anÁlise estrutural da ponte sobre o rio do carmo por …

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CENTRO DE ENGENHARIAS CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL LEANDRO NOGUEIRA VALENTE ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR MEIO DO SOFTWARE SAP2000 MOSSORÓ 2021

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Page 1: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

CENTRO DE ENGENHARIAS

CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

LEANDRO NOGUEIRA VALENTE

ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR MEIO DO

SOFTWARE SAP2000

MOSSORÓ

2021

Page 2: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

LEANDRO NOGUEIRA VALENTE

ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR MEIO DO

SOFTWARE SAP2000

Monografia apresentada a

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

como requisito para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Raimundo Gomes de

Amorim Neto, Prof. Dr.

MOSSORÓ

2021

Page 3: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo,

passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que

regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei nº 9.279/1996, e

Direitos Autorais: Lei nº 9.610/1998. O conteúdo desta obra tornar-se-á de domínio público

após a data de defesa e homologação da sua respectiva ata, exceto as pesquisas que estejam

vinculas ao processo de patenteamento. Esta investigação será base literária para novas

pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a) seja devidamente citado e

mencionado os seus créditos bibliográficos.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT)

Setor de Informação e Referência (SIR)

Bibliotecário-Documentalista

Nome do profissional, Bib. Me. (CRB-15/10.000)

Page 4: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

LEANDRO NOGUEIRA VALENTE

ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR MEIO DO

SOFTWARE SAP2000

Monografia apresentada a Universidade

Federal Rural do Semi-Árido como requisito

para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Defendida em: 27 / 05 / 2021.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Raimundo Gomes de Amorim Neto, Prof. Dr. (UFERSA)

Presidente

_________________________________________

Marcilene Vieira Da Nóbrega, Profa. Dra. (UFERSA)

Membro Examinador

_________________________________________

Nataniel Wontoon Barbosa Lima, Prof. Me. (UnB)

Membro Examinador

_________________________________________

Page 5: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

AGRADECIMENTOS

Ao SENHOR, Deus Todo-Poderoso, criador dos céus e da terra, por ser a razão da

minha existência, pelo sustento a cada dia, mesmo nos momentos mais difíceis, por estar no

controle de tudo e prover tudo o que foi necessário para que este momento fosse possível.

A Ele toda honra, glória e majestade para todo o sempre. Amém!

Á minha família. Aos meus queridos pais, Francisco Milton Valente da Silva e

Adriana da Silva Nogueira Valente, por serem os meus maiores apoiadores, por acreditarem

e investirem em mim, e se esforçarem de forma descomunal para eu chegar até aqui. Aos

meus irmãos Saulo, Thainá e Thaísa. Amo vocês!

Ao Dr. Raimundo Gomes de Amorim Neto, não somente por ser meu orientador e

grande docente, mas pelos conselhos e pela força durante o desenvolvimento deste trabalho,

pela grande referência que é para mim como pessoa e como professor, e principalmente,

pela amizade que, sem dúvida, transcende os limites da universidade.

Ao Professor Dr. Alisson Gadelha de Medeiros, por disponibilizar os arquivos

referentes ao objeto de estudo deste trabalho, sem os quais não seria possível o seu

desenvolvimento e êxito.

Ao Núcleo de pesquisa e extensão Acesso à terra urbanizada, na pessoa do Prof. Dr.

Almir Mariano de Sousa Júnior, pela oportunidade de trabalhar no melhor projeto da

universidade, contribuindo consideravelmente na minha formação profissional e pessoal. A

todos os amigos que tive o prazer no Reurb-s.

Aos amigos da Seven House, companheiros de jornada durante quatro anos na vila

acadêmica da UFERSA, vivemos muitos momentos incríveis, que geraram grande

aprendizado para a vida toda.

A todos que de alguma forma contribuíram na minha formação, sejam amigos,

colegas e familiares. Meus mais sinceros agradecimentos.

Page 6: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

RESUMO

Pontes são obras de arte, destinadas a transpor obstáculos. Refletem a criatividade na

engenharia desde a antiguidade, onde as pessoas se utilizavam de troncos, cordas e pedras,

até a atualidade. Os métodos de cálculo, análise e dimensionamento estrutural de pontes

evoluíram significativamente ao longo dos últimos 50 anos, passando de modelos manuais,

caracterizados pelo uso de réguas e pelos demorados períodos para serem concluídos, a

modelos computacionais baseados no método dos elementos finitos, que tornaram o

processo estrutural mais rápido, eficiente e econômico. Este trabalho pretende analisar a

aplicabilidade da modelagem computacional na análise da integridade estrutural de pontes.

Para isso, utilizou-se o software SAP 2000 para modelar a superestrutura da ponte sobre o

Rio do Carmo, construída na década de 1970, localizada na no km 36 da rodovia BR-310,

entre as cidades de Mossoró/RN e Areia Branca/RN. Comparou-se os resultados com o

memorial de cálculo do projeto estrutural da obra de arte, de forma a verificar se o modelo

obtido por meio computacional é semelhante ao método de cálculo original e contribuir

com a integridade estrutural da ponte. Constatou-se, em vista dos resultados obtidos, que o

SAP 2000 conseguiu representar de forma semelhante o comportamento estrutural obtido

no memorial de cálculo do dimensionamento da ponte Rio do Carmo, de forma a

corroborar a sua viabilidade no estudo de obras de arte especiais.

Palavras-chave: Ponte, análise, SAP 2000.

Page 7: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

ABSTRACT

Bridges are works of art, designed to overcome obstacles. They reflect creativity in

engineering since ancient times, where people used logs, ropes and stones, up to the

present. The methods of calculation, analysis and structural design of bridges have evolved

significantly over the past 50 years, moving from manual models, characterized by the use

of rulers and the lengthy periods to be completed, to computational models based on the

finite element method, which made the fastest, most efficient and economical structural

process. This work intends to analyze the applicability of the theoretical model of reference

in the analysis of the structural integrity of bridges. For this, SAP 2000 software was used

to model the superstructure of the bridge over Rio do Carmo, built in the 1970s, located at

km 36 of the BR-310 highway, between the cities of Mossoró / RN and Areia Branca / RN.

The results were compared with the calculation memorial of the structural design of the

artwork, in order to verify if the model obtained by computational means is similar to the

original calculation method and contribute to the structural integrity of the bridge. It was

found, in view of the results obtained, that SAP 2000 managed to represent in a similar way

the structural behavior obtained in the calculation memorial of the dimensioning of the Rio

do Carmo bridge, in order to corroborate its viability in the study of special works of art.

Keywords: Bridge, structure, SAP 2000.

Page 8: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de ponte pênsil. ..................................................................................... 18 Figura 2 - Elementos básicos de uma ponte. ........................................................................ 19

Figura 3 - Seções transversais de pontes em laje.................................................................. 22 Figura 4 - Ponte em viga. ..................................................................................................... 23 Figura 5 - Ponte em pórtico. ................................................................................................. 24 Figura 6 - Ponte em arco....................................................................................................... 25 Figura 7 - Ponte pênsil. ......................................................................................................... 25

Figura 8 - Ponte estaiada. ..................................................................................................... 26 Figura 9 - Ponte com esconsidade à direita. ......................................................................... 29 Figura 10 - Ponte sobre o Rio do Carmo. ............................................................................. 40

Figura 11 - Perfil altimétrico da ponte Rio do Carmo. ......................................................... 40 Figura 12 - Disposição dos furos de sondagem. ................................................................... 41 Figura 13 - Geometria longitudinal da superestrutura da ponte Rio do Carmo, .................. 43 Figura 14 - Geometria transversal da ponte Rio do Carmo. ................................................. 44

Figura 15 - Disposição da carga móvel. ............................................................................... 48 Figura 16 - Trem-tipo TB-36. ............................................................................................... 48

Figura 17 - Tela inicial do SAP 2000. .................................................................................. 50 Figura 18 - Configuração de unidades e template. ............................................................... 51

Figura 19 - Configuração dos grids. ..................................................................................... 51 Figura 20 - Tela do SAP 2000 com os grids configurados. .................................................. 52 Figura 21 - Definição de materiais. ...................................................................................... 52

Figura 22 - Criando um novo material. ................................................................................ 53 Figura 23- Tela de propriedades iniciais no SAP 2000. ....................................................... 54

Figura 24 - Dados de propriedades de material. ................................................................... 55 Figura 25 - Definição de seções transversais........................................................................ 56

Figura 26 - Adição de propriedades de seção transversal. ................................................... 57 Figura 27 - Seção transversal com perfil não predefinido. ................................................... 58 Figura 28 - Dados da seção transversal. ............................................................................... 58

Figura 29 - Design da seção da superestrutura da ponte Rio do Carmo. .............................. 59 Figura 30 - Desenhando a superestrutura. ............................................................................ 60 Figura 31 - Inserção da superestrutura no grid. .................................................................... 61

Figura 32 - Alteração da visualização do projeto. ................................................................ 62 Figura 33 - Modelo da superestrutura em 3D. ...................................................................... 62

Figura 34 - Acessando menu restraints. ............................................................................... 63 Figura 35 - Aplicação de restrições. ..................................................................................... 63 Figura 36 - Ponte após a aplicação das restrições. ............................................................... 64

Figura 37 - Opções de definição de ações atuantes. ............................................................. 64 Figura 38 - Inserção dos tipos de carregamento. .................................................................. 65

Figura 39 - Definição dos casos de carregamento. ............................................................... 66 Figura 40 - Edição de Load Case. ........................................................................................ 66

Figura 41 - Definição de combinação de ações. ................................................................... 67 Figura 42 - Propriedades de combinação de ações. .............................................................. 68 Figura 43 - Atribuição de cargas em elementos frame. ........................................................ 69 Figura 44 - Inserção de carga distribuída na superestrutura. ................................................ 70 Figura 45 - Ponte Rio do Carmo com cargas devidamente inseridas. .................................. 70 Figura 46 - Definição de cargas móveis. .............................................................................. 71

Page 9: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

Figura 47 - Configuração do trajeto da carga móvel. ........................................................... 72 Figura 48 - Configuração do veículo TB-Classe 36. ............................................................ 73 Figura 49 - Janela de análise estrutural no SAP 2000. ......................................................... 73 Figura 50 - Diagrama de esforço cortante, sem carga móvel, no SAP 2000. ....................... 75 Figura 51 - Diagrama de momento fletor, sem carga móvel, no SAP 2000. ........................ 77

Figura 52 - Diagrama de esforço cortante, com carga móvel, no SAP 2000. ...................... 79 Figura 53 - Diagrama de momento fletor, com carga móvel, no SAP 2000. ....................... 82 Figura 54 - Modelagem 3D de um vão da ponte Rio do Carmo. ......................................... 86

Page 10: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Esforço cortante sem carga móvel. .................................................................... 77 Gráfico 2 - Diagramas de momento fletor sem carga móvel. ............................................... 79

Gráfico 3 - Diagrama de esforço cortante considerando carga móvel ................................. 81 4Gráfico 4 - Diagramas de momento fletor considerando a carga móvel. ........................... 83

Page 11: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Profundidades de furos de sondagem. ................................................................. 42 Tabela 2 - Pesos próprios para o dimensionamento estrutural de pontes. ............................ 45

Tabela 3 - Cargas permanentes sobre a ponte Rio do Carmo. .............................................. 46 Tabela 4 - Cargas móveis utilizadas na análise estrutural. ................................................... 49 Tabela 5 – propriedades iniciais dos materiais no SAP 2000............................................... 54 Tabela 6 - Resumo dos pontos da ponte inseridos no SAP 2000. ........................................ 61 Tabela 7 - Esforço cortante, sem carga móvel...................................................................... 75

Tabela 8 - Momentos fletores, sem carga móvel. ................................................................. 78 Tabela 9 - Esforço cortante, considerando a carga móvel. ................................................... 80 Tabela 10 - Momentos fletores considerando a carga móvel ............................................... 82

Page 12: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 16

2.1 GERAL ................................................................................................................... 16

2.2 ESPECÍFICOS ....................................................................................................... 16

2.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 16

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 18

3.1 CONCEITUAÇÃO GERAL .................................................................................. 18

3.1.1 Definição de Pontes .............................................................................................. 18

3.1.2 Elementos constituintes de uma ponte ou viaduto ............................................ 19

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS PONTES ....................................................................... 20

3.2.1 Classificação de pontes segundo a natureza do tráfego .................................... 20

3.2.2 Classificação de pontes segundo o material utilizado ....................................... 20

3.2.3 Classificação de pontes quanto à durabilidade .................................................. 21

3.2.4 Classificação de pontes com base no sistema estrutural da superestrutura ... 21

3.2.4.1 Em laje .................................................................................................................... 22

3.2.4.2 Em vigas ................................................................................................................. 23

3.2.4.3 Em pórticos............................................................................................................. 23

3.2.4.4 Em arco................................................................................................................... 24

3.2.4.5 Pênseis .................................................................................................................... 25

3.2.4.6 Pontes atirantadas (estaiadas) ................................................................................. 26

3.2.5 Classificação de pontes quanto aos processos executivos ................................. 26

3.2.6 Classificação de pontes segundo o desenvolvimento planimétrico .................. 27

3.2.7 Classificação de pontes segundo o desenvolvimento altimétrico ...................... 27

3.2.8 Outras classificações de pontes ........................................................................... 27

3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO DE PONTES .................................... 28

3.3.1 Elementos geométricos ......................................................................................... 28

3.3.2 Elementos topográficos ........................................................................................ 30

3.3.3 Elementos geotécnicos .......................................................................................... 30

3.3.4 Elementos hidrológicos ........................................................................................ 31

3.3.5 Elementos acessórios ............................................................................................ 32

Page 13: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

3.3.6 Elementos normativos .......................................................................................... 32

3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES DE ANÁLISE

ESTRUTURAL EM PROJETOS DE PONTES .................................................................. 33

3.4.1 Evolução histórica da análise estrutural ............................................................ 34

3.4.2 Método dos elementos finitos – MEF .................................................................. 35

3.4.3 Softwares de análise estrutural ........................................................................... 36

3.4.3.1 SAP 2000 ................................................................................................................ 37

4 METODOLOGIA ................................................................................................ 39

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO .............................................. 39

4.1.1 Histórico e Localização ........................................................................................ 39

4.1.2 Características topográficas ................................................................................ 40

4.1.3 Características hidrológicas ................................................................................ 41

4.1.4 Características geotécnicas .................................................................................. 41

4.1.5 Características geométricas e estruturais .......................................................... 43

4.1.5.1 Superestrutura ......................................................................................................... 43

4.1.5.2 Mesoestrutura e infraestrutura ................................................................................ 44

4.2 AÇÕES E COMBINAÇÕES ................................................................................. 44

4.2.1 Tipos de solicitações ............................................................................................. 45

4.2.1.1 Carga permanente ................................................................................................... 45

4.2.1.2 Cargas móveis ........................................................................................................ 46

4.3 MODELAGEM COMPUTACIONAL NO SAP 2000 .......................................... 49

4.3.1 Configurações iniciais do SAP 2000.................................................................... 49

4.3.2 Configurando as unidades e o template do modelo. .......................................... 50

4.3.3 Definição dos materiais ........................................................................................ 52

4.3.4 Definição das seções transversais da superestrutura ........................................ 56

4.3.5 Inserção da superestrutura.................................................................................. 59

4.3.6 Atribuição das restrições ..................................................................................... 63

4.3.7 Definição das ações atuantes ............................................................................... 64

4.3.7.1 Definição dos tipos de carregamento (Load Patterns) ........................................... 65

4.3.7.2 Definição dos casos de carregamento (Load Cases) .............................................. 65

4.3.7.3 Definição de combinações de carregamento (Load Combinations) ....................... 67

4.3.8 Atribuição das ações na estrutura ...................................................................... 68

4.3.9 Definição da carga móvel ..................................................................................... 71

Page 14: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

4.3.9.1 Definição do trajeto da carga móvel (Paths) .......................................................... 71

4.3.9.2 Configurando o veículo (Vehicle) .......................................................................... 72

4.3.10 Processamento da estrutura ................................................................................ 73

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 74

5.1 RESULTADOS OBTIDOS NO SAP 2000 ........................................................... 74

5.1.1 Diagramas considerando as cargas permanentes .............................................. 75

5.1.1.1 Diagrama de esforço cortante ................................................................................. 75

5.1.1.2 Diagrama de momento fletor .................................................................................. 77

5.1.2 Diagramas considerando cargas móveis e permanentes em conjunto............. 79

5.1.2.1 Diagrama de esforço cortante ................................................................................. 79

5.1.2.2 Diagrama de momento fletor .................................................................................. 81

5.2 POSSÍVEIS CAUSAS DE DISCREPÂNCIAS ..................................................... 84

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 85

6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................. 86

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 87

ANEXOS ............................................................................................................................. 91

Page 15: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

14

1 INTRODUÇÃO

A criatividade pode ser expressa de diversas formas a depender do contexto de

análise. Na engenharia, quando se fala de obras de arte e expressões que remetem poder

criativo, as pontes sempre tiveram um lugar de destaque, desde tempos remotos, onde as

pessoas se utilizavam de troncos, cordas e pedras, até os tempos atuais (VITÓRIO, 2015).

Pontes são obras destinadas a permitir a transposição de obstáculos à continuidade

de uma determinada via de comunicação. Tais obstáculos são diversos, e podem ser: rios,

braços de mar, vales profundos, etc., sendo que, numa classificação mais específica

tecnicamente, denomina-se ponte quando os obstáculos são estritamente cursos d’água,

enquanto que as estruturas que vencem obstáculos de outra natureza que não hídricas são

chamadas viadutos (MARCHETTI, 2018).

O Brasil possui uma extensão de 1.720.700 km de rodovias, sendo que, deste valor,

56.901 km correspondem a obras de arte (pontes e viadutos) (BRASIL, 2019).

No país, as pontes típicas das malhas rodoviárias federal, estaduais e municipais,

mesmo não sendo obras grandiosas em sua maioria, compõem um patrimônio construído de

valor inestimável, pela importância que representam para o seu desenvolvimento

econômico e social (VITÓRIO, 2015).

As pontes ocupam um importante espaço na história desde o início da civilização.

No início, se tratavam de criações naturais, que eram replicadas pelo homem, para atingir

seus objetivos e transpor obstáculos. Com o desenvolvimento da engenharia, as pontes

passaram a ter mais complexidade e exigir mais dos projetistas e construtores, de modo a

obter estruturas mais econômicas e eficientes. Antigamente as pontes construídas não

dispunham de uma adequada base de cálculo que possibilitasse a verificação da integridade

e segurança de sua estrutura. Entretanto, o progresso da engenharia e o advento da

tecnologia, em especial o surgimento de softwares que se utilizam de métodos matemáticos

para a modelagem de estruturas aproximadas da realidade, possibilitou o cálculo e análise

de estruturas em um nível maior de complexidade (VIEIRA, 2016).

Tendo em vista a ampla utilização de softwares de análise estrutural na engenharia,

pode-se dizer que tais ferramentas são, atualmente, imprescindíveis aos novos projetos,

dado o nível crescente de complexidade dos mesmos e a demanda por eficiência e exatidão

de cálculo. Mais especificamente, com relação a pontes, diversos softwares têm sido

Page 16: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

15

utilizados como ferramentas no cálculo, dimensionamento e análise estrutural. Pode-se citar

programas como o SAP 2000, Ansys e FTOOL, que possuem grande utilização acadêmica e

profissional.

Algumas questões podem ser feitas com relação à aplicabilidade dos softwares

supracitados em projetos de pontes, como: de que forma eles se comportam analisando

estruturas já existentes e quão preciso um modelo teórico de referência pode ser, em

comparação aos métodos utilizados no dimensionamento estrutural de tais obras? e quão

semelhante são os resultados obtidos pelo método dos elementos finitos aos encontrados

pelos métodos utilizados no dimensionamento de uma ponte construída na década de 1970?

Isto posto, com este presente trabalho, pretende-se analisar a aplicabilidade da

modelagem computacional, utilizando o software SAP 2000, ferramenta de análise

estrutural por meio do método dos elementos finitos (MEF), tomando como estudo de caso

a ponte sobre o Rio do Carmo, localizada no km 36 da rodovia BR-310, entre as cidades de

Mossoró/RN e Areia Branca/RN.

Page 17: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

16

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Contribuir para o estudo da aplicabilidade da utilização de softwares de análise

estrutural de pontes por meio de modelagem computacional no software SAP 2000.

2.2 ESPECÍFICOS

• Modelar e analisar a superestrutura da ponte sobre o Rio do Carmo,

utilizando o software SAP 2000, comparando os resultados com o projeto

estrutural original;

• Realizar a análise de cargas móveis no SAP 2000;

• Testar diferentes combinações de cargas no modelo computacional;

• Realizar a modelagem em elementos tridimensionais da superestrutura da

ponte Rio do Carmo;

• Desenvolver uma metodologia de análise estrutural de pontes por meio de

softwares.

2.3 JUSTIFICATIVA

O advento tecnológico fez com que a utilização de ferramentas computacionais na

engenharia fosse intensificada de forma drástica, sendo que é indispensável para qualquer

engenheiro(a) a adoção de softwares em projetos. Estes possuem diversas vantagens

práticas, como maior eficiência, flexibilidade e economia de tempo, que são adequadas à

realidade atual, onde busca-se resultados rápidos, corretos e de baixo custo.

Page 18: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

17

A pesquisa científica na engenharia de pontes também é beneficiada

consideravelmente com a utilização de softwares, possibilitando, por meio de grupos de

pesquisadores, o desenvolvimento de metodologias cada vez mais eficientes e simples de

modelos estruturais.

Entretanto, a utilização desenfreada de ferramentas computacionais por engenheiros

afeta negativamente o seu senso crítico, de forma que se tem cada vez mais, uma

dependência destes recursos tecnológicos. Em vista disso, deve-se, na avaliação da

aplicabilidade de determinado software na análise estrutural, comparar os resultados

obtidos na modelagem com as informações originais de obras já existentes e que foram

dimensionadas, ainda que manualmente em muitos casos, por métodos recomendados em

normas técnicas, como as normas ABNT NBR 7187 (2003) e ABNT NBR 7188 (2013).

Page 19: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

18

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 CONCEITUAÇÃO GERAL

3.1.1 Definição de Pontes

Segundo Marchetti (2008), denomina-se ponte como uma obra de arte destinada a

permitir a transposição de obstáculos à continuidade de uma via de comunicação qualquer.

Tais obstáculos podem ser de diversos tipos, desde obstruções naturais como rios, braços de

mar ou vales profundos até impedimentos causados pelo homem, como um centro urbano

ou outra.

Quando o obstáculo vencido pela ponte é uma via expressa, por exemplo, dá-se a

ela o nome de viaduto. O nome ponte é dado mais especificamente, quando a restrição

envolve cursos d’água (MENDES, 2003).

Figura 1 - Exemplo de ponte pênsil.

Fonte: Abrushami (2017).

Ademais, segundo (PFEIL, 1983), existe uma tradição em relação a pontes de

pequenos vãos com relação a sua denominação. Tais pontes são chamadas de pontilhões.

Existe grande divergência com relação a esta classificação e os seus valores-limite de vãos,

Page 20: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

19

sendo que alguns engenheiros o fixam em cinco metros, enquanto outros adotam dez

metros ou mais. Com relação ao projeto e disposições construtivas, não existe qualquer

relevância na distinção entre pontes e pontilhões, pelo fato de ambos serem subordinados

aos mesmos procedimentos.

3.1.2 Elementos constituintes de uma ponte ou viaduto

Segundo (MENDES, 2003), em termos básicos, pode-se dizer que uma ponte ou

viaduto constitui-se dos seguintes elementos, a saber: superestrutura, mesoestrutura e

infraestrutura. A superestrutura, composta por laje, vigamento principal, transversinas,

cortinas, dentes consoles, chanfros, entre outros, é o componente da obra de arte que recebe

diretamente as solicitações do tráfego. Composta por aparelhos de apoio, vigas e pilares, a

mesoestrutura tem a função de intermediar e transmitir as cargas da superestrutura para as

fundações. Os aparelhos de apoio encarregam-se de receber as cargas do peso próprio e do

tráfego provenientes do tabuleiro e transmitir para o topo dos pilares. Estes, por sua vez,

encarregam-se de transmiti-las para os elementos de fundação. A infraestrutura é composta

pelas fundações, que podem ser de diversos tipos como: sapatas, tubulões, blocos, estacas,

etc. Têm a função de transmitir as cargas ao terreno. A Figura 2 apresenta os elementos

básicos constituintes de uma ponte.

Figura 2 - Elementos básicos de uma ponte.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 21: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

20

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS PONTES

As pontes podem ser classificadas em função de diversos critérios, de modo que

existem subdivisões diferentes a depender da bibliografia analisada. Neste trabalho,

analisou-se os livros de Marchetti (2008), Mendes (2003) e Pfeil (1983), e fez-se um

resumo das principais classificações contidas nos mesmos.

3.2.1 Classificação de pontes segundo a natureza do tráfego

A definição da finalidade de uma ponte se dá em função da natureza do tráfego

sobre ela. Sendo assim, segundo esse critério, Pfeil (1983) classifica as pontes em:

• Rodoviárias: destinam-se ao tráfego de transportes rodoviário;

• Ferroviárias: destinadas aos transportes rodoviários, como trens e metrôs.

• Rodoferroviárias: englobam as duas primeiras classificações, ou seja, pode-

se trafegar nela tanto transportes rodoviários quanto ferroviários;

• Aeroviárias: destinada ao tráfego de aeronaves em pistas de pouso e

decolagem, por exemplo;

• Passarelas: sua finalidade é o transporte de pedestres;

• Ponte canal: destinada à transposição de obstáculos por canal;

• Utilitária: destina-se ao transporte de utilidades públicas, tais como tubos de

água e esgoto.

3.2.2 Classificação de pontes segundo o material utilizado

Quanto ao material predominante em que as pontes são construídas, Marchetti

(2008) faz a seguinte classificação:

• Pontes de madeira;

Page 22: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

21

• Pontes de alvenaria (pedra, tijolos);

• Pontes de concreto armado (CA);

• Pontes de concreto protendido (CP);

• Pontes de aço.

É muito comum, na construção de uma mesma ponte, o emprego de diferentes tipos

de materiais, de modo que, quanto ao material constituinte, tem-se uma classificação mista,

como por exemplo em casos do uso de concreto e madeira ou concreto e aço (PFEIL,

1983).

3.2.3 Classificação de pontes quanto à durabilidade

O período previsto de utilização define a durabilidade de uma ponte, de modo que

pode-se classifica-las, segundo Marchetti (2008), em:

• Pontes permanentes: são construídas em caráter definitivo, sendo que sua

durabilidade deve ser garantida até que as condições da estrada sofram

algum tipo de alteração.

• Pontes provisórias: são utilizadas comumente como desvio de tráfego até o

término de uma obra permanente. Sua duração é limitada.

• Pontes desmontáveis: tal como as pontes provisórias, são projetadas para

durar um período limitado de tempo, porém diferenciam-se pelo fato de

poderem ser reaproveitadas em outros lugares.

3.2.4 Classificação de pontes com base no sistema estrutural da superestrutura

O tipo estrutural de uma ponte é definido com base em qual sistema de estrutura é

adotado em sua superestrutura. Com base nisso, Marchetti (2008) classifica tais obras de

arte da seguinte forma:

Page 23: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

22

3.2.4.1 Em laje

As pontes em laje caracterizam-se por serem desprovidas de qualquer vigamento em

sua seção transversal, podendo apresentar um esquema estrutural simplesmente apoiado ou

contínuo. No primeiro caso, sendo construída em concreto armado, o vão pode situar-se em

uma faixa de 12 metros, enquanto no segundo, onde tem-se um sistema estrutural contínuo,

o tamanho do vão pode atingir 20 metros (MENDES, 2003).

Segundo Vitório (2002) este sistema estrutural apresenta algumas vantagens, tais

como:

a) Pequena altura de construção;

b) Grande resistência à torção;

c) Grande resistência ao fissuramento;

d) Simplicidade e rapidez de construção;

e) Boa solução para obras esconsas.

A Figura 3 apresenta dois tipos de seções transversais de pontes com sistema

estrutural em laje, com seção maciça e vazada.

Figura 3 - Seções transversais de pontes em laje.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 24: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

23

3.2.4.2 Em vigas

Segundo Vitório (2015), neste tipo de ponte, o sistema estrutural do tabuleiro é

constituído por duas ou mais vigas longitudinais (vigas principais ou longarinas) e vigas

transversais (transversinas). Existe, acima do sistema de viga, uma laje superior na qual

estão situadas as pistas de rolamento.

As pontes cujo sistema estrutural é constituído por vigas, podem ser divididas em:

a) Pontes em vigas simplesmente apoiadas;

b) Pontes em vigas contínuas;

c) Potes em vigas gerber;

Na Figura 4 vê-se um modelo representativo de uma ponte em viga, mostrando de

forma simplificada onde se encontram as regiões de esforços de tração e compressão.

Figura 4 - Ponte em viga.

Fonte: Abrushami (2017).

3.2.4.3 Em pórticos

Pórticos são formados pela ligação entre vigas e pilares. Estes elementos adquirem

continuidade entre si, em substituição às ligações articuladas. Um modelo de ponte em

pórtico é exibido na Figura 5.

Page 25: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

24

Segundo Brasil (1996), as estruturas em pórtico caracterizam-se pelo fato de sua

superestrutura e mesoestrutura possuírem características monolíticas. Constituiu-se fator

limitante à utilização mais frequente dessa solução estrutural as dificuldades adicionais de

cálculo e detalhamento, hoje inteiramente superadas pelos processos computacionais

disponíveis.

Figura 5 - Ponte em pórtico.

Fonte: Autoria Própria (2021).

3.2.4.4 Em arco

Este sistema estrutural foi amplamente utilizado no passado, devido à dificuldade de

se executar apoios intermediários sobre cursos d’água e vales profundos e, principalmente,

a necessidade de se vencer grandes vãos. Segundo Vitório (2015), A predominância dos

esforços de compressão com pequena excentricidade e a exigência de pequenas seções de

armações, fizeram do arco a estrutura adequada para a utilização do concreto armado.

Porém, com a evolução do concreto protendido e das técnicas construtivas que permitiram

eliminar os escoramentos, as pontes em arcos passaram a ser substituídas pelas pontes em

vigas retas protendidas. A Figura 6 exibe um modelo de ponte em arco inferior.

Page 26: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

25

Figura 6 - Ponte em arco.

Fonte: Marchetti (2008).

3.2.4.5 Pênseis

As pontes pênseis constituem-se por cabos que são dispostos parabolicamente ao

logo do sentido longitudinal, além de pendurais verticais (Figura 7). São executadas

normalmente em vigamentos metálicos suspensos por cabos de aço. Este tipo de ponte tem

como característica vantajosa a capacidade de vencer grandes vãos (VITÓRIO, 2015).

Um dos exemplos mais marcantes é a ponte Golden Gate, localizada em São

Francisco nos Estados Unidos, que possui um vão livre de 1200 metros. Atualmente, a

ponte pênsil com maior vão livre é a Akashi-Kaigo, no Japão, cujo comprimento é 1.991 m.

Figura 7 - Ponte pênsil.

Fonte: Abrushami (2017).

Page 27: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

26

3.2.4.6 Pontes atirantadas (estaiadas)

Estas pontes são caracterizadas por terem o seu tabuleiro sendo sustentado por

cabos de aço dispostos de forma inclinada e fixados em torres (Figura 8). Normalmente o

tabuleiro é metálico ou em concreto protendido, devendo possuir considerável rigidez à

torção, de modo a reduzir os movimentos vibratórios causados pela ação transversal do

vento (VITÓRIO, 2002).

Este tipo de ponte é utilizado para vãos maiores que 200m e são obras bastante

sofisticadas, tanto do ponto de vista do projeto como da construção. Para tabuleiros em

concreto protendido (executado em balanços sucessivos) é possível obter boas soluções

para vãos de até 600m. Para vãos da ordem de 900m devem ser utilizados tabuleiros

metálicos ou mistos (VITÓRIO, 2015).

Figura 8 - Ponte estaiada.

Fonte: Abrushami (2017).

3.2.5 Classificação de pontes quanto aos processos executivos

Em relação aos modos com que as pontes são construídas, Mendes (2003) as

classifica em:

• Pontes concretadas no local com escoramentos;

• Pontes parcialmente pré-moldadas;

• Pontes totalmente pré-moldadas;

• Pontes executadas em balanços sucessivos com concretagem “in loco”;

Page 28: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

27

• Pontes executadas em balanços sucessivos com elementos pré-moldados ou

aduelas.

3.2.6 Classificação de pontes segundo o desenvolvimento planimétrico

Segundo Marchetti (2008), quando se é considerada a projeção do eixo de uma

ponte no plano horizontal (em planta), pode-se ter:

• Pontes retas (ortogonais, esconsas);

• Pontes curvas;

3.2.7 Classificação de pontes segundo o desenvolvimento altimétrico

Quando a consideração da projeção do eixo de uma determinada ponte se dá no seu

plano horizontal, pode-se classificar tais obras de arte em (MARCHETTI, 2008):

• Pontes horizontais ou em nível;

• Pontes em rampa, retilíneas ou curvilíneas;

3.2.8 Outras classificações de pontes

Como métodos de classificação adicionais, pode-se citar o critério da posição do

tabuleiro que, segundo Marchetti (2008), divide as pontes em: pontes com tabuleiro

superior, intermediário e inferior.

Quanto à natureza do sistema estrutural, pode-se dividir as pontes em isostáticas e

hiperestáticas (MENDES, 2003).

Page 29: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

28

Ademais, pode-se também utilizar o critério relacionado à extensão longitudinal da

ponte, classificando-as em: 1) Bueiros, quando o vão não passam de dois metros; 2)

Pontilhões, quando o tamanho do vão possui valor entre dois e dez metros e; 3) Pontes,

quando o vão é maior que dez metros (MARCHETTI, 2008).

3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO DE PONTES

Quando se trata de obras de engenharia civil, presume-se que o passo inicial para

uma adequada execução é uma correta concepção e projeto estrutural, e este fato se aplica

também às obras de arte especiais. Segundo Mendes (2003), o projeto de uma ponte pode

ser definido como um conjunto de estudos, gráficos, cálculos e obediência aos elementos

normativos que permitem definir e justificar a construção da obra de arte propriamente dita.

Naturalmente, o projeto de uma ponte deve-se iniciar pelo conhecimento de sua

finalidade, tendo em vista que, a partir do fim para o qual a estrutura é concebida, decorrem

os elementos geométricos que definem o estrado, como, por exemplo, a seção transversal e

o carregamento a partir do qual o dimensionamento é feito. No que diz respeito à execução,

há também a exigência de levantamentos topográficos, hidrológicos e geotécnicos. Como

informações adicionais, pode-se citar o processo construtivo a ser utilizado, a capacidade

técnica das empresas responsáveis pela execução, bem como aspectos econômicos

(ARAÚJO, 1999).

Pretende-se nesta seção, discorrer sobre os elementos que constituem e subsidiam

um projeto de pontes, apresentando os principais.

3.3.1 Elementos geométricos

Os elementos geométricos aos quais o projeto de uma ponte deve subordinar-se

derivam das características da via, bem como de seu próprio estado, sendo que, para este, as

características funcionais da ponte definem a sua geometria (PFEIL, 1979).

Page 30: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

29

A seguir, são citadas algumas definições de elementos geométricos de pontes em

geral, contidas no livro de Pfeil (1979).

Tramo de uma ponte é o nome dado a parte da superestrutura localizada entre dois

elementos sucessivos da mesoestrutura.

Vão teórico do tramo é a distância medida horizontalmente entre os centros de dois

apoios sucessivos.

Vão livre do tramo é a distância, medida no eixo horizontal, entre os paramentos de

dois pilares ou de pilares e encontros.

Altura de construção de uma ponte, em uma determinada seção, é a distância,

medida no eixo vertical, entre o ponto mais alto da superfície do estrado e o ponto mais

baixo da superestrutura, na seção considerada. Este elemento geométrico possui grande

importância no projeto de uma ponte, pois condiciona, entre outras coisas, qual sistema

estrutural será adotado.

Altura livre de uma ponte, em uma determinada seção, é a distância, medida no eixo

vertical, entre o ponto mais baixo da superestrutura e o ponto mais alto da seção

considerada.

Esconsidade é o termo que define o caso onde o eixo longitudinal de uma ponte não

forma um ângulo reto com o eixo longitudinal do obstáculo transposto. Neste caso, diz-se

que a ponte é esconsa ou oblíqua. A esconsidade pode ser à esquerda ou à direita. Na

Figura 9 é mostrado um exemplo de ponte oblíqua à direita.

Figura 9 - Ponte com esconsidade à direita.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 31: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

30

3.3.2 Elementos topográficos

Para um projeto e execução de uma ponte, deve-se conhecer as características

topográficas da região onde a obra de arte será implantada. Para isso, deve-se realizar

levantamentos topográficos, sendo que nestes deverão constar:

a) Planta, em escala de 1:1000 ou 1:2000; perfil em escala horizontal de 1:1000

ou 1:2000, e vertical de 1:100 ou 1:200, respectivamente, do trecho da

rodovia em que a implantação da obra irá ocorrer, em uma extensão tal que

ultrapasse seus extremos prováveis em 1 km (um quilômetro) para cada

lado.

b) Planta do terreno no qual se deve implantar a ponte, em uma extensão que

ultrapasse em 50 metros seus limites extremos longitudinais em ambos os

lados, tendo largura mínima de 30 metros, desenhada na escala de 1:100 ou

1:200, contendo curvas de nível a cada metro, devendo-se locar o eixo

longitudinal da ponte e indicar eventual esconsidade.

c) Perfil ao longo do eixo locado, na escala de 1:100 ou 1:200 e numa extensão

que exceda em 50 metros, em cada extremidade, o comprimento provável da

obra.

d) Quando se tratar de transposição de curso d’água, seção do rio segundo o

eixo locado, na escala de 1:100 ou 1:200, com as cotas do fundo do rio em

pontos distanciados em cerca de 5 metros.

(PFEIL, 1979).

3.3.3 Elementos geotécnicos

Os elementos geotécnicos de um projeto de pontes são apresentados sobre a forma

de relatórios de prospecção geológica e boletim de sondagem, com o objetivo de

possibilitar a realização de reconhecimento e definição precisa da natureza e distribuição

das camadas que constituem o subsolo (MENDES, 2003).

Page 32: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

31

Deverão ter, segundo Pfeil (1979):

a) Relatório de prospecção de geologia aplicada no provável local de

implantação da obra, considerando seu esboço natural e realçando as

prováveis peculiaridades geológicas existentes.

b) Relatório de sondagem de reconhecimento de subsolo, que deverá

compreender, dentre outros elementos, planta de locação das sondagens,

descrição de equipamentos empregados, sondagens de reconhecimento de

subsolo em toda a extensão provável da obra, em número suficiente para

caracterizar o subsolo.

3.3.4 Elementos hidrológicos

De modo geral, são recomendados os seguintes elementos hidrológicos necessários

a um adequando projeto de obras de arte (PFEIL, 1979).

a) Cotas de máxima enchente e estiagem observadas, com indicação das

épocas, frequência e período de tais ocorrências.

b) Dimensões e medidas físicas suficientes para a solução dos problemas de

vasão do curso d’água sob a ponte e erosão do leito, sendo necessárias

informações referentes a área, em km², da bacia hidrográfica a montante da

região em estudo, altura média anual das chuvas, em milímetros, etc.

c) Em regiões de baixada ou influenciadas por marés, deve-se conter a

indicação dos níveis máximo e mínimo das águas, velocidades máximas de

fluxo e refluxo, na superfície, na seção em estudo.

d) Informações sobre obras de arte existentes na bacia, com indicações de

comprimento, vazão, tipo de fundação, etc.

Page 33: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

32

3.3.5 Elementos acessórios

Os elementos acessórios em projetos de pontes estão relacionados, geralmente, à

existência de elementos agressivos, podendo-se citar a agressividade da água, referida ao

pH ou teor de substâncias agressivas aos materiais de construção, materiais de ação

destrutiva sobre o concreto e gases tóxicos.

Além disso, de acordo com Pfeil (1979) tem-se como elementos acessórios

informações que são relevantes quando se considera os aspectos construtivos e econômicos,

como:

a) Condições de acesso ao local da obra.

b) Procedência dos materiais de construção, custo e confiabilidade do

transporte.

c) Épocas favoráveis para a execução dos serviços, considerando os períodos

chuvosos e o regime do rio.

d) Possível interferência de serviços de terraplenagem ou desmonte de rocha

nas proximidades da obra.

e) Condições de obtenção de água potável.

3.3.6 Elementos normativos

Os elementos normativos são elaborados pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT). Atualmente, as principais normas referentes a projetos e execução de

pontes são:

• ABNT NBR 6118/2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento;

• ABNT NBR 6122/2010 – Projeto e execução de fundações;

• ABNT NBR 7187/2003 – Projeto de pontes de concreto armado e de

concreto protendido – Procedimento;

• ABNT NBR 7188/2013 – Carga móvel rodoviária e de pedestres em pontes,

viadutos, passarelas e outras estruturas;

Page 34: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

33

• ABNT NBR 7480/2007 – Aço destinado a armaduras para estruturas de

concreto armado – Especificação;

• ABNT NBR 8681/2003 – Ações e segurança nas estruturas;

• ABNT NBR 6123/1988 – Forças devido ao vento em edificações –

Procedimento (versão corrigida 2:2013);

• ABNT NBR 10839/1989 – Execução de obras de arte especiais em concreto

armado e protendido – Procedimento;

• ABNT NBR 12655/2015 – Concreto de cimento Portland – Preparo,

controle e recebimento;

Ademais, pode-se citar outros documentos importantes acerca do tema, como os

manuais e instruções normativas do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte

(DNIT) e do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER):

• Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários –

Publicação IPR/726 de 2006;

• Manual de Projeto Geométrico de Travessias Urbanas – Publicação IPR/740

de 2010;

• Manual de Projeto de Obras de Arte Especiais – Publicação IPR/698 de

1996.

3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES DE ANÁLISE

ESTRUTURAL EM PROJETOS DE PONTES

Segundo ABNT NBR 6118 (2014), a análise estrutural tem como objetivo principal

determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com a finalidade de efetuar verificações

nos estados último e de serviço. Ela permite estabelecer as distribuições de esforços

internos, tensões, deformações e deslocamentos, em uma parte ou em toda a estrutura.

Especificamente, para o projeto de pontes, tem-se a norma ABNT NBR 7187 –

Projeto de Pontes de Concreto Armado e Protendido que, em conjunto com outras normas,

em especial a NBR 6118, estabelece critérios e métodos de análise estrutural.

Page 35: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

34

Nesta seção, ver-se-á um breve panorama histórico da análise do comportamento

estrutural de pontes, além da apresentação de alguns dos seus métodos principais.

3.4.1 Evolução histórica da análise estrutural

A análise estrutural foi uma das áreas da engenharia mais beneficiadas com o

advento da inovação tecnológica, por volta das décadas de 1960 e 1970.

Durante muitos anos, até a década de 1950, os projetos estruturais eram elaborados

de maneira manual, de forma que os engenheiros projetistas levavam dias e até mesmo

semanas para a obtenção de resultados aceitáveis. A maioria das análises realizadas até

então eram feitas com base no Método de Cross, com auxílio de réguas de cálculo e tabelas,

com o objetivo de criar vigas contínuas e pórticos deslocáveis e indeslocáveis, explorando

somente as quatro operações fundamentais. No final dos anos 1960, as réguas de cálculo

começaram a perder espaço e dar lugar as primeiras máquinas eletrônicas, que

possibilitaram evoluções significativas na análise de estruturas por meio de métodos que

utilizavam a teoria das matrizes (FRANCO, 2012).

No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, com o surgimento de calculadoras

eletrônicas e a utilização dos programas de análises matriciais, tornou-se possível projetar

vigas contínuas e a realização de cálculos de meio elásticos contínuos que acarretaram na

primeira construção industrial em pré-fabricado no Brasil (FRANCO, 2012).

Com o advento dos microcomputadores nos anos 1990, permitiu-se a automatização

dos projetos e maior facilidade na preparação de projetos estruturais. A informática

apresenta desenvolvimento contínuo, consequentemente traz pontos positivos como o

surgimento de novos facilitadores, como os softwares (FRANCO, 2012).

De acordo com Silva (2017), os primeiros programas de cálculo estrutural

reproduziam de maneira automática, os modelos simples de análise das estruturas. Hoje, há

no mercado a disponibilidade de programas mais complexos e completos que permitem

análises mais realistas das estruturas e melhoria no detalhamento e dimensionamento de

projetos de engenharia civil.

O cálculo de estruturas compostas por lajes e vigas foi, por muitos anos, feito com a

utilização de tabelas, considerando as lajes como elementos isolados e apoiados em vigas

Page 36: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

35

consideradas indeformáveis. Nos dias atuais existem diversas técnicas de análise estrutural

aplicáveis às pontes, levando em consideração alguns aspectos como: características da

estrutura, os recursos de análise e os resultados que se pretende obter, de modo que uma

mesma ponte pode ser analisada por diferentes modelos mecânicos. Dessa forma, tem-se

que a modelagem pode ser de forma plana (utilizando-se de elementos lineares – barras) ou

tridimensional (SOUZA, 2012).

Os modelos tridimensionais são mais completos em relação aos modelos planos,

tendo em vista que permitem representar todos os tipos de vínculos entre os diversos

elementos que formam a estrutura. Um determinado modelo tridimensional é constituído

basicamente de elementos lineares, planos e volumétricos, onde nenhuma dimensão

predomina sobre as outras, o que permite a análise do comportamento de um pavimento de

forma integral e plena, aproximando com o funcionamento real da estrutura (SOUZA,

2012).

Dentre os principais modelos de análise estrutural de pontes que são utilizados têm-

se o método simplificado, o método das grelhas equivalentes e o método dos elementos

finitos (MEF). Destes, o MEF é o mais completo e mais utilizado, de forma que receberá

uma abordagem mais aprofundada neste trabalho.

3.4.2 Método dos elementos finitos – MEF

Segundo Souza (2012), o método dos elementos finitos é uma das técnicas mais

completas para a análise de estruturas. Neste método, a estrutura real é substituída por uma

estrutura equivalente, composta por elementos retangulares e triangulares discretos que

formam uma malha e são conectados por nós. A precisão dos resultados obtidos por meio

desse método depende do tamanho da malha e do seu tipo.

Este método possui como vantagem o fato de que permite ao projetista flexibilidade

na aplicação de cargas e condições de contorno, justificando o fato de ser amplamente

utilizado em softwares de análise estrutural (SÁNCHEZ, 2001). De acordo com Marzo

Page 37: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

36

(2010), o conceito para o MEF é de que toda a função contínua, seja temperatura, pressão

ou deslocamento, pode ser representada por um modelo formado por variadas funções

contínuas definidas sobre um número finito de subdomínios, que recebem o nome de

elementos finitos.

Mais detalhes sobre este método podem ser encontrados em livros e apostilas como

o livro de Assan (2020).

3.4.3 Softwares de análise estrutural

O advento dos softwares e demais recursos computacionais e posterior utilização

deles na engenharia civil, com destaque para a engenharia de estruturas, trouxe

consideráveis benefícios. Pode-se citar a redução no tempo requerido para a análise

estrutural e o dimensionamento das diferentes estruturas, bem como tem-se dimensionado

estruturas cada vez mais complexas. Ademais, a área de engenharia de pontes e viadutos é

uma das que se beneficiou e desenvolveu de forma relevante, com a introdução de

programas de computador para a análise estrutural e o dimensionamento

(MASCARENHAS; CHRISTOFORO; CARVALHO, 2020).

De acordo com Abrishami (2017), atualmente, a análise estrutural é geralmente

realizada por meio de software para obter vantagens das habilidades computacionais dos

computadores. Pode-se citar, dentre os softwares mais utilizados na análise e

dimensionamento de estruturas o SAP 2000, Abaqus FEA, RISA 3D, MIDAS Civil e

ANSYS, sendo todos esses softwares de acesso não gratuito.

Entretanto, existem softwares de código livre que são amplamente utilizados em

cálculos estruturais, como o FTOOL. Oliveira (2017) utilizou este software para

modelagem e análise de pontes integrais (sem juntas de dilatação e aparelhos de apoio),

compostas por vigas pré-moldadas em concreto protendido.

Nesta seção, será abordado de forma mais específica o software SAP 2000, pelo fato

de ter sido utilizado na modelagem computacional do presente trabalho.

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37

3.4.3.1 SAP 2000

O programa SAP 2000, cujo nome é derivado da expressão Structural Analysis

Program (Programa de análise estrutural), faz parte de um grupo de programas de análise

estrutural da Computers and Structures, Inc. que utilizam a mesma plataforma de

conhecimento, denominada, CsiKnowledge. Este software possui uma biblioteca de

elementos finitos constituída pelos tipos de elementos mais comuns na modelagem de

estruturas e que possibilitam uma análise próxima do modelo real do objeto de estudo

(FREITAS, 2018).

Abrishami (2017) afirma que o SAP2000 é um dos softwares de análise estrutural

mais famosos do mundo. O nome SAP tem sido sinônimo de métodos analíticos de ponta

desde sua introdução a mais de 30 anos. SAP2000 segue a mesma tradição com um sistema

muito sofisticado, interface de usuário intuitiva e versátil alimentada por um mecanismo de

análise incomparável e ferramentas de design para engenheiros que trabalham com

transporte, indústria, obras públicas, esportes e outras instalações. SAP2000 é um programa

considerado robusto para diversos problemas de engenharia, sendo que várias situações de

carregamento e seções geométricas podem ser aplicada de modo a analisar o problema com

uma precisão significativa.

Dentre os benefícios da utilização do SAP 2000, pode-se citar:

• Possibilidade de importação de arquivos em formato DXF, o que diminui o

trabalho de desenhar seções transversais complexas no próprio software;

• Pode fazer a verificação de código, que fornece uma referência poderosa de

análise;

• Permite exibir gráficos de energia nos elementos e membros, de forma a

ajudar na decisão de se o design da estrutura é prático ou não;

• Gráficos de esforços solicitantes em 3D;

• Opção Section Design, que permite ao usuário desenhar seções transversais

não convencionais;

• Possibilidade de geral relatórios em diversos formatos, como PDF e XML.

(ABRISHAMI, 2017)

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38

No Brasil, o SAP 2000 tem sido empregado em diversos trabalhos acadêmicos

relacionados à análise estrutural. Souza (2012) analisou estruturalmente pontes mistas de

concreto e aço por meio do SAP 2000 (versão 11), de modo a obter parâmetros confiáveis

de análise e dimensionamento de diversas variações destas pontes, em especial as de

pequenos vãos pelo fato de serem as mais utilizadas no Brasil.

Borghetti (2016) lançou mão do SAP 2000 para analisar os esforços solicitantes em

longarinas de pontes de concreto armado convencional de uso rodoviário, de modo a

apresentar uma proposta de dimensionamento de tais longarinas. A utilização deste

software na modelagem se tornou útil, dentre outros motivos, pela fidelidade na

representação do comportamento da estrutura, sendo que mostrou o funcionamento

conjunto de todas as partes da mesma.

Semelhantemente, Fulgêncio, Paula e Azevedo (2014) modelou vigas transversinas

de pontes de concreto armado com o objetivo de comparar a distribuição de solicitações e

valores de deformações em uma ponte rodoviária de concreto armado ora com o emprego

ora sem o emprego de vigas transversinas no travamento da estrutura. Por meio da análise

estrutural realizada com o auxílio do programa SAP 2000, percebeu-se que com o aumento

do número de transversinas na ponte maior foi o acréscimo de rigidez na estrutura gerando

assim uma menor deformação da mesma.

Já Freitas (2018), em sua dissertação de mestrado, utilizou o SAP 2000 para realizar

um estudo analítico e numérico considerando a interação solo-estrutura (ISE) dos

deslocamentos e dos momentos fletores nas fundações e nos pilares de pontas retas

ortogonais em concreto armado. Os resultados obtidos tanto de forma analítica quanto por

modelagem numérica no SAP 2000 foram comparados, de forma que corroborou-se a tese

de que os métodos computacionais, quando calibrados por parâmetros de entrada

confiáveis, tendem a se distanciar menos da realidade do que os métodos analíticos, tendo

em vistam que simulam o problema de forma mais realista.

Penner, Michalszyszyn e Sieiro (2018), em seu trabalho, modelou diversas pontes

no SAP 2000 com o objetivo de comparar a evolução arquitetônica e estrutural entre as

antigas e as modernas, utilizando a frequência natural de vibração como

varável de controle de seis modelos de pontes escolhidos, de acordo com o vão e com o

material, a saber: pedra, ferro fundido, madeira, concreto armado e protendido e aço

Page 40: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

39

4 METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho consistiu em:

• Caracterização da área e objeto de estudo, obtendo-se informações

importantes ao desenvolvimento estrutural de uma ponte;

• Pesquisa bibliográfica em instrumentos normativos, atuais e da época da

concepção estrutural da ponte Rio do Carmo, de modo a adquirir

conhecimento dos métodos de cálculo utilizados;

• Pesquisa de documentos relacionados ao objeto de estudo, como relatórios

de sondagem, pranchas do projeto estrutural e memorial de cálculo, como

forma de auxílio na modelagem computacional;

• Modelagem computacional da superestrutura da ponte no software SAP

2000, bem como análise estrutural;

• Comparação dos resultados obtidos no SAP 2000 com os esforços que

constam no memorial de cálculo original do projeto.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

4.1.1 Histórico e Localização

Construída no ano de 1976, a Ponte Sobre o Rio do Carmo é uma obra de arte

especial (OAE) localizada na rodovia BR-110, entre os municípios de Mossoró e Areia

Branca, no estado do Rio Grande do Norte. Está situada numa região de forte agressividade

ambiental, mais especificamente, de Classe III, segundo a NBR 6118/2014. A Figura 10

mostra a ponte sobre o rio do Carmo.

Page 41: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

40

Figura 10 - Ponte sobre o Rio do Carmo.

Fonte: Piazza (2019).

4.1.2 Características topográficas

A Figura 11 mostra uma linha traçada no sentido da ponte Rio do Carmo, em

distância suficiente para mostrar um perfil altimétrico da região da ponte, de modo a se

obter compreensão da topografia da região. De acordo com os dados analisados, a máxima

variação é de 11 metros.

Figura 11 - Perfil altimétrico da ponte Rio do Carmo.

Fonte: Google Earth (2021).

Page 42: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

41

4.1.3 Características hidrológicas

Segundo Medeiros (2015), a ponte está submetida a uma massa fluvial intermitente

oriunda da superposição da maré salina proveniente do município de Grossos/RN e do

volume de água proveniente da barragem de Upanema/RN.

4.1.4 Características geotécnicas

Realizou-se, à época da construção da ponte Rio do Carmo, serviços geotécnicos de

sondagem e reconhecimento de subsolo, de modo que, em 15 de julho de 1975, foi

apresentado o relatório de sondagem referente a tais serviços. O responsável foi o

engenheiro Geraldo de Pinto Pessoa, CREA: 1168-D, 2ª Região.

Deste relatório, tem-se que foram executados 10 (dez) furos de sondagem de

reconhecimento, totalizando um total de 74,60 m (setenta e quatro metros e sessenta

centímetros). A Figura 12 mostra a distribuição dos furos de sondagem para investigação

do subsolo da ponte Rio do Carmo. Já a Tabela 1 mostra as profundidades atingidas para

cada furo.

Figura 12 - Disposição dos furos de sondagem.

Fonte: Autoria Própria (2021).

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42

Tabela 1 - Profundidades de furos de sondagem.

Furo Profundidade atingida

F1 - E 16,20 m

F1 - E 15,50 m

F2 - E 7,50 m

F2 - D 6,20 m

F3 - E 5,60 m

F3 - D 5,40 m

F4 - E 3,50 m

F4 - D 3,40 m

F5 - E 6, 30 m

F5 - D 5,00 m

Profundidade Total 74,60 m

Fonte: Autoria Própria (2021).

O método executado nas perfurações foi o de percussão com circulação de água

protegidas por um revestimento. Extraiu-se amostras a cada metro de perfuração por meio

de um barrilete amostrador padrão de 45 mm de diâmetro externo, onde foram registradas

as diferentes resistências à penetração associadas às diferentes camadas do horizonte de

solo analisado.

A resistência à penetração é expressa pelo número de golpes necessários para um

peso batente de 60 kg, caindo livremente a uma altura de 75 cm, cravar o barrilete

amostrador a uma profundidade de 30 cm no solo (ou outro comprimento devidamente

indicado).

Todo o processo de exploração do subsolo e a terminologia adotada na classificação

das diversas camadas atravessadas obedeceram às normas NB-12 B e TB-3 B, da

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

O perfil de sondagem é composto majoritariamente por: aterro de piçarro, argila

calcárea, de consistência média a rija, esbranquiçada e cinza escura, além de alteração de

rocha calcárea, de consistência dura, esbranquiçada e amarelada. Em alguns furos, foi

observado solo do tipo argila de consistência mole, cinza escura.

No Anexo 02, é mostrado um perfil de um dos furos da investigação do subsolo da

ponte Rio do Carmo.

Page 44: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

43

4.1.5 Características geométricas e estruturais

A geometria da ponte Rio do Carmo, bem como seus detalhes estruturais e

construtivos foram obtidos por meio da investigação de arquivos referentes às plantas do

projeto estrutural e do memorial descritivo, disponibilizados pelo Departamento Nacional

de Estradas e Rodagens – DNER.

4.1.5.1 Superestrutura

É constituída de uma viga contínua de altura variável, em forma de uma parábola de

2° (segundo) grau, com largura de seção transversal igual a 12 m. A solução adotada se deu

em decorrência da imposição de altura de construção, ou seja, da folga entre o greide

existente e o nível de maré máxima.

Segundo Medeiros (2015), a superestrutura, dispõe de um tabuleiro dotada de quatro

vãos internos, dois balanços externos e duas cortinas em suas extremidades. A estrutura do

tabuleiro é composta por lajes inferior e superior, sendo a laje superior com balanço

superior (corte transversal), formando, assim uma seção celular do tipo caixão. Possui, ao

todo, 90 (noventa) metros de extensão. Na Figura 13 é mostrado o perfil longitudinal da

superestrutura da ponte objeto de estudo deste trabalho.

Figura 13 - Geometria longitudinal da superestrutura da ponte Rio do Carmo,

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 45: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

44

4.1.5.2 Mesoestrutura e infraestrutura

Quanto à mesoestrutura, ela é formada por dois aparelhos de apoio do tipo

Neoprene, uma viga de contraventamento entre dois pilares com seção transversal

retangular. A infraestrutura, é composta por blocos de coroamento vinculados à uma

fundação do tipo tubulão (MEDEIROS, 2015). A Figura 14 mostra a geometria transversal

da ponte Rio do Carmo.

Figura 14 - Geometria transversal da ponte Rio do Carmo.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.2 AÇÕES E COMBINAÇÕES

Considerando o fato de que a ponte Rio do Carmo foi construída na década de 1970,

tem-se que as seguintes normas foram utilizadas na definição numérica das ações atuantes

em sua estrutura, bem como de sua execução:

• NB-2 (1961) – Cálculo e execução de pontes em concreto armado;

• NB-6 (1970) – Cargas móveis em pontes rodoviárias.

Page 46: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

45

Segundo a NB-2, no cálculo dos esforços solicitantes de uma ponte, devem ser

consideradas as influências dos seguintes aspectos: carga permanente, carga móvel,

impacto vertical, impacto lateral, força longitudinal, força centrífuga, variação de

temperatura, retração, deformação lenta, vento, atrito nos apoios, deslocamento das

fundações, empuxo de terra ou água e esforços no guarda-corpo.

4.2.1 Tipos de solicitações

4.2.1.1 Carga permanente

As estruturas de pontes, como qualquer outra estrutura na engenharia, devem ser

projetadas de modo a suportar, além das cargas externas atuantes, o seu peso próprio. Tem-

se que a importância do peso próprio no cálculo das ações é diretamente proporcional ao

tamanho do vão. Segundo Pfeil (1979), em pontes metálicas de pequenos vãos (10 m), o

peso próprio da estrutura tem pouca importância, enquanto nas pontes em concreto de

grandes vãos (200 m), a carga do peso próprio é predominante.

Além do peso próprio dos elementos portantes da ponte, outros materiais colocados

sobre a mesma constituem cargas permanentes, tais como: pavimentação, guarda-corpo,

lastro, dormentes e trilhos, postes, canalização, etc. Os pesos próprios dos principais

materiais constituintes de pontes, a serem adotados no cálculo estrutural, para a época de

construção da ponte Rio do Carmo, são dados na Tabela 2.

Tabela 2 - Pesos próprios para o dimensionamento estrutural de pontes.

Material Peso específico (t/m³)

Concreto simples 2,5

Concreto armado 2,4

Areia, brita ou terra, fofas 1,6

Areia, brita ou terra, compactas 1,9

Lastro de brita, para ferrovias 1,7

Page 47: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

46

Macadame ou britas compactadas 2,2

Alvenaria de pedra 2,7

Madeira (peroba) 0,8

Dormente de madeira 1,2

Ligas de alumínio 2,8

Ferro fundido 7,8

Aço e aço fundido 7,85

Fonte: Pfeil (1979).

As cargas permanentes consideradas no dimensionamento da ponte Rio do Carmo,

que foram utilizadas neste trabalho para a modelagem do software SAP 2000, foram

obtidas através de pesquisa no memorial descritivo do projeto estrutural da obra. A Tabela

3 mostra o somatório total de cargas permanentes na ponte Rio do Carmo. Destaca-se que a

nomenclatura exibida na tabela, onde as cargas são chamadas de ‘g1’ e ‘g2’, foi obtida do

memorial de cálculo, onde não é evidenciado a que cada carga se refere, sabendo-se

somente que são cargas permanentes.

Tabela 3 - Cargas permanentes sobre a ponte Rio do Carmo.

Vão/Balanço

Cargas permanentes

Total (t/m) g1 (t/m) g2 (t/m)

Balanço E 19,4 2,93 22,33

Vão 1 13,79 2,93 16,72

Vão 2 13,79 2,93 16,72

Vão 3 13,79 2,93 16,72

Vão 4 13,79 2,93 16,72

Balanço D 19,4 2,93 22,33 Fonte: Autoria Própria (2021).

4.2.1.2 Cargas móveis

Os pesos dos veículos são denominados cargas úteis, onde tem-se que o seu

movimento, bem como as irregularidades das pistas produzem acréscimos nos pesos

atuantes. A tais acréscimos dá-se o nome de efeitos de impacto vertical (PFEIL, 1979).

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47

Segundo a NB-2 (1961), o impacto vertical é considerado através do coeficiente de

impacto que, para pontes rodoviárias, é dado pela expressão:

𝜑 = 1,4 − 0,007𝑙 ≥ 1,00

Onde:

• 𝜑 é o coeficiente de impacto vertical;

• 𝑙 é a distância entre dois apoios sucessivos.

Tal coeficiente deve ser multiplicado pela carga móvel calculada.

Os veículos também podem produzir esforços horizontais no sentido longitudinal

das pontes, devido à frenagem e aceleração.

Segundo a norma NB-6 (1960), as cargas móveis utilizadas no cálculo de pontes

correspondentes aos veículos de cálculo (trem-tipo), são divididas em três classes pelos

pesos em toneladas dos mesmos:

• Classe 36 – rodovias de classe I;

• Classe 24 – rodovias de classe II;

• Classe 12 – rodovias de classe III;

Os veículos de cálculo têm largura de 3,0 m e comprimento de 6,0 m. Para o

dimensionamento, é adotado um único veículo ocupando a posição mais desfavorável para

a solicitação estudada. Esta posição corresponde àquela onde o pneu do veículo toca o meio

fio, porém, para este trabalho, o trem-tipo foi posicionado na faixa central devido a

limitações do software (Figura 15). A carga de cálculo constitui-se de uma faixa principal

de largura igual à do veículo trem-tipo (3,0 m) onde o mesmo estará situado, e uma carga

distribuída principal P (igual a 500, 400 e 300 kgf/m² para as classes I, II e III,

respectivamente). Na parte da pista não ocupada pela faixa principal, coloca-se a carga

distribuída secundária P’, igual a 300 kgf/m² para todas as classes de pontes, carregando

somente a área mais desfavorável para o elemento estudado (PFEIL, 1979).

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48

Figura 15 - Disposição da carga móvel.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Tem-se ainda, da Figura 15, que uma simplificação pode ser feita ao admitir a faixa

principal de tráfego sem interrupção na região do veículo, reduzindo-se as cargas

concentradas no valor correspondente. Tal artifício tem a vantagem quando se fala de fins

práticos, pois facilita os cálculos numéricos das solicitações (PFEIL, 1979).

Para a ponte Rio do Carmo, foi adotado o veículo TB-36 (Classe 36), sendo que

suas características são mostradas na Figura 16.

Figura 16 - Trem-tipo TB-36.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Para este trabalho, os valores da carga móvel sobre a ponte Rio Carmo utilizados na

análise estrutural, assim como as cargas permanentes, foram obtidos mediante consulta ao

memorial descritivo do projeto estrutural, sendo este baseado nas prescrições das normas

supracitadas, a saber NB-2 e NB-6, em especial.

No dimensionamento estrutural da ponte Rio Carmo, a carga móvel não foi

considerada atuando sobre os balanços, de modo que o caminho percorrido por ela

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49

compreendeu somente nos quatro vãos internos, ou seja, percorrendo uma distância de 80

metros.

A Tabela 4 exibe as cargas móveis utilizadas na análise estrutural, para cada vão

analisado da ponte em estudo.

Tabela 4 - Cargas móveis utilizadas na análise estrutural.

Vão/Balanço Carga móvel

Concentrada (t) Distribuída (t/m)

Balanço E 0 0

Vão 1 3x13,72 6,03

Vão 2 3x13,72 6,03

Vão 3 3x13,72 6,03

Vão 4 3x13,72 6,03

Balanço D 0 0 Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3 MODELAGEM COMPUTACIONAL NO SAP 2000

Utilizou-se a ferramenta SAP 2000, em sua versão 21, para a análise estrutural da

ponte sobre o Rio do Carmo. Os tópicos a seguir descrevem o procedimento de modelagem

computacional.

4.3.1 Configurações iniciais do SAP 2000

Ao abrir o SAP 2000, a tela inicial é tal qual mostrada na Figura 17. Para iniciar um

novo projeto deve-se clicar na aba file e depois em New Model.

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50

Figura 17 - Tela inicial do SAP 2000.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.2 Configurando as unidades e o template do modelo.

Antes de iniciar de fato a modelagem do objeto de estudo, o usuário deve escolher

as unidades básicas do projeto, a saber, unidades de força, distância e temperatura. Como

pode-se ver na Figura 18, as unidades escolhidas foram quilo-newton (kN), metro (m) e

graus celsius (C).

Deve-se também escolher um template para a modelagem. O SAP 2000

disponibiliza diversas opções a serem escolhidas com base no objeto de estudo,

considerando que o software possui uma gama de aplicações extensa. Para o caso de

pontes, indica-se a modelagem com base no template Grid Only (Figura 18).

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Figura 18 - Configuração de unidades e template.

Fonte: Autoria Própria (2021).

O template Grid Only possui uma utilidade considerável, pois possibilita ao usuário

definir linhas de referência, também chamadas de grades, que o auxiliam na modelagem do

objeto de estudo a ser analisado. Ao clicar em Grid Only, uma janela surgirá, onde deverá

ser feita a configuração dos grids nas direções x, y e x. Deve-se configurar o número de

linhas em cada direção (Number of Grid Lines), o espaçamento entre as linhas (Grid

Spacing), além da localização, em coordenadas cartesianas x, y e z, da linha inicial (Figura

19).

Figura 19 - Configuração dos grids.

Fonte: Autoria Própria (2021).

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52

A Figura 20 mostra o resultado das configurações de grids realizadas. Pode-se ver

que, de início, o SAP 2000 apresenta duas janelas de visualização, uma compreende um

plano cartesiano em duas dimensões (Plano XY, XZ ou YZ), enquanto a outra consiste em

uma vista tridimensional. O número de janelas, bem como o plano ou vista pode ser

alterado livremente pelo usuário. A partir de então, pode-se, de fato, iniciar a modelagem

do objeto de estudo em questão.

Figura 20 - Tela do SAP 2000 com os grids configurados.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.3 Definição dos materiais

O primeiro passo para a modelagem e análise estrutural é definir os materiais que

constituem a ponte em questão, a saber, concreto e aço, bem como as suas propriedades

características. Para isso, deve-se clicar na aba Define e depois na opção Materials (

Figura 21).

Figura 21 - Definição de materiais.

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53

Fonte: Autoria Própria (2021).

A seguir, será apresentada uma janela de definição de materiais. O SAP 2000 já

possui alguns materiais predefinidos que podem ser utilizados pelo usuário, porém a

indicação é de que sejam adicionados novos materiais com as características corretas do

objeto de estudo. Deve-se clicar em Add new material (Figura 22).

Figura 22 - Criando um novo material.

Fonte: Autoria Própria (2021).

A tela seguinte do SAP 2000 mostra algumas configurações iniciais das

propriedades do material a ser criado como: Região, tipo de material, material de referência

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54

e resistência (Figura 23). Para este trabalho, foram criados os materiais referentes ao

Concreto e ao Aço.

Figura 23- Tela de propriedades iniciais no SAP 2000.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Para este trabalho, foram criados os materiais referentes ao Concreto e ao Aço. A

Tabela 5 mostra as configurações para ambos os materiais.

Tabela 5 – propriedades iniciais dos materiais no SAP 2000.

Material Region Meterial type Standard Grade

Concreto United States Concrete User -

Aço United States Steel User -

Fonte: Autoria Própria.

A partir de então, pode-se configurar mais especificamente os materiais. O SAP

2000 permite ao usuário definir as seguintes propriedades.

• Peso específico (kN/m³);

• Módulo de elasticidade, E (kPa);

• Coeficiente de poisson, U;

• Coeficiente de expansão térmica, A;

• Módulo de elasticidade transversal, G (kPa);

Especificamente para o concreto, tem-se:

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55

• Resistência à compressão característica e esperada, fck (kPa);

Para o aço, em especificamente, pode-se definir:

• Tensão mínima e esperada de escoamento, fy e fye, respectivamente (kPa);

• Tensão de tração mínima e esperada, fu e fue, respectivamente (kPa);

A Figura 24 mostra a referida tela, onde são feitas as definições supracitadas. Vale

destacar a possibilidade de alteração das cores referentes a cada material. Tal possibilidade

é útil ao usuário pois facilita a visualização e identificação.

Figura 24 - Dados de propriedades de material.

Fonte: Autoria Própria (2021).

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56

4.3.4 Definição das seções transversais da superestrutura

A definição das seções transversais consiste na modelagem geométrica dos

elementos que constituem o objeto de estudo. Esta modelagem pode ser feita por elementos

sólidos (solid elements) ou elementos lineares (frame elements). Neste trabalho, para a

modelagem dos elementos da ponte, foram utilizados elementos lineares, ou seja, com base

nas pranchas do projeto da ponte sobre o Rio do Carmo, obteve-se a seção transversal da

superestrutura, que foi, então, modelada no SAP 2000.

Para definir as seções transversais, usa-se o menu Define, clicando na opção Section

Properties. Como usou-se elementos lineares neste trabalho, deve-se escolher a opção

frame sections, mostradas na Figura 25.

Figura 25 - Definição de seções transversais.

Fonte: Autoria Própria (2021).

O passo seguinte é a adição de uma nova propriedade de seção transversal. Ao clicar

em Add new property, o usuário vai se deparar com diversos tipos de seção fornecidos

previamente pelo SAP 2000 que, para cada tipo de material (Concreto, aço, alumínio,

outros ...), mostra as seções comumente utilizadas. Estas opções são úteis quando se quer

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57

analisar, por exemplo, pontes feitas em concreto pré-fabricado, cujas dimensões são

normatizadas e catalogadas comercialmente, como perfis em T ou I, por exemplo. A Figura

26 mostra as opções predefinidas de perfis para estruturas de concreto.

Em Frame Section Type Proprerties, o usuário deve escolher qual o material

constituinte da seção a ser modelada. Caso o elemento estrutural seja feito com algum perfil

comercial ou geometria comum, pode-se utilizar das predefinições do SAP 2000 (Figura

26).

Figura 26 - Adição de propriedades de seção transversal.

Fonte: Autoria Própria (2021).

No caso da ponte Rio do Carmo, objeto de estudo deste trabalho, a superestrutura

foi feita em concreto moldado no local (CML), e sua seção transversal não se adequa a

nenhum dos perfis predefinidos. Logo, em Section Type Proprerties, optou-se por clicar na

opção other, e desenhar a seção transversal através da opção Section Designer (Figura 27).

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58

Figura 27 - Seção transversal com perfil não predefinido.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Na janela posterior do SAP 2000 (SD Section Data), pode-se definir um nome para

a seção transversal, bem como o material constituinte, cujas propriedades foram definidas

em 4.1.3. Após serem feitas estas configurações, deve-se clicar em Section Designer, para

que se possa, de fato, realizar o desenho (Figura 28).

Figura 28 - Dados da seção transversal.

Fonte: Autoria Própria (2021).

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59

Na Figura 29 é mostrada a janela de Design de seção do SAP 2000, onde é possível

observar o perfil da superestrutura da ponte Rio do Carmo. Tal seção foi denominada

SUPERESTRUTURA. Ao término da definição do design da seção transversal, deve-se

clicar em done para que geometria seja salva.

Figura 29 - Design da seção da superestrutura da ponte Rio do Carmo.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.5 Inserção da superestrutura

Após terem sido definidos os materiais e as seções transversais, o passo seguinte é a

inserção da superestrutura no espaço de modelagem. Neste momento, os grids definidos na

seção 4.1.1 são úteis, pois ajudam na correta disposição dos elementos.

Para inserir a superestrutura no software, na aba Draw (desenhar), deve-se optar pela opção

Draw Frame/Cable/Tendon (

Figura 30).

Deve-se escolher uma vista que facilite ao usuário inserir o elemento. Nesse caso,

recomenda-se escolher o plano XY, pois mostra uma vista superior do grid (

Figura 30).

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60

Figura 30 - Desenhando a superestrutura.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Na Figura 31, o SAP 2000 apresentar uma janela onde o usuário deve escolher

algumas propriedades do elemento frame a ser inserido. Dentre as tais características,

destaca-se a propriedade section, onde serão exibidas as seções transversais definidas em

4.1.4. No caso da ponte Rio do Carmo, a seção escolhida refere-se à superestrutura da

ponte, que possui 90 metros de extensão, sendo dois balanços de 5 metros nas duas

extremidades, além de quatro vãos de 20 metros cada um, totalizando 80 metros de vãos

internos.

Escolhidas as propriedades do elemento frame, deve-se agora fazer a delimitação.

Este passo deve ser feito clicando com o mouse nos pontos extremos do elemento. Como

visto na seção 4.1.1, na direção x, correspondente ao sentido longitudinal da ponte Rio do

Carmo, foram definidas linhas de grid espaçadas em 5 metros, num total de 90 metros. Na

direção y, foram definidas linhas espaçadas em 6 metros, com 12 metros de comprimento

total correspondente à largura máxima da superestrutura. Já na direção z, as linhas foram

espaçadas em 0,60 metro, num total de 1,20 metro, que corresponde a altura total da

superestrutura.

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61

Figura 31 - Inserção da superestrutura no grid.

Fonte: Autoria Própria (2021).

A Tabela 6 mostra um resumo dos pontos que delimitam a superestrutura da ponte

Rio do Carmo e foram inseridos no SAP 2000, como visto na Figura 31. Destaca-se que os

pontos 2 e 3 foram inseridos para delimitar os balaços da ponte e diferenciá-los dos vãos

internos.

Tabela 6 - Resumo dos pontos da ponte inseridos no SAP 2000.

Ponto Coord. x Coord. y Coord. z

1 0,00 m 6,00 m 1,20 m

2 5,00 m 6,00 m 1,20 m

3 85,00 m 6,00 m 1,20 m

4 90,00 m 6,00 m 1,20 m

Fonte: Autoria Própria (2021).

Para que se possa visualizar a estrutura inserida em três dimensões e não como um

elemento frame, deve clicar na opção Set Display Options. Uma janela será aberta onde, na

aba General Options, na opção View Type, deve-se marcar a opção Extrude. A Figura 32

mostra um resumo das instruções citadas.

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62

Figura 32 - Alteração da visualização do projeto.

Fonte: Autoria Própria (2021).

A Figura 33 mostra a superestrutura da ponte Rio Carmo visualizada em 3D. Os

grids foram ocultados de modo a melhorar a visibilidade.

Figura 33 - Modelo da superestrutura em 3D.

Fonte: Autoria Própria (2021).

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63

4.3.6 Atribuição das restrições

As restrições nada mais são do limitações impostas em determinados pontos da

estrutura, essas impedem as translações e/ou rotações da peça no ponto em que será

implantada. No SAP 2000, existem vários tipos de restrições, cada uma é utilizada de

acordo com a estrutura em estudo. Há basicamente três tipos: de primeiro gênero, de

segundo gênero e de terceiro gênero. Para acessar o menu de restrições, o usuário deve

clicar na aba Assign, depois em Joint e logo após em Restraints (Figura 34).

Figura 34 - Acessando menu restraints.

Fonte: Autoria Própria (2021).

A Figura 35 mostra as opções de restrições no SAP 2000 em que, para inseri-las, o

usuário deve escolher o ponto de aplicação, o grau de restrição e clicar em Apply.

Figura 35 - Aplicação de restrições.

Fonte: Autoria Própria (2021).

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64

Na modelagem da ponte Rio do Carmo, foram inseridos ao longo do comprimento

do elemento frame, na direção x, nas coordenadas 5,00m, 25,00m, 45,00m, 65,00m,

85,00m, respectivamente, pontos referentes aos pilares e, então, aplicados apoios de 2°

gênero. Não houve a aplicação de apoios nas extremidades, por se tratarem de balanços

(Figura 36).

Figura 36 - Ponte após a aplicação das restrições.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.7 Definição das ações atuantes

Para que as ações atuantes sejam adicionadas à modelagem no SAP 2000 torna-se

necessário, primeiramente, definir essas ações. Para isso, deve-se acessar o menu define. O

software apresenta as opções de definir os padrões ou tipos de carregamento (Load

Patterns), os casos de carregamento (Load Cases), além das combinações de carregamento

(Load Combinations). Tais opções são mostradas na Figura 37.

Figura 37 - Opções de definição de ações atuantes.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 66: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

65

4.3.7.1 Definição dos tipos de carregamento (Load Patterns)

A opção Load Patterns permite o usuário adicionar as diferentes ações que atuam

na estrutura analisada. Pode-se notar na Figura 38 as opções para a inserção dos

carregamentos, dentre elas: o tipo de ação (Type), e o fator multiplicativo do peso próprio

da estrutura (Self Weight Multiplier), que permite considerar ou não o peso próprio na ação

atuante a ser adicionada. Neste trabalho, foram criados três tipos de ações, a saber:

permanentes e carga móvel. Ressalta-se que somente na ação permanente foi considerado o

peso próprio da superestrutura.

Figura 38 - Inserção dos tipos de carregamento.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.7.2 Definição dos casos de carregamento (Load Cases)

Após a definição do tipo de carregamento, é necessário definir as características de

cada um. Para isso, na opção Define Load Cases, é possível ao usuário editar algumas

propriedades do carregamento. Deve-se escolher qual a ação a ser editada e clicar em

Modify/Show Load Case (Figura 39).

Page 67: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

66

Figura 39 - Definição dos casos de carregamento.

Fonte: Autoria Própria (2021).

A Figura 40 mostra as propriedades das ações atuantes que podem ser editadas. Há

de se destacar as opções Load Case Type (Tipo de caso de carregamento), onde pode-se

escolher se a ação é estática, móvel, hiperestática, entre outras opções. Além disso, a opção

Analysis Type (Tipo de análise) permite ao usuário optar entre análise linear ou não linear.

Ademais, a opção Loads Applied permite combinar cargas e aplicar fatores de escala as

mesmas.

Figura 40 - Edição de Load Case.

Fonte: Autoria Própria.

Page 68: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

67

4.3.7.3 Definição de combinações de carregamento (Load Combinations)

A opção Load Combinations (Figura 41) permite que o usuário faça combinações

das ações atuantes na estrutura. Este recurso é importante quando do processamento e

análise estrutural, pois possibilita inúmeras combinações de carga envolvendo toda ou parte

das ações, sendo estas definições a critério do usuário e/ou das especificidades do objeto de

análise. Neste trabalho, foram criadas duas combinações de ações, uma considerando todas

as ações em conjunto, e outra desconsiderando o peso próprio.

Figura 41 - Definição de combinação de ações.

Fonte: Autoria Própria (2021).

A

Figura 42 mostra a janela de modificação de uma determinada combinação de ações

definida pelo usuário.

Page 69: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

68

Figura 42 - Propriedades de combinação de ações.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.8 Atribuição das ações na estrutura

Após configurados os tipos, casos e combinações de carga, o passo seguinte é a

atribuição das ações na estrutura. Para isso, deve-se acessar o menu Assign (Atribuir).

Como a estrutura ponte foi modelada em elementos frame, deve-se escolher a opção Frame

Loads. Pode-se inserir cargas referentes à gravidade (Gavity), cargas pontuais (Point),

distribuídas (Distributed), entre outras opções, mostradas na Figura 43.

Page 70: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

69

Figura 43 - Atribuição de cargas em elementos frame.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Quanto à modelagem da ponte Rio do Carmo, objeto de estudo deste trabalho, as

principais ações atuantes na estrutura são cargas distribuídas, logo, escolhe-se, dentre as

opções mostradas na Figura 43, as cargas distribuídas.

Na Figura 44, é mostrado o menu de inserção de cargas distribuídas no SAP 2000,

que atuarão na superestrutura na ponte Rio do Carmo. Dentre as diversas opções, o usuário

pode escolher qual o padrão de carga (Load Pattern), o sistema de coordenadas em que a

carga será posicionada (Coordenate System), a direção do carregamento (Load Direction) e

o tipo do carregamento (Load Type). Pode-se adotar um valor de carga distribuída constante

ao longo da estrutura, por meio da opção Uniform Load, ou inserir um carregamento

trapezoidal, pela opção Trapezoidal Loads, onde deve-se inserir valores de ações

distribuídas para cada trecho (absoluto ou relativo) do elemento analisado.

Page 71: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

70

Figura 44 - Inserção de carga distribuída na superestrutura.

Fonte: Autoria Própria (2021).

A Figura 45 mostra a ponte com as ações permanentes devidamente inseridas. Os

valores são dados em tonelada por metro linear (t/m).

Figura 45 - Ponte Rio do Carmo com cargas devidamente inseridas.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 72: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

71

4.3.9 Definição da carga móvel

Dentre as análises mais importantes a serem feitas no dimensionamento de pontes,

tem-se a consideração das cargas móveis, que se relacionam aos veículos que trafegarão

pela estrutura. O SAP 2000 permite esta análise. Para isso, deve-se acessar o menu define e

clicar na opção Moving Loads (Cargas móveis). Destaca-se que, dentre as opções

disponíveis, pode-se definir o veículo responsável pela ação dinâmica e o trajeto pelo qual

o veículo irá percorrer (opções Vehicle e Paths, respectivamente). A Figura 46 ilustra as

opções supracitadas.

Figura 46 - Definição de cargas móveis.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.9.1 Definição do trajeto da carga móvel (Paths)

Para definir o trajeto, deve-se clicar na opção path mostrada na Figura 46. Após

isso, deve-se configurar o trajeto escolhido. A Figura 47 mostra a configuração do caminho

a ser percorrido pelo veículo na ponte Rio do Carmo. Destaca-se que o trajeto foi

Page 73: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

72

configurado escolhendo-se o elemento frame referente aos vãos internos da superestrutura

da ponte.

Figura 47 - Configuração do trajeto da carga móvel.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.9.2 Configurando o veículo (Vehicle)

Ao escolher a opção Vehicle (Figura 46), pode-se definir o (s) veículos (s) trem-tipo

que serão utilizados na análise estrutural. Para o caso da ponte Rio Carmo, foi criado o

veículo TB – Classe 36, referente ao projeto de dimensionamento original da ponte,

baseado na norma NB-6 /1960.

A figura mostra a tela de configuração do veículo TB – Classe 36. Foram aplicadas

três cargas pontuais, referentes aos eixos do trem-tipo, e uma carga uniformemente

distribuída, referente à carga de multidão.

Page 74: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

73

Figura 48 - Configuração do veículo TB-Classe 36.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.3.10 Processamento da estrutura

Para que a estrutura seja processada, deve-se acessar o menu Analyse e escolher a

opção Run Analysis. O SAP 2000 mostrará uma janela onde pode-se escolher os casos de

carregamento a serem considerados na análise estrutural. Configuradas as opções, deve-se

clicar em Run Now e aguardar o término do processamento (Figura 49).

Figura 49 - Janela de análise estrutural no SAP 2000.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 75: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

74

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção serão apresentados os resultados referentes à modelagem e análise

estrutural da ponte sobre o Rio do Carmo, realizadas no software SAP 2000. Estes serão

comparados com os resultados obtidos no projeto original da ponte, onde será verificada a

aplicabilidade do referido software na análise e dimensionamento de obras de arte.

Considerando que a ponte em estudo é simétrica em seu sentido longitudinal tem-se,

do processo de dimensionamento apresentado no memorial de cálculo, que foram feitas

análises de esforços solicitantes somente no primeiro balanço e nos dois primeiros vãos, ou

seja, até a metade da ponte. Ainda no memorial, destaca-se que os resultados foram

exibidos para seções ao longo do eixo longitudinal, sendo que, para os vãos, cada seção

compreendia uma distância de 2 metros de comprimento, enquanto os balanços foram

divididos em seções de a cada 2,5 metros.

A título de comparação os resultados apresentados a seguir, obtidos no software

SAP 2000, são exibidos para as mesmas seções do memorial de cálculo do projeto da ponte

Rio do Carmo.

5.1 RESULTADOS OBTIDOS NO SAP 2000

Devido a dúvidas pertinentes geradas quando da análise das informações do

memorial de cálculo, em relação à clareza dos dados apresentados, decidiu-se exibir os

resultados de esforços solicitantes primeiramente sem a consideração da influência das

cargas móveis e depois com a presença deste tipo de ação atuante.

Page 76: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

75

5.1.1 Diagramas considerando as cargas permanentes

5.1.1.1 Diagrama de esforço cortante

A Figura 50 apresenta o diagrama de esforço cortante, considerando as cargas

permanentes somente, ou seja, sem levar em conta os efeitos do carregamento móvel,

enquanto a Tabela 7 apresenta a comparação dos valores entre o SAP 2000 e o memorial de

cálculo do projeto estrutural da ponte.

Figura 50 - Diagrama de esforço cortante, sem carga móvel, no SAP 2000.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Tabela 7 - Esforço cortante, sem carga móvel.

Seção x (m) Esforço Cortante (t)

Memorial de Cálculo SAP 2000

Ext. Bal 0,00 0 0

1/2 Bal 2,50 -58,95 -61,8507

0/Esq 5,00 -114,77 -123,701

0/Dir 5,00 169,85 222,521

1 7,00 136,41 173,0404

2 9,00 73,45 123,5599

3 11,00 40,01 74,0793

4 13,00 -1,29 24,5987

5 15,00 -34,73 -24,8818

6 17,00 -68,99 -74,3624

Page 77: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

76

7 19,00 -102,43 -123,843

8 21,00 -143,75 -173,324

9 23,00 -177,19 -222,604

10/Esq 25,00 -240,15 -266,789

10/Dir 25,00 223,27 240,1584

11 27,00 189,83 197,0942

12 29,00 126,87 147,6136

13 31,00 93,43 98,1331

14 33,00 52,11 48,6525

15 35,00 18,67 1,9196

16 37,00 -15,57 -50,3086

17 39,00 -49,01 -99,7892

18 41,00 -90,33 -149,27

19 43,00 -123,77 -198,75

20 45,00 -160,54 -242,275

Fonte: Autoria Própria (2021).

Da Tabela 7, tem-se que o esforço cortante máximo obtido por meio do SAP 2000,

sem a consideração da ação das cargas móveis, é de - 266,789 t, enquanto o valor máximo

obtido no memorial descritivo é de -240, 150 t. O Gráfico 1 mostra os diagramas de esforço

cortante sobrepostos.

Page 78: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

77

Gráfico 1 - Esforço cortante sem carga móvel.

Fonte: Autoria Própria.

5.1.1.2 Diagrama de momento fletor

Na Figura 51, é a presentado o diagrama de momento fletor, obtido por meio do

SAP 2000, para a ponte Rio do Carmo. Na Tabela 8, os valores de momento fletor para

cada seção são comparados com o memorial descritivo.

Figura 51 - Diagrama de momento fletor, sem carga móvel, no SAP 2000.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 79: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

78

Tabela 8 - Momentos fletores, sem carga móvel.

Seção x (m) Momento Fletor (t.m)

Memorial de Cálculo SAP 2000

Ext. Bal 0,00 0,00 0,00

1/2 Bal 2,50 -77,62 -55,83

0/Esq 5,00 -294,82 -380,75

0/Dir 5,00 -294,82 -380,75

1 7,00 11,46 -106,75

2 9,00 191,82 100,38

3 11,00 305,32 240,64

4 13,00 336,16 314,03

5 15,00 300,14 320,56

6 17,00 195,58 260,21

7 19,00 24,16 132,99

8 21,00 -229,90 -61,09

9 23,00 -550,84 -321,96

10/Esq 25,00 -997,72 -551,36

10/Dir 25,00 -997,72 -551,36

11 27,00 -584,59 -251,80

12 29,00 -297,38 -18,59

13 31,00 -77,05 147,74

14 33,00 60,62 247,20

15 35,00 131,42 279,72

16 37,00 133,71 245,51

17 39,00 69,12 144,37

18 41,00 -78,10 -23,65

19 43,00 -292,21 -258,54

20 45,00 -538,28 -560,30 Fonte: Autoria Própria (2021).

Da Tabela 8, tem-se que o momento fletor máximo obtido na modelagem

computacional é de -560,30 t.m, enquanto o máximo momento obtido no memorial de

cálculo tem o valor de -997,72 t.m.

Percebe-se uma discrepância considerável nos valores de momento fletor máximo.

Os pontos mais discrepantes estão localizados nas regiões onde constam os apoios da

superestrutura.

O Gráfico 2 mostra a sobreposição das envoltórias de momento fletor do projeto

estrutural e o proveniente SAP 2000.

Page 80: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

79

Gráfico 2 - Diagramas de momento fletor sem carga móvel.

Fonte: Autoria Própria (2021).

5.1.2 Diagramas considerando cargas móveis e permanentes em conjunto

5.1.2.1 Diagrama de esforço cortante

Na Figura 52 tem-se o diagrama de esforço cortante obtido no SAP 2000. Percebe-

se, em relação a figura, a adição da envoltória de esforço cortante (cor verde) referente à

adição dos efeitos da carga móvel, constituída pelo trem tipo TB-36.

Figura 52 - Diagrama de esforço cortante, com carga móvel, no SAP 2000.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 81: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

80

A Tabela 9 apresenta os valores de esforço cortante no SAP 2000 e no memorial de

cálculo do projeto estrutural da ponte Rio do Carmo, nas seções analisadas neste.

Tabela 9 - Esforço cortante, considerando a carga móvel.

Seção x (m) Esforço Cortante

Memorial de Cálculo SAP 2000

Ext. Bal 0,00 0,00 0,00

1/2 Bal 2,50 -58,95 -55,83

0/Esq 5,00 -114,77 -111,65

0/Dir 5,00 169,85 146,03

1,00 7,00 136,41 111,43

2,00 9,00 73,45 73,64

3,00 11,00 40,01 32,78

4,00 13,00 -1,29 -10,32

5,00 15,00 -34,73 -54,53

6,00 17,00 -68,99 -99,76

7,00 19,00 -102,43 -146,44

8,00 21,00 -143,75 196,74

9,00 23,00 -177,19 -240,72

10/Esq 25,00 -240,15 -277,21

10/Dir 25,00 223,27 246,79

11,00 27,00 189,83 222,11

12,00 29,00 126,87 173,84

13,00 31,00 93,43 126,52

14,00 33,00 52,11 79,74

15,00 35,00 18,67 34,27

16,00 37,00 -15,57 -9,23

17,00 39,00 -49,01 -50,75

18,00 41,00 -90,33 -90,28

19,00 43,00 -123,77 -126,19

20,00 45,00 -160,54 -160,34 Fonte: Autoria Própria (2021).

O máximo valor de esforço cortante obtido por meio do SAP 2000 é de -277,21 t.

Este valor representa um aumento de 24,5 % em relação ao esforço cortante máximo,

desconsiderando o carregamento móvel.

Page 82: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

81

O Gráfico 3 exibe as envoltórias de esforço cortante tanto do SAP 2000 quanto do

memorial descritivo, como meio de comparação do comportamento desse esforço ao longo

da estrutura.

Gráfico 3 - Diagrama de esforço cortante considerando carga móvel

Fonte: Autoria Própria (2021).

5.1.2.2 Diagrama de momento fletor

Na Figura 53, é possível observar o comportamento dos momentos fletores ao longo

da ponte Rio do Carmo. Percebe-se, tal como na figura, a adição da envoltória de momento

fletor devido a carga móvel. No projeto estrutural original, considerou-se a carga móvel

atuando somente nos vãos, não compreendendo os balanços nas extremidades.

Page 83: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

82

Figura 53 - Diagrama de momento fletor, com carga móvel, no SAP 2000.

Fonte: Autoria Própria (2021).

A Tabela 10 apresenta a relação dos momentos fletores mínimos e máximos obtidos

no SAP 2000 com a consideração da carga móvel, em comparação com os resultados do

memorial de cálculo.

Tabela 10 - Momentos fletores considerando a carga móvel

Seção x (m)

Momento Fletor (t.m)

Memorial de Cálculo SAP 2000

Mínimo Máximo

Ext. Bal 0,00 0,00 0,00 0,00

1/2 Bal 2,50 -77,62 -69,78 -69,78

0/Esq 5,00 -294,82 -279,13 -279,13

0/Dir 5,00 -294,82 -542,67 -326,00

1 7,00 11,46 -178,78 -15,29

2 9,00 191,82 81,05 244,77

3 11,00 305,32 236,87 454,20

4 13,00 336,16 302,89 558,05

5 15,00 300,14 300,70 571,69

6 17,00 195,58 230,32 495,11

7 19,00 24,16 91,49 306,56

8 21,00 -229,90 -142,59 -18,17

9 23,00 -550,84 -574,64 -331,96

10/Esq 25,00 -997,72 -1018,67 -649,37

10/Dir 25,00 -997,72 -872,22 -500,13

11 27,00 -584,59 -390,71 -153,32

12 29,00 -297,38 -77,40 107,65

Page 84: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

83

13 31,00 -77,05 106,69 328,54

14 33,00 60,62 210,10 462,03

15 35,00 131,42 240,61 509,50

16 37,00 133,71 198,31 451,54

17 39,00 69,12 80,99 298,33

18 41,00 -78,10 -121,58 73,28

19 43,00 -292,21 -439,62 -206,79

20 45,00 -538,28 -886,16 -511,35 Fonte: Autoria Própria (2021).

Tem-se, da Tabela 10, que o máximo momento fletor encontrado na análise

estrutural no SAP 2000 possui um valor absoluto de 1018,67 t.m, cujo valor aproxima-se

mais do máximo momento fletor encontrado no projeto estrutural da ponte Rio do Carmo,

cujo valor é, em termos absolutos, de 997,72 t.m. O Gráfico 4 apresenta a sobreposição dos

dados apresentados na Tabela 10.

4Gráfico 4 - Diagramas de momento fletor considerando a carga móvel.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Page 85: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

84

5.2 POSSÍVEIS CAUSAS DE DISCREPÂNCIAS

Pôde-se notar na análise de dados alguns erros consideráveis entre os valores

obtidos pela análise estrutural no SAP 2000 e os dados do memorial de cálculo do projeto

da ponte Rio do Carmo. Desta forma, dentre as possíveis causas de tais erros, tem-se a não

consideração da variação parabólica da altura da viga que representou a superestrutura da

ponte, sendo que sua altura foi considerada constante.

Outra possível causa de erros diz respeito ao tipo de elemento utilizado para

modelar a estrutura da ponte, visto que acredita-se que a modelagem em elementos

tridimensionais seja mais fidedigna às condições reais da estrutura que o modelo estrutural

em elementos lineares, que foi o escolhido para este trabalho, visto que, no caso 3D, é

possível modelar a variação parabólica na altura da superestrutura e configurar as malhas

de elementos finitos.

Page 86: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

85

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O advento tecnológico e a consequente utilização de ferramentas computacionais na

engenharia civil trouxeram consideráveis benefícios, principalmente no que se refere a

projetos, onde o uso de softwares de dimensionamento e análise estrutural proporciona,

dentre diversas vantagens, economia de tempo na elaboração de projetos, eficiência e a

possibilidade de estruturas cada vez mais complexas.

Neste trabalho, utilizou-se a o software de análise estrutural SAP 2000 para modelar

a superestrutura de uma ponte já existente, a saber a ponde sobre o Rio do Carmo,

localizada entre os municípios de Mossoró/RN e Areia Branca/RN, de modo a verificar a

aplicabilidade da ferramenta e iniciar o desenvolvimento de uma metodologia simples de

análise estrutural de pontes.

Utilizou-se elementos frame (lineares) para a modelagem da referida ponte, onde

criou-se uma seção transversal que representasse com maior fidelidade possível a geometria

real da superestrutura, e comparou-se os resultados com os números do projeto estrutural

original.

Os diagramas de esforços solicitantes (esforço cortante e momento fletor), obtidos

no SAP 2000 e comparados aos originais, mostraram que a modelagem computacional

adotada conseguiu representar bem o comportamento da estrutura obtido pelos métodos

utilizados à época da concepção e construção da ponte Rio do Carmo.

Entretanto, ressalta-se que alguns valores de esforços tiveram uma variação

considerável quando comparados com o memorial de cálculo da estrutura, o que mostra a

necessidade de um maior refinamento da metodologia de modelagem e corrobora o fato de

que a utilização de softwares em projetos de engenharia, ainda que extremamente benéfica

e indispensável hoje em dia, deve ser feita de forma responsável e com senso crítico por

parte dos projetistas.

Page 87: ANÁLISE ESTRUTURAL DA PONTE SOBRE O RIO DO CARMO POR …

86

6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Neste trabalho, quando da modelagem, houve a tentativa de se modelar a estrutura

da ponde Rio do Carmo utilizando elementos tridimensionais. Entretanto, por limitações

relacionadas ao tempo, não foi possível concluir o modelo.

A Figura 54 mostra o modelo em elementos tridimensionais de um vão da ponte.

Figura 54 - Modelagem 3D de um vão da ponte Rio do Carmo.

Fonte: Autoria Própria (2021).

Logo, como sugestão inicial para trabalhos futuros, recomenda-se a modelagem e

análise da superestrutura da ponte Rio do Carmo por meio de elementos tridimensionais e

posterior comparação com a modelagem com elementos lineares feita neste trabalho.

Recomenda-se também modelar e analisar os demais elementos da ponte, ou seja, a

mesoestrutura e a infraestrutura, obtendo-se um modelo integral da ponte.

Ademais, recomenda-se também o estudo da evolução das normas de projetos de

pontes, desde a construção da ponte sobre o Rio do Carmo na década de 1970, através da

análise estrutural utilizando os carregamentos prescritos tanto pelas normas antigas quanto

pelas novas, de modo a verificar de que forma as atualizações normativas influenciaram o

cálculo de estruturas ao longo do tempo.

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87

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ANEXOS

ANEXO 01

MEMORIAL DESCRITIVO DA PONTE RIO DO CARMO

São apresentadas algumas páginas referentes ao memorial descritivo do projeto

estrutural da Ponte Rio do Carmo.

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ANEXO 02

PRANCHA DO RELATÓRIO DE SONDAGEM DE SUBSOLO