anÁlise de nanocatalisadores de Óxido de nÍquel para

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA SUZANA MAYUMI MATSUMURA MEIRA ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA APLICAÇÃO EM BATERIAS DE Li-O2 LORENA 2018

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Page 1: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

SUZANA MAYUMI MATSUMURA MEIRA

ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA APLICAÇÃO EM BATERIAS DE Li-O2

LORENA

2018

Page 2: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

SUZANA MAYUMI MATSUMURA MEIRA

ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA APLICAÇÃO EM BATERIAS DE Li-O2

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo como requisito parcial para conclusão da graduação em Engenharia Química

Orientadora: Profª. Drª. Liana Alvares Rodrigues

LORENA

2018

Page 3: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Meira, Suzana Mayumi Matsumura Análise de nanocatalisadoes de óxido de níquel paraaplicação em baterias de Li-O2 / Suzana MayumiMatsumura Meira; orientadora Liana AlvaresRodrigues. - Lorena, 2018. 46 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2018Orientadora: Liana Alvares Rodrigues

1. Catalisadores. 2. Nanocatalisadores. 3.Eletrocatalisadores. 4. óxido de níquel. 5. Bateria delítio-ar. I. Título. II. Rodrigues, Liana Alvares,orient.

Page 4: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

Dedico este trabalho à minha mãe, com amor e gratidão pelo imensurável apoio e carinho ao longo de toda a minha jornada.

Page 5: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha família pelo apoio incondicional, amor,

conselhos e incentivos durante toda a minha trajetória.

Ao meu mestre da vida, Dr. Daisaku Ikeda, pelos anos de direcionamentos e

encorajamentos para que eu realizasse meus grandes sonhos e me tornasse uma pessoa

melhor.

Á Dra. Eranda Nikolla pela oportunidade de realizar a pesquisa em seu

laboratório, como também pelos ensinamentos e estímulos enriquecedores.

Ao grande amigo, Dr. Ayad Nacy que me acompanhou desde o início deste

trabalho, me transmitiu todo conhecimento que pôde quanto a experimentos,

catalisadores, baterias de Li-ar e caracterizações.

Á minha orientadora, Professora Dra. Liana Alvares Rodrigues pela paciência e

disposição durante a elaboração desse trabalho.

Ao Professor Dr. Marco Antônio Carvalho Pereira por ter sido meu mentor,

proporcionado grandes oportunidades e ter me ajudado no primeiro ano da faculdade

com o domínio de habilidades que foram usadas nesse trabalho.

Agradeço também a todos os funcionários e professores da Escola de

Engenharia de Lorena.

Aos amigos Carlos, Jorge e Juliana e Talita, pelo apoio e atenção nas dúvidas

referentes a monografia e pela amizade de tantos anos.

As minhas amigas de república, Susane, Josiane, Letícia, Juliana, Vânia, Camila

e Marina pelos conselhos, carinho e inesquecíveis momentos que passamos juntas.

Aos meus colegas de turma pelo trabalho em equipe e parceria durante a

graduação.

Enfim, obrigada a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a

conclusão dessa fase, bem como para meu desenvolvimento profissional e pessoal.

Page 6: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

RESUMO

MEIRA, S.M.M. Análise de nanocatalisadores de óxido de níquel para aplicação em baterias de Li-O2. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2018.46f

Baterias de Lítio-Ar (Li-O2) tem atraído a atenção mundial pela possibilidade de

aplicação em veículos elétricos. Esse sistema apresenta alta capacidade específica

teórica (3.86 Ah / g) e energia específica (~ 11.140 Wh / kg) a baixo custo, o que torna a

performance próxima a da gasolina. Elas são compostas de anodo de metal Li, um

eletrólito aprótico e um catodo de oxigênio poroso. Embora seja uma boa opção usar o

carbono mesoporoso como catodo, ele é incapaz de catalisar a reação de redução de

oxigênio (Li2O2 → O2 + 2Li+ + 2e-), o que causa perdas potenciais. Para superar essas

perdas, os eletrocatalisadores podem ser incorporados na matriz do catodo. Relatos

recentes mostraram que os sistemas de óxidos de metais não preciosos, também podem

diminuir o potencial celular durante o carregamento. Óxidos de níquel, em especial,

apresentaram-se como excelentes condutores de íons e elétrons. O foco desse trabalho

foi avaliar a viabilidade da aplicação dos óxidos La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4, PrNdNiO4 e

Nd2NiO4, em escala nano, a catodos de carbono e analisar sua atividade catalítica. Para

isso, foram analisados dados da caracterização dos produtos quanto a estrutura,

morfologia e dados de testes eletroquímicos. Concluiu-se que todos eles apresentaram

a diminuição das perdas potenciais durante carga e descarga da bateria, sendo La2NiO4

o melhor eletrocatalisador, seguido decrescentemente por LaPrNiO4, Pr2NiO4, PrNdNiO4

e Nd2NiO4.

Palavras chave: catalisadores, nanocatalisadores, eletrocatalisadores, óxido de

níquel, bateria de Li-O2, bateria de Litio-ar.

Page 7: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

ABSTRACT

MEIRA, S.M.M. Analysis of nanosized nickelate oxides for application on Li-O2 batteries. Monograph (completion of course work in Chemical Engineering) – School of Engineering of Lorena, University of São Paulo, Lorena, 2018.46p.

Lithium-Air (Li-O2) batteries have attracted worldwide attention as a possible

application on electric vehicles propulsion. This system presents high theoretical specific

capacity (3.86 Ah/g) and specific energy (~ 11,140 Wh/kg) at low cost, which it renders a

performance close to the one of gasoline. They are composed of Li metal anode, an

aprotic electrolyte and a porous oxygen cathode. A good option to use mesoporous

carbon as cathode, nevertheless, it is unable to catalyze the oxygen reduction reaction

(OER, i.e., Li2O2 → O2 + 2Li+ + 2e-) efficiently, which causes high overpotential losses. In

order to overcome these losses, electrocatalysts may be incorporated in the cathode

matrix. Recent reports have shown that non-precious metal oxide systems can also lower

the cell potential during charging. Nickelate oxides in special exhibit electronically and

excellent ion conductivity. The purpose of this research was to explore the application

viability of the nonprecious metal oxides La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4, PrNdNiO4 and

Nd2NiO4 incorporated on carbon cathodes and to investigate their electrocatalytic activity

using structural and morphological characterization, followed by electrochemical

techniques. The results demonstrated that all of them have decreased the overpotential

during charge and discharge and that La2NiO4 is the best electrocatalyst, followed by the

decreasing sequence LaPrNiO4, Pr2NiO4, PrNdNiO4 e Nd2NiO4.

Key words: catalysts, nanocatalysts, electrocatalysts, nickel oxide, Li-O2 battery,

Lithium-air battery.

Page 8: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................... 12

1.2. OBJETIVOS ............................................................................................ 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 14

2.1. Visão Geral .............................................................................................. 14

2.2. Baterias ................................................................................................... 16

2.2.1. Baterias de Lítio-ar ............................................................................... 19

2.3. Catalisadores em catodos de ar .............................................................. 22

3. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 26

3.1. Materiais ................................................................................................. 26

3.2. Métodos ................................................................................................... 27

3.2.1. Síntese dos catalisadores .................................................................... 27

3.2.2. Fabricação dos catodos ....................................................................... 28

3.2.4.1. Análise DRX ....................................................................................... 30

3.2.4.2. Análise MEV e EDXS ......................................................................... 30

3.2.4.3. Análise Termogravimétrica ................................................................. 30

3.2.5. Testes eletroquímicos .......................................................................... 31

3.2.5.1. Completa Carga-descarga Galvanoestática ....................................... 31

3.2.5.2. Voltametria cíclica .............................................................................. 31

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 31

4.1. Caracterização dos catalisadores ............................................................... 31

4.1.1. Análise DRX ............................................................................................ 32

4.1.2. Análise MEV ............................................................................................ 33

Page 9: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

4.1.3. Análise EDXS .......................................................................................... 34

4.2. Caracterização dos catodos – Análise termogravimétrica ....................... 34

4.3. Caracterização Eletroquímica ................................................................. 35

4.3.1. Teste de Completa Carga-Descarga .................................................... 36

4.3.2. Testes de Voltametria Cíclica ............................................................... 37

5. CONCLUSÃO ............................................................................................. 42

5.1. Trabalhos futuros ........................................................................................ 42

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 44

Page 10: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - EDXS para LNO, PNO, LPNO, PNO, PNNO e NNO. ...................... 34

Page 11: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Consumo de Energia Mundial ....................................................................... 15

Figura 2 - Gráfico comparativo da densidade da energia específica entre diversas

baterias e gasolina ......................................................................................................... 18

Figura 3- Configuração esquemática da bateria de lítio-ar ............................................ 20

Figura 4 - Catodo de carbono de CuFe através do microscópio óptico ......................... 22

Figura 5 - Perfis de carga/descarga na célula de Li-O2 comparando Carbono e Au/Pt/C

....................................................................................................................................... 23

Figura 6 - A estrutura do LNO ....................................................................................... 25

Figura 7 – Modelo esquemático da síntese de microemulsão inversa .......................... 28

Figura 8 - Montagem da bateria .................................................................................... 29

Figura 9 – Difratômetria do La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4 PrNdNiO4 e Nd2NiO4 ............. 32

Figura 10 – Microscopia de Varredura Eletrônica dos catalisadores sintetizados. ........ 33

Figura 11 - Análise termogravimétrica da porcentagem de perda em massa de amostras

com carbono e 40% de catalisador (La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4 PrNdNiO4 e Nd2NiO4)

....................................................................................................................................... 35

Figura 12 - Perfis de descarga-carga de baterias de LiO2 compostas por carbono apenas

e 40% de eletrocatalisadores (La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4 PrNdNiO4 e Nd2NiO4) ....... 36

Figura 13 - Escaneamento de voltametria cíclica catódica de catodos de carbono e

LnNiO4/carbono usando taxa de escaneamenteo de 0,1 mV/s ...................................... 38

Figura 14 - Os picos correspondentes dos escaneamentos catódicos em função da

composição do óxido. A linha pontilhada representa o potencial teórico para RRO

(formação de Li2O2) ........................................................................................................ 39

Figura 15 - Escaneamento de voltametria cíclica anódica de catodos carbono e

Ln2NiO4/carbono usando a taxa de escaneamento de 0,1 mV/s .................................... 40

Figura 16 - Os picos correspondentes dos escaneamentos anódicos em função da

composição do óxido. A linha pontilhada representa o potencial teórico para ROO

(decomposição de Li2O2) ................................................................................................ 41

Page 12: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DRX Difratômetria de Raios X

EDXS Espectroscopia por Energia Dispersiva de Raios X

LNO La2NiO4

LPNO LaPrNiO4

NNO Nd2NiO4

OMS Organização Mundial da Saúde

PNNO PrNdNiO4

PNO Pr2NiO4

ROO Reação de Oxidação do Oxigênio

RRO Reação de Redução do Oxigênio

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

OCV Circuito de Potencial Aberto

TGA Análise Termogravimétrica

Page 13: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

12

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A sociedade está sempre em busca de novas tecnologias para promover mais

qualidade de vida, seja em relação ao conforto, meio ambiente, praticidade ou velocidade

para realizar tarefas. Com o desenvolvimento de novas tecnologias tornou-se necessário

uma contínua melhoria das fontes de energia para satisfazer as necessidades humanas.

Combustíveis fósseis representam cerca de 80% do total de fontes de energia do planeta,

no entanto, além de serem não renováveis, são responsáveis por uma enorme

quantidade de emissões de dióxido de carbono na atmosfera (ENERDATA, 2017). Como

o petróleo é principalmente usado em automóveis, o advento de carros elétricos é uma

alternativa promissora que vem diminuindo a dependência de combustíveis fósseis.

Contudo, um obstáculo para o desenvolvimento de carros elétricos é a capacidade

de armazenagem das baterias existentes. Baterias de metal-ar surgiram como fontes

potenciais de energia leves e de alta performance. Contudo, como oxigênio é um

reagente catódico ilimitado, a capacidade da bateria fica limitada pelo peso do anodo de

metal (ABRAHAM; JIANG, 1996). No ano de 1970, foi proposto pela primeira vez o uso

de baterias de lítio-ar em automóveis, que apresenta a mais alta capacidade específica

teórica (3,86 Ah/g) e energia específica (~11.140 Wh/kg) por um baixo custo, o qual

representa uma performance próxima à da gasolina (GIRISHKUMAR et al., 2010).

Baterias não aquosas de Li-O2 são as mais comumente empregadas em pesquisas

porque são mais estáveis e permitem a reação reversível para formar Li2O2 (READ et al.,

2003). Elas são compostas por um anodo metálico de lítio, um eletrólito aprótico e um

catodo de oxigênio. O catodo deve possuir alta porosidade para armazenar o produto da

reação (Li2O2), ser bom condutor elétrico, além de ter baixo custo e ser leve. Dessa forma,

uma boa opção é a utilização de carbono mesoporoso (BLACK; ADAMS; NAZAR, 2012).

Todavia, catodos de carbono não são capazes de catalisar a reação de redução do

oxigênio (Li2O2 → O2 + 2Li+ + 2e-) eficientemente, o que causa altas perdas de potencial.

Page 14: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

13

Para superar essas perdas, eletrocatalisadores podem ser incorporados à matriz de

carbono.

A utilização de metais preciosos (Au, Pt e Pd, por exemplo) como

eletrocatalisadores tem mostrado grande melhoria na performance dessas baterias (LU

et al., 2010). No entanto, devido a seu alto preço e escassez, a comercialização se torna

um obstáculo, estimulando, assim, a busca por alternativas economicamente viáveis e

abundantes como perovisquitas, holanditas e óxidos de níquel, os quais são metais não

preciosos e podem diminuir o potencial da célula durante a carga.

Dessa forma, esse trabalho visa avaliar a performance de eletrocatalisadores

alternativos, baseados em óxidos de níquel, a fim de aplica-los em baterias de Li-O2.

1.2. OBJETIVOS

Tendo em vista o elevado custo e escassez de metais nobres e,

consequentemente, a inviabilidade da ampla utilização em baterias de Li-ar, o foco desse

trabalho foi avaliar a viabilidade da aplicação dos óxidos de metais não preciosos

La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4, PrNdNiO4 e Nd2NiO4 em catodos de carbono, analisando

sua atividade eletrocatalítica. Para isso, serão analisados dados da caracterização dos

produtos quanto a estrutura, morfologia e dados de testes eletroquímicos, para

verificação da performance.

Page 15: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Visão Geral

A busca por fontes de energia renováveis tem sido impulsionada pelos notórios

efeitos negativos que alta emissão de CO2 proporciona, como as mudanças climáticas e

poluição do meio ambiente, bem como pela grande dependência dos combustíveis

fósseis, uma vez que se trata de um recurso finito.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3 milhões de mortes

por ano estão relacionadas a exposição a poluição do ar externa e a poluição em

ambientes fechados. Em 2012 uma estimativa de 6,5 milhões de mortes - 11,6% das

mortes no mundo - foram associadas a poluição do ar em ambientes externos e fechados.

Os fatores que mais contribuem para a má qualidade do ar são meios de transportes

ineficientes, combustível doméstico e queima de resíduos, usinas de energia movidas a

carvão e as atividades industriais (OMS, 2016).

Apesar do crescimento mundial de 14,1% na produção de energia renovável em

2016, o petróleo continua sendo a fonte mais utilizada (BP, 2017). Como mostrado na

Figura 1, o consumo de energia mundial provém principalmente dos materiais com maior

emissão de CO2.

Hodiernamente, o petróleo representa 32% das fontes primárias de energia no

mundo e é responsável por 34% das emissões de CO2 na atmosfera (ENERDATA, 2016).

Como a maior parte do petróleo é utilizada no setor de transportes, a transição para o

uso de veículos elétricos se torna muito importante do ponto de vista sustentável (DAVID;

MACKAY, 2009; GIRISHKUMAR et al., 2010).

Page 16: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

15

Figura 1 - Consumo de Energia Mundial

Fonte: Enerdata, 2017.

As candidatas primárias para substituição dos combustíveis fósseis são

fontes hidroelétricas, nucleares e renováveis. Hidroelétricas são fontes de energia limpa,

porém dependem de recursos que não estão disponíveis em todos os países. A energia

nuclear tem a desvantagem de gerar resíduo radioativo que deve ser armazenado por

milhares de anos, suscetível a segurança local e podendo causar desastres. Fontes de

energia renováveis como sol, ventos e ondas, apesar de intermitentes, tem grande

potencial para substituir combustíveis fósseis e seriam beneficiadas por potentes

unidades de armazenamento, como baterias de alta energia, para balancear

adequadamente essa variação na geração e consumo da energia (THACKERAY;

WOLVERTON; ISAACS, 2012).

O armazenamento de energia elétrica em baterias é útil tanto para fontes de

reserva de energia, como também no setor de transportes, defesa, aeroespacial e

aparelhos portáteis (como celulares e laptops), implantes médicos (como marca-passos

e desfibriladores), ferramentas elétricas e brinquedos (THACKERAY; WOLVERTON;

ISAACS, 2012).

Biomassa11%

Gás21%

Carvão27%

Petróleo32%

Eletricidade -renovável

2%

Eletricidade -não renovável

7%

Consumo de Energia Mundial

Page 17: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

16

O uso de baterias em veículos elétricos tem se tornado o foco das indústrias

automobilísticas, pois eles não possuem mecanismo de combustão interna e, como

resultado, não emitem gases poluentes. Além disso, quando comparado com outros tipos

de veículos elétricos, como híbridos, plug-in híbridos e de alcance estendido, os veículos

elétricos a bateria são os que apresentam maior capacidade e o maior alcance puramente

elétrico durante a condução. (LI et al., 2017).

2.2. Baterias

Baterias são dispositivos que convertem energia química contida em seus

materiais ativos em energia elétrica por meio de uma reação eletroquímica de oxidação-

redução. Nela os elétrons são transferidos de um material a outro através de um circuito

elétrico. No caso de sistemas recarregáveis, a bateria é recarregada pelo processo

inverso. Assim, diferente dos mecanismos de combustão ou calor, as limitações do ciclo

de Carnot, conforme a segunda lei da termodinâmica, não se aplicam nas baterias, visto

que elas convertem energia química em elétrica. Dessa forma, elas são capazes de

apresentar maior eficiência na conversão de energia (COLLINS, 1986).

Uma bateria é composta por uma ou mais células, que são a unidade

eletroquímica básica, podendo estar conectadas em série, paralelo ou ambas,

dependendo da voltagem e capacidade de saída desejada. Os principais componentes

da célula são (COLLINS, 1986):

Anodo (eletrodo negativo) – redutor – fornece elétrons para o circuito externo e é

oxidado durante a reação eletroquímica.

Catodo (eletrodo positivo) – oxidante – recebe elétrons do circuito externo e é

reduzido durante a reação eletroquímica.

A primeira célula (ou pilha) foi inventada em 1800 por Alessandro Volta e, desde

então, diversas baterias eletroquímicas foram propostas, como de chumbo-ácido, níquel-

cádmio, hidreto de níquel-metal, lítio-íon e lítio-metal (CHENG et al., 2017). Até o

Page 18: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

17

momento, a candidata mais promissora no segmento é a bateria de lítio-íon (CAIRNS;

ALBERTUS, 2010; TAN et al., 2017; WAGNER; LAKSHMANAN; MATHIAS, 2010; YANG

et al., 2011). Ela demonstrou densidade energética razoável (valor teórico: ~400 Wh/kg),

que é muito maior que as baterias convencionais de chumbo-ácido (30-40 Wh/kg) e

níquel-cádmio (40-60 Wh/kg). Como consequência, elas já têm sido utilizadas como fonte

de energia em veículos elétricos, que podem percorrer até 400 km por carga (YOON;

JUNG; KIM, 2016). Apesar do grande progresso, a densidade da energia específica

dessas baterias ainda é muito inferior à dos motores a gasolina (WAKIHARA, 2001). Por

esse motivo, a exploração por novas tecnologias de armazenamento para veículos

elétricos continua um grande desafio (TAN et al., 2017).

Além da densidade energética teórica, deve-se considerar o valor prático,

correspondente ao real. A gasolina, por exemplo, apresenta densidade energética teórica

de 13.000 Wh/kg, todavia, a média de eficiência do tanque às rodas é apenas de 12,6%.

Portanto, a densidade energética útil é de apenas 1.700 Wh/kg, como é mostrado na

Figura 2, onde as barras azuis indicam o valor prático e as laranjas representam o valor

teórico (GIRISHKUMAR et al., 2010).

Ainda de acordo com Girishkumar (2010), a eficiência dos sistemas elétricos de

propulsão (da bateria às rodas) é de cerca de 90%, sendo assim, para que a bateria de

Li-íon se equipare à gasolina em termos de propulsão precisaria de uma melhoria de 7

vezes da densidade energética, que no momento é de cerca de 240 Wh/kg. Contudo,

devido aos aspectos químicos não é esperado que baterias como a de Li-íon um dia se

aproxime do objetivo de 1.700 Wh/kg. (CHENG et al., 2017; GIRISHKUMAR et al., 2010)

Page 19: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

18

Figura 2 - Gráfico comparativo da densidade da energia específica entre diversas baterias e

gasolina

Fonte: (GIRISHKUMAR et al., 2010)

Visando alcançar densidades energéticas mais elevadas, as baterias de metal-

ar tem atraído bastante atenção, principalmente as de lítio-ar, alumínio-ar e zinco-ar

(CHEN et al., 2017). Na teoria, como a densidade energética só depende do eletrodo de

metal nesse tipo de bateria, ela pode ser aumentada significativamente. Dentre as

baterias citadas, a bateria de lítio-ar é a que mais se destaca, visto que o lítio é o metal

mais leve entre eles. Consequentemente, ela apresenta a maior capacidade teórica (3862

Ah/kg), que corresponde a uma densidade energética teórica de 11.680 Wh/kg, que não

é tão distante a da gasolina. (TAN et al., 2013).

Embora a densidade energética prática das baterias de lítio-ar sejam muito

menores, o valor de 1.700 Wh/kg para a bateria completamente carregada corresponde

apenas a 14,5% da energia teórica contida no lítio. Isso significa esta densidade

energética tem grande potencial de aumento, no nível da célula, por meio de um intenso

trabalho a longo prazo (GIRISHKUMAR et al., 2010). Sendo assim, as baterias de lítio-

Page 20: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

19

ar são realmente interessantes, pois são as que tem performance mais próxima a

gasolina, podendo substituir esse tipo de combustível no futuro.

2.2.1. Baterias de Lítio-ar

Em 1966 Abraham e Jiang demonstraram pela primeira vez um protótipo de uma

bateria recarregável de lítio-ar (ABRAHAM; JIANG, 1996). A química fundamental dessas

baterias envolve (i) a dissolução do lítio e deposição no eletrodo de lítio (anodo) e (ii) a

reação de redução do oxigênio (RRO) e a reação de oxidação do oxigênio (ROO) no

eletrodo de ar (catodo) (TAN et al., 2017).

Já com relação ao eletrólito a ser usado, quatro tipos foram propostos e

desenvolvidos para baterias de lítio-ar: não-aquoso, aquoso, hibrido (não-

aquoso/aquoso) e estado sólido.

Baterias de lítio-ar não-aquosas e apróticas são atualmente as mais atrativas

entre os sistemas citados, uma vez que elas eliminam a necessidade de reagentes ativos,

possuem estrutura relativamente simples e são as mais efetivas (KUBOKI et al., 2005;

READ et al., 2003). Elas normalmente são compostas por um catodo poroso de ar e pelo

eletrodo metálico de lítio em um solvente aprótico, como mostra a Figura 3

(GIRISHKUMAR et al., 2010).

Durante a descarga, o anodo metálico de lítio oxida para Li+ e os elétrons fluem

por um circuito externo, enquanto o Li+ é transmitido para o catodo pelo gradiente de

potencial eletroquímico. O2 da atmosfera é reduzido no catodo poroso, formando então

Li2O2 e, em menor quantidade Li2O. Nesse sistema, os reagentes não precisam mais

serem carregados e a fonte de O2 é, a princípio, infinita (CAPSONI et al., 2012).

Page 21: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

20

Figura 3- Configuração esquemática da bateria de lítio-ar

Fonte: A autora.

O possível mecanismo catódico ou reações de redução do oxigênio (RRO) pode

envolver as reações 1 a 3 (BRUCE et al., 2012):

O2 + Li+ + e- → LiO2 (3V vs. Li/Li+) (1)

2LiO2 → Li2O2 + O2 (2)

LiO2 + Li+ + e- → Li2O2 (3,1 V vs. Li/Li+) (3)

Além disso, algumas reações irreversíveis, como 4 e 5, tem sido sugeridas para

contribuir para a química do catodo durante a descarga (MCCLOSKEY et al., 2011):

4Li+ + O2 + 4e- → 2Li2O (2,91 V) (4)

Li2O2 + 2Li+ + 2e- → 2Li2O (2.72 V) (5)

Page 22: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

21

A decomposição eletroquímica do Li2O2 para Li e O2 durante a carga ou reação

de oxidação do oxigênio (ROO) é apresentada na reação 6 (OGASAWARA et al., 2006):

Li2O2 → 2Li+ + 2e- + O2 (6)

Apesar de grandes avanços na pesquisa de baterias de Li-O2, alguns aspectos

críticos precisam ser resolvidos para que elas estejam prontas para o mercado: a)

instabilidade do eletrólito; b) proteção do catodo do CO2 e H2O em termos de uma

membrana permeável a ar apropriada; c) diminuir o excesso de perdas potenciais durante

as reações eletroquímicas (ROO e RRO). Ademais, outro ponto chave é obter maiores

densidades de corrente da bateria, o que pode ser alcançado melhorando a

condutividade do eletrólito e diminuindo a resistência do contato interfacial entre os

componentes (CAPSONI et al., 2012)

Além do mais, uma das maiores barreiras para as baterias de Li-ar é justamente

o fato de que a ROO e RRO ocorrem no eletrodo de ar. Dessa forma, o principal objetivo

é atingir alta densidade e capacidade energética, alta eficiência de carga-descarga e um

longo ciclo de vida, sendo que o material e a estrutura são de extrema importância.

Assim, para obter uma alta capacidade energética, o caminho da reação entre

oxigênio, íons de lítio e elétrons no eletrodo de ar deve ser o mais longo possível.

Ademais, para melhorar a cinética de transporte, catalisadores devem ser introduzidos

no eletrodo de ar, facilitando assim as reações eletroquímicas durante a descarga e carga

(TAN et al., 2017).

Quanto ao material e a estrutura do catodo, ele deve apresentar alta porosidade,

para armazenar o produto da reação (Li2O2), excelente condutividade elétrica, ter baixo

custo e baixo peso. Dessa forma, carbono mesoporoso mostra-se como uma excelente

opção (BLACK; ADAMS; NAZAR, 2012; LU et al., 2013; NACY; MA; NIKOLLA, 2015;

SHAO et al., 2012).

Após a apresentação de diversos trabalhos científicos nos quais se buscou

compreender os principais fatores que influenciam o ciclo de carga e descarga, concluiu-

se que a porosidade do carbono e o volume do poro representam os aspectos

Page 23: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

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fundamentais para reduzir o excesso potencial na carga e assegurar um longo ciclo de

vida (CAPSONI et al., 2012). Usualmente empregado, o carbono mesoporoso pode ter

seus poros bloqueados pelos produtos da descarga, o que em alguns casos não pode

ser removido no processo subsequente de carga, diminuindo a capacidade em altas

densidades de corrente (REN et al., 2011; TRAN; YANG; QU, 2010). O mecanismo da

reação na interface entre o catodo e o eletrólito, e consequentemente a difusão cinética,

são afetadas pela acomodação de Li2O2 dentro dos poros. A Figura 4 se trata de uma

imagem, feita por microscopia óptica, de um catodo de carbono e catalisador CuFe em

uma célula de Li-ar. Nela podem ser vistos os poros do catodo que ficaram preenchidos

por cristais sem cor formados durante a reação (indicado nas setas)(CAPSONI et al.,

2012).

Figura 4 - Catodo de carbono de CuFe através do microscópio óptico

Fonte: (REN et al., 2011)

2.3. Catalisadores em catodos de ar

De acordo com Lu (2010), os catalisadores podem excepcionalmente influenciar

as voltagens de descarga e carga nas baterias de Li-O2. Em sua pesquisa ele demonstrou

que ouro (Au) é o catalisador mais efetivo para a reação de redução do oxigênio (RRO),

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enquanto que platina (Pt) é o mais efetivo para a reação de oxidação do oxigênio (ROO)

(LU et al., 2010). Considerando o potencial teórico de 3V, pode-se observar na Figura 5

as perdas potenciais em excesso que, no catodo que contém apenas carbono, foi de 1,5

V durante a carga e de 0,5 durante a descarga. Já com a incorporação do catalisador

Pt/Au ao carbono, a perda de potencial em excesso diminuiu para aproximadamente 0,6

V durante a carga e menos que 0,25 V na descarga.

Figura 5 - Perfis de carga/descarga na célula de Li-O2 comparando Carbono e Au/Pt/C

Fonte: (LU et al., 2010)

Apesar de mostrar grandes resultados, ouro e platina são metais escassos e de

elevado custo, tornando seu uso um grande obstáculo para comercialização. Isto

estimulou pesquisadores a buscarem alternativas economicamente viáveis e

abundantes.

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Além da influência nos potenciais de carga e descarga das baterias de Li-ar, os

catalisadores também podem auxiliar na estabilidade da reversão quando incorporados

nos catodos de ar. Isso significa que eles são capazes de atenuar as barreiras cinéticas

da RRO e ROO. Sendo assim, um bom catalisador é importante para maximizar a cinética

tanto da RRO quanto da ROO (YOON; JUNG; KIM, 2016).

Débart et al. (2007) exploraram pela primeira vez diversos óxidos de metal como

La0.8Sr0.2MnO3, Fe2O3, NiO, Fe3O4, CuO e CoFe2O4 para baterias de Li-O2 e enfatizaram

a importância deles no catodo para melhor performance (DÉBART et al., 2007).

Catalisadores bifuncionais são aqueles que podem catalisar tanto a RRO quanto

a ROO. Óxidos de perovisquitas (ABO3) possuem uma condutividade iônica/eletrônica e

atividade catalítica, por isso são amplamente utilizados em células combustíveis e

baterias de metal-ar (YOON; JUNG; KIM, 2016).

Óxidos de níquel (La2NiO4+δ, LNO) estão entre os óxidos complexos, em

camadas, com ótima capacidade de catalisar reações químicas e eletroquímicas

envolvendo oxigênio (CHAUVEAU et al., 2011; JUNG et al., 2013; READ et al., 2000;

SAYERS et al., 2011). Eles combinam materiais condutivos iônicos e eletrônicos que

pertencem as séries Ruddlesden-Popper (A2BO4), alternando camadas tipo sal-gema e

perovisquitas, como apresentado na Figura 6 (NACY; MA; NIKOLLA, 2015). São

caracterizados pela alta estequiometria do oxigênio na estrutura que é acomodado pelas

camadas de sal-gema (BASSAT, 2004; READ et al., 2000).

A química do oxigênio em óxidos de níquel é governada por sua habilidade de

catalisar a troca superficial de oxigênio (BURRIEL et al., 2014; KAN et al., 2008). Esse

processo envolve a troca catalítica entre o oxigênio na fase gasosa com os íons de

oxigênio na estrutura de um óxido condutor de íons. Burriel et al. (2008) mostraram que

para La2NiO4+δ dopado com Sr, a superfície de óxido de lantânio rege as trocas

superficiais de oxigênio. Já Read et al. (2000) sugeriram que átomos de Ni3+ da camada

mais externa são responsáveis pela atividade catalítica de óxidos de níquel (BURRIEL et

al., 2014; MA et al., 2015; READ et al., 2000).

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Figura 6 - A estrutura do LNO

Fonte: (NACY; MA; NIKOLLA, 2015)

O desenvolvimento de eletrocatalisadores nanoestruturados também tem grande

influência na maximização da atividade catalítica devido ao aumento da área superficial,

assim como dos sítios catalíticos ativos (YOON; JUNG; KIM, 2016). Recentes pesquisas

de Nacy et al. (2015) mostraram a possibilidade de sintetizar bastonetes nanométricos

La2NiO4+δ (LNO) usando a técnica da síntese de microemulsão inversa. Além disso,

mostraram que ao inserir LNO em catodos de carbono mesoporoso de células de Li-O2,

gerou um menor potencial de carga quando comparado a catodos de carbono apenas.

Com essa exploração, concluiu-se que catalisadores de LNO em formato de bastonetes

nanométricos em baterias de Li-O2 melhoram sua performance de duas formas: (i)

facilitando a formação de partículas de Li2O2 no tamanho nano durante a descarga, e (ii)

otimizando a ROO devido sua atividade catalítica (NACY; MA; NIKOLLA, 2015). Sendo

assim, observa-se que nanocatalisadores de óxido de níquel são interessantes para

aplicação em baterias de Li-ar tanto por não se tratarem de metais não preciosos, quanto

por exibirem uma boa performance em ROO, abrindo o caminho para pesquisas com

outros metais não preciosos desse tipo.

Page 27: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho consiste na análise dos dados obtidos de 20 de agosto de

2014 a 20 de julho de 2015 (ex-post-facto) durante a pesquisa experimental realizada

pela autora juntamente com o Nikolla Research Group, mais especificamente o

mestrando Ayad Nacy, na Wayne State University, localizada em Detroit, EUA. Os

catalisadores La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4, PrNdNiO4 e Nd2NiO4 foram sintetizados,

incorporados nos catodos, utilizados nas baterias e caracterizados durante o período

mencionado acima. Os resultados obtidos, principalmente quanto as caracterizações e

teste eletroquímico, foram explorados avaliando viabilidade de aplicação desses

eletrocatalisadores a baterias de Li-O2.

3.1. Materiais

Brometo de cetiltrimetilamônio (CTAB-98%), nitrato de níquel hexahidratado

(98%), ambos Alfa Aesar. Fluoreto de polivinilideno (PVDF), M-metil-2-pirrolidona

(99,9%), nitrato de neodimínio hexahidratado (99,9%), peróxido de lítio (90%),

trifluorometanossulfonato de lítio (99,995%), tetraetileno glicol dimetil éter, folha de lítio

(0,75 nm de espessura, 99,9%) e KOH obtidos da Sigma Aldrich. Hexano e metanol foram

obtidos da Fischer Scientific. O carbono mesoporoso (Ketjen Black) foi obtido da Akzo

Nobel.

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3.2. Métodos

3.2.1. Síntese dos catalisadores

Os eletrocatalisadores LnNiO4 (Ln=La, LaPr, Pr, PrNd e Nd) foram preparados

usando o método da microemulsão inversa, conforme mostra a Figura 7 (MA et al., 2015;

NACY; MA; NIKOLLA, 2015). Duas microemulsões (I e II) do tipo hexano/butanol/CTAB

foram preparadas seguidas de agitação a 600 rpm por 30 minutos. Para o sistema da

microemulsão I, foram utilizados 2 mmol de nitrato de níquel hexahidratado e 4 mmol do

nitrato metálico correspondente ao sítio A (La, Pr e Nd) e 10,3 mL de água deionizada.

Para o sistema da microemulsão II, foram preparados 20,6 mmol de solução de KOH.

Ambas foram submetidas a agitação a 600 rpm durante 30 minutos. Quando as soluções

se tornaram transparentes, a micro emulsão I foi adicionada à microemulsão II sob

agitação. A reação foi conduzida à temperatura ambiente a alta velocidade (1200 rpm)

durante 10 minutos. Em seguida, a velocidade foi ser reduzida para 600 rpm e mantida

por 4 horas. Foi adicionada quantidade excessiva de KOH a cada hora após a reação ter

começado. No final da reação, o gel foi recolhido e submetido a quatro lavagens com

água deionizada, seguido de três lavagens utilizando metanol por centrifugação (14000

rpm durante 2 min). O gel final foi recolhido e colocado num forno pré-aquecido a 80°C

para secar por 12h. As amostras secas foram moídas usando almofariz e pistilo até obter

um pó fino e depois carregadas em um forno tubular para calcinação em atmosfera de ar

a 1000°C (2°C / min por 2 horas).

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Figura 7 – Modelo esquemático da síntese de microemulsão inversa

Fonte: A autora

3.2.2. Fabricação dos catodos

Os eletrocatalisadores inicialmente preparados foram submetidos a sonicação

em etanol. Em seguida foram impregnados no pó de carbono mesoporoso secos.

Amostras de carbono-catalisador foram submetidas à Análise Termogravimétrica (TGA).

Posteriormente, as amostras foram adicionadas a um agente de ancoragem e agitadas

por 12h, formando uma lama. A lama de cada catalisador foi depositada via spray-dryer

em um lado do suporte de carbono, que foi seco, cortado em discos de 12,7 mm e pesado.

O carregamento desejado de catalisador na matriz de carbono foi de 40% em peso.

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3.2.3. Montagem da bateria

A solução de eletrólito foi preparada por dissolução de trifluorometanossulfonato

de lítio (LiCF3SO3 em éter dimetílico de tetraetilenoglicol anidro - TEGDME), utilizando

uma proporção molar 1:4, respectivamente. Então, a folha de lítio foi cortada em discos

de 9,53 mm, polida e suportada em um coletor de corrente de aço inoxidável. Logo acima

um separador de microfibra foi colocado a solução de eletrólito adicionada. O lado do

catodo com as amostras depositadas foi colocado em cima do separador seguido por um

coletor de corrente de malha de níquel. A Figura 8 mostra a montagem da bateria. Em

seguida as células foram seladas e a sua tensão de circuito aberto foi medida. Todas as

operações acima foram realizadas em glovebox com argônio e níveis de umidade

inferiores a 0,1 ppm.

Figura 8 - Montagem da bateria

Fonte: A autora

Page 31: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

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3.2.4. Caracterização

3.2.4.1. Análise DRX

Para verificar a estrutura molecular dos catalisadores, a caracterização de cada

amostra foi feita por difratometria de raios X (DRX) (Smartlab, Rigaku Inc., Japão) usando

radiação Cu Kα (λ = 0,15418 nm). O padrão do LNO novo foi gravado sobre valores 2θ

de 20º a 80º a taxa de 2º/min.

3.2.4.2. Análise MEV e EDXS

A morfologia de cada catalisador foi analisada usando microscópio de varredura

eletrônica (MEV, JSM-7600, JEOL Inc., Japão) a voltagem acelerada de 15 kV, enquanto

a composição do sítio A foi verificada via espectroscopia de raios X por dispersão de

energia (EDXS).

3.2.4.3. Análise Termogravimétrica

Para determinar o carregamento do eletrocatalisador no pó carbono-catalisador

presente em cada catodo, foi realizada a análise termogravimétrica (TGA, Q600, TA

Instruments). As amostras foram colocadas em um recipiente de alumina e aquecidas a

800°C usando uma taxa de aumento de 10°C/min. Nesse processo apenas o carbono é

queimado sob o fluxo de ar e a perda de peso é monitorada.

Page 32: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

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3.2.5. Testes eletroquímicos

3.2.5.1. Completa Carga-descarga Galvanoestática

As células montadas foram conectadas a um fluxo de oxigênio ultra puro

(99,999%) 30 minutos antes do teste. Todas as experiências de teste foram realizadas

em um analisador de bateria (MTI corp. Richmond, CA) sob uma densidade de corrente

de 50 mA / gcarbono. A capacidade específica relatada foi normalizada com base no peso

de carbono de cada catodo.

3.2.5.2. Voltametria cíclica

A mesma montagem das células utilizada no experimento de completa carga-

descarga galvanoestática foi utilizada para esses experimentos. Antes do início do

experimento, elas foram deixadas sob circuito de potencial aberto (OCV) por 30 minutos

sob fluxo de oxigênio para equilibra-las. Os voltamogramas foram gravados a uma taxa

de 0,1 mVs-1 (referente aos escaneamentos catódicos), pela varredura do potencial do

OCV negativamente para 2V (vs. Li+), seguida pela troca para a varredura na direção

positiva até o ponto de corte de 4,5 V (referente aos escaneamentos anódicos).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização dos catalisadores

Os catalisadores sintetizados Ln2NiO4 (Ln= La, Pr, Nd e suas combinações),

foram analisados através do difratômetro de raios X (DRX) e pelo microscópio de

varredura eletrônica (MEV). A composição do sítio A foi verificada via espectroscopia de

raios X por dispersão de energia (EDXS).

Page 33: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

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4.1.1. Análise DRX

Visando verificar a pureza de cada um dos catalisadores, a análise DRX foi

realizada como é apresentado na Figura 9, onde as linhas coloridas representam a

amostra analisada e as linhas pretas representam o padrão para a molécula determinada.

Comparando-se espectros com os padrões verificou-se que todos os óxidos de

níquel em diferentes composições estavam em sua forma pura, o que significa que

durante a síntese não houve a formação de produtos indesejados ou contaminação.

Sendo assim, os catalisadores são considerados ideais para a utilização, visto que o

objetivo foi avaliar apenas os compostos em sua forma pura.

Figura 9 – Difratômetria do La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4 PrNdNiO4 e Nd2NiO4

Fonte: A autora.

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4.1.2. Análise MEV

Para verificar a morfologia e tamanho dos catalisadores, foi realizada a

microscopia de varredura eletrônica, representada na Figura 10. Pela capacidade de

ampliação e resolução do microscópio não foi possível determinar a forma e o tamanho

das partículas geradas. Apenas observou-se que o tamanho médio das partículas e

aglomerados foram menores que 1 μm. Contudo, na literatura é reportado que

comercialmente aglomerados de tais características são formados por nanopartículas

(MANDZY; GRULKE; DRUFFEL, 2005).

Figura 10 – Microscopia de Varredura Eletrônica dos catalisadores sintetizados.

Fonte: A autora. (a) La2NiO4, (b) LaPrNiO4, (c) Pr2NiO4, (d) PrNdNiO4 e (e) Nd2NiO4.

Page 35: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

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Comparando as diferentes amostras de óxido de níquel, pode-se perceber que

as partículas são similares entre si quanto forma e tamanho, resultado esperado devido

a mesma temperatura de calcinação utilizada para todas as combinações (1000 °C). Com

isso, infere-se que as diferenças na atividade eletroquímica serão principalmente devidas

as composições distintas e não devido à morfologia.

4.1.3. Análise EDXS

EDXS é um módulo acoplado ao MEV que é utilizado para determinação da

composição elementar da amostra. Nesse estudo, a análise EDXS foi conduzida para

todos os óxidos de níquel nas diferentes composições, conforme mostrado na Tabela 1.

Como a análise é qualitativa e não quantitativa temos uma estimativa da razão entre os

componentes. Observa-se que a razão estimada está de acordo com a estequiometria

do material.

Tabela 1 - EDXS para LNO, PNO, LPNO, PNO, PNNO e NNO.

La (At%) Pr (At%) Nd (At%) Ni (At%)

La2NiO4 67.84 - - 32.16

LaPrNiO4 34.69 32.68 - 32.63

Pr2NiO4 - 68.01 - 31.99

PrNdNiO4 - 32.51 35.14 32.15

Nd2NiO4 - - 64.68 35.32

Fonte: A autora.

4.2. Caracterização dos catodos – Análise termogravimétrica

Conforme consta na metodologia, os catodos são feitos pelo método de spray-

dryer disperso no papel carbono. Antes de integrar o catodo, uma parte das amostras, foi

Page 36: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

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analisada por termogravimetria para determinação da razão carbono-catalisador. A

Figura 11 mostra o gráfico da perda de massa em função da temperatura, sendo possível

determinar uma perda de massa de 60%, como apenas o carbono é eliminado durante a

queima, observa-se que a amostra é composta de 40% de LnNiO4 após a completa

queima do carbono em torno de 650 °C.

Figura 11 - Análise termogravimétrica da porcentagem de perda em massa de amostras com carbono e 40% de catalisador (La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4 PrNdNiO4 e Nd2NiO4)

Fonte: A autora.

4.3. Caracterização Eletroquímica

Inicialmente foi realizado o teste para o primeiro ciclo, onde é feita a completa

carga e descarga da bateria e analisado o resultado. Em seguida, é feito o estudo da

voltametria cíclica, visando distinguir o efeito das diferentes composições dos óxidos

Page 37: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

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Ln2NiO4 nos catodos durante as reações de redução e oxidação do oxigênio (ORR: 2Li+

+ O2 + 2e- => Li2O2, OER: Li2O2 => 2Li+ + O2 + 2e-).

4.3.1. Teste de Completa Carga-Descarga

Após a montagem da bateria, explorou-se a performance dos eletrocatalisadores

para primeiro ciclo da bateria, o que corresponde ao completo carregamento e

descarregamento, exibido na Figura 12. A densidade de corrente utilizada foi de 50

mA/gcarbono. Durante a descarga ocorre a formação de Li2-x (0 ≤ x < 2) no catodo da célula

de Li-O2. Durante a carga a direção da reação é invertida devido a oxidação dessas

espécies formadas, fazendo com que o fluxo de elétrons dirija-se do catodo ao anodo.

Figura 12 - Perfis de descarga-carga de baterias de LiO2 compostas por carbono apenas e 40% de eletrocatalisadores (La2NiO4, LaPrNiO4, Pr2NiO4 PrNdNiO4 e Nd2NiO4)

Fonte: A autora.

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37

Verificou-se que todos os nanocatalisadores apresentaram uma diminuição das

perdas potenciais na carga, quando comparados ao catodo com apenas carbono. Isso

mostra que eles realmente possuem a capacidade de catalisar a ROO, no entanto a

diferença nos potenciais durante a descarga são mínimas. Além disso, a diferença entre

as performances no geral foi insignificante, impossibilitando o isolamento e análise de um

eletrocatalisador específico para o primeiro ciclo.

A capacidade específica teve valores diferentes para cada eletrocatalisador nesta

densidade de corrente (50 mA/gcarbono). Como a capacidade específica é normalizada

pelo peso do carbono, o catodo de Nd2NiO4 pode ter apresentado a diferença mais

significativa devido à incerteza na determinação do peso.

4.3.2. Testes de Voltametria Cíclica

Os experimentos de voltametria cíclica também foram realizados pois estes

podem detectar a atividade eletrocatalítica melhor do que os de corrente controlada.

Nesse teste a voltagem foi controlada pelo escaneamento a uma taxa constante (taxa de

escaneamento = 0,1 mV/s) e monitoramento dos valores de corrente gerada em função

do tempo. Os escaneamentos catódicos dos catodos de carbono e Ln2NiO4 suportados

em carbono podem ser observados na Figura 13.

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38

Figura 13 - Escaneamento de voltametria cíclica catódica de catodos de carbono e LnNiO4/carbono usando taxa de escaneamenteo de 0,1 mV/s

Fonte: A autora.

Os picos potenciais para formação dos produtos de descarga pela reação de

redução do oxigênio são exibidos na Figura 14. Quanto mais próximos os picos potenciais

estiverem do valor teórico, menos energia é gasta para a formação ou dissociação dos

produtos de descarga. Consequentemente, a energia de ativação para a RRO ou ROO é

diminuída.

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39

Figura 14 - Os picos correspondentes dos escaneamentos catódicos em função da composição

do óxido. A linha pontilhada representa o potencial teórico para RRO (formação de Li2O2)

Fonte: A autora.

Observou-se que os óxidos de níquel investigados mostraram picos catódicos

mais próximos ao potencial teórico (linha pontilhada) do que os catodos com apenas

carbono. Ao analisar os elementos da série dos lantanídeos da Tabela Periódica,

identificou-se uma atividade eletrocatalítica quanto as RRO, na seguinte ordem: La2NiO4

> LaPrNiO4 > Pr2NiO4 > PrNdNiO4 > Nd2NiO4 > carbono. Isso pode estar relacionado a

reatividade dos elementos envolvidos na composição dos catalisadores. Além disso,

La2NiO4 exibe o pico potencial mais próximo ao teórico, o que representa maior

capacidade de diminuir a energia de ativação da RRO. Como La é a espécie que possui

maior reatividade entre as analisadas e LNO teve o maior pico potencial nos

escaneamentos catódicos, conclui-se que La2NiO4 é o melhor eletrocatalisador para a

RRO dentre as composições estudadas.

Os estudos de voltametria cíclica quanto ao anodo, representados na Figura 15,

são úteis para determinar as reações de oxidação do oxigênio necessárias para dissociar

os produtos da descarga (Li2-xO2) nos diferentes óxidos de níquel avaliados.

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Figura 15 - Escaneamento de voltametria cíclica anódica de catodos carbono e Ln2NiO4/carbono

usando a taxa de escaneamento de 0,1 mV/s

Fonte: A autora.

Os dois picos observados na Figura 15 podem ser associados as ROO que ocorre

em duas reações, ou seja, a decomposição dos produtos de descarga ocorre em duas

partes.

Os picos potenciais para pela dissociação dos produtos de descarga pela reação

de oxidação do oxigênio são exibidos na Figura 16. Verificou-se que La2NiO4 também

exibe o maior pico potencial quanto a reação de oxidação do oxigênio mais próxima da

ROO teórica. Além disso, a atividade eletrocatalítica para a ROO possui resultado similar

a RRO para os óxidos Ln2NiO4: La2NiO4 > LaPrNiO4 > Pr2NiO4 > PrNdNiO4 > Nd2NiO4 >

carbono.

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Figura 16 - Os picos correspondentes dos escaneamentos anódicos em função da composição

do óxido. A linha pontilhada representa o potencial teórico para ROO (decomposição de Li2O2)

Fonte: A autora.

Conforme Nacy et al. (2015) já haviam demonstrado, La2NiO4, apresentou

diminuição das perdas potenciais tanto na carga quanto na descarga da bateria de Li-O2.

Nacy et al. também observaram, para La2NiO4 em formato de bastões, a melhoria na

capacidade de descarga específica reversível, quando comparadas a células com

catodos de carbono, e na estabilização das baterias, visto que esse catalisador minimizou

a formação de produtos de descarga indesejados(NACY; MA; NIKOLLA, 2015).

Pode-se dizer que este estudo foi importante para comparar a atividade catalítica

de outros óxidos de níquel aplicados a baterias de Li-O2 e verificar que, apesar de todos

eles terem apresentado diminuição das perdas potenciais tanto para as reações de

redução do oxigênio, como as de oxidação do oxigênio, outros catalisadores devem ser

explorados visando uma performance ainda melhor e futura aplicabilidade dessas

baterias.

Page 43: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

42

5. CONCLUSÃO

Através do DRX foi observado que todos os óxidos de níquel estavam em sua

forma pura.

As imagens da MEV indicam que as partículas sintetizadas constituíram

aglomerados menores que 1 μm, os quais podem ser considerados como

compostos de nanopartículas. Essas partículas exibiram tamanho e morfologia

similares entre si, portanto, inferiu-se que as diferenças eletrocatalíticas entre

elas decorreram apenas de sua composição.

Pela análise EDXS observou-se que a razão entre os elementos estava de

acordo com a composição do material.

A análise termogravimétrica evidenciou proporção desejada de 40% de

catalisador impregnado no carbono.

Com o teste de completa carga-descarga foi possível visualizar que os

eletrocatalisadores investigados apresentaram uma diminuição da perda

potencial durante a carga, quando comparado ao carbono, porém, não foi

possível isolar a performance de cada um.

Com o teste da voltametria cíclica, concluiu-se que, La2NiO4 apresenta a melhor

atividade eletrocatalítica, seguido pela sequência decrescente, LaPrNiO4,

Pr2NiO4, PrNdNiO4 e Nd2NiO4.

Os nanocatalisadores se mostraram eficientes ao diminuir a energia de ativação

das reações de redução e oxidação do oxigênio e, consequentemente, as

perdas potenciais tanto na carga quanto na descarga da bateria de Li-O2.

5.1. Trabalhos futuros

Existe a necessidade de mais pesquisas em busca de eletrocatalisadores

eficientes e economicamente viáveis para essa finalidade.

É importante o melhor entendimento do mecanismo relacionado a formação e

dissociação das espécies de óxido de lítio.

Page 44: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

43

Deve-se buscar por soluções para a viabilidade da bateria de Li-ar como um

todo, tendo em vista a instabilidade do eletrólito e a proteção do catodo do CO2

e H2O em termos de uma membrana permeável a ar apropriada.

Page 45: ANÁLISE DE NANOCATALISADORES DE ÓXIDO DE NÍQUEL PARA

44

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