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João Vicente Barreto da Costa Filho ANÁLISE DO SEGMENTO DE CARTÕES DE CRÉDITO PRIVATE LABEL NO MERCADO DO VAREJO DE MODA BRASILEIRO Dissertação/Tese submetido(a) ao Programa de Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Civil com habilitação em Engenharia de Produção. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Selene Siqueira Soares. Florianópolis 2017

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João Vicente Barreto da Costa Filho

ANÁLISE DO SEGMENTO DE CARTÕES DE CRÉDITO

PRIVATE LABEL NO MERCADO DO VAREJO DE MODA

BRASILEIRO

Dissertação/Tese submetido(a) ao

Programa de Graduação da Universidade Federal de Santa

Catarina para a obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Civil com

habilitação em Engenharia de Produção.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Selene Siqueira Soares.

Florianópolis

2017

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

da UFSC.

A ficha de identificação é elaborada pelo próprio autor

Maiores informações em:

http://portalbu.ufsc.br/ficha

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João Vicente Barreto da Costa Filho

ANÁLISE DO SEGMENTO DE CARTÕES DE CRÉDITO

PRIVATE LABEL NO MERCADO DO VAREJO DE MODA

BRASILEIRO

Este(a) Dissertação/Tese foi julgado(a) adequado(a) para

obtenção do Título de “Engenheiro Civil com habilitação em

Engenharia de Produção”, e aprovado(a) em sua forma final pelo

Programa de Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas.

Florianópolis, 20 de junho de 2017.

________________________

Prof.ª Marina Bouzon, Dr.ª

Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Prof.ª Selene Siqueira Soares, Dr.ª

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Daniel Christian Henrique, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Rogerio Miorando, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado ao meu

grande amigo e avô, João Horácio

Barreto da Costa (In Memoriam).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, João Vicente e Simone, pela atenção e

carinho, pela paciência e pelos ensinamentos durante o processo de

desenvolvimento desse trabalho e no decorrer do meu desenvolvimento

como pessoa. Também agradecendo a meus irmãos, Clarice e João

Horácio, pelo amor e afeto, meus avós, João Horácio (In Memoriam),

Ivone, Aida e Ivo, pelas horas de sabedoria compartilhada durante toda

caminhada da minha vida, meus tios e tias e primos, além de toda a

minha família, pelo apoio incondicional.

Com agradecimentos especiais ao meu pai que tomou espaço do

seu tempo para ler cautelosamente o trabalho e sugerir melhorias, ao

meu avô João Horácio (In Memoriam) que sempre foi e continua sendo

uma fonte de inspiração para mim.

Agradeço a minha namorada Clarissa, que esteve ao meu lado

durante o desenvolvimento do trabalho, pelas noites mal dormidas e

horas de preocupação compartilhadas, e pelo apoio mesmo em

momentos os quais minha atenção foi direcionada totalmente ao

trabalho.

Obrigado também aos meus colegas de faculdade, amigos e

colegas de trabalho, pelas discussões produtivas e ajuda na busca por

informações do referido trabalho.

Muito obrigado a minha orientadora, Drª Profª Selene Soares,

pela orientação sempre disponível e pelo conhecimento passado durante

o processo do desenvolvimento do trabalho, sempre buscando melhorias

e preocupada com o melhor para o resultado final do mesmo.

Agradecendo, por fim, a todos que me apoiaram durante essa

jornada e a Deus por essa vitória, pelo dom da vida, pela força e

capacidade em fazê-lo.

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“Inteligência é a capacidade de se adaptar à

mudança.”

(Stephen Hawking)

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RESUMO

A financeirização do mercado varejista brasileiro trouxe o surgimento

dos cartões private label onde empresas passaram a vender além de

produtos físicos, dinheiro ou produtos financeiros. Sendo assim os

cartões criaram um novo ambiente de competição para as varejistas.

Dentro desse cenário, destacam-se as empresas varejistas de moda,

obtendo maiores margens operacionais médias nas suas operações

financeiras que nas próprias operações varejistas entre 2008 e 2014.

Buscando analisar o mercado de cartões de crédito private label entre os

anos de 2008 e 2016, foram utilizados os métodos da Análise PEST e da

Análise das Cinco Forças de Porter, de modo a entender como o

mercado se comporta no período, no nível da indústria e do macro

ambiente. Além disso, um conjunto de indicadores foi criado para

mensurar os movimentos do mercado e do ambiente externo, através de

relações conceituais. Conclusões sobre o trabalho demonstram

correlações entre os elementos do macro ambiente analisados pela

Análise PEST e o crescimento do mercado no período. Também se

conclui sobre a evolução dos indicadores ao longo do período proposto e

relações entre conceitos utilizados na pesquisa, e a dinâmica da indústria

como um todo.

Palavras-chave: private label, cartão de crédito, varejo de moda, forças

de porter, analise pest.

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ABSTRACT

The financial logic imprinted into the Brazilian retail market bared the

beginning of the private label cards where companies became to sell not

only their goods but also money as financial services. Therefore the

cards created a whole new competitive environment into the retail

market. Among others, fashion retail companies obtained a prominent

position in this practice by leveraging the average financial operational

margin to higher figures bigger than the average of their own retail

operational margins between 2008 and 2014. In the attempt of analyze

the private label credit card industry from 2008 to 2016, the present

study used methods such as PEST Analysis and Porter’s Five Forces

Analysis in order to understand the market behavior during the period

proposed both at industry-level and macro environment level. Besides

that a set of indicator were created by the adoption of conceptual

relations for the solum purpose of measuring market and macro

environmental movements. Conclusions about this work showed

correlations between environmental factors analyzed by the PEST

Analysis and the market growth during the period of the study. This

research also concludes about relations between the evolution of the

developed indicators and the concepts used beyond the dynamics of the

industry as a whole.

Keywords: private label, credit card, fashion retail, porter’s forces, pest

analysis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ambientes de Análise e Relações ......................................... 34 Figura 2 - Modelo das cinco forças de Porter. ....................................... 38 Figura 3 - Esquema do mercado de pagamentos com três partes. ......... 52 Figura 4 - Esquema de mercado de pagamentos com quatro partes. ..... 54 Figura 5 - Mindmap do Mercado de Cartões de Crédito. ...................... 56 Figura 6 - Arranjo dos Cartões Private Label. ....................................... 60 Figura 7 - Metodologias de Pesquisa e Classificação do Trabalho. ...... 64 Figura 8 - Fatores e Subfatores da Análise PEST. ................................ 68 Figura 9 - Resultados do Modelo das Cinco Forças de Porter para o

Mercado de Cartões Private Label. ....................................................... 90

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Diferenças principais entre Private Label e Co-Branded. ... 57 Quadro 2 - Players da Cadeia de Cartões de Crédito atuantes no Brasil.

............................................................................................................... 59

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Taxa Selic de 2008 a 2016. ................................................. 78 Gráfico 2 - Variação da inflação pelo índice IPCA relativo aos últimos

12 meses. ............................................................................................... 79 Gráfico 3 - Variação do PIB de 2008 a 2016. ....................................... 80 Gráfico 4 - Rendimento médio mensal brasileiro por ano. .................... 81 Gráfico 5 - Desemprego por ano no Brasil. ........................................... 82 Gráfico 6 - População em Idade Ativa em Milhões. ............................. 84 Gráfico 7 - Índice de Escolaridade. ....................................................... 85 Gráfico 8 - Percentual de penetração dos smartphones no Brasil.......... 86 Gráfico 9 - Disputa por espaço no mercado de cartões private label do

varejo de moda. ..................................................................................... 93

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Margem Bruta da Operação Varejista das Empresas

Pesquisadas............................................................................................ 65 Tabela 2 - Margem Bruta da Operação Financeira das Empresas

Pesquisadas............................................................................................ 65 Tabela 3 – Fatores e Subfatores da Análise PEST. ............................... 87 Tabela 4 - Subfatores no período de 2008 a 2016. ................................ 87 Tabela 5 - Matriz de Correlação entre subfatores PEST e Receita da

Indústria. ................................................................................................ 88 Tabela 6 - Valores calculados para a ameaça de novos entrantes. ........ 91 Tabela 7 - Valores calculados para o indicador Rivalidade Competitiva.

............................................................................................................... 92 Tabela 8 - Valores calculados para a Ameaça de Substitutos. .............. 94 Tabela 9 - Valores calculados para o poder de barganha dos

consumidores. ........................................................................................ 95 Tabela 10 - Valores calculados para o poder de barganha dos

fornecedores. ......................................................................................... 96 Tabela 11 - Indicadores calculados do mercado de cartões private label. ............................................................................................................... 96 Tabela 12 - Transformação de dados dos indicadores. .......................... 97 Tabela 13 - Matriz de correlação entre os indicadores e p-valores. ...... 98

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABECS – Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e

Serviços

BACEN – Banco Central do Brasil

CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica

CB – Co-Branded

CMN – Conselho Monetário Nacional

CNI – Confederação Nacional da Indústria

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PEST – Política, Econômica, Social e Tecnológica

PIA – População em Idade Ativa

PIB – Produto Interno Bruto

PL – Private Label

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................... 29

1.1 OBJETIVOS ............................................................................... 31

1.1.1 Objetivos Gerais ......................................................................... 31

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................. 31

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................. 33

2.1 ANÁLISE INDUSTRIAL .......................................................... 33

2.2 ANÁLISE PEST ......................................................................... 36

2.3 MODELO DAS CINCO FORÇAS DE PORTER ...................... 38

2.3.1 Limitações do Modelo ................................................................ 44

2.4 ORGANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA .......................................... 44

2.4.1 Descrição do Mercado ................................................................ 45

2.4.2 Modelo Econômico..................................................................... 49

2.4.3 Estrutura do Setor ....................................................................... 51

3 METODOS UTILIZADOS ........................................................ 62

3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ................................................. 62

3.2 COLETA DE DADOS ............................................................... 65

3.3 ANALISE DE DADOS .............................................................. 66

3.3.1 Análise PEST.............................................................................. 67

3.3.2 Análise das Cinco Forças de Porter ............................................ 68

4 RESULTADOS OBTIVOS ........................................................ 75

4.1 Análise PEST.............................................................................. 75

4.2 Forças de Porter .......................................................................... 89

5 CONCLUSÃO .......................................................................... 101

REFERÊNCIAS .................................................................................. 103

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INTRODUÇÃO

O termo private label surgiu inicialmente da estratégia de grandes

supermercadistas, conjuntamente com grandes indústrias de bens de

consumo, de criar produtos de uma marca própria. O grande diferencial

desses produtos era de geralmente terem a mesma qualidade dos seus

concorrentes, porém com preços reduzidos. No Brasil, este termo tem

sido utilizado para nominar cartões de crédito criados por empresas

varejistas, também com um carácter mais acessível em comparação a

cartões de crédito bancário (ALVES & MENEZES, 2010).

Os cartões Private Label (PL) começaram a se tornar populares

no início dos anos 2000, a partir do afrouxamento na regulamentação

sobre os correspondentes bancários (empresas varejistas) no sistema

financeiro brasileiro, i.e. Resolução 2640/99 do Banco Central

Brasileiro, aumentando suas atribuições, como a recepção de propostas

de abertura de contas de depósito, recebimento de pagamentos, análise

de crédito e cadastro, execução de serviços de cobrança, emissão de

cartões, serviços de controle, processamento de dados e outros,

aproximando instituições financeiras de empresas varejistas (ALVES e

SOARES, 2004). Essa aproximação gerou parcerias e possibilitou que

empresas varejistas passassem a vender além de seus produtos habituais,

dinheiro na forma de produtos financeiros (SALTORATO et al., 2016),

criando mais um ambiente de competição entre as varejistas.

Logo no seu começo, os cartões PL obtiveram um grande

crescimento. No início do século XXI, a base de cartões PL mostrou

grande força dada seu volume de cartões, ou seja, sua base de clientes,

quando a varejista C&A possuía um volume de cartões maior do que

Bradesco e Banco do Brasil juntos (ROCHA e BAUTZER, 2002 apud

LUDKIEWICZ, 2008).

Posteriormente à origem dos cartões PL, as empresas varejistas

entraram em processo de substituição de suas bases de cartões PL por

cartões Co-Branded, que são cartões de loja também aceitos fora das

lojas, por intermédio da aceitação de suas bandeiras, porém tendo a

mesma relevância em relação a sua penetração no mercado consumidor

que os aos próprios cartões PL (SALTORATO et al., 2016).

Ainda segundo Saltorado et al. (2016), a análise de relatórios

oficiais e demonstrativos financeiros mostra que a geração de receita

proveniente da atuação de empresas varejistas junto ao espaço

financeiro cresce a uma taxa anual, em alguns casos, 100% superior à

taxa de geração de receita proveniente de sua atuação como varejista,

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vendendo seus produtos tradicionais não financeiros, o que demonstra a

relevância desse segmento.

Além disso, um clima de questionamento sobre o sistema

financeiro emergiu com um carácter mundial, posteriormente à crise

americana de 2008, impulsionando o surgimento de alternativas aos

bancos como as fintechs, baseando seu modelo de negócio em uma

estrutura de negócios mais enxuta que os bancos (Darolles, 2016) e

atingindo um mercado descontente com o atual sistema bancário (The

Economist, 2015). No Brasil, aos relatórios sobre o mercado das fintechs de pagamento surgiram após 2014, marcando sua representação no

mercado de pagamentos em 2015 e 2016. Por isso, conclui-se que as

fintechs de pagamento surgem como potenciais substitutos, expressando

ameaça aos cartões private label.

Dentro da vastidão do mercado, é necessário entender como uma

empresa que se encontra em um segmento de cartões private label deve

se posicionar da melhor maneira, para garantir sua sobrevivência, dadas

as interações entre os segmentos, mudanças de comportamento de

consumidores, relação com fornecedores e concorrentes, forças e

ameaças. Como o comportamento do ambiente externo impacta a

indústria? Como o ambiente se comporta?

Esse trabalho está dividido em quatro capítulos além desse

capítulo introdutório. Sendo o primeiro, uma introdução ao tema de

pesquisa, apresentando um apanhado sobre o segmento de cartões PL,

problema de pesquisa, pergunta de pesquisa e objetivos do trabalho. O

segundo capítulo faz uma revisão teórica, que aborda teorias de

organização industrial, princípios da uma análise industrial e os modelos

conceituais utilizados no trabalho: Análise PEST e Modelo das Cinco

Forças de Porter (1980). Ainda no Capítulo 2, faz-se uma descrição do

setor de cartões private label, conceitua-se o modelo de Mercado de

Dois Lados e é explicada a estrutura de funcionamento dos cartões de

crédito PL além da composição do mercado de cartões como um todo. O

terceiro capítulo apresenta a metodologia de pesquisa, explicando a

coleta dos dados e a metodologia utilizada para análise de dados,

criando-se um método voltado para composição de indicadores do

mercado através de relações conceituais baseadas nos modelos teóricos

apresentados no Capítulo 2. O Capítulo 4 apresenta os resultados

obtidos baseados nas análises realizadas a partir dos métodos propostos,

apresentando os indicadores calculados e justificando suas

características. O Capítulo 5 traz as conclusões obtidas através dos

resultados, discutindo as relações entre os ambientes do mercado e

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demarcando limitações do estudo, além de propor trabalhos futuros

através das conclusões obtidas pelo trabalho.

1.1 OBJETIVOS

Sobre o ponto de vista teórico, a partir da pergunta de pesquisa,

apresentam-se os objetivos específicos e o objetivo geral da pesquisa.

Os objetivos formulados são de grande importância no desenvolvimento

do trabalho, pois representam a base do mesmo, além de orientarem o

caminho a ser percorrido pela pesquisa.

1.1.1 Objetivos Gerais

Esse trabalho tem como objetivo geral analisar o mercado de

cartões de crédito private label no varejo de moda, utilizando como base

os modelos teóricos Análise Política, Econômica, Social e Tecnológica

(PEST) e Modelo das Cinco Forças de Porter (1980) para o período de

2008 a 2016. Dessa forma, busca-se demonstrar quais fatores são mais

importantes dentro da dinâmica de forças presente na indústria frente ao

período estudado. Para atingir tal objetivo é necessária a subdivisão do

mesmo em objetivos específicos.

1.1.2 Objetivos Específicos

Identificar no mercado de cartões de crédito

private label os principais players, elos da

cadeia;

Identificar comportamento do ambiente

externo e sua relação com as forças do

mercado;

Medir concentração de mercado nos elos

componentes do mercado no período de 2008 a

2016;

Analisar a influência do modelo de mercado de

dois lados no setor;

Criação de indicadores alinhados com modelos

teóricos;

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesse capítulo serão abordados conceitos necessários para o

desenvolvimento do estudo. Os mesmos estão divididos em quatro

seções com suas respectivas subseções. A primeira seção aborda o tema

Análise de Mercado buscando conceitos sobre Organização Industrial,

trazendo na próxima seção o conceito de Análise PEST. Na sequência é

apresentado o Modelo das Cinco Forças de Porter. A última seção traz

ao conhecimento conceitos sobre os aspectos econômicos do mercado,

como a teoria de Mercados de Dois Lados (M2L), também chamado de

Mercado de Plataforma, além de dados primários apresentando a

organização da indústria de Cartões de Crédito Private Label.

2.1 ANÁLISE INDUSTRIAL

Para Cabral (2017) o tema relacionado ao funcionamento dos

mercados e indústrias e principalmente como as firmas competem entre

si é chamado de Organização Industrial, interessando-se principalmente

com o caso intermediário de oligopólios1. Dessa forma, a análise

industrial consiste em três elementos principais: as forças subjacentes

existentes na indústria (Poder de Mercado), a atratividade geral da

indústria e os fatores críticos que determinam sucesso na indústria

(Políticas Públicas e Políticas Industriais) (TIROLE, 1994).

No que tange ao ambiente, a análise é dividida em três principais:

o ambiente externo à indústria, onde podem ser incluídos os três

elementos citados anteriormente, o ambiente interno da indústria onde

também podem ser incluídos os três elementos citados anteriormente e o

ambiente interno da organização em que estão incluídos parte dos

fatores que determinam o sucesso na indústria.

1 Segundo Pindyck e Rubinfeld (2001), oligopólios são mercados no qual

apenas algumas empresas competem entre si e há impedimento para a entrada

de novas empresas, podendo ou não haver diferenciação de produto. Os oligopólios são considerados casos intermediários de regime de mercado.

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Figura 1 - Ambientes de Análise e Relações

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para analisar a indústria e não seus atores é necessário entender

os dois primeiro ambientes (macro-ambiente e ambiente da interno da

indústria) e deixar de lado o terceiro. Porter (1985) também divide a na

análise industrial em macro ambiente e indústria, porém dando maior

importância à indústria em que se compete.

Desse modo, dividindo a análise industrial em duas partes, o

macro-ambiente exerce influencia a indústria através de regulações,

mudanças no comportamento de consumo, a evolução da tecnologia e

forças sociais e econômicas supracitadas. A segunda está ligada com as

relações intraindustriais, que respondem à maneira com que as empresas

competem no mercado, relações com seus fornecedores, clientes,

substitutos e novos entrantes.

Comparações entre esses dois ambientes, o macro-ambiente e o

ambiente da indústria foram feitas em alguns trabalhos, buscando

relacioná-los através de métodos estatísticos, tais como Anaman e Osei-

Amponsah (2007), Lopes (1998) e Ahlin, Lin e Maio (2010). Esses

trabalhos encontraram relações entre os fatores do ambiente externo e o

desempenho da indústria.

Anaman e Osei-Amponsah (2007) estudaram a indústria da

construção civil em Gana, no período de 1968 a 2004, e sua relação com

o crescimento da economia do mesmo país durante o mesmo período

através da relação de causalidade de Granger, mostrando que o

crescimento da indústria da construção civil precede o crescimento da

economia como um todo no que tange ao que os autores chamam de

produto interno bruto real. O estudo mostrou que anos de estabilidade

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política levaram à níveis elevados de rendimento tanto na indústria da

construção como na macro economia ganesa.

Lopes (2010), também analisa a indústria da construção, porém

englobando todos os países da África Subsaariana, no período de 1980 a

1992, relacionando a mesma com fatores externos do macro ambiente e

com o desempenho econômico dos respectivos países, através de um

teste de hipótese de que a indústria da construção e a economia estão

relacionadas no que tange à desempenho. Os resultados obtidos

demonstram que o decrescimento da economia da região estudada

aponta para um decrescimento na indústria da construção, porém a

afirmação oposta não é verdadeira.

Ahlin, Lin e Maio (2010) relacionam em seu artigo o

desempenho de 373 instituições de microfinanças2 de 74 países, durante

o período de 1996 a 2007, com o desempenho macroeconômico dos

países durante esse mesmo período, através de uma análise de regressão

multivariada. Conclusões desse trabalho mostram evidencias para a

complementariedade entre o desempenho econômico como um todo e o

desempenho das instituições de microfinanças, onde alcance do ponto

de equilíbrio financeiro é aparentemente mais fácil em países mais ricos

e a ampla competição financeira favorece os operadores de micro-

crédito.

Apesar de terem sido encontrados trabalhos que relacionam os

dois ambientes, não foi possível encontrar nenhuma pesquisa que

trabalhasse o tema “mercado varejista” ou “cartões private label”.

Posto isso, pode-se concluir que o comportamento do ambiente

no qual o conjunto de empresas formadoras de uma indústria estão

inseridas é um fator muito importante no desempenho das operações das

mesmas.

Para que sejam entendidos quais fatores influenciam os dois

ambientes é necessário buscar modelos teóricos para identificar os

mesmos. Assim, nas duas próximas seções são conceituados: a Análise

PEST, que está ligada aos fatores do macro ambiente, e o Modelo das

Cinco Forças de Porter que está ligado a fatores intrínsecos ao mercado.

2 Ahlin (2007) define as instituições de microfinanças como aquelas cujo

objetivo é extender o mercado financeiro às camadas de menor renda através de pequenos empréstimos ou ofertas de micro crédito.

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2.2 ANÁLISE PEST

A Análise PEST busca identificar fatores do macro ambiente que

afetam a indústria. Ao analisar o macro ambiente de uma organização, é

importante identificar os fatores que podem afetar de alguma maneira

um número de variáveis que podem influenciar os níveis de produção e

demanda de uma empresa, além dos seus custos (JOHNSON,

SCHOLES e WITTINGTON, 2007). Sendo também importantes na que

tange à organização industrial políticas públicas e políticas industriais.

A análise de PEST busca identificar tais fatores dividindo-os em quatro

tipos: fatores políticos; fatores econômicos; fatores sociais; fatores

tecnológicos. Os mesmos estão descritos abaixo:

a) Políticos: quais são as alterações do ambiente político e

legal que trazem tendências de mudança para

necessidades dos clientes. Exemplos de fatores políticos

são: politicas fiscais, estabilidade governamental e

acordos comerciais, regulações do ambiente, controle de

segurança, restrições a fusões.

b) Econômicos: quais os fatores econômicos que

interferem, quão sensíveis foram os clientes às últimas

mudanças de preços e se o mercado alvo está crescendo,

é estável ou está diminuindo. Exemplos de fatores

econômicos são: taxa de juros, taxas comerciais,

inflação, PIB.

c) Sociais: quais são as alterações do ambiente social que

trazem tendências de mudança para necessidades dos

clientes. Exemplos de fatores sociais são: idioma,

tendências demográficas, comportamento do

consumidor, padrões educacionais, padrões de vida,

papeis de gênero.

d) Tecnológicos: quais são as alterações do ambiente

tecnológico que trazem tendências de mudança para

necessidades dos clientes, em função de novas

oportunidades de uso. Exemplos de fatores tecnológicos

são: tendências tecnológicas, inovações e avanços

tecnológicos, infraestrutura, legislação tecnológica.

Ainda é possível elencar outros dois outros fatores, os fatores

legais e fatores ecológicos, passando a chamar-se Análise PESTEL.

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Recklies (2006), porém, explicita que a importância de tais fatores

adicionais depende exclusivamente da indústria analisada, onde em

certas indústrias as quais fatores legais e ecológicos não são

importantes, os mesmos não são considerados ou alocados em outros

fatores, e.g. legislação como um fator político e consciência ecológica

com fator social. Os fatores incluídos em qualquer dos casos são sempre

fatores externos que não podem ser influenciados por nenhuma

organização.

Kotler (1997) afirma que a Análise PEST é uma ferramenta

estratégica útil para auxiliar no entendimento de crescimento e

decrescimento de mercado, posição de negócio e na definição de

potencial e direção das operações. Além disso, a Análise PEST é efetiva

para planos estratégicos e de negócio, planejamento de mercado,

desenvolvimento de produtos e novos negócios e relatórios de pesquisa.

O desempenho de uma empresa, e o alinhamento com as

poderosas forças de mudança que afetam o ambiente de negócio são

assegurados pela Análise PEST, segundo Porter (1985).

Alguns estudos buscaram utilizar conceitos relacionados como

varredura ambiental3 e revisão de forças macro ambientais, além da

Análise PEST ou PESTEL propriamente, de forma a entender como o

macro ambiente afeta as organizações e as indústrias. Podem ser citados

Cui et al. (2007), Vanags e Jirgena (2008), Reitmeier (2016), Auster and

Choo (1993), Choo (2001), Nwankwo (2000), Clemens (2009), Fahey

and Randall (1998) and Nicolau (2005).

Nicolau (2005), por exemplo, procura estabelecer um modelo

para a análise diária dos efeitos do ambiente externo no desempenho da

uma organização, utilizando a teoria do portfólio e uma variação do

método Delphi. Os efeitos do ambiente externo forma baseados em

decisões tomadas por investidores sobre uma empresa petrolífera

espanhola em relação a notícias de jornal e o desempenho da

organização baseou-se no preço das ações da mesma empresa, dado um

determinado período t, tendo como conclusão que os eventos que

ocorrem no ambiente externo têm efeito no desempenho da organização.

De acordo com Ho (2014) a Análise PEST per se não apresenta

contradições conceituais sendo um framework simples voltado a elencar

fatores ambientais, porém tem limitado valor analítico.

3 A varredura ambiental pode ser definida como um método sistemático usado

por uma organização para monitorar e prever forças externas e fora do controle ou influência da mesma (Byars, 1987).

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2.3 MODELO DAS CINCO FORÇAS DE PORTER

O modelo das cinco forças de Porter foi originalmente

desenvolvido como uma maneira de abordar a atratividade de diferentes

indústrias. As cinco forças constituem a estrutura da indústria. Apesar

de desenvolvido inicialmente focado no modelo de negócio a análise da

estrutura da indústria pelo modelo das cinco forças pode gerar um ponto

de partida muito útil para a análise competitiva, ajudando a estabelecer

uma agenda para ação em vários pontos de convergência os quais são

identificados pelo modelo (JOHNSON, SCHOLES e WITTINGTON,

2007).

As cinco forças do modelo são: (1) ameaça de novos entrantes,

(2) ameaça de substitutos, (3) poder dos compradores, (4) poder dos

fornecedores, (5) rivalidade dos concorrentes. Dentro dos elementos do

modelo cada um tem particularidades de forças e ou fraquezas. Tais

elementos estão demostrados na Figura 2.

Figura 2 - Modelo das cinco forças de Porter.

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Fonte: Adaptado de Porter (1980).

Porter (1980) baseou o modelo em um mercado em que

concorrentes estão produzindo produtos ou serviços que são substitutos

próximos uns dos outros. A competição em um mercado volta-se para

direcionar para baixo a taxa de retorno do capital investido em direção a

uma taxa mínima de retorno, ou também conhecida pela economia

industrial como mercado competitivo perfeito. A existência de valores

de retorno maiores que o retorno de livre mercado serve para estimular o

fluxo de capital para dentro de um mercado tanto através de novos

entrantes, tanto pelo investimento adicional exercido pelos competidores

existentes voltados à manutenção de ganhos extraordinários.

Para tal, a facilidade com que se pode entrar em um mercado irá

influenciar o seu nível de competitividade. Essa facilidade, ou não, pode

ser expressa pela dimensão das barreiras de entrada4 em um determinado

mercado. As barreiras são fatores que precisam ser ultrapassados para a

entrada. Segundo Porter (1980), existe seis grandes fontes de barreiras

para a entrada em um mercado. São elas:

Escalas de produção: onde competidores de

um determinado mercado tem seus níveis de

produção demasiado altos, imprimindo a

necessidade de um novo entrante de realizar

grandes investimentos em escala de produção

para poder acompanhar o mercado e atingir

lucros razoáveis;

Curva de aprendizado: a experiência adquirida

por empresas durante anos de atividade em um

mesmo mercado dá à mesma considerável

margem de vantagem efetiva em custo em

relação aos seus competidores, pois as mesmas

aprenderam a fazer coisas de maneira mais

eficiente do que seus novos competidores

inexperientes poderiam fazer;

4 Bain (1968) define barreiras de entrada como fatores que tornam a entrada em

um mercado inviável e ao mesmo tempo permitem que empresas já

estabelecidas, à longo prazo, elevem seus preços acima dos custos marginais e obtenham retornos de monopolistas.

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Controle de fornecedores ou canais de

distribuição: quando empresas obtêm controle

sobre fornecedores ou canais de distribuição,

devido á aquisição direta, também chamada de

integração vertical, ou simplesmente à lealdade

os fornecedores ou clientes;

Retaliação: quando a reação de uma

organização a novas entradas se torna tão

custosa ou negativa a ponto de se tornar uma

barreira. Essa situação pode ser dar de muitas

maneiras, como por exemplo, uma guerra de

preços ou altos investimentos em ações de

marketing;

Legislação ou ação governamental: medidas

legais que restringem novos entrantes podem

variar desde patentes, regulações de mercado,

ou através de ações diretas de governo, tais

como taxas.

Diferenciação: significa fornecer a um produto

ou serviço um maior valor concebido do que a

concorrência. Pode ser tão importante em um

mercado que pode chegar a ser tratado como

objetivo de um plano estratégico completo.

Além de novos entrantes, mercados podem sofrer ameaça de

produtos ou serviços que os substituam. Substitutos são produtos ou

serviços que fornecem um benefício similar ao existente em uma

indústria, porém através de um processo diferente. Existem dois fatores

importantes que se devem levar em consideração quanto à substituição

de produtos:

Razão custo/benefício: é crítica no que tange à

ameaça de substituição. Um substituto pode

ainda ser uma ameaça mesmo que seu preço

seja mais alto, desde que ofereça vantagens em

desempenho que os consumidores apreciem;

Efeitos externos: são também críticos para a

substituição. Substitutos vêm de fora da

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incumbência5 da indústria e não devem ser

confundidos com ameaças de competidores

dentro da indústria. É necessário que gestores

observem o que acontece externamente à

indústria que suas empresas estão inseridas

para que ameaças e restrições mais distantes

sejam percebidas.

Outra força importante para o modelo em questão é o poder dos

compradores. Aqui também referidos como consumidores, são

essenciais para a sobrevivência de um negócio. Consumidores aqui são

representados pelo consumidor imediato de uma organização, não

necessariamente o consumidor final da cadeia. Segundo Johnson,

Scholes e Whittington (2007) o poder dos compradores tende as ser

grande com a prevalência das seguintes condições:

Concentração de compradores: quando alguns

compradores respondem pela maioria das

vendas, o poder dos compradores é aumentado.

Além disso, quando algum produto ou serviço

é responsável por grande parte do percentual

total de compras de um consumidor, o poder

dos consumidores tende a aumentar, dado que

os mesmo tendem a buscar mais nos

concorrentes por preços melhores e acabam

por espremer fornecedores mais do que o

habitual por compras triviais;

Baixo custo de comutação: Quando

compradores podem facilmente trocar entre um

fornecedor ou outro, consumidores podem

estabelecer-se em forte posição de negociação

podendo espremer fornecedores desesperador

pelos seus negócios;

Ameaça de concorrência do comprador: se o

comprador tem algumas facilidades para

abastecer-se, ou se tem a possibilidade de

adquirir tais facilidades, tende a ser poderoso.

5 De acordo com Black, Hashimzade e Myles (2009), incumbentes são empresas

que estão estabelecidas em uma indústria.

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Em negociação com seus fornecedores, isso

pode elevar a ameaça de realizar o trabalho dos

fornecedores ele mesmo.

Fornecedores são aqueles que fornecem à organização aquilo que

ela precisa para produzir um produto ou serviço. Os fatores que

aumentam o poder dos fornecedores são inversos àqueles que aumentam

o poder dos compradores. O poder dos fornecedores tende a ser maior

quando:

Concentração de Fornecedores: quando alguns

fornecedores dominando o fornecimento,

fornecedores tem mais poder sobre os

compradores;

Alto custo de comutação: se o custo para trocar

de um fornecedor para outro, compradores

acabam se tornando relativamente dependentes

de seus fornecedores, criando uma posição

vantajosa para os fornecedores;

Ameaça de competição dos fornecedores:

quando os fornecedores podem se dar ao luxo

de não fornecer para um determinado

comprador que age como intermediário na

cadeia e fornecem diretamente ao próximo

cliente na sequência.

Para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) todas essas forças

competitivas incitam a rivalidade competitiva direta entre uma

organização e seus rivais imediatos e as empresas competem para

conquista posições, podendo atacar umas as outras ou concordar

tacitamente em coexistir, talvez até formando alianças, dependendo dos

fatores anteriormente discutidos. É possível que, a ameaça de novos

entrantes, leve as empresas a criarem uma união, enquanto a

concorrência acirrada pode crescer em setores em que compradores e

fornecedores têm força equivalente. Fatores que afetam diretamente a

rivalidade e um mercado são:

Balança dos competidores: onde os

concorrentes são de tamanho próximo ou igual,

há o perigo de uma concorrência intensa

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quando um concorrente tenta ganhar domínio

sobre os outros;

Taxa de crescimento da indústria: Indústrias

com altos custos fixos, talvez porque requerem

altos investimentos em estrutura ou pesquisa

inicial, tendem a ser altamente rivalizadas e

competitivas. Empresas tentarão reduzir seus

custos através do volume de produção,

baixando seus preços para tal e iniciando

guerras de preço em que todos na indústria

sofrem;

Barreiras altas de saída: A existência de

barreiras de saída6 tende a aumentar a

rivalidade, principalmente em mercados em

declínio, onde o excesso de capacidade persiste

e empresas buscam manter suas fatias de

mercado;

Baixa diferenciação: Em um mercado de

commodities, onde produtos e serviços tem

baixa diferenciação, a rivalidade aumenta, pois

são poucas as razões que impedem os

consumidores de trocar entre competidores e o

único jeito de competir é o preço.

Segundo Johnson, Scholes e Whittington (2007), a mensagem

essencial do modelo de Porter é que quando as cinco forças são muito

fortes em um mercado, não é atrativo competir nele. Isso se dá pelo fato

de que tal mercado terá em si um alto nível de competição e um

considerável volume de pressão, não permitindo assim lucros razoáveis.

6 Segundo Eaton e Lipsey (1980), barreiras de saída são o lado oposto das

barreiras de entrada, sendo obstáculos ou impedimentos que não permitem que

uma empresa saia de um determinado mercado. Em geral, a existência de barreiras de saída em um mercado torna-se automaticamente uma barreira de

entrada para novos entrantes. As mesmas estão geralmente relacionadas com elevados requisitos e capital para entrada.

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2.3.1 Limitações do Modelo

O Modelo das Cinco Forças de Porter é uma metodologia

consagrada e sua aplicação obteve êxito em inúmeros estudos. Podem

ser citados alguns trabalhos como Siaw e Yu (2004), que analisa o efeito

da internet na indústria bancária, Narayanan e Fahey (2005), que faz

uma análise epistemológica do modelo voltado para economias

emergentes, Karagiannopoulos, Georgopoulos e Nikolopoulos (2005),

que analisa o impacto da internet nos mercados tradicionais e adiciona

um novo fator ao modelo chamando de poder da inovação, Pringle e

Huisman (2011) analisam a indústria universitária em Ontário, Canadá,

mostrando que a tecnologia e a globalização são fatores importantes

nessa determinada indústria, Dobbs (2014) busca criar diretrizes para a

aplicação do modelo através de formatos pré-concebidos para varias

indústrias,

Porém, alguns autores, ao longo do tempo levantaram questões

não abordadas pelo modelo e que podem ser consideradas limitações do

mesmo. Para Hill e Jones (1995) o modelo se volta para a importância

da estrutura, focando no nível de análise da indústria, minimizando a

importância da diferença entre empresas que concorrem em uma

indústria, uma visão mais orientada para o mercado-produto.

Consequentemente, o modelo refere-se à indústria como um todo, sem

ter foco em uma empresa individualmente. De acordo com Grundy

(2006), o modelo encoraja o pensamento de que uma indústria é uma

entidade com limites bem demarcados, quando essa visão parece ser

menos apropriada aos dias de hoje, onde os limites da indústria parecem

ser mais fluidos. Baker (2003) cita a incapacidade do modelo em

consideração dimensões comportamentais da estratégia competitiva.

Ainda, Barney (1991) observa que grande parte da literatura empírica,

fundamentada na estrutura de Porter, optou por concentrar a análise na

relação entre ambiente e desempenho, pondo pouca ênfase no impacto

de atributos individuais das firmas no desempenho.

2.4 ORGANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

Essa seção tem por objetivo descrever a indústria de cartões de

crédito private label através da descrição dos componentes ou elos da

cadeia do setor, funcionamento da dinâmica operacional do setor,

concentrações nos diferentes elos e entre seus componentes, a origem da

indústria e modelo econômico na qual a mesma se enquadra.

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2.4.1 Descrição do Mercado

Os cartões private label e os cartões de crédito em geral tem uma

origem em comum, surpreendentemente não o meio bancário, mas sim o

comércio varejista. Ainda segundo BACEN (2008), o mercado de

cartões de crédito private label é uma subdivisão do mercado de cartões

de crédito.

A primeira ideia de cartão surgiu em 1920 nos EUA, no formato

de um cartão oferecido nas lojas para clientes fieis como uma forma das

lojas de ofertar crédito. Porém, o cartão físico só surgiu em 1950 a partir

da ideia de Frank MacNamara7. No Brasil, os cartões de crédito

chegaram em 1956, com a chegada do Diners. Em 1968 surgiu o

primeiro cartão de banco, o Credicard. Em 1971 foi fundada a

Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços

(ABECS). Porém, a popularização dos cartões de crédito veio a ser

consolidada algum tempo depois, com ajuda do mercado varejista

(ABECS, 2010). Segundo Boanerges (2014), também já existiam

cartões de loja em alguns varejistas nos anos 60 e 70, os quais serviam

como uma maneira de os varejistas darem crédito ao cliente.

Segundo Alves e Soares (2004), posteriormente a isso, nos anos

2000, o aumento da oferta de crédito ao consumo, a bancarização e a

inclusão financeira flexibilizaram a resolução originária da década de

1970, que regulava a atuação dos correspondentes bancários, também

conhecidos como empresas varejistas, no sistema financeiro brasileiro,

aumentando sua força e atribuições, resultando na intensificação de

parcerias entre empresas do varejo e instituições financeiras. Propostas

para a ampliação do acesso ao consumo de crédito e a redução das taxas

de juros implícitas nos planos para inclusão financeira, além do

encorajamento ao aumento do uso bancário para a América Latina,

tiveram ao passar dos anos um impacto direto nas emissões de cartões

de crédito (ABECS, 2010; BARONE e SADER, 2008).

7 Em 1950, Frank MacNamara concebeu a primeira ideia de cartão de crédito

que contivesse o nome do portador. A ideia surgiu ao encontrar-se em um restaurante sem dinheiro ou talão de cheques, criando a necessidade de um meio

de pagamento que pudesse adiar o pagamento daquela dívida, aumentando a conveniência no uso. No mesmo ano, MacNamara criou o Diners Club

International, feito de papel cartão, aceito em 27 estabelecimentos, com um grupo seleto de apenas 200 usuários. Em 1952, o mesmo se popularizou,

somando milhares de usuários e em 1955 surgiu o primeiro cartão de crédito em material plástico (DINERS CLUB, 2017).

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A partir dessa flexibilização, no Brasil, empresas varejistas

passaram a oferecer um novo produto aos seus clientes: acesso ao

crédito. Esse acesso, segundo Alves e Menezes (2007), veio na forma de

produtos financeiros vendidos pelas empresas, entre eles os cartões de

crédito Private Label e cartões Co-Branded, que são cartões de loja

aceitos em outros estabelecimentos através de suas bandeiras,

normalmente Visa e Mastercard. A consolidação desse mercado,

segundo Saltorato et al. (2016), a partir da financeirização do varejo, se

deu na ampliação do crédito ao consumo, muitas vezes associada à um

público marginalizado em relação ao próprio sistema bancário, através

da venda de produtos financeiros pelas redes varejistas.

O interesse entre ambos os lados nessa parceria pode ser

facilmente explicado. Segundo Saltorato et al. (2016), varejistas nesse

modelo poderiam então dividir riscos, incluir financeiramente e

bancarizar seus clientes, além de aumentar suas receitas. Empresas

varejistas formaram financeiras através de seus próprios recursos ou

através das parcerias com bancos, trazendo a lógica financeira para o

varejo. E o resultado dessa estratégia foi notado de forma quase

imediata.

Segundo Rocha e Bautzer (2002 apud LUDKIEWICZ, 2008), já

em 2002 a empresa varejista C&A demonstrava liderança no mercado

com uma base de cartões formada por 11 milhões de clientes, constando

no mesmo grupo apenas 1 milhão de cartões bandeirados Visa e

Mastercard, fazendo frente à Bradesco e Banco do Brasil, que no

período possuíam uma base de cartões, juntos, de 9,5 milhões,

aproximadamente 1,5 milhões a menos que a rede varejista,

demonstrando a importância do varejo nesse mercado.

Subsequentemente, o mercado de cartões private label continuou

a crescer. Em 2010, na tentativa de regulamentar o mercado de cartões,

Governo, CMN/BACEN e principais operadoras de cartão de crédito,

juntamente com o CADE, acordam na quebra do duopólio das bandeiras

através das credenciadoras, quando, desde a sua instituição, Visanet,

hoje Cielo e Redecard, hoje Rede, tinham exclusividade sobre as

bandeiras Visa e Mastercard respectivamente, não permitindo que outras

credenciadoras realizem essa atividade como forma de aumentar a

concorrência no mercado (BACEN, 2010). Posteriormente, em 2013 o

BACEN volta a agir na tentativa de regular o Sistema de Pagamentos

Brasileiro, criando normas para o funcionamento dos arranjos de

pagamento, separando funções de instituições de pagamento e

instituições financeiras (BACEN, 2010).

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De 2006 a 2016, esse crescimento pode ser considerado notável,

tanto no que tange ao volume de cartões emitidos, quanto ao que tange o

volume financeiro movimentado, e, embora seja difícil mensurar

precisamente o tamanho do mercado nacional destes cartões, em vista

das emissões de centenas de varejistas médios e a tradição nata do setor

em não expor dados inerentes às suas movimentações, é possível afirmar

que as 10 maiores lojas emissoras concentram cerca de 160 milhões de

cartões emitidos (ABECS, 2014 apud SALTORATO et. al, 2016).

Ainda, segundo ABECS (2010), o volume movimentado anualmente

pela indústria de cartões Private Label e dos Co-Branded passará dos

R$ 60 bilhões de 2014, para R$ 293 bilhões por ano, em 2022,

avançando 22% ao ano, além da tendência de crescimento das operações

do mercado ter como projeção um crescimento de 17% ao ano,

atingindo a marca de três bilhões de transações em 2022.

É possível comparar o mercado brasileiro também com outros

mercados internacionais. Segundo Olivo (2012), o Brasil tem em

circulação três vezes mais cartões private label que a Europa Ocidental,

perdendo em número de cartões desse segmento somente para os

Estados Unidos e tendo como líderes de mercado C&A, Riachuelo e

Pernambucanas. Ainda segundo Arnfield (2011), o Brasil é o mais

proeminente mercado de cartões de loja da América Latina, onde em

dezembro de 2010, um terço dos 628 mil cartões emitidos eram cartões

de loja.

Devido ao crescimento de um mercado, a disputa pelo espaço

entre grandes empresas pode gerar aumento na rivalidade competitiva

como também despertar interesse de novos entrantes, ou até

deslocamento da demanda não atendida para produtos substitutos

(PORTER, 1980). Segundo Alves e Menezes (2007), essa competição

pelo dinheiro dos consumidores força as companhias a buscarem

maneiras de satisfazer as necessidades dos clientes. Em meio a esse

cenário, outras firmas começaram a surgir buscando suprir essas

mesmas necessidades.

O surgimento desses novos players se deu na oportunidade de

ocupar espaços ainda inexplorados pelas instituições bancárias e não

atingidos, ou parcialmente atingidos pelas empresas varejistas. Segundo

Darolles (2016), o varejo bancário é caracterizado por transações

altamente padronizadas e custos fixos substanciais, o que abre espaço

para empresas com menores estruturas de custos com as empresas

tecnológicas.

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Percebe-se a mesma lógica no ambiente do varejo financeiro.

Esses aspectos estruturais oferecem um terreno fértil para o surgimento

de empresas digitais ágeis que são menos sobrecarregadas pela sua

Box 1: Surgimento das fintechs

A união dos termos finanças e tecnologia deu origem ao termo fintech, tendo sido primeiramente utilizado pelo programa de aceleração de

startups, liderado pela Accenture e em parceria com a prefeitura de Nova

Iorque, chamado “Fintech” (Horn, 2015). Apesar de o termo ser abrangente, envolvendo empresas no ramo de seguros, pagamentos, investimentos,

gestão financeira, entre outros, essas mesmas empresas tem um ponto em comum, a estratégia de nicho, atingindo consumidores insatisfeitos com o

sistema bancário atual (De Ternay, 2016). O bom timing também foi crucial para o surgimento das fintetchs, já que as

mesmas aparecem em maior volume no cenário americano pós-crise econômica de 2008, a qual gerou grande insegurança nos consumidores

para com o sistema bancário. Segundo The Economist (2015), ao aproveitar-se das falhas deixadas pelos bancos, as fintechs buscaram além

de tornar o sistema financeiro mais seguro para os consumidores, voltar seus serviços para os consumidores, os quais sempre foram negligenciados

pelos grandes bancos. Somado a isso, podem ser citados fatores preponderantes para o crescimento das startups financeiras, tal como o

aumento da importância da a internet na sociedade, o aumento da penetração de smartphones em diversos países do mundo, a chegada dos

millennials ao patamar de consumidores, o fácil acesso do ponto de vista operacional e de custo às novas tecnologias e o movimento de desenhos de

serviços centrados no ser humano (Fintechlab, 2017). No Brasil, as fintechs tiveram começo em 2009, com o pioneirismo da Fair-

Place, uma empresa focada empréstimos peer-to-peer (P2P), em um momento em que a inovação passava longe do setor financeiro, tendo como

período de operação apenas dois meses. Posteriormente a isso, outros exemplos atingiram sucesso mundial, tal como os casos de Nubank e

GuiaBolso, que em 2016 estavam entre as 100 empresas mais disruptivas do mundo (KPMG, 2016). Também em 2016, as fintechs, na tentativa de

fortalecer o setor, criaram a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).

Os números em relação a participantes, investimento e faturamento só

aumentaram de 2014 a 2017. Segundo Radar Fintechlab (2017), o volume de investimento saiu de R$ 200 milhões em 2015, para R$ 450 milhões em

2016, contabilizando 54 empresas em 2015 e 219 empresas em 2016. Além disso, faturamentos passaram de R$ 173 milhões para R$ 176 milhões nos

respectivos anos de 2015 e 2016.

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estrutura de custos. Ainda impulsionados pelas mudanças no

comportamento do consumidor e também as novas características

disruptivas do mercado, influenciados pelo crescimento de empresas de

tecnologia, e.g. Microsoft, Google, Apple, Oracle, entre outros.

Por conseguinte, o aumento da inovação digital no setor dos

pagamentos de varejo abriu o caminho para o surgimento de uma gama

diversificada de soluções de pagamento de baixo custo no contexto do

rápido crescimento do comércio online. A adição de novos players

como as fintechs trouxe consigo algumas características do mercado

tecnológico como a alta competitividade.

Sendo assim, as fintechs de pagamento representam um potencial

substituto no mercado de cartões PL. A estrutura de custo das fintechs

tende a ser menor que das varejistas, já que basicamente não dependem

de um aparato físico para relacionamento com o cliente estão muito à

frente das varejistas no quesito relacionamento com o cliente através de

canais digitais. Por outro lado, o apelo das varejistas com o público, em

sua maioria das classes C e D, tem grande impacto, já que o surgimento

dos cartões PL trouxe grande o acesso ao crédito para essas camadas da

sociedade, muitas vezes sendo o primeiro contato com um cartão. Ainda

assim, os dois tendem a competir no que tange à parcela de população

que opta por não ter conta em banco, os chamados desbancarizados.

2.4.2 Modelo Econômico

Tal como em muitas indústrias, a indústria de cartões de crédito

private label pode ser definida através do modelo de mercado de dois

lados (M2L). Os mercados de dois lados, também chamados de redes de

dois lados, são plataformas econômicas com dois grupos de usuários

distintos que se proporcionam benefícios de rede. Evans (2003) e

Reisinger (2003) concordam em afirmar que um mercado é dito ser de

dois lados quando em algum momento no tempo existam: (a) dois

grupos distintos de consumidores; (b) o valor obtido por um tipo de

consumidor aumenta de acordo com o número de consumidores no lado

oposto do mercado; e (c) é necessária à participação de um

intermediário, internalizando externalidades criadas de um grupo para o

outro grupo.

O modelo de M2L também pode ser encontrado em muitas indústrias,

compartilhando o espaço com ofertas de produtos e serviços

tradicionais. Além do exemplo citado anteriormente, também é possível

incluir à isso: Sistemas operacionais (usuários finais e desenvolvedores);

Páginas amarelas (anunciantes e consumidores); Consoles de jogos

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(gamers e desenvolvedores de jogos); Locais de recrutamento

(candidatos a emprego e recrutadores); Motores de busca (anunciantes e

usuários); E redes de comunicação, como a Internet. Exemplos de

empresas bem conhecidas que empregam dois lados mercados incluem

organizações como American Express (cartões de crédito), eBay

(mercado online), Amazon (mercado online), Facebook (mídia social),

Mall of America (shopping center), Match.com (Plataforma de namoro),

Monster.com (plataforma de recrutamento) e Sony (consoles de jogos)

(EVANS, 2003; ROCHET & TIROLE, 2006; FILLISTRUCCHI et al.,

2015).

De certa forma, mercados de dois lados são apenas mercados com

uma forma especial de externalidade de rede. Essa externalidade não

depende do número de agentes que se encontra em uma mesma casta

(e.g., consumidores do mesmo produto), porém do número de

diferentes, mas compatíveis, agentes e lados opostos do mercado. A

organização que cria valor principalmente ao permitir interações diretas

entre dois (ou mais) tipos distintos de clientes afiliados é chamada de

plataforma “multi lados” (MSP) (ROSON, 2004).

Supõe-se que exista um ganho mercantil potencial em uma

interação entre os dois usuários finais, os quais, por conveniência, ir-se-

ão de chamar comprador (C) e vendedor (V). Uma plataforma permite

ou facilita a interação entre os dois lados contanto que os mesmo

desejem essa interação. A interação pode ser representada por

puramente qualquer coisa, mas precisa ser identificada de maneira clara.

No caso de videogames, a interação ocorre quando o jogador C com um

jogo desenvolvido por uma empresa de jogos S e joga usando um

console desenvolvido por uma plataforma. De maneira similar, para um

sistema operacional a interação ocorre quando C compra uma aplicação

feita por um desenvolvedor S e feita para uma plataforma. No caso dos

cartões de crédito, a interação ocorre quando o detentor C de, por

exemplo, um cartão usa o mesmo para realizar um pagamento a um

lojista V (ROCHET & TIROLE, 2006).

Os benefícios para cada grupo exibem economias de escala de

demanda. Os consumidores, por exemplo, preferem meios de pagamento

honrados por mais comerciantes, enquanto os comerciantes preferem

cartões transportados por mais consumidores. Os mercados bilaterais

são particularmente úteis para analisar o problema da galinha e do ovo

em batalhas de padrões, como a competição entre VHS e Beta. Eles

também são úteis para explicar muitos preços livres ou estratégias

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51

freemium8, onde um grupo de usuários obtém o uso livre da plataforma,

a fim de atrair o outro grupo de usuários (FILLISTRUCCHI et al.,

2015).

Extendendo-se essa lógica para o mercado de cartões private label, com um cartão private label (PL) puro, a aceitação do cartão

restrita a uma rede varejista única (ALVES e MENEZES, 2007) tende a

causar um impacto no número de usuários C na plataforma, de forma

negativa, e ainda, portanto, pressionar empresas do setor a trabalharem

com estratégias que estendam algum tipo de benefício aos mesmos

usuários C que compensem a pouca penetração do cartão PL no

mercado em geral (fora do varejista de origem), dando também força ou

poder de barganha aos usuários C e ou aos usuários V numa possível

negociação de credenciamento.

2.4.3 Estrutura do Setor

Para Saltorato et al. (2016) a disputa de poder no mercado de

cartões Private Label (PL) está situada na definição dos contornos de

um espaço de atuação conjunta de varejistas e instituições financeiras,

promovendo o avanço da lógica financeira sobre as operações de varejo

e instaurando uma dinâmica de financeirização do varejo. Apesar de o

ambiente relevante poder ser muito amplo, encapsulando tanto forças

sociais como econômicas, o principal aspecto do entorno de uma

empresa é a indústria ou as indústrias na qual ela compete. À vista disso,

a indústria de cartões PL é influenciada de forma majoritária pela

indústria varejista e financeira.

Essa influencia pode ser vista inicialmente na estruturação do

mercado de cartões PL, que segue a estrutura do mercado de cartões.

Segundo Bacen (2008), de forma genérica, existem cinco diferentes

entidades que compõem a sua estrutura de cartões de crédito: (a) clientes

consumidores e (b) clientes varejistas ou vendedores, citados

anteriormente, (c) emissores, (d) credenciadores e (e) bandeiras. Ainda

segundo Bacen (2008) essa estrutura pode ser dividida em duas

8 Segundo Kumar (2014), freemium refere-se a um sistema onde empresas

oferecem aos clientes um produto básico ou serviço de maneira gratuita e

apresenta aos mesmo a opção de upgrade desse produto ou serviço para um nível premium ao custo de uma taxa, que pode ser mensal, anual ou por período

intederminado. Cohn (2015) cita que na era digital o modelo de negócios uma maneira em crescente popularização para vender um produto ou serviço.

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configurações mais comuns no mercado de cartões com três e quatro

partes. Os dois esquemas então apresentados nas figuras 3 e 4. A

diferença entre as duas estruturas está na figura do credenciador e do

banco emissor. No modelo de três partes, com o mostra a figura 3, o

banco emissor também exerce função de credenciador, compondo, além

disso, o cenário as figuras do portador e do estabelecimento e da

bandeira (proprietário do esquema).

Figura 3 - Esquema do mercado de pagamentos com três partes.

Fonte: BACEN, 2008.

O cliente consumidor é o agente que detém o cartão para realizar

compras. O cliente varejista, previamente autorizado, aceita o cartão

utilizado pelo cliente consumidor como forma de pagamento. Em ambos

os modelos o emissor é responsável pela analise da proposta de adesão

do cliente consumidor, e se esta for aprovada o mesmo determina limite

de crédito e taxas cobradas. Por conseguinte, o emissor deve administrar

o cartão, suas transações, risco de crédito, etc. Além disso, o emissor é

responsável pelo lançamento dos pagamentos e pelo envio da fatura ao

cliente consumidor, que em contrapartida paga uma taxa anual ao

emissor.

Os estabelecimentos comerciais (clientes varejistas) que desejam

alugar um terminal de venda, também conhecido como POS (point of

sale), relacionam-se diretamente com o credenciador (também chamado

de adquirente). O credenciamento tem função de habilitar os vendedores

a receberem transações através de determinado cartão. Além disso, o

credenciador também é responsável por realizar a transmissão e o

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processamento dos pagamentos recebidos pelos estabelecimentos

comerciais. Em alguns modelos é possível haver a participação de uma

quinta parte, a empresa processadora. Segundo ABECS (2010),

processadoras são empresas que prestam serviços operacionais

relacionados à administração de cartões, tais como: emissão de Fatura,

processamento de transações, atendimento aos portadores, entre outros.

Alguns emissores também são processadores de seus cartões.

Assim como a taxa anual paga pelos consumidores aos bancos

emissores, os estabelecimentos comerciais também têm que pagar uma

taxa aos credenciadores denominada de taxa de desconto (lojistas

também devem pagar o aluguel pelo uso dos POSs).

Dentro do esquema da Figura 3 pode-se perceber que o emissor e

o credenciador compartilham do mesmo papel.

Além disso, regulações anteriores no mercado de cartões

permitiam que entidades que possibilitavam a interação entre os dois

lados do mercado pudessem infringir restrições em relação à aceitação

de cartões e bandeiras, controlando canais de venda. Surgiu então no

novo cenário a separação do emissor e do credenciador, o qual também

surgira à entidade de adquirencia das transações financeiras. A

adquirencia nada mais é do que o controle da transação através de um

mecanismo, máquinas POS, TEF entre outras tecnologias.

Com essa configuração partimos para o esquema de quatro partes

como mostra a Figura 4, onde o credenciador recebe uma parte do valor

da transação em troca dos esforços que desenvolve para ampliar as redes

de aceitação. Mesmo com essa mudança, a característica de mercado de

dois lados, explicada por Rochet e Tirole (2003), se mantem, já que essa

bilateralidade nada mais é do que a interdependência entre consumidor e

vendedor no mercado de meios de pagamento.

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Figura 4 - Esquema de mercado de pagamentos com quatro partes.

Fonte: BACEN (2008).

Para a sobrevivência do mercado o vendedor necessita do volume

de transações promovido pelos meios de pagamento. Porém, ao mesmo

tempo, é necessária uma grande penetração do meio de pagamento entre

vendedores credenciados (para Braxler (1983): estabelecimentos) para

manter a atratividade do negócio em relação aos compradores (para

Braxler (1983): portadores), os quais iram transacionar nesses mesmos

vendedores credenciados.

Existe também uma configuração especial no que tange á

formação do mercado. Segundo BACEN (2008) é possível dividir o

mercado de cartões em seis diferentes tipos. Essas diferentes

classificações são descritas como:

Cartões Co-Branded – Bandeira compartilhada (cartões

de lojas em parcerias com bandeiras).

Cartões Private Label – são cartões que emitidos e

administrados por empresas varejistas, ou seja, aqueles

de uso restrito nos estabelecimentos da empresa

emissora;

Cartão Open Private – cartão Private Label credenciado pela criadora do cartão em outros tipos de

estabelecimentos diferentes do dela e próximos

especialmente a ela, de maneira a ampliar as

possibilidades de uso do cliente e a não canibalizar o

negócio da empresa original. Ainda chegando a ser

uma bandeira;

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55

Cartões de benefícios e ou corporativos – cartões

utilizados para uma finalidade única, voltado para

utilização corporativa nas modalidades vale refeição,

vale alimentação, vale combustível, vale cultura, etc;

Mobile Payment – Metodo de pagamento através de

um dispositivo habilitado para compra com estrutura

própria para realização da operação financeira, não

utilizando nenhum cartão ou cédula monetária, o qual

tem aparecido como alternativa futura ao cartão físico;

Cartões Bandeirados – Cartões de crédito bandeirados

pelas bandeiras tradicionais e pertencentes a

instituições financeiras ou bancos.

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Figura 5 - Mindmap do Mercado de Cartões de Crédito.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Na Figura 5 também são citadas as Bandeiras, incluindo as três de

maior importância no mercado brasileiro: Visa, Mastercard e Amex

(BACEN, 2008).

Segundo Saltorato et al. (2016) a disputa de poder no mercado de

cartões PL está situada na definição dos contornos de um espaço de

atuação conjunta de varejistas e instituições financeiras, promovendo o

avanço da lógica financeira sobre as operações de varejo e instaurando

uma dinâmica de financeirização do varejo.

É possível entender essa dinâmica de poder através da

substituição da base desses cartões pelos cartões Co-Branded, que são

cartões emitidos pelas empresas varejistas em parcerias com instituições

bancárias, comumente portando bandeiras Visa e Mastercard, ampliando

a aceitação dos cartões para além do varejista emissor, de forma que

ambas as partes beneficiam-se dessa estratégia. Segundo Alves e

Menezes (2007), as principais diferenças entre os cartões Co-Branded e

Private Label estão apresentadas na Quadro 1.

Quadro 1 - Diferenças principais entre Private Label e Co-Branded.

Fonte: Alves e Menezes (2007).

O Quadro 1 mostra que a mudança dessa base de cartões traz às

redes a ampla aceitação das bandeiras, diminuindo a necessidade de um

esforço comercial por parte dos varejistas para ampliação da aceitação

do seu cartão além de buscar clientes com uma renda um pouco maior,

porém ao mirar na penetração do mercado os cartões Co-Branded

Características Cartão Private Label Cartão Co-Branded

Público-alvo Renda a partir de R$ 150 Renda a partir de R$ 300

Limite de crédito Até 80% da renda Até 70% da renda

Cadastramento

InstantâneoDisponível Indisponível

Crédito rotativo Até 40 dias sem juros Até 35 dias sem juros

Crédito parcelado Até 24 vezes Até 12 vezes

RefinanciamentoAté 85% do valor da

fatura

Até 80% do valor da

fatura

BenefíciosSaque, Telesaque e

Central de Atendimento

Saque e Central de

Atendimento

Custo para o cliente

Sem anuidade (custo de

manutenção da conta

cobrado por

demonstrativo emitido)

Anuidade mínima R$ 24

AdicionaisAté quatro dependentes

sem custo

Até quatro dependentes

(50% da anuidade)

AbrangênciasUso exclusivo nas lojas

da redeUso irrestrito

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perdem em relação aos Private Label em facilidades de refinanciamento,

valor da anuidade, parcelamento, rotativo, limite de crédito sobre a

renda.

Dentro da nova tendência que o mercado assumiu a aproximação

de bancos, bandeiras, processadoras, emissoras, financeiras e

credenciadoras das empresas varejistas vieram a reformular o mercado e

seus players. Além disso, a desregulamentação do mercado bem com a

regulamentação de apenas aspectos específicos do setor fomentou a

atuação de empresas varejistas como emissoras administradoras de

cartão de crédito ou proprietárias de bandeiras nacionalmente aceitas

(SALTORATO et al., 2016). Essa situação se apresenta no Quadro 2,

onde estão representadas empresas componentes do setor e suas

participações nos respectivos mercados.

Aspectos importantes a serem ressaltados no Quadro 2 são: a alta

concentração das partes do mercado pelas bandeiras, onde Visa e

Mastercard dominam aproximadamente 91,2% do mesmo; também

como a alta concentração no segmento das credenciadoras, onde Cielo e

Rede representam 94,2% do mercado, mesmo após o início da

regulamentação do setor em 2010 com a quebra do duopólio de então

Visanet (Cielo) e Redecard (Rede) pela abertura forçada da antes

aceitação exclusiva das bandeiras Visa e Mastercard em cada uma

respectivamente; por último, também é possível notar alta concentração

no segmento dos emissores, com Itaú-Unibanco, Bradesco-IBI (C&A),

Banco do Brasil, Santander e CEF representando 79,3% do mercado.

Segundo Caetano e Gianini (2010 apud Saltorato et al., 2016), a

alta concentração no mercado está ligada à proximidade entre varejistas

e instituições financeiras, quando, para compartirem custos relacionados

à financiamentos no varejo, liberaram os varejistas para investir em

aquisições, aumentando a atratividade cada vez mais para os próprios

bancos, realimentando o processo de concentração na emissão de cartões

de crédito nos setores varejistas e bancário.

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Quadro 2 - Players da Cadeia de Cartões de Crédito atuantes no Brasil.

Fonte: Saltorato et al. (2016).

(*) Market-share mensurado a partir de valores de receita.

Na formulação de um novo mercado, varejistas tiveram que

tomar a decisão sobre como suas operações financeiras seriam

formuladas de acordo com seus recursos e capacidades operacionais.

Independentemente do agente emissor do cartão de crédito, seja banco

ou loja, tal operação envolve um grupo de atividades, tal como:

aquisição de clientes, concessão de crédito, confecção do cartão, envio e

ou entrega, captura de transações, faturamento, recebimento, cobrança e

atendimento. Dado o conjunto de tais atividades, também coube às

Elos da Cadeia

47,42

43,77

6,04

2,14

0,54

0,08 0,08

Itaú-Unibanco 27,5

Bradesco-IBI (C&A) 24,8

Banco do Brasil 12,8

Santander 8,9

CEF 5,3

Credicard / Citibank 4,0

Carrefour 3,1

HSBC / Losango 2,8

Pernambucanas 2,4

Cetelem 2,3

Panamericano 1,5

Outros 1,2

Midway (Riachuelo) 1,0

Renner 0,7

Porto Seguro 0,7

Votorantim 0,5

Banrisul 0,3

Banco de Brasília 0,1

CSU Cardsystem, Fidelity do Brasil, Conductor, Orbitall, Tsys 91,0 91,0

Cetelem, Fast Solutions, EDS, Policard, Oboé, Mar Informática 9,0 9,0

Bradesco (participação acionária, 28,56%)

Banco do Brasil (participação acionária: 28,65%)

Outros (42,70%)

Itaú-Unibanco (participação acionária: 50,01%)

Outros (49,99%)

GetNet 5,3

Elavon

Vero

Global Payments

First Data

BrasPag

8,73Bandeiras

Emissores

(Bancos e Lojas)

Market-Share (%) *

79,3

20,7

Principais Players até março-2015

Visa

Novos

Credenciadores

(e suas parcerias)0,02

5,5

Mastercard

Hipercard

54,2

Rede 40,0

94,2

Processadores

Credenciadores

Antigos (Acionistas e

respectivas

participações)

Cielo

Hiper, Diners, Good Card, Aura, Ticket, Sodexo, Cabal, Sorocred, JCB, Oboé,

RedeCompras, Discover, Avista, Sicred, Cooper, Union Pay, Maestro, Cirrus,

Redeshop, Mais!

Elo

Amex

91,19

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varejistas a decisão sobre a centralização ou descentralização de tais

atividades (ALVES e MENEZES, 2007).

Figura 6 - Arranjo dos Cartões Private Label.

Fonte: Adaptado de Alves e Menezes (2007).

Na aposta feita pelas empresas varejistas, modificando parte de

sua estrutura para vender além de produtos, também dinheiro, três tipos

de modelo de negócio predominam nas suas operações financeiras: In-

House, Misto, Joint-Venture e Terceirizado.

O In-House ou verticalização total é utilizado normalmente por

grandes varejistas devido à infraestrutura administrativa e tecnológica

necessária e ao risco de crédito associado ao negócio, tendo como trade

off a autonomia na tomada de decisões. Esse modelo é utilizado por

Lojas Riachuelo através da financeira Midway (Grupo Guararapes),

Carrefour através da CSF, Pernambucanas pela Pefisa, Martins

Atacadista pelo Tribanco e Grupo Grazziotin gerido pela Grazziotin

Financiadora.

O modelo terceirizado trás como única responsabilidade

operacional ao varejista a aquisição de clientes, terceirizando à outras

empresas o risco da concessão de crédito, cobrança, atendimento,

captura de transações, confecção e entrega do cartão, além do

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faturamento. Assim, a empresa que terceiriza suas atividades também

recebe apenas uma taxa correspondente à atividade de aquisição dos

clientes. Na sua maioria geridos por Itaucard (Itaú-Unibanco) e

Bradescard (Bradesco). Já o modelo misto engloba os formatos In-House e terceirizado para cartões Private Label e Co-Branded

respectivamente tal como acontece em Lojas Renner com Realize e

Banco Indusval & Partners e Lojas Marisa com Sax e Itaucard (Itaú-

Unibanco).

O modelo de Joint-Venture representa uma aliança entre duas

empresas, onde se cria um novo negócio entre a aliança (varejista e

banco) tendo todos os custos, despesas e lucros relativos ao cartão

compartilhados. Dentre os destaques pode-se citar C&A, Casas Bahia,

Cencosud e Leader com Bradescard e Ibi (Bradesco), Ponto Frio com a

PontoCred (Itaú-Unibanco), Magazine Luiza com a LuizaCred (Itaú-

Unibanco), GPA com a FIC (Itaú-Unibanco), Hering e Máquina de

Vendas com Losango-HSBC (Bradesco), Walmart com Hipercard (Itaú-

Unibanco) e Ipiranga com Fininvest (Itaú-Unibanco).

A seguir, são apresentados os procedimentos metodológicos para

elencar os fatores externos relevantes à indústria de estudo, analisar os

mesmos fatores em relação ao crescimento e decrescimento do mercado,

criar indicadores relativos às forças no nível de mercado e análisá-las.

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3 METODOS UTILIZADOS

O objetivo desse trabalho, conforme mencionado anteriormente, é

descrever o mercado de cartões PL, realizando uma análise desse

mercado. Esse tópico do trabalho está divido em três partes e o mesmo

irá demonstrar os métodos utilizados para a realização do trabalho.

Esses métodos estão divididos em três partes que aqui são denominadas:

(1) Estratégia de Pesquisa, (2) Coleta de Dados e (3) Análise dos Dados.

A primeira parte consiste na explicação da estratégia de pesquisa

utilizada, além de conceituar os padrões metodológicos da pesquisa. A

segundo parte aborda sobre o procedimento de coleta de dados, período

relevante para a pesquisa, origem e natureza dos dados utilizados. A

terceira parte aborda a análise de dados, demonstrando critérios

metodológicos relacionados aos modelos teóricos utilizados no trabalho

e posteriormente demonstra a composição de um modelo conceitual para

calcular os indicadores relativos ás forças do mercado.

3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Gil (2002, p. 17) define pesquisa como: “o procedimento racional

e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos

problemas que são propostos”. Desse modo, volta-se ao problema de

pesquisa evidenciado no capítulo 1. Ao analisar o mercado é necessário

buscar dados quantitativos para a análise de mercado e composição de

uma posição competitiva de uma unidade de negócio de uma empresa e

construção de proxies para análise quando necessário.

Gil (2002) classifica os métodos de pesquisa em relação a quatro

aspectos: (i) quanto à natureza, (ii) quanto à abordagem, (iii) quantos

aos objetivos e (iv) quanto aos procedimentos técnicos. Ademais,

também são descritas as características de cada subdivisão dentro das

classificações.

O presente estudo tem natureza de pesquisa aplicada, pois está

voltado para a análise de um mercado específico e para a compreensão

das relações dos componentes desse mercado através da utilização de

modelos conceituais de análise de mercado consagrados pela literatura,

tal como a Análise PEST, o Modelo das Cinco Forças de Porter.

Também tem uma abordagem quantitativa, por analisar dados

quantitativos do mercado proposto, para gerar indicadores através dos

mesmos. Ademais, a pesquisa tem objetivo exploratório, pois busca

trazer maior familiaridade com o problema em questão e explicitá-lo.

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No que tange ao tipo de pesquisa quanto aos procedimentos

técnicos, este trabalho pode ser considerado tanto uma pesquisa

bibliográfica, quanto uma pesquisa documental, já que os dados que

embasam este estudo são tanto originados de materiais científicos já

publicados quanto de relatórios e boletins de instituições reguladoras.

Desta forma, os padrões metodológicos de pesquisa seguidos por

esse trabalho estão demarcados em cinza na Figura 7.

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Figura 7 - Metodologias de Pesquisa e Classificação do Trabalho.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir destas definições, podemos partir para as outras etapas de

pesquisa, tal como coleta e análise de dados.

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3.2 COLETA DE DADOS

Os dados coletados são de natureza secundária. Tais dados

representam a serie temporal de 2008 a 2016, buscando caracterizar o

mercado nesse período. Além disso, o foco de pesquisa irá utilizar-se de

um corte do levantamento realizado pela série Maiores e Melhores da

Revista Exame (2009 a 2014) e o levantamento feito por Saltorato et al.

(2016), focando a pesquisa em empresas do varejo de moda.

As mesmas, através das tabelas Tabela 1 e Tabela 2, demonstram

como a participação do mercado de cartões PL é importante para as

mesmas, onde, em algumas situações, tal como Renner, Riachuelo) e

Hering a média da margem das operações financeiras é maior do que a

média das operações varejistas.

Tabela 1 - Margem Bruta da Operação Varejista das Empresas Pesquisadas.

Fonte: Adaptado de Marisa (2017), Renner (2017), Riachuelo (2017), Hering (2017), Pernambucanas (2017), BACEN (2015).

Tabela 2 - Margem Bruta da Operação Financeira das Empresas Pesquisadas.

Fonte: Adaptado de Marisa (2017), Renner (2017), Riachuelo (2017), Hering

(2017), Pernambucanas (2017), BACEN (2015).

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Marisa 49,40 47,50 47,40 52,39 49,86 46,64 47,43 46,69 48,93 48,47

Renner 49,07 50,11 51,99 52,52 53,31 52,71 53,84 54,76 55,67 52,66

Riachuelo 49,10 51,10 52,30 53,10 53,40 54,90 55,00 51,10 50,90 52,32

Hering 46,32 47,28 49,53 48,47 45,54 45,16 43,72 39,50 39,46 45,00

Pernambucanas 56,81 73,13 73,71 47,21 36,62 59,19 54,03 50,34 52,21 55,92

MédiaEmpresasMargem Bruta da Operação Varejista (%)

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Marisa -3,00 20,90 37,80 32,89 40,35 40,42 29,86 31,91 35,61 32,89

Renner 88,50 88,22 90,61 93,89 95,55 96,33 96,03 93,49 94,73 93,89

Riachuelo 81,50 87,80 81,40 72,80 75,70 77,10 85,30 86,20 83,70 81,50

Hering 46,32 40,54 26,44 46,52 55,96 47,98 53,03 50,64 51,31 47,98

Pernambucanas 17,35 19,68 26,64 33,71 47,57 45,12 51,68 47,97 48,82 45,12

EmpresasMargem Bruta da Operação Financeira (%)

Média

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Os dados coletados foram coletados a partir dessa amostra de

empresas já que as mesmas são as mais representativas no mercado por

serem as maiores empresas no período estudo. Além disso, a escolha da

amostra se relaciona com a facilidade de coletar os dados de pesquisa,

os quais, na maioria dos casos, foram disponibilizados pelas próprias

empresas de forma pública em seus sítios.

Para caracterizar esse mercado, é importante coletar alguns

dados. O objetivo da coleta dos dados é de poder representar melhor a

indústria e seu macro ambiente, para posteriormente poder relacioná-los.

Os dados coletados estão relacionados com alguns fatores importantes

para a proposta de trabalho. São eles:

a) Dados referentes ao cenário econômico brasileiro como

taxa de juros, inflação, crescimento econômico, PIB;

b) Dados regulatórios do mercado financeiro no que diz

respeito às políticas, melhores práticas e

regulamentações que regem o segmento de Cartões

Private Label;

c) Dados referentes à fatores sociais brasileiros, como

dados populacionais, taxa de desemprego, escolaridade,

rendimentos, tendências de consumo inerentes ao

mercado;

d) Dados relativos à tecnologia no setor, tal como

capacidade tecnológica, tendências e regulamentações;

e) Dados relatados pelos elos da indústria de cartões de

crédito PL, através das demonstrações de resultado;

f) Dados de relatórios e boletins fornecidos por entidades

regulatórias, além de boletins de avaliação do mercado e

relatórios realizados pelo Banco Central Brasileiro

(BACEN).

A partir da coleta dos dados, o passo posterior é a análise de

dados, buscando identificar a relevância dos mesmos e a utilização dos

dados nos modelos teóricos.

3.3 ANALISE DE DADOS

A partir do levantamento dos dados, os mesmos foram utilizados

para realizar uma análise de todos os componentes do mercado. O

conjunto destes dados é de extrema importância para demonstrar o

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67

comportamento do mercado e do macro ambiente, já que esta análise

busca elucidar o cenário da indústria na qual se encontram.

Os modelos teóricos que foram descritos no Capítulo 2 e serão

usados de forma integral com intenção de usá-los como framework para

a análise de mercado. Apesar de alguns dos conceitos utilizados tal

como a Análise PEST e a Análise das Forças de Porter, trabalharem

ambiente externo e interno das organizações, o presente estudo se atém

somente à analisar variáveis externas às mesmas, de forma à descrever o

mercado de cartões de crédito PL. Sendo assim, não é objetivo desse

estudo analisar fatores relativos à cultura organizacional das empresas,

características dos produtos oferecidos de forma aprofundada e a relação

dos produtos com seus clientes.

3.3.1 Análise PEST

Segundo Thompson e Martin (2006, apud Ho, 2014) A análise

PEST é um framework que categoriza fatores ambientais tais como

políticos, econômicos, sociais e tecnológicos. Exemplos de tais fatores

são:

a) Fatores políticos: politicas fiscais, estabilidade

governamental e acordos comerciais, regulações do

ambiente, controle de segurança, restrições à fusões

regulação de mercado.

b) Fatores econômicos: taxa de juros, inflação, PIB.

c) Fatores sociais: idioma, tendências demográficas,

comportamento do consumidor, padrões educacionais,

padrões de vida.

d) Fatores tecnológicos: tendências tecnológicas, inovações

e avanços tecnológicos, infraestrutura, legislação

tecnológica.

O primeiro passo da análise PEST está na definição dos fatores.

Dentro de cada uma das divisões os fatores serão subdivididos para uma

posterior comparação com informações de crescimento e decrescimento

da indústria, buscando inferir sobre a influência dos fatores do macro

ambiente no desempenho industrial. Sendo assim as subdivisões são

mostradas de forma apresentada na Figura 8.

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Figura 8 - Fatores e Subfatores da Análise PEST.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os subfatores foram utilizados de forma a compor informações

qualitativa, baseada na variação de dados qualitativos e quantitativos no

período de análise (2008-2016). Logo, os fatores e subfatores podem

variar de acordo com o ano de referência, podendo ser adicionados ou

retirados do conjunto de fatores e subfatores que podem influenciar o

mercado.

Além disso, os fatores e subfatores elencados serviram como base

para identificar elementos que influenciam na análise das Cinco Forças

de Porter (1980) através da identificação de relações conceituais com a

formação das próprias forças e dos indicadores que as caracterizam, tal

como aborda Grundy (2006), tornando a Análise das Forças de Porter

mais completa.

3.3.2 Análise das Cinco Forças de Porter

As cinco forças do modelo de Porter (1980) foram analisadas a

partir de fatores levantados através da coleta de dados, buscando

quantifica-las, de maneira a caracterizar o mercado. As forças são

divididas em: (1) ameaça de novos entrantes, (2) rivalidade competitiva,

(3) ameaça de produtos substitutos, (4) poder de barganha dos

compradores, (5) poder de barganha dos fornecedores. Todas as forças

são indexadas por indicadores, os quais mostram a evolução da

atratividade do mercado ao longo do período estudado.

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(1) Ameaças de Novos Entrantes:

A ameaça de novos entrantes foi mensurada através de fatores

relacionados às barreiras de entrada, pois quanto maiores às barreiras à

entrada menor será a ameaça de novos entrantes. Porter (1980) cita

como barreiras de entrada: (a) escala de produção, (b) curva de

aprendizado, (c) controle de fornecedores, (d) retaliação, (e) legislação

ou ação governamental e (f) diferenciação. Desses, serão excluídos da

análise: (c) controle de fornecedores, já que o mercado não apresenta tal

característica, (d) retaliação, já que fatores como investimentos em

marketing ou uma possível guerra de preços não foram foco na coleta de

dados, (f) diferenciação, já que o mercado tem foco diferente no que

tange á estratégia, tendo uma homogeneidade na estratégia das firmas

direcionada à liderança de custos.

A escala de produção aqui é mensurada pelo somatório dos custos

inerentes ao mercado divididos pela receita total do mercado em

determinado ano, buscando dessa forma relativizar a estrutura de custos

e o tamanho do mercado em questão de receitas, formando o fator 𝐸𝑝𝑖.

A curva de aprendizado será medida pela razão entre a idade do

mercado referente a cada ano, o qual tem seu início considerado no ano

2000, e a idade média dos incumbentes, formando o fator 𝐶𝑎𝑖. A ação

governamental será mensurada pela percentual necessário de provisão

de valores transacionados em cada ano, criando o fator 𝐴𝑔𝑖. Por fim, o

crescimento da indústria em relação ao ano anterior, referindo-se ao

volume de receitas forma o fator 𝐶𝑖𝑖. Sendo assim a Ameaça de Novos

Entrantes será medida como:

𝐴𝐸𝑖 = 𝐶𝑖𝑖 − (𝐸𝑝𝑖 + 𝐶𝑎𝑖 + 𝐴𝑔𝑖) (1)

𝐴𝐸𝑖 – Ameaça de Novos Entrantes no ano i;

𝐶𝑖𝑖 – Crescimento da Indústria no ano i;

𝐸𝑝𝑖 – Escala de Produção no ano i;

𝐶𝑎𝑖 – Curva de Aprendizagem no ano i;

𝐴𝑔𝑖 – Ações Governamentais no ano i.

Os indicadores 𝐸𝑝𝑖 , 𝐶𝑎𝑖 e 𝐴𝑔𝑖 são considerados negativos a

potencial ameaça de novos entrantes, já que os mesmos também são

considerados barreiras à entrada, pois quando maiores forem escala de

produção, curva de aprendizagem e as ações governamentais, menor

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será a ameaça. Já o crescimento da indústria é um fator positivo à

ameaça, já que as receitas a mais podem atrair novos entrantes.

(2) Rivalidade Competitiva:

Para medir-se a rivalidade competitiva, buscou-se mensurar

níveis de competitividade através da concentração histórica do mercado.

Para isso utilizaram-se algumas premissas: (a) o fato de cartões private label não competirem diretamente uns com os outros no que tange á

aceitação, devido à amplitude de aceitação restrita a uma rede de lojas,

faz com que os cartões private label formem um ambiente de

competição entre as próprias varejistas, buscando atrair novos clientes e

fidelizá-los através dos seus cartões. Pois, justifica-se a necessidade de

analisarem-se cartões que competem em um mesmo setor varejista, tal

como o varejo de moda; (b) a concentração do mercado será usada como

termômetro da rivalidade competitiva, pois seus extremos, competição

perfeita 9e monopólio

10, representam estados favoráveis à alta e baixa

rivalidade, respectivamente (Biker and Haaf, 2001).

Os dados de concentração foram calculados através dos métodos

descritos, utilizando como base o market-share (Si) das empresas do

setor varejista de moda, somente no que tange as receitas de suas

operações financeiras relacionadas aos cartões private label e outros

serviços financeiros que estão ligados aos mesmos.

Competitividade do mercado pode ser medida de forma

aproximada através dos métodos de medição de concentração de

mercado. A literatura mostra uma variedade de métodos utilizandos tal

como CRk11

, HHI12

, HTI13

e Theil14

. Todos os métodos levam e

9 O estado de competição perfeita em um mercado é evidenciado quando o

market-share das incumbentes é muito próximo, tornando a concentração baixa

(Reid, 1987) e aproximando o mesmo de um oligopólio. 10

Monopólios são estados de mercado onde a alta concentração permite que

uma empresa obtenha lucros extraordinários. 11

Segundo Reid (1987), a Razão de Concentração das k maiores firmas (CRk) é

definida como a parcela de mercado na indústria que corresponde a essas k

empresas. A razão de concentração bancária k é calculada como ∑ 𝐶𝑅𝑘𝑘𝑖−1 ,

tendo como intervalo de resultados valores entre 0 e 1, sendo 0 o valor de um

mercado em competição perfeita e 1 o valor para um mercado em estado de monopólio 12

Outra medida de concentração utilizada é o índice de Herfindahl-Hirschman (HHI), que segundo Herfindahl (1950), utiliza todos os n empresas do mercado

e é calculado como 𝐻𝐻𝐼 = ∑ 𝑆𝑖²𝑛𝑖−1 . O HHI incorpora todas as firmas de forma

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71

consideração o market share das empresas do setor. O objetivo é avaliar

o grau de concentração no mercado de cartão private label, entendendo

as variações do mesmo durante o período de análise.

Segundo Bikker e Haaf (2001), o Índice Herfindahl-Hirschman, é

usado como padrão em muitos países para medir a concentração de

mercados, sendo sensível a novos entrantes e fusões. Portanto, o HHI foi

utilizado para medir concentração nesse estudo. A concentração então

será usada para mensurar a intensidade da rivalidade na indústria em

determinado período onde:

𝑅𝐶𝑖 = 𝐻𝐻𝐼𝑖 (2)

Onde 𝑅𝐶𝑖 é a Rivalidade Competitiva no ano i, e 𝐻𝐻𝐼𝑖 representa

o Índice Herfindahl-Hirschman no ano i.

(3) Ameaça de Produtos Substitutos:

Através dos conceitos de Porter (1980), a ameaça de substitutos

será medida a partir do surgimento de segmentos de mercado que

procuram suprir as mesmas necessidades que os cartões private label propõem-se a suprir. No Brasil 32% da população adulta não tem uma

conta bancária (MCKINSEY, 2016). Sendo o público dos cartões PL um

público em sua maioria insatisfeito e ou excluído do sistema bancário,

ou seja, não bancarizado (Alves e Soares, 2007), pode-se citar como

diferenciada e ressalta a importância das grandes empresas colocando um peso maior do que nas pequenas ao elevar Si ao quadrado. O intervalo de

concentração desse índice fica entre 1/n e 1, sendo 1/n relativo a uma condição

de competição perfeita e 1 relativo ao estado de monopólio. 13

O índice de Hall-Tideman (HTI), segundo Bikker e Haaf (2001), considera

todas as empresas, incorporando o número de empresas da indústria às

participações de cada empresa, sendo calculado como 𝐻𝑇𝐼 =1

2 ∑ 𝑖𝑆𝑖−1𝑛𝑖−1

, tendo

sei índice uma variação similar ao HHI. 14

A entropia de Theil, segundo Resende e Boff (2002) é calculada como

𝑇ℎ𝑒𝑖𝑙 = 1

𝑙𝑛(𝑛)∑ 𝑆𝑖𝑛

𝑖−1 𝑙𝑛(𝑆𝑖), onde os pesos são iguais aos logaritmos naturais

da parcela da participação de cada um dos bancos. O índice fica no intervalo

entre zero e um, aproximando de zero no caso de estado de monopólio e tendendo para um no caso de concorrência perfeita. É importante observar que

quanto maior o índice de Theil maior é o nível de competição e quanto menor o índice maior é a concentração no mercado.

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potencial substituto os métodos de pagamento oferecidos pelas fintechs

(Fintechlab, 2017). O crescimento do número de fintechs no mercado

brasileiro ao longo dos anos foi usado como parâmetro para mostrar o

aumento do nível de ameaça gerado por esses concorrentes. Dessa

maneira foi comparado o número de fintechs nesse segmento, no

período de 2008 até 2016, e o seu crescimento relativo ao período inicial

irá servir para mensurar o nível de ameaça.

O período inicial utilizado para basear a análise do crescimento

do mercado foi 2015, já que não havia relatórios sobre as fintechs previamente a isso. Somando-se, o montante de investimento recebido

pelas mesmas ao longo do período será considerado, como também o

faturamento das fintechs de pagamento. Formando assim um grupo de

três variáveis. A primeira leva em consideração a proporção do número

de empresas substitutas divididas pelo número de substitutas mais as

incumbentes, chamada de Qs. A segunda leva em consideração o valor

investido nas substitutas dividido pela receita das incumbentes, Vi. A

terceira leva em consideração a receita das substitutas dividida pela

receita das incumbentes, Vf. Somadas a elas, um quarto fator de origem

sociocultural e relacionado à tecnologia também é levado em conta, o

nível de aceitação à tecnologia, que mede o número de smartphones

divididos pela população total, Tc. Sendo assim a ameaça de substitutos

será medida como:

𝐴𝑆𝑖 = 𝑄𝑠𝑖 + 𝑉𝑖𝑖 + 𝑉𝑓𝑖 + 𝑇𝑐𝑖 (3)

𝐴𝑆𝑖 – Ameaça dos substitutos no ano i;

𝑄𝑠𝑖 – Quantidade de incumbentes sobre possíveis

substitutos no mercado, pertencentes ao segmento de

pagamentos no ano i;

𝑉𝑖𝑖 – Valor de investimento nos substitutos sobre custos

dos incumbentes no ano i;

𝑉𝑓𝑖 – Valor de faturamento dos substitutos sobre

incumbentes no ano i;

𝑇𝑐𝑖 – Nível de aceitação tecnológica no ano i.

(4) Poder de Barganha dos Consumidores:

O poder de barganha dos consumidores será mensurado através

de fatores elencados por Porter (1980) e fatores influentes no

comportamento do consumidor. No que tange à comportamento, são

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73

levados em consideração fatores que influenciam o comportamento de

compra dos clientes. Kotler (1997) compreende que o indivíduo, como

consumidor, sofre influências psicológicas, pessoais, sociais e culturais.

Esses mesmo fatores correspondem a subfatores já elencados na análise

PEST, classificados como fatores sociais. São eles: a renda média, o

nível de desemprego, o e a escolaridade. O nível de desemprego é

considerado um fator negativo para o poder de barganha do consumidor.

A escolaridade é baseada no percentual da população que estudou até

pelo menos 11 anos ou mais, contando como fator positivo para o poder

de barganha. E o rendimento médio mensal é considerada como fator

positivo.

O Modelo de Porter (1980) cita como condições importantes para

o aumento do poder de barganha dos consumidores: (a) concentração de

compradores, que aqui será identificado pelo número de empresas

dividido pelo tamanho do mercado, o qual terá como proxy a população

em idade ativa (PIA) no Brasil, já que as empresas estudas tem presença

nacional; (b) a representação do uso em relação ao total de compras, que

aqui será representado pelo rendimento médio brasileiro, dividida pelo

valor médio de compras realizado nos incumbentes através do cartão,

também chamado de ticket médio; (c) ameaça de concorrência com o

cliente, foi descartada nesse caso, já que a estrutura do serviço foi

considerada complexa para que haja tal situação. Sendo assim o poder

de barganha dos consumidores é representado como:

𝑃𝐶𝑖 = 𝐶𝑐𝑖 + 𝑅𝑢𝑖 − 𝐷𝑠𝑖 + 𝐸𝑠𝑖 (4)

𝑃𝐶𝑖 – Poder de barganha dos consumidores no ano i;

𝐶𝑐𝑖 – Concentração dos compradores, medida pela razão entre

tamanho do mercado (PIA) dividido pelo número de incumbentes

no ano i;

𝑅𝑢𝑖 – Representação do uso, que é medida pelo rendimento

médio mensal brasileiro dividido pelo valor médio de compras no ano i;

𝐷𝑠𝑖 – Nível de desemprego no Brasil no ano i;

𝐸𝑠𝑖 – Nível de escolaridade no Brasil no ano i.

(5) Poder de Barganha dos Fornecedores:

O poder de barganha dos fornecedores, no entanto é representado

por apenas dois fatores, relação entre o número de fornecedores e

número de empresas do setor e a relação entre a receita das empresas do

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setor e a receita dos fornecedores. Os fornecedores considerados para a

análise são as empresas Processadoras de Transações15

. Por isso é

possível entender a dependência entre fornecedores e seus consumidores

e a razão da receita entre os mesmos. Assim o poder de barganha dos

fornecedores será representado como:

𝑃𝐹𝑖 = ∑ ∑ (

𝑄𝑖𝑖

𝑄𝑓𝑖+

𝑅𝑓𝑗,𝑖

𝑅𝑖𝑘,𝑖)

𝑚

𝑘=1

𝑛

𝑗=1

(5)

𝑃𝐹𝑖 – Poder de barganha dos fornecedores no ano i;

𝑄𝑓𝑖 – Quantidade de fornecedores no ano i;

𝑄𝑖𝑖 – Quantidade de incumbentes no ano i;

∑ 𝑅𝑓𝑗,𝑖𝑛𝑗=1 – Somatório da receita dos n fornecedores no ano i;

∑ 𝑅𝑖𝑘,𝑖𝑚𝑘=1 – Somatório da receita das m incumbentes no ano i.

Ao final os valores das forças e seus subfatores são utilizados

para mensurar um índice chamado de Índice de Atratividade da Indústria

(IAI), que é calculada como a soma dos pesos das forças no período i em questão:

𝐼𝐴𝐼𝑖 = 𝐴𝐸𝑖 + 𝐴𝑆𝑖 + 𝑃𝐶𝑖 + 𝑃𝐹𝑖 + 𝑅𝐶𝑖 (6)

Onde AEi é a ameaça de novos entrantes no ano i, ASi representa

a ameaça de substitutos no ano i, PCi representa o poder de barganha

dos consumidores no ano i, PFi representa o poder de barganha dos

fornecedores no ano i e RCi representa a rivalidade competitiva no ano

i.

Vistos os procedimentos metodológicos, estratégia de pesquisa,

coleta e análise de dados, em seguida são apresentados os resultados

obtidos a partir dos mesmos.

15

Empresas responsáveis pela transmissão e segurança dos dados quando da realização de uma transação de compra, tanto encaminhando transações de

comerciantes para o emissor do titular do cartão para obter autorização, como são responsáveis pela liquidação de um valor, que termina com o comerciante

por receber um depósito correspondente às transações (MEOLA, 2016).

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75

4 RESULTADOS OBTIVOS

Na análise do setor são apresentados fatores de forma similar,

buscando encontrar relações com o setor de forma geral, tanto no que

tange aos competidores, como a fornecedores, clientes e novos

entrantes. Os fatores seguem divididos nas quatro categorias

apresentadas.

4.1 Análise PEST

Na análise do setor, através da Análise PEST, são apresentados

fatores de forma similar, buscando encontrar relações com o setor de

forma geral, tanto no que tange aos competidores, como a fornecedores,

clientes e novos entrantes. Os fatores seguem divididos nas quatro

categorias apresentadas: (a) políticos; (b) econômicos; (c) sociais; (d)

tecnológicos.

a) Políticos

O fator político aqui está segmentado em duas partes, a primeira

faz referência ao regime fiscal do segmento e a segunda às

regulamentações do mesmo.

i) Do regime fiscal

A atividade de administração de cartão de crédito é

considerada prestação de serviços, por força do item

15.01 da lista de serviços anexa à Lei Complementar

nº 116, de 31 de julho de 2003, conjuntamente à

definição do art. 593 da Lei nº 10.406, de 10 de

janeiro de 2002 (Código Civil) bem assim à do art.

3º, § 2º, da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990

(Código de Defesa do Consumidor);

O art. 14 da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de

1998 exclui as administradoras de cartão de crédito

do regime de apuração do lucro real, por não integrar

a categoria jurídica de instituição financeira, dando

assim às mesmas a possibilidade de optar pelo

regime de tributação por lucro presumido, quando

não enquadrada nas hipóteses de apuração

obrigatória do lucro real previstas no corpo da lei;

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As receitas auferidas pela administradora de cartões

de crédito enquadradas no conceito de receita bruta

submeter-se-ão ao percentual de presunção de 32%

como rezam os arts. 15, § 1º, III, “a”, e 20 da Lei nº

9.249, de 26 de dezembro de 1995, alterada pela Lei

nº 12.973, de 2014. Sendo receita bruta preceituada

pelo art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de

dezembro de 1977, com redação introduzida pela Lei

nº 12.973, de 2014:

“Art. 12. A receita bruta compreende: I - o

produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em

geral; III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV - as receitas da atividade ou

objeto principal da pessoa jurídica, não compreendidas nos incisos I a III.”

A partir desses dados é definido o subfator POL1 – Regime de

Lucro Presumido.

ii) Da regulamentação do setor

Acordo entre integrantes do setor, CADE, ABECS,

CMN/BACEN e Governo, autoriza a quebra do

duopólio no credenciamento das bandeiras Visa e

Mastercard pelas credenciadoras Cielo e Rede,

respectivamente.

Lei 12.865, de 9 de outubro de 2013, que regula os

arranjos de pagamento do Sistema Brasileiro de

Pagamentos (SPB), separando atividades de

instituições de pagamentos (IPs) das atividades das

instituições financeiras (IFs), tal como gestão de

conta corrente bancário ou concessão de linha de

crédito. Sendo assim, IPs realizar atividades

reguladas pelo BACEN, como gestão de conta de

pagamento e disponibilização de serviço de aporte

de saque, entre outras. Porém, a lei 12.865 não

regulamenta arranjos de pagamento private label,

além de arranjos que apresentam números inferiores

a: R$ 500 milhões em transações nos últimos 12

meses; 25 milhões de transações, acumuladas nos

últimos 12 meses, R$50 milhões em recursos

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77

depositados em conta de pagamento em pelo menos

trinta dias, nos últimos doze meses; 2,5 milhões de

usuários finais ativos em pelo menos trinta dias, nos

últimos doze meses;

Além disso, BACEN: Circular 3681/2013 no art. 9º,

cap. VII, define que instituições emissoras ou

credenciadoras de instrumento de pagamento pós-

pago, pertencentes ao SPB, devem manter

patrimônio líquido ajustado pelas contas de resultado

em valor mínimo correspondente à 2% do valor

médio mensal das transações de pagamento

executadas pela instituição no últimos 12 meses, de

forma permanente;

A partir desses dados são definidos dois outros subfatores

relacionados ao fator POL: (1) POL2 – Quebra do monopólio das

bandeiras e (2) POL 3 – Definição do SPB.

b) Econômico

O fator econômico também está dividido, porém em três partes,

as quais são representadas pela evolução da taxa de juros no Brasil, a

evolução da inflação e a evolução do Produto Interno Bruto (PIB).

i) Taxa de juros

A taxa de juros é medida através da variação da Selic, que

representa a taxa utilizada pelos bancos para realizar tomada de recursos

no ambiente interbancário em troca de títulos públicos como garantia

para essas transações, diminuindo o risco da operação. Sendo assim, a

Taxa Selic é a mais importante taxa de juros da economia brasileira, e é

usada como base de cálculo para calcular a taxa mínima de atratividade

de um investimento, ou da cessão de crédito pelos bancos. O histórico

do índice está representado no Gráfico 1.

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Gráfico 1 - Taxa Selic de 2008 a 2016.

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

Na série é possível perceber um momento de alta na taxa de juros

em comparação ao período inicial. Além disso, de 2008 a 2013 o

cenário era de queda no índice, passando de 12,38% até 8,54%. Porém a

partir desse período o índice teve um crescimento de 5,98 pp. Esse

cenário reflete uma visão de maior risco do mercado para realização de

negócios. Dessa forma, a Variação da Taxa Selic se torna o subfator

ECO1.

ii) Inflação

A inflação é um fator econômico fundamental, por representar a

variação dos preços ao longo de um período determinado. Esse fator tem

influência direta no nível de consumo do mercado, já que quando a

inflação cresce em ritmo maior do que a renda o mercado se desaquece,

pois o consumo diminui. A mesma é apresentada no Gráfico 2.

12,38

10,03 9,82

11,67

8,54

8,19 10,86

13,38 14,08

0,00

5,00

10,00

15,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Taxa de Juros (%) Média Anual

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79

Gráfico 2 - Variação da inflação pelo índice IPCA relativo aos últimos 12

meses.

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

No período analisado é possível perceber certa estabilidade em

torno do valor de 5,91%, com valor mínimo de 4,31% em 2009 e valor

máximo de 10,67% em 2015. O desvio padrão mostra que o valor

máximo em 2015 está além do limite superior da amostra, demonstrando

instabilidade econômica no período. Com isso pode-se concluir que a

economia é sujeita a instabilidades. A Variação do IPCA é o subfator

ECO2.

iii) PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) é um indicador voltado para medir

a atividade econômica no país. O PIB é calculado a partir da soma dos

bens e serviços produzidos na economia, sendo pelo lado da produção,

considerados a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos

e pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das

famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e

importações (IBGE, 2017). Sendo assim, a atividade econômica do país

é um fator importante para balizar o potencial do mercado consumidor.

A variação do PIB no período pode ser vista no Gráfico 3.

5,90

4,31

5,91

6,50

5,84

5,91

6,41

10,67

6,29

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IPCA (%) 12 meses

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Gráfico 3 - Variação do PIB de 2008 a 2016.

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

Ao analisar o gráfico, é possível perceber que a atividade

econômica no país está em estado e encolhimento, sendo que o índice de

crescimento do PIB veio caindo desde 2010 até atingir situação de

retração em 2015 e, apesar de em nível um pouco menor, também

atingir retração do PIB em 2016. Esse cenário mostra uma economia em

desaquecimento. A Variação do PIB é o subfator ECO3.

c) Sociais

i) Renda média

A renda média é um fator importante, servindo para mensurar o

poder financeiro da população, o que pode influenciar diretamente nas

suas escolhas de compra. Além disso, a mesma está relacionada com a

saúde da economia, pois crescendo ao mesmo ritmo da inflação, o

mercado pode ser manter estável no que tange á volume de consumo. A

renda média aqui é medida pelo rendimento médio mensal da população

brasileira trabalhadora acima de 10 anos de idade. O rendimento médio

é apresentado no Gráfico 4.

5,09

-0,13

7,53

3,97

1,92 3,00

0,50

-3,77 -3,59

-6,00

-4,00

-2,00

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

% d

e V

aria

ção

Produto Interno Bruto

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81

Gráfico 4 - Rendimento médio mensal brasileiro por ano.

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

O Gráfico 4 mostra um momento de crescimento (2008-2014) no

rendimento mensal, porém com uma breve queda em 2015 e um

crescimento subsequente em 2016, atingindo o máximo do corte 2008-

2016.

ii) Taxa de desemprego

O desemprego é importante como fator externo, pois representa o

percentual da população em idade ativa que se encontra desempregada,

o que serve como um termômetro do aquecimento econômico, sendo

valor relevante na maioria dos relatórios econômicos de um país, ou em

meros termos da macroeconomia. A taxa de desemprego é apresentada

no Gráfico 5.

1,59 1,62 1,79 1,76

1,86 1,93 1,95 1,85

2,01

R$-

R$0,50

R$1,00

R$1,50

R$2,00

R$2,50

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Milh

ares

Rendimento Médio Mensal

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Gráfico 5 - Desemprego por ano no Brasil.

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

Através do Gráfico 5 é possível notar nos anos de 2015 e 2016 o

crescimento rápido da taxa desemprego, demonstrando certa

instabilidade econômica no país nesse período, além de um

desaquecimento da economia como um todo.

iii) Comportamento

No âmbito da social, o mercado brasileiro, especificamente no

que tange à serviços financeiros, pagamentos e cartão de crédito, viverá

um cenário de mudança. Segundo Deloitte (2016), as tendências geradas

pelo comportamento do consumidor no mercado de pagamentos criarão

um futuro:

Sem dinheiro, onde cada vez mais clientes escolheram

fazer pagamentos através do cartão;

Invisível: os processos de pagamento serão invisíveis

transformando necessidades e comportamento dos

clientes finais;

Conectado: onde as transações se tornarão um canal mais

importante de comunicação com o cliente, para

instituições financeiras e varejistas;

7,90% 8,08%

6,73% 5,93% 5,50% 5,40%

4,82%

6,83%

11,27%

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Desemprego

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83

Voltado para dados: com o fluxo de informação de

transações de pagamento, instituições financeiras,

provedores de serviços e comerciantes poderão gerar

mais insights sobre os clientes e as empresas;

Econômico: onde as transações eletrônicas se tornam

mais baratas de acordo com a proliferação de novas

soluções.

Essas tendências são entendidas como um reflexo da mudança de

comportamento das gerações, mudando o foco das empresas dos baby boomers

16, Xs

17 e Ys

18, para os Zs

19 e os millennials

20, já que, segundo

o estudo de Hur, Lee e Choo (2017, No prelo) a inovação tecnológica

afeta de maneira diferente consumidores jovens em contraste à maduros.

A partir disso é formado o subfator SOC 4 – Alternância de Gerações.

iv) Tendências Demográficas:

No que tange á tendências demográficas, o crescimento da

população brasileira também pode influenciar desempenho de mercados,

afetando sua demanda, tanto nas faixas de PIA (População em Idade

Ativa), quanto nas faixas dependentes (Jovens e Idosos).

O crescimento do mercado consumidor, afeta a produtividade da

indústria ao gerar ganhos de economias de escala (CNI, 2013), porém o

efeito do encolhimento da PIA e da população total, da mesma forma

tem impacto negativo na economia como um todo, já que afeta a

demanda diretamente. Sendo assim, pode-se afirmar que a taxa de

crescimento da PIA é um fator social importante para a análise de

mercado.

Mostra-se no Gráfico 6 que a população em idade ativa (PIA)

teve crescimento nesse período, levando a crer que houve uma expansão

do mercado consumidor como um todo.

16

Geração dos nascidos no período pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945),

entre os anos 50 e 60 aproximadamente. 17

Geração daqueles indivíduos nascidos nos anos 70. 18

Geração daqueles nascidos nos anos 80. 19

Geração daqueles nascidos nos anos 90. 20

Geração daqueles nascidos, como diz o nome, pós virada do novo milênio, iniciada no ano 2000.

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Gráfico 6 - População em Idade Ativa em Milhões.

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

Assim, cria-se o subfator SOC 5 – Crescimento da PIA. A PIA

foi utilizada como proxy para mensurar o mercado consumidor. Esse

fato é baseado na presença de ordem nacional de todas as empresas

estudadas, o que foi constatado através de relatórios disponibilizados

pelas mesmas em seus respectivos sites, e relatórios especializados do

setor.

O nível de escolaridade da população também é um fator

considerado pela análise PEST, já que segundo Kotler (1997) é um fator

que influencia o comportamento de consumo individual.

No Brasil os níveis de escolaridade divulgados por IBGE (2017),

são divididos em escalas. Tais escalas variam de acordo com o tempo de

estudo. Para analisar a escolaridade de maneira positiva, foi arbitrada a

marca de 11 anos de estudo, representando a média de tempo para

integralização dos estudos até o ensino médio. Os dados do Gráfico 7

apresentam a porcentagem da população que atingiu essa marca ao

longo dos anos.

128,49 130,43

132,31 134,14

135,91 137,63

139,30 140,90

142,48

120,00

125,00

130,00

135,00

140,00

145,00

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

PIA

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85

Gráfico 7 - Índice de Escolaridade.

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

Pelo Gráfico 7 é possível perceber que o percentual de indivíduos

que completaram no mínimo 11 anos de estudo teve um crescimento no

período, passando de 31,52% em 2008 para 42,10% em 2016. A partir

desses valores, é criado o subfator SOC 6 – Nível de Alta Escolaridade.

d) Tecnológicos

No âmbito da tecnologia, o mercado brasileiro vive um momento

de intensa transformação. Telles (2017), Country Manager da Visa, faz

uma previsão sobre o cenário tecnológico no mercado de serviços

financeiros, elencando alguns fatores: (a) Inovação Aberta:

Compartilhamento de APIs, implantação de método design thinking no

dia a dia dos negócios e criação de soluções em conjunto para fomentar

desenvolvimento da indústria; (b) Participação das startups: Surgimento

de formatos disruptivos quebrando com décadas de liderança e tradição,

parcerias com startups torna-se fundamental para co-criação de novas

soluções para o futuro dos negócios do setor e participação das mesmas

na discussão e implementação de novos produtos, como os NFCs (Near Field Communication); (c) Internet das Coisas (IoT): Uso de

smartphones e sua transformação em meios de pagamento,

favorecimento à segurança, agilidade e quebra de tradição,

“tokenização” (senha temporária) como chave para habilitar segurança.

Ainda, Luna et al. (2017) cita o uso de smartphones para adoção de

31,52 32,97 35,05 36,72 38,07 39,41 40,75 42,10

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2016

% d

a P

op

ula

ção

De 11 a mais anos de estudo

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novas tecnologias e monstra em seu trabalho que a inovação na

tecnologia da informação é um fator determinante para a utilização de

tecnologias NFC no Brasil.

O número de startups de pagamento, segundo Fintechlab (2017),

partiu de 12 empresas em 2015, para 70 empresas em 2016, em um

crescimento de 484%. Também, o nível de investimento nas fintechs

passou de R$ 200 milhões para R$ 450 milhões no mesmo período. O

faturamento também cresceu, passando de R$ 173 milhões para R$ 176

milhões. A penetração dos celulares no país também obteve crescimento

no período, como mostra o Gráfico 8.

Gráfico 8 - Percentual de penetração dos smartphones no Brasil.

Fonte: Adaptado de Luna et al. (2017), GSMA (2014), Teleco (2017).

A partir dos três fatores citado são elencados subfatores

tecnológicos da Análise PEST. São eles Número de Startups de

pagamento – TEC1, Tendência NFCs – TEC2 e Penetração dos

smartphones – TEC 3, como apresentado na Tabela 3.

27,08% 31,33%

35,58% 39,83%

44,08% 48,33%

53,50% 55,00%

62,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Penetração Smartphones

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87

Tabela 3 – Fatores e Subfatores da Análise PEST.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Juntando todos os subfatores elencados e dividindo-os de maneira

temporal, chega-se à Tabela 4.

Tabela 4 - Subfatores no período de 2008 a 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para entender-se a relação entre os subfatores da Análise PEST e

o crescimento e decrescimento da indústria é feita uma análise de

correlação entre as variáveis apresentadas e a receita total da indústria a

Fator Subfator Descrição Período

POL1 Regime de Lucro Presumido 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2016

POL2 Quebra do monopólio das bandeiras 2010,2011,2012,2013,2014,2015,2016,2017

POL3 Definição do SPB 2013, 2014, 2015, 2016

ECO1 Taxa de juros 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2017

ECO2 Inflação 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2018

ECO3 PIB 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2019

SOC1 Renda Média 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2020

SOC2 Taxa de Desemprego 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2021

SOC3 Alternância de Gerações 2016

SOC4 Tamanho da PIA 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2022

SOC5 Nível de Escolaridade 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2023

TEC1 Número de startups de pagamento 2014,2015,2016

TEC2 Tendência NFCs 2016

TEC3 Penetração smartphones 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013,2014, 2015,2023

POL

ECO

TEC

SOC

Período Subfatores influentes

2008 POL1, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC4, SOC5, TEC3

2009 POL1, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC4, SOC5, TEC3

2010 POL1, POL2, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC4, SOC5, TEC3

2011 POL1, POL2, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC4, SOC5, TEC3

2012 POL1, POL2, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC4, SOC5, TEC3

2013 POL1, POL2, POL3, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC4, SOC5, TEC3

2014 POL1, POL2, POL3, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC4, SOC5, TEC1, TEC3

2015 POL1, POL2, POL3, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC4, SOC5, TEC1, TEC3

2016 POL1, POL2, POL3, ECO1, ECO2, ECO3, SOC1, SOC2, SOC3, SOC4, SOC5, TEC1, TEC3, TEC4

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cada ano, para que se possa demostrar então como se comportam as

mesmas em relação à linearidade da comparação pareada das mesmas,

ou seja, se uma variável varia de forma linear em relação a outra. Para

tal apresenta-se a matriz de correlação na Tabela 5.

Tabela 5 - Matriz de Correlação entre subfatores PEST e Receita da Indústria.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Re

ceit

aP

OL1

PO

L2P

OL3

ECO

1EC

O2

ECO

3SO

C1

SOC

2SO

C3

SOC

4SO

C5

TEC

1TE

C2

TEC

3

Re

ceit

a1,

0,55

20,

552

0,82

00,

660

0,56

90,

979

0,87

90,

191

0,58

20,

991

0,99

40,

662

0,58

20,

991

PO

L11,

1,0,

395

0,17

80,

112

0,53

30,

599

-0,1

830,

125

0,56

70,

544

0,14

70,

125

0,54

6

PO

L21,

0,39

50,

178

0,11

20,

533

0,59

9-0

,183

0,12

50,

567

0,54

40,

147

0,12

50,

546

PO

L31,

0,45

50,

420,

888

0,84

6-0

,106

0,31

60,

870,

871

0,37

30,

316

0,86

4

ECO

11,

0,59

90,

618

0,48

30,

162

0,26

60,

613

0,64

50,

364

0,26

60,

613

ECO

21,

0,56

30,

29-0

,084

-0,0

270,

555

0,55

30,

133

-0,0

270,

508

ECO

31,

0,92

50,

034

0,48

30,

996

0,99

20,

555

0,48

30,

993

SOC

11,

-0,0

230,

505

0,91

90,

910,

524

0,50

50,

927

SOC

21,

0,82

50,

095

0,14

10,

827

0,82

50,

136

SOC

31,

0,52

80,

555

0,98

51,

0,57

6

SOC

41,

0,99

80,

602

0,52

80,

997

SOC

51,

0,63

0,55

50,

997

TEC

11,

0,98

50,

64

TEC

21,

0,57

6

TEC

31,

Mat

riz

de

Co

rre

laçã

o

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89

Nos dados calculados apresentados na tabela, pode-se observar

algumas correlações muito fortes, baseadas no fator de correlação de

Pearson, onde todas aquelas que estão marcadas em cinza têm um valor

p < 0,001, mostrando alto valor de significância na relação entre as

variáveis. Porém também é possível perceber que dos fatores que tem

correlação forte com a receita da indústria, também são todos

correlacionados, sendo somente o fator POL3 não correlacionado com

os demais de maneira fortíssima, i.e. r > 0,9. Sendo assim, a análise

sobre os subfatores da Análise PEST e o crescimento e decrescimento

do mercado atem-se somente a concluir que os subfatores POL 3 –

Definição do Sistema de Pagamentos Brasileiro, ECO 3 – Variação do

PIB, SOC 1 – Renda Média, SOC 4 – Tamanho da PIA, SOC 5 – Nível

de Escolaridade e TEC 3 – Penetração dos smartphones têm uma forte

correlação com a receita total da indústria no período de 2008 a 2016.

Após explicitar os fatores e subfatores da Análise PEST, parte-se

para a construção dos indicadores das Forças de Porter, para que seja

possível inferir sobre as duas análises.

4.2 Forças de Porter

As Forças de Porter formam juntamente com a Análise PEST,

uma fotografia do mercado, oferecendo visões estáticas sobre o ano

analisado, a indústria e o macro ambiente e o corte do período de 2008 a

2016. Primeiramente são elencados elementos qualitativos, na forma do

modelo das cinco forças, representando elementos ambientais no nível

da indústria, tal como mostra a Figura 9.

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Figura 9 - Resultados do Modelo das Cinco Forças de Porter para o Mercado de

Cartões Private Label.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Dessa forma os indicadores tornaram-se funções dependentes de

variáveis pré-determinadas, de forma a criar uma relação conceitual com

a teoria descrita por Porter (1980). Claramente, alguns fatores do macro

ambiente se misturam à fatores inerentes à indústria, principalmente

quanto tenta-se mensurar o poder de barganha dos compradores (PC) e o

poder de barganha dos fornecedores (PF) e ameaça de produtos

substitutos (AS), já que os mesmos se referem à elementos que estão nas

fronteiras do mercado, comparados às próprias condições ambientais do

mercado. Inicialmente serão apresentadas informações relativas ao

indicador de Ameaça de Novos Entrantes (AE).

(1) Ameaça de Novos Entrantes (AE)

O indicador AE, através da proposição do modelo conceitual, é

calculado baseado em quatro fatores, sendo o Crescimento da Indústria

(Ci), medido pela variação entre as receitas do ano i-1 e ano i, um fator

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91

considerado positivo à ameaça de novos entrantes e os fatores Escala de

Produção (Ep), custos do mercado sobre receitas do mercado, Curva de

Aprendizagem (Ca), idade média dos incumbentes sobre idade média do

mercado, e Ações Governamentais (Ag), ações governamentais

quantitativas do período, considerados fatores negativos à ameaça de

novos entrantes. Sendo assim os valores calculados são apresentados na

Tabela 6 - Valores calculados para a ameaça de novos entrantes..

Tabela 6 - Valores calculados para a ameaça de novos entrantes.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os valores calculados para o indicador AE são negativos, dado a

um crescimento industrial não tão grande, fato que tende a não ser

atrativo para novos entrantes. Além disso, os fatores correspondentes à

parte negativa do cálculo do indicador sobrepuseram seus valores sobre

o crescimento do mercado. Salienta-se que o modelo utilizado para o

cálculo dos indicadores prevê três fatores desfavoráveis ás potenciais

ameaças de novos entrantes e apenas um favorável a essa ameaça.

Ademais, no que tange à variação do indicador, é possível notar que os

mesmos mostram que a ameaça decresce até 2013, quando no período

seguinte à um leve crescimento. Pode-se relacionar a esse fato o

crescimento da indústria de 2013 a 2014 e a diminuição da estrutura de

produção gerada pela necessidade de competir provavelmente puxada

pela recente revolução tecnológica, o que releva uma maior eficiência

do mercado, que gerou mais receitas com menos ou semelhante

estrutura de custo.

(2) Rivalidade Competitiva (RC)

Período 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Ameaça Entrantes (AE) -0,67 -0,69 -0,94 -0,96 -0,97 -1,03 -0,91 -1,01 -1,04

Crescimento da Indústria (Ci) 0,35 0,48 0,20 0,19 0,12 0,12 0,22 0,13 0,11

Estrutura de Produção (Ep) 0,47 0,57 0,51 0,49 0,39 0,40 0,37 0,36 0,35

Curva de Aprendizagem (Ca) 0,55 0,60 0,64 0,67 0,70 0,72 0,74 0,76 0,78

Ações Governamentais (Ag) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,02 0,02 0,02 0,02

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A rivalidade competitiva foi calculada através do indicador RC

medido através do Índice Herfindahl-Hirschman (HHI) foi calculado

para todo o período de análise como mostra a Tabela 7.

Tabela 7 - Valores calculados para o indicador Rivalidade Competitiva.

Fonte: Elaborado pelo autor.

(*) Não há valor positivo de receita.

Sendo assim ao se analisar os dados obtidos é possível perceber

que Pernambucanas apresentou posicionamento de líder no mercado

tendo maiores porções de market-share em todo o período analisado.

Também é possível notar que Riachuelo obteve crescimento na sua

ocupação em todos os períodos, empurrando para baixo o índice de

Rivalidade Competitiva período após período. Além disso, Marisa e

Renner parecem disputar posição no mercado, possuindo valores de

market-share sempre muito próximos. A disputa por espaço no mercado

fica evidenciada pelo Gráfico 9.

Período 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Rivalidade Competitiva (RC ) 0,477 0,289 0,300 0,300 0,293 0,310 0,316 0,276 0,291

Competição Perfeita (1/n ) 0,250 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200

Monopólio (n/n ) 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000

Marisa (Si² ) * 0,034 0,032 0,028 0,020 0,018 0,017 0,027 0,018

Renner (Si²) 0,076 0,025 0,021 0,019 0,020 0,021 0,020 0,022 0,019

Riachuelo (Si²) 0,007 0,029 0,042 0,058 0,070 0,059 0,058 0,097 0,103

Hering (Si²) 0,000 0,002 0,000 0,000 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000

Pernambucanas (Si²) 0,393 0,200 0,204 0,196 0,183 0,212 0,220 0,130 0,150

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93

Gráfico 9 - Disputa por espaço no mercado de cartões private label do varejo de

moda.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Também fica evidenciada pelo Gráfico 9 a aproximação em nível

de market-share entre Riachuelo e Pernambucanas, primeira e segunda

posições entre 2010 e 2016, detendo juntas 71% do mercado em termos

de receita em 2016. Além disso pode-se salientar que a Riachuelo teve o

início de suas operações com cartões private label no ano de 2008 e

após três anos de uma curva de aprendizagem na indústria já obteve

resultados acima da maioria dos seus concorrentes.

Os dados calculados também mostram que, dadas as métricas do

modelo, a indústria em estudo apresentou valores de concentração cada

por vezes próximos do valor representativo de um mercado em estado

de competição perfeita por vezes mais longe, demonstrando um aumento

na concentração do mercado. A queda na concentração do mercado mais

significativa corre no comparativo entre 2008 e 2009, dado a

recuperação da Marisa após um período negativo nos seus

demonstrativos financeiros, mostrando a sensibilidade do índice à

“entrada” no mercado.

(3) Ameaça de Produtos Substitutos (AS)

O modelo conceitual criado relaciona AS com quatro indicadores:

Quantidade de Substitutos (Qs), que representa a concentração de

substitutos em relação à quantidade de incumbentes mais substitutos,

0,00

0,19 0,18 0,17

0,14 0,14 0,13

0,16 0,13

0,28

0,16 0,15 0,14 0,14 0,14 0,14

0,15 0,14

0,08

0,17

0,21 0,24 0,26 0,24 0,24

0,31 0,32

0,02 0,04 0,02 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02

0,63

0,45 0,45 0,44 0,43 0,46 0,47

0,36 0,39

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Marisa Renner

Riachuelo Hering

Pernambucanas

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Valor de Investimento nos Substitutos (Vi), que é o valor investido nos

substitutos sobre a soma dos custos dos incumbentes e o valor investido

nos substitutos, a razão entre a receita dos substitutos e a soma das

receitas dos incumbentes e dos substitutos, que é chamada de Valor de

Faturamento (Vf) e a Aceitação á Tecnologia (Tc) medida pela

penetração de smartphones no mercado brasileiro. Os valores são

apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 - Valores calculados para a Ameaça de Substitutos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com a apresentação dos valores é possível notar o crescimento no

número de substitutos nos últimos dois anos período de análise fez com

que o fator Qs aumentasse drasticamente. Da mesma forma, o aumento

dos valores de investimento nos substitutos influencia o crescimento do

fator Vi e o crescimento das receitas dos substitutos influencia o

crescimento do fator Vf, ambos de maneira drástica. Porém, essa

variação é justificada pelos altas receitas e altos investimentos dos

substitutos as quais provém de uma estrutura de custos baixa e de um

ambiente fértil para a arrecadação de aportes financeiros devido ao

grande número de programas de aceleração existentes. O crescimento do

fator Tc também pode ser levantando como fato importante no aumento

da ameaça de substitutos, dado à linha de tendência de crescer ainda

mais como demonstra o indicador. O elemento fintech nesse indicador

tem gradíssima relevância, já que quando os substitutos do mercado

referem-se à essas empresas e que seu surgimento no mercado

alavancou a ameaça de substitutos medida pelo indicador.

(4) Poder de Barganha dos Compradores (PC)

Período 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Ameaça de Substitutos (AS) 0,27 0,31 0,36 0,40 0,44 0,48 0,54 3,14 3,45

Quantidade de Sub. (Qs) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,71 0,93

N. Substitutos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 12,00 70,00

N. Incumbentes 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00

Valor de Invest. dos Sub. (Vi) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,96 0,98

Invest. Sub. (R$ Milhões) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 44,00 99,00

Custos Mercado (R$ Milhões) 0,39 0,90 1,01 1,20 1,09 1,28 1,49 1,68 1,86

Valor de Faturamento (Vf) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,92 0,91

Receita Sub. (R$ Milhões) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 55,36 56,32

Receita Mercado (R$ Milhões) 0,82 1,58 1,99 2,47 2,80 3,18 4,06 4,69 5,26

Aceitação à Tecnologia (Tc) 0,27 0,31 0,36 0,40 0,44 0,48 0,54 0,55 0,62

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95

O poder de barganha dos compradores ou consumidores é

calculado através da Concentração de Compradores (Cc), Representação

de Uso (Ru), Nível de Desemprego (Ds) e Nível de Escolaridade (Ne). O

fator Cc é calculado através do número de incumbentes por consumidor,

o fator Ru é calculado pela razão entre rendimentos médios mensais

brasileiros e ticket médio dos cartões dos incumbentes, o fator Ds é

representado pela taxa de desemprego brasileira e o fator Ne é

representado pelo percentual da população que estou 11 anos ou mais.

Os valores calculados através do método desenvolvido são apresentados

na Tabela 9.

Tabela 9 - Valores calculados para o poder de barganha dos consumidores.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Devido à utilização da população em idade ativa (PIA) como

proxy para o tamanho do mercado consumidor, é perceptível a pouca

influência desse fator no indicador PC como um todo. Outro fato que

pode ser notado através dos dados calculados é a grande influência da

relação de uso, o qual é um fator discrepante dos outros em seu

relacionamento, mas representa uma proporção da mesma forma que os

outros. Outros fatores como escolaridade, desemprego e não tem tanto

peso devido ás baixas proporções geradas pelos mesmos.

(5) Poder de Barganha dos Fornecedores (PF)

O poder de barganha dos fornecedores é calculado através da

soma de duas proporções, a proporção das receitas dos fornecedores em

relação às receitas com incumbentes (Rf/Ri) e a proporção do número de

incumbentes pelo número de fornecedores (Qi/Qf). Sendo assim os

dados resultam na Tabela 10.

Período 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Poder do Cons. (PC) 15,423 16,038 15,296 14,066 13,911 13,399 13,031 12,293 12,390

Conc. dos Cons. (Cc) 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

N. Incumbentes 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000

PIA (Milhões de hab.) 128,49 130,43 132,31 134,14 135,91 137,63 139,30 140,90 142,48

Desemprego (Ds) 0,079 0,081 0,067 0,059 0,055 0,054 0,048 0,068 0,113

Escolaridade (Es) 0,342 0,315 0,330 0,351 0,367 0,381 0,394 0,408 0,421

Repres. de Uso (Ru) 15,160 15,803 15,034 13,775 13,599 13,073 12,685 11,954 12,082

Ticket Médio (R$) 104,82 102,76 118,81 127,63 136,48 147,56 153,33 154,68 166,14

Rend. Médio (R$ Mil) 1,589 1,624 1,786 1,758 1,856 1,929 1,945 1,849 2,007

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Tabela 10 - Valores calculados para o poder de barganha dos fornecedores.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na tabela acima, fica evidenciada a grande influência da relação

entre incumbentes e fornecedores no cálculo do indicador PF. De certa

forma essa influência é justificada pelo fato de essa proporção

evidenciar somente um fornecedor considerado nessa análise para cinco

incumbentes no mercado, colocando tal fornecedor em uma posição de

poder no mercado.

Sendo, através da soma dos indicadores calculados chega-se ao

Índice de Atratividade da Indústria (IAI), como mostrado na Tabela 11.

Tabela 11 - Indicadores calculados do mercado de cartões private label.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Período 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Poder Fornec. (PF) 5,039 5,026 5,025 5,025 5,023 5,023 5,022 5,020 5,020

Rf/Ri 0,039 0,026 0,025 0,025 0,023 0,023 0,022 0,020 0,020

Receitas dos Fornec. (Rf)

(R$ Milhões)0,032 0,041 0,050 0,062 0,065 0,074 0,087 0,095 0,104

Receita dos Incumb.(Ri)

(R$ Milhões)0,823 1,580 1,986 2,466 2,800 3,181 4,060 4,686 5,262

Qi/Qf 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000

Quantidade de Fornec. (Qf) 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000

Quantidade de Incumb. (Qi) 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000

Período 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Ameaça Entrantes (AE ) -0,668 -0,690 -0,944 -0,963 -0,970 -1,027 -0,914 -1,006 -1,039

Rivalidade Competitiva

(RC ) 0,477 0,289 0,300 0,300 0,293 0,310 0,316 0,276 0,291

Ameaça de Substitutos

(AS )0,271 0,313 0,356 0,398 0,441 0,483 0,535 3,141 3,449

Poder do Cons. (PC ) 15,423 16,038 15,296 14,066 13,911 13,399 13,031 12,293 12,390

Poder Fornec. (PF ) 5,039 5,026 5,025 5,025 5,023 5,023 5,022 5,020 5,020

Indice de Atratividade da

Indústria (IAI )20,54 20,98 20,03 18,83 18,70 18,19 17,99 19,72 20,11

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97

Analisando a tabela é possível perceber uma predominância de

valores no que tange ao poder de barganha dos consumidores, tornando

do os mais influentes na formação do índice IAI. A escala na qual os indicadores estão postos foi construída de

forma a representar o valor do próprio indicador sem limitar sua

variação, já que os mesmos são formados da soma de percentuais,

coeficientes e taxas proporcionais. O valor representativo dos

indicadores calculados está na variação dos mesmos, mostrando

tendências de crescimento e ou decrescimento. Para que se tenha uma

visão mais próxima os dados são transformados para um escala de

valores entre -1 e 1. Posteriormente é usada a função exponencial para

com o intuito de suavização dos dados e o índice IAI passa a ser

calculado pelo logaritmo natural da soma dos outros indicadores. A

transformação dos mesmos compõe a Tabela 12.

Tabela 12 - Transformação de dados dos indicadores.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O primeiro ponto que se pode notar, o qual difere dos dados não

transformados, é a inexistência de discrepâncias latentes nos valores dos

indicadores. A partir dos dados da Tabela 12 é possível perceber mais

claramente a o crescimento do indicador ameaça dos substitutos AS em

oposição ao decrescimento da ameaça de novos entrantes AE, do poder

de barganha dos consumidores PC, da rivalidade competitiva RC, poder

dos fornecedores PF e o próprio índice de atratividade do mercado.

Outro ponto de necessária comparação está relacionado com o

crescimento da receita do mercado e a variação do índice IAI, onde

mesmo o fluxo de receita crescendo continuamente no mercado durante

o período, o mesmo não acontece na mesma proporção com o índice, já

que seu ponto mais alto acontece no ano de 2008, enfrentando quedas

seguidas até 2014, quando a atratividade volta a crescer no mercado,

Período 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

AE' 2,718 2,406 0,614 0,552 0,533 0,392 0,720 0,439 0,368

RC' 2,718 0,421 0,466 0,470 0,438 0,515 0,548 0,368 0,429

AS' 0,368 0,378 0,388 0,399 0,409 0,421 0,434 2,239 2,718

PC' 1,958 2,718 1,829 0,948 0,873 0,664 0,546 0,368 0,388

PF' 2,718 0,701 0,648 0,647 0,531 0,536 0,446 0,395 0,368

IAI' 2,350 1,891 1,372 1,104 1,024 0,928 0,991 1,337 1,452

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juntamente com o crescimento agressivo do indicador de ameaça de

substitutos. Esse último fato trás o indício de que houve grande relação

entre o aumento da atratividade do mercado relacionado com o

surgimento de substitutos como as fintechs. A análise de correlação de Pearson mostra mais relações causais e

a partir do coeficiente de Pearson e seus valores de significância, ou p-

valores. Tais valores demonstram a linearidade na relação entre duas

variáveis comparadas pela matriz. Os dados são apresentados na Tabela

13.

Tabela 13 - Matriz de correlação entre os indicadores e p-valores.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A matriz de correlação, representada na Tabela 13, mostra que a

maior correlação entre os indicadores está entre o PF e RC, com r =

0,99, é considerada uma correlação muito forte, mostrando que o

aumento da ameaça do poder de barganha dos fornecedores aumenta o

indicador de rivalidade competitiva do mercado. Sendo o indicador de

rivalidade competitiva medido pelo índice HHI, a relação estabelecida

pela correlação mostra que ao aumentar o poder de barganha dos

fornecedores a competição diminui no mercado e o mesmo tende a ser

mais concentrado, sendo o oposto verdadeiro. De certa maneira isso

pode ser justificado, pois, ao ponto que o mercado se concentra em

poucas empresas, onde essas empresas tendem a obter lucros

AE RC AS PC PF IAI

1,00 0,71 -0,37 0,82 0,77 0,89

1,000 0,033 0,329 0,007 0,014 0,001

0,71 1,00 -0,24 0,36 0,99 0,74

0,033 1,000 0,535 0,342 0,000 0,022

-0,37 -0,24 1,00 -0,54 -0,32 0,00

0,329 0,535 1,000 0,137 0,406 0,996

0,82 0,36 -0,54 1,00 0,49 0,70

0,007 0,342 0,137 1,000 0,183 0,037

0,77 0,99 -0,32 0,49 1,00 0,79

0,014 0,000 0,406 0,183 1,000 0,011

0,89 0,74 0,00 0,70 0,79 1,00

0,001 0,022 0,996 0,037 0,011 1,000IAI

Matriz de Correlação e P-Valores

AE

RC

AS

PC

PF

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99

extraordinários a aumentar seu poder através do aumento do volume de

receita, o mesmo crescimento pode atingir os fornecedores, e no caso do

mercado em estudo, um único fornecedor tende a crescer juntamente

com o monopólio do mercado, tendendo a pressionar os preços para

cima de seus serviços para empresas que não as líderes do mercado.

Forte correlação positiva também é apresentada pela análise na

relação entre a ameaça de novos entrantes AE e a atratividade do

mercado IAI. Classicamente, nas teorias da economia industrial, a

atratividade do mercado, através do aumento das receitas dos

incumbentes, é uma condição favorável para o aumento da ameaça de

novos entrantes. Dessa forma, a alta correlação indica que quanto maior

for a atratividade do mercado, maior será a ameaça de novos entrantes,

os quais podem aproveitarem-se de situações de lucro extraordinário

para gerar receita, principalmente em mercados não tão concentrados.

Porém, não se pode esquecer de que os dados levantados para mensurar

a ameaça de novos entrantes na indústria estudada levam em

consideração altas barreiras à entrada que dificultariam esse acesso e

diminuiriam a ameaça.

A terceira maior correlação positiva presente na matriz, de valor r

= 0,82, e p = 0,007, é a relação entre PC e AE, mostrando que quanto

maior for a ameaça de novos entrantes, maior o poder de barganhada

dos consumidores. Esse fato pode também ser baseado na teoria da

oferta e da demanda, onde o aumento da oferta tem como consequência

externalidades sociais positivas como a maior possibilidade de escolha

de um produto. No mercado de cartões do varejo de moda isso pode se

refletir em mais acesso a crédito e em menores preços e tarifas para tal.

Por outro lado, se for analisado o aumento do poder de barganha os

consumidores, o aumento do mercado em termos de consumidores

reflete no aumento de demanda que pode servir de potencial atrativo

para novos entrantes estabelecerem-se no mercado, buscando suprir

demandas residuais do mercado em si.

A quarta maior correlação positiva se encontra na relação entre o

poder de barganha dos fornecedores PF e a ameaça de novos entrantes

AE. Essa relação se apresenta de forma clara, pois fornecedores

estabelecidos podem sempre se beneficiar da entrada de novas empresas

na indústria, forçando políticas de preço mais elevadas ou até deixando

de atender às participantes da indústria dado seu poder dentro do

ambiente. Por outro lado, a relação entre o aumento do poder dos

fornecedores e o aumento da ameaça de novos entrantes não parece uma

associação tão clara. Pode-se citar a hipótese de o poder dos

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fornecedores ser tão alto em uma indústria que os custos de produção

acabam por ser muito altos para os incumbentes, porém não para novos

entrantes não tão afetados por barreiras a saída como acordos comerciais

e dependência de fornecedores. Talvez até a visão externa do entrante no

mercado favoreça o mesmo de modo a prevenir seu negócio de algumas

armadilhas na entrada.

Por último é possível citar também como forte correlação positiva

a correlação existente entre o índice de atratividade da indústria IAI e a

rivalidade competitiva RC, onde o aumento da atratividade na indústria

está ligado à maior concentração do mercado ou aumento do indicador

RC.

Podem apresentar-se conclusões no que tange ao mercado de

cartões private label no varejo de moda, definindo que o mesmo viveu

um período de regulações, abertura e possibilitou junto com outros

segmentos varejistas uma verdadeira revolução no acesso ao crédito no

mercado brasileiro, ainda influenciando também em criação de políticas

e novas definições para o funcionamento desse mercado e um novo

olhar para os cartões de loja no Brasil. O período de 2008 a 2016 se

resumi a um período positivo para o setor, de aumento de sua estrutura e

de suas receitas, tornando-o relevante frente a seus braços empresariais

do varejo. Porém, ressalvas devem ser feitas quando ao que as

tendências aguardam para o futuro do mercado, com indícios de maiores

revoluções em diversos setores, principalmente focados no fator

tecnológico. O presente estudo inferiu sobre o período de análise e ao

acrescentar dados de possível competidores voltados para essa revolução

tecnológica pode demonstrar que, caso ocorra, a competição com

empresas inovadoras pode ser muito impactante para o mercado de

cartões private label do varejo de moda.

Feitas as considerações sobre os resultados obtidos e sobre a

indústria de cartões private label no varejo de moda, segue-se para o

último capítulo do trabalho, que apresenta as conclusões sobre o estudo,

limitações da pesquisa e indicações de trabalho futuros.

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5 CONCLUSÃO

Esse trabalho buscou entender o mercado de cartões private label, através de sua descrição, participantes, desempenho financeiro e

relevância de mercado, utilizando a análise de PEST para identificar

fatores importantes, oriundos do macro ambiente do mercado, compará-

los com o crescimento do mercando no nível indústria e utilizar tais

fatores como base para a análise das cinco forças de Porter (1980) e

posteriormente a criação de indicadores relativos às forças e ameaças do

mercado, tendo como base o período de 2008 a 2016.

Dessa forma foi possível notar a grande quantidade de fatores que

são necessários para se caracterizar um mercado. Muitos deles são de

difícil acesso, tornando alguns objetivos ou vieses de pesquisa quase

impossíveis. O mercado de cartões private label tem a característica

originária do mercado varejista, como citado anteriormente, de ser um

mercado não muito aberto no que tange à exposição de suas informações

financeiras, produtos e desempenho. Porém, a abertura de capital de

algumas empresas vem fazendo com que esse fato seja mudado. Somado

a essa dificuldade existe a dificuldade em encontrar literatura em maior

volume para basear estudos e colaborar com a proposição de modelos de

pesquisa sobre o mercado, já que o mercado é relativamente novo no

país e não foi profundamente estudado e testado.

Para tanto, o presente trabalho apresenta limitações no que tange

à volume de dados e a segmentação dos mesmos, impossibilitando a

realização de maiores conclusões sobre questões mais profundas e

complexas do mercado de cartões private label em outros níveis da

economia industrial, além de possibilitar testes estatísticos e criação de

modelos econométricos para prever dinâmicas específicas do setor, já

realizadas em outros mercados.

O trabalho buscou levantar fatores, forças e ameaças que podem

indicar uma dinâmica de mercado, no que se refere aos movimentos da

indústria e os efeitos do macro ambiente.

Foi possível concluir que, diferentemente da grande maioria das

empresas financeiras o mercado de cartões private label no varejo de

moda tem um ambiente de competição não tão concentrado, longe de ser

um monopólio. As inovações tecnológicas no setor de serviços

financeiros tendem a afetar esse mercado na busca de oferecer melhores

serviços que os bancos, a uma população desbancarizada e carente de

serviços que se adequem a sua necessidade. Nesse ambiente, o futuro

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indicar guarda um espaço de competição entre os cartões de loja e as

novas fintechs. O único fornecedor presente nesse pequeno mercado,

Conductor Tecnologias S.A., controlado pela Linx, obtêm grande

margem para barganha dado seu know-how em soluções para

pagamentos no varejo. Novos entrantes não exercem grande ameaça no

mercado devido à altas barreiras de entrada. Os consumidores

encontram-se de certa forma um pouco alheios às movimentações do

mercado, pois o público não possui tantas alternativas de mudança.

No que tange a trabalhos futuros, esse trabalho não abrange

profundamente teorias da organização industrial que não a visão apenas

do nível indústria, sendo assim necessária uma análise também sobre o

ponto de vista da teoria da firma e também sobre o comportamento dos

competidores através da visão da teoria de jogos. Outras análises da

microeconomia também podem ser aplicadas, buscando entender as

variações de demanda, equilíbrio de preços e externalidades.

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