anÁlise discursiva do dicionÁrio enciclopÉdico …

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RELLÍS - REVISTA DE ESTUDOS DE LIBRAS E LÍNGUAS DE SINAIS Núcleo de Ensino e Pesquisas em Libras On-line http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/469857 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) ANÁLISE DISCURSIVA DO DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO TRILINGUE DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA. Dionatan Colella Zolet Maria Cláudia Teixeira Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO Resumo: Este artigo toma como corpus de estudo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue Língua de Sinais Brasileira (Libras), e busca compreender de que modo a relação entre as línguas portuguesa, inglesa e libras é posta e significada neste dicionário. Analisamos o prefácio com o objetivo de verificar como são significados os sujeitos e a língua. Recortamos, para melhor compreensão da relação entre as línguas e os efeitos de sentido produzidos para e pelo dicionário, o verbete “motociclista”, considerando que ele pode deslizar para diferentes efeitos de sentidos. Para alcançar os objetivos propostos nos inscrevemos teoricamente na Análise de Discurso pecheauxtiana, tomando como referência os trabalhos desenvolvidos por Eni Pulcinelli Orlandi e outros estudiosos filiados aos estudos discursivos dessa linha. A partir dessa inscrição tomamos o dicionário como objeto discursivo que produz diferentes efeitos de sentido, o que coloca em suspenso o imaginário social de dicionário como instrumento de estabilização da língua. Palavras-chave: Dicionário Trilíngue; Motociclista; Sujeito; Língua. DISCURSIVE ANALYSIS OF THE TRILINGUAL ILLUSTRATED ENCYCLOPEDIC DICTIONARY OF THE BRAZILIAN SIGN LANGUAGE. Abstract: This article takes as a corpus of study the Encyclopedic Illustrated Trilingual Dictionary - Brazilian Sign Language (Libras), and seeks to understand how the relationship between Portuguese, English and Libras is put and signified in this dictionary. We analyzed the preface in order to verify how the subjects and the language are meant. We cut out, for a better understanding of the relationship between languages and the effects of meaning produced for and by the dictionary, the entry “motorcyclist”, considering that it can slide to different effects of meanings. To achieve the proposed objectives, we theoretically enrolled in Pecheauxtian Discourse Analysis, taking as a reference the works developed by Eni Pulcinelli Orlandi and other scholars affiliated with discursive studies of this line. From this inscription we take the dictionary as a discursive object that produces different effects of meaning, which suspends the social imaginary of the dictionary as an instrument of language stabilization. Keywords: Trilingual dictionary; Motorcyclist; Subject; Language.

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Page 1: ANÁLISE DISCURSIVA DO DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO …

RELLÍS - REVISTA DE ESTUDOS DE LIBRAS E LÍNGUAS DE SINAIS

Núcleo de Ensino e Pesquisas em Libras On-line

http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/469857

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

ANÁLISE DISCURSIVA DO DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO

TRILINGUE DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA.

Dionatan Colella Zolet

Maria Cláudia Teixeira

Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO

Resumo: Este artigo toma como corpus de estudo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue –

Língua de Sinais Brasileira (Libras), e busca compreender de que modo a relação entre as línguas

portuguesa, inglesa e libras é posta e significada neste dicionário. Analisamos o prefácio com o

objetivo de verificar como são significados os sujeitos e a língua. Recortamos, para melhor

compreensão da relação entre as línguas e os efeitos de sentido produzidos para e pelo dicionário, o

verbete “motociclista”, considerando que ele pode deslizar para diferentes efeitos de sentidos. Para

alcançar os objetivos propostos nos inscrevemos teoricamente na Análise de Discurso pecheauxtiana,

tomando como referência os trabalhos desenvolvidos por Eni Pulcinelli Orlandi e outros estudiosos

filiados aos estudos discursivos dessa linha. A partir dessa inscrição tomamos o dicionário como

objeto discursivo que produz diferentes efeitos de sentido, o que coloca em suspenso o imaginário

social de dicionário como instrumento de estabilização da língua.

Palavras-chave: Dicionário Trilíngue; Motociclista; Sujeito; Língua.

DISCURSIVE ANALYSIS OF THE TRILINGUAL ILLUSTRATED

ENCYCLOPEDIC DICTIONARY OF THE BRAZILIAN SIGN LANGUAGE.

Abstract: This article takes as a corpus of study the Encyclopedic Illustrated Trilingual Dictionary -

Brazilian Sign Language (Libras), and seeks to understand how the relationship between Portuguese,

English and Libras is put and signified in this dictionary. We analyzed the preface in order to verify

how the subjects and the language are meant. We cut out, for a better understanding of the relationship

between languages and the effects of meaning produced for and by the dictionary, the entry

“motorcyclist”, considering that it can slide to different effects of meanings. To achieve the proposed

objectives, we theoretically enrolled in Pecheauxtian Discourse Analysis, taking as a reference the

works developed by Eni Pulcinelli Orlandi and other scholars affiliated with discursive studies of this

line. From this inscription we take the dictionary as a discursive object that produces different effects

of meaning, which suspends the social imaginary of the dictionary as an instrument of language

stabilization.

Keywords: Trilingual dictionary; Motorcyclist; Subject; Language.

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1. Introdução

Esse artigo toma entre os seus elementos de análise a Língua Brasileira de Sinais,

descrita no Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue – Língua de Sinais Brasileira

(Libras), objeto discursivo de saber que instrumentaliza a língua, pois cumpre a função de

instrumentalizar, descrever e registrar o funcionamento da língua. A Língua Brasileira de

Sinais (LIBRAS) passou a ser reconhecida como língua oficial do Brasil por meio do Decreto

lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002:

Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua

Brasileira de Sinais - LIBRAS e outros recursos de expressão a ela

associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais -

LIBRAS a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico

de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um

sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de

comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas

concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o

uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS como meio de

comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do

Brasil.

Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços

públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento

adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas

legais em vigor.

Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,

municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de

formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus

níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS,

como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs,

conforme legislação vigente.

Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS não poderá

substituir a modalidade escrita da língua portuguesa (BRASIL, 2002).

Considerando esses avanços com relação à disseminação da Língua Brasileira de

Sinais, este trabalho justifica-se por buscar compreender os efeitos de sentido instaurados

no/pelo dicionário para a língua, para o sujeito e para o próprio dicionário.

Segundo Orlandi (2002, p. 99), o dicionário é “[...] parte de nossa relação com a

língua, valorizando seu conhecimento histórico e não apenas em sua função normalizadora”,

pois de acordo com a posição discursiva que assumimos, o dicionário, entre outras funções,

produz discursos. Ainda conforme a autora, o dicionário constitui-se como “representação

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concreta da língua, onde encontramos indícios do modo como os sujeitos (seres histórico-

sociais, afetados pelo simbólico e pelo político sob o modo do funcionamento da ideologia)

produzem a linguagem”. Desta forma, é possível afirmar que quando buscamos um dicionário

para consultar uma palavra ou um sinal, não buscamos somente isso, buscamos uma série de

conhecimentos acumulados ao longo dos anos, por gerações de pessoas.

Para observar o funcionamento da língua no dicionário tomado como corpus,

selecionamos o verbete “motociclista”, pois ao estudar esse verbete nos deparamos com

questões relacionadas ao seu uso e significação considerando que o verbete motociclista, é

facilmente associado a integrantes de Moto Grupos, Moto Clubes, sujeitos inscritos em

formações discursivas que evocam a liberdade, espírito de equipe e consciência social,

buscaremos compreender quais são os sentidos de motociclista no dicionário tomado como

corpus.

2. Fundamentação teórica

A linguagem vem sendo estudada desde muitos anos, pois é dela que se torna possível

a comunicação humana. Para esse trabalho nos embasamos na Análise de Discurso (doravante

AD) que, como o próprio nome diz, visa compreender o discurso, este que, segundo Pêcheux

(1993, p.82), define-se como um efeito de sentido entre locutores que ocupam determinados

lugares dentro de uma formação social.

Movimento dos sentidos, errância dos sujeitos, lugares provisórios de

conjunção e dispersão, de unidade e de diversidade, de indistinção, de

incerteza, de trajetos, de ancoragem de vestígios: isto é discurso, isto é o

ritual da palavra. Mesmo os das que não se dizem. De um lado é na

movência, na provisoriedade, que os sujeitos e os sentidos se estabelecem,

de outro, eles se estabilizam, se cristalizam, permanecem. Paralelamente, se,

de um lado, há imprevisibilidade na relação do sujeito com o sentido, da

linguagem com o mundo, toda formação social, no entanto, tem formas de

controle de interpretação, que são historicamente determinadas: há modos de

se interpretar, não é todo mundo que pode interpretar de acordo com sua

vontade, há especialistas, há um corpo social a quem se delegam poderes de

interpretar (logo de “atribuir” sentidos), tais como o juiz, o professor, o

advogado, o padre, etc. (ORLANDI, 2015, p. 8).

A noção de discurso não se limita apenas às transmissões de informações, onde

primeiro uma fala, emite uma mensagem que passa por um canal de transmissão até chegar ao

outro onde ele decodificará a mensagem, esse processo está sendo realizado tudo ao mesmo

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tempo, visto que, a relação destes sujeitos é afetada pela língua e pela história, a qual teremos

um complexo processo de construção de sentidos e não meramente transmissão de

informação. Contudo, não se deve confundir a língua e fala, como observado por Saussure,

que se mantém como um sistema de sua natureza social, sendo o discurso como a fala,

portanto, uma ocorrência casual. Para a AD, o discurso é visto como um ato liberal,

totalmente sem condicionantes da mesma forma que a língua não é vista fechada totalmente

em si, a língua é condição da produção do discurso.

As condições de produção consideram o sujeito falante e o contexto sócio histórico e

ideológico.

Podemos considerar as condições de produção em sentido estrito e temos as

circunstâncias da enunciação: é o contexto imediato. E se as considerarmos

em sentido amplo, as condições de produção incluem o contexto sócio

histórico, ideológico (ORLANDI, 2015, p. 28).

As condições de produção em sentido estrito dizem respeito ao contexto imediato de

enunciação e leva em conta os sujeitos e a situação. E em sentido amplo, considera-se o

contexto sócio histórico ideológico, dessa forma, a memória também faz parte das condições

de produção. Conforme Orlandi (2015), a memória para a AD é o já-dito que retorna no fio do

dizer, também chamada de interdiscurso e/ou memória discursiva. “O interdiscurso

disponibiliza dizeres que afetam o modo como o sujeito significa em uma situação discursiva

dada” (ORLANDI, 2015, p. 29), ou seja, o já-dito refere-se aos discursos já ditos por outros

sujeitos em outras condições de produção.

Em AD não se trabalha como em outros campos, que tomam a língua como sistema

fechado de signos voltando-se para si mesma, mas trabalha com a língua em funcionamento,

materializada em discursos que materializam a ideologia. De acordo com os pressupostos

discursivos, não há discurso sem sujeito nem sujeito sem ideologia: “o indivíduo é interpelado

em sujeito pela ideologia e é assim que a língua faz sentido” (ORLANDI, 2015, p. 25). Deste

modo compreende-se que a ideologia faz parte do processo da linguagem e dos sentidos.

A partir do lugar em que se tem a constituição da fala do sujeito temos a construção do

sentido, como na sociedade as relações estão vinculadas a questões de hierarquia e

organização, a AD vai funcionar da mesma forma, a fim de abordar o processo de produção

de sentidos e sua relação com a ideologia, Orlandi (2015) apresenta uma noção que considera

fundamental em AD – a de formação discursiva (FD).

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Consequentemente, podemos dizer que o sentido não existe em si, mas é

determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo, no processo

sócio-histórico em que as palavras são produzidas. As palavras mudam de

sentido segundo as posições daqueles que as empregam (ORLANDI, 2015,

p. 40).

Pela noção de formação discursiva é possível compreender o processo de produção

dos sentidos e a relação com a ideologia, é pela inscrição do sujeito em formações discursivas

(FD) que o dizer é regulado. A FD determina o que pode e deve ser dito. O discurso se

constitui não pelas palavras por elas mesmas, mas em virtude da formação discursiva em que

o sujeito se insere. As formações discursivas representam pelo discurso a formação ideológica

onde tudo o que dizemos parte de uma ideologia que não se encontra na essência das palavras,

mas no discurso, logo a ideologia produz sentidos pelos discursos postos em funcionamento

por sujeitos em determinadas condições de produção.

Podemos começar por dizer que a ideologia faz parte, ou melhor, é a

condição para a constituição do sujeito e dos sentidos. O indivíduo é

interpelado em sujeito pela ideologia para que se produza o dizer.

(ORLANDI, 2015, p. 44).

Para a AD as palavras não têm um sentido literal, seu sentido está relacionado com as

formações discursivas em que se inscrevem os sujeitos. Assim, as formações discursivas

representam no discurso as formações ideológicas, com isso o sentido se torna indissociável

da ideologia.

A questão do sentido é fundamental para a AD, pois a linguagem é linguagem porque

tem um sentido e esse é amarrado com a história. Conforme Orlandi (2015, p. 32),

[...] o dizer não é propriedade particular. As palavras não são só nossas. Elas

significam pela história e pela língua. [...] O sujeito diz, pensa que sabe o

que diz, mas não tem acesso ou controle sobre o modo pelo qual os sentidos

se constituem nele.

Alicerçados na AD buscamos compreender, a partir das condições de produção, entre

outros conceitos mobilizados, de que modo o texto prefacial produz sentidos para o

dicionário, para o sujeito e para a língua e suas relações.

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3. O dicionário como objeto discursivo

O dicionário e a gramática são instrumentos linguísticos e, considerados desse modo,

funcionam como registro linguísticos e lugar de “preservação da língua”. De acordo com

Auroux (1992), o aparecimento das gramáticas e dos dicionários, tomados por ele como

instrumentos linguísticos, “não deixa intactas as práticas linguísticas humanas” (AUROUX,

1992, p. 70), isto porque propõem um modo “adequado” para usar a língua e a linguagem,

promovendo, por isso, transformações e modificações ao estabelecer e fixar o “certo”.

Considerando o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira

(2008), corpus deste estudo, podemos afirmar que este, ao registrar a língua de sinais na

relação com a língua portuguesa e a inglesa, a instrumentaliza e a legitima.

De acordo com o Auroux (1992, p.69), o dicionário, como instrumento

linguístico, modifica a relação dos falantes com a língua, pois, ao descrever a língua também

a instrumentaliza, reduz as diferentes variantes, fixa e “dá acesso a um corpo de regras e de

formas que não figuram junto na competência de um mesmo locutor”. Segundo o autor,

[...] assim como as estradas, os canais, as estradas de ferro e os campos de

pouso modificaram nossas paisagens e nossos modos de transporte, a

gramatização modificou profundamente a ecologia da comunicação e o

estado de patrimônio linguístico da humanidade (AUROUX, 1992, p. 70).

Deste modo, podemos afirmar que o dicionário transforma o espaço e os sujeitos.

Assim, entendemos o dicionário não como material para consulta somente, pois este é, acima

de tudo, uma obra que produz uma organização da língua, sua história, transformações e

mudanças e, ao mesmo tempo, tem o efeito de uma norma.

Para analisar o dicionário tomado como corpus, nós o concebemos, a partir da

lexicografia discursiva, como lugar no qual funcionam discursos. Assim, mais do registrar

palavras, os dicionários representam a língua e os sujeitos, portanto, registram e significam a

história, a memória social.

Dessa posição, entendemos que os dicionários são organizados por sujeitos,

ideologicamente interpelados, inscritos em diferentes formações discursivas, por isso, apesar

das regularidades que os constituem, são diferentes. O sujeito que assume o lugar de

lexicógrafo, produz sentidos para as palavras a partir de sua inscrição em uma ou mais

formações discursivas e das condições de produção.

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É preciso considerar e reforçar o fato de que as palavras não são neutras, não é

possível domesticar a linguagem, pois ela depende de sujeitos plenos de sentidos que sofrem

influência direta sobre eles, sentidos capazes de promover de maneira significativa as

mudanças de significados de uma determinada palavra. Quando pensamos em dicionários é

necessário considerar o fato de que se trata de um lugar em que ocorre a ruptura de linguagem

com esses sujeitos, pois, segundo Orlandi (2015):

[...] as palavras não são neutras, que a linguagem não é facilmente domesticável e de

que, além de não termos controle sobre os sentidos, eles nos afetam e se representam

de muitas maneiras, sendo a dicionarização um lugar importante em que isso se dá.

Ou seja, lugar em que a trama da linguagem se impõe aos sujeitos de uma língua

nacional, sempre afetados pela dispersão real e pela unidade imaginária, tanto do

sujeito e da língua como do Estado (ORLANDI, 2015, p. 111).

O dicionário, pensado desta forma, coloca em suspenso o imaginário social que se

construiu sobre esse instrumento como lugar inquestionável do saber. A infalibilidade do

dicionário é uma ilusão provocada pela língua tomada como transparente. No entanto,

sabemos que a língua não é transparente, não é neutra, não é completa, é falha, incompleta e

passível de deslizes.

4. As condições de produção do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua

de Sinais Brasileira e seus efeitos de sentido

O Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira (2008)

é, da posição que assumimos, um instrumento linguístico, haja vista o registro da língua de

sinais brasileira. Ele “fixa” o certo e dirime as variações, ao estabelecer sentidos para os sinais

e sua relação com as palavras da língua portuguesa e da língua inglesa. Porém, neste registro,

ele produz diferentes efeitos de sentido para a língua, para os sujeitos e para a história,

portanto, um objeto discursivo.

De acordo com o texto prefacial, os sujeitos autores, Fernando Cesar Capovilla e

Walkiria Duarte Raphael, neste caso, sujeitos dicionaristas, inscrevem-se no discurso a partir

do lugar de psicólogos, não linguistas, portanto, tratam de questões linguísticas no interior de

um lugar bastante singular do saber, voltado para a aprendizagem.

A produção deste dicionário, primeiro do tipo, resultou de um trabalho que durou

cinco anos de pesquisas intensivas no instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo,

conduzidas com vários informantes e professores surdos da Federação Nacional de Educação

e Integração de Surdos (FENEIS). Portanto, reuniu em sua produção diferentes sujeitos: os

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que assumem a posição de autores e os que legitimam a produção, pelo conhecimento e

domínio da língua de sinais brasileira. Depois deste longo e delicado estudo, por mais um ano

o corpo de milhares de sinais passou pelo escrutínio de revisores surdos, com reuniões

semanais na Coordenação Nacional de Cursos de Libras da Feneis e, somente após inúmeros

aperfeiçoamentos no Laboratório do Instituto foi plenamente aprovado.

Conforme texto do prefácio: “Este dicionário vem com o intuito de resgatar a

cidadania do Surdo Brasileiro e objetiva ser um instrumento para a concretização da Educação

Bilíngue no Brasil” (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2008, p. 29). Assim, o próprio dicionário se

significa como lugar de resgate de cidadania para o sujeito surdo e instrumento para a

concretização da educação bilíngue no Brasil, pois funciona como o lugar de descrição da

língua de sinais brasileira, pela primeira vez em circulação em um instrumento linguístico,

dando-lhe, portanto, legitimação.

O dicionário tomado como corpus de análise em nosso estudo é composto por três

capítulos introdutórios, de um corpo principal de sinais, de um dicionário Inglês e Português,

de um índice semântico, de um conteúdo semântico, de três capítulos em educação em surdez,

e de três em tecnologia em surdez.

O primeiro capítulo introdutório mostra como usar o dicionário. O segundo ilustra a

soletração digital de letras e números em libras, e outras formas de mãos usadas no dicionário.

O terceiro explica e ilustra como ler e escrever os sinais da Libras em SignWriting, sistema de

escrita visual direta de sinais, capaz de transcrever as propriedades sublexicais das línguas de

sinais, do mesmo modo como o alfabeto fonético é capaz de transcrever as propriedades

sublexicais das línguas faladas. Assim como o alfabeto fonético permite a descrição detalhada

dos fonemas de uma língua falada e um registro preciso das palavras que resultam de sua

combinação. O SignWriting permite uma descrição detalhada dos “quiremas” (mão), de uma

língua de sinais e um registro preciso dos sinais que resultam de sua combinação.

O corpo principal do dicionário contém os sinais correspondentes a 9.500 verbetes em

Inglês e Português, a ilustração do sinal permite à criança surda aprender o sinal prescindido

do Português, logo, o sujeito leitor específico do dicionário é o sujeito surdo. Os verbetes em

Português e Inglês permitem a indexação alfabética dos sinais e a “tradução” para o Português

e o Inglês. A classificação gramatical ajuda o surdo a aprender a gramática do português e a

entender o uso das palavras, já a definição lexical ajuda o surdo a aumentar seu vocabulário e

o seu conhecimento de mundo.

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O dicionário de Inglês e Português, com o registro de 9.500 verbetes na língua inglesa

e os seus correspondentes em português do Brasil, indexam os sinais de libras e permitem ao

sujeito surdo usar esses sinais na leitura do inglês e ao leitor do inglês localizar qualquer sinal,

mesmo desconhecendo o português. Essa relação entre as línguas abre o mundo da Língua

Brasileira de Sinais ao estudo linguístico internacional e abre o mundo da escrita em inglês ao

surdo brasileiro. Dessa forma, o dicionário se coloca como o lugar dessas relações.

O primeiro capítulo conta a história da educação em surdez, descreve as abordagens

educacionais e explica a evolução do oralismo, a comunicação total e desta ao bilinguismo. O

segundo explica como a escrita visual direta de sinais SignWriting pode levar ao bilinguismo

pleno. O terceiro explica os mecanismos de leituras em surdos e ouvintes e ajuda a

compreender paragrafias em que o sujeito surdo, assim como o ouvinte, podem ter

perturbações na linguagem a ponto de trocar as palavras, ou seja, escrever uma palavra por

outra e, paralexias Semânticas cometidas por sujeitos surdos ao lidar com o código alfabético

em virtude da dificuldade de leitura provocada pela troca de sílabas ou palavras que passam a

formar combinações sem sentido (conforme CAPOVILLA; RAPHAEL, 2008).

O Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue, possui quatro edições, sendo a

primeira edição em 2001, a segunda edição também em 2001, terceira edição em 2006 e a

terceira edição com a primeira reimpressão em 2008, o dicionário em questão é composto por

dois volumes sendo o primeiro volume contendo o índice alfabético indo do “A” ao “L” e o

segundo volume contendo o índice alfabético do “M” ao “Z”.

Este dicionário foi financiado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)

(2006), do governo federal, que tem como finalidade avaliar e distribuir, para as escolas de

ensino público, livros didáticos e dicionários como auxiliares no processo de ensino-

aprendizagem. Desta forma, podemos dizer, que este dicionário passou pelo crivo do estado e

foi aprovado para fazer parte do acervo de todas as escolas de ensino público no Brasil.

Quando se trata de dicionários pensamos inicialmente em sua função e,

consequentemente, nos sujeitos leitores, depois como esse sujeito recebe e utiliza a obra

lexicográfica que tem mãos. Deste modo buscamos refletir sobre as condições de produção

específicas da obra tomada como corpus de estudo.

O Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira, é

dividido em dois volumes, sendo que o primeiro contempla verbetes iniciados pela letra A até

L e o segundo começando da letra M até Z. A divisão em volumes é justificada pelo número

de verbetes repertoriados, 9.500 em seus dois volumes. A obra conta também com o

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SignWriting, uma modalidade de leitura visual que funciona pelas transcrições faciais para

que o sujeito surdo compreenda o verbete e possa colocá-lo em funcionamento.

O dicionário apresenta as imagens dos sinais para cada verbete e ensina como

reproduzi-lo, já as traduções e explicações dos verbetes são feitas em língua portuguesa, e na

língua inglesa podemos perceber somente a tradução da palavra, com essas relações entre as

línguas, o sujeito surdo amplia seus conhecimentos referente às línguas faladas que ajudam a

compor este dicionário.

Os exemplos de usos linguísticos de palavras e sinais aperfeiçoam

habilidades de gramáticas e semânticas, desenvolvendo o uso adequado das

palavras pelos surdos e dos sinais pelos ouvintes. A descrição da forma do

sinal (i.e., de suas composições quirêmicas) permite ao neófito articular

precisamente o sinal (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2008, p. 23).

Diante disso, o dicionário em análise serve de auxílio não só para o sujeito surdo,

como também para o sujeito ouvinte que o usa como ferramenta para compreender a língua de

sinais tornando possível o diálogo entre ouvintes e não ouvintes. Dessa forma, na relação

entre as línguas, observamos também a relação entre os sujeitos de uma e outra língua.

Na produção de discursos entre os sujeitos a língua é elemento necessário e

imprescindível, pois ela permite o movimento da palavra nessa relação. Dessa forma,

conhecer as especificidades da língua materna do sujeito surdo, é fator necessário para as

relações linguageiras e para a inclusão social do sujeito surdo na sociedade de forma efetiva.

Tratar dessas relações, linguísticas e sociais, rememora a história de violência sobre o sujeito

surdo na sociedade, que foi proibido de se comunicar através de sinais, pessoas surdas eram

vistas como pessoas incapazes de qualquer comunicação, além disso eram muitas vezes

espancadas por não saberem expressar suas falas, quando na realidade essas pessoas tinham

problemas auditivos que as impossibilitam de qualquer comunicação oral.

Não somos, nós ouvintes, os conquistadores que dominam e desvendam os

mistérios do sinal dos surdos, mas são eles, os surdos, que nos convidam

para o acolhimento de sua casa e nos concedem a revelação dos segredos

mais íntimos do seu sinal. Confiança e respeito são duas mãos de uma

mesma via, daquelas que permite ir e vir, e voltar sempre (CAPOVILLA;

RAPHAEL, 2008, p. 30).

Deste modo, ao analisarmos o dicionário percebemos as relações de língua quando nos

deparamos com dois sujeitos, sendo um deles ouvinte e outro surdo, no entanto, quando o

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sujeito ouvinte toma a Libras, de modo gestual, ele se apresentará como um dos

conquistadores que compreende exatamente as dificuldades do próximo, quando percebemos

que o funcionamento desta linguagem é descrito como “segredo”.

Retorna para o fio discursivo a memória de tempos passados, acerca da deficiência

auditiva e da violência em torno dos sujeitos surdos. Pelos desconhecimentos sobre a

deficiência auditiva os sujeitos surdos eram submetidos a testes psicológicos entre outros que

eram feitos, e quando chegavam à escola eram obrigados a falar, a oralizar, sem ter a mínima

noção de como formar uma sílaba, uma palavra, uma frase, e quando faziam gestos eram

punidos porque acreditava-se que o saber e a inteligência só poderiam funcionar pela

expressão do pensamento por meio da fala. Muitas foram as lutas da comunidade surda para

que a língua de sinais fosse reconhecida como forma de comunicação e interação social.

Dicionaristas tem uma nobre e espinhosa tarefa. Um desafio cuja nobreza e

cujos espinhos são tão maiores quão mais virgens o idioma cujo léxico se

propõe a documentar. A Libras jamais havia sido documentada

cientificamente no Brasil, devido ao extraordinário fôlego requerido e às

imagináveis complexidades envolvida. (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2008, p.

31)

Documentar uma língua não é uma tarefa fácil, pois exige do dicionarista tempo de

pesquisa, além de muita dedicação e envolvimento, porém quando se começa do zero, como é

o caso da libras, torna-se mais difícil ainda, pois o envolvimento das pessoas que fazem parte

é muito maior, pois além dos pesquisadores e cientistas elaborarem todos os projetos de como

será feito o dicionário é também passado por pessoas que falam a língua de sinais para

auxiliarem quanto aos significados dos verbetes que estão sendo classificados para compor o

corpo do dicionário, além disso a Língua de Sinais ocorre numa dimensão visual

quiroarticulatória, onde os movimentos feitos pelas mãos dentro de uma dimensão frontal, no

entanto, tornam-se mais preciso para que não haja dúvidas quanto aos significados dos demais

verbetes.

O Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira, está

organizado em dois volumes, como dito anteriormente. Nos primeiros capítulos introdutórios

são apresentados ao sujeito leitor os modos de leitura da obra, instrumentalizando-o para o

uso do dicionário. Inicialmente o dicionário é apresentado ao leitor quanto as informações

contidas, logo em seguida é apresentada a soletração digital do alfabeto, contendo letras e

números em libras acompanhados de ilustrações, recurso que facilita a compreensão do

verbete pelo sujeito surdo e pelo sujeito ouvinte. Por último, apresentam-se os modos de ler e

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escrever os sinais quando se refere ao SignWriting, uma forma rica em melhores

aperfeiçoamentos e desenvolvimento do conhecimento internalizado na mente do sujeito

surdo, viabilizando assim uma técnica de inovação no ramo da linguagem utilizadas por

sujeitos falantes da língua de sinais.

Os quirêmas são muito utilizados neste dicionário, pois representam a língua de sinais,

além disso servem de auxílio para memorizar melhor o sinal e a forma correta de reproduzi-

lo. Os quirêmas sempre acompanham o SignWriting, pois ele transcreve os movimento e

articulações para usar adequadamente a palavra. Desta forma, as ilustrações, os quiremas, o

SignWriting, o correspondente da palavra definida em língua inglesa, informações gramaticais

e exemplos de uso fazem parte da definição das palavras neste dicionário, conforme

observaremos na sequência, ao analisarmos o verbete moto.

(CAPOVILLA; RAPHAEL, 2008, p. 923)

A definição do verbete moto é antecedido pelo visual, pela imagem correspondente à

palavra definida, depois pela forma adequada do sinal e a tradução em SignWrinting. Antes da

definição da palavra-entrada moto, é apresentado o seu correspondente em inglês. Junto à

palavra-entrada são apresentados e definidos os verbetes motocicleta e motociclista, também

acompanhados em sua forma na língua inglesa. Depois dessas informações é que essas

palavras serão definidas.

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Na definição da palavra-entrada, primeiramente é informado sobre a categoria

gramatical à qual pertence. Moto: substantivo feminino – abreviatura de motocicleta. Neste

caso, define-se a palavra e não o objeto. No exemplo, porém, moto é objeto: Minha moto

quebrou.

Sendo a palavra definida como abreviatura de motocicleta a palavra motocicleta é

definida na mesma entrada, não tendo, como nos dicionários monolíngues de línguas

nacionais uma entrada específica para essa palavra. Motocicleta, substantivo feminino, é

definida como “veículo de duas rodas dotado de motos de explosão”, neste caso o objeto é

definido. Motocicleta é um veículo de duas rodas movido à motor. No exemplo: “Quem dirige

motocicleta deve sempre usar capacete para proteger-se de perigosas lesões na cabeça”,

produz-se para a motocicleta o sentido de um veículo perigoso, que exige equipamentos de

segurança. O exemplo chama a atenção do sujeito leitor para o uso dos equipamentos

necessários para dirigir esse tipo de veículo. Esse exemplo traz para o fio do dizer as leis de

trânsito, que tornam obrigatório o uso do capacete, além disso, produzem o efeito de

conscientização.

A palavra motociclista também é definida na mesma entrada. Motociclista, substantivo

masculino e feminino, designa o “condutor (condutora) de motocicleta, conhecido

popularmente como ‘motoqueiro’ (ou ‘motoqueira’)”. A palavra motociclista refere-se ao

sujeito (masculino e feminino) que conduz a motocicleta. No exemplo, o sujeito masculino é

apresentado como o condutor “Ele compete como motociclista há três anos no circuito de

Londrina”. Quanto ao uso popular apresentado para a palavra motociclista, apresentada como

sinônimo de motoqueiro, oculta-se um sentido pejorativo, pois o sujeito motoqueiro é

significado pelos grupos de moto-clubes ou moto-grupos, que se identificam como

motociclistas, como o sujeito baderneiro, que não respeita as leis de trânsito.

5. Considerações finais

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise discursiva do

Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira, elaborado por

professores e pesquisadores da psicologia com o auxílio de professores surdos para que

melhor fosse desenvolvido e sua utilização viesse a ser de fácil acesso, visto que a língua de

sinais brasileira foi recentemente aceita nas escolas de todo o país através da lei 10.436/02,

que diz que a Libras não poderá ser substituída pela modalidade escrita da língua portuguesa.

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Este dicionário vem com o intuito de auxiliar o professor ouvinte, bem como também

deixar este material acessível nas bibliotecas escolares. Depois de muitos anos de pesquisa e

envolvimento, o presente dicionário foi financiado por um programa do governo federal e

disponibilizado para todas as escolas públicas estaduais do Brasil. O acesso aos dicionários

nas escolas facilitou muito o aprendizado do sujeito surdo no âmbito escolar, até mesmo pela

proximidade que o dicionário traz ao mostrar a imagem, seguida de um movimento, com o

auxílio do SignWriting, que tornou mais fácil a compreensão de determinado verbete.

A análise do verbete “moto”, nos possibilitou compreender a forma de organização e o

modo como a definição é apresentada ao sujeito-surdo. Percebemos que na relação entre as

línguas, a língua inglesa é a tradução da língua portuguesa, apresentada como entrada dos

verbetes e definição. A língua brasileira de sinais é apresentada de dois modos: os quiremas e

o SignWriting, dando visibilidade às características específicas da língua de sinais para os

sujeitos surdos e ouvintes.

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Referências

AUROUX, Sylvian. A revolução tecnológica da gramatização. Trad. Eni P. Orlandi.

Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1992.

BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais e

dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 25 de abril de 2002. BRASIL. Lei nº

10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais e dá outras

providências. Diário Oficial da União, Brasília, 25 de abril de 2002.

CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da

Língua Brasileira de Sinais. Volume I: Sinais de A a L e volume II: Sinais de M a Z. 1 ed.

São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo (EDUSP), 2008.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes,

2015.

ORLANDI, Eni P. Lexicografia Discursiva. In: ORLANDI, E. Língua e conhecimento

linguístico: para uma história das ideias no Brasil. 101-119. São Paulo: Cortez, 2002, 101-

119.