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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG ANNA FRANCIELE DA SILVA AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS QUE COMPÕEM O ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE DA BM&FBOVESPA. VARGINHA /MG 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG

ANNA FRANCIELE DA SILVA

AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS QUE COMPÕEM O

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE DA BM&FBOVESPA.

VARGINHA /MG

2015

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ANNA FRANCIELE DA SILVA

AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS QUE COMPÕEM O

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE DA BM&FBOVESPA.

VARGINHA - MG

2015

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito para a conclusão do curso de

Ciências Econômicas com ênfase em

Controladoria pela Universidade Federal de

Alfenas.

Orientador: João Paulo Brito Nascimento

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ANNA FRANCIELE DA SILVA

AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS QUE COMPÕEM O

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE DA BM&FBOVESPA.

Aprovado em:_____/______/______

___________________________________

Prof. Me. João Paulo Brito Nascimento

____________________________________

Prof. Me. Leandro Lima Resende

___________________________________

Prof. Me. João Estevão Barbosa Neto

A banca examinadora abaixo-assinada

aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como parte dos requisitos para

o título de Bacharel em Ciências

Econômicas com Ênfase em Controladoria

pela Universidade Federal de Alfenas –

UNIFAL-MG.

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Dedico: aos meus pais e minha irmã. Agradeço

pelo amor e incentivo diário. Por me

proporcionarem essa conquista.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ser minha força nos momentos de fraqueza, minha alegria nos

momentos de tristeza, por sempre estar ao meu lado e ter me mostrado que podia voar quando

meus pés já não conseguissem mais tocar o chão.

Aos meus pais, Maria Jacinta e José Félix, nada neste mundo conseguiria descrever ou

mensurar o amor que sinto por vocês. Agradeço por tudo que fizeram por mim, pelas muitas

vezes em que vocês abriram mão dos seus sonhos em favor dos meus, pelo choro a cada

telefonema ou a cada fim de férias, pela alegria que me recebiam sempre que chegava em

casa, pela preocupação, pelo amor incondicional, por terem me ensinado a ser uma pessoa

boa, amável e esforçada. Quero que saibam que vocês são minha inspiração, a minha

fortaleza, o que me motiva a seguir em frente todos os dias, e tenho muito orgulho de vocês.

Agradeço aos meus tios, que com tanto carinho me receberam em vosso lar.

Ao meu orientador, João Paulo, agradeço pela confiança, paciência e os incentivos que

me possibilitaram vencer meus medos e ultrapassar meus limites.

Aos meus amigos, meus sinceros agradecimentos pela parceria, cumplicidade, pelo

respeito e carinho o qual compartilhamos. Obrigada por terem tornado essa trajetória mais

leve e mais divertida.

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“Nada te perturbe, nada te assuste, tudo passa. Só Deus

não muda. Com paciência tudo se alcança. Quem a Deus

tem, nada lhe falta: só Deus basta. Quem crê e espera

Tudo alcança.”

Santa Tereza

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RESUMO

A responsabilidade social empresarial é um tema que vem ganhando reconhecimento ao longo

dos anos. Ela implica na relação que se estabelece entre as empresas e os agentes com os

quais interagem, pautada em princípios éticos e no compromisso com desenvolvimento

socioambiental, incorporando diferentes necessidades a seu planejamento e concretizando-se

por meio de suas decisões e atividades. Para compreender a forma como esta vem se

desenvolvendo é necessário a utilização de um instrumento capaz de capturar e refletir tais

informações, que neste caso, foi o Balanço Social. Desta forma, este trabalho tem como

objetivo principal apresentar os gastos realizados nas atividades socioambientais por meio da

análise dos indicadores sociais presentes no Balanço Social, tendo como base uma amostra de

quinze empresas que compõe a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Os

indicadores analisados evidenciaram as contribuições realizadas pelas empresas analisadas ao

longo do período considerado. De maneira geral, foi possível observar crescimento em

relação ao primeiro ano analisado e, constatou-se que as empresas, conjuntamente, priorizam

os Indicadores Externos.

Palavras-chave: Responsabilidade Social, Balanço Social, Índice de Sustentabilidade

Empresarial, Indicadores Sociais.

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ABSTRACT

Corporate social responsibility is a topic that has gained recognition over the years. It implies

the relationship that is established between companies and the agencies with which they

interact, based on ethical principles and commitment to social and environmental

development, incorporating different needs in their planning and realizing, through its

decisions and activities. To understand how this is developing is necessary to use a

mechanism to capture and reflect this information, in this case, was the Social Report. Thus,

this work aims to present the expenses incurred in environmental activities by analyzing the

social indicators present in the Social Report, based on a sample of fifteen companies that

make up the Corporate Sustainability Index (ISE). The analyzed indicators showed the

contributions made by the companies analyzed over the period considered. In general, we

observed growth over the first year analyzed and it was found that the company jointly

prioritize External indicators.

Keywords: Social Responsibility, Social Reporting, Corporate Sustainability Index, Social

Indicators.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 9

1.2 Objetivos.......................................................................................................................... 10

1.2.1 Objetivo geral....................................................................................................................... 10

1.2.2 Objetivos específicos................................................................................................... 11

1.3 Justificativa.................................................................................................................... 11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................... 12

2.1 Responsabilidade social empresarial: conceituação............................................................. 12

2.2 Perspectiva histórica da responsabilidade social empresarial........................................... 13

2.3 O Contexto brasileiro da responsabilidade social empresarial............................................. 18

2.4 O Índice de Sustentabilidade Empresarial: uma proposta de responsabilidade social na

BM&FBOVESPA........................................................................................................ 20

2.5 O Balanço Social: evidenciação da responsabilidade social empresarial............................ 22

2.5.1 O Balanço Social no Brasil............................................................................................... 24

2.5.2 Os Modelos GRI e IBASE de Balanços Sociais.............................................................. 25

3. METODOLOGIA................................................................................................................ 29

3.1 Tipo de pesquisa........................................................................................................... 29

3.2 Amostra e coleta de dados............................................................................................ 30

3.3 Indicadores de análise................................................................................................... 30

4. ANÁLISE DE DADOS...................................................................................................... 32

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 40

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 41

APÊNDICE: Bases de dados da pesquisa................................................................................ 45

ANEXO: Balanço Social - modelo IBASE............................................................................. 47

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1. INTRODUÇÃO

Pensar nas questões socioambientais e nos seus embates transpõe a simples discussão

deste tema ao longo dos anos. Kon (2013) descreve que o conceito de desenvolvimento, foi

entendido durante muito tempo como “a elevação do crescimento da produção para satisfazer

as necessidades humanas”. Este conceito passou por transformações gradativas à medida que

foi verificado que o aumento apenas do produto não proporcionava, necessariamente,

modificações nos padrões de bem-estar global da população.

As mudanças relacionadas à compreensão desta proposta ressaltam que alcançar o

desenvolvimento consiste na obtenção da elevação do bem-estar da sociedade como um todo.

Isto pode se dar por meio de reformas estruturais que permitam o aumento da produção e do

consumo global juntamente com a elevação da qualidade de vida das pessoas e do meio

ambiente. Assim, a implantação e a execução dos projetos que tange as questões de ordem

social e ambiental se tornam essenciais para promover as mudanças almejadas. (GIL, 2010).

Estas mudanças se relacionam principalmente às novas maneiras de agir em prol da

melhoria das condições humanas, evidenciando a importância de enfrentar as causas das

desigualdades que são crescentes, sobretudo no que diz respeito às questões de relevância no

cenário mundial, como os fatores socioeconômicos, ambientais, culturais e políticos, dentre

outras questões que precisam ser analisadas de forma cuidadosa.

Neste contexto, o papel das empresas se torna relevante, pois passam a ser vistas não

apenas como uma unidade produtora e geradora de lucros, mas como uma entidade capaz de

contribuir com a minimização dos problemas contemporâneos e suas múltiplas dimensões.

Segundo Arcioni e Mesquita (2007) o mercado e a sociedade exercem uma grande

pressão para que as empresas repensem o seu modo de produção com base no

desenvolvimento sustentável. Incentivados, os consumidores, ao longo dos anos, passaram a

ver as empresas representando o papel de agente ativo no progresso econômico e social. O

mercado, com toda sua competitividade, estimulam as empresas a irem além de suas

obrigações básicas com os clientes e principais envolvidos, sendo fundamental ofertar

produtos de qualidade que garantam a máxima satisfação do público-alvo, a não agressão ao

meio ambiente e a valorização do corpo funcional.

Desta forma, a responsabilidade social empresarial se concretiza por meio de atitudes,

comportamentos e práticas positivas e construtivas, que contribuem para preservar e melhorar

o bem comum e elevar a qualidade de vida de todos. Reflete, portanto, a busca por parte das

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empresas da excelência na qualidade das relações e a sustentabilidade econômica e ambiental.

(GARCIA, 2004).

Ademais, a divulgação das informações acerca das atividades exercidas em prol do

meio ambiente e da sociedade em geral são pautados como elementos que traduzem a ética e a

transparência nas decisões, e estes, constituem-se como fatores essenciais no âmbito da

temática responsabilidade social. Logo, tornam-se não apenas um referencial para empresa,

mas, também, um fator de avaliação e preferência para os investidores. (TENÓRIO, 2006).

As informações referentes às atividades sociais e ambientais exercidas pela empresa

são realizadas por meio do Balanço Social. Este, de acordo com Gonçalvez e Six, (1979)

“deverá retratar, de maneira bastante fiel, as iniciativas que as empresas vêm desenvolvendo

no campo social, tanto no que se referem aos aspectos administrativos, quanto também ao

nível de atendimento das expectativas do corpo funcional”. E, ainda, tem a função de

apresentar o montante e a destinação dos recursos aplicados pela empresa em ações de caráter

que envolve a sociedade e o meio ambiente.

Neste contexto, diversas empresas vêm publicando seu Balanço Social, juntamente

com os demais demonstrativos contábeis, com o objetivo de mensurar e divulgar os seus

gastos nos âmbitos sociais e ambientais e, também, evidenciar ao público em geral suas

atividades consideradas socialmente responsáveis.

Assim, o problema de pesquisa deste estudo não se baseia na possível constatação ou

rejeição dos pressupostos básicos relacionados à responsabilidade social nas empresas, mas

tem como embasamento a seguinte questão: como as empresas têm direcionado os seus

investimentos em ações sociais e ambientais?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Para responder ao problema de pesquisa apresentado, o objetivo geral é analisar como

as empresas que compõem o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da

BM&FBOVESPA têm direcionado os seus investimentos em ações sociais e ambientais, no

período de 2010 a 2014.

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1.2.2 Objetivos específicos

Analisar os Balanços Sociais publicados por companhias abertas listadas no Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA;

Identificar os investimentos realizados em cada indicador presente no Balanço Social e

a evolução dos investimentos nesses indicadores no período analisado;

Identificar os indicadores que são priorizado pelas empresas analisadas.

1.3 Justificativa

As relações entre as empresas e a sociedade se estreitaram de modo que estas

passaram a assumir um papel significativo que é capaz de exercer grande influência e poder

de transformação. Desta forma, as empresas foram influenciadas para um posicionamento

proativo diante de algumas questões, dentre elas as que estão relacionadas à responsabilidade

social empresarial (RSE).

Segundo Pereira (2014) a rápida e radical mudança no relacionamento entre empresa e

sociedade está gerando um profundo impacto no modo como as empresas fazem e mantêm

seus lucros. As empresas passaram a perceber a importância de ser responsável para com seu

público, pois além de cumprir seu papel social, essa atitude agrega valor a seus produtos,

resgata os valores éticos, amplia e fideliza os mercados, auxilia na redução das desigualdades

sociais.

Diante disso, essa pesquisa se justifica pela discussão sobre o tema RSE,

compreendendo a importância que a atuação do setor privado exerce sobre a sociedade e o

meio ambiente, sendo, portanto, um instrumento capaz de minimizar as desigualdades e as

disparidades procedentes da globalização e da configuração econômica atual. E, este trabalho

busca contribuir com o debate atual acerca do tema, focando-se nos gastos realizados pelas

empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA,

com intuito de entender melhor essa relação e compreender as contribuições que estão sendo

realizadas em prol das questões socioambientais.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Responsabilidade Social Empresarial: conceituação

A nova configuração do cenário econômico e político juntamente com outros fatores

relevantes, como a queda das barreiras comerciais e a integração dos mercados, mudou a

visão das organizações, que estão em uma realidade que se traduz na inserção em uma escala

de maior competição. Essas mudanças influenciaram diretamente a sociedade, levando ao

entendimento que “o crescimento econômico de um país [...] inclui não apenas o crescimento

econômico, mas também a elevação da qualidade de vida da população”. (PAULANI;

BRAGA, 2007, p. 265).

As relações entre empresa e sociedade se estreitaram de modo que estas primeiras

passaram a assumir um papel significativo com grande influência e poder de transformação

destas últimas e fazendo, assim, com que as empresas mudassem sua postura diante de

algumas questões, dentre elas a responsabilidade social. Dessa forma, segundo Pereira (2014)

a rápida e radical mudança no relacionamento entre empresa e sociedade está gerando um

profundo impacto no modo como as empresas fazem e mantêm seus lucros.

Paixão et al. (2011) destaca a dificuldade em apresentar um conceito unificado de

responsabilidades social, pois o mesmo é muito abrangente e permite a coexistência de

diversas concepções de diferentes autores. Entretanto, o Instituto Ethos (2013) conceitua tal

termo da seguinte maneira:

Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela

relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais

ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresarias que

impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando

recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a

diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

(INSTITUTO ETHOS, 2013, p. 5).

A adoção desse conceito pode ressaltar que a responsabilidade social engloba uma

série de comportamentos que atuarão de forma efetiva sobre os principais envolvidos, ou seja,

todos aqueles que são diretamente afetados por suas atividades. Isto vai além do que a

empresa realiza por obrigação, e engloba seus esforços que se dão através de iniciativa própria

ou mesmo em parceria de projetos pré-existentes. Assim, nota-se que uma empresa que

assume a posição de socialmente responsável tende a desenvolver uma linha orientadora que

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visa canalizar seus esforços em prol de uma preocupação crescente para com os clientes,

colaboradores, comunidade e meio ambiente.

Diante disto, cabe ressaltar um contraponto existente citado por Prado e Lourenzo

(2011). Como já visto, há muitas definições para o conceito de responsabilidade social o que,

por sua vez, não deve ser confundido com outras políticas ou programas adotados pela

empresa, como as normas já pré estabelecidas e o cumprimento de leis. Assim, nas palavras

do autor:

A questão que se apresenta é se as empresas e/ou os empresários/executivos

assumem alguma responsabilidade além daquelas exigidas por lei. Da

mesma forma, não se pode chamar de responsabilidade social as ações,

programas, benefícios, etc. que foram adotados pelas empresas como

resultado de negociação trabalhista (acordo, convenção, etc.). Neste caso, se

está diante de uma questão de poder, barganha política, e não de

responsabilidade socioambiental (PRADO; LOURENZO, 2011, p.31).

Para melhor compreensão das relações que são estabelecidas dentro da

responsabilidade social, é primordial diferenciá-la da filantropia empresarial, que é definida

por Cunha (2005) como:

a filantropia empresarial constitui uma modalidade que vincula os

atendimentos sociais à necessidade de ganhos das empresas e de

reatualização da exploração e do controle sobre o trabalhador. Ao mesmo

tempo, admite-se que algumas experiências podem atender às necessidades

sociais do público-alvo para o qual estão direcionadas as ações. (CUNHA,

2005, p. 5).

A responsabilidade social, portanto, vai além do que se resulta de embates políticos,

sejam eles oriundos de sindicatos ou organizações de trabalhadores. Pode-se dizer que a

responsabilidade social não pode mais ser vista e discutida somente como uma forma de se

trabalhar filantropia.

A prática da responsabilidade social deve ser vista atualmente como uma forma criativa

e inovadora de gestão empresarial, ligada aos objetivos estratégicos, inserida na estrutura

organizacional das empresas e também fazendo parte de seu orçamento anual. (PEREIRA,

2014).

2.2 Perspectiva histórica da responsabilidade social empresarial

No intuito de compreender todo este contexto citado anteriormente, faz-se necessário a

realização de uma breve exposição histórica para que, assim, seja possível delinear seus

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percursos e definições. Desta forma, Paixão et al (2011), defende que é possível identificar a

construção da responsabilidade social desde os primórdios da civilização, quando o homem

primitivo utilizava da caça e coleta para se sustentar, e se comprometia com o grupo na

repartição destes produtos. Desde então, passou a realizar a prática de domesticar animais,

construir tribos e a plantar. Tais atividades eram realizadas através do cooperativismo e

responsabilidade com todo o grupo. Há controvérsias quanto a questão dos primórdios da

responsabilidade social, e Paixão et al (2011) destaca que outros autores defendem que o

retrospecto de conceituação da responsabilidade social se faz nos primórdios do capitalismo.

Seguindo essa linha de pensamentos, Tenório (2006) defende que o surgimento da

responsabilidade social pode ser visto a partir de dois temas ligados ao capitalismo: a

sociedade industrial e pós-industrial. Nas palavras dele:

[...] a sociedade industrial como o período que se iniciou com a revolução

industrial da Inglaterra, no século XVIII, na qual predominava uma

sociedade mais voltada pelo uso da razão em contraposição a um

pensamento mais emotivo e religioso, ficando em segundo plano as questões

sociais e ambientais. (TENÓRIO, 2006. p. 15).

Outra linha de pensamento propõe que a responsabilidade social foi iniciada na

Europa, no final do século XIX. Segundo Karkotli e Aragão (2005) as primeiras iniciativas

surgiram na Europa em 1899, mais precisamente na França, quando Andrew Carnegie

fundador do Conglomerado U.S. Steel Corporation publicou um livro intitulado „O Evangelho

da Riqueza‟, que estabelecia uma abordagem clássica da responsabilidade social das grandes

empresas. Becker et. al (2007) descreve esta visão da seguinte forma:

A visão de Carnegie baseava-se em dois princípios: o principio da caridade,

exigia que os membros mais afortunados da sociedade ajudassem os grupos

de excluídos e o outro principio era o da custódia em que as empresas

deveriam cuidar e multiplicar a riqueza da sociedade. (BECKER et al.,

2007).

Assim, a primeira visão descreve que as classes mais bem sucedidas da sociedade

deveriam auxiliar as pessoas menos privilegiadas dentro do que se seguia nos princípios da

caridade, enquanto a segunda visão ditava que as empresas e os membros mais ricos

direcionassem suas propriedades como custódia para beneficiar a toda sociedade.

No final do século XIX e início do século XX, surge um discurso ético que passa a

seguir as ideias liberais e democráticas buscando maior igualdade de direitos e oportunidades

para que os indivíduos pudessem desenvolver suas capacidades. Neste contexto encontramos,

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também, as primeiras manifestações no meio acadêmico e no pensamento empresarial na qual

colocavam a empresa não apenas como uma mera instituição que buscava lucros incessantes,

mas procuravam evidenciar outro papel que tais instituições deveriam e poderiam cumprir.

Essas novas ideias, porém, foram tão logo associadas, de forma pejorativa, ao pensamento

socialista ostensivo à época e, muito representativo em parte da Europa. Não obstante, essa

nova forma de pensar e agir foi fortemente combatida pela maioria dos empresários e

conservadores capitalista.

Segundo Torres (2010) as ideias que atribuíam as empresas um papel mais social,

voltam a aparecer nos anos 1920, porém continua não obtendo êxito e aceitação por parte dos

empresários e intelectuais. Dos anos 1920 até início da década de 1950, as questões

relacionadas a responsabilidade social das empresas não despertou tanto interesse nestes

anteriormente citados. Todavia, cabe ressaltar o livro de Howard Bowen, Social

Responsibilities of the Businessman, publicado em 1953 que, segundo Torres (2010, p. 133)

“é considerado o marco inicial do entendimento e da sistematização da responsabilidade

social das empresas.” Essa obra foi responsável pela difusão do tema responsabilidade social

empresarial tanto nas empresas quanto no meio acadêmico.

Apenas nos anos 1940, em parte da Europa, que é possível registrar o princípio do

apoio empresarial de forma significativa e explícita voltadas à atuação mais social das

corporações, objetivando atender as necessidades de seus funcionários e dessa forma

contribuírem para o bem estar da sociedade. Na visão de Duarte (1986):

Em 1942, a ideia aparecia num manifesto subscrito por 120 industriais

ingleses, onde se afirmava sem rodeios: A responsabilidade dos que dirigem

a indústria é manter um equilíbrio justo entre os vários interesses do público

como consumidor, dos funcionários e operários como empregados e dos

acionistas como investidores. Além disso, dar a maior contribuição possível

ao bem-estar da nação como um todo (DUARTE,1986, P. 41).

Torres (2010) destaca que nos Estados Unidos e em uma parte da Europa Ocidental,

na segunda metade dos anos 1960, surge uma efetiva cobrança, por uma parte da sociedade,

de um comportamento socialmente responsável por parte das empresas. Soma-se a este fato a

Guerra do Vietnã (1964-1973) que era repudiada pela população que “deu início a um

movimento de boicote à aquisição dos produtos e das ações na bolsa de valores daquelas

empresas que, de alguma forma, estavam ligadas ao conflito bélico na Ásia.”

Este cenário criado pela Guerra do Vietnã afetou negativamente a imagem das

empresas que, por vezes, se beneficiavam economicamente dela. Muitas instituições da

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sociedade civil, assumindo um posicionamento contra estes acontecimentos, passaram a

denunciar o uso de armamentos pesados que dizimavam comunidades inteiras e prejudicavam

o meio ambiente. Tal contexto reforçado pelo crescimento dos movimentos sociais e das lutas

pelos direitos civis norte- americanos trouxeram novos elementos para as questões abordadas

como, por exemplo, “a participação popular, a opinião pública e a cobrança por parte da

sociedade de uma nova postura empresarial”. (TORRES, 2010, p.133).

Como uma reação, tão logo as empresas começam a mudar sua postura frente aos

crescentes movimentos e cobranças que recebiam. Muitas empresas americanas e europeias

passaram a adotar uma conduta diferente em relação as questões sociais e ambientais, além de

uma postura ética na forma de lidar com os principais interessados, trabalhadores,

consumidores, fornecedores e mesmo a própria matéria-prima utilizadas. Dessa forma, nas

palavras de Torres (2010, p. 134) “essas empresas buscavam, assim, uma transformação

positiva de sua imagem diante de consumidores, acionistas e da sociedade em geral.

Por intermédio de associações, universidades, sindicatos e instituições de caridade, as

organizações da sociedade civil foram responsáveis por difundir as ideias relacionadas a

cidadania e a ética empresarial e, assim, tornou-se um instrumento de influência- direta ou

indireta- as práticas e o discurso de muitas empresas.

As transformações ocorridas nas empresas e na sua conduta, estão relacionadas, de

alguma forma, aos diversos movimentos sociais da década de 1960. Porém, como é colocado

por Torres (2010), no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 que encontramos as questões

relacionadas a responsabilidade social das empresas de formas mais consolidada. Este período

é importante a medida que é a partir dele que nasce a preocupação das empresas de não

apenas ter práticas responsáveis, mas, de certa forma, prestar estas informações ao público em

geral e divulgar a estes, informações sobre as atividades que desenvolve tanto no campo

social quanto no ambiental, através de relatórios que abordassem essas informações e tornava

pública suas ações politicamente corretas que, hoje é conhecido como Relatório de Atividades

Sociais ou Balanços Sociais.

Embora essa novidade tenha nascido nos EUA, não existiu neste país obrigatoriedade

de as empresas realizarem anualmente este relatório. A França aparece como o primeiro país a

divulgar, obrigatoriamente, esse tipo de relatório e prestação de contas ao seu público. Nas

palavras de Torres (2010):

A partir dos anos 1970, principalmente como resultado das pressões sociais e

econômicas daquele período as transformações ocorridas após o movimento

estudantil de maio de 1968, as empresas francesas deram início à publicação

de quadros e relatórios contendo dados relacionados à gestão de pessoal e às

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condições sociais no universo do trabalho. Esses quadros passaram a

acompanhar as já tradicionais demonstrações financeiras e contábeis. A ideia

da responsabilidade social nas empresas popularizou-se na Europa durante

os anos 1970. (TORRES, 2010 p.135).

A partir dos anos 1980 é possível observar que as ideias relacionadas à

responsabilidade social são mais abrangentes e aparecem de forma mais concreta tanto nos

EUA quanto na Europa onde, diversas organizações aparecem atuando de forma mais conexa

nas questões sociais, ambientais e éticas. Algumas entidades ganham evidência neste período,

dentre elas, Torres (2010) destaca:

a atuação de entidades como o Business for Social Responsibility (BSR) nos

EUA; e o Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA,

SAI atualmente), que atua tanto num continente quanto no outro; e a

organização Accountability, na Inglaterra. A CEPAA, uma organização não-

governamental norte-americana que atualmente se denomina Social

Accountability International (SAI), merece um destaque especial pelo

trabalho realizado durante o fim dos anos 90 e por estar iniciando sua

atuação também no Brasil. (TORRES, 2010. p.136)

O período referente aos anos 1990 é acompanhado então por um novo quadro social,

político e econômico, que para muitos autores podem ser identificado como neoliberalismo.

Assim, os debates acerca da responsabilidade social passaram a ser conduzido por esse

pensamento vigente à época. Para Tenório (2004), nesse contexto, a responsabilidade social

passa a ser vista como desenvolvimento sustentável e este é composto pelas dimensões

econômica, ambiental e empresarial, tendo por objetivo:

Obter crescimento econômico por meio da preservação do meio

ambiente e pelo respeito aos anseios dos diversos agentes sociais,

contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Dessa forma, as empresas conquistariam o respeito e admiração dos

consumidores, sociedade, empregados e fornecedores; garantindo a

perenidade e a sustentabilidade dos negócios no longo prazo

(TENÓRIO, 2004, p.25).

A discussão deste tema no Brasil estava associada à mudança de valores que o país

atravessava, como colocado por Tenório (2004), no qual passava de uma sociedade industrial

onde responsabilidade social assumia características mais econômicas, para uma sociedade

pós-industrial, onde o assunto buscava valorizar aspectos relacionados a qualidade de vida.

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2.3 O contexto brasileiro da responsabilidade social empresarial

No Brasil, o tema responsabilidade social passou a ser discutido na década de 1960,

tendo como principal ponto de partida a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de

Empresas (ADCE). A organização era composta por empresários cristãos e tinha como base

os princípios estabelecidos pela doutrina social da igreja. (SOUSA, 2006).

Já em meados do século XX, a sociedade civil se articulou em torno da participação

política no contexto de redemocratização do país. O fim do período autoritário e as novas

experiências de organizações coletivas surgiram com características reivindicatórias. Na

busca pela construção de um modelo de cidadania baseado nos direitos sociais e humanos, as

ações coletivas experimentavam a vivência dos movimentos sociais, atores políticos que

levantavam a bandeira da política emancipatória. (MACHADO, 2006, p. 32).

Este contexto de caráter politizado ofereceu suporte para que outras mobilizações

acontecessem nas décadas seguintes e, nos anos 1990, diante de um contexto de grandes

mudanças do mercado e no ambiente produtivo o que, por sua vez, alterou as relações

trabalhistas e estabeleceu a diminuição da participação do papel do Estado, emergindo neste

sentido a participação de entidades do terceiro setor e das empresas no que tange a prestação e

participação em serviços sociais. Ganha destaque as ações das chamadas organizações não-

governamentais (ONGs), que foi importante na busca de soluções aos problemas sociais e

ambientais no país. Um dos grandes destaques desse setor foi o Instituto Brasileiro de

Análises Sociais e Econômicas (IBASE), criado pelo sociólogo Herbert Souza, estabelecendo-

se como um dos principais incentivadores da adoção da conduta ética e social das empresas.

Rico (2004) enfatiza a forma como a nova configuração econômica e as novas relações

estabelecidas influenciaram a iniciativa das empresas nas questões sociais.

Diante dessa nova organização empresarial global, as organizações privadas

possuem uma nova diretriz nos rumos da obtenção do lucro, pois

simplesmente as vantagens oferecidas em relação a valores (preços) não

estão sendo suficientes para a obtenção de um mercado consumidor. Cada

vez mais a qualidade do produto está relacionada à relação da empresa com a

sociedade e seu comportamento ético e esses fatores determinam o

comportamento dos consumidores. (RICO, 2004, p. 25).

O lançamento de fundações, premiações, produções acadêmicas, em especial institutos

como Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, fundado em 1998, entre diversas outras

entidades têm incentivado cada vez mais as empresas a participarem ativamente e

efetivamente das questões sociais. Esse instituto tinha como pressuposto intermediar a relação

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entre as empresas e as ações sociais e, também, disseminar a prática social por meio de

publicações, eventos e programas associados ao público em geral. Assim, suas contribuições

são voltadas ao desenvolvimento sustentável por meio de uma cultura empresarial pautada

principalmente na ética.

No Brasil, ao longo dos anos, a responsabilidade social veio ganhando ênfase no

ambiente empresarial e aparece cada vez mais no calendário de negócios e, também, como

estratégia administrativa das empresas. Uma das consequências de um projeto social bem

sucedido é o reconhecimento institucional, comunitário e social que a empresa adquire. Em

outras palavras, para Rico (2004, p.74), a construção de uma imagem positiva por meio de um

investimento que contribuiu diretamente para a melhoria da vida comunitária, “provocando

impactos positivos na comunidade e, portanto, ao serem vistas como empresas responsáveis,

adquirem um diferencial de mercado, e uma maior integração com a sociedade a qual está

inserida”.

A partir desse contexto, percebe-se uma adesão maior das empresas em relação à

responsabilidade social, pois a própria sociedade vai cobrar uma atitude mais responsável das

empresas e, aquelas que não se enquadrarem nesse quesito ficarão desiguais perante uma

sociedade que busca uma posição mais atuante por parte das empresas no que diz respeito aos

problemas sociais. (ASHLEY; MESQUITA, 2005).

2.4 O Índice de Sustentabilidade Empresarial

No ano de 2005, a BOVESPA, atual BM&FBOVESPA, lançou o Índice de

Sustentabilidade Empresarial - ISE. O índice visava, de acordo com Peçanha (2012), criar

“um ambiente de investimento compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável

da sociedade contemporânea e estimular a responsabilidade ética das corporações.” Sua

composição metodológica é de responsabilidade do Centro de Estudos em Sustentabilidade da

Fundação Getúlio Vargas (GVces) e, seu início se deu via financiamento da International

Finance Corporation (IFC), um ramo do setor privado do Banco Mundial. (PEÇANHA,

2012).

O ISE foi o quarto indicador desse segmento no mundo e pioneiro na América Latina,

tendo a sua inspiração nas experiências internacionais de diferentes indicadores. O índice foi

estruturado por iniciativa da BM&FBOVESPA, juntamente com um grupo de entidades, que

se reuniram na decisão de criar um indicador que fosse capaz de conduzir um desempenho

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superior, um processo positivo no que se refere à sustentabilidade empresarial (PEÇANHA,

2012).

Dentre as principais funções que desempenha, o ISE pode ser caracterizado, segundo a

BM&FBOVESPA (2015) como:

uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas

listadas na Bolsa de Valores sob o aspecto da sustentabilidade corporativa,

baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e

governança corporativa. Também amplia o entendimento sobre empresas e

grupos comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-os em termos

de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável,

equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do

desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social,

ambiental e de mudanças climáticas. (BM&FBOVESPA, 2015).

O ISE tem por finalidade ser o indicador de desempenho médio das cotações dos

ativos de empresas que possuem reconhecimento do seu comprometimento com a

sustentabilidade empresarial. Desta forma, para compor a carteira do ISE, as empresas

precisam preencher certos requisitos e critérios de inclusão e, o Conselho Deliberativo do ISE

seleciona, no máximo, 40 empresas para compor a carteira do índice (BM&FBOVESPA,

2015).

Para compor a carteira do ISE, os ativos devem atender, cumulativamente, os critérios

estabelecidos, que são:

1)Estar entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das 3 (três)

carteiras anteriores, em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade

(IN), ocupem as 200 primeiras posições.

2) Ter presença em pregão de 50% (cinquenta por cento) no período de

vigência das 3 (três) carteiras anteriores.

3) Não ser classificado como “Penny Stock”1.

4) Atender aos critérios de sustentabilidade e ser selecionado pelo Conselho

Deliberativo do ISE.

5) Uma vez que um ativo de uma empresa atenda aos critérios de inclusão

acima, todas as espécies de sua emissão participarão da carteira do índice,

desde que estejam entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das 3

(três) carteiras anteriores, em ordem decrescente de Índice de

Negociabilidade (IN), representem em conjunto 99% (noventa e nove por

cento) do somatório total desses indicadores. (BM&FBOVESPA (2015, p.

3).

Para avaliar o desempenho no contexto da sustentabilidade das empresas listadas na

BM&FBOVESPA e, assim, selecioná-las para compor o ISE, foi estabelecida uma parceria

entre BM&FBOVESPA e o Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Escola de

1 Ativos cuja cotação seja inferior a R$ 1,00 (BM&FBOVESPA, 2013, p. 3).

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Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP). A

partir de então, desenvolveu-se a metodologia que se reflete “em um questionário para avaliar

o desempenho em sustentabilidade das companhias emissoras das 200 ações mais negociadas

da BM&FBOVESPA (BM&FBOVESPA, 2015, p. 6). O questionário abrange várias

dimensões e analisa a atuação da companhia em sete aspectos que avaliam elementos sociais,

elementos ambientais e econômico-financeiro de maneira associada. (BM&FBOVESPA,

2015).

De maneira geral, algumas práticas também são avaliadas como o empenho da

empresa no que se refere ao desenvolvimento sustentável e frente aos acordos globais

firmados; bem como a transparência e a sua transparência advinda das respostas aos

questionários e a elaboração dos relatórios anuais de sustentabilidade. Uma outra dimensão

considerada, diz respeito à natureza do produto, onde são avaliadas questões relacionadas aos

possíveis danos e riscos à saúde dos consumidores e de terceiros, gerados pela emprego de

produtos ou serviços da empresa. (BM&FBOVESPA, 2015).

O tema das mudanças climáticas passou a ser mais aprofundado e difundido

recentemente, dando direcionamento a uma nova dimensão que busca, dentre outras coisas,

avaliar o compromisso, a gestão de riscos, as estratégias e as oportunidades advindas das

mudanças climáticas já em andamento no planeta. (BM&FBOVESPA, 2015).

2.5 O Balanço Social: evidenciação da responsabilidade social empresarial

A abordagem do tema responsabilidade social empresarial implica na utilização de

mecanismos que sejam capazes de detectar e avaliar o desempenho que as empresas exercem

sobre tais atividades. Estas ferramentas devem ser capazes de apontar, principalmente, quais

investimentos são realizados e de que forma são operacionalizados. Dentre os instrumentos

utilizados destacam-se os relatórios anuais e o Balanço Social.

O Balanço Social surge a partir de um contexto onde o tema responsabilidade social

ganha ênfase e, assim, torna-se necessário um meio de demonstrar as atividades

desenvolvidas pelas empresas.

Dessa forma, Tenório (2004) destaca que o Balanço Social surge pela demanda

crescente, por parte da sociedade e dos agentes envolvidos, de informações capazes de

evidenciar os impactos que as atividades desenvolvidas pelas empresas exercem sobre seus

colaboradores, sociedade, comunidade e o meio ambiente. Para Ribeiro e Lisboa (1999, p.

19),

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o Balanço Social é um instrumento de informação da empresa para a

sociedade, por meio do qual a justificativa para sua existência deve ser

explicitada. Em síntese, essa justificativa deve provar que seu custo-

benefício é positivo, porque agrega valor à economia e à sociedade, porque

respeita os direitos humanos de seus colaboradores e, ainda, porque

desenvolve todo o seu processo operacional sem agredir o meio ambiente.

Segundo Iudícibus et al. (2010) o Balanço Social tem a finalidade de explanar o

resultado da interação entre empresa e o meio ao qual está inserida e, desta forma:

[...] busca demonstrar o grau de responsabilidade social assumido pela

empresa e assim prestar contas à sociedade pelo uso do patrimônio

público, constituído dos recursos naturais, humanos e o direito de

conviver e usufruir dos benefícios da sociedade em que atua

(IUDÍCIBUS et al., 2010, p.7).

Na perspectiva de Santos (2007), o Balanço Social dispõe-se de quatro vertentes,

sendo elas: o Balanço Ambiental, o Balanço de Recursos Humanos, Demonstração do Valor

Adicionado e Benefícios e Contribuições à sociedade em geral.

O Balanço Ambiental retrata o comportamento da empresa em relação ao meio

ambiente e aos recursos naturais, compreendendo, portanto, os dispêndios relacionados à

proteção e recuperação dos mesmos, o investimento em tecnologias e uso de mecanismos

capazes de contribuírem com a preservação ambiental. Poderá ainda trazer comparativos-

acompanhados de algum parâmetro- relacionados à emissão de poluentes de um período a

outro. (SANTOS, 2007).

Já o Balanço de recursos humanos propõe-se a retratar o perfil da força de trabalho,

evidenciando características tais como o gênero, a idade, a formação escolar, o estado civil,

etc. Outras questões abordadas estão relacionadas com salários, benefícios concedidos e os

gastos com treinamento dos funcionários. Iudícibus et al.(2010), destaca que se pode

confrontar esse dados com outros elemento, até mesmo com a produtividade ao longo do

período. Nesta vertente, cabe distinguir a diferença entre os gastos com os colaboradores e a

sociedade.

Nas palavras de Iudícibus et al. (2010, p.7) “muito importante, ainda, é a

discriminação dos gastos em benefícios à sociedade circunvizinha, como centros de recreação,

construção e/ou manutenção de hospitais e escolas para a comunidade, etc.”

Outro instrumento utilizado para evidenciação de informações referentes às questões

sociais é a Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Esta visa, segundo Iudícibus et al.

(2010), evidenciar o desempenho da empresa no contexto em que se situa e de sua

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participação no desenvolvimento regional. A DVA apresenta, portanto, o valor agregado pela

empresa junto à sociedade e a maneira como esse valor é distribuído dentre os agentes

econômicos, sejam ele acionistas, empregados, governo, dentre outros. Assim, a DVA além

de demonstrar a capacidade de geração de riquezas e a forma que esta riqueza é distribuída,

serve também, como colocado por Souza e Costa (2012), para estimular a continuidade de

incentivos e subsídios governamentais.

O Balanço Social constitui, portanto, um instrumento que merece especial atenção na

discussão corporativa, pois constitui uma importante forma da qual os gestores se dispõem

para comunicar-se com a sociedade, investidores e o mercado em geral. As empresas que

adotam esta postura de divulgar suas atividades, como colocado por Corrêa (2009, p.1), “têm

relevada sua posição ética, pois dissemina o bem entre as pessoas, princípio que agrega valor

e imagem diante dos consumidores e investidores, assim como para os Governos e mercados

externos”.

Assim, quando fornecem informações relacionadas à maneira como utilizam seus

recursos naturais, humanos, financeiros e tecnológicos, trazem para empresa maior

credibilidade o que, por sua vez, contribui com a continuidade das operações.

2.5.1 O Balanço Social no Brasil

Nos primórdios do século XX, já se verificava manifestações em prol das empresas

desenvolverem atividades socialmente responsáveis. No entanto, foi somente a partir dos anos

1960 nos Estado Unidos e no início da década de 1970 na Europa - mais precisamente na

França, Alemanha e Inglaterra- que se verifica uma cobrança mais acentuada desse tipo de

comportamento, consolidando a própria necessidade de divulgação dessas atividades nos

chamados Balanços Sociais. (TREVISAN, 2002).

Almeida e Silva et al. (2012) apontam que a popularização da ideia de

responsabilidade social das organizações ocorreu na década de 1970, na Europa e, que

partindo desta ideia, a companhia alemã STEAG produziu uma espécie de relatório social, um

balanço de suas atividades sociais no ano de 1971.

Contudo, para ambos os autores, o evento que pode ser considerado um marco na

produção dos Balanços Sociais, no seu sentido pleno, ocorreu na França, em 1972 quando,

após várias experiências que traziam a necessidade de uma avaliação mais sistemática das

atividades desenvolvidas no âmbito social, a empresa Singer elaborou o primeiro Balanço

Social da história das empresas. Posteriormente, no ano de 1977, foi aprovada uma lei que

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“tornava obrigatória a realização de balanços sociais periódicos para todas as empresas com

mais de 700 funcionários, número que posteriormente baixou para 300 (TREVISAN, 2002,

p.4)”.

Este contexto de mudanças de mentalidade empresarial, principalmente o francês,

trouxeram influências ao contexto brasileiro. Tais mudanças já podiam ser notadas na “Carta

de Princípio do Dirigente Cristão de Empresas”, publicado em 1965, pela Associação de

Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil). Esta apresenta-se como a primeira

referência histórica da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil e, embora estivesse

restrita a um grupo pequeno e apresentasse limitações, pode ser considerada como uma base

para o desenvolvimento do Balanço Social. Tal associação tinha como premissa que as

empresa não eram responsáveis apenas pela produção de bens e serviços, mas

desempenhavam um importante papel no âmbito social.

Nas décadas de 1960 e 1970, devido ao contexto histórico no Brasil, esse movimento

sofreu diversas limitações em consequência da política governamental vigente na época. De

acordo com Corrêa (2009), a queda do modelo de administração estatal motivou o aumento

dos investimentos externos devido, principalmente, à liberdade do mercado, o que, por sua

vez, impulsionou o desenvolvimento das empresas, fazendo com que estas estivessem sujeitas

às tendências mundiais, obrigando-as a se adaptarem a esse contexto insurgente.

A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que foi criada na década de 1970,

por meio do Decreto-Lei nº 76.900/1975, pode ser considerada o primeiro relatório brasileiro

com informações de caráter social. Este instrumento consiste num relatório obrigatório para

todas as empresas, até os dias atuais, em prestar contas das informações sociais relacionadas

aos trabalhadores nas empresas. Pode-se dizer que o RAIS apresenta atributos análogos aos

do Balanço Social, porém, não cumpre a função do Balanço Social.

Correa (2009), aponta que:

a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) destina-se ao Ministério do

Trabalho e Emprego apenas para prover os controles estatísticos do Governo

na área social, para cumprimento de programas sociais do Governo voltados

para os trabalhadores, tais como o Programa de Integração Social (PIS),

Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), Fundo

de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e Instituto nacional de

Seguridade Social – INSS. (CORRÊA, 2009, p.6)

Na década de 1980, foi elaborado um modelo de divulgação das atividades sociais pela

Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES). Entretanto, somente a

partir do início dos anos 1990, que algumas empresas passaram a dar credibilidade a esta

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questão e a divulgar sistematicamente, por meio de balanços e relatórios sociais as ações que

exerciam em relação ao meio ambiente, à comunidade e ao seu próprio corpo de funcionários

(IBASE, 2015).

Segundo Trevisan (2002, p.5) o primeiro Balanço Social feito no Brasil foi da

Nitrofértil, empresa estatal situada na Bahia, em 1984. Neste mesmo período estavam em

processo de elaboração o Balanço Social do Sistema Telebrás e o do Banespa, que foi

divulgado em 1992. Estas foram as empresas pioneiras a elaborarem este tipo de relatório no

Brasil.

No Brasil, de modo geral, a publicação do Balanço Social não é obrigatória, com

exceção para as empresas de energia elétrica, por imposição da entidade reguladora deste

segmento, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

De acordo ANEEL (2015, p. 34):

a Prestação Anual de Contas - PAC deve ser elaborada exclusivamente pelas

concessionárias e permissionárias de serviço público de distribuição,

transmissão e geração de energia elétrica, e deve ser encaminhada até 30 de

abril do ano seguinte ao de competência. Deve apresentar, além dos

demonstrativos financeiros e relatórios obrigatórios, o Relatório de

Responsabilidade Socioambiental e o Balanço social.

Além das empresas do setor elétrico, observa-se que as companhias que compõem o

ISE da BM&FBOVESPA têm publicado Balanços Sociais no intuito de divulgar informações

que demonstrem a sua atuação como empresa social e ambientalmente responsável.

Vale ressaltar que, no Brasil, atualmente, dois modelos de Balanços Sociais têm sido

utilizados pelas empresas, sendo o modelo da Global Reporting Initiative - GRI e do Instituto

Brasileiro de Análises Econômicas e Sociais - IBASE, que serão apresentados no tópico a

seguir.

2.5.2 Os Modelos GRI e IBASE de Balanços Sociais

Ao analisar as atividades desenvolvidas pela empresa, enquanto realidade econômica e

social, torna-se necessário a utilização de instrumentos que possibilitem que estas ações sejam

mensuradas, avaliadas e acompanhadas e, desta forma, poder adaptá-las à realidade da

empresa.

De acordo com Silva et al. (2012) nos últimos anos, diversas instituições

desenvolveram instrumentos para avaliar as ações sociais e ambientais desempenhadas pelas

empresas. Esses instrumentos possuem, na maioria das vezes, caráter qualitativo (mas podem

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ser, também, quantitativos) e são representados por indicadores de desempenho, princípios ou

normas internacionais que visam integrar o sucesso financeiro da empresa à consciência

ambiental e social. Para Souza (2006) a organização dessas três áreas conduz as empresas em

direção ao desenvolvimento sustentável.

Complementando esta ideia, o Instituto Ethos (2013) pontua que:

Com relação às ferramentas de gestão empresarial, uma demanda recorrente

das empresas tem sido pelo estabelecimento de comparabilidade entre o que

elas vêm diagnosticando, implementando e relatando de um período para

outro. Com o aprimoramento dos investimentos e da execução das ações

com critérios socioambientais, cada vez mais é necessário acompanhar os

resultados para medir até que ponto os esforços da empresa estão atendendo

seu objetivo de contribuir com o desenvolvimento sustentável. (INSTITUTO

ETHOS, 2013, p. 3).

Contudo, cada empresa pode se dispor de iniciativas próprias de avaliação de suas

ações e projetos dificultando, portanto, que haja um confronto dos resultados sociais e

ambientais entre as organizações. Desta forma, a tentativa de padronização dessas

demonstrações se tornou uma das principais preocupações de diversas organizações e

institutos no mundo.

Neste contexto, destaca-se a Global Reporting Initiative (GRI), que é, segundo Correa

(2009, p.17) “uma organização internacional que explora o desenvolvimento da

sustentabilidade no mundo”. Essa organização iniciou suas atividades em 1997

desenvolvendo ações conjuntas com a organização não governamental Coalition for

Environmentally Responsible Economies (CERES) e o Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA), tendo como escopo melhorar a qualidade, o rigor e a

aplicabilidade dos relatórios de sustentabilidade (SOUZA, 2006).

A GRI se constituiu como precursora na criação de modelos de relatórios de

sustentabilidade, sendo este modelo, de acordo com Correa (2009), um dos mais utilizados.

Essa organização ainda se propõe a aprimorá-lo constantemente e manter a divulgação quanto

a aplicação destes relatórios em todos os países possíveis.

De maneira geral, Correa (2009, p.13) pontua:

o Modelo de Balanço Social GRI consiste de princípios e orientações para

elaboração dos relatórios, assim como diretrizes para o estabelecimento do

conteúdo através de indicadores de desempenho. Os quais determinam as

informações mínimas que devem constar dos itens descritivos, de forma que

a organização apresente informações que traduzam melhor a interpretação

em um tema específico. A estrutura de relatórios GRI também se cerca de

outros elementos para coleta de informações e a devida constatação da

veracidade dos dados fornecidos. (CORREA, 2009, p.13).

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No que se refere à estrutura, o modelo GRI fornece, de acordo com Correa (2009),

uma estrutura moldável para atender de forma precisa às necessidades e interesses da

organização. Além disso, apresenta 11 (onze) princípios essenciais para a elaboração dos

relatórios de sustentabilidade, conforme apresentado no Quadro 1, os quais determinarão o

conteúdo a ser apresentado e sua relevância.

Quadro 1: Princípios do Balanço Social da GRI

Transparência

Inclusão Decisão sobre inclusão de

informações Qualidade e confiabilidade

das informações Acessibilidade das informações

transmitidas Abrangência Exatidão Clareza Relevância Neutralidade Periodicidade Contexto de

sustentabilidade Comparabilidade

Verificabilidade

Fonte: Elaborado pelo autor a partir Souza (2012).

Dos princípios apresentados, os da transparência e da inclusão são aqueles que

possuem maior importância e devem, portanto, permanecerem ao longo de todo relatório. O

modelo GRI, apresenta em sua estrutura de conteúdos os Protocolos de Indicadores que

servem como base para orientar a descrição dos indicadores segue, também, um padrão

específico no modo de apresentação e processamento das informações, orientações e

referências. Por fim, os relatórios formulados no modelo GRI devem expressar o aporte da

instituição relatora no que tange as questões sociais e ambientais.

Dentre as iniciativas que determinam os parâmetros para elaboração do Balanço Social

no Brasil, destaca-se o modelo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e

Econômicas - IBASE. Este modelo é elaborado, de acordo com Correa (2009), tendo como

base uma planilha composta por dados quantitativos análogos aos investimentos financeiros,

sociais e ambientais, reunidos num mesmo demonstrativo.

O Balanço Social do IBASE apresenta as demonstrações das atividades sociais

desenvolvidas pela empresa seguindo uma padronização e de maneira simplificada,

contribuindo, portanto, para melhor compreensão e avaliação dos dados dispostos, bem como

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a evolução do desempenho social de cada empresa no decorrer do tempo ou entre outras do

mesmo setor. (IBASE, 2009).

De acordo com Sousa (2006), o IBASE estabelecia uma parceria com diversos

representantes de instituições públicas e privadas, juntamente com várias esferas da

sociedade, para debaterem e alcançarem um modelo simplificado, o qual estimulasse que

diversas empresas, independente do seu porte ou setor, pudessem divulgar o Balanço Social.

A estrutura do Balanço Social que segue o modelo IBASE é composto, de acordo com

Souza (2006), em sete itens: 1) Base de cálculo; 2) Indicadores Sociais Internos;

3)Indicadores Sociais Externos; 4) Indicadores Ambientais; 4) Indicadores do Corpo

funcional; 6) Informações relevantes quanto ao Exercício da Cidadania Empresarial e; 7)

Outras informações. Tais itens são descritos no quadro 2 e, cada um deles são compostos por

perguntas direcionadas ao tema que se referem. Ademais, as respostas podem ser de natureza

quantitativa ou qualitativa.

Quadro 2: Itens do Balanço Social no modelo IBASE. Base de Cálculo Apresenta os valores, em moeda nacional, da Receita Líquida, do

Resultado Operacional e do total Bruto gasto na folha de pagamento aos

funcionários.

Indicadores Sociais Internos:

Engloba todos os recursos aplicados de forma voluntária ou compulsória

que beneficiam seu quadro de empregados, tais como assistência medica e

odontológica, educação, treinamento e capacitação, cultura, esportes e

lazer.

Indicadores Sociais Externos

São os investimentos que a empresa aplica e têm a sociedade como

beneficiária, são projetos sociais que envolvem a comunidade com vistas a

implementar de maneira geral uma condição humana digna abrangendo as

áreas de saúde e educação.

Indicadores Ambientais

São todas as ações da empresa voltadas para minimizar ou compensar o

impacto ambiental causado pelas atividades da empresa.

Indicadores do Corpo Funcional

Traduz as relações da empresa com seus funcionários, suas políticas de

geração de novos postos de trabalho e ascensão funcional, a valorização

da diversidade social, adequando aos seus quadros, grupos como

mulheres, negros e deficientes físicos, tendo destaque na colocação destes

em cargos de chefia.

Informações relevantes quanto

ao Exercício da Cidadania

Empresarial

Engloba os atos praticados pela empresa às pessoas envolvidas de forma

direta ou indireta, tudo aquilo que seja relevante destacar como práticas

responsáveis dentro da empresa.

Outras Informações Esse espaço é destinado a apresentação de quaisquer outras informações

que a empresa julgue relevante no contexto da ética, responsabilidade

social e cidadania empresarial.

Fonte: Elaborado a partir de Corrêa (2009).

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Os dados apresentados no Balanço Social IBASE são referentes ao exercício que se

encerrou comparados ao exercício passado. Desta maneira, é possível verificar a evolução dos

indicadores e apontar se houve melhora ou piora ao longo dos anos.

O IBASE buscou agregar todos os setores da economia para a utilização do Balanço

Social, visando sempre instigá-los a promover, da melhor forma possível, no que diz respeito

às ações empresariais, o desenvolvimento sustentável, o cuidado ambiental e o respeito ao ser

humano.

3. METODOLOGIA

3.1 Tipo de pesquisa

Para alcançar os objetivos propostos no presente trabalho, utilizou-se a pesquisa

bibliográfica, que é colocada por Fernandes e Gomes (2003, p.13) como “uma das fontes mais

importantes de pesquisa e constitui etapa prévia a ser feita em um processo de pesquisa, seja

qual for o problema em questão.”

Pereira (2014) aponta as principais características da pesquisa bibliográfica e, na sua

visão, a pesquisa bibliográfica, também conhecida como pesquisa de fontes secundárias, trata

basicamente da realização de um levantamento da bibliografia já publicada e apresentada em

forma de livros, pesquisas, teses, dissertações, internet, artigos e revistas científicas, dentre

outras publicações. Esse tipo de pesquisa foi utilizado como uma forma de aprofundar no

tema apresentado, e assim obter um aparato conceitual e teórico necessário para o

desenvolvimento deste estudo.

Utilizou-se, também, a pesquisa descritiva que, de acordo com Gil (2008), descreve as

características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas peculiaridades está na

utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a

observação sistemática. Complementando esta descrição, Gerhardt e Silveira (2009, p. 35),

pontuam que “a pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o

que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de

determinada realidade”.

A pesquisa descritiva proporciona, portanto, condições para analisar os principais

enfoques dos estudos relacionados ao tema em que se desenvolve a pesquisa, possibilitando o

levantamento de novas questões, e assim, possibilita aprimorar o entendimento sobre o objeto

pesquisado.

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30

3.2 Amostra e coleta de dados

O universo da pesquisa se baseia nas empresas de capital aberto listadas na

BM&FBOVESPA. No entanto, tendo em vista a carteira Índice de Sustentabilidade

Empresarial - ISE e sua relação com os pressupostos da responsabilidade social empresarial,

foi definido que as empresas que compõem essa carteira seriam o público-alvo desta pesquisa.

Em 2014, o ISE era composto por 37 (trinta e sete) empresas. (BM&FBOVESPA, 2015).

A coleta dos dados fundamentou-se numa amostragem, que é definida por Gil (1995,

p. 92) como “um subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem

ou se estimam as características desse universo ou população”.

Para a definição da amostra foram consideradas as seguintes características:

empresas de capital aberto que compõem o ISE;

apresentam como principal aspecto a divulgação do Balanço Social, de acordo com o

modelo IBASE;

o período de publicação do Balanço Social correspondesse ao período de 2010 a 2014.

Considerando os aspectos apresentados, a amostra deste estudo foi composta por

15(quinze) empresas, sendo elas: Banco Bradesco, Banco do Brasil, BIC Banco, BRFoods,

Copel, CPFL Energia, Eletrobras, Eletropaulo, AES Tietê, Ligth S/A, Tractebel, Tim S/A,

Sabesp, Duratex, Embraer.

Desta forma, as observações foram realizadas para os referidos anos de modo que a

definição do horizonte temporal se deu em função da disponibilidade das informações que

consta nas bases de dados divulgadas pelas empresas em seus sites.

3.3 Indicadores de análise

Os dados referentes aos indicadores presentes no Balanço Social, sendo eles: Indicador

Social Interno, Indicador Social Externo e Indicador Ambiental; foram obtidos por meio do

somatório dos subitens contidos nestes, sendo registrado, portanto, apenas os valores totais.

Nos Indicadores Sociais Internos foram somados os valores referentes à alimentação,

encargos sociais compulsórios, previdência privada, saúde, segurança e saúde no trabalho,

educação, cultura, capacitação e desenvolvimento profissional, creches ou auxílio-creche,

participação nos lucros ou resultados e transporte.

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31

Em relação aos Indicadores Sociais Externos foram somados os valores educação,

cultura, saúde e infraestrutura, esporte e lazer, alimentação, geração de trabalho e renda,

combate à fome e segurança alimentar, tributos (excluindo encargos sociais), outros.

Para os Indicadores Ambientais foram somados os gastos com manutenção nos

processos operacionais para a melhoria do meio ambiente, investimentos e gastos com a

preservação e/ou recuperação de ambientes degradados, investimentos e gastos com a

educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos e administradores da

entidade, investimentos e gastos com educação ambiental para a comunidade, investimentos e

gastos com outros projetos ambientais, quantidade de processos ambientais, administrativos e

judiciais movidos contra a entidade, valor das multas e das indenizações relativas à matéria

ambiental, determinadas administrativas e/ou judicialmente, passivos e contingências

ambientais.

Os índices relacionados ao grau de participação dos indicadores sociais foram

utilizados com base no modelo proposto por Athar Neto (2004) para análise de Balanços

Sociais, conforme segue:

a) Índice 1 - Grau de participação dos indicadores sociais internos - GPII:

b) Índice 2 - Grau de participação dos indicadores externos - GPIE:

c) Índice 3 - Grau de participação dos indicadores ambientais - GPIE

Para facilitar as descrições, os somatórios ( indicadores internos + Indicadores

Externos + Indicadores Ambientais) foram nomeados como “Totais”.

A partir dos dados obtidos nos Balanços Sociais de cada empresa, buscou-se

identificar os gastos que foram realizados nas atividades socioambientais nos anos

selecionados, possibilitando direcionamentos para responder as questões levantadas neste

trabalho, sendo pautado na discussão do tema responsabilidade social empresarial (RSE).

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32

4. ANÁLISE DOS DADOS

Para avaliar o desempenho das empresas em relação aos gastos realizados no âmbito

social e ambiental, entende-se como relevante a utilização de um instrumento de gestão que

seja capaz de refletir de maneira clara e concisa a implicação das atitudes e decisões

administrativas. Nesse sentido, as informações de natureza socioeconômicas e financeiras

desempenham um papel fundamental não apenas para redução da assimetria informacional

existente entre os gestores e os principais interessados, mas também fornecem uma base de

dados e indicadores necessários à mensuração das atividades desenvolvidas pela empresa.

Bushman e Smith (2003, p. 72) ressaltam, portanto, que “a divulgação é de cunho

essencial para avaliar as oportunidades de investimentos em uma economia em seu papel de

auxiliar os investidores a alocarem seus recursos da forma mais eficiente dentre as diversas

opções que o mercado oferece”.

Assim, o Balanço Social é a ferramenta mais utilizada, pois fornece aos investidores,

sociedade e ao mercado de maneira geral informações relacionadas à utilização dos recursos

humanos, naturais, financeiros, tecnológicos, dentre outros. Segundo Kroetz (2000), os dados

dispostos no balanço social possibilitam preparar diversos indicadores (a partir dos que já

estão apresentados no balanço), e diversas interpretações, sejam estas comparando balanços

de diferentes exercícios ou correlacionando dados de uma mesma demonstração. A análise

destes indicadores permite à empresa mensurar o fluxo de seus gastos e direcioná-los às áreas

prioritárias, segundo estabelecidos pelas suas metas.

Os dados apresentados na Tabela 1 apresentam os gastos realizados nos indicadores

internos. Estes são representados pelos investimentos feitos no corpo funcional e

correspondem aos recursos aplicados de forma voluntária ou compulsória que beneficiam seu

quadro de empregados, tais como: assistência medica e odontológica, educação, treinamento e

capacitação, participação nos lucros, cultura, esportes e lazer (CORREA, 2009).

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33

Tabela 1: Investimento em indicadores sociais internos no período de 2010 a 2014.

Empresas 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL

AES TIETE 39.600 36.553 39.251 38.885 35.518 189.807

BANCO DO BRASIL 7.466.159 7.824.498 9.741.018 9.841.264 9.182.551 44.055.490

BICBANCO 78.624 102.267 93.424 99.014 82.792 456.121

BRADESCO 4.414.150 5.290.379 5.853.064 6.237.803 6.754.577 28.549.973

BRF AS 1.221.190 1.209.370 1.421.500 1.407.640 1.744.940 7.004.640

COPEL 1.083.998 1.342.000 94.916 83.426 1.460.633 4.064.973

CPFL ENERGIA 306.698 315.675 362.181 362.723 404.104 1.751.381

DURATEX 247.221 293.299 298.831 361.791 409.027 1.610.169

ELETROBRAS 2.416.470 2.650.591 2.951.648 3.347.420 3.258.239 14.624.368

ELETROPAULO 403.944 387.181 489.689 646.688 630.833 2.558.335

EMBRAER 723.447 774.759 742.704 681.061 742.058 3.664.029

LIGHT S/A 88.976 98.118 129.677 151.698 138.889 607.358

SABESP 381.923 501.459 522.044 594.550 617.572 2.617.548

TIM 287.323 410.827 482.121 566.395 680.191 2.426.857

TRACTEBEL 120.106 146.157 155.321 166.204 179.058 766.846

TOTAL 19.279.829 21.383.133 23.377.389 24.586.562 26.320.982 114.947.895

Fonte: Dados da Pesquisa (2015). (Valores em R$ mil).

É possível perceber que, no total, considerando os cinco anos analisados, as empresas

que realizaram os maiores investimentos foram o Banco do Brasil, com um total investido

superior a R$ 44 bilhões, e o Bradesco, com um investimento total de mais de R$ 28,5

bilhões. Enquanto aquelas que apresentaram os menores valores nos indicadores sociais

internos foram a AES Tietê, com um total de R$ 189.870 e o Bic Banco com um total de R$

456.121.

Desta forma, ao observar as evoluções dos investimentos realizados por cada empresa

individualmente, nota-se que aquelas que apresentaram maior evolução no período de 2010 a

2014, observando as diferenças percentuais entre estes anos, foram: a Tim, com evolução de

136,73%, a Duratex, com uma evolução total de 65,45% e Sabesp com 61,70%, enquanto as

empresas que apresentaram menores evoluções nos Indicadores Sociais Internos foram: a

empresa AES Tietê com resultado negativo correspondente a -10,30% e a Embraer com

menor evolução de 2,97% e o Bic Banco com 5,30%.

Ao analisar o total anual investido pelas empresas, conjuntamente, é possível observar

a evolução do Indicador Social Interno. Verifica-se que ao longo do cinco anos considerados,

as empresas acima listadas somaram um total de R$114.947.895. Os dados que mostram esta

evolução estão representados no Quadro 3.

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Quadro 3: Evolução dos indicadores sociais internos

Anos Valores (em R$ mil) Anos Valores (em R$ mil) Evolução (em %)

2010 19.279.829 2011 21.383.133 10,91

2011 21.383.133 2012 23.377.389 9,32

2012 23.377.389 2013 24.586.562 5,17

2013 24.586.562 2014 26.320.982 7,05

Evolução dos gastos em indicadores sociais externos de 2010 - 2014 36,52

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

Pode-se observar que no ano de 2010, esse indicador apresentava um total de

R$19.279.829 e no ano de 2011 um total de R$ 21.383.133, demonstrando, portanto, um

crescimento de 10,91% em relação ao ano de 2010. Já o ano de 2012, apresentava um total de

R$23.377.389, demonstrando assim, um crescimento de 9,32% em relação ao ano anterior.

Embora esse crescimento percentual seja menor do que aquele apresentado anteriormente,

ainda sim apresenta um valor considerável. O ano de 2013 apresentou um total de

investimento nos Indicadores Internos de R$24.586.562, um crescimento percentual de 5,17%

em comparação com o ano de 2012. Já o ano de 2014 apresenta um total de R$26.320.982, e

um crescimento de 7,05% em relação a 2013 o que, por sua vez, demonstra que neste ano

houve aumento nesses indicadores.

Dessa maneira, ao observar os Indicadores Sociais Internos percebe-se uma evolução

deste ao longo dos cinco anos levados em consideração. As empresas socialmente

responsáveis compreendem que a obtenção de sucesso em suas estratégias de sustentabilidade

está atrelada ao envolvimento de seus funcionários, já que dificilmente a organização pode ser

bem sucedida sem o comprometimento e esforço por parte de seus membros. Assim, antes

mesmo de se empenharem em projetos externos, é essencial o apoio e a valorização da sua

força de trabalho.

Ademais, os resultados apresentados mostram uma evolução expressiva de 36,52%

nos anos de 2010 a 2014. Tal resultado pode estar associado, então, às ações, projetos

implementados nas empresas com objetivo de melhorar a satisfação do corpo funcional.

As análises podem ser voltadas também aos investimentos realizados fora das

estruturas das empresas, e estes são representados pelos Indicadores Sociais Externos. Tais

indicadores correspondem aos investimentos aplicados pela empresa, aos quais têm a

sociedade como beneficiária e, manifestam-se sob a forma de projetos sociais que envolvem a

comunidade com vistas a implementar de maneira geral uma condição humana digna

abrangendo as áreas de saúde, saneamento, cultura, lazer, esportes, educação, ações de

combate a fome, dentre outros (CORREA, 2009).

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35

As observações relacionadas aos Indicadores Sociais Externos estão descritas na

Tabela 2.

Tabela 2: Investimentos em indicadores sociais externos no período de 2010 a 2014.

Empresas 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL

AES TIETE 84.396 90.116 541.430 445.103 235.188 1.396.233

BANCO DO BRASIL 223.842 2.498.309 2.329.729 3.245.088 599.690 8.896.658

BICBANCO 5.359 140.378 92.347 406.000 408.000 1.052.084

BRADESCO 7.547.386 8.358.455 10.852.340 11.274.109 11.264.771 49.297.061

BRF S/A 2.968.810 3.110.470 2.815.210 3.253.110 3.446.790 15.594.390

COPEL 3.982.289 4.483.598 50.850 61.632 4.455.328 13.033.697

CPFL ENERGIA 5.291.070 6.079.767 6.179.949 4.314.896 4.928.447 26.794.129

DURATEX 387.000 4.227 9.333 9.392 4.338.139 4.748.091

ELETROBRAS 3.880.958 4.665.879 4.333.361 3.574.499 8.179.039 24.633.736

ELETROPAULO 3.980.953 4.177.910 3.696.823 2.488.259 2.478.252 16.822.197

EMBRAER 153.779 172.057 512.838 341.032 433.570 1.613.276

LIGHT S/A 3.179.957 2.971.325 12.054 3.104.169 3.920.942 13.188.447

SABESP 1.518.502 1.443.827 1.739.640 1.882.173 1.502.105 8.086.247

TIM 4.224.866 7.280.036 7.947.166 60.701 41.144 19.553.913

TRACTEBEL 998.453 1.090.190 1.163.472 1.179.953 1.212.029 5.644.097

TOTAL 38.427.620 46.566.544 42.276.542 35.640.116 47.443.434 210.354.256

Fonte: Elaborado pelo autor (2015). (Valores em R$ mil)

Ao analisar tal indicador, percebe-se que, no total, as empresa que mais investiram

foram o Bradesco e a CPFL energia, apresentando os valores de R$49.297.061 e

R$26.794.129, respectivamente, o que, de certa maneira, elevou o valor dos totais investidos.

Dentre as empresas analisadas, as empresas que apresentaram menores investimentos, no

total, foi o Bic Banco, com um total de R$1.052.084 e a AES Tiete, com um total de

R$1.396.233.

Os dados apresentados demonstram que o Bic Banco se destaca em relação às demais

empresas. Esta empresa investia um total de R$5.359 em 2010 e um total de R$408.000 em

2014, apresentando uma evolução total dos investimentos realizados nos indicadores externos

de 7513,36 %. A Duratex apresenta uma evolução de 1020,97% já que seu investimento em

2010 era de R$387.000 e em 2014 de R$4.338.139, e a Empresa Embraer investia em 2010

um total de R$153.779 e em 2014 R$433.570 tendo, portanto, uma evolução de 181,94%.

Tais evoluções, se comparadas aos maiores crescimentos percentuais dos Indicadores Sociais

Internos, mostram-se maiores, apontando que as empresas aumentaram a proporção dos

investimentos nesse indicador em relação ao primeiro apresentado. As empresas que

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36

apresentaram os menores investimentos foram a Tim com um total de -99,03%, a Eletropaulo

com evolução de -37,75% e a Sabesp com total de -1,08%.

Em relação ao total anual investido pelas empresas conjuntamente, não é possível

perceber um comportamento crescente, mas possui variações ao longo do período analisado.

Este comportamento está descrito no Quadro 4.

Quadro 4: Evolução dos indicadores sociais externos Anos Valores (em R$ mil) Anos Valores (em R$ mil) Evolução (em %)

2010 38.427.620 2011 46.566.544 21,18

2011 46.566.544 2012 42.276.542 -9,21

2012 42.276.542 2013 35.640.116 -15,70

2013 35.640.116 2014 47.443.434 33,12

Evolução dos gastos em indicadores sociais externos de 2010 - 2014 23,46

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

O ano de 2010 apresentou um total de R$38.427.620 e o ano de 2011 um total de

R$46.566.544 e, portanto, observa-se um aumento de 21,18 %. Já o ano de 2012 apresentou

um total de R$42.276.542, percebe-se então, que há uma queda de 9,21% nos investimentos

nesse ano em comparação com o ano de 2011.

No período analisado, o ano de 2013 foi o que apresentou menor valor, sendo um total

nos Indicadores Externos de R$35.640.116. Este representa uma queda de 15,70% em relação

ao ano de 2012. O ano de 2014, por sua vez, apresenta um total de R$47.443.434 e demonstra

um aumento de 33,12% dos investimentos em relação ao ano de 2013.

Ademais, as comunidades nas quais as empresas estão inseridas são as primeiras a

serem impactados pelas atividades empresariais (SOUZA, 2006). Assim, a construção de um

relacionamento passivo entre comunidade e empresa pode propiciar que aquela seja

devidamente aproveitada como força de trabalho pela unidade. Os resultados apresentados

mostram uma evolução de 23,46% no período de 2010 a 2014, e isto aponta, de certa forma,

as contribuições das empresas com o desenvolvimento local da região na qual exerce suas

atividades. É importante, contudo, que esta relação seja pautada em princípios éticos e de

transparência.

Em relação às atividades desenvolvidas em prol do meio ambiente, utilizam-se os

Indicadores Ambientais, que são definidos como: as ações da empresa voltadas para

minimizar ou compensar o impacto ambiental causado por suas atividades, abrangendo as

metas de redução de geração de resíduo e consumo de insumos (CORREA, 2009). Conforme

os dados dispostos na Tabela 3 é possível inferir que as empresas que mais investiram nos

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indicadores ambientais foram a Eletrobras e a Copel, sendo o total investido de R$

1.472.372,00 mil e R$ 1.239.282,00 mil, respectivamente, enquanto as empresas Bic Banco e

Embraer, com investimentos correspondentes à R$ 7.000,00 mil e R$ 54.845,00 mil,

respectivamente.

Desta forma, ao comparar o total investido no ano de 2014 em relação à 2010, o Banco

do Brasil se destaca apresentando a maior evolução percentual com um total de 353,29%,

seguido pela empresa Duratex com uma evolução total de 155,14% e a Tim, com uma

evolução total de 99,27%. As empresas que apresentaram os menores resultados e, portanto,

evolução menores são o Bic Banco com -100% , destacando que esta empresa apresenta os

indicadores ambientais apenas no ano de 2010, enquanto nos outros anos apresenta um total

igual a zero. A CPFL Energia apresenta uma evolução de -51,28% e o Bradesco com -

23,25%.

Tabela 3: Investimentos em indicadores ambientais no período de 2010 a 2014.

Empresas 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL

AES TIETE 13.048 12.546 10.349 12.701 14.733 63.377

BANCO DO BRASIL 71.763 96.514 136.128 119.192 325.297 748.894

BICBANCO 7.000 0 0 0 0 7.000

BRADESCO 23.975 33.648 41.545 24.039 18.400 141.607

BRF S/A 144.140 146.170 156.890 212.000 208.410 867.610

COPEL 184.510 198.530 273.890 252.488 329.864 1.239.282

CPFL ENERGIA 181.736 105.134 109.229 96.454 88.548 581.101

DURATEX 19.044 27.128 27.847 45.048 48.588 167.655

ELETROBRAS 205.002 227.738 319.902 423.089 296.641 1.472.372

ELETROPAULO 76.607 72.297 57.080 85.690 96.167 387.841

EMBRAER 9.047 9.764 7.757 15.471 12.806 54.845

LIGHT S/A 28.678 41,927 19.663 38.872 55.374 142.629

SABESP 22.770 30.426 27.716 32.533 29.850 143.295

TIM 275.000 255.000 1.037 46.599 548.000 1.125.636

TRACTEBEL 39.957 77.378 56.312 55.251 46.610 275.508

TOTAL 1.302.277 1.292.315 1.245.345 1.459.427 2.119.288 7.418.652

Fonte: Elaborado pelo autor (2015). (Valores em R$ mil)

Os investimentos totais ao longo do período são crescentes nos anos de 2013 e 2014 e,

apresentam quedas nos anos de 2011 e 2012. Dessa forma, os indicadores ambientais

apresentam variações que são mostradas no Quadro 5.

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38

Quadro 5: Evolução dos gastos com indicadores ambientais

Anos Valores (em R$ mil) Anos Valores (em R$ mil) Evolução (em %)

2010 1.302.277 2011 1.292.315 -0,76

2011 1.292.315 2012 1.245.345 -3,63

2012 1.245.345 2013 1.459.427 17,19

2013 1.459.427 2014 2.119.288 45,21

Evolução dos gastos em indicadores ambientais de 2010 - 2014 62,74

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

No ano de 2010, as empresas, conjuntamente, apresentaram um total de investimentos

de R$ 1.302.277 e no ano de 2011 um total de R$ 1.292.315 apontando, portanto, uma

diminuição de 0,76%. Já no ano de 2012 o total analisado foi de R$1.245.345, tendo uma

variação negativa de 3,63%, ou seja, houve uma diminuição dos investimentos neste ano. O

ano de 2013 apresentou um crescimento, se comparado ao ano anterior, e apresentou um total

de R$1.459.427 apontando um crescimento de 17,19%. O ano de 2014, por sua vez, obteve

um total de R$2.119.288, tendo um aumento considerável dos Indicadores Ambientais em

45,21% se comparado ao ano de 2013.

Os indicadores ambientais são de suma importância para compreensão do

direcionamento que as empresas dão a seus investimentos nesta área, estando cientes que a

manutenção dos recursos naturais é necessária para garantir melhor qualidade de vida e

indispensáveis às gerações futuras.

Dessa forma, a produção deve ser pautada na sustentabilidade que se traduz em prover

as necessidades presentes sem prejudicar as gerações futuras. Para tanto, é preciso soluções,

caminhos e planos que busquem resgatar adoções de práticas sustentáveis de valorização e

respeito ao meio ambiente e a biodiversidade. Assim, a adoção de práticas sustentáveis resulta

a médio e longo prazo numa nova perspectiva pautada numa produção mais limpa, evitando

danos ao meio ambiente e, que não se atenha apenas às práticas ambientais regidas por lei,

mas que atuem ativamente na prevenção aos impactos ambientais.

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Tabela 4: Grau de participação dos indicadores sociais

2010 2011 2012 2013 2014

Indicadores Internos 19.279.829 21.383.133 23.377.389 24.586.562 26.320.982

Indicadores Externos 38.427.620 46.566.544 42.276.542 35.640.116 47.443.434

Indicadores Ambientais 1.302.277 1.292.315 1.245.345 1.459.427 2.119.288

Total 59.009.726 69.241.992 66.899.276 61.686.105 75.883.704

Índice 1 - GPII 32,67% 30,88% 34,94% 39,86% 34,69%

Índice 2 - GPIE 65,12% 67,25% 63,19% 57,78% 62,52%

Índice 3 - GPIA 2,21% 1,87% 1,86% 2,37% 2,79%

Fonte: Elaborado pelo autor (2015). (Valores em R$ mil, exceto os índices).

Os dados apresentados na Tabela 4 apresentam, de maneira sintética, os investimentos

totais realizados nos Indicadores Sociais ao longo dos cinco anos considerados. É possível

perceber que nos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013 os maiores investimentos realizados foram

em Indicadores Sociais Externos, enquanto no ano de 2014, os maiores investimentos foram

nos Indicadores Internos.

Esta análise é passível de ser observada por meio do grau de participação dos

indicadores sociais, que pode ser descrito como: “a relação dos investimentos dos três grupos

de indicadores (interno, externo e ambiental) com o montante de recursos aplicado em

Responsabilidade Social, evidenciando a proporção de investimentos destinados a cada grupo

analisado (ATHAR NETO, 2004, p.57)”. Esta proporção é representada por índices. O Índice

1 mostra a proporção dos indicadores internos em relação ao total; o Índice 2 mostra a

proporção dos Indicadores Externos e relação ao total e, o Índice 3 mostra a proporção dos

indicadores ambientais e, relação ao total. Estes dados estão dispostos na Tabela 4.

Observa-se, portanto, que nos anos de 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014 os maiores

investimentos foram nos indicadores externos, representados por 65,12%, 67,25%, 63,19%,

57,78% e 62,52%, respectivamente, em relação aos demais indicadores.

Após analisar os dados acima expostos, é possível perceber que os Indicadores

Externos foram priorizados o que, por sua vez, mostra que as empresas priorizaram os

investimentos externos, pautados em projetos sociais direcionados à cultura, educação,

esportes, lazer, dentre outros, onde a participação ativa da empresa, em um contexto de

respeito às necessidades sociais e ambientais, além de gerar empregos e distribuir renda, tendo

como aparato sua infraestrutura, favorece todo o conjunto de pessoas envolvidas, o que

garante, em contrapartida, a vida da organização. (CORRÊA, 2009).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A responsabilidade social empresarial vai além da relação entre empresa e sociedade,

refletindo-se na adesão de uma forma de gestão na qual as empresas tem consciência do seu

compromisso no desenvolvimento socioambiental, incorporando diferentes necessidades ao

seu planejamento e concretizando-se por meio de suas decisões e atividades.

As empresas assumem, então, um papel fundamental onde passam a atuar como um

agente ativo cooperando com as mudanças necessárias e trabalham com estratégias que

direcionam sua conduta à estabelecer relações diferenciadas com os principais envolvidos,

sejam seus funcionários, clientes, fornecedores, o meio ambiente e a própria comunidade.

Este novo paradigma incorpora uma dimensão ética e transparente nas decisões da

empresa, influenciando o processo de mudança social e democratizando o acesso aos recursos

naturais, além da distribuição justa dos custos e benefícios do desenvolvimento. Essa busca

tem desencadeado um conjunto de ações que tem feito com que bons resultados venham

sendo alcançados.

Considera-se que a análise dos investimentos realizados em ações sociais e ambientais,

por meio de indicadores, permite às empresas mensurarem o fluxo de seus gastos e direcioná-

los às áreas prioritárias, segundo estabelecidos pelas suas metas e estratégias.

Nesse estudo, os indicadores analisados evidenciam os gastos realizados pelas

empresas em ações sociais e ambientais no período de 2010 a 2014.

Ao observar os Indicadores Sociais Internos, percebe-se uma tendência crescente,

apontando que as empresas vêm aumentando os investimentos nesse indicador e, sendo assim,

denota-se que a obtenção de sucesso das estratégias de sustentabilidade está atrelada ao

envolvimento de seus funcionários, demonstrando a importância do apoio e a valorização da

sua força de trabalho.

Quanto aos Indicadores Externos, verifica-se que resultados apresentados mostram

uma evolução no período de 2010 a 2014, e isto aponta, de certa forma, as contribuições das

empresas com o desenvolvimento local da região na qual exerce suas atividades. Além disso,

o desenvolvimento da comunidade local pode influenciar diretamente no seu próprio

crescimento.

No que se refere aos Indicadores ambientais, percebe-se que há variações maiores que

nos demais indicadores, porém, considerando o investimento total, comparado ao primeiro

ano analisado (2010) constata-se que os investimentos aumentaram. As empresas socialmente

responsáveis devem ter sua produção pautada, portanto, na sustentabilidade que se traduz em

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prover as necessidades presentes sem prejudicar as gerações futuras. Para tanto, é preciso

soluções, caminhos e planos que busquem resgatar adoções de práticas sustentáveis de

valorização e respeito ao meio ambiente e a biodiversidade.

Por meio das análises dos índices de participação dos indicadores, foi possível

perceber que as empresas, conjuntamente, priorizam os Indicadores Externos o que, por sua

vez, demonstra que as empresas priorizaram os investimentos direcionados à projetos sociais,

cultura, educação, esportes, lazer, dentre outros, onde a participação ativa da empresa, em um

contexto de respeito às necessidades sociais, além de gerar empregos e distribuir renda,

favorece todo o conjunto de pessoas envolvidas.

Apesar dos avanços conquistados no que se refere às atividades socialmente

responsáveis, ainda há muito a ser feito, pois promover a produção de bens e serviços,

valorizando o corpo funcional, respeitando o meio ambiente e estabelecendo vínculos

positivos com a comunidade ainda é um grande desafio ao setor privado como um todo.

Porém, a consecução dessas práticas podem ser estendidas a partir da percepção das empresas

que a postura socialmente responsável leva a organização ao amadurecimento que se

concretiza em contribuições com as partes envolvidas e, isto traz excelência através da

qualidade de suas relações.

Vale destacar que, no que se refere à pesquisa, é possível identificar limitações, visto

que nem todas as empresas publicam os Balanços Sociais regularmente, fazendo com que a

amostra disponível seja restrita em relação à população a ser analisada. Ainda, pode-se

destacar, em alguns casos, a fragilidade dos dados nos indicadores de desempenho social

corporativo, visto que estes, por vezes, se apresentam inconsistentes e questionáveis.

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ANEXO: Balanço Social - modelo IBASE