anno xvii rio de janeiro, 5 dezembro de 1914 num....

8
ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DE DEZEMBRO DE 1914 NUM. 1624 O RIO NU SEMANÁRIO HUMORÍSTICO ILLUSTRADO ==* 1%'lllMKIRO A*4XI_SO - 800 réis __ao : Redacção, escriptorio e officinas - Rua do Hospicio N. 218 »• Telephone N. 3515 A PRETENDENTE Estou ou não nas condições de entrar para a sua companhia ? O EMPRESÁRIO Para a minha companhia... está, não ha menor duvida... ELIXIR DE NOGUEIRA Do pliarmaceutico e chimico JOÃO DA SILVA SILVEIRA PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL Grande depurativo do sangue. Único que cura a "Syphilis" Vende-se em todas as Pbarmaclas e Drogarias.

Upload: vumien

Post on 06-Dec-2018

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DEZEMBRO DE 1914 NUM. …memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1914_01624.pdf · m ^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-) Abrimos hoje esta secção enchendo

ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DE DEZEMBRO DE 1914 NUM. 1624

O RIO NUSEMANÁRIO HUMORÍSTICO ILLUSTRADO ==*

1%'lllMKIRO A*4XI_SO - 800 réis __ao :

Redacção, escriptorio e officinas - Rua do Hospicio N. 218 »• Telephone N. 3515

A PRETENDENTE — Estou ou não nas condições de entrar para a sua companhia ?O EMPRESÁRIO — Para a minha companhia... está, não ha menor duvida...

ELIXIR DE NOGUEIRA Do pliarmaceutico e chimico JOÃO DA SILVA SILVEIRAPELOTAS - RIO GRANDE DO SUL

Grande depurativo do sangue. Único que cura a "Syphilis"Vende-se em todas as Pbarmaclas e Drogarias.

Page 2: ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DEZEMBRO DE 1914 NUM. …memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1914_01624.pdf · m ^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-) Abrimos hoje esta secção enchendo

m^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-)

Abrimos hoje esta secção enchendo decumprimentos, de abraços e de flores a sem-pre graciosa actriz Julia Martins, pela galhar-dia com que desempenhou o nosso queridojornalzinho na revista de Zéantone, Corta-jaca.

A travessa e elegante actrizinha encarnoumagnificamente o personagem, dando-lhe umcerto ar de malícia, que muito nos agradou.

%& Do illustre poeta Hugo Macedo rece-bemos o seguinte soneto, que elle dedica,em retribuição ao acrostico que em outronumero publicamos, ao seu collega K. Baço :

Muinta luz no firmamento,Muinta luz nos combustores,Muinta luz no pensamento,Muinta luz por muintas cores,Muinta luz, cento por cento,Muinta luz nos Pensadores,Muinta luz co'assentimento,Muinta luz nos trovadores ;No pó, na rocha e n'argilla;No próprio amor que scentilla,Nos próprios versos que faço ;De mais luz inda preciso,Para encontrar o juizoNa cabeça do K. Baço !...

Leram ? Gostaram ?Muinta luz... Muinta luz... Muita asneira,

dizemos nós.*s" Foi despedido do theatro Carlos Go-

mes o corista Dona Samuela, por declarar aoemprezario não poder dar mais realce aospapeis de que estava encarregado, por estarmuito afflicto com um incommodo.

A' vista disso o Samuela foi-se tratar.czr O Alberto Silva, desde que faz o Dar-

win, arranjou mil adoradores.Está aqui, está papado !...tfsr Não haverá por alli quem queira dar

duzentos réis pela Carlota, do S. Pedro?Olhem que unia mulher por duzentos

réis é muito baratinha...*sr O Alattos do S. José anda tão caipora,

que na noite de 20 do mez passado quebrouinadvertidamente uma cadeira em scena.

E como não havia outra, o Frailklin avac-calhou a peça, sentando-se no chão.

*s" O Arotica e o João Baptista embrti-lharam todos os collegas, no Carlos Gomes.

São os que mais agradam nas rábulas dapeça. ^ira Telegramma achado na caixa do SãoJosé :

«Amigo A.Participo tua ultima amante ex-corista

Recreio está á morte pede resfituires-lhejóias botaste no prego sob pena perse-gttir-te — F.

Que diabo de encrenca será essa ?t3" O Lezut anda actualmente muito che-

gado ao tinor Vicente.Um cabra escovado já teria desconfiado

de qualquer coisa, mas como o tinor é inge-nuo nada percebe...

Abre o olho, Vicente !..."3" Disse-nos a Julinha Martins que não

faz mais as pazes com o Dr. porque elle sóquer que ella lhe dê aquillo ? !...

ts" Que mania tem o Mattos de surripiaros cravos que todas as noites são atiradospara a scena, a certa actriz !...

O rapaz faz isso por despeito, queremoscrer...

*sr Nas rodas theatraes corre que o As-

M^i___§___^i__y

** MARCA HECISTHADA «^•——.

O systema de venda adoplado na grandeAlfaiataria Guanabara, o invcncivcl34 da rua da Carioca, c a garantia do seu in-discutível suecesso.

Ali não se engana o freguez nem se fazemreclames espalhafatosos: é chegar, ver,admiraro preço e comprar. Esse systema, porem, sópôde ser posto em pratica pelas casas sérias, ea Alfaiataria Guanabara ufana-se deser um estabelecimento que nunca logrou a suafreguezia, pois não costuma impingir gato porlebre.

Enviam-se instrucções e acceitam-se pedidosdo interior, dando-se agencia.

drubal mais uma vez brigou com a Belmira...Entretanto, ainda não ha muitos dias os

vimos juntinhos...i~ Alme. Suzanna Castera do S. José vaientrar num concurso de fealdade.

E' certo tirar o primeiro premio.

CORRESPONDÊNCIAHugo Macedo — O illustre poeta fez um

feio. Julgando avaccalliar o K. Baço, avac-calhou-se a si próprio, pelas asneiras queescreveu no seu soneto, que publicamosacima.

JOÃO RATÃO.

Au Bifou de Ia Mode Grande depositode calçados, por

atacado e a varejo. Calçado nacional e esiran-gciro para homens, senhoras e crianças. Pre-ços baratissimos, rua da Carioca n. 80 — Te-lephone 3.660.

<0>IS C_|[FSP_€_ _

Eu conheço um taverneiroQue até parece um bostaco,Qualquer brinquedo brejeiroFaz elle dar o cavaco.

As moças mais provocantesVão no sacco tirar milho ;Vão também os estudantesE elle assim anda em sarilho.

Quando alguns estudantesAssim lhe fazem quizilia,Diz-lhes logo:—«Oh! Sacripantes !Levai milho p'ra familia.. .:>Aos estudantes bolinasFala assim com aspereza,Porém ás moças traquinasFala com delicadeza 1 _Sempre lhes diz comardor,Pegando o sacco nas mãos :— «Meninas, façam o favor,Não me peguem cá nos grãos!»...

BANDEIRA.

__;_ £____>_*

«Uma senhora com bastantepratica cura quebradura etc.»

(Do Popularissimo)Venha, senhora, sem mais tardança,

Numa carreira,Venha curar-me, (doce esperança !)

Da quebradeira !SURICO.

TrepaeõesEmbora tardiamente, também trago ao

novo governo os applausos do Rio Nu pelasmedidas econômicas postas em pratica.Muito bem, bravissimo !Isto da gente ir gastando a torto e a

direito, em pouco tempo põe uma pessoa atinir. E' preciso ser um pouco econômico.

Conheço um rapaz que em solteiro gas-tou tudo quanto tinha; passeios ao Leme, ceiase mulheres, não lhe faltavam; mulheres, prin-cipalmente.

Pois, bem : o camarada casou-se e nanoite do casamento a noiva viu com os pro-prios olhos que o marido estava „ nenem; viue sentiu...

Agora, vamos e venhamps: ha economiae economia. Não digo que um .amarada sejaum forreta e não gaste de vez em quando, osseus 3 milreisinhos por ahi na rua do Núncioou da Conceição... Isso não!

Essa economia faz mal ao peito, porqueo camarada ha de reatar as relações intimascom a D. Palminhas, relações essas que nóstodos travamos quando crianças...

Estou daqui a adivinhar e ouvir os pro-testos de vocês todos contra a ultima oraçãodo periodo acima.

Ora, muito bem: ha um meio muitofácil de me desmentirem é verem se têmcabelinhos na palminhas da mão.

CAPIRÃO EUTICO.

UrucubacaOh, sorte — mais — que — infeliz !...— Será, talvez, duradoura?... —Até, no sabbado, fizA minha barba... á tesoura I...

ESCARAVELHO.

LOTERIAS DA CAPITAL FEDERALGrande e Eslraordinaria Loieria do Natal

Sabbado, 19 do corrente, ás 3 horas da tarde313 — 2»

Inteiros em meios 385600.Inteiros em quinquagesimos 40$000

Quinquagesimos a $800Bilhetes á venda em todas as

casas lotericas

Page 3: ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DEZEMBRO DE 1914 NUM. …memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1914_01624.pdf · m ^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-) Abrimos hoje esta secção enchendo

=gg| (_) o RIO NU (-)

¦:¦

Ç ESSffstESSnEF-^IE~f2 do CX JJ

;! FUNDADO EM 1S9S

ASSIGNATURASAnno . . . 12*000 | Semestre

Exterior: Anno 20*000Numero avulso, 200 réis

Nos Estados e no interior, 300 réis

7*000

Toda a correspondência, seja deque espécie fòr, deve ser dirigida aogerente desta folha.•*SESíS_3____S^^£^^^íSÍ___S_Sl-S^

FMuidcc) &§m©í_ÍC(ü)

AUDENCIO Lopes não podia sup-portar mais aquelle viver. Uminferno 1 A sogra, D. Marianna,atazanava-o dia e noite,trazia-o

de canto chorado.Si elle voltava á casa mais tarde um

pouco, era libertino para aqui, vagabundopara acolá, miserável, bandido, assassino deminha filha... o diabo !

Guadeneio Lopes não podia supportarmais aquelle viver.

Isto ha de ser moléstia nervosa, pen-sava elle, nem pode ser outra coisa.

E lá foi a caminho da casa de um espe-cialista em magnetismo.

Um inferno, Sr. doutor, um perfeitoinferno 1

Mas... o Sr. comprehende que eu souimpotente...

Não sabia.Impotente para modificar o caracter

de sua Exma. sogra...Exma. varro I aquillo é ordinarissima !

Mas, voltando ao caso, Sr. doutor, eu pensoque aquillo é moléstia nervosa, o raio davelha...

Então traga-a cá.Eu trazer a minha sogra ? I O doutor

enlouqueceu, desculpe-me, mas enlouqueceu.Aquillo era capaz de me atirar do electricoabaixo !

Mas então não tem, ao menos, um ob-jecto qualquer que a Sra. sua sogra use norosto, na boca...

Ora, espere... Não servirá o arminhodo pó de arroz ?

Serve, serve. Traga-o cá.

No dia seguinte, Gaudencio Lopes entre-gava ao doutor o arminho pedido.

O doutor carregou-o de fluidos e depoisrecambiou-o ao nosso lieroe, que abalou paraos penates, levando cuidadosamente o ob-jecto salvador.

Ao chegar á casa (oh ! milagre ! oh ! po-deroso fluido magnético !) Gaudencio Lopesencontrou a megera amável, quasi terna...

Já começam os effeitos, pensou.E como era já tarde metteu-se em vai de

lençôes.

Alta madrugada. Gaudencio Lopes acór-da sobresaltado com a gritaria no quarto deD. Máxima.

Enfeiticaram-me, gritava e.Ia, este ca-nalha quer assassinar-me! Bandido! Vin-gança! Cão! -, ,.

Olha mamai como esta nervosa, dissea esposa do martyr.

Aquillo não é nada, são effeitos...Effeitos?! pois você sabe?Filha, eu vou ser franco...

E o Guadeneio contou á esposa a Insto-ria toda. „

Mas qual foi o arminho, o branco ?Não aquelle maior, o côr de rosa...Céos !Que tens ? Pois não é o cor de rosa

que ella usa no rosto ? !Qual, filho, o cor de rosa ella nao o

usa no rosto...Então onde o usa ?Pois não sabes que ella põe po de

arroz noutro logar sem ser no rosto...

No quarto contíguo, D. Máxima conti-nuava a vociferar:

— Miserável! Bandido ! Enfeitiçotl-me,o canalha 1 Vingança !

GYPSI.

pTI-n 5 de Dezembro de 1914

r ^w\Wm do "Rio Nu"

As pessoas «lo interior que n«>s li-zerem pedido. «'<¦ uma só *<"'• d«-todos oh livros que compOem a Bi-hlio.lt.-c.il <!<> RI© XV, <|«*..-*-io «1«-mu abatimento «|»c niio pode serfeito "ns encommendas pareci)»-das. Até á presente data, a Jtil.lio-theca consta de SS. volumes. <|iievendidos ««> a mm firam para osleitores ilo mtfcrior. imaiia cBespcza

lotai «!<; 24.<¦*¦,<.O.Bíesdc. p«i'ciií. qu-e o pedido ahranjaTODO.1- os livros <la Btililiotlicea, po-demos enviar os 2 íí VOtDMKS pela ,

âmpwtaiivia de

sean oalras de.spca.as. Aíjaielles ijuc.se -j-jnizea-em api-OTCiíai* dessa vau-t:t-ijem façam suas erieommeiidas.acompanhadas «Ia respectiva im-

p-jjrtíisieia. a

ALFREDO VELLOSORoa ei-» Hospício - 318

USO IM2 ..-t-Vl.IHO

J

W© -£8 \ #,•xST. %M

— Não me acompanhe, Estou zangadacom o senhor, porque não me trouxe o vidroque lhe pedi de Peitoral de Angico Pelotense.

A Encrenca EuropicaTelegrammas de primeiríssima

Systema Mar... conico desfiadocn

Madrid, 3 — Sabe-se que o kaiser estáquasi doido e deu para comer pcrniloiigosde recheio ao almoço e ao jantar.

A população de Berlim receia que o im-perador da Europa crie azas e vôe pelosares.

Roma, 3 — Uma turma de bombeirosdesta cidade oecupa-se em encaixotar maçar-rão cozido que o rei Vittorio destinou fosseenviado para a Austria-Hungria.

Já ha 2.000.000 de caixotes cheios, queaguardam o movimento de embarque.

Petroqrad, 3 — 0 frio gelou totalmenteuma divisão de liüssards, que combatia naPolônia.

Os soldados, immoveis, parecem esta-tuas.

Petroqrad, 3 — 0 czar ordenou quefossem lançados ao fogo, para derreterem,os Imssards da divisão gelada pelo frio naPolônia.

A operação está sendo levada a effeitocom resultados magníficos.

Lisboa, 3 — No renhido combate travadocom os allemães na provincia de Angola, osportuguezes mataram tres sapiuhos, que dis-trahidameiite passeavam por entre o relvado.

Os allemães, admiradissimos, deram htir-rahs (homenagem, com certeza, á Inglaterra)pela bravura dos portuguezes.

Londres, 3 —Chegaram a esta capitaltres inglezes que foram feitos prisioneirospelos allemães.

O rei Jorge vai mandar arrancar-lhes oscollarinhos.

Belgrado, 3 — Telegramma de Viennainforma que os austríacos estão pondo ovos.

E' verdadeira a engallinhação na Áustria.

Constantinopla, 3 —Está para dar áluz o sultão.

A cidade espera anciosamente a boahora de tão illustre personagem.

Berlim, 3 — Nesta cidade os allemãestem feito proezas de bravura.

Os combates são tão renhidos, que aindaninguém morreu.

Licor TibainaO melhor purifica--—• dor do sangue -*-*

GRANADO & C. - Rua _° de Março, 14

Entre maridos :—Aqui para nós, tu nunca deste em tua

mulher ?Eu nunca 1Estás com gente de fora em casa,

então ?Não é isso; é que ella tem muito

mais força do que eu 1

Page 4: ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DEZEMBRO DE 1914 NUM. …memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1914_01624.pdf · m ^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-) Abrimos hoje esta secção enchendo

(-) O RIO NU (-)

lH_!ff©ipeiraçai _ãi\ dfra

5 dc Dezembro de 1914

M verdadeiro fanático pelo jogodos bichos, o Felizardo Ven-ttira 1

_2Q Mas (que antithesc!) eraextraordinariamente caipora ! Todos os diastinha um palpite onça e dizia á cara metade:

— Hoje, sim, vou matar o boi!...Mas qual! Corria a historia e Ia se iam

os modestos cobres do Felizardo, que nemsiquer ganhava experiência. Não desesperava,porém; no dia seguinte, outro palpite onça —sonhara com o numero tal, era infallivel... enovo lucro... para o bicheiro.

A esposa do Felizardo comprara a umdesses turcos que infestam a nossa cidadevendendo por prestações, duas camisas demotim, das quaes vestira uma, novinlia cmfolha isto é, sem mesmo mandar laval-a.

Ora, na manhã do dia seguinte, quandoa mulher saltou do leito, o Felizardo viu,na camisa que ella tinha vestida, o numeroda marca do morim — 569, que, por coinci-dencia, ficara nas costas e justamente no lo-gar... em que a espinha dorsal muda de

Ficou radiante de júbilo, mas absteve-sede communicar á esposa a sua descoberta;queria reservar-lhe a surpresa para quandoentrasse na bolada.

Nem esperou o almoço e, pretextandoum negocio urgente, lá foi elle correr asagencias, casas de loterias, kiosques, etc, aprocura de um bilhete com aquelle numero,ou ao menos, com o mesmo final. Não con-seguindo encontrar nenhum e, como se ap-proximasse a hora da extracção, resolveujogar no bicho.

— 569, é final de porco — pensou — e,depois, no logar em que estava o numero...é infallivel!... .

E empurrou quanto dinheiro tinha nacentena, na dezena e no grupo do porco.

Muito antes da hora, ja estava o Feli-zardo na sede das Loterias, aguardando, im-pacientemente,que se procedesse á extracção.Soou, finalmente, essa hora tão anciosamenteesperada.

Depois de extrahidos alguns prêmios pe-quenos, um dos empregados, com voz decanna rachada, apregoou : — 5.690 — quinzecontos de réis I

E um outro — typo alentado de varegistade seccos e molhados — repetiu — «quinzecontos de réis» !...» .

O Felizardo desmaiaria, de certo si naoestivesse comprimido entre um numeroso

grupo de bicheiros, que retirando-se em mas-sa, o trouxeram para fora na onda.

Uma vez na rua, foi caminhando a toa,emquanto uionologava :

Será possível que eu não visse bem onumero?... Qual I E' que ando mesmo deíizcir ,,

De súbito, pára e batendo fortemente natestei, exclama:

E' isso mesmo! Na camisa estava onumero 569, mas havia uma cifra por baixo...Eu sempre sou muito burro !...

E depois, consolando-sc, como de cos-íiimc, murmurou :

—¦ E' bem provável que amanha ganhe oporco ; não deixarei de jogar nelle...

PERNILONGO.

Livres curieux et rares Recommendés.„„™___ aux amateurset aux collectionneurs vraiment raffincs.Prospeclus sur demande. Ecrire a

VAUBAN - Posia Heslanle do Cerrcio Geral - RIO

Quatorze versos

Guiomar: - Sabes que a Pátria Ltizitana,Do teu marido, a linda, amada Terra,Vai brevemente, entrar tambem na Guerra,Nessa ardorosa luta, ingente, insana.

E o Luzitano Povo, que se ufanaDe que o maior perigo o não aterra,A' solida Esperança bem se aférraDe dar com os inimigos em pantana...

Da Grã Bretanha, sendo o bom aluado,Combater deve, intrépido, a seu lado,Mettendo, aos inimigos, num esquife...

Não deve metter prego sem estopa...Porém, si o teu marido não fôr sopa,Forçosamente, ha de virar a bife...

ESCARAVELHO.

Um medico, muito-'. (lado á caça, sai,certo domingo.e.pteja ma'n.hã, de espingardaao hombro e so.volía.á noite, sendo inter-rogado por um-vismlio': '-•'..'

Então cotio .se.forjMuito mai^muitis

"mal, não matei coisaalguma.

Mais teria conseguido, certamente, síestivesse ao lado dos seus doentes...

PEITORAL DE ANGICO PELOTENSE

Não ha em todo o mundo medica-mento mais efficaz contra tosses, resinados,influenza, coqueluches, bronchites, etc., doque o Peitoral de Angico Pelotense, verda-deiro especifico contra a tuberculose nosprimeiros gráos. E' o melhor peitoral domundo. O Peitoral de Angico Pelotensenão exige resguardo. Vende-se em todas aspharmacias e drogarias.

Depósitos: Pelotas, Ed. C. Sequeira;Rio, Drog. Pacheco; S. Paulo, Baruel &C.j Santos, Drog. Colombo.

9_a_n_tI8<n> é® iimíiIIIIiko

O plantio do milho tambem querMuito geito e cuidado na cultura ;Quem plnntal-o, seja homem ou mulher,Deve esperar que a espiga fique dura.

II

São tambem opiniões humildes nossas,Devermos preferir, como melhores,As espigas barbadas, grandes, grossas,A's peliadas, mais finas e menores.

III

A razão desta escolha não é troça,E' a pratica em plantar que nos ensina ;Não ha bicho que dê na espiga grossa,Ao passo que o gorgtilho dá na fina.

VI

Pois, para plantar e p'ra colhel-o,O milho, sem perigo e sem demora,Enterra-se o sabugo bem no grêloE deixam-se somente os grãos de fora.

COLLECÇÃO DE FOGO

Consta esta primorosa collecção de cin-co álbuns de vistas, contendophotographias tiradas do natural e porisso mesmo expressivas, instruetivase... aperitivas.A collecção completa representa 40posições diversas, com as respectivasexplicações e constituo o mais prodi-gioso tônico para levantar organismosdqoauperados.Os álbuns são numerados de 1 a 5e vendem-se em nosso escriptorio a 13»cada um; os pedidos feitos pelo Correiodevem vir acompanhíidos de mais 500réis para cada álbum, quando encom-mendados isoladamente; para recebera collecção completa (os cinco álbuns)basta mandar a importância de seismil réis.Os pedidos de fora, que serão prompta-mente attendidos, devem ser endereça-dos, com as respectivas importâncias, a

RUA DO HOSPÍCIO N. 219Rio de JaneiroAlfredo Velloso

COMO ESTAVA COMO ESTCJ

Perfis da Paulicéa

O Rio Nn teve a semana passada o pra-zer de receber na sua redacção a visita doseu collaborador Mercúrio, que delicia os lei-tores com suas chronicas da Paulicéa. Onosso estimado collaborador, ora em trata-mento de sua saúde nesta Sebastianopolis,prometteu-nos continuar a sua preciosa colla-boração numa secção nova que dentro empouco iniciaremos sob o titulo: Perfis daPaulicéa.

O nosso amigo Hildebrando recebeu,diante de outras pessoas, um bilhete em queum amigo lhe pedia um burro emprestado.

Olhou para o bilhete e, não querendomostrar que não sabia lêr, disse immediata-mente :

— Estou sciente : diga-lhe que vou empessoa...

Page 5: ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DEZEMBRO DE 1914 NUM. …memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1914_01624.pdf · m ^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-) Abrimos hoje esta secção enchendo

íail, 5 de Qezembro de 1914 ={25 (-) O RIO NU (-)

Uma distracçãoSimão Parafuso morava lá para as pitto-roscas bandas da Praia Cirande.Bom rapaz, alegre, jovial, um excellente

chefe de numerosa familia.Trabalhava aqui na Capital num escri-

ptorio, donde seguia dc tarde invariável-mente como um fuso para casa.

Só de longe em longe é que elle se arris-cava a demorar-se um pouco e isso mesmocom causa bastante justificável c... provável,isto é, capaz de ser provada mesmo, porquea m.ilherzinha delle, apezar de ter o appel-lido de Boneca, não era de brinquedo.

Estou ficando muito burguez, consi-derou elle um dia. Preciso desembestar umpouco !

E de tarde, em vez de seguir como umfuso para casa, Parafuso, parafusando coisasdo arco da velha, deixou-se ficar na Capital.Jantou no Miiiicheu, depois foi jogar umapartida de bilhar, metteu-se com uns amigos,foi ao theatro e eil-o á meia noite em com-panhia duma bonita cocotte ceiando numrestaurante.

A mulher era uma hespanhola de unslindos olhos negros; e, emquanto elle osmirava e ouvia-lhe os gorgeios da fala, dei-xava escorrer pela gttela uns copazios deXerez.

Foi assim que Parafuso perdeu a cabeçae um Parafuso quando perde a cabeça, acon-tecem quasi sempre coisas extraordinárias,como, por exemplo, ir dar com os ossosnum formoso ninho lá para as bandas doCattete.

Para encurtar a historia: Parafuso per-deu a ultima barca, e, apezar das grandespressas de ultima hora, só conseguiu entrarem casa ás 6 horas da manhã.

Nunca elle chegara tão cedo, ou antes,tão tarde.

A Boneca estava com cara tão enfarrus-cada que quasi fez o Parafuso perder ogeito de entrar... em explicações.

Você já está de pé ?

Ainda não dormi porque o senhorassim o deseja.

Ora, filhinha, fui ver um amigo quefalleceu hontem, e como eu não posso verdefunto sem chorar, fiquei tão commovido echorei tanto que não me lembrei da ultimabarca.

Eu faço uma idéa INão duvides, não. Demais, tem pena

dc mim que estou completamente bebedo.'..Era só o que faltava !Deixa-me concluir: estou completa-

mente bebedo de somno...Emquanto isso, Parafuso despia-se, dis-

posto a se atirar na cama. Quando, porém,elle tirou as calças ficando em... pêllo, aa esposa perguntou-lhe espantada :

Onde é que você deixou ficar asceroulas ?

Hom'essa ! Com franqueza, não melembro I Só si as perdi...

Boneca arregalou muitos os olhos, disse:«Mama I» e cahiu para traz com um fani-quito...

PIMENTÃO.

Pomada Seccativa de São LázaroA única que cura toda e qualquer ferida

sem prejudicar o sangue; allivia qualquerdor, como a erysipela e o rheumatismo. Co-nhecida em todo o universo. Ruas dos An-dradas, 43 a 47 e Hospicio, 164 e 166.

—Senhor chacareiro!'Depressa! depressa!Minha mulher está com desejos! Vem cá jácom um jaca para buscar cajá ou jaca.Oh ! senhor Jucá ! Jaca e cajá já cánão lia... Agora si quizer caju, encho cá jáo jaca. Caju não quero, 'só cajá ou jaca. Sijaca nem cajá já cá não ha, já cá vou cavar.

Olhe, senhor Jucá, o jaca I

C^aJaXDRia-ííí^ e>e ESTFFSl&OS

RlMLA — A sua «Degciierescenclaa não '¦'""¦

pôde ser publicada, porque tem um caractermuito pessoal.

. Jota Esse — Não gostámos do seu «Re-batendo».

S. JOÀO — O perfil que nos enviou estáinsultuoso e o Rio Nu não é Corsário.

P. B. T. — Com que então o amigo uti-lisou-se da lingua e agora está fomentado,porque appareceu-lhe nella essa bolhinha?

E' bem feito, para não ser lambão.Para outra vez, escolha o que come;

não vá a torto e a direito.Júlio FLORES—Si você é tão perseguido,

como diz, pelo velhote e se acha que elletem muita massa, deixe-se ir no arrastão.

Que diabo ! Ha muitos meninos bonitosque fazem isso até de graça e nem por isso _„deixam de ser o que são.

Experimente a truta... e si gostar'con-tinue.

Sr. Medeiros — Sim, senhor; Bocageera, além de poeta o primeiro fo.. .mentadorpublico portuguez.• Mulher que elle apanhasse a geito... iamesmo para o papo.

Viuva Galante — Não nos parece queo caso seja de tanta gravidade...

Não falta quem lhe dê uma... consolação,minha senhora.

Olhe : si V. Ex. é nova e bonita, venhaaté cá; em vez de uma dúzia... E ainda porcima lhe ficaríamos agradecidos, porque coma crise actual o pessoal cá de casa tem andadoesfomeado p'ra burro.

Tônico JaponezPara perfumar o cabello e destruir as

parasitas, evitando com seu uso diário to-das as enfermidades da cabeça, não hacomo o Tônico Japonez—Ruas: Andra-das, 43 a 47 e Hospicio. 164 e 166.

FOLHETIM=£Sk>

i

fãinHH'— POR -r

V. DE NOVAES

Sei, sim senhora; entretanto, ellaestá a dar prejuízos á casa.

Foi justamente o que disse meu ma-rido, que exige que a ponha na rua. Porisso quero falar ao Sr. Santos para quefique e, si o conseguir, Alonso desistiráda exigência.

Emfim... a senhora pôde tentar;mas acho que perde o seu tempo, por-que o Sr. Santos está resolvido a mudar-se.

Eu vou lá ; vai continuar o teu ser-viço.

Sinhá dirigiu-se para o commodo n. 15,a cuja porta bateu.

Quem é?—perguntou de dentrouma voz.

Sou eu, Sr. Santos.Ahi E' D. Sinhá?Eu mesma. Desejo falar-lhe.

O inquilino do 15 abriu a porta e disse:Pôde entrar.

A esposa do Sr. Alonso entrou. Nãosabia bem o que havia de dizer ao inqui-lino para demovei-o da idéa de mudança.Entretanto, logo que entrou, disse :

E' exacto que o senhor pretende mu-dar-se ?

—¦ E', minha senhora.Qual o motivo ? Posso saber ?Pôde. A Sra. Encarnação. . .Que tem a Sr. Encarnação com os

meus inquilinos ?Nada, na verdade. Mas.. .Mas. . .0 que? Então, o senhor quer

mudar-se porque a Sra. Encarnação omaltratou ?

Não é só isso... E' que...Olhe,Sr. Santos: eu acho que o se-nhor não tem razão. . .

Não tenho razão em que ?Em zangar-se com a velha porque

ella não lhe permitte fazer o que o senhorquer com a filha. ..

Mas. . .Não ha mas nem meio mas... A Pra-

zeres é donzella. . .Pois não parece. . .Posso-lhe garantir que é.

A senhora é muito afoita. . .Conheço-a desde menina. E...quer

saber de uma coisa? O senhor nada con-seguirá delia, alem do que já conseguiu...

Entretanto, as nossas negociações es-tavam bem adiantadas, e ainda hontem,si não fosse a intervenção da velha, creioque entraria em Barcelona. . .

Isso é pretenção sua. Demais, a Pra-zeres é esperta e sabe o que faz. O senhoré que faz mal em querer cavar ali o im-possível.

Mas... a que vem tudo isso ?—¦ A que vem? A isto, simplesmente :

é que o senhor quer mudar-se por causadessa gente e meu marido está furiosocommigo porque protejo a velha Encar-nação e as filhas.

E então ?E então... o senhor não se mudará,

sabe ?Assim falando, D. Sinhá envolvia o in-

quilino do 15 num olhar que dizia tudo.Ella mesma dera volta á chave do quarto

como a dizer-lhe:Vê?. .. Estamos sós.

O Sr. Santos, meio aturdido, não sabiao que havia de responder. Já D. Sinhásentára-se a borda do leito e observava-ocom um olhar malicioso.

(.Continua)

Page 6: ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DEZEMBRO DE 1914 NUM. …memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1914_01624.pdf · m ^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-) Abrimos hoje esta secção enchendo

_§ (") O WO NU (-)5 de Dezembro de 1914

jfljna o grossoO Snr. tem rape Paulo Cordeiro ?Pois não, minha senhora I Aqui de tudo

Encontrará de bom ! Sou o primeiroTalvez neste negocio ! Não illudo.

Sinto meu coração bem prazenteiroTomando uma pitada. Fiz estudoSobre o rape. Conheço o verdadeiro.Tomando no trabalho eu muito ajudo.

Ha do fino e do grosso. Qual deseja ?Bem servida será, tranquilla esteja !Muitas vezes virá, tenho esperança !

Creio em sua palavra, certamente ;Eu só tomo do grosso e bem contente,Vicio que contraiu desde criança...

MIUDINHA.

=^

Dr. Ubaldo Veiga, ^A^SSãírias, suas (omp.icail.es e conseqüências. Moléstiasda mulher, iorriffl"i"1"s. et". Applica 606, 914,£1116. [ura das gonorrhéas agudas e thronicaspelos processos mais modernos.

Cons. Sua Gonplies Dias 13. dal 3 as E, todos os dias.

ceai

Dentre os muitos águias que vegetamnesta bella terra do café e de cujas façanhasiremos dando conta aos nossos zimpaíicosleitores, se nos afigura hoje um typo rasta-quera na expressão única da palavra.

O Jayme ! Quem não o conhece ? Quemha que, sendo commerciante, não tenha comograta recordação um calote delle ?

Pois elle era um dos freqüentadoresassíduos e figura obrigatória no antigo Radium,cujos bancos elle amaciava e acariciava como sitio que uma pessoa discreta manda calar...

Elle, o Chevenguy, o nosso heróe, depoisdé ter ido stirripiar uma viuvinha em com-panhia do não menos celebre Peçanha69, noRio Grande do Sul, ficou fera e, como Nero,disse um dia em que o tentaram massacrar:

— Que artista vai perder o mundo!...E o dentista-bacharet assim se foi condu-

zindo até que um dia, por engano, foi levadorefasteladamente para a Villa Julieta...

Então elle, o coitadinho, ora transfor-mado em Romeu, convencido do seu reinadopor este planeta sul-americano, pensou quemais uma vez a Orópa curvou-se ante oBrazil e...

Partiu para a Orópa...A guerra com os seus numerosos flagel-

los atirou o bonzo, novamente, a estas pia-gas onde o seu chará judeu o esperava paracom elle confabular sobre uma mutua queambos pretendiam fundar, e que consistia nosystema... reintegrativo...

Mas eil-o de novo entre nós, escreviamos vespertinos desta encantadora Paulicéa; eelle, contente por vêr o nome em letras defôrma e não nas noticias do cadastro poli-ciai, em que o seu nome era assumpto for-çado em outros tempos, deixou-se assaltarpor um enxame de jornalistas que, ávidos,procuravam noticias sobre o acontecimentomais notável da actualidade, e elle disse:

— «Ao ouvir os tons marciaes de umabanda militar nas ruas desse Paris amado,annunciando a guerra, senti que qualquercoisa se perdia por entre as niveas pernas eque todo o meu ser se desprendia num gaz,que só eu, meus caros amigos, seioqueera».

Era uma cavada.

E o Jayme, nós todos o sabemos nuncafoi utn covarde, pois elle, só elle, numaoceasião, por troça, quando menino, numCollegio do Norte, enguliu em um concursoum besouro...

Paz á sua alma...ts o Papá Renato anda doido por um

accordo com a Sanchez, vulgo Mme. Pom-mery, que está nisso se fazendo de rogada,apezar do forte empenho que o Chico alço-viteiro está desenvolvendo afim de levar oseu (lá delle)...

MERCÚRIO.

«Uma moça deseja outra,para morarem juntas, etc.»

(Do Popularissimo)

Eu aconselho tal creaturaA dirigir-se lá para os ladosDo Ministério d'AgriculturaE contractar-se para roçados.

SURICO.

MM] MIMCONTOS RÁPIDOS

Linda collecção de contos rápidos a'300 réis cada exemplar com uma bellae suggestiva gravura impressa em papelcouché.

Os doze primeiros desses contos in-titulam-se : O tio empata, A mulher defogo, D. Engracia,

'Faz tudo..., A ViuvaAlegre, O menino do Gouveia, A Pulga,O Correio do Amor, Dolores, FamíliaModerna, Na Zona... e O brinquedoconstituindo uma preciosa bibliothecade leitura rápida e... estimulante.

Cada exemplar custa, pelo Correio,500 réis; mas quem quizer obter a col-lecção completa dos doze enviará ape-nas a importância de 4Í500.

Pedidos, acompanhados das respe-ctivas importâncias a

ALFREDO VELLOSO218, Rua do Hospício-Rio de Janeiro

W^Í^M w^w^

AS LARANJAS

Xenophanes é um barbeiro muito amávele conversador como quasi todos os barbeiros.Estava elle um dia palestrando com as filhasde uma respeitável senhora, quando umadellas, que tinha na mão duas laranjas offe-receu-as á irmã, que as rejeitou, dando qual-quer pretexto. A outra, que também não ti-nha muita vontade de chupar as laranjas,agarrou-as e collocando-as perto da irmã,disse:

Pois ha de chupar 1Não chupo, disse a moça, não tenho

vontade.Então atiro-as fora.Pois atira.

Xenophanes que gosta de tudo, menosde ver estragar qualquer coisa, sahiu-secom esta:

Ora, minhas senhoras não é precisobrigarem, si as senhoras permittem eu possochupal-as...

DÚDÚ.

p@Ea e hurmíQ)Quando eu estava no quarto anno de

medicina, costumava mandar afiar os meusbisturis á casa de um cutileiro que nessetempo havia á rua do Ouvidor, quasi naesquina da rua Uruguayana. E pagava porcada um nada menos dez tostões, que poraqucllas épocas era dinheiro em penca.

Um bello dia o Moura, que é hoje dire-ctor de hygiene em um desses Estados porahi, e que então era interno da Santa Casa,exprobrou com a maior indignação o que ellechamou o meu esbanjamento.

Dez tostões ! Estás doido ! Gostas depôr dinheiro na rua ?

Eu não, filho ; mas é o preço que mepedem. E, depois, o trabalho é bem feito.

Pois eu tenho quem me faça isso porum tostão, e muito melhor !

Onde?Num amolador que ha na rua de S.

José. Levo-te lá amanhã. O homem é ummulato velho, mas quem se encarrega detrabalhos como esses, mais delicados, é amulher. Vais ver como ficarás muito melhorservido.

No dia seguinte lá fomos.Bom dia, seu doutor!Bom dia, seu Ezequiel. Aqui está um

collega que vem ser seu freguez, disse oMoura. Traz-lhe elle aqui um bisturi. Que éda dona Brandina ?

O velhote gritou para dentro : — OBrandina!

Appareceu uma mulata appetitosa, todapenteada, muito limpa com o seu vestido dechita engommado.

O Moura cumprimenta-a dizendo depois:— Dona Brandina, este moço é doutor comoeu, e passa agora a ser freguez da casa.Quero que a senhora o sirva direitinho.

A mulata sorriu com uns dentes muitoalvos, e desviou o corpo com um arzinhopachola, voltando-se para mim :

Pôde ficar descansado. O doutor Mouraque diga como trabalho. Elle só quer saberde mim para lhe amolar o canivete.

JANGOTE.

Pontos nos i i i

«Senhora respeitável, lies-panhola e com bonita profissãoc sem compromissos, desejaconhecer um cavalheiro etc.»

(Do Popularissimo)

Sou, nestas coisas, positivo e franco,Queijo, queijo ; pão, pão ; devo dizerPondo o prelo uo branco :Leitor, esta hespanhola quer fomentar-se...

BARKIGUINHA.

Campo Santo do «O Rio Nu»(LAPIDES LÉPIDAS)

KuyBarbosa

Jurisconsulto notávelQue, sem manchar sua toga,As Causas Justas advoga,Sem pedantismo, sem pose.Que a Mocidade AcadêmicaVenera — mui justamente,Victimouo o fogo ardente...De «Colossal Apotheose» !...

JEREMIAS.

Page 7: ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DEZEMBRO DE 1914 NUM. …memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1914_01624.pdf · m ^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-) Abrimos hoje esta secção enchendo

i* -ir-i.t «.;. ,

<¦•!

5 dc Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-)

CDAVISO— 0 "Rio Nu" não tem repórter ai-

gum nas zonas para dar ou não darnotas nesta secção ; todo aquelle quese apresentar como lal è um intrujãoe deve ser tratado como merece.

Na zona chieA Maria Boca de Arraia, depois que

adquiriu uma certa criação e que está se dedi-cando a domesticar os taes animaes á custado Sampaio da Typographia, anda furiosacom a Esther Boneca da Paulicéa, porquelhe tem tirado toda a concurrencia.

Mas você não vè logo que quem nãopôde sustentar rufiões não deve andar comessas gargantas 1

«ar A Mariquinhas da casa da Magnoliagaba-se que não publicamos notas a seurespeito.

Ora vá se lixar, dona aquella; você émelhor do que as outras funecionarias ?

Olhe, sua coisa: p'ra começar, pergun-tamos si o Vaz ainda a presenteia com muitoschapéos?

fíí' Porque será que a Angela Fallabostacada vez anda mais c/tic.apez.-rdas feitiçariasque lhe faz a Alice Cavallo de Páo ?

i»* A Idalina Alma do Inferno, derrapouda zona Joaquim Silva por causa da grandesurra que levou na zona Lapa.

Seria o seu zinho o promotor da sova ?irar A Rosa Arrasta Meu Negro voltou

para a casa da Alice Cavallo de Páo, nazona Maranguape 30, com a mania de sercocotte chie.

Conservará a Rosa ainda aquelle celeber-rimo vestido encarnado enfeitado de preto,tão conhecido da Alice?

Cremos que não, pois a funecionariaallega que na zona Cattete mandou fazer umvestido no valor de quatrocentos fachos.

O que têm vocês, suas lambonas, quebisbilhotar a vida da Arrasta Meu Negro ?

z'& Encontrámos, todo repimpado emuma poltrona no theatro «S. José», o AntônioVira Bosta.

O cara estava mesmo... convencido deque fazia grande figuração.

Que flleiro I«ar O João Rochinha anda numa cavação

medonha com a hespanhola Carmen da zonaestragada, afim de conseguir uma viagenzinhaa Copacabana.

Apezar dos contras que tem levado, ocara ainda não desanimou.

isr Que diabo você,'seu Guilherme, andafazendo ? Então o barbeirinho da zona SilvaManoel apanhou uns petelécos por querer lhefazer differença com a sua... urucubacaRosinha ?

t®* Contou-nos um amigo intimo doBelém que o cara pretende unificar-se comcerta madenwiselle que actualmente oecupa oseu co...ração.

Tome um conselho, seu Belém: logodepois que... unlficar-se com a tal cuja don-zelia, entre para irmão da Irmandade de SãoCornelio I

ts* Que diabo irá fazer quotidianamenteo Mimi da zona Passagem em certa casinha

da zona Marianna, moradia de uma... Iiones-tlsslma senhora ?

Cuidado, seu moço com o... lombo!*& A Julieta B. Quadrada contou a certa

camarada que não tem dado o ar dc sua graçana zona Avenida Rio Branco, porque sabeque certo photographo quer á viva força lhetirar um instantâneo e ella não anda dispostaa candongar mais a sua vida.

Seu photographo, porque não dá umafolgazinha na B. Quadrada para poder ellagozar o ar puro da grande artéria?

*& A Lina Espevinca da zona Marrecasna segunda-feira ultima fez mais uma fita desuicídio ingerindo cocaina.

A parte cômica da fita foi feita pelasenhoria da suicida,que em altas vozes lasti-mava ficar sem o arame que essa funecionarialhe deve.

Foi pena você, dona Espevinca, não mor-rer mesmo de verdade.

LINGUA DE PRATA.

Licor TstoainaO melhor purifica-— dor do sctngae —

GRANADO & C. - Rua \° de Março, tt

Historia triste

E' bem boa creaturaAquelle rapaz, o BentoA quem deveras lamentoPela sorte triste, escura,

Que trouxe de nascimento !Alma cheia de ternura,Tem amado a mais de um cento,Porém, no melhor momento,

Um typo surge indiscretoConquistador que desfazDo Bento o doce projecto.

No seu martyrio secreto,Vive e só, pobre rapaz,Contando as taboas do tecto !

S. FADINHO.

Um conselho«Um viuvo com filhos deseja

uma senhora sem compro-missos etc.»

(Do Popularissimo)Sem barulhos e sem estardalhaçosO viuvo com filhos, requerente,Para estas ruas vá, leve seus passos :S. Jorge, Núncio, Conceição, Regente.

CAPIRÂO EUTICO.

Diga-me, doutor, em que estado meencontra os pulmões?Com franqueza, estão um pouco arrui-nados.

Deveras ?Mas fique descansado, que hão de

resistir emquanto o senhor viver...

^«^'.'Çfi^ilcã''. -1

CD.. .no Café Paulicéa a senhorita Guiomar,

toda assanhada com certo mocinho bonito......o Freitas do «S. José» todo babado

encostado a uma demi-mondaine (funecionariabarata) no Café Paulicéa...

...a Maria Pequena fazendo-as com,certo moço por quem diz estar apaixonada...

...a Aurora Gallinha do Bloco, convi-dando um velhote para um passeio a... copa-cabana...

...o Turquinho da zona Passagem como cabelünho cortado depois que a dona Brau-lia fez as passagens dos nicoláos...

...o Freitas se queixando por ter certomenino lhe roubado uns cravos...

...a Luiza Caldas do «S.José» acompa-nhada por um marchante na zona praça Tira-dentes...

.. .a Belmira do S. José fazendo parar oseu automóvel em frente ao Paulicéa paraconversar com um barrigudo do Derby-Club...

...o Araújo todo esperançoso de sercorrespondido por certa actriz do «S. José»...

.. .a Maria Pequena com a sua mãisinhacorrendo a zona...

...o Laranja offerecendo limões á suaportuguezinha...

.".o Belém todo afoubado na zona Inva-lidos...

...o Pedroso do «S. José» distribuindo*beijos na noite do beneficio com gestos emaneiras afeminadas...

VÊ TUDO.

CZBlSMSa,

Vendo a Adelaide por trásSinto enorme sensação...Acho tão bom, que me fazFicar logo com... razão.

c

ZE.

BOLSA DE OUROCHAPA SEMANAL

092—91—489 562—61—964 635—33—534

•ii4ã2Mii-922—23—021 813—15—216 706-05—607

DEZENAS75_11 -27-49-88-29-00-42—80-54-67 -

CENTENAS219—538—768-652—136—541

DON FELICIO.

Io volume da collecção coloridaPreço de cada exemplar Rs. í$500 - Pelo Correio Rs. 2$000

Page 8: ANNO XVII RIO DE JANEIRO, 5 DEZEMBRO DE 1914 NUM. …memoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1914_01624.pdf · m ^U 5 de Dezembro de 1914 (-) O RIO NU (-) Abrimos hoje esta secção enchendo

(-) O RIO NU (-) bEH 5 dc Dezembro de 1914

• ' . í

J+aCj

•#.«¦•;

Bibliofaa fO RIO NU

DOIS CONTRA UMA — Primorosa sérieimpressa a cinco cores, photographias do na-tural, constituindo dois volumes.

Está' ã venda o 1° volume. Preço 1Í500;pelo Correio, 2Í000.

A CABEÇA DO CARVALHO - Pyrami-dal trabalho do bestuntodo incomparavel Va-gabundo, 2$000; pelo Correio, 2Í500.

SCENAS DE ALCOVA - Interessantls-simos episódios da vida de um pobre copei-roque acaba como patrão da patroa, 1|500;pêlo Correio, 2|000.

AMORES DE UM FRADE-(3» edição,n. 1 da «Collecçâo Amorosa») — Escândalo-sas peripécias de amor prohibido, acompa-nhado de interessantes gravuras. Verdadei-ras scenas dignas da antiga Roma. Preço,500 réis. Pelo Correio, 800 réis.

NOITE DE NOIVADO - (n.- 2 da «Col-lecção Amorosa«) — Episódios picantes entreum casal recem-unido pelos laços do matri-monio, contados por Mathusalém, 500 réis;pelo Correio, 800 réis.

MADAME MINET — (n. 3 da -CollecçâoAmorosa») — Historia de uma linda viuvinhapatusca, que para comer exige apperiiivos es-peciaes... Custa 500 rs.; pelo Correio, 800 réis-

CASTA SUZANNA - (n. 4 da «Collec-ção Amorosa»)— Empolgante descripção descenas amorosas '

passadas entre uma don-'zella e Lúcio d'Amour, que afinal consegueentrar em Barcelona depois de varias invés-tidas pelas redondezas. Preço, 500 rs.; peloCorreio; 800 ís,

SANDWICH — (n. 5 da Collecçâo Amo-rosa) — Peripécias interessantes dos primei-ros gosos de uma mulher recem-casada,narradas por ella a uma amiga. Preço 500réis; pelo Correio, 800 réis.

ÁLBUNS DE VISTAS - Collecçâode Fogo, contendo cada um oito gravurastiradas do natural, impressas em papel cou-ché.áe 1» qualidade e acompanhadas de bel-los versos explicativos de cada scena repre-sentada. Estão publicados os ns. 1, 2, 3, 4 e5. Preço de cada um, 1Í000; pelo Correio11500.

CONTOS RÁPIDOS - Estão pu-b!içados os seguintes: N, 1, Tio Empa-ta — N. 2, A Mulher de Fogo —N. 3, D. Engracia — N. 4, Faz tudo...

N. 5, A Viuva Alegre — N. 6, OMenino do Gouveia — N. 7, APulga — N. 8, O Correio do Amor

N. 9, Dolores — N. 10, FamiliaModerna — N. 11, Na Zona... e N. 12,O brinquedo.

Todos esses contos, que são escriptosem linguagem ultra livre, contendo uma gra-vura cada um, narram as mais pittorescasscenas de amor para todos os paladares.,

Cada um custa unicamente 300 rs., peloCorreio: 500 rs.

Todos os livros acima citados sãoillustrados com gravuras tiradas donatural.

UMA CEIA ALEGRE — Engraçadissimaparodia á «Ceia dos Cardeaes», em versosbrejeiros. Tres respeitáveis padres contamsuas aventuras amorosas, numa linguagemdeálcoya, sem peias... Preço, 500 réis. PeloCorreio,'800" réis.

Os pedidos dirigidos ao nosso escriptorio!, devem vir acompanhadosda respectiva importância, em vales postaes, ordens commerciaes

ou dinheiro e endereçados a

wÜRUA DO HOSPÍCIO 218 — Rio de Janeiro

m -¦¦

'.% a

3V7.':"<>.

w. ¦

'Vi- ,y^V:-."•">. .,'- .WHW«-: