrieran la menorposibilidad de acceder al fin solicitado.”

113. Vedi significativamente § 152 c): “La Ley de Delitoscontra la Persona es incompatible con laConvención Americana y, por lo tanto, cualquierdisposición que determine su inimpugnabilidad,también lo es en virtud de que Trinidad y Tobago,al ser parte de la Convención en el momento de loshechos, no puede invocar las disposiciones de suderecho interno para justificar el incumplimientode sus obligaciones internacionales.”

114. Cfr. § 151 [“La Corte Interamericana ha establecidotambién que como parte de las obligacionesgenerales de los Estados, estos tienen un deberpositivo de garantía con respecto a los individuossometidos a su jurisdicción. Ello supone tomartodas las medidas necesarias para remover losobstáculos que puedan existir para que losindividuos puedan disfrutar de los derechos que laConvención reconoce. Por consiguiente, latolerancia del Estado a circunstancias o condicionesque impidan a los individuos acceder a los recursosinternos adecuados para proteger sus derechos,constituye una violación del artículo 1.1 de laConvención”] e § 213 [“Lo anterior guarda armoníacon lo ya establecido previamente por este Tribunal,

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en el sentido de que, el deber general del Estado,establecido en el artículo 2 de la Convención,incluye la adopción de medidas para suprimir lasnormas y prácticas de cualquier naturaleza queimpliquen una violación a las garantías previstasen la Convención, así como la expedición de normasy el desarrollo de prácticas conducentes a laobservancia efectiva de dichas garantías. Dichasmedidas sólo son efectivas cuando el Estado adaptasu actuación a la normativa de protección de laConvención “], aggiungendosi che quanto sopradiscende anche da una norma consuetudinaria deldiritto internazionale [“En el derecho de gentes, unanorma consuetudinaria prescribe que un Estado queha ratificado un tratado de derechos humanos debeintroducir en su derecho interno las modificacionesnecesarias para asegurar el fiel cumplimiento de lasobligaciones asumidas. Esta norma esuniversalmente aceptada, con respaldojurisprudencial.] Analogamente, cfr. sentenza 73, §87; sentenza 83, § 15, e sentenza 92,§ 96.

115.“[La Corte decide por unanimidad] que el Estadodebe abstenerse de aplicar la Ley de Delitos contrala Persona de 1925 y, dentro de un plazo razonable,debe modificarla adecuándola a las normasinternacionales de protección de los derechoshumanos.”

116.Cfr. Voto Cançado alla sentenza 81, § 20: “Cualquierentendimiento en contrario sustraería del tribunalinternacional de derechos humanos el ejercicio dela función y del deber de protección inherentes asu jurisdicción, dejando de asegurar que el tratadode derechos humanos tenga el efecto apropiado(effet utile) en el derecho interno de cada EstadoParte.”

117.Finalizzata alle necessità vitali ed educative del figliominore: cfr. § 216 della sentenza e dispositivo 12[“Dado que el Estado privó arbitraria ydeliberadamente de la vida a...,y es presumible quecon ello causó perjuicios a la señora...y al hijo quetuvo con ésta..., la Corte considera apropiadoestablecer, en equidad, que Trinidad y Tobago debeproporcionar a la mencionada señora...unaindemnización de US $50.000 o su equivalente endólares de Trinidad y Tobago para el sustento yeducación de...”; “La Corte decide por unanimidad,en equidad, que el Estado debe pagar por conceptode daño inmaterial a la esposa de..., señora..., lasuma de US $50.000 o su equivalente en dólares deTrinidad y Tobago para el sustento y educación desu hijo.”]

118.“La Corte decide por unanimidad en equidad, queel Estado debe pagar a la madre de..., señora..., la

suma de US $10.000 o su equivalente en dólares deTrinidad y Tobago por concepto de reparación deldaño inmaterial.”Nessun risarcimento materiale viene invecedisposto nei confronti dei ricorrenti ancora vivi,poiché “la búsqueda y realización de la justiciadeben efectuarse a partir del reconocimiento de lacentralidad de la posición de las víctimas (todasellas) en el universo conceptual del DerechoInternacional de los Derechos Humanos. Todo eldebate en torno del tema, de ese modo, en ningúnmomento hace abstracción de las víctimas delcrimen. Todo lo contrario, sus padecimientosasumen una posición central en la búsqueda de lajusticia. En la presente Sentencia la CorteInteramericana ha tomado en debida cuenta, comono podría dejar de ser, la necesidad de tenerpresentes los sufrimientos de las víctimas delhomicidio intencional y de sus familiares”: così VotoCançado, § 23.

119. Al pari della pronuncia sul merito nel caso CastilloPetruzzi y otros c. Perú (sentenza 52 del 30 maggio1999), ai cui punti dispositivi 13 e 14 [“La Corte porunanimidad declara la invalidez, por serincompatible con la Convención Americana sobreDerechos Humanos, del proceso en contra de losseñores... y ordena que se les garantice un nuevojuicio con la plena observancia del debido procesolegal”; “La Corte por unanimidad ordena al Estadoadoptar las medidas apropiadas para reformar lasnormas que han sido declaradas violatorias de laConvención Americana sobre Derechos Humanosen la presente sentencia y asegurar el goce de losderechos consagrados en la Convención Americanasobre Derechos Humanos a todas las personas quese encuentran bajo su jurisdicción, sin excepciónalguna”] la sentenza contro Trinidad e Tobagorisulta strettamente apparentata. Sul c.d. “ritiroperuviano” successivo alla sentenza CastilloPetruzzi, vedi ancora in dottrina M.FERIA TINTA,Individual Human Rights v. State Sovereignty: TheCase of Peru’s Withdrawal from the ContentiousJurisdiction of the Inter American Court of HumanRights, Leiden Journal of International Law, 2000,13, pp. 985-996 e K.SOKOL, Human Rights -Law ofTreaties- Jurisdiction of Inter-American Court ofHuman Rights -Effect of Attempted Withdrawal ofJurisdiction, American Journal of International Law,2001, 1, pp. 178-185.

120. Cfr. sentenza 94, dispositivo 14: “El Estado debemodificar las condiciones de su sistema carcelariopara adecuarlas a las normas internacionales deprotección de los derechos humanos aplicables ala materia.” Sul punto, vedi pure infra, p. 25.

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Anche questa conclusione viene da lontano, dallapronuncia di merito nel caso Loayza Tamayo c.Perù, sentenza 33 del 17 settembre 1997, §§ 46 -58,e dall’analisi ampia e dettagliata contenuta nellasentenza 69 del 18 agosto 2000 sul merito del casoCantoral Benavides c. Perú, (§§ 43, 87 e 95), anche-in quella sede- sotto il profilo della ConvenciónInteramericana para Prevenir y Sancionar la Tortura- Convenzione di Cartagena de las Índias - TrattatoOSA A-51 - 9.9.1985 - 28.2.1987.

121. Ibidem, §§ 84 n), 153-170, 216, 217. A sensi del §171, infatti, “la Corte no considera necesariopronunciarse sobre los alegatos de violaciones a laConvención Americana de carácter específico sobrecondiciones de detención formuladas por laComisión y los representantes con respecto adeterminadas víctimas, puesto que dichasviolaciones están abarcadas por aquellas decarácter general respecto de las cuales sí se hapronunciado la Corte en la presente Sentencia.”Esemplare al riguardo è anche la sentenza 95 del 29agosto 2002 sul risarcimento del danno nel caso“El Caracazo” c. Venezuela, nella parte in cui (§127) la Corte stabilisce che “las características delos hechos de este caso revelan que los cuerposarmados y los organismos de seguridad del Estadono estaban preparados para encarar situaciones deperturbación del orden público mediante laaplicación de medios y métodos respetuosos delos derechos humanos. Es menester impedir a todacosta que vuelvan a repetirse las circunstanciasdescritas. El Estado debe adoptar todas lasprovidencias necesarias para ello y, en particular,las tendientes a formar y capacitar a todos losmiembros de sus cuerpos armados y de susorganismos de seguridad sobre los principios ynormas de protección de los derechos humanos ysobre los límites a los que debe estar sometido, aunbajo los estados de excepción, el uso de las armaspor parte de los funcionarios encargados de hacercumplir la ley. Debe, asimismo, el Estado, ajustarlos planes operativos tendientes a encarar lasperturbaciones del orden público a las exigenciasdel respeto y protección de tales derechos,adoptando, al efecto, entre otras medidas, lasorientadas a controlar la actuación de todos losmiembros de los cuerpos de seguridad en el terrenomismo de los hechos para evitar que se produzcanexcesos. Y debe finalmente, el Estado garantizarque, de ser necesario emplear medios físicos paraenfrentar las situaciones de perturbación del ordenpúblico, los miembros de sus cuerpos armados yde sus organismos de seguridad utilizaránúnicamente los que sean indispensables paracontrolar esas situaciones de manera racional y

proporcionada, y con respeto a los derechos a lavida y a la integridad personal.”

122. Vedi infra, nota 137, e cfr. sentenza 73, §§ 85 e 97[“Respecto del artículo 13 de la Convención, la Corteconsidera que el Estado debe modificar suordenamiento jurídico con el fin de suprimir lacensura previa, ya que está obligado a respetar elderecho a la libertad de expresión y a garantizar sulibre y pleno ejercicio a toda persona sujeta a sujurisdicción”]; dispositivo 4 della sentenza 76 del25 maggio 2001 nel “Caso de la Panel Blanca”-Paniagua Morales y otros c. Guatemala -Reparaciones [“La Corte decide por unanimidadque el Estado de Guatemala debe adoptar en suderecho interno, de acuerdo al artículo 2 de laConvención Americana sobre Derechos Humanos,las medidas legislativas, administrativas y decualquier otra índole que sean necesarias con elobjeto de garantizar la certeza y la publicidad delregistro de detenidos] e sentenza 92, §§ 95 e 97[“La Corte toma nota de que Bolivia ratificó laConvención Interamericana sobre DesapariciónForzada de Personas, la cual señala en su artículoIII que los Estados Partes se comprometen aadoptar, con arreglo a sus procedimientosconstitucionales, las medidas legislativas quefueren necesarias para tipificar como delito ladesaparición forzada de personas, y a imponerleuna pena apropiada que tenga en cuenta su extremagravedad. Dicho delito será considerado comocontinuado o permanente mientras no se establezcael destino o paradero de la víctima. Al no habertipificado en su legislación interna el delito dedesaparición forzada, Bolivia no solamente estáincumpliendo con el instrumento anteriormentecitado, sino también con el artículo 2 de laConvención Americana. El Estado ha de adoptartodas las medidas para que lo establecido en laConvención sea efectivamente cumplido en suordenamiento jurídico interno, tal como lo requiereel artículo 2 de la Convención. Dichas medidas sóloson efectivas cuando el Estado adapta su actuacióna la normativa de protección de la Convención.”]In dottrina, vedi A. A. CANÇADO TRINDADE, HumanRights at the Dawn of the twenty-first Century,Karel Vasak amicorum liber, Bruxelles, Bruylant,pp. 521-544; A. A. CANÇADO TRINDADE, Current Stateand Perspectives of the Inter-American System ofHuman Rights Protection at the Dawn of the NewCentury, Tulane Journal of International andComparative Law, 2000, 8, pp. 6-47 especialmentep. 12, sostanzialmente riprodotto in A. A. CANÇADO

TRINDADE, Le système inter-américain de protectiondes droits de l’homme: état actuel et perspectivesd’évolution à l’aube du XXIème siècle, Annuaire

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Français de Droit International, 2000, 46, pp. 548-577.

123.Così anche Voti Cançado annessi alle sentenze 73,§§ 95-98, e 75, § 9. In dottrina, vedi l’ampio studiodi J. M. PASQUALUCCI, Victim reparations in the Inter-American Human Rights System: a CriticalAssessment of Current Practice and Procedure,Michigan Journal of International Law, 1996, 18,pp. 2-58, especialmente pp. 37-42.

124.Così testualmente sentenze 76, §§ 79 e 203; 88, §42; 91, § 41; 92, § 63 nonché, esemplarmente,sentenze 78 del 31 maggio 2001 nel caso CestiHurtado c. Perú -Reparaciones, §§ 46-47, e 84 del4 settembre 2001 nel caso Ivcher Bronstein c. Perú-Interpretación de la Sentencia de Fondo, § 19 c)e d) [“Las reparaciones, como el término lo indica,consisten” infatti “en las medidas que tienden ahacer desaparecer los efectos de las violacionescometidas. Su naturaleza y su monto dependen deldaño ocasionado en los planos tanto material comomoral.”]

125.Così Voti Concorrenti annessi dal PresidenteCançado alla sentenza 77 del 26 maggio 2001 nelCaso de los Niños de la Calle -Reparaciones, §§4, 6, 27 e 28 e alla sentenza 88, § 11 [“No se trata denegar importancia de las indemnizaciones”, precisail Presidente, “sino más bien de advertir para losriesgos de reducir la amplia gama de lasreparaciones a simples indemnizaciones. Endefinitiva, a la integralidad de la personalidad de lavíctima corresponde una reparación integral porlos perjuicios sufridos, la cual no se reduce enabsoluto a las reparaciones por daño material ymoral (indemnizaciones).”]

Nel doc. OEA/Ser.G-CP/CAJP/SA.379/02 del 17giugno 2002, i criteri in base ai quali la Corte procedea determinare il risarcimento in forma pecuniariasono così ribaditi dal Presidente: “The Inter-American Court of Human Rights used fourparameters to establish the reparations that aspecific state might be sentenced to pay: (1) thefacts and their assessment; (2) the claimant’spetition; (3) the provisions of the AmericanConvention on Human Rights; and (4) the opinionof the judges on the Court”, ribadendo peraltro che“the Court did not have a simplistic vision restrictedto the question of finances since, in somecircumstances, monetary compensation might notbe sufficient.”

126.Per giurisprudenza costante della Corte, che si rifàanche ai precedenti della CIPG e della CIG(rispettivamente caso Factory at Chorzów,sentenza No. 8, 1927 sulla giurisdizione e sentenza

No. 13, 1929 sul merito, e OC “Reparation for injuriessuffered in the service of the United Nations” del1949), “el artículo 63.1 de la Convención Americanarefleja una norma consuetudinaria que constituyeuno de los principios fundamentales del derechointernacional contemporáneo sobre laresponsabilidad de los Estados. Al producirse unhecho ilícito, imputable a un Estado surge deinmediato la responsabilidad internacional de éstepor la violación de una norma internacional, con elconsecuente deber de reparación y de hacer cesarlas consecuencias de la violación.”

127. Voto Cançado alla sentenza 88, § 11. Si vedano altresìle nobili considerazioni espresse dal Presidente nelVoto Concorrente annesso alla sentenza 77 del 26maggio 2001 sul risarcimento del danno nel casoVillagrán Morales y otros c. Guatemala, §§ 27 e36-43.

128. Cfr. sentenze 76, §§ 75-76 e 80; 88, §§ 40-41; 91, §§40, 39 e 60, e 92, § 62, nonché sentenza 95, § 77 [“Enlo que se refiere a la violación del derecho a la viday otros derechos (libertad e integridad personales,garantías judiciales y protección judicial), por noser posible la restitutio in integrum y dada lanaturaleza del bien afectado, la reparación se realiza,inter alia, según la práctica jurisprudencialinternacional mediante una justa indemnización ocompensación pecuniaria.”] Nella pronuncia ult.cit., §§ 99, 100, 102, 103 e 106, l’attribuzione di unasomma di denaro a titolo di risarcimento del dannomorale è spiegata alla luce delle “gravescircunstancias del presente caso, la intensidad delos sufrimientos que los respectivos hechosprodujeron a las víctimas y que produjeron tambiénsufrimientos a sus familiares, las alteraciones delas condiciones de existencia de las víctimas y susfamiliares y las demás consecuencias de orden nomaterial o no pecuniario que les acarrearon a estosúltimos”, poiché “al momento de su muerte eranmenores de edad siete de las víctimas [y] es depresumir que los sufrimientos causados por loshechos del caso asumieron en relación con dichosmenores características de particular intensidad”;poiché “las víctimas sobrevivientes de este caso,sufrieron no sólo las condiciones de angustia yzozobra generadas en términos inmediatos por loshechos, sino que han tenido que soportar además,y tendrán que seguir soportando, el trauma de unagrave limitación física” e poiché “los familiares delas víctimas sobrevivientes y que quedaronincapacitadas por razón de los hechos del caso,también se han visto afectadas por lospadecimientos de aquéllas.” Identicamente, mutatis

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mutandis, sentenza 91, § 63, e sentenza 92, §§ 83,84 e 88.

129. Cfr. ad esempio sentenza 91,§ 64: “Asimismo, laimpunidad imperante en este caso ha constituido ysigue causando sufrimiento para los familiares quelos hace sentirse vulnerables y en estado deindefensión permanente frente al Estado, situaciónque les provoca una profunda angustia”. Fannoeccezione solo le sentenze 73, § 99: [“En cuanto aotras formas de reparación, la Corte estima que lapresente Sentencia constituye, per se, una formade reparación y satisfacción moral de significacióne importancia para las víctimas”] e 92, § 118, dovesi afferma che “la presente Sentencia constituyeper se una forma de reparación y satisfacción paralos familiares de la víctima” solo in quantol’intervenuto “reconocimiento de responsabilidadefectuado por el Estado constituye un aportepositivo al desarrollo de este proceso y a la vigenciade los principios que inspiran la ConvenciónAmericana.”

130. Cfr. sentenza in esame, § 140, nonché sentenze 76,§ 203 e punto dispositivo 4; 77, § 98; 91, § 85-87, e92, § 121. Come evidenziano queste ultime duedecisioni, per “norme convenzionali” s’intendonoanche le Convenzioni che si affiancano al Patto diSan José per costituire il complesso del sistemalatinoamericano di protezione [“Entre las medidasaludidas, el Estado debe dar cumplimiento al artículoVIII de la Convención Interamericana sobreDesaparición Forzada de Personas. Asimismo, sedebe tener en cuenta que en su sentencia sobre elfondo esta Corte declaró que “el Estado incumplió,en perjuicio de..., la obligación de prevenir ysancionar la tortura en los términos de los artículos1, 2, 6 y 8 de la Convención Interamericana paraPrevenir y Sancionar la Tortura.” En el marco de lapresente etapa de reparaciones, el Tribunal estimaque, a efectos de proteger el derecho a la integridadde la persona el Estado debe dar cabal aplicación alos mencionados artículos de la ConvenciónInteramericana para Prevenir y Sancionar la Tortura;“Entre las medidas aludidas, el Estado debe darcumplimiento al artículo VIII de la ConvenciónInteramericana sobre Desaparición Forzada dePersonas, en el sentido de que “los Estados Partesvelarán asimismo por que, en la formación delpersonal o de los funcionarios públicos encargadosde la aplicación de la ley, se imparta la educaciónnecesaria sobre el delito de desaparición forzadade personas.”]

131. Cfr. sentenza 76, §§ 173 e 203.

132. Cfr. ad esempio sentenza 73, § 86 [“La Corte advierteque, de acuerdo con lo establecido en la presenteSentencia, el Estado violó el artículo 13 de laConvención Americana en perjuicio de losseñores..., por lo que el mismo ha incumplido eldeber general de respetar los derechos y libertadesreconocidos en aquélla y de garantizar su libre ypleno ejercicio, como lo establece el artículo 1.1 dela Convención.”]

133. Per il principio c.d. dell’ effet utile: cfr. ad esempiosentenze 94, § 112, e 88, § 71, e Voto Cançado aquest’ultima, § 6: “Hay una indisociabilidad entrelos deberes generales de los artículos 1.1 y 2 de laConvención Americana y el deber de reparaciónconsagrado en el artículo 63.1 de ésta. Una vezconfigurada la responsabilidad internacional delEstado, cuya fuente puede residir en un hecho –acto u omisión– ilícito internacional (la expediciónde una ley, o una sentencia judicial, o un actoadministrativo, o una omisión de cualquiera de losPoderes del Estado), encuéntrase el Estado encuestión bajo el deber de hacer cesar la situaciónviolatoria generada, así como, en su caso, de repararlas consecuencias de la situación lesiva creada”.In dottrina, vedi A.A. CANÇADO TRINDADE, TheConsolidation of the Procedural Capacity ofIndividuals in the Evolution of the InternationalProtection of Human Rights: Present State andPerspectives at the Turn of the Century, ColumbiaHuman Rights Law Review, 1998, 30, pp. 1-27especialmente p.5.

134. Cfr. sentenza 76, § 203; sentenza 88, §§ 71-77, esentenza 94, § 110.

135. Cfr. sentenza 73, §§ 89-90 [“El Gobierno de Chilepresentó el 14 de abril de 1997 al Congreso unproyecto de reforma constitucional para eliminar lacensura cinematográfica. El Tribunal constata, sinembargo, que a pesar del tiempo transcurrido a partirde la presentación del proyecto de reforma alCongreso no se han adoptado aún, conforme a loprevisto en el artículo 2 de la Convención, lasmedidas necesarias para eliminar la censuracinematográfica. En consecuencia, la Corteconcluye que el Estado ha incumplido los deberesgenerales de respetar y garantizar los derechosprotegidos por la Convención y de adecuar elordenamiento jurídico interno a las disposicionesde ésta, consagrados en los artículos 1.1 y 2 de laConvención Americana sobre DerechosHumanos”]; Voto Cançado annesso, § 27 [“Laadecuación de las normas de derecho interno a lodispuesto en los tratados de derechos humanospuede efectivamente ser considerada unaobligación de resultado. Pero esto no significa que

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pueda ser su cumplimiento postergadoindefinidamente”] e sentenza 92, § 98 [“Finalmente,la Corte toma en cuenta lo indicado por Bolivia enel sentido de que el proyecto de ley que seencuentra en el Congreso de Bolivia ha sidoaprobado en primer debate por la Cámara deDiputados y sigue su trámite normal. Sin embargo,este Tribunal considera que esta reparación sólose debe tener por cumplida cuando el proyecto seconvierta en ley de la República y ésta entre envigor, lo cual deberá efectuarse en un plazorazonable a partir de la notificación de la presenteSentencia.”]

A maggior ragione, la Corte non può tenere in contole eventuali difficoltà che lo Stato soccombentepossa incontrare nell’adeguamento del propriodiritto alle prescrizioni strettamente convenzionalie non: “La obligación de reparar que se regula, entodos los aspectos (alcance, naturaleza,modalidades y determinación de los beneficiarios)por el derecho internacional, no puede sermodificada o incumplida por el Estado obligado,invocando para ello disposiciones de su derechointerno”: così sentenza 92 del 22 febbraio 2002 sulrisarcimento del danno nel caso Bámaca Velázquezc. Guatemala, §§ 39 e 61, e sentenza 95, § 77.

Per converso, sfugge naturalmente alla competenzadella Corte la compatibilità della legge di riformacon la Convenzione, quando essa non rilevi per lasoluzione del caso di specie: cfr. sentenza 88, § 76,e Voto Cançado, § 5.

136.Sentenza 91, § 85 e dispositivo 4, e sentenza 94,dispositivo 14.

Per il caso inverso, cioè per l’applicazione diretta,da parte della Corte, di norme internazionali nonfacenti parte del sistema latinoamericano, si notiche nella sentenza 67 del 4 febbraio 2000 sulleeccezioni preliminari nel caso Las Palmeras c.Colombia, § 32, nonostante le ampieargomentazioni svolte dalla Commissione (ibidem,§§ 28-29 e 31), la Corte aveva ritenuto fondata laterza questione formulata dallo Stato, affermandodi essere abilitata solo all’applicazione dellaConvenzione Interamericana e non anche dell’art.3 comune delle Convenzioni di Ginevra. [“La Cortees competente para decidir si cualquier norma delderecho interno o internacional aplicada por unEstado, en tiempos de paz o de conflicto armado,es compatible o no con la Convención Americana.En esta actividad la Corte no tiene ningún límitenormativo: toda norma jurídica es susceptible deser sometida a este examen de compatibilidad. Pararealizar dicho examen la Corte interpreta la normaen cuestión y la analiza a la luz de las disposiciones

de la Convención. El resultado de esta operaciónserá siempre un juicio en el que se dirá si tal normao tal hecho es o no compatible con la ConvenciónAmericana. Esta última sólo ha atribuidocompetencia a la Corte para determinar lacompatibilidad de los actos o de las normas de losEstados con la propia Convención, y no con losConvenios de Ginebra de 1949. Por ello, la Cortedecide admitir la tercera excepción preliminarinterpuesta por el Estado”]. Analogamente (conVoto Dissidente del Giudice Jackman e VotoConcorrente García Ramírez, §§ 3-16) era statodeciso sulla seconda questione preliminare (§ 34)relativamente alla competenza della Commissionead applicare la stessa norma. Più sottilmente, il § 4del Voto Concorrente Cançado sottolineava invece(§§ 4-5) la differenza che esiste tra “interaccióninterpretativa entre distintos instrumentosinternacionales de protección internacional de losderechos de la persona humana y la aplicación dela normativa internacional de protección de losderechos de la persona humana, estando la Cortehabilitada a interpretar y aplicar la ConvenciónAmericana sobre Derechos Humanos”,aggiungendo che “el propósito concreto yespecífico del desarrollo de las obligaciones ergaomnes de protección puede ser mejor servido, másbien por la identificación y cumplimiento de laobligación general de garantía del ejercicio de losderechos de la persona humana, común a laConvención Americana y las Convenciones deGinebra, que por una correlación entre normassustantivas - relativas a derechos protegidos, comoel derecho a la vida - de la Convención Americana ylas Convenciones de Ginebra. Aquella obligacióngeneral se encuentra consagrada tanto en el artículo1.1 de la Convención Americana como en el artículo1 de las Convenciones de Ginebra y el artículo 1 delProtocolo Adicional I (de 1977) a las Convencionesde Ginebra. Su tenor es el mismo: trátase de respetary hacer respetar las normas de protección, en todaslas circunstancias. Es éste, a mi modo de ver, eldenominador común entre la ConvenciónAmericana y las Convenciones de Ginebra, capazde conducirnos a la consolidación de lasobligaciones erga omnes de protección del derechofundamental a la vida, en cualesquieracircunstancias, tanto en tiempo de paz como deconflicto armado interno.”

137. Sentenza 91, § 85: “En particular, el Estado, conformea los planteamientos de la Comisión y losrepresentantes de las víctimas al respecto, [laCommissione aveva chiesto “la adaptación a dichosestándares de los procedimientos utilizados por lasfuerzas militares en relación con el trato de los

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combatientes capturados para garantizar suderecho a la vida, la libertad, la integridad física y laprotección y garantías judiciales”] debe adoptarlas medidas nacionales de aplicación del derechointernacional humanitario, así como aquéllas deprotección de los derechos humanos que asegurenel ejercicio libre y pleno de los derechos a la vida, lalibertad e integridad personales y la protección ygarantías judiciales.”

Si noti, a confronto, che nella sentenza 77, a frontedella richiesta delle madri e della nonna degli uccisi(§ 95, lett. b) ed e)) “que se dispongan las medidasnecesarias para la implementación total del Plan deAcción a Favor de Niños, Niñas y Jóvenes de laCalle de 1997”, che “se ponga en vigencia el Códigode la Niñez y la Juventud (Decreto 78-96) de 1996”e “que la Corte disponga derogar el Código deMenores de 1979”, la Corte si era limitata adaffermare (§ 98) che essa “no está en posición deafirmar cuáles deben ser dichas medidas y si, enparticular deben consistir en derogar el Código dela Niñez de 1979 o en poner en vigencia el Códigode la Niñez y la Juventud aprobado por el Congresode la República de Guatemala en 1996 y el Plan deAcción a Favor de Niños, Niñas y Jóvenes de laCalle de 1997” e che nella sentenza 42, §§ 162-164 epunto dispositivo 5, la Corte si era limitata adecidere “que el Estado del Perú debe tomar lasmedidas de derecho interno necesarias para quelos Decretos-Leyes 25.475 (Delito de Terrorismo) y25.659 (Delito de Traición a la Patria) se conformencon la Convención Americana sobre DerechosHumanos” senza tuttavia pervenire ad un ordinemodificativo esplicito. Nel caso ora in esame,invece, la Corte non solo ordina espressaemnte,ma si fa altresì carico di una funzione dinomofilachia che trascende l’ambito delleConvenzioni che è chiamata ad applicare e sembraaccogliere quindi, anche se non esplicitamente, leargomentazioni svolte dal Presidente Cançado nelVoto annesso alla pronuncia 91, sopra citate.

138. Cfr. esemplarmente sentenze 92, § 77, e 95, § 94: “Eldaño inmaterial puede comprender tanto lossufrimientos y las aflicciones causados a lasvíctimas directas y a sus allegados, el menoscabode valores muy significativos para las personas,así como las alteraciones, de carácter no pecuniario,en las condiciones de existencia de la víctima o sufamilia. No siendo posible asignar al daño inmaterialun preciso equivalente monetario, sólo puede, paralos fines de la reparación integral a las víctimas, serobjeto de compensación, y ello de dos maneras. Enprimer lugar, mediante el pago de una cantidad dedinero o la entrega de bienes o servicios apreciablesen dinero, que el Tribunal determine en aplicación

razonable del arbitrio judicial y en términos deequidad. Y, en segundo lugar, mediante la realizaciónde actos u obras de alcance o repercusión públicosque tengan efectos como la recuperación de lamemoria de las víctimas, el reconocimiento de sudignidad, el consuelo de sus deudos o la transmisiónde un mensaje de reprobación oficial a las violacionesde los derechos humanos de que se trata y decompromiso con los esfuerzos tendientes a que novuelvan a ocurrir”. In dottrina vedi da ultimo M.REISMAN, Compensation for Human Rights Violations:The Practice of the Past Decade in the Americas, inState Responsibility and the Individual. Reparationin Instances of Grave Violations of Human Rights,A.RANDELZHOFER e C. TOMUSCHAT, ed., Dordrecht,Nijhoff, 1999, pp. 63-108.

139. Esemplarmente, cfr. Voto Cançado alla sentenza 88,§11: “No es mera casualidad que la doctrina jurídicacontemporánea viene intentando divisar distintasformas de reparación –inter alia, restitutio inintegrum, satisfacción, indemnizaciones, garantíasde no-repetición de los hechos lesivos– desde laperspectiva de las víctimas, de modo a atender susnecesidades y reivindicaciones, y buscar su plenarehabilitación.”

Nei sensi del presente e dei successivi paragrafi,l’aggettivazione “vittime immediate” vale solo adistinguere queste dalle altre vittime dirette dellaviolazione dell’ art.4 o di altra norma del Patto.

Come già nella decisione sul risarcimento dei dannidel caso Loayza Tamayo, sentenza 42 del 27novembre 1998, viene anche sancito il diritto deisuperstiti (§§ 36-37) ad un trattamento medico efarmacologico che li aiuti a superare le conseguenzedell’accaduto. Conformemente, vedi anchesentenza 92, § 74 b).

140. Cfr. ad esempio sentenza 88, § 53 [“... Actos u obrasde alcance o repercusión públicos que tenganefectos como la recuperación de la memoria de lasvíctimas, el restablecimiento de su dignidad, laconsolación de sus deudos o la transmisión de unmensaje de reprobación oficial a las violaciones delos derechos humanos de que tratan y decompromiso con los esfuerzos tendientes a que novuelvan a ocurrir”] e i Voti Cançado annessi allesentenze 75, § 16 [“El despertar de una concienciajurídica universal nos permite reconstruir, en esteinicio del siglo XXI, el propio Derecho Internacional,con base en un nuevo paradigma, ya no másestatocéntrico, sino más bien antropocéntrico,situando al ser humano en posición central”] e 91,§§ 12, 14 e 16 [“El sufrimiento de los muertos incideen la propia determinación de las reparaciones,aunque aquellos ya no tengan personalidad jurídica.

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Así, la proyección del sufrimiento humano en eltiempo se manifiesta de distintos modos: nosolamente a lo largo de nuestras vidas, del cammindi nostra vita, sino también en las relaciones entrelos vivos y sus muertos”; “El daño causado a unapersona afecta a todo el tejido social. El ser humanosufre y muere solo, pero la suma de los sufrimientoshumanos es menor cuando cada uno vive enrelación con los demás; la precariedad de lacondición humana fomenta la solidaridad, la cualtorna el sufrimiento menos insoportable y une losmiembros del género humano, toda la humanidad.La solidaridad se nutre precisamente del deseo dedisminuir el sufrimiento humano”], nonché,esemplarmente, sentenza 92, § 122: “En cuanto a loexpresado por el Estado en la audiencia públicasobre reparaciones en el sentido de que estima justoque una escuela sea designada con el nombre de…,como un modo de preservar su memoria, esta Cortehace suya dicha manifestación. En concordanciacon ello, considera la Corte que Bolivia debeproceder a dar oficialmente el nombre de…a un centroeducativo de la ciudad de Santa Cruz, mediante unaceremonia pública y en presencia de los familiaresde la víctima. Ello contribuiría a despertar laconciencia pública sobre la necesidad de evitar larepetición de hechos lesivos como los ocurridos enel presente caso y conservar viva la memoria de lavíctima.” Icasticamente, si legga anche la sentenza95,§ 104: “Los familiares de las 37 víctimas dehomicidio y desaparecidas se vieron afectados porla violación de los derechos humanos de estasúltimas, vivieron en carne propia el dolor y la angustiaconcomitantes y sufrieron una nociva modificaciónde su entorno afectivo.”

Sia con riguardo alla riabilitazione della vittima(uccisa) che alla consolazione del lutto dei supersiti,si osservi infine (sentenza 92, § 82) l’autoreferenzadella Corte, temperata dall’approccio casuistico: “laCorte estima que la jurisprudencia puede servir deorientación para establecer principios en estamateria, aunque no puede invocarse como criteriounívoco por seguir porque cada caso debeanalizarse a la luz de sus especificidades.”

141.Sentenza 89, § 40: “La Corte homologa el acuerdorespecto a estas otras formas de reparación comomodalidad de compensación por los dañosocasionados. En consecuencia, el Estado deberácumplir todas las prestaciones correspondientes alas reparaciones no pecuniarias a las que secomprometió, dentro de los plazos estipulados enel acuerdo, en favor de los beneficiarios de lasreparaciones.”

142.Sentenza 88, cit.

143. Sentenza 89, § 39 a) [analogamente, anche sentenza88, § 79 in fine]; 39 b) [analogamente, sentenza 88,§81]; 39 c) e d) e §§ 36-37. Si noti che il diritto allaverità, qui pur non menzionato come tale, rientratuttavia nell’obbligo dello Stato d’investigareefficacemente i fatti occorsi e di punirne iresponsabili. Analogamente, cfr. sentenze 88, § 68;90, §§ 65 e 69 [ove la Corte sottolinea che“inclusive, en el supuesto de que las dificultadesdel orden interno impidiesen identificar a losindividuos responsables por los delitos de estanaturaleza, subsiste el derecho de los familiares delas víctimas a conocer integralmente lo sucedido”];91, §§ 73-76 e 84; 92, § 111 [“Esta obligaciónsubsistirá hasta su total cumplimiento”]; 95, §§ 115-118, nonché Voto Concorrente García Ramírezannesso alla sentenza 90, § 3, dove l’estensoreafferma: “La atención pública -con sus diversasconsecuencias- no se presentó solamente enterritorio guatemalteco, aunque éste fuera su ámbitonatural y principal. Considérese que la señora...vivey trabaja en los Estados Unidos de América, de losque es ciudadana, y en este país llevó a cabodiversas acciones tendientes al esclarecimiento delos hechos. Si se atiende al conjunto de lascircunstancias y al propósito de la medida desatisfacción que entraña esta especie dereparaciones, resultaría pertinente que la sentenciase publicase asimismo en el lugar donde reside lapersona afectada por el juicio de la opinión pública.En efecto, se trata de que ésta encuentre debidasatisfacción social precisamente en el medio dondenormalmente se encuentra y desenvuelve.”

Come evidenziato qui appresso (nota 145), il dirittoalla verità è tuttavia ora per la Corte anche un dirittogenerale, della colettività, e non solo individuale.

144. Sentenza 88, §§ 74 -78 e dispositivo 3.

145. Analogamente, sentenza 92, § 119: “La Corteestablece, como medida de satisfacción, que elEstado de Bolivia deberá publicar en el Diario Oficialla sentencia sobre el fondo dictada el 26 de enerode 2000” e sentenza 91, §§ 77 e 104: “Las medidaspreventivas y de no repetición empiezan con larevelación y reconocimiento de las atrocidades delpasado. La sociedad tiene el derecho a conocer laverdad en cuanto a tales crímenes.” Quanto al §118, ossia “a la solicitud de que Bolivia realice actossimbólicos que otorguen sentido nacional a lareparación”, si veda supra, nota 140.

146. Analogamente, cfr. anche sentenza 87, § 32.All’opposto, vedi invece sentenza 91, § 84.

147. Cfr. ad esempio sentenza 92, § 110: “Finalmente, esobligación del Estado, según el deber general

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establecido en el artículo 1.1 de la Convención,realizar todas las gestiones necesarias para asegurarque estas graves violaciones no se repitan,obligación cuya observancia revierte en beneficiode la sociedad como un todo”. Analogamente, giàsentenza 91,§ 77 e 104: “Es obligación del Estado,según el deber general establecido en el artículo1.1 de la Convención, asegurar que estas gravesviolaciones no se vuelvan a repetir. Enconsecuencia, debe hacer todas las gestionesnecesarias a fin de evitar que hechos como los deeste caso se repitan.”

148. Cfr. esemplarmente sentenza 95, §§ 120;123; 121 e124: “El Tribunal ha constatado que se desconoceel paradero de los restos mortales de las siguientesvíctimas de este caso, en relación con cuyoshomicidios y desapariciones el Estado ha sidodeclarado internacionalmente responsable en lasentencia de fondo. Esa circunstancia y laimpunidad que subsiste al efecto constituyen unafuente particular de humillación y sufrimiento parasus familiares”; “La Corte considera que la entregade los restos mortales constituye un acto dereparación en sí mismo porque conduce a dignificara las víctimas, al hacerle honor al valor que sumemoria tiene para los que fueron sus seresqueridos y permitirles a éstos darles una adecuadasepultura”; “El Estado debe, en consecuencia,localizar, exhumar, identificar mediante el uso detécnicas e instrumentos sobre cuya idoneidad noexista sombra de duda, y entregar a los familiares,los restos de las víctimas a las que se ha hechoreferencia en los párrafos inmediatamente anteriores.Los costos de la consiguiente inhumación, en ellugar escogido por los familiares deben correr acargo del Estado. Los restos mortales de laseñora…, conforme al deseo de sus familiares,deben ser trasladados y sepultados, a costa delEstado, en la República Dominicana, que era el paísde origen de la víctima.” Ibidem, ancor piùesemplarmente, vedi § 125, nel quale la Cortedispone che “el Estado debe, además, localizar,exhumar, identificar y entregar a los familiares losrestos de aquellas personas cuyas muertes nofueron imputadas al Estado en la sentencia defondo, pero a cuyos familiares les asiste también elderecho a conocer el paradero de aquéllos. Laspersonas en mención son las siguientes …, quienesson víctimas de la violación de los artículos 8 y 25de la Convención”. Identicamente, cfr. sentenza 91,§ 83: “Por último, como una medida de satisfacción,la Corte considera que el Estado debe implementar,en caso de no existir en la actualidad, un programanacional de exhumaciones.”

Conformemente, già sentenze 76,§ 204 e dispositivo3, e 91, §§ 79-83 e dispositivo 1, poiché la Corte“considera que el cuidado de los restos mortalesde una persona es una forma de observancia delderecho a la dignidad humana”, anche e soprattuttoin talune culture [“El respeto a dichos restos,observado en todas las culturas, asume unasignificación muy especial en la cultura maya, etniamam, a la cual pertenecía el señor... Para la culturamaya, etnia mam las honras fúnebres aseguran laposibilidad de un reencuentro entre lasgeneraciones de los vivos, la persona fallecida ylos antepasados muertos. Así, el ciclo entre la viday la muerte se cierra con esas ceremonias fúnebres,permitiendo rendir respeto a…, para tenerlo cerca ypara devolverlo o llevarlo a convivir con losantepasados, así como para que las nuevasgeneraciones puedan compartir y aprender de loque fue su vida, como es tradición en su culturaindígena.”]

Il Voto del Presidente (§ 14) sottolinea a ragioneche “el primer punto resolutivo de la presenteSentencia determina que el Estado demandadodebe localizar los restos mortales de…, exhumarlosen presencia de su viuda y familiares, así comoentregarlos a éstos. La Corte ha atribuido la debidaimportancia a esta obligación del poder público,como medida de reparación” ed evidenzia (§ 9) comela Corte abbia “debidamente valorado y destacadola importancia del respeto a los restos mortales deuna persona, y la significación especial de que estose reviste en particular para la cultura maya, a lacual pertenecía la víctima”. Sempre con riferimentoalla sentenza 91 e con riguardo al medesimoproblema, si veda ampiamente anche il Voto GarcíaRamírez, § 2, ove l’estensore pone in rilievo che lasentenza, considerando “por una parte, el derechoque asiste a los familiares de una persona que hafallecido de recibir los restos mortuorios de ésta,independientemente de cualesquieraconsideraciones étnicas, religiosas, culturales queparticularicen el caso” e, d’altro canto, “la relevanciaespecífica que la recepción, la honra y la adecuadainhumación de esos restos poseen en la culturamaya, etnia mam, a la que perteneció la víctima ypertenecen sus allegados”, ha mostrato“apreciación de derechos vinculados a esapertenencia étnica, con su correspondientepatrimonio cultural, del que derivan o puedenderivar derechos específicos o modalidades,también particulares, de derechos de generalobservancia”, e aggiunge che non solo “no hayconflicto alguno entre estos derechos, que sonmanifestaciones o círculos concéntricos de unamisma facultad jurídicamente tutelada. Esta cercanía

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esencial entre los derechos no lleva a desentendersede uno -el vinculado con la pertenencia a la etniaindígena-, por el hecho de que se reconozca otro, elderecho universal a recibir y sepultar dignamentelos restos del familiar”, ma altresì che così non si“relativiza por fuerza el concepto de los derechoshumanos”, bensì, al contrario, si “amplíaracionalmente el ámbito de los derechos de unapersona, reconoce sus rasgos propios –que seinstalan sobre los rasgos comunes, inderogables,radicales, de la especie humana– y extrae de todoello consecuencias jurídicas que concurren aestablecer y garantizar la defensa de la dignidaddel ser humano, no sólo en abstracto –dentro de laespecie, sino en concreto, –dentro de un grupo,una etnia, una familia, un pueblo–: en fin, reconocela individualidad del sujeto con su amplia gama departicularidades y matices.”

Degna di nota al riguardo è anche la sentenza 95, §104, nella quale la Corte sembra accedere all’idea di“punitive damages” a carico dello Stato per l’occultamento dei cadaveri degli scomparsi quandocosì testualmente si esprime: “Los restos de variasde las víctimas de homicidio y desaparecidas nohan sido entregados a sus familias. Esta omisiónestá vinculada a un conjunto de patrones de acciónestatal sumamente censurables en relación con elmanejo de los cadáveres de las víctimas, como lautilización irregular de fosas comunes y la negaciónde la existencia de éstas últimas. La Corte estimaque las cantidades” di denaro attribuite a titolo dirisarcimento del danno morale ai superstiti “sedeben aumentar en un treinta por ciento cuando setrate de las víctimas cuyos restos no han sidoentregados a sus familiares.”

149.Poiché questa è “vía más idónea para restablecer elproyecto de vida de...”

150.Sul punto, vedi anche Voto Cançado, §§ 8-10 e 12-13: “En la presente Sentencia, la CorteInteramericana extendió la protección del Derechoa la víctima en el presente caso, al establecer, interalia, el deber estatal de proporcionarle los mediospara realizar y concluir sus estudios universitariosen un centro de reconocida calidad académica. Esesta, en mi entender, una forma de reparar el daño asu proyecto de vida, conducente a la rehabilitaciónde la víctima. El énfasis dado por la Corte a suformación, a su educación, sitúa esta forma dereparación en perspectiva adecuada, desde el prismade la integralidad de la personalidad de la víctima,teniendo presente su realización como ser humanoy la reconstrucción de su proyecto de vida”; “Lapreocupación por la preeminencia de valoressuperiores debe, a mi juicio, primar sobre el mero

reclamo de indemnizaciones, inclusive para atendera las necesidades personales -otras que lasmateriales- de una víctima de violaciones dederechos humanos. Así, asegurar la educaciónsuperior de un joven victimado paréceme muchomás importante que concederle una suma adicionalen dinero, a título de indemnización. La reparacióndel daño al proyecto de vida no se reduce a unaindemnización más: se efectúa, en el cas d’espèce,por la garantía de las condiciones extendidas a lavíctima para su formación como ser humano y sueducación de nivel superior. A la satisfacción, sesuma, así, esta forma de reparación conducente a larehabilitación de la víctima. La presente Sentenciareviste, para mí, de un valor simbólico que la tornaa mis ojos emblemática: en una época en que, comohecho notorio, los Estados de la región adoptanpolíticas públicas que se descuidan de la educación,en grave perjuicio -a mediano y largo plazos- detodo el medio social (y particularmente de lasnuevas generaciones), la Corte Interamericanaafirma el valor superior de la garantía de la educacióncomo forma de reparación del daño al proyecto devida de una víctima de violación de los derechoshumanos protegidos por la ConvenciónAmericana.” Si noti quindi l’evoluzione del concettodi “danno al progetto di vita” rispetto alla sentenza42, §§ 144-154.

151. “Es un hecho evidente para este Tribunal que lasentencia condenatoria expedida por la CorteSuprema de Justicia del Perú en contra del señor...,y las demás resoluciones adoptadas en los procesosa que éste fue sometido, fueron emitidas con baseen una legislación incompatible con la ConvenciónAmericana y que en desarrollo de las respectivasactuaciones se violaron los derechos a laprotección judicial y al debido proceso consagradosen la Convención. En consecuencia, en el marco deesta Sentencia de reparaciones, esta Corte deberádisponer que el Estado deje sin efecto alguno,recurriendo para ello a las vías previstas en lalegislación interna, la sentencia condenatoria de laCorte Suprema de Justicia del Perú contra....A la luzde lo anterior, el Estado deberá” quindi “proceder aanular los antecedentes judiciales oadministrativos, penales o policiales que existanen contra de..., en relación con los hechos delpresente caso y a cancelar los registroscorrespondientes”: così sentenza 88, §§ 77 e 78, eVoto Cançado, § 4: “pueden constituir formas dereparación no-pecuniaria (conducentes a obtenerla restitutio), en el marco de un caso concreto, lasprovidencias para dejar sin efecto la sentencia deun tribunal nacional, - con miras a armonizar tantola normativa de derecho interno como la

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jurisprudencia nacional con la normativa deprotección de la Convención Americana sobreDerechos Humanos.”

Si noti la progressione nella chiarezza ordinatoriarispetto all’identico caso Loayza Tamayo e alparziale adempimento, sotto il profilo quiconsiderato, della relativa sentenza risarcitoria.

152. Cfr. §§ 2, 5, 6 e 7: “Resulta, pues, claro, que no todolo que es legal en el derecho interno lo es en elDerecho Internacional de los Derechos Humanos,debiendo una conducta estatal conformarse conlas obligaciones convencionales de protección quevinculan al Estado Parte en el tratado de derechoshumanos en cuestión. De ese modo, puede, y debe,la Corte Interamericana decidir que un Estado Parteen la Convención Americana deje sin efectos -según las vías de su derecho interno - una sentenciade un tribunal nacional (independientemente dejerarquía) incompatible con la Convención, - talcomo lo ha hecho en la presente Sentencia.”

153. Sentenza 95, cit.

154. Come già visto supra, “los resultados de éstasdeberán ser públicamente divulgados, para que lasociedad venezolana conozca la verdad.” (§ 118 infine)

155. Il “crescendo” ordinatorio e la puntigliosità dellostesso si riscontrano anche nel § 122, ove si affermaautonomamente il diritto alla verità dei superstiti, enella seconda parte del § 128, cit., ove la Cortedispone che “ para que dicho reconocimiento rindaplenos efectos de reparación a las víctimas y sirvade garantía de no repetición de hechos como losque constituyen la materia de este caso, el Estadodebe publicar dentro de un plazo razonable, en elDiario Oficial y en un diario de amplia circulaciónnacional, al menos por una vez, el capítulo Idenominado Introducción de la Causa, párrafo 1literales a), b), c), d), e), f) y (a) y los puntosresolutivos contenidos en el capítulo VII de lasentencia de fondo; y los párrafos 66 a 66.16 de lapresente Sentencia.”

156. Del 25 maggio 2001, cit.

157. Quanto all’identificazione degli stessi, e degli altriaventi diritto a titolo successorio danni materiali(vedi infra, note 174-176 e 184) l’onere probatorio èrigoroso, ancorché la Corte abbia più volte ribaditoin linea generale che “los criterios de apreciaciónde los medios de prueba por un tribunalinternacional de derechos humanos tienen mayoramplitud que los aplicados por los tribunalesinternos, de manera que aquél cuenta con un gradode flexibilidad mucho más alto que estos últimos

para valorar las evidencias que se le presenten sobrelos hechos pertinentes, y para recurrir, en particular,a las pruebas indirectas, como las circunstanciales,los indicios y las presunciones” e che “en losprocesos sobre violaciones de derechos humanos,la defensa del Estado no puede descansar sobre laimposibilidad del demandante de allegar pruebasque, en muchos casos, no pueden obtenerse sin lacooperación del Estado, y que es este último quientiene el control de los medios para aclarar hechosocurridos dentro de su territorio” [cfr. ad esempiosentenza 95, §§ 55-56]. Ed infatti, quando è statacostretta ad “acudir a pruebas indirectas”, la Corteha sempre precisato che essa “se cuida de examinarsi son coherentes, se confirman entre sí, y guardanarmonía con el conjunto del acervo probatorio”.Pertanto, nello specifico, costituiscono prime efondamentali prove richieste, “en cuanto atañe a laexistencia de las personas que componían lasfamilias de las víctimas, y a la relación concreta deparentesco que vinculaba a éstas con aquéllas, laspartidas de nacimiento o defunción, emitidas porlas autoridades” nazionali. Solo “a falta de talescertificados”, la Corte si basa, “para loscorrespondientes efectos, en los escritos dereparaciones de los representantes de las víctimasy los familiares, o de la Comisión, y en el contenidode otros documentos incorporados en el acervoprobatorio, como partidas de bautismo, lasdeclaraciones rendidas ante notario público por lasvíctimas sobrevivientes y los familiares de otras”,ma tiene a precisare che, “en ausencia de partidasexpedidas por las autoridades internas, declararáprobados los extremos de que se trata sólo cuandoconcurran al efecto varios medios de pruebaconfiables.” (così da ultimo sentenza 95, §§ 55-56 e63 b)

158. Le somme essendo esenti, per giurisprudenzacostante a far data dalla sentenza 42, da qualsiasiimposta o tassa “actualmente existente o que puedadecretarse en el futuro”: cfr. sentenza in esame, §226 e punto dispositivo 7. Per giurisprudenzaaltrettanto costante, “en caso de que el Estadoincurra en mora” rispetto al termine perentorio ormaiclassico di sei mesi, “pagará un interés sobre lacantidad adeudada correspondiente al interésbancario moratorio” vigente nello Stato debitore.

159. Si tratta qui, naturalmente, del danno sofferto daisuperstiti a causa ed in conseguenza della morte odella scomparsa forzata della vittima principale, cioèdi “aquellos efectos nocivos de los hechos del casoque no tienen carácter económico o patrimonial yno pueden ser tasados, por ende, en términosmonetarios” (così ad esempio sentenza 77, § 84).

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“El mencionado daño moral puede comprendertanto los sufrimientos y las aflicciones causados a[las víctimas directas y a] sus allegados, como elmenoscabo de valores muy significativos para laspersonas y otras perturbaciones que no sonsusceptibles de medición pecuniaria” (ibidem). Aidanni indicati può anche naturalmente aggiungersi,le cas échéant, (cfr. ad esempio sentenza 77, § 92 b)e c)), il danno morale personale dei sopravvissuti“por haber sido objeto de la violación de losartículos 8.1 y 25 de la Convención”. Quanto aiprimi, in linea generale, la Corte si avvale della“presunción según la cual tales violaciones y laconfiguración de una situación de impunidad enrelación con ellas, causan dolor, angustia y tristeza,[tanto a las víctimas como] a sus familiares” poichétutte “las violaciones de los derechos humanoscausan, por lo general, daños a personas diferentesde los titulares de dichos derechos, y eso acontece,en particular, en relación con los familiares de lasvíctimas. Tales daños deben ser reparados” anchequando non risulti testimonialmente provato che“los familiares de las víctimas sufrieron dañosinmateriales por las muertes, desapariciones olesiones de las mismas”; (così sentenza 95, §§ 64 b,66.61 e 70). Sulle presunzioni specifiche in tema didanni morali, vedi infra, nota 164.

160. In tal senso, cfr. §§ 109,126, 144 e 159: “Con respectoa los otros hermanos de la víctima, no cabe duda deque forman parte de la familia y aún cuando noaparece que intervinieron directamente en lasdiligencias asumidas en el caso por la madre y porla cuñada, no por ello debieron ser indiferentes alsufrimiento ocasionado por la pérdida de suhermana, menos aún cuando las circunstancias dela muerte revisten caracteres singularmentetraumáticos. Por tanto, la Corte, al considerarlescomo beneficiarios de una indemnización, debe fijarsu monto siguiendo el criterio de la equidad, y enconsecuencia, fija una reparación compensatoriapor daño moral de…”; “En cuanto a los hermanosde la víctima debe considerarse que, como miembrosde la familia, no debieron ser indiferentes alsufrimiento de …, pese a la objeción planteada porel Estado. En consecuencia, los hermanos de lavíctima participarán como beneficiarios del dañomoral, y el Tribunal fija, equitativamente, la cantidadde…”; “En cuanto a los hermanos de la víctimadebe considerarse que, como miembros de la familia,no podían ser indiferentes al sufrimiento de…, pesea la objeción planteada por el Estado. Por ello, concriterio de equidad, la Corte fija una compensaciónpor daño moral de...”; “Con respecto a los hermanosde la víctima, la Corte observa que éstos nointervinieron, según constancias del proceso de

fondo ante este Tribunal, en la búsqueda y en laobtención del cadáver de la víctima y su posteriorentierro. Sin embargo con criterio de equidad, laCorte fija una reparación por daño moral de…” Indottrina, e al fine di rendersi conto dell’evoluzionedella giurisprudenza della Corte, cfr. J. M.PASQUALUCCI, Victim reparations …, cit., pp. 14-24.

161. Così ad esempio sentenza 42, § 143, e la decisionerisarcitoria del caso Garrido y Baigorria c.Argentina, sentenza 39 del 27 agosto 1998, §§ 63-64: “El Tribunal comenzó por constatar que loshermanos de…no habían “ofrecido pruebasfehacientes” de que mantenían con estos últimosuna “relación afectiva tal” que su desaparición leshubiera provocado un daño grave. Sin embargo,apreció el hecho de que los mencionados parientesde las víctimas demostraron interés por su suertedesde el momento de la desaparición y realizarongestiones para dar con su paradero.”

162. Ibidem, § 4, l’estensore sottolinea che “en los CasosBlake” (sentenza 48, § 57) “y Castillo Páez”(sentenza 43 del 27 novembre 1998, § 89) la Corteaveva valutato “y le dio pleno alcance a las pruebaspresentadas sobre el hecho de que -dadas lascircunstancias específicas de los respectivoscasos- los hermanos de cada una de las víctimassufrieron graves y excepcionales padecimientos acausa de la desaparición de éstas.”

163. Cfr. ad esempio sentenza 92, § 88 b) e d): “El Tribunalpresume que la muerte de una persona acarrea asus padres un daño inmaterial, por lo cual no esnecesario demostrarlo. Tal y como ha dicho estaCorte, se puede admitir la presunción de que lospadres han sufrido moralmente por la muerte cruelde sus hijos, pues es propio de la naturaleza humanaque toda persona experimente dolor ante el supliciode su hijo”. “Las anteriores consideraciones sonaplicables al padre adoptivo o padrastro de lavíctima, quien como miembro de una familiaintegrada mantenía un vínculo estrecho con…,convivía en la misma casa, por lo cual no podía serindiferente a las graves aflicciones de…” Lapresunzione sembra essere, in questo caso,assoluta, cioè senza possibile prova del contrario,assimilandosi infatti piuttosto ad un dato dellacomune esperienza (“con base en la experiencia”:così sentenza 95, § 55), secondo la regola id quodplerumque accidit.

164. Per giurisprudenza costante, la presunzioneriguarda anche il coniuge, o il compagno o lacompagna stabile (compañeros permanentes) e ifigli: cfr. ad esempio sentenza 76,§§ 108, 125 e 174[“En el caso de los padres de la víctima, no es

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necesario demostrar el daño moral, pues éste sepresume. Igualmente se puede presumir elsufrimiento moral por parte de la hija de la víctima”;“En la situación mencionada se encontrarían lacompañera y el hijo de la víctima, con respecto alos cuales el Tribunal debe presumir lasrepercusiones que tuvieron las graves violacionescometidas en perjuicio de…”; “En lascircunstancias anteriores se encuentran la esposay los hijos de la víctima “] e sentenza 95, § 71.

Quando l’esistenza di uno o più beneficiari presuntinon sia documentalmente provata -cfr. ad esempiosentenza 76, § 133 [“En este caso existencontradicciones sobre quiénes deberían serconsiderados como beneficiarios. Por una parte, laComisión, basada en información suministrada porlos familiares de la víctima, señaló que… tenía unhijo. Por su parte, los familiares en su escrito sobrereparaciones se refirieron a los daños materiales ymorales sufridos por los padres y, en general, porlos familiares, sin mencionar la existencia de undescendiente. Finalmente, el padre de la víctima,durante su declaración en la audiencia pública sobrereparaciones, mencionó como beneficiarios a lospadres y hermanos de la víctima, a estos últimossin identificarlos. En razón de lo anterior, esteTribunal consideró oportuno solicitar a losfamiliares que acreditasen el parentesco de loshermanos, hijo o familiares que vivían con la víctimaal momento de los hechos, producto de lo cual losfamiliares presentaron cinco certificaciones denacimiento de los hermanos de… y señalaron queesos eran los únicos documentos que tenían en suhaber”], la Corte ha disposto (ibidem, §§ 134, 135 e143) che “si bien no ha sido acreditada la existenciade un supuesto hijo de la víctima, en caso de queefectivamente existiese el hijo, debería adjudicárselela indemnización por concepto de daño moral, porlo cual se deberá acreditar ante el Estado la existenciay la identidad del hijo de… a fines de poder hacerefectivas las reparaciones que se ordenen. En razónde lo establecido, los familiares de la víctima y laComisión deben brindar al Estado la informaciónque tengan a su disposición para identificar al hijode…, a fin de que el Estado pueda, a su vez, verificardicha existencia. Si en un plazo de un año, contadoa partir de la notificación de esta sentencia, no seha identificado al hijo, serán beneficiarios suspadres”. Conformemente, cfr. sentenza 95, §§ 73 infine e 106, ai sensi dei quali i beneficiari nonidentificati dovranno presentarsi “ante el Estadodentro de los veinticuatro meses siguientes a lafecha de expedición de esta Sentencia, aportandoprueba fehaciente, de conformidad con la legislacióninterna, de su condición de familiares de las víctimas,

en los términos del artículo 2.15 del Reglamentovigente”. A contrariis, cfr. sentenza 87 del 30novembre 2001 nel caso Barrios Altos, nella qualela Corte ricorda (§ 24) che “en la cláusula décimadel acuerdo se estipuló que las partes [Stato eCommissione] harán uso de sus recursos paraubicar el paradero de los herederos legales dequienes en vida fueron las víctimas, y que el acuerdoquedará abierto para la firma de los mismos cuandosean encontrados” e conseguentemente disponeche lo Stato (§ 31) “al hacer uso de sus recursospara ubicar el paradero de los herederos de dichasvíctimas, deberá, entre otras gestiones, publicar enun medio de radiodifusión, un medio de televisióny un medio de prensa escrita, todos ellos decobertura nacional, un anuncio mediante el cual seindique que se están localizando a los familiares de…, para otorgarles una reparación en relación conlos hechos de este caso. Dicha publicación deberáefectuarse al menos en 3 días no consecutivos, yen el término de 30 días siguientes a la notificaciónde la presente Sentencia.”

165. Il Voto Cançado annesso alla sentenza 91,§12,sottolinea in proposito, com’è del resto proprio datempo del Presidente, che “el sufrimiento humanose proyecta en el tiempo: el dolor no se pierde nunca,y a pesar del transcurso del tiempo cualquier mínimacosa que recuerde al desaparecido es suficientepara descargar de nuevo absolutamente todo elsufrimiento previo.”

166. L’onere della prova contraria spetta allo Statoconvenuto: se questo non la offre, ne consegue ildovere di pagare il risarcimento (cfr. ad esempiosentenza 76, §§ 125 in fine e 143: “Dicha presunciónno ha sido desvirtuada por el Estado, por lo cualcorresponde otorgar a dichos familiares unaindemnización compensatoria por concepto dedaño moral.”)

167. Voto de Roux Rengifo, in fine. Ibidem l’estensorenota che “al fijar, en equidad, el monto de lasrespectivas compensaciones, la Corte se hadespachado con cautela, tasando en 1.000 dólaresel monto de la reparación por pagar a cada hermanode la víctima. A mi modo de ver, la cautela ha sidomayor de lo que se justificaba, pero debo reconocerque guarda concordancia con el carácter presuntivodel daño en cuestión.”

168. Sentenza 77,§ 92 c): “Los hermanos de… sufrierondaños morales por haber sido afectados por lasdesapariciones, torturas y muertes de estos últimos.Las compensaciones de esos daños deben serpagadas a los hermanos de las víctimas según seindicará”. Si noti per incidens che ivi lo Stato (§ 87

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a)) si era opposto alla richiesta della Commissione(§ 86 a)) di considerare per il risarcimento del dannomorale anche “los demás familiares inmediatos delas víctimas”, asserendo che “en cuanto al dañomoral, la sentencia de reparaciones debe contemplara los propios agraviados y, en caso de no ser factible,a los familiares directos. Por ello, reconoce comovíctimas directas” solo gli uccisi e, “comoconsecuencia de las violaciones directas sufridaspor ellos”, le madri e la nonna. “El Estado noreconoce a otras personas como titulares delderecho a recibir reparaciones.”

169.Sentenza 88,§ 37: “Los señores...son hermanos de...En esa calidad, no debieron ser indiferentes a lossufrimientos padecidos por...”, anche se la Corteosserva poco dopo (§ 38) “que en el presente casoexisten pruebas de que los hechos de los cualesfue víctima... acarrearon a su madre y a sus treshermanos daños de diversa naturaleza e intensidad,que los convierten en titulares del derecho aobtener una reparación.”

170.Sentenza 92,§§ 57 e 88 d): “En cuanto a los hermanosde la víctima, debe tenerse en cuenta que, según lajurisprudencia más reciente de la Corte, se puedepresumir que la muerte de una persona ocasiona asus hermanos un daño inmaterial.”

171.Sentenza 91,§§ 63, 65 b) e 65 c): “Estospadecimientos se extienden de igual manera a losmiembros más íntimos de la familia, particularmentea aquéllos que tuvieron un contacto afectivoestrecho con la víctima. La Corte considera que norequiere prueba para llegar a la mencionadaconclusión, aunque en el presente caso seencuentre probado el sufrimiento ocasionado aaquéllos”; “En lo que respecta a las hermanas…, laCorte reitera que es razonable presumir que comomiembros de la familia no debieron ser indiferentesa la pérdida de su hermano”. La spiegazione rispettoalla diversità fattuale emersa dalle testimonianzesegue prontamente: “[La víctima] se incorporó a laURNG, y consecuentemente, perdió el contacto consu núcleo familiar, compuesto para ese momento,por su padre y sus hermanas, pero esta pérdida decontacto obedeció, tal como quedó demostrado enel fondo, a la situación de conflicto armado quevivía Guatemala y a la práctica utilizada por el ejércitopara extraer información de los detenidos, y dequienes participaran en alguna actividadinsurgente, y al temor de sus familiares por lossufrimientos que las fuerzas armadas pudieseninfligirles. Esta Corte considera que fueron éstaslas causas del aparente distanciamiento entre [lavíctima] y sus familiares y que éste no obedeció,como lo asevera el Estado, a una ruptura de los

lazos familiares. En este caso cabe agregar quedadas las particularidades de la cultura maya, etniamam, para el núcleo familiar de… la pérdida delsoporte emocional del hijo mayor significó grandessufrimientos”; “En lo que se refiere a…, hermanamaterna de…, la Corte reitera que en el caso de loshermanos debe tenerse en cuenta el grado derelación y afecto que existe entre ellos por lo que,dadas las circunstancias del caso, ésta debe tambiénser indemnizada por daño en material”. Si noti che,a stregua del § 64, il risarcimento dei danni morali èattribuito anche perché “la impunidad imperanteen este caso sigue causando sufrimiento para losfamiliares que los hace sentirse vulnerables y enestado de indefensión permanente frente al Estado,situación que les provoca una profunda angustia.”

172. Sentenza 95,§§ 73 e 75. “No obstante… en relacióncon las personas cuya existencia y cuyos vínculoscon las víctimas no cuentan con el respaldocorrespondiente a los mencionados estándares, laCorte procederá de la siguiente manera: lasconsidera beneficiarias de reparaciones porconcepto de daño inmaterial y ordenará pagarlesuna compensación al respecto… siempre que sepresenten ante el Estado dentro de los veinticuatromeses siguientes a la fecha de expedición de estaSentencia y aporten prueba fehaciente, deconformidad con la legislación interna, de sucondición de familiares de alguna de las víctimas,en los términos del artículo 2.15 del Reglamentovigente”; “La Corte observa que los familiares de…,no se han hecho presentes en el proceso ni en formapersonal ni por medio de representantes, aunquelos representantes de las demás víctimas yfamiliares han actuado en su nombre como agentesoficiosos, y solicitaron en su nombre medidas dereparación. En este caso, la Corte atenderá lascorrespondientes solicitudes basándose en elhecho de que la sentencia de fondo, que constituyeun precedente ineludible en el itinerario del proceso,declaró víctimas a los señores…” Vedi supra, nota164, ed infra, nota 183.

173. Altrettanto accade -cfr. ad esempio sentenze 76, §213; 88, §§ 86 e 85, e 92, §§ 126-128- per “las costasy los gastos” tanto del giudizio nazionale [“En elconcepto de costas deben quedar comprendidaslas que corresponden a la etapa de acceso a lajusticia a nivel nacional”], che delle due fasi delgiudizio internazionale [“como las que se refieren ala justicia a nivel internacional ante la Comisión y laCorte”], onorari d’avvocato compresi [“Entre losgastos figuran los honorarios de quienes brindanasistencia jurídica”]. Anche “las costas y losgastos”, infatti, “deben entenderse comprendidosdentro del concepto de reparación consagrado en

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el artículo 63.1 de la Convención Americana, puestoque la actividad desplegada por la o las víctimas,sus derechohabientes o sus representantes paraacceder a la justicia internacional implicaerogaciones y compromisos de carácter económicoque deben ser compensados al dictar sentenciacondenatoria. El quantum por este rubro puede serestablecido con base en el principio de equidad,incluso en ausencia de elementos probatoriosrelativos al monto preciso de los gastos en que hanincurrido las partes, siempre que los montosrespondan a criterios de razonabilidad yproporcionalidad”. La liquidazione delle spese edegli onorari processuali in somma percentualedell’ammontare del risarcimento liquidato è esclusa[“En cuanto a la posición señalada por el Estado,en el sentido de determinar las costas en proporciónal monto de la indemnización obtenida por lasvíctimas o sus familiares, la Corte estima insuficientedicho procedimiento, por cuanto existen otroselementos que permiten evaluar la calidad ypertinencia del trabajo efectuado, tales como elaporte de elementos probatorios para sustentar loshechos expuestos por las partes, el consejo legalque brinde a sus representados, la diligencia en elcumplimiento de las distintas gestionesprocedimentales ante el Tribunal y el grado deconocimiento de la jurisprudencia internacional”]:ibidem, § 214. Conformemente, S. GARCÍA RAMÍREZ,op.loc.cit., p. 152: “No es adecuado entender quelas costas deben guardar cierta proporción con elmonto de la indemnización obtenida. En el fondode este rechazo se halla la idea de que el abogadono es un “socio” del justiciable, que reclama ciertasprestaciones para beneficio de ambos.”

174. Vedi sentenza 90 dove, §§ 36-40, 41 a), 42 b) e 47, laCorte ha respinto un capo della domanda perchénon provato [“La Corte ha examinadodetenidamente las manifestaciones y argumentosexpuestos por las partes y las pruebas producidaspor ellas. Las ha evaluado teniendo en cuenta lascircunstancias de tiempo y lugar en que los hechoshan ocurrido y ha llegado a la conclusión de queno existen en estas actuaciones pruebas suficientesque permitan afirmar que... fue ejecutado por lasfuerzas estatales en violación al artículo 4 de laConvención Americana.”]

175. Le quali, in caso di violazione dell’art. 4 dellaConvenzione, coincidono, alla stregua dei princîpigenerali del diritto con i successibili necessari(secondo la terminologia dei diritti privatidell’Europa occidentale) accertati dei defunti e, indifetto, con i collaterali. Cfr. ad esempio sentenze76, § 84; 77,§ 67; 87,§ 28; 91,§ 32 [“Es una regla

común en la mayoría de las legislaciones que lossucesores de una persona son sus hijos. Se aceptatambién, generalmente, que el cónyuge participade los bienes adquiridos durante el matrimonio yalgunas legislaciones le otorgan, además, underecho sucesorio junto con los hijos. Si no existenhijos ni cónyuge, el derecho privado comúnreconoce como herederos a los ascendientes. Estasreglas, generalmente admitidas en el concierto delas naciones, deben ser aplicadas, a criterio de laCorte, a fin de determinar los sucesores de lasvíctimas en lo relativo a la indemnización”] e J. M.PASQUALUCCI, Victim reparations …,cit., pp. 48-51.L’eccezione contenuta nella sentenza 91,§ 36, è deltutto particolare, ed esclusivamente rapportata allepeciliarità del cas d’espèce [“Durante la audienciapública, los representantes de las víctimas y laComisión Interamericana solicitaron a la Corteincluir a la señora…, hermana materna del señor…,como beneficiaria de la posible reparación que seotorgue a los familiares en el presente caso, alconsiderar la estrecha relación que tuvo la señoracon…durante su niñez. Los representantes y laComisión alegaron que su mención no se habíahecho antes debido a que no conocían la existenciade la señora… por las dificultades idiomáticas y decomunicación con la familia, y por la distancia entresus residencias, ya que ella tuvo que salir de lafinca donde ellos estaban e irse a la ciudad deGuatemala. Al respecto, la Corte observa que si bieneste caso ha estado ante el sistema interamericanode protección de los derechos humanos desde1992, no es sino hasta el 20 de noviembre de 2001,poco antes de la audiencia pública sobrereparaciones, cuando se menciona la existencia deesta hermana por parte de madre. No obstante, esteTribunal toma en cuenta las especialescircunstancias de conflicto e incomunicación quevivía Guatemala al momento de los hechos y aceptala alegación sobre las características de la culturamaya, etnia mam a la que pertenece la familia, enrazón de lo cual incluye a… en esta etapa delproceso como beneficiaria de una eventualreparación, lo cual, además, no fue controvertidopor el Estado.”]

L’attribuzione delle somme risarcitorie può avvenirein forma non solo esclusiva e scalare. Un paradigmaanalitico della suddivisione tra più coeredi sirinviene nella sentenza 95, § 91: [“a) el cincuentapor ciento de la indemnización se repartirá, porpartes iguales, entre los hijos de la víctima. Si uno ovarios de los hijos hubieren fallecido ya, la parteque le o les corresponda acrecerá a las de los demáshijos de la misma víctima; b) el veinticinco por cientode la indemnización deberá ser entregada a quien

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fuera el o la cónyuge, o el compañero o compañerapermanente de la víctima, al momento de la muertede ésta; c) el veinticinco por ciento de laindemnización será entregado a los padres. Si unode los padres ha muerto, la parte que le correspondeacrecerá a la del otro. Las señoras…, tías de lasvíctimas, quienes vivían bajo el mismo techo consus mencionados sobrinos y tenían con ellosestrechas relaciones de afecto, serán asimiladas,para efectos de su participación en la distribuciónde la indemnización de daños materiales, a lacondición de madre de los mismos, de manera queel porcentaje de la indemnización al que se vienehaciendo referencia en este literal, será repartido,por partes iguales, entre cada una de dichas señorasy los padres de las respectivas dos víctimas; d) enel caso de que la víctima no tuviere hijos ni cónyugeni compañera o compañero permanente, laindemnización del daño material se distribuirá así:el cincuenta por ciento se les entregará a sus padres,y el restante cincuenta por ciento se repartirá porpartes iguales entre los hermanos de dicha víctima;e) en el evento que no existieren familiares en algunao algunas de las categorías definidas en los literalesanteriores, lo que le hubiere correspondido a losfamiliares ubicados en esa o esas categorías,acrecerá proporcionalmente a la parte que lescorresponda a las restantes”]. Un’anticipazione delcriterio cumulativo si rinviene già nella pronuncia91, §§ 52-53, dove la compartecipazione, su baseegualitaria, del padre e delle sorelle del defunto èanch’essa spiegata dalla Corte sulla base dellepeculiarità del cas d’espèce e “para el caso enestudio”. Si noti che lo Stato si era opposto a taleconclusione (ibidem, § 49b), ed altrettanto avevafatto anche nei confronti della vedova, poiché “sumatrimonio con el señor… no había sido inscritoante las autoridades guatemaltecas competentes,por lo cual no se ha cumplido con un elementoimportante de certeza jurídica”. Ibidem, §§ 20 A e31, l’atto di devoluzione che uno dei successibiliaventi diritto intenda eventualmente compiere afavore di altri coeredi non equivale a rinuncia [“Enel caso de la señora…, el Estado ha objetado sucondición de titular de una posible reparación, tantopor derecho propio como por sucesión, comoconsecuencia de la declaración que ella realizara enel sentido de que dicha reparación fuese entregada,íntegramente, a los familiares de la víctima, lo cualse entiende, en criterio del Estado, como unarenuncia expresa al derecho declarado por la Corteen su favor, que por haberse efectuado en la fasecontenciosa del juicio ante la Corte guardacaracterística de plena prueba. La Corte no compartela interpretación del Estado sobre dicha declaración,

pues no se desprende de sus términos que esa hayasido la intención de la señora…, y por ello estimaque procede la determinación de lasindemnizaciones que a ella corresponden, y queella podrá disponer libremente de las mismas.”]

176. “Los daños provocados por la muerte de la víctimaa sus familiares o a terceros pueden ser reclamadosfundándose en un derecho propio. Sin embargo, sedeben concurrir determinadas circunstancias, comola de que hubiere existido una relación dedependencia efectiva y regular entre el reclamantey la víctima, de modo que se pueda presumirrazonablemente que las prestaciones recibidas poraquél continuarían si la víctima no hubiese muerto;y de que el reclamante hubiera tenido una necesidadeconómica que regularmente era satisfecha con laprestación efectuada por la víctima”: così, adesempio, sentenze 76, § 86; 77, § 68; 92, § 74 c) e 91,§ 33. Si noti che nell’ultima, § 51 a), dopo averstabilito che la vittima avrebbe moltoverosimilmente continuato a far parte, comecomandante guerrigliero, dell’URNG se non fossestato catturato, “tomando en cuenta lascaracterísticas de esa actividad, la Corte estima queno es del caso determinar una compensación enrelación con los ingresos de la víctima para esteperíodo.”

177. A stregua delle sentenze 91,§ 64a); 92,§ 74 c) e 95,§80 b), “en los casos de ejecuciones extrajudiciales,deben incluirse, dentro del concepto de dañoemergente, los gastos relacionados con labúsqueda de los cadáveres, los gastos portratamientos médicos a familiares, los causados conocasión de la exhumación de los cuerpos, y otrosrubros similares. En los casos de desapariciónforzada deben incluirse los gastos causados porlas gestiones tendientes a establecer el paraderode la víctima y los realizados para buscar loscadáveres. El lucro cesante, que corresponde eneste caso a la pérdida de ingresos ocasionada porla interrupción no voluntaria de la vida laboral delas víctimas, debe ser cuantificado a partir de ciertosindicadores objetivos (edad del fallecido,expectativa de vida en el país, actividad laboral delas víctimas, salario percibido o salario mínimomensual vigente en el país). El daño material delnúcleo familiar de la víctima debe ser indemnizadoen cuanto tal”, anche alla luce delle “condicioneseconómicas generales de los familiares de la víctima,y se refiere a pérdidas patrimoniales diversas, talescomo la disminución de los ingresos familiares, laquiebra de negocios familiares, pérdidas de empleo,etc. Los gastos por concepto del entierro yservicios fúnebres en que incurrieron los familiares

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de las víctimas ejecutadas también deben serindemnizados.”

Sempre in sentenza 95,§ 88, vedi invece i criterianalitici del calcolo del lucro cessante in rapportoalla vittima immediata [“Se toman los salarios caídoscorrespondientes, fijados en función del salariomínimo legal vigente en el país de que se trata en laépoca en que ocurrieron los hechos violatorios, yse los trae a valor presente, previo descuento deun 25% de dicho salario mínimo que, según seestima, cubriría los gastos personales de la víctima”]già fatti propri dalla giurisprudenza della Corte edisattesi invece ibidem, § 89 a), nei confronti delletre vittime sopravvissute, a causa della lorospecifica situazione, nonché in sentenza 91, a favoredi una pronuncia integralmente equitativa [“EsteTribunal reconoce que no resulta posible establecercon certeza cuál habría sido la ocupación y elingreso del señor… al momento de su eventualincorporación a la actividad laboral de su país.Teniendo presente la carencia de elementosprobatorios ciertos sobre los posibles ingresos quehubiese obtenido la víctima, la Corte en equidaddecide fijar en cien mil dólares de los Estados Unidosde América la cantidad como compensación por lapérdida de los ingresos para el período de que setrata”]. M.HAGLER e F. RIVERA, Bámaca Velázquez v.Guatemala: An Expansion of the Inter-AmericanSystem’s Jurisprudence on Reparations, HumanRights Brief, 2002, 3, senza indicazione di pagina,criticano la sentenza per non aver accolto e risarcitoil “danno al progetto di vita”. In senso invecefavorevole a quest’ultima soluzione, e critico delcomputo appena riportato, cfr. Voto García Ramírezalla sentenza 91, § 4: [“Estimo plausible que se hayadesestimado -aun cuando se trate sólo del casosujeto a estudio- la regla acogida en diversassentencias de la Corte a propósito de los ingresosfuturos de la víctima, cuando ésta pierde la vida yse plantea la necesidad de entregar ciertascantidades a sus derechohabientes. En esta materiase ha conformado, de tiempo atrás, un punto dereferencia que estimo inadecuado. En diversasocasiones se ha dicho que de la cantidad que resultede la apreciación sobre los ingresos del sujeto y laexpectativa media de vida en condiciones regulares-temas, a su vez, siempre discutibles-, habrá quededucir un veinticinco por ciento en concepto degastos personales de la víctima a lo largo de suvida futura, y conceder la suma restante, es decir, elsetenta y cinco por ciento del total, a susderechohabientes. En la realidad de la economía,una realidad severa con la mayor frecuencia -quemarca la perspectiva para las reflexiones de la Cortey la adopción de determinada metodología-, un

individuo difícilmente podría reservar para sí eseveinticinco por ciento de sus percepciones ydestinar a sus allegados la porción restante. Lasbajas remuneraciones que percibe la mayoría de laspersonas, sobre todo en los sectores sociales a losque suelen corresponder las víctimas de violaciónde derechos humanos en los casos sujetos a lajurisdicción de la Corte Interamericana, rara vezpermitirán una distribución de ese carácter. Ni elsujeto del que depende la economía familiar puededisponer del veinticinco por ciento de sus ingresos,ni el otro setenta y cinco por ciento bastaría,ordinariamente, para satisfacer las necesidadesfamiliares. En fin de cuentas, la apreciación sobreestos conceptos debiera depender de otroscriterios, más puntuales y realistas, y por elloindividualizados adecuadamente.”]

178. Vedi ad esempio l’elenco delle prove documentali,anche se non tutte concernono i profili economicidella vicenda, esibite dalla parte privata nella causadi merito Baruch Ivcher c. Perù, riprodotto nellepagine da 336 a 341 della sentenza 74 del 6 febbario2001, e l’analogo elenco di quasi mille documenticitato nella sentenza 95, §§ 40-43.

179. Da condursi necessariamente, per di più, alla streguadel diritto nazionale pertinente. Il problema si èpresentato, oltre che nel caso appena citato, anchenel caso Cesti Hurtado c. Perù. Quanto al primo,vedi sentenza 74, § 181 e dispositivo 8 [“En lo quese refiere a la violación del artículo 21 de laConvención, la Corte estima que el señor…” abbiadiritto di “recuperar el uso y goce de sus derechoscomo accionista mayoritario de la CompañíaLatinoamericana de Radiodifusión S.A., como loera hasta el 1 de agosto de 1997, en los términos dela legislación interna. En cuanto al resarcimientorelativo a los dividendos y las demás percepcionesque hubieran correspondido al señor… comoaccionista mayoritario y funcionario de dichaCompañía, deberá igualmente aplicarse el derechointerno”]. Quanto al secondo caso, vediidenticamente sentenza 78,§ 46 [“La Corte toma notade lo expresado por la víctima y la Comisión en elsentido de que las violaciones ocurridas en elpresente caso justifican una reparación en beneficiodel señor… por concepto de daño material. Sinembargo, observando las particularidades del casoen estudio y la naturaleza de las reparacionessolicitadas, este Tribunal considera que las mismasdeben ser determinadas mediante los mecanismosque establezcan las leyes internas. Los tribunalesinternos o las instituciones especializadasnacionales poseen conocimientos propios del ramode actividad al que se dedicaba la víctima. Tomando

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en consideración la especificidad de lasreparaciones solicitadas así como las característicaspropias del derecho mercantil y de las sociedadesy operaciones comerciales involucradas, la Corteestima que dicha determinación corresponde másbien a las mencionadas instituciones nacionalesque a un tribunal internacional de derechoshumanos”] e sentenza 86, § 32 c) [“Por lo que hacea percepciones económicas de las que se vioprivado el señor... como consecuencia de laviolación de sus derechos como accionista yfuncionario de la empresa Top Security Asesores yCorredores de Seguros, S.A., entre ellas losdividendos correspondientes a la participaciónaccionaria, determina que se recurra a la legislaciónnacional aplicable a esta materia.”]

180.Cfr. sentenze 74, § 181; 84 del 4 settembre 2001 -Interpretación de la Sentencia de Fondo- § 21, e86, § 32 a) ed e) [“El Estado debe facilitar lascondiciones para que el interesado realice lasgestiones conducentes a obtener lasindemnizaciones en un plazo razonable”; “Lasgestiones conducentes a la indemnización pordaños materiales a favor del señor..., deberán serpromovidas ante el Estado peruano para que éstefacilite de buena fe el acceso de la víctima a losprocedimientos pertinentes de derecho interno. Eneste sentido, el Estado peruano tiene la precisaobligación de recibir, atender y resolver esasreclamaciones como legalmente corresponda ydentro de un plazo razonable”; “Para todo ello, laspeticiones respectivas deben someterse a lasautoridades nacionales competentes. En efecto, sonéstas las que deberán resolver lo que sea pertinente,bajo las normas peruanas correspondientes.”]

181.Vedine un chiaro esempio in sentenza 90, § 41a):“El onus probandi no es dejado a la libertad deljuez, sino que está precisado por las normas jurídicasen vigor”. In dottrina, vedi da ultimo J. KOKOTT, TheBurden of Proof in Comparative and InternationalHuman Rights Law: Civil and Common LawApproaches with Special Reference to the Americanand German Legal Systems, Kluwer, 1998, cap.3,nel qule l’A. critica lo standard della Corte Europea,per il quale la prova deve essere “beyond anyreasonable doubt”.

182.Vedi infra, nota 191.

183.Cfr. ad esempio sentenza 95,§§ 72-74, ove la Corte,dopo aver constatato che “debido a lasparticularidades de este caso, entre las que secuenta el amplio número de víctimas y el lapsotranscurrido desde que los hechos sucedieron, esdifícil determinar con precisión quiénes fueron o

son los familiares de las víctimas”, osserva che “eneste caso se presentan las siguientescircunstancias: a) en los escritos de reparacionesse alude a determinados familiares de las víctimas yse los identifica por sus nombres, sin que laexistencia de éstos ni sus vínculos con dichasvíctimas encuentren apoyo en ninguna otra pruebaaportada al proceso (como las partidas denacimiento de las víctimas o de esos presuntosfamiliares, o en las declaraciones ante notariopúblico); b) en algunas de las declaraciones antenotario se menciona la existencia de determinadosfamiliares de las víctimas, a los que se identifica porsus nombres, sin que las correspondientesaseveraciones tengan apoyo en ninguna otraevidencia (ni tan siquiera en las afirmaciones de losescritos de reparaciones); c) en las declaracionesante notario, se hace a veces referencia a que lavíctima de que se trata tenía determinados parientes,como hermanos e hijos, sin que el declarante losidentifique debidamente por sus nombres y otrascircunstancias pertinentes” e conclude che “paraalcanzar valor probatorio, las afirmaciones nocontrovertidas de parte y las declaraciones a lasque se refieren los literales anteriores, deben contarcon respaldo en otras evidencias”. Sultemperamento equitativo poi tuttavia adottato, vedisupra, nota 172.

184. Si noti che “el acervo probatorio de un caso, comotodo único, se integra con la prueba presentadadurante todas las etapas del proceso; de estamanera, la prueba aportada por las partes en la fasede fondo también forma parte del material probatorioque será considerado durante la etapa dereparaciones”: così ad esempio sentenze 90, § 22;91, § 22, e 95, §§ 62 e 63. In sentenza 91,§ 23, inoltre,“dentro del contexto del presente caso, esta Corteincorpora, de acuerdo con las facultades dadas alTribunal por el artículo 44 del Reglamento, las tablasde expectativa de vida presentadas en los casosPaniagua Morales y otros y Villagrán Morales yotros, ambos contra Guatemala, para realizar loscálculos correspondientes, así como los criteriosreferidos en dichos casos con relación al tema de laexpectativa de vida.” Analogamente, si ricordi che,nonostante le obiezioni dello Stato, la Corte si eragià avvalsa nel caso Cantoral Benavides di partedel coacervo probatorio raccolto nel caso LoayzaTamayo, in quanto e per la parte relativa agli stessifatti.

185. Cfr. ad esempio sentenza 91, §§ 15-16. “Estosprincipios”, aggiunge la Corte, “rigen para el fondodel asunto e igualmente para la etapa dereparaciones”. Mentre il primo profilo appartiene

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alla giurisprudenza costante della Corte, quanto alsecondo, essa cita a proprio conforto il precedentecostituito dalla sentenza 27 giugno 1986 della CIGnel caso Military and Paramilitary Activities inand against Nicaragua (Nicaragua c.Stati Uniti),§ 60.

186. Cfr. ad esempio sentenze 91, § 12; 92, § 34, e 74, § 71[“El artículo 43 del Reglamento de la Corte estableceque las pruebas promovidas por las partes sóloserán admitidas si son señaladas en la demanda yen su contestación. Excepcionalmente la Cortepodrá admitir una prueba si alguna de las partesalegare fuerza mayor, un impedimento grave ohechos supervinientes en momento distinto a losantes señalados”; “Los documentos suministradospor la Comisión durante la audiencia pública fueronexhibidos extemporáneamente. La Corte hasostenido que la excepción establecida en el artículo43 del Reglamento será aplicable únicamente en elcaso de que la parte proponente alegue fuerzamayor, impedimento grave o hechos supervinientes.Sin embargo, y a pesar de que la Comisión noacreditó dichas circunstancias en este caso, la Cortelos admite por considerarlos útiles para laevaluación de los hechos, en aplicación de lodispuesto en el artículo 44.1 del Reglamento.”]

187. Cfr. sentenze 88,§ 2; 91,§ 14, e 95,§ 37: [“Además, elejercicio de las potestades discrecionales de laCorte, contempladas en el artículo 44 de suReglamento, le permite a ésta solicitar a las parteselementos probatorios adicionales, en carácter deprueba para mejor resolver, sin que esta posibilidadotorgue a aquéllas una nueva oportunidad paraampliar o complementar sus alegatos u ofrecernueva prueba sobre reparaciones, salvo que la Corteasí lo permitiera”] e sentenza 95, §§ 24-28 e 33-35.

188. Quasi sempre a causa della difficoltà di provarecongruamente stipendi e/o guadagni comunquepercepiti e/o spese mediche: cfr. sentenza 95, § 29:“La Secretaría, siguiendo instrucciones delPresidente, solicitó a los representantes de lasvíctimas y de los familiares, a la ComisiónInteramericana y al Estado, la remisión de una seriede documentos e informaciones (se trataba,básicamente, de constancias laborales, constanciasmédicas, reportes sobre el monto del salario mínimolegal vigente y el tipo de cambio entre el bolívar y eldólar de los Estados Unidos de América vigente enVenezuela, la expectativa de vida en dicho país),como prueba para mejor resolver”. Sulla nozione dipruebas para mejor revolver, vedi infra, nota 198.

189. Cfr. ad esempio sentenze 74, §§ 67; 88,§§ 22 e 38;91, §§ 12 e 15 e 95, § 38 [“Con respecto a las

formalidades correspondientes al ofrecimiento deprueba, la Corte ha expresado que el sistemaprocesal es un medio para realizar la justicia y éstano puede ser sacrificada en aras de merasformalidades. Dentro de ciertos límites detemporalidad y razonabilidad, ciertas omisiones oretrasos en la observancia de los procedimientos,pueden ser dispensados, si se conserva unadecuado equilibrio entre la justicia y la seguridadjurídica [y] siempre que se garantice a la partecontraria el derecho de defensa”]. In dottrina vedial riguardo V.GÓMEZ, Seguridad jurídica e igualdadprocesal ante los Órganos, El futuro del SistemaInteramericano…, cit., pp.213-239, especialmentepp.233-235.

190. Sentenza 88, § 23, poiché “los escritos en que seformulan las pretensiones sobre reparaciones delos representantes de las víctimas o, en su caso, desus familiares y de la Comisión Interamericana y elescrito de respuesta del Estado son los principalesdocumentos y revisten, en términos generales, lasmismas formalidades que la demanda respecto alofrecimiento de prueba.”

191. Ibidem, §§ 31 e 45: “El 15 de mayo de 2001 el Estadopresentó su escrito, el cual había sido requerido el20 de febrero de 2001 por la Secretaría. El plazo parala presentación de dicho escrito venció el 26 deabril de 2001, de manera que éste fue recibido 19días después de vencido el término. Al respecto, laCorte considera que el tiempo transcurrido nopuede considerarse razonable. En lascircunstancias del presente caso el retardo no sedebió a un simple error de cómputo del plazo.Además, los imperativos de seguridad jurídica yequidad procesal exigen que los plazos seanobservados, salvo cuando lo impidan circunstanciasexcepcionales, lo cual no ocurrió en el presentecaso. En consecuencia, la Corte rechaza, por habersido presentado extemporáneamente, el escrito delEstado y se abstiene de pronunciarse sobre loseñalado en éste. En razón de lo anterior, la pruebapresentada por el Estado junto con el escrito deobservaciones sobre reparaciones, también se tienecomo presentada extemporáneamente.”

Valore paritario viene invece attribuito ai documentipresentati dalla Commissione e dallo Statoall’udienza: cfr. sentenze 74,§ 73, e 95, § 50, quandoessi non vengano “controvertidos ni objetados, nise puso en duda su autenticidad”.

192. Cfr. sentenza 95, §§ 51 e 53: “Mediante su escritodel 18 de septiembre de 2000, el Estado formulóobservaciones a los escritos de reparaciones delos representantes de las víctimas y los familiares,

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y de la Comisión. Sin embargo, mediante su escritodel 15 de noviembre de 2001, Venezuela solicitó“dejar sin efecto’’ el memorial de observaciones alas reparaciones del 18 de septiembre del añoinmediatamente anterior. Como consecuencia deello, las afirmaciones contenidas en los escritos dereparaciones de los representantes de las víctimasy de los familiares y de la Comisión, en materiastales como la integración de las familias de dichasvíctimas y los ingresos de éstas y sus aportes a lasatisfacción de las necesidades del núcleo familiar,dejaron de ser controvertidos por el Estrado.Aunque éste intentó variar esa posición mediantesus memoriales del 18 de junio y del 22 de julio de2002, en los cuales formuló argumentos en contrade los planteamientos de sus contrapartes en materiade reparaciones, la Corte debe darle plenos alcancesal escrito del 15 de noviembre de 2001, en virtud delprincipio de estoppel”; “En el presente caso seprodujo por parte del Estado una aceptación de loshechos planteados en la demanda -es decir, de loshechos relacionados con el fondo de la causa- y unreconocimiento de responsabilidad en relación conellos. Mediante escritos de fechas 18 de septiembrede 2000 y 18 de junio y 22 de julio de 2002, el Estadose desdijo de [esas] manifestaciones, volviendo aplantear cuestiones relativas a los hechos de fondodel caso. Sin embargo, la Corte estima que, en virtuddel principio de estoppel, debe darse plenosalcances a la aceptación de los hechos de la demanday al reconocimiento de responsabilidad en relacióncon éstos, efectuados por el Estado en este caso.”

193. Ibidem, § 54, “profundizando los precedentes desu jurisprudencia sobre el particular”.

194.Sentenza 95, §§ 9 e 11-12: “La Corte resolvió requeriral Estado la remisión de toda la información de quedispusiera respecto de los familiares de lassiguientes víctimas del presente caso… Además,dispuso que el Estado pusiera en conocimiento delos familiares, mediante varias publicacionesdifundidas a través de los medios de comunicaciónmasiva (prensa, radio y televisión), que había sidodictada la sentencia de fondo en el caso y que eranecesario que se comunicaran con la Corte para losefectos de la etapa de reparaciones” ; “El Estadoremitió copia de los avisos que publicó en la prensaescrita venezolana, y manifestó que entendía quede acuerdo con lo ordenado en dicha Resolución,la publicación de la convocatoria se podía hacer encualquier medio de comunicación, por lo que laordenó a través de la prensa escrita. La Secretaría,siguiendo instrucciones del Presidente, comunicóal Estado que debía divulgar el anuncio a través deotros medios de comunicación (radio y televisión)

y hacer llegar a la Corte las copias del casete degrabación magnetofónica que contuviera la cuñatransmitida por radio y la videocinta que contuvierael aviso difundido en la televisión. La Secretaríareiteró al Estado el requerimiento de presentar elcasete y la videocinta aludidos, los cuales, a la fechade la presente Sentencia, no han sido aportados.”

195. Ibidem, § 29 in fine: “La Secretaría, siguiendoinstrucciones del Presidente, solicitó a losrepresentantes de las víctimas y de los familiares, ala Comisión Interamericana y al Estado, la remisiónde una serie de documentos e informaciones (setrataba de constancias sobre el estado de losprocedimientos administrativos o judicialesinternos, incluyendo los procedimientos deexhumación e identificación de los cadáveresenterrados en las fosas comunes y un detalle sobrelas modificaciones de la legislación penal –militar yordinaria– venezolana) como prueba para mejorresolver.”

196. La pratica di ritenere rilevanti le deposizionieffettuate dalle vittime sopravvissute e dai familiaridelle stesse è costante, ma esse, altrettantocostantemente, “no pueden ser valoradasaisladamente sino dentro del conjunto de las pruebasdel proceso”. In particolare, “en materia dereparaciones, los testimonios de los familiares sonútiles en la medida en que pueden proporcionarmayor información sobre las consecuencias de lasviolaciones que fueron perpetradas”. Così ancora,da ultimo, sentenza 91, § 27, e sentenza 95, § 59:“Observa el Tribunal que, en general, lasmanifestaciones de los familiares de las víctimasson especialmente útiles en materia de reparaciones,en la medida que pueden proporcionar informaciónmuy pertinente sobre las consecuencias dañinasde las violaciones que fueron perpetradas. Contodo, por tener los familiares un interés directo enel presente caso, sus declaraciones no pueden serapreciadas aisladamente, sino dentro del conjuntode las pruebas allegadas al proceso.”

197. Cfr. §§ 16-17, “debido al gran número de testigos”e alla difficoltà di “solventar los gastos para sutraslado a la sede de la Corte”. La Commissione,ibidem, § 18, non si era opposta “a que losinterrogatorios respectivos se realizaran enVenezuela, siempre y cuando un juez de la Corterepresentara al Tribunal para asegurar la inmediatezde la prueba y la independencia e imparcialidad delinterrogatorio.”

198. Va evidenziato infatti che, mentre “los documentospresentados por las partes, ya sea con el escritode reparaciones (en el caso de los representantes

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de las víctimas y de los familiares), o con el escritode observaciones a las reparaciones (en el casodel Estado), por corresponder a las materiaspropias de esta fase del procedimiento y por habersido aportados en la oportunidad procesaladecuada, serán valorados como pruebas por laCorte, en los términos que corresponde”, “encuanto a los documentos aportados como pruebapara mejor resolver por los representantes de lasvíctimas y de los familiares y por el Estado, la Cortelos considera útiles dentro del contexto del acervoprobatorio y los valorará en los términospertinentes”: ibidem, § 61.

199. Si noti infatti, ibidem, § 60, che la Corte, dopo averconstatato che “las declaraciones de las víctimas yde otros familiares de las víctimas, así como losinformes de los expertos, fueron aportadas alproceso a través del escrito que los recogía [y] quesu contenido y la firma de quién suscribía cadadeclaración o informe fueron reconocidos antenotario público, [lo que] contribuye, de suyo, aproporcionarles credibilidad”, ha nondimenocorrettamente affermato che “no obstante, no ledará a las respectivas piezas procesales carácter deplena prueba, sino que apreciará su contenidodentro del contexto del acervo probatorio yaplicando las reglas de la sana crítica”. Sul punto,con riferimento al caso Loayza Tamayo -Reparaciones, vedi S. GARCÍA RAMÍREZ, op.loc.cit.,pp.129 -131. Analogamente la Corte ha procedutoanche con riguardo a “las condiciones económicasgenerales de las víctimas y sus familiares, lascaracterísticas de sus actividades económicas y sunivel de ingresos.”

200. Vedine un esempio al § 65, dove la Corte, dopo aversottolineato che “pese a haberlo requerido en variasoportunidades al Estado, el Tribunal no ha recibidoel casete con la grabación magnetofónica delmensaje que debió trasmitirse por radio ni lavideocinta con el mensaje que debió difundirse porla televisión, según lo ordenado en la Resoluciónde la propia Corte del 21 de noviembre de 2000”,non deduce eo ipso “de la falta de remisión de esoselementos al Tribunal que el Estado omitió realizarla difusión por radio y televisión de loscorrespondientes mensajes”, ma si limita a rilevareche “se ha configurado una conducta incompatiblecon el deber de cooperación procesal asumido porlos Estados al ratificar la Convención y al aceptar lacompetencia contenciosa de este Tribunal, que esteúltimo no puede pasar por alto”.

201. Analogamente al deciso della sentenza 95, vedisentenza 77, § 79: “En cuanto a la pérdida deingresos, los representantes de los familiares delas víctimas y la Comisión coincidieron en que elTribunal debía tomar en cuenta para su cálculo elsalario mínimo para actividades no agrícolas vigenteen Guatemala. El Estado, por su parte, se opuso a lautilización de dicha base alegando que las víctimasno tenían una relación laboral permanente ycontinua. Esta Corte considera que, a falta deinformación precisa sobre los ingresos reales delas víctimas, tal como lo ha hecho en otrasoportunidades, debe tomar como base el salariomínimo para actividades no agrícolas enGuatemala.”

202. M.SCALABRINO, Vittime e risarcimento…, cit., p. 52.

203. Incontestabile epifania ne sono le nuove ratifichedella Convenzione e le nuove accettazioni dellagiurisdizione della Corte.

204. Le relative dichiarazioni, ancorché sofferte,o proprioperché tali, sono, a mio parere, da interpretarsi comesegno di una significativa e nuova coscienza delvalore del sistema non tanto da parte degli Stati perse stessi o nel concerto delle relazioni con l’OSA,quanto piuttosto vis-à-vis delle proprie comunità.

205. Vedi per tutti quello annesso alla sentenza 77, §§17-18.

206. Sull’accesso diretto del ricorrente individuale allaCorte e, quindi, sulla trasformazione dell’attualelocus standi in juicio dello stesso in vero e propriojus standi in juicio, cfr. A.A.CANÇADO TRINDADE,Informe: Bases para un Proyecto de Protocolo…,cit.,loc.cit.,capp. (V),VI, VII, e IX e cap.X, punto 4, §§157-158. In merito alle altre modificazioni di strutturaauspicate, rimando a quanto già segnalato supra,note 29 e 56.

207. Così Oscar Wilde, The Soul of Man underSocialism,1891, citato senza indicazione d’ operada C.DOUZINAS, Human Rights and PostmodernUtopia, Law and Critique, 2000, 11, pp. 219–240, esegnatamente p.219. La frase di Wilde proseguecosì: “And when Humanity lands there, it looksout, and, seing a better country, sets sails. Progressis the realisation of Utopias.”

208. C.DOUZINAS, op.loc.cit., p. 226, citando ecommentando E. BLOCH, Natural Law and HumanDignity, Dennis Schmidt trans., MassachussetsInstitute of Technology Press, Cambridge Ma,1988,p. 174.

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INTRODUÇÃOO instituto do refúgio no Brasil possui um

desenvolvimento interessantíssimo. Sobretudo, se o temafor analisado a partir da promulgação da Lei nº 9.474, de22 de julho de 1997. Esta Lei define mecanismos para aimplantação do Estatuto dos Refugiados das NaçõesUnidas de 1951 e de seu Protocolo de 1967,determinando outras providências que deverão seradotadas pelo Estado brasileiro quando o assunto érefúgio. Cria, ademais, o Comitê Nacional para osRefugiados – CONARE.

A temática do refúgio no Brasil passa a ser, desdea entrada em vigência da Lei 9.474/97, revestida de umaparato normativo caracterizado por ser um dos maismodernos do mundo. Pois, além de abarcar a totalidadedos princípios previstos pela Convenção de 1951 e doProtocolo de 1967 das Nações Unidas sobre Refugiados,incorpora o que há de mais contemporâneo dadiscussão acerca do direito internacional dosrefugiados.

HISTÓRICO DA PRESENÇADO ALTO COMISSARIADODAS NAÇÕES UNIDAS PARAOS REFUGIADOS -ACNUR-NO BRASIL

Uma das principais estratégias do ACNUR1 noCone Sul é a construção e o fortalecimento de umaestrutura tripartite (Governo, Sociedade Civil e ACNUR)sólida. Nesse sentido, um de seus objetivos principaisé dotar e capacitar a sociedade civil envolvida com atemática dos refugiados dos diferentes países queconformam a região (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,Paraguai e Uruguai) no trabalho de políticas públicas,proteção e integração local. Nesse modelo ideal, o Brasil

O BRASIL E O INSTITUTO DO REFÚGIO: UMAANÁLISE APÓS A CRIAÇÃO DO COMITÊ

NACIONAL PARA OS REFUGIADOS – CONARE

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •RENATO ZERBINI RIBEIRO LEÃO*Advogado; Bacharel e Mestre em Relações Internacionais; Professor de Direito Internacional Público do UniCEUBe da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade de Brasília; Diretor-Presidente do Centro de ProteçãoInternacional dos Direitos Humanos – CPIDH; Consultor Jurídico para o Brasil do Escritório Regional para o Sulda América Latina do ACNUR.

é um país chave na região, pois possui a estrutura maispróxima a essa realidade.

A história da presença do ACNUR no Brasilremonta ao ano de 1977, quando essa instituição daONU instalou uma sede local na cidade do Rio de Janeiro,que se encontrava sob a supervisão de seu EscritórioRegional para o Sul da América Latina, com sede emBuenos Aires, Argentina. Naquela época, o paíscomeçava a receber seus primeiros fluxos importantesde refugiados, provenientes justamente de países daAmérica do Sul como conseqüência das crisesinstitucionais que afetaram os países da região,recebendo assim uruguaios, argentinos, paraguaios echilenos.

No ano de 1989, a missão do ACNUR no Rio deJaneiro transfere-se para Brasília, pois aí estão os órgãosfederais de tomada de decisão na matéria. Maisrecentemente, com a aprovação da Lei 94742, em 22 dejulho de 1997, o Brasil incorpora de maneira oficial a seuordenamento jurídico e político tanto a Convenção de1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados3 como o seuProtocolo de 19674, convertendo-se no primeiro país daregião a elaborar uma legislação compreensiva eprogressista na matéria.

A Lei brasileira relativa à temática dos refugiadose das refugiadas é inovadora. Além de incorporar osconceitos tanto da Convenção de 1951 quanto de seuProtocolo de 1967, ela agrega como definição derefugiado e de refugiada todas aquelas pessoas que“devido a grave e generalizada violação de direitoshumanos, é obrigada a deixar seu país denacionalidade para buscar refúgio em outro país.”5

O conceito de grave e generalizada violação dedireitos humanos nasceu a partir de uma realidadeespecífica do continente africano e foi incorporado nanormativa da América Latina a partir da Declaração deCartagena de 1984; portanto, é um documento fruto da

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Reunião de Representantes Governamentais e deespecialistas de 10 países latino-americanos que sereuniram em Cartagena das Índias, Colômbia, paraconsiderar a situação dos refugiados e das refugiadasda América Central.6

Em dezembro de 1998, dentro de um contexto dediminuição de recursos e permeado por uma significativacrise financeira, conseqüência das limitaçõesorçamentárias observadas na instituição em escalamundial, o ACNUR toma a difícil decisão de fechar suarepresentação local no país7, pois considera que o Brasiljá iniciava e assumia por seus próprios meios o examecriterioso e profissional do tema, em busca de soluçõesduradouras para os refugiados e refugiadas em seuterritório. Por conseguinte, os poucos recursosdisponíveis deveriam ser direcionados para as regiõese situações de emergência nos distintos continentes. OBrasil seria, então, coberto pelo Escritório Regional deBuenos Aires.

O ACNUR, no entanto, não estava muitopreocupado com o Brasil, pois esse país aprovara umadas leis mais modernas sobre refugiados e refugiadas epossuía uma estrutura tripartite em um processoascendente e exitoso de consolidação, conformandoum país chave na região. A Lei Nº 9.474, de 22 de julhode 1997, define os mecanismos para a implementaçãoda Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951no Brasil, e determina outras providências como acriação do Comitê Nacional para os Refugiados –CONARE– atuando como marco para o tratamento dassolicitações do Estatuto de Refugiado e a busca desoluções duradouras para os refugiados e refugiadasque procuram a proteção internacional em seu território.Ademais, o ACNUR buscava intensificar sua presençana temática de refugiados no país, além da supervisãointernacional desde o Escritório Regional da Argentina,através de associações com distintas organizações(Cáritas, OAB, IBRI e CPIDH) que, de diversas formas,podem contribuir e somar seus esforços de trabalho emprol dos refugiados e refugiadas no Brasil.

Tamanho é o esforço dedicado ao trabalho nocampo do Direito dos Refugiados, quer pela sociedadecivil brasileira quer pelo governo brasileiro, que oACNUR reabre, em março de 2004, seu Escritório noBrasil. Seu objetivo é o de apoiar, no máximo de suaspossibilidades, o esforço conjunto da sociedadebrasileira para a implementação das normas de proteçãointernacional dos refugiados no Brasil, sobretudo nodesenvolvimento de ações capazes de afirmar suacapacidade de acolher refugiados reassentados, umavez que estes já não podem mais também contar com aproteção internacional daquele país que primeiro osreceberam.

EM BUSCA DE UMAHARMONIZAÇÃOLEGISLATIVA REGIONAL

No árduo caminho que tem sido percorrido desdea criação do ACNUR e a entrada em vigor da Convençãode 1951 e de seu Protocolo de 1967, não se pode perderde vista que as situações que vêm originando osgrandes fluxos de refugiados e refugiadas ao longo dasdécadas têm tido sua origem nas complexas relaçõesinternacionais surgidas em conseqüência do final daSegunda Grande Guerra. Os movimentos de libertaçãonacional, o ressurgimento de certas formas extremas denacionalismo, o separatismo étnico, o aumento deconflitos armados internos, o desmoronamento degrandes blocos ideológicos e o surgimento de novosgrupos econômicos de influência, contribuíram para umainstabilidade na qual situações de violação de direitoshumanos encontram campo fértil.

Em um mundo onde as relações entre os Estadosestão cada vez mais vinculadas à realização de objetivossupranacionais e onde os efeitos de uma medida políticatomada em um país afetam cada vez mais a situação deseu vizinho, o caminho da coordenação de políticassociais, econômicas e de desenvolvimento comoinstrumento de progresso regional é inevitável. Osexemplos mais claros dos benefícios e percalços daintegração ou harmonização regional estão dados nosanos de esforços necessários à concretização da UniãoEuropéia e o incipiente desenvolvimento da comunidadedo Mercosul.

No campo dos direitos humanos e nele tratandodo tema dos refugiados e refugiadas, a identificaçãodas causas dos movimentos irregulares de pessoas queoriginam os fluxos massivos em busca de proteçãointernacional é de importância fundamental para aprevenção destas situações. Neste sentido, durante a2ª Conferência Mundial de Direitos Humanos em Viena,em 1993, em sua intervenção, a então Alta Comissariadadas Nações Unidas para os Refugiados, Sra. SadakoOgata, destacou a prevenção de situações futurasgeradoras de refugiados e refugiadas e instou aConferência a reafirmar o direito dos refugiados e dasrefugiadas a buscar asilo e a desfrutá-lo, o princípio danão-devolução e o direito de retornar ao lar comsegurança e dignidade. Direitos esses que requerem agarantia do respeito aos direitos humanos e um enfoqueintegral dos mesmos, recuperando assim, certamente, acidadania dessas pessoas. Os princípios de direitoshumanos permanecem sendo de importância vital parao trabalho do ACNUR em favor dos refugiados e dasrefugiadas como elemento base da admissão e proteçãoeficaz dessas pessoas no país de asilo. A melhoria nasituação de direitos humanos no país de origem é a

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melhor maneira de prevenir as condições que, de outromodo, poderiam forçar as pessoas a se tornaremrefugiados e refugiadas. Cada um desses aspectos doproblema dos refugiados e das refugiadas pode servisto sob uma perspectiva diferente de direitoshumanos; entretanto, encontrar uma resposta que possaresolvê-los satisfatoriamente, devolvendo a essaspessoas uma perspectiva cidadã, somente pode ocorreratravés da visão integral e indivisível dos direitoshumanos.

No marco destas apreciações gerais dos desafiosda temática de refugiados e refugiadas ao nívelinternacional, encontramos a região do Cone Sul emuma etapa de relativa estabilidade institucional, defixação dos primeiros fundamentos normativos namatéria e com perspectivas muito estimulantes comoregião de acolhida de pessoas necessitadas deproteção. Com este primeiro passo dado pelo Brasil coma Lei 9.474 e com a exitosa experiência de parceriatripartite alcançada, traça-se um rumo a seguir, no qualos demais países da região terão a possibilidade deespelhar-se com o intuito de obterem benefícios mútuos.

Todos os países da região do Mercosul sãosignatários da Convenção de 1951 e de seu Protocolode 1967, tendo adotado em maior ou menor grau medidaspara o efetivo cumprimento de suas disposições. Odesafio é agora aproveitar os instrumentos regionais jáexistentes, para obter esta harmonização legislativa tãosonhada. Os problemas criados pela mobilidadegeográfica devem ser enfrentados, de acordo com asrealidades dos países que conformam a região, comnormas comunitárias e políticas regionais comuns.Harmonização supõe a adoção de diretrizes comuns emdeterminados aspectos básicos, mas sempre procurandomanter as peculiaridades de cada legislação nacional ea análise concreta e individual de cada uma dassolicitações de refúgio em estudo.

Assim, com a assinatura do Tratado de Assunçãoem 1991 e, posteriormente, do Protocolo de Ouro Pretoem 1994, os países que integram o Mercosul dão osprimeiros passos para atender às novas necessidadesgeradas no processo de integração em marcha;principalmente com a criação da Comissão ParlamentarConjunta como órgão cujo objetivo é facilitar o caminhopara as metas propostas por meio de sua funçãoconsultiva, deliberativa e de formulação de propostas.Esta Comissão, cuja presidência corresponde

semestralmente a cada um dos países fundadores doMercosul, tem entre suas funções as de realizar osestudos necessários tendentes a harmonizar aslegislações dos Estados Parte, propor normas de direitocomunitário referidas ao processo de integração e fazercom que as conclusões cheguem aos ParlamentosNacionais.

O Mercosul deve ser, então, a primeira via decontato a explorar este caminho que se iniciou há 50anos na visão daquelas pessoas que pensavam que aconstrução de um futuro melhor depende do esforço detodos. Neste sentido, o governo brasileiro incentivou aassinatura da Declaração do Rio de Janeiro sobre oInstituto do Refúgio, assinada em 10.11.2000, pelosMinistros, reunidos por ocasião da “VIII Reunião dosMinistros do Interior do Mercosul”, que estabelecenormas gerais objetivando estabelecer procedimentosharmônicos sobre a matéria.

São essas as premissas que norteiam o trabalhodo Escritório Regional do ACNUR para o Sul da AméricaLatina em prol da efetivação de uma cidadania digna naregião, em primeiro lugar, e depois que esse esforçopossa servir como um bom exemplo e influenciar asdemais regiões do planeta, colaborando assim com aconstrução de uma cidadania mundial.

A LEI 9.474/97 E SUASPECULIARIEDADES

A Lei 9.474/97 está dividida em oito títulos,dezessete capítulos, três seções e 49 artigos. O primeirotítulo trata dos aspectos caracterizadores do refúgio,ou seja, do conceito, da extensão, da exclusão e dacondição jurídica do refugiado e da refugiada. O segundotítulo trata do ingresso no território nacional e do pedidode refúgio. O terceiro título trata do CONARE.

O quarto título trata do processo de refúgio, ouseja, do procedimento; da autorização da residênciaprovisória; da instrução e do relatório; da decisão, dacomunicação e do registro; e do recurso. O quinto títuloabarca os efeitos do estatuto de refugiados sobre aextradição e a expulsão, enquanto que o sétimo títulotrata da cessação e da perda da condição de refugiadoou de refugiada. O sétimo título trata das soluçõesduráveis, como é o caso da repatriação, da integraçãolocal e do reassentamento. Finalmente, o oitavo títuloapresenta as disposições finais.

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O TEXTO DA LEI 9.474/97

O PRESIDENTE DAREPÚBLICA

FAÇO SABER QUE OCONGRESSO NACIONAL

DECRETA E EU SANCIONO ASEGUINTE LEI:

TÍTULO IDOS ASPECTOS

CARACTERIZADORES

CAPÍTULO IDO CONCEITO, DA

EXTENSÃO E DA EXCLUSÃO

SEÇÃO IDO CONCEITO

Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduoque:I - devido a fundados temores de perseguição pormotivos de raça, religião, nacionalidade, grupo socialou opiniões políticas encontre-se fora de seu país denacionalidade e não possa ou não queira acolher-se àproteção de tal país;II - não tendo nacionalidade e estando fora do paísonde antes teve sua residência habitual, não possa ounão queira regressar a ele, em função das circunstânciasdescritas no inciso anterior;III - devido a grave e generalizada violação de direitoshumanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidadepara buscar refúgio em outro país.

SEÇÃO IIDA EXTENSÃO

Art. 2º Os efeitos da condição dos refugiados serãoextensivos ao cônjuge, aos ascendentes edescendentes, assim como aos demais membros dogrupo familiar que do refugiado dependeremeconomicamente, desde que se encontrem em territórionacional.

SEÇÃO IIIDA EXCLUSÃO

Art. 3º Não se beneficiarão da condição de refugiado osindivíduos que:I - já desfrutem de proteção ou assistência por parte deorganismo ou instituição das Nações Unidas que não oAlto Comissariado das Nações Unidas para osRefugiados - ACNUR;II - sejam residentes no território nacional e tenhamdireitos e obrigações relacionados com a condição denacional brasileiro;III - tenham cometido crime contra a paz, crime de guerra,crime contra a humanidade, crime hediondo, participadode atos terroristas ou tráfico de drogas;IV - sejam considerados culpados de atos contráriosaos fins e princípios das Nações Unidas.

CAPÍTULO IIDA CONDIÇÃO JURÍDICA

DE REFUGIADOArt. 4º O reconhecimento da condição de refugiado,nos termos das definições anteriores, sujeitará seubeneficiário ao preceituado nesta Lei, sem prejuízo dodisposto em instrumentos internacionais de que oGoverno brasileiro seja parte, ratifique ou venha a aderir.Art. 5º O refugiado gozará de direitos e estará sujeitoaos deveres dos estrangeiros no Brasil, ao dispostonesta Lei, na Convenção sobre o Estatuto dosRefugiados de 1951 e no Protocolo sobre o Estatutodos Refugiados de 1967, cabendo-lhe a obrigação deacatar as leis, regulamentos e providências destinadosà manutenção da ordem pública.Art. 6º O refugiado terá direito, nos termos da Convençãosobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, a cédula deidentidade comprobatória de sua condição jurídica,carteira de trabalho e documento de viagem.

TÍTULO IIDo Ingresso no Território Nacional e do Pedido deRefúgioArt. 7º O estrangeiro que chegar ao território nacionalpoderá expressar sua vontade de solicitarreconhecimento como refugiado a qualquer autoridademigratória que se encontre na fronteira, a qual lheproporcionará as informações necessárias quanto aoprocedimento cabível.§ 1º Em hipótese alguma será efetuada sua deportaçãopara fronteira de território em que sua vida ou liberdade

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esteja ameaçada, em virtude de raça, religião,nacionalidade, grupo social ou opinião política.§ 2º O benefício previsto neste artigo não poderá serinvocado por refugiado considerado perigoso para asegurança do Brasil.Art. 8º O ingresso irregular no território nacional nãoconstitui impedimento para o estrangeiro solicitarrefúgio às autoridades competentes.Art. 9º A autoridade a quem for apresentada a solicitaçãodeverá ouvir o interessado e preparar termo dedeclaração, que deverá conter as circunstânciasrelativas à entrada no Brasil e às razões que o fizeramdeixar o país de origem.Art. 10º A solicitação, apresentada nas condiçõesprevistas nos artigos anteriores, suspenderá qualquerprocedimento administrativo ou criminal pela entradairregular, instaurado contra o peticionário e pessoas deseu grupo familiar que o acompanhem.§ 1º Se a condição de refugiado for reconhecida, oprocedimento será arquivado, desde que demonstradoque a infração correspondente foi determinada pelosmesmos fatos que justificaram o dito reconhecimento.§ 2º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, asolicitação de refúgio e a decisão sobre a mesma deverãoser comunicadas à Polícia Federal, que as transmitirá aoórgão onde tramitar o procedimento administrativo oucriminal.

TÍTULO IIIDO CONARE

Art. 11. Fica criado o Comitê Nacional para osRefugiados - CONARE, órgão de deliberação coletiva,no âmbito do Ministério da Justiça.

CAPÍTULO IDA COMPETÊNCIA

Art. 12. Compete ao CONARE, em consonância com aConvenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951,com o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de1967 e com as demais fontes de direito internacionaldos refugiados:I - analisar o pedido e declarar o reconhecimento, emprimeira instância, da condição de refugiado;II - decidir a cessação, em primeira instância, ex officioou mediante requerimento das autoridades competentes,da condição de refugiado;III - determinar a perda, em primeira instância, dacondição de refugiado;

IV - orientar e coordenar as ações necessárias à eficáciada proteção, assistência e apoio jurídico aos refugiados;V - aprovar instruções normativas esclarecedoras àexecução desta Lei.Art. 13. O regimento interno do CONARE será aprovadopelo Ministro de Estado da Justiça.Parágrafo único. O regimento interno determinará aperiodicidade das reuniões do CONARE.

CAPÍTULO IIDA ESTRUTURA

E DO FUNCIONAMENTOArt. 14. O CONARE será constituído por:I - um representante do Ministério da Justiça, que opresidirá;II - um representante do Ministério das RelaçõesExteriores;III - um representante do Ministério do Trabalho;IV - um representante do Ministério da Saúde;V - um representante do Ministério da Educação e doDesporto;VI - um representante do Departamento de PolíciaFederal;VII - um representante de organização não-governamental, que se dedique a atividades deassistência e proteção de refugiados no País.§ 1º O Alto Comissariado das Nações Unidas paraRefugiados - ACNUR será sempre membro convidadopara as reuniões do CONARE, com direito a voz, semvoto.§ 2º Os membros do CONARE serão designados peloPresidente da República, mediante indicações dosórgãos e da entidade que o compõem.§ 3º O CONARE terá um Coordenador-Geral, com aatribuição de preparar os processos de requerimentode refúgio e a pauta de reunião.Art. 15. A participação no CONARE será consideradaserviço relevante e não implicará remuneração dequalquer natureza ou espécie.Art. 16. O CONARE reunir-se-á com quorum de quatromembros com direito a voto, deliberando por maioriasimples.Parágrafo único. Em caso de empate, será consideradovoto decisivo o do Presidente do CONARE.

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TÍTULO IVDO PROCESSO DE REFÚGIO

CAPÍTULO IDO PROCEDIMENTO

Art. 17. O estrangeiro deverá apresentar-se à autoridadecompetente e externar vontade de solicitar oreconhecimento da condição de refugiado.Art. 18. A autoridade competente notificará o solicitantepara prestar declarações, ato que marcará a data deabertura dos procedimentos.Parágrafo único. A autoridade competente informará oAlto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados- ACNUR sobre a existência do processo de solicitaçãode refúgio e facultará a esse organismo a possibilidadede oferecer sugestões que facilitem seu andamento.Art. 19. Além das declarações, prestadas se necessáriocom ajuda de intérprete, deverá o estrangeiro preenchera solicitação de reconhecimento como refugiado, a qualdeverá conter identificação completa, qualificaçãoprofissional, grau de escolaridade do solicitante emembros do seu grupo familiar, bem como relato dascircunstâncias e fatos que fundamentem o pedido derefúgio, indicando os elementos de prova pertinentes.Art. 20. O registro de declaração e a supervisão dopreenchimento da solicitação do refúgio devem serefetuados por funcionários qualificados e em condiçõesque garantam o sigilo das informações.

CAPÍTULO IIDA AUTORIZAÇÃO DE

RESIDÊNCIA PROVISÓRIAArt. 21. Recebida a solicitação de refúgio, oDepartamento de Polícia Federal emitirá protocolo emfavor do solicitante e de seu grupo familiar que seencontre no território nacional, o qual autorizará a estadaaté a decisão final do processo.§ 1º O protocolo permitirá ao Ministério do Trabalhoexpedir carteira de trabalho provisória, para o exercíciode atividade remunerada no País.§ 2º No protocolo do solicitante de refúgio serãomencionados, por averbamento, os menores dequatorze anos.Art. 22. Enquanto estiver pendente o processo relativoà solicitação de refúgio, ao peticionário será aplicável alegislação sobre estrangeiros, respeitadas asdisposições específicas contidas nesta Lei.

CAPÍTULO IIIDA INSTRUÇÃO

E DO RELATÓRIOArt. 23. A autoridade competente procederá a eventuaisdiligências requeridas pelo CONARE, devendoaveriguar todos os fatos cujo conhecimento sejaconveniente para uma justa e rápida decisão,respeitando sempre o princípio da confidencialidade.Art. 24. Finda a instrução, a autoridade competenteelaborará, de imediato, relatório, que será enviado aoSecretário do CONARE, para inclusão na pauta dapróxima reunião daquele Colegiado.Art. 25. Os intervenientes nos processos relativos àssolicitações de refúgio deverão guardar segredoprofissional quanto às informações a que terão acessono exercício de suas funções.

CAPÍTULO IVDA DECISÃO,

DA COMUNICAÇÃOE DO REGISTRO

Art. 26. A decisão pelo reconhecimento da condição derefugiado será considerada ato declaratório e deveráestar devidamente fundamentada.Art. 27. Proferida a decisão, o CONARE notificará osolicitante e o Departamento de Polícia Federal, para asmedidas administrativas cabíveis.Art. 28. No caso de decisão positiva, o refugiado seráregistrado junto ao Departamento de Polícia Federal,devendo assinar termo de responsabilidade e solicitarcédula de identidade pertinente.

CAPÍTULO VDO RECURSO

Art. 29. No caso de decisão negativa, esta deverá serfundamentada na notificação ao solicitante, cabendodireito de recurso ao Ministro de Estado da Justiça, noprazo de quinze dias, contados do recebimento danotificação.Art. 30. Durante a avaliação do recurso, será permitidoao solicitante de refúgio e aos seus familiares permanecerno território nacional, sendo observado o disposto nos§§ 1º e 2º do art. 21 desta Lei.Art. 31. A decisão do Ministro de Estado da Justiça nãoserá passível de recurso, devendo ser notificada aoCONARE, para ciência do solicitante, e aoDepartamento de Polícia Federal, para as providênciasdevidas.

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Art. 32. No caso de recusa definitiva de refúgio, ficará osolicitante sujeito à legislação de estrangeiros, nãodevendo ocorrer sua transferência para o seu país denacionalidade ou de residência habitual, enquantopermanecerem as circunstâncias que põem em risco suavida, integridade física e liberdade, salvo nas situaçõesdeterminadas nos incisos III e IV do art. 3º desta Lei.

TÍTULO VDOS EFEITOS DO ESTATUTO

DE REFUGIADOS SOBRE AEXTRADIÇÃO E A EXPULSÃO

CAPÍTULO IDA EXTRADIÇÃO

Art. 33. O reconhecimento da condição de refugiadoobstará o seguimento de qualquer pedido de extradiçãobaseado nos fatos que fundamentaram a concessão derefúgio.Art. 34. A solicitação de refúgio suspenderá, até decisãodefinitiva, qualquer processo de extradição pendente,em fase administrativa ou judicial, baseado nos fatosque fundamentaram a concessão de refúgio.Art. 35. Para efeito do cumprimento do disposto nosarts. 33 e 34 desta Lei, a solicitação de reconhecimentocomo refugiado será comunicada ao órgão onde tramitaro processo de extradição.

CAPÍTULO IIDA EXPULSÃO

Art. 36. Não será expulso do território nacional orefugiado que esteja regularmente registrado, salvo pormotivos de segurança nacional ou de ordem pública.Art. 37. A expulsão de refugiado do território nacionalnão resultará em sua retirada para país onde sua vida,liberdade ou integridade física possam estar em risco, eapenas será efetivada quando da certeza de suaadmissão em país onde não haja riscos de perseguição.

TÍTULO VIDA CESSAÇÃO E DA PERDA

DA CONDIÇÃO DEREFUGIADO

CAPÍTULO IDA CESSAÇÃO DA CONDIÇÃO

DE REFUGIADOArt. 38. Cessará a condição de refugiado nas hipótesesem que o estrangeiro:I - voltar a valer-se da proteção do país de que é nacional;II - recuperar voluntariamente a nacionalidade outroraperdida;III - adquirir nova nacionalidade e gozar da proteção dopaís cuja nacionalidade adquiriu;IV - estabelecer-se novamente, de maneira voluntária,no país que abandonou ou fora do qual permaneceupor medo de ser perseguido;V - não puder mais continuar a recusar a proteção dopaís de que é nacional por terem deixado de existir ascircunstâncias em conseqüência das quais foireconhecido como refugiado;VI - sendo apátrida, estiver em condições de voltar aopaís no qual tinha sua residência habitual, uma vez quetenham deixado de existir as circunstâncias emconseqüência das quais foi reconhecido como refugiado.

CAPÍTULO IIDA PERDA DA CONDIÇÃO

DE REFUGIADOArt. 39. Implicará perda da condição de refugiado:I - a renúncia;II - a prova da falsidade dos fundamentos invocadospara o reconhecimento da condição de refugiado ou aexistência de fatos que, se fossem conhecidos quandodo reconhecimento, teriam ensejado uma decisãonegativa;III - o exercício de atividades contrárias à segurançanacional ou à ordem pública;IV - a saída do território nacional sem prévia autorizaçãodo Governo brasileiro.Parágrafo único. Os refugiados que perderem essacondição com fundamento nos incisos I e IV deste artigoserão enquadrados no regime geral de permanência de

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estrangeiros no território nacional, e os que a perderemcom fundamento nos incisos II e III estarão sujeitos àsmedidas compulsórias previstas na Lei nº 6.815, de 19de agosto de 1980.

CAPÍTULO IIIDA AUTORIDADE

COMPETENTE E DORECURSO

Art. 40. Compete ao CONARE decidir em primeirainstância sobre cessação ou perda da condição derefugiado, cabendo, dessa decisão, recurso ao Ministrode Estado da Justiça, no prazo de quinze dias, contadosdo recebimento da notificação.§ 1º A notificação conterá breve relato dos fatos efundamentos que ensejaram a decisão e cientificará orefugiado do prazo para interposição do recurso.§ 2º Não sendo localizado o estrangeiro para a notificaçãoprevista neste artigo, a decisão será publicada no DiárioOficial da União, para fins de contagem do prazo deinterposição de recurso.Art. 41. A decisão do Ministro de Estado da Justiça éirrecorrível e deverá ser notificada ao CONARE, que ainformará ao estrangeiro e ao Departamento de PolíciaFederal, para as providências cabíveis.

TÍTULO VIIDAS SOLUÇÕES DURÁVEIS

CAPÍTULO IDA REPATRIAÇÃO

Art. 42. A repatriação de refugiados aos seus países deorigem deve ser caracterizada pelo caráter voluntáriodo retorno, salvo nos casos em que não possam recusara proteção do país de que são nacionais, por não maissubsistirem as circunstâncias que determinaram orefúgio.

CAPÍTULO IIDA INTEGRAÇÃO LOCAL

Art. 43. No exercício de seus direitos e deveres, acondição atípica dos refugiados deverá ser consideradaquando da necessidade da apresentação de documentosemitidos por seus países de origem ou por suasrepresentações diplomáticas e consulares.Art. 44. O reconhecimento de certificados e diplomas,os requisitos para a obtenção da condição de residentee o ingresso em instituições acadêmicas de todos os

níveis deverão ser facilitados, levando-se emconsideração a situação desfavorável vivenciada pelosrefugiados.

CAPÍTULO IIIDO REASSENTAMENTO

Art. 45. O reassentamento de refugiados em outrospaíses deve ser caracterizado, sempre que possível, pelocaráter voluntário.Art. 46. O reassentamento de refugiados no Brasil seefetuará de forma planificada e com a participaçãocoordenada dos órgãos estatais e, quando possível, deorganizações não-governamentais, identificando áreasde cooperação e de determinação de responsabilidades.

TÍTULO VIIIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 47. Os processos de reconhecimento da condiçãode refugiado serão gratuitos e terão caráter urgente.Art. 48. Os preceitos desta Lei deverão ser interpretadosem harmonia com a Declaração Universal dos Direitosdo Homem de 1948, com a Convenção sobre o Estatutodos Refugiados de 1951, com o Protocolo sobre oEstatuto dos Refugiados de 1967 e com todo dispositivopertinente de instrumento internacional de proteção dedireitos humanos com o qual o Governo brasileiroestiver comprometido.Art. 49. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 22 de julho de 1997; 176º da Independência e109º da República.FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

O DESEMPENHO DO CONAREDESDE O INÍCIO DE SEU

FUNCIONAMENTOO CONARE é um órgão colegiado inter-

ministerial, com representantes da sociedade civil e dasociedade internacional, conforme se depreende daleitura do artigo 14 da Lei 9.474/97, e que vem executandoum intensivo trabalho em prol dos refugiados. Odesenvolvimento de suas atividades poderia ser maisfácil se tivesse uma razoável dotação orçamentáriaprópria. Entretanto, até janeiro de 2004, o CONAREdependia dos recursos destinados à Diretoria deEstrangeiros do Ministério da Justiça, não dispondoassim de uma autonomia financeira própria. Somente apartir desta data é que se observa uma pequena linhaorçamentária particularizada ao CONARE.

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Não obstante, desde a sua criação em 1998 e atéfinais de 2002, o CONARE realizou 20 reuniões plenáriase 02 reuniões extraordinárias.8 Ressalta-se, ademais, queforam realizadas 1764 entrevistas com solicitantes derefúgio e do total de solicitações para o reconhecimentodo status de refugiado, 879 foram deferidas (pessoasreconhecidas como refugiadas) e 885 foram indeferidas(pessoas não reconhecidas como refugiadas). O númerode solicitações deferidas totaliza 699 homens e 180mulheres reconhecidas como refugiados e refugiadaspelo Governo brasileiro.9 Houve 41 casos de perda dacondição de refugiado e 52 casos de Reunião Familiar.Foram emitidas 1764 declarações para consecução deprotocolo provisório junto à Polícia Federal, visando àobtenção da carteira de trabalho provisória noMinistério do Trabalho e Emprego. Dos solicitantes quetiveram seus pedidos indeferidos pelo CONARE, em165 processos foram interpostos recursos ao Ministrode Estado da Justiça, de acordo com o estabelecidopelo Art. 29 da lei 9.474/97, sendo que 09 foram providose 156 não foram providos.

O CONARE também patrocinou a publicação dasResoluções Normativas:1. nº 1, que estabeleceu o modelo para o Termo da

Declaração a ser preenchido pelo Departamento daPolícia Federal, por ocasião da solicitação inicial derefúgio (D.O. de 27.10.98);

2. nº 2, que adotou o modelo de questionário para asolicitação de refúgio (27.10.98);

3. nº 3, que estabeleceu o modelo de Termo deResponsabilidade que deveria proceder o registro,na condição de refugiado, no Departamento dePolícia Federal (01.12.98);

4. nº 4, que estendeu a condição de refugiado a títulode reunião familiar (01.12.98);

5. nº 5, que estabeleceu as condições de autorizaçãode viagem de refugiados ao exterior (11.03.99);

6. nº 6, que dispôs sobre a concessão de protocoloao solicitante de refúgio (26.05.99);

7. nº 7, que estabelece prazo para adoção deprocedimentos e atendimento a convocações,durante as etapas de acompanhamento do processode solicitação de refúgio (16.09.2002). Com basenesta Resolução, o CONARE indeferiu 413processos de solicitações de refúgio sem análiseprévia de mérito;

8. nº 8, que dispõe sobre a notificação deindeferimento do pedido de reconhecimento dacondição de refugiado (16.09.2002); e,

9. nº 9, que estabelece o local para o preenchimentodo questionário de solicitação de reconhecimentoda condição de refugiado nas circunscrições ondenão houver sede das Cáritas arquidiocesanas(16.09.2002).

Vê-se, portanto, que o CONARE é uma instânciada sociedade brasileira que vem se esforçando paracumprir com o papel estabelecido pela Lei 9.474/97, asaber: oferecer proteção àquelas pessoas estrangeirasperseguidas pelos seus países de origem, de acordocom os propósitos da Convenção de 1951 das NaçõesUnidas sobre refugiados e de seu Protocolo de 1967,acrescido das conquistas mais modernas do campo dodireito internacional dos refugiados. Diga-se depassagem: um belo trabalho que só engrandece o Brasile seus cidadãos e suas cidadãs, contribuindo para aconstrução de uma cidadania mundial e de um mundomais civilizado.

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• CONARE. Relatório – outubro de 1998 anovembro de 2002.

• MILESI, Rosita. Refugiados: realidade eperspectivas. Brasília:CSEM/IMDH; EdiçõesLoyola, 2003.

• MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, SECRETARIANACIONAL DE JUSTIÇA, CONARE. Lei Nº 9.474,de 22 de julho de 1997 e Resoluções do CONARE.Brasília, MJ, 2000.

• PEYTRIGNET, Gérard, SANTIAGO, Jaime Ruiz eTRINDADE, Antônio Augusto Cançado. As TrêsVertentes da Proteção Internacional dos Direitosda Pessoa Humana: Direitos Humanos, DireitoHumanitário e Direito dos Refugiados. San José/Brasília: CICV, IIDH e ACNUR, 1996.

• SANTIAGO, Jaime Ruiz e TRINDADE, AntônioAugusto Cançado. La Nueva Dimensión de lasNecesidades de Protección del Ser Humano en elInicio del Siglo XXI. Costa Rica: ACNUR, 2001.

BIBLIOGRAFIA

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* As opiniões e as conclusões expressas nestetrabalho são exclusivamente da responsabilidadedo autor e não necessariamente representam aquelasdo ACNUR.

1. Alto Comissariado das Nações Unidas para osRefugiados, cujo Estatuto foi constituído pelaResolução 428 (V) da Assembléia Geral das NaçõesUnidas, de 14 de dezembro de 1950.

2. A Lei 9.474 define mecanismos para aimplementação do Estatuto dos Refugiados de 1951e determina outras providências.

3. Adotada por uma Conferência das Nações Unidasde Plenipotenciários, em 28 de julho de 1951, entrouem vigor em 21 de abril de 1954.

4. Aberto para adesão em 31 de janeiro de 1967, entrouem vigor em 4 de outubro de 1967.

5. Lei 9.474, Artigo 1º, Inciso III.

NOTAS

6. Sobre o tema ler a memória do ColóquioInternacional 10 Años de la Declaración deCartagena sobre Refugiados. Declaración de SanJosé, 1994. IIDH-ACNUR, 1995.

7. O fechamento do Escritório no Brasil não significaa saída definitiva do ACNUR do país, pois forammantidos acordos e convênios com instituiçõeslocais para recepção, acolhida, integração local,suporte legal e apoio técnico ao governo, que foramesclarecidos ao longo do artigo. Ademais, asupervisão internacional do tema no Brasil se dáatravés do Escritório Regional da Argentina.

8. Dados relativos ao período compreendido entre1998 e 2002.

9. Dados disponíveis no Relatório de Atividades doCONARE, período: 1998-2002.

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Am 12. Februar vor 200 Jahren starb ImmanuelKant. Doch nicht erst mit diesem Jubiläum, sondernbereits im letzten Jahrzehnt, erlebte der KönigsbergerPhilosoph eine fast sensationell zu nennendeRenaissance. Mit dem Ende der Blockkonfrontationavancierte er zum Gewährsmann einer friedlichenZukunft im Schein von UNO und Völkerrecht, von„Global Governance” und „Weltinnenpolitik”. Dochtempi passati. Im Zuge des schnellen Zusammenbruchsder vermeintlich neuen Weltordnung bekamen dieGegner einer Kantisch inspirierten Politik zunehmendÜbergewicht. In jüngster Zeit fungiert Kant alsSpottfigur der Bellizisten.

Den vorläufigen Höhepunkt seiner pejorativenIndienstnahme erlebte Kant vor etwas mehr als einemJahr. Keiner brachte die Desavouierung deutlicher zumAusdruck als Robert Kagan, der in der Debatte um dieAblehnung des Irakkrieges durch einige europäischeStaaten Kant als Inbegriff europäisch-naiverFriedfertigkeit darstellte. Kant stand für die wehrloseVenus Europa, die sich in militärischen Dingen auf denHobbesschen Leviathan Amerika verlässt.

Hieran wird deutlich: Die Auseinandersetzungum eine genuine oder ideologische Wiedergabe Kants(und auch Hobbes’) ist heute, weit mehr als früher,(auch) ein Kampf um die herrschende Weltanschauung.Anders als von Kagan und anderen insinuiert, habenwir es bei Kant keineswegs mit idealistischenTräumereien, sondern vielmehr mit einem „Idealismusohne Illusion” (Jürgen Habermas) oder einem„realistischen Idealismus” (Lothar Brock) zu tun, dersich auf das Recht beruft. Bei einer ernsthaften undunaufgeregten Beschäftigung mit seiner Theorie,insbesondere der inkriminierten Schrift „Zum ewigenFrieden”, wird sehr schnell deutlich, dass es sich beiKant um einen durch die realistischen Zweifelhindurchgegangenen Idealismus handelt. Mit demRecht verfügt er über ein Medium der Vermittlung vonVernunft und Wirklichkeit, das den gesamten

REALISMUS DES RECHTS KANTS BEITRAGZUM INTERNATIONALEN FRIEDEN

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •VON OLIVER EBERLPolitikwissenschaftler; Magisterasbschluâ an der Universität Frankfurt; Forscher de Internationalen Promotions-Centrum der Gesellschaftwissenschaften derUniversität Frankfurt; Teilnehmer der B lätter für deutsche undinternationale Politik; Doktorand der Universität Frankfurt (Politikwissenschaft): Friedensphilosophie beiImamanuel Kant.

idealistischen Inhalt in seiner Form speichert und einerWelt, so wie sie ist, verfügbar macht. Letztlich handeltes sich bei Kant damit nicht mehr um Idealismus,sondern um einen „Realismus des Rechts”.Demgegenüber entpuppen sich die neokonservativenRealisten zunehmend als „Idealisten des Krieges”(Benjamin Barber) und der Macht – in Theorie undPraxis.

Solcherart ist auch der „Realismus” von RobertKagan, der folgende Beschreibung Europas formulierte:„Europa wendet sich von der Macht ab oder es bewegtsich, anders gesagt, über diese hinaus.”1 Über dieMacht hinaus führt der Weg jedoch ins himmlischeParadies, wie Kagan andeuten will. „Innerhalb derGrenzen Europas wurden die jahrhundertealten Gesetze,die die internationalen Beziehungen regelten, außerKraft gesetzt. Die Europäer haben die Hobbessche Weltder Anarchie hinter sich gelassen und sind in dieKantische Welt des ewigen Friedens eingetreten.”2

Kagan macht Europa den Vorwurf, es lebe unter demSchutzschild Amerikas von einer sattenFriedensdividende, die Europas Eintritt in das Paradiesdes „ewigen Friedens” überhaupt erst ermöglicht habe,während Amerika in der anarchischen Welt eineGefahrenabwehr mit dem alterprobten Mittel derMachtpolitik betreiben müsse.

Jürgen Habermas hat auf Kagan eine realistisch-idealistische Antwort gegeben und die in polemischerAbsicht unternommene Dichotomisierung von Europagleich Kant gleich Venus und Amerika gleich Hobbesgleich Mars auf die amerikanische Diskussionzurückgespiegelt: „Der Kampf zwischen ‚Realismus’ und‚Idealismus’ in Außen- und Sicherheitspolitik spielte sichdoch nicht zwischen den Kontinenten, sonderninnerhalb der amerikanischen Politik selber ab.”3 Indiesem Zusammenhang hat sich Habermas sehr deutlichzum Kantischen Projekt einer Verrechtlichung derinternationalen Beziehungen bekannt. Treffsicher hater dieses Projekt als von einem „Idealismus ohne

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Illusion” zehrend bezeichnet, womit er auf denmoralischen Kern der modernen Form des Rechtsverweist, der als eine „sanft zivilisierende Gewalt” imRechtsmedium zur Wirkung komme.4 Indem Habermasdie Qualität der „soft power” für den KantischenAnsatzes geltend macht, übernimmt er die Aufgabe,diesen gegen die Verächtlichmacher des Rechts inSchutz zu nehmen. Diese Delegitimierung hat jedochTradition.

SAINT-PIERRESIDEALISTISCHERFRIEDENSENTWURF

Wenn auch unvoreingenommene DarstellungenKant heute als „Stammvater des idealistischenDenkens”5 charakterisieren, wird damit die inmachtpolitischer Absicht getroffene StigmatisierungKants übernommen. In dieser Deutung wird Kant zueinem „Phantasten der Vernunft” (Kant), der allein aufdie Einsicht in die Richtigkeit seiner Ideen baut. Inideengeschichtlicher Perspektive wird Kant damit aufden ehrwürdigen Abbé de Saint-Pierre zurückprojiziert,den er doch gerade konzeptionell überwindet.

Das „Projekt zu einem ewigen Frieden” des Abbéde Saint-Pierre, ab 1713 zunächst in drei, schließlich ininsgesamt 23 Bänden ausgearbeitet, war der Versucheiner ungeheuer akribischen Schilderung sämtlicherdurch den Frieden zu erwartenden Vorteile. Damit wollteer die Fürsten Europas von seinem Friedensplanüberzeugen.6 Diese Art Friedensentwurf steht für einenappellativen Idealismus, nach dem bereits die richtigeEinsicht zureichen soll, um einen guten Plan zuverwirklichen. Saint-Pierre war, wie sein spätererBearbeiter und Kritiker Rousseau urteilte, „gutenGlaubens, man brauche nur einen Kongreß zuversammeln, dort seine Artikel vorzuschlagen, sie dannzu unterschreiben, und alles sei getan”7 . Sein Plan sahdie Bildung eines ewigen Friedensbundes der 24christlichen Staaten Europas mit einem ständigen Senatvor, außerdem die Abrüstung der stehenden Heere auf6000 Mann, das Verbot von Gebietserweiterungen,Streitschlichtung durch ein Schiedsgericht undschließlich das Verbot der Einmischung in die innerenAngelegenheiten eines Staates.

Rousseau warnte vor den Konsequenzen einesunbedingten Festhaltens an diesem Plan und einer„Ewigkeitsgarantie” des Bundes: „(W)enn es indessennicht zu einer Übereinstimmung kommt, kann nur dieGewalt sie ersetzen, und dann geht es nicht mehr darum,die Menschen zu überzeugen, sondern darum, ihnenGewalt anzutun, dann muss man keine Bücher schreiben,sondern Truppen ausheben.”8 Daher kommentiertRousseau Saint-Pierres Referenz, den Plan Heinrich des

Vierten zur Schaffung der Christlichen Republik Europa,bissig: „Ein Krieg, welcher der letzte sein sollte, bereiteteeinen ewigen Frieden vor.”9 Dennoch hält Rousseau dasZiel des ewigen Friedens für bewundernswert – wennauch unter den gegebenen Umständen für unausführbar.Deshalb schlägt er einen sehr viel „realistischeren”Umgang mit diesem Umstand vor: „(T)rösten wir uns,dass wir seine Ausführung nicht erleben; denn diese kannnur durch gewaltsame und für die Menschheitschreckliche Mittel geschehen.”10 Auch Leibniz äußertsich in einem Brief an den Abbé ähnlich lakonisch: „Nurein Minister, der im Sterben liegt, kann das wagen, undauch dieser nur, wenn er keine Familie hinterlässt.”11

Kant, als er 1795 einen neuen philosophischenEntwurf zum ewigen Frieden vorlegte, kannte dieseDebatte genau. Das belegt schon die Übernahme desTitels „Zum ewigen Frieden”. Kant wusste natürlich,dass er sich der Lächerlichkeit preisgeben würde, wenner einen ähnlich argumentierenden und weitschweifigenPlan wie der Abbé vorlegen würde. Wenn Kant sich aneiner Reformulierung des „ewigen Friedens” versuchte,dann nur, weil er sich der Unzulänglichkeiten von Saint-Pierres Friedensplan bewusst und – nicht zuletzt durchdie Kritik Rousseaus – in seinem Problembewusstseingeschärft war.12

KANTS REALISMUS DESRECHTS

Diese distanziert-abgeklärte Position wird schonam doppeldeutigen Gebrauch des Titels „Zum ewigenFrieden” deutlich: Kant hat Rousseaus Kritik an Saint-Pierre verarbeitet, er reflektiert das mögliche Ende dergewaltsamen „Friedens”herbeiführung, wenn er seineSchrift gerade nicht mit einem Lob des Friedens, sondernmit der Frage beginnt, „ob diese satirische Überschriftauf dem Schilde eines holländischen Gastwirts, woraufein Kirchhof gemalt war”, für die Menschen überhaupt,die Staatsoberhäupter oder nur für die Philosophengelte.13

Kant hatte sich also bereits weit von einem naivenIdealismus entfernt. Seine Einsicht, nach der „allein derkritische Weg noch offen” sei, was ihn zur„kopernikanischen Wende” der Philosophie führt,bedeutet das Umstellen von der Frage nachsubstantieller Wahrheit auf die Frage nach denBedingungen der Möglichkeit von Erkenntnis, vonGlückseligkeit auf Freiheit, von Gerechtigkeit aufVermeidung von Unrecht, von Moral auf Recht undergibt schließlich auch die entscheidende Neuerung inder Friedenskonzeption: nämlich das Umstellen vomAusmalen eines utopischen Traums eines ewigenFriedens auf die Frage nach den Bedingungen seinerMöglichkeit und vom moralischen Appell auf eineausführbare Rechtslehre.

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Wie weit Kant damit einen höchst realistischenIdealismus verficht, lässt sich an zentralen inhaltlichenMerkmalen seiner Friedensschrift zeigen:

1. Die Schrift „Zum ewigen Frieden” entwirftgerade keine Utopie.

2. Kants Entwurf ist nicht rein idealistisch-moralisch orientiert, sondern immer zuerstRechtslehre. Das Recht erlaubt dieVermittlung der politisch-gesellschaftlichenWirklichkeit mit dem von der VernunftGeforderten.

3. Kant zeichnet ein Bild der Menschen, dasdiesen zwar Vernunftbegabung zuspricht, sieaber keineswegs als moralisch „gut”bewertet.

4. Die Friedensschrift zielt nicht nur auf denFrieden, sondern zugleich auf Demokratieund Menschenrechte und bringt dieseElemente in einen Zusammenhang, der nichtbeliebig zugunsten des einen oder anderenElements verändert werden kann, ohne dieVerwirklichung aller drei zu gefährden.

1. Der ewige Friede ist für Kant keine Utopie im Sinneeines „goldene(n) Zeitalters”

14. Kant sieht sich zwar

den „Phantasten der Vernunft” Saint-Pierre undRousseau verbunden; denn sie seien „Schwärmer‚nach an sich wahren Ideen’, Träger einesEnthusiasmus ohne den ‚niemals (...) in der Weltetwas Großes ausgerichtet’ wurde”

15. Bereits 1784

verteidigte Kant deshalb ihre Idee einesVölkerbundes – „(s)o schwärmerisch diese Ideeauch zu sein scheint, und als eine solche an einemAbbé von St. Pierre oder Rousseau verlachtworden” ist

16 – und hält mit ihnen am Gesollten,

nämlich der Herbeiführung von Frieden undDemokratie, fest. Kant steht also bewusst einervermeintlichen „Realpolitik”, so sie – auch nur eines– dieser Ziele als „unrealistische” Ideen aufgebenwill, entgegen. Aber, wie oben bereits gezeigt, hatin der distanziert-idealistischen Betrachtung Kantsder ewige Friede zwei Bedeutungen: Er ist dasangestrebte Ideal, der „süße Traum”, und er istzugleich sein eigenes Scheitern – als allgemeineTotenruhe auf dem Friedhof. Diese zweiteBedeutung taucht in Kants Traktat mehrfach auf.Frieden in der ersten Bedeutung muss gestiftetwerden, er ist Menschenwerk, liegt im Bereich despolitisch Machbaren, und Kant stellte sich dieAufgabe, den Weg dorthin zu weisen.

2. Das Mittel dazu aber ist das Recht, KantsFriedenslehre ist demzufolge vor allem eineRechtslehre.

17 Kriege bewertet er nicht mehr nach -

vordemokratischen - moralischen Kategorien,

sondern nach dem Code legal/illegal. Illegal sinddemnach alle Kriege, die weder Verteidigungskriegesind noch vom Friedensbund (der heutigen UNO)genehmigt wurden. Rechtsprinzipien können alsForderungen, die keine konkrete Ordnung, sondernnur die abstrakten Verfahren ihrer Gestaltungfestlegen, aufgefasst werden. Kants Verbindungeiner Vernunftargumentation mit der „Kunst desMöglichen” ist das Besondere seinerFriedenskonzeption und der entscheidendeUnterschied zu seinen Vorgängern.

18

Als „Lehre von den notwendigen Bedingungender Möglichkeit, Frieden auf Erden zu stiften” – so istihr bescheinigt worden –, „zeichnet sie sich durch einenphilosophisch einzigartigen Realismus aus.”19 Zwarbeharrt Kant darauf, dass alle Politik ihr Knie vor demRecht, das als Rechtslehre Teil der Moral ist, beugenmuss20 , aber er lässt die kalte Strenge, die manbeispielsweise vom absoluten Verbot der Lüge kennt,in der Friedensschrift vermissen. Hier werden geradenicht konstitutive Moralprinzipien, sondern Grundsätzeihrer mittelbaren Verwirklichung im Medium des Rechtsunter den Bedingungen der Wirklichkeit untersucht. AlsVermittlungsformen zwischen reinen Rechtsprinzipienund politisch-gesellschaftlicher Wirklichkeit führt Kantden „Grundsatz der Politik” und das „Erlaubnisgesetzder Vernunft” ein, das die Beibehaltung unvollkommenerRechtszustände unter der Kennzeichnung„provisorisch” erlaubt, bis die Zeiten zur Umsetzungdes von der Vernunft Geforderten – etwa der Schaffungeiner Demokratie – „zur Reife” gelangt sind.3. Das Menschenbild Kants ist mitnichten naiv-

optimistisch. Für Kant ist die „Bösartigkeit dermenschlichen Natur, die sich im freien Verhältnisder Völker unverhohlen blicken lässt”

21

offensichtlich. Daher ist er in seiner Friedenstheoriegezwungen, völlig ohne moralische Appelleauszukommen. Wenn er das Treiben der Menschenbetrachtet, möchte er lieber die „Augen abwenden”angesichts all der Verletzungen der „heiligstenMenschenrechte” und zu den Menschen aufDistanz gehen.

22 Kant teilt die Auffassung

Rousseaus, nach der die Menschen, wenn sie„Engel” wären, keine Gesetze bräuchten. Dochselbst für ein „Volk von Teufeln (wenn sie nurVerstand haben)” ist nach Kant die Errichtung derRepublik möglich.

23 Diese benötige zu ihrer

Herstellung nicht moralisch-gute Menschen,sondern „zwinge” die gleichen Menschen dazu,gute Bürger zu sein (ihre Moral mag sein, welchesie wolle – sie ist damit, wie die Religion, Privatsachegeworden). Kant geht demzufolge – entgegen derhäufig vertretenen Ansicht – auch nicht davon aus,dass die Moralität für die gute Staatsverfassung

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(und den Frieden) sorgen werde, vielmehr sei„umgekehrt, von der letzteren allererst die gutemoralische Bildung eines Volks zu erwarten”

24.

Demzufolge ist nicht die Moralität Bedingung derFriedensherstellung, sondern Frieden und Republiksind Bedingung für die Herstellung von Moralität.

4. Demokratie und Menschenrechte sind damit für dieFriedenskonzeption Kants konstitutiv. Die einzigeder Freiheitsforderung und -sicherung derMenschen angemessene Staatsverfassung ist, diesbetont Kant immer wieder, die Republik. UndRepublik bedeutet in ihrer „reinen” Formradikaldemokratische Volkssouveränität undhierarchische Gewaltenteilung, alsoSelbstgesetzgebung mit strengster Kontrolle derausführenden Gewalten.

25 Was den Krieg betrifft,

bedingt dies die permanent beim Volk liegendeEntscheidung darüber, „ob Krieg sein solle odernicht”

26. Nach Kant bedeutet Krieg für die Bürger,

„selbst zu fechten” und die Kosten, Mühen undGefahren selbst zu tragen. Mit dem Krieg sindfolglich so elementare persönliche Rechte berührt,dass die Entscheidung schon gar nicht derRegierung, aber auch nicht einmalparlamentarischen Repräsentanten überlassenwerden kann.

27 Die direktdemokratische

Entscheidung über den Kriegseintritt hat auch denSinn, die damit verbundene Gefährdung der eigenenVerfassung, die in Kriegszeiten sowohl durch dieentfesselte Exekutive als auch durch eine möglicheNiederlage bedroht ist, in die Hände der Bürger zulegen. Mit dieser Entscheidungsregel gewinnt Kantinnerhalb seines Republik-Begriffs einen kritischenBewertungsmaßstab für alle real existierendenDemokratien.

Den Staaten, die sich 2003 gegen die eindeutigeMehrheitsmeinung ihrer Bürger am Angriffskrieg gegenden Irakkrieg beteiligt haben, ermangelt es also – außeran Rechtsbewusstsein – an einem wesentlichen Merkmalvon Demokratie. Allerdings kann jenen Staaten, die sichnicht am Krieg beteiligten, aufgrund dieser einenInteressenkollision keineswegs eine strukturelleÜberlegenheit bescheinigt werden. Auch für sie trifftdie bereits lange vor den Demonstrationen des 15.Februar 2003 in genau dieser Perspektive gefundeneBezeichnung „kollektivierte Monarchien” zu.28 Dieverheerende Tendenz zur Selbstermächtigung derStaatsapparate zeigt sich auch bei denMenschenrechten, die historisch ja zunächst einmalAbwehrrechte gegen den Staat und seine Organe waren.Das heutige Verständnis von Demokratie undMenschenrechten passt jedoch die Lehre schlicht denherrschenden Schwundformen von Demokratie undresubstantialisierten Menschenrechten an.29

DEMOKRATIE UND FRIEDENIM VÖLKERBUND

Kants Friedenslehre benennt als die elementareBedingung für einen dauerhaften Frieden die Stiftungvon Rechtsverhältnissen auf allen Ebenen, in denen eszu Handlungskonflikten kommen kann: zwischenIndividuen, zwischen von Individuen gebildeten Staatenund zwischen Individuen und fremden Staaten. DieseKonfliktebenen sind nach Kants Entwurf durch Staats-, Völker- und Weltbürgerrecht zu befrieden, die ihrerseitsin einem systematischen Zusammenhang stehen.

Bevor in den drei Definitivartikeln die Gebotezur Ausgestaltung der Rechtssphären genannt werden,formuliert Kant in sechs Präliminarartikeln diepraktischen Verbots-Bedingungen für einen (bloß)vorläufigen Frieden, der die Herstellung des komplexenRechtsverhältnisses erst ermöglichen soll, dasseinerseits Bedingung für einen dauerhaften Friedenist. Die Verbote der Präliminarartikel betreffen (1) Verträgemit geheimen Vorbehalten; (2) die Behandlung vonStaaten als Boden mit einer „anhängenden” Bevölkerungund nicht als Gesellschaft von Menschen, die sichselbst Gesetze, insbesondere Verfassungsgesetze, gibt;(3) stehende Heere; (4) Schulden zum Zwecke desKrieges; (5) Einmischung „in Verfassung und Regierungeines andern Staates”; (6) den Einsatz von Waffen, diedas gegenseitige Vertrauen dauerhaft zerstören.30 Auchdiese praktischen Bedingungen zeigen die realistischeWeise der Annäherung Kants an den „ewigen Frieden”.

Gleiches gilt für die drei Definitivartikel, die diepositiven Bedingungen zu einem dauerhaftenFriedenszustand, nämlich den komplementären Prozessder Verrechtlichung der internationalen Beziehungenformulieren. Der erste Definitivartikel fordert, „diebürgerliche Verfassung in jedem Staate sollrepublikanisch sein”31 . Die Einführung der Republikstellt Kant allerdings unter den Vorbehalt der Friedens-und Rechtssicherung: Gewaltsame Revolutionen mit derGefahr des Bürgerkriegs und der Rechtsauflösung sindzu vermeiden, dagegen „allmähliche Reformen”vorzuziehen. Was Kant oft als Revolutionsverbotausgelegt wird, hat den präzisen Sinn, einen Ablauf derDemokratisierung zu ermöglichen, der dieinternationalen Eskalationen der Jahre nach 1789vermeiden kann. Weder soll es der gegnerischenKoalition erlaubt sein, in Frankreich die Revolutionrückgängig zu machen, noch habe das (von Kantgefeierte) revolutionäre Frankreich das Recht, in seinenNachbarstaaten interventionistisch Demokratisierungendurchzuführen oder auch ihm genehmere Regierungeneinzusetzen.32

Der Friedensvorbehalt erklärt sich auch dadurch,dass unter der Bedingung von Kriegsdrohung es sich

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kein Staat „erlauben” könne, sich zu demokratisieren:„Was aber das äußere Staatenverhältnis betrifft, so kannvon einem Staat nicht verlangt werden, dass er seine,obgleich despotische, Verfassung (die aber doch diestärkere in Beziehung auf äußere Feinde ist) ablegensolle, solange er Gefahr läuft, von anderen Staaten sofortverschlungen zu werden; mithin muss bei jenem Vorsatzdoch auch die Verzögerung der Ausführung bis zubesseren Zeitgelegenheiten erlaubt sein.”33 Dasbedeutet: Soll Demokratie in einem Land befördertwerden, muss sie erstens auch vor und während ihrerEntwicklung als Ausdruck der Selbstgesetzgebung desVolkes verstanden werden. Zweitens kannDemokratisierung nur durch den Abbau von Bedrohungunterstützt, nicht aber durch vor den Grenzenaufgetürmte Waffen erzwungen werden und schon garnicht gewaltsam eingeführt werden. Nicht zuletzt andiesem Punkt zeigt sich angesichts der gegenwärtigeninternationalen Praxis und der dazu geführten Debattendie Aktualität Kants.

Der zweite Definitivartikel bestimmt diezwischenstaatliche Rechtsform als das Völkerrecht imVölkerbund. Am Beispiel von Kants Rechtfertigung desVölkerbundes und seiner Ablehnung des Weltstaatserweist sich erneut sein ausgeprägter Realitätssinn.Obwohl der Weltstaat nach der Vernunft auf den erstenBlick die einzige Lösung sei, aus demzwischenstaatlichen Bedrohungszustand, den Kantbereits als latenten Kriegszustand begreift, zu gelangen,hat der Völkerbund in Anbetracht aller Gegenargumentetatsächlich auch entscheidende Vernunftgründe aufseiner Seite, denn das „negative Surrogat” des aufZwangsgesetzen beruhenden „bürgerlichenGesellschaftsbundes” ist der „freie Föderalismus”, „dendie Vernunft mit dem Begriffe des Völkerrechtsnotwendig verbinden muss, wenn überall etwas dabeizu denken übrig bleiben soll”34 . Während also derZwangsstaat mit Anmaßung globaler Gewalt notwendigWiderstand hervorrufen müsse, verspräche allein diefreiwillige Assoziation der Staaten die Anerkennung desglobalen Rechts – eine Beobachtung, die derzeit nichtnur im Irak zu tätigen ist.

Die Gegnerschaft zum Weltstaat ergibt sich für Kantauch aus kulturellen Gründen: den Unterschieden derReligionen und Sprachen.35 Entscheidend aber ist derunbedingt geltende vernunftrechtliche Freiheitsvorbehalt,der für jeden Staat gilt, weil er nichts anderes ist „als eineGesellschaft von Menschen, über die niemand anders, alser selbst, zu gebieten und zu disponieren hat”36 . Gegendie Forderung nach einem globalen Rechtssetzungs- undRechtsdurchsetzungsmonopol spricht die Tatsache, dassdie Einzelstaaten bereits – wie unvollkommen auch immer– rechtlich verfasst sind. Denn da nur einmal von jedemMenschen gefordert werden kann, den Naturzustand zu

verlassen und in einen rechtlichen Zustand einzutreten,und dies auch nur unter genau der Bedingung, dass dieserRechtszustand einer der Selbstgesetzgebung ist, bestehtkein weiterer Rechtsgrund zur „Nötigung” in rechtlicheVerhältnisse. Eine Weltexekutive bedeutet zudemmehrfachen Despotismus: Sie tendiert in ihrer Entstehungbereits dazu, „Universalmonarchie” zu werden,37 sie kanndemokratisch nicht kontrolliert werden und neigt aufgrundihrer ungeheuren Stärke zum Despotismus.38 Gleichzeitigkann sie aber nicht die Freiheitssicherung aller Individuengleichermaßen garantieren; und wenn sie zerfällt, entstehtein endloser Naturzustand, der alles Recht vernichtet.39

Für den Völkerbund spricht demgegenüber nach Kantseine Realisierbarkeit, nämlich als Bund „ohne jede Macht”,der allein auf Freiwilligkeit beruhte und jederzeit kündbarwäre: „Die Ausführbarkeit (objektive Realität) dieser Ideeder Föderalität, die sich allmählich über alle Staatenerstrecken soll, und so zum ewigen Frieden hinführt, lässtsich darstellen.”40

Heute, nach fünfzig Jahren Existenz der UNO, zeigtsich, dass Kant im Recht war, was die Ausführbarkeit derIdee eines Völkerbunds betrifft. Es steht allerdings zubefürchten, dass er auch Recht behalten wird, was dasZustandekommen von über einen Völkerbundhinausgehenden Weltordnungskonzeptionen samt ihrerabsehbaren Deformationen angeht.

SCHUTZ FÜR ALLEMENSCHEN: DASWELTBÜRGERRECHT

Das Weltbürgerrecht vervollständigt dieVerrechtlichung. Der dritte Definitivartikel legt fest: „DasWeltbürgerrecht soll auf Bedingungen der allgemeinenHospitalität eingeschränkt sein”; das meint „das Rechteines Fremdlings, seiner Ankunft auf dem Boden einesandern wegen von diesem nicht feindselig behandeltzu werden”41 . Ausdrücklich schränkt Kant dasWeltbürgerrecht auf ein „Gastrecht” ein und will es nichtals „Besuchsrecht” verstanden wissen, weil dieeuropäischen Kolonialherren und Händler „Unrecht wieWasser trinken” und „besuchen” und „erobern” stetsals das Gleiche verstanden hätten und die entdecktenLänder als solche betrachteten, „die keinem angehörten,denn die Einwohner rechneten sie für nichts”42 . DieEbene des Weltbürgerrechts betrifft folglich jeneKonflikte, die zwischen Individuen und Staatenentstehen. Wenn hier aber von Kant als Individuen dienicht-staatlich (beispielsweise „nomadisch”) lebenden„Völkerschaften”43 (Amerikas) genannt werden und aufder anderen Seite die „handeltreibenden Staaten unseresWeltteils”44 (Europas), so wird deutlich, dass Kant hierein Schutz-Recht für jene Erdenbewohner entwirft, dieim Konflikt gegen einen anderen Staat keine Zuflucht

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zu einem eigenen Staat nehmen können und also selbstnoch nicht in einem der bürgerlichen Verfassungähnlichen Rechtsverhältnis stehen, aber mit allenMenschen „das Recht des gemeinschaftlichen Besitzesder Erdoberfläche teilen” und auch als Staatenlose dasRecht eines Weltbürgers besitzen, da, wo sie der Zufallhinverschlagen hat, nicht rechtlos behandelt zu werden.Folglich handelt es sich bei dem Weltbürgerrecht umeine Einschränkung des Gastrechts auf einBesuchsrecht, das sich ausdrücklich gegen das„inhospitale Betragen” der Europäer richtet. So wirddeutlich, was Kant meint, wenn er die Reichweite des„Hospitalitätsrechts” „auf die Bedingung derMöglichkeit, einen Verkehr mit den alten Einwohnernzu versuchen” einschränkt.45

Kant hat damit einen ganz klaren Maßstab fürjenen weltbürgerlichen Zustand in einer sich bereitsdamals globalisierenden Ordnung entworfen, der nicht„Bürgern auch gegen die eigene kriminelle RegierungRechtschutz gewährt”46 , sondern gerade Staatenloseund Nicht-Bürger gegenüber kriminellen Bürgern undOrganen fremder Staaten an jedem Ort der Erde schützensoll. Kant denkt dabei beispielsweise an Sklaverei, dieals Rechtsverletzung an allen Plätzen der Erdewahrgenommen werde. Für diese staatenlosen Opferder Europäer soll das Weltbürgerrecht ein „öffentlichesMenschenrecht” werden. Heute bedeutet diesAusweitung des weltweiten Asylrechts und dieGewährleistung rechtlicher Standards in denentrechtlichten Produktionszonen der Peripherie.

Der Schluss des Artikels betont noch einmaldiesen Zusammenhang: „Da es nun mit der unter denVölkern der Erde einmal durchgängig überhandgenommenen (engeren oder weiteren) Gemeinschaft soweit gekommen ist, dass die Rechtsverletzung an einemPlatz der Erde an allen gefühlt wird: So ist die Idee einesWeltbürgerrechts keine phantastische und überspannteVorstellungsart des Rechts, sondern eine notwendigeErgänzung des ungeschriebenen Kodex, sowohl desStaats- als Völkerrechts zum öffentlichenMenschenrechte überhaupt, und so zum ewigenFrieden, zu dem man sich in der kontinuierlichenAnnäherung zu befinden nur unter diesen Bedingungenschmeicheln darf.”47

Kant verbindet Frieden und Demokratie aufeinzigartige - nämlich friedenserhaltende - Weise undvergisst dabei auch nicht die rechtlichUnterprivilegierten der Welt. Die Heterogenität dersozialen und rechtlichen Verhältnisse weltweit und dieUngleichzeitigkeit ihrer Entwicklung macht Kant dabeizum Ausgangspunkt seines Friedensentwurfs. Dass erhiermit neuralgische Punkte berührt, belegenparadoxerweise gerade Spott und Häme der „Realisten”,die in ihm zu Recht eine ernsthafte Alternative zu ihren

Konzepten sehen und ihn daher als realitätsfernen„Idealisten” verunglimpfen. Ihre Strategie wird aberangesichts einer Lage, die alle militärischen Methoden,„Frieden und Demokratie” herzustellen, offenkundigimmer mehr delegitimiert, zusehends unhaltbar.

VOM IDEALISMUS OHNEILLUSION ZURÜCK ZUM„REALISMUS”

Dies ist nicht neu: Trotz dieser sehrpragmatischen Überlegungen Kants folgte derIdealismusvorwurf auf den Fuß. Bereits Friedrich Gentz,Kants Schüler und Antipode sowie Anhänger derRestauration, wird von Kurt von Raumer als dieWeiterentwicklung vom idealistischen zum realistischenFriedensgedanken dargestellt. Zwar bescheinigtRaumer auch Kant „Wirklichkeitsnähe”, aber er bewertet– ganz ähnlich wie heutige Interpreten – den Verzichtauf exekutive Instanzen in Kants Völkerbund-Konzeption als Fehlen einer Bestandsgarantie desVölkerbundes, der auf den „bloßen fortwährendenWillen” der Mitglieder angewiesen bleibe. Es sprechefür Gentz, dass dieser sich nicht geniere, „das alte,vielverlästerte Mittel zum staatlichen Ausgleichhervorzuholen (...): das politische Gleichgewicht” 48 .

Raumer sieht in ebendieser Entscheidung dasrealistische Moment von Gentz, das seine Konzeptionwirklichkeitstauglicher als die Kants mache. Dabei sehenbeide – Kant und Gentz – nur eine auf Freiwilligkeitberuhende Föderation als möglichen Weg derKooperation an. Gentz, der Weltstaat und FichteschenIsolationsstaat ebenso wie Kant als Vernichtung desVölkerrechts ansieht und daher beide ablehnt, entdeckt– ebenfalls wie Kant – auch im machtbewehrtenVölkerbund einen Widerspruch: „Von Stunde an habendie übrigen Teilnehmer an dem Bunde kein anderesMittel mehr, die Widerstrebenden zur Unterwürfigkeitunter den Ausspruch der Schiedsrichter oder derMajorität oder des Kongresses zu zwingen, als Krieg.Nun sollte ja aber die Vermeidung des Krieges der einzigeZweck der großen Verbindung sein. Mithin kann dieseVerbindung nur durch Mittel aufrechterhalten werden,die ihren Zweck, anstatt ihn zu befördern, zerstörenwürden; und folglich ist sie eine Idee, die sich selbstwiderspricht.”49 Aus diesem Dilemma führt für Gentzdann allerdings – im Gegensatz zu Kant – nur die alteund erprobte Politik des Gleichgewichts dervorrepublikanischen und restaurativen Mächte, von derer hofft, dass sie wenigstens „einige Kriege” verhindernkann. Raumer bewertet diese Einschätzung als„realistisch” – tatsächlich aber muss sie, wie Raumer ananderer Stelle einräumt, als „Widerspiel und Verneinung”von Kants Theorie begriffen werden.50

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Auch in diesem historischen Moment einerNeuordnung der Welt war die Abkehr von Kant keinezukunftsgerichtete Rechtsentwicklung. Im Gegenteil: DieÜberwindung von Kants „Idealismus ohne Illusion”führte historisch zurück zum „Realismus” einervermeintlichen Gleichgewichtsordnung, führte von derAufklärung zur Gegenaufklärung und damit zu derSubstantialisierung der Nationalstaaten des 19.Jahrhunderts, deren Folgen Europa erst im 20.Jahrhundert erleiden musste. Was aber erleben wirheute? Wenn die Kriege der letzten beiden Jahre derAuftakt zu den „Kriegen des 21. Jahrhunderts” sind,was erwartet die Welt dann im 22. Jahrhundert? WennRealismus Gleichgewichts- und Machtpolitik meint, wasbedeutet dann die gegenwärtig zu beobachtende Politikder Stärkung der Kontinentalstaaten? Wird damit nichtgerade einem Aufleben der Gleichgewichtspolitik –neben oder anstelle der UNO – der Weg geebnet?

Offenbar vertritt sogar Habermas neuerdingsdiesen Standpunkt, wenn er formuliert: „Eine noch sogelungene Reform der Vereinten Nationen würde garnichts bewirken, wenn sich nicht die Nationalstaaten inden verschiedenen Weltteilen zu kontinentalen Regimennach dem Muster der Europäischen Unionzusammenschließen. Dazu gibt es erst bescheideneAnsätze. Hier, nicht in der Reform der UNO, liegt daseigentlich utopische Element eines weltbürgerlichen

Zustandes.”51 Aber auch eine aus der Konstituierungder Kontinente erwachsende multipolare Ordnung hebtdie gegenseitige Bedrohung nicht auf, denn, wie bereitsKant realistischerweise erkannte, „selbst ein Weltteil,wenn er sich einem anderen (...) überlegen fühlt, wirddas Mittel der Verstärkung seiner Macht durchBeraubung oder gar Beherrschung desselben nichtunbenutzt lassen”52 . Das Beispiel Amerikas belehrt unsderzeit über die Richtigkeit dieser These.

Wenn aber, wie Kagan sagt, Amerika auch einmalfriedlich war und erst später zu einer Politik der Machtfand, warum sollte genau dies nicht in der Zukunft auchmit Europa geschehen? Alle europäischen Erfahrungen,Europas historisch gewachsener Unterschied zuAmerika, der derzeit seine angebliche Nähe zum „ewigenFrieden” ausmacht, könnte spätestens dann endgültigder Vergangenheit angehören, wenn jener wehrhafteErsatz für Kagans angebliches Venus-Europa gefundenwäre, für den bereits nach Symbolen gesucht wird. 53

Wer wollte ernsthaft daran zweifeln, dass auch Europadann (wieder) der imperialen Versuchung erliegenkönnte? Auch hier erweist sich deshalb das KantischeFesthalten an der universellen Ordnung des freiwilligenVölkerbundes und seiner langfristig befriedendenWirkung als die wohl noch immer realistischste Option,den Frieden zu bewahren.

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1. Robert Kagan, Macht und Schwäche. Was dieVereinigten Staaten und Europa auseinander treibt,in: „Blätter für deutsche und internationale Politik”,10/2002, S. 1194.

2. Ebd., S. 1201.

3. Jürgen Habermas, Wege aus der Weltunordnung(Interview), in: „Blätter für deutsche undinternationale Politik”, 1/2004, S. 33. Dies trifft wohlauch auf die europäische Politik zu.

4. Ebd., S. 42. Vgl. die Auseinandersetzung zwischenJürgen Habermas, Karl-Otto Apel und IngeborgMaus, die gesammelt und reflektiert ist in: Renévon Schomberg und Peter Niesen (Hg.), ZwischenRecht und Moral. Neuere Ansätze der Rechts- undDemokratietheorie, Münster 2002.

5. Ulrich Menzel, Globalisierung versusFragmentierung, Frankfurt a. M. 1998, S. 244.

6. Siehe dazu: Karlheinz Koppe, Der vergesseneFrieden. Friedensvorstellungen von der Antike biszur Gegenwart, Opladen 2001, S. 165 ff. und Kurtvon Raumer, Ewiger Friede. Friedensrufe undFriedenspläne seit der Renaissance, Freiburg undMünchen 1953.

7. Jean Jacques Rousseau, Gutachten über den Planeines ewigen Friedens, in: Ders.,Sozialphilosophische und Politische Schriften,München 1981, S. 399.

8. Ebd., S. 399.

9. Ebd., S. 403.

10. Ebd. S. 404.

11. Zitiert nach Günther Patzig, Kants Schrift „Zumewigen Frieden”, in: Reinhard Merkel und RolandWittmann (Hg.), „Zum ewigen Frieden”.Grundlagen, Aktualität und Aussichten einer Ideevon Immanuel Kant, Frankfurt a. M. 1996, S. 15.

12. Siehe bezogen auf die Friedensfrage: IngeborgMaus, Vom Nationalstaat zum Globalstaat oder: derNiedergang der Demokratie, in: Matthias Lutz-Bachmann und James Bohman (Hg), Weltstaat oderStaatenwelt? Für und Wider die Idee einerWeltrepublik, Frankfurt a. M. 2002, S. 226 ff. undbezogen auf die Rechts- und Demokratietheorieallgemein: dies., Zur Aufklärung derDemokratietheorie. Rechts- unddemokratietheoretische Überlegungen im

Anschluss an Kant, Frankfurt a. M. 1994, besondersS. 196-202.

13. Immanuel Kant, Zum ewigen Frieden. Einphilosophischer Entwurf, in: Werke Bd. XI, hrsg.von W. Weischedel, S. 195. Als einer der wenigenAutoren macht Koppe, a.a.O., S. 169, auf die Satireaufmerksam.

14. Vgl. Immanuel Kant, Mutmaßlicher Anfang derMenschengeschichte, in: Werke Bd. XI, S. 101.

15. Von Raumer, a.a.O., S. 153, dort die Nachweise fürdie zitierten Stellen von Kant.

16. Immanuel Kant, Idee zu einer allgemeinenGeschichte in weltbürgerlicher Absicht, in: WerkeBd. XI, S. 42. Vgl. die ähnlich lautendeSchlusssentenz von Über den Gemeinspruch, in:Werke Bd. XI, S. 172.

17. Vgl. Georg Geismann, Kants Rechtslehre vomWeltfrieden, in: „Zeitschrift für philosophischeForschung”, 3/1983, S. 363 ff.

18. Ulrich Thiele, Terminologische Neuerungen in KantsVölkerrechtstheorie und ihre Konsequenzen, in:Ulrich Kronauer und Jörn Garber (Hg.), Recht undSprache in der deutschen Aufklärung, Tübingen2001, S. 186 f.

19. Georg Geismann, Warum Kants Friedenslehre fürdie Praxis taugt, in: Klaus-M. Kodalle (Hg.), DerVernunftfrieden: Kants Entwurf im Widerstreit,Würzburg 1996, S. 37.

20. Vgl. Zum ewigen Frieden S. 244 und 250.

21. Ebd., S. 210.

22. Vgl. Über den Gemeinspruch, S. 165.

23. Zum ewigen Frieden, S. 224. Vgl. Peter Niesen, Volk-von-Teufeln-Republikanismus. Zur Frage nach denmoralischen Ressourcen der liberalen Demokratie,in: Lutz Wingert und Klaus Günther (Hg.), DieÖffentlichkeit der Vernunft und die Vernunft derÖffentlichkeit, Frankfurt a. M. 2001, S. 568-604.

24. Zum ewigen Frieden, S. 224.

25. Vgl. Ingeborg Maus, Zur Aufklärung derDemokratietheorie, a.a.O.

26. Zum ewigen Frieden, S. 205.

27. Vgl. Ulrich Thiele, Repräsentation undAutonomieprinzip. Kants Demokratiekritik und ihreHintergründe, Berlin 2003, S. 97 f.

LITERATUR

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28. Ernst-Otto Czempiel, Kants Theorem und diezeitgenössische Theorie der internationalenBeziehungen, in: Matthias Lutz-Bachmann undJames Bohman (Hg), Frieden durch Recht. KantsFriedensidee und das Problem einer neuenWeltordnung, Frankfurt a. M. 1996. S. 307.

29. Ingeborg Maus, Menschenrechte alsErmächtigungsnormen internationaler Politik oder:der zerstörte Zusammenhang vonMenschenrechten und Demokratie, in: HaukeBrunkhorst, Wolfgang R. Köhler und MatthiasLutz-Bachmann (Hg.), Recht auf Menschenrechte.Menschenrechte, Demokratie und internationalePolitik, Frankfurt a. M. 1999.

30. Vgl. Zum ewigen Frieden, S. 196-202.

31. Ebd., S. 204.

32. Vgl. Ingeborg Maus, Volkssouveränität und dasPrinzip der Nichtintervention in derFriedensphilosophie Immanuel Kants, in: HaukeBrunkhorst (Hg.), Einmischung erwünscht?Menschenrechte und bewaffnete Intervention,Frankfurt a. M. 1998.

33. Zum ewigen Frieden, S. 234.

34. Ebd., S. 212.

35. Ebd., S. 225f.

36. Ebd., S. 197.

37. Siehe zur aktuellen Entwicklung Gerd Steffens, DerWeltbürger als Untertan. Von derzwischenstaatlichen zur innergesellschaftlichenBrutalisierung der Gewalt, in: „Blätter für deutscheund internationale Politik”, 11/2003, S. 1133 ff.

38. Siehe Ingeborg Maus, Vom Nationalstaat zumGlobalstaat, a.a.O.

39. Vgl. Zum ewigen Frieden, S. 225.

40. Ebd., S. 211.

41. Ebd., S. 213.

42. Ebd., S. 214.

43. Siehe zur Bedeutung dieses Terminus: IngeborgMaus, „Volk” und „Nation” im Denken derAufklärung, in: „Blätter für deutsche undinternationale Politik”, 5/1994, S. 602 ff.

44. Zum ewigen Frieden, S. 214.

45. Ebd., S. 214.

46. Habermas, a.a.O., S. 28. Ein Recht der Individuengegen den eigenen Staat scheint mir nicht anvisiert,weil dieses konzeptionell bereits durch dierepublikanische Verfassung gesichert wird.Überschreitet die Rechtsverletzung der „schlechtenVerfassung” im eigenen Land das erträgliche Maß,bleibt den Einwohnern wohl nur Kampf umVerfassungsänderung oder Auswanderung. Hierzeigt sich auch, welche Bedeutung das Asylrechtin unvollkommenen Rechtsverhältnissen hat unddass ein weltweit funktionierendes Asylrecht bessergeeignet wäre, eine Ausgestaltung desWeltbürgerrechts abzugeben als seineUmwandlung in einen Rechtschutz durch einesupranationale Exekutive.

47. Zum ewigen Frieden, S. 216 f.

48. Von Raumer, a.a.O., S. 200.

49. Friedrich Gentz, Über den ewigen Frieden, in: vonRaumer, a.a.O., S. 479.

50. Von Raumer, a.a.O., S. 190.

51. Habermas, a.a.O., S. 43f.

52. Zum ewigen Frieden, S. 231.

53. Herfried Münkler, Die Botschaft der Athene.Zivilisatorische Entwicklung und kriegerischeSelbstbehauptung: Europa braucht einenweltpolitischen Gestaltungswillen, in: „FrankfurterRundschau”, 27.12.2003, S. 7. Siehe neuerdingsauch: Alte Hegemonie und Neue Kriege, HerfriedMünkler und Dieter Senghaas im Streitgespräch, in„Blätter für deutsche und internationale Politik” 05/2004.

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ANEXOS

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I. INTRODUCCIÓNTengo el honor de dirigirme esta mañana, día 16

de octubre de 2002, al Consejo Permanente de laOrganización de los Estados Americanos (OEA), con elpropósito de dar cumplimiento a varios mandatos de laAsamblea General de la OEA que se celebró el mes dejunio pasado en Bridgetown, Barbados, los cuales seoriginaron, a su vez, de mandatos que los Jefes de Estadoy de Gobierno atribuyeron a la OEA en la III Cumbre delas Américas, celebrada en Québec, Canadá, en abril de2001. El momento para dirigirles esta presentación nopodría ser más oportuno, por cuanto se encuentra en lamesa de discusión, tanto de la Comisión de AsuntosJurídicos y Políticos (CAJP) como de la Comisión deAsuntos Administrativos y Presupuestarios (CAAP)de la OEA, una serie de mandatos expresos que sondeterminantes para el futuro inmediato del sistemainteramericano de protección de los derechos humanosy, en particular, de la Corte Interamericana de DerechosHumanos.

PRESENTACIÓN DEL PRESIDENTE DE LACORTE INTERAMERICANA DE DERECHOSHUMANOS, JUEZ ANTÔNIO A. CANÇADO

TRINDADE, ANTE EL CONSEJO PERMANENTEDE LA ORGANIZACIÓN DE LOS ESTADOSAMERICANOS (OEA): - “EL DERECHO DE

ACCESO A LA JUSTICIA INTERNACIONAL YLAS CONDICIONES PARA SU REALIZACIÓN

EN EL SISTEMA INTERAMERICANO DEPROTECCIÓN DE LOS DERECHOS HUMANOS”(WASHINGTON, D.C., 16 DE OCTUBRE DE 2002)Excelentísimo Señor Presidente del Consejo Permanente de la OEA y Representante Permanente de Grenada,Embajador Denis G. Antoine;Excelentísimos Señores Secretario General de la OEA, Dr. César Gaviria, y Secretario Adjunto de la OEA,Dr. Luigi Einaudi;Excelentísimo Señor Presidente de la Comisión de Asuntos Jurídicos y Políticos (CAJP) de la OEA y RepresentantePermanente de Guatemala, Embajador Arturo Duarte Ortiz;Excelentísimos Señoras y Señores Embajadores y Representantes de los Estados Miembros de la OEA;Excelentísimos Señores Subsecretario de Asuntos Jurídicos de la OEA, Dr. Enrique Lagos, y Director del Departamentode Derecho Internacional de la OEA, Dr. Jean Michel Arrighi;Señoras y Señores.

Trátase de un momento oportuno, además, enespecial porque nos encontramos a ocho meses de larealización de la próxima Asamblea General de la OEA,que se celebrará en junio de 2003 en Santiago de Chile, eimporta que los órganos responsables de cumplir y hacerefectivos los referidos mandatos cuenten con el tiemposuficiente para tomar el conjunto de medidas necesariaspara implementarlos. Es esta, en realidad, la séptima vezque tengo el honor de dirigirme a los órganoscompetentes de la OEA este año. Y mañana, día 17 deoctubre, nuevamente me dirigiré, a los Estados Miembrosque integran la CAJP de la OEA, en mi octava intervenciónen el seno de la Organización regional este año.

Como se acuerdan los Señores Embajadores yRepresentantes de los Estados, entre los días 16 y 19del pasado mes de abril, aquí en la sede de la OEA enWashington D.C., tuve la ocasión de presentar cuatroInformes, a ese mismo Consejo Permanente, a la CAJP(dos veces) y a la CAAP, y en los días 03 y 04 de junioúltimo, en la Asamblea General de la OEA en Barbados,

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hice dos otras presentaciones, ante la Comisión Generaly ante el plenario, respectivamente, de dicha AsambleaGeneral. El hecho de que vuelvo, la mañana de hoy, 16de octubre de 2002, a presentar un nuevo Informe a losSeñores Embajadores y Representantes de los Estados,en la sede de la OEA en Washington D.C., revela laimportancia que atribuye la Corte al rol de los EstadosPartes como garantes de la Convención Americana sobreDerechos Humanos. Mucho agradezco, pues, SeñorPresidente, por la inserción, en la agenda de estaimportante sesión ordinaria del Consejo Permanente dela OEA, de la presentación de este nuevo Informe a quetengo el honor de proceder en nombre de la CorteInteramericana.

Los mandatos a que he hecho referencia, y quese encuentran en la mesa de discusión en el presente,provienen de las siguientes resoluciones adoptadas porla Asamblea General de la OEA realizada en Barbadosen junio pasado: a) resolución AG/RES.1850 (XXXII-O/02) denominada “Observaciones y Recomendacionesde los Estados Miembros al Informe Anual de la CorteInteramericana de Derechos Humanos”; b) resoluciónAG/RES.1890 (XXXII-O/02) titulada “Evaluación delFuncionamiento del Sistema Interamericano deProtección y Promoción de los Derechos Humanospara su Perfeccionamiento y su Fortalecimiento”; yc) resolución AG/RES.1895 (XXXII-O/02) denominada“Estudio sobre el Acceso de las Personas a la CorteInteramericana de Derechos Humanos”. En el mismoorden en que fueron aprobadas estas tres relevantesresoluciones, me iré refiriendo a cada una de ellas.

II.OBSERVACIONES YRECOMENDACIONES DELOS ESTADOS MIEMBROSAL INFORME ANUAL DELA CORTEINTERAMERICANA DEDERECHOS HUMANOS(RESOLUCIÓN AG/RES.1850(XXXII-O/02))

Como es de conocimiento de los SeñoresEmbajadores y Representantes de los Estados, la CorteInteramericana, después de un largo estudio para darcumplimiento a un mandato que le fue atribuido por laAsamblea General de la OEA, reformó su Reglamento,con el fin de hacer más expedita la tramitación de loscasos, sin perjuicio de la seguridad jurídica, y deasegurar la presencia y participación de las presuntasvíctimas, o sus representantes legales, en todas las

etapas del procedimiento ante el Tribunal. El actualReglamento de la Corte incorpora estas reformas detranscendencia histórica .

La Corte emprendió esta reforma en elentendimiento de que existía un compromiso por partede los Estados Miembros de la OEA de acompañar dichareforma con un aumento presupuestario acorde con lasnuevas necesidades funcionales que de ahí surgirían.Es lo que se desprende claramente de la resolución 1828de 2001, de la Asamblea General de la OEA , tal como mepermití señalar en mi presentación del 17 de abril de2002 ante este mismo Consejo Permanente de la OEA.Transcurridos 18 meses –o sea, un año y medio– desdela introducción de la mencionada reforma, ésta no hasido acompañada por el incremento correspondienteen el presupuesto de la Corte.

En el marco de la reciente resolución AG/RES.1850 (XXXII-O/02) de la Asamblea General de 2002de la OEA, debo referirme específicamente al punto 3 desu parte resolutiva, que estipula lo siguiente:

“Encomendar al Consejo Permanente quepresente al XXXIII período ordinario de sesionesde la Asamblea General de la OEA un proyectode presupuesto para el año 2004 en el que serealice un efectivo y adecuado incremento delos recursos económicos asignados a la Corte ala luz de las necesidades y metas descritas en eldocumento presentado por el Presidente de laCorte Interamericana de Derechos Humanos (CP/CAJP-1921/02/Corr.1)” .Señores Embajadores y Representantes de los

Estados, este es un tema de la mayor trascendencia yactualidad para el presente y futuro de la CorteInteramericana de Derechos Humanos, porque de notomarse medidas inmediatas la Institución corre elpeligro de colapsar como consecuencia del considerableincremento del número de casos que la ComisiónInteramericana de Derechos Humanos está sometiendoy continuará a someter a su consideración, producto delas reformas de los Reglamentos de la Corte y laComisión Interamericanas que en el año 2001 ordenóefectuar la propia Asamblea General de la OEA.

El creciente aumento en el número de casossometidos al conocimiento de la Corte es un hechoirreversible, que provocará, de no tomarse las medidasnecesarias, una saturación en la resolución de dichoscasos, a pesar del gran esfuerzo que está haciendo laCorte Interamericana para resolverlos con su actualasignación de recursos tanto humanos comoeconómicos. Los primeros casos contenciosos fueronsometidos a consideración de la Corte en el año de 1986,y se ha estimado y se espera que, para finales del año2003, la Corte habrá considerado alrededor de 40 casoscontenciosos durante 17 años.

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Las proyecciones de ingreso de nuevos casos ala Corte nos han hecho estimar que ésta, a partir deenero del año 2004, tendría un rezago de alrededor de 25casos contenciosos por considerar, lo que significa un63% del total de casos considerados en los últimos 17años. Reflexionemos lo que este rezago significaría sino se aumenta, de manera inmediata, los recursoshumanos y financieros solicitados. Cabe resaltar,además, la estimación de que el ingreso de casossometidos a la Corte siga creciendo a un ritmo anual dealrededor de 20, como producto de las reformasreglamentarias anteriormente citadas. Para hacer frentea esta situación, la Corte deberá, necesariamente, recibirlos recursos necesarios para solventar las situacionesque resumo a continuación.

1. AUMENTO DEL PERSONAL DELA CORTE INTERAMERICANA YFORTALECIMIENTO DE SUSECRETARÍA

¿Sabían los Señores Embajadores yRepresentantes de los Estados Miembros de la OEAque la Corte Interamericana de Derechos Humanos,único órgano judicial de esta Organización, para cumplircon sus importantes y delicadas funciones cuenta,además de sus dos Secretarios, con solamente cuatroabogadas de nivel P-1, a quienes asisten cuatro jóvenesabogados locales que reciben un salario neto de $800(ochocientos) dólares mensuales? ¿No creen, SeñoresEmbajadores y Representantes, que llegó el momentode aumentar el número de profesionales de la Corte ydar a éstos el nivel profesional y salarial que lescorresponde?

En este sentido, la Corte necesita de modoinmediato tres abogados adicionales cuya lengua nativasea el inglés, el portugués y el francés, respectivamente.Para esto deben darse a la Corte los recursos necesariosno sólo para pagar un salario acorde con susresponsabilidades profesionales sino, también, parapoder pagar su tiquete de avión y el traslado de sumenaje de casa a Costa Rica. ¿Sabían los SeñoresEmbajadores y Representantes de los Estados que, siun profesional viene a trabajar a la Corte Interamericana,debe pagar su tiquete de avión, el de su familia y eltraslado de su menaje de casa de su propio bolsillo,porque la Secretaría General de la OEA suprimió eserenglón presupuestario del Convenio de AutonomíaAdministrativa de la Corte?

Además, para hacer operativa el Área Legal dela Corte, deberán prontamente contratarse a dossecretarias, ya que solamente hay dos trabajando paradicha Área Legal, y a tres abogados asistentes consueldos locales. Lo que la Corte pretende, con el

fortalecimiento de su Secretaría, es tener siete abogadosy siete abogados asistentes locales, para que cada unode los siete Jueces titulares pueda contar con un equipoformado por un abogado y un abogado asistente localasistiéndole permanentemente en la elaboración deproyectos de sentencias. De otra manera, sería imposiblecumplir con las metas de trabajo propuestas, si algunosJueces tienen que estar trabajando al mismo tiempo conlos mismos abogados.

2. INCREMENTO DE LOS COSTOSDE TRAMITACIÓN DE LOSCASOS ANTE LA CORTE

Como consecuencia de la reforma reglamentariasolicitada por los Estados Miembros de la OEA, a losrepresentantes de las supuestas víctimas se les otorgólocus standi in judicio desde junio de 2001, lo que hasignificado, desde el punto de vista de la tramitación delos casos, un incremento en los costos deaproximadamente un 35%, que, sumado al incremento enel número de casos que serán sometidos a conocimientodel Tribunal, forma un cuadro que debe quedar claro paralos Señores Embajadores y Representantes de losEstados, en el sentido de que los costos de operacióndel Tribunal son siempre crecientes. Permítome traer acolación dos ejemplos actuales.

En el caso Lori Berenson, relativo al Perú, porejemplo, solamente el Estado ha presentado comoprueba 58 cintas de video y 12 mil páginas dedocumentación, que debe ser reproducida y transmitidaa las otras dos partes procesales, lo que ha significadoun elevado costo inicial de tramitación. Y en el casoMirna Mack, referente a Guatemala, las partes hanpresentado más de 6 mil páginas de documentación, lacual debe de ser enviada vía courier a las otras partesprocesales. Y ambos los casos citados se encuentran alpuro inicio del trámite respectivo. Estos son apenasdos ejemplos actuales, a los cuales se podrían agregarotros.

3. AUMENTO DE LA DURACIÓN DELOS PERÍODOS DE SESIONES DELA CORTE

La Secretaría de la Corte ha hecho estimacionesdel tiempo que debe sesionar la Corte para atender alincremento de trabajo ocasionado por el aumento en elflujo de casos. Se ha estimado que, para el año de 2004,el Tribunal debe sesionar 16 semanas al año, es decir,celebrar cuatro sesiones de 4 semanas de duración cadauna, lo que se estima le permitiría emitir un número desentencias proporcional al número de casos que sereciben, además de celebrar audiencias públicas pararecabar la prueba testimonial y pericial, emitir opiniones

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consultivas y dictar medidas provisionales deprotección.

Debo hacer notar a los Señores Embajadores yRepresentantes de los Estados Miembros de la OEAque, si a los cuatro meses de sesiones se suma el tiempoque los Señores Jueces deben dedicar en sus países deorigen a leer y estudiar los casos y a lo que esconveniente que el Presidente y el Vicepresidentepuedan prestar sus servicios permanentemente en lasede del Tribunal, es inevitable que la Corte se conviertaen un Tribunal semipermanente, que les pague a susJueces además de las sesiones en la sede, el trabajo y elestudio de los casos que ellos realizan en sus propiospaíses. Quiero hacer énfasis en que las 16 semanas detrabajo en la sede del Tribunal son únicamente paraconsiderar y resolver los casos, así como para lacelebración de audiencias públicas. Adicionalmente,deberá reconocerse las horas que los Señores Juecesdeberán dedicar en sus respectivos países al estudiode los casos previamente a las sesiones de trabajo delTribunal.

¿Sabían los Señores Embajadores yRepresentantes de los Estados Miembros de la OEAque, entre los tribunales internacionales existentes enel mundo hoy día, que tienen la misma jerarquía que laCorte Interamericana de Derechos Humanos, esta últimaes la única que no paga salario a sus Jueces? El trabajode éstos se transforma en un verdadero apostolado,por cuanto tienen que desdoblarse en esfuerzos en susactividades profesionales permanentes en susrespectivos países de origen. Y, con el pasar de los años,y la aproximación del crepúsculo de la vida funcional,por mayor que sea el ánimo de los Señores Magistrados–que afortunadamente siempre ha sido muy grande,–quizás ya ni siempre reste suficiente energía y saludpara tanto.

La verdad es que el presupuesto de la CorteInteramericana, comparado con el de otros tribunalesinternacionales contemporáneos, es simplementepatético. La Corte, durante los últimos tres años, hasolicitado reiteradamente a los órganos competentesde la OEA el incremento correspondiente de supresupuesto para atender sus necesidades inmediatas;pero como ese incremento no ha sido concedido y lasnecesidades del Tribunal han continuado aumentandoconsiderablemente, la necesidad inmediata del Tribunalya se ha tornado la de un presupuesto que le permitatrabajar en forma semipermanente.

Esto debe llevar, posteriormente, dentro de untiempo razonable, a que el Tribunal se convierta en unaCorte operando en base permanente, en la que sus Juecespuedan dictar las sentencias, medidas provisionales yopiniones consultivas sin la presión de la falta de tiempoy de los recursos originada por el actual régimen de

trabajo, insatisfactorio y precario. Señores Embajadoresy Representantes, una vez que en nuestro hemisferio laCorte Interamericana de Derechos Humanos puedafuncionar en forma semipermanente (y más adelantepermanente) y los habitantes del hemisferio puedancontar con acceso directo al Tribunal, podremossentirnos orgullosos de haber dotado a los hombres ymujeres del continente americano de un mecanismointernacional capaz de proteger efectivamente susderechos humanos, cuando las instancias nacionalesse muestren incapaces de hacerlo.

4. FINANCIACIÓN DEL COSTOFINANCIERO DEL AUMENTO DELOS JUECES AD HOC

Me veo en la obligación de hacer notar a losSeñores Embajadores y Representantes de los EstadosMiembros de la OEA el considerable aumento, en losúltimos años, del número de Jueces ad hoc en la Corte(que acompaña el notable aumento del número de casosa ésta enviados recientemente por la Comisión) y delcosto financiero de los mismos. Como Ustedes biensaben, cuando es sometido un caso a conocimiento delTribunal, los Estados Partes tienen la facultad –como lodispone la Convención Americana– de designar un Juezad hoc en aquellos casos en que no exista un Juez titularde la nacionalidad del Estado demandado integrando elTribunal.

Actualmente integran la Corte 10 Jueces ad hoc,los que, como consecuencia de la reciente reforma delos Reglamentos de la Comisión y la Corte y delincremento en el número de casos, pueden llegar aconvertirse, dentro de un plazo de dos años, en unacantidad que supere en más de cuatro veces el númerode Jueces titulares (siete). Esta situación sería logísticay financieramente inmanejable para la Corte con losrecursos con que cuenta actualmente.

5. FINANCIACIÓN DE LASPUBLICACIONES DE LA CORTEPOR LA PROPIA OEA

Debo hacer notar también a los SeñoresEmbajadores y Representantes de los EstadosMiembros de la OEA que las publicaciones oficiales dela Corte, durante los últimos 10 años, han sidofinanciadas por la Unión Europea y los Gobiernos delos Estados Unidos Mexicanos, de la RepúblicaFederativa de Brasil, de Dinamarca y de Finlandia.Solamente la confección, traducción y distribución delInforme Anual de la Corte supera los 100 mil dólaresanuales, a los que habría que sumar el proceso completode la publicación y distribución de las sentencias de laCorte a los Estados Miembros de la OEA y a los

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diferentes usuarios del sistema, tales comorepresentantes de la sociedad civil, Universidades,centros académicos y de estudios e investigación,profesores universitarios, entre otros.

El constante aumento del volumen del InformeAnual de la Corte en los últimos años es revelador de laexpansión constante de su jurisprudencia, así como delhecho de que nunca una generación de Jueces ha sidotan exigida como la actual . La Corte Interamericana, eneste inicio del siglo XXI, ha en definitiva alcanzado sumadurez institucional. Sin embargo, para atender a suscrecientes necesidades funcionales, la Corte necesitaconsiderables recursos adicionales, –humanos ymateriales, y dichas necesidades incluyen los mediospara asegurar la publicación y divulgación periódicasde su jurisprudencia.

Nunca es demás recordar que un Tribunal queno publica sus sentencias, opiniones consultivas ydecisiones, y cuya jurisprudencia no es conocida nicitada, no realiza cabalmente los fines para los cualesfue creado. Las publicaciones oficiales de la Cortedeberían estar a cargo de nuestra Organización regional,en forma permanente, y no depender de contribucionesvoluntarias, que pueden inclusive ser interrumpidas(como han sido, a finales de 1997, las de la UniónEuropea), aleatoriamente, creando el riesgo constantede suspender la publicación de la jurisprudencia de laCorte, a pesar de su extraordinaria importancia (cf. infra).

6. AMPLIACIÓN DE LAINFRAESTRUCTURA DE LACORTE INTERAMERICANA

Me veo, además, en el deber de informar a losSeñores Embajadores y Representantes de los EstadosMiembros de la OEA de que se han hecho importantesmejoras en los dos edificios que hoy albergan la Corte,y su Biblioteca, de los cuales es propietario el Tribunal,resultantes de generosas donaciones de Costa Rica, aquien la Corte es particularmente grata como país sede.A pesar de estas mejoras, la Corte se encuentraactualmente en la imperiosa necesidad de ampliar suinfraestructura física para poder contar con unaadecuada sala de audiencias públicas. Dicha sala debehoy poder acomodar las tres partes procesales que,según el Reglamento vigente de la Corte, comparecenante el Tribunal, a saber, el Estado, la ComisiónInteramericana y las presuntas víctimas o susrepresentantes legales.

¿Sabían los Señores Embajadores yRepresentantes de los Estados Miembros de la OEAque, en virtud de lo dispuesto en el actual Reglamentode la Corte, que contempla la participación en elprocedimiento ante el Tribunal de las tres mencionadas

partes procesales, estas últimas se sientanconjuntamente, mal acomodadas, en la sala deaudiencias, inclusive levantándose y cediendo espaciofísico mutuamente al momento de la presentación desus respectivos alegatos orales? Esto, por cierto, no esconveniente.

¿Sabían los Señores Embajadores yRepresentantes de los Estados Miembros de la OEAque los Señores Jueces no tienen siquiera oficinaspropias, debiendo compartir espacio físico con losabogados integrantes del Área Legal de la Secretaría, oentonces trabajar solos en el propio hotel? Esto, porcierto, tampoco es conveniente. Es, además,incomprensible, considerándose que la valiosa laboren la defensa de los derechos humanos es hoy quizáslo que más justifica la continuada existencia de la propiaOEA.

Debe dotarse la Corte de una adecuada sala deaudiencias, de una adecuada sala de deliberaciones, yde oficinas individuales para los Señores Jueces. Laampliación de la infraestructura de la CorteInteramericana se ha tornado una meta de particularurgencia, en razón de los ya mencionados aumentos enel número de casos, y los consecuentes y necesariosaumentos del personal y de los períodos de sesionesdel Tribunal (cf. supra).

7. ESTABLECIMIENTO DE UNMECANISMO DE ASISTENCIAJUDICIAL GRATUITA

En mis anteriores intervenciones ante losórganos competentes de la OEA, –a ejemplo de la deldía 19 de abril pasado ante la CAJP–, he insistido en lanecesidad de estudiarse una posible y futura alocaciónde recursos materiales con miras al establecimiento deun mecanismo de asistencia judicial gratuita (free legalaid) para peticionarios carentes de recursos materiales,–tal como se hizo hace algunos años en el ámbito delsistema europeo de protección. Trátase de un puntodirecta y estrechamente ligado al tema central del propioderecho de acceso a la justicia a nivel internacional.

Dicha futura alocación de recursos, para estefin, podría ser vinculada a la oportuna propuesta deCosta Rica de incrementar, en forma escalonada, elpresupuesto de la Corte y la Comisión Interamericanasen al menos 1% al año, de los actuales 5,7% del FondoRegular de la OEA, hasta que alcance el 10% de dichoFondo para el año 2006. Tal propuesta ha contado conel firme apoyo de la Corte, y amerita, a mi juicio, elrespaldo de todos los Estados Miembros de la OEA ,por los efectos benéficos que tendría para los usuariosdel sistema interamericano de protección de losderechos humanos.

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8. OBSERVACIONES ADICIONALESQuiero rendir un muy especial agradecimiento a

Costa Rica, Estado sede de la Corte Interamericana deDerechos Humanos, que durante los últimos 23 añosha hecho un aporte anual de US$ 100.000 a la Corte, casiigual a la cuota que paga a la OEA. Con este aporte deCosta Rica se han atendido gastos urgentes de la Cortey se ha pagado al personal local de apoyo que éstanecesita para su funcionamiento, en rubros tales comoseguridad, limpieza, chófer-mensajero, recepción ygastos administrativos. Además, el Gobierno de CostaRica, como ya señalé, donó la casa sede de la Corte, yconsiguió los fondos necesarios de la cooperacióninternacional para la compra del edificio de la Bibliotecade la Corte hace dos años, así como los equipos decómputo y programas necesarios para el funcionamientoy presencia de la Corte en internet.

Cabe resaltar también, en este particular, lacooperación que dio a la Corte durante algunos años laUnión Europea, hasta fines de 1997. Y si hoy día lapublicación de la jurisprudencia de la Corte se encuentraactualizada, esto se debe a la donación de México,renovada hace tres semanas, y a una donación de Brasil,hace dos años, y otra más reciente de Finlandia, por lascuales quisiera agradecer en nombre del Tribunal.

Creo, Señores Embajadores y Representantes delos Estados, que si la OEA no ha financiado ni losedificios de la Corte, ni sus publicaciones oficiales, nisus sistemas de cómputo, ni todo el personal de apoyoque la Corte como máximo Tribunal de las Américasnecesita para su funcionamiento, debiéramos pensarseriamente en tomar las medidas para que, a partir delaño 2004, le brinden al Tribunal los recursos humanos yfinancieros necesarios para que el sistema no colapsecon el aumento de los casos sometidos a suconsideración.

Señores Embajadores y Representantes de losEstados, mis palabras son hoy un grito de alerta paraque no colapse el sistema interamericano de derechoshumanos. Mis palabras son un llamado a la concienciade los Señores Embajadores y Representantes de losEstados Miembros de la OEA para que el órgano judicialdel sistema interamericano de derechos humanos, queprotege los derechos fundamentales de los habitantesde nuestra región, pueda cumplir con las altasresponsabilidades que le asigna la ConvenciónAmericana sobre Derechos Humanos. Pero, sobre todo,mis palabras constituyen un mensaje, respetuoso perofranco, que me permito dirigir a Ustedes, en este máximoforo político permanente de la OEA, a fin de salvaguardarla responsabilidad histórica de los Jueces que tenemosel honor de integrar el Tribunal, en caso de que losfondos requeridos no sean asignados y el sistemainteramericano de derechos humanos colapse.

III. EVALUACIÓN DELFUNCIONAMIENTO DELSISTEMA INTERAMERICANODE PROTECCIÓN YPROMOCIÓN DE LOSDERECHOS HUMANOSPARA SUPERFECCIONAMIENTO Y SUFORTALECIMIENTO(RESOLUCIÓN AG/RES.1890(XXXII-O/02))

Al aprobar la resolución 1890 (XXXII-O/02), laOEA reafirmó su compromiso de dar seguimiento a lasacciones concretas tendientes al cumplimiento de losmandatos de los Jefes de Estado y de Gobiernorelacionados con el fortalecimiento y perfeccionamientodel sistema interamericano de derechos humanoscontenidas en el Plan de Acción de la III Cumbre de lasAméricas. En la parte anterior de mi exposición ya hicereferencia a dos de los puntos resolutivos de la citadaresolución 1890, a saber, el incremento sustancial delpresupuesto de la Corte, y la posibilidad de que éstafuncione de manera permanente.

Me referiré, a continuación, a dos otros puntosmencionados en dicha resolución, a saber, elcumplimiento de las decisiones de la Corte y lajurisdiccionalización del sistema interamericano dederechos humanos; y, a continuación, en la partesiguiente de mi presentación, al abordar la resolución1895 de la última Asamblea General de la OEA, me referiréa la cuestión del acceso directo de los individuos a laCorte Interamericana de Derechos Humanos.

1. CUMPLIMIENTO DE LASDECISIONES DE LA CORTE YSEGUIMIENTO DE LASRECOMENDACIONES DE LACOMISIÓN

En la Asamblea General de la OEA realizada enSan José de Costa Rica en junio de 2001, se adoptó laresolución AG/RES.1828 (XXXI-O/02) sobre la“Evaluación del Funcionamiento del SistemaInteramericano de Protección y Promoción de losDerechos Humanos para Su Perfeccionamiento yFortalecimiento”, la cual efectivamente señaló, interalia, que las acciones concretas para este propósitodebían concentrarse en “el cumplimiento de lasdecisiones de la Corte y el seguimiento de las

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recomendaciones de la Comisión” (letra b). Asimismo,mediante dicha resolución se instó a los Estados Partesa que adoptasen las medidas necesarias para cumplircon las sentencias o decisiones de la CorteInteramericana y realizasen sus mejores esfuerzos paraaplicar las recomendaciones de la ComisiónInteramericana; y a que tornasen efectivo el deber queles incumbe de asegurar el cumplimiento de susobligaciones convencionales.

En efecto, los Estados Partes asumen, cada unoindividualmente, el deber de cumplir las sentencias ydecisiones de la Corte, como lo establece el artículo 68de la Convención Americana en aplicación del principiopacta sunt servanda, y por tratarse, además, de unaobligación de su propio derecho interno. Los EstadosPartes en la Convención igualmente asumen, enconjunto, la obligación de velar por la integridad de laConvención Americana, como garantes de la misma. Lasupervisión de la fiel ejecución de las sentencias de laCorte es una tarea que recae sobre el conjunto de losEstados Partes en la Convención.

Al crear obligaciones para los Estados Partesvis-à-vis todos los seres humanos bajo sus respectivasjurisdicciones, la Convención Americana requiere elejercicio de la garantía colectiva para la plenarealización de su objeto y fin. Como lo señalé el pasado19 de abril de 2002 en mis dos presentaciones ante laCAJP de la OEA, la Corte Interamericana está convencidade que, mediante el ejercicio permanente de dichagarantía colectiva, se contribuirá efectivamente alfortalecimiento del mecanismo de protección de laConvención Americana sobre Derechos Humanos eneste inicio del siglo XXI.

El fiel cumplimiento o ejecución de sussentencias es una preocupación legítima de todos lostribunales internacionales. En el sistema europeo deprotección, por ejemplo, que cuenta inclusive con unmecanismo de supervisión de ejecución de sentenciasde la Corte Europea de Derechos Humanos, por partedel Comité de Ministros del Consejo de Europa (órganoque históricamente antecedió la propia ConvenciónEuropea), la cuestión ha estado siempre en la agendadel referido Consejo. ¿Por qué, en nuestro continente,la OEA no asume su responsabilidad en esta área, aúnmás por no disponer hasta la fecha de un órgano confunción análoga?

Al respecto, la Corte Interamericana tieneactualmente una especial preocupación en cuanto a unaspecto del cumplimiento de sus sentencias. LosEstados, por lo general, cumplen con las reparacionesque se refieren a indemnizaciones de carácter pecuniario,pero no sucede necesariamente lo mismo con lasreparaciones de carácter no pecuniario, en especial lasque se refieren a la investigación efectiva de los hechos

que originaron las violaciones, y la identificación ysanción de los responsables, –imprescindibles paraponer fin a la impunidad (con sus consecuenciasnegativas para el tejido social como un todo).

Actualmente, dada la carencia institucional delsistema interamericano de protección en esta áreaespecífica, la Corte Interamericana viene ejerciendo motupropio la supervisión de la ejecución de sus sentencias,dedicándole uno o dos días de cada período de sesiones.Pero la supervisión –en el ejercicio de la garantíacolectiva– de la fiel ejecución de las sentencias ydecisiones de la Corte es una tarea que recae sobre elconjunto de los Estados Partes en la Convención. En miInforme a la CAJP de la OEA, del 05 de abril de 2001,avancé propuestas concretas para asegurar el monitoreointernacional permanente del fiel cumplimiento de todaslas obligaciones convencionales de protección, y enparticular de las sentencias de la Corte Interamericana,abarcando medidas tanto de prevención como deseguimiento.

Permítome reiterar mi entendimiento, que expresétambién en mis Informes del 17 y 19 de abril de 2002,ante este mismo Consejo Permanente y ante la CAJP dela OEA, respectivamente, en el sentido de que

“El ejercicio de la garantía colectiva por losEstados Partes en la Convención no debería ser sóloreactivo, cuando se produjera el incumplimiento de unasentencia de la Corte, sino también proactivo, en elsentido de que todos los Estados Partes adoptaranpreviamente medidas positivas de protección enconformidad con la normativa de la ConvenciónAmericana. Es indudable que una sentencia de la Cortees ‘cosa juzgada’, obligatoria para el Estado demandadoen cuestión, pero también es ‘cosa interpretada’, válidaerga omnes partes, en el sentido de que tieneimplicaciones para todos los Estados Partes en laConvención en su deber de prevención. Sólo medianteun claro entendimiento de esos puntos fundamentaleslograremos construir un ordre public interamericanobasado en la fiel observancia de los derechoshumanos” .

Asimismo, en mi presentación ante este mismoConsejo Permanente de la OEA, el día 17 de abril de2002, me permití reiterar que, en un eventual futuroProyecto de Protocolo a la Convención Americana sobreDerechos Humanos, se agregara, inter alia, al final delartículo 65 de la Convención, la siguiente frase:

“La Asamblea General los remitirá al ConsejoPermanente, para estudiar la materia y rendir uninforme, para que la Asamblea General delibereal respecto”.Además, –tal como lo propuse en mis Informes

anteriores a los órganos competentes de la OEA,– se

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encargaría a un Grupo de Trabajo permanente de laCAJP, integrado por Representantes de los EstadosPartes en la Convención Americana, la tarea desupervisar con base permanente el estado decumplimiento, por los Estados demandados, de lassentencias y decisiones de la Corte Interamericana,dicho Grupo de Trabajo presentaría sus propiosinformes a la CAJP, y esta, a su vez, relataría al ConsejoPermanente de la OEA, para preparar su informe para ladeliberación de la Asamblea General de la OEA alrespecto.

De ese modo, se supliría una laguna atinente aun mecanismo que operara en base permanente (y nosolamente una vez por año ante la Asamblea General dela OEA), para supervisar la fiel ejecución, por los EstadosPartes demandados, de las sentencias de la CorteInteramericana. Dicho Grupo de Trabajo permanentesería un foro en el que, una vez recibido un informe de laCorte sobre el incumplimiento de una sentencia, elEstado demandado, la Comisión y, naturalmente la Corte,harían ver sus puntos de vista con miras a la decisiónque debe adoptar la Asamblea General de la OEA sobrecada caso.

Esta necesaria iniciativa, a nivel internacional,debe tener por complemento ineluctable, a nivel dederecho interno, la serie de providencias que deberíatomar cada Estado Parte en la Convención Americanasobre Derechos Humanos para asegurar, en una basepermanente, la fiel ejecución de las sentencias de laCorte Interamericana, mediante la creación de unprocedimiento de derecho interno con tal fin. Losdesarrollos, en pro del pacta sunt servanda, deben aquíefectuarse pari passu, en los planos tanto internacionalcomo nacional.

2. LA JURISDICCIONALIZACIÓNDEL SISTEMA INTERAMERICANODE PROTECCIÓN DE LOSDERECHOS HUMANOS

En nuestros días, finalmente gana cuerpo el viejoideal de la justicia internacional, de la jurisdiccióninternacional obligatoria y permanente. Lo ilustran losimportantes desarrollos al respecto, que hoy díatenemos el privilegio de testimoniar. En este sentido,como me permití observar el pasado 16 de abril de 2002,en mi presentación y en los debates en la reuniónconjunta de la CAJP y de la CAAP de este ConsejoPermanente de la OEA, todos los Estados miembros delConsejo de Europa son hoy Partes en la ConvenciónEuropea de Derechos Humanos, y la Corte Europea deDerechos Humanos, a la cual tienen acceso directo losindividuos, cuenta con jurisdicción obligatoria yautomática vis-à-vis todos los Estados Partes.

Del mismo modo, el Tribunal de Luxemburgotiene jurisdicción obligatoria en relación con todos losEstados miembros de la Unión Europea (UE). Todos losEstados miembros de la Organización de la UnidadAfricana (OUA) son hoy Partes en la Carta Africana deDerechos Humanos y de los Pueblos, y han decidido(mediante la adopción del Protocolo de Burkina Fasode 1998) establecer una Corte Africana de DerechosHumanos y de los Pueblos; y el 01 de julio de este añoel Estatuto de Roma de 1998 sobre el establecimientodel Tribunal Penal Internacional entró en vigor,estableciendo una jurisdicción penal internacionalpermanente, obligatoria para todos los Estados Partes.

Todos estos ejemplos apuntan inequívocamenteen la misma dirección: la jurisdiccionalización de losmecanismos internacionales de protección de losderechos de la persona humana, y la centralidad de éstosúltimos en el Derecho Internacional de este inicio delsiglo XXI. Tales desarrollos han sido posibles gracias,en última instancia, al grado más elevado de evoluciónque ha alcanzado la conciencia humana en nuestrostiempos. A la par de ese desarrollo, hay otro punto querequiere atención especial.

Es necesario tener siempre presente el amplioalcance de las obligaciones convencionales deprotección bajo los tratados de derechos humanos, lascuales vinculan a todos los Poderes (Ejecutivo,Legislativo, Judicial) del Estado; al crear obligacionespara los Estados Partes vis-à-vis todos los sereshumanos bajo sus respectivas jurisdicciones, dichostratados requieren el ejercicio de la garantía colectivapara la plena realización de su objeto y fin. La CorteInteramericana está convencida de que, mediante elejercicio permanente de dicha garantía colectiva, secontribuirá al fortalecimiento del sistema interamericanode protección de los derechos humanos.

IV. ESTUDIO SOBRE ELACCESO DE LASPERSONAS A LA CORTEINTERAMERICANA DEDERECHOS HUMANOS(RESOLUCIÓN AG/RES.1895 (XXXII-O/02))

He tenido el honor de haber introducido lacuestión fundamental del acceso directo del individuoa la Corte Interamericana de Derechos Humanos en laagenda de nuestro sistema regional de protección hacecasi ocho años, en el año de 1995, con ocasión de laXXIV Sesión del Programa Exterior de la Academia deDerecho Internacional de La Haya (realizada en San José

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de Costa Rica), así como en todas las reunionesconjuntas de la Corte y la Comisión Interamericanas,realizadas desde 1995 hasta la fecha. Este es un hecho,que se encuentra clara y fehacientemente documentado.

Presentada la tesis originalmente en lasreuniones conjuntas entre la Corte y la Comisión y en elreferido evento académico de 1995, gradualmente pasóa ser considerada en foros más amplios, en el marco delsistema interamericano de protección. Cabe aquírecordar, por ejemplo, el Seminario que la CorteInteramericana de Derechos Humanos celebró ennoviembre de 1999 (con ocasión de cumplirse 30 añosde la adopción de la Convención Americana sobreDerechos Humanos y 20 años de la creación de la Corte),al cual concurrieron los Jueces de la Corte y Miembrosde la Comisión Interamericana, además del SecretarioGeneral de la OEA, Dr. César Gaviria, –quien se encuentraaquí a mi lado en la mesa de la presidencia de la presentesesión del Consejo Permanente de la OEA,– así comodestacados expertos en el campo de los derechoshumanos de numerosos países.

Estos expertos también trabajaron, en cuatromemorables reuniones que me permití convocar, antesy después del referido Seminario, en la sede de la CorteInteramericana, aún antes de que lo hicieron losRepresentantes de los Cancilleres de los países de laregión, que evaluaron el funcionamiento de los órganosde protección del sistema de derechos humanos en SanJosé de Costa Rica (en enero de 2001). La Corte recogióy publicó todos los trabajos presentados al Seminariode 1999, así como su propuesta titulada “Bases para unProyecto de Protocolo a la Convención Americanasobre Derechos Humanos, para Fortalecer SuMecanismo de Protección”, que tuve el honor deredactar como su relator, por designación de mis pares,los Señores Jueces de la Corte, –como lo testimoniaronel Vicepresidente de la Corte, Juez Alirio Abreu Burelli,y el Secretario de la misma, Licenciado Manuel E. VenturaRobles, quienes me acompañan en esta sesión.

Las actas del Seminario de 1999 y la propuestaoficial de la Corte para fortalecer el sistemainteramericano de derechos humanos se encuentranreproducidas en dos voluminosos tomos editados porel propio Tribunal, los cuales han sido repartidos a lasCancillerías de los Estados Miembros de la OEA, a lasMisiones Permanentes acreditadas ante ella, en esteConsejo Permanente y en la CAJP, en sucesivasocasiones en el bienio 2000-2002. Cabe agregar que,con posterioridad al Seminario de la Corte de 1999, lareferida tesis pasó a ser discutida también en lasinstancias políticas de la OEA. Esto se debió a lainiciativa positiva por parte de Costa Rica de, despuésde haber consultado la Corte, haber presentado en elaño de 2001, en los meses que antecedieron la realización

de la Asamblea General de la OEA en San José en aquelaño, su propio Proyecto de Protocolo Facultativo a laConvención Americana. La idea pasó a ganar cuerpo,también en el plano político, y es de esperarse que otrosEstados también apoyen la iniciativa de las reformas,tal como ya lo ha hecho Costa Rica.

Las Bases del Proyecto de Protocolo a laConvención Americana sobre Derechos Humanospresentadas por la Corte van más allá de un ProtocoloFacultativo (que crearía una dualidad de sistemasprocesales bajo la Convención Americana). DichasBases contemplan un verdadero Protocolo deEnmiendas a la Convención Americana, con miras afortalecer su mecanismo de protección. Importa procedera un estudio sistemático y serio de la iniciativa de dichofortalecimiento, con amplias consultas a todos losinteresados, para lograr consensos en esta dirección.

Al respecto, me permito recordar que, el 01 dejunio de 2001, con la entrada en vigor del actualReglamento de la Corte (adoptado el 24 de noviembrede 2000), el cuarto de su historia, se introdujo un cambioque constituye quizás el avance jurídico-procesal másimportante en pro del perfeccionamiento del mecanismode protección de la Convención Americana sobreDerechos Humanos, desde que ésta entró en vigor hacecasi 25 años: me refiero al otorgamiento del locus standiin judicio a los peticionarios, en todas las etapas delprocedimiento ante la Corte. Mediante esta históricainiciativa de la Corte, los individuos han logrado elreconocimiento de su condición de sujetos del DerechoInternacional de los Derechos Humanos, dotados decapacidad jurídico-procesal internacional.

Como se sabe, el anterior Reglamento de la Corte,de 1996, había dado el primer paso en esa dirección alotorgar a las presuntas víctimas, sus familiares o susrepresentantes, la facultad de presentar sus propiosargumentos y pruebas en forma autónoma,específicamente en la etapa de reparaciones. Sinembargo, si las presuntas víctimas se encuentran alinicio del proceso (al ser supuestamente lesionadas ensus derechos), así como al final del mismo (comoeventuales beneficiarios de las reparaciones), ¿por quérazón negar su presencia durante el proceso, comoverdadera parte demandante? El Reglamento de 2000vino a remediar esta incongruencia que perduró pormás de dos décadas (desde la entrada en vigor de laConvención Americana) en el sistema interamericanode protección de los derechos humanos.

Con el otorgamiento del locus standi in judicioa las presuntas víctimas, sus familiares o susrepresentantes legales, en todas las etapas del procesoante la Corte, pasaron ellos a disfrutar de todas lasfacultades y obligaciones, en materia procesal, que,hasta el Reglamento de 1996, eran privativos únicamente

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de la Comisión Interamericana y del Estado demandado(excepto en la etapa de reparaciones). Esto implica que,en el procedimiento ante la Corte, pasaron a coexistir, ya manifestarse, tres posturas distintas: la de la presuntavíctima (o sus familiares o representantes legales), comosujeto del Derecho Internacional de los DerechosHumanos; la de la Comisión, como órgano desupervisión de la Convención y auxiliar de la Corte; y ladel Estado demandado.

Esta histórica reforma introducida en elReglamento de la Corte sitúa a los distintos actores enperspectiva correcta; contribuye a una mejor instruccióndel proceso; asegura el principio del contradictorio,esencial en la búsqueda de la verdad y el predominio dela justicia bajo la Convención Americana; reconoce serde la esencia del contencioso internacional de losderechos humanos la contraposición directa entre losindividuos demandantes y los Estados demandados;reconoce el derecho de libre expresión de las propiaspresuntas víctimas, el cual es un imperativo de equidady transparencia del proceso; y, last but not least,garantiza la igualdad procesal de las partes (equality ofarms/égalité des armes) en todo el procedimiento antela Corte.

Este salto cualitativo representa la consecuencialógica de la concepción y formulación de derechos aser protegidos bajo la Convención Americana en elplano internacional, a las cuales debe necesariamentecorresponder la capacidad jurídica plena de losindividuos peticionarios de vindicarlos. Mediante estahistórica iniciativa de la Corte, los individuos hanlogrado el reconocimiento de su condición deverdaderos sujetos del Derecho Internacional de losDerechos Humanos, dotados de capacidad jurídico-procesal internacional. El pasado 17 de abril de 2002,señalé ante este Consejo Permanente, que tengo la plenaconvicción de que ese notable avance procesal amerita,más que una base reglamentaria, una baseconvencional, para asegurar el real compromiso de todoslos Estados al respecto.

Hoy día se reconoce la necesidad de restituir ala persona humana la posición central que lecorresponde, como sujeto del derecho tanto internocomo internacional. La búsqueda de la plenasalvaguardia y predominio de los derechos inherentesal ser humano, en todas y cualesquiera circunstancias,corresponde al nuevo ethos de nuestros tiempos, enuna clara manifestación, en nuestra parte del mundo, dela conciencia jurídica universal, en este inicio del sigloXXI. El despertar de esta conciencia, fuente material detodo el Derecho, conlleva al reconocimiento inequívocode que ningún Estado puede considerarse por encimadel Derecho, cuyas normas tienen por destinatariosúltimos los seres humanos.

Esto me conduce a la cuestión del imperativodel acceso directo de los individuos a la jurisdicción dela Corte Interamericana, el cual requiere, en un primermomento, que se asegure la más amplia participaciónde los individuos (locus standi) en todas las etapas delprocedimiento ante la Corte, con la preservación de lasfunciones no contenciosas de la ComisiónInteramericana. Tal participación puede ser aseguradamediante modificaciones que comenzamos a introduciren septiembre de 1996 en el [tercer] Reglamento de laCorte, seguidas de la cristalización del derecho deacceso directo (jus standi) de los individuos a lajurisdicción de la Corte Interamericana (o sea, a la justiciaen el plano internacional) mediante la adopción de unProtocolo Adicional (de enmiendas) a la ConvenciónAmericana sobre Derechos Humanos con estepropósito. Los necesarios avances en este sentido,acompañados por los recursos humanos y materialesindispensables y adecuados, convienen a todos, puestoque la vía jurisdiccional representa la forma másevolucionada y perfeccionada de la protección de losderechos humanos.

V. EL AMPLIO ALCANCE DELDERECHO DE ACCESO ALA JUSTICIA A NIVELINTERNACIONAL

En mi Informe del 19 de abril de 2002 ante laCAJP de la OEA, expresé mi entendimiento en el sentidode que

“El otorgamiento del locus standi in judicio delos peticionarios en todas las etapas delprocedimiento ante la Corte representa una etapamás y de las más importantes –de la evoluciónexperimentada por el sistema interamericano deprotección de los derechos humanos, a lo largode los años, de la cual hemos sido testigos yactores. Tengo la convicción de que elreconocimiento de la legitimatio ad causam delos individuos ante las instanciasinternacionales atiende a una necesidad delpropio ordenamiento jurídico internacional, nosólo en nuestro sistema regional de protección,sino también en el plano universal. Asistimos,en este inicio del siglo XXI, a un procesohistórico de humanización del propio DerechoInternacional contemporáneo”.De lo anteriormente expuesto se desprende el

amplio alcance del derecho de acceso a la justicia anivel internacional. Tal derecho no se reduce al accesoformal, stricto sensu, a la instancia judicial internacional.En realidad, el derecho de acceso a la justicia abarca el

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acceso a la Corte Interamericana, y encuéntrase implícitoen diversas disposiciones de la Convención Americana,además de permear el derecho interno de los EstadosPartes . El derecho de acceso a la justicia, dotado decontenido jurídico propio, significa, lato sensu, elderecho a obtener justicia. Configúrase, así, como underecho autónomo, a la propia realización de la justicia.

Uno de los componentes principales de esederecho es precisamente el acceso directo a un tribunalcompetente, independiente e imparcial, a niveles tantonacional como internacional. Si a dicho tribunal no sonatribuídos los recursos humanos y materiales necesariospara el ejercicio de sus funciones, se está privando alos justiciables del derecho de acceso a la justicia. Sinestos recursos necesarios, tal derecho se torna ilusorio.Como me permití señalar en una obra reciente, podemosaqui visualizar un verdadero derecho al Derecho, o sea,el derecho a un ordenamiento jurídico –a niveles tantonacional como internacional que efectivamentesalvaguarde los derechos fundamentales de la personahumana .

VI. LA JURISPRUDENCIA DELA CORTEINTERAMERICANA COMOPATRIMONIO JURÍDICODE TODOS LOS PAÍSES YPUEBLOS DE LA REGIÓN

He insistido, en esta presentación como en misanteriores intervenciones ante los órganos competentesde la OEA, en que la jurisprudencia de la CorteInteramericana constituye hoy un verdadero patrimoniojurídico de todos los países y pueblos de la región. Lamayor parte de esta jurisprudencia ha sido fruto de lalabor de la actual generación de Jueces que integran laCorte, con el inestimable apoyo de la Secretaría delTribunal. Para sostener este patrimonio jurídico, senecesitan hoy los recursos adicionales, imprescindibles,a los cuales me he referido en el curso de la presenteexposición. Velar por el funcionamiento satisfactorio delmáximo órgano judicial de derechos humanos de nuestraregión, dotándolo de los recursos necesarios al fieldesempeño de sus funciones, es un deber ineluctablede todos los Estados Partes en la Convención Americanay de todos los Estados Miembros de la OEA.

La función consultiva de la Corte Interamericana,como Ustedes saben, tiene una base jurisdiccionalamplia (artículo 64 de la Convención Americana), sinparalelos en el Derecho Internacional contemporáneo.Eso ha posibilitado al Tribunal ejercer dicha funcióncon frecuencia, pronunciándose sobre cuestiones de

gran relevancia tanto para la protección internacionalde los derechos humanos como para el propio ordenjurídico internacional, en el marco de su competenciaconsultiva.

La jurisprudencia de la Corte en materiaconsultiva ha efectivamente sentado los fundamentospara la interpretación adecuada de los tratados dederechos humanos como la Convención Americana, haaclarado puntos-clave de la operación del sistema deprotección (v.g., las reservas a aquellos tratados, laintangibilidad de las garantías judiciales en situacionesde emergencia, la admisibilidad de peticiones dederechos humanos, los informes de la ComisiónInteramericana), y ha identificado el contenido propio ylos efectos jurídicos de determinados derechosprotegidos por la Convención Americana (v.g., derechoa la libertad de expresión, derecho de rectificación orespuesta, derechos a garantías judiciales y a laprotección judicial, y, recientemente, hace algunassemanas, los derechos del niño).

Además, ha dado un aporte al desarrolloprogresivo del propio Derecho Internacional Públicocontemporáneo a la luz del impacto del DerechoInternacional de los Derechos Humanos endeterminadas áreas, como, v.g., la asistencia consular.Al respecto, la 16a. Opinión Consultiva de la CorteInteramericana (de 1999), verdaderamente pionera, estáinclusive sirviendo de inspiración para otros tribunalesinternacionales y para la jurisprudencia internacionalemergente, in statu nascendi, sobre la materia, como loviene reconociendo prontamente la bibliografíaespecializada, y está ejerciendo un impacto sensible enla práctica de los Estados de la región sobre la cuestión.

La jurisprudencia de la Corte Interamericana enmateria contenciosa, igualmente rica, a su vez, ademásde haber resuelto casos concretos, ha irradiado suinfluencia en los países de la región para elevar losestándares de comportamiento humano en las relacionesentre el poder público y los seres humanos. A veces hainclusive puesto fin a determinadas prácticas, y hagenerado cambios legislativos, de modo a armonizarloscon la normativa de protección de la ConvenciónAmericana. En la última media década se hanmultiplicado los casos cuyas implicaciones se hanmostrado transcendentales.

Para recordar algunos de ellos, el caso de los“Niños de la Calle” (Villagrán Morales y Otros), v.g.,es paradigmático, y ha atraído bastante atención en loscírculos jurídicos de la región. Los casos del TribunalConstitutional, de Ivcher Bronstein, y de Hilaire,Benjamin, y Constantine, se revisten de especialimportancia para el estudio de las bases de la jurisdicciónobligatoria de la Corte. Hay casos de gran trascendenciapor su densidad cultural, como lo son, por ejemplo, los

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de Bámaca Velázquez y de la Comunidad MayagnaAwas Tingni. Otro caso emblemático, para la libertad deexpresión, es el de la “Última Tentación de Cristo”(Olmedo Bustos y Otros). El caso de los Barrios Altosha sido considerado histórico, para la determinación dela incompatibilidad de determinadas disposicioneslegales con la Convención Americana. Y hay sucesivoscasos –a partir del de Castillo Páez– que son esencialespara el estudio de las garantías del debido proceso legaly del derecho a un recurso efectivo ante un tribunalnacional competente.

No han que pasar desapercibidos los casos enque los Estados han reconocido su responsibilidad bajola Convención Americana, contribuyendo de ese modos,positivamente, al desarrollo de nuestro sistema regionalde protección. Recuérdense, en ese sentido, a lo largode la última década, los casos Aloeboetoe, El Amparo,Garrido y Baigorria, Benavides Cevallos, ElCaracazo, Trujillo Oroza y Barrios Altos. Gracias a losreferidos allanamientos por parte de los Estados enestos casos, se ha podido pasar prontamente a la etapade reparaciones y se ha logrado, en uno de ellos, unasatisfactoria solución amistosa ante la propia Corte.

Además, el creciente número de medidasprovisionales de protección ordenadas por la CorteInteramericana en los últimos años, en casos de extremagravedad y urgencia, y para evitar daños irreparables alas personas, ha salvado vidas y protegido la integridadpersonal (física, psíquica y moral) de un total tambiéncreciente de individuos, alcanzando hoy cerca de 1500personas, lo que revela su extraordinario potencial comomedidas de salvaguardia de carácter preventivo. Hay,pues, en suma, que dotar la Corte Interamericana de losrecursos necesarios, imprescindibles, para que puedacontinuar a construir su ya rica jurisprudencia deprotección del ser humano en nuestro continente.

VII. CONCLUSIONESTal como lo señalé en ocasiones anteriores ante

los órganos competentes de la OEA, –y, recientemente,el día 04 de junio de 2002, en mi intervención ante elplenario de la Asamblea General de la OEA realizada enBarbados–, en nuestro sistema regional de protecciónsubsisten, en mi entender, cuatro prerrequisitos básicosde todo progreso real en el presente dominio deprotección, a saber: a) la ratificación de la ConvenciónAmericana por todos los Estados miembros de la OEA,o la adhesión a la misma; b) la aceptación (integral y sinrestricciones) por todos los Estados miembros de laOEA, de la jurisdicción obligatoria –automática– de laCorte Interamericana de Derechos Humanos; c) laincorporación de la normativa sustantiva (atinente alos derechos protegidos) de la Convención Americanaal derecho interno de los Estados Partes; y d) el fiel

cumplimiento de las sentencias y decisiones de la Cortepor los Estados Partes en la Convención Americana.

Como observé, en adición, en mi presentaciónante la CAJP de la OEA, el día 19 de abril pasado, laCorte está conciente de los retos actuales y futuros quehay que enfrentar. Veo con mucha claridad lasprovidencias que deben ser tomadas para elfortalecimiento de nuestro sistema regional deprotección, para operar en el ámbito de la universalidade indivisibilidad de todos los derechos humanos. Enprimer lugar, se impone, como acabo de indicar, laratificación de la Convención Americana y de sus dosProtocolos en vigor, o la adhesión a los mismos, portodos los Estados de la región. Los Estados que se hanautoexcluido del régimen jurídico del sistemainteramericano de protección de los derechos humanostienen una deuda histórica con el mismo que hay querescatar.

En mi exposición del pasado 17 de abril de 2002,en esta misma sede de la OEA en Washington D.C.,expresé mi convicción de que el real compromiso de unpaís con los derechos humanos internacionalmentereconocidos se mide por su iniciativa y determinaciónde tornarse Parte en los tratados de derechos humanos,asumiendo así las obligaciones convencionales deprotección en éstos consagradas. En el presente dominiode protección, los mismos criterios, principios y normasdeben valer para todos los Estados, jurídicamenteiguales, así como operar en beneficio de todos los sereshumanos, independientemente de su nacionalidad ocualesquiera otras circunstancias.

La segunda providencia reside en la adopciónde las medidas nacionales indispensables deimplementación de la Convención Americana, de modoa asegurar la aplicabilidad directa de las normas de laConvención en el derecho interno de los Estados Partesy el fiel cumplimiento de las decisiones de la Corte. Eltercer punto consiste en la aceptación integral de lacompetencia contenciosa de la Corte Interamericana portodos los Estados Partes en la Convención, acompañadade la previsión del automatismo de la jurisdicciónobligatoria de la Corte para todos los Estados Partes,sin restricciones.

Todo lo anterior debe venir necesariamenteacompañado de la adopción de las medidas nacionalesindispensables de implementación de la ConvenciónAmericana, para asegurar la aplicabilidad directa de lasnormas convencionales en el derecho interno de losEstados Partes y el fiel cumplimiento de las decisionesde la Corte. Mientras todos los Estados miembros de laOEA no ratifiquen la Convención Americana, no aceptenintegralmente la competencia contenciosa de la CorteInteramericana y no incorporen las normas sustantivasde la Convención Americana en su derecho interno,

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muy poco se avanzará en el fortalecimiento real delsistema interamericano de protección. Es poco lo quepueden hacer los órganos internacionales deprotección, si las normas convencionales desalvaguardia de los derechos humanos no alcanzan lasbases de las sociedades nacionales.

Al finalizar mi exposición del día de hoy, 16 deoctubre de 2002, en esta importante sesión ordinaria delConsejo Permanente de la OEA, estimo necesarioresumir los puntos esenciales de lo expuesto en mipresente Informe. En su resolución AG/RES.1701 (XXX-O/00) de 2000, la Asamblea General de la OEA solicitó ala Corte Interamericana de Derechos Humanos quereformara su Reglamento a la luz de las directricesindicadas en la misma, tal como la propia Corte veníacontemplando desde la entrada en vigor de su tercerReglamento (de 1996). La Corte Interamericana, despuésde un largo estudio, reformó su Reglamento, con el finde hacer más expedita la tramitación de los casos, sinperjuicio de la seguridad jurídica, y de tomar elimportante paso de asegurar la presencia y participaciónde las presuntas víctimas, o sus representantes legales,en todas las etapas del procedimiento ante el Tribunal.

La Corte emprendió esta reforma, –como mepermití señalar al inicio de mi exposición,– bajo elentendimiento de que existía un compromiso por partede los Estados Miembros de la OEA de acompañar dichareforma con un aumento presupuestario acorde con lasnuevas necesidades funcionales que de ahí surgirían.Dieciocho meses –o sea, un año y medio– después deintroducida, esta reforma no ha sido acompañada por elincremento correspondiente en el presupuesto de laCorte. De no hacerse el incremento presupuestario enel corto plazo, puede convertirse en reforma meramenteilusoria, ya que en vez de lograr una tramitación másexpedita de los casos se va a producir un estancamientoen la resolución de los mismos.

La adopción, por la Corte, de su cuartoReglamento, el del año 2000, se hizo acompañar depropuestas concretas para perfeccionar y fortalecer elmecanismo de protección bajo la ConvenciónAmericana sobre Derechos Humanos. Las alteracionesreglamentarias incidieron en la racionalización de losactos procesales, en materia probatoria y medidasprovisionales de protección; pero la modificación demayor transcendencia consistió en el otorgamiento departicipación directa de las presuntas víctimas, susfamiliares, o sus representantes legales, en todas lasetapas del procedimiento ante la Corte. En suReglamento de 2000, la Corte introdujo una serie dedisposiciones, sobre todo en relación con lasexcepciones preliminares, la contestación de la demanday las reparaciones, con miras a asegurar una mayorceleridad y agilidad en el proceso ante ella. La Corte

tuvo presente el viejo adagio “justice delayed is justicedenied”; además, al lograr un proceso más expedito,sin perjuicio de la seguridad jurídica, se evitarían costosinnecesarios, en beneficio de todos los actoresinvolucrados en los casos contenciosos ante la Corte.

En uno de los documentos que presenté elpasado mes de abril a consideración del ConsejoPermanente, se encuentran claramente señaladas lasnecesidades del Tribunal en materia presupuestaria ylos recursos que éste necesita a corto plazo(fortalecimiento de la Secretaría de la Corte, aumento delos períodos de sesiones y Corte semipermanente) y alargo plazo (Corte permanente). En los sucesivos yextensos Informes que, durante los últimos tres años(1999-2002), he presentado a este Consejo Permanente,a la CAJP y a la CAAP de la OEA, se encuentra toda lajustificación doctrinaria que fundamenta la evolucióninstitucional, reglamentaria y operativa del Tribunal, yque justifica los fondos requeridos en el documentoanteriormente citado. También ya me referí a los dosvoluminosos tomos publicados por la Corte, resultantesdel Seminario que realizó en 1999 y otras actividadesconexas, y, en particular, a la propuesta de la Cortetitulada “Bases para un Proyecto de Protocolo a laConvención Americana sobre Derechos Humanos, paraFortalecer Su Mecanismo de Protección”, de la cualtuve el honor de haber sido el relator (cf. supra).

Señores Embajadores y Representantes de losEstados Miembros de la OEA, ya hemos entregado aUstedes, en las literalmente centenas de páginas queconforman toda nuestra documentación, todos loselementos y la información de que necesitan para tomarlas decisiones políticas, jurídicas y presupuestariasnecesarias para fortalecer el sistema interamericano deprotección de los derechos humanos y, especialmentela Corte Interamericana de Derechos Humanos. La Corteha actuado a la altura de sus responsabilidades, con unmínimo de recursos. Cabe ahora a Ustedes tomar lasdecisiones correspondientes. La hora de pedir y recibirinformes ya terminó.

Tengo la confianza de que Ustedes tomarán lasdecisiones apropiadas acordes al momento históricoque vivimos y a las necesidades de protección denuestros habitantes y pueblos en materia de derechoshumanos. Señores Embajadores y Representantes delos Estados, ha llegado el momento, en la actual etapade evolución del sistema interamericano de protecciónde los derechos humanos, de tornar una realidad elderecho del ser humano de acceso directo a la justiciainternacional y de realización de esta justicia, así comode dotar la Corte Interamericana de los recursosnecesarios para actuar en una base semipermanente.Espero y confío en que procedan en consecuencia.

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Es este el llamado, respetuoso pero franco, queme permito hoy reformular a Ustedes, y que esperorepercuta debidamente en la conciencia jurídica de latotalidad de los Estados Miembros de la OEA. Altornarse Partes en la Convención Americana y demástratados de derechos humanos, los Estados de la regiónse comprometieron a contribuir a que la razón dehumanidad tenga primacía sobre la razón de Estado,tornando así los derechos humanos el lenguaje comúnde todos los individuos y pueblos de nuestra regióndel mundo. Cabe tomar todas las medidas para que losderechos protegidos por aquellos tratados seanrealmente efectivos. Sólo de ese modo lograremosconstruir un ordre public interamericano basado en lafiel observancia de los derechos humanos, emanadosdirectamente del ordenamiento jurídico internacional.Muchas gracias a todos por la atención con que me handistinguido.

VIII. ADDENDUMAl concluir los trabajos de esta memorable sesión

ordinaria del Consejo Permanente de la OEA, SeñorPresidente y Señores Embajadores y Representantesde los Estados Miembros de la OEA, quisiera agradecera las 16 Delegaciones que acaban de hacer uso de lapalabra, todas ellas en respaldo a la labor de la CorteInteramericana y al Informe que he tenido el honor depresentar la mañana de hoy ante este Consejo.Permítome destacar, entre las intervenciones de losEstados Miembros de la OEA, la propuesta a que seconfíe de inmediato a la CAAP de la OEA –con la cualme reuniré esta tarde– el estudio de un aumentosustancial del presupuesto de la Corte (Perú, Chile, ElSalvador, Antigua y Barbuda, República Dominicana,Venezuela, Honduras, Grenada y Brasil) y a que se confíede inmediato a la CAJP de la OEA –a la cual me dirigiréel día de mañana– el estudio de mi tesis del accesodirecto de los individuos a la Corte Interamericana (Perú),así como de mi propuesta para la creación de unmecanismo de monitoreo internacional del cumplimientode las sentencias de la Corte (México).

Tomo nota con satisfacción del firme respaldo amis consideraciones sobre la necesidad deuniversalización del sistema interamericano deprotección y de aceptación por todos los Estados Partesen la Convención Americana sobre Derechos Humanosde la competencia de la Corte Interamericana en materiacontenciosa (Chile, Costa Rica, México, Guatemala yBrasil), así como la importancia de la publicacióncontinuada de toda la jurisprudencia de la Corte (Méxicoy República Dominicana), y de la aplicabilidad directade las normas convencionales en el derecho interno delos Estados Partes (El Salvador). Coincido enteramentecon la posición de que es la propia OEA quien debe

asegurar, a través de su presupuesto regular, losrecursos adicionales para la Corte (Chile y Brasil).

Ya en mi extensa exposición de esta mañana, mepermití señalar que la Corte puede recibir las donacionesvoluntarias que se le hagan (como lo ha hecho, y porlas cuales está agradecida), pero no puede depender deellas para su funcionamiento permanente. Los fondosvoluntarios han sido y son utilizados para proyectosespecíficos, o para determinadas actividades. Pero laoperación regular y permanente de la Corte no puedeestar a la merced de donaciones voluntarias, pues deotro modo podría estar afectada la propia autonomíadel máximo Tribunal interamericano. Al igual que ocurrecon otros tribunales internacionales, es la organizacióninternacional respectiva que debe asegurarle losrecursos humanos y materiales indispensables para elfiel desempeño de sus funciones.

La Corte Interamericana entiende, en lo que leconcierne, que es una obligación insoslayable de lapropia OEA asumir, a través de su presupuesto regular,el costo del mantenimiento del Tribunal. Es este un deberineludible de la propia OEA, cuya labor contemporáneaen el dominio de la salvaguardia de los derechoshumanos es la razón mayor de su continuada existenciacomo nuestra Organización regional. Es este un punto-clave que trasciende la simple cuestión administrativade alocación de recursos materiales adicionales, porcuanto se encuentra ineluctable ligada a la realizacióndel propio derecho de acceso a la justicia internacionaly a la construcción de un verdadero ordre publicinteramericano basado en la plena observancia de losderechos fundamentales de la persona humana.

Reitero, pues, mis más sinceros agradecimientosa las 16 Delegaciones que intervienen en este rico yprolongado debate sobre mi Informe presentado estamañana ante este Consejo Permanente de la OEA, porlas manifestaciones unánimes de respaldo a la CorteInteramericana. No podría concluir estas palabras sinuna reflexión final. Tengo plena confianza en quetendremos todos el valor de avanzar en elperfeccionamiento y fortalecimiento del sistemainteramericano de protección, en las líneas de laspropuestas que me permití someter a la consideraciónde Ustedes.

En perspectiva histórica, de nuestro continenteamericano han emanado iniciativas que han enriquecidomucho el Derecho Internacional, a pesar de lasdificultades crónicas por que pasa nuestra región. Hayque rescatar, hoy día, los verdaderos valores que haninspirado tales iniciativas que han florecido en elcontinente americano a lo largo de las últimas décadas.No debemos jamás olvidar de que contamos con elvalioso –y varias veces pionero– aporte latinoamericanoa la doctrina y práctica del Derecho Internacional,

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reflejado en la consagración de los principios de laprohibición del uso de la fuerza, y de la igualdad jurídicade los Estados (en la Carta de las Naciones Unidas),entre tantas otras contribuciones a distintos capítulosdel Derecho Internacional, como los de la proteccióninternacional de los derechos humanos, de la soluciónpacífica de controversias internacionales, de lareglamentación de los espacios (sobre todo en el derechodel mar), del reconocimiento de Estados y Gobiernos, yde la propia codificación y desarrollo progresivo delDerecho Internacional.

Recuérdese, para evocar algunos ejemploshistóricos concretos, que la Declaración Americanasobre Derechos y Deberes del Hombre precedió en sietemeses la Declaración Universal de los DerechosHumanos de 1948, y la inserción en esta última delderecho a la justicia (artículo 8 de la DeclaraciónUniversal) se debió precisamente a una iniciativalatinoamericana. El principio básico de la prohibicióndel uso de la fuerza ya era propugnado por loslatinoamericanos más de cuatro décadas antes de laadopción de la Carta de las Naciones Unidas en 1945, osea, en la II Conferencia de Paz de La Haya en 1907.

En Centroamérica se estableció el primer tribunalinternacional permanente de la era moderna, la CorteCentroamericana de Justicia (1907-1917), que precedióla Corte Permanente de Justicia Internacional(antecesora de la Corte Internacional de Justicia). EnLatinoamérica se impulsaron con entusiasmo, a lo largode la primera mitad del siglo XX, algunos de los primerosesfuerzos de codificación del Derecho Internacional,con miras a buscar asegurar la eficacia de sus normas.Latinoamérica estableció la primera de las cuatro zonasdesnuclearizadas hoy existentes en el mundo, y hasiempre insistido en la proscripción de todas las armasde destrucción masiva, inclusive las nucleares. Y laspocas referencias expresas a la justicia y al DerechoInternacional que hoy se encuentran en la Carta de lasNaciones Unidas se debieron en gran parte a la iniciativa

y el firme respaldo, en este sentido, de las Delegacionesde los países latinoamericanos.

Los países latinoamericanos han actuado a laaltura de los desafíos de nuestros tiempos, y,acompañados por algunos países del Caribe, han dadoel buen ejemplo de ratificar la Convención Americanasobre Derechos Humanos y de aceptar la competenciaobligatoria de la Corte Americana de Derechos Humanosen materia contenciosa. Han demostrado ser posible,en medio a dificultades crónicas de orden material, lograrnotables avances en el derecho de gentes, comomanifestaciones de la conciencia jurídica universal,fuente material última de todo Derecho.

Todo el debate de la mañana de hoy ha sidoconducido en un espíritu verdaderamente constructivo,ejemplar, y revelador del entendimiento compartido portodos nosotros, presentes en este Consejo Permanentede la OEA, de que el fortalecimiento del sistemainteramericano de protección es una tarea común atodos: los Estados Partes en la Convención Americana,los órganos de supervisión de esta última, los EstadosMiembros de la OEA en general, los usuarios ybeneficiarios del sistema, además de la sociedad civilde todos nuestros países. Esta importante sesiónordinaria del Consejo Permanente de la OEA puedetornarse verdaderamente histórica, si lograr marcar elinicio –como sinceramente espero– de un nuevocapítulo en la evolución del sistema interamericano deprotección de los derechos humanos, y, en particular, elcomienzo de una Corte Interamericana fortalecida yoperando, a partir de ahora, en base semipermanente.La decisión está en las manos de Ustedes, la Corte hacumplido su parte. El predominio de los derechoshumanos es una tarea de todos. Muchas gracias por laatención.

Washington D.C.,16 de octubre de 2002.

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1. Cf. A.A. Cançado Trindade, “El Nuevo Reglamentode la Corte Interamericana de Derechos Humanos(2000): La Emancipación del Ser Humano comoSujeto del Derecho Internacional de los DerechosHumanos”, 30/31 Revista del InstitutoInteramericano de Derechos Humanos [2001] pp.45-71.

2. Y, anteriormente, de las recomendaciones del Grupode Trabajo ad hoc sobre los Derechos Humanosde los Representantes de los Cancilleres, adoptadasel día 11 de febrero de 2000.

3. Trátase del documento CP/CAJP-1921/02/Corr.1,“El Financiamiento del Sistema Interamericanode Derechos Humanos”, presentado por elPresidente de la Corte Interamericana, Juez AntônioA. Cançado Trindade, ante la CAAP, de la OEA, eldía 16 de abril de 2002, –documento éste que seencuentra actualizado a la fecha de su presentación.

4. Para los nostálgicos del pasado, me permito señalartan sólo un dato: el Informe Anual de la Corte,referente al año 1991, tiene 127 páginas; trascurridauna década, el Informe Anual de la Corte, relativoal año 2000, tiene 818 páginas; y el Informe Anualde la Corte, relativo al año 2001, por primera vez endos tomos, tiene 1277 páginas; y, aún más relevanteque el volumen de labor, es la calidad del trabajoque el Tribunal hoy día desarrolla. Lo hace encondiciones adversas, con un mínimo de recursoshumanos y materiales, y gracias a la dedicación detodos sus Magistrados, y al apoyo permanente desu Secretaría.

5. Es decir, la generación conformada por los Juecesque hoy día componen la Corte Interamericana, asaber: Antônio A. Cançado Trindade, Presidente;Alirio Abreu Burelli, Vicepresidente; MáximoPacheco Gómez; Hernán Salgado Pesantes; OliverJackman; Sergio García Ramírez; y Carlos Vicentede Roux Rengifo.

6. En el último bienio, la Corte ha señalado, en los dosúltimos proyectos de presupuesto transmitidos (en2000-2001) a la CAAP de la OEA (para los añosfiscales 2001-2002), la necesidad apremiante dedichos recursos adicionales, –en realidad, de unpresupuesto por lo menos cinco veces mayor queel actual.

7. Cf. OEA, documento OEA/Ser.G-CP/doc.3407/01,del 23.01.2001, p. 3.

8. Cf., recientemente, Council of Europe, Report ofthe Evaluation Group to the Committee ofMinisters on the European Court of Human Rights,Strasbourg, C.E., 27.09.2001, pp. 30-32.

9. OEA, Presentación del Presidente de la CorteInteramericana de Derechos Humanos, JuezAntônio A. Cançado Trindade, ante la Comisiónde Asuntos Jurídicos y Políticos del ConsejoPermanente de la Organización de los EstadosAmericanos, en el Marco del Diálogo sobre elFortalecimiento del Sistema Interamericano deProtección de los Derechos Humanos: - “Hacia laConsolidación de la Capacidad JurídicaInternacional de los Peticionarios en el SistemaInteramericano de Protección de los DerechosHumanos” (del 19.04.2002), documento OEA/Ser.G/CP/CAJP-1933/02, del 25.04.2002, pp. 24-25.

10. Para un estudio, cf. A.A. Cançado Trindade, “LasCláusulas Pétreas de la Protección Internacionaldel Ser Humano: El Acceso Directo de losIndividuos a la Justicia a Nivel Internacional y laIntangibilidad de la Jurisdicción Obligatoria de losTribunales Internacionales de Derechos Humanos”,in El Sistema Interamericano de Protección delos Derechos Humanos en el Umbral del Siglo XXI–Memoria del Seminario (Nov. 1999), tomo I, SanJosé de Costa Rica, Corte Interamericana deDerechos Humanos, 2001, pp. 3-68; A.A. CançadoTrindade, “La perspective trans-atlantique: Lacontribution de l’oeuvre des Cours internationalesdes droits de l’homme au développement du droitpublic international”, in La Conventioneuropéenne des droits de l’homme à 50 ans–Bulletin d’information sur les droits de l’homme,n. 50 (numéro spécial), Strasbourg, Conseil del’Europe, 2000, pp. 8-9 (publicado tambiém en otrosidiomas del Consejo de Europa).

11. Cf. A.A. Cançado Trindade, “El SistemaInteramericano de Protección de los DerechosHumanos (1948-1995): Evolución, Estado Actual yPerspectivas”, in Derecho Internacional yDerechos Humanos/Droit international et droitsde l’homme (Libro Conmemorativo de la XXIVSesión del Programa Exterior de la Academia deDerecho Internacional de La Haya, San José deCosta Rica, abril/mayo de 1995 - eds. D. Bardonnety A.A. Cançado Trindade), La Haye/San José, IIDH/Académie de Droit International de La Haye, 1996,pp. 47-95, esp. pp. 78-89.

NOTAS

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12. Cf. Informe: Bases para un Proyecto de Protocoloa la Convención Americana sobre DerechosHumanos, para Fortalecer Su Mecanismo deProtección (Relator: A.A. Cançado Trindade), tomoII, San José de Costa Rica, Corte Interamericana deDerechos Humanos, 2001, pp. 1-669.

13. Los alegatos, en forma autónoma, de las presuntasvíctimas (o sus representantes o familiares), debennaturalmente formularse ateniéndose a los términosde la demanda (es decir, a los derechos que se alegaen la demanda haber sido violados), porque, –comolos procesalistas no cansan de siempre repetir(invocando las enseñanzas sobre todo de losmaestros italianos), lo que no está en el expedientedel caso no está en el mundo...

14. En defensa de esta posición (que ha logrado superarresistencias, sobre todo de los nostálgicos delpasado, inclusive dentro del propio sistemainteramericano de protección), cf. mis escritos: A.A.Cançado Trindade, “El Sistema Interamericano deProtección de los Derechos Humanos (1948-1995)...”, op. cit. supra n. (11), pp. 47-95; A.A.Cançado Trindade, “The Consolidation of theProcedural Capacity of Individuals in the Evolutionof the International Protection of Human Rights:Present State and Perspectives at the Turn of theCentury”, 30 Columbia Human Rights Law Review–New York (1998) n. 1, pp. 1-27; A.A. CançadoTrindade, “The Procedural Capacity of theIndividual as Subject of International Human RightsLaw: Recent Developments”, in Karel VasakAmicorum Liber– Les droits de l’homme à l’aubedu XXIe siècle, Bruxelles, Bruylant, 1999, pp. 521-544; A.A. Cançado Trindade, “Las Cláusulas Pétreasde la Protección Internacional del Ser Humano...”,op. cit. supra n. (10), pp. 3-68; A.A. CançadoTrindade, “El Nuevo Reglamento de la CorteInteramericana de Derechos Humanos (2000): LaEmancipación del Ser Humano como Sujeto delDerecho Internacional de los Derechos Humanos”,30/31 Revista del Instituto Interamericano deDerechos Humanos (2001), pp. 45-71.

15. A.A. Cançado Trindade, El Acceso Directo delIndividuo a los Tribunales Internacionales deDerechos Humanos, Bilbao, Universidad deDeusto, 2001, pp. 17-96; A.A. Cançado Trindade,“A Personalidade e Capacidade Jurídicas doIndivíduo como Sujeito do Direito Internacional”,in Jornadas de Derecho Internacional (UNAM,Ciudad de México, diciembre de 2001), WashingtonD.C., Secretaría General de la OEA, 2002, pp. 311-347.

16. A.A. Cançado Trindade, El Derecho Internacionalde los Derechos Humanos en el Siglo XXI,Santiago, Editorial Jurídica de Chile, 2001, pp. 15-427; A.A. Cançado Trindade, Tratado de DireitoInternacional dos Direitos Humanos, tomo I, PortoAlegre/Brasil, S.A. Fabris Ed., 1997, pp. 1-486; tomoII, 1999, pp. 1-440; y tomo III, 2002, pp. 1-651.

17. OEA, Presentación del Presidente de la CorteInteramericana de Derechos Humanos, JuezAntônio A. Cançado Trindade, ante la Comisiónde Asuntos Jurídicos y Políticos del ConsejoPermanente de la Organización de los EstadosAmericanos, en el Marco del Diálogo sobre elFortalecimiento del Sistema Interamericano deProtección de los Derechos Humanos: - “Hacia laConsolidación de la Capacidad JurídicaInternacional de los Peticionarios en el SistemaInteramericano de Protección de los DerechosHumanos” (del 19.04.2002), documento OEA/Ser.G/CP/CAJP-1933/02, del 25.04.2002, p. 3.

18. En ese sentido, cf. E.A. Alkema, “Access to Justiceunder the ECHR and Judicial Policy - A NetherlandsView”, in Afmaelisrit pór Vilhjálmsson, Reykjavík,Bókaútgafa Orators, 2000, pp. 21-37.

19. A.A. Cançado Trindade, Tratado de DireitoInternacional dos Direitos Humanos, tomo III,Porto Alegre/Brasil, S.A. Fabris Ed., 2002, cap. XX,par. 187.

20. Cf. nota (5), supra.

21. Cf., v.g., G. Cohen-Jonathan, “Cour Européenne desDroits de l’Homme et droit international général(2000)”, 46 Annuaire français de Droitinternational (2000) p. 642; M. Mennecke,“Towards the Humanization of the ViennaConvention of Consular Rights - The LaGrand Casebefore the International Court of Justice”, 44German Yearbook of International Law/Jahrbuchfür internationales Recht (2001) pp. 430-432, 453-455, 459-460 y 467-468; Ph. Weckel, M.S.E. Helaliand M. Sastre, “Chronique de jurisprudenceinternationale”, 104 Revue générale de Droitinternational public (2000) pp. 794 y 791; Ph.Weckel, “Chronique de jurisprudenceinternationale”, 105 Revue générale de Droitinternational public (2001) pp. 764-765 y 770.

22. CtIADH, “Prólogo del Presidente de la CorteInteramericana de Derechos Humanos (JuezAntônio A. Cançado Trindade)”, in MedidasProvisionales, tomo III, Serie F, 2002, párrs. 21 y 27.

23. Documento OEA/CP/CAJP-1921/02/Corr.1, queanexo a esta presentación.

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24. A saber, por orden de intervención: Perú, Chile,Uruguay, Costa Rica, El Salvador, México, Antiguay Barbuda, Colombia, República Dominicana,Guatemala, Venezuela, Honduras, Panamá,Nicaragua, Grenada y Brasil.

25. Como la Corte Europea de Derechos Humanos, elTribunal de Justicia de la Unión Europea, la CorteInternacional de Justicia, entre otros.

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RESENHA DO LIVRO: CRIANÇAS EADOLESCENTES: JURISPRUDÊNCIA DA CORTEINTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS.

RIO DE JANEIRO: CEJIL, 2003, 237 pp.

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •ANA LAURA BECKER DE AGUIARBacharelanda em Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB).

O presente livro é uma iniciativa do Centro pelaJustiça e o Direito Internacional (CEJIL), umaorganização não-governamental com fins nãolucrativos, que se dedica à promoção dos direitoshumanos nos países do hemisfério americano. O livroreúne a jurisprudência da Corte Interamericana deDireitos Humanos relativa às crianças e adolescentesna forma de compilação das sentenças, de mérito e dereparações, do Caso Villagrán Morales e Outros versusGuatemala (“Meninos de Rua”) e da OpiniãoConsultiva sobre a Condição Jurídica e os DireitosHumanos da Criança (OC-17). A iniciativa contribuipara promoção da proteção dos direitos humanos dascrianças e adolescentes no Brasil à medida que permiteuma ampla difusão, pela primeira vez em português, dajurisprudência da Corte Interamericana de DireitosHumanos referente ao tema.

O caso “Meninos de Rua” foi apresentado pelopróprio CEJIL e pela Casa Alianza, organização dedicadaà reabilitação e defesa de crianças de rua. No referidocaso, foram denunciados os homicídios de cinco“meninos de rua”, bem como a tortura e seqüestro dequatro deles. A Corte considerou que havia evidênciasnumerosas e concorrentes de que tais atos foramperpetrados por dois agentes da Polícia Nacional.Considerou comprovado, também, que quatro dosjovens foram detidos, arbitrariamente, em plena luz dodia, sem que lhes fosse garantido o direito de acesso àjustiça. Concluiu que após terem sido indevidamentedetidos, os meninos ficaram retidos, clandestinamente,durante um período que pode ter variado entre 10 e 21horas, no qual considerou “razoável inferir que, aindaque não tenham sido apresentadas outras evidências arespeito, o tratamento que receberam durante aquelashoras foi agressivo ao extremo”.1 Após os homicídios,os corpos dos meninos foram abandonados em umbosque. Tal prática é considerada per se como um

tratamento desumano e afeta, não apenas as vítimasdiretas, mas as indiretas (familiares das vítimas).

A Corte assinalou a gravidade do caso devidoao fato das vítimas serem jovens e, principalmente, porserem, três delas, menores de idade. Ao avaliar o casoquanto ao mérito, a Corte considerou não apenas aConvenção Americana de Direitos Humanos comotambém a Convenção Interamericana para Prevenir ePunir a Tortura e a Convenção dos Direitos da Criançadas Nações Unidas. Essa prática reflete odesenvolvimento do direito internacional no sentidode conferir uma interpretação ampla e completa dodireito, abarcando todo corpus juris internacionalreferente ao tema, segundo a idéia de que uma Cortenão pode ignorar a evolução e o enriquecimento doconjunto do sistema jurídico vigente no momento emque se aplica a interpretação para o fiel desempenho desuas funções.2

A Corte concluiu, ainda, que houve violação dodireito à vida não apenas pela constatação de privaçãoarbitrária da vida de todos os meninos assassinados,mas também pela violação da obrigação positiva doEstado em proteger e preservar esse direito. Essaasserção deu-se, primeiro, pelo fato de os própriosvioladores serem agentes do Estado, o que levou a Cortea considerar que os cinco homicídios são,necessariamente, imputáveis ao próprio Estado.Segundo, pela inexistência de medidas de proteçãocontra essa violação. Essa decisão da Corte reconhecea amplitude do direito à vida e fortalece os direitoseconômicos, sociais e culturais à medida que indica quesua observância é condição necessária para assegurara completa realização do direito à vida.

Quanto aos direitos violados das crianças, deve-se destacar a seguinte afirmação da Corte: “...quandoos Estados violam, nesses termos, os diretos dascrianças em situação de risco, como os ‘meninos de

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rua’, os fazem vítimas de uma dupla agressão”.3 Aprimeira agressão caracteriza-se pela não garantia porparte do Estado das condições mínimas necessárias paraque os meninos de rua desenvolvam uma vida digna esua personalidade. O Estado, ao permitir que suascrianças vivam em condições de miséria e pobreza, nãolhes garante o direito de desenvolver um projeto devida, afetando, assim, não apenas o futuro delesmesmos, mas da própria sociedade. Como destacou ojuiz Antônio Augusto Cançado Trindade, presidenteda Corte à época: “um mundo que abandona suascrianças nas ruas não tem futuro; já não possibilita criare desenvolver um projeto de vida”.4 Por sua vez, asegunda agressão caracteriza-se por o Estadoguatemalteco atentar contra a integridade física,psíquica e moral, e mesmo contra a própria vida dasvítimas.

O caso “Meninos de Rua” adquire valor aindamais emblemático e inovador quanto às decisõestomadas na sentença de reparações. Além de reparaçõesdos danos na via pecuniária tendo em vistaindenizações por danos materiais e compensações pordanos morais, a Corte estabeleceu formas de reparaçõesnão-pecuniárias as quais centram-se nas vítimas e noseu sofrimento.5 Essa prática demonstra uma tendênciaque acompanha o desenvolvimento da proteção dosdireitos humanos à medida que resgata a centralidadedo ser humano e seu bem-estar como foco do direitodas gentes, ou aquilo que o juiz Antônio AugustoCançado Trindade chamou de “processo em curso danecessária humanização do Direito Internacional”.6

Assim sendo, a Corte decidiu que o Estado da Guatemaladevia designar um centro educativo com um nomealusivo às jovens vítimas, e colocar, no mencionadocentro, uma placa com os nomes das últimas.7 Essadecisão visa, portanto, despertar a consciência nosentido de evitar repetição do ocorrido e conservar vivaa memória das vítimas.

Além disso, a Corte decidiu que o Estado deviaoferecer os recursos e adotar as demais medidasnecessárias para o translado dos restos mortais davítima, Henry Giovanni Contreras, e sua posteriorinumação no local de escolha de seus familiares. Adecisão buscou, ainda, respeitar os costumes e crençasdos familiares das vítimas, garantindo-lhes um alívio deseu sofrimento por meio do respeito à suaespiritualidade.

Enfim, o caso “meninos de rua” destaca-se pelascaracterísticas especiais das vítimas apontando parauma evolução da proteção dos direitos humanos tendoem vista que confere acesso à justiça àqueles indivíduosque sofrem de sistemática exclusão, em todos osâmbitos, inspirando esperança no sistema de proteçãointeramericano de direitos humanos.

A Opinião Consultiva nº 17 (OC-17), de 28 deagosto de 2002, sobre a Condição Jurídica e DireitosHumanos da Criança, insere-se nesse mesmo contextode evolução do direito internacional dos direitoshumanos. Nesse sentido, ao opinar que as crianças sãotitulares de direito e não apenas objeto de proteção, aCorte reafirma e consolida a concepção do ser humanocomo sujeito de direito internacional. Dessa forma, aopinião contribui para a “cristalização da personalidadejurídica internacional do ser humano e do advento dacriança como sujeito de direitos no planointernacional”.8

A OC-17 responde a consulta da ComissãoInteramericana de Direitos Humanos sobre ainterpretação dos artigos 8 e 25 da ConvençãoAmericana de Direitos Humanos referentes,respectivamente, às garantias judiciais e à proteçãojudicial. O objetivo da consulta era de determinar se asmedidas especiais estabelecidas no artigo 19 da mesmaConvenção, referente aos direitos das crianças,constituem “limites ao arbítrio ou à discricionariedadedos Estados em relação aos menores” e de formular“critérios gerais válidos sobre a matéria dentro doslimites da Convenção”.9

A Comissão Interamericana argumentou que suaconsulta tem como precedente a restrição oumenosprezo dos direitos de garantias judiciais e deproteção judicial devido à assunção, por parte de algunsEstados, que a obrigação de proteção pelo Estado parasuprir a falta de juízo dos menores (as medidas deproteção estabelecidas no artigo 19 da ConvençãoInteramericana) pode passar para segundo plano avigência desses direitos e garantias. Assim sendo, háuma prática de interpretação das medidas especiais deproteção que leva a um enfraquecimento do efetivorespeito aos direitos estabelecidos na Convenção e,principalmente, dos direitos da criança. Destarte, a Cortefornece uma rica análise sobre os mencionados artigosda Convenção e sobre os direitos das crianças, em geral,no sentido de estabelecer qual é a correta interpretaçãode tais garantias e promover o adequado respeito aosdireitos e garantias estabelecidos na ConvençãoAmericana sobre Direitos Humanos.

Destaca-se da presente consulta a opinião daCorte de que as crianças são titulares de direitos noplano internacional e, portanto, possuem personalidadejurídica internacional. Tal opinião fortalece a titularidadejurídica internacional do ser humano e acompanha odesenvolvimento do direito internacional rumo àemancipação jurídica do mesmo.

Ressalta-se ainda, a opinião de que a expressãode que os “interesses superiores da criança” deve serentendida como critérios norteadores para a elaboração

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e aplicação de normas. Essa interpretação ressalta ointeresse particular da criança e sua vontade própriadistinguindo-a da de seus responsáveis ecaracterizando-a como elemento assegurador dapersonalidade jurídica particular da criança.

Destaca-se, também, a importância da efetivagarantia dos artigos 17 e 19 da Convenção Americana(acerca dos direitos de proteção à família e da criança,respectivamente) e o dever dos Estados-parte daConvenção Americana de Direitos Humanos de“tomarem medidas positivas que assegurem a proteçãodas crianças contra maus tratos, seja na sua relaçãocom as autoridades públicas, ou nas relações pessoaisou com agentes não estatais”.10 Essa obrigação expressaa idéia de uma responsabilidade de proteção erga omnesà medida que impõe aos Estados-parte o dever degarantir o exercício do gozo dos direitos dos indivíduos,face ao poder do Estado, e também, às ações de terceirosparticulares.

Enfim, a presente opinião esclarece, que “o fatode as crianças não desfrutarem de plena capacidadejurídica para atuar, e que tenham que exercer seus direitospor meio de outras pessoas, não as priva de suacondição jurídica de sujeitos de direito”,11 consolidando,assim, a personalidade jurídica internacional dascrianças frente a qualquer limitação de sua capacidadejurídica.

Assim, verifica-se que a presente coletâneaconstitui-se numa excelente ferramenta para a proteçãodos direitos humanos, possibilitando divulgação damais recente jurisprudência e do desenvolvimento dodireito internacional e, mais especificamente, do direitointernacional dos direitos humanos. Quiçá esse materialpossa ser instrumento que viabilize uma maiorconscientização sobre a matéria e o fortalecimento daproteção dos direitos humanos no Brasil.

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1. Um relatório da Anistia Internacional incorporadoao processo e que não foi contestado pelo Estado,assinalou que “os cadáveres apresentavam sinaisde tortura: haviam-lhes cortado as orelhas e a língua,e haviam-lhes queimado ou tirado os olhos”. CorteInteramericana de Direitos Humanos, casoVillagrán Morales e Outros versus Guatemala,Sentença (quanto ao mérito) de 19.11.1999, Série C,n.63 par. 159.

2. O direito à informação sobre assistência consularno marco da garantia do devido processo legal.Opinião Consultiva OC-16/99 de 1º de outubro de1999. Série A Nº 16. pars 58 e 113-115.

3. Corte Interamericana de Direitos Humanos, casoVillagrán Morales e Outros versus Guatemala,Sentença (quanto ao mérito) de 19.11.1999, Série C,n.63 par. 191.

4. Corte Interamericana de Direitos Humanos, casoVillagrán Morales e Outros versus Guatemala,Sentença (quanto às reparações) de 26.05.2001,Série C, n.77, voto arrazoado do juiz AntônioAugusto Cançado Trindade, par. 21.

5. Essa decisão possui caráter bastante inovador umavez que, ao contrário da clássica doutrina dopunitive damage americano, centrada na punição

do causador do dano, focaliza-se nas vítimas, tantodiretas quanto indiretas.

6. Corte Interamericana de Direitos Humanos, OpiniãoConsultiva sobre a Condição Jurídica e os Direitosdos Trabalhadores Indocumentados, OC-18/03 de17 de Setembro de 2003, Série A, n.18, votoarrazoado do juiz Antônio Augusto CançadoTrindade. par. 89.

7. Quais sejam: Anstraum Aman Villagrán Morales,Julio Roberto Caal Sandoval, Jovito Josué JuarezCifuentes, Henry Giovanni Contreras e FedericoClemente Figueroa Túnchez.

8. Corte Interamericana de Direitos Humanos, supranota 3, voto arrazoado do juiz Antônio AugustoCançado Trindade capítulos II e IV. pp. 188-194 e201-205.

9. Corte Interamericana de Direitos Humanos, OpiniãoConsultiva sobre Condição Jurídica e DireitosHumanos da Criança, OC-17/02 de 28 de agosto de2002, Série A, n.17, par. 1.

10. Corte Interamericana de Direitos Humanos, supranota 9, opinião n. 9.

11. Ibid. Voto concorrente do Juiz A. A. CançadoTrindade, par. 53.

NOTAS

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LAS TRES VERTIENTES DE LA PROTECCIÓNINTERNACIONAL DE LOS DERECHOS DE LAPERSONA HUMANA, ED. PORRÚA, MÉXICO,

2003, 169 PP. (CANÇADO TRINDADE, ANTÔNIOAUGUSTO; PEYTRIGNET, GÉRARD Y RUÍZ DE

SANTIAGO, JAIME)• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •SERGIO GARCÍA RAMÍREZJuez y Presidente de la Corte Interamericana de Derechos Humanos.

Por diversos motivos me satisface compartir estapresentación de una obra de tres internacionalistasdistinguidos: Antônio Cançado Trindade, cuyo texto –y las ideas en las que se sustenta– será la materiaprincipal de estas reflexiones, Gérard Peytrignet, que hadesplegado una intensa actividad bajo las banderas –por tantos conceptos respetables– del ComitéInternacional de la Cruz Roja, y Jaime Ruíz de Santiago,mi apreciado compatriota, que libra batallas de buensamaritano en la trinchera del Alto Comisionado de lasNaciones Unidas para los Refugiados. Desde luego, esun honor sentarme a la mesa que recibe a dos notablesuniversitarios: don Héctor Fix-Zamudio, celebradomaestro de muchas generaciones, que ha dejado unahonda huella en el desarrollo del Derecho patrio, y donFernando Serrano Migallón, historiador y jurista –porambos títulos comprometido con las instituciones delDerecho de gentes– que ahora conduce con mano firmey prudente la Facultad de Derecho de nuestraUniversidad Nacional Autónoma de México.

A ese motivo de satisfacción añado lahospitalidad de otra casa de estudios muy respetable yapreciada, la Universidad Iberoamericana, que me harecibido en sus aulas y en sus programas. Estainstitución, con espíritu ignaciano, ha sabido pugnarpor los derechos humanos y rescatar las mejores causasde esta dedicación primordial. No sólo dispone de unpostgrado precursor en aquella especialidad, sino hapromovido con ánimo renovador el estudio y lainvestigación de temas entrañados en los derechoshumanos, entre ellos la justicia penal internacional.Sobre ésta –adoptada como objeto de estudio, perotambién como proyecto necesario, en horas inciertas–la Iberoamericana ha patrocinado publicacionesexcelentes, que abren el camino a la incipientebibliografía nacional sobre un tema ampliamente

cultivado en otros medios por instituciones y tratadistasde nuestra lengua.

La referencia que hago a la UniversidadIberoamericana me lleva a dos profesores que honransus aulas con dedicación: doña Loretta Ortiz Ahlf,directora de la Escuela de Derecho y autora de unDerecho internacional público, y don SantiagoCorchera Cabezut, autor de un Derecho constitucionaly Derecho internacional de los Derechos humanos.Además de apoyar en las aulas el celo jushumanista delos jóvenes estudiantes, ambos se han sumado a lastareas del ombudsman mexicano: la doctora Ortiz, en elConsejo Consultivo de la Comisión Nacional deDerechos Humanos, y el doctor Corcuera, en elorganismo equivalente de la Comisión de DerechosHumanos del Distrito Federal.

Aquellos profesores de la UNAM y estos de laIberoamericana, como yo mismo, nos hallamos aquí entorno a una obra común compuesta por tres capítulosunidos con íntima coherencia. En ellos se suministranotras tantas versiones sobre lo que Ortiz Ahlf y CorcueraCabezut destacan bajo el rubro de “Derechointernacional de la protección de la persona humana”.A éste se refieren las vertientes que analizan loscoautores. Este libro sabrá atraer la atención de losestudiosos de nuestro país, como ha conseguido elinterés de estudiantes, especialistas y aplicadores delDerecho en otras latitudes. Celebro la iniciativa editorialque pone en nuestras manos una obra que fuerapublicada en portugués –como señala su prólogo– bajolos auspicios del prestigiado Instituto Interamericanode Derechos Humanos.

No puedo dejar de lado las advertencias queadelanta el prólogo de Ortiz Ahlf y Corcuera Cabezut,tanto en lo que respecta a los participantes en el libro

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colectivo, como en lo que concierne al tiempo y a lascircunstancias en los que éste aparece, que en ciertomodo son su signo del zodiaco. Es oportuna lapublicación porque se hace cuando conviene insistirvoluntariosamente en el tema que aborda: una hora debatalla para preservar la intención, el espíritu, elproyecto humanista y justiciero que anima al Derechode gentes, que corre el más grave riesgo. Los golpes demano no suplantan las ideas ni derogan las buenasintenciones, pero pueden retrasar su implantación en lavida y empañar los pasos que varias generaciones dieronen torno al pensamiento que ilumina la Carta de lasNaciones Unidas y la Declaración Universal de losDerechos Humanos.

Gérard Peytrignet desarrolla un panoramailustrativo sobre el Derecho internacional humanitario,sustentado en la antigua idea grociana –conprecedentes milenarios– de que también en la guerra semantiene viva la dignidad humana y se pone límites alímpetu de los contendientes. El tratadista, que recuerdala raíz de aquel nuevo Derecho en la terrible experienciade Solferino, lo define como el “cuerpo de normasjurídicas de origen convencional o consuetudinario,específicamente aplicable a los conflictos armados,internacionales o no internacionales, que limita, porrazones humanitarias, el derecho de las partes enconflicto de escoger libremente los métodos y losmedios utilizados en la guerra, evitando que las personasy los bienes legalmente protegidos sean afectados”.

Jaime Ruíz de Santiago distribuye en dos partessu maciza contribución a la obra. La primera se dedica ala protección jurídica internacional de la personahumana, en el doble plano universal y regional, y lasegunda se aplica al examen de la proteccióninternacional de los refugiados, otra rama poderosa –pero siempre asediada– de aquella tutela. En el curso desus reflexiones, el tratadista pondera el recorrido queva del llamado “pasaporte Nansen” –en homenaje aquien convocó a pueblos y gobiernos, desde la tribunade la Sociedad de las Naciones, a “rodear al mundo conuna cadena de hermandad”– hasta la Convención deGinebra de 1951 y el Protocolo de 1967. En el terrenominado que abarca el Derecho internacional de losrefugiados, se halla en juego la “dignidad de la personahumana”, como bien expresa, al cabo de su texto, Ruízde Santiago.

El tercer capítulo de la obra colectiva –según elorden de aparición en la escena, como se acostumbradecir en otro género de obras– se debe a AntônioCançado Trindade. En él analiza detalladamente lasvertientes de la protección internacional de la personahumana y tiende los puentes que las comunican. A partirde un análisis particular de aquéllas, de su sentido, desu ámbito material y subjetivo, examina aproximaciones

y convergencias que le permiten establecer una visiónunitaria particularmente útil si se quiere, como en efectoqueremos, conferir el más amplio alcance al mantoprotector del Derecho de gentes y la más dilatadavigencia a sus principios, programas y preceptos. Eneste sentido, el autor asegura que “ni el Derechointernacional humanitario, ni el Derecho internacionalde los refugiados, excluyen la aplicación concomitantede las normas básicas del derecho internacional de losderechos humanos”. En seguida, estudia aquellasaproximaciones y convergencias en los planosnormativo, hermenéutico y operativo. El estudio sedesenvuelve sobre los órdenes regionales de Europa yAmérica y sobre el plano mundial. La conclusión esenfática: “La visión fraccionada de las tres grandesvertientes de la protección internacional de la personahumana se encuentra hoy definitivamente superada (…)Cabe seguir avanzando en esta dirección”.

Puesto que la presentación de esta obra, porparte de la Universidad Iberoamericana, se hace enoportunidad de una visita a México de mi buen amigo,el profesor Antônio Cançado Trindade, quisiera referirmecon mayor detalle a la personalidad y a la tarea de esteinternacionalista brasileño, cuyo trabajo no se encierraen las fronteras de su enorme país –que tienedimensiones continentales–, sino ha trascendido esoslinderos y hoy posee relevancia internacional.

Conocí a don Antônio personalmente en midesempeño como juez de la Corte Interamericana deDerechos Humanos. El profesor Cançado integró estetribunal, por primera vez, en calidad de juez ad-hoc paraintervenir en un caso célebre: Aloeboetoe y otros vs.Suriname, fallado en diciembre de 1991. He compartidocon él las andanzas, venturas y desventuras de estajurisdicción internacional a lo largo de casi seis años,desde que llegué a continuar –sin su enjundia personaly profesional– la tarea cumplida durante doce por micompatriota, el profesor Fix-Zamudio. Entonces,Cançado Trindade era Vicepresidente del tribunal, en elque ahora se desempeña como infatigable Presidente.Mi pertenencia a la Corte me ha dado la oportunidad deconocer mejor a Cançado Trindade, verle y estimarle ensu ejercicio judicial –sustentado en un sólido cimientoacadémico, difícilmente igualable– y secundarle,modestamente, en algunas tareas.

Ser Presidente de un tribunal internacional –peroespecialmente de este tribunal– no es misión sencilla.Lo sabe bien el doctor Fix-Zamudio, que lo fue, y lo viveCançado Trindade, que lo es. Se diría que esa Presidenciarepresenta un gran honor, e incluso que puede constituirel punto culminante de una vida aplicada a la justicia.Cierto, pero eso no es todo. Quien preside la CorteInteramericana también debe cifrar su desvelo e invocarsu buena suerte en el trabajo cotidiano de abastecer la

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Corte con los recursos, la comprensión y la confianzade la comunidad internacional y de las comunidadesnacionales. Aquélla debe favorecer el desarrollo y lafortaleza del tribunal, y éstas deben aceptar la novedadinternacional y ensanchar el horizonte, a menudoreticente, de la tutela jurisdiccional de los derechos desus integrantes. Los Estados son –o debieran ser– losaliados naturales en la empresa de construir un sistemainternacional protector de aquellos derechos, queconstituya, por eso mismo, el signo de un compromisopolítico, jurídico y moral.

La Corte Interamericana es joven todavía. Dosdécadas no son mucho en la vida de una institución desu naturaleza: apenas el tiempo de nacer, establecerse,dar algunos pasos en el sentido de su vocación yacreditar su necesidad y su beneficio. En los años deesta etapa juvenil, la Corte ha podido construir unajurisprudencia vigorosa, que crece y avanza en temastradicionales y novedosos. En el corpus juris dedieciocho opiniones consultivas –dos de ellassolicitadas por México; la última, emitida hace pocosdías– y decenas de sentencias sobre excepcionespreliminares, puntos de fondo y reparaciones, la Corteha sustentado los criterios de la nueva jurisprudenciainternacional, que constituye –para decirlo en palabrasdel propio Cançado Trindade– un patrimonio jurídicode los países americanos. En esta misión tiene un lugardescollante el actual Presidente del Tribunal.

Hace más de medio siglo se instituyó la otrajurisdicción internacional de derechos humanos,fundada sobre la Convención de Roma. Estaba muycerca la experiencia de la Segunda Guerra, que habíapuesto al mundo en la frontera del abismo. El incendioque cundió en Europa tuvo la virtud de agitar lasconciencias y reivindicar la condición primordial de losderechos del ser humano y la imperiosa necesidad deprotegerlos. Son, es verdad, prenda de la dignidad delhombre, pero también condición de subsistencia denuestra especie. Esa emergencia de las ideas, de lossentimientos, de las esperanzas, creó una circunstanciafavorable al reconocimiento de los derechosfundamentales y al desarrollo de unos medios de tutelaque culminarían en el orden internacional eldesenvolvimiento iniciado –y a menudo frustrado, comose vio antes de entonces y se ha visto luego– en elorden nacional.

La Corte Europea ha conseguido un lozanodesenvolvimiento. Enfrenta problemas importantes, queseguramente sorteará con acierto, pero entre ellos yano figura la resistencia y mucho menos la desconfianzao el rechazo de aquella sociedad continental, que hoyabarca –bajo las banderas de una cultura compartida yunos valores comunes– a ochocientos millones depersonas. Había quedado en claro, una vez más, que la

sociedad política se crea, como dijeron la Declaraciónde Independencia de los Estados Unidos y laDeclaración francesa de los Derechos del Hombre y elCiudadano, para preservar los derechos fundamentalesdel individuo; unos derechos, por cierto, que hoy no seagotan en el puñado de libertades y prerrogativas queproclamaron aquellas cartas revolucionarias, sinoagregan –en número creciente– los nuevos derechosque han traído consigo las también nuevasrevoluciones, violentas o apacibles, de la humanidad.

La jurisprudencia de la Corte Europea –ampliamente valorada, en su condición de fuente deDerecho internacional, por el tribunal interamericano–ha tenido ya la repercusión que merece y que debe serel efecto principal de los criterios que se recogen oestablecen en las sentencias de la justicia internacional.En este sentido, ha contribuido a la renovación de lasnormas nacionales, a la reorientación de las decisionesjudiciales internas y a la formación de nuevas prácticasen materia de derechos humanos. La jurisdiccióninternacional sería infecunda –o tendría alcance menor–si se contrajera a nutrir la doctrina de los tratadistas y aresolver, en el marco estrecho de cada contiendaparticular, los litigios sobre los que se pronuncia. Debeaspirar –y en efecto aspira– a la trascendencia hacia losórdenes nacionales, que significa, en definitiva,trascendencia hacia la conducta del poder público y lavida misma de las personas. El camino que se recorredesde la violación de una norma hasta la decisión deltribunal internacional, se vuelve a transitar, de retorno,entre esa decisión y su influencia sobre la realidadnacional.

La breve historia de nuestra Corte Interamericanaviaja en esa misma dirección. En ella se hallan suvocación y sus pretensiones. A partir de 1969, año enque se suscribió la Convención Americana sobreDerechos Humanos, y de 1979, fecha en que se establecióla Corte Interamericana mediante solemne instalacióncelebrada en el Teatro Nacional de San José –la capitalde una república hospitalaria para la democracia y losderechos fundamentales–, el tribunal ha cumplido unincesante programa de desarrollo y consolidación. A élhan contribuido muchos hombres y mujeres de buenavoluntad, afianzando su raíz ideológica e institucional,procurando mejores horizontes, convenciendo a losescépticos y manteniendo firme su integridadinstitucional y su deber jurisdiccional. En este esfuerzoha tenido también una participación descollante elPresidente Cançado Trindade, viajero infatigable entodos los caminos –muchos en América; otros fuera deella– que ha sido preciso recorrer para la fortaleza, elprestigio y el crecimiento de la jurisdiccióninteramericana.

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En la obra cuya presentación hacemos semuestra el tránsito del ser humano desde una situaciónde penumbra, en la que sus derechos –si los había–padecieron opresión, hasta una posición de grandeza,una vez consentido su ingreso a la escena del Derechointernacional. En otras oportunidades me he referido ala doble insurgencia o emergencia del hombre: primero,en el dominio de la naturaleza, cuando pudo alzar sucuerpo y elevar su frente como nunca lograron los otrosseres de la creación; y después, en el dominio delderecho y la moral, cuando pudo esgrimir facultades ylibertades a partir de su condición humana, sininvocación de otros títulos o poderíos. En este segundocapítulo de la presencia del hombre sobre la Tierra seasentó el constitucionalismo antropocéntrico y seanunció el internacionalismo de la misma naturaleza. Deaquí seguiría la copiosa floración del Derecho de gentesen las vertientes que ha presenciado el último siglo yque constituyen tema y propuesta de la obra colectiva:Derecho internacional de los derechos humanos,Derecho internacional humanitario y Derechointernacional de los refugiados.

El Derecho internacional de los derechoshumanos y su personaje crucial, el ser humano, eje delsistema y horizonte de sus apremios, ha constituido, detiempo tras, un motivo principal en la reflexión jurídicadel profesor brasileño. Se ha esforzado en exponer latradición del hombre en el pensamiento clásico delDerecho internacional –tan grato a los juristas de raízibérica– y su relativa declinación, en aras delprotagonismo estatal, en el período intermedio entreaquél y la época que ahora cruzamos. Por supuesto, elbuen observador de su realidad sabe perfectamente quela reivindicación jurídica –que parece una batallaganada– no asegura por fuerza la reivindicación real –que es siempre una batalla por librar. Eso lo sabe CançadoTrindade como jurista reflexivo y como juez diligente.En ambos espacios cumple la tarea de recuperar elprimado del ser humano y colocarlo como sustrato deesta nueva dimensión del Derecho de gentes. Así seobserva en la doctrina que elabora y en la sentenciaque concurre a expedir, a la que suele agregar el tono desu propia voz a través de votos particulares que sonsustanciosas aportaciones a la doctrina internacional.

Quiero destacar un empeño del juez CançadoTrindade, que ha rendido buenos frutos, en este rumbode afirmación de los derechos del individuo en el ordeninternacional. Evidentemente, la jurisdicción de losderechos humanos se alza sobre la convicción y laadmisión de que el ser humano ha adquirido la calidadde sujeto del Derecho internacional y de que puedebeneficiarse, por lo tanto, de una tutela jurídica de estemismo alcance. Sin embargo, este reconocimiento noentraña por sí mismo la dotación de todos los derechospracticables. Una cosa es exaltar los derechos

sustantivos –vida, libertad, seguridad, pensamiento,creencia, expresión, por ejemplo–, y otra incorporar enel estatuto de la persona los derechos procesales quepermitirán reclamar y recuperar esos derechossustantivos y los bienes jurídicos correspondientes.

Me refiero al problema del locus standi juditioy, en su hora, del jus standi juditio, que en la teoríaprocesal se resume, desde hace tiempo, comolegitimación del individuo. El legitimado para accederdirectamente a la justicia y reclamar inmediatamente susderechos materiales es un actor, no un mero espectador,y ni siquiera un acompañante calificado. En la evoluciónde la materia jurisdiccional del Derecho internacionalde los derechos humanos, esa cuestión ha recibidodiversas soluciones, que muestran la menor o mayorevolución del orden internacional en este ámbito.

En el plano europeo, en el que actuaron unaComisión de Derechos Humanos y una Corte de igualespecialidad, el recorrido condujo –por medio delProtocolo 11 a la Convención de Roma– a la entrega delegitimación al individuo, con la consecuentedesaparición del intermediario promotor, la Comisión.No ha sucedido lo mismo en el orden americano, sujetoa unas disposiciones convencionales que depositan laacción procesal en manos de la Comisión Interamericana,que la esgrime con frecuencia, y de los Estados, que nola utilizan. Finalmente, la Comisión –parte en sentidoprocesal, subraya siempre Cançado Trindade, comotambién manifiesta el actual Reglamento de la CorteInteramericana– retiene en este caso una presenciasimilar a la que tienen, internamente, el MinisterioPúblico o el ombudsman. Conste que no estoyidentificando estrictamente aquélla con éstos, sinosugiriendo –como han hecho diversos autores– unasemejanza útil para fines de exposición.

El juez Cançado Trindade, fiel a su convicción,ha trabajado vigorosamente por ampliar la participaciónde la víctima en el enjuiciamiento ante la CorteInteramericana. Este es uno de los temas que sueledesarrollar y defender con maestría. Ante las instanciaspertinentes de la Organización de los EstadosAmericanos, en la exposición frente a públicosespecializados o generales y en la elaboración deestudios, proyectos y ponencias, Cançado se refierecon juiciosos argumentos al ingreso más franco y másextenso de la víctima en los actos del procesointernacional, de manera que su prestancia procesal seempareje con la prestancia material que ya haconseguido.

En este orden de consideraciones, sonparticularmente apreciables sus trabajos publicados enla extensa Memoria del Seminario sobre “El sistemainteramericano de protección de los derechos humanosen el umbral del siglo XXI”, realizado en San José de

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Costa Rica, en noviembre de 1999. En el primer volumende dicha Memoria aparece un trabajo excelente queabarca esta materia, entre otras, bajo el título: “Lascláusulas pétreas de la protección internacional del serhumano: el acceso directo de los individuos a la justiciaa nivel internacional y la intangibilidad de la jurisdicciónobligatoria de los tribunales internacionales de derechoshumanos”. En el segundo volumen se recoge su informecomo relator de las “Bases para un proyecto deprotocolo a la Convención Americana sobre DerechosHumanos, para fortalecer su mecanismo de protección”.

En este informe –como en otros trabajospreparados y presentados con el objetivo de favorecerel desenvolvimiento del Derecho internacional de losderechos humanos, extendiendo para ello los derechosprocesales de la víctima–, el juez Presidente CançadoTrindade ofrece una noticia pormenorizada de laevolución del Reglamento de la Corte. Es trascendenteeste punto en función de las características delReglamento como pieza fundamental del enjuiciamientointernacional. Tomando en cuenta los linderos queestablecen la Convención y el Estatuto de la Corte, elpapel de la víctima se ha llevado tan lejos como haparecido posible mediante sucesivos progresos en esanorma reglamentaria.

El autor se refiere, sobre todo, al tercerReglamento de la Corte, de 1996 –primero a cuyaaplicación tuve oportunidad de concurrir– que abrió laposibilidad de que la víctima actuase con ciertaautonomía con respecto a la Comisión en la etapa dereparaciones y para los efectos de éstas. En el año 2000,la Corte adoptó un nuevo Reglamento, el cuarto de laserie, actualmente en vigor, que va mucho más allá: laspresuntas víctimas, sus representantes o sus familiaresdebidamente acreditados –dice el artículo 23– podránpresentar sus “solicitudes, argumentos y pruebas enforma autónoma durante todo el proceso”.

Esta ya es una “pica en Flandes”, aunque no seconstituya la víctima, todavía, en titular de la acciónprocesal. Reconocido que aquélla es parte en sentidomaterial –como diría Carnelutti–, es decir, sujeto dellitigio, se adelanta un paso en el rumbo que pudieraconvertirla en parte formal, esto es, sujeto del proceso.Cançado Trindade celebra el avance con satisfacción.No lo considera el final del camino, pero reconoce quemarca un hito estimable en el recorrido que lleva a unaposible participación plena de la víctima en la promocióny reclamación de sus derechos ante el órganojurisdiccional. He destacado este asunto –entre otrosque podría traer a estas consideraciones– por laimportancia que don Antônio le ha concedido en sustrabajos como jurista y como magistrado Presidente delórgano internacional.

México, mi patria, y Brasil, la patria de AntônioCançado Trindade, llegaron casi simultáneamente antela jurisdicción contenciosa de la Corte Interamericana,a través de sus respectivos actos de reconocimiento,que estuvieron pendientes durante muchos años. Conello, doscientos setenta –o más– millones deiberoamericanos vieron elevarse una nueva garantía desus derechos fundamentales, encarnada en la justiciainternacional. El compromiso jurídico, ético y políticode ambos países ha contribuido de manera muysignificativa, en mi concepto, al fortalecimiento de laCorte y de lo que ella representa y promete. Aguardamostodavía, es verdad, la incorporación de otros países deNorteamérica y el Caribe, pero el paso dado por Méxicoy Brasil al final de 1998 ha tenido enorme relevancia enla empresa de construir un sistema continental tutelarde los derechos humanos.

Hay otros pasos que dar. Cada quien podráreflexionar sobre ellos y exponer su propia versión. Porlo que hace a México, el trayecto hasta el punto en elque nos encontramos ha sido arduo y accidentado.Respeto y aprecio, como el que más, las razones de mipaís en su vida internacional. Es preciso conocerlas yentenderlas, para comprender las distintas etapas denuestro acercamiento a la jurisdicción internacional, engeneral, y a la de los derechos humanos, en particular.En su hora, esto permitirá examinar con objetividad yresolver por consenso –este es mi voto– laincorporación al sistema de justicia penal internacional.Es conocida la posición del Gobierno mexicano antesde la Conferencia que examinó y aprobó, en 1969, laConvención Americana y, en ésta, la creación de la CorteInteramericana, posición que sostuvo la delegaciónmexicana –encabezada por el esclarecido profesorAntonio Martínez Báez– casi hasta el final de eseencuentro, antes de aceptar, como consta en el ActaFinal, el establecimiento de la Corte.

También es conocido el curso de losacontecimientos que vinieron más tarde: adhesión a laConvención, simpatía por la causa jurisdiccional en elseno de la Organización de los Estados Americanos,participación de jueces mexicanos en el tribunal,solicitud de opinión consultiva sobre el derecho deinformación acerca de la asistencia consular, admisiónde la competencia contenciosa, nueva solicitud deopinión en torno a los derechos laborales de lostrabajadores indocumentados, entre otras estacionesdel largo recorrido. Y aquí nos encontramos. Ahoraconviene que la República reflexione sobre el puenteque es preciso tender entre el orden internacional y elnacional, como lo han tendido otros países delContinente, para evolución del Derecho, progreso de laprotección a la persona y claridad de la situación.

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Ha llegado el momento de crear un marco jurídicoconstitucional que haga luz en este campo y facilite laarticulación de México en el sistema internacional, nopara recibir decisiones extrañas, sino para subrayar ladecisión política fundamental central de la nación, queconsta en la Ley Suprema: protección al ser humano,valor primordial en el orden jurídico interno; y no paraprescindir de soberanía, sino en ejercicio de ésta, unejercicio consecuente con esa decisión fundamental y,por ende, con el interés superior de la nación.

En la agenda de las reformas constitucionalesdebiera encontrarse, por otra parte, una que acoja confranqueza y claridad las normas de los tratadosinternacionales en el ordenamiento nacional, habidacuenta de que ya forman parte de éste, a título de leysuprema de la Unión, y de que es conveniente –o mejordicho, indispensable– profundizar en las consecuenciasde ese mandamiento alojado en el artículo 133constitucional. Es pertinente que los derechosconsagrados en tratados de los que forma parte México–y que son, como observa Fix-Zamudio, norma nacionalde fuente internacional– se hallen protegidos pormedios jurisdiccionales domésticos, tomando en cuentaque la justicia nacional es la primera línea de protecciónde los derechos humanos. Para ello, consideroprocedente la reforma que plantea el proyecto elaboradoen 2000 y 2001 por una comisión de juristas designadapor la Suprema Corte de Justicia, que plantea incorporarexplícitamente en el ámbito material de protección del

juicio de amparo la tutela de los derechos humanosprevistos en instrumentos internacionales de los queMéxico sea parte.

La reflexión que suscitan el pensamiento y laobra de Antônio Cançado Trindade, conjuntamente consus colegas Peytrignet y Ruíz de Santiago, podríallevarnos muy lejos. La presentación de la obra editadapor la Universidad Iberoamericana ha servido comooportunidad para revisar algunos temas principales delnuevo orden internacional de los derechos humanos,hoy asediado por regresiones y peligros que han puestoen predicamento la eficacia misma del Derecho de gentesy la integridad y fortaleza de sus instituciones. Si espreocupante el cuestionamiento del sistema deseguridad colectiva, no lo es menos –y hasta pudieraserlo más– la afectación profunda de los derechoshumanos, con el consiguiente desmedro de unaverdadera democracia, que ha traído consigo la etapade incertidumbre y relativismo que estamos viviendo.El desconocimiento del derecho en aras del derecho, eldesmontaje de la libertad en aras de la libertad, ladeclinación de la seguridad en aras de la seguridad nosólo encierran paradojas inadmisibles, sino peligrosgravísimos que deben ser señalados y conjurados. Aesto –entre otro fines plausibles– sirve la celebraciónde las ideas y las aportaciones a la ciencia del Derechopor parte de un jurista descollante al que mucho debe elinternacionalismo contemporáneo de nuestra América.

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COUR EUROPÉENNE DES DROITS DEL’HOMME (2° SECT.), 16 DÉCEMBRE 2003,64927/01, PALAU-MARTÍNEZ C. FRANCE

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •LAURENCE BURGORGUE-LARSENProfesseur à l’Université de Rouen; Directeur du Centre de Recherches et d’Etudes sur les Droits de l’Homme et leDroit Humanitaire.

Mots clés: Vie familiale – Divorce – Droit de gardedes enfants – Religion – Témoins de Jéhovah –Discrimination.

Gare aux motivations judiciaires qui stigmatisentgrossièrement l’appartenance religieuse en matièred’exercice des droits parentaux. “Le débat sur le voile àl’école” porté sous les feux médiatiques suite aux travauxde la “Commission Stasi” (rapport du 11 décembre 2003publié dans Le Monde du 12 décembre), aurait presquefait oublier que le fait religieux – bien précieux du “forintérieur” – peut se manifester également, et peut-êtreavant tout, dans l’espace restreint du cercle familial.Toutefois, quand celui-ci se délite et se solde par undivorce, la pratique religieuse d’un des parents peutdevenir un sujet supplémentaire de discorde entre lesex-époux, notamment quand se trouve en jeu la gardedes enfants. L’affaire Hoffman c. Autriche du 23 juin1993 (série A 255-C) avait été une première manifestationde cette dialectique: le juge européen n’avait pas hésitéà condamner l’Autriche dans la mesure où ses tribunauxavaient attribué l’exercice de l’autorité parentale au pèreen se basant sur la seule qualité de Témoin de Jéhovahde la mère pour la lui refuser. Avec l’affaire Palau-Martinez, c’est à un bis repetita auquel on assiste.

La requérante s’était vue confier la garde de sesdeux enfants par le Tribunal de Grande Instance deNîmes, son mari ayant abandonné le domicile conjugalafin de vivre avec sa maîtresse. L’exercice de l’autoritéparentale était toutefois conjoint et le père bénéficiaitd’un droit de visite et d’hébergement s’exerçantlibrement. Insatisfaite des conditions matérielles etfinancières de l’exercice de l’autorité parentale, MmePalau-Martinez fit appel de ce jugement, tandis que sonex-mari – bravant le jugement de première instance – enprofitait pour garder ses enfants et refuser qu’ilspuissent retourner vivre avec leur mère à Valence(Espagne). Alors que l’arrêt de la Cour d’appel donnaitsatisfaction à la requérante sur l’allocation d’uneprestation compensatoire, elle lui déniait toutefois le

droit de résider avec ses enfants sur la base d’unemotivation qui, le moins que l’on puisse dire, ne laissaitguère de doute sur la perception négative des juges surles pratiques des Témoins de Jéhovah. La maladressede l’argumentation de la Cour d’appel est telle, qu’ilapparaît opportun d’en reproduire les passages les plusrévélateurs: “Attendu que les règles éducativesimposées par les Témoins de Jéhovah aux enfants deleurs adeptes sont essentiellement critiquables en raisonde leur dureté, de leur intolérance et des obligationsimposées aux enfants de pratiquer le prosélytisme;attendu que l’intérêt des enfants est d’échapper auxcontraintes et interdits imposés par une religionstructurée comme une secte; attendu qu’il n’y a paslieu de procéder à une enquête sociale qui, en l’état, nepourrait que perturber les enfants.” Sur la base de cesconsidérations, la cour d’appel estima – contrairementau premier jugement – qu’il convenait de fixer larésidence des deux enfants mineurs au domicile du père,tandis que la Cour de Cassation (arrêt du 13 juillet 2000)confirmait l’arrêt d’appel.

Une telle motivation ne fut pas admise par la Coureuropéenne qui releva – pour la condamner – la“différence de traitement reposant sur la religion de larequérante, au nom d’une critique sévère des principesd’éducation qui seraient imposés par cette religion.”(§38). Ce constat réprobateur effectué, il restait toutefoisà déterminer si une telle discrimination était motivée “parune justification objective et raisonnable” conformémentà une jurisprudence classique et abondante en la matière(ad ex. Darby c. Suède, 23 octobre 1990, série A n°187)(§39). Ainsi, il fallut que le juge européen identifie le“but poursuivi”. A cet égard, il ne put que constaterqu’il était non seulement présent (“protéger l’intérêt desenfants”), mais aussi et surtout “légitime”. Il fallutégalement que la Cour européenne établisse le rapportraisonnable de proportionnalité entre les moyensemployés, c’est-à-dire la fixation de la résidence desenfants au domicile de leur père, et le but poursuivi. Or,

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ici, les reproches adressés au juge français (i.e. la courd’appel), sont de deux ordres (§42): primo, unemotivation in abstracto effectuée “en fonction deconsidérations de caractère général” et qui n’a démontréà aucun moment, «l’influence de la religion de larequérante sur l’éducation et la vie quotidienne desenfants”; secondo, le refus d’accéder à la requête deMme Palau-Martinez qui avait pourtant réclamé la tenued’une enquête sociale “pratique courante en matière degarde d’enfants”. Or, cette enquête aurait justementpermis de “réunir des éléments concrets sur la vie desenfants avec l’un et l’autre de leurs parents et sur lesincidences éventuelles de la pratique religieuse de leurmère sur leur vie et sur leur éducation.» Les dés étaientjetés : la violation de l’article 14 combiné avec l’article 8était donc prononcée par la Cour qui ne jugea pasnécessaire de statuer tant sur l’article 8 pris isolément,que sur la violation alléguée des articles 6§1 et 9 prisisolément et combiné avec l’article 14. Pour la petitehistoire des pratiques judiciaires, alors qu’elle allouait10.000 euros à la requérante au titre du préjudice moral,elle refusa de prendre en charge la partie des honorairesde l’avocat qui correspondait à une consultation d’unprofesseur d’université d’un montant de 4573,47 euros.Et la Cour d’affirmer sèchement, que “compte tenu de lanature de l’affaire et du précédent jurisprudentiel existant,la consultation demandée à un universitaire n’était pasnécessaire et que l’avocat de la requérante aurait puprocéder lui-même aux recherches nécessaires.” Autantdire que cette incise devrait décourager plus d’un avocatà se retrancher derrière les confortables expertisesuniversitaires plus rapides et simples à solliciter qu’àeffectuer; surtout, elle devrait attirer la vigilance de leursclients sur la pertinence effective de recourir à ce genrede consultations qui ont comme effet immédiat d’alourdirla note d’honoraires à régler…

Si les juges avaient été particulièrement divisésdans l’affaire Hoffman – puisque quatre sur cinq avaientpris le soin d’émettre des opinions séparées où ilsregrettaient que le bien-être des enfants n’ait pasprévalu devant les “dogmes” d’une “secte religieuse”(dixit le juge Walsh) – dix ans plus tard, on ne relèvequ’une seule voix dissidente, celle du juge Thomassen.Autre temps, autres mœurs. La question du statut ounon de religion des Témoins de Jéhovah n’est plus unenjeu de la dissidence. Si de traitement discriminatoire ilne fut point question selon le juge minoritaire entre lesparents, il releva cependant l’opportunité qu’il y auraiteu à condamner la France sur la base du seul article 8pour défaut de participation de la mère au processusdécisionnel qui a amené la cour d’appel à lui retirer ledroit de résidence avec ses enfants. Et de rappeler“l’acte illégal” du père qui ne s’est pas conformé aupremier jugement ; surtout, de pointer du doigt sa“confirmation” par la cour d’appel qui, ce faisant, a privé

la mère de son droit à la vie familiale avec ses enfants.Une telle violation ne pouvait se justifier sans entendreles enfants et/ou ordonner une enquête sociale. Sans ledire, le juge dissident faisait ici référence à lajurisprudence Elsholz c. Allemagne du 13 juillet 2000dont on sait qu’elle étendit la protection procéduraledes droits parentaux (CEDH, W. c. Royaume-Uni, 8 juillet1987, série A 121 A) aux procédures concernant l’autoritéparentale. On pourra regretter sur ce point que la Courait opté in fine pour une évidente économie de moyenset qu’elle n’ait pas étoffé le versant procédural de sajurisprudence en reconnaissant expressis verbis quel’absence d’enquête sociale était une violation du droitprocédural à la vie familiale de la requérante.

CEDH, 9 janvier 2003, L. et V. c. Autriche (Section I)et CEDH, 9 janvier 2003, S. L. c. Autriche du 9 janvier2003 (Section I).

Mots clés: Discrimination – Différence de l’âgede consentement entre homosexuels et hétérosexuels /lesbiennes – Violation – Unanimité (Article 14 combinéavec article 8)

La banalisation du contentieux homosexueldevant la Cour de Strasbourg pourrait faire oublier, ycompris au lecteur attentif, que la notion de “victimepotentielle” est décidément entrée dans les us etcoutumes méthodologiques du juge européen, au pointqu’il ne discute même plus ce qui est pourtant unedérogation de nature prétorienne à la lettre de l’article34 de la Convention. L’actio popularis apparaît ainsisystématique pour les requérants homosexuels qui seplaignent d’une législation discriminatoire sous l’empirede laquelle ils sont susceptibles de tomber. Initiée avecl’arrêt fondateur Dudgeon c. Royaume-Uni du 22 octobre1981, confirmée avec les arrêts non moins célèbres Norrisc. Royaume-Uni du 26 octobre 1988 et Modinos c.Chypre du 22 avril 1993, elle se poursuit ici avec l’arrêtS.L. c. Autriche du 9 janvier 20031, après avoir été réitéréplus discrètement dans l’affaire Sutherland c. Royaume-Uni (v. Comm.EDH, rapport du 1° juillet 1997, req.n°25186/94), celle-ci ayant été in fine radiée du rôle (arrêtdu 27 mars 2001).

La “victime” est un jeune homme qui se plaintde ne pas avoir pu entretenir de relations sexuelles avecun homme adulte de plus de dix-huit ans. La sévérité dela législation pénale autrichienne qui érigeait eninfraction les actes sexuels entre un adulte et unepersonne du même sexe âgée de 14 à 18 ans – enincriminant l’adulte – l’en ayant irrémédiablementdissuadé. Ainsi, le seul maintien en vigueur de l’article209 du Code pénal – encouragé en son temps par laCour constitutionnelle qui estima que cette disposition

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n’enfreignait pas le principe d’égalité (Cour Const.autrichienne, 3 octobre 1989) – a empêché le requérantde s’épanouir sexuellement – violant ainsi sa vie privée(dont on sait qu’elle inclut les aspects les plus intimesde celle-ci, i.e. sa vie sexuelle), contrairement auxhétérosexuels et aux lesbiennes pour qui l’âge deconsentement aux relations sexuelles était fixé à 16 ans.

L’arrêt ne frapperait pas autant s’il n’était pas lude façon combinée avec l’affaire L. et V. c. Autricherendue le même jour et qui reprend, à l’identique, lemême argumentaire. Or, il y a pourtant une différenceessentielle entre les deux espèces: L. et V. – nésrespectivement en 1967 et 1968 – ont été condamnéspour avoir eu des relations sexuelles avec desadolescents âgés de 14 à 18 ans, autrement dit pouravoir enfreint les dispositions du Code pénal autrichien,tandis que S.L. n’a pas voulu les enfreindre de peur devoir un partenaire éventuel tomber sous le coup d’unecondamnation pénale. La démarche de la Cour n’estpas critiquable sur le fond ; elle l’est assurément sur laforme. Ne pas rappeler dans l’affaire S.L., même de façonlaconique, que la notion de “victime potentielle” estune dérogation – de taille – à la particularité du recoursindividuel qui a pour fondement axiologique l’existencede l’application in concreto à un individu d’une “loi”(au sens européen du terme), c’est banaliser ladérogation, c’est banaliser le flou conceptuel et pratiqueentre les requêtes individuelles et inter-étatiques. Onpourrait rétorquer, en guise de contre-attaqueargumentaire, que la technique qui permet de stigmatiserin abstracto une législation manifestementinconventionnelle a permis à la Cour de reléguer auxmagasins des souvenirs juridiques et politiques lapénalisation de l’homosexualité en tant que telle (v.arrêts précités Dudgeon, Norris et Modinos). Elle feraitde même ce faisant avec la pénalisation des acteshomosexuels masculins effectués entre adultes etadolescents âgés de 14 à18 ans. Or ici une fois encore,le bât blesse. Si aujourd’hui en Autriche la Courconstitutionnelle (Cour const. Autrichienne, 21 juin 2002)comme le législateur (réforme du code pénal entrée envigueur le 14 août 2002), ont fini par se rallier au principede non-discrimination à l’endroit des homosexuels, cen’est certes pas à la suite de ces deux arrêts decondamnation, postérieurs aux réformes. Lescondamnations à l’unanimité de l’Autriche (pourviolation de l’article 8 combinée avec l’article 14) mettent

à l’index une législation qui, au moment du prononcédes arrêts, n’était plus en vigueur. Certes, la chose n’estpas inédite, mais elle aurait d’autant plus mérité que laCour rappela en un paragraphe de principe sadoctrine sur la notion de “victime potentielle”, à tout lemoins dans l’affaire S.L. Au lieu de cela, le jugestrasbourgeois s’évertua à suivre le chemin tracé par laCommission européenne dans l’affaire Sutherland qui,s’appuyant sur le verdict des experts psychiatres (defaçon excessive?) et arc-boutée sur l’existence d’un“consensus européen”2 avait décidée de mettre fin à sadoctrine antérieure qui, pendant longtemps pourtant,n’avait trouvée rien à redire à la législation pénalediscriminatoire autrichienne (Comm.EDH, décision du13 mai 1992, Z c. Autriche; Comm.EDH, 26 juin 1995,H.F. c. Autriche). Dans ce contexte, la Cour minimisa ladifférence avec l’affaire britannique : le fait qu’en droitautrichien le mineur homosexuel ne soit pas condamnéne fut pas jugé central, tandis que fut à l’inverse valoriséel’existence du fameux “consensus” entre les Etatsmembres du Conseil de l’Europe (§42, S.L.; §50 L. et V.).

Condamner à l’unanimité l’Autriche pour unelégislation obsolète, sur la base d’une notion qui ne futà aucun moment rappelée, celle de “victime potentielle”(arrêt S.L.), n’a pas suffi pas à la Cour. S’écartant desprécédents Dudgeon, Norris et Modinos, elle alloua5.000 euros au requérant pour dommage moral. Etd’expliquer rapidement que ces arrêts fondateurs avaientété rendus il y a plus de vingt et dix ans (laissant sous-entendre qu’ils ne pouvaient plus être sur ce point desréférences) et qu’elle accordait de l’importance “au faitque le requérant ait été empêché de nouer des relationssexuelles correspondant à son orientation jusqu’à l’âgede dix-huit ans» (§52). Si on peut comprendre que dansl’affaire quasi-jumelle du même jour, les requérants L. etV. aient quant à eux perçu respectivement 15.000 eurospour dommage moral du fait de leur condamnation et dupréjudice découlant de leur procès où les aspects lesplus intimes de leur vie sexuelle ont été fustigéspubliquement (§60), on pourra se montrer pluscirconspect sur l’allocation pécuniaire allouée à S.L. àl’instar de trois juges dissidents. “Victime” sans avoireu à subir la législation pénale discriminatoireautrichienne, “dédommagé” pour ne pas avoir pu suivreses dispositions d’ordre sexuel…La Cour n’en fait-ellepas trop?

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NOTES

1. Il est uniquement disponible en anglais à l’instarde l’arrêt L. et V. c. Autriche.

2. Consensus démontrant une équivalence de l’âgede consentement aux relations sexuelles entre leshomosexuels et les hétérosexuels / lesbiennes.

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CONSELHO EDITORIAL

Antônio Augusto Cançado Trindade (Presidente de Honra)Ph.D. (Cambridge – Prêmio Yorke) em Direito Internacional; Professor Titular da Universidadede Brasília e do Instituto Rio Branco; Juiz e ex-Presidente da Corte Interamericana de DireitosHumanos; ex-Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Membro daAssembléia Geral do Instituto Interamericano de Direitos Humanos e do Conselho Diretor doInstituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo); Membro Titular do “Institut deDroit International”; Presidente de Honra do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos; Membrodo Curatorium da Academia de Direito Internacional de Haia, Holanda.

César Oliveira de Barros Leal (Presidente)Mestre em Direito; Procurador do Estado do Ceará; Professor da Faculdade de Direito daUniversidade Federal do Ceará; Membro Titular do Conselho Nacional de Política Criminal ePenitenciária do Ministério da Justiça; Membro da Assembléia Geral do Instituto Interamericanode Direitos Humanos; Membro da Sociedade Americana de Criminologia e da Academia Brasileirade Direito Criminal; vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Vitimologia; Membro daAcademia Cearense de Letras e da Academia de Ciências Sociais do Ceará.

Paulo Bonavides (1o vice-Presidente)Doutor em Direito; Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal doCeará; Professor Visitante nas Universidades de Colonia (1982), Tennessee (1984) e Coimbra(1989); Presidente Emérito do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional; Doutor HonorisCausa pela Universidade de Lisboa; Titular das Medalhas “Rui Barbosa” da Ordem dosAdvogados do Brasil (1996) e “Teixeira de Freitas” do Instituto dos Advogados Brasileiros(1999).

Washington Peluso Albino de Souza (2o vice-Presidente)Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais; ex-Diretore Decano da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais; Presidente daFundação Brasileira de Direito Econômico.

Antônio Álvares da SilvaProfessor Titular de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da Universidade Federal deMinas Gerais; Juiz Togado do Tribunal Regional do Trabalho – TRT – da 3ª Região.

Antônio Celso Alves PereiraEx-Reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Professor de Direito Internacional Públicoda Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Professor de PolíticaInternacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Antonio Otávio Sá RicarteProfessor Assistente do Instituto Rio Branco; ex-Delegado no Brasil ante o Escritório dasNações Unidas em Genebra.

Antônio Paulo Cachapuz de MedeirosConsultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Professor de DireitoInternacional da Universidade de Brasília, da Universidade Católica do Rio Grande do Sul e daUniversidade do Vale do Rio dos Sinos.

Arnaldo OliveiraDiretor-Presidente da Editora Del Rey; Especialista em Publicações na Área Jurídica.

Carlos WeisProcurador do Estado de São Paulo; Professor de Direitos Humanos da Academia de Polícia doEstado de São Paulo; Professor do Curso de Especialização em Política Criminal, SegurançaPública e Direitos Humanos, promovido pela Escola do Governo do Distrito Federal, em parceriacom a Faculdade de Direito Farias Brito; Membro do Conselho Nacional de Política Criminal ePenitenciária do Ministério da Justiça.

Emmanuel Teófilo FurtadoMestre em Direito; Doutorando pela Universidade Federal de Pernambuco; Juiz do Trabalho;Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará.

Gonzalo Elizondo BreedyProfessor Titular da Universidade da Costa Rica; ex-Diretor da Área de Instituições Públicasdo Instituto Interamericano de Direitos Humanos.

Hélio BicudoEx-Deputado Federal (Partido dos Trabalhadores – São Paulo); Membro e Presidente daComissão Interamericana de Direitos Humanos; vice-Prefeito de São Paulo.

Hermes Vilchez GuerreroMestre em Direito; Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais;Professor da Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais;Membro Titular do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; Secretário Geral daOrdem dos Advogados do Brasil, Seção de Minas Gerais; Membro do Conselho Editorial daLivraria Del Rey Editora Ltda..

Jaime OrdóñezProfessor Titular da Universidade da Costa Rica; ex-Diretor do Programa de Administração daJustiça do Instituto Interamericano de Direitos Humanos.

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Juan Carlos MurilloRepresentante Regional do ACNUR para a América Central (Encarregado de Capacitação emDireito dos Refugiados).

Laurence Burgorgue-LarsenDoutora em Direito Público; Catedrática de Direito Público na Universidade de Rouen; Diretorado Centro de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos e em Direito Internacional Humanitário(CREDHO-Rouen).

Manuel E. Ventura-RoblesJuiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos; Membro do Instituto Hispano-Luso-Americano de Direito Internacional.

Margarida GenevoisMembro da Comissão de Justiça e Paz do Estado de São Paulo; Coordenadora da Rede Brasileirade Educação em Direitos Humanos.

Maria Glaucíria Mota BrasilMestre em Sociologia; Doutora em Serviço Social; Professora Adjunta do Departamento deServiço Social e do Mestrado em Políticas Públicas e Sociedade da Universidade Estadual doCeará.

Nestor José Méndez GonzálezAdvogado; Professor da UNAM; Diretor Geral do Instituto Nacional de Apoio a Vítimas eEstudos em Criminalidade (México).

Pablo Saavedra AlessandriSecretário da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Renato Zerbini Ribeiro LeãoAdvogado; Bacharel e Mestre em Relações Internacionais; Professor de Direito InternacionalPúblico do UniCEUB e da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade de Brasília;Diretor-Presidente do Centro de Proteção Internacional dos Direitos Humanos – CPIDH;Consultor Jurídico para o Brasil do Escritório Regional para o Sul da América Latina do ACNUR.

Roberto CuéllarDiretor Executivo do Instituto Interamericano de Direitos Humanos; ex-Diretor de Investigaçãoe Desenvolvimento do Instituto Interamericano de Direitos Humanos.

Sílvia Maria da Silveira LoureiroProfessora de Direito Constitucional da Universidade Estadual do Amazonas; Mestre em Direitopela Universidade de Brasília; Advogada do Centro de Direitos Humanos de Manaus(Amazonas).